Cultivar 51

Page 1



06

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 – 7º andar Pelotas – RS 96015 – 300

Praga em expansão

www.grupocultivar.com

A broca gigante causa muitos danos à cana. Contudo, algumas medidas simples podem evitá-la

Diretor-Presidente Newton Peter Diretora Administrativa Cely Maria Krolow Peter Diretor Financeiro e de Redação Schubert K. Peter Secretária Geral Simone Lopes

Perigo ao algodão

Cultivar Grandes Culturas Ano V - Nº 51 Junho / 2003 ISSN - 1518-3157 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 86,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan) Números atrasados: R$ 12,00

Certas espécies de plantas daninhas interferem na qualidade da fibra

08

Assinatura Internacional: US$ 52,00 48,00 • Editor:

18

Charles Ricardo Echer • Coordenador de Redação

Café com vermes

Pablo Rodrigues • Revisão

Os nematóides, se não controlados, ocasionam prejuízos imensos à cafeicultura

Carolina Fassbender • Design Gráfico e Diagramação

Fabiane Rittmann _____________

• Gerente Comercial

Neri Ferreira

• Assistentes de Vendas

Pedro Batistin Júlio Latorres Gomes

Mosaico na lavoura

_____________

26

• Assinaturas

Luceni Hellebrandt

Incidência do vírus do mosaico aumenta na triticultura

• Assistente de Promoções

Pedro Largacha

• Assistentes de Vendas

Jociane Bitencourt Fabiana Maciel

índice

Nossa capa

• Expedição

Edson Krause

Diretas

04

• Impressão:

Cana: controle da broca gigante

06

Algodão: invasoras prejudicam a fibra

08

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL / ASSINATURAS:

3028.4008 • REDAÇÃO:

3028.4002 / 3028.4003

Algodão: pulverização eletrostática x bicudo 12 Arroz: brusone avança no irrigado

16

Café: manejo de nematóides

18

Coluna da Aenda

22

18º Seminário Cooplantio

24

Trigo: vírus do mosaico

26

Informe empresarial: eficácia de herbicida

30

Agronegócios

32

Mercado agrícola

34

• MARKETING:

3028.4004 • FAX:

3028.4001

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Foto Capa / Newton Peter Café sadio


diretas OGM x Diabetes Cientistas japoneses trabalham em uma variedade de arroz geneticamente modificado que poderá substituir as injeções de insulina em diabéticos. Essa nova cultivar possui alto teor do hormônio GLP-1, que estimula o pâncreas a produzir insulina. Segundo pesquisadores do International Rice Genome Sequencing Project, cento e cinqüenta gramas do novo arroz por refeição serão suficientes para controlar a glicose em pacientes do tipo 2 – diabetes que aparece na fase adulta; geralmente conseqüência da obesidade. A previsão é de que em 2 ou 3 anos a nova tecnologia esteja aprovada para consumo.

Novidade nas sementes Ciro Rosolem

Ciência do Solo O XXIX Congresso Brasileiro de Ciência do Solo acontecerá em Ribeirão Preto (SP), de 13 a 18 de julho. “Solo: alicerce dos sistemas de produção” é o tema central do evento, que terá a participação dos principais pesquisadores da área no Brasil. Segundo Ciro Rosolem, presidente do evento, espera-se participação superior a 2 mil congressistas e apresentação de mais de mil trabalhos de pesquisa. Informações: www.fca.unesp.br/cbcs ou pelo telefone: (11) 3259 6688.

Jorge Maeda

Algodão transgênico “Precisamos com urgência a liberação do algodão transgênico, se quisermos melhorar a competitividade no mercado internacional”, declarou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, Jorge Maeda. Maeda garante que se não forem liberadas variedades transgênicas de algodão nos próximos anos, o Brasil não terá a competitividade necessária para enfrentar a concorrência dos subsídios norte-americanos.

O Grupo Agroceres inaugura em Patos de Minas (MG) a Biomatrix: empresa de sementes de milho e sorgo. A Unidade de Produção e Beneficiamento tem capacidade para produzir e processar 600 mil sacos (20kg) de sementes de milho e 100 mil sacos (20kg) de sorgo por safra agrícola. A nova companhia surge com o suporte tecnológico da Embrapa, com a qual foi firmado contrato de licenciamento de produtos da marca BRS. Segundo Paulo Ribas, diretor da Biomatrix, em um prazo de 5 anos a empresa estará comercializando os seus próprios híbridos.

Enfardamento de qualidade Preocupada em garantir a qualidade final da fibra, a Abrapa está recomendando que se busque formas de obter um enfardamento que prime pela conservação e apresentação do produto. Conforme explica Kenjiro Mine, primeiro secretário da Appa e Abrapa, cada vez mais Kenjiro Mine (esq.) as “algodoeiras estão caminhando para melhorar o enfardamento, pois muitas vezes o mau acondicionamento acaba prejudicando a imagem, especialmente para aqueles que visam o mercado externo”.

Sipcam

Arroz Irrigado

Ernesto Eugênio Bellotto assume a coordenação de marketing da Sipcam para as culturas de soja, café, milho, HF e feijão. A empresa, além de ter marcas próprias, produz formulações para outras companhias como Bayer e DuPont.

A Sociedade Sul-Brasileita de Arroz Irrigado (SOSBAI) promove de 5 a 8 de agosto o III Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado e a XXV Reunião da Cultura do Arroz Irrigado, em Camboriú (SC). Segundo os organizadores do III Congresso, o tema central é a inserção dos avanços tecnológicos em benefício da sociedade. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (47) 341-5244, através do site www.sosbai.com.br ou pelo email: arroz@epagri.rct-sc.br

EBDA

Joaquim Santana

04

Cultivar

Joaquim Santana, presidente da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A.), diz que “o principal foco do trabalho da empresa será a pequena produção, gerada pela agricultura familiar, sem haver distanciamento do setor empresarial”. Joaquim diz ainda que a EBDA deve se posicionar como coordenadora de ações do setor agrícola, monitora e consultora.

www.cultivar.inf.br

Juan Landivar

Delta penta O diretor de serviços agronômicos para a América Latina da Deltapine, Juan A. Landivar, informa que a MDM lançará em 2004 a sua primeira variedade de algodão exclusivamente brasileira. É a Delta Penta, uma cultivar desenvolvida para as condições de clima e solo brasileiros, ainda mais produtiva do que a Delta Opal, uma das mais plantadas este ano.

Cafeicultura O economista Vilmondes Olegário da Silva é o novo diretor do Departamento do Café da Secretaria de Produção do Ministério da Agricultura. Vilmondes foi presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Secretário Substituto de Política Agrícola.

Vicente Gongora

Prima Classe A FMC, através do programa Prima Classe, está premiando diversos clientes como forma de reconhecimento. Para o Diretor Nacional de Vendas, Vicente Gongora, é muito importante ter o cliente sempre próximo. “É fundamental se estabelecer uma relação de confiança, construindo negócios com credibilidade”, destaca.

Março de 2003



Cana-de-açúcar

Fotos Edmilson Marques

Alerta vermelho

A broca gigante causa danos durante todo o ciclo cultural da cana–de-açúcar. Porém, o manejo integrado da praga minimiza os prejuízos

A

cultura da cana-de-açúcar no Nordeste do Brasil é danificada por inúmeras pragas, destacando-se a cigarrinha da folha, Mahanarva posticata (Stal); as brocas, Diatraea spp.; a broca gigante, Castnia licus (Drury) e os cupins, Syntermes spp., Nasutitermes sp., Neocapritermes sp. e Heterotermes sp., dentre outras. Recentemente, a incidência de C. licus tem aumentado consideravelmente, propiciando preocupação por parte dos pesquisadores envolvidos com a entomologia canavieira na Região. No Brasil, a praga ocorre no Amazonas, Pará (Myers, 1935), Acre, Alagoas, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro (Guagliumi, 1972-73), Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso (Raymundo, 1931, citado por Mendonça, 1977), Sergipe (Risco, 1988) e Maranhão (Mendonça, 1996). Além da cana-de-açúcar, C. licus infesta também bromeliáceas (abacaxi), gramíneas (Paspalum virgatum, P. densum e Pennisetum purpureum), musáceas (Heliconia spp.) e orquidáceas (bulbos). (Araújo e Silva et al., 1968; Guagliumi, 1972-73 e Mendonça, 1977). 06

Cultivar

ASPECTOS BIOECOLÓGICOS Os adultos medem 35 mm de comprimento por 90 mm de envergadura. Apresentam coloração marrom escura com manchas brancas na região apical da asa e uma faixa transversal branca em cada asa. Ocorrem com maior freqüência nos canaviais do Nordeste, durante o verão,

com revoadas nas primeiras horas quentes do dia. A fêmea coloca os ovos na base das touceiras, geralmente 3 a 4 por touceira , totalizando 50 a 80 ovos férteis (Mendonça, 1996). Os ovos, que inicialmente têm uma coloração rósea, de forma alongada, são providos de 5 arestas longitudinais e medem 4 mm de comprimento. As

Adulto (esq.) e larva de Castnia licus (broca gigante)

www.cultivar.inf.br

Junho de 2003


larvas, de coloração branco marfim, recém eclodidas, medem aproximadamente 5 mm, alcançando no final do desenvolvimento 80 mm de comprimento e 12 mm de largura no protórax. As fases de desenvolvimento são variáveis, quanto à duração, devido principalmente a temperatura, umidade e alimentação. Em condições de campo para o Estado de Alagoas, verificou-se uma maior freqüência de 10, 110, 45 e 177 dias, respectivamente para incubação de ovos, período larval- pupal e ciclo biológico completo (Mendonça, 1982).

PREJUÍZOS E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA A broca gigante causa danos durante todo o ciclo da cultura, em canas jovens, em desenvolvimento e maduras. Nas touceiras, se alimentam dos rizomas e raízes, reduzindo o seu poder germinativo. Em cana jovem, principalmente socaria, as larvas deixam um colmo e penetram no vizinho, causando outros “olhos mortos”. Em cana adulta, formam um canal ascendente de 10 a 20 mm de diâmetro, iniciado na base do colmo e geralmente atingindo o terceiro e quarto entrenós. Esse comportamento da larva ocasiona perdas de peso e açúcar, podendo causar também o tombamento de colmos. Lima (1983) verificou para cada 1% de intensidade de infestação de C. licus, 0,43% de perda agrícola e 0,66% de perda industrial. Marques e Lima (1984) verificaram que, por ocasião do corte da cana-de-açúcar, 80% das larvas se deslocam para o rizoma, independente da queima do canavial, resultando em aumento de infestação para o ciclo da cultura seguinte. Estimativa efetuada para a safra 1996-97 em Pernambuco, com intensidade de infestação média de 2,30% de C. licus, registrou uma perda agrícola de 207.700 toneladas de cana-de-açúcar e perda industrial de 21.500 toneladas de açúcar (EECAC, 1997).

Coleta de larvas da broca gigante da canade-açúcar

em canaviais do Estado de Alagoas: 28.729.113 larvas, 2.789.324 crisálidas e 6.911.266 adultos, totalizando cerca de 38,5 milhões de formas biológicas de C. licus.

3. Controle por comportamento

Larvas de Castnia licus parasitadas por B. bassiana e M. Aniropliae

CONTROLE Não se conhece um método que seja efetivo para o controle da broca gigante C. licus, devido principalmente ao hábito de o inseto permanecer no interior do colmo e da cepa durante o maior período do seu ciclo biológico. No entanto, o manejo integrado da praga através da adoção de algumas práticas reduz os prejuízos em cana-de-açúcar.

1. Controle mecânico-cultural 1.1. Coleta de formas biológicas (larvas, crisálidas e adultos) Consiste na coleta de larvas e crisálidas utilizando enxadeco especial, logo após o corte e durante os três meses subseqüentes. Os adultos são coletados através de rede entomológica. Mendonça et al. (1996) apresentam os valores obtidos no período de 1979 a 1985, Junho de 2003

zando alguns isolados de M. anisopliae, na concentração de 5x107 conídios/mL, constataram mortalidades de 44 a 70% de larvas, após 15 dias da aplicação do entomopatógeno em laboratório.

1.2. Renovação de canaviais Durante o preparo do solo, devem ser efetuadas arações profundas, utilização de enxada rotativa, amontoa e queima das cepas.

2. Controle Biológico Alguns trabalhos ressaltam a ação de formigas predadoras no controle biológico da broca gigante ( Ribemboim, 1972; Guagliumi, 1972-73 e Esquivel, 1981). Trabalhos desenvolvidos com o fungo Beauveria bassiana mostram que o entomopatógeno pode ser utilizado no controle da broca gigante (Marques et al., 1984; Lima e Marques, 1985; Vilas Boas & Alves, 1988). Recentemente, Marques et al. ( 2001) verificaram que, não apenas o fungo B. bassiana, como também vários isolados de Metarhizium anisopliae, podem ser utilizados no controle de C. licus. Os autores, utiliwww.cultivar.inf.br

A utilização de feromônios sexuais representa importante conquista para o manejo integrado de pragas. Atualmente, estão sendo testados por pesquisadores das Universidades Federais de Alagoas e Viçosa - Minas Gerais extratos da fêmea de C. licus para verificação do comportamento do macho em relação à atração por essas substâncias, objetivando a síntese do feromônio sexual, para utilização no monitoramento e controle desse inseto. Em função das informações anteriores, pode-se inferir que a broca gigante C. licus constitui-se num grave problema para os canaviais nordestinos; a coleta de formas biológicas, a renovação de socarias com elevada infestação e um bom preparo do solo são alternativas importantes no controle da praga. As pesquisas sobre formas de aplicação dos fungos entomopatógenos M. anisopliae e B. bassiana, bem como os estudos com feromônio, devem ser continuados, objetivando a utilização racional dessas táticas no . controle da broca gigante. Edmilson Jacinto Marques e Ricardo Otaviano R. de Lima, UFRPE Cultivar

07


Algodão

Napoleão Beltrão

Algumas espécies de plantas daninhas interferem negativamente na qualidade da fibra. Saiba quais são elas e como evitá-las

Fibra em perigo O

algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch.) é uma das plantas de maior sensibilidade à interferência (competição e alelopatia ou teletoxidade) imposta pelas plantas daninhas, em especial à competição pelos fatores do ambiente (substrato ecológico), envolvendo principalmente água, luz, dióxido de carbono e nutrientes, que são 16 elementos dos mais de 100 que a natureza criou. Incluise, ainda, os megas-nutrientes, responsáveis por mais de 95% da fitomassa do algodoeiro e das demais espécies de plantas superiores, que são: 1. hidrogênio - combustível do futuro próximo, constituinte principal da matéria de todo universo, com 90% de toda matéria existente, e principal fonte de energia do sol (cerca de 600 milhões de toneladas deste elemento por segundo são fundidas no processo de fusão nuclear, produzindo energia limpa que permitiu a vida na Terra); 2. oxigênio - (Um fardo internacional de algodão de 217,7kg de fibra tem mais de 100kg de oxigênio e nosso corpo tem mais de 60% dele em relação ao nosso peso), ambos retirados da água pelas plantas superiores; 08

Cultivar

3. carbono - base da matéria biológica, retirado do dióxido de carbono existente na atmosfera da Terra. Os macronutrientes, usados em maiores quantidades pelo algodão, depois dos megasnutrientes, são o nitrogênio (elemento fundamental, base da estrutura das proteínas (macro-moléculas) construtores da vida, em termos estruturais e funcionais, via enzimas, além de participar de moléculas chaves do metabolismo vegetal, tais como clorofila, substancia essencial para a vida na Terra, implicada no processo fotossintético); o fósforo e o potássio. Os intermediários são o cálcio, enxofre e magnésio e os micronutrientes, são: cloro, manganês, ferro, zinco, boro, molibdênio e cobre. As plantas daninhas representam grande e forte ameaça para a produção do algodão em todo mundo nos mais de 100 países que cultivam esta malvaceae em proporções comerciais. De acordo com Laca-Buendia (Informe Agropecuário v.15, n.166, p.37-47, 1990), as plantas daninhas ou infestantes representam o principal fator biológico que prejudica o rendimento do algodoeiro e um dos que mais aumentam os custos de produção, www.cultivar.inf.br

além de diminuírem a qualidade da fibra, principal produto desta importante planta cultivada. Para evitar ou reduzir os danos causados pelas plantas daninhas na produção do algodão, ou seja, na quantidade produzida por unidade de área, rendimento ou produtividade da cultura, o agricultor pode utilizar diversos métodos de combate (erradicação, prevenção e controle), tendo diversas modalidades do último citado, tais como: biológico, via uso de agentes biocontroladores (vírus, bactérias, animais etc.); cultural (preparo do solo, rotação de culturas, uso de cultivares mais agressivas e adaptadas ao ambiente, consorciação, população e arranjos de plantas adequados, adubação correta, e outros); físico (manual à enxada, uso de cultivadores, ceifa, uso de fogo etc.) e químico, o mais moderno. Essa modalidade conta com o uso dos herbicidas que podem ser aplicados de diversas modalidades (pré-plantio incorporado, pré-emergência e pós-emergência da cultura e/ou das plantas daninhas, total ou dirigida com uso de protetores) e de diversos mecanismos de ação e tipo de seletividade com relação à cultura do algodão (Beltrão & Azevedo Controle de plantas daninhas na cultura do algodoeiro. Campina

...

Junho de 2003



...Grande, PB. EMBRAPA, 1994.

154p). Para cada tipo de ambiente (clima e solos), sistema de produção usado, tipo da cultivar (arquitetura foliar, ciclo, tipo de crescimento, eficiência nutricional etc.), tipos de plantas daninhas presentes (ciclo, dominância, habito de crescimento, níveis de agressividade etc.), tem-se um período denominado de crítico que, caso não sejam adotadas medidas efetivas de controle, haverá reduções significativas na produtividade da cultura devido à interferência causada pelas plantas infestantes, podendo chegar até mais de 90% do potencial da cultura para o tipo do ambiente em consideração e o sistema de produção em uso. O algodoeiro, como cultura industrial e tendo a fibra como produto chave, não pode e nem deve ter plantas daninhas infestantes no final de seu ciclo, pois poderão ser extremamente nocivas no sentido de prejudicarem a qualidade extrínseca da fibra, influenciando negativamente no tipo do algodão produzido. Podem, também, elevar os custos de produção, reduzindo a eficiência da colheita e a competitividade dos produtores, tanto no mercado interno, quanto no externo. Para não ter problemas com tais plantas daninhas, que são assim qualitativas no sentido de reduzir a qualidade do produto final, incrementando a quantidade de contaminantes da fibra, é necessário que os produtores conheçam bem as principais espécies que podem prejudicar a cultura do algodão. Entre as espécies que são consideradas de controle problemático por Brandão et al. (Plantas daninhas de controle problemático. Belo Horizonte, MG. Informe Agropecuário, v.11, n.29, p.52-83,1985), no tocante à qualidade, des-

A Jitirana é extremamente prejudicial ao algodoeiro

tacam-se algumas espécies de Ipomoea sp., denominadas vulgarmente de jitiranas, batata da praia e capim carrapicho (Cenchrus echinatus L.). Outras plantas daninhas que podem, caso não sejam devidamente controladas e/ou combatidas, prejudicar a colheita do algodão, realizada à máquina ou mesmo manualmente são: Digitaria sanguinalis (L.) Scop., conhecida por vários nomes locais, em especial de capim-colchão, cujas sementes, folhas secas e pedaços de caule aderem às fibras do algodão, reduzindo sua qualidade extrínseca; Panicum maximum Jacq., Poaceae (antiga família das gramíneas), conhecida por capim-colonião, que é uma excelente forrageira, quando plan-

Fotos Napoleão Beltrão

Carrapicho é uma das espécies consideradas de difícil controle

10

Cultivar

tada com esta finalidade, que nos campos de algodão, quando não controlada devidamente, prejudica a eficiência da colheita, atrasando o processo, pois o colhedor tem que parar a operação para afastar as plantas desta espécie; Amaranthus spinosus L., espécie pertencente à família Amarantacecae, denominada de vários nomes regionais, sendo o mais comum o de caruru-de-espinho, devido à presença de espinhos no caule e ramos que podem ferir as mãos e o corpo dos colhedores; e a Amaranthus hybridus L., também pertencente à família Amarantaceae, que em função da aderência de suas sementes e das folhas secas que se fixam na fibra do algodão, prejudica o tipo do algodão produzido. A planta daninha Ipomoea purpúrea Lam. prejudica a colheita do algodão, devido ao entrelaçamento de suas estruturas com as plantas do algodão. A espécie Boerhaavia decumbens Vahl., conhecida no Nordeste do Brasil por pega-pinto, também pode prejudicar a colheita do algodão, pois suas estruturas reprodutivas aderem à fibra do algodão e produzem um líquido açucarado que pode reduzir a qualidade da fibra. A espécie Bidens pilosa L. é conhecida por picão preto, e suas sementes são dotadas de estruturas que aderem à fibra do algodão, prejudicando a sua qualidade. O capim-carrapicho também é conhecido por timbete, sendo muito prejudicial à cultura do algodão, competindo com o mesmo na fase de crescimento e na colheita, quando frutos aderem à fibra do algodão, furando as mãos do colhedor em função de apresentar muitos espinhos. Acanthospermum hispidum DC, conhecido principalmente por carrapicho de carneiro, benzinho e maroto, pertencente à família Asteraceae, antiga Compositae e também prejudica a colheita do algodão. As espécies do gênero Ipomoea sp., mais conhecidas por jitiranas, também têm outras denominações locais como corda-de-viola e amarra-amarra. São, em geral, anuais e reproduzem-se por sementes, sendo hospedeiras de diversas espécies de nematóides, em especial o Meloidogyne incógnita e o Meloidogyne javanica. São de caule volúvel e de elevado nível de ramificação. O importante para evitar a redução da qualidade do algodão em caroço produzido e seus reflexos na pluma é fazer o controle das plantas daninhas bem feito, desde o início da cultura, em especial dentro do chamado período crítico de competição do complexo florístico daninho com a cultura do algodão. Deve-se, também, ficar atento às espécies que, mesmo fora do período de competição, podem reduzir a qualidade do produto obtido e/ou reduzir a eficiência da operação da colheita, seja . ela manual ou mecânica. Napoleão E. de Macêdo Beltrão e Gleibson Dionízio Cardoso, Embrapa Algodão

www.cultivar.inf.br

Junho de 2003



AGCO

Algodão

Eletrostática contra o bicudo AA pulverização pulverização eletrostática eletrostática contribui contribui para para reduzir reduzir oo desperdício desperdício de de inseticidas inseticidas e, e, conseqüentemente, conseqüentemente, para para oo controle controle mais mais eficiente eficiente da da praga praga

D

entre os artrópodes que incidem na cultura de algodão, o bicudo, Anthonomus grandis Boheman,1843 Coleoptera: Curculionidae, tem– se constituído na principal praga, por apresentar alto potencial de reprodução, grande mobilidade no agroecossistema e ocorrência de gerações múltiplas (Bradley Júnior & Phillips 1978). 12

Cultivar

Desde seu aparecimento na lavoura algodoeira, a maior porcentagem dos inseticidas tem sido aplicada contra esta praga. Mas, o uso abusivo desses produtos comprometem os programas de Manejo Integrado de Pragas(MIP), causando desequilíbrios ecológicos e elevação nos custos de produção. As técnicas de MIP constituem uma importante ferramenta para o manejo da resistência. No www.cultivar.inf.br

entanto, para que haja implementação desses métodos, a participação dos produtores de algodão é de fundamental importância acompanhando as novas tecnologias e fazendo as adaptações necessárias no decorrer de cada safra. Todavia, os produtores para viabilizarem economicamente suas lavouras de algodão têm de reduzir o custo de produção que aumenta Junho de 2003


Charles Echer

Por causa de seu grande potencial de reprodução, o bicudo tornou-se a principal praga do algodão

na mesma proporção da demanda por inseticidas. Então, para avançar no controle da praga tem que haver criatividade nas propostas de novas estratégias, onde pequenas adaptações podem conduzir a resultados palpáveis. No passado, o pulverizador electrodyn foi desenvolvido pela antiga ICI (Imperial Chemical Industries) para pequenas áreas e/ou agricultores de baixo nível tecnológico, pois Junho de 2003

era de fácil aplicação, apresentando os inseticidas em embalagens fechadas que evitavam o manuseio do produto e erros na dosagem. Apresentava grande eficiência de cobertura, inclusive nas faces inferiores das folhas, nos ramos e botões florais, além de maior proteção do produto contra lavagens de chuva ou água de irrigação(Guariglia 1991). Infelizmente, o preço do produto tornou inviável a utilização do electrodyn, como também se mostraram desaconselháveis os piretróides nas formulações “ED”, os quais os produtores estavam utilizando no início contra ataques do bicudo e que, por serem produtos de amplo espectro, provocaram desequilíbrios no agroecossistema algodoeiro, promovendo inclusive explosões populacionais de ácaros fitófagos. Tanto óleo vegetal como mineral são comumente usados como diluentes e adjuvantes para agroquímicos; contudo, os efeitos podem ser negativo, positivo ou neutro, dependendo do tipo de óleo, do grupo de inseticida, da espécie de inseto ou da planta hospedeira e de fatores abióticos (Treacy et al. 1991). A adição do óleo ajuda na distribuição uniforme dos agroquímicos e aumenta a eficiência da mistura no controle da praga (McDaniwww.cultivar.inf.br

el,1980). Southwick et al.(1983) reportaram que as formulações de óleos de soja e algodão com Permethrin penetraram, em proporção, mais lentas nas folhas de algodão do que as diluições aquosas de Permethrin. Adicionalmente, diferentes óleos vegetal e mineral podem ter diferentes efeitos de atividade de emissão de toxinas contra um inseto. Embora o mecanismo não seja bem compreendido, óleos podem influenciar na atividade do inseticida, entre outros fatores, afetando o processo de transferência da dosagem do inseticida para a folha tratada e para a cutícula do inseto e da cutícula do inseto ao sítio de ação, ex: sistema nervoso (Treacy et al. 1986) Diante do exposto e preocupados em reduzir os custos com aplicação de inseticidas, conduziu-se trabalhos de pesquisa avaliando diferentes misturas de inseticida com óleos vegetais no controle do bicudo do algodoeiro, utilizando-se o pulverizador electrodyn. Essas experimentações foram realizadas pela Embrapa Algodão em várias regiões do Nordeste onde se cultiva o algodão, verificando-se que todos os tratamentos utilizando endosulfan em mistura com óleos vegetais no pulverizador electrodyn foram eficientes no controle do bicudo como também reduziram

...

Cultivar

13


Tab. 1- Análise do custo de controle e produtividade dos tratamentos utilizados para o controle do bicudo do algodoeiro. Apodi,RN.2001 Custo de Controle (R$)

Produtividade

com Tratamentos

1-Endosulfan + óleo de milheto 2-Endosulfan + óleo de algodão 3-Endosulfan + óleo de girassol 4-Endosulfan + óleo de milheto 5-Endosulfan + óleo de algodão 6-Endosulfan + óleo de girassol 7-Endosulfan + óleo de milheto 8-Endosulfan + óleo de algodão 9-Endosulfan + óleo de girassol 10-Endosulfan (Test.padrão) F CV(%)

Dosagem (mL/ha)

Inseticida com/sem óleo vegetal

Mão-de-obra

500 +250 500 + 250 500 + 250 400 + 350 400+350 400 + 350 350+ 350 350 +350 350 +350 2000

59,00 57,50 47,20 49,60 38,00 49,60 44,10 35,00 44,10 220,00

23,33 23,33 18,66 23,33 18,66 23,33 23,33 18,66 23,33 70,00

-

-

-

Total

Em kg1

Kg/ha

Perdas (%)

82,33 80,83 65,86 72,93 56,66 72,93 67,43 53,66 67,43 290,00

65,86 64,26 52,68 58,34 45,32 58,34 53,94 42,93 53,94 232,0

2928,5ab2 2642,8 b 2714,2ab 2670,67 b 2714,2ab 2749,9ab 2678,5 b 3285,7a 2642,9 b 2757,1a b

10,87 19,56 17,39 18,72 17,39 16,30 18,48 19,56 16,08

-

-

0,024* 8,83

-

Kg de algodão em caroço necessários para cobrir os custos com o controle fitossanitário. Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

1 2

...o custo de controle em aproximadamente

500% (Tabela 1). Sendo que, em termos econômicos a mistura endosulfan (350 mL) + óleo de algodão (350 mL) proporcionou receita líquida superior à testemunha padrão (endosulfan a 700 g i.a/ha) em pulverizador costal. O endosulfan foi utilizado por ser um dos produtos mais aplicado no controle do bicudo pela eficiência e características de seletividade. Baseado nesses dados, validou-se a mistura endosulfan (350 mL) + óleo de algodão (350 mL), em pulverizador electrodyn junto à Cooperativa Agrícola de Bom Sucesso- Paraíba, numa área de 160ha. Com isso, os produtores nordestinos estão reaproveitando o pulverizador electrodyn, utilizando a mistura endosulfan (350 mL) + óleo de algodão (350 mL), e tendo uma série de vantagens, como redução de custo devido à diminuição da dosagem do inseticida e, também, porque ao utilizar óleo em emulsão, as gotas evaporam mais vagarosamente, especialmente para climas quentes. Há, também, total eliminação da necessidade de água que ocorre quando se adota o sistema tradicional de pulverização, com uso do pulverizador costal. Além disso, o sistema eletrostático necessita de 5 a 7 vezes menos ingrediente ativo para uma eficiência semelhante ao pulverizador costal com diferentes vazões. Tal qual no sistema tradicional, quando se utiliza o electrodyn e a combinação de óleo vegetal com inseticida, são necessários procedimentos para uma pulverização eficiente e redução na contaminação ao homem. Assim, o produtor deve ter cuidado na limpeza do parafuso que fica no suporte do recipiente (bozzle) após cada pulverização. Depois de cada pulverização, retirar as pilhas; não pulverizar duas fileiras ao mesmo tempo; para

14

Cultivar

que não ocorra contaminação ao operador, é necessário dar um toque no recipiente (bozzle) na última planta, para que o aparelho desligue automaticamente; na hora do manuseio do bozzle ou na mistura do óleo com endosulfan, utilizar luvas e máscaras, para evitar contaminação. Como alguns produtores não têm o pulverizador electrodyn, principalmente nas regiões produtoras da Bahia, esta prática se torna de difícil adoção. Mas, na Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariuna-SP, o pesquisador Aldemir Chaim desenvolveu um pulverizador eletrostático, semelhante ao electrodyn e com a mesma eficiência. Este pulverizador, no entanto, ainda não foi pa-

tenteado, devido à falta de interesse na sua fabricação. Como essa tecnologia é de baixo custo no controle do bicudo, a união de forças de produtores, cooperativas, associações e interessados na viabilização desse patenteamento é fundamental, pois é dirigida à produção de algodão em pequena escala e beneficia produtores com recursos limitados. Essa tecnologia também pode ser utilizada em áreas maiores, como no caso de bordaduras, devido ao seu baixo custo. . Lúcia Helena Avelino Araujo, Robério Ferreira dos Santos e Sebastião Lemos de Sousa, Embrapa Algodão

AGCO

A pulverização eletrostática otimiza o uso dos produtos químicos

www.cultivar.inf.br

Junho de 2003



Arroz

Resistente à Brusone A

brusone, causada pelo fungo Pyricularia grisea, constitui-se no principal fator biótico limitante da produtividade do arroz irrigado no Estado do Tocantins, onde a cultivar Metica-1 é plantada anualmente em extensas áreas. Este patógeno produz lesões elípticas com bordo marron e centro esbranquiçado que coalescem resultando em queima das folhas. Esta cultivar mostrou moderada suscetibilidade à brusone nas folhas e panículas quando foi lançada, em 1986, para cultivo em condições irrigadas no Brasil. A sua suscetibilidade aumentou ao longo dos anos, resultando em perdas significativas de produtividade. Mas, por causa do seu potencial produtivo, permanece como uma das cultivares preferidas pelos produtores. A indução de variabilidade para resistência à brusone nas cultivares suscetíveis, altamente produtivas e de boa qualidade de grãos e bem adaptadas às condições brasi16

Cultivar

leiras é importante para o programa de melhoramento de arroz. A cultura de tecido é uma das técnicas apropriadas para indução de variabilidade genética e seleção de mutantes resistentes nas plantas. A variabilidade genética observada entre plantas regeneradas de cultura de tecido é conhecida como variação somaclonal (Larkin & Scowcroft, Theoretical and Applied Genetics, 60:197-214, 1981). Os estudos realizados na Embrapa Arroz e Feijão em Goiânia, Goiás mostraram resultados promissores na indução de variabilidade genética quanto à resistência à brusone a partir de cultivares suscetíveis de arroz de terras altas e irrigado e disponíveis no banco ativo de germoplasma da Embrapa Arroz e Feijão como coleção de trabalho do melhorista. Estes somaclones podem ser ainda explorados para o estudo da variação genética de outras características agronômicas e também de resistência a outras doenças e pragas. Os estudos foram ampliados para a www.cultivar.inf.br

cultivar Metica-1 devido ao sucesso obtido na recuperação de caraterísticas estáveis e herdáveis com relação à resistência à brusone a partir de outras cultivares suscetíveis. O processo de obtenção de somaclones da cultivar Metica-1 resistentes à brusone consistiu em colocar espiguetas de panículas imaturas da planta matriz no meio de cultura MS (Murashige & Skoog, Physiologia Plantarum 15:473-479, 1962), modificado para multiplicação de células que resultou na formação de calos embriogênicos. Esse meio de cultura contém todos macro e micronutrientes, vitaminas e reguladores de crescimento. Após 30 dias, os calos foram transferidos para outro meio de cultura MS modificado de regeneração de calos, que contém além de macro e micronutrientes, cinetina e ANA (ácido naftalenoacético), conforme descrito por Araújo et al., (Pesquisa Agropecuária Brasileira, 33:13491359, 1998). As culturas foram mantidas em sala de crescimento a uma temperatura Junho de 2003


Tab. 1 - Ciclo, produtividade e qualidade de grãos (teste de panela) de dois somaclones e da cultivar Metica-1 na safra 2001/02 Genótipos

Ciclo

Produtividade (kg/ha)

Metica-1 CNAI10390 CNAI10393

130 110 120

4.418 5.129 4.508

Muito pegajoso Ligeiramente pegajoso Ligeiramente pegajoso

CNAI10393) apresentaram resistência completa no viveiro e nas inoculações com isolados, provenientes das cultivares Metica-1, Cica-8 e Epagri 108. Os somaclones apresentaram precocidade, comportamento superior quanto à produtividade e qualidade de grão, principalmente no cozimento durante o teste de panela, em relação à cultivar Metica1 (Tabela 1). A Embrapa Arroz e Feijão incluiu os dois somaclones e a cultivar Metica-1 no VCU (Valor de Cultivo e Uso) 2002/03 em três locais no Estado do Tocantins, com perspectiva de futuro de lançamento como cultivares para . esse Estado. Leila Garcês de Araújo Anne Sitarama Prabhu, Embrapa Arroz e Feijão

Fotos Anne Prabhu

de 26ºC com fotoperíodo de 16 horas e uma intensidade luminosa de 75µE.m2.s1. A cada 30 dias, fez-se a repicagem para meios de igual composição anterior até obtenção de plântulas verdes no período de 90 dias. O transplante das plântulas do meio de cultura para vasos foi realizado quando estas apresentaram tamanho entre 10 a 15 cm de comprimento e com uma a duas folhas abertas. As sementes das plantas da primeira geração foram colhidas em casa de vegetação e testadas nas gerações seguintes em casa de vegetação e campo em condições altamente favoráveis à brusone. A metodologia de avaliação e seleção de plantas resistentes incluíram testes no viveiro de brusone e inoculações artificiais com patótipos de P. grisea. Nas gerações iniciais e avançadas, dois somaclones (CNAI10390 e

Teste de panela

Amostra para estudo em laboratório de planta atacada por Brusone

Junho de 2003

www.cultivar.inf.br

Cultivar

17


Marcos Dutra

Nossa capa

Nematóides avançam no café Apesar de inúmeros alertas feitos por pesquisadores, muitas lavouras ainda continuam a ser infestadas por esses vermes. Segundo especialista, o uso de nematicida é a medida mais eficaz para reduzir a população dessa praga

O

café é considerado um dos principais produtos agrícolas no mercado mundial. O Brasil é o maior produtor, e segundo maior consumidor, sendo responsável por cerca de 31% do mercado mundial com a exportação de 27 milhões de sacas em 2002 (Cecafé). O ataque de nematóides há muito tempo constitui o maior problema fitossanitário para a cultura do café, em função dos grandes prejuízos que causam, além da dificuldade de controle (Gonçalves et al., 1978). Apesar de inúmeros alertas feitas por pesquisadores e extensionistas, ainda hoje, muitas lavouras continuam a ser infestadas por nematóides danosos, os quais são identificados tardiamente, isto 18

Cultivar

é, após alguns anos pelo manifesto de seus danos nas raízes e parte aérea do cafeeiro e, às vezes, já amplamente disseminados na lavoura. Os nematóides são vermes que parasitam apenas o sistema radicular do cafeeiro, ao qual causam distúrbios tanto fisiológicos como anatômicos, cuja magnitude varia de acordo com a espécie do fitoparasita (Lordello, 1984). Cafeeiros atacados por nematóides apresentam sintomas de deficiência nutricional e perda de vigor, tornando-se fracos e improdutivos, evoluindo para a morte da planta em função da alta população de nematóides no sistema radicular, causando galhas, necroses e morte de raízes. Freqüentemente são observawww.cultivar.inf.br

dos amarelecimento e queda de folhas, além de maior incidência de doenças como cercosporiose e seca de ramos. De acordo com as espécies encontradas no cafezal e o vigor da lavoura, as medidas de controle podem envolver o emprego de nematicidas, visando manter a lavoura economicamente produtiva ou mesmo a sua erradicação por inviabilidade econômica. A história do ataque de nematóides nos cafezais brasileiros inicia-se em 1887 com o trabalho do Dr Emílio Augusto Göeldi identificando a espécie Meloidogyne exigua, que dizimou os cafeeiros da então província do Rio de Janeiro, pois não existiam na época medidas de controle eficazes e se conhecia muito pouco sobre os fitonemaJunho de 2003


Junho de 2003

Cultivar

tóides. Em conseqüência, forçosamente estes cafezais foram substituídos pela canade-açúcar, que não é hospedeira desse nematóide. O gênero Meloidogyne, por sua ampla disseminação e alta capacidade destrutiva, tem sido considerado o mais importante na cafeicultura mundial (Campos et al., 1990). No Brasil, as espécies mais importantes são M. exigua, M. incognita, M. paranaensis e M. coffeicola, as quais respondem pela grande maioria dos prejuízos causados por fitonematóides. O Meloidogyne exigua se disseminou por todos os Estados produtores de café, incluindo-se o Cerrado Mineiro e Bahia (Campos et al. 1990; Campos, 1997). Em Minas Gerais, principalmente no sul, ocorre em 26% das propriedades (Relatório da Embrapa 2003). Contudo, outras espécies ainda mais danosas têm sido encontradas nos cafezais brasileiros, principalmente de São Paulo e Paraná como Meloidogyne incognita, M. paranaensis e M. coffeicola. A espécie M. paranaensis foi descrita por Carneiro et al. em 1996, com a sua constatação em 37,8% das amostras obtidas de cafezais do noroeste do Estado do Paraná. Além de espécies do gênero Meloidogyne, outros fitonematóides podem vir a se tornar importantes em algumas regiões cafeeiras, como exemplo Pratylenchus spp. e Rotylenchulus reniformes. O descorajamento de produtores de café em áreas infestadas, principalmente os do Rio de Janeiro, Paraná e Oeste de São Paulo, e a busca por áreas novas isentas de nematóides de importância econômica para o cafeicultura, constituem-se em fatores para a migração da cafeicultura nacional, com destaque para sua im-

O Brasil responde por 31% da produção mundial de café

plantação no Cerrado e na Bahia nas últimas décadas. Afinal, como esses patógenos se disseminaram pela cafeicultura Brasileira? A disseminação de nematóides, na maioria dos casos, infelizmente é realizada pelos próprios produtores. A disseminação a longas distâncias, entre regiões do mesmo Estado ou entre Estados, ocorre principalmente pelo transporte de mudas infestadas. Contudo, entre propriedades e entre talhões de uma mesma propriedade esta

www.cultivar.inf.br

disseminação pode ocorrer principalmente por veículos e implementos contaminados. Nematóides podem ser disseminados também pela irrigação, ou mesmo pela água de enxurrada entre lavouras. Portanto, extensionistas, pesquisadores e órgãos estaduais devem congregar esforços para diminuir este processo de disseminação educando melhor o produtor rural, principalmente alertando para os problemas relativos aos fitonematóides e aos manejos empregados nas fazendas bem como nos viveiros, os quais podem ser facilmente empregados. Por que os prejuízos causados por nematóides no cafeeiro são elevados? O cafeeiro é uma cultura perene e, portanto, permanece no campo por muitos anos sofrendo formas diferentes de estresse, desde aqueles provocados por fatores físicos como tipo de solo, seca, frio, calor etc., até os biológicos como produção elevada, que esgota a planta, além de doenças, pragas etc. Os nematóides agravam quaisquer formas de estresse que a planta possa sofrer (estresse hídrico, nutricional, fitossanitário, ventos frios etc.), as quais são mais freqüentes em regiões marginais para a cafeicultura e em anos de baixos preços do café com menor investimentos em insumos pelos produtores. Em condições adversas como um simples desequilíbrio nutricional ou déficit hídrico, lavouras atacadas por nematóides serão muito mais prejudicadas. Solos mais arenosos favorecem o ataque de nematóides. Temperaturas elevadas propiciam maior reprodução do nematóide em menor período de tempo, acarretando em maiores danos. Gonçalves (1995) destaca os grandes efeitos dos solos arenosos e degradados das cafeiculturas paulistas e pa-

...

Cultivar

19


Danos causados pelos nematóides no cafeeiro

Cultivar

dade dos danos provocados por nematóides do gênero Meloidogyne naquelas localidades. Os nematóides que atacam o cafeeiro apresentam sintomas característicos de acordo com a espécie, além de predominar em determinados Estados ou região. Em função do fracasso da cafeicultura do Rio de Janeiro, no Estado de São Paulo passou a se intensificar e fortalecer novos investimentos na cafeicultura, seguido pelo Paraná. Esses Estados se tornaram os maiores produtores de café até a década de 80. Entretanto, disseminaram-se amplamente os nematóides M. incognita, M. coffeicola e M. paranaensis, os quais não causam galhas característi-

Marcos Dutra

...ranaenses na severi-

cas nas raízes do cafeeiro, porém seus danos são muito mais graves que M. exigua, com sintomas reflexos na parte aérea também muito mais severos. Meloidogyne exigua causa galhas características arredondadas nas pontas das raízes do cafeeiro, as quais são resultantes de hiperplasia e hipertrofia do tecido das raízes atacadas, o que impede o funcionamento normal do sistema radicular, forçando a planta a sempre emitir novas radicelas. Meloidogyne incognita causa manchas escuras e engrossamentos nas radicelas, com intensa morte de raízes a partir do local de alimentação do nematóide, reduzindo grandemente o sistema radicular. As raízes mais velhas apresentam rachaduras e necroses, ocasionado no apodrecimento e morte destas. M. incognita predomina no Estado de São Paulo (Lordello, 1984), que apresenta quatro raças fisiológicas. Meloidogyne paranaensis causa sintomas semelhantes à M. incognita, com rachaduras e degradação dos tecidos corticais. Meloidogyne coffeicola causa engrossamento nas radicelas com intensa morte de raízes, mas principalmente com intenso ataque às raízes mais velhas do cafeeiro, onde são observados rachaduras e descascamento da região cortical (Campos et al., 1990). O nematóide Meloidogyne exigua age principalmente agravando qualquer forma de estresse na lavoura e, em muitos experimentos, são reportadas perdas na ordem de 30% da produção, o que pode significar o lucro do produtor ou mesmo a sua sobrevivência como cafeicultor, principalmente em épocas de baixos preços do café. Diferentemente, Meloidogyne incognita, M. paranaensis e M. coffeicola possuem sintomas semelhantes e muito mais severos, pois inviabilizam a condução da lavoura em poucos anos, principalmente pela intensa morte de radicelas, o que impossibilita a planta de responder aos tratos culturais aplicados pelo produtor.

REFLEXOS DO ATAQUE No Estado de São Paulo, assim como no Paraná, os danos causados por nematóides foram devastadores à cafeicultura, aliando-se à freqüentes geadas e períodos de baixos preços do café, fazendo com que muitos abandonassem a cultura. Os produtores que resistem até hoje devem ficar atentos e com as porteiras fechadas aos nematóides, ou mesmo impedir a sua disseminação entre lavouras na mesma propriedade, minimizando assim os seus danos.

A ausência de nematóides é indispensável à qualidade do fruto do café

20

Cultivar

www.cultivar.inf.br

Junho de 2003


Face a este problema, a cafeicultura do Estado de Minas Gerais foi se fortalecendo a partir da década de 80. Entretanto, focos isolados dos nematóides M. incognita foram identificados em lavouras do Sul de Minas e Triângulo Mineiro (Guerra Neto e D’Antônio, 1984; Campos et al., 1985). M. coffeicola foi constatada no município de Machado, cuja lavoura foi erradicada (Guerra Neto et al., 1983; Campos et al., 1985). Recentemente, Castro et al., (2002) identificaram grandes focos do nematóide M. paranaensis na região do Triângulo Mineiro, causando morte de plantas em grandes áreas e, mais recentemente, em 2003, encontramos um grande foco de M. coffeicola também na região do Triângulo Mineiro. Portanto, resta-nos sermos otimistas, e acreditarmos que com os erros do passado, os cafeicultores de hoje estejam cientes de tais problemas e evitem que outras páginas tristes da cafeicultura sejam escritas em breve.

MANEJO Seguramente a melhor medida de manejo de nematóides é a prevenção, pois sendo o cafeeiro uma cultura perene, os prejuízos causados por nematóides se agravam

ao longo dos anos e num curto período podem inviabilizar a condução da lavoura. Diante de tal fato, fazem-se algumas recomendações: 1a - Lavouras suspeitas de estarem contaminadas devem ser imediatamente amostradas. As lavouras contaminadas devem ser da melhor forma possível isoladas para se evitar a disseminação deste nematóide; 2a - Os tratos culturais devem ser realizados por último nos talhões contaminados, o que pode impedir a disseminação dentro da propriedade; 3a - Propriedades contaminadas dificilmente estarão livres deste nematóide, pois estes infectam várias espécies de plantas daninhas além de árvores e arbustos cultivados ou nativos, portanto, estas deveram ser isoladas impedindo-se o trânsito de implementos ou veículos para outras propriedades. Todos equipamentos utilizados em lavouras contaminadas ou suspeitas devem ser rigorosamente lavados com água, eliminando todo o solo e restos culturais, os quais podem estar infestados por nematóides; 4a - O uso de nematicidas é a medida de controle mais eficaz na redução da população de nematóides na lavoura, podendo garantir a sua viabilidade econômica, entretanto, deve ser utilizada com rigoroso acompanhamento técnico, somente em lavouras

com bom enraizamento, pois do contrário pode-se não ter radicelas suficientes para absorção eficiente do produto; 5a - Consulte um técnico especializado, pois dependendo do nível de contaminação, ou da sua representatividade, algumas medidas mais drásticas deverão ser tomadas, como a eliminação da lavoura contaminada, por segurança ou pela inviabilidade econômica de se mantê-la; 6a - A renovação da lavoura deve ser feita com muita cautela e acompanhamento técnico. Nunca se deve plantar variedades de café susceptíveis em solo contaminado. O uso de mudas enxertadas resistentes a nematóides constitui ótima alternativa de manejo, entretanto o porta enxerto mais recomendado (Apoatã IAC 2258) possui certo grau de susceptibilidade a nematóides, portanto na renovação da lavoura, deve-se minimizar a população de nematóides previamente com o pousio do solo, ou mesmo realizar a rotação com cultura não susceptível ao nematóide em questão, pois ignorando este fato, alguns produtores de São Paulo tiveram grande insucesso na renova. ção da lavoura. Marcos Roberto Dutra, UFLA


AENDA

Defensivos Genéricos

O buraco de ozônio e o pesticida V

ocê sabia que o culpado pelo buraco de ozônio é também um pesticida usado no Brasil? Se não sabia, continue lendo. Parece até aquela peculiar literatura de cordel, onde se narra histórias com tamanho absurdo e tragicidade que passa a sensação de uma mera brincadeira teatral. Neste caso, contada por ambientalista em viagem sideral. Lá nas alturas de 30 km, existe uma camada com relativamente alta concentração de ozônio (O3), um gás de oxigênio produzido fotoquimicamente e transportado pelas correntes atmosféricas. É a Ozonosfera, uma camada desenvolvida durante bilhões de anos, de espessura variável conforme a estação do ano e a localização espacial. Essa camada impede grande parte da entrada de letais raios ultravioletas emanados pela caldeira solar. Além disso, absorve parte da radiação infravermelha terrestre, ajudando um pouco (5%, segundo estimativas) a manter a Terra aquecida e permitindo o desenvolvimento da vida como conhecemos. Os grandes heróis pela retenção da radiação infravermelha são, na verdade, o vapor d’água (79%) e o gás carbônico que contribui com 14%. Os outros 2% dessa legião de heróis climáticos são outros gases, como o metano, o óxido nitroso, os perfluorcarbonos, os clorofluorcarbonos, o dióxido de enxofre e o amoníaco. Essa turma toda é conhecida como os agentes do efeito estufa, um processo natural que cientistas alarmistas especulam estar em rota de desequilíbrio: o planeta esquentando, geleiras derretendo, mares subindo e cidades costeiras sendo tragadas em futuro próximo. Mas os cientistas descobriram o aspecto paradoxal da natureza. Alguns dos heróis responsáveis pelo equilíbrio do efeito estufa, assumem outra personalidade e atacam a camada de ozônio. Os óxidos de nitrogênio existentes na natureza são os principais vilões, pois reagem com o ozônio, transformando-o em oxigênio. Essa aparente diminuição do ozônio, em razão de observações no pólo norte, preocupa bastante a ciência moderna que batizou o fenômeno de buraco de ozônio. Alguns compostos produzidos pelo homem também respondem por uma certa parte dessa equação, principalmente os compostos halogênios, ou seja, que contêm cloro, flúor, bromo ou iodo

em forma molecular muito estável. As reações são cíclicas, ou seja, em cadeia destroem o ozônio, mas ao mesmo tempo o regeneram, entretanto o resultado final é desfavorável ao ozônio, até onde o conhecimento atual alcança. O produto de maior dimensão, dentre os produzidos artificialmente, é o diclorodifluorometano ( CCl2F2), usado como refrigerador em geladeiras e condicionadores de ar. Existem compostos artificiais que atuam no sentido inverso, formando O3. É o caso dos óxidos de carbono e do metano. Como notícia boa não vende muito, fica apenas no rodapé. Vulcões têm sua cota de participação, pois expelem cloro na forma de HCl, mas os ambientalistas fazem círculos humanos em volta para defendê-los. Não é nada disso... Por falar em paradoxo, favor não confundir as virtudes do ozônio quando locado na estratosfera com os seus efeitos poluentes e biocidas quando circula na superfície, em especial gerado a partir dos escapamentos de veículos. Finalmente, durante uma reunião em Montreal-1989, elaborou-se um Protocolo, assinado por 134 países. Nesse protocolo foram apontados os agentes artificiais agressores do ozônio estratosférico e planificada tentativamente a redução destas substâncias. Assim, só para exemplificar os mais importantes: os clorofluorocarbonetos (CFC) e os tetracloretos de carbono (CCl4) seriam retirados 100% em 1996 e os hidroclorofluorocarbonetos (HCFC) seriam reduzidos em 65% até 2010 e

100% em 2030. Surpreendentemente, essas metas estão sendo cumpridas, com alguns ajustes. Mas, não podia faltar um pesticida nesta história. E surge o brometo de metila (CH3Br), um poderoso esterilizante para solos de canteiros e fumigação de porões de navio, de grãos e de formigueiros. Vagarosamente esse gás sobe até a estratosfera e por reação catalítica contamina, digo, dissocia o ozônio. Por ser relativamente menor no cômputo geral, teve apenas sua produção congelada a partir de 1995. Estabelecendo-se redução de 50% para 2001. Nos Estados Unidos, o consumo era cerca de 25.500 ton/ano. Em 2001 foi atingido o compromisso de redução para 12.000 ton. Mas, a partir daí o EPA fez o balanço das alternativas ao uso do brometo, do ponto de vista de eficácia e economicidade e estabeleceu reduzir para 9,4 ton em 2006. As culturas e situações que continuam com uso permitido são: berinjela, melão, melancia, gengibre, morango, batata doce, tomate, canteiros para frutíferas, para ornamentais, para hortícolas e para reflorestamento, esterilização de gramados, de grãos armazenados e de específicos processos de alimento industrializado. Já no Brasil de cordel...o uso em 1995 atingia 900 ton, 3,5% dos Estados Unidos. Três vírgula cinco por cento! Um programa educativo executado pelo Ministério do Meio Ambiente permitiu substituir grande parte do produto nas aplicações em canteiros da cultura do fumo. Além disso, as Companhias de Fumo passaram a excluir fumicultores que usassem pesticidas de periculosidade alta, caso do brometo de metila. Certamente a concorrência incomodava: um fumicultor que acidentalmente seja intoxicado ao manipular um pesticida poderia ser um fumante a menos. Também, a fumigação dos grãos armazenados passou a ser feita com fosfina. De forma que, em 2001, o consumo já era de apenas 400 ton. Em 2002, o deus IBAMA e a deusa ANVISA, num surto incontrolável de soberba proibiram o brometo de metila, exceto nas operações de exportação e importação para esterilizar alguma mercadoria suspeita de conter praga exógena. A deusa da Agricultura nada pode fazer, pois não se sabe bem porque, tem menos prestígio perante Zeus. E a competitividade brasileira foi mais . uma vez atropelada por nós mesmos.



Seminário

Cooplantio

Força do Agronegócio

A

Cooplantio – Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto – realiza de 23 a 25 de junho, em Gramado (RS), o seu 18º Seminário anual. Devido ao setor rural ser um dos pilares da economia brasileira, o tema escolhido para este ano foi “A Força do Agronegócio”. Segundo Ângela Velho, gerente de marketing da Cooplantio, a expectativa é reunir cerca de 700 líderes rurais da região sul, além de visitantes de outras partes do Brasil e do Mercosul. Grande parte dos maiores especialistas em produtividade rural do país irá debater sobre as perspectivas dos mercados de soja, arroz, milho e hortifruti; novas tecnologias para aumento da produtividade; intercâmbio dos casos de sucesso nos empreendimentos rurais; gestão rural; o cenário do agronegócio no Brasil e no mundo. Para as esposas dos produtores haverá programação especial com palestras e passeios turísticos.

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL O ex-ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, fará a primeira palestra do 18º Seminário. Pratini abordará, com toda a experiência que tem do setor de políticas agrícolas, o tema “A Última Fronteira Agrícola”. Além das palestras, os produtores poderão conferir uma novidade para este ano: a feira de produtos agropecuários. Os interessados em obter mais informações sobre o Seminário podem acessar o site: www.cooplantio.com.br ou telefonar para a . Cooplantio: (51) 3333 3066. 24

Cultivar

Programação 1º Dia 23/06 - Segunda-feira 14:00 às 14:20 - Abertura Oficial – José Amauri Dimazio – Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 14:20 às 15:10 - BRASIL: A Última Fronteira Agrícola – Marcus Vinícius Pratini de Moraes – Economista, Pós-Graduado em Administração Pública (Berlim) e Administração de Empresas (Pittsburg), Ex-Ministro da Indústria e Comércio, Ex-Ministro das Minas e Energia e Ex-Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 15:10 às 15:30 - Perguntas 15:30 às 16:20 - Tendências e Cenários do Agronegócio Nacional e Internacional - Régis Alimandro – Economista da FGV, Ex-Editor-Chefe da Revista Agroanalysis e membro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 16:20 às 16:40 - Perguntas 16:40 às 17:00 - Intervalo 17:00 às 18:00 - A Conjuntura Política e Econômica do Brasil - Alexandre Garcia – Jornalista, Repórter Especial, Comentarista e Apresentador do Jornal Nacional, Bom Dia Brasil e da Globo News. 18:00 às 18:20 - Perguntas 18:20 - Encerramento A programação completa está no site www.cooplantio.com.br

www.cultivar.inf.br

Junho de 2003



Embrapa Trigo

Trigo

Mosaico Mosaico volta volta aa preocupar preocupar A

virose do mosaico do trigo, causada pelo Soil-borne wheat mosaic virus, ou vírus do mosaico do trigo, como é popularmente conhecido, tem se constituído novamente em motivo de preocupação para os produtores de trigo do Rio Grande do Sul e do Paraná. O motivo dessa preocupação é o crescimento de áreas que têm apresentado o problema da virose e também pela intensidade dos sintomas que estão sendo constatados. O vírus do mosaico do trigo é transmi26

Cultivar

tido para as plantas através do fungo de solo Polymyxa graminis. O fungo se instala nas raízes e sobrevive em forma de espóros de resistência que irão transmitir a virose a ser translocada de forma sistêmica para toda a planta. O sintomas variam de mosaico verde a mosaico amarelo e/ou enrosetamento, caracterizado por superbrotamento ou perfilhamento excessivo, além de retardar o desenvolvimento do sistema radicular. Os sintomas aparecem, em geral, nas folhas www.cultivar.inf.br

jovens, em fase de crescimento, e são, de início, mais facilmente observados no lado dorsal da folha, ocorrendo mais freqüentemente em plantas com desenvolvimento em áreas mais baixas, especialmente durante extensos períodos de frio e alta umidade do solo. Dessa forma, as áreas infectadas são visualizadas de uma certa distância na fase vegetativa, mas os sintomas tornam-se pouco visíveis quando ocorre a maturação das plantas ou quando há aumento da temperatura.

...

Junho de 2003



Em cultivares de trigo suscetíveis ao vírus, a incidência da virose pode atingir 100% e a infecção tem início precocemente, verificando-se que as plantas são severamente atrofiadas e têm normalmente numerosos perfilhos que não chegam a formar espigas. O desenvolvimento dos sintomas é lento e muito pouco visível em cultivares resistentes com incidência entre 6 a 7% em condições de campo. A redução na produtividade de trigo é variável, de acordo com o cultivar, sendo que em estudos recentes realizados pelo grupo da virologia vegetal da Faculdade de agronomia e Medicina veterinária da Universidade de Passo Fundo (FAMV/UPF) foi observado até 50% de danos em função da virose. As áreas tritícolas infestadas com o fungo vetor do mosaico do trigo têm aumentado nos últimos anos, fato este, que pode ser atribuído à utilização concomitante de máquinas e implementos agrícolas em diferentes áreas e que acabam carregando partículas de solo contendo o fungo e também pelo vento e/ou lixiviação do solo que carrega estas mesmas partículas de uma área para a outra. Entretanto, o maior responsável pelo aumento na incidência e disseminação da virose é a adoção do sistema plantio direto. A compactação e o encharcamento possibilitam a maior disponibilidade de água livre no solo, condição ideal para a movimentação dos zoósporos do P. graminis. Por outro lado, a calagem superficial utilizada em áreas de plantio direto também aumenta a retenção de água, beneficiando desta forma a migração do vetor do vírus de um local para o outro. E, ainda, a grande quantidade de matéria orgânica que fica disponível no solo constitui-se em um forte aliado para o aumento na população do P. graminis que irá fatalmente parasitar as raízes das plantas de trigo após nova semeadura, independentemente do tempo que a lavoura permanecer sem o plantio desta cultura. Em condições ideais de solo, como: pH variando de neutro para alcalino, temperatura entre 15 a 18o C e umidade entre 45 e 55%, o processo de parasitismo do fungo tem condições de se estabelecer e, conseqüentemente, a transmissão da virose para as plantas pode ser desencadeada. A rotação de culturas não tem se mostrado eficiente para a eliminação do vetor que encontra-se no solo, uma vez que existem estudos indicando que o P. graminis sobreviveu no solo por mais de dez anos após o plantio de trigo. Desta forma, a solução mais viável para o problema da virose do mosaico do trigo é a utilização de cultivares resistentes ao vírus. Os cultivares de trigo que apresentam resistência ao mosaico de acordo com as indicações técnicas da Comissão sul-brasileira de pesquisa de trigo (2002) são: BRS 194, Embrapa 52, Funda-

28

Cultivar

cep 30 e Embrapa 16. Os sintomas da virose podem ser percebidos visualmente (que é a forma mais comum de diagnóstico), mas a confirmação de que se trata realmente da virose do mosaico do trigo requer o auxílio de técnicas microscópicas, sorológicas ou moleculares. Na Faculdade de Agronomia e Medicina veterinária da UPF já vem sendo feito há vários anos a visualização dos espóros de

dições porque os antissoros importados dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha não apresentaram nenhuma reação. Por este motivo, estamos neste momento trabalhando para produzir nosso próprio antissoro com material nosso. O fato de a reação dos antissoros importados não dar resultados nos causaram estranheza e são sugestivos de que o vírus que temos aqui no Brasil é diferente, em algum aspecto, dos de outros países. Por este motivo, estamos intensificando nossos estudos para esclarecer a real identidade do vírus encontrado no Brasil. Com este objetivo, estamos orientando o trabalho de dissertação de mestrado da aluna Rocheli de Souza do curso de mestrado em agronomia, área de fitopatologia, que irá utilizar uma técnica molecular para comparar os isolados brasileiros com os dos outros países para tentar identificar, em nível molecular, se o vírus é o mesmo ou se pode se constituir em uma outra estirpe, distinta daquela observada em outras regiões tritícolas do mundo. Para realizar este trabalho, estão sendo coletadas plantas com sintomas da virose em diferentes locais no Rio Grande do Sul e no Paraná. O processamento para análise está sendo realizado no laboratório de virologia vegetal da FAMV/UPF e conta com a colaboração da Dra. Sandra Brammer da Embrapa/Trigo. A identificação e caracterização do vírus do mosaico do trigo encontrado no Brasil será de extrema importância aos programas de melhoramento genético na busca de novos cultivares de trigo resis. tentes à virose. Embrapa Trigo

...

Lavoura que apresenta sintomas de ataque do vírus do mosaico do trigo

resistência do fungo vetor do vírus no sistema radicular das plantas de trigo. O fato de as raízes estarem infestadas com os espóros do P. graminis associado aos sintomas nas folhas são um forte indício de que se trata efetivamente da virose do mosaico do trigo. Outra forma de detectar a presença do vírus nas folhas ou raízes das plantas é através do teste sorológico de Elisa (Enzyme Linked Imunosorbent Assay), que se constitui numa técnica sorológica (idêntica à utilizada para detectar o vírus da Aids em seres humanos) que utiliza um antissoro específico para o mosaico do trigo. Esta técnica não tem sido eficiente nas nossas conwww.cultivar.inf.br

Jurema Schons, UPF Junho de 2003



Dirceu Gassen

Informe empresarial

Hussar em pós-emergência Teste mostra os resultados do novo herbicida da Bayer CropScience, ainda em fase de registro, para a cultura do trigo

O

lançamento de cultivares modernas, com alto potencial de produção, está ligado também a um maior uso de insumos. Entre estes, o uso de herbicidas é freqüente, uma vez que a cultura é semeada em altas densidades, o que dificulta o cultivo mecânico. Entretanto, com a disponibilidade de herbicidas eficazes para o controle da maioria das espécies infestantes, a cultura pode manter-se, se não limpa, mas pelo menos com baixa densidade durante todo o ciclo (Iapar, 2001). Entre os herbicidas utilizados para o controle de plantas daninhas em pós-emergência no trigo, encontra-se o metsulfuron-methyl, pertencente ao grupo das sulfoniluérias. É um produto que objetiva o controle de espécies de folhas largas. Como estas espécies predominam no sul do Paraná (Iapar, 2001), o uso do metsulfuron-methyl tem sido realizado com bons resultados de controle e seletividade (Ronzelli Junior et al., 1997). Outro herbicida, o iodosulfuron methyl sodium, ainda encontra-se em fase de registro para o trigo e pode constituir em mais uma opção de controle de infestantes para a cultura, desde que avaliada sua eficácia e seletividade à cultura. Além das plantas daninhas que tradicionalmente ocorrem no Paraná, como Bidens 30

Cultivar

pilosa e Raphanus raphanistrum, a emergência dos grãos de soja perdidos na colheita da safra anterior, denominada de soja “voluntária”, pode constituir em sério problema para o trigo por competir com este nas fases iniciais de desenvolvimento, a mais crítica para a cultura (Mundstock, 1999). Assim, além das plantas daninhas comuns à região, os herbicidas devem também controlar a soja voluntária, visto que em condições de altas temperaturas esta pode permanecer no local, competindo com o trigo, por um longo período. Nesse sentido, realizou-se o presente trabalho que teve como objetivo avaliar a eficácia e seletividade do herbicida Hussar (iodosulfuron methyl sodium) no controle de plantas daninhas em pós-emergência da cultura do trigo (Triticum aestivum L.). O experimento foi instalado na Fazenda Escola “Capão da Onça” da Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Município de Ponta Grossa, PR, em um Cambissolo háplico distrófico de textura argilosa, no ano 2001. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com sete tratamentos e quatro repetições. As parcelas apresentaram área total de 18,0 m2 (6,0 x 3,0 m). O sistema de plantio utilizado foi o “plantio direto na palha”, com semeadura realizawww.cultivar.inf.br

da mecanicamente em fileiras espaçadas de 0,17 m, semeando-se em média 130 kg/ha de sementes, a uma profundidade de 0,04 a 0,05 m. A cultivar utilizada foi Iapar-53, com semeadura efetuada em 04/07/01. A emergência das plantas ocorreu no dia 12/07/01. A adubação consistiu da aplicação de 250 kg/ha de adubo de fórmula 05-25-25 na semeadura e 36 kg/ha de nitrogênio (na forma de uréia), aplicado em cobertura, no início da fase de perfilhamento. Os tratamentos utilizados estão descritos no Quadro 1. Os herbicidas foram aplicados através de pulverizador costal, à pressão constante de 30 lb/pol2, pelo CO2 comprimido, com pontas de jato plano “leque” XR 110-02. Aplicou-se o equivalente a 200 L/ha de calda. A aplicação dos tratamentos foi realizada no dia 10/08/01, com início às 15:00 horas e término às 16:00 horas. Na pulverização, a temperatura do ar era de 20 oC, o tempo estava nublado (70 % de nuvens), ventos de 1 km/h, umidade relativa do ar de 78% e o solo encontrava-se com média umidade. Na aplicação, as plantas de trigo encontravam-se no início do perfilhamento. As plantas daninhas avaliadas foram Bidens pilosa (picão-preto), Raphanus raphanistrum (nabo) e Glycine max (soja voluntária), Junho de 2003


Quadro 1 - Nomes comum e comercial, doses em gramas do ingrediente ativo (g ia./ha) e produto comercial (pc./ha) por hectare e época de aplicação dos tratamentos utilizados no experimento com trigo. Fazenda Escola - UEPG. Ponta Grossa, PR. 2001.

Nome Comum

Dose (g ia./ha)

1. Iodosulfuron methyl sodium1 2. Iodosulfuron methyl sodium 3. Iodosulfuron methyl sodium 4. Iodosulfuron methyl sodium 5. Metsulfuron methyl2 6. Testemunha capinada 7. Testemunha sem capina

2,5 3,5 5,0 10,0 2,4 — —

Nome comercial

Dose (pc./ha)

Época de aplicação

Hussar Hussar Hussar Hussar Ally — —

50 g 70 g 100 g 200 g 4g — —

Pós-emergência Pós-emergência Pós-emergência Pós-emergência Pós-emergência Pós-emergência —

Aos tratamentos 1 a 5 foi adicionado espalhante adesivo a 0,25% v/v (0,5 L/ha de Hoefix)

1

Quadro 2 - Controle (%) para Bidens pilosa, Raphanus raphanistrum e Glycine max aos 7, 15, 30 e 45 dias após a aplicação (DAA) dos tratamentos no trigo. Fazenda Escola. Ponta Grossa, PR. 2001. 7 DAA Tratamentos

15 DAA

Dose (pc./ha)1

30 DAA

45 DAA

Controle para Bidens pilosa

1. Hussar 2. Hussar 3. Hussar 4. Hussar 5. Ally C.V. (%)

50 g 70 g 100 g 200 g 4g —-

73,7 b 77,5 ab 81,2 a 80,0 ab 81,2 a 3,9

88,7 b 88,7 b 93,2 ab 95,0 a 97,0 a 95,0 ab 98,5 a 99,5 a 99,5 a 99,5 a 3,3 3,4 Controle para Raphanus raphanistrum

94,5 b 100,0 a 98,7 a 100,0 a 100,0 a 1,9

1. Hussar 2. Hussar 3. Hussar 4. Hussar 5. Ally C.V. (%)

50 g 70 g 100 g 200 g 4g —-

67,5 ab 57,5 ab 70,0 a 62,5 ab 55,0 b 10,0

81,2 a 88,7 c 81,2 a 92,0 bc 82,7 a 97,2 ab 83,7 a 93,7 ab 85,0 a 99,0 a 5,2 2,8 Controle para Glycine max

88,7 b 100,0 a 100,0 a 100,0 a 99,5 a 1,2

1. Hussar 2. Hussar 3. Hussar 4. Hussar 5. Ally 6. Test. capinada 7. Test. sem capina C.V. (%)

50 g 70 g 100 g 200 g 4g ———-

60,0 c 68,7 bc 81,2 a 77,5 ab 78,7 ab 100,0 0 7,2

73,7 c 83,7 b 93,2 a 97,5 a 99,5 a 100,0 0 3,8

67,5 c 85,0 b 94,4 ab 95,7 ab 100,0 a 100,0 0 5,8

66,2 b 90,0 a 97,2 a 97,5 a 100,0 a 100,0 0 5,4

Quadro 3 - Produtividade de grãos (kg/ha) e fitotoxicidade (%) do trigo em função de diferentes tratamentos de controle de plantas daninhas. Fazenda Escola. Ponta Grossa, PR. 2001. Tratamentos (nome comercial)

Dose (pc./ha)1

Produtividade (kg/ha)

1. Hussar 2. Hussar 3. Hussar 4. Hussar 5. Ally 6. Test. capinada 7. Test. sem capina C.V. (%)

50 g 70 g 100 g 200 g 4g ———-

3.150 a 3.280 a 2.960 a 2.900 a 2.830 ab 2.330 ab 1.830 b 16,1

7 DAA 0 0 0 0 0 0 0 —

Fitotoxicidade (%) 15 DAA 30 DAA 0 0 0 0 0 0 0 —-

0 0 0 0 0 0 0 —-

45 DAA 0 0 0 0 0 0 0 —-

Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem pelo teste de Tukey (p<5%); 1Dose do produto comercial por hectare; C.V. = coeficiente de variação.

que na aplicação dos herbicidas estavam com 2 a 4 folhas e população de 67, 158 e 22 plantas/m2 respectivamente. As avaliações de controle de plantas daninhas foram efetuadas visualmente aos 7, 15, 30 e 45 dias após a aplicação (DAA). A colheita foi efetuada no dia 26 de outubro de 2001, manualmente, utilizando-se as plantas da área útil das parcelas. Os dados foram submetidos à análise da variância pelo Junho de 2003

teste F e as diferenças entre as médias comparadas pelo teste de Tukey no nível de 5 % de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO No momento da aplicação dos herbicidas as plantas daninhas e as de trigo encontravam-se em plena atividade metabólica. Para Bidens pilosa, todos os herbicidas mostraram uma ação inicial mais www.cultivar.inf.br

lenta, sendo menores as porcentagens de controle observadas aos 7 dias após a aplicação dos (DAA) tratamentos (Quadro 2). Nas demais avaliações, o controle aumentou, sendo todos os tratamentos eficientes no controle da infestante aos 15, 30 e 45 DAA. Nestas avaliações, o Hussar na dose de 50 g/ha, apesar de ter-se mostrado eficiente, foi de controle inferior às demais doses do produto e ao Ally (tratamento padrão). Para as doses de 70, 100 e 200 g/ha do Hussar, o controle foi similar ao Ally em todas as avaliações. Entre as plantas daninhas avaliadas no experimento, as de Raphanus raphanistrum eram as que predominavam. Além disso, a maioria das plantas já se encontrava com quatro folhas e algumas com até 6 folhas (aproximadamente 10% da população). Para esta planta daninha, o potencial de controle dos herbicidas pode ser visualizado somente a partir de 15 DAA, pois, aos 7 DAA as porcentagens de controle eram baixas e aos 15 DAA ficaram próximas de 80% (Quadro 2). Nas avaliações aos 30 e 45 DAA todos os tratamentos mostraram-se eficientes, porém, para o Hussar é nítida a vantagem do uso de doses igual ou superiores a 70 g/ha para garantir um controle da totalidade das plantas daninhas e similar ao Ally. Como nas demais plantas daninhas, o controle mostrado pelos herbicidas para soja voluntária foi exteriorizado somente a partir de 15 DAA (Quadro 2). Observase que esta foi a infestante de mais difícil controle, uma vez que somente nas doses de 70, 100 e 200 g/ha o Hussar mostrou eficiência. No entanto, o uso das doses de 100 e 200 g/ha parece ser o mais adequado por garantir uma melhor eficiência e controle sempre similar ao Ally. Analisando-se o controle como um todo, observou-se que de um modo geral o uso das doses de 70 e 100 g/ha do Hussar é o mais adequado, uma vez que nestas doses o produto mostrou controle similar ao Ally e não foi observada vantagem do uso da dose de 200 g/ha em relação às primeiras. Não foram observados sintomas de fitotoxicidade dos herbicidas nas plantas de trigo (Quadro 3). Para todos os tratamentos com herbicidas, os valores de produtividade observados foram similares aos obtidos para a testemunha capinada, mostrando que além do controle adequado, os herbicidas não promoveram alterações no crescimento e desenvolvimento das plantas de trigo. Em todas as doses, o Hussar mostrou produtividade superior . à testemunha sem capina. Jeferson Zagonel UEPG Cultivar

31


Agronegócios

Agenda para a agricultura A

Associação das Mulheres de Negócios (BPW – Londrina) e a Embrapa Soja promoveram, no dia 4 de abril, durante a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, uma conferência do Ministro da Agricultura, Dr. Roberto Rodrigues. De forma didática, o Ministro expôs a agenda de trabalho do seu Ministério e, por extensão, do Governo Federal, para os próximos quatro anos. O Ministro enquadra as ações a serem desenvolvidas em três vertentes principais: políticas públicas, organização das cadeias produtivas e negociação internacional.

POLÍTICAS PÚBLICAS O eixo central das políticas públicas, de caráter macro econômico, será a garantia de renda do produtor. Assim, será possível para o setor gerar empregos, riquezas, produzir excedentes exportáveis e reduzir a dependência brasileira de recursos financeiros do exterior. Além das medidas que, stricto sensu, se aplicam diretamente à agricultura, o Ministro salientou que todas as grandes reformas (Fiscal, Tributária, Trabalhista, Agrária, Previdenciária e Política) deverão considerar as exigências e demandas do setor primário. Entre as ações voltadas especificamente para o setor, estão:

1. SEGURO RURAL O Ministro anunciou o envio de Projeto de Lei ao Congresso Nacional, disciplinando o assunto. Ao mesmo tempo, foi formado um grupo de trabalho composto por representantes do MAPA, Febraban, Fenaseg, IBRE, CNA, OCB, entre outros, para discutir a sua regulamentação, detalhando a composição das fontes de recursos, os prêmios, os subsídios, a divisão dos custos e o resseguro, entre outros detalhes operacionais.

2. RENDA MÍNIMA O Ministro entende que o pequeno produtor rural é inviável sem apoio do Governo. Para elaborar a proposta, foi solicitado o auxílio da FAO e do IICA, que possuem experiência internacional na elaboração de proje32

Cultivar

tos e gestão de políticas similares. É fundamental o consenso sobre o conceito de pequeno produtor, a viabilização dos fundos de apoio e a definição das margens de renda, componentes de uma matriz que considere os desníveis regionais e as diferenças entre produtos agrícolas. O Ministro avalia a Reforma Agrária como um componente importante dessa política, asseverando que o Presidente Lula determinou que a Reforma Agrária de seu Governo deva cingir-se aos ditames legais.

3. TRANSGÊNICOS O Governo Federal estará firmemente empenhado em garantir a suspensão do plantio e comercialização de OGMs, determinada pela Justiça Federal. Enquanto vigorar a suspensão, o Governo atuará para coibir o plantio. Na eventualidade de revogação da medida, o Governo deverá propor uma legislação consentânea para o setor. Para o presente ano, a realidade, representada por 5 milhões de toneladas de soja que precisam ser escoadas, obrigou a liberação de sua comercialização.

4. BIO-ENERGIA O Ministro entende ser essa uma oportunidade para a agricultura nacional, daquelas que ocorrem uma vez por século. Lembrou que apenas a adição de 5% de biodiesel ao óleo diesel consumido no Brasil representaria o plantio de 10 milhões de hectares de soja adicionais à demanda de soja para outros usos. O Governo Federal pretende implementar um programa de incentivo à produção de bioenergia, o que resultará na expansão da área de cana-de-açúcar e de oleaginosas.

5. PESQUISA AGROPECUÁRIA O Ministro reafirmou o compromisso governamental com o apoio às ações da Embrapa, lembrando sua importância transcendental para o surpreendente incremento na competitividade dos produtos agropecuários brasileiros. Além da atuação tradicional da instituição, a Embrapa deverá dedicar maiwww.cultivar.inf.br

or atenção à competitividade e sustentabilidade da agricultura familiar.

6. SANIDADE AGROPECUÁRIA Parceira indissociável da pesquisa, a área de sanidade deverá receber um incentivo ponderável do Governo para garantir a qualidade e a inocuidade dos produtos brasileiros. O Ministro demonstrou sua preocupação em granjear a credibilidade dos consumidores e dos agentes de mercado para os nossos produtos, o que depende de órgãos de defesa agropecuária atuantes, porém com a colaboração consciente de cada produtor individual e dos componentes da cadeia produtiva para garantir ferramentas como a rastreabilidade e a certificação dos produtos brasileiros.

ORGANIZAÇÃO DAS CADEIAS PRODUTIVAS Tendo em vista a inviabilização prática do CNPA, previsto na Lei Agrícola de 1991, o MAPA criou o Conselho do Agronegócio (CONSAGRO). Embora dividido por câmaras setoriais, abrangendo cada cadeia produtiva, o agronegócio se tornou extremamente complexo e interdependente, exigindo a análise de medidas de política agrícola abrangendo diferentes cadeias. Citou como exemplo o milho, que teve preços deprimidos no início da década, ocasionando um desestímulo à sua produção, porém incentivando a produção de suínos e aves. Com o mercado de carnes aberto, a falta de milho gerou uma elevação de custos e a necessidade de importação do grão, cujo preço disparou. Essas inconsistências conjunturais, na visão de Roberto, podem ser mitigadas pela negociação no âmbito do CONSAGRO. Citou, também, o exemplo do café, em que o Brasil, sendo o maior produtor mundial, detém apenas 1% do comércio de café torrado. Já a Alemanha, que não possui um pé de café, domina 25% desse mercado. O Ministro entende que a organização da caJunho de 2003


deia produtiva do café pode solucionar essa evasão de valor agregado, com inúmeros benefícios econômicos e sociais.

NEGOCIAÇÃO INTERNACIONAL O Brasil está se constituindo em um player de primeira linha no mercado globalizado. Como tal, não pode, simplesmente, assinar contratos por adesão. Ao contrário, deve fazer valer a sua posição, proporcional ao seu peso específico no mercado. Ocorre que as disputas de bastidores são definitivas para garantir o acesso aos mercados e têm se constituído em uma contenda tão renhida quanto a própria disputa pelo mercado. O Ministro alinhavou o andamento de algumas das negociações em curso:

1. ALCA Durante o Fórum Agrícola da ALCA, (Quito, Equador), os negociadores americanos suspenderam as tratativas enquanto a questão não for resolvida no âmbito da OMC. Isso significa que assuntos de crucial importância para o agronegócio brasileiro, como o acesso a mercados (tarifas, barreiras, cotas, taxas, sobretaxas, etc), políticas de apoio interno (subsídios à produção) e de apoio externo (subsídios à exportação) ficam em stand by, aguardando uma definição das discussões em andamento na OMC.

2. OMC Ocorre que a balbúrdia na OMC é muito grande e não há qualquer perspectiva de avanço nas negociações sobre a questão agrícola, em especial após a proposta do gerente do comitê agrícola da OMC, Stuart Harbinson, haver sido rejeitada por países de cunho fortemente protecionista, liderados pela UE, Japão e Coréia. Em função da rejeição, instaurou-se um clima de pessimismo quanto à Reunião Ministerial de Cancun (México), a realizar-se em setembro, quando os temas levantados na Reunião de Doha (Qatar) deveriam avançar alguns passos. Instala-se, dessa forma, um círculo vicioso, pois os EUA não pretendem abrir seu mercado, no âmbito da Junho de 2003

ALCA, usando como argumento a indefinição da OMC. Essa, por sua vez, não consegue elaborar uma proposta de consenso, tamanha a distância entre as posições dos países que defendem o protecionismo e aqueles que desejam um livre comércio, como é o caso do Brasil.

3. MERCOSUL E UNIÃO EUROPÉIA De acordo com Roberto Rodrigues, esse ano será decisivo para a consolidação do Mercosul, com a mudança de Governos no Brasil, Argentina e Paraguai. Além dos ajustes internos do bloco, existem negociações em andamento com a União Européia, um contra-peso à criação da ALCA. Em função dos contratempos políticos decorrentes da invasão do Iraque e o vislumbre de uma cisão entre os membros da UE, dois cenários extremos podem ser imaginados. Em um deles, a UE buscaria fortalecer sua posição, polarizando com os EUA pelo incremento das trocas comerciais com o Mercosul, efetuando concessões que fortaleceriam o comércio entre os blocos. De forma antípoda, a ameaça de cisão pode fazer a UE refluir em suas tratativas comerciais, exacerbando o protecionismo interno e o apoio às suas exportações agrícolas. Caberá aos países do Mercosul valer-se de sua habilidade negocial e de suas vantagens competitivas para melhor posicionar-se em meio à turbulência política do curto prazo.

4. ENTENDENDO O PROTECIONISMO Em função de sua experiência nas lides internacionais, o Ministro chama a atenção para a necessidade de entender as causas do surgimento do protecionismo, especialmente no eixo EUA – UE, bem como as razões de sua manutenção e até de seu acirramento, contrariando a tendência global de liberalização do comércio e os tratados internacionais que impõem a sua redução. Para Roberto, o protecionismo americano surgiu da necessidade de conferir competitividade aos seus agricultores, em determinado momento da História em que isso foi necessário. Hoje, o protecionismo se sustenta por razões político-eleitorais, ancorado em um poderoso lobby que busca não apenas perenizar como expandir o protecionismo. Do outro lado do Atlântico, o assunto é um pouco mais complexo. Sem a pretensão de esgotar o assunto, o Ministro mostrou que existem razões econômicas, dada a discrepância de vantagens comparativas (mormente escala produtiva e custos de produção) com os países essencialmente agrícolas. Porém, existem razões sociais, como o suporte aos produtores de açúcar de beterraba, cujo custo de produção se alça aos US$750 por tonelada, tendo que competir com o açúcar brasileiro, que pode colocar seu produto no mercado a US$250,00. Nesse caso, estão envolwww.cultivar.inf.br

vidos 250.000 produtores que perderiam sua fonte de renda na ausência do suporte governamental. Referiu, também, a indústria vinícola da região de Barcelona (Espanha), cujo produto possui padrão de qualidade inferior aos bons vinhos europeus, porém é o epicentro do turismo rural regional, que não sobreviveria caso essa indústria minguasse. Emblemática é a discussão sobre animal wellfare, ou o bem estar dos animais de criação, como bovinos, suínos e similares, apregoado pelos países da Europa Ocidental, que defendem a sua incorporação aos regulamentos comerciais internacionais. Para entender a discussão, há que se considerar que a população européia, de altíssima renda per capita e muito bem nutrida, pode defender esse pleito, enquanto em Biafra clama-se simplesmente por alimentos, para sustar o morticínio provocado pela fome.

5. PROTEÇÃO AMBIENTAL A preservação dos recursos naturais chegou para ficar, tornou-se um patrimônio e incorpora valor aos produtos transacionados no mercado. Por isso, o tema ganhou status nas negociações comerciais do mercado globalizado. O Brasil precisa adaptar-se a essas novas regras, ao mesmo tempo em que moderniza sua legislação, seus hábitos e seus costumes. Roberto chamou a atenção para um movimento neo-renascentista, em curso na Europa, em que uma sociedade que tem as suas 10 principais prioridades atendidas, pode dedicar-se à contemplação e financiar o belo, como já ocorrera no movimento original do final da Idade Média, do qual Florença é o ícone que nos lembra do fulgor de um período de valorização da cultura. Os sintomas desse movimento chegam ao campo, a ponto de serem colocadas restrições para a instalação de novas estufas na Holanda, um país reconhecido mundialmente pelo fascínio de suas flores – cultivadas em estufas. Ocorre que estufas enfeiam a paisagem e a sociedade prefere pagar um preço maior para que a vista continue límpida até o horizonte. Nesse mesmo país, qualquer dono de residência pode receber um subsídio governamental para garantir que bulbos de espécies de plantas nativas floresçam em seu jardim. Vem daí a constatação de Roberto, que pode ser um mote para a revisão da legislação ambiental brasileira, rumo ao futuro: Na Europa, pagase para preservar; no Brasil, multa-se para preservar! Parodiando meu amigo Sérgio Jockyman, pensem nisso enquanto eu lhes digo: até o pró. ximo mês. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja

Os leitores interessados em adquirir a fita em VHS, contendo a íntegra da conferência do Ministro Roberto Rodrigues, devem contatar a Embrapa Soja (sac@cnpso.embrapa.br)

Cultivar

33


Mercado Agrícola - Brandalizze Consulting

Produtores segurando parte da safra como ativo Real Os produtores de Soja, Milho e Arroz vêm segurando boa parte da safra para comercializar mais à frente e, assim, transformar os produtos em ativos Reais, buscando que estes se valorizem no mesmo ritmo do ano passado para que se consiga ganhar um pouco mais. Outro motivo de os produtores estarem segurando parte da safra é que, ao longo dos anos, os produtos agrícolas normalmente têm valorização maior que os ativos financeiros entre o primeiro e o segundo semestre, além de que algumas instituições financeiras no passado foram à bancarrota, fazendo alguns produtores perderem os investimentos. Desta forma, os produtores se sentem mais seguros com os grãos nas mãos do que em outros investimentos, que não conseguem controlar. Esta tem sido uma boa alternativa no longos dos últimos 20 anos, e que normalmente beneficia os produtores. Porém, não podemos deixar de dizer que no ano passado, que foi o ano espelho em que os produtores se apegam para realizar suas operações, o câmbio chegou aos R$ 4,00 no segundo semestre e, como estamos trabalhando com commodities agrícolas atreladas ao câmbio, este flutuando para cima reflete diretamente em ganhos para os produtores. Neste ano, tivemos forte queda na cotação do dólar, que voltou aos indicativos ditos reais ao redor dos R$ 3,00 e, assim, as chances de vermos grandes avanços nas cotações da moeda americana são pequenas. Não temos eleições para se especular, aparentemente não teremos novas guerras e, para complicar o quadro, estamos entrando em uma pequena recessão nos países ricos, que afeta o crescimento mundial. Com isso, os ativos agrícolas que vêm em alta nestes primeiros meses do ano, principalmente a soja, que cresceu em dólar, e o arroz, já mostraram grandes avanços e, de agora em diante, podem ter menor fôlego para crescer. No lado do milho, temos de levar em consideração que se a safrinha fechar bem, teremos excedente exportável e, com o câmbio nos R$ 3,00 não haverá números acima dos R$ 20,00 por saca em nenhum momento do ano. Assim, temos que alertar os produtores que a retenção da safra para ser comercializada toda no final do ano poderá não ser uma boa alternativa de negócio, porque se isso ocorrer, veremos a pressão de venda crescendo entre setembro e dezembro, havendo queda nas cotações em plena entressafra. Estamos num ano que a venda escalonada deverá ser a melhor alternativa para os principais grãos que estão nas mãos dos produtores.

MILHO

O governo como boa alternativa O governo, que no mês de abril havia suspendido as vendas de Opções porque não conseguia ter aceitação no mercado, foi obrigado a voltar em maio, tendo grande aceitação e fechando praticamente todo os lotes que ofertava, com grande disputa entre os produtores. A confirmação de uma grande safra de verão e o crescimento do potencial da safrinha serve para que os indicativos de produção total venham para a casa das 43 milhões de t e o consumo previsto de 39 aos 40 milhões, fazendo com que dê uma expectativa de falta, passando para um momento de sobras. Tendo aí que ir para a exportação, criando no mercado uma pressão baixista, fazendo as cotações do milho despencarem em maio e forçarem os produtores à busca de alternativas de suporte para a safrinha. Os indicativos do milho recuaram entre R$ 1,50 e R$ 2,00 por saca em maio, em função do crescimento da disponibilidade do produto e da falta dos compradores. Os valores eram de R$ 16,50 a R$ 18,50 pela saca nos lotes livres no Sudeste e Sul do país, e os produtores recebendo entre R$ 1,00 e R$ 2,00 abaixo. Não foi um bom mês para os produtores. Para junho, o quadro não será diferente, mas há poucas chances de continuar recuando porque a exportação puxará parte dos excedentes.

FEIJÃO Segunda safra derrubou índices O mercado do feijão, que passou o mês de abril com as cotações firmes, enfrentou maio com pressão baixista, onde as cotações recuaram de R$ 10,00 a R$ 25,00 sobre os indicativos que vinham sendo praticados. A chegada da segunda safra de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, além de algumas regiões de Goiás, serviu para derrubar as posições a patamares de R$ 85,00 a R$ 100,00, contra os R$ 110,00 e R$ 130,00 que estavam sendo praticados em abril. Mesmo assim, foram boas cotações e podem ter leve pressão de alta agora em junho, que normalmente tem queda na oferta. O produto que está nos campos de agora em diante se concentra no Nordeste, que necessita de chuvas e, principalmente, dos pivôs centrais já utilizados em Minas Gerais e Goiás.

ARROZ Chegou ao pico em maio

por parte dos produtores e também força de alta vinda dos grandes armazenadores e indústrias que formaram estoques na colheita e, assim, forçavam as posições para cima. Chegou a bater a marca dos R$ 35,00 no Rio Grande do Sul em maio. Com isso, despertou o interesse do governo que viu o pacote na gôndola do supermercado saltar dos R$ 7,00 para os R$ 12,00. Temendo pelo efeito inflacionário, apontou com a possibilidade de derrubar a TEC (Tarifa Externa Comum) que é de 11,1%, para facilitar as importações e derrubar fortemente as cotações por aqui, fazendo com que elas se estabilizassem. O avanço nos indicativos brasileiros devem trazer arroz da Argentina e do Uruguai de junho em diante, porque em dólar já estamos cerca de 30% acima do que no ano passado. Aos produtores nacionais a dica é de que já tivemos grandes avanços e acima destes níveis chegaremos aos níveis de paridade de importação, que não é interessante para o segmento. A melhor alternativa segue como sendo a venda escalonada para não forçar oferta e não deixar os indicativos recuarem.

O mercado do arroz teve forte retenção da safra

CURTAS E BOAS

SOJA Manteve firme em Dólar A soja continuou se mostrando firme em dólar em maio, com a maior parte do mês sofrendo pressão pelo ritmo lento do plantio americano e, assim, as cotações em Chicago chegaram aos melhores níveis dos últimos três anos e bateram a marca dos US$ 6,50 por bushel. Isso fez com que houvesse boas liquidações em dólar nos portos do Brasil, onde se apontam posições de US$ 13,00 aos R$ 13,50 por saca, e que dava aos produtores posições de US$ 11,00 e até acima no interior. Mesmo com os indicativos deste ano estando muito acima do ano passado na mesma época, não houve interesse de venda e mostrou-se poucos fechamentos. A safra americana está em andamento e, neste mês de junho, o clima nos EUA é que comandará os movimentos da soja por aqui. Pode haver algumas alterações positivas nestas próximas semanas. Os produtores ainda têm cerca de 40% da safra para ser comercializada, e isso representa cerca de 20 milhões de t, ou seja, um grande volume de produto. E há Estados onde o volume livre nas mãos dos produtores é maior ainda.

34

Cultivar

SOJA - o novo quadro mundial de oferta e demanda mundial mostra a soja com uma produção de 194 milhões de t na produção deste ano, para um consumo de 191 milhões. Teremos, assim, queda de 1 milhão nos estoques finais, que passarão para as 30,9 milhões de t. EUA - o plantio da safra de soja e milho encerra neste mês de junho, já que a maior parte se deu em maio. Assim, de agora em diante o clima nos EUA se torna uma grande ferramenta para as cotações internacionais. Fique de olho no cinturão da soja e milho americano, que poderá trazer boas notícias para o Brasil. TRIGO - o mercado brasileiro está de olho na nova safra que aponta para as 4,5 milhões de t, em crescimento. Mas o ponto importante para os produtores é que mesmo com o crescimento da nova safra, que está apontada em 569,5 milhões de t contra as 564,8 milhões de 2002/03, não irá atender a demanda que deverá chegar à marca das 590 milhões de t ou mais. Sinal que há pouco espaço para queda nos indicativos e qualquer movimento poderá dar suporte positivo aos indicativos internacionais. ARGENTINA - está fechando a safra de grãos com indicativos de 35 milhões de t de soja e outras 15 milhões de t de milho, mostrando avanço de 10 milhões de t nestes dois produtos, que devem faturar pelo menos US$ 5,5 bilhões na exportação. O Brasil fatura só com a soja mais de US$ 8,00 bilhões.

www.cultivar.inf.br

Junho Maio de 2003




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.