Cultivar Grandes Culturas • Ano V • Nº 62 • Junho 2004 • ISSN - 1518-3157
Nossa capa
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Foto Capa / Chitarra
Destaques
Liderança conquistada Conheça os caminhos da soja no Brasil, desde a sua chegada em 1882 até a safra atual
10 Mal subterrâneo Saiba como controlar os nematóides em cana de açucar, onde os prejuízos podem chegar a 50%
Nossos cadernos
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Fotos de Capa
Nova ameaça
Dirceu Gassen
Novo fungo, causador da mancha de Myrothecium no algodão preocupa produtores e pesquisadores Pioneer
24 Ela vem com tudo Com a expansão da produção de milho, a cigarrinha intensificou o seu ataque, desseminando as três piores doenças
NOSSOS TELEFONES: (53) • ATENDIMENTO AO ASSINANTE:
3028.4013/3028.4015
Grupo •Cultivar de Publicações Ltda. ASSINATURAS: CGCMF : 02783227/0001-86 3028.4010/3028.4011 Rua Sete de Setembro 160 • GERAL Pelotas –3028.4013 RS 96015 – 300 • REDAÇÃO:
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Índice
REDAÇÃO • Editor
Charles Ricardo Echer • Coordenador de Redação
Janice Ebel • Revisão
Vandelci Ferreira
Diretas
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História da soja no Brasil
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Nematóides em cana-de-açúcar
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COMERCIAL Neri Ferreira
• Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia
• Gerente
www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br
Coluna Aenda
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Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00
Novo fungo em lavouras de algodão
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Números atrasados: R$ 15,00
Estratégias de controle do bicudo
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Assinatura Internacional: US$ 80,00 70,00
Vantagens do uso de fitoreguladores
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Como controlar a cigarrinha-do-milho
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• Assinaturas
Híbridos de arroz irrigado
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Jociane Bitencourt Rosiméri Lisbôa Alves Simone Lopes
Informe jurídico
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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Agronegócios
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Mercado agrícola
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• Assistente de Vendas
Pedro Batistin
CIRCULAÇÃO • Gerente
Cibele Oliveira da Costa
• Expedição
Edson Krause Dianferson Alves • Impressão
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
diretas Novo presidente
Prêmio Folha Verde
Ivan Cruz
Pesquisador da Embrapa Trigo,Passo Fundo(RS), foi destaque no prêmio Folha Verde, entregue pela Assembléia Legislativa do RS às pessoas físicas e jurídicas no setor rural. Benami Bacaltchuk foi homenageado como destaque na categoria Setor Rural em 2003. Para Bacaltchuk, “toda vez que a sociedade reconhece o nosso trabalho, isso representa um orgulho e uma certeza de que estamos no caminho certo”.
Sucesso
Simpósio Na comemoração dos 25 anos da Associação Brasileira de Milho e Sorgo será realizado, simultaneamente ao XXV Congresso Nacional de Milho e Sorgo, o I Simpósio sobre a Lagartado-Cartucho(Spodptera frugiperda), sob coordenação do pesquisador da Embrapa, Ivan Cruz. O evento acontecerá de 29 de agosto a 2 de setembro, em Cuibá (MT).
Soja De 17 e 18 de agosto de 2004, acontecerá a XXVI Reunião de Pesquisa de Soja da região central do Brasil, promovida pela Embrapa Soja. O evento será realizado no Centro de Convenções Cenacon, em Ribeirão Preto (SP). A finalidade da reunião é reunir os pesquisadores e técnicos para discutir e definir prioridades e viabilizar a programação de pesquisa e transferência de tecnologia em soja para a região. Maiores informações através do e-mail: reuniao@fundacaomeridional.com.br
Milho tolerante A Syngenta anunciou a aquisição da tecnologia de milho tolerante a glifosato da Bayer CropScience. Conhecida como GA21, a tecnologia permite aos produtores controlar plantas daninhas com aplicação do herbicida em pós-emergência. Dessa forma, a empresa agregará grande vantagem aos híbridos NK. Ainda não há informações sobre a chegada da tecnologia ao Brasil.
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Cultivar
Benami Bacaltchuk
Fabiola Franco
A Gehaka comemora a venda de mais de 1,3 milhão de testes de identificação de transgênico. No último mês, conquistou também, a concessão para importar testes de detecção de transgênicos não apenas para soja mas também para milho, canola e algodão. “Através das portarias publicadas no Diário Oficial conquistamos autorização para importação de kits, que nos permitem importar e comercializar tanto testes qualitativos quanto quantitativos para identificação de transgênicos”, afirma Fabiola Franco, gerente da divisão de microbiologia da Gehaka.
Bio Controle Aconteceu entre 02 a 04 de abril, em Campos do Jordão (SP) a 1a Convenção Anual da Bio Controle, contando com a participação de todos os seus funcionários, diretores e especialistas no controle de pragas com feromônios, como o Prof. Dr. Evaldo Vilela, reitor da UFV, e Prof. Dr. Aldo Malavasi, pesquisador da USP. A reunião teve como objetivo a integração da equipe, a análise e o conhecimento da participação da Bio Controle no mercado agrícola nacional e internacional.
Plantio Direto Será realizado de 29 de junho a 02 de julho, em Chapecó (SC) o 9º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha, promovido pela Federação Brasileira de Plantio Direto, Governo do Estado de Santa Catarina/Epagri e a Prefeitura Municipal de Chapecó. O objetivo principal é reunir produtores para troca de experiências e fomentar a adoção do Sistema de Plantio Direto.
Milho verde A Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas (MG), em conjunto com a Embrapa Informação Tecnológica (Brasília-DF), lança o livro “O Cultivo do Milho-Verde”. O livro aborda em 12 capítulos, informações desde a escolha da cultivar mais apropriada até a comercialização, passando pelo controle de pragas e doenças nessa cultura. O pesquisador Israel Alexandre Pereira Filho é o editor técnico.
Atualização Novo Guia de Identificação de Doenças em Cereais de Inverno é lançado pela Embrapa Trigo. A obra é uma versão atualizada com informações sobre o manejo de doenças da cultura de trigo e outros cereais de inverno no Brasil. Exemplares podem ser adquiridos pelo e-mail: vendas@cnpt.embrapa.br ou telefone: (54) 311-3444.
Bebida de soja Shefa,empresa, líder de venda de leite longa vida e de leite pasteurizado tipo B na região de Campinas (SP), agora lança bebida à base de soja. A bebida à base de soja, sabor original do produto, foi desenvolvida para atender à crescente demanda entre pessoas com intolerância à lactose e ao aumento do consumo em especial entre as mulheres. A expectativa da empresa é aumentar a média de vendas dos atuais 22% para 26% com o lançamento da bebida.
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Evandro Silbeira assume a presidência da Associação de Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat). “A Aprosmat vai combater a entrada de sementes irregulares em Mato Grosso”. “Isso não podemos deixar acontecer, vamos combater esse problema”, disse Silbeira.
Potafos A Potafos, Associação Brasileira Para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, realiza de 30 de junho a 02 de julho o “Simpósio Sobre Sistema Agrícola Sustentável com Colheita Econômica Máxima (Sascem), no Hotel Fazenda Fonte Colina Verde - São Pedro (SP).
Pós-Graduação O instituto Agronômico de Campinas (IAC) está com incrições abertas para o mestrado em agricultura tropical e subtropical nas áreas de gestão de recursos agroambientais, melhoramento genético de plantas e tecnologia da produção agrícola. O período de inscrições vai até 20 de setembro de 2004. Informações: (19) 3231-5422 ramal 110 ou e-mail: pgiac@iac.sp.gov
Reunião de soja Será realizado de 27 a 29 de julho, na Embrapa Trigo, Passo Fundo (RS), a XXXII reunião de pesquisa de soja. O objetivo da reunião é reunir os pesquisadores e técnicos para discutir e definir prioridades e viabilizar a programação de pesquisa e transferência de tecnologia em soja para a região.
Correção No caderno técnico da última edição as fotos das páginas 3 e 7 são de autoria de Marco A. Lucini. Junho de 2004
Soja
Ao contrário do que se imagina, a soja chegou ao Brasil há 122 anos e não 80 anos. Desde a chegada os desafios foram sendo superados, a produção cresceu, evoluiu tecnologicamente e hoje eleva o país rumo à liderança na produção da oleaginosa
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esponsável pelo ingresso de US$ 8,4 bilhões ou 12% de tudo o que o Brasil exportou em 2003, a soja ponteia soberana no horizonte do agronegócio nacional. Ela reina no lugar que já foi da cana-de-açúcar, no Brasil-Colônia, e do café, no Brasil-Império/ República, e tudo indica que não cederá esse espaço tão cedo, de vez que o Brasil é a grande promessa de oferta mundial desse grão de ouro, dadas as suas imensas reservas de terras aptas e disponíveis para o seu cultivo. Em 2004, a soja comemora 122 anos de sua introdução no País. Ela entrou pela
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tatística Econômica e Finanças do Tesouro Nacional. Rio de Janeiro, RJ. 1941. v.2), numa área de 702 ha, com uma produção de 457t e rendimento inferior a 700 kg/ ha. Nesse mesmo ano, foi instalada em Santa Rosa, Rio Grande do Sul, a primeira esmagadora de soja do País. Ali, também, teve início o cultivo comercial da oleaginosa em território brasileiro, tendo evoluído muito lentamente até o início dos anos 60, quando foram produzidas 206 mil toneladas. No âmbito internacional, o Brasil figurou pela primeira vez como produtor de soja em 1949, quando produziu 25.881t, evoluindo para 100 mil toneladas, em meados dos anos 50, e para um milhão de toneladas (1.056.000t), em 1969, a partir de quando a produção brasileira explodiu, alcançando 12,51 milhões de toneladas, em 1977, um impressionante salto de 1.185% no período, catapultando o Brasil de produtor periférico para a segunda posição no ranking dos grandes produtores mundiais. Sua participação no bolo global da soja cresceu de 1%, em 1960, para mais de 26%, em 2003, quando o País desfrutou a colheita recorde de 52,2 milhões de toneladas. Depois de ocupar praticamente todas as áreas disponíveis para o seu cultivo na Região Sul, a soja avançou sobre a despovoada e desvalorizada Região dos Cerrados do Meio-Oeste brasileiro, transformando em realidade o sonho de converter a região num celeiro nacional. Em 1977, a soja era uma quase curiosidade no Brasil-Central. Respondia por apenas 7,13% da produção, mas claramente sinalizava a determinação de avançar sobre o ecossistema, apoiada pelos mesmos atores
Cultivar
Bahia (latitude 12ºS), onde não teve êxito, dadas as condições de baixa latitude desse Estado para as variedades da época. Em 1900, foi testada para as condições do Rio Grande do Sul (latitude 29ºS), onde predominam condições climáticas semelhantes às do sul dos Estados Unidos (EUA), origem dos materiais genéticos testados, encontrando boas condições para produzir, tanto feno para bovinos, quanto grãos para alimentação de suínos, em nível das pequenas propriedades. O primeiro registro de produção comercial de soja no Brasil data de 1941 (Brasil Ministério da Agricultura Serviço de Es-
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Flavio R. Gassen
Dirceu Gassen
Liderança conqu
No RS, os primeiros materiais foram produzidos apenas para fenação e alimentação de suinos
Junho de 2004
istada que haviam experimentado o sucesso com a sua exploração no sul do País. A partir dessa época, a produção de soja iniciou uma viagem sem retorno rumo ao CentroOeste, elevando a produção da região de 722 mil toneladas, em 1978, para 28,9 milhões de toneladas, em 2003, uma produção 60 vezes superior à média dos anos 70. No mesmo período, a produção da região tradicional (RS, SC, PR e SP) aumentou apenas três vezes, passando de 7,3 para 22,7 milhões de toneladas. As principais causas pelo rápido crescimento da produção na região tradicional foram os altos preços de mercado, em meados dos anos 70, a boa adaptação das variedades introduzidas dos EUA e o perfeito casamento da soja com o trigo, permitindo um duplo cultivo no ano, utilizando a mesma infra-estrutura de armazéns, de máquinas e de mão-de-obra. Para a região central do país, o grande motivador para o deslanche da produção esteve vinculado ao baixo preço da terra, à disponibilidade de
variedades e outras tecnologias adaptadas às condições dos Cerrados, à boa distribuição das chuvas no verão, à melhoria da infra-estrutura de rodovias e comunicações - no marco da construção de Brasília e o bom nível econômico e tecnológico dos produtores que migraram do sul para essa região. Na sua curta trajetória pelo Brasil, a soja enfrentou problemas que foram rapidamente solucionados pela pesquisa nacional. Nos anos 60, embora a pesquisa fos-
se pouca e concentrada – como a própria soja - no sul do país, os problemas também eram poucos. Os mais importantes foram a falta de boas variedades, o controle de plantas daninhas, o percevejo verde e a lagarta da soja. As doenças não eram consideradas um problema sério e, portanto, pouco consideradas. Pústula bacteriana e Fogo selvagem constituíram os problemas fitossanitários mais sérios e foram controladas pela incorporação de resistência varietal.
Nos anos 70, a pesquisa foi fortalecida com a criação da Embrapa Soja no Paraná e outras unidades de pesquisa, principalmente na Região Centro-Oeste, com destaque para a Emgopa, em Goiás, e a Embrapa Cerrados, no Distrito Federal. Variedades adaptadas para as condições do Brasil-Central começaram a aparecer, assim como variedades resistentes à doença Mancha-olho-de-rã e aos nematóides de galha. O bom preço da soja favoreceu excessos no uso de pesticidas, problema resolvido com a implementação do programa Manejo Integrado de Pragas, o que reduziu de cinco para duas a média anual de pulverizações com inseticidas. Os anos 80 foram muito produtivos no referente ao desenvolvimento e à oferta de boas variedades adaptadas à região dos Cerrados e outras tecnologias ligadas ao manejo e nutrição dos solos dessa região. No final dessa década surgiu o Cancro-dahaste, a mais devastadora doença da soja registrada até então, mal prontamente sanado já no início da década seguinte com a incorporação de resistência varietal. Nos anos 90, a soja continuou a expandir-se aceleradamente pelos Cerrados e com ela foram aparecendo novos problemas, como o nematóide de cisto (início dos anos 90) e a mais devastadora de todas as
entre outros, aumentarão a demanda pelo grão da oleaginosa, à medida que o petróleo for escasseando e encarecendo; • o consumo interno de soja deverá crescer, estimulado por políticas oficiais destinadas a aproveitar o enorme potencial produtivo do País, que está excessivamente dependente do mercado externo, destino de 77% do complexo soja; • o protecionismo e os subsídios disponibilizados à soja pelos países ricos tenderão a diminuir por pressão dos países que integram a Organização Mundial do Comércio, aumentando, conseqüentemente, os preços internacionais e estimulando a produção e as exportações brasileiras; • a produção de soja dos principais concorrentes do Brasil (Estados Unidos, Argentina, China e Índia) tenderá a estabilizar-se por falta de áreas disponíveis para expansão em seus territórios; • a cadeia produtiva da soja brasileira, Flavio D. Haas
Fotos Dirceu Gassen
Área de 702 ha, em 1941 foi o primeiro registro de produção comercial de soja no Brasil
enfermidades da cultura: a Ferrugem asiática, surgida em 2001. Para o nematóide de cisto, a pesquisa já disponibilizou variedades resistentes, mas não vislumbra solução fácil para o problema da Ferrugem asiática, visto que não foi encontrada, ainda, uma boa fonte de resistência à doença. A solução, em curto prazo, é o tratamento químico. Atualmente, a pesquisa está concentrando esforços sobre as variedades transgênicas, não apenas naquelas com características para resistência a herbicidas (soja RR, por exemplo), mas, principalmente, variedades com melhores características nutricionais, com óleo de melhor qualidade, com características terapêuticas, com resistência ao déficit hídrico, entre outras qualidades. O futuro da soja brasileira é promissor. Não há brasileiro que não esteja excitado com o bom momento que vive a soja no mercado internacional e as boas perspectivas desse agronegócio para o futuro do País. Realizando um exercício de prospecção sobre o que acontecerá com a soja brasileira, tomando como base a realidade atual, parece pertinente afirmar que: • a demanda mundial por soja crescerá no ritmo das três últimas décadas, de vez que a população humana, no curto e médio prazos, continuará crescendo, e precisando de mais alimentos; • o poder aquisitivo da população vem aumentando em quase todas as nações do planeta, destacadamente no continente Asiático, onde se concentra o maior potencial de consumo da oleaginosa; • o temor pela doença-da-vaca-louca manterá reduzido o consumo de carne bovina e manterá em alta o consumo de carne suína e de frango, cuja alimentação depende, em boa medida, da ração feita com farelo de soja; • a proibição, particularmente nos países europeus, do uso de farinhas de carne nas rações que alimentam bovinos aumentará a demanda por farelo de soja, seu substituto mais racional; • usos industriais não alimentícios do grão de soja, como biodiesel, tintas, vernizes, lubrificantes, detergentes, adesivos,
excessivamente onerada por uma cascata de impostos, deverá ser desonerada para incrementar a sua competitividade no mercado externo, de vez que o país convive com o lema “exportar ou morrer”; • a produção de soja no Brasil tenderá a concentrar-se cada vez mais em grandes propriedades do Centro-Oeste, onde o uso intensivo de tecnologia é uma prática rotineira e, como resultado, a produtividade é maior. Por falta de competitividade, a produção de soja das pequenas e médias propriedades da Região Sul tenderá a ser substituída por atividades agrícolas mais rentáveis (mais intensivas no uso de mãode-obra), como produção de leite, criação de suínos e de aves, cultivo de frutas e de hortaliças, ecoturismo, entre outras; e • o Brasil deverá ser o grande provedor do esperado aumento da demanda mundial de soja, por possuir, apenas no ecossistema dos Cerrados, mais de 50 mi-
De 1% na participação da produção mundial dos anos 60, o país hoje ultrapassa a marca dos 26%
Boa adaptação das variedades, a possibilidade de duplo cultivo no ano, utilizando as mesmas máquinas impulsionaram a produção
lhões de hectares de terras ainda selvagens e aptas para a sua imediata incorporação ao processo produtivo de soja e outros grãos. O mercado ditará a velocidade com que isso acontecerá. A área cultivada com soja nos Estados Unidos, na Argentina, na China e na Índia, que juntos com o Brasil produzem mais de 90% da soja mundial,
só crescerá em detrimento de outros cultivos (milho, girassol, sorgo e pastagens, principalmente), pois suas fronteiras agrícolas, diferentemente do Brasil, estão quase C ou totalmente esgotadas. Amélio Dall’Agnol, Embrapa Soja
Cana-de-açúcar
Mal subterrâneo Plantas debilitadas nem sempre são indicativos de deficiências minerais, é necessário estar atento às possíveis pragas subterrâneas. Em cana-de-açúcar nematóides destrõem sistema radicular impedindo absorção de assimilados causando prejuízos de até 50%
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as condições brasileiras, três espécies de nematóides são economicamente importantes para a cana-de-açúcar, em função dos danos que causam à cultura: Meloidogyne javanica, M. incognita e Pratylenchus zeae. Em muitos canaviais pouco desenvolvidos e com baixa produção, são encontradas altas populações de pelo menos uma delas. A espécie P. brachyurus é muito freqüente em canaviais paulistas, ocorrendo em cerca de 35% das amostras coletadas em áreas com suspeita de problemas nematológicos, mas ainda não tem sua patogenicidade devidamente avaliada, razão pela qual é alvo de uma série de pesquisas em andamento no Instituto Agronômico (IAC). O ataque dos nematóides à cana-de-açúcar restringe-se às raízes, de onde extraem nutrientes para o crescimento e desenvolvimento. Além do dano causado pela utilização de nutrientes da planta, estes parasitos injetam toxinas no sistema radicular, resultando em deformações nas raízes, como as galhas provocadas por Meloidogyne, e extensas áreas necrosadas, quando os nematóides presentes são Pratylenchus. Em conseqüência do ataque
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Cultivar
de nematóides, as raízes se tornam pouco desenvolvidas, pobres em radicelas, deficientes e impossibilitadas de desempenhar normalmente suas funções. Os prejuízos à parte aérea são reflexos de um sistema radicular debilitado, incapaz de absorver água e nutrientes
necessários para o bom desenvolvimento das plantas, que, em conseqüência, tornam-se menores, raquíticas, cloróticas, com sintomas de “fome de minerais”, murchas nas horas mais quentes do dia e menos produtivas. Em condições de campo, são verificadas reboleiras de
Uso de nematicidas em áreas infestadas, no momento do plantio, pode resultar em ganhos significativos
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Junho de 2004
Fotos Leila Dinardo
tos anteriores demonstraram que tais incrementos de produtividade podem atingir a média de 30%.Também em áreas infestadas por M. incognita, a redução das populações do nematóide, pelo emprego de produtos químicos, resultou em aumentos médios de produtividade da ordem de 40% (Garcia et al., 1997). Em relação a P. zeae, ensaio em campo revelou que a aplicação de nematicidas no plantio de diversas variedades contribuiu para incrementos de produtividade altamente significativos, atingindo valores de até 40 t/ha (Dinardo-Miranda et al., 1996; 1998), comprovando a patogenicidade de P. zeae à canade-açúcar. Dada a ausência de variedades comerciais resistentes a uma ou a mais espécies de nematóides, o manejo de áreas infestadas, atualmente, tem se baseado principalmente no uso de nematicidas químicos aplicados no plantio ou nas soqueiras. Três nematicidas são registrados para uso comercial em cana-de-açúcar: aldicarb (Temik 150 G), carbofuran (Furadan 50 G ou 100 G
ou 350 SC) e terbufós (Counter 150 G). No plantio, são aplicados no sulco, sobre os toletes, imediatamente antes da cobertura deles. Nas soqueiras, geralmente são aplicados ao lado da linha de cana ou sobre elas. A aplicação de nematicidas no plantio em áreas infestadas resulta em significativos incrementos de produtividade, como nos casos anteriormente citados. Outro exemplo pode ser visto em experimento conduzido por Dinardo-Miranda et al. (2002), em Piracicaba (SP) em área infestada pelas três espécies mais importantes: M. javanica, M. incognita e P. zeae. Nesse ensaio, as variedades IAC86-2480, IAC87-3184, IAC87-3396, IAC91-3186, IAC91-5155, SP83-2847 e SP87-365 foram plantadas com ou sem a aplicação do nematicida aldicarb 150 G 12 kg/ha. Verificou-se, por ocasião da colheita, que o nematicida contribuiu para incrementos de produtividade variando de 17,3 t/ha, para a variedade IAC862480 até 38,1 t/ha, para a IAC91-5155, sendo em média de 28,2 t/ha ou 34%. Em cana soca, os incrementos de produ-
COMO FAZER A AMOSTRAGEM DA ÁREA?
A
plantas menores e cloróticas entre outras de porte e coloração aparentemente normais. A grandeza dos danos causados por nematóides é claramente quantificada em ensaios nos quais se faz a aplicação de nematicidas químicos. Assim, em um estudo com diversas variedades em campos altamente infestados por M. javanica, o uso de nematicidas resultou em acréscimos de produtividade da ordem de 15% suscetíveis (Dinardo-Miranda et al., 1995). No entanto, experimen-
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coleta de amostras deve ser feita sempre em época chuvosa, sendo cada amostra composta por raízes e solo da rizosfera de pelo menos dez touceiras de cana por talhão homogêneo de até dez ha. Considera-se talhão homogêneo aquele cultivado com a mesma variedade, mesma data de plantio, recebendo os mesmos tratos culturais etc. É recomendável que talhões maiores que dez ha sejam subdivididos, a fim de que cada amostra represente área não superior a dez ha. O levantamento pode ser efetuado tanto em cana planta como em soqueiras. Em áreas a serem reformadas, pode ser feito de dezembro a fevereiro, antes do último corte, adotando-se o mesmo cri-
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tério citado anteriormente. Quando as soqueiras já foram destruídas e as áreas se encontram preparadas para o plantio da cana, o levantamento pode ser efetuado utilizando-se raízes e solo da rizosfera de uma variedade suscetível, como a ‘SP80-1842’, por exemplo, plantada ao acaso, em aproximadamente dez covas por talhão homogêneo. O plantio desta variedade, conhecida como ísca, deve ser feito o mais breve possível (entre setembro e dezembro), de modo que a planta possa vegetar e se desenvolver por um período superior a 60 dias. Antes do plantio da cultura definitiva na área, as “íscas” devem ser arrancadas para compor a amostra a ser analisada.
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PERCENTUAL DE PERDAS
A
avaliação criteriosa de dados experimentais e de outros obtidos em áreas comerciais revelou que os danos causados pelos nematóides variam em função da espécie ou espécies presentes na área, dos seus níveis populacionais e da variedade cultivada. Em média, M. javanica e P. zeae causam cerca de 20 a 30% de redução de produtividade, em variedades suscetíveis. M. incognita pode ocasionar perdas maiores, ao redor de 40%. Em casos de variedades muito suscetíveis e níveis populacionais muito altos, as perdas provocadas por nematóides podem chegar a até 50% da produtividade.
tividade obtidos em função do tratamento nematicida são menores, mas também economicamente vantajosos em muitas situações. Um dos exemplos está nos dados do ensaio de Dinardo-Miranda e Garcia (2002), no qual a aplicação de carbofuran 100 G 22,7 kg/ha ou aldicarb 150 G 10 kg/ha, em soqueira da variedade RB835113, infestada por P. zeae, reduziram significativamente as populações do nematóide e contribuíram para incrementos de produtividade, em relação à testemunha, da ordem de 11,6 a 16,7 t/ha. Visto que o tratamento químico em soqueira, em valores de maio/2004, custa o equivalente a oito a nove t de cana/ha, o uso de nematicidas em soqueiras pode resultar em ganhos significativos. Deve-se salientar, no entanto, que a decisão sobre o tratamento químico em soqueira deve considerar, além da infestação na área (nível populacional de nematóides), o potencial produtivo da cultura. Áreas, nas quais se espera baixa produtividade, em função de falhas na
O ataque às raízes impossibilita o desenvolvimento normal das plantas devido a incapacidade de absorção de água e nutrientes
brotação da soca, mato etc, não devem ser tratadas, mesmo se as populações de nematóides forem elevadas, pois os incrementos de produtividade obtidos podem ser inferiores (em função da baixa produtividade) aos custos de aplicação dos nematicidas. Como medidas auxiliares no manejo de áreas com problemas de nematóides podese citar a torta de filtro no sulco de plantio e o plantio de Crotalaria em áreas de reforma. Embora essas medidas não interfiram, de uma maneira geral, nas populações de nematóides na área, pelo menos nas doses (torta de filtro) e período de cultivo (Crotalaria), empregados em nossas condições, elas contribuem para um melhor desenvolvimento da cultura, sendo portanto, bas-
Fotos Leila Dinardo
viço é DMLab, em Ribeirão Preto (SP), fone: (16) 3919-1018. C Leila Dinardo Miranda, IAC
Para que medidas de controle sejam adequadamente empregadas, o levantamento nematológico é imprescindível, afirma Leila
VALE A PENA TRATAR?
P
tante indicadas para áreas com infestações médias ou altas de nematóides. Para que medidas de controle ou manejo possam ser adequadamente utilizadas é imprescindível conduzir um levantamento nematológico, com a finalidade de identificar quais as áreas com problemas de nematóides. O levantamento inclui a coleta de amostras de raízes e de solo e envio para análise em laboratório. Durante a coleta em campo, as amostras devem ser mantidas na sombra, de preferência em caixas de isopor. A remessa ao laboratório deve ser feita o mais rapidamente possível, porém, se for necessário aguardar alguns dias (quatro a cinco) para o envio das amostras ao labora-
Danos de M. Javanica podem causar, em média, danos de até 30%, em cultivares suscetíveis este pode chegar a 40%
tório, elas podem ser mantidas em sala fresca, longe da luz direta do sol. É importante que o laboratório identifique as espécies de nematóides e os níveis populacionais ocorrentes nas áreas. Embora alguns laboratórios identifiquem e contem os nematóides presentes nas amostras, poucos interpretam os dados observados. A interpretação dos dados consiste em definir se as populações encontradas na área são baixas ou altas, o que implica em estabelecer se há ou não necessidade de adotar medidas de controle na área amostrada. Um dos poucos laboratórios que oferecem este ser-
egando como exemplo os dados de um dos ensaios de Dinardo Miranda e Garcia, a aplicação de nematicidas mostrou-se vantajosa, já que o incremento líquido pode chegar a sete t/ha. No tratamento de soqueiras com carbofuran 100 G 22,7 kg/ha, o custo do produto é de R$ 136,00/ha. No caso do uso de aldicarb 150 G 10 kg/ha, o valor do produto é de R$ 227,90/ha. De acordo com o nível de infestação, o controle pode incrementar a produtividade na ordem de 11,6 a 16,7 t/ha. O total de custos do tratamento em soqueiras equivale a oito a nove t de cana/ha. Com base nestes cálculos, o acréscimo líquido à área não tratada pode chegar a sete t/ha. No entanto, a decisão sobre o tratamento químico em soqueira deve considerar, além da infestação na área (nível populacional de nematóides), o potencial produtivo da cultura. Revista Cultivar
AENDA
Defensivos Genéricos
A rainha das taxas Se houvesse um concurso para eleger a pior taxa impingida ao povo brasileiro, certamente a TAXA DE MANUTENÇÃO criada pelo IBAMA sobre os produtos fitossanitários seria uma séria candidata ao título.
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m meio a uma série de taxas para sustentar o serviço de avaliação ambiental obrigatório por ocasião do registro desses produtos, como taxa de conferência da papelada apresentada pela empresa – R$ 318,00 (essa também poderia concorrer), taxa de avaliação de produto grau técnico – R$ 22.363,00, taxa de avaliação de produto formulado – R$ 11.714,00, entre outras, a Autarquia instituiu uma taxa para manter o certificado de Potencial Periculosidade Ambiental – PPA intacto no arquivo ou gaveta. Não sabemos se usam naftalina para afastar as traças ou outros métodos mais ecológicos para defender o precioso documento. Mas, sabemos muito bem o valor desse não-serviço, pois todo ano não esquecem de mandar a conta: R$ 3.195,00 para produtos considerados Classe Ambiental III ou IV, e, R$ 7.454,00 para produtos Classe Ambiental I ou II. Por favor, não pense o leitor que estamos sendo sarcásticos. Absolutamente, estamos simplesmente descrevendo aquilo que está expresso em lei. A lei nº 9.960 de 28 de janeiro de 2000. Esta Lei foi decorrência de uma daquelas Medidas Provisórias editadas na calada passagem de um ano para outro. Agrados aos amigos do rei! Neste caso registre-se a MP nº 2015-1 publicada em 31 de dezembro de 1999, que ao instituir taxas em favor da Superinten-
dência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA, de repente... lá no meio das coisas nortistas cravaram as taxas do IBAMA de cunho nacional. E, até prova em contrário, essa foi a MP transformada em Lei no prazo mais curto: exatos 28 dias corridos. Pegaram todos na ressaca das festas de fim de ano. A esperteza ganha e o resto que exploda! Essa manobra foi para legalizar, vejam só, essas mesmas taxas que haviam sido instituídas por Ato Menor, no caso a Portaria 84/1996 e derrubadas na Justiça. Através de Liminar, o Poder Judiciário protegeu as associadas da AENDA dessa expressa ilegitimidade de uma Portaria determinar taxas ou preços públicos. Infelizmente, perdemos a proteção com o advento da famigerada lei 9960/2000. Sarcástica mesmo é a tal lei. Os valores estão lá, mas não se sabe o que é exatamente a Taxa de Manutenção. Nada é descrito, não há como estabelecer o fato gerador. Também não há citação sobre a periodicidade de cobrança. Aliás, não menciona se é para cobrar naquele ano de 2000 ou uma vez só a cada PPA expedido. Na dúvida o IBAMA, que não é bobo nem nada, está cobrando todo ano. A Justiça entendeu que o assunto é “cumpricado demais sô” e está estudando até esse momento. Lá se vão 4 anos. Algumas empresas estão depositando os valores cobrados em Juízo, outras fazem acordo com o IBAMA
para parcelar e outras estão sendo denunciadas ao Cadastro de Inadimplentes da União por falta de pagamento e, assim, são punidas com não participação em licitações públicas e outros puxões de orelha. Como perceberam, começamos brincando e agora estamos chorando, ou alguém se dispõe de bom grado a pagar R$ 7.454,00 todo ano em troca de nada, coisa nenhuma, pasmaceira? A lei tenta passar a idéia de que essas cobranças são Preços Públicos. Ora, os valores são cobrados de forma compulsória, ou seja, quem não pagar não terá direito ao seu Certificado de Potencial Periculosidade Ambiental - PPA. E, para obtenção do Registro do Produto é obrigatório ter o Certificado de PPA. Não há, portanto, uma relação facultativa para se configurar como Preço Público. O regimento de Preço Público não acolhe compulsoriedade, logo tal cobrança só cabe no regime das taxas. Lei ilegal. A lei não estipula o critério para se aquilatar se o valor da taxa é realmente proporcional ao esforço realizado para o serviço prestado. Aliás, neste caso, não há serviço realizado. Lei relapsa. O que se poderia esperar de uma Lei forjada a partir de uma MP colocada à disposição do público quando caía a noite separando 1999 de 2000? É ou não é a Taxa C de Manutenção a rainha de todas?
Nossa capa Luiz G. Chitarra
Novo e sem controle
Encontrado no Brasil pela primeira vez na safra atual, o fungo Myrothecium rodium tode ex Fr, causador da mancha de myrothecium já causou perdas de 50% em algumas lavouras de algodão. A principal preocupação dos produtores e da pesquisa ainda é a falta de táticas de controle eficientes
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entre as novas doenças que ata cam o algodoeiro, a “mancha de myrothecium”, causada pelo fungo Myrothecium roridum Tode ex Fr, se manifestou em diversas lavouras na safra 2003/2004 nos Estados do Maranhão, Mato Grosso, Goiás, e Bahia. No Estado do Maranhão, esta doença causou perdas de aproximadamente 50% na produção de algodão. Devido à ocorrência da mancha de Myrothecium em diversas regiões do Brasil, esta doença tornou-se alvo de preocupação dos produtores, por sua agressividade, rápida disseminação e falta de infor-
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mações técnicas sobre seu controle em plantas de algodão.
CARACTERÍSTICAS DO FUNGO Myrothecium roridum Tode ex Fr (M. roridum) é um fungo habitante de solo, saprófita, oportunista, que sobrevive em restos culturais e que pode ser transmitido via sementes. Em condições favoráveis, o fungo é capaz de penetrar nos tecidos de plantas danificadas ou estressadas, causando problemas de desfolha e apodrecimento de maçãs, acarretando perdas de produção. Pode também ocasionar o tombamento de pré e pós-emergência das plântulas.
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OCORRÊNCIA E INCIDÊNCIA DA DOENÇA A ocorrência da mancha de Myrothecium, na cultura de algodão, já foi constatada e relatada nos Estados Unidos, Paquistão e Índia. No Brasil, a primeira ocorrência da doença e identificação do patógeno foram feitas em lavouras do Estado do Maranhão, safra 2003/2004, e posteriormente, nos estados de Mato Grosso, Bahia e Goiás. Esta doença também ataca várias outras culturas de importância econômica como a soja, milho, café, trigo, batata, amendoim, berinjela, girassol e várias espécies de plantas ornamentais, principal-
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SINTOMAS DA MANCHA DE MYROTHECIUM
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s primeiros sintomas de infecção da mancha de Myrothecium aparecem nas folhas, seguida pelas brácteas, maçãs, pecíolos e caules. Os sintomas são caracterizados por manchas circulares, formando anéis concêntricos, circundadas por uma coloração vinho avermelhada, apresentando o centro com uma coloração marrom. A estrutura reprodutiva do fungo, chamada esporodóquio, de coloração negra, é circundada por hifas de coloração branca, de formato irregular, e pode ser encontrada tanto na face su-
perior como inferior das lesões nas folhas e nas brácteas. Nas maçãs, pecíolos e caules as lesões são geralmente de forma irregular e coloração escura, circundadas por uma coloração vinho a avermelhada, apresentando no seu interior os esporodóquios. Os sintomas da mancha de Myrothecium podem ser facilmente confundidos com os sintomas da mancha de Alternaria ssp., devido à formação de anéis concêntricos. Porém, a evolução da mancha de Alternaria é mais lenta e não há formação de esporodóquios.
mente quando estas são cultivadas em casa de vegetação.
ser transmitido via sementes infectadas.
DISSEMINAÇÃO
Sendo estas as condições que favorecem o aparecimento dos sintomas da mancha de Myrothecium nas lavouras de algodão, não podemos prever que na safra 2004/2005 este fungo voltará a se manifestar e, caso se manifeste, qual será a sua agressividade. Sendo um fungo de solo e transmitido via sementes, devemos adotar algumas medidas de controle para a safra 2004/2005. Dentre estas medidas, podem ser citadas: a rotação de cultura, a destruição de soqueira e plantas daninhas, o tratamento adequado de sementes e a adoção de população adequada de plantas por
Chitarra alerta para medidas que podem minimizar os danos enquanto não se tem informações técnicas adequadas para controle
TECNOLOGIAS
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Confundida com a mancha de alternaria, Myrothecium também forma aneis concêntricos, porém evolui rápido, formando esporodóquios
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Luiz Gonzaga Chitarra Embrapa Algodão Maurício C. Meyer, Embrapa Soja
CONSIDERAÇÕES
Fotos Luiz G. Chitarra
As condições favoráveis para o desenvolvimento desta doença estão relacionadas com temperatura (25 a 30°C), umidade elevada, alta pluviosidade e sanidade das plantas de algodão. A disseminação dos esporos do fungo de partes de plantas infectadas para as partes sadias ocorre principalmente através de respingos de água das chuvas e irrigação. O número elevado de plantas de algodão por hectare proporciona um microclima favorável à rápida disseminação e à ocorrência de novos focos de infecção. M. roridum também pode
hectare. A Embrapa Algodão juntamente com a Universidade Federal do Mato Grosso, com o suporte financeiro do Fundo de Apoio à Cultura do Algodão (Facual – MT), estarão desenvolvendo pesquisas para se obter as informações técnicas necessárias e adequadas ao controle químico desta doença em benefício dos produtores de algodão.
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tualmente, a cotonicultura bra sileira se encontra em uma nova realidade, onde o cultivo em pequenas áreas e com baixa tecnologia vem perdendo espaço para um novo modelo produtivo em larga escala, em que são utilizadas altas tecnologias e investimento em qualidade de fibra. Além disso, o aumento do número de indústrias têxteis tem intensificado a importância desta cultura no país. Dentre estas altas tecnologias podem ser citadas: a implantação da colheita mecanizada, a maior utilização de reguladores de crescimento, o uso do sistema de plantio direto. Acompanhando toda esta revolução tecnológica, novas doenças, e até mesmo aquelas conhecidas e que não eram prejudiciais no passado, manifestam-se no presente, trazendo grandes desafios à produção.
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Algodão Arquivo
Chuvas intensas e plantios escalonados beneficiaram um novo surto da praga nesta safra. No entanto, regiões que aplicaram medidas de bloqueio populacional, conseguiram minimizar os estragos
Evolução contra o bicudo N
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maior “lavagem” dos inseticidas das folhas, diminuindo a eficácia e o poder residual dos produtos. Outro aspecto esteve relacionado ao fato de um alongamento do ciclo do algodão devido à falta de luminosidade em determinadas fases, o que exigiu maior período de controle em relação aos anos anteriores. Intervalos superiores a cinco ou sete dias (dependendo do produto) entre as pulverizações criam verdadeiras ”janelas” para o estabelecimento precoce da praga, tanto nas borPaulo Degrande
as últimas safras agrícolas, os produtores de diversas regiões produtoras de algodão do Brasil têm adotado iniciativas de modelos regionais de controle do bicudo-do-algodoeiro. Em parceria com agrônomos, consultores, empresas, fundações e poder público estão estabelecidos programas simples, práticos e eficientes para controlar a praga em níveis economicamente satisfatórios, com benefícios econômicos e sociais para a atividade e às regiões. Através da união de esforços e do uso de tecnologias apropriadas estão conseguindo manter os programas bem sucedidos. Entretanto, alguns sinais indicam a necessidade de evoluir nos modelos atuais ou tomar atitudes que minimizem o risco de fracassos no futuro. Nesta safra 2003/04, ficou provada a importância da adoção de todas as medidas do plano proposto simultaneamente. Na maioria das regiões ocorreram chuvas muito intensas e ficaram evidentes as vantagens do uso do programa de controle na sua integralidade, tanto nas fazendas como regionalmente. As chuvas em excesso favoreceram a sobrevivência das larvas e pupas dos bicudos em botões caídos no chão (a maior umidade preservou melhor as estruturas florais), estas chuvas também dificultaram a obediência dos intervalos de cinco em cinco (ou sete em sete) dias entre as aplicações e provocaram uma
daduras como em B1. Onde foram deixadas oportunidades para este estabelecimento precoce da praga, pelo uso incorreto da tecnologia, e posteriormente ocorreram chuvas duradouras, foi criado um ambiente propício para surtos tardios do inseto. Por exemplo, produtores que fizeram de maneira incompleta os tratamentos de bordadura (a partir da segunda folha verdadeira V2 - com cinco dias de intervalo) ou não controlaram a praga em B1, baseado em armadilhamento de pré-safra, criaram condições para danos econômicos causados pela praga ou para ataques mais precoces. É importante orientar os produtores que as armadilhas cumprem o seu papel para os programas atuais até a data da emergência da
Além de reter fungos transmissores de doenças, a manutenção das soqueiras propicia o surgimento de novos focos do bicudo
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MEDIDAS PARA O COMBATE AO BICUDO
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asicamente, os programas atuais estão estruturados em plantios regionalmente concentrados; tratamentos de bordadura, no momento da emissão do primeiro botão floral (B1) e primeiro capulho aberto (C1); adoção de níveis de controle da praga cientificamente definidos para regiões de cerrado; redução de população de final de safra por ocasião da maturação/desfolha; e, eficiente destruição de soqueiras. Adesão e cooperação têm sido as palavras-chaves para o sucesso dos planos propostos. Quanto maior a porcentagem de produtores de uma região que ado-
Fotos Paulo Degrande
lavoura no respectivo talhão (devem ficar por nove semanas a campo, no mínimo, para determinar o BAS = bicudos/armadilha/semana), podendo ficar instaladas até a primeira flor aberta para contribuir com as informações relacionadas ao movimento e distribuição da população do bicudo (se estão chegando, onde etc.). Aí, então, elas devem ser recolhidas e guardadas para uso em ano posterior. As armadilhas são excelentes ferramentas auxiliares para informar, previamente, o aparecimento do bicudo na lavoura, qual a pressão populacional da praga, e por onde ele potencialmente tem maior chance de entrar. As trocas dos feromônios devem ser feitas nos prazos definidos. Incluiu-se ainda, como alto risco para as regiões algodoeiras, a ampliação das épocas de semeadura em certas localidades, especialmente as com sistemas de irrigação e plantios-forade-época. A instalação de algodão por um período muito longo nas regiões, muitas vezes iniciando em outubro/novembro (safra normal) e terminando em março (plantio-forade-época), tem colocado as regiões em situações de cultivos que duram até dez meses no
tam o modelo e mais rígida é esta obediência, maiores têm sido os sucessos da proposta. Inclusive, uma das metas mais ambiciosas atualmente é a supressão da praga em algumas regiões que têm adotado o plano na sua integralidade. Em geral, os resultados de sucesso têm sido relacionados à redução do número de aplicações de inseticidas, maiores produtividades, melhoria do nível de conscientização do Manejo Integrado de Pragas, menores riscos de perdas de produção pelo bicudo, e repercussão no melhor controle de outras pragas da cultura. ano, levando a implicações de ordem legal (pois a soqueira não é destruída no prazo), aumento do número de gerações dos ácaros e insetos, como o bicudo, nas regiões (promovendo mais gerações, perenizando-os, e levando a maiores surtos populacionais), e aumento da pressão de seleção de inseticidas sobre as pragas locais (agravando os riscos de evolução à resistência aos pesticidas), pois o ano agrícola fica mais extenso. Outro risco, nesta safra, esteve associado à não-destruição de soqueira nos prazos legais, criando focos permanentes da praga, perenizando o bicudo nas regiões. Inclusive, a destruição deficiente da soqueira vem agravando problemas de ramulose, bacteriose, nematóides, brocas, viroses (doença-azul e vermelhão), dentre outros problemas. Aliada à ausência de rotação de culturas, a falta de uma adequada destruição de soqueiras será um problema que pode inviabilizar os algodoais em certas áreas. Neste aspecto, há de se ressaltar a importância do poder público orientando, conscientizando e fiscalizando a adoção do método legislativo de controle em todos os estados do País. Dentre os riscos emergentes, também se inclui a possibilidade do bicudo infestar áreas que ainda não foi detectada a praga. É importante preservar as áreas-livres ainda existentes no País, se possível ampliá-las por intermédio Nº°médio de aplicações para bicudo (por região) antes e depois do plano estratégico de controle do bicudo no estado de goiás REGIÃO
Períodos de semeadura muito amplos favorece a migração do inseto para outras lavouras
IPAMERI ITUMBIARA SANTA HELENA MINEIROS ACREÚNA
SAFRA 2.001/02 (antes do plano) 4,3 9 a 13 10 a 12 4,0 6a7
Fonte: Monitores do Projeto, Consultores e produtores
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SAFRA 2.003/04 (depois do plano) 3,8 8a9 7,8 4,1 7
Degrande: “No controle de pragas... ou se faz uma coisa bem feita ou não se faz”
de programas de erradicação. O desenvolvimento de novos métodos de controle, como novos inseticidas e variedades geneticamente resistentes e eficientes, se faz necessário. Para ilustrar, há mais de vinte anos possuímos no Brasil três modos de ação de inseticidas para o controle do bicudo, que ainda funcionam: os inibidores da enzima acetilcolinesterase (ex: organofosforados), moduladores de canais de sódio (ex: piretróides) e antagonistas de canais de cloro mediados pelo Gaba (ex: ciclodienos e fenilpirazóis). Obviamente, é importante ampliar a oferta de modos de ação de produtos para melhorar as estratégias de manejo da resistência, a seletividade aos inimigos naturais e prolongar mais a vida útil destas moléculas. Para finalizar, vale a pena lembrar que toda vez que nos propomos a implementar planos e programas regionais de controle de pragas, no que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, não existe meio termo: ou se faz uma coisa bem C feita ou não se faz. Paulo E. Degrande, UFMS
ERROS NAS AÇÕES
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plantio de algodão fora da época recomendada pode inviabilizar economicamente a cultura nas regiões produtoras. Plantar algodão tardio, fora do calendário agrícola regional, propicia o aumento do número de gerações do bicudo e a migração para áreas vizinhas, exigindo mais controle, maiores custos, mais danos ao meio ambiente e prejuízos ao sistema regional. Com a ampliação da safra na região é necessário aumentar o período de controle das pragas, causando maior pressão de seleção dos insetos com os inseticidas, evoluindo-os mais rapidamente à resistência.
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Algodão
Fotos Cultivar
Ciclo controlado Desfolhadores e maturadores utilizados no momento correto, geralmente de maio a agosto, são determinantes para melhorar a qualidade da pluma e a lucratividade da lavoura, já que a genética sozinha nem sempre consegue proporcionar a maturação uniforme do estande
dade do ar nesta fase, normalmente é baixa para manter a pluma seca. Boa parte das maçãs já tiveram seu desenvolvimento finalizado, restando apenas a abertura de algumas delas nas extremidades dos ramos. A maior preocupação do produtor nesta fase da cultura, é reduzir o número de folhas, diminuindo os contaminantes da fibra no processo de colheita. Para isso utilizamos os desfolhantes. Há também a preocupação na finalização do desenvolvimento das maçãs que ainda não abriram e para esse fim, utilizam-se os maturadores. Mais importante do que identificar o produto a ser utilizado na cultura é proceder a aplicação no momento certo. A aplicação de maturadores deverá ser feita quando a cultura atingir de 90% das maçãs abertas. Antes desse momento, boa parte dos frutos não terá terminado seu desenvolvimento o que acarretará em perda de qualidade da fibra, gerando fibras curtas e imaturas. Devido principalmente às condições do Cerrado, onde é produzido mais de 80% do algodão brasileiro, a estiagem pode auxiliar na tomada de decisão do momento da aplicação destes insumos. Com o período seco nos meses de maio a agosto, é possível aguardar que a planta atinja seu desenvolvimento completo naturalmente, estimulando a abscisão foliar por força do stress hídrico. A ocorrência desse stress em outras fases de desenvolvimento da planta, no entanto, pode comprometer o ciclo normal do algodoeiro.
CUSTO DA APLICAÇÃO
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grande salto tecnológico da agricultura nos últimos anos demonstra o potencial produtivo deste setor no Brasil. A soja abriu os espaços e o algodão entrou em seguida nos vastos campos do Cerrado brasileiro. No entanto, o cultivo do algodoeiro é mais complicado tecnicamente do que a cultura da soja. O monitoramento das pragas dia a dia, o grande número de insumos, a escolha da variedade correta e, principalmente o uso de maquinário altamente tecnificado transforma o cultivo do algodão em um grande desafio. A fisiologia do algodoeiro (Gossypium hirsutum) melhorado, para o cultivo em larga escala nos cerrados, é bastante complexa.
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Apenas a genética das novas variedades não define sozinha, características como porte e produtividade. A interação genótipo x ambiente na cultura do algodoeiro é muito importante para o técnico e para o agricultor. O uso de insumos como reguladores de crescimento (Cloreto de Mepiquat e Clormequat) durante o desenvolvimento da planta e o uso de maturadores e desfolhantes ao final do ciclo estimulam sua fisiologia. Sem estes estímulos, o potencial genético da maioria das variedades não poderia se expressar em sua plenitude. O final do ciclo do algodoeiro é uma fase muito importante para a qualidade da fibra, produto final do algodoeiro. A umi-
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custo da aplicação de matu radores na cultura do algodoeiro está ligada ao preço do produto ofertado ao produtor. Os produtos utilizados como maturadores no algodeiro e registrados no MAPA são o Finish e o Arvest 480 ambos da Empresa Bayer Cropscience e custam em média R$ 90,00 o litro do produto. De acordo com as doses recomendadas o custo de aplicação desses produtos ficam em tordo de R$ 135,00/ha e R$ 225,00/ha. É necessário aguardar de sete a doze dias para o efeito completo de maturação e queda das folhas.
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COMO AGEM OS MATURADORES
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Divulgação
Em outros estados como São Paulo e Paraná, a colheita tem um curto período para ser realizada e a utilização desses insumos é mais apropriada. É importante observar a temperatura do ar para o momento da aplicação. A ação desses produtos poderá ser reduzida caso a temperatura não esteja na faixa ótima de 22 a 30º C. O alvo principal dos maturadores são os frutos. Caso haja muitas folhas no momento da colheita é recomendável a utilização de produtos desfolhantes para proceder uma colheita limpa e eficiente. Os maturadores do algodoeiro a base de Ethefon que existem hoje registrados no Ministério da Agricultura são o Arvest 480â na dosagem de 3 a 4 L/ha e o Finishâ na dosagem de 1,5 a 2,5 L/ha. Alguns produtores, no entanto, utilizam estratégias como a dessecação das lavouras de algodão antes da colheita para que o volume de folhas seja reduzido, contaminando menos a fibra. O objetivo inicial é o mesmo dos maturadores e desfolhantes, porém com maior eficiência. Há de se ressaltar, no entanto, que o uso des-
Grande número de folhas na fase final de desenvolvimento da maçã podem comprometer o produto final por contaminação
ses produtos só é recomendado em determinadas circunstâncias. A utilização de dessecantes fora da legislação do Ministério da Agricultura pode implicar em uma série de sansões para os responsáveis técnicos agrônomos. A análise para registro desses produtos leva em consideração uma série de testes e seu uso indiscriminado pode acarretar sérios danos para o meio ambiente e para a saúde. Mesmo não sendo consumido diretamente pelo homem, boa parte da produção de algodão, principalmente o caroço vai para a alimentação animal e poderá afetá-los através dos resíduos desses agrotóxicos. Produtos não recomendados para o procedimento de desfolha do algodoeiro podem comprometer a eficiência do processo, prejudicando o produto final. Para o produtor de sementes o problema se torna mais sério. A utilização de dessecantes, além de incorrer nos mesmos problemas acima pode causar danos à semente. Muitos desses produtos dessecantes possuem em sua composição o ingrediente ativo Paraquat. Esse produto tem um efeito negativo muito expressivo no embrião da semente podendo reduzir o vigor e a germinação. A tecnologia disponível para a agricultura é bastante consistente e ampla. No entanto, a forma de usá-la deve ser criteriosa e racional. O produtor rural deve estar
s produtos registrados no Ministério da Agricultura com finalidade de maturadores do algodoeiro utilizam basicamente em sua composição o Ethefon. Esse princípio ativo age simulando a produção de etileno na planta, um hormônio natural nos vegetais, responsável pela maturação de frutos e abscisão foliar. imbuído do espírito do empreendedor e se tornar um empresário rural utilizando a tecnologia a seu favor e da sociedade. Na cultura do algodão, é importante uma reciclagem constante. Cada região de produção possui suas características ambientais próprias que influenciam sensivelmente o desenvolvimento das plantas e conseqüentemente sua resposta na produção. A resposta para a utilização correta e racional de insumos está na observação minuciosa e análise séria dos diversos fatores que afetam a cultura. De posse do vasto leque de tecnologias, o produtor, e seu técnico atingirão os melhores resultados. As tecnologias existem, mas não precisamos necessariamente utilizá-las todas ao mesmo tempo. O conceito de alta tecnologia é o uso racional e otimizado dos fatores tecnológicos disponíveis para o sistema de produção. Sem este conceito, inviabilizaremos o agronegócio com o elevado custo de produção. No caso dos maturadores e desfolhantes é necessária a análise do momento da aplicação e da sua real necessidade. Encontrar o sistema de produção ideal para o algodoeiro é tão importante quanto adquirir a melhor variedade. A pesquisa está sempre em busca de respostas e vai dá-las C ao produtor. Luis Eduardo Pacifici Rangel, Ministério da Agricultura
O importante no uso de maturadores e desfolhantes é identificar o momento certo de aplicação , segundo Rangel
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Milho
Fotos José Francisco Garcia
Vetores potenciais
Com a expansão do cultivo de milho em rotação com soja, ocorrem também surtos de pragas que eram consideradas secundárias e que agora instensificam o ataque, disseminando doenças pela lavoura. É o caso da cigarrinha-do-milho, vetora de doenças potenciais, que nesta safra vai exigir cuidados para evitar que a produção acabe no vermelho Ivan Bedendo
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Enfezamento vermelho: manifesta-se na fase de enchimento de grãos, reduzindo o tamanho das espigas
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avanço da soja nos estados do Centro-Oeste levou consigo o milho safrinha como opção de rotação de cultura na safra de inverno, proporcionando uma fonte de renda alternativa ao produtor, sendo responsável pela estabilidade econômica do produto durante o ano agrícola. A intensificação da produção desse cereal, devido ao investimento em tecnologia, impulsionada pelo forte crescimento da cultura da soja, fez com que essa região se tornasse a segunda mais importante no fornecimento de milho para o país, permanecendo ainda a região Sul como a líder em produção. Com a intensificação do cultivo do milho, além dos problemas tradicionais com pragas desfolhadoras e de solo, observam-se expressivos prejuízos por doenças associadas a insetos vetores de fitopatógenos. Dentre esses insetos, destaca-se a cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae), transmissora de três patógenos causadores de doenças sistêmicas importantes no milho, tais como o enfezamento vermelho, enfezamento pálido e risca do milho. Os
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enfezamentos do tipo vermelho e do tipo pálido são causados pelo fitoplasma do milho, e por um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii), respectivamente, os quais são procariotos denominados molicutes. Já a risca do milho é uma virose causada pelo Maize rayado fino virus. Entre as condições favoráveis à alta incidência dessas doenças, destacam-se as climáticas que permitem o cultivo de milho durante o ano todo, favorecendo a perpetuação dos patógenos nas plantas e no seu vetor, e a susceptibilidade das variedades e híbridos cultivados em diversas regiões. No Brasil, o milho é o único hospedeiro conhecido do fitoplasma, do espiroplasma e da cigarrinha D. maidis. Relatados no Brasil na década de 70, os enfezamentos foram considerados doenças de importância secundária devido às baixas incidências. A partir dos anos 90, a expansão dos plantios de milho safrinha e a adoção de irrigação por pivô central proporcionaram a presença de milho no campo durante o ano inteiro, em grandes áreas, com conseqüente aumento na incidência dessas
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doenças. Os enfezamentos pálido ou vermelho podem ocorrer de forma isolada ou conjunta. Ambos têm assumido grande importância nas regiões de clima quente e úmido. A cigarrinha-do-milho tem assumido papel relevante como vetor desses patógenos nos últimos anos, principalmente nas regiões Sudeste e Centro Oeste do Brasil. O principal pico populacional de D. maidis tem sido registrado entre os meses de março e abril, contribuindo para a disseminação de doenças na safrinha. As ninfas e os adultos dessa cigarrinha sugam seiva das folhas e podem transmitir de forma persistente e propagativa o fitoplasma do milho (classe Mollicutes), o espiroplasma (Spiroplasma kunkelIi) e o vírus da risca do milho.
ENFEZAMENTO VERMELHO
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doença chamada de enfezamen to vermelho do milho possui como agente causal o fitoplasma e pode ocorrer em todas as plantas na lavoura, causando perda total da produção. Os sintomas típicos são o avermelhamento intenso e generalizado da planta, geralmente associado à proliferação de espigas, que pode ocorrer em uma ou em várias axilas foliares na planta. O avermelhamento inicia-se no ápice e nas margens das folhas, podendo atingir toda
QUEM É O INIMIGO A cigarrinha-do-milho é pequena, com cerca de três a quatro milímetros de comprimento, de coloração amarelopalha. Os adultos apresentam duas pintas negras circulares, visíveis na cabeça e asas transparentes. Podem ser facilmente visualizados no cartucho das plantas de milho. Estabelecem-se em plantas jovens, porém são capazes de manter altas populações até o florescimento. Essa cigarrinha multiplica-se apenas em milho e tem a capacidade de migrar a longas distâncias, mudando de lavouras de milho secas para novas lavouras em outras regiões, sendo essa a estratégia mais provável para sua sobrevivência na entressafra. O tempo de uma geração, de ovo a adulto, é de 25 a 30 dias. Os machos são menores que as fêmeas, e estas fa-
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zem postura endofítica (internamente), preferencialmente na nervura central da folha do milho, podendo colocar de 450 a 600 ovos. As ninfas passam por cinco
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a área foliar. Segue-se a esse sintoma a seca das folhas. Alguns cultivares perfilham na base ou nas axilas foliares. Em geral, as plantas crescem aparentemente normais e os sintomas da doença manifestam-se apenas durante o estádio de enchimento de grãos. As plantas infectadas apresentam encurtamento de internódios, em geral, pouco perceptível ao exame visual. A doença reduz o tamanho das espigas e dos grãos, que podem apresentar-se também, manchados, frouxos na espiga ou chochos, devido ao seu enchimento incompleto. As plantas doentes morrem precocemente e dependendo da cultivar, as plantas rapidamente secam ou tombam. O enfezamento vermelho pode ser confundido com o enfezamento pálido, devido à semelhança de alguns sintomas. Embora exista um quadro sintomatológico para a doença, a diagnose pode ser prejudicada pela ocorrência de infecções mistas com viroses do milho ou mesmo com o enfezamento pálido. A dificuldade na diagnose é agravada pelas variações nos sintomas devido ao genótipo do hospedeiro, variantes do patógeno e condições ambientais. estádios e com aproximadamente 17 dias completam o seu desenvolvimento, tornando-se adultos, os quais apresentam longevidade de sete a oito sema-
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Fotos José Francisco Garcia
nas. A cigarrinha alimenta-se através da introdução de seu estilete diretamente nos tecidos do floema da planta de milho, sugando a seiva. Ao se alimentar, pode adquirir, juntamente com a seiva, fitoplasma, espiroplasma e/ou vírus da risca. Esses patógenos são capazes de se multiplicar na cigarrinha, onde passam por um período de latência de cerca de três a quatro semanas. Os patógenos alojam-se na glândula salivar da cigarrinha e são, então, transmitidos para outras plantas, quando a cigarrinha se alimenta. A inoculação pode ocorrer rapidamente, em intervalos de tempo inferiores a uma hora. Quando as cigarrinhas migram de lavouras infectadas para lavouras mais jovens e sadias, transmitem esses patógenos, disseminando as doenças para outras áreas.
MANEJO INSETO VETOR - DOENÇA As estratégias para manejo dos enfezamentos vermelho e pálido e da risca do milho incluem a utilização de cultivares resistentes, adequação da época de plantio, evitando-se plantios tardios, a interrupção de plantios consecutivos, que proporcionam a sobreposição de ciclos da cultura e perpetuação da doença, a eliminação de plantas de milho voluntárias no campo (tigueras), que podem constituir fonte de inóculo e, principalmente, a diversificação de cultivares na área de plantio, para minimizar possíveis prejuízos e evitar a adaptação de variantes genéticos do patógeno. Sob condições favoráveis, que incluem cultivares susceptíveis e alta
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Cultivar
Uso de sementes tratadas pode ser a alternativa para o controle da cigarrinha vetora das doenças
umidade relativa do ar, altas populações de cigarrinhas podem inocular todas as plantas em áreas superiores a 100 hectares. Os sintomas da risca podem ser
visualizados nas plantas de milho a partir de 30 dias após a semeadura. Contudo, os sintomas e efeitos prejudiciais dos enfezamentos só se manifestam na fase de produção. O incremento de áreas cultivadas na entressafra com milho safrinha, nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, tem proporcionado condições favoráveis, durante boa parte do ano, para o desenvolvimento da cigarrinha-do-milho, D. maidis, que atua como vetor na disseminação de algumas das principais doenças dessa cultura. O sucesso para o manejo eficaz deste vetor depende do conhecimento de hospedeiros alternativos, aspectos relacionados ao patógeno e sua epidemiologia. Algumas medidas alternativas como a rotação de cultura, sendo esta não hospedeira da praga e dos patógenos, plantio na época correta (evitando-se semeaduras tardias ou escalonadas), bem como a utilização de híbridos menos suscetíveis aos patógenos, podem ser utilizados para a contenção da praga e, conseqüentemente, das doenças associadas.
RISCA DO MILHO
A
risca do milho possui como agente causal um vírus que pode reduzir em 30% a produção de milho. Como esse vírus é transmitido pelo mesmo inseto vetor dos molicutes que causam os enfezamentos vermelho e pálido, geralmente ocorre simultaneamente com essas doenças. Contudo, sua incidência é variável em áreas e em anos distintos, em geral sem atingir os mesmos níveis de incidência dos enfezamentos. Os primeiros sintomas aparecem como pequenos pontos cloróticos na base e ao longo das nervuras das folhas jovens. Esses pontos, em grande número, se tornam evidentes e se fundem, ficando com aspecto de riscas curtas. Em geral, os primeiros sintomas dessa virose aparecem em plantas jovens no campo, cerca de 30 dias após a semeadura, e permanecem visíveis mesmo nas plantas em fase de produção. Os sintomas da risca podem ser mais facilmente percebidos observando-se as folhas infectadas contra a luz. As plantas infectadas podem apresentar espigas e grãos menores que o tamanho normal.
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A cigarrinha D. maidis adquire o vírus ao se alimentar de plantas infectadas e, após um período latente variável de uma a seis semanas, pode transmitilo para plantas sadias. A habilidade desse inseto vetor em transmitir o vírus diminui com o tempo, depois da aquisição. Além do milho, outras espécies dos gêneros Zea, Tripsacum e Rottboelia exaltata, raras no Brasil, são gramíneas hospedeiras desse vírus.
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ENFEZAMENTO PÁLIDO
O
enfezamento pálido tem como agente causal o espiroplasma, que reduz a produção de grãos de cultivares com diferentes níveis de resistência podendo chegar a 100% de perdas naqueles com alto nível de suscetibilidade. Pode atingir todas as plantas nas lavouras, causando prejuízos severos. Os sintomas típicos são a formação de estrias esbranquiçadas e irregulares nas folhas, a partir da base. A planta pode ter seu crescimento drasticamente reduzido, tornanO uso de sementes tratadas com inseticidas já registrados para a cigarrinha-do-milho é uma alternativa economicamente viável, protegendo a cultura durante os primeiros 30 dias, que é a fase crítica para a transmissão e infecção pelos patógenos. Após esse período, havendo surtos elevados na área plantada e situação de risco, ou seja, plantios vizinhos infectados com as doenças, pode-se fazer pulverizações com inseticidas carbamatos e ou fosforados utilizados para o controle da lagarta-do-cartucho. Deve-se salientar que a adoção de pulverizações e mesmo do tratamento de sementes deve estar sujeita a uma
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do-se raquítica e improdutiva. Os sintomas podem variar dependendo da idade em que a planta é infectada e do nível de resistência da cultivar. As plantas podem apresentar apenas amarelecimento generalizado ou avermelhamento nas folhas apicais. Os grãos podem apresentar-se pequenos, manchados, frouxos na espiga, ou chochos, devido ao seu enchimento incompleto. As plantas doentes ficam enfraquecidas e secam rapidamente, de maneira precoce e atípica. análise de viabilidade econômica por parte dos agricultores. Para lavouras com produtividade esperada maior que 3 mil kg/ha, o tratamento de sementes é viável. Os dois produtos recomendados para o tratamento de sementes são:Gaucho 600 FS (Imidacloprid) 800ml p.c./100 kg de sementes e Cruiser 700 WS (Thiamethoxam) - 150 a 200g p.c./ 100 kg de sementes. O que dificulta o uso de inseticidas é a alta população da cigarrinha usualmente encontrada nas plantas de milho (um a dez indivíduos por planta), o fato de a inoculação do patógeno por um único indivíduo vetor ser eficiente e rápida (menos
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que uma hora) e o alto custo dos inseticidas. Por outro lado, a eficácia das aplicações de inseticidas, utilizados para prevenir a disseminação secundária das doenças, é favorecida pelo longo período de latência dos patógenos (molicutes) no vetor (acima de 15 dias). O tratamento de sementes já é utilizado com sucesso no manejo de pragas subterrâneas do milho, com a vantagem de não causar desequilíC brio biológico. Simone de Souza Prado, João Roberto Spotti Lopes, José Francisco Garcia e Luciano Pacelli Medeiros Macedo, ESALQ - USP
CUSTO DO TRATAMENTO
O
custo médio para o tratamen to de sementes de milho, utilizando como referência os dois produtos recomendados Gaucho 600 FS e Cruiser 700 WS, fica entre R$ 284,00 e R$ 480,00 por 100 kg de sementes. A dosagem recomendada para o Gaucho 600 FS (Imidacloprid) é de 800 ml p.c/100 kg de sementes. Para o Cruiser 700 WS (Thiamethoxam) é de 150200 g p.c/100 kg de sementes. Porém, é importante lembrar que o tratamento de sementes somente é viável quando a produtividade estimada estiver acima dos 3 mil kg/ha. Revista Cultivar
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Lançamentos
Fotos Renato Luzzardi
Híbridos à vista Tecnologia já desenvolvida em outras culturas, as sementes híbridas são a novidade do mercado para a produção de arroz irrigado
A
tecnologia da semente de arroz híbrido já está disponível no mercado gaúcho. São as cultivares da empresa Rice Tec, Avaxi para sistemas irrigados convencionais, e a TunoCL, especialmente produzida para o sistema Clearfield. Em comparação ao modelo convencional, o cultivo de arroz híbrido possibilita ao produtor uma maior produtividade sem, necessariamente, o aumento de sua área de plantio. A variedade híbrida é conseqüência do cruzamento de duas linhas parentais que objetivam maior produtividade. Tecnologia já conhecida em outras culturas, como milho, permite a combinação de características e benefícios em uma única semente. Dentre as vantagens pode-se destacar a maior produtividade média de 8 a 9t/ha (média do RS é de 5,5 t/ha), boa tolerância a doenças, além de facilitar o plantio, reduzindo-se a densidade de semeadura de 180 kg/ha no sistema convencional para 50 KG/ha com o uso de sementes híbridas. O arroz híbrido Avaxi, vem sendo testado em caráter experimental desde 1997, demonstrando um potencial médio de produtividade acima de mil kg/ha acima das testemunhas, sendo que, com densidade de plantio três vezes menor.
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Cultivar
O potencial produtivo pode chegar a 12,8 t/ha, com ciclo médio de 115 dias, apresentando resistência a doenças como brusone, mancha parda e mancha estreita, além de possuir boa resistência ao acamamento. A qualidade industrial do produto encontra-se acima de 60%, sendo considerado nível excelente. Já o híbrido Tuno-CL, é recomendado para o sistema Clearfield, sendo tolerante ao herbicida que permite o controle do arroz daninho (arroz vermelho e preto, sendo assim, possível o plantio do mesmo em áreas infestadas por tais invasoras. Recomendado para plantio direto, convencional e semidireto, o produto também apresenta boa resistência ao acamamento, qualidade industrial semelhante ao Avaxi e produtividade de até 10,5 t/ha. O produto comercial, obtido na safra atual, deve estar disponível para os produtores a partir do mês de junho deste ano, com a expectativa de nos próximos cinco anos contar com uma participação de 10 a 20 % da área cultivada de arroz irrigado no Mercosul. As novas variedades são produzidas pela Rice Tec Sementes Ltda, instalada em Porto Alegre (RS) e pertencente ao grupo Rice Tec AG, há oito anos no Brasil, sendo que há três anos pesquisa híbridos com
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ênfase no mercado do Sul, com o lançamento do primeiro híbrido de arroz para o Mercosul. Há mais de 20 anos, a Hunan Hybrid Rice Research Center (HHRRC) da China, foi a precursora da criação e desenvolvimento da hibridação de arroz contando com a colaboração exclusiva da Rice Tec para disseminação da tecnologia nas américas para a agricultura mecanizada. C
Densidade de plantio até três vezes menor, produtividade elevada e qualidade industrial são as principais características das variedades
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Informe jurídico • Newton Peter • OAB/RS 14.056 • consultas@newtonpeter.com.br
A função social dos contratos
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entre as alterações que o Novo Código Civil (Lei 10.406/02) promoveu nos contratos, talvez a que tenha maior potencial de gerar problemas é a função social. Versa o artigo 421 que “a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. Todavia, não está definido o significado dessa expressão, algo potencialmente perigoso para quem depende de contratar e ser contratado, pois não se sabe como os juízes a interpretarão. O conceito clássico sobre contratos advém da expressão latina pacta sunt servanda, contratos devem ser cumpridos, em tradução livre. Os códigos civis francês e italiano, por exemplo, referem-se expressamente a esse princípio, agora não mais uma certeza no Brasil. Levará anos para se ter condições de solucionar dúvidas com base em jurisprudência (decisões dos juízes em casos semelhantes). Nesse intervalo, por precaução, recomenda-se observar, no contrato, a condição econômica dos envolvidos e a opinião de terceiros sobre o acordo.
CONDIÇÃO ECONÔMICA Diferenças sempre existiram e continuarão a existir. Isso faz parte da natureza, seja dos homens, seja dos planetas. Há, contudo, um conflito não resolvido e talvez inconsciente entre a aversão católica à riqueza, a “opção pelos pobres”, e a protestante busca por resultados, que considera a riqueza um dom de Deus. Fato é que entre nós a condição econômica inferior dá à pessoa uma áurea de bondade, de razão nos seus apelos. Ao celebrar contrato com pessoa ou empresa reconhecidamente de menor poder econômico, deve-se redobrar os cuidados porquanto numa eventual disputa a parte mais “forte” inicia a argumentação em desvantagem. Sobre isso, aliás, o cientista norte-americano Carl Sagan alerta ao discorrer sobre a necessidade de se buscar múltiplas explicações antes de emitir parecer sobre qualquer assunto. Ele comenta estudos onde está demonstrado que alguns júris geralmente chegam ao seu veredicto muito cedo, às vezes durante as argumentações iniciais do processo. No resto do tempo, aquelas pessoas se limitam a, inconscientemente, memorizar as provas que parecem sus-
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tentar seu ponto de vista e, simplesmente, rejeitam as em contrário. Uma das críticas ao trabalho do sociólogo Émile Durkheim é a impossibilidade de alguém deixar totalmente de lado suas opiniões quando avalia outras hipóteses. Assim, por mais dedicado e conhecedor do Direito que seja, não se deve esquecer que o juiz é influenciado, em maior ou em menor grau, pelas idéias do seu tempo. As do nosso condenam a riqueza... Portanto, empregue-se maior atenção em contratos celebrados entre partes com grande disparidade econômica. Se você for o mais abastado, avalie se o acordo traz benefícios econômicos semelhantes para as duas partes e se é possível provar isso.
OPINIÃO DE TERCEIROS O Código Civil prevê, em seu artigo 113, que os negócios jurídicos devem ser interpretados segundo a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Se existem dúvidas sobre a capacidade de provar a justiça do contrato, procure uma terceira opinião qualificada. Alguém sem participação no acordo tem a capacidade de enxergar pontos conflitantes. Mais do que ser justo, o contrato precisa ter a capacidade de se provar justo. Somente pessoas sem interesse direto na questão podem avaliar isso. Havendo alternativa, não arrisque. Inovações são necessárias nos campos das ciências exatas e biológicas. No Direito, ga-
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rante-se mais quem segue o padrão da sociedade, embora não existam certezas. Apenas para dar uma idéia de quão escorregadios podem ser os contratos, há grande número de ações no judiciário buscando modificar os índices de correção de empréstimos. Especificamente, pessoas que tomaram dinheiro antes da desvalorização cambial de janeiro de 1999, tentam mudar o índice aplicado. Era padrão utilizar o IGP-M nas correções. Todavia, esse índice sofre influência do câmbio. Resultado: houve grande correção. Esse risco bem poderia ser previsto por quem tomou o dinheiro, visto se discutir há muito no país a necessidade de desvalorização. Aliás, a experiência brasileira mostra que quando se começa a discutir demais uma hipótese, principalmente em jornais, ela tende a se tornar realidade. O caso mais lembrado é o confisco promovido pelo ex-presidente Collor, inspirado no modelo argentino e tido como certo por muita gente. De qualquer forma, alguns tribunais estão determinando o uso do INPC ao invés do IGP-M, acertado nos contratos. Somente em 1999, o IGP-M atingiu 20,10% enquanto que o INPC ficou em 8,43%. A perda de quem emprestou, portanto, somente no primeiro ano ultrapassa os 10%. Embora os contratos sejam legais e tenham sido celebrados de boa-fé e segundo os padrões da época, decisões têm prejudicado as instituições que emprestaram dinheiro. Na dúvida, procure seu advogado. Ele saberá como garantir seus interesses na medida do possível.
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Agronegócios
Biodiversidade às A utilização da biodiversidade na agricultura é cada vez mais evidente, porém o emprego inadequado do controle biológico, seja convencional ou integrado à planta, pode gerar pragas resistentes assim como, em outros sistemas de controle
A
biodiversidade brasileira será uma das pilastras da competiti vidade do nosso agronegócio – basta que a sociedade promova o investimento necessário para conferir utilidade e valor econômico aos componentes da biodiversidade. A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia é uma das unidades da Empresa que se dedica a perscrutar as oportunidades contidas na biodiversidade. Estudos conduzidos pelo núcleo de Controle Biológico do Cenargen demonstraram que, bactérias encontradas em solos do Brasil, podem ser úteis para o controle biológico de insetos. Os pesquisadores investigaram a diversidade de bactérias do gênero Bacillus, reconhecidas de longa data como inimigos naturais de diversas pragas de plantas cultivadas. Com as exigências cada vez maiores da sociedade em relação à proteção do ambiente produtivo e à oferta de alimentos inócuos, as inovações em controle biológico representam um diferencial de competitividade para o agronegócio brasileiro.
BIODIVERSIDADE E COMPETITIVIDADE Durante 15 anos, os cientistas da Embrapa recolheram amostras de solo, das cinco regiões geográficas brasileiras, delas extraindo 2022 estirpes de Bacillus, sendo 217 de B. cereus, uma de B. pumillus, três de B. subtilis, 21 de B. laterosporus, 402 de
B. sphaericus e 1378 de B. thuringiensis. As estirpes tóxicas são caracterizadas quanto ao perfil protéico e quanto à presença dos genes que codificam para as proteínas tóxicas. Os esporos são armazenados em tiras de papel de filtro estéreis à temperatura ambiente. Após o isolamento e identificação das estirpes, os cientistas avaliaram o seu potencial para uso em controle biológico, O número de estirpes que demonstrou efeito de controle sobre cada praga indicadora se encontra na Tabela 1. Esse não é um trabalho isolado, porém compõe o esforço para organizar um Banco de Germoplasma de Bacillus spp. para controle biológico. Informações sobre o banco de dados da coleção estão disponíveis através do Tabela 1 – Número de estirpes de Bacillus thuringiensis que demonstrou alta atividade biológica sobre os insetos testados. Culex Aedes Anticarsia Spodoptera Tenebrio quinquefasciatus aegypti gemmatalis frugiperda molitor 50 60 240 99 13
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Cultivar
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endereço www.sicom.cenargen.embrapa.br.
PRAGAS RESISTENTES O uso de microrganismos que controlam insetos é uma forma de reduzir o consumo de agrotóxicos químicos e, há décadas, eles são pulverizados sobre as plantas, com essa finalidade. A inovação moderna consistiu na transferência de genes de Bacillus para cultivos comerciais, produzindo variedades transgênicas que incorporam o controle biológico em seu genoma. Tanto em um caso como em outro, sempre há a preocupação do desenvolvimento de raças da praga, que não são suscetíveis à toxina do Bacillus, seja pulverizado ou incorporado na planta. Os cientistas já identificaram mais de 540 artrópodos resistentes a 310 agrotóxicos ou toxinas de agentes de controle biológico. Em todos os casos, o uso abusivo, em altas doses, com alta freqüência de aplicação, pulverizações sem necessidade e sem alternância de agrotóxicos com diferentes modos de ação, conduziu a essa situação
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claras indesejável. Em se tratando de plantas que incorporam o controle biológico, na presença de raças resistentes da praga, a planta perde sua característica, voltando a exigir o uso de agrotóxicos. Por exemplo, a lagarta rosada (Pectinophora gossypiella) morre ao alimentar-se da maçã de variedades de algodão Bt, as quais contêm um gene de B. thuringiensis, que codifica para uma substância tóxica a alguns insetos, embora não tenha qualquer efeito sobre o homem ou outros animais. Quando alguns espécimes do inseto desenvolvem resistência à toxina, elas atacam o algodão sem que sejam afetados pela mesma. Recentemente, cientistas da Universidade do Arizona identificaram três genes da lagarta rosada que quebram a resistência das variedades de algodão Bt. O trabalho inicial dos cientistas consistiu em desenvolver uma metodologia que provou ser mil vezes mais eficiente para detectar pragas resistentes, comparada aos métodos tradicionais.
para todos os outros animais, inclusive para o homem. Nas alterações genéticas naturais (mutações), a caderina codificada pelo gene r1 estava desfalcada de 23 nucleotídios, provocando a substituição de dois aminoácidos e a omissão de outros oito na sua estrutura. O efeito do gene r2 é mais intenso, pois provoca a deleção de 202 nucleotídios e altera a posição de um aminoácido essencial da caderina. O gene r3 produz a caderina com a ausência de 42 aminoácidos. Essas alterações bioquímicas permitem que a caderina cumpra sua função plástica, porém tornam-na “invisível” para a toxina do B. thuringiensis. Quando o receptor (no caso, a caderina) tem sua estrutura alterada, a toxina não consegue um encaixe, deixando de
GENES E BIOQUÍMICA Com a nova ferramenta, os cientistas decifraram a rota da toxina no inseto, verificando que ela atacava uma proteína da parede do intestino da praga, chamada caderina. Nos espécimes resistentes, mutações alteraram o gene que codifica para a caderina, produzindo uma proteína com estrutura diferente, insensível à toxina do B. thuringiensis. Os cientistas identificaram três alelos do gene BtR (r1, r2 e r3), que conferem resistências ao algodão Bt. Todos os genes resistentes são recessivos, necessitando um par deles para o inseto ser resistente.
“TRANSGÊNESE” NATURAL A ação das toxinas é como ligar um plugue em uma tomada elétrica. Existem diferentes padrões de plugues e tomadas. Para haver uma conexão bem sucedida, os plugues e as tomadas devem prover um encaixe perfeito. O mesmo ocorre na ligação das toxinas com os seus pontos de atuação no organismo, devido à elevada especialização das ações bioquímicas e fisiológicas das substâncias no organismo. Essa é a razão pela qual as plantas Bt afetam apenas alguns tipos de insetos, sendo inócuos
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sobre a necessidade de embutir nas práticas agrícolas o manejo da resistência de pragas a inseticidas ou a plantas transgênicas resistentes a insetos. É importante garantir que uma parte dos insetos sobreviva, para transferir os genes de suscetibilidade à descendência da praga. Além disso, os inimigos naturais das pragas necessitam de uma população mínima da mesma, para garantir o seu próprio ciclo vital. O que pode parecer um contra-senso ao leigo (deixar parte da população da praga na lavoura) é o que o diferencia de um técnico competente.
MANEJO DA RESISTÊNCIA Com o crescimento do uso do controle biológico incorporado ao genoma das plantas cultivadas, a pressão de seleção de biótipos de insetos resistentes às cultivares Bt tenderá a crescer. Com a adoção das técnicas preconizadas pelos entomologistas, o problema poderá ser convenientemente administrado, sem maiores impactos para os agricultores. Para garantir a sustentabilidade do processo, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA está exigindo, por ocasião do registro de OGMs, um plano para o manejo da resistência. Os processos mais utilizados são a alternância de cultivares ou variedades resistentes e não resistentes e a divisão
manifestar sua ação e o inseto torna-se resistente ao controle biológico embutido no código genético da planta. Essa descoberta é vital para desenvolver novas estratégias de manejo da resistência, prolongando a vida útil das variedades resistentes a pragas.
SUSCETIBILIDADE, UM PATRIMÔNIO A suscetibilidade de um inseto a um inseticida é um patrimônio a ser preservado, mesmo se o inseticida é produzido pela planta da qual o inseto se alimenta. Por esse motivo, nunca se deve eliminar 100% da população de uma praga, um conceito já incorporado nos programas de manejo de pragas. Nós, entomologistas, sempre alertamos
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da lavoura, em que uma parte dela é cultivada com material resistente e outra com material suscetível. Até o momento, a maior dificuldade tem sido convencer os agricultores de que eles devem deixar uma parte do milho ou do algodão para servir C de alimento – aos insetos! Décio Luiz Gazzoni Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja www.gazzoni.pop.com.br
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Mercado Agrícola
Brandalizze Consulting
brandalizze@uol.com.br
Brasil preparando uma nova supersafra O Brasil deverá ver um crescimento da área plantada nesta nova safra, que agora tende a ser generalizado, porque quase todos os produtos devem avançar neste novo plantio. A soja que vinha sendo apontada como ouro amarelo pelos produtores, agora terá a parceria do ouro branco, o algodão, que depois da vitória do Brasil junto a OMC, está colocando o país entre os líderes do segmento mundial, abrindo grandes espaços para as exportações nos próximos anos. Outro produto que perdeu terreno para a soja e deverá voltar a ter grandes investimentos é o milho, que neste ano está sendo bastante rentável ao setor, com a vantagem tecnológica da rotação de cultura trazendo bons ganhos econômicos. A soja também terá forte avanço, porque grandes áreas de pastagens degradas foram abertas nestes últimos meses e devem receber a oleaginosa. O ponto de apoio ao crescimento está sendo visto junto ao setor de fertilizantes, que vem mostrando recordes de importações e, também recorde de produção interna, mostrando já nestes primeiros meses do ano crescimentos acima das estimativas. Os primeiros indicativos de vendas de fertilizantes para este ano apontavam para as 24,5 milhões de t, contra as 22,7 milhões efetivadas no ano passado. Agora está se reavaliando o quadro e devido ao forte crescimento de internalizações e vendas destes fertilizantes, poderemos chegar à marca das 26 milhões de t vendidas aos produtores neste ano. Isso representará reflexos diretos no aumento da área a ser plantada juntamente com avanço na tecnologia empregada. As estimativas iniciais desta última safra apontavam para 130 milhões de t, se não fossem os problemas climáticos, agora com crescimento da área e da tecnologia, podemos esperar que a safra possa bater a marca das 140 milhões de t e assim podemos esperar por silos cheios em 2005.
MILHO Safrinha em bom desenvolvimento O mercado do milho em maio teve posições estabilizadas e até momentos de baixa em função do clima que se mostrou favorável às lavouras da safrinha, apontando chuvas regulares e assim forçando alguns produtores à venda do produto antes da colheita, que começa neste mês e deverá se estender até agosto. Com a safrinha em bom desenvolvimento o milho tende a mostrar pouco fôlego para evolução nestes próximos dois meses. Existem grandes volumes do cereal nos armazéns de comerciantes, produtores e cooperativas, podendo aparecer em oferta para abrir espaço para o produto da safrinha. Se o clima continuar favorável à safrinha, o mercado ficará nas mãos das exportações que poderá crescer se houver uma nova disparada no câmbio e assim, dar sustentação aos indicativos e até correções. Caso o câmbio se mantenha estável e o clima for satisfatório, pouco teremos de evolução no milho e então, na boca da colheita, poderemos reverter as posições e ocorrer pequenas quedas.
SOJA Chegando ao pico da entressafra mundial O mercado da soja neste mês de junho e julho estará chegando ao pico da entressafra mundial, e assim, os estoques para a comercialização estarão restritos ao Brasil e Argentina. Neste sentido, estaremos andando em cima de alterações no clima nos EUA, que têm sido favorável aos produtores derrubando as cotações em Chicago. Mas como o quadro mundial é muito apertado, as quedas podem ser pequenas, e havendo quaisquer mudanças nas lavouras americanas, poderemos ter novos momentos favoráveis, como em maio, que chegamos à marca dos US$ 10,50 por bushel. Mas é bom alertar que o plantio da safra americana se deu dentro do período ideal. De agora em diante, a safra americana tende a ser o fator mais importante e assim, por enquanto, temos mais fatores limitantes do que favoráveis a novos avanços. O fator positivo para os produtores do Brasil é o câmbio por aqui, ou seja, poderemos receber menos dólares, mas termos maior volume de reais.
FEIJÃO Vendendo produto chuvado O mercado do feijão teve em maio um mês de estabilidade e pouco fôlego para crescer devido ao grande volume do produto disponível mas com baixa qualidade, limitando as cotações aos produtores. O Fei-
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jão, por exemplo, teve mais vendedores do que compradores e assim, indicativos fracos, ainda mostrando posições baixas para o produto de menor qualidade, mas trabalhou acima dos R$ 75,00 e, até casos isolados, de R$ 90,00 pelo produto de ponta. Deste mês em diante, teremos flutuações favoráveis aos produtores que tenham produto de boa qualidade, enquanto veremos a comercialização levando os últimos volumes do produto inferior, assim desafogando o mercado que trabalhou sufocado e sem fôlego para crescer nos últimos dois meses. O plantio da terceira safra começa agora, e tem grandes possibilidades de dar aos produtores um bom retorno econômico, porque teremos poucas sobras da segunda safra para negociar nos próximos meses.
ARROZ Safra acima das expectativas segura cotações O mercado do arroz que apresentou crescimento nas cotações aos produtores mesmo no momento da colheita, mostrou-se estabilizado em maio, caminha para um quadro de calmaria também em junho. Isto acontece porque os produtores têm dividas a quitar neste período, e como os silos estão cheios de produto, há pouco espaço para grandes avanços nos indicativos, principalmente no RS. A expectativa é ver o consumo crescer junto às redes de varejo enquanto mantêm-se estáveis as cotações do fardo e também do casca, que mostram pouco espaço para evolução em curto prazo. As maiores chances de evolução são no segundo semestre, quando a demanda tende a ser aquecida.
CURTAS E BOAS ARGENTINA - safra fechada mostra soja com cerca de 32 milhões de t, milho com 12,5 milhões, arroz com 0,9 milhões de t, onde somente o arroz tem mostrado crescimento sobre o ano anterior. URUGUAI - a colheita da safra do arroz fechou com algo próximo das expectativas locais ou 1,1 milhões de t, e mostrava bom volume do produto sendo carreado para o mercado brasileiro. Aparentemente teria comprado cerca de 100 mil t da safra colhida, sendo entregue às indústrias gaúchas e paulistas, com um e outro volume para outros compradores. Houve reclamação dos vendedores uruguaios frente à forte alta ocorrida do dólar no Brasil que dificultou os novos fechamentos. ALGODÃO - o Brasil teve uma boa vitória contra os EUA e seus subsídios dados aos produtores de algodão. Com isso, sinais de que nos próximos anos os produtores brasileiros poderão crescer na produção para atender a demanda crescente que existe no mercado mundial. As primeiras indicações apontam para o crescimento do algodão, agora sendo chamado de Ouro Branco, ou um novo ciclo da agricultura brasileira. Segue com indicativos de crescimento do plantio, que nesta safra ficou levemente acima de um milhão de hectares, contra menos de 740 mil plantados no ano passado. Agora os novos números apontam para 1,2 milhões de ha, ou cerca de 20% acima do que se plantou neste ano. Os produtores investiram pesado em máquinas para dar suporte ao crescimento no novo plantio. SAFRINHA - depois de um começo conturbado, com tempo seco e redução de área, o clima se normalizou e mostrou chuvas regulares em maio, com bom desenvolvimento das lavouras, que estão sinalizando para algo entre 8 a mais de 9 milhões de t, contra as 12,8 colhidas no ano passado. Agora as estimativas ficam acima das estimativas do mês passado que davam conta da produção variando das 5 a 7 milhões de t. TRIGO - o plantio da safra vem ocorrendo em bom ritmo nos estados do Sul e também no cerrado, com os produtores apostando em boa tecnologia porque o produto tem mostrado boas cotações no mercado mundial, e tem criado suporte, tanto para vendas internas como também na exportação que tem aparecido como alternativa de liquidez aos produtores. O mercado mundial segue comprador e assim desafogando os produtores que tinham baixa liquidez nos anos anteriores. O mercado interno tende a mostrar pressão de alta neste mês, em função do crescimento dos custos de importação e de estarmos no pico da entressafra nacional.
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Junho Maio de 2004 2003