Cultivar Grandes Culturas • Ano V • Nº 65 • Setembro 2004 • ISSN - 1518-3157
Nossa capa
Destaques
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Foto Capa / Marco Antônio Lucini
Limpeza total Além de prevenir a perpetuação do bicudo, a destruição de soqueiras do algodão diminui os custos da produção
13 Brusone no ataque Problema antigo, a brusone atacou forte as lavouras do Cerrado e, agora, começa a ser um problema também no Paraná
Nossos cadernos
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Fotos de Capa / Marco Antônio Lucini
Da teoria à pratica Depois de muitas discussões e reuniões, a pesquisa faz a indicações e aponta estratégias para a safra de soja 2004/05
26 Semente certa Conheça as características das 230 cultivares de milho disponíveis para a safra 2004/05 para todas as regiões
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Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Índice Diretas Limpeza total de soqueiras em algodão Sphenophorus Levis em cana Brusone ataca trigo no Paraná Brusone na cevada no Paraná Plantio de cevada no Cerrado Soja - Indicações para safra 2004/05 Manejo de sementes XXXVII Congresso de Fitopatologia Tabela das cultivares de milho 2004/05 Molécula Flutriafol Negócios Coluna Aenda Tabela de defensivos Informe jurídico Agronegócios Projeções econômicas - Global Invest Mercado agrícola Palavra do produtor
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REDAÇÃO • Editor
Charles Ricardo Echer • Coordenador de Redação
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diretas Homenagem
Novo herbicida
Gerente geral da Embrapa Café, Antônio de Pádua Nacif, é homenageado pelo Instituto Agronômico (IAC), durante o “IV Curso de Atualização em Café”. A homenagem é em reconhecimento aos relevantes serviços prestaAntônio de Pádua Nacif dos por Nacif à cafeicultura brasileira. O gerente coordena o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café.
A Basf lança novo herbicida. Alteza 30 SL, que atua no controle de plantas daninhas da soja, indicado tanto para folhas largas como estreitas, tem como característica principal, a prolongada atuação, limitando na maioria dos casos a uma única aplicação.
2ª Edição
Novo endereço
“Manual de Diagnose e Controle de Doenças do Milho”, de autoria de Ricardo Casa, Erlei Reis e Andrea Bresolin, está na sua segunda edição. A obra, totalmente atualizada, está especialmente voltada para a sintomatologia e controle integrado. Pode ser adquirido pelo fone: (49) 221-2291 ou e-mail: a2rtc@cav.udesc.br
A Bayer CropScience, empresa do ramo de agroquímicos, está em novo endereço. As novas instalações estão na rua Verbo Divino, 1207 – bloco B, chácara Santo Antonio em São Paulo.
Novo comando
Acontecerá de 28 de novembro a 02 dezembro de 2004, em Londrina (PR), o workshop internacional para manejo da broca do café. O evento tem o objetivo de estabelecer bases para implementação de táticas ecológicas para o controle do inseto.
A Aprosoja nomeou recentemente seu novo Presidente. O agrônomo Gustavo Gonçalves (dir.), gerente de marketing da Divisão de Sementes do grupo Brejeiro, assumiu o cargo no lugar de Ywao Miyamoto (esq.), PreMiyamoto e Gonçalves sidente da Abrasem.
Negociações Diretores da Aiba e da Abapa, estiveram reunidos com o presidente Lula. Entre os assuntos em pauta, a implantação de um pólo sucroalcooleiro na região, a logística de transportes e renegociação de dívidas rurais.
Shiro Nishimura
Novo presidente Rico Toft Christensen substitui Jorge Moura na presidência da Cheminova. Anteriormente, Rico ocupava o cargo de diretor de marketing, logística e desenvolvimento de mercado.
Reunião
Cultivar
Pós-graduação Estão abertas as inscrições para o curso de pósgraduação no Instituto Agronômico de Campinas, com pesquisa voltada à agricultura tropical e subtropical. Inscrições poderão ser feitas até 20 de setembro. Informações disponíveis no site: www.iac.sp.gov.br/pg ou fone: (19) 3231 5422 ramal 124
Cooplantio
Workshop
Augusto César Moreira
A Cooplantio inaugura sua 11ª filial. A nova unidade está sediada no município de Rosário do Sul (RS). Juntamente com o gerente, agrônomo Augusto César Moreira, mais sete profissionais atuarão na venda de insumos e prestação de assistência técnica aos produtores da região.
Aviação agrícola A Schröder Consultoria está desenvolvendo cursos de capacitação profissional para pilotos agrícolas, agrônomos e técnicos agrícola. O Programa envolve gestão das aplicações de insumos, vantagens, limitações, custos, preparo de cargas, além de outras dicas. Mais informações pelo fone: (53) 3025 1518
Ampliando horizontes Donizeti Fornarolli, gerente de pesquisa da Milenia, passa a atuar nas relações externas da empresa, junto a órgãos de pesquisa. Até julho, Fornarolli atuava junto ao público interno.
Donizeti Fornarolli
Cargos
Aconteceu no último dia 10 de agosto, em São Paulo, a reunião do 1º Comitê Agências “Lançamentos dos Comitês ABMR & A (Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócios)”. Em pauta esteve o compromisso de traçar o plano 2004-2005.
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Canal de TV A Embrapa Clima Temperado, Câmara Municipal e Emater de Pelotas (RS), assinam o protocolo de lançamento do “Câmara Rural”, um prograCosta Gomes (à esq.) ma de televisão que será produzido em parceria pelas instituições. O chefe-geral da Embrapa, João Carlos Costa Gomes, salientou a importância do programa para o produtor Rural.
O agrônomo Gerhard Bohne, assume a diretoria de marketing e a área de pesquisa e desenvolvimento da Bayer CropScience e Peter Ahlgrimm é o novo diretor de relações Peter Ahlgrimm institucionais.
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Gerhard Bohne
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Algodão
Limpeza total Fotos Aloísio Bianchini
Pragas e doenças sobrevivem nos restos culturais que rebrotam na lavoura, assim a destruição das soqueiras após a colheita é a recomendação para a redução de custos de produção
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área utilizada para o cultivo do algodão no Brasil tem aumentado nos últimos anos, principalmente nas regiões dos cerrados, onde se tem conseguido excelentes produtividades e alta qualidade de pluma. No entanto, para que esta cultura continue economicamente viável, são necessárias medidas que envolvam toda a cadeia produtiva, ou seja, o poder público, os produtores e a indústria. Os produtores precisam ficar atentos às medidas necessárias para reduzir custos de produção e uma delas é reduzir o número de aplicações de produtos químicos, principalmente aqueles utilizados no controle fitossanitário, já que o algodoeiro é uma planta que pode ser atacada por inúmeras pragas e doenças. Neste sentido, medidas profiláticas essenciais devem ser adotadas, para evitar a sobrevivência e multiplicação de insetos-praga, insetos-vetor e agentes causadores de doenças. Entre as medidas profiláticas recomendadas podem-se citar a rotação de culturas e a destruição dos restos culturais do algodoeiro. A destruição dos restos culturais do algodoeiro é essencial, pois ele é considerado planta perene e rebrota após a colheita, podendo hos-
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pedar pragas e doenças que vão atacar as novas lavouras do ano seguinte. Os restos culturais, também denominados de soqueira, abrigam pragas, como o bicudo, a broca da raiz, o percevejo castanho e doenças, como a ramulose e a ramularia, que continuarão a se reproduzir, aumentando o potencial de ataque nas lavouras do próximo ano. O bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) alimenta-se de botões florais e maçãs tenras, principalmente em final de ciclo e é considerado como sendo uma das principais pragas da cultura do algodão devido aos danos que causa e à sua alta capacidade de reprodução. Se por um lado, ele causa sérios
Logo após a colheita, a soqueira de algodão deve ser erradicada devido sua vida perene
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prejuízos à cultura, ao reduzir a produtividade e a qualidade das fibras, por outro lado, ele se reproduz rapidamente, já que em um único ciclo da cultura sete gerações desta praga poderão ser obtidas. A infestação dos campos ocorre pela migração de insetos adultos para as lavouras, que ali alimentam-se e atraem as fêmeas para a reprodução, por meio do hormônio de exalam. Desta forma, uma maneira de manter baixa a população deste inseto é utilizar armadilhas com feromônios e eliminar as plantas hospedeiras e a soqueira, que possam servir de abrigo e alimento para este inseto-praga. A presença de soqueira, após a colheita ou o aparecimento de plantas advindas de sementes que caíram no solo fornecerá abrigo e alimento para a permanência e multiplicação de insetos e patógenos para o próximo cultivo. Assim, a eliminação das soqueiras do algodoeiro é prática que deve ser adotada por todos os cotonicultores e deve ser executada imediatamente após a colheita, principalmente na região Centro Oeste, onde não ocorre diapausa das pragas que atacam esta planta. Caso contrário, o ataque das lavouras do ano seguinte será mais intenso, podendo compro-
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meter a produção de toda uma região. A prática da eliminação de soqueiras do algodão é tão importante que se tornou obrigatória no Brasil em 1953 e, a partir de 1993, foi repassada aos Estados, por meio de portaria ministerial, a incumbência de definir as datas limites para a permanência das soqueiras no campo. No Estado de Mato Grosso, por exemplo, os cotonicultores têm até o dia 31 de agosto para destruir as soqueiras de suas lavouras. A forma utilizada para destruir as soqueiras do algodoeiro varia de região para região e, até mesmo, de uma propriedade para outra e se constitui em prática cara, pois envolve, normalmente, mais de uma operação mecanizada para que se tenha sucesso na eliminação das plantas. Os agricultores utilizam diferentes formas para destruir soqueiras em função do manejo que dão ao solo e por falta de uma técnica definida como mais recomendável do ponto de vista da eficiência e do custo. Os vários métodos que estão sendo adotados pelos agricultores, independente de sua eficácia ou restrição legal, são os seguintes: roçada seguida de gradagem pesada; roçada, arranquio do toco e subsolagem; roçada e aplicação de mis-
A manutenção das plantas assegura a sobrevivência e multiplicação das pragas e doenças
CONTROLE QUÍMICO
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busca por alternativas que possibilitem a destruição da soqueira do algodão, com um custo baixo e que sejam menos agressivo ao solo, em relação aos implementos que o mobilizam levou ao uso do controle químico, pelo uso de misturas herbicidas, associado a implementos de trituração. Neste método os restos culturais do algodão são, inicialmente, triturados a uma altura entre 10 e 15 centímetros, utilizando-se de trituradores de restos vegetais ou roçadoras. tura herbicida na rebrota; eliminação da soqueira por meio de maquinas específicas. Como se observa, os métodos em uso envolvem, normalmente, o emprego de duas operações mecanizadas, sendo que na primeira, as plantas são roçadas por meio de roçadoras ou destruidores de restos culturais (Triton) e, na segunda, o toco da planta é eliminado, por meio de herbicidas, gradagens ou pelo uso de implementos específicos para este fim. Existem, também, máquinas que foram, recentemente, lançadas no mercado e que são capazes de arrancar e triturar as plantas de algodão em uma única operação. O método convencional utilizado para destruir as soqueiras do algodoeiro envolve o uso de roçadoras ou trituradores vegetais seguidos do uso de grades médias ou pesadas. Este método tem a desvantagem de revolver muito o solo, além de não eliminar totalmente as plantas, pois muitas delas não são efetivamente arrancadas ou enterradas no solo e acabam rebrotando e servindo de hospedeiras para pragas e doenças. Por outro lado, ele não satisfaz as necessidades daqueles agricultores que não têm pretensão de produzir intensa mobilização do solo, como é o caso de agricultores que estão tentando viabilizar a inclusão do algodão no sistema “plantio direto”. A grade de discos é um implemento que causa gran-
Quando a rebrota aparece são aplicados, por meio de pulverizadores, mistura de herbicidas com a finalidade de eliminá-la. A destruição química dos restos culturais do algodoeiro tem sido feita pelo uso de herbicidas como Gliphosate e 2,4 D amina em combinação. Os resultados dessa prática são, ainda, questionados, uma vez que este controle não tem apresentado a eficiência que a medida exige, além do fato que os herbicidas empregados têm problema de registro para este tipo de uso. de desagregação do solo, quebrando sua estrutura e facilitando o processo erosivo, além de favorecer a formação de camada compactada na subsuperfície do solo. Outro método que pode ser adotado é o emprego de arrancadores de soqueiras, como o produzido pela Watanabe (foto), que são utilizados após a roçagem. Estes implementos permitem arrancar as soqueiras, mas apresenta o inconveniente de deixar sulcos na lavoura após sua passagem. As irregularidades na superfície do solo, resultante do uso destes implementos pode ser minimizada pelo uso de escarificadores ou subsoladores, que são freqüentemente empregados na cotonicultura, uma vez que o sistema radicular do algodoeiro não consegue desenvolver-se adequadamente em solos compactados. A qualidade do trabalho executado por este implemento depende muito da sua regulagem e da habilidade do operador, pois é necessário manter a posição dos discos sobre as fileiras, do contrário, muitas plantas deixam de ser arrancadas e rebrotarão, comprometendo a qualidade do trabalho. O fato da cultura do algodão não se desenvolver adequadamente em solos que apresentam camadas compactadas leva alguns agricultores a efetuar a operação de destruição de soqueira concomitante à operação de escarifi-
Fotos Aloísio Bianchini
cação ou subsolagem. Para atender estes casos surgiu no mercado, recentemente, uma máquina da Ikeda Máquinas Agrícolas que é a fusão de um destruidor de restos culturais e um subsolador. Os órgãos ativos do subsolador possuem lâminas, presas às pontas das hastes, que trabalham horizontalmente na sub-superfície do solo, de forma a extirpar o sistema radicular das plantas que acabam morrendo após alguns dias. Este equipamento faz, em uma única operação, o trabalho de escarificação do solo e destruição das soqueiras de
Bianchini, salienta a extrema importância da destruição das soqueiras
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Combinação de roçada mais aplicação de herbicidas, tem sido um dos métodos mais empregados
algodão, pela roçagem da parte aérea e corte do sistema radicular, no entanto, seu uso requer elevada potência do trator. A destruição da soqueira do algodão pelo uso de triturador de restos vegetais, seguido da aplicação de herbicidas, tem sido justificada pela possibilidade de manter os restos vegetais sobre o solo e não apresentar qualquer tipo de mobilização, quesitos necessários para a adoção ou manutenção do sistema “plantio direto”. A busca da indústria nacional por soluções adequadas às necessidades dos cotonicultores mostra-se mais uma vez presente quando a JF Máquinas Agrícolas laçou, recentemente, no mercado uma máquina capaz de arrancar as plantas de algodão, triturá-las e distribuir o material picado na superfície do solo, sem que seu perfil cultural seja mobilizado excessivamente. Neste caso, o equipamento dispensa o uso do triturador ou roçadora, pois consegue arrancar e triturar as plantas de algodão em uma única operação. No Estado de Mato Grosso, a Fundação de Apoio à Cultura do Algodão – Facual está financiando pesquisas com a fi-
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nalidade de avaliar os diferentes métodos e máquinas utilizadas na destruição das soqueiras do algodão. Uma das atividades previstas é a realização de ensaios de campo, no final do mês de julho, no município de Campo Verde e os fabricantes de máquinas foram convidados para colocar suas máquinas ou protótipos de destruição de soqueiras em teste. O Facual está financiando, também, a construção de protótipos de máquinas para este fim, como no caso da máquina que está sendo desenvolvida pelo Departamento de Solos e Engenharia Rural da Universidade Federal de Mato Grosso, que tem por finalidade arrancar e triturar a soqueira do algodão, distribuindo na superfície do solo o material vegetal picado. A destruição da soqueira do algodão, embora extremamente necessária, é uma prática ainda não consolidada do ponto de vista tecnológico e trás muitas dúvidas aos cotonicultores e técnicos do setor. Existem várias técnicas e equipamentos disponíveis no mercado para esta prática, mas a eficácia e os custos envolvidos, ainda, não estão bem definidos, principalmente pelo fato de que constantemente novos equipamentos têm sido lançados no mercado. Isto mostra que as técnicas para a destruição de soqueiras do algodão estão sendo aprimoradas a cada dia e a dinâmica do processo produtivo levará brevemente à definição dos métodos e equipamentos mais adequados à C condição de cada cotonicultor. Aloisio Bianchini DSER/Famev – UFMT
BASE DE CUSTOS
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s custos envolvidos na prática de destruição da soqueira do algodão são relativos, principalmente pelo fato de que os agricultores fazem seqüências diferentes de equipamentos para manejar o solo e a soqueira do algodão. De qualquer forma pode-se fazer uma estimativa de custo relativo por hectare, considerando-se o preço de R$ 55,00 (US$ 17,62) a arrouba (@) de pluma, para as várias tarefas que podem estar envolvidas no processo de destruição de soqueiras do algodão: 0,54 @ para gradagem; 0,4 @ para roçagem; 0,7 @ para subsolagem. Para o arrancador da Watanabe o custo relativo pode ser estimado em 0,4 @ por hectare e para o destruidor de soqueiras da JF o custo pode ser estimado em 0,54 @.
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Cana-de-açúcar Fotos José Francisco Garcia
Definhando o stand
Semelhante ao bicudo do algodoeiro, o gorgulho-da-cana, considerada praga secundária se dispersa e eleva danos nas principais regiões sucroalcoleiras de São Paulo
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pesar de todos os expoentes positivos, no tocante à exploração racional e econômica da cana-deaçúcar, esta cultura é atacada por várias espécies de pragas, fator importante na diminuição da produtividade. Dentre os inúmeros insetos-praga que causam sérios prejuízos à cana no Estado de São Paulo, pode-se destacar Sphenophorus levis, conhecido como gorgulho-dacana, gorgulho-rajado ou besouro-da-cana, um coleóptero pertencente a família Curculionidae. Hoje o gorgulho é a praga mais recente da cana-de-açúcar nesse Estado ocasionando graves prejuízos. É semelhante ao bicudo-do-algodoeiro, Anthonomus grandis, tendo o dobro do seu tamanho, e a Metamasius hemipterus, praga da parte aérea da cana, só que desprovido de manchas nas asas. Essa espécie foi coletada pela primeira vez no Brasil atacando bromeliáceas e a ocorrência em cana-de-açúcar relatada em 1977. Embora S. levis tivesse sido considerada como praga secundária inicialmente, é a espécie de curculionídeo mais importante como praga dessa cultura, pois seus danos são muito elevados pela redução que provocam no stand do canavial. Apesar de sua baixa capacidade de dispersão, S. levis inicialmente restrito à região de Piracicaba hoje, graças a descuidos no
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transporte de canas para muda, já encontrase disseminado em outras importantes regiões sucroalcooleiras do Estado.
CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS Ovo - A postura nos rizomas é endofítica,
Ataque do gorgulho aos colmos podem reduzir a produção em 30 t/ha
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variando desde a superfície até a um máximo de 4 mm de profundidade. Para realizá-la, a fêmea abre, com o rostro, um orifício e o ovo é colocado individualmente. Os ovos são elípticos e sua coloração inicial é branco-leitosa, escurecendo à medida que se aproxima o momento da eclosão da larva. O período de incubação varia de sete a 12 dias. Larva - A larva recém-eclodida é brancoleitosa, adquirindo posteriormente coloração amarelada. Possui sobre o dorso e no primeiro segmento torácico, junto à cabeça, uma mancha castanho-escura e espiráculos visíveis neste segmento e no abdome. A cabeça é de cor castanho-avermelhada e as mandíbulas são bem desenvolvidas. Para se locomover, a larva ápoda apóia-se nas paredes das galerias abertas para se alimentar. Antes de passar à fase de pupa, ela amplia a galeria em que se encontra, preparando a “câmara-pupal”. Posteriormente, cessa praticamente seus movimentos, pára de se alimentar, diminui de tamanho e passa à fase de pupa. A fase larval pode durar de 26 a 50 dias. Pupa - Logo após a formação, é brancoleitosa, do tipo exarada, tornando-se castanha à medida que se aproxima a emergência do adulto. O período pupal é de cinco a 13 dias. Adulto - Geralmente é encontrado abrigado abaixo do nível do solo. Possui coloração
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castanho-escura, com manchas pretas no dorso do tórax e listras longitudinais sobre as asas. Move-se lentamente e simula estar morto quando tocado. O macho é normalmente menor do que a fêmea, apresentando a região ventral mais pilosa, principalmente na coxa dianteira, onde as cerdas agrupam-se, dando um aspecto de esponja. A longevidade do adulto é de uma semana a 250 dias para as fêmeas e machos.
PREJUÍZOS As larvas abrem galerias nos rizomas, originando sintomas de amarelecimento e seca de folhas e perfilhos. Os danos refletem-se no número, tamanho e diâmetro de colmos finais para a colheita, sendo que as perdas econômicas podem ser estimadas em relação à redução nas toneladas de cana esperadas por hectare. Assim, em alguns locais tem-se detectados de 50 a 60% de perfilhos atacados, ocasionando reduções de 20 a 30 toneladas por hectare.
CONTROLE DA PRAGA Até o momento, mesmo não se obtendo resultados expressivos por meio de alguns métodos isolados empregados, as medidas de controle devem ser adotadas de preferência em conjunto no momento adequado, para propiciar o combate à praga. Assim, os métodos empregados são:
Cultural: Em áreas de reforma do canavial sob ataque da praga, realizar a rotação de culturas, com prévia eliminação de soqueiras mediante aração e aproximadamente três gradagens, logo após o corte da cana para industrialização, ou seja, alguns meses antes do plantio. O acme populacional de larvas ocorre entre os meses de abril a agosto, sendo este o momento mais propício para o uso desta prática, contribuindo, assim, para reduzir drasticamente a sua população. O custo de opera-
ção é estimado em R$ 30,00 / ha. Químico: O uso de armadilhas (iscas) tóxicas tem mostrado certa eficiência de controle de adultos. As iscas são confeccionadas com canas cortadas ao meio e previamente tratadas com inseticidas (mistura de 25g de carbaril 850 PM com 1 l de água e 1 l de melaço) e distribuídas na base de 100 a 120 iscas por hectare. O uso curativo de inseticidas, em canaviais já implantados, não se constitui em medi-
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Fotos José Francisco Garcia
NÚMEROS
O
Danos causados por Sphenophorus levis à planta de cana
da aconselhável, resultando em controle ineficiente, pois os adultos de S. levis movimentam-se lentamente, pouco expondo-se ao inseticida. A ocorrência de formas imaturas (ovos, larvas e pupas) em locais inacessíveis aos produtos (no interior de rizomas), dificulta o contato do inseto com o inseticida. O mesmo aplica-se ao controle químico preventivo, com uso de inseticida no momento de implantação do canavial. No futuro, há a possibilidade de aplicação de semioquímicos, como feromônios, no monitoramento e na atração de adultos para armadilhas contaminadas com inseticida, aumentado, assim, a eficiência desse método. Biológico: O uso de fungos entomopatogênicos, para o controle de curculionídeos, é uma alternativa que vem mostrando-se viável. Alguns experimentos utilizando os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae têm mostrado resultados promissores desses microrganismos no controle de S. levis. Isso porque os solos do agroecossistema da canade-açúcar, por sua temperatura moderada, umidade e presença de matéria orgânica, podem representar um ambiente favorável para o desenvolvimento dos fungos. A utilização de toletes de cana (semelhantes às iscas empregadas no controle químico) inoculados com
Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar, respondendo aproximadamente por 29% da produção mundial. Nesse contexto, o complexo sucroalcooleiro movimenta uma renda de 12 bilhões de dólares, representando 3,5% do PIB nacional. A produtividade média em 2003 foi de 92,7 toneladas/hectare. A cana-de-açúcar é a base para todo o agronegócio sucroalcooleiro, representado por 350 indústrias de açúcar e álcool e 3,6 milhões de empregos diretos e indiretos. tais fungos tem a vantagem de atrair adultos para um local com grande concentração de inóculo, protegido de fatores abióticos indesejáveis, favorecendo assim, o controle do gorgulho-da-cana, com baixa quantidade de fungo por hectare. Monitoramento: Não existe metodologia para avaliar os danos causados pela praga. Em áreas de ocorrência, avalia-se a queda de produção em função do potencial da área. Quando é alta opta-se por reformar o canavial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Face à gravidade dos prejuízos que ocasiona ao reduzir drasticamente a produção e a longevidade dos canaviais, pela dificuldade para controlá-lo, com resultados nem sempre satisfatórios, há necessidade de certas precauções para evitar a propagação de S. levis em áreas onde ainda ele não ocorre. Como o inseto possui baixa capacidade de dispersão, a sua principal forma de disseminação dá-se com o auxílio do homem, pelo descuido no transporte de cana de áreas infectadas para outros
No Estado de São Paulo, responsável por cerca de 60% da produção nacional, o agronegócio da cana movimenta 3 bilhões de dólares por ano, proporcionando 600 mil empregos diretos. São Paulo é, em nível mundial, líder em competitividade (menor custo de produção) e em exportação de açúcar. A importância econômica da cana para esse Estado deverá crescer significativamente em função de seu potencial para a produção de energia renovável. locais. Sua presença pode ser confinada às áreas infestadas desde que se tomem cuidados preventivos. Assim, o transporte de cana de áreas atacadas deve ser realizado com segurança para evitar a queda de canas pelo caminho e, principalmente, não utilizar canas para muda de áreas sabidamente sob ataque de S. levis, a menos que estas sejam expurgadas com inseticida antes de deixarem esses locais. Em áreas infestadas, o uso de iscas para manter baixa a população da praga nas épocas de presença de adultos (outubro a março acme), complementado com o controle mecânico, no momento adequado (abril a agosto), permite a convivência com a praga em níveis suportáveis sob o ponto de vista de danos econômiC cos à lavoura. Luciano Pacelli M. Macedo, José Francisco Garcia e Simone de Souza Prado, Esalq/USP Paulo Sérgio Machado Botelho, UFSCar
Larvas encontram no interior do colmo alimento e abrigo dificultando o controle
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Cultivar
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Trigo
Alerta no PR
Fotos Dirceu Gassen
Além do Cerrado, o Paraná também está tendo que tomar cuidados com a brusone, onde lavouras inteiras de trigo já foram atacas
lhorar a eficiência do controle da doença. 4) Produto e dose utilizada: produtos novos, alguns em forma de mistura de princípios ativos, têm apresentado níveis variados de controle, requerendo estudos mais completos e elucidativos. Entre eles o Epoxiconazole + Pyraclostrobin (Opera), Azoxystrobin (Priori), Propiconazole + Trifloxystrobin (Stratego) e Tebuconazole + Trifloxystrobin (Nativo). O Tebuconazole (Folicur) e Metconazole (Caramba), que já estão registrados têm apresentado eficiência de controle variando de 30% a 50%. Nem todos os produtos, no entanto, estão registrados para uso em trigo. Doses completas dos produtos tem apresentado melhor controle do que doses parciais.
CONSIDERAÇÕES DE ORDEM GERAL
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brusone do trigo causada pelo fungo magnaporte grisae está ocorrendo em forma epifítica na regiões Norte e Oeste do Estado do Paraná, maior produtor do cereal. A área semeada no Norte foi estimada em 578.155 ha, correspondendo a 43.6% e no Oeste 271.280 ha, correspondendo a 20.5% do total de 1.326.189 ha previstos para o estado (Fonte: Seab/Deral – Trigo Safra 03-04). A maior intensidade de ocorrência da doença tem ocorrido nas regiões de Assaí, Maringá e em menor intensidade em Sertaneja, Rolândia e Arapongas. As lavouras estão apresentando ataques muito variados, indo de baixo percentual até ataques máximos (chegando a atingir lavouras na sua totalidade). Está havendo dificuldades de controle da doença pois quando os sintomas aparecem visíveis em forma de espigas infectadas, o fungo já está instalado e o controle comprometido. A estimativa das perdas até o presente momento está na faixa de 15-20% das lavouras implantadas no Norte e 5% nas lavouras do Oeste do Paraná. Grandes epifitias da doença ocorreram já em meados das décadas de 1980 e 1990, com grandes prejuízos à triticultura nacional. As condições favoráveis para a infecção das espigas são temperaturas entre 21-27 °C e período de molhamento durante 10 a 14 horas. Temperaturas noturnas em torno
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de 20 °C, com umidade do ar superior a 90% e excesso de água no solo são fatores que contribuem para o processo infeccioso. A ocorrência com menor ou maior intensidade nesta safra dependeu de alguns fatores, a saber: 1) Época de semeadura: as épocas mais antecipadas, de março ou primeira quinzena de abril foram as mais atacadas, o que confirma experiências anteriores de plantios do cedo. 2) Cultivar utilizada: está sendo observado que as cultivares apresentam comportamento diferenciado em relação a uma possível resistência parcial ou suscetibilidade ao patógeno. Também o ciclo da cultivar pode interferir no processo, atuando como forma de escape dos ataques mais intensos. Observa-se também que algumas das cultivares mais plantadas no ano estão apresentando maiores intensidades de ataque. 3) Início do tratamento fúngico: em experiências obtidas por agentes da assistência técnica e produtores, conseguiu maior controle da brusone, quem aplicou fungicida no inicio do espigamento da lavoura e voltou a re-aplicar uma segunda dose 12 a 15 dias após, já no final do espigamento, protegendo assim a grande maioria das espigas emergentes. Faltam no entanto estudos mais detalhados para indicar o momento mais correto de aplicação, visando me-
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Pelo que se pode observar, dificuldades técnicas (falta de estudos detalhados sobre a ocorrência da brusone e o seu controle) e ambientais (especialmente a ocorrência de chuvas e temperaturas favoráveis) estão contribuindo para dificultar o processo de controle. No entanto, diferentes medidas, dentro do reconhecido Manejo Integrado de Doenças (MID), deverão ser implementadas para melhorar a eficiência. Entre as medidas que podem ser preconizadas, e necessitam melhores esclarecimentos destacam-se: • Evitar o plantio do cedo, dando preferência para semeaduras a partir da primeira quinzena de abril, em áreas com rotação de culturas; • Evitar áreas de baixadas nas proximidades dos vales de rios onde normalmente acumula-se mais umidade; • Escolher cultivares com melhor comportamento e nível de resistência; • Desenvolver os estudos de etiologia e epidemiologia da doença; Incrementar os estudos de efeito dos produtos (fungicidas) e época(s) apropriada(s) de aplicação visando melhorar a eficiC ência do controle. Carlos Roberto Riede Iapar
15 a 20% são as estimativas de perdas nas lavouras do Norte do Paraná
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Cevada
Fotos Paulo Kurtz
Perigo à vista
Embora com maiores possibilidades de se desenvolver na região do Cerrado, produtores do Sul do país se mantêm alertas quanto ao ataque de Brusone nas lavouras de cevada.
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brusone, induzida por Pyricularia grisea (Magnaporthe grisea), é uma das principais doenças de arroz e, por isso, bastante pesquisada no Brasil e no mundo. O patógeno pode sobreviver na forma de micélio ou conídio em restos de culturas, em sementes, em hospedeiros alternativos e em plantas voluntárias da cultura principal. O fungo apresenta ampla variabilidade em relação a características culturais, exigências nutricionais e patogenicidade. A colonização de tecidos do hospedeiro é facilitada pela produção de to-
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xinas, que provocam a morte de células, e pelas hifas, que se desenvolvem no tecido morto. Em cevada, a brusone é doença de ocorrência recente no Brasil, tendo sido relatada pela primeira vez afetando folhas em 2000, em Brasília (DF). Em lavouras nos estados de Goiás, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, em 2001 e 2002, foram coletadas espigas de cevada parcialmente descoloridas sintoma esse semelhante aos ocasionados pelo ataque de brusone a espigas de trigo. O sinto-
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ma de descoloração de espigas, observado em 2001, foi mais intenso em lavouras no estado de Goiás, onde chegou a afetar mais da metade das espigas. Até então, desde o início da produção comercial de cevada em 1999, pouco ou nenhum ataque de doenças havia sido registrado em lavouras irrigadas na região do cerrado. Pyricularia sp. foi detectado em amostras de sementes oriundas de diferentes lavouras da região do Brasil Central, em 2001. Entretanto, o patógeno não foi detectado em amostras de sementes usadas para semeadura dessas lavouras, indicando não ter sido a semente a origem do inóculo da doença nesse ano. O aparecimento de brusone em espigas de cevada no Rio Grande do Sul pode estar relacionado à presença de hospedeiros alternativos e associado, principalmente, a condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, como as observadas nesse estado nos anos de 2001 e 2002, quando foram registradas na região precipitações pluviais e temperaturas mais elevadas que o normal a partir do espigamento, sendo essas condições de ambiente ideais para a ocorrência da doença. A brusone, provavelmente, constituir-se-á em problema eventual na cultura de cevada na região Sul do Brasil, pois, apesar de o patógeno estar presente no ambiente as condições climáticas normais da região são, em geral, adversas ao desenvolvimento da doença. Acredita-se que, possivelmente, o oposto ocorra na região do Brasil Central, ou seja, a brusone poderá ser um problema mais constante nas lavouras de cevada pois, além de as condições climáticas na região serem favoráveis ao estabelecimento da doença, existem hospedeiros suscetíveis cultivados anualmente na região, como trigo, milheto e sorgo, o que favorece o aumento do inóculo do patógeno. Nesta safra (2004), já foi verificada em
MANEJO DA DOENÇA
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mbora ainda não tenha atacado lavouras no Sul do país, os produtores estão adotando aplicação preventiva de fungicidas, sendo utilizados os mesmos recomendados para a doença na cultura do trigo (folicur, stratego, etc). Este ano, por exemplo, a maioria das lavouras já recebeu pelo menos uma aplicação preventiva, visto seu difícil controle, uma vez detectada. Quanto ao manejo, além da aplicação preventiva de fungicida, recomenda-se evitar o plantio em áres com histórico longo de gramineas hospedeiras e de ocorrência da doença.
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DISSEMINAÇÃO
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corre, principalmente, através do vento. A temperatura ótima para esporulação situa-se em torno de 28 oC, havendo necessidade de alternância entre presença e ausência de luz para a produção de espóros. Para a germinação do conídio, há necessidade de presença de água livre, e a luz pode exercer influência sobre o desenvolvimento do micélio e de esporos. A presença de luz inibe a germinação de conídios. lavouras expressiva ocorrência de brusone tanto em folhas como em espigas de cevada, reduzindo, conseqüentemente, a produtividade, enfatizando a importância dessa enfermidade para a cultura na região. Em estudo realizado na área experimental da Embrapa Trigo, em Passo Fundo, sob ocorrência natural de brusone em espigas de cevada, em 2002, observou-se que a doença causou redução drástica no tamanho de grãos, tendo afetado a classificação comercial e o peso das sementes colhidas. Os grãos provenientes das espigas infectadas pesaram, em média, 30% menos que os produzidos nas espigas com ausência de sintomas de brusone. Por ser doença de ocorrência recente na cultura de cevada, não existe, ainda, medidas eficientes de controle de brusone. De modo geral, o controle mais eficiente e econômico recomendado para doenças de plantas é a resistência genética. Entretanto, em trabalho preliminar de seleção, conduzido em 2003, sob inoculação artificial do patógeno, dez genótipos testados (BR 2, BRS 195, BRS 224, BRS 225, BRS Borema,
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SINTOMAS TÍPICOS
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s sintomas em folhas foram des critos como lesões elípticas com centro cinza e margem marrom. Na espiga, observados pela descoloração prematura da porção da espiga acima do ponto de infecção do patógeno, no ráquis. Espigas afetadas pela doença são facilmente identificadas antes do início da maturação, pelo contraste de cores entre as porções abaixo (verde) e acima (palha) do ponto de infecção. Os grãos formados acima do ponto de infecção são menores, em virtude da interrupção da translocação de nutrientes. No ráquis, os sintomas manifestam-se por lesão de cor escura-brilhante restrita às proximidades do ponto de infecção. Sinais do patógeno podem ser constatados pela presença de conídios, piriformes (em forma de pêra), hialinos (claros), com até três células, medindo entre 27,06 e 34,44 m de comprimento e 9,84 a 12,3 m de largura, características essas inerentes ao fungo P. grisea, sinonímia P. oryzae. Embrapa 127, Embrapa 128, MN 698, MN 698 DH e CEV 97016) apresentaram reação de suscetibilidade, indicando ausência de variabilidade para resistência no germoplasma avaliado. Considerando-se a magnitude dos danos que a brusone, ao atacar espigas, pode causar, tanto na classificação comercial como no peso de sementes, a ausência até o momento de cultivares resistentes e a ocorrência do patógeno em sementes, especulase que a doença poderá tornar-se importante fator limitante à produção de cevada, prin-
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Sintoma na espiga: identificada antes da maturação, problemas na formação dos grãos
cipalmente na região central do país, justificando o aprofundamento de pesquisas que visem a estratégias para o controle efetivo do patógeno. C Maria Imaculada P. M. Lima e Euclydes Minella, Embrapa Trigo
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Cevada
No caminho da soja Fotos Renato Amabile
Embalado pelo bom cenário no Sul, o Cerrado aponta como mais nova região produtora de cevada do país, com produção irrigada e ciclo mais curto das regiões tradicionais
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cevada, cultura típica de clima frio, ganhou espaço no Cerrado a partir dos resultados de pesquisas elaboradas pela Embrapa Cerrados e pela Embrapa Trigo. Até 1976, era plantada somente na região Sul do Brasil. Nesse ano, com o lançamento do Plano Nacional de Auto-suficiência de Cevada e Malte, pelo governo brasileiro, e com o início dos ensaios nacionais, seu cultivo foi inserido na região do Cerrado. Foi introduzida no Cerrado brasileiro
como uma cultura de inverno, tendo como objetivos básicos suprir a demanda interna de malte e fornecer ao agricultor do Brasil central uma alternativa para diversificar e integrar o sistema de produção irrigado, assegurando, assim, uma produção total mais estável. Como cultura alternativa vem se destacando por sua adaptação às condições edafoclimáticas desta região, pela baixa incidência de doenças e seu elevado potencial produtivo. A inserção da cevada no sistema irrigado
Os grãos do cerrado podem ser malteados logo após a colheita, não necessitando de período de maturação complementar, diz Amabile
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foi extremamente conveniente, porque o ciclo de algumas doenças é quebrado, como as que ocorrem no feijão (por exemplo fusarium e rhizoctonia, que tem controle químico pouco eficiente), tornando o sistema mais equilibrado, principalmente em plantio direto, que já é uma tendência irreversível para este bioma. Do ponto de vista industrial, a cevada produzida no Brasil central apresenta sementes limpas, sem a presença de fungos ou resíduos de pesticidas e não possui período de dormência, podendo ser malteada logo após a colheita, dispensando longos períodos de armazenagem para completar a maturação dos grãos. A indústria doméstica hoje tem capacidade de suprir apenas um terço do consumo atual, de cerca de 1 milhão de toneladas/ano de malte, colocando o Brasil entre os maiores importadores de malte do mundo, o que é uma sangria de divisas para o país. Para uma independência do produto importado, seria necessária a consolidação de uma área mínima de 500.000 ha. Em âmbito nacional, as condições climáticas desfavoráveis à cultura da cevada não permitiram que a área cultivada fosse maior do que 140.000 ha (safra de 2003), deixando as companhias cervejeiras com ociosidade de malteação em torno de 60%, devendo, por-
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PRAGAS E DOENÇAS
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s principais pragas da cultura na região são as lagartas das folhas, das espigas e os pulgões, que atacam folhas e espigas. Os pulgões assumem maior importância do que as lagartas pelo fato de poder transmitirem viroses, como o Vírus do Nanismo Amarelo da Cevada, mas podem ser controlados pelos seus inimigos naturais. Quanto a doenças, verifica-se a incidência da Mancha-marron, da Mancha-em-rede e da Brusone. Contudo, além da resistência observada nas cultivares BRS 180 e BRS 195, para uma das doenças especificamente, existe o controle químico que tem dominado de maneira eficaz e de forma preventiva, todas essas doenças. tanto, ser suprida pela importação. Atualmente, a maior parte da cevada e do malte consumidos no Brasil é produzida no Sul do país, mas com a instalação da Malteria do Vale, no estado de São Paulo, ampliaramse as perspectivas para o cultivo de cevada cervejeira no Cerrado. A produção integrada, através de contratos firmados entre os produtores rurais e a indústria do malte, garante à cevada liquidez de mercado, estimulando a adoção de tecnologias que aumentem a renda dos agricultores e a estabilidade da produção. Com o lançamento, em 1999, da BRS 180 – material de seis fileiras de grãos (hexástica) e primeira cultivar de cevada cervejeira desenvolvida para o sistema de produção irrigado do Cerrado, cultivou-se cerca de 230 ha. Atualmente, com uma área plantada atingindo 1.400 ha, o Estado de Goiás é o único produtor de cevada da região Centro-Oeste, locali-
zando-se os campos de produção nos municípios de Cristalina, Luziânia, Cabeceiras, Vianópolis, Silvânia e São Miguel do Passa Quatro (Figura 1). No momento, estão sendo semeadas duas cultivares de cevada: a BRS 180 e a BRS 195, variedade de duas fileiras de grãos (dística) e principal cultivar da Embrapa plantada no Sul do país. O custo unitário por hectare de produção total, relativo a serviços e insumos, é da ordem de R$1.190,00, divergindo de acordo com as condições de cada produtor agrícola, uma vez que os custos de operações com máquinas e a presença ou não de pragas e doenças varia em cada propriedade (Figura 2). A época ideal para a semeadura no Cerrado estende-se dentro do mês de maio para que, além do melhor crescimento e desenvolvimento da cultura, a colheita possa ser feita antes do início das chuvas. A cevada, a exemplo da maioria das culturas irrigadas do Cerrado, também é uma cultura exigente em relação a fertilidade do solo. Para obter-se sucesso com o seu cultivo, ela deve ser cultivada em solo corrigidos (calcário, macro e micronutrientes), que apresentem uma saturação por bases de 50%. A cevada também é utilizada para a alimentação humana e para a elaboração de ração animal. Entretanto, no Brasil, 85% da produção de cevada é destinada para a elabora-
Figura 1
ção de malte; os outros 15% estão divididos da seguinte forma: 7% são empregados na produção de sementes e 8% na alimentação animal (suínos, aves e bovinos), sendo este último, material descartado pela indústria, o que caracteriza ainda um baixo índice de utilização para outros usos. A Embrapa Cerrados está avaliando uma cultivar de cevada específica para a alimentação humana, com a finalidade de atenuar esta diferença existente entre os tipos de uso de cevada e contribuir, desta forma, para um novo alimento a ser inserido na C dieta brasileira. Renato Fernando Amabile, Antônio Fernando Guerra e Denise Werneck de Paiva, Embrapa Cerrados
Figura 2 -
POTENCIAL PRODUTIVO
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ara se ter uma idéia do potencial da cevada, trabalhos experimentais conduzidos no Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados em Planaltina (DF) obtiveram rendimentos de até 8.920 kg/ha e com a classificação comercial chegando a 95% de grãos considerados de primeira. O teor de proteína de diversos materiais selecionados atendeu plenamente o critério estabelecido para a indústria, que é de 12%. Já em lavouras com a cultivar BRS 180, o rendimento alcançado proporcionou rendimentos de 7.200 kg/ha.
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Nossa capa
Marco Antônio Lucini
Pesquisadores de todo o Brasil definiram em duas reuniões as estratégias para a safra 2004/05 de soja
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epois de duas reuniões técnicas, realizadas em Passo Fundo (RS) e Ribeirão Preto (SP), pesquisadores de diversas instituições definiram as indicações finais e oficiais para a safra de soja 2004/05. Com mais de 1,3 mil participantes, os dois eventos foram palcos de debates e discussões acirradas sobre todos os passos e processos que envolvem todo o ciclo da cultura da soja. Apesar de todas as comissões apresentarem propostas interessantes, os casos em torno da soja transgênica e da ferrugem asiática atrai-
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Charles Echer
Da teoria à prática
para o controle da doença, com a indicação do grau de eficácia de cada um. O ranqueamento é fruto de uma rede de ensaios com 14 produtos registrados no Ministério da Agricultura, que envolveu Embrapa Soja, Embrapa Trigo, Agência Rural/CTPA, Coodetec, Epamig, UEPG, Fuel, IB, Tagro, IAC, Fundação MT, Fundação Bahia/ ADAB/ EBDA e UPF. Os ensaios foram realizados na safra 2003/04 em difententes regiões e 11 locais tiveram sucesso na obtenção de resultados, sendo esses locais distribuidos nos municípios de
ram mais atenção por serem bastante novos e ainda sem soluções definitivas.
GUERRA CONTRA A FERRUGEM A comissão que mais atraiu a atenção dos participantes da reunião da pesquisa para o Brasil Central foi a comissão de fitopatologia. As dificuldades encontradas pelos pesquisadores e produtores para controlar a ferrugem asiática serviram como combustível e aqueceram os debates entre os participantes. O resultado final foi a aprovação de um ranqueamento dos produtos registrados
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Cláudia Godoy apresentou os resultados da rede de ensaios de 11 lavouras comerciais, em todo o Brasil
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Charles Echer
dutividade.”
PRODUTOS TESTADOS
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Mais de mil pessoas participaram das discussões sobre o plantio de soja no Brasil Central
ERRADICAÇÃO DO FUNGO NA ENTRESSAFRA
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lém das discussões sobre produtos para o controle da ferrugem, a comissão de fitopatologia divulgou documento solicitando a regulamentação dos plantios contínuos sob pivo central, que acabam sendo um local com condições ideais para a perpetuação do fungo causador da ferrugem asiática. O documento sugere que “Os produtores devem ser orientados para minimizar as perdas durante a colheita da soja para evitar a presença de plantas guaxas ou soqueira, que permitem a manutenção do fungo da ferrugem durante a entressafra, servindo de ponte verde para o próximo cultivo normal da cultura.” E sugere ainda que, se for necessário, deve ser recomendado a des-
secação destas plantas. O documento sugere também que “quando o cultivo de soja não puder ser evitado, devido à necessidade de produção de sementes na entressafra para atender a demanda, essa prática deve ser autorizada e acompanhada por órgãos oficiais (Mapa, Secretaria da Agricultura) para garantir o controle efetivo da ferrugem da soja, não permitindo a multiplicação e propagação do inóculo nessas lavouras.” Para finalizar, a comissão sugere que o produtor seja orientado a fazer o uso de fungicidas de forma alternada com os diferentes grupos químicos (triazóis e estrubirulinas) e observar sempre seu período residual (15 a 20 dias).
Rocheli Wachholz
Londrina (PR), Rondonópolis (MT), Goiania (GO), Luis Eduardo Magalhães e São Desidério (BA), Uberaba (MG), Balsas (MA), Capão Bonito e Holambra (SP). Segundo a pesquisadora da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, que coordenou a distribuição dos ensaios, foram usados protocolosúnicos para as doenças de final de ciclo, oídio e ferrugem, para que os experimentos fossem uniformes e pudessem ser comparados e sumarizados conjuntamente. Para ferrugem, as aplicações em todos os ensaios foram feitas quando as plantas estavam no estágio R2 ou R3, com reaplicação no estágio R5.1. Dos 11 ensaios usados para obtenção do resultado final, apenas um apresentava severidade alta de ferrugem na primeira aplicação e, portanto, esta pode na maioria dos ensaios ser considerada preventiva ou nos sintomas iniciais (traços da doença). Numa avaliação geral, os produtos tiveram uma eficácia que variou de 60% a 95%. Embora os resultados mostraram diferentes níveis de controle, a pesquisadora lembra que a eficácia dos produtos pode ser semelhante em situações onde a doença não seja tão agressiva. “Não que todos os produtos sejam iguais e tenham o mesmo nível de controle mas em situações com clima não tão favorável para a doença provavelmente os produtos terão um desempenho bastante semelhante”, afirma. “Aqueles que se destacaram certamente serão mais eficientes onde a doença esta mais agressiva o que não implica em flexibilidade na aplicação. Mesmo com os produtos que se destacaram, a aplicação deve ser realizada nos sintomas iniciais da doença ou preventivamente, em função da situação da região e estádio da cultura, para evitar redução de pro-
Os produtos comerciais testados foram Priori (azoxystrobin), Score (difenoconazole), Domark (tetraconazole), Palisade (fluquinconazole), Impact (flutriafol), Orius (tebuconazole 250), Folicur (tebuconazole 200), Systhane (myclobutanil), Opera (pyraclostrobin + epoxiconazole), Sphere (trifloxystrobin + ciproconazole), Priori Xtra (azoxystrobin + ciproconazole), Stratego (trifloxystrobin + propiconazole), Juno (propiconazole), Opus (epoxiconazole). Todos os produtos foram aplicados nas doses e com adjuvantes recomendados pelas empresas, em parcelas iguais nos 11 ensaios, o que, segundo a pesquisadora, acabou gerando um cenário igual para todos os produtos sem beneficiar
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Produtos e doses utilizados nos 11 ensaios em diferentes locais do Brasil Ingrediente ativo
dose (g i.a./ha) 1. Testemunha sem controle 2. azoxystrobin 50 3. difenoconazole 50 4. tetraconazole 50 5. fluquinconazole 62,5 6. flutriafol 62,5 7. tebuconazole 250 100 8. tebuconazole 200 100 9. myclobutanil 100 10. pyraclostrobin + epoxiconazole 66,5+25 11. trifloxystrobin + ciproconazole 56,2+24 12. azoxystrobin + ciproconazole 60+24 13. trifloxystrobin + propiconazole 50+50 14. propiconazole 125 15. epoxiconazole 37,5
Produto comercial Priori Score Domark Palisade Impact Orius Folicur Systhane Opera Sphere Priori Xtra Stratego Juno Opus
um ou outro. Os resultados podem ser observados no quadro 1, que mostra o grau de severidade da doença no estádio R6, após as duas aplicações dos produtos. Com base no resultado destes ensaios, foi aprovada na plenária final do evento, a publicação dos produtos indicados para a ferrugem asiática, na forma de ranking, que indicará o desempenho de obtido por cada princípio ativo existente e registrado. Os resultados, com as indicações dos produtos, serão disponibilizados na publicação oficial do evento, que será finalizada até o dia 30 de setembro, prazo final dado pelos pesquisadores às empresas, para registro de produtos novos. Apesar do ranqueamento ainda não ter sido finalizado totalmente, pois depende de registro de alguns produtos junto ao Mapa, é possível comparar os diferentes níveis de controle da doença no quadro 1, onde os produtos foram separados por cores de acordo com o grau de eficiência sobre a ferrugem. A avaliação mostra que após as aplicações algumas áreas tratadas ainda apresen-
tavam grande incidência da doença e outras um controle de até 95%. Os resultados com a mesma cor significam que não houve diferença significativa do controle entre aqueles produtos. Os produtos sem registro no Ministério da Agricultura não aparecerão no ranking, pois não devem ser usados pelos produtores, conforme a legislação vigente.
TRANSGÊNICOS As novidades da pesquisa e as limitações legais foram alguns dos tópicos debatidos na reunião do Sul. Apesar da produção comercial de sementes transgênicas ainda não ter sido autorizada pelo Governo Federal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), já conta com mais de 40 cultivares de soja transgênica registradas. “O
PROGRAMA PARA AUXILIAR NA ADUBAÇÃO
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Embrapa aproveitou a reunião do Brasil Central para lançar o NutriFert, CD-ROM que auxiliará o produtor e profissionais da assistência técnica na tomada de decisão sobre adubação e calagem e na avaliação do estado nutricional da soja. Para obter resultados, os dados de análise de solo são introduzidos em uma planilha eletrônica que faz cálculos automáticos e indica os níveis de macro e micro nutrientes. “Com isso, é possível indicar facilmente as quanti-
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dades necessárias de adubo e de calagem”, dizem os pesquisadores da Embrapa Soja, Gedi Sfredo e Joelsio Lazarotto. Em complemento à análise do solo, o software usa a análise foliar para diagnosticar o estado nutricional das plantas. Além disso, o CD-Room possui um arquivo com fotos ilustrativas que facilitam a interpretação de possíveis sintomas de deficiências ou de toxicidades de nutrientes nas plantas. O software pode ser adquirido pelo e-mail: sac@cnpso.embrapa.br.
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registro no Mapa torna as cultivares aptas a entrarem no mercado assim que a comercialização estiver liberada”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo, Paulo Bertagnolli. Somente da Embrapa, são 11 cultivares de soja transgênica indicadas para os diferentes estados produtores do país. As cultivares que mais destacaram-se nos experimentos são BRS 243 RR, BRS 244 RR e BRS 246 RR (indicadas para os estados do RS, SC, PR e SP), resultado do trabalho conjunto Embrapa Trigo e Embrapa Soja; para o RS, as cultivares indicadas são BRS Pampa RR e BRS Charrua RR, desenvolvidas pela Embrapa Trigo; e as BRS 242 RR, BRS 245 RR e BRS 247 RR, da Embrapa Soja, indicadas para SC, PR e SP.
COMERCIALIZAÇÃO LEGALIZADA Para o integrante da Comissão de Agricultura e Pecuária do Congresso Nacional, deputado Luis Carlos Heinze, o Governo Federal tem apenas duas alternativas para resolver o impasse dos transgênicos: editar nova Medida Provisória autorizando a semeadura de soja geneticamente modificada ou aprovar o projeto de Lei encaminhado pela Comissão. “O projeto de Lei número 3.477, de maio de 2004, prevê a comercialização da semente transgênica e ainda autoriza o agricultor a produzir sua própria semente, sempre considerando o pagamento de royalties à empresa detentora da tecnologia”, explica Heinze. Segundo ele, as empresas de melhora-
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mento já multiplicaram cerca de 200 mil sacas de sementes transgênicas. De acordo com o deputado, o projeto da Lei de Biossegurança está parado no Senado Federal desde fevereiro deste ano. “A Lei de Biossegurança demanda muita discussão e acredito que vai ser difícil aprovar um assunto tão complexo em ano eleitoral”, avalia Heinze, reforçando que “o projeto apresentado pela Comissão de Agricultura pretende amenizar o problema agora para evitar atropelos na aprovação de medidas emergenciais, como no ano passado”.
ARGENTINA X BRASIL O engenheiro agrônomo e melhorista da área de soja da Fundacep, Cleiton Steckling, apresentou na reunião do Sul, dados de uma pesquisa feita com três cultivares transgênicas brasileiras e uma argentina. Ele comparou o rendimento de grãos da cultivar da Argentina, a 13 RRArg, contra três padrões Fundacep 39, BRS 154 E CD 201, em experimentos na Fundacep Fecotrigo durante as safras agrícolas de 2001/02, 2002/03 e 2003/04, utilizando o delineamento de blocos inteiramente casualizados. As parcelas com 4,0m2 foram semeadas com 30pl/m2, e a emergência das plantas ocorreu em 08/12, 13/12 e 01/12 dos respectivos anos. As plantas daninhas foram controladas com capina manual. Com base nos três padrões, foi utilizado o número de dias da emergência até a maturação fisiológica (NDM) para cal-
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cular o grupo de maturação (GM) de cada genótipo RRArg para a região de Cruz Alta (RS). Para comparar os genótipos RRArg com os padrões, agrupou-se os genótipos por GM caracterizando os ciclo precoce/semi precoce (5,8 a 6,8) e médio (6,9 a 7,5). Os cultivares RRArg foram comparados aos padrões do respectivo GM pelo teste de Dunnett a 5%. Os GM calculados para os RRArg foram os seguintes: AL 55 (5,8), 6001 e 6401 (6,1), Mercedez 70, 6445 e 6444 (6,2), AL 72 (6,3), Algiar (6,4), Anta 82 (6,7), AL 83 (6,9), Msoy 8080 (7,0) e A8000RG e A8100RG (7,1). Os RRArg com GM entre 5,8 e 6,8, foram comparados com o padrão CD 201 (GM 6,7). Na safra 2001/02, o padrão com 2487 kg/ha apresentou rendimento superior a todos os RRArg do respectivo GM. Em 2002/03, o padrão (4639 kg/ ha) foi superior aos cultivares 6401, 6445 e 6444, não diferindo dos demais; já na safra 2003/04, o RRArg 6001 (2194 kg/ha) foi superior ao padrão (1732 kg/ha), os demais cultivares não diferiram do padrão. Dos RRArg com GM entre 6,9 e 7,5, que corresponde ao ciclo médio para o RS, apenas o Msoy 8080 (1372 kg/ha) apresentou rendimento inferior ao padrão BRS 154 com 2487 kg/ha (GM 7,2) e ao cultivar Fundacep 39 com 2525 kg/ha (GM 7,7) na safra de 2001/02. Na safra 2002/03, nenhum genótipo diferiu dos padrões. Contudo na safra 2003/04, todos os RRArg apresentaram rendimento inferi-
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PARENTE DA RR
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iversas cultivares brasileiras, desenvolvidas pela Embrapa, usam o gene AHAS de propriedade da Basf. As características da cultivar que recebe esse gene são muito semelhantes ao RR. Uma parceria com a Basf possibilitou à Embrapa à introdução desse gene em cultivares que já estão sendo testadas. Ainda não existem testes de biossegurança com o gene AHAS, para a comercialização. Mas as chances de sucesso são grandes, garante o pesquisador Paulo Bertagnolli. As pesquisas caminham agora para o desenvolvimento de soja transgênica com resistência à ferrugem, à seca e para grãos com melhor qualidade de óleo. or ao cultivar Fundacep 39 (2730 kg/ha), mas nenhum diferiu do padrão, BRS 154 (1646 kg/ha). Dentre os RRArg, o A8000RG foi o mais produtivo nas safras 2001/02 (2330 kg/ha) e 2002/03 (4396 kg/ha). Na safra 2003/04, o cultivar 6001 com 2194 kg/ha foi o mais produtivo. De acordo com as normas da comissão de genética e melhoramento da RPSRS, apenas o RRArg A8000RG poderia ser recomendado para o RS por critérios de rendimento de grãos comparado ao BRS 154. Mas não seria, se comparado ao FundaC cep 39.
Cultivar
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Arroz
Veto à germinação Neri Ferreira
As plantas daninhas são o principal fator de redução de produtividade em lavouras de arroz irrigado. Manejar corretamente o banco destas sementes evitando a germinação, reduz a chance de infestações
A
s plantas daninhas possuem características que as tornam especiais, como desenvolvimento agressivo, habilidade competitiva, capacidade de produção de propágulos, desuniformidade na germinação, entre outras. Todas estas características possibilitam que as plantas daninhas interfiram sobre as plantas da cultura, causando prejuízos no rendimento final de grãos. A composição das plantas daninhas varia em função da região e do sistema de implantação da lavoura (Debaeke & Sebilote, 1988; Andres & Machado, 2004). A época de emergência varia em função das estações do ano com ciclos sazonais de temperatura (Braccini, 2001) e de chuvas. A germinação e o estabelecimento das plântulas sofrem influência da cobertura do solo, portanto as diferentes condições tanto das sementes no solo como do ambiente, faz com que muitos propágulos sejam destruídos
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ou percam a viabilidade. O conhecimento do ciclo de emergência das invasoras da área, torna possível o planejamento das práticas culturais. A coincidência da máxima emergência das plantas daninhas e do emprego do controle, seja químico ou mecânico, proporciona redução do banco de sementes, antes ou depois da semeadura. Normalmente, os primeiros itens no planejamento de alternativas de controle visam atuar sobre o banco de sementes do solo. As atividades em pré-semeadura reduzem a infestação de plantas daninhas na lavoura. O banco de sementes do solo é reduzido sendo a infestação menor durante o cultivo. Entretanto, os efeitos positivos dependem de um manejo racional, caso contrário a alteração de profundidade pode trazer à superfície sementes e estolões profundos em condições de germinar ou brotar, agravando o problema da infestação. Transformações no banco de sementes dependem do manejo e utilização do
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solo, ocasionando alterações na frequência das espécies e mudanças na importância relativa entre as plantas da cultura e invasoras. As plantas daninhas que, normalmente, surgem com o manejo repetitivo da área na ausência de uma rotação de culturas, costumam ser problemáticas por estarem adaptadas ao sistema de manejo da cultura ocasionando redução no rendimento de grãos. As espécies anuais como o capim-arroz (Echinochloa sp.), o arroz-vermelho (Oryza sp.), o angiquinho (Aeschynomene sp.) e as ciperáceas (Cyperus sp.) são consideradas as mais importantes plantas daninhas constituintes do banco de sementes do solo em áreas de cultivo de arroz irrigado. Além do problema de controlar o arroz-vermelho, o capim-arroz merece atenção especial devido à sua rápida distribuição, elevada adaptabilidade em amplo espectro de solos e ambientes, Figura 1
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além da dificuldade de controle dos exemplares resistentes ao herbicida quinclorac, no RS e SC.
HISTÓRICO DA ÁREA Um acompanhamento do histórico do uso da área, bem como do manejo utilizado, principalmente em relação ao controle de plantas daninhas, é ferramenta importante para o manejo racional das invasoras. Com o conhecimento dos herbicidas utilizados no ano anterior, por exemplo, é possível planejar a rotação de grupos químicos e evitar o surgimento de plantas daninhas resistentes na área, o que torna os custos de controle mais elevados. Ainda, permite conhecer a origem da infestação e combater o problema direto na fonte, ou seja, adequando o método de manejo.
SEMENTES DE QUALIDADE A utilização de sementes de qualidade é, com certeza, a principal ferramenta para evitar o surgimento de novas plantas daninhas na área. Procure adquirir sementes de uma fonte confiável, bem como dar preferência para sementes básicas ou certificadas. Sementes de alto vigor auxiliam no estabelecimento rápido da cultura, fazendo com que esta tome a dianteira no desenvolvimento, podendo até mesmo reduzir a dose do herbicida utilizado, dependendo da planta daninha. O arroz-vermelho costuma ser problema em sementes de arroz de má qualidade.
ROTAÇÃO DE CULTURAS A rotação de culturas é uma ferramenta eficiente no controle das plantas daninhas-problema, ou seja, aquelas que surgem com o manejo repetitivo (Figura
AGRUPAMENTO DE PRÁTICAS AGRÍCOLAS
M
étodo cultural – A rotação de culturas favorece a alternância de grupos químicos de herbicidas; não utilizar material orgânico proveniente de locais infestados; limpeza cuidadosa de equipamentos para evitar a disseminação de sementes de invasoras. Determinadas características de cultivares de arroz irrigado como ciclo, estatura e maiores densidades de semeadura, associadas a menores espaçamentos incrementam a competitividade com o arroz-vermelho. As cultivares de ciclo precoce diminuem a quantidade de sementes de arroz-vermelho que alimentam o banco (Menezes & Silva, 1998). Método mecânico - Antecipar o preparo inicial do solo favorecendo a germinação/emergência de nova camada de plantas daninhas, com posterior utiliza1). Em rotação de verão com milho, sorgo ou soja, é possível utilizar herbicida eficiente no controle do arroz-vermelho e capim-arroz. A redução da infestação na cultura do arroz e os benefícios de produção serão visíveis no próximo ano da rotação. O manejo de rotação, aliado a eficientes métodos de controle de plantas daninhas, reduz a população de capim-arroz em áreas de arroz irrigado (Andres et al., 2002 a e b). A opção pela rotação de culturas de verão propicia reduções de 90% nas panículas de arrozvermelho (Marchezan, 1997). Ao optar por uma rotação de culturas, todos os
cuidados devem ser tomados nas áreas de várzeas do sul do Estado, sendo de vital importância um sistema de Drenagem Eficiente. Além disso, é aconselhável realizar rotação de culturas de pelo menos dois anos.
ROTAÇÃO DE HERBICIDAS Muitas vezes o aspecto econômico ou outro fator limita o uso da rotação de culturas. Nestes casos, embora menos indicado, deve-se lembrar de realizar, no mínimo, a alternância de princípios ativos de diferentes mecanismos de ação, como ferramenta no combate ao surgimento de plantas daninhas resistentes.
Figura 3
Figura 2
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ção de enxada rotativa (pré-germinado) ou gradagens para diminuir infestações, reduzindo o banco de sementes do solo. Método químico – Adotar continuamente a rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação; planejar o controle baseado no conhecimento da infestação, da cultura e do ambiente. Aplicar os herbicidas na época de maior sensibilidade das plantas daninhas (normalmente até três folhas); integrar época de aplicação e entrada da água; acompanhar modificações na resposta ao método químico e possível alteração na população de plantas daninhas. Método biológico - No Estado de Santa Catarina alguns orizicultores utilizam com eficiência marrecos e rizipiscicultura no sistema de arroz pré-germinado para o manejo das sementes do banco.
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Cultivar
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Fotos André Andres
Parte dos herbicidas disponíveis no mercado com registro para a cultura do arroz, são considerados como de médio ou alto risco para o desenvolvimento de resistência. Consulte sempre um Engenheiro Agrônomo para elaborar um programa de rotação de princípios ativos.
CONTROLE CULTURAL E BIOLÓGICO Bons resultados na redução das sementes de arroz-vermelho do banco são obtidos nos sistemas mix de pré-germinado, pré-germinado ou transplante de mudas, enquanto que no sistema convencional ocorre incremento na frequência desta importante planta daninha (Avila et al., 1999; 2000). Se a sua área for intensamente infestada, procure utilizar um sistema de cultivo que propicie melhores chances de controle (Figura 2). A presença da lâmina de água é ferramenta poderosa para evitar a emergência de invasoras, mas é necessário um bom nivelamento do solo, evitando áreas com lâmina excessiva (que prejudicam o estabelecimento do arroz) e áreas onde a lâmina está ausente, possibilitando a emergência das invasoras. A utilização de manejos alternativos com peixes ou marrecos-de-pequim (Figura 3) são muito eficientes para reduzir as sementes do banco (Eberhardt et al., 2003; Noldin et al., 2003). Lembrese de começar devagar: reserve um pequeno pedaço da lavoura (geralmente um ou dois hectares são suficientes) e instale o sistema. Certifique-se da disponibilidade dos alevinos ou marrequinhos. Visitas a propriedades que os utilizam podem ser de grande valia. Após confirmar sua viabilidade, aumente a área gradativamente.
CUIDADO COM FALHAS Cuidado ao observar manchas com falha de controle no interior da lavoura. Se esta mancha apareceu no ano anterior, e se tornou maior neste ano, colete sementes, acondicione-as em sacos de papel (não utilize sacos plásticos), e leve-as até a instituição de pesquisa de sua região para que sejam realizados os teste para identificação de resistência. A Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, desde o ano 2000 executa estudos na área de resistência de plantas a herbicidas. Quanto mais rápido o problema for identificado, menores os prejuízos à lavoura. O manejo continuado do banco de sementes torna a infestação de plantas daninhas cada vez menor ao longo dos anos, tornando possível, em muitos ca-
Herbicidas: cuidados devem ser tomados na utilização, visto o risco de desenvolvimento da resistência
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Adquirir sementes de fonte confiável, bem como, básicas ou certificadas é fundamental para evitar contaminações
sos, a redução da(s) dose(s) do(s) herbicida(s) ou sua eliminação, dependendo da espécie daninha, com conseqüente redução de custo e menor impacto ambiental. Ao planejar as práticas de controle, tenha sempre em mente dois objetivos: Controle mais eficiente das plantas daninhas e mínimo custo econômico e amC biental. Germani Concenço, Nei Fernandes Lopes e Paulo Trajano B.S. Melo, UFPel André Andres, Embrapa Clima Temperado
Segundo Germani, é necessário ter-se em mente controle eficiente e mínimo custo
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Evento
Agricultura limpa Fotos Schubert Peter
Recorde de participantes marca a trigésima segunda edição do Congresso Brasileiro de Fitopatologia em Gramado, tratando da evolução do agronegócio frente ao uso de tecnologias limpas
O
tema “A demanda da sociedade por uma agricultura limpa no mundo globalizado” marcou o início do XXXVII Congresso Brasileiro de Fitopatologia, organizado pela Universidade de Passo Fundo (UPF) realizado de 01 a 05 de agosto em Gramado (RS). A evolução do agronegócio, os principais desafios, como a competitividade, tecnologias limpas, inovação tecnológica foram as palavras chaves da palestra do Deputado Federal Francisco Turra, como desafio maior para se permanecer no mercado. “A revolução tecnológica está apenas no início”, salientou Turra, observando que, para que o setor desenvolva ainda mais, é necessário cultura empresarial, visão estratégica de processos, expressiva e contínua inovação tecnológica. Dentre outros assuntos referentes a sanidade de plantas apresentadas, o debate sobre a ferrugem asiática da soja, foi um dos
Jurema Schons: satisfeita com recorde de público no evento
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temas mais aguardados. Enfatizando a importância que a doença atingiu em diversas regiões produtoras do país, e as perdas consideráveis sofridas na safra de 2004, o pesquisador Ricardo Balardin, alertou para programas de controle adaptados às diferentes situações. Além deste, a mesa-redonda realizada entre as principais empresas de agroquímicos sobre as perspectivas de fungicidas de nova geração, assim como a apresentação das últimas novidades, marcaram mais um dia do evento. O evento deste ano teve recorde tanto de participantes quanto de trabalhos inscritos. “Nunca houve um número tão expressivo de inscritos e nem de trabalhos apresentados. Fechamos o congresso com 1.064 inscritos e 1.045 trabalhos apresentados, batendo todos os recordes”, explica a presidente do evento, professora e pesquisadora, Jurema Schons. Esta é a primeira vez que uma organização não-pública é convidada a organizar o evento. Na opinião da presidente, o fato deve-se à tradição em pesquisas na área que a universidade apresenta.
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HOMENAGENS Ao término do evento, três homenagens foram concedidas a novos pesquisadores da área, através do Prêmio Jovem Fitopatologista; e, principalmente, em consideração aos relevantes trabalhos já prestados, através da homenagem Mérito em Fitopatologia. Fernanda Lovato, do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Uberlândia (UNB), teve seu trabalho considerado como melhor apresentação oral, e Andressa Machado, do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola da Esalq/USP, como melhor pôster, recebendo ambas, o prêmio Jovem Fitopatologista. Já o professor Dr. Armando Takatsu, colaborador da Universidade de Uberlândia (UNB), entre tantas outras instituições, foi o homenageado pelos anos de dedicação e comprometimento com a pesquisa fitopatológica.
XXXVIII CONGRESSO Em 2005, a Universidade de Uberlândia (UNB) é quem será responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Fitopatologia. A data já está agendada para 1° a 5 de agosto, no Hotel Nacional. C
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Milho Cultivar
Semente certa Existem no mercado, atualmente, cerca de 230 cultivares de milho disponíveis para a safra 2004/05, entre estas, 32 lançamentos. A observação das características de cada região aliado ao potencial genético de cada cultivar, fazem o sucesso da lavoura
A
nualmente, uma análise crítica é realizada sobre as cultivares de milho disponíveis no mercado. Na safra de 2004/05, são listadas 230 cultivares de milho, sendo seis de milhos especiais (quatro cultivares de milho pipoca, uma de milho doce e uma de milho ceroso). Cerca de 32 novas cultivares foram lançadas, substituindo trinta e cinco, deixando de serem comercializadas demonstrando a dinâmica dos programas de melhoramento e a importância da semente no aumento da produtividade. É provável que algumas cultivares não estejam mencionadas neste trabalho e que outras citadas já não estejam disponíveis no mercado. Entretanto, pela grande amostragem utilizada, as análises apresentadas refletem as características das cultivares comercializadas no País. As cultivares que estão no comércio na safra 2004/05 e suas principais características e recomendações estão listadas nas Ta-
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Cultivar
belas 1 e 2. Existem no mercado variedades e híbridos. Verifica-se que 37,6% das cultivares são híbridos simples (modificados ou não). A percentagem de híbridos triplos (modificados ou não) foi ligeiramente reduzida (29,7% na safra 2003/04 e 28,4% na safra 2004/05). Os híbridos duplos representam, hoje, 22,7% das opções de mercado, e, em termos percentuais as variedades representam hoje 11%. Existe também um híbrido intervarietal, disponibilizado pelo IAC. Os híbridos simples e triplos, modificados ou não, representam, hoje, 65,93% das opções para os produtores, mostrando uma tendência na agricultura brasileira e uma maior necessidade de se aprimorar os sistemas de produção utilizados, para melhor explorar o potencial genético dessas sementes. Com relação ao ciclo, as cultivares são classificadas em normais, semiprecoce, precoces e superprecoce. As cultivares classificadas como precoces representam 67,25% das op-
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ções e variam, quanto às suas exigências térmicas, de 635 a 925 G.D (Graus Dias). As cultivares semiprecoces representam 12,66% das opções de mercado e variam de 851 a 978 G.D., enquanto as cultivares normais representam 2,62% do mercado e variam de 862 a 940 G.D. Quatro cultivares estão sendo classificadas como hiperprecoces pela Empresa produtora, e apresentam variação de graus dias de 790 a 800. Para muitas cultivares, é mencionada a taxa ou a velocidade de secagem (perda de água pelos grãos) após a maturidade fisiológica. Essa característica é definida pela expressão dry down. Uma importante característica a ser observada ao se plantar uma cultivar é a densidade de plantio, que, quando inadequada, pode ser razão de insucesso da lavoura. A densidade de plantio ideal é função da cultivar, da disponibilidade hídrica de nutrientes. Normalmente, cultivares mais precoces de menor porte e mais eretas permitem o uso de densi-
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dades mais elevadas e espaçamento mais estreito. Verifica-se que as variedades são indicadas para plantios com densidades variando de 40.000 a 50.000 plantas por hectare, o que é coerente com o menor nível de tecnologia dos sistema de produção empregados pelos agricultores que usam esse tipo de cultivar. As faixas de densidades mais freqüentemente recomendadas para os híbridos duplos variam de 45 a 55, havendo casos de recomendação até de 65 mil plantas por ha. Para os híbridos triplos e simples, é freqüente a densidade de 50 a 60 mil plantas por ha, havendo casos de recomendação de até 80 mil plantas por ha. A maioria das empresas já estão recomendando densidades de plantio em função da região, da altitude e da época de plantio. Além disso, já existem empresas recomendando a densidade em função do espaçamento, o que representa uma evolução. Dados de pesquisa mostram vantagens do espaçamento reduzido (45 a 50 cm entre fileiras) comparado ao espaçamento convencional (80 a 90 cm), especialmente quando é utilizado densidades de plantio maiores. Um importante aspecto na escolha da cultivar é verificar sua adaptação à região onde a lavoura será instalada. Outra importante informação é sobre a época de plantio mais indicada para cada cultivar. Algumas empresas especificam apenas o plantio de verão ou safra normal e a safrinha. Um maior número de empresas, entretanto, fornece maiores informações, separando o plantio cedo, normalmente em agosto e setembro; normal, em outubro e novembro, tardio, em dezembro e janeiro, e safrinha, em fevereiro e março. Praticamente todas as cultivares recomendadas para a safrinha são também recomendadas para a safra normal. O fato de uma empresa não indicar o plantio de determinada cultivar para a safrinha não significa necessariamente que ela não seja adaptada a esse sistema de produção. Outro aspecto importante no plantio do milho safrinha é o ajuste na densidade de plantio. Como regra geral, a densidade é cerca de 20% menor do que a recomendada para a safra normal, principalmente devido à
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menor disponibilidade hídrica que ocorre neste sistema de plantio. Quanto ao fim a que se destinam, além da produção de grãos, há indicação de cultivares para a produção de silagem (de planta inteira ou de grãos úmidos) e para a produção de milho verde. No caso da silagem, é sabido que algumas cultivares apresentam melhor comportamento do que outras. Entretanto, pelo número de cultivares indicadas para silagem (97), pode-se inferir que essa recomendação está generalizada, o que até certo ponto é compreensível, considerando a alta qualidade natural do milho como planta forrageira. A semelhança do que ocorre com o milho safrinha a não recomendação da cultivar para silagem não implica necessariamente que o material não deva ser usado como tal. No caso do milho verde, também já existe um mercado específico, sendo que dez cultivares são recomendadas para essa finalidade. Também são listadas uma cultivar para a produção de canjica, uma com alto teor de óleo para a indústria de ração, quatro cultivares de milho pipoca, uma cultivar de milho doce e uma cultivar de milho ceroso. Com relação à cor do grão, verifica-se que varia do branco ao avermelhado, sendo que há um predomínio do alaranjado. Com relação à textura do grão, verifica-se uma predominância de grãos semiduros (45,85%) e duros (34,06%) no mercado. Os grãos semidentados representam 12,66%, enquanto os materiais dentados são minoria (4,8%) e não são bem aceitos pela indústria. Grão dentado é uma característica desejada e freqüente em materiais para produção de milho verde e de silagem. Também é apresentada a tolerância das cultivares ao acamamento e ao quebramento, o que é muito importante, principalmente em lavouras comerciais. São também apresentados na Tabela 1 os níveis de tecnologia recomendados para cada cultivar, de acordo com a indicação da Empresa. Embora se possa imaginar que essa classificação seja subjetiva e possa variar entre as empresas, verifica-se que 35% das cultivares são recomendadas para nível de tecnologia alto, médio/
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alto e alto. Neste grupo os híbridos simples modificados ou não representam 77,5% das opções, enquanto os híbridos triplos representam 21,3% e apenas um híbrido duplo foi mencionado para este nível tecnológico; sendo 43,6% das cultivares recomendadas para nível tecnológico, variando de médio, médio e médio/alto e médio/alta. Neste grupo 24% das opções são híbridos simples, 48% híbridos triplos 28% híbridos duplos( incluído dentre eles, um híbrido intervarietal); sendo 21,4% das cultivares recomendadas para nível tecnológico baixo/médio e baixo/ médio e médio e são compostos por híbridos duplos (49%) e variedades. As características discutidas até aqui são aquelas mais comuns nos materiais de divulgação das diferentes empresas de sementes. Outras características são também mencionadas, como potencial produtivo, estabilidade de produção, as proporções das diversas partes da planta, percentagem de proteína bruta, FDA, FDN, lignina, NDT, matéria seca na colheita, potencial de produção de matéria seca, velocidade de emergência, qualidade do colmo ou resistência ao acamamento de colmo e de raiz, perda do teor de água do grão (dry down), empalhamento, prolificidade, peso de 1.000 grãos, densidade (g/l), características da espiga, colmos e folhas, staygreen (característica da planta de permanecer verde mesmo quando a espiga já encontra-se em adiantado estádio de maturação) e tolerância a algum herbicida. Todas essas características auxiliam os agricultores na escolha da cultivar. Também é muito importante o conhecimento do comportamento das cultivares com relação às doenças. Na Tabela 2, são apresentadas informações sobre o comportamento das cultivares com relação às principais doenças: (fusariose, ferrugem comum - Puccinia sorghi, ferrugem branca - Physopella zea, ferrugem polisora – Puccinea polysora, pinta branca – Phaeosphaeria maydis, helmintosporiose-Helminthosporium turcicum, Helminthosporium maydis, enfezamento ou corn stunt, cercosporiose e doenças do colmo e dos grãos.
Cultivar
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Tabela 1 - Características das cultivares de milho disponíveis no mercado de sementes brasileiro. Safra 2004/05
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Ordem
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73
AG 9090 AG 9020 AG5020 AG7040 AG8060 AG 7575 AG 9010 AG 6690 AG 6018 AG 5011 AG 4051 AG 2060 AG 1051 AG 405 AG 303 AG 122 AG 7000 AG 8021 AG 2020 AG 6040 DKB 950 DKB 909 DKB- 901 DKB 747 C 701 C 435 DKB 333B DKB 990 DKB 440 DKB 350 DKB 212 DKB 214 DKB 215 DKB 199 DKB 390 DKB 466 DKB455 DKB979 DKB330 DKB566 P 32R21 P 3069 P 3081 P 3063 P 3071 P 3041 P 30F45 P 30F33 P 30F44 P 3027 P 30F80 P 30F87 P 30F88 P 30K75 P 3232 P 3021 P 30F98 P 30F90 P 30P70 P 30R50 P 30F53 ZÉLIA JADE PREMIUM PREMIUM FLEX TORK EXCELER MASTER FLASH ATTACK FORT TRAKTOR STRIKE
Cultivar
Tipo Ciclo HS HS HT HT HS HS HS HT HT HT HT HD HD HD HD HD HS HS HD HD HSM HS HS HD HD HD HS HT HS HT HS HS HS HS HS HT HT HD HS HT HS HSm HSm HT HT HT HS HS HS HT HS HT HS HSm HT HT HSm HS HS HS HS HT HT HS HS HS HT HT HS HSm HS HD HS
P SP P SMP P P SP P SP P SMP P SMP P P P SMP P P SP SP SP SP P P P SMP SMP P P P P P SMP SMP P P P SP P SP SP SP P P P P P P SMP SMP SMP SMP SMP SMP SMP SMP SMP P P P P P P P P P SMP SP P P P P
Graus Dias 830 820 865 875 845 875 770 865 830 870 960 855 950 870 845 845 890 845 845 810 840 825 795 845 845 855 950 978 840 860 835 835 828 860 845 860 845 865 825 850 SI 812 816 815 848 851 SI SI SI 874 SI SI SI SI 851 878 SI SI SI SI SI SI SI 870 870 860 870 895 820 860 890 850 860
Época de Plantio C/N C/N C/N/T C/N/T C/N C/N/T/S C/N/T/S C/N/T C/N C/N/S C/N/T/S C/N/T C/N/T/S N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T C/N C/N/T SAFRINHA N/T/S C/N/S C/N/S N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N C/N C/N/T/S C/N C/N C C/N C/N C/N/T C/N C/N/T C/N/T C/N N N/T N/T N N/T N/T N/T N/T N/T N/T N/T/S N/T N/T N/T N N/T N N N N N N N N N N N/T C/N/T/S N N N N N
Uso G/SGU GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO G/SPI G/SPI/MV G/SPI G/SPI/MV G/SPI G/SPI G/SPI GRÃO GRÃO G/SPI GRÃO GRÃO G/SPI G/SGU G/SPI G/SPI G/SPI G/SPI CANJICA G/SPI/SGU GRÃO GRÃO GRAO G/SGU GRÃO GRÃO GRÃO/SPL GRÃO GRÃO GRÃO G/SPI/SGU G/SPI GRÃO G/SPI G/SPI G/SGU G/SPI GRÃO GRÃO GRÃO G/SPI G/SPI GRÃO GRÃO GRÃO G/SPI/MV G/SPI GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO PIPOCA PIPOCA GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO GRÃO
Cor do grão AL AM AL AL AL AL AL AL AL AM AM AM/AL AM AL AL AM/AL AL AM/AL AL AL AL AM/AL AM AL AL AL AM/AL BRANCO AM AL AM AM/AL AL AM/AL AM/AL AL AL AL AL AM AM AL AL AM AL AL AL AL SI AL AL AL AL AL AL AL AL AL SI SI SI SI SI AL AL LR LR LR LR AL LR LR AL
Densidade (Plantas/ha) 55-60 50-60 50-60 50-60 55-65 50-65/50 60-70/55 45-50 55-60 45-55 45-50/45-50 45-50 40-50/45 45-50/40-45 45-50/45 45-50/45 50-60 50-60 45-55 50-55/45-50 55-65/55 50-55/45-50 50-55/50-55 50-55/45-50 50-55/45-50 45-50/45-50 55/50-55 55 50-60 50-55/50 50-60 50-60 50-60 55-65 50-60 50-60 50-60 45-55 50-55 50-55 50-65 55-72 55-72 50-65 60-70 50-60 50-65 55-65 55-72 60-75 60-75 60-75 60-80 55-72 50-60 55-72 55-65 55-65 55-72 55-72 55-72 50-60 50-60 55 55 55 55 55 60-65 55 55 55 55
Textura Resistência Altura Altura Nível do grão Acamamento Espiga (cm) Planta (cm) Tecnologia SEMIDENTADO A 1,1 2,1 A SEMIDENTADO A 1,15 2,15 A SEMIDURO A 1,2 2,35 M/A SEMIDURO A 1,2 2,3 A SEMIDURO A 1,15 2,2 A DURO A 1,1 2,25 A DURO A 1 2 A SEMIDURO A 1,2 2,4 A DURO A 1,1 2,2 A DENTADO A 1,3 2,3 A DENTADO A 1,4 2,5 A SEMIDURO A 1,25 2,35 M/A DENTADO A 1,6 2,6 M/A SEMIDURO A 1,4 2,4 M SEMIDENTADO M 1,4 2,4 M SEMIDENTADO M 1,3 2,4 M SEMIDURO M 1,15 2,1 A SEMIDENTADO M 1,3 2,3 A SI A 1,25 2,2 M/A SI A 1,05 2,05 M/A DURO A 0,95 1,95 A DURO M 1,15 2,2 A DENTADO A 1 2 A DURO A 1,2 2,2 A DURO A 1,2 2,3 M/A SEMIDURO A 1,3 2,4 M/A SEMIDURO A 1,2 2,3 A SEMIDURO A 1,35 2,45 A SEMIDENTADO A 1,15 2,1 A SEMIDURO A 1,2 2,2 A DENTADO A 1,15 2,15 A SEMIDURO A 1,1 2,1 A DURO A 1 1,9 A SEMIDURO M 1,2 2,25 A SEMIDURO A 1,2 2,2 A SEMIDURO A 1,2 2,3 M/A DURO A 1,25 2,35 M/A SEMIDURO A 1,1 2,2 M SEMIDENTADO A 1,1 2,1 A SEMIDENTADO A 1,2 2,3 M/A SEMIDURO M 1,00-1,20 2,20-2,50 A e M/A DURO M 0,95-1,15 2,00-2,20 M DURO M 0,95-1,15 2,10-2,30 A e M/A SEMIDURO M 1,25-1,35 2,30-2,50 A e M/A DURO A 1,10-1,25 2,40-2,60 M/A e M DURO M 1,25-1,35 2,30-2,50 M/A e M DURO M 1,25-1,35 2,30-2,50 A e M/A DURO M 1,25-1,35 2,40-2,60 A e M/A SEMIDURO M 1,25-1,35 2,30-2,50 A e M/A DURO A 1,20-1,35 2,45-2,65 M DURO A 1,20-1,30 2,30-2,50 M e M/A DURO A 1,25-1,35 2,35-2,55 M e M/A DURO A 1,20-1,30 2,30-2,50 M SEMIDURO A 1,20-1,30 2,30-2,40 A e M/A SEMIDURO M 1,25-1,35 2,50-2,65 M SEMIDURO A 1,25-1,35 2,30-2,50 A e M/A SEMIDURO M 1,30-1.40 2,50-2,70 A e M/A DURO M 1,30-1.40 2,50-2,70 A e M/A SEMIDURO M 1,25-1,35 2,30-2,50 M/A SEMIDURO M 1,30-1,35 2,35-2,55 A e M/A SEMIDURO A 1,25-1,35 2,30-2,50 A e M/A AMERICANO M 1,0-1,1 2,2-2,5 A e M/A AMERICANO SI SI SI M/A SEMIDURO A 1,12 2,1 A SEMIDURO A 1,12 2,1 A DURO M 1,3 2,31 A DURO A 1,18 2,22 M/A DURO A 1,22 2,38 M/A DURO A 1,03 1,9 A DURO M 1,33 2,19 A DURO A 1,27 2,34 A DURO A 1,19 2,1 M SEMIDURO M 1,35 2,45 A
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Região de adaptação S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA Sul e MS SE,MT,GO,DF,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA SE,MT,GO,DF,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA SE,MT,GO,DF,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA SE,MT,GO,DF,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA SE,MT,GO,DF,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA Sul,MS,Sul de MG e Sul de SP Sul e MS SE,MT,GO,DF,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA Sul e MS Sul,MS,Sul de MG e Sul de SP Sul,MS,Sul de MG e Sul de SP SE,MT,GO,DF,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA Sul,SE,CO e TO,MA,PA,RO e Região Nordeste S/CO/SE,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA SE,MT,GO,DF,RO,TO,MA,PI,CE e Oeste da BA Sul,SE,CO e TO,,MA,PA,RO e Região Nordeste Sul,SE,CO e TO,MA,PA,RO e Região Nordeste RS,SC,PR,SP,MS Sul e MS Sul e MS Sul,GO e SP,MG,BA,MA,PI,TO Sul Sul,GO e BA,MA,MG,PI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul,GO e BA,MA,MG,PI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul,GO e BA,MA,MG,PI,SP,TO Sul,GO e BA,MA,MG,PI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul,GO,BA,MA,MG,PI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul,GO,BA,MA,MPI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul,GO,BA,MA,MPI,SP,TO,PE,AL,ES,SE GO,BA,MA,MPI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul,GO,BA,MA,MG,PI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul,GO,BA,MA,MG,PI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul,GO,BA,MA,MG,PI,SP,TO Sul,GO,BA,MA,MG,PI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul,GO,BA,MA,MG,SP,TO Sul,GO,BA,MA,MG,SP,TO Sul,GO e BA,MA,MG,PI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul Sul Sul,GO,BA,MA,MG,PI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul,GO,BA,MA,MG,PI,SP,TO,PE,AL,ES,SE Sul e MS Sul e MS Sul ,CO e MG,SP,RJ,BA,MA,PI CO e PR,MG,SP,RJ, BA,MA,PI,TO CO e PR,MG,SP,RJ, BA,MA,PI,TO Sul e MS,GO Sul e MS Sul ,CO e MG,SP,RJ,BA,MA,PI Sul ,CO e MG,SP,RJ,BA,MA,PI CO e PR,MG,SP, BA,MA,PI,RO
Empresa Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Monsanto Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Pioneer Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta
Setembro de 2004
Ordem
Cultivar
74 VALENT 75 SPEED 76 GARRA 77 PENTA 78 POINTER 79 SG 150 80 SG 6418 81 SAVANA 185 82 SAVANA 133 83 FARROUPILHA 25 84 POLATO 183 85 POLATO 2602 86 BALU 178 87 BALU 184 88 BALU 551 89 BALU 761 90 DOW 2A120 CL 91 DOW 2B150 CL 92 DOW 2A120 93 DOW 2B150 94 DOW 2C577 95 DOW 2C599 96 DOW 657 97 DOW 766 98 DOW 8330 99 DOW 8420 100 DOW 8460 101 DOW 8480 102 DOW 9560 103 DOW CO 32 104 DOW CE 03 105 DOW DO 04 106 DOW 2B710 107 DOW 2C605 108 DOW 2B619 109 AGN 3050 110 AGN 3180 111 AGN 3150 112 AGN 3100 113 AGN 2012 114 AGN 20 A 11 115 AGN 25 A 23 116 AGN 30 A 00 117 AGN 31 A 31 118 AGN 34 A 11 119 AGN 35 A 42 120 AGN 22 A 29 121 AGN 20 A 20 122 AGN 20 A 75 123 AGN 34 A 12 124 AGN 20 A 76 125 AGN 20 A 14 126 BRS 1030 127 BRS 1010 128 BRS 1001 129 BR 3123 130 BRS 3150 131 BRS 3003 132 BRS 3060 133 BR 201 134 BR 205 135 BR 206 136 BRS 2110 137 BRS 2114 138 BRS 2160 139 BRS 2223 140 BRS 2020 141 BR 106 142 BR 451 143 BR 473 144 BRS 4150 145 BRS 4154 Saracura 146 BRS 4157 Sol-da-manhã 147 BRS Planalto 148 BRS 5011 Sertanejo
30
Cultivar
Tipo
Ciclo
HT HS HT HS HS HT HT HT HT HT HD HD HT HD HD HD HS HS HS HS HS HS HSm HSm HT HS HSm HS HS HT HSm HT HS HS HS HS HT HT HD HD HS HD HS HS HT HD HT HT HT HS HS HD HS HS HS HT HT HT HT HD HD HD HD HD HD HD HD V V V V V V V V
P SP P P P P P P P P P P P P P P HP HP HP HP P P P P P P P P P P P P P P P SP P SP SP SP SP P SP SP SP SP P P P SP P SP P P P P P P P P P P P P P SP P SMP P SMP P P P P SMP
Graus Dias 890 815 870 870 SI 865 865 875 870 860 SI SI 860 860 786 792 790 800 790 800 825 830 841 815 830 850 840 850 825 848 834 820 875 820 850 810 840 800 815 810 810 860 815 818 818 820 870 880 885 810 902 812 SI 819 827 SI SI 819 SI 889 SI 895 SI SI SI 788 SI SI SI SI SI SI SI SI SI
Época de plantio N N N N C/N N N N N N V/S V/S C/N/S C/N/S C/N/S C/N/S C/N/S C/N/S C/N/S C/N/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/S C/N/S C/N/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T C/N/T/S C/N/T/S C/N C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T/S C/N/T C/N/T/S C/N/T
Uso
Cor do Densidade Grão (Plantas/ha) GRÃO LR 55 GRÃO LR 60 GRÃO AL 60 GRÃO AL 55 GRÃO AL 55-60 GRÃO SI 55 GRÃO SI 55 GRÃO AL 55-60 G/SPI AL 50-55 GRÃO SI 55 GRÃO AL 55 GRÃO AL 55 G/SPI AL 50-55/45-50 G/SPI AV 50-55/45-51 G/SPI AL 55-60/45-50 G/SPI AL 55-60/45-51 GRÃO AL 60-65 GRÃO AM/AL 55-62 GRÃO AL 60-65 GRÃO AM/AL 55-62 G/SPI/MV AL 50-55/45 GRÃO AL 55-60/50-55 GRÃO AL 50-55/45-50 G/SPI/SGU AL 50-55/40-45 GRÃO AL 50-60/40-45 GRÃO AL 50-60/40-45 GRÃO AL 55-60/40-45 GRÃO AL 50-60/40-45 GRÃO LR 55-60/50-55 GRÃO LR 55-60/50-55 IND.AMIDO AM/CEROSO 50-55 M. DOCE LR 50-55/45-50 GRÃO AM/AL 55-65/50-55 GRÃO LAR 60-65 GRÃO AM/AL 50-55/40-45 G/S AL 60-65 G/S LR 60-65 G/S AV 60-65 G/S AV 45-60 G/S AM 45-60 GRÃO LR 60-65 G/S LR 60-65 GRÃO LR 70-80 G/S LR 60-65 GRÃO LR 65-75 G/S LR 60-65 GRÃO AV 60-65 G/S AL 60-65 G/S LR 60-65 GRÃO AM 60-65 G/S AL 60-65 GRÃO AM 60-65 G/SPI AL 50-60 V/S G/SPI LR/AV 50-55/40-45 V/S G/SPI AL 50-55 V/S G/SPI LR/AV 50-50 V/S G/SPI AM/AL 50-55 V/S G/SPI AL 50-55 C/N/T/S G/SPI AL 50-55 V/S G/SPI AL 40-50 V/S G/SPI AM/AL 50-50 V/S G/SPI AM/AL 50-50 V/S GRÃO AM/AL 50-50 GRÃO GRÃO AM/AL 50-50 V GRÃO AM/AL 50-50 V/S GRÃO AM/AL 50-55/40-45 V/S GRÃO LR 50-55 V/S G/SPI AM 40-50 V GRÃO BRANCO 40-50 V GRÃO AM 40-50 V GRÃO AM/AL 40-50 V/S G/SPI LR 40-50 V/S G/SPI AL 40-50 V GRÃO AM/LR 40-50 N GRÃO AM 40-50
Textura Resistência Altura Altura Nível do Grão Acamamento Espiga (cm) Planta (cm) Tecnologia DURO A 1,21 2,43 M/A DURO M 1,17 1,98 A DURO A 1,3 2,23 M/A DURO A 1,18 2,07 A DURO A 1,19 2,31 A DURO M 1,3 2,35 M DURO M 1,16 2,1 M DURO A 1,35 1,95 M DURO M 1,3 2,3 M DURO A 1,18 2,2 M DURO SI 1,1 2,15 M DURO SI 1,08 2,1 M DURO A SI 2,09 M DURO A SI 2 M DURO A SI 2,26 M DURO A SI 2,28 M SEMIDURO R 1,1 2,15 A e M/A SEMIDURO MR 1,1 2,15 A e M/A SEMIDURO R 1,1 2,15 A e M/A SEMIDURO MR 1,1 2,15 A e M/A SEMIDENTADO MR 1,25 2,25 M/A SEMIDURO R 1,2 2,15 M/A SEMIDURO R 1,3 2,3 M/A SEMIDENTADO R 1,2 2,1 M DURO MR 1,1 2,05 M DURO R 1,05 2 A e M/A DURO R 1,15 2,05 A e M/A DURO R 1,1 2 A e M/A SEMIDURO R 1,1 2 M e M/A SEMIDURO R 1,1 2,1 M e M/A DURO (CEROSO) R 1,3 2,1 M/A TENRO DOCE R 1,3 2,4 A e M/A SEMIDURO R 1,1 2,02 A e M/A SEMIDURO R 1,2 2,3 A e M/A SEMIDURO MR 1,14 2,07 A e M/A DURO M 1 2,1 M/A DURO A 1,15 2,2 M/A DURO A 0,9 2,1 M/A DURO A 1,1 2,2 B/M SEMIDURO M 1 2,1 B/M SEMIDURO M 1,1 2,2 M/A SEMIDURO M 1,3 2,2 B/M DURO R 1,3 2,3 A SEMIDURO M 1,3 2,2 M/A DURO A 1,3 2,4 M/A SEMIDURO M 1,2 2,2 B/M DURO M 1,1 2,1 B/M SEMIDENTADO R 1,3 2,3 M/A DURO M 1,4 2,2 M/A SEMIDENTADO M 1 2 M/A DURO M 1,3 2,2 M/A SEMIDENTADO M 1,2 2,1 B/M SEMIDURO R 1,25 2,11 SEMIDURO SI 1 2,1 A DURO M 1,15 2,2 A SEMIDURO M 1,3 2,3 A SEMIDENTADO A 1,3 2,3 A SEMIDURO SI 1,15 2,2 A SEMIDENTADO M 1,3 2,4 A SEMIDENTADO B 1,3 2,3 M/A SEMIDENTADO M 1,15 2,2 M/A SEMIDENTADO M 1,3 2,3 M/A SEMIDURO M 1,3 2,3 M/A SEMIDURO M 1,3 2,4 M/A SEMIDURO M 1,2 2,2 M/A SEMIDURO M 1,1 2,1 M/A SEMIDURO M 1,3 2,19 M/A SEMIDENTADO M 1,4 2,4 B/M SEMIDENTADO M 1,2 2,2 B/M SEMIDURO M 1,4 2,4 B/M SEMIDURO M 1,35 2,4 B/M SEMIDURO M 1,15 2,2 B/M DURO M 1,2 2,3 B/M SEMIDURO M 1,1 1,75 B/M SEMIDURO M 1,2 2,4 B/M
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Região de adaptação CO e PR,MG,SP,BA,MA,PI,RO Sul ,CO e MG,SP,BA,MA,PI,RO Sul ,CO e MG,SP,RJ,BA,MA,PI Sul e SP(Sul) e MS(Sul) PR e CO,MG,SP,BA,MA,TO,PI,PA Sul e MS Sul e MS Sul ,CO e MG,SP,RJ,BA,MA,PI Sul ,CO e MG,SP,RJ,BA,MA,PI CO e MG,SP,BA CO/N/NE/S CO/N/NE/S Sul,CO e MG,SP,BA,RJ Sul,CO e MG,SP,BA Brasil Brasil Sul do Brasil, demais regiões sob consulta Brasil Sul do Brasil, demais regiões sob consulta Brasil Brasil exc. RS e SC Brasil Brasil Brasil Sul do Brasil + Sul de SP e Sul do MS Brasil exc. RS e SC Brasil Brasil Brasil Brasil Sul,CO e BA,MG,SP,TO Sul,CO e MG,SP,BA,RJ,MA,PI,TO Brasil MG,DF,BA,SP Brasil Brasil Brasil exc. RS e SC Brasil Brasil Brasil Sul Brasil Brasil exc. RS e SC Brasil Brasil exc. RS e SC Brasil Brasil Brasil Brasil Sul Brasil Sul SE,CO,Norte PR,BA,PI,MA,TO SE,CO,Norte PR,BA SE,CO,Norte PR,BA,PI,MA,TO SE,CO,NE,Sul e TO SE,CO,Sul e TO,MA SE,CO,Norte PR,BA,PI,MA,TO SE,CO,Sul e TO Brasil exc.RS SE,CO,NE, e PR,TO SE,CO,Sul SE,CO e PR SE,CO e PR Sul SE,CO,Norte PR,BA,PI,MA,TO MG,SP,PR,MT,GO,PA,AM e BA Brasil exc.RS Brasil Brasil Sul Brasil exc. RS e SC Brasil Sul Nordeste
Empresa Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Syngenta Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Dow AgroSciences Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Agromen Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa Embrapa
Setembro de 2004
Ordem 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 198 199 200 201 202 203 204 205 206 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 220 221 222 223
Cultivar
Tipo
Ciclo Graus Dias BRS 5028 S. Francisco V P SI BRS 5033 Asa Branca V P SI BRS Assum Preto V SP SI A 2288 HS P 879 A 2555 HS SMP 930 A 2345 HS P 880 A 2560 HS P 885 A 3663 HT P 925 A 4646 HD P 922 A 4454 HD P SI A 4545 HD P SI A 4450 HD P SI A 010 HT P SI A 015 HS P SI A 017 HS SMP SI PL 6880 HT N SI XB 7012 HT P 884 XB 7011 HT P 866 XB 7070 HT SP 820 XB 8010 HD P 835 XB 8028 HD N 920 AS 1544 HS SP 790 AS 1533 HSm P 839 AS 3601 HT SP 803 AS 32 HD P 870 AS 3466 TOP HT P 869 AS 3477 HT P 849 AS 523 HD P 860 AS 1545 HS P 815 AS 3430 HT P 870 AS 1548 HS SP 805 AS 1550 HS SP 810 AS 1560 HS P 840 SHS 3031 V P 860 SHS 4040 HD P 850 SHS 4050 HD SP 830 SHS 4060 HD P 850 SHS 4070 HD N 900 SHS 4080 HD P 860 SHS 4090 HD P 850 SHS 5050 HT SP 810 SHS 5060 HT P 855 SHS 5070 HT SP 820 SHS 5080 HT P 850 SHS 5090 HT SP 840 SHS 5550 HT SP 840 SHS 7070 HS P 845 SHS 7080 HS SP 850 CX 533 HD N 940 Z 8447 HD P 860 AL 25 V SMP 900 AL 30 V SMP 890 AL 34 V SMP 900 AL Manduri V SMP 910 ALBandeirante V P 860 CATIVERDE 01 V SMP 930 CATIVERDE 02 V SMP 900 IAC 8333 HI P 775 IAC 112 HSm SP 765 OC 705 HD P 840 CD 3121 HS P 853 CD 306 HT P 850 CD 307 HS P 840 CD 304 HT SP 830 CD 305 HT P 850 FUNDACEP 34 V P SI FUNDACEP 35 V P SI RS 20 V P 635 RS 21 V N 862 SAVE 394 HD SP SI FEPAGRO 22 V P SI GENEAGRO 516 HTm P 820 GENEAGRO 520 HD P 830 GNZ 1717 HS P 830 GNZ 2728 HD P 850
Setembro de 2004
Época de Uso Cor do Plantio Grão N GRÃO AM/LR N GRÃO AM/LR N GRÂO AM/AL C/N/T/S GRÃO AL C/N/T/S GRÃO AV C/N GRÃO AM C/N/T/S GRÃO LR C/N/T/S GRÃO LR C/N/T/S GRÃO LR N GRÃO LR N GRÃO LR N GRÃO LR C/N/T/S GRÃO LR C/N/T/S GRÃO LR C/N/T/S GRÃO LR V/S G/SPI AM V/S GRÃO LR V/S GRÃO LR V/S GRÃO AL V/S GRÃO LR V/S SPI AL V GRÃO AL V/S GRÃO AV V GRÃO AL V G/SPl AV V/S GRÃO AV V/S GRÃO AL V GRÃO AL V G/SGU AM V/S GRÃO AV V/S GRÃO AV V GRÃO AV V GRÃO AM C/N/T/S G/SPI AL C/N/T/S G/SPI LR C/N/S G/SGU LR C/N/T/S G/SPI AL C/N/T G/SPI AM C/N/T/S G/SPI AL C/N/T/S G/SPI AL C/N/S G/SGU AL C/N/T/S G/SPI AM C/N/S G/SGU LR V/S G/SPI LR V/S G/SGU AL V/S G/SGU LR C/N/S G/SGU AV V/S G/SGU AL V G/SPI AM V/S G/SPI AL V/S G/SPI AL V/S G/SPI AL V/S G/SPI AL V/S G/SPI LR V/S G/SPI AL V/S MV/SPI AM V/S MV/SPI AM C/N/S G/SPI AM/AL C/N/S PIPOCA AL V/S G/SPI AL V/S G/SPI AM V/S G/SPI AL V G/SPI AM SI GRÃO AL SI GRÃO AL V GRÃO AM/AL V GRÃO AM/AL SI PIPOCA AM/AL V GRÃO BRANCO V GRÃO SI V GRÃO AL V/S G/SPI AL V/S G/SPI/MV AM V/S GRÃO AL V/S GRÃO e SPI AL
Densidade (Plantas/ha) 40-50 40-50 40-50 60 55 50-55 55 55 50 55 55 65 55 55 55 50-55 55-60/45-50 50-55/40-45 55-60/45-50 50-55/40-45 50-55/40-45 55-65 45-55 50-60 40-55 45-55 50-55 40-55 50-60 40-55 45-65 55-65 55-60 50-55/40-45 50-55/40-45 55-60/45-50 50-55/40-45 50-55 50-55/40-45 50-55/40-45 55-60/45-50 55-60/45-50 55-60/45-50 55-60/45-50 55-60/45-50 55-60/45-50 55-60/45-50 55-60/45-50 50-55 50-55/40-45 45-50/35-40 45-5035-40 45-50/35-40 45-50/35-40 50-55/35-40 40-45/35-40 40-45/35-40 55-60 55-60 50/45-50 55-60/45-50 55-60/45-50 55-60 55/60 55-60/45 SI SI 75 40 50 SI 55-60 55-60 55.000 /45.000 55.000/45.000
Textura Resistência Altura do Grão Acamamento Espiga (cm) SEMIDENTADO M 1,1 SEMIDURO M 1 SEMIDURO M 0,9 DURO A 1,04 DURO A 1,17 SEMIDENTADO M 1,12 DURO M 1,3 SEMIDURO M 1,3 SEMIDURO M 1,25 SEMIDURO SI SI SEMIDURO SI SI SEMIDURO SI SI SEMIDURO B 1,3 DURO B 1,05 SEMIDURO B 1 DENTADO R 1,35 DURO MA 0,95 DURO MA 1,15 DURO MA 1,1 DURO MA 0,95 SEMIDURO M 1,25 SEMIDURO A 1,00 DURO A 1,05 DURO M 1,05 SEMIDURO M 1,05 DURO A 1,05 DURO A 1,10 SEMIDURO M 1,10 SEMIDURO M 1,15 DURO A 1,05 SEMIDURO A 0,95 SEMIDURO A 0,97 SEMIDURO A 1,15 SEMIDURO A 1,3 DURO A 1,3 DURO A 1,1 SEMIDURO A 1,3 DENTADO A 1,6 SEMIDURO A 1,3 SEMIDURO A 1,3 SEMIDURO M 1,1 SEMIDENTADO A 1,3 DURO M 1,1 SEMIDURO A 1,3 SEMIDURO A 1,2 SEMIDURO A 1,1 DURO A 1,2 SEMIDURO A 1,1 SEMIDENTADO A 1,6 SEMIDENTADO A 1,3 SEMIDURO M 1,35 SEMIDURO M 1,35 SEMIDURO M 1,35 DURO SI 1,4 SEMIDURO M 1,25 SEMIDENT M 1,4 DENTADO SI 1,35 SEMIDURO A 1,2 DURO M 1,1 SEMIDURO M 1,3 SEMIDENT A 1,18 DURO A 1,35 DENTADO M 1,35 DURO A 1,2 SEMIDURO A 1,3 SEMIDURO SI 1,16 SEMIDURO SI 1,15 SEMIDURO M 1,16 DENTADO M 1,69 DENTADO M 1,2 SEMIDURO SI 1,13 SEMIDURO M 1,1 SEMIDENTADO M 1,2 SEMIDURO A 85-115 SEMIDURO A 90-130
www.cultivar.inf.br
Altura Planta (cm) 2,2 2 1,8 2,14 2,16 2,09 2,33 2,33 2,2 SI SI SI 2,3 2,05 1,9 2,62 1,85-2,0 2,05-2,25 2,10-2,30 2,0-2,15 2,25-2,50 2,00 2,05 2,00 2,10 2,05 2,10 2,20 2,25 2,10 1,90 1,95 2,10 2,4 2,4 2,1 2,3 2,7 2,4 2,3 2,0 2,3 2,1 2,3 2,2 2,2 2,1 2,1 2,6 2,4 2,35 2,35 2,35 2,4 2,25 2,4 2,35 2,3 2,2 2,3 2,22 2,4 2,4 2,2 2,3 2,2 2,2 2,2 2,72 2,5 2,26 2,3 2,3 165-215 185-245
Nível Região de Tecnologia Adaptação B/M Nordeste B/M Nordeste B/M Nordeste M Sul,CO e BA,MG,SP e Nordeste M/A CO e BA,MG,RJ,PR,SP e Nordeste M/A Sul e MG,MS,SP e Nordeste M/A CO e BA,MG,PR,RJ,SP e Nordeste M Sul,CO e BA,MG,SP,RJ e Nordeste M/B CO e BA,MG,PR,SP e Nordeste M/B Brasil exc. RS e SC A/M Brasil exc. RS e SC A/M Brasil A/M Brasil A/M RS,SC,PR,SP e MS A/M Brasil exc. RS e SC SI Brasil M/A e A CO,BA,ES,MG,AL,SP e PR (Norte, Oeste e Noroeste do PR) M/A e A CO e BA,MG,AL,SP e Norte,Oeste e Noroeste M/A e A CO e BA,MG,AL,SP e Norte, Oeste e Noroeste M e B/M CO e BA,MG,AL,SP e Norte, Oeste e Noroeste B/M e B CO e BA,MG,AL,SP e Norte, Oeste e Noroeste A Sul, MS,SP,BA,GO M/A Sul,CO,SP,BA,MG M/A Sul e MS M/A Sul,CO e SP,BA,MG M/A Sul,CO,SP,BA,MG M/A Sul,CO,SP,BA M/A Sul,MS,MT,SP,BA,MG A Sul,MS,GO,BA,SP M/A Sul,CO,SP,BA,MG A Sul,CO,SP,BA,MG A Sul A Sul M e B/M Sul,SE,CO,NE,N M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M/A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES A Sul,CO e MG,SP,RJ,ES M Sul,CO e MG,SP,RJ,ES,BA,TO,MA,PI,CE M Sul,CO e SP,MG,RJ M Brasil M Brasil B/M Brasil Brasil M/A Brasil M Brasil M Brasil M/B CO,Sul A CO,Sudeste A/M Sul,CO e SP,MG M/A Sul,CO e SP,MG SI Sul e MS e SP M/A Sul e Sul de MS e de SP M/A Sul e MS,SP M/A CO e SP,PR,MG B/M Sul B/M Sul M/A RS e SC B/M RS e SC SI Sul SI Sul SI CO,NE SI CO,NE A Centro/Sul B/M Centro/Sul
Empresa Embrapa Embrapa Embrapa Bayer Bayer Bayer Bayer Bayer Bayer Bayer Bayer Bayer Bayer Bayer Bayer Planagri Semeali Semeali Semeali Semeali Semeali Agroeste Agroeste Agroeste Agroeste Agroeste Agroeste Agroeste Agroeste Agroeste Agroeste Agroeste Agroeste Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena Santa Helena CATI CATI CATI CATI CATI CATI CATI IAC IAC Coodetec Coodetec Coodetec Coodetec Coodetec Coodetec Fundacep Fundacep Fepagro Fepagro Fepagro Fepagro Geneagro Geneagro Geneze Geneze
Cultivar
31
Ordem
Cultivar
224 225 226 227 228 229 230
GNZ 2004 GNZ 2005 IPR 114 IPR 119 DG 501 PZ 677 UFV M 100-Nativo
Tipo Ciclo HS HTm V HD HT HD V
P P P N P P N
Graus Dias 880 850 833 870 820 870 SI
Época de Uso Plantio V/S G/SPI e MV V/S GRÃO SAFRA GRÃO V GRÃO V/S G/SGU/SPI C/N/S G/SPI V G/SPI/MV
Cor do Grão AM/AL AL
AM AL AM/AL
Densidade Textura do Resistência Altura Altura Nível (Plantas/ha) Grão Acamamento Espiga (cm) Planta (cm) Tecnologico 50-57.000/45-50.000 SEMIDENTADO A 115-130 230-270 A 55-60.000/50-55.000 SEMIDURO A 110-130 210-240 M/A 50-55 SEMIDURO BOA BAIXO/MÉDIA B/M 50-55 SEMIDURO BOA M 50-55/45-50 SEMIDURO A 1,15 2,2 M/A 50-55 SEMIDURO R 1,15 2,25 M 50-55 DENTADO A 1,0-1,15 2,0-2,30 B/M
Região de Adaptação Centro/Sul Centro/Sul PR PR Sul,MS,MT,SP e MG Sul,SE,CO e N SE
Empresa GENEZE GENEZE IAPAR IAPAR DATAGENE PRIMAIZ SEMENTES UFV
Legendas 1 - Tipo: HTm - Híbrido triplo modificado; HD - Híbrido duplo; HT - Híbrido triplo; HS - Híbrido simples; HSm - Híbrido simples modificado; V - Variedade 2 - Ciclo: SP - Superprecoce; P - Precoce; N - Normal; SMP - Semiprecoce 3 - Graus Dias (G.D): Pode-se obtê-la somando todos os resultados diários obtidos com a fórmula do plantio até o florescimento masculino. Cálculo: (Tmax + Tmin)/2 - 10 = resultado diário. 4 - Época de plantio: C - Cedo; N - Normal; T - Tarde; S - Safrinha; V - Verão 5 - Uso: G - Grão; MV - Milho Verde ; SGU - Silagem Grão Úmido; SPI - Silagem Planta Inteira; S - Silagem 6 - Cor do Grão: AL - Alaranjado; AM - Amarelo; LR - Laranja; AV - Avermelhado; SI - Sem informação 7 - Resistência Acamamento: A - Altamente resistente; M - Média resistência; R - Resistente; B - Baixa resistência; SI - Sem informação 8 - Nível tecnologico: A - Alto; M - Médio; B - Baixo; SI - Sem informação
Tabela 2 - Resistência das cultivares às principais doenças do milho. Safra 2004/05 Codresistencia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54
32
Cultivar
Cultivar AG 9090 AG 9020 AG5020 AG7040 AG8060 AG 7575 AG 9010 AG 6690 AG 6018 AG 5011 AG 4051 AG 2060 AG 1051 AG 405 AG 303 AG 122 AG 7000 AG 8021 AG 2020 AG 6040 DKB 950 DKB 909 DKB- 901 DKB 747 DKB701 DKB435 DKB-333B DKB 990 DKB 440 DKB 350 DKB 212 DKB 214 DKB 215 DKB 199 DKB 390 DKB 466 DKB455 DKB979 DKB330 DKB 566 P 32R21 P 3069 P 3081 P 3063 P 3071 P 3041 P 30F45 P 30F33 P 30F44 P 3027 P 30F80 P 30F87 P 30F88 P 30K75
Fusariose T T T T T T T MT T T MT MT MT MT MT MT MT AT T T T MT BT MT T T T T T T T T T T AT T T T T T MS MS MS MS MS MS MS S MS MR MR MR MR MR
P. sorghi MT AT AT AT BT AT BT T T T BT T MT T T T T T T T T T T MT BT AT BT AT T T T T T T T T T T AT AT S S MS MS MR S S MR MR MR MR MR MR MS
Physopella BT BT MT T BT MT BT MT BT MT MT MT MT MT MT MT T MT SI MT BT MT BT BT MT MT BT BT BT MT BT BT SI BT T BT BT T MT BT S S MS S MS S S MR MS MS MR MR MR MR
P. polysora MT BT AT T AT AT MT MT BT BT AT T T AT BT T AT BT MT T T T T T AT T AT T T AT BT BT BT T MT AT T AT T T S S S S MS MS MR MS S MR R MR R MS
Phaeosphera BT BT AT AT T AT MT MT BT MT AT T T BT T MT AT T BT MT T T BT MT T AT T BT MT T T T BT T AT MT AT T T T S S MS MS MS S S MR S S MS MR MR MR
www.cultivar.inf.br
Entezamento MT BT AT AT T AT MT MT BT T T T T AT MT T AT MT MT T T MT BT MT AT AT AT MT BT T BT MT MT T AT AT AT AT T T S MS MS S MS MR MR MS MR R MR SI MR MS
H. turcicum T MT AT MT AT AT T MT BT AT AT AT T AT T T AT T T T T MT T T BT T AT AT T T T T T AT T AT AT T MT AT S MS MS MR MS MR MS R R R R R R MS
H. maydes MT MT T AT SI BT T AT AT AT T T T AT T T T SI T T T MT T MT T MT BT BT T T SI SI SI T T AT T T MT T SI SI MR MR MS MS MR R SI R R SI R MR
Cercospora MT BT T AT MT T BT MT BT T T T T MT MT T AT BT MT BT MT BT BT BT T T AT T MT T BT BT MT T T AT AT T T MT S S S MR MR S S MR S MR MS R MS MR
Doenças colmo sanidade grãos T MT T T AT T T MT T T T T T T MT T AT AT T BT T BT MT MT MT BT T T MT T MT T MT T AT AT T AT T MT AT T MT T MT T T MT T T T T AT BT AT MT MT BT T BT AT AT AT AT T AT T AT AT BT AT BT T T T T T T T T S MR MS MR S MR S MS MR MR S MS MS S MS MR S MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR
Setembro de 2004
Codresistencia 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130
Cultivar P 3232 P 3021 P 30F98 P 30F90 P 30P70 P 30F53 P 30R50 ZÉLIA JADE PREMIUM PREMIUM FLEX TORK EXCELER MASTER FLASH ATTACK FORT TRAKTOR STRIKE VALENT SPEED GARRA PENTA POINTER SG 150 SG 6418 SAVANA 185 SAVANA 133 FARROUPILHA 25 POLATO 183 POLATO 2602 BALU 178 BALU 184 BALU 551 BALU 761 DOW 2A120 CL DOW 2B150 CL DOW 2A120 DOW 2B150 DOW 2C577 DOW 2C599 DOW 657 DOW 766 DOW 8330 DOW 8420 DOW 8460 DOW 8480 DOW 9560 DOW CO 32 DOW CE 03 DOW DO 04 DOW 2B710 DOW 2C6O5 DOW 2C619 AGN 3050 AGN 3180 AGN 3150 AGN 3100 AGN 2012 AGN 20 A 11 AGN 25 A 23 AGN 30 A 00 AGN 31 A 31 AGN 34 A 11 AGN 35 A 42 AGN 22 A 29 AGN 20 A 20 AGN 20 A 75 AGN 34 A 12 AGN 20 A 76 AGN 20 A 14 BRS 1030 BRS 1010 BRS 1001 BR 3123 BRS 3150
Setembro de 2004
Fusariose MS MR MR MR MR MR MS S S MR MR MS MR MR MR MS MR MR MS MR MR MR MS SI MR MS MR MS MR MR MR MR MR MR MS MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MS MR MR T R R R MS MR MR MS MR MS SI SI SI SI SI SI SI MR SI MR MR
P. sorghi MR MS MS MS MR MR MR MS MS MS MS MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MS MS MS MR MR MS MS MR MR MR MR MS MR MR MS MR MS MR MR MR MR MR MS MS MS S MR MR MR MS MS MS R MT MR R R MS R R R R R SI SI SI SI SI SI MR MS MR MR MR
Physopella S MR MS S S MS MS S S MR MR MR MR MR SI MR SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI MR SI SI SI SI SI SI SI MS MS MS MS MS R MS MS MS MS MS MS MR MR MS MS MS MR MS MR T MR MR MR MR MR R R R MR SI SI SI SI SI SI MR MR MS MR MR
P. polysora S MR MR R S S S S S MR MR MR MS MS MR MR MR MS MR MR MS SI SI SI MR MR MR MR SI SI SI MS MS SI SI S MS S MS MS R MR MR MS MS MS MS MR MR MR MR MR MR MR R T MR R R MR R R R R R SI SI SI SI SI SI R MR MR MR MS
Phaeosphera S MR MS S MS MS MS S MS MS MS MR MR MS MR MR MR MR MR MR MS MR MS MR MS MR MS S MR MS MR MR MR MR MS S S S S MR MS S MR MS MR MS MS MR MS MR MR R MR MS S T MR MR MR R MS MR R MS MS SI SI SI SI SI SI R R MR MS MR
www.cultivar.inf.br
Entezamento S S SI MR MS SI SI S MS MR MR MR MR MR SI SI MR MS SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI MS S S S MS MR MR S MS MS MS MS MR MR MR MR MS MS MR R T MR MR MR R MR R R MR MR SI SI SI SI SI SI SI MR MR MS MS
H. Turcicum MR MR MR S MR MR R S MS MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MS MR MR MR MR S MS MS MR MR MR MR MR MR MS MR T MR R R R MR MR R MR MR SI SI SI SI SI SI SI R MR MR MR
H. maydes SI MR SI MS MS SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI MR MR SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI MR SI SI SI SI SI SI SI MS MS MS SI MT SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI R SI MR MR
Cercospora SI MR S S SI MS MS SI SI MS MS MS MS MS MS MS MS MS R MS MS MS MS MR SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI S MS S MS MR MS MR MS MS MS MS MS MR MR MS MS MR MR MS SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI R MR R SI SI
Doenças colmo Sanidade grãos S MS MR MR MR MS MR MS MS MR MS MR MS MR MS MR MR MR MR MR MR MR MS MR MR MR MR MR MR MR MS MS R MS MR MR MS MR MR MS MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MS MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MS MS MR MR MS MR MR MR MR MR MR MR MR MR MS MR MS MR MS MR MS MR MR MR MS MR MR MS MR MR R MR MR MS MS MR R MR T T R MS R MR MR MR MR MR MS MR R MR MR MR MR MR MS MR SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI MR MR SI MR MR MR MR MR
Cultivar
33
Codresistência 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 198 199 200 201 202 203 204 205 206
34
Cultivar
Cultivar BRS 3003 BRS 3060 BR 201 BR 205 BR 206 BRS 2110 BRS 2114 BRS 2160 BRS 2223 BR 106 BR 451 BR 473 BRS 4150 BRS 2020 SARACURA SOL-DA-MANHÃ BRS PLANALTO SERTANEJO S. FRANCISCO ASA BRANCA BRS ASSUM PRETO A 2288 A 2555 A 2345 A 2560 A 3663 A 4646 A 4454 A 4545 A 4450 A 010 A 015 A 017 PL 6880 XB 7012 XB 7011 XB 7070 XB 8010 XB 8028 AS 1544 AS 1533 AS 3601 AS 32 AS 3466 TOP AS 3477 AS 523 AS 1545 AS 3430 AS 1548 AS 1550 AS 1560 SHS 3031 SHS 4040 SHS 4050 SHS 4060 SHS 4070 SHS 4080 SHS 4090 SHS 5050 SHS 5060 SHS 5070 SHS 5080 SHS 5090 SHS 5550 SHS 7070 SHS 7080 CX 533 Z 8447 AL 25 AL 30 AL 34 AL MANDURI ALBANDEIRANTE CATIVERDE 01 CATIVERDE 02 IAC 8333
Fusariose MR MR MR MR MR MR MR MR SI MR MR MR MR MS MR MR SI MR MR MR MR MT T SI MT SI MT SI SI SI SI SI SI SI MR MS MR MS MS R R R R R R R R R R R R MT MT MT MT MT MT MT MS MT MT MT MS MT MT MT MT MT MR MR MR MR MR MR MR SI
P. sorghi MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR SI MR MR MR MR AT MT T MT T T T T T T MT T SI MS MS MS MS MS MR R MR MR R R MR MR R R MS R MT MT MT MT MT MT MS MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MR MR MR MR MR MR MR SI
Physopella MR MR MR MR MR MR MR MR MS MR MR MR MR R MR MR SI MR MR MR MR T T T T MT MT SI SI SI AT SI AT R MR MS MR MR MR MS R MR MR R MR MR MR MR R SI SI MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MR MR MR MR MR MR MR SI
P. polysora MR MS MR MS MS MR MR MR MS MR MS MS MR S MR MR SI MR MR MR MR S T MS T T T T MT T T T T MR MR MR MR MR MR S MR S S MR MS S S MR MR SI SI MT MT MS MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MS MR MR MR MR MR MR MR SI
Phaeosphera MS MR MR MS MS MS MS MR S MR MR MR MR S MR MR SI MR MR MR MR AT T MS T T S T T T MT AT S MR MR MS MS MR MS MS R MR MR R MR MR MR MR MR R R MT MT MS MT MT MT MT MS MT MS MT MS MS MS MS MS MS MR MR MR MR MR MR MR SI
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Entezamento MR MS MR MS MS MS MS MS MR MR MS MS MR SI MR MR SI MR MR MR MR T T MT T T T T T T SI SI SI MR MR MR S MR MR SI SI SI SI SI SI SI S MR SI SI SI MT MT MT MS MS MT MS MS MS MT MT MT MT MT MS MT MS MR MR MR MR MR MR MR SI
H. Turcicum MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR SI MR MR MR MR AT MT MT T T T MT T T T T T SI MR MR MR MR MR MS R MR MR R MR MR MR R MR MR R MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MR MR MR MR MR MR MR SI
H. maydes SI MR SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI MR MR MR MR SI SI SI SI MR SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI MR MR MS MR MR SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT SI SI SI SI SI SI SI SI
Cercospora MR SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI AT T S AT MT MT S T T MT S AT SI MR MR MS MR MS S MR S S MR MR S S MR MR MR SI MT MT MT MT MT MT MS MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MR MR MR MR MR SI SI SI
Doenças colmo Sanidade grãos MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR SI MR MR MS MR MR MR MR MR MR MS MR MR MR MR MR SI SI MR MR MR MR MR MR MR MR SI MT T MT SI MT MT MT MT MT MT MT MT T MT MT SI SI SI MT SI MT SI MT SI R MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR R R R R MR R MR R R R R MR MR R MR MR R R MR R MR R R R MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MS MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MT MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR MR SI SI
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Dodresistência 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 220 221 222 223 224 225 226 227 228 229 230
Cultivar IAC 112 OC 705 CD 3121 CD 306 CD 307 CD 304 CD 305 FUNDACEP 34 FUNDACEP 35 RS 20 RS 21 SAVE 394 FEPAGRO 22 GENEAGRO 516 GENEAGRO 520 GNZ 1717 GNZ 2728 GNZ 2004 GNZ 2005 IPR 114 IPR 119 DG 501 PZ 677 UFVM 100-NATIVO
Fusariose R SI SI SI MR SI MR MR MR MR MR MR SI SI SI MS MR MR R SI SI MR R SI
P. sorghi MR MS MS MR MR MS MR MR MR R MR R SI SI SI MR MR R MR SI SI MR R SI
Physopella MS SI SI SI SI SI SI SI SI R MR R SI SI SI MR MR MR R SI SI MR MR SI
P. polysora MS MR MR MR MR SI MR MR MR R MR R SI SI SI MR MR MR R SI SI MS R SI
Phaeosphera R S MR MS MS MS MR MS MS R R R SI SI SI MR MR R MR SI SI MR R SI
Entezamento MS SI SI SI SI SI MR SI SI SI R SI SI SI SI MR MR R MR SI SI MR R SI
H. Torcicum R MR MR MR MR SI MR SI SI MR MR MR SI SI SI MR MR R R SI SI MR R SI
H. maydes R SI SI SI MR SI MR SI SI SI SI SI SI SI SI MR MR R MR SI SI MR SI SI
Cercospora SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI SI MS MS MR R SI SI MR R SI
Doenças colmo Sanidade grãos MR R MR MR MR MR MR MR MR MR MS MR MR R MR MR MR MR R R MR MR MR MR SI SI SI SI SI SI MR MR MR MR R MR MR MR SI SI SI SI MR MR R MR SI SI
Legendas
Híbrido Simples - cruzamento de duas linhagens endogâmicas. Em geral, é mais produtivo que os demais tipos de híbridos. Semente de maior custo de produção. Híbrido Simples Modificado - utiliza como progenitor feminino um híbrido entre duas progênies afins da mesma linhagem e, como progenitor masculino, uma outra linhagem. Híbrido Triplo – cruzamento de um híbrido simples com uma terceira linhagem. Híbrido Triplo Modificado - obtido sob forma de híbrido modificado, em que a terceira linhagem é substituída por um híbrido formado por duas progênies afins de uma mesma linhagem. Híbrido duplo – cruzamento de dois híbridos simples, envolvendo, portanto, quatro linhagens endogâmicas.
Fotos José Cruz
T - Tolerante; MT - Moderadamente tolerante; AT - Altamente tolerante; BT - Baixa tolerancia; SI - Sem informação; R - Resistente; MR - Moderadamente resistente; S - Suscetível; MS - Moderadamente Suscetível;
José Carlos Cruz, Luiz André Corrêa, Israel Alexandre Pereira Filho, Francisco Tenório F. Pereira, Josiane Marlle Guiscem e Renata Parreiras Versiani, Embrapa Milho e Sorgo
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Pesquisadores apresentam variedades disponíveis no mercado alertando para os detalhes que potencializam a produção
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Cultivar
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Molécula
Flutriafol
Duas formulações permitem que a molécula fungicida flutriafol possa ser utilizada tanto para tratamento de sementes de trigo, como para aplicação foliar
O
Flutriafol é uma molécula com ação fungicida descoberta pela ICI. Após algumas fusões de empresas, a molécula foi adquirida pela Cheminova. A partir de abril de 2001, todos os direitos relativos ao produto pertencem à Cheminova. Desde este momento, o fungicida está sendo estudado em novos usos, novas culturas e novos mercados. A molécula tem se mostrado como uma opção diferenciada para o controle de uma série de doenças.
DESCOBERTA E MODO DE AÇÃO Em 1981, os cientistas da Estação de Pesquisa Jealott’s Hill da ICI utilizaram computadores para modelar o sítio ativo de ligação no citocromo e conseguiram desenvolver uma molécula fungicida com o formato mais adequado. Flutriafol foi selecionado para desenvolvimento comercial, pois sua estrutura química parecia ser a mais bem adaptada ao sítio de ligação modelado. Todos os fungicidas azólicos agem bloqueando a formação de um produto químico específico da patologia fúngica, o ergosterol. Esse bloqueio ocorre em um processo denominado demetilação. Por isso, os azóis são conhecidos como Inibidores da Demetilação ou DMIs. No processo de desmetilação, uma proteína denominada Citocromo P-450 é utilizada para juntar os produtos químicos, que serão alterados e preparados para a posterior des-
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Cultivar
metilação. Flutriafol e outros azóis ligam-se a esse citocromo, evitando que ele se conbine ou reaja com os produtos químicos naturais do fungo. Flutriafol, como os demais DMIs, possui um átomo de nitrogênio que adere ao centro de um grupo de ferro no citocromo, o que impede a formação do próximo produto intermediário na produção do ergosterol. Quanto mais forte a ligação do fungicida com a proteína citocromo, melhor a inibição da produção de ergosterol e melhor o efeito fungicida.
PERFIL TOXICOLÓGICO A toxicidade aguda e crônica de Flutriafol foi examinada em diversos testes. Os principais resultados são mostrados a seguir. • Toxicidade aguda de Flutriafol Resultado de testes em espécies animais: Rato (M) Aguda oral – LD50: 1140 mg/ kg Rato (F) Aguda oral – LD50: 1480 mg/kg Rato Aguda dérmica – LD50 >1000 mg/ kg Inalação em Ratos (4h) – LC50:1,65 mg/ L de ar Irritação aos Olhos de Coelhos: Levemente irritante Irritação à Pele de Ratos/Coelhos: Não irritante Sensibilização das Cobaias: Não sensibilizante • Toxicidade de médio e longo prazo de Flutriafol Ratos: Estudo de alimentação de 3 meses: Nível sem efeito 20 ppm em dieta (cerca de 1,5 mg/
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kg bw/dia). Estudo de alimentação de 2 anos: Nível sem efeito 20 ppm em dieta. Cães: Estudo de alimentação de 3 meses: Sem efeito. Estudo de alimentação de 1 ano: Nível sem efeito 1 mg/kg bw/dia. • Mutagenicidade Flutriafol não é mutagênico. Não houve evidência de mutagenicidade em uma bateria de ensaios in vivo e in vitro (teste Ames, teste de mutação em linfoma de camundongo, estudo citogênico em ratos, síntese de DNA não programada, ensaio do dominante letal e do micronúcleo em camundongos). • Teratogenicidade Sem efeitos teratogênicos em ratos com doses de até 10 mg/kg bw/dia e em coelhos com doses de até 7,5 mg/kg bw/dia. • Reprodução Em um ensaio de reprodução em duas gerações com ratos, o nível sem efeito reprodutivo foi fixado em 240 ppm. • Destino no solo Flutriafol se degrada lentamente no solo. Não foram identificados produtos significativos da degradação. Foi demonstrado, em estudos de campo, que os resíduos no solo não produzem efeitos fitotóxicos para as culturas seguintes. Flutriafol é pouco móvel no solo. Estudos de campo indicaram que não ocorre lixiviação para o lençol freático sob condições normais de uso. • Metabolismo em plantas Em plantas, os principais metabólitos identificados foram derivados triazólicos. Os principais metabólitos, identificados como triazolilalanina e ácido triazolilacético e uma pequena quantidade de 4-hidroxiflutriafol, estavam presentes na palha de trigo.
PROPRIEDADES BIOLÓGICAS Muitos fatores podem influenciar a atividade de Flutriafol. Fungicidas sistêmicos (como Flutriafol) diferem dos protetores. Os últimos têm de formar uma camada protetora sobre a superfície das plantas. Já os fungicidas sistêmicos têm de vencer mais barreiras antes de entrar em contato com o organismo alvo. Além da toxicidade intrínseca dos fungicidas aos fungos patogênicos, o seu padrão de absorção e movimentação na planta também são essenciais para controlar as doenças. A facilidade com que os fungicidas penetram e se movem dentro da planta deve-se, em grande parte, às suas propriedades físicoquímicas. Essa facilidade pode ser medida com base na capacidade de o fungicida distribuir-se entre o álcool (octanol) e a água quando agitados para formar uma mistura das duas subs-
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Contudo, a maior parte do Flutriafol é transportada para cima na planta (movimento acropetal) no tecido decondução principal – o xilema. Para tanto, tem de cruzar outra difícil barreira celular chamada endoderme. Neste ponto também as propriedades físico-químicas de Flutriafol permitem fazêlo com facilidade. Não há evidência de movimentação de Flutriafol no floema. Estudos realizados pelos cientistas de Jealott’s Hill com Flutriafol radiomarcado permitiram visualizara movimentação do produto ao longo do tempo, a partir da aplicação na base das folhas. Por auto-radiografia, Flutriafol foi identificado como um produto altamente sistêmico. Em 24horas, Flutriafol redistribui-se por toda a folha mais rapidamente do que outros triazóis.
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS Fórmula empírica: C16H13F2N3O Peso molecular: 301,3 Estado físico: Sólido (pó cristalino) Cor: Creme/marrom claro Odor: Inodoro Ponto de fusão: 130°C Ponto de ebulição: Decompõe-se Densidade: 1,41 g/mL a 20°C Pressão de vapor: 5,3 x 10-11 mm Hg a 20°C Solubilidade em água: 130 mg/L a 20°C e pH 7-9 Solubilidade em solvente orgânico: Solúvel em ace tona, metanol, diclorometano; levemente solúvel em xileno Coeficiente de partição N-octanol/água: Log P = 2.29 Inflamabilidade: Pouco inflamável Tensão superficial: 68,7 mN/m a 20.0 ± 2°C (69,7 mg/L de Flutriafol) Explosividade: Não explosivo Propriedades oxidantes: Não oxidante Estabilidade ao armazenamento: Estável por pelo me nos 5 anos em temperatura ambiente (15-25°C)
tâncias. É o chamado coeficiente de partição ou valor Log P. Todos os fungicidas com valor de 3,2 ou inferior se movem rapidamente na planta. Os com valores superiores não se movem muito rápido, embora possam penetrar na planta. • Valores Log P de diferentes produtos O baixo Log P do Flutriafol lhe permite penetrar rapidamente e movimentar-se de maneira mais eficiente na planta. Isso ocorre principalmente durante as primeiras 24 horas após a aplicação. De fato, dependendo das condições, Flutriafol costuma
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penetrar muito rapidamente, mesmo durante a primeira hora. Conforme as gotículas nebulizadas secam sobre a folha, aumenta a concentração do princípio ativo. A maior absorção ocorre durante a última fase desse processo de secagem. De modo geral, com a secagem natural das gotículas, a absorção durante as primeiras 24 horas pode ficar em torno de 35-45 por cento da aplicada sobre a folha. Estudos radioquímicos realizados na Estação de Pesquisa Jealott’s Hill na Inglaterra, FLUTRIAFOL NO BRASIL mostram a absorção de Flutriafol durante um Flutriafol é comercializado no Brasil em período de sete dias em comparação com tri- duas formulações. Vincit 2,5DS® para uso em azóis de outros fabricantes (OM). sementes de trigo e Impact® com registro para Durante os três dias de aplicação, cerca de as culturas de aveia, banana, café, melão, soja 80% do Flutriafol aplicado foi absorvido. e trigo. C Uma vez no interior da planta, Flutriafol não se acumula no ponto de entrada, e se di- Mauro Luiz Alberton e funde pelos tecidos subjacentes. Arnaldo Massariol, Uma parte do Flutriafol irá para as pare- Cheminova Brasil Ltda. des celulares cheias de água, podendo se deslocar para cima na planta com a corrente de transpiração, em uma rede de interconexões de paredes celulares. • Resultado de Testes em Espécies Animais: Aves Pato selvagem Aguda oral LD50:>5000 mg/kg Perdiz-vermelha Aguda oral LD50: 616 mg/kg Pato-real Alimentar LC50: 3935 ppm Codorniz americana Alimentar LC50: 6352 ppm Codorniz japonesa Alimentar LC50: 17083 ppm Organismos aquáticos Truta arco-íris 96 h LC50: 61 mg/L Carpa espelho 96h LC50: 77 mg/L Pulga d’água 48 h EC50: 78 mg/L Algas 96 h EC50: 12 mg/ L • Testado em formulação: Outros organismos Minhoca (Eisenia foetida ) 14 dias LC50: >1000 mg/kg Abelhas 48 h LD5: >50 mg/abelha (oral e contato)
PROPRIEDADES ECOTOXICOLÓGICAS
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Cultivar
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Negócios
Hokko tem novos produtos
Bayer anuncia transferência
O complexo processo de concessão de licenças ambientais no Rio Grande do Sul foi um dos fatores que contribuiu para a transferência da unidade de Portão (RS) para o Rio de Janeiro. Com a capacidade da fábrica estagnada em 30%, o fato inviabiliza a inovação da linha de produtos da empresa. Outro fator que comprometeu as operações da unidade de Portão, foi a venda da molécula Fipronil pela Bayer CropScience em 2002, pelo fato de a compradora da molécula estar agora, ela própria, fabricando produtosbaseados neste principio ativo. A Bayer estará desativan-
do as operações industriais gradualmente, concluindo o processo até meados de 2006. Como reflexo da confiança em seus colaboradores, a empresa dará continuidade ao plano de carreira e aos treinamentos de seus funcionários. Tudo será analisado caso a caso, incluindo a possibilidade de que funcionários sejam transferidos para trabalhar na fábrica de Belford Roxo (RJ). “Estaremos trabalhando junto com a área industrial e de Supply Chain para que a partir de outubro possamos discutir mais claramente os caminhos individuais”, comenta Marc Reichardt.
A Hokko do Brasil está com novos produtos recomendados para a cultura da soja nas regiões Sul e Brasil Central aprovado durante as reuniões de pesquisa ocorridas em Passo Fundo e Ribeirão Preto, respectivamente. Trata-se do inseticida Akito, piretróide, a base de betacypermetrina, na concentração de 100 g/L, registrado no ano passado. Segundo o engenheiro agrônomo Almir Peretto (foto), Coordenador de inseticidas, é recomendado para o controle de pragas da
soja, além de pragas de outras culturas como milho, algodão e tomate. Outro produto foi o Eminent 125 EW . Segundo o responsável pelo desenvolvimento de fungicidas, engenheiro agrônomo Eros Occhiena – o Eminent 125 EW é uma formulação diferenciada e mais concentrada de tetraconazole, um triazol altamente seletivo para a cultura e indicado no controle de oídio, doenças de final de ciclo e ferrugem. O produto também é registrado para algodão, arroz e trigo.
Pioneer mostra as perspectivas do mercado de milho Com o intuito de auxiliar produtores na tomada de decisão no plantio de milho e soja, a Pionner Sementes coloca a relação custos/preços como pontos para reflexão. Em anos de decisão difícil como esse, é mais importante se guiar por parâmetros técnicos, alertando para o perigo de substituir o que é técnicamente correto pelo que parece ser mais prático ou economicamente viável a curto prazo. Por isso, um sistema de rotação de culturas de verão permanente, que varie de 25 a 30 % de milho e 70 a 75% de soja, 60 a 70% de milho e 30 a 40% de soja,
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Cultivar
dependendo da vocação da região e do produtor, é sempre o mais recomendado. Segundo o diretor execu-
tivo da Pioneer, Daniel Glat (foto), quando fazemos as contas, temos de lembrar que os preços a serem considera-
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dos não só os de agora, mas aqueles que podem ser esperados a partir da colheita do ano que vem. “Se as tendências das exportações ultrapassarem os 4,5 milhões de toneladas, como previsto o estoque brasileiro estará diminuido, o que por sua vez significa que, se a área plantada também não aumentar neste ano, poderemos ter bons preços para o milho em 2005. “Acredita-se que os valores estarão iguais ou superiores aos atuais, e preços de soja nos níveis de câmbio de hoje, iguais ou pouco abaixo dos atuais,” garante Glat.
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AENDA
Defensivos Genéricos
Fator de segurança Testes toxicológicos: novos produtos, novos ajustes quanto ao parâmetros indicativos de segurança
E
xiste uma fronteira entre a utilização dos pesticidas e o risco que correm as pessoas ao comerem seu alimento diário contendo possíveis resíduos deles. Essa fronteira é constantemente monitorada pelos cientistas (toxicologistas, nutricionistas, analistas de riscos, etc.), podendo ser alargada ou estreitada conforme os dados vão acumulando-se e situações específicas são apresentadas. A forma de ajustar a largura dessa fronteira é contrair ou expandir os valores dos fatores de segurança que são os parâmetros estabelecidos pelos cientistas para dormirem sossegados, sem qualquer resquício de consciência pesada em relação a possíveis erros de cálculo que colocassem em risco a população. Devo, aliás, informar (ou seria acalmar?) os leitores, que os cientistas neste aspecto agem conservadoramente, de modo quase covarde: a todo momento inserem um fator de segurança em suas fórmulas de risco e protocolos de testes toxicológicos. Começa em qualquer teste toxicológico. Como não podem usar uma infinidade de animais de experimentação para reduzir a incerteza estatística, eles aumentam a dose maior testada. São portanto administradas doses fora da realidade do uso do pesticida. Aí surge o primeiro e talvez o
maior dos fatores de segurança. Alguns exagerados críticos dizem que assim até água pode causar tumores ou outros sintomas. Esse fator é cumulativo, pois que se agrega a outros fatores de segurança. Um incrível acervo de estudos toxicológicos, farmacocinéticos e de metabolismo em animais de experimentação serve para fixar qual a dose que não apresenta qualquer efeito adverso no animal mais sensível. Vale informar que as observações são feitas em toda a vida do animal e, paralelamente em progênies. Um último cuidado: se os ratos mostram-se mais sensíveis que camundongos e cães na aplicação de determinado pesticida, são os resultados em ratos que serão escolhidos; não importa se os cães estão mais próximos dos humanos na escala de gradação dos mamíferos. Anote aí, este é um outro fator de segurança. A essa dose em que não são observados efeitos adversos os cientistas dão o nome de Noael. Além do mais, observa-se durante os estudos que os resultados diferem de animal para animal. Logo é bem possível que também ocorrerá essa variação nos humanos. Essa variabilidade é superestimada na grandeza de 10 vezes. Superestimada talvez seja força de expressão, pois essa variação intraespecífica alcança inclusive crianças e idosos. Segurança, não perca a con-
ta. Como não é possível testar o pesticida diretamente nos humanos, a solução é extrapolar esses dados cuidadosa e seguramente definidos nos animais de experimentação. Mas a passagem de dados de uma espécie para outra merece um fator de segurança, ou não? Que tal mais um de grandeza 10? Pois é justamente esse o valor definido a partir de comparações dos perfis farmacocinéticos e farmacodinâmicos entre espécies. Desta maneira surge a fórmula Noael/10 x 10 = Ingestão Diária Aceitável (ADI) para humanos. As siglas são inglesas. Mas isso não importa, o que você deve observar é que quando o assunto é segurança um fator não é somado ao outro, é multiplicado. Esses fatores estão sempre sendo revistos à luz de novas informações, e, para cada pesticida o fator 100 pode ser aumentado ou diminuído. Poderá ser menor se você dispõe de informações que levem a esse relaxamento da fronteira da segurança; normalmente ocorre com produtos mais antigos, onde a catalogação de dados em humanos é mais sólida. Por seu turno, poderá ser maior se você desconhece alguns dados, como a completa toxicologia de metabólitos do produto, C por exemplo.
Negócios
Publicamos abaixo o preço médio de herbicidas, acaricidas e reguladores de crescimento, originários de 18 municípios paulistas, em levantamento feito junto aos revendedores e cooperativas, sob condições de venda à vista. Informações fornecidas pelo IEA e Aenda.
Tabela de Defensivos - Preços dos Produtos Preço Médio - SP
Produto Ally Aminol 806 Basagran 600 Boral 500 SC Classic Cobra Combine 500 SC Dual Gold Finale Flex Fusilade 125 Fusilade 250 Gamit Gesapax 500 Gesaprim 500 Goal BR Gramoxone 200 Gramoxone 200 Herbadox 500 CE Karmex GRDA MSMA Sanachem 720 CS Naja Pivot Poast Podium S Primatop SC Primestra Gold Provence 750 WG Robust Ronstar 250 BR Roundup Roundup Sanson 40 SC Scepter 70 DG Scorpion Select 240 CE Sencor 480 Sencor 480 Sinerge 500 CE Tordon 2,4-D 64/240 BR Tordon 2,4-D 64/240 BR Trifluralina Milenia Trifluralina Milenia Velpar K GRDA Volcane Caligur Hokko Cyhexatin 500 Kelthane 480 Kumulus DF Kumulus DF Omite 720 CE BR Savey PM Savey PM Sipcatin 500 SC Torque 500 SC Vertimec 18 CE Ethrel Ethrel 720 Pix Pro-Gibb
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Cultivar
Ingrediente ativo
Unidade
Metsulfuron Methyl 2,4-D Amina Bentazon Sulfentrazone Chlorimuron Ethyl Lactofen Tebuthiuron S-Metolacloro Glufosinato de Amônio Fomesafen Fluazifop-p-Butil Fluazifop-p-Butil Clomazone Ametrina Atrazina Oxyfluorfen Paraquat Paraquat Pendimenthalin Diuron MSMA Lactofen Imazetapir Sethoxydim Fenoxaprop-p-ethyl+Cletodim Atrazina+Simazina Atrazina+S-Metolacloro Isoxaflutole Fluazifop-p-Butil+Fomesafen Oxadiazon Glifosato Glifosato Nicosulfuron Imazaquim Flumetsulam Cletodim Metribuzin Metribuzin Clomazone+Ametrina Picloram+2,4-D Picloram+2,4-D Trifluralina Trifluralina Hexazinone + Diuron MSMA
10 g 20 l 5l 5l 300 g 1l 5l 5l 1l 1l 1l 1l 20 l 20 l 5l 1l 1l 5l 1l 5 kg 20 l 1l 5l 5l 1l 5l 5l 150 g 5l 20 l 1l 5l 5l 200 g 5l 1l 1l 5l 20 l 1l 20 l 5l 20 l 5 kg 20 l
Azocyclotin Cyhexatin Dicofol Enxofre Enxofre Propargite Hexythiazox Hexythiazox Cyhexatin Fenbutatin Oxide Abamectin
1l 1 kg 1,5 l 1 kg 25 kg 1l 30 g 60 g 1l 1,6 l 5l
Ethephon Ethephon Cloreto de Mepiquat Ácido Giberético
1l 1l 5l 100 g
Abr./03 Ago./03 Herbicidas 31,02 30,70 308,34 309,00 232,41 261,44 699,76 703,65 216,05 200,93 75,64 79,51 343,68 345,31 209,21 219,44 50,98 52,22 66,33 67,53 47,74 49,81 ... 91,70 1.237,44 1.176,16 297,13 317,71 63,98 65,45 80,30 80,38 31,22 31,94 146,46 156,12 28,63 29,16 122,44 122,54 326,84 343,75 75,59 78,49 368,88 401,04 190,49 213,20 56,52 62,18 62,24 61,01 119,93 124,09 78,72 79,42 742,45 801,08 1.087,13 1.106,15 16,32 16,05 67,72 69,70 517,66 577,95 61,79 66,87 307,03 324,29 168,86 183,38 ... ... ... 299,80 713,38 670,83 47,60 51,49 793,67 839,56 56,71 59,53 211,15 214,08 275,11 253,22 334,96 335,11 Acaricidas 115,52 110,88 132,97 144,71 61,26 63,25 5,58 6,02 90,80 91,24 51,01 49,30 ... ... 131,92 133,96 135,12 136,26 113,14 117,06 973,11 1.054,47 Regulador de Crescimento 82,46 86,52 171,71 177,18 283,78 315,20 ... 87,83
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Out./03
Jan./04
Abr./04
32,33 315,17 254,40 690,41 191,40 84,28 328,85 222,63 54,04 65,55 51,95 87,77 1.134,13 331,68 66,39 75,38 31,75 153,88 29,61 127,09 342,72 80,66 410,88 225,60 65,07 65,85 121,44 83,01 699,99 1.139,46 16,45 69,75 570,07 67,57 395,04 182,69 67,11 305,42 679,34 51,63 842,49 61,82 225,75 253,88 339,97
32,12 320,13 268,64 701,85 195,97 84,79 330,67 229,95 54,81 69,45 51,94 88,74 1156,23 332,88 68,81 76,08 32,34 156,86 30,77 130,93 343,68 79,38 418,03 223,69 64,27 69,11 126,16 87,31 738,47 1150,95 16,69 72,41 598,88 70,58 428,66 186,09 66,02 307,86 667,33 50,95 831,23 62,55 227,57 251,62 342,43
33,79 323,00 288,73 702,77 203,62 89,28 342,93 237,10 57,58 73,37 52,14 90,00 1.156,03 358,00 70,82 76,19 33,79 159,92 33,23 131,20 349,04 84,71 430,15 252,37 67,00 69,70 134,62 92,50 707,26 1.172,38 17,14 74,88 602,30 74,61 424,28 196,28 69,36 318,93 645,11 52,60 863,74 64,85 235,38 247,47 349,71
114,00 139,64 61,52 7,51 89,86 48,56 67,03 ... 130,42 115,32 916,03
111,89 137,21 61,13 7,37 90,94 48,94 67,36 ... 131,59 110,53 882,45
111,89 145,48 62,01 7,37 90,84 49,26 68,36 ... 134,85 111,85 884,03
86,68 182,24 331,27 89,17
87,03 160,67 303,38 93,04
88,98 156,22 321,75 93,34
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Informe jurídico • Newton Peter • OAB/RS 14.056 • consultas@newtonpeter.com.br
Sobre o sigilo fiscal
H
á alguns anos, como matéria principal da edição, a revista inglesa The Economist publicou um artigo mostrando que a revolução tecnológica dos anos 90 transformou um aspecto pouco mencionado da vida das pessoas, o sigilo de suas informações pessoais. Com o aumento de usuários da internet, melhoria nos sistemas de computação e massificação dos computadores domésticos, grande quantidade de dados pessoais, antes impossível de se conseguir, tornou-se acessível, fácil e rapidamente, para quem dispor de recursos e interesse em sua aquisição. A necessidade de informação não é nova. Para lograr sucesso mesmo em coisas elementares precisamos de dados. O filósofo Francis Bacon cunhou uma das expressões mais repetidas, “o saber, ele mesmo, é poder” (ipsa scienctia potestas est, no original). Pouca gente leu Bacon, daí o uso comum deturpado de sua frase. Tempos mais recentes presenciaram a ascensão de um jovem perturbado chamado Edgard J. Hoover, cujo passatempo era catalogar histórias embaraçosas sobre os outros. Tornou-se o primeiro diretor do FBI. Ninguém o desafiava por muito tempo sem que um grande escândalo acontecesse. Seu poder era tanto que, durante o escândalo de Watergate, o presidente Richard Nixon esbravejou: “se Hoover estivesse vivo, nada disso estaria acontecendo”. Com histórias menos nobres, mas problemas bastante grandes, o cidadão comum também enfrenta, mesmo sem saber, os riscos inerentes aos tempos modernos. Quão protegidas estão as informações sobre nós catalogadas em bancos de dados de empresas e dos
Governos? Mais importante: protegidas por quem e de quem?
MAIORES PROBLEMAS Embora existam diversos bancos de dados sobre empresas e cidadãos, os mais embaraçosos estão nas mãos dos órgãos do Governo. Das possibilidades de quebra de sigilo bancário, receio de muitos, tratarei em outra oportunidade. O assunto aqui é o sigilo fiscal. Como pouca gente se importa com ele, descuidando-se, seu potencial danoso acaba potencializado pela falta de precaução. Erroneamente, consideram-se as informações de posse do Fisco como protegidas e inacessíveis a terceiros. Provavelmente isso se deva a uma interpretação imperfeita do art. 198 do Código Tributário Nacional (CTN); conferese ao dispositivo uma extensão não condizente com seus termos e demais princípios e diplomas legais. Pelo artigo em questão, genericamente, a Fazenda Pública não pode divulgar informações sobre situação econômica ou financeira
de pessoas ou empresas e sobre a natureza e estado de seus negócios. Todavia, há no parágrafo primeiro a previsão de liberação por requisição do Judiciário ou por solicitação de outros setores da administração pública (Federal, Estadual e Municipal). Além disso, o parágrafo terceiro permite ao Fisco divulgar informações relativas a representações ficais para fins penais, inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública e sobre parcelamentos ou moratória. Uma das hipóteses mais comuns para o Judiciário oficiar ao Fisco requerendo dados fiscais de contribuinte consiste em problemas em execuções, mormalmente quando o devedor não indica bens à penhora. O procedimento dá-se somente após comprovação de tentativas outras de localizar bens. Nesse caso, o Judiciário tem considerado que a requisição das informações atende o interesse da Justiça, pois é dever do Estado prestar jurisdição. Além disso, essa ação do devedor atenta contra a dignidade da Justiça, conforme o art. 600 do Código de Processo Civil (CPC). Embora possa haver incoerência aos olhos do leigo, juridicamente esse tipo de decisão conta com ampla base. Muitas vezes a tutela de um direito esbarra em outro. Nesses casos, necessário observar os princípios jurídicos é o bem maior da sociedade. Ora, parafraseando Cícero, que bem pode resultar para sociedade se os credores se omitem de honrar seus compromissos? Note o leitor que o caso acima foi apenas uma das possibilidades de se conseguir dados do Fisco. Um planejamento tributário de longo prazo leva todas as possibilidades em conta. Seu advogado pode lhe auxiliar. Procure-o.
Decidido nos tribunais SONEGAÇÃO FISCAL - O STF deferiu pedido de habeas corpus para o trancamento da ação penal no que se refere ao crime de sonegação fiscal, previsto no art. 1º da Lei 8.137/ 90. O relator do processo, Ministro Carlos Ayres Britto, justificou o trancamento parcial do processo pelo não-exaurimento da via administrativa em relação à sonegação fiscal e foi acompanhado pelos demais integrantes da Turma, vencido o Ministro Marco Aurélio. A decisão manteve, no entanto, a ação penal referente ao crime de quadrilha, estabelecido no artigo 288 do Código Penal. Britto afirmou ser “remansosa a jurisprudência desta Casa no sentido de que sendo a quadrilha crime autônomo e formal, o delito consuma-se no momento em que se caracteriza a convergência de vontades independentemente, portanto, da concretização do objetivo visado”.
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CARTÕES DE PONTO INCORRETOS - A conduta da parte que junta, aos autos do processo, informações incorretas em relação à marcação dos cartões de ponto constitui litigância de má-fé, fato que autoriza a aplicação de multa ao infrator. A decisão foi do TST. A litigância de má-fé foi caracterizada pelo fato de o réu ter juntado cartões de ponto totalmente discrepantes dos testemunhos de processo movido por um ex-empregado. Segundo os depoimentos, inclusive de testemunha do Banco, o bancário fazia jus ao pagamento de horas extras, apesar dos cartões de ponto demonstrarem outra realidade. “Os cartões de ponto são provas pré-constituídas, segundo o artigo 74, § 2º, da CLT, sendo sua escorreita produção dever do empregador”, sustentou Cristina Peduzzi. “Sua elaboração incorreta ofende o princípio genérico da boa-fé nos negócios jurídicos, pelo que a iniciativa de sua juntada evidencia falta de lealdade processual.”
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Agronegócios
Dissecando os insetos E
stou escrevendo de Brisbane (Austrália), onde 2.600 entomo logistas de 74 países reúnem-se no XXII Congresso Internacional de Entomologia para discutir o que esta Ciência avançou desde a edição anterior (2000), em Foz do Iguaçu. Não há nada bombástico para relatar, mas muita novidade interessante para comentar. Afinal são seis dias de congresso, com sete conferências e mais de 270 simpósios, divididos em 18 sessões simultâneas, além de milhares de apresentações em pôster.
AGRICULTURA ORGÂNICA Ainda existe um longo caminho a trilhar no desenvolvimento de técnicas seguras de controle de pragas sem o recurso aos agrotóxicos. Diversos países estão investindo na área, e esperamos que este seja um exemplo para o Brasil. Apesar de a soja orgânica atingir 60.000 ha nos EUA, o controle de algumas pragas como o pulgão da soja e diversos besouros, além de doenças fúngicas e viróticas, ainda é precário sem o recurso ao controle químico. A agricultura orgânica tem crescido muito nos EUA e na Europa, devido ao auxílio do governo, em especial através de subsídios agrícolas, o que, aliado com o prêmio do mercado aos produtos orgânicos, permite ter sucesso na atividade, mesmo com menor produtividade. As lavouras dedicadas à agricultura orgânica são, necessariamente, de pequenas áreas em especial devido aos problemas com plantas daninhas. Por este motivo, crescem os cultivos de frutas e hortaliças que incorporam princípios orgânicos. Para o controle de pragas, o recurso ao caolim e ao óleo de nim rivaliza com o uso de feromônios, plantas resistentes (que não sejam transgênicas) e o controle biológico. A rotação de culturas não é possível nos pomares, porém a técnica é uma das bases do manejo de pragas em agricultura orgânica. Deixar algumas faixas de plantas nativas
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Cultivar
no meio da cultura para abrigo de agentes de controle biológico é outra técnica utilizada.
SOJA
Na última edição de Cultivar comentamos o risco sanitário da soja, um alerta quanto ao risco das pragas exóticas. Portanto, nada mais natural que acompanharmos o tema durante o congresso. Um grupo japonês relatou os problemas causados por uma mosca (Asphondylia yushimai), que causa galhas no caule da soja. Já os pesquisadores coreanos referiram como pragas principais os percevejos Riptortus clavatus e Halyomorpha halys, felizmente ainda desconhecidos em nossas lavouras. Esta última espécie ingressou nos EUA em 1996 e é motivo de preocupação para os
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americanos. Os colegas japoneses também apontam Riptortus clavatus como uma das principais pragas. Um país rico como o Japão pode inovar até no monitoramento de pragas. No caso deste percevejo, foi desenvolvida uma armadilha, contendo uma substância que atrai os insetos. O interessante é que os insetos são contados automaticamente e o resultado é transmitido por um equipamento sem fio diretamente para o laboratório dos pesquisadores! A sofisticação também está na cor: as armadilhas brancas ou amarelas coletam mais insetos. A idéia dos pesquisadores é detectar, precocemente, o surgimento da praga, alertando os agriculto-
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Divulgação
res para o seu controle. Um problema é que a mesma armadilha também atrai o percevejo Piezodorus hybneri, um primo do nosso percevejo pequeno, mas que ainda não apareceu nas plantações brasileiras.
PULGÃO DA SOJA Esta praga é um grande risco para a soja brasileira. Ela ingressou nos EUA em 2000 e já expandiu-se em 21 estados, além de três outros no Canadá, causando danos diretos e sendo vetor de doenças. Estuda-se a biologia e a ecologia da praga, nas condições dos EUA e as formas de seu controle, sendo que o agricultor nada pode fazer além do controle químico. Para diminuir sua incidência na safra, as plantas que abrigam o pulgão no inverno estão sendo identificadas. Uma planta nativa do gênero Rhamnus aparenta ser muito importante para a reprodução do pulgão no inverno. O fato é importante, porque o pulgão ataca a soja em qualquer idade. Logo, se houver uma alta população após o plantio, os danos serão maiores que os observados em um ataque tardio. O pulgão é um problema particularmente sério na soja orgânica, onde inseticidas químicos não podem ser usados. Para os americanos este é um desafio importante, pois, nos 60.000 ha de soja orgânica nos EUA, a rentabilidade do agricultor é 4-5 vezes superior à obtida com soja convencional.
ALGODÃO Dois estudos chamaram a minha atenção. O primeiro deles demonstrando que, tal qual a soja, o algodão compensa as perdas ocorridas no início do desenvolvimento. A redução de 80% das folhas, a retirada dos ponteiros de 100% das plantas (por três vezes consecutivas), a retirada do ponteiro e dos dois nós superiores ou a eliminação dos quatro primeiros galhos a florescerem, não causaram perdas de produção. O segundo estudo é uma comprovação, por pesquisadores australianos, do que a Embrapa já recomenda para o controle de pragas da soja. Eles demonstraram que a mistura de sal de cozinha com inseticidas reduz a dose do agrotóxico mantendo o mesmo índice de controle de pragas sugadoras. Além disso a vantagem está no aumento da seletividade do inseticida. Os cientistas atribuem o sucesso a um aumento de 30-35% nas picadas de prova que os insetos efetuam na planta. Também impressiona o crescimento do uso de cultivares transgênicos. O sucesso vertiginoso fez com que surgisse uma nova geração de cultivares, incorporando outras toxinas de Bt, para ampliar o espectro de pragas controladas. Destaca-se uma cultivar que
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incorpora uma proteína tóxica às pragas, que é totalmente diferente das demais, inclusive com outro modo de ação, o que abre perspectivas animadoras para administrar o problema de desenvolvimento de resistência das pragas.
RESISTÊNCIA Há tempos a agricultura beneficia-se de plantas tolerantes ou resistentes a insetos. Uma inovação está no desenvolvimento de “vacinas” para criar cultivares resistentes. Cientistas da Universidade da Califórnia obtiveram sucesso com o uso do metil jasmonato para induzir resistência multigênica contra um grande número de insetos em diversos cultivos. Outra novidade é a descoberta da utilidade de fungos endofíticos para controlar insetos. Estes fungos desenvolvem-se nos espaços entre as células das plantas vegetais, sem impactos negativos sobre elas, porém com diversas utilidades. Entomologistas da Nova Zelândia descobriram que a peramina, produzida por fungos endofíticos de pastagens, diminui o “apetite” dos insetos, além de ser tóxica para diversas pragas. Já os americanos demonstraram a associação entre substâncias produzidas pelas plantas e aquelas sintetizadas por fungos endofíticos, que resultam em resistência aos insetos. Inúmeros estudos estão buscando identificar os genes responsáveis pelas substâncias produzidas pelas plantas e que afetam, negativamente, as pragas. Através de biotecnologia será possível aumentar o teor destas substâncias ou transferi-las para outras plantas que não as produzem naturalmente.
TRANSGÊNICOS A polêmica aumenta na razão direta do
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Austrália: Gazzoni participa de discussões sobre a evolução da ciência no XXII Congresso Internacional de Entomologia
crescimento vertiginoso de cultivares transgênicos para controle de pragas. Nos EUA já são cultivados 58 milhões de hectares com transgênicos (apenas com soja, milho, algodão, canola e papaya), estimando-se os lucros devidos à tecnologia em US$1,5 bilhões. Na China, 58% da área de algodão está coberta com cultivares Bt. O veterano Prof. Van Emden, da Inglaterra, chama a atenção para o desenvolvimento de resistência das pragas às cultivares Bt, devido ao seu uso unilateral para controle de pragas. O desafio é integrar controle químico/trangênese com outras formas de resistência ou tolerância e com controle biológico. Mesmo quando se recorre a outras técnicas, deve-se evitar que qualquer delas atinja 100% de sucesso. Quando isso ocorre, a natureza reage, desenvolvendo “antídotos” nos insetos, seja contra plantas resistentes ou agentes de controle biológico. Quanto aos impactos ambientais, como transferência de genes para outras espécies ou efeito sobre espécies não visadas, há mais iniciativas sugerindo que sejam aprofundados os estudos do que os impactos comprovados. No caso de plantas resistentes a herbicidas, pesquisadores ingleses estudaram diversas espécies de plantas RR e descobriram que, quando se permite a presença de algumas plantas daninhas, ao longo do ciclo de cultivo, não há diferenças na diversidade de insetos quando comparados a cultivos semeC lhantes, sem a resistência ao glifosato. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja www.gazzoni.pop.com.br
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Economia no 1º semestre e perspectivas
O
s principais indicadores econômicos divulgados ao longo do primeiro semestre de 2004 revelam que o atual panorama da economia brasileira é muito positivo, mesmo com incertezas relacionadas tanto ao mercado interno quanto externo como, por exemplo, alta expressiva do preço do petróleo. Nesse sentido, as perspectivas para a economia brasileira para o segundo semestre permanecem muito positivas. O governo tem demonstrado que está muito comprometido com a austeridade fiscal, fato que favorece o ambiente financeiro refletindo em menor alterações nos indicadores como taxa de câmbio e bolsa de valores, além de maior confiança por parte dos investidores, sejam eles internos ou estrangeiros. Com esse cenário econômico instituído, mesmo que as perspectivas para a taxa de juros básica (Selic) sejam de estabilidade até o final do ano, a economia brasileira passa a trabalhar sobre outra perspectiva para o crescimento econômico, ou seja, a taxa de juros deixa de ser uma variável fundamental para a consolidação da retomada econômica, pois, a boa performance do setor fabril nessa primeira metade de 2004 impulsionou o emprego e a renda para cima e, com isso, será a partir da melhora consistente dessas duas variáveis daqui a diante que o crescimento econômico brasileiro se apoiará. Vale destacar que o resultado da produção industrial de junho autorizou nossa revisão de crescimento do PIB para 2004 para cima.
INFLAÇÃO A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – indicador oficial utilizado pelo Banco Central do Brasil para balizar as decisões de política monetária (futuro dos juros) no sistema de metas de inflação – encerrou o mês de julho em 0,91%, superior ao resultado do mês de junho (0,71%), conforme divulgou o IBGE. Essa foi a maior variação desde abril de 2003 (0,97%). A elevação do IPCA em julho em relação ao mês de junho foi fruto da concentração de reajustes como o das tarifas de energia elétrica em São Paulo e Curitiba, e do reajuste de telefonia fixa, além do aumento dos preços dos combustíveis em 15 de junho. Os grupos Transportes, Habitação, Comunicação e Alimentação responderam por mais de 80% do resultado geral do IPCA. Vale destacar que os grupos Transportes e Alimentação apresentaram arrefecimento de suas taxas no mês de julho em relação ao mês de junho. Nossa expectativa para o IPCA referente ao mês de agosto é de +0,65%. A queda do indicador em relação a julho será motivada
pelo esvaziamento das pressões de alta dos grupos Transportes, Habitação e Comunicação. A pressão de alta em relação a julho ficará por conta do grupo Saúde devido aos reajustes das mensalidades dos planos de saúde autorizados pelo governo.
BALANÇA COMERCIAL Em julho, o saldo da balança comercial brasileira foi de US$ 3,480 bilhões, um recorde para os meses de julho. As exportações somaram US$ 8,992 bilhões e as importações US$ 5,512 bilhões. O saldo acumulado no ano é de US$ 18,529 bilhões, ou seja, crescimento de 48,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação contra julho de 2003, as exportações cresceram 47,3%, as importações cresceram 36,1% e o saldo comercial ficou 69,3% maior. Os principais produtos exportados pelo país nos últimos meses foram aviões e automóveis, itens com maior valor agregado. Já o aumento das importações se deve a produtos como, por exemplo, adubos e fertilizantes (154,6%) e equipamentos elétricos e eletrônicos (47,9%). Espera-se que o saldo comercial de agosto fique em torno de US$ 3,1 bilhões. Vale ressaltar que o terceiro trimestre do ano é o de maior volume tanto para as exportações quanto para as importações, entretanto, os valores das exportações devem continuar em níveis elevados devido ao momento positivo de re-
cuperação da economia global, bem como por questões específicas como foi o caso da vitória do Brasil junto a Organização Alexsandro Barbosa Mundial do CoEconomista mércio contra os subsídios agrícolas concedidos aos produtores de açúcar na Europa e na Tailândia, fato que deverá impulsionar as exportações brasileiras de açúcar num momento em que o setor está com preços relativamente satisfatórios aos produtores.
ECONOMIA INTERNACIONAL EUA No front externo, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Banco Central norte-americano (Federal Reserve) decidiu no dia 10 de agosto elevar a taxa de juros básica em mais 0,25 ponto percentual, subindo para 1,5% ao ano. Na nota divulgada após a reunião o FOMC afirmou que a alta do preço do petróleo parece ter afetado o nível de atividade, mas que a inflação apesar de estar elevada parece ser reflexo de fatores transitórios. Ainda, reafirmou que continuará com a política de elevação gradual dos juros. Sendo assim, acreditamos que os juros subirão 0,25 p.p. a cada nova reunião deste ano, encerrando o ano C em ao menos 2,25%.
Principais indicadores macroeconômicos do Brasil 2000/03 e cenário base 2004/05 INDICADOR PIB (em %) PIB INDUSTRIAL (em %) PIB AGROPECUÁRIO (em %) PIB SERVIÇOS (em %) INFLAÇÃO - IPCA INFLAÇÃO - IPC-FIPE INFLAÇÃO - IGP-M INFLAÇÃO - IGP-DI TAXA DE CÂMBIO (R$ / US$ - fim de ano) TAXA DE CÂMBIO (em % - final de ano) TAXA DE CÂMBIO (R$ / US$ - média ano) TAXA DE CÂMBIO (em % - média ano) TAXA DE JUROS NOMINAL (CDI acumulado no ano) TAXA DE JUROS NOMINAL (SELIC fim do período) TAXA DE JUROS REAL (Variação s/ IPCA-IBGE) TAXA DE JUROS REAL (Variação s/ IPC-FIPE) TAXA DE JUROS REAL (Variação s/ IGP-M) TAXA DE JUROS REAL (Variação s/ IGP-DI) DESEMPREGO (Média IBGE) RESULTADO FISCAL PRIMÁRIO (% do PIB) DESPESA COM ENCARGOS DA DÍVIDA (% do PIB) BALANÇA COMERCIAL (US$ bilhões) EXPORTAÇÕES (US$ bilhões) IMPORTAÇÕES (US$ bilhões) BALANÇA DE SERVIÇOS (US$ bilhões) BALANÇA DE RENDAS (US$ bilhões) TRANSAÇÕES CORRENTES (US$ bilhões) TRANSAÇÕES CORRENTES (% do PIB) INVESTIMENTOS DIRETOS NO PAÍS (US$ bilhões) RESERVAS INTERNACIONAIS (Liq. Internac. - US$ bilhões) DÍVIDA EXTERNA (US$ bilhões) Fontes: Bacen, IBGE, FGV, Fipe, MDIC, Tesouro Nacional
2000 4,4 4,8 2,1 3,8 6,0 4,4 10,0 9,8 1,9 9,3 1,8 17,3 15,8 10,7 12,4 6,9 6,8 7,1 3,50 8,0 (0,8 55, 55, (7,2 (17,9 (24,3 32, 33, 236,
2001 1,3 5,8 1,8 7,7 7,1 10,4 10,4 2,3 18,7 2,3 26,5 17,3 19,0 8,9 9,5 14,7 6,2 6,2 3,64 7,2 2,7 58, 55, (7,7 (19,7 (23,2 22, 35, 226,
2002 1,9 2,6 5,5 1,6 12,5 9,9 25,3 26,3 3,5 52,3 2,9 26,4 19,1 25,0 5,8 8,4 11,7 3,89 8,5 13, 60, 47, (5,0 (18,2 (7,7 16, 37, 227,
2003 5,0 9,3 8,2 8,6 7,5 2,8 3,0 4,6 23,2 16,5 12,8 14,0 13,5 14,6 12,3 4,32 9,5 24, 73, 48, (5,1 (18,6 4,1 0,8 10, 49, 235,
PROJ. 2004 3,9% 5,5% 4,0% 2,5% 7,2% 6,7% 11,5 11,2 3,15 9,0% 3,04 16,0 16,0 8,2% 8,7% 4,0% 4,3% 11,5 4,25 8,2% 31,5 91,5 60,0 (6,5 (21,0 7,5 1,3% 9,0 52,0 243,
PROJ. 2005 3,0 3,1 3,0 2,7 5,5 5,0 7,0 7,0 3,3 4,8 3,2 6,3 16,5 17,0 10,4 11,0 8,9 8,9 11,0 4,25 7,7 25, 95, 70, (6,0 (17,0 5,1 0,9 13, 50, 249,
Mercado Agrícola
Brandalizze Consulting
brandalizze@uol.com.br
Plantio chegando e muitas indefinições dos produtores Os produtores estão iniciando o plantio neste mês e alonga-se até dezembro, mas ainda há muitas indefinições que os perturbam. Os primeiros indicativos que são favoráveis aos produtores, foram dados pelo governo com a retirada do Pis e da Cofins, que derrubam os custos de produção. Isto por que, afeta fertilizantes, defensivos e sementes e assim beneficiando o setor nesta boca de safra. Enquanto isso, caminha para confirmar um crescimento no plantio geral da safra de verão, que tende a se aproximar da marca dos 50 milhões de hectares plantados, contra pouco mais de 47 da safra anterior e, já distante dos pouco mais de 43 milhões da safra 2003/03. Com isso, caminhamos novamente com objetivo de colher mais de 135 milhões de t, e se tudo caminhar dentro das expectativas chegaremos à marca das 140 milhões de t contra menos de 120 colhidas neste ano. O maior avanço em área e produção começa a ser indicado em cima da soja, que continua sendo o ouro dos campos, que plantou pouco mais de 21 milhões de ha neste ano e devendo superar com facilidade os 23 milhões de ha nesta nova safra. Como temos algumas culturas com pouco estimulo para os produtores, como está sendo o feijão de verão e o milho da primeira safra, poderemos ver a soja chegando à marca dos 24 milhões de hectares. Com indicativos que o milho possa ter queda neste primeiro plantio, principalmente nos estados do Sul do pais, que normalmente dominam este cultivo, talvez venha ser o primeiro erro dos produtores, porque o cereal segue com crescimento no consumo interno e boa penetração na exportação juntamente a um quadro de oferta e demanda mundial bastante apertado mas com boas expectativas de retorno econômico em 2005.
MILHO Safrinha próxima das 10 milhões de t Os produtores estão colhendo as últimas lavouras da safrinha do milho que está fechando próxima da marca das 10 milhões de t. O domínio continua sendo do Paraná, que mesmo tendo forte queda em relação ao ano passado, está colhendo 3,7 milhões de t, seguido do MT com cerca de 2,6 milhões de t. O quadro geral continua mostrando fraqueza nas cotações em agosto e também pouco fôlego para grande reação em setembro, com expectativa de vermos crescer a procura pelo produto de melhor qualidade neste mês. Com expectativas de vermos avanços maiores a partir do final de outubro e novembro em diante, quando estaremos na entressafra e desta forma apertando o quadro porque temos pouco estoque de passagem, e pouco milho plantado no cedo nos estados do Sul. O consumo continua aquecido e deverá mostrar a volta dos compradores nas próximas semanas, já que poucos estiveram atuando em agosto porque recebiam balcão diretamente dos produtores da safrinha.
SOJA Recuperação e otimismo Os produtores que ficaram desanimados com a soja em julho, tiveram um retorno do otimismo em agosto quando o USDA divulgou o seu relatório mensal de oferta e demanda. O relatório derrubou as expectativas da safra americana das 80,5 para as 78 milhões de t e assim, cria uma onda de otimismo nos produtores que viram as cotações de Chicago em crescimento, recuperando parte das perdas que enfrentaram até julho. O quadro em setembro será de muita atenção frente à definição da safra americana, porque agora o quadro poderá piorar e assim, nos trazer novos avanços e desta forma recuperar novamente parte das perdas ocorridas nos meses anteriores. O ponto importante que temos que alertar, é que as grandes cotações de março e abril estarão distantes de consolidar porque o principal importador mundial, que é a China continua em ritmo lento de compras e assim, sem boas notícias do lado da demanda. Os indicativos continuam apontando que os piores momen-
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tos da soja já passaram em julho e agora, necessitaram de um apoio do cambio, que junto de uma possível perda de produtividade nos EUA viria a trazer ganhos aos produtores que ainda têm soja a negociar. Estamos na entressafra brasileira e daquí pra frente tende-se a ter uma diferenciação entre o mercado interno do externo, que normalmente favorece a soja nacional.
FEIJÃO Poucas ofertas de agora em diante O mercado do feijão que enfrentou um ano difícil para os produtores, com cotações fracas e problemas climáticos, apresentou plantio fraco da terceira safra e assim, pouco produto novo deverá ser ofertado a partir de setembro, sendo que os formadores das cotações serão aqueles que estiveram colhendo. A safra do Nordeste teve parte afetada pelo clima, quando a colheita realizada em agosto mostrará produto para o consumo regional e nada
para outras regiões do país. Assim, a tendência para os próximos meses é de aperto no abastecimento e fôlego para o crescimento das cotações, com isso, poderá mostrar um estimulo contra a forte queda no plantio da safra de verão que está sendo projetado pelos produtores do Sul e Sudeste do país.
ARROZ Pouco movimento no casca livre O mercado do arroz continuou em ritmo lento em agosto e sinaliza com pouco fôlego para setembro porque as indústrias reclamam pelas baixas posições do fardo e desta forma não terem como bancar níveis maiores no casca. E como os produtores vêm fechando balcão para fazer caixa e comprar insumos, isso tem servido para segurar os indicativos que estiveram entre os R$ 29,00 e R$ 31,00 em agosto e mostram pouco espaço de avanço neste mês, e expectativas melhores para outubro em diante.
CURTAS E BOAS ARROZ - mesmo tendo a melhor safra já colhida no Brasil, em agosto tivemos um navio trazendo arroz em contêiner somando algo ao redor das 7,5 mil t vindo da Tailândia, chegando com pelo menos 60 dias de atraso e assim, com prejuízos para os importadores que tiveram que vendê-lo com cotações baixas. Mas também serviu para segurar as cotações internas, que já vinham pressionadas pelas vendas antecipadas dos Uruguaios e Argentinos, que estiveram vendendo em plena safra brasileira e assim, seguraram os indicativos internos. CHINA - depois de um inicio da safra com problemas a China indica que deverá colher 18 milhões de t, ou pelo menos 12,5 milhões acima do que colheu no ano passado. Com isso, as importações realizadas até o final de julho foram de 10,8 milhões de t ou 12% abaixo do mesmo período do ano passado. Ainda há projeções de chegar à marca das 23 milhões de t até o fechamento do ano. Continuará sendo o maior importador mundial em 2005, onde se aponta para números maiores. MILHO - a África do Sul mostrou novamente que teve problemas com a safra e indica uma produção de 8,06 milhões de t contra 8,48 milhões de t do ano passado, que também havia sido prejudicada pelo clima seco. Desta forma continuará sendo importador, contra a sua fase de exportação que ocorria nos anos anteriores. Com expectativa de demanda acima das 12 milhões de t. VIETNÃ - teve problemas climáticos e comprometimento na produção do arroz local e desta forma o segundo maior exportador mundial teve o volume limitado em 3,5 milhões de t, deixando espaço para outros fornecedores, que neste ano vieram do lado da Índia, mas que devido a problemas na safra não devem ter produto sobrando em 2005. Assim, abrirá espaço para novos fornecedores, porque a safra dos EUA está fixada em 10 milhões de t, e desta forma, limitando as exportações. ALGODÃO - os produtores brasileiros estão voltando a movimentar os insumos para o novo plantio, que ainda está longe de ser consolidado, mas caminha para o crescimento. Mesmo que muitos não tiveram boa liquidez neste ano, segue como uma cultura atrativa pelo setor, que aposta na pluma como o ouro branco do Brasil. Isso porque trabalha sem subsídios e a cada dia que passa temos vitórias junto a OMC que vem pressionando os principais produtores e que subsidiam a safra. EL NIÑO - neste mês também poderemos estar vendo a presença deste fenômeno junto aos produtores dos EUA, e também em partes da Ásia e Oceania. Em agosto, o fenômeno já mostrava sinais junto às regiões produtoras da Austrália. Poderá ser uma boa notícia para os produtores brasileiros que ainda têm parte da safra a ser comercializada.
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Palavra do Produtor
A china que eu vi A visualização de uma economia crescente, desenvolvida como a da China, faz perceber o quanto ainda se precisa avançar para chegar a tal patamar
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tados numa política econômica voltada à competividade que permite superávits comerciais com o resto do mundo cada vez maiores. E a competividade é construída a partir de juros abaixo de 6% a.a., preços compatíveis dos insumos básicos como energia, comunicações, transportes e mão de obra. Uma carga tributária civilizada é outro fator de desenvolvimento. Divulgação
imagem que fazia da China, depois da viagem, precisou ser totalmente reformulada. Visitei um País que está condenado ao sucesso e a liderança econômica mundial bem antes do que imaginamos. Visitei um País de 1,3 bilhões de pessoas, com um planejamento estratégico voltado ao crescimento e ao desenvolvimento econômico como nunca tinha visto. Fiquei com a sensação de que todos sabem onde irão chegar e com certeza chegarão. É um País em construção, um verdadeiro canteiro de obras. Não só na Capital ou em Shangai. Andei pelo interior e o retrato é o mesmo. Milhares de guindastes e milhões de pessoas trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana. São auto-estradas, viadutos, pontes, prédios de apartamentos, aeroportos e milhares de obras de infra-estrutura. E tudo de primeiríssima qualidade. Obras para durarem tanto quanto a Muralha da China durou. É um País onde todas as pessoas se alimentam. Existe uma elite rica, mas começa surgir uma classe média que já pode ter uma boa moradia, automóvel e os confortos ocidentais. Ainda existem milhões de pobres ganhando pouco, mas não muitos ganhando nada. São milhões de empregos criados a partir dos investimentos que se aproximam dos 30% do PIB. Num País com crescimento econômico ao redor de 9% a.a. cria oportunidades de trabalho em todos os cantos da China e melhoria rápida da qualidade de vida da população. Os fatores que impulsionam este espantoso crescimento estão fundamen-
Precisamos aprender como fazer para transformar o Brasil num tigre... afirma Sachetti
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Uma invejável malha viária formada por auto-estradas e ferrovias que cortam o País de Norte a Sul e Leste ao Oeste permitem levar o desenvolvimento homogêneo para todos os cantos da China, de forma competitiva. Dezenas de zonas livres de processamento voltadas ao comercio exterior atraem capital externo e investimentos para geração de divisas, renda e empregos aos Chineses. É nesse crescimento que o Brasil deve buscar inspiração e também se atrelar a ele. Temos economias complementares. Produzimos o que a China precisa comprar e precisamos do que a China tem para vender. É uma pena que o Presidente Lula não pode circular por um País como pessoa comum para conversar e observar as coisas como eu tive oportunidade de fazer tanto na Capital como no interior e constatar que profundas mudanças que precisam ser feitas em nossa política econômica, antes de falarmos em retomada efetiva do crescimento. Qualquer comparação entre as economias brasileira e chinesa é um exercício desmotivador. Precisamos apreender como fazer para transformar o Brasil também num tigre, uma vez que temos tantos ou mais recursos naturais e humanos capazes de fazer também uma revolução econômica. Nessa primeira viagem levei um choque, mesmo assim conseguimos abrir flancos juntamente com outros empresários Matogrossenses para um futuro promissor nas C relações comerciais com o a China. Adilton Sachetti, Empresário Rural
Setembro de 2004