Cultivar Grandes Culturas • Ano VIII • Nº 88 • Agosto 2006 • ISSN - 1518-3157
Nossa capa
06
Capa / Montagem Cristiano Ceia
Destaques
Devoradora de lucros Responsável por perdas de até 30%, a Spodoptera continua tirando o sono dos produtores de algodão
20 Perigo mutante Novas raças do fungo Puccinia triticina surgem a cada safra de trigo, beneficiadas pela ponte verde e o clima
Nossos cadernos
28
Foto de Capa / Charles Echer
Controlar ou não? Saiba quando é viável a aplicação de fungicidas para controlar as principais doenças do milho
34 Estragos sob a palha Favorecido pelas palhadas do sistema de plantio direto, o piolho de cobra intensifica seus ataques a cada safra
NOSSOS TELEFONES: (53) Grupo Cultivar AO de ASSINANTE: Publicações Ltda. • ATENDIMENTO Rua:3028.4013/3028.4015 Nilo Peçanha, 212 Pelotas –• RS 96055 – 410 ASSINATURAS: 3028.4010/3028.4011 • GERAL www.cultivar.inf.br 3028.4013 cultivar@cultivar.inf.br • REDAÇÃO:
3028.4002 / 3028.4003 • MARKETING:
3028.4004 / 3028.4005
Índice Diretas
04
3028.4001 Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Spodoptera frugiperda em algodão
06
Números atrasados: R$ 15,00
Destruição de soqueiras no algodão
10
Assinatura Internacional: US$ 80,00 70,00
Como controlar a ferrugem em café adensado 14
• FAX:
Nossos Telefones: (53) • Geral 3028.2000 • Assinaturas: 3028.2070 • Redação: 3028.2060 • Comercial: 3028.2065 / 3028.2066 / 3028.2067
Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
REDAÇÃO • Editor
Charles Ricardo Echer • Coordenador de Redação
Janice Ebel • Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia • Revisão
Silvia Pinto
COMERCIAL Pedro Batistin
Ferrugem do trigo: perigo mutante
20
Essência de produtividade em trigo
24
Milho: tratar ou não as doenças?
28
Percevejo barriga-verde em milho e soja
32
Piolho de cobra na soja
34
Nova estrutura na Bayer
37
Microquímica completa 30 anos
38
Seminário Cooplantio
39
Sedeli Feijó Silvia Primeira
CIRCULAÇÃO • Gerente
Cibele Oliveira da Costa • Assinaturas
Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externas
Raquel Marcos • Expedição
Dianferson Alves
Coluna Aenda
40
Coluna Agronegócios
41
• Impressão
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
Diretas
Syngenta A Syngenta apresentou os resultados dos herbicidas Dual Gol e Gramocil, durante o Congresso Brasileiro de Plantas Daninhas. Uma equipe bastante simpática acolheu e tirou dúvidas dos congressistas sobre os produtos da empresa.
Carlos Antônio Medeiros
Dow A Dow AgroSciences deu ênfase no seu portifólio de herbicidas para pastagens, apresentando resultados de trabalhos realizados com os principais produtos desse segmento. Tereza Ferreira, do departamento de marketing, liderou uma grande equipe, formada por gerentes e especialistas da área de herbicidas.
Linha Completa A DuPont anunciou o lançamento do herbicida Ranger®, que chega ao mercado para complementar a linha de produtos da companhia para o setor sucro-alcooleiro. De acordo com o engenheiro agrônomo Marcio Farah, gerente de marketing da DuPont para o mercado de cana-de-açúcar, o novo herbicida, destinado exclusivamente a lavouras cultivadas com cana soca seca, deve ser usado em aplicação de pré-emergência no controle de folhas largas como capim-colchão, capim-carrapicho, trapoeraba, beldroega, brachiaria e corda-de-viola, entre outras.
Fitopatologia De 14 a 18 de agosto, Salvador (BA) sediará o XXXIX Congresso Brasileiro de Fitopatologia. O evento sob o tema “A fitopatologia, o meio ambiente e a sustentabilidade” acontece no Centro de Convenções do Bahia Othon Palace Hotel, com apresentação e discussão de temas técnico-científicos relevantes para a ciência, atuais e de interesse para a agricultura brasileira. Estima-se a presença de cerca de 1,3 mil participantes.
Monsanto A equipe da Monsanto esteve bastante à vontade no Congresso Brasileiro de Plantas Daninhas, onde apresentou resultados dos produtos Roundup, Roudup WG e Roundup Transbord. A equipe foi coordenada pelo Diretor de Desenvolvimento Tecnológico, Ricardo Miranda.
Armazenagem Campinas (SP) será sede, de 15 a 18 de outubro, da 9ª Conferência Internacional de Proteção de Produtos Armazenados (CIPPA). O objetivo é promover o intercâmbio em ciência e tecnologia na área de pós-colheita entre os diferentes países produtores, envolvidos em conservação e qualidade de artigos como grãos, malte, fibras, ração animal, produtos desidratados e alimentos em geral. A conferência contará com sessões plenárias, painéis, workshops, sessões de pôsteres, visitas técnicas e uma exposição paralela com o tema “Proteção de Produtos Armazenados”.
Nova Gerente A Bayer CropScience – Região América Latina tem Claudia David como sua nova gerente de comunicação. Criada em abril de 2006, a nova área é responsável pelo alinhamento, planejamento e desenvolvimento de políticas, diretrizes e estratégias de comunicação social. Antes, Claudia coordenava, desde abril de 2005, o setor de comunicação da multinacional no Brasil e foi a responsável pela implementação de uma política de Claudia David comunicação interna e externa.
04
Bayer A Bayer marcou presença no Congresso Brasileiro de Plantas Daninhas, dando ênfase para o Provence, herbicida indicado para as culturas de cana-de-açúcar, milho e mandioca. Além do Provence, a equipe, comandada por Jean Zonato, tirou dúvidas sobre a linha de herbicidas da empresa, que conta com 17 produtos.
Dupont A Dupont destacou sua linha completa de herbicidas e apresentou resultados de trabalhos desenvolvidos pela empresa aos participantes do Congresso Brasileiro de Plantas Daninhas. Edivaldo Panini, da equipe de Tecnologia, destacou os bons resultados apresentados pelos produtos da Dupont.
Milho e sorgo De 27 e 31 de agosto, Belo Horizonte (MG) sediará o XXVI Congresso Nacional de Milho e Sorgo. O evento a ser realizado no Hotel GranDarrell tornou-se referência em todo o país em pesquisa agropecuária com as duas culturas. O tema central é a inovação para sistemas integrados de produção. A programação conta com seis conferências técnicas, oito mesas-redondas, nove palestras técnicas e dez painéis técnicos.
Plantas Daninhas De 29 de maio a 02 de junho, Brasília foi sede do XXV Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas. O evento foi marcado pelo grande público e número de trabalhos inscritos. Apesar de abordar diversos aspectos que envolvem o controle de plantas daninhas, o destaque foi o enfoque dado aos problemas de resistência a herbicidas. Para o presidente do congresso, Roberto Pereira, o evento superou todas as expectativas. O próximo congresso será em 2008, na cidade de Belo Horizonte (MG).
Roberto Pereira
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Algodão
David Jones
Devoradora dos lucros O monitoramento da lavoura é a palavra de ordem para produtores de algodão nos casos de Spodoptera frugiperda, que hoje, sozinha, traz prejuízos da ordem de 30% no rendimento de fibras ao surgir logo após a emergência da cultura
S
egundo previsão da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), com base em dados preliminares e estimados, neste ano-safra, a área plantada deverá ser de 795 mil hectares, contra 1.179,4 mil ha da safra passada - redução de 32,6%, queda justificada pelos baixos preços dos mercados interno e externo da pluma e pelos altos custos da grande tecnificação exigida, assim como o difícil e caro controle fitossanitário, em especial o controle de pragas. A lagarta militar Spodoptera frugiperda (Lepdoptera: Noctuidae) (Smith, 1797), também conhecida como lagarta-do-cartucho na cultura do milho, é uma praga em expansão na cultura do algodão no Brasil, apresentando infestações recorrentes que resultam em prejuízos da ordem de 30% no rendimento de fibras (Miranda, 2005).
ÉPOCAS DE ATAQUE A S. frugiperda pode surgir logo após a emergência da cultura, considerando-se que a lagarta pode estar na área em razão da presença de plantas hospedeiras. Com a aplicação de herbicidas, as lagartas que nelas estavam hospedadas migram para a cultura. Surtos de infestações são observados com o fechamento do ciclo no milho, milheto e a migração de gramíneas de áreas próximas. O crescimento populacional está associado a fatores ambientais, tendo seu ótimo em altas temperaturas e bai-
06
xa umidade relativa do ar. O grande surto de S. frugiperda na cultura ocorre, geralmente, na fase de florescimento e frutificação, ou seja, em torno de 35-55 dias, que coincide com a fase em que se observam muitas posturas e o surgimento de lagartas pequenas até os 100-130 dias da emergência das plântulas. As lagartas podem ser encontradas na planta danificando caule, folhas, botões florais e maçãs.
CONTROLE O manejo integrado consiste de um conjunto de ações adotadas no intuito de maximizar a eficiência de controle com o
menor impacto ambiental possível. Alguns métodos já estão bastante sedimentados entre os produtores, destacando-se: controle cultural, comportamental, biológico, varietal e químico. Qualquer que seja o manejo adotado, é essencial, racional e econômico o monitoramento populacional por amostragem a campo. Em razão do monitoramento é que se deve escolher a tática adequada de controle. Atualmente para o controle das lagartas o mais sedimentado entre os produtores é o método químico, em razão da rapidez dos resultados e da flexibilidade. Entretanto, tem sido observada a crescente e
Tabela 2 - Número médio de lagartas vivas e porcentagem de eficiência dos diferentes tratamentos com inseticidas para o controle da Spodoptera frugiperda na cultura do algodão em Acreúna (GO) 2005 Tratamentos Nome Técnico Formulação Testemunha Clorfluazuron EC Lufenuron EC Clorfluazuron + Fenpropathrin EC Clorfluazuron + Bifenthrin EC Fenpropathrin EC Bifenthrin EC CV (%)4 DMS
7 daa i.a. g/ha 20 25 15 + 120 15 + 50 150 60
N1 2,253 a 2,00 b 1,25 a 1,75 a 0,75 a 1,50 a 2,00 a 21 1,57
Dias após aplicação (daa) 10 daa E (%)2 N E (%) 3,75 a 11 0,75 b 80 44 1,75 b 53 22 1,25 b 67 67 0,75 b 80 33 1,00 b 73 11 1,25 b 67 21 1,53
Número de lagartas em 25 botões florais do terço superior das plantas. Eficiência de controle pelo método Abbott, 1925. Médias nas colunas seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5% de probabilidade (método LSD). 4 Dados transformados x+1 1 2 3
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
CONHECENDO A PRAGA cém lançados no mercado, pois, em função de ser um inseto presente em uma série de plantas cultivadas durante boa parte do ano, principalmente no Cerrado, onde se faz a segunda safra juntamente com a semeadura tardia do algodão.
RESULTADOS DE PESQUISA Os resultados do experimento a seguir caracterizam bem a eficiência de inseticidas de diferentes mecanismos de ação em área de Cerrado, onde se identifica a situação exposta anteriormente. Na Fazenda
Charles Echer
rápida perda de eficiência de diversos inseticidas, devido à utilização seqüencial de produtos com os mesmos mecanismos de ação. Ainda, em razão da flexibilidade de utilização, de resultados imediatos e da robustez do método, muitas vezes os produtos químicos são mal utilizados dentro do programa, que parte, essencialmente, do nível de infestação e do estádio de desenvolvimento do inseto na lavoura. É essencial que se faça o manejo baseado no monitoramento, para não se incorrer no erro de perder eficiência de produtos re-
As fases de florescimento e frutificação são as mais favoráveis ao surgimento de surtos de Spodoptera
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
A
infestação inicial é facilmente observada em razão da entrada de mariposas (fase adulta) na área. Essas mariposas apresentam 25 mm de comprimento e 35 mm de envergadura das asas. No adulto macho, as asas anteriores têm uma mancha pardo-amarelada ovalada na parte central; nas fêmeas as asas anteriores têm coloração pardo-grisácea, com manchas avermelhadas. As asas posteriores de ambos os sexos são esbranquiçadas. Rapidamente a infestação na lavoura se avoluma, haja vista que uma fêmea pode até colocar em torno de mil ovos sob as folhas e brácteas. Na eclosão as lagartas têm entre 1,0 e 1,5 mm de comprimento. A lagarta desenvolvida atinge cerca de 40 mm de comprimento, com sua coloração variando de esverdeada a pardo-escura, a cabeça é mais escura, apresentando sutural em forma de “Y” invertido na parte frontal da cabeça, o que torna fácil distingui-la de outros insetos-praga da cultura do algodoeiro. O longo período larval, que se completa entre 15 a 28 dias, faz com que seja grande a porcentagem de desfolha da planta, acentuando os prejuízos na cultura. Ao fim desse período larval, as lagartas penetram no solo, onde se transformam em crisálidas de coloração avermelhada.
07
David Jones
Tabela 1 - Número médio de lagartas vivas e porcentagem de eficiência dos diferentes tratamentos com inseticidas para o controle da Spodoptera frugiperda na cultura do algodão em Acreúna (GO), 2005 Tratamentos Nome Técnico Formulação Testemunha Clorfluazuron EC Lufenuron EC EC Clorfluazuron + Fenpropathrin Clorfluazuron + Bifenthrin EC Fenpropathrin EC EC Bifenthrin CV (%)4 DMS
Dias após aplicação (daa) 1 daa i.a. g/ha 20 25 15 + 120 15 + 50 150 60
N1 6,753 a 4,00 b 5,00 ab 3,00 b 4,25 ab 1,00 c 4,00 b 15 2,18
3 daa E (%)2 41 26 56 37 85 41
N 5,50 a 2,25 bc 3,25 ab 2,25 bc 2,75 bc 1,25 c 3,25 ab 17 1,93
E (%) 59 41 59 50 77 41
Número de lagartas em 25 botões florais do terço superior das plantas. Eficiência de controle pelo método Abbott, 1925. Médias nas colunas seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5% de probabilidade (método LSD). 4 Dados transformados x+1 1 2
Período larval da Spodoptera se completa entre 15 e 28 dias, tempo suficiente para dizimar a lavoura
3
ram eficiência abaixo de 67%. Aos dez dias após a aplicação dos produtos químicos, todos os tratamentos diferiram da testemunha, entretanto, somente o clorfluazuron, 20 g/ha de i.a., e a mistura clorfluazuron + bifenthrin, nas doses 15 + 50 g/ha de i. a., obtiveram eficiência agronômica (80%).
CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os dados obtidos, podese verificar que os produtos químicos utilizados no período em que se estabeleceu o experimento não foram eficientes durante os dez dias de avaliação, no controle de S. frugiperda, com exceção de fenpropathrin, 150 g/ha de i.a., com eficiência de 85% no primeiro dia após a aplicação. Entretanto, não apresentou eficiência nas avaliações seguintes. Dentre os produtos, os inseticidas reguladores clorfluzuron e lufenuron não ti-
Charles T. Bryson
Santa-Fé, município de Acreúna (GO), a cultura do algodoeiro está vizinhada por área de milho, cana-de-açúcar e pastagem. Na avaliação prévia constatou-se nas parcelas experimentais uma infestação média de nove lagartas em 25 plantas, o que justificou a implantação do experimento. Na primeira avaliação realizada um dia após a aplicação dos inseticidas, verificouquanto que o tratamento fenpropathrin, 150 g/ha de i.a., obteve boa eficiência, 85%. Na segunda avaliação, aos três dias após a aplicação, os tratamentos lufenuron, 25 g/ha de i.a., e bifenthrin, 60 g/ha de i.a., não diferiram estatisticamente da testemunha. Entretanto, o tratamento fenpropathrin, 150 g/ha de i.a., manteve-se com a melhor eficiência, 77%. Uma semana após a aplicação, os tratamentos não diferiram estatisticamente da testemunha, havendo alta incidência de lagartas nestes tratamentos, e todos tive-
O controle químico ainda é o método mais utilizado para conter a praga, principalmente devido à rapidez de resultado
08
veram boa eficiência, possivelmente pelo estádio avançado em que as lagartas apresentavam-se, considerando-se que estes só atuam nos primeiros instares. Os tratamentos com mistura de mecanismos de ação (piretróide e reguladores) foram os que apresentaram eficiência na última avaliação, podendo se inferir que misturas de inseticidas devem ser adotadas para se obter sucesso na utilização de C controle químico. Juliana de Paula, Cefet/Rio Verde
MONITORAMENTO
O
monitoramento populacional da praga é crucial para o sucesso no controle da S. frugiperda. A amostragem deve ser realizada desde antes da semeadura, em razão das áreas vizinhas serem foco de infestação, devendo ser mais refinada com a constatação da presença de adultos da praga, de maneira que seja inspecionada a planta à procura de massas de ovos e lagartas de primeiros instares. Inicialmente mesmo monitores de pragas mais experientes, às vezes, não conseguem detectar a presença de ovos ou mesmo de lagartas em fases iniciais de desenvolvimento, em razão de as posturas terem sido realizadas em massas pequenas, escondidas, ou em plantas daninhas presentes na área. O controle deve ser realizado no momento em que se detectar, na amostragem, 10% das plantas com pequenas lagartas nas folhas, botões florais e maçãs, ou infestações com lagartas médias em 5% das flores.
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Algodão Com o objetivo de inibir a proliferação de pragas e patógenos que sobrevivem em soqueiras do algodão na entressafra, a legislação determina a destruição dos restos culturais até 15 dias após a colheita
A
destruição da soqueira do algodoeiro é prática indispensá vel quando se pensa na sustentabilidade da cultura do algodoeiro. Em todos os países do mundo onde o algodoeiro é cultivado, há legislação que regulamenta a destruição de soqueiras. Existe no Brasil legislação federal e estadual que regulamenta a destruição dos restos culturais do algodoeiro. Na maioria dos estados produtores de algodão, a legislação determina a eliminação dos restos culturais, até quinze dias após a colheita. No estado de São Paulo, o arranquio e a queima dos restos culturais (soqueira) do algodoeiro, imediatamente após a colheita, são obrigatórios, desde 1950, como medida de controle da broca-da-raiz (Eutinobothrus brasilensis), da lagarta rosada (Pectinophora gossypiella), além de doenças causadas por
10
fungos e bactérias. Mais ainda, essa medida é fator determinante para a convivência econômica com o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis). A destruição dos restos culturais possibilita a diminuição de mais de 70% dos insetos que entrariam em quiescência, sobreviveriam ao período de entressafra, infestando a cultura muito precocemente no ano seguinte. Diante disso, é evidente a necessidade de destruição dos restos culturais do algodoeiro, visando inibir a proliferação de pragas e doenças.
cesso de destruição dos restos culturais é relativamente simples. Nesse sistema, após a colheita, são feitos a roçada dos restos culturais e, em seguida, o preparo do solo (escarificador + aração + gradagens). Avaliando-se vários métodos de destruição de soqueiras nas condições do Sudoeste da Bahia, para o algodoeiro cultivado em sistema convencional, concluiu-se que os métodos que proporcionaram a menor porcentagem de rebrota foram a roçada seguida de aração (arado de discos), ou somente a aração.
DESTRUIÇÃO DOS RESTOS CULTURAIS
Sistema Plantio Direto (SPD) No sistema plantio direto, o processo de destruição dos restos culturais torna-se um pouco mais complexo, pois nesse sistema não pode haver revolvimento do solo. O SPD fundamenta-se em programas
Sistema convencional Quando o algodoeiro é cultivado no sistema convencional, onde o preparo do solo é feito com o uso de arado e grades, o pro-
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Newton Peter
de rotação de culturas, caracterizando-se pelo cultivo em terreno coberto por palha e/ou plantas em desenvolvimento, sem o preparo do solo, por tempo indeterminado. Nesse sistema, a destruição da soqueira do algodoeiro exige maior atenção. Visando destruir os restos culturais do algodoeiro cultivado em SPD, foram avaliados diversos equipamentos, trabalhando com duas alturas de corte (Figura 1). De acordo com os dados apresentados na Figura 1, a menor porcentagem de rebrota, avaliada aos 30 dias após o tratamento (DAT), foi obtida na menor altura de corte, independente do equipamento. Em todas as situações, a menor porcentagem de rebrota foi superior a 30%, o que pode ser considerado como extremamente alto e não satisfatório. Baseado nesses resultados, pode-se concluir que, para o SPD, apenas a roçada dos restos culturais não é suficiente para controlar a rebrota do algodoeiro, necessitando integrar métodos (mecânicos, químicos e culturais) de destruição. O algodoeiro é uma planta que tem rota metabólica típica de plantas C3, com elevada taxa de fotorrespiração e alto ponto de compensação de CO2, sendo extremamente sensível à falta de luminosidade. As folhas de algodoeiro completamente iluminadas às 9h da manhã apresentaram taxa fotossintética de 46 mg de CO2/dm2/h, enquanto que as densamente sombreadas apresentaram taxa de 13 mg CO2/dm2/h. Isso indica que o cultivo de espécies vegetais logo após a roçada poderá constituir-se em um importante método de controle da rebrota, tendo-se em vista a importância da taxa fotossintética para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Assim, em regiões onde após o cultivo do algodoeiro é possível cultivar outra espécie, principalmente
aquelas com espaçamentos entre fileiras reduzidos, o controle da rebrota será facilitado. Essa prática denomina-se Método Cultural. O cultivo de soja após o algodoeiro é uma alternativa de método cultural para o controle da rebrota, pois além de ser semeada em espaçamentos entre fileiras estreitos, geralmente de 0,45 a 0,5 m, o uso de herbicidas para o controle de plantas daninhas na cultura da soja auxilia no controle da rebrota dos restos culturais do algodoeiro. No mercado brasileiro existem vários equipamentos que estão sendo desenvolvidos para a destruição da soqueira do algodoeiro. São equipamentos específicos, tracionados por trator de média a alta potência. Entre os equipamentos atualmente disponíveis, há necessidade de que primeiro as Figura 1 - Efeitos de diferentes implementos e de altura de corte sobre a porcentagem de rebrota do algodoeiro
Fonte: Adaptada de Melhorança (2003a)
Fotos Fernandes Mendes Lamas
Depois da colheita, segundo a legislação vigente, o produtor tem 15 dias para deixar a lavoura livre dos restos culturais do algodoeiro
plantas sejam roçadas, enquanto outros destroem os restos culturais sem a necessidade da roçada, já que arrancam as plantas inteiras, e outros possuem mecanismos que trituram as plantas rente ao solo. Especialmente em áreas onde se utiliza o sistema plantio direto, deve-se optar por equipamentos que movimente o mínimo
possível o solo. É bastante comum a destruição da soqueira através de roçadeira e, na seqüência, aplicação de herbicidas. Entretanto, essa prática nem sempre apresenta boa eficiência, pois pode ocorrer rebrota. Vários estu-
dos estão sendo desenvolvidos, visando identificar herbicidas eficientes para o controle da rebrota. Avaliando-se vários produtos aplicados em diferentes épocas, quando foram feitas a aplicação de glifosato, em pré-colheita, e as duas de 2,4 D, após a colheita, a porcentagem de rebrota 45 dias após foi de 5%. De acordo com resultados obtidos nos Estados Unidos, duas aplicações de 2,4 D – amina, sendo a primeira feita imediatamente após a roçada, e a segunda, trinta dias após, são suficientes para o controle da rebrota, com eficiência de 100%. Em trabalhos desenvolvidos na Argentina, comparando-se o 2,4 D – amina (0,96 kg i.a/ha) com o glifosato 1,9 kg i.a./ha, aplicados isolados ou em mistura, para o controle da rebrota, não houve diferença significativa entre os tratamentos. No Brasil, os produtos 2,4 D – amina (1,0 kg i.a/ha) e glifosato (3, 0 kg i.a/ha), aplicados trinta dias após a roçada, proporcionaram eficiência de controle da rebrota de 25% para o glifosato, de 90% para o 2, 4 D e de 94% para a mistura dos dois produtos, em avaliação realizada 45 dias após a aplicação dos tratamentos. Com relação ao momento para aplicação de herbicidas visando o controle da rebrota, estes só devem ser aplicados quando
C
28
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
as plantas tiverem área foliar capaz de absorver o herbicida aplicado. Em síntese, a destruição dos restos culturais da cultura do algodoeiro, para ser eficiente, tem de ser feita integrando-se os métodos: mecânico (roçada), químico (herbicidas) e culturais (cultivo de espécies que vão impedir o crescimento do algodoeiro), pois nenhum dos métodos isolado é suficientemente eficiente. Assim, é possível fazer uma boa destruição dos restos culturais, o que é indispensável quando se pensa em uma cultura praticada em base sustentável, na qual o controle de pragas, como, por exemplo, o bicudo, é facilitado através de uma boa destruição dos restos culturais e com a rotação de culturas.
CONCLUSÕES A não observação dos diferentes aspectos que envolvem o processo de destruição da soqueira, além de comprometer quem a realiza, pode tornar o cultivo do algodoeiro totalmente inviável em uma determinada região. Assim, recomenda-se que essa prática deva ser realizada por todos os produtores, imediatamente após a colheita, no menor espaço de tempo possível, obedecendose à legislação específica sobre o assunto para cada estado.
Integração de métodos químicos, mecânicos e culturais são preferidos, já que nenhum método isolado é totalmente eficiente
“Mais de 70% dos insetos sobreviveriam na entressafra sem a destruição das soqueiras”, alerta Lamas para a importância do trabalho
Imediatamente após a colheita deverá ser feita a roçada dos restos culturais, e, havendo rebrotas, devem ser aplicados herbicidas, com o objetivo de eliminar as estruturas de alimentação e/ou reprodução de insetos-praga. Tão logo seja possível, fazer
a semeadura de uma espécie vegetal diferente do algodoeiro, para também auxiliar C no controle da rebrota. Fernando Mendes Lamas, Embrapa Agropecuária Oeste
Café
Refúgio ideal Devido ao microclima úmido e quente formado entre as plantas, os sistemas de cultivo adensados são os mais favoráveis ao desenvolvimento do fungo da ferrugem do cafeeiro
D
14
Sobre a mancha forma-se uma massa pulverulenta de uredosporos. No estádio mais avançado, algumas partes do tecido foliar são destruídas e necrosadas. A ocorrência da doença é favorecida por fatores ligados ao hospedeiro (cafeeiro), ao patógeno (fungo) e ao ambiente. Entre os fatores relacionados com a planta e com o
ambiente que permitem inferir sobre a ocorrência e a intensidade do ataque, estão: o enfolhamento, a carga pendente (produção) e a densidade de plantas por área. Esses fatores são importantes na hora de definir o controle da doença. • Quanto maior o enfolhamento, maior será o inóculo residual para o próximo
Fotos Charles Echer
entre as doenças que ocorrem no cafeeiro, a ferrugem causada pelo fungo Hemileia vastatrix Berk e Br. é a mais importante, por causar grandes prejuízos para a cafeicultura. Ela ocorre em todas as regiões produtoras de café no Brasil. O fungo ataca todas as variedades de café, porém, dentro do gênero Coffea, são observadas diferenças quanto à patogenicidade. A espécie Coffea canephora apresenta cultivares com resistência, enquanto que a maioria das cultivares comerciais dentro da espécie C. arábica são susceptíveis à doença. O principal dano que a ferrugem causa ao cafeeiro é a desfolha e, conseqüentemente, a perda na produção que pode chegar até 50%. Além disso, indiretamente, após anos de ataque, a ferrugem pode causar perdas de ramos laterais e menor longevidade das plantas. Os primeiros sintomas da doença são pequenas manchas circulares de cor amarelo-alaranjada, com diâmetro de 0,5 cm, que aparecem na face inferior da folha.
Através do monitoramento é possível fazer um programa de controle eficiente, utilizando-se práticas culturais apropriadas
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Tabela 1 – Influência da produção do cafeeiro no índice de infecção da ferrugem Vicente Luiz de Carvalho
ciclo da ferrugem. • Quanto maior a carga pendente, maior será a intensidade da doença, como pode ser observado na Tabela 1. • No sistema de cultivo adensado ou arborizado, o microclima é plenamente favorável ao desenvolvimento da ferrugem do cafeeiro. Nos últimos anos, a necessidade de uma melhor utilização das áreas, em busca de maiores rendimentos e retornos financeiros mais rápidos, tem feito com que plantios mais adensados sejam bastante utilizados. O aumento do número de plantas, por unidade de área, altera o ambiente ao redor da planta, formando um microclima que interfere em outros fatores como: luminosidade, taxa de evaporação e ação dos ventos (Jaramillo-Robledo, 1996). As condições de ambiente nesse sistema de plantio se tornam plenamente favoráveis ao desenvolvimento da ferrugem do cafeeiro (Tabela 2). Além desses fatores, para orientar na tomada de decisões, é importante que sejam conhecidos os índices de incidência e a evolução da doença através da Curva de Evolução e do Monitoramento, para que possam ser aplicados as medidas culturais e/ou controles alternativos, visando reduzir a doença a níveis economicamente aceitáveis.
CURVA DE EVOLUÇÃO DA FERRUGEM O período de ocorrência da ferrugem varia pouco entre as regiões cafeeiras de um ano para outro. As condições climáti-
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Níveis de produção 0% 50 % 100 %
% de folhas com ferrugem Dezembro Março Maio 8,33 22,00 27,33 7,67 26,31 59,66 8,99 36,33 70,33
Julho 32,83 80,66 89,33
Fonte: Carvalho et al. (1993)
Tabela 2 – Porcentagem relativa de ferrugem do cafeeiro em três densidades de plantio e duas cultivares. São Sebastião do Paraíso (MG). 1997 e 1998 Cultivar
Catuaí
M.Novo
Os primeiros sintomas da doença são pequenas manchas circulares de cor amarelo-alaranjada que aparecem na face inferior da folha
cas que favorecem a doença ocorrem normalmente a partir de novembro/dezembro, com o pico de incidência entre os meses de maio a julho (Figura 1). O controle químico da doença deve começar juntamente com o início de sua evolução até março/abril, a partir de quando pouco ou quase nada se pode fazer.
MONITORAMENTO A quantificação da ferrugem é feita pelo monitoramento, através de medições de sintomas ou de sinais da doença dentro da
Densidade de Plantio 10.000 pl/ha 5.000 pl/ha 2.857 pl/ha 10.000 pl/ha 5.000 pl/ha 2.857 pl/ha
% de folhas com ferrugem 1997 1998 % Relativa % Relativa 64,0 256,0% 72,8 130,0% 43,0 172,0% 55,4 98,0% 25,0 100% 56,0 100% 72,5 195,9% 72,9 135,2% 55,5 150,0% 64,0 118,7% 37,0 100% 53,9 100%
Fonte: Carvalho & Chalfoun (2001)
lavoura. Através do monitoramento é possível fazer um programa de controle eficiente, utilizando-se práticas culturais apropriadas e defensivos corretos para cada situação. Com isso, serão evitados desperdícios de insumos e de mão-de-obra e danos causados pela ocorrência de índices elevados da doença, bem como será promovida menor agressão ao meio ambiente.
COMO FAZER O MONITORAMENTO? • Dividir as lavouras em talhões uniformes. • Coletar de cinco a dez folhas por planta (no terceiro ou quarto par), no terço médio da planta, perfazendo um total de cem a 300 folhas por talhão.
15
Charles Echer
liar. Isso evitará a evolução tardia da doença com índices altos no final do ciclo, como vem ocorrendo nos últimos anos em áreas onde é feito o controle com datas pré-fixadas, ou com aplicações antecipadas desses sistêmicos. O controle com fungicida sistêmico deve ser feito com índices inferiores a 5%. Acima desse valor, o fungicida pode ser usado, desde que haja orientação técnica quanto à sua conveniência ou não.
MEDIDAS GERAIS DE CONTROLE • Fazer adubações equilibradas; • Plantar linhagens resistentes ou tolerantes; • Fazer desbrotas, evitando o excesso de hastes e, conseqüentemente, o autosombreamento; • Fazer podas periódicas; • Adotar espaçamentos mais largos na entre linha; • Evitar o cultivo sombreado ou arborizado.
CONTROLE GENÉTICO
No sistema de cultivo adensado ou arborizado, o microclima é plenamente favorável ao desenvolvimento da ferrugem do cafeeiro
• Contar o número de folhas com ferrugem e determinar a percentagem de infecção, conforme a fórmula a seguir: % de infecção (I) = nº de folhas com ferrugem x 100 nº total de folhas
• A percentagem de infecção (I) mostra a evolução da doença na lavoura. • Esse levantamento deve ser realizado pelo menos uma vez por mês a partir de dezembro. Conhecendo o percentual de infecção, através do monitoramento, pode-se definir qual grupo de fungicida deverá ser usado, uma vez que no uso de produtos de contato, como os cúpricos, as aplicações devem-se iniciar quando ainda não foi constatada ferrugem nas lavouras, ou quando o índice está próximo de 0% de folhas com ferrugem. Com o monitoramento da lavoura, pode-se também retardar ao máximo o início do controle com o uso de sistêmico fo-
16
O controle usando cultivares resistentes ou tolerantes à ferrugem é sem dúvida a melhor opção de controle da doença em quaisquer sistema de cultivo (adensado, orgânico) e tamanho de propriedade, mas, principalmente para o cafeicultor familiar, por apresentar menor custo, sem causar danos ao meio ambiente e ao homem. Hoje já existem no mercado várias cultivares disponíveis com produtividade semelhante à das melhores cultivares de Mundo Novo e Catuaí. As principais cultivares resistentes/tolerantes disponíveis no mercado são apresentadas na Tabela 3.
Figura 1 - Curva de evolução da ferrugem do cafeeiro em função da precipitação e da temperatura média. Dados médios dos anos de 1997/98/99/00. EPAMIG-São Sebastião do Paraíso (MG)
Fonte: Carvalho et al. (Dados não publicados).
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Amostragem: Como caminhar e onde amostrar
Tabela 3 – Características de algumas cultivares de café com resistência específica e não específica à ferrugem Cor do fruto Vermelho Amarelo Vermelho
Maturação Média Média Média
Araponga MG 1 Catiguá MG1 e MG2
Vermelho Vermelho
Média Média
Sacramento MG1
Vermelho
Média
Icatu
Amarelo e vermelho Vermelho Vermelho Vermelho Vermelho Vermelho Amarelo e vermelho
Precoce e média Tardia Média Precoce Média Média Média
Obatã IAC 1669-20 Tupi IAC 1669-33 Iapar 59 IPR 98 IBC Palma Catucaí
Porte/Altura e diâmetro das plantas Porte baixo com altura de planta 2,58m e diâmetro de saia 1,65m. Porte baixo com altura de planta 1,95m e diâmetro de saia 1,92 m. Porte baixo com altura de planta 1,30m e diâmetro de saia 1,48m, aos 38 meses de plantio. Porte baixo com altura de planta 1,70m e diâmetro de saia 1,70m. Porte baixo com altura de planta 1,40m e diâmetro de saia 1,70m, aos 48 meses de idade. Porte baixo com altura de planta 1,40m e diâmetro de saia 1,85m, aos 48 meses de idade. Porte alto com altura de planta variando de 3,0 a 4,0 m e diâmetro de saia entre 2,0 a 2,8 m, de acordo com a progênie. Porte baixo. Porte baixo com diâmetro de copa menor que o Obatã. Porte baixo com altura de plantas de 2,0 m e diâmetro de saia 1,7 m. Porte baixo. Porte baixo e ligeiramente superior ao Catuaí. O porte varia de baixo a médio com diâmetro da copa semelhante a cultivar Catuaí.
CONTROLE QUÍMICO Existem dois grandes grupos de produtos usados no controle da ferrugem do cafeeiro: a) Contato (preventivos): O maior representante são os fungicidas à base de cobre, chamados de cúpricos. As aplicações devem-se iniciar quando ainda não foi constatada ferrugem nas lavouras, ou com índices da doença próximo de zero. Os intervalos de aplicações devem ser seguidos rigorosamente, assim como o número de
IMPORTANTE
aplicações recomendadas, os quais são normalmente maiores que nos sistêmicos. b) Sistêmicos: Atuam curando, ou mesmo erradicando a doença depois de instalada, pois translocam-se dentro da planta. Esses produtos permitem iniciar as aplicações com índices de até 5% de incidência da ferrugem, ou mais, dependendo de avaliação e recomendação de um
Vicente Luiz de Carvalho e Rodrigo Luz da Cunha, Epamig João Paulo Felicori Carvalho, Ufla
Charles Echer
Cultivar/Linhagem Oeiras MG 6851 Paraíso MG H 419-1 Pau-Brasil MG 1
técnico. Esses produtos podem ser aplicados no solo ou via foliar. Os produtos de aplicação no solo são formulados somente com fungicida ou com fungicida associado a inseticida. Os produtos via solo devem ser aplicados com datas pré-fixadas. Normalmente, as aplicações devem ser realizadas até no máximo o mês de dezembro, pois os produtos necessitam de muita umidade no solo para serem absorvidos pelas raízes das plantas. O ideal é fazer um programa de controle envolvendo um produto de contato (cúprico) e um sistêmico. Pode-se iniciar com cúprico e intercalar com sistêmico, ou ao contrário. A melhor combinação dependerá das condições da lavoura (idade, carga pendente, espaçamento, enfolhamento e outros fatores). Em anos de carga pendente alta e lavouras adensadas, a incidência da ferrugem é maior, desta forma o produtor deverá ter mais cuidado nas medidas de controle. Ao contrário, em anos de carga pendente baixa, o controle pode ser simplificado com a redução do número de pulverizações. Outro aspecto a ser considerado é a possibilidade de controlar-se simultaneamente a ferrugem e a cercosporiose. Os fungicidas cúpricos e outras formulações são recomendados para o controle simulC tâneo dessas doenças.
A
eficiência do controle químico vai depender do uso correto e seguro do fungicida. O produtor deve observar as condições dos equipamentos, o cálculo da dosagem e o momento adequado das aplicações. O uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual), a proteção dos cursos de água e o destino correto das embalagens fazem parte do uso correto e racional dos defensivos. Doses elevadas ou subdosagens não implicam em melhoria na eficácia ou economia e ainda podem acarretar toxidez à planta e riscos à saúde do aplicador e ao ambiente.
18
Para ter eficiência, o ideal é fazer um programa de controle envolvendo um produto de contato (cúprico) e um sistêmico
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Trigo
A
lgumas das várias doenças que infectam o trigo na região Sul, embora ocorram anualmente, prevalecem em determinados anos. Em 2004, as manchas foliares predominaram, e, em 2005, a ferrugem da folha e o vírus do nanismo amarelo da cevada (VNAC) foram as doenças mais danosas.
FERRUGEM DA FOLHA
Perigo mutante O surgimento de novas raças do fungo Puccinia triticina a cada ano e o grande número de reinfecções durante o ciclo da cultura são atribuídos principalmente à manutenção da ponte verde para a sobrevivência do fungo, que é altamente especializado e favorecido pelas condições ambientais
20
O fungo Puccinia triticina é altamente especializado, diferenciando-se em raças que se alteram freqüentemente (uma a três raças novas/ano, com exceção de algumas safras). O controle genético é o mais adequado, porém, difícil, em termos mundiais. A germinação dos esporos é dependente de água livre na superfície das folhas, iniciando após 30 minutos do contato dos esporos com a água, em temperaturas de 15-25ºC. O período entre a germinação e a esporulação é de sete a dez dias, quando as temperaturas são ótimas e constantes (Tabela 1), e mais prolongado com temperaturas baixas (10-15ºC) ou diurnas flutuantes. A esporulação máxima ocorre cerca de quatro dias após a esporulação inicial (aproximadamente a 20ºC) (Roelfs, Singh e Saari, 1992). Considerando-se que a duração do ciclo de desenvolvimento do fungo varia de acordo com a luz e com a temperatura, quando essa é alta as reinfecções são mais freqüentes. As condições climáticas da região tritícola Sul, favoráveis ao patógeno; a ponte verde (trigo cultivado durante todo o ano, desde os Cerrados até o Sul da província de Buenos Aires, Argentina, sem barreiras físicas; o tipo de propagação endógena, no próprio local, além do transporte dos esporos pelo vento; os trigos voluntários (não semeados, que germinam nas laterais das rodovias, após caírem de caminhões, ou por debulha de cultivo anterior (ex-
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Fotos Amarilis Labes Barcellos
Tabela 1 - Condições ambientais requeridas para ferrugem da folha do trigo
Figura 1 - Curva de progresso da ferrugem da folha de trigo, com infecção natural e artficial em Coxilha (RS), nos anos de 2004 e 2005
Temperatura oC Estádio Mínima Ótima Máxima Luz Água livre Germinação 2 20 30 Pouca Essencial Esporófito 5 15-20 30 Pouca Essencial Apressório 15-20 Nenhuma Essencial Penetração 19 20 30 Nenhum efeito Essencial Crescimento 2 25 35 Muita Nenhuma Esporulação 10 25 35 Muita Nenhuma
Com temperatura e luz ideais ao desenvolvimento do fungo, mais de uma infestação por ciclo da cultura são freqüentes
tensas áreas na região de Necochea, Argentina) perpetuam a ferrugem e possibilitam a criação de novas raças; cultivares suscetíveis em cultivo e freqüentes ‘quebras’ de resistência resultam em que a ferrugem da folha seja das doenças do trigo mais devastadoras. Em período de entressafra também
ocorre severidade alta de infecção. No município de Urubici (SC), em altitude superior a 2,5 mil m, houve infecção natural em janeiro de 2006, na área experimental onde foram semeados alguns sulcos de cultivares atuais. A severidade foi tão elevada como em outubro-novembro nas lavouras de 2005. As diferentes reações das cultivares se mantiveram no verão, tendo sido detectada a raça prevalecente nos cultivos de 2005.
CONTROLE Devido à alta pressão de inóculo e a condições climáticas adequadas ao fungo, no Sul do Brasil, é necessária a associação da resistência genética com práticas culturais, tais como: diversificação de resistências, diminuição de ‘ponte verde’, de acordo com a época de plantio e ciclo da cultivar, e eliminação de trigos voluntários.
(Barcellos, 2006)
FUNGICIDAS Enquanto houver cultivos suscetíveis, o uso de fungicidas é indispensável. Há produtos no mercado que, se aplicados adequadamente, são efetivos no controle. Nas cultivares altamente suscetíveis é difícil o controle. Quando o sinal da ferrugem é visível, a infecção já ocorreu vários dias antes. Nas lavouras em que a aplicação do produto químico adequado foi preventiva ou no início da infecção, os resultados de 2005 foram excelentes, mesmo sob a alta pressão de inóculo natural nas lavouras e artificial em área expe-
Nome comum, modo de ação, dose, persistência, eficiência relativa, período de carência e classe toxicológica dos fungicidas indicados para o controle das doenças fúngicas da parte aérea de trigo. Nome comum Azoxystrobin1 Azoxystrobin + Ciproconazole1 Ciproconazole Ciproconazole Epoxiconazole2 Epoxiconazole2 Flutriafol2 Metconazole2 Metconazole2 Propiconazole Propiconazole2 Propiconazole + Ciproconazole Propiconazole + Ciproconazole Pyraclostrobin + Epoxiconazole2 Tebuconazole Tebuconazole2 Triadimenol Trifloxystrobin + Tebuconazole Metconazole3 Pyraclostrobin + Epoxiconazole3 Trifloxystrobin + Tebuconazole3
Modo de ação P P/S S S S S S S S S S S/S S/S P/S S S S P/S S P/S P/S
Dose g i.a./ha 50 60 + 24 100 20 94 125 94 72 90 125 187,5 62,5 + 20 75 + 25 100 + 37,5 150 125 125 60 + 120 81 133 +50 75 + 150
Persistência (dias) 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25 20-25
Oídio NI4 NI/**5 *** ***/** *** *** *** *** *** *** *** NI NI SI/*** *** *** *** *** *** *** NI
Ferrugens6 *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** *** NI
Doença fúngica Manchas Foliares7 Septoriose8 *** NI *** NI *** SI **/NI NI *** SI *** SI ** SI *** SI *** SI *** *** *** SI *** NI *** NI *** SI/*** *** *** NR SI ** *** *** *** *** *** *** *** NI NI
Carência11 Giberela NI NI NI NI NI ** NR SI ** NI/*** ** SI/NI SI/NI SI **/*** NI NI **/NI *** NI ***
Brusone9 NI NI SI NI SI SI SI SI SI NI SI NI NI NI *10 SI NI NI * NI NI
20 30 52 52 30 30 20 30 30 35 35 35 + 52 35 + 52 30 35 35 45 35 30 30 35
Classe toxicológica III III III III III III II III III III III III/III III/III II III III II III III II III
Adicionar óleo mineral parafínico Nymbus. Usar na proporção de 0,5 % v./v. Produtos e/ou suas doses respectivas doses indicados somente para os locais de abrangência da antiga Comissão Sul Brasileira. 3 Produtos e/ou suas doses respectivas doses indicados somente para os locais de abrangência da antiga Comissão Centro-Sul Brasileira. 4 *** = Controle bom, superior a 70 %, ** = Controle regular, de 50 % a 70 %, NI = Não indicado, SI = Sem informação; S = Sistêmico, P= Protetor residual 5 Expressões antes e após o símbolo “/” referem-se a indicações das comissões Sul e Centro-Sul Brasileira, respectivamente. 6 Ferrugens – refere-se à ferrugem da folha e à ferrugem do colmo. 7 As manchas foliares consideradas pela Comissão Sul-Brasileira eram as doenças causadas por Bipolaris sorokiniana, Drechslera tritici-repentis, Stagonospora nodorum e Septoria tritici, e pela Centro-Sul Brasileira, somente Bipolaris sorokiniana e Drechslera tritici-repentis. 8 Refere-se à avaliação específica da eficiência dos fungicidas no controle da septoriose causada por Stagonospora nodorum demonstrada à Comissão Centro-Sul Brasileira. 9 Refere-se à avaliação específica da eficiência dos fungicidas no controle da brusone causada por Magnaporthe grisea demonstrada à Comissão Centro-Sul Brasileira. 10 A dose indicada para controle da brusone é de 250 g i.a./ha. 11 Período compreendido entre a última aplicação e a colheita. 1 2
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
21
Figura 2 - Diferentes níveis de resistência de planta adulta à ferrugem da folha de trigo. Coxilha (RS)
(Barcellos, 2006)
rimental. Em Coxilha (RS), no ano de 2005, Pyraclostrobin + Epoxiconazole, dose de 0,5 l/ha, foram pulverizados em parcelas da cultivar Ônix. De zero a três aplicações/parcela, em três repetições, possibilitaram concluir que: • os tratamentos em que o controle foi desde o início da infecção, produziram mais (kg/ha)
PERIGO
A
citação a seguir é de autoria de um dos mais experientes especialistas mundiais em ferrugem e de colaboradores, que expressam a difícil situação quando se cultivam cultivares suscetíveis em condições favoráveis à doença, como no Sul do Brasil. “Epidemias são cíclicas, e a probabilidade de que ocorram em uma região particular depende do clima durante o período da cultura, da sobrevivência do inóculo local durante a entressafra, da duração do período da cultura e da distribuição de cultivares suscetíveis durante todo o ano. A predominância de cultivares resistentes diminui a probabilidade de epidemia, e a predominância de cultivares suscetíveis aumenta. Um produtor que escolhe semear uma cultivar suscetível, quando a predominância é de cultivares resistentes, é provável escapar de grandes prejuízos. Mas, se os produtores em geral semearem cultivares suscetíveis, o risco total da perda pode ser alto, e alguma área pequena de resistência seria ameaçada constantemente por urediosporos (esporos) potenciais mutantes com capacidade de superar essa resistência” (McIntosh, Wellings e Park, 1995).
• com o mesmo gasto (duas aplicações) é mais compensador aplicar cedo - no início da infecção, antes que a ferrugem se estabeleça • (Tabela 2)
MELHORAMENTO GENÉTICO O melhoramento genético para resistência à ferrugem da folha em programas atuais visa aumentar a durabilidade das resistências e diminuir o uso de fungicida, ou tornar esta prática dispensável. Anteriormente, a base do melhoramento do trigo para resistência à ferrugem da folha era a resistência específica a raças, efetiva durante todo o ciclo da planta. Por ser pouco durável, resultando em ‘quebra’ de resistência, superação por novas raças, a ênfase atual é a resistência parcial, de progresso lento da ferrugem (Figura 1), de planta adulta (RPA). Genes específicos de RPA não conferem resistência na fase inicial (1a folha), expressando-a à medida que a planta se desenvolve. Há diferentes níveis de RPA (Figura 2). Esses genes, em geral, podem variar sua efetividade para resistência, de acordo com alterações de temperatura e de luz. Os genes de RPA Lr34 e Lr13 são mais efetivos em temperatura baixa e pouca luminosidade e em temperatura alta, respectivamente. Acredita-se que a interação Lr34 + Lr13 seja conveniente (Figura 3). As cultivares que possuem o gene Lr34 podem apresentar necrose da ponta da folha. Outros genes RPA, como os de Toropi, expressam suscetibilidade mínima em condições de campo, mas não estão presentes em cultivares recentes. Cultivares com resistência parcial podem apresentar pústulas de suscetibilidade, em ge-
ral concentradas na base da folha bandeira. A ferrugem progride mais lentamente, quando comparada à suscetibilidade. A área sob a curva de progresso da ferrugem pode ser medida. No caso de uma cultivar suscetível, a área é maior (Fig. 3), provocando desfolha precoce. Com a expansão da área de cultivo, a cultivar com resistência específica torna-se suscetível, e a cultivar com resistência parcial (RPA, de progresso lento da doença) diminui em resistência, se o nível desta for insuficiente à pressão de inóculo, ou mantém a resistência. Cultivares com resistência durável são as que possuem genes em qualidade e/ou quantidade adequada, que permitam manter a efetividade para resistência ao longo dos anos, em áreas extensas.
PROBLEMAS NA SAFRA 2005 • Clima favorável à ferrugem da folha induziu severidade elevada • Novas raças Em Ônix – raça amplamente difundida em alta freqüência (destaque em predominância, em comparação com anos anteriores). Ocorreu também no verão, no Uruguai e na Argentina. Considerando-se cerca de 70% da reserva de sementes no Rio Grande do Sul, para cultivo na safra 2006 (Ministério da Agricultura/Serviço de Fiscalização Agropecuária-RS, 1996), 12% (Ônix) e 11% (Safira) são suscetível e moderadamente suscetível a essa raça, respectivamente. Conforme a classificação brasileira, é a raça B55, e, com base no código norte–americano, há diferenciais adicionais, raça MFT-MT ou MDT-MR, dependendo das condições climáticas que interferem na expressão de alguns genes de virulência dessa raça. Virulência (genes não efetivos para resistência) MFT-MT B55 Lr 1 3 3ka 10 11 14a 14b 17 20 23 24 26 30 MDT-MR B55 Lr 1 3 3ka 10 11 14a 14b 17 20 23 24 30
Genes diferenciais de raças de Puccinia triticina, no Brasil: Lr 1 2a 2c 3 3ka 9 10 11 14a 14b 16 17 18 20 21 23 24 26 30
Ônix (7.452,80 t) é a segunda cultivar, em ordem de importância, de acordo com a reserva de sementes produzidas em 2005 no Rio Grande do Sul. A raça B55, detectada por primeira vez em 2004, que tornou Ônix suscetível em 2005, foi a raça predominante.
Tabela 2 - Rendimentos de Ônix, diferindo número e épocas das aplicações do fungicida Ópera 1as pústulas+emborrachamento+espigamento 1as pústulas+espigamento Emborrachamento+floração Emborrachamento
No de aplicações 3 2 2 1 sem controle
kg/ha (média) 3566 3333 3222 2366 1595
% 224 209 202 148 100
% em relação a sem controle 124 109 102 48 0
Ensaio conduzido por pesquisadores da OR Melhoramento de Sementes e BASF
22
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Figura 3 - Área sob a curva de desenvolvimento da ferrugem da folha de cultivares de trigo com e sem resistência de planta adulta. Coxilha (RS) Divulgação
MDP-MR – outra raça nova em 2005, virulenta em relação aos genes Lr 1, 3, 3ka, 10, 14a, 14b, 17, 20, 23, 24 e 30.
Além das raças novas, ocorreram no Rio Grande do Sul, em 2005: Virulência MCQ-RN B34 Lr 1 3 3ka 10 11 14a 17 23 26 MCK-MT B48 Lr 1 3 10 11 14a 14b 17 20 23 26 30 SPG-RS B50 Lr 1 2a 2c 9 10 11 14a 14b 23 24 26 MCD-MN Lr 1 3 10 14a 17 23 26
“Evitar o estabelecimento da ferrugem na base das plantas facilita a proteção das folhas superiores”, salienta a autora
Outras cultivares suscetíveis à B55, em fase de primeira folha: BRS Louro, BRS Timbaúva, BRS Camboatã, BRS Guabiju, Alcover, CD 105, CEP 27, CD 111, Abalone, BRS Umbú, BRS Angico, CD 110, BRS Buriti, IPR 85, Fundacep 47, CD 103, Fundacep 37, Rubi, BRS Tarumã, Fundacep 32. Totalizando cerca de 19% do total da reserva de sementes e adicionando-se as porcentagens de Ônix e Safira, conclui-se que aproximadamente 42% do total de sementes no Rio Grande do Sul é suscetível à raça B55. Com exceção de Alcover, CD 111, Abalone e Rubi, os dados de suscetibilidade das demais cultivares é informação pessoal de M. Chaves, pesquisadora da Embrapa. Algumas das cultivares citadas acima, como Abalone e BRS Umbú, têm RPA e poderão expressar baixo a intermediário nível de infecção à B55 em campo.
EVOLUÇÃO DA RAÇA Enquanto era identificada em amostras coletadas em lavouras de Ônix a raça não recente B34, a cultivar apresentava resistência do tipo de planta adulta (slow rusting). Em 2003 foi detectada, por primeira vez, a raça B52, também virulenta em primeira folha de Ônix, sem causar danos severos em condições de lavoura. Em 2004 foi detectada, por primeira vez, a raça B55. Virulência B34 Lr 1 3 10 11 14a 17 23 26 B52 Lr 1 3 10 11 14a 17 23 24 26 B55 Lr 1 3 3ka 10 11 14a 14b 17 20 23 24 26 30
Em BRS 194 – Detectada nesta cultivar uma nova raça em 2005: MFP-CT, virulenta em relação aos genes Lr 1, 3, 3ka, 14a, 14b, 17, 20, 23, 24, 26 e 30.
Outras cultivares suscetíveis em 1a folha à MFP-CT: Alcover, BRS Umbú, Jaspe.
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
• Aplicações de fungicida deveriam ter sido antecipadas, em cultivares suscetíveis. Depois da doença estabelecida, foi tarde para recuperar danos já causados nas lavouras e controlar a ferrugem. • Doses reduzidas de fungicida permitiram a reinfecção poucos dias após as pulverizações. • Fitotoxidade de fungicidas com a adição de óleos.
DÚVIDAS NÃO CONFIRMADAS • Embora tenha sido considerada, não houve evidência de raça com resistência à ação de fungicida. O que ocorreu foi suscetibilidade a raças diferentes, dependendo do local e da compatibilidade da interação raça x cultivar, sendo uma das raças excepcionalmente predominantes.
INDICAÇÕES PARA DIMINUIR O PROBLEMA Com base em reuniões, entre pesquisadores especialistas e difusores de tecnologia, promovidas pela revista Plantio Direto, em que o assunto debatido foi manchas foliares e ferrugem, em 2004 e 2005, respectivamente, ratifica-se: • A manutenção desse tipo de reunião e antecipação da data, para divulgar as infor-
(Barcellos, 2006)
mações a tempo. • A necessidade de alertas para difundir amplamente o controle eficiente da ferrugem, como o divulgado pela OR Sementes, quando foi detectada a presença de uma raça virulenta à Ônix; • Disponibilizar reação e modo de controle para cada cultivar; • Conhecer o modo de ação de cada fungicida ou misturas, a relação de doses com persistência e resistência ; • Necessidade de proteção, com maior ou menor freqüência, de acordo com as características de reação de cada grupo de cultivares; • Adotar práticas de aplicação mais eficientes na cobertura das folhas de trigo, assim como a recomendação de dose e de época de aplicação. Ao impedir o estabelecimento da doença na base da planta, facilita-se a proteção das folhas superiores; • Há modelos matemáticos de previsão de desenvolvimento de ferrugem considerados eficientes, mas há deficiência na adoção C por assistentes técnicos. Amarilis Labes Barcellos, OR Melhoramento de Sementes Lt.
Fotos Arno Dallmeyer
Trigo
Cal para corrigir De posse da análise de solo e com a posterior correção através de calagem, é possível definir estratégias quanto à reposição de nutrientes em deficiência na área de cultivo
N
o Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná, o trigo é a principal cultura de inverno. Além de constituir-se em importante fonte de renda para o produtor, consiste em fonte importante de produção de palha, indispensável para que o sistema de plantio direto produza seus benefícios. Além do clima, da radiação solar, da incidência de pragas, de doenças e de invasoras, a disponibilidade de nutrientes à cultura de trigo determina o rendimento da biomassa.
ADUBAÇÃO Nitrogênio “A disponibilidade de nitrogênio (N) em
24
quantidade adequada é o principal fator determinante de rendimento potencial do trigo”(Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). A matéria orgânica constitui-se na fonte de nitrogênio do solo, contendo aproximadamente 5% desse nutriente na forma orgânica. É preciso que os microrganismos do solo mineralizem a forma orgânica do nitrogênio para que o mesmo fique disponível às culturas. Além da composição do material orgânico do solo, condições do solo, como temperatura, umidade, presença de oxigênio e pH, influenciam na transformação do nitrogênio da forma orgânica para a mineral, disponível às culturas. As condições de temperatura do solo no Sul do Brasil, durante
o período da cultura do trigo, podem limitar significativamente a mineralização da matéria orgânica do solo, afetando a disponibilidade de nitrogênio dessa fonte à cultura. A quantidade de nitrogênio mineral no solo é baixa, o que leva a uma elevada resposta do trigo à adubação nitrogenada. A quantidade de N disponível de um solo para uma safra de trigo é estimada a partir do teor de matéria orgânica do solo e da taxa de mineralização (1 a 2% por safra) (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). A liberação de nitrogênio a partir de restos orgânicos de leguminosas, como de soja, para a planta de trigo, é maior do que a de restos orgânicos de gramíneas, como de milho. A liberação máxima de N a partir de re-
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
ANÁLISE E CALAGEM síduos orgânicos do solo dificilmente coincide com o período de máxima demanda de N pelas plantas de trigo (até a antese). Por isso, há necessidade de adubar o solo com adubos nitrogenados (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). Considerando-se o retorno econômico, a aplicação de nitrogênio ao solo no cultivo de trigo é uma das práticas mais seguras. “A eficiência de uso de N (EUN) geralmente é superior a 15 kg de grãos produzidos por 1 kg de N aplicado. Considerando que 1 kg de N custa cerca de cinco vezes mais que 1 kg de trigo, toda vez que a EUN é superior a cinco, ocorre lucro com a aplicação de N” (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). Na prática recomenda-se aplicar 15 a 20 kg de N/ha na semeadura do trigo, para o crescimento inicial da cultura. O restante da dose, que é função do teor de matéria orgânica do solo, da cultura antecedente ao trigo, da região climática e da expectativa
de rendimento, deve ser suprido em cobertura, no estádio de perfilhamento do trigo. A pesquisa recomenda que a adubação nitrogenada em cobertura, quando em doses elevadas, possa ser parcelada em duas aplicações: no início do afilhamento e no início do alongamento do colmo. “A maior parte da absorção de N pela planta de trigo ocorre entre o alongamento e o espigamento, atingindo o acúmulo máximo na antese” (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.), aproveitando o N aplicado no período recomendado de aplicação da adubação de cobertura, que corresponde ao período entre 30 e 45 dias após a emergência das plantas. Na fase inicial do período de afilhamento (quarta folha), a disponibilidade de N define o número de espiguetas por espiga, e na fase final (sétima folha) define-se o número de afilhos que formarão espiga (nú-
A liberação máxima de N a partir de resíduos orgânicos dificilmente coincide com o período de maior demanda das plantas
P
ara que a planta possa absorver adequadamente a energia solar disponível, e formar biomassa, e esta ser convertida em grãos, o suprimento de nutrientes ao solo, em quantidades proporcionais à deficiência do solo e à demanda da planta, é fundamental para possibilitar produção intensiva de trigo, proporcionando retornos econômicos semelhantes ao de outras atividades agrícolas (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). A análise química do solo é a maneira mais correta de avaliar previamente a disponibilidade de nutrientes de um solo e de definir a correção de acidez e a adubação, necessárias para determinada área a ser cultivada. A amostragem de solo da área onde será implantada a cultura determina a validade dos dados obtidos na análise química para esta área. No sistema de plantio direto, onde o calcário e os fertilizantes são aplicados a lanço, ou a aplicação de fertilizantes é feita na linha de semeadura, a amostragem do solo deve ser efetuada até 10 cm de profundidade, assegurando que a camada dos primeiros centímetros de solo seja incluída na amostra. Ainda que as cultivares de trigo utilizadas no RS e em SC tenham relativa tolerância ao alumínio (Al), recomenda-se corrigir a acidez do solo para manter a saturação por Al inferior a 10%. mero de espigas por metro quadrado) (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). Deve-se considerar que “a aplicação de N na semeadura é muito importante para o desenvolvimento inicial da planta, mas a aplicação em cobertura é duas a três vezes mais eficiente do que a aplicação em pré-semeadura” (Wie-
Arno Dallmeyer
thölter, S.; Peruzzo,G.). Conforme Wiethölter, S.; Peruzzo, G., no sistema de plantio direto é conveniente cultivar trigo após a cultura de soja e evitar cultivá-lo após a cultura de milho, pois o retorno pela adição da mesma dose de nitrogênio é menor. Nas regiões de clima mais quente (Missões do RS), quando a soja antecede o cultivo de trigo na mesma área, deve-se limitar a aplicação em 40 kg/ha de N, para evitar acamamento da cultura. Já em regiões de altitudes mais elevadas (Campos de Cima da Serra do RS), quando o potencial de rendimento de grãos é elevado, doses maiores que as indicadas pelas tabelas de adubação podem ser empregadas (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). A eficiência agronômica dos fertilizantes nitrogenados: uréia, nitrato de amônio e sulfato de amônio para a cultura de trigo é idêntica (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). O menor custo por unidade de N é que deve determinar a fonte desse nutriente a se utilizar na adubação da cultura de trigo. Os adubos orgânicos são boas fontes de nitrogênio e de outros nutrientes para a cultura de trigo. Devem-se levar em conta o teor total e a taxa de mineralização do N para a primeira safra após a aplicação,
26
que é de 50%. Os adubos orgânicos, quando utilizados como fonte de nitrogênio, devem ser aplicados na sua totalidade imediatamente antes da semeadura do trigo, ou simultaneamente a esta. Uma tonelada de grãos de trigo contém (exporta) cerca de 20 a 22 kg de N. Para produzir uma tonelada de grãos, as plantas de trigo absorvem entre 30 e 35 kg de N (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). Fósforo e Potássio A análise de solo é a forma mais segura para avaliar a disponibilidade e a necessidade de aplicação de fósforo e de potássio. Usar fórmulas de adubo estanques, ano após ano, é o maior desperdício de dinheiro e de adubo e a causa da baixa produtividade pelo desequilíbrio nutricional na cultura de trigo. O uso de fertilizantes, contendo NPK em fórmulas adequadas à fertilidade de cada área, aplicados 2,5 cm ao lado e abaixo da semente, no momento da semeadura, é a melhor forma de aplicação de fósforo (P) e de potássio (K) para a cultura de trigo, quando os teores destes elementos estiverem abaixo do nível considerado médio (nível crítico). Quando os teores de P e de K estiverem elevados (acima do ní-
vel crítico) no solo, adubações na linha de semeadura, ou a lanço, imediatamente antes da semeadura, terão o mesmo efeito. Em sistema de plantio direto, quando os teores de P e de K estiverem elevados, a aplicação de P e de K na linha de semeadura do trigo pode ser um método prático de aplicação desses nutrientes, incluindo a necessidade para a próxima cultura de verão, dispensando então o uso de P e de K. Esse procedimento de aplicação do adubo reduz os riscos de perda de P e de K pela água de escoamento (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). Quando o nível de fósforo no solo estiver abaixo do nível crítico, devem ser utilizadas fontes solúveis de fósforo (SFT, SFS, DAP e MAP). Os fosfatos naturais reativos têm o mesmo efeito que os fosfatos solúveis, se o nível de fósforo no solo estiver acima do nível crítico. Pelo menor custo, o cloreto de potássio é a fonte mais recomendada de potássio para a cultura de trigo. Os adubos orgânicos são boas fontes de P e de K. O fornecimento de P pelos adubos orgânicos é função dos teores totais e da taxa de mineralização de P para a primeira cultura após a aplicação (± 80%). O fornecimento de K pelos mesmos adubos é função dos teores totais contidos. Em geral, uma tonelada de grãos de trigo contém (exporta) 10 kg de P205 e 5 kg de K20. Para produzir uma tonelada de grãos de trigo, a cultura absorve, aproximadamente, 15 kg de P205 e 20 kg de K20 (Wiethölter, S.; Peruzzo, G.). Enxofre A maior parte dos solos do RS e de SC apresenta teores suficientes de enxofre (Wietölter, S.; Peruzzo, G.), ainda que o uso continuado de fórmulas de adubo concentradas de NPK, sem a composição com fontes que contenham enxofre, tenda a reduzir o teor deste nutriente no solo. Caso haja comprovação da deficiência de enxofre, através de análise de solo, ou seja, valor menor do que 5 mg de S/dm3, a sugestão é aplicar 20 kg de enxofre por hectare. Micronutrientes Os solos do RS e de SC, de modo geral, não apresentam deficiência de micronutrientes para produção de trigo. A aplicação desses nutrientes só deve ser recomendada quando o nível no solo for inferior ao teor médio, comprovado através de análise de solo, e quando o potencial de C rendimento de grãos for elevado. Irineo Fioreze, UPF
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Milho
Daniel Augusto Gomes
Tratar ou não? Assim como os produtores investem cada vez mais em tecnologia na produção de milho, para explorar o máximo potencial produtivo da cultura, também as doenças evoluem, deixando dúvidas quanto à relação custo-benefício do investimento em fungicidas no controle das moléstias
A
s doenças na cultura do milho, a partir da década de 90, têm causado, com maior freqüência, perdas econômicas aos produtores, nas diversas regiões do Brasil. Para o controle dessas doenças, recomendam-se utilização de cultivares mais resistentes, rotação de culturas, sincronia das épocas de semeadura do milho em uma região, uso de sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas, bom manejo de solo, uso da densidade de semeadura recomendada, adubação adequada, controle de pragas e de plantas daninhas. Muitas vezes há, ainda, a necessidade do uso complementar de fungicidas na parte aérea das plantas, o que tem se mostrado economicamente viável principalmente em lavouras bem conduzidas e com bom potencial produtivo, sobretudo quando instaladas em áreas de risco de epidemias.
RESULTADOS Ainda existem poucos estudos sobre o controle químico de doenças do milho em nosso país, sendo que ultimamente vem sendo dada ênfase à utilização de menores doses e menor número de aplicações dos produtos, graças à maior eficiência e ao maior período efetivo de proteção do fungicida (PEF) proporcionado pelos produtos atuais. O controle químico da mancha de Cercospora foi estudado por Pinto et al. (Rev. Bras. Milho e Sorgo 3:139, 2004). Os autores testaram: propiconazole, difenoconazole, tebuconazole e azoxystrobin, em área de plantio direto de milho sobre milho, em Montividiu (GO), na safra 2000/01. Realizaram duas pulverizações, na cultivar de milho Avant, nos estádios de oito folhas e pré-emborrachamento. Houve severo desenvolvimento da doença, e todos os produtos testados foram eficientes, acarretando aumento de produtividade de 1.122 a 1.572 kg/ha, ou seja, de 27,7 a 38,9%. A aplicação dos fungicidas tebuconazole,
VIABILIDADE
O
custo da aplicação foliar de fungicida em uma lavoura varia, dependendo principalmente da época, do local e do equipamento (tratores, autopropelidos ou aeronaves). Ao Sul do estado de São Paulo, estima-se que o gasto por hectare com uma pulverização corresponda ao valor recebido pela comercialização de seis a sete sacos (60 kg) de milho comum ou dois a três sacos de milho pipoca.
28
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Tabela 1 - Fungicidas registrados atualmente para pulverização foliar na cultura do milho1 Produto comercial (p.c.) Folicur 200 CE
Ingrediente ativo (i.a.) Tebuconazol
Grupo químico Triazol
Concentração (g/l ou kg) 200
Formulação2 CE
Classe toxicológica3 III
Dose do Indicação p.c. (l/ha) de controle 1 Mancha foliar por Exserohilum turcicum ; Ferrugem polissora por Puccinia polysora ; Ferrugem comum por Puccinia sorghi. 0,4 Mancha foliar por Exserohilum turcicum ; Ferrugem tropical por Physopella zeae.
Tilt
Propiconazol
Triazol
250
CE
III
Stratego 250 EC
Propiconazol + Trifloxystrobina
Triazol + Estrobilurina
125 + 125
CE
II
0,6 a 0,8
Opera
Epoxiconazol + Piraclostrobina
Triazol + Estrobilurina
50 + 133
SE
II
0,75
Comet
Piraclostrobina
Estrobilurina
250
CE
II
0,6
Cercosporiose por Cercospora zeae-maydis ; Ferrugem comum por Puccinia sorghi ; Mancha foliar por Phaeosphaeria maydis. Mancha foliar por Phaeosphaeria maydis ; Ferrugem polissora por Puccinia polysora. Mancha foliar por Phaeosphaeria maydis ; Ferrugem polissora por Puccinia polysora.
Recomendação de aplicação Fungicida sistêmico com ação preventiva e curativa para aplicações terrestres e aéreas. Iniciar as pulverizações aos primeiros sintomas. Reaplicar com intervalo de 15 dias se necessário. Fungicida sistêmico para aplicações terrestres e aéreas. Iniciar as pulverizações aos primeiros sintomas. Repetir a aplicação em intervalos de 14 dias, quando o clima for favorável ao desenvolvimento da doença. Fungicida sistêmico + mesostêmico para aplicações terrestres e aéreas. Iniciar as pulverizações preventivamente próximas ao pendoamento ou aos primeiros sintomas, repetindo após 15 a 20 dias, caso necessário. Fungicida sistêmico com ação protetiva, curativa e erradicante para aplicações terrestres e aéreas. Iniciar as pulverizações preventivamente aos primeiros sintomas e repetir, se necessário, em intervalos de 20 dias dependendo da evolução da doença. Fungicida sistêmico com ação protetiva para aplicações terrestres e aéreas. Iniciar as pulverizações preventivamente ou aos primeiros sintomas e repetir, se necessário, em intervalos de 20 dias, dependendo da evolução da doença.
Fonte: Compêndio de Defensivos Agrícolas - Andrei, 7a edição, 2005, Relação de produtos por cultura, SAA/CDA (mar/2006), AGROFIT (on line). Formulação: CE = concentrado emulsionável, SE = suspo-emulsão. 3 Classe toxicológica: I = extremamente tóxico, II = altamente tóxico, III = medianamente tóxico, IV = pouco tóxico. 1 2
azoxystrobin e pyraclostrobin + epoxiconazole, via baixo volume oleoso (BVO), através de aviação agrícola, foi estudada por Feksa et al. (Cong. Nac. Milho e Sorgo, 2004) para controlar manchas foliares de Diplodia e de Cercospora, em Guarapuava (PR) em 2002/ 03. Os autores utilizaram os híbridos DKB 214 e DKB 215, e os tratamentos foram aplicados com o milho no estádio de grãos leitosos e já com severidade elevada. Houve bom controle de ambas as doenças, refletindo em incremento significativo da produtividade (destacando-se os produtos contendo estrobilurinas), de até 1.080 e 1.591 kg/ha para os híbridos DKB 214 e DKB 215, respectivamente. Houve, além disso, redução média de grãos ardidos de 16 para 8%. Ishimura (Detec - comunicação pessoal, 2005) testou a aplicação, via pulverizador automotriz Uniport, de pyraclostrobin + epoxiconazole (0,5 l do produto comercial por ha)
em talhões do híbrido Valent, com resistência baixa a moderada a doenças, em Itapeva (SP), na safrinha 2004, sob clima muito favorável às manchas de Phaeosphaeria e de Cercospora. A pulverização se deu no estádio de préemborrachamento das plantas. Obteve aumento de produtividade de 29% com o tratamento químico, ou seja, de 1.187 kg/ha. Por outro lado, este autor testou a aplicação, também via Uniport, do mesmo produto, na dose de 0,6 l p.c./ha, em talhões com híbridos com boa resistência a doenças: DKB 350, DKB 466, AG 7000 e AG 7575, quando as plantas se apresentavam no início do pendoamento. Embora tenha notado pequena resposta dos híbridos, ao redor de 300 a 500 kg/ ha, indicando que o custo do tratamento seria muito próximo ao valor do lucro, considerou a pulverização vantajosa pela segurança do agricultor. Houve ainda redução de 16 para 11% de plantas acamadas, com o uso do fun-
Figura 1 - Severidade da mancha de Cercospora com o uso de fungicidas no híbrido duplo de milho Balu 184 na safrinha 2002
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
gicida. O controle das manchas de Cercospora e de Phaeosphaeria na safrinha 2002 foi estudado por Fantin et al. (Rev. Agric. 78:90, 2003), utilizando o híbrido suscetível Balu 184, em Florínea (SP) (aplicação dos fungicidas no prépendoamento) e em Palmital (SP) (aplicação durante o florescimento). Houve controle das doenças, mas, devido à pequena evolução destas, não foram observadas diferenças na produtividade. Com relação à mancha de Cercospora, os resultados mostraram que as plantas que receberam o tratamento fungicida em estádio mais jovem apresentaram menor severidade, apesar da maior evolução da doença na testemunha, evidenciando a importância da pulverização logo aos primeiros sintomas. Quanto à mancha de Phaeosphaeria, cuja intensidade inicial era maior que a da mancha de Cercospora, o efeito da aplicação dos fungicidas mais precocemente não foi tão eviden-
Figura 2 - Severidade da mancha de Phaeosphaeria com o uso de fungicidas no híbrido duplo de milho Balu 184 na safrinha 2002
29
Figura 3 - Severidade da ferrugem comum e produtividade do híbrido de milho pipoca IAC 112 com diferentes tratamentos fungicidas em experimento na safra 2003/04 em Taquarivaí (SP)
te, possivelmente pela maior severidade inicial e por diferenças no ciclo das duas doenças (Figuras 1 e 2). Estudos realizados por Fantin et al. (Sum. Phytop. 31:45, 2005) sobre o controle químico da ferrugem comum em milho pipoca, conduzidos em três municípios do estado de São Paulo, na safra 2003/04, mostraram aumento da produtividade em até 834 kg/ha (24,5%) com duas aplicações dos produtos, em relação à testemunha sem aplicação, em Taquarivaí, onde houve intensidade moderada da doença (Figura 3). Silva et al. (Fit. Bras. 30:S108, 2005) estudaram o efeito do controle químico de doenças no híbrido AG 6018 (moderadamente suscetível), com o fungicida azoxystrobin + cyproconazole na safra 2004/05 em Ponta Grossa (PR). Realizaram as aplicações dos tratamentos com um autopropelido, em várias doses, nos estádios de sete, dez e sete e dez folhas. Ocorreram a ferrugem comum, que incidiu nas plantas ainda bem jovens e evoluiu durante o ciclo da cultura, e a queima de turcicum, a mancha de Phaeosphaeria, a cercosporiose e a mancha de Diplodia, principalmente na pré-colheita. Os autores obtiveram controle da maioria das doenças com o uso das diferentes doses e épocas de aplicação. Houve, contudo, correlação negativa apenas entre a severidade da ferrugem comum e a produtividade. Os autores observaram ainda que, apesar de o tratamento com duas aplicações ter sido mais eficiente para a redução da ferrugem e de outras doenças, esta não refletiu em maior ganho de produtividade. Concluíram que os melhores resultados quanto à relação custo/benefício foram as aplicações com o milho no estádio de sete folhas, relacionadas ao controle da ferrugem comum. Encontraram aumento de produtividade ao redor de 20%, correspondendo a 1,5 mil kg/ha. Souza et al. (Fit. Bras.29:S112, 2005) estudaram a evolução das manchas de Phaeosphaeria e de Cercospora em oito híbridos em
30
milho, sob aplicação de estrobilurinas + triazóis e estrobilurinas aos 45 e 45 + 60 dias após a semeadura, durante a safrinha 2004, em Iraí de Minas (MG), em região de predomínio de plantio direto, onde são realizados plantios sucessivos de milho e tem havido alta intensidade de doenças. O aparecimento das doenças no ensaio deu-se nas plantas ainda bem jovens, e os autores constataram melhor controle com duas aplicações. Houve aumento significativo da produtividade para a maioria dos híbridos, variando de 332 a 1.257 kg/ha (12,2 a 78,2%), sobretudo para os suscetíveis às duas doenças. Contudo, principalmente nesses híbridos, o potencial produtivo pode ter sido prejudicado também nas parcelas tratadas, devido à expressiva severidade das doenças mesmo com a aplicação de fungici-
das. Fantin & Duarte (2005) compararam épocas e número de aplicações de estrobilurinas + triazóis no controle das manchas de Phaeosphaeria e de Cercospora, em híbridos resistente e suscetível, através de ensaios em Cândido Mota, Florínea, Cruzália, Pedrinhas Paulista e Campos Novos Paulista (SP), durante a safrinha 2005. Os tratamentos consistiram de uma aplicação no estádio de nove a dez folhas (1V), uma aplicação próxima ao florescimento (1F), ou duas aplicações (2). O início das doenças foi tardio, no pendoamento das plantas, e estas ocorreram com baixa severidade. Apesar disso, os tratamentos causaram redução em ambas as doenças, em todos os ensaios, no híbrido suscetível (Figuras 4 e 5). Houve, inclusive, redução do número de plantas quebradas, na cultivar suscetível, em Cândido Mota e em Florínea (Figura 6), com os tratamentos que incluíram a pulverização na segunda época (florescimento). Apesar da baixa severidade das doenças, observou-se aumento médio de produtividade de 609 kg/ha (17%), no híbrido suscetível, com o uso de estrobilurinas + triazóis (Figura 7), em Florínea, onde a severidade das doenças parece ter sido pouco acima do limiar de dano. Em Campos Novos e Cândido Mota, esta foi muito baixa, não chegando o tratamento a refletir-se em aumento de produtividade. Em Cruzália e Pedrinhas Paulista, fatores externos reduziram o potencial produtivo das plantas, não sendo possível distinguir o efeito dos fungicidas na produtividade.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
E
nquanto ainda não existe um sistema de previsão que permita estimar a evolução da severidade das doenças na cultura, é importante considerar que: 1) O uso de fungicidas deve estar sempre inserido no manejo integrado das doenças. 2) Atenção à relação custo-benefício (prejuízos esperados x custo de aplicação de fungicidas). • A aplicação de fungicidas é viável apenas em lavouras bem conduzidas e com bom potencial produtivo. • A severidade das doenças foliares do milho é altamente influenciada pelo clima, podendo haver paralisação do desenvolvimento das doenças sob condições desfavoráveis. • Em áreas de risco, sob condições favoráveis ao desenvolvimento de epide-
mias, o uso de fungicidas pode ser lucrativo. • Iniciar a pulverização de fungicidas logo ao surgimento dos primeiros sintomas tem-se mostrado mais adequado (vistorias periódicas). • Se forem necessárias duas aplicações, basear-se no PEF para realizar a segunda pulverização. • O controle químico de doenças foliares pode proporcionar redução de podridões do colmo e da espiga. 3) Acima de duas aplicações de fungicidas sistêmicos em uma lavoura, o FRAC (Comitê de ação à resistência a fungicidas) considera a existência do risco de ocorrência de resistência dos fungos fitopatogênicos aos fungicidas. 4) Existe o impacto ambiental causado pelas aplicações de fungicidas.
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Figura 4 - Severidade da mancha de Phaeosphaeria em híbridos de milho resistente e suscetível com uma aplicação de fungicida no estádio vegetativo de nove folhas (1V), uma no florescimento (1F) ou duas aplicações (2) em Florínea (SP) na safrinha 2005
Figura 5 - Severidade da mancha de Cercospora em híbridos de milho resistente e suscetível com uma aplicação de fungicida no estádio vegetativo de nove folhas (1V), uma no florescimento (1F) ou duas aplicações (2) em Florínea (SP) na safrinha 2005
Figura 6 - Quebramento de colmos de híbridos resistente e suscetível tratados com fungicidas em Florínea (SP) na safrinha 2005
Figura 7 - Produtividade de híbridos de milho resistente e suscetível com aplicação de fungicidas em Florínea (SP) na safrinha 2005
EFICIÊNCIA DO CONTROLE QUÍMICO
suscetíveis, ou na produção de sementes. Diversos estudos concluíram que, para ser efetivo, um programa de aplicação de fungicidas deve ser iniciado quando a doença está em níveis muito baixos (1% ou menos de área foliar afetada, 2% nas cinco folhas basais, presença no campo duas a três semanas antes do pendoamento) e que, quando as condições são favoráveis ao desenvolvimento da doença, reco-
Charles Echer
Nos EUA e África do Sul, onde as doenças em milho já se constituíam problema muito antes do que no Brasil, há resultados mais abrangentes sobre o controle econômico com fungicidas. Nesses países, recomenda-se o uso do controle químico, mas este é considerado economicamente viável apenas em híbridos muito
Prever a evolução da severidade de uma doença ainda é o grande obstáculo para decidir pelo uso de fungicidas
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
menda-se mais de uma aplicação. Entretanto, a grande limitação na tomada de decisão para a aplicação de fungicidas, identificada nos estudos desses países, e observada também aqui no Brasil, é a inabilidade para prever a evolução da severidade da doença e, portanto, seu impacto na produção. Vários autores refletem que, embora o surgimento da doença no início da estação possa ter algum valor na decisão de aplicar o fungicida, outros fatores são de grande importância nessa tomada de decisão, como a suscetibilidade do híbrido, as práticas agronômicas, o histórico da região e o limiar de dano da doença, mas há a dificuldade de estimá-los, pois são quantitativos. Incluem ainda a aversão ao risco, a disponibilidade de crédito e os preços futuros. Completam, afirmando que um modelo de previsão de doenças poderia grandemente auxiliar os agricultores a se tornarem mais aptos a utilizar fungicidas no manejo das doenças do miC lho. Gisèle Maria Fantin, Instituto Biológico
31
Soja
Praga na emergência
Sempre presente, tanto em cultivos de inverno como de verão, o percevejo barriga verde, antes considerado uma praga de pouca importância, está reduzindo os estandes de plântulas de milho e soja no Sul do Brasil Dirceu Gassen
E
ntre os percevejos fitófagos, as espécies Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus, conhecidas vulgarmente por percevejos barriga verde, por apresentarem parte ventral de coloração esverdeada, constam na maioria dos textos entomológicos como insetos de ocorrência freqüente em cultivos de verão e de inverno, causando prejuízos de pouco ou mínima importância, o que não justificaria a adoção de controle para essas espécies. Há referência de sua presença em diversos estados do Brasil, com as maiores populações nos estados do Sul do país. Pesquisas sobre a intensidade de dano em soja demonstraram que seu ataque ocorre principalmente nas hastes e pecíolos e, esporadicamente, nas vagens; com isso, sua importância como praga na cultura da soja foi minimizada, e o percevejo barriga verde, considerado uma praga secundária e esporádica. O levantamento da entomofauna de algumas culturas realizado nos últimos dez anos tem demonstrado aumento significativo na população desses percevejos, juntamente com a redução na população de plantas e |no rendimento das culturas onde se fizeram os levantamentos. A associação do dano com a presença desses insetos, na maioria das culturas, ainda não foi devidamente esclarecida ou comprovada cientificamente. Trabalhos desenvolvidos no Paraná demonstraram ser essa espécie responsável pela elevada redução da densidade inicial de plantas de milho, semeado em resteva de soja, obrigando o agricultor a replantar a área, apesar do tratamento prévio das sementes. O ataque na fase da emergência em milho pode causar a morte da plântula, ou a
32
morte da gema apical, causando o perfilhamento da mesma. O ataque em plântulas com mais de dez dias resulta no desenvolvimento atrofiado destas, com encartuchamento das folhas e produção mínima de pequenas espigas. O ataque em soja, na emergência, quando não elimina a plântula, causa um estrangulamento no primeiro internódio, que não se lignifica, causando posteriormente a quebra da haste, pelo efeito do vento ou da chuva sobre a copa da planta. Lavouras visitadas em janeiro de 2006 em Ijuí e municípios vizinhos (região do Planalto Médio, no Rio Grande do Sul) apresentaram plantas com sintomas (estrangulamento) nas bordas das lavouras, principalmente quando lindeiras com capoeiras até áreas com ataque em toda a lavoura. Numa lavoura de 35 ha, todas as plantas apresentavam estrangulamento, indicando que haviam sofrido ataque deste percevejo na fase de plântula. Durante a vistoria da lavoura, constatou-se quebra das plantas ao serem tocadas. Em muitas fileiras o índice de plantas quebradas ficou próximo dos 100%. O percevejo ocorre durante todo o ciclo das culturas de verão e, no inverno, também se reproduz nos locais com temperaTabela 1 - Alguns produtos registrados para o controle dos percevejos barriga verde, na fase inicial da cultura do milho Cultura* Ingrediente ativo g i.a. Espécie de percevejo Milho – tratamento de 100 kg de sementes Imidacloprido 210 Dichelops furcatus Clotianidina 210 D. furcatus, D. melacanthus Tiametoxano 140-210 D. furcatus, D. melacanthus Milho – pulverização: g i.a./ha Lambdacialotrina 15 D. melacanthus *dados constantes nos registros. Existem outros produtos registrados recentemente e que não constam desta lista.
turas amenas e pouco frias. Em áreas mais secas, passa o inverno em quiescência (dormência) sob a palhada. No Sul do Brasil, nos cultivos de cobertura de inverno, sobrevive e se reproduz bem em aveia e ervilhaca, apresentando elevadas populações na época de dessecação (outubro) ou na colheita (novembro/dezembro). O não controle nesta ocasião pode comprometer a semeadura seguinte, exigindo, na maioria das vezes, o replantio, tal a intensidade de dano. Em anos mais frios e secos, a maioria dos indivíduos se esconde na palhada e ali permanece até a próxima semeadura. No Oeste do Paraná, este tipo de sobrevivência tem sido o mais comum, e as pesquisas têm apresentado populações superiores a dez indivíduos/m2 sob a palhada. Nessas situações o simples tratamento das sementes de milho ou de soja não resolve o problema, pois controlará no máximo 50% do dano que a praga poderá causar. Nas três últimas safras, agricultores que cultivam trigo, canola, girassol e pastagens de inverno também têm constatado esse percevejo com freqüência, principalmente no final do ciclo. Há uma concordância geral de que essa espécie é prejudicial a esses cultivos, mas não se tem determinado qual o tipo de dano, o nível de prejuízo e a época de controle. Os testes de produtos químicos, utilizados no tratamento de sementes, na cultura do milho, na safra 2003/04, realizados na região Central do Rio Grande do Sul, indicaram uma eficácia média de 50% aos sete dias após a emergência, independente do grupo químico. A densidade de infestação do percevejo estava acima de cinco indivíduos por dois metros de linha. As pesquisas de controle dessa praga, realizadas
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
MONITORAMENTO por pesquisadores do Iapar, indicaram que com esse nível de infestação, além do tratamento das sementes, um novo tratamento deve ser realizado até quatro dias após a emergência, para se conseguir mais de 80% de controle. Os inseticidas registrados para o controle do percevejo verde, do percevejo verde pequeno e do percevejo marrom, nas mesmas desses são eficientes no controle desta praga, quando aplicados em pulverização sobre as plantas recém-emergidas. Existem poucos produtos registrados para o controle específico desta praga. Se na colheita da safra anterior foi verificada sua ocorrência, é certo que serão encontrados exemplares na palhada ou nas plantas de cobertura hibernal. A população que ocorre no inverno é gradualmente reduzida, chegando à quase total eliminação nos invernos frios e chuvosos, com no mínimo três a quatro geadas seguidas e chuvas intensas e prolongadas. Nos últimos cinco anos, o nível de precipitação no período hibernal foi abaixo da média, e as temperaturas não caíram tanto, pouco ou nada influindo na redução da população desse inseto. C Dionísio Link UFSM
O
monitoramento nas culturas de inverno é fundamental para se manejar essa praga nas culturas de primavera e de verão. Áreas com cobertura verde no inverno, contendo aveia, ervilha ou nabo forrageiro, permitem não só a manutenção da população da praga, mas também sua multiplicação. Nesses casos, quando da colheita ou da dessecação para instalação do cultivo subseqüente, a inclusão de inseticida para o controle desta praga é medida indicada para ter-se um bom estande na cultura subseqüente. A arquitetura da planta do nabo forrageiro, com suas folhas de tamanho desproporcional, cobrindo a vegetação sob elas, impede que o inseticida aplicado durante a dessecação tenha uma boa eficácia; neste caso, deve-se lançar mão de uma das seguintes opções: inicialmente passar um rolo faca na cobertura de inverno e, posteriormente, fazer a dessecação contendo o inseticida para o controle do percevejo, ou aplicar o in-
seticida de forma isolada pelo menos dez dias após a dessecação. Em áreas em pousio, onde apenas encontram-se os restos da cultura anterior, o monitoramento da população escondida sob a palhada é fundamental, para não se ter surpresas desagradáveis na cultura subseqüente. A amostragem deve ser realizada em vários pontos da lavoura, especialmente quando ao lado existe vegetação arbórea (matas, capoeiras etc.), a maneira prática é revolver a palhada de uma área de 0,5 m x 0,5 m e contar o número de insetos ali existentes. A movimentação do percevejo é reduzida em baixas temperaturas, e sua coloração é mimética com a palhada, dificultando a constatação de sua presença, além de quase não se locomover ou se movimentar lentamente, quando exposto ao sol. O percevejo em quiescência ou em hibernação, como consta em muitos trabalhos, apresenta o abdômen de coloração marrom-rosada, sem destaque da palha seca.
Charles Echer
Soja
Estragos sob a palha Favorecido pelo ambiente proporcionado pela palhada sobre o solo, no sistema de plantio direto, o piolhode-cobra vem intensificando os danos às sementes de soja recém-germinadas
C
om a expansão das áreas de cultivo em sistema de plantio direto, está ocorrendo o aumento dos piolhos-de-cobra, devido ao estabelecimento de nichos favoráveis ao seu desenvolvimento. Esses indivíduos vivem em ambientes úmidos, onde haja matéria orgânica em decomposição. Dentre os artrópodes sem asas, os indivíduos da classe Diplopoda são popularmente conhecidos como piolho-de-cobra, gongolôs ou embuás. Estima-se que haja aproximadamente 80 mil espécies pertencentes a essa classe, das quais somente 11 a 12% foram descritas. Na região Sul do Brasil, a mais antiga
34
em relação à aplicação do sistema de plantio direto, começam a se estabelecer altas populações do piolho-de-cobra, as quais já causam danos expressivos às culturas, principalmente nas tradicionais áreas de plantios de soja do estado do Paraná. Em outras regiões, como Oeste e Norte do estado do Mato Grasso do Sul, também é relatada a presença do piolho-de-cobra em elevadas densidades populacionais.
O PLANTIO DIRETO O plantio direto é um sistema de manejo do solo onde os restos vegetais (folhas, hastes e raízes) são deixados na su-
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
existem apenas as raízes principais das plântulas, razão pela qual o dano é mais acentuado. O tratamento de sementes é eficaz, porque os inseticidas atingem a praga quando esta ingere os produtos poucos dias após a proteção. O piolho-de-cobra morre ao ingerir parte da semente recémtratada, pois seu aparelho digestivo possui algumas estruturas semelhantes ao dos insetos.
DECISÃO PELO NÍVEL DE DANO O gráfico contido na Figura 1 ilustra o momento para o tratamento da semente de soja, visando o controle preventivo do piolho-de-cobra, admitindo-se que o NC (nível de controle) seja um piolho-de-co-
Fotos Alexandre Luis Jordão
perfície do solo. O solo é revolvido apenas no sulco onde se depositam as sementes e fertilizantes, e as plantas daninhas são controladas por herbicidas. Não existe preparo do solo, além da mobilização no sulco de plantio. Com isso, reduzem-se a erosão, a evaporação e a temperatura do solo, e aumenta-se o teor de matéria orgânica, promovendo-se a sustentabilidade da agricultura e do ambiente. A expansão das áreas de cultivo, em sistema de plantio direto, tem propiciado o aumento dos piolhos-de-cobra devido ao estabelecimento de nichos favoráveis sob a palhada, destacando-se a soja como a mais propícia, tendo em vista o tamanho das áreas cultivadas. A abundância da palhada e o não revolvimento do solo propiciam o aumento populacional dos piolhosde-cobra; dessa forma, os danos começam a ser percebidos pelos agricultores e contabilizados economicamente. As perdas estão relacionadas com irrigação ou chuva deficientes no solo. A falta de água retarda o desenvolvimento do sistema radicular das plântulas, as quais não conseguem absorver água suficiente para se desenvolver rapidamente e suprir a perda do tecido vegetal ingerido pelo diplópode. No entanto, essa quantidade de água tem sido suficiente para a manutenção do micro-habitat do piolho-de-cobra. Assim, os danos causados, mesmo sendo pequenos, são notados. Algumas áreas sofrem redução de até 40%, sendo necessário o replantio. O ataque ocorre, geralmente, nas sementes recém germinadas, quando ainda
Figura 1 - Flutuação populacional do piolho-de-cobra no decorrer do tempo. Sendo, ND = nível de dano; NC = nível de controle; NE = nível de equilíbrio. Quando a flutuação populacional atingir o ND (indicado no gráfico por *) significa que a percentagem (%) de danos/ha exige a adoção de medidas de controle.
Matéria orgânica em decomposição e palha são o ambiente perfeito para a proliferação dos piolhos-de-cobra
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
bra a cada dois metros lineares e que o custo do tratamento de sementes seja R$ 50/ha. Quando a população varia em torno do NE (nível de equilíbrio), o tratamento não se compensa e torna-se desnecessário. Em sistema de plantio direto da cultura da soja, algumas observações para fins de amostragens demonstraram que mais do que um indivíduo de piolho-de-cobra a cada dois metros lineares permite prever que, no próximo plantio, devem-se utilizar sementes tratadas. Isso porque, a um espaçamento de 0,45 metro entre linhas e 18 sementes de soja por metro linear, haverá 22,2 mil metros lineares com uma densidade de plantio de 400 mil sementes/ha. Se for encontrado um indivíduo a cada dois metros lineares, e admitindo-se a ocorrência de machos e fêmeas em indivíduos
Plântulas de soja, quando apenas possuem a raiz principal, são as mais prejudicadas
35
CARACTERÍSTICAS DOS DIPLÓPODES Alexandre Luis Jordão
O
36
s aspectos biológicos dos diplópodes são variáveis, dependendo da espécie. De maneira geral, colocam de dez a trezentos ovos por vez, os quais são depositados na matéria orgânica ou dentro do solo; às vezes constroem ninhos. Geralmente, os juvenis eclodem em algumas semanas, quando têm ainda poucos pares de pernas e anéis. Após cada ecdise, a exúvia pode ser ingerida para recuperação do cálcio. Esses indivíduos podem viver de um a dez anos, ou mais, necessitando preservar a água de seu corpo, pois não possuem em sua cutícula os lipídios e as ceras, tipicamente presentes em insetos e aranhas. Vivem em ambientes úmidos, ocorrendo na interface entre o solo e a matéria orgânica em decomposição, principalmente em ecossistemas florestais. Evitam a luz, tendo maior atividade durante a noite. Os diferentes estágios de desenvolvimentos podem diferir quanto às preferências ao micro-habitat, ou seja, os juvenis podem viver na camada superior do solo, os estágios intermediários, na serrapilheira, e os adultos, caminhar por cima do folhedo, escalando com muita eficiência a vegetação e outras superfícies. Os piolhos-de-cobra são denominados detritívoros e coprófagos, ou seja, alimentam-se de detritos orgânicos e de suas próprias fezes, e, dessa forma, são colaboradores das minhocas na decomposição da serrapilheira e na formação do húmus. Possuem dois pares de peças bucais, sendo o primeiro uma placa larga que se articula ventralmente, e o segundo, as mandíbulas com dois artículos em cada, fortemente esclerotizadas, que são as responsáveis pela trituração e que podem causar danos às plantas. Essas mandíbulas possuem dentes em suas margens e uma superfície para raspar.
As bases das mandíbulas são convexas e recobrem a cabeça. Os diplópodes consistem no grupo de animais terrestres com maior número de pernas, podendo apresentar até 750. O tamanho dos adultos varia de 2 mm até, em algumas espécies africanas, 30 cm. Possuem cabeça distinta formada por segmentos fundidos, onde estão as antenas. Posteriormente, apresentam tronco alongado, cilíndrico e não dividido em tórax e abdome, cujo tegumento é calcificado e relativamente permeável. Esses indivíduos ainda não são segmentados, mas divididos em anéis cuticulares, sendo que na maioria deles encontram-se dois pares de pernas. Os piolhosde-cobra podem ocorrer em todos os continentes, exceto na Antártica, e não devem ser confundidos com os artrópodes da classe Quilopoda, conhecidos por lacraias ou centopéias, os quais são predadores, mais ágeis, possuem apenas um par de pernas por segmento e uma garra com veneno, podendo inclusive picar o homem. Os diplópodes possuem hábitos pacíficos e servem de alimento para alguns ácaros, aranhas, dípteros, escorpiões, formigas, percevejos e também para animais superiores como aves, lagartos, roedores, sapos e tartarugas. Quando em repouso ou perturbados, podem se proteger enrolando o corpo e formando uma espiral plana. A superfície do corpo lisa, dura e geralmente de coloração parda ou negra também auxilia nessa proteção. Além disso, a cada dois segmentos, existe um par de glândulas que produz uma secreção de composição variável, às vezes tóxica, geralmente cianeto de hidrogênio, usada como repelente aos seus predadores. Algumas secreções de espécies tropicais podem formar bolhas na pele humana.
mia no número de sementes empregadas.
distintos, haverá um casal a cada quatro metros lineares. Com uma taxa de aumento de cinco vezes para a próxima safra, e os danos vindo a ocorrerem em média de 12%, teríamos falha de duas plantas em cada metro linear. Por outro lado, se a produção estimada é de três mil kg/ha, vendida ao valor de R$ 22 a saca de 50 kg, e se o custo do tratamento é de R$ 50, a falha provocada pelo piolho-de-cobra justifica o tratamento de sementes, ao detectarmos um casal ou dois indivíduos de piolhos-de-cobra a cada dois metros lineares. Ensaios realizados com sementes não tratadas resultaram numa perda de 9 a 15%
de plantas, 20 dias após a germinação, em comparação a quando foram empregados os inseticidas sistêmicos carbosulfano ou tiametoxam. Isso demonstra uma econo-
Alexandre Luis Jordão, Esalq/USP e IEPA Octávio Nakano, Esalq/USP
Inseticidas mostram resultados no controle dos diplópodes, por estes possuírem características do organismo semelhantes às dos insetos
CONTROLE Assim como os insetos, os diplópodes realizam a troca gasosa por traquéias e espiráculos e também possuem o sistema nervoso central constituído por gânglios. Isso permite que sejam afetados por alguns agrotóxicos normalmente utilizados no combate aos insetos, essa é a razão pela qual esses produtos são denominados inseticidas. Atualmente os produtos registrados para o controle do piolho-de-cobra são: carbosulfano, fipronil e tiametoxam. Embora o preço da soja não permita elevados investimentos para se praticar uma agricultura segura e se minimizarem os riscos em função do plantio, exige-se dispor de custos, e os gastos devem ser realizados. O tratamento de sementes não se destina a tratar a soja apenas contra o piolho-de-cobra, ele serve, também, para outras pragas de solo que possam ocorrer e afetar a produção. C
Tabela 1 - Nomes técnicos e comerciais dos produtos registrados para tratamento de sementes de soja visando o piolho-de-cobra, com suas respectivas doses e mecanismos de ação Nomenclatura Técnica Comercial Carbosulfano Fenix FS
Dose do prod. comerc. /100 kg de semente 0,8 l
Fipronil
Standak SC
100 ml
Tiametoxam
Cruizer 700 WS
50 g
Mecanismo de ação Inibe a ação da enzima acetilcolinesterase, excitando excessivamente o sistema nervoso. Inibe a permeabilidade da membrana da célula nervora ao íon Cl-, excitando excessivamente o sistema nervoso. Impede a hidrólise da acetilcolina, excitando excessivamente o sistema nervoso.
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Empresas
Fotos Janice Ebel
Nova estrutura Bayer investe em mudanças na área de produção e logística com boas expectativas no mercado agrícola brasileiro
M
esmo em cenário de crise na agricultura brasileira, a Bayer CropScience investe em novos projetos, com mudanças na área de produção e logística da empresa no Brasil. A estratégia da companhia é tornar o site de Belford Roxo(RJ) num centro nacional de produção, armazenagem e distribuição da Bayer no Brasil. Por meio dele, a empresa pretende consolidar suas atividades industriais no Brasil. Com estas mudanças, toda a produção de defensivos agrícolas será concentrada Belford Roxo. Serão necessárias para isto, novas unidades de produção para inseticida líquido e formulação de fungicida que já foram inicializadas para complementar as instalações já existentes na fábrica da Bayer CropScience, nas proximidades do Rio de Janeiro. Com a reestruturação, também foram criados na unidade Centro, um Laboratório de Desenvolvimento, Embalagens e Formulação e Controle de Qualidade, assim como novos sistemas de proteção ao meio ambiente para que os trabalhos fiquem com toda estrutura necessária. Os investimentos nas inovações chegam a R$ 24 milhões (aproximadamente 9 milhões de euros). Com essas mudanças, a empresa encerra a produção de defensivos na fábrica de Portão (RS), motivado, principalmente, pela venda, para outra empresa do segmento químico, do
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
princípio ativo Fipronil. Este princípio ativo era responsável pela capacidade produtiva da fábrica de Portão. As atividades de produção devem ser encerradas até o final deste ano e, a partir de 2007, aquela unidade deve ser transformada em um centro de distribuição dos produtos da Bayer CropScience na região Sul do país. Com a transferência de equipamentos e colaboradores, além da concentração de todas as atividades na unidade de Belford Roxo, a empresa visa aumentar sua competitividade no mercado de defensivos. Isso porque o complexo permitirá utilizar mais eficientemente os recursos disponíveis da unidade, assim como, otimizar custos de produção. Além do centro de produção, a Bayer terá cinco centros que serão responsáveis pela distribuição da produção no Brasil, sendo eles, em Belford Roxo (RJ), Guarulhos (SP), Ibiporã (PR), Portão (RS), Cuiabá (MT) e, com previsão de inauguração de mais um centro em Goiás em agosto. Este novo conceito logístico para a fábrica será implementado conjuntamente com a empresa EBAMAG Logística, que está investindo R$ 23 milhões na construção deste novo centro de armazenagem e distribuição com área de 20 mil m2. Ela administrará o trabalho de logística na fábrica de Belford Roxo em nome da Bayer CropScience.
Para o presidente da Bayer Cropscience Região América Latina, Marc Reichardt, a expansão da fábrica de Belford Roxo é um importante sinal de confiança que a Bayer Cropscience deposita nas perspectivas de longo prazo no mercado agrícola brasileiro. “Apesar do atual cenário da agricultura no Brasil, o país continua investindo em novos produtos e soluções para este mercado, contribuindo assim com o desenvolvimento da economia agrícola do Brasil. Neste segmento da agricultura, se tem um país que mostra um grande potencial de crescimento, este país é o Brasil” declarou Reichardt.
Marc Reichardt afirma: “O Brasil é um país com grande potencial de crescimento na agricultura”.
37
Empresas
Microquímica
30 anos de nutrição AA Microquímica agricultura, Microquímica comemora comemora seus seus 30 30 anos anos de de dedicação dedicação àà nutrição nutrição em da agricultura, com inauguração de nova unidade industrial
A
Microquímica comemora seus 30 anos no mercado como empresa especializada em nutrição de plantas, com a inauguração de uma nova unidade industrial para a produção de aminoácidos. A nova unidade estará voltada para a horticultura, através do lançamento da linha Hortiplus, trazendo expectativas de aumento das exportações para o Mercosul. “Com mais de 80 produtos à disposição dos produtores, e para as mais variadas culturas, a Microquímica conquistou seu espaço buscando novas tecnologias e soluções racionais, econômicas e agronomicamente comprovadas para uma agricultura lucrativa”, afirma Leandro Ferreira, responsável pelo departamento de marketing. Fundada em 1976, a empresa vem mantendo convênios com os principais centros de pesquisa e universidades. Seu pioneirismo mudou paradigmas em nutrição vegetal, como o tratamento com micronutrientes via semente e a utili-
38
zação de fertilizantes foliares concentrados, formulados com diversas matérias-primas como os cloretos (Zn, Mn, Mg, Fe), sendo a primeira empresa a concentrar CoMo em solução estável por longo tempo, através do fertilizante Nectar. Todos os produtos são industrializados com matérias-primas de alta qualidade, sob rígidas normas de controle, garantindo segurança para o agricultor e o meio ambiente. Entre os principais produtos, destacam-se: o Tuval - fitorregulador que possui uma ação sistêmica inibidora da síntese de giberelinas, o que permite gerenciar o crescimento vegetativo da cultura e também a adequação dos espaçamentos entre as plantas; Nectar – fertilizante mineral concentrado indicado para o tratamento de sementes de soja e feijão, caracterizado pelo seu baixo índice salino e condutividade elétrica e pH adequados, o que possibilita que seja usado conjuntamente com inoculantes (Noctin A); Molyb-
date – que também é um fertilizante mineral fornecedor de molibdênio, indicado para a aplicação foliar; Noctin A – inoculante líquido aquoso de alta concentração de bactérias responsáveis pela fixação biológica do nitrogênio atmosférico, utilizado em soja, e Biocrop - fertilizante para o tratamento de sementes que complementa as necessidades de micronutrientes da planta. Além dos produtos para a nutrição, a Microquímica fornece a seus clientes um sistema de diagnose foliar, através do software Check Folha. Ele permite avaliar o estado nutricional das culturas, através da análise das folhas e da comparação com um banco de dados de plantas que conseguiram atingir altas produtividades, informando, através de gráficos e relatórios, a situação da planta e as recomendações de nutrientes que eventualmente não estiverem com os níveis considerados adequados. A empresa ressalta que se trata de um sistema de análise complementar à analise de solo. C
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Eventos Fotos Cooplantio
Mostra para rentabilidade Com tema focado em rentabilidade, seminário realizado pela Cooplantio reúne mais de 900 produtores para discutir questões da produção agrícola
A
conteceu entre os dias 19 e 21 de junho, em Gramado (RS), o 21° Seminário Cooplantio. O objetivo principal do evento foi apresentar aos produtores, através do tema “Rentabilidade o desafio do agronegócio”, formas de investir e administrar sua renda. Assuntos como a retomada de crédito, o alongamento das dívidas, a organização das cadeias produtivas, o investimento em energia renovável e, principalmente, a gestão na propriedade rural foram as principais questões debatidas durante o evento que contou com a participação de mais de 900 produtores. Ivan Wedekin, secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, abriu o evento falando das recentes medidas tomadas pelo governo para amenizar a crise no setor. Wedekin afirmou que o governo teve consciência da crise e por isso lançou o pacote agrícola. Na visão do governo, as medidas resolvem a situação de 90% dos produtores que precisam alongar suas dívidas. Outro fator importante foi o aumento no valor da subvenção para o seguro rural agrícola, que passou de R$ 7 mil para R$ 32 mil. Concluiu dizendo que o governo vai destinar um total de R$ 42,6 milhões do orçamento para o seguro rural.
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
No segundo dia, o destaque foi o painel sobre rentabilidade, onde o consultor externo do Sebrae/RS, Rogério Bastos, alertou para a necessidade de o produtor controlar o fluxo de caixa da sua propriedade. Para ele, vários aspectos relacionados dentro e fora da porteira, como controles gerenciais e de planejamento, qualificação de pessoal, preços, câmbio, clima, crédito e também aspectos de mercado, precisam ser verificados para evitar perdas em momentos difíceis . “Todos esses fatores podem afetar a rentabilidade no momento da comercialização”, enfatiza Bastos. O evento foi encerrado com destaque para a palestra de Marcos Fava Neves, pesquisador do Pensa/USP, falando sobre a importância das cadeias produtivas na geração de renda. O pesquisador retratou a importância das empresas e cooperativas buscarem a divulgação de seus produtos em outros países para fortalecer a marca e aumentar seus lucros. “É preciso organizar as cadeias produtivas para melhorar o marketing dos produtos. A demanda por alimento vai continuar crescendo, e o Brasil precisa estar preparado para esse mercado. O Brasil possui a maior área agricultável do mundo e tem condições de assumir novos mercados”, disse Neves. “Para isso, o agricultor precisa produzir de acordo com as exigên-
cias feitas pelos países importadores”, concluiu. Para o presidente da Cooplantio, Daltro Benvenuti, o evento serviu para o produtor ter soluções concretas, a fim de retomar a renda no campo. Benvenuti disse que a tendência é o agricultor estar mais atento com a situação do mercado antes de tomar alguma atitude. “O Brasil tem todas as condições para ser uma China do agronegócio, e o agricultor pode obter lucro com a produção”, reiterou. Para a edição do próximo ano, os assuntos que serão abordados devem seguir a tendência deste ano, com foco na rentabilidade na lavoura e ainda na bioenergia, nova fonte de renda e grande filão de mercado para os próximos anos. C
Temas envolvendo a questão de melhoria de renda dos produtores foram o ponto alto do evento
39
Coluna Aenda
Defensivos Agrícolas
Identificando os genéricos
T
odo produto cuja patente ex pirou está em domínio públi co e, se ofertado por vários fabricantes que conseguiram desenvolver a tecnologia de produção e ter acesso às matérias-primas e outras substâncias intermediárias, passa a ser identificado como produto genérico. Portanto, os produtos novos e sob patente podem ou não se transformar de produtos exclusivos em produtos genéricos. O comando chave para a transformação é a junção da queda de patente com a oferta diversificada. O resultado dessa combinação são preços cada vez mais competitivos, o que em essência é o papel social de um produto genérico. Dentro dessa conceituação, mantemos no site da Aenda uma página que denominamos de “Concorrência”, separando os produtos por número de empresas ofertantes. Os produtos estão organizados por ordem alfabética do ingrediente ativo na grafia oficial das monografias do governo brasileiro. Nas colunas por número de ofertantes estão as marcas comerciais correspondentes. O levantamento está atualizado até dezembro de 2005. Apresentamos abaixo parte dessa listagem mostrada no site, de forma a identificar os produtos genéricos. Construímos duas tabelas, colocando os ingredientes ativos por classe de uso, por facilidade didática. Não incluímos nesses su-
mários os espalhantes adesivos/adjuvantes, os semioquímicos e as misturas de produtos.
“Dentro dessa conceituação, mantemos no site da Aenda uma página que denominamos de “Concorrência”, separando os produtos por número de empresas ofertantes”
Como esses produtos da Tabela 1 estão em domínio público e têm oferta diversificada, podemos afirmar sem qualquer dúvida que são todos genéricos. Essa tabela mostra 49 ingredientes ativos genéricos no mercado brasileiro. TABELA 1 – Produtos com três ou mais empresas ofertantes A rigor, os proHERBICIDAS 2,4-d Alacloro Ametrina dutos desta Tabela
FUNGICIDAS
INSETICIDAS
ACARICIDAS REGULADORES
40
Atrazina Glifosato Msma Simazina Captana Mancozebe Quintozeno Tiram Acefato Cipermetrina Endossulfan Malationa Óleo vegetal Sulfluramida Baculovirus anticarsia Abamectina Propargito Etefom
Clorimurom-etílico Imazaquim Nicossulfurom Trifluralina Carbendazim Oxicloreto de cobre Tebuconazol
Diurom Imazetapir Propanil
HERBICIDAS Clorotalonil Procloraz Tiofanato-metílico Carbofurano Dimetoato Fosfeto magnésio Óleo mineral Permetrina
Tulio Teixeira de Oliveira, Diretor Executivo da AENDA
TABELA 2 – Produtos com duas empresas ofertantes
FUNGICIDAS Brometo de metila Clorpirifós Fosfeto alumínio Metamidofós Parationa-metílica Triclorfom Bacillus thuringiensis Dicofol Óxido fenbutatina
2 não são genéricos por não terem uma oferta diversificada. A oferta de um ingrediente ativo por apenas duas empresas pode ser o início de uma livre concorrência, mas pode ser também nada mais que uma aliança mercadológica. Entretanto, assinalamos com asterisco cinco ingredientes ativos que, pelos dados históricos disponíveis de erosão dos preços, podem ser enquadrados entre os produtos genéricos. Nessa fotografia do final de 2005 temos, pois, 54 ingredientes ativos na condição de genéricos. No restante da longa listagem do site da Aenda são visualizados outros 241 ingredientes ativos, todos com uma só empresa ofertante; são os produtos exclusivos, não genéricos. A dimensão do mercado brasileiro merecia uma relação melhor, vocês não acham? Esperamos que a proporção de produtos genéricos cresça rapidamente, agora que o governo iniciou a era do registro por equivalência para os genéricos, um método que prima por refinada qualificação química e custa apenas de 5 a 10% do custo do sistema anterior de registro para esses produtos. É preciso reconhecer que o retrato acima tem a resolução possível oferecida pelos dados estatísticos disponíveis sobre preços ao longo dos anos. Mas é o único e o melhor, portanto, até que outro retratista consiga melhor foco e resoC lução.
INSETICIDAS
Enxofre ACARICIDAS REGULADORES
Acetocloro Fenoxaprope-p-butil Metribuzim (*) Quizalofop-p-etil Dodina Hidróxido de cobre Óxido cuproso Tetraconazole Benfuracarbe Cloridrato cartape Etofenproxi Gama-cialotrina Terra diatomácea Cihexatina Flumetralina
Acifluorfem-sódico Hexazinona Oxifluorfem Tebutiurom (*) Cloreto Benzalcônio Hidróxido de fentina Propiconazole (*)
Bentazona Lactofem Pendimetalina (*)
Bifentrina Clotianidina Fenitrotiona Metidationa Triflumurom
Carbaril Deltametrina (*) Flonicamida Metomil
Folpete Oxicarboxina Sulfato de cobre
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
Agronegócios
Alimentos melhores e mais seguros
A
pós a criação da OMC, as regras sanitárias do comércio de produtos agropecuários têm se tornado crescentemente restritivas. O fenômeno reflete uma nova postura dos consumidores, que exigem padrões cada vez mais rígidos de qualidade de alimentos. A inocuidade constitui um dos principais atributos da qualidade, impondo restrições cada vez maiores a contaminantes nos alimentos. Atropelados pela globalização, que eliminou espaços geográficos e comprimiu o tempo, e pressionados pela sociedade, que exige alimentos cada vez mais nutritivos, mais saborosos e mais seguros, os cientistas são instados a gerar tecnologias que garantam a pureza e a identidade dos alimentos, solidificando os sistemas de certificação e rastreabilidade. Para dar guarida à demanda social, os métodos e equipamentos de análise (química, física ou biológica) sofisticam-se e tornam-se cada vez mais precisos, para garantir a credibilidade e assegurar a confiança do consumidor. Por exemplo, já existem equipamentos que detectam substâncias contaminantes de alimentos, na escala de uma parte por trilhão (ppt). Sabe o leitor o que isso significa? Então imagine uma piscina com superfície de um hectare e cinco metros de profundidade, cheia de água até a borda (50 milhões de litros). Agora jogue uma única gota de uma substância química nesta piscina. Misture muito bem. Retire uma amostra e envie ao laboratório. A análise detectará a substância na proporção de 1 ppt!
animais atuando como biofarmácias depende do avanço do ferramental da biotecnologia e da nanotecnologia.
BIOTERRORISMO Graças aos céus, ainda não ocorreu aos terroristas que mergulham o mundo em uma paranóia de insegurança o uso de alimentos para seus tétricos fins. Entretanto, os governos sabem do risco sempre presente de que alimentos possam ser usados para essa finalidade. A ciência se prepara para minimizar os riscos de uso de alimentos para fins de bioterrorismo. Nanoequipamentos e sensores podem ser desenvolvidos para detectar traços, mes-
“Através da conjunção entre biotecnologia e nanotecnologia, será possível incrementar fatores associados à qualidade dos alimentos, como textura, odor, sabor, aroma, brilho ou cor”
INOVAÇÕES Através da conjunção entre biotecnologia e nanotecnologia, será possível incrementar fatores associados à qualidade dos alimentos, como textura, odor, sabor, aroma, brilho ou cor. Além dos aspectos cosméticos, os cientistas podem utilizar as mesmas ferramentas para potencializar aspectos funcionais dos alimentos, incrementando teores de determinados componentes, como vitaminas ou aminoácidos essenciais. Também podem ser melhorados atributos associados à saúde e à prevenção de distúrbios e disfunções, como hormônios ou isoflavonas. Trazer para a realidade conceitos de plantas ou
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Agosto de 2006
mo moleculares, de substâncias tóxicas ou de patógenos de alta periculosidade. Os sensores tanto podem emitir alertas para centrais quanto modificar a aparência externa do alimento, ou mesmo provocar reações químicas, tornando o alimento impróprio para consumo, como alterações profundas na textura, na cor, no sabor ou no odor.
PROTEÇÃO AMBIENTAL A mesma sociedade que exige alimentos mais seguros também impõe o desafio de que a meta seja atingida dentro de pa-
drões de proteção ambiental elevados. Novamente, a ciência é chamada para resolver a situação. Se a meta fosse apenas controlar as pragas, poder-se-ia, por exemplo, aumentar o uso de agrotóxicos para evitar ataques de brocas nos tomates ou de fungos na alface. Porém, o uso exagerado de agrotóxicos poderia redundar em resíduos químicos nos alimentos, ou afetar negativamente elementos da fauna ao longo da cadeia alimentar. Atualmente, os agricultores dispõem de tecnologia para efetuar a amostragem de pragas (insetos, fungos, bactérias ou nematóides), para tomar sua decisão de controle. Entretanto, a experiência tem mostrado que os processos disponíveis são demorados, caros, trabalhosos e exigem conhecimento profundo para identificação das diferentes pragas das culturas. O conceito futuro embute a sustentabilidade do processo, conjugando rentabilidade econômica, segurança alimentar e proteção ambiental. Os nanossensores alertarão o agricultor do futuro sobre o momento e a dose adequados de agrotóxicos, fertilizantes ou água de irrigação. Os sensores integrarão os dados de microclima locais com informações sobre a biologia e a fisiologia das plantas, das pragas e de seus inimigos naturais, para efetuar as indicações corretas.
VÍNCULO ACADÊMICO Os avanços científicos estão ocorrendo em uma velocidade tão alucinante que exigirá dos profissionais e das universidades um repensar de seu relacionamento, não apenas em termos de currículo de formação como de um reciclar constante. Em um futuro próximo, não será exagero imaginar que o diploma universitário – ao menos nas áreas científicas e de engenharia – necessitará de revalidação de tempos em tempos, condicionado a uma reciclagem, para manter o profissional no estado da arte da informação e das ferramentas profissionais. Será a forma de garantir que a exigência da sociedade por alimentos seguros e ambiente protegido seja atendida. C Décio Luiz Gazzoni Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja www.gazzoni.pop.com.br
41
Mercado Agrícola
Brandalizze Consulting
brandalizze@uol.com.br
Quadro para 2006/07 não se mostra tão feio, como parecia na colheita 2005/06 O mercado dos principais produtos agropecuários tem dado alguns sustos no setor produtivo, e neste ano mais do que na maioria dos anos anteriores, porque sinalizava para uma catástrofe em plena colheita, pois o dólar havia despencado, e os valores do mercado não cobriam os custos. Tudo indicava uma quebradeira geral dos produtores. Agora, passada a maior fase do grande susto, começamos a perceber que existe uma luz que começa a crescer no fim do túnel, porque o pior da crise já passou, ou está passando; com indicativos internacionais de todas as commodities agrícolas em alta no mercado mundial, estamos vendo que aos poucos a viabilidade da safra nova começa a aparecer nas planilhas de custos dos produtores brasileiros. O governo teve uma grande importância, principalmente para as regiões mais distantes e onde se concentram as produções de soja, milho e arroz, com os pregões de apoio para criar liquidez e dar suporte a cotações mínimas que pudessem viabilizar aos produtores a quitação das dívidas dos insumos, ou para que aqueles que não tinham dívidas pudessem vender para comprar os novos insumos e assim dar continuidade à nova safra que vem pela frente. Ainda há expectativa de queda na área de lavouras tradicionais como a soja, mas que já sinaliza um bom ano para 2007, porque agora, além de ser usada como alimento, a oleaginosa está tendo destaque internacional na produção do biodiesel, que deverá ser o produto de destaque no ano que vem, pois centenas de fabricas estão sendo montadas pelo mundo afora. Com isso, será um ano de grande demanda de óleos vegetais, e, como estamos sinalizando para redução na oferta, caminhamos para novamente termos cotações firmes nos principais produtos agrícolas. Neste mês tivemos a entrada de grandes fundos de investimentos no setor de commodities agrícolas. Um dos gestores, que opera US$ 14 bilhões, comentava que os produtos agrícolas estão muito baratos e aposta no crescimento dos mesmos. E em alguns casos, podem dobrar de preços em dois anos. Certamente será fator de lastro nas cotações, porque o petróleo bateu recorde histórico de preços em julho e não mostra que vai parar por aí. Certamente os grãos vão atrás. MILHO Safrinha chega e segura mercado O mercado do milho neste mês de julho e começo de agosto enfrenta a pressão que vem da colheita da safrinha, que, mesmo com perdas, está segurando as cotações, e até queda nos indicativos foram vistos no mercado do Paraná. Com expectativa de algum ganho devendo ocorrer a partir do final de agosto, quando não teremos mais oferta de produto no balcão, e assim poderemos ter algum ganho e liquidez para os produtores. O governo continua com números muito otimistas para o milho, e com isso serve para segurar as cotações. SOJA Mais queda na safra A colheita já encerrou há mais de três meses, e ainda estamos vendo o governo ajustando os números para baixo, com a Conab apontando para as 53,4 milhões de t contra as 53,8 indicadas em junho. Também houve redução dos números do IBGE, que foram para as 52,8 milhões de t contra as 53,3 de junho. Lembramos que os ajustes estão chegando tarde, mas “antes tarde do que nunca”, e também já estão distantes dos primeiros indicativos iniciais em novembro, quando ambos sinalizavam uma colheita acima das 60 milhões de t, que auxiliaram a derrubar as cotações internacionais. Agora estamos atrelados ao mercado de Chicago, este também mostrando instabilidade climática que tem dado bons momentos para fixação de parte da safra nova. Tudo indica que nestas próximas semanas de agosto teremos ainda bons indicativos para garantir uma relação de troca favorável para os insumos. FEIJÃO Grande oferta segura cotações O mercado do feijão teve aumento das ofertas em julho, com colheita na maior parte do estados produtores. Junto a isso, o clima corria muito bem para as lavouras do Nordeste, e dessa
41 42
maneira o feijão recuou para níveis entre R$ 50 e R$ 55 pelo produto de melhor qualidade e indicava valores abaixo aos produtores que tinham o produto comercial. A demanda tende a melhorar em agosto, e assim poderemos ver algum movimento no lado positivo. Ainda temos grandes volumes de feijão para ser negociado. ARROZ Calmaria sobre o Sul do país O mercado do arroz avançou bem em junho e entrou em compasso de espera em julho, porque as indústrias sabiam que os pro-
dutores tinham dívidas para quitar e, dessa forma, não forçavam compras. Com isso, os indicativos do arroz gaúcho se mantiveram calmos, enquanto isso o produto dos estados centrais estava mostrando pressão de alta e valores sem crescimento, porque não apareciam ofertas, e os pequenos beneficiadores locais tinham que pagar o preço que os produtores pediam. Dessa forma se observou arroz de sequeiro chegando a ser negociado nos R$ 30, e arroz do RS comercial nos R$ 20 e calmo. Com expectativa de reação de agosto em diante, com números mais atraentes devendo aparecer de setembro em diante.
CURTAS E BOAS SOJA - o quadro de oferta e demanda mundial da safra nova já está indicando níveis de aperto, com a safra mundial em condições normais apontada em 220 milhões de t, e o consumo também em 220 milhões de t, fato que não ocorria há pelo menos duas safras, quando vínhamos colhendo mais do que comendo e, com isso, aumentando os estoques. TRIGO - o quadro geral segue mostrando aperto mundial, com a safra deste ano apontada em 605 milhões de t para um consumo de 617 milhões de t. Dessa forma, forte queda nos estoques. Como fator positivo aos produtores brasileiros, tem pouco estoque para vender na Argentina, que colheu 4 milhões de t a menos que no ano anterior e deverá exportar menos, e dessa forma tem cotações maiores. Deveremos competir com a China, que está no mercado para grandes compras, e o cereal está com preços em alta e valorizará o trigo nacional, que neste ano sofreu com a seca no Paraná e terá forte queda na produtividade. ALGODÃO - o mercado, que vinha lento, teve boas notícias nas últimas semanas, com queda nos estoques mundiais e demanda em crescimento com as cotações crescendo. Depois de muito tempo, os produtores puderam realizar contratos futuros de exportação, com valores na casa dos US$ 0,58 por libra. Com melhor expectativa para a pluma nos próximos meses. O consumo previsto é de 26,5 milhões de t contra a produção de 24,9, e assim os estoques recuarão para 10,3 milhões de t contra as 11,5 milhões anterior. EUA - o clima nas primeiras semanas de desenvolvimento das lavouras não foi regular, e com isso algumas áreas já estão comprometidas. Dessa forma, recomendamos acompanhar o mês de agosto, que normalmente define a safra americana. BOA NOTÍCIA - a boa vem da China, que credenciou 22 abatedouros brasileiros para exportarem frango para aquele destino, antes eram somente dois e agora são 24. O que será que os chineses estão esperando? Certamente haverá um grande espaço para o setor nos próximos meses, vamos acompanhar. Certamente o setor agropecuário brasileiro vai ganhar com isso.
Cultivar Cultivar •• www.cultivar.inf.br www.cultivar.inf.br •• Fevereiro Agosto de 2005 2006