Cultivar Grandes Culturas • Ano VIII • Nº 89 • Setembro 2006 • ISSN - 1518-3157
Nossa capa
Destaques
08
Capa / Rafael Moreira Soares
Desafio precoce Ataque de pragas pode comprometer lavouras de milho a partir do desenvolvimento inicial das plantas
12 Ramulária controlada Defensivos são testados no combate ao fungo Ramularia areola em algodão
Nossos cadernos
16
Foto de Capa / Vilso Júnior Santi
Tolerância negativa Os desafios para controlar o capim colchão no cultivo de cana-de-açúcar
19 Contra a ferrugem Fungicidas passam pelo crivo de pesquisadores na busca por soluções à ferrugem asiática
NOSSOS TELEFONES: (53) Grupo Cultivar AO de ASSINANTE: Publicações Ltda. • ATENDIMENTO Rua:3028.4013/3028.4015 Nilo Peçanha, 212 Pelotas –• RS 96055 – 410 ASSINATURAS: 3028.4010/3028.4011 • GERAL www.cultivar.inf.br 3028.4013 cultivar@cultivar.inf.br • REDAÇÃO:
3028.4002 / 3028.4003 • MARKETING:
3028.4004 / 3028.4005 • FAX:
3028.4001 Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Índice Diretas
REDAÇÃO • Editor
Gilvan Dutra Quevedo • Coordenador de Redação
Janice Ebel • Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia
06 • Revisão
Silvia Pinto
Pragas em início de ciclo no milho
08
Assinatura Internacional: US$ 80,00 70,00
Controle de ramulária em algodão
12
Nossos Telefones: (53)
Tolerância do capim-colchão a herbicidas
16
Sedeli Feijó Silvia Primeira
Fungicidas testados contra a ferrugem
19
CIRCULAÇÃO
Onde cortar custos na produção de soja
26
Empresas: Ajinomoto no Brasil
29
Números atrasados: R$ 15,00
• Geral 3028.2000 • Assinaturas: 3028.2070 • Redação: 3028.2060 • Comercial: 3028.2065 / 3028.2066 / 3028.2067
COMERCIAL Pedro Batistin
• Gerente
Cibele Oliveira da Costa • Assinaturas
Simone Lopes Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Empresas: thiametoxan em sementes
30
Eventos: Clube da Fibra 2006
32
• Gerente de Assinaturas Externas
Raquel Marcos • Expedição
Coluna Agronegócios
33
Mercado Agrícola
34
Dianferson Alves • Impressão
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
Diretas
Oberon A Bayer CropScience apresentou, durante o Congresso de Entomologia, o Oberon, seu novo inseticida e acaricida para controle de mosca-branca e ácaros em tomate, feijão, algodão e melão. Segundo o gerente de desenvolvimento de inseticidas, Jedir Helder Fiorelli, o produto tem se mostrado muito eficiente. “Ele não apresenta nenhuma resistência cruzada aos inseticidas e acaricidas atualmente disponíveis no mercado, tornando a sua utilização uma ferramenta importante no manejo de resistência dessas Jedir Helder Fiorelli pragas”, garante.
Dupont Paula Marcon, do departamento de pesquisa da Dupont, em Newark (DE), USA, palestrou no Congresso Brasileiro de Entomologia sobre modo de ação e seletividade de inseticidas. Paula, que é brasileira e trabalhava na Dupont no Brasil, está há dois anos na matriz da empresa nos Estados Unidos.
A Funep promove de 12 a 14 de setembro o Simpósio Sucroalcooleiro de Jaboticabal 2006, em Jaboticabal (SP). O evento voltado para profissionais e técnicos de indústrias sucroalcooleiras, empresas agrícolas, engenheiros agrônomos, pesquisadores e demais interessados ocorre no Centro de Convenções “Dr. Ivaldo Melitto” – FCAV/Unesp. Mais informações no site: www.funep.com.br
Trabalho conjunto
Paula Marcon
Premiação O Rotary Club de Paulínia (SP) premiou a Syngenta pelos programas sociais desenvolvidos pela fábrica instalada no município. A empresa se destacou pelas iniciativas voltadas para a melhoria da qualidade de vida da comunidade local, que fortalecem a relação entre a empresa e os moradores da região. Os programas incluem atividades esportivas, projetos de prevenção ao uso de drogas, de estímulo ao voluntariado e de capacitação de adolescentes para maior inserção social.
Marilda Joana Biscaro e Olympio Jardim Jr. (à esq. )
06
Simpósio
A Cheminova e a Emater (MG) iniciaram um trabalho conjunto com os cafeicultores de Minas Gerais. A base do trabalho é a participação da Cheminova no segmento da agricultura familiar, de micro e pequenos produtores rurais, com oferta de suporte e assistência técnica. O principal objetivo é mostrar ferramentas para o controle da ferrugem do cafeeiro. Na 1ª edição do projeto participaram 2.843 produtores, com média de 103 participantes em 28 etapas do evento. Outras informações nos escritórios da Emater (MG) ou canais de distribuição Cheminova.
Entusiasmo João Carlos Jacobsen, presidente da Abrapa, mostrou-se entusiasmado e confiante com o lançamento do IAS (Instituto Algodão Social), declarando ser esse um passo importante rumo ao comércio internacional. “Com o trabalho do IAS, nosso algodão será reconhecido não apenas pela qualidade da fibra, mas pelos processos éticos e legais no que diz respeito às relações com os empregados e com a produção, do plantio João Carlos Jacobsen à extração”, avaliou.
Arroz em pauta Rodrigo Neves, da Dow AgroSciences, e Daniel Gomes, da Chemtura Company, prestigiaram o 1° Encontro Estadual do Projeto de Manejo Racional da Cultura do Arroz Irrigado (Marca) realizado na Embrapa Clima Temperado, em agosto, em Pelotas (RS). As parcerias entre as instituições públicas e privadas visam contribuir para elevar a produtividade da lavoura de arroz e racionalizar o uso de insuRodrigo Neves e Daniel Gomes mos.
Tratamento de Milho A Bayer CropScience lança o CropStar, inseticida para tratamento de sementes na cultura do milho para controle de pragas iniciais. O produto é composto por inseticida sistêmico do grupo neonicotinóide (Imidacloprido) + inseticida de contato e ingestão do grupo metilcarbamato de oxima (Tiodicarbe), o que lhe confere rápida absorção e translocamento na planta, proporcionando um maior período de proteção. CropStar é recomendado para o controle de pragas iniciais que atacam as sementes, raízes e plantas jovens.
Syngenta
Biocontrole
Pesquisadores, técnicos e gerentes da linha de fungicidas da Syngenta estiveram presentes no Congresso Brasileiro de Fitopatologia, realizado em Salvador (BA). Os resultados alcançados pelo Priori Xtra no combate às principais doenças das grandes culturas foi o destaque da empresa, que com criatividade chamou a atenção dos participantes do evento.
O uso de feromônios no manejo e controle de pragas foi um dos destaques do Congresso Brasileiro de Entomologia. Ari Gitz, Mario Menezes e Fabiana D’Agostino, da Biocontrole, esclareceram aos participantes do evento as vantagens e os desafios do uso de armadilhas no combate às pragas da Mario Menezes, Fabiana D’Agostino Robertoe Ari Pereira Gitz agricultura.
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Basf O engenheiro agrônomo Roberto Melo de Araújo assumiu como gerente de propaganda e promoção da unidade de produtos para agricultura da Basf no Brasil. Com o novo cargo, Araújo acumula temporariamente duas funções na empresa, já que comanda também, desde agosto de 2000, a gerência de segurança de produtos. Roberto Melo de Araújo
25 anos de pesquisas A Embrapa Roraima completa 25 anos de atuação em Boa Vista (RR), e os resultados desse período estão presentes nas mais de 90 tecnologias que a Embrapa desenvolveu, adaptou e validou para as condições do lavrado ou para as regiões de mata em Roraima. “Grande parte da agricultura em Roraima é viabilizada porque houve pesquisa e adaptação de conhecimentos gerados pela Embrapa”, afirma o chefegeral da Unidade, Antônio Carlos CenAntônio Carlos Centeno Cordeiro teno Cordeiro.
Nova estrutura . A área de fungicidas da Bayer CropScience passou por uma reestruturação para melhor atender à demanda das diferentes culturas. A nova formação, segmentada por culturas, tem Gilson Oliveira, como gerente de produtos fungicidas para as culturas de soja, milho, algodão e trigo, e Cristiano Figueiredo, como gerente de produtos fungicidas para as culturas de café, citros, hortifruti e feijão.
IAS O presidente do IAS, José Pupin, não escondeu a satisfação com a boa receptividade obtida pelo Instituto junto à cadeia produtiva do algodão. “Nossa missão é ajudar o agricultor no cumprimento das normas trabalhistas e de segurança do trabalho, exigidas pelos paJosé Pupin íses importadores”, ressaltou.
Reconhecimento
Secagem de sementes A Agroeste Sementes, Xanxerê (SC), produtora de híbridos de milho, implanta em sua matriz um moderno sistema de secagem de sementes através de vapor produzido por caldeiras. “O projeto consiste em um sistema de geração de vapor, pela queima de sabugo, palha e pó do milho. Esse vapor será usado tanto para aquecimento do ar para secagem de sementes nas tulhas, como para geração de energia elétrica”, explica Neimar Brusamarello, gerente de marketing Agroeste. Neimar Brusamarello
DVD Informativo A Biocontrole acabou de lançar DVD com informações sobre utilização correta de feromônios no manejo e controle de pragas. O material, com duas horas de duração, é composto por quatro palestras de pesquisadores renomados sobre identificação de feromônios, manejo de moscasdas-frutas, utilização de feromônio na agricultura e utilização de feromônios na cultura de algodão. O DVD é destinado a produtores, estudantes e pesquisadores. Informações: biocontrole@biocontrole.com.br
Gilson Oliveira
AMPA Ao comentar o lançamento do IAS, durante o Clube da Fibra, o presidente da Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão), Gilson Pinesso, ressaltou a importância de agregar ao produto a responsabilidade social.
Durante a abertura da 12ª edição do Clube da Fibra, a FMC fez uma marcante homenagem de reconhecimento pelo trabalho de Tadashi Nini, um dos mais importantes cotonicultores do Brasil.
Ato de assinatura Assinaram o termo para que o IAS ganhe caráter nacional o presidente da FMC Agricultural Products, Antonio Carlos Zem, além dos representantes do Ministério do Trabalho, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, do Ministério Público do Trabalho, Antônio Carlos Zem OIT e Instituto Ethos.
Bollgard
Segurança ambiental
A Monsanto apresentou no Congresso Brasileiro de Entomologia os benefícios de seu algodão transgênico. A tecnologia Bollgard, como é conhecida, permite o controle das pragas curuquerê, lagarta-da-maçã e lagarta rosada, sem o uso de inseticidas. Segundo a empresa, 80% do algodão nos Estados Unidos já é cultivado com essa tecnologia. No Brasil, o plantio de Bollgard está liberado desde a safra passada.
A Syngenta trouxe para o Congresso de Entomologia o especialista Alan Raybould, membro do Grupo de Estratégias Regulatórias da Syngenta, e professor-visitante da Reading University, da Inglaterra, para falar sobre segurança ambiental. Durante o evento foi destacado também o Cruiser, um dos principais inseticidas da empresa.
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
07
Milho
Desafio precoce Marco A. Lucini
O ataque de pragas no início do desenvolvimento das plantas de milho é capaz de comprometer toda a produção. Rotação de culturas e tratamento de sementes são práticas de manejo recomendadas para enfrentar o problema
08
coce uma frustração de safra. Infelizmente, muitas dessas pragas não são facilmente detectadas pelo agricultor. Por exemplo, as pragas que atacam as sementes e/ou raízes, embora possam chegar à lavoura por ocasião do plantio, geralmente já se encontram na área, tendo como alimento o próprio milho de safras anteriores ou outros cultivos e até mesmo plantas daninhas, e permanecem boa parte de seu ciclo biológico no solo, recebendo inclusive o nome comum de pragas subterrâneas. Mesmo aquelas pragas associadas às plantas recém-emergidas, devido à sua agressividade, podem iniciar o ataque e matar a planta, antes que sejam notificadas pelo agricultor.
plantio da semente, ou ocasionadas pelas pragas citadas anteriormente. Algumas delas, quando não matam a planta pela destruição da semente, ocasionam o seu enfraquecimento, causando sua morte posteriormente, por a planta não ter condições de competir com as demais da cultura ou com as daninhas. Cavando-se o solo próximo às falhas, no início da germinação, deve-se encontrar a semente e/ou a praga.
PLANTAS RECÉM-EMERGIDAS Lagarta-elasmo, Elasmopalpus lignosellus Praga importante no Brasil, especialmente na área de Cerrado. A mariposa de E. lignosellus mede cerca de 20 mm de envergadura, é de coloração escura, sendo às vezes notada na
SEMENTE E/OU RAÍZES Existem diversos insetos apontados na literatura como pragas subterrâneas que se alimentam de diferentes hospedeiros, incluindo o milho, como os cupins (diversas espécies distribuídas nos gêneros Cornitermes, Procornitermes e Syntermes), bicho-bolo ou coró (Phyllophaga, Cyclocephala, Diloboderus), larva-arame (Conoderus e outros gêneros), percevejo-castanho (Scaptocoris castanea), larvaangorá (Astylus), larva-alfinete (Diabrotica speciosa) e provavelmente outras vaquinhas. De modo geral, a identificação dessas pragas se faz inicialmente através dos sintomas de danos ou de falhas existentes na plantação. Essas falhas podem ser decorrentes da falta de
Ivan Cruz
O
milho, diferente de outras culturas, é cultivado com um número relativamente pequeno de plantas por hectare. Isso significa que a contribuição individual é significativa na composição do todo, em relação ao rendimento de grãos. Por exemplo, a perda de uma planta em um metro linear de fileira significa a perda de 20% do número recomendado de plantas para tal dimensão. Entre os fatores que podem afetar os rendimentos de grãos de milho estão os insetospraga. Dependendo da espécie e da densidade populacional do inseto e do estágio de desenvolvimento da planta, os efeitos podem ser máximo (morte da planta), ou abaixo desse máximo, de acordo com o grau de injúria. A morte da planta pode acontecer pelo ataque direto à semente, impedindo a germinação, ou pelo ataque à plântula, nas raízes e parte aérea. De maneira geral, o prejuízo é verificado num período entre 15 a 20 dias do plantio. O ataque de pragas a partir dessa época pode não levar à morte a planta. No entanto, a planta atacada reduz seu potencial produtivo, por se tornar menos competitiva, seja em relação a uma planta sem ataque, ou até mesmo em relação a plantas daninhas. Dependendo da intensidade do ataque, não é compensatório continuar a condução da lavoura, obrigando a um novo plantio. Portanto, as pragas que atacam a planta de milho no início do desenvolvimento podem provocar de maneira pre-
Pragas subterrâneas muitas vezes só são percebidas quando os danos causados já são elevados
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Charles Echer
milho. Os gêneros são facilmente separados, pois o Nezara é totalmente verde e de maior dimensão, enquanto que o Dichelops apresenta o dorso marrom. Tais insetos geralmente migram da cultura da soja para se alimentar de plântulas de milho, podendo causar redução do número de plantas por unidade de área. Quando o ataque ocorre em plantas mais desenvolvidas, e a planta não morre, é comum o aparecimento de perfilhos improdutivos. Além disso, a planta atacada apresenta um crescimento retardado. Geralmente tem-se verificado apenas a presença de adultos atacando a planta. No entanto, quando a fêmea coloca seus ovos na plântula, as formas jovens também se alimentam e danificam a planta. Plantas de milho entre 25 e 30 centímetros, quando atacadas por N. viridula, mostram graus distintos de danos, variando desde um leve murchamento das folhas centrais até a morte de planta.
plântula ou mesmo no solo. As fêmeas depositam em média de cem a 120 ovos durante o período de vida, os quais geralmente são colocados no solo, individualmente, concentrados nos 30 cm ao redor da planta, o que os torna difíceis de ser observados. A lagarta eclode em média aos três dias após a oviposição. Inicialmente, a lagarta alimenta-se das folhas, descendo em seguida para o solo, penetrando no colmo da planta logo abaixo do nível do solo, alimentando-se no seu interior. Quando o ataque ocorre em plantas recém-emergidas, às vezes não se tem tempo de perceber o ataque da praga, devido ao secamento de toda a planta e remoção desta por ação do vento. No entanto, em plantas mais desenvolvidas, é comum ser verificado o sintoma de dano conhecido como “coração morto”, ou seja, folhas centrais mortas, facilmente destacáveis, e folhas externas ainda verdes.
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Cigarrinha do milho, Dalbulus maidis Dalbulus maidis é de importância relativamente pequena pelos danos diretos ocasionados através da sucção de seiva, porém, é transmissor eficaz de doenças. A praga tem recebido muita atenção dos pesquisadores, pois a alta incidência das doenças transmitidas pode limitar a produção do milho. A fêmea coloca seus ovos alongados, incrustados na nervura principal, geralmente no interior do cartucho. Tanto as ninfas como os adultos são sugadores de seiva. No processo de alimentação em uma planta doente e, posteriormente, em uma sadia é que ocorre a transmissão da doença. Percevejo barriga verde e percevejo-verde Em algumas regiões do país, tem-se verificado a ocorrência dos percevejos Dichelops e Nezara especialmente em plantas jovens de Paulo Viana
Lagarta-rosca, Agrotis ipsilon A espécie ataca folhas, colmos e raízes de muitas espécies vegetais cultivadas, incluindo uva, algodão, fumo, soja, batata, tomate, feijão, repolho, couve-flor, morango e milho. As posturas são feitas na parte aérea da planta. A lagarta alimenta-se da haste da planta, provocando o seccionamento da mesma, que pode ser total, quando as plantas estão com a altura de até 20 cm, pois ainda são muito tenras e finas, e parcial, após esse período. As lagartas de A. ipsilon medem cerca de 40 mm, são robustas, cilíndricas, lisas e apresentam coloração variável, predominando a cor cinzaescura. A mariposa é geralmente de coloração marrom-escura, com áreas claras no primeiro par de asas coloração clara com os bordos escuros no segundo par, medindo cerca de 40
mm de envergadura.
Cigarrinha-das-pastagens, Deois flavopicta Insetos adultos de D. flavopicta é que causam os danos no milho. Normalmente ocorrem três picos populacionais de cigarrinha, que se sobrepõem de outubro a abril. O primeiro e maior ocorre, geralmente, em novembro; o segundo, em fins de janeiro e início de fevereiro, e o terceiro, em março/abril. São os ovos ovipositados em março/abril que atravessam o inverno e dão origem ao pico de novembro, que é o mais severo. Tanto nas pastagens quanto no milho, a cigarrinha prejudica as plantas por sugá-las e injetar uma toxina que bloqueia e impede a circulação da seiva. Plantas de até dez dias de idade são altamente sensíveis, e uma infestação de três a quatro cigarrinhas/ planta provoca severos danos, com os sintomas e morte da planta sendo verificados dois e quatro dias após a infestação, respectivamente. Plantas acima de 17 dias de idade toleram bem até os níveis mais altos da infestação. De maneira geral, a capacidade de recuperação das plantas sobreviventes é grande, isto é, todas as folhas que surgem depois de suspensa a infestação são normais. Dirceu Gassen
O período considerado crítico para o ataque de pragas é dos 15 a 20 dias a contar da data do plantio
Detalhe de Diabrotica speciosa: (esq.) larva-alfinete (causadora de dano subterrâneo) e inseto adulto (dir.)
09
Divulgação
Cultivar
A. Ortega/CYMMYT
Cigarrinhas: eficazes transmissoras de doenças às plantas, enquanto fazem sucção da seiva
A aração e a gradagem exercem efeitos diretos sobre insetos como corós
são letais para várias espécies de insetos. A eliminação de hospedeiros intermediários, principalmente na antessafra, é outra medida que contribui para diminuir a população de pragas subterrâneas, aliviando a pressão de infestações que ocorreriam no próximo cultivo. Medidas químicas de controle ainda têm se constituído na prática mais extensamente empregada para o controle de pragas subterrâneas. Isso se deve sem dúvida à facilidade de aplicação. De modo geral o controle baseia-se em aplicações preventivas, uma vez que o controle curativo, mesmo que possível, nem sempre leva a resultados satisfatórios, considerando-se que ao se notarem os sintomas, parte do prejuízo já está feito. Uma dessas medidas é baseada no tratamento da semente com inseticidas sistêmicos. Esse método dá proteção à semente e/ ou plântula contra a maioria das pragas subterrâneas, seja pelo efeito direto do produto em contato com a praga, causando sua morte, ou seja pelo efeito de repelência, não
Tripes, Frankliniella williansi A ocorrência de tripes na cultura do milho é relativamente comum, especialmente nas espigas, sem danos econômicos aparentes. No entanto, nos últimos anos a sua incidência logo após a emergência tem causado danos significativos, por provocar a morte da planta. Muito ainda precisa ser pesquisado em relação a esse inseto, no entanto, por afetar diretamente o número de plantas na colheita, deve ser considerado nas estratégias de manejo. Normalmente a distribuição regular de chuvas nos dias seguintes ao plantio e emergência do milho tem desfavorecido o inseto. Porém, períodos secos muitas vezes obrigam o uso de medidas de controle. Em função da escassez de informações sobre a bioecologia das pragas subterrâneas, as recomendações de controle muitas vezes são de caráter geral. Uma delas se baseia na rotação de culturas, que, de maneira geral, influencia o grau de incidência de uma ou outra espécie de pragas subterrâneas na cultura do milho, de acordo com o tipo de cultivo utilizado na rotação, com a seqüência de rotação e com o tempo que se tenha cultivado a mesma espécie vegetal antes de mudar para outra. Por exemplo, o potencial de dano de uma praga subterrânea é baixo na cultura do milho quando este é semeado após a soja, não necessitando, portanto, de medidas químicas de controle. Porém, quando o milho é semeado após milho ou após pastagem, podem-se esperar problemas maiores, especialmente em relação ao bicho-bolo, à larva-arame e a larva-alfinete. O tipo de equipamento, a época, a profundidade e a freqüência de cultivo também podem afetar a sobrevivência de certos insetos de solo. Por exemplo, a aração e a gradagem exercem efeitos diretos na sobrevivência de alguns insetos, como a morte destes por esmagamento, ou indiretos, especialmente através das altas temperaturas que são atingidas na superfície do solo removido, após o preparo para o plantio, que
10
deixando que a praga ocasione danos na fase mais crítica da cultura. O tratamento de sementes requer menos quantidade de ingrediente ativo do que as aplicações no sulco de plantio, seja através de pulverizações ou através de produtos granulados. Como conseqüência, o custo do controle é menor. Também para as pragas que atacam a planta recém-emergida pode ser utilizado o tratamento da semente. No entanto, uma vez estabelecida a cultura sem o tratamento prévio da semente, a opção será a pulverização com inseticidas de contato. Para lagarta-elasmo, lagarta-rosca e percevejos, a aplicação deve ser em alto volume, com jato dirigido da calda para a base da planta, onde se encontram as pragas. Especificamente no caso da cigarrinha D. flavopicta deve-se estar atento para as possíveis migrações do inseto das pastagens para o milho ainda jovem. C Ivan Cruz, Embrapa Milho e Sorgo
Dirceu Gassen
MEDIDAS DE CONTROLE
Para Ivan Cruz a rotação de culturas é um dos pontos-chave para reduzir a incidência de pragas no início do ciclo
Percevejos causam danos, como plantas com perfilhos improdutivos ou até morte das plântulas
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Fotos Charles Echer
Algodão
A
Ramulária controlada Estudo testa o desempenho de fungicidas contra o fungo Ramularia areola e indica o momento certo de começar a aplicação. O correto manejo passa, também, pela alternância de diferentes grupos químicos
12
elevação nos níveis de incidência e de severidade das principais doenças que afetam o algodoeiro vem acompanhando a evolução da área plantada no estado de Mato Grosso. O plantio repetitivo no decorrer dos anos de cultivares suscetíveis à doença, com uso de poucas variedades, aumenta os riscos de surtos epidêmicos, seja pelo afunilamento da base genética, e/ou pelo acúmulo de restos culturais que aumentam o inóculo inicial dos patógenos, resultando em perdas na produção. Dentre as principais doenças que incidem sobre o algodoeiro, destaca-se a mancha da Ramulária, causada pelo fungo Ramularia areola Atk. Essa doença foliar foi descrita pela primeira vez em 1890 e desde então tem sido relatada em todas as regiões produtoras de algodão do mundo. A doença é prevalecente em condições de alta umidade e, historicamente, na maioria das vezes, causou poucas perdas econômicas, devido à sua ocorrência apenas no final do ciclo da cultura. Todavia, nos plantios de algodão do Cerrado brasileiro, tem sido constatado que epidemias iniciadas previamente atingem todo o terço inferior da planta, causando desfolhamento precoce e, algumas vezes, atingindo o terço médio e superior. O desfolhamento extensivo da planta em infecções severas resulta em perdas qualitativas e quantitativas, por induzir o número de capulhos por planta, ou o seu enchimento. A dispersão do patógeno é bastante rápida, e perdas significativas podem ocorrer se intervenções de controle não forem adotadas em tempo hábil. O controle químico desponta como uma das táticas de manejo que reduzem a taxa de progresso da doença no campo. Na safra 2003/04, observou-se que alguns produtos químicos antes eficientes tornaram-se ineficientes pelo seu uso contínuo, sem a alternância com outros de diferentes grupos químicos (Chitarra et al., 2005). Baseado no exposto, propõe-se a realização de estudos em campo com cultivares de algodoeiro com os objetivos de determinar a idade limite da planta, em que o tratamento químico possa ser administrado e resulte em incrementos da produção, definir a época mais adequada para efetuar o controle químico, bem como avaliar a eficácia/eficiência de tratamentos químicos normalmente empregados no controle da ramulária, em função do nível de severidade e da alternância de aplicação de produtos químicos.
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi instalado em dezembro de 2004 no Campo Experimental da Embrapa e na Fundação Centro Oeste em Primavera do Leste(MT). Foi utilizada a variedade Delta Opal, suscetível à mancha de ramulária. O experimento foi delineado em blocos ao acaso com quatro repetições, em esquema fatorial 3x4, sendo três as épocas de aplicação, e quatro, os tipos de controle com fungicidas, além da testemunha (sem aplicação), num total de 13 tratamentos. Foram realizadas três aplicações com fungicidas para cada tratamento (exceto a testemunha), espaçadas de aproximadamente 14 dias. As aplicações foram iniciadas em três épocas diferentes em relação ao desenvolvimento da doença, conforme descrição abaixo: • 1ª Época: Quatro tratamentos, com a 1ª aplicação realizada aos 60 DAE (dias após a emergência), nas parcelas apresentando incidência da mancha de ramulária nas plantas entre as notas um e dois, conforme escala de notas apresentada na Tabela 2; • 2ª Época: Quatro tratamentos com a 1ª aplicação realizada aos 73 DAE, ou seja, 13 dias após a 1ª aplicação da primeira época; • 3ª Época: Quatro tratamentos com a 1ª aplicação realizada aos 87 DAE, ou seja, 27 dias após a 1ª aplicação da primeira época. As avaliações foram realizadas antes da primeira aplicação, aos 13, 27, 41, 55 e 69 dias após a primeira aplicação da primeira época. As avaliações foram baseadas em escala de notas, observando-se a incidência e a severidade dos sintomas nas plantas, atribuídos por parcela, conforme a Tabela 2. As aplicações foram realizadas com equipamento de pulverização costal e
Tabela 1 - Relação dos tratamentos, épocas de aplicação, nomes comuns, sequência dos produtos químicos utilizados dentro das épocas de aplicação/data da aplicação e as dosagens utilizadas no ensaio de controle de mancha de ramularia em Primavera do Leste (MT), Safra 2004/2005 Tratamentos
Época de aplicação
1
1ª
2
1ª
3
1ª
4
1ª
5
2ª
6
2ª
7
2ª
8
2ª
9
3ª
10
3ª
11
3ª
12
3ª
13
Nome Comum (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Tebuconazole+Carbendazim) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Tebuconazole+Carbendazim) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Tebuconazole+Carbendazim) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Tebuconazole+Carbendazim) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Tebuconazole+Carbendazim) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Tebuconazole+Carbendazim) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Tebuconazole+Carbendazim) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Tebuconazole+Carbendazim) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Tebuconazole+Carbendazim) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Tebuconazole+Carbendazim) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Azoxystrobin+Óleo mineral) (Tebuconazole+Carbendazim) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Trifloxystrobin+Propiconazole) (Tebuconazole+Carbendazim) testemunha
pressão constante (CO 2), com volume de calda de 120 l/ha.
RESULTADOS E DISCUSSÃO A 1ª aplicação de fungicidas foi rea-
Ramulária, com ataques cada vez mais cedo no ciclo da cultura, impede a formação de capulhos
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Sequência/data da aplicação 1ª (03/03/05) 2ª (16/03/05) 3ª (30/03/05) 1ª (03/03/05) 2ª (16/03/05) 3ª (30/03/05) 1ª (03/03/05) 2ª (16/03/05) 3ª (30/03/05) 1ª (03/03/05) 2ª (16/03/05) 3ª (30/03/05) 1ª (16/03/05) 2ª (30/03/05) 3ª (13/04/05) 1ª (16/03/05) 2ª (30/03/05) 3ª (13/04/05) 1ª (16/03/05) 2ª (30/03/05) 3ª (13/04/05) 1ª (16/03/05) 2ª (30/03/05) 3ª (13/04/05) 1ª (30/03/05) 2ª (13/04/05) 3ª (27/04/05) 1ª (30/03/05) 2ª (13/04/05) 3ª (27/04/05) 1ª (30/03/05) 2ª (13/04/05) 3ª (27/04/05) 1ª (30/03/05) 2ª (13/04/05) 3ª (27/04/05)
Dose (l ou Kg p.c./ha) (0,6) (0,2+0,3%) (0,5+0,5) (0,2+0,3%) (0,6) (0,5+0,5) (0,2-0,3%) (0,2+0,3%) (0,5+0,5) (0,6) (0,6) (0,5+0,5) (0,6) (0,2+0,3%) (0,5+0,5) (0,2+0,3%) (0,6) (0,5+0,5) (0,2-0,3%) (0,2+0,3%) (0,5+0,5) (0,6) (0,6) (0,5+0,5) (0,6/) (0,2+0,3%) (0,5+0,5) (0,2+0,3%) (0,6) (0,5+0,5) (0,2-0,3%) (0,2+0,3%) (0,5+0,5) (0,6) (0,6) (0,5+0,5)
lizada aos 60 dias após a emergência, baseada na incidência e na severidade da doença nas parcelas avaliadas, onde foi constatada a nota de 1,5 para todos os tratamentos, ou seja, o início dos primeiros sintomas da mancha de ramulária. Os demais tratamentos receberam notas, porém, não receberam aplicações com fungicidas. Na aplicação de 2ª época, realizada aos 73 dias após a emergência, as notas da severidade da mancha de ramulária nas parcelas avaliadas foram de 2,13 para todos os tratamentos. Os tratamentos que, anteriormente, receberam aplicação de 1ª época foram submetidos à segunda aplicação, e os tratamentos referentes à terceira época não receberam nenhuma aplicação. Na aplicação de 3ª época, aos 87 dias após a emergência, verificou-se uma leve variação das notas de severidade da doença, entre 2,94 a 3,0. Nessas parcelas
13
Charles Echer
observou-se que 5 a 25% da área foliar das plantas avaliadas estavam infectadas, e as plantas apresentavam sintomas da doença no terço médio. Esses valores mostram que a doença encontravase num estágio mais avançado em relação ao início das outras aplicações. Os tratamentos de 1ª época receberam sua última aplicação, e os de 2ª época, a segunda aplicação. De acordo com os dados apresentados na Tabela 6, houve diferença estatística (teste de Tukey, p<0,05) para produtividade de algodão em caroço (@/ha) entre as épocas de aplicação. As plantas das parcelas pulverizadas com fungicidas aos 60 DAE (1ª época), independente dos produtos utilizados, foram as mais produtivas, com produção média de algodão em caroço de 325 @/ha, seguidas por aquelas que tiveram
14
Produtos químicos com uso contínuo e sem alternância começam a mostrar-se ineficientes no controle
seu primeiro tratamento com fungicida aos 73 DAE (2ª época) e 87 DAE (3ª época), com produtividade média de 311 e 295 @/ha, respectivamente. A diferença em produtividade da 1ª época em relação à 3ª época foi de 30 @/ha. Esses resultados assemelham-se aos obtidos por Chitarra et al. (2005) em experimentos realizados em Campo Verde (MT). Segundo esses autores, para
não haver perda em produtividade, o controle químico da mancha de ramulária deve ser iniciado no surgimento dos primeiros sintomas da doença, ou seja, até 5% de severidade nas folhas do baixeiro do algodoeiro e sem ocorrência no terço médio das plantas. Não houve diferença significativa para produtividade de algodão em caroço (@/ha) entre os tipos de controle com fungicidas estudados. Assim, os controles aqui estudados possuem o mesmo poder de controle da doença. No entanto, quanto mais tarde se iniciar o tratamento químico, menor será a produtividade por hectare e menor será a rentabilidade. Constatou-se também que não houve ocorrência de fitotoxidez nas plantas de algodão, independentemente dos tratamentos e épocas de aplicação. Rocha et al. (2005) mostraram a eficiência da mistura de fungicidas no controle da mancha de ramulária e relataram a não ocorrência de fitotoxidez no algodão com o uso da mistura. Os maiores valores em incremento de renda por hectare foram obtidos nos tratamentos de 1ª época. Apesar de não haver diferença significativa entre os tipos de controle com fungicidas, o tratamento 2 (azoxystrobin + óleo mineral) + (trifloxystrobin + propiconazole) + (tebuconazole + carbendazim), na 1 a época de aplicação, proporcionou um incremento de R$ 559,29, ou seja, 15,47% maior em relação à testemunha. Em relação aos tratamentos de 3ª época, o tratamento 10 (azoxystrobin + óleo mineral) + (trifloxystrobin + propiconazole) + (tebuconazole + carbendazim) teve uma produtividade média de 280 @/ha, a qual foi inferior à testemunha. Isso significa que o atraso no início da pulverização traz prejuízo pela perda de produtividade e rentabilidade. Segundo Iamamoto et al. (2001), Fazzari et al. (2002), Iamamoto et al. (2002), Ragonha et al. (2002 a,b) e Souza et al. (2002 a,b), os fungicidas à base de benzimidazóis, estrobilurinas, triazóis e estano-orgânicos apresentam-se eficientes no controle da mancha de ramulária sob condições de infecção natural, assim como suas respectivas associações,
Tabela 2 - Escala de avaliação para o índice de incidência e severidade da mancha de ramulária Nota 1 2 3 4 5
Descrição Planta sem sintomas Planta com até 5% de área foliar infectada, sem incidência no terço médio Planta com 5 a 25% de área foliar infectada com incidência no terço médio Planta com 25 a 50% de área foliar infectada e incidência no terço superior Planta com área foliar infectada acima de 50%, incidência no terço superior e queda de folhas no terço inferior
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Charles Echer
folhas do baixeiro sem ocorrência no terço médio da planta. O controle deve ser feito utilizando a alternância de fungicidas pertecentes a grupos químicos diferentes, e, neste trabalho, destacouse o tratamento 2 (azoxystrobin + óleo mineral) + (trifloxystrobin + propiconazole) + (tebuconazole + carbendazim). Foram realizadas três aplicações, espaçadas aproximadamente 14 dias, sendo a 1ª aplicação com azoxystrobin + óleo mineral; a 2ª com trifloxystrobin + propiconazole; e a 3ª aplicação com tebuconazole + carbendazim. Esse tratamento proporcionou um ganho de R$ 559,29 por hectare, ou seja, de 15,47% maior em relação à testemunha. O atraso no início das aplicações pode acarretar perdas em produtividade e rentabilidade. É importante ressaltar novamente a necessidade da rotação/alternância dos grupos químicos dos fungicidas nas aplicações para o controle dessa doença. Os produtos utilizados não causaram fitotoxidez às plantas de algodão.
Tabela 3 - Média da Produtividade (@/ha) em relação à época de aplicação dos tratamentos, independentemente do tipo de tratamento, excluindo a testemunha, e a diferença média entre as épocas de aplicação. Variedade Delta Opal. Safra 2004/2005, Primavera do Leste (MT) Època de aplicação 1ª época 2ª época 3ª época
Produção 325 a 311 ab 295 b
Diferença entre época de Produção |1ª-2ª| = 14 |2ª-3ª| = 16 |1ª-3ª| = 30
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, segundo teste de Tukey (5%)
proporcionando um incremento em até 51% ou até 134 @/ha de algodão em caroço.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
CONCLUSÕES • O controle de ramulária, quando iniciado em níveis próximos à nota 2, conforme escala utilizada nos ensaios, ou seja, “até 5% de severidade sem ocorrência no terço médio da planta”, em três aplicações espaçadas de aproximadamente 14 dias, com alternância de grupos químicos dos fungicidas, propicia otimização de ganhos em produção e rentabilidade; • Sob alta pressão da doença, com aplicações iniciando-se a partir de nota 2, há perda na produtividade e rentabilidade;
• Os tipos de controle com fungicidas não diferiram entre si, mas o maior incremento em produção e rentabilidade foi proporcionado pelo tratamento 2 (azoxystrobin + óleo mineral – 1ª aplicação) + (trifloxystrobin + propiconazole – 2ª aplicação) + (tebuconazole + carbendazim – 3ª aplicação), quando iniciado em níveis próximos à nota 2, ou seja, no início dos primeiros sintomas da mancha de ramulária, com aplicações espaçadas de aproximadamente 14 dias; Nenhum dos tratamentos utilizados causou fitotoxidez às plantas tratadas. C Luiz Gonzaga Chitarra, João Luis da Silva Filho e Valdemir Lima Menezes, Embrapa Algodão Silvana Aparecida Meira, UFMT
Luiz Gonzaga Chitarra
Atualmente a cotonicultura vem apresentando grandes avanços, decorrentes da incorporação de novas tecnologias, dentre as quais destacam-se a implantação da colheita mecanizada, a maior utilização de reguladores de crescimento e o uso do sistema de plantio direto. A incorporação dessas tecnologias na propriedade vem ganhando cada vez mais adeptos, em função das grandes vantagens que proporciona, resultando no cultivo do algodoeiro em grandes áreas. No entanto, o cultivo sucessivo de algodoeiro pode acarretar uma maior incidência de doenças sobre a cultura. Dentre essas doenças, a mancha de ramulária causada por Ramularia areola é considerada uma das principais, causando perdas expressivas nas lavouras, se medidas de controle químico não forem adotadas em tempo hábil. Dentro de qualquer processo produtivo, um dos pontos mais importantes que o produtor considera é o aspecto financeiro. De maneira geral, é lógico e compreensível que o produtor pense dessa maneira, pois a sua atividade-fim visa lucro. Partindo desse ponto de vista, tornase fundamental que o agricultor saiba quanto ele vai gastar pela adoção de uma determinada prática agrícola na sua propriedade. Por não haver disponibilidade de variedades de algodoeiro resistentes à mancha de ramulária no mercado, o tratamento químico com fungicidas continua sendo uma das táticas mais simples para o controle da doença. De acordo com os dados apresentados neste trabalho, para se ter um incremento na produção e, conseqüentemente, um lucro maior, o controle químico da ramulariose deve ser iniciado quando do surgimento dos primeiros sintomas da doença, ou seja, até 5% de severidade nas
Na constatação de 5% de severidade da doença nas folhas do baixeiro, deve ser iniciado o controle
O atraso no controle da ramulária pode trazer perdas expressivas na lavoura, pela agressividade do fungo
15
Cana-de-açúcar
José Francisco Garcia
Tolerância negativa O correto manejo de herbicidas é ferramenta importante contra a seleção de espécies de capim-colchão tolerantes à aplicação de defensivos. Invasora apresenta maior incidência entre os meses de setembro a abril e é responsável por perdas de até 50% na produção de colmos industrializáveis de cana
A
tualmente, a cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma cultura agrícola cuja área de cultivo se encontra em plena expansão no Brasil, conseqüência direta do bom momento que vive o setor sucroalcooleiro. Nesse ritmo de otimismo, também se tem buscado intensamente a obtenção de lavouras com maior produtividade e que forneçam matéria-prima de boa qualidade para as usinas de açúcar e álcool. As plantas daninhas, por sua vez, encontram-se dentre os fatores bióticos que podem interferir diretamente na quantidade e na qualidade da produção das lavouras de cana-de-açúcar. Essas plantas, quando infestam as áreas agrícolas, competem com a cana-de-açúcar por água, luz e nutrientes; contribuem para o menor índice de pureza do material colhido e, por vezes, liberam compostos alelopáticos no solo que prejudicam o crescimento da cultura, apresentando efeitos negativos na produtividade dos talhões. Existem diversas espécies de plantas daninhas que são adaptadas a conviver no agroecossistema da cana-deaçúcar, principalmente devido às dife-
16
rentes modalidades de cultivo e à combinação de operações agrícolas (sistema de colheita, tipo de preparo do solo, condições edafoclimáticas, época de corte ou plantio e forma de manejo das infestantes). Dentre as plantas daninhas freqüentemente encontradas nas lavouras de cana-de-açúcar, podem ser destacadas aquelas conhecidas popular-
mente como capim-colchão (Digitaria spp.). Somente no estado de São Paulo, foram identificadas 13 espécies de capimcolchão, porém quatro delas são encontradas com maior freqüência nas lavouras de cana-de-açúcar: Digitaria horizontalis, D. ciliaris, D. bicornis e D. nuda. As diferentes espécies de capim-colchão
Tricomas agudos e esbranquiçados (A); gluma inferior ausente (gluma I - B) e gluma superior presente (gluma II - C)
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Fotos Pedro Jacob Christoffoleti
Tabela 1 - Resumo das características morfológicas que diferenciam as espécies de plantas daninhas do gênero Digitaria, adaptado de Canto-Dorow (2005) Característica Comprimento da espigueta (mm)(1) Gluma I Comprimento da gluma II (mm) Tricoma ultrapassando a espigueta Escabrosidade das nervuras da lema Tricomas nas ráquis Comprimento da lígula (mm) Distribuição geográfica no Brasil
Espécie D. ciliaris (2,2)2,5-3,2(-3,4) sim 1,6-2,1 não não não 1,5-3 Brasil
D. sanguinalis 2,5-3,2 sim 1,3-1,6 não sim não 0,5-1 Somente RS
D. nuda 2,2-2,4 não 0,9-1,2 sim não sim/não 0,6-2 Brasil exceto RS
D. horizontalis 2-2,2(-2,7) sim 0,8-1,2 não não Sim 1-2 Brasil exceto RS
(1) Os valores numéricos apresentados entre parênteses correspondem às medidas extremas observadas e os valores encontrados com maior freqüência antecedem estes.
Meses mais quentes e úmidos são favoráveis à germinação do capim-colchão
são plantas daninhas classificadas botanicamente como pertencentes à família Poaceae (Gramíneas), sendo que algumas dessas espécies são muito parecidas entre si, e as características diferenciais não se encontram de forma constante, havendo tipos intermediários, que mesmo pessoas especializadas em taxonomia têm dificuldades em classificar.
MANEJO Geralmente, espécies da família Poaceae apresentam exigências de elevada intensidade luminosa e alternância de temperatura no solo para que possam expressar todo o potencial germinativo. Essas exigências condicionam a maior germinação dessas espécies nos meses mais quentes do ano, desde que haja umidade suficiente no ambiente. Assim sendo, no agroecossistema da cana-deaçúcar, as espécies de capim-colchão ocorrem com maior intensidade em áreas cujo sistema de colheita da cultura depende da queima, durante o período chuvoso e em época de temperaturas mais altas (setembro a abril na região Centro-Sul do Brasil). O capim-colchão, coexistindo em altas infestações com a cana-de-açúcar durante os estádios iniciais de desenvolvimento, reduz o crescimento da cultura de forma significativa, refletindo em até 50% de redução de produção de colmos industrializáveis na colheita da cultura. Medidas de manejo são aplicadas nos canaviais comerciais, principalmente por meio da aplicação de herbi-
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
cidas em condições de pré-emergência ou pós-emergência inicial. A problemática do controle do capim-colchão na cultura da cana-de-açúcar está associada à pressão de seleção de espécies tolerantes dessa planta daninha, causada pelos herbicidas normalmente empregados para seu controle. Considera-se que essas populações selecionadas são constituídas por diferentes espécies de capim-colchão, notadamente D. nuda, que apresentam maiores níveis de tolerância a alguns herbicidas. As falhas no controle do capim-colchão têm sido identificadas em diversos campos de produção da cana-deaçúcar, onde os herbicidas dos grupos químicos das triazinas e uréias substituídas vinham sendo utilizados, de forma repetitiva, há vários anos. Essa aplicação repetitiva tem imposto uma pressão de seleção específica no gênero Digitaria, ou seja, as espécies do gênero Digitaria de alta suscetibilidade a esses
herbicidas, antes predominantes nas áreas da cana-de-açúcar, foram sendo substituídas pelas espécies de Digitaria de maior tolerância (Dias et al., 2003). Vale destacar que não se trata de um caso de resistência de plantas daninhas a herbicidas, mas sim da seleção de espécies tolerantes. A resistência de plantas daninhas está relacionada com a seleção de biótipos resistentes dentro de uma população inicialmente suscetível, porém sempre envolvendo a mesma espécie; portanto, é um processo intraespecífico. A tolerância de capim-colchão aos herbicidas utilizados na cultura da cana-de-açúcar está relacionada com a seleção das espécies mais tolerantes dentro da comunidade de espécies existente, portanto é um processo interespecífico. De forma geral, os herbicidas mais recomendados para o controle de Digitaria spp. na cultura da cana-de-açúcar, classificados de acordo com o mecanismo de ação em que atuam nas plantas,
A identificação correta da espécie predominante evita o emprego de produtos de baixo nível de controle
17
DIFERENCIAÇÃO DAS ESPÉCIES
Fotos Pedro Jacob Christoffoleti
A
Detalhe da pilosidade apresentada pelas sementes de Digitaria ciliaris
são: ametrina, diuron, tebuthiuron, metribuzin e diuron + hexazinone (inibidores do fotossistema II), clomazone e isoxaflutole (inibidores da síntese de carbono), flazasulfuron, imazapic e imazapyr (inibidores de ALS), pendimethalin e trifluralin (inibidores da formação de microtúbulos) e sulfentrazone (inibidor da Protox), principalmente aplicados em pré-emergência. Um dos primeiros passos para solucionar a problemática de manejo do capim-colchão em uma área de produção de cana-de-açúcar é a identificação correta das espécies predominantes nos talhões, bem como o mapeamento da distribuição dessas espécies. Para isso é necessário inicialmente o treinamento das equipes envolvidas no levantamento em nível de campo. Após a correta identificação das espécies, não são recomendadas aplicações de diuron, diuron + hexazinone, tebuthiuron e imazapic em áreas onde, sa-
identificação taxonômica das espécies do gênero Digitaria só é possível com utilização de uma lente de aumento de no mínimo 25 vezes e se realiza, principalmente, com base nas características morfológicas da espigueta (Kissmann, 1997; Dias, 2004). As espiguetas são elementos de suma importância para a diferenciação das espécies, a começar por sua forma de inserção, seguindo pelo formato, pelo desenho da gluma II e da lema estéril, bem como pela pilosidade, devendo ser observadas na fase de maturação (algumas iniciando a maturação e outras já maduras) (Canto-Dorow, 2001b). D. horizontalis, D. nuda, D. ciliaris e D. sanguinalis são muito parecidas morfologicamente e, no campo, dificilmente podem ser diferenciadas. D. ciliaris e D. sanguinalis diferenciam-se de D. horizontalis por não apresentarem pêlos de base tuberculada sobre a raque. D. ciliaris e D. sanguinalis diferenciam-se também pelo maior tamanho das espiguetas (Cavalheiro & Barreto, 1981). A espécie D. nuda, pelas dimensões das espiguetas, assemelha-se à D. horizontalis, da qual difere por não ter gluma inferior (gluma I) e apresentar lema inferior com tricomas que não ultrapassam o seu ápice (Canto-Dorow, 2001b). bidamente, a espécie dominante á D. nuda, sob pena da ocorrência de níveis insatisfatórios de controle. Caso as es-
Para o manejo, herbicidas de préemergência ou pós-emergência inicial são preferencialmente empregados
18
D. ciliaris é muito semelhante à D. sanguinalis, pelo hábito e pela inflorescência. D. sanguinalis diferencia-se principalmente por apresentar lema inferior com as nervuras laterais fortemente escabras em toda a extensão, além de lígula mais curta, com 0,8-1 mm de comprimento, bem como gluma superior que alcança até a metade do comprimento do lema inferior. Webster (1987) cita que D. ciliaris e D. sanguinalis apresentam também distribuição geográfica distinta, a primeira ocorrendo em regiões tropicais de todo o mundo, a segunda restrita às regiões temperadas. No Brasil, D. sanguinalis é mais freqüente na região Sul, sendo pouco comum em São Paulo, onde D. ciliaris é freqüente. A espécie D. bicornis assemelha-se às demais Digitarias, contudo possui porte maior. Na parte inferior dos racemos encontra-se um par de espiguetas homomorfas, com lemas glabras de nervuras eqüidistantes. As demais espiguetas ocorrem sempre em pares heteromorfos, sendo uma espigueta subséssil, e a outra espigueta, pedicelada. Na Tabela 1, é apresentado um resumo das características das espécies de capimcolchão utilizadas para a identificação, adaptado de Canto-Dorow (2005). pécies dominantes sejam D. bicornis, D. ciliaris ou D. horizontalis, não se tem relatos de falhas ou de dificuldade de controle com qualquer dos produtos registrados para a cultura da cana-de-açúcar que tenham recomendação para essas plantas daninhas. Assim sendo, a compreensão da dinâmica populacional de espécies de plantas daninhas do gênero Digitaria (capim-colchão) e dos mecanismos de tolerância dessas espécies a alguns grupos de herbicidas auxilia nas recomendações de manejo, evitando ou retardando o aparecimento do fenômeno da seleção das espécies tolerantes. Ainda, a identificação das espécies ocorrentes nas áreas produtoras de cana-de-açúcar é uma ferramenta que proporciona a correta escolha do herbicida em função da espécie infestante, o que aumenta as C chances de sucesso de controle. Pedro Jacob Christoffoleti, Ana Carolina Ribeiro Dias e Saul Jorge Pinto de Carvalho, Esalq/USP
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Dirceu Gassen
Capa
Eficientes contra a ferrugem Rede de pesquisadores testa os diferentes fungicidas existentes no mercado contra a ferrugem asiática e mostra o desempenho dos defensivos frente aos diversos níveis de severidade da doença
U
ma das principais preocupações do produtor, com relação à sanidade da cultura da soja, é a ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Apesar de materiais com algum nível de resistência começarem a chamar a atenção dos melhoristas, a solução definitiva, por meio do uso de cultivares resistentes, ainda está longe de ser alcançada. A resistência completa, que é o método de controle mais econômico para o produtor, tem se mostrado muito instável, devido à grande variabilidade do fungo. Mesmo utilizando cultivares com algum nível de resistência, o produtor ainda necessita usar fungicidas para manejar a doença. Conhecer os produtos tem se mostrado fundamental para o controle eficiente da doença, sem inviabilizar econo-
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
micamente a cultura. Com a finalidade de ajudar o produtor e a assistência técnica nessa escolha, surgiu, em 2003, durante a XXV Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, em Uberaba (MG), a idéia de se formar uma rede de pesquisadores que realizem ensaios para controle das doenças da soja, utilizando os diferentes produtos disponíveis no mercado. A partir da formação da Rede de Ensaios para Controle das Doenças na Cultura da Soja, têm sido realizados ensaios com todos os produtos registrados para as diferentes doenças que incidem na cultura e necessitam de controle químico, em diferentes regiões do país, o que aumentou a chance de obter ensaios com pressão de doença suficiente para discriminar diferen-
ças entre produtos. O objetivo desses ensaios é comparar produtos aplicados em uma mesma situação. Na safra 2003/04, foram realizados ensaios para o controle do oídio, das doenças de final de ciclo e da ferrugem, e, na safra 2004/05, foi incluída a mela. Os produtos avaliados foram agrupados por testes estatísticos (Resultados, 2005; Ensaios, 2005). Na safra 2005/06, foram avaliados os fungicidas ciproconazole 30 g i.a./ha (Alto 100® - 0,3 l/ha), prothioconazole 75 g i.a./ ha (Proline® - 0,3 l/ha), epoxiconazole 50 g i.a./ha (Virtue® - 0,4 l/ha), ciproconazole 24 g i.a./ha + propiconazole 75 g i.a./ha (Artea® - 0,3 l/ha) e os padrões tebuconazole 100 g i.a./ha (Folicur® - 0,5 l/ha) e trifloxystrobin 56,2 g i.a./ha + ciproconazole 24 g i.a./ha (Sphere® - 0,3 l/ha), para
19
Dirceu Gassen
comparação com os resultados das safras 2003/04 e 2004/05. O produto prothioconazole não tinha registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) até a data da Reunião de Soja, em Uberaba (MG) em agosto de 2006. Nessa safra, foram realizados 20 ensaios nas diferentes regiões produtoras (Tabela 1). O delineamento experimental e as avaliações foram padronizados para sumarização conjunta dos ensaios, realizada de acordo com as normas para avaliação e recomendação de fungicidas para a cultura da soja (Reunião, 2004). Foram realizadas aplicações nos estádios R2 (florescimento pleno) e R5.1 (início da formação de grãos), com pequenas variações entre os ensaios. Para sumarização conjunta dos ensaios, foram utilizadas as avaliações da severidade (porcentagem de área foliar lesionada) próxima ao estádio fenológico R6 (vagens com 100% de granação) e da produtividade. Variáveis como outras doenças que incidiram nos ensaios, desfolha e peso de cem sementes também foram avaliadas nos diferentes locais. Dos 20 ensaios, em nove as aplicações dos fungicidas foram realizadas no estádio fenológico R2 sem sintomas aparentes de ferrugem, e em 11, com sintomas. Embora em nove ensaios não houvesse sintomas
20
Ensaios evidenciam que a ferrugem se mantém constante em todas as regiões, embora sua agressividade tenha variado
no momento da aplicação, não se pode afirmar que essas aplicações foram preventivas, uma vez que o fungo apresenta perío-
do de latência (intervalo de tempo entre a inoculação e o aparecimento de 50% das lesões esporulantes) de nove dias, em condições ótimas de temperatura, podendo chegar a até 29 dias (Alves et al., 2006). Em três dos nove ensaios aplicados sem sintomas, não foram observadas diferenças estatísticas na produtividade (Maracajú, MS; Passo Fundo, RS, e Luís Eduardo Magalhães, BA), quando comparados com a testemunha sem controle, uma vez que a incidência da ferrugem ocorreu tardiamente. Em dois ensaios, não foi observada incidência da ferrugem (Riachão, MA, e Tupirama, TO). Esses ensaios foram desconsiderados na análise conjunta, por representarem baixa pressão de doença. A redução de produtividade, nos demais ensaios, variou de 17% a 79%, quando comparado o melhor tratamento com a testemunha sem controle (Tabela 1). A análise conjunta dos resultados dos ensaios foi realizada utilizando os testes estatísticos Tukey (quando não ocorreu ambigüidade nos resultados) e Scott-Knott, a 5% de significância. Para sumarização dos ensaios, foram realizadas análise conjunta dos quatro ensaios aplicados sem sintomas, análise conjunta dos 11 ensaios aplicados com sintomas e análise conjunta dos 15 ensaios (independente da incidência no momento da primeira aplicação). Nos ensaios onde foi realizada a aplicação sem sintomas aparentes em R2 (locais 5, 9, 10 e 15), foi observada a formação de quatro grupos (Figura 1), sendo todos os produtos superiores à
Tabela 1 - Instituições, locais, incidência de ferrugem na aplicação e redução de produtividade nos ensaios para controle de ferrugem da soja. Safra 2005/06 Instituição Embrapa Soja Fundação MT Fundação MS Fapa Coodetec IAC Epamig Fundação BA CTPA CTPA CTPA IB IB Embrapa Trigo Tagro UTFPR Embrapa Soja Unesp Embrapa Soja Embrapa Soja
Local Londrina (PR) Campo Verde (MT) Maracajú (MS) Guarapuava (PR) Cascavel (PR) Capão Bonita (SP) Uberaba (MG) LEM (BA) Goiânia (GO) Goiânia (GO) Senador Canedo (GO) Paulínia (SP) Paulínia (SP) Passo Fundo (RS) Londrina (PR) Pato Branco (PR) Chapadão do Sul (MS) Ipameri (GO) Riachão (MA) Tupirama (TO)
Aplicação sem (O) e com sintomas (1) 1 1 0 1 0 1 1 0 0 0 1 1 1 0 0 1 1 1 0 0
Redução de produtividade (%)** 75 60 6* 19 39 41 60 13* 47 42 54 40 79 10* 17 23 71 76 sem ferrugem sem ferrugem
* diferença não significativa entre a produtividade dos diferentes tratamentos no ensaio. ** comparação entre a testemunha sem controle e o melhor tratamento.
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Tabela 2 - Fungicidas registrados para o controle da ferrugem da soja (Phakopsora pachyrhizi). XXVIII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil. Uberaba (MG). 2006. Nome Comum azoxystrobin azoxystrobin + ciproconazole ciproconazole + propiconazole difenoconazole epoxiconazole fluquinconazole flutriafol myclobutanil pyraclostrobin + epoxiconazole tebuconazole tebuconazole tebuconazole tebuconazole tebuconazole tetraconazole tetraconazole tiofanato metílico + flutriafol tiofanato metílico + flutriafol trifloxystrobin + ciproconazole trifloxystrobin + propiconazole trifloxystrobin + tebuconazole
Nome comercial Priori4 Priori Xtra4 Artea Score 250 CE Virtue7 Palisade5 Impact 125 SC Systhane 250 Opera Constant 200 CE Elite 200 CE Folicur 200 CE Orius 250 CE Tríade 200 CE Domark 100 CE Eminent 125 EW Celeiro Impact duo Sphere5 Stratego5 Nativo6
g de i.a. 50 60 + 24 24 + 75 50 50 62,5 62,5 100 - 125 66,5 + 25 100 100 100 100 100 50 50 300 + 60 300 + 60 56,2 +24 50 + 50 50+100 1
Dose/ha l ou kg de p.c.2 0,20 0,30 0,30 0,20 0,40 0,25 0,50 0,40 – 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,40 0,50 0,50 0,40 0,60 0,60 0,30 0,40 0,50
Agrupamento3 * *** *** * ** * *** ** *** *** *** *** *** *** ** ** *** *** *** * ***
A empresa detentora é responsável pelas informações de eficiência para registro dos produtos. 1 g i.a. = gramas de ingrediente ativo 2 l ou kg de p.c.= litros ou quilogramas de produto comercial 3 Agrupamento realizado com base nos ensaios em rede para doenças da soja, safras 2003/04 e 2004/05. 4 adicionar Nimbus 0,5% v./v. aplicação via pulverizador tratorizado ou 0,5 L/ha via aérea 5 adicionar 250 mL/ha de óleo mineral ou vegetal 6 adicionar óleo metilado de soja 0,5% v./v. (Lanzar) 7 antiga marca comercial Opus
22
nazole (T4) e ciproconazole + propiconazole (T7), em um segundo grupo, e o fungicida epoxiconazole (T6), em um terceiro grupo (Figura 3), semelhante ao agrupamento da análise dos ensaios aplicados com sintomas. A eficiência de controle da ferrugem nos ensaios realizados nessa safra foi inferior à dos ensaios realizados nas safras Flávio R. Gassen
testemunha sem controle. O melhor tratamento foi com o produto prothioconazole (T5), seguido dos padrões tebuconazole (T2) e trifloxystrobin + ciproconazole (T3). Os produtos ciproconazole (T4), epoxiconazole (T6) e ciproconazole + propiconazole (T7) ficaram em um mesmo agrupamento pelo teste de Scott-Knott, a 5% de significância. Quando foi realizada a análise, utilizando somente os ensaios nos locais onde a aplicação foi realizada com sintomas em R2 (locais 1, 2, 4, 6, 7, 11, 12, 13, 16, 17, 18), o tratamento com o produto prothioconazole (T5) foi estatisticamente semelhante aos padrões tebuconazole (T2) e trifloxystrobin + ciproconazole (T3). Os tratamentos com os produtos ciproconazole (T4) e ciproconazole + propiconazole (T7) foram semelhantes e superiores ao tratamento com epoxiconazole (T6). Todos os tratamentos foram superiores à testemunha sem controle (Figura 2). Na análise conjunta dos 15 ensaios (independente da aplicação ter sido realizada com ou sem sintomas), todos os tratamentos foram estatisticamente superiores à testemunha sem controle. Entre os produtos, foi observada a formação de três grupos, de acordo com a severidade, sendo os fungicidas utilizados como padrões (T2 e T3) e prothioconazole (T5) classificados em um primeiro grupo, os fungicidas ciproco-
2003/04 e 2004/05, em função da maior favorabilidade para o desenvolvimento da doença. Na maioria dos ensaios foram realizadas somente duas aplicações, conforme previsto no protocolo inicial. No entanto, para um controle eficiente, alguns ensaios necessitariam aplicações adicionais. Essa maior favorabilidade para a ocorrência da ferrugem e a necessidade de aplicações adicionais para um controle eficiente podem ser observadas na severidade média da ferrugem dos melhores tratamentos em R6 (13% a 15%) (Figura 3). Nas safras 2003/04 e 2004/05, a severidade média dos tratamentos padrões, no estádio R6, foi ao redor de 5%. A avaliação de severidade, na safra 2005/06, apresentou alta correlação com produtividade, e somente o tratamento com o fungicida prothioconazole mudou de agrupamento, considerando-se essa variável (Figura 4). A inclusão de produtos na tabela da publicação “Tecnologias de Produção de Soja” é realizada todo ano, durante a Reunião de Soja, e deve ser solicitada pela empresa detentora do registro e atender a normas específicas. Os resultados obtidos na safra 2005/06 não devem alterar a tabela disponível na publicação (Tabela 2). O único produto adicionado na tabela foi a mistura de trifloxystrobin + tebuconazole, avaliado na safra 2004/05. Os produtos avaliados nessa safra e que não constavam na tabela não solicitaram inclusão durante a Reunião de Soja (ciproconazole), ou não apresentaram registro até a data dessa reunião (prothioconazole). Atualmente encontram-se registrados 30 produtos para controle da ferrugem asiática, e a
Aplicação dos fungicidas deve ser feita preventivamente ou aos primeiros sintomas evidenciados
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Dirceu Gassen
lista completa pode ser obtida no site do Mapa pelo Agrofit (http://www.agricultura.gov.br/), ou nas páginas do sistema de alerta da Embrapa Soja (http://www.cnpso.embrapa.br/alerta/). Embora os produtos encontrem-se agrupados por eficiência, através da análise conjunta dos resultados, em diferentes locais, é importante salientar que os mesmos podem ter eficiência semelhante no campo, sob baixa pressão da doença. Essa diferença na eficiência dos produtos é mais fácil de ser observada em situações onde a doença é mais agressiva. A aplicação do fungicida deve ser feita após os sintomas iniciais da doença na lavoura, ou na região; ou preventivamente. A principal utilidade dos resultados da Rede de Ensaios é auxiliar o produtor e a assistência técnica na escolha do produto de acordo com a situação da doença na região. A incidência da ferrugem tem se mostrado constante nas diferentes regiões, mas sua agressividade tem variado de local para local, principalmente em função das condições climáticas e da sobrevivência do fungo na entressafra. Para a próxima safra, os ensaios serão realizados novamente com todos os produtos re-
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Atualmente, 30 produtos já estão registrados para o controle do fungo causador da ferrugem
gistrados, para corrigir distorções causadas pela diferente pressão da doença nas safras. Os resultados apresentados neste trabalho só foram possíveis graças ao trabalho conjunto das diversas instituições de pesquisa que constam como C autoras do trabalho.
Claudia V. Godoy, Paulino M. Andrade, Maurício C. Meyer e Ivani O. N. Lopes, Embrapa Soja João Leodato N. Maciel e Leila M. Costamilan, Embrapa Trigo Fabiano V. Siqueri, Fundação Mato Grosso Heraldo R. Feksa, Fapa Cristiano S. Mendes, Coodetec Margarida Fumiko Ito, Jairo Lopes de Castro, Marcio Akira Ito e Edison Ulisses Ramos Junior, IAC Dulandula S. Miguel-Wruck, Epamig Mônica C. Martins, Fundação Bahia Newton S. Andrade e Nailton S. Almeida, Ag. Est. de Def. Agropecuária da Bahia José Nunes Junior e Cláudia B. Pimenta, Agenciarural/CTPA Silvania H. Furlan, Instituto Biológico Carlos M. Utiamada, Luiz N. Sato e Luiza H. Klingelfuss-Baptista Tagro Idalmir dos Santos, UTFPR Marcos Iamamoto, MCI Edson P. Borges, Fundação Chapadão Gerliane L. Maia e Marcelo E. P. Rodacki, Fapeagro
23
Soja
Onde enxugar Diante das perdas acumuladas por produtores de soja ao longo das últimas safras, especialistas apontam alternativas para reduzir custos, sem abandonar o emprego da tecnologia disponível para a cultura
O
s produtores de soja lucraram muito no início dos anos 2000, principalmente na safra 2002/ 03. Dessa forma, foram feitos investimentos, compra e abertura de novas áreas, aquisição de novas máquinas e equipamentos agrícolas. No entanto, alguns fatores contribuíram para frustrar as expectativas dos produtores nas safras seguintes, dentre eles: a) problemas climáticos, causando pesadas perdas em dois anos consecutivos; b) aumento da ocorrência da ferrugem asiática, ocasionando perdas de produtividade e aumento do custo de produção, devido às inúmeras pulverizações com fungicidas; c) dificuldade de obtenção de crédito, principalmente após a safra 2003/04, quando o orçamento ficou comprometido pela má performance da safra; d) valorização da moeda nacional frente ao dólar americano, tornando nosso produto menos competitivo e diminuindo a renda do produtor; e) custos de produção realizados com moeda nacional desvalorizada e venda do produto com moeda valorizada. Na verdade, o agronegócio como um todo perdeu, de 2004 para 2005, R$ 26,26 bilhões, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Desse total, o agronegócio agrícola encolheu R$ 24 bilhões. Somente a soja, que participa aproximadamente com 15% do total, perdeu cerca de R$ 3,6 bilhões de 2004 para 2005. As perdas não param por aí! Entre as safras 2004/05 e 2005/06 houve nova queda, principalmente focada na soja. Embora ainda não esteja calculada com exatidão, somente devido à ocorrência da ferrugem asiática, estima-se perda acima de R$ 1,5 bilhões, sem estender a perda por toda a cadeia produtiva. O produtor rural, quando semeou soja na safra passada, esperava pelo menos duas coisas: • o preço do produto em torno de R$ 30 por saca de 60 kg e uma produtividade em torno de 50 sacas por hectare. Com essas duas variáveis, poderia obter margem bruta (receita total – custo variável) de R$ 392,50 por hectare ou lucro líquido (receita total – custo total) de R$ 165,6 por hectare, baseandose no custo médio do Mato Grosso. No entanto, o preço caiu, em plena época de comercialização, abaixo dos R$ 20 por saca, e a produtividade ficou em torno de 47 sacas por hectare. Qual foi o prejuízo? Para ficar mais clara a questão, apresenta-se o Quadro 1 que indica os principais custos envolvidos na produção e qual foi a perda em sacas e em R$ por hectare. O preço de venda da soja foi considerado como sendo de R$ 20/saca. Essa perda foi semelhante em muitas pro-
Dirceu Gassen
26
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Dirceu Gassen
priedades, principalmente no Centro-Oeste.
O QUE PODE SER FEITO NA SAFRA 2006/07?
Aplicações de herbicidas + fungicidas podem representar cerca de 23% do custo total de produção de uma lavoura de soja
cado com ágio; 4) herbicida – representa quase 10% do custo. Nesse caso deve-se comparar os custos de uma cultivar transgênica, dependendo do nível de infestação de plantas daninhas na região, considerando o valor da taxa tecnológica envolvida na compra de semente ou na venda do produto; 5) inseticida – não representa um item importante no total dos custos de produção; 6) fungicida – pode chegar a 13% do custo total ou mais, caso haja necessidade de várias aplicações contra a ferrugem asiática. O custo apresentado inclui três aplicações de fungicidas contra ferrugem. Nesse caso, um bom monitoramento da lavoura, a eliminação de produção de semente sob pivô central e rotação de cultura podem diminuir a necessidade de aplicações e o custo do item; 7) juros – apesar de não representar um custo excessivamente alto, os juros podem aumentar a parcela do custo quando o empréstimo se origina do setor privado. No caso da soja, essa última opção tem sido a mais
Flávio R. Gassen
Sob o ponto de vista macroeconômico (taxa de câmbio, taxa de juros, tributação, infra-estrutura e preço internacional), houve grande mobilização dos produtores, mas nem todos os problemas foram ou serão resolvidos a curto prazo. Em relação ao preço do produto, nada se pode fazer. No entanto, sob o ponto de vista tecnológico, o agricultor pode modificar muita coisa! A tecnologia para produção de soja existe e está disponível ao produtor. Levando em conta que o custo de produção para a safra 2006/07 será praticamente igual ao da safra anterior (na verdade deverá ser menor), podem-se realizar algumas análises sobre a possibilidade de se obter lucro no empreendimento, diminuindose os custos. 1) máquinas e equipamentos – representam juntos 28% dos custos. Se a opção for uma cultivar transgênica haverá alguma diminuição nesse item. Dessa forma, há necessidade de manter a frota de veículos em perfeitas condições de funcionamento, para que não ocorra excesso de gasto, principalmente de combustíveis, que representam cerca de 27% daqueles custos; 2) fertilizantes e calcário – é o item mais oneroso, chegando a praticamente 23% do custo total; 3) semente - representa cerca de 7% do custo, não sendo item preocupante no total do custo, a não ser no caso de cultivar cuja oferta seja escassa e esteja operando no mer-
utilizada; 8) outros custos e mão-de-obra não constituem grandes despesas. Porém é importante mencionar que nesse caso não foi considerado o aluguel da terra, que pode variar entre 8,5% a 10% do custo total. Portanto é possível atingir a meta de produtividade de 50 sacas por hectare com diminuição de custos de produção. No entanto, isso depende de gestão do negócio agrícola mais acurada e acompanhamento periódico da assistência técnica. Os quadros seguintes mostram diferentes probabilidades de mudanças de tecnologia e possíveis resultados econômicos. No Quadro 2 são analisadas as possibilidades de mudança na quantidade de insumos, mantendo constantes o preço da soja e a produtividade. A primeira coluna, “real” representa o custo conforme consta no Quadro 1. A coluna “potencial” é a única com produtividade diferenciada, representando um valor de produtividade potencial, que torna a margem bruta positiva, apesar de o preço de venda continuar sendo de R$ 20/ saca. A partir da coluna A mantêm-se preço e produtividade, e modifica-se a quantidade de insumos. Na própria coluna A diminuise em 25% a quantidade dos fertilizantes, tendo como conseqüência uma queda de R$ 82/ ha no custo variável, o que transforma a marQuadro 1 - Custo médio de soja estimado para a safra 2005/2006 no Mato Grosso
A avaliação do potencial da propriedade e o gerenciamento de custos, principalmente através de um bom monitoramento, garantem bons resultados econômicos
Máquinas e equipamentos Fertilizante e calcário Semente Herbicida Inseticida Fungicida Juros Mão-de-obra Outros Total Custo em sacas de soja Perda por hectare em sacas
Custo/ha R$ 362,60 296,21 92,90 124,01 33,81 169,51 71,41 50,84 92,02 1.293,30 64,66 17,66
Percentual 28,04% 22,90% 7,18% 9,59% 2,61% 13,11% 5,52% 3,93% 7,11% 100,00% R$ 353,30
Fonte: elaborado pelos autores
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
27
Quadro 2 - Resultados econômicos resultantes de mudança no emprego de insumos Preço da soja Produtividade obtida Valor dos fertilizantes Valor dos defensivos Outros insumos Custo da M.O. Valor das máquinas Preço da soja (R$/saca) Produtividade (kg/ha) Receita total (R$/ha) Custo variável (R$/ha) Custo fixo (R$/ha) Custo total (R$/ha) Margem bruta (R$/ha) Renda líquida (R$/ha)
Real 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Real 20,00 3.000 1.000,0 1.078,5 230,8 1.309,4 (78,54) (309,4)
Potencial 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Potencial 20,0 3.900 1.300,0 1.119,2 230,8 1.350,1 180,75 (50,1)
A 0,0 0,0 (25,0) 0,0 0,0 0,0 0,0 A 20,0 3.000 1.000,0 996,0 230,8 1.226,9 3,98 (226,9)
B 0,0 0,0 (20,0) (10,0) 0,0 0,0 (5,0) B 20,0 3.000 1.000,0 971,0 221,5 1.192,4 29,02 (192,4)
C 0,0 0,0 (15,0) (20,0) 0,0 0,0 (10,0) C 20,0 3.000 1.000,0 945,9 212,1 1.158,0 54,06 (158,0)
D 0,0 0,0 (20,0) (20,0) 0,0 0,0 (10,0) D 20,0 3.000 1.000,0 929,4 212,1 1.141,5 70,56 (141,5)
essa decisão pode causar aumento de custo unitário, caso haja significativa queda de produtividade. O maior problema na decisão de semear soja ou não, na próxima safra, é a existência de infra-estrutura para essa finalidade. Deixar a terra em pousio pode significar perda maior que o cultivo. Mudar para culturas alternativas não é simples, principalmente levando-se em conta o mercado. A grande vantagem da soja é sua imediata liquidez. Além disso, algumas alternativas necessitam investimentos adicionais, como o algodão. Em resumo, a próxima safra não deverá proporcionar lucros para pagamento das dívidas anteriores, e muitos produtores sequer deverão obter lucros líquidos. A cobertura dos custos diretos já representará um grande avanço! As perspectivas de mercado não são animadoras. Diante de estoques mundiais acima de 50 milhões de toneladas, projeção da safra americana acima dos 82 milhões de toneladas e safra argentina acima de 40 milhões de toneladas, mesmo com diminuição da safra brasileira, os preços não deverão apresentar reação positiva significativa. De qualquer maneira, o mercado é bastante dinâmico, e não se deve esquecer que a demanda de soja é derivada da demanda de alimentos, principalmente de carne de aves e suínos. Desempenho positivo das economias dos países em desenvolvimenC to pode provocar reação de preços.
Fonte: elaborado pelos autores
Quadro 3 - Resultados econômicos resultantes de mudança no preço de venda da soja e na produtividade, mantendo a tecnologia constante Preço da soja Produtividade obtida Valor dos fertilizantes Valor dos defensivos Outros insumos Custo da M.O. Valor das máquinas Preço da soja (R$/saca) Produtividade (kg/ha) Receita total (R$/ha) Custo variável (R$/ha) Custo fixo (R$/ha) Custo total (R$/ha) Margem bruta (R$/ha) Renda líquida (R$/ha)
Real 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Real 20,00 3.000 1.000,0 1.078,5 230,8 1.309,4 (78,54) (309,4)
Potencial 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Potencial 20,0 3.900 1.300,0 1.119,2 230,8 1.350,1 180,75 (50,1)
A 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 A 22,0 3.000 1.100,0 1.085,2 230,8 1.316,0 14,82 (216,0)
B 20,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 B 24,0 3.300 1.320,0 1.106,7 230,8 1.337,6 213,28 (17,6)
C 30,0 15,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 C 26,0 3.450 1.495,0 1.121,8 230,8 1.352,6 373,2 142,4
D 40,0 20,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 D 28,0 3.600 1.680,0 1.137,6 230,8 1.368,4 542,45 311,6
Antonio Carlos Roessing e Joelsio José Lazzarotto, Embrapa Soja
gem bruta negativa de R$ 78,54/ha para positiva em R$ 3,98/ha. Na coluna B, além da diminuição no fertilizante, considera-se uma aplicação a menos de fungicida para ferrugem da soja, resultando em aumento da margem bruta por unidade de área. Na coluna C, considera-se redução de 15% nos fertilizantes, apenas duas aplicações de fungicidas e utilização de cultivar transgênica, resistente ao glifosate. Por fim, na coluna D considera-se a mesma tecnologia da coluna anterior, com 20% de redução nos fertilizantes. É importante notar que em nenhum dos casos, sem mudança do preço de venda da soja, a receita líquida foi positiva. Pode-se concluir que para a safra 2006/07, caso permaneça esse preço de venda e a atual taxa de câmbio, dificilmente a receita irá cobrir os custos totais. No Quadro 3 são analisadas as possibilidades de mudança no preço da soja e na produtividade, considerando a utilização de insumos constante conforme a estimativa de custo presente na coluna “Real”. O cus-
28
to, neste caso, é referente à utilização de soja não transgênica. Pode-se notar que a partir de R$ 22/saca a margem bruta já se apresenta positiva. Com a saca valendo R$ 24, e uma produtividade de 3,3 mil kg/ha (coluna B), há um aumento da margem bruta, mas a renda líquida continua negativa. No caso do custo e da produtividade considerados na coluna B, o break even point(ponto morto de vendas) acontece ao preço de R$ 24,30/saca. A partir da coluna C os resultados passam a ser positivos, porém as produtividades consideradas não são simples de ser atingidas.
Rafael M. Soares
Fonte: elaborado pelos autores
CONCLUSÃO Cada produtor deve analisar o histórico da sua propriedade, verificar a possibilidade de atingir boas produtividades baixando o custo unitário de produção, incluir no custo a disponibilidade da logística de transporte e, acima de tudo, não abandonar o emprego da tecnologia disponível na tentativa de baixar o custo, pois
A ferrugem asiática é o principal fator que contribui para elevar custos no item fungicidas
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Empresas
Meio século de Brasil N
o ano em que completa meio sé culo de atividades no Brasil, a Ajinomoto comemora a expansão da empresa e aposta no crescimento do mercado de fertilizantes foliares, com metas agressivas de posicionamento no mercado até 2010. Instalada em São Paulo, desde 1956, a Ajinomoto conta atualmente com cinco fábricas e quatro unidades industriais, sendo duas fábricas na unidade de Limeira, e as demais em Laranjal Paulista, Valparaíso e Pederneiras. A matriz administrativa se encontra na capital paulista. A empresa atua no Brasil com produtos para indústria - fornecimento de matéria-prima – como realçadores de sabor (glutamato monossódico), aminoácidos para nutrição animal (lisina e treonina) e aminoácidos para fins farmacêuticos, alimentos funcionais e cosméticos. Além de atuar também com uma linha de produtos para o consumidor do varejo, como linhas variadas de temperos, sopas instantâneas e refrescos em pó, a empresa investe também no mercado de fertilizantes foliares. Para atender à demanda crescente por esse produto, a Ajinomoto criou uma Divisão de Agronegócios. A nova estrutura conta com o diretor, Hideya Onozuka, e o gerente comercial, Roberto Mukai, além de mais cinco engenheiros agrônomos e outros profissionais envolvidos no processo produtivo, na logística e administração da unidade de agronegócios. A unidade industrial de Limeira (SP) é responsável pela produção dos fertilizantes foliares, junto com a unidade industrial de Laranjal Paulista (SP), produtoras das linhas de fertilizantes foliares Ajifol, Amino-Plus e Ajipower, além
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
da já conhecida linha de Ajifer, fertilizante líquido para aplicação via solo, produzido em todas as unidades fabris da empresa. Inicialmente voltada para a cultura da soja, a Ajinomoto expande as pesquisas em campo com seus fertilizantes foliares para os mercados de milho, algodão, café, frutas, olerícolas e flores. Baseada na estratégia de diversificação e focada na qualidade dos produtos, a empresa investe em pesquisas de campo, através de experimentos instalados nas diversas regiões do Brasil, em parceria com diferentes institutos e universidades. Para Hideya Onozuka, alguns fatores ainda entravam o crescimento do setor. O primeiro se deve à falta de preocupação de determinadas empresas com a qualidade de seus produtos. “Acabam por ‘queimar’ o mercado”, avalia. Os cortes nos insumos em períodos de crise e a relação direta entre o uso do defensivo e o grau de tecnificação dos produtores vêm em seguida. “O mercado de hoje para os fertilizantes foliares está concentrado basicamente em agricultores tecnificados”, destaca. Segundo a engenheira agrônoma Fabia-
Hideya Onozuka lembra que o mercado de fertilizantes foliares está concentrado basicamente em agricultores tecnificados
na Franco, o diferencial dos fertilizantes da Ajinomoto é que contêm, em suas formulações, diferentes aminoácidos, o que traz benefícios como o aumento da velocidade e eficiência da absorção do nutriente pela planta. A matéria-prima básica usada pela empresa vem dos processos de fermentação para a obtenção do ácido glutâmico. Para isso, são utilizados derivados da cana-de-açúcar, como melaço, xarope e açúcar, que são adquiridos através de sistema de parceria entre a Ajinomoto e usinas da região. Atualmente, a demanda de cana-de-açúcar para esses processos de fermentação gira em torno de 40 mil ha/ano para cada uma das unidades produtoras da fábrica. Todos os fertilizantes foliares da Ajinomoto são avaliados e aprovados por institutos como Fundação Chapadão, do Mato Grosso do Sul, Fundação MT, do Mato Grosso, Fundação ABC, do Paraná, e Esalq/USP, em Piracicaba (SP). A empresa possui, também, o certificado de qualidade ISO 9001 e de meio ambiente ISO 14001, além do OHSAS 18001, de saúde e segurança no trabalho, e do SA 8000, de responsabilidade social. Apesar do período desfavorável que a agricultura enfrenta atualmente, a empresa, que atua desde 2000 no mercado de fertilizantes foliares, continua a investir forte em ações e produtos voltados para o setor. A Ajinomoto está criando uma equipe comercial, composta por representantes comerciais espalhados por todo o Brasil. Atualmente, as regiões Sul e Centro-Oeste, com grãos, e a Nordeste, nas culturas de uva e melão, são os carros-chefe na demanda por seus produtos. C
29
Empresas
Fotos Syngenta
Acelerador de crescimento Especialistas avaliam o emprego do thiamethoxam no tratamento de sementes de soja
D
urante as investigações para estabelecer a atividade biológica do thiamethoxam, em tratamento de sementes, sobre pragas de solo, observou-se que a germinação das sementes e o vigor das plântulas eram superiores aos de plantas sem tratamento, mesmo na ausência total de pragas. Com estresse hídrico moderado, as plantas de soja provenientes de sementes tratadas com thiamethoxam também apresentavam maior altura e coloração verde mais intensa. Finalmente, foi verificado que as plantas tratadas apresentavam maior produtividade que as não tratadas. Para confirmar as observações, pesquisadores da Embrapa Soja estudaram, durante três anos, alguns parâmetros agronômicos associados ao tratamento de sementes com thiamethoxam. Posteriormente, foram conduzidos campos de observação, em grandes áreas, em todas as regiões produtoras de soja. Os resultados confirmaram integralmente as observações iniciais. Restava estabelecer as razões bioquímicas e fisiológicas da atuação do thiamethoxam na planta de soja. Para tanto, foram conduzidos diversos estudos, com o objetivo de elucidar aspectos agronômicos, nu-
30
tricionais, fisiológicos e bioquímicos associados aos efeitos observados. As principais hipóteses estabelecidas, e os resultados alcançados foram: 1) O aumento do vigor inicial, observado nas plantas de soja cujas sementes foram tratadas com thiamethoxam, é devido a uma maior atividade dos fitormônios, em especial da citocinina. Paulo Roberto Castro, professor da Esalq/USP, demonstrou que o thiamethoxam atua como bioativador, ou seja, trata-se de uma molécula quimicamente ativa capaz de exercer efeitos similares aos dos biorreguladores, ou capaz de induzir a síntese de hormônios endógenos. Uma vez comprovada essa forma de atuação, evidenciam-se as causas da melhor germinação e do maior vigor inicial, da tolerância a estresses e da maior produtividade. 2) O aumento do vigor inicial das plantas de soja, cujas sementes foram tratadas com thiamethoxam, está positivamente correlacionado com o alongamento da raiz principal e um aumento do número de raízes secundárias. Os estudos (Décio L. Gazzoni – Embrapa e Edson Silveira– Cefet) demonstraram que sementes tratadas com thiamethoxam produzem plantas com maior elongamento da raiz principal e
maior fasciculação radicular, ao mesmo tempo em que se constata maior crescimento da parte aérea. 3) A melhor germinação, o maior vigor e a resistência a estresses estão associados com atividade enzimática mais intensa no processo de germinação. Ana Catarina Catâneo, professora da Unesp, demonstrou que as sementes tratadas apresentam germinação antecipada e maior atividade enzimática na germinação. Os mesmos efeitos foram observados quando as sementes foram germinadas sob estresses hídrico, salino ou de alumínio tóxico. 4) O tratamento das sementes de soja com thiamethoxam interfere, positivamente, na absorção e no metabolismo do nitrogênio na planta de soja. Os estudos de Norimar Denardin, professora da UPF, demonstraram aumento de até 50% no teor de nitrogênio total do tecido de plantas provenientes de sementes tratadas com thiamethoxam. 5) O tratamento das sementes de soja com thiamethoxam estimula a absorção e o metabolismo dos macronutrientes minerais, pela planta de soja. A equipe do professor Fabrício Fernandes (Unipinhal) observou maior teor de macro e micronutrientes no tecido de plantas de soja,
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
provenientes de sementes tratadas com thiamethoxam. Em resumo, a atuação do thiamethoxam induz a produção de fitormônios, aumentando a atividade enzimática e permitindo a expressão do potencial germi-
nativo das sementes, acelera o crescimento das raízes e da planta e aumenta a absorção de nutrientes, provoca maior acúmulo de fotossintatos, redundando em maior produtividade (em média entre 6 e 8%). O aumento do metabolismo secun-
dário da planta, por maior atividade hormonal, explica a maior tolerância da soja aos estresses hídrico, salino ou de alumíC nio tóxico. Coordenação do Conselho Cruiser
Defensivo testado C
om o objetivo de avaliar o efei-to do produto Cruiser no tratamen to de sementes na cultura da soja, realizou-se um estudo em áreas comerciais, com e sem o referido tratamento. Foram montados 21 campos de pesquisa, distribuídos nas principais regiões produtoras do estado de Mato Grosso, em que o produtor utilizou o tratamento em uma parcela em comparação com outra com o mesmo tratamento, adicionado de Cruiser 700 WS na dose de 50 g p.c./100 kg de sementes. O tamanho das áreas avaliadas oscilou entre 0,5 ha e 3,9 ha. Destas 21 áreas instaladas, efetuou-se a colheita por meio de colhedora mecânica, e, em 15 delas, foram extraídos os resultados finais (Tabela 1). Os números obtidos mostraram que em 14 áreas (93% do total) houve incremento de produtividade no tratamento com Cruiser: • Das 14 áreas, em dez (68% do total), o incremento em produtividade
promovido pelo tratamento com Cruiser 700 WS na dose de 50 g p.c./100 kg em comparação à testemunha foi superior a uma saca/ha. Entre essas dez áreas, quatro (27% do total) apresentaram produtividades entre 1 e 3 sacas/ha a mais do que a testemunha, e seis áreas (39% do total) apresentaram incremento de produtividade de 3 sacas/ha em relação à testemunha. Nas outras quatro áreas (27% do total) as diferenças de produtividade foram menores que 1 saca/ha em relação à testemunha; • Em apenas uma área (7% do total) houve decréscimo de produtividade em relação à testemunha. A média de incremento das 15 áreas foi de 2,19 sacas/ha, ou 4,83% em favor do tratamento com Cruiser 700 WS na dose de 50 g p.c./100 kg de sementes. C
Siqueri coordenou estudo em áreas comerciais para avaliar a eficiência do Cruiser 700 WS
Fabiano Victor Siqueri, Fundação MT
Tabela 1 - Lista dos campos experimentais visando a avaliação de Cruiser no tratamento de sementes na cultura da soja com respectivos cultivares, municípios, peso líquido e área colhida da testemunha e do tratamento, produtividade em sacas de 60 Kg de soja/ha, diferença em sacas/ha e percentagem entre o tratamento e a testemunha, média de produtividades entre as áreas tratadas e não tratadas. Mato Grosso, safra 2005/2006 CULTIVAR PINTADO CD-219 MS-8914 TABARANA MS-7002 TABARANA PINTADO TABARANA MS-8914 TUCUNARÉ MS-9350 GOIANA TABARANA TABARANA KAIABI TABARANA KAIABI XINGU TMG-103 XINGU MS9350
MUNICÍPIO Pedra Preta D. Aquino C. Verde Campo N. Parecis T. da Serra T. da Serra T. da Serra T. da Serra Sorriso Sorriso Sorriso Sorriso Itiquira Rondonópolis Rondonópolis Rondonópolis Rondonópolis Itiquira Pedra Preta Pedra Preta Itiquira
Testemunha área(ha) Peso Líq.(kg) 0,50 1668,40
Cruiser Peso Líq.(kg) 1715,13
5526,00 8611,00
1,52 2,60
4915,00 9960,00
11316,00 9328,73
3,42 2,88
11346,00 8440,00
7275,00
3,40
5478,00
4364,00 17905,13 5470,00
1,50 4,90 2,80
5381,00 15490,60 5245,00
3509,26 1226,48 1886,25 5922,00 6330,00 2027,96 MÉDIA
1,20 0,54 0,70 1,40 2,70 0,90
3360,72 1393,93 1993,12 8722,00 6020,00 2424,86
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
área(ha) 0,50 NÃO COLHIDA NÃO COLHIDA 1,35 3,00 NÃO COLHIDA 3,42 2,40 NÃO COLHIDA 2,80 NÃO COLHIDA 1,70 4,30 2,30 NÃO COLHIDA 1,12 0,59 0,70 1,90 2,30 0,96
Testemunha sc/ha 55,61
Cruiser sc/ha 57,17
sc/ha 1,56
% 2,80
60,59 55,20
60,68 55,33
0,09 0,13
0,14 0,24
55,15 53,99
55,29 58,61
0,15 4,63
0,27 8,57
35,66
32,61
-3,05
-8,57
48,49 60,90 32,56
52,75 60,04 38,01
4,27 -0,86 5,45
8,80 -1,41 16,73
48,74 37,79 44,91 70,50 39,07 37,55 49,11
50,01 39,44 47,46 76,51 43,62 42,10 51,31
1,27 1,65 2,54 6,01 4,55 4,54 2,19
2,61 4,37 5,67 8,52 11,64 12,10 4,83
Diferença
31
Eventos
Fotos FMC
Algodão em debate
Clube Clube da da Fibra Fibra discute estratégias estratégias para para aa conquista conquista de de novos novos mercados mercados ee dá dá passo passo importante importante para para oo fortalecimento fortalecimento da responsabilidade social no setor
O
correu entre os dias 12 e 15 de julho, em São Paulo, a 12ª edição do Clube da Fibra, evento realizado anualmente pela FMC Agricultural Products, com representantes da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), ANEA (Associação Nacional dos Exportadores de Algodão), CNA (Conferência da Agricultura e Pecuária do Brasil), Instituto ETHOS de Responsabilidade Social, ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de confecções) e empresários responsáveis por 60% da produção nacional de algodão. Estratégias para implementar a exportação da fibra brasileira, com destaque para os mercados da Inglaterra, Suíça, Turquia, China e Austrália estiveram entre os assuntos debatidos. Na abertura do evento, foi apresentado o painel Brazillian Cotton Lint, comitiva de produtores organizada pela FMC, que visitou, em setembro de 2005, cinco países da Europa e Ásia para promover o algodão brasileiro, estruturar negócios e parcerias, fortalecer o relacionamento entre os principais compradores da fibra brasileira e o intercâmbio de informações sobre a cadeia do algodão. E, junto a isso, apresentar o Brasil como um dos maiores exportadores mundiais, de maneira a potencializar o crescimento da economia nacional. Dentre as palestras, assuntos como a adequação do algodão brasileiro às exigências internacionais, a busca por oportunidades de aumentar o share da fibra brasileira em mercados mundiais, o aumento da credibilidade do país junto a trading e bancos e o monitoramento do setor cotonicultor no mundo me-
32
receram destaque. Uma das novidades do evento, foi o lançamento do IAS (Instituto Algodão Social). Inicialmente aplicado somente no estado do Mato Grosso, busca agora alcançar os cotonicultores de outros estados do país e ser, também, referência para outras culturas. O IAS nasceu da necessidade de as fazendas se adequarem às exigências legais das leis trabalhistas, em conformidade com a NR 31. Segundo José Pupin, atual presidente da entidade, os produtores obedeciam ao que herdaram de seus antecessores, para os quais o conhecimento das leis trabalhistas não fazia parte da estrutura das fazendas. Outra dificuldade levantada foi o acesso, a leitura e a atualização dessas mesmas leis. É com esse objetivo que nasce o IAS: fazer com que a responsabilidade social chegue às lavouras de algodão, valorizando cidadania, preservação dos direitos humanos e principalmente a aplicação correta da legislação. João Carlos Jacobsen, presidente da Abrapa, foi enfático. “Estamos dando um passo importante rumo ao comércio internacional. Com o trabalho do IAS, nosso algodão será reconhecido não apenas pela qualidade da fibra, mas pelos processos éticos e legais no que diz respeito às relações com os empregados e com a produção, do plantio à extração”. Antônio Carlos Zem, presidente da FMC Agricultural Products para a América Latina, empresa fabricante de defensivos agrícolas que tem a cultura do algodão como um de seus focos de negócio, apoiou a iniciativa. “A FMC não poderia deixar de avaliar tão bela idéia. A empresa sempre primou pelo social. E foi por isso que buscou profissionais qualificados para
o Clube da Fibra, trazendo, assim, enriquecimento para o campo”. Zem destacou ainda que muito mais que formar uma imagem positiva junto aos órgãos fiscalizadores, a iniciativa tem como principal objetivo mostrar ao governo, empresários e fazendeiros em geral, o potencial e a força do agronegócio do algodão, além de incentivar o consumo da fibra e o orgulho do país, por ser um dos mais expoentes em sua produção. Criada pela AMPA (Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão), o IAS é uma organização não-governamental, com suporte financeiro obtido junto ao Fundo de apoio à Cultura do Algodão (Facual). O Conselho Consultivo é composto por sete organizações ligadas à cadeia produtiva do algodão, acompanhadas por quatro membros convidados, que garantem a independência do InstiC tuto.
Antonio Carlos Zem, presidente da FMC para a América Latina, destacou a preocupação da empresa com o social
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
Agronegócios
Biodiesel e os pequenos consumidores
A
agricultura de energia ganha contornos de realidade, não apenas no Brasil como em diversos outros países. As razões principais são: os pesados impactos ambientais da queima de combustíveis fósseis, matriz das mudanças climáticas globais; os preços crescentes do petróleo e do gás; e as disputas bélicas e políticas envolvendo os negócios de gás e petróleo. A cada histrionismo dos companheiros Chávez ou Morales, aumenta a convicção da sociedade a respeito da necessidade de alternativas para garantir a oferta de energia de forma sustentável e segura. No caso do biodiesel, o Brasil começou atrasado, mal figurando nas estatísticas mundiais, lideradas pelos europeus (como Alemanha e França) e americanos. Porém, antes do final desta década, o Brasil será, seguramente, o maior produtor mundial de biodiesel. Essa liderança será alicerçada pela produção de grandes volumes, obtidos pelo processo de transesterificação. Por essa rota, adiciona-se álcool anidro a um óleo vegetal (ou gordura animal), obtendo-se como resultado da reação química o biodiesel e a glicerina. Esse processo é adequado para a produção em larga escala, porém apresenta alguns problemas para adequar-se à pequena produção. Fica difícil para quem necessita produzir mil litros de biodiesel por dia adquirir partidas de álcool anidro ou vender glicerina, em pequenas quantidades. Não bastassem essas restrições, o custo fixo das instalações industriais é muito alto, sendo difícil amortizá-las com baixos volumes de produção. Atentos a essa demanda, que se constitui em um nicho de mercado a descoberto, a Embrapa e o Instituto de Química da UNB desenvolveram um processo inovador de produção de biodiesel, através do craqueamento de óleos vegetais ou gorduras animais. Como funciona? Coloca-se o óleo vegetal em um reator químico, onde a temperatura é elevada até o ponto em que o óleo é transformado em vapor. No processo de vaporização, ocorre rompimento das ligações atômicas, em especial das mais sensíveis. Assim, os triglicéridos
Cultivar • www.cultivar.inf.br • Setembro de 2006
presentes nos óleos ou gorduras que possuem 50 ou mais átomos de carbono são desdobrados em moléculas menores, com até 17 átomos de carbono. Obtém-se, assim, uma mistura de substâncias de alto poder combustível, que necessitam ser separadas em frações mais homogêneas. Para tanto, os vapores passam por uma coluna de destilação fracionada, que separa os vapores de acordo com o seu ponto de condensação. Dessa forma é possível obter biocombustíveis derivados de óleos vegetais que se assemelham ao diesel, à gasolina, ao querosene ou ao gás obtido pelo refino do petróleo. Os protótipos de bancada existentes
“No caso do biodiesel, o Brasil começou atrasado, mal figurando nas estatísticas mundiais, lideradas pelos europeus (como Alemanha e França) e americanos”
na Embrapa e na UNB vêm demonstrando excelentes resultados, o que animou os pesquisadores a produzirem um protótipo comercial, que está sendo desenvolvido em parceria com a empresa Global Energy and Telecommunication (GET), com suporte financeiro da Finep. O foco da pesquisa da Embrapa/ UNB é constituído pelos pequenos consumidores de óleo diesel, que desejem substituí-lo por biodiesel. Esses pequenos consumidores podem ser tanto um grande agricultor quanto uma associação de agricultores, pequenas comuni-
dades, cooperativas, assentamentos de reforma agrária ou as comunidades isoladas, sem acesso à energia elétrica, ou localizadas a grandes distâncias, o que eleva o preço do óleo diesel a valores proibitivos. Em contraste com o processo de transesterificação, as vantagens da rota de craqueamento residem no uso exclusivo de óleo ou gordura, dispensando o álcool anidro e, conseqüentemente, sem produção de glicerina, pois todo o óleo vegetal é transformado em biocombustíveis. Embora a previsão seja de que o protótipo comercial esteja disponível aos clientes apenas em 2007, estima-se que seu custo seja muito inferior a uma planta de transesterificação. Para garantir a qualidade do equipamento que será oferecido ao mercado, bem como dos biocombustíveis produzidos, a Embrapa e a UNB estão desenvolvendo um projeto de pesquisa cujo objetivo é verificar a resistência e a durabilidade do equipamento de craqueamento, sob diferentes condições de trabalho. Igualmente, testes estão sendo efetuados com diferentes óleos vegetais, como canola, girassol, soja, dendê e mamona, para verificar a adequação de diferentes matérias-primas à produção de biodiesel. E, para assegurar que os motores de ciclo diesel aceitarão sem restrições o novo combustível, serão conduzidos testes em diversas unidades da Embrapa, envolvendo tratores, camionetes e motores estacionários, acompanhando desempenho e consumo, bem como o impacto sobre as peças internas dos motores. Com o desenvolvimento dos protótipos comerciais e os testes para verificar a sua durabilidade, bem como com os testes práticos dos biocombustíveis em máquinas e motores agrícolas, em condições rotineiras de uso, será possível oferecer aos pequenos consumidores de biodiesel uma alternativa eficiente e barata, permitindo expandir a parcela de beneficiados com o uso de biocombustíveis C derivados de óleo vegetal. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja www.gazzoni.pop.com.br
33
Mercado Agrícola
Brandalizze Consulting
brandalizze@uol.com.br
Plantio começando, e produtores com muitas dúvidas Os produtores já estão plantando as primeiras lavouras da safra 06/07 com indicativos gerais de que veremos queda no plantio de algumas culturas. Culturas como a de soja indicam uma redução de dois milhões de hectares, com algumas projeções de queda ainda maior, que chegaria a mais de três milhões de redução, acarretando, com isso, uma forte queda também na produção futura. Também está indicada a queda no plantio do milho, que aponta para algo próximo de 10% de decréscimo na região Sul do país. Ainda, percebe-se que parte dos produtores que irão reduzir (se já não o fizeram) o uso de fertilizantes e defensivos caminham para enfrentar um ano com potencial produtivo e ganhos menores. Para tentar mostrar uma nova alternativa, vamos mostrar alguns números para explicar o quadro: no panorama mundial, estamos numa fase de crescimento das cotações internacionais, pois a produção mundial de grãos em 05/06 chegou a dois bilhões de t. Isso sinaliza para queda neste novo ano de 06/07, com os números iniciais, otimistas, mostrando 1,98 bilhões de t. Dessa forma, os estoques iniciais, que, segundo o USDA, estão em 393 milhões de t neste ano, cairão para 334 milhões de t em 2007, dando suporte à manutenção e ao crescimento das cotações. Isso acontece porque o mercado mundial em 2007 será grande comprador de milho, soja, trigo e arroz, nossos principais grãos. Assim, os reflexos que chegarão de fora irão atuar nos indicativos a serem praticados no mercado interno. O plantio está no início, e ainda há tempo para os produtores avaliarem e buscarem a saída da crise através do aumento da produtividade. MILHO Safrinha fechando acima das expectativas O mercado recebeu a safrinha, e os números finais ficaram acima das expectativas; mesmo com seca de até 75 dias, a produtividade surpreendeu. Os números estão girando entre as 9,2 e as 9,8 milhões de t, contra níveis de cerca de sete milhões apontados em junho, no pico da seca. O resultado foi positivo porque os produtores investiram em boa tecnologia; e, assim, mesmo com seca, as plantas responderam bem. O mercado mostrou poucos negócios nos últimos dois meses, sendo o apoio do governo importante para a sustentação das cotações, através de PEP para exportação e para consumidores do Nordeste e compras no MT. O mercado do milho deverá começar a buscar ajustes nos indicativos de setembro em diante. SOJA Câmbio no fundo do poço atrapalhando O mercado da soja neste mês de agosto e também no mês de julho esteve lento. Apenas alguns movimentos de boas fixações futuras, pelo clima adverso nos EUA, mas com pressão de baixa em Chicago por causa das chuvas que se normalizaram em agosto. Assim, caminha-se para uma safra dentro das expectativas normais nos EUA. Mas o ponto importante e limitante das cotações da soja por aqui foi o câmbio, que em agosto estava buscando o fundo do poço e, a cada dia que passava, caía mais e trabalhava buscando a marca dos R$ 2, contra os níveis acima de R$ 2,2 pretendidos por produtores e indústrias. Como estamos às vésperas de mais uma eleição, o governo certamente irá usar do câmbio baixo para controlar a inflação, porque o trigo e o petróleo estão em alta no mercado internacional, além de serem dois produtos importantes na composição dos índices inflacionários. Dessa forma, o setor continua sendo penalizado pela política cambial, porque em dólar as cotações da soja continuam dentro das médias históricas. FEIJÃO Colheita no Nordeste segurando mercado Os produtores do Nordeste, principalmente do Norte e Nordeste da Bahia, começaram a colher a safra em agosto. Neste ano as chuvas foram regu-
41 34
lares, e até houve caso de queda na produtividade devido ao excesso de umidade. Pelo que constatamos, a safra que está entrando irá abastecer por uns dois meses a região que, dessa forma, deixa de comprar nas demais regiões do país, segurando as cotações do produto que passaram por julho e agosto bastante fracas, com indicativos em torno dos R$ 45 por saca, nos mesmos patamares dos produtores de feijão comercial. Neste mês de setembro teremos redução do volume de ofertas, que ficarão restritas aos poucos pivôs do Brasil Central. Assim, para o produto de melhor qualidade poderemos ter uma pressão de alta nos indicativos. Com chances de vermos o melhor feijão entre os R$ 55/ 70 por saca.
ARROZ Escassez do sequeiro e calmaria no Sul O mercado do arroz em agosto mostrou forte pressão de alta nos indicativos do arroz em casca sequeiro no Mato Grosso e Goiás, onde teve avanços médios acima dos 5%, mostrando negócios entre os R$ 24 e R$ 30. Enquanto isso, o irrigado do Sul continuou em marcha lenta, porque as indústrias locais estão cobertas e não estavam atuando. Dessa forma, a melhor alternativa para os produtores continuou sendo os AGF’s, que mantiveram indicativos de R$ 22 junto ao governo, enquanto estes rodavam abaixo no mercado livre. Pode haver ganhos neste mês com a entrada efetiva da entressafra.
CURTAS E BOAS SOJA - o USDA animou o mercado, porque trouxe um quadro mundial de mais aperto do que estava programado, com safra mundial de 217 milhões de t para 06/07 e consumo acima das 220 milhões. Dessa forma começam a derrubar-se os estoques mundiais que estavam em nível recorde histórico. TRIGO - o quadro continua apontando aperto para 2007, porque a nova safra que está em andamento no Brasil mostra em nível mundial colheita abaixo das 600 milhões de t, contra 618 do ano passado. Assim, os estoques mundiais, que normalmente superam a marca das 150 milhões de t, caminham para ficar abaixo das 130 milhões de t, e isso tem como reflexo o aumento das cotações que já estão sendo praticadas no mercado internacional. É importante lembrar que na Argentina a oferta de trigo está escassa, e, se comprarmos em outras regiões do mundo, os valores crescem entre US$ 20-50,00 por t, favorecendo o produtor brasileiro. ALGODÃO - os primeiros indicativos da safra nova apontam para um crescimento do plantio no Brasil. Isso porque os produtores nestes últimos três meses conseguiram fechar muitos contratos futuros com boas cotações, garantindo lucratividade antes mesmo do plantio. Como a soja está perdendo espaço nos estados centrais, o algodão acabará ganhando parte dessa fatia. Com expectativa de que o novo plantio venha entre 950 e mil hectares, contra os 845 plantados neste ano e os 1,17 mil ha plantados na safra 04/05. O produto é uma boa alternativa para os produtores que buscam cultura de maior giro de capital, mas para operar com segurança é importante a fixação de parte da safra antes do plantio, para cobrir os custos. EUA - o clima foi irregular nesta safra, com as primeiras sete semanas mostrando queda na qualidade das lavouras, quadro revertido apenas na segunda quinzena de agosto, quando as chuvas se normalizaram, e a safra também, para a produção de soja ao redor das 80/82 milhões de t e 270/ 280 milhões de t de milho. Mesmo assim, não se constituem em fator de baixa no médio e longo prazo, porque o consumo local tende a absorver o volume produzido. CHINA - mostrou a importação de soja nos primeiros sete meses do ano em 16,5 milhões de t, indicando compra de 2,2 milhões para agosto e de duas milhões para setembro. Mantém-se a expectativa de fechar o ano com 27,5 milhões de t. A China é o maior importador mundial de soja e caminha para superar 30 milhões de t em 2007.
Cultivar Cultivar••www.cultivar.inf.br www.cultivar.inf.br••Setembro Fevereiro de 2006 2005