Cultivar 91

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Cultivar Grandes Culturas • Ano VIII • Nº 91 • Novembro 2006 • ISSN - 1518-3157

Nossa capa

Destaques

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Capa / Lucia M. Vivan

Manejo lucrativo Correta condução da lavoura, com uso otimizado de defensivos, melhora o controle de doenças no arroz

14 Mosca exterminadora Os desafios para barrar prejuízos da moscabranca no algodoeiro

Nossos cadernos

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Fotos de Capa / Ricardo S. Balardin

Solo minado O avanço da população de “Pão de Galinha” na cana-de-açúcar

24 Lagartas barradas Emprego do inseticida biológico Bt contra pragas na soja

NOSSOS TELEFONES: (53) Grupo Cultivar AO de ASSINANTE: Publicações Ltda. • ATENDIMENTO Rua:3028.4013/3028.4015 Nilo Peçanha, 212 Pelotas –• RS 96055 – 410 ASSINATURAS: 3028.4010/3028.4011 • GERAL www.cultivar.inf.br 3028.4013 cultivar@cultivar.inf.br • REDAÇÃO:

3028.4002 / 3028.4003 • MARKETING:

3028.4004 / 3028.4005 • FAX:

3028.4001 Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Índice Diretas

REDAÇÃO • Editor

Gilvan Dutra Quevedo • Coordenador de Redação

Janice Ebel • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia

04 • Revisão

Silvia Pinto

Retorno econômico no arroz

06

Assinatura Internacional: US$ 80,00 70,00

Incidência do cascudo-preto no arroz

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Nossos Telefones: (53)

Mosca-branca e os danos em algodão

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Sedeli Feijó Silvia Primeira

“Pão de Galinha” na cana-de-açúcar

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CIRCULAÇÃO

Empresas - Conferência anual da Bayer

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Controle da lagarta-mede-palmo em soja

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Números atrasados: R$ 15,00

Pedro Batistin

• Geral 3028.2000 • Assinaturas: 3028.2070 • Redação: 3028.2060 • Comercial: 3028.2065 / 3028.2066 / 3028.2067

COMERCIAL

• Gerente

Cibele Oliveira da Costa • Assinaturas

Simone Lopes Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Ataque de corós na cultura da soja

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• Gerente de Assinaturas Externas

Raquel Marcos

Empresas - Basf e efeito fisiológico

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• Expedição

Dianferson Alves

Coluna Agronegócios

33 • Impressão

Mercado Agrícola

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Kunde Indústrias Gráficas Ltda.


Diretas

Syngenta

Lançamentos

Reconhecimento

Além de apresentar seus principais produtos, como Priori Xtra, Verdadero, Actara e Amistar, a Syngenta preocupou-se em levar, ao 32° Congresso Brasileiro de Pesquisa Cafeeira, estudos para a cultura do café e de como essas pesquisas podem ajudar no aumento da produtividade. “Esse mercado é extremamente competitivo, e o produtor busca, cada vez mais, aumentar a qualidade do grão, fato exigido tanto para o mercado externo como interno”, afirma André Fink, André Fink gerente da cultura de Café.

Mais quatro defensivos estão no mercado à disposição dos produtores. Trata-se da liberação de registro para o Platinum da Syngenta, um inseticida para soja e milho, o Success da Dow Agroscience, inseticida para milho, o Accent da DuPont, um herbicida também para a cultura do milho, e o Atento da Bayer CropScience, fungicida para a cultura da soja.

Edson Lobato, ex-pesquisador da Embrapa, Alysson Paulinelli, ex- ministro da agricultura do Brasil, e Colin McClung, agrônomo norte-americano, receberam em outubro, em Des Moines, no estado de Iowa, Estados Unidos, o mais importante prêmio na área de produção de alimentos: o World Food Prize. Conhecida por “Nobel da alimentação”, a premiação é concedida anualmente àqueles que contribuiram decisivamente para o incremento da qualidade, quantidade e do acesso a alimentos no mundo.

Nova gerência A Arysta LifeScience reforça sua equipe e, assim, amplia sua atuação comercial com a contratação de Joelson Mader. O executivo será responsável pelo gerenciamento comercial da empresa na América do Sul, exceJoelson Mader to no Brasil.

Comando A Arysta LifeScience do Brasil tem novo presidente. Flávio Prezzi assumiu o cargo, em substituição a Yukio Arai, que passa a comandar a presidência da empresa para a América do Sul. Prezzi acumula 25 anos de atuação no mercado de defensivos agrícolas e antes de ingressar na Arysta exercia o posto de presidente da Syngenta no México. Flávio Prezzi

Luto A pesquisa agropecuária brasileira sofreu uma grande perda. Faleceu no dia 26 de outubro, em Passo Fundo (RS), o pesquisador Erivelton Scherer Roman. Com vasto trabalho na área de manejo de plantas daninhas, Roman colaborou diversas vezes com a Cultivar Grandes Culturas. Em 2004 assumiu a Chefia-Geral da Embrapa Trigo, cargo que ocuErivelton S. Roman pou até fevereiro de 2006.

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Biotecnologia A Syngenta Seeds acaba de assinar um acordo de licenciamento, com a Performance Plants Inc. para o desenvolvimento de sementes de soja e milho tolerantes à seca, através da Tecnologia Performance Plants’ Yield Protection™ (YPT™), em Golden Valley, nos Estados Unidos. A parceria é fruto de quatro anos de testes a campo bem sucedidos, onde a tecnologia YPT™ protege as culturas contra condições de seca pelo estímulo do fechamento precoce dos estômatos da folha antes da murcha, permitindo que tanto o milho quanto a soja comerciais possam ser aprimorados no cultivo nessas condições.

Gerência de Café Fábio Prata é o novo gerente de cultura Café da Bayer CropScience. Na empresa desde 2004, Fábio deixou a área de Stewardship para assumir a função que era exercida por Cristiano Figueiredo, que agora é gerente de produtos fungicidas para as culturas de café, citros, hortifruFábio Prata e Cristiano Figueiredo ti e feijão.

Cana-de-açúcar Durante a 5ª Semana de Ciências Agrárias e Veterinárias (Secav), que ocorre de 6 a 10 de novembro, em Ribeirão Preto (SP), será lançado o livro “Atualização em produção de cana-de-açúcar”. A obra aborda entre outros assuntos aspectos morfológicos e do desenvolvimento da planta, melhoramento e biotecnologia, planejamento agrícola e varietal, produção de mudas, implantação até a colheita da cultura e uso de tecnologias avançadas. Para adquirir: www.livroce-res.com.br ou aspinn@uol.com.br

Bayer e café

Novos Produtos

A Bayer CropScience esteve presente no 32º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, realizado em Poços de Caldas (MG) em outubro. A empresa levou ao evento o programa “Muito Mais Café”, que tem como objetivo oferecer aos agricultores soluções integradas de produtos e serviços para todas as fases da produção dos cafezais, suporte técnico especializado e personalizado. “Esta é mais uma ação diferenciada que facilita a vida do cafeicultor. Ele entra com a própria produção sem desembolsar dinheiro e adota um programa estruturado e com as melhores soluções para os cafezais”, explica o coordenador de marketing da regiMarcelo Figueira onal de Belo Horizonte (MG), Marcelo Figueira.

A Sinon do Brasil não pára de investir na agricultura brasileira, prova disso é o lançamento de dois novos produtos. O primeiro deles é o Paradox, primeiro produto genérico de Paraquat, que vai atuar nas principais culturas, como soja, cana-de-açúcar, milho, café, feijão, algodão, citros, arroz, banana, batata e uva. O segundo é o Rapel, um inseticida à base de Acefato, para uso em soja, fumo, algodão e batata. “A Sinon está bastante confiante no lançamento destes dois produtos que qualificam o portifólio da empresa. O produtor brasileiro passa a ter uma nova opção na dessecação da sua lavoura”, avalia Alberto MassanoAlberto Massanori ri, diretor geral da empresa.

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Arroz

foi observada resposta de 1238,28 kg/ha em relação à testemunha quando foi utilizado controle químico (Gráfico 2). Por outro lado, quando a adoção do controle químico foi acompanhada de práticas de manejo da cultura visando alta produtividade, o ganho na produção foi de 50%.

Manejo que dá lucro Corretas Corretas práticas de manejo associadas à otimização do uso de defensivos diminuem a incidência e a severidade severidade de doenças na cultura cultura do do arroz, arroz, aumentam a produtividade produtividade e, e, conseqüentemente, conseqüentemente, fazem fazem crescer crescer os os ganhos ganhos do do produtor produtor

O

controle das doenças na cultura do arroz através de um plano de manejo integrado, associado a um programa de produção com tecnologia mínima, tem demonstrado que a manutenção da estabilidade de produção, aliada a incrementos significativos no rendimento de grãos, é uma estratégia de alto significado para a cultura do arroz. Os incrementos observados nas últimas safras têm representado fração significativa da lucratividade do produtor (Gráfico 1). A eficácia do controle químico das doenças do arroz está relacionada a um conjunto de fatores, dos quais se destacam o material genético utilizado, qualidade no manejo da água, fertilização nitrogenada, densidade de semeadura, época de semeadura, região fisiográfica. Segundo Balardin (2003) a magnitude de resposta entre diferentes cultivares de arroz pode variar entre 20 e 50%, considerando uma média obtida nos últimos dez anos e em diversas regiões onde o arroz é plantado no Rio Grande do Sul. Em um conjunto de ensaios realizados nas últimas safras

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BRUSONE É a doença mais importante da cultura, apresentando danos estimados em até 100%, sob condições altamente favoráveis. Causada pelo fungo Pyricularia oryzae, a doença causa lesões elípticas de coloração marrom e centro acinzentado, podendo causar a morte total da planta em ataques severos. Nas panículas, pode ocorrer a brusone de base de panícula (também conhecida como brusone de pescoço), que resulta no chochamento dos grãos e em perdas significativas de produtividade. A doença manifesta-se geralmente a partir da floração, contudo, sob condições favoráveis, pode ocorrer já no estádio vegetativo, podendo provocar a morte de plantas. A ocorrência de brusone é muito influenciada por temperaturas entre 25 e 28oC, umidade relativa do ar superior a 90%, precipitação freqüente e elevado número de horas com nebulosidade. Determinados fatores culturais podem afetar a severidade da doença, destacando-se a adubação nitrogenada em excesso, ou quando associada a uma irrigação deficiente, época tardia de semeadura e elevada população de plantas.

MANCHA-MARROM A mancha-marrom é a doença mais comum nas lavouras de arroz; causada pelo fungo Dreschlera oryzae, pode causar danos que variam de dez a 15% de redução de produção. Os sintomas da doença nas folhas podem ser confundidos com as lesões iniciais de brusone, no entanto, quando a doença progride os sintomas são facilmente diferenciados. Nas folhas as lesões têm formato ovalado de coloração pardo-escura, com o envelhecimento, as lesões apresentam o centro mais claro. Nos grãos, ocorrem manchas castanho-escuras, que em ataques severos comprometem a qualidade de grãos e sementes, neste caso, podem infectar as plântulas, causando redução no estande. O patógeno é de ocorrência freqüente em áreas arrozeiras, sendo favorecido por temperaturas entre 17° e 20°C, além de desequilíbrio nutricional relacionado ao potássio. A maior suscetibilidade do arroz à doença ocorre na emergência, ao redor de 30 dias (quatro a cinco folhas) e na floração, onde a severidade da doença aumenta. O tratamento de sementes é uma alternativa de controle significativa, evitando que sementes infectadas pos-

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Fotos Ricardo S. Balardin

sam gerar inóculo para a parte aérea da planta. O uso de fungicidas de amplo espectro, objetivando o controle do complexo de doenças da parte aérea da cultura, possibilitará controle eficiente da mancha-parda, resultando em resposta econômica significativa.

ESCALDADURA A escaldadura das folhas é causada pelo fungo Rhynchosporium oryzae. Essa doença ocorre principalmente nas regiões litorâneas do Rio Grande do Sul, bem como na Depressão Central. Pode causar perdas de até 30% na produtividade do arroz (Ou, 1985). O patógeno é favorecido por precipitação contínua, temperatura de 24 a 28°C, alta densidade de plantas, adubação nitrogenada em excesso e desuniformidade na lâmina de irrigação. Os sintomas da doença variam com as condições em que o patógeno se encontra, ou seja, sob condições favoráveis, os sintomas aparecem nas extremidades apicais das folhas, ou nas bordas das lâminas foliares, na coloração verde-oliva. Essas lesões evoluem formando faixas concêntricas de coloração alternada marrom-clara e escura. Posteriormente, as lesões coalescem causando necrose e morte da folha afetada. Por outro lado, sob condições não favoráveis, o patógeno causa pequenas pontuações de coloração marrom ao longo das folhas. A disseminação do fungo ocorre através de sementes infectadas e pelos restos culturais, que constituem a principal fonte de inóculo na lavoura. A escaldadura é uma doença conhecida como de ocorrência irregular, entretanto nos últimos anos vem assumindo importância nas regiões de cultivo de arroz, onde é cada vez mais freqüente. O tratamento de sementes é importante para proteger as plântulas de arroz durante o estabelecimento, além de reduzir a quantidade do inóculo inicial disponível para infectar folhas adultas. O controle químico, quando empregado de forma preventiva, proporciona ganhos na produtividade e na qualidade de grãos em áreas atacadas. Gráfico 1

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Lesões de formato ovalado e coloração pardo-escura de centro claro diferenciam a mancha-marrom da brusone Sintomas da brusone. Alta umidade e temperaturas entre 25 e 28°C são ideais para sua ocorrência, geralmente a partir da floração

MANCHA DAS BAINHAS A mancha das bainhas é causada pelo fungo Rhizoctonia oryzae, que ataca o colmo e as bainhas formando lesões ovaladas. Sob condições de alta pressão de inóculo, as lesões aparecem nas folhas com formato irregular. Em casos de ataques severos, a panícula pode ser infectada resultando em grãos estéreis e/ou com chochamento. Por ser um fungo de solo, a drenagem na entressafra em áreas irrigadas, a redução na densidade de semeadura e a adubação potássica equilibrada são fatores fundamentais no manejo da doença. As cultivares de ciclo precoce e de alta capacidade de perfilhamento são mais suscetíveis, devido à pouca luminosidade e a alta umidade formadas no interior do dossel e que favorecem o estabelecimento do patógeno. O tratamento de sementes é uma estratégia de manejo da doença, já que impede infecções iniciais e retarda a infecção, o que em diversas situações pode resultar no seu controle.

MANCHA ESTREITA A mancha estreita, causada pelo fungo Cercospora oryzae, pode produzir lesões foliares estreitas de cor pardo-avermelhada, além de sintomas na bainha, colmo, pescoço da panícula, pedicelos e glumas. Temperaturas elevadas e alta umidade relativa do ar favorecem a doença, que pode ser dispersa através das sementes. A ocorrência da mancha estreita ocorre apenas em plantas adultas ou em solos com deficiências nutricionais, principalmente fósforo e potássio. No controle dessa doença, o uso de cultivares resistentes é uma alternativa eficiente, sendo que o controle químico, se realizado para as doenças do complexo de doenças necrotróficas, será eficaz no seu controle. A semeadura na época adequada, bem como a utilização de cultivares precoces, são medidas efetivas no manejo da doença.

CÁRIE DO ARROZ Também conhecida como carvão-do-arroz, a cárie causada pelo fungo Tilletia barclayana é uma doença de ocorrência freqüente nos países da Ásia e no Sul dos Estados Unidos. No Brasil tem se tornado motivo de Gráfico 2

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Fotos Ricardo S. Balardin

A disseminação do fungo causador da escaldadura ocorre através de sementes infectadas e pelos restos culturais, constituindo a principal fonte de inóculo

Cultivares de ciclo precoce e com alta capacidade de perfilhamento são as mais suscetíveis à Rhizoctonia oryzae, devido à pouca luminosidade e à alta umidade

A mancha estreita se limita à ocorrência em plantas adultas ou em solos com deficiências nutricionais, principalmente de fósforo e potássio

grande preocupação entre os produtores, especialmente a partir das últimas safras, quando se manifestou em praticamente todas as regiões produtoras. A infecção dos grãos na panícula ocorre por via aérea, a partir da infecção da flor no período da antese. A doença é disseminada pela semente, e os esporos do patógeno têm a habilidade de germinar na superfície da água, esporulando e gerando inóculo secundário para infectar novas flores. Danos severos da doença podem reduzir a produção de arroz em até 15%. Os sintomas observados nos grãos são uma massa pulverulenta de esporos negros, que aparece a partir da fase de maturação das sementes. Após infectar as espiguetas, o patógeno esporula abundantemente, disseminando esporos que irão infectar o restante da panícula. O tratamento de sementes pode reduzir a quantidade de inóculo na lavoura, no entanto, não protege a planta em todo o seu ciclo. A aplicação de fungicidas preventivamente na fase de préfloração pode diminuir a infecção das panículas e, dessa forma, reduzir as perdas causadas pela doença. De qualquer modo, tendo em vista a dispersão intensa da doença, a inquietude observada no meio produtivo e o dano significativo, pesquisas intensas devem ser realizadas para que informações fundamentadas nas condições locais sejam geradas e um controle consistente seja obtido.

temperaturas baixas, pode ser observada esterilidade nos grãos. A maior incidência da mancha das glumas ocorre em temperaturas amenas de 15 a 20ºC, entre os estádios de emissão da panícula e enchimento de grãos. A época de semeadura pode ser antecipada, para evitar que o enchimento de grãos coincida com a ocorrência de baixas temperaturas. A aplicação de fungicidas deve ser realizada previamente ao florescimento, ou no início do mesmo, para que ocorra uma redução na pressão de inóculo durante o florescimento.

trole da maioria das doenças na cultura do arroz, apresentando influência decisiva sobre a incidência e a severidade das doenças na cultura. A utilização de sementes sadias livres do patógeno evita a infecção das plântulas, mantendo um estande de plantas compatível com altos rendimentos. Como muitas doenças são disseminadas pelas sementes, e a qualidade destas nem sempre atinge níveis compatíveis, é indicada a utilização do tratamento com fungicidas para reduzir o potencial de inóculo. Nesse particular, diversos fatores interagem, afetando a estabilidade da lavoura. Destaca-se a desuniformidade da irrigação, que pode causar estresse nas plantas, favorecendo a infecção tanto por patógenos de parte aérea como radiculares. Variações significativas na nutrição da planta, como adubação nitrogenada excessiva, atraso na colocação de água após a adubação de cobertura, ou mesmo parcelamento da mesma, provocam um desba-

MANEJO INTEGRADO DAS DOENÇAS O manejo das doenças do arroz deve ser estruturado em torno do manejo da cultura, das características genéticas varietais, das estratégias voltadas à redução no inóculo disponível para infecção e de práticas de proteção química (Gráfico 3). O manejo cultural da lavoura associado às características genéticas das cultivares constituem-se na base para o con-

MANCHA DAS GLUMAS A mancha das glumas é causada por um grupo de patógenos, destacando-se Phoma sp., Dreschlera oryzae, Curvularia lunata, Nigrospora oryzae, Alternaria sp. e Fusarium spp. Esses patógenos provocam manchas irregulares de coloração marrom que cobrem parcial ou totalmente o tegumento da semente, reduzindo a qualidade industrial do grão e causando amarelamento, gessamento e quebra do grão. Quando as lesões ocorrem juntamente com

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Gráfico 3

lanço nutricional na planta, em parte devido à redução na absorção de nutrientes como potássio, essencial na estruturação da parede celular, e que, juntamente ao cálcio e fósforo, atua em diversas rotas metabólicas de defesa das plantas. Esse conjunto de mecanismos acaba por favorecer a progressão mais rápida das doenças, exigindo uma antecipação do controle químico, ou, em situações extremas, reduzindo a resposta obtida pela adoção do mesmo. A época de semeadura é outro fator importante no manejo de doenças. A antecipação da semeadura favorece que o estádio reprodutivo do arroz ocorra sob condições climáticas menos favoráveis aos patógenos. Amplitude térmica e umidade relativa do ar elevadas, nebulosidade e precipitação freqüentes, comuns a partir do mês de fevereiro, favorecem progressão mais rápida e mais antecipada das doenças. No caso de cultivares de ciclo médio tardio ou tardio, a propensão ao ataque de doenças torna-se maior. O mau preparo do solo, que proporciona a formação de microrrelevos, não completamente cobertos pela lâmina de irrigação, favorece a ocorrência de doenças. Deve ser destacado que, sob condições de irrigação restrita ou mesmo sob sequeiro prolongado, observa-se maior sensibilidade das plantas ao ataque dos patógenos. Esta situação também pode ser observada em lavouras onde é realizada a semeadura nas taipas que não são atingidas pela lâmina de irrigação, onde a incidência das doenças é maior e mais antecipada. Nestes casos, cria-se ao longo das taipas

Cárie: grãos cobertos por uma massa pulverulenta de esporos negros, que aparece a partir da fase de maturação das sementes

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Gráfico 3

uma região capaz de produzir uma quantidade, não raro, muito elevada de inóculo, podendo comprometer faixas extensas da lavoura em anos com chuvas freqüentes ou em períodos do ano mais favoráveis às doenças. Ainda com respeito ao preparo do solo, logo após a colheita, ele deve ser uniformizado para que os depósitos de água sejam eliminados, evitando a sobrevivência de patógenos, principalmente de Rhyzoctonia spp. A preparação antecipada do solo, normalmente realizada no período do verão, pode propiciar destruição significativa dos restos culturais, favorecendo a destruição de estruturas de sobrevivência dos fungos. Em adição ao preparo do solo, a eliminação de hospedeiros intermediários, tais como plantas daninhas de ocorrência espontânea na área, reduzem o inóculo presente na lavoura tanto na safra quanto na entressafra. O aumento da densidade de semeadura promove a criação na planta de uma região com maior sombreamento. A ausência de luz em parte do dossel da planta provoca uma redução no acúmulo de compostos carbonados essenciais para que processos fisiológicos constitutivos operem normalmente. No caso de luminosidade restrita, compostos relacionados à senescência tendem a se acumular, e, em conseqüência, patógenos necrotróficos iniciam um processo de infecção que resulta na morte antecipada da porção inferior da planta, favorecido ainda mais pelo microclima formado nesta região da planta, como alta umidade relativa do ar, redução de luminosidade incidente, diminuição da aeração, aumento de temperatura e aumento de molhamento foliar, que estimula a germinação do esporo e a infecção da planta. Com a morte dos tecidos, tanto a penetração dos fungicidas como sua mobilidade nos tecidos sombreados tornam-se reduzidas, resultando em uma redução na eficácia dos mesmos. O controle químico do complexo de doenças da parte aérea da cultura do arroz está intimamente relacionado à época de aplicação. Experimentos realizados desde a safra 1998/99 mostraram que a aplicação de fungicidas, quando realizada preventivamente, é altamente econômica (Gráfico 4). O momento da aplicação é influenciado por todos os fatores até o momento enumerados, fazendo com

que o controle seja utilizado de forma mais antecipada ou mais atrasada na medida em que as condições favorecerem epidemias entre o perfilhamento e o emborrachamento, ou no caso de epidemias serem favorecidas a partir da emissão de panículas. Nestas condições, o aumento de produtividade tem sido obtido na faixa de cinco a 50% sobre as áreas não protegidas. O número de aplicações depende basicamente do momento em que a primeira aplicação foi realizada das condições climáticas em que a doença se estabelece. Ambas as condições mostram-se relacionadas à época de semeadura e ao local onde a lavoura está sendo conduzida, ou seja, lavouras implantadas a partir da segunda quinzena de novembro na Depressão Central ou no Litoral Norte mostram-se mais atacadas e sujeitas a uma segunda aplicação do que lavouras implantadas na época recomendada nestes mesmos locais. O controle químico das doenças de parte aérea do arroz é uma ferramenta que proporciona estabilidade de produção, eficiência técnica e retorno econômico, desde que acompanhada de um conjunto de medidas de produção e manejo cultural que propiciem à cultura adaptação e desempenho compatíveis com altos C rendimentos. Ricardo S. Balardin, Marcelo G. Madalosso, Mônica P. Debortoli, Caroline Gulart e Lilian Cerbaro, UFSM

Balardin salienta que o controle das doenças depende de um conjunto de medidas que propiciem à cultura desempenho compatível com altos rendimentos

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Charles Echer

Arroz

Invasão de cascudos A identificação das causas de surtos esporádicos do cascudo preto em lavouras arrozeiras e a revisão das históricas recomendações de controle são indíspensáveis para deter a praga. Na safra 2005/06, aproximadamente 200 mil hectares foram infestados

N

a safra de arroz 2005/06, após aproximadamente 20 anos, surtos do cascudo-preto Euetheola humilis Burm. foram novamente detectados em arrozais do Rio Grande do Sul. Cerca de 200.000 hectares foram invadidos pelo inseto, situação que causou muita preocupação, quanto às possíveis perdas de produtividade que pudessem decorrer dos danos causados às plantas de arroz. No Estado, até então, o surto mais recente de adultos de E. humilis, que havia causado danos significativos aos arrozais, ocorreu na safra 1986/87, na Região da Campanha, em torno do município de Santana do Livramento. Na época, similarmente ao constatado na safra 2005/06, os surtos do cascudo também geraram problemas em áreas urbanas, inclusive causando lesões no aparelho auditivo de pessoas. Na safra 2005/06, foi evidenciado que praticamente não houve avanço de conhecimento sobre essa problemática dos surtos de cascudo-preto. Sem dúvida, isto pode ser justificado principalmente pelo fato do inseto ser considerado, historicamente, uma praga secundária da cultura do arroz, de ocorrência cíclica, atingindo níveis populacionais com potencial de causar danos econômicos apenas em períodos aproximados de 20 anos. Com base nesta situação, julga-se importante abordar mais detalhadamente alguns aspectos inerentes à associação de E. humilis com a cultura do arroz irrigado, no sentido de obter (em

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curto prazo), melhor eficiência de medidas alternativas de controle do inseto e definir (para médio e longo prazo) prioridades de pesquisa. Um dos aspectos a ser abordado é o real potencial das larvas (bicho-bolo) como causadoras de dano à cultura, considerando que nesta fase do ciclo biológico, o inseto se distribui de forma agregada nos arrozais, geralmente em pontos onde o solo contém maior teor de matéria orgânica. A influência das condições ambientais na ocorrência dos surtos do cascudo-preto nos arrozais é outro aspecto relevante a ser pesquisado. Mesmo que a escassez de chuvas seja apontada como o principal fator, podendo in-

fluenciar diretamente na biologia do inseto ou indiretamente, reduzindo a quantidade e a qualidade de outras espécies vegetais (principalmente pastos), induzindo à migração para os arrozais, há necessidade de se definir a real influência desta condição climática, bem como, de outros fatores ambientais de natureza biótica (plantas hospedeiras cultivadas e nativas, inimigos naturais, etc.) e abiótica (sistemas de cultivo de arroz, tipo de solo, outros fatores climáticos, etc.). Resultados de pesquisa realizada pelo Engenheiro Agrônomo Dionísio Link (Universidade de Santa Maria, RS), na década de 70, constituem-se em importante subsídio a futuros estudos sobre bioecologia de E. humilis. É importante também

Com uma distribuição agregada nas lavouras, o cascudo-preto mostra preferência por áreas com maior teor de matéria orgânica

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Fotos José Francisco da Silva Martins

pesquisar se sistemas de cultivo de arroz, que comportam menor revolvimento do solo (plantio direto e cultivo mínimo) favorecem a manutenção de uma maior população de larvas de E. humilis nas áreas orizícolas. Um terceiro aspecto, o mais importante, a ser considerado, é a época de ocorrência do cascudo-preto nos arrozais. Tanto na safra de 1986/87 como na de 2005/06, os surtos ocorreram na fase reprodutiva da cultura, cortando raízes, induzindo ao tombamento das plantas, e, por conseguinte, dificultando a colheita mecanizada. Porém, apesar do entendimento de que os surtos de cascudo-preto ocorrem na fase reprodutiva das plantas de arroz, já se constataram surtos na fase inicial da cultura, no período pré-inundação. Um dos primeiros relatos a este respeito foi realizado em 1985, pelo Engenheiro Agrônomo Brasil Aquino Pedroso, do Instituto Rio grandense do Arroz, por ocasião de visita ao Projeto Rio Formoso (GO). Segundo informações, este tipo de ataque já havia sido registrado em anos anteriores, principalmente associado à situação de atraso na irrigação por inundação. Na safra 1985/86, o surto de cascudo-preto repetiu-se no Projeto Formoso, na fase inicial da cultura, destruindo mais de 60% das plantas de arroz, numa área de aproximadamente 300 hectares. Portanto, apesar de ser conhecido maior número de casos de ataque de larvas de E. humilis (bicho-bolo) do que de adultos (cascudo-preto), é nesta última fase que o inseto apresenta maior capacidade de dano, devendo causar maior preocupação aos orizicultores, inclusive na fase inicial da cultura. Os adultos distribuem-se mais uniformemente nas lavouras, podendo, ainda, migrar para plantios mais novos, principalmente quando a semeadura for escalonada. Nesta situação, há disponibilidade contínua de plantas novas, sendo estas geralmente preferidas pelo inseto.

MÉTODOS DE CONTROLE Considera-se que os métodos de controle, a seguir, historicamente indicados visando reduzir os danos causados por larvas e adultos de E. humilis, devam ser revisados de modo a viabilizar sua aplicabilidade em áreas extensas cultivadas com arroz no Rio Grande do Sul, principalmente se vislumbrada a possibilidade de ocorrência de surtos de adultos ainda na fase inicial da cultura. Destruição de plantas hospedeiras A recomendação de eliminar possíveis focos de infestação por meio da destruição de plantas hospedeiras externas aos arrozais ou de restos culturais do arroz, em lavouras que foram infestadas, além de difícil implementação, contrariando princípios conservacionistas do solo, transparece ser inócua. Isto porque o inseto, na fase larval, também se man-

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tém em áreas de pastagens naturais, que circundam, numa maior dimensão, as áreas orizícolas, e os restos culturais de arroz dificilmente são destruídos, de acordo com o sistema de manejo empregado na cultura. Ademais as áreas de plantio direto e de cultivo mínimo de arroz, mais favoráveis, em hipótese, ao estabelecimento do inseto, e que atualmente ocupam, respectivamente, ± 6% e ± 60% da área orizícola do Rio Grande do Sul, em certas épocas, não podem ser submetidas a determinados processos de manejo solo que possam promover a destruição de larvas e adultos. Cultura armadilha Tática que poderá ser adotada no caso dos ataques de cascudo-preto passarem a ocorrer freqüentemente na fase inicial da cultura do arroz, principalmente em grandes áreas, onde a semeadura normalmente é escalonada. Na implantação da primeira etapa da lavoura, devem ser estabelecidas faixas com sementes tratadas com inseticidas. As faixas tratadas, de preferência, devem situar-se às margens das lavouras e representar, no mínimo, 10% da área a ser implantada. Na falta de inseticidas

Apesar de o número de surtos com ataques de larvas ser maior, ainda os adultos são os causadores dos maiores estragos no arroz

Semeadura escalonada pode favorecer a migração de insetos adultos para novas áreas

registrados, reconhecidamente eficientes para controle de E. humilis, via tratamento de sementes na cultura do arroz irrigado, devem ser utilizados os produtos recomendados (registrados) para controle de Oryzophagus oryzae (bicheira-da-raiz), conforme indicados na publicação Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. A demanda por inseticidas eficientes para o controle dos diversos insetos-praga de solo que atacam a cultura, reforça a necessidade da identificação de produtos que aplicados às sementes exerçam um duplo propósito: o controle de pragas de solo que ocorrem no período pré-inundação do arrozal (pulgão-da-raiz; cascudo-preto, etc.) e daquelas que ocorrem no período pós-inundaçao (bicheira-da-raiz, principalmente). Armadilha luminosa Sendo o cascudo-preto um inseto de hábito noturno e bastante atraído pela luz, o uso de armadilhas luminosas poderá ser uma alternativa para reduzir a população que invade os arrozais. Apesar da necessidade de pesquisa para definir o real potencial do uso de armadilhas luminosas, como método de con-

Em determinadas situações a inundação antecipada da lavoura pode auxiliar no controle, pois provoca o afogamento da larva e do inseto

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Fotos José Francisco da Silva Martins

trole do inseto, nos arrozais do Rio Grande do Sul, algumas informações, mesmo de natureza empírica, podem ser divulgadas: maior captura de cascudos-preto ocorreu em armadilha (lâmpada BL, 15 watts), disposta a 2m de altura, às margens do arrozal, nos primeiros 30 minutos após o crepúsculo. A colocação de armadilhas, com o mesmo tipo de lâmpada, no interior de lagos (açudes, barragens, etc.), acima da lâmina de água, faz com que grande quantidade de insetos seja atraída para o interior das aguadas, servindo de alimento para peixes. Inundação do arrozal A inundação das partes atacadas da lavoura provoca o afogamento de larvas e adultos sob o solo. Muitos dos insetos adultos que conseguem emergir, permanecendo flutuando na superfície da água de irrigação ou refugiados em folhas das plantas de arroz, são devorados por predadores, principalmente pássaros. Esta prática é recomendável para controle de surtos na fase inicial da cultura. Porém, alguns aspectos devem ser considerados quanto à viabilidade do seu uso: 1) os surtos de cascudo-preto normalmen-

CASCUDO- PRETO

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ascudo-preto é uma das denominações vulgares atribuídas aos insetos adultos de várias espécies de coleópteros da família Scarabaeidae, que atacam o arroz. A espécie E. humilis é a mais citada como praga da cultura. Os adultos medem cerca de 7 mm de largura e 14 mm de comprimento. Geralmente, ocorrem após as primeiras chuvas, nas épocas mais quentes do ano, sendo bastante atraídos pela luz, e as fêmeas colocam os ovos no solo, em locais com maior concentração de matéria orgânica (ou restos culturais). As larvas, ao eclodirem, medem aproximadamente 3 mm de comprimento, vivem no solo e alimentam-se de matéria orgânica e raízes de plantas, as quais definham, amarelecem e morrem. Quando mais desenvolvidas, as larvas são brancas e recurvadas, com cabeça marrom-clara e a extremidade abdominal escurecida. Essas larvas podem medir até 50 mm de comprimento, sendo vulgarmente denominadas coró, bicho-bolo ou pão-de-galinha. A transformação em pupas ocorre em câmaras construídas no solo.

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te ocorrem em anos com escassez de chuvas, portanto, possivelmente, de pouca disponibilidade de água para inundação dos arrozais; 2) a inundação dos arrozais em determinados períodos pode ser adequada para controle do cascudo-preto, porém, inadequada tratando-se de outros aspectos do manejo cultural (controle de plantas daninhas, adubação nitrogenada, etc.); 3) a eficiência da inundação no controle do cascudo-preto é menor nos arrozais implantados em áreas inclinadas (”lavouras de coxilha”), visto este tipo de lavoura conter maior quantidade de taipas, as quais servem de refugio ao inseto; neste caso, o uso de taipas mais baixas, aumenta a eficiência da inundação no controle do inseto. No caso de noticias de ataque do cascudo-preto, em alguma região orizícola, na fase de colheita do arroz, os produtores, com base, principalmente, em critérios técnicos e econômicos, devem avaliar a viabilidade de manter a água de irrigação no arrozal por um maior tempo possível. Controle químico Sugere-se o tratamento de sementes conforme indicado no item 2 (cultura armadilha). Porém, com base em critérios atuais, técnicos (baixa eficiência de controle), econômicos e ambientais, não é recomendada a pulverização de inseticidas na base das plantas, para o controle de adultos, principalmente na fase reprodutiva da cultura.

PROVÁVEIS ASPECTOS DETERMINANTES Surtos de pragas, quase que invariavelmente, são conseqüência de algum tipo ou situação de desequilíbrio. Os insetos possuem uma capacidade inata de aumentar em número, a qual é determinada por características intrínsecas de cada espécie, como a proporção de fêmeas na população, a capacidade

de postura e o número de gerações num certo intervalo de tempo. Porém, o crescimento de uma população de pragas, em condições de ambiente natural, nunca é pleno. Forças favoráveis ou contrárias a que isto ocorra, de natureza física (climáticas) ou biológica (inimigos naturais, alimento etc.) ou, ainda, práticas de manejo ambiental visando produção animal ou vegetal, é que acabam definindo quanto uma população aumenta ou não. Originalmente, a própria implantação de monoculturas extensivas, em substituição à vegetação nativa mais diversificada, é um fator que altera o equilíbrio natural das espécies envolvidas num dado ecossistema. Isto, associado às práticas agronômicas e aos sistemas agropecuários empregados para produção, determina a entomofauna mais freqüentemente presente numa área ou região. Surtos, entretanto, como episódios esporádicos, no tempo e/ou no espaço geográfico, geralmente estão associados a eventos bióticos e abióticos, também cíclicos, ou a uma mudança drástica no processo produtivo, como por exemplo o uso de herbicidas dessecantes, o plantio direto, e a sucessão e/ou a rotação de culturas, entre outros. Outro aspecto importante a ser considerado é que, embora possa existir um fator mais determinante, os desequilíbrios populacionais de pragas, na maioria das vezes, decorrem da causas múltiplas. Numa boa parte dos casos de surtos de pragas, as condições climáticas estão envolvidas na causalidade, seja de forma direta ou indireta, de forma isolada ou como um dos diversos fatores determinantes. Portanto, no caso dos surtos do cascudo-preto, considerando-se a complexidade das possíveis causas envolvidas, é aconselhável que se promovam estudos, sistemáticos e científicos, tanto a partir da coleta de dados da situação atual como da análise de dados históricos, sobre a ocor-

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Cultivar

rência da praga e sua correlação com fatores potencialmente determinantes. O estabelecimento da relação de causa e efeito em surtos de pragas torna-se ainda mais difícil quando se trata de espécies de longo ciclo biológico, de ampla adaptação geográfica e quando tanto larvas e como adultos causam danos, como é o caso da espécie E. humilis. Na região Norte do estado do Rio Grande do Sul outras espécies da mesma família do cascudo-preto, cujas larvas (corós) são pragas de trigo e de outros cereais, apresentam como principal fator de controle natural um complexo de inimigos naturais (entomopatógenos, predadores, parasitóides, etc.). Em condições adequadas de umidade no solo, os entomopatógenos (fungos e bactérias), provocam alta mortalidade de larvas, evitando ou minimizando a ocorrência de infestações elevadas. Portanto, é possível que uma das principais causas dos surtos de cascudo-preto nos arrozais irrigados, na safra 2005/06, seja de fato a redução da ação de inimigos naturais em decorrência da escassez de chuvas, fenômeno climático indicado por muitos dos técnicos que se reportaram ao assunto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Perante a incerteza se os surtos de adultos de E. humilis ocorrerão com maior fre-

A falta de inimigos naturais do inseto é apontada como uma das possíveis causas de surtos da praga

qüência nos arrozais do Rio Grande do Sul ou manterão a freqüência histórica (± 20 anos), considera-se que o lógico é desencadear um esforço interinstitucional e interdisciplinar de pesquisa buscando o avanço de conhecimento sobre os fatores que determinam a ocorrência dos referidos surtos: Alguns aspectos transparecem ser mais relevantes no âmbito das ações futuras: 1) revisão e melhoria da eficiência dos métodos recomendados para o controle do inseto (curto prazo: até 3 anos); 2) influência de mudanças tecnológicas no sistema de produção de arroz irrigado sobre a densidade populacional e danos do inseto (médio prazo: até 5 anos); 3) influência de fatores do sistema natural (climáticos, edáficos, biodiversidade,

Martins alerta para a necessidade de ampliar os estudos sobre Euetheola humilis em arroz

etc.) e do sistema agrícola (principalmente cultivo de outras espécies) sobre a dinâmica populacional do inseto (longo prazo: mais de C cinco anos). José Francisco da Silva Martins, Embrapa Clima Temperado Jaime Vargas de Oliveira, Instituto Rio Grandense do Arroz José Roberto Salvadori, Embrapa Trigo Uemerson Silva da Cunha, UFPel

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Capa

Exterminadora b Capaz de levar as plantas de algodoeiro à morte, a mosca-branca representa um sério desafio à cultura. Comportamento alimentar, resistência a inseticidas e alto poder reprodutivo são fatores que ainda desafiam a pesquisa no combate eficaz da praga

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vegetativo e reprodutivo da planta, debilitando-a e reduzindo sua produtividade. Para a resistência de plantas a inse-

tos, as características morfológicas de plantas de algodão, tais como densidade de tricomas, comprimento e ângulo de inserção dos tricomas na superfície

Fotos Lucia Vivan

algodão (Gossypium hirsutum L.) é a fibra vegetal mais utili-zada pelo homem. A cultura algodoeira no Mato Grosso tem apresentado grande crescimento, superando as expectativas comuns para as culturas anuais. Em poucos anos de cultivo, com utilização de alta tecnologia, a cultura se consolida no estado, através de alta produtividade e qualidade de fibra. Os fatores limitantes de produção da cultura do algodoeiro são vários, dentre eles o ataque de várias espécies de insetos-praga ao longo de todo o ciclo. Estes são agrupados de acordo com suas preferências alimentares, ecológicas, podendo se dividir em pragas de solo e da parte aérea. A mosca-branca Bemisia tabaci (Gennadius) biótipo B, também referida como B. argentifolli Bellows & Perring, é uma das pragas causadoras de prejuízos à cultura do algodoeiro no estado do Mato Grosso. Ao sugar a seiva das plantas, os adultos e as ninfas provocam alterações no desenvolvimento

Adultos e ninfas se alimentam através da sucção de seiva do floema, retirando os nutrientes da planta, podendo levá-la à morte

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MONITORAMENTO

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sucesso do controle da mosca-branca depende do monitoramento, dessa forma é importante verificar semanalmente as bordaduras, pois essas áreas são infestadas primeiramente. Ter atenção com o aumento rápido da população e, principalmente com a presença de áreas próximas à cultura da soja (lavouras com presença da mosca) em fase de colheita e, durante esse período, monitorar o algodoeiro duas vezes por semana, devido à migração. Períodos mais secos, também chamados de veranicos, são condições cli-

ranca foliar, área e espessura da lâmina foliar, e glândulas de gossipol, têm sido avaliadas com relação ao efeito de moscasbrancas. Em estudos, observou-se que a população de ovos e de ninfas foi altamente correlacionada com a espessura da folha, o mesmo ocorrendo para a densidade de tricomas, o que leva a crer que variedades com alta densidade de tricomas oferecem uma condição de microclima favorável à oviposição, dando melhor proteção às ninfas.

DANOS A mosca-branca ocorre, também, em várias outras culturas, tais como soja, feijões, solanáceas, malváceas e cucur-

bitáceas, além de muitas plantas daninhas, podendo ser limitante para a produção da soja devido aos altos custos para seu controle em situações de alta infestação. Na cultura do algodão, os adultos e as ninfas se alimentam através da sucção da seiva do floema, retirando os nutrientes da planta, podendo levá-la à morte ou à queda de produção. As folhas atacadas tornam-se amareladas, secam, e como principal sintoma tem-se a queda das folhas. Durante a alimentação do inseto, ocorre excreção de uma substância açucarada e pegajosa, conhecida como “honeydew”. Essa secreção acarreta a formação da fumagina sobre ramos, folhas e frutos, ocorrendo em conseqüência redução da capacidade fotossintética da planta, contamina o línter do algodoeiro e prejudica a qualidade da fibra, além de interferir na colheita. O manejo dessa mosca-branca (B. tabaci biótipo B) tem se tornado um grande desafio, pois sua dispersão entre as culturas, seu alto potencial reprodutivo, o hábito polífago, a resistência a inseticidas e o seu comportamento de

Figura 1 - Porcentagem de eficiência de controle de ninfas de mosca-branca. Primavera do Leste (MT). Safra 2005/06

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máticas que beneficiam o aparecimento da mosca-branca nas lavouras. Avaliar a população de adultos na parte abaxial das folhas e quando houver mais de três adultos ou três ninfas grandes a folha é tida como infestada. Na literatura encontram-se trabalhos onde o ponto inicial do tratamento é 40% de folhas infestadas com as ninfas grandes, ou 40% de folhas infestadas com o adulto, mas lembre-se de que uma folha é chamada “infestada” se ao menos três adultos estiverem presentes. se alimentar e viver na superfície abaxial das folhas contribuem para a complexidade e dificuldade de controle.

MIP Dentro dos princípios de Manejo Integrado de Pragas (MIP) é necessário explorar duas opções: a busca de inseticidas seletivos, ou um uso seletivo deles, e o prolongamento da vida útil dos inseticidas eficientes contra esse inseto. Ambas opções podem implementarse, mediante avaliação de novos produtos, aperfeiçoamento dos métodos de aplicação e monitoramento constante dos níveis de resistência de mosca-branca em áreas específicas, a fim de sugerir esquemas de rotação dos inseticidas, no contexto de outras práticas próprias do MIP. Devido às características do inseto, o controle químico tem sido o método mais empregado, todavia, seu uso intensivo em alguns sistemas de produção tem conduzido ao aparecimento de populações resistentes. Altas populações tornam-se difíceis de controlar, bem como a exposição repetida aos inseticidas, sem rotacionar o

Figura 2 - Porcentagem de eficiência de controle de adultos de mosca-branca. Primavera do Leste (MT). Safra 2005/06

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Figura 3 - Porcentagem de eficiência de controle de ninfas de mosca-branca. Primavera do Leste (MT). Safra 2005/06

CONTROLE QUÍMICO

cual (Fundo de Apoio à Cultura do Algodão), realizou ensaios para verificar a eficiência de alguns produtos para controle de mosca branca no algodoeiro. Neste ensaio foram avaliados os seguintes princípios ativos: thiametoxam + endossulfan (200 g + 1500 ml); endossulfan (1500 ml); acetamipride (200 g); imidaclopride (350 g); piriproxifem (1000 ml); buprofezim (200 g); diafentiurom (500 g); espiromesifeno (500ml). Os testes foram realizados a campo em áreas de algodão infestadas com o inseto. Os resultados apresentados nos gráficos são referentes à eficiência de controle de ninfas e adultos

Charles Echer

Atualmente, os inseticidas com maior impacto no controle de mosca-branca são os neonicotinóides e os reguladores de crescimento (IGR). Na primeira categoria, incluem-se imidaclopride,

acetamipride e tiametoxam, enquanto buprofezim, um inibidor da síntese de quitina e piriproxifem, um análogo do hormônio juvenil, constituem-se em IGRs. O modo de ação e os atributos bioquímicos tornam esses produtos, coletivamente, muito eficientes no controle de mosca-branca. Alguns inseticidas piretróides e organofosforados perderam sua eficácia para o controle de mosca-branca. As aplicações sucessivas com o mesmo produto ou com inseticidas que têm o mesmo modo de ação podem evoluir níveis de resistência elevados na mosca-branca. A Fundação MT, com o apoio do FaLucia Vivan

modo de ação, torna muito provável a evolução de resistência a produtos. Dessa forma, deve-se utilizar uma estratégia integrada com controle biológico, controle cultural e controle químico. A preservação de inimigos naturais nos agroecossistemas é de fundamental importância como fator de equilíbrio dinâmico das populações de espécies de insetos-praga, minimizando a intervenção do homem no controle destas. Por isso, são necessários estudos básicos de seletividade de produtos, pois as informações obtidas poderão ser utilizadas nas tomadas de decisão com relação ao produto a ser utilizado (Degrande et al., 2002).

Figura 4 - Porcentagem de eficiência de controle de adultos de mosca-branca. Primavera do Leste (MT). Safra 2005/06

A mosca-branca geralmente está na superfície abaxial das folhas, o que dificulta o seu controle e alavanca os custos de produção

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Lucia Vivan

após duas aplicações seqüenciais dos produtos. Nas aplicações, os IGRs ,ou seja, o buprofezin ou pyriproxyfen, ou os inseticidas não-piretróides, devem ser preferidos para controle de ninfas de mosca-branca. Os piretróides devem ser utilizados quando as maçãs estiverem abertas, porque aumentam populações de ácaros e de afídeos; são mais tóxicos aos inimigos naturais; e são mais eficazes pra o controle de adultos.

CONTROLE CULTURAL Para auxiliar o manejo integrado dessa praga recomenda-se adotar a rotação com milho na entressafra nas áreas infestadas. Na América Central é recomendada a utilização de barreiras vegetais com sorgo forrageiro. Em áreas muito infestadas, deve-se fazer a desfolha com o intuito de adiantar a colheita. Após a colheita, destruir os restos culturais para impedir a rebrota e, dessa forma, prevenir uma nova infestação. A técnica de pousio não é indicada neste caso, pois a mosca-branca utiliza várias espécies de plantas daninhas como hospedeiro alternativo, que se constituiriam em fonte de futuras infestações. Assim, em áreas de intenso

O manejo da mosca tem se tornado um desafio, já que o uso intensivo de inseticidas tem conduzido ao aparecimento de populações resistentes

desequilíbrio, é recomendável interromper o ciclo das espécies preferidas, utilizando-se milho ou outra gramínea, como sorgo ou cana-de-açúcar.

nhas; • fazer levantamento e contagem da praga no campo; • utilizar produtos seletivos para manter os inimigos naturais; • destruir os restos culturais; • evitar o plantio de cultivares muito atrativas à praga; • treinamento do monitor e do aplicador de produtos; • seleção dos produtos considerando: rotação de modo de ação, efeito sobre inimigos naturais e fase de desenC volvimento da mosca-branca.

MEDIDAS GERAIS • eliminar plantas hospedeiras da praga dentro da cultura e em áreas vizi-

BIOLOGIA DA MOSCA-BRANCA biologia da mosca-branca é complicada pela aparente existência de diferentes biótipos, cujo significado evolutivo e prático continua pouco esclarecido. No Brasil existem diferentes biótipos de B. tabaci e B. argentifolii (também chamada de Biótipo B da B. tabaci por alguns autores), cuja diferenciação só é possível de ser feita através de marcadores moleculares ou técnicas especiais de criação. Visualmente, os adultos medem 0,8 mm de comprimento e, aparentemente, são de coloração geral branca, mas apresentam asas brancas e corpo amarelo. Sob condições climáticas favoráveis, seu ciclo de vida pode ser de duas a quatro semanas, podendo produzir até 15 gerações por ano. Localizam-se, preferencialmente, na face inferior das folhas, onde ovipositam, em média, 150 a 300 ovos por fêmea. A preferência para oviposição em algodão é afetada pela estrutura da folha, pela gravidade

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(positiva) e pela luz (negativa, exceto para adultos em vôo), outros fatores que podem estar envolvidos são interações entre gravidade, luz, estruturas foliares, condições ambientais e inimigos naturais. A temperatura é o principal agente externo que influencia a metamorfose progressiva da moscabranca, fazendo com que o seu ciclo de vida possa variar de 15 a 24 dias. As ninfas apresentam uma coloração verde-amarelado e passam por quatro instares. A ninfa de 1º instar é móvel, ou seja, apresenta pernas e é capaz de se mover na folha ou planta. Já a partir do 2º instar, as ninfas perdem as pernas e são imóveis. Permanecem dessa forma até a emergência do adulto. A partir do 3º instar, as ninfas são facilmente visíveis, assemelhando-se a cochonilhas. As ninfas das moscas-brancas do gênero Bemisia caracterizam-se por não terem franjas formadas por filamentos ceráceos ao redor do corpo.

Lucia Vivan, Fundação MT Divulgação

A

Deve-se usar uma estratégia integrada contra a mosca-branca com controle biológico, controle cultural e controle químico, afirma Lucia Vivan

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Cana-de-açúcar

Fotos Daniela Macedo

Solo minado

Mudanças no sistema de preparo da terra e uso abusivo de inseticidas estão entre os fatores responsáveis pelo aumento da população de “Pão de Galinha” na cultura da cana-de-açúcar. Enfrentar a praga, que afeta a produtividade e a longevidade dos canavias, passa pelo monitoramento adequado do inseto e a correta escolha de defensivos

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aumento da população de “Pão de Galinha”, nos últimos anos, bem como de outros insetos de hábitos subterrâneos, como o Sphenophorus levis, tem sido observado em muitos canaviais, abrangendo até grandes regiões. Recentes observações de campo indicam que, seguramente, a ocorrência desses insetos tem afetado a produtividade e a longevidade dos canaviais em algumas áreas do estado de São Paulo. A hipótese que melhor explica este fenômeno é a simplificação nas práticas de preparo de solo na renovação dos canaviais, adotada pela maioria das usinas nos últimos anos. O aumento de áreas de colheita de cana crua e o uso indevido de inseticidas também podem estar contribuindo para um desequilíbrio entre predadores e presas, favorecendo as populações desses e de outros insetos. O ataque se dá usualmente em reboleiras, e os sintomas são o amarelecimento de plantas e o aparecimento de canas mortas na touceira. Abrindo-se trincheiras na base das touceiras de cana, encontram-se as larvas ativas, de outubro a maio; em re-

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pouso, de maio a setembro, e no estágio de pupa, em setembro e outubro.

DANOS Os prejuízos que adultos e larvas causam às mudas recém plantadas e à cana formada, segundo Guagliumi (1973), po-

dem se resumir no seguinte: a) Nas mudas - adultos e larvas atacam os toletes recém plantados, penetrando nos mesmos através das extremidades ou das gemas, que são perfuradas e destruídas. A conseqüência imediata é a falta de germinação, o que causa extensas fa-

A simplificação nas práticas de preparo de solo na renovação dos canaviais é um dos principais fatores apontados para a ocorrência da praga

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José Francisco Garcia

No solo, as larvas movimentam-se em diferentes profundidades, abrindo galerias, alimentando-se de raízes, brotos, toletes, rizomas e soqueiras

lhas de plantio. Nessa fase, geralmente, as larvas causam mais prejuízos que os adultos. Os estragos nos toletes são geralmente acompanhados pela proliferação de agentes patogênicos que causam a podridão vermelha (Colletotrichum falcatum) e podridão abacaxi (Thyelaviopsis paradoxa), comprometendo de forma definitiva a germinação. b) Nos perfilhos - nestes os principais responsáveis pelos prejuízos são os adultos. Durante sua permanência no solo, na busca de abrigo e/ou fazendo posturas, além de atacarem as gemas e os toletes recém plantados, perfuram lateralmente os perfilhos novos, causando a morte da parte superior destes. Os adultos também destroem parcialmente as novas raízes dos perfilhos, debilitando as plantas no período crítico do desenvolvimento. Freqüentemente a morte da parte superior do perfilho provoca uma rápida reação da planta, que emite novos perfilhos, e o prejuízo reduz-se a uma temporada desuniforme do canavial, que desaparecerá durante o crescimento. c) Em cana grande e socarias - nestas os adultos e larvas se instalam gradualmente e ali permanecem por um ou mais anos, através de vários ciclos de corte e crescimento da cana. As larvas destroem parcialmente o sistema radicular e os rizomas da cana e, às vezes, sobem pelo colmo, escavando galerias. Os adultos abrem perfurações na base dos colmos e atacam também as raízes da planta, resultando no amarelecimento do canavial em socarias, especialmente situadas em áreas sujeitas a encharcamento. Podem causar também o tombamento de colmos já crescidos, em conseqüência da destruição do sistema radicular. Esses ataques podem vir acompanhados de infecções de agentes patogêni-

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Nas áreas infestadas pode se achar facilmente até 200 mil insetos por hectare, o que pode corresponder a uma média superior a cinco larvas/colmo

cos (fungos e bactérias), aumentando os prejuízos. Devido à grande população de larvas e adultos que podem ser encontrados em áreas recém desbravadas ou canaviais velhos, as falhas que se seguem aos novos plantios e nas socarias podem ser consideráveis. Segundo Dantas (1957), nos focos de maior infestação podem-se achar facilmente até 200 mil insetos por hectare, o que pode corresponder a uma média superior a cinco larvas/colmo.

CONTROLE O “Pão de Galinha” em baixas popula-

ções (média ao redor de três indivíduos/ touceira) no período de desenvolvimento da lavoura (primavera/verão) é perfeitamente suportável pela planta e pode ter até um papel benéfico na mineralização da matéria orgânica e aeração do solo. O procedimento mais indicado para a identificação do problema e a tomada de decisão sobre eventuais medidas de controle consiste em fazer levantamentos de população da praga, especialmente nas áreas suspeitas, examinando-se duas touceiras/ha, abrindo-se uma trincheira de 50 x 50 x 40 cm. Nas regiões tradicionais de cana-deaçúcar o produtor depara-se com as seguintes situações:

Acima, diferentes espécies de coleópteros da família Scarabeaidae que estão ocorrendo em todas as regiões canavieiras do país

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Fotos Daniela Macedo

cida, quando a área exigir, vai se somar ao controle do “Pão de Galinha” na cana planta; 2) áreas de soqueiras onde se constatam altas populações (mais de cinco indivíduos/touceira) - neste caso, se a área vai para renovação, não proceder a qualquer controle. No caso de expectativa de mais cortes, pode-se proceder a um controle químico, e as melhores opções disponíve is em termos de eficiência de controle, baixo impacto ambiental e ganho de produtividade são os neonicotinóides: Imidacloprid e Thiamethoxam. Ambos os produtos podem ser aplicados diretamente sobre a linha de cana, ou lateralmente, ligeiramente incorporados por meio de discos, ou, em lavoura já desenvolvida (mais de meio metro), em pulverização com jato atingindo 70% da parte aérea e 30% a base C da touceira. Destruição da soqueira, com grade ou destruidor de soqueira e uma aração profunda, elimina grande parte das larvas

José Francisco Garcia

1) áreas de reforma - a ação principal é proceder a um bom preparo do solo, preferencialmente no inverno, com destruição superficial da soqueira, por meio de grade ou destruidor de soqueira, seguida de uma aração profunda (aiveca ou discos) e subssolagem, em situações de solo compactado. Essa operação provoca uma mortalidade elevada de larvas por dissecação e ação de predadores, incorpora profundamente os corretivos e promove aeração do solo. Essa prática é recomendada para reduzir as populações de todas as pragas de solo, inclusive de fitonematóides. O emprego de cupinicida e nemati-

Em mudas, adultos e larvas atacam os toletes, penetrando nos mesmos através das extremidades ou das gemas, que são perfuradas e destruídas

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Daniella Macedo e Newton Macedo, Consultores

DESCRIÇÃO E BIOECOLOGIA

A

larva de inseto conhecida por “Pão de Galinha” compreende várias espécies de coleópteros da família Scarabeaidae como: Eutheola humilis; Ligyrus bituberculatus; Stenocrates laborator; Cyclocephala spp; Phyllophaga sp.; Bothynus sp. e outras que ocorrem em todas as regiões canavieiras do país. As larvas são encontradas no solo, a diferentes profundidades, com ligeiras diferenças morfológicas, conforme as condições de umidade no solo, disponibilidade de alimento e grau de atividade. Sob ótimas condições apresentam cor branco-leitoso, corpo recurvado, tipicamente escarabeiforme, cabeça castanha bem desenvolvida, três fortes pares de pernas toráxicas, abdome com poucos pêlos, extremidade dilatada de cor cinza escuro. Movimenta-se ativamente, abrindo galerias no perfil do solo, alimentando-se de raízes, brotos novos e toletes da cana ou rizomas em cana planta ou soqueiras. Sob condições desfavoráveis, como umidade e temperatura mais baixas no solo, as larvas entram em repouso, abrigadas em celas no solo, a profundidades maiores, o corpo torna-se inteiramente leitoso e pouco túrgido devido ao acúmulo de lipídeos e ausência

de alimentação, e podem permanecer em diapausa por vários meses. O período larval, dependendo das condições de temperatura e umidade, pode durar de pouco mais de 3 meses a 20 meses, abrigados em câmaras no solo. De larvas cujas características etológicas e ecológicas são bastante semelhantes, formamse pupas, imóveis e abrigadas em celas, por um período de 12 dias, das quais emergem adultos com diferenças morfológicas acentuadas, conforme cada espécie. Os adultos, cuja função principal é a reprodução, são besouros de coloração marrom ou quase preta, medindo de 10 a 30 mm, de hábitos noturnos, que voam do crepúsculo à noite e são fortemente atraídos por luz artificial. As revoadas são um mecanismo importante de sobrevivência e disseminação dessas espécies, ocorrendo nesse curto período a busca de novas áreas para reprodução. Na região Centro-Sul a revoada principal de adultos, forma de disseminação do inseto se dá na primavera (setembro/outubro), mas podem ser encontrados até março. As fêmeas põem ovos próximos do tolete de cana (em cana planta) ou próximos dos “rizomas” (em soqueiras).

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Empresas

Foco na tecnologia Bayer CropScience reafirma estratégia de concentrar recursos no desenvolvimento de produtos inovadores e mais seguros para o consumidor; assim espera aumento na rentabilidade da empresa

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Bayer CropScience mantém a aposta na tecnologia. Na conferência anual da empresa, realizada na Alemanha, o presidente do conselho de administração, professor Friedrich Berschauer, reafirmou a estratégia de investir em novos produtos. O orçamento de pesquisa e desenvolvimento deverá atingir os 200 milhões de euros em 2015. A expectativa do executivo é de que os produtos com patente em vigor respondam por mais de 50% da receita da Bayer nos próximos dez anos. Engana-se quem duvida do promissor futuro do ramo de proteção vegetal. Estudos demonstram que, apesar da atual incerteza, esse mercado deve beneficiar-se do crescimento demográfico. Haverá mais pessoas no mundo. Precisarão de alimento. Demandarão produtos novos, mais eficientes, que deixem menos resíduos nos vegetais. A empresa que os oferecer terá controle sobre o material com maior valor agregado. A Bayer deverá lançar dez novos produtos, nos próximos cinco anos: dois inseticidas, três fungicidas e cinco herbicidas.

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E pelo menos outros seis projetos estão em fase avançada de elaboração. Para o próximo ano, a estrela deverá ser um produto à base de Flubendiamida, inseticida contra lepidópteros, primeiro exemplar de uma nova classe (phthalic acid diamides). Ainda na área de inseticidas, outra novidade são os produtos à base de Spirotetramat, da classe ketoenol. A previsão é de lançamento em 2008 ou 2009. Em termos de fungicidas, há uma meta: a Bayer quer ser a número um do mundo. O primeiro produto que ajudará a alcançar esse objetivo tem como ingrediente ativo o Isotianil, e como alvo, a brusone. Sobre os outros dois fungicidas a serem lançados não há informações disponíveis. Aumentar a rentabilidade é a saída para os herbicidas. Para manter sua atuação nas culturas de milho e demais cereais, a Bayer lançará nos próximos anos dois princípios: Tembotrione e Pyrasulfotole. Além desses, dois princípios ativos não divulgados e um produto com a já conhecida tecnologia sa-

fener aumentarão o portifólio da empresa. Outros setores importantes para a estratégia da Bayer são o da ciência ambiental e o dos negócios relacionados às sementes. Neste caso, os planos incluem expectativa de aumento de participação na receita total da empresa. O crescimento anual deverá ser de 3%, durante os próximos dez anos. Em termos globais, o mercado deverá aumentar dos atuais 13 bilhões de eu-

PRODUTOS DESCARTADOS

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a tentativa de manter seu portifólio rentável, a Bayer “desiste” de alguns produtos, deixando de produzi-los e de renovar seus registros junto a governos. Em 2000, a empresa comercializava 114 ingredientes ativos; neste ano são apenas 99, número que cairá para 87 em 2010.

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Bayer

ros para 18 bilhões de euros em 2015. Atualmente a Bayer está presente no mercado de sementes de arroz, algodão, canola e hortaliças. Além dos negócios já estabelecidos, a empresa investirá, ainda, em projetos de pesquisa com substâncias capazes de reduzir o estresse nas plantas causado por C seca, sal e luz solar.

ESTRATÉGIAS PARA O CRESCIMENTO

A

Bayer CropScience baseará seu crescimento em três estratégias: 1. Força nos negócios relacionados à proteção vegetal através de produtos inovadores. 2. Rentabilidade acima da média do mercado no setor de ciência ambiental. 3. Expansão dos negócios relacionados às sementes.

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Soja

Palmos de prejuízo Inseticida biológico Bacillus thuringiensis é apontado como principal arma no controle da lagarta-mede-palmo. Últimas safras registraram o aumento da incidência da praga já nos primeiros estádios de desenvolvimento das plantas, fato associado ao uso indiscriminado de produtos químicos que eliminam inimigos naturais do inseto

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soja é a principal cultura do país tanto em volume como em geração de renda. Entre pequenas, médias e grandes propriedades, são aproximadamente 250 mil produtores, distribuídos em quase todos os estados do Brasil. Somos o segundo maior produtor e exportador mundial de soja em grãos, óleo de soja e farelo, com produção superior a 50 milhões de toneladas, que gera cerca de US$ 10 bilhões (12% da exportação total brasileira) por ano. Diante da enorme escala de produção atingida pela cultura da soja, com grandes áreas plantadas em monocultivo, é esperado o surgimento de desafios fitossanitários, que necessitam ser equacionados para manter viável a produtividade e a própria sustentabilidade desse cultivo, tão importante

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ao Brasil e à sua agricultura. Dentre o complexo de lagartas de normal ocorrência na cultura, além da lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis, bastante conhecida dos produtores e maior causadora de desfolha na cultura, outras espécies de Lepidópteros vêm aumentando sua ocorrência, como é o caso das espécies pertencentes à subfamília Plusiinae, onde a Pseudoplusia includens é a espécie mais freqüente e tem trazido dificuldades para os plantadores, exigindo modificações no manejo e mudanças dos defensivos e doses normalmente utilizados para o controle da A. gemmatalis. A Pseudoplusia includens é popular-

mente chamada de lagarta-mede-palmo, causa severos danos à cultura e pode ser encontrada em todas as áreas cultivadas com soja. Sua ocorrência é simultânea à de A. gemmatalis, porém não raro são encontradas de forma isolada, principalmente nos primeiros estágios de desenvolvimento da lavoura. A P. includens era considerada uma praga secundária em soja, controlada normalmente por parasitóides e fungos entomopatogênicos (doença branca e outras). Entretanto, nas últimas safras, surtos foram constatados em vários estados, principalmente em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Provavelmente, as condições de umidade nesses locais desfavoreceram a incidência de inimigos naturais, com conseqüente aumento de população da praga, cujo controle é mais difícil do que o da lagarta-da-soja. A lagarta de P. includens apresenta coloração verde clara, com linhas brancas longitudinais espalhadas sobre o dorso. Apresentam três pares de pernas abdominais, fazendo com que, no seu deslocamento, ocorra intenso movimento do corpo, parecendo medir palmos, característica marcante que lhe confere o nome popular de lagarta-mede-palmo. O ataque da lagarta-mede-palmo

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Mecanismo de intoxicação da lagarta pela ação das toxinas Bt Fotos Dirceu Gassen

Esquema mostrando os múltiplos sítios de ação das toxinas do Bt vr. Kurtaki (Dipel R) Lagartas vêm aumentando sua ocorrência, exigindo modificações no manejo e mudanças dos defensivos e doses normalmente utilizados na soja

deixa as folhas com aspecto rendilhado, pois a lagarta não consome as nervuras. O controle químico dessa lagarta, ocorrendo sozinha ou associada à lagarta-da-soja, deve ser feito quando forem encontradas, em média, 40 lagartas grandes (> 1,5 cm) por pano-de-batida, considerando-se dois metros da cultura em fileiras paralelas, ou 20 lagartas grandes por pano de batida, considerando-se a batida das plantas no pano em apenas uma das fileiras (um metro), ou ainda se a desfolha atingir 30% antes da fase do florescimento, ou 15%, tão logo apareçam as primeiras vagens. Geralmente o ataque da mede-palmo ocorre antes da floração e também antes da ocorrência da lagarta-da-soja, quando a aplicação de um produto químico pode causar drástica redução na população de inimigos naturais, provocando desequilíbrio biológico, que provoca aumento no número de aplicações por ciclo da cultura.

DIFICULDADE DE CONTROLE Diferente da Anticarsia gemmatalis, a P. includens habita mais o baixeiro das plantas, expondo-se menos aos inseticidas aplicados, além disso, esta espécie é em geral mais tolerante às dosa-

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gens usuais dos defensivos quando comparada com a lagarta-da-soja. Devido a esses fatores, a qualidade da aplicação passa a ser fundamental, visando atingir com eficiência o alvo, ou seja, as lagartas que ficam no baixeiro e interior das plantas.

MIP O manejo integrado de pragas da soja é um dos programas de maior sucesso, sendo reconhecido mundialmente. O MIP visa a integração de várias táticas de controle, ao invés de se basear no controle pelo uso exclusivo de inseticidas, constituindo-se na melhor estratégia para o controle das pragas da soja, pois, sendo um método ecologicamente orientado, utiliza diversas técnicas de controle, que, combinadas num sistema dinâmico e harmonioso, conferem à cultura um modelo sustentável, que leva em conta os interesses dos produtores e os impactos na sociedade e no ambiente. Entretanto, nos últimos anos os programas de MIP têm sido ameaçados pelo

surgimento de novas pragas e doenças, como é o caso da ferrugem asiática na soja, que exigem pulverizações de fungicidas quase que de forma preventiva devido à falta ainda de informações e de estratégias mais adequadas de controle. No caso do aumento da freqüência na ocorrência de lagartas, o uso generalizado de fungicidas para controlar a ferrugem asiática causa a morte de fungos benéficos que auxiliam no controle das pragas, contribuindo para o ressurgimento de lagartas, como as Plusias. Outra ameaça para os programas de MIP é o avanço dos defensivos genéricos que, se por um lado tem barateado os custos com pesticidas, por outro pode representar um retrocesso, caso ocorra o aumento de aplicações de inseticidas de grupos químicos antigos, de alta toxicidade e de amplo espectro de ação. Para o sucesso de um programa de manejo integrado de pragas, é necessária a integração harmônica de quatro componentes: a pesquisa, que gera as informações sobre a bioecologia dos insetos-praga e de seus inimigos naturais, os níveis de danos, as amostragens, as tomadas de decisões de controle e a es-

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Esquema de Manejo de lagartas ao longo do ciclo da cultura da soja utilizando a associação de inseticidas biológico e químico

Ocorrência de P. includens e A. gemmatalis colha do defensivo; a extensão rural, atualmente um dos componentes mais deficitários devido à falta de técnicos e à crônica falta de recursos para os órgãos oficiais, sendo que a difusão das tecnologias tem sido realizada pelos engenheiros agrônomos das indústrias de insumos, das empresas de consultoria, das cooperativas e dos canais revendedores; as empresas que produzem insumos, como os inseticidas, ou material biológico, como inimigos naturais ou inseticidas biológicos, e, no final da cadeia, os agricultores, que farão uso das informações e estratégias e para os quais os programas são desenvolvidos.

RESISTÊNCIA AOS DEFENSIVOS

Anticarsia gemmatalis / Pseudoplusia includens

Período Vegetativo (nível de controle) 30% desfolha ou 40 lagartas/ pano de batida (2 m)

é a sua adoção e a permanência de sua aceitação após anos de uso, o controle químico mostra-se até o momento como o mais utilizado e, conseqüentemente, a mais importante forma de controle de pragas. Todavia, o uso abusivo e sem critérios técnicos poderá acarretar sérios problemas, comprometendo a sustentabilidade, como é o caso do desenvolvimento da resistência das pragas aos defensivos. Dentre as conseqüências drásticas da evolução da resistência estão a aplicação mais freqüente de pesticidas; aumento na dosagem do produto e substituição por um outro produto, geralmente de maior toxicidade. Esses fatores comprometem os programas de ma-

Fabio Quadros

Considerando-se que a melhor maneira de avaliar o sucesso de um sistema proposto, entre várias outras opções,

Praga

Pulverizações Inseticida Biológico (Bt) associado ao químico (piretróide)

nejo integrado de pragas (MIP) em vista da maior contaminação do ambiente com pesticidas, destruição de organismos benéficos e elevação nos custos de controle da praga. Assim, o desenvolvimento da resistência não interessa a nenhum setor, quer seja da indústria, que tem a vida útil de seu produto reduzida, do produtor, que perde uma das opções de controle de pragas, ou da sociedade em geral, que terá de consumir produtos com mais chances de contaminação por resíduos, além da elevação dos custos da produção. Com isso o manejo da resistência de artrópodos a produtos químicos tem se tornado um importante componente do MIP e vice-versa.

BACILLUS THURINGIENSIS

A Pseudoplusia includens, considerada uma praga secundária em soja, vem surgindo em surtos e dificultando o controle

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Período Reprodutivo (nível de controle) 15% desfolha ou 40 lagartas/ pano de batida (2 m)

O Bacillus thuringiensis, conhecido como Bt, é uma bactéria que vive naturalmente no solo, ou em folhas de plantas, e desde a década de 40 foi introduzida no mercado mundial para o controle de pragas agrícolas, principalmente lagartas da ordem Lepidóptera. O Bt produz proteínas denominadas deltaendotoxinas durante o processo de esporulação, as quais são altamente tóxicas aos insetos, porém, inofensivas aos mamíferos e à flora em geral. A atividade entomopatogênica do Bt está relacionada com a produção de cristais com ação inseticida, que são sintetizados a partir da fase estacionária e acumulados no citoplasma da célulamãe durante a esporulação. Cada cristal pode ser formado por uma ou mais proteínas codificadas por classes de genes denominados de CRY. Os inseticidas comerciais à base de Bt geralmente

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Dirceu Gassen

contêm uma mistura de esporos e de cristais secos das toxinas. São aplicados na soja via foliar, e as lagartas, ao se alimentarem das folhas, ingerem o inseticida que será ativado pelo pH alcalino da hemolinfa (sangue) da lagarta. Como resultado da ingestão do Bt, ocorre o rompimento das paredes do aparelho digestivo do inseto, causando paralisação na alimentação, com posterior morte do inseto O modo de ação das proteínas Cry difere completamente dos modos de ação dos conhecidos inseticidas químicos sintéticos, fazendo com que essas proteínas sejam elementos-chave para auxiliar no manejo integrado de pragas através de sua aplicação foliar sobre as plantas ou, como mais recentemente, através da expressão dessas toxinas em plantas transgênicas. Enquanto o uso de inseticidas biológicos ainda permanece significativamente atrás do de inseticidas químicos sintéticos, muitos aspectos relacionados à segurança

e ao meio ambiente favorecem o contínuo aumento da utilização de B. thuringiensis para o controle de pragas. Isso porque as proteínas que têm sido estudadas, até o momento, não são patogênicas para os mamíferos, pássaros, anfíbios ou répteis e

COMPROVAÇÃO DA EFICIÊNCIA

O

engenheiro agrônomo e produtor de soja, Mateus Arantes, não abre mão do uso de inseticidas à base de Bacillus thuringiensis (Bt) para o manejo de lagartas em sua fazenda localizada entre os municípios de Selvíria e Três Lagoas (MS). Segundo Mateus, com o uso do Bt consegue-se uma maior seletividade, controlando Anticarsia e Plusia, sem afetar os inimigos naturais, com isso a chance de equilibrar o ecossistema é maior, não agredindo o meio ambiente e, de quebra, diminuindo a quantidade de inseticida a ser utilizado no ciclo da cultura. Para maior eficiência do produto, podem-se associar outros métodos de controle, como foi feito na Fazenda São Mateus: Bt + baculovírus em uma aplicação e liberação da vespa parasitóide de ovos Trichograma, visando o controle de lagartas. Segundo o produtor, o uso do Bt, seletivo aos artrópodos benéficos, garantiu a sobrevivência de inimigos naturais, refletindo no controle de percevejos, que foi feito com uma única aplicação de inseticida químico na bordadura, sendo esta suficiente para manter a população sob controle até o final da cultura.

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Sobre o controle de Plusias, Mateus relata que o grande problema de controle dessas lagartas é com relação à sua localização (terço médio da planta), nesse caso, a grande dificuldade é acertar o alvo. O volume de 150 l/ha, com ponta tipo TT110 015, tem dado um bom resultado na região de Três Lagoas (MS), mas, em áreas com plantio direto de soja sobre pastagens, o cuidado deve ser dobrado, pois, devido às touceiras de capim e à irregularidade do terreno, o pulverizador fica instável, diminuindo a eficiência da aplicação com relação ao alvo e ao rendimento operacional. “No meu sistema de produção de soja, uso Bt associado a outros métodos de controle, e, em cinco anos de integração lavoura de soja e pecuária de corte, foi possível estabelecer um método de controle eficiente para lagartas e percevejo. Nem sempre essa rotação tem proporcionado menor incidência de pragas, pois a temperatura é elevada (300 m de altitude), e a presença de veranicos é marcante, contribuindo para a proliferação de insetos. Contudo, venho conseguindo boas produtividades, acima de 45 sacos/ha, em áreas de plantio direto sobre pastagens”, relata Mateus.

As lagartas, ao se alimentarem das folhas, ingerem o inseticida Bt, que causa o rompimento das paredes do aparelho digestivo do inseto, levando-o à morte

ainda são muito específicas para os grupos de insetos contra os quais as toxinas têm atividade.

USO DE INSETICIDAS À BASE DE BT Diversas lagartas que atacam a soja podem ser controladas pelo Bacillus thuringiensis, destacando-se: a lagarta-dasoja, Anticarsia gemmatalis, e as lagartas do complexo Plusias, das quais a mais freqüente é a Pseudoplusia includens (lagarta-mede-palmo). Resultados de pesquisas mostram que é viável a utilização de inseticidas biológicos à base de Bt, associados a inseticidas químicos, potencializando o controle e contribuindo para o manejo da resistência. Entre os inseticidas químicos, o grupo dos piretróides sintéticos tem proporcionado controle efetivo das lagartas da soja com excelente efeito de choque, com a vantagem de que, entre os grupos químicos convencionais, os piretróides são menos tóxicos quando comparados aos organofosforados ou carbamatos, podendo ser usados em rotacionamento com os Bts, poupando a cultura de aplicações mais freqüentes de inseticidas químicos. Outras vantagens do Bt são a alta seletividade a inimigos naturais, a baixa toxicidade e a compatibilidade com uso associado ao controle biológico. Outro ponto importante no emprego de inseticida biológico à base de Bt são os múltiplos sítios de ação das endotoxinas, que dificultam o desenvolvimento da resistência dos insetos ao defensivo. C Geraldo Papa e Fernando Juari Celoto, Unesp

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Soja

Perigo subterrâneo Ataques das larvas dos corós, cada vez mais intensos em sistemas de monocultivo da soja, provocam amarelecimento, redução de crescimento e até a morte das plantas. A semeadura em período de revoada desses insetos surge como alternativa de escape aos severos danos provocados pela praga

A

cultura da soja pode ser atacada por insetos desde a semeadura até a fase de maturação dos grãos ou das sementes. No passado, as principais pragas da soja estavam associadas apenas à parte aérea das plantas. No entanto, a partir da década de 80, as pragas subterrâneas, também denominadas de pragas de solo, começaram a causar problemas nos sistemas de produção dessa leguminosa, especialmente em lavouras instaladas no sistema de plantio direto. Denominam-se pragas de solo os insetos e outros pequenos organismos que passam uma fase do seu ciclo subterraneamente ou na superfície do solo e que, nesses ambientes, se alimentam das partes vegetais, danificando economicamente as plantas cultivadas. A expansão da soja em monocultivo para áreas consideradas não tradicionais em substituição à vegetação nativa, como aconteceu no Cerrado, as mudanças nos sistemas de cultivos (cultivo mínimo, plantio direto, lavoura-pecuária etc.), associadas às alterações fitotécnicas

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e fitossanitárias que ocorreram no agroecossistema, estão entre as possíveis causas que explicam o incremento dos problemas com pragas de solo na cultura da soja. Várias espécies de invertebrados (insetos, diplópodes, moluscos, etc.) podem ocorrer na fase de estabelecimento da cultura, causando redução de stand e/ou prejudicando o desenvolvimento das plantas, o que acarreta, consequentemente, em reflexos negativos na produção de grãos e/ou de sementes. Esses organismos têm sido também denominados de pragas iniciais, quando incidem na cultura até cerca de trinta dias após a sua emergência. Dentre as pragas iniciais que atacam a soja, destacam-se as larvas subterrâneas rizófagas de besouros melolontídeos, em especial aquelas pertencentes aos gêneros Phyllophaga e Liogenys, também denominados de corós, bicho-bolo ou pão-de-galinha. Essas pragas embora possam ocorrer durante todo o ciclo da cultura, causam danos mais severos nos estádios iniciais de desenvolvimento das plantas. A importância econômica de

cada espécie de coró na soja é geralmente regionalizada, sendo a intensidade de seus danos nas lavouras variável em função da abundância, do tamanho das larvas no solo, bem como do estádio de desenvolvimento da cultura por ocasião do ataque.

DANOS DE PHYLLOPHAGA CUYABANA O coró-da-soja, Phyllophaga cuyabana, é uma espécie que foi constatada inicialmente em lavouras do Paraná, na década de 80. Todavia, com a expansão da soja para a região do Cerrado, a ocorrência dessa praga foi confirmada nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Nas últimas três safras de soja em Mato Grosso do Sul foram observadas altas infestações de larvas de P. cuyabana causando danos em lavouras de soja dos municípios de Sidrolândia, Ponta Porã, Aral Moreira, São Gabriel do Oeste, Maracaju e Dourados. Os danos causados pelos corós à soja são indiretos, pois esses insetos, ao consumirem as raízes, especialmente as secun-

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Fotos Dirceu Gassen

dárias, prejudicam a capacidade das plantas de absorverem água e nutrientes, o que afeta, conseqüentemente, o seu potencial produtivo. Os sintomas visuais do ataque de corós na soja vão desde o amarelecimento das folhas, a redução no crescimento e até a morte das plantas. Quando a presença de larvas mais desenvolvidas coincide com a fase inicial de desenvolvimento da cultura, podem ocorrer expressivos danos na cultura, com perdas de até 100% da lavoura, como aconteceu durante a safra 2002/03 em uma lavoura de soja situada no município de Ponta Porã (MS). Quando o dano na cultura é parcial, verifica-se a ocorrência de reboleiras de danos nas lavouras, onde se observam plantas mortas ou de tamanho reduzido, condição esta que favorece o desenvolvimento de plantas daninhas, pois não ocorre o fechamento da soja nas áreas com ataque do coró. A incidência de corós na soja tem sido observada tanto em lavouras instaladas no sistema de semeadura direta como em áreas com sistema de preparo convencional do solo.

DANOS DE LARVAS DE LIOGENYS FUSCUS Em Goiás, a espécie Liogenys fuscus vem sendo estudada desde a safra 2002/03 em áreas de cultivo de soja sob plantio direto,

PHYLLOPHAGA CUYABANA

O

s adultos de P. cuyabana são besouros castanho-escuros medindo cerca de 15 a 20 mm de comprimento. Após o acasalamento, a fêmea coloca os ovos isoladamente na superfície do solo, ambiente onde ocorrerá o completo desenvolvimento das fases imaturas do inseto. As larvas apresentam coloração esbranquiçada e medem, no máximo desenvolvimento, cerca de 35 mm; apresentam três estágios de desenvolvimento (instares) e, no final do terceiro instar, passam por um período de diapausa, quando se aprofundam no perfil do solo, não se alimentam e apresentam baixa mobilidade. Após o período larval passam para a fase de pupa e depois se transformam em adultos ainda dentro das câmaras pupais. Quando atingem a maturação sexual, os adultos emergem do solo à noite em períodos da revoada para acasalamento e dispersão. Na região Sul de Mato Grosso do Sul, a revoada de adultos de P. cuyabana ocorre durante os meses de setembro a novembro, com pico de atividade em outubro.

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Danos quando não muito intensos são percebidos através de reboleiras na lavoura, onde se observam plantas mortas ou de tamanho reduzido

onde ocorreram perdas de 50 a 100% das lavouras. Após a semeadura da soja, que ocorre nos meses de novembro e dezembro, já se encontra no solo maior proporção de larvas de 1o, 2o e, em menor, as de 3o instares. Semeaduras tardias ou em “safrinha” tendem a sofrer maiores danos, uma vez que há predomínio de larvas de 2o e 3o instares. As larvas de 3o instar apresentam maior mobilidade no solo e, no início do período de estiagem, aprofundam-se entre 20 e 30 cm no solo, onde constroem sua câmara pupal. Parando de se alimentar, limpam o abdome e transformam-se em pupa dentro da câmara pupal entre os meses de julho e agosto. Os adultos permanecem no solo aproximadamente 30 dias após o final da fase pupal, aguardando a presença de umidade ideal para sua emergência do solo. Após as primeiras chuvas, entre os meses de setembro e outubro, iniciam-se novamente a revoada e a fase de postura.

OUTRAS ESPÉCIES Outras espécies de corós de menor importância econômica podem, eventualmente, ser observadas em associação com a soja na região do Cerrado. Em São Gabriel do Oeste (MS) uma espécie de coró, ainda não identificada, foi observada atacando soja durante o mês de janeiro de 2004. Durante a safra 2004/05 foram encontrados larvas e adultos de Anomala testaceipennis no solo em uma área de cultivo de soja em Maracaju. Neste mesmo município, na última safra (2005/06), outra espécie de coró foi também verificada em uma área com incidência histórica de

Phyllophaga cuyabana, porém, não foi ainda identificada. Na região de Rondonópolis e em Primavera do Leste, no estado de Mato Grosso, já foram constatadas pela Dra. Lúcia Vivan, pesquisadora da Fundação MT, duas espécies de corós atacando a soja. Uma das espécies, com menor incidência e de maior tamanho, aparenta ser P. cuyabana, enquanto a outra, que causa maior intensidade de danos na região, provavelmente seja L. fuscus. Algumas larvas de melolontídeos que têm o hábito de construir galerias verticais no solo são freqüentemente encontradas em lavouras de soja, especialmente nos sistemas de integração lavoura-pecuária. Esse grupo de corós, geralmente espécies de gênero Bothynus, não são pragas e se alimentam de restos vegetais em processo de decomposição. Na verdade são reconhecidos como insetos benéficos no agroecossistema, pois, em função do seu comportamento, auxiliam na incor-

Adultos esperam as primeiras chuvas, entre os meses de setembro e outubro, para iniciar a revoada e a fase de postura

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LIOGENYS FUSCUS

Fotos Crébio José Ávila

Corós consomem as raízes, especialmente as secundárias, e prejudicam a capacidade das plantas de absorverem água e nutrientes

poração e fragmentação da matéria orgânica no perfil do solo e aumentam a capacidade de infiltração de água em lavouras sob plantio direto.

CONTROLE Várias táticas de controle, como manipulação da época de semeadura, preparo do solo, rotação de culturas, adubação diferenciada, além do controle químico, são sugeridas como estratégias para manejo de corós, na cultura da soja. Considerando-se que o inseto apresenta sintonia do seu estágio ativo de alimentação com o período de estabelecimento da cultura, em nível regional, é possível programar a época de semeadura da soja, instalando a cultura antes do período de revoada do inseto. Com isso, quando ocorrerem larvas mais vorazes do inseto no solo (2º e 3º instares), as plantas de soja estariam em um estágio mais tolerante ao ataque da praga, o que reduziria os danos na cultura. O preparo do solo, especialmente utilizando-se grade pesada ou aiveca, pode reduzir a população de larvas de corós no solo entre 30 a 50%. No entanto, o revolvimento do solo em áreas de semeadura direta com objetivo único de se controlar corós não é recomendado. Nosso grande desafio é buscar alternativas eficazes para o controle de pragas de solo no plantio direto, sem a necessidade de abandonar esse sistema de cultivo que traz expressivos be-

nefícios ambientais para a agricultura. Trabalhos conduzidos na Embrapa Soja evidenciaram que algumas espécies vegetais, como a Crotalaria juncea e C. spectabilis e o algodoeiro (Gossypium hirsutum), prejudicam o desenvolvimento das larvas de P. cuyabana, especialmente quando são oferecidas aos insetos no início da sua fase larval. Em razão disso, essas culturas foram sugeridas como rotação em áreas infestadas com esse coró. As crotalárias podem também ser utilizadas como cultura antecessora à soja, desde que nesse período haja a presença de larvas pequenas do inseto no solo. Como o coró se alimenta das raízes da soja, os reflexos negativos da diminuição do volume de raiz sobre o rendimento de grãos são intensificados em condições de estresse para a cultura, tais como: déficit hídrico, baixa fertilidade, camadas adensadas etc. Dessa forma, qualquer medida que favoreça o desenvolvimento do sistema radicular da soja (ex. adubação diferenciada, inoculação de bactérias fixadoras de nitrogênio, calagem do solo etc.) proporcionará maior tolerância da planta ao ataque da praga. A aplicação de inseticidas químicos nas sementes ou no sulco de semeadura da soja tem sido investigada como alternativa para o manejo de larvas de P. cuyabana na cultura da soja. Em um ensaio conduzido na Embrapa Agropecuária Oeste durante a safra 2003/04, verificouse que os maiores valores de estande foram observados com os inseticidas thiamethoxan e imidacloprid aplicados nas sementes, seguidos pelos tratamentos com a mistura imidacloprid + thiodicarb. Todavia, os maiores rendimentos de grãos foram constatados com fipronil e com a mistura imidacloprid + thiodicarb nas três doses testadas, seguidos por thiamethoxan e imidacloprid. Em outro ensaio conduzido na safra 2004/05, os maiores valores de estande inicial da soja foram observados com o inseticida clothianidin e nos tratamentos com imidacloprid (42 e 72 g i.a/ha), os quais asseguraram, res-

Dinâmica populacional de Liogenys fuscus em áreas sob plantio direto de Goiás

O

s adultos são besouros que medem em média 12,4 mm de comprimento por 7,8 mm de largura, de coloração castanho-claro brilhante na face dorsal e castanho-escuro na ventral. Após completarem seu ciclo, saem do solo entrando em revoada nos meses de setembro e outubro, coincidentemente com as primeiras chuvas, procurando locais altos como galhos de arbustos e árvores para se acasalarem. Após a cópula, as fêmeas procuram locais com presença de ervas daninhas verdes ou locais com acúmulo de matéria vegetal seca, onde ovipositam a uma profundidade de 5 a 10 cm, substratos esses que vão servir de como a primeira fonte de alimento para as larvas recém-eclodidas e formam as possíveis reboleiras nos meses de novembro e dezembro. A fase larval apresenta três instares, sendo os dois últimos mais prejudiciais ao sistema radicular das plantas. pectivamente, valores relativos de 59, 40 e 47% superiores ao da testemunha, sem, no entanto, diferirem estatisticamente, entre si. Nos tratamentos em que as sementes foram tratadas com o inseticida imidacloprid e clothianidin, foram observados os maiores valores de rendimento de grãos, superando a produtividade do tratamento testemunha em níveis relativos que variaram de 97 a 128% (Tabela 2). A aplicação de inseticida, na forma líquida no sulco de semeadura, tem sido também investigada como alternativa para o manejo de corós na cultura da soja, sendo os inseticidas clorpirifós e endossulfan os produtos mais promissores para esta modalidade de aplicação. Em experimentos conduzidos pela UFG no município de Anápolis, GO (safra 2004/05) e em Edéia, GO (safra 2005/06) visando o controle químico de L. fuscus nas culturas de milho e soja, verificou-se que os inseticidas clorpirifós, endosulfan, fipronil e triazofós foram os mais eficientes quando pulverizados no sulco de semeadura. Em tratamento de sementes os produtos mais eficientes foram a mistura imidacloprid + thiodicarb e thiamethoxam. C Crébio José Ávila, Embrapa Agropecuária Oeste Paulo Marçal Fernandes, Viviane Santos e Rommel Bernardes da Costa, Universidade Federal de Goiás

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Empresas

Efeito fisiológico Com garantia de maior reserva de energia às plantas durante seu desenvolvimento, a piraclostrobina atua no aumento da fotossíntese líquida e na diminuição da respiração no metabolismo vegetal

A

luz do sol é a fonte da vida em nosso planeta. Quando chega à Terra, a energia luminosa contida nos raios solares é absorvida pelos vegetais, que a transformam em energia química. Esse é o chamado processo de fotossíntese, do qual a maioria dos seres vivos depende direta ou indiretamente. As plantas possuem clorofila que captura a energia luminosa e a transforma em energia química. Isso quer dizer que a planta absorve gás carbônico da atmosfera e água do solo. Em presença de luz, as moléculas de gás carbônico e de água reagem entre si, produzindo glicose e oxigênio. Entre os átomos que compõem a molécula de glicose fica armazenada a energia que a planta vai utilizar para crescer e que será consumida pelos demais seres vivos. Ao mesmo tempo que a planta realiza a fotossíntese e fabrica a glicose, ela respira. Durante a respiração, os vegetais absorvem o oxigênio do ar, eliminam gás carbônico e liberam a energia da glicose por eles fabricada. O processo acontece em etapas, pois, se a energia fosse liberada de uma única vez, ela seria dissipada, isto é, perdida, e não poderia ser aproveitada para o crescimento do vegetal. Pesquisas desenvolvidas na Alemanha e no Brasil indicam que o F 500 (piraclostrobina) atua aumentando a fotossíntese líquida (fotossíntese líquida = fotossíntese – respiração), através da diminuição da respiração, conseqüentemente com isso acontecerá um aumento da reserva de carboidrato da planta, ou seja, a planta terá maior reserva de energia para consumir no seu desenvolvimento.

PRODUÇÃO DE NITROGÊNIO O nitrogênio faz parte da molécula de clorofila, indispensável à fotossíntese, promove a

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coloração verde das folhas, é integrante das proteínas vegetais, auxilia a formação das folhagens e favorece o rápido crescimento da planta. O nitrogênio é o macronutriente mais abundante na planta e é também o mais exigido em relação aos demais. A função mais importante do nitrogênio está relacionada à sua participação na constituição de moléculas das proteínas; além disso, também participa da formação de compostos indispensáveis às plantas, como purina, pirimidina, pafininas e coenzimas. Para que o N seja incorporado aos compostos orgânicos, ele deve estar reduzido a NH3através de enzimas redutoras. O processo de redução ocorre com a atuação de enzimas como a nitrato-redutase e o nitrito-redutase. O F 500 atua no metabolismo da planta ativando a enzima nitrato redutase, responsável pela produção do NO2 a partir do NO3, gerando, conseqüentemente, maior assimilação do Nitrogênio, mais clorofila, mais proteínas e mais biomassa.

ETILENO O etileno, um hidrocarboneto simples, exerce grande influência no crescimento e no desenvolvimento das plantas. Em muitas espécies vegetais, o etileno tem um efeito inibitório sobre a expansão celular. Além disso, ele estimula a senescência e abscisão de folhas e frutos, inibe o crescimento da raiz, promove um aumento na permeabilidade das membranas celulares, promove o murchamento de flores e produz a epinastia e o geotropismo das raízes. O F 500 atua diminuindo a produção de etileno, gerando, conseqüentemente, a diminuição da senescência das plantas, mantendo as folhas ativas por um período maior de tempo, estando estas, portanto, mais tempo aptas a produzir energia para o crescimento e

produção de frutos e grãos.

EFEITOS DO F 500 O produto F 500 é um fungicida completo, de amplo espectro, que propicia o controle das principais doenças em nossos cultivos. Durante os últimos anos tem sido observado que quando se utilizam produtos da família F 500 (Opera®, Comet® e Cabrio® Top) ocorre efeito verde, maior tolerância a estresse e, principalmente, maior rendimento, marcado por maiores produtividades. Isto está associado ao modo de ação do produto, o qual atua na respiração celular, na mitocôndria no citocromo Bc1, interferindo transitoriamente no transporte de elétrons. Essa interferência resulta principalmente nas seguintes conseqüências: • melhor utilização de CO2, reduzindo desta forma os gastos de energia e resultando em maior acúmulo de carboidratos (aumento da fotossíntese líquida), • incremento da atividade da enzima Nitrato redutase, a qual é fundamental para a incorporação de nitrogênio em moléculas vitais à planta. • efeito verde, que é conseqüência de maior teor de clorofila, diminuição do estresse, que está associado à redução da produção de etileno, permitindo assim que tenhamos maior duração da vida útil das folhas. Esses efeitos resultam claramente num incremento da área foliar, ou seja, mais folhas, com atividade foliar mais prolongada, fazendo com que a planta complete todo o seu ciclo com maior eficiência, resultando em maior C rendimento.

Ricardo Ferraz de Oliveira, Esalq/USP

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Agronegócios

Plantas cabra macho, sim, senhor!

S

abemos que o Homo sapiens pertence ao reino Animal e que, pela Teoria da Evolução, nossos avós são símios. Mas alguém já pensou na semelhança entre homens e plantas? Pois há um ponto de contato naquilo que os italianos chamam de “il bisogno di tenersi un pó su!” Para um oriundi como eu é fácil entender, mas a tradução literal não significa nada. Digamos que é algo como “a necessidade de ficar teso, ereto, firme”. Nesse caso, plantas e homens – no masculino mesmo – têm no citrato de sildenafil e no ácido abcíssico um ancestral químico comum. A idéia ocorreu a pesquisadores da Universidade de West England. Eles descobriram que os processos químicos responsáveis pelo intumescimento e o relaxamento do órgão sexual masculino são os mesmos que promovem a abertura e o fechamento dos estômatos das folhas. De acordo com o Dr. Steve Neill, co-autor da pesquisa, o estudo abre enormes perspectivas para regular o consumo de água nos vegetais.

A QUÍMICA O citrato de sildenafil, conhecido comercialmente como Viagra, é um potente inibidor da enzima fosfodiesterase, cuja função no organismo humano é metabolizar o monofosfato cíclico de guanosina (cGMP), um poderoso vasodilatador. Ao inibir a ação da enzima, o citrato de sildenafil permite uma atuação mais intensa do cGMP. Com esta ação mais intensa, outros processos fisiológicos induzem a vasodilatação em alvos específicos, ativando o mecanismo mediado pelo óxido nítrico. Já o fitormônio ABA (ácido abscíssico) media a resposta das plantas tolerantes a estresses hídricos e também está envolvido na expressão da resistência induzida de plantas ao ataque de pragas. Nas sementes, o ABA promove o desenvolvimento e a maturação do embrião, a síntese das reservas das sementes (proteínas e lipídios), a tolerância à seca, a inibição da germinação (dormência) e a apoptose (é um tipo de “suicídio celular”).

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O ABA também está envolvido com o desenvolvimento e a morfologia das raízes das plantas.

A SEMELHANÇA O ponto chave da semelhança entre este detalhe fisiológico de homens e plantas é um gás incolor, o óxido nítrico (NO). Trata-se de um radical livre, com múltiplas funções biológicas. No organismo humano, além da regulação do tônus vascular, atua na transmissão nervosa e participa de processos imunológicos. A síntese do NO se realiza a partir de um aminoácido essencial (L-arginina), catalisado por enzimas óxido nítrico-sintetases.

“Eles descobriram que os processos químicos responsáveis pelo intumescimento e o relaxamento do órgão sexual masculino são os mesmos que promovem a abertura e o fechamento dos estômatos das folhas”

A descoberta da função do óxido nítrico no relaxamento dos vasos sangüíneos rendeu o Prêmio Nobel de Medicina de 1998 a Robert Furchgott, Louis Ignarro e Ferid Murad. Aproveitando essa pesquisa básica, um laboratório farmacêutico desenvolveu o citrato de sildenafil, que fornece ao organismo humano uma dose extra de NO, o que permite o intumescimento peniano e a manutenção de uma ere-

ção prolongada.

TOLERÂNCIA À SECA Já a descoberta dos cientistas ingleses ocorreu quase por acaso. Eles estudavam o efeito do ácido abscíssico, o qual é ativado nas plantas sob o efeito de estresse hídrico. Os pesquisadores sabiam da ligação entre esse hormônio e o fechamento dos estômatos, quando havia redução da disponibilidade de água para a planta, porém seu mecanismo bioquímico era desconhecido. A contribuição mais importante da equipe do Dr. Neill foi a descoberta de que o ácido abscíssico estimula as células que circundam os estômatos a produzir o óxido nítrico. A maior concentração do gás promove o progressivo fechamento dos estômatos. O processo bioquímico básico é exatamente o mesmo do intumescimento peniano! Vivemos tempos de mudanças climáticas globais, com secas cada vez mais freqüentes e mais intensas. No futuro próximo, a água se tornará um recurso caro e raro. Uma vez elucidado o mecanismo de ação do ABA, os agrônomos podem desenvolver o seu uso para aplicação em plantas, quando for necessário induzir o fechamento dos estômatos, para regular o consumo de água. As pesquisas também podem redundar na descoberta de variabilidade genética de plantas que possuam um mecanismo mais acentuado de regulação estomatal. Uma vez descoberto o controle genético, os genes podem ser transferidos através de transgenia, introduzindo a característica em plantas de interesse comercial, o que é uma forma de geneterapia vegetal. Quem diria, a regulação do intumescimento ainda pode encher de alegria o sertão do Nordeste – embora por motivos agronômicos! PS. Aviso aos navegantes: não existem evidências de que o ácido abscíssico seja um sucedâneo do citrato de sildenafil para uso humano! C Décio Luiz Gazzoni Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja www.gazzoni.pop.com.br

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Mercado Agrícola

Brandalizze Consulting

brandalizze@uol.com.br

Trigo e milho dando suporte para o mercado mundial de grãos O mercado mundial dos grãos está chegando a um nível de aperto geral, porque neste momento estamos com dois produtos importantes - os mais produzidos e consumidos - com grande aperto no abastecimento. Dessa forma, está criando suporte nas cotações de todos os demais grãos produzidos. O milho e o trigo estão com oferta menor do que a demanda, e o quadro geral mundial segue mostrando que iremos produzir aproximadamente 1,96 milhões de t em 06/07, frente ao consumo que deverá passar de dois milhões de t. Assim, estamos derrubando os estoques mundiais e apertando o quadro geral que está dando sustentação para as cotações. O trigo, com os estoques nos níveis mais baixos em 25 anos, e o milho, em pelo menos dez anos, comandam a corrida altista das cotações. Também temos pressão de alta no mercado mundial do arroz, com safra menor que o consumo e queda livre nos estoques, dessa forma, corrida para as cotações, que cresceram cerca de 30% nos últimos 15 meses e mostram fôlego para crescer ainda mais. O Brasil poderia estar ganhando com isso, mas nestes últimos dois anos a má condução da política agrícola e econômica do país, que tem mantido o câmbio em baixa e privilegiado a entrada de dólares para aplicação em papéis públicos, com os juros reais mais altos do mundo, serve para deixar a moeda americana em níveis irreais, ou seja, baixos, e assim perdemos espaço nos novos negócios internacionais. Basta olharmos para a Argentina, que cresceu 9% no ano passado e mantém o câmbio acima dos $ 3,10, enquanto aqui estamos próximos dos R$ 2,10. Se tivéssemos com o câmbio em R$ 3,00 por dólar, poderíamos estar exportando grandes volumes de soja, milho e arroz, sem necessidade de subsídios ou apoio do governo. Também avançaríamos forte no setor das carnes, que se tornariam mais competitivas. O bonde da história está passando, com o mundo crescendo mais de 5% ao ano, enquanto nós não conseguimos ir muito além dos 2%. Dessa forma estamos caminhando para uma nova safra com queda na área e redução da tecnologia. Será um bom ano para os produtores que conseguirem fazer uma boa safra, porque tudo aponta para cotações firmes em 2007, assim recomendamos investir para colher safra cheia. MILHO Confirmou forte alta em outubro O mercado mostrou forte alta nas cotações em outubro, e mesmo assim poucos vendedores estavam dispostos a fechar as posições que tinham nas mãos. Com indicativos saltando cerca de R$ 3 em média no período e criando cotações entre os R$ 16 e mais de R$ 20 por saca na casa dos consumidores. Com isso, mostrava pressão dos consumidores para que o governo vendesse os estoques via PEP para o consumo no Sudeste e Sul. Com os pregões, teremos limite no crescimento das cotações. SOJA Chicago sinalizando favorável para 2007 O mercado de Chicago tem mostrado boas expectativas para 2007, que mesmo com safra cheia nos EUA, com mais de 86,7 milhões de t, e sendo recorde histórico para o país, está favorável porque se aposta no aumento do consumo do farelo para ração em função da falta de milho e trigo. Dessa forma já existem indicativos de que o consumo em 2007 será maior que a produção, como apontou em outubro a Consultoria Alemã Oil World, indicando produção de 223,1 milhões de t e consumo de 224,7 milhões de t, e assim quebrando a tendência que vínhamos apresentando de produção maior que o consumo e indicando que o quadro deverá continuar em 2008, com cotações mais favoráveis para a oleaginosa. Em outubro a soja chegou aos maiores níveis do ano, negociando nos R$ 33,00 em Paranaguá. O governo anunciou que liberará R$ 1 bilhão para operações de suporte da safra nova nos R$ 22,50 por saca nas principais regiões de fronteira. FEIJÃO Mantendo cotações firmes e pouca oferta O mercado de outubro se manteve com indicativos entre os R$ 65 e R$ 80 por saca, e poucas ofertas de produto estavam aparecendo. Com a quebra da safra da Bahia, que além da baixa produtividade teve baixa qualidade, haverá suporte de demanda para a primeira sa-

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fra que começará a ser colhida no final de novembro em SP e começo de dezembro no Paraná. É bom lembrar que esses dois estados sofreram com temperaturas baixas, sinalizando com queda na produtividade. Com temperaturas baixas sobre as lavouras neste mês de outubro novamente afetando as plantas em fase de floração e crescimento, há limitação na produtividade. Os vendedores esperam que os indicativos se mantenham firmes nos próximos meses. A boa notícia para o setor é que as carnes estão numa escalada de crescimento de preços e deve dar suporte para a demanda do feijão se manter aquecida.

ARROZ Forte alta no Sul O mercado do arroz, que vinha em marcha lenta no Sul, teve forte ajuste nos indicativos em outubro, que mostravam o RS indicando dos R$ 22,50 aos R$ 26,00 e acima, com ganhos de R$ 3,00 a R$ 4,00 sobre o mês anterior, e desta forma criando novos patamares de preços para os produtores. No Centro-Oeste o governo vendeu estoques e conseguiu estabilizar as cotações locais, enquanto isso o Sul seguia firme e mostrava mais espaço para crescer, mas já mostrando pressão das indústrias para que a Conab vendesse os estoques que tem em SC (95 mil t) e no RS (900 mil t).

CURTAS E BOAS SOJA - o Oil World estimou a safra brasileira de 06/07 em 52,5 milhões de t, contra as 53,4 apontadas pela Conab. Mostrou 42,7 milhões de t para a Argentina e 4,6 milhões de t para o Paraguai, contra 40,6 e 3,8 milhões de t, respectivamente. TRIGO - o quadro mundial é o mais apertado dos últimos 25 anos, com estoques em queda livre e podendo ficar ainda mais complicado, porque a safra da Austrália que, segundo o USDA, será de 11 milhões de t, contra 24,5 do ano passado, poderá não chegar a dez toneladas, complicando a vida dos importadores e favorecendo os produtores brasileiros, que já estão negociando acima dos R$ 500 por t e caminham para chegar à marca dos R$ 600, porque o trigo importado não chegará abaixo dos US$ 300 por t, se trazido de fora do Mercosul. A Argentina, em função da safra menor, aponta para colocar limitação de exportação. ALGODÃO - as boas cotações do mercado mundial seguem estimulando os produtores do Mato Grosso e da Bahia para o crescimento do plantio nesta nova safra que, segundo a Conab, avançará 20%, passando para 1,28 mil t, contra pouco mais de 1,02 mil colhidas na última safra. Trata-se de uma boa alternativa para os produtores, mas que devem plantar protegidos com venda futura de parte da colheita, para ter liquidez na hora de quitar as dívidas. EUA - a safra americana de arroz está passando das 10,3 para as 8,8 milhões de t neste ano e, com o fechamento da colheita, começa a se estudar as vendas internacionais. Um dos países vistos como comprador é o Brasil, que deverá importar entre 1,2 e 1,5 milhão de t em 2007. Com menos arroz nos EUA, as cotações cresceram e estão acima dos US$ 240 por t na base do casca FOB e, dessa forma, chegaria aqui na casa dos US$ 300 por t nos portos, ou seja, US$ 15 por saca para as indústrias, que nos valores de hoje superam os R$ 30 por saca. AUSTRÁLIA - sendo um dos grandes exportadores de trigo, está passando por um dos piores momentos nesse cereal, com forte estiagem, que causa perdas de 70% ou mais da safra, e dessa forma o país não terá trigo para vender no próximo ano, assim estão garantidas aos produtores brasileiros boas condições para a safra atual e futura. A safra deste ano, segundo fontes australianas, deverá ficar na casa das nove milhões de t contra as 24,5 colhidas no ano passado, enquanto isso a Argentina colhe 13,2 milhões de t e se mantém próxima da safra do ano passado e muito abaixo das 18 colhidas há dois anos.

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