Cultivar 98

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Cultivar Grandes Culturas • Ano IX • Nº 98 • Julho 2007 • ISSN - 1516-358X

Nossa capa

Destaques

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J. B. Torres

Milho sob estresse Como proteger as plantas de fatores adversos que interferem em seu desempenho

14 Dobradinha de ouro O que considerar na hora de optar pelo plantio de milho ou soja na próxima safra

Nossos cadernos

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Fotos de capa - Charles Echer

Controle via semente Tratamento de sementes como alternativa contra a ferrugem asiática em soja

24 Prejuízo oculto Os danos da lagarta-rosada, um dos principais problemas que afetam o algodoeiro

NOSSOS TELEFONES: (53) Grupo Cultivar AO de ASSINANTE: Publicações Ltda. • ATENDIMENTO Rua:3028.4013/3028.4015 Nilo Peçanha, 212 Pelotas –• RS 96055 – 410 ASSINATURAS: 3028.4010/3028.4011 • GERAL www.cultivar.inf.br 3028.4013 cultivar@cultivar.inf.br • REDAÇÃO:

3028.4002 / 3028.4003 • MARKETING:

3028.4004 / 3028.4005

Índice Diretas

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3028.4001 Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Estresse em milho

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Números atrasados: R$ 15,00

Virose do mosaico comum no milharal

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O que plantar: milho ou soja?

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Nossos Telefones: (53)

Giberela em trigo

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• Geral 3028.2000

Tratamento de sementes contra a ferrugem 20

• Assinaturas: 3028.2070

Empresas - Bayer

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• Redação: 3028.2060

Lagarta-rosada em algodão

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• Comercial: 3028.2065 / 3028.2066 / 3028.2067

Monitoramento do bicudo em algodão

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Empresas - Basf

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Empresas - FMC

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Uso de herbicidas em cana-de-açúcar

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Coluna Andav

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• FAX:

Assinatura Internacional: US$ 80,00 70,00

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

REDAÇÃO • Editor

Gilvan Dutra Quevedo • Coordenador de Redação

Janice Ebel • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia • Revisão

Aline Partzsch de Almeida

COMERCIAL Pedro Batistin

Sedeli Feijó

CIRCULAÇÃO • Gerente

Cibele Oliveira da Costa • Assinaturas

Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externas

Raquel Marcos • Expedição

Dianferson Alves

Coluna Agronegócios

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Mercado Agrícola

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• Impressão

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.




Diretas

Linha completa

Novo presidente Wagner Gonçalves Rossi é o novo presidente da Conab. Produtor rural por 30 anos, paulista, foi parlamentar por cinco legislaturas até 2002 e já ocupou outros cargos na administração federal e estadual. Rossi tem 64 anos e é formado em Direito e Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo (USP) e de Ribeirão Preto, e PhD em Administração e Economia da Educação pela Bowling Green State UniWagner Gonçalves Rossi versity, dos EUA.

Nova ponta Um novo componente de pulverização foi adicionado à linha TeeJet. A ponta de Indução de Ar “XR” de jato plano (AIXR), ideal para herbicidas de superfície préemergentes, sistêmicos pós-emergentes e de contato pós-emergentes, produz gotas de menor deriva em alta pressão e proporciona excelente controle de deriva sem comprometer a cobertura.

Reforço A Dimicron Química do Brasil empresa focada em nutrição, principalmente em micronutroentes e inoculação em soja, reforça seu time com a contratação de Giberto Medeiros como gerente regional de vendas. O engenheiro agrônomo com larga experiencia na área afirma que seu principal objetivo é fortalecer a marca Dimicron Gilberto Medeiros e conquistar novos mercados.

Dupont na Escola Foram encerradas no final de junho as inscrições da edição 2007 do Projeto DuPont na Escola. Com ênfase nas escolas públicas e alunos das principais regiões agrícolas do país, são selecionados os melhores desenhos e textos sobre boas práticas agrícolas, cujos autores são premiados com microcomputadores. “No segundo ano de existência o projeto revelou-se um sucesso, sobretudo junto a filhos de produtores rurais”, avaliou Donizeti Vilhena, gerente de segurança de produtos e meio ambiente para a América Latina.

Daltro Benvenuti

Seminário A mudança positiva no comportamento do agricultor foi um dos destaques do 22º Seminário Cooplantio, realizado no final de junho, em Gramado (RS). Para o presidente da Cooplantio, Daltro Benvenuti, a atenção do público para cada palestra surpreendeu em relação a outras edições. A mudança é atribuída às alterações que o cenário agrícola tem sofrido com o advento da agroenergia e o aumento da competição no cenário mundial. “A competitividade é muito grande, por isso aumenta o interesse do produtor em novos assuntos”, opinou. O início das exportações de soja da produção dos cooperativados da Cooplantio foi lembrado pelo presidente. Até o momento foram encomendadas 61 mil toneladas para Portugal, Suíça, Holanda, Alemanha e Tailândia, para onde já seguiu o primeiro embarque.

Caravana A Syngenta promoveu entre os dias 11 e 29 de junho a campanha Priori Xtra Adventure, com o objetivo de percorrer as principais regiões agrícolas de 50 cidades brasileiras para conscientizar o produtor rural sobre os riscos da ferrugem asiática nas plantações de soja, além de apresentar as soluções oferecidas pela empresa para combater a doença. “Após três safras no mercado, o fungicida Priori Xtra, vem proporcionando ao agricultor segurança no controle desta agressiva doença”, afirmou André Savino, gerente de funAndré Savino gicidas Brasil.

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A Basf participou do Seminário da Cooplantio, em junho, em Gramado, no Rio Grande do Sul. Entre os destaques da empresa estiveram o fungicida Opera, o inseticida Standak e o Sistema de Produção Clearfield para o arroz. “Com esses produtos e serviços reforçamos nossa participação na região Sul e nos colocamos à disposição dos produtores locais para ajudá-los no combate às principais pragas e doenças e no aumento de produtividade”, destacou o gerente de cultivos da Basf, Waldemar Waldemar Sanchez Sanchez.

Reunião da soja De 25 a 27 de julho ocorre a 35ª Reunião da Pesquisa de Soja da Região Sul, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Mais informações sobre o evento podem ser encontradas no site www.reuniaodasoja.com.br.

Errata Ao contrário do que foi publicado na entrevista com o diretor da Pioneer para a América Latina, Daniel Glat, edição 97, página 39, a estimativa é de que os EUA utilizem este ano 50 milhões de t de milho para prudução de etanol, e não 150 milhões de t, como publicado. Outro equívoco se refere à participação da empresa no mercado de alta tecnologia, que na década de 90 era em torno de 90%, com a comercialização entre 300 e 400 mil sacas e hoje está próxima de 2 milhões de sacas comercializadas para o mesmo nicho de mercado.

Homenagem O Instituto Agronômico em Campinas (IAC) acaba de entregar o prêmio IAC 2007. Entre os agraciados estão o presidente da Embrapa, Sílvio Crestana, o pesquisador científico da área de agroclimatologia do IAC Marcelo Bento Paes de Camargo e o produtor de café José Peres Romero. A homenagem aos servidores e demais profissionais ligados ao agronegócio coincide com o aniversário de 120 anos de fundação do Instituto, completados no último dia 27 de junho.

Soluções A Bayer destacou durante o 22°Seminário Cooplantio a semente híbrida de arroz Arize 1003, o Stratego para controle de doenças e o fungicida Nativo para a cultura do trigo, além do programa Muito Mais Arroz, desenvolvido para atender às necessidades dos orizicultores no manejo das principais pragas, doença e plantas daninhas que afetam suas lavouras. “Podemos oferecer o que há de melhor ao produtor porque possuímos a linha de soluções mais completa, sementes inovadoras, profissionais altamente capacitados e programas de uso que contribuem de forma significativa na produção de alimentos” Rodolpho Leal defendeu o gerente de cultura arroz, Rodolpho Leal.

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Milho

Milho sob estresse O milho é uma das culturas mais bem dotadas fisiologicamente e com potencial para elevadas produtividades. Fatores adversos, bióticos ou abióticos, interferem no desempenho da cultura nas diversas fases de cultivo. Nesse contexto, a adubação equilibrada, a utilização de indutores de resistência, antioxidantes e bioprotetores, poderão contribuir para a proteção da planta contra diferentes situações de estresse

A

s múltiplas condições desfavoráveis ao crescimento e desenvolvimento das plantas que ocorrem em um nicho ecológico ou em uma localidade podem ser caracterizadas comumente como condições de estresse. Neste contexto, em qualquer comunidade vegetal, as espécies e os indivíduos mais fracos são suprimidos ou debilitados por intermédio do comprometimento da eficiência metabólica, bem como pela competição por espaço vital e por fatores básicos de produção. Com a cultura do milho não é diferente.

15-16 °C e em três dias a 18-20°C. O processo de germinação das sementes é desencadeado pela absorção de água (embebição) e absorção de oxigênio, devido às diferenças de potencial osmótico entre a semente e o meio.

A germinação lenta predispõe a semente e a plântula à menor tolerância às condições ambientais adversas, bem como ao ataque de patógenos, principalmente fungos do gênero Fusarium, Rhizoctonia e Pythium. A maior influência no processo e duração dessa etapa

GERMINAÇÃO E EMERGÊNCIA A germinação do milho ocorre em duas semanas quando as sementes são submetidas a 10,5°C de temperatura; em quatro dias a Charles Echer

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O QUE É ESTRESSE?

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stresse pode ser conceituado como um conjunto de reações de um organismo a agressões de ordem física, fisiológica, ou de outra natureza, capaz de interferir em seu estado normal de equilíbrio (homeostase). Fator responsável pela alteração do estado de equilíbrio de um determinado organismo é designado como agente estressor. E, portanto, em função da natureza desse agente pode-se qualificar o tipo de estresse como biótico (patógenos, insetospraga, nematóides, homem, além de outros) e abiótico (água, luz, calor, nutrientes, agroquímicos, além de outros). Em suma, o estresse determina um desvio significativo de condições ótimas para a vida e induz mudanças e respostas em todos os níveis funcionais do organismo, que podem ser reversíveis ou permanentes, em função das condições impostas. Mesmo se uma condição de estresse apresentar caráter temporário, a vitalidade da planta torna-se cada vez menor conforme a duração do estado de estresse. O estresse impõe à planta um gasto energético extra, representado pelo custo metabólico despendido na biossíntese de compostos secundários e no desencadeamento das estratégias de adaptação, computado em gramas de CO2 fixado, que deveriam ser direcionados à produção de biomassa e à manifestação do potencial produtivo da espécie.

titui no dreno principal da planta e seu crescimento é decisivamente influenciado pelo suprimento de carboidratos sintetizados e acumulados na parte aérea, nessa etapa. A diminuição dessa disponibilidade, bem como a dificuldade de translocação de açúcares, contribuirá para a diminuição do volume de solo a ser explorado pela planta. Nesse particular, qualquer anormalidade que interfira na área foliar e no metabolismo da planta, tais como aquelas provocadas por lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e, principalmente, percevejo barriga-verde (Dichelops spp.), bem como provoquem a destruição de raízes (pragas e patógenos de solo) podem reduzir irreversivelmente o potencial produtivo do milho. O desenvolvimento do sistema radicular está associado ao desempenho da parte aérea. Assim o valor da relação parte aérea/raízes (PA/ R) varia em função das condições do meio e do estádio fenológico da planta. A elevada disponibilidade de nitrogênio e água, aliada ao balanço hormonal, determina o aumento de PA/R, enquanto que o estresse hídrico induz a redução do valor PA/R, principalmente pela ação do ABA. Ainda, entre a emissão da 4ª e 6ª folha, a região de crescimento da planta (tecido meristemático) atinge a superfície do solo iniciando o processo de diferenciação floral, o qual origina os primórdios da panícula e da espiga, bem como principia a definição do potencial de produção da espécie. Assim, a falta de água no estádio V4 provoca a perda irreversível de produção, conforme observado na Tabela 1.

FASE VEGETATIVA Nessa etapa de desenvolvimento do milho ocorre o crescimento do colmo em diâmetro e comprimento (V6 a V10), a rápida expansão das folhas e a aceleração do crescimento das estruturas reprodutivas. Para o milho, o colmo não somente atua como suporte de folhas e inflorescências, mas, principalmente, como uma estrutura destinada ao armazenamento de reservas (carboidratos e nutrientes) que serão utilizados posteriormente na formação dos grãos, sobretudo em condições emergenciais. Assim, estresses hídrico e nutricional, nessa etapa, podem afetar o comprimento e o diâmetro dos internódios, concorrendo para a diminuição da capacidade de armazenamento de excedentes de fotossintetizados no colmo. Salienta-se que no período compreendido entre a emissão da 7ª e 10ª folha é evidente o início da definição do número de fileiras da espiga (caráter genético). Todavia, qualquer tipo de estresse nessa etapa poderá afetar negativamente o citado componente de produção, principalmente a falta de água, de luz e de nutrientes (nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K) e cálcio (Ca)), bem como o uso tardio de sulfoniluréias e de outros agroquímicos que interfiram no metabolismo da planta. O estádio compreendido entre V12 (12ª folha) e V14 (14ª folha) é caracterizado pela presença de 85%-90% da área foliar definida, bem como pelo início da confirmação do número (prolificidade) e do tamanho da espiga. Neste estádio, a menor disponibilidade de água, a restrição luminosa, o com-

encontram-se relacionadas com a temperatura reinante, profundidade de semeadura e disponibilidade de água. Alguns autores relatam que, em virtude do tamanho avantajado do endosperma e do embrião do milho, as plântulas provenientes de semeaduras profundas conseguem emergir, porém tardiamente, e sua menor taxa de crescimento e/ou sobrevivência é resultante da ocorrência de temperaturas mais baixas e menor disponibilidade de oxigênio naquelas condições, bem como ao maior tempo de exposição a pragas e patógenos. A etapa de germinação/emergência reveste-se de fundamental importância para o pleno estabelecimento da cultura, e deverá ser protegida mediante o emprego de tratamento de sementes, incluindo inseticidas, fungicidas e bioestimulantes.

ESTÁDIO INICIAL Nos estádios iniciais de desenvolvimento do milho (até V6), o sistema radicular se cons-

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Estresse hídrico e nutricional durante a fase de crescimento pode afetar o armazenamento de excedentes de fotossintetizados para a fase reprodutiva da planta

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Fotos Charles Echer

das folhas superiores e pela mobilização dos sintetizados presentes nas folhas e no colmo. Assim, a eficiência do referido processo é função da manutenção da taxa fotossintética em níveis elevados, que por sua vez depende da disponibilidade de água; dias quentes e noites amenas; população de plantas adequada ao genótipo e à região; ausência de restrição luminosa; satisfatória relação nitrogênio/potássio e área foliar íntegra (ausência de sinais de pragas e patógenos). Observações experimentais demonstram que 50 a 70% dos carboidratos transportados para o grão de milho são oriundos das folhas localizadas na porção superior da planta, ao passo que, aproximadamente, 25 a 30% apresentam a contribuição das folhas situadas em seu terço médio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

50 a 70% dos carboidratos transportados para os grãos de milho são oriundos das folhas localizadas na porção superior da planta

prometimento da área foliar (pragas e doenças) e acentuada taxa respiratória (configuração de situações de estresse), poderão reduzir o potencial produtivo da espécie. Nessa etapa, a ausência de luz e/ou a redução da taxa fotossintética, por outras razões, resultam em perda irreversível de produção, conforme observado na Tabela 2.

FLORESCIMENTO Na etapa de pré-pendoamento (emborrachamento) a planta encontra-se na fase final dos processos de macrosporogênese e de microsporogênese, para em seguida, iniciar o florescimento, que é acompanhado da paralisação da emissão de folhas e da elongação do colmo e dos internódios. Nesse estádio, as espigas expõem seus estilos-estigma que continuam a crescer até que os mesmos sejam polinizados, dando seqüência ao processo de fecundação do óvulo, consolidando a confirmação do número de grãos por espiga. O “cabelo” do milho aparece durante período aproximado de três a cinco dias, sendo receptivo imediatamente após a sua emissão, podendo assim permanecer por até 14 dias, desde que mantidas as condições favoráveis à sua viabilidade (temperatura entre 16 e 350C, aliada à umidade relativa do ar superior a 65%). Devido à importância do estilo-estigma para a concretização da produção, recomenda-se neste estádio, constante vigilância,

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evitando-se a sua destruição, principalmente pela ocorrência de pragas (lagarta da espiga e outros insetos). Ainda, a integridade e o funcionamento efetivo dos estilos-estigma podem ser afetados pela exposição excessiva a raios ultravioletas, ozônio, distúrbios hormonais, bem como deficiência de cálcio e boro.

ENCHIMENTO DE GRÃOS Após a fertilização evidencia-se o acúmulo de carboidratos nos grãos, contribuindo assim para o incremento de sua massa (densidade). Tal incremento de tamanho e densidade ocorre devido à translocação de açúcares produzidos pela fotossíntese, notadamente,

A espécie Zea mays é considerada como uma das plantas mais bem dotadas fisiologicamente, que se conhece, bem como de elevada capacidade produtiva. Todavia, a manifestação desses atributos depende das condições presentes no ambiente de produção e do estabelecimento de estratégias de manejo objetivando a minimização de eventuais condições de estresse. Nesse contexto, a adubação equilibrada e o uso racional de bioestimulantes, indutores de resistência, antioxidantes e bioprotetores, poderão contribuir para tal desiderato. Dentre os tipos de substâncias citadas, de acordo com evidências científicas, merece especial destaque o imidacloprid, em função da geração do ácido 6-cloro nicotínico (6-CNA), o qual poderá contribuir para o incremento de vigor e proteção da planta contra diferentes situações de estresse. Assim, o conhecimento e o respeito às exigências da espécie, aliados ao reconhecimento das limitações locais e à visão sistêmica do processo produtivo, assumem caráter imperioso na garantia de rendimenC tos lucrativos e sustentáveis. Antonio Luiz Fancelli, Esalq/USP

Tabela 1 - Desempenho da cultura de milho submetida ao estresse por água e luz em diferentes estádios de desenvolvimento vegetativo. Baldo e Fancelli (2006) Tipo de estresse Estresse por água Estresse por luz Sem estresse

Estádio V4 V4 -

Número de folhas (no) 19 20 20

IAF 4,44 4,55 4,96

Produtividade (kg/ha) 8.125 9.084 10.194

Produtividade (sc/ha) 135,4 151,4 169,9

Tabela 2 - Desempenho da cultura de milho submetida ao estresse por água e luz em diferentes estádios de desenvolvimento vegetativo. Baldo e Fancelli (2006) Tipo de estresse Estresse por água Estresse por luz Sem estresse

Estádio V12 V12 -

Número de folhas (no) 19,5 20 20

IAF 4,68 3,76 4,96

Produtividade (kg/ha) 7.263 6.311 10.194

Produtividade (sc/ha) 121,4 105,2 169,9

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Milho

Fotos Milton Cattapan e Elizabeth de Oliveira

Insetos disseminadores A virose do mosaico comum, transmitida às plantas através de pulgões, tem sido detectada com freqüência nas últimas safras em lavouras de milho, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O controle da doença, que pode ocasionar até 50% de perdas, exige medidas como usar cultivares resistentes e evitar plantios tardios

A

virose do mosaico comum encontra-se amplamente disseminada, ocorrendo em várias partes do mundo onde o milho é cultivado. No Brasil, o mosaico comum já foi detectado em lavouras de milho localizadas em diferentes municípios dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul e Maranhão, em geral em baixos níveis de incidência. Contudo, nos últimos anos, essa virose tem sido detectada com maior freqüência de ocorrência e em níveis de incidência variando de 1% a 30% em diferentes locais, principalmente em lavouras de municípios da região oeste de Santa Catarina. Na safra de verão 2005/2006, foi observada em níveis de incidência da ordem de 20 a 25% em lavouras de milho no oeste de Santa Catarina e no norte do Rio Grande do Sul, contribuindo para aumentar perdas ocorridas devido à ocorrência de seca, de enfezamentos e de um surto de pulgões.

sintomas são claramente visíveis em plantas de milho jovens, e tendem a desaparecer à medida que essas se tornam adultas, sendo freqüentemente difícil sua identificação após o florescimento. Pode causar

encurtamento de internódios e redução no tamanho das espigas e dos grãos.

ANÁLISES MOLECULARES DO VÍRUS Recentemente, análises de amostras de

SINTOMAS Os sintomas típicos dessa virose manifestam-se pela presença, nas folhas, de manchas verdes entremeadas por manchas amareladas, em padrão de mosaico. Esses

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Plantas com sintomas do mosaico comum, manifestados pela presença nas folhas, de manchas verdes e amareladas, em padrão de mosaico

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AGENTE CAUSAL folhas de milho, de sorgo, de capim-massambará (johnsongrass) e de cana–de-açúcar, com sintomas do mosaico comum, no Brasil, evidenciaram a predominância de uma estirpe do SCMV (Sugarcane mosaic virus), diferente das espécies e estirpes encontradas em outros países. A identificação dessa espécie SCMV foi feita através de testes sorológicos, utilizando anticorpos específicos para sua detecção, e através de teste de RT-PCR (Transcrição reversa – reação em cadeia da polimerase), com oligonucleotídeos iniciadores específicos. Posteriormente, através do seqüenciamento do gene da capa protéica desse vírus e comparação das seqüências obtidas, com seqüências depositadas no GenBank, foi confirmada a espécie SCMV e identificada uma estirpe diferente de todas as seqüências desse banco de dados.

INSETOS-VETORES E TRANSMISSÃO Os potyvirus que causam o mosaico comum são disseminados por pulgões destacando-se entre as espécies mais eficientes em sua transmissão, o pulgão-do-milho, Rhopalosiphum maidis (Fitch.) (Hemíptera: Aphididae). Esses insetos possuem aparelho bucal

O

O mosaico é de fácil visualização em plantas novas, e à medida que essas se tornam adultas os sintomas tendem a desaparecer

picador-sugador e se alimentam preferencialmente das folhas mais novas das plantas de milho. Transmitem os vírus de plantas infectadas para plantas sadias, ao realizarem picadas de prova. As picadas de prova são realizadas quando o pulgão pousa sobre uma nova planta, como parte do pro-

mosaico comum do milho é causado por vírus pertencentes ao grupo potyvirus. Esses vírus apresentam partículas alongadas e flexuosas, com cerca de 750 nm de comprimento e 13 nm de diâmetro, que podem ser observadas ao microscópio eletrônico de transmissão. Na Austrália, EUA e Europa, através de análises sorológicas e moleculares, são identificadas quatro espécies desses potyvirus, sendo: Sugarcane mosaic virus, (SCMV), Maize dwarf mosaic virus (MDMV), Johnsongrass mosaic virus (JGMV) e Sorghum mosaic virus (SrMV). cesso para selecionar o hospedeiro para sua reprodução. Assim, esses potyvirus podem ser disseminados a partir de plantas infectadas, sejam de milho ou de outras espécies vegetais da família Poaceae, que também são hospedeiras. A transmissão dos potyvirus por pulgões é do tipo não persistente. As partículas do vírus, ingeridas pelo vetor, aderem, principalmente, à cutícula da parte ante-


Identificação do Sugarcane mosaic virus por RT-PCR Fotos Milton Cattapan e Elizabeth de Oliveira

Fotomicrografia de potyvirus em preparação “leaf dip” feita para amostra de folha de milho com sintomas do mosaico comum

rior do canal alimentar, e são inoculadas nas células da planta sadia através do refluxo de líquidos do estomadéu ou da salivação. Essa transmissão do tipo não persistente pode durar apenas alguns minutos. Contudo, a persistência do vírus no inseto-vetor pode ser prolongada consideravelmente, se esses forem mantidos em jejum, o que pode ocorrer durante vôos migratórios de longa distância.

DISSEMINAÇÃO DA DOENÇA Os pulgões adquirem os vírus em poucos segundos ou minutos, ao se alimentar em plantas infectadas, e da mesma forma, em poucos segundos ou minutos os transmitem, ao se alimentar em plantas sadias. O período de tempo em que os pulgões retêm e transmitem os vírus, após a aquisição, pode variar entre poucos minutos a várias horas. Muitas espécies gramíneas são suscetíveis a esses potyvirus. Essas plantas hospedeiras podem constituir reservatório de inóculo dos vírus, mesmo na ausência do milho no campo.

ses efeitos prejudiciais, considerando-se diferentes híbridos, idade em que a planta foi infectada e ambiente; além de outros possíveis efeitos como redução na formação de grãos.

MANEJO A eliminação de gramíneas selvagens e de plantas de milho voluntárias (tigüera), apresentando sintomas de mosaico, que podem constituir fonte de inóculo, na área de plantio, é uma das estratégias que podem ser utilizadas para o controle dessa virose. Avaliações de incidência do mosaico comum, em função da época de plantio do milho, mostram que, evitar a realização de

Mais de 250 espécies de plantas da família Poaceae são hospedeiras dos potyvirus que causam o mosaico comum do milho. No Brasil, destacam-se as espécies: Brachiaria plantaginea (capim-marmelada; capim-papuã), Digitaria horizontales (capimcolchão) e Eleusine indica (capim-pé-de-galinha), que se incluem entre as plantas daninhas mais comuns em lavouras de milho e que têm sido freqüentemente observadas apresentando sintomas dessa virose.

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EFEITO NA PRODUÇÃO DO MILHO

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Elizabeth de Oliveira e Isabel R. P. de Souza, Embrapa Milho e Sorgo

BIOLOGIA DO PULGÃO

ESPÉCIES HOSPEDEIRAS DOS POTYVIRUS

Avaliações do efeito do mosaico comum sobre a produção de plantas de milho, realizadas em campo, através da comparação da produção de plantas sadias e de plantas com sintomas da virose, previamente marcadas, indicaram redução da ordem de 50% na produção de grãos. Contudo, ainda há necessidade de melhor caracterização des-

plantios tardios também pode ser uma estratégia de controle, por permitir o escape à doença. A utilização de cultivares de milho resistentes a esses vírus é outra alternativa eficiente de controle. Por outro lado, vários estudos mostram que a aplicação de inseticidas para controle dos pulgões, não é uma medida efetiva para controle da doença. Aparentemente, os inseticidas não matam os pulgões com rapidez suficiente para evitar a disseminação dos potyvirus na lavoura, ou ainda, podem causar a morte de predadores e a movimentação rápida desses pulgões, irritados antes da morte.

Planta de milho com sintomas do mosaico comum e com infestação pelo pulgão-do-milho

pulgão-do-milho, (Rhopalosiphum maidis) apresenta reprodução partenogênica, onde as formas ápteras (sem asas) e as formas aladas (com asas) são constituídas por fêmeas larvíparas. Esses insetos são de coloração verde-azulada, sendo que as formas ápteras medem cerca de, 1,5 mm de comprimento. As formas aladas são menores e possuem dois pares de asas diáfanas. O pulgão vive em colônias, principalmente no cartucho das plantas de milho e, quando atinge grande número, pode se espalhar por outras partes da planta, incluindo o colmo e os órgãos reprodutivos.

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Grãos

Dobradinha de o

Com a proximidade da nova safra, surge também a dúvida quanto ao investimento no produto correto na hora do plantio. Como a demanda mundial por grãos segue alta, devido aos baixos estoques mundiais, a soja deve manter seu destaque no CentroOeste enquanto o milho promete boa rentabilidade ao produtor do Sul do país

E

stamos no período do ano em que produtores e comerciantes se indagam sobre os dois principais grãos produzidos na safra de verão do Brasil: milho ou soja. Qual deles tem melhores chances de lucros para os produtores? Em 2007 o quadro dá sinais de alterações, mostrando o milho crescendo em presença na produção e na participação da renda dos agricultores, devendo continuar assim também em 2008. A soja segue como destaque internacional, com grande redução na safra americana pela queda na área e, desta forma, deixa o mercado mundial apertado e projetado para boas cotações internacionais. Neste cenário, crescem as necessidades pela soja brasileira com boas chances de ganhos aos produtores do Brasil. Primeiramente temos que analisar o

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quadro mundial dos dois produtos, com um comparativo que mostre as tendências de oferta e demanda e, junto, as indicações futuras de cotações. Ambos estão com boas expectativas para 2008. A demanda mundial de grãos seguirá aquecida e manterá as cotações muito acima das médias históricas, principalmente pela demanda do setor de energia, como etanol e biodiesel, que vêm tendo grandes investimentos e não devem parar nos próximos anos. O milho mostra crescimento na produção, atrelado ao forte crescimento da safra americana, que tem previsto um novo recorde histórico. A safra mundial 2007/ 08 deve chegar à marca das 768 milhões de t contra as 699,3 t colhidas no ano anterior. Veremos os estoques mundiais em queda em função do consumo, crescendo das 727 para as 770,9 milhões de t. Assim,

mantém-se o consumo maior que a produção, fato observado desde o começo do século e faz com que as cotações do milho no mercado mundial trabalhem entre os US$ 155 e US$ 180 por t, isso em condições de safra normal nos EUA. Caso a colheita americana prevista em 316,5 milhões de t seja afetada pelo clima e não atinja tal nível, as cotações mundiais crescerão ainda mais. Há indicativos de consultorias, dos EUA, que apontam que poderemos ter alguns momentos em que o milho poderá estar acima dos US$ 200 por t no mercado FOB porto em 2008. Trazendo lucros maiores para os produtores brasileiros, que estão tendo na exportação deste ano o suporte de preços mínimos, que têm ficado entre os R$ 15/16 nos estados do Sul do país e nos R$ 10 para o Centro-Oeste nas posições distantes, onde o frete até o porto

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Fotos Charles Echer

uro

Quadro 1 - Oferta e demanda mundial (milhões de t, segundo USDA em junho de 2007) Safra 07/08** 06/07* 05/06

Est. Inicial 94,7 122,4 130,7

Milho Produção 768,0 699,3 695,9

Consumo 770,9 727,0 704,2

Est. Final 91,8 94,7 122,4

Enquanto isso, devido à grande distância dos portos, nos estados centrais principalmente no MT, continuaremos vendo a soja dominando a primeira safra. Novamente crescendo a área em cima de safrinha que acaba aumentando a renda dos produtores. Os melhores desempenhos do setor devem se dar nas regiões onde se planta soja precoce e o milho safrinha no cedo em função de acumular duas colheitas em um mesmo ano comercial. No Sul do país, pode ser realizada quando se planta uma boa safra de verão, tendo o plantio do trigo como uma boa alternativa e o milho tem sido mais vantajoso para os produtores que a soja em função da produtividade. Não podemos deixar de apontar que o milho tem menor liquidez no período de colheita, enquanto a soja tem liquidez imediata e normalmente não sofre queda tão significativa como o milho, que é mais afetado pela alta dos fretes que a oleaginosa.

CONSUMO E EXPORTAÇÕES O quadro geral de oferta e demanda do Brasil deve continuar crescendo em ritmo acelerado, porque estamos entrando numa nova fase de crescimento da produção e exportação do setor de carnes. Neste primeiro semestre de 2007, principalmente dos frangos, bateu recorde histórico de

toma cerca de R$ 10 por saca e, até acima, nos momentos de pico da soja. O quadro 1 mostra a evolução da oferta e demanda mundial da soja e do milho, onde podemos observar um crescimento no consumo de ambos e queda nos estoques, sinalizando para um quadro favorável para os grãos. Também podemos observar que temos boas expectativas para que as cotações trabalhem próximas dos melhores níveis já praticados no mercado internacional. Assim, mesmo que tenhamos um câmbio ainda fraco no Brasil, a liquidação tende a ser igual, ou melhor do que estamos vendo neste momento de 2007. Com o quadro atual do mercado vemos que no Sul do país os produtores tendem cada vez mais pelo milho que tem potencial de faturamento maior que a soja.

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Est. Inicial 63,6 53,9 48,4

Soja Produção Consumo 225,3 234,9 235,4 225,7 220,6 215,1

Est. Final 54,0 63,6 53,9

Quadro 2 - Oferta e demanda (milhões de t) Safra 07/08 06/07* 05/06 04/05 03/04 02/03

Estado Produção + Inicial Importação 5,2 50,0 3,2 50,0 2,7 41,5 2,7 38,0 5,2 42,0 1,8 47,4

Oferta Consumo + Estoque Total Exportação Final 55,2 53,0 2,2 53,2 48,0 5,2 44,2 41,0 3,2 40,7 38,0 2,7 47,2 44,5 2,7 49,2 44,0 5,2

Fonte: Brandalizze Consulting (*)estimativas preliminares

Quadro 3 - Milho x Soja Faturamento por hectare e cotações em reais Produto Sul, cotação em R$/saca Milho 100 sc/ha Soja 45 sc/ha Milho 140 sc/ha Soja 60 sc/ha Soja 45 sc e Milho Safrinha 100 sc Centro Oeste, cotação R$/saca Milho 100 sc/ha Soja 45 sc/ha Milho 140 sc/ha Soja 60 sc/ha Soja 45 sc e Milho Safrinha 100 sc

Milho 17,00 1.700,00

Soja 31,00 1.395,00

2.380,00 1.860,00 3.095,00 10,00 23,00 1.000,00 1.035,00 1.400,00 1.380,00 2.380,00

Fonte: Brandalizze Consulting

embarques e tem conseguido faturar entre 30% a 50% a mais, em dólares. Desta forma, compensa as perdas ocorridas com a

Faturamento com projeções superiores à soja e apoiado no mercado internacional, devem destacar o milho no Sul

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Divulgação

valorização do Real. Também deveremos ver crescer o setor de suínos que tem grande demanda de milho e soja, porque o setor aposta que em 2008 será o ano do boom do suíno na exportação. As novas negociações vêm abrindo portas para as carnes do Brasil que devem ter como destaque a sanidade e a qualidade. Assim, veremos o setor de ração que está consumindo cerca de 50 milhões de t neste ano, passar para a marca das 54 a 55 milhões de t em 2008. O crescimento de 8% a 10% será para atender à demanda mínima projetada para o setor das carnes. Desta forma há boas expectativas de preços também internamente. Não devemos esquecer que continuaremos exportando grandes volumes de milho e criando liquidez no período da colheita da safra.

MILHO X SOJA

Charles Echer

Fizemos algumas projeções sobre as possibilidades de faturamento para os produtores onde levamos em consideração as cotações do milho e da soja no Sul e Centro-Oeste. A projeção é baseada em duas tecnologias diferentes, onde apontamos o faturamento em cada caso, mostrando também, o quadro da safrinha no Sul e Sudeste contra o Centro-Oeste, principalmente no MT, onde tem o domínio da pro-

dução. No quadro 3 traçamos cenários sobre algumas tecnologias que se empregam no país, onde temos produtividade de 120 sacas de milho comparada com 45 sacas de soja por hectare e 140 sacas de milho comparada com 60 sacas de soja, junto com parâmetros de valores médios projetados para serem praticados no período de colheita da safra. Isso, se a safra americana se mantiver sem problemas e colhermos uma safra cheia no Brasil, onde se mostra níveis de 61 milhões de t de soja e 50 milhões de t de milho. Sinalizando que a soja continuará como destaque na safra do Centro-Oeste, onde a colheita da primeira safra tende a resultar em faturamento na casa dos R$ 1.380 por hectare, e chances acima com tecnologia maior. Enquanto isso, esta região novamente deverá ter como ponto forte o plantio coligado com a safrinha, que aumenta o faturamento dos produtores em cerca de R$ 1.000 por hectare. Enquanto isso no Sul o quadro mostra uma distinção grande porque em grande parte da região não se pode plantar a safrinha. Desta forma, o milho aparece como melhor alternativa de faturamento em função da alta produtividade quando se usa boa tecnologia e,

Os melhores desempenhos devem ser apresentados nas regiões onde se planta soja precoce e ainda o milho safrinha

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Cotações devem propiciar bom faturamento no setor agrícola neste ano, salienta Brandalizze

até mesmo em tecnologia média, a cultura tem valores de faturamento melhores que a soja, na mesma situação. Lembrando que no Sul a lavoura de inverno pode ter o trigo e também trazer um bom aumento no faturamento para os produtores. As regiões oeste e norte do Paraná e boa parte do Sudeste, principalmente São Paulo têm possibilidade da soja com milho safrinha e, nestas regiões é que deve-se ter o maior faturamento em cima do milho e soja, mas neste caso sem possibilidade de ter o trigo no inverno. O destaque deste ano aparece no milho, que no Sul surge como uma boa alternativa aos produtores. Desta forma, além da necessidade de rotação de cultura, que tecnicamente é muito importante para manter o crescimento de produtividade, agora o milho tem o faturamento com projeções maiores que em anos anteriores, superando a soja e apoiado no mercado internacional, que seguirá comprador com altas cotações. Agora temos facilidade para exportar e muitos países compradores querem nosso milho. Caminhamos para um bom ano para o setor agrícola e os produtores terão que ir em busca de boa produtividade e qualidade para garantir boa lucratividade, porque o mercado acena que as cotações devem C propiciar bom faturamento. Vlamir Brandalizze, Brandalizze Consulting brandalizze@uol.com.br

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Trigo

Espigas em risco A inexistência de cultivares resistentes faz da giberela uma ameaça às culturas de inverno como trigo, cevada e triticale. Com ocorrência a partir do espigamento das plantas até a fase final de enchimento de grãos, o fungo despigmenta as espiguetas, deixando-as esbranquiçadas e com os grãos chochos. A redução de danos reside na adoção de variedades menos suscetíveis associada ao uso de fungicidas em anos favoráveis à sua ocorrência

SINTOMAS E SINAIS EM TRIGO Os sintomas de giberela nas espigas de trigo são identificados pela despigmentação de espiguetas, que adquirem coloração esbran-

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Dirceu Gassen

O

trigo (Triticum aestivum), na região Sul do Brasil, continua sendo a principal cultura nos sistemas de produção de grãos no inverno, tendo contribuído expressivamente para a modernização da agricultura e para o desenvolvimento do cooperativismo na região. A produção brasileira está concentrada nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os dois primeiros estados contribuem com mais de 90% da produção nacional. Além de trigo, as culturas de cevada (Hordeum vulgare) e de triticale (X. triticosecale) também estão inseridas nos sistemas de produção de inverno, na região Sul do Brasil. Nesta região, as espigas de trigo, cevada e triticale são freqüentemente afetadas por giberela, doença também conhecida pelo nome de fusariose. Esta doença fúngica é causada, principalmente, pelo ascomiceto Gibberella zeae (anamorfo Fusarium graminearum).

quiçada ou cor de palha, contrastando com o verde normal de espiguetas sadias. As aristas de espiguetas afetadas desviam-se do sentido das aristas de espiguetas não afetadas. Em genótipos de trigos múticos (espigas sem aristas), a giberela é caracterizada pela descoloração de espiguetas. Em genótipos muito suscetíveis, toda a espiga pode ser afetada, inclusive o pedúnculo, que adquire coloração mar-

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Dirceu Gassen

rom. Eventualmente, espigas afetadas por giberela podem apresentar sintomas semelhantes aos induzidos pela doença brusone, com descoloração de todas as espiguetas localizadas acima do ponto de infecção, pelo patógeno, no ráquis da espiga. Nesse caso, ao examinar o ráquis da espiga afetada por giberela, este apresenta-se de coloração escura (amarronzada) na região de espiguetas sadias, além dos grãos oriundos da parte afetada da espiga apresentarem os sintomas típicos de giberela. A giberela pode afetar a cultura de trigo a partir do espigamento, antes mesmo do florescimento, até a fase final de enchimento de grãos. Nas espiguetas atacadas por giberela, os grãos quando formados são chochos, enrugados de coloração branco-rosada a pardo-clara. O tamanho do grão afetado varia em função do estádio de desenvolvimento em que a espigueta foi infectada pelo patógeno. Em condições favoráveis, sinais (estruturas) do patógeno são facilmente visualizadas a olho nu. Algumas espiguetas afetadas de espigas ainda verdes apresentam coloração salmão, em decorrência da produção de macroconídios do patógeno. Outros sinais do patógeno, embora mais raros, também podem ser observados nas espigas secas, pela formação de pontuações escuras, que são os peritécios de G. zeae.

SINTOMAS E SINAIS EM CEVADA Os sintomas característicos de giberela em cevada são semelhantes aos observados em espigas de trigo, porém raramente há desvio de sentido das aristas de espiguetas afetadas,

como verificado em trigo. A infecção geralmente ocorre em mais de um local na espiga, apresentando distribuição pontual, não sendo comum a evolução dos sintomas por toda a espiga. Os sintomas podem manifestar-se também na bainha da folha bandeira, quando, por alguma razão, não ocorre o extrusamento normal, e as espigas ficam parcialmente retidas e encobertas pela bainha. Nesse caso, em geral toda a espiga apresenta-se afetada. Os grãos provenientes das espiguetas afeta-

MICOTOXINAS: UM PROBLEMA

N

o Brasil e no mundo, a giberela foi considerada, na última década, a principal doença em cereais de inverno, com prejuízos econômicos, sociais e de saúde humana e animal, devido à redução de rendimento e qualidade dos grãos. Além dos grãos infectados, os seus derivados podem ser tóxicos tanto para o ser humano como para os animais, em decorrência da presença de micotoxinas, que são substâncias tóxicas produzidas por fungos. Algumas toxinas produzidas pelo patógeno podem induzir a vômitos e espasmos musculares no homem e animais não-ruminantes, como é o caso da deoxinivalenol (vomitoxina). Outras podem causar disfunção sexual reprodutiva, como a zearalenona. Estas, quando presentes, tornam os grãos menos palatáveis aos animais. A ocorrência, tipo e quantidade de micotoxina podem depender de vários fatores como: meio ambiente, espécies do fungo presen-

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tes, severidade da infecção e da variedade (cultivar) ou tipo de produto. Embora a população do patógeno reduza significativamente com o armazenamento dos grãos, as toxinas produzidas continuam presentes, sendo de difícil remoção. Em alguns países existem limites estabelecidos quanto à presença de micotoxinas em alguns cereais, e essa exigência provavelmente terá abrangência mundial, interferindo diretamente na comercialização, devido à crescente e globalizada demanda pela segurança alimentar humana e animal. Há alguns anos, grãos com elevados teores de micotoxinas eram aproveitados para a fabricação de ração animal. Atualmente, com a maior exigência de qualidade e segurança na alimentação animal, outros usos têm sido dados aos grãos com altos teores de micotoxinas, entre os quais, a queima como combustível em caldeira na indústria.

Condições de precipitações freqüentes e temperatura entre 20 - 24ºC são ideais para a ocorrência da giberela

das são, freqüentemente, mais finos em relação aos sadios e podem apresentar, parcialmente, a cor rosa. Em condições favoráveis, sinais do patógeno podem ser produzidos. Algumas espiguetas afetadas de espigas ainda verdes apresentam coloração salmão, em decorrência da produção de macroconídios de F. graminearum. Micélio do patógeno, de cor branca, pode ser observado internamente nas espigas retidas nas bainhas. Outra estrutura do patógeno pode ser formada na superfície dos grãos colhidos, cujas pontuações escuras são os peritécios do patógeno.

SINTOMAS E SINAIS EM TRITICALE Nos sintomas em espigas de triticale também ocorre a descoloração de espiguetas, não sendo comum a alteração do sentido das aristas das espiguetas afetadas. Devido à coloração cinza das espigas desse cereal, os sintomas são mais facilmente identificados em espigas mais jovens. Os grãos afetados são menores e predomina a coloração pardo-clara. Raramente são observados grãos de coloração rosada. Sinais do patógeno (macroconídios e peritécios) podem ocorrer.

CONTROLE Atualmente, não existem cultivares de trigo, de cevada e de triticale, indicadas para plantio com bom nível de resistência à giberela. A rotação de culturas tem se mostrado também pouco eficiente para o controle dessa doença. A redução dos danos causados reside na adoção de cultivares menos suscetíveis associada

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CONDIÇÕES CLIMÁTICAS ao uso de fungicidas. O controle químico, com os fungicidas atualmente disponíveis, tem eficiência moderada e aumenta em 30 dólares o custo de produção. Além disso, o controle químico poderá não ser efetivo, devido ao longo período de suscetibilidade das espigas (a partir do espigamento até a fase final de enchimento de grãos), bem como às dificuldades para aplicação, no momento adequado. Para minimizar os prejuízos, o agricultor pode fazer uso de estratégias de manejo como o escalonamento de semeadura e/ou a semeadura de cultivares com ciclos distintos ao espigamento visando ao escape da doença, de pelo menos parte da área semeada. O escape à doença pode ocorrer quando, a partir do espigamento, as condições ambientais de precipitação pluvial e temperatura forem desfavoráveis ao patógeno. A seleção para resistência a doenças de plantas exige precisão nos testes fenotípicos e, no caso da giberela, muitas repetições de medição da doença precisam ser feitas, em razão dos vários tipos de resistência que se expressam diferentemente, sendo caracterizada como resistência quantitativa ou poligênica, ou seja, governada por vários genes onde cada um contribui com um pequeno efeito para a

expressão da característica. Como o escape à doença pode ocorrer, a Embrapa Trigo, nos últimos anos, definiu e padronizou métodos de amostragem de espigas, de avaliação da doença e de simulação de ambiente favorável à ocorrência da doença, em campo, caracterizando os genótipos de trigo, de cevada e de triticale. Atualmente, a Embrapa Trigo, disponibiliza aos produtores oito cultivares de trigo moderadamente resistentes à giberela (BRS 177, BRS 179, BRS Louro, BRS Timbaúva, BRS Camboim, BRS Umbu e BRS Tarumã e BRS Guamirim). As cultivares de cevada são suscetíveis e as cultivares de triticale BRS Minotauro e BRS 203 são menos suscetívelis que as demais cultivares desse cereal. Esse nível de resistência genética, não dispensa o uso auxiliar do controle químico em anos muito favoráveis à doença A integração de um maior número possível de medidas de controle é a melhor estratégia para minimizar os prejuízos por giberela C em trigo, em cevada e em triticale. Maria Imaculada Pontes M. Lima, Euclydes Minella e Alfredo do Nascimento Junior, Embrapa Trigo

A

giberela é influenciada por condições de ambiente. Esta doença tem como condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento, freqüente precipitação pluvial e temperatura entre 20 24ºC. No Brasil, essa condição climática é freqüente na região Sul. Em períodos mais secos, como anos de ocorrência do fenômeno La Niña, a giberela não é considerada problema em trigo, em cevada e em triticale. O mesmo não se verifica em anos de ocorrência de El Niño, em que condições climáticas de temperatura e precipitação pluvial acima da média são extremamente favoráveis à doença. As epidemias mais recentes de giberela na região Sul do Brasil foram registradas em 1997, 1998, 2000, 2002 e 2005, anos de elevada precipitação pluvial. Se as previsões climáticas para o segundo semestre de 2007, com chuvas dentro do normal a abaixo da média, se confirmarem, a giberela não deverá ser problema nas lavouras de trigo, de cevada e de triticale, na próxima safra.


Soja

Charles Echer

Controle via semente

Tratamento de sementes com fungicidas é testado contra a ferrugem asiática na soja. A aplicação do método, com o emprego de produtos sistêmicos, destaca-se como alternativa de manejo da doença, capaz de provocar perdas de até 90% nas lavouras, devido à queda prematura das folhas e a não-formação de grãos

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práticas mais eficazes e econômicas representando menos de 0,5% do custo total de produção da lavoura, sendo ainda utilizado para garantir boa emergência quando a semeadura coincide com períodos adversos, evitando, na maioria das vezes, a necessidade do replan-

tio, conforme evidenciam Goulart et al. (1995), Menten (1996) e Henning (1996). Além da manutenção do bom desempenho inicial de plântulas, o tratamento de sementes com fungicidas pode promover benefícios adicionais no con-

Andréia Quixabeira Machado

s regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil destacam-se como principais produtoras de soja, sendo que a primeira vem liderando a produção nacional desde a safra 1998/ 99. Na safra 2006/2007 a região Centro-Oeste respondeu com 45,9% da produção nacional da oleaginosa (26,6 milhões de t) e a região Sul apresentou uma produção de 22,1 milhões de t, 38,2% da produção brasileira (Conab, 2007). A expansão da área cultivada com soja nas regiões produtoras do Brasil tem sido apontada como um dos fatores responsáveis pelo aumento da ocorrência e severidade das doenças de importância econômica principalmente daquelas que têm seu agente causal transmitido ou transportado pelas sementes. As sementes de soja são consideradas dentro do processo patogênico como um importante agente de disseminação a longas distâncias dos patógenos causadores de doenças, podendo transmitir inúmeras espécies de fungos. Dentre as medidas de controle desses patógenos, o tratamento de sementes de soja com fungicidas é uma das

Comparativo: à esq. área que não recebeu sementes tratadas e à direita, área onde foram utilizadas sementes tratadas com fluquinconazole

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trole de doenças, incluindo a redução da severidade de doenças na fase inicial (vegetativa) da lavoura quando integrado ao tratamento químico da parte aérea, podendo fazer parte de programas de manejo integrado de doenças. A ferrugem da soja causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi tem se apresentado nos últimos anos como uma das principais doenças na cultura, constituindo-se em importante problema no cerrado, pois pode provocar perdas de até 90% em conseqüência da queda prematura das folhas e não-formação plena dos grãos. Em regiões com alta pressão de inóculo da ferrugem, caracterizadas pela manutenção da sobrevivência de P. pachyrhizi na entressafra da soja e pela presença do patógeno no início da fase vegetativa da cultura, o tratamento de sementes com fungicidas sistêmicos apresenta-se como uma alternativa para o manejo da doença, pois tem efeito positivo na redução do inóculo (% de infecção) presente na lavoura por ocasião da primeira aplicação do fungicida foliar. Com o objetivo de avaliar o efeito dos ingredientes ativos fluquinconazo-

Tabela 1 - Tratamentos avaliados na redução da severidade da ferrugem (Phakopsora pachyrhizi) em soja cultivar Tucunaré. Campo Verde (MT) Tratamentos Testemunha Produto B Fluquinconazole Fluquinconazole Fluquinconazole

Doses 33 ml pc/100 kg de sementes 300 ml pc/100 kg de sementes 350 ml pc/100 kg de sementes 450 ml pc/100 kg de sementes

le e produto B em tratamento de sementes de soja na redução da severidade da ferrugem asiática na fase inicial da cultura, realizou-se um ensaio no município de Campo Verde, na região Centrosul do Estado de Mato Grosso (Tabela 1). A primeira observação de sintomas da ferrugem, na forma de lesões encharcadas e pústulas (urédias) não esporulativas, ocorreu com distribuição uniforme em todos os tratamentos do experimento, quando as plantas estavam entre os estádios V3/V4, com uma severidade máxima de 3,3% de tecido infectado, ou seja, infecção leve (Tabelas 2 e 3; Figura 1). A primeira ocorrência da ferrugem em níveis relativamente baixos no experimento, não permitiu a manifestação de diferenças entre os tratamentos

Época de aplicação Tratamento de sementes Tratamento de sementes Tratamento de sementes Tratamento de sementes

Tabela 2 - Escala de avaliação de severidade de ferrugem em soja Nota Padrão Severidade (% área foliar infectada) 0 Ausência de sintomas 0 1 Infecção leve Até 10% 2 Infecção moderada 11 a 25% 3 Infecção severa 26 a 50% 4 Infecção muito severa 51 a 75% 5 Desfolha Acima de 75%

avaliados, quanto ao controle desta doença. Também não foram observadas diferenças entre as doses dos tratamentos com fluquinconazole aplicado às sementes (Tabela 3). Entre os estádios V7/V8, o tratamento das sementes com fluquinconazole, proporcionou uma menor severidade da ferrugem em relação às parcelas provenientes de sementes tratadas com o produto B (Tabela 3; Figura 1), mostrando


Tabela 3 - Severidade da ferrugem (Phakopsora pachyrhizi) em soja cultivar Tucunaré com o uso de fungicidas no tratamento de sementes para o controle da ferrugem Tratamentos (ml pc/100kg de sementes) Testemunha Produto B (33) Fluquinconazole (300) Fluquinconazole (350) Fluquinconazole (450) CV (%)

Severidade da ferrugem (% tecido infectado) 1ª. Avaliação (V3/V4)1 2ª. Avaliação (V7/V8)2 3ª. Avaliação (R2/R3)3 3,3 a 25,4 c 38,3 a 1,2 a 20,3 bc 36,2 a 1,6 a 11,6 a 30,4 a 1,2 a 11,7 a 31,7 a 0,8 a 10,3 a 32,3 a 18,35 14,31 9,55

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey (5%) 1 = Segundo e terceiro trifólio abertos; 2 = Sexto e sétimo trifólio abertos.; 3 = Início a Final da floração.

cesso patogênico. Na avaliação entre os estádios R2/ R3, todos os tratamentos se equipararam à testemunha sem fungicidas. O aumento da severidade da ferrugem nestes tratamentos se deve provavelmente a perda do efeito residual dos

Dirceu Gassen

um evidente atraso na evolução da doença. O tratamento das sementes com fluquinconazole (300, 350 ou 400 ml pc/ 100 kg de sementes), mostrou a capacidade deste fungicida em reduzir a severidade da doença, interferindo no pro-

fungicidas (Tabela 3; Figura 1). Estes resultados sugerem que o fungicida fluquinconazole deve ser considerado em programas de controle integrado da ferrugem, pois pode contribuir para uma redução na severidade da doença nas fases iniciais do processo patogênico, dificultando a ocorrência de erros nas primeiras pulverizações com fungicidas na parte aérea da cultura. Sabe-se que o sucesso na primeira aplicação de fungicida em parte aérea é fundamental para o manejo adequado da doença e manutenção da produtividade. Os resultados aqui obtidos têm sido observados em outras situações experimentais com o objetivo de redução da severidade da ferrugem através do tratamento de sementes de soja. É importante salientar que o tratamento das sementes com fluquinconazole não dispensa a utilização de fungicidas específicos para o controle de fungos causadores de tombamento nas fases iniciais da lavoura. Estudos avaliando o tratamento de sementes com fluquinconazole e aplicações seqüenciais de fungicidas preventivos e curativos estão sendo realizados com o objetivo de validar esta técnica de manutenção de baixos níveis de inóculo inicial de P. pachyrhizi. Assim, o tratamento de sementes associado à proibição do plantio de soja e outras hospedeiras na entressafra (vazio sanitário) no Mato Grosso, configura-se como estratégia eficiente no manejo da C ferrugem asiática da soja. Daniel Cassetari Neto, UFMT Andréia Quixabeira Machado, Univag Figura 1 - Severidade de ferrugem asiática avaliada nos estádios V3/V4, V7/V8 e R2/R3 em função do uso de fungicidas no tratamento das sementes de soja

Em regiões com alta pressão de inóculo da ferrugem, o tratamento de sementes com fungicidas sistêmicos reduz o percentual de infecção

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Empresas

Aposta no Brasil Bayer anuncia novos investimentos em pesquisa e desenvolvimento durante sua convenção anual realizada em Atibaia, São Paulo

A

Bayer CropSciente vai aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produtos agrícolas O anúncio foi feito durante a convenção 2007 da companhia, em Atibaia, São Paulo. No cenário mundial, a meta é investir aproximadamente 750 milhões de euros até 2015, sendo que o budget de pesquisa para a área de BioScience saltará de 80 milhões de euros por ano para mais de 200 milhões de euros e o da linha de defensivos agrícolas, a longo prazo, será de 500 milhões de euros anuais. Além disso, para os próximos quatro anos a empresa pretende lançar 20 produtos, sendo 8 novos ingredientes ativos e 12 novas misturas e fórmulas, todos voltados para a agricultura brasileira. Durante a Convenção, o professor doutor Friedrich Berschauer, presidente do Comitê Diretivo da Bayer CropScience, falou da intenção de expandir ainda mais a participação da companhia no Brasil. Berschauer salientou que apesar da estagnação do mercado nos últimos dois anos, a empresa está confiante na recuperação da agricultura brasileira. As excelentes condições climáticas e a significativa área disponível para plantio, somada ao aumento de preço das commodities agrícolas e à crescente demanda por biocombustível corroboram para a melhora no cenário da economia. Segundo, Thomas Britze, diretor executivo de Operações Brasil da Bayer CropScience, a empresa trabalha intensamente as oportunidades de crescimento nas áreas de novas tecnologias e sementes e planeja aumentar seus investimentos anuais em pesquisa e desenvolvimento. Britze afirma que o Brasil é, com certeza, um país-chave para os negócios em nível mundial pelo seu grande potencial agrícola, com 90 milhões de hectares de terras disponíveis para o cultivo. “A Bayer CropScience acredita que entre 10 e 15 anos, o Brasil se tornará o principal fornecedor de alimentos do mundo”, projeta.

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dão, arroz e hortifruti. No segmento arroz, a campanha de lançamento para o híbrido Arize® fortalece a intenção da Bayer tornar-se líder no fornecimento deste produto. Para o algodão, o destaque fica com a linha FiberMax® de variedades de algodão com alto rendimento, cujos produtos já estão bem posicionados no mercado brasileiro. As variedades FiberMax® oferecem alto rendimento e qualidade de fibra.

Como elemento chave de sua estratégia para o Brasil, a Bayer CropScience pretende lançar 20 novos produtos, sendo 8 novos ingredientes ativos e 12 novas misturas e fórmulas, nos próximos quatro anos. Os lançamentos programados para o Brasil compreendem 8 ingredientes ativos, incluindo o inseticida de amplo espectro Flubendiamide (nome comercial: Belt®), o novo herbicida Tembotrione para o milho (Soberan®), o fungicida Protioconazole (Proline®) e o ingrediente inseticida Spirotetramat (Movento®), a serem lançados entre 2007 e 2010. Além disso, mais 12 novos produtos baseados em novas misturas e fórmulas estão atualmente em desenvolvimento para atender às necessidades específicas dos agricultores. A meta é expandir a participação do novo portfolio no Brasil em 50% nos próximos anos. Berchauer lembra que o mercado brasileiro de defensivos agrícolas tem registrado expansão média de 10% ao ano e com isso ultrapassado significativamente os mercados internacionais. “Entre 1992 e 2006, o mercado local mais que quadruplicou” , recordou. No mercado de sementes, oportunidades potenciais estão focadas nas culturas de algo-

Outra cultura que terá grandes investimentos da companhia será a cana-de-açúcar, hoje o segundo maior mercado de herbicidas e inseticidas. Com a tendência mundial de substituir o petróleo por energias renováveis (biocombustíveis), a empresa prevê um aumento da demanda pelo álcool proveniente da cana. Neste contexto, a área plantada deverá conseqüentemente aumentar de um terço passando para aproximadamente 9 milhões de hectares até 2010. “A cana é uma de nossas especialidades, para a qual ofereceremos um portfolio abrangente de produtos e soluções inovadoras para uma proteção efetiva e eficiC ente”, acrescentou Berschauer.

Friedrich Berschauer, presidente do Comitê Diretivo destacou a confiança na agricultura brasileira

Thomas Britze, diretor excutivo de Operações Brasil falou de novos investimentos em pesquisa e desenvolvimento

A VEZ DA CANA

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Algodão

Fotos J. B. Torres

Ataque silencioso Apesar de se tratar de praga indireta, com ataque às estruturas reprodutivas do algodoeiro, a lagarta-rosada ainda é um dos principais problemas da cultura, por destruir o interior dos botões, flores e maçãs, com conseqüente redução de produtividade e qualidade da fibra. Apesar do controle químico ser o método mais utilizado, medidas como plantio antecipado e cultivo de variedades de ciclo curto também são fundamentais no manejo da praga

O

algodoeiro é atacado por vári as pragas que são capazes de causar injúrias nas diferentes partes das plantas. Enquanto algumas delas se alimentam das folhas e da seiva das plantas, outras atacam as estruturas reprodutivas do algodoeiro (botões, flores e maçãs) sendo por isso denominadas pragas diretas e consideradas de grande potencial causador de perdas à produção. O principal problema decorrente do ataque de uma praga pertencente a este grupo está na relação direta existente entre a magnitude do ataque e a perda de produção. O mesmo não ocorre em relação ao ataque das pragas indiretas, já que o algodoeiro é capaz de suportar injúria considerável, isto é, perda de área foliar e remoção de assimilados, antes que ocorra perda de produção.

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Devido a este fato, considerável atenção tem sido dada às pragas capazes de infestar as estruturas reprodutivas do algodoeiro. Dentre

estas, a lagarta-rosada [Pectinophora gossypiella (Saunders, 1844 (Lepidoptera: Gelechiidae)] tem se destacado como uma importan-

Detalhe de ovos da lagarta-rosada recém-depositados, identificados pela cor esbranquiçada

Os ovos normalmente são depositados em locais protegidos dificultando sua visualização a campo

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Figura 1 - Número de produtos comerciais registrados para o controle de P. gossypiella em função da classe de inseticidas à qual pertencem. Fonte: Agrofit, 2007

te praga da cultura na fase final da lavoura. A sua ocorrência se dá nas diferentes regiões de cultivo do algodão, adquirindo importância nacional e internacional e sendo por isso considerada uma das pragas-chave do algodoeiro. As lagartas recém-emergidas são brancas e alcançam em torno de 1 mm de comprimento nos ínstares iniciais e cerca de 6 mm de comprimento nos ínstares mais tardios, quando apresentam coloração rosácea . As falsas pernas inseridas entre o terceiro e o sexto segmento abdominal contêm de 15-20 ganchos dispostos em um círculo incompleto com a abertura voltada para fora. O período larval dura em torno de 12,2 dias e as lagartas passam por quatro a cinco ínstares durante este intervalo de tempo. Após completarem o período larval, as lagartas deixam as estruturas atacadas para formar um casulo sedoso que hospedará a pupa (marrom brilhante), localizando-se, em geral, próximo à superfície do solo. Eventualmente, as lagartas podem formar a pupa no interior de maçãs atacadas, porém raramente é possível encontrar pupas no interior de flores. A duração média do período pupal é de 6-7,5 dias e o período pré-pupal tem duração de 2,53,5 dias. A emergência dos adultos normalmente ocorre à noite e estes têm longevidade variável entre 5-56 dias, com maior duração no caso das fêmeas. A duração total do ciclo de vida do inseto é em torno de 23 a 36 dias. Após a eclosão dos ovos, as lagartas passam a atacar as estruturas reprodutivas do algodoeiro ocasionando queda de botões, injúria às flores, perda total de maçãs pequenas e injúria parcial em maçãs mais velhas. As flores e maçãs atacadas adquirem formato característico, sendo este sintoma conhecido como roseta e carimã, respectivamente. O orifício de entrada nas maçãs é extremamente pequeno e difícil de ser visualizado uma vez que normalmente se localiza sob as brácteas. Todavia, após a penetração das lagartas é comum verificar-se a formação de um

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Figura 2 - Número de produtos comerciais contendo diferentes ingredientes ativos registrados para o controle de P. gossypiella. Fonte: Agrofit, 2007

calo no local de ataque à medida que a maçã se desenvolve. Uma vez no interior das maçãs, as lagartas alimentam-se das sementes e do conteúdo interno dos frutos jovens onde constroem túneis arredondados entre as sementes ou através das paredes dos lóculos. No caso das maçãs mais velhas, em geral, completam seu desenvolvimento alimentando-se de três ou quatro sementes. Mesmo quando a injúria às maçãs é parcial, a produção pode ser comprometida devido à abertura irregular do capulho, comprometendo a colheita. O ataque da lagarta-rosada contribui, ainda, para reduzir a quantidade de pluma e de semente colhida, bem como a qualidade da fibra, afetando o comprimento, a resistência e o micronaire e ocasionando manchas. O orifício deixado pelo inseto ao abandonar as estruturas atacadas para transformar-se em pupa, pre-

dispõe tais órgãos ao ataque de Aspergillus flavus que é responsável pela produção de aflatoxinas. Algumas regiões dos EUA já possuem plano de amostragem sequencial para P. gossypiella, todavia o mesmo não ocorre no Brasil. No caso da amostragem convencional, a forma de realização bem como os níveis de controle empregados são variáveis entre autores. Entretanto, em geral há concordância em relação ao fato de que se deve amostrar cem plantas por talhão homogêneo, avaliando-se a porcentagem de maçãs atacadas por P. gossypiella nestas plantas. Existe ainda a recomendação de adoção de nível de controle baseado no número de adultos capturados por noite por armadilha. Neste caso, recomenda-se o uso de armadilhas tipo delta, acrescidas de septo liberador do feromônio do inseto e painéis ade-

O período larval dura em torno de 12,2 dias e, nos ínstares mais tardios adquirem uma coloração rosácea

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DESCRIÇÃO BIOLÓGICA C. S. Bastos

Detalhe da armadilha tipo delta montada com septo liberador do feromônio do inseto e painéis adesivos para captura de adultos

Fotos J. B. Torres

sivos. O conjunto armadilha + feromônio + painel adesivo pode ser facilmente obtido no mercado junto às empresas fabricantes. Os níveis de controle recomendados variam de 3 a 11% de maçãs atacadas ou captura de cinco a dez adultos da mariposa por noite por armadilha dependendo do valor esperado da pluma comercializada. As medidas de controle empregadas envolvem o plantio antecipado para escape do ataque do inseto, cultivo de variedades de ciclo curto, com presença de glândulas de gossipol, glabras e sem nectários, catação e destruição de estruturas infestadas, controle químico e controle comportamental por confundimento. O controle químico ainda é a medida de controle mais empregada. A Figura 1 apresenta uma relação do número de produtos comerciais registrados para o controle de P. gossypiella e suas respectivas classes. Os 49 produtos comerciais registrados para o controle da lagarta-rosada pertencem a nove classes de inseti-

cidas, sendo duas delas compostas pela associação de uma das 47 classes com outra classe. A Figura 2 representa os ingredientes ativos presentes nas 49 moléculas comerciais registradas para o controle de P. gossypiella. Apenas 21 ingredientes ativos compõem os produtos comerciais disponíveis para o controle da praga. Destes, dois correspondem à associação de ingredientes presentes em alguns dos 19 produtos comerciais com outros ingredientes ativos. Tal fato chama a atenção para a necessidade de correto uso destas moléculas, sob pena de perda de eficiência em curto prazo, com a evolução de resistência. Recentemente, algumas empresas têm comercializado o feromônio gossiplure associado a tubos aplicadores (PB Rope®) que devem ser fixados às plantas de tal forma a causar confundimento dos machos, pois o feromônio sintético volatilizado dos aplicadores compete com o feromônio liberado naturalmente pelas fêmeas na atratividade dos machos para o acasalamento. Todavia, esta técnica tem baixa eficiência no caso de migração de fêmeas da lagarta-rosada já fecundadas a partir das áreas vizinhas e sob altas populações do inseto. Alguns trabalhos têm demonstrado que a associação desta formulação com armadilhas contendo óleo pode contribuir para coleta massal do inseto, além da ação de confundimento proporcionada pelo uso exclusivo dos tubos aplicadores. Em decorrência, pode-se esperar potencialização de sua ação. De todo modo, a melhor forma de convivência com esta e com as demais pragas que atacam o algodoeiro é manter um programa de amostragem sistemática e histórico de ocorrência das pragas nas áreas, a fim de que as

O

s adultos da lagarta-rosada são de coloração acinzentada ou amarronzada, alcançam 8-9 mm de comprimento e envergadura (maior distância entre as extremidades das asas abertas) de 15-20 mm. As bordas externas das asas são franjadas com bandas enegrecidas nas asas anteriores e coloração cinza-prateada nas asas posteriores. Como a maioria das mariposas, este inseto tem hábito noturno escondendo-se na parte basal das plantas ou no solo abaixo das plantas durante o dia, sendo de difícil observação no campo para os menos atentos. Normalmente depositam seus pequenos ovos (0,5 mm de comprimento por 0,25 mm de diâmetro), isolados ou em grupos, em locais protegidos tais como nas axilas dos pecíolos ou pedúnculos, na face dorsal das folhas, sob folhas mais velhas, na junção das nervuras principais, nos botões, nas flores ou sob o cálice de maçãs jovens, algo que dificulta sua visualização a campo. Logo que os ovos são depositados, apresentam coloração esbranquiçada, tornando-se alaranjados ou rosáceos próximos à eclosão, permitindo visualizar a cápsula cefálica. O tempo médio de incubação dos ovos em nossas condições é de quatro dias. Cada fêmea é capaz de depositar de cem a 500 ovos durante seu período de vida. medidas de manejo preventivas e curativas sejam viabilizadas com sucesso, reduzindo as chances de ocorrência de surtos populacionais e, como conseqüência, a baixa eficiência das medidas curativas de controle. C Jorge Braz Torres, Univ. Federal Rural de Pernambuco Cristina Schetino Bastos, Embrapa Algodão

Detalhe do inseto adulto de Pectinophora gossypiella

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Divulgação

Algodão

Detectado pelo cheiro A utilização de feromônios sexuais no manejo integrado de pragas é hoje uma das ferramentas mais eficientes de monitoramento, principalmente por não apresentar riscos ao homem e evitar desequilíbrios biológicos. No caso do bicudo, as armadilhas com feromônios detectam o início de colonização e auxiliam na determinação da época adequada de controle

E

m busca da sobrevivência na natureza, cada espécie animal desenvolve habilidades específicas que lhes garante a sobrevivência e propagação. No caso dos insetos em geral, o principal instrumento de localização é o olfato. Os odores percebidos por eles são fundamentais na seleção da planta hospedeira, na localização de presas, na corte, no acasalamento, na escolha de locais para oviposição etc. As substâncias químicas envolvidas na comunicação entre insetos são denominadas semioquímicos (sinais químicos). Dentre estes, os mais estudados são os feromônios, substâncias que promovem a interação entre dois indivíduos da mesma espécie. Para a percepção destes odores existem pêlos nas antenas, que permitem aos insetos, dependendo da velocidade do vento, perceber uma quantidade mínima de feromônios presente a distâncias significativas. Os principais tipos de feromônios são os de alarme, dispersão, agregação e sexuais. Atualmente, são conhecidos mais de dois mil feromônios e estes continuam sendo estudados para serem utilizados no monitoramento e controle de pragas.

OS FEROMÔNIOS E O MIP A utilização de feromônios sexuais no manejo integrado de pragas apresenta como vantagens o fato de não apresentar riscos de intoxicação para o homem e os animais domésticos, não apresentar resíduos tóxicos e evitar desequilíbrios biológicos. Essa ferramenta é eficiente no monitoramento da dinâmica populacional da praga, uma vez que é específica, ou seja, o feromônio é liberado por um membro de uma espécie com o intuito de causar uma reação específica em outro membro da mesma espécie. As armadilhas com feromônios detectam o início de colonização da praga, auxiliando na determinação da época adequada de controle. O conhecimento e a utilização de feromônios para o monitoramento e controle de insetos-praga no Brasil ocorreram a partir da década de 70. Gossyplure foi o primeiro feromônio sintético utilizado, sendo específico para o monitoramento da lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella) na cultura do algodoeiro. Já na década seguinte, após a introdução no Brasil do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), armadilhas contendo o feromônio grandlure passaram a ser utilizadas para o levantamento de

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Tabela 1 - Feromônios registrados para o monitoramento e controle de bicudo em lavouras de algodão Grupo químico Álcool alifático

Álcool alifático + organofosforado

Nome comercial Bio Bicudo Iscalure BW 10 Feromônio plato para bicudo do algodoeiro TMB (tubo mata-bicudo)

Classe toxicológica IV IV IV III

Fonte: Agrofit

Instruções de uso 1 armadilha/4ha; trocar o sachê a cada 30 dias Trocar o sachê a cada 14 dias 1 armadilha/5ha; trocar o sachê a cada 14 dias Trocar após 35 dias

Tabela 2 - Número de captura de bicudos por armadilhas com feromônios de diferentes marcas. Extraído de Silva et al., 2005

petição com bicudos machos, fatores climáticos, fenologia da planta, condições fisiológicas do bicudo, formulação e concentração do grandlure. O grandlure está disponível para ser usado nas armadilhas e nos tubos mata-bicudo (TMB).

Tratamento Marca 1 Marca 2 Marca 3

Média* 5,96 A 5,02 AB 3,93 B

Desvio-padrão 1,26 1,87 2,43

*Valores transformados em log (x + 0,5); médias seguidas de letras iguais não diferem entre si (p=0,0252).

COMO UTILIZAR AS ARMADILHAS Em geral, as armadilhas, dispositivos de monitoramento, devem ser instaladas em campo aberto, longe de galhos e a cerca de 1,5 m acima do nível do solo para que resultados satisfatórios sejam obtidos. A distância entre as armadilhas deve situar-se entre 150 e 250 m ao longo do perímetro das áreas cultivadas com algodão. As marcas de feromônios para armadilhas comercializadas no Brasil possuem quantidades diferentes de grandlure, daí as recomendações dos intervalos de reposição dos dispositivos diferirem (Tabela 1). Em

pesquisas recentes, feitas com diferentes marcas comerciais de grandlure (Tabela 2) foram constatadas diferenças significativas no número de insetos capturados por armadilha. Tal informação é imprescindível para o produtor, que deverá optar pelo produto que mais se adequar ao programa de monitoramento preestabelecido por ele. O período recomendado para o uso de armadilhas de feromônio vai da colheita do algodoeiro até a próxima safra da cultura, por ocasião da emissão de botões florais. Antes do plantio e durante a emissão dos botões florais podese usar as armadilhas para monitorar a população de bicudos existente nas proximidades e a chegada dos primeiros insetos, orientando quanto à tomada de decisão para efetuar o controle. Nesse período, o feromônio funciona como agente de agregação e não concorre com Cultivar

Sandra Rodrigues

infestações em plantios de algodão. Esse feromônio foi descoberto na década de 60 após observações do comportamento sexual do bicudo, ocasião em que os cientistas constataram que a substância era liberada nas fezes, pelos machos, após se alimentarem de botões florais ou de maçãs pequenas de algodão. Quando os machos se alimentavam de folhas e brotos a quantidade produzida era muito pequena. A partir daí passou-se a estudar sua composição e, em 1969, conseguiu-se isolar, identificar e sintetizar seus quatro componentes, recebendo o composto o nome de grandlure. Estudos posteriores em laboratório também constataram que as fêmeas produzem um feromônio capaz de atrair os machos, mas em condições de campo sua eficiência se restringia a pequenas distâncias. Para se chegar à formulação atual, várias pesquisas foram feitas para que a liberação do feromônio ocorresse lentamente. Para tanto, durante o processo de fabricação é fundamental um rigoroso controle de qualidade que evite contaminações e variações na resposta dos insetos ao produto final. A eficiência da armadilha com feromônio pode ser influenciada por fatores como: forma, cor, localização, com-

Armadilha com feromônio grandlure para captura de bicudos, Anthonomus grandis.

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Feromônios detectam início da colonização de bicudo-do-algodoeiro, Anthonomus grandis, e auxiliam no controle

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Figura 3 - Infestação de bicudos em botões florais de algodoeiro com manejo convencional, MIP, presença e ausência de tubos mata-bicudos. São José dos Ramos, 2002/2003

tressafra, as quais por sua vez servem de referência para o controle químico da safra seguinte.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES

Sandra Rodrigues

as plantas de algodão. Porém, quando o algodoeiro está na fase de florescimento, os botões florais e maçãs novas in-

terferem na captura de bicudos nas armadilhas, por emitirem substâncias mais atrativas que os feromônios sintéticos. Esta interferência na eficiência das armadilhas, também, pode estar relacionada com o clima, com a competição com outros machos e com a condição fisiológica dos insetos. Após a colheita, as armadilhas podem ser novamente utilizadas, servindo como instrumento para a detecção e monitoramento de populações de en-

É importante ressaltar que o uso do controle comportamental com feromônios deve ser encarado como complementar ao conjunto de medidas técnicas necessárias para a redução dos níveis populacionais da praga. Não existe método exclusivo que consiga resolver o problema. O uso adequado e criterioso de todas as ferramentas de controle é que vai levar ao sucesso. Neste sentido, o uso do controle químico com base no nível de controle no final do ciclo do algodoeiro deve ser incentivado para minimizar o número de indivíduos de bicudo que tentará entrar no refúgio. Adicionalmente, o uso do tubo mata-bicudo pode favorecer à redução populacional dos insetos sobreviventes. Estes, quando permanecem vivos na entressafra, encontram nos grãos de pólen de espécies vegetais do Cerrado brasileiro, diversas opções de manutenção durante o período de ausência do hospedeiro principal (o algodoeiro), sendo relatados atualmente 19 famílias de plantas existentes no Cerrado cujo pólen serve de alimento para o inseto. C Sandra Rodrigues e Ednilson Miranda, CNPA

O TUBO MATA-BICUDO (TMB)

O

Tubo matabicudo próximo ao refúgio

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TMB é um dispositivo que se baseia na técnica do “atrai-emata” (attract-and-kill) e consiste em um dispositivo de papelão biodegradável de 90 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro, de cor verde-limão, impregnado com um atraente alimentar e um inseticida de liberação lenta. Na parte superior do tubo há uma placa de 58 cm2 de tamanho, contendo 50 mg do feromônio grandlure. Uma opção de controle é instalar o TMB no início do plantio, quando o dispositivo atrairá e matará os insetos que estão saindo do refúgio e tentando chegar à área de cultivo. Os tubos são instalados nas bordas dos plantios, nas fases de pré-plantio e pós-colheita. Esta técnica age exclusivamente sobre o bicudo, excluindo seus inimigos naturais, e pode complementar ou substituir o plantio-

isca quando a condição climática não é favorável à sua implantação. Pesquisa feita em áreas de algodão na safra 2002/ 2003, comparando-se o controle de pragas com e sem TMB observou menores infestações em áreas onde o TMB foi utilizado como medida complementar. É possível também instalar o TMB logo após a colheita a fim de reduzir a população remanescente do final da safra. Já em casos em que a área cultivada com algodão é muito extensa, uma possibilidade a ser considerada é concentrar o seu uso em locais considerados críticos, por se tratarem de conhecidas e potenciais áreas de refúgio. Esses tubos devem ser colocados distanciados 80 m entre si. Recomenda-se que 35 dias após a instalação desses, novos tubos sejam situados entre os primeiros.

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Empresas

Efeito fisiológico Linha F500 e o Standak, da Basf, ganham selo mundial para identificá-los como geradores de efeitos fisiológicos positivos nas plantas

A

Basf apresentou recentemente, durante a terceira edição do Top Ciência, sua nova marca mundial, criada para identificar os defensivos que proporcionam efeitos fisiológicos positivos nas plantas. AgCelence é um selo que identificará, inicialmente, os fungicidas da família F500, como Opera, Comet e Cabrio Top, além do inseticida Standak, todos já comercializados no Brasil há algumas safras. Os efeitos fisiológicos positivos, proporcionados pela estrobilurina que compõe os produtos, geram aumento da área foliar, diminuição da queda prematura das folhas e mais energia, que se traduz em plantas mais saudáveis, com folhas mais verdes. Esses benefícios promovem maior qualidade da lavoura e aumentam seu potencial produtivo, resultando em melhor classificação do produto final, mais qualidade do grão, fruto ou tubérculo e maior tempo de prateleira (frutos e tubérculos), com ganhos reais de rentabilidade. Dados de pesquisas realizadas por uma equipe mundial de cientistas da empresa, em parceria com universidades e entidades de pesquisa, entre elas a Esalq – USP de Piracicaba (SP), Unesp – Botucatu (SP) e UPF Passo Fundo (RS), mostraram que a aplicação de fungicidas da família F500 influencia positivamente a fisiologia das plantas, contribuindo para o aumento médio de 10% a 15% da produtividade nas culturas avaliadas.

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Segundo informações do departamento técnico da empresa, os benefícios AgCelence são conferidos pelos três pilares de sustentação dos efeitos fisiológicos positivos de F500: atividade da enzima nitrato-redutase é superior, que resulta em maior massa foliar; o aumento da fotossíntese líquida gera mais energia (produtividade); e a diminuição do etileno, que promove duração maior das folhas verdes nas plantas (folhas produzem por período maior). Os dados são baseados em resultados e informações obtidas em mais de três mil áreas demonstrativas e comerciais acompanhadas

pelo departamento técnico da Basf e pesquisadores de todo Brasil nos últimos cinco anos, com resultados consistentes, que comprovam os benefícios proporcionados por AgCelence. Esses resultados levaram o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a aprovar, em fevereiro de 2006, a inclusão do seguinte texto na bula do fungicida Opera: “Utilizando Opera nas doses recomendadas podem ocorrer efeitos fisiológicos positivos na fisiologia das plantas, como o incremento da produtividade ou a qualidade do produto final.” Esse fato também foi pesquisado e comprovado pela Basf em diversas culturas e em outros países, estimulando que a empresa redirecionasse suas pesquisas globalmente. “Afinal, não estamos falando apenas de proteção de cultivos, e sim de um novo conceito: efeitos fisiológicos positivos que aumentam a produtividade e a saúde das plantas”, explica Walter Dissinger, vice-presidente de produtos para a agricultura para a América Latina. C

TOP CIÊNCIA PREMIA

N

a terceira edição do Top Ciência, que aconteceu no dia 22 de junho no Hotel Hilton, em São Paulo, foram premiados nove trabalhos, divididos em três categorias: produtividade, qualidade e fisiologia. Os autores receberam como prêmio uma visita técnica à Europa, em que terão a oportunidade de ver e trocar experiências sobre o tema fisiologia com pesquisadores de universidades e da Basf. PREMIAÇÃO Os vencedores foram: • Categoria Produtividade: Antônia dos Reis Figueira, pesquisadora – de Lavras (MG) Paulo Matos de Sousa Jr., consultor – de São Gotardo (MG); Gisela da Silva Arduim, pesquisadora – de Passo Fundo (RS). • Categoria Fisiologia: Fernando Geraldo Martins, consultor - de Não-Me-Toque (RS); Noemir Antoniazzi, pesquisador – de

Guarapuava (PR); Mauricio Meyer, pesquisador Embrapa – de Balsas (MG). • Categoria Qualidade: Matheus Zanella, produtor – de Balsas (MG); Silvania Furlan, pesquisadora – Instituto Biológico (SP); Renato Agnelo da Silva, consultor – de Piedade (SP). • Prêmio América Latina: José Alfredo Curá, da Facultad de Agronomía, UBA. Na edição 2007, foram 144 trabalhos inscritos e avaliados por uma banca composta por três renomados pesquisadores na área de fisiologia vegetal e mais duas pessoas do departamento técnico da Basf. “O Top Ciência estimula o desenvolvimento de pesquisa e tecnologia para ajudar os agricultores a maximizarem seus resultados, aproximando a ciência do campo”, ressalta Eduardo Leduc, Diretor de produtos para agricultura no Brasil.

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Os herbicidas pré-emergentes são a principal modalidade utilizada para o controle de plantas daninhas em lavouras de cana-de-açúcar. Mas seu desempenho está diretamente ligado às interações entre o defensivo e o ambiente. Assim, a escolha do produto adequado deve estar sempre fundamentada em critérios técnicos

O

s herbicidas pré-emergentes (residuais) representam a principal modalidade de aplicação na cultura da cana-de-açúcar, pois a cultura exige controle de plantas daninhas durante o período crítico de competição, o qual pode estender-se até 180 dias após o plantio ou 120 dias após o corte das soqueiras. No entanto, existem no mercado diversas opções de herbicidas residuais, e a escolha do produto adequado deve estar fundamentada em critérios técnicos, que levam em consideração fatores ligados aos atributos do solo, condições climáticas e propriedades físico-químicas dos herbicidas. A eficácia de controle das plantas daninhas, a seletividade para a cultura da canade-açúcar e o impacto ambiental decorrentes da utilização destes herbicidas dependerão da interação entre estes fatores. Portanto, para que o produtor obtenha sucesso nas pulverizações dos herbicidas residuais é necessário o conhecimento sobre a interação destes produtos com o ambiente.

O SOLO E SEUS ATRIBUTOS Didaticamente, o sistema solo está divido em três fases: (i) sólida (areia, silte, argila e matéria orgânica), (ii) líquida (água) e (iii) gasosa (CO2, O2 e N2). No entanto, em termos práticos a proporção entre as fases e a composição de cada uma delas irão variar de um solo para outro afetando diretamente o desempenho de um herbicida aplicado ao solo das lavouras canavieiras. A fase sólida do solo é responsável pelo processo de retenção ou “captura” do herbicida, impedindo ou dificultando a disponibilização do defensivo para controle da planta

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daninha. Este processo de retenção pode ser em parte irreversível (parte do herbicida ficará indisponível para o controle das plantas daninhas - resíduo ligado) e parte poderá voltar a ser disponível para o controle das plantas daninhas através do processo de desorção (remobilização). A retenção do herbicida na fase sólida pode ocorrer tanto pela argila como pela matéria orgânica do solo, porém a fração orgânica é a principal responsável por sua “captura” através do estabelecimento de ligações químicas com as moléculas dos herbicidas. Sob o ponto de vista prático isto quer dizer que solos com teores elevados de matéria orgânica tendem a reter mais o herbicida, exigindo maiores doses para o controle de planas daninhas e também dificultando a degradação e movimentação dos herbicidas no solo. Os prin-

cipais processos que os herbicidas são submetidos no ambiente após sua aplicação estão representados esquematicamente na Figura 1. É importante ressaltar que os solos brasileiros (solos de regiões tropicais) foram formados em clima quente e sob condições de alta precipitação pluvial e por isso tendem a apresentar baixo teor de matéria orgânica, quando comparados com solos de países de clima temperado como os dos Estados Unidos e da Europa. Este fato deve-se à facilidade de degradação da matéria orgânica pela fauna microbiana em nossos solos. Assim, o baixo teor de matéria orgânica apresentado pela maioria dos solos brasileiros retém menores quantidades de herbicidas de forma irreversível. Da mesma forma, a textura do solo influ-

Tabela 1 - Recomendação de doses de alguns herbicidas residuais utilizados na cultura da cana-de-açúcar em função da textura do solo, retirado de Lorenzi, 2006 Herbicida ingrediente ativo (*) Ametryn (500) Clomazone (500) Diuron (500) Diuron (468) + hexazinone (132) Imazapic (700) Isoxaflutole (750) Metribuzin (480) Oxyfluorfen (240) Pendimethalin (500) S-metolachlor (960) Sulfentrazone (500) Tebuthiuron (500) Trifluralin (600)

Amplitude de doses do herbicida em função da textura** Ingrediente ativo (kg/ha) Produto comercial (kg ou l/ha) 2,0 - 4,0 4,0 - 8,0 0,9 - 1,1 1,8 - 2,2 2,5 - 4,0 5,0 - 8,0 (0,842+0,2376) - (1,404+0,396) 1,8 - 3,0 0,133 - 0,147 0,190 - 0,210 0,187 - 0,262 0,250 - 0,350*** 1,44 - 1,92 3,0 - 4,0 0,48 - 1,20 2,0 - 5,0 1,0 - 1,75 2,0 - 3,5 1,44 - 1,92 1,5 - 2,0**** 0,8 - 0,9 1,6 - 1,8 0,8 - 1,2 1,6 - 2,4 1,8 - 3,6 3,0 - 6,0

Charles Echer

Cana-de-açúcar

Interação como requisito

* Concentração da formulação em g/L ou g/kg. ** Doses maiores são recomendadas para solos de textura argilosa e doses menores para solos de textura arenosa, sendo que para solos de textura média doses intermediárias. *** Soqueiras em época seca **** As atuais recomendações deste herbicida preconizam doses maiores para a cana-de-açúcar

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Figura 1 - Representação esquemática dos principais processos que os herbicidas são submetidos no ambiente após sua aplicação na agricultura

encia grandemente o processo de retenção dos herbicidas residuais no solo. Normalmente, solos que apresentam textura argilosa tendem a reter muito mais as moléculas do que solos de textura arenosa, pois os minerais de argila que possuem capacidade sortiva, ao contrário dos solos arenosos, que são compostos basicamente por grãos de sílica (quartzo), não apresentando capacidade de reter moléculas de herbicidas. Em resumo, a recomendação da dose de um herbicida residual para a cultura da canade-açúcar deve estar fundamentada em dois parâmetros edáficos: textura e teor de matéria orgânica. Porém, as recomendações oficiais de variação de doses estão baseadas apenas na textura, ou seja em função de três classes texturais: (i) textura arenosa, (ii) textura média e (iii) textura argilosa, sem no entanto levar em consideração o teor de matéria orgânica no solo. Este fato pode induzir a erros de recomendação, porém como na maioria das vezes

Produtor deve estar atento às características do herbicida que utiliza em sua lavoura, diz Christoffoleti

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solos argilosos contém maiores teores de matéria orgânica e solos arenosos são pobres em matéria orgânica, existe funcionalidade desta recomendação. Na Tabela 1 estão representadas as recomendações de alguns herbicidas aplicados na cultura da cana-de-açúcar de acordo com a textura, indicando a grande variabilidade de doses em função da textura. Outro parâmetro de grande importância, principalmente para herbicidas que apresentam a capacidade de se ionizar, é o pH do solo. Pelo fato dos solos apresentarem em sua grande maioria cargas negativas na superfície de co-

lóides de argila e na matéria orgânica, a forma como a molécula do herbicida se encontra no solo será importante para definir seu destino, ou seja, se ela será ou não retida. No entanto, nas recomendações oficiais este fator de influência na dose do herbicida não é levado em consideração. A umidade do solo é importante para permitir a absorção pelas plantas daninhas, já que o herbicida, no caso dos pré-emergentes, precisam ser lixiviados até atingir as estruturas da planta responsáveis pela absorção. Essa quantidade de água no solo irá determinar o espaço poroso disponível para a difusão da fase gasosa, que também afeta a taxa de absorção do herbicida pela planta. Já a profundidade de lixiviação do herbicida é dependente do equilíbrio entre a fração do herbicida absorvido no solo e o herbicida presente na solução do solo. Esse equilíbrio é governado por alguns fatores como solubilidade, capacidade de retenção do herbicida e conteúdo de água no solo. A aplicação em solos com umidade inadequada, pode causar baixa eficiência no controle das plantas daninhas, e por isso precisa ser monitorada e corrigida, se necessário, antes de se realizar uma pulverização. A Figura 2 representa esquematicamente os principais fatores ligados ao ambiente e ao solo que influenciam na dinâmica dos herbicidas residuais.

PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS Os herbicidas apresentam diversas características físico-químicas que devem ser levadas em consideração juntamente com os atri-

Tabela 2 - Comparação entre os parâmetros físico-químicos dos herbicidas aplicados em cana-de-açúcar. Retirado de Christoffoleti e Lopez-Ovejero, 2005 Herbicidas Ametrina Amicarbazone Clomazone 2,4-D Diuron Flazasulfuron Glifosato Hexazinone Imazapic Imazapyr Isoxaflutole DKN Mesotrione Metribuzin Oxyfluorfen Paraquat Pendimethalin Tebuthiuron Trifloxysulfuron Trifluralina

Solubilidade (mg/l)1 200 4.600 1100 600 42 0,027 – 2,1 15.700 33.000 2.200 11.272 6,2 326 168,7 1.100 0,1 620.000 0,275 2.570 353 0,3

Amplitude de doses do herbicida em função da textura** pKa2 Koc3 Adsorção4 4,1 300 forte 0,0 23-37 Fraca 0,0 300 Moderada 2,8 Alto Moderada 0,0 480 Forte 4,37 30-43 Moderada 2,6-5,0 e 10,3 24.000 Muito Forte 2,2 54 Fraca 3,9 Fraca 1,9 e 3,6 1,02 Fraca 4,3 134 Moderada 1,1 17 Fraca 3,07 19-387 Forte 60 Moderada 0,0 100.000 Forte 0,0 Muito forte 0,0 17.200 Forte 0,0 80 Fraca 4,76 29-574 Forte 0,0 7.000 Forte

vida (dias)5 60 Média Média 10 90 9 – 120 12 – 25 120 180 180 38 160 Curta 30 a 60 30 a 40 1.000 90 a 180 1 ano Curta 45

1 Solubilidade do herbicida em água, 2 Constante de equilíbrio de ionização de um ácido fraco, que corresponde ao pH onde metade das moléculas estão ionizadas e metade não ionizadas, 3 Coeficiente de partição da molécula baseado no teor de matéria orgânica, que mede a adsorçao da molécula, 4 Adsorção à partículas coloidais do solo (argila e matéria orgânica), 5 Tempo de permanência de pelo menos 50% da molécula de herbicida na forma original no solo.

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Figura 2 - Representação esquemática dos principais fatores ligados ao ambiente e ao solo que afetam a dinâmica de um herbicida residual butos do solo antes de se realizar uma aplicação no campo. Dentre elas destaca-se a solubilidade do herbicida em água. Se a solubilidade do herbicida em água é moderada/alta, existe uma tendência de permanecer em maior concentração na água do solo (fase líquida) e portanto disponível para a absorção pelas plantas daninhas, degradação química ou biológica (microorganismos do solo), ou ainda pode ser lixiviado a maiores profundidades, quando em períodos mais chuvosos. O ideal é que o herbicida seja solubilizado e lixiviado no perfil do solo onde o banco de sementes das plantas daninhas tenha potencial de quebra de dormência, mas por outro lado é ideal que esteja acima da região de absorção da maioria das raízes da cana-de-açúcar (fenômeno chamado de seletividade de posição). Outros parâmetros como volatilidade e fotodegradabilidade das moléculas de herbicidas também são importantes. Situações em que a aplicação é feita em condições de alta temperatura e baixa umidade relativa do ar devem ser evitadas, principalmente quando herbicidas voláteis e fotodegradáveis são utilizados. Agronomicamente, a volatilização pode ser minimizada com a incorporação mecânica do herbicida ou irrigação logo após sua aplicação, sendo que nas situações onde não é feita a incorporação é recomendável um monitoramento das condições climáticas. A meia-

vida (t1/2) está relacionada à degradação do herbicida. O conhecimento da meia-vida é importante para prever possíveis problemas em culturas subseqüentes que apresentem sensibilidade a determinado produto. Na Tabela 2 estão apresentadas algumas características físico-químicas de herbicidas residuais utilizados em cana-deaçúcar, que podem auxiliar sua recomendação e entendimento da dinâmica destes herbicidas no solo. Portanto, para que um herbicida apresente eficácia adequada nas lavouras de cana-deaçúcar é necessário que este apresente algu-

mas características fundamentais: ausência de volatilidade e fotodegradabilidade; baixa adsortividade aos colóides do solo e residual compatível com o período crítico de competição da cultura com as plantas daninhas (>120 dias). Estas características são ainda mais importantes para os herbicidas que são aplicaC dos no período seco do ano. Pedro Jacob Christoffoleti, Vanessa Camponez Cardinalli, Murilo Sala Moreira e Marcelo Nicolai, Esalq - USP


Coluna Andav

AgroAção é novo conceito em treinamento e conscientização sobre o uso correto de EPI

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ara vender qualquer produto é necessário saber como ele funciona e para qual finalidade foi desenvolvido. Com o EPI- Equipamento de Proteção Individual, não poderia ser diferente, embora muitas vezes as revendas agrícolas ficam com a árdua missão de comercializá-lo sem ao menos saber como é a sua utilização prática e para qual uso ele é recomendado. Assim, o primeiro treinamento a distância AgroAção, desenvolvido pela AndavAssociação Nacional dos Distribuidores Agrícolas e Veterinários, não poderia deixar de abordar esta problemática que tem uma solução simples: a disseminação do conhecimento. O treinamento EPI- “venda que protege seu cliente”, são 12 aulas realizadas pela Internet através do site www.agroacao.com.br e supervisionadas por pedagogos e profissionais especialistas em saúde e qualidade de vida no campo, que fornecem aos participantes o conhecimento técnico para diferenciar produtos e fidelizar clientes com respostas a quaisquer dúvidas sobre o EPI, legislações, responsabilidade social e vendas. Os apoiadores do projeto são as empresas fabricantes Azeredo zbx e Protect EPI e também o Selo Quepia - Qualidade de equipamentos de proteção individual na agricultura - um programa desenvolvido pelo IAC- Instituto Agronômico de Campinas. O AgroAção 2007 rapidamente expandiu suas ações para a concretização de um modelo de vestimenta ideal, que traduzisse toda a experiência das empresas e também a eficiência e qualidade proporcionadas pelas pesquisas em torno do Selo. Este novo modelo de EPI está disponível para

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as revendas . As vantagens da vestimenta são muitas: tecido que permite maior troca gasosa entre o corpo e meio ambiente, responsável por maior conforto e melhor desempenho no

“O AgroAção 2007 rapidamente expandiu suas ações para a concretização de um modelo de vestimenta ideal, que traduzisse toda a experiência das empresas e também a eficiência e qualidade proporcionada pelas pesquisas em torno do Selo”

trabalho; novo tratamento faz com que haja maior hidrorepelência e também maior vida útil do EPI. Há também uma maior garantia de produto, pois o EPI é desenvolvido pelos dois fabricantes que estão envolvidos com o projeto, o que resulta em maior agilidade na entrega e controle de qualidade. Todas as vestimentas têm o Selo de Qualidade Quepia, que está estampado em cada peça, dando assim ao agricultor a segurança no que está sendo adquirido. Os benefícios são muitos, o que faz do AgroAção um projeto inovador na agricultura brasileira. As revendas terão equipe de vendas treinadas com direito a certificado fornecido pela Andav. Por isso é importante que as revendas se unam em torno do objetivo maior que é conscientizar sobre o uso correto do EPI ao mesmo tempo que executa vendas de qualidade a seus clientes. Certamente estarão fazendo parte de um grupo seleto de empresas que são promovidas pela Andav como aquelas que atendem às responsabilidades sociais e preocupadas com a saúde de seus clientes. As revendas participantes do programa Agroação concorrem ao troféu AgroAção em Excelência em Vendas e também poderão ter seu funcionário como destaque dentro do projeto. Para os interessados em conhecer todas as etapas do AgroAção, bem como seus regulamentos de participação, o site www.agroacao.com.br está à disposição, assim como o portal da Andav no endereço eletrônico C www.an-dav.com.br. Henrique Mazotini Presidente executivo da Andav

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Agronegócios

A dinâmica do agronegócio

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om exceção do uso combustível do etanol no Brasil, os biocombustíveis são uma novidade em escala global. Como toda a inovação, sua dinâmica é muito mais intensa que aquela dos negócios estabelecidos e devidamente amadurecidos. Logo, quem formular planos de negócios de médio e longo prazo para produzir etanol ou biodiesel deve atentar para os cenários alternativos e para as mudanças constantes que ocorrem na área. Como fatos novos, com poder de modificar completamente os cenários, temos: 1) A meta dos EUA de substituir 20% da gasolina usada nos EUA, até 2017, por fontes renováveis; 2) A seqüência de três relatórios do Painel de Mudanças Climáticas da ONU, alertando para o aumento de temperatura que se avizinha e para a necessidade de medidas urgentes e de longo alcance, para evitar conseqüências mais graves; 3) O estabelecimento das metas da União Européia para 2020, que prevê: a) redução de 20% nas emissões de gases de efeito estufa; b) aumento de 20% na eficiência de uso das fontes energéticas; c) aumento para 20% da participação de energias renováveis na matriz energética (10% com biocombustíveis); 4) A decisão do governo da Índia de misturar 10% de biocombustíveis nos combustíveis fósseis; 5) O forte ataque de Fidel Castro ao uso energético de produtos agrícolas, eventualmente diminuindo a oferta de alimentos. Há outros países com políticas públicas fortes, mas estes exemplos mostram como estão sendo traçadas metas ambiciosas para períodos de tempo curtos. E não é apenas o companheiro Fidel que está preocupado com a competição entre alimentos e energia. Em conseqüência, há que se proceder a um reestudo integral da matéria-prima disponível e dos processos de transformação.

MUDANÇAS Não há vantagem comparativa natural que resista a uma mudança de paradigma tecnológico. Portanto, errará muito feio quem imaginar que, por dispor de área para expansão da agricultura, alta radiação solar e mão-de-obra barata, o Brasil será, inevitavelmente, o líder da pro-

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dução mundial de biocombustíveis. Os países ricos estão investindo bilhões de dólares (ou euros) para encontrar outras saídas que não dependam de expansão de área ou de insolação. No caso da Europa, os países membros efetuaram um levantamento preliminar de toda a disponibilidade de biomassa, nas suas mais diferentes formas (lixo orgânico, sobrenadante de esgoto, serragem, resíduos agrícolas e agroindustriais etc), traduzindo os volumes para potencial energético. O levantamento passa a ser atualizado, anualmente, e servirá

“Hoje, o Brasil é imbatível na produção de etanol de cana-deaçúcar, entre outros motivos pelo domínio de tecnologia de ponta”

de base para reduzir a demanda de cereais ou óleos para produção de biocombustíveis. Neste caso, novos processos de produção de etanol (etanol celulósico) e biodiesel (Fischer-Tropsch ou flash-pirólise) ou de outros biocombustíveis (gaseificação) ampliam as possibilidades de produção, reduzindo a dependência de cultivos como cana-de-açúcar ou oleaginosas. Em decorrência, é necessário revisar a participação do Brasil neste mercado, no longo prazo. Entretanto, no curto prazo (até 2020) o Brasil continuará imbatível na produção de etanol e é uma das esperanças mundiais de regularizar a oferta de

óleos e gorduras. Um fato assaz importante é o desenvolvimento de processos de obtenção de bioprodutos a partir da biomassa, em associação com produtos energéticos, que deverá garantir a sustentabilidade do dueto bioenergia/biorefinarias, no futuro próximo. Esta é uma das principais apostas que os países do primeiro mundo estão fazendo, ou seja, embora o custo de produção de biocombustíveis possa ser elevado (não competitivo com combustíveis fósseis), do conjunto de outros produtos de alto valor agregado, que substituiriam os produtos derivados da petroquímica, seriam obtidas margens razoáveis que viabilizariam a produção de biocombustíveis. Assim, eu não tenho qualquer dúvida que, no médio e no longo prazos, a liderança na produção de biocombustíveis pertencerá a quem estiver mais avançado tecnologicamente. Hoje, o Brasil é imbatível na produção de etanol de cana-deaçúcar, entre outros motivos pelo domínio de tecnologia de ponta. Porém, quando for viabilizado comercialmente o etanol celulósico, como ficaremos? Lembremo-nos sempre que, durante séculos a Suíça dominou o mercado mundial de relógios, enquanto a melhor tecnologia era o relógio analógico, aquele de dar corda. Aí vieram os japoneses com os relógios digitais e arrasaram a indústria suíça em menos de cinco anos. Em conclusão, a partir dos investimentos em PD & I em energia renovável, é possível antecipar que os biocombustíveis de primeira geração terão seu pico na próxima década, sendo progressivamente substituídos por biocombustíveis de segunda geração. Novos combustíveis como butanol, dimetil éter e bio-óleo ganham espaço. O etanol terá seu ciclo de vida estendido por conta da tecnologia de etanol celulósico mediado por bactérias transgênicas. Nesta transição perdem importância as tecnologias de produção de matéria-prima e ganham importância as tecnologias de processo. Quem dominar processos na fronteira do conhecimento dominará o mercaC do de a Agroenergia. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro agrônomo, membro do Painel Científico Internacional de Energia Renovável do Conselho Internacional de Ciências

www.gazzoni.pop.com.br

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Mercado Agrícola

Brandalizze Consulting

brandalizze@uol.com.br

Hora de programar o novo plantio Estamos na hora de programarmos a nova safra e isso está ocorrendo em um momento de pouca motivação dos produtores, onde o dólar em queda livre desestimula o setor porque não tem derrubado os custos de produção. Já que grande parte dos nossos gastos são realizados em reais, como diesel, peças, mão-de-obra, que continua crescendo em ritmo acelerado em dólar, onde já temos níveis de salários altos e que não conseguimos repassar e não temos subsídios como têm os americanos e europeus. Desta forma, os produtores estão desanimados e muitos apontam que vão reduzir a tecnologia, buscando, com isso, diminuir os custos. Sendo esta uma atitude que normalmente não resulta em redução dos custos, porque tende sempre à queda na produtividade e desta forma os custos acabam sendo iguais ou crescendo. O ponto importante neste momento é que os produtores têm que planejar bem, e manter um foco em alta produtividade para que consiga um bom retorno em 2008, porque as cotações internacionais seguem mostrando que os principais grãos continuarão em níveis altos e alguns podendo estar nos melhores momentos que já vimos, como vêm ocorrendo com o milho, trigo e a própria soja, que em junho bateu a marca dos US$ 9 por bushel, nível este que resulta em níveis de US$ 20 por saca nos portos. E no câmbio, devemos esperar que em 2008 os níveis estejam mais atrativos, porque não se pode sustentar o quadro de baixa por muito tempo e quando ele começar a subir, pode trazer boas surpresas para os produtores. MILHO Colhendo a safrinha com grandes perdas Os produtores estão colhendo a safrinha e reclamando das perdas promovidas pelas geadas nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo e pela estiagem em março no Mato Grosso e Goiás. Desta forma, se indica que o volume final tende a ser entre 12,5 aos 13,5 milhões de t, contra as melhores estimativas que chegavam a apontar para os 16 milhões de t. Somente no Paraná as perdas ultrapassam a marca de um milhão de t em função das geadas. O produto está sendo colhido agora e mostra além da baixa produtividade, queda na qualidade, com muito milho quebrado e de baixo peso, que tem menor valor comercial e menor interesse pelos consumidores. O mercado tem se portado em marcha lenta, atrelado aos valores que liquida a exportação, como base de preços. Como os indicativos em junho andaram entre os R$ 19 e R$ 20 para o milho nos portos, limitou avanços no interior, onde as industrias atuavam das mãos para boca e preferindo balcão. Com expectativas de ajustes neste mês de julho em diante. SOJA Cotações em alta favorecem negócios O mercado da soja teve em junho os melhores momentos dos últimos três anos, superando a marca dos US$ 9 por bushel (US$ 330 por t) em Chicago, estimulando as negociações nos portos e mantendo bom ritmo de exportações no período e também favorecendo para os fechamentos da safra nova 07/08 em troca por insumos. O câmbio continuou sendo o calo dos produtores porque foi abaixo e esteve operando na casa dos R$ 1,9 e mostrava operadores da moeda indicando que pode ir abaixo nas próximas semanas, desta forma as altas cotações em dólar servem para diminuir o impacto negativo que estamos tendo com o câmbio neste momento. FEIJÃO Mantendo cotação em alta O feijão manteve as cotações em alta

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em junho, com níveis dos R$ 70 aos R$ 90 pelo Carioca novo ou de boa qualidade, enquanto isso seguia com pouco interesse e cotações em baixa pelo produto chuvado ou inferior que restava da safra de verão. Com expectativa que mantenha pressão de alta nos indicativos na segunda quinzena de julho, em função da escassez das ofertas e da entrada escalonada da safra irrigada do Centro do país. Com esperança que tenhamos níveis entre os R$ 80/100 na linha do Carioca. Enquanto isso, no lado do Preto, seguirá com pouco espaço para ajustes, porque ainda temos bom volume da safra de verão e estamos recebendo a safra da Argentina, limitando correções, que normalmente deveriam começar a aparecer em julho.

ARROZ Pressão de alta começando a aparecer O mercado do arroz trabalhou em marcha lenta e estabilidade desde a colheita, e somente não foi mais abaixo porque o governo entrou comprando via AGF e fez vários pregões de PEP e principalmente de Opções, que garantiam aos produtores níveis ao redor dos preços mínimos para o spot. Em junho os produtores anteciparam grande parte das Opções e agora em julho devem fazer o mesmo e assim poderemos ver as primeiras correções nos valores do casca e também no beneficiado junto ao varejo, com ganhos de R$ 1 a R$ 1,5 por saca e assim poderemos ver níveis dos R$ 22 aos R$ 25 no Sul do país e mantendo indicativos firmes e pouca oferta no Mato Grosso, com níveis acima dos R$ 25 no MT.

CURTAS E BOAS ARGENTINA - A safra está quase toda colhida, com 22 milhões de t de milho, 45,2 da soja, 14 t de trigo, 1,08 milhão de t de arroz e também fechando a colheita do feijão que tem boa parte destinada ao mercado brasileiro. TRIGO - Mostrou chegando do Canadá, e liquidando acima dos US$ 300 por t, e indicativos que tendem a ter cotações em crescimento neste segundo semestre. A Argentina aponta que não terá todo o produto que o Brasil necessitará importar neste ano. Indicando que um milhão de t deverá vir de outras origens. Como houve quebra na safra da Ucrânia, Rússia e EUA, o mercado internacional seguirá aquecido aqui e lá fora. ALGODÃO - As cotações recebidas ao redor dos R$ 1,15 por libra, não cobrem os custos e deixaram os produtores com prejuízos em junho. A safra está chegando com números recordes, ao redor de 1,5 milhão de t e não trazendo lucros para os produtores que continuaram necessitando apoio do governo via pregões de PEP ou Opções. Com pouco fôlego para reação no curto prazo em função da dificuldade do câmbio crescer. EUA - Plantou uma grande safra de milho com mais de 36,5 milhões de hectares reduzindo a área da soja para níveis de 27,5 milhões de ha e com isso tende a colher menos de 75 milhões de t de soja e cerca de 316 milhões de t de milho, isso se o clima permitir, porque em junho houve irregularidades no quadro e as lavouras perdiam qualidade. FRANGOS - O Brasil deverá bater recorde de exportação de frangos neste ano, com mais de 3,2 milhões de t embarcadas que até maio somavam 1,28 milhão de t, crescendo 22,6% sobre o mesmo período de 2006. Mas a boa notícia é que as cotações médias estão em US$ 1.463 por t ou 41% acima do que era praticado no ano passado. Sinalizando que o Brasil está voltando forte ao mercado mundial. As carnes devem continuar em alta em função do crescimento das cotações do milho e trigo no mercado mundial. Em 2008 deveremos ver o suíno brasileiro sendo destaque no mercado mundial.

Cultivar Cultivar • www.cultivar.inf.br • www.cultivar.inf.br • Fevereiro • Junho de 2005 2007




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