

O novo motor AGCO Power Core, que equipará os lançamentos do grupo, traz configurações avançadas que permitirão mantê-lo moderno e eficiente nas próximas gerações de máquinas
Trabalhar exige potência e torque, pois quanto mais se tem, mais se realiza. Mesmo com as transformações na forma de gerar energia, permanece a necessidade de executar o trabalho de maneira eficiente. Independentemente da fonte de energia, o objetivo é aproveitá-la ao máximo, convertendo-a em trabalho sem desperdício.
Roteiro tecnológico da AGCO Power
A AGCO Power pesquisa diferentes tecnologias simultaneamente: algumas já disponíveis, outras que podem se tornar aplicações comerciais apenas nos próximos anos. Em 2012, foi iniciado o projeto de conceber uma nova plataforma de motores do zero, pensando em sustentabilidade e em variadas fontes de energia. Após dez anos de desenvolvimento, em 2022 foi lançada a família de motores Core, que oferece flexibilidade em termos de ciclo de funcionamento e integração com diversos tipos de powertrain.
A plataforma Core traz alterações estratégicas em relação a motores anteriores, tanto no bloco do motor quanto no cabeçote. Ela
permite diferentes configurações e a adaptação do conjunto rotativo, que varia de acordo com o ciclo de funcionamento e o tipo de combustível escolhido.
Bloco do motor
O bloco é o principal componente da plataforma, presente em todas as configurações. A mudança mais relevante foi a adoção de “Camisa Seca” (onde a camisa faz parte do bloco) em lugar da “Camisa Úmida” (na qual a camisa pode ser removida). Essa escolha amplia a robustez do bloco e, ao mesmo tempo, possibilita uma estrutura mais compacta, capaz de suportar melhor as cargas internas e externas.
Uma consequência prática desse design é a melhora do raio de
giro do trator, pois há mais espaço para a movimentação das rodas durante as manobras, facilitando operações em campo. Além disso, as camisas secas ajudam a reduzir ruídos, pois absorvem melhor as vibrações resultantes da combustão.
O cabeçote cumpre papel fundamental no funcionamento e desempenho de qualquer motor de combustão interna. Nesta nova família de motores, em comparação aos modelos HD e MD da marca, destaca-se uma alteração na localização do comando de válvulas.
Na geração anterior de motores, o comando de válvulas ficava no bloco do motor, seguindo a configuração conhecida como OHV (“Over Head Valves”). Agora, na plataforma Core, ele está instalado diretamente no cabeçote (OHC – “Over Head Camshaft”). Esse novo arranjo resulta em um
conjunto mais compacto, com menor número de componentes móveis, o que se traduz em melhor aproveitamento da energia extraída dos processos de combustão.
Além disso, houve um estudo aprofundado de fluxo do cabeçote, em conjunto com a integração do coletor de admissão. Esse recurso minimiza perdas e vazamentos em juntas de vedação e reduz variações de desempenho durante a montagem.
A nova arquitetura também facilita a modificação do ciclo de funcionamento do motor. Dependendo do combustível a ser usado, podem-se ajustar a geometria da câmara de combustão, a taxa de compressão e o perfil dos cames do comando de válvula, permitindo cabeçotes específicos para cada projeto.
Essa versatilidade explica o termo “motor à prova de futuro”, pois hoje já existem diversas alternativas de combustível em uso, e muitas outras podem surgir, exigindo ajustes na arquitetura do motor.
O consumo específico de combustível (g/kW/h) do motor Core atinge 188 g/kW/h em regime de trabalho. Esse índice demonstra a eficiência do motor ao converter combustível em energia útil. Quanto menor o consumo específico, maior a eficiência, pois é preciso menos combustível para gerar a mesma quantidade de energia.
Exemplo prático
Para ilustrar, considere um motor que consome 188 g/kW/h, como o Core em regime de trabalho. Se a potência gerada for de 200 kW, então o consumo por hora será de 37,6 kg de combustível. Já um motor que consuma 200 g/kW/h demandaria 40 kg/h. Embora a diferença pareça pequena, em dez horas diárias ao longo de cinco dias, chega-se a 120 kg de combustível a menos, o que equivale a cerca de 141 litros de diesel S10, resultando em uma economia de aproximadamente R$ 900*, considerando o valor médio de R$ 6,40 por litro, segundo informações da Petrobras na semana de 23 a 29 de março de 2025.
O que impulsionará a agricultura de amanhã?
Existem diversos caminhos possíveis, cada um com prós e contras, entre eles: HVO, hidrogênio, bateria elétrica e combinações híbridas. A maturidade e a viabilidade desses combustíveis e tecnologias de-
Avanços no projeto garantem menor número de componentes móveis, menos ruídos, vazamentos e manutenções
pendem do desenvolvimento de mercado. No canal do YouTube da AGCO Power, há uma série de vídeos com especialistas que discutem o futuro da energia agrícola.
A plataforma Core da AGCO Power viabiliza uma ampla variedade de configurações. Com a adoção de soluções híbridas, o motor Core pode trabalhar em conjunto com motores elétricos e outros dispositivos auxiliares para aumentar a eficiência e a autonomia. Assim, é possível aproveitar tanto o motor de combustão adaptado a combustíveis alternativos quanto a propulsão elétrica, levando a tecnologia de combustão interna a outro patamar.
O que impulsionará o trabalho de amanhã?
Segundo a AGCO Power, a resposta varia conforme a aplicação. A eletricidade oferece torque elevado, flexibilidade e zero emissões durante o uso. O hidrogênio pode gerar eletricidade e potência mecânica com reabastecimento rápido e emissão zero. HVO e outros combustíveis líquidos produzem emissões reduzidas, são fáceis de armazenar e podem apresentar boa densidade energética. As soluções híbridas combinam esses benefícios de forma complementar. Independentemente do caminho adotado, a proposta é oferecer motores que funcionem de forma eficiente, adaptando-se às fontes de energia do futuro.