Test Drive trator Valtra Série S6 S416

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Valtra Série S6

O moderno S416 é o lançamento da Valtra para 2025, com potência máxima de 425 cv, transmissão CVT integrada com o motor e repleto de tecnologias que elevam a interação do operador com a máquina

Todos os elogios que se fizer ao Valtra Série S6 podem ser insuficientes, pensando no que ele oferece na sua chegada ao Brasil, a partir do lançamento na Agrishow 2025. Podemos começar a tratá-lo como moderno, tecnológico, versátil, entre outros qualificativos. Por isto, não vamos economizar informações sobre estes tratores, para que os leitores possam ter a noção do que encontramos no campo e concordem conosco. Para o Brasil, a primeira oferta desta série, que foi a terceira geração, ocorreu em 2012, quando tivemos a oportunidade de testar o modelo S293, para a edição número 119 da Cultivar Máquinas, na Usina Santa Fé, em Ibitinga, estado de São Paulo.

Esta série de tratores globais da Valtra, composta por seis modelos,

chega ao país como a sexta geração de um conjunto de tratores já consolidados na agricultura europeia. Para o Brasil, inicialmente, virão três modelos: S346 de 345cv, o S376 de 375 cv e o S416, que testamos no campo para essa edição, de 425 cv de potência máxima. Todos os modelos da série terminarão sua designação com o número 6, que indica a nova geração desta série.

Estes tratores que chegam ao Brasil são fabricados na unidade da Valtra de Suolahti, na Finlândia, vindos importados com todas as especificações e características dos modelos globais da marca e que são comercializados em diversos países da Europa, Ásia e Pacífico, Austrália e Nova Zelândia, África e América do Sul.

Esta ação da Valtra do Brasil, que é uma companhia mundial, deve atender sempre aos

interesses do mercado particular, no nosso caso, o brasileiro. Por isto, de momento, se oferecerá uma série formada por três modelos e que complementará o portfólio da marca, evitando sobreposições de faixas de potência. Na oferta global, se fala em opções não limitadas (“unlimited”), ou seja, o patamar de ofer-

ta tecnológica é imenso e o cliente pode escolher um produto à sua medida. Aqui no Brasil, o conceito ilimitado estará vigente, porém restrito, para atender um prazo de entrega razoável e permitir uma programação comercial. Por isto, alguns opcionais foram escolhidos, entre as diferentes possibilidades de ofertas, exclusivamente para o mercado nacional. Durante o texto tentaremos esclarecer estas diferenças.

Durante o nosso teste, ficou claro que o trator que está chegando para o Brasil é exatamente igual

ao trator mundial da marca, porém, com a especificação escolhida pela Valtra Brasil, o tempo de entrega e o custo ao cliente serão menores. Isto significa que, se o cliente puder esperar, poderá ter o trator com as mesmas características do que se vende no mercado europeu. Então, o que está se fazendo não se trata de tropicalização, como ocorre em algumas marcas e modelos, mas sim de uma escolha de opções, da qual a Valtra do Brasil terá um fluxo de comercialização mais ágil e econômico.

Os tratores desta série, como é comum na Europa, podem ser ofertados em até oito cores, de acor-

do com a vontade do cliente. Para o Brasil, serão ofertadas as mesmas cores da Série Q5, já lançada e em plena comercialização. O cinza-titan, com as rodas pintadas em preto, será a cor do modelo Premium, enquanto o preto-mate, com as rodas brancas, será a especificação da versão Active. Exclusivamente para a Agrishow, a Valtra apresenta o modelo em branco, para o lançamento.

Ressalta-se que, como na Série Q5, a área comercial da Valtra oferecerá o combo do trator com a semeadora Momentum, como produto principal, mas outros implementos estarão à disposição.

O modelo da série que testamos é o S416, de 425 cv de potência máxima de motor. Para isto, fomos longe. Viajamos até o município de Costa Rica, no Mato Grosso do Sul, particularmente na Fazenda Guará, do produtor Odilon Pinto Cadore. Dedicado ao plantio da soja, de milho e plantas de cobertura do solo, vimos áreas muito bem cuidadas e organizadas. Neste local, fomos recebidos pela equipe da Valtra e tivemos toda a oportunidade de conhecer detalhes técnicos do trator e fa-

O motor do S416 é um AGCO Power, modelo AP84 LXTN-E3, de 8,4 litros de volume deslocado e quatro válvulas por cilindro, que oferece 425 cv de potência máxima e 1.750 Nm de torque

zer o teste de campo com um implemento especificado para ele. Apoiaram-nos no teste os técnicos João Pinotti Toledo, que é coordenador de marketing tratores, e Afonso Pavan, especialista de produto Valtra, dispostos a nos mostrar toda a potencialidade da máquina.

De imediato, notamos uma diferença na logomarca da Valtra, que está colocada na lateral do cofre do motor. Para esta série, os caracteres são iguais, porém mais espaçados, uma das características do design da sexta geração. No mais, uma pintura texturizada semibrilho de excelente qualidade, no padrão europeu.

Motor

O motor que equipa toda a série é um AGCO Power, modelo AP84 LXTN-E3, de 8,4 litros de volume deslocado e quatro válvulas por cilindro. Para o modelo S416, oferece 425 cv de potência máxima e 1.750 Nm de torque. O motor bastante moderno atende os parâmetros Tier 3, utilizando um sistema de controle de emissões tipo SCR, que utiliza uma solução aquosa de ureia como catalisador, necessitando um depósi-

to do “AdBlue”, que está colocado ao lado do reservatório de combustível. Nesta geração, as válvulas de admissão e descarga são reguladas hidraulicamente e a injeção utiliza bomba de alta pressão, injetores eletrônicos e uma nova ECU.

Como novidade, esta série apresenta um único turbocompressor no motor, buscando a vantagem de diminuir a complexidade do sistema de duplo turbo, reduzir o consumo energético pelo aquecimento e a necessidade de arrefecimento. O intercooler teve aumento de tamanho, para reduzir a temperatura do ar de entrada na admissão.

Também o sistema que a marca denomina de “SigmaPower” suplementa potência para necessidades imediatas que ocorrem, principalmente quando além da tração se está utilizando a tomada de potência (TDP), muito comum em equipamentos europeus. Esta suplementação instantânea varia entre 7% e 9% em média e será oferecida nos dois modelos menores no mercado brasileiro, o S346 e o S376, não sendo necessária no S416.

Todos os motores da série se-

O sistema hidráulico é compatível co centro fechado, o que proporciona alt

guem a tendência moderna de redução da rotação, com regimes ao redor de 1.850 rpm. As potências divulgadas pela marca para os modelos desta série são potências menores do que a máxima, pois são as denominadas potências de inscrição ou de registro oficial, porém, são obtidas em regime de rotação menor do que aquela que se obtém a potência máxima. Esta redução de rotações em relação ao que se praticava em anos passados gera uma diminuição no consumo de combustível e nas emissões de gases poluentes e de material particulado. A marca utiliza para este conceito o termo “EcoPower”.

Para a captação de ar para a alimentação do motor, o projeto da série previu a entrada de ar pela parte superior, o que favorece o ingresso de ar mais limpo, o que, na prática, reduz o desgaste e auxilia na longa duração dos componentes internos do motor. Também houve uma preocupação em aperfeiçoar a troca de temperatura do motor com o meio ambiente, colocando-se entradas de ar na frente e nas laterais do capô, através de uma tela pintada em preto.

Transmissão

A transmissão CVT ML 260, continuamente variável, foi atualizada e será única da série. É tradicional da marca e conta com duas gamas, grupos A e B, sendo o A para as operações em geral e o B para as operações mais rápidas, principalmente para o deslocamento e o transporte de cargas.

Muito fácil e interativo de utilizar, os tratores da Série S6 possuem um sistema de gestão inteligente da potência e o modo mais simples, como usamos no nosso teste de campo. É pela configuração de uma velocidade-alvo e limitação de uma faixa de duas velocidades, uma inferior e outra superior, que o sistema de programação do trator irá gerir o comportamento perante as sobrecargas do motor. Com a configuração adequada e o uso em modo automático, o primeiro parâmetro a ser alterado pela carga submetida ao trator será a rotação do motor, e, em seguida, se necessário, a velocidade no sistema de transmissão.

As opções de tomada de potência serão de velocidades de 540 rpm/1.000 rpm ou uma segunda, a nosso ver mais adequada para estes

moderna transmissão CVT equipa toda a Série S6

A
Fotos Charles Echer

A entrada é realizada por uma escada protegida entre o tanque de combustível e o para-lama traseiro, construída em alumínio, com iluminação nos degraus para operações noturnas. No lado direito, escada para realizar manutenções e inspeções

tratores, de 1.000 rpm/1.000 rpm econômica. O inversor é igual ao utilizado na Série Q5, bastante funcional e seguro, à prova de erros. Durante o teste, trabalhamos sempre no modo automático, que permite uma melhor harmonização entre o que exige o equipamento que está acoplado ao trator e o funcionamento da transmissão. No modo manual, basta mover o comando multifunção para frente ou para trás e a velocidade variará com a intensidade deste movimento. A transmissão tem parâmetros de funcionamento baseados na carga que ela suporta e na interação com o implemento acoplado. Primeiramente, o gerenciamento eletrônico reduz as rotações para, então, se necessário, alterar a relação

de transmissão. No teste, notamos o motor buscando aumento de torque nas sobrecargas.

Estávamos trabalhando com um escarificador da marca GTS, modelo Terrus, de nove hastes. Além dos discos de corte de palha e as hastes, o implemento tem um rolo destorroador. O trator foi configurado para que trabalhasse a uma velocidade-alvo de 6,4 km/h, com o motor oscilando entre 1.400 rpm e 1.500 rpm, com um valor médio de 65% de carga do motor. Porém, por diversas vezes, elevamos a velocidade para médias próximas a 7,7 km/h, com a rotação aumentando para ao redor de 1.600 rpm e a carga indo para um pouco mais de 80% do motor, o que é bastante adequado. Na primeira condição,

nos apropriamos de alguns valores, que podem servir de base para entender o funcionamento da transmissão, mas, também, da produtividade do trator, como, por exemplo, uma capacidade operacional de 3,5 hectares por hora e um consumo de combustível de 10,6 litros por hectare. O patinamento das rodas durante o teste, nas duas condições, ficava ao redor de 10%.

Sistema hidráulico

O sistema hidráulico é compatível com a classe do S416. Utiliza o sistema de centro fechado, o que proporciona altas vazões, e a tecnologia “Power Beyond”. O trator que testamos estava equipado com um engate tipo porta-ferramentas, para engate rápido de equipamento aos

Fotos Charles Echer

três pontos; no entanto, o acoplamento que usamos foi feito pela barra de tração. O sistema hidráulico de três pontos pode ser das categorias 3 e 4. Para engate rápido e suporte para o acoplamento, a categoria utilizada é a 4. A capacidade de levante no suporte é de 12 mil kg.

Um detalhe importante a ressaltar, principalmente considerando-se a ideia de que temos tratores mais antigos, é que, neste projeto, o óleo de transmissão e o do sistema hidráulico estão separados, tendo uso exclusivo para o seu fim. Desta forma, com o reservatório de fluido hidráulico completo, é possível extrair até 75 litros para uso e acionamento de válvulas de controle remoto (VCRs).

Cada vez mais utilizado para máquinas de alta tecnologia, o sistema hidráulico que vem para o Brasil utiliza duas bombas de pistões, com sistema de detecção de carga. Este sistema é um somatório de 200 litros por minuto de uma bomba e mais 200 litros por minuto da segunda, chegando a uma vazão teórica superior a 400 litros por minuto. Uma das bombas serve ao sistema de

direção e é à parte das válvulas de controle remoto traseiras; a segunda bomba é utilizada para o “Power Beyond” e as outras três VCRs, sendo uma dedicada para alta vazão e acionamento de implementos que exijam potência hidráulica constante. Como configuração para o nosso país, a Valtra trará estes modelos da série com seis válvulas de controle remoto e não oferecerá nos modelos o sistema hidráulico de três pontos na parte frontal e suas três válvulas, porém pode ser pedido através de um pedido especial.

Cabina

Como era de se esperar, em toda a série a cabina tem uma qualidade que impressiona. O acesso apenas pelo lado esquerdo se dá por uma escada construída em alumínio e encaixada entre o depósito de combustível e o para-lama traseiro. Para os trabalhos noturnos, a escada tem iluminação própria, nos degraus e na entrada da porta.

Embora exista a opção de amortecimento mecânico, para o Brasil a oferta será de absorção das vibrações por meio pneumático, com bolsas de ar situadas na ancoragem da cabina com o trator. A suspensão da cabina é do tipo ativo, com comunicação

Como recurso de conforto térmico, há uma pequena separação entre o cofre do motor e a cabina, que interrompe o fluxo de passagem de ruído e vibração de uma parte do trator para outra

constante com a central eletrônica, não havendo necessidade de intervenção do operador para ajuste. Sentados em um assento de ótima qualidade, assim como o do acompanhante situado à esquerda do banco principal, no teste notamos que o espaço de movimentação das pernas foi privilegiado pela diminuição do volume do console central, que engloba o sistema de regulagem do volante, de posição e profundidade, e os pedais.

Na versão original oferecida para o mercado internacional, a Série S6 apresenta o posto de condução reversível, chamado de Twin Trac, isto é, o assento gira com seus suportes e o console lateral em 180 graus. No entanto, este uso é principalmente voltado para a área florestal, bastante forte nos países nórdicos. Para o Brasil, inicialmente este recurso não será ofertado, a não ser que o pedido seja exclusivo de um cliente ou segmento.

À frente e à direita, na coluna da cabina há um monitor vertical com todos os parâmetros de funcionamento do trator, com informações de velocidade instantânea, rotação do motor, temperaturas de componentes, manômetro, horas de trabalho e desempenho

O eixo dianteiro com suspensão é outro diferencial deste trator para o mercado brasileiro

Com uma área envidraçada de 6,5 metros quadrados, o posto de condução é um dos destaques do S6

geral, incluindo consumos de combustível.

No console lateral, com apoio de braço posicionado na lateral direita do assento, há outro monitor de configuração operacional do trator, o “SmartTouch”. Este monitor pode se adaptar ao que o operador desejar ver de informação, em quatro módulos de visualização, inclusive é capaz de adicionar imagens das câmeras traseiras.

Na lateral direita, sobre o console podemos ter, como era o caso, o monitor 20.20, o qual é dedicado à semeadora de precisão Momentum, e o “SmartTouch Extend”, que é

a tela do piloto automático e do projeto de linhas. Todos estes monitores são sensíveis ao toque, com alguns comandos através de botões de rolagem, o que se torna bastante prático quando se deseja fazer alterações rápidas de parâmetros.

Junto ao console, há um local especial para depositar e carregar celular e, no lado esquerdo, atrás do assento, um refrigerador. É possível fazer a conexão do celular com um dos monitores, com compatibilidade com iOS e Android, função que pode ser adquirida através do Concessionário.

A visibilidade a partir do posto de condução é um destaque da Série S6. Uma ampla área envidraçada, de 6,5 metros quadrados, permite o olhar

do operador para todas as direções, além da visão pela câmera, a qual , para o Brasil, virá uma na parte traseira com padrão. Para a visão traseira, assim como na Série Q5, os espelhos laterais têm acionamento elétrico e são bipartidos, com possibilidade de variação da inclinação lateral e vertical e na extensão. Para a iluminação, que não pudemos testar, pelo enorme sol que fazia no dia do teste, é utilizada a tec-

No console lateral, com apoio de braço, posiciona um monitor de configuração operacional do trator adaptar ao que o operador desejar ver de informa

do na lateral direita do assento, , o SmartTouch, que pode se ção

nologia LED, com luzes para operação, nas escadas, para a parte traseira, para engate de implementos e, ainda, dos sinalizadores de alerta. Do posto do operador, a visuali-

zação para frente é facilitada pela inclinação do capô, recurso de todos os modelos da série, o qual, inclusive, possibilita a visão ao equipamento colocado no sistema de engate em três pontos frontal, que, a princípio, não virá para o mercado brasileiro. Também como recurso de conforto térmico e de ruído e vibração há uma pequena separação entre o cofre do motor e a cabina. Estas separações interrompem o fluxo de passagem do ruído e da vibração de uma parte do trator para outra.

Além das duas saídas de emergência, pela porta do lado esquerdo e na traseira pela enorme janela, um terceiro recurso é disponível, pois a área envidraçada lateral direita pode ser rompida com um pequeno martelinho quebra-vidro, formando-se uma nova saída de segurança.

Tecnologia

Quando se testa, no campo, uma máquina com alto desenvolvimento, como, por exemplo, tratores de alta gama de potência, um dos pontos que ficam mais explícitos e necessários analisar são aqueles ligados à tecnologia embarcada. Neste ponto, há que se diferenciar o que é

tecnologia que serve ao marketing e à facilitação comercial, daquela realmente útil e necessária. Neste sentido, costumamos reafirmar a importância dos itens relativos ao auxílio à condução, como o que se convencionou chamar de piloto automático. Por esta razão, este recurso é um dos que primeiramente avaliamos. A Série S6 apresenta o “Valtra Guide”, o qual, com o receptor “Auto-Guide”, é bastante fácil de operar, apresentando uma precisão de acordo com o seu nível de aquisição do sinal.

Soma-se à facilidade de operação nos trajetos dentro da área, o recurso de apoio às manobras de cabeceira. O “Auto U-Pilot” faz a automatização da sequência de operações que precisam ocorrer no momento da manobra e o “Smart Turn” realiza a manobra automaticamente. Chama a atenção que, ao contrário de outros sistemas, durante a manobra programada, além de ser desnecessária qualquer intervenção do operador, o volante permanece parado e o que se movimenta são os braços que controlam a direção no eixo dianteiro. Há um sistema que libera o volante.

Durante o teste, usamos sempre o recurso de automatização da manobra e acreditamos que ele será muito utilizado pelos clientes, pois é muito fácil a configuração, bastando informar ao trator o espaço disponível.

Este trator traz um sistema de gestão de implementos bastante inovador, o qual permite que se possa con-

Esta série de tratores globais da Valtra, composta por seis modelos, chega ao país como a sexta geração de um conjunto de tratores já consolidados na agricultura europeia. Para o Brasil, inicialmente, virão três modelos: S346 de 345cv, o S376 de 375 cv e o S416, que testamos no campo para essa edição, de 425 cv de potência máxima

trolar até 96 seções de uma máquina, por exemplo, uma semeadora de grãos, e também pode servir para monitorar a dose variável de até cinco produtos diferentes. Embora estes recursos não estivessem presentes no trator que testamos, por encargo do cliente poderão ser adquiridos, pois o sistema está previsto e é compatível com um trator especificado para a produção de grãos.

Outro recurso que apresenta a Série S6, é o que se chama “Isobus TIM”, que possibilita o controle de parâmetros do trator pela máquina ou pelo implemento que esteja acoplado, variando a velocidade de deslocamento e a vazão e pressão das válvulas de controle remoto. Porém, inicialmente este recurso de comunicação bidirecional não estará disponível, porque no nosso país é desconhecida a oferta de máquinas e implementos com o módulo “Isobus TIM”.

Já em desenvolvimento para o nosso país, será ofertado, em breve, o dispositivo “Task doc Pro”, o qual possibilita o registro e a transferência de dados, obtidos durante o trabalho, para uma unidade central ou mesmo para outra máquina compatível com este sistema. O eixo dianteiro com suspensão é outro diferencial deste trator para o mercado brasileiro. Embora na Europa exista a possibilidade de que o cliente adquira o trator com o eixo rígido convencional, a Valtra aposta que o mercado brasileiro, principalmente de grãos, vá absorver facilmente esta tecnologia. O trator com eixo rígido é coisa do passado nesta série. Esta suspensão utiliza amortecimento hidráulico e não necessita de lubrificação com graxa, porque nas articulações o projeto colocou buchas de Kevlar. O bloqueio do diferencial é eletro-hidráulico e não possui sistema de freios.

A versão brasileira terá uma camera voltada para a parte traseira do trator. Na versão Europeia, em função das operações com sistema hidráulico dianteiro, é possivel configurar o trator com camera frontal, ambas podem ser visualizada no SmartTouch Extend.

Especificações

O trator que testamos estava configurado para operações de alta exigência. No suporte frontal, havia 24 placas de 55 kg cada. No eixo traseiro, estavam colocados quatro pesos de 250 kg em cada lado. Os pneus traseiros internos estavam preenchidos em 75% do seu volume interno com lastro líquido.

Como explicamos, este trator estava com rodado simples no eixo dianteiro e duplos no eixo traseiro. Os pneus dianteiros eram do tipo VF da medida 620/75R30 e os traseiros 710/75R42, entretanto, a configuração padrão dos tratores chegarão com 600/65R34 simples e 710/75R42 duplado. Com a configuração da máquina que testamos, na configuração de lastragem e rodados, o peso total chegou a 20.570

kg e a distribuição estática de peso em 41% no eixo dianteiro e 59% no eixo traseiro. Com outras formas de distribuição de lastro e pneus se pode chegar a uma distribuição de peso de 50% / 50%.

Normalmente, este trator na Europa é utilizado com rodado simples dianteiro e traseiro. No entanto, aqui no Brasil os tratores desta categoria são utilizados com rodados duplos. A Valtra realizou inúmeros testes nos últimos meses e validou esta configuração que utilizamos. Brevemente, também estará liberada a duplagem no eixo dianteiro, criando uma configuração muito utilizada pelos produtores de grandes áreas.

Em comparação com tratores de igual dimensão e potência de motor, o Valtra Série S6 modelo S416 é bastante harmônico, com uma distância entre eixos de 3.093 mm. Segundo a equipe técnica que nos acompanhou durante o teste, o raio de giro mínimo é de oito metros. Nota-se o cuidado que a marca teve de evitar mangueiras ou tubos na parte inferior, que possam enganchar durante o trabalho, ficando um fundo liso ge-

Todos os motores da série seguem a tendência moderna de redução da rotação, com regimes ao redor de 1.850 rpm
Fotos Charles Echer

rando um vão livre de 600 mm.

Ao lado do motor, foi colocado um semichassi, que vai desde o suporte dianteiro da suspensão do eixo e dos pesos até a união do motor com a transmissão, para aumentar a resistência do conjunto e proporcionar a colocação do sistema hidráulico na parte frontal.

Na parte traseira, próximo a um dos conjuntos de válvulas hidráulicas externas, está montada a tomada Isobus, para o acionamento elétrico de mecanismos das máquinas acopladas.

O depósito de diesel é bipartido. Uma parte em cada lado do trator é dimensionada para 610 litros e o de “AdBlue” para mais 70 litros.

Considerações finais

Após termos testado um trator da Série S, geração 3, em 2012, e que naquele momento demonstrava uma evolução tecnológica bastante grande, voltamos, 13 anos depois, para acompanhar o lançamento de um modelo da geração 6. Recentemente, também ficamos muito bem impressionados com a chegada ao Brasil da Série Q5, que está no portfólio atual da Valtra. Para quem deseja igualdade entre os modelos oferecidos para o nosso mercado e o exterior, esta série da Valtra é a mesma ofertada no mercado europeu.

As equipes da Valtra estão testando este trator durante meses no

campo para encontrar configurações que se adequem melhor às exigências do produtor brasileiro. Com estas configurações, o processo de agilidade no transporte da Finlândia ao Brasil, assim como os custos, será reduzido. Porém, se algum cliente desejar um trator diferente do que foi programado e igual ao que se vende na Europa e nos demais mercados, poderá adquirir, evidentemente suportando os custos e o prazo da operação.

Como é um produto global, as opções são ilimitadas. Pode-se escolher desde cor, controle de pressão dos pneus, engraxamento centralizado, assento reversível, engate frontal etc. Porém, a equipe da Valtra trouxe ao Brasil o trator na sua versão mais completa e adequada ao mercado, mantendo itens tecnológicos que conhecemos no teste e tratamos de descrever aos nossos leitores, inclusive os relacionados ao conforto e à ergonomia.

Enfim, destacamos, como pontos fortes, o motor e sua integração com a transmissão CVT, assim como os sistemas de apoio à operação, com automatismo de manobras e ajuste do trator à carga exigida.

O test drive foi realizado na Fazenda Guará, município de Costa Rica, no Mato Grosso do Sul
José Fernando Schlosser, Laboratório de Agrotecnologia - Nema/UFSM M

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