Cultivar Máquinas 241

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Cultivar Máquinas • Ano XXII • Nº 241 • ISSN - 1676-0158

Expediente Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CNPJ: 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro, 160 Pelotas – RS • 96015-300 revistacultivar.com.br contato@grupocultivar.com Assinatura anual (11 edições*): R$ 289,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan) Números atrasados: R$ 28,00 Assinatura Internacional: US$ 150,00 € 130,00

FUNDADORES Milton de Sousa Guerra (in memoriam) Newton Peter Schubert Peter

• Diretor Newton Peter REDAÇÃO • Editor Schubert Peter • Redação Rocheli Wachholz Miriam Portugal Nathianni Gomes • Design Gráfico e Diagramação Cristiano Ceia • Revisão Aline Partzsch de Almeida COMERCIAL • Coordenação Charles Ricardo Echer • Vendas Sedeli Feijó José Geraldo Caetano Franciele Ávila CIRCULAÇÃO • Coordenação Simone Lopes • Assinaturas Natália Rodrigues • Expedição Edson Krause Nossos Telefones: (53) • Assinaturas 3028.2000

• Comercial e Redação 3028.2075

Editorial Nesta edição, exploramos avanços significativos na maquinaria agrícola. O destaque é o Fendt Rogator 934H. Este pulverizador combina capacidade e tecnologia. Possui barras de 40 metros. Seu tanque varia entre 3.500 e 4.200 litros. Pode cobrir até mil hectares em um dia. Muitos lançamentos ocorreram na Agritechnica 2023, feira realizada na cidade de Hanover, Alemanha. Trazemos algumas das principais novidades. Algumas serão vistas em breve no Brasil. Abordamos também as práticas de plantio. Elas são cruciais para o desenvolvimento das plantas. A tecnologia é um fator-chave. Visitamos a sede da LS Tractor, na Coreia. Lá, conhecemos a história e os futuros projetos da empresa. Os sistemas robóticos ganham espaço na agricultura. Eles tomam decisões baseadas em aprendizado. Isso traz soluções mais assertivas. A LS Tractor apresenta seu trator autônomo. Ele já é produzido na Coreia do Sul. Pode operar sozinho ou em pequenas frotas. A irrigação sem desperdício é outro tema. Não basta ter tecnologia. É necessário conhecimento agronômico. Isso inclui entender a necessidade hídrica da cultura. Também é preciso saber sobre a retenção de água pelo solo. E cuidar do equipamento é fundamental. Discutimos a gestão de perdas na colheita de algodão. É vital para obter fibra de qualidade. O produtor pode monitorar e planejar intervenções futuras. Por fim, falamos sobre adjuvantes. Eles ajudam a diminuir a deriva. Melhoram a cobertura. Reduzem o volume de aplicação. Devem ser usados com outras técnicas. A escolha correta do bico é um exemplo. Tudo isso e muito mais nas próximas páginas. Boa leitura!

Índice 04 Rodando por aí 06 Agritechnica 2023 14 Como irrigar sem desperdícios 18 Comitiva visita sede da LS Tractor na Coreia do Sul 24 Uso de robôs na agricultura avança a cada safra 28 Trator autônomo da LS Tractor já é realidade na Coreia 32 Capa - Test Drive com o pulverizador autopropelido Fendt 42 Boas práticas de plantio ajudam a formar o estande

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46 Como conseguir uma colheita perfeita de algodão

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Nossa capa

50 Como reduzir a deriva e as perdas na pulverização

Crédito Charles Echer

Confira o Test Drive com o pulverizador autopropelido Fendt Rogator 934H


RODANDO POR AÍ

Massey Ferguson apresenta a especialista digital “Mafê” A Massey Ferguson participou da 8ª edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA) e lançou uma novidade no evento: a sua nova especialista digital, “Mafê”. Ela é responsável pela comunicação nas mídias da empresa. A iniciativa buscou estimular o debate sobre a contribuição das mulheres para o crescimento do setor. “Passamos por um momento de mudanças tecnológicas, econômicas, políticas e sociais. Isso significa que precisamos estar incluídas cada vez mais em áreas da inovação, em cargos executivos, associações, cooperativas, entre outros”, destacou Ana Helena Andrade, diretora de assuntos governamentais da AGCO, detentora da Massey Ferguson.

Stara na Agritechnica A Stara marcou presença na Agritechnica, uma das principais feiras de tecnologia agrícola do mundo, realizada em Hanover, Alemanha. O diretor-presidente da Stara, Átila Stapelbroek Trennepohl, enfatizou que a feira é uma oportunidade de revelar inovações, estreitar laços com clientes e importadores e explorar novos mercados e parcerias. Jean Sébastien François Salaud, gerente de exportação da Stara, destacou a relevância da Agritechnica para o fortalecimento de relações comerciais, estratégias futuras e apresentação de produtos aos clientes e revendedores, além de ser um momento propício para criar novos contatos comerciais e aumentar as vendas. Um dos destaques da Stara na feira foi o Imperador 4000, autopropelido que combina tecnologia de ponta e robustez. Além disso, a empresa apresentou um conjunto de soluções tecnológicas, incluindo o sistema Conecta, a Telemetria Stara, a Estação Meteorológica, o Topper 5500, o Piloto Automático TD3 e sistemas de correção de sinal, reforçando seu compromisso com a inovação no setor agrícola.

04 • revistacultivar.com.br • Cultivar Máquinas 241

Nova tecnologia no mercado brasileiro A SKF lançou no Brasil o Agrihub, um conjunto montado de rolamento, equipado com a vedação integrada "Mudblock" de alta performance, cubo flangeado para montagem simples e com geometria interna, que aumenta a performance das máquinas de plantio no campo. De acordo com Silas Santana, diretor comercial industrial da SKF no Brasil, o Agrihub, que está disponível tanto para montadoras de máquinas agrícolas quanto para usuários das máquinas de plantio, possui menos componentes no conjunto e gera menor torque de atrito da vedação. Para a introdução da tecnologia no mercado brasileiro foi firmada parceria com um fabricante de máquinas agrícolas no intuito de promover testes para verificar a viabilidade da solução. “Comprovamos que o Agrihub aumentou em cinco vezes a vida útil do conjunto em comparação com a aplicação anterior, o que agregou mais dois anos na utilização da semeadora. Nosso parceiro, portanto, deixou de gastar com manutenção e diminuiu seu custo total de propriedade”, ressalta.



AGRITECHNICA 2023

Novidades para o mundo Empresas apresentam lançamentos e tendências na Agritechnica 2023, evento reconhecido por antecipar tecnologias que chegarão ao campo nas próximas safras

O

aumento da produtividade pode ser alcançado com menor intensidade na utilização de insumos, protegendo o meio ambiente e a natureza. Essa foi uma das mensagens que os organizadores da Agritechnica buscaram transmitir na edição de 2023. Promove o evento a DLG, Sociedade Rural Alemã (Deutsche Landwirtschafts-Gesellschaft).

06 • revistacultivar.com.br • Cultivar Máquinas 241 Foto DLG

A feira, realizada em centro de eventos na cidade de Hanover, Alemanha, contou com 2.811 expositores. Foram 980 locais e 1.831 de outros 52 países. Quanto ao público, a organização contou 470 mil visitantes de 149 países. Trata-se de vitrine global de inovações, plataforma de negócios líder e fórum para as questões importantes do futuro no setor agrícola.

As inovações em máquinas agrícolas são a chave para a "produtividade verde", explica Tobias Eichberg, diretor da DLG. E isso em escala global. O evento manteve a tradição de tentar apresentar alternativas de conhecimento para os diversos públicos. DLG e parceiros ofereceram cinco “Expert Stages” com 300 apresentações, cinco conferências internacionais, 470 palestrantes, dois destaques


Fotos Schubert Peter

e seis cerimônias de premiação durante sete dias. Dentre os milhares de produtos e serviços presentes na Agritechnica 2023, alguns são apontados a seguir. Uns porque são lançamentos interessantes. Outros porque chegarão ao Brasil nos próximos tempos. E, num terceiro grupo, algumas curiosidades.

Massey Ferguson

A Série MF 9S de tratores chegou. São seis modelos com potência variando de 285 a 425 cv (cavalo-vapor). Todos com design Protec-U e transmissão Dyna-VT. Também possuem telemetria "MF Guide" e "MF Connect" como padrão. Conforto e controle foram aprimorados com novas opções "MF AutoTurn", "AutoHeadland" e "Isobus Tractor Implement Management". O motor é o AGCO Power de seis cilindros e 8,4 litros. Seu gerenciamento de potência (EPM) aumenta o torque até 1.750 Nm (Newton-metro). E gera até 30 cv de potência extra em velocidades acima de 15 km/h para aplicações hidráulicas e de tomada de força em todos os modelos (exceto o MF 9S.425). A operação ocorre por meio do terminal de tela sensível ao toque Datatronic 5 (padrão) e pela opção de tela estendida Fieldstar 5. O novo painel digital MF vDisplay mostra todas as informações do trator e permite que as configurações sejam facilmente personalizadas e alteradas com um botão giratório no volante. Com o MF 9S, a Massey Ferguson também introduz novos níveis de automação. O MF AutoTurn, opção do MF Guide, direciona automaticamente o trator para a próxima rota. Com o AutoHeadland também é possível iniciar e parar automaticamente duas sequências de cabeceira, de acordo com a posição GPS do trator.

A Série MF 9S de tratores oferece seis modelos com potência variando de 285 a 425 cv e deverá chegar ao Brasil em 2024

Valtra

A Valtra apresentou novidades em seu principal trator de alta potência. A 6ª geração da Série S rece-

beu o apelido “The Boss” (o chefe). Há opções de 280 a 420 cv. O motor AGCO Power de 8.4l e a transmissão CVT oferecem redução de 5% nas ro-

"The Boss", a sexta geração da Série S, com motorização de 280 a 420 cv

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Fotos Schubert Peter

e personalizações Valtra Unlimited. A 6ª geração da Série S marca o primeiro lançamento global de um trator Valtra. A produção em série será aumentada no segundo trimestre de 2024 e as primeiras entregas na Europa devem ocorrer no verão. Entregas para a América do Sul são planejadas para o segundo semestre de 2024.

Fendt

Fendt e107 V Vario, um trator elétrico de 68 cv e apenas 1,07 metro de largura

tações e de até 10% no consumo de combustível em comparação com o antecessor. Novo design, acesso melhorado, nova cabina, maior número de luzes (todas em LED) e mais versatilidade são algumas das novidades enfatizadas pela empresa. O sistema de reversão TwinTrac

instalado de fábrica e a interface de usuário SmartTouch sempre foram recursos populares entre os drivers da Série S. A nova Série S traz diversas atualizações, incluindo opções de suspensão para o eixo dianteiro e a cabina. Agora, tratores da Série S também podem ser equipados com a opção de cabina Skyview da Valtra

CR com duplo rotor axial recebeu medalha de ouro pelo seu conceito

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A Fendt apresentou o trator modelo Fendt e107 V Vario, desenvolvido para uso em pomares, vinhedos e estufas. Seu trem de força consiste em bateria com motor elétrico e transmissão Fendt Vario. A potência máxima é de 68 cv no modo de condução Eco. No modo de condução Dynamic, estão disponíveis até 75 cv. No pico de potência, a máquina fornece brevemente até 90 cv no modo de funcionamento Dynamic+. A explicação para o seu nome: o pequeno "e" é para elétrico; e o "V" para vinhedo (versão de bitola estreita). A máquina tem bateria com capacidade de 100 kWh. Isso permite operação de quatro a sete horas para aplicações na faixa de carga parcial. Em operações de uso intensivo de energia, o tempo de operação do trator é reduzido. O Fendt e107 V Vario tem largura externa de 1,07 metro e altura de 2,45 metros. A combinação de dimensões compactas, a transmissão Fendt Vario e o funcionamento sem gases de escape permitem não só operações em vinhas com filas estreitas, mas também permite a entrada em corredores ou túneis de estufa. As tomadas de carregamento rápido CC (superalimentadores) ainda não estão amplamente estabelecidas. Por isso, o Fendt e107 V Vario também possui tomada CCS2. Isso corresponde ao padrão automotivo.


Uma ficha Type2 permite o carregamento através de corrente alternada até 22 kW. O Fendt e107 V Vario também pode ser carregado através de tomada industrial de 32 A (ampere) em combinação com um carregador móvel de 22 kW. Com essa potência, a bateria pode ser totalmente carregada em cinco horas. O carregamento rápido DC (corrente contínua) com potência de carregamento de até 80 kW é possível através de um plugue CCS. Conforme informações da empresa, a bateria carrega de 20% a 80% da capacidade em cerca de 45 minutos. O Fendt e107 V Vario será produzido na fábrica de tratores Marktoberdorf a partir do quarto trimestre de 2024. As máquinas estão inicialmente disponíveis para os mercados-piloto da Alemanha, Noruega e Holanda.

New Holland

A empresa recebeu medalha de ouro pelo conceito de sua colheitadeira de rotor axial duplo CR. O aspecto central da colheitadeira CR é a tecnologia de propulsão com o motor alinhado à posição dos rotores. Rotores e acessórios são impulsionados através da correia de alimentação pela caixa de transmissão central com divisão de potência em forma direta ou por eixo cardã. O rotor esquerdo tem função de engrenagem intermediária para o tambor do alimentador. O eixo cardã fica no lado direito do chassi, acima do nível da caixa do rotor. Isso resulta em não haver mecanismos de propulsão nas laterais do chassi (entre a estrutura principal e a suspensão), permitindo ampliar significativamente sua largura. O espaço disponível é aproveitado para alargar o côncavo de debulha, aumentando assim o rendimento da colheitadeira. Para remover bloqueios ou entupimentos, um sistema

Trator Steyr Hybrid CVT, um modelo híbrido de médio porte

automático, controlado por software, não só executa os movimentos habituais de vaivém para soltar o bloqueio, mas também gira o tensor da correia para o lado esticado da correia do tambor do alimentador, garantindo uma transmissão precisa do movimento rotativo. O sistema de limpeza foi ampliado em 13%; o sistema de elevação de grãos foi aprimorado, enquanto um mecanismo de controle auxiliado por sensores mede a pressão dinâmica e, separadamente, a distribuição do material coletado nas partes dianteiras e traseiras da peneira superior. A distribuição desigual de grãos e outros elementos é compensada por sacudidas transversais, de forma que o sistema não apenas garanta a distribuição uniforme nas peneiras superiores tanto em terreno nivelado como em declives, mas também pode corrigir, pela primeira vez, o problema de distribuição transversal, típico das colheitadeiras de rotor axial. A ferramenta de debulha e distribuição da palhada é equipada com uma tecnologia de controle moni-

torada por câmera, o que aumenta a eficiência energética da colheitadeira, mantendo, ao mesmo tempo, a estrutura da máquina praticamente inalterada graças a concepções de otimização de peso. A empresa também apresentou o trator T4 Electric Power (bateria), que trabalha com tensão de 400 V, possui capacidade máxima de armazenamento 110 kW; e 75 cv de potência nominal. E o trator T7.270 GNL, máquina cuja ideia tem sido promovida pela companhia nos últimos anos.

Steyr

Na linha de híbridos, o Steyr Hybrid CVT consiste em conceito híbrido modular para tratores padrão de médio e grande porte. O protótipo baseia-se no modelo de produção da série da categoria básica de seis cilindros com uma potência de 180 cv e distância entre eixos de 2,79 m. Embora a transmissão hidrostática-mecânica (CVT) seja a mesma do original, o motor diesel deste equipamento tem uma potência de 260 cv e está instalado em uma parte com-

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pletamente nova na dianteira com suspensão de molas independente e dois motores elétricos integrados. Conforme dados da empresa, o gerador é acionado pelo motor diesel através de um sistema gradual de transmissão que passa a energia elétrica produzida de até 102 cv para o motor elétrico. Ele converte a ener-

gia elétrica em mecânica, transmitida em duas etapas às engrenagens do diferencial do eixo dianteiro. O eixo dianteiro também pode ser acionado de forma mecânica através de uma embreagem multidisco clássica. Na parte elétrica, há unidades de armazenamento de energia eletrostática (chamadas SuperCaps), que po-

dem absorver e liberar um grande volume de energia em um curto espaço de tempo, e ainda um resistor de frenagem e uma tomada de alta tensão .M na parte dianteira e traseira. A Cultivar viajou à Agritechnica a convite da DLG

OUTROS LANÇAMENTOS E CURIOSIDADES • QuadTrac 715

O Quadtrac 715, com motor FPT Cursor 16, atinge 715 cv (a 2.200 rpm); e até 778 cv (na potência máxima). Conforme apresentação da empresa na Agritechnica, possui capacidade de elevação traseira de 10.092 kg; e aumento de torque de até 40%.

• Rex4 Full Hybrid

O Landidni Rex4 Full Hybrid pode fornecer potência total de 80 kW. Conta com um motor diesel de 55 kW combinado com um motor "Booster" elétrico com potência de até 50 kW. A

operação "Full Hybrid" fornece 55 kW do motor de combustão interna combinado com 25 kW de energia elétrica, enquanto uma potência nominal de 50 kW pode ser alcançada (com pico de 65 kW) no modo Full Electric.

• Xerion 12.650

O Claas Xerion 12.650 é um trator de alta potência. Possui motor de 15.6 l (Mercedes-Benz), com potência nominal de 613 cv e potência máxima de 662 cv. A rotação do motor atinge 1.900 rpm. E seu torque máximo é de 3.100 Nm.

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• Cummins B6 7H

O Cummins B6.7H "hydrogen engine" destina-se a tratores e máquinas agrícolas. Tem potência máxima de 294 cv e torque máximo de 1.200 Nm. Conforme a empresa, trata-se de plataforma de motor totalmente nova com tecnologia para aumentar a densidade de potência, reduzir as perdas por fricção e melhorar a eficiência térmica.

• Leeb 5230 VT e 6460 VL

Um dos destaques da Horsch na Agritechnica 2023 foram os pulveri-


zadores Leeb, apresentados nas versões 5.230 VT e 6.460 VL. Há alguns meses, testamos no Brasil o Leeb 5.280 VL (edição 226).

• Tagro 102 Stage V

Fabricado pela empresa romena Irum, na região da Transilvânia, o Tagro 102 Stage V é um trator agrícola compacto com motor de 103 cv de potência. Possui transmissão mecânica de 12 marchas e mecanismo de inversão. Ainda não está à venda no Brasil.

• JD 9RX 640

A John Deere exibiu troféu conquistado por seu trator 9RX 640. Na

Romênia, trabalhou 769,4 hectares em 24 horas com consumo médio de 3,1 L/ha no preparo de solo. Puxou protótipo da Bednar Swifterdisc XE Mega com largura de trabalho de 18,40 metros.

• Karl

No estande da Kuhn, destacou-se o Karl. Consiste em conceito de implemento autônomo capaz detectar mudanças nas condições, implementar ações corretivas ou ajustar seus parâmetros dependendo do solo e da vegetação. Conforme apresentação da empresa, existe a possibilidade de trabalhar com frota de vários "Karls"; cada um com rota e prioridades próprias.

• Solis S110

O S110 foi destaque num estande distribuído parte para a Solis e parte para a Yanmar. É um trator com motor diesel de quatro cilindros e 111 cv (110 hp), turboalimentado e alimentado por um refrigerador de ar de admissão intercooler. A caixa de câmbio possui 24 velocidades com acionamento de duas pontes com dupla embreagem. E as luzes são da marca Hella, de alto brilho, com capacidade de projeção de até cinco metros de distância.

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IRRIGAÇÃO

Como irrigar sem desperdício Para irrigar sem desperdício, não basta ter tecnologia, é preciso também o conhecimento agronômico para conhecer a necessidade hídrica da cultura, a capacidade de retenção de água pelo solo, além dos cuidados básicos com o equipamento

Wenderson Araujo

H

á alguns anos, a irrigação era vista como uma prática agrícola destinada às regiões “secas”, com menor ocorrência de chuvas. A área irrigada tem aumentado no Brasil, permitindo não somente a aplicação de água às plantas em locais com pouca chuva (Semiárido/Nordeste), como em regiões onde veranicos acontecem (Cerrados/Centro-Oeste) e mesmo em locais onde há uma boa distribuição de chuvas (Sudeste e Sul), atuando então como uma garantia ao pro-

dutor contra uma eventual falta de chuvas. Os irrigantes (aqui consideramos os fabricantes de equipamentos de irrigação, produtores, prestados de serviços e técnicos envolvidos com a agricultura irrigada) têm se deparado nos últimos anos com comentários e opiniões sobre o uso de água para a irrigação. O uso das expressões “a irrigação consome água...” e “a irrigação consome 70% da água...” é um exemplo. Na verdade, a irrigação no Brasil utiliza 46% do total de água retirada dos rios para todos os

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usos, segundo a Agência Nacional de Água e Saneamento Básico. Outro fato é que as plantas utilizam uma parte da água absorvida para crescer e se desenvolver, e uma outra parte maior da água absorvida é transpirada pelas folhas e volta à atmosfera na forma de vapor. Isso vale também para a agricultura de sequeiro, que também utiliza muita água da chuva. Alguns alimentos têm mais água que outros em sua constituição. Ao comer um tomate, alface, arroz, feijão ou milho ou chupar uma laranja ou uma uva, o ser humano está


bons, confiáveis e práticos, e não tão caros. É a melhor forma para o que irrigante seja eficiente para saber o quanto de água o solo tem e o quanto de água deve aplicar naquele momento pelo sistema de irrigação que ele tem em sua lavoura. A observação do produtor experiente, que conhece a sua área e a cultura que está no campo, é muito valiosa para saber se as plantas necessitam de água ou não em determinado momento. Mas ele pode ser mais eficiente se juntar esse conhecimento com uma informação sobre quantos milímetros de evapotranspiração ocorreram no dia de ontem e antes de ontem. Se souber quanto choveu e até que profundidade do solo a água infiltrou, isso pode dar ao produtor uma maior certeza e confiança sobre quando voltar a irrigar. E se promover uma manutenção em seus equipamentos de irrigação (trocando quando necessário aspersores, difusores, gotejadores, válvulas, filtros, por exemplo), a eficiência melhorará. Isso é o básico, demanda tempo, energia e um conhe-

cimento mínimo para realizar o manejo de irrigação. O custo é relativamente baixo. Atualmente, os irrigantes se deparam com um rápido desenvolvimento tecnológico relacionado a sensores, emissores de água, automação, agricultura de precisão, agricultura digital, imagem (de câmeras instaladas em drones ou de satélites), conectividade, internet das coisas, armazenamento de dados, processamento na nuvem, aplicativo no celular, acionamento remoto do sistema de irrigação etc. Requer um conhecimento maior, tem um maior custo, oferece certa comodidade e informações mais detalhadas sobre como o manejo de irrigação está sendo realizado. Mas devo ressaltar que toda essa tecnologia deve ter o conhecimento agronômico como base para que o uso os dados coletados gere informações que auxiliem o produtor a tomar uma decisão. Desde o procedimento mais simples, como a coleta manual de dados de um sensor de umidade do solo, a instalação de uma estação agromete-

Henrique Chagas

consumindo água. Ele sim, consome água! Neste texto vou comentar como é possível irrigar sem desperdício. Qualquer prática agrícola que seja realizada deve ser eficaz e eficiente. Se um produtor irriga quando a cultura apresenta necessidade por água, ele está sendo eficaz (esse termo está relacionado ao que fazer), mas se ele irriga pouco ou demais, ele não está sendo eficiente (esse termo está relacionado a fazer corretamente o que foi decidido fazer). O termo manejo de irrigação é corriqueiro ente os irrigantes, e nada mais é que o uso de informações referentes ao solo, à planta e ao clima para determinar, de um jeito ou de outro, a lâmina de água a ser aplicada por um sistema de irrigação nas diferentes fases de uma cultura agrícola. Para que a irrigação seja realizada, pode até ser necessário levar em consideração questões relacionadas ao meio ambiente (“tem água suficiente para mim e para as demais pessoas que também precisam dela?”) e ao o trabalhador ou trabalhadora (“só posso irrigar quando tem alguém para ligar e desligar a bomba”), mas tudo isso não torna o manejo de irrigação impossível de ser aplicado em campo. Afinal, a agricultura é uma atividade complexa, trabalhosa e contínua, e o seu sucesso no nosso país é a prova que podemos desempenhar tarefas difíceis. O chute no chão com a botina ou uma cavoucada com uma enxada e a pegada de um pouco de solo com a mão para sentir a sua umidade é algo consagrado no campo. Mas isso pode ser melhorado com o uso de sensores de umidade do solo. Eu sei que alguns podem ser caros, que podem dar problemas, mas existem no mercado sensores

A prática da irrigação de precisão consiste na variação da lâmina de água na área a ser irrigada

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Marcelino Ribeiro

A irrigação sem desperdício é uma tarefa a ser feita pelo produtor, mas também pelos fabricantes de equipamentos e tecnologias

orológica na propriedade rural para informar a evapotranspiração, ou a consulta na internet em um site que fornece esta informação ou o recebimento da informação pelo celular, até o uso de coleta automatizada de umidade do solo e dados de clima e transmissão ao computador no escritório para um processamento e análise de dados, o que deve ser procurado pelos irrigantes é a forma adequada à realidade de cada propriedade rural onde há a irrigação, inclusive quanto à disponibilidade de dinheiro e de conhecimento sobre o assunto, para que o uso de uma informação para realizar o manejo de irrigação permita que se saiba quando e quanto irrigar utilizando o sistema de irrigação instalado em sua lavoura. Assim, poderemos ter eficácia e eficiência, o que minimiza ou evita o desperdício no uso da água pela irrigação. Os irrigantes também podem realizar a irrigação com déficit, que consiste na redução da lâmina de irrigação em fases da cultura menos suscetíveis à falta de água. Pouco impacto haverá na produtividade e pode-se assim produzir praticamente a mesma quantidade com um menor volume de água utilizado. O conhecimento agronômico sobre o quanto a cultura pode sentir quanto à falta de água, à profundidade das raízes, à capacidade de retenção de água pelo

solo e à redução da lâmina de água é primordial. Outra possibilidade é a prática da irrigação de precisão, que consiste na variação da lâmina de água na área a ser irrigada. Isso pode ser feito por um pivô central que permita a variação da velocidade de deslocamento em um mesmo giro completo do sistema, graças à possibilidade de automação nos equipamentos mais novos. Isso pode fazer com que em parte da área que o solo seja menos profundo e armazene menor quantidade de água, a lâmina a ser aplicada seja menor que nas demais partes da área irrigada. Em sistemas de irrigação localizada, pode-se dividir a área em setores para que uma parte possa receber maior ou menor lâmina de água, pelos mesmos motivos. Temos bons irrigantes, sim. E podemos ter mais e melhores, por meio de treinamento, difusão e transferência de tecnologia e conhecimento. E nos últimos anos, temos nos deparado com o aumento de prestadores de serviços ao produtor que atuam na recomendação do manejo de irrigação. Isso é muito bom. É importante dizer que a irrigação sem desperdício não é uma tarefa a ser executada somente pelo produtor, mas sim por vários profissionais, que vão do fabricante de equipamentos de irrigação e dos mais variados sensores utilizados na agricul-

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tura irrigada, passam pelos professores formadores dos novos profissionais, até os pesquisadores, extensionistas, difusores e transferidores de tecnologia e conhecimento. Todos fazem parte da categoria irrigante e devem ser eficazes e eficientes na sua parcela de contribuição para a irrigação sem desperdício. Para reforçar essa necessidade é preciso mencionar a questão da outorga de água e até a possível cobrança pelo uso da água, mas considerando-a como um insumo, ou seja, pagando-se pelo volume de água utilizado. Por fim, fica uma pergunta: e se não irrigássemos no Brasil? Seguem alguns comentários para reflexão. A metade ao sul do Rio Grande do Sul produz cerca de 70% do arroz brasileiro, com o uso da irrigação (técnicos e produtores envolvidos nas lavouras arrozeiras estão diminuindo o volume de água aplicado e mantendo a produtividade). Há algumas décadas, não se imaginava irrigar café, mas a expansão dessa lavoura para novas áreas ocorreu também graças ao uso da irrigação. E a tão sonhada capacidade de produzir todo o trigo que consumimos no Brasil poderá ser alcançada com o uso da irrigação. .M Luís Henrique Bassoi, Embrapa Instrumentação e FCA/Unesp Juliana Caldas

Magnus Deon

As culturas têm necessidades hídricas diferentes dependendo da fase de crescimento



EMPRESAS

Na fonte da tecno

Numa viagem de conhecimento, comitiva brasileira visita a sede coreana da LS Tractor para o presente e os projetos futuros da empresa, que comemora em 2023 dez anos de pres

N

o ano em que completa dez anos de presença no Brasil, a LS Tractor comemora também 46 anos de fundação da sua fábrica de trato-

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res na Coreia do Sul. Em 1977, a LG empresa que conhecemos no Brasil pelo comércio de eletrônicos - dava início à produção dos primeiros tratores com a sua marca naquele país.

Parte de uma holding, o negócio de tratores prosperou e, a exemplo de outros produtos da empresa como eletrônicos, cabos elétricos e componentes militares, começou a ga-


a conhecer a história, sença no Brasil nhar mercados ao redor do mundo. Para entender um pouco dessa história de sucesso, a LS Tractor do Brasil levou um grupo de parceiros à Coreia do Sul, para conhecer a ma-

rial e o impressionante volume de negócios que a marca desenvolve, em nível mundial. Mais que um fabricante de tratores, o Grupo se envolve em negócios relacionados ao setor elétrico, a materiais e energia. A corporação LS é uma holding que compreende diversas empresas como a LS Cable & System, que desenvolve condutores de energia e para comunicação. Outra empresa é a LS Eletric, que fabrica equipamentos elétricos e sistemas de automação. Também faz parte do grupo a LS Nikko Copper, que atua no

Fotos Charles Echer

logia

triz da marca. O grupo formado por 36 pessoas, entre gestores da empresa, representantes de concessionários do Brasil e da Argentina, clientes e parceiros da LS, como a Revista Cultivar, embarcou para uma viagem de oito dias, entre 13 e 21 de outubro. Partindo de São Paulo, via Emirados Árabes Unidos, o grupo chegou no dia 15 de outubro a Seoul, para no dia seguinte realizar uma visita à LS Mtron, especificamente à LS Yongsan Tower, que é uma das sedes da empresa. Um cartão de visitas que revelou o tamanho do Grupo Empresa-

O trator autônomo da LS Tractor, o MT7115, já comercializado na Coreia do Sul, fez demonstrações à comitiva brasileira

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Fotos Charles Echer

Linha de montagem onde a cada dez ou 12 minutos, um novo trator está pronto para ser comercializado

setor de fundição e refinação de cobre, e outro ramo industrial da LS projeta e fabrica máquinas para moldagem por injeção. A empresa que conhecemos no Brasil é a LS Mtron, que fabrica tratores e máquinas, assim como componentes mecânicos e eletrônicos, por isso o nome, M de “machinery” e “tron” de eletrônicos. Uma visita a esse prédio, que não é o principal do Grupo, ajuda a compreender alguns pontos de destaque na sociedade e cultura coreana. É uma sociedade industrial, voltada à produção eficiente, desenvolvendo produtos de alto nível tecnológico e baseada na juventude dos trabalhadores. Tanto na área administrativa como na técnica é possível visualizar que os jovens predominam entre os colaboradores. A mesma impressão se tem ao visitar outros espaços, com a presença de muitos trabalhadores jovens, que dão ao país uma marca de dinamismo, agilidade e modernidade. Por isso tudo, a empresa valoriza o bem-estar do funcionário, dotando seus prédios com áreas de descanso e lazer, incluindo áreas de relaxamento

e massagem, assim como uma academia de ginástica e musculação, as quais o trabalhador pode acessar no momento em que sinta necessidade. O trabalho é flexibilizado em função do bem-estar e da obtenção da máxima produtividade. No local, um museu da história da LS, inaugurado em 2013, expõe, de maneira bem interativa, a linha do tempo, desde a fundação em 1977, ainda ligada à marca LG, passando pela separação do Grupo LG, entre os anos 2003-2005, até chegar ao novo Grupo LS, como está constituído atualmente. O início da história da empresa data de 1936 começando os negócios de fundição, passando pela produção de cabos, em 1947, e pela Lucky Packing de energia, que vem a ser a precursora da atual LS Eletric. Também se criou um setor dentro da empresa para a fabricação de esteiras militares, em 1974, que atende a indústria de defesa coreana. A origem dos tratores vem da aquisição, na década de 1980, da Gunpo Factory. Também, desde 1986, o grupo

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projeta e produz componentes eletrônicos, incluindo cabos de transmissão com e sem fio. O lema de empresa “Leading solutions for you”, que em uma tradução livre pode ser “Levando soluções para você”, demonstra a filosofia da empresa de desenvolver produtos e pro-

Encontro co onde


cessos que facilitem a vida do cliente.

A LS MTRON

A LS Mtron é a parte do grupo que produz tratores. Atualmente, o volume de produção atinge ao redor de 30 mil tratores ao ano, somente em território coreano, com um potencial de produção de 43 mil tratores ao ano. Além da Coreia do Sul, a LS possui fábricas nos EUA, na China e no Brasil. São mais de 500 pontos de distribuição em 40 países ao redor do mundo. O negócio de tratores da LS no mundo se baseia em quatro pilares principais: a unidade de Jeonju, na Coreia do Sul, a fábrica de Qingdao, na China, a fábrica de Garuva (SC), no Brasil, e o Centro de Vendas da LS na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Somados, os números de tratores que podem ser produzidos nessas fábricas são 73 mil unidades de capacidade potencial de produção, o que pode dar a dimensão da resposta que a LS pode oferecer ao mercado. A fábrica de tratores na Coreia do Sul fica na cidade de Jeonju, a menos de 200 quilômetros (km) da capi-

m executivos da fábrica de tratores de Jeonju, podem ser produzidos 43 mil tratores por ano

tal Seoul, onde são produzidos os tratores LS e de outras três marcas que a empresa produz como acordos comerciais. A fábrica é bastante organizada e, em uma linha de produção que se inicia a partir da transmissão, vão se juntando os componentes até a conclusão, com um teste de operação. Cada trator demora de dez a 12 minutos para ser produzido. Jeonju abriga a fábrica da LS Tractor desde outubro de 2005 e compreende uma área de 152 mil metros quadrados, com 565 trabalhadores, divididos em 44% na administração e 56% na área técnica e de engenharia. São cinco pavilhões, com prédios de fundição, armazenamento de componentes para abastecimento da linha de produção, linha de montagem de tratores, avaliação de qualidade e fábrica de componentes, além de um prédio exclusivo para o restaurante e um auditório. Grande parte dos modelos produzidos na unidade de Jeonju é direcionada para o mercado de exportação, sendo que cada unidade que vai para o exterior é montada completamente

e posteriormente desmontada para a entrega como CKD. A agricultura coreana é de pequeno porte e absorve principalmente os modelos de menor potência. Por isso, os modelos de maior potência são direcionados para o mercado externo. Desde 1977, até agora, as linhas de tratores foram sendo modernizadas e incrementadas em modelos e atualmente a fábrica de Jeonju produz 11 séries de tratores, que vão desde a MT1 até a maior, que é a MT7. A séxxx rie MT1 é de tratores subcompactos, com dois modelos, o MT125, de 24,7 cavalos-vapor (cv), e o MT122, de 21,5 cv. O grupo de tratores compactos engloba sete séries, XJ, MT3E, MT225E, MT3, MT2S, MT2EC e MT2E, com potências que vão dos 24,4 cv até 57 cv, e o grupo dos utilitários com três séries e quatro modelos, que vão de 58 cv até o maior, que é o MT7, com 100 cv. Na mesma cidade, não muito distante da fábrica de tratores, está a unidade de desenvolvimento e produção de motores LS, com uma área de 23 mil metros quadrados, que abriga um prédio de escritórios, concluí-

Fábrica de motores tem capacidade para produzir 30 mil motores ao ano, com diferentes tecnologias

Cultivar Máquinas 241• revistacultivar.com.br • 21


do há menos de dez anos, e um pavilhão de produção de sete mil metros quadrados. Bastante moderno, dotado de muita automação, o sistema industrial desta unidade é capaz de produzir 30 mil motores ao ano. Vimos vários “robots” – pequenos carrinhos autônomos - transportando motores da linha de produção para o controle de qualidade, em rotas predefinidas. Estima-se que a taxa de automação nesta indústria chegue a 30% das atividades. Ali são produzidos motores de alta tecnologia, que atendem a normas de emissões compatíveis com rígidos protocolos, como o norte-americano Tier no estágio 4. Os tratores produzidos com esta especificação recebem a designação de EcoPower, atendendo Tier 3 e 4 e vários outros protocolos existentes no mundo. O início da produção de motores próprios da LS se deu com uma coo-

peração técnica com a Mitsubishi Heavy Industries (MHI) em 1993, o que gerou o modelo S4QL e ao longo dos anos foram se desenvolvendo motores de injeção mecânica e eletrônica de combustível, que atenderam os progressivos protocolos de controle de emissões de poluentes, chegando atualmente aos L3 e L4, que são considerados motores ecológicos pela empresa, por atenderem os controles EPA Tier4 Final (EUA) e EU Stage V da comunidade europeia. Atualmente, os motores modernos da série L3CRNV vão de 30 cv a 57 cv e os L4CRTV vão de 58 cv a 73 cv. No final da linha de produção dos motores há uma célula, composta por seis dinamômetros que avaliam os parâmetros de desempenho e emissões dos motores, para o controle de qualidade. No mesmo site, fica o prédio da

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LS Parts & Solution Center, que concentra os componentes que são direcionados ao mercado de pós-venda e concessionários locais e estrangeiros. Mais moderno ainda que as demais instalações, o sistema de armazenamento separa peças por tamanho e organiza de forma que a distribuição seja a mais rápida possível no atendimento aos consumidores. O diretor administrativo da fábrica de Jeonju, Lee Sangmin, relembrou um encontro que teve com produtores brasileiros, onde foi surpreendido por um produtor que afirmou que no Brasil “uma empresa que não tenha mais de dez anos, não é reconhecida pelos produtores”. Pela lógica desse produtor, somente as empresas estabelecidas é que merecem a confiança do cliente brasileiro. Lee lembrou a trajetória da LS em Garuva, que completou em 2023 dez anos de inaugu-


Fotos Cultivar

Um dos primeiros tratores da marca, restaurado, em exposição na fábrica de Jeonju

ração e pode se considerar estabelecida no mercado, pela lógica daquele produtor. De fato, depois das dificuldades gerais que as empresas passaO grupo de brasileiros, formado por colaboradores, concessionários e parceiros da LS Tractor, pôde conhecer os principais sites da empresa na Coreia do Sul

Atualmente, a fábrica de Jeonju está produzindo 30 mil tratores por ano

ram no período de pandemia, já se verifica que a marca é uma das mais importantes no mercado brasileiro. Ao falar do lançamento dos modelos estreitos, no próximo ano, também citou o trator autônomo, recentemente lançado na Coreia do Sul e que pode encontrar mercado atrativo no Brasil. A LS possui dois locais de treinamento, um para a temática institucional e outro que é um centro de treinamento efetivamente, onde mecânicos dos concessionários realizam cursos e atividades práticas. Nesse mesmo local, numa pista com solo agrícola, a comitiva brasileira pôde conhecer em primeira mão o trator autônomo da LS, modelo MT7115, projeto designado como LS Smarttrac, conduzido por uma equipe exclusiva para este desenvolvimento. Alguns visitantes puderam operar o sistema e acompanhar o trator autônomo de dentro da cabine. A Revista Cultivar Máquinas também teve a oportunidade de interagir com o MT7115 e contaremos a experiência num outro texto exclusivo sobre o trator autônomo. O produto apre-

sentado à comitiva já está em linha de produção e disponível aos clientes da Coreia do Sul. Considerando o que vimos e sentimos após a impressionante visita, se pode concluir que a marca LS e especificamente a parte da empresa que trata dos tratores agrícolas, LS Mtron, é uma empresa com o espírito da Coreia do Sul, jovem, dinâmica e rica em tecnologia. Entre os concessionários da marca que fizeram parte da visita reinou a sensação de que estão frente a um grande desafio, entrando de vez no mercado competitivo do país, com um produto forte, tecnológico e com uma história de sucesso ao redor do mundo. Pelos relatos de vários representantes dos concessionários a hora é de investir, confiar na qualidade do produto e esperar pelos resultados. A comitiva brasileira foi acompanhada pelo presidente da LS Mtron no Brasil, Ju Chan Kim, por executivos da fábrica brasileira da marca, além do vice-presidente da LS Mtron Brasil, An.M dré Rorato. A Cultivar viajou à Coreia do Sul a convite da LS Tractor

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AGRICULTURA DE PRECISÃO

Trabalhando e aprendendo Cada vez mais presentes na agricultura, os sistemas robóticos são equipados com a capacidade de tomar decisões embasadas no aprendizado de informações, oferecendo soluções cada vez mais assertivas

C

onforme dados da produção agrícola do ano de 2022 (IBGE), a produção agrícola brasileira desempenha um papel crucial na economia e no fornecimento global de

alimentos. Com recordes de colheita em diversas culturas como soja e milho, o Brasil consolida-se como um dos principais produtores mundiais de alimentos. Estes dados também lançaram luz sobre a utilização de

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tecnologias e práticas agrícolas modernas, tais como agricultura de precisão, novas técnicas de cultivo e uso de maquinário avançado como a utilização de robôs e da inteligência artificial, impulsionando a produtividade


e a eficiência do setor agrícola, permitindo aos agricultores superarem desafios como variações climáticas e demandas globais crescentes. Com o crescente desafio de alimentar uma população mundial em constante expansão, os agricultores têm buscado soluções inovadoras para aumentar a eficiência e a produtividade. Dentre elas, destaca-se a utilização da robótica na agricultura, que contribui em diversas etapas do processo, desde o preparo do solo até a colheita.

Figura 1 - Número de publicações sobre temas envolvendo a robótica nos últimos dez anos (Fasiolo, Scalera, Maset Gasparetto, 2023)

Robótica agrícola

A agricultura de precisão é uma realidade que está impulsionando significativamente a eficiência, a produtividade e a sustentabilidade das operações agrícolas, marcando uma verdadeira revolução na forma como é conduzida a produção de alimentos. Nesse cenário de transformação, a robótica emerge como uma protagonista essencial na agricultura, desempenhando um papel crucial no aprimoramento contínuo da produção e da eficiência. Independentemente das condições ambientais ou do horário do dia, os robôs estão à disposição, prontos para auxiliar ou até mesmo substituir a mão de obra humana em tarefas repetitivas e/ou perigosas para a saúde. Esse avanço não apenas otimiza o processo produtivo, mas também promove uma maior integração entre seres humanos, ciência e tecnologia. É notável observar que países com alta produtividade agrícola têm experimentado benefícios substanciais com a implementação de robôs na agricultura. Isso é especialmente relevante considerando o já elevado nível de produtividade agrícola no Brasil. Os sistemas robóticos são equipados com a capacidade de tomar decisões embasadas no aprendizado de informações, utilizando uma lógica

definida. Representam a ciência que investiga a conexão automática entre percepção e ação. Combinando sistemas de locomoção e sensores, os robôs conseguem compreender o ambiente ao seu redor e agir de maneira inteligente, indo além de uma simples reação a estímulos. Esses robôs se baseiam em duas abordagens fundamentais. A primeira é a teoria de controle, que engloba o paradigma deliberativo, caracterizado por ações deliberadas baseadas em lógica e inteligência, e o paradigma reativo, onde o sistema reage a ações específicas. A segunda base é a inteligência artificial, que busca a construção de artefatos inteligentes capazes de aprender e agir com base em estímulos e informações. O alcance das aplicações desses robôs é vasto em nossa sociedade, com destaque para a indústria e, de maneira ainda mais expressiva, na agricultura. Ao longo da última década, tem havido um crescimento notável na pesquisa e desenvolvimento em diversas áreas da robótica agrícola. Isso inclui avanços em navegação autônoma, localização, mapeamento e robótica mó-

vel, com um foco particular na navegação autônoma (Figura 1). Na robótica móvel, os pesquisadores continuam enfrentando o desafio de desenvolver um mecanismo capaz de se adaptar às diferentes irregularidades do terreno. Com simuladores e “frameworks” de código aberto, como o Sistema Operacional Robótico (ROS, do inglês “Robot Operating System”) e o simulador Gazebo, os pesquisadores emulam terrenos reais a partir de Modelos Digitais de Elevação (MDE), disponíveis em bancos de dados geomorfométricos. Na Figura 2, são apresentados dois robôs: um deles é a plataforma robótica comercial Clearpath (Figura 2 A), e a outra é a plataforma robótica Pandora (Figura 2 B), que ainda está em desenvolvimento na Faculdade de Engenharia Agrícola Unicamp, para realizar tarefas agrícolas de baixa potência. A navegação autônoma abre portas para esquemas de colheita em enxame, onde múltiplas colhedoras autônomas trabalham em conjunto para realizar colheitas inteligentes, sem a necessidade de interven-

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Fotos Dauto Carpes

B

A

Figura 2 - Robótica móvel simulada em ambientes virtuais

ção humana. Esses robôs também podem navegar entre as linhas de culturas, avaliar a qualidade das amostras no campo e aplicar defensivos e corretivos de forma precisa para melhorar a qualidade nutricional das culturas e do solo. A integração de visão computacional e inteligência artificial desempenha um papel fundamental na capacidade desses robôs, de operar com base nas informações coletadas do ambiente, permitindo-lhes evitar obstáculos e traçar trajetórias. Hoje é possível encontrar, inclusive, robôs floristas (Figura 3), capazes de realizar o trabalho de plantio das mudas, através de visão computacional. A agricultura inteligente, impulsionada por esses avanços tecnológicos, se torna uma aliada fundamental para o aumento da produção agrícola. Ela emprega ferramentas, metodologias e dados para automatizar e otimizar os processos produtivos, elevando a competitividade do setor. A inteligência artificial redefine a abordagem da agricultura, com a Agricultura 4.0 emergindo como um paradigma no qual tecnologia e inovação se entrelaçam para enfrentar os desafios atuais. Nesse contexto, a melhoria e a expansão das redes de comunicação de dados e da internet, aliadas ao uso de dispositivos móveis, desempenham um papel essencial. Eles se somam à

robótica, à agricultura de precisão, à inteligência artificial e ao “Big Data” para impulsionar o aumento da produção agrícola. No entanto, é fundamental reconhecer que essa transformação tecnológica na agricultura não envolve apenas aspectos técnicos e produtivos, mas também tem profundas influências econômicas e sociais. Encontrar o equilíbrio entre avanços tecnológicos e considerações sociais é essencial para aproveitar ao máximo os benefícios da robótica na agricultura e para garantir que todos os setores da sociedade possam colher os frutos dessa revolução agrícola.

Robótica agrícola e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) são um conjunto de 17 metas globais estabelecidas em 2015 como parte da Agenda 2030 para enfrentar desafios globais, incluindo pobreza, saúde, igualdade de gênero e ação climática, visando a um futuro mais sustentável para todos. Uma das principais maneiras pelas quais a robótica agrícola contribui para o ODS é por meio do ODS 2, que busca alcançar a Fome Zero. A auto-

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mação e a eficiência trazidas pela robótica podem aumentar a produtividade agrícola, melhorar o manejo de culturas e reduzir o desperdício de alimentos, contribuindo assim para a erradicação da fome e a garantia de segurança alimentar. Além disso, a automação na agricultura está intrinsecamente relacionada ao ODS 3, que se concentra na Saúde e Bem-Estar, visto que pode reduzir significativamente a exposição dos trabalhadores agrícolas a produtos químicos tóxicos e ambientes perigosos, promovendo a saúde e o bem-estar dos agricultores e das comunidades rurais. No que diz respeito ao ODS 8, que visa promover o Trabalho Decente e o Crescimento Econômico, a adoção da criação de empregos de alta tecnologia impulsiona a inovação e aumenta a eficiência na agricultura, o que, por sua vez, contribui para o crescimento econômico sustentável. A utilização de robótica na agricultura também está alinhada com o ODS 9, que se concentra na Indústria, Inovação e Infraestrutura. Uma implementação bem-sucedida requer infraestrutura digital avançada e promove a inovação na agricultura, tornando-a mais sustentável e resiliente. A contribuição para o ODS 13, que visa à Ação pelo Clima, está presente no fato de que a automação e o uso eficiente de recursos


Divulgação

Unicamp

Os robôs conseguem compreender o ambiente ao seu redor e agir de maneira inteligente

Figura 3 - Robô plantador de flores (EVA) desenvolvido pela Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp em parceria com a Bioplugs e ABB

micos permitem ao agricultor obter orientações mais precisas e seguras que direcionam os recursos de produção, capacitando a tomada de decisão ao mesmo tempo em que melhora sua competitividade, otimiza o uso da terra e diminui os impac-

Jenyffer da Silva Gomes Santos, Artur Vitório Andrade Santos, Ivan Bazo Bergamim, Wesllen Lins de Araujo, Edna Carolina Moriones Polanía, Flávio Roberto de Freitas Gonçalves, Claudio Kiyoshi Umezu, Angel Pontin Garcia, Daniel Albiero, Feagri - Unicamp

Divulgação

na agricultura podem reduzir a pegada de carbono (C) do setor, ajudando assim a mitigar as mudanças climáticas. Além disso, desempenha um papel importante nos ODS 14 (Vida na Água) e 15 (Vida Terrestre), pois pode ser utilizada para monitorar ecossistemas aquáticos e terrestres, auxiliando na conservação da vida marinha e na biodiversidade terrestre. Entretanto, é crucial abordar desafios como o acesso à tecnologia, o treinamento e o financiamento para garantir que os benefícios da robótica agrícola sejam compartilhados amplamente e não resultem na exclusão de pequenos agricultores e comunidades rurais. A colaboração entre governos, empresas e organizações é essencial para impulsionar a adoção responsável da robótica agrícola e alcançar os ODS relacionados à agricultura sustentável.

tos ambientais do setor. Novos conceitos como Agricultura 5.0 surgem, mas fica a pergunta: como é possível implementar esses sistemas na produção? O agricultor precisa entender suas necessidades, investir em equipamentos e técnicas, buscar consultoria especializada e, principalmente, investir em inovação junto às universidades e instituições de P&D. Essa revolução não apenas aumentará a capacidade de alimentar o mundo, mas também abrirá caminho para uma agricultura mais sustentável e ecologicamente consciente, onde a tecnologia e a natureza trabalharão juntas para criar um fu.M turo mais promissor.

Oportunidades e inovação

Apesar dos desafios significativos, é importante reconhecer que a robótica também oferece oportunidades empolgantes e inovadoras para o setor agrícola. A agricultura cada vez mais se utiliza de tecnologias modernas de produção. O uso dessas tecnologias e suas correlações com demais fatores ambientais e econô-

Na última década, a robótica voltada para a agricultura cresceu consideravelmente

Cultivar Máquinas 241 • revistacultivar.com.br • 27


TECNOLOGIA

Trator autônomo da LS Com um projeto prático, moderno e sóbrio, o trator autônomo da LS Tractor já é produzido comercialmente na Coreia do Sul e está apto para trabalhar nas lavouras daquele país, sozinho ou até mesmo em pequenas frotas

O

s tratores autônomos estão na moda. Quase todas as grandes companhias fabricantes têm seus projetos em diferentes estágios de desenvolvimento. Poucos já estão na fase de comercialização. Os tratores agrícolas estão entre as máquinas mais utilizadas na agricultura moderna e se tornaram tão complexos à medida que a mão de obra foi diminuindo em várias partes do mundo. A tecnologia embarcada nos modernos tratores da atualidade trouxeram uma nova realidade operacional, exigindo novas habilidades dos seus operadores que deixaram de ser tratoristas e estão se transformando em especialistas em mecanização. Assim, um mesmo operador poderá, no futuro, conduzir vários tratores, com segurança e eficiência. Por todas essas razões, no mundo inteiro várias equipes ligadas a fa-

bricantes e instituições de pesquisa e desenvolvimento passaram a gerar projetos a partir dos anos 1980. Com o advento e a utilização dos sistemas de posicionamento por satélite na agricultura, o que se convencionou chamar primeiramente de agricultura de precisão e mais modernamente agricultura digital, trouxe para a agricultura várias tecnologias, como o piloto automático, a telemetria e o mapeamento de terreno e culturas, fazendo com que estas facilidades fossem incorporadas ao dia a dia da agricultura moderna. Com tudo isso, a agricultura foi se preparando aos poucos para a entrada da automação, da robótica e da inteligência artificial ao campo, em diversas partes do mundo e não somente aos mercados mais desenvolvidos e qualificados. Aliados a isso, o envelhecimento da população e da mão de obra na agricultura e a indis-

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ponibilidade de mão de obra em vários locais do planeta incentivaram a entrada de tecnologias digitais e da robótica, que antes estava restrita à indústria. O conceito humanístico recomenda cuidado na utilização de tecnologias que afastem o homem do campo naquelas situações em que a mão de obra exista, porém de outra parte a necessidade da busca incansável pela produtividade e pela rentabilidade operacional, através da redução de perda de tempo, seja por erro operacional, acidentes, retrabalhos ou manutenções corretivas, a assertividade e produtividade do equipamento passa a ser muito mais elevada, justificam a adoção de tecnologias como essa. Surge então o conceito de trator autônomo, no qual o operador não está presente no posto de condução, exigindo, é claro, outras tecnologias


dependentes, que são fundamentais para a utilização. É impossível imaginar-se e progredir no desenvolvimento de um sistema autônomo sem alguns pressupostos, como a existência de um eficiente sistema de orientação, dispositivos eletrônicos e hidráulicos de controle da direção no trajeto e nas manobras e detecção de objetos fixos ou em movimento. De positivo, podemos analisar questões relacionadas à eficiência e ao desempenho em situações particulares e que não inviabilizem o trabalho humano e a possibilidade de que, com máquinas, o trabalho pode ser contínuo e realizado em grandes jornadas de trabalho. Finalmente, imprescindível considerar a necessidade de segurança operacional, dotando os tratores autônomos de dispositivos que imobilizem imediatamente o veículo em situações de perda de sinal e presença de pessoas, animais e objetos no percurso. Para isso, é muito importante a colocação de câmeras de visão ampla, processadores de alta qualidade, receptores precisos, conexões remotas e telemetria. E o operador em um escritório remoto, com todos os dispositivos de segurança.

Projeto LS Mtron

A LS Mtron da Coreia do Sul tem seu projeto de trator autônomo, desenvolvido por uma equipe exclusivamente formada para este fim e que se baseia em um trator da marca dotado de gerenciamento eletrônico e com características bem particulares. E no mês de outubro, a Revista Cultivar Máquinas foi até a Coreia do Sul para conhecer, entre outras novidades, o trator autônomo da LS Tractor MT7115, de 117cv de potência, que já está pronto para trabalhar em lavouras comerciais. A partir de um modelo da série MT7, a mais desenvolvida tecnologi-

Todos os principais componentes do trator (motor, transmissão, sistema hidráulico etc.) que sejam interligados com máquinas e implementos são controlados eletronicamente nas suas funções

camente, foi projetado e construído um sistema autônomo que está funcionando perfeitamente e em produção industrial e comercialização imediata na Coreia do Sul. Para este projeto foram considerados os principais componentes do trator (motor, transmissão, sistema hidráulico etc.) que sejam interligados com máquinas e implementos que também possam ser controlados eletronicamente nas suas funções. A grande motivação para o desenvolvimento do trator autônomo pela LS baseia-se no fato que a atividade agrícola autônoma é a oportunidade para transformar as muitas tarefas da mecanização em uma mesma área com repetibilidade assertiva, ou seja, diferentes tarefas sendo executadas pelo mesmo trator autônomo durante a safra de forma mais eficiente, trazendo melhores resultados. Entre outros muitos fatores está o envelhecimento da população mundial. É neces-

sária em muitas regiões a substituição de produtores rurais, renovando os operadores. Mas isso somente será possível se as condições de trabalho forem cômodas, seguras e com menor intensidade de esforço físico. Portanto, dar melhores condições de trabalho pode resultar em continuidade da produção de alimentos. Uma agricultura mais precisa e segura é o tema central do que se denomina o negócio das "Smart Village", que na Coreia, assim como em vários países, está em ascensão, tanto no setor privado como no público. Portanto, a adoção de trabalho autônomo das máquinas, considerando uma cultura como a soja, pode reduzir 16,7% no tempo operacional e aumentar 8% na superfície em relação ao trabalho convencional, chegando a um aumento da capacidade operacional de 8% no final do processo. Para a LS, o desenvolvimento foi

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le remoto (VCR) são controladas eletronicamente na sua vazão. O sistema pode funcionar 100% sem a intervenção do operador. O trator autônomo LS mantém o posto do operador com cabina e monitor à direita superior do console, podendo ser utilizado no modo dependente do operador, sem nenhuma necessidade de modificação.

Do projeto ao produto final

O LS Mtron possui um sistema de posicionamento global GNSS/GPS com alta precisão D-GPS ou RTK, acionamento eletrônico da direção, com motor e cilindro hidráulico

proporcionado pela atuação da empresa nos setores de fabricação mecânica de tratores, mas também pela experiência com desenvolvimento e produção de componentes elétricos e eletrônicos. Desta forma, foi possível unir a mecânica com a automação de máquinas agrícolas e mesmo com a tecnologia robótica. Como características básicas do projeto do trator LS autônomo, temos: • Trator agrícola de uma série comercial, dotado de um motor LS com injeção eletrônica de combustível, com central eletrônica de gerenciamento (ECU), programável. Foi montado um terminal controlador de funções de autonomia de movimentação e controle de máquinas acopladas a ele, que se comunica diretamente com a ECU. Desta forma, tudo está conectado e possível de controlar entre o funcionamento do motor, da transmissão, do sistema hidráulico de três pontos e do controle remoto. Os implementos ou máquinas que estão conectados

ao trator utilizam um terminal Isobus (Norma ISO 11.783), podem ter acionados seus motores elétricos e hidráulicos, assim como sensores e válvulas, e podem ter as funções de controle de seções, levantamento e posição. Foi adotado um sistema de posicionamento global GNSS/GPS com alta precisão D-GPS ou RTK, acionamento eletrônico da direção, com motor e cilindro hidráulico. Por ter a característica de ser autônomo e poder trabalhar sem a intervenção do operador na cabina, o sistema de controle eletrônico de direção deve estar baseado em um sistema de posicionamento (GPS) de alta precisão. Para a transmissão do torque e potência foi adotado um câmbio adotado um câmbio powert-shift, engate da TDP elétrica e freios ABS. O sistema hidráulico pode ter o engate controlado eletronicamente. A TDP será controlada eletronicamente e com possibilidade de variação de rotação. As válvulas de contro-

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Ao desenvolver e iniciar a comercialização do trator autônomo, a LS levou em conta seis pontos como base: • HMI (“Human Machine Interface”): a interferência do homem na atividade deve basear-se na geração do padrão de trabalho de campo e das manobras, assim como a configuração de qual e como devem trabalhar as máquinas e os implementos, gerando informações sobre largura de trabalho efetiva e sobreposição. Também será responsabilidade humana a configuração do sistema de posicionamento utilizado (GPS). • Necessidade de configuração da direção do trator: equipar o modelo com uma válvula de direção hidráulica, uma válvula de fluxo proporcional e válvulas de segurança, assim como um sensor de segurança. O sistema de direção automática consistiu na colocação de uma válvula de direção eletro-hidráulica e uma unidade de detecção de carga para direção autônoma. Para isso, a equipe desenvolveu um suporte e um sensor de medição de ângulo de direção e suporte para ele colocado próximo à articulação do eixo dianteiro. • Equipar o trator com um sensor de direção do eixo dianteiro que seja capaz de medir e ajustar ângulos de direção, conforme o setup programado. • Equipar o trator autônomo com


um receptor de sinais GPS com antena GPS dupla e recepção de sinal L1, L2, L5. • Equipar o trator com uma unidade de controle da direção: deve haver um controlador da válvula de direção e freio, com aquisição e cálculo de informações do sensor. O sistema controlará o feedback da informação baseado nas informações do trajeto e do sensor. • Equipar o trator com um sistema de frenagem eletro-hidráulica baseado em uma válvula equalizadora que acione os freios de maneira igual em cada roda, para manter o equilíbrio e que também desacelere o motor na frenagem. Evidentemente que um projeto como este demandou da equipe da LS um intensivo trabalho de teste, e os pontos avaliados com maior rigor foram os de segurança, principalmente sistema de direção e frenagem. Nos testes de medição de reação da direção autônoma verificou-se que o tempo de reação da válvula de direção faz com que o cilindro reaja ao comando de controle, em um tempo aproximado de 150 milissegundos. Nos testes não houve nenhum problema para controlar o trator com uma velocidade de 200 milissegundos. Outra das maiores preocupações quando se trabalha com veículos autônomos é com relação à capacidade do sistema em realizar as frenagens, sempre que for necessá-

O trator autônomo foi criado a partir de um modelo da série MT7, a mais desenvolvida. O modelo que tivemos a oportunidade de conferir foi o MT7115, de 117 cv de potência

rio. Um trator autônomo sem um operador a bordo poderia supor um risco de colisão com outras máquinas e com obstáculos físicos e inclusive com pessoas, sempre que saísse dos limites de trabalhos configurados pelo gestor da operação. Por isso, foram feitos testes de frenagem e parada do trator, entre terceira e sexta marcha, a aceleração plena, sem nenhum implemento acoplado. Na maior velocidade testada, sexta marcha, o intervalo de tempo entre o acionamento e a parada foi de 0,71 segundo, o que, nesta velocidade, correspondeu a um espaço de frenagem de 1,23 metro. Nessa mesma avaliação, a distância de parada a partir da de-

tecção de um obstáculo foi de aproximadamente dois metros. Outras avaliações, como a habilidade no algoritmo em corrigir a declividade do terreno e as mudanças de direção, também resultaram muito positivas. Neste sistema autônomo, o homem continuará encarregado de conferir e fazer funcionar adequadamente todos esses componentes e gerenciar a operação deste seu posto de trabalho externo ao trator. A vantagem é que ele poderá operar várias máquinas ao mesmo tempo e poderá executar as operações de planejamento de trajeto e padrão operacional de cam.M po a remoto.

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CAPA

Fendt Rogator 934H Com barras de 40 metros, tanque de 3.500 ou 4.200 litros e capacidade de fazer até mil hectares num único dia, o Fendt Rogator 934H impressiona também pela quantidade de recursos e tecnologias aplicados a uma mesma máquina, na sua versão standard

E

ntre as várias operações que o produtor rural tem que realizar e concluir seu processo de produção, uma das mais importantes é a aplicação de produtos químicos de proteção à lavoura. O uso de equipamentos de aplicação como os pulverizadores se tornou indispensável para alcançar altas produtividades e qualidade do produto.

Embora a semeadura e a colheita sejam operações fundamentais para a produção, o pulverizador adquiriu um status de importância enorme neste contex-

32 • revistacultivar.com.br • Cultivar Máquinas 241

to da agricultura eficiente e de qualidade. Considerando todas as máquinas utilizadas no processo produtivo, o pulverizador é a máquina que mais horas de trabalho realiza ao longo do ciclo das culturas.


Fotos Charles Echer

Como máquina vital ao processo, o pulverizador tem que ser preciso, eficiente, durável e ainda atender todos os requisitos de segurança das pessoas e do meio ambiente em que ele está inserido. Poucas máquinas tiveram desenvolvimento recente tão intenso nos últimos anos. O Fendt Rogator é derivado do Ag-Gator, produzido na década de 1960-70 nos EUA, passando depois a denominar-se TerraGator, sendo produzido até hoje com esta denominação. O Roga-

A velocidade de aplicação pode chegar a 43 km/h e a velocidade de deslocamento é limitada a 55 km/h

tor derivou-se deste equipamento, começando a ser produzido em 2012, com a série 900 desde 2017. O Fendt Rogator da série 900, modelo 934H fabricado nos EUA, em Jackson, Minneapolis, pela Fendt foi trazido e lançado na Agrishow 2023, em Ribeirão Preto (SP). Embora já existam pulveriza-

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A barra de aplicação do Rogator 934H é fabricada totalmente em alumínio, dividida em três seções, com controle de corte da vazão b

dores comercializados, o equipamento que testamos faz parte de uma pré-série e em breve haverá disponibilidade de unidades para entrega aos clientes. O Fendt Rogator 934H é um produto global, com o modelo comercializado aqui no Brasil exatamente igual ao vendido no mercado norte-americano e nos outros países onde a marca atua. Nos EUA, a série 900 é composta de outros dois modelos, o RG932 e o R937. Os modelos RG934 têm duas versões, R934 e RG934H, e os RG937, igualmente em duas versões, RG937 e RG937H. O H da designação representa o alto vão livre disponível nestas versões. Para testá-lo e conhecer as suas características e condições de operação, a equipe da Revista Cultivar Máquinas e do Laboratório de Agrotecnologia da UFSM foi até o município de Sidrolândia, no estado do Mato Grosso do Sul, especificamente na Fazenda Recanto, pertencente ao Grupo Trevo.

Motor e transmissão

O motor AGCO Power de seis cilindros e 8.400 centímetros cúbicos (cm3) que produz potência de 340 cv e torque de 1.600 Nm, atende aos mais rigorosos padrões de limites de emissões vigentes nos EUA, que é o Tier IV Final (T4F) com o sistema SCR, que utiliza a ureia como catalisador e um filtro de partículas (DPF) para eliminar resíduos da combustão ao meio ambiente. O motor é homologado pelo fabricante para utilizar os dois tipos de combustível Diesel oferecidos no mercado nacional, o S500 e o S10. Um depósito de 567 litros de combustível garante a autonomia para o equipamento. A posição frontal do motor proporciona uma excelente distribuição de peso, dando conforto ao operador e segurança no deslocamento em velocidades mais altas, pela distribuição de peso, entre os componentes da parte dianteira e traseira do veículo. Durante o teste e movimentação do veículo não vimos as oscilações longitudinais, muito frequentes em outros equipamentos.

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bico a bico. O posiciona mento horizontal da barra é feito pela tecnologia Fendt OptiHeight que utiliza cinco sensores de posição

Fotos Charles Echer

O sistema de controle de tração e movimentação das rodas é o AWD Smart Drive, que tem integração com o motor, por meio de gerenciamento eletrônico. Com isso, há um controle automático da rotação do motor e a velocidade de deslocamento do veículo. Isso é muito importante para a manutenção de um melhor padrão de aplicação, além de outras vantagens como a redução de consumo de combustível. Mesmo com variações de terreno, aclives e declives, a velocidade individual de cada roda é controlada e a velocidade se mantém. Para a transmissão de movimento independente e contínuo das quatro rodas motrizes se utilizam recursos de eletrônica e variação da potência hidráulica. Por meio de motores hidráulicos individuais e atuação da eletrônica, a rotação de cada roda é controlada por sensores individuais de rotação.

Sistema de pressurização e dosagem

Uma das mais importantes partes de um pulverizador autopropelido

é aquela relacionada com todos os componentes que pressurizam o líquido e o enviam à barra para a aplicação. O equipamento que testamos tem um depósito de calda de 3.500 litros, mas a Fendt oferece como opcional um de 4.200 litros, ambos fabricados em aço inoxidável. Além da durabilidade do aço inox, várias outras vantagens, como a limpeza fácil e a diminuição de depósitos em cantos, são possíveis de concluir pela visualização do sistema adotado. Além do depósito principal, o equipamento tem um outro tanque de água limpa com 523 litros que serve ao sistema LiquidLogic. O LiquidLogic realiza o gerenciamento completo da calda, desde o ponto de abastecimento frontal, até o sistema de limpeza automático da máquina. Um terceiro depósito de 40 litros de água limpa serve para a higiene do operador. Trabalhando em conjunto com o depósito, existe um sistema de injeção direta, colocado no lado esquerdo do equipamento que permite a

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O Rogator possui barras de alumínio de 36 ou 40 metros e reservat inoxidável com capacidade de 3.500 ou 4.200 litros de calda dep

que impede o aquecimento demasiado e protege a bomba, aumentando a sua duração. O sistema LiquidLogic, que é original do Rogator e passou a ser utilizado em outros produtos da linha de pulverizadores da AGCO, provoca a recirculação do fluido líquido em

Fotos Charles Echer

mistura do produto comercial, formando a calda. Na parte traseira do Rogator há dois depósitos de 150 litros cada, para funcionamento do sistema de injeção direta, de maneira que podem ser colocados dois produtos ou misturas diferentes, que o sistema se encarrega de mesclar nas doses que sejam necessárias à aplicação em particular. O abastecimento do depósito com água ou mesmo calda pronta, como é usual atualmente em vários estabelecimentos rurais, ocorre tanto pela lateral, próximo ao painel de injeção direta, como pela parte frontal, abaixo do compartimento do motor. Com essa possibilidade e para facilitar a operação foram dispostos dois quadros de comandos, cada um colocado próximo à tomada de engate rápido lateral e frontal. No teste, vimos a facilidade com que se pode utilizar os painéis. O sistema que utiliza calda pronta é que mais se alia à eficiência de aplicação, pois é mais rápido e seguro e aproveita toda a potencialidade da máquina. A bomba de pulverização é da marca Hypro e possui um sistema interessante de proteção ao desgaste, com um líquido de arrefecimento,

todo o circuito desde o tanque, passando pelo sistema de mistura e recarga, recuperando o produto que tenha sobrado dentro do depósito ao final da aplicação, provocando várias vantagens como economia de produto, proteção ambiental, eliminação de entupimentos. Ele atua também como um sistema automático de limpeza. É um diferencial deste equipamento.

Veículo

A bitola pode ser ajustada entre 3,04 metros e 3,86 metros de largura

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O Rogator 934H, mais que um pulverizador, é um veículo, adequado ao deslocamento a maiores velocidades e desenvolvido para enfrentar as dificuldades e irregularidades de um terreno agrícola. Pelo sistema de transmissão é possível realizar o deslocamento no campo, em operação, até um limite de 43 km/h de velocidade de aplicação, normalmente feito entre a faixa de 20 a 22 km/h. A velocidade de deslocamento em transporte é limi-


tório de produto de aço pendendo do modelo

tada em 55 km/h. Para a operação, incluindo as manobras com o sistema VarioCruse é possível programar duas velocidades e variá-las nesses dois escalões através do monitor. Para alcançar esses limites operacionais, o fabricante dotou o equipamento de vários dispositivos que objetivam segurança operacional, combinada com a manutenção de condições adequadas ao bom funcionamento e atendimento dos requisitos de qualidade e segurança na tecnologia de aplicação de produtos líquidos. Tudo começa com um chassi adaptado ao rigor da operação. É utilizada uma estrutura robusta toda aparafusada, com parafusos denominados buckbolt. São parafusos especiais, com um sistema blocante contra afrouxamento e soltura. Os eixos traseiro e dianteiro são unidos ao chassi principal por meio de amortecedores tipo bolsa de ar, que acumulam pressão e, pelo siste-

ma ativo de suspensão, podem encher-se e esvaziar-se para absorver os impactos e as oscilações, em um curso aproximado de 40 cm. Vimos que as colunas dos rodados - conhecidas como canelas -, onde estão ligados os rodados, possuem dois cilindros guias e, no meio, pistão hidráulico, que proporciona a elevação e abaixamento. Esse sistema demonstra ser bastante efetivo na robustez, como para evitar o desgaste. Os pneus que equipavam o modelo testado eram da medida 380/105R50, em ambos os eixos. Para a movimentação de veículos, vimos várias soluções interessantes e que não estão presentes na maioria dos equipamentos que conhecemos do mercado brasileiro. O acionamento das bombas hidráulicas que proporcionam o deslocamento do veículo é diretamente ligado à saída do motor, o que me-

lhora a eficiência do sistema. São três bombas colocadas em série e que utilizam o mesmo óleo hidráulico. A primeira bomba é exclusiva para o sistema de transmissão do movimento aos rodados. A segunda bomba serve ao sistema de pulverização e a terceira bomba é dedicada às funções em geral, como a movimentação da escada de acesso à cabina, do ajuste de bitola, do ajuste da altura do veículo, entre outras funções acessórias. Para isso, o pulverizador conta com um depósito de capacidade de 136 litros para o óleo hidráulico. No deslocamento, o fabricante previu quatro alternativas de direcionamento, sendo uma pelos rodados dianteiros, outra pelos traseiros, uma por ambos os rodados e uma quarta no modo caranguejo, onde os dois rodados giram para o mesmo lado, fazendo com que o veículo se desloque na diagonal,

A altura do vão livre pode variar de 1,52 m a 1,93 m em menos de 45 segundos

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para o lado. Essa tecnologia, denominada direção GatorTrak™, auxilia nas manobras de cabeceiras, fazendo com que se possa diminuir o espaço de manobras, controlando-o diretamente do monitor na cabina e conseguindo diminuição de amassamento e redução de espaço. Durante o teste, nos chamou a atenção um protetor colocado na parte inferior do veículo, constituindo-se em um fundo plano, que pode ser facilmente aberto em três seções, para as operações de inspeção e manutenção. Isso é bastante útil para evitar danos às culturas de grande porte. Também se pode ver que foi feito neste equipamento um trabalho de proteção bastante efetivo em todas as mangueiras hidráulicas. Um recurso interessante que vimos na movimentação do Rogator é relacionado à geometria de suspensão. Os rodados apresentam cambagem positiva, em relação ao plano vertical, isso provoca redução na largura da canela e diminuição do dano que os rodados podem provocar à cultura disposta em linha. O ajuste da bitola, que é a distância de centro a centro dos pneus em cada eixo, é feito diretamente do posto do operador por meio de cilindros hidráulicos. Para dimi-

nuir o esforço recomenda-se fazê-lo, com o veículo em movimento, a uma baixíssima velocidade. Não há necessidade de verificação nem bloqueios mecânicos, sendo a medida mostrada no monitor ao operador. A medida é infinita entre 3,04 m e 3,86 m. A altura do equipamento é facilmente variada em função do tipo de aplicação pelo sistema Aplic Height. Para cultivos baixos ou em fases iniciais de desenvolvimento da cultura, a barra e o próprio veículo podem ser posicionados com um menor vão livre padrão, ao redor de 1,52 m para melhorar o desempenho da aplicação e do veículo. Para culturas de porte alto, em fases adiantadas de desenvolvimento, como os tratamentos de final do ciclo do milho, a série H permite que se amplie a distância do solo ao fundo do equipamento para até 1,93 m em menos de 45 segundos. Quando o veículo está na sua altura máxima, por questões de segurança a veloci-

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dade fica limitada a 24 km/h.

Barra de aplicação

A barra de aplicação do Rogator 934H é fabricada totalmente em alumínio, dividida em três seções, com controle de corte da vazão bico a bico. Ela liga-se ao veículo por meio de um sistema de torre, que é um suporte traseiro que movimenta a barra verticalmente, alterando a sua altura. Visualmente, verifica-se uma robustez enorme deste quadro. Para o mercado brasileiro atualmente os comprimentos da barra de aplicação são de 36 ou 40 m, dependendo da opção do cliente. No equipamento que testamos, a barra tinha 40 m de comprimento. A barra em posição fechada está pronta para o deslocamento a maior velocidade, por isso a geometria do veículo traz mais da metade do peso para a parte da frente, melhorando a estabilidade no transporte. Quando a barra é aberta e está em posição


de operação no campo, é travada e o peso se distribui em 60% a 40%. Nota-se, no campo e em operação de aplicação com a barra aberta, uma leve oscilação do veículo copiando as ondulações do terreno enquanto a barra permanece estável. O nivelamento da barra e sua posição vertical são controlados por cinco sensores de altura. Isso permite uma maior velocidade de deslocamento em comparação com outros equipamentos que não dispõem da tecnologia presente no Rogator. Em uma visão traseira se nota a ação de dois pistões colocados na barra, que têm a missão de controlar a oscilação lateral.

Tecnologia

Embora o produto tenha um alto grau de tecnologia, sendo repleto de recursos de compensação, variação e monitoramento, é necessário salientar algumas tecnologias mais destacadas, que o diferenciam dos demais, oferecidos no mercado brasileiro. O sistema OptiPulse controla a quantidade de produto a ser distribuído pelos bicos em cada situação particular. Combina-se o sistema de pressurização com o corte bico

a bico com válvulas PWM e os sensores de vazão para colocar uma quantidade precisa no local registrado pelo mapa de aplicação. Nas curvas, a tecnologia TurnLogic faz a modificação da vazão, para conseguir compensar as diferentes velocidades percorridas por bico e sua posição na barra. Sobre o teto da cabina está colocada a estação meteorológica WhatchDog, que fornece informação que é utilizada para melhorar os padrões de aplicação. Todas essas informações podem ser apresentadas, tanto no terminal do veículo, como no terminal de aplicação. Esse equipamento é standard para o modelo comercializado no Brasil. No teto da cabina são colocadas as antenas tipo tubarão, que servem ao sistema de telemetria, que igualmente é standard para este modelo, e os Slingshot, que são antenas dedicadas ao registro da posição somente para a aplicação. O sistema de telemetria permite comunicação remota pelo Fendt Connect. O piloto automático utilizado neste equipamento é o Fendt Guide RS1. O posicionamento horizontal da barra é feito pela tecnologia Fendt OptiHeight, que utiliza cinco sensores de posição, que atuam por efeito dopler para detectar o plano hori-

zontal do solo ou mesmo da cultura e movimentar a barra na vertical, mantendo a altura ótima de aplicação. Para o controle de vazão do produto pelos bicos, a tecnologia OptiStop™Control utiliza válvulas de esfera eletrônicas, que promovem o desligamento e o acionamento, controlando instantaneamente a saída de produto. Portanto, com as válvulas PWM o corte de vazão é bico a bico como standard neste modelo. Isso é fundamental para economizar produto e proteger o meio ambiente, evitando a sobreposição de aplicação entre passadas.

Cabina

Acessando por uma escada retrátil se chega a uma ampla plataforma, com guarda-corpos na lateral esquerda e traseira da cabina. Entrando pela única porta no lado esquerdo se chega ao interior de uma ampla cabina, categoria 4, igual à que é utilizada nos tratores Fendt. As cabinas desta classificação apresentam condições de proteger integralmente os operadores contra a poeira em suspensão, aerossóis provenientes das aplicações e mesmo os vapores decorrentes da evaporação. Para essa proteção se dispõe de filtragem por carvão ativado e pressão positiva. A pressão positiva é muito impor-

Cultivar Máquinas 241 • revistacultivar.com.br • 39 Charles Echer


A cabina, categoria 4, igual à que é utilizada nos tratores Fendt. O assento do operador é premium com absorção pneumática revestido em À direita do operador fica o console principal com todos os comandos da máquina e dois monitores são responsáveis pelo gerenciamento

tante para conter a entrada de fluidos do exterior para a cabina, fisicamente insuflando ar de forma homogênea e constante, a pressão exterior ao nível atmosférico não induz a entrada em um ambiente fechado. Como forma de cumprimento de normas de segurança mundiais, a cabina possui uma saída de emergência no teto. No centro da cabina, um assento premium com absorção pneumática revestido em couro, que neste modelo é standard, tem aquecimento e correção para a lombar. À esquerda do assento principal, um assento de acompanhante, também disponível na versão standard, serve principalmente para os treinamentos de novos operadores. À direita do operador, um descansa braço, igual aos que são utilizados nas colhedoras Fendt, contém os comandos secundários e o principal, multifuncional joystick que controla o sentido e a intensidade do movimento da máquina. Sobre este console, dois monitores proporcionam in40 • revistacultivar.com.br • Cultivar Máquinas 241

formação ao operador. O primeiro, denominado NT01, é o Fendt Varioterminal™, responsável pela informação de gerenciamento da máquina, incluída a manutenção. No segundo monitor, denominado Fendt Viper® 4+ Raven, colocado mais à frente do console, é apresentada toda a informação relacionada à operação de aplicação, com detalhes. Para dar

uma ideia da tecnologia envolvida, basta informar o volume que se quer aplicar por área e a pressão de trabalho que se deseja trabalhar e ele calcula o padrão de aplicação de cada ponta. Para isso, usa informações pré-configuradas que devem ser incluídas pelo técnico responsável. Neste segundo monitor é possível receber informação precisa e instan-


Fotos Charles Echer

couro, com aquecimento e correção para a lombar. da máquina e o gerenciamento da aplicação

tânea de aplicação de taxa variável (VRA) de até dez produtos e compor um mapeamento com as zonas já aplicadas e por aplicar. Além de todo o conforto da cabina, há outros recursos, como a presença de uma câmera de ré e a vasta área envidraçada. A quantidade de iluminação e de dispositivos refletivos é impressionante, com vários focos de luz para todas as dire-

ções. Para facilitar ainda mais o trabalho do operador moderno, que utiliza uma máquina de alto rendimento como esta, um microfone está colocado no lado direito da cabina, permitindo a operação com mãos livres, no atendimento de telefone e rádios.

Considerações finais

Com todos os recursos que vi-

mos no campo e explanamos neste texto, e considerando a versão que testamos, com depósito de 3.500 litros e uma barra de aplicação de 40 metros de comprimento, é plenamente possível, nas condições de teste, considerar uma capacidade operacional de aproximadamente 800 hectares por dia. Utilizando-se condições ideais e com uma excelente logística se pode alcançar mais de mil hectares por jornada de trabalho. Mas o que mais nos impressionou neste teste de campo com o Fendt Rogator 934H foi a quantidade de recursos aplicados a uma mesma máquina, na sua versão standard. Os destaques começam pelo posto do condutor, com o conforto da cabina e os acessos a ela, e continuam com as tecnologias disponíveis para uma aplicação segura e qualificada. Elementos que são opcionais em outras máquinas do mercado são disponibilizados na .M versão de entrada. José Fernando Schlosser, Lab. de Agrotecnologia – Nema – UFSM

O test drive foi realizado na Fazenda Recanto, no município de Sidrolândia, interior do Mato Grosso do Sul Cultivar Máquinas 241 • revistacultivar.com.br • 41


SEMEADORAS

Potencial inicial

A

As boas práticas de plantio são fundamentais para garantir um bom estabelecimento de plantas, com condições ideais para que elas desenvolvam todo o seu potencial

constante evolução em manejo agronômico, insumos, máquinas e equipamentos vinculado à semeadura e ao estabelecimento de plantas, tem alavancado a produtividade de grãos em diferentes espécies no agronegócio brasileiro, com especial destaque para a soja. A associação entre tecnologias disponíveis com as necessidades do

ambiente de produção, cultivares, épocas de plantio, qualidade de sementes (física, fisiológica, sanitária e genética), tratamento de sementes, vinculados à sensibilidade do material genético frente às demandas e carências presentes nos ambientes que constituem o talhão, cria uma fortaleza na busca por altos rendimentos de grãos. As sementes são o elo entre genética, biotecnologia e produtivida-

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de, mas para isso acontecer precisamos sempre preconizar lotes com altos índicos de qualidade, com destaque para o vigor e a germinação, com uma excelente distribuição de ativos via tratamento de sementes e um adequado ambiente de plantio. A dinâmica do ambiente é formada por todos os manejos agronômicos da porteira para dentro da fazenda, que possuem a capacidade de influenciar o estabelecimento uniforme das plantas. Neste contexto, destacam-se a plantabilidade, o momento do plantio, o contato solo-sementes, a profundidade uniforme e correta de deposição de sementes, a


O vigor de sementes caracteriza-se como um conjunto de características que determinam o potencial fisiológico das sementes e sua capacidade de originar plantas de alta performance em ambientes de produção que atendam as necessidades mínimas para germinação e emergência de plantas

disponibilidade de água, a temperatura e a aeração do solo. O tratamento de sementes possui papel fundamental em proteger a semente e a planta durante o período que esta estiver no solo aguardando a germinação, emergência e no desenvolvimento inicial. Considerando a sensibilidade atual das cultivares e a diversidade de clima e solo das fazendas, deve-se sempre preconizar produtos registrados no Ministério da Agricul-

tura para esta finalidade, com precisão na distribuição de ativos e calda em todas as sementes, na ausência de danos mecânicos e de excesso de calda. O vigor de sementes caracteriza-se como um conjunto de atributos que determinam o potencial fisiológico das sementes e sua capacidade de originar plantas de alta performance em ambientes de produção que atendam às necessidades mínimas para germinação e emergência de plantas. Entre as necessidades para germinação e emergência uniforme de plantas em grandes culturas, está a utilização de sementes de qualida-

de seguida pela semeadura com o máximo de contato solo-sementes. Destacam-se como recomendações complementares a implantação das culturas, evitar a presença de sulco espelhado, sementes envoltas por bolhas de ar ou palha no solo, excesso de profundidade ou semeadura superficial, altas taxas de variação na profundidade ao longo da linha de semeadura, excesso ou falta de umidade, com alta ou baixa temperatura no solo. A semeadura seguida pelo estabelecimento uniforme de plantas com alta performance produtiva é o principal desejo e desafio do agricultor brasileiro. Por isso, entender que pequenos ajustes ao longo do sistema de produção, como escolha correta da cultivar, utilização de sementes com alta qualidade, ambiente de produção, plantabilidade, solo estruturado e sem compactação, o manejo eficiente dos agentes redutores de produtividade, processo logístico e armazenamento cor-

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Limitações com maior ocorrência nas regiões produtoras do Brasil • Semeadura no pó. • Semeadura seguida de chuva pesada ou imediatamente após a chuva. • Residual de herbicidas no solo. • Excesso de profundidade na semeadura. • Semeadura superficial. • Solos com altos índices de compactação. • Temperatura do solo alta ou excessivamente baixa. • Excesso de palhada, dificultando o processo de corte, abertura e fechamento de sulco de plantio seguido pela distribuição uniforme das sementes. • Falta de palha sobre o solo, alterando a temperatura, a disponibilidade de água e o impacto da chuva sobre o solo. • Falta ou excesso de umidade no solo. • Danos por calor nos cotilédones da soja. • Escaldadura por alta temperatura na soja. • Deriva de herbicidas não seletivos aplicados em áreas circunvizinhas. • Ocorrência de chuvas em um período menor que 20 horas em pré ou pós-plantio. • Ataque de doenças, pragas, lesmas e caramujos. • Sementes com baixos índices de vigor e germinação. • Excesso ou falta na aplicação e distribuição uniforme do tratamento de sementes. • Reduzida drenagem no solo. • Ausência de manutenção preventiva em máquinas e equipamentos. • Inexistência de treinamento com equipe técnica e operadores.

reto, entre outras ações, são cruciais para garantir altos índices de rendimento de grãos. O agricultor deve entender a necessidade das grandes culturas de semear com espaçamento e profundidade correta, com aeração, temperatura e umidade adequada no solo. O principal desafio no estabelecimento de campos de produção é construir estandes de plantas uniformemente distribuídos, sem duplas, triplas e plantas limitadas. Neste contexto, se faz necessário durante a semeadura prezar por condições ideais de temperatura, umidade do solo, profundidade correta e uniforme para deposição das sementes no sulco.

Plantabilidade

A plantabilidade é a principal aliada na busca por altos rendimentos de grãos, porém se faz necessária uma ampla compreensão das relações associadas à distribuição de planta precisa no campo. Esta não se limita à distribuição espacial das plantas no talhão, mas sim em administrar todas as relações negativas entre as sementes, as plantas e o solo. A distribuição de plantas através de sementes exige a coordenação

A distribuição de plantas através de sementes exige a coordenação de ações relativas à escolha de lotes de sementes com alta performance, manejo adequado do ambiente de plantio com suas limitações, aliado à distribuição precisa no campo

44 • revistacultivar.com.br • Cultivar Máquinas 241


de ações relativas à escolha de lotes de sementes com alta performance, ao manejo adequado do ambiente de plantio com suas limitações, aliado à distribuição precisa no campo. Os principais fatores que precisam ser observados estão relacionados à semeadura com distribuição horizontal e vertical correta e uniforme, à temperatura e à disponibilidade de água no solo na profundidade de deposição das sementes, ao corte da palha, ao fechamento e à compactação do sulco. A atual dinâmica de semeadura, cultivares e diferentes ambientes exige uma coordenação de ações agronômicas com vista à implanta-

Alexandre Gazolla explica como planejar a semeadura

ção da cultura e o manejo para altos rendimentos de grãos. A genética moderna exige um maior planejamento e organização criteriosa das ações em pré e pós-plantio, com vista a administrar as limitações impostas pela dinâmica

dos ambientes e épocas de semeadura nas diferentes regiões. A avaliação dos riscos de um plantio em condições adversas é indispensável para evitarmos perdas de plantas, formação de plantas fracas ou mesmo a necessidade de replantio. É possível perceber, no box a seguir, as principais limitações para o plantio que ocorrem nas la.M vouras brasileiras. Alexandre Gazolla Neto, Consultoria O Agro

Dúvidas frequentes de agricultores durante o planejamento da semeadura Lotes com sementes com altos níveis de germinação e vigor suportam todas as condições adversas no plantio? Sementes com altos níveis de germinação e vigor possuem maior habilidade em enfrentar e interagir em condições adversas no ambiente de semeadura, porém não podemos pensar que a semente é um super-herói. Devemos considerar que para ocorrer o processo de germinação e consequentemente a emergência, precisamos de condições mínimas no solo, proporcionando o máximo contato solo-sementes, com profundidade correta e uniforme, umidade, temperatura e aeração recomendada no solo. Posso seguir com a semeadura até o início da chuva e retornar ao término desta? Não. Sempre precisamos respeitar um período mínimo de 12 a 24 horas sem chuvas após a semeadura. No caso específico de sementes de soja, esta observação deve ser levada a sério, tendo em vista o alto dano por embebição nas sementes ou da água direto nos

técnicos das plantas em função da alta disponibilidade de água no solo. Muitos agricultores consideram a recomendação do período muito difícil de ser cumprida na prática, porém destacamos que cada hora que paramos a semeadura antes da chuva, menos danos ocorrerão no estande de plantas. Quais as recomendações técnicas para minimizar a escaldadura por calor na emergência da soja? A escaldadura por calor ocorre nos primeiros dias após a emergência, devido ao baixo teor de lignina nos tecidos que formam o hipocótilo. As principais práticas de manejo que contribuem para a sua redução são a manutenção de palha sobre o solo, realizar o planejamento de semeadura em épocas de temperatura mais amenas e administrar a profundidade de deposição das sementes, entre 3 e 4 centímetros (cm). O excesso de profundidade promove o engrossamento e estiolamento do hipocótilo, deixando a planta suscetível à escaldadura, ocorrendo o anelamento na linha de contato com o solo na emergência.

Cultivar Máquinas 241 • revistacultivar.com.br • 45


COLHEDORAS

Evitando perdas O gerenciamento de perdas de colheita na cultura do algodão é uma tarefa essencial quando se quer colher fibra de qualidade e com a menor perda possível. Com ele, o produtor, além de monitorar o trabalho atual, consegue projetar diferentes intervenções para as próximas colheitas

D

entro dos sistemas de produção agrícola, a produção de algodão é uma das mais tecnológicas. À medida que o produtor vai melhorando seu ambiente de produção e suas práticas de manejo, há maiores investimentos em cultivares mais produtivas, as quais são mais exigentes e demandam das operações agrícolas agilidade, precisão e qualidade no trabalho executado, desde o preparo do solo, plantio, tratos culturais, até a colheita. A operação de colheita é o momento em que o produtor irá se beneficiar de todas as boas práticas nas operações anteriores dentro da janela ótima, garantindo máxima taxa de natalidade de plantas e manutenção da saúde da lavoura até o momento tão esperado da colheita. Para que o produtor possa colher bons resultados, é preciso compreender os fundamentos agronômicos da operação de colheita do algodão, que são: janela de colheita, quali-

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Fotos David Lee Mjolsness

dade de fibra, perdas mínimas, embalagem do fardo redondo, documentação e mapeamento da colheita.

Janela de colheita

Toda cultivar de algodão possui uma janela ótima de colheita para cada ambiente em que esteja instalada, por isso é fundamental garantir que toda produção seja retirada do campo dentro das condições ideais de umidade e maturação da fibra. Uma vez que a fibra esteja madura e com a umidade ideal, começa a colheita mecanizada que basicamente possui três tipos de perdas, sendo as perdas naturais, as perdas na planta e as perdas no solo. As perdas naturais estão diretamente relacionadas à janela ideal de colheita, ou seja, à medida que o produtor colhe o algodão fora da janela ideal, as perdas naturais aumentam. Por-

Para reduzir as perdas na planta e no solo é muito importante compreender o caminho que a planta faz dentro da máquina

tanto, é muito importante garantir a manutenção e a limpeza da máquina para que as paradas não programadas sejam evitadas e se possa colher o máximo de hectares por hora, dentro da janela ideal de colheita. Além disso, é preciso ficar atento à velocidade ideal de deslocamento, pois esta deve ser sincronizada com as unidades de colheita da máquina, garantindo assim a máxima captura da pluma pelos fusos. Treinar os operadores para que sigam as linhas de trajeto da máquina, trabalhem com o piloto automático, mantenham velocidade constante de colheita e cumpram o planejamento de descarga dos fardos nos talhões, ajuda a aumentar a eficiência operacional e os hectares colhidos por hora, mantendo o fluxo constante de algodão através da máquina.

Cultivar Máquinas 241 • revistacultivar.com.br • 47


Fotos Autores

O primeiro contato que a planta tem com a máquina é através dos divisores de linha

Caminho da planta dentro das unidades de colheita

Para reduzir as perdas na planta e no solo é muito importante compreender o caminho que a planta faz dentro da máquina, principalmente dentro das unidades de colheita que são o local onde ocorre a maior quantidade de etapas para a retirada precisa de pluma da planta. O primeiro contato que a planta tem com a máquina é através dos divisores de linha, que são responsáveis por separar as linhas laterais da linha do centro que será direcionada para o interior da unidade. Os divisores de linha possuem ajustes de altura do solo para melhorar essa separação das linhas laterais da linha do centro. Em seguida, as plantas passam pelos dedos levantadores que vão erguer os capulhos do baixeiro da planta. Os dedos levantadores possuem infinitas posições justamente para garantir a máxima captura de algodão, por mais baixo que ele esteja na planta. Depois, as plantas são

encaminhadas para as chapas de guia das plantas que vão centralizá-las em direção aos fusos. Como os fusos estão girando em seu próprio eixo e através das barras ao longo do tambor, eles capturam apenas a pluma nesse momento, e, para evitar que a planta entre em contato com os fusos e que eles arranquem a planta do solo, existem as barras de grade. Então, somente a pluma entra em contato com o fuso e as barras direcionam a planta ao centro das unidades. Depois que as plantas são centralizadas na unidade, as chapas de compressão são responsáveis por acomodar as plantas de algodão e aproximá-las dos fusos para que eles consigam capturar as plumas com eficiência. Isso acontece no tambor dianteiro e no traseiro. Como no tambor traseiro terá menos pluma na planta, existem as chapas de raspagem que ajudam a aproximar ainda mais a pluma dos fusos para que eles consigam capturar toda a pluma presen-

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As plantas são encaminhadas para as chapas de guia das plantas, que vão centralizá-las em direção aos fusos

te na planta. O excesso de pressão exercida pelas chapas de compressão e chapas de raspagem pode sujar a pluma com a seiva desprendida pela planta que passa por esse excesso de pressão. Uma vez capturada, a pluma precisa se desprender dos fusos para que eles possam repetir o processo na próxima volta do tambor. Nesse momento, a integridade dos fusos é fundamental para garantir que a pluma seja capturada e desprendida com eficiência e precisão. Os fusos passam pelos desfibradores e o algodão é retirado de lá. Neste momento, a regulagem entre o fuso e o desfibrador, assim como a integridade dos desfibradores, é muito importante para evitar o chamado “encarneiramento” dos fusos que ocorre quando o algodão não se desprende e este passa a se compactar ao redor dos mesmos, prejudicando a captura de pluma na próxima volta que este fuso der no tambor.


Depois do desfibrador, os fusos passam pelo processo de limpeza e lubrificação para que estejam aptos a capturar a pluma novamente. Para que a limpeza e a lubrificação dos fusos sejam feitas da forma correta, é muito importante verificar a qualidade do produto de limpeza utilizado, assim como o modo de aplicação do produto nas escovas de limpeza. Depois que o algodão é retirado pelos rolos desfibradores, ele cai na sua base, tanto no tambor dianteiro como no traseiro das unidades, e aí uma pressão de ar positiva é gerada para impulsionar a pluma até o acumulador. Nas unidades existe a maior quantidade de ajustes, limpeza e manutenção para evitar as perdas na planta e as perdas no solo. Portanto, é muito importante garantir a limpeza periódica e a integridade dos fusos, dos desfibradores e das escovas de limpeza, além de utilizar o produto correto de limpeza e lubrificação dos fusos.

Caminho da pluma, do acumulador até a descarga do fardo

O acumulador recebe a pluma vinda das unidades e começa um processo de compactação da pluma em seu interior. A partir do momento que ele está cheio, ocorre a transferência da pluma para a câmara de formação do fardo através dos rolos batedores e transportadores e da esteira transportadora. Nessa etapa é muito importante garantir a limpeza eficiente de todo esse caminho percorrido pela pluma, assim como o alinhamento e o tensionamento da esteira transportadora e a integridade dos rolos batedores e transportadores do interior do acumulador. As perdas no acumulador po-

dem ocorrer pela falta de limpeza adequada e por uma falha operacional comum, onde o operador tem um fardo pronto dentro do módulo de formação do fardo e ainda não o ejetou. Isso faz com que o acumulador fique cheio e a pluma comece a ser despejada a partir da grade superior do acumulador. Para evitar esse tipo de perda é muito importante trabalhar na velocidade recomendada e planejar a ejeção dos fardos. Com a pluma dentro da câmara de formação do fardo se inicia o processo de compactação e formação do módulo redondo. Aqui é muito importante manter a limpeza, a integridade e o alinhamento das correias que comprimem o algodão no interior da câmara, evitando contaminação do algodão por impurezas e por fragmentos de plástico provenientes da embalagem do fardo. Nessa fase, configurar adequadamente o diâmetro do fardo de acordo com a cultivar colhida ajuda a evitar fardos com excesso de peso que podem romper a embalagem quando depositados no campo ou manuseados até a chegada na algodoeira. Toda colheita deve ser monitorada, mapeada e documentada para que se tenha o maior número de in-

formações que servirão de auxílio à tomada de decisões instantâneas ou de curto, médio e longo prazo. O mapeamento da colheita ajuda o produtor a identificar áreas de maior e menor produtividade e esses dados contribuem para as tomadas de decisão agronômicas e facilitam o entendimento dos dados de perda de colheita. A documentação contribui para o registro de histórico de manejo e resultados de colheita, sendo informações muito importantes para traçar os planos de melhoria contínua do processo de colheita O monitoramento em tempo real ajuda a identificar e resolver rapidamente problemas e inconsistências operacionais, visando reduzir ainda mais as perdas de colheita. Em uma produção cada vez mais intensiva com altas produtividades, as máquinas e a tecnologia interferem e vão interferir ainda mais no potencial das lavouras de algodão, se tornando indispensáveis para uma produção com perdas mínimas, mais sustentável e rentável para todos os envolvidos na cadeia produti.M va dessa importante cultura.

João Paulo de Freitas, John Deere

O mapeamento da colheita ajuda o produtor a identificar áreas de maior e menor produtividade Cultivar Máquinas 241 • revistacultivar.com.br • 49


PULVERIZADORES

União de forças Entre as alternativas para diminuir deriva, ampliar a cobertura e reduzir o volume de aplicação está o uso de adjuvantes, que deve ser adotado junto com outras técnicas, como escolha correta de bico, por exemplo

A

s plantas daninhas têm grande impacto dentro do sistema de produção agrícola e o seu controle pode representar até 70% do custo fitossanitário. Além do elevado custo direto para controle, há desdobramentos relacionados às perdas por deriva, com impactos em cultivos vizinhos, ou em áreas de preservação ambiental. Por fim, o uso frequente tem resultado na seleção de genótipos de plantas daninhas resistentes a vários herbici-

das. Na tecnologia de aplicação há equipamentos e procedimentos que podem ser adotados para reduzir impactos econômicos e ecológicos do controle de plantas daninhas. A diminuição do volume de aplicação resulta em uma menor necessidade de uso de água, com menor demanda operacional. Para aprimorar a qualidade e a segurança das aplicações com volumes menores, os adjuvantes podem colaborar, entre outros efeitos, no preparo das caldas, pela adequação da

água e na compatibilização de produtos; na produção e transporte de gotas, pela prevenção de evaporação e deriva; no espalhamento e na absorção dos produtos pelos alvos. Porém, deve-se atentar à funcionalidade de cada adjuvante para que seja utilizado de forma a colaborar com a aplicação. Este texto aborda aspectos da diminuição do volume de aplicação de herbicidas e do uso de adjuvantes no controle de plantas daninhas.

50 • revistacultivar.com.br • Cultivar Máquinas 241 Wenderson Araujo



Espalhamento das gotas pulverizadas sobre Brachiaria e cobertura superficial em papel sensível à água com aplicação de herbicidas

A importância do controle das plantas daninhas

As plantas daninhas são intoleradas em alguns períodos no ambiente de produção, devido à competição pelos recursos que também são necessários para o cultivo, como água, nutrientes e luz, impactando na produção e na qualidade da cultura. Algumas plantas daninhas, além dos efeitos provocados pela competição, podem interagir com as plantas cultivadas por meio da alelopatia, que é a liberação de compostos bioquímicos secundários, que interferem negativamente no desenvolvimento das culturas. Há três períodos em que as plantas daninhas podem ou não conviver com culturas, definidos como: período anterior à interferência (PAI), período total de prevenção à interferência (PTPI) e período crítico de prevenção à interferência (PCPI). Com base nestes períodos, pode-se definir quando realizar uma aplicação para controle. O controle das plantas daninhas pode ocorrer por métodos mecânico, cultural e químico, predominando historicamente o químico. Devido às sucessivas aplicações de herbicidas químicos, houve seleção de genó-

52 • revistacultivar.com.br • Cultivar Máquinas 241

tipos de plantas daninhas resistentes, principalmente com herbicidas com período residual longo no solo e com especificidades no modo de ação, que podem aumentar a pressão pela seleção de genótipos resistentes. Os herbicidas atuam em sítios específicos e com mecanismos de ação distintos. Existem dois grandes grupos principais de herbicidas. Um deles, quando entra em contato com a superfície das plantas geralmente atua na destruição de membranas celulares. No outro, há absorção e translocação pelas plantas, interferindo no metabolismo de nutrição, crescimento ou reprodução.

Para ampliar a ação e prevenir possíveis casos de resistência, podem ser utilizados herbicidas com diferentes modos de ação, podendo ser um produto com mais de um ingrediente ativo, ou produtos combinados com adjuvantes e fertilizantes na calda. Com a mistura dessas moléculas espera-se maior eficiência, que permita reduzir aplicações. Com a rotatividade de ingredientes ativos, também se espera reduzir a pressão de seleção, prolongando a eficiência dos produtos e mantendo a produção sustentável.

Volume de aplicação reduzido para o controle de plantas daninhas

Para o sucesso no controle das plantas daninhas via pulverização é importante considerar fatores como a cobertura do alvo e a distribuição uniforme das gotas, em toda a área do tratamento. O conhecimento do tamanho, da uniformidade e do espalhamento das gotas sobre superfícies colabora muito para a obtenção dos resultados. Esses fatores implicam substancialmente o volume de calda que será aplicado na área. A seleção do volume de aplicação deve ter como bases o alvo, a cultura e o ambiente. A partir daí,


Fotos Fábio Lima Peron

Cobertura em papel hidrossensível, resultante de diferentes volumes de aplicação

pode-se determinar a composição da calda, indicando os produtos específicos para a planta daninha, corrigindo a qualidade da água para a estabilização das caldas, a formação e a preservação de gotas em função de temperatura, umidade e ventos, e seu espalhamento sobre as superfícies. Com base nisso, é escolhida a ponta de pulverização, numa estimativa da velocidade de deslocamento do pulverizador. Ao longo dos anos, o volume de aplicação vem sendo reduzido paulatinamente, visando diminuir desperdícios, economizar recursos e minimizar impactos ambientais, com ganhos expressivos no desempenho operacional. De toda forma, espera-se atin-

Controle químico de apaga-fogo (Alternanthera tenella) (A); apaga-fogo sem controle químico (B)

gir os bons resultados da aplicação com os volumes de calda menores e, se possível, até melhores. Para isso, a calibração do equipamento, que é a aferição da correta colocação do produto no alvo, deve ser criteriosa, atentando-se à seleção dos itens da aplicação descritos no parágrafo anterior, e aos itens operacionais, como a pressão de trabalho e das pontas de pulverização indicadas, aos procedimentos de preparo e de aplicação das caldas por operadores habilitados, para manter a configuração que resulte no controle almejado. Como resultado, a cobertura proporcionada pela aplicação deverá ser satisfatória, um dos principais

itens de aferição nas aplicações. Para conseguir boa cobertura em aplicações com volumes de calda baixos, pode-se diminuir o tamanho das gotas. Porém, gotas menores têm maior propensão a sofrer deriva e evaporação. Então, pode-se adotar adjuvantes que ajam na diminuição da deriva e da evaporação. Também podem ser considerados fatores de espalhamento e absorção das gotas e da proteção dos produtos da degradação físico-química, como a degradação por radiação ultravioleta e microbiana ao chegarem sobre os alvos. Obtendo-se uma boa chegada e preservação dos ingredientes ativos para os alvos, portanto, o esperado será um bom resultado de controle, com segurança das aplicações.

Uso de adjuvantes em volumes baixos de aplicação

Com a redução dos volumes de aplicação, menos água é adicionada ao tanque, proporcionalmente aos produtos. Com isso, aumenta a concentração de herbicidas na calda e as incompatibilidades ficam mais propícias e frequentes, podendo resultar em aglomeração e sedimen-

Cultivar Máquinas 241 • revistacultivar.com.br • 53


Formação de espuma e grumos no preparo de calda fitossanitária com mistura de produtos, caracterizando incompatibilidade

tação de produtos no fundo do tanque, irregularidade na concentração dos produtos na calda, derramamentos de calda pela formação de espuma, entupimento de filtros e de pontas de pulverização e perdas na eficiência de controle. Os adjuvantes adicionados no tanque do pulverizador no momento do preparo da calda visam otimizar a ação dos produtos e reduzir perdas. No caso das aplicações de herbicidas, há possibilidades de estabilizar as caldas, de reduzir a formação de espuma, de redução da evaporação e da deriva, aumentar o espalhamento da gota na superfície da planta, melhorar a penetração e a absorção do ingrediente ativo pela planta, ativar metabólitos para a ação de controle. Essas são características ideais e é importante dizer que alguns desses efeitos já são previstos nas formulações dos produtos, que já trazem alguns adjuvantes em sua composição. Em caso de mistura de adjuvantes no tanque, trata-se de situações locais e específicas (alvo, cultura e ambiente), que permitirão elaborar a indicação adequada da adição à calda. Fica entendido, portanto, que

mesmo com os diversos benefícios relacionados ao uso dos adjuvantes, este deve ser posicionado de forma criteriosa para impactar positivamente as pulverizações, colaborando com as propriedades físico-químicas da calda e podendo melhorar compatibilidades e eficiência da aplicação. Desde 2017, os adjuvantes são produtos de venda livre, o que requer aumento de atenção na seleção, no uso e no posicionamento dos produtos quanto à função esperada, devendo-se priorizar as especificidades necessárias. Por exemplo: condicionadores para águas com excesso de íons, ou de pH inadequado; compatibilizantes de caldas para misturas entre herbicidas incompatíveis com volume baixo; redutores de espuma para caldas que espumam; redutores de evaporação, na concentração adequada, em umidade baixa; espalhantes para superfícies hidrofóbicas; entre outras. É comum que cada necessidade ocorra em momento distinto. Por isso, é razoavelmente técnico pensar que precisemos de um adjuvante que realize bem as funções específicas, necessárias naquele momento. As-

sim, a relação de benefício e custo fica favorecida. Em aplicações de herbicidas com volumes menores que 100 litros (L) de calda por hectare, o uso dos adjuvantes cresce em importância, se posicionados de forma correta. Deve-se observar algumas características e necessidades da aplicação, para posicionar o produto de acordo com o modo de ação do herbicida utilizado na aplicação, com as condições meteorológicas, a quantidade de produtos adicionados à calda, a situação da cultura e as características do alvo (Figura 7). Na aplicação de herbicidas em pós-emergência, os produtos com translocação maior requerem mais cobertura em relação a herbicidas de translocação menor, exigindo a redução do tamanho das gotas para favorecer a cobertura da área. As aplicações de herbicidas são muito utilizadas na produção agrícola no Brasil e em todo o mundo. É fundamental aplicar maneiras mais sustentáveis e econômicas para atingir os objetivos. As boas práticas de uso e indicação corretos de volumes de aplicação menores e uso de adjuvantes são técnicas para melhoria da eficiência da produção agrícola, com economia de recursos e redução dos impactos ambientais. .M Fábio Lima Peron, Gabriela Pelegrini, Marcelo da Costa Ferreira, NEDTA-Unesp

Autores mostram a importância do uso de adjuvantes na pulverização

54 • revistacultivar.com.br • Cultivar Máquinas 241 Fotos Fábio Lima Peron




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