Cultivar Máquinas 247

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Nesta edição, a Cultivar Máquinas tem como matéria de capa um duelo de gigantes. Trata-se de análise comparativa de 12 modelos de tratores de grande porte comercializados no Brasil. Utilizando dados dos ensaios oficiais do Laboratório de Testes de Tratores da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, nossos articulistas oferecem uma visão detalhada das capacidades e performances dessas máquinas impressionantes. Tudo com o objetivo de fornecer um guia abrangente para auxiliar na escolha do trator mais adequado às necessidades específicas de cada agricultor, considerando fatores como eficiência, durabilidade e custo-benefício.

Exploramos também o crescente modelo de locação de máquinas agrícolas, que ganha força entre os agricultores brasileiros. A inovação na gestão de frota pode oferecer flexibilidade e economia, adaptando-se às necessidades variáveis das operações agrícolas.

Outro tópico abordado se refere aos impactos das enchentes no Brasil sobre as máquinas agrícolas. As recentes inundações causaram danos significativos. A decisão entre reparar ou substituir equipamentos danificados exige análise cuidadosa do custo-benefício e da extensão dos danos.

Em "antes da compra", discute-se a importância de avaliar a capacidade operacional, as tecnologias embarcadas e o dimensionamento correto dos pulverizadores para assegurar aplicações eficazes.

Por sua vez, em “espessamento lubrificante”, as oscilações na viscosidade dos óleos lubrificantes para engrenagens são analisadas. Problemas como mistura inadequada, degradação termo-oxidativa e contaminação por água ou partículas podem causar falhas graves nos equipamentos.

Isso e muito mais nas próximas páginas. Boa leitura!

10 Manutenção em máquinas de enchente

14 Critérios para escolher o pulverizador certo

18 Causas do espessamento de lubrificantes

20 Pulverização em café

24 Capa - Comparativo de tratores de grande porte

38 Como funciona o aluguel de máquinas agrícolas

40 Identificação de anomalias em mapas de fertilidade do solo

Colocamos frente a frente 12 diferentes modelos de tratores de grande porte comercializados no Brasil, comparando dados de ensaios oficiais realizados nos Estados Unidos Arte

Cristiano Ceia

Ricardo Bianchi é o novo diretor de vendas da Nissan no Brasil

Com o objetivo de fortalecer sua operação e preparar-se para uma nova fase no país, a Nissan reforçou a área comercial com a nomeação de Ricardo Bianchi como novo diretor de vendas da Nissan do Brasil.

O executivo ingressou na companhia em 2023 como gerente sênior de Operações de Vendas. Bianchi tem mais de

20 anos de experiência na indústria automotiva, tendo ocupado cargos de liderança em áreas como desenvolvimento de rede, varejo, estratégia de vendas, pós-vendas e marketing. Ele assumiu a nova função após a promoção de Rodolfo Possuelo a diretor de pós-vendas para a Nissan América Latina, em abril deste ano.

Peter Holdmann, da ZF, assume as regiões de mercado da América do Norte e do Sul

A ZF Friedrichshafen AG, companhia alemã produtora mundial de peças automotivas, reatribuiu parcialmente as responsabilidades dos membros do seu conselho. A partir da decisão de Martin Fischer de não buscar uma extensão de seu contrato com a companhia, Peter Holdmann foi promovido a responsável pelas regiões de mercado da América do Norte e do Sul, anteriormente lideradas por Fischer. Holdmann também foi nomeado para o conselho da ZF pelo conselho de supervisão em março de 2024, a partir de

1º de maio. Anteriormente, ele era responsável pela divisão de Soluções de Chassi e pelo departamento de Qualidade Corporativa.

A divisão de Tecnologia de Segurança Passiva, anteriormente liderada por Fischer, foi atribuída ao CFO Michael Frick; e a divisão de Eletrônicos e Adas foi transferida para o CEO Holger Klein.

Mahindra lança série especial sobre sua trajetória global

A Mahindra, líder mundial na venda de tratores, acaba de lançar uma série especial de conteúdos em suas redes sociais. Com operações em mais de 100 países distribuídos por cinco continentes, a marca se destaca não só no setor agrícola, mas também como uma das maiores no mercado global.

A série promete trazer curiosidades e informações detalhadas sobre a Mahindra, explorando diversos aspectos de sua atuação. Entre os temas abordados estão dados sobre o faturamento, a amplitude do portfólio global, as diversas linhas de produtos e implementos, além dos centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Além de destacar a inovação e a tecnologia, a Mahindra reforça seu compromisso com a sustentabilidade, um dos pilares da empresa. A série especial é uma oportunidade para os seguidores conhecerem mais sobre os esforços da marca em promover práticas sustentáveis e desenvolver soluções que beneficiem o meio ambiente e a sociedade.

Os conteúdos podem ser visualizados nas redes sociais da Mahindra.

Ford anuncia lançamento da F-150 2024 no Brasil no segundo semestre

A versão atualizada da picape F-150 2024 deve chegar ao Brasil no segundo semestre de 2024, conforme divulgado pela Ford. Lançado no começo do ano nos Estados Unidos, o modelo apresentará aprimoramentos no design, na tecnologia e nos equipamentos para ampliar a sua liderança global no segmento.

Picape mais vendida da América do Norte há 47 anos consecutivos, a F-150 também está presente nos principais mercados do mundo, incluindo China, Ásia, Europa, Austrália, África e América do Sul. No Brasil, ela foi lançada há pouco mais de um ano e tornou-se um símbolo de robustez, segurança, conforto e sofisticação.

Atualmente na 14ª geração e com mais de 41 milhões de unidades produzidas, a F-150 é conhecida pela inovação. É a única com carroceria feita em liga de alumínio ultrarresistente, que reduz o peso e aumenta a rigidez do veículo. Todas as especificações da linha serão apresentadas mais próximo do lançamento.

LS Tractor marca presença na Hortitec 2024

Em junho, a LS Tractor apresentou na 29ª Hortitec um portfólio completo de soluções em máquinas agrícolas para os produtores de hortaliças e frutas. A marca conta com diversos modelos de tratores entre 40 a 80 cavalos nas mais diferentes especificações, além de modelos compactos e também de construção standard, do preparo do solo e para cultivos em condições restritas de tráfego. Um dos destaques foi o MT7 de 80cv, lançamento da marca neste ano e que é focado em culturas com plantio adensado, como a citricultura. Outros modelos em exposição foram o G40, R50, R65, U60 e P80.

Conforme salienta o gerente de Marketing da companhia, Astor Kilpp, a nova linha MT7 foi desenvolvida em conjunto com produtores de frutas e café, in-

corporando todas as necessidades e especificações que foram solicitadas pelos clientes. Após a fase de projeto e testes de campo, o modelo foi homologado pelas engenharias do Brasil e da Coreia do Sul.

Os modelos contam com motores econômicos, transmissão LS e tomada de força com três opções de velocidades, além de serem equipados com sistema de proteção eletrônica de motor, opção de telemetria, entre outros benefícios oferecidos e que saem originais de fábrica.

“Quando somado às demandas que o mercado aponta como necessárias temos, ao final, um produto inovador, com mais força e economia de combustível, que vai justamente ao encontro do que o cliente precisa para realizar seu trabalho na propriedade”, concluiu.

Linha Hunter impulsiona aumento de vendas da Orion em feiras de agronegócios

O Grupo Orion, fabricante nacional de equipamentos para aplicação de bioinsumos no sulco, teve aumento expressivo nas vendas em duas importantes feiras realizadas no início de 2024. Na Agrishow, a companhia registrou crescimento de 120% no faturamento, enquanto na Tecnoshow foram outros 25%, em comparação com o volume de vendas obtido nos mesmos eventos em 2023. Segundo o diretor de marketing e novos negócios da Orion, Rodrigo Alandia, o “sucesso de vendas” nos estandes tem sido a linha Hunter. Com capacidade de tanque desde 600 a 3 mil litros, bombas

de diafragma com acionamento hidráulico e circuito de aplicação devidamente dimensionado para atender com exatidão a taxa de aplicação requerida, o equipamento coloca o produto biológico sem perdas no sulco, garantindo 98% de bactérias vivas e viáveis.

Um dos objetivos do grupo neste ano é a expansão para outros mercados, como o do Paraguai e da Europa, começando por Portugal. A Orion ainda está investindo cerca de R$ 25 milhões na construção de uma nova e moderna fábrica na cidade de Quintana (SP), que deve ser inaugurada ainda neste ano.

Yanmar Holdings apresenta resultados do ano fiscal de 2023

A Yanmar Holdings divulgou os resultados financeiros consolidados para o período encerrado em 31 de março de 2024. A companhia registrou um crescimento tanto em receita, totalizando JPY 1,81 trilhão, aumento de 5,8%, quanto em lucro ordinário, com JPY 80,4 bilhões, aumento de 30,1%.

Os recordes foram impulsionados pela demanda sólida no mercado internacional de geradores de energia e por motores marítimos. Além disso, a proporção de vendas internacionais disparou para 61,2%.

Para o próximo ano fiscal, que termina em 31 de março de 2025, a Yanmar prevê desempenho contínuo e robusto no setor de máquinas agrícolas em mercados internacionais.

Mas a demanda doméstica japonesa deve permanecer fraca devido aos preços altos dos materiais para produção.

Na América do Norte e na Europa, os setores de motores industriais e de máquinas de construção devem permanecer estáveis. Na China, espera-se que o nível de demanda se mantenha consistente com o do ano passado.

A Yanmar também informou que acelerará o desenvolvimento de máquinas industriais movidas a bateria e motores compatíveis com novos combustíveis para atender às metas de neutralidade de carbono. Outra iniciativa será o avanço no "Yanmar Green Challenge 2050", que busca a sustentabilidade. A empresa prevê ainda a promoção da transformação digital (DX) e a aprimoração na infraestrutura de TI.

Massey

Ferguson inaugura primeira

loja satélite FarmerCore na América do Sul

A Massey Ferguson inaugurou em Diamantino (MT) sua primeira loja satélite no conceito FarmerCore da América do Sul. O lançamento, pertencente ao Grupo Pampa, representa um marco na estratégia "Agricultor em Primeiro Lugar" (Farmer-First) e reforça o compromisso da marca em tornar os agricultores mais lucrativos, produtivos e sustentáveis.

A nova loja possui uma área de 435m² e conta com área de vendas, depósito de peças e oficina. A estrutura oferece cobertura inteligente, oficinas móveis e soluções digitais, atendendo à demanda crescente da região. Atualmente, o Grupo Pampa possui seis lojas e 31 oficinas móveis, garantindo atendimento ágil e eficiente aos agricultores.

A expansão da rede FarmerCore também prevê a inauguração de mais sete lojas em 2024 nos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Santa Catarina. “A expansão da rede acontece de forma consistente e com a loja satélite no novo conceito FarmerCore para oferecermos a melhor experiência ao cliente e sermos referência de marca descomplicada, confiável e acessível no segmento de agricultura na América do Sul”, afirmou Rodrigo Junqueira, gerente-geral da AGCO e vice-presidente da Massey Ferguson América do Sul.

Claas celebra meio milhão de colhedoras produzidas

A Claas comemorou a produção de meio milhão de colhedoras desde 1936. Para marcar o momento, a companhia fabricará várias máquinas comemorativas das linhas Lexion, Trion, Evion e Dominator em três instalações de produção em três continentes. Duas dessas máquinas (colhedoras Lexion) estão saindo da linha de produção em Omaha, Nebraska, destinadas a fazendas nos Estados Unidos e no Canadá.

Desde 1936, a empresa familiar baseada em Harsewinkel, Alemanha, tem sido uma das principais inovadoras no desenvolvimento de colhedoras. Com aproximadamente 100 mil e 75 mil unidades, as séries Dominator e Lexion representam a maior parte das 500 mil colhedoras Claas produzidas até hoje. Outras séries como Super, Europa, Columbus e Tucano também

contribuíram para o sucesso global da empresa.

Desde 1992, as colhedoras Claas não são mais fabricadas exclusivamente na Alemanha. A produção expandiu-se para a Índia e, desde 2001, para Omaha, nos Estados Unidos. Em 1997, a empresa organizou uma “joint venture" com a Caterpillar para fabricar e comercializar colhedoras Lexion juntas.

Todas as colheitadeiras Claas do ano de 2025 receberão adesivo na porta da cabine, com o lema: “500 mil – mais do que uma máquina”.

Impacto das enchentes

As enchentes no Brasil causaram danos severos a máquinas agrícolas, exigindo reparos complexos e dispendiosos. A decisão entre conserto e substituição deve considerar o custo-benefício e a extensão dos danos

Mundialmente os eventos climáticos extremos têm se tornado frequentes, e no Brasil não é diferente. As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul têm tido um impacto devastador nas áreas rurais, incluindo a avaria de máquinas agrícolas como tratores, colhedoras, semeadoras e pulverizadores, essenciais para o processo produtivo. Este tipo de dano é particularmente prejudicial aos agricultores, pois as má-

quinas e implementos agrícolas representam um investimento significativo e são cruciais para que a agricultura possa ser desenvolvida. Por conseguinte, o sinistro provocado pelas enchentes acarreta consequências diretas e indiretas, tanto do ponto de vista econômico quanto no planejamento futuro.

Diretamente, a perda econômica decorre da reposição ou reparo das máquinas agrícolas avariadas, o que acarreta elevado ônus financeiro. De forma indireta, ocor-

re a interrupção da produção devido a impossibilidade de manter as atividades. Concomitantemente, somam-se os gastos não programados que serão futuramente quitados.

Neste cenário muitas perguntas surgem, como: as máquinas atingidas pelas enchentes podem ser recuperadas e colocadas novamente em operação? A resposta é sim, porém, não é um processo tão simples.

Inicialmente a recuperação das máquinas atingidas por enchen-

enchentes

tes depende do tipo de máquina, a extensão dos danos e a rapidez com que são iniciadas as ações de recuperação (quadro abaixo).

Cabe destacar que, após a inspeção profissional, tem-se a real extensão dos danos provocados pela água, sendo necessário realizar uma análise técnica de viabilidade de recuperação. Muitas vezes máquinas com elevado tempo de utilização e desgaste apresentam os custos dos reparos e a substituição de componentes eletrônicos tão complexos que não justificam o conserto e/ou reposição, sendo a substituição o mais indicado.

Optando-se pela recuperação, alguns cuidados precisam ser tomados, pois jamais deve ser ligada uma máquina antes de serem

Máquinas expostas à água podem sofrer desde danos leves até severos. Componentes elétricos, motor e sistema hidráulico são particularmente vulneráveis

feitas intervenções básicas como o desligamento dos cabos de bateria, limpeza interna e substituição de fluidos. Tal fato deve-se a quantidade de detritos e água que estão dentro dos sistemas complementares (lubrificação, alimentação de ar/combustível e elétrico). Ademais, pode ocorrer no motor o que chamamos de “calço hidráulico”, dani-

Ações iniciais para recuperação de máquinas agrícolas atingidas pelas enchentes

Ações

Avaliação dos danos

Limpeza e secagem

Inspeção profissional

Manutenção corretiva

Testes e manutenções adicionais

Realizar uma avaliação detalhada dos danos. Máquinas expostas à água podem sofrer desde danos leves até severos. Componentes elétricos, motor e sistema hidráulico são particularmente vulneráveis.

Limpar e secar rapidamente para evitar corrosão e danos permanentes. A remoção de lama e detritos é o primeiro passo, seguido pela secagem completa das partes afetadas.

Inspecionar as máquinas com auxílio de profissionais especializados. Eles podem identificar problemas não aparentes e garantir que os reparos sejam realizados corretamente.

Reparar ou substituir componentes e circuitos elétricos. Trocar filtros, óleo hidráulico e líquido de arrefecimento.

Testar as máquinas para garantir que estão funcionando corretamente. Realizar manutenção adicional se necessário para garantir que todos os sistemas estejam operacionais.

ficando o comando de válvulas e cabeçote. Além disso, aumenta-se a probabilidade de curtos-circuitos nos diferentes componentes elétricos e sistemas de gerenciamento eletrônico.

Após realizar a limpeza, a manutenção corretiva inicia pela drenagem de todos os fluidos, como a água do sistema de arrefecimento, óleo lubrificante, óleo da transmissão e óleo do sistema hidráulico, assim como os elementos filtrantes. O reservatório de combustível deve ser drenado e limpo, sendo recomendado a limpeza das tubulações com ar comprimido. No caso de máquinas mais antigas equipadas com bomba injetora mecânica deve-se remover todas as saídas para os bicos injetores e girar o motor manualmente proporcionando a saída da água. No entanto, o mais indicado é a retirada da bomba injetora e bicos, por um mecânico bombista, para a limpeza em oficina especializada. Em máquinas que possuem sistemas de controle de emissões, o fluido à base de uréia utiliza-

Fotos Arquivo
Descrição

do no sistema de redução catalítica seletiva (SCR) e o filtro de particulados diesel (DPF) que complementa os sistemas de recirculação dos gases de escape (EGR) e o SCR devem ser substituídos, se necessário.

A água pode causar sérios problemas nas partes elétricas, pois afeta componentes essenciais como a unidade de controle do motor (ECU), módulos eletrônicos de gerenciamento, sensores, conectores

e chicotes elétricos. A presença de água nestes componentes pode provocar curto-circuitos, corrosão e falhas intermitentes devido à condução elétrica indesejada e oxidação dos contatos metálicos. Com a exposição prolongada à umidade, a deterioração dos isolantes e a contaminação dos circuitos podem comprometer a funcionalidade da máquina, levando a problemas simples como falha no arranque, mau funciona-

Um dos cuidados principais deve ser o de reparar ou substituir componentes e circuitos elétricos molhados

mento dos sistemas de segurança e redução da eficiência do motor.

Componentes mais simples, como os chicotes elétricos e conectores, dependendo do dano e do tempo de exposição à água poderão ser recuperados, porém precisam passar por um processo rigoroso de limpeza. Para os chicotes elétricos recomenda-se a imersão em solução de água e detergente, com posterior lavagem em água corrente. Após isso, procede-se a secagem em estufa em temperatura moderada, tornando possível identificar sinais de corrosão, oxidação, inchaço e danos físicos nos fios, conectores e terminais. Entretanto, talvez seja necessário refazer pontos de soldas em placas e conectores.

Neste sentido, a recuperação é considerada um processo complexo e a viabilidade depende da extensão dos danos. Dependendo do tempo que levar a manutenção, maiores serão os danos, tendo-se como única opção a substituição dos componentes elétricos, porém a custo elevado. Logo, a manutenção corretiva deve

Após a drenagem do óleo, todos os filtros devem ser limpos
Fotos Charles Echer

seguir uma sequência a fim de evitar que algum procedimento possa ser esquecido (quadro abaixo).

Considerações finais

A recuperação dos componentes elétricos e unidades de controle após uma enchente é possível, mas depende do nível de dano e da precisão no processo de limpeza e reparo. Para garantir a segurança e a funcionalidade das máquinas, é essencial que a manutenção seja realizada por profissionais, que irão considerar a substituição de componentes severamente danificados, definido por critérios técnicos, e encontrão a solução mais segura e eficaz.

Embora algumas máquinas possam ser recuperadas com sucesso, em casos de danos extensivos, cujo custo da recuperação não se justifique, a reposição pode ser a melhor opção. A decisão entre reparar ou repor determinada máquina deve ser

É necessário drenar completamente o óleo do motor e substituir o filtro de óleo

baseada em uma análise custo-benefício, considerando o valor residual ou de mercado, tempo de utilização e o custo dos reparos, bem como a sua expectativa de vida útil após o incidente.

Alexandre Russini, Universidade Federal do Pampa; Daniela Herzog, José Fernando Schlosser, Catize Brandelero, Laboratório de Agrotecnologia Nema/UFSM M

Sequência de ações e procedimentos para realização da manutenção corretiva de máquinas atingidas pelas enchentes

Ações

Desligamento do sistema elétrico e limpeza

Drenagem de fluidos

Inspeção e reparo de componentes elétricos

Inspeção mecânica

Reposição de fluidos e partida do motor

Procedimentos

- Desconectar a bateria para prevenir curtos-circuitos que podem provocar acidentais durante a inspeção e o reparo;

- Lavar a máquina usando produtos adequados para remover detritos aderidos;

- Usar ar comprimido para ajudar a remover a umidade em pontos de difícil acesso.

- Drenar completamente o óleo do motor e substituir o filtro de óleo;

- Verificar o reservatório de combustível e o sistema de alimentação para garantir que não haja contaminação por água. Se houver, drenar e substituir o combustível; - Drenar e substituir o fluido de transmissão e sistema hidráulico se houver suspeita de contaminação e trocar os filtros;

- Verificar o sistema de arrefecimento e drenar o fluido contaminado. Reabastecer com proporções adequadas de água e fluído de arrefecimento, bem como realizar a limpeza dos favos do radiador.

- Desconectar e inspecionar conectores elétricos, sensores, alternador e arranque. Limpar com spray de contato elétrico e secar completamente;

- Inspecionar a unidade de controle do motor (ECU) ou outros módulos eletrônicos.

Após inspeção, definir se o procedimento será a limpeza e/ou possível substituição;

- Averiguar os chicotes elétricos para identificar sinais de corrosão ou danos. Limpar ou substituir conforme necessário.

- Verificar os cilindros e cabeçote para eventuais sinais de entrada de água.

Se houver água, o cabeçote pode precisar ser removido para secagem e limpeza adequada;

- Examinar o turbo compressor e o intercooler e realizar a limpeza;

- Substituir os filtros de ar e verificar se o coletor de admissão está livre de água e detritos;

- Substituir se necessário o filtro DPF do sistema de pós-tratamento avançado de emissões.

- Reabastecer a máquina com fluidos novos (combustível, fluido de freio e arrefecimento, óleo de transmissão e sistema hidráulico);

- Realizar um teste de compressão para garantir que não há danos internos nos cilindros;

- Tentar ligar o motor inicialmente em marcha lenta, observando qualquer comportamento anormal ou ruídos atípicos;

- Monitorar o motor durante os primeiros momentos de operação para garantir que está funcionando corretamente.

Antes da compra

A escolha de pulverizadores agrícolas adequados é vital para a saúde e a produtividade das culturas. Avaliar fatores como capacidade operacional, tecnologias embarcadas e dimensionamento correto do equipamento assegura aplicações eficazes de defensivos e nutrientes

Ouso de máquinas no campo tem contribuído muito para a execução de todas as atividades necessárias para a produção de alimentos, fibras e energia. Cada etapa do processo produtivo – preparo da área para o plantio; implantação da cultura; manejo de pragas, doenças, plantas daninhas; colheita; pós-colheita – demanda equipamentos específicos. Independentemente do tamanho da propriedade existe um equipamento especificamente dimensionado para auxiliar na execução dessas atividades.

Na produção de grãos, especial importância é dada aos equipamentos que asseguram a sanidade dos cultivos, a partir aplicação de produtos fitossanitários e/ou nutrientes: os pulverizadores. O pulverizador é o equipamento acionado com maior frequência durante a safra, encontrando-se nele, portanto, uma ótima oportunidade para otimizar os resultados da cultura.

O momento da aquisição de um pulverizador

A frequência das aplicações, o tamanho da área a ser tratada e a

capacidade operacional da máquina são determinantes para a escolha do pulverizador adequado. Para verificar a capacidade operacional, considera-se a velocidade de trabalho que o campo permite operar e o comprimento total da barra, aliados ao número de horas diárias em que será possível aplicar (considerando condições meteorológicas favoráveis à aplicação, turnos de trabalho, tempos dedicados em deslocamentos e preparo da calda).

As tecnologias embarcadas nesses equipamentos visam facilitar a operação, trazendo ao ope-

rador algumas facilidades que auxiliam na qualidade do serviço realizado. Destacam-se os sinais de georreferenciamento, direção assistida, cortes automáticos de seções de pulverização, sensores de posicionamento de barras, sistemas de agitação de calda eficientes, manutenção da qualidade de aplicação em mudanças de velocidade de deslocamento e/ou aceleração do trator, válvulas especiais para pulverização pulsada, com possibilidade de adequação do tamanho das gotas independentemente de mudanças de velocidade da máquina, sensores para aplicações localizadas (plantas daninhas).

Tamanho do reservatório e barras Pulverizadores com reservatórios de maior capacidade são preferidos quando se objetiva reduzir a frequência das paradas para abastecimento e o tempo gasto

em deslocamentos. Cabe salientar que o tamanho do reservatório do pulverizador deve ser compatível com a capacidade do trator em tracionar a máquina em todas as condições da fazenda, nos deslocamentos e nos pontos de maior desafio para o conjunto, como em terreno de topografia irregular e inclinada. As barras de maior tamanho são preferidas quando o objetivo é aumentar a capacidade operacional do pulverizador, ou seja, aumentar a área aplicada por unidade de tempo, além de influenciar diretamente no amassamento da cultura, frente a diminuição da frequência de rastros do trator no talhão. A definição do tamanho das barras também deve considerar as condições de topografia (regularidade da superfície e inclinação), já que as oscilações verticais decorrentes da movimentação do trator aumentam o risco de as extremidades das barras se chocarem com o solo. O

Fotos Maria Eduarda Hitz

formato e o tamanho dos talhões também influenciam no tamanho da barra ideal: quanto menor o talhão, mais recortado e irregular, maior será o desafio para barras maiores.

Um pulverizador subdimensionado implicará no uso acima dos limites operacionais adequados, como velocidade de trabalho muito alta, pressão do circuito de pulverização muito elevada, trabalho em condições meteorológicas inadequadas, prejudicando a qualidade da aplicação com consequente prejuízo no controle do agente de dano e produtividade da cultura. Além disso, aumentam as chances de problemas mecânicos no equipamento em decorrência do uso fora de suas recomendações técnicas, reduzindo sua vida útil.

Componentes do pulverizador

Desde os primeiros pulverizadores utilizados na aplicação dos produtos fitossanitários até os modernos pulverizadores atuais, alguns componentes continuam

desempenhando funções vitais, como o reservatório para comportar a calda, a bomba para pressurizar o líquido, mangueiras e ramais para conduzir e distribuir a calda, e as pontas de pulverização, popularmente conhecidas por bicos. Todavia, diversos componentes foram inseridos ao sistema, objetivando sanar alguma deficiência ou aprimorar a maneira com que alguma atividade é realizada.

O formato dos reservatórios e o material que os constitui foi aprimorado com o tempo, no intuito de otimizar a mistura e homogeneização dos produtos na calda, evitar “pontos mortos” de baixa movimentação da calda e predisposição à sedimentação, com superfícies lisas e de baixa porosidade, buscando reduzir a retenção de partículas e facilitar a descontaminação do pulverizador. Os sistemas de agitação de calda, tão importantes para misturar os produtos inseridos no reservatório e manter a calda homogênea do início ao fim da aplicação, ganharam melhorias impor-

tantes, com agitadores hidráulicos do tipo venturi de elevada capacidade, dimensionados e posicionados de maneira estratégica para contemplar todos os pontos do reservatório, agitadores mecânicos também bem dimensionados e posicionados, com a possibilidade de regulagem de níveis de agitação de acordo com a quantidade de calda presente no reservatório ou de acordo com o comando dado pelo operador da máquina. Tudo para manter a qualidade da calda a mais elevada possível. As bombas de pressurização da calda seguiram duas vertentes distintas, uma buscando elevada eficiência energética, com alta capacidade de deslocamento de líquidos, representado pelas bombas centrífugas; e outra vertente que prima por maior linearidade na vazão, independentemente da pressão do circuito, característico de bombas de deslocamento positivo, representado pelas bombas de pistão e diafragma.

O circuito hidráulico, por onde a calda é transportada do reservatório aos bicos, recebeu alguns

Pulverizadores com reservatórios de maior capacidade são preferidos quando se objetiva reduzir a frequência das paradas para abastecimento

componentes. Os filtros de elevada capacidade evitam que particulados maiores alcancem os bicos e causem obstruções. O fluxômetro faz leituras precisas de vazão, permitindo ajustes minuciosos na aplicação. As válvulas e registros direcionam a calda e regulam a pressão e, acionadas de maneira manual ou automática, possibilitam modificações importantes durante a aplicação. Algumas dessas válvulas são acionadas por atuadores que efetuam a abertura ou fechamento a partir de informações vindas do sistema de georreferenciamento, permitindo o corte automático de seções, o que resulta em economias expressivas de calda devido à redução das áreas com sobreposição de aplicação aliadoà redução de falhas. Essa tecnologia também torna possível as aplicações pontuais de acordo com mapas pré-processados ou a partir de comandos vindos de sensores da própria máquina, em tempo real.

Nos corpos dos bicos, as válvulas antigotejo eliminaram os desperdícios e a contaminação decorrente da perda da calda acumulada no interior dos ramais após a interrupção da aplicação. Os filtros de bicos, desde que bem dimensionados, permitem a continuidade da aplicação, evitando paradas para desobstrução das pontas de pulverização devido a particulados que possam se depositar nos orifícios de saída da calda. Os diversos modelos e vazões de bicos permitem uma escolha minuciosa quanto ao tamanho de gotas requerido, pressões mínimas e máximas de trabalho, propensão de gotas à deriva, uniformidade de gotas, direção de projeção dos jatos e durabilidade dos bicos de acordo com o material

O tamanho do reservatório do pulverizador deve ser compatível com a capacidade do trator em tracionar a máquina

utilizado em sua fabricação e as condições que ocorrem no trabalho, como propriedades físicas da calda e pressão de trabalho. Algumas outras tecnologias presentes nos bicos revolucionaram a qualidade na aplicação, como as válvulas que permitem a abertura e fechamento de cada um dos bicos do pulverizador, reduzindo a extensão das seções para o mínimo possível (espaçamento entre bicos), que confere à máquina a possibilidade de diminuir ao extremo as sobreposições e falhas, além de viabilizar grandes economias de produtos em aplicações localizadas. Outra tecnologia cuja adoção vem crescendo nos últimos anos é a pulverização pulsada (Pulse Width Modulation – PWM), que além do benefício de abertura independente de bicos, pode alterar a vazão de cada um dos bicos sem a necessidade de modificações na pressão do circuito, o que favorece a manutenção do tamanho das gotas, que são influenciadas pela mudança na pressão da calda.

A escolha do pulverizador correto é crucial para garantir a eficácia das operações agrícolas e

a saúde das culturas. Considerar fatores como a frequência das aplicações, o tamanho da área a ser tratada, a capacidade operacional da máquina e as tecnologias embarcadas pode maximizar os resultados e a eficiência do trabalho. Um pulverizador bem dimensionado, com componentes de qualidade e tecnologias avançadas, contribui para uma aplicação uniforme e precisa, economizando tempo e recursos além de prolongar a vida útil do equipamento. Portanto, é fundamental realizar uma análise cuidadosa das necessidades específicas da fazenda antes de investir em um pulverizador de barras, assegurando que o equipamento escolhido seja adequado para as condições e desafios do campo. Em última instância, a escolha do pulverizador certo é um investimento estratégico que pode resultar em colheitas mais saudáveis e produtivas, garantindo a sustentabilidade e rentabilidade da produção agrícola.

Espessamento lubrificante

Oscilações na viscosidade dos óleos lubrificantes para engrenagens podem indicar problemas significativos, como mistura inadequada de óleos, degradação termo-oxidativa e contaminação por água ou partículas. Entender e identificar essas causas é crucial para manter a eficiência e a vida útil dos equipamentos, prevenindo falhas e danos mais graves

Óleos lubrificantes para engrenagens, tipicamente, tendem a degradar-se à medida que sofrem “envelhecimento”. Porém, de vez em quando são verificadas pequenas oscilações da viscosidade cinemática em laudos de análise com diferenças de alguns centistokes (cSt) que, geralmente, se devem a inconsistências no equipamento utilizado no ensaio ou a variações de leitura em função da percep-

ção do analista que está realizando o ensaio. Variação significativa e súbita na viscosidade cinemática pode indicar que houve mistura com outro tipo de óleo lubrificante. Caso ocorra uma tendência de elevação da viscosidade cinemática em várias amostras, isto indica que outros tipos de problemas estão ocorrendo no reservatório de óleo lubrificante.

A mistura de óleos lubrificantes diferentes é causa comum de aumento da viscosidade cinemática

em redutores de velocidade. Por exemplo, a reposição de óleo em caixa de engrenagens que possua Grau de Viscosidade ISO VG 150 por óleo lubrificante com Grau de Viscosidade ISO VG 220 ou ISO VG 320 levará a aumento na viscosidade cinemática do produto original, o que provocará elevação das temperaturas de operação do maquinário, aumento no consumo de energia, diminuição da eficiência operacional e escoamento inadequado de óleo lubrificante.

A degradação é outra possível razão da elevação de viscosidade cinemática em óleos lubrificantes para caixas de engrenagens e a termo-oxidação se enquadra nesta classificação. Se um óleo lubrificante para engrenagens opera a temperaturas excessivamente elevadas poderá sofrer colapso térmico resultante do processo termo-oxidativo. Aplicando-se a regra de Arrhenius, que relata que a velocidade de uma reação química dobra a cada aumento de 10°C, podemos supor que a vida de um óleo lubrificante será reduzida à metade a cada 10°C de aumento de temperatura de serviço. Quanto mais solicitado for o óleo lubrificante para engrenagens, mais rápida será a sua degradação. Podemos considerar a contaminação de óleos lubrificantes como também sendo degradação. Contaminantes como a água, material particulado sólido, borras, vernizes etc., podem ter influência significativa na viscosidade cinemática de óleos lubrificantes, dependendo da concentração. Quando um óleo para engrenagens é contaminado com água e atinge o estágio da emulsificação, aumento de viscosidade cinemática será perceptível nas análises do óleo em uso. Pode-se evidenciar este fato observando-se a relação entre teor de água e viscosidade

Podem ser contaminantes: água, material particulado sólido, borras, vernizes, entre outros

cinemática do óleo lubrificante.

À medida que a concentração de água no óleo lubrificante aumenta, verifica-se redução na espessura do filme, uma vez que a água substitui o fluido lubrificante como agente de lubrificação.

Uma razão menos comum para elevação de viscosidade cinemática em óleos lubrificantes para engrenagens é a perda por evaporação devido ao uso de óleos básicos de qualidade inadequada. Quanto maiores forem as temperaturas de serviço da caixa de engrenagens, mais rapidamente as moléculas de menor peso molecular do óleo lubrificante sofrerão volatilização, deixando as moléculas de maior peso molecular mais concentradas. Este processo físico

deslocará a composição para o limite das moléculas de maior peso molecular e consequente aumento na viscosidade cinemática do óleo lubrificante.

Ao passo que o aumento de viscosidade cinemática é usualmente associado com a oxidação do óleo lubrificante, existem outras causas potenciais para que isto ocorra. Por se esclarecer bem as partes envolvidas sobre a questão e por se interpretar corretamente os resultados existentes nos laudos de análise é possível corrigir-se a causa-raiz do problema antes que ele se torne mais grave.

Fotos Divulgação
A
Marcos Lobo, Qu4ttuor Consultoria

Tecnologia na cafeicultura

A correta seleção de tecnologia de aplicação de defensivos é crucial na cafeicultura para controlar pragas e doenças. Pulverizadores e ajustes precisos aumentam a eficácia, reduzem perdas e melhoram a sustentabilidade

As plantas de café são susceptíveis a diversas pragas e doenças, que aparecem desde a fase de formação de mudas no viveiro até a fase produtiva no campo. A tecnologia de aplicação de defensivos é uma

das principais formas de mitigar os efeitos negativos das pragas, plantas daninhas e doenças na cafeicultura moderna.

A seleção da tecnologia de aplicação em cada etapa da cafeicultura é crucial para alavancar altas produti-

vidades, assim como os modelos de pulverizadores, tipos de pontas, formulação correta dos produtos fitossanitários (preparo da calda) afetam a sustentabilidade das aplicações. A correta combinação desses fatores permite o controle efetivo de pragas

Tabela 1 - Condições meteorológicas durante o ensaio de aplicação de defensivos na cafeicultura

e doenças com eficiência e segurança, reduzindo perdas por deriva, tanto na área aplicada (endoderiva) quanto fora dela (exoderiva).

A cafeicultura apresenta desafios para o manejo fitossanitário em função do formato das plantas e fase vegetativa da lavoura, índice de enfolhamento ou período de manejo (podas).

A arquitetura complexa das lavouras e as condições microclimáticas podem afetar a aplicação de defensivos, dificultando a penetração de gotas nas folhas próximas ao caule ou ramo principal, no ponto em que os principais patógenos ocorrem.

Para facilitar a penetração de gotas no dossel da cultura são utilizadas estratégias como a adoção de elevados volumes de calda, utilização de pulverizadores do tipo canhão, para aumentar a capacidade operacional, ou aplicação de turbo atomizadores, que, através de assistência de ar, impulsionam as gotas em alta velocidade (acima de 80 km/h) para o interior do dossel.

Os pulverizadores hidropneumáticos (turbo atomizadores) são amplamente utilizados na cafeicultura, porém a elevada velocidade do ar facilita a perda de gotas, fracionando-as em gotas menores do que 50 um (aerossóis) que, além de não atingirem o alvo, podem ser carregadas a maiores distâncias ou perdidas para o ambiente, através da evaporação.

Ajustar o volume ideal de aplicação ainda é desafio em muitas culturas agrícolas. Na cafeicultura ainda persistem os altos volumes de apli-

O pulverizador utilizado no experimento foi do tipo turbo atomizador, modelo K.O

cação, principalmente nas pulverizações que necessitam de alta cobertura (muitas gotas por centímetro quadrado) como no caso de fungicidas e inseticidas de contato. Essas aplicações são conhecidas popularmente por “banhos no café”, visto que o alto volume de calda, literalmente “lavam as plantas” com alto índice de escorrimento e baixos rendimentos operacionais.

Os agricultores brasileiros mais evoluídos tecnologicamente têm adotado menores volumes de aplicação de defensivos, buscando principalmente maior eficiência nas aplicações e menores perdas de calda por escorrimento. No entanto, essas aplicações ainda carecem de investigações detalhadas.

Com base nessas informações, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o espectro de gotas e índice de deriva produzidos por um turbo atomizador em dois volumes de aplicação.

O trabalho foi realizado na Fazenda Água Limpa, pertencente à Universidade de Brasília (FAL/UnB), em plantação de café-arábica, cultivar Catuaí-144. A população do cafezal

era de 3.860 plantas, com espaçamento entre fileiras de 3,7 m e de 0,7 m, sendo que no momento do ensaio as plantas estavam com altura média de 2,0 m em plena produção.

O pulverizador utilizado foi do tipo turbo atomizador, modelo K.O Caçulão 500 turbo, com 500 L de capacidade de tanque, equipado com porta bicos modelos K.O dirigível NR-2 e pontas de pulverização MagnoJet modelo MF015, do tipo leque com ângulo de 110°, espaçadas em 0,15 m. O pulverizador foi tracionado e acionado por um micro trator, modelo Yanmar Agritech NSB-14S com 10,3 kW de potência.

O conjunto trator-pulverizador operou a 4,2 km/h em diferentes volumes de aplicação, sendo eles 360 L/ha e 660 L/ha, nas pressões de 2,5 e 5,0 bar. A calda de pulverização foi composta por água limpa e corante artificial azul (Xadrez) na concentração de 2,5%. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, compostos por faixas aleatorizadas e linhas de aplicação com 20 metros de comprimento, com quatro repetições.

Durante os testes foram coletados

Caçulão 500 turbo, com 500 L de capacidade de tanque
Arthur Gabriel Caldas Lopes

dados de volume aplicado nas folhas externas, internas, deriva e deriva sobre o aplicador. Para essa determinação foram fixados papeis fotográficos, com medidas de 76 x 26 mm, nas folhas internas e externas das plantas. Para a coleta de deriva, foram dispostos arcos de PVC e papéis a 0,3 m acima das plantas. Para depósito sobre o aplicador, foram dispostos papéis entre os ombros do aplicador. Na Tabela 1 são descritas as condições meteorológicas no momento da aplicação.

Após a pulverização e secagem dos papeis fotográficos, estes fo-

ram retirados e armazenados em sacos de papel. Os papéis foram escaneados e submetidos a análise de imagens pelo programa DropLeaf –Spraying MeterTM, para obtenção do volume aplicado (L/ha), densidade de gotas/cm², índice de deriva e deriva sobre o aplicador. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e as médias comparas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância (P ≤ 0,05). Na Figura 1 são apresentados os volumes depositados em função da pressão de aplicação.

Os resultados mostraram que o

Arcos em PVC com papéis fotográficos dispostos para coleta de deriva

volume aplicado é severamente reduzido em folhas internas para as duas taxas de aplicação. Entretanto, no menor volume aplicado a redução é de apenas 3 L/ha, enquanto na maior taxa, a redução é maior, representando uma queda de aproximadamente 150 L/ha. Nas folhas externas obteve-se os maiores volumes de aplicação. À medida que os alvos foram se deslocando para o interior do dossel, a taxa de aplicação foi reduzida. Isso pode ser explicado pela menor penetração das gotas na arquitetura complexa do café.

Os resultados de deriva mostram que a maior taxa, obtida com uma maior pressão de pulverização, fragmenta mais as gotas. Esta fragmentação reduz o tamanho de gotas e potencializa perdas pelo vento, que durante o ensaio não ultrapassou 2,6 km/h. Pulverizações em que o vento não está entre 3 e 10 km/h são consideradas de risco, pois nessas condições as gotas podem ficar em suspensão ou serem levadas para áreas vizinhas, causando perda de ingrediente ativo ou contaminações.

Para deriva sobre o aplicador, em turbo atomizadores tracionados por micro trator, é comprovado que o operador é amplamente exposto à calda aplicada, de forma que o uso de equipamentos de proteção

Figura 2 - densidade de gotas cm-2 dispostas nas folhas internas e externas das plantas de café
Figura 1 - volume depositado (L/ha) em função da pressão de aplicação

individual (EPIs) deve ser respeitado, seguindo recomendações fornecidas nas bulas.

Na Figura 2 são apresentadas as médias de densidade de gotas cm² obtidas nas folhas externas e internas do cafeeiro em função da taxa de aplicação. Observa-se que no volume de 360 L/ha a densidade de gotas/cm² permanece próxima, com leve redução da população.

A variável densidade de gotas/ cm² foi pouco impactada quando comparado o comportamento em folhas internas e externas, fato influenciado pela elevada massa vegetal nas folhas internas, dificultando a penetração no dossel.

O volume aplicado influenciou positivamente na densidade de gotas, de forma que a população de gotas/cm² quase triplica entre 360 e 660 L/ha. A maior densidade de gotas facilita o manejo de insetos e fungos próximo ao ramo principal da planta, região em que se torna complexo o tratamento fitossanitário.

De acordo com a Figura 3, para as condições estudadas, 23% do volume aplicado foi perdido, sendo 7% em deriva sobre o operador e 16% para deriva de campo (endo e exo). Os dados comprovam que mesmo operando com assistência de ar, com velocidade projetada acima de 80 km/h, o turbo atomizador pode

O ideal é utilizar turboatomizadores que possibilitem o direcionamento do fluxo de ar através de aletas especiais

apresentar perdas acima de 20%, volume este que pode contaminar plantações vizinhas ou operadores em sistemas sem cabine de proteção. De maneira geral, a estratégia para pulverizações com turbo atomizadores em lavouras de café devem se basear não apenas no volume de aplicação, mas em um conjunto de técnicas para redução de deriva, como: aplicação em condições de vento entre 3 e 10 km/h, umidade relativa acima de 50% e temperatura abaixo de 30°C. Nos casos em que as condições ambientais não estão ideais, pode-se usar óleos ou adjuvantes redutores de deriva, pontas de pulverização com baixa produção de gotas extremamente finas (entre 50 e 100 micras) e o estudo de formulações e ingredientes ativos que reduzam a volatilidade durante a aplicação. Alguns desafios relacionados aos turbo-pulverizadores precisam ser superados, como a possibilidade de direcionamento do fluxo de ar através de aletas especiais, controle simplificado do ventilador ou turbina para reduzir a intensidade de vento

conforme a necessidade, e também possibilidade de montagem de pontas com diferentes vazões para os diferentes terços da planta (inferior, médio e superior) para facilitar a cobertura nas áreas de interesse. Atualmente, nem todos os equipamentos permitem que sejam realizados esses ajustes.

A tendência de redução de volume de aplicação na cafeicultura pode ser promissora, mesmo em condições de demanda de altas coberturas. Entretanto, os fatores ambientais devem ser minuciosamente avaliados e os ajustes na tecnologia de aplicação adotada refinados, sob pena de maiores prejuízos, redução na eficiência da aplicação e maiores danos ambientais.

Arthur Gabriel Caldas Lopes, Universidade Federal de Goiás; Aldir Carpes Marques Filho, Universidade Federal de Lavras; Tiago Pereira da Silva Correia, Universidade de Brasília M

Figura 3 - distribuição média do volume aplicado durante a pulverização

Duelo de gigantes

Colocamos frente a frente 12 diferentes modelos de tratores de grande porte comercializados no Brasil, comparando dados de ensaios oficiais realizados no Laboratório de Testes de Tratores da Universidade de Nebraska, dos Estados Unidos

José Fernando Schlosser, Marcelo Silveira de Farias, Gilvan Moisés Bertollo, Henrique Eguilhor Rodrigues, Agrotec Lab - UFSM; Alexandre Russini, Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Como saber se uma máquina agrícola tem qualidade? Esta pergunta pode ser respondida de diversas maneiras, mas sempre chegando a um tempo diferente de resposta. Se a pressa for pequena, pode-se optar por usar primeiro a máquina e ao longo do tempo concluir sobre sua qualidade. O problema envolvido nesta alternativa é que o processo é demorado e caro, pois se a máquina ao final do seu uso tiver mau desempenho, o produtor terá gasto muito dinheiro para chegar a esta conclusão. Para que outros produtores rurais possam aproveitar a sua má experiência, dependerá da comunicação entre eles, o que também não é tão fácil, formando então um conceito geral do modelo e da marca.

A segunda forma é confiar na informação técnica e no marketing publicitário das empresas e depender da confiabilidade da informação. Em geral, a maioria das empresas é criteriosa e fornece informações fidedignas ao mercado consumidor. No entanto há claros casos

de superdimensionamento de valores. A terceira alternativa é a intervenção do poder público na informação técnica, oficializando um sistema de avaliação, homologação e certificação de máquinas, com base em um padrão mundial que proporcione a comparação entre os modelos.

Neste sentido, diversos foram os países que adotaram este sistema de avaliação de qualidade ao longo dos anos. Os Estados Unidos da América desde o início do século XX adotou um sistema de avaliação e informação dos compradores de tratores agrícolas. O Brasil, por meio do Decreto nº 47.473 de 1959, instituiu o Plano Nacional da Indústria de Tratores Agrícolas e previu que cada fabricante se obrigaria a enviar, para avaliação, um trator fabricado no País. Este sistema que funcionou satisfatoriamente até 1990 foi extinto pelo governo federal, e após isto, nunca mais se retomou tal iniciativa.

Com muitas mudanças, ao longo do tempo o sistema mundial migrou das avaliações feitas, em cada país, por critérios próprios e com normas técnicas particulares, para a adoção de padrão mundial, primeiro ISO e mais recentemente, os Códigos OECD.

Estes códigos foram desenvolvidos a partir das metodologias já existentes pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), uma organização econômica intergovernamental com 38

países membros, fundada em 1961 para estimular o progresso econômico e o comércio mundial. A sede da OECD fica em Paris e foi fundada por Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha. O Brasil aderiu ao sistema em 06 de setembro de 2019.

Entre muitas ações da OECD, a que mais interessa ao ramo da mecanização agrícola foi a criação do Programa de Tratores Agrícolas. Neste programa, a OECD disponibiliza dez códigos, sendo o primeiro um texto geral explicativo, outro que trata da avaliação de qualidade e rendimento dos tratores e oito códigos referentes à segurança e ergonomia, especificamente das estruturas de proteção ao capotamento (ROPS) e queda de objetos (FOPS). Atualmente, são 30 Estações acreditadas pela OECD em todo mundo para avaliar os tratores e mais de 3.000 modelos de tratores certificados (dado de 2021).

O Código 2, referente à avaliação do desempenho dos tratores, é um protocolo que contém metodologia de avaliação do motor pela tomada de potência (TDP), potência hidráulica, consumo de combustível, manobrabilidade, centro de gravidade, frenagem, ruído externo e um ensaio de pista, para a medida da potência em tração e do consumo de combustível.

Os relatórios das avaliações de todos os tratores que passam pelas

estações oficiais de ensaio, distribuídas pelo mundo, são disponibilizados em formato padrão e podem ser consultados por qualquer pessoa na página Web dos laboratórios e na base de dados da OECD.

Para realizar a comparação entre os modelos de grandes tratores oferecidos no mercado brasileiro recorremos ao Laboratório de testes de tratores de Nebraska (Nebraska Tractor Test Laboratory - NTTL), nos EUA, que está ligado ao Instituto de Agricultura e Recursos Naturais, da Universidade de Nebraska, em Lincoln. No site desta instituição se pode realizar o download dos relatórios de ensaios, buscando por fabricante, marca, modelo e tipo de chassi. Tivemos o cuidado de verificar quais os tratores ensaiados que estão ou estiveram em oferta no mercado brasileiro entre 2022 e 2024, ordenando-os por potência máxima do motor e pelo tipo de chassi, isto é, tração dianteira auxiliar (TDA), esteiras individuais e 4x4 integral articulado. Em seguida organizamos duplas de comparação, pela igualdade ou semelhança do valor de potência máxima do motor, informada no material de divulgação das marcas.

Utilizamos dois parâmetros para inferir eficiência do motor e dois para a transmissão de potência. Para diferenciar os motores utilizamos a quantidade de potência produzida por cilindro (cv/cilindro) e a relação peso/potência (kgf/cv). Para demonstrar a eficiência na transmissão de potência às rodas adotamos o coeficiente dinâmico de tração (kgf/kgf) e a eficiência em tração (%) em pista de concreto.

Assim, aplicando estes critérios conseguimos emparelhar seis duplas para as comparações entre modelos similares. Confira o comparativo nas páginas a seguir :

Case IH Magnum 340
John Deere 8345R
John Deere 8370R Massey Ferguson 8737S
Case-IH Magnum 380 Fendt 939 GEN Vario
Fendt 942
John Deere 8R 410
John Deere 9RX 490
Case-IH Steiger 500 Quadtrac
Case Steiger 470
John Deere 9R440

Especificações dos tratores comparados

Case IH Magnum 340

John Deere 8345R

Motor Fabricante

CNH America LLC, 700 State St. Racine, Wi. 53404 USA

Local de ensaio

Nebraska Tractor Test Laboratory, University of Nebraska, Lincoln, Nebraska

FTP Diesel

Número de cilindros 6

Aspiração

Duplo Turbo Aftercoller

Controle de emissões DEF

Tipo de chassi TDA

Transmissão Full Powershift

Pneus dianteiros 380/80R38

Pneus traseiros 480/80R50

Altura da barra de tração, mm 535

Peso total, kgf 12603

John Deere Tractor Works, 3500. East Donald St., P.O. Box 270, Waterloo

Nebraska Tractor Test Laboratory, University of Nebraska, Lincoln, Nebraska

John Deere Diesel

Duplo Turbo Aftercoller 6 DEF TDA Full Powershift

420/85R34

480/80R50 535 12539

Desempenho dos motores no ensaio dinamométrico de TDP

Potência máxima, kW (cv)

Potência por cilindro, cv/cilindro Relação peso/potência, kgf/cv

Rotação de potência máxima, rpm

Torque máximo, Nm

Rotação de torque máximo, rpm

Consumo volumétrico, L/h

Consumo específico, kg/kW.h

Consumo de Arla 32, L/h

Desempenho na barra de tração em pista (sem lastro)

Potência máxima na BT, kW

Força de tração, kN (kgf) Velocidade de deslocamento, km/h

Rotação do motor, rpm

Coeficiente dinâmico de tração, kgf/kgf

Eficiência em tração, %

Consumo específico, kg/kW.h

Consumo de Arla 32, kg/kW.h

Case IH Magnum 340

Local de ensaio Motor Fabricante

Especificações dos tratores comparados

John Deere 8370R

John Deere Tractor Works, 3500 East Donald St., P.O. Box 270, Waterloo

Nebraska Tractor Test Laboratory, University of Nebraska, Lincoln, Nebraska

John Deere Diesel

Número de cilindros 6

Aspiração

Duplo Turbo Aftercoller

Controle de emissões DEF

Tipo de chassi TDA

Transmissão Powershift

Pneus dianteiros 2 x 420/85R34

Pneus traseiros 4 x 480/80R50

Altura da barra de tração, mm 535

Peso total, kgf 12608

Massey Ferguson 8737S

AGCO S.A.S. 41. Avenue Blaise Pascal, 60000 Beauvais, France

IRSTEA Centred’Antony, I rue Pierre-GllesdeGennesCS Antony, Cedex, France

AGCO Power Diesel

Desempenho dos motores no ensaio dinamométrico de TDP

Potência máxima, kW (cv)

Potência por cilindro, cv/cilindro

Relação peso/potência, kgf/cv

Rotação de potência máxima, rpm

Torque máximo, Nm

Rotação de torque máximo, rpm

Consumo volumétrico, L/h

Consumo específico, kg/kW.h

Consumo de Arla 32, L/h

Desempenho na barra de tração em pista (sem lastro)

Potência máxima na BT, kW

Força de tração, kN (kgf) Velocidade de deslocamento, km/h

Rotação do motor, rpm

Coeficiente dinâmico de tração, kgf/kgf

Eficiência em tração, %

Consumo específico, kg/kW.h

Consumo de Arla 32, kg/kW.h

John Deere 8370R

Massey Ferguson 8737S X

Especificações dos tratores comparados

Fendt 939 GEN Vario

Motor Fabricante

Local de ensaio

Aspiração Case-IH Magnum 380

CNH Industrial América LLC

Laboratório de Ensaios de Tratores de Nebraska - EUA FPT Diesel

Número de cilindros 6

Turbocomprimido

Controle de emissões DEF

Tipo de chassi TDA

Transmissão Full Powershift

Pneus dianteiros 420/90 R30

Pneus traseiros 480/80 R46

Altura da barra de tração, mm 510

Peso total, kgf 14.353

DLG Serviço de Teste Gross-Umstadt - Alemanha Man Diesel AGCO Gmbh J. G. Fendt Str Turbocomprimido 6 DEF

R42 710/60 R34

Desempenho dos motores no ensaio dinamométrico de TDP

Potência máxima, kW (cv)

Potência por cilindro, cv/cilindro Relação peso/potência, kgf/cv

Rotação de potência máxima, rpm

Torque máximo, Nm

Rotação de torque máximo, rpm

Consumo volumétrico, L/h

Consumo específico, kg/kW.h Consumo de Arla 32, L/h

Desempenho na barra de tração em pista (sem lastro)

Potência máxima na BT, kW

Força de tração, kN (kgf) Velocidade de deslocamento, km/h

Rotação do motor, rpm

Coeficiente dinâmico de tração, kgf/kgf

Eficiência em tração, %

Consumo específico, kg/kW.h

Consumo de Arla 32, kg/kW.h

Case-IH Magnum 380

Especificações dos tratores comparados

Fendt 942

Fabricante

Local de ensaio

Motor

Fendt 942

John Deere 8R 410

DLG TestService,GmbH, MaxEyth-Weg 1, Gross-Umstadt, Germany Man Diesel

Número de cilindros 6

Aspiração

AGCO GmbH Johann Georg Fendt Str 4 D 87616 Marktoberdorf Germany Turbo Intercooler

Controle de emissões DEF

Tipo de chassi TDA

Transmissão CVT

Pneus dianteiros 710/60R34

Pneus traseiros 900/65R42

Altura da barra de tração, mm 630

Peso total, kgf 12870

Nebraska Tractor Test Laboratory, University of Nebraska, Lincoln, Nebraska

John Deere Diesel John Deere Tractor Works, 3500 East Donald St., P.O. Box 270, Waterloo Duplo Turbo Aftercoller 6

Desempenho dos motores no ensaio dinamométrico de TDP

Potência máxima, kW (cv)

Potência por cilindro, cv/cilindro

Relação peso/potência, kgf/cv

Rotação de potência máxima, rpm

Torque máximo, Nm

Rotação de torque máximo, rpm

Consumo volumétrico, L/h

Consumo específico, kg/kW.h

Consumo de Arla 32, L/h Fendt 942

Desempenho na barra de tração em pista (sem lastro)

Deere 8R 410

Potência máxima na BT, kW

Força de tração, kN (kgf) Velocidade de deslocamento, km/h

Rotação do motor, rpm

Coeficiente dinâmico de tração, kgf/kgf

Eficiência em tração, %

Consumo específico, kg/kW.h

Consumo de Arla 32, kg/kW.h

Especificações dos tratores comparados

John Deere 9RX 490

Case-IH Steiger 500 Quadtrac

Deere 9RX 490

Motor Fabricante

John Deere Tractor Works, 3500 East Donald St., P.O. Box 270, Waterloo

Local de ensaio

Nebraska Tractor Test Laboratory, University of Nebraska, Lincoln, Nebraska

John Deere Diesel

Número de cilindros 6

Aspiração

Turbo Aftercooler

Controle de emissões DEF

Tipo de chassi

4x4 com esteiras de borracha

Transmissão Full Powershift

Esteiras

Largura: 2.235 mm

Distância entre eixos: 4154 mm

Comprimento: 1839 mm

Altura da barra de tração, mm 545

Peso total, kgf 26773

CNH Industrial America LLC, 700 State Street Racine, Wi. USA.

Nebraska Tractor Test Laboratory, University of Nebraska, Lincoln Nebraska FPT Diesel

Turbo Intercooler 6 DEF

4x4 com esteiras de borracha Full Powershift

Largura: 2235 mm

Distância entre eixos: 3912 mm

Comprimento: 748 mm

Desempenho dos motores no ensaio dinamométrico de TDP

Potência máxima, kW (cv)

Potência por cilindro, cv/cilindro

Relação peso/potência, kgf/cv

Rotação de potência máxima, rpm

Torque máximo, Nm

Rotação de torque máximo, rpm

Consumo volumétrico, L/h

Consumo específico, kg/kW.h

Consumo de Arla 32, L/h

Desempenho na barra de tração em pista (sem lastro) Case-IH Steiger 500 Quadtrac X

Potência máxima na BT, kW

Força de tração, kN (kgf)

Velocidade de deslocamento, km/h

Rotação do motor, rpm

Coeficiente dinâmico de tração, kgf/kgf

Eficiência em tração, %

Consumo

Consumo

Consumo de Arla

L/h

John

Local de ensaio Motor Fabricante

Especificações dos tratores comparados

Case Steiger 470

CNH Industrial America LLC, 700 State St. Racine, Wi. 53404 USA

Nebraska Tractor Test Laboratory, University of Nebraska, Lincoln, Nebraska

FPT Diesel

Número de cilindros 6

Aspiração

Turbo Intercooler

Controle de emissões DEF

Tipo de chassi

4x4 Integral

Transmissão Full Powershift

Pneus dianteiros 4 x 480/95R50

Pneus traseiros 4 x 480/95R50

Altura da barra de tração, mm 535

Peso total, kgf 19262

John Deere 9R440

John Deere Tractor Works, 3500 East Donald St., Waterloo

Nebraska Tractor Test Laboratory, University of Nebraska, Lincoln, Nebraska

John Deere Diesel

Duplo Turbo Aftercoller 6 DEF

4x4 integral Full Powershift

4 x 650/85R38

4 x 650/85R38

Desempenho dos motores no ensaio dinamométrico de TDP

Potência máxima, kW (cv)

Potência por cilindro, cv/cilindro

Relação peso/potência, kgf/cv

Rotação de potência máxima, rpm

Torque máximo, Nm

Rotação de torque máximo, rpm

Consumo volumétrico, L/h

Consumo específico, kg/kW.h

Consumo de Arla 32, L/h

Desempenho na barra de tração em pista (sem lastro)

Potência máxima na BT, kW

Força de tração, kN (kgf)

Velocidade de deslocamento, km/h

Rotação do motor, rpm

Coeficiente dinâmico de tração, kgf/kgf

Eficiência em tração, %

Consumo específico, kg/kW.h

Consumo de Arla 32, kg/kW.h

Semeadoras completas

A semeadora é crucial para a produtividade agrícola, influenciando diretamente o plantio direto com seus mecanismos de corte, dosagem e distribuição de sementes e fertilizantes

Uma das etapas mais importantes para o estabelecimento da produtividade de uma cultura é a semeadura. A semeadora é a máquina responsável por, no caso de plantio direto, cortar a palha, abrir o sulco, dosar as sementes e fertilizantes em quantidades pré estabelecidas, depositar no solo e recobrir, possuindo grande influência dentro desse processo.

O sistema de plantio direto está cada vez mais consolidado e o seu uso proporciona inúmeros benefícios, como redução da erosão, favorecendo a conservação do solo e

água; manutenção do solo na temperatura ideal; aumento de matéria orgânica; redução da compactação; melhor infiltração; e reposição de água, dentre outros inúmeros fatores.

Características da semeadora

Para que o agricultor seja beneficiado, a semeadora deve ter características que favoreçam a manutenção praticamente inalterada da superfície do solo, com mecanismos que realizem o corte eficiente da palha em cobertura, bem como realizando a abertura do sulco para

deposição das sementes e fertilizantes.

Mecanismos rompedores de solo

Para isso, as opções de mecanismos rompedores de solo apresentadas nas máquinas normalmente são disco individual liso, estriado, ondulado e turbo; disco duplo, disco duplo desencontrado, disco duplo defasado desencontrado e haste sulcadora, conhecida também popularmente como facão ou botinha. A escolha de uma ou outra leva alguns fatores em consideração: como o disco on-

dulado auxilia em uma maior incorporação do fertilizante depositado no solo porém, por possuir maior área de contato, em áreas com excesso de palha em cobertura poderá apresentar ineficiência de corte pela maior dificuldade de penetração. Os discos lisos apresentam maior facilidade de corte de palha e menor esforço médio de tração por linha da semeadora, porém realizam pouca mobilização e descompactação na linha de semeadura.

Haste sulcadora

Com relação à haste sulcadora, elas normalmente são utilizadas em solos já previamente preparados, livres da presença de pedras e restos de culturas sobre a superfície. A haste apresenta um maior esforço médio de tração por linha, o que poderá variar para mais ou para menos de acordo com o tipo de solo, umidade e profundidade de trabalho. Ela promove um maior rompimento da estrutura do solo

Entre as características desejadas das semeadoras atuais estão as linhas pantográficas e a possibilidade de ser dobrável, para facilitar o transporte

no sulco, contribuindo para uma descompactação superficial auxiliando no desenvolvimento radicular inicial das culturas. Um fator de atenção na utilização desta ferramenta é a velocidade de trabalho, pois quanto maior, mais revolvimento superficial de solo haverá, podendo contribuir para uma elevação da presença de plantas invasoras na linha de semeadura já no início de desenvolvimento da cultura.

Dosadores de sementes e fertilizantes

Após a etapa de elaboração do leito de semeadura, entram em ação os dosadores de sementes e fertilizantes, responsáveis por individualizar e dosar as quantidades de insumos em quantidades pré estabelecidas, de acordo com a exigência de cada cultivar e cultura, para que possam expressar todo o potencial genético de produtividade.

Com relação ao chassi das semeadoras adubadoras, existem opções para que possamos adequar as máquinas para cada situação de relevo e tamanho de propriedade

Tipos de dosadores de sementes

Os dosadores de semente são os componentes mais importantes de uma semeadora. Atualmente, estão divididos em dois grandes grupos: disco alveolar horizontal (comumente chamados de mecânicos) e dosador-apanhador com auxílio pneumático (frequentemente intitulados apenas por pneumáticos).

Velocidade de deslocamento

Para ambos os mecanismos a velocidade de deslocamento é fator de extrema atenção, de modo que ao ser elevada a um nível extremo, acarreta na redução de precisão na distribuição longitudinal de sementes na linha de semeadura, o que consequentemente influencia na produtividade das culturas. Nos dosadores de disco alveolar horizontal esse efeito tem maior amplitude devido a possuir maior exigência de adequação das medidas das sementes aos tamanhos de alvéolos dos discos. A elevação da rotação do disco dosador ocasiona a redução do tempo de exposição das sementes ao alvéolo, acarretando falhas de preenchimento e consequentemente ausência de deposição na linha de semeadura. Outro fator que pode influenciar significa-

tivamente no desempenho do mecanismo é a presença de tratamento fitossanitário das sementes e má cobertura de lubrificante grafite, características que afetam a escoabilidade da semente no reservatório, ocasionando a redução de qualidade de distribuição.

Regulagem da pressão negativa

Nos dosadores-apanhadores com auxílio pneumático a regulagem da pressão negativa necessária para realizar a sucção das sementes no disco dosador é fator de grande atenção, pois é através desse dimensionamento que poderá ocorrer alterações no desempenho dos mecanismos. O nível de pressão negativa varia de acordo com a espécie, tamanho e peso das sementes, de modo que, quanto maior e mais pesada a semente, maior será a exigência de pressão para captá-la no reservatório e mantê-la fixada ao alvéolo do disco dosador até o ponto de liberação para o tubo condutor. Esse ajuste é realizado a campo, e a verificação dos níveis corretos é realizada observando-se a distribuição de sementes na linha de semeadura. Nível muito elevado de pressão negativa poderá ocasionar aumento de sementes duplas, nível muito baixo de pressão poderá oca-

sionar aumento de falhas de deposição. Aliado a estes fatores, deve-se observar o ajuste dos exclusores e singuladores para que os mecanismos possam proporcionar elevados níveis de precisão na distribuição de sementes.

Configuração dos tubos condutores

Outro fator que necessita atenção é a configuração dos tubos condutores de sementes. O formato, angulação de saída das sementes, largura e comprimento poderão alterar de forma significativa a descida das sementes após individualizadas pelo mecanismo dosador, ocasionando desordenamento nos espaçamentos entre sementes e consequentemente de plantas na linha de semeadura. Estudos realizados para avaliação destes componentes concluíram que os tubos com formato retangular, estrutura interna totalmente lisa e angulação de descarga das sementes de aproximadamente 30º fornecem os melhores resultados na distribuição longitudinal de sementes.

Tecnologia embarcada nas semeadoras

Com relação a tecnologia embarcada nas semeadoras adubadoras, sejam elas de chassi rígido ou até mesmo articulado/dobrável, atualmente podemos monitorar o desempenho dos dosadores e ajustar taxas de distribuição em tempo real dentro da cabine do trator. Através de sistemas que realizam a mensuração da vibração do pantógrafo, a verificação do tempo e queda das sementes no tubo condutor e também da velocidade de deslocamento da semeadora, o sistema de alarme do monitoramento notifica o operador se a velocidade de deslocamento está sendo um fator

de queda de precisão na distribuição de sementes, possibilitando que a operação seja mantida dentro de elevado padrão de exatidão.

Regulagens de semeadura e dosagem de fertilizantes

As principais regulagens de densidades de semeadura e dosagens de fertilizantes também podem ser determinadas na cabine do trator. Com a utilização de motores elétricos ou eletro hidráulicos para acionamentos dos dosadores, é possível realizar os ajustes de maneira instantânea após realizadas as calibrações para a semeadura. Estes mesmos motores possibilitam que as linhas da semeadora sejam desligadas de maneira individual, evitando a sobreposição. Assim proporcionam economia de sementes, além de auxiliar nos ganhos de produtividade das culturas devido à redução de competição intra específica pelo não amontoamento de plantas. Estes opcionais podem acompanhar a máquina configurada de fábrica ou ser configurada após a venda, nos revendedores. Algumas empresas possuem componentes que atuam como embreagens da transmissão de sementes e fertilizantes, que em conjunto com o piloto automático realizam a leitura de onde deverá haver o acionamento e desligamento do sistema. Com estas tecnologias é possível transformar máquinas mecânicas e de baixa tecnologia em máquinas com alta tecnologia embarcada e que possibilitam realizar trabalhos com agricultura de precisão, como utilização de taxa variável, além de proporcionar economia na distribuição de insumos pelo desligamento de linhas ou seções de fertilizantes e sementes.

Chassi das semeadoras adubadoras

Com relação ao chassi das semeadoras adubadoras, existem opções para adequar as máquinas a cada situ-

ação de relevo e tamanho de propriedade. O modelo com articulação em módulos permite realizar de maneira mais eficiente o acompanhamento do relevo, quando este possuir maiores irregularidades em menores espaços de área, permitindo que os pantógrafos das linhas realizem o acompanhamento da superfície do solo. As máquinas com chassi rígido possuem um excelente desempenho em áreas com irregularidades em maiores espaços, sendo que, os modelos com linhas de sementes pantográficas apresentam melhores desempenhos no quesito de acompanhamento do relevo.

Modelos de chassi dobrável

Outro modelo que ganha cada vez mais espaço no mercado são as máquinas de chassi dobrável, que apresentam maior versatilidade, pois podem ser dobradas (fechadas) com larguras compatíveis ao transporte em carretas pranchas e também para deslocamento por terra entre propriedades e lavouras.

Devido ao seu tamanho, o chassi é dividido em módulos, os quais permitem articulação positiva e negativa para que as linhas permaneçam sempre em contato com o solo. Os módulos sustentam os suportes que contêm as linhas de plantio, acionados por pistões hidráulicos que além de levantar e baixar as linhas, fazem a pressão necessária para a manutenção de profundidade no plantio. Nos modelos mais atuais, os fabricantes estão instalando pistões hidráulicos nos módulos laterais para que exista uma transferência de peso do chassi central para as laterais. O peso maior da máquina fica concentrado na parte central do chassi, onde são localizados os reservatórios de sementes e fertilizantes. Os modelos disponíveis no mercado apresentam de 18 a 60 linhas de plantio, e com relação a autonomia de trabalho, os reservatórios de semente e fertilizante podem ser de 4.000 a 6.000 kg de capacidade, garantindo períodos prolongados de plantio com baixo número de paradas para reabastecimentos.

Em algumas máquinas, uma série de sensores posicionados nos pantógrafos, suportes e módulos de plantio, realizam a leitura instantânea de posicionamento da linha de semeadura

Charles Echer

Sensores e sistemas hidráulicos nas

semeadoras

Nessas máquinas, uma série de sensores posicionados nos pantógrafos, suportes e módulos de plantio, realizam a leitura instantânea de posicionamento da linha de semeadura, fazendo com que os pistões e sistema hidráulico atuem para a manutenção da uniformidade de contato das linhas com o solo, contribuindo para a manutenção da profundidade de deposição das sementes. Alguns modelos também podem estar configurados com sistemas individuais de pressão de linha, que podem ser hidráulicos, com pistões instalados em cada pantógrafo atuando de forma instantânea e obedecendo a leitura

das irregularidades do terreno, ou pneumáticos, através de bexigas ou balões pneumáticos com modo de utilização ativo.

Limitadores

de profundidade de deposição

Atuando em conjunto com estes sistemas, os mecanismos limitadores de profundidade de deposição de sementes têm grande importância no processo de semeadura. Existem diversas configurações de instalação destes componentes: na frente, atrás ou ao lado do disco duplo, com o suporte a frente ou voltado para trás. Em relação ao local de instalação, quando as rodas compactadoras estão dispostas atrás ou à frente do disco du-

plo poderá haver desuniformidade de profundidade de deposição de sementes devido ao acompanhamento das ondulações do relevo ser realizado de maneira antecipada ou atrasada em relação ao mecanismo de abertura de sulco. A configuração que apresenta maior vantagem para essa característica é a que fica localizada ao lado do disco duplo, fazendo um acompanhamento instantâneo de irregularidades do relevo e proporcionando a manutenção da uniformidade de profundidade das sementes.

Tecnologias para economia de insumos Outras tecnologias presentes nessas máquinas que também podem trazer grande contribuição

para a economia de insumos e elevação da produtividade, são os sistemas de desligamento de linhas, em que os controladores identificam regiões já plantadas e realizam o desligamento automático da linha, não permitindo a sobreposição de sementes. Nessas máquinas também é possível a realização do desligamento da linha quando identificado o local de tráfego do pulverizador, sistema que exige sinal corrigido para deslocamento e posicionamento da máquina. A sincronização das máquinas é também uma possibilidade que torna o plantio mais ágil e prático, realizando a comunicação entre as semeadoras de modo que possam trabalhar em um mesmo talhão sem que sobreponham as passadas.

Demanda hidráulica das semeadoras

Um dos fatores importantes a observar no momento de aquisição do equipamento é a demanda hidráulica requerida. A ativação da maior parte dos componentes presentes na máquina, como turbinas para geração de pressão negativa e positiva, motores dos dosadores de fertilizante, abertura e fechamento do chassi da máquina, levantamento e baixamento das linhas de plantio, sistemas de pressão dos pantógrafos no solo dependerão da vazão disponível do trator. Dependendo do número de linhas da semeadora, o consumo estimado em deslocamento de plantio pode ser em torno de 75 litros por minutos e no momento da

manobra pode chegar até 180 litros por minuto.

Considerações finais

A tendência em vigor entre os fabricantes de máquinas agrícolas do atual mercado é o aumento de tecnologia embarcada e a busca pela elevada precisão na distribuição de sementes e fertilizantes; proporcionar economia dos insumos; facilidade operacional; rendimento operacional, e resistência estrutural. Esses fatores em conjunto contribuem para que as culturas expressem maior produtividade, elevando a rentabilidade da atividade agrícola.

Dauto Pivetta Carpes, Consultor em Mecanização Agrícola

Frota alugada

Com status de inovação, modelo de locação de máquinas ganha força entre agricultores brasileiros

Aagricultura brasileira está cada vez mais dinâmica e presente em um cenário desafiador, que provoca inovações. A contínua evolução e o aparecimento de tecnologia de ponta são essenciais para o agronegócio. A partir disso, novas soluções, técnicas e produtos surgem a todo momento para alavancar os resultados dos agricultores. As empresas de locação de máquinas e soluções para o campo são um exemplo de novo negócio que ganha força no Brasil como alternativa de baixo custo para produtores do segmento.

Primeiro ativo mais valioso depois da própria terra, as máquinas agrícolas são tema prioritário no dia a dia do campo e também um mercado que vem ganhando nova cara. Em conversa com um grande ami-

go e experiente produtor agropecuário, gerente de Frotas e Mecanização da RZK Rental, Alex Johann, comentou sobre o modelo de negócio que pode ser bastante vantajoso a alguns produtores. A Rental faz parte do grupo RZK, fundado pelo Sr. José Ricardo Rezek, que possui outras empresas ligadas ao setor. Uma delas, a concessionária Primavera, presente na região do Vale do Araguaia, no norte do Mato Grosso, e em Goiás.

Para os produtores, as empresas do grupo proporcionam uma vantagem no cenário de aluguel de máquinas, pois atuam na aquisição, gerenciamento, logística, manutenção e repasse dos modelos, podendo ofertar uma excelente proposta para seus clientes.

Apesar de ser um modelo de negócio novo no segmento de produ-

ção de grãos, ele está sendo muito utilizado na produção de cana-de-açúcar e em construções. Com a expansão da locação de máquinas, é possível notar o desenvolvimento da atividade, profissionalizando cada elo da cadeia de produção. O agricultor tradicional, que usa as próprias máquinas na produção, geralmente não consegue dominar as máquinas modernas e suas tecnologias avançadas. Refletindo mais a fundo, este conhecimento não deveria estar entre as atribuições de um produtor de grãos, fibras ou energia?

A atividade de locação de máquinas nada mais é do que um avanço do modelo de negócios que já existe no Brasil há um bom tempo, o de prestação de serviços. Um exemplo são produtores de estados que já terminaram suas atividades no

campo, devido à diferença de janela de operação, partem para outras regiões para prestar serviços. Este modelo também passa por um período de profissionalização, surgindo prestadores exclusivos, com frota de máquinas maiores e modernas.

No aluguel ainda há a vantagem de o produtor já ter o domínio da operação da máquina agrícola. Função esta que é fundamental para que tenha conhecimento de cada palmo de chão da propriedade e também de ter a decisão de como operar o equipamento no trato das suas culturas.

Hoje, novos clientes já começam a aparecer no cenário da Rental, em segmentos como café, cítrus, frutas e até mesmo produtores menores com necessidades específicas. Novas formas de contrato, chamados de SPOT ou de oportunidade, têm crescido para suprir uma necessidade pontual, como o atraso de uma máquina recém comprada, a falta de um equipamento por um sinistro etc.

Com uma área produtiva continental e uma diversidade extraordinária, é necessário que existam várias soluções para os problemas. Se me perguntarem se o negócio de Rental pode substituir o tradicional modelo de compra para uso, eu acredito que não. Pensamos que os modelos de negócios irão coexistir, sofrendo nuances de acordo com as necessidades e vantagens que oferecem. O lado bom disso é que o produtor pode contar com mais uma alternativa para ser mais eficiente na sua atividade rural. E a resposta para a pergunta : “devo alugar ou comprar?”, é sempre a mesma: consultar pessoas experientes na área e fazer contas.

Fábio

Vantagens do modelo de aluguel de máquinas

Podemos destacar sete vantagens do negócio para o produtor:

1. Redução de custos de manutenção: dependendo do contrato, a manutenção da máquina agrícola fica por conta do locatário. Hoje, para um produtor que tem suas próprias máquinas mantê-las em operação exige oficina, ferramentas, equipamentos de manutenção e pessoas qualificadas. São custos que se perguntarmos a qualquer produtor agrícola, ele não gostaria de ter, pois não estão diretamente correlacionados a sua atividade principal: produção de grãos, energia e fibras.

2. Acesso à tecnologia de ponta: Muitas vezes vemos lavouras com um grande número de plantas voluntárias (guachas, como se diz aqui no Sul), e isso decorre muitas vezes por operação de máquinas com mais de 10 ou 15 anos. São modelos antigos, obsoletos, que não conseguem reduzir as perdas de grãos. Uma vez o produtor optando por alugar uma máquina para colheita, ele terá acesso a máquinas novas, ou com pouquíssimas horas de uso, que possuem uma tecnologia mais avançada que previne perdas de grãos. São custos que impactam diretamente na última linha do balancete.

3. Alta produtividade operacional: as máquinas novas, além de equipadas com sensores para evitar perdas e paradas desnecessárias, possuem sistemas de co-

nectividade, podendo ser monitoradas 24/7. Assim, a produção é acompanhada, evitando prejuízos significativos.

4. Alta disponibilidade: máquinas novas e modernas têm menos paradas para manutenção, ou seja, estão disponíveis para operação dentro da janela de demandas. Com isso, o risco de perder uma lavoura pronta para colheita diminui consideravelmente.

5. Não imobilização de capital: é um dos fatores que pesa na contabilidade. Por exemplo, empresas que têm o capital aberto, se conseguirem diminuir o volume de ativos, mantendo a lucratividade, são mais atrativas para os acionistas porque possuem uma rentabilidade maior. Ou seja, produz mais lucro com um inventário menor.

6. Taxa de utilização: Em função da sazonalidade de uso das máquinas e das curtas janelas de operação, a taxa de utilização das máquinas pode ser bastante baixa, levando o tempo de payback a um prazo mais longo. O produtor sabe que a máquina que produz mais se paga antes. Portanto, quanto mais horas ou hectares a máquina fizer por ano, mais cedo ela se pagará.

7. Acesso ao suporte técnico especializado: as empresas de locação oferecem suporte técnico e assistência especializada, garantindo que as máquinas estejam sempre em boas condições de funcionamento durante todo o contrato.

Anomalias eliminadas

Como o cuidado com a preparação dos mapas de fertilidade do solo pode resultar em prescrições mais fidedignas de fertilizantes, quando se analisa com atenção os valores anômalos (outliers) encontrados nas amostras

Já é tradicional na agricultura de precisão a criação de mapas de prescrição de fertilizantes em doses variadas, os quais são construídos a partir de amostras de solo georreferenciadas coletadas no campo, muitas vezes a partir de uma gra-

de regular, interpolando os valores para obtenção dos mapas de fertilidade e, então, a aplicação de alguma regra de recomendação para obtenção dos mapas de prescrição (Figura 1). Nessa atividade, caso haja a presença de dados errôneos, os mapas resultantes não representa-

rão a realidade da lavoura e, portanto, o retorno do investimento pode não aparecer, tanto em termos de otimização no uso dos fertilizantes quanto em termos de ganhos de produtividade das culturas ao corrigir eventuais problemas de deficiência ou excesso. Por esse motivo, o agricultor ou prestador de serviço deve ter o máximo cuidado em todas as etapas que envolvem essa atividade: planejamento da grade amostral; amostragem criteriosa; envio para laboratório com qualidade certificada; análise dos resultados das análises recebidas; criação dos mapas de fertilidade do solo; conversão para os mapas de prescrição de fertilizantes; e aplicação em taxas variáveis no campo. Neste artigo, focaremos especialmente na análise dos resultados das análises recebi-

das e na criação dos mapas de fertilidade do solo.

A checagem dos dados

Sempre que os dados para geração de mapas são recebidos, a primeira etapa deve ser o pré-processamento, ou seja, investigar se são dados confiáveis, realizando a correção de eventuais problemas quando aparecerem. Esse procedimento de “filtragem” de dados é usual e bem documentado para conjunto de dados densos, como os mapas de produtividade oriundos de sensores (Maldaner et al., 2021), os quais contabilizam de dezenas a milhares de pontos por hectare. Porém no caso de amostragem de solo em grade, onde poucas amostras são coletadas (geralmente com densidade de um a cinco hectares por amostra) e cada uma tem um custo associado, a identificação de dados anômalos é dificultada devido à baixa quantidade de amostras, ao mesmo tempo que sofre resistência por parte do analista para a exclusão de dados duvidosos, já que houve um investimento para sua coleta e análise. No entanto, essa avaliação é mandatória, pois um único valor extremo, seja ele muito baixo ou muito alto, pode “contaminar” toda uma região do mapa de prescrição (Figura 2). O que geralmente se pensa é que esse valor, por ter sido avaliado em laboratório, representa, de fato, uma célula da grade amostral. Porém o que de fato essa amostra representa é apenas um ponto com uma dada latitude e longitude. Assim, esse valor não necessariamente representa uma região, pode simplesmente ser um ponto coletado em local com algum problema anterior, como falha da adubadora ou deposição de um monte de calcário. Nesse caso, não seria indicado coletar amostras

nesses locais, mas, na maioria das vezes, essa informação é desconhecida no planejamento amostral em escritório. Assim, a remoção do valor do atributo que se mostra extremo (por exemplo, valor muito baixo de K disponível - Figura 2), permite reproduzir com maior fidelidade a variabilidade existente no solo.

Métodos

para determinação de outliers

O método mais usado é a verificação de valores anômalos (outliers) por meio da distribuição estatística dos dados, uma vez que é um método facilmente automatizado. Na Figura 3 apresentamos um exemplo onde

três amostras com valores altos de potássio seriam consideradas outliers ao avaliar o gráfico de boxplot; porém, esses valores altos parecem representar uma região e não deveriam ser removidos. De forma inversa, os valores de CTC da mesma área não demonstram possuir valores extremos quando avaliado o boxplot. Contudo, olhando os pontos amostrais, fica evidente ao menos um ponto com baixa CTC ao redor de uma região com valores mais altos na parte oeste da área. Este é o chamado outlier local e é difícil de ter sua eliminação automatizada pelos métodos de análise que não consideram a espacialidade dos dados.

Mapas de produtividade podem ajudar na correção de anomalias encontradas nos mapas de análise de solo

Figura 1 – geração dos mapas de prescrição de fertilizantes a partir de amostragem georreferenciada e interpolação dos dados de fertilidade do solo

Figura 2 – exemplo de área com 30 ha onde um único ponto de amostragem com valor muito baixo de potássio criou uma região com alta demanda de fertilizante no meio da área, mas que não representa a realidade do campo. O histograma abaixo ilustra o efeito deste único outlier na distribuição das doses de cloreto de potássio, representando incremento de aproximadamente 4,5% na dose média prescrita

Uma solução para isso é a utilização de alguma estatística espacial, como o Índice de Moran Local (Fu et al., 2016), também representado na Figura 3. Ele determina regiões de valores altos e baixos e possíveis amostras que destoam dos pontos vizinhos. Contudo, esse algoritmo possui uma série de configurações que são sensíveis ao desenho amostral e a ponderação das amostras vizinhas, o que deixa o resultado final subjetivo e, até onde é de nosso conhecimento, há poucos softwares e plataformas digitais que tem algum índice assim implementado.

Como geralmente as ferramentas de análise não estão disponíveis ou se tem configurações de difícil entendimento para julgamento sobre a validade ou não de determinadas amostras com valores suspeitos, muitas vezes o mais simples a ser feito é avaliar visualmente os dados, identificar possíveis valores que não representam uma região e ponderar os prós e contras de manter esses valores duvidosos ou removê-los, para então tomar a melhor decisão para a recomendação de fertilizantes em doses variadas.

O método de interpolação

Esse cuidado com a filtragem de dados é fun -

Figura 3 – exemplo de conjunto de dados de Potássio e CTC no solo, mostrando valores nos pontos amostrais, boxplot dos valores e resultado do Índice de Moran Local, identificando 3 outliers nos dados de CTC

damental. Porém, dependendo do método de interpolação utilizado para a geração dos mapas de fertilidade do solo, os outliers terão maior ou menor impacto nos mapas obtidos. Na Figura 4 apresentamos três métodos de interpolação, que são os mais utilizados em softwares de agricultura de precisão e plataformas digitais: Inverso do Quadrado da Distância (IDW), Mínima Curvatura (ou Spline) e Krigagem Ordinária.

O IDW basicamente pondera o peso das amostras vizinhas para determinar os valores preditos e tem como característica básica a formação dos famosos “olhos-de-boi”. Os métodos de mínima curvatura ou Splines são basicamente superfícies de tendência, que podem gerar superfícies com diferentes graus de suavização e apresentam diversas variações de métodos e configurações. Porém, de forma geral, tendem a formar regiões mais contínu-

as. Já a krigagem demanda a modelagem da dependência espacial dos dados por meio de semivariograma e é tido como o método mais exato de interpolação espacial; porém, quando a dependência espacial é baixa, os mapas apresentam alta suavização dos resultados, diminuindo a amplitude dos valores do mapa gerado (Amaral e Justina, 2019). Essas características ficam evidentes nos mapas da Figura 4. Além disso, também fica claro que a região de influência de um ponto anômalo é influenciada pelo método de interpolação.

No caso da área abaixo, a alteração na dose de fertilizante ocasionada pela presença dos outliers seria menor para a krigagem, seguida por IDW e, por fim, o Spline. Ainda não está claro na literatura que trata dos mapas de fertilidade e recomendação de fertilizantes quando se utiliza um ou outro método. Assim, a sugestão ao usuário/analista é que escolha o método de interpolação que entregue o melhor resultado para determinado conjunto de dados, ou seja, implemente um procedimento de validação cruzada e, caso a caso, utilize o método que entregue menores erros de predição. Importante mencionar que tudo começa com o procedimento de amostragem. Caso haja falhas nesse momento, seja na execução da amostragem no campo, seja no planejamento amostral prévio, toda a atividade iniciará comprometida. Quando a amostragem não capta o correto padrão de variabilidade espacial dos atributos que se quer mensurar, qualquer método de interpolação terá resultados ineficientes, não importando o cuidado com o pré-processamento dos dados. No entanto, se a amostragem for bem planejada e executada e a lavoura apresentar regiões com valores maiores e menores das proprie-

dades do solo, os métodos de interpolação entregarão resultados semelhantes, ficando ainda mais importante a filtragem de eventuais amostras que possam trazer “ruído” ao mapa final, garantindo assim a interpretação correta de locais que demandam mais investimento com

adubação e locais onde o agricultor pode economizar insumos. M

4 - mapas de fósforo disponível no solo gerados por três métodos de interpolação, com presença e ausência de amostras definidas com outliers locais

Lucas, Derlei, Laura e Thiago explicam como eliminar as anomalias em mapas de fertilidade do solo
Lucas Rios do Amaral, Derlei Dias Melo, Laura Delgado Bejarano, Thiago Luis Brasco, Unicamp
Figura

Uso sustentável da água

A agricultura é a principal usuária de água no Brasil. Com mudanças climáticas e irregularidades na distribuição hídrica, adotar técnicas de reuso e manejo eficiente é essencial para garantir produtividade e sustentabilidade

Oterritório brasileiro é privilegiado pela sua disponibilidade hídrica, ultrapassando o volume de 250 mil m³/s que escoa superficialmente pelo país, além do volume subterrâneo que corresponde a cerca de 13 mil m³/s. No entanto o país tem enfrentado diversos desafios para assegurar este recurso natural para os diferentes tipos de usos, uma vez que a distribuição espacial das águas não é uni-

forme. O uso da água, sua disponibilidade e qualidade são diferenciados nas doze regiões hidrográficas brasileiras.

Além disso, as mudanças climáticas têm interferido de forma direta e rápida na oferta hídrica devido a sua influência no ciclo hidrológico, com o aumento das temperaturas e a irregularidade das chuvas, com eventos cada vez mais frequentes. Mesmo em período chuvoso, por exemplo, no mês de feve-

reiro de 2024, foram registradas secas severas e extremas em uma porção do estado do Amazonas, Roraima, sul de Goiás, leste do Mato Grosso do Sul, São Paulo e oeste de Minas Gerais. De acordo com informações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), 653 municípios brasileiros foram classificados com seca severa e 61 com seca extrema. Destes últimos, 46 estão situados no estado de São Paulo, seis em Mi-

nas Gerais, sete em Goiás e dois no Mato Grosso do Sul.

Ao se considerar os diferentes tipos de usuários dos recursos hídricos no Brasil, a agricultura é o setor que apresenta maior demanda, representando 50,5% do volume total de retiradas para irrigação no ano de 2022. São 8,5 milhões de hectares equipados para irrigação e destes 65% são irrigados com água de mananciais e aproximadamente 35% são fertirrigados com água de reuso.

Para que as culturas atinjam boa produtividade é importante suprir a necessidade hídrica no momento e na quantidade correta. Desta forma, a irrigação atua como fonte suplementar de água nos períodos de estiagem para assegurar o desenvolvimento das plantas. A sua implementação possibilita o aumento da produção, a melhoria da qualidade dos produtos, bem como a comercialização na entressafra. Para a escolha do método e do sistema de irrigação deve-se levar em consideração: a disponibilidade em termos de quantidade e qualidade de água, as condições climáticas, os tipos de solo, a cultura, a topografia dos terrenos, a disponibilidade de energia e mão de obra, e os recursos financeiros, entre outros. A Figura 1 apresenta a eficiência do uso da água (%) por sistema de irrigação, associada à classificação qualitativa dos métodos de irrigação com relação a diferentes fatores.

O grande desafio da agricultura e pecuária é garantir os recursos naturais em um cenário de alterações climáticas na produção de alimentos para atender uma população mundial em crescimento, sendo estimada em 10 bilhões de pessoas em 2050.

Nesse sentido, para reduzir a pressão dos recursos hídricos pela

agricultura irrigada, principalmente em regiões com escassez, são necessários programas e políticas que fomentem ações para conservação das águas. Dentre estas: avaliações dos sistemas de irrigação para garantir uniformidade de aplicação, manejo da irrigação, além da adoção de práticas sustentáveis, como o reuso, visando maior eficiência do uso da água.

O reuso da água é uma alternativa promissora no contexto da agricultura sustentável. A irrigação de culturas com efluentes tratados pode ser entendida como uma importante estratégia para a conservação dos recursos hídricos, pois mesmo após tratamento, os efluentes apresentam nutrientes que podem afetar a qualidade dos corpos hídricos em curto e médio prazo, principalmente quando estes apresentam baixa capacidade de autodepuração. Além disso, o reuso da água auxilia no desenvolvimento das plantas, por fornecer umidade e nutrientes aos solos, minimizando a utilização de fertilizantes sintéticos.

No entanto, é importante ressaltar que nem todos os tipos de efluentes tratados atendem aos cri-

térios de reuso da água para a irrigação. Após o tratamento os efluentes devem atender a medidas sanitárias voltadas à saúde pública e não apresentarem concentrações de contaminantes que possam prejudicar a qualidade dos solos e das águas subterrâneas. No âmbito federal, a Resolução CONAMA nº503/2021 é a legislação aplicada ao reuso, apresentando os critérios e procedimentos para a reutilização das águas residuárias tratadas de fonte agroindustrial (indústrias de alimentos, laticínios, bebidas, frigoríficos e graxarias).

Embora seja conhecida a prática de reuso de efluentes domésticos tratados, os efluentes tratados das agroindústrias podem apresentar uma carga maior de nutrientes, além de apresentar menor potencial patogênico e, em muitos casos, facilitar a logística, em decorrência das instalações industriais situadas próximas às áreas de cultivos.

Neste sentido, podemos citar como exemplo um estudo que avaliou a uniformidade da aplicação de água, em um sistema de irrigação por aspersão convencional, bastante utilizado no país, adotando o reuso de efluente tratado, provenien-

Figura 1 - Eficiência do uso da água (%) por sistemas de irrigação e classificação dos métodos de irrigação com relação a diferentes fatores
Fonte: Adaptado de ANA (2019) e Testezlaf (2017).

te do abatedouro localizado na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA-USP) em Pirassununga-SP. O experimento foi realizado entre maio e junho de 2023, em 20 parcelas de 64 m², nas quais foram instalados dois aspersores (Modelo 3123-PC360 da marca Senninger®) de modo diagonal nas extremidades, formando um ângulo de operação de 90°, com altura de dois metros da superfície.

Para a realização do teste de uniformidade, o sistema de irrigação foi operado por 20 minutos, em condições de velocidade do vento inferior a 5 km/h. Com os dados de lâminas precipitadas foi determinado o Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC), do Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD) e do Coeficiente Estatístico de Uniformidade (CUE) (Tabela 1). No primeiro teste verificou-se que, de acordo as classificações de Mantovani, Bernardo, Palaretti (2009), os valores médios dos coeficientes CUC, CUD e

CUE foram respectivamente razoável, bom e ruim. No entanto, individualmente verificou-se coeficientes ruins e inaceitáveis. Deste modo, houve a necessidade da realização de ajustes em relação a angulação dos aspersores e sua fixação a haste, com consequente novo teste. Os maiores valores para os coeficientes de uniformidade foram obtidos após ajustes, classificados como bom (CUC), excelente (CUD) e bom (CUE).

Os resultados constataram a importância da avaliação e manutenção dos sistemas de irrigação. Ademais, indica-se a realização dos testes em

outros períodos do ano, com o intuito de avaliar outras variáveis climáticas que possam provocar interferências no desempenho do sistema de irrigação.

Diante do contexto, é necessário utilizarmos técnicas que visem a sustentabilidade na produção agrícola, de forma a evitar as perdas de água nos sistemas de irrigação, além de contribuir com a conservação dos solos, mantendo o equilíbrio dos serviços ecossistêmicos. Estas medidas atendem algumas das metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): fome zero e agricultura sustentável; água potável e saneamento; consumo e produções responsáveis; combate às alterações climáticas; vida debaixo da água, e vida sobre a terra.

Ana Claudia Pereira Carvalho, Ana Paula Pereira Carvalho, Tamara Maria Gomes, Fabrício Rossi, USP M

Exemplo de uma lavoura com irrigação por superfície
Alexey Komissarov
Tabela 1 - Classificação da uniformidade do sistema de irrigação para os dois testes
Fonte: Bonelli (2023).

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