Do editor Edição Número 6 - Ano I Novembro / Dezembro 2001 ISSN - 1676-0158 EMPRESA JORNALÍSTICA CERES CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (06 edições): R$ 38,00 DIRETOR
Chegamos ao final de um ano importante para o mercado de máquinas e implementos agrícolas. Crescemos, nós do setor, mais de 20%. É verdade que o crescimento resultou em grande parte de programas de incentivo governamentais, mas daí se pode concluir que com um pouco de ajuda a agricultura brasileira terá um futuro brilhante. Nesta edição, a matéria de capa trata da deriva. Problema sério na hora de aplicar produtos fitossanitários, muitos acidentes foram causados por deriva de produtos. Quem não conhece o caso de um dessecante que acabou em lavoura indevida? O pesquisador Hamilton Ramos, do Instituto Agronômico, ensina como reduzir ou evitar o risco. Oferecemos também a história dos 40 anos da Massey Ferguson no Brasil, uma das empresas pioneiras, as vantagens da quimigação e as novi-
Newton Peter EDITOR GERAL
dades da Agritechnica, a maior feira européia de tecnologia. Na última página, Arno Dallmeyer, nosso editor técnico, tece reflexões
Schubert Peter
sobre o papel do concessionário na vida do produtor rural.
EDITOR TÉCNICO
Dr. Arno Dallmeyer REPORTAGENS ESPECIAIS
Pablo Rodrigues João Pedro Lobo da Costa
Índice
DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Fabiane Rittmann Christian P. Costa Antunes MARKETING
Otávio Pereira CIRCULAÇÃO
Edson Luiz Krause ASSINATURAS
Simone Lopes ILUSTRAÇÃO
Rafael Sica
Nossa Capa Foto Hamilton Humberto Ramos / IAC
Rodando por aí
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Quimigação
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Pulverizador microtubo
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Agritechnica
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Perdas na colheita
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Novidades John Deere
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Deriva de agroquímicos
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Lançamento Case
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Centro de treinamento
21
Pulverizador autopropelido
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Massey 40 anos
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Opinião
26
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Index Produções Gráficas FOTOLITOS E IMPRESSÃO
Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES:
Destaques
Ambientalmente segura Aplicação de agroquímicos na lavoura por intermédio da água de irrigação
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.................................................... 06
GERAL / ASSINATURAS: 272.2128
REDAÇÃO : 227.7939 / 272.1966
MARKETING: 3025.4254 / 272.2257
FAX: 272.1966
Ceres Empresa Jornalística
Caderno especial As características do trator ideal para cada tipo de trabalho são abordadas pelo professor Schlosser
Microtubo Trabalho descreve novo sistema de aplicação que usa tamanhos específicos de microtubos ...................................................
Perdas no milho Especialista explica as maneiras para reduzir o nível de perdas na colheita do milho ...................................................
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Rodando por aí
Mudanças AGCO
Normélio Ravanello, engenheiro mecânico pós-graduado em administração da produção, assumiu o controle das operações da AGCO do Brasil. Ravanello substituirá o inglês Steve Wood no cargo de Superintendente de Operações da AGCO na América do Sul, Central e Caribe. Steve Wood, que permanecerá dando apoio às operações sul-americanas durante o período de transição até o final de 2001, assumirá uma nova posição na AGCO inglesa a ser anunciada em breve.
Especialização
O Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas estará realizando a partir de abril de 2002 o Curso de Especialização em Engenharia Rural, na modalidade Lato Sensu , com concentração na área de Gerenciamento e Utilização de Máquinas Agrícolas. O curso será oferecido em CD-ROM, sendo composto por 11 módulos abordando aspectos relativos às máquinas agrícolas, sua correta utilização, seleção e gerenciamento, com carga horária de 470h. Mais informações com o professor Antônio Lilles Tavares Machado pelo telefone (53) 275 71 26 ou 275 72 59.
Plantio Direto
O site www.embrapa.br/ plantiodireto possui informações detalhadas sobre todo processo de plantio direto. A home page aborda desde o histórico do sistema no País às políticas de estímulo ao Plantio Direto. Críticas e sugestões quanto ao site podem ser enviadas pelo e-mail: plataforamSPD@terra.com.br
Koblitz
Com 25 anos de trajetória, a Koblitz, empresa 100% nacional, é reconhecida nacional e internacionalmente no mercado de geração e cogeração de energia. Destaca-se por buscar soluções no setor energético, atuando nas áreas de desenvolvimento, instalação e manutenção de sistemas avançados de energia no Brasil.
Precisão
A Embrapa Soja promoveu uma reunião sobre Agricultura de Precisão no auditório da instituição no dia 19 de outubro. O evento reuniu mais de 60 representantes da assistência técnica, indústria, ensino, pesquisa e agricultores. Durante o encontro, foi formalizado contrato de cooperação técnica entre a Embrapa Soja e a Unesp de Botucatu e de Presidente Prudente para se viabilizar o projeto de pesquisa sobre Agricultura de Precisão em sistemas de produção com soja nas regiões Central e Sul do Brasil.
Parceria
A Massey Ferguson comemorou 10 anos de atuação conjunta com a Shell no país. Desde 1991, os tratores Massey Ferguson saem da linha de montagem abastecidos com lubrificantes, aditivos e fluidos Shell. Os produtos da líder mundial em lubrificantes são também comercializados na rede de concessionárias da Massey Ferguson em todo o Brasil. Ao longo da parceria, as vendas da Shell na área agrícola cresceram de 400 mil litros, para os atuais 2,5 milhões, garantindo uma participação de 44% da Shell nesse segmento de mercado.
Hélvio Quintão e Raymundo Azevedo Filho
Rede New Holland
Com a participação de todos os concessionários da New Holland no Brasil, a Abraforte (Associação Brasileira dos Distribuidores New Holland) comemorou, no dia 22 de novembro, os seus 25 anos fundação. Para marcar a data, foi realizada uma solenidade em Curitiba (PR), sede da entidade, que contou com as presenças de Paolo Monferino, presidente mundial da CNH Global, holding da qual a New Holland faz parte, Valentino Rizzioli, vice-presidente da CNH para América Latina, e Francesco Pallaro, diretor comercial da New Holland. Durante a solenidade, o diretor do Banco CNH Capital, Hélvio Quintão, presenteou o presidente da Abraforte, Raymundo Azevedo Filho, com uma escultura feita por um antigo operário da New Holland, Luiz Gagliastri, que se transformou num artista plástico de renome internacional.
Honda
O TRX 350 Fourtrax da Honda tem feito sucesso no campo. Com design moderno, o Fourtrax é capaz de auxiliar na inspeção de culturas, colheita de amostras, e transportes. Possui motor 4
tempos, câmbio com embreagem semi-automática para serviço extrapesado, tração nas 4 rodas, partida elétrica, pneus de baixa pressão que reduzem a compactação do solo e amplos bagageiros.
Transgênicos
Tecnologia Social A semeadora Sembra 2000, desenvolvida pela Embrapa, em parceria industrial e comercial com a empresa Sfil, de Ibirubá
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(RS), foi reconhecida pela Fundação Banco do Brasil como Tecnologia Social. A Sembra 2000, utilizada para plantio direto
em pequena propriedade, compõe a base de dados do site da fundação ( w w w. c i d a d a n i a e.com.br)
A segurança dos organismos geneticamente modificados na alimentação e a legislação brasileira sobre biossegurança foram os temas do seminário que a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA) e a Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (FIEMT) promoveram em novembro na capital mato-grossense. O evento teve o apoio do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Cuiabá e Várzea Grande, da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Mineração do Estado do Mato Grosso, e da Secretaria da Agricultura e Assuntos Fundiários do Estado do Mato Grosso.
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Irrigação Mecanizada
Em 1985 foi instalado pela Valley/ Valmont o primeiro sistema de Pivot Linear. Todavia, o mercado Brasileiro se mostrou receoso com relação ao Linear, mesmo sendo em alguns casos 50% mais barato que o Pivot Central. Contudo, neste ano já foram vendidos mais de 15 Lineares pelo Brasil afora, principalmente no Nordeste para a irrigação de Cana-deaçúcar e um Super Linear de 600 hectares em Minas Gerais. As vantagens são muitas desde que a topografia seja plana e forme um retângulo. A Alimentação desse sistema de Irrigação pode ser via Canal ou mangueira. Mais informações pelo site www.PivotValley.com.br
Furgão Agrale
A Agrale S.A apresentou na Fenatran (Feira Nacional de Transportes), em São Paulo, o Furgovan 6000. O novo veículo tem a maior potência da categoria (131 cv), está entre as maiores capacidades de carga (2.400 kg) e maior PBT - peso bruto total (5.900 kg). Este novo furgão é o veículo com índice mais elevado de nacionalização de sua categoria, o que proporciona maior economia global. O Furgovan será comercializado na rede de concessionários autorizados da empresa em todo o País, a partir de janeiro de 2002. Máquinas
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Irrigação Fotos Grupo Fockink
agroquímicos
Água e químicos A
aplicação de produtos químicos na lavoura, por intermédio da água de irrigação, denomina-se quimigação. Trata-se de uma técnica em grande expansão no país e ambientalmente segura para diversos tipos de produtos, como: herbicidas, fungicidas, inseticidas e fertilizantes. É compatível com vários sistemas de irrigação, sendo os proprietários dos sistemas de irrigação localizada e pivô central os que fazem uso mais freqüente desta prática. Feita de maneira correta, a quimigação representa, na atualidade, importante tecnologia na agricultura irrigada.
AMBIENTALMENTE SEGURA? As lavouras estão sujeitas à ação de pragas, doenças e plantas daninhas, cujo controle envolve operações de grande significado socioeconômico, por reduzir as perdas e garantir o retorno do investimento realizado pelo produtor. Um dos métodos utilizados no controle desses agentes de perda tem sido a aplicação de defensivos agrícolas, que, no curto prazo, apresenta bons resultados, desde que feita adequadamente. É importante que esse método seja empregado dentro do contexto mais amplo do manejo integrado.
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Máquinas
Dentre as diferentes técnicas de aplicação de defensivos disponíveis, as que se baseiam na pulverização convencional (costal e tratorizada) são as mais difundidas, graças à flexibilidade que oferecem em distintas aplicações. Atualmente, entretanto, uma nova técnica de aplicação fitossanitária, a quimigação, vem se desenvolvendo bastante. A aplicação de produtos químicos na lavoura por intermédio da água de irrigação, também conhecida como quimigação, está se intensificando por parte dos produtores que dispõem de equipamentos de irrigação, pois é técnica eficiente com muitos produtos e economicamente viável. Produtores rurais já fazem uso desse método de aplicação com sucesso, mas sem o devido respaldo da pesquisa. Muitos produtores, por sua conta e risco e com base em suas próprias observações, estão fazendo aplicações de agroquímicos sem o conhecimento dos riscos ambientais que a nova técnica, quando utilizada de maneira inadequada, pode acarretar. Diversos agricultores estão aplicando quantidade de produto muito superior à necessária, de maneira a compensar o grande volume de água aplicado. Soma-se a isso o fato de que, muitas vezes, os próprios profissionais de extensão rural não www.cultivar.inf.br
Aplicação de produtos químicos na lavoura por intermédio da água de irrigação. Quimigação está em expansão
conhecem o real efeito dos defensivos agrícolas existentes no mercado quando aplicados via água de irrigação. A pesquisa precisa responder às dúvidas dos produtores e fornecer dados para evitar possíveis fracassos e danos ao meio ambiente. Os mais diversos tipos de produtos, entre eles os herbicidas, os inseticidas, os fungicidas, os nematicidas e os fertilizantes, são passíveis de serem aplicados via irrigação. Apesar de ser uma técnica relativamente nova para muitos agricultores, começou a ser usada com mais intensidade, nos Estados Unidos, na década de 70. No Brasil, somente nos últimos anos é que a quimigação tem-se firmado como técnica, sendo os proprietários dos sistemas de irrigação localizada e pivô central os que fazem uso mais freqüente dessa prática. Com a evolução dos sistemas de irrigação, a introdução de novos defensivos no mercado, o aumento crescente do custo da mão-de-obra e a necessidade de elevar a eficiência dos insumos agrícolas, criou-se grande expectativa em relação à utilização dessa tecnologia. De maneira geral, os sistemas de irrigação por aspersão, principalmente o pivô central e os sistemas lineares, são os mais adequados a essa técnica, enquanto a irrigação por superfície é de uso mais limitado. Novembro / Dezembro 2001
É importante que fique claro que toda e qualquer forma de aplicação de defensivo representa risco ao ambiente quando mal manejada
VANTAGENS E DESVANTAGENS As principais vantagens da quimigação podem ser assim relacionadas: Uniformidade de aplicação: de maneira geral, se o equipamento de irrigação estiver operando em perfeita condição, a distribuição de defensivos na lavoura será mais uniforme que a convencional. Economia: constitui-se numa técnica mais econômica do que a convencional. Incorporação e ativação: os produtos que visam atingir o solo são incorporados e ativados quando aplicados com grande volume de água. Flexibilidade: a aplicação pode ser feita em épocas de grande fechamento da cultura, sem grandes danos a esta. Redução da compactação do solo: temse o tráfego de máquinas eliminado na lavoura durante a aplicação dos produtos. Redução de danos à cultura: o menor tráfego também diminui os danos à cultura. Menores riscos ao operador: o operador não precisa estar em contato com o produto distribuído, como no caso da aplicação convencional. A quimigação traz consigo, entretanto, algumas características inerentes à aplicação de defensivos agrícolas que devem ser manejadas corretamente, sob o risco de inviabilizar o sistema, como: Necessidade de manejo eficiente: a quimigação pressupõe o manejo eficiente da irrigação para o sucesso da operação. Riscos ambientais: a quimigação é um risco potencial ao meio ambiente quando manejada de forma inadequada. Equipamentos adicionais: há necessidade de adquirir alguns equipamentos adicionais para se realizar a aplicação com segurança.
MEDIDAS DE SEGURANÇA No Brasil, como não há legislação específica sobre as precauções a serem tomadas na
Pivot Central em processo de aplicação
quimigação, as medidas e os equipamentos de segurança a serem adotados dependem, basicamente, da conscientização do produtor irrigante e do custo envolvido. De qualquer forma, os sistemas de irrigação não devem operar sem válvulas de segurança, drenos automáticos e dispositivos de intertravamento entre a bomba dosadora e a de irrigação. Vale ressaltar que os defensivos, assim como a sua forma de aplicação, devem estar devidamente registrados no órgão federal competente. É importante frisar que nem todos os defensivos proporcionam resultados satisfatórios na quimigação em virtude, principalmente, de sua formulação. Em alguns casos, os métodos convencionais são preferíveis.
PESQUISAS Alguns centros de pesquisa e universidades, tanto em nível nacional como internacional, têm feito estudos visando comprovar a eficácia e desenvolver a tecnologia da quimigação. Trabalhos têm sido conduzidos procurando adequar o manejo dos sistemas de irri-
CONSIDERAÇÕES FINAIS Sem dúvida, a aplicação de produtos químicos conjunta com a irrigação representa, na atualidade, importante tecnologia na agricultura irrigada. Deve ser feita, entretanto, com critério, de maneira a evitar possíveis danos ambientais e prejuízos econômicos. Um manejo adequado inclui sistemas bem projetados, calibração bem feita e operador bem treinado. O conhecimento do alvo e das características do produto a ser aplicado também é fundamental. Quando se fala em quimigação, a primeira dúvida que se tem é com relação à segurança ambiental. É importante que fique claro que toda e qualquer forma de aplicação de defensivo representa risco ao ambiente quando mal manejada. Porém, feita de forma correta, a quimigação, assim como a aplicação convencional, é ambientalmente segura. É importante destacar que o aumento do volume de água na quimigação não implica utilização de doses maiores de defensivos. Pelo contrário, há evidências, em alguns estudos, de que a dose recomendada de certos defensivos pode ser reduzida quando estes forem aplicados via .M água de irrigação. João P. A. Rodrigues da Cunha, Universidade Federal de Viçosa
A quimigação é feita através do Pivot Central Novembro / Dezembro 2001
gação, bem como as formulações dos defensivos, a essa nova técnica. Nesse contexto, destacam-se trabalhos realizados no Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, MG, conduzidos pelo Prof. Mauri Teixeira, pelo Dr. Rogério Vieira (Epamig) e pelo doutorando João Paulo Cunha, visando determinar a eficácia e a uniformidade da distribuição de defensivos agrícolas aplicados via água de irrigação.
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Máquinas
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Alternativa pulverização
O microtubo é alternativa para combinações específicas de produto/ cultura/praga com precisão e segurança
Aplicação com microtubo E
ste trabalho descreve um novo sistema de aplicação que usa tamanhos específicos de microtubos para aplicar baixos volumes de inseticida dentro de sulcos abertos durante o plantio. O sistema foi desenvolvido como uma alternativa para combinações específicas de produto/cultura/praga com perfeita precisão e segurança, melhor do que os sistemas convencionais de aplicação em faixa usando bicos de pulverização ou uso de inseticidas granulados. Em algumas situações, o sistema pode ser considerado como uma alternativa para o tratamento de sementes quando fungicidas, micro-nutrientes e inoculantes têm que ser aplicados simultaneamente. O aplicador de microtubos usa tubos plásticos bastante finos de 0.75 a 2 mm de diâmetro interno, mede e aplica a solução do produto químico diretamente no sulco de plantio. Comprimentos específicos dos microtubos são selecionados para permitir o uso de baixos volumes de até 10 litros por ha em espaçamentos estreitos de 14 cm, como no caso do trigo. Em soja ou milho, com espaçamentos maiores de 50 cm, volumes mais baixos podem ser utilizados, dependendo da velocidade da semeadora.
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Máquinas
Os tubos são fixados no depósito da semeadora e a calda do produto químico é bombeada usando-se uma pequena bomba de 12 volts equipada com um regulador de pressão. Dependendo da concentração do produto e da dose necessária, testes realizados confirmaram que o produto pode ser aplicado sem diluição, ou misturados a água, usando uma válvula misturadora, imediatamente antes de serem bombeados através dos microtubos. O sistema já é amplamente utilizado na Austrália, Estados Unidos e na Europa Oriental e atualmente aperfeiçoado para uso em sistemas de circuito fechado .
O QUE É O SISTEMA
Fig. 2
Fig. 3- Gráfico demonstrativo de calibração
O sistema de microtubos é totalmente diferente dos métodos de aplicação de produtos líquidos nos quais a solução química não é pulverizada. O objetivo do sistema foi desenvolver um método prático de aplicação de baixos volumes (tão baixo como 10 litros/ha no trigo) sem usar os orifícios extremamente pequenos normalmente presentes na medição de líquidos. Estes sistemas convencionais causam freqüentes entupimentos dos bicos, especialmente quando a água não é bem filtrada. Por um prowww.cultivar.inf.br
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O sistema de microtubos foi inicialmente desenvolvido a partir de uma máquina chamada de Jectarow, produzido por Ag-Chem PTY Ltd, da Austrália
cesso de tentativa e de erro, descobrimos que o baixo volume necessário pode ser obtido através de uma seleção cuidadosa do comprimento e do diâmetro interno do microtubo. Este sistema está sendo utilizado comercialmente na Austrália para a aplicação de inseticidas usando tubos plásticos bastante finos com 0.75 a 2 mm de diâmetro interno que mede e aplica a solução química diretamente no sulco de plantio. Com dosadores convencionais, seria necessário usar orifícios de 0.123 a 0.83 mm de diâmetro interno. Diâmetros assim pequenos são facilmente obstruídos por poeira ou partículas provenientes do tanque do pulverizador. Entretanto, com o sistema de microtubos, orifícios bem maiores podem ser usados e as doses baixas de aplicação são obtidas através de tubos bastante compridos utilizando pressões mais baixas para conseguir-se a dose desejada de aplicação. ( Fig. 1) O sistema de microtubos foi inicialmente desenvolvido a partir de uma máquina chamada de Jectarow, produzido por AgChem PTY Ltd, da Austrália, que usa microtubos para a aplicação de etileno, mas apresentou inúmeros problemas, principalmente relacionados com o tipo de produto aplicado. Os microtubos são facilmente fixados nos depósitos de sementes das semeadoras em uma posição que permita o direcionamento do jato do produto químico diretamente dentro do sulco de plantio ao lado das sementes, durante a operação de plantio. O sistema também pode ser usado para aplicar com bastante precisão, produtos químicos como tratamento em faixa lateral na linha de plantio de culturas já emergidas. Os componentes chave de um aplicador de microtubos são essencialmente os mesmos de um pulverizador convencional, requerendo os seguintes elementos: Tanque para o produto químico: Pode ser relativamente pequeno, uma vez que os volumes geralmente serão de no máximo 20 L/ha, podendo ser, entretanto, de até 4 L/ ha, dependendo do espaçamento da cultura e da velocidade de deslocamento. Fonte de pressão: Pode ser uma bomba capaz de produzir pressões de 15 até 40 PSI com capacidade de bombear os volumes necessários para abastecer todas as linhas da semeadora. Regulador de pressão: Necessário para ajustar e manter a pressão constante. Conectores: Conectores de múltiplas saídas são necessários para inserir os microtubos, normalmente um para cada linha a ser plantada. Microtubos: Todos os microtubos devem ser cortados no mesmo comprimento, Novembro / Dezembro 2001
Fig. 4
conseguir a vasão desejada.
QUANDO APLICAR O SISTEMA
Fig. 6
Fig. 6a
uma vez que o volume de aplicação é inversamente proporcional ao comprimento. Para minimizar riscos de entupimento, a extremidade dos tubos devem ser cortadas em ângulo, usando-se uma lâmina afiada. (Fig.2) A calibragem (com água), usando um bomba de 12 volts, consiste dos seguintes passos: Determine a velocidade da semeadora em quilômetros por hora ou pelo número de segundos gastos para deslocar-se 100 metros. Usando a Fig. 3, buscar a vazão requerida que coincida com o espaçamento da cultura. Encha o tanque pela metade com água. Ligue a bomba e a válvula, ajustando a pressão para uma regulagem próxima do gráfico da Fig. 3. Colete a água de diferentes microtubos e determine a vazão por minuto de cada microtubo. Ajuste a pressão, se necessário, para www.cultivar.inf.br
O método de aplicação de microtubos é indicado para as seguintes situações: a- Para aplicação de qualquer produto agrícola no controle de insetos de solo, para aplicação de produtos sistêmicos fungicidas, e nutrientes onde absorção radicular é requerida. b- Como uma alternativa à aplicação granular, particularmente sob condições de seca, onde o líquido pode dar resposta mais rápida. c- Como uma alternativa ao tratamento de sementes quando condições inseguras podem estar envolvidas na manipulação da semente tratada ou quando diversos produtos precisam ser aplicados simultaneamente na operação de plantio. Uma alternativa para o sistema de pulverização de faixas convencional. A característica do sistema de microtubos é de aplicar volumes muito baixos com grande precisão. Em condições de campo é comum conseguirse cerca de 2 % de erro, porque os tubos aplicam doses idênticas quando corretamente instalados. Para milho com 1 metro de espaçamento e velocidade de plantio de 8 km/h: Volume por ha= 4.0 litros Volume por minuto por microtubo= 3 ml Diâmetro interno do microtubo= 1 mm Comprimento do microtubo= 3 m Pressão do microtubo= 27 PSI
EM RESUMO Muitas são as vantagens do sistema de microtubos: 1. Permite a aplicação de baixos volumes com precisão. 2. Algumas formulações de produtos permitem que sejam aplicadas sem diluição, reduzindo o risco para o operador. 3. O volume por ha da aplicação é controlada principalmente pelo comprimento do microtubo, eliminando portanto os problemas relacionados com orifícios muito pequenos. 4. O custo de instalação é baixo, o que torna o sistema muito mais econômico do que .M um sistema de aplicação de grânulos. Alan McCracken, Loveland Industries Inc. USA Máquinas
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Máquinas evento
Novidades na Europa A maior feira européia de tecnologia agrícola. Cultivar Máquinas foi conferir. Veja as novidades
A
Alemanha promoveu, de 13 a 17 de novembro, em Hannover, a nona edição da Agritechnica, uma das maiores exposições européias de tecnologia agrícola. Ali mais de 1300 expositores, de 30 países, mostraram a gama completa de tecnologia para a produção agrícola, como tratores, máquinas, acessórios e peças de reposição. Os expositores abrangem todas as necessidades, desde o alto nível tecnológico até o elementar, além de máquinas e equipamentos robustos, apropriados para as severas condições de regiões tropicais e em desenvolvimento. A área de exposição cresce a cada edição. Atualmente são 196.000 m2, utilizados pelos expositores dos quais um terço (433) são estrangeiros, sendo 108 italianos, 59 franceses, 52 holandeses, 44 austríacos, 29 dinamarqueses, 17 ingleses, 17 tchecos, 16 espanhóis e 14 finlandeses. Esta grande participação internacional reflete o interesse no mercado alemão e da Europa central e do leste. Não foi apenas a exposição estática, mas várias outras atividades moveram o evento. Sob o tema Proteção do solo Tecnologia
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Máquinas
Rendimento foi realizado um programa técnico com atividades especiais ligadas aos assuntos: Cultivo de hortaliças a campo; Agricultura ecológica; Tecnologia florestal; Matérias primas renováveis e bioenergia; Biotecnologia e sementes; Preservação da paisagem e tecnologia de paisagismo. Vários encontros ocorreram durante o evento reunindo contratistas, engenheiros agrícolas, estudantes, círculos de mecanização, jovens agricultores, etc...
TENDÊNCIAS O Dr. Dirk Quest, Diretor da Área de Engenharia Agrícola da DLG Associação Alemã de Agricultura, promotora do evento, faz uma análise das tendências de desenvolvimento da Tecnologia Agrícola na Agritechnica 2001. A concentração das empresas de máquinas agrícolas, já manifestada na Agritechnica
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anterior, continuou. Os fabricantes, denominando-se long-liner ou full-liner, tentam tornar-se fornecedores de cadeias completas de mecanização, cobrindo desde o plantio até (em parte) a comercialização. Um exemplo é a cultura da batata: a par de plantio e práticas culturais, a colheita, o armazenamento e o préprocessamento estão representados por um número pequeno de fornecedores. A ampla gama de soluções técnicas específicas bem como as inovações dos produtos não foram afetadas pela concentração das empresas até o momento. O desenvolvimento da tecnologia agrícola na Agritechnica 2001 pode ser assinalado por algumas tendências básicas, que valem praticamente para todos os grupos de máquinas. As maiores inovações são alcançadas pela combinação de tecnologias conhecidas ou modernas com a aplicação da eletrônica, das mais diversas formas. Isto vale tanto para as máquinas-chave, tratores e colhedoras, bem como para máquinas menos complexas como equipamentos para preparo do solo ou tecnologia de colheita de forragem. Novembro / Dezembro 2001
O desenvolvimento da tecnologia agrícola na Agritechnica 2001 pode ser assinalado por algumas tendências básicas, que valem praticamente para todos os grupos de máquinas
Os novos desenvolvimentos trazem por um lado notável melhoria da qualidade do trabalho, por outro o aumento do desempenho operacional. Um ponto chave está na otimização de manutenção e do conforto. Em continuação as máquinas deverão trabalhar economizando recursos naturais, aproveitando todas as possibilidades técnicas e o uso otimizado da energia. Em muitos segmentos no entanto melhorias em detalhes de sistemas convencionais apóiam estas melhorias citadas.
AS NOVIDADES
sim pela qualidade do trabalho dos implementos. O sistema de suspensão não melhora apenas o conforto ao rodar e a segurança de tráfego em rodovias, mas permite também velocidades de trabalho significativamente mais elevadas com equivalente aumento de capacidade de tração. Isto é de especial significância em operação em áreas declivosas ou onde há trilhos de passagens de máquinas em operações anteriores, como colheita, p. ex. A perda de tração pelo movimento vertical cíclico (power-hop, galope), muito característico em tratores 4x4 em momentos de alto desempenho, é eliminado nesta construção. A suspensão hidro-pneumática independente permite levantar ou abaixar totamente o trator, o que pode melhorar o vão livre, ou
Fotos Agritechnica
A Agritechnica, como bolsa de inovações da indústria européia de máquinas agrí-
cimento pneumático com mola, para baixas freqüências. O sinal de um sensor de posição e outro de vibração (acelerômetro) é analisado por um processador, que comanda o fluxo de óleo ao cilindro através de uma válvula eletro-hidráulica. Em função da excitação ativa do assento o perfil de amortecimento pode ser mantido muito baixo. Por isto o operador mantém uma posição ergonomicamente significativa com relação aos comandos de segurança, como freio e volante de direção. O nível de carga de vibração vertical é significativamente reduzido em comparação aos sistemas conhecidos até agora, devido ao sistema ativo. Esta é uma vantagem tanto para a saúde do operador e sua capacidade de trabalho quanto para a segurança. Se até agora as vibrações impos-
Colhedora de batatas para quatro linhas com controle eletrônico
colas apresentou neste ano novidades excepcionais. A escolha é feita por uma comissão de especialistas, integrada por técnicos da extensão, da pesquisa e da DLG, com competência comprovada. A decisão final, entre as muitas inovações inscritas, e que sinalizam as tendências, não foi fácil para a comissão. Foram 260 inscrições feitas por 162 expositores de um total de 11 países. Ao total foram concedidas 3 medalhas de ouro e 27 de prata.
MEDALHAS DE OURO Pelo destaque absoluto foram premiados: Active seat assento do operador com cilindro hidráulico John Deere Quad Wheel suspension suspensão dianteira independente para eixos de tração John Deere Colhedora de batatas para quatro linhas Grimme O Assento (Active Seat) - O assento do operador é acionado por um cilindro hidráulico integrado, de tal modo que as vibrações impostas ao corpo do operador são minimizadas. O sistema hidráulico é montado em paralelo a um sistema convencional de amorteNovembro / Dezembro 2001
Suspensão independente para tração dianteira auxiliar
tas ao operador limitavam a velocidade de operação, agora pode imaginar maiores velocidades de trabalho e, ligadas a ela, maiores capacidades operacionais. A suspensão (Quad Wheel Suspension) - Projeta-se montar uma suspensão independente nas quatro rodas de um trator convencional. Um agricultor poderia, em função de suas necessidades individuais, encomendar um trator idêntico sem suspensão, com suspensão apenas no eixo dianteiro ou suspensão em todas as rodas. Nesta proposta não estão sendo considerados os bons valores conseguidos até então em variação de bitola e de raio de giro. Os equipamentos acoplados são amortecidos junto, de modo a estabelecer uma boa relação de massas amortecida e não-amortecida. Através da combinação de uma ótima geometria dos eixos são geradas condições para uma alta segurança de deslocamento bem como de conforto ao rodar. A questão de custos operacionais é melhorada nestas condições de trabalho. A geometria dos eixos separa a suspensão em si do sistema de alavancas. A velocidade operacional máxima agora não está mais limitada pela transmissão do trator, mas
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ao contrário, o deslocamento em condições inseguras com obstáculos ou declives. A colhedora de batatas (4 linhas) - Uma colhedora para 4 linhas, autopropelida, com um sistema de gerenciamento de mecanismo de apanha, controlando a qualidade do trabalho, do desempenho e com flexibilidade de aplicação. Isto é conseguido por um conjunto de sensores que medem a rotação e a pressão do sistema hidráulico de acionamento; a espessura da camada de material recolhido, sobre a esteira principal; a massa de material colhido no elevador bem como a velocidade de deslocamento. Um sistema de controle automatizado voltado à qualidade de operação e desempenho atua sobre as peneiras e os elementos separadores. Em áreas declivosas o direcionamento dos arrancadores é melhorado através da ativação de sensores múltiplos de direcionamento posicionando o canal principal. Discos apanhadores inclinados permitem uma adaptação a espaçamentos entre linhas de 0,75 a 0,90 m. Dobrando-se os discos apanhadores a máquina adquire uma largura de transporte que lhe permite trafegar de acordo com os re.M quisitos da legislação de tráfego. Máquinas
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Colheita Case in
perdas
Perdas durante a colheita reduzem a lucratividade do produtor
Menos perdas, mais colheira D
e um modo geral, muitas são as origens de perdas durante a colheita e mesmo antes dela ocorrer. As principais são: a) Pré-colheita; b) De plataforma; c) Unidade de trilha; d) No sacapalhas e e) Nas peneiras. Na colheita de milho as principais fontes de perda são localizadas na plataforma, sob a forma de espigas não recolhidas pelas pontas divisoras, grãos debulhados pelo impacto na plataforma, espigas não recolhidas devido à velocidade incorreta das correntes recolhedoras e, principalmente, espigas jogadas ao solo devido à alta velocidade de deslocamento.
PERDAS DURANTE A COLHEITA Quando se colhe com máquinas, diferentes tipos de perdas podem ser encontradas: nas linhas de recoleção (cabeçotes), na unidade de trilha, nos saca-palha, nas peneiras e nos pontos de fuga (retrilha, por exemplo). As perdas de milho nos cabeçotes reco-
letores podem ser de dois tipos: com espigas inteiras e com grãos desgranados no processo de recoleção. A percentagem de perdas durante a colheita varia de acordo com o número de dias que demoramos para colher toda a lavoura e a percentagem de umidade do grão no início da operação. Na Tabela 1 são apresentadas as percen-
Fig. 01 - Perdas na plataforma e nos mecanismos internos de uma colhedora de milho, em função do teor de umidade do grão durante a colheita
NÍVEL DE PERDAS É muito comum encontrarmos esse questionamento: quanto de perda posso ter, sem comprometer meu lucro? O agricultor deve estar consciente de que um certo nível de perdas sempre irá ocorrer. Dados de pesquisa indicam que uma perda total (espigas + grãos soltos + grãos no sabugo), de aproximadamente 4% é aceitável. Assim, para uma produtividade média de 6 t/ha, significa uma perda de 4 sacos/ha ou cerca de R$ 30,00/ha. Mas como saber o quanto está realmente perdendo? Existe uma metodologia muito simples, descrita por Portella (1981) que pode e deve ser empregada por todo o produtor que espera, da sua lavoura de milho, alta produtividade.
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Fig. 02- Percentagem de grãos danificados pelos mecanismos de trilha de uma colhedora de milho, em função do teor de umidade do grão durante a colheita
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Novembro / Dezembro 2001
O agricultor deve estar consciente de que um certo nível de perdas sempre irá ocorrer
tagens de perdas estimadas de acordo com o tempo de colheita. O experimento foi instalado em uma lavoura de milho com produtividade média de 7.000 kg/ha. As perdas de plataforma (espigas) e nos mecanismos internos (grãos), foram avaliadas segundo metodologia descrita por Portella(1981). Todos os testes foram realizados com uma colhedora MF 3640, ano 1989, com aproximadamente 2.600 horas máquina de uso. Foram considerados 12 tratamentos resultantes da combinação de 4 épocas de colheita (teor de umidade de 35%, 25%, 18% e 15%) e três regulagens da folga cilindro/côncavo x rotação do cilindro, com 3 repetições. O nível médio de perdas quantitativas de grãos foi muito baixo (Tabela 2), devido aos cuidados na velocidade de trabalho (4 km/h) e as regulagens efetuadas nos mecanismos de captação, trilha e separação. Em relação às perdas quantitativas nas quatro épocas de colheita, observa-se que diminuíram com o decréscimo do teor de umidade. O maior índice médio de perdas na plataforma (0,97%) ocorreu para o teor de 25% de umidade Figura 1a, enquanto que nos mecanismos internos (0,45%) ocorreu na colheita com 35% de umidade no grão. Da mesma forma, o menor índice na plataforma (0,51%) ocorreu para o teor de 15% de umidade, enquanto que nos mecanismos internos (Figura 1b) ocorreu na colheita com entre 25 e 18% de umidade no grão. Deprende-se desses dados que, à medida que a cultura vai secando na lavoura, melhora o desempenho da plataforma. Os mecanismos internos (trilha e separação) têm seu ponto de inflexão com o teor de umidade entre 15 e 18%. Entretanto as perdas qualitativas, representadas pelo dano imposto ao grão (amassado ou quebrado) pelo mecanismo de trilha da colhedora, foram elevadas e estatisticamente significativas, tanto para a época de colheita quanto para a regulagem efetuada. Na Tabela 3 são apresentados os resultados do dano físico (amassados e quebrados), causado em grãos de milho para diferentes níveis de umidade no grão durante a colheita. Verifica-se que tanto um quanto o outro apresentaram o mesmo comportamento, ou seja, quanto mais úmido o grão, maior o dano. O nível aceitável de dano foi obtido na colheita com teor de umidade de 18%, embora estatisticamente seja igual aos teores de 25% e 15%. A regulagem fornecida pelo fabricante, foi aqui denominada de Básica (Ba). Foram utilizadas regulagens com uma folga menor entre cilindro e côncavo e maior rotação no cilindro, sendo denominadas Menor (Me) e também regulagens com uma folga maior entre cilindro e côncavo e menor rotação no Novembro / Dezembro 2001
cilindro, sendo denominadas Maior (Ma). Observa-se na Figura 2 que apenas as colheitas realizadas com teor de umidade entre 15% e 20% apresentam resultados satisfatórios quanto ao nível de perda. A colheita feita com teor de umidade de 35% não tem se mostrado viável em função dos elevados níveis de perda (7,95% na safra de 2000 e 8,76% na safra de 2001). Ainda nas colheitas realizadas com o teor de umidade de 25% o dano físico foi considerado elevado (4,82% em 2000 e 4,96% em 2001). A partir desse ponto o nível de dano físico diminuí sensivelmente e pode ser controlado com as regulagens da colhedora, chegando a valores próximos de 3% de perda qualitativa. Nesse levantamento as maiores regulagens (maior folga e menor rotação do cilindro) tendem a apresentar menores danos aos grãos de milho. Do mesmo modo, o melhor ponto de desempenho veio a ocorrer na colheita com 18% de teor de umidade, mas com a menor regulagem dos mecanismos de trilha, apresentando 2,88% de perdas.
CONCLUSÕES As perdas quantitativas têm apresentado valores baixos, em função da adequada velocidade de colheita e topografia suave. A média das safras 2000/2001 apresenta uma perda quantitativa de 1,17%, dos quais 62% estão localizados na plataforma e 38% nos mecanismos internos). As perdas quantitativas são maiores para o teor de umidade de 25%, decrescendo significativamente à medida que a lavoura foi secando. As perdas qualitativas (quebrados e amassados) são elevadas na colheita com teor de umidade de 35%, inviabilizando tal colheita. Ainda com teor de umidade de 25% as perdas são altas, ficando ao redor de 5%. Colheitas com teor de umidade entre 15% e 18%, apresentam menores índices de perdas e permitem que, com uma correta regulagem da colhedora, os valores propostos de 3% de perda sejam alcançados. . M José Antônio Portella, Embrapa Trigo
Tab. 01. Perdas totais (espigas + grãos + sabugos com grãos) durante a colheita mecanizada de milho (%)
Período de colheita (dias)
% de umidade do grão no início da colheita 28 3,4 3,3 3,5 3,8 4,2 4,7 5,3 5,8
30 3,8 3,5 3,5 3,8 4,1 4,6 5,1 5,5
8 14 20 26 32 38 44 48
26 3,1 3,3 3,7 4,1 4,6 5,2 5,9 6,4
24 3,3 3,7 4,2 4,7 5,3 6,0 6,7 7,3
22 3,9 4,4 5,0 5,6 6,3 7,0 7,9 8,5
20 5,5 6,1 6,8 7,6 8,4 9,4 10,4 11,1
Tab. 02 - Perdas percentuais de grãos de milho em função do teor de umidade na colheita
Teor de Umidade Indicador
35%
25%
18%
15%
Média
Plataforma Mecanismos Internos Total
0,80 0,45 1,25
0,97 0,17 1,14
0,57 0,14 0,71
0,51 0,27 0,78
0,71 0,26 0,97
Tab. 03 - Perdas qualitativas de grãos de milho em função do teor de umidade e das regulagens efetuadas na colhedora Indicadores
Amassado Quebrado TOTAL
Me 4,73 4,20 8,93
35%
Ba 5,27 4,52 9,79
Ma 3,69 3,86 7,55
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Me 2,70 2,48 5,18
25%
Ba 2,06 3,10 5,16
Ma 1,60 2,93 4,53
Teor de Umidade 18% Me 1,14 1,74 2,88
Ba 2,88 2,25 5,13
Ma 1,63 2,51 4,14
Me 2,31 2,79 5,10
15%
Ba 1,90 2,14 4,04
X Ma 1,59 2,05 3,64
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2,62 2,88 5,50
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Lançamento Fotos Cultivar
nacional
A nova máquina será apresentada ao público em abril, em Ribeirão Preto
A Classe VI da John Deere O
máquinas. Estes dados sinalizam a necessidade de entrada de máquinas maiores, com grande capacidade de produção, no mercado. Para conquistar uma fatia desse crescente mercado a John Deere Brasil está se preparando para lançar as suas colhedoras STS (9650 e 9759), apresentadas aos concessionários da marca na Convenção Nacional, em Gramado-RS no início de dezembro, que o público verá apenas em Abril de 202, no Agrishow, em Ribeirão Preto-SP. A 9650 STS tem 290 CV de potência no motor e a 9750 STS dispõe de 325 CV. As novas máquinas serão equipadas com plataformas de corte de 30 (9,00 m) na 9650 e 34 (10,20 m) na 9750 para cereais e soja, e A colhedora STS 9650 da classe VI, com 290 CV, será lançada até 12 linhas para milho. em abril de 2002, juntamente com a STS 9750 de 325 CV Seu sistema de alimentação consiste de esteira longa, aumento de demanda por contratistas. Hoje com velocidade variável e acionamento por siscerca de 93% das áreas com grandes culturas tema Positorq. Possuem reversor mecânico para remover embuchamentos. (soja, milho, feijão, arroz e trigo) da América O sistema de trilha e separação(STS) conLatina estão no Brasil e na Argentina. No Brasiste em um rotor longitudinal, com tripla ensil, ainda há imenso potencial na região dos cerrados, que dispõe de 112 milhões cultivá- trada, e diâmetros progressivos ao longo do veis, e apenas 15 milhões o estão sendo atual- fluxo de processamento do produto. O rotor é mente. As áreas são cultivadas na maior parte descentrado com relação ao corpo fixo. Tem por grandes empresas, e apresentam topogra- um mínimo de ajustes e adapta-se a múltiplas fia de plana a levemente ondulada e solos fir- culturas. Com um dispositivo de controle de alimentação exclusivo, de duas velocidades, mes, portanto adequados ao uso de grandes mercado move-se cada vez mais no rumo de máquinas maiores e os fabricantes de colhedoras apostam na venda das máquinas Classe VI (ver relação das existentes no mercado, nesta matéria), em função do plantio de áreas maiores e
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Cabine confortá eletrônicos em
acomoda a massa de material a ser trilhado e a encaminha homogeneamente ao rotor para trilha e separação. Incorpora proteção contra pedras, de fundo basculante, de fácil limpeza. Na saída do material há um módulo de separação final, transversal, com defletores que melhoram a separação do grão trilhado e direcionam a palha adequadamente ao picador. O acionamento do rotor é feito por variador hidráulico de permite o funcionamento em duas gamas de velocidade, que são selecionadas por uma alavanca, sem necessidade de ferramentas.
SISTEMA DE LIMPEZA DYNAFLOTM A limpeza é processada em um conjunto de peneiras compacto, de ajuste otimizado e facilidade de regulagem. Possui iluminação interna para inspeção e regulagem. Os elevadores de grãos são de alta capacidade de transporte (até 40 sacos/minuto) e o elevador de retrilha possui um sensor a laser que indica o volume de material que está passando. O picador de palha funciona em duas velocidades, e recebe também o palhiço das peneiras, dispensando o uso de espalhadores adicionais. As facas têm configuração especial, gerando grande fluxo de ar, o que facilita a distribuição em toda a faixa de largura de operação. A cabine confortável possui condicionador de ar automático, assento com suspensão pneumática, assento auxiliar, monitor de perdas, coluna de direção regulável (inclinação e altura). Os controles estão posicionados em um console lateral, que acompanha o giro do asNovembro / Dezembro 2001
ável com controles console lateral
operador, sem impedir a visualização da condução da máquina. O tanque graneleiro é de 8.850 litros na 9650 STS, com tempo de descarga de 114 segundos, e na 9750 STS a capacidade sobe para 10.570 litros e tempo de descarga de 136s. Em ambos os modelos o motor, é um 6 cilindros em linha, cilindrada de 8,1 litros, turbinado e pós-resfriado. A bomba injetora tem governador eletrônico, o que lhe permite oferecer uma reserva de potência de 7% em situações de emergência, ou uma potência extra de 33 CV por 3 minutos quando estiver descarregando o tanque graneleiro. O rodado dianteiro é duplo com grande espaçamento, aumentando a distribuição de cargas, ou pode ser de alta flutuação. O eixo traseiro também tem pneu de alta flutuação, e bitola ajustável. Opcionalmente será oferecida uma tração auxiliar com motor hidráulico, para solos com baixa sustentação.
A
John Deere Brasil está envolvida no projeto para lançamento de colhedoras nacionais da Classe VI desde 1995/ 96. Trata-se de uma novidade no país em termos de potência e desempenho. O diretor comercial da John Deere Brasil S.A., Martin Mundstock, conta que o departamento de engenharia da empresa envolveu-se em tempo integral. Quando se iniciaram os testes de campo foram montados dois protótipos. Um trabalhava nos Estados Unidos e o outro veio para o Brasil. Realizamos a primeira colheita em 1996 , lembra. De lá para cá alternamos as atividades das máquinas - agregando outras unidades à frota experimental, que chegou a 10 - entre Brasil e Argentina, colhendo milho, soja, trigo, cevada, nabo forrageiro, aveia e milheto. Em milho e soja acumulamos 9.000 horas de trabalho de campo, nos cereais foram 3.500 horas e o mesmo em outras culturas. Além de Brasil e Estados Unidos, onde interagimos mais fortemente, as máquinas foram testadas também na Alemanha, Austrália e Canadá. Nos orgulhamos em dizer que foi um desenvolvimento realmente conjunto com a empresa matriz. Foi de fato o primeiro produto global (worldwide) em que tivemos a oportunidade de participar integralmente, desde o início. Quanto à expectativa de desempenho da máquina a campo, Mundstock diz que ela foi concebida para ter o maior período possível de trabalho útil no campo. Devido à flexibilidade de ajuste e a adaptabilidade da STS, pode começar mais cedo e terminar mais tarde, aumentando a duração do dia útil. Há também um menor gasto de tempo com operações de manutenção. A máquina não tem lubrificação diária, e com 100 horas de operação são apenas 26 pontos de lubrificação, contra o dobro, ou o quíntuplo deste número em máquinas equivalentes. O tanque de combustível permite uma autonomia de jornada inteira, evitando interrupções. O diretor da John Deere Brasil assegura que o preço será muito competitivo, em função da produtividade da STS. A avaliação de preço deve ser feita considerando a relação preço-performance. Seguramente, na sua opinião, esta relação será muito favorável. Mundstock lembra que nos últimos anos, talvez seis, as decisões de compra dos agricultores têm sido muito mais racionais. A capacidade gerencial dos agricultores está ótima, e ainda está melhorando. Como a compra envolve maiores volumes de recursos, pensa-se logo em disponibilidade de financiamento. Isso não será problema, pois as máquinas
O QUE É CLASSE VI?
Ao longo do tempo os fabricantes e os técnicos tem procurado várias formas de classificar as máquinas, e neste caso as colhedoras de cereais. Uma das classificações mais simples e corrente que se utilizava era por número de saca-palhas. Mas e agora, que determinadas máquinas não tem mais saca-palhas? Convencionou-se então, e a origem é a indústria americana, criar uma tipificação de máquinas ligada basicamente à potencia do motor. Surgiram então as classes, com intervalos regulares de 50 CV. Veja no quadro a seguir como estas classes são distribuídas, e o enquadramento das máquinas disponíveis no mercado brasileiro. Novembro / Dezembro 2001
John Deere
sento do operador. Todos os comandos são eletrônicos, o que resulta em pouco esforço para acionamento e precisão de atuação. Uma alavanca múltipla incorpora todas as principais funções da plataforma de corte. O painel de instrumentos digital com monitoramento de todas as funções de operação em três módulos é fixado na altura de visão do
Martin Mundstock explica como foi desenvolvido o projeto estarão com o índice de nacionalização requerido e poderão ser financiadas pelos canais normais. Estão aptas a serem financiadas com recursos do FINAME. Mundstock avalia também a estratégia de lançamento deste produto. Falei antes do tempo de desenvolvimento das STS, e pode parecer um lançamento tardio, mas nós, além de desenvolver completamente o produto, nos certificamos da perfeita integração entre todos os envolvidos no processo, desde fornecedores, parceiros, pessoal interno e concessionários. Treinamos intensivamente nosso pessoal de concessionários, pois afinal há novas tecnologias embutidas nas máquinas, especialmente em sensores e atuadores. Cada concessionário a comercializar estas máquinas está apto a oferecer todo apoio em termos de peças, pessoal e suporte de computador. Fornecemos um programa exclusivo de diagnóstico de funcionamento que denominamos service advisor , e o suporte no campo terá, no mínimo, um técnico em mecânica ou um engenheiro mecânico. Cumpridas todas as etapas, o produto final foi apresentado aos concessionários John Deere, na Convenção anual realizada no início deste mês, em Gramado-RS. A mostra oficial ao público ocorrerá em Ribeirão Preto-SP, no próximo Agrishow.
Fabricante / Modelo Classe
Potência (CV)
AGCO-MF
Case
John Deere
New Holland
VII VI V IV III II I
301 - 350 251 300 201 250 151 - 200 101 - 150 51 100 0 - 50
--38 (8780)* 34 (R52)* 5650 3640 -----
--2388 -----------
9750 STS 9650 STS / 9659 CTS 1550 1175 / 1450 1165 -----
--(TR 98)* TC 59 TC 57 TC 55 -----
( )* Máquina importada
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Nossa capa
Minimizar a deriva e colocar o produto fitossanitário corretamente aumenta a rentabilidade da lavoura
No lugar certo A
deriva é um dos principais problemas a controlar na pulverização de agrotóxicos, pois está diretamente relacionado à contaminação do aplicador, ambiental e de culturas vizinhas. Além disso, constitui fonte de prejuízos ao agricultor, visto que boa parte do produto aplicado pode não estar atingindo ao alvo desejado, reduzindo assim a eficiência da aplicação, onerando o custo de produção. Neste artigo, procurar-se-á discutir sobre o que é a deriva, quais os fatores que a influenciam e as possíveis formas de controlá-la. Quando da aplicação de um produto químico em área total de uma cultura (visando a sua parte foliar), muitas gotas podem passar pela folhagem e atingir o solo, principalmente nas entrelinhas. Outras gotas que atingem as folhas podem se coalescer de tal maneira que não são mais retidas e escorrem para o solo. Essas perdas internas, isto é, dentro da área cultivada, são denominadas de endoderiva e estão muito ligadas às aplicações de altos volumes e com gotas grandes que geralmente ultrapassam a capacidade máxima de retenção de líquidos pelas superfícies foliares. Esse fato pode ocasionar danos ao solo, principalmente no uso de produtos de ação residual prolongada e não seletivos para algumas culturas (no caso de herbicidas), e também a insetos benéficos e outras formas de vida (no caso de inseticidas e fungicidas).
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Máquinas
O deslocamento de gotas para fora da área da cultura, causado pela ação do vento e da evaporação da água usada na preparação da calda, principalmente nas gotas de tamanhos menores, é denominado de exoderiva . Esse tipo de perda externa, é um dos principais responsáveis pelos prejuízos causados a outras culturas sensíveis e pela contaminação ambiental. Quando apenas o termo deriva é utilizado, normalmente refere-se à exoderiva.
CAUSAS DA DERIVA Como a grande maioria dos pulverizadores em utilização no Brasil são equipados com bicos hidráulicos, ou seja, utilizam a pressão para formação das gotas, estes serão priorizados nas discussões a seguir. Entretanto, algumas das considerações são aplicáveis a qualquer tipo de pulverizador.
TAMANHO DA GOTA Em um bico hidráulico, a pressão força o líquido através do orifício do bico formando uma cortina, a qual posteriormente interage com o ar ao seu redor, quebrando-se em gotas. A forma aleatória como esta cortina se rompe faz com que gotas de diferentes tamanhos sejam produzidas. Portanto, um bico não produz um único tamanho de gotas, mas sim uma faiwww.cultivar.inf.br
xa de tamanho denominada espectro de gotas . Uma medida freqüentemente utilizada para representar o espectro de gotas é o Diâmetro Mediano Volumétrico (DMV), expresso em micrômetro - µm (1/1000 mm), que é o diâmetro da gota que divide o volume pulverizado em 2 partes iguais, ou seja, 50 % do volume total do líquido pulverizado é constituído de gotas de tamanhos maiores que esse valor e 50 % do volume em gotas de tamanhos menores que esse valor. Em catálogos e publicações, quando se especificar o tamanho da gota produzida por um bico, este corresponde ao DMV e não à totalidade das gotas produzidas. O tamanho de gotas produzido por um bico de pulverização depende dos seguintes fatores: Tipo de bico: De maneira geral, os bicos de jato cônico cheio produzem as maiores gotas, seguido pelos bicos de jato plano (defletor e leque) e pelos de jato cônico vazio. Entretanto, mesmo dentro de uma mesma forma de jato, como por exemplo os de jato plano, diferentes tipos de bico podem produzir pulverizações com diferentes tamanhos de gota. Vazão: A vazão do bico tem uma relação direta com o tamanho de gota. Bicos que apresentam vazões maiores, na mesma pressão de trabalho, produzem gotas maiores. Por exemplo, os bicos de jato plano 11004, na pressão de 2 bar, com vazão de 1,29 l/min, produzem gotas maiores que os bicos 11002, na mesma presNovembro / Dezembro 2001
Como em pulverizações as gotas são de pequeno tamanho, o processo de evaporação é significativo, uma vez que a relação superfície/volume aumenta com a redução do diâmetro das gotas
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS Como nas caldas utilizadas na agricultura a proporção da formulação é geralmente baixa, o comportamento da pulverização dar-se-á em função do diluente utilizado. Uma vez que a água é o diluente mais comumente utilizado nas aplicações de agrotóxicos, serão aqui discutidos alguns aspectos do comportamento das gotas de água resultantes da pulverização em relação às condições do ambiente no qual elas são lançadas até atingirem o alvo proposto. Algumas características da água devem ser observadas no manejo da deriva: Evaporação: A tensão de vapor da água é relativamente alta, de maneira que sua evaporação é rápida. Como em pulverizações as gotas são de pequeno tamanho, o processo de evaporação é significativo, uma vez que a relação superfície/volume aumenta com a redução do diâmetro das gotas. Assim, em função do tamanho das gotas e das condições ambientais (temperatura e umidade relativa), muitas gotas evaporam-se completamente no trajeto entre o bico e o alvo. O tempo de vida de uma gota de água está relacionado, portanto, ao seu diâmetro e às condições climáticas, conforme o exemplificado na Tabela 1. Com relação à evaporação, maiores atenções devem ser dispensadas também ao produto a ser aplicado e não apenas ao diluente. Como exemplo, pode-se citar os estudos do movimento de certos herbicidas, como o 2,4D, que podem evaporar após a deposição sobre as plantas daninhas, e de como esta deriva pode afetar de maneira negativa outras culturas vizinhas bem como a vegetação natural em outros habitats. Assim, a aplicação de agrotóxicos cujo princípio ativo também está sujeito a evaporação deve ser realizada de maneira bastante criteriosa. Novembro / Dezembro 2001
Correntes de ar: Outro fator associado a seu tamanho (e a seu peso) é que as gotas podem sofrer influências das correntes de ar horizontal (vento) e vertical (convecção), sendo levadas para outros lugares que não o alvo pretendido. As gotas que ficam flutuando ou que se evaporam por completo deixam em suspensão no ar o ingrediente ativo do agrotóxico, que pode ser carregado a distâncias consideráveis, causando problemas de poluição, quando não danos a plantas naturais ou cultivadas sensíveis àquele produto químico. Para se ter idéia da amplitude de tal problema, o carregamento do agrotóxico por correntes de convecção e ventos pode explicar a ocorrência já comprovada de resíduos de produtos clorados em pingüins no Polo. A interferência do vento, no entanto, nem sempre é negativa. A pulverização sob condições de calmaria , sem vento, é não raramente equivocada. Nesta situação, o potencial de deriva é aumentado, pois as gotas podem ir em qualquer direção, particularmente quando uma corrente ascendente de ar quente eleva as gotas menores ou os vapores do agrotóxico para fora da copa das plantas. O impacto das gotas dentro da área tratada, bem como a penetração da pulverização na copa da cultura, são aumentados com ventos de 1,0 a 2,5 m/s. Os problemas da evaporação e das correntes de ar devem ser analisados em conjunto, uma vez que, na medida que perde peso por evaporação, a gota fica cada vez mais susceptível à deriva, desviando-se mais rapidamente do seu objetivo.
forme foi visto anteriormente. Vários autores consideram que gotas de 100 µm ou menores são facilmente carregadas pelo vento e se evaporam muito rapidamente, sofrendo mais intensamente a ação dos fenômenos climáticos. Pesquisadores que trabalham com aplicações aéreas consideram um limite mais rígido de 150 µm, devido à maior distância existente entre a máquina e o alvo e a própria turbulência gerada pela aeronave em vôo. Entretanto, é importante reconhecer que a deriva não começa ou pára nesses limites de 100 µm ou 150 µm. O potencial de deriva aumenta gradativamente à medida que as gotas se tornam menores que esses diâmetros e, continuadamente, decresce à medida que elas se tornam maiores. Gotas menores que 50 µm permanecem suspensas no ar indefinidamente ou até a completa evaporação. A consideração do tamanho da gota, no entanto, é bastante complicada para uso por agricultores e a sua determinação é praticamente impossível na propriedade agrícola. Mesmo em laboratório a evolução dos equipamentos de medição fez com que resultados bastante discrepantes no DMV passassem a ser obtidos em função da precisão do equipamento utilizado. Por isso em 1985 foi desenvolvido na Inglaterra um sistema de classificação da pulverização, baseado no espectro produzido por bi-
PREVISÃO DE DERIVA A capacidade de previsão da deriva é função do conhecimento do comportamento das gotas pequenas que fazem parte do espectro da pulverização e das condições climáticas que poderão ocorrer durante o período da aplicação. Vários estudos estão sendo realizados visando estabelecer parâmetros cada vez mais exatos para a definição do Potencial de Risco de Deriva de pulverizações, realizadas por equipamentos em determinadas situações de regulagem. Um dos parâmetros utilizados leva em consideração o comportamento das gotas em relação ao arrasto pelo vento e a rapidez de evaporação, conwww.cultivar.inf.br
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são, porém com vazão de 0,65 l/min. Pressão: A pressão de pulverização tem um efeito inverso no tamanho de gota. Um aumento na pressão reduzirá o tamanho, enquanto que uma redução na pressão aumentará o tamanho de gota. Por exemplo, a ponta 11003, à pressão de 1,5 bar, produz gotas maiores que à pressão de 4 bar. Ângulo do jato: O ângulo do jato emitido pelo bico tem uma relação inversa no tamanho de gota. Bicos com a mesma vazão, na mesma pressão, porém com ângulos maiores, produzem gotas menores. Por exemplo, o bico 8003 à 2 bar, produz gotas maiores que o bico 11003, na mesma pressão, ambos com a mesma vazão. Propriedades do líquido: Líquidos com maior viscosidade e tensão superficial requerem maior quantidade de energia para pulverização. Portanto, líquidos que tenham essas propriedades com valores maiores produzirão também gotas maiores, mantidos iguais os demais fatores acima descritos.
Para um melhor esclarecimento sobre o bico mais adequado a situações específicas, procure o seu fornecedor ou um profissional capacitado
... cos de referência selecionados, que leva em con-
sideração a propensão das mesmas em produzir deriva. Segundo este sistema, ao invés de se caracterizar a pulverização pelo DMV em micrômetros, os termos Muito Fina (Alta Deriva); Fina (Média Deriva); Média (Baixa Deriva); Grossa (Muito Baixa Deriva) e Muito Grossa (Muito Muito Baixa Deriva) são utilizados para identificar a Qualidade da Pulverização produzida por um bico a uma dada pressão de trabalho. A terminologia utilizada foi deliberadamente prática para o fácil entendimento pelo usuário final e assim fica claro que uma pulverização média tem menor deriva que uma outra classificada como fina ; porém, apresenta maior deriva que uma outra classificada como grossa . Como o espectro de gota dos bicos a
Vários grupos de técnicos europeus continuam a estudar o assunto para melhorar ainda mais esse sistema, inclusive para recomendar uma nova classificação na qual irá acrescentar à qualidade da pulverização , um novo conceito: potencial de deriva . Esse termo potencial de deriva estará relacionado com a porcentagem de redução na deriva para um bico de referência definido, obtido em túnel de vento. Esse novo sistema ainda não foi publicado, porém, muito em breve estará sendo aprovado pelo grupo de estudo.
CONTROLE DA DERIVA Apesar de a deriva ser um fator inerente à pulverização, alguns fatores podem ser trabalhados de forma a minimizar seus efeitos.
TAB. 1
Comportamento de gotas de diferentes tamanhos em diferentes condições ambientais Condições Ambientais Diâmetro inicial ( µ m)
50 100 200
Temperatura = 20 oC (T seco T úmido) = 2,2 o Umidade Relativa = 80 %
Temperatura = 30,0 oC (T seco T úmido) = 7,7 oC Umidade Relativa = 50 %
Tempo até extinção (s) 12,5 50,0 200,0
Tempo de extinção (s) 3,5 6,7 81,7
Distância de queda (m) 0,13 6,70 81,70
Distância de queda (m) 0,032 1,8 21,0
TJ, XR, DG e TT 30 psi (e = 50 cm) TF e FL 20 psi (e = 75 cm)
(Fonte: Christofoletti, 1998)
FIG. 2 Esquema de um protótipo de pulverizador para culturas plantadas em canteiros
serem analisados e os de referência são medidos com o mesmo equipamento, e nas mesmas condições, eliminou-se também assim a interferência dos equipamentos na classificação do espectro de gotas. Nos catálogos de bicos mais modernos já é possível encontrar com freqüência a qualidade da pulverização produzida pelos bicos hidráulicos, nas diferentes pressões de trabalho recomendadas para os mesmos. Assim, dados para a avaliação do risco de deriva tornaram-se de mais fácil acesso ao produtor.
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Seleção do bico de pulverização: O mercado de bicos de pulverização evoluiu muito nos últimos anos, colocando à disposição do agricultor uma série de produtos novos que permitem aplicar o mesmo volume de calda com tamanho de gotas distintos. São exemplos destas tecnologias, para os bicos de jato plano ( leque ), os bicos de leque duplo (direcionam a pulverização sob dois diferentes ângulos sobre a cultura), de pressão extendida (trabalham em uma faixa ampliada de pressão em relação ao padrão), os anti-deriva (possui um pré orifício cuja funwww.cultivar.inf.br
ção é reduzir a proporção de gotas inferiores a 100 µm) e os com indução de ar (o fluxo interno da calda induz a entrada de ar no bico através de aberturas laterais, aumentando o tamanho das gotas). Tais tipos de bicos são comercializados por diferentes fabricantes, que lhes atribuem nomes comerciais distintos, sendo impossível citar aqui todas as marcas, modelos e principais utilizações de cada um. Para um melhor esclarecimento sobre o bico mais adequado a situações específicas, procure o seu fornecedor ou um profissional capacitado. Ao selecionar-se um bico, buscando reduzir a deriva, não se deve esquecer que tal atitude pode interferir na eficiência biológica do agrotóxico utilizado. A eficiência de um produto está diretamente relacionada com a cobertura do alvo pelas gotas de pulverização ou com a sua capacidade de redistribuição. Alguns agrotóxicos com capacidade de translocação pela planta podem ser eficazes quando aplicados com uma pulverização grossa ou fina. Entretanto, no caso da aplicação de agrotóxicos, principalmente fungicidas, que possuam uma baixa capacidade de redistribuição, a necessidade da utilização de uma pulverização fina ou média se dará em função da necessidade de maior cobertura do alvo. A Figura 1 mostra como a aplicação de 200 L/ha de calda pode ser realizada de maneiras diferentes, em função do tamanho das gotas e da cobertura do alvo produzida pelas mesmas. Uma inovação recente no controle da deriva e da pulverização é o bico bi-fluido que utiliza água e ar sob pressão para a formação de gotas. Com a utilização deste tipo de bico é possível variar o espectro de gotas mantendose o volume de aplicação, ou então variar o volume mantendo-se o espectro de gotas, através da alteração na proporção entre os dois fluidos. A utilização deste tipo de bico permite ao operador um maior controle da qualidade da pulverização, sem a necessidade da troca dos bicos em função de alterações nas condições operacionais. Altura da barra de pulverização: Na medida que se aumenta a distância entre o bico de pulverização e o alvo, maior será o tempo em que as gotas estarão sob influência do ambiente, aumentando a possibilidade de deriva. A altura de pulverização, portanto, deve estar sempre próxima à mínima recomendada pelo fabricante, para o bico que está sendo utilizado. Nas situações onde for possível, uma aproximação dos bicos na barra pode permitir que se trabalhe mais próximo do alvo. Entretanto, deve-se tomar cuidado para não trabalhar abaixo da altura mínima recomendada, para evitar uma distribuição desuniforme do produto na área tratada. Utilização da assistência de ar: A utilização de uma corrente de ar induzida artificialmente, auxiliando no transporte das gotas até o alvo, tem se constituído em uma importante ferraNovembro / Dezembro 2001
FIG. 1 Tamanho e cobertura produzidos por diferentes bicos de pulverização aplicando 200 l/ha
menta na redução da deriva. A técnica chamada de cortina de ar é particularmente interessante para pulverizações finas (e portanto, para baixos volumes), sendo um redutor bastante significativo do potencial de deriva. O efeito de redução é menor para outras classes de pulverização, tendo pouca influência nas pulverizações média e grossa. Muito embora altas velocidades de ar sejam desejáveis para a máxima redução de deriva (para aumentar a velocidade de deslocamento das gotas finas), a com-
binação de diferentes tamanhos de gota e velocidades e volumes de ar podem ser de grande importância para a adequação do equipamento às distintas culturas e produtos químicos. Entretanto, esse tipo de pulverização com gotas de menor tamanho melhora a eficiência de deposição em relação aos bicos de pressão. A cortina de ar deve estar muito próxima do solo (< 50 cm) para ser efetiva na redução da deriva. Utilização de barras protegidas: Uma das
formas bastante prática e barata de se controlar a deriva é envolver as barras do pulverizador com uma proteção, de forma a criar um microclima na região da pulverização. Tal proteção terá a função de proteger as gotas de pulverização em seu trajeto até próximo ao alvo, evitando que as mesmas se exponham às condições climáticas adversas, reduzindo assim a deriva. O esquema de um pulverizador que utiliza o princípio de barras protegidas pode ser observado na Figura 2. O controle da deriva é dever de todo agricultor visto que, além de representar uma fonte considerável de prejuízos, é a responsável pela contaminação do trabalhador e do ambiente. Para se fazer um controle efetivo, no entanto, é necessário, como vimos, conhecer pelo menos alguns dos princípios básicos da Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos. Vários são os fatores não controláveis nesse processo, entretanto, vários são também aqueles passíveis de serem adequados, para que as perdas se situem dentro de um mínimo aceitável, sem interferir na eficiência dos .M agrotóxicos utilizados. Hamilton Humberto Ramos, IAC
Novidades Case IH
Marcos A. Campos
Produto brasileiro Axial Axial Flow Flow 2388 2388 com com seu seu sistema sistema de de debulha debulha ee trilha trilha que que dispensa dispensa oo saca-palhas saca-palhas traz traz mais mais rendimentos rendimentos ao ao produtor produtor
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om a promessa de um produto com qualidade superior ao dos concorrentes, a Case IH começa a partir de dezembro a produção da Axial Flow 2388 no Brasil. Dependendo da cultura, seu sistema de trilha e debulha axial, supera as demais máquinas, convencionais, em patamares de 30 a 50%, conforme dados da empresa. A nova máquina custa ao redor de R$ 340 mil, variando conforme os opcionais. No primeiro ano, haverá produção de 400 colheitadeiras, podendo chegar a mil nos próximos cinco anos. O foco da Case IH está nos produtores de sementes e de feijão. Os primeiros necessitam maior tecnologia de colheita para reduzir as perdas ao mínimo e para evitar danos mecânicos. Já no caso do feijão, a colheita mecânica começou há pouco e a empresa considera a existência de bom potencial para crescimento. O diretor nacional de vendas da Case IH, Carlito Eckert, explica que o Brasil será
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o segundo país do mundo a produzir colheitadeiras de fluxo axial.
A ESTRELA O maior diferencial da Axial Flow 2388 é o seu sistema de debulha e trilha, que dispensa o saca-palhas, um dos grandes responsáveis pelas perdas geradas no interior das colheitadeiras convencionais. O saca-palhas se torna um problema maior em lavouras com alta produtividade ou quando se aumenta a velocidade de deslocamento, para melhorar o rendimento de colheita. Com o sistema de fluxo axial, o índice de quebra e perda de grãos fica abaixo de 1%, em condições ideais. O sistema axial, com sua trilha em passadas múltiplas, permite ajuste dos côncavos com abertura maior, suavizando a manipulação e reduzindo quebras e danos nos grãos. Em termos de limpeza, a colheitadeira também inova. Usando sistema diagonal das lâminas do ventilador de fluxo, há necessidade de menor potência e maior uniformiwww.cultivar.inf.br
dade na distribuição do ar. Isso porque ao invés do tradicional fluxo de ar, a máquina incorpora o conceito de pressão uniforme.
MOTOR E POTÊNCIA A colheitadeira vem equipada com um motor Cummins de 280 cv. e possui transmissão hidrostática de três velocidades. Seu rotor longitudinal tem 2,8 metros e a área total de limpeza atinge 5,1 metros quadrados. Já o tanque graneleiro comporta 7,4 mil litros e o de combustível, 680 litros, o que garante autonomia de 24 horas contínuas de trabalho sem reabastecimento.
NOVIDADES Para o próximo ano, a CNH Global, holding que detém marcas como Case IH, New Holland e Fiat Allis, apostará pesado no mercado latino-americano. Entre os lançamentos estão previstos dois tratores Case e dois .M New Holland, além de plantadeiras. Novembro / Dezembro 2001
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Pulverizador Informe empresarial Fotos Macrojet
autopropelido
Mais segurança Pulverizador autopropelido oferece maior segurança ao aplicador e melhor aproveitamento de defensivos
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busca por maior produtividade e lucratividade no setor de agronegócios fez com que o produtor se profissionalizasse muito, buscando novas tecnologias de plantio, manejo, cultivares, etc., e como a eficiência em qualquer atividade é fator preponderante para o êxito de uma tarefa, cada detalhe nas várias etapas do plantio à colheita são importantes. No setor de pulverização não poderia ser diferente. Com o custo elevado dos defensivos agrícolas é primordial que se aplique de maneira correta.
O SUCESSO MACROJET Cultivar Máq.: O que diferencia os Pulverizadores Autopropelidos da Macrojet, dos outros autopropelidos?
mentos para o mundo em quantidade suficiente, sem a utilização de agrotóxicos. É aqui que entram as vantagens de nossos autopropelidos. Cultivar Máq.: Quais são estas vantagens? Deonilo Milani: São várias, entre elas: Eliminar o pulverizador rebocado pelo trator, pois os pulverizadores em questão evoluíram muito, porém a maneira de aplicação ainda é a mesma, com o operador dirigindo para frente e atendendo o seu trabalho olhando para trás. Além do que as perdas por amassamento da lavoura serem muito grandes e principalmente proteger o operador do risco de intoxicação. Eu cito três grandes ganhos: Social: por proteger o aplicador do risco de intoxicação, permitindo com isso sua permanência na atividade.
Ecológico: O equipamento permite uma aplicação mais eficiente; aplicando o produto nas horas mais apropriadas (com menos vento, por exemplo) estaria diminuindo a quantidade de produtos no meio ambiente. Permite aplicações noturnas devido à iluminação adequada, indicada para insetos com hábitos noturnos (o bicudo, por exemplo) assim diminui o número de aplicações. Econômico: Como o equipamento aumenta a produtividade e a eficiência do pulverizador, em até 80 há a mais por dia, podese esperar o momento mais adequado para a aplicação. Nas horas mais quentes perdese até 20% do produto devido à evaporação e ainda tem o problema do vento, com isto teremos menos aplicações, totalizando horas de trabalho a menos, mão-de-obra, vo.M lume de defensivos, etc...
Deonilo Milani: É um projeto especial, único que premia o design, a funcionalidade, o desempenho, que oferece ao cliente a satisfação de ter adquirido um excelente produto pelo valor pago. Cultivar Máq.: Como anda esse mercado? Deonilo Milani: Em crescimento, há uma tendência natural do produtor em querer se proteger de intoxicações por agrotóxicos. Cultivar Máq.: Os produtos orgânicos não são uma solução para essa questão? Deonilo Milani: Não, apesar de excelentes produtos, seria impossível produzir ali-
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Pulverizador versão Millenium 2000 (altura normal) em trabalho de campo www.cultivar.inf.br
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Tradição AGCO
Fotos AGCO
História de mecanização A marca Massey Ferguson comemora 40 anos no Brasil
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PIONEIRISMO A história da Massey Ferguson começa em 1847, em Ontário, Canadá, quando Daniel Massey iniciou a fabricação de implementos agrícolas. Em 1870, fundiu-se com a Alason Harris, formando a Massey Harris, empresa que exportaria colhedoras para o mundo, e que em 1937 inaugura no Rio Grande do Sul a primeira colheita mecanizada de arroz do país. Eram as Massey-Harris modelo 20, importadas da Argentina. A primeira colhedora do Brasil já foi desmontada. A segunda, modelo 21, comprada em 1945, está em Pelotas, e o proprietário aguarda a criação de um museu das máquinas agrícolas para doá-la.
ANTECEDENTES
Cabine com elementos de eletrônica (Datavision) e ergonomia aplicada (comando integrado) www.cultivar.inf.br
Em 28 de maio de 1940 foi fundada em Porto Alegre-RS a Máquinas Massey Harris Ltda., subsidiária da Massey-Harris, do Canadá, importando produtos de Toronto. Em 1953, a Massey-Harris fundiu-se com a Ferguson Ltda. E 20 de julho de 1952 marcou a fundação da Minuano S.A. - Veículos e Máquinas Agrícolas em Canoas-RS, para revender máquinas agrícolas, mas que viria a tornar-se Máquinas
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e você tem menos de 45 anos de idade pode ter perdido momentos importantes do desenvolvimento brasileiro, especialmente da agricultura. Verificando as estatísticas de produção e comercialização de máquinas agrícolas, sempre capitaneadas pelos tratores, veremos que estes últimos 40 anos foram cheios de altos e baixos. A industrialização de tratores começou com o Decreto Lei 47.473 em 1959. Mas a efetiva produção começou em 1960, quando foram montadas cerca de 37 unidades. Mas isto já é parte da história que vamos revisar agora... A Massey Ferguson está comemorando 40 anos de atuação no mercado nacional de tratores. Um marco que consagra, em uma trajetória, milhares de histórias contando a saga da construção de uma das agriculturas mais competitivas do mundo. As histórias de cada homem do campo e de sua relação com uma marca e um produto. Pode-se afirmar, sem muita margem de erro que há um Massey na vida de todo produtor brasileiro. A manutenção de uma liderança por tanto tempo é resultado do envolvimento estabelecido com o agricultor e com os formadores de opinião. E aí pode estar um dos segredos deste destaque continuado.
... fabricante dos implementos MF ainda na dé-
cada seguinte, e posteriormente, ampliada, viraria a própria sede da AGCO, detentora atual da marca Massey-Ferguson. A Massey-Harris Ferguson do Brasil S.A. - Indústria e Comércio surgiu em 24 de abril de 1957, virou Máquinas Massey Ferguson Ltda em maio de 1958. A Massey Ferguson assumiu em 1958 o controle da F. Perkins Ltda, fabrica de motores fundada em 1932 em Peterborough, na Inglaterra, integrando a sua produção motores diesel próprios.
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Com a abertura de mercados, o Brasil precisou obter padrão tecnológico para dar um salto qualitativo no modo de produzir
NO BRASIL Em 1959, ano do Plano Nacional da Indústria de Tratores (Decreto Lei 47.473), foi fundada a Motores Perkins S.A , subsidiária da Massey Ferguson Limited, do Canadá, que começa a fabricar motores diesel para tratores em São Bernardo do Campo. Em 1961 os tratores MF 50 e MF 65 são produzidos em Taboão da Serra - SP. Os primeiros tratores Massey Ferguson produzidos no Brasil, os cinquentinhas (MF 50) surgiram em 1961, no final do governo Juscelino Kubitschek. Máquinas robustas, com mecânica simples e alta disponibilidade, como o MF 50, o MF 65, o MF 50X e o MF 65X, permitiram a profissionalização e a alavancagem da produção brasileira. Em 30 de abril de 1964 criou-se a Massey Ferguson do Brasil S.A., que comprou em 65 a Mototrac-Máquinas e Motores e a Terral S.A., fabricante de implementos agrícolas. No segundo semestre de 1969, o Grupo MasseyFerguson passa por completa reestruturação societária. A Mototrac absorve a Terral, Minuano e a própria Massey-Ferguson do Brasil S/A, virando S.A. e adotando a razão social de Massey-Ferguson do Brasil S.A. - Indústria e Comércio. E em 1970 a Minuano, já na Massey, fabrica os três primeiros protótipos de colhedoras (210, 220 e 2105), com tecnologia alemã.
Retroescavadeira MF 96. A linha amarela acompanha a empresa ao longo de sua história
TRATOR VERSÁTIL Durante o período do Milagre Econômico (1968-1974), pesados investimentos em infra-estrutura foram feitos no país. Com o boom da soja, havia crédito em abundância e iniciava a conquista das fronteiras agrícolas no Norte e Centro-Oeste. Surgiu o Proálcool. Em 1970 inicia o projeto da Transamazônica e a Sudam passa a aprovar projetos agrícolas, pecuários e serviços básicos, com ênfase na agropecuária. Sem alarde, era plantada, em 1972, em Rolândia/PR, a primeira área com Plantio
Colhedora de cereais MF 6855, originária da ideal , fábrica adquirida pela MF em 1989
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Direto do país. E em 1976 lançou-se a consagrada Série 200. Uma evolução das qualidades da Série X, com tecnologia mais moderna e maior potência. É quando surge o MF 275, trator versátil e também o que viria a ser o mais vendido da indústria nacional.
PRODUTIVIDADE INTELIGENTE Os anos 80 foram difíceis para o Brasil. A crise do petróleo e a alta internacional dos juros desaceleraram a economia. Veio o desequilíbrio da balança de pagamentos e a inflação galopante. Era tempo de recessão, congelamento de preços e salários, bolhas de consumo, dívidas no campo. A produção industrial ficou praticamente paralisada durante 10 anos. Vieram os planos Cruzado (1986), Bresser (1988) e Verão (1989). Mas também o início da ocupação do oeste da Bahia pelos sulistas. A Massey Ferguson empreendeu uma cruzada para criar saídas para o homem do campo e para si mesmo, buscando alternativas para otimizar os recursos de produção rural. A redução de custos partiu da reorganização da estrutura fabril. A produção de tratores de São Paulo transferiu-se para a unidade de Canoas, que já fabricava colhedoras, obtendo sinergia na fabricação. Sabíamos que assim conseguiríamos manter os produtos com preço acessível ao agricultor, apesar da crise , explica Normélio Ravanello, diretor superintendente da AGCO. Novembro / Dezembro 2001
Em 1986, começaram a ser fabricados os tratores turbinados, destacando-se o MF 270 Turbo. A inovação permitia que uma máquina com motor de 4 cilindros fizesse o trabalho de um trator com 6 cilindros, reduzindo custos e viabilizando resultados. Os anos 90 viram o Plano Collor, que confisca os depósitos bancários e aplicações financeiras, mas abre a economia brasileira ao mercado internacional; a Eco 92, no Rio, que inaugura o conceito de desenvolvimento sustentável; e em 1993, a inflação brasileira batendo o seu recorde histórico: 2.708,55%. Um ano depois é lançado o Plano Real, que estabiliza a economia controlando a demanda através do aumento dos juros. Mas a agricultura é penalizada pela falta de crédito.
COMPETITIVIDADE Com a abertura de mercados, o Brasil precisou obter padrão tecnológico para dar um salto qualitativo no modo de produzir. A Massey Ferguson investiu pesado buscando a tecnologia gerada em seus centros mundiais de pesquisa e desenvolvimento. Importou uma fábrica inteira e dedicou-se a pesquisa intensiva para transformar o know-
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how globalizado em soluções nacionais. Colhedoras mais modernas, a MF 34 e a MF 38, passaram a ser fabricadas em Santa Rosa/RS para que o agricultor brasileiro tivesse acesso à Agricultura de Precisão, aumentando a produtividade de 10% a 15%. A Série 5000 de tratores de média e alta potência foi desenvolvida junto com os agricultores e concessionárias, resultando em um produto nacional com recursos tecnológicos antes apenas disponíveis na Europa. Também em sintonia com a ordem mundial, a empresa foi o primeiro fabricante de máquinas agrícolas a obter a certificação pelas normas ISO 9001, de qualidade da produção, e ISO 14001, de gestão ambiental, atestando princípios que sempre estiveram presentes em sua trajetória: qualidade e compromisso com a vida.
HOJE Depois de 420 mil tratores terem sido fabricados no país pela Massey Ferguson, a agricultura é o fator mais importante da economia brasileira. Só nos últimos vinte anos a produção agrícola praticamente dobrou.
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O Brasil é atualmente um dos maiores produtores mundiais de alimentos - o primeiro de café, açúcar e frutas, o segundo de soja e o terceiro de milho. A mecanização agrícola foi fundamental para a formação deste cenário. O índice cresceu de um trator para cada 410 hectares em 1961, para um trator para 103,9 hectares em 2001. Em 2000 foi lançado o primeiro programa de marketing de relacionamento do setor. A iniciativa permitiu ampliar a participação do cliente no desenvolvimento de soluções. Hoje, ele pode interagir com o fabricante diretamente pelo Serviço de Atendimento ao Produtor, linha gratuita, pelo portal na Internet ou através da rede de concessionários. Embora com muitas vicissitudes, a Massey-Ferguson manteve-se presente no mercado brasileiro atendendo e apoiando sua clientela fiel. Os novos desafios tecnológicos, gerenciais, de comunicação e informática certamente serão acompanhados pela marca, e teremos mais décadas de presença .M e identificação MF no Brasil. Arno Dallmeyer, Editor técnico Cultivar Máquinas
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Opinião
empre que se imagina uma relação comercial, ou mesmo uma relação de troca, por mais simples que seja, nos ocorre a idéia de alguém entregando e outro recebendo algo. Este algo pode ser um produto, um componente, um serviço, ou até um software. Evoluindo um pouco esta imagem podemos pensar que o produto, ou o componente, possa estar sendo produzido em outro local, afastado da cena da relação comercial em si. Então o fabricante está afastado do comprador, e muitas vezes tanto um quanto o outro são difíceis de ser alcançados. Aí entra a figura de um intermediário, mas é um necessário, benéfico, não aquele intermediário explorador, concentrador, que conhecemos de alguns segmentos da cadeia produtiva. No caso do mercado de máquinas e equipamentos agrícolas estamos falando do concessionário, distribuidor, revendedor, ou como quer que ele seja conhecido. A propósito, vejamos o que significam estas denominações:
o fim de revender o produto. Alguns inclusive só trabalham como agentes comerciais de implementos novos e usados, e trabalham com todas as marcas de tratores e colhedoras, sempre usados. O termo revendedor tem um apelo um pouco mais popular, e não tão técnico. AGENTE Agente é o representante comercial, aquele que intermedia a venda, que agencia a venda em nome do representado. NormalCultivar
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Papel do concessionário
CONCESSIONÁRIO É a pessoa jurídica que detém um contrato de concessão e que passa a ter o direito de utilizar a marca da empresa concedente. DISTRIBUIDOR Pessoa jurídica que tem um contrato de distribuição, que pode ser exclusivo ou não. Existem concessionários de tratores ou colhedoras que também distribuem outros equipamentos, que a fábrica concedente não produz, desde que o contrato de concessão permita. Para alguns fabricantes, distribuidor e concessionário são sinônimos e se eqüivalem. A observação que fazem é que o concessionário é figura mais típica de concessão de veículos automotores e o distribuidor tem uma conotação mais ampla (p. ex., para as companhias de bebidas). REVENDEDOR Genericamente o termo revenda é também sinônimo de concessionário. Revendedor é aquele que compra habitualmente do fabricante, com exclusividade ou não, para
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Arno Dallmeyer é Editor Técnico da Cultivar Máquinas e Professor Titular de Máquinas Agrícolas no CT/UFSM
mente o termo está associado a uma pessoa física, e ao tema pós-venda. O agente pode ser um terceiro, contratado, responsável por suporte ao produto (peças e serviços ), numa
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região integrante da área protegida pelo contrato de concessão, em que porém, por diversos motivos, o concessionário atuaria de maneira precária se operasse a partir da matriz. É utilizado em locais distantes da matriz, ou então, em regiões com baixa população de máquinas, que não viabilizaria economicamente uma estrutura própria. O mais comum é o uso de uma oficina independente, e nesse caso a concessão fornece treinamento e peças para o prestador de serviços. Vimos então, pelas definições, que o concessionário representa o nome do fabricante no mercado. Ele é quem conhece a região em que trabalha, seu povo, seus hábitos e técnicas. Isto seria impossível, ou muito difícil, de ser alcançado pelo próprio fabricante. Por um lado o concessionário, distribuidor, revendedor e seu preposto, o agente, devem levar ao agricultor os produtos e principalmente os serviços correlacionados ao que vende. São eles que fazem, em grande parte, a boa ou a má fama desta ou daquela marca. A confiança dos agricultores se baseia muito mais no conhecimento que têm destes intermediários, que lhe estão próximos, que no fabricante em si. São os intermediários que ele vê no dia-a-dia, nas feiras, exposições, ou no seu jornal e canal local de televisão. E eles que estejam preparados para oferecer os melhores serviços, as peças na hora certa e o atendimento a seu gosto ! Afinal, o cliente não é rei ? Por outro lado, existe um caminho inverso na cadeia fabricante-concessionárioprodutor, que considero fundamental na fixação e permanência de uma marca no mercado. O concessionário (e seus sinônimos) é quem deve estar atento às tendências do mercado, às mudanças que estão por vir, especialmente em tecnologia, e transmitilas imediatamente ao fabricante, que, como vimos, às vezes está distante (fisicamente) e inacessível (administrativamente). Aquele que souber fazer esta prospeção com mais eficiência e transmiti-la com agilidade, garantirá ao agricultor o retorno eficaz em termos de produtos e serviços mais ajustados às suas necessidades atuais. . M
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