Cultivar Máquinas • Edição Nº 101 • Ano IX - Outubro 2010 • ISSN - 1676-0158
Nossa capa
Test Drive - JD 5075E Confira o desempenho do novo modelo da John Deere, o 5075E que, além de cara nova, teve alterações na motorização e em vários itens importantes
Destaques
Transbordos de cana
Pneus
Ensaio avalia vários tipos de pneus de alta flutuação quanto à sua deformação e aos efeitos sobre o solo
06
26
• Editor
Gilvan Quevedo
• Redação
Charles Echer
• Revisão
Aline Partzsch de Almeida
• Design Gráfico e Diagramação
• Circulação
Simone Lopes Letícia Gasparotto Ariani Baquini
Pedro Batistin Sedeli Feijó
C Cultivar
• Expedição
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br
• Impressão:
Direção Newton Peter
Edson Krause Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53)
• Comercial
18
Índice
Saiba quais são as características desejadas nos transbordos de cana e como eles podem se tornar mais duráveis e leves
Cristiano Ceia
Capa: Cultivar
Matéria de capa
• GERAL
• REDAÇÃO
• ASSINATURAS
• MARKETING
3028.2000 3028.2070
3028.2060 3028.2065
www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480
Rodando por aí
04
Transbordo de cana
06
Roçadeiras
10
Ficha Técnica - Gladiador
12
Biodiesel
15
Test Drive - John Deere 5075E
18
Colheita de feijão
23
Pneus de alta flutuação
26
Ficha Técnica - MC 4100
30
ConBAP 2010
34
Colheita de cana
35
Coluna Estatística Máquinas
38
Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
rodando por aí
Diamante
A Massey Ferguson reconheceu mais três concessionárias da rede como empresas Diamante. A concessionária Tratormaster, de Salvador (BA); a Dafonte Tratores, do Recife (PE) e a revenda Jorge Santos, em sua filial de Rosário do Sul (RS) obtiveram a pontuação máxima no programa de certificação que avalia o desempenho nos quesitos finanças, marketing, vendas, peças e pós-vendas. O certificado foi entregue pela diretoria e pela área de desenvolvimento de concessionárias da Massey Ferguson.
CEO New Holland
A CNH Global anunciou a nomeação de Franco Fusignani para o cargo de CEO e presidente da New Holland Equipamentos Agrícolas, substituindo Berry Engle, que deixou a empresa recentemente. Franco Fusignani agrega seu novo cargo à sua atual função, de CEO da CNH Internacional, divisão da empresa que atende aos mercados fora da Europa e das Américas. Ele ingressou no Grupo Fiat em 1970, como engenheiro, e ocupou diversos cargos no âmbito das atividades industriais e de negócios do Grupo.
Franco Fusignani
Ceres
Treinamento
A Agricase, representante na Case IH, realizou dois treinamentos para a equipe da Usina Usacucar, no município de Cidade Gaúcha (PR). Os cursos ministrados pelo instrutor técnico da Agricase, Jaime Klein, ocorreram na segunda quinzena de setembro, abordando os temas segurança básica de transito e pessoal e operação e manutenção em tratores da série Maxxum 180 e 135. Os treinamentos reuniram 48 pessoas, entre operadores e auxiliares da Usina Usacucar, e teve como objetivo prevenir os acidentes de trabalho, que podem acontecer com maior incidência no período de safra, quando as máquinas trabalham ininterruptamente.
Paulo Pasinatto assumiu a gerência comercial da Ceres Agricultura de Precisão, de Florianópolis (SC). A empresa foi criada para desenvolver soluções nacionais e inovadoras em equipamentos eletrônicos e softwares que atuam em todo o ciclo agrícola, de preparo do solo até a colheita. A Ceres, que atua em todo o território brasileiro, foi selecionada pelo Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), criado em 2009 pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para apoiar empresas de base tecnológica com até dois anos Paulo Pasinatto de existência.
Finame para helicóptero
O BNDES prorrogou até o final do ano o Plano PSI, para a aquisição de helicópteros AS 350 Esquilo dentro do Finame. Essa linha de financiamento do BNDES é exclusiva para o modelo Esquilo, uma vez que a aeronave é a única cujo índice de nacionalização é compatível com a linha de crédito. Essa linha de financiamento tem uma taxa única de juros de 5,5% até dezembro, com pagamento em dez anos e carência de seis meses após a entrega do produto.
Primavera
A Primavera Máquinas e Implementos Agrícolas, revenda da John Deere, inaugurou sua nova loja na cidade de Querência, no Vale do Rio Araguaia (MT). Cerca de 600 pessoas participaram da cerimônia no final de setembro, que contou com o diretor de Vendas da John Deere para a América Latina Paulo Herrmann, o diretor de Operações e Marketing do Banco John Deere, Celso Schwengber, e o diretor do concessionário Reginaldo Greczyszn.
Irrigação
A Víqua, fabricante de soluções hidráulicas, lançou recentemente uma válvula portinhola horizontal para equipamentos de irrigação na agricultura. O produto era fabricado com PVC e, agora, tem como principal matéria-prima o poliacetal, um plástico muito mais forte, que também possui alta resistência à tração e à abrasão. O material possui um aditivo modificador de impacto, que auxilia na durabilidade e contém um componente anti-UV, que deixa o produto mais resistente às intempéries.
04
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
carretas
Carga pesada
Existe uma grande diversidade de carretas de transbordo utilizadas na colheita de cana-de-açúcar e os aspectos construtivos de cada uma interferem de maneira diferente na trafegabilidade, na compactação do solo e na durabilidade do equipamento
John Deere
A
cultura da cana-de-açúcar destaca-se hoje como umas das lavouras de maior expressão econômica no Brasil e recentemente tem influenciado de forma marcante na matriz energética, em função da cogeração de energia elétrica, sobremaneira nos estados de São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Por exemplo, das 23 unidades produtoras do Grupo Cosan, dez efetuam cogeração de energia a partir do bagaço e palha da cana. Existem hoje no Brasil 434 indústrias que processam a matéria-prima cana-deaçúcar, das quais 251 unidades produtoras são mistas, isto é, produzem etanol, açúcar e, em grande parte, também energia elétrica a partir da energia química contida no subproduto bagaço de cana, antes descartado. Outras 167 unidades industriais fabricam etanol e 16 produzem apenas açúcar. A maioria das unidades agrícolas produtoras está se ajustando para a adoção do sistema de colheita e transporte de cana
06
inteiramente mecanizado, mesmo porque os órgãos gerenciadores do meio ambiente, nas esferas governamentais, encontram-se vigilantes quanto à poluição ambiental em suas variadas formas (ar, água e ambiente de produção) e ao aquecimento global do planeta, impondo prazos que se encerram em 2014 (em áreas mecanizáveis) e 2017 (áreas não mecanizáveis) para o término da prática de queimada de palha de cana, conforme a viabilidade das condições específicas de colheita. Cada hectare de cana colhida com uso de queimada emite cerca de 300kg de material particulado. Um estudo demonstrou que a área queimada na colheita de cana em 2006, por exemplo, gerou 750.000 toneladas de particulados, causando problemas respiratórios e sobrecarregando o sistema de saúde pública. O corte, a colheita e o transporte de cana-de-açúcar (CCT, no jargão técnico), em sua adequação moderna, emprega colhedoras autopropelidas, carretas de transbordo de cana e diversas versões de composições com caminhões para transporte, de grande
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
capacidade de carga, que entregam a matéria-prima na esteira de recepção das usinas, fase em que tem início todo o processamento industrial de fabricação de açúcar, etanol, energia, leveduras e outros produtos. Portanto, para a engenharia agrícola, mister é procurar aprimorar esse importante elo dessa cadeia agroindustrial, hoje representando 35% do agronegócio paulista e 8% do PIB brasileiro, com os objetivos de reduzir custos de produção e aumentar a competitividade, considerando-se que hoje o Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, com condições de assumir o primeiro posto, ostentado pelos Estados Unidos, que o obtêm a partir do milho. A estimativa da safra brasileira 2010/11 é produzir 667 milhões de toneladas de cana, segundo a empresa Datagro, resultando em 38 milhões de toneladas de açúcar e 30,7 bilhões de litros de etanol. Um dos fatores que podem contribuir para este avanço seria o aumento da área plantada de cana-de-açúcar. O Brasil tem
hoje sete milhões de hectares de área plantada de cana, mas há ainda outros 63 milhões de hectares disponíveis para esta cultura. O manejo de produção na cultura de cana-de-açúcar adota atualmente sistemas mecanizados ou semimecanizados de plantio, tratos culturais e colheita. Utilizam colhedoras automotrizes que cortam e efetuam o processamento da cana-deaçúcar, consistindo na limpeza por meio de ventilação, fracionamento dos colmos em porções denominadas rebolos e, finalmente, o carregamento da matéria-prima em unidades de transporte denominadas carretas de transbordo. Estudos têm demonstrado nesses sistemas uma melhor eficiência, redução de custos de produção, o que resulta no melhoramento da competitividade no nível mundial, minimizando impactos ambientais e sociais, devido à gradativa eliminação da queima prévia dos canaviais e à redução da colheita manual. Quanto ao impacto social, não obstante a redução de empregos, tem sido atenuado pela qualificação
Jair Rosas da Silva
A seleção dos tipos de aço a serem empregados nos órgãos estruturais, como vigas, colunas, cantoneiras e chapas interfere no peso final do produto e na durabilidade
do trabalhador rural, já que a operação e a manutenção das máquinas empregadas exigem treinamento específico. Carretas de transbordo para cana-deaçúcar são equipamentos rodoviários, de aplicação agrícola, tracionados por tratores de alta potência, conduzindo de uma a três unidades autônomas, constituídas por um chassi reforçado, com um a três eixos,
podendo ser esterçantes, com rodado de pneus, geralmente de alta flutuação, sustentando uma estrutura metálica de alta resistência em forma de caixa, com sistema hidráulico de basculamento de cana e sistema pneumático de frenagem. O volume das caixas é variável, podendo cada unidade ter capacidade para transportar entre seis e 14 toneladas.
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
07
Fotos Jair Rosas da Silva
As carretas de transbordo trafegam de modo sincronizado junto às colhedoras automotrizes
Uma versão alternativa desse equipamento é a estrutura construída sobre plataforma de caminhões, unidades motoras igualmente de alta potência e dotada de pneumáticos de flutuação, em que as caixas de transporte intermediário de cana têm as mesmas caraterísticas de projeto e resistência mecânica da versão anterior. As carretas de transbordo trafegam de modo sincronizado junto às colhedoras automotrizes. Têm a função de receber as cargas de cana-de-açúcar em forma de rebolos e, em seguida, abastecer as composições rodoviárias que transportam a matéria-prima às esteiras de recepção das usinas e destilarias, momento em que se inicia o processamento industrial de extração e tratamento do caldo com a limpeza do material. No workshop “Carretas de Transbordo para Cana-de-açúcar: Projeto e Construção”, ocorrido em 24 de novembro de 2009 em Ribeirão Preto (SP), por constituir-se em um dos importantes polos do agronegócio da cana, nas dependências do Centro de Pesquisa de Cana do Instituto Agronômico/
Apta, e coordenado pelo Centro de Engenharia e Automação, foram apresentados e debatidos os aspectos gerais inerentes a esse importante tema. Na ocasião foram apresentados e debatidos os aspectos técnicos relativos à engenharia sobre a construção dessas máquinas, empregadas no transporte modal de cana. O objetivo foi a ampla discussão dos temas inerentes ao desempenho das carretas-transbordo de cana-de-açúcar em operações de campo, por meio de debate e esclarecimento de pontos críticos de projeto e construção dessas máquinas. Participaram representantes de empresas fabricantes, professores universitários, gerentes, engenheiros e técnicos de usinas e destilarias, fornecedores de cana, usuários, projetistas
Características essenciais para transbordo
A
lgumas das características mecânicas essenciais que devem ser levadas em consideração nas fases de projeto e construção de carretas transbordo de canade-açúcar são as seguintes: - emprego de elementos finitos no cálculo das estruturas do equipamento; • análise estrutural do conjunto; • seleção dos tipos de aço a serem empregados nos órgãos estruturais (vigas, colunas, cantoneiras, chapas); • dimensionamento do sistema hidráulico de transbordamento (pressão, vazão, válvulas, cilindros, tubulações); • projetar estruturas inteiriças nos apoios, ou seja, sem emendas;
08
• observar a variação entre os valores dos ângulos de repouso e de descarga de rebolos de cana; • informar-se sobre os teores de água e de palha das cargas de cana e sua influência no ângulo de repouso do material; • observar a compatibilidade entre as bitolas projetadas dos equipamentos e os espaçamentos de plantio; • manobrabilidade dos conjuntos de transporte: tipo de cabeçalho (fixo ou descentralizado) e eixos esterçantes; • sistemas de sustentação, locomoção e direção; • sistema de frenagem das composições.
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
de máquinas agrícolas, pessoal de extensão, pesquisadores e alunos. Algumas das principais preocupações do evento foram: procurar reduzir o peso dos implementos; a melhor distribuição de cargas transferidas ao solo por essas composições; atentar para a compactação do solo resultante das operações de colheita e transporte de matéria-prima; a tecnologia do aço empregado na construção das estruturas; medidas no sentido de favorecer a trafegabilidade; questionar o conceito de que a adoção dos eixos do tipo tandem realmente é uma solução adequada e definitiva; e, enfim, aperfeiçoar os projetos de engenharia e levantar dados para compor os custos de produção do aperfeiçoamento resultante. Nestes aspectos estamos competindo com a Austrália e os Estados Unidos, países também fabricantes e usuários desses equipamentos. Além disso, foram discutidos outros temas não menos importantes, que envolvem a sustentabilidade na produção de etanol, açúcar e energia, e questões relativas ao
Uma das principais preocupações do evento que discutiu as carretas de transbordo foi a compactação do solo
Agrale
Desempenho operacional dos transbordos
D
entre os fatores de influência no desempenho operacional dos transbordos de cana, enumeramos: a) do ponto de vista agronômico: • preparo do solo e sistematização dos talhões; • plantio (espaçamento adotado entrelinhas, espaçamento simples ou misto); • dimensões dos rebolos; • tipo de colheita (número de linhas, cana crua ou queimada); • produtividade da cultura; b) do ponto de vista operacional: • relevo do talhão da área de colheita; • adequação das composições de transbordo; • sincronismo na operação entre a colhedora e a composição de transbordo; meio ambiente. Afora os aspectos econômicos, ocorrem parâmetros agronômicos de importância fundamental que precisam ser levantados e equacionados, como, por exemplo, a
compactação do solo. Já em 1982 Coleti e Demattê alertavam que grande parte das terras das usinas de açúcar e destilarias do estado de São Paulo e mesmo em outros estados é profunda, argilosa ou de textura média e que, além disso, aproximadamente
• volumes/tonelagem de cargas a transbordar; • distâncias de transporte; • logística da operação coordenada “colheita-transbordo-transporte final”; • tempos dos ciclos operacionais completos (deslocamento, carga, levante, descarga, manobras); • nível de treinamento das equipes; c) do ponto de vista mecânico: • cargas dinâmicas sobre o solo; • adequação de bitolas conforme o tipo de espaçamento adotado; • características e número de eixos das composições de transbordo; • potência da unidade motriz (tratores, caminhões); • manutenção mecânica. 50% dos meses de safra coincidem com o período de chuvas, portanto, propícios ao .M incremento da compactação do solo. Jair Rosas da Silva e Pedro Sérgio Pontes, IAC
Fotos Charles Echer
roçadeiras
10
Roçadeiras do barulho Avaliação mostra que equipamentos comuns, utilizados no dia a dia para manutenções em propriedades rurais, emitem ruídos acima do nível tolerável para utilização em longas jornadas
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
N
o ano de 2010 serão comemorados os 310 anos do lançamento da primeira edição da obra-prima de Bernardino Ramazzini (1633-1714), considerado o pai de medicina do trabalho, intitulada De Morbis Artificum Diatriba, traduzida para o português sob o título As Doenças dos Trabalhadores. No Brasil, apesar dos 300 anos de discussão sobre o assunto, os números de acidentes não param de crescer. Segundo Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (2007) o número de acidentes de trabalho em 2006 foi 512.232 e em 2007 653.090, um aumento de 27,52%. O conceito de saúde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, é: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças”. Portanto, todos os trabalhadores têm o direito de um ambiente livre de agentes que possam prejudicar a sua saúde. No caso do trabalhador rural tais agentes podem ter as mais diversas causas: a exposição a agentes físicos – calor, ruído, radiações, a agentes químicos – defensivos, adubos etc, a agentes biológicos – bactérias, fungos, bacilos, trabalho a céu aberto, exposição a intempéries, risco de acidentes, risco ergonômico, acidentes com animais peçonhentos, entre outros. Dentre todos estes fatores que resultam em risco ocupacional, o ruído aparece como o mais frequente e universalmente distribuído, expondo um grande número de trabalhadores. A perda auditiva induzida por ruído elevado é uma patologia cumulativa e insidiosa, que cresce ao longo dos anos de exposição e é causada por qualquer exposição que ultrapasse 85dBA, em oito horas diárias de exposição, segundo a portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho. É uma doença de caráter irreversível e de evolução progressiva, passível de prevenção e, assim como outras doenças relacionadas com o trabalho, a perda auditiva ocupacional pode ser também classificada entre as doenças de ocorrência desnecessárias, isto é, perfeitamente evitável. Sua simples ocorrência já significa uma falha em todo o sistema preventivo que já deveria estar colocado à disposição do trabalhador. A falta de prevenção e preocupação por parte do empregador com relação ao meio ambiente de trabalho de seus empregados pode gerar uma ação de responsabilidade civil por danos ao meio ambiente do trabalho e à saúde do trabalhador, conforme o art. 1º da Lei nº 7.348/85, Lei de Ação Civil Pública. Conforme o Código Sanitário Estadual no seu artigo 32º: “é obrigação do empregador adotar todas as medidas necessárias para a plena correção de irregularidades nos ambientes de trabalho, principalmente quanto à eliminação das fontes de risco de acidentes”. Com a constante mecanização das atividades da agroindústria, observa-se que as
Figura 1 - Local das avaliações segundo NBR 9999
Tabela 1 - Equipamentos avaliados Fabricante 1 2 2 3
Número de equipamentos 1 3 3 2
Potência (hp) 1,6 2,2 2,4 1,6
Tabela 2 - resultados dos níveis sonoros encontrados Nível sonoro dB(A)
O estudo mostrou que o nível sonoro próximo ao motor do equipamento é elevado
máquinas agrícolas têm atingido níveis de ruído perigosos, indicando cada vez mais a necessidade da avaliação dos níveis sonoros produzidos por estes sistemas, a fim de se proteger os usuários, pois dependendo do nível de ruído os danos causados ao trabalhador podem ser irreversíveis. Uma das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores rurais é roçar utilizando equipamentos especialmente desenvolvidos para este fim. Tais equipamentos denominados “roçadeiras” são necessários e imprescindíveis para a manutenção das propriedades rurais, canteiros de rodovias, praças e jardins nas cidades. Portanto, o estudo dos níveis de pressão sonora (nível de ruído) destes equipamentos tem fundamental importância para evitar prejuízos à saúde do operador. O presente artigo analisa o nível de ruído gerado por roçadeiras manuais utilizadas para manutenção dos canteiros das rodovias. É uma pesquisa de campo desenvolvida através de avaliação dos equipamentos, com dados colhidos de uma amostra de nove trabalhadores, os resultados obtidos estão informados na Tabela 1. Na Tabela 2 encontram-se os resultados encontrados na avaliação do trabalhador de acordo com a NBR 9999 (Figura 1) O resultado obtido nas avaliações segundo a recomendação da NBR 999 está descrito na Tabela 2, onde se percebe que o nível sonoro
próximo ao motor do equipamento é elevado, o que prometeria que o trabalhador ficasse exposto no máximo uma hora. Já quando é analisado o nível de ruído próximo ao ouvido do trabalhador nota-se que o nível sonoro cai, permitindo que o trabalho seja executado por até uma hora e trinta minutos, segundo a Norma Regulamentadora nº 15, da portaria 3.214/78. Portanto, os valores encontrados, quando comparados com a legislação brasileira, demonstram que o trabalhador está exposto a níveis de ruído muito acima do permitido pela Norma Regulamentadora nº 15, da portaria 3.214/78 que determina os valores máximos que um trabalhador pode ficar exposto durante a jornada de trabalho (Tabela 3). Como já dito, valores acima dos descrito na lei podem gerar indenização por danos à saúde do trabalhador. Isto decorre do fato de que é impossível devolver a audição perdida em razão do ruído dos equipamentos, tendo, portanto, natureza indenizatória. Da análise dos resultados obtidos permitiuse chegar à conclusão que: os equipamentos avaliados apresentaram níveis de ruído muito acima dos limites de tolerância para exposição diária estabelecidos pela Norma Regulamentadora nº 15, portaria 3.214/78, e que os níveis de ruído dos equipamentos ensaiados estão muito acima dos padrões de conforto, atingindo a região de perda de audição, podendo levar o trabalhador a uma grave situação de insalubridade na operação destes equipamentos e causar perda auditiva. Vale lembrar que é regra universalmente reconhecida que todo
Fabricante Potência (hp) Motor OLE 112 98 1 1,6 102 98 3 1,6 105 99 3 1,6 115 99 2 2.2 111 100 2 2.2 112 100 2 2.2 102 97 2 2.4 105 98 2 2.4 110 99 2 2.4
OLD Posterior Anterior 96 93 90 98 96 93 97 96 93 100 105 98 105 106 98 104 105 99 99 104 98 99 104 97 101 103 98
OLD - Ouvido do lado direito do operador OLE - Ouvido do lado esquerdo do operador
Tabela 3 - Valores máximos de exposição permitidos pela legislação Nível de Ruído (dBA) 85 86 87 88 90 95 100 102 108 110 112 114 115
Máxima exposição diária permitida (h) 8 7 5 5 4 2 1 45 min. 25 min. 15 min. 10 min. 8 min. 7 min.
aquele que causar dano a outrem fica obrigado .M a repará-lo. José Antonio Poletto, João Eduardo G. dos Santos e Abilio Garcia dos Santos Filho, Unesp
ficha técnica
Gladiador
Disponível nos modelos 2300 e 3000, o pulverizador autopropelido da Stara vem com sistema de suspensão ativa e pacote tecnológico de Agricultura de Precisão nas duas versões, como item standard
A
Stara lançou em 2009 o seu primeiro pulverizador autopropelido nas versões Gladiador 2300 e Gladiador 3000, projetados para trabalhar em diversos tipos de terrenos e relevos mantendo a uniformidade de aplicação. A versão 2300 possui motor MWM de quatro cilindros turbo com 135cv de potência e o modelo 3000 vem com motor MWM de seis cilindros turbo com 185cv de potência. Ambos possuem transmissão 4x4 hidrostática constante e independente nas quatro rodas. A perspectiva de rendimento das máquinas é de 300 hectares/dia para o Gladiador 2300 e de 450 hectares/dia para o Gladiador 3000. Equipado com bomba de tração com exclusivo sistema de regulagem de pressão que, mesmo em situações de alta aceleração, controla o fluxo de óleo, o que evita picos de pressão nas mangueiras e nos demais componentes do sistema de transmissão. Sua altura de vão livre, do chassi até o solo, é de 1,55 metro, tornando-o apto para aplicação em culturas no final do ciclo produtivo. O sistema de regulagem da bitola do rodado permite uma variação de 2,70m até 3,30m, possibilitando adequar a largura do rodado
12
Sistema de autofiltragem de tração, onde os filtros absorvem as impurezas encontradas no sistema hidráulico
às linhas de cultivo, proporcionando menor amassamento. Os rodados traseiros são dotados de freios estacionários. Os Gladiadores 2300 e 3000 possuem sistema de suspensão pneumática ativa, que possibilita que o sistema de suspensão fique permanentemente calibrado, garantindo assim maior aderência e absorção dos impactos em relação ao solo. A sua cabine é ampla e com ar-condicionado, tendo acesso pela dianteira da máquina através de uma escada com acionamento eletro-hidráulico. Eles possuem sistema de autofiltragem de tração, onde os filtros absorvem as impu-
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
Detalhe dos freios estacionários que compõem o rodado traseiro
rezas que podem ser encontradas no sistema hidráulico, aumentando consideravelmente a vida útil e reduzindo os custos de manutenção da transmissão. Um radiador realiza o resfriamento do sistema hidráulico. O quadro de barras possui sistema autonivelante, que mantém a estabilidade das barras em terrenos com variações topográficas. O sistema de amortecimento no quadro de barras, exclusivo, evita danos causados por movimentações bruscas e impactos inesperados, aumentando a sua vida útil, garantindo, assim, qualidade da aplicação.
PACOTE TECNOLÓGICO
Pacote Tecnológico Stara que equipa o Gladiador 2300 e 3000 é composto por DGPS Topper S3, piloto automático Speed Drive, controlador de vazão Hydrus e desligamento automático de seções Auto Jet. O controlador de vazão Hydrus é o único controlador de vazão produzido no Brasil que possibilita agregar o desligamento automático de seção através do Auto Jet, que garante maior economia evitando sobreposições e redução dos custos com defensivos de até 6%.
Fotos Stara
Incorporador de produto e lava-frascos possui capacidade de 28 litros
Este pacote tecnológico que acompanha o autopropelido de fábrica traz consigo algumas garantias oferecidas pela própria montadora, como a possibilidade de melhorar o aproveitamento dos produtos a serem aplicados, reduzindo custos da lavoura em até 12%, e redução considerável das falhas e sobrepasses na aplicação de fertilizantes folhares e defensivos, pois elimina o erro humano nas aplicações tanto em modo reto quanto em modo curva. Por conta do sistema DGPS e do piloto automático, é possível realizar aplicações noturnas, visando melhor aproveitamento das condições atmosféricas e dos produtos, tais como herbicidas, inseticidas e fungici-
A colheitadeira CR9060 da New Holland, que passa a ser produzida no Brasil, neste ano faturou o Prêmio Gerdau Melhores da Terra, na categoria Destaque
Quadro de barras autonivelantes projetado para absorver os impactos gerados pelas imperfeições do terreno e manter a estabilidade da aplicação
das. Estas características ajudam também a diminuir a fadiga do operador e a eliminar erros nas operações que são causados geralmente por cansaço e falta de atenção. Sem a necessidade de dirigir o pulverizador, o operador pode focar sua atenção nos obstáculos do terreno e na funcionalidade geral do autopropelido. O controlador de pulverização é dividido em sete seções. Sistema de pulverização é calibrado no início das operações, pois seus sensores estão interligados, o que permite que durante a jornada de aplicação o autopropelido se autoajuste a fatores externos como variação de velocidade, de topografia do terreno, de percurso e de vazão. Neste pacote tecnológico também está
incluído software para visualização da rastreabilidade das aplicações/operações, proporcionando melhor gerenciamento dos dados gerados durante a jornada de aplicação.
PULVERIZAÇÃO
Vazio o Gladiador 3000 pesa 7.500kg, enquanto a versão 2300 pesa 6.600kg. A distribuição do peso da máquina fica 50% sobre o eixo dianteiro e 50% sobre o eixo traseiro, independentemente de o tanque estar cheio ou vazio, característica que diminui o índice de patinagem. Suas barras, de 25 ou 27 metros, trabalham com sistema de quadro móvel com flutuação lateral pendular em paralelogramo, proporcionando grande estabilidade em
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
13
Fotos Stara
O sistema de bitolas variáveis possibilita trabalhar com espaçamentos de 2,70 metros até 3,30 metros de largura
qualquer tipo de terreno e nas mais variadas velocidades. As barras possuem um sistema de amortecimento desenvolvido pela própria montadora, o hidropneumático, que realiza a absorção dos impactos e proporciona uniformidade nas aplicações e durabilidade do conjunto quadro de barras. As barras têm acionamento totalmente hidráulico, onde todos os comandos são realizados de dentro da cabine, podendo trabalhar com alturas que variam de 0,6 a
A versão 2300 possui motor MWM de quatro cilindros turbo com 135cv de potência e o modelo 3000 vem com motor MWM de seis cilindros turbo com 185cv de potência
2,20 metros. A barra está dividida em sete seções e possui corpo de bicos triplo com espaçamento de 50cm. Bomba de pulverização modelo centrífuga tem capacidade de 430L/ min e possibilita vazão mínima de 36L/ha e
máxima de até 500L/ha. O Gladiador nos modelos 2300 e 3000 vem com incorporador de produtos e lava frascos com capacidade de 28 litros e 40 .M litros, respectivamente.
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
O pacote tecnológico que equipa o Gladiador vem instalado até mesmo nas versões mais básicas do pulverizador
Detalhe do radiador que realiza o resfriamento do sistema hidráulico
14
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS Peso da máquina (vazia) Comprimento Largura (barras fechadas) Altura Barras Abertura do rodado Distância entre eixos Vão livre do solo (com carga) Altura de aplicação Tanque de defensivo Tanque de água limpa Tanque de combustível Bomba de pulverização Motor Pneus Controlador de pulverização Sistema de agitação Reabastecimento Porta bicos trijet Opcionais
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
GLADIADOR 3000 7500 kg 8,5 m
GLADIADOR 2300 6600 kg 7,8 m 3,2 m 3,95 m
25 e 27 m
25 e 27 m 2,7 a 3,3 m
4m
3,5 m 1,55 0,6 a 2,2 m 2300 litros 42 litros
3000 litros 200 litros
210 litros Aço inox - 430 litros/min 185 cv MWM turbo diesel 6 cil. 135 cv MWM turbo diesel “4.10T” 12.4x36” 12 lonas Eletrônico Por transferência de calda e agitador hidráulico Bomba externa capacidade de 400 litros/min espaçamento 0,5 m GPS Piloto automático Desligamento automático de secções
combustíveis
Mistura adequada
A
utilização de energias renováveis, particularmente as que se originam de biomassa, apresenta vantagens, dentre as quais: a redução das emissões de gases de efeito estufa, o aumento da oferta de energia, a produção de energia sustentável em longo prazo, a criação de oportunidades de emprego, o desenvolvimento econômico localizado e a redução das importações de combustíveis convencionais. Segundo o Plano Nacional de Agroenergia (20062011), a agroenergia é uma das prioridades do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e deriva da necessidade de energia como insumo para o crescimento da nação. Nesse contexto, a grande fronteira agrícola brasileira e a possibilidade de expansão fazem com que o biodiesel possa ser utilizado em larga escala, sendo produzido a partir de diversas fontes que se adaptam às mais variadas condições climáticas e edáficas existentes no país. Dentre tais matériasprimas, a soja mostra-se como a cultura com melhor capacidade de suprir esta
demanda pelo seu cultivo em grande escala, respondendo por mais de 90% da produção de óleos vegetais no Brasil. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) fixou a adição da proporção de 5% de biodiesel ao diesel de origem mineral desde janeiro de 2010. Esse mesmo órgão destaca que a demanda atual de diesel de origem mineral aproxima-se de 48.000.000m 3. Ao se realizar uma análise de utilização de óleo vegetal de soja na geração de biodiesel, onde seja possível adicionar-se 10% desse combustível ao diesel de origem mineral, identifica-se a necessidade de 4.800.000m3 de biodiesel, o que se traduziria no comprometimento de quase 33% (22.760.000t) da atual produção brasileira de soja. Assim, o mercado dessa commodity se fortalece, ao mesmo tempo em que se criam alternativas inerentes à produção de energias renováveis. A introdução gradual do biodiesel na matriz energética brasileira vem criando um cenário em que se possibilita aos fabricantes o desenvolvimento de novas
Massey Ferguson
Ensaio de bancada avalia misturas de biodiesel ao diesel comum em diferentes quantidades e mostra o comportamento do motor para cada proporção
tecnologias voltadas ao uso desse combustível, de forma a otimizar o desempenho, diminuir o consumo e proporcionar um maior controle das emissões residuais. Sabe-se que, apesar do biodiesel apresentar características semelhantes às do diesel de origem mineral, o mesmo possui diferenças que podem influenciar no funcionamento de um motor, tais como viscosidade, número de cetano, poder calorífico e densidade. Todavia, estas pequenas diferenças criam uma situação favorável ao uso deste biocombustível em mistura ao diesel de origem mineral, sob adequadas proporções, sem que seja necessária a realização de maiores alterações nos motores que equipam boa parte dos veículos pesados e máquinas agrícolas em uso no país. Desta forma, esse trabalho objetivou avaliar o uso de misturas de biodiesel metílico de soja e diesel comercial em um motor de ignição por compressão e injeção direta de combustível. Os ensaios responsáveis pela geração dos dados referentes ao torque, potência e consumo es-
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
15
Fotos Gustavo Heller
Tabela 1 – Desempenho do motor quanto à potência e ao consumo específico sob os diferentes combustíveis avaliados Combustível B10 B5 B20 B100 Média C.V (%)
Potência (kW)(*) Consumo específico (g/kW.h-1) 233,78 b* 44,73 a* 234,87 b 44,62 a 236,20 b 44,40 b 263,63 a 43,40 c 242,12 44,28 5,0 0,98
(*) Valores não corrigidos em relação às perdas pelo acoplamento à TDP do trator. Pode-se estimar um aumento de 8% a 10% nos valores de potência em função das perdas. *Os valores seguidos pelas mesmas letras não diferem entre si pelo Teste de Tukey com 5% de probabilidade de erro.
pecífico de combustível foram realizados em uma bancada dinamométrica. Foram utilizadas as misturas B10, B20 e B100, com 10%, 20% e 100%, respectivamente, de biodiesel adicionado ao diesel mineral, em comparação ao diesel comercial com 5% de biodiesel em mistura (B5).
CONDIÇÕES DOS ENSAIOS
As misturas B10, B20 e B100 de éster metílico de soja foram avaliadas em comparação com o diesel comercial, o qual atualmente consiste em uma mistura contendo 5% de biodiesel adicionado ao diesel de origem mineral (B5). Esses quatro combustíveis foram avaliados em um motor Perkins 4000 de injeção direta, o qual equipava um trator Massey Ferguson MF 275, fabricado em 1986. Esse motor contava com três mil horas de trabalho, desempenhando uma potência nominal de 45kW a 1.900 rotações por minuto. Os ensaios foram conduzidos no Laboratório de Agrotecnologia, parte integrante do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas da Universidade Federal de Santa Maria. Esse laboratório dispõe de um dinamômetro elétrico de correntes
Detalhe do dinamômetro e central de aquisição de dados, utilizados durante o ensaio
parasitas com capacidade de frenagem de até 500kW, que com o auxílio de um software específico, realiza a aquisição automática de dados. Quanto ao consumo de combustível, um fluxômetro interligado a uma central de aquisição de dados realizou a verificação do volume de combustível consumido (L/h), fornecendo os dados necessários ao posterior cálculo do consumo específico de combustível (g/kW.h). A operacionalização do procedimento de ensaio foi bastante simples. Acoplou-se a extensão do eixo cardânico presente no dinamômetro à tomada de potência do trator (TDP), tomando-se os devidos cuidados para que a inclinação desse eixo fosse nula ou mínima. Os procedimentos de ensaio e cálculo dos parâmetros de desempenho seguiram as instruções contidas na norma ABNT NBR 5484 (1985).
RESULTADOS OBTIDOS
Os maiores valores na faixa de rotação nominal do motor (1.900rpm) foram obtidos sob o uso do combustível B10, no entanto, não foram identificadas diferenças significativas em relação ao
Fluxômetro interligado a uma central de aquisição de dados realizou a verificação do combustível consumido
combustível B5 (valores superiores em 0,2% para o combustível B10). A partir daí, as reduções nos valores de potência sob maiores proporções de biodiesel adicionado ao diesel comercial podem ser atribuídas ao menor poder calorífico do biodiesel, e em algumas situações constata-se também a ineficiência do processo de atomização do combustível devido ao aumento da viscosidade em combustíveis com maiores teores de biodiesel na mistura. Essa atomização deficiente acarreta em prejuízos inerentes à queima do combustível. A proporção B100 apresentou diferenças estatisticamente significativas em relação ao combustível B5, com valores de potência inferiores em 2,8%. A comparação dos resultados pode ser visualizada na Tabela 1. Em relação ao combustível B10, o qual apresentou o melhor desempenho no decorrer dos ensaios, constatou-se que o aumento do número de cetano para essa mistura, que acarreta em melhoria da queima do combustível na câmara de combustão, justificou a obtenção de tais resultados, levemente superiores em relação ao B5. Já o combustível B20 apresentou valores levemente inferiores
O ensaio foi conduzido no laboratório do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas da Universidade Federal de Santa Maria, que dispõe de um dinamômetro elétrico de correntes parasitas com capacidade de frenagem de até 500kW que, com o auxílio de um software específico, realiza a aquisição automática de dados
16
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
Figura 1 – Curvas de potência para os diferentes combustíveis avaliados, em toda a faixa de rotação ensaiada
aos combustíveis B5 e B10 (44,4kW, que representa uma diferença de 0,5% em relação ao B5) na faixa de potência máxima do motor (1.900rpm) (Figura 1). Na faixa de rotação onde normalmente ocorrem os menores valores de consumo específico de combustível para o motor ensaiado (1.500rpm), o combustível B100 apresentou valores 10,9% maiores quando comparado aos valores apresentados pelo combustível B5. Esse resultado é facilmente explicável devido às características distintas dos combustíveis com altos teores de biodiesel, que fazem com que o rendimento térmico do motor se reduza, acarretando em um aumento do consumo específico de combustível. Já o combustível que apresentou os menores valores de consumo específico ao longo de toda a curva, inclusive na faixa de rotação de menor consumo específico, foi a proporção de mistura B10, que, no entanto, apresentou valores semelhantes aos apresentados pelo combustível B5 nessa faixa de rotação (valores inferiores em apenas 0,5% na
Figura 2 – Curvas de consumo específico de combustível para os diferentes combustíveis avaliados, em toda a faixa de rotação ensaiada
comparação ao B5). Esse resultado pode ser visualizado na Figura 2. Seguindo a análise, constatou-se que o combustível B20 apresentou um consumo específico levemente superior ao apresentado pelo combustível B5 (0,6%).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir que a utilização dos combustíveis B20 e B100 proporcionou algumas alterações no desempenho do motor em comparação com o combustível B5, sendo que o combustível B10 apresentou os melhores resultados, no entanto, muito semelhantes aos resultados apresentados pelo combustível B5. Quanto ao consumo específico de combustível, não foram identificadas maiores diferenças até o combustível B20. Logo, constata-se a viabilidade no uso de misturas binárias de biodiesel e diesel comercial. Todavia, devem-se respeitar as proporções adequadas de mistura, preconizando um melhor desempenho do motor e uma maior economia de combustível.
Além do contínuo desenvolvimento e pesquisa em motores adaptados à utilização de maiores proporções de biodiesel, cabe salientar, ainda, a necessidade em se gerar soluções para uma série de problemas inerentes à produção e utilização do biodiesel. Dentre tais problemas destacam-se os de ordens econômica e comercial, visto que o custo de produção do biodiesel, para as diferentes matérias-primas utilizadas, tende a gerar um preço mais elevado ao consumidor final em comparação ao diesel de origem mineral, sem mencionar a necessidade de geração de alternativas para a utilização dos subprodutos oriundos dos processos de obtenção do biodiesel (transesterifi.M cação), dentre eles a glicerina. Gustavo Heller Nietiedt, André Luis Casali, Daniel Uhry, Paula Machado dos Santos e Marcelo Silveira de Farias Nema/UFSM
capa
John Deere 5075E F
De cara e nomenclatura novas, o 5075E da John Deere testado pela Cultivar Máquinas mostrou força nas retomadas, versatilidade nas manobras e facilidade no acoplamento de implementos
azia um bom tempo que desejávamos testar algum modelo de trator da John Deere para a revista Cultivar Máquinas. Muitas vezes, os leitores nos perguntavam a razão desta lacuna. Para esta edição tivemos a oportunidade de testar um modelo novo, que está entrando no mercado, como oferta no programa Mais Alimentos do Governo Federal. Sua apresentação ocorreu em abril, para a rede de concessionários, e o lançamento oficial ocorrerá no próximo Show Rural da Coopavel, em Cascavel, no Paraná, durante o verão. A produção deste novo trator já começou, na nova fábrica de tratores da John Deere, localizada na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul, e está disponível nas concessionárias da marca John Deere. Trata-se do modelo JD 5075E, que substitui o modelo 5603, no mercado brasileiro de tratores da faixa de 70cv a 80cv. Esta nova designação tem coerência com o tamanho e a especificação dos componentes e acessórios do modelo. Neste caso a linha 5E, que se refere aos tratores pequenos da oferta da John Deere no Brasil, em que o 5 significa o tamanho do trator e a letra aumenta de acordo com as configurações do modelo. Este modelo vem com uma série de inovações em relação ao modelo que substitui. As principais novidades começam pelo
O sistema hidráulico é composto por duas bombas, uma à direção e outra para o levante e controle remoto
A escada de entrada ao posto do condutor tem dois degraus, proporcionando facilidade no acesso
novo design do capô dianteiro e dos paralamas metálicos redesenhados e ampliados. Também há alterações mecânicas, como os estabilizadores laterais dos braços inferiores do sistema hidráulico de três pontos, que agora são telescópicos, em substituição às correntes. O depósito de combustível, antes de 69 litros, agora comporta 105 litros de óleo diesel. Segundo o fabricante, este novo modelo visa atender pequenos, médios e grandes produtores rurais, que se preocupam com baixo consumo de combustível, maior durabilidade, baixo custo de manutenção e alto desempenho a campo.
O capô dianteiro levanta completamente e permite acesso ao radiador, filtro de ar ou qualquer parte do motor
18
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
Para testá-lo, estivemos na zona rural de São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul, localidade de Passo do Pinto, na propriedade do agricultor Nelgo Heller, que produz batata e milho em uma área de aproximadamente 60 hectares. O local, cercado de coxilhas bem aproveitadas faz parte de uma grande área, que pertencia a uma antiga fazenda do local, a Alto Alegre, que ainda serve de referência. Além dos dois filhos do senhor Nelgo, Janes e Jader, tivemos o apoio de toda a família, que se confessa apaixonada pela marca John Deere. A equipe foi completada pelo pessoal do Departamento de Marketing da John Deere e também da concessionária Lidermaq, de São Lourenço do Sul, que
Fotos Cultivar
nos ajudaram a testar e provar o potencial deste novo modelo. Essa região localiza-se na metade sul do estado do Rio Grande do Sul, no eixo Pelotas-Rio Grande. A agricultura desta parte do estado gaúcho destaca-se pelas grandes lavouras de arroz irrigado, em função da proximidade da Laguna dos Patos, e pelas pequenas propriedades rurais, predominantemente com a utilização da mão de obra familiar que produz milho, fumo, batata e cultivos de horta, além da fruticultura, que alimenta a indústria de conservas na região, gerando renda para pequenos e médios produtores rurais.
POSTO DO OPERADOR E ERGONOMIA
A ergonomia do posto de operação e o conforto e segurança do trabalhador sempre foram características marcantes nos projetos desenvolvidos pela John Deere, e mais uma vez isso pode ser observado no trator JD 5075E. A plataforma de operação possui
Detalhes do posto de comando: o piso emborrachado tem aderência adequada para o local e as alavancas de marchas e comandos hidráulicos se apresentam ergonomicamente distribuídos na lateral do banco do operador
amplo espaço, conforto e visibilidade. O piso plano e um revestimento com tapete de borracha antiderrapante estão bem adequados. O trator é oferecido somente na versão aberta com proteção contra capotamento e proteção solar através da capota, como standard. O assento é padrão da marca, em cor amarela e com apoios de braços em ambos os lados. Os comandos formados pelas alavancas de marchas e pelos comandos hidráulicos se apresentam ergonomicamente distribuídos, ou seja, estão situados lateralmente ao assento e são de fácil acesso às mãos. Da mesma forma, estão distribuídos de forma confortável os pedais de freio, embreagem e o acelerador de pé, o que diminui o estresse físico do operador durante a realização de longas jornadas de trabalho, algo reafirmado pelos filhos do senhor Nelgo, que já possuem outro modelo John Deere e estão de olho na possibilidade de uma nova
aquisição. Em relação à segurança, este modelo possui na sua versão standard a estrutura de proteção contra capotamento (EPCC), certificada pela fábrica, item esse de grande importância, que evita em grande parte a fatalidade nos acidentes ocorridos com tratores agrícolas. Por sinal este modelo referenda uma tendência de quase todos os tratores e marcas brasileiras, que é atender integralmente a Norma Regulamentadora 31, do Ministério do Trabalho e Emprego (NR-31). Disso o mercado brasileiro pode se orgulhar, pois a indústria brasileira fez a adoção quase plena. A escada de entrada ao posto do condutor é de dois degraus, mas bem dimensionada, proporcionando facilidade no acesso. Também no aspecto ergonômico impressionam positivamente as proteções laterais, que impedem o contato com as partes móveis e quentes do motor. Outro ponto interessante que deve ser reforçado é a servicibilidade. A forma como se levanta o capô dianteiro e se expõe o motor permite uma ampla possibilidade de acesso ao radiador, ao filtro de ar ou a
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
19
Fotos Cultivar
As correntes dos estabilizadores laterais do sistema hidráulico foram substituidos por sistema telescópicos
A nova versão apresenta diversas alterações em relação ao modelo que está substituindo, como design do capô dianteiro e dos para-lamas metálicos, motor de três cilindros e já vem pronto para utilização de pás dianteiras
qualquer outro ponto do motor, sem que seja necessária a retirada de algum tipo de carenagem, o que facilita de forma bastante considerável a manutenção.
MOTOR
O trator JD 5075E é equipado com motor John Deere Powertech modelo 3029T série 350, de três cilindros (na versão substituída eram quatro os cilindros), com 2,9 litros de volume, turboalimentado, que desenvolve 75cv de potência máxima, a um regime constante de rotações que vai de 2.000rpm a 2.400rpm, proporcionando torque máximo de 265Nm a 1.600rpm, o que resulta em uma reserva de torque aproximada de 20,66%, considerada alta para um modelo com injeção mecânica. O sistema de injeção de combustível deste modelo consta de uma bomba injetora rotativa DP100, com sangria automática, o que garante menor perda de tempo nas manutenções.
de trocas de marchas como, por exemplo, no uso de enxadas rotativas para fazer canteiros. A tomada de potência (540) permite trabalhar com 540rpm a 2.400rpm no motor e na posição econômica (540E) a 540rpm a 1.750rpm, permitindo ao operador escolher a melhor opção, em função do trabalho a ser realizado. Nas tarefas que não necessitem tanta potência do motor, como no caso dos trabalhos com roçadeiras, podem ser realizadas em rotações mais baixas do motor, tendo
como consequência um menor consumo de combustível. A potência produzida no motor é transmitida às rodas através da caixa de velocidade, neste caso, denominada Partyal Syncro, com três marchas e três grupos, conferindo nove velocidades à frente e três à ré, totalmente sincronizadas dentro de cada grupo. Inclusive a marcha à ré é sincronizada, algo incomum para um modelo de pequeno porte e com caixa mecânica. Este arranjo de marchas garante um escalonamento evolutivo e constante de velocidade, sem falhas, permitindo que se trabalhe com velocidades que vão da faixa de 2,19km/h a 27,48km/h, tendo-se como referência os pneus que estávamos testando e a velocidade do motor de 2.400rpm. Este
TRANSMISSÃO
A embreagem deste trator é dupla, com acionamento independente da tomada de potência. Isto significa que a tomada de força pode ser acionada sem pisar na embreagem e, mesmo que isso seja feito, a tomada de força não para. Esta característica evita falhas no serviço quando há necessidade
20
No teste, o 5075E se sobressaiu em alguns pontos como facilidade nas manobras e retomada do motor, durante as sobrecargas, devido a sua boa reserva de torque
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
O motor foi substituído e agora possui três cilindros, com 2,9 litros de volume, gerando menor consumo de combustível
com os parafusos sem a necessidade de ajuda. É um detalhe, mas que demonstra qualidade e melhora o conforto e a segurança. A bitola mínima e máxima, na versão standard, é de 1.345mm a 1.958mm no eixo dianteiro e 1.508mm a 1.829mm no eixo traseiro.
Embora o posto de operações seja acavalado, recebeu uma plataforma cômoda, com os comandos à direita
Sistema hidráulico
Levante hidráulico possui uma força de levante de 2.670kgf, devido ao aumento da pressão da bomba hidráulica
modelo, na versão standard vem de fábrica com tração dianteira auxiliar (TDA), da marca ZF. Como é normal nos tratores maiores da John Deere, este modelo vem equipado com posição de parking na própria alavanca de câmbio. Isto significa que não há alavanca de freio de estacionamento, que é feito na própria alavanca de marchas, quando colocada em uma posição específica impossibilitando o trator de se mover. Na versão standard, este trator vem com os pneus traseiros na medida 18,4-30 R1 e dianteiros 12,4-24. São oferecidas, ainda, seis opções de rodados (casais), o que garante ajustar o trator a qualquer condição de trabalho, desde terrenos com baixa sustentação, comum nas lavouras de arroz irrigado, a terrenos de alta sustentação e trafegabilidade e com potencialidade para a tração. Pode-se adquirir o modelo 5075E com rodado e eixo dianteiro para tração simples, mas o mercado brasileiro prefere e aceita melhor as versões TDA. A lastragem é feita na parte dianteira com dois contrapesos metálicos dianteiros de 50kg, mais o suporte de 46kg e, nas rodas traseiras, com um peso de 38,5kg em cada uma, além de permitir a utilização de lastro hidráulico em ambos os rodados, podendo atingir 4.500kg de peso total. Vem com dois pesos standar, mas ele pode sair de fábrica com a quantidade de lastros exigida pelo cliente. Para facilitar a lastragem com os pesos, cada um deles tem um encaixe que facilita a colocação, possibilitando que uma única pessoa possa colocar o peso e fixá-lo
O sistema hidráulico é composto por duas bombas hidráulicas, sendo uma para o sistema de direção e outra para o levante hidráulico e controle remoto, que por sinal é duplo na versão standard. Possui capacidade de levante de 2.670kgf, devido ao aumento da pressão da bomba hidráulica, que atinge 200bar conferindo uma vazão de 43 litros por minuto, o que permite trabalhar com equipamentos de acionamento hidráulico com maior rapidez. Esse modelo possui duas alavancas de comando do sistema de levante hidráulico, sendo uma com quatro posições para trabalhar com implementos sobre a superfície do solo e outra de seis posições para implementos de subsuperfície especialmente aqueles de preparo do solo. Chamou-nos a atenção a existência de duas saídas VCRs standard, item esse não muito comum na maior parte dos tratores dessa ca-
Detalhe do encaixe para contrapesos, que facilita o manuseio do objeto na hora da instalação
tegoria, pois tem como objetivo a utilização de carregadores frontais, com alta velocidade de operação, equipamento comumente utilizado na realização das atividades diárias, em pequenas e médias propriedades rurais. Os estabilizadores laterais dos braços do levante hidráulico sofreram alterações que permitem ajuste com maior facilidade, durante o acoplamento de implementos usados no sistema de engate aos três pontos. Estes possuem em uma das extremidades uma rosca sem-fim e na outra extremidade um sistema telescópico cuja trava se dá por meio de um pino de posição, fazendo com que não ocorra engripamentos, fato este comum em estabilizadores que utilizam roscas sem-fim
A plataforma de operação possui amplo espaço, conforto e visibilidade, o banco segue o padrão John Deere, na cor amarela com descanso nas laterais
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
21
Fotos Cultivar
Detalhe da grade de proteção instalada nos dois acessos laterais do radiador mestre
em ambas as extremidades.
TESTES
Para verificar o desempenho do novo modelo a campo, foram utilizados três equipamentos: um escarificador Köhler de cinco hastes, uma grade niveladora de 28 discos e uma semeadora de plantio direto com três linhas da marca Vence Tudo modelo PA5000. Esses equipamentos estão dentre os mais utilizados nas pequenas e médias propriedades e bem dimensionados para este modelo. Iniciamos pelo escarificador e embora o solo fosse bastante macio, compensamos realizando esforço, em profundidade. Trabalhamos em profundidade média de 30cm e vimos que em 2a marcha no grupo B, o melhor desempenho foi na rotação de 2.000rpm. Testamos igualmente a 2.400rpm
e 2.000rpm e vimos que apenas 200rpm caíam na rotação até a estabilização, com torque suficiente para tracionar o equipamento com níveis de patinamento bem adequados. Com a grade niveladora, trabalhando sobre o solo escarificado pudemos ampliar a velocidade de deslocamento, trabalhando em 3a marcha no grupo B a 2.400rpm, sem dificuldades, a uma profundidade variável entre dez e 15 centímetros. Para finalizar, colocamos acoplada ao trator a semeadora que, em 2a velocidade do grupo B se mostrou pequena para a potência e o torque do motor, considerando-se a condição e a textura do solo. Não havia patinamento aparente. Talvez em plantio direto e com solo mais duro, esta configuração de conjunto mecanizado seja mais adequada, mas nesta condição testada havia sobra de trator. O desempenho do trator, durante a realização dos testes, foi realmente muito bom. Mesmo assim alguns pontos se sobressaíram, entre os quais podemos destacar a facilidade nas manobras e a retomada do motor, durante as sobrecargas, devido a sua boa reserva de torque. Também não podemos deixar de mencionar a facilidade e a rapidez no acoplamento dos implementos e nas regulagens, devido ao seu novo sistema de estabilizadores laterais, que melhorou
muito em relação à versão anterior. Com todos esses pontos positivos acreditamos que esse novo trator, bastante versátil, venha proporcionar uma boa satisfação ao usuário, durante a realização das atividades diárias, principalmente com baixo consumo de combustível, característica que os agricultores mais levam em conta quando decidem adquirir um trator. Portanto, o programa Mais Alimentos pode contar agora com mais um novo modelo, tornando-se mais uma opção ao agricultor, que busca, além do conforto, um trator com alto desempenho, que possa .M justificar o investimento realizado. José Fernando Schlosser, Alexandre Russini e Andre Luis Casali, UFSM Transmissão Partyal Syncro Frente
Ré
O test drive foi realizado no município de São Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul, localidade de Passo do Pinto, na propriedade do agricultor Nelgo Heller, que é atendida pela concessionária Lidermaq
22
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
Marcha A1 A2 A3 B1 B2 B3 C1 C2 C3 A B C
Km/h 2,19 3,04 4,23 5,1 7,41 10,15 14,16 20,15 27,48 2,93 7,06 19,44
Os faróis traseiros também ganharam novo design, mais arredondado e projetado para fora do para-lamas
colhedoras Rodrigo Soncela
De grão em grão Avaliação das perdas em colheita de feijão com colhedoras autopropelidas adaptadas mostra que diferenças na velocidade e nos horários de colheita interferem no percentual de perdas e na qualidade dos grãos colhidos
N
o Brasil, o feijoeiro comum é cultivado por pequenos e grandes produtores, em diversificados sistemas de produção e em todas as regiões brasileiras, apresentando ciclos variando de 65 a 100 dias, podendo compor desde sistemas agrícolas altamente tecnificados com uso de irrigação até sistemas de subsistência, de baixo nível tecnológico (Chagas, 1994; Embrapa, 2003). A mecanização na colheita é vital à expansão da área de cultivo do feijoeiro no país e à transformação dessa cultura em atividade empresarial, o que leva ao desenvolvimento socioeconômico dos produtores (Silva et al, 2000). Os pequenos produtores, aos poucos, diminuíram sua participação na produção de feijão, principalmente aqueles que não adotaram métodos mais eficientes de cultivo. Como a produção de feijão vem se mantendo constante, esse espaço tem sido ocupado por médios e grandes agricultores que, com melhor uso de tecnologia aumentam produtividade do feijoeiro e consequentemente sua participação para produção dessa cultura. Há tendência de destinação de áreas nobres das propriedades rurais para cultivo do feijão, o que também é responsável por aumento na produtividade
(Lollato et al, 2001). O sistema de colheita semimecanizado ainda é utilizado hoje no Sul e no Sudeste do país, no qual o arranquio e o ajuntamento são feitos manualmente e a trilha é realizada mecanicamente. O ajuntamento é feito em leiras quando se utiliza uma recolhedora-trilhadora, máquina tracionada por trator que passa sobre as leiras, recolhendo e trilhando as plantas (Silva et al, 2000). Porém, o uso de colhedoras automotrizes adaptadas para a colheita do feijão já tem sido amplamente difundido entre médios e grandes produtores. A colheita mecanizada é realizada diretamente com automotrizes (sistema direto), na qual a máquina realiza corte, recolhimento, trilha, abanação e, em alguns casos, ensaca os grãos. Na colheita mecanizada pelo sistema indireto utiliza-se um ceifador-enleirador e a recolhedora trilhadora em operações distintas, obtendo boa qualidade do produto final, pois entre o corte/enleiramento e a trilha existe um tempo para que as plantas de feijoeiro sequem de maneira mais uniforme, evitando o barreamento dos grãos no ato da trilha (Silva et al, 2004). Os mecanismos de trilha mais utilizados nas colhedoras de feijão são os de cilindro de
barras, dedos e por côncavo. A alimentação do sistema pode ser em fluxo radial ou axial, com base no movimento do produto durante a debulha. O Brasil apresenta altas taxas de perdas de grãos durante a colheita e a pós-colheita. Embora as perdas possam ser devidas a vários fatores, estudos indicam que até 80% das perdas ocorridas na colheita podem ser devidas à ação de mecanismos da plataforma de corte das colhedoras (Embrapa, 1998). Os danos mecânicos ocasionados pela colheita podem reduzir qualidade dos grãos e sementes do feijão. Avaliação feita em 1999 por Costa e Pasqualetto com sistemas de colheita mecanizada e semimecanizada para feijão, avaliaram em testes de campo que a recolhedoratrilhadora foi o sistema que causou maiores danos mecânicos no grão, apesar de apresentar as menores perdas durante a colheita. Apesar de vários trabalhos já desenvolvidos em colhedoras de feijão, o que se espera durante a colheita é a redução das perdas e a obtenção de grãos com baixo índice de danos mecânicos, os quais podem reduzir qualidade dos grãos e sementes do produto, como a perda do poder germinativo, aumento da taxa respiratória, en-
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
23
Gráfico 1 - Teor de água de sementes de feijão comum, colhidas às 8h, às 12h e às 16h e analisadas por determinador universal e secagem a 105ºC em estufa
Gráfico 2 - Perdas (expressas em gramas) de feijão durante a colheita mecanizada em função da velocidade de deslocamento da máquina e rotações do cilindro, em três horários de colheita
Gráfico 3 - Representação da pureza das sementes (%) através dos horários de colheita tre outros. Com base no exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar perdas e pureza do feijão, colhido em diferentes velocidades e rotação de cilindro da colhedora em horários distintos do dia.
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO
O experimento foi realizado em propriedade rural, no município de Santa Tereza do Oeste (PR). Na montagem do experimento foi utilizada a variedade Iapar 81, carioca, com espaçamento no plantio entrelinhas de 0,45m e 12 plantas por metro plantadas na safra 2009/2010. Para a colheita mecanizada utilizou-se colhedora da marca New Holland, modelo 8040, equipada com kit feijão e cilindro axial da marca Max. Em função de uma avaliação preliminar dos valores usuais dos parâmetros utilizados na colheita mecânica
24
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
foram testados: velocidade de deslocamento da colhedora de 4km/h, 5km/h e 6km/h; rotações de cilindro variando entre 300rpm, 340rpm e 385rpm e três diferentes horários de colheita: 8h, 12h e 16h. Esses parâmetros foram testados em combinações que forneceram 27 parcelas, nas quais foram colhidos os grãos e avaliadas pureza, perdas na colheita e umidade do grão na colheita. Para avaliação da pureza, coletaram-se, para cada parcela, amostras no interior do tanque graneleiro da colhedora e após a homogeneização dos grãos, foi pesada uma massa conhecida na qual se separou semente pura, outras sementes e material inerte, e cada porção foi calculada em porcentagem por peso da amostra de trabalho (Brasil, 2009). Para a avaliação das perdas no momento da colheita, em cada parcela, os grãos de área pré-convencionada (2m2) foram recolhidos e pesados em balança de precisão, obtendo-se a massa de grãos perdida na área conhecida, expressa com teor de água de 13%. Para avaliação do teor de água, no momento da colheita, utilizou-se determinador de umidade universal e após a colheita, o teor de água foi novamente determinado pelo método padrão de estufa, no laboratório.
RESULTADOS OBTIDOS
Foram encontradas variações nas perdas durante a colheita e na pureza dos grãos em função da velocidade da máquina e rotação do rotor. Além disso, tanto as perdas quanto a pureza dos grãos variaram de acordo com o período do dia em que se realizou a colheita.
No Gráfico 1 estão apresentados os valores do teor de água dos grãos de feijão em diferentes horários de colheita, e não houve diferenças significativas entre a determinação pelo equipamento universal e por estufa. Observou-se redução do teor de água dos grãos colhidos no período do meio-dia em relação à colheita realizada às 8h. A colheita realizada às 16h apresentou valores próximos aos do início da manhã. Isso se deve às condições ambientais, uma vez que houve precipitação após a colheita realizada ao meio-dia. No Gráfico 2 estão apresentadas as perdas ocorridas durante a colheita mecânica em função da velocidade de deslocamento da máquina e rotações do cilindro, em três horários de colheita. Para a colheita dos grãos mais úmidos (8h e 16h), com teor de água acima de 17,5%, a combinação de maior velocidade e menor rotação de cilindro ocasionou maiores perdas. Para a colheita realizada às 12h com grãos mais secos, observaram-se maiores perdas na maior velocidade avaliada com as rotações de cilindro de 340rpm e 380rpm. De modo geral, menor velocidade de colheita, para todas as rotações avaliadas apresentaram menores perdas. No Gráfico 3 estão apresentados os valores de pureza dos grãos de feijão durante a colheita mecânica em função da velocidade de desloca-
Fotos Rodrigo Soncela
Para definir as perdas, os grãos de uma área de 2m2 foram recolhidos e pesados em balança de precisão
A pureza dos grãos foi superior a 95%, para todos os parâmetros exceto para a colheita realizada às 8h
mento da máquina e rotações do cilindro, em três horários de colheita. A pureza dos grãos foi superior a 95%, para todos os parâmetros exceto para a colheita realizada às 8h, na maior rotação e velocidade. Segundo Tertuliano et al (2009), os menores valores de impureza das sementes de feijão foram obtidos nas velocidades de deslocamento de 10,2km/h e 10,8km/h, na rotação do cilindro trilhador de 430rpm, enquanto não houve efeito da velocidade quando foram usados 480rpm no cilindro trilhador.
deve ser levado em conta para a regulagem da colhedora. A combinação de grãos mais úmidos, maior velocidade de colheita e menores rotações de cilindro pode aumentar as perdas de grãos no campo, apesar de não acarretar grandes alterações na pureza dos grãos colhidos. .M
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O teor de água nos grãos no momento da colheita varia de acordo com o horário e
Rodrigo F. Soncela, Jaqueline Senem, Silvia R. M. Coelho e Lúcia H. P. Nóbrega, Unioeste Paulo R. A. De Figueiredo, Iapar
PNEUS
Flutuando
Divulgação
Estudo mostra o nível de compactação gerado por pneus de alta flutuação com garras em comparação com pneus lisos de eixo livre
A
evolução da agricultura exige o incremento da mecanização dos seus sistemas, seja no plantio, nos tratos culturais ou na colheita. Com o aumento da utilização de máquinas no campo aumenta-se, consequentemente, o tráfego de veículos pesados, que causam a alteração da estrutura do solo, reduzindo os espaços porosos e dificultando as trocas gasosas, o que influencia na produtividade da cultura. Uma das opções de pneus disponíveis no mercado, destinados a situações onde a compactação do solo pode ser um problema sério, são os pneus de alta flutuação utilizados em implementos e máquinas agrícolas. Os pneus de alta flutuação podem ser divididos em duas categorias, pneus de eixo trativo e pneus de eixo livre, sendo a diferença notada na banda de rodagem. Pneus trativos possuem barras ou cravos dispostos em ângulo para penetrar o solo e consequentemente proporcionar força de tração, já os pneus de eixo livre possuem banda de rodagem lisa, pois não são recomendados para situações onde se aplica torque ao pneu. Observamos, contudo, que pneus de alta flutuação com garras são utilizados em uma gama de máquinas e implementos, independentemente de serem eixos de tra-
26
ção, sendo que geralmente os pneus trativos utilizados em eixo livre são montados com o sentido das garras contrario ao utilizado em eixos trativos, pois facilitam o rolamento do pneu sobre a superfície. A compactação superficial do solo está diretamente relacionada com a área de contato do pneu, sendo que para este modelo de pneu esta se aproxima de uma elipse. Porém, em pneus de eixo livre a área de contato pode ser considerada como a área total da elipse, já em pneus trativos atribui-se a área de contato somente à área das barras de tração, diminuindo assim a área de contato dos pneus trativos em relação ao de eixo livre, ou seja, a compactação gerada pelos pneus de eixo livre seria menor
que a gerada pelos pneus trativos.
PNEUS E SOLO
Para a avaliação da hipótese buscou-se no mercado três pneus de eixo trativo, de marcas distintas, e um pneu de eixo livre, sendo todos eles do tipo convencional (“cross ply”), conforme apresentado na Tabela 1. Os ensaios para avaliação da área de contato e da compactação do solo foram realizados na Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, Campinas (SP), no Laboratório de Projeto de Máquinas. Os ensaios foram realizados em caixa de solo com 12m de comprimento, 2m de profundidade e 2m de largura, utilizando
Para a avaliação, foram utilizados três pneus de eixo trativo, de marcas distintas, e um pneu de eixo livre, todos eles do tipo convencional (“cross ply”)
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
Fotos Luis Barbosa
Tabela 1 - Características dos pneus ensaiados Pneu A B C D
Medida
Pressão de insuflagem bar (psi)1 3,58 (52) 4,14 (60) 3,58 (52) 3,51 (51)
400/60-15,5 400/60-15,5 400/60-15,5 400/60-15,5
Carga máx. kg 2900 3110 2900 2900
1 Pressão correspondente à carga máxima. ²As cargas foram consideradas para eixos livres, sem tração.
PREPARO DO SOLO
Detalhe dos testes feitos sobre o solo, aplicando-se diferentes tipos de carga para todos os pneus
solo de textura média, classificado como franco-argilo-arenoso segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 2009), de modo a representar os solos agrícolas presentes em grande parte do território nacional. As características do solo são apresentadas nas Tabelas 2 e 3.
ENSAIO E AQUISIÇÃO DE DADOS
Para realização dos testes construiuse uma unidade de suporte e uma perna mecânica. A estrutura foi suportada por um conjunto de três cilindros hidráulicos que garantem a distribuição da carga sobre o pneu nos níveis desejados. Em cada cilindro montou-se uma célula de carga com capacidade de 10kN, previamente aferida e calibrada, que permitia a leitura da carga por meio do sistema de aquisição de dados. Sobre esta estrutura foram adicionados lastros até atingir o valor equivalente a 100% da carga máxima recomendada para os pneus trativos.
O solo foi preparado em camadas de 50mm, com a ajuda de uma plaina niveladora e de um rolo compactador, até a altura de aproximadamente 950mm, umedecendo-se cada camada, de modo a não ultrapassar a umidade de aproximadamente 12%, para posteriormente umidificar-se o solo até a umidade de ensaio, sendo uma de 14% e a outra, a ideal de compactação determinada pelo ensaio de Proctor. A umidade final do solo foi determinada a partir de amostras secas em estufa, densidade por meio da coleta em anéis volumétricos e Resistência à Penetração (RP), utilizando um penetrômetro digital.
CARGAS DE ENSAIO
Foram aplicados dois níveis de cargas, 16kN e 29kN correspondentes a 55% e 100%, respectivamente, da capacidade de carga dos pneus com garras. A carga de 16kN foi ensaiada a uma umidade do solo de 14% e a carga de 29kN no solo com a umidade ideal de compactação. A carga estática foi obtida através de lastros posicionados sobre a estrutura de suporte do pneu, registrando o valor da deformação vertical do pneu e medindo-se posteriormente a deformação
A área de contato pneu-solo “foot-print” foi mensurada por meio de recurso gráfico, considerando-se a área interna da elipse demarcada pelo perímetro deformado de contato do pneu-solo e a área definida pelas garras para os pneus trativos
Diâmetro externo mm 885 874 850 875
Largura da secção mm 421 428 404 400
Garras Larg. mm 30 -33 30
Prof. mm 20 -17,5 17
Tabela 2 - Resultados da análise granulométrica Areia Grossa
Fina
Total g.kg-1
180,0
377,0
557,0
Argila
Silte por dif.
332,5
110,5
Tabela 3 - Atributos físicos do solo Limite de consistência do solo Limite de Liquidez (LL) Limite de plasticidade (LP) Índice de Plasticidade Ensaio de Proctor Umidade ótima de compactação Compactação máxima do solo
25,4 % 17,31% 8,09 17,3% 1,72 Mgm-3
do solo, sendo os pneus inflados todos com a pressão de 3,58bar.
ÁREAS DE CONTATO
A área de contato pneu-solo “footprint” foi mensurada por meio de recurso gráfico. Foram medidas as áreas de contato total, considerando-se a área interna da elipse demarcada pelo perímetro deformado de contato do pneu-solo e a área definida pelas garras para os pneus trativos. A área de contato de garra foi denominada efetiva.
O solo foi preparado em camadas de 50mm, com a ajuda de uma plaina niveladora e um rolo compactador
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
27
Fotos Luis Barbosa
Tabela 4 - Deformações de solo e pneu observadas na caixa de solo em função da carga aplicada 29kN 84.01a 72.18a 80.74a 93.02a
16kN 63.50a 50.50a 68.00a 65.00a
A B C D
Def. Solo (mm)
Def. Total (mm)
Pneus
16kN 27.00a 18.50b 26.00a 21.00ab
Def. Solo (mm)
29kN 43.05a 32.75a 45.40a 53.23a
16kN 36.50a 31.50a 42.00a 44.00a
29kN 40.96a 39.44a 35.34a 39.79a
As letras em minúsculo diferentes na coluna representam a existência de diferença estatística a 5% de confiabilidade entre os resultados para o mesmo nível de carga.
Tabela 5 - Áreas de contato (m2) Pneus A B C D
Área total 16kN 0,1099a 0,0997a 0,1158a 0,1065a
29kN 0,1386ab 0,1276a 0,1404ab 0,1612b
Área efetiva 16kN 0,0445a 0,0834b 0,0575a 0,0425a
29kN 0,0605a 0,1122b 0,0750a 0,0756a
DEFORMAÇÕES
A deformação total do pneu foi determinada acoplando-se ao centro da roda um transdutor linear de deslocamento, Gefran modelo PC-M-0300, e mensurando-se a variação total entre este ponto e a superfície do solo. A deformação lateral da banda de rodagem foi medida utilizando-se outro transdutor de deslocamento linear da mesma marca e modelo do anterior, fixo no ponto médio da altura da banda, ponto de maior deslocamento lateral. O valor do recalque do pneu no solo foi determinado utilizando-se um perfilômetro construído para este fim.
RESULTADOS
Os resultados do ensaio de deformação são apresentados na Tabela 4. Observa-se que estatisticamente todos os pneus ensaiados apresentaram a mesma deformação para uma mesma carga e umidade do solo. Contudo, o pneu de eixo livre apresentou
em ambos os casos uma deformação de solo inferior aos pneus com garra. A área de contato total os pneus trativos se destacam nas duas cargas, Tabela 5, não havendo diferença significativa entre si, contudo, o pneu de eixo livre apresenta valores inferiores ao pneu com garras; em ambos os casos, comprova-se com a compactação do solo sobre qual área de contato a carga foi distribuída. A Figura 1 apresenta a variação do índice de cone como função da carga aplicada e da profundidade. Observa-se que para a carga de 16kN o incremento máximo ocorreu na camada entre 100mm e 200mm, independente do pneu, obtendo valores maiores para o pneu de eixo livre. Para a carga de 29kN a variação máxima ocorre à profundidade de 400mm.
CONCLUSÕES
Como o esperado, observa-se que a área de contato influencia na compactação superficial do solo, enquanto que a carga influencia na compactação em profundidade. Os resultados mostram que os pneus trativos (com garras) avaliados, não apresentam grandes diferenças entre si em relação a sua deformação, área de contato ou alteração da estrutura do solo, contudo o pneu de eixo livre apresentou diferenças em relação a deformações, área de contato e principalmente na compactação do solo quando comparado aos demais. Isto pode ser atribuído a sua estrutura, mais rígida que os demais (maior número de lonas), ou pelo fato de não permitir a fluência
A carga estática foi obtida através de lastros posicionados sobre a estrutura de suporte do pneu
do solo, compactando-o mais entre 0mm e 200mm, em relação aos demais pneus. Com esses resultados pode-se afirmar que a área de contato dos pneus trativos refere-se à área total e não somente ao contato das garras com o solo, para as duas condições de umidade e carga, para as condições do solo ensaiado a hipótese de que pneus trativos compactam mais o solo que pneus de eixo livre não se comprovou, ou seja, sobre carga estática os pneus trativos deformaram mais o solo, geraram mais resistência ao rolamento, porém, compactaram menos. Contudo, testes dinâmicos devem ser ainda realizados, para que possa ser ponderadas resistência ao rolamento e compactação do solo e então definido qual é o pneu ideal para ser utilizado em eixos sem tração. .M Luis Alfredo Pires Barbosa, Paulo S. Graziano Magalhães e Thiago L. Brasco, FEA/Unicamp
Figura 1 - Incremento do índice de cone (MPa), em função da profundidade para as cargas aplicada
Foram aplicados dois níveis de cargas, 16kN e 29kN, correspondentes a 55% e 100% da capacidade de carga dos pneus
28
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
ficha técnica
Multi Crop 4100
Primeira colhedora de grãos desenvolvida pela Semeato traz um novo conceito em colheita de grãos baseado na força, simplicidade, durabilidade e desempenho, com foco na agricultura familiar em pequenas e médias propriedades objetivo é atender àqueles produtores que buscam na operação de colheita um custo operacional mais baixo com qualidade do produto colhido. Entre os diferenciais desta máquina, a empresa destaca a capacidade de produtividade, grande percentual de grãos limpos e inteiros, facilidade de operação e manutenção e menor índice de perdas. O sistema de distribuição de sementes através de rotores permite a distribuição de baixas densidades
A
A plataforma de corte da MC 4100 é flexível e apresenta uma largura de 14 pés ou 4,2 metros
produtividade das culturas em muitas regiões brasileiras, incluindo as pequenas propriedades conduzidas pela mão de obra familiar, está associada ao avanço tecnológico e à rentabilidade da aplicação de tecnologia nos sistemas de produção utilizados pelos agricultores. Com base nestas informações e de uma série de pesquisas e entrevistas realizadas junto aos pequenos e médios produtores é que a Semeato desenvolveu o projeto de uma colheitadeira destinada à agricultura
30
Distribuidores especiais facilitam a queda e o escoamento do fertilizante
familiar, que levou em conta o cuidado com o equilíbrio entre as áreas de trilha, separação e limpeza, de modo a garantir que todo o material colhido flua sem embuchamentos e ocorra uma colheita limpa com o mínimo percentual de perdas e maior qualidade possível. O projeto da colhedora autopropelida Multi Crop 4100 foi desenvolvido para atender o distinto mercado das pequenas e médias propriedades bem como os diferentes tipos de grãos e sistemas de cultivo. O
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
Fotos Semeato
As regulagens de velocidade e altura do molinete são controladas desde a cabine de operação
A simplicidade, a robustez e a funcionalidade mereceram especial atenção no desenvolvimento do projeto, que tem o objetivo de obter alta performance na operação de colheita nas pequenas e médias propriedades, com baixo custo operacional. O projeto prevê uma operação de colheita com alta qualidade, com maior produtividade, maior percentual de grãos inteiros e limpos com menor índice de perdas aliado à facilidade de operação e
O tanque graneleiro possui capacidade de 3.400 litros, aproximadamente 45 sacos de soja O canal alimentador possui largura de 1,06 metro acionado por correias
manutenção. Seguindo o conceito de simplicidade e aplicação em pequenas e médias propriedades, o projeto da Multi Crop 4100 não prevê a utilização de eletrônica embarcada. Os dispositivos eletrônicos foram substituídos por dispositivos mecânicos e hidráulicos visando a simplificação da manutenção do equipamento e a redução do custo geral da máquina.
MOTOR
A Multi Crop 4100 é equipada com motor Mercedes Benz 366A de seis cilindros, turboalimentado, que apresenta 150cv de potência em uma rotação nominal de 1.800rpm. A opção por esta motorização foi baseada na excelente performance apresentada nas diferentes condições de trabalho aliado ao baixo consumo de combustível, além da simplicidade e facilidade de manutenção. O sistema de refrigeração do motor apresenta filtro rotativo com 650mm de diâmetro com acionamento direto. Incorpora sistema basculante para maior facilidade de limpeza e inspeção do radiador.
PLATAFORMA DE CORTE
A plataforma de corte é flexível e apresenta uma largura de 14 pés ou 4,2 metros. O sistema de flutuação resulta em um notável desempenho da colheita, principalmente de culturas que exigem corte rente ao solo.
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
31
Fotos Semeato
A área de limpeza possui 4,96m² e o sistema de peneiras com movimento em sentidos opostos garante um bom peneiramento e baixos índices de perdas. O ventilador possui uma faixa de variação de velocidade entre 532rpm e 1.050rpm
O molinete possui 1.170mm de diâmetro e sua construção possibilita eficiência mesmo na colheita de culturas acamadas. O acionamento do molinete é realizado através de motor hidráulico. As regulagens de velocidade e altura do molinete, para as diferentes condições de colheita, são controladas desde a cabine de operação. A barra de corte é acionada por uma caixa de transmissão que trabalha em banho de óleo.
SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO E TRILHA
O canal alimentador possui largura de 1,06 metro. É acionado por correias de baixo índice de vibração e ruído e montado com travessas, que facilitam a fluidez do material e proporcionam uma alimentação constante ao sistema da trilha. O sistema de trilha utilizado é tangencial, também conhecido como sistema convencional, formado por cilindro, batedor e dois côncavos. O sistema exclusivo com dois côncavos é uma inovação apresentada na Multi Crop 4100. O segundo côncavo fica em torno do batedor, aumentando, desta forma, a capacidade de trilha da máquina. O cilindro de alta inércia, com rotações que podem variar de 414rpm até 1.170rpm, apresenta largura de 1.050mm e 600mm
O sistema de refrigeração do motor tem filtro rotativo com 650mm de diâmetro de acionamento direto
32
de diâmetro. O côncavo, composto por 13 barras, possui um ângulo de envolvimento de 120º e uma área de trilha de 1,01m².
UNIDADE DE SEPARAÇÃO
A unidade de separação da Multi Crop 4100 é formada por quatro saca-palhas com área total de 3,7m² e um bandejão com movimento independente que proporciona uma distribuição uniforme dos grãos. Os saca-palhas possuem cinco degraus e um comprimento total de 3.485mm.
LIMPEZA
A grande área de limpeza de 4,96m² e o sistema de peneiras com movimento em sentidos opostos, garantem um melhor peneiramento e baixos índices de perdas. A regulagem da direção e intensidade do ar sobre as peneiras é fácil e rápida. A faixa de variação de velocidade do ventilador entre 532rpm e 1.050rpm permite limpar com eficiência tanto grãos graúdos como grãos pequenos.
TANQUE GRANELEIRO
O tanque graneleiro possui capacidade
O tubo de descarga tem altura máxima de 3,8 metros e vazão de 50 litros/segundo
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
de 3.400 litros, o que representa, aproximadamente, 45 sacos de soja. Esta capacidade resulta em maior rendimento diário, uma vez que reduz o número de paradas para descarga. Apresenta tubo de descarga com altura máxima de 3,8 metros e com vazão de 50 litros/segundo.
TRANSMISSÃO
Seguindo a linha da simplicidade e
O sistema exclusivo com dois côncavos é uma inovação apresentada na Multi Crop 4100. O segundo côncavo fica em torno do batedor, aumentando, desta forma, a capacidade de trilha da máquina
robustez, o sistema de transmissão é do tipo mecânico e apresenta sistema de tração 4X2. Possui três marchas à frente e uma à ré com variador de velocidade de larga flexibilidade que proporciona adequação da colheita às mais variadas condições de trabalho.
RODADOS
acionado por alavanca.
A Multi Crop 4100 é equipada com pneus 23.1-26R1 12 lonas no rodado dianteiro e pneus 10.5/80RA 45 10 lonas no rodado traseiro. Apresenta freios de serviço a disco e freio de estacionamento mecânico,
PLATAFORMA DE OPERAÇÃO
A plataforma de operação é centralizada e ergonômica. Seu campo de visão é amplo, o que facilita a operação. Possui direção hidráulica que facilita e agiliza as operações de manobras. A coluna de direção é ajustável para que o operador trabalhe sempre na posição mais confortável. Opcionalmente estão disponíveis cabine de comando equipada com ar condicionado e assento para treinamento. O painel de instrumentos fornece ao operador todas as informações necessárias para a operação de colheita. Fornece, entre outras informações, monitoramento do motor, horas trabalhadas, rotações dos eixos e sistemas de segurança.
OPCIONAIS
A Multi Crop 4100 oferece como opcionais espalhador de palhas, cilindro e côncavo de barras, cilindro e côncavo .M de dentes.
O sistema de separação é formado por quatro sacapalhas com área total de 3,7m², com cinco degraus
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
33
Fotos Divulgação
eventos
ConBAP 2010
Com palestrantes brasileiros e internacionais, o Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão 2010 discutiu o futuro da tecnologia no Brasil e no mundo
D
e 27 a 29 de julho de 2010, Ribeirão Preto (SP) sediou o Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP 2010), com o objetivo de apresentar e discutir temas ligados à técnica de Agricultura de Precisão. Essa foi a primeira vez que a Associação Brasileira de Engenharia Agrícola (Sbea) atuou diretamente na organização do Conbap. O evento contou com 375 participantes entre profissionais da área, pesquisadores e estudantes, que tiveram a oportunidade de apresentar suas pesquisas e experiências. Também foram oferecidas três conferências magistrais, com especialistas do Brasil e do exterior. Hermann Auemhammer, professor aposentado da Weihenstephan University of Applied Sciences, Freising, Alemanha, falou sobre os 20 anos de Agricultura de Precisão no mundo estabelecendo um panorama entre a situação atual e futura desta tecnologia. O pesquisador João Francisco Galera Mônico, da Unesp, abordou a situação atual e as perspectivas futuras nas tecnologias de posicionamento por satélites, enquanto que Scott Shearer, professor e chefe do Departamento de Biossistemas e Engenharia Agrícola da Universidade de Kentucky, Estados Unidos, proferiu uma palestra sobre o futuro da agricultura além
34
do piloto automático, focando na utilização de máquinas autônomas. Além das conferências magistrais o evento contou com vários painéis compostos por especialistas, pesquisadores e usuários de AP, versando sobre os mais diversos assuntos de interesse da comunidade. O evento superou
as expectativas e contou também com a participação e o apoio de diversas empresas do segmento de AP de todo o Brasil, que tiveram a oportunidade de expor seus produtos e também de apresentar suas tecnologias em sessões específicas, denominadas Sala do Mercado. .M
O evento contou com 375 participantes que acompanharam conferências magistrais e diversos painéis compostos por especialistas, pesquisadores e usuários de AP
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
colhedoras
De olho no fio
Utilização de facas de corte basal nas colhedoras de cana-de-açúcar é um item importante para manter o desempenho das máquinas e garantir um bom rebrote das plantas. Avaliação de facas revestidas com carbeto de tungstênio mostra o desgaste destes equipamentos em diferentes intervalos de tempo e as consequências para a operação
A
matéria-prima e a oferta inferior à demanda, em função de não terem sidos realizados todos os investimentos necessários em tratos culturais em 2009 e 2010 (o que reflete em menores custos de produção), porém, espera-se redução também na produtividade. A segunda diz respeito à mecanização das áreas de produção – mesmo com elevados índices, principalmente no estado de São Paulo –, pois a proibição da queima do canavial em todos os municípios deste estado, em razão da baixa umidade do ar, poderá resultar em novo atraso na colheita, desta vez devido à indisponibilidade de máquinas, reduzindo assim o ritmo operacional das usinas. Frente às necessidades e aos desafios do setor, surgem, a cada ano, tecnologias a fim de suprir estas carências em qualidade e rentabilidade, seja para a área de produção, seja para
a indústria. Em se tratando de colheita mecanizada, estão no mercado diversos modelos de colhedoras automotrizes, abrangendo uma ampla faixa de potência, disponibilizada pelos vários fabricantes nacionais e internacionais. Um grande leque também é o de empresas que disponibilizam produtos e serviços específicos para sistemas de colheita mecanizada e, dentre estas, encontram-se os fabricantes de facas para o mecanismo de corte basal.
AVALIAÇÕES
Diante desta realidade, o Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (Lamma) - Unesp/Jaboticabal desenvolve pesquisas em colheita mecanizada de cana-de-açúcar desde 2006, avaliando principalmente a qualidade das operações. No estudo aqui apresentado, foi avaliada a qualidade do corte basal, utilizando facas com revestimento de carbeto de tungstênio (Figura 1), selecionando-se algumas variáveis como indicadores de qualidade. As características da área experimental são apresentadas na
Case IH
pós o levantamento realizado no mês de agosto, mais uma vez o assunto no setor sucroalcooleiro é o recorde de produção. A estimativa divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 2 de setembro representa aumento de quase 8% em relação à safra anterior, somando mais de 650 milhões de toneladas de cana-deaçúcar, que deverão ser processadas pelas usinas e destilarias nacionais. Portanto, torna-se indiscutível a importância que a cana-de-açúcar representa para a economia brasileira, confirmada pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que a cana atingiu, em 2009, a maior participação na matriz energética nacional, com 18%, desde que a pesquisa foi iniciada, em 1992. Apesar de números tão expressivos, pelo menos duas preocupações ainda permeiam os profissionais do setor. A primeira delas é de que a produção seja insuficiente em 2011, tanto de açúcar como de etanol. O que justifica esta preocupação são a baixa qualidade da
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
35
Local Período de avaliação Coordenadas geodésicas
Fazenda Bela Vista, Jaboticabal – SP 22 a 26 de julho de 2009
Latitude Longitude Altitude média 530 m 21º25’ S 48º07’ W 6% Declividade média 5,5 km h-1 Velocidade média da colhedora LATOSSOLO Vermelho eutroférrico Solo Textura muito argilosa (57,7% de argila) Talhão Área (ha) Variedade Corte Área experimental 7,08 CTC 5 1° 29 30 15,28 RB 92-5345 3° 9,19 SP 90-1638 4° 35 110 8,73 SP 89-1115 4° 124 15,59 SP 87-365 1°
Tabela 2 - Limites de avaliação dos danos à soqueira Classificação dos colmos*
Limite inferior
Limite superior
SEM DANOS (SD)
DANOS PERIFÉRICOS (DP)
FRAGMENTADOS (FR) *Adaptado de metodologia proposta por KROES (1997)
Tabela 1.
CARACTERIZAÇÃO DO CANAVIAL
O porte do canavial foi avaliado, com base em metodologia proposta por Ripoli (2004), utilizando-se o triângulo-padrão e classificado como apresentado na Figura 2. Estas medições foram realizadas em 20 pontos de cada talhão avaliado, dispostos em linhas de plantio tomadas ao acaso, com a finalidade de caracterizar o canavial. Na Figura 3 é apresentado o porte do canavial para cada variedade em cada talhão estudado, na qual pode ser visualizado que
Figura 1 - Facas com revestimento de carbeto de tungstênio avaliadas no experimento
o talhão 30 obteve mais de 80% dos colmos eretos, representando a melhor condição para a colheita mecanizada.
DANOS À SOQUEIRA
Os danos causados às soqueiras após o corte mecanizado foram avaliados visualmente por uma equipe composta de três integrantes, treinados com base na Tabela 2, de avaliação dos limites aplicados a cada colmo das soqueiras. A definição da classificação imposta a cada colmo em cada soqueira era atribuída em consenso pelos avaliadores, com base nos limites definidos. Esta avaliação foi realizada a cada duas horas, durante 48 horas de colheita efetiva (diurna e noturna), avaliando-se todos os colmos delimitados por armação de 0,25m², classificados em sem danos (SD), quando não apresentavam injúrias ou estas eram mínimas; danos periféricos (DP), quando as injúrias causadas pelo mecanismo de corte basal fossem entendidas como não influentes ao rebrotamento; e fragmentados (FR), quando as injúrias causadas pelo mecanismo pudessem comprometer o desenvolvimento posterior da cultura.
DESGASTE DAS FACAS
As facas revestidas com carbeto de tungstênio foram avaliadas quanto ao desgaste em função das horas efetivas de utilização. Para tanto, a cada oito horas de utilização, controladas pelo horímetro da colhedora, as facas eram retiradas da colhedora e sua massa era mensura-
Figura 3 - Porte do canavial na área experimental
36
Figura 2 - Metodologia de avaliação do porte do canavial
Fotos Rouverson P. da Silva
Tabela 1 - Características da área experimental
da em balança de precisão, calculando-se assim o desgaste em função da diferença de massa a cada medição. Na mesma ocasião era avaliado o “fio de corte”, medindo-se com paquímetro a espessura da face cortante, determinando-se assim a afiação das facas. Para este experimento somente uma das faces de cada faca foi avaliada, resultando em aproximadamente 48 horas de colheita efetiva. Na Figura 4 pode ser visualizada a evolução do desgaste de uma das facas, sendo a face que estava sendo utilizada a do canto superior direito. Na Figura 5 apresenta-se o desgaste – determinado pela perda de massa – e a espessura da face cortante em função da utilização das facas, em cada disco do mecanismo de corte basal. O desgaste médio das facas ocorre de forma linear, sendo mais acentuado no início da utilização. A espessura média da face cortante reduziu em função da utilização das facas, resultante do revestimento de carbeto de tungstênio aplicado às faces. Desta forma, houve melhoria no corte ao decorrer da colheita, como constatado pela redução da porcentagem de colmos fragmentados e consequente aumento dos colmos sem danos, evidenciado no gráfico da Figura 6.
AVALIAÇÃO DA REBROTA
Decorridos 30, 60 e 90 dias da colheita, foram realizadas avaliações de crescimento da
Figura 4 - Desgaste das facas revestidas com carbeto de tungstênio após 48 horas de uso efetivo
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
8 horas
16 horas
24 horas
32 horas
40 horas
48 horas
Figura 5 - Massa das facas e espessura da face cortante em função da utilização
cultura, medindo-se a altura de plantas nas soqueiras em que os danos foram avaliados, para se determinar a rebrota do canavial. Nota-se na Figura 7 que a evolução média da altura de plantas ocorre de forma progressiva, sendo de aproximadamente 71mm aos 30 DAC, 119mm aos 60 DAC e de 236mm para 90 DAC. Portanto, de 30 para 60 DAC houve aumento médio na altura de planta de 68% e de 60 para 90 DAC esse aumento já foi de 98%.
CONCLUSÕES
Com base nos dados foi possível chegar a algumas conclusões, como qualidade do corte: os danos causados às soqueiras, com a utilização das facas com revestimento de carbeto de tungstênio, foram considerados aceitáveis para 58% das soqueiras avaliadas; desgaste das facas: o revestimento de carbeto de tungstênio conferiu maior durabilidade às facas e proporcionou redução da espessura da face cortante conforme, fazendo com que os danos causados às soqueiras diminuíssem ao longo da utilização; rebrota: neste experimento, o
crescimento das plantas ocorreu de forma normal e satisfatória, não sendo prejudicado pela utilização das facas com revestimento de carbeto de tungstênio.
Figura 6 - Danos causados às soqueiras em função da utilização das facas com revestimento de carbeto de tungstênio
Figura 7 - Altura de plantas em função do número de dias após a colheita (DAC)
CONSIDERAÇÕES
Com a análise de outras variáveis controladas neste experimento, como, por exemplo, a altura de corte, pode-se inferir que existe alta variabilidade durante a colheita mecanizada de cana-de-açúcar, o que resulta em diminuição da qualidade. Portanto, a tomada de medidas e decisões que visem à redução da variabilidade certamente conferirá maior qualidade aos pro.M cessos mecanizados.
Rouverson Pereira da Silva e Anderson de Toledo, Unesp/Jaboticabal
MÁQUINAS EM NÚMEROS
VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2008 2009 2010
JAN 2,9 3,1 4,6
2010 AGO B 6.532 6.490 42 5.627 5.587 40 70 68 2 177 177 0 268 268 0 390 390 0
SET A 6.080 5.939 141 5.015 4.883 132 67 60 7 161 161 0 369 367 2 468 468 0
Unidades
FEV 4,0 3,6 5,3
MAR 4,3 4,1 6,6
ABR 4,5 3,9 6,0
2009
JAN-SET C 54.024 53.497 527 45.219 44.782 437 640 590 50 1.383 1.383 0 2.994 2.964 30 3.788 3.778 10 MAI 4,7 4,0 6,4
JUN 5,1 4,2 6,1
SET D 5.445 5.337 108 4.639 4.555 84 51 47 4 118 118 0 349 337 12 288 280 8 JUL 5,1 4,8 6,4
JAN-SET E 38.360 36.930 1.430 31.964 30.886 1.078 427 330 97 1.272 1.272 0 2.133 2.035 98 2.564 2.407 157 AGO 5,1 5,1 6,5
SET 5,5 5,4 6,1
Variações percentuais A/D 11,7 11,3 30,6 8,1 7,2 57,1 31,4 27,7 75,0 36,4 36,4 5,7 8,9 -83,3 62,5 67,1 0,0
A/B -6,9 -8,5 235,7 -10,9 -12,6 230,0 -4,3 -11,8 250,0 -9,0 -9,0 37,7 36,9 20,0 20,0 OUT 5,5 6,2
NOV 4,3 5,3
DEZ 3,7 5,5
C/E 40,8 44,9 -63,1 41,5 45,0 -59,5 49,9 78,8 -48,5 8,7 8,7 40,4 45,7 -69,4 47,7 57,0 -93,6 ANO 54,5 55,3 54,0
MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA Unidades
2010 AGO B 6.532 5.627 160 101 851 1.777 1.189 1.386 163 268 21 141 35 65 6 177 70 390
SET A 6.080 5.015 155 147 785 1.521 990 1.258 159 369 40 210 23 86 10 161 67 468
Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Agritech Lavrale Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)
2009
JAN-SET C 54.024 45.219 1.480 933 6.275 13.802 9.958 11.020 1.751 2.994 386 1.091 421 971 125 1.383 640 3.788
SET D 5.445 4.639 184 40 571 1.632 949 1.051 212 349 36 130 54 127 2 118 51 288
JAN-SET E 38.360 31.964 1.136 426 4.701 9.811 7.841 6.465 1.584 2.133 294 809 306 666 58 1.272 427 2.564
Variações percentuais A/D 11,7 8,1 -15,8 267,5 37,5 -6,8 4,3 19,7 -25,0 5,7 11,1 61,5 -57,4 -32,3 400,0 36,4 31,4 62,5
A/B -6,9 -10,9 -3,1 45,5 -7,8 -14,4 -16,7 -9,2 -2,5 37,7 90,5 48,9 -34,3 32,3 66,7 -9,0 -4,3 20,0
C/E 40,8 41,5 30,3 119,0 33,5 40,7 27,0 70,5 10,5 40,4 31,3 34,9 37,6 45,8 115,5 8,7 49,9 47,7
Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).
38
PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2008 2009 2010
JAN 5,9 4,7 5,9
2010 AGO B 8.566 7.131 196 185 527 527
SET A 8.206 6.641 217 190 658 500 FEV 6,6 4,4 6,4
MAR 6,6 5,6 7,9
ABR 7,0 5,2 7,8
2009
JAN-SET C 69.128 56.756 1.471 1.517 4.841 4.543 MAI 6,5 4,5 8,1
JUN 7,3 4,1 7,7
AGO D 6.087 5.115 97 160 386 329 JUL 7,6 5,6 8,5
JAN-SET E 45.787 38.600 698 1.386 2.676 2.427 AGO 8,0 5,7 8,6
Outubro 2010 • www.revistacultivar.com.br
SET 8,0 6,1 8,2
Variações percentuais A/D 34,8 29,8 123,7 18,8 70,5 52,0
A/B -4,2 -6,9 10,7 2,7 24,9 -5,1 OUT 8,8 7,0
NOV 7,4 7,3
DEZ 5,4 6,2
C/E 51,0 47,0 110,7 9,5 80,9 87,2 ANO 85,0 66,2 69,1