Cultivar Máquinas • Edição Nº 102 • Ano IX - Novembro 2010 • ISSN - 1676-0158
Nossa capa
Opções para colher
Capa: Montagem Cultivar
Matéria de capa
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Comparativo inédito apresenta as características das seis colhedoras financiáveis pelo programa Mais Alimentos do Governo Federal
Destaques
Índice
Colhedoras de árvores
Perdas na colheita
Conheça as máquinas que trabalham nas operações de corte e transporte de florestas e qual a função de cada uma
Avaliação com oito colhedoras mostra quais os fatores que mais influenciam nas perdas na colheita de soja
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• Editor
Gilvan Quevedo
• Redação
Charles Echer Carolina Simões Silveira
• Circulação
C
Simone Lopes Ariani Baquini Luciane Mendes
Cultivar
• Expedição
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• Revisão
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Rodando por aí
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Mecanização em florestas
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Avaliação harvester
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Produção de biodiesel
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Semeadoras
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Comparativo de colhedoras MDA
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Rendimento de tratores 4x2
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Empresas - SKF
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Ficha Técnica - Polvi Turbo 500
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Perdas na colheita de soja
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Coluna Estatística Máquinas
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Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
rodando por aí
Colheitadeira MDA
A Massey Ferguson entregou sua primeira colheitadeira adquirida com financiamento do programa Mais Alimentos ao produtor Rogerio Caxambu, do município de Seberi (RS). A MF 32 será usada para colher trigo na região noroeste gaúcha na propriedade de Caxambu e de outros produtores parceiros no financiamento da colhedora. Ela será usada, ainda, para colher trigo da safra atual.
Consolidação
A Kepler Weber segue navegando em bons mares. A empresa obteve lucro líquido de R$ 6,6 milhões no terceiro trimestre deste ano. Trata-se de um incremento de 436% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem bruta cresceu de 8% para 24%. Boa parte do resultado decorre de expressivo aumento nas vendas. São as três causas apontadas: investimentos represados no ano anterior pela crise econômica; safra recorde observada neste ano; retomada dos níveis de preços das commodities agrícolas. O diretor-presidente da Kepler Weber, Anastácio Fernandes Filho, afirmou que “o lucro acumulado de R$ 8,1 milhões em 2010 é fruto da busca contínua da empresa pela excelência operacional. Em paralelo, a Companhia se posicionou para atender à demanda crescente por armazéns de grãos e exigências redobradas do setor agrícola por qualidade, prazos e inovação”.
Anastácio Fernandes Filho
Mercado externo
Colheitadeira MDA II
A New Holland vendeu em novembro sua primeira colheitadeira TC5070 financiada pelo programa Mais Alimentos. A colheitadeira foi adquirida pelos irmãos Haniel Bertholdo Kruger, Harlan Germano Kruger e Eliseu Anderson Kruger, de Alegria, no noroeste do Rio Grande do Sul. Os irmãos Kruger compraram a TC5070 cabinada com transmissão hidrostática por R$ 290 mil, financiados em dez anos com juros de 2% ao ano.
Olivier Colas assumiu a vice-presidência corporativa da Kepler Weber. Entre seus desafios na função está o crescimento da empresa em mercados externos. Haverá reforço na atuação na América Latina, considerada boa pela companhia, e a busca por oportunidades em países da África, Oriente Médio e leste europeu. Os novos negócios serão gerados a partir de exportações do Brasil ou de parcerias locais. Olivier é formado pelo Institut d´Etudes Politiques, de Paris. É francês e brasileiro. Iniciou sua atuação no Brasil em 1988, expatriado pelo Grupo Saint-Gobain. Exerceu cargos de diretoria em empresas como Shell Brasil, Shell Marine Products e Olivier Colas Coimex Trading.
50 anos
Para comemorar os 50 anos de história, a Stara terá uma extensa programação no início de dezembro. Mais de 1,5 mil convidados do Brasil e do exterior participarão de palestras, trabalhos a campo, shows, lançamentos de produtos e inauguração de novo parque fabril. Além de atender o mercado nacional, a Stara exporta para mais de 30 países.
Investimentos
To m J o h n s t o n e , CEO do Grupo SKF, anunciou que a empresa fará no Brasil investimentos de R$ 13,5 milhões, na unidade de Cajamar (SP), para a fabricação de rolamentos de rodas automotivos HBU-2 com ABS integrado. O início das operações está previsto para 2011.
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Nova concessionária
Tom Johnstone
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A Cooperativa dos Cafeicultores e Citricultores de São Paulo (Coopercitrus) inaugurou mais uma concessionária Valtra, desta vez no município de Monte Azul Paulista, onde será oferecido aos produtores portfólio completo de serviços da AGCO. Recentemente, a concessionária Valtra Coopercitrus de Bebedouro, de São Paulo, conquistou o prêmio Top Dealer Valtra 2009 como uma das dez melhores do Brasil.
Visita
A Semeato recebeu aproximadamente 40 alunos do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Sertão, para uma visita técnica à fábrica de implemtnos. O treinamento foi ministrado pelo engenheiro agrônomo Eduardo Copetti, gerente de Desenvolvimento de Mercado/Produto. A parceria, destaca Copetti, permite que a escola utilize as máquinas da Semeato, de forma que os alunos conheçam e trabalhem com tecnologia de ponta.
Novo trator
O coordenador do Programa Mais Alimentos, Francisco Hercilio Matos, visitou a fábrica da Tramontini, em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, onde homologou o novo trator da empresa disponível para financiamento pelo programa do MDA. O modelo terá 80cv, composto por 62% de componentes nacionais. O lançamento está previsto para dezembro de 2010.
Francisco Hercilio Matos (dir.)
Exposição
Prêmio
A Série de tratores MF 7100 foi agraciada com o Prêmio Bornacini 2010, promovido pela Associação dos Profissionais em Design do Rio Grande do Sul (Apdesign). O prêmio foi entregue no dia 5 de novembro. O design do projeto foi desenvolvido pela Dom Design.
A SKF montou uma mini-exposição de produtos e serviços durante o anúncio oficial, em São Paulo, do lançamento do Client Needs Analysis - Lubricaton Management (CNA-LM), que oferece aos usuários melhorias nos processos de lubrificação de seus ativos. Hilário Sinkoc, gerente de engenharia, explicou o funcionamento e esclareceu dúvidas a respeito dos produtos e serviços expostos.
mecanização
Colhedoras de árvores
Divulgação
Desde os primeiros passos da mecanização florestal no Brasil, na década de 1960, a colheita florestal passou por diversas fases. Com o avanço da mecanização e difusão de novas tecnologias, as máquinas de colheita continuam a ser aprimoradas e estão se tornando cada vez mais produtivas e eficientes
A
té o final da década de 60, o setor florestal era pouco expressivo dentro da economia brasileira, quando a indústria era incipiente e não possuía fontes seguras de abastecimento. No entanto, com a criação da política governamental de incentivo fiscal, no final da década de 60, que incentivou a implantação de florestas de rápido crescimento, o setor tomou novo impulso. A concessão dos benefícios fiscais, associada aos investimentos privados, propiciou ao setor florestal um crescimento significativo na área reflorestada. Na década de 90, o setor florestal atingiu um considerável nível de produtividade dos plantios, proporcionando a formação de mão de obra especializada e o desenvolvimento de novas tecnologias e máquinas. Atualmente, o setor florestal é de grande interesse econômico para o Brasil, mantendo cerca de seis milhões de hectares de florestas plantadas e três milhões de hectares de florestas nativas com plano de manejo, além de participar com 5% na formação do Produto Interno Bruto (PIB) e criar milhares de empregos diretos e
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indiretos (Silva e Valverde, 1997). Ocupa o sétimo lugar entre os países com os maiores plantios florestais, com povoamentos florestais comerciais distribuídos em praticamente todo o território nacional. A colheita de florestas plantadas é uma atividade relativamente recente no Brasil. As máquinas são, em sua maioria, adaptadas de outras ou importadas. É uma atividade responsável por representar, em alguns casos, mais de 50% do custo total da madeira posta na indústria, daí sua relevância para o setor florestal.
HISTÓRICO NO BRASIL
No início das atividades de colheita de florestas plantadas no Brasil, o corte era realizado basicamente por machados e motosserras, com atividades de extração manuais. A modernização das operações de colheita florestal iniciou-se na década de 70, quando a indústria nacional começou a produzir maquinário de portes leve e médio. Neste período, surgiram as motosserras profissionais, os tratores agrícolas adaptados com pinça hidráulica traseira (míni skidder), os
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tratores agrícolas autocarregáveis e os tratores florestais arrastadores (skidders). Na década de 80, vieram os tratores florestais derrubadores-amontoadores (fellerbunchers), montados em triciclos e as grades desgalhadoras. Com a abertura das importações em 1994, o aumento no custo da mão de obra, a necessidade de executar o trabalho de forma mais econômica, de se ter maior eficiência e diminuição dos custos de produção, muitas empresas iniciaram a mecanização da colheita de forma mais intensiva. A evolução da mecanização florestal trouxe progressos para a colheita de madeira, tais como: máquinas com design ergonômico; motosserras mais leves e com menos vibração e ruído; máquinas com cabeçote de corte e acumulador (feller-buncher); e máquinas com cabeçote de corte, acumulador e processador (harvester), que deixam a madeira pronta para o carregamento. O cenário atual da colheita é formado de três divisões (Lima e Leite, 2008): as grandes empresas, que dispõem de máquinas leves,
Elizabeth Neire da Silveira
Harvester. Máquina base escavadeira, Caterpillar, modelo 320 C. Configuração florestal, sobre esteiras e cabeçote Waratah, para processamento
Em seguida, os tratores-carregadores, acoplados aos equipamentos desgalhadores e traçadores, loaders, slashers ou delimbers, executam o processamento e o empilhamento ou o carregamento diretamente nos veículos de transporte. A seguir, abordaremos algumas das principais máquinas e equipamentos disponíveis com múltiplos propósitos e as diversas atividades que compõem a colheita florestal.
HARVESTER
Caterpillar
O harvester, conhecido como colhedor florestal, tem a finalidade de cortar e processar árvores dentro da floresta. Suas características principais são definidas por um conjuntomotriz de alta mobilidade e boa estabilidade. O seu sistema de rodados pode ser com pneus em tandem ou esteiras. Existem no mercado
várias marcas e modelos. Alguns modelos desenvolvidos e utilizados são oriundos da adaptação de uma escavadeira hidráulica. A cabine, devidamente fechada, contém sistema condicionador de ar e proteção contra queda de galhos e árvores. A estrutura da cabine permite uma movimentação de 180 graus de giro e boa visão, facilitando a ação do operador. O cabeçote de múltiplas funções é acoplado no braço hidráulico (lança) da escavadeira. Este cabeçote de harvester, em associação com a estrutura da escavadeira, é comumente chamado de trator harvester. O cabeçote é constituído de braços acumuladores, que têm a finalidade de segurar e levantar a árvore após o corte. Após o corte, a árvore é posicionada na horizontal e movimentada por rolos dentados,
John Deere
médias, pesadas e altamente sofisticadas; as empresas médias, que utilizam máquinas e equipamentos pouco sofisticados e mão de obra especializada; e as pequenas empresas, que continuam a utilizar métodos rudimentares, baseados em mão de obra pouco qualificada. Existem, no mercado, várias máquinas disponíveis para as diversas operações que fazem parte da colheita florestal. Para a derrubada de árvores, existem as seguintes opções: motosserra, feller-buncher, feller e harvester. No desgalhamento, as alternativas mais utilizadas são: motosserra e harvester. No processamento, utilizam-se a motosserra, o harvester, a garra traçadora, o processador e o Slasher. O descascamento, quando executado no campo, é realizado por descascadores móveis, harvester ou processador. Na operação de extração, utilizam-se tratores agrícolas adaptados, sejam com caçambas ou por guinchos, forwarders, caminhões, skidders, cabos aéreos etc, enquanto no carregamento e descarregamento dos veículos de transporte usam-se os carregadores com gruas hidráulicas, ou ainda no caso do carregamento, este pode ser realizado com o próprio forwarder, quando este é utilizado para a extração. As máquinas de colheita florestal foram desenvolvidas basicamente para dois sistemas: o primeiro correspondente aos países escandinavos, é voltado para os sistemas de toras curtas (cut-to-lenght), em que o harvester executa a derrubada, o desgalhamento e o traçamento de forma contínua; em seguida, os forwarders realizam a extração da madeira para a margem da estrada ou para o local do transporte. O segundo, correspondente aos países da América do Norte, é voltado para os sistemas de toras longas (tree-length) ou árvores inteiras (full-tree), em que os tratores-derrubadores (feller-bunchers) realizam a derrubada e o agrupamento das árvores em feixes, preparando-as para que os tratores arrastadores (skidders) efetuem a operação de arraste da madeira até o local de processamento.
Feller-buncher executando o corte e acúmulo de árvores
Skidder com garra traseira, que também apresenta uma lâmina que auxilia no nivelamento das toras e na limpeza de vias de acesso
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Fotos John Deere
As carretas de transbordo trafegam de modo sincronizado junto às colhedoras automotrizes Forwarder realizando o carregamento de madeira para extração
de forma que o descasque e o desgalhamento sejam realizados por uma estrutura metálica de corte. Neste momento, iniciam-se a toragem e o empilhamento, de acordo com a finalidade da madeira colhida. Essa máquina é muito utilizada em povoamentos florestais de alta produtividade.
FELLER-BUNCHER
O feller-buncher, ou trator derrubadoracumulador, é o trator que corta, acumula várias árvores e as tomba, formando feixes de toras ou de árvores. O procedimento de corte consiste em fixar a árvore por duas garras, em seguida, fazer o corte no nível do solo com o instrumento adequado. Após o corte, é acionado o braço acumulador, firmando uma árvore no cabeçote, reabrindo as garras e acionando a máquina de corte para nova operação, até atingir a capacidade de carga.
SKIDDER
É um trator florestal arrastador, articulado com tração 4x4 e com pneus nas mesmas dimensões, desenvolvido exclusivamente para o arraste de madeira. Alguns modelos são adaptados com uma garra traseira telescópica acionada pelo sistema hidráulico ou sistema de cabos de aço para o arraste dos feixes de toras. A garra traseira é acionada para abrir e, em seguida, abaixar sobre os feixes de árvores ou toras compridas e, depois, suspendê-los e arrastá-los até a margem da estrada, colocando-os perpendicularmente à estrada. Nesta operação, o trator pode subir sobre as pilhas de toras visando a um melhor empilhamento, mantendo os feixes com suas bases rentes às dos outros. Na parte frontal, o skidder apresenta uma lâmina que auxilia no nivelamento das toras e na limpeza de vias de acesso. Existem três tipos básicos de skidders: com cabo, com garra e com garra e grua.
Forwarder
Trator florestal transportador, o forwarder
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Enfardadora de resíduos florestais, que permite colher, enfardar e transportar galhos, ponteiras de árvores, amostras e outros produtos residuais de colheita
é uma máquina com grua hidráulica e caçamba. Pode ser dotado de sistemas de rodados de pneus em tandem ou esteiras, com chassi articulado. O carregamento é realizado por um braço hidráulico articulado e telescópico acoplado a uma garra com movimento de abrir e fechar. Sua função é realizar a extração da madeira de dentro dos talhões, levando-a para as margens das estradas. O seu uso é mais comum em sistemas mecanizados, em que o corte e o processamento das árvores são realizados por um harvester. A máquina se movimenta no talhão, posicionando-se próximo aos feixes de toras. Acionam-se, hidraulicamente, calços que permitem o posicionamento do braço de carregamento em um ângulo de 90 graus com o plano longitudinal do trator, com o objetivo de minimizar o momento provocado após o abraçamento e a suspensão das toras pelo braço, com um alcance aproximado de sete metros. Na sequência, processa-se o carregamento de sua caçamba de comprimento variável, adaptada com estruturas laterais que
Elizabeth Neire da Silva destaca a mecanização no processo de colheita de florestas
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permitem o empilhamento das toras.
ATUALIDADES E INOVAÇÕES
A necessidade do mercado tem feito surgir máquinas para atender a novas demandas. A partir deste pensamento começou a surgir demanda de máquinas que pudessem suprir a necessidade das empresas. Duas destas máquinas despertam a curiosidade. A primeira delas, já disponível comercialmente no mercado nacional, é a enfardadora florestal. Essa máquina permite colher, enfardar e transportar galhos, ponteiras de árvores, amostras e outros produtos residuais de colheita, para serem usados em fábricas focadas nas fontes renováveis de energia a partir da biomassa. É um processo que auxilia na produção da energia através da utilização de uma fonte renovável, possibilitando um maior aproveitamento da matéria-prima e diminuição dos impactos causados ao meio ambiente. A segunda máquina a despertar o interesse, mas ainda não disponível no mercado, é uma máquina de origem finlandesa que se adapta automaticamente ao terreno da floresta fazendo o que nós só podemos imaginar como uso de suas seis “patas” articuladas. Como nas mais modernas máquinas florestais, esta possui movimentos para frente e para trás, lateralmente e diagonalmente, que são controlados por computador de bordo, sendo operada por um operador com joysticks. Dependendo da irregularidade do terreno, o operador pode ajustar a altura de cada passo. A walk machine é tida como uma máquina eco-amigável, com distribuição de peso uniforme, que promete minimizar qualquer impacto no solo. Esta máquina, ao encontrar obstáculos simplesmente desvia deles, evitando perturbação significante e dano minimizado, podendo andar sobre as raízes das árvores, ou desviando-se delas quando necessário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A colheita florestal adotada por cada
empresa está diretamente ligada aos tipos de tratores florestais a serem utilizados para a definição das etapas do processo de corte e extração. Assim, a escolha das máquinas requer das empresas uma série de medidas, com o intuito de atingir, rapidamente, a produtividade esperada. O desenvolvimento de novas máquinas para a colheita é constante na maioria das empresas, que adquirem máquinas específicas e adotam novos sistemas. A escolha adequada de máquinas dependerá de diversos fatores, tais como: disponibilidade mecânica, reposição de peças, confiabilidade do fabricante, assistência técnica, manual do operador com detalhes de funcionamento e manutenção, vida útil prevista, conforto e segurança do operador, além, principalmente, da disponibilidade de recursos da empresa. Dentre os grandes desafios a serem enfrentados pela colheita de madeira está manter ou elevar a produtividade dos plantios florestais, independentemente da rotação, diminuindo-se os custos de operação. .M Elizabeth Neire da Silva Nilton César Fiedler Daniel Pena Pereira DEF/CCA – UFES
Walk machine, com configuração florestal que minimiza qualquer impacto no solo e preserva a vegetação rasteira
mecanização Fotos Elton da Silveira Leite
Corte cronometrado Avaliação do desempenho do harvester na colheita de eucalipto mostra quais os fatores que influenciam no rendimento e no custo da operação
A
mecanização planejada no setor florestal contribui significantemente para maximizar retornos em geral, atendendo aos critérios das certificadoras, que é afetado principalmente pela etapa de colheita florestal. No Brasil, as florestas plantadas para o uso industrial ocupam 6,127 milhões de hectares, estando como um dos primeiros lugares no mundo em reflorestamento do gênero Eucalyptus. Objetivando analisar técnica e economicamente a influência da declividade (baixada e encosta) e do espaçamento do plantio (3m x 2,5m; 3m x 3,33m; 3m x 4,0m) na colheita
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O ensaio testou o harvester John Deere modelo 1470D, motor John Deere 6090, com potência de 241hp e cabeçote harvester modelo 270 John Deere, com capacidade de corte de 0,04m até 0,62m de diâmetro
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Figura 1 - Tempo, em horas, por hectare dos elementos que compõem o ciclo operacional
O rendimento do harvester tende a ser maior quando se aumenta o espaçamento das plantas
de eucalipto com harvester, determinando os ciclos operacionais, rendimentos, custos operacionais e de produção da máquina. Um trabalho experimental foi realizado na região de Belo Oriente (MG) com plantios clonais de híbridos urograndes. Utilizou-se o harvester John Deere modelo 1470D, motor John Deere 6090, com potência de 241HP e cabeçote harvester modelo 270 John Deere, tendo capacidade de corte compreendida entre 0,04m e 0,62m de diâmetro, com tração 6x6 e esteiras unindo os pneus frontais, proporcionando maior aderência e menor índice de compactação do solo. A coleta de dados ocorreu em dois
DM – deslocamento da máquina, PC – posicionamento do cabeçote para corte, Co – corte de derrubada, TA – tombamento da árvore, Ds – descascamento/desgalhamento, Tr – traçamento, MM – manobra da máquina, PT – pausa técnica, Lm – limpeza.
turnos, das 8h às 16h e das 16h à 0h. Foi avaliada a produtividade do harvester no sistema Cut-to-lenght, com o comprimento de tora de 4,40 metros, operando em uma faixa de corte de quatro linhas, sempre se deslocando sobre a segunda linha, onde depositou-se a galhada. Para o estudo do ciclo operacional da máquina utilizou-se a marcação através do método de multimomento. Este método é utilizado para determinar atividades que apresentam curtos espaços de tempo. As observações visuais foram efetuadas a cada 15 segundos, descrevendo-se a atividade
exercida no formulário de dinâmica operacional. Para a determinação da produtividade operacional do harvester utilizaram-se os dados do inventário, o qual fornecia o número exato de árvores e o volume médio por árvore por parcela de madeira sem casca (sc). Acompanhando as atividades da máquina, obteve-se o número de horas efetivamente trabalhadas (he) na parcela, sem considerar o tempo com interrupções mecânicas. Deste modo pode-se obter a produtividade da máquina em metros cúbicos
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Fotos Elton da Silveira Leite
Figura 2 - Distribuição percentual dos itens que compõem custo operacional do harvester
O custo de manutenção e reparos (CMR) foi o maior dentre todos os itens analisados CF- custos fixos, CV- custos variáveis.
sem casca por hora efetiva de trabalho (m³ sc/he), a qual é igual ao volume de madeira sem casca dividido pelas horas efetivamente trabalhadas, para cada unidade amostral. Para determinações dos custos operacionais da máquina, foram determinados custos fixos, custos variáveis e custo de administração, os quais foram expressos em dólares por hora efetiva de trabalho (US$/he), calculados a partir de análises do banco de dados da empresa Celulose Nipo Brasileira S.A. – Cenibra. O estudo de tempos e movimentos está descrito em horas por hectare, Figura 1. Apenas os elementos parciais, posicionamento do cabeçote para corte, corte de derrubada, deslocamento, traçamento e limpeza foram diferentes estatisticamente. Podendo-se, assim, identificar pontos críticos no processo produtivo e aperfeiçoá-los, de modo que ocorra maior harmonia entre o conjunto operador-colhedora. Esta análise contribui de forma a proporcionar às empresas florestais um suporte de decisão quanto ao correto espaçamento das árvores, pois à medida que há aumento de espaçamento entre plantas, há um declínio inversamente proporcional no processo produtivo do harvester. Os custos operacionais do harvester foram iguais a US$ 145,29/he para todas as variáveis no experimento. A Figura 2 representa o percentual dos itens que compõem o custo operacional, com uma taxa real de juros de 12%, eficiência operacional de 80%, para uma cotação de R$ 1,00, é igual a US$ 1,885 Para obtenção dos resultados do custo total das operações, trabalhou-se com os resultados das variáveis de custos fixos, variáveis e de administração, sendo os valores de US$ 24,68,
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US$ 113,06 e US$ 7,57, por hora efetivamente trabalhada, respectivamente. A Figura 2 demonstra que o custo de manutenção e reparos (CMR) foi o maior dentre todos analisados, participando com 22,13% dos custos totais, seguidos dos custos peças, depreciação e combustível, representando, respectivamente, 21,93%, 14,75% e 14,62% dos custos totais. Observou-se também uma tendência de queda nos custos de produção à medida que a máquina se desloca da encosta para a baixada e quando se aumenta o espaçamento entre árvores. O módulo composto pela baixada e espaçamento 3m x 4m possui o menor custo, que é de US$ 4,81/m³sc.
O rendimento do harvester tende a ser maior quando se aumenta o espaçamento das plantas no plantio e se reduz o aumento da declividade do terreno. A mudança de espaçamento gera um impacto no custo de 10,98% e 1,62% maior, se a opção for pelos usos dos espaçamentos 3m x 2,5m e 3m x 3,33m, quando comparado com o espaçamento 3m x 4m. Em relação à declividade, o aumento no custo gerado pela encosta é de 11,26% em relação à baixada. .M Elton da Silva Leite, Elcio das Graça Lacerda e Haroldo Carlos Fernandes, UFV
Elton da Silva Leite, Elcio das Graça Lacerda e Haroldo Carlos Fernandes, da UFV, realizaram trabalho de avaliação de rendimento e consumo de harvester em colheita florestal
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Combustível caseiro
Cultivar
combustíveis
O
biodiesel é uma fonte de energia renovável obtida por meio de óleos vegetais, bem como outras fontes. Apresenta, além das vantagens ambientais, um aspecto positivo com respeito à inclusão social, visto que a expansão de sua produção está diretamente associada a uma ampliação proporcional das atividades agrícolas, gerando emprego e renda no setor primário. Tem se buscado cultivar espécies adaptadas às condições das regiões brasileiras, considerando o teor de óleo em cada oleaginosa. Muitos estudos envolvendo a soja, o girassol e a mamona têm sido realizados. Das novas alternativas em destaque, fala-se do pinhão manso (Jatropha curcas), que é uma planta oleaginosa de alto potencial produtivo. Entretanto, os órgãos ligados à pesquisa têm sido cautelosos quanto ao incentivo para se plantar o pinhão em áreas extensas por não se ter um histórico de dados científicos que apresentem seus impactos em dada região, em se tratando, principalmente, de pragas e doenças. Quando se propõem alternativas para pequenas comunidades, sugere-se que os produtores evitem depender de uma só atividade, principalmente em se tratando de algo novo para a região. Assim, o plantio de oleaginosas para produção de biodiesel, em consórcio com cultivos conhecidos, é uma sugestão aceitável, reduzindo significativamente os riscos para implantação da atividade.
MISTURA AO ÓLEO DIESEL
Produzido o biodiesel, procede-se o preparo da mistura ao óleo diesel. Da mesma forma que o óleo vegetal não deve ser usado puro, recomenda-se trabalhar com misturas ao diesel, para realizar com segurança o processo de combustão. O uso de óleos vegetais em motores de combustão interna já foi, em diversos casos, alvo de má interpretação de produtores e usuários
A produção de biodiesel em comunidades rurais ou fazendas pode gerar uma economia considerável nos gastos com combustíveis, desde que algumas medidas sejam observadas para garantir a qualidade do produto na hora de produzir e armazenar
Triturador de sementes, responsável por um dos primeiros passos na produção de biodiesel
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Fotos Ednilton Tavares de Andrade
Gráfico 1 - Viscosidade Cinemática (ν) do biodiesel B100 armazenado em diferentes temperaturas e períodos
em geral. Já se pensou em utilizar o óleo vegetal diretamente no motor, mas foram obtidos resultados insatisfatórios. Maziero et al, 2007, utilizaram óleo bruto de girassol em motor diesel e depois de um período de observação verificaram desgastes em virtude da lubrificação deficiente causada pela contaminação do óleo lubrificante com substâncias do combustível que não sofreram a queima total e que desceram para o cárter. No processo de obtenção do biodiesel, chega-se a um produto com características físicas semelhantes ao diesel. De acordo com Machado (2008), a utilização do biodiesel no mundo, com raras exceções, se dá na forma de misturas com o óleo diesel mineral e cujos teores não ultrapassam os 20,0%, que são reconhecidas pela designação de B20, ou em frações ainda mais reduzidas de 2,0% (B2) até 4,0% (B4). Hoje está sendo adotada no Brasil a mistura de 5% (B5). Sob tais níveis percentuais de mistura com o óleo diesel, as diferenças de viscosidade e de número de cetano não produzem efeitos sensíveis sobre o desempenho do motor ou alterações.
ARMAZENAMENTO DO BIODIESEL
Tornam-se necessários alguns cuidados ao armazenar o biodiesel, como evitar exposição do mesmo ao calor e à incidência de luz. Em pesquisa desenvolvida, segundo Gráfico 1, a viscosidade cinemática do biodiesel B100 armazenado por 120 dias em temperatura
Tanque para cozimento de sementes que necessitem desta operação antes da prensagem
ambiente, 4°C e 40°C, passou por acréscimos de 2,38%, 1,78% e 2,03%, respectivamente. Tal comportamento pode ser atribuído à oxidação dos ácidos graxos presentes na mistura e à deterioração de seus componentes. Combustíveis com alta viscosidade resultam em problemas em sua combustão. Segundo Maia et al (2006) o controle da viscosidade de uma substância visa garantir o funcionamento adequado dos motores de injeção e bombas de combustível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante avanço de pesquisas espera-se que se chegue a parâmetros como a área mínima viável ao plantio de oleaginosas para produção de biodiesel, sendo para consumo próprio ou em associações, ou direcionar o produtor a fornecer a oleaginosa a terceiros, ou, ainda,
Prensa de pequeno porte (acima) e filtro para eliminar os resíduos após a extração do óleo (abaixo)
esclarecer a inviabilidade destas alternativas para uma condição vivida pelo produtor em .M determinada região. Ivenio Moreira da Silva e Ednilton Tavares de Andrade, UFF
O que é necessário para produzir biodiesel
A
o se ter em vista a produção de biodiesel em comunidades rurais, torna-se importante conhecer os elementos de uma miniusina, para se buscar no mercado a estimativa dos custos da mesma. Assim, podem ser previstos neste esboço os seguintes itens para produção de biodiesel a partir de oleaginosas: Componentes para extração do óleo - Estrutura para armazenar as sementes vindas do campo; - Triturador de sementes; - Tanque para cozimento das sementes, pois algumas necessitam desta operação antes da prensagem; - Prensa; - Sistema para filtragem; - Estrutura para armazenar o óleo e a torta; Componentes para a produção do biodiesel De uma maneira bem simples pode-se
dizer que a produção de biodiesel, a partir de um óleo vegetal, consiste em adicionar ao mesmo um álcool em presença de um catalisador. Este processo se dá em condições especiais de temperatura, resultando em biodiesel e glicerina, através dos seguintes componentes: - Tanque para preparo da pré-mistura álcool - Catalisador; - Tanque reator para a adição da prémistura ao óleo; - Sistema para a coleta do álcool na reação, para reuso; - Tanque para armazenar o álcool de reuso, permitindo que o mesmo retorne ao tanque reator para novo processo; - Tanques para decantação da glicerina; - Mecanismo que permita retirar a glicerina decantada; - Tanques para depósito do biodiesel; - Tanques para depósito da glicerina.
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semeadoras
Sulco descompactado N
as últimas duas décadas a agricultura brasileira sofreu grandes transformações, o que proporcionou a renovação de vários conceitos, como por exemplo a forma de manejo do solo para agricultura, resultando no surgimento de sistemas de cultivo como plantio direto. Neste contexto, a indústria de máquinas e implementos agrícolas teve que se adequar a esses novos conceitos, produzindo novas máquinas e novos mecanismos para semeadura adaptados a essa recente forma de manejo com o solo. Com a implantação do sistema de plantio direto observa-se que um dos principais problemas gerados por esta forma de manejo é a compactação do solo, principalmente na camada superficial, que prejudica o rendimento das culturas. O estado de compactação é agravado em consequência do curto período disponível entre a colheita e a semeadura subsequente, de tal forma que muitas operações de semeadura são realizadas quando o solo não se encontra com teores adequados de umidade, desencadeando a indesejada compactação, que pode ser agravada quando se trabalha em solos argilosos. Em áreas de integração entre agricultura e pecuária, a compactação provocada pelo pisoteio de animais é apontada como uma das principais causas de degradação dessas áreas. O grau de compactação provocado pelo pisoteio animal é influenciado pela textura e umidade do solo, sistema de pastejo, sua altura de manejo e quantidade de resíduo no solo, sendo o efeito dessa ação limitado às camadas superficiais do solo, que pode, em sua maioria, ser temporário e reversível. Uma das estratégias para a recuperação de áreas de pastagens degradadas tem sido a utilização do sistema de plantio direto integrado ao sistema de pecuária. A utilização desse siste-
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John Deere
Avaliação da mobilização do solo no sulco de plantio mostra o grau de descompactação em diferentes velocidades de deslocamento das semeadoras
A profundidade do sulco é influenciada pelo tipo de mecanismo de corte e pela velocidade de deslocamento
ma permite uma exploração dos recursos mais eficiente sem o fardo de uma produção de grãos e carne alicerçada em impactos ambientais provocados pela degradação dos solos. Nas áreas compactadas ou que apresentem suscetibilidade à compactação, recomenda-se a utilização de mecanismo de abertura de sulco do tipo haste sulcadora, também conhecido como facão. Além de distribuir o adubo, esse tipo de mecanismo tem a função de mobilização do solo na linha de semeadura. Entretanto, uma desvantagem do uso de hastes tipo facão está relacionada ao maior consumo de combustível em virtude da potência demandada para rompimento do solo. Os elementos de mobilização do solo encontrados no mercado são em sua maioria discos duplos ou hastes sulcadora tipo facão. Os discos duplos são recomendados por possibilitarem menor embuchamento das plantas existentes na área no mecanismo devido ao seu movimento rotativo, mesmo motivo que lhe confere menor demanda de potência no rompimento do solo. No entanto, em áreas de plantio direto o uso de sulcadores tipo facão é mais recomendado para o rompimento da camada compactada por melhorar o ambiente da semente para seu desenvolvimento. Como o princípio básico do plantio
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direto consiste no preparo do solo somente na linha de semeadura e a manutenção dos restos vegetais sobre o solo, o desempenho da semeadura está diretamente relacionado com a capacidade de corte dos restos culturais, como também a abertura do sulco. O uso de hastes tipo facão que propiciem uma abertura de sulco eficiente é fundamental, pois sulcos com menores larguras reduzem a ocorrência de plantas invasoras e consequentemente a competição com a cultura a ser estabelecida. O sulco promovido pela semeadora deve possuir características específicas no que diz respeito à profundidade de semeadura, pois afeta diretamente a uniformidade de distribuição de sementes, visto que uma semente colocada de maneira inadequada no sulco pode não emergir causando falhas no espaçamento de plantas na linha. O desempenho das semeadoras quanto à profundidade é influenciado por alguns fatores como o tipo de mecanismo de corte e a velocidade de deslocamento, onde, com a utilização de maiores velocidades, ocorre a tendência de se promover sulcos mais profundos. A avaliação da mobilização do solo é importante, pois, permite adquirir muitas informações. Através do uso de equipamentos como o perfilômetro mecânico de barras em campo é realizado o levantamento do perfil natural do solo, da superfície elevada no preparo da linha e o perfil interno do solo mobilizado no sulco, possibilitando a regulagem do conjunto de tal forma que se consiga o melhor rendimento da operação. O departamento de engenharia agrícola da Universidade Estadual de Goiás conduziu um experimento latossolo vermelho escuro
João Paulo Barreto da Silva
Figura 1 - Efeito da profundidade na área mobilizada
Figura 2 - Efeito da velocidade na área mobilizada
Figura 3 - Efeito da velocidade de trabalho no índice de empolamento do solo
Perfilômetro mecânico de barras utilizado para levantamento dos perfis do solo em campo
eutrófico com textura argilosa, com o objetivo de avaliar as características físicas do sulco de semeadura produzido por haste tipo facão em diferentes profundidades e velocidades de trabalho. Nessa pesquisa foi verificado que tanto o aumento da velocidade de trabalho como a profundidade de operação da haste provocam aumento nas dimensões do sulco de semeadura ou quantidade de solo mobilizado, como pode ser visto nas Figuras 1 e 2. Quando se trabalha com a haste regulada em uma maior profundidade, o rompimento da camada superficial compactada foi eficiente, pois permitiu manter uma boa quantidade de cobertura morta nas proximidades do sulco de semeadura. A seleção adequada da profundidade de trabalho, além de permitir o rompimento da compactação superficial, características de áreas usadas em integração com pecuária, possibilita a economia de potência necessária para a reali-
zação da operação e consequentemente menor consumo de combustível. Quando utilizadas maiores velocidades de operação foi possível obter um aumento de 45% na área mobilizada promovida pela haste sulcadora. A semeadora quando equipada com esse tipo de mecanismo de abertura apresentou uma capacidade operacional satisfatória, proporcionando maior quantidade de fissuras nas laterais do sulco e melhorando a estrutura do solo nas regiões próximas à linha de semeadura, facilitando o desenvolvimento do sistema radicular. O empolamento é outra característica física importante a ser determinada, pois representa o aumento do volume do solo após a passagem da haste, conforme representado na Figura 3. O uso de maiores velocidades de operação apresentou menores valores de empolamento. Isso possibilita dizer que trabalhando em sistema de plantio direto ou em áreas de integração
com pecuária, o uso de maiores velocidades possibilita melhora na estrutura do solo próximo à linha de semeadura, permitindo uma condição de grande descompactação e pequena desestruturação do solo. Portanto, o uso de haste tipo facão como mecanismo de abertura de sulcos permite uma eficiente descompactação das camadas superficiais em áreas de pastagens degradadas, sendo de suma importância a escolha criteriosa da profundidade e da velocidade de operação, visto que são os dois parâmetros que irão proporcionar melhores condições de preparo do .M solo na linha de semeadura. João Paulo Barreto Cunha, Josué Gomes Delmond, Rodney Ferreira Couto Rafael Miranda Alves, Elton Fialho dos Reis Universidade Estadual de Goiás
Charles Echer
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capa
Para colher bem Comparamos as características técnicas dos seis modelos de colhedoras oferecidas para financiamento através do programa Mais Alimentos e detalhamos cada máquina para facilitar a escolha do modelo ideal para cada propriedade
D
e uma forma geral, as fortes turbulências geradas pela última grande crise econômica mundial não se mostraram tão intensas no Brasil, sobretudo em setores como o mercado de máquinas agrícolas. Tal comportamento foi resultado de programas de investimentos, principalmente para a agricultura familiar, que se converteu em uma das principais apostas, por parte das empresas do setor de máquinas e implementos agrícolas, visando equilibrar seus níveis de produção e auxiliar na contenção dos efeitos negativos da crise. O programa Mais Alimentos, do Governo Federal, criou condições para que os agricultores familiares ampliassem seus padrões de produção, como consequência da
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elevação do nível de mecanização envolvido no processo, além da modernização das ferramentas atualmente disponíveis. Agora os desafios desse programa passam a ser mais ambiciosos, visando preencher uma lacuna ainda existente na gama de máquinas contempladas. A grande novidade é a operação da linha de crédito no financiamento de colhedoras. Os agricultores familiares agora desfrutam da possibilidade de aquisição de máquinas da classe IV, além das colhedoras de classe III, que reaparecem no mercado, pela ação do programa. Os modelos financiáveis são máquinas que apresentam potência máxima de 200cv e plataforma de corte com largura de até 20 pés (pouco mais de seis metros). Todavia, como o valor dessas máquinas excede o
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limite individual de compra no programa Mais Alimentos (R$ 130 mil), os produtores deverão adquiri-las de forma coletiva, respeitando-se um limite máximo de R$ 500 mil. A expectativa gira em torno de 250 a 300 unidades que poderão ser comercializadas nesse primeiro ano, segundo a coordenação do programa. As condições de pagamento continuam as mesmas dos projetos individuais: prazo de até dez anos para a quitação do financiamento, com até três anos de carência e juros de 2% ao ano.
COLHEDORAS CONTEMPLADAS
Diante desta nova situação, decidimos realizar um comparativo técnico entre os seis modelos de colhedoras que participam
Fotos Divulgação
desse programa, visando apoiar o consumidor na identificação de qual máquina melhor se adapta às suas necessidades. Este comparativo foi estabelecido a partir de informações técnicas disponibilizadas pelos próprios fabricantes. Os modelos avaliados são os seguintes: Massey Ferguson MF5650 e MF32, John Deere 1175, Valtra BC4500, New Holland TC5070 e Semeato MC4100. Algumas características são comuns a todos os modelos, como a turboalimentação dos motores e o sistema de trilha tangencial. A Massey Ferguson disponibiliza dois modelos para inserção no programa. A MF5650, modelo consagrado pela marca, é uma colhedora classe IV (175cv). As características desta colhedora, destacadas pela empresa, são simplicidade, baixo custo operacional, confiabilidade mecânica e peso reduzido. Como item de destaque, apresenta o sistema Infovision II para o monitoramento de perdas e do funcionamento dos principais eixos de trabalho. Do mesmo fabricante, o modelo MF32 é uma colhedora classe IV (200cv) que incorpora componentes que, até então, integravam somente máquinas de maior porte, ofer-
tadas pela empresa. Tais recursos, como a transmissão hidrostática de série e o sistema de monitoramento Datavision II, facilitam a operação e o acompanhamento das atividades desempenhadas pela máquina. A empresa também ressalta o sistema de montagem desta máquina sobre chassi, que garante um melhor desempenho em terrenos irregulares. A John Deere apresenta o modelo 1175, que se enquadra na classe IV (180cv) e espera convencer o produtor com os atributos de boa acessibilidade aos comandos, facilidade na operação e manutenção de seus componentes. Já a Valtra BC4500 é uma colhedora classe IV (190cv) bastante robusta, porém, que deseja manter características como a agilidade na realização de manobras e, principalmente, nos procedimentos de descarga de grãos, por ter uma elevada vazão. Outro item destacado pela empresa neste modelo é o sistema de monitoramento Hivision, o qual auxilia no acompanhamento de informações referentes à atividade de colheita (níveis de perdas e rotações dos eixos). A TC5070 é uma colhedora classe IV
(180cv), fabricada pela New Holland e que substitui o tradicional modelo TC57, comercializado desde o ano de 1993. De acordo com a New Holland, este modelo apresenta características semelhantes às do modelo antecessor, tais como a facilidade e a acessibilidade no que tange a operação, além da adaptação ao trabalho em terrenos com maiores declividades. Da mesma forma, essa colhedora também pode ser equipada com um sistema de monitoramento da eficiência do processo de limpeza, separação e distribuição dos resíduos. Já a Semeato desenvolveu um projeto que entra no mercado como uma colhedora destinada à agricultura familiar. A Multi Crop 4100 é uma colhedora classe III (150cv), que visa, com sua robustez e simplicidade, buscar seu espaço neste mercado competitivo. Além disso, de acordo com a Semeato, propõe-se a atender as demandas com um baixo custo operacional e ausência de eletrônica embarcada, visando à simplificação da manutenção do equipamento.
MOTORIZAÇÃO E TRANSMISSÃO
As colhedoras MF5650 e MF32, da Massey Ferguson, estão equipadas com motores AGCO Sisu Power 620 DS, de 175cv e 200cv de potência, respectivamente. São motores desenvolvidos para atividades agrícolas, sendo que a empresa fabricante destaca sua economia aliada ao alto desempenho, além de um baixo custo de manutenção e durabilidade do equipamento. Esses motores também estão aptos a trabalhar com biodiesel puro, o B100.
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Valtra
Plataforma de corte, da BC4500 é da série 500, flexível, sustentada por uma estrutura pantográfica, que se adapta às irregularidades do terreno
A colhedora John Deere 1175 utiliza um motor agrícola John Deere, modelo 6068T, com 180cv de potência
hidrostática. A New Holland equipa a TC5070 com motor da própria marca, de fabricação nacional e 180cv de potência. O fabricante destaca o sistema de pré-limpeza de ar com ciclonizador, que garante a eliminação de boa parte da poeira oriunda da atividade. A transmissão desse modelo pode ser mecânica ou hidrostática, à escolha do cliente. A Multi Crop 4100 da Semeato é equipada com motor Mercedes Benz 366A, com 150cv de potência. Trata-se do menor motor entre todas as máquinas comparadas e alia um bom desempenho à simplicidade de manutenção, com sistema basculante para limpeza e inspeção do radiador. A transmissão desse modelo é mecânica, com três marchas à frente e uma a ré.
SISTEMA DE COLHEITA
Massey Ferguson
As colhedoras MF5650 e MF32 são equipadas com plataforma de corte flexível (Powerflex) ou plataformas rígidas para
culturas como o arroz. No modelo flexível o sistema é sustentado por uma estrutura pantográfica, que possibilita uma melhor adaptação às irregularidades do terreno. A Massey Ferguson destaca que esse modelo de plataforma permite o ajuste do ângulo de ataque da navalha em até 5º abaixo do horizonte, o que propicia a colheita de plantas com baixa altura de inserção de vagens. Na MF5650, a rotação do molinete é ajustada pelo operador, sendo que na MF32 este controle é proporcional ao deslocamento da máquina, isentando o operador de realizar esse ajuste. Os tamanhos das plataformas de corte flexíveis e rígidas disponíveis para a MF5650 são de 16 e 18 pés, enquanto para a MF32 os tamanhos disponíveis são de 16, 18 e 20 pés nas plataformas flexíveis e 16 e 18 pés nas plataformas rígidas. O canal alimentador de ambas as colhedoras utiliza esteira composta por três correntes e duas fileiras de travessas, assim como tambor dianteiro flutuante, sendo que a MF32 conta ainda com sistema de reversão do canal e da plataforma.
Semeato
Quanto à transmissão, ambas as colhedoras apresentam três velocidades à frente, sendo que o modelo MF5650 apresenta acionamento mecânico (uma velocidade à ré), enquanto a MF32 é equipada com transmissão por acionamento hidrostático (três velocidades à ré). A colhedora Valtra BC4500 também vem equipada com um motor AGCO Sisu Power 620 DSR, de 190cv de potência, como nos modelos da MF, sendo os dois equipamentos muito semelhantes em configuração, pela proximidade entre Massey Ferguson e Valtra, unidas pela AGCO. A transmissão da potência às rodas se dá por uma caixa de câmbio de três velocidades, que opera por acionamento hidrostático. Já a colhedora John Deere 1175 utiliza um motor agrícola John Deere, modelo 6068T, com 180cv de potência que, a partir de um sistema de fluxo cruzado de admissão de ar e escape dos gases, propõese a garantir um alto rendimento, aliado a um baixo consumo de combustível. O modelo da John Deere possui tranmissão
John Deere
A Multi Crop 4100 da Semeato é equipada com motor Mercedes Benz 366A, com 150cv de potência
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A colhedora MF5650 vem equipada com a plataforma de corte flexível (Powerflex) ou plataforma rígida para culturas como o arroz
Massey Ferguson
A colhedora MF32, da Massey Ferguson, está equipada com motor AGCO Sisu Power 620 DS, de 200cv de potência
A TC5070, da New Holland, possibilita a escolha do modelo de transmissão: mecânica ou hidrostática
Já a Multi Crop 4100 vem equipada com uma plataforma de corte flexível de 14 pés de corte. O acionamento do molinete é hidráulico e as regulagens de velocidade e altura do molinete são ajustadas manualmente. Quanto ao canal alimentador que alimenta o sistema de trilha, há a presença de apenas um mecanismo central de condução do material apanhado e não conta com mecanismo de reversão.
SISTEMA DE TRILHA E SEPARAÇÃO
O sistema de trilha da MF5650 conta com um cilindro de oito barras e de alta
inércia, que possibilita a colheita em situações de difícil debulha, mantendo uma baixa rotação no sistema e preservando a qualidade de grãos. A regulagem da rotação do cilindro de trilha é hidráulica, variando de 433rpm a 1.300rpm. Uma caixa de transmissão de duas velocidades permite o ajuste de rotações do cilindro de trilha, através de polias variadoras e correia. O uso do cilindro e côncavo de barras é recomendado para culturas como soja, milho e trigo, sendo que para o arroz pode-se optar pelo cilindro e côncavo de dentes. Já a área de 5,56m² de separação desse modelo é
Valtra
A máquina da John Deere é equipada com plataforma de corte, rígida ou flexível, de 19 pés de corte. No modelo flexível, o ajuste da inclinação lateral da plataforma e do canal alimentador, bem como a adequação da altura de corte, é realizado automaticamente, o que promove a correta adaptação às irregularidades do terreno e a alimentação homogênea. O elevador de palhas conta com três correntes e não apresenta mecanismo reversor. A colhedora BC4500 vem equipada com as plataformas de corte, série 500, flexíveis e também sustentadas pela mesma estrutura pantográfica, presente nas máquinas da Massey Ferguson. Esse modelo apresenta o mesmo ajuste do ângulo de ataque das navalhas. A velocidade do molinete sincroniza-se automaticamente à velocidade de deslocamento e pode ser ajustado eletro/hidraulicamente. O canal alimentador apresenta três correntes e conta com flutuação do tambor dianteiro, além do sistema elétrico de reversão do canal. Essas plataformas estão disponíveis nos tamanhos 16, 18 e 20 pés de corte. A TC5070 disponibiliza opções de plataformas flexíveis (17 e 20 pés de corte) e rígidas (15 e 17 pés de corte). As plataformas flexíveis possuem sistema de controle automático da altura de corte e inclinação lateral, e reversor hidráulico de duplo sentido do canal alimentador. Outro ponto de destaque é o mecanismo autolimpante da barra de corte, que impede o acúmulo de resíduos nessa região. O molinete é acionado hidraulicamente e sua velocidade é sincronizada à velocidade de deslocamento. A colhedora tem também um sistema coletor de pedras localizado logo abaixo do canal alimentador. Esse último é composto por um elevador de palhas com três correntes.
New Holland
A área de separação da BC4500 é de 5,25m², composta por cinco saca-palhas de fundo aberto e comprimento total de 4,14 metros
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John Deere
A JD1175 é equipada com plataformas de corte, rígida ou flexível, de 19 pés de corte. No modelo flexível, o ajuste da inclinação lateral e do canal alimentador e a adequação da altura de corte são realizados automaticamente
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de trilha pode ser ajustado independentemente, o que diminui o uso de chaves bem como o número de paradas para ajustes dos tirantes. A área de separação desta máquina é de 5,25m², composta por cinco saca-palhas de fundo aberto e comprimento total de 4,14m. O sistema de trilha da TC5070 conta com um cilindro constituído de oito barras de alta inércia, com pinos removíveis para melhor limpeza do côncavo. A velocidade do cilindro varia entre 425rpm e 1.150rpm, sendo que o sistema Maxitorque ajusta automaticamente a tensão da correia do cilindro. Essa máquina pode ser equipada com côncavo de oito barras para soja e 14
LIMPEZA, ARMAZENAMENTO DE GRÃOS E DISTRIBUIÇÃO DOS RESÍDUOS
A colhedora MF5650 conta com área total de limpeza de 3,6m². O bandejão e a peneira superior dessa máquina possuem divisores altos que evitam o transbordo de grãos de uma seção à outra. Esse modelo utiliza um ventilador tipo turbina, com velocidade que varia de 974rpm a 2.075rpm. Quanto à capacidade de armazenamento de grãos, essa colhedora comporta 5.000 litros, com uma vazão de descarga de 55 litros por segundo. Já o sistema de limpeza da MF32 conta com área de 4,1m², sendo de dupla
Semeato
composta por cinco saca-palhas com 3,85m de comprimento. A MF32 conta com um cilindro de alta inércia, com oito barras sobrepostas, garantindo um paralelismo em relação ao côncavo. As opções de cilindro e côncavo são as mesmas ofertadas pelo modelo MF5650, recomendando-se, ainda, para o arroz, o uso do separador rotativo para uma melhor separação dos grãos e da palha. A empresa destaca o acionamento do cilindro de trilha pelo sistema Maxitorque II, que possibilita o tensionamento constante da correia e garante a manutenção das rotações estabelecidas. A rotação do cilindro de trilha varia entre 420rpm e 1.260rpm. Quanto à unidade de separação, essa máquina apresenta uma grande área, com 6,61m² na opção arrozeira ou 6,38m² para os demais grãos, sendo composta por cinco saca-palhas de 4,40m de comprimento. A colhedora John Deere 1175 apresenta sistema de trilha Positorq, que ajusta automaticamente a tensão da correia de transmissão de potência para o cilindro, ajudando a prolongar a vida útil da mesma. O cilindro é constituído de oito barras (com o opcional em dentes) e apresenta rotação variável entre 400rpm e 1.100rpm, o que permite a atuação em uma ampla gama de culturas. A área total de separação dessa colhedora é de 5,61m², sendo composta por cinco saca-palhas, com um comprimento total de 3,71m. A BC4500 também utiliza um cilindro de trilha com oito barras e de alta inércia, com rotação ajustável eletricamente a partir da cabine, variando entre 410rpm e 1.220rpm. O espaçamento frontal e traseiro do côncavo em relação ao cilindro
barras para trigo. O conjunto de côncavo e separador rotativo (Rotary Separator), localizado entre o batedor e o saca-palhas para separação dos grãos da palha, opera em rotações que variam entre 400rpm e 760rpm. Para a separação, esta máquina conta uma área total de 4,57m², composta por cinco saca-palhas e com um comprimento de 3,56m. O sistema de trilha utilizado pela Multi Crop 4100 é formado por cilindro, batedor e dois côncavos, sendo que o segundo côncavo fica em torno do batedor, aumentando, desta forma, a capacidade de trilha da máquina. O cilindro de alta inércia é composto por oito barras e apresenta rotações variáveis entre 414rpm e 1.170rpm, sendo que o côncavo principal pode ser de barras ou de dentes, à escolha do consumidor. Sua unidade de separação é formada por quatro saca-palhas com 3,48m de comprimento e apresenta uma área total de separação de 3,7m².
A Multi Crop 4100 vem equipada com uma plataforma de corte flexível de 14 pés, com acionamento do molinete hidráulico e as regulagens de velocidade e altura do molinete ajustadas manualmente
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Massey Ferguson
A colhedora MF5650 tem área de limpeza de 3,6m², com divisores altos no bandejão e na peneira superior para evitar o transbordo de grãos de uma seção à outra
possui sistema de ventilador duplo do tipo axial, disposto verticalmente e com velocidade fixa de 1.760rpm, sendo a regulagem do fluxo realizada através de variação do ângulo de abertura, via comando elétrico. Cabe ressaltar ainda que esse modelo apresenta o diferencial da retrilha independenMassey Ferguson
cascata, o que permite que o grão receba dois fluxos de ar antes de atingir a peneira, a qual também apresenta divisores mais altos. O ventilador, de fluxo transversal, possui ajuste de rotações de dentro da cabine, com velocidades que variam de 600rpm a 1.300rpm. A MF32 suporta até 5.500 litros em seu tanque graneleiro, o qual é esvaziado a uma vazão de 84L/s. Ambas as colhedoras apresentam o picador de palhas com facas rotativas e contrafacas fixas, sendo possível a substituição pelo espalhador de palhas em culturas como o arroz. Na John Deere 1175 o sistema de limpeza conta com um diferencial: peneiras mais longas, que totalizam uma grande área de limpeza, ao redor de 4,60m², facilitando o processo de limpeza e ajudando a manter a qualidade do produto colhido. Seu ventilador funciona a uma faixa de rotação variável entre 550rpm e 1.150rpm. A capacidade total do tanque graneleiro é de 4.800 litros, com uma vazão de descarga que chega aos 53L/s. O picador de palhas desse modelo opera em duas velocidades, 1.550rpm e 1.800rpm, com facas tipo martelo, todavia, o fabricante pode disponibilizar o espalhador de palhiço em substituição ao picador. Já o sistema de limpeza da Valtra BC4500 conta com uma área total de 3,84m², ofertando também divisores mais altos para terrenos inclinados. Esse modelo
te, composta por dois rotores. A capacidade máxima de seu tanque graneleiro é de 5.200 litros, com uma grande vazão de descarga de 86L/s, e seu sistema de distribuição de resíduos pode ser por picador de palhas (conjunto de facas e contra facas), que apresenta velocidade máxima de 3.125rpm, ou por espalhador de palhiço (duplo rotor acionado por correias). O sistema de limpeza da TC5070 pode disponibilizar, em substituição às tradicionais peneiras fixas, o conjunto de peneiras autonivelantes, que compensam a inclinação lateral do terreno em até 23%. A área total de limpeza é de 3,5m², que conta com um ventilador de seis pás, com defletores verticais e horizontais reguláveis e velocidade variável entre 350rpm e 1.000rpm (ajustável a partir do painel de comando). A capacidade máxima do tanque graneleiro dessa colhedora é de cinco mil litros e a vazão de descarga chega a 53L/s. Já o picador de palhas opera em duas faixas de rotação, 1.600rpm e 2.800rpm, que graças à presença de defletores reguláveis permite a distribuição uniforme da palha sobre o solo. A Multi Crop 4100 apresenta uma ampla área total de limpeza, chegando a 4,96m². O ventilador que auxilia no processo de limpeza dessa colhedora também opera em uma faixa variável entre 532rpm e 1.050rpm. A capacidade máxima do tanque graneleiro deste modelo é a menor entre as máquinas comparadas, mas é condizente com o seu porte, se situando em 3.400 litros, apresentando, porém, uma boa va-
O sistema de limpeza da MF32 tem área de 4,1m², sendo de dupla cascata, o que permite que o grão receba dois fluxos de ar antes de atingir a peneira, que apresenta divisores mais altos para trabalho em áreas inclinadas
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Motor Colhedora MF 5650 MF 32 JD 1175 BC 4500 NH TC 5070 MULTI CROP 4100
Marca/ modelo AGCO Sisu Power / 620 DS AGCO Sisu Power / 620 DS John Deere 6068T / 350 AGCO Sisu Power / 620 DSR New Holland / F4CE0684A Mercedes Benz / 366A
Tipo Turboalimentado Turboalimentado Turboalimentado Turboalimentado Turboalimentado Turboalimentado
Transmissão Cilindrada (L) 6,6 6,6 6,8 6,6 6,8 6
Potência máxima (cv) /rotação (rpm) 175 / 2400 200 / 2200 180 / 2200 190 / 2500 180 / 2100 150 / 1800
Tipo Mecânica Hidrostática Hidrostática Hidrostática Mecânica ou Hidrostática Mecânica
Sistema de colheita Colhedora
Tamanho de plataforma (pés/m) MF 5650 16 e 18 / 4,87 e 5,48 MF 32 16 ; 18 e 20 / 4,87 ; 5,48 e 6,10 JD 1175 19 / 5,7 BC 4500 16 ; 18 e 20 / 4,87 ; 5,48 e 6,10 NH TC 5070 15 ; 17 e 20 / 4,57 ; 5,18 e 6,10 MULTI CROP 4100 14 / 4,26
Diâmetro do sem fim de alimentação (mm) 762 762 610 762 660 600
Reversão do canal alimentador ausente presente (elétrico) ausente presente (elétrico) presente (hidráulico) ausente
Vel mín/ máx (Km/h) 1,5 / 27,9 0,1 / 30 0,1 / 30 0,1 / 30,8 0,16 / 28 1,66 / 19
zão de descarga, que chega a 50L/s. Como opcional, em substituição ao picador de palhas, há a possibilidade de se equipar esse modelo com espalhador de palhas.
Nº de correntes do canal alimentador 3 3 3 3 3 1 (central)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização de análises comparativas desta natureza pode auxiliar o consumidor a selecionar a máquina que melhor de adapte ao seu sistema produtivo e, principalmente, que melhor se encaixe em seu orçamento. Neste contexto, produtores, indústria e o país como um todo, acabam, direta ou indiretamente, buscando a contabilização de lucros. Outro ponto que merece destaque refere-se às descrições dos produtos, estabelecidas pelo programa, visto que as mesmas referem-se às configurações mínimas que
Sistema de trilha e separação Nº de barras Diâmetro do Rotação do cilindro Área do Diâmetro do bate- Nº saca- Comprimento/área máxido cilindro cilindro (mm) mín./máx. (rpm) côncavo (m2) dor traseiro (mm) palhas ma de separação (m/m2) 560 MF 5650 3,85 / 5,56 8 433 / 1300 0,67 380 5 600 MF 32 4,40 / 6,61 8 420 / 1260 0,8 400 5 610 JD 1175 3,71 / 5,61 8 400 / 1100 0,77 380 5 600 BC 4500 4,14 / 5,25 8 410 / 1220 0,82 380 5 604 NH TC 5070 3,56 / 4,57 8 425 / 1150 0,79 398 5 600 MULTI CROP 4100 3,48 / 3,7 8 414 / 1170 1,01 405 4
Nº de velocidades à frente 3 3 4 3 3 3
New Holland
John Deere
Colhedora
Massey Ferguson
A JD1175 tem tanque graneleiro com capacidade para 4.800 litros e vazão de descarga de 53L/s
Para a separação, a TC5070 conta com área total de 4,57m², composta por cinco saca-palhas, e com comprimento de 3,56 metros
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A MF5650 tem tanque graneleiro com capacidade para 5.000 litros e vazão de descarga de 55L/s
Valtra
Semeato
Gustavo Heller Nietiedt, Ulisses Giacomini Frantz, José Fernando Schlosser e Rodrigo Lampert Ribas, UFSM
Massey Ferguson
cada colhedora deve apresentar. Dessa forma, o próprio Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) do Governo Federal salienta que as especificações técnicas que excedam as listadas nos catálogos são de responsabilidade do fabricante e não configuram outra categoria. Esse fato implica a manutenção do preço estabelecido pelo programa. Mais informações a respeito dos requisitos mínimos que cada uma das colhedoras abordadas deve preencher podem ser encontradas no site do MDA. Assim, resta desejar aos produtores interessados na aquisição de qualquer um dos modelos comparados, que utilizem de forma racional os recursos disponibilizados, pois só assim o principal objetivo do programa será alcançado: o desenvolvimento sustentável .M da agricultura familiar.
A Multi Crop 4100 apresenta uma ampla área total de limpeza, chegando a 4,96m², e ventilador que opera numa faixa variável entre 532rpm e 1.050rpm
New Holland
A colhedora Valtra BC4500 também vem equipada com motor AGCO Sisu Power 620 DSR, de 190cv de potência
A TC5070 tem conjunto de peneiras autonivelantes, que compensam a inclinação lateral do terreno em até 23%
A MF32 suporta até 5.500 litros em seu tanque graneleiro, com vazão de descarga de 84L/s
Limpeza, armazenamento de grãos e distribuição dos resíduos Colhedora
Área total de limpeza (m2) MF 5650 3,6 MF 32 4,1 JD 1175 4,6 BC 4500 3,84 NH TC 5070 3,5 MULTI CROP 4100 4,96
Área do bandejão (m2)
2,21 2,4 2,1
Velocidade do ventilador Capacidade do tan- mín./máx. (rpm) que graneleiro (L) 974 / 2075 5000 600 / 1300 5500 550 / 1150 4800 1760* 5200 350 / 1000 5000 532 / 1050 3400
Vazão de Velocidade do picador descarga (L/s) - mín./máx. (rpm) 55 84 53 1550 / 1800 86 ND / 3125 53 1600 / 2800 50
* Velocidade fixa
ESPECIFICAÇÕES GERAIS Colhedora
MF 5650
Peso sem a Altura da colhe- Comprimento da Largura da Vão livre em plataforma dora com tubo colhedora sem a colhedora sem a relação ao de corte (kg) recolhido (m) plataforma (m) plataforma (m) solo (m) 4,0 8060 6,7 3,32
MF 32
10540
3,82
8,12
4,44
JD 1175
8100
4,0
7,11
3,6
0,507
BC 4500 NH TC 5070
8570 7960/8010*
3,36 3,81
8,09 8,19
3,44
0,43**
MULTI CROP 4100
7750
3,7
7,05
3,43
0,38
Rodados dianteiros
Rodados traseiros
28.1-26 R1 (versão grãos 4x2) 23.1-26 R2 + 18.4-30 R2 (duplos na versão arrozeira 4x4) 28.1-26 R1 (versão grãos 4x2) 23.1-26 R2 (versão arrozeira 4x2) 28.1-26 14PR R1 (versão grãos 4x2) 23.1-26 10PR R2 (versão arrozeira 4x2) 28.1-26 R1 (versão grãos 4x2) 28.1-26 R1 (versão grãos 4x2) 23.1- 26 R2 (versão arrozeira 4x2) 23.1-26 R1 (versão grãos 4x2)
12.4-24 R1 (versão grãos 4x2) 14.9-24 R2 (versão arrozeira 4x4) 16.0/70-20 (versão grãos 4x2) 12.4-24 R2 (versão arrozeira 4x2) 12.4-24 6PR R1 (versão grãos 4x2) 16.9 - 24 8PR R1 (versão arroz. 4x2) 12.4-24 R1 (versão grãos 4x2) 12.5/80-I3 (versão grãos 4x2) 14.9-24 R2 (versão arrozeira 4x2) 10.50/80RA 45 (versão grãos 4x2)
Capacidade do Cabine de Área da tanque de operação cabine (m2) combustível (L) presente 312
470
presente
330
presente
450 270
presente presente
1,7
200
presente
1,7
* Peso sem a plataforma no modelo com transmissão mecânica/hidrostática; ** Vão livre na versão grãos.
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tratores
Força de tração
Avaliação de 11 modelos de tratores com tração dianteira auxiliar 4x2 mostra o rendimento na barra de tração em diferentes condições de superfície
O
trator agrícola é a principal fonte de potência utilizada na agricultura e a maioria dos novos modelos disponíveis no mercado apresenta tração dianteira auxiliar (TDA). A preferência pelos tratores com tração dianteira auxiliar é devido à sua maior capacidade de tração, principalmente em condições trativas adversas e também pela melhor relação custo-benefício. A análise operacional de sistemas mecanizados visa desenvolver técnicas de previsão, planejamento, controle e coordenação das atividades, visando obter o máximo de rendimento útil de todos os recursos disponíveis, com o mínimo de dispêndio energético. Portanto, torna-se necessário conhecer a força e, consequentemente, a potência disponível na barra de tração dos tratores agrícolas, uma vez que, a partir do conhecimento desta potência, podem-se dimensionar equipamentos adequados à capacidade do trator. O rendimento na barra de tração é frequentemente usado para comparar ou avaliar tratores. Entretanto, o rendimento na barra de tração é afetado pelas condições de superfície, pela relação de engrenagem e pela relação entre peso e potência do trator (lastragem). Considerando que potência é uma função de velocidade e força na barra de tração, pode-se afirmar que o rendimento na barra de tração descreve em parte a habilidade de um trator para tracionar. O rendimento máximo na barra de tração normalmente é o critério de desem-
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penho mais útil para tratores agrícolas. Alguns trabalhos têm sido realizados para se determinar a potência disponível na barra de tração, considerando-se vários tipos e condições de solo, tais como a regra sugerida por Wendel Bowers, conhecida como “Fator 0,86”, e a norma Asabe D497, porém, poucos são os estudos em pistas com cobertura vegetal. O objetivo deste trabalho foi avaliar o rendimento na barra de tração de tratores agrícolas com tração dianteira auxiliar (4x2 TDA) em diferentes condições de superfície (concreto, solo firme e solo mobilizado) e diversas configurações de conjuntos de pneus e calibragens variando-se também o peso do trator (quantidade de lastro), comparando os valores obtidos com valores teóricos da bibliografia. Outro objetivo foi determinar o rendimento na barra de tração para a condição
de superfície de solo com cobertura vegetal que, hoje, é muito importante no Brasil em função da grande aceitação e adoção do plantio direto na palha. Foram coletados os dados de velocidade de deslocamento, patinagem das rodas dianteiras e traseiras dos tratores, consumo de combustível, força de tração e potência disponível na barra de tração para o cálculo do rendimento na barra de tração de 11 modelos e marcas diferentes de tratores. Para a realização do experimento, utilizou-se a Unidade Móvel de Ensaio na Barra de Tração (Umeb), pertencente ao Núcleo de Ensaios de Máquinas e Pneus Agroflorestais (Nempa), do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA/Unesp),
Unidade Móvel de Ensaio na Barra de Tração – Umeb
Célula de carga marca Sodmex, modelo N400
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Massey Ferguson Fotos Fabrício Masiero
A determinação da patinagem das quatro rodas do trator foi obtida utilizando-se geradores de pulsos, modelo GIDP-60-U-12V
nal. Em cada trator ensaiado variaram-se: tipo de pneu, pressão de inflação dos pneus, relação entre o peso e a potência do motor (lastragem) e velocidade adotada. A rotação nominal do
motor utilizada nos tratores foi a de maior potência (rated speed) conforme catálogo dos fabricantes. Os valores da força na barra de tração foram obtidos através de uma célula
Botucatu (SP), como carro dinamométrico (de frenagem), equipado com os sistemas de aquisição e armazenamento de dados. Foram utilizados neste trabalho 11 tratores agrícolas de diversas marcas, modelos e potência nomi.M
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Fotos Fabrício Masiero
Tabela 1 – Valores médios de rendimento máximo na barra de tração, patinagem dos rodados e consumo específico de combustível para as condições de superfície Rendimento Patinagem Consumo específico (kg.kW-1.h-1) na barra (%) (%) 0,312 Concreto 63,2 7,6 0,339 Solo firme 56,5 11,9 0,395 Solo com cobertura vegetal 49,7 14,6 0,418 Solo mobilizado 44,0 16,2 Superfície
Tabela 2 – Valores de rendimento máximo na barra de tração de tratores 4x2 TDA, valores da bibliografia e valores dinâmicos obtidos neste trabalho Superfície Concreto Solo firme Solo Gradeado Solo com cobertura vegetal
Fator 0,86 79,2% 58,8% 42,8% -
ASABE 72,2% 63,9% 53,9% -
Este Trabalho 63,2% 56,5% 44,0% 49,7%
de carga marca Sodmex, modelo N400. A determinação da patinagem das quatro rodas do trator foi obtida utilizando-se geradores de pulsos modelo GIDP-60-U-12V. Para medição do consumo de combustível foram utilizados dois fluxômetros volumétricos M-III, da Flowmate, fabricado pela Oval Corporation do Japão, um instalado entre os filtros e a bomba injetora do motor do trator e o outro no retorno do combustível ao tanque. O consumo real foi calculado pela diferença entre os valores dos pulsos gerados pelos fluxômetros. Todos os ensaios foram realizados após a aplicação e estabilização da carga de tração, tracionando a Umeb, para cada condição de configuração dos tratores, submetidos a uma força constante na barra de tração, num percurso de 30 metros. O valor da carga inicial aplicada na barra de tração dos tratores dependeu da potência e
O consumo de combustível foi medido utilizando dois fluxômetros volumétricos M-III, da Flowmate
Fabrício Masiero e Kléber Lanças, da Unesp, conduziram os ensaios com tratores em diferentes solos
do tipo de superfície trativa. Cada avaliação subsequente apresentou um aumento de carga na barra de tração de, aproximadamente, 500kgf, sendo realizadas no mínimo quatro avaliações por condição, obtendo-se a força máxima desenvolvida pelos tratores em cada condição, até que o motor apresentasse uma diminuição na rotação de trabalho ou que a patinagem das rodas fosse excessiva (acima de 30%). Os ensaios foram realizados nas pistas de ensaios do Nempa, sendo elas: pista de concreto, pista de solo firme, pista de solo mobilizado e pista de solo com cobertura vegetal. Utilizaram-se diferentes tipos de cobertura vegetal para se obter um valor geral de rendimento sob a mesma, pois o tipo de cobertura pode causar influência no rendimento energético do trator. A pista de concreto apresentou os maiores resultados de rendimento na barra e os menores resultados de patinagem e consumo específico de combustível entre as quatro condições de superfície, sendo esse resultado justificado pela patinagem
dos rodados do trator ter sido, na média, 53,1% menor do que na pista de solo mobilizado, 43,2% menor que na pista de solo com cobertura vegetal e 26,6% menor que na pista de solo firme. Analisando os dados de consumo específico de combustível na pista de concreto, este foi 25,4% menor com relação à pista de solo mobilizado, 19,9% menor que na pista de solo com cobertura vegetal e 6,5% menor em relação à pista de solo firme. A média dos dados de rendimento na barra na pista de concreto foi 6,7% maior quando comparada à pista de solo firme, 13,5% maior que na pista de solo com cobertura vegetal e 19,2% maior que na pista de solo mobilizado. Em pista de concreto o valor médio de rendimento máximo na barra de tração obtido foi inferior aos valores teóricos da bibliografia, “fator 0,86” de Wendel Bowers e norma Asae D497.4. Em pista de solo firme o valor dinâmico obtido foi semelhante aos valores da bibliografia consultada neste trabalho. Em pista de solo mobilizado o valor médio de rendimento máximo na barra obtido foi similar ao valor proposto por Wendel Bowers e inferior ao valor proposto pela norma Asae D497.4. Em pista de solo com cobertura vegetal o valor médio de rendimento máximo na barra de tração obtido foi 49,7%. Os valores de rendimento máximo na barra de tração, da bibliografia e práticos obtidos neste trabalho nas respectivas condições de superfície trativa estão apresentados na Tabela 2. Qualquer melhoria que puder ser feita com relação à transformação da potência do motor em potência de tração, da forma mais eficiente possível, contribuirá diretamente na eficiência da produção agrícola e para a conservação e uso racional de energia. .M
Pista de concreto, pista de solo firme, pista de solo mobilizado e pista de solo com cobertura vegetal, na pista do Nempa, onde foram conduzidos os ensaios
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Fabrício C. Masiero, Kléber P. Lanças, Saulo P. S. Guerra, Leonardo A. Monteiro e Gabriel A. Lyra, Unesp
Resultados obtidos em pista de concreto, valor médio, desvio padrão superior e inferior e valores da bibliografia de rendimento máximo na barra de tração
Resultados obtidos em pista de solo firme, valor médio, desvio padrão superior e inferior e valores da bibliografia de rendimento máximo na barra de tração
Resultados obtidos em pista de solo mobilizado, valor médio, desvio padrão superior e inferior e valores da bibliografia de rendimento máximo na barra de tração
Resultados obtidos em pista de solo com cobertura vegetal, valor médio, desvio padrão superior e inferior
empresas
SKF lança produtos Investimentos em novos produtos e nova planta no Brasil são anunciados pelo grupo SKF para 2011
O
grupo sueco SKF, líder mundial nas plataformas de rolamentos, vedações, sistemas de lubrificação, mecatrônica e sistemas de confiabilidade em manutenção industrial comunicou recentemente o lançamento de produtos e novas tecnologias. O grupo fará investimentos na ordem de R$ 13,5 milhões no Brasil para a criação de uma nova linha de produção em sua unidade de Cajamar (SP), destinada à fabricação de rolamentos de rodas automotivos HBU-2 com ABS integrado. A previsão para o início das operações é para setembro de 2011, com capacidade inicial de 1,2 milhão de unidades. O benefício proporcionado pelos rolamentos UBU-2, projetados para as rodas traseiras, é a montagem simples, rápida e precisa. Constituído em uma peça única, pré-montada, engraxada e veada, este rolamento substitui a tecnologia padrão de dois rolamentos separados
e que requerem usinagem precisa nos eixos de rodas e tambores de freios. “Uma unidade substitui vários componentes individuais, proporcionando racionalização e simplificação da cadeia de suprimentos, estocagem, controle de part number, manuseios e controle de qualidade”, explica o presidente da SKF, Donizete Santos. A SKF também está trazendo ao mercado um novo serviço de benchmark que oferece aos usuários ajuda para melhorias nos processos de lubrificação de seus ativos, chamado CNA-LM (Client Needs Analysis – Lubrication Manegement). “Alguns dos benefícios são a redução dos custos de manutenção, a melhoria da eficiência operacional das plantas, maior segurança operacional, além da redução de impactos ambientais”, garante Santos. O CNA-Lm combina uma ferramenta on-line e um processo de consultoria para definir a situação atual da
planta do cliente. Para o mercado industrial, também será disponibilizado um serviço de monitoramento on-line de motores, o NetEP, que possibilitará ao usuário informações contínuas sobre o funcionamento de motores elétricos, como o abastecimento de energia. Dados de até 32 motores poderão ser coletados ao mesmo tempo, para mais de 140 parâmetros, com resultados que podem ser acessados de qualquer local com conexão de internet. .M
Tom Johnstone, CEO do Grupo SKF, e Donizete Santos, presidente da SKF Brasil, apresentaram as novidades
ficha técnica
Polvi Turbo 500 F
O trator pulverizador Polvi Turbo 500 da Polvirama é um equipamento diferente do que se encontra no mercado, com características curiosas, e interessante para aplicações em pequenas propriedades
undada em dezembro de 1997, a Polvirama foi criada pelo seu diretor Gentil Sétimo Battistin, que desde o início já trabalhava com tecnologia na aplicação de defensivos. O começo dos trabalhos foi focado no desenvolvimento e no aperfeiçoamento de novos equipamentos para pulverização com intuito de chegar ao produtor rural para uso da forma mais eficaz e segura possível. O trator Polvi Turbo 500 4X4, desenvolvido pela Polvirama, apresentado nesta ficha, tem algumas características bem diferentes, práticas e bastante curiosas,
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como é o caso do hidráulico de rotação giroscópica nas quatro rodas, que permite que o pulverizador gire as quatro rodas ao mesmo tempo obtendo um ângulo de 360º de giro livre, facilitando muito suas manobras em um pequeno espaço. O sistema também permite ao usuário girar as rodas dianteiras independente das traseiras ou vice-versa e também girá-las no mesmo sentido, fazendo com que o trator ande de lado caso ocorra o imprevisto de o condutor sair da estrada. Outra curiosidade do equipamento é a turbina giratória elétrica, que proporciona uma melhor qualidade na pulverização em terrenos bastante inclinados ou irregulares, podendo girar no sentido horário ou anti-horário. No uso de herbicidas esta turbina gira totalmente para baixo de forma rápida e prática, bastando desconectar os engates rápidos das mangueiras e invertê-la para baixo.
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Este trator pulveriza em média um hectare a cada 45 minutos, com pressão de 80 até 150 libras no comando, oferecendo maior conforto, qualidade e economia para o produtor rural.
ROTAÇÃO NAS QUATRO RODAS
O trator Polvi Turbo 500 foi desenvolvido para trabalhos em pomares, parreirais e hortifrutigranjeiros, tem mobilidade angular nas quatro rodas, que proporciona menor raio de giro, o que permite uma grande flexibilidade de movimentos sem muitas manobras, além de contar com tração nas quatro rodas, tomada de força, caixa de redução e acoplamento para bomba pulverizadora de insumos. A ideia utiliza o princípio de angulação nas quatro rodas, usado em carros de passeio e utilitários principalmente na Euro-
Fotos Polvirama
No detalhe, um dos pontos fortes do pulverizador que possui um hidráulico de rotação giroscópica nas quatro rodas, que permite girar as rodas traseiras e dianteiras para qualquer lado independentemente
pa, adaptando-o para trabalhos pesados e uso agrícola com uma simplificação substancial ao estado da técnica, principalmente por não trabalhar em velocidades elevadas, dispensando, deste modo, a utilização de controladores lógicos. O veículo também dispõe de um sistema giroscópico de manutenção da carroceria sempre na horizontal, independente do terreno. A diminuição nas manobras e a redução nas passagens por entre as fileiras de um pomar ou parreiral são vantagens significativas. Por exemplo, numa aplicação de sulfato
em parreiral, pode-se efetuar a manobra de modo contínuo, partindo da primeira carreira de vinhas, seguindo para a terceira, depois a quinta e sucessivamente até o final, retornando pelas carreiras pares, sem interrupção do movimento. Nos tratores
.M
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Fotos Polvirama
O veículo possui motor Yanmar 3TNV-88 DAS de 39cv e tração nas quatro rodas
e veículos convencionais, estas manobras são mais difíceis de serem realizadas. O sistema de acionamento do pulverizador pode ser desligado ao se trocar de fileira do pomar ou parreiral, representando uma economia de produto pulverizado.
TURBINA GIRATÓRIA
O trator Polvi Turbo 500 é um pulverizador turbinado com tanque de aço inox e turbina giratória no mancal de fixação da turbina, com comando por sistema de bomba hidráulica ou por sistema elétrico, com giro horário ou anti-horário, também podendo pulverizar para baixo. Esta característica da turbina garante maior facilidade de aplicação de produtos agrícolas como defensivos e outros, tendo em vista que se pode alterar o seu posicionamento durante a aplicação, movimentando-a para os lados, de acordo com a necessidade. Também é possível desligar os bicos total, parcial ou individualmente, economizando o produto. É possível pulverizar para baixo virando a turbina e, até mesmo, desligá-la, utilizando apenas os bicos, o que facilita ao usuário a utilização de um único equipamento, que pode ser usado para pulverização de plantas perenes e em vegetações rasteiras, já que, além de girar a turbina para baixo, é possível desligá-la, utilizando somente os bicos para aplicação do produto, como herbicidas.
Pequeno raio de giro facilita a saída e a entrada da máquina nas fileiras de plantas
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A bomba instalada no equipamento é de alta pressão, de 51,3 litros por minuto, acionada por mancal independente e tomada de força que aciona a turbina.
MOTORIZAÇÃO E TRANSMISSÃO
O pulverizador vem com motor Yanmar 3TNV-88 DAS de 39cv, refrigerado a água, é dotado de caixa intermediária de transmissão com redução, dispensando o uso de correias, e direção hidráulica hidrostática nas quatro rodas independente, com válvula de comando hidráulico, que permite a mudança de sistema de giro das rodas.
BOMBA DE PRESSÃO
COMANDO, TANQUE E BICOS
O comando de defensivos Regal, de duas vias de alta pressão Geo-Line possui registro para uso de mangueira independente, retorno e reabastecimento automático. Os bicos são italianos, também da Geo-Line, duplos reversíveis com sistema antigotejamento, que evita o desperdício de produto. Regulador de distância, para uma pulverização com maior precisão e economia. O tanque é feito em aço inoxidável aisi 304, com capacidade para 500 litros de produto, agitador interno e quebra-ondas, com facilidade de limpeza e sem acúmulo de resíduos.
MEDIDAS DO EQUIPAMENTO
A bomba de pressão é italiana, da marca Comet, com três diafragmas de alta pressão e vazão de 51,3 litros por minuto, que permitem seu funcionamento até mesmo quando o reservatório de água estiver vazio, sem causar danos ao equipamento. Ela é resistente a produtos químicos, abrasivos e sulfato.
O Polvi Turbo 500 tem 1,30 metro de altura, 3,40 metros de comprimento e 1,30 metro de largura, podendo ser alterada para 1,10m. Ele pesa aproximadamente 1.175kg vazio e vem equipado com pneus e rodas aro 15”, com pneu tratorado e que também pode ser alterado para .M aro 14”, se o cliente necessitar.
A turbina é giratória, podendo aplicar em diferentes ângulos em 360 graus
Com tanque para 500 litros de calda, o pulverizador tem motor centralizado para equilibrar o peso
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colhedoras
Condução eficiente Estudo na colheita de soja mostra que a idade da colhedora não é um fator que influencia nas perdas, e que regulagem e manutenção da máquina, aliadas ao treinamento de operadores, melhoram a eficiência na produção
A
colheita mecanizada tem experimentado grande evolução tecnológica, sempre em busca de diminuir as perdas e causar menos danos aos grãos. A má regulagem das colhedoras leva o produtor a uma grande perda econômica. Com a evolução da tecnologia e o auxílio na regulagem das colhedoras a colheita mecanizada, no que diz respeito à manutenção, vem sendo aperfeiçoada, as perdas de grãos vêm reduzindo gradativamente, porém, perdas que ainda chegam a 10% da produção. A área de cultivo de soja, no país, na safra 2008/09, alcançou 21,7 milhões de hectares, 2,0% superior à colhida em 2007/08. Na região Centro-Oeste a área cresceu 265,3 mil hectares, passando de 9,63 mil hectares, para 9,90 mil hectares. A colheita é a etapa desempenhada no sistema de produção agrícola que retira o produto do campo, em tempo hábil, para que permita a mínima perda
quantitativa e o alcance do maior nível de qualidade. Alguns estudos realizados indicam que, 84,8% das perdas devem-se aos mecanismos da plataforma de corte, 12% aos mecanismos de trilha, separação e limpeza e 3,2% são as perdas antes da colheita. Na região de Gameleira de Goiás (GO), três propriedades rurais produtoras de soja foram analisadas durante os meses de abril e junho na safra 2008/2009, para verificar se as perdas ocorridas nestas propriedades se devem às cultivares utilizadas para o plantio, à rotação utilizada no sistema industrial da colhedora, à idade da colhedora ou ao tipo de cilindro trilhador. Na Tabela 1 são apresentados os modelos das colhedoras utilizadas para a coleta de dados deste trabalho. Para coleta de dados utilizou-se de uma armação de 1m², com o tamanho dos fios de nylon igual ao comprimento
da plataforma de corte da colhedora e largura variando de acordo com área, totalizando 1m², a qual foi colocada transversalmente às linhas de semeadura (Figura 1). Para a coleta das perdas naturais, foi escolhida uma área representativa, antes da passagem da colhedora e posicionando a armação no campo. Foram coletados grãos, plantas e vagens caídos na superfície do solo, os quais estavam abaixo da plataforma, não podendo ser recolhidos pela plataforma de corte da colhedora. Utilizaram-se três diferentes cultivares de soja para analisar as perdas naturais: Luziânia, Valiosa e Pionner 98R62. Determinaram-se as perdas na plataforma de corte parando-se a colhedora, depois de avançar em operação normal por aproximadamente 25m, para que a movimentação do molinete não influenciasse a coleta dos grãos. A plataforma foi levantada, desligando o molinete; a partir desse momento deu-se marcha ré na colhedora até a plataforma aproximar do rodado dianteiro, aproximadamente 4m a 5m. Após a passagem total da colhedora já estabilizada foi montada a armação de nylon, coletaram-se todos os grãos perdidos que se encontravam dentro da armação para determinação das perdas totais da colheita. Para obter as perdas John Deere
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Fotos Gracielly de Alcântara
da colhedora subtraíram-se das perdas totais da colheita as perdas naturais. As perdas do sistema industrial da colhedora (sistema de trilha e nos sistemas de separação e limpeza) foram obtidas pela Tabela 1 - Especificações das colhedoras analisadas Colhedora Máquina 1 Máquina 2 Máquina 3 Máquina 4 Máquina 5 Máquina 6 Máquina 7 Máquina 8
Marca
Ano de Idade fabricação (anos) John Deere 1550 2002 7 John Deere 1550 2008 1 New Holland TC 2004 5 John Deere 1550 2002 7 John Deere STS 9750 2006 3 SLC 6200 1986 23 John Deere 1550 2002 7 John Deere 1550 2002 7
Rotação (rpm) 600 650 750 780 900 1.000 1.050 1.100
Tabela 2 - Análise das perdas naturais (kg ha-1) para as diferentes cultivares avaliadas Cultivares Luziânia Valiosa Pionner 98R62
Médias 11,66 59,33 73,33
Tabela 3 - Médias das perdas na plataforma de corte, totais na colhedora e perdas totais da colheita em kg ha-1 Colhedora Máq.1 Máq.2 Máq.3 Máq.4 Máq.5 Máq.6 Máq.7 Máq.8 CV%
Perdas na Perdas totais plataforma de corte na colhedora 63,00 70,33 87,00 100,33 95,00 102,00 59,33 75,77 83,67 101,67 73,67 104,00 76,00 79,67 86,33 96,33 21,9 22,01
Perdas totais na colheita 129,67 159,33 161,00 148,33 175,00 116,00 152,67 169,67 11,7
Tabela 4 - Influência da faixa de rotação (rpm) nas perdas do sistema industrial da colhedora (kg ha-1) Rotação 600 – 750 750 – 900 1.000 – 1.150
Médias 8,89 14,78 17,34
Tabela 5 - Influência do cilindro trilhador na perda da colhedora (kg ha-1) Colhedora Axial Radial
Médias 7,33 14,05
Idade das colhedoras influenciou pouco nas perdas finais da colheita, diferença que ficou mais acentuada relacionada a itens como regulagens e operação
diferença entre as perdas totais, as perdas na plataforma e perdas naturais. A cultivar que apresentou as menores perdas das três cultivares analisadas foi a Luziânia (Tabela 2). As maiores perdas naturais, ocorridas no campo antes da passagem da máquina, foram encontradas na cultivar Pionner 98R62. Isso pode ter ocorrido devido à ocorrência de chuvas no período de colheita, acarretando o acamamento das plantas, fazendo com que a plataforma de corte das colhedoras não conseguisse alcançar as partes baixas das plantas deixando vargens nas mesmas e no solo. Quando se comparam as Máquinas 5 e 6 (Tabela 3), observa-se que a idade das mesmas não é um fator que interfere nas perdas, pois as perdas totais da colhedora obtiveram valores bem próximos, trabalhando com rotações de 900rpm e 1.000rpm, respectivamente. As menores perdas da colhedora ocorreram para a Máquina 1, que tem sete anos de uso e trabalhou a uma rotação de 600rpm. Isto mostra que outros fatores, tais como eficiência do operador, má regulagem da colhedora, condições da lavoura e conservação da máquina, podem ter grande
influência sobre as perdas. Todos os valores de perdas na plataforma de corte foram bastante elevados, apresentando acima do limite aceitável para as perdas que é de 60kg/ha. As perdas na plataforma de corte apresentam quase a totalidade das perdas da colhedora durante o processo de colheita. Na Tabela 4 são apresentadas as perdas no sistema industrial das colhedoras influenciadas pela faixa de rotação do cilindro trilhador, onde se observa que, à medida que aumenta essa rotação, as perdas no sistema industrial da colhedora também aumentam. Indicando que quando se realiza a regulagem de forma adequada, esta se torna um fator decisivo para a redução ou aumento das perdas. Analisando as perdas na colhedora quando relacionadas à rotação do cilindro, a colhedora que obteve menores perdas de grãos foi a Máquina 1, que trabalhou com uma menor rotação do cilindro, 600rpm. No entanto, a Máquina 6 obteve
Figura 1 - Armação para determinação das perdas no campo durante a operação de colheita
Interrupção do movimento da colhedora para posterior coleta das perdas na plataforma de corte
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Armação da estrutura para a coleta das perdas na plataforma de corte
Detalhe da área colhida e da coleta de soja caída antes da passagem da colhedora
maiores perdas de grãos, onde trabalhou com uma rotação de 1.000rpm. Observando a influência do cilindro trilhador na perda da colheita (Tabela 5), nota-se que o sistema radial apresentou as maiores perdas, sendo quase duas ve-
zes maior que a média das colhedoras de fluxo axial. As colhedoras de fluxo axial proporcionam menores perdas do que as de fluxo radial, pois possibilitam que a palha permaneça mais tempo dentro da máquina, melhorando a eficiência do sistema de trilha. É necessário conhecer as causas das perdas sejam elas físicas ou fisiológicas para preparar a máquina, devem-se realizar as regulagens na altura do corte, rotação do cilindro de trilha, abertura e extensão do côncavo, peneiras e registros de fluxo de ar do ventilador. Estas regulagens fazem com que as perdas possam ser minimizadas.
Gracielly de Alcântara e João Willker de Gouvêa avaliaram as perdas em oito diferentes colhedoras
CONCLUSÕES
Nas perdas totais da colheita, a idade da colhedora não é um fator que influencia, é evidente que não basta ter uma colhedora nova, o importante é manter boa regulagem e manutenção da máquina para melhorar a eficiência na produção. As perdas ocasionadas pela plataforma de corte nas colhedoras chegam a 56% das perdas totais. As perdas das colhedoras estão acima do limite aceitável de 60kg/ha. .M João Willker de Gouvêa, Gracielly Ribeiro de Alcântara, Elton Fialho dos Reis, Josué Gomes Delmond e Fernanda Martins Dias, UEG
MÁQUINAS EM NÚMEROS
VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2008 2009 2010
JAN 2,9 3,1 4,6
2010 SET B 6.081 5.942 139 5.015 4.883 132 67 60 7 161 161 0 369 369 0 469 469 0
OUT A 5.855 5.694 161 4.726 4.577 149 63 55 8 133 133 0 527 523 4 406 406 0
Unidades
FEV 4,0 3,6 5,3
MAR 4,3 4,1 6,6
ABR 4,5 3,9 6,0
2009
JAN-OUT C 59.880 59.194 686 49.945 49.359 586 703 645 58 1.516 1.516 0 3.521 3.489 32 4.195 4.185 10 MAI 4,7 4,0 6,4
JUN 5,1 4,2 6,1
OUT D 6.160 6.048 112 5.088 4.990 98 83 78 5 112 112 0 438 430 8 439 438 1 JUL 5,1 4,8 6,4
JAN-OUT E 44.520 42.978 1.542 37.052 35.876 1.176 510 408 102 1.384 1.384 0 2.571 2.465 106 3.003 2.845 158 AGO 5,1 5,1 6,5
SET 5,5 5,4 6,1
Variações percentuais A/D -5,0 -5,9 43,8 -7,1 -8,3 52,0 -24,1 -29,5 60,0 18,8 18,8 20,3 21,6 -50,0 -7,5 -7,3 0,0
A/B -3,7 -4,2 15,8 -5,8 -6,3 12,9 -6,0 -8,3 14,3 -17,4 -17,4 42,8 41,7 -13,4 -13,4 OUT 5,5 6,2 5,9
NOV 4,3 5,3
DEZ 3,7 5,5
C/E 34,5 37,7 -55,5 34,8 37,6 -50,2 37,8 58,1 -43,1 9,5 9,5 37,0 41,5 -69,8 39,7 47,1 -93,7 ANO 54,5 55,3 59,9
MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA Unidades
2010 SET B 6.081 5.015 155 147 785 1.521 990 1.258 159 369 40 210 23 86 10 161 67 469
OUT A 5.855 4.726 155 132 1.020 1.339 988 934 158 527 44 315 28 126 14 133 63 406
Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Agritech Lavrale Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)
2009
JAN-OUT C 59.880 49.945 1.635 1.065 7.295 15.141 10.946 11.954 1.909 3.521 430 1.406 449 1.097 139 1.516 703 4.195
OUT D 6.160 5.088 147 102 838 1.710 1.066 1.024 201 438 52 169 54 141 22 112 83 439
JAN-OUT E 44.520 37.052 1.283 528 5.539 11.521 8.907 7.489 1.785 2.571 346 978 360 807 80 1.384 510 3.003
Variações percentuais A/D -5,0 -7,1 5,4 29,4 21,7 -21,7 -7,3 -8,8 -21,4 20,3 -15,4 86,4 -48,1 -10,6 -36,4 18,8 -24,1 -7,5
A/B -3,7 -5,8 0,0 -10,2 29,9 -12,0 -0,2 -25,8 -0,6 42,8 10,0 50,0 21,7 46,5 40,0 -17,4 -6,0 -13,4
C/E 34,5 34,8 27,4 101,7 31,7 31,4 22,9 59,6 6,9 37,0 24,3 43,8 24,7 35,9 73,8 9,5 37,8 39,7
Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).
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PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2008 2009 2010
JAN 5,9 4,7 5,9
2010 SET B 8.244 6.662 216 190 658 518
OUT A 8.152 6.406 300 170 809 467 FEV 6,6 4,4 6,4
MAR 6,6 5,6 7,9
ABR 7,0 5,2 7,8
2009
JAN-OUT C 77.318 63.183 1.770 1.687 5.650 5.028 MAI 6,5 4,5 8,1
JUN 7,3 4,1 7,7
OUT D 7.009 5.831 105 151 402 520 JUL 7,6 5,6 8,5
JAN-OUT E 52.796 44.431 803 1.537 3.078 2.947 AGO 8,0 5,7 8,6
Novembro 2010 • www.revistacultivar.com.br
SET 8,0 6,1 8,2
Variações percentuais A/D 16,3 9,9 185,7 12,6 101,2 -10,2
A/B -1,1 -3,8 38,9 -10,5 22,9 -9,8 OUT 8,8 7,0 8,2
NOV 7,4 7,3
DEZ 5,4 6,2
C/E 46,4 42,2 120,4 9,8 83,6 70,6 ANO 85,0 66,2 77,3