Cultivar Máquinas • Edição Nº 103 • Ano IX - Dezembro 2010 / Janeiro 2011 • ISSN - 1676-0158
Nossa capa
John Deere 5078E e 5085E
Antecipamos os tratores JD 5078E e JD 5085E, que serão lançados pela John Deere em fevereiro de 2011, e mostramos o desempenho em campo dos novos modelos que foram projetados para atender pequenos e médios produtores
Destaques
Talhões inteligentes
Esforço maior
Estudo avalia potência necessária para tracionar plantadoras com diferentes tipos de sulcadores
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30
• Editor
Gilvan Quevedo
• Redação
Charles Echer Carolina Simões Silveira
• Circulação
C
Simone Lopes Ariani Baquini Luciane Mendes
Cultivar
• Expedição
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br
• Impressão:
Direção Newton Peter
Edson Krause
• Revisão
Aline Partzsch de Almeida
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
• Design Gráfico e Diagramação
• Comercial
Pedro Batistin Sedeli Feijó
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Índice
Saiba como otimizar o tráfego de máquinas nos talhões e eliminar manobras desnecessárias nas operações agrícolas
Cristiano Ceia
Capa: Montagem Cultivar
Matéria de capa
NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
• REDAÇÃO
• ASSINATURAS
• MARKETING
3028.2000 3028.2070
3028.2060 3028.2065
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Rodando por aí
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Tecnologia de aplicação
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Manutenção de semeadoras
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Talhões
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Ficha Técnica - Fankhauser
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Test Drive - John Deere 5078E e 5085E
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Avaliação de hastes sulcadoras
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Plantio de cana
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Ficha Técnica - Metalfor
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Utilitários agrícolas
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Ficha Técnica - Ceres
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Coluna Estatística Máquinas
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Assinatura anual (11 edições*): R$ 157,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
rodando por aí
Visita
A Semeato recebeu aproximadamente 40 alunos do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Sertão, para uma visita técnica à fábrica de implemtnos. O treinamento foi ministrado pelo engenheiro agrônomo Eduardo Copetti, gerente de Desenvolvimento de Mercado/Produto. A parceria, destaca Copetti, permite que a escola utilize as máquinas da Semeato, de forma que os alunos conheçam e trabalhem com tecnologia de ponta.
Novo trator
O coordenador do Programa Mais Alimentos, Francisco Hercilio Matos, visitou a fábrica da Tramontini, em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, onde homologou o novo trator da empresa disponível para financiamento pelo programa do MDA. O modelo terá 80cv, composto por 62% de componentes nacionais. O lançamento está previsto para dezembro de 2010.
Francisco Hercilio Matos (dir.)
Exposição
Prêmio
A série de tratores MF 7100 foi agraciada com o Prêmio Bornacini 2010, promovido pela Associação dos Profissionais em Design do Rio Grande do Sul (Apdesign). O prêmio foi entregue no dia 5 de novembro. O design do projeto foi desenvolvido pela Dom Design.
A SKF montou uma mini-exposição de produtos e serviços durante o anúncio oficial, em São Paulo, do lançamento do Client Needs Analysis - Lubricaton Management (CNA-LM), que oferece aos usuários melhorias nos processos de lubrificação de seus ativos. Hilário Sinkoc, gerente de engenharia, explicou o funcionamento e esclareceu dúvidas a respeito dos produtos e serviços expostos.
Mais Alimentos
A John Deere entregou as primeiras colheitadeiras 1175 comercializadas através do programa Mais Alimentos. Os irmãos Antonio, Roque Antonio e Maximino Cecconello, da localidade de São Pedro, no município de Sertão, e a família Londero, de Esquina Tuna, em Horizontina, receberam seus equipamentos em novembro. Os irmãos Cecconello receberam a colheitadeira da concessionária Verdes Pampas, de Passo Fundo, e os irmãos Ivanildo, Olavo e Andressa Londero fecharam negócio através da concessionária SLC Comercial, em Horizontina.
Costal SP
A JactoClean, empresa do Grupo Jacto, lançou o Pulverizador Costal SP para aplicações que não requeiram algum tipo de automação, como motores e tratores. Ele pode ser usado em aplicação de herbicidas, inseticidas e fungicidas na agricultura ou no controle de ervas daninhas em áreas urbanizadas. O equipamento tem versões nos volumes 12, 16 e 20 litros e utiliza componentes de aço, plástico e borracha em sua composição. O aço é utilizado nos componentes submetidos a grandes esforços; o plástico é aplicado onde se requer resistência química e ao mesmo tempo reduz o peso do equipamento; a borracha é utilizada nas vedações.
System 150
Cinquenta tratores
Durante a Expovale, realizada na cidade de Lajeado (RS), a Case IH entregou o 50º trator Farmall 80 comercializado pela Tratorpeças Mário através do programa Mais Alimentos. O produtor beneficiado foi Rodrigo Blume, do município de Teotônia, noroeste do Rio Grande do Sul. O marco no número de vendas pelo Programa foi alcançado em menos de seis meses pela concessionária gaúcha, que atua na região do Vale Taquari.
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A Valtra lançou parceria inédita com a Usina Santa Fé, de Nova Europa, São Paulo, que levará para o campo uma nova versão do Piloto Automático System 150. Essa nova versão do sistema tem capacidade para trabalhar nas condições do setor canavieiro, aumentando a capacidade operacional de plantio em até 20%, otimizando as linhas de cana e reduzindo o consumo de combustível, afirma Jak Torretta, diretor de Produtos da AGCO América do Sul. O projeto desenhado pela Valtra, ATS e Topcon teve início em 2009 com a pesquisa em diversos clientes com o objetivo de conhecer e mapear as reais necessidades do setor canavieiro.
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pulverizadores
Mira calibrada
A adoção de critérios técnicos bem definidos para a pulverização de defensivos é fundamental para evitar insucessos no controle fitossanitário, proporcionando menor retrabalho, acertos em tomadas de decisão e maior agilidade no manejo de pragas
E
entupimento excessivo dos bicos ou retenção do produto; e a inadequação do tamanho de gotas, potencializando as perdas por deriva e vazamentos (Ramos, 1997). É de extrema importância difundir as boas práticas de aplicação de produtos fitossanitários, o entendimento por parte dos profissionais envolvidos na atividade, apoiados por novas pesquisas capazes de auxiliar o agricultor a baixar seu custo de produção, bem como preservar o agroecossistema.
ALVO BIOLÓGICO
O alvo escolhido para ser atingido é chamado de alvo biológico, este pode ser um patógeno, um inseto ou uma planta invasora. É importante ressaltar que o produto que efetivamente controla a praga não é o aplicado, mas aquele que atinge o alvo (Ramos e Pio, 2000).
Cultivar
mbora a pulverização seja o principal método utilizado para controlar pragas e doenças em cultivos, essa tem sido realizada de maneira empírica. Conhecimentos básicos sobre pulverização são desconhecidos pela maioria dos agricultores, técnicos e responsáveis pela aplicação, consequentemente, há um controle ineficiente de pragas e patógenos, resultando em desperdícios significativos de produtos e de mão de obra, além de uma menor produtividade (Bettini et al, 2005). Dentre as causas mais comuns de perdas de produtos fitossanitários via pulverização podem ser citados: a vazão dos bicos da barra com diferenças superiores a 30%; a rotação inadequada do equipamento causando uma deficiência na agitação e na segregação de pós-molháveis; os filtros de malha inadequada, causando
Em uma pulverização há uma estreita relação, principalmente entre tamanho de gotas, temperatura, umidade relativa do ar e rajadas de ventos
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PONTAS DE PULVERIZAÇÃO
As pontas de pulverização são as responsáveis pela regulação da vazão, pelo tamanho da gota e pela forma do jato emitido. A escolha do tipo de ponta de pulverização, da vazão e da pressão de trabalho está diretamente ligada à eficácia da pulverização, sendo importante conhecer alguns conceitos básicos, como tipo de ponta, tamanho de gota, condições climáticas e localização do alvo biológico. As pontas de pulverização produzem diferentes tamanhos de gotas e órgãos normatizadores (Conselho Britânico de Proteção às Lavouras – BCPC e Associação Americana de Engenheiros Agrícolas – Asae) estabeleceram uma classificação em que essas são divididas em muito fina, fina, média, grossa e muito grossa. Para se obter sucesso na calibragem e, consequentemente, no controle do alvo é importante conhecer o tamanho das gotas. Dessa forma se torna indispensável o acesso às tabelas indicativas de pontas de pulverização, semelhantes à Tabela 1, que são fornecidas pelos fabricantes. A má seleção da ponta de pulverização e da classe de tamanho de gotas pode levar a perdas para o solo (endoderiva), como a ocasionada pelo escorrimento de gotas grandes, ou para áreas distantes pela ação do vento (exoderiva), como ocorre com gotas pequenas (Matthews, 1992). O tratamento fitossanitário em cultivos se torna mais eficaz e econômico quanto menor é a diferença entre o volume que sai na ponta de pulverização e o que atinge o alvo e pesquisas comprovam que gotas muito grandes
Fotos Paulo Cesar Bettini
Falta ou manutenção inadequada de pulverizadores resultando em más condições de uso do equipamento, como manômetro (esquerda), pontas e outros acessórios (direita)
e/ou muito pequenas têm baixa eficiência na penetração. As pulverizações no algodoeiro têm sido feitas sem o conhecimento de tamanhos de gotas comprovadamente adequadas levando a falhas de controle e a dúvidas quanto à eficácia de alguns produtos, o que evidencia a necessidade de trabalhos e, também, a capacitação de pessoas envolvidas no controle fitossanitário (Miranda e Bettini, 2006). Em decorrência dessa demanda, estudos estão sendo desenvolvidos, atualmente, por empresas como a Syngenta, juntamente com instituições de pesquisa.
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
Em uma pulverização há uma estreita relação, principalmente entre tamanho de gotas, temperatura, umidade relativa do ar e rajadas de ventos. Estudos comprovam a relação entre o tamanho de gotas e o seu “tempo de vida”, em função das condições climáticas no momento da aplicação. Para a agricultura os limites permitidos em pulverizações são no máximo 30ºC de temperatura e no mínimo 55% de umidade
relativa; mesmo assim, é preciso observar os riscos de perdas quando adotadas gotas finas em diferentes condições climáticas. Em condições de rajadas de vento crescentes, a partir de 10km/h, se faz necessário realizar um maior controle do tamanho de gotas ou até mesmo paralisar a aplicação.
CALIBRAÇÃO DO PULVERIZADOR
Antes da verificação da deposição de gotas é fundamental verificar a precisão do manômetro, certificando-se da pressão de trabalho, adequar a rotação do equipamento para evitar a segregação de pós molháveis, bem como a limpeza dos filtros, para que não haja bicos entupidos e ou consequentemente desgastes dos mesmos. Para efetuar-se a verificação do processo de deposição de gotas nos pontos-alvo em cultivos podem ser utilizados cartões sensíveis à água. As gotas quando atingem as superfícies tratadas, produzem manchas azuis contrastando com a coloração amarela original dos cartões e facilita a visualização. Caso não se tenha disponibilidade do cartão sensível à água é possível usar o papel comum, entretanto, é preciso adicionar um corante à calda. As avaliações serão feitas
nas próprias folhas e/ou em alvos previamente instalados. Há, também, a possibilidade do uso de traçantes fluorescentes, neste caso é preciso ter acesso a uma luz negra, que permitirá a verificação do depósito das gotas. Tais gotas serão visualizadas como manchas brilhantes. Após a definição do tipo de papel ou coletor a ser utilizado selecionam-se plantas, que melhor representam o talhão, e como a pulverização é feita de cima para baixo, os alvos de coleta devem ser distribuídos no mínimo em três regiões distintas representadas pelos terços superior, mediano e inferior. Pela proximidade do bico de pulverização com a região superior da planta, esta parte receberá maior quantidade de depósito. Quando se comparam as regiões-alvo com as demais, torna-se possível diagnosticar a real penetração das gotas. Uma vez que o tamanho de gota é influenciado pela vazão e pela pressão de trabalho, estas devem ser testadas em conjunto com várias velocidades de aplicação até atingir a cobertura de pulverização esperada. Normalmente, os herbicidas requerem cobertura em torno de 20 a 30 gotas/cm², os inseticidas entre 50 e 70
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John Deere
Tabela 1 - Classificação dos tamanhos de gotas e respectivas vazões, expressas em L.min-1, em bicos tipo leque plano (Spray Systems, 2003) XR Teejet XR11001 (100) XR110015 (100) XR11002 (50) XR11003 (50) XR11004 (50) XR11005 (50) XR11006 (50) XR11008 (50) Muito fina Grossa
Bar 1 0,22 0,34 0,46 0,68 0,91 1,14 1,37 1,82
1,5 0,27 0,42 0,56 0,84 1,12 1,40 1,67 2,23
2 0,31 0,48 0,64 0,97 1,29 1,61 1,93 2,58 Fina Muito Grossa
2,5 0,35 0,54 0,72 1,08 1,44 1,80 2,16 2,88
3,5 4 0,42 0,44 0,64 0,68 0,85 0,91 1,28 1,37 1,71 1,82 2,13 2,28 2,56 2,73 3,41 3,65 Média Extremamente Grossa 3 0,38 0,59 0,79 1,18 1,58 1,97 2,37 3,16
VAZÃO DO EQUIPAMENTO
Existem dois métodos para avaliar a vazão de pulverizadores, o método direto e o método indireto; neste capítulo será apresentado o método direto. É válido ressaltar que todo o sucesso da calibração e da regulagem depende da manutenção periódica e do bom funcionamento do pulverizador. Após essa condição é necessário observar a distribuição dos bicos, a pressão da bomba e a velocidade de aplicação. Em seguida, escolhe-se uma aceleração que atinja 540 rotações por minuto (rpm) na tomada de potência (TDP) e afere-se a pressão desejada, pulveriza-se e, durante um minuto, faz-se a coleta do líquido em uma proveta volumétrica. Posteriormente, compara-se se o volume obtido com aquele existente na tabela do bico escolhido, fornecida pelo fabricante.
APLICAÇÕES INCORRETAS
No estado de Goiás, foi colocada em dúvida a efetividade das doses de produtos fisiológicos usados para controlar o curuquerê (Alabama argillacea). Estava-se supondo que os insetos haviam adquirido resistência aos referidos produtos. Para constatar se realmente a praga estava resistente foram feitos vários ensaios em diversas instituições de pesquisa e concluiu-se que os produtos eram eficientes e que o fracasso no controle da praga pode estar relacionado com a tecnologia de aplicação (Miranda e Bet-
Jacto
gotas/cm², já para os fungicidas este valor fica entre 70 e 100 gotas/cm². A eficácia do controle fitossanitário está associada, principalmente, ao volume de calda aplicado. Desta forma, não basta apenas conhecer a dose do produto aplicado por hectare, é importante quantificar o que chega às partes da planta onde está o alvo a ser atingido. É indispensável entender que as folhas agem como um filtro, protegendo o alvo biológico e dificultando a penetração das gotas na cultura. Este filtro é variável com a arquitetura da planta, com a área foliar e estádio de desenvolvimento da cultura. Se imaginarmos o algodoeiro desde a emergência, passando pelos primeiros botões florais, primeiro capulho até o início da abertura de capulhos, temos grande variação do tamanho da planta, além do aumento do tamanho e do número de folhas (Bettini et al, 2005). Neste sentido, é necessário fazer-se diferentes tipos de calibragens ao longo do desenvolvimento da cultura, buscando melhor atingir o alvo e, assim, obter um melhor controle. O curuquerê do algodoeiro, por exemplo, é facilmente encontrado na folha e por toda
A eficácia do controle fitossanitário está associada, principalmente, ao volume de calda aplicado, sendo importante quantificar o que chega às partes da planta onde está o alvo a ser atingido
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Fotos Paulo Cesar Bettini
a planta, assim, é importante uma boa distribuição do produto por toda a planta, principalmente quando se utiliza produto de ação local (sem redistribuição na planta) (Miranda e Bettini, 2006). O mesmo conceito deve ser utilizado para as doenças, como a ramulária. Este patógeno surge inicialmente, no terço inferior da planta e o produto deve ser distribuído principalmente nessa porção da planta.
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Alvos de coleta de deposição de gotas distribuídas ao longo da planta de algodão
tini, 2006). Assim, os casos de insucessos no controle podem estar associados à calibragem deficiente de pulverizadores, dosagem incorreta, condições meteorológicas desfavoráveis e a aplicações feitas quando a densidade populacional da praga está elevada. Tais fracassos induzem o agricultor a fazer novas pulverizações, consequentemente o seu custo de produção é aumentado e, a longo prazo, pode haver o surgimento de organismospraga resistentes, como consequência da aplicação indiscriminada e incorreta de produtos fitossanitários. Deve-se, também, considerar a enorme habilidade que os alvos biológicos, como ácaros e insetos, se adaptam a diferentes agentes de controle. Tudo isso é um alerta para usar-se todo o conhecimento disponível de aplicação de produtos aliado ao momento da aplicação para atingir o alvo biológico e reduzir sua densidade populacional a um nível que não cause prejuízo ao produtor, seja de ordem econômica ou ambiental. .M Paulo Cesar Bettini, Syngenta
semeadoras
Manutenção que se paga
A
utilização de máquinas na execução das mais diversas operações agrícolas, dentro de uma propriedade rural visa, principalmente, a realização de tarefas de forma mais rápida e eficiente, permitindo aumento da capacidade individual de trabalho e produtividade. Com o mercado de máquinas agrícolas em fase de retomada, a tecnologia das mesmas, aliada a uma boa manutenção, irá ga-
Fotos Eduardo Copetti
Para que as semeadoras possam desempenhar seu papel de forma eficiente e com rapidez, é necessário que elas estejam em bom estado de conservação. Neste contexto, a realização de manutenção preventiva é a maneira mais eficaz de garantir melhor rendimento e o mínimo de paradas desnecessárias e gastos extras na hora do plantio
rantir que esse investimento possa representar o melhor aproveitamento das lavouras e, assim, uma lucratividade recompensadora. De acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nas últimas décadas, a produção de grãos cresceu mais significativamente que a área cultivada, o que evidencia os avanços tecnológicos que determinaram os aumentos nos rendimentos
médios das culturas. O processo de mecanização das lavouras é um dos responsáveis por esses índices da agricultura brasileira. As semeadoras e outros equipamentos cada vez mais específicos fazem parte da necessidade do produtor em garantir melhores resultados durante a colheita. No entanto, o uso de máquinas, em especial as semeadoras, preconiza a tomada de certos
A manutenção preventiva é uma forma de diminuir as chances dos problemas aparecerem, além de diminuir o desgaste das peças, aumentando a vida útil da máquina e reduzindo a probabilidade de que venham a ocorrer imprevistos no momento do plantio
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A lavagem da semeadora após o plantio é extremamente importante, pois ajuda a eliminar os resíduos de fertilizantes que irão provocar ferrugem durante o período em que a máquina estiver inativa. É um processo simples mas extremamente importante para aumentar a vida útil do equipamento
cuidados, principalmente com relação a sua correta manutenção e conservação. Fatores estes determinantes no melhor rendimento da máquina e que podem levar ao sucesso ou ao fracasso da lavoura. O tempo de uso de uma máquina vai depender muito da maneira como ela é utilizada e qual a aplicação no campo por ela desenvolvida. A questão da durabilidade das máquinas está relacionada ao programa de manutenção dispensada às mesmas durante a sua vida útil. Pode-se definir manutenção como as ações necessárias para que um determinado item seja conservado ou restaurado de modo a poder permanecer de acordo com uma condição específica (ABNT, 1971). Esta pode, ainda, ser dividida em manutenção preventiva e manutenção corretiva. Uma recomendação importante, quando se fala de manutenção, é evitar o acúmulo de pequenos defeitos ou problemas, os quais podem levar a uma maior danificação da máquina, com a consequente perda de tempo e aumento no dispêndio de recursos para efetuar os consertos. Quando se adquire uma máquina nova,
esta vem com um manual de instruções, onde se encontram esclarecidos todos os procedimentos e aspectos relacionados a sua correta manutenção. O ideal é lê-lo e seguir estas instruções. Muitas vezes, entretanto, não é dada a devida importância às informações ali contidas, sendo os manuais esquecidos ou simplesmente não lidos pelo operador ou responsável pelo maquinário. Caso não sejam observadas as recomendações constantes nos mesmos, poderão ocorrer problemas que podem levar à necessidade de consertos mais frequentes, com custos elevados.
MANUTENÇÃO PREVENTIVA
A manutenção preventiva é uma forma de se antecipar ao problema, ou seja, diminuir as chances dos problemas aparecerem. Dentre as vantagens de realizar esse tipo de manutenção, pode-se citar que diminui o desgaste das peças, aumentando a vida útil da máquina, além de reduzir a probabilidade de que venham a ocorrer imprevistos no momento do plantio, diminuindo a chance de ocorrer atrasos e, consequentemente, perdas de produtividade. A
falta de manutenção preventiva levará à maior necessidade de manutenção corretiva, e esta última normalmente tem um custo mais elevado por ser feita quando já há maior comprometimento de todo o sistema do maquinário. Ao final do plantio, a máquina deve ser lavada, verificando, consertando e substituindo, imediatamente, as peças que estiverem danificadas ou desgastadas. No caso das partes móveis, estas devem ser desmontadas, limpas e lubrificadas. Também é necessário verificar o estado dos rolamentos, eliminando-se folgas e substituindo as vedações que se encontrem desgastadas. Posteriormente, essas peças devem ser engraxadas e remontadas. Realizada a manutenção preventiva, o equipamento deve ser guardado em lugar seco, protegido do sol e da chuva, longe de fertilizantes e animais domésticos. Tomando-se os cuidados recomendados no Box, certamente os equipamentos apresentarão um adequado rendimento, executando as tarefas a que são destinados de forma eficiente. É mais racional e eficiente fazer uma manutenção preventiva, pois, assim, evita-se o acúmulo de
Fotos Eduardo Copetti
As gambiarras só servem para solucionar momentaneamente um problema que se agravará com o tempo
pequenos defeitos e também a necessidade de executar consertos demorados e de maior custo, justamente na época em que mais se precisa do equipamento. Uma adequada manutenção preventiva, ajustes corretos e um armazenamento apropriado após sua utilização, são fatores importantes que vão permitir às semeadoras trabalhar de maneira correta por um grande período de tempo, com um mínimo de gastos, evitando-se a ocorrência de contratempos durante seu uso.
MANUTENÇÃO CORRETIVA
A manutenção preventiva visa manter a máquina, sempre em condições ideais de utilização e conservação, a fim de que a mesma execute adequadamente suas tarefas. Porém, podem ocorrer imprevistos ocasionados por uso inadequado, danificação acidental, desgaste da máquina ou componente e/ou defeito de fabricação. A ocorrência destes fatos leva à execução da manutenção corretiva. Por isso deve-se estar preparado para quando estas falhas ocorrerem. É costume em muitas propriedades tentar improvisos quando aparece algum problema, deixando para depois o conserto ou então fazendo “gambiarras” com o intuito de tentar ganhar tempo ou economizar com peças e acessórios. Pode-se até ganhar tempo com isso, mais há maior comprometimento da qualidade do serviço e maiores chances de insucesso na safra, resultando em prejuízo. Portanto, falhas devem ser corrigidas imediatamente após terem ocorrido. Outro ponto importante é o treinamento de tratoristas e operadores, pois o bom funcio-
namento das máquinas depende de quem as está operando. Com relação a este tema, uma pesquisa realizada pela Unesp Jaboticabal em 2005 mostra um perfil de operadores de máquinas que deve ser considerado: - todos os operadores entrevistados começaram a trabalhar com máquinas sem nenhuma formação prévia; - 90% dos entrevistados têm vontade de fazer curso específico e mais aprofundado em operação e manutenção de máquinas agrícolas e 10% demonstraram não se interessar em fazer cursos, alegando estarem próximos do tempo de aposentadoria. - 60% dos entrevistados apresentam Ensino Fundamental completo, 30% possuíam as quatro primeiras séries do Ensino Fundamental e 10% haviam completado o Ensino Médio. As semeadoras necessitam de cuidados especiais para cumprirem adequadamente as
Um bom programa de manutenção preventiva é realizado com o objetivo de evitar que a semeadora seja lembrada somente alguns dias antes do período de semeadura
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suas funções, visto que seus mecanismos são bastante solicitados e encontram-se expostos a situações muito adversas. Portanto, é preferível sacrificar algumas horas do dia para fazer a manutenção a se arriscar à ocorrência de danos maiores, os quais vão proporcionar maior necessidade de tempo para saná-los, atrasando os trabalhos a serem executados, além de serem de custo mais elevado. Através da manutenção preventiva fazem-se inspeções, ajustes e eliminação de defeitos. São, portanto operações que devem ser realizadas periodicamente, algumas diariamente, outras em períodos de tempo mais espaçados. Dessa forma, para que as máquinas possam desempenhar seu papel de forma eficiente e com rapidez, devem estar em bom estado de conservação e, neste contexto, é de suma importância o papel da manutenção. As máquinas agrícolas apresentam alto custo para as proprie-
Após o final do período de plantio, as máquinas devem ser armazenadas em locais secos e protegidos
Semeato
Como realizar a manutenção preventiva
E
m linhas gerais, para realizar uma boa manutenção das semeadoras pode-se seguir o estabelecido abaixo: - fazer a lubrificação geral da máquina; - observar o estado, o alinhamento e a regulagem dos sulcadores, trocando-os quando necessário; - verificar os tubos condutores, principalmente quanto à ocorrência de entupimentos, substituí-los no caso de dades e determinam o sucesso da safra, por isso deve-se zelar por elas de forma contínua e planejada. Uma boa manutenção e a conservação aumentam a vida útil da máquina, diluindo seu custo ao longo dos anos, deixando-a sempre em boas condições de operação. Um bom programa de manutenção é realizado com o objetivo de evitar que a semeadora seja lembrada somente alguns dias antes do período de semeadura recomendado para as diferentes culturas, evitando a corrida contra o tempo, que obriga a fazer uma revisão às pressas, geralmente, com custos maiores e qualidade menor. Isto, muitas vezes, origina uma “torcida”
se encontrarem danificados; - observar o funcionamento geral dos mecanismos dosadores de sementes e fertilizantes; - verificar o funcionamento e a regulagem dos limitadores de profundidade e compactadores; - inspecionar o estado geral das transmissões e pneus; - evitar deixar os depósitos com sementes ou adubos. para que a chuva não venha, pois a máquina ainda não está pronta para trabalhar. É importante ressaltar que, com as corretas manutenção e armazenagem, a semeadora terá maior vida útil e alto valor de revenda. Explorar ao máximo a vida útil da semeadora corresponde a um ganho significativo sobre o valor investido em sua aquisição. Para que isto, de fato, ocorra, é preciso atender todas as recomendações de utilização e manutenção .M indicadas pelos fabricantes. Eduardo Copetti, Semeato S.A.
mecanização
Talhão inteligente O planejamento logístico das operações com máquinas agrícolas, aliado à sistematização da área, promove um ambiente ideal para a maximização do desempenho operacional, possibilitando eliminar manobras desnecessárias durante a operação
A
mecanização atualmente é parte essencial da atividade agrícola e representa um dos fatores mais dispendiosos ao produtor em função do alto custo de combustíveis, manutenção, depreciação etc. Esses custos podem chegar de 20% a 40% dos custos totais da produção, sendo necessário buscar o uso mais racional possível do maquinário tendo em vista sempre obter a maior eficiência possível nas operações realizadas no campo. Nessas condições a logística das operações envolvendo o maquinário se torna um fator fundamental para o aumento da
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eficiência operacional no campo, podendo tornar-se peça-chave para criação de vantagens competitivas que podem beneficiar desde pequenos produtores até grandes empresas.
TEMPO PERDIDO
Durante a realização das operações agrícolas, o maquinário não está constantemente realizando a atividade que lhe foi atribuída. Um dos motivos disto é a necessidade de se realizar desvios durante a operação, sendo estes provenientes de obstáculos no talhão ou de manobras de
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“cabeceira” ou de “final de talhão”. O tempo gasto nesses desvios e manobras pode gerar uma considerável perda de tempo, atrasando o trabalho, elevando o consumo energético e em alguns casos aumentando o número de máquinas necessárias para o término da operação agrícola no tempo planejado.
TALHÕES
O número de manobras de final de talhão está diretamente associado à geometria, ao tamanho, à orientação de trabalho no talhão e também ao maquinário agrícola utilizado. Quanto aos talhões, estes podem
Claas
atividade agrícola. Outro fator importante a ser considerado no talhão é a compactação no solo que o intenso tráfego de máquinas agrícolas pode causar em função do excessivo número de manobras e de “passadas” durante a operação agrícola. Altos índices de compactação do solo podem, por sua vez, comprometer o crescimento e a produtividade da cultura. Geralmente a falta de tempo, conhecimento e experiência no planejamento das atividades envolvendo máquinas agrícolas na cultura torna difícil a seleção de padrões de trabalho que previnam os fatores descritos.
Figura 1 - Geometria básica dos talhões
PLANEJAMENTO LOGÍSTICO
Adaptado de Mialhe, 1974
um ambiente onde poderão ser desenvolvidas com rendimento maximizado em termos de produtividade. Mas para isso deve ser realizada a sistematização da área, levando
Massey Ferguson
Na implantação ou reforma de culturas é importante analisar e planejar a logística que envolverá tanto as operações agrícolas quanto a logística da movimentação de máquinas no talhão, e realizar ações direcionadas à promoção e à facilitação das operações com maquinário. Através dessas ações, as operações agrícolas encontrarão
ser observados em diferentes formatos e tamanhos. Talhões que possuem formatos irregulares e pequenos exigem uma maior quantidade de manobras, enquanto talhões que apresentam formatos retangulares (ou próximos a este formato) e dimensões maiores apresentam maior rendimento. A orientação de trabalho ou do ciclo operativo escolhido para iniciar o trabalho no talhão também influi na quantidade de manobras e no desempenho operacional da
Manter o paralelismo da sulcação nos diversos talhões facilita as operações em toda a área. Em áreas planas é mais fácil manter as linhas retas
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Figura 2 - Ciclo de operação de campo unidirecional para preparo de solo
Adaptado de Mialhe, 1974
SISTEMATIZAÇÃO DA ÁREA
Na sistematização da área, serão realizadas as atividades de retiradas de paus, tocos, pedras, buracos ou qualquer material estranho que possa ocasionar qualquer parada ou manobra durante as operações; nivelamento de terrenos, onde o trânsito de máquinas possa estar inviabilizado; diminuir o desnível entre os carreadores e os talhões; conduzir um sistema de terraceamento adequado, sendo o objetivo principal desta tarefa diminuir o terraceamento e racionalizar a sulcagem da área, diminuindo ao máximo o número de manobras dos equipamentos, sem perder a segurança no controle de erosão.
GEOMETRIA DOS TALHÕES
Independentemente da região e da cultura são encontradas diversas disposições de talhões que segundo Mialhe, 1974 podem ser enquadrados em cinco modelos geométricos básicos: retangular (considerado o melhor para aumentar a eficiência de campo das máquinas agrícolas), triangular (considerado o pior, somente utilizado quando outro formato não é permitido), quadrado, trapezoidal e faixa sinuosa (para áreas que apresentam curvas de nível ou terraços). A Figura 1 apresenta a ilustração dos formatos de talhões.
Adaptado de Mialhe, 1974
média de operação e à redução das manobras de cabeceira ou de final de talhão.
CORREDORES E ESTRADAS
Para o dimensionamento eficiente da largura dos carreadores e estradas, é necessário possuir ou estimar o comprimento do maquinário agrícola que será utilizado. O planejamento das estradas é o primeiro a ser realizado, pois através dele é que serão definidos os formatos dos talhões e a posição da sulcagem.
PONTOS DE MANOBRA E TRANSFERÊNCIA DE CARGA
Devem ser definidos pontos de manobras e também áreas para a transferência de cargas no talhão. O planejamento dessas duas áreas protege as margens da cultura evitando perdas por área danificada, além de facilitar a locomoção e as manobras necessárias das máquinas no interior do talhão.
ESPAÇAMENTO DE PLANTIO
No planejamento do espaçamento de plantio, deve-se levar em consideração o maquinário agrícola que será utilizado nas
diferentes fases da cultura, e então selecionar um espaçamento que evite o pisoteio das linhas de plantio e consequentemente a compactação do solo nas linhas.
SULCAÇÃO
A planificação da sulcação é dependente em sua maior parte da declividade da área, do sistema conservacionista, do tipo de solo e do tipo de preparo do solo. Contudo, manter o paralelismo da sulcação nos diversos talhões facilita as operações em toda a área. Para facilitar a sulcação e aumentar o desempenho pode-se tirar proveito das seguintes situações: carreadores em nível – este sistema facilita o planejamento da sulcação, mas, em contrapartida, a área utilizada com carreadores é maior; estradas principais – com a construção de estradas retas, é possível planejar melhor a sulcação, utilizando-as como base para o início da sulcação; sulcação reta – em locais mais planos é possível planejar a sulcação reta e com isso ganhar na capacidade operacional.
CICLOS OPERATIVOS
O nome atribuído ao percurso sucessivo
Semeato
em consideração os seguintes fatores: geometria e tamanho dos talhões, largura e traçado de carreadores e estradas, pontos de manobra e de transferência de cargas, além de espaçamento do plantio, sulcagem e os ciclos operativos.
Figura 3 - Ciclo de operacional aberto para preparo de solo
TAMANHO DOS TALHÕES
Não existe um tamanho ideal de talhão, contudo, este deve possuir o maior comprimento possível levando em consideração a declividade do terreno, pois cada terraço deverá ter um carreador a seu nível. Quanto maior o tamanho do talhão maior será a eficiência operacional das máquinas agrícolas, isto se deve à estabilização da velocidade
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Geralmente a falta de tempo, de conhecimento e de experiência no planejamento das atividades envolvendo máquinas agrícolas na cultura, torna difícil a seleção de padrões de trabalho
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Cultivar
que as máquinas agrícolas executam no campo segundo uma orientação, é denominado ciclo operativo de campo (Mialhe, 1974). A Figura 2 mostra o exemplo do ciclo denominado ciclo unidirecional fechado. Este ciclo é caracterizado por iniciar as passadas nas regiões mais externas do talhão e a cada volta completa, a passada se aproxima do centro. O ciclo operacional aberto (Figura 3) não possui um sentido determinado e sua eficiência de percurso pode ser calculada através de uma equação (Mialhe, 1974) que considera as variáveis: tamanho do talhão, largura do talhão e largura de trabalho do implemento agrícola e número de passadas no talhão.
CONCLUSÃO
A geometria dos talhões, assim como todas as variáveis envolvidas e expostas nesse texto, possui influência significativa no tempo de duração, na eficiência operacional e na movimentação do maquinário nas operações agrícolas. Contudo, através de um correto planejamento logístico das operações com máquinas agrícolas, aliado à sistematização da área, que promove o ambiente ideal para a maximização do desempenho operacional,
é possível eliminar manobras desnecessárias durante a operação, assim como reduzir o tempo das manobras de “final de talhão” necessárias. Como consequência disso, é possível diminuir o consumo energético e o tempo de duração das operações agrícolas, aumentar a área produtiva em função da diminuição do comprimento total de carreadores e estradas e através da redução do
número de passadas e manobras, reduzir a compactação do solo causada pelo tráfego .M de máquinas no talhão. Fernando Henrique Campos Paulo Roberto Arbex Silva Kléber Pereira Lanças e Saulo Philipe Sebastião Guerra, FCA/Unesp/Botucatu
ficha técnica
Fankhauser 5046 Com possibilidade de configuração de nove a 17 linhas de plantio, a plantadora-adubadora 5046 da Fankhauser também pode ser configurada com diferentes tipos de distribuição de semente e kit de agricultura de precisão
D
iversos modelos compõem a linha 5000 de plantadoras-adubadoras Fankhauser. O modelo 5046 que abordaremos nesta ficha, segue a mesma linha das máquinas do modelo 5045, já conhecidas no mercado, projetadas para trabalharem em condições variadas de plantio. Este modelo tem uma variada gama
de largura e de linhas de trabalho, além de diversas opções de configurações de acessórios para adequarem-se às diferentes necessidades dos agricultores. É possível também unir duas máquinas em cabeçalho tandem com rodados articuladas ou cabeçalho cambão sem rodas articuladas (opcionalmente), aumentando ainda mais a autonomia de trabalho, sendo indicadas para médias e até grandes propriedades rurais. A 5046 tem chassi reforçado e tubo de engate da linha de adubo com dimensão maior, o que proporciona maior vida útil ao equipamento. Executa plantio direto e convencional de grãos graúdos como soja, milho, girassol, sorgo, algodão, amendoim, mamona entre outros. As regulagens podem ser realizadas sem a utilização de chaves
Detalhe do sistema de distribuição de sementes tipo discos horizontais, padrão neste modelo
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na maioria das operações. Ela apresenta sistemas dosadores de sementes tipo discos horizontais, que é o sistema padrão, e sistema pneumático a vácuo como opcional. Este modelo tem também como opcional o sistema de Agricultura de Precisão Fankhauser (APF) com aplicação de fertilizantes em taxa variável. No caso de o produtor optar por um sistema pneumático, é necessário que o trator possua fluxo contínuo de vazão de óleo (vazão superior a 40 litros por minuto). Mas, no caso de o trator não possuir fluxo contínuo ou o comando ser usado para outra operação,
Fotos Fankhauser
Turbina pneumática e visão geral da máquina com sistema de distribuição de sementes pneumático, que permite também a instalação de kit de agricultura de precisão
pode-se opcionalmente colocar um motor hidráulico na tomada de força do trator, do qual acompanhará reservatório individual de óleo na própria máquina. Para adubo e semente há a possibilidade de optar entre transmissão, conjunto troca rápida de engrenagens e taxa variável (sistema APF). Os reservatórios de sementes e adubo são confeccionados em polietileno
de alta resistência, para evitar a corrosão ocasionada por adubo e intempéries, e o sistema distribuidor de fertilizante é do tipo rosca sem-fim fertisystem. A 5046 possui um amplo acesso para o compartimento de carga de fertilizante através de escada e estribo. As linhas pantográficas largas copiam as ondulações do solo e têm grande movimentação vertical,
o espaçamento entre as linhas é regulável ao longo do chassi. Na distribuição da semente este modelo possui eixos sextavados retráteis (cardã) para garantir que a transmissão se mantenha em movimento constante na distribuição da semente. O distribuidor de semente é
Distribuidor de fertilizantes do tipo rosca sem-fim
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Fotos Fankhauser
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS 5046 11L ESPECIFICAÇÕES 5046 9L 5046 13L 5046 15L 5046 17L 810L.(+-615Kg) Capacidade Semente de Soja* 660L.(+-500Kg) 890L.(+-676Kg) 1.110L.(+-843Kg) 1.185L.(+-900Kg) Capacidade de Adubo* 1.670L.(+-1.920Kg) 1.947L.(+-2.240Kg) 2.320L.(+-2.668Kg) 2.590L.(+-2978Kg) 2.970L.(+-3.415Kg) 450mm Espaçamento Padrão 450mm 450mm 450mm 450mm 130cv Potência do Trator 105cv 150cv 180cv 200cv 8.00 – 18 (4) Pneus 8.00 – 18 (2) 8.00 – 18 (4) 8.00 – 18 (4) 8.00 – 18 (6) 4.500mm Largura de Trabalho 3.600mm 5.400mm 6.300mm 7.200mm 2.180mm Altura 2.180mm 2.180mm 2.180mm 2.180mm 5.763mm Largura total 4.700mm 6.500mm 7.715mm 8.400mm 4608Kg Peso vazia Aprox. 3906Kg 5210Kg 6621Kg 8480Kg * pode variar.
Monitor de plantio e motor hidráulico utilizado na versão com kit agricultura de precisão
mancalizado, o que proporciona maior vida útil ao sistema e consequentemente menor manutenção. Cada linha possui molas triplas para regulagens da profundidade e da pressão no braço do sulcador e tem boa altura para dar fluxo à palhada e melhor visualização entre linhas. O conjunto de ataque ao solo
é composto por disco de corte 20’’, sulcador para o adubo com ponta cambiável e diversas opções de regulagens de profundidade e disco duplo 14x15’’ defasado ou 13x15’’ desencontrado para a incorporação de sementes. Para a incorporação de adubo podem ser utilizados discos duplos defasados 18x20’’ como opcionais. Os discos de corte possuem regulagens especiais e podem ser colocados calços para aumentar a profundidade quando necessário. Os discos são de 20’’ que aperfeiçoam o trabalho na palhada, melhorando a ação do sulcador e, consequentemente, facilita o fluxo da palhada por todo este conjunto, evitando embuchamento. A profundidade de trabalho é mantida constante pela ação das rodas limitadoras articuladas. Duas rodas limitadoras trabalham de forma independente umas das outras, para proporcionar melhor uniformidade na distribuição e para manter a semente na mesma profundidade durante todo o plantio. As rodas compactadoras também são duas e independentes umas das outras, confeccionadas em ferro fundido, estes conjuntos não necessitam de qualquer tipo de chave para a realização das regulagens. Rodados internos ajustáveis facilitam a
ESPAÇAMENTO EM MILÍMETROS 450mm 500mm 700mm 750mm 800mm 900mm
5046 9L 9L 9L 6L 6L 6L 5L
5046 11L 11L 11L 8L 6L 6L 6L
5046 13L 13L 12L 9L 7L 7L
5046 15L 15L 14L 10L 9L 8L
troca de espaçamentos quando necessário, também em cada rodado há um cilindro independente que nivela a máquina de forma proporcional ao erguer e baixá-la nas posições de trabalho e transporte. Este modelo tem marcador de linha com acionamento hidráulico. .M
O distribuidor de sementes é mancalizado para diminuir a manutenção e aumentar a sua vida útil
Linha de ataque ao solo composta por discos de corte de 20”, que facilitam o trabalho do sulcador e aumentam o fluxo da palhada, evitando o embuchamento das linhas. Este modelo também possui opção de acoplamento de duas máquinas em cabeçalho tandem ou cambão
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5046 17L 17L 15L 11L 10L 9L
capa
JD 5078E e JD 5085E
Testamos os tratores JD 5078E e JD 5085E da John Deere, dois modelos que serão lançados em fevereiro de 2011, e avaliamos o desempenho dos motores quatro cilindros e as configurações que se encaixam na linha de financiamento para pequenos produtores
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epois do teste do novo John Deere 5075E, que substitui o tradicional modelo 5603, na penúltima edição, agora a John Deere apresenta, e nos proporciona avaliar, os novos modelos 5078E e 5085E, com 78cv e 85cv de potência, respectivamente. O modelo 5078E será oferecido dentro do programa Mais Alimentos. O lançamento oficial da linha 5E será no próximo Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), na
primeira quinzena de fevereiro, quando então estarão disponíveis, para venda, nos concessionários da marca. As inovações desses modelos iniciam com as tendências de design, versatilidade e conforto, características da nova série. De imediato, se pode perceber que as linhas agressivas se aproximam da imagem dos tratores da série 6000, dando ideia de robustez e aparentando maior tamanho. O novo capô diantei-
O trator 5078E que testamos estava equipado com sistema de AFS, com a função de barra de luz, utilizado para operações de plantio e de pulverização e aplicação de corretivos a lanço
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ro, basculante, recebeu duas saídas de ar, uma em cada lado, para melhorar a dissipação do calor gerado pelo motor. Destacam-se também os novos desenhos de para-lamas, mais largos e ajustáveis, de acordo com o tipo de pneu utilizado (R1 ou R2) e a presença dos estabilizadores laterais telescópicos nos braços do sistema hidráulico de três pontos, que substituem o tradicional sistema de correntes. Toda a série é equipada com tanques de combustível de 105 litros, que conferem uma boa autonomia de trabalho aos tratores desta série. O fabricante aposta na versatilidade destes produtos para alcançar um amplo
Fotos Charles Echer
Bombas hidráulicas diferentes: uma para a direção e outra para o levante hidráulico e controle remoto
mercado de pequenos, médios e grandes produtores, que os utilizarão desde o preparo do solo, semeadura e aplicação de defensivos até as tarefas de transporte, na propriedade rural. Estes dois modelos, de quatro cilindros, completam uma série que inicia com o 5075E, que é equipado com um motor de três cilindros. Como queríamos conhecer estes novos modelos em um teste prático, as equipes do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas da UFSM e da Cultivar Máquinas se deslocaram para o 4º Distrito de São Lourenço do Sul (RS), localidade de Colônia Santana, na área do produtor Lauro Berwald e da sua família, a senhora Márcia Berwald e o pequeno Marcelo Berwald, de cinco anos, que além de acompanhar o teste, mostrava intimidade com as máquinas. Este produtor rural
O trator 5085E vem equipado com motor da própria John Deere 4045T de quatro cilindros, com 4,5 litros de volume, turbo alimentado, capaz de desenvolver 85cv de potência
arrenda uma área de aproximadamente 70 hectares dentro de uma área maior, em torno de 300 hectares, com as culturas de milho, soja e arroz. A região atendida pelo concessionário Lidermaq é, caracteristicamente, de pequenos e médios produtores agrícolas, na sua maioria descendentes de alemães, que produzem arroz irrigado, nas áreas mais próximas ao
O posto conta com os comandos localizados nas laterais do assento, que possui apoio para os braços
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Fotos Charles Echer
A plataforma de operação é totalmente plana, coberta por um espesso tapete de borracha antiderrapante
município, e pecuária de corte e de leite. Nas áreas de menor porte predominam o milho, a batata e o fumo, além do cultivo de olerícolas e frutíferas, destinadas ao mercado regional. Berwald, natural da região, é cliente da marca, pois possui dois modelos, recentemente adquiridos com o auxílio do programa Mais Alimentos, um modelo 5303 e o outro 5603. Além do produtor, a nossa equipe recebeu o apoio do pessoal do departamento de Marketing da John Deere e da equipe do concessionário regional, Lidermaq Sistemas Mecanizados. Esta empresa, fundada em 1987, há 13 anos atua como concessionária autorizada John Deere e atualmente atende a 12 municípios na região. Sediada em Camaquã, possui filiais em São Lourenço do Sul e Sertão Santana. Está entre as principais revendas da marca e tem auxiliado a melhorar a interação com os
O torque máximo no motor que equipa o 5078E é de 267Nm a 1.600rpm, com reserva ao redor dos 17%. As velocidades mínimas e máximas à frente são 2,3km/h e 20,4km/h
clientes, oferecendo oportunidades para a apresentação dos produtos.
MOTOR
Os tratores 5078E e 5085E são equipados com o motor John Deere 4045 de quatro cilindros, com 4,5 litros de volume, na versão aspirada Powertech 4045D, com 78cv de potência, e turbo, 4045T, com 85cv de potência máxima, respectivamente. A rotação máxima do motor em ambos os modelos chega aos 2.400rpm. O torque máximo no motor que equipa o 5078E é de 267Nm a 1.600rpm, com reserva de torque ao redor dos 17%, enquanto que o 5085E pode alcançar até 314Nm de torque máximo a 1.500rpm, com uma reserva de torque um pouco maior, ao redor dos 26%. O sistema de injeção de combustível é comum para toda a série 5E, com bombas injetoras rotativas Delphi DP100.
TRANSMISSÃO E RODADOS
Ambos os modelos são equipados com transmissões Partyal Syncro, com um
As duas versões possuem estabilizadores laterais dos braços do levante hidráulico do tipo telescópico
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arranjo entre marchas e grupos muito bem escalonados, capaz de gerar nove velocidades à frente e três à ré. Destacase a sincronização da marcha à ré nesses modelos, que possibilita uma melhoria substancial na eficiência em manobras e torna os tratores desta família ainda mais versáteis, para aplicações atípicas, como manuseio de material com pá frontal. As velocidades mínimas e máximas à frente são, respectivamente, 2,3km/h e 20,4km/h, tanto para o 5078E quanto para o 5085E, a uma rotação do motor de 2.400 rotações por minuto, com os pneus utilizados no teste. Como opcional há uma transmissão com super-redução de velocidade (Creeper). Neste caso as velocidades mínimas ficam em 0,92km/h. Ambos os modelos vêm de fábrica, em sua configuração padrão, com tração dianteira auxiliar (TDA) da tradicional marca ZF. A versão 4x2, com tração simples, embora disponível, tem pouca procura. Do total de vendas da faixa apenas 3% do mercado é desta versão e nem sequer é requisito básico, exigido pelo programa
Ambos os modelos vêm de fábrica, em sua configuração padrão, com tração dianteira auxiliar (TDA) da tradicional marca ZF. No detalhe à direita, protetor que envolve o cardã da transmissão dianteira
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O comprimento total, nos dois modelos, com os pesos de lastragem frontal é de 4.000mm, com distância entre eixos que chega a 2.177mm. Os dois modelos são equipados com transmissões Partyal Syncro, com nove velocidades à frente e três à ré
Mais Alimentos. Os tratores testados são equipados com embreagem mecânica dupla, com acionamento independente da tomada de potência (TDP), o que facilita a atividade em tarefas onde é necessária a troca de marchas, sem que a TDP deixe de operar (encanteiramento com o uso de enxadas rotativas, por exemplo). Para os dois modelos, a tomada de potência atinge sua rotação padrão (540rpm) a 2.400rpm do motor, sendo que o 5078E conta ainda com a TDP econômica, bastante requisitada em trabalhos que não exijam a potência máxima do trator, onde a rotação padrão (540rpm) é atingida a 1.700rpm do motor. A TDP econômica não equipa os tratores modelo 5085E. Esta transmissão tem outra característica, que os assemelha aos tratores de maior porte da marca: a presença da posição parking na própria alavanca de marchas do trator, o que dispensa a presença da tradicional alavanca de freio de estacionamento, visto que este sistema promove o bloqueio direto da transmissão. Quanto aos rodados, os tratores testados estavam equipados com a opção padrão, bastante requisitada pelo mercado, com pneus traseiros 18.4-30 R1 e dianteiros 12.4-24 R1, com dez e seis
lonas, respectivamente. Todavia, a fábrica salienta que podem ser disponibilizadas mais seis opções de rodados traseiros e cinco opções para a dianteira.
A alavanca possui posição parking, que dispensa a presença da tradicional alavanca de freio
O novo capô recebeu duas saídas de ar para melhorar a dissipação do calor gerado pelo motor
SISTEMA HIDRÁULICO
Os tratores 5078E e 5085E apresentam um sistema hidráulico composto por duas bombas hidráulicas, onde uma delas se destina exclusivamente ao sistema de direção, com uma vazão de 26 litros por minuto, enquanto a outra é responsável pelo sistema de levante hidráulico e controle remoto. Esse sistema confere a capacidade máxima de levante de 2.670kgf, e que graças ao aumento da pressão da bomba hidráulica, proporciona uma vazão de 43 litros por minuto, tornando o sistema capaz de reagir ao acionamento com muita agilidade e rapidez. Outro destaque fica por conta da presença de duas saídas VCRs de série, na versão standard, o que facilita o acoplamento de implementos com mais de uma função, como semeadoras equipadas com marcadores de linha de acionamento hidráulico. Da mesma forma, o sistema de duplo VCR e a aptidão desses tratores à instalação de pás carregadeiras frontais auxiliam nas operações comumente realizadas em pequenas e médias propriedades rurais.
Considerado como uma vantagem, o óleo lubrificante da transmissão é o mesmo utilizado no sistema hidráulico. Como já mencionamos, os estabilizadores laterais dos braços do levante hidráulico do tipo telescópico dispõem de um pino de ajuste da posição, que permite o fácil acoplamento de máquinas e implementos aos braços do sistema de levante hidráulico com um mínimo esforço. Ainda em comparação com os sistemas que utilizam correntes e rosca sem-fim, o sistema telescópico elimina contratempos, como nos casos em que possa ocorrer o travamento do sistema.
DIMENSÕES GERAIS
O comprimento total, nos dois modelos, com os pesos de lastragem frontal é de 4.000mm, com distância entre eixos que chega a 2.177mm. A altura total é ligeiramente maior nas versões 4x4, chegando a 2.560mm, com pneus standard. Os ajustes de bitola proporcionam uma variação, entre mínima e máxima, de 1.545mm a 1.678mm, respectivamente, nos tratores 4x2, e de 1.345mm a 1.958mm nas versões 4x4 equipadas com pneus standard. Para a lastragem metálica frontal dos tratores pode-se usar até seis pesos de 50kg cada,
Contrapesos da roda traseira têm pequenos encaixes que possibilitam melhor contato e aprisionamento
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Fotos Charles Echer
TESTES REALIZADOS
A linha 5E ganhou design diferenciado, seguindo uma tendência mundial da marca
Capô dianteiro ganhou novas linhas que facilitam a visualização de diversos componentes do motor
fixados em um suporte que pesa 46kg. Já nas rodas traseiras, tem-se a disponibilidade de até quatro discos metálicos de 55kg e dois pesos de 38,5kg. Os pesos utilizados nas rodas traseiras possuem pequenos encaixes que possibilitam melhor contato e aprisionamento destes pesos durante o manuseio, diminuindo os riscos e os esforços inerentes à tarefa de fixação e montagem dos pesos nas rodas do trator.
segurança, os tratores da série 5E apresentam, na sua versão standard, estrutura de proteção contra capotamento (EPCC) apoiada em dois pontos do chassi, certificada pelo fabricante. Na mesma linha, todos os tratores desta marca atendem a todas as determinações da Normativa Regulamentadora 31 (NR 31) no Ministério do Trabalho e Emprego, seguindo a tendência da ampla maioria dos tratores atualmente fabricados no País.
POSTO DE OPERAÇÃO E SEGURANÇA
A ergonomia e a segurança sempre mereceram atenção nos projetos de tratores desta marca. Desta vez, o destaque dos tratores 5078E e 5085E ficou com a plataforma de operação, totalmente plana, coberta por um espesso tapete de borracha antiderrapante, conferindo maior segurança e conforto ao operador. Somam-se a isto a excelente visibilidade e a facilidade de acesso da maior parte dos comandos de operação presentes em ambos os tratores. O assento é bastante confortável, com apoios para os braços em ambos os lados, apresentando também grande facilidade de ajuste de altura e distância em relação ao volante, se adaptando facilmente aos mais variados perfis de operadores. Quanto às luzes de trabalho, são duas dianteiras e duas traseiras. As alavancas para a seleção de marchas e grupos, além de outras alavancas de acionamento das principais funções destas máquinas, estão distribuídas nos lados direito e esquerdo do assento, outra grande vantagem em relação à maior parte dos tratores, com posto de operação acavalado. No entanto, a posição do acelerador de pé poderia ser melhorada. Em relação ao acesso, esses tratores são equipados com escadas de dois degraus, largos e bem distribuídos, que, somados à presença de amplos pega-mãos, proporcionam segurança com mínimo esforço para qualquer perfil de operador que deseje acessar o posto de operação. Com respeito aos fatores relacionados à
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Antes mesmo de iniciarmos os testes de desempenho em tração dos novos tratores da série 5E tivemos uma pequena demonstração da praticidade e eficiência da marcha à ré sincronizada, que como anteriormente mencionado, proporciona uma boa economia de tempo em manobras, aumentando a eficiência de trabalho. Para os procedimentos de teste em campo dispúnhamos de dois implementos: um escarificador marca Busse de sete hastes e uma grade niveladora marca Baldan, modelo SPR de 42 discos, acopladas aos tratores 5085E e 5078E, respectivamente. Iniciamos os testes com o 5085E e o escarificador de sete hastes. Aparentemente este implemento é ligeiramente superdimensionado em relação à potência do trator, porém não pudemos verificar esta condição, pois o solo estava demasiadamente seco e compactado pelo pastejo de gado na área. Mesmo assim, fizemos um trabalho mais superficial com o tra-
As duas versões serão lançadas oficialmente no Show Rural de Cascavel (PR) em fevereiro de 2011. O modelo 5078E poderá ser adquirido pela linha de crédito do programa Mais Alimentos
tor trabalhando em segunda marcha no grupo B, a um regime que variava entre 2.000rpm e 2.400rpm do motor. A outra avaliação foi realizada com o trator 5078E e a grade niveladora, com abertura entre as seções próxima da máxima, trabalhando em terceira marcha do
grupo B sobre a parcela de solo recémescarificada. Em regimes que variaram entre 2.000rpm e 2.400rpm do motor o desempenho do conjunto foi bastante satisfatório, não apresentando qualquer dificuldade de tração, e retomadas extremamente rápidas após reduções da rotação do motor. Neste trator também tivemos uma oportunidade de avaliar o funcionamento de um componente do Sistema AFS, talvez o mais básico, que é a Barra de Luzes John Deere. O implemento que utilizamos não favorecia a correta configuração do sistema, pois era uma grade excêntrica, no entanto, foi bastante satisfatório o uso e muito simples de entender o seu funcionamento e configurá-lo. O sistema é formado por um receptor de sinais de satélite (GPS), alguns cabos e uma interface (display) para visualização. Há duas versões de receptores que são o SF ITC, com erro médio de 10cm, e o SF 300®, com erro médio em torno de 25cm. Para utilizá-los é necessário apenas marcar dois pontos (A e B) nas extremidades do talhão e um terceiro ponto (C), após a manobra de cabeceira, que se
refere à largura entre a passada atual e a próxima. A partir daí, a orientação se dá por um sistema de Leds, vermelhos e verdes, onde cada luz vermelha corresponde a 10cm fora da linha traçada, com um erro médio de posicionamento em torno de 25cm no sistema SF300®. Os principais usos da barra de luzes são nas operações de preparo de solo, aplicação de corretivos a lanço e principalmente pulverização, evitando sobreposições e falhas entre as passadas. Na parte final dos testes, determinamos o raio de giro dos tratores, com a TDA acionada, apresentando valores de 10,80 metros, sem o auxílio do freio em manobra, e de 8,50 metros, utilizando o recurso de frenagem da roda interna. Da mesma forma, fizemos uma rápida determinação do avanço cinemático das rodas dianteiras em relação às traseiras devido ao acionamento da TDA, constatando que os valores não superaram o que se preconiza pela fábrica (máximo de 5%). Em suma, foi possível constatar o excelente desempenho dos novos tratores 5078E e 5085E, destacando-se, sobretudo, o conforto e a segurança, a capacidade de resposta às sobrecargas e a servicibilidade, tanto no acesso aos principais pontos de manutenção quanto no acoplamento de implementos ao sistema de levante hidráulico. A versatilidade destes modelos de menor porte da família 5E, com certeza é um diferencial para consumidores que preferem máquinas que aliem o bom desempenho operacional a um menor consumo de combustível, sem deixar de lado o bem-estar no desem.M penho de suas atividades diárias. José Fernando Schlosser, Gustavo Heller Nietiedt e Pablo Silva Ferrer, Nema - UFSM
O teste foi realizado na localidade de Colônia Santana, município de São Lourenço do Sul (RS), e teve o apoio da Concessionária Lidermaq, além de profissionais da fábrica da John Deere
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semeadoras Case IH
Esforço maior Em áreas de integração lavoura/pecuária ou onde o tráfego de máquinas é muito intenso, os cuidados na hora de realizar o plantio direto devem ser maiores, pois haverá a necessidade de aumentar a profundidade das hastes sulcadoras, o que implicará consequentemente no aumento da capacidade de tração do trator
A
consolidação do sistema de semeadura direta traz grandes benefícios ao meio ambiente e, também, é notável a redução dos custos de produção por não serem necessárias operações como aração, subsolagem, escarificação e gradagem. Porém, nesse sistema se têm muitos problemas relacionados à compactação das camadas superficiais em função do tráfego de máquinas e da consorciação lavoura-pecuária. Em áreas onde se realiza a integração lavoura-pecuária, a tensão da pisada dos bovinos sobre o solo gera alterações na compactação do solo até cerca de 180mm de profundidade, dependendo do tipo de solo e da umidade. Por isso, deve-se ter cuidado para que, nesse tipo de exploração agrícola, não se cometa o erro do pastejo com o solo apresentando umidade alta. Da mesma forma, ao trafegar com trator sobre o solo que apresenta umidade elevada, pode ocasionar um aumento na compactação do mesmo. Esta compactação será maior
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à medida que se aumenta o peso do trator e se diminui a área de contato dos pneus com o solo. Esta área de contato pode ser maximizada se evitada a utilização de pressões de insuflação demasiadas nos pneus. Já a carga sobre os rodados pode ser ajustada com a utilização de menor quantidade de lastros, sejam eles metálicos nas rodas, ou água dentro dos pneus de acordo com a atividade a ser realizada. A utilização de escarificadores e subsola-
A semeadora utilizada no experimento foi uma John Deere RT907 com mecanismo dosador pneumático a vácuo
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dores para a descompactação do solo é uma prática utilizada há muito tempo. Com o avanço da utilização do sistema de plantio direto se buscam alternativas para a menor mobilização do solo e simultaneamente o rompimento das camadas superficiais compactadas, típicas do sistema de Semeadura Direta, utilizando hastes sulcadoras. A abertura de sulcos para deposição de fertilizante através de hastes sulcadoras, atuando em maiores profundidades, aumenta as exigências de força de tração, o consumo de combustível e o índice de patinagem, em relação ao sistema de abertura de sulcos do tipo disco duplo. Porém, se tem um ganho considerável no rompimento das camadas de solo com maior resistência à penetração, proporcionando um ambiente mais favorável ao desenvolvimento do sistema radicular em profundidade das plantas. Isso resulta em maior volume de solo explorado pelo sistema radicular, garantindo maior quantidade de água e de nutrientes, principalmente em períodos de estiagens.
Fotos Marcos Palma
Figura 1 - Representação das profundidades de trabalho da haste sulcadora
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o consumo de combustível, a força de tração, o índice de patinagem, a potência na barra de tração, o consumo específico de combustível e a capacidade de campo teórica de um trator agrícola, desenvolvendo a tração de uma semeadora-adubadora equipada com hastes sulcadoras destinadas à semeadura direta de milho em solos compactados pela integração lavoura-pecuária. A pesquisa foi desenvolvida na Universidade Federal de Lavras (Ufla), situada no município de Lavras (MG). A localização geográfica da área experimental foi definida entre as coordenadas 21013’50’’ latitude Sul e 44057’52’’ longitude Oeste a uma altitude de 943 metros. Nessa região, o clima se caracteriza por temperatura média anual de 19,40C e precipitação total anual média de 1.530mm concentrada, principalmente, no período de outubro a março (clima classificado como Cwa, que é o clima temperado úmido com inverno seco e verão quente). De acordo com o Departamento de Solos da Universidade Federal Lavras, o solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico típico argiloso (LVdf), em que os resultados da análise granulométrica na camada de 0-300mm apresentaram os valores médios de 0,16, 0,18 e 0,66kg kg-1 para areia, silte e argila, respectivamente, sendo classificado como de textura muito argilosa. Na caracterização da compactação do solo, utilizou-se um penetrômetro eletrônico em que as medidas foram observadas até 550mm de profundidade. O teor de água do solo foi obtido através de amostras na camada de 0 a 150mm e de 150 a 300mm, as quais permaneceram em estufa com circulação forçada de ar a uma temperatura de 1050C por um período de 24 horas.
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A área, em que foram realizados os ensaios, inicialmente foi explorada por seis anos com o cultivo convencional de milho, sendo utilizados em alguns anos grade aradora e, em outros, arados de discos para o preparo primário do solo. Após, foi implantada a pastagem de braquiária que permaneceu por mais oito anos com lotação média de dois animais por hectare. Ao passar 14 anos de exploração do solo foi implantado o experimento, onde se realizou uma dessecação, utilizando a dose de 1,920kg de glifosato por hectare, conforme a indicação do fabricante para a dessecação da braquiária. A área experimental apresentou 6.358kg de matéria seca por hectare, resultante da pesagem de amostras da parte aérea da pastagem presente após a retirada dos animais da área.
No ensaio se utilizou uma área de 5.000m2, onde foram demarcadas 12 parcelas subdivididas em três blocos, caracterizando um delineamento experimental de blocos casualisados. As parcelas tiveram um comprimento de dez metros por sete metros de largura, sendo que a semeadura foi realizada em dois sentidos, visto que foram semeadas oito linhas espaçadas em 700mm. Esta forma proporcionou maior número de dados, onde foi observada sua uniformidade em ambos os sentidos de semeadura, garantindo maior confiabilidade nos resultados obtidos. Como fonte de tração foi utilizado um trator com tração dianteira auxiliar (TDA) equipado com um motor turboalimentado com quatro cilindros, resultando numa cilindrada de 4.400cm3. Tal motor apresenta uma potência máxima de 65,62kW (88cv) a 2.300 rotações por minuto (ISO/NBR 1585). No desenvolvimento dos ensaios utilizaram-se 2.000 rotações por minuto em segunda marcha reduzida. No trator, foram utilizados pneus traseiros 18.4-30R1 e dianteiros 12.4-24R1, com pressão de inflação de 138kPa (20 psi) e 125kPa (18 psi), respectivamente. Para lastragem foram utilizados três pesos de 65kgf cada roda traseira e seis pesos de 35kgf na parte dianteira do trator. Nas rodas traseiras foi utilizada água, ocupando 75% do volume interno, sendo o restante completado com ar. Para a melhor caracterização do trator realizou-se uma pesagem, que resultou em 43,64kN (4.450kgf) distribuídos 62% no eixo traseiro e 38% no eixo dianteiro. Na semeadura do milho foi utilizada uma semeadora-adubadora de precisão John Deere RT907 com mecanismo dosador
Figura 2 - Acoplamento da haste sulcadora (esquerda); regulagem de pressão da mola (direita)
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Tabela 1 – Consumo de combustível (L h-1), força de tração (kN) e índice de patinagem (%) em relação às diferentes profundidades Tratamentos 100mm 150mm 200mm 250mm Média Geral CV (%)
Consumo 10,75 c 11,55 b 11,47 b 12,20 a 11,49 0,86
Força de Tração 19,19 d 31,08 b 29,57 c 33,60 a 28,36 0,780
Índice de Patinagem 10,41 d 25,29 b 19,81 c 38,21 a 23,43 10,23
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi plicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade
Tabela 2 – Potência na barra de tração (kW), consumo específico de combustível (g kW h-1) e capacidade de campo teórica (ha h-1) Potência na Consumo específico Capacidade de barra de tração de combustível campo teórica 449 a 100mm 20,57 b 1,07 a 338 c 150mm 29,35 a 0,94 c 337 c 200mm 29,21 a 0,99 b 364 b 250mm 28,78 a 0,86 d 372 Média Geral 26,98 0,97 2,02 CV (%) 1,86 1,11
Tratamentos
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi plicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade
pneumático a vácuo de distribuição de sementes. Para a distribuição do fertilizante a semeadora possui mecanismo de rosca semfim. Buscando maior representatividade no processo de semeadura foram realizados os testes com os reservatórios, tanto de sementes como de fertilizantes, com 50% de sua capacidade máxima. Destaca-se que os quatro módulos de semeadura, espaçados a 700mm, estavam equipados com sulcador tipo disco corta-palha, trabalhando a uma profundidade de 50mm no solo. De acordo com os tratamentos, as hastes sulcadoras trabalharam nas seguintes
profundidades: Tratamento 1 – 100mm; Tratamento 2 - 150mm; Tratamento 3 200mm; Tratamento 4 - 250mm (Figura 1). A alteração desse parâmetro de trabalho foi possível devido à regulagem de furos existente no acoplamento da haste na semeadora e a alterações na pressão da mola. Para a incorporação da semente a semeadora-adubadora estava dotada de disco duplo defasado com rodas reguladoras de profundidade nas suas laterais. As alterações nas profundidades de trabalho da haste sulcadora foram possíveis devido à regulagem de furos existente no acoplamento da haste na semeadora (Figura 2A) e a alterações na pressão da mola (Figura 2B). A quantificação da força na barra de tração foi obtida com o auxílio de uma célula de carga, marca que ficou posicionada entre a barra de tração do trator e o engate do cabeçalho da semeadora-adubadora. Os dados relativos à força de tração foram enviados a um sistema de aquisição de dados composto por um condicionador de sinais e um notebook. Para a análise do consumo de combustível do trator foi instalado um fluxômetro eletromecânico conectado a um processador de fluxo digital que expressa o consumo em tempo real num display digital.
RESULTADOS DO ENSAIO
Observa-se na Figura 3 que os dados relativos à resistência mecânica do solo à penetração, caracterizaram um solo sob pastejo animal, sendo que os maiores picos (2.480Mpa) da resistência à penetração ocorreram nas camadas até 150mm de profundidade. Assim, destaca-se que nos tratamentos 3 e 4 (200mm e 250mm) as hastes sulcadoras romperam a camada que oferece maior limitação no desenvolvimento
Figura 3 – Representação gráfica da resistência média à penetração do solo
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do sistema radicular da cultura do milho. O solo da área experimental apresentou umidade gravimétrica média, no momento da semeadura, de 0,3684kg/kg com desvio padrão de 2,50% entre as amostras coletadas em duas profundidades (0-150mm e 150300mm) em cada unidade experimental, não diferenciando-se, estatisticamente, os valores de uma camada em relação a outra. Analisando os dados da Tabela 1, observa-se que o consumo horário de combustível foi menor quando a haste sulcadora trabalhou na profundidade de 100mm. À medida que se teve o aumento na profundidade da haste verifica-se que as profundidades 150mm e 200mm não apresentaram diferenças estatísticas, aumentando o consumo em 7,45% e 6,68%, respectivamente, em relação a profundidade de 100mm. Já na maior profundidade houve maior consumo com acréscimo de 13,52% quando comparada com a profundidade anterior de 200mm. Destaca-se que o consumo do trator sem a aplicação de nenhum tipo de carga a 2.000 rotações por minuto foi de 9,32L/h. A força de tração, conforme apresentado na Tabela 1, teve variação estatística em todas as profundidades, sendo que a menor demanda de força foi observada na menor profundidade. Já a profundidade de 150mm mostra um acréscimo na força de tração de 61,90% em relação ao Tratamento 1. No entanto, quando a haste sulcadora trabalhou na profundidade de 200mm se teve um decréscimo na demanda de força de 4,84% em relação ao Tratamento 2. Isso pode ser explicado na Figura 1, em que se observa maior resistência mecânica do solo à penetração até os 150mm de profundidade, onde a ponteira da haste sulcadora encontra maior resistência de ruptura do solo. À medida que a haste trabalhou abaixo dessa
Figura 4 – Linha de tendência logarítma entre o índice de patinagem e a força de tração
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Divulgação
Baldan
Marcos Palma foi um dos pesquisadores envolvidos no experimento com hastes sulcadoras
camada mais compactada, embora com maior área de contato ferramenta-solo, a geometria da haste (ângulo de ataque) pode ter colaborado para essa menor demanda na força de tração. Na maior profundidade de trabalho da haste sulcadora (Tratamento 4) obteve-se um aumento de 13,62% na demanda de força de tração em relação à profundidade de 200mm. A patinagem das rodas motrizes do trator variou com as diferentes profundidades de atuação dos sulcadores da semeadora, conforme pode ser verificado na Tabela 1. Na condição profundidade de 200mm pode-se observar uma diminuição do índice de patinagem e força na barra de tração com relação à profundidade de 150mm, o que é explicado pela diminuição da resistência mecânica do solo à penetração nesta camada. Porém, na condição em que a haste sulcadora atuou a 250mm de profundidade houve um novo acréscimo na patinagem, o que resultou num aumento da força na barra de tração e no consumo de combustível. Na Tabela 2, observa-se que a demanda de potência na barra de tração foi menor para a profundidade de 100mm em relação às demais profundidades que, por sua vez, não diferiram entre si. O consumo específico de combustível apresentou-se igual nas profundidades de 150mm e 200mm, tendo o maior consumo específico na menor pro-
A abertura de sulcos através de hastes sulcadoras exige mais força de tração do que discos duplos
fundidade, seguido pela maior profundidade da haste sulcadora. A maior capacidade de campo teórica ocorreu para a profundidade de 100mm, enquanto que a menor foi para a profundidade de 250mm. Comparando-se as profundidades de 150mm e 200mm houve uma redução na capacidade de campo teórica para a profundidade de 150mm, provavelmente devido à maior reistência mecânica do solo à penetração dessa camada. Na Figura 4, observa-se que a potência na barra de tração tende a aumentar conforme a patinagem até atingir um nível máximo de potência na barra, a qual posteriormente diminui com o aumento da patinagem.
CONCLUSÕES
Em solos compactados pelo pisoteio dos bovinos, o aumento da profundidade de trabalho das hastes sulcadoras resulta em acréscimo na força de tração da semeadora-adubadora e, no trator agrícola, ocorre aumento do índice de patinagem e do consumo de combustível. A força de tração
e o índice de patinagem diminuem quando as ponteiras das hastes sulcadoras atuam ligeiramente abaixo (50mm) das camadas superficiais de solo com maior resistência mecânica à penetração. Portanto, na integração lavoura-pecuária é importante o conhecimento da resistência mecânica do solo à penetração, para a correta regulagem da profundidade de trabalho das hastes sulcadoras logo abaixo das camadas mais resistentes do solo, a fim de otimizar a operação do conjunto trator-semeadora e proporcionar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento do sistema radicular da cultura do milho. .M Marcos A. Z. Palma, Carlos E. S.Volpato, Jackson A. Barbosa, Roger T. Spagnolo e Felipe G. L. Martins, Ufla Rodrigo A. Nunes, UFPel
plantadoras Valtra
Sulcos avaliados Controle da da qualidade qualidade do do plantio plantio mecanizado mecanizado da da cana-decana-deControle açúcar mostra mostra quais quais os os principais principais problemas problemas enfrentados enfrentados na na açúcar difícil operação operação de de distribuir distribuir corretamente corretamente os os rebolos rebolos difícil
A
opção de mecanização total do plantio de cana-de-açúcar tornouse disponível recentemente, pois anteriormente era executada de forma semimecanizada, sendo então equivocadamente denominada de plantio manual. As constantes buscas de redução dos custos de produção e o aumento significativo das áreas cultivadas, que diminui a mão de obra disponível, justificam amplamente a mecanização total dos processos de plantio da cana-de-açúcar, no que diz respeito à unidade de área plantada, que apresenta menor valor no sistema meca-
nizado, além de reduzir a estrutura envolvida (máquinas e mão de obra) e, por último, maior capacidade de campo operacional. O plantio mecanizado, porém, ainda deve passar por algumas melhorias, tais como o aumento da massa de mudas para compensar falhas de deposição no sulco; a necessidade de um mecanismo dosador de rebolos; instabilidade em certas regiões declivosas; falta de sincronismo entre velocidade do trator e velocidade na distribuição da muda e minimização de danos causados às gemas dentro da plantadora. Para avaliar possíveis diferenças na quali-
Figura 1 - Determinação da profundidade do sulco e deposição dos rebolos
dade do plantio mecanizado de cana-de-açúcar entre os períodos de realização do plantio (diurno e noturno) e a idade das mudas (11 e 12 meses), a equipe do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola - Unesp/Jaboticabal (Lamma), realizou um experimento analisando a profundidade de deposição de rebolos, a profundidade do sulco, a quantidade de gemas totais por metro e a porcentagem de gemas inviáveis no plantio de mudas de cana-de-açúcar. O plantio dos rebolos de cana-de-açúcar (RB867515) foi realizado com uma plantadora de cana picada Sermag, modelo SMI-10.000 de duas linhas, com capacidade de carga 6.000kg, quatro pneus BPAF 600/50 x 22,5 com rodas, montados com eixos com sistema tanden. A plantadora de cana picada foi tracionada por um trator Valtra BH 185i Hi Flow, cuja potência nominal é de 190cv com seis cilindros turbo intercooler e bitola ajustada para 2,80m.
AVALIAÇÕES REALIZADAS
A profundidade dos sulcos e a deposição dos rebolos foram medidas por meio de uma trena (Figura 1), posicionada no centro do sulco, até o nível do perfil natural do solo. A quantidade de gemas foi avaliada pela contagem do número de gemas em cada rebolo nos dois sulcos. Gemas apresentando algum dano mecânico, ataque de pragas ou ainda constatação visual de que pudesse comprometer o brotamento da cultura, foram considerados
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inviáveis. A porcentagem de gemas inviáveis foi obtida calculando-se a razão entre a quantidade de gemas inviáveis e a quantidade total de gemas. A qualidade do plantio foi avaliada por meio do controle estatístico de processo, com a utilização de cartas de controle, que permitem uma avaliação da variabilidade da operação para dados coletados em ordem cronológica. As cartas de controle apresentam três linhas horizontais paralelas, sendo a linha central calculada a partir das médias das variáveis, e as outras duas linhas representam os limites inferior e superior de controle (LIC e LSC, respectivamente), os quais delimitam e descrevem se o processo está ou não sob controle.
RESULTADOS
Avaliando qualidade na operação de sulcação (Figura 2), constata-se que o processo esteve sob controle apenas para os rebolos de 12 meses plantados no período diurno (12D). A falta de controle no processo é demonstrada pela presença de pontos vermelhos em uma das duas cartas, o que fica explícito na carta de amplitude para os rebolos de 11 meses e plantio em período noturno (11N) que a partir da observação 26, houve uma sequência de valores
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Rafael Noronha
O experimento avaliou a profundidade de deposição de rebolos, profundidade do sulco e quantidade de gemas
abaixo da média (destaque em vermelho), o mesmo ocorrendo em 11D e 12N na carta de profundidade. Para profundidade de deposição dos rebolos (Figura 3), o plantio diurno com mudas de 11 meses (11D) apresentou nos pontos 13 e 15 uma profundidade fora dos limites de controle, o mesmo ocorrendo para amplitude no ponto 12, evidenciando que este tratamento é considerado fora de controle estatístico, enquanto que os plantios noturnos (11N e 12N) e diurno (12D) esteve em processo controlado, não apresentando nenhuma observação falha, mantendo-se dentro dos limites de controle. Com relação à distribuição de gemas no sulco, apenas o plantio diurno realizado com mudas de 11 meses (11D) esteve fora de controle (Figura 4), com apenas um ponto fora dos
limites, o que permite aferir que, de modo geral, a distribuição de gemas foi bem realizada. Sob o ponto de vista da porcentagem de gemas inviáveis (Figura 5) a operação de plantio mecanizado apresentou-se, para o plantio diurno com mudas de 11 e 12 meses (11D e 12D) e para o plantio noturno com mudas de 12 meses (12N), fora de controle, com pontos acima do limite superior. Tendo por base as cartas de controle pode-se concluir que a profundidade de deposição dos rebolos e a distribuição de gemas no sulco de plantio apresentaram-se sob controle estatístico, com exceção do plantio realizado com mudas de 11 meses no período diurno. A profundidade do sulco não está sob processo controlado, exceto o tratamento da muda de 12 meses de idade no período diurno. Com exceção da muda de 11 meses no período noturno, as cartas de controle para porcentagem de gemas inviáveis encontram-se .M em processo fora de controle. Rafael Henrique de F. Noronha, Rouverson Pereira da Silva, Anderson de Toledo, Bernardo Titoto e Carlos Eduardo Angeli Furlani, Unesp/Jaboticabal
Figura 2 - Carta de controle para profundidade do sulco (cm)
Figura 3 - Carta de controle para profundidade de deposição dos rebolos (cm)
Figura 4 - Carta de controle de distribuição de gemas no sulco
Figura 5 - Carta de controle para porcentagem de gemas inviáveis
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ficha técnica
Futura 2200 AB
Com lançamento programado para fevereiro de 2011, durante o Show Rural, o Futura 2200, novo pulverizador autopropelido da Metalfor, chega prometendo diversas inovações, com foco nos pequenos e médios produtores
O
lançamento oficial do Futura 2200, novo modelo de pulverizador autopropelido da Metalfor do Brasil, está previsto para ocorrer durante o próximo Show Rural no mês de fevereiro de 2011 em Cascavel, no Paraná. Antecipamos uma ficha completa do produto, detalhando as características principais e
as inovações tecnológicas que embarcaram neste modelo. Entre os principais atributos destacados pela empresa, estão a leveza e a agilidade do equipamento, além de fácil operação e manutenção.
MOTOR E TRANSMISSÃO
O Futura 2200 vem equipado com um motor Cummins seis cilindros de 120HP refrigerado a água. A transmissão é 4x2 por meio de correntes nas rodas traseiras. O conjunto de transmissão se compõe por uma caixa Eaton de cinco velocidades na frente e uma na ré e um diferencial da mesma marca com reduzida pneumática. A combinação de ambos dá um escalonamento de até dez marchas na frente, melhorando o desempenho do equipamento em condições de trabalho. O conjunto de transmissão se completa com as correntes asa de 1½, que trabalham lubrificadas em óleo, aumentando sua durabilidade. O aceso fácil ao motor, caixa e correntes faz simples sua inspeção e manutenção.
CHASSI
O sistema de iluminação se compõe de seis faróis frontais, quatro refletores traseiros e dois na barra
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O chassi, o eixo e o suporte de pulverização são integralmente construídos em tubos de aço. Os desenhos dos mesmos dão
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ao equipamento uma estrutura robusta, preparada para as condições mais exigentes de trabalho. Todas as estruturas são fechadas evitando o ingresso de produtos corrosivos no interior das mesmas, além de receber pintura epóxi com tratamento anticorrosivo. As barras estão localizadas na parte posterior do equipamento, distanciando o contato do agroquímico com o equipamento e eventualmente o operador. A estrutura das barras com desenho em torre deixa protegida a linha de bicos do mesmo perante acidentes e/ou batimentos. O pliegue das barras é vertical, melhorando a estabilidade do barramento durante a aplicação. O suporte de pulverização segue o conceito dos modelos da empresa já consagrados no mercado, com um quadro fixo e um móvel que trabalham pendularmente absorvendo os impactos
Fotos Metalfor
A bomba de pulverização é centrífuga, acionada por eletroímã, com vazão de 250 litros/minuto
do terreno. O sistema basculante é livre de molas que precisem manutenção. O suporte de pulverização se une ao chassi por meio de um braço de levante. Cada uma das barras, assim como o braço de levante, é acionada por meio de pistões hidráulicos, os quais trabalham amortecidos em nitrogênio, contando com um reservatório para cada barra e para o braço de levante. O comprimento total do barramento é 20 metros. Os acionamentos de barra, tanto abertura/fechamento, controle de altura e nível, são feitos por sistema eletro-hidráulico
O Futura 2200 vem equipado com motor Cummins seis cilindros de 120HP refrigerado a água, dotado de transmissão 4x2 por meio de correntes nas rodas traseiras
desde a cabine de operação por meio do simples toque de teclas. O Futura 2200 tem uma bitola fixa de 2,10m. O desenho do trem dianteiro é no sistema twin beam outorgando uma suspensão independente a cada uma das rodas.
CIRCUITO DE PULVERIZAÇÃO E CARGA
A bomba de pulverização é centrífuga acionada por eletroímã, a vazão da mesma é de 250 litros/minuto. A mesma e todo o circuito estão preparados para fazer adubação líquida. O controle da pulverização é feito por um controlador da marca Arag, o Bravo 180 que permite programar a quantidade de litros a aplicar por hectare. O mesmo manterá constante a
aplicação à medida que o pulverizador vai variando a velocidade por meio do sensor colocado nas rodas do mesmo. O barramento está dividido em três seções de pulverização, as canárias são de aço inox. O distanciamento entre bicos é de 0,35m. O mesmo permite que o leque entre bico e bico feche mais alto e possa se aplicar até uma distância de 40 centímetros do alvo, evitando a deriva de produto. O equipamento sai da linha de montagem com bicos simples e opcionalmente pode vir com porta-bicos triplos ou quíntuplos, com os jogos de bicos requeridos pelo usuário. O sistema cumpre com os requerimentos internacionais de tripla filtração, sendo o primeiro no filtro principal, segundo no
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Fotos Metalfor
O Futura 2200 possui barras de 20 metros, localizadas na parte traseira, rodados de 12-4x36, bitola fixa de 2,10m, suspensão pneumática independente nas quatro rodas e as laterais do motor e o capô produzidos em PFRV
filtro de linha e terceiro nos bicos. O equipamento vem com o misturador e incorporador de produtos localizado na lateral do mesmo. Opcionalmente pode vir equipado com uma motobomba de carga para o rápido abastecimento do tanque de produto.
AGRICULTURA DE PRECISÃO
Outro opcional para esta máquina é um kit para agricultura de precisão, com GPS, desligamento de seções automático, taxa variável e piloto automático.
RODADO E SUSPENSÃO
A medida do rodado, 12-4x36, outorga ao equipamento um grande vão livre, permitindo trabalhar sem causar danos no cultivo ainda nos estágios de plantio mais
avançados. O sistema de freios é a disco nas quatro rodas, assistido por um servo freio. O pulverizador está equipado também com um freio estacionário localizado no diferencial. A suspensão do equipamento é pneumática ativada, com quatro bexigas, uma em cada roda, com válvulas independentes que corrigem rapidamente o nível de ar, evitando a torção do chassi e aumentando sua durabilidade e conforto na operação. Além de evitar a perda de tração nas rodas ao passar por terraços e curvas de nível. O sistema de suspensão é assistido por um compressor de ar que pode ser utilizado também para calibrar os pneus e limpeza geral do equipamento.
CABINE E ILUMINAÇÃO
O posicionamento da cabine, na frente
O suporte de pulverização é composto por um quadro fixo e um móvel, que trabalham pendularmente absorvendo os impactos do terreno
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do pulverizador, permite uma ótima visão de trabalho. A mesma é pressurizada e equipada com ar-condicionado com filtro de carvão ativado, isolando totalmente o
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Detalhe do sistema twin beam que proporciona suspensão independente a cada uma das rodas
A estrutura das barras de pulverização tem desenho em torre, que deixa protegida a linha de bicos, evitando acidentes ou batimentos. O barramento está dividido em três seções de pulverização, com distâncias entre bicos de 0,35m Detalhe da suspensão pneumática independente em cada uma das quatro rodas
operador dos agroquímicos. A coluna de direção é regulável, permitindo ajustar na posição de operação. Os comandos de acio-
namento de barras e o acesso ao controlador de pulverização estão localizados a fácil aceso do operador. O sistema de iluminação se compõe de seis faróis frontais, quatro refletores traseiros e dois na barra, permitindo trabalhar durante os períodos noturnos com total segurança e visão.
TANQUE E CARENAGEM
A capacidade do depósito de produto é de 2.200 litros, construído em PFRV, dotado de sistema quebra de ondas interno. A agitação da calda é feita por dois agitadores hidráulicos que utilizam a mesma pressão gerada pela bomba de pulverização, que dispensa manutenção. Finalmente o tanque tem um sistema de duchas para a lavagem interna do mesmo entre aplicações. Os laterais do motor e o capô são também em PFRV, outorgando ao equipamento bom .M acabamento e estética.
transporte John Deere
Ágil e muito útil
Os utilitários agrícolas estão ganhando espaço entre os produtores brasileiros. Entre os modelos disponíveis estão os artesanais e até mesmo os que saem das linhas de grandes montadoras de máquinas agrícolas
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em cidades menores de vocação tipicamente agrícola, onde são usados, entre outras funções, para transporte da produção e para retornar à propriedade com insumos e mantimentos. Um dos grandes atrativos destes veículos é o baixo consumo de combustível; mais econômicos que pequenos tratores, são uma alternativa para realização de algumas atividades nas propriedades agrícolas, como o transporte de alimento para o gado e de lenha para o consumo. Nos mercados europeu e asiático, é possível encontrar veículos dessa categoria com motores variando de 64 a 800 cilindradas, com motor movido a diesel, gás ou gasolina, ou ainda elétricos. Em sua grande maioria, motores quatro tempos, com transmissão mecânica que podem
chegar a 70km/h; podem ser encontrados modelos com freio a disco e direção hidráulica (Kubota, 2010). Quanto à capacidade de transporte de pessoas, existem modelos com assento apenas para o operador, e outros com dois, para o transporte de um passageiro. Nos Estados Unidos, os utilitários também são utilizados em diversas funções dentro da propriedade. Em um país onde a potência dos tratores e o índice de mecanização (kW/ha) são elevados, justifica-se o uso de tais equipamentos para o cumprimento de tarefas que requeiram
Cultivar
Á
gil, versátil, de manutenção fácil e custo inicial relativamente baixo. Quem não gostaria de ter um veículo assim na sua propriedade? Atendendo a demandas cada vez mais diversas, começa a ser notada no Brasil esta categoria de “veículos” voltados para o meio rural: os utilitários agrícolas. Tais equipamentos surgiram da necessidade de preencher determinadas lacunas nas atividades rurais que não são adequadas para as dimensões de um trator, por exemplo, ou em locais de difícil acesso a uma picape; de outro modo, surgem como alternativa para quem não possui uma dessas duas opções e precisa se movimentar pela propriedade com alguma agilidade e capacidade de carga. Se agora causam sensação em feiras e revendas do setor de máquinas agrícolas, os utilitários não são nenhuma novidade em regiões coloniais do Rio Grande do Sul. Os chamados “jericos” ou “tuc-tucs” desde que surgiram são feitos em oficinas artesanais, à base de chassi, eixos, diferencial e caixa de direção reutilizados de sucatas, motores monocilíndricos de combustão interna (basicamente movidos a gasolina ou a diesel) utilizados como fonte de potência para outras atividades e, de resto, é uma questão de prática do “fabricante”. Embora não sejam regulamentados para uso fora da propriedade, é comum vermos tais veículos transitando
Os modelos podem ter motorizações de 14cv a 21cv de potência e podem carregar até 1.500kg
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Distribuidor centrífugo de disco acoplado a um utilitário agrícola
Bobcat
Fotos Vilnei Dias
Detalhe do painel de um utilitário agrícola: bom acabamento, facilidade de acesso aos comandos e simplicidade são algumas características
roçadeiras entre outros. No mercado nacional, existem modelos com freio a disco, arrefecidos por radiador e com direção hidrostática. Os microtratores, inclusive, estão incluídos na linha de financiamento do programa Mais Alimentos do Governo Federal. A diversidade entre os modelos já é grande. A começar pelo design, pode-se encontrar desde exemplares sem cabines aos que oferecem abrigo, segurança e conforto ao condutor/operador. Quanto ao motor, partida elétrica também não é unanimidade, principalmente nos modelos mais antigos é comum o arranque inicial ser proporcionado por manivela (motores diesel) ou pedal (modelos com motores adaptados de motocicletas). Outra opção, não menos importante, que alguns utilitários apresentam é a tração 4x4, às vezes indispensável para o desempenho de suas funções. Alguns modelos apresentam suspensão independente das rodas, garantindo maior estabilidade em condições de relevo acidentado. Pelo menos um modelo apresenta saída de 12v, porta-luvas, faróis dianteiros, indicador de horas de uso e de nível de combustível. Se hoje esses veículos despertam o interesse de agricultores e de empresários dos grandes centros, em algumas cidades do interior são objeto de grande carisma. A prova disso é a realização de competições que são promovidas em diversas comunidades rurais durante festividades municipais. No Norte do País
são realizados grandes eventos, como o GP de Rondônia, prova da corrida nacional de jericos, que chegou a receber mais de 30 mil pessoas no ano de 2007. Vale salientar que quase todas as adaptações apresentam problemas de segurança, como sinalização deficiente e ausência de estrutura para proteção dos ocupantes, o que os torna veículos marginais ao Código de Trânsito Brasileiro. Se antes eram apenas adaptações grosseiras, os modelos fabricados por indústrias maiores conquistam seu espaço no mercado de máquinas agrícolas e aparecem como opção para as mais diferentes dimensões de proprie.M dades agrícolas. Vilnei de Oliveira Dias, Gustavo Bonotto, Airton dos Santos Alonço, Paulo Roberto Bedin e Dauto Pivetta Carpes, Laserg-UFSM Cultivar
agilidade sem muita necessidade de tração. São oferecidos modelos a gasolina, desde 455cc, até exemplares com motor 1.4 turbo diesel, por preços que variam de sete a 25 mil dólares. Alguns permitem o acoplamento na forma de engate rápido de pequenos implementos, especialmente projetados para aquele modelo de utilitário, como um distribuidor centrífugo traseiro, roçadeira, concha dianteira e movimentadores de feno dianteiros, acionados por sistema de joystick do posto do condutor/operador. O acoplamento desses equipamentos se torna possível pela presença de sistema hidráulico com engate frontal no utilitário (Bobcat, 2010). Alguns implementos podem ser adquiridos separadamente, sendo fabricados por outras empresas, em sua maioria com acionamento por motor elétrico, como um distribuidor centrífugo. No Brasil, entre os modelos fabricados por indústrias, estão disponíveis para o produtor rural desde exemplares com motor a gasolina de 150 cilindradas e 15cv de potência, até modelos mais sofisticados, com rodado traseiro duplo e motor diesel de 21cv, com transmissão variável contínua (CVT), possibilitando uma infinidade de velocidades de zero a 32km por hora, tanto para frente quanto à ré (John Deere, 2010). Certos utilitários apresentam inclusive bloqueio do diferencial para situações de patinamento unilateral do rodado de tração. A capacidade de carga pode variar de 500 a 1.500kg. Alguns veículos, inclusive, despertaram interesse de diferentes segmentos para serem empregados nos pátios de empresas, para transporte de diversos materiais e equipamentos ou até mesmo para coleta seletiva de lixo. A caçamba do tipo basculante também é de fundamental importância para facilitar a descarga do material que está sendo transportado. Outra forma que, dependendo da configuração, também pode ser chamada de utilitário, são os tratores de rabiça (ou microtratores), que quando acoplados a carretas agrícolas de duas rodas, também são utilizados para os mais diversos fins na agricultura. O que pesa a seu favor é a versatilidade, visto que estes tratores podem ser acoplados a diferentes implementos, como arados, grades, semeadoras, cultivadores,
Na Europa, os utilitários se popularizaram e os produtores já se beneficiam das vantagens há mais tempo
Implementos dianteiros de engate rápido do utilitário Bobcat 2300
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Em algumas localidades, os utilitários são construídos em pequenas oficinas regionais
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Corrida entre os “jericos”, produzidos artesanalmente em Rondônia
ficha técnica
Ostera
A Ceres Agrotecnologia está colocando no mercado a linha Ostera de equipamentos para agricultura de precisão, que estará disponível aos produtores a partir janeiro de 2011
A
Ceres Agrotecnologia desenvolveu uma nova linha de equipamentos para agricultura de precisão, com produtos que atendem diversas atividades agrícolas. Ostera FPI, Ostera MDP e Ostera TVF são resultados de mais de dois anos de pesquisa e os primeiros de uma série de soluções eletrônicas desenvolvidas pela empresa com o objetivo de contribuir com o sucesso e a sustentabilidade do mercado agrícola brasileiro. O Ostera FPI é um controlador de fertilização a taxas variáveis com monitor digital de plantio integrado. Ele é o principal produto da série. Um de seus diferenciais é agregar duas funções em um único equipamento, como forma de reduzir os custos de aquisição e possibilitar o controle preciso de duas etapas no processo agrícola: a fertilização e o plantio. Ele possibilita dosagem
simultânea de vários insumos sólidos, monitoramento operacional completo, geração de mapas georreferenciados e monitoramento da velocidade por GPS. Possui plataforma flexível e é compatível com a maioria das plantadeiras e distribuidores de corretivos do mercado. Sua interface é intuitiva com teclas de acesso rápido e display gráfico com backlight, para trabalho noturno. Possui cabo único para comunicação com sensores de semente (CANbus Technology) e possibilita autoteste e ajuste da sensibilidade dos sensores de semente. O gabinete do Ostera FPI é resistente a intempéries. O segundo produto da linha é o Ostera MDP, um monitor digital de plantio, que proporciona um monitoramento completo do processo de plantio de sementes, evitando perdas por falhas ou entupimento. Além de mostrar o
status de todas as linhas em tempo real, o equipamento emite alertas, visual e sonoro, em caso de falhas, proporcionando uma identificação instantânea e precisa de eventuais problemas. Ele é capaz de gerar mapas georreferenciados de plantio e monitorar a velocidade por GPS. Possui cabo único para comunicação com sensores (CANbus Technology), que facilita a instalação e tem funções de autoteste e ajuste de sensibilidade de sensores. O Ostera MDP é compatível com a maioria das plantadeiras/semeadeiras do mercado, possui interface intuitiva com teclas de acesso rápido e display gráfico com backlight (trabalho noturno). Seu gabinete é resistente a intempéries e a plataforma flexível possibilita a adição de novas funcionalidades. Completa a série o Ostera TVF, um controlador de taxa variável de fertilizantes, criado para controlar a distribuição de fertilizantes e corretivos sólidos a taxas variáveis. Baseado na análise do solo, ele possibilita a aplicação dos insumos com adubadeiras e distribuidores de acordo com a real necessidade do solo, evitando gastos desnecessários e melhorando a qualidade do solo. Ele é compatível com a maioria dos implementos usados na distribuição de corretivos e fertilizantes no mercado. O sistema de controle inteligente possibilita que a taxa de aplicação não se altere com variações de .M velocidades.
Fotos Ceres
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MÁQUINAS EM NÚMEROS
VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2008 2009 2010
JAN 2,9 3,1 4,6
2010 OUT B 5.855 5.694 161 4.726 4.577 149 63 55 8 133 133 0 527 523 4 406 406 0
NOV A 4.738 4.669 69 3.717 3.661 56 85 72 13 182 182 0 390 390 0 364 364 0
Unidades
FEV 4,0 3,6 5,3
MAR 4,3 4,1 6,6
ABR 4,5 3,9 6,0
2009
JAN-NOV C 64.618 63.863 755 53.662 53.020 642 788 717 71 1.698 1.698 0 3.911 3.879 32 4.559 4.549 10 MAI 4,7 4,0 6,4
JUN 5,1 4,2 6,1
NOV D 5.335 5.306 29 4.331 4.306 25 58 53 5 165 165 0 455 456 (-)1 326 326 0 JUL 5,1 4,8 6,4
JAN-NOV E 49.855 48.284 1.571 41.383 40.182 1.201 568 461 107 1.549 1.549 0 3.026 2.921 105 3.329 3.171 158 AGO 5,1 5,1 6,5
SET 5,5 5,4 6,1
Variações percentuais A/D -11,2 -12,0 137,9 -14,2 -15,0 124,0 46,6 35,8 160,0 10,3 10,3 -14,3 -14,5 11,7 11,7 -
A/B -19,1 -18,0 -57,1 -21,3 -20,0 -62,4 34,9 30,9 62,5 36,8 36,8 -26,0 -25,4 0,0 -10,3 -10,3 OUT 5,5 6,2 5,9
NOV 4,3 5,3 4,7
DEZ 3,7 5,5
C/E 29,6 32,3 -51,9 29,7 31,9 -46,5 38,7 55,5 -33,6 9,6 9,6 29,2 32,8 -69,5 36,9 43,5 -93,7 ANO 54,5 55,3 64,6
MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA Unidades
2010 OUT B 5.855 4.726 155 132 1.020 1.339 988 934 158 527 44 315 28 126 14 133 63 406
NOV A 4.738 3.717 157 68 437 1.266 757 836 196 390 63 100 51 151 25 182 85 364
Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Agritech Lavrale Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)
2009
JAN-NOV C 64.618 53.662 1.792 1.133 7.732 16.407 11.703 12.790 2.105 3.911 493 1.506 500 1.248 164 1.698 788 4.559
NOV D 5.335 4.331 214 79 564 1.228 1.036 1.026 184 455 87 119 77 153 19 165 58 326
JAN-NOV E 49.855 41.383 1.497 607 6.103 12.749 9.943 8.515 1.969 3.026 433 1.097 437 960 99 1.549 568 3.329
Variações percentuais A/D -11,2 -14,2 -26,6 -13,9 -22,5 3,1 -26,9 -18,5 6,5 -14,3 -27,6 -16,0 -33,8 -1,3 31,6 10,3 46,6 11,7
A/B -19,1 -21,3 1,3 -48,5 -57,2 -5,5 -23,4 -10,5 24,1 -26,0 43,2 -68,3 82,1 19,8 78,6 36,8 34,9 -10,3
C/E 29,6 29,7 19,7 86,7 26,7 28,7 17,7 50,2 6,9 29,2 13,9 37,3 14,4 30,0 65,7 9,6 38,7 36,9
Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).
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PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2008 2009 2010
JAN 5,9 4,7 5,9
2010 OUT B 8.148 6.403 300 170 808 467
NOV A 7.332 5.808 240 154 676 454 FEV 6,6 4,4 6,4
MAR 6,6 5,6 7,9
ABR 7,0 5,2 7,8
2009
JAN-NOV C 84.646 68.988 2.010 1.841 6.325 5.482 MAI 6,5 4,5 8,1
JUN 7,3 4,1 7,7
NOV D 7.259 5.849 94 195 651 470 JUL 7,6 5,6 8,5
JAN-NOV E 60.055 50.280 897 1.732 3.729 3.417 AGO 8,0 5,7 8,6
SET 8,0 6,1 8,2
Dezembro 2010 / Janeiro 2011 • www.revistacultivar.com.br
Variações percentuais A/D 1,0 -0,7 155,3 -21,0 3,8 -3,4
A/B -10,0 -9,3 -20,0 -9,4 -16,3 -2,8 OUT 8,8 7,0 8,2
NOV 7,4 7,3 7,3
DEZ 5,4 6,2
C/E 40,9 37,2 124,1 6,3 69,6 60,4 ANO 85,0 66,2 84,6