Cultivar Máquinas • Edição Nº 110 • Ano X - Agosto 2011 • ISSN - 1676-0158
Nossa capa
Test Drive - JD 6125J
Capa: Charles Echer
Matéria de capa
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Conheça o novo JD 6125J, com motor de quatro cilindros com 125cv de potência e transmissão PowrQuad com 16 velocidades à frente e 16 à ré e saiba como ele se saiu no test drive realizado pela nossa equipe
Destaques
Índice
Compactação monitorada
A lanço ou em linha?
Com o uso de ferramentas adequadas, é possível descompactar áreas de cultivo de algodoeiro a cada três anos ou mais
Saiba qual o sistema mais indicado para semeadura das pastagens de inverno
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• Editor
• Coordenação Circulação
Gilvan Quevedo
Simone Lopes
• Redação
Charles Echer Carolina Simões Silveira
• Revisão
Aline Partzsch de Almeida
• Assistente
Luciane Mendes Natália Rodrigues
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• Impressão:
Pedro Batistin Sedeli Feijó José Luis Alves
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Cultivar
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Rodando por aí
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Mecanização em algodão
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Opções para semeadura de inverno
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Colheita mecanizada de tomate
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Tipos de mangueiras hidráulicas
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Test Drive - JD 6125J
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Avaliação de motores com diferentes óleos
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Ficha Técnica - Massey Ferguson
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Armazenagem
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Ficha Técnica - Carmetal
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Ficha Técnica - Lavrale
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Motores a biogás
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Coluna Estatística Máquinas
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Assinatura anual (11 edições*): R$ 157,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
rodando por aí
Guarany
S-BOX
A Guarany apresentou na 18ª Hortitec o Atomizador Costal Motorizado de 11 litros, completando a linha de atomizadores da empresa de seis e 18 litros. Para o gerente comercial da Guarany, José Ângelo Guariglia, “o evento mobilizou produtores de frutas, hortaliças, flores e demais culturas, oportunidade para a empresa expor sua linha de produtos para o segmento”.
A Allcomp Geotecnologia e Agricultura está lançando a linha de equipamentos S-BOX. O portfólio multifuncional de produtos inclui GPS, piloto automático, monitor de rendimento, monitor de plantio, pulverização e medidores de umidade. O sistema possui também piloto automático universal, que pode ser instalado em qualquer modelo de trator.
Simpósio SAE Brasil
Ângelo Guariglia
Yanmar
Pedro Lima, gerente de Marketing e Pós-Venda da Yanmar, destacou durante a Hortitec 2011 que o evento “é a mais importante feira de horticultura da América Latina por reunir produtores de todas as regiões do país e também do exterior”. Durante o evento, a Yanmar apresentou o trator 1175-4 na versão Cultivo, com a expectativa de que o modelo repita o sucesso dos tratores da marca no segmento de hortaliPedro Lima ças e frutas.
As perspectivas de mercado, novas tecnologias e as recentes regulamentações de máquinas agrícolas no Brasil estarão em pauta durante o Simpósio SAE Brasil de Máquinas Agrícolas. O encontro ocorre no dia 1º de setembro, em Porto Alegre (RS). “O simpósio promoverá diálogo entre os principais fabricantes de máquinas agrícolas, implementos e componentes, setores empresariais e governamentais, entidades e instituições de ensino”, garante Daniel Zacher, chairman do simpósio que espera Daniel Zacher atrair mais de 300 profissionais.
Nova loja
A concessionária Tratornan acaba de inaugurar sua quarta revenda de máquinas Massey Ferguson no Mato Grosso do Sul. A nova operação localizada em Ponta Porã cobre a região territorial do sudoeste do estado sul-mato-grossense e está distante 350km da capital Campo Grande. No MS, a marca Massey Ferguson está presente em nove pontos de venda. As comunidades de Tupanciretã e Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, também recebem em agosto novas instalações das concessionárias Redemaq, da Massey Ferguson.
Errata
Ao contrário do que publicamos no artigo “Perfil Preocupante” da edição nº 108, de julho de 2011, a pesquisa sobre o perfil dos operadores de tratores agrícolas foi realizada pelos pesquisadores Haroldo Carlos Fernandes, Marconi Ribeiro Junior e Daniel Mariano Leite, da Universidade Federal de Viçosa.
Parceria
Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto (Cooplantio) assinou no início de agosto parceria com a Case IH para a instalação de uma concessionária na sede da Cooplantio em Eldorado do Sul (RS). Segundo César Di Luca, diretor Comercial da Case IH para o Brasil, a cooperativa foi escolhida por atender os padrões de qualidade exigidos pela Case IH no mundo. “Vamos disponibilizar uma rede mais próxima ao cliente e com concessionários que possam representar a marca da maneira correta”, explica.
César Di Luca (direita)
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Concessionária
O Grupo Shark, que revende a marca Valtra, inaugurou em agosto nova concessionária, desta vez no município de Maracaju (MS). Com a nova unidade a Shark passa a contar com 21 pontos de venda da marca Valtra, distribuídos em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, e levará para os agricultores assistência técnica, além de uma gama completa de produtos e soluções agrícolas.
mecanização
Quando subsolar?
Uso de hastes na semeadora pode substituir as subsolagens anuais em áreas cultivadas com algodão, que podem ser feitas a cada três anos ou mais, desde que o solo seja monitorado constantemente por meio de penetrógrafo
O
cupação com a subsolagem que técnicos e cotonicultores demonstram é verídica, pois o crescimento do algodoeiro e a produção de plumas ficam seriamente prejudicados quando o solo apresenta compactação. A foto da Figura 1, obtida em pesquisa desenvolvida com algodão na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UFMT, demonstra claramente que solos compactados restringem o crescimento da planta. Os vasos cultivados em estufa demonstraram crescimento diferenciado quando havia camada compactada a 15cm de profundidade. Na densidade de 1,0mg/m-3 a resistência do solo à penetração (RSP) foi de 1,74MPa, na densidade 1,2mg/m-3 o valor encontrado no referido estudo já era de 2,7 MPa e na densidade de 1,5mg/m-3 a resistência foi muito superior, de 4,4MPa. Quando a RSP atinge níveis de 2,5MPa o crescimento radicular do algodoeiro fica comprometido e, se a resistência aumentar mais ainda, o crescimento normal da raiz é impedido, exigindo que a
planta busque alternativas de crescimento radicular. É nesta situação que aparecem as raízes tortas, como as retiradas de plantas em área de cultivo de algodão, mostradas na Figura 2, onde se observa uma raiz com crescimento normal ao lado de outra com crescimento anormal, causado pela presença de camada de solo compactada. Na maioria dos casos a planta consegue encontrar pontos de menor resistência no solo e elongar suas raízes, mas este trabalho exige dispêndio de energia, causa crescimento radicular anormal e, consequentemente, atraso no crescimento da planta e queda na produtividade de plumas. O crescimento inadequado do sistema radicular impede a planta de explorar o volume de solo necessário ao seu desenvolvimento normal e isto leva à redução do crescimento da planta como um todo, que resulta em menor acúmulo de massa seca com consequente queda na produção de plumas. Isto pode ser constatado pela Figura 3, onde a produção de
Penetrógrafo portátil autopropelido utilizado para avaliação da compactação do solo
Figura 1 - Desenvolvimento da cultura aos 60 dias após o semeio submetido a diferentes densidades de compactação
Figura 2 - Raízes de algodão retiradas de área de cultivo: com impedimento (E); sem impedimento (D)
Case IH
Fotos Aloísio Bianchini
cultivo do algodão é realizado no Cerrado brasileiro com emprego de alta tecnologia e está calcado no uso intensivo de mecanização agrícola. A produção em escala leva ao uso de máquinas pesadas, o que torna comum a recomendação de subsolagens anuais nas áreas destinadas ao semeio do algodoeiro, uma vez que esta planta é suscetível à compactação. A preo-
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Figura 3 - Resistência do solo à penetração (RSP), teor de água do solo, massas secas relativas Figura 4 - Consumo de combustível necessário para subsolagem, em função da totais da parte aérea (MSAT) e de raízes (MSRT) de plantas de algodoeiro (A), em Latossolo profundidade de trabalho das hastes Vermelho-Escuro Distrófico reconstituído em vaso, com camada subsuperficial compactada
massa seca da planta, tanto da parte aérea, quanto das raízes, foi reduzida drasticamente pelo aumento da compactação do solo. O manejo adequado do solo para a cultura do algodão exige do agricultor atenção especial no que se refere à compactação do solo, mas isto não significa que ele tenha que subsolar todo ano, ou seja, a cada novo cultivo. O monitoramento da compactação do solo e o uso de práticas alternativas permitem que a subsolagem possa ser realizada somente a cada três anos ou mais. O monitoramento pode ser realizado por meio de sondagens com penetrógrafos que dão uma boa indicação do estado de compactação do solo. O
único cuidado no levantamento de dados, com este equipamento, é que a execução dos ensaios deve ser realizada com o solo na capacidade de campo, ou seja, na sua máxima capacidade de retenção de água. Os dados de penetrometria fornecem subsídio ao técnico na tomada de decisão quanto ao momento adequado para realização da subsolagem. A subsolagem não pode ser realizada sem critérios, pois a intervenção desnecessária, assim como o planejamento inadequado desta operação, eleva os custos de produção e não resulta em aumento de produtividade de plumas. Ela deve ser realizada somente quando os níveis de compactação estiverem
acima do limite tolerável e na profundidade suficiente para romper a camada compactada. Além disso, a umidade do solo é fator preponderante para o sucesso da operação, devendo estar o solo com conteúdo de água abaixo da zona de umidade denominada friável. Estudos realizados demonstraram que a potência, o consumo de combustível e, consequentemente, o custo da operação, aumentam exponencialmente com a profundidade de trabalho das hastes subsoladoras, como se observa na Figura 4. Assim, é preciso definir com precisão a zona onde se localiza a camada de solo compactada para que se possa realizar a operação com mínimo dispêndio
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Massey Ferguson
Figura 6 – Média da RSP, em
Em áreas de algodão, as subsolagens podem ser feitas a cada três anos ou mais, desde que práticas alternativas, como o uso de hastes na semeadora, sejam adotadas e que seja feito monitoramento constante da compactação
de energia. A forma mais rápida e barata de se detectar a presença e a localização de camadas de solos compactadas é a utilização de penetrógrafos, uma vez que a determinação de densidade e porosidade do solo depende de retirada e transporte de amostras, seguidos de análises laboratoriais. O uso do penetrógrafo permite determinar não só o estado de compactação do solo, bem como a localização exata da camada compactada. Este equipamento possibilita, ainda, ao cotonicultor monitorar a qualidade do manejo de solo que está sendo realizado em seus campos de cultivo. Ele permite verificar se a operação de preparo de solo, por exemplo, foi bem sucedida e até quando seus efeitos residuais persistem. A subsolagem quando realizada de forma adequada pode manter seus efeitos benéficos por três anos ou mais. Veja o caso que representa a Figura 5. O estudo foi realizado por três anos consecutivos e envolveu três tipos diferentes de manejo de solo: somente grade intermediária; subsolagem no primeiro ano e grade pesada mais intermediária nos três anos; e grade pesada mais grade intermediária nos três anos. Os resultados demonstraram que no terceiro ano a RSP ainda era menor no solo com subsolagem, em relação às áreas
que foram preparadas apenas com a grade intermediária ou quando ela estava associada à grade pesada. A curva obtida no segundo ano para o manejo do solo com subsolagem apresenta, como se observa na Figura 5-A, para profundidades superiores a 50mm, valores de RSP inferiores aos obtidos nos tratamentos com grade de discos intermediária e grade de discos pesada. Entre os manejos de solo com grades não houve diferença na RSP. Estes resultados mostraram que após um ano os efeitos da subsolagem são evidentes, de forma que a resistência à penetração é inferior àquelas apresentadas pelas áreas onde foram realizadas apenas gradagens. Os resultados de RSP obtidos no terceiro ano de preparo consecutivo, Figura 5-B evidenciam que mesmo utilizando grades por dois anos após subsolagem ainda existe um efeito residual benéfico decorrente desta prática, que pode ser observado na camada abaixo dos 150mm de profundidade. Na camada até 150mm não há diferença entre os manejos, pois o uso da grade pesada, seguida de grade intermediária, por três anos consecutivos, eliminou o efeito benéfico da subsolagem nesta camada. O efeito do uso de grades na compactação superficial do solo pode ser minimizado na
cultura do algodão pela adoção da haste como ferramenta rompedora de solo para deposição do adubo no semeio do algodoeiro. Este efeito pode ser observado na Figura 6 onde estão apresentadas as curvas de resistência do solo à penetração, levantadas seguindo a orientação transversal à fileira de plantas. As curvas obtidas a 300mm e 150mm de distância da fileira de plantas mostram resistências altas e semelhantes, mas a curva obtida na fileira deixa evidente o efeito causado pelo uso da haste escarificadora (botinha) na abertura do sulco de adubação. As hastes reguladas para trabalhar entre 100mm e 120mm de profundidade conseguiram mobilizar, suficientemente, o solo em torno das fileiras de plantas e reduzir a RSP para valores inferiores a 2Mpa até a profundidade de 150mm, permitindo o crescimento normal do algodoeiro mesmo nas áreas preparadas apenas com grades. No tratamento com subsolagem a RSP na fileira foi menor em todo o perfil, o que pode ser explicado pela soma dos efeitos da haste no semeio com o da subsolagem realizada no primeiro ano. O uso de botinhas na semeadora aumenta a demanda de potência, mas pode eliminar o uso do subsolador nos casos em que a compactação ainda não
Figura 5 – Resistência mecânica do solo à penetração média, em função da profundidade, após dois anos (A) e após três anos (B) de aplicação dos tratamentos
B)
A)
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função da profundidade para o ensaio seguindo orientação transversal: grade pesada (esquerda), grade intermediária (centro) e subsolador (direita)
atingiu níveis críticos. A avaliação da macroporosidade e da densidade do solo realizada no segundo ano da pesquisa (Tabela 1) confirmou os resultados obtidos pelo penetrógrafo. Na primeira camada, de 30mm a 80mm de profundidade, os valores de densidade e porosidade foram iguais, como no gráfico da RSP (Figura 5-A). Já na segunda camada de solo (130mm a 180mm) a área subsolada apresentou menores valores de densidade e porosidade do solo, da mesma forma que a RSP foi menor. Deste modo, pode-se dizer que o uso do penetrógrafo pode substituir, com segurança, as
avaliações de densidade e porosidade do solo no monitoramento da compactação de solos em áreas de cultivo de algodão. Este estudo deixa claro que em áreas de cultivo de algodão o manejo do solo não precisa incluir subsolagens anuais. Elas podem ser feitas a cada três anos ou mais, desde que práticas alternativas, como o uso de hastes na semeadora, sejam adotadas e o solo seja monitorado constantemente, por meio de penetrógrafos. .M Aloísio Bianchini, Lamam/Famev/UFMT
Tabela 1 – Valores médios da macroporosidade e da densidade do solo, coletados no segundo ano na área experimental, para as camadas de 30mm a 80mm e de 130mm a 180mm de profundidade Macroporosidade (%) Densidade (Mg*m-3) Profundidade (mm) Profundidade (mm) 30 - 80 130 - 180 30 - 80 130 - 180 14,68 a 17,89 a 1,31 a 1,28 a Subsolador 1,36 b Grade Intermediária 19,37 a 12,89 b 1,24 a 16,64 a 10,00 b 1,31 a 1,41 b Grade Pesada Tratamento
Obs: valores seguidos de mesma letra minúscula na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade.
semeadoras
A lanço ou em linha? A semeadura de culturas de inverno pode ser feita com semeadoras em linha ou com distribuidores a lanço. Dependendo do sistema de manejo empregado em cada propriedade, um método de implantação pode ser mais interessante que o outro
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das espécies, tais como tamanho das sementes, profundidade de semeadura, populações recomendadas e adequações ao sistema de produção empregado, seja integração lavoura pecuária ou pastagens perenes, devem ser corretamente avaliadas pelo produtor para a adequação do trabalho das máquinas selecionadas. Neste contexto, o presente artigo tem por objetivo reunir informações úteis ao produtor para gerenciar a seleção e adequação das máquinas para implantação de pastagens. Serão abordadas as vantagens e as desvantagens de cada tipo de semeadura, as adequações das operações complementares aos aspectos físicos do solo, presença de plantas daninhas e declividade do terreno, bem como densidades, espaçamentos e profundidades de semeadura para as principais pastagens utilizadas. O primeiro aspecto que deve ser ressaltado é que utilização se dá à área onde será implantada
a pastagem. Quando se trata de um espaço onde também são cultivadas lavouras sob o sistema de plantio direto - é de interesse do produtor o menor revolvimento de solo possível -, a semeadura a lanço traz como inconveniente a necessidade de operações para cobertura das sementes, o que acarretará no descobrimento solo, deixando-o exposto à erosão e ao escoamento superficial de sementes e fertilizantes. Nesses casos, a adoção de uma semeadura em linha é o mais indicado, pois resguardará as características do plantio direto que é o principal interesse. Além disso, o plantio direto possui vantagens sobre o plantio convencional, como, por exemplo, redução da erosão, melhor aproveitamento de nutrientes e manutenção ou melhora de alguns atributos do solo, como matéria orgânica e estrutura do mesmo. No entanto, quando o objetivo é a renovação ou o melhoramento de pastagens nativas
Fotos Otavio Dias da Costa Machado
O
sucesso do estabelecimento de pastagens é dependente de diversos fatores, entre os quais do método de implantação a ser utilizado, que determina o uso de diferentes semeadoras, sejam elas a lanço ou em linha, e as respectivas operações complementares. Para semeadura a lanço são necessários distribuidores centrífugos, comuns na maioria das propriedades agrícolas, também utilizados para adubações de cobertura. De acordo com o sistema adotado, podem ser necessárias operações complementares, tais como dessecação ou preparo da área antes da semeadura a fim de efetuar o controle de plantas daninhas, como também o recobrimento após a distribuição das sementes, com o objetivo de promover a sua incorporação em profundidade adequada. Já para semeadura em linhas, são utilizadas semeadoras que podem ser múltiplas, que também são aptas para semeadura de precisão, de milho e soja, por exemplo, ou semeadoras de fluxo contínuo, quando possuem apenas dosadores de sementes miúdas, havendo em alguns casos máquinas com caixas para dosagem de sementes finas. A falta de informações sobre qual método de implantação de pastagens é o mais adequado (com semeadoras a lanço ou em linha e com diferentes operações complementares), muitas vezes faz com que seja utilizado um método inadequado, prejudicando o desenvolvimento e o rendimento da pastagem. Somado a isto, além de gerenciar essas informações, as características
Distribuidor centrífugo monodisco, neste caso, está sendo utilizado em semeadura de milheto em área onde ocorreu o preparo do solo
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Massey Ferguson
ou implantadas, o preparo do solo poderá ser necessário para incorporação de corretivos e fertilizantes e, então, a semeadura a lanço pode ser vantajosa quanto à capacidade operacional, pois em geral a largura de trabalho nesta operação é maior do que a proporcionada pelas semeadoras em linhas. Como opção para áreas onde é necessário o preparo, mas também a preservação dos restos culturais, existem máquinas que realizam o preparo com revolvimento mínimo (subsolagem) e distribuem as sementes em superfície com incorporação por rolo compactador na mesma operação. Para o melhoramento de pastagens nativas, a utilização de espécies de inverno, como o azevém, por exemplo, tem sido uma alternativa para suprir a oferta de forragem que os animais necessitam, já que o campo nativo nesta estação produz pouca forragem. Da mesma maneira, esse melhoramento do campo nativo também é feito com espécies de melhores características nutricionais, como o trevo branco e vermelho. Para as atividades de semeadura em campo nativo, quando o produtor não dispõe de semeadoras em linha, a utilização de semeadura a lanço sem preparo do solo é uma alternativa para evitar impactos na oferta de forragem de verão pelo revolvimento do campo nativo. Outro aspecto positivo da semeadura a
Sistema específico para semeadura de culturas com baixa densidade populacional
lanço é o eventual controle de plantas daninhas no momento da preparação do solo, nos casos em que este é difícil de ser realizado com herbicidas, não necessitando da operação de dessecação da área. Outros fatores que afetam a qualidade da semeadura a lanço são mais difíceis de serem controlados em comparação com a semeadura em linhas, tais como velocidade do vento, que pode influenciar a distribuição, a escolha da largura correta de trabalho para regulagem, a habilidade do operador em manter esta largura de trabalho durante a operação a padronização entre sementes, entre outros. A largura de trabalho deve ser obtida em manuais ou em testes práticos, para que se
Semeato
Exemplo de semeadora múltipla utilizada na semeadura de aveia ou trigo, com presença de sistema de ataque ao solo que permite semear em áreas sem preparo antecipado
Fotos Otavio Dias da Costa Machado
determine o recobrimento que complemente a distribuição entre as passadas da semeadora, de forma que se obtenha uma semeadura homogênea em toda a área. Para a execução dos trajetos, muitos operadores contam somente com sua capacidade visual, que pode ser de difícil controle, ou podem ser usadas barras de luzes de navegação ou simplesmente o balizamento da área a ser semeada. A padronização de sementes é um problema para a implantação de consórcios. Quando a opção for semear consórcios, é importante observar se não estará ocorrendo segregação de uma mistura de sementes no reservatório e se as mesmas operam com o distribuidor na mesma largura de trabalho, do contrário a melhor opção é semear as pastagens a lanço separadamente. Outra opção para semear consórcios em linha é oferecida por semeadoras que possuem uma “terceira caixa” opcional, de tamanho reduzido e dotada de dosadores do tipo rotor acanalado, menores que os encontrados convencionalmente. Em relação às espécies a serem semeadas, são determinantes para escolha do método de semeadura particularidades como a densidade e a profundidade recomendadas. Para produtores que frequentemente necessitam semear espécies com baixas razões de distribuição, talvez esta seja a melhor alternativa, considerando que o valor de aquisição do equipamento poderá ser diluído por diversos cultivos. A densidade é determinada pelas características agronômicas, ou seja, a população ideal e também pela qualidade das sementes quanto à pureza, à germinação e ao vigor. Muitas vezes as densidades recomendadas
Subsolador com acessório para distribuição de sementes com dosador rotor acanalado
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são baixas, em razão do pequeno tamanho das sementes. Nestes casos, é notável a dificuldade encontrada nas máquinas para semeadura, tanto a lanço, como em linha, para distribuição de pequenas quantidades de sementes. A correta análise deste requisito é fundamental para a seleção do equipamento. Alguns produtores misturam as sementes que querem semear com materiais inertes, como areia ou fertilizantes, o que não é recomendado, pois ocorre a segregação das partículas, podendo ocasionar uma má distribuição de plantas, facilitando o desenvolvimento de plantas daninhas e a formação de áreas heterogêneas quanto à oferta de forragem, além dos prejuízos à germinação que o fertilizante em contato com a semente pode ocasionar. Em se tratando de semeadoras em linhas, alguns estudos mostram que as semeadoras conseguem dosar em baixas razões, no entanto com maior irregularidade de distribuição longitudinal. Outro aspecto a considerar é o tamanho da área a ser semeada e a velocidade de operação. Semeadoras a lanço podem operar com maiores velocidades sempre que o terreno permitir, obtendo-se maiores capacidades operacionais e permitindo a operação em prazos otimizados e dentro de janelas de semeadura favorecidas. O planejamento da semeadura deve ser atentamente analisado para quaisquer métodos utilizados. A profundidade de semeadura tem sua importância fundamentada por sua influência na germinação e velocidade de emergência das plantas. É importante ressaltar que grande parte das espécies forrageiras possui sementes com um tamanho pequeno, em outras palavras, não
tem grandes reservas de energia para germinar e sua semeadura a grandes profundidades pode dificultar ou impedir sua emergência. O contrário, também apresenta problemas, pois quando semeadas muito superficialmente, facilmente serão desidratadas antes de germinar em condições de falta de umidade. Essa condição de falta de umidade se acentua quando há um preparo de solo, pois há uma maior elevação da temperatura do mesmo, pela ausência de cobertura, e consequentemente uma maior perda de água por evaporação, principalmente quando as épocas de semeadura coincidem com períodos de estiagem e mesmo que haja emergência, as plântulas acabam sucumbindo pela falta de água. O controle da profundidade de semeadura nas semeadoras em linhas é realizado por mecanismos específicos, o que confere maior precisão na regulagem deste parâmetro. No entanto, é reconhecida a dificuldade de alguns equipamentos em oferecer as profundidades adequadas a muitas espécies forrageiras, forçando, muitas vezes, o produtor a trabalhar com profundidades maiores que as desejadas. No caso dos distribuidores a lanço, a profundidade de semeadura é determinada pelas operações subsequentes à distribuição, geralmente realizadas com grades de discos (mais aberta para maiores profundidades), rolos compactadores ou outros. Este procedimento, além de incorporar as sementes, tem por função proporcionar melhor contato solo-semente, essencial para o bom desenvolvimento das plântulas. As combinações de uso e regulagens destes equipamentos são inúmeras, e na maioria das vezes proporcionam a obtenção das profundidades recomendadas. No entanto, estão sujeitos a variáveis como teor de umidade, nível de compactação e tipo de solo em questão, o que acaba gerando uma maior variação na profundidade de semeadura. O produtor deve analisar as experiências obtidas para o seu tipo de solo e suas condições de semeadura, além das recomendações técnicas, para planejar as operações o mais adequado possível para as espécies escolhidas. Um reflexo a este fato é a recomendação de que, quando a semeadura
Equipe do Laserg, da Universidade Federal de Santa Maria, explica quais as opções para realizar a semeadura de culturas de inverno
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Tabela 1 – Principais culturas forrageiras e suas características determinantes para o processo de semeadura Cultura Aveia Azevém Ervilhaca Trevo Branco Trevo Vermelho Cornichão Alfafa Capim-colonião Braquiárias Milheto Sorgo Forrageiro
Densidade Espaçamento (Kg.ha-1) (m) 60-75 0,2 30-50 0,2 80 0,2-0,5 2-4 0,5 6-8 0,2 8-10 15-20 0,2 2-6 2-4 0,45/0,7-0,9* 15-20 0,2-0,4 6 0,7
Profundidade (cm) 4 0,5 3 2 2-3 2 2 2-4 2 2-5 3-5
*: a segunda faixa de espaçamento é a recomendada para produção de sementes.
for realizada a lanço, a densidade deve ser aumentada em 20%. Na Tabela 1 são apresentadas algumas das principais espécies forrageiras e suas características relevantes ao processo de semeadura. Cabe ressaltar que são informações aproximadas, encontradas na literatura, e podem ser tomadas como referência. No entanto, o produtor deverá, sempre que necessário, consultar um engenheiro agrônomo ou outro profissional capacitado, pois as informações aqui apresentadas estão sujeitas a variações de acordo com as
Tabela 2 – Principais vantagens dos métodos de semeadura a lanço e em linhas Semeadura a lanço Maior versatilidade de uso dos equipamentos Controle de plantas daninhas no momento da incorporação de sementes Possibilidade de incorporar fertilizantes e corretivos Maior capacidade operacional Menor custo de aquisição dos equipamentos necessários
cultivares, qualidade das sementes e condições de solo e clima. Para a seleção das semeadoras em linha, as variações encontradas são em relação ao número de linhas, órgãos de ataque ao solo e dosadores de sementes e fertilizantes. Em relação aos distribuidores centrífugos, existem variações na capacidade dos reservatórios, distribuição pendular ou por discos, além da possibilidade destas máquinas possuírem recursos para adequar a posição do lançamento das sementes. Com relação ao custo de aquisição dos equipamentos, a semeadura a lanço, embora possua maior número de equipamentos, muitas vezes tem um menor custo de aquisição dos mesmos do que das semeadoras de fluxo contínuo ou múltiplas. Com base nos elementos discutidos neste artigo, é possível entender que cada sistema
Semeadura em linhas Melhor controle da profundidade de semeadura Possibilidade de sistema específico para distribuição de culturas de baixas densidades Adequadas ao sistema de plantio direto Distribuição conjunta de sementes e fertilizantes Qualidade da operação menos sensível a variáveis como condições ambientais e habilidade do operador
possui suas vantagens e desvantagens e, a partir destes conceitos foi elaborada a Tabela 2, que reúne sinteticamente os principais benefícios de cada tecnologia, de forma que o produtor possa observar tais características e eleger o método que mais se adapta às suas necessidades e possibilidades. Antes de realizar a semeadura de cereais de inverno, o produtor deve avaliar qual é a melhor opção, levando em conta desde a melhor utilização do maquinário, até os efeitos de cada .M modelo no desenvolvimento da cultura. Gustavo José Bonotto, Otávio Dias da Costa Machado, Fernando Pissetti Rossato, Mariana Weber Rodrigues, Mateus Potrich Bellé e Airton dos Santos Alonço, Laserg/UFSM
colhedoras Fotos João Paulo Barreto Cunha
Efeitos da máquina
Estudo avalia fatores que influenciam nas perdas na colheita mecanizada do tomate industrial, atividade que tem alto índice de tráfego de máquinas pesadas e de caminhões
A
partir da década de 90, com a expansão da cultura do tomate industrial no Centro-Oeste a utilização da colheita mecanizada ganhou em importância, reduzindo os custos e aumentando a praticidade e rendimento da operação. Outra vantagem seria do ponto de vista sanitário, pois ocorre a redução do trânsito de pessoas e caixas nas lavouras, diminuindo a disseminação de pragas e doenças. A primeira medida para a redução das perdas na colheita do tomate industrial é a escolha adequada da cultivar a ser utilizada. Por se tratar de um processo relativamente novo, há a necessidade de se utilizar cultivares que se adaptem melhor às colhedoras atuais. O uso de cultivares com porte determinado, com maturação concentrada e com frutos firmes contribui para o sucesso da colheita mecanizada
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Outra providência é a realização de um processo de enleiramento eficiente. O processo baseia-se na arrumação das ramas na leira, permitindo uma melhor passagem da colhedora e dos caminhões transportadores de carga, permitindo a redução das perdas no processo de colheita por esmagamento dos frutos provocados pelas rodas dos veículos ou pelo desprendimento das ramas antes de entrar na colhedora. A realização desse processo se faz necessária somente em áreas em que o sistema de colheita usado seja o mecanizado. Atualmente o processo de enleiramento vem sendo realizado de maneira manual, porém existem protótipos em avaliação para tornar o processo mecanizado. A lucratividade do produtor de tomate está diretamente relacionada com a taxa de descontos que ocorre em função das quantidades de impurezas. Daí a im-
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portância de se manter a qualidade nesse processo. Atenção deve ser dada para a escolha da área a ser utilizada, sua limpeza e preparo do solo, que não pode conter torrões, pedras e outros objetos que possam dificultar o processo de colheita. Em áreas que não atendem essas condições a
Detalhe da plataforma responsável pelo recolhimento dos frutos rentes ao solo
Fotos João Paulo Barreto Cunha
Após o enleiramento, a colheita se resume à colhedora e ao caminhão, com seus respectivos operadores
de corte e permitem que as plantas localizadas rente ao solo sejam cortadas. Um dos artifícios usados quando a superfície do solo encontra-se dura, compactada e impenetrável é a utilização de uma leve irrigação antes do processo de colheita. De uma maneira geral os produtores usam esse conceito para facilitar a penetração da plataforma no solo, visando à máxima eficiência no processo de corte. As perdas nos sistemas de trilha, seleção e descarga da colhedora, associadas às perdas por não recolhimento, esmagamento, podridão de frutos e frutos não arrancados das ramas, constituem as perdas totais da colheita. Uma das principais ferramentas para se avaliar as perdas é a utilização do controle estatístico de processos (CEP), que permite utilizar os valores de perdas como indicadores de qualidade no pro-
cesso de colheita. Dentro deste contexto, no município de Morrinhos (GO) foi realizado em latossolo vermelho escuro um experimento cujo objetivo foi avaliar as perdas na colheita mecanizada de tomate industrial. A área na qual o experimento foi realizado encontrava-se em um pivô central, sendo realizado o transplantio do híbrido Heinz 9553 após o solo ser preparado e posteriormente sulcado, onde foi adotada fileira dupla com espaçamento entre linhas de 0,6m e de 1,2m entre blocos (fileiras duplas). A colheita mecanizada foi realizada após 120 dias do transplantio, com uma colhedora da marca Guaresi modelo G-89/93 MS 40”. Foi aplicada uma lâmina de água antes da realização do processo de colheita. Assim foi possível verificar que no momento da colheita determinadas áreas se encontravam com umidades de 20 e 37%, onde se realizou a coleta de dez pontos aleatórios das perdas em cada uma dessas áreas. Com a passagem da máquina nas áreas utilizadas, procedeu-se a coleta dos dados de perda. Foi determinada uma área de um metro quadrado que serviu como limite para a quantificação das perdas. Dessa forma, todo material coletado em cada ponto experimental foi identificado e levado ao laboratório sendo separado e pesado. O método estatístico utilizado para a determinação das perdas na colheita mecanizada foram as cartas de controle.
Visões de fases diferentes da lavoura: blocos antes do enleiramento, sendo enleirados e prontos para colheita
ação dos dentes da plataforma fará com que estes elementos sejam levantados e recolhidos, sendo transportados para os diversos mecanismos da máquina, danificando o equipamento. As máquinas encontradas atualmente no mercado se assemelham muito, principalmente no funcionamento, sendo as diferenças basicamente estruturais. As lâminas, por trabalharem junto à superfície do solo, sofrem maiores desgastes e comumente, por parte do operador, para compensar esse problema, se abaixa de maneira excessiva a plataforma para arrancar mecanicamente a planta, aumentando o rendimento da operação. Em contrapartida essa prática aumenta a quantidade de impurezas e aumenta o choque mecânico dos frutos na plataforma, pois o tomate possui uma película muito fina suscetível a esse choque. O corte das ramas é realizado por uma barra com dentes. Esses dentes localizam-se após os dedos da plataforma
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As principais medidas para a redução das perdas estão relacionadas com a escolha da velocidade de operação e a regulagem dos mecanismos de recolhimento e separação da máquina
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Figura 1 - Carta de controle das perdas na colheita com umidade de solo de 20%
podem inviabilizar esse processo, como também permitem a degradação e a compactação do solo nas áreas cultivadas. Fatores que podem explicar esses valores seriam as perdas pela deficiente regulagem dos mecanismos da máquina. Cuidado especial deve ser dado para a plataforma de recolhimento, cuja função é de transportar a massa colhida para as etapas subsequentes. Devido a sua inclinação e constituição, a mesma é dotada de dedos de borracha para o transporte do material, alguns frutos soltos das ramas tendem a voltar para o início da esteira de recolhimento, diminuindo a eficiência da colheita e aumentando as perdas. A solução desse problema seria a adoção de velocidades operacionais reduzidas na hora da colheita, pois assim possibilitaria agregar maior quantidade de massa a ser colhida impedindo o refluxo dos frutos soltos. Por se tratar ainda de um processo relativamente novo em nosso país, estudos Fotos João Paulo Barreto Cunha
A escolha do método foi pelo fato de se tratar de uma ferramenta utilizada para a realização do controle estatístico de processo, permitindo observar as variações e oscilações do processo de colheita. Dessa forma os dados de perda obtidos foram expressos em perdas percentuais, sendo os mesmos calculados em função da produtividade média das áreas estudadas (116 toneladas por hectare). Por meio das cartas de controle presentes nas Figuras 1 e 2, é possível verificar as perdas na colheita mecanizada em função da umidade do solo. De uma maneira geral o processo de colheita em ambas as umidades apresentaram-se fora de controle, apresentando cinco valores acima dos limites estabelecidos. Os limites inferior e superior de controle foram 3% e 6% respectivamente, considerados limites aceitáveis de perdas na propriedade estudada. Quando comparadas as médias da menor e da maior umidade de solo no ensaio, as mesmas não foram diferentes significativamente pelo teste de Tukey a 5%. O resultado corrobora o comportamento encontrado nas cartas, permitindo verificar que para as umidades de solo de 20% e 37% o comportamento é o mesmo. Dessa maneira faz-se necessária uma criteriosa avaliação da utilização do expediente de se aumentar a umidade do solo antes do processo de colheita. De certa forma o processo de colheita mecanizada de tomate utiliza caminhões para fazer o transporte do produto colhido para a indústria. Umidades elevadas não somente
Produto final já na caçamba do caminhão, limpo e com taxa de impurezas baixa
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Figura 2 - Carta de controle das perdas na colheita com umidade de solo de 37%
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que permitam uma melhor compreensão das colhedoras utilizadas atualmente ainda são escassos. Portanto, o uso do controle estatístico de processo (CEP), através de suas diversas ferramentas, permite quantificar e identificar falhas no processo de colheita, permitindo ao produtor uma melhor compreensão de todo o processo. Umidades elevadas podem prejudicar a colheita e o transporte do produto colhido, porém, as principais medidas para a redução das perdas estão relacionadas com a escolha da velocidade de operação e a regulagem dos mecanismos de recolhimento e separação da .M máquina. Túlio de Almeida Machado, João Paulo Barreto Cunha, Ródney Ferreira Couto, Valter de Oliveira Neves Junior, Luciana Feitosa de Queiroz e Lorena Alves de Oliveira, UEG
mangueiras Fotos Charles Echer
Valtra
Sem vazamentos
As mangueiras hidráulicas utilizadas em máquinas agrícolas são submetidas a situações que exigem resistência. Por este motivo, sua qualidade construtiva é fundamental para evitar vazamentos e manutenções prematuras
P
são bem altas, esta preocupação com a montagem correta e materiais de primeira linha deve ser premissa.
da mangueira. Pode ser confeccionada com PVC, borracha ou termo plástico de alta qualidade. Seu dimensionamento é
MANGUEIRAS EM GERAL
Atualmente, existem vários tipos de mangueiras, que são construídas especificamente para cada aplicação, considerando-se os materiais para atender todas as exigências, além das exposições ao calor, umidade, óleo, graxa, poeira etc. As mangueiras são fabricadas basicamente com os seguintes componentes: cobertura, reforço e tubo. A cobertura tem como objetivo a proteção do reforço e do tubo
Goodyear
or sua alta flexibilidade e resistência, as mangueiras são produtos altamente utilizados em máquinas e equipamentos. Quando corretamente dimensionadas, elas transportam, com segurança, os diversos fluidos utilizados, como combustíveis, óleos lubrificantes, fluidos de transmissão, defensivos agrícolas, entre outros. Daí a importância da aquisição de mangueiras com alta qualidade assegurada, pois o custo de uma parada ou vazamento é infinitamente superior ao da compra do produto em si. No caso de mangueiras hidráulicas, onde as pressões envolvidas
Detalhe de uma mangueira hidráulica com terminais, utilizada para acionamentos de alta pressão
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Exemplo de mangueiras de alta pressão aplicadas em pulverizadores de barras
desenvolvido especialmente para resistir às intempéries, à abrasão, ao óleo, à graxa etc. A parte do reforço faz a mangueira resistir às pressões do sistema. Pode ser confeccionado de fibra sintética ou fio de aço de alta resistência. Já o tubo tem como objetivo a condução do fluido. Pode ser confeccionado com PVC, borracha ou termo plástico de alta qualidade desenvolvida. Seu dimensionamento é desenvolvido especialmente para resistir ao fluido que será conduzido. Este tipo de mangueira é indicado para sistemas hidráulicos de baixa, média e alta pressão.
APLICAÇÕES
As mangueiras de PVC são fabricadas para condução de fluidos com baixa pressão e temperatura ambiente. As mangueiras de borracha geralmente são utilizadas para condução de fluidos especiais como óleo, cerveja, combustível etc. Para estes produtos é necessário o máximo de cuidado possível, onde você encontra somente em produtos de ponta. Já as mangueiras hidráulicas são fabricadas basicamente para acionamento de sistemas hidráulicos de alta pressão.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
O ponto fundamental para o perfei-
Sistemas hidráulicos estão cada vez mais presentes nas máquinas agrícolas atuais, o que possibilita encontrar diversos tipos de mangueiras em um mesmo equipamento
to funcionamento das mangueiras é a montagem correta, respeitando todas as especificações contidas no catálogo (raio de curvatura, pressão de trabalho etc), por este motivo que os fabricantes de mangueiras sempre se preocupam com
a orientação técnica de sua rede de distribuição e dos agricultores, informando sobre a melhor maneira de se montar e especificar da melhor maneira possível, para evitar o desgaste prematuro e danos .M ao equipamento.
capa
JD 6125J
O JD 6125J, lançado este mês no Brasil, traz como novidades o motor de quatro cilindros turbocomprimido, intercooler, com 125cv de potência e transmissão PowrQuad com 16 velocidades à frente e 16 à ré. As características construtivas colocam este modelo como um trator multitarefas para médias propriedades
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m geral nos testes da Revista Cultivar percorremos o Brasil, conhecendo os diferentes tipos de empresas rurais, que se espalham pelo nosso país. Pois nesta ocasião, depois de três dezenas de testes, ocorreu o primeiro
teste na região de Santa Maria (RS) local do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas, que apoia a revista nestas provas. Na localidade de Santuário, município de Restinga Seca, fomos até a propriedade da família Londero, para conhecer o tra-
Capô basculante, uma tendência dos tratores da marca, garante melhor servicibilidade e facilidade no acesso às áreas que requerem manutenção
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A cabine está apoiada sobre quatro coxins de borracha, que absorvem as principais vibrações
tor John Deere 6125J, com novo motor quatro cilindros, que será lançado na próxima Expointer, na última semana do mês de agosto e a primeira de setembro. A propriedade da família Londero
é muito bonita e organizada. Os três irmãos, José Antonio, Cezar Augusto e Adriano, e a mãe, a senhora Derlene Londero, conduzem aproximadamente 620 hectares de soja, 25 hectares de arroz irrigado e a pecuária que se desenvolve no sistema gaúcho, aproveitando os campos ocupados pelas culturas de verão, na época de inverno. A família é originária da região do distrito cultural de Vale Vêneto, município de São João do Polêsine, que está situado na Quarta Colônia Imperial da Imigração Italiana, a 40 quilômetros de Santa Maria. É uma zona colonial italiana que está se aprimorando para o turismo, explorando as belezas naturais da região. De lá, a família se deslocou há 40 anos, para adquirir terras que fossem mais adequadas à agricultura comercial. Desde 2003 a família é cliente da John Deere, com colheitadeiras e agora passa a ser cliente também de tratores, adquirindo um trator John Deere modelo 6145J que está para ser entregue. Embora fiéis clientes de outra marca de tratores, resolveram trocar, em busca de uma melhor assistência técnica a qual estavam acostumados
Fotos Charles Echer
O novo 6125J tem motor John Deere Powertech 4045H Turbo Intercooler, de quatro cilindros e 4.500cm³ de volume, diferente de seu antecessor, que era equipado com motor seis cilindros
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Fotos Charles Echer
O sistema de comando hidráulico pode apresentar duas configurações e tem capacidade de levante de 2.500kgf
pelas máquinas de colheita. Estão muito animados com a troca e a perspectiva de serem mais bem atendidos, naqueles momentos em que o produtor necessita da concessionária da marca, para as atividades de manutenção que não podem ser realizadas na fazenda. A revenda que atende os irmãos Londero é a Verdes Vales, que desde 2001 atende a região, com lojas em Santa Maria (matriz), Dom Pedrito, São Gabriel, Júlio de Castilhos e recentemente Cachoeira do Sul e Santa Cruz do Sul. É uma região bem variada, com pequenas e médias propriedades e com diferentes culturas, onde predomina o arroz irrigado e a soja, além de pecuária, fumo e outras de menor expressão. O trator que testamos é de quatro cilindros, turbocomprimido com interco-
Detalhe do dispositivo de sinalização sonora para manobras em marcha à ré
A transmissão é PowrQuad com 16 velocidades à frente e 16 à ré, com quatro grupos sincronizados
oler, que veio substituir o antigo modelo de seis cilindros, que passará a ter 5cv a mais e se chamará 6130J. Esta é uma tendência nacional, já adotada por outras marcas. O modelo se chama 6125J mas o motor de quatro cilindros turbo-intercooler também vai equipar o trator 6125E. A letra que segue o número significa a especificação, a presença de opcionais e quanto mais alta a letra, mais completo é o trator. Este modelo que testamos é fabricado em Montenegro, Rio Grande do Sul, e está baseado sobre a mesma estrutura do 6110J, com chassi, portanto, de configuração modular, onde todos os componentes, como motor, transmissões e eixos estão presos sobre as longarinas de perfil metálico. Está equipado com cabine, ar-condicionado e diversos opcionais voltados ao conforto do operador. Um dos destaques do novo John Deere 6125J é o motor, diferente de seu antecessor, que apresentava motor John Deere PowerTech 6068T de seis cilindros turbo. Este modelo vem equipado com um motor John Deere PowerTech 4045H Turbo Intercooler, de quatro cilindros e 4.500cm3 de volume. O fabricante aposta que esta mudança, de seis para quatro cilindros, pode proporcionar uma diminuição do consumo de combustível, mantendo-se a mesma
potência máxima. Agora presente no modelo 6125J, o intercooler é um dispositivo que auxilia no aumento da potência. O ar oriundo do turbocompressor sofre um aumento de temperatura, devido ao processo de compressão. E é nessa etapa que o intercooler atua, servindo-se de um radiador, ele diminui a temperatura do ar, fazendo com que um maior volume chegue até a câmara de combustão, consequentemente aumentando a potência do motor, que nesse caso chegou, nos testes do fabricante, a 125cv na rotação nominal de 2.300rpm e 477Nm de torque a 1.600rpm. Dessa forma o motor apresenta uma reserva de torque ao redor de 25%. O sistema de injeção de combustível é mecânico e utiliza uma bomba injetora rotativa, da marca Delphi. Este sistema é bastante confiável e se encontra em grande parte dos tratores comercializados pela John Deere. O trator que utilizamos no teste possuía uma transmissão PowrQuad com 16 velocidades à frente e 16 à ré, com quatro grupos sincronizados e quatro marchas acionadas hidraulicamente. Esta transmissão permite a troca de marchas mesmo com o trator em movimento, portanto, a troca acontece sem interrupção do movimento destinado às rodas e inclusive possibilita fazer a reversão do deslocamento, visto que não necessita o
A tração dianteira auxiliar do 6125J é da marca ZF, consagrada pela durabilidade e pela fácil manutenção
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A bitola traseira é ajustável através de um eixo ranhurado localizado no meio da roda, facilitando a troca de espaçamentos
O 6125J que testamos estava com lastragem dianteira de 380kg
O teste foi realizado com uma grade niveladora da marca Stara, de 44 discos de 20 polegadas, numa área com baixa capacidade de drenagem, o que exigiu ainda mais do trator
acionamento da embreagem na troca de marchas, somente na troca de grupos, tornando assim as operações mais ágeis e confortáveis, otimizando o tempo e reduzindo a fadiga do operador. Este modelo também possui, como opção, a transmissão SyncroPlus, com 16 velocidades à frente e quatro à ré, com o reversor também sincronizado, possibilitando a fácil inversão de sentido frente-ré, mesmo sem parar completamente o trator. Uma característica importante observada é o bom escalonamento das marchas, oferecendo velocidades entre 2,5km/h e 30,6km/h, com a transmissão PowrQuad, adaptando-se à maioria das operações agrícolas. Quanto aos rodados, o trator estava equipado com pneus 14.9-24 R1 na dianteira e 23.1-30 R1 na traseira, sendo esta configuração uma das opcionais, pois na versão standard os rodados fornecidos são 14.9-24 R1 na dianteira e 18.4-38 R1 na traseira. Pelo fato de que se trata de um trator com tração dianteira auxiliar (TDA), recomendase que a substituição de rodados seja feita dentro de “casais”, para evitar o aparecimento do fenômeno do Power hop (galope
A bateria foi posicionada na parte inferior da cabine, diferente dos modelos anteriores
do trator) e perda de eficiência em tração, portanto, deve ser consultado o fabricante ou o concessionário sempre que houver a necessidade de substituir os pneus. Cabe ressaltar que é fornecida uma ampla opção de rodados para a escolha, possibilitando a adaptação do trator às diferentes situações encontradas na atividade agrícola. O peso médio do JD 6125J é de 4.780kg, podendo chegar a 7.000kg com a lastragem máxima, estabelecida pelo fabricante. No caso testado tínhamos apenas a lastragem metálica na parte dianteira do trator, composta por um suporte de pesos com 80kg e mais seis pesos de 50kg cada, totalizando 380kg. A tração dianteira auxiliar utilizada por este trator é da marca ZF, consagrada pela durabilidade e pela fácil manutenção.
O tanque de combustível está localizado na parte inferior da plataforma, possibilitando fácil acesso, e tem capacidade para 185 litros, um pouco maior que o tanque standard do seu antecessor de seis cilindros que era de 172 litros. Porém, o novo 6125J quatro cilindros não permite a instalação do tanque auxiliar que era um opcional no modelo 6 cilindros. Essa mudança se deve ao fato, entre outros, de o modelo possuir a bateria abaixo da cabine, local onde antes era destinado ao tanque de combustível auxiliar. Ainda assim, acreditamos que os 185L são adequados a uma jornada de trabalho de um dia. O local onde ficava a bateria agora é destinado ao intercooler. A distância entre eixos também mudou, passou de 2.650 para 2.400 milímetros, isso implica diretamente no raio de giro, tornando o trator mais ágil nas manobras, o que comprovamos no campo, quando medimos o raio de giro. Outro fator que proporciona um pequeno raio de giro é o exclusivo sistema CasterAction™, quando, por ação deste, ocorre uma leve inclinação (alteração do ângulo de camber) das rodas dianteiras,
O vidro traseiro é basculante, o que facilita o acesso ao sistema de comando hidráulico
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Fotos Charles Echer
Acesso à cabine é facilitado pela presença de escada com dimensões adequadas
no momento do esterçamento. Essa característica torna o 6125J bastante versátil na realização de tarefas diárias da propriedade rural, podendo assumir funções que vão desde o transporte de reboques, até a tração de implementos com maior demanda de potência como grades, arados e semeadoras. A bitola traseira é ajustável, com o auxílio do sistema do fabricante em que o centro da roda é acoplado a um eixo ranhurado por meio de um sistema simples de fixação. A Tomada de Potência (TDP) é de fácil acionamento, apenas ao apertar de um botão no console, localizado ao lado direito do assento do operador. Ela também apresenta diferentes rotações de uso, podendo ser operada em 540 e 1.000rpm, ampliando as possibilidades de acoplamento para diferentes implementos. Para a John Deere, sempre notamos que a segurança do operador é muito importante e nesse sentido o trator atende a toda Norma Regulamentadora 31 do Ministério de Trabalho e Emprego. Exemplos claros disto é a proteção da TDP e a presença de sinalização sonora para a marcha à ré. Por sinal, neste sentido, acreditamos que poderiam ser rebaixadas as emissões de ruído da maioria das sirenas colocadas nos tratores e colhedoras. O sistema de comando hidráulico pode apresentar duas configurações distintas, a primeira (standard) possui bomba de engrenagem com vazão máxima de 65 litros por minuto a 2.300rpm e duas VCRs. Como opcional o trator dispõe de bomba
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Dispositivo de regulagem de altura no para-lamas traseiro do trator
Antena do sistema de Agricultura de Precisão e Piloto Automático Universal Auto-Trac
hidráulica de pistões com vazão de 100 litros por minuto a 2.300rpm. A configuração standard contempla duas VCR’s mas pode ser solicitada uma terceira válvula. O sistema de levante hidráulico de três pontos apresenta inúmeras regulagens, facilitando o ajuste fino para as mais diferentes alturas de trabalho, mas essa precisão não afeta a capacidade de levante que chega a 2.500kgf a 610 milímetros do ponto de engate. O acoplamento de implementos nos três pontos é facilitado com o dispositivo de regulagem de altura presente no para-lamas traseiro do trator, de forma que o operador possa ajustar o implemento de fora do assento.
Este trator pode ser equipado de fábrica com o sistema de Piloto Automático Universal Auto-Trac, que possibilita o direcionamento do conjunto trator e implemento via satélite, eliminando sobreposições indesejadas ou falhas nas operações agrícolas, aumentando, assim, a qualidade do trabalho. O sistema de Piloto Automático Universal pode ser instalado em muitos equipamentos da John Deere, como pulverizadores e colhedoras, e também de outras marcas, diluindo assim o custo da aquisição da tecnologia, pelo compartilhamento. O trator utilizado no teste apresentava cabine, a qual se mostrou muito cômoda e
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ampla, oferecendo boa visibilidade e conforto ao operador, acreditamos que mesmo em longas jornadas de trabalho. A cabine possui um ótimo isolamento acústico, pois ao medirmos o ruído a 15cm do ouvido do operador, a uma rotação de 2.000rpm, o resultado foi muito satisfatório, pois os 70 decibéis medidos estão bem abaixo dos 85 decibéis estabelecidos como limite máximo de exposição direta para uma jornada de trabalho de oito horas, pelo critério do Ministério do Trabalho e Emprego. Apoiada sobre quatro coxins de borracha, que proporciona maior amortecimento das vibrações, a cabine se mostrou sólida e com boa estrutura para suportar os eventuais capotamentos. O acesso é seguro e facilitado, os degraus são de material antiderrapante e adequadamente distanciados entre si. Os comandos considerados de acionamento frequente estão ergonomicamente posicionados no lado direito do posto de operação, não necessitando grandes esforços do operador na ocasião do trabalho. A coluna de direção é ajustável, podendo ser colocada na posição adequada para cada tipo de operador. Na parte traseira verificamos a presença de duas entradas para cabos ou
O test drive foi realizado na propriedade de Vilmar Fabro pela equipe do Nema da Universidade Federal de Santa Maria, com o apoio da revenda Unyterra, de Caxias do Sul
O trator 6125J foi avaliado na propriedade da família Londero, na localidade de Santuário, município de Restinga Seca (RS) pela equipe do Nema/UFSM
conectores de implementos para acesso de dentro da cabine, sendo de grande utilidade e fácil manuseio. Apresenta também bom
sistema de iluminação externa, auxiliando o operador em atividades noturnas. A servicibilidade e a facilidade de manutenção são garantidas pelo capô basculante, tendência geral dos tratores brasileiros e marca registrada da John Deere. Embora estivéssemos muito motivados para testar este modelo em condições de exigência de tração, não pudemos fazê-lo adequadamente em função de alta umidade do solo nas parcelas que havíamos reservado para isto, ocasionada pelas chuvas que atingiram a região nesta semana. Tivemos para a realização do teste uma grade niveladora da marca Stara, de 44 discos de 20 polegadas. Mesmo estando em uma condição inadequada ao preparo de solo e a área disponibilizada para o teste possuir um tipo de solo de baixa capacidade de drenagem, o trator, equipado com pneus R1, garra normal, apresentou um bom desempenho, tracionando o implemento e superando nossas expectativas. Ao final, saímos com a impressão de inferir que este trator terá uma boa aceitação no mercado, pois se adapta aos diversos tipos de operações no campo, desde o preparo de solo até mesmo no transporte de cargas nas diferentes propriedades rurais de nosso país, o que poderá fazer com baixo consumo de combustível e, principalmente, dando muito conforto ao operador. .M José Fernando Schlosser André Luis Casali Fabrício Azevedo Rodrigues Nema/UFSM
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motores
Mistura viável Utilização de misturas de óleo de soja reutilizado com óleo diesel para acionamento de um trator de pneus mostra-se viável quando adicionados em pequenas quantidades
AGCO Sisu Power
pudesse ser utilizado nas misturas com o óleo diesel, ele passou por processos, como decantação, filtragem, lavagem e fervura (Figura 1), com a finalidade de retirar impurezas e partículas indesejáveis, como sal, açúcar, água e gordura animal. Inicialmente, o OSR foi filtrado em filtros de pano e recolhido em tambores, permanecendo em descanso para decantação por um período de duas semanas. Após este período o óleo foi filtrado em filtros de papel para a retirada de impurezas. O próximo passo consistiu na lavagem do óleo, onde se acrescentou água, para a dissolução do sal e açúcar que potencialmente pudessem estar presentes, o OSR permaneceu por mais uma semana em tambores com acréscimo de 10% de água sobre o volume total. O OSR foi novamente filtrado e fervido para que a água presente evaporasse totalmente. Finalmente o óleo passou por um novo processo de filtragem e ficando pronto para ser misturado ao óleo diesel. Para a realização das avaliações foram usadas misturas de OD (óleo diesel) com OSR (óleo de soja reutilizado) nas proporções de: 0% OD e 100% OSR; 25% OD e 75 % OSR; 50% OD e 50% OSR; 75% OD e 25% OSR; 100% OD e 0% OSR. As misturas foram separadas com base em peso e não em volume devido a diferença da massa especifica entre o OD e o OSR. Apos pesadas as misturas foram armazenados em recipientes, devidamente identificados.
MASSA ESPECÍFICA DO COMBUSTÍVEL
Para se determinar o consumo específico de combustível foi necessário o conhecimento da massa específica das diferentes misturas utilizadas. Os valores encontrados ficaram na faixa Figura 1 - Sistema de limpeza do óleo de reutilizado (OSR)
P
ara atender à produção de óleos vegetais, para a obtenção de bioenergia, muitas culturas podem ser utilizadas. Uma alternativa, ao óleo extraído de grãos, é a utilização de óleos residuais de uso doméstico, restaurantes e indústrias. O óleo depois de usado torna-se um resíduo indesejado e sua reciclagem como biocombustível retiraria do meio ambiente um poluente. O emprego direto de óleos vegetais em motores de combustão interna, apesar de experimentado desde o advento do motor Diesel, ainda é sujeito a muitas discussões e controvérsias. Uma equipe da Universidade Federal de Vi-
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çosa realizou um trabalho, visando contribuir com novas informações sobre a caracterização de óleos vegetais em particular, óleo residual, como combustível para motores de combustão interna utilizando misturas de óleo diesel com óleo de soja reutilizável. Foi realizada a limpeza do óleo reutilizado e determinados massa específica, viscosidade, poder calorífico das diferentes misturas de óleo diesel (OD) com óleo de soja reutilizado (OSR) e o desempenho do trator.
LIMPEZA DO ÓLEO DE SOJA REUTILIZADO
Para que o óleo de soja reutilizado (OSR)
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(1) - Filtragem do OSR em filtro de pano; (2) - Decantação do óleo e filtragem; (3) - Lavagem do óleo, separação do óleo da água e filtragem; (4) - Fervura para retirar o excesso de água; (5) - Filtragem e (6) - Armazenamento do óleo
Figura 2 - Comportamento da massa específica das misturas em função da temperatura
de 0,811g/mL-3 a 0,910g/mL-3 para temperaturas variando de 25°C a 90°C. Observando as retas ajustadas (Figura 2), percebe-se que a massa específica tende a diminuir linearmente com o aumento da temperatura sendo que a mistura com a porcentagem de 25% de OSR apresentou massa específica mais próxima ao do óleo diesel.
TEMPERATURAS E VISCOSIDADE
Para a utilização do óleo vegetal in natura em motor diesel são necessárias algumas técnicas e adaptações para melhorar o desempenho destes motores, entre elas o aquecimento do óleo para a redução da viscosidade do OSR, uma vez que este tem um valor superior ao óleo diesel. Para a obtenção das temperaturas, foram utilizados quatro termopares instalados no tanque de combustível, na entrada e saída da bomba injetora e na entrada do bico injetor. Verifica-se que à medida que se aumentou as cargas aplicadas na TDP do trator, ocorreu um aumento de temperatura no sistema de alimentação no qual obteve variação de 25 a
Figura 3 - Temperaturas do óleo diesel no sistema de alimentação de combustível em função das cargas aplicadas
65°C (Figura 3). Conhecer essas temperaturas é de extrema importância porque a viscosidade dos combustíveis destinados ao uso em motores diesel é um requisito muito importante, principalmente pelo seu efeito direto sobre o desempenho do sistema de alimentação. Se a viscosidade for excessivamente baixa, pode tornar necessária a manutenção do sistema injetor mais frequente e, pelo contrário, se excessivamente alta, pode provocar pressões excessivas no sistema. Portanto, o aquecimento do sistema de alimentação de combustível possibilitou a redução da viscosidade do combustível (Figura 4) quando se utilizaram misturas de OD com OSR, sendo que a mistura de 25% OSR e 75% OD quando aquecida a 60 °C tem sua viscosidade semelhante à do óleo diesel, atendendo assim a faixa de viscosidade exigida pela ANP 310.
PODER CALORÍFICO DO COMBUSTÍVEL
O poder calorífico de combustíveis é definido como a quantidade de energia interna contida no combustível, sendo que quanto
mais alto for o poder calorífico, maior será a energia contida. Entre as amostras estudadas, a mistura que apresentou poder calorífico mais próximo ao do óleo diesel, foi a mistura de 25% OSR e 75% OD sendo uma variação de apenas 48 kcal. A variação do poder calorífico seguiu uma ordem decrescente com relação ao óleo diesel com o aumento do teor de OSR (Tabela1).
AVALIAÇÃO NA (TDP) POTÊNCIA DO MOTOR
Foi avaliado o desempenho na tomada de potência de um trator agrícola de pneus, marca Valmet, modelo 65ID de potência nominal igual a 58cv (42,6kW), a qual foi acoplada a um dinamômetro de transmissão que aplicou dez cargas diferentes à TDP simulando uma situação de trabalho, esse trator foi alimentado por diferentes misturas de óleo diesel (OD) e óleo de soja reutilizado (ORS) proveniente do restaurante universitário da UFV Na Figura 5 estão representadas as curvas de potência corrigidas para cada uma das mis-
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Figura 4 - Índice de viscosidade cinemática das diferentes misturas em função da temperatura
Figura 5 - Curvas de potência para diferentes misturas em função da rotação do motor
Figura 6- Curvas do consumo específico para as diferentes misturas em função da rotação do motor
Figura 7 - Curvas de torque para as diferentes misturas em função da rotação do motor
torque do motor, sendo que a mistura de 25% OD com 75% OSR sempre está no grupo de misturas que apresentaram menor torque.
turas de combustíveis. Nas avaliações, a potência máxima encontrada, 34,10kW, foi verificada na mistura de 25% OD com 75% OSR, porém este valor não foi significativo em relação às misturas de 50%, 25% e 0% de OSR. Para ambas as cargas, a mistura 50% OSR apresentou menor potência. Este resultado indica que mesmo trabalhando a cargas maiores é possível utilizar uma mistura de 25% OSR e ainda assim obter potências similares ao utilizar 100%OD.
CONCLUSÕES
Com o aumento das cargas aplicadas à TDP, ocorreu um aumento na temperatura em todos os pontos do sistema de alimentação possibilitando a redução da viscosidade das misturas. A potência máxima encontrada, 34,10 kW, foi verificada na mistura de 25% OD com 75% OSR, porém este valor não foi significativo em relação às misturas de 50, 25 e 0% de OSR Quando se utilizou OSR misturado ao OD, o menor consumo específico para todas as misturas ocorreu em uma faixa de rotação entre 580 a 600rpm para uma carga aplicada
Na Figura 6 estão representadas as curvas e os dados de consumo específico corrigido para as diferentes misturas de combustíveis. Pode-se perceber que a mudança de combustível provocou variação no consumo específico do motor, sendo que a mistura de 0% OD com 100% OSR obteve maior consumo específico comparada com as demais. A variação do torque do motor de acordo com as misturas pode ser verificada na Figura 7. Em relação ao torque, verificou-se que houve diferença significativa entre as misturas quando se utilizou as três últimas cargas: 1.045 N, 1.192 N e 1.290 N. Para estas cargas, a mudança de combustível provocou variação no
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Landini
CONSUMO ESPECÍFICO DE COMBUSTÍVEL
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à TDP de 881N. As misturas com teores de OSR apresentam maior consumo em relação ao OD. A mudança da porcentagem da mistura de combustível provocou variação no torque do motor, sendo que a mistura de 100% OD com 0% OSR apresentou o maior valor. As utilizações de misturas de OSR com óleo diesel são viáveis desde que em pequenas proporções, porém outras avaliações devem ser efetuadas após maior número de horas de funcionamento .M do motor. Wagner da Cunha Siqueira, Haroldo Carlos Fernandes, Mauri Martins Teixeira e Flavio Coutinho Longui, Universidade Federal de Viçosa
ficha técnica
MF 4283
Lançada no Brasil em abril de 2010, a Série MF 4200, com oito modelos entre 65cv e 130cv, tem o MF 4283 com potência de 85cv como um trator multitarefas, já que modelo vem equipado com Tomada de Potência Econômica
A
série MF 4200 da Massey Ferguson, já consagrada no mercado de tratores, evidencia de forma ampliada e renovada itens como robustez, simplicidade operacional, servicibilidade, design, conforto e a melhor relação custobenefício do mercado. Os tratores da série MF 4200 seguem o design mais moderno e arrojado do atual padrão internacional da Massey Ferguson. Além do visual mais moderno, o posto do operador proporciona maior visibilidade e a ergonomia dos comandos resulta num maior conforto operacional. O capô basculante facilita o acesso para a manutenção, reduzindo o tempo gasto nas inspeções diárias,
estimulando o operador a manter o trator na sua melhor condição de trabalho. Após um ano no mercado a série 4200 traz como opcional a todos seus tratores o Creeper, que permite o trabalho com velocidades abaixo de 2km/h. E para os tratores MF 4265, MF 4275, MF 4283 e MF 4290 também a Tomada de Potência Econômica, que fornece 540rpm com o motor trabalhando a 1.600rpm, consumindo assim menos combustível para realizar um mesmo trabalho.
AMBIENTE DO OPERADOR
O ambiente do operador oferece diversas facilidades e conforto, inclusive na versão
Para testar a Tomada de Potência Econômica em campo, o MF 4283 foi acoplado a um distribuidor centrífugo 2013M da Massey Ferguson para aplicação de adubo em cobertura em uma lavoura de trigo
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Detalhe da instrumentação feita para realização dos testes de campo
plataformada. O espaço está mais amplo e os comandos ergonomicamente posicionados, como as alavancas de câmbio posicionadas na lateral, o que proporciona realizar tarefas com menor esforço. A plataforma ampla é plana, revestida com um tapete de borra-
Fotos Massey Ferguson
cha, auxiliando a aumentar o isolamento do calor. Na série MF 4200 todos os modelos possuem freio de serviço acionado por circuito hidráulico. Com isso a ação dos freios é mais eficaz e traz conforto para o operador, já que o esforço é menor. Os faróis de serviço agora são elípticos e estão posicionados nos defletores laterais para auxiliarem nas operações noturnas.
MOTOR
O motor que equipa o MF 4283 é MWM International modelo A4-4.1 de quatro cilindros, aspiração natural, cilindrada de 4.100cm3, uma potência no motor de 85cv na rotação de 2.200rpm e um torque de 289Nm a uma rotação de 1.400rpm. Este motor pode gerar até 75,5cv na tomada de potência.
VERSATILIDADE
O MF 4283 possui diversas configurações, desde um trator com plataforma e câmbio 8X2 deslizante até um trator cabinado com câmbio 12x4 sincronizado ou 8x8 também sincronizado. Os recursos do comando hidráulico e da tomada de força independente permitem mais precisão e rendimento nas mais variadas operações. Ele possui diversas opções de rodados, raio
de giro reduzido e o equilíbrio na relação peso por cv. Os tratores dessa série utilizam uma estrutura monobloco compacta em ferro fundido formada pela união dos eixos dianteiro e traseiro, motor e transmissão. Essa estrutura confere uma elevada resistência
ao conjunto, podendo suportar os mais rigorosos esforços, além de facilitar os serviços de manutenção. A capacidade do levante de três pontos do MF 4283 é de 3.200kg.
SISTEMA HIDRÁULICO E CONTROLE REMOTO
As configurações de controle remoto
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A alavanca de acionamento da Tomada de Potência Econômica é acessada do posto de comando do operador
podem ser desde um trator sem controle remoto ou as opções de duas ou três válvulas que podem ser centradas por mola, desarme automático ou a opção para acionamento de motores hidráulicos, sendo as plantadeiras pneumáticas a aplicação bastante conhecida, e ainda o floating que permite que os implementos acionados por pistão hidráulico copiem o relevo do solo, estabelecendo um fluxo livre entre o trator e o implemento. Para situações de alto requerimento de fluxo hidráulico no CR é possível somar a vazão da bomba de três pontos, o que proporciona um volume máximo de 69L/min.
TOMADA DE POTÊNCIA ECONÔMICA
A Tomada de Potência Econômica que equipa este modelo é um dos diferenciais que está disponível no Brasil. O objetivo é manter as 540rpm na tomada de potência
com uma rotação mais baixa no motor, desenvolvida para trabalhar com equipamentos que tenham baixa demanda de potência, gerando assim uma economia no consumo de combustível. Quando o produtor tiver necessidade de trabalhar com um implemento que demande maior potência, basta acionar uma alavanca, desde o posto de operação, e o trator passa a operar com a tomada de potência normal, não necessitando fazer qualquer modificação ou alteração no trator. Na posição normal obtêm-se as 540rpm na tomada de potência quando o motor estiver a 1.900rpm, já quando selecionar a Tomada de Potência Econômica atinge-se as 540rpm
com o motor a 1.600rpm. Desenvolvida para lidar com implementos, como distribuidor centrífugo e pulverizador, o operador pode trabalhar com segurança e economia, mantendo as 540rpm no motor, o que dá garantias de aplicação.
PERFORMANCE DA TOMADA DE POTÊNCIA ECONÔMICA
Em testes realizados no Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas da Universidade Federal de Santa Maria, o trator MF 4283 equipado com a Tomada de Potência Econômica passou por uma bateria de testes no dinamômetro antes
Antes de realizar testes em campo, o MF 4283 passou por uma bateria de testes no dinamômetro, onde foram levantados as curvas de potência, o torque e o consumo específico além de simulações de carga para determinação do consumo
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Fotos Massey Ferguson
de ser submetido aos testes de campo. No dinamômetro, foram levantados as curvas de potência, o torque e o consumo específico, além de simulações de carga para determinação do consumo. Nos testes de campo, o MF 4283 foi acoplado a um distribuidor centrífugo 2013M da Massey Ferguson para aplicação de adubo em cobertura em uma lavoura de trigo. Durante os testes com o distribuidor centrífugo, o trator utilizando a Tomada de Potência Econômica, teve um consumo 12,5% menor quando comparado com a tomada de potência normal, trabalhando na mesma velocidade, portanto, realizando .M a mesma área trabalhada por hora.
armazenagem Ednilton T. de Andrade
Mistura explosiva Acúmulo de poeira combustível, energia e oxigênio, sempre presentes em agroindústrias de processamento e beneficiamento de produtos agrícolas, exige atenção para evitar pôr em risco a vida dos trabalhadores e as instalações
C
onsiderando que processos bem estruturados em qualquer ambiente de produção tendem a gerar menores perdas e, considerando que tais perdas, no evento do seu acontecimento, podem se desdobrar em acidentes ampliados (com elevadas perdas), o estudo para sua prevenção e/ ou mitigação torna-se imperativo. Diariamente, o ambiente de trabalho oferece diversas oportunidades de danos à integridade física e psicológica do trabalhador, além de danos materiais no ambiente laboral, que incidem diretamente na redução de investimento necessário para retomada das operações, em dias de paralisação, nas perdas de mercado, de competitividade e, muita das vezes, de vidas humanas. Essas oportunidades são chamadas de riscos e são passíveis de análise. Dentre os principais riscos observados em uma planta industrial, os riscos químicos são os mais difíceis de serem controlados, dada a caracterização de seus agentes e a destinação complexa dos resíduos de processo. Isso inclui a agroindústria que, além do produto em si, grande parte dos resíduos resulta na formação de material particulado que, ao entrar em suspensão ou até mesmo deposição irregular em superfícies, ocasiona fenômenos físicos, tais como explosões e incêndios.
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Quanto à segurança do trabalho, algumas terminologias são muito usuais, porém, ocasionalmente distorcidas e passíveis de confusão. Para isto, a seguir, são consolidadas algumas conceituações que permitem melhor compreensão do tema explorado, como é o caso do conceito de perigo e de risco. A Occupational Health and Safety Assessment Series (OHSAS) 18001/2007, norma de boas práticas relacionadas à Segurança do Trabalho, classifica perigo como “fonte, situação ou ato com potencial para o dano em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde ou uma combinação destes”. Ao passo que risco é definido como “a combinação da probabilidade de ocorrência de um evento perigoso, ou exposição com a gravidade da lesão, ou doença que pode ser causada pelo evento ou exposições”. Uma vez identificados o risco e a natureza de seu agente, faz-se necessário a adoção de medidas de controle, mediante planejamento, obedecendo à ordem de prioridade (fonte – trajetória – medidas administrativas – EPI), além de verificar sua eficácia. A organização internacional de Saúde e Segurança do Trabalho, a HSE – Health and Safety Executive, possui um guia de orientação, o DSEAR - Dangerous Substances and Explosive Atmospheres Regulations (2002),
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que compreende algumas regras de proteção decorrentes da utilização de substâncias perigosas ou presentes no local de trabalho. O risco químico é caracterizado pela exposição de elementos presentes no campo da atuação da toxicologia, que resulta da interação de substâncias químicas com o ser humano no ambiente laboral. Tais elementos, chamados de agentes de risco, são: névoas, fibras, neblinas, fumos, gases, líquidos (dependendo da sua constituição), vapores e poeiras.
POEIRA COMBUSTÍVEL
A poeira é um dos contaminantes mais preFigura 1 - Pentágono da Explosão de Poeira
Figura 2 - Esquema ilustrativo de explosões primárias e secundárias
sentes em um ambiente laboral e que desperta particular interesse por parte dos profissionais de engenharia. Por assumir aspecto de passivo ambiental, por resultar de algum processo, forma misturas complexas de componentes dificultando uma avaliação apropriada e individualizada. Sendo assim, o conhecimento específico sobre o processo de geração da poeira e suas interações com o ambiente (tais como dispersão, tamanho, tempo de deposição e danos à saúde) fornecem importantes informações para que acidentes ocasionados pela sua suspensão não ocorram. Todas as etapas do processamento e do beneficiamento de um produto agrícola requerem o emprego de energia que, seja qual for sua natureza, a torna responsável pela desagregação de partículas, chamadas de poeiras agrícolas, provenientes dessa atividade, que compreendem: farinhas, amidos, açúcar, serragem e aquelas provenientes dos grãos em geral. Quando advinda dos grãos, a poeira é produzida em todas as etapas do seu processamento e beneficiamento, isto é, durante a colheita, secagem, manuseio, armazenagem e industrialização, devido ao atrito entre os grãos, grãos e equipamentos, quebras ou qualquer fonte de escarificação do produto, decorrente
do manuseio. (Adaptado de Souza, 1999) Os espaços físicos responsáveis por armazenamento, processamento e beneficiamento são locais onde coexistem diversas máquinas responsáveis pela limpeza e pela separação dos grãos (por diferença de densidade, cor e tamanho). Na fase do processamento, os produtos são submetidos à movimentação mecânica que, aliada à vibração e, consequentemente ao atrito entre os grãos, resulta na geração do resíduo particulado. Isto ocorre ao longo da operação, o que possibilita a formação de um aglomerado de poeira que, no decorrer do tempo, deposita nas superfícies próximas ao local de origem da suspensão, no interior da unidade de beneficiamento, sobre as sacarias, no chão e aderido às roupas dos trabalhadores, expostas nas fotos a seguir. A Occupational Safety & Health Administration (OSHA) (2005), principal Agência Federal norte-americana encarregada na aplicação da legislação de Segurança e Saúde do Trabalho, mostra que o principal fator para avaliação de riscos, cujo agente é a poeira, está em reconhecer sua potencialidade em comburir-se. Ou seja, qualquer material que se apresenta sob o estado sólido, finamente dividido, com risco iminente de incendiar ou explodir quando disperso no ar,
é classificado como poeira combustível. Segundo Andrade (2004), há particularmente uma situação muito grave, com perdas de produtos, equipamentos, silos e outras edificações, que ocorre devido ao excesso de pó e gases que se formam no interior das galerias das baterias de silos, dos graneleiros, nos poços dos elevadores e nas moegas. Estes locais necessitam de vedação total e sistemas de controle ambiental interno, de forma que, dependendo do material ali contido e das condições ambientais no seu interior, o conduz à intitulação de área classificada. Por definição, a NBR 14787 delibera área classificada como “aquela na qual uma atmosfera explosiva está presente ou na qual é provável sua ocorrência a ponto de exigir precauções especiais para construção, instalação e utilização de equipamento elétrico”, como é o caso do espaço confinado. Sua definição envolve “qualquer área não projetada para ocupação contínua, a qual tem meios limitados de entrada e saída e na qual a ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ ou deficiência/enriquecimento de oxigênio que possam existir ou se desenvolver”. De acordo com a portaria nº 202, de 22 de dezembro de 2006, a Norma Regulamentadora nº 33 (NR33) define espaço confinado como “qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio”, criando uma atmosfera de risco.
EXPLOSÃO
Dentre os acidentes em um ambiente laboral, os incêndios e as explosões ocasionados pela suspensão de particulado destacam-se pela sua amplitude (com elevadas perdas). A explosão é um processo onde ocorre uma rápida e intensa
Figura 3 - Símbolo indicativo de equipamentos à prova de explosão
liberação de energia associado a uma expansão de gases que tendem aumentar a pressão ali existente a níveis acima da pressão atmosférica. Consiste em uma ocorrência instantânea, por muitas vezes impossível de ser prevista. As camadas de poeiras, diferentemente de gases e vapores, não são diluídas por ventilação ou difusão após o vazamento ter cessado, e ainda podem criar um risco acumulativo, por sobreposição, que potencializa os possíveis danos à instalação. Uma vez atingidas pela perturbação ambiental (movimentação de veículos, pessoas, maquinários, ventilação), a poeira tende elevarse e movimentar-se indefinidamente, entrando em suspensão, podendo alcançar a concentração limítrofe de inflamabilidade. Um dos mais importantes e determinantes fatores para análise em uma atmosfera de risco é o Limite de Inflamabilidade (LI). Cada poeira combustível tem seus limites inferior e superior de inflamabilidade específicos. Conhecendo e respeitando estes limites, o fenômeno da explosão poderá ser controlado, tornando-se possível a construção de uma planta industrial capaz de conter o produto ou material oriundo do particulado. A mistura pobre significa que a concentração do agente encontra-se abaixo do limite inferior de inflamabilidade, ou seja, o nível de oxigênio é alto em relação à quantidade de particulado existente. Nesse momento, a possibilidade de ocorrência de uma explosão é nula. Da mesma forma, à medida que a concentração de particulado excede, afastando-se do limite superior, o nível de oxigênio no local torna-se insignificante para que haja a ignição do fenômeno. Porém, quando há a alteração de um ou mais fatores acima descritos, de modo que haja uma perturbação do sistema e o seu possível deslocamento para limiares específicos, que assumam os limites de inflamabilidade, o resultado a ser observado consiste numa intensa liberação de energia. Para iniciar uma explosão ocasionada por suspensão de poeira é necessário que a atmosfera deste local esteja em condições propícias. De acordo com o Boletim da OSHA (2008), que
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alerta para o perigo das poeiras combustíveis, cinco elementos são necessários para iniciar uma explosão de poeira: poeiras inflamáveis (combustível), fontes de ignição (calor, energia), concentração de oxigênio no ambiente (oxidante), dispersão das partículas de poeira em quantidade e concentração suficientes e confinamento. A junção desses elementos configura o Pentágono da Explosão de Poeira (Dust Explosion Pentagon), ilustrado na Figura 1. Mesmo as explosões fracas podem causar significativo dano, lesão e óbito. Diferentemente de incêndios e emissões tóxicas, as explosões que ocorrem em plantas industriais, geralmente, não possuem aviso prévio, ocasionando, portanto, consequências catastróficas tanto para a planta industrial, quanto aos funcionários, à população no entorno e ao meio ambiente. Ainda ao que se refere a acidentes, o referido boletim da OSHA atenta para o comportamento das explosões quanto à sua tipificação, origem e propagação, classificando-as como explosões primárias e explosões secundárias. Uma explosão inicial, comumente chamada de explosão primária, durante o processo pode perturbar as partículas depositadas nos equipamentos e maquinários existentes no local. A energia cinética responsável pela agitação das partículas provoca a suspensão desse particulado, formando uma nuvem, desencadeando, portanto, uma ou mais explosões. Essas novas explosões são usualmente chamadas de explosões secundárias. Estas podem ser mais destrutivas que a explosão primária devido à maior quantidade e concentração de poeiras combustíveis dispersas e, progressivamente, maior fonte de ignição. Tal fato, resultante da rápida liberação de calor, acarretará na elevação da pressão a níveis extremos aos quais a maioria das plantas industriais não foi projetada para suportar. A figura detalha o acontecimento de explosões primárias e secundárias, aliado ao fator incêndio. Os fatores importantes para prevenção e controle de ambientes suscetíveis às concentrações perigosas de poeira combustível de grãos estão associados em identificar suas características intrínsecas do processo, tais como vibração das máquinas, layout e fluxos das correntes de ar, confinamento dos ambientes, bem como o processo relativo à formação dessas
concentrações. Com o advento da modernização nas indústrias e o aumento de incentivos à mecanização e/ou automação, foi possível aumentar a produção e, consequentemente, aumentar a geração de resíduos. No campo da higiene do trabalho, a ventilação nas indústrias tem a finalidade de evitar a dispersão de contaminantes no ambiente, bem como diluir concentrações de gases, vapores e promover conforto térmico ao homem. Assim sendo, além de melhorar sensivelmente a higiene do trabalho, a ventilação é um método eficaz para minimizar – ou até mesmo impedir – a incidência de doenças ocupacionais oriundas da concentração de pó em suspensão no ar, além de inibir a existência de atmosferas propícias à explosão. Esta alternativa compreende a adequação do Sistema de Ventilação Local Exaustora, cujos equipamentos e dispositivos componentes são adequados aos ambientes explosivos por suspensão de pó. Para isto, em unidades de processamento e beneficiamento de grãos, onde a poeira é proveniente da desagregação do produto, a adoção de um sistema para a captação desse resíduo deverá enquadrar-se nas especificações técnicas destinadas aos eventos e ambientes explosivos (quando há a imagem indicativa “Ex”), em um contexto de área classificada, portanto, à prova de explosão, como ilustra a Figura 3. A preocupação com a saúde e a segurança do trabalho não pode ser apenas uma exigência legal. Adequando, corretamente, tais propostas e respeitando a leitura que o ambiente laboral nos oferece, é possível proporcionar condições salubres no ambiente de trabalho, com a eliminação ou redução de material particulado em suspensão. Quanto ao risco de explosão, o resultado da análise é a seguinte: se a estimativa de prejuízo é superior à estimativa de custo, o risco é relevante; quanto maior a relação prejuízo/custo, ponderada pela probabilidade de acontecimento, maior prioridade deve ser dada ao estudo deste risco. Sendo assim, o estudo do risco de explosão por suspensão de poeira combustível é relevante e deve ser priorizado. .M Jéssica Z. Espíndola, Ednilton T. de Andrade e James Hall, UFF
Diferente dos incêndios, a explosão não possui aviso prévio, o que pega os trabalhadores de surpresa
A poeira é um dos contaminantes mais presentes em unidades armazenadoras
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ficha técnica
Sistema Carmetal Exclusivo sistema de interface entre velocidade da esteira e abertura da comporta proporciona maior precisão na aplicação de fertilizantes sólidos
Detalhe do cilindro hidráulico responsável pelo acionamento da comporta traseira
Comporta articulada trabalha em conjunto com a esteira, garantindo maior precisão na distribuição
A
Carmetal agregou uma nova ferramenta em seus distribuidores de fertilizantes sólidos, o sistema exclusivo de interface entre velocidade da esteira e abertura da comporta. O princípio consiste no controle de abertura da comporta através de software específico, que regula a velocidade da esteira transportadora e a abertura da comporta traseira através de cilindro hidráulico baseado em duas ou mais constantes granulares, as quais determinam a qualidade de distribuição, equalizando, desta manei-
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ra, as grandes amplitudes dos mapas de taxa variável. As grandes amplitudes de dosagens existentes nos mapas de produtividade causam uma disparidade na uniformidade de aplicação devido aos equipamentos tradicionais usarem apenas uma constante granular, valendo-se apenas da variação de velocidade da esteira como fator determinante para atingirem as doses exigidas. O perfil de abertura da comporta muda consideravelmente, pois através do acionamento de um cilindro hidráulico instalado na comporta traseira do equipamento é possível controlar mais de uma constante granular, propiciando desta forma um enorme benefício no que se refere à qualidade de distribuição, sendo que em determinadas etapas de aplicação os perfis da comporta oscilam de acordo
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Controlador de taxa variável trabalha com software específico para o sistema
com a necessidade de dosagens maiores ou menores sempre correlacionados com a velocidade da esteira, a qual aumenta ou diminui sua velocidade para atingir as doses exigidas. Motores hidráulicos são responsáveis pelo movimento da esteira e sensores de rotação fazem o monitoramento de velocidades. Este processo propicia também um grande ganho quando a aplicação é feita a taxa fixa, sendo que os steps da comporta oscilam de acordo com a velocidade do equipamento, podendo trabalhar nas doses menores no step 01 e nas velocidades maiores no step 02. Este processo é totalmente automatizado sem a interferência do operador. Considerando também que os mapas possuem variações de doses elevadas podemos salientar que com a introdução deste sistema é possível atingir doses menores sem prejudicar a qualidade de aplicação, que é recorrente nos equipamentos tra-
Fotos Carmetal
O sistema de interface entre velocidade da esteira e abertura da comporta pode ser instalado em distribuidores autopropelidos ou de arrasto fabricados pela Carmetal
dicionais, pois a elaboração da constante granular nestes equipamentos baseia-se sempre na maior dose a ser aplicada fazendo com que todas as doses menores fiquem prejudicadas no que diz respeito à qualidade de distribuição. O objetivo deste projeto é aproximar ao máximo os resultados obtidos na análise do solo das doses necessárias na hora da .M distribuição nos seus produtos.
Detalhes da bomba tripla e do bloco hidráulico, responsáveis pelo acionamento da esteira e da comporta automaticamente dependendo da amplitude do mapa, e do sensor de rotação responsável pelo seu monitoramento de velocidades
ficha técnica Fotos Lavrale
PVU 1500 e 2000 Pulverizador de Arrasto Universal da Lavrale possui versões com capacidade para 1,5 mil e dois mil litros de calda, para aplicações em pomares de maçã, citrus, pêssego e lavouras de café
A
Lavrale está expandindo sua linha de implementos, com foco em pequenas e médias propriedades. Um destes lançamentos é o pulverizador de arrasto universal nas versões PVU – 1.500 litros e PVU – 2.000 litros. Esta linha de pulverizadores possui chassi monobloco, para aumentar a resistência a ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS CARACTERÍSTICAS/VERSÃO DIMENSÕES Comprimento (m) Largura (m) Altura (m) Peso Aproximado (kg) COMANDO Modelo Manômetro Vazão (l/min) Pressão (lbs/pol2) AGITAÇÃO POTÊNCIA REQUERIDA (cv) PNEUS *PVU - Pulverizador Universal
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PVU 1500
PVU 2000
3,9 1,4 a 1,6 1,5 750
3,9 1,4 a 1,6 1,65 800
Comet HPR Glicerina 150 580 Hidráulica 55 – 85 11Lx15”
torções, reservatórios e turbina fabricados em polietileno de alta densidade, além de reservatório de água limpa com capacidade de 200 litros que dispõe de duas torneiras, onde o operador pode lavar as mãos ou retirar água limpa para a prática da tríplice lavagem. O visor de nível
no reservatório tem escala graduada. As duas versões possuem lavador de embalagens para limpeza sob pressão no interior dos frascos, que também é responsável por incorporar resíduos de defensivos à calda do reservatório. O ramal dos bicos possui 20
porta-bicos Bijet com antigotejo, reguláveis, que permitem o direcionamento correto do fluxo de defensivo. O conjunto da turbina possui caixa variadora com duas opções de velocidades, podendo ser desligada, o que facilita operações de reabastecimento, agitação da calda e aplicação com pistolas ou lanças. O ventilador tem diâmetro de 800mm, produz grande volume de ar, proporcionando maior penetração e cobertura da área a ser pulverizada. A bomba com sistema de membranas (diafragma), da marca Comet, evita o contato de produtos químicos com os pistões e proporciona maior resistência à ação corrosiva. O comando para regulagem de pressão Pulverizador Arrasto Universal possui cardã homocinético que possui manômetro Oem banho de de glicerina, com permitepara ao operador fazer manobras sem desligar a TDP do trator engates de fácil manuseio o acoplamento e
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O PVU nas versões de 1.500 e 2.000 litros possui conjunto da turbina, caixa variadora com duas opções de velocidades e é indicado para pulverização de culturas como café, citrus, pêssego e maçã
uso de pistolas ou lanças. Um hidroabastecedor possibilita o reabastecimento do tanque com mais praticidade e agilidade na operação. No interior do tanque, um agitador hidráulico garante a mistura homogênea da calda. A regulagem de largura e altura dos rodados proporciona estabilidade de conjunto trator/ pulverizador em terrenos acidentados e um cardã homocinético permite ao operador fazer manobras sem desligar a TDP do trator Os dois modelos podem ser acionados pela tomada de potência do trator a 540rpm através de cardã telescópico e ambos são indicados para a pulverização de culturas como café, maçã, .M laranja, pêssego etc.
O ramal dos bicos possui 20 porta-bicos Bijet com antigotejo e reguláveis, permitindo o direcionamento correto do fluxo de defensivo
motores
Biogás corrosivo
A utilização do biogás para mover motores adaptados pode ser uma boa saída para produtores que dispõem do produto em suas propriedades. No entanto, a corrosão ocasionada pela composição química do biocombustível merece cuidado especial para evitar o desgaste prematuro do motor
N
o atual cenário mundial, as nações, em sua quase totalidade, são dependentes dos combustíveis derivados do petróleo e da energia elétrica para gerar energia térmica e mecânica. Uma forma de aproveitar o potencial energético dos resíduos da suinocultura é fazer sua digestão anaeróbia: daí se obtém energia mecânica, elétrica e biofertilizantes, além de tratar os dejetos oriundos da produção animal. Todavia, o gás gerado na biodigestão é rico em sulfeto de hidrogênio (H2S), que precisa ser removido antes de ser introduzido no motor, onde causará corrosão. O metano, principal componente do biogás, não tem cheiro, cor ou sabor, já os gases compostos por enxofre, presentes no biogás, possuem odor fétido. Porém, o H2S especificamente em estudo tem, além do odor fétido, efeito corrosivo quando usado em um motor de combustão interna. A composição típica do biogás de dejetos de suinocultura pode ser encontrada na Tabela 1. A corrosão associada ao H2S pode ser definida como a deterioração total, parcial, superficial ou estrutural dos materiais por ataque químico ou eletroquímico associado ou não aos efeitos mecânicos, sendo, então, classificada como corrosão química e corrosão eletroquímica. Sendo que, a corrosão química associada ao sulfeto de hidrogênio corresponde ao ataque do sulfeto de hidrogênio anidro diretamente sobre o material metálico, sem a presença de água e sem a transferência de elétrons de uma área para
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outra. Inicialmente, ocorre a adsorção do gás (H2S) na superfície do metal ou liga e, posteriormente, o ataque, formando uma película de sulfeto. As propriedades da película de sulfeto formadas na superfície dependerão de vários fatores, tais como a afinidade do metal ao H2S, a rugosidade, a temperatura e a pressão. O aumento da temperatura, da pressão e altas concentrações de sulfeto de hidrogênio aceleram a taxa de corrosão e, consequentemente, a película fica porosa e não aderente. Alguns aços-carbono de baixa liga podem formar uma película protetora, que acaba funcionando como uma “barreira” útil contra o intemperismo, o que torna este material mais resistente do que outros aços. Também se observa em gasodutos a formação de uma camada escura de sulfeto ferroso (FeS), preferencialmente, na geratriz superior.
de processos de oxidação a seco; processos de adsorção; processos de biotratamento; processos de absorção física e processos de absorção química. Entre elas podemos citar adição de ar/oxigênio ao biogás (oxigenação), adição de cloreto férrico ao conteúdo do biodigestor, utilização de óxidos de ferro (limalha de ferro), carvão ativado, lavagem com hidróxido de sódio (NaOH) e lavagem com água também são citados (CCE, 2000). O tratamento químico requer adição de substâncias agressivas, causando problemas ao meio ambiente, enquanto os processos físicos não eliminam, mas transferem os poluentes para um novo fluido a ser tratado. Por outro lado, o bioquímico é efetivo para baixas concentrações de contaminantes em grande quantidade de ar. Foi desenvolvido um sistema de filtragem via seca com arame liso recozido nº 06 e carvão vegetal. O filtro foi construído utilizando-se tambor comercial de plástico com volume útil de 0,15m3 e diâmetro interno de 60cm, preenchido com 50kg de arame liso recozido nº 06 e 10kg de carvão vegetal para remoção da umidade do biogás. Durante o funcionamento do filtro o óxido de ferro, contido no arame liso recozido nº 06,
COMO REMOVER O SULFETO DE HIDROGÊNIO
Inúmeras técnicas de remoção de H2S foram desenvolvidas nos últimos anos por meio Tabela 1 - Composição típica do biogás de dejetos de suinocultura GÁS Metano Dióxido de Carbono Hidrogênio Nitrogênio Sulfeto de Hidrogênio e Outros
SÍMBOLO CH4 CO2 H2 N2 H2S, CO, NH3
% NO BIOGÁS 50 a 80% 20 a 40% 1 a 3% 0.5 a 3% 1 a 5%
Fonte: La Farge (1979), Pinheiro (1999), CCE (2000) e Souza (2004).
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Detalhes do sistema de filtragem utilizado para remoção do sulfeto de hidrogênio
Fotos Neiton Machado
Gráfico 1 - Remoção de sulfeto de hidrogênio do biogás
Efeito do sulfeto de hidrogênio no cabeçote, pistão e velas de um motor alimentado por meio de biogás após 1.200 horas de funcionamento
foi sendo consumido na reação com o H2S, o que fez a eficiência da remoção de H2S diminuir com o tempo. Constatou-se que nas primeiras 24 horas de testes a remoção do H2S foi superior a 40%. No Gráfico 1, observa-se a porcentagem de remoção do H2S em função do tempo. Na Tabela 2, apresenta-se o desgaste das peças constituintes do motor Ford 4.9 a gasolina, adaptado para funcionar com 100% de biogás no período 1.200 horas. Embora as folgas entre haste e cilindro, folga do óleo da bucha de comando e a folga do óleo do eixo fixo (virabrequim) tenham apresentado valores superiores aos nominais, o laudo da retífica caracterizou o desgaste como normal para o tempo de uso do motor. Entretanto, foi verificado um grande calo no cilindro número 01, fato este, atribuído ao desalinhamento da biela, sendo que os demais cilindros apresentaram características visuais normais. Nas fotos é possível ver a corrosão total ocorrida no cabeçote de um motor Ford 4.9 a gasolina adaptado para funcionar com 100% de biogás após o funcionamento de 1.200 horas de teste.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, o sistema de purificação do biogás para co-geração de energia elétrica, oriundo da fermentação anaeróbia de dejetos agroindustriais, minimizou a corrosão e aumentou a vida útil do motor que utilizou biogás como combustível. Desta forma, reduziram-se os desgastes no motor, diminuindo os custos de
produção de energia elétrica renovável, tratando os resíduos potencialmente danosos e contribuindo para o desenvolvimento sustentável. .M Neiton Machado, Jadir N. Silva, Cássio Machado e Svetlana F. S. Galvarro, UFV
Tabela 2 - Desgastes das peças constituintes do motor durante o período experimental Folgas / Peças Diâmetro dos Pistões Diâmetro do Eixo Fixo (Virabrequim) Diâmetro do Eixo Móvel (Virabrequim) Diâmetro do Eixo Comando de Válvulas Folga entre Pistão e Cilindro Folga entre Haste e Guia Folga do Óleo Bucha de Comando Folga do Óleo Eixo Fixo (Virabrequim) Folga do Óleo Eixo Móvel (Virabrequim)
Medidas Nominais (mm) 101,60 60,91 - 60,93 53,91 - 53,93 0,04 0,02 0,02 - 0,12 0,02 - 0,06 0,02 - 0,04
Medidas Observadas (mm) 101,57
51,25 0,08 - 0,10 0,05 - 0,06 0,09 0,07 0,04 - 0,07
Observação: o primeiro cilindro estava danificado com 0,4mm de folga
O que é o biogás
O
biogás é um gás resultante da fermentação da matéria orgânica feita por microrganismos na ausência de oxigênio. Este processo ocorre, basicamente, dentro de uma câmara fechada (biodigestor), onde o dejeto é degradado e o gás (biogás) resultante desta oxidação anaeróbia pode ser empregado nos mais diversos fins, tais como aquecimento de ambientes e geração de energia elétrica. A composição típica do biogás de dejetos de suinocultura pode ser encontrada na Tabela 01
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MÁQUINAS EM NÚMEROS
VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2009 2010 2011
JAN 3,1 4,6 4,0
2011 JUN B 5.632 5.501 131 4.605 4.504 101 110 83 27 119 119 0 250 248 2 548 547 1
JUL A 5.609 5.470 139 4.510 4.383 127 85 74 11 135 135 0 341 340 1 538 538 0
Unidades
FEV 3,6 5,3 5,2
MAR 4,1 6,6 5,9
ABR 3,9 6,0 5,7
2010
JAN-JUL C 38.198 37.451 747 31.071 30.433 638 614 534 80 670 670 0 2.521 2.497 24 3.322 3.317 5 MAI 4,0 6,4 6,1
JUN 4,2 6,1 5,6
JUN D 6.429 6.393 36 5.505 5.476 29 58 52 6 166 166 0 200 199 1 500 500 0 JUL 4,8 6,4 5,6
JAN-JUL E 41.412 41.068 344 34.577 34.312 265 503 462 41 1.045 1.045 0 2.357 2.329 28 2.930 2.920 10 AGO 5,1 6,5
SET 5,4 6,1
Variações percentuais A/D -12,8 -14,4 286,1 -18,1 -20,0 337,9 46,6 42,3 83,3 -18,7 -18,7 70,5 70,9 0,0 7,6 7,6 -
A/B -0,4 -0,6 6,1 -2,1 -2,7 25,7 -22,7 -10,8 -59,3 13,4 13,4 36,4 37,1 -50,0 -1,8 -1,6 0,0 OUT 6,2 5,9
NOV 5,3 4,7
DEZ 5,5 3,9
C/E -7,8 -8,8 117,2 -10,1 -11,3 140,8 22,1 15,6 95,1 -35,9 -35,9 7,0 7,2 -14,3 13,4 13,6 -50,0 ANO 55,3 68,5 38,2
MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA Unidades
2011 JUN B 5.632 4.605 171 113 914 1.088 1.038 1.081 200 250 59 53 40 89 9 119 110 548
JUL A 5.609 4.510 153 135 866 1.400 760 1.006 190 341 41 160 40 90 10 135 85 538
Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Yanmar Agritech Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)
2010
JAN-JUL C 38.198 31.071 1.023 848 5.903 8.619 6.238 7.223 1.217 2.521 347 1.001 372 683 118 670 614 3.322
JUN D 6.429 5.505 176 96 768 1.615 1.425 1.238 187 200 23 84 45 36 12 166 58 500
JAN-JUL E 41.412 34.577 1.165 685 4.639 10.505 7.778 8.376 1.429 2.357 325 740 363 820 109 1.045 503 2.930
Variações percentuais A/D -12,8 -18,1 -13,1 40,6 12,8 -13,3 -46,7 -18,7 1,6 70,5 78,3 90,5 -11,1 150,0 -16,7 -18,7 46,6 7,6
A/B -0,4 -2,1 -10,5 19,5 -5,3 28,7 -26,8 -6,9 -5,0 36,4 -30,5 201,9 0,0 1,1 11,1 13,4 -22,7 -1,8
C/E -7,8 -10,1 -12,2 23,8 27,2 -18,0 -19,8 -13,8 -14,8 7,0 6,8 35,3 2,5 -16,7 8,3 -35,9 22,1 13,4
Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).
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PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2009 2010 2011
JAN 4,7 5,9 5,3
2011 JUN B 6.707 5.427 347 110 267 556
JUL A 6.673 5.125 313 135 470 630 FEV 4,4 6,5 7,0
MAR 5,6 7,9 7,5
ABR 5,2 7,8 6,9
2010
JAN-JUL C 47.326 37.481 1.874 650 3.747 3.574 MAI 4,5 8,1 7,2
JUN 4,1 7,7 6,7
JUN D 8.544 7.177 190 180 470 527 JUL 5,6 8,5 6,7
JAN-JUL E 52.356 42.984 1.058 1.142 3.656 3.516 AGO 5,7 8,6
Agosto 2011 • www.revistacultivar.com.br
SET 6,1 8,2
Variações percentuais A/D -21,9 -28,6 64,7 -25,0 0,0 19,5
A/B -0,5 -5,6 -9,8 22,7 76,0 13,3 OUT 7,0 8,1
NOV 7,3 7,3
DEZ 6,2 4,2
C/E -9,6 -12,8 77,1 -43,1 2,5 1,6 ANO 66,2 88,9 47,3