Cultivar Máquinas • Edição Nº 111 • Ano X - Outubro 2011 • ISSN - 1676-0158
Nossa capa
Test Drive - Imperador 3100
Capa: Charles Echer
Matéria de capa
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Confira o desempenho do Imperador 3100 da Stara, o primeiro autopropelido do mundo com barras centrais, uma característica que garante ao modelo estabilidade na aplicação
Destaques
Índice
Tratores brasileiros
Gestão da mecanização
Estudo realiza levantamento do número de tratores existentes no Brasil, divididos por potências e fabricantes
Saiba como usar as ferramentas de gestão na análise operacional da atividade e aumente a produtividade da sua frota
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Gilvan Quevedo
Simone Lopes
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• Assistente
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Rodando por aí
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Empresas - 50 anos da Massey
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Otimização de máquinas agrícolas
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Compactação dos solos
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Tratores agrícolas
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Test Drive - Imperador 3100
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Gestão em mecanização
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Pulverização e deriva
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Aspersores
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Pulverização segura
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Coluna Estatística Máquinas
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Assinatura anual (11 edições*): R$ 157,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
rodando por aí
Finame
A Marini Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas acaba de ter dois de seus principais produtos incluídos na lista de implementos e componentes financiáveis através das linhas de crédito do Finame PSI do BNDES. Agora o Kit Rodado Duplo tradicional e o Kit Rodado Duplo com sistema de engate rápido podem ser adquiridos pelos produtores com financiamento e período de carência.
Prêmio
A Verion Soluções Integrais para Agricultura de Precisão recebeu o prêmio Gerdau Melhores da Terra com o produto VCOM 5.6. O equipamento multifuncional pode ser instalado em uma grande variedade de máquinas e desenvolver vários tipos de aplicações, como aplicação em taxa variável, controle da pulverização, controle e monitoramento do plantio, sistema de orientação por GPS/barra de luz e piloto automático e sistema de gestão remota de frota agrícola.
Lançamento
A concessionária Parecis Máquinas, de Campo Novo dos Parecis (MT), realizou o lançamento regional das novas máquinas da linha de produtos da New Holland: a linha de tratores de alta potência, T8, e o pulverizador autopropelido SP3500. Mais de 120 clientes participaram do lançamento, oportunidade onde também foram fechados vários negócios.
Stara
A Stara participou do 8º Congresso Brasileiro do Algodão realizado em São Paulo, destacando as máquinas e os implementos para o cultivo do algodão. Os destaques foram o autopropelido Imperador, primeiro pulverizador com barras centrais do mundo, e o lançamento dos tratores articulados Rinno.
Cotton Blue
A Montana marcou presença no 8º Congresso Brasileiro do Algodão e destacou a colhedora de algodão adensado Cotton Blue 2826, com plataforma tipo stripper. A empresa já tem mais de 20 máquinas comercializadas, desde o seu lançamento no Agrishow deste ano.
Case IH
A Case IH apresentou aos participantes do 8º Congresso Brasileiro do Algodão a colhedora e enfardadora de algodão Module Express 635. Sua operação consiste em diminuir o processo convencional de colheita das atuais cinco etapas para apenas duas: colheita e transporte para o beneficiamento. A máquina forma, dentro do cesto, um bloco retangular, que varia de 1.800 a 5.450kg dependendo da necessidade do produtor ou das condições da colheita.
John Deere
Eduardo Martini, marketing estratégico da John Deere na região de Campinas e arredores, palestrou no 8° Congresso Brasileiro de Algodão, onde a empresa apresentou as novas colhedoras de algodão 7660 e 7760. Esta geração de colhedoras enfarda o produto enquanto colhe e entrega em fardos redondos, prontos para serem transportados para a Eduardo Martini algodoeira.
Valley
Avanço
Felipe Dantas, especialista de marketing para colhedoras de algodão da Case IH, destacou os benefícios da Module Express 635, que “agrega economia em termos de custo de produção, eficiência e praticidade, por reunir diversas funções e diminuir consideravelmente o custo de Felipe Dantas mão de obra”.
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Marcos Schmidt, coordenador de projetos da Valley, apresentou durante o 8º Congresso Brasileiro do Algodão a linha de produtos Pivot Central, Sistemas Lineares e Rebocáveis, com ênfase para os sistemas de gerenciamento e controle da irrigação, como o BaseStation2, um dos mais novos produtos disponibilizados pela Valmont no Brasil para a gestão otimizada da irrigação das lavouras.
Marcos Schmidt
eventos Fotos Nilson Konrad
Meio século A
Massey Ferguson comemorou seus 50 anos de presença no Brasil com uma grande festa realizada no dia 06 de outubro, na fábrica de Canoas, Rio Grande do Sul. A cerimônia relembrou fatos que marcaram história nestas cinco décadas, como o lançamento do MF 50, famoso Cinquentinha, e o MF 65, na presença do presidente João Goulart em 1961, quando os tratores passaram a ser produzidos no Estado de São Paulo. Martin Richenhagen, CEO e presidente global do grupo AGCO, veio ao Brasil especialmente para participar do evento e falou da
importância da empresa continuar liderando o mercado de tratores no país, feito mantido neste meio século de produção e comercialização de máquinas no Brasil. Além Tichenhagen, Andre Carioba, vice-presidente do grupo para América do Sul esteve na fábrica para celebração dos 50 anos. Além dos executivos, outras personalidades marcaram presença na cerimônia, como Pelé, que também é cliente fiel da Massey Ferguson. Durante a noite, foram apresentados dois modelos de tratores ainda não visto por produtores brasileiros. Um deles é o francês MF 8600,
o maior trator fabricado pela Massey Ferguson no mundo. Este modelo tem a tecnologia mais avançada produzida pela empresa, com destaque para o gerenciamento inteligente de combustível. Outro destaque foi o trator MF 5450 Dyna-4, que o gerente de marketing de produtos AGCO, Jack Torreta, chamou de “amostra do que serão os tratores médios da MF num futuro bem próximo”. Este trator ainda não tem previsão de comercialização no Brasil, mas chama a atenção, assim como o MF8600, pelo design mais moderno, com faróis de xenon, por exemplo, e quantidade de tecnologia embarcada. A noite foi encerrada em grande estilo, com show do cantor Daniel que, além de ser identificado com o campo, também é cliente da Massey Ferguson, com tratores em sua .M propriedade rural no interior paulista.
Durante a noite, foram apresentados dois modelos de tratores ainda não vistos por produtores brasileiros: o francês MF 8600, o maior trator fabricado pela Massey Ferguson no mundo, e o trator conceito MF 5450 Dyna-4
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mecanização
Tempo e dinheiro A otimização de máquinas e operações agrícolas é uma necessidade para quem pretende tornar a propriedade cada vez mais rentável e competitiva. Conhecendo a potência dos tratores e as dimensões dos implementos, é possível tornar o conjunto mais eficiente
O
s sistemas de produção agrícola têm sofrido alterações com o passar dos anos, no sentido de aumentar a competitividade em um mundo global. No modelo empresarial, adotado por parte da agricultura brasileira, as atividades agrícolas, buscam mais que o aumento de produtividade, uma diminuição do custo de produção, com vistas a aumentar o lucro do produtor rural. Este conceito de agricultura impõe uma maior obrigação ao produtor em racionalizar o uso dos recursos, incluídos nestes, os mecanizados. Para que este objetivo seja atingido é preciso conhecer e buscar alternativas que visem a otimização do uso das máquinas agrícolas. Esta prática, embora simples e viável, necessita ser conhecida pelo
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segmento, para ser aplicada. É indispensável, neste contexto, que o produtor conheça as necessidades de tempo e equipamento para a execução das operações agrícolas, ao longo do ciclo das culturas, para que possa administrar adequadamente a utilização das máquinas agrícolas que deve dispor na propriedade. Este é o primeiro caminho para bem planejar e encontrar maior eficiência, portanto qualidade, na execução destas operações. A eficiência é um conceito importante, pois nem sempre se consegue alcançar valores máximos, pois as diferentes práticas agrícolas estão sujeitas à variação do clima. Para iniciar o estudo da eficiência é importante considerar alguns antigos conceitos, como o de Capacidade de trabalho (CT)
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dos implementos envolvidos nas operações agrícolas mecanizadas. De acordo com Mialhe (1980) esta capacidade é a quantidade de trabalho que um conjunto mecanizado (trator e implemento) é capaz de executar por unidade de tempo. CT = quantidade de trabalho unidade de tempo Essa quantidade de trabalho pode ser avaliada de diversas maneiras e o tempo sob vários aspectos. De um lado deve-se considerar a Capacidade teórica (Ct), que é aquela obtida a partir de informação teórica, de fácil obtenção e que se relaciona às dimensões da máquina, como a largura de trabalho e a velo-
Fotos Charles Echer
É indispensável que o produtor conheça as necessidades de tempo e equipamento para a execução das operações, ao longo do ciclo das culturas, para que possa administrar adequadamente a utilização das máquinas agrícolas que deve dispor
ser obtida através do manual de instruções do trator. Em se tratando de informação real é necessário recorrer a medições diretas de largura efetiva, com a inclusão da sobreposição, e de velocidade instantânea, a partir de medição do tempo gasto para percorrer uma distância conhecida ou pela utilização de um receptor de sinais de GPS que a calcula diretamente. A capacidade teórica, que expressa o máximo que um conjunto mecanizado pode alcançar, pode ser demonstrada através da seguinte fórmula: Ct = Lt.vd Sendo: Ct – Capacidade teórica (m²/s) Lt – Largura de trabalho (m) vd – Velocidade de deslocamento (m/s)
cidade de deslocamento ideal para alcançar o seu melhor desempenho e que será conseguida em uma determinada marcha e rotação do motor do trator. Em termos teóricos, a largura do implemento é uma informação fácil de ser obtida com os fabricantes e a velocidade pode
Como dissemos, na Ct não estão contabilizadas as perdas decorrentes do trabalho, como as paradas do equipamento, por exemplo, para abastecimento de combustível, de sementes e fertilizantes, manutenção, descanso e/ou troca do operador, manobras etc. Para exemplificar, no caso de uma grade aradora, a largura de corte é determinada pela projeção dos bordos dos discos. De outra forma, a capacidade de campo operacional (CcO), no caso em que estamos estudando é a quantidade de área que um
conjunto mecanizado (trator e implemento) é capaz de executar por unidade de tempo, medida no campo, durante um intervalo de tempo (Mialhe, 1980). A mais importante é a relação existente entre a capacidade teórica e a operacional que nos leva ao conceito pleno da eficiência de campo. Para alcançar o objetivo deste artigo, vamos nos restringir à avaliação de eficiência de campo que se relaciona àquelas máquinas e implementos que se deslocam no campo cobrindo determinada área, como seriam os casos de pulverizadores, grades, semeadoras etc. Portanto, o trabalho executado é medido em termos de área de trabalho, neste sentido, representa-se: CcO = at ut Sendo: CcO – Capacidade de campo operacional (m2/min, ha/h) at – Área efetivamente trabalhada (m2, ha) ut – Unidade de tempo para realizar o trabalho (min, h) Por isto, a Capacidade de campo operacional (CcO) é um parâmetro que pode ser avaliado a campo, com todos os recursos modernos que dispomos atualmente, para medir velocidade e tempo. A eficiência de campo ou eficiência operacional, que é sinônimo de rendimento de campo, representa o quanto uma operação mecanizada é eficiente em relação ao seu máximo potencial, se consideramos para isto o tempo, nada mais é do que a porcentagem de tempo total em trabalho efetivo, influenciada pelos diversos fatores relacionados à operação considerada. A eficiência de campo (f) pode então ser representada pela relação entre a capacidade de campo operacional (real) e a capacidade teórica, sendo expressa da seguinte forma: Sendo:
As atividades agrícolas buscam mais que o aumento de produtividade, uma diminuição do custo de produção, com vistas a aumentar o lucro do produtor rural
f = CcO . 100 Ct
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f – Eficiência de campo (%) CcO – Capacidade de campo operacional (m2/s, m2/min, ha/h) Ct – Capacidade teórica (m2/s, m2/min, ha/h) Embora já tenhamos muitas avaliações de eficiência operacional para casos no Brasil, uma boa referência é a tabela desenvolvida pela Sociedade Americana de Engenheiros Agrícolas e Biológicos (Asabe), apresentada no projeto de norma D230. Unindo às duas relações, pode-se avaliar a capacidade de campo ou real, desde que se conheça a eficiência da operação, de acordo com a seguinte relação: CcO = velocidade (km/h) • largura (m) • eficiência (adimencional)
.M
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No denominador, ao utilizarmos um fator de conversão de unidades, pode-se obter a capacidade em hectares por hora, informando as entradas em unidades mais usuais, como é o caso do metro para largura e km/h para velocidade. O desempenho operacional das máquinas agrícolas é diretamente proporcional à eficiência operacional. Por isto, sempre que puder realizar uma operação com maior eficiência, melhor. Para obter uma maior eficiência das máquinas agrícolas é interessante conhecer os fatores que afetam o desempenho destas e que fazem com que a eficiência operacional também seja alterada. Dentre estes fatores, podemos citar: o formato e o tamanho da área a ser trabalhada, o trajeto escolhido para
a operação, o tipo de máquina e implemento utilizados, a habilidade do operador e a perda de tempo em determinadas tarefas, inerentes ao trabalho de campo, como as manobras, o abastecimento, a reposição de insumos, as descargas, entre outros. Com terrenos planos, combinados com talhões retangulares, obtêm-se as melhores eficiências, pois o número de manobras é reduzido e elas são rápidas. Também em termos
Máquinas mais eficientes fazem mais trabalho ao longo do dia e, por conseguinte, podem racionalizar o parque de máquinas, diminuindo a quantidade de potência por área
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operacionais, a maior autonomia de trabalho favorece a eficiência, pois os tempos de carga e descarga ficam reduzidos. Mas sem a menor dúvida, o treinamento do operador, que tenha pleno domínio da máquina e que conheça a área a ser trabalhada, é fator que contribui para o conjunto mecanizado alcançar eficiências de campo elevadas. Máquinas mais eficientes fazem mais trabalho ao longo do dia e, por conseguinte, podem racionalizar o parque de máquinas, diminuindo a quantidade de potência por área (índice de mecanização). Isto favorece a diminuição de custos (rentabilidade econômica), pelo melhor aproveitamento do investimento imobilizado na compra de tratores agrícolas. Quando falamos em otimização e alcance de altas eficiências, está implícito que nada se consegue quando esta é a intenção, se tudo não for pensado durante a fase de planejamento do uso de mecanização agrícola. Assim, tornase imprescindível que desde a localização e o estabelecimento das dimensões das parcelas (talhões) seja considerada a necessidade de evitar-se perdas de tempo. Não devemos esquecer que a proporcionalidade entre dimensão, largura e comprimento de uma área é fator primordial para se iniciar a pensar em sistemas eficientes. Em seguida, o segundo fator a ser considerado é a necessidade de redução do tempo gasto para execução das diferentes operações agrícolas e de fases específicas de um ciclo. Como exemplo, ao utilizar um equipamento abastecedor em apoio ao trabalho de aplicação de defensivo, pode-se reduzir o tempo de recarga do pulverizador. Os reboques
Fotos Charles Echer
em apoio às colhedoras também aumentam a eficiência, pois minimizam o deslocamento desta máquina para descarregar produto
colhido. Na fase de implantação de culturas agrícolas, o uso de carretas abastecedoras de sementes e fertilizantes na semeadora, segue a mesma regra, pois além de proporcionar um maior aproveitamento desta máquina ao longo do ano, reduz o menor tempo necessário para abastecimento da semeadora. Em termos mais desenvolvidos, algumas empresas, aproveitando a inserção de eletrônica embarcada em tratores e máquinas, já comercializam equipamentos com capacidade de sincronização de velocidade entre ambos os equipamentos. Desta maneira, ao aproximarse o trator com o reboque graneleiro de uma colhedora esta assume o sincronismo da operação, alterando a velocidade de deslocamento do trator, para evitar perdas de tempo e produto. Tão logo termine a descarga, a colhedora devolve ao operador do trator o seu comando sobre a velocidade de deslocamento. Outras medidas mais simples auxiliam a melhorar a eficiência via aumento da autonomia e neste sentido medidas simples como o abastecimento do trator ou colhedora após o final do turno de serviço, evitando assim o seu abastecimento durante o mesmo. Em busca de uma conclusão sobre a temática discutida recomenda-se analisar cada operação e buscar em cada uma delas um meio de aumentar a eficiência, como a aquisição de
Eficiência de campo (%) 70 – 90 Aração 75 – 90 Subsolagem 70 – 90 Gradagem pesada (aradora) Gradagem leve (grade niveladora) 70 – 90 70 – 90 Grade vibratória 70 – 90 Rolagem 70 – 90 Enxada rotativa 50 – 75 Semeadura direta 65 – 85 Semeadura 65 – 85 Colheita Distribuição de fertilizantes (lanço) 60 – 70 50 – 80 Pulverizador de barra OPERAÇÃO
Velocidade (km/h) 5,0 – 10,0 6,0 – 9,0 5,5 – 10,0 5,0 – 10,0 5,0 – 10,0 7,0 a 12,0 2,0 – 7,0 3,0 – 6,5 4,0 – 10,0 3,0 – 6,5 5,0 – 8,0 5,0 – 11,5
Fonte: adaptado de Asae: Asae D230-4, 1984.
equipamentos abastecedores, principalmente quando o custo horário do equipamento principal for alto. Também, quando a empresa rural toma proporções um pouco maiores, é interessante dispor de equipamentos móveis de abastecimento e lubrificação, os chamados .M comboios de abastecimento. Marcelo Silveira de Farias, José Fernando Schlosser, Ulisses Giacomini Frantz e Rodrigo Lampert Ribas Nema – UFSM
mecanização
Cobertura preservada A escarificação deve ser feita sempre que o solo estiver compactado. No entanto, a manutenção da cobertura do solo pode ser diferente, dependendo da época realizada e da profundidade utilizada
A
mínimo e plantio direto. O aumento da compactação do solo acarreta às culturas uma reduzida área de exploração radicular, prejudicando a nutrição mineral das plantas, trocas gasosas do sistema radicular e fornecimento de água à planta, levando à redução da produtividade. Nas operações de descompactação do
New Holland
desestruturação do solo, a compactação e a redução nos teores de matéria orgânica são consideradas os principais indutores da degradação dos solos agrícolas. Preocupados com a degradação e com o intuito de reduzir o número de operações de preparo de solo, muitos agricultores têm adotado sistemas conservacionistas como cultivo
O aumento da compactação do solo acarreta às culturas uma reduzida área de exploração radicular, prejudicando a nutrição mineral das plantas
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solo, a permanência dos restos culturais e das plantas utilizadas como cobertura, na superfície, tem importância para a manutenção tanto dos teores de água no solo como na redução das oscilações de temperatura, permitindo um bom desenvolvimento das culturas principalmente quando sujeitas a déficit hídrico. A cobertura morta formada pelo acúmulo de resíduos vegetais nas camadas superficiais diminui as oscilações da temperatura e da unidade na superfície do solo e contribui para a manutenção de temperaturas mais amenas e maior retenção de água em períodos quentes e de estiagem prolongadas. A manutenção de pelo menos 30% de cobertura sobre a superfície do solo reduz a evaporação e aumenta a taxa de infiltração de água, ocasionando maior disponibilidade desta às culturas, podendo refletir-se em maiores produtividades. A evaporação é a principal causa de perda de água armazenada no solo no período que vai desde a semeadura até quando estiver totalmente coberto pela cultura. Baseado nestas informações foi realizado um experimento com objetivo de avaliar a porcentagem de cobertura deixada no solo antes e após a mobilização por subsolagem a 0,40m e escarificação a 0,20 e 0,30m nas culturas de milho e soja. O experimento foi instalado no ano agrícola de 2008/2009, na Fazenda Experimental Lageado, pertencente à Faculdade de Ciências Agronômicas Unesp, localizada no município de Botucatu, na região centro-oeste do estado de São Paulo. A área experimental tem sido manejada sob sistema de plantio direto desde
o ano agrícola de 1997, com rotações de milho (Zeamays L.) e soja (Glycine Max L.) no verão e aveia preta (Avena strigosa Schreb) ou triticale (Triticumturgidocereale) no inverno. Os experimentos de milho e soja foram compostos pelos tratamentos de manejo do solo e subsolagem, escarificação, haste na semeadora e como testemunha discos duplos na semeadora. Os tratamentos utilizados no experimento com a cultura do milho foram (MS40I), subsolagem a 0,40m antes da implantação da cultura de inverno; (MS40V), subsolagem a 0,40m antes da implantação da cultura do milho; ME30I, escarificação a 0,30m antes da implantação da cultura de inverno; (ME30V), escarificação a 0,30m antes da implantação do milho; (ME20I), escarificação a 0,20m antes da implantação da cultura de inverno; (ME20V), escarificação a 0,20m antes da implantação do milho; (MPHA), semeadura direta do milho, com mecanismo sulcador tipo haste; (MPDI), semeadura direta do milho, com mecanismo sulcador tipo disco duplo. Para os tratamentos utilizados na cultura da soja foram (SS40I), subsolagem a 0,40m antes da implantação da cultura de inverno; (SS40V), subsolagem a 0,40m antes da implantação da soja; (SE30I), escarificação a 0,30m antes da implantação da cultura de inverno; (SE30V), escarificação a 0,30m antes da implantação da soja; (SE20I), escarificação a 0,20m antes da implantação da cultura de inverno; (SE20V), escarificação a 0,20m antes da implantação da soja; (SPHA), semeadura direta da soja, com mecanismo sulcador tipo haste; (SPDI),
Fotos Charles Echer
A manutenção de pelo menos 30% de cobertura sobre a superfície do solo reduz a evaporação e aumenta a taxa de infiltração de água, ocasionando maior disponibilidade das culturas, podendo refletir-se em maiores produtividades
semeadura direta da soja, com mecanismo sulcador tipo disco duplo. Para a determinação da porcentagem de cobertura utilizou-se a metodologia
descrita por Laflen et al (1981), realizando-se uma contagem nas direções diagonais de cada parcela experimental, antes e após o preparo do solo e na se-
Divulgação
Tabela 1 - Valores da porcentagem de manutenção de cobertura do solo (%), nos experimentos com as culturas do milho e da soja, submetidos nos diferentes manejos do solo Tratamentos Milho MS40I MS40V ME30I ME30V ME20I ME20V MPHA MPDI DMS CV(%) Média
Cobertura do solo (%) 75,00 AB 44,00 C 80,25 AB 41,25 C 79,25 AB 66,25 B 84,25 AB 90,75 A 19,37 11,64 70,12
Tratamentos Soja SS40I SS40V SE30I SE30V SE20I SE20V SPHA SPDI -
Cobertura do solo (%) 80,75 A 43,75 C 83,25 A 40,00 C 84,75 A 70,00 B 83,00 A 86,50 A 10,44 6,17 71,37
Médias seguidas de letras distintas, maiúsculas na coluna, diferem entre si, pelo teste de Tukey, no nível de 5% de probabilidade.
meadura. Para se obter o percentual de cobertura vegetal, fez-se a contagem dos pontos sem cobertura vegetal e subtraiuse de 100. Essa porcentagem foi obtida pela equação:
Leandro Tavares aborda a importância de avaliar corretamente a hora certa de descompactar o solo
escarificação a 0,20m realizado no período de verão apresentou valor de 70% de porcentagem de cobertura do solo, diferenciando dos demais tratamentos. Já as parcelas submetidas ao sistema de plantio direto não diferenciaram com os tratamentos de preparo do solo realizado na época de inverno. A alta permanência destes resíduos sobre a superfície, nos tratamentos de inverno, é devido
Onde: PMC = Porcentagem de manutenção de cobertura na superfície do solo (%); PCd = Porcentagem de cobertura do solo depois dos equipamentos (%); PCa = Porcentagem de cobertura do solo antes dos equipamentos (%). Na Tabela 1 são apresentados os resultados de percentagem de cobertura do solo dos experimentos com as culturas do milho e da soja. Antes de qualquer interferência mecânica, havia na superfície do solo mais de 80% de cobertura vegetal, apresentando uma média de 6.845kg/ha de massa seca. Em ambos os experimentos, do milho e da soja, as operações de subsolagem e de escarificação a 0,30m de profundidade realizadas, ambas no período de verão, apresentaram os menores valores da porcentagem de cobertura do solo, em média de 43%, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos. Na cultura do milho os tratamentos de plantio direto com os mecanismos sulcadores tipo haste e discos duplos desencontrados, obtiveram os maiores valores 84,25 e 90,75%, respectivamente, mas não diferiram como os tratamentos MS40I, ME30I, ME20I e ME20V, mantendo valores superiores a 66% de cobertura sobre a superfície. Na cultura da soja, o tratamento de
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Leandro Augusto Felix Tavares, Neilor Bugoni Riquetti, Saulo Fernando Gomes De Sousa, Paulo Roberto Arbex Silva e Sérgio Hugo Benez, FCA Unesp de Botucatu
New Holland
PMC = PCd/PCa x 100 (1)
ao manejo da palha empregado, onde apenas a operação de dessecação da aveia preta foi realizada, seguida da semeadura utilizando discos duplos desencontrados como mecanismos sulcadores. A manutenção da cobertura do solo no tratamento de subsolagem no período de verão, nos experimentos com as culturas do milho e da soja, apresentou valores médios de 43,8%. A utilização dos mecanismos sulcadores tipo haste no sistema de plantio direto não apresentou diferenças entre o tratamento com o sulcador tipo disco duplo defasado nos dois experimentos. Baseado nestes resultados conclui-se que em áreas compactadas, a operação de subsolagem e/ou escarificação pode ser realizada mantendo-se a cobertura de solo para a safra de verão. A cobertura do solo em áreas onde as operações de subsolagem e escarificação foram realizadas no período de inverno apresentou uma maior porcentagem de pontos cobertos do solo na época da semeadura da cultura de verão, aproximando dos valores obtidos no sistema de plantio direto. .M
Na operação de descompactação do solo, a permanência dos restos culturais e das plantas utilizadas como cobertura na superfície tem importância para a manutenção tanto dos teores de água
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Pneus
Raios X
Estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa aponta para um crescente aumento de fabricação e comercialização de tratores na faixa de potência de 55cv a 100cv e detalha a fatia de mercado de cada marca
New Holland
A
mecanização agrícola brasileira teve o seu grande desenvolvimento a partir de 1970 com os trabalhos manual e semimecanizado sendo substituídos gradativamente pelo mecanizado. O trator agrícola, devido a sua versatilidade na execução de inúmeras tarefas, proporcionou esse desenvolvimento, servindo como fonte de potência e tração de implementos agrícolas. A indústria de tratores agrícolas disponibiliza hoje no mercado brasileiro, vários tipos e modelos dessas máquinas, em faixas de potência entre 15 e 320kW. Segundo Anfavea (2011), as produções das principais marcas em 2010 foram Massey Ferguson (17.085 unidades), Agrale (1.987 unidades), Case (1.529 unidades), New Holland (16.391 unidades), John Deere (10.933 unidades) e Valtra (14.784 unidades), totalizando 62.709 unidades de tratores agrícolas. Hoje, encontramos no Brasil tratores com uma variada faixa de potência e dois tipos de tração, 4x2 e 4x2 TDA. Os tratores 4x2 desempenham tração somente no eixo traseiro, as rodas dianteiras são apenas direcionais. Já os tratores 4x2 TDA (tração dianteira auxiliar) também chamados de “tracionados” ou “traçados”, possuem rodas dianteiras com garras menores que as traseiras também com garras. A tração do eixo dianteiro pode ser acionada, se necessário, por meio de dispositivo. Antigamente tínhamos os tratores 4x4, tração integral, e era exercida nos dois eixos, todos os rodados eram motrizes e de mesmo diâmetro. Diante da necessidade em conhecer a situação dos tratores agrícolas de pneus comer-
cializados e fabricados no Brasil foi realizado um levantamento dessas máquinas. Ao final da pesquisa, identificamos por meio de consulta às especificações técnicas, 191 modelos de tratores agrícolas de pneus fabricados e comercializados no Brasil das marcas Agrale, Case, Green Horse, John Deere, Landini, Massey Ferguson, New Holland, Tramontini, Valtra e Yanmar, sendo esses modelos estratificados em função da faixa de potência e do tipo de tração Os tratores foram estratificados em dois tipos de tração existentes, 4x2 e 4x2 TODA, e por quatro faixas de potência de acordo com a Anfavea em 2011, conforme descrito no Quadro 1, e na Figura 1 é apresentado o percentual de participação de cada fabricante em relação aos 191 tratores analisados. Pode-se observar, na Figura 1, que a marca Massey Ferguson apresenta o maior número de modelos fabricados/comercializados no Brasil,
Quadro 1 - Faixa de potência dos tratores agrícolas de pneus fabricados no Brasil Nível 1 2 3 4
Faixa de Potência (cv) ≤ 49 50 ≤ P ≤ 99 100 ≤ P ≤ 199 ≥ 200
Faixa de Potência (kW) ≤ 36 37 ≤ P ≤ 73 74 ≤ P ≤ 146 ≥ 147
Fonte: ANFAVEA
seguida por New Holland, John Deere, Valtra e Agrale. As demais marcas apresentam um percentual de participação inferior a 10%. Os tratores fabricados/comercializados pela empresa Agrale se enquadram nas faixas 1 e 2 de potência, com a mesma porcentagem de participação, 41,2%, seguido com 17,6% representado pelo nível 3. Para o nível 4 não são comercializados tratores agrícolas. O tipo de tração 4x2 apresentou menor representatividade quando comparado ao tipo de tração 4x2 TDA (Figura 2). Os tratores fabricados/comercializados pela empresa Case são em maior porcentagem, 54,5%, da faixa 3 de potência, seguido com 27,3% pelo nível 4 e 18,2% pelo nível 2. Para o nível 1 não são comercializados tratores agrícolas. Portanto, esta marca comercializa tratores de média a alta potência. Todos os modelos apresentam tração 4x2 TDA. Dentre eles, o nível 3 constitui aquele com maior número de tratores sendo comercializados, em seguida,
Figura 1 - Percentual de participação de cada fabricante em relação ao total dos tratores comercializados
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Figura 2 - Marca Agrale em função das faixas de potência e tipo de tração
Figura 3 - Marca Case em função das faixas de potência e tipo de tração
Figura 4 - Marca Green Horse em função dos níveis de potência e tipo de tração
Figura 5 - Marca John Deere em função dos níveis de potência e tipo de tração
Figura 6 - Marca Landini em função dos níveis de potência e tipo de tração
Figura 7 - Marca Massey Ferguson em função dos níveis de potência e tipo de tração
Figura 8 - Marca New Holland em função dos níveis de potência e tipo de tração
Figura 9 - Marca Tramontini em função dos níveis de potência e tipo de tração
Figura 10 - Marca Valtra em função dos níveis de potência e tipo de tração
Figura 11 - Marca Yanmar em função dos níveis de potência e tipo de tração
destacam-se os níveis 4 e 2 (Figura 3). A empresa Green Horse comercializa modelos de tratores de baixa a média potência. O nível 1 representa 83,3%, seguido pelo nível 2. Esta empresa comercializa tratores de baixa a média potência, sendo os de baixa potência mais significativos. O nível 1 é o único que possui tratores com tração 4x2 (Figura 4). A empresa John Deere não comercializa
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modelos de tratores de baixa potência. Constata-se que a maior porcentagem de participação encontra-se no nível 2. Pode-se observar que com o incremento do nível de potência, há um decréscimo no número de tratores 4x2 TDA. Essa redução é ainda maior para os tratores com tração 4x2. A fabricação de tratores no nível 2 corresponde a 52,4%, seguida pelos tratores dos níveis 3 e 4, com 33,3%, e 14,3%,
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respectivamente (Figura 5). A empresa Landini não comercializa tratores no nível 4. Os níveis 2 e 3 representam 75% de participação, sendo o nível 2 mais representativo com 41,7%. A faixa leve de potência, nível 1, apresentou o menor percentual de tratores, 25%. A empresa Landini não comercializa tratores com tração 4x2. Todos os modelos apresentam tração 4x2 TDA, com
maior representatividade no nível de potência (Figura 6). A Massey Ferguson comercializa tratores nos níveis 2, 3 e 4. Desse total, o nível 2 apresenta maior participação, 55,8%, seguido pelos níveis 3 e 4 com 39,5% e 4,7%, respectivamente. O nível 1 é o único que não possui tratores comercializados. Comparando o número de tratores no nível 3 em relação ao nível 2, podese observar aumento dos tratores com tração 4x2 TDA e decréscimo no número de tratores 4x2. No nível 4 são disponibilizados somente dois modelos de tratores com tração 4x2 TDA (Figura 7). A New Holland comercializa tratores nos níveis 2, 3 e 4. Desse total, o nível 3 apresenta maior participação, 58,0%, seguido pelos níveis 2 e 4 com 35,5% e 6,5%, respectivamente. A New Holland não comercializa tratores no nível 1 de potência. O tipo de tração 4x2 e 4x2 TDA com maior representatividade encontram-se nos níveis 2 e 3, respectivamente. Pode-se observar que com o aumento no nível de potência há um decréscimo na quantidade de tratores com tração dianteira (Figura 8). A Tramontini comercializa tratores nos níveis 1 e 2 com igual percentual de participação, 50%, considerados tratores de baixa a média potência. A Tramontini comercializa tratores
Charles Echer
Atualmente, são fabricados 191 modelos de tratores de diferentes marcas no Brasil
nos níveis 1 e 2 de potência, com igual porcentagem de participação. Não são comercializados tratores com tração 4x2, mesmo o trator com maior potência disponível ser 50cv (Figura 9). A Valtra comercializa mais tratores na faixa 2 de potência. Observa-se que, com o aumento do nível de potência há um acréscimo na quantidade de tratores com tração 4x2 TDA. Com relação aos tratores 4x2 há um considerável aumento no número de tratores ao passar do nível 1 para o nível 2 e um decréscimo no nível 3, o que é justificável, pois tratores na
faixa de potência de 100 a 199cv são tratores mais pesados, sendo utilizados geralmente para operações que demandam um maior esforço de tração, necessitando, assim, da tração dianteira auxiliar (Figura 10). A Yanmar comercializa tratores com uma porcentagem de participação nos níveis 1 e 2 de 50% para cada nível. O fabricante não dispõe de tratores potência elevada, níveis 3 e 4, aqueles acima de 100cv. A Yanmar comercializa modelos de leve a média potência, níveis 1 e 2. De acordo com a Figura 11, nota-se que não são comercializados tratores nas faixas 3 e 4. Também se observa que, com a mudança do nível 1 para o nível 2, há um aumento dos tratores com tração 4x2 TDA e o desaparecimento daqueles com tração 4x2 (Figura 11). A partir desse levantamento, podemos afirmar que atualmente, no Brasil, há uma tendência de fabricação/comercialização de tratores no nível 2 com o tipo de tração 4x2 TDA, pois tratores com essa faixa de potência e tipo de tração atendem a operações com implementos que exigem tanto baixo quanto .M médio esforço de tração. Paula Cristina Natalino Rinaldi e Haroldo Carlos Fernandes, UFV
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capa
Imperador 3100 Testamos o Imperador 3100 da Stara, o primeiro autopropelido do mundo com barras centrais, uma característica que garante ao modelo estabilidade na aplicação
D
epois de testar a maioria dos pulverizadores autopropelidos produzidos no Brasil, estamos, nesta edição, apresentando as nossas impressões sobre o pulverizador Imperador 3100 da Stara, um dos modelos oferecidos pela empresa no segmento de autopropelidos. A Stara está sediada em Não-Me-Toque, no noroeste do estado do Rio Grande do Sul, e é uma das empresas que mais cresceram dentro do setor de máquinas agrícolas no país. Além de pulverizadores, também fabrica equipamentos de distribuição de produtos sólidos e sementes, escarificadores, semeadoras, carretas agrícolas e recentemente apresentou uma linha de tratores agrícolas, o que a insere entre os maiores fabricantes do Brasil. Para dar uma ideia da grande rede de distribuidores da marca, as Revendas Parceiras Stara (RPS) já são mais de 90 em todo o país. O Imperador 3100 que testamos é apresentado em duas versões: a que testamos que
A unidade propulsora deste equipamento é um motor diesel, marca MWM modelo 6.10 TCA, de seis cilindros
A transmissão é do tipo hidro, com motores de roda axiais e redutores planetários externos que dão mais torque
O Imperador utiliza o sistema Topper 4500 de agricultura de precisão, exclusivo da empresa, com piloto automático
se destina à maioria das culturas, com barra de pulverização de 27 e 30 metros de largura, e a versão CA, voltada ao cultivo de cana-de-açúcar e arroz, que tem um vão livre menor e barra de 25 metros, com pneus mais largos e baixos. Nossa impressão sobre o equipamento durante o teste foi das melhores. Desde a primeira vez que vimos o Imperador, no lançamento, houve uma sensível melhora em termos de qualidade de produto, acabamento, harmonia de componentes
e aprimoramento mecânico. No entanto, alguns detalhes nas partes de fibra de vidro e polietileno ainda podem ser melhorados. O Imperador já na versão standard apresenta uma série de itens que em pulverizadores de outras marcas não são disponibilizados na versão básica e os únicos opcionais são separador de linhas fechado, para a cultura do algodão, ajuste hidráulico da bitola e dimensão da barra. A maior parte dos componentes do
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Quatro filtros compõem o sistema de transmissão: três de sucção e um de autofiltragem
Imperador, em torno de 85% são fabricados pela própria Stara. Apenas as peças de polietileno e fibra de vidro como o tanque, a cobertura externa do motor, a cabine e a transmissão são fornecidas por terceiros. A grande vantagem que os pulverizadores autopropelidos trouxeram à agricultura brasileira foi a possibilidade de trabalhar com uma enorme capacidade operacional. Este modelo trabalhando com uma velocidade de 30km/h, com barras de 30 metros e eficiência de 80%, pode alcançar aproximadamente 72 hectares por hora, mantendo uma excelente qualidade de aplicação. Neste sentido, o fabricante em condições ideais já conseguiu realizar 86 hectares por hora, em lavouras do Centro-Oeste brasileiro. De linha, o Imperador utiliza o sistema Topper 4500 de agricultura de precisão, exclusivo da empresa, 100% nacional, que reune em um único equipamento DGPS, piloto automático, controlador de vazão e desligamento automático de seções.
Nononononono
O Imperador possui dois depósitos de combustível localizados na parte traseira da máquina, cada um com capacidade de 140 litros, totalizando 280 litros
MOTOR E TRANSMISSÃO
A unidade propulsora deste equipamento é um motor diesel, marca MWM modelo 6.10 TCA, de seis cilindros, com turbocompressor e intercooler de 215cv de potência máxima a uma rotação de trabalho de 2.600rpm. A alimentação de combustível é feita por uma bomba em linha marca Bosch. Este motor foi escolhido pela alta resistência e capacidade de transmitir torque em altas rotações. Mesmo com todo este potencial, os técnicos da Stara, que estão acompanhando os testes de campo, se disseram impressionados pelo baixo consumo de combustível
em condições médias, ao redor de 16 litros por hora no modelo standard e de 10,5 litros por hora na versão CA, que está em teste no arroz irrigado. Para proporcionar uma boa autonomia, foram colocados dois depósitos de combustível, cada um com capacidade de 140 litros, o que totaliza 280 litros. O modelo Imperador somente é disponibilizado na versão Hidro, com sistema de transmissão 4x4 RexRoth da Bosch, baseado em uma bomba que, por meio de dois divisores, transmite força aos eixos dianteiro e traseiro, chegando aos motores de roda axiais, com redutores planetários externos, colocados para dar mais torque à máquina. O sistema de velocidades possui quatro marchas para deslocamento, as quais podem ser alteradas em movimento: a 1ª marcha
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A suspensão é do tipo pneumático ativa, independente nas 4 rodas, que se unem ao chassi através de 4 tirantes
CHASSI
Separador de linhas para a cultura do algodão é um dos itens que não vem na versão standard
vai de 0 a 18km/h; a 2ª de 0 a 25km/h; a 3ª de 0 a 32km/h e a 4ª, que é uma marcha de transporte, vai de 0 a 45km/h e deve ser evitada para o trabalho. O fabricante colocou alguns dispositivos de segurança, como, por exemplo, a bomba de pulverização que não liga se estiver em 4ª marcha e, se o operador estiver com a bomba ligada, por segurança, não se conseguirá engatar a 4ª marcha. Como a hidráulica é a base desta máquina, o óleo de transmissão deve ser abundante, de qualidade e deve trabalhar em ótima temperatura. Para isto o fabricante utilizou óleo de especificação ISO VG 68 e dotou a máquina de dois tanques separados, um na parte dianteira e outro na traseira do pulverizador, respectivamente com 150 litros exclusivo para a transmissão, e o outro com 85 litros para o restante dos sistemas (bomba de pulverização, direção etc). Também foi projetado um sistema de filtragem bastante completo, no circuito hidráulico da transmissão, com quatro elementos no total: três de sucção e um de autofiltragem. Desta forma, a engenharia estima que a cada oito minutos todo o óleo da transmissão passa por uma filtragem. Para adequar a temperatura foram colocados dois trocadores de calor na lateral direita da máquina, um para transmissão e outro para as bombas.
O chassi é construído em chapas de perfil “C” e todo parafusado, eliminando uniões por solda
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O chassi do Imperador 3100 é construído também em chapas de perfil “C” e todo parafusado, eliminando uniões por solda. Essas características conferem alta resistência a rupturas e elevada elasticidade, assim como proporcionam grande flexibilidade ao transpor obstáculos, como curvas de nível, sem alterar a estabilidade das barras. A suspensão é do tipo pneumática ativa, independente nas quatro rodas, que se unem ao chassi através de quatro tirantes. Ao isolar fisicamente o eixo do chassi, o efeito da patinagem e compactação do solo é minimizado. Pela distribuição dos componentes no chassi, independentemente da quantidade de calda que haja no reservatório, a distribuição de peso permanece inalterada, 50% no eixo dianteiro e 50% no traseiro. Isto se deve à distribuição estratégica dos principais componentes da máquina, cabine (posicionada sobre o eixo dianteiro), motor (posicionado sobre o eixo traseiro), reservatório de calda e, principalmente, pelo quadro de barras posicionado no centro do autopropelido. As características estruturais do chassi e da suspensão são iguais para as duas versões
do Imperador. Apenas o que difere é o comprimento da barra de pulverização, o tipo de rodado, que no 3100 CA possui barras de 25 metros e rodados 18.4-36, com menor vão livre. Já o Imperador 3100 sai de fábrica com rodados 300/95R46 (12.4R46), que proporcionam o maior vão livre do mercado, de 1,65 metro com carga.
QUADRO DE BARRAS
O quadro de barras é o que diferencia o Imperador 3100 dos demais pulverizadores da concorrência, pois está posicionado no centro da máquina, já patenteado pela Stara em mais de 60 países. O quadro do tipo pendular pantográfico reduz, segundo o fabricante, até 75% dos impactos verticais e 30% dos movimentos longitudinais, conferindo estabilidade das barras de pulverização. Estas barras são acionadas hidraulicamente e podem ser disponibilizadas em dois comprimentos, 27 e 30 metros. Devido ao maior rendimento operacional e
Os componentes do Imperador estão distribuídos de forma que o peso fique sempre na proporção de 50% sobre a parte dianteira e 50% sobre a parte traseira, independentemente da quantidade de calda que haja no reservatório
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Uma barra de quatro metros está instalada na parte traseira, que acompanha os movimentos verticais da barra principal
à estabilidade, a maioria dos clientes, em torno de 85%, prefere barras com 30 metros de comprimento. Construído em perfil “C”, com o mesmo material utilizado na aeronáutica (extremamente leve), as barras possuem recortes no seu interior, que ajudam a diminuir consideravelmente seu peso, protegem os bicos de pulverização e ainda conferem flexibilidade à barra. A altura de aplicação pode variar entre 0,70 e 2,20 metros, atingindo uma grande diversidade de culturas em vários estádios de desenvolvimento, inclusive a cultura do milho. Próximo às extremidades das barras, estão montados os patins para auxiliar nas manobras ou curvas, visto que há uma tendência de que em condições dinâmicas, principalmente nas manobras,
O quadro do tipo pendular pantográfico reduz até 75% dos impactos verticais e 30% dos movimentos longitudinais
seja diminuída a estabilidade da barra, então estas estruturas não permitem que as pontas de pulverização atinjam o solo. Os bicos que equipam a barra são do tipo trijet, o que facilita a escolha da ponta de acordo com o produto e a dose a ser utilizada. Como o Imperador tem a barra na posição central, houve a necessidade de se colocar uma barra traseira, com largura de quatro metros, também flexível, assim como as barras principais. Tal posicionamento foi necessário para depositar o produto no centro da faixa de aplicação do pulverizador após a passagem dos rodados.
SISTEMA DE PULVERIZAÇÃO
O controle da pulverização fica por conta de um controlador eletrônico, o Topper
4500, que aciona sete seções, na qual a barra que está posicionada atrás da máquina corresponde à quarta seção. Como a barra traseira está numa posição diferente das barras principais, o controlador reconhece a seção e liga ou desliga a pulverização automaticamente de acordo com o deslocamento do pulverizador. Uma bomba centrífuga de aço inox da marca Hypro, com capacidade de 430 litros/ minuto, controla a pulverização, proporcionando um grande fluxo de água com baixa pressão no sistema. O Imperador 3100 possui uma grande amplitude de vazão. O sistema possui uma válvula de pressão máxima, que sai regulada de fábrica e não deve ser alterada, com a função de evitar picos de pressão que podem danificar o sistema. O reservatório de calda é de material polietileno com capacidade para 3.100 litros, dotado de quebra-ondas que mantêm a homogeneidade do produto. Ele está montado sobre um chassi próprio, preso por coxins ao chassi da máquina, que absorve as maiores
As barras de pulverização são construídas em perfil “C”, com o mesmo material utilizado em aviação e possuem recortes no seu interior, que ajudam a diminuir seu peso, protegem os bicos e conferem maior flexibilidade
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A cabine do Imperador é de fácil acesso, extremamente confortável, com amplo espaço interno e silenciosa
vibrações sem transferi-las para o tanque. O abastecimento do reservatório pode ser feito pela frente da máquina por sucção com hidroinjetor (autoabastecimento), com vazão entre 200 a 250 L/min, ou pela lateral , com uma motobomba de duas ou três polegadas, com vazão de 450 L/min, fornecida juntamente com o pulverizador. O incorporador de produtos ou lava-frascos está posicionado na parte dianteira, acessível ao operador, e possui capacidade para 30
litros. O tanque de água limpa comporta até 300 litros.
CABINE
Como pudemos conferir durante os testes, a cabine do Imperador é de fácil acesso, extremamente confortável, com amplo espaço interno e silenciosa. Conta com ar-condicionado digital, filtro de carvão ativado, CD player, assento com amortecimento pneumático com regulagens de altura
O Imperador possui duas escadas retráteis: uma localizada na parte dianteira da máquina, para acessar a cabine, e outra na parte traseira possibilita o acesso ao motor
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e postura, cinto de segurança de dois pontos, banco auxiliar e direção hidráulica com ajustes da altura do volante e da coluna de direção. O joystick, que substitui os pedais, é integrado ao assento e controla o movimento do pulverizador para frente e para trás, além das principais funções do quadro de barras. Da mesma forma os demais comandos de acionamento eletro-hidráulico estão ergonomicamente distribuídos, de fácil acesso, com a intenção de diminuir a fadiga do operador. O acabamento interno da cabine é de alta qualidade, que com o auxílio de um compressor de ar permite a limpeza e a higienização. O isolamento acústico é eficiente com nível de ruídos, segundo o fabricante, de apenas 76 decibéis, devido, principalmente, à alocação do motor na parte traseira da máquina. Além disso, proporciona grande visibilidade da cultura e das barras, tanto em operações diurnas quanto noturnas, pois conta com faróis frontais e laterais no teto da cabine, que iluminam cerca de dez metros ao redor da máquina, e faróis laterais no chassi para iluminação da barra de pulverização. Como se esperava, a Norma Regulamentadora (NR 31) foi atendida, na grande maioria dos itens.
ACESSIBILIDADE
O acesso ao posto de operação deste pulverizador é realizado pela parte frontal, por meio de uma escada retrátil com sete degraus antiderrapantes posicionados de forma ergonômica. Quando o freio de estacionamento é acionado a escada é estendida e quando
O incorporador de produtos ou lava-frascos está posicionado na parte dianteira, acessível ao operador, e possui capacidade para 30 litros
A abertura e o fechamento das barras são realizados de forma simples e rápida, com recolhimento vertical no primeiro estágio, seguido por dois movimentos horizontais até o fechamento completo do sistema
desacionado é recolhida. Dessa forma, o operador somente sai da cabine se o freio estiver acionado. Também, por meio de uma escada retrátil com amortecedor é possível acessar os componentes que se encontram na parte traseira (motor, radiador e bomba injetora).
LOCAL E TESTES
Depois de conhecer toda a parte mecânica e hidráulica da máquina fomos ao campo para testá-la em condições de aplicação. O local que escolhemos para o teste da Revista Cultivar Máquinas foi a localidade de Bom Sucesso, entre os municípios de Não-Me-Toque e Carazinho, na Fazenda Três Irmãos, que pertence às famílias Stapelbroek e Trennepohl. Simulamos uma aplicação de dessecante sobre um cultivo consorciado de aveia-preta e azevém,
Dois trocadores de calor instalados na lateral da máquina resfriam o óleo do motor e as bombas
em ótima condição de stand. Tivemos, além da equipe do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas, o auxílio do pessoal técnico da Stara, Cassiano Ricardo Schmalz e Everton Johann, que nos apoiou neste teste. Durante os testes na lavoura, o que mais nos chamou a atenção foi a grande estabilidade das barras centrais de pulverização, principalmente quando eram realizadas curvas e manobras de cabeceiras. Dentro da cabine,
além de boa visibilidade da operação e das barras de pulverização, tivemos sensação de segurança, devido ao controle central (joystick) estar integrado ao assento do operador. O controlador Topper 4500 é extremamente simples de manusear, indicando desde a velocidade, pressão do manômetro e nível de calda até o controle de vazão, desligamento automático de seções e piloto automático, tudo em um único equipamento. A ausência de pedais colabora para que haja um ambiente mais confortável ao operar a máquina. A condução da máquina com o piloto automático é muito fácil no sistema adotado pela Stara. Nós escolhemos fazer o polígono externo, percorrendo o contorno, pelas extremidades da parcela, formando um novo trabalho. Depois marcamos uma linha AB, na maior diagonal, e fomos entregando ao piloto automático para que ele estabelecesse o percurso. Foram montando-se as paralelas perfeitas, e cada vez que uma seção da barra passava por sobre uma área que já havia sido aplicada, de dentro da cabine se notava o fechamento automático das seções de barra. A sensação ao trabalhar com um equipamento como este, dotado de piloto automático, é de que o grande aporte que nos dá esta tecnologia é o fato de que a máquina auxilia a fazer com constância e precisão algo que manualmente seria muito difícil de ser feito. Sem a menor dúvida este tipo de operação com este equipamento representa um enorme ganho de produtividade, eficiência e economia de produto. Enfim, o conforto da operação e a preservação da natureza são .M ganhos que se agradecem. José Fernando Schlosser, Marcelo Silveira de Farias e Fabrício Azevedo Rodrigues, Nema – CCR – UFSM
O teste foi realizado pelos pesquisadores José Fernando Schlosser, Marcelo Silveira de Farias e Fabrício Azevedo Rodrigues, e contou com o auxílio do pessoal técnico da Stara, Cassiano Ricardo Schmalz e Everton Johann
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mecanização Kuhn
Gestão da mecanização A mecanização agrícola vem avançando nas últimas décadas para trazer maiores benefícios para aqueles que decidiram investir na agricultura, independentemente de pequenos, médios ou grandes produtores. Saber usar corretamente ferramentas de gestão na análise operacional da atividade é um incremento que diferenciará a propriedade rural
A
s máquinas, os implementos e os equipamentos agrícolas, lançados anualmente em feiras e exposições relacionadas à agricultura, estão trazendo melhorias e novas soluções para o campo. O uso da mecanização pode aumentar a qualidade operacional de várias atividades que compõem o sistema de produção, como preparo do solo, plantio, aplicação de adubo e defensivo agrícola, colheita, beneficiamento e armazenamento. Espera-se que esta qualidade operacional reflita de forma positiva na produtividade final e que os custos de produção gerem lucros. Para tanto, se faz necessária a realização do gerenciamento dos sistemas mecanizados da propriedade, uma tarefa complexa, ao qual a análise operacional da mecanização agrícola é uma das ferramentas gerenciais que, se analisadas e planejadas de maneira correta, pode auxiliar na tomada de decisões dos aspectos técnicos, de tempo e de custos operacionais. Para iniciar essa análise gerencial, devese realizar a caracterização das operações
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agrícolas, através do mapeamento de proAtravés da Tabela 1 é possível visuacessos “5W2H”, que são as perguntas-chave lizar as características das operações. O para o levantamento das informações que preenchimento com as informações de irão dar suporte para a análise operacional. cada atividade em específico pode auxiliar A sigla 5W2H vem do inglês: What? (O no planejamento e na tomada de decisão. quê?/Qual?), When? (Quando?), Whe- A sequência do preenchimento inicia-se re? (Onde?), Why? (Por quê?), Who? com “o que será feito (etapas)”, “por que (Quem?), How? (Como?) e How Much? será feito (justificativa)”, “onde será feito (Quanto custa?). Esse levantamento deve (local)”, “quando será feito (tempo)”, “por ser feito por pessoas com conhecimento quem será feito (responsabilidade)”, “como técnico da área de mecanização agrícola, será feito (método)” e “quanto custará fazer pois esta análise irá influenciar diretamente (custo)”. Esta etapa deve ser realizada com em fatores como rendimento operacional, muita atenção, pois o alcance das metas de adequação trator-implemento, dimensiona- produção depende dela. mento da frota agrícola, custos de produção No estudo de rendimento operacioe capacitação operacional, além de ser fato- nal é feita uma avaliação quantitativa e res incisivos na qualidade de todo o sistema qualitativa do desempenho das máquinas de produção. agrícolas, identificando parâmetros, formas Tabela 1 - Caracterização das operações agrícolas através do mapeamento de processos “5W2H” O QUÊ Atividade/Necessidade de atuação
PARA QUÊ Justificativa/ Beneficíos
Fonte: Brugnaro & Sbragia, 1982.
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ONDE Área
QUANDO Piroridade/ Período
QUEM Responsável
COMO Metodologia a ser adotada
QUANTO CUSTA Recursos financeiros necessários
de controle e custos das operações envolvidas. Fatores como o tempo de campo, que envolve o tempo operacional (em que o conjunto mecanizado está trabalhando) e tempos perdidos (em manobras, obstruções no campo, abastecimento, manutenção) irão influenciar na eficiência de campo. A adequação trator-implemento visa relacionar o conjunto mecanizado correto para cada tipo de atividade num determinado ambiente que será realizada a operação. Através dessa adequação espera-se obter o máximo rendimento útil das máquinas, maior eficiência e qualidade operacional com menores custos de produção. O dimensionamento da frota agrícola está relacionado com o sistema mecanizado que a propriedade necessita para suprir as necessidades do sistema de produção como implantação, condução e retirado da cultura instalada. Nesta etapa, há a influência dos fatores externos (condições edafoclimáticas) e internos (tamanho da propriedade, tipo de cultura, tipo de manejo, ritmo operacional). Os custos de produção estão ligados ao tipo de atividade realizada que envolve a utilização de máquinas (manutenção, combustível, depreciação, seguro, alojamento, mão de obra), insumo envolvido (sementes, adubos, defensivos), entre outros. Através desses fatores pode-se observar a importância da qualidade do gerenciamento sobre as
Case IH
O uso da mecanização pode aumentar a qualidade operacional de várias atividades que compõem o sistema de produção, como preparo do solo, plantio e aplicação de adubo
atividades agrícolas na redução dos custos de produção. Finalizando, a capacitação operacional possui grande importância em todo o sistema de produção, visto que não adianta possuir máquinas, implementos e equipamentos com controle de manutenção, combustível e lubrificantes disponíveis para consumo, mais insumos para serem aplicados no campo, se não houver uma equipe técnica e operacional que não esteja preparada para realizar as atividades agrícolas. Realizar operações incorretas pode acarretar maiores custos com manutenção, redução da qualidade do sistema produtivo, menor eficiência operacional, entre outros fatores que poderão reduzir os lucros ou serem a
chave do fracasso da lavoura. O uso de ferramentas de gestão na análise operacional da mecanização agrícola visa auxiliar empresários e produtores rurais a reduzirem os riscos de fracasso da lavoura, aumentar a qualidade do produto final, dos conjuntos mecanizados e do lucro. Deve haver uma sustentabilidade das operações, ou seja, realizar as atividades de uma forma que proteja o meio ambiente e os recursos humanos envolvidos, e que o sistema de produção seja viável economicamente. .M Julio Cesar Baratelli, Danilo Carlos Silva e Mateus T. Zerbinati, Agrimanagers
Pulverizadores
Aplicação planejada Um dos principais problemas enfrentados na pulverização, a deriva causa desperdício do produto, perda de eficiência e contaminação ambiental. Por isso, o estabelecimento de um índice de classificação dos riscos, com base na interação dos adjuvantes e das pontas utilizadas, é importante para auxiliar o produtor na tomada de decisão sobre as melhores técnicas de aplicação
A
deriva na aplicação de produtos fitossanitários pode causar contaminação ambiental e danos às vegetações vizinhas, além da potencial redução da eficiência dos produtos. Técnicas de Redução de Deriva (TRD) como adjuvantes e pontas de baixa deriva são empregadas para minimizar o potencial de impacto do problema. Entretanto, seu emprego não isenta o aplicador da observação das condições climáticas adequadas e da análise dos riscos inerentes ao ambiente em torno dos locais onde os produtos serão aplicados. Contudo, as interações entre os diversos fatores, no momento do tratamento fitossanitário, tornam complexo o planejamento das atividades,
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notadamente no que se refere à escolha da técnica em função do tipo de produto e da condição de aplicação. Segundo Ozkan (1993) uma das principais formas de reduzir a deriva é a utilização do espectro de gotas adequado, sendo que a estimativa do risco de deriva pode ser baseada em ensaios das técnicas de aplicação em túnel de vento (Leon et al, 1998; Hoffmann, 2010). Diversos sistemas de classificação de risco de deriva foram propostos, como o Lerap no Reino Unido (Gilbert, 2000) e a norma ISO que trata do assunto (ISO, 2006). Alguns desses trabalhos tiveram como objetivo sistematizar a escolha de uma TRD de acordo com o potencial de risco de
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cada situação de aplicação. Entretanto, dadas as características fundiárias e climáticas específicas dos países europeus, onde estes trabalhos foram publicados, na maioria dos casos a proposta sempre foi baseada na determinação de faixas de segurança na aplicação, que muitas vezes não encontram correlação prática com as condições da maioria das áreas agrícolas em países como o Brasil. Neste sentido, o objetivo do presente trabalho foi desenvolver um sistema de classificação de técnicas de redução de deriva (TRD) baseada em ensaios de túnel de vento, com o objetivo de auxiliar no processo de escolha das técnicas de aplicação com base no seu potencial de redução do risco de deriva.
Amazone
Tabela 1 - Descrição dos tratamentos Ponta Pressão Adjuvante Produto (bar) comercial 2 Surfatante não iônico a base de nonil fenol etoxilado In-Tec XR NF (Padrão) XR XR 2 Óleo vegetal emulsionável Natur’l Óleo XR OV XR 2 Óleo mineral Nimbus XR OM AI 4 Surfatante não iônico a base de nonil fenol etoxilado In-Tec AI NF AI 4 Óleo vegetal emulsionável Natur’l Óleo AI OV AI 4 Óleo mineral Nimbus AI OM Tratamento
* informado pelo fabricante das pontas, de acordo com a norma ASAE SS72.
Concentração do p.c. v/v (%) 0,0625 1,0 0,5 0,0625 1,0 0,5
Tabela 2 - “Ranking” das técnicas de redução de deriva (TRD) no que se refere ao seu potencial de reduzir as perdas na aplicação em comparação ao tratamento padrão Tratamento XR NF (Padrão) XR OV XR OM AI NF AI OV AI OM
Redução da deriva (%) 0,0 -38,3 -64,7 -79,6 -66,5 -61,7
Classe da TRD * ** *** ** **
(2009). Para cada um dos demais tratamentos, denominados como TRDs (técnicas de redução de deriva), o percentual de redução na deriva foi calculado pela Equação 1. Equação 1: % de redução na deriva = (deriva da TRD - deriva do padrão)/deriva do padrão x 100 Com base nestes cálculos as TRDs foram classificadas de acordo com os seguintes critérios: • Percentual de redução de deriva abaixo de 25%: TRD “sem classificação”; • Percentual de redução de deriva na faixa de 26% a 50%, TRD classificação “uma estrela”; • Percentual de redução de deriva na faixa de 51% a 75%, TRD classificação “duas
Charles Echer
com Moreira Junior (2009). Para cada repetição, com o ventilador em operação e o fluxo de ar estabilizado, o sistema de pulverização foi acionado por dez segundos em cada aplicação. Todas as caldas foram preparadas contendo 0,6% do corante Azul Brilhante para a determinação dos depósitos por espectrofotometria. Ao término da pulverização foram retirados os fios coletores, que foram acondicionados individualmente em sacos plásticos para posterior extração do corante em 15ml de água deionizada. Após esta lavagem de todos os fios coletores, o líquido resultante foi analisado em um espectrofotômetro UV-visível de duplo feixe, modelo Cintra 20. Os resultados de absorbância do líquido foram transformados em ppm do corante por meio de curvas-padrão para a transformação em porcentagem de deriva da calda aplicada. As condições climáticas durante cada pulverização foram monitoradas, restringindo-se as aplicações para as condições de temperaturas abaixo de 30ºC e umidade relativa acima de 50%. Os resultados foram analisados pela comparação direta de cada tratamento com o padrão, que foi representado pela pulverização com ponta XR e calda contendo surfatante não iônico, nos moldes da metodologia descrita por Fritz et al
Classe de gotas Finas Finas Finas Grossas Grossas Grossas
ENSAIO EM TÚNEL DE VENTO
Para a avaliação do potencial de deriva de diferentes técnicas de aplicação foram realizados ensaios em túnel de vento com velocidade do fluxo de ar de 2m/s considerando os tratamentos descritos na Tabela 1. As caldas foram aplicadas com pontas de jato plano Teejet modelos XR 8003 e AI 8003, operando na pressão de 200kPa e 400kPa, respectivamente. O bico foi fixado a 0,44m em relação ao piso do túnel e a deriva foi coletada por fios de polietileno de 2mm de diâmetro, posicionados de maneira perpendicular ao sentido do vento, nas distâncias de 1,0m; 1,5m; 2,0m e 2,5m em relação à ponta de pulverização e nas distâncias de 0,1m e 0,25m em relação ao piso do túnel, de acordo
Técnicas de Redução de Deriva (TRD) como adjuvantes e pontas de baixa deriva são empregadas para minimizar o potencial de impacto
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Jacto
Figura 1 - Percentual de deriva determinado nas análises em túnel de vento comparando o padrão com as TRDs (técnicas de redução de deriva) propostas pelos diferentes tratamentos
No processo de tomada de decisão, a TRD escolhida poderia ser determinada a partir de uma classificação do risco de deriva da situação de aplicação
estrelas”; • Percentual de redução de deriva acima de 75%, TRD classificação “três estrelas”.
Resultados e discussões
A Figura 1 apresenta o percentual de deriva determinado nas análises em túnel de vento, comparando o tratamento padrão com as TRDs (técnicas de redução de deriva) propostas pelos diferentes tratamentos. Observa-se que todas as TRDs sugeridas propiciaram valores menores de perdas do que a técnica padrão. Agrupando-se os tratamentos em função das pontas utilizadas foi possível estimar que as pontas AI proporcionam menor potencial de deriva do que as XR (0,0390% e 0,0832%, respectivamente, considerando a média das caldas avaliadas), indicando que a simples substituição de uma ponta XR por uma AI já se torna opção para o manejo da aplicação com o objetivo de reduzir o risco de deriva. De modo geral, a comparação do comportamento entre as caldas mostrou que as tendências de potencial de deriva se posicionaram de maneira oposta em cada ponta: para a XR o maior potencial de deriva ocorreu com a calda contendo nonil fenol (tratamento padrão), enquanto o menor foi obtido com o óleo mineral, ficando o óleo vegetal na situação intermediária. De maneira inversa, para a ponta AI o maior potencial de deriva foi obtido com o óleo mineral, ficando o menor valor para o nonil fenol, mantendo-se o óleo vegetal em situação intermediária. A partir da classificação proposta na metodologia desenvolvida para este trabalho, a Tabela 1 apresenta um “ranking” das técnicas de redução de deriva (TRD) no que se refere ao seu potencial de reduzir as perdas na aplicação. Na análise da Tabela 2 se observa que adotando a técnica padrão como parâmetro de comparação foi possível determinar que a utilização de óleo vegetal na calda já promove um grau de redução de deriva à ponta XR, posicionando o tratamento como uma TRD “uma estrela” (valor de redução entre 26% e 50%). No caso da substituição do óleo vegetal pelo óleo mineral, o potencial de redução de deriva com
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a ponta XR se torna ainda maior, elevando sua classificação para “duas estrelas” (TRD com valor de redução entre 51% e 75%). No caso das pontas AI, a adição de óleo vegetal ou mineral não apresentou diferença quanto ao ranking, mantendo “duas estrelas” para ambas a situações. Apenas quando o adjuvante passou a ser o nonil fenol para a ponta AI é que o potencial de deriva foi elevado para “três estrelas” (TRD com valor de redução acima de 75%). Tendo em vista o objetivo deste trabalho de se classificar as TRDs pelo seu potencial comparativo a um método padrão, torna-se possível a proposição de diferentes formas de manejo desta informação com vistas à otimização da tecnologia de aplicação dos produtos fitossanitários. Como exemplo, no processo de tomada de decisão por parte do engenheiro agrônomo quanto à tecnologia de aplicação a ser utilizada, a TRD escolhida poderia ser determinada a partir de uma classificação do risco de deriva da situação de aplicação. Assim, situações que representassem baixo risco de deriva poderiam ter a recomendação de uma TRD “uma estrela” (como a ponta XR com óleo vegetal), enquanto situações de risco intermediário poderiam supor o uso de TRDs “duas estrelas” (XR com óleo mineral, por exemplo). No caso de um risco elevado de deriva, a recomendação deveria se basear em uma ponta AI com adjuvante à base de nonil fenol (TRD “três estrelas”). Ainda, os próprios rótulos dos produtos fitossanitários poderiam ter indicações quanto ao grau de redução de deriva desejado. Desta maneira, os produtos que potencialmente possam causar maiores problemas em determinada situação, como a aplicação de herbicidas não seletivos nas
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proximidades de culturas sensíveis, poderiam ter em seu rótulo a ressalva de que tais defensivos deveriam, obrigatoriamente, ser aplicados com técnicas “três estrelas”, por exemplo. Por fim, os estudos das faixas de segurança para aplicação nas áreas vizinhas a zonas urbanas ou mananciais também poderiam ser beneficiados, visto que os valores das distâncias poderiam ser vinculados à classificação das TRDs, assim como previsto nos trabalhos de Gilbert (2000) e ISO (2006).
DESEMPENHO
O uso do túnel de vento propiciou condições para o delineamento de um índice de classificação das técnicas de redução de deriva (TRD) tomando-se como base a interação dos adjuvantes e das pontas utilizadas em cada aplicação. Para a ponta XR, a adição de óleo vegetal e de óleo mineral melhorou o potencial de redução do risco de deriva. Para a ponta AI o melhor potencial de redução da deriva foi obtido com um adjuvante contando nonil fenol em sua formulação. A discussão e a validação de um ranking de TRDs indicaram as possibilidades de aplicação prática da ferramenta no processo de tomada de decisão na aplicação dos .M produtos fitossanitários. Fernando Carvalho, Rodolfo Chechetto, Caroline Vilela, Anne Silva, Alisson Mota, Rone Oliveira e Ulisses Antuniassi, Unesp/Botucatu
irrigação
Aspersor correto
Uma das técnicas utilizadas para irrigar áreas menores é a irrigação por aspersão. Para economizar energia, tempo e água, é necessário escolher corretamente o tipo de aspersor que será utilizado em cada situação
Fotos NaanDanJain
A aspersão é um sistema de irrigação que permite a perfeita dosagem da quantidade de água a ser aplicada na lavoura
A
irrigação por aspersão vem se desenvolvendo cada vez mais nos últimos anos, sendo aplicada em diversas culturas, nas mais variadas condições de clima e solo. A aspersão é, sem dúvida alguma, um sistema de irrigação altamente técnico, que permite a perfeita dosagem da quantidade de água a ser aplicada na lavoura, em harmonia com a necessidade hídrica das plantas e com a capacidade de retenção de água pelo solo. A aspersão convencional é constituída de um conjunto motor bomba, tubulação principal, tubulação lateral com tubos de subida, nos quais são conectados aspersores. Ainda existem outros tipos mais modernos de aspersão, como conjunto autopropelido, pivô central, linhas com rodas, em malha etc, os quais proporcionam maior economia de mão de obra. O conjunto motor bomba pode ser dispensado do equipamento da aspersão, desde que a propriedade disponha de manancial de água localizado em cota topográfica superior à da gleba a ser irrigada. Tal diferença de cota deve ser suficientemente elevada, para superar a pressão de serviço do aspersor mais a perda de carga hidráulica, devida ao atrito da água com as paredes das tubulações. Por exemplo, um aspersor que necessita de uma pressão de serviço de 4kg/cm, isto é, 40 metros de coluna de água, exige um desnível topográfico superior a 40 metros, acrescido do valor correspondente às perdas por atrito, que é função da vazão, diâmetro e natureza da tubulação. Assim, quanto maior é o aspersor, maior será o desnível necessário, porque maior é sua pressão de serviço e vazão. Um aspersor pequeno tem pressão de serviço de 1kg/cm, um médio, 2 a 3kg/cm, um grande, 5kg/cm e canhão hidráulico 7 a 8kg/cm. Como os mananciais de água normalmente localizam-se nos vales das bases, nem sempre se encontra numa condição topográfica favorável à operação do equipamento pela própria energia gerada pela gravidade. Contudo, quando isso é possível obtém-se grande economia de energia e de equipamento, porque o conjunto motor bomba representa aproximadamente 40% do custo global de um equipamento de aspersão. Os aspersores são as peças mais impor-
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Detalhes construtivos de um aspersor
Esquema de distribuição dos aspersores
Peças que compõem um sistema de irrigação com aspersores
tantes do equipamento de aspersão, pois são responsáveis pela aplicação da água sobre a cultura sob forma de uma chuva artificial. Eles são constituídos de um ou mais bocais, que têm a finalidade de transformar a energia de velocidade, de sorte que se forma um longo jato hídrico a partir do próprio local. Tal energia de velocidade proporciona o alcance do jato e a sua pulverização em gotas, devido ao choque com o ar, permitindo a precipitação em forma de um círculo molhado. Os bocais são peças tubulares adaptadas a orifícios. Podem ser cilíndricos ou cônicos; curtos ou longos; de acordo com o projeto do aspersor. Em geral, o ângulo de inclinação do bocal com a horizontal é de 30%, sendo que existem aspersores com ângulos menores, mais indicados para regiões com predominância de ventos mais fortes. O alcance do jato de um aspersor tendo bocal com 30º de inclinação pode ser obtido pela expressão: r = 1,35√d x h Onde, r = raio de alcance do aspersor, m; d = diâmetro interno do orifício do bocal, mm²; e h = pressão de serviço do bocal, mca.
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A vazão aplicada pelo aspersor mais a área molhada pelo seu jato permitem obter a intensidade de aplicação de água na lavoura, também denominada intensidade de rega ou de chuva. A intensidade de aplicação pode ser obtida pela expressão: Iap = Q A
=
1000 x Q SLL x SA
Onde, Iap = intensidade de aplicação, mm/h-1; Q = vazão aplicada pelo aspersor numa certa pressão de serviço, m³/h-1; SLL = espaçamento entre linhas laterais, m; SA = espaçamento entre aspersores, m; e 1.000 = fator de conversão. Por exemplo: o aspersor Fabrimar A232, operando com pressão de serviço de 20mca e com bocais de 4 x 2,8mm de diâmetro, aplica uma vazão de 1,29m3/h com espaçamento entre linhas de 18m e espaçamento entre aspersores de 12m. A sua intensidade de aplicação será:
sor isolado não é regular ao longo do seu raio de alcance, pois ela se concentra na parte mais central do círculo, reduzindo-se gradativamente à medida que se afasta para a periferia. Portanto, a altura de água aplicada pelo aspersor vai de um máximo na parte central para se reduzir a praticamente zero na borda do círculo. Assim, para corrigir esse problema e garantir a aplicação da mesma lâmina líquida em toda área procedese a chamada sobreposição de jatos, que, como o nome sugere, refere-se a áreas molhadas por jatos de aspersores vizinhos. Para tanto, ao ser estabelecido o espaçamento entre aspersores e entre linhas laterais, permite-se que o jato de um aspersor atinja região que é também coberta pelo jato do vizinho. Isso é feito, estabelecendo-se o espaçamento menor do que o diâmetro do círculo molhado. Geralmente, em condições sem vento, fixa-se o espaçamento em 30 a 45% do diâmetro de alcance do círculo molhado. O aspersor Fabrimar A232, citado anteriormente, tem raio de alcance de 10m adotando-se critério de 40% do diâmetro, ou seja, de 20m para superposição, a sobreposição entre aspersores deverá ser:
Iap = 1000 x 1,29 = 6,0 mm / h 18 x 12
S = 20 x 40 = 8m 100
A distribuição de água a partir de um asper-
Portanto, o espaçamento entre aspersores
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Fotos Welington Gonzaga do Vale
Welington fala das vantagens da irrigação, na tentativa de economizar energia, tempo e água
será: SA = 20 - 8 = 12m O espaçamento deve ser sempre múltiplo de 6, porque os tubos utilizados em irrigação medem 6m de comprimento. A área molhada por um aspersor no espaçamento 12m x 12m será 144m2. Como foi citado anteriormente, a vazão é de 1,29m3/h, então, a intensidade de aplicação será: Iap = 1000 x 1,29 = 9,0 mm / h 12 x 12 Portanto, valor esse superior aos 6mm/h calculados anteriormente. Quando ocorrem ventos fortes e predominantes, deve-se aumentar a taxa de sobreposição para garantir a perfeita distribuição de água. O Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos (SCS) tem a seguinte recomendação: ventos de até 9km/h – sobreposição de 40% do diâmetro do círculo molhado; 9 a 16km/h – 50%, e superior a 16km/h – 70%. Deve-se salientar que a ocorrência de ventos fortes em certas regiões chega a limitar e, até mesmo, a impedir a utilização de aspersão, sobretudo com o emprego de canhões hidráulicos. A distribuição dos aspersores no campo normalmente é feita em quadrado, em retângulo ou em triângulo, sendo as duas primeiras mais usuais. Na distribuição quadrada, o espaçamento entre aspersores e entre linhas laterais é estabelecido como foi explicado acima, isto é, mantendo a superposição. Observando-se sempre, é claro, que o espaçamento entre os primeiros aspersores localizados de ambos os lados da linha principal deve ser mantido, e que o espaçamento sempre deve ser múltiplo de 6 devido ao comprimento dos tubos. Assim, no exemplo já citado, cujo espaçamento entre aspersores é de 12 metros, o primeiro e o último de cada linha devem ficar com a metade da distância recomendada (6m).
A capacidade de infiltração é a velocidade com que a água penetra no interior do solo verticalmente através de sua superfície. Tal grandeza depende da natureza do solo, textura, estrutura, taxa de impermeabilização, teor de umidade do solo etc, sendo expressa em mm/h. Os solos arenosos, por possuírem poros maiores, proporcionam maior capacidade de infiltração que os argilosos. A umidade do solo influi no processo; assim, quanto mais seco estiver o solo, maior a capacidade de infiltração, que vai se reduzindo à medida que o processo prossegue e o teor de umidade do solo vai aumentando. Quando o solo está seco, além das forças de gravidade, as forças de absorção atuam violentamente no processo, funcionando como mataborrão. A capacidade de infiltração varia, portanto, inversamente ao teor de umidade do solo, partindo de um máximo quando ele está seco para um valor final mínimo, variando de solo para solo. Em geral, os parâmetros são os seguintes: solos arenosos = 30mm/h, solos médios = 12mm/h e solos argilosos = 6mm/h. Contudo, o ideal é determinar no local a capacidade de infiltração, utilizando para tanto o infiltrômetro de anel – o método consiste em dois anéis, sendo o menor com 25cm de diâmetro e o maior com 50cm, ambos com 30cm de altura. O conhecimento da capacidade de infiltração do solo e, sobretudo, da curva de variação dessa grandeza com o teor de umidade é fundamental para a escolha do aspersor a ser utilizado na irrigação da cultura. A água aplicada deve penetrar totalmente no solo, sem encharcar ou empoçar na superfície e sem escorrer superficialmente. Por outro lado, a velocidade de aplicação da água no solo diminui, pois, assim, teremos menor dispêndio de tempo para aplicar a quantidade de água necessária, o que se traduz em melhor uso do equipamento e economia de energia. Vejamos um determinado solo, cuja capacidade de retenção é de 30mm de água real-
mente disponível às plantas, com capacidade de infiltração igual a 10mm/h e eficiência de irrigação de 70%. Nesse caso, teremos quantidade de água a aplicar igual à água disponível, mais quantidade de água perdida durante a irrigação, isto é: ITN = 30 x 100 = 43 mm 70 Onde, ITN = irrigação total necessária, mm. Vamos supor o aspersor Fabrimar A232, segundo a tabela do fabricante, operando com os bocais citados, com a pressão de serviço de 20mca e espaçamento 18 x 12m proporcionando a intensidade de aplicação de 6mm/h ou a pressão de 35mca com espaçamento 18 x 18m, proporcionando 5,3mm/h. Assim, no primeiro caso, o tempo de operação para aplicar a quantidade de água necessária seria: T1 = 43 = 7h e 10min 6 No segundo caso o tempo de operação para aplicar a quantidade de água necessária seria: T2 = 43 5,3
=
8h e 6min
A primeira solução proporciona maior economia de tempo, porque aplica a quantidade de água em menos tempo. Por outro lado, operando com pressão menor, exige conjunto motor bomba menos potente, que, além de ser menos oneroso, gasta menos energia. Assim, a economia de energia é muito grande, pelo menor tempo de operação e menor consumo .M de motores. Welington Gonzaga do Vale, UFMT
O conhecimento da capacidade de infiltração do solo e, sobretudo, da curva de variação dessa grandeza com o teor de umidade é fundamental para a escolha do aspersor a ser utilizado na irrigação da cultura
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pulverização Fotos Charles Echer
Segurança total As exigências em torno do uso de EPIs sofreram diversas modificações desde o início da utilização de defensivos no Brasil. Atualmente, os produtos recebem certificação, estão mais seguros e mais confortáveis, graças a estudos realizados e a normas que regulamentam a fabricação e o uso
O
assunto defensivos tem despertado grande interesse da sociedade principalmente em função da sua relação direta com alguns aspectos da sustentabilidade da agricultura, tais como a contaminação ambiental, a contaminação dos alimentos, dos trabalhadores e os custos sociais envolvidos. Entretanto, quando tal assunto é abordado, quase sempre enfatizando o lado negativo de sua utilização, o agricultor aparece como o grande vilão da história, o que não em absoluto a verdade. Este artigo tenta discutir como o problema segurança na aplicação de defensivos tem sido trabalhado no campo, os problemas decorrentes desta visão e algumas ações corretivas que vêm sendo desenvolvidas. Por princípios internacionais, a segurança em qualquer operação deve ser trabalhada inicialmente na fonte (qualidade dos pulve-
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rizadores e dos defensivos), posteriormente na trajetória (aplicação dirigida ou com barras protegidas evitando desperdícios) e finalmente no indivíduo (proteção individual). No entanto, no Brasil, a segurança da aplicação de defensivos tem sido reduzida à recomendação, nem sempre técnica, de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), praticamente negligenciando-se todas as demais alternativas. Portanto, antes de qualquer discussão sobre a qualidade dos EPIs na agricultura, um breve histórico da sua utilização se faz necessário, principalmente para as vestimentas de proteção, uma vez que a pele responde por mais de 90% da exposição ocupacional. Com as primeiras aplicações de defensivos no Brasil, relatadas na década de 40, inicia-se a preocupação com a segurança do trabalhador e o uso de EPI na agricultura.
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A preocupação com o desenvolvimento de vestimentas de proteção ao trabalho na agricultura iniciou na década de 90
Hoje já é possível encontrar no mercado vestimentas com o Selo Quepia de Qualidade, que indica que o fabricante se preocupa com a qualidade de suas vestimentas e que os materiais já ensaiados e sabidamente inseguros foram retirados da linha de produção
Nesta época os EPIs eram adaptados da indústria, confeccionados com materiais grossos, pesados e impermeáveis, que além de proporcionarem baixo conforto e segurança, dificultavam as operações. Apesar disso, em 1977, a Lei 6.514 torna obrigatórios o fornecimento e a manutenção dos EPIs e especifica que os mesmos só poderão ser expostos à venda ou utilizados com a indicação do Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A partir de então inicia-se um processo de obrigação do uso de EPIs não apropriados que em muito contribuiu para a atual rejeição à utilização, frequentemente observada nos trabalhadores rurais. São heranças desta época, como, por exemplo, a utilização de capas de material impermeável, como a trevira, que causam problemas como desidratação nos trabalhadores. Em 1989 o problema é agravado com a Lei 7.802, também conhecida como Lei de Defensivos, com a obrigação de que se conste no rótulo dos defensivos os EPIs a serem utilizados. A partir de então os EPIs passam a ser recomendados apenas segundo a classe toxicológica do produto, desconsiderando-se totalmente que o risco é função da toxicidade (inerente ao produto) e da exposição (inerente às condições de trabalho), e que esta última pode mudar significativamente segundo o método de aplicação empregado. São também heranças desta época as famosas tabelas de recomendação de EPIs segundo a classe toxicológica, ainda grafadas no verso de parte significativa dos receituários agronômicos espalhados pelo Brasil. Somente em 1990 inicia-se a preocupação com o desenvolvimento de vestimentas de proteção adaptadas ao trabalho na agricultura, por parte de técnicos da Fundacen-
tro, nascendo aí o conceito da utilização das vestimentas elaboradas em algodão tratado com hidrorrepelente, até hoje amplamente utilizado na confecção de vestimentas para aplicação de defensivos. Durante todo este tempo, portanto, a recomendação dos EPIs foi feita de maneira indiscriminada, como única forma de segurança, esquecendo-se que eles apenas atenuam a probabilidade de acidentes e que podem representar uma considerável carga de desconforto, principalmente térmico. Além disso, até então, apesar da percepção do risco ser influenciada por fatores de ordem cultural, social, econômica e psicológica, nenhuma preocupação com treinamentos tinha sido observada. Apenas em 2005, com a publicação da Norma Regulamentadora 31 (NR 31) pelo MTE, é que
se pode observar na legislação a preocupação com treinamento e com o fornecimento de EPIs e vestimentas adequadas aos riscos, que não propiciem desconforto térmico prejudicial ao trabalhador, iniciando-se o processo de profissionalização na aplicação de defensivos. Neste panorama, vários problemas foram criados e que ainda precisam ser solucionados de forma a melhorar a segurança no trabalho com defensivos. Um deles é que, até muito recentemente, a falta de normas para o setor de vestimentas de proteção fez com que, no Brasil, o CA fosse emitido apenas através da apresentação de uma Anotação de Responsabilidade Técnica por parte do fabricante, onde o mesmo se responsabilizava pela qualidade do equipamento de
A Lei 6.514 torna obrigatórios o fornecimento e a manutenção dos EPIs e especifica que os mesmos só poderão ser expostos à venda ou utilizados com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho e Emprego
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proteção fornecido, sem, no entanto, haver qualquer comprovação efetiva sobre a eficácia do mesmo em proporcionar segurança ao aplicador. Tal fato, além de proporcionar uma variação muito grande de qualidade e preço, permitiu que o trabalhador estivesse em conformidade com a lei, trajando uma vestimenta que possuía o CA para manipulação de defensivos, que, no entanto, lhe proporcionava pouca ou nenhuma proteção contra o risco a que estava exposto. Esta situação começou a mudar em outubro de 2009, com a publicação pelo MTE da Portaria 121, onde normas técnicas de avaliação da qualidade foram estabelecidas para todos os EPIs, extinguindo os denominados CA “por responsabilidade”. Por ser um processo novo, mesmo em nível mundial, outras portarias tiveram que ser publicadas para corrigir ou complementar a Portaria 121 e os fabricantes de vestimentas para uso na aplicação de defensivos tiveram até junho de 2011 para adequarem seus produtos às novas normas e submetê-los à avaliação em laboratórios credenciados pelo MTE para que possam ter seus CA renovados ou solicitados. Assim, após a profissionalização, foi a vez da qualidade chegar à segurança na aplicação de defensivos. Pelo exposto, a NR 31 e a Portaria 121 podem ser consideradas marcos na segurança no campo, colocando o Brasil em condições de igualdade com países do primeiro mundo. É certo que uma fase de adaptação ainda deverá ser transposta, mas as condições de melhoria hoje existem e as regras são claras para serem trabalhadas por
técnicos e empresas envolvidos. Felizmente, apesar deste novo marco legal, diferentes ações há tempos vêm sendo desenvolvidas no sentido de melhorar a situação da qualidade dos EPIs na aplicação de defensivos, como o trabalho conjunto de fabricantes, associações de classe e usuários de EPIs com instituições de pesquisa
No Brasil, a segurança da aplicação de defensivos tem sido reduzida à recomendação, nem sempre técnica, de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), praticamente negligenciando-se todas as demais alternativas
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e governamentais, desde 2004, junto à Comissão de Estudos CE-32:006.03, do CB-32 – Comitê Brasileiro de Equipamentos de Proteção Individual da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/ CB-32) e organismos internacionais como a ISO (International Standard Organization), com o objetivo de desenvolver normas que atestem a qualidade dos equipamentos disponibilizados ao agricultor. Esse trabalho mostrou-se de suma importância no assessoramento ao MTE durante a construção e o aperfeiçoamento da Portaria 121, sugerindo normas mais adequadas a serem utilizadas e de aceitação internacional. Também, o trabalho de melhoria da qualidade da matéria-prima utilizada na confecção das vestimentas de proteção para riscos químicos com defensivos, desenvolvido desde 2006 pelo Programa IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura (Quepia), coordenado pelo Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA/IAC), cuja visão tem sido: se o setor agrícola preocupar-se apenas com a definição de normas, quando estas forem definidas, os materiais e equipamentos ora existentes poderão não estar aptos para atendê-las na integridade, sendo impedidos de obter a renovação do CA. Assim, o trabalhador poderia ainda continuar nu em relação à proteção. Hoje já é possível encontrar no mercado vestimentas com o Selo Quepia de Qualidade, que indica que
Fotos Charles Echer
esta empresa se preocupa com a qualidade de suas vestimentas e que os materiais já ensaiados e sabidamente inseguros foram retirados da linha de produção, enquanto que as inovações obtidas foram incorporadas aos equipamentos. Com a finalização do processo da Portaria 121, ainda em 2011, o Quepia se tornará o primeiro sistema voluntário de certificação deste tipo no país. Trabalhar a segurança e a saúde do trabalho no meio rural não é tarefa simples, depende da integração de diferentes atores e muito há ainda a ser feito. Entretanto, várias ações no sentido de melhorar segurança e a qualidade de vida do aplicador, a segurança ambiental e a segurança alimentar vêm sendo observadas, como as mostradas com relação a vestimentas de proteção para uso com defensivos. Simplesmente punir os agricultores e trabalhadores não resolverá o problema. Ele só poderá ser solucionado através de uma ação conjunta, envolvendo o setor regulador, a pesquisa, a extensão, a iniciativa privada e, principalmente, os profissionais ligados à segurança e à saúde no trabalho com defensivos. Mais do que acharmos os culpados, precisamos buscar as soluções. Elas, finalmente, começam a
Exemplo de testes realizados pelo Instituto Agronômico de Campinas para certificação dos tecidos utilizados em EPIs
surgir e dependem de um esforço conjunto para que cumpram com sua função. Se cada um fizer a sua parte, se tornarão efetivas e duradouras. .M Hamilton Humberto Ramos, Maria Aparecida Lima, Viviane Corrêa Aguiar, Lizandra de Jesus Sarreta e Marcelo da Silva Scapin, IAC
MÁQUINAS EM NÚMEROS
VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2009 2010 2011
JAN 3,1 4,6 4,0
2011 AGO B 5.928 5.782 146 4.958 4.829 129 84 78 6 136 136 0 351 351 0 399 388 11
SET A 5.926 5.773 153 4.891 4.760 131 112 92 20 134 134 0 393 392 1 396 395 1
Unidades
FEV 3,6 5,3 5,2
MAR 4,1 6,6 5,9
ABR 3,9 6,0 5,7
2010
JAN-SET C 50.051 49.005 1.046 40.920 40.022 898 810 704 106 940 940 0 3.265 3.240 25 4.116 4.099 17 MAI 4,0 6,4 6,1
JUN 4,2 6,1 5,6
SET D 6.081 5.942 139 5.015 4.883 132 67 60 7 161 161 0 369 369 0 469 469 0 JUL 4,8 6,4 5,6
JAN-SET E 54.025 53.500 525 45.219 44.782 437 640 590 50 1.383 1.383 0 2.994 2.966 28 3.789 3.779 10 AGO 5,1 6,5 5,9
SET 5,4 6,1 5,9
Variações percentuais A/D -2,5 -2,8 10,1 -2,5 -2,5 -0,8 67,2 53,3 185,7 -16,8 -16,8 6,5 6,2 -15,6 -15,8 -
A/B 0,0 -0,2 4,8 -1,4 -1,4 1,6 33,3 17,9 233,3 -1,5 -1,5 12,0 11,7 -0,8 1,8 -90,9 OUT 6,2 5,9
NOV 5,3 4,7
DEZ 5,5 3,9
C/E -7,4 -8,4 99,2 -9,5 -10,6 105,5 26,6 19,3 112,0 -32,0 -32,0 9,1 9,2 -10,7 8,6 8,5 70,0 ANO 55,3 68,5 50,1
MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA Unidades
2011 AGO B 5.928 4.958 154 211 871 1.412 1.051 1.071 188 351 35 166 48 91 11 136 84 399
SET A 5.926 4.891 183 212 905 1.353 1.019 1.031 188 393 62 148 54 114 15 134 112 396
Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Yanmar Agritech Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)
2010
JAN-SET C 50.051 40.920 1.360 1.271 7.679 11.384 8.308 9.325 1.593 3.265 444 1.315 474 888 144 940 810 4.116
SET D 6.081 5.015 155 147 785 1.521 990 1.258 159 369 40 210 23 86 10 161 67 469
JAN-SET E 54.025 45.219 1.480 933 6.275 13.803 9.957 11.020 1.751 2.994 386 1.091 421 971 125 1.383 640 3.789
Variações percentuais A/D -2,5 -2,5 18,1 44,2 15,3 -11,0 2,9 -18,0 18,2 6,5 55,0 -29,5 134,8 32,6 50,0 -16,8 67,2 -15,6
A/B 0,0 -1,4 18,8 0,5 3,9 -4,2 -3,0 -3,7 0,0 12,0 77,1 -10,8 12,5 25,3 36,4 -1,5 33,3 -0,8
C/E -7,4 -9,5 -8,1 36,2 22,4 -17,5 -16,6 -15,4 -9,0 9,1 15,0 20,5 12,6 -8,5 15,2 -32,0 26,6 8,6
Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).
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PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2009 2010 2011
JAN 4,7 5,9 5,3
2011 AGO B 7.857 6.238 308 145 533 633
SET A 6.962 5.415 288 160 539 560 FEV 4,4 6,5 7,0
MAR 5,6 7,9 7,5
ABR 5,2 7,8 6,9
2010
JAN-SET C 62.145 49.134 2.470 955 4.819 4.767 MAI 4,5 8,1 7,2
JUN 4,1 7,7 6,7
SET D 8.244 6.662 216 190 658 518 JUL 5,6 8,5 6,7
JAN-SET E 69.166 56.777 1.470 1.517 4.841 4.561 AGO 5,7 8,6 7,9
Outubro 2011 • www.revistacultivar.com.br
SET 6,1 8,2 7,0
Variações percentuais A/D -15,6 -18,7 33,3 -15,8 -18,1 8,1
A/B -11,4 -13,2 -6,5 10,3 1,1 -11,5 OUT 7,0 8,1
NOV 7,3 7,3
DEZ 6,2 4,2
C/E -10,2 -13,5 68,0 -37,0 -0,5 4,5 ANO 66,2 88,9 62,1