Maquinas 126

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Cultivar Máquinas • Edição Nº 126 • Ano XI - Fevereiro 2013 • ISSN - 1676-0158

Nossa capa

Test Drive - Como escolher um gigante

Confira o comparativo técnico entre os cinco principais tratores de grande porte disponíveis no Brasil e descubra qual modelo é mais apropriado para sua propriedade

Destaques

Rotação certa

Entenda por que ocorrem falhas no estande de sementes e o que é possível fazer para eliminá-las da sua semeadora

Saiba como encontrar a rotação ideal para pulverizar e quais os fatores que interferem na vazão do produto

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• Editor

Gilvan Quevedo

• Redação

Charles Echer Carolina Simões Silveira

• Revisão

Aline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e Diagramação

NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• ASSINATURAS

• REDAÇÃO

• MARKETING

3028.2000 3028.2060

3028.2070 3028.2065

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Índice

Sem falhas no plantio

Cristiano Ceia

Capa: Charles Echer

Matéria de capa

• Comercial

Sedeli Feijó José Luis Alves Rithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação Circulação

Simone Lopes

• Assinaturas

Natália Rodrigues Francine Martins Clarissa Cardoso

• Expedição

Edson Krause

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

C Cultivar Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br Direção Newton Peter www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480

Rodando por aí

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Sem falhas no plantio

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Irrigação de florestas

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Hastes sulcadoras

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Compactação em áreas florestais

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Comparativo de tratores

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Manutenção de tratores

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Ficha Técnica - MF 7100 Florestal

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Qualidade de pulverização

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Lançamentos Show Rural 2013

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Recuperação de solos

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 173,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 € 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


rodando por aí

Marini

Eduardo Marini destacou a praticidade dos kits de rodado duplo com sistema de engate rápido oferecidos pela empresa. “A praticidade para a retirada do rodado duplo do trator é tão grande que este trabalho pode ser realizado somente por uma pessoa, no meio do campo”, explica Marini.

Stara

Presente pela 25° vez no Show Rural Coopavel, a Stara levou uma grande equipe de profissionais para prestar todos os esclarecimentos solicitados e atender seus colaboradores. De acordo com Paulo Kreling, do setor de Marketing da Stara, o evento garante oportunidades para o agronegócio e a empresa aproveita esta para mostrar todas as suas linhas de produtos.

GSI

A equipe da GSI apresentou na 25ª edição do Show Rural Coopavel sua linha de produtos para a área de armazenamento de grãos e automação para o setor da proteína animal, principalmente avicultura e suinocultura, com destaque para o sistema MultiTratos, para a alimentação de suínos, e para o Ninho Automático.

Trelleborg

Paulo Kreling

Novo portfólio

A Titan Pneus, detentora da marca Goodyear Farm Tires, inicia 2013 com novidades para os produtores brasileiros. De acordo com Alexandre Pavarin, engenheiro agrícola e gerente de Vendas Brasil, a empresa investirá na ampliação do portfólio de produtos, com atenção especial para pneus de construção radial, para tratores, Alexandre Pavarin colhedoras e pulverizadores.

A Trelleborg destacou as linhas agrícolas de pneu radial TM e Twin para tratores, colhedoras, implementos e transbordo de cana. Segundo Rafaela Sena, marketing e assistente de exportação da Trelleborg, a empresa também oferece a linha de pneus radiais TM900 HP, destinados a tratores acima de 240hp; a linha TM800 indicada para tratores acima de 150cv e ainda uma linha especial de pneus para colheitadeiras, o TM2000.

Rafaela Sena

TeeJet

A equipe da TeeJet Technologies aproveitou o Show Rural para o lançamento dos novos produtos Sentry 6120, Radion 8140 e Matrix Pro GS. A equipe recebeu parceiros e clientes esclarecendo todas as dúvidas relacionadas à tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas e agricultura de precisão.

Metalfor

Guilhermo Zegna, gerente geral da Metalfor, destaca no Show Rural Coopavel o lançamento do Autopropelido Multiple 3200 AB. “É uma ótima opção para os produtores que procuram maior autonomia, menor quantidade de passadas na lavoura, maior rendimento e melhor relação de custo/benefício”, garante.

Arvus

A equipe da Arvus Tecnologia apresentou para clientes a linha Titanium. De acordo com o gerente de Vendas da Arvus Tecnologia, Luiz Bridi, “a empresa trouxe para o evento as principais inovações desenvolvidas pela empresa nos últimos anos, voltadas à agricultura de precisão, como o piloto automático e os controladores de aplicação de insumos e plantio”.

Guilhermo Zegna

Errata

Por equívoco, omitimos o nome do pesquisador Cleyton Batista de Alvarenga, da UFV, como autor do artigo “Tratores do Brasil”, publicado na revista de julho de 2012, nº 120.

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Errata

No artigo o “Quanto vale seu usado?”, publicado na edição 124, de novembro de 2012, por equívoco nosso, foi omitido o nome da autora Luciana Nunes Ferreira, do DER/Faem/UFPel.


Crescimento

O vice-presidente da Case IH para a América Latina, Mirco Romagnoli, comemorou o crescimento das vendas da marca de 339% no mercado de tratores de 2008 a 2012, enquanto o mercado cresceu apenas 29% no mesmo período. Em coletiva durante o Show Rural, ele também anunciou o crescimento da rede de concessionários, que passou de 47 lojas em 2008 para 100 em 2012. Ainda em 2013, a rede deverá receber 15 novas lojas no Brasil.

Correias

Márcio Afonso, engenheiro de Vendas da Goodyear Correias, destacou as qualidades construtivas das novas correias da empresa. Os lançamentos estão com mudanças na estrutura das correias que promovem maior performance e durabilidade dos produtos, com foco nas montadoras de máquinas Márcio Afonso agrícolas.

Jacto

Mirco Romagnoli

Semeato

O destaque da Semeato durante o Show Rural foi a plantadeira Sol TT de 28 a 40 linhas, vencedora do Prêmio Gerdau Melhores da Terra 2012. Segundo o engenheiro Eduardo Copetti, “o grande diferencial da máquina é a presença do sistema Isobus em todas as suas versões”. A semeadora, que até o final do ano passado tinha somente versão seeds, passou a ter uma versão Eduardo Copetti com reservatórios de adubo.

A Jacto trouxe para o Show Rural 2013 o seu principal lançamento dos últimos anos, o Uniport 3030, com diversos avanços tecnológicos em relação aos modelos antecessores da família. Além das equipes de promoção e vendas, também marcaram presença no evento Robson Zófoli, diretor comercial; Shikao Nishimura, membro do conselho de administração da Jacto; Rafael Nishimura, de projetos e investimentos corporativos; e os gerentes de Comunicação e Vendas José Tonon Júnior e Valdir Martins da Silva.


Marketing

O diretor de Marketing da AGCO América do Sul, Fábio Piltcher, acompanhou de perto a movimentação dos estandes das marcas Valtra e Massey Ferguson durante o Show Rural 2013. Ele avaliou o evento como muito positivo e um espaço ideal para contatar produtores que buscam Fábio Piltcher novidades tecnológicas.

Max Case

Reforço

Gustavo Heller Nietiedt assumiu recentemente o cargo de coordenador de Marketing do Produto Tratores Massey Ferguson. Com graduação em Agronomia e Mestrado em Engenharia Agrícola, Gustavo terá como desafio, junto com a atual equipe, desenvolver e gerenciar ações voltadas a todo o portfólio de tratores da empresa.

ATS

Apostando na aproximação cada vez maior com o cliente, a Case IH criou o Max Case, um serviço de suporte avançado para clientes especiais, que visa o atendimento num curto prazo de tempo. Para o diretor de Marketing para a América Latina, Alfredo Jobke, este programa exige a integração até mesmo da diretoria da empresa, que está disponível 24 horas por dia para garantir a solução dos problemas em tempo recorde.

Alfredo Jobke

Tratores

O time de tratores da Massey Ferguson marcou presença no Show Rural 2013. Focada no trator MF 8670 Dyna-T, a equipe destacou os benefícios da transmissão CVT que equipa o trator. Também foi destaque o trator MF 7100 configurado para operações florestais.

Um dos destaques da Valtra no Show Rural foi o aplicativo AGCOMMAND, para gerenciamento de frota a distância, disponível para dispositivos móveis com plataforma IOS. De acordo com Rafael Costa, gerente de Marketing de Produtos ATS, é possível acompanhar o desempenho das máquinas em campo, agilizando e facilitando trabalhos de manutenção preventiva. O aplicativo pode ser baixado gratuitamente por usuários Rafael Costa de iPhone e iPad.

Agritech

Nelson Watanabe, gerente nacional de Vendas Agritech, acompanhou a equipe de vendas no Show Rural 2013 onde foram apresentados tratores para as culturas de grãos e cafeeiras. Para ele, o resultado final do evento foi bastante satisfatório, principalmente para o que havia sido projetado em relação ao público do café. Os produtores estão procurando mecanizar suas culturas, principalmente onde há escassez de mão de obra, completou.

Novidade

Tratores JD

Carlos Eduardo Barioni Martinatti assumiu recentemente o cargo de especialista de produto e mercado para tratores da John Deere. Ele passará a responder por tratores e ficará sediado na cidade de Indaiatuba (SP). Martinatti é técnico em Mecânica e graduado em Marketing pela Universidade Paulista (Unip) e atua no mercado desde 1993.

Carlos Eduardo Barioni Martinatti

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Gustavo Heller Nietiedt

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Nelson Watanabe

Já é possível ver os primeiros tratores da LS Tractor rodando no Brasil. O modelo U60, que será testado pela Cultivar Máquinas para a próxima edição, foi flagrado rodando no interior do Rio Grande do Sul. A empresa sul-coreana está construindo sua fábrica na cidade de Guaruva, Santa Catarina.



semeadoras

No lugar certo

A velocidade de deslocamento da semeadora e da rotação dos discos dosadores interfere na uniformidade da distribuição longitudinal de sementes. Por isso, ela deve ser gerenciada para garantir um estande sem falhas ou com duplicidade de sementes

A

uniformidade da distribuição de sementes na linha de semeadura ou também chamada de distribuição longitudinal é um fator que contribui para a obtenção de um estande adequado de plantas e, consequentemente, para uma boa produtividade. Uma distribuição desuniforme de plantas no campo implica em aproveitamento ineficiente dos recursos disponíveis, como luz, água e nutrientes. Analisando a cultura do milho, verifica-se que esta é uma cultura que tem seu potencial produtivo influenciado pelo uso de diferentes populações e espaçamentos de plantas. Atualmente, pesquisas apontam que a uniformidade de distribuição de sementes na linha de semeadura pode colaborar para o aumento do rendimento das culturas. O ideal que se preconiza para uma semeadora é que esta seja capaz de dosar as sementes no solo de maneira uniforme, com base no espaçamento recomendado para a cultura e que possua o mínimo de variação neste quesito. O espaçamento entre sementes recomendado para a cultura é chamado cientificamente de espaçamento de referência (Xref). Um espaça-

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mento entre sementes igual ou próximo deste valor, até determinado limite, é chamado de espaçamento aceitável. Se as sementes estão muito próximas, considera-se um espaçamento múltiplo e, de forma antagônica, um espaço muito grande entre sementes é considerado um espaçamento falho. As normas técnicas ISO 7256/1 (1982) e a ABNT (1994) definem os limites da classificação da distribuição longitudinal em uma operação de semeadura. Um espaçamento entre sementes é considerado aceitável quando estiver numa faixa situada entre a metade do espaçamento de referência da cultura e 50% acima deste limite (0,5<Xref<1,5). Os espaçamentos múltiplos ocorrem quando são menores que a metade do espaçamento de referência (<0,5Xref) e os falhos quando 50% maiores (>1,5Xref). A Figura 1 ilustra os limites dos espaçamentos. Um exemplo prático da distribuição longitudinal é demonstrado na Figura 2. Se um agricultor estivesse semeando uma lavoura de milho e sua recomendação para sua variedade fosse de quatro sementes por metro, então seu

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espaçamento de referência seria 25cm. Caso um espaçamento entre sementes estivesse maior que 1,5 vez o espaçamento de referência, ou seja, maior que 37,5cm, então este seria um espaçamento falho. Do contrário, se houvesse um espaçamento menor que a metade do espaçamento de referência, ou seja, 12,5cm, então este seria um espaçamento múltiplo. Apenas os espaçamentos situados entre 12,5cm e 37,5cm seriam classificados como espaçamentos aceitáveis. Diversos fatores comprometem a distribuição longitudinal de sementes de uma semeadora, dentre os quais a literatura aponta como os mais relevantes o tipo de dosador e a rotação Figura 1 - Classificação de espaçamentos entre sementes conforme o espaçamento de referência da cultura (Xref)

Fonte: Silveira, 2010


Fotos Charles Echer

Valtra

Tabela 1 - Resultado da densidade de sementes, porcentagem de espaçamentos aceitáveis, falhos e múltiplos e coeficiente de variação das oito rotações testadas do disco dosador Rotação do Densidade de disco (rpm) sementes (Sem/m) 4,09 a* 14,3 4,86 b 17,1 5,69 c 20,0 6,48 d 22,9 7,44 e 25,7 8,07 f 28,6 8,79 g 31,4 9,45 h 34,3 6,86 Média 26,43 CV(%)

Aceitáveis Falhos (%) (%) 96,30 a 1,20 a 96,30 a 1,70 ab 95,90 a 1,80 ab 91,30 ab 4,00 b 90,20 b 4,20 b 7,70 c 84,80 c 7,50 c 83,70 c 9,60 c 80,30 c 5,44 89,85 67,96 6,99

Múltiplos (%) 2,50 a 2,00 a 2,30 a 4,70 ab 5,60 abc 7,50 bcd 8,80 cd 10,10 d 4,71 59,96

*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

do disco dosador, que é proporcional à velocidade de trabalho da semeadora. Sendo assim, o produtor deve ficar atento se a velocidade de trabalho de sua semeadora está proporcionando uma distribuição de sementes o mais uniforme possível, obtendo alta porcentagem de espaçamentos aceitáveis entre plantas. Além de altas velocidades de trabalho, as tendências atuais de aumento da população de plantas de milho para maiores rendimentos, em especial em áreas de alto potencial produtivo e áreas irrigadas, aumenta a rotação do disco dosador. Para que haja uma minimização dos erros de distribuição de sementes, quanto maior a população, menor deverá ser a velocidade de trabalho, de forma a manter uma rotação do disco baixa o suficiente. Em geral, os trabalhos existentes na literatura sobre este tema apontam para reduções consideráveis na porcentagem de espaçamentos aceitáveis quando há o acréscimo na velocidade de semeadura, algumas vezes atingindo níveis insatisfatórios de distribuição que, no caso do milho, podem prejudicar o rendimento da cultura. Para evitar uma situação semelhante no campo, o agricultor pode monitorar os espaçamentos aceitáveis e reduzir a velocidade de deslocamento até que a distribuição esteja mais adequada.

variabilidade espaço-temporal. Neste sistema, é possível variar a densidade de sementes e, consequentemente, a população de plantas, através da variação da rotação dos discos dosadores da semeadora, sejam estes dosadores do tipo mecânico ou pneumático. Em semeadoras que realizam distribuição de sementes e fertilizantes a taxa variável, o acionamento dos dosadores é realizado por motores hidráulicos, dessa forma, permite que a rotação do eixo dos dosadores seja comandada pelo sinal do GPS através de mapas confeccionados previamente. Um exemplo simples da utilidade da taxa variável de sementes de milho é a semeadura de uma lavoura que tem uma área com pivô central e na periferia onde encontram-se áreas não irrigadas, deste modo, estariam sendo semeadas duas populações. Entretanto, o potencial da técnica é muito maior, podendo-se utilizar diversas densidades de sementes e variar também o fertilizante na linha, em diferentes zonas de manejo na lavoura. As zonas são descritas em um mapa de semeadura, que pode levar em conta diversos fatores, como a disponibilidade hídrica, por exemplo, fazendo a redução da população em zonas menos úmidas, mapas de rendimento de anos anteriores, de fertilidade, de rentabilidade, entre outros.

Também é possível avaliar a qualidade da distribuição diretamente na lavoura

O objetivo desse trabalho foi validar um dosador mecânico para semeadura de milho em Agricultura de Precisão, operando em diferentes rotações do disco dosador, avaliando os espaçamentos aceitáveis, falhos e múltiplos e a densidade de sementes e gerando dados simulados de controle de velocidade de deslocamento.

AVALIAÇÃO DO DOSADOR

As atividades foram realizadas em uma bancada, composta de suporte do dosador, sistema de acionamento e esteira, projetada e construída no Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Máquinas Agrícolas - Laserg, da Universidade Federal de Santa Maria (Silveira, 2010). Esta bancada é capaz de simular uma operação de semeadura, possibilitando a avaliação de um dosador pelas variações da rotação de seu disco e da velocidade da esteira, simulando a velocidade de trabalho da semeadora. Foram testadas oito rotações do disco alveolado horizontal de um dosador mecânico, constituindo oito tratamentos: 14,3rpm; 17,1rpm; 20,0rpm; 22,9rpm; 25,7rpm; 28,6rpm; 31,4rpm e 34,3rpm. Estas rotações

TAXA VARIÁVEL DE SEMENTES X UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO

A Agricultura de Precisão (AP) é um dos sistemas mais modernos empregados para a produção de grãos, a fim de aumentar a produtividade da lavoura através do manejo da

A uniformidade da distribuição de sementes na linha de semeadura é um fator que contribui para a obtenção de um estande adequado de plantas e, consequentemente, para uma boa produtividade

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Fotos Fernando Rossato

podem ser atribuídas a populações teóricas de campo, as quais seriam: 50, 60, 70, 80, 90, 100, 110 e 120 mil sementes por hectare (sem/ha) com semeadora com espaçamento entre linhas de 0,80m. A velocidade de trabalho simulada na esteira foi de 6km/h. A distribuição longitudinal foi caracterizada através da classificação de espaçamentos entre sementes em aceitáveis, múltiplos e falhos e a densidade de sementes (sem/m), verificando se atingia a densidade desejada para cada rotação do disco, conforme norma brasileira para ensaios. O desempenho do dosador foi classificado de acordo com limites estabelecidos na literatura, que sugerem nível ótimo para semeadoras que operem acima de 90% de espaçamentos aceitáveis, bom com 75% a 90%, regular com 50% a 75% e insatisfatório abaixo de 50%. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições.

RESULTADOS

Os dados da Tabela 1 mostram o desempenho do dosador para a distribuição longitudinal de sementes. Os dados comprovam redução da qualidade da distribuição com o aumento da rotação do disco dosador, porém mantendo o desempenho nos níveis ótimo e bom. O dosador mecânico obteve desempenho ótimo até a rotação de 25,7rpm. A partir de 28,6rpm as qualificações de desempenho foram reduzidas para nível bom, diferindo estatisticamente dos espaçamentos aceitáveis da rotação de 25,7rpm. Apesar disso, os espaçamentos aceitáveis foram reduzidos em 16,61% com o aumento da rotação e os espaçamentos falhos e múltiplos aumentaram 12,50% e 24,75%, respectivamente, concordando com os dados encontrados na literatura. Em relação aos espaçamentos falhos, os menores valores foram encontrados até a rotação de 25,7rpm. A partir de 28,6rpm foram encontrados os maiores valores de falhos, que não diferiram estatisticamente entre si. O

Rotação disco (rpm)

Figura 3 - Rotações do disco em função de velocidades de trabalho simuladas para o conjunto mecanizado, com limite para desempenhos satisfatórios de uniformidade de distribuição com porcentagem de espaçamentos aceitáveis

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Velocidades de deslocamento (km/h) 3 3,5 4 5 5,5 4,5 7,1 8,3 9,5 10,7 11,9 13,1 8,6 10,0 11,4 12,9 14,3 15,7 10,0 11,7 13,3 15,0 16,7 18,3 11,4 13,3 15,2 17,1 19,0 21,0 12,9 15,0 17,1 19,3 21,4 23,6 14,3 16,7 19,0 21,4 23,8 26,2 15,7 18,3 21,0 23,6 26,2 28,8 17,1 20,0 22,9 25,7 28,6 31,4

População 6 (mil sem/ha) 50 14,3 60 17,1 70 20,0 80 22,9 90 25,7 100 28,6 110 31,4 120 34,3

Melhor desempenho

Limite recomendado

Transição

Não recomendado

Figura 2 - Demonstração em laboratório da classificação dos espaçamentos entre sementes que podem ser encontrados no campo, conforme as normas para distribuição longitudinal de sementes

comportamento dos espaçamentos múltiplos ocorreu de forma semelhante, aumentando com a rotação do disco. A variável densidade de sementes diferiu estatisticamente para todas as rotações avaliadas, o que significa que cada rotação foi capaz de, teoricamente, atingir as populações preestabelecidas.

LIMITES DE USO DO DOSADOR PARA OUTRAS VELOCIDADES DE TRABALHO

A partir dos dados obtidos, pode-se considerar um limite de uso deste dosador mecânico para semeadura de milho para Agricultura de Precisão em dose variável de acordo com os espaçamentos entre sementes. Assim, recomenda-se que a rotação do disco dosador seja de no máximo 25,7rpm, a fim de que a máquina opere com nível ótimo de desempenho. Além disso, de acordo com o nível de exigência dos produtores, podem-se considerar limites menores de rotação, embora não foi identificada diferença estatística entre as mesmas. Para possibilitar a consulta da redução de velocidade adequada com diferentes populações, tendo como base os limites de rotação do disco discutidos anteriormente, foi elaborada uma planilha de consulta, disposta na Figura 3, que deve ser consultada juntamente com a Tabela 1. Por exemplo, um produtor interessado em semear uma população de 110.000 sementes por hectare, na Tabela 1 define o limite que irá considerar de rotação para o disco, no caso selecionando valores inferiores a 25,7rpm visando os espaçamentos aceitáveis acima de 90%. De posse desse valor de referência, ao consultar

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a linha correspondente à população desejada na Figura 3, irá verificar que nas velocidades de 6,0km/h; 5,5km/h e 5,0km/h a rotação do dosador estaria sendo ultrapassada, dessa forma limitando a velocidade de trabalho em 4,5km/h e com rotação de 23,6rpm. Contudo, ressalta-se que os limites sugeridos podem apresentar variações, pois os dados foram simulados a partir dos obtidos com velocidade de deslocamento de 6km/h, e que os valores devem servir de referência, sendo conferidos pelo produtor com a aferição de espaçamentos no campo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O dosador mecânico foi validado para a utilização nas rotações testadas, em um sistema de Agricultura de Precisão. É possível utilizar este dosador com nível ótimo e bom para semeadura de milho para a velocidade de trabalho testada, com amplas variações de rotação do disco e de velocidades de trabalho. Além disso, os dados foram eficientes para gerenciar a operação em função da distribuição de sementes, permitindo consultar limites de velocidade de trabalho para diferentes populações semeadas e sugerir ao produtor usar as referências desenvolvidas no controle de qualidade da semeadura no campo. .M Otávio Dias da Costa Machado, Laserg/UFSM e IFRS/BG Fernando Pissetti Rossato, Airton dos Santos Alonço, Dauto Pivetta Carpes e Mateus Potrich Bellé, Laserg/UFSM



irrigação Divulgação

Floresta irrigada Assim como ocorre em culturas não perenes, a irrigação é uma ferramenta que garante resposta positiva também em pomares ou mesmo em áreas de reflorestamento com eucaliptos, gerando um acréscimo na produtividade de quase 1/3 em relação a lavouras não irrigadas

A

sobre as florestas nativas, abrigo para a fauna, melhoria da qualidade do ar e contribuição para redução do efeito estufa (SBS, 2006). Atualmente o Brasil exerce liderança no que se refere ao segmento florestal em todo o mundo, em função das condições edafoclimáticas, que permitiram a adaptação do eucalipto de forma simples e eficaz. Além das condições

Luciano da Silveira

s florestas de eucalipto existentes no Brasil compreendem uma atividade econômica de grande importância nacional, que propicia diversos benefícios, como a contribuição em cerca de 5% do PIB, geração de empregos e renda, impostos e balança comercial. Sob o aspecto ambiental, vale ressaltar uma diminuição na pressão do desmatamento

A pesquisa foi realizada em uma área com quatro parcelas, compostas por 36 árvores cada, com aplicação de diferentes doses de água em cada uma

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naturais, o Brasil desenvolve e utiliza tecnologias de ponta para a produção eucaliptocultora, como, por exemplo, a irrigação, embora não seja difundida em escala comercial. Pesquisas que observaram incremento considerável na produtividade em florestas de eucalipto, quando implementadas com irrigação. Gürses e Özkurt (1995) constataram que a produtividade de Eucalyptus camaldulensis com três anos, na Turquia, foi de 51m3/ha no tratamento com irrigação, enquanto que em condições ambientes foi de 19,8m3/ha. Kaplan (1983) cita que em Israel, plantas de Eucalyptus camaldulensis responderam à irrigação durante a estação chuvosa (outubro a maio), dobrando a produção, contudo, durante a seca (verão), a prática mostrou-se ineficiente. Há uma grande quantidade de trabalhos científicos sobre nutrição florestal na área de eucaliptocultura, mas o uso da água, em m³/ ha/ano, e a eficiência de seu uso, em quilo de


Gráficos de Regressão para os parâmetros de incremento das árvores em função das lâminas de irrigação ao final do primeiro ano de desenvolvimento

madeira produzida por m³ de água transpirada não são ainda bem conhecidos, face à dificuldade metodológica de sua determinação (Hatfield; Sauer; Prueger, 2001). Diante da escassez de informações relacionadas à eficiência e à quantificação de níveis de água associados à irrigação em eucaliptocultura, e das respostas na produtividade de madeira em função da reposição hídrica, foi realizado trabalho com o objetivo de quantificar os efeitos da irrigação no incremento de madeira do eucalipto, com análises de desenvolvimento das árvores referentes à diferentes lâminas de irrigação.

PESQUISA

A pesquisa foi desenvolvida na unidade I do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, campus Uberaba. Este local se encontra a uma elevação de 805

metros acima do nível do mar. O município apresenta temperatura média anual de 23ºC, umidade relativa anual de 64% e precipitação pluviométrica anual de 1.750,9mm. O solo presente no local é do tipo latossolo-vermelho. A área experimental foi composta por quatro parcelas com tratamentos específicos. Em que os tratamentos foram representados por lâminas de irrigação, definidas em função da evapotranspiração da cultura. Os tratamentos avaliados foram: 75% da ETc, 100% da ETc, 200% da ETc e 300% da ETc. Cada parcela foi constituída por 36 árvores, dispostas em seis linhas de plantio, em que cada uma destas linhas de plantio foram compostas por seis árvores. Como foram quatro parcelas constituídas por 36 árvores, totalizaram 144 árvores distribuídas em toda a área experimental (Figura 1). O espaçamento entre as linhas de plantio foi de três metros e o espaçamento entre árvores

situadas na mesma linha de plantio também foi de três metros. A irrigação foi executada por um sistema de irrigação por gotejamento, que foi implantado no local. Para a quantificação do volume de água utilizado na irrigação das parcelas, foi procedida diariamente a estimação da evapotranspiração da cultura (ETc) através dos cálculos da equação de Penmam-Monteith, com base nos parâmetros climatológicos coletados diariamente em uma estação meteorológica situada próxima à área experimental. Antes do início da aplicação dos tratamentos, foi realizada a avaliação do sistema de irrigação implantado no local, onde as informações de eficiência do sistema e de uniformidade de distribuição puderam ser quantificadas. Os resultados referentes à avaliação do sistema de irrigação condicio-

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Análise estatística para o parâmetro de altura do tronco

Análise estatística para o parâmetro de diâmetro basal das árvores

1ª Coleta Tratamentos 75% da ETc 100% da ETc 200% da ETc 300% da ETc

1ª Coleta Tratamentos 75% da ETc 100% da ETc 200% da ETc 300% da ETc

Resultados do Teste a1 a1 a1 a1

Médias 1,375000 1,500000 1,500000 1,437500

2ª Coleta Tratamentos 75% da ETc 100% da ETc 200% da ETc 300% da ETc

Tratamentos 75% da ETc 100% da ETc 200% da ETc 300% da ETc

3ª Coleta Tratamentos 75% da ETc 100% da ETc 200% da ETc 300% da ETc

Tratamentos 75% da ETc 100% da ETc 200% da ETc 300% da ETc

4ª Coleta Tratamentos 75% da ETc 100% da ETc 200% da ETc 300% da ETc

Tratamentos 75% da ETc 100% da ETc 200% da ETc 300% da ETc

5ª Coleta Médias 3,187500 3,375000 4,187500 4,562500

Resultados do Teste a1 a1 a2 a1

Médias 36,625000 39,000000 45,125000 43,687500

Resultados do Teste a1 a1 a2 a2

5ª Coleta Tratamentos 75% da ETc 100% da ETc 200% da ETc 300% da ETc

Resultados do Teste a1 a1 a2 a2

naram o planejamento das operações de manejo da irrigação, de modo que possibilitou a determinação, diariamente, do intervalo de tempo correspondente à aplicação das lâminas de irrigação específicas para cada tratamento. Em que a irrigação dos quatro tratamentos avaliados, foi executada na frequência de uma vez ao dia. A variedade de eucalipto utilizada nos ensaios experimentais foi o clone I-224. Como todas as árvores foram clones gerados a partir de uma mesma matriz, possuíam as mesmas características genéticas. E também receberam os mesmos tratos culturais (manejo de doenças, manejo de pragas, manejo de plantas daninhas, adubação e desbaste) permitindo concentrar as variações referentes às árvores que compreendem os ensaios experimentais, somente aos efeitos das lâminas de irrigação avaliadas na pesquisa. Os parâmetros coletados periodicamente no primeiro ano do ciclo do eucalipto (parcelados em cinco coletas durante o ano) foram: a altura dos troncos e o diâmetro basal em

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Médias 34,750000 36,312500 40,187500 42,187500

Médias 53,625000 55,937500 63,437500 64,312500

Resultados do Teste a1 a1 a2 a2

todas as árvores, com o auxílio, respectivamente, de régua e paquímetro digital. E ao final do primeiro ano do ciclo de desenvolvimento do eucalipto, foram coletados também o diâmetro basal, a circunferência à altura de peito (CAP) e o diâmetro à altura John Deere

Tratamentos 75% da ETc 100% da ETc 200% da ETc 300% da ETc

Resultados do Teste a1 a1 a2 a2

4ª Coleta Resultados do Teste a1 a1 a2 a2

Médias 2,250000 2,375000 3,000000 3,062500

Médias 26,375000 28,000000 31,875000 30,000000

3ª Coleta Resultados do Teste a1 a1 a2 a1

Médias 2,000000 2,000000 2,625000 2,500000

Resultados do Teste a1 a1 a1 a1

2ª Coleta Resultados do Teste a1 a1 a2 a1

Médias 1,625000 1,625000 2,062500 1,937500

Médias 22,500000 22,125000 23,875000 23,187500

de peito (DAP); com o auxílio de fita métrica e paquímetro digital. Esses parâmetros permitem a estimação do incremento do volume comercial de madeira. Os dados obtidos nas coletas foram submetidos à análise estatística (teste de Scott-Knott e regressão), utilizando o software Sisvar 4.3.

RESULTADOS

Para os parâmetros de desenvolvimento das árvores coletados periodicamente durante o primeiro ano do ciclo do eucalipto (altura do tronco e diâmetro basal) foi verificado que os tratamentos correspondentes às lâminas de irrigação 200% da ETc e 300% da ETc proporcionaram os resultados mais expressivos ao desenvolvimento das árvores, para os parâmetros de altura do tronco e diâmetro basal. Ao final do primeiro ano do ciclo do eucalipto, foi estimado que os tratamentos 200% da ETc e 300% da ETc propiciaram as maiores respostas no incremento de volume comercial de madeira.

CONCLUSÕES

Os tratamentos que apresentaram maiores respostas ao desenvolvimento de árvores de eucalipto, no primeiro ano de desenvolvimento, foram as lâminas de irrigação equivalentes a 200% e 300% da evapotranspiração da cultura. O tratamento referente à lâmina de irrigação 200% da evapotranspiração da cultura se apresentou com maior viabilidade, em função de ser mais econômico do que a lâmina de irrigação equivalente a 300% da evapotranspiração da cultura e propiciar o mesmo incremento às árvores. .M Luciano H. da Silveira, Fábio R. Motter, Antônio C. Barreto, Olegário P. Souza e Denise F. Biulchi, IFTM/Uberaba Figura 1 - Croqui da representação esquemática da área experimental

A irrigação por gotejamento está ganhando terreno também em culturas como eucalipto

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semeadoras

Sulco ideal

John Deere

A

O ângulo de ataque e a profundidade de trabalho das hastes sulcadoras das semeadoras interferem diretamente na qualidade do plantio e na capacidade de arranque inicial das plantas

agricultura moderna consiste numa técnica de manejo agrícola que visa sustentabilidade e redução nos custos de produção. Isto está associado ao sistema conhecido como plantio direto (SPD), destacando-se pelo mínimo revolvimento no solo, ou seja, somente na linha de semeadura. Desta forma este sistema contribui com menor mobilização do solo, redução da intensidade do tráfego de máquinas e manutenção da cobertura vegetal. Entre as vantagens agronômicas pode-se destacar maior armazenamento de água no solo, controle de erosão, aumento da atividade biológica e matéria orgânica. Para obtenção de um adequado estande de plantas e bons níveis de produtividade na cultura do milho, além das condições edafoclimáticas adequadas, sementes de boa qualidade genética, controle de pragas, doenças e plantas daninhas, uma das operações de maior importância é a semeadura. A atuação das hastes sulcadoras nesta operação é uma forma localizada de romper as camadas compactadas em superfície. O ângulo de ação e o tipo das hastes sulcadoras podem promover maior ou menor mobilização e diferentes formas de penetração no solo, atuando diretamente no desempenho operacional da semeadora-adubadora. Outro fator é a profundidade de trabalho, pois com seu aumento,

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pode-se estimular o desenvolvimento radicular e reduzir os efeitos da compactação sobre a produtividade do milho. Estudou-se a profundidade de atuação das hastes em relação ao ângulo de ataque verificando se estes fatores interferem na capacidade operacional do conjunto trator-semeadura e na produtividade da cultura. O ensaio foi conduzido no ano agrícola 2011/2012, em área da Unesp/Jaboticabal (SP), localizada com altitude média de 560 metros, declividade média de 4% e clima Aw (subtropical), de acordo com a classificação de Köeppen. O solo da área experimental é classificado como latossolo vermelho eutroférrico típico (Embrapa, 2006). Para o ensaio foram utilizados dois modelos de hastes sulcadoras com ângulo de ataque de 17° e 20º(Figura 1), espessura da ponteira (21cm e 16,3cm), espessura da haste (13mm e 18,2mm), respectivamente, e três profundidades de trabalho (8,0cm; 12,5cm e 15cm). A cultura do milho foi implantada em área cultivada com SPD há sete anos. Analisaram-se a força e a potência específica na barra de tração e a produtividade da cultura. A semeadora-adubadora utilizada foi modelo JM3060PD pantográfica da empresa Jumil, operando com quatro linhas (0,90m) de semeadura tracionada por um trator Valtra BM 125i com tração 4x2 TDA. O teor médio

Dezembro Fevereiro 2011 / Janeiro 2013 • www.revistacultivar.com.br 2012 • www.revistacultivar.com.br

de água no solo no momento da semeadura foi de 23,6% na camada de 0-10cm, 22,4% na camada de 10-20cm. Para realizar a aquisição e armazenamento dos dados referentes à força de tração na barra utilizou-se uma célula de carga, conectada a um sistema de aquisição de dados, permitindo o cálculo da potência. A mobilização do solo foi determinada com auxílio de um perfilômetro constituído de 45 varetas, espaçadas de 1cm e altura máxima de 30cm. A profundidade foi avaliada pela média das três varetas que apresentaram maior medida. A área mobilizada foi calculada pela somatória das áreas de cada vareta. A força e a potência específica na barra de tração correspondem à relação entre o requerimento de força e potência demandada pela semeadora e a área do solo mobilizada pelas hastes sulcadoras. A força de tração específica foi maior (próximo de 50%) para a haste de 20° em relação à de 17º. Fato esse relacionado, principalmente, ao ângulo de ataque, sendo que o menor ângulo possibilita a mobilização do solo para cima, enquanto que o maior ângulo acarreta em mobilização frontal, demandando assim maior força. Outro ponto que colaborou para tal resultado foi a maior espessura da haste de 20º. A força de tração específica diminuiu com o aumento da profundidade de trabalho (Figura 2). Sabendo-se que a condição ideal seria que a haste rompe-se o solo em ângulo de 45º, observou-se que, à medida que se aprofunda a haste,


Figura 1 - Tipos de hastes sulcadoras e ângulos de ataque

Figura 2 - Força específica na barra de tração em função do tipo e do ângulo de ataque das hastes sulcadoras

Figura 3 - Força específica na barra de tração em função das profundidades de Figura 4 - Potência específica na barra de tração em função do tipo e do ângulo de trabalho testadas ataque das hastes sulcadoras

esse ângulo de ruptura diminuiu, apresentando menor área mobilizada. Esse fato mostra que ao aprofundar uma haste sulcadora além de sua profundidade crítica, pode tornar as paredes do sulco espelhadas (compactação), diminuindo a área de exploração das raízes. Quanto à potência específica, a haste de 20° demandou 47% mais em relação à haste de 17° (Figura 3). Para o fator profundidade, houve um decréscimo de 30% de potência específica, quando compara a profundidade mais rasa com a mais profunda; esses valores são explicados como anteriormente, visto que a potência está diretamente relacionada com

a força de tração, sendo que a velocidade de deslocamento foi a mesma. A produtividade da cultura do milho não foi influenciada, resultado este interessante, pois pode-se escolher a haste que demandou menor força e potência na barra, ou seja, a haste de 17º. .M Érica Tricai, Vicente Filho Alves Silva, Rafael Scabello Bertonha, Ariel Muncio Compagnon e Carlos Eduardo Angeli Furlani, Lamma Unesp Jaboticabal (SP)

Erica Tricai

Figura 5 - Potência específica na barra de tração em função das profundidades de Figura 6 - Produtividade da cultura em função do tipo e do ângulo de ataque das trabalho testadas hastes sulcadoras

Paredes do sulco espelhadas, mostrando o caminhamento das raízes na área mobilizada pela haste sulcadora

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mecanização John Deere

Carga pesada O efeito do tráfego de máquinas pesadas em florestas causa o mesmo efeito de compactação encontrado nas culturas não perenes, dificultando o desenvolvimento de raízes adequadas e crescimento adequado das culturas perenes

O

aumento significativo do uso de máquinas na produção agrícola e florestal trouxe vários problemas de ordem ambiental nos recursos hídricos e edáficos. As normas sobre a preservação dos recursos naturais estão obrigando as empresas do setor a manifestarem interesses na identificação, quantificação e minimização dos efeitos de suas atividades sobre o meio ambiente, ou seja, as empresas terão que conduzir suas atividades de maneira condizente com o desenvolvimento florestal sustentável. A compactação do solo pode ser definida como a ação mecânica por meio da qual se impõe ao solo uma redução de seu índice de porosidade. Os espaços porosos perdidos com o efeito da compactação são na maioria macroporos, que são importantes na movimentação de água e ar pelo solo. O comportamento do solo, com relação à compactação em decorrência do tráfego de máquinas, vem sendo estudado com frequência no setor agrícola, porém são poucas as pesquisas que tratam deste assunto no setor florestal. Os danos causados pela compactação em solos de uso florestal diferem daqueles dos solos de uso agrícola devido à espécie, tamanho, ciclos das culturas cultivadas e máquinas utilizadas. Os autores relatam que os pesos das árvores e das máquinas utilizadas no processo de colheita contribuem para o aumento da compactação do solo. O efeito da compactação no desenvolvimento das plantas é percebido quando

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a raiz encontra resistência mecânica ao seu crescimento. Diante do exposto e mediante a importância do setor florestal para a economia do país e ainda a escassez de pesquisas no Brasil que tratam da influência da compactação do solo uma equipe da Universidade Federal de Viçosa realizou um trabalho para avaliar os níveis de compactação do solo causados por dois tipos de máquinas de arraste de madeira (tracked skidder e clambunk) em um solo submetido a essa modalidade de baldeio em floresta de eucaliptos. Este trabalho foi conduzido em áreas de operações florestais de colheita em povoamento de eucaliptos, pertencente à Celulose NipoBrasileira (Cenibra), localizada no município de Belo Oriente, no estado de Minas Gerais. As áreas em que foram efetuadas as coletas de dados são caracterizadas por uma topografia entre 12% e 35% de declividade, altitudes variando entre 600m e 800m. O solo da região foi classificado como um Latossolo VermelhoAmarelo, textura argilosa. O experimento foi conduzido utilizando dois tipos de máquinas: um trator arrastador clambunk da Timberjack, modelo 1710, com esteiras metálicas nos rodados de pneus, potência de 156,7kW, massa de 20,8kN equipado com lâmina frontal tipo bulldozer e trator arrastador da Caterpilar com esteiras metálicas tracked-skidder, modelo 527, potência de 112kW, massa de 21,5kN equipado com lâmina

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frontal tipo bulldozer, arco acumulador da marca Esco, com área útil de 0,93m², montado com braço articulado swing boom. Para seleção e demarcação dos locais de avaliação sortearam-se antecipadamente as trilhas, relacionando o número de percursos (sem carga, um e dois percursos com carga) com o tipo de máquina. Para análise da densidade do solo foram coletadas amostras indeformadas por meio do método do anel volumétrico de Uhland em três níveis de profundidades do perfil do solo: 0–0,15m; 0,15-0,30m e 0,30-0,50m, em quatro pontos espaçados de 10m entre si e distribuídos ao longo da trilha. Após a coleta, as amostras foram colocadas em estufa durante 24 horas a 105ºC. A densidade do solo foi determinada pela relação entre massa do solo seco em estufa a 105°C e o volume do anel volumétrico (cm³). Já a porosidade foi determinada pelo método indireto. Tabela 1 – Valores médios do teor de água no solo nos três níveis de profundidade estudados Profundidade (m) 0-0,15 0,15-0,30 0,30-0,50

TS.V 32,2a 29,75a 28,5a

TS.C1 31,0a 29,5a 28,4a

Tratamentos TS.C2 CL.V CL.C1 31,7a 32,5a 31,5a 29,4a 30,0a 29,75a 28,77a 28,87a 28,36a

CL.C2 30,5a 30,25a 29,75a

TEST 33,0a 30,25a 29,75a

Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra dentro das linhas não diferem entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05)


Figura 1 - Representação dos valores médios de densidade do solo na profundidade entre Figura 2 - Representação dos valores médios de densidade do solo na profundidade entre 0–0,15 m. (ns) em comparação com a testemunha. Não significativo ou (*) significativa- 0,15–0,30 m. (ns) em comparação com a testemunha mente diferente da testemunha pelo teste de Dunnett no nível de 5% de significância

Figura 3 - Representação dos valores médios de densidade do solo na profundidade Figura 4 - Representação dos valores médios de porosidade do solo na profundidade entre 0,30–0,50 m. (ns) em comparação com a testemunha entre 0–0,15 m. (ns) em comparação com a testemunha

A densidade das partículas foi determinada pelo método do balão volumétrico. Para a determinação da resistência do solo à penetração foi utilizado um penetrógrafo, marca Soil Control, modelo SC-60. Foram determinados valores em quatro pontos, espaçados ao longo da trilha e discutidos em três níveis de profundidades. A resistência mecânica do solo à penetração foi expressa através do índice de cone (IC) nos intervalos de 0-0,15m, 0,15-0,30m e 0,30-0,50m para cada tratamento, conforme metodologia da Asae S 313. O teor de água no solo foi determinado através do método gravimétrico, obtido pela relação entre a massa de água e a massa de solo da amostra seca em estufa a 105°C por 24 horas. Para análise de variância dos resultados utilizou-se o delineamento estatístico em blocos casualizados em esquema fatorial 2x3x3, sendo duas máquinas e três condições de tráfego e um tratamento adicional como controle, com quatro repetições. O estudo foi realizado em três níveis de profundidade, 0-0,15m, 0,150,30m e 0,30-0,50m. Utilizou-se o programa estatístico Saeg, versão 8.0, os dados referentes

aos teores de água foram submetidos às análises de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey no nível de 5% de significância. Os demais dados foram submetidos ao teste de Dunnett, a 5% de significância para comparar os tratamentos entre si. Cada bloco foi demarcado em uma área de 0,25ha sendo 50m de comprimento e 50m de largura. Na Tabela 1 são apresentados os valores do teor de água no solo para as profundidades estudadas, em que cujos resultados demonstram que os valores não apresentaram efeito significativo a 5%. Na profundidade superficial do solo (0–0,15m) apenas o TS.V não registrou efeito significativo para valores de densidade do solo. Para 0,15–0,30m de profundidade o trator arrastador do tipo clambunk, com carregamento em um ou dois percursos, interferiu na densidade do solo em relação à testemunha, sendo duas passadas a de maior impacto. Para a profundidade de 0,30–0,50m os tratamentos TS.C1, CL.V e CL.C1 não afetaram significativamente a densidade do solo. As Figuras 1, 2 e 3 representam o comportamento da densidade do solo em comparação à testemunha, analisado pelo teste de Dunnet

a 5% de significância. A maioria dos valores de porosidade do solo avaliado na profundidade entre 0-0,15m apresentou diferenças significativas quando comparados os tratamentos com a testemunha (Figura 4). Apenas o tratamento tracked skidder trafegando sem carregamento não mostrou efeito sobre a porosidade do solo em relação à testemunha. Na profundidade entre 0,15-0,30m (Figura 5) não houve interação entre os fatores em estudo. Quando comparados com a testemunha, apenas o tratamento CL.C2 diferiu estatisticamente. Na Figura 6 é mostrado que os tratamentos TS.C2 e CL.C2 diferiram estatisticamente da testemunha, apresentando índices de porosidade do solo semelhantes aos encontrados por Seixas (2000). Esses índices acarretam danos ao sistema radicular do eucalipto. Os valores de resistência do solo à penetração na profundidade entre 0–0,15m são apresentados na Figura 7. O tracked skidder com dois percursos com carga e o clambunk com um e dois percursos com carga registraram efeitos significativos na resistência do solo à penetração. As Figuras 8 e

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Figura 5 - Representações dos valores médios de porosidade do solo na profundidadede Figura 6 - Representações dos valores médios de porosidade do solo na profundidade 0,15–0,30 m (ns) em comparação com a testemunha de 0,30–0,50 m em comparação com a testemunha

Haroldo Fernandes

Figura 7 - Valores de resistência à penetração na profundidade entre 0–0,15 m em Figura 8 - Valores de resistência à penetração na profundidade entre 0,15–0,30 m em comparação à testemunha comparação à testemunha.

Figura 9 - Valores de resistência à penetração na profundidade entre 0,30–0,50 m em comparação com a testemunha

Os pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa avaliaram os efeitos do tráfego de máquinas em áreas de reflorestamento

9 mostram que na profundidade entre 0,15–0,50m, apenas o clambunk trafegando duas vezes registrou efeito significativo sobre a resistência do solo à penetração.

CONCLUSÕES

O tracked skider sem carregamento não interferiu no aumento da densidade solo, com exceção da profundidade entre 0,30–0,50m. Ocorreu efeito em relação à profundidade entre 0–0,15m do solo em ambas as condições quando se trafegou com carregamento. O trator florestal arrastador do tipo clambunk afetou a densidade do solo na profundidade entre 0–0,15m em todas as condições de

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tráfego. Foram verificados valores mais elevados quando a máquina trafegou por uma e duas vezes com carregamento, sendo dois percursos a condição que mais afetou a densidade do solo. Os maiores valores da porosidade foram registrados à profundidade de 0–0,15m. Ambas as máquinas quando trafegaram carregadas, registraram maiores incrementos nos valores .M da resistência do solo à penetração. Haroldo Carlos Fernandes, Daniel Mariano Leite, Raquel Santana Milagres UFV

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Tratamentos definidos para avaliação

O

s tratamentos foram definidos da seguinte forma: TS.V - tracked skidder sem carga; TS.C1tracked skidder com carga em um percurso e TS.C2 – tracked skidder com carga em dois percursos. CL.V – clambunk sem carga – CL.C1 clambunk com carga, em um percurso CL.C2, clambunk com carga, em dois percursos, Test – Testemunha (trilha de sem tráfego).



capa

Duelo de

Depois de testar cinco tratores de grande porte, realizamos um comparativo entre eles. Conheça as características dos modelos Magnum 340, MF 8670, NH T8.295, JD 8335R e S293

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O trator Valtra, modelo S293, foi o quarto dos grandes a ser testado pela Revista Cultivar, em Ibitinga (SP). Também no preparo do solo, para a cana-de-açúcar, vimos que este francês da Valtra inovava pela cor preta, mas também por sua transmissão e automatismo na operação. Nesta ocasião o consideramos o trator à prova de erros. Finalmente, no final do ano passado, fomos a São José dos Campos para conhecer um dos gigantes da John Deere, o modelo JD 8335R em uma área da Unidade Moema, da Bunge Açúcar e Bioenergia. Chamou-nos a atenção, em particular, a suspensão dianteira independente que a John Deere trouxe para este modelo. Após testarmos os cinco modelos, chegamos à conclusão de que as grandes áreas agrícolas estarão bem servidas. A partir do material adquirido nestes testes e com a experiência que pudemos acumular, nos motivamos a elaborar este documento comparativo. Esta matéria não tem a pretensão de estabelecer competição entre marcas e modelos, mas, sim, valorizar esta faixa de potência, de tão importante segmento para o agronegócio brasileiro, que são as máquinas destinadas às grandes áreas. Durante os testes pudemos perceber que estes tratores, com suas características particulares, são muito importantes para as

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culturas de cana-de-açúcar e de grãos, em grandes lavouras. Também ficou claro que esta faixa de potência é a que detém os modelos de maior tecnologia. Vimos que nesta dimensão de trator é abundante a oferta de eletrônica embarcada útil e, principalmente, das melhores tecnologias em transmissão de potência. Fotos Charles Echer

E

ntre novembro de 2011 e dezembro de 2012 a revista Cultivar Máquinas apresentou em suas edições cinco test drives com tratores de grande porte comercializados no País. O primeiro que testamos foi o Case, modelo Magnum 340. Tivemos oportunidade de vê-lo trabalhar no preparo do solo para a cana-de-açúcar, utilizando recursos de agricultura de precisão. O teste ocorreu na Usina São Martinho, uma das maiores do Brasil. Foi a nossa primeira experiência neste segmento e um ótimo começo. Para a edição de março de 2012, o nosso objeto foi o trator Massey Ferguson, modelo 8670 Dyna-VT. Os trabalhos de testes ocorreram na cidade de Não-Me-Toque, logo após a Expodireto 2012, e abrangeram também a avaliação da semeadora MF 512L45. Foi a primeira vez que tivemos a oportunidade de provar uma transmissão continuamente variável para a revista. O município de Panorama, estado de São Paulo, mais especificamente uma área da Usina Caeté, foi o local para o terceiro teste dos grandes. Aí estivemos em abril de 2012 para o teste do trator New Holland, modelo T8.295, que nos impressionou, principalmente pela aplicação no plantio da cana-de-açúcar, tracionando enormes máquinas plantadoras.

Os nem t


gigantes

Finalmente, se pode constatar, a partir do conhecimento adquirido, que a ergonomia é nome próprio nesta faixa de potência. Todos os modelos testados demonstraram ter recebido muita atenção para a engenharia humana, nos seus projetos.

MOTORIZAÇÃO

Os modelos Massey Ferguson 8670 Dyna-VT e S293 da Valtra contam com o mesmo motor. Em ambos, o propulsor é

um AGCO Power de seis cilindros com 8,4 litros de volume, injeção eletrônica (common rail) e turbo alimentado. Este motor desenvolve, segundo informação da Massey Ferguson, 320cv de potência a uma rotação de 2.000rpm. A Valtra divulga 325cv de potência máxima a 2.000rpm do motor. O torque máximo, em ambos, é de 1.455Nm a uma rotação de 1.400rpm. Quando testamos o MF 8670 Dyna-VT

vimos que um dos seus diferenciais é um sistema de gerenciamento eletrônico (DTM) que, combinado com a transmissão, diminui automaticamente a rotação do motor em condições de baixa demanda de torque, sem alterar a velocidade de deslocamento. Este mecanismo, quando ativado, possibilita otimizar o desempenho e o consumo de combustível, pois disponibilizará a velocidade e a rotação adequadas para a operação

cinco modelos que testamos têm motorização turbinada. São tratores da linha pesada de cada empresa, no entanto, odos são o modelo mais potente de suas respectivas séries. Os tratores testados possuem motorização de 286cv a 374cv

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A capacidade de levante dos gigantes vai de 8.500kg até 12.000kg, dependendo de cada modelo e da configuração escolhida pe modelos também podem ser configurados com ou sem sistema de levante hidráulico, dependendo da aplicação que cada máquina

que está sendo executada. Destacamos como evidência no modelo S293 da Valtra, a presença de um sistema de dupla filtragem do ar, que por se localizar bem à frente do motor, permite fácil acesso através do basculamento do capô. Neste sistema, o filtro de ar primário é disposto logo acima de um extrator de pó, que funciona pelo movimento do ventilador do radiador. Outro ponto importante a salientar, é a possibilidade de este motor trabalhar utilizando biodiesel puro, se estiver nos padrões da ANP. O trator da John Deere conta com um motor da marca própria John Deere, modelo PowerTechTM PSX 9.0L de seis cilindros, 24 válvulas, com nove litros de volume, com turbo compressor e sistema de alimentação do tipo common rail. Este motor desenvolve, segundo informação do fabricante, 374cv de potência máxima a 1.900rpm do motor pela Diretiva 97/68 EC. As informações de torque máximo são de 1.471Nm a 1.601rpm e uma reserva de torque, divulgada em 41,4%. O cárter tem capacidade para 28 litros de óleo lubrificante. Como destaque, este modelo oferece como item standard, um sistema de filtragem do óleo diesel (separador de água), que tem como principal objetivo proteger o sistema de alimentação de combustível do motor contra danos aos componentes, principalmente quando da presença de água e impurezas tão comuns na nossa realidade agrícola. O Magnum 340 da Case IH e o T8.295 da marca New Holland são equipados com o mesmo motor FPT Cursor 9, de seis cilindros, turbo intercooler, porém, com diferentes configurações do sistema de

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injeção eletrônica de combustível, do tipo common rail, pois não são concorrentes diretos. O volume deste motor é de 8,7 litros, com 24 válvulas. Os dados divulgados pela Case são de uma potência máxima de 374cv, bem como um torque máximo de 1.671Nm, alcançado 1.500rpm do motor. No caso da New Holland os dados divulgados são de 286cv de potência máxima e 1.267Nm de torque máximo entre 1.400rpm e 1.600rpm, conforme informe técnico do fabricante. O motor eletrônico do Magnum 340 é equipado com um sistema denominado Power Boost, que permite um incremento automático de até 35cv de potência no motor. Com o uso deste dispositivo, temporariamente este trator pode alcançar 389cv, no dado divulgado pelo fabricante. Esta tecnologia fica disponível às operações em situações limites, em que se exige grande potência, como o transporte a partir da 16ª marcha, o uso intenso da tomada de potência (TDP) e do controle remoto. A montagem dos coletores de admissão e de escape neste motor é do tipo cruzada (em lados opostos), provocando o chamado fluxo cruzado dos gases, o que garante maior eficiência termodinâmica do motor. Outro aspecto interessante diz respeito à captação de ar limpo, que é feita por meio de uma coluna colocada atrás do cano de descarga. A New Holland divulga que o seu motor, assim como no Valtra S293, pode trabalhar utilizando biodiesel misturado ao diesel mineral, até a categoria B20. Assim como em outros modelos de alta potência, o T8.295 possui um sistema de gerenciamento eletrônico da potência. Este sistema administra automaticamente a distribuição de potência no trator, de acordo

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com a carga na transmissão, do sistema hidráulico e da TDP. Ao fazer este ajuste, incrementando a potência necessária ao tipo de atividade, por algum período de tempo, este sistema mantém o desempenho do trator, reduz o consumo de combustível e


Fotos Charles Echer

Tier II, exigido para os mercados norteamericano e europeu, visto que são países mais desenvolvidos e que possuem regras mais rígidas para tal controle. Nos tratores das marcas Valtra e Massey Ferguson este controle pode ser feito através da tecnologia SCR (Selective Catalytic Reduction), que trata as emissões com o aditivo AdBlue que, além de diminuir o óxido de nitrogênio, melhora a eficiência do motor, diminuindo sua temperatura. Com o objetivo de se fazer uma fácil e rápida comparação dos cinco tratores, a Tabela 1 apresenta um resumo das principais características dos motores que equipam cada trator testado.

TRANSMISSÕES

lo produtor. Os será submetida

otimiza o tempo de operação, mantendo o rendimento operacional desejado. Embora nosso país ainda não exija dos tratores o atendimento às normas de controle de emissões de poluentes, todos os modelos atendem pelo menos o padrão

Em relação aos tipos de transmissão utilizados pelos tratores em comparação, todos possuem como standard caixas de velocidade do tipo hidromecânica. O número de marchas varia entre os modelos, sendo que o Case Magnum 340 e o NH T8 possuem 18 marchas à frente e quatro à ré. O John Deere 8335 tem 16 marchas à frente e quatro à ré, enquanto que o MF 8670 e o Valtra S293 possuem transmissão continuamente variável (CVT),

ou seja, não possuem marchas colocadas em escalões, com dois grupos de operação, sendo um para operações que demandam elevadas exigências em tração e outro para operações de transporte. O modelo da Case possui caixa de velocidades standard do tipo hidromecânica, denominada Full Powershift, sendo que o acionamento pode ser realizado, sem o uso da embreagem. Também possui gerenciamento automático de produtividade APM (Automatic Productivity Management), que seleciona automaticamente a relação de transmissão e a velocidade do motor, sendo possível travar a velocidade, fazendo variar a rotação ou a marcha. Quando configurado o sistema, a transmissão funciona como uma transmissão CVT, através de um único comando, que é a alavanca multifunção ou joystick. O trator New Holland T8 possui caixa de velocidades do tipo hidromecânica, denominada Full Powershift Ultra Command. O modo automático Autoshift faz com que o sistema otimize a relação entre rotação do motor e marcha, quando se deseja manter uma velocidade de deslocamento. Neste modo de trabalho o operador define a velocidade que deseja, coloca em automático e

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a transmissão fará a alteração da velocidade e da marcha automaticamente. O modelo John Deere 8335R é equipado com uma caixa de velocidades standard, denominada PowerShift, sendo que o acionamento para troca de marchas pode ser realizado sem a utilização da embreagem. Possui o modo automático para selecionar a relação de transmissão e a velocidade do motor, cujo funcionamento é semelhante ao utilizado por outros fabricantes, porém denominado APS (Auto-PowerShift). O trator MF 8670 Dyna-VT e o Valtra S293 estão montados com uma caixa de velocidades do tipo hidromecânica, denominada Dyna-VT para o modelo da Massey Ferguson, que foi a primeira continuamente variável (CVT) do Brasil. Consiste em um sistema com duas bombas hidráulicas acopladas a um sistema mecânico, possibilitando uma infinidade de velocidades

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“sem marchas” e uma transição suave do movimento sem que o operador perceba. Essa transmissão também possui modo automático para selecionar a relação de transmissão e a velocidade do motor. Nesse sentido, apresenta cinco modos básicos de operação: modo alavanca, pedal, Dyna-TM, autopropelido e forrageiro. O modelo Valtra S293 utiliza caixa de velocidades similar. Nesta marca é denominada AVT (Transmissão Variável AGCO), que enfim também é CVT. Este sistema possibilita que não se tenha degraus entre uma marcha e outra, fornecendo uma transição suave entre elas. Há a possibilidade de quatro modos de funcionamento da transmissão: manual, semiautomático, automático e automático com TDP. Quando o trator é colocado no modo automático, ele próprio gerencia o motor com a transmissão, escolhendo qual

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a maior velocidade que proporciona a máxima economia de combustível, alterando a rotação do motor em função da carga na barra de tração.

SISTEMAS HIDRÁULICOS E TDP

Os tratores testados são equipados com sistema de engate em três pontos, com engate rápido nos braços inferiores. Em todos eles, o acionamento do comando hidráulico pode se dar diretamente através do paralamas traseiro, para dar mais agilidade e evitar acidentes. O MF 8670 Dyna-VT tem capacidade de levante para 12 mil quilos. O sistema de controle remoto possui uma vazão de 175 litros/minuto e pressão máxima do sistema de 200bar. Este sistema vem equipado com cinco pares de válvulas, podendo chegar a seis. Com relação à TDP, ela tem controle de operação independente e acionamento


Fotos Charles Echer

eletro-hidráulico. Há três formas de funcionamento: 540rpm econômica, 1.000rpm e 1.000rpm econômica. O Valtra S293 oferece, na configuração Standard, quatro pares de válvulas VCR, podendo chegar a seis, como opcional. Essas válvulas têm vazão de 200 litros/minuto e pressão máxima de 204bar. Assim como no modelo MF 8670 Dyna-VT, o sistema hidráulico deste trator possui uma capacidade de levante de 12 mil quilos. Conta com uma TDP com quatro configurações diferentes: 540rpm e 1.000rpm e 540rpm e 1.000rpm econômica. Utiliza a TDP de forma automática, quando acionada junto com o sistema hidráulico de três pontos. No modelo John Deere 8335R, são cinco válvulas VCR standard, para o acionamento do controle remoto com sistema de centro fechado, com bomba de pistão axial. A bomba hidráulica tem vazão para 227 litros/

A lastragem é um requisito importante nestes modelos maiores, que em alguns casos pode chegar a mais de 5.000kg entre lastros metálicos e água nos pneus

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minuto e capacidade de levante de 8.300kg. O modelo testado tem TDP de 1.000rpm com acionamento eletro-hidráulico. O trator da marca Case IH vem equipado de fábrica com um controle remoto de quatro pares de válvulas com vazão de 225 litros/minuto, pressão e fluxo compensados (PFC) e capacidade de levante de 8.573kg. Possui uma tecnologia chamada de Power Beyond, que faz com que haja uma suplementação da potência hidráulica, conectando o implemento diretamente à bomba PFC. O modelo T8.295 da New Holland conta com quatro pares de válvulas, com vazão de 225 litros/minuto. O controle de vazão e pressão deste modelo impede que ocorra um déficit de pressão no ponto que mais necessita, chamado de “linha de sinal”. O próprio sistema compensa essa exigência momentânea. A rotação da TDP é padronizada em 1.000rpm.

PNEUS

Seguindo uma tendência mundial, os fabricantes de tratores das faixas de maior potência equipam suas máquinas com pneus de carcaça do tipo radial. O trator da Massey Ferguson que testamos estava montado com pneus da marca Michelin, radiais, com a seguinte especificação: 600/70 R28 no eixo dianteiro e 520/85 R46, no eixo traseiro. Nesta série os tratores estão disponíveis também com rodado duplo. O trator avaliado tem peso total de aproximadamente 16 mil quilos,

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podendo chegar, com a lastragem metálica e com água, a 18 mil quilos. O S293 da Valtra estava equipado com pneus radiais Michelin 600/70 R28 no eixo dianteiro e 800/70 R38 no eixo traseiro. O peso total do trator testado era de 16,8 mil quilos, podendo chegar, através de lastragem, a 19 mil quilos, valor máximo permitido pelo fabricante. O trator John Deere modelo 8335R era equipado com rodado simples, com pneus 600/70 R30 no eixo dianteiro e 800/70 R38 no eixo traseiro da marca GoodYear. Também é oferecida opção de rodado duplo, como opcional. No trator que testamos a lastragem fez com que o trator passasse de 11,4 mil quilos em vazio para um peso total de 16,4 mil quilos, podendo chegar a 18 mil quilos. O modelo Magnum 340 da Case IH, estava equipado com pneus radiais da marca Trelleborg, dimensões 600/70 R30 no eixo dianteiro e Continental SVT 900/60 R38 no eixo traseiro. O modelo T8.295 da marca New Holland, durante o teste estava equipado com pneus da marca Trelleborg, com dimensões: 600/60 R30.5 na dianteira e 850/60 R38 no eixo traseiro. Neste modelo, assim como nos demais, o eixo traseiro é extensível, proporcionando múltiplas variações da bitola.

POSTO DE OPERAÇÃO

O modelo da New Holland nos chamou a atenção pela cabine espaçosa e vedada dos

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pon


Fotos Charles Echer

Tabela 1 - Características dos motores Massey Ferguson 8670 Dyna-VT Valtra S 293 John Deere 8335R Case IH Magnum 340 New Holland T8.295 Modelos AGCO Power AGCO Power John Deere Case New Holland Marca 84AWI 84 WI-4V PowerTechTM PSX 9.0L FPT Cursor 9 FPT Cursor 9 Modelo 6 6 6 6 6 Número de cilindros 24 24 24 24 24 Número de válvulas Turbo aftercooler Turbo intercooler Bi-Turbointercooler Turbo intercooler Turbo intercooler Aspiração 8,4 8,4 9,0 8,7 8,7 Cilindrada (L) 320 325 374 374 286 Potência máxima (cv) 2.000 2.000 1.900 1.800 2.000 Rotação potência máx. (rpm) 1.455 1.455 1.471 1.671 1.267 Torque máximo (Nm) 1.400 1.400 1.601 1.500 1.400 – 1.600 Rotação torque máx. (rpm) ISO TR 14396 ISO TR 14396 97/68 EC ISO TR 14396 ISO TR 14396 Norma do ensaio ND ND 41,4 40 40 Reserva de torque (%) Common rail Common rail Common rail Common rail Common rail Sistema de injeção 690 690 695 726 726 Tanque combustível (L)

Tabela 2 - Tipo de transmissão e marchas Trator CASE Magnum 340 JD 8335R MF 8670 Dyna-VT NH T8.295 Valtra S293

Nome transmissão Full Powershift PowerShift Dyna-VT - continuamente variável Full Powershift Ultra Command AVT (Transmissão Variável AGCO) - continuamente variável

nº de marchas 18 marchas à frente 4 à ré 16 marchas à frente e 4 à ré “sem marchas” 18 marchas à frente e 4 à ré “sem marchas”

A iluminação é farta em todos os modelos, que possuem faróis de apoio em diversos pontos da carenagem. Outro to importante é a presença de controles instalados no para-lamas traseiro, para operar o sistema hidráulico do trator

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Todos os modelos que testamos são a última versão de suas respectivas séries disponíveis no mundo inteiro. Os tratores possuem um vasto pacote tecnológico que impressiona até mesmo os operadores mais experientes

ruídos externos, com comandos distribuídos ergonomicamente para uma pessoa destra. A coluna da direção é bastante limpa e tem várias regulagens para se adaptar a diferentes operadores. Já o S293 da Valtra destaca-se pelo sistema de amortecimento pneumático nos quatro apoios que suportam a cabine, denominado AutoComfort. A cabine deste modelo apresenta grande área envidraçada, amplas portas, o que garante ótima visibilidade ao operador. Para melhor adaptação da posição do volante de direção, a coluna possui diferentes ajustes, proporcionando maior conforto e segurança na realização das manobras. O assento, Valtra Evolution, também é regulado pneumaticamente e ajusta-se automaticamente de acordo com o peso do operador antes de iniciar o funcionamento do motor. Este trator, assim como o MF 8670 Dyna-VT, possui um sistema de suspensão dianteira ativa hidráulica, que absorve as vibrações provenientes do eixo dianteiro. A cabine do trator Magnum 340, além de requintes como total climatização, assento amortecido por câmara de ar e

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suspensão traseira por molas e amortecedores, apresenta também destaque na segurança, pois a cabine reveste uma robusta estrutura de segurança contra o capotamento (EPCC). Já o trator John Deere conta com um assento do operador com todos os ajustes possíveis, além de um giro lateral de 25 graus, o que ajuda em muito na visibilidade do operador. O assento para o acompanhante também é espaçoso e estofado. Isto é possível devido ao grande espaço interno da cabine. O fabricante do MF 8670 Dyna-VT também aposta na cabine ampla, com excelente visibilidade e acabamento com padrão europeu, o que é comprovado no assento do operador, que, além das regulagens para boa adaptação ao corpo, possui um sistema de aquecimento, que proporciona conforto térmico nas operações realizadas em regiões mais frias. O mesmo sistema encontramos no Valtra S293. Em todos os modelos comparados, os comandos são posicionados de maneira ergonômica à direita do operador, pro-

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porcionando assim ótima visão e controle das funções do trator, resultando em uma diminuição da fadiga no final da jornada de trabalho.

ACESSIBILIDADE E MANTENABILIDADE

Geralmente nos projetos de segurança dos tratores agrícolas muitos são os itens incluídos para garantir ao operador acesso à cabine de forma prática e segura. Para tratores de grande potência, os fabricantes devem pensar em soluções fáceis de manutenção, bem como um treinamento cuidadoso aos concessionários, que deve ser repassado aos operadores. Zelando por essa facilidade de manutenção, todos os tratores comparados apresentam capôs basculantes com acesso prático aos radiadores e filtros de ar, facili.M tando a limpeza dos mesmos. José Fernando Schlosser, Ulisses Giacomini Frantz, Marcelo Silveira de Farias, Juan Paulo Barbieri e Letícia Frizzo Ferigolo, Laboratório de Agrotecnologia Nema/UFSM


Fotos Charles Echer

Por conta do tamanho, acesso à cabine de comando exige que o operador suba alguns degraus. Mas todos os modelos apresentaram bons projetos e cabines espaçosas e com muito conforto e visibilidade ao condutor

Tabela 3 - Sistema hidráulico e TDP Válvulas Vazão (litros/minuto) Pressão (bar) Capacidade de levante (kg) Funcionamento da TDP (rpm)

MF 8670 Dyna-VT 5 ou 6* 175 200 12.000 540E, 1000, 1000E

S293 4 ou 6* 200 204 12.000 540, 540E, 1000, 1000E

JD 8335R 5 227 204 8.300 1000

Magnum 340 4 225 210 8.573 1000

T8.295 4 225 ND 8.590 1000

JD 8335R

Magnum 340

T8.295

GoodYear 600/70 R30

Trelleborg 600/70 R30

Trelleborg 600/60 R30.5

GoodYear 800/70 R38 16.400/18.000

Continental 900/60 R38 16.880

Trelleborg 850/60 R38 15.500

* opcional.

Tabela 4 - Pneus e lastragens MF 8670 Dyna-VT Marca Dimensões

Michelin 600/70 R28

Marca Dimensões Peso total*

Michelin 520/85 R46 16.000/18.000

S293 Dianteiro Michelin 600/70 R28 Traseiro Michelin 800/70 R38 16.800/19.000

* Máximo permitido pelo fabricante.

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tratores

Solucionando problemas O

elevado custo dos combustíveis e lubrificantes utilizados pelos tratores impede que o agricultor persista adotando práticas que levem a qualquer tipo de desperdício. Assim sendo, para obter o melhor rendimento possível do trator, qualquer que seja a marca, todos os seus componentes devem estar funcionando com a máxima eficiência. A manutenção periódica evita a ocorrência de falhas que, no entanto, se não forem reparadas a tempo, tendem a converter-se em problemas mais sérios. Se o tratorista não tem condições de resolver tais problemas, deve ser orientado para informar ao seu superior imediatamente, seja ele o chefe da oficina mecânica ou o responsável pela manutenção das máquinas ou, ainda, o próprio proprietário, para que o trator seja levado à oficina de um revendedor autorizado, onde mecânicos especializados realizarão um exame detalhado da máquina, providenciando os reparos necessários. Com o quadro abaixo é possível identificar as avarias que mais comumente ocorrem no motor dos tratores agrícolas, apontando suas possíveis causas, bem como propondo as soluções mais .M recomendáveis. Welington G. do Vale UFMT

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Avarias que ocorrem no motor dos tratores agrícolas, suas possíveis causas e soluções Problema observado O motor do trator não gira

O motor do trator gira, mas não funciona

O motor funciona irregularmente

Perda de potência

Fumaça branca

Excesso de fumaça preta

Fumaça azul

Temperatura elevada indicada pelo termômetro

Baixa pressão indicada pelo manômetro

Amperímetro não acusa carga

Causas prováveis Mau contato dos terminais da bateria Bateria fraca ou descarregada Sistema de segurança da partida com defeito Defeito na chave ou automático de partida Motor de partida defeituoso Estrangulador fora da posição de funcionamento Presença de ar ou de água no sistema de alimentação diesel Falta de combustível no tanque Registro com defeito ou entupido Tela filtrante do tanque entupida Tubulação suja Filtros sujos ou entupidos Defeito da bomba de transferência Baixa rotação do motor de partida Temperatura do ar muito quente Baixa compressão dos cilindros do motor Falha de um ou mais cilindros Temperatura de operação muito baixa Ar nas tubulações de combustível Filtro de ar entupido Baixa qualidade do combustível Bomba injetora fora de ponto Bomba injetora fora de ponto Ar nas tubulações de combustível Filtros de combustível sujos Combustível de má qualidade Bicos injetores com baixa pressão ou defeituosos Filtros de ar sujos Baixa temperatura de operação Defeito nos bicos injetores Baixa compressão nos cilindros Má qualidade do óleo combustível Ponto de injeção avançado Consumo excessivo de combustível Sobrecarga do motor Deficiência na entrada de ar Respiro do cárter entupido Sistema de válvulas ou cilindros do motor gastos Excesso de óleo no purificador de ar Falta de água no radiador Correia do ventilador frouxa ou danificada Eixo do ventilador e/ou bomba d’água engripado Sobrecarga do motor Válvula termostática com defeito Colmeia do radiador obstruída Falta de óleo no cárter Óleo lubrificante diluído Filtro da bomba de lubrificação sujo ou entupido Vazamentos no filtro de lubrificantes e conexões Defeito do manômetro Motor com desgaste geral acentuado Correia muito frouxa ou danificada Defeito do gerador ou alternador Defeito do regulador de voltagem Defeito nos terminais da bateria e fios

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Soluções recomendadas Limpar e/ou reapertar os cabos da bateria Carregar ou substituir a bateria Fazer uma revisão no sistema de segurança da partida Substituir a chave e/ou o automático da partida Fazer uma revisão no motor de partida Verificar o sistema de acionamento do estrangulador Fazer a sangria. No caso da presença de água, drenar e limpar o sistema Abastecer o tanque Substituir e/ou limpar o registro Retirar e limpar a tela filtrante do interior do tanque Limpar tubulação Substituir os filtros de combustível Reparar ou substituir a bomba de transferência Carregar a bateria ou fazer uma revisão do motor de partida Verificar o sistema de aquecimento do ar, para partida do motor Recondicionar o motor ou o sistema de válvulas Verificar as tubulações de combustível e os bicos injetores Verificar o estado de funcionamento da válvula termostática Sangrar o sistema diesel Limpar e/ou substituir o filtro de ar Substituir o óleo diesel, utilizando o tipo filtrado Sincronizar a bomba injetora Verificar o ponto de injeção Verificar as conexões contra vazamentos e proceder à sangria do sistema diesel Substituir os filtros Substituir o óleo do tanque por outro de boa qualidade Regular ou substituir os bicos injetores Limpar e/ou substituir o filtro de ar Proceder à limpeza e testar a válvula termostática Verificar o estado dos bicos injetores Recondicionar o motor ou o sistema de válvulas Substituir o óleo do tanque e utilizar um combustível de boa qualidade Colocar a bomba injetora no ponto de injeção recomendado Regular a pressão ou substituir os bichos injetores Selecionar a marcha correta e manter a rotação de trabalho recomendada Verificar as tubulações e o estado do purificador de ar Limpeza do sistema de respiro do cárter Recondicionar o sistema de válvulas ou o motor Corrigir o nível de óleo da cuba do purificador de ar Eliminar os vazamentos e/ou reabastecer o radiador Ajustar a tensão e/ou trocar a correia Recondicionar o mancal dos eixos ou substituir os rolamentos Selecionar a marcha correta e utilizar a rotação de trabalho recomendada Limpeza ou substituição de válvula termostática Proceder à limpeza externa e/ou interna do radiador Restabelecer o nível de óleo do cárter Substituir o óleo do cárter e verificar o estado do sistema de alimentação diesel Limpar o filtro da bomba de lubrificação Verificar o estado das conexões e reapertar Substituir o manômetro Recondicionar o motor Regular a tensão e/ou trocar a correia Fazer uma revisão do alternador ou gerador Regular ou trocar o regulador de voltagem Limpeza, reaperto ou troca dos terminais dos fios do sistema



ficha técnica

MF 7100 Florestal

Com diferentes opções de motorização, a série MF 7100 ganha três modelos na versão florestal, projetados para suportar o trabalho pesado nas condições adversas da cultura

D

esenvolver máquinas que atendam as necessidades específicas do setor agrícola já figura como um dos maiores desafios de boa parte das fabricantes de máquinas agrícolas do país. Quando o assunto é silvicultura a questão fica ainda mais delicada, ao se analisar uma atividade onde se estão presentes operações que demandem máquinas preparadas para severas jornadas de trabalho. A Massey Ferguson passou a oferecer recentemente uma linha de tratores da série MF 7100, com potências entre 140cv e 180cv, em duas novas versões especiais, exclusivas no segmento de tratores para

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o Brasil: a versão agrícola/florestal e a autocarregável, ambas com uma roupagem que as torna opção para operações no setor silvícola, mantendo características que ainda permitem a utilização destes tratores em atividades agrícolas diversas.

MOTOR E TRANSMISSÃO

Nestes quesitos, a série MF 7100 Especial apresenta especificações similares aos tratores essencialmente agrícolas da família. Estes modelos são equipados com motores AGCO Sisu Power de 140cv (MF 7140), 150cv (MF 7150), 170cv (MF 7170) e 180cv (MF 7180), reconhecidos pelo ele-

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vado torque e economia de combustível. O câmbio é sincronizado e apresenta 12 velocidades à frente e cinco à ré, possibilitando melhor escalonamento de marchas na faixa de trabalho solicitada. Estas características permitem que os tratores se adaptem melhor às diferentes atividades.

SISTEMA HIDRÁULICO

Os três modelos da Série MF 7100 Especial de maior potência apresentam grande capacidade de levante no sistema hidráulico, com cerca de 5.500kgf, sendo que o modelo de entrada, o MF 7140 Especial, apresenta uma capacidade ligeiramente inferior, porém


Fotos Massey Ferguson

Apesar de todas as proteções instaladas, o acesso às partes de manutenção periódica foi preservado, para facilitar a operação

e de abaixe e determinação do máximo curso do cilindro, contribuem para maior agilidade e segurança na execução das tarefas, otimizando eficiência operacional do conjunto. Em relação ao sistema de controle remoto, o MF 7140 Especial apresenta três válvulas com uma vazão de 88L/min, enquanto os demais modelos apresentam uma vazão de cerca de 140L/min.

VERSÃO AGRÍCOLA/FLORESTAL

ajustada às aplicações do modelo, com cerca de 4.700kgf de capacidade. Esses elevados valores, associados às inúmeras possibilidades de ajustes pelo sistema eletrônico, como determinações de velocidades específicas de levante

Para suportar o trabalho severo de áreas de silvicultura, os tratores MF 7100 na versão agrícola/florestal são equipados com um conjunto de carenagens externas, de alta resistência e que permitem a esses tratores adentrar ambientes de difícil acesso, preservando a estrutura original da máquina. Equipados com para-lamas traseiro em chapas, mais robusto e indicado para traba-

lhos pesados. Os vidros também passaram a ser equipados com proteções externas para evitar o impacto direto com galhos e demais obstáculos comuns a este tipo de atividade exploratória. A cabine é ampla e de excelente acabamento e vedação, derivando da tradicional série MF 7100, onde fatores como ergonomia e acessibilidade figuram como pontos fortes e, sem dúvida, são diferenciais de compra e de manutenção do preço de revenda destas máquinas. Como opcional, estes modelos também podem ser equipados com Lexan no lugar dos vidros que recobrem a cabine. Este material é um polímero altamente resistente a impactos, indicado para as operações de maior exposição do trator às condições hostis do ambiente silvícola, acarretando em maior segurança ao operador. Por se tratar de uma máquina preparada

As duas versões do MF 7100: o agrícola/florestal, mais reforçado que as versões convencionais, e o autocarregável, que possui maior proteção em toda a sua carenagem, uma vez que foi projetado para operar em situações de maior risco

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Fotos Massey Ferguson

O vão livre tem cerca de 440mm em relação ao solo e a parte inferior do trator também recebeu um conjunto de proteções metálicas para proteger de troncos e demais obstáculos

para o trabalho mais pesado e em ambientes de difícil deslocamento, o vão livre deste trator passa a ser bastante elevado, com cerca de 440mm em relação ao solo, sendo que toda a sua parte inferior também recebeu um conjunto de proteções metálicas desenvolvidas com o objetivo de preservar a máquina de eventuais contatos com restos de culturas, troncos e demais obstáculos. Seguindo esta mesma linha de robustez, outro diferencial deste modelo é a presença de rodados bem mais resistentes como opcionais. O conjunto traseiro pode ser de especificação 24.5-32 Florestal, apresentando constituição interna de 22 lonas, e o conjunto dianteiro, de especificação 18.4-26 Florestal, é composto de 16 lonas. Na prática, estes pneus proporcionam uma capacidade de carga bastante elevada, sendo também muito mais resistentes e adequados ao trabalho em áreas com presença constante de restos de troncos, pedras e objetos pontiagudos. O esterçamento de até 55 graus no eixo dianteiro também acarreta na otimização da eficiência operacional, dimi-

nuindo o gasto de tempo e proporcionando manobras em menores espaços. O tanque de combustível destas máquinas também passou a ser mais robusto, constituído de material metálico, proporciona a mesma autonomia, porém, com uma resistência ampliada, requisito básico de atividades desta natureza.

VERSÃO AUTOCARREGÁVEL

Além da versão agrícola/florestal, os tratores da Série MF 7100 Especial ainda podem ser configurados na opção autocarregável. Esta opção permite a instalação de grua giratória junto ao sistema hidráulico da máquina, no intuito de torná-la apta a realização de trabalhos de carga e descarga das toras cortadas. Nesta versão a cabine passa a ser mais ampla. Da mesma forma, o assento é giratório e permite ao operador posicioná-lo de frente para a face traseira do trator, onde o mesmo encontrará esperas para joystick, pedais de freio e acelerador, possibilitando uma utilização prática, segura e eficiente da grua

A versão autocarregável tem proteções extras no teto e para-lamas em chapas metálicas para torná-la mais resistente

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O tanque de combustível é constituído de material metálico, com resistência ampliada, requisito básico de atividades desta natureza

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giratória. Como a aplicação da grua implica em deslocamento de material sobre o trator, o mesmo passa a receber proteções extras no teto, bem como iluminação adicional neste local, facilitando a visualização da operação em períodos de menor luminosidade e garantindo assim a qualidade da atividade. Outro opcional de grande aplicação é a presença de kit de freio a ar para carreta em máquinas que são submetidas à atividade logística dentro do processo de extração e que garante total segurança ao conjunto .M quando em deslocamento.

Na versão autocarregável a cabine é mais ampla e o assento é giratório e permite ao operador posicioná-lo de frente para a face traseira do trator, onde está o joystick



pulverizadores

Rotação certa

Estudo mostra que a variação na rotação do motor interfere na qualidade de deposição dos produtos fitossanitários e que uma simples troca de bico pode exigir alteração na rotação de trabalho

A

s aplicações de produtos fitossanitários com qualidade têm se tornando cada vez mais importantes, tendo em vista a necessidade de se obter elevadas produtividades na agricultura atual. Para tanto, deve-se atingir a praga, doença ou planta daninha de forma eficiente, de maneira econômica e com o mínimo de contaminação ambiental. Dentre os tipos de controles comumente utilizados para o combate às pragas, doenças e plantas daninhas, destaca-se o controle químico, por apresentar resultados rápidos, duradouros e ofertar larga quantidade de produtos no mercado. Um dos maiores desafios dessa operação é fazer com que o produto seja distribuído de modo uniforme sobre a lavoura, e o equipamento utilizado desempenha importante papel nesse aspecto. Com relação ao equipamento, o modo de operação, espaçamento entre bicos, altura da barra, ângulo de abertura dos bicos e pressão de trabalho são fatores importantes de serem observados nos pulverizadores antes de cada pulverização, uma vez que podem sofrer variações com o tempo e assim comprometer a qualidade da aplicação. No que se refere ao modo de operação, a rotação de trabalho da bomba hidráulica é de fundamental importância para que se tenha uma aplicação

uniforme, uma vez que ela está diretamente ligada à pressão do sistema e, consequentemente, a vazão das pontas e uniformidade de distribuição volumétrica. As bombas dos pulverizadores hidráulicos tratorizados são projetadas para trabalhar acopladas à tomada de potência (TDP) dos tratores em uma rotação de 540rpm. Esta rotação só é alcançada quando o motor do trator está trabalhando na rotação nominal, uma vez que a TDP é acionada por um sistema de transmissão e, assim, sua rotação é proporcional à rotação do motor (Márquez, 2004). Nos pulverizadores tratorizados de barra a uniformidade de distribuição volumétrica pode ser avaliada pela análise da deposição do produto em copos coletores espaçados equidistantes uns dos outros, determinando-se, em seguida, o coeficiente de variação (CV) dos volumes coletados. Quanto menor for o coeficiente de variação, maior é a uniformidade de distribuição (Christofoletti, 1997). Na Europa, em condições controladas, sob pressão e altura ideais estabelecidas pelo fabricante para cada ponta, o coeficiente de variação deve ser inferior a 7%. Sendo que, para outras pressões e alturas especificadas pelo fabri-

Jacto

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cante como passíveis de uso, o coeficiente de variação não deve exceder a 9% (Norma prEN 12761-2, ECS 1997). Como se sabe, as melhores condições para aplicação de produtos fitossanitários são umidade relativa acima de 60%, temperatura do ar abaixo de 30°C e velocidade do vento entre 3km/h e 10km/h. Muitas vezes a necessidade de se realizar a aplicação dos produtos fitossanitários, seja pela intensidade da praga, doença, ou planta daninha, faz com que muitas aplicações sejam realizadas em condições inadequadas para a operação, podendo comprometer, substancialmente, a eficiência da aplicação. Caso a aplicação seja realizada em condições fora das faixas consideradas seguras para pulverização, estaremos sujeitos a inúmeros problemas, como deriva causada pelo vento forte, volatilização do produto pelas altas temperaturas e baixa umidade, diminuição do tempo de vida da gota, entre outros. Um ensaio realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa avaliou a uniformidade de distribuição volumétrica de uma barra de pulverização hidráulica, operando com o pulverizador em diferentes condições de funcionamento. Os ensaios foram realizados no Abrigo de Máquinas da Universidade Federal de



John Deere

Fotos Lucas Machado

Conjunto utilizado no ensaio com trator New Holland TL 85 Exitus e pulverizador Jacto Condorito de 400 litros e 24 porta-bicos

Viçosa no Campus de Rio Paranaíba (MG). O pulverizador utilizado foi o modelo Condorito da marca Jacto, com tanque de capacidade para 400 litros de calda e uma barra de pulverização com 24 porta-bicos espaçados em 0,5m. O estudo foi realizado com pontas tipo jato leque 110-02. Para acionamento do pulverizador foi utilizado um trator New Holland TL85 Exitus, com potência nominal de 61,1kW e rotação nominal do motor de 2.200rpm. A coleta de dados procedeu-se com o trator estacionado, operando com o motor nas rotações de 1.600; 1.900; 2.200 e 2.500rpm, sendo que, para cada rotação avaliaram-se as seguintes pressões de trabalho do pulverizador: 100; 300 e 500kPa. Para a coleta do volume pulverizado, foi utilizada uma bancada de ensaios de pontas hidráulicas posicionada sob a barra onde foi feita a leitura dos volumes e avaliada a homogeneidade de distribuição volumétrica, com base no cálculo do coeficiente de variação (CV). A velocidade do vento durante a realização do ensaio se encontrava acima do recomendado (12km/h), a temperatura do ar atingiu o valor máximo de 28°C, enquanto a umidade relativa do ar estava abaixo do ideal (30,6%). As médias das repetições foram submetidos à analise de variância e, quando

significativas, foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 10% de probabilidade, no software Saeg 9.1. De modo geral, apenas uma condição de operação proporcionou coeficiente de variação superior a 10%, ou seja, 1.600rpm

Tabela 1 - Efeito da rotação da tomada de potência e pressão de trabalho na uniformidade de distribuição volumétrica de um pulverizador tratorizado equipado com ponta tipo jato leque 110-02 Rotação (rpm) 1.600 1.900 2.200 2.500

Pressão (kPa) 100

300 Coeficiente de variação (%) 7,44 A b 8,15 A a 6,61 A b 6,63 B a 6,51 A a 5,71 B a 7,87 A b 8,31 A a

500 10,17 A c 7,16 B b 6,41 B a 9,10 A b

Médias seguidas de mesma letra maiúscula, comparadas nas linhas e minúsculas, comparadas nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 10% de probabilidade

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O estudo concluiu que tanto a pressão de trabalho quanto a rotação do motor influenciaram no coeficiente de variação da uniformidade de distribuição do pulverizador

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a 500kPa, o que pode ser considerado satisfatório, uma vez que as condições climáticas no momento do ensaio eram consideradas inadequadas (Tabela 1). De forma geral, observa-se que na maior pressão (500kPa) houve uma maior falta de


uniformidade da aplicação, isto pode ter ocorrido pelo fato de a ponta de pulverização ter sido projetada para trabalhar com pressão de operação de 300kPa. Ademais, nessa pressão, as perdas por deriva são elevadas, o que também contribui para maior desuniformidade na aplicação. É importante ressaltar que, durante as avaliações, a velocidade do vento e a umidade relativa do ar apresentavam valores favoráveis à ocorrência de perdas por deriva. Em relação à rotação do motor, observou-se que os menores coeficientes de variação encontravam-se nas rotações de 1.900 e 2.200rpm, como a rotação nominal do trator utilizado para acionar o pulverizador é de 2.200rpm, confirma-se o esperado, ou seja, uma melhor uniformidade na distribuição na rotação nominal. De acordo com Langenakens (1999), é aceitável um coeficiente de variação de no máximo 10%, neste caso, o trabalho obteve apenas uma condição de operação fora dos padrões recomendados, ou seja, 1.600rpm trabalhando a 500kPa. Assim, conclui-se que tanto a pressão de trabalho quanto a rotação do motor do trator influenciaram no coeficiente de variação da uniformidade de distribuição do pulverizador hidráulico tratorizado, onde

Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa mostram quais os fatores influenciam diretamente na qualidade da pulverização

o menor CV foi obtido na rotação nominal (2.200rpm) e na pressão para o qual a ponta de pulverização foi projetada (300kPa). Desta maneira, destaca-se a importância de se observar a pressão nominal de trabalho das pontas hidráulicas, procurando trabalhar nas condições para as quais foram projetadas, uma vez que estão diretamente ligadas à qualidade da aplicação. Além disso, é fundamental que se trabalhe com o trator na rotação nominal,

selecionando outras marchas para imprimir maiores velocidades e não aumentando a rotação do motor, de modo que a rotação na tomada de potência seja a indicada e não aconteçam problemas com .M desuniformidade na pulverização. Lucas Gonçalves Machado, Renato Adriane Alves Ruas, Leonardo Fideles Caixeta, Luciel Rauni Dezordi, Universidade Federal de Viçosa

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eventos

Mais um Show

Coopavel

O Show Rural Coopavel, realizado de 4 a 8 de fevereiro na cidade de Cascavel (PR), foi palco para diversos lançamentos na área de máquinas agrícolas

C

om um público superior a 200 mil visitantes, o Show Rural Coopavel reuniu mais de 400 expositores de todos os segmentos da agropecuária. Além das novidades apresentadas pelas empresas, o parque de exposições da Coopavel exibe a cada edição melhorias que tornam o evento uma referência no que se refere à infraestrutura, à beleza e ao bem-estar dos visitantes. No setor de máquinas e equipamentos agrícolas, o destaque ficou por conta do aumento de tamanho das máquinas apresentadas, principalmente entre tratores e colheitadeiras. A seguir, apresentamos os principais lançamentos e destaques que as empresas levaram ao Show Rural 2013.

MASSEY

A Massey Ferguson levou para a 25ª Edição do Show Rural Coopavel, a colheitadeira MF32SR, ampliando sua gama de opções para

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os produtores. Os visitantes puderam conferir a colheitadeira habilitada tanto para a cultura de grãos como soja, milho e trigo, quanto para arroz. Equipada com um sistema híbrido de processamento, a máquina conta com dois rotores responsáveis pela separação do cereal, que substituem o convencional saca-palha, aumentando a capacidade de colheita. No segmento de tratores com potência superior a 300cv, a Massey Ferguson apresentou o modelo MF8670, com 320cv de potência, que foi exposto sobre cavaletes que permitiram uma simulação do funcionamento do trator e da transmissão Dyna-VT. A linha conta também com o modelo MF8690, de 370cv. A Massey Ferguson também apresentou a linha completa de equipamentos forrageiros. Após anunciar em 2011 a entrada no segmento de enfardamento de biomassa, feno, forragens e palhas diversas por meio da MF 2170, a empresa disponibiliza agora dois novos modelos de

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enfardadoras, a MF 1837 para fardos retangulares e a MF 1745 para fardos cilíndricos. Dois modelos de segadoras, uma de sete discos de corte, a MF DM 1309, e uma de cinco discos, a MF DM 1358, também foram expostas. O modelo MF DM 1309 conta ainda com a possibilidade de acoplagem de uma acondicionadora de dedos MF KC 1358. A MF DM 1309 é ideal para propriedades de pequeno e médio porte. Já a segadora MFDM 1358 foi projetada para propriedades de grande porte e trabalhos mais pesados, com recursos que garantem alto desempenho e baixo custo ao produtor. Para o recolhimento da palha cortada e seca, a Massey Ferguson apresentou os enleiradores MFRK 3814 DN, MFRK 3802 e MFRK 3875. Os modelos são constituídos de braços e rodas que tornam o implemento ideal para trabalhos com materiais secos ou úmidos, além de oferecer facilidade de operação e eficiência nas atividades.


Fotos Cultivar

Na Massey Ferguson, destaque para a colheitadeira MF32SR, equipada com um sistema híbrido de processamento, com dois rotores que substituem o convencional saca-palha

VALTRA

A Valtra mostrou para os visitantes e clientes a sua linha completa de colheitadeiras para a rotina no campo, dando destaque para a BC4500. Colheitadeira classe IV, equipada com plataforma flexível, 200cv a 2.200rpm, novo picador, o eixo traseiro passa a ter regulagem de altura e opção 4WD e acionamento das marchas por cabos flexíveis. Também estão disponíveis na versão arrozeira a BC4500R e as respectivas plataformas rígidas de 16 a 20 pés. A BC 6500 passou de 305cv para 325cv, com reserva de até 355cv, e a BC 7500 passou de 335cv para 380cv, com reserva de até 410cv. A Valtra também apresentou a nova plataforma de corte flexível Hiflex Série 600 F, com menos componentes móveis e novo sistema de corte composto por barra, dedos e caixas de acionamento que aumentam a capacidade de precisão nos cortes. Também foi apresentada a plataforma Draper Hiflex Série 500FD, que traz como diferencial esteira de borracha no lugar do convencional caracol de alimentação.

A Valtra destacou a colheitadeira BC4500, classe IV, equipada com novo picador, eixo traseiro com regulagem de altura, e está disponível na versão BC4500R para o arroz

No segmento de plantadeiras, a Valtra levou a plantadeira Multiple BPM 2108 L, desenvolvida para atender à demanda das propriedades que trabalham com safras de inverno e de verão. Para o mercado forrageiro foram apresentadas as enfardadoras Challenger SB 34, de fardos retangulares pequenos, e a Challenger RB452, de fardos redondos.

JOHN DEERE

Um dos principais produtos da John Deere foi a colheitadeira de grãos S680. O modelo possui tanque graneleiro com capacidade de 14 mil litros e descarga de 135 litros por segundo, tanque de combustível de 1.250 litros e a plataforma Hydraflex Draper de 40 pés. Outras características são o rotor Tri Stream™, o sistema de retrilha independente e a cabine com espaço interno 30% maior, se comparada à da Série STS. A John Deere levou ainda as colheitadeiras modelos 1175 que podem ser financiadas pelo Programa Mais Alimentos, a 1407 com sistema de saca-palhas e dois modelos com alta produtividade do sistema de rotor, a 9470 STS e a 9670 STS.

A colheitadeira de grãos S680, da John Deere, possui tanque graneleiro com capacidade de 14 mil litros, descarga de 135L por segundo e tanque de combustível de 1.250L

Na linha de plataformas, a John Deere destacou a 600C para colheita de milho. Elas apresentam maior capacidade de alimentação, mesmo em condições de milharal acamado, e garantem consumo menor de potência em relação ao modelo anterior. O diâmetro maior do sem-fim também contribui para melhor resultado na alimentação. A 600C está disponível em modelos de cinco e 17 linhas e com opção de ajuste hidráulico das chapas despigadoras a partir da cabine. No segmento de tratores a John Deere destacou sua linha de tratores, com 20 modelos diferentes expostos. Quatro dos modelos apresentados: 5055E, 5065E, 5075E e 5078E podem ser financiados com as vantagens do programa Mais Alimentos. Também foram destaques na feira os modelos da série 6J, com motores com potências que vão de 125cv até 180cv. Na linha de alta potência foram apresentados os modelos 7225J e 8335R. O Trator 8335R tem motor de 335cv e pode ser equipado com suspensão dianteira independente (ILS), rodados duplos nos dois eixos e luzes de xênon.

Um dos destaques da New Holland foi a colheitadeira CR9090, produzida na Europa, com motor de 13 litros e potência de 530cv, com plataforma de 45 pés

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Fotos Cultivar

A Case IH apresentou os tratores Puma 205 e 225 fabricados na planta de Curitiba, com motorizações de 197cv e 213cv

Outro destaque foi o Simulador de Colheita de Cana que tem a finalidade de facilitar o treinamento e a evolução contínua dos operadores das colhedoras de cana, contribuindo para a evolução da eficiência e da produtividade nos canaviais.

NEW HOLLAND

A New Holland teve como seu principal destaque a Colheitadeira CR9090, produzida na Europa, com motor de 13 litros e potência de 530cv. Estas características permitem trabalhar com plataforma de até 45 pés, capaz de suportar cargas de 12.500 litros de grãos e um sistema oti spread. No segmento de tratores a New Holland levou para o Show Rural a linha de tratores T7, fabricados no Brasil, com motorização de 200cv a 220cv de potência. Este modelo destaca-se por oferecer ao produtor um conjunto automático de motor, transmissão eletrônica e direção. Na área de forrageiras o destaque foi a Forrageira Tracionada 790. Ela possui detectores de metal Metalert III, cilindro de corte com

12 facas, acelerador de partículas de dupla velocidade e plataforma de linhas duplas modelo 824. Esta combinação de equipamentos permite corte do material ensilado com ajuste do tamanho das partículas de 3mm até 38mm.

CASE IH

A Case IH levou para a Coopavel 2013 a versão nacional da família de tratores Puma, que passou a ser fabricada na planta de Curitiba. As duas máquinas da família, Puma 205 e 225, foram apresentadas ao mercado brasileiro no início de 2012 em versão importada e a partir do segundo semestre de 2012 passaram a ser produzidas no Brasil, mantendo todas as características do equipamento anterior. Com potência nominal de 197cv e 213cv, os tratores Puma são equipados com motores Case IH de certificado Tier III, com capacidade para 6,75 litros, sistema de injeção eletrônica Commom Rail e o Power Boost. Durante a Coopavel 2013 a Case IH comemorou o 90º aniversário da linha de tratores Farmall. A linha conhecida mundialmente por incorporar alta tecnologia em tratores de baixa

A Montana lançou o trator multiuso Solis 20, com 20cv de potência, motor de três cilindros, bloqueio diferencial e tração 4x4

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A Titan Pneus realizou o lançamento de quatro novas medidas de construção radial, para a aplicação em equipamentos acima de 140cv

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potência começou a ser construída em 1923. Atualmente, a linha conta com três modelos: Farmall 60cv, 80cv e 95cv. No segmento de colheitadeiras, a Case IH destacou sete modelos da Axial Flow, nos modelos 2566, 2688, 2688 Special, 2799, 2799 Rice, 7120 e 8120. O modelo Axial-Flow 8120 apresenta entre suas características o motor Case IH Cursor FPT com potência nominal de 426cv e máxima 487cv e transmissão com acionamento hidrostático de quatro velocidades com freios a disco de pinça dupla. Também foram destaque as plataformas TerraFlex 3020 que trazem avanços tecnológicos para aprimorar o desempenho das colheitadeiras AxialFlow, aumentando a capacidade de colheita, e estão disponíveis nos tamanhos de 20, 25, 30 e 35 pés. A cabine apresenta visibilidade e maior controle do funcionamento através do Touch Screen AFS Pro 700, que mostra as funções de mapeamento e monitoramento de rendimento da máquina.

TITAN PNEUS

A Titan Pneus apresentou seus lança-

Trator 1250 Super da Agritech vem equipado com motor AT488, potência de 50cv, com quatro cilindros


A Arvus apresentou a linha de produtos para a Agricultura de Precisão, com destaque para o Titanium Piloto Automático Elétrico e o Titanium Barra de Luzes

mentos de 2013 para atender o mercado agrícola. São quatro novas medidas de construção radial para a aplicação em equipamentos acima de 140cv. Duas novas linhas foram incorporadas: a DT924 chega com as medidas 710/70R42 e 480/70R34, e a APR terá, inicialmente, a medida 520/85R42. Já a família DTY824 foi ampliada com a medida 600/65R28. As principais características destes produtos são maior durabilidade, economia de combustível e tração extra.

A Metalfor lançou o autopropelido Multiple 3200 AB, com 32 metros de barra e 3.200L de tanque de produto, rodado 12.4x46 e a motorização de um Cummins 6 cilindros

MONTANA

A Montana Agriculture realizou o lançamento do trator Montana Solis 20. O novo modelo da linha Montana Solis é considerado o trator multiuso da Montana, agora na versão 20cv de potência, com motor de três cilindros, bloqueio diferencial, tração 4x4 e bitola máxima de 90cm. O Montana Solis 20 é um trator compacto indicado para o produtor que precisa trabalhar em pequenos espaços e em diferentes cultivos. A Montana também apresentou o ca-

Carreta graneleira UpGrain Hydra 18.000Lts, da GTS. O lançamento inova no mercado de carretas graneleiras com a sobrecaixa para facilitar o escoamento do produto

minhão de Fórmula Truck, do piloto Pedro Muffato, que leva o patrocínio da empresa. Durante o ano o caminhão Truck participará de dez corridas em todo o Brasil. A primeira acontece no dia 10 de março, em Tarumã, no Rio Grande do Sul.

AGRITECH

A Agritech apresentou dois novos modelos da série de tratores 1200: trator 1235 e trator 1250. O 1235 apresenta motor Agritech modelo AT388, vertical, diesel, quatro

A família de pulverizadores autopropelidos Uniport apareceu no Show Rural com novo design, seguindo as linhas do Uniport 3030, lançado em 2012

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Fotos Cultivar

O destaque da Stara foi o autopropelido Imperador 3100, o primeiro e único pulverizador do mundo com barras centrais

tempos, potência de 30cv; com três cilindros em linha e velocidade oito à frente e 2 à ré. O trator 1250 Super vem equipado com motor Agritech modelo AT488; potência de 50cv, com quatro cilindros em linha e velocidade 8 à frente e 2 à ré.

ARVUS

A Arvus apresentou sua linha de produtos para a Agricultura de Precisão, com destaque para o Titanium Piloto Automático Elétrico e o Titanium Barra de Luzes. A linha Titanium possibilita melhorar o desempenho e a precisão da operação, trabalhando em retas ou em curvas e pivôs. Possui sistema de correção de inclinação do terreno, é adaptável à maioria dos tratores do mercado, tem precisão de 30cm na passada, com possibilidade de aumentar a precisão para 15cm com sinal pago ou para 2cm com sinal RTK.

A Semeato destacou a Plantadeira SOL TT 28 a 40 linhas, agora também na versão com reservatórios de adubo, além dos reservatórios de sementes

GTS

A GTS levou para o seu estande a carreta graneleira UpGrain Hydra 18.000Lts. O novo modelo inova o mercado de carretas graneleiras com a sobrecaixa, design em formato de cunha – proporciona melhor escoamento e velocidade na descarga de grãos, sistema de alta estabilidade, alta velocidade de deslocamento na lavoura de até 30km/h e pneus de alta flutuação.

METALFOR

A Metalfor apresentou um novo pulverizador para o mercado brasileiro, a Multiple 3200 AB que chega para completar a linha Multiple AB de 2.500 e três mil litros. O novo autopropelido está configurado com 32 metros de barra e 3.200 litros de tanque de produto, rodado 12.4x46 e a motorização de um Cummins seis cilindros. Equipada com controlador de vazão, desligamento automático de seções, piloto

automático e câmeras para monitoramento desde a cabine das barras, o autopropelido traz o que há de mais avançado em tecnologia de aplicação disponível no mercado. A Metalfor também apresentou o seu primeiro produto da linha de carretas agrícolas da empresa no Brasil, FSG 20.000. A Carreta está preparada para adubo e semente, com tanque graneleiro com divisões e uma capacidade de 20 mil litros.

STARA

A Stara destacou o Pulverizador Imperador 3100, o primeiro e único pulverizador do mundo com barras centrais, que garante maior estabilidade para a aplicação em condições atípicas do solo. Possui transmissão 4x4 hidrostática, equipado com bomba de tração com exclusivo sistema de regulagem de pressão, motor MWM turbo aftercooler seis cilindros, com 215cv de potência e tanque de combustível de 280 litros. O reservatório de calda confeccionado em polietileno tem capacidade para 3.100 litros. No setor de plantadeiras, a Stara apresentou o modelo Victória Top 4500 Pneumática, com o sistema DPS – Distribuição Precisa de Sementes. O modelo apresenta limitadores de profundidade dispostos com breve afastamento ou abraçando o disco duplo de sementes, com compactadores que podem ser planos ou em V, linhas de sementes pantográficas e sua transmissão pode ser por corrente ou cardã.

JACTO

Um dos destaques da Kuhn foi a Plantadora Rebocada Pneumática Marathon que pode ser configurada de 20 a 35 linhas em espaçamento de 45cm, podendo plantar até 150 hectares por dia

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A Jacto apresentou aos clientes e visitantes as novidades nos modelos da família Uniport. Os modelos Uniport 2000 Plus e Uniport 2500 Star ganharam uma nova carenagem na cabine e faróis com design diferenciado, mais modernos e em sintonia com a aparência do Uniport 3030, lançado em 2012. O Uniport 3030 na versão 2013 ganhou câmeras de ré. A plataforma JPS do pulverizador apresenta


Um dos destaques da Teejet foi o Monitor de Tamanho de Gotas Sentry 6120, que informa em tempo real a leitura da pressão no sistema e a categoria de tamanho de gota

três sistemas desenvolvidos e integrados para pulverização precisa: o Jacto Quality Spray (JQS), sistema de pulverização; o Jacto Smart Vehicle (JSV), sistema veicular; e o Otmis, sistema de navegação e serviço. O pulverizador destaca-se pelo vão livre ajustável de até 1,75m, barras com altura de trabalho de até 2,6m, sistema de telemetria e controle de pulverização bico a bico

SEMEATO

Com amplo portfólio de produtos, a Semeato destacou a Plantadeira SOL TT 28 a 40 linhas. A SOL TT possui agora também versão com reservatórios de adubo. Ela é indicada para o plantio direto de grãos graúdos com a qualidade do plantio garantida pela utilização de linhas de semeadura pantográficas montadas em um chassi com três módulos flexíveis. O reservatório central de sementes de polietileno rotomoldado possui capacidade de 5.025 litros – 4.000kg e o distribuidor de sementes, através de discos alveolados (disponíveis para a série de modelos para os mais variados tipos de sementes de soja, milho, sorgo, feijão, algodão, girassol) ou pelo sistema a vácuo, com distribuidores confeccionados em alumínio injetado e disco em aço inoxidável.

A Trelleborg destacou os radiais TM e Twin, que são pneus de alta performance para tratores, colhedoras, implementos e transbordo de cana

para alto rendimento com mais tecnologia embarcada, e necessita de tratores com aproximadamente 300cv de potência. Ela pode ser configurada com 25 a 35 linhas com espaçamento de 45cm e o acionamento da distribuição das sementes é feito por cabos, eliminando as correntes existentes em modelos anteriores. Este modelo possibilita o plantio em velocidade de até 12km/h, plantado entre 130 e 150 hectares por dia. Possui sistema de transporte que abre ou fecha o conjunto em 20 segundos.

GOODYEAR CORREIAS

A Goodyear Correias disponibilizou no seu estande para visitantes e clientes o seu Kit de Correias Agrícolas para as colheitadeiras New Holland, John Deere e Massey Ferguson. Para

TEEJET

A Teejet Technologies apresentou um amplo portfólio em componentes de aplicação de precisão, tecnologia de sistemas de controle e gerenciamento de dados de aplicação. Um dos destaques da empresa foi o Controlador Eletrônico de Pulverização, Radion 8140, projetado para oferecer vantagens durante a pulverização. Também ganhou destaque o Monitor de Tamanho de Gotas Sentry 6120, que entre sua aplicabilidade está a de proporcionar em tempo real a leitura da pressão no sistema e a categoria de tamanho de gota. Já o conhecido Matrix PRO 840GS inclui a atualização de funções para os Pilotos Automáticos FieldPilot, UniPilot, Corte de Seção BoomPilot e compensação de inclinação.

TRELLEBORG

KUHN

A Kuhn destacou as semeadoras Neo 21 e Marathon. A Neo 21 é uma semeadora de trigo e arroz, com flutuação de linhas por sistema paralelogramo ou pivotado, com oscilação de até 45cm para acompanhar os desníveis do terreno, principalmente nas taipas de arroz. Possui novo sistema de regulagem de sementes e adubo para aumentar a uniformidade da distribuição e também reservatórios e dosadores em inox resistente à corrosão. Pode ser configurada de 11 a 21 linhas de plantio. A Plantadora Pneumática Rebocada para Plantio Direto Marathon foi desenvolvida

as colheitadeiras New Holland, é a correia de tração para a TC 57 e a correia do cilindro para os modelos TC 55, TC 57 e TC 59. Já para a John Deere, são as correias do acionamento principal e de tração de rodas para o modelo JD 1175. Para a colheitadeira Massey Ferguson modelo MF 32SR, estão disponíveis as correias para o picador de palha e elevador de grãos.

A Goodyear Correias lançou novo kit de correias agrícolas para as colheitadeiras NH, JD e MF

A Trelleborg apresentou os Pneus Twin. Mais largos e de alta flutuação, proporcionam uma melhor distribuição do peso do equipamento sobre o solo, o que ajuda a diminuir a compactação e gera um melhor custo/benefício. Na linha agrícola, a Trelleborg ofereceu os radiais TM e Twin, que são pneus de alta performance para tratores, colhedoras, implementos e transbordo de cana. Os modelos TM900 HP são destinados a tratores acima de 240hp, têm grande poder de tração, baixo consumo de combustível e podem andar em velocidade de até 60km/h. Já a linha TM800 é indicada para tratores acima de 150cv. .M

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mecanização

Solo salgado

Nas regiões áridas e semiáridas é comum a presença excessiva de sal no solo. Para corrigir estes problemas, o uso da mecanização agrícola tem grande importância e deve atuar em conjunto com aplicações de nutrientes específicos para cada caso

O

s solos afetados por sais são solos onde ocorre acúmulo de sais, tendo sua formação relacionada a condições de posição no relevo, de clima e de cultivo. Eles eram inicialmente chamados de solos salinos e alcalinos, sendo que hoje essa denominação mudou para solos salinos e sódicos ou solos afetados por sais. Normalmente, solos afetados por sais são encontrados em zonas áridas e semiáridas, onde a evaporação é superior à precipitação. A drenagem interna deficiente apresentada em alguns solos dessas regiões, juntamente com a excessiva evaporação produz a acumulação de sais solúveis e o incremento do sódio trocável na superfície e/ou na subsuperfície dos solos (Barros, 2004). Situações típicas encontradas na região Nordeste. A salinização do solo pode provocar um efeito indireto bastante adverso ao crescimento das plantas: a destruição da estrutura do solo e consequente compactação deste. Tal ocorre devido à dispersão das partículas de argila causada pela substituição dos íons cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+) presentes no complexo de troca pelo sódio (Na+), resultando assim na elevação da sodicidade do solo. Ou seja, na porcentagem de sódio trocável (PST) que, em última instância, é o principal fator responsável pela deterioração das propriedades físicas dos solos afetados por sais (sódicos ou alcalinos, e salino-sódicos). Além dos efeitos negativos decorrentes da facilidade ao encharcamento e da má aeração, comuns em solos compactados, a alta PST torna a atividade agrícola

quase impraticável e antieconômica em solos sódicos, por ser o seu manejo bastante difícil e a sua recuperação muito dispendiosa (Amorim, 2009). A relação existente entre solos afetados por sais e mecanização agrícola, tratores e implementos, restringe-se aos métodos de recuperação destas áreas, tanto em solos salinos como em solos sódicos.

RECUPERAÇÃO DE SOLOS ATRAVÉS DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA

Para a recuperação de solos afetados por sais existem algumas práticas de recuperação, estas práticas dividem-se em práticas fundamentais, que seriam lavagem e melhoramento químico, e técnicas auxiliares, que seriam drenagem, sistematização e nivelamento, aragem, subsolagem, aplicação de resíduos orgânicos, biorrecuperação etc. Segundo Silva (2004a) no processo de recuperação de áreas que porventura sejam salinas e sódicas deve-se inicialmente corrigir o caráter sódico e transformá-las em áreas com solos salinos e em seguida, corrigir o caráter salino. A recuperação de solos salinos é feita através de lavagens do solo. As lavagens de solo são divididas em lavagens de recupera-

Divulgação

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ção e lavagem de manutenção. Já nos solos sódicos deve-se fazer a substituição do sódio pelo cálcio, porém, previamente deve-se fazer um preparo de solo para melhorar as características físicas daquele solo. Este preparo consiste de aração, gradagem e subsolagem, todavia, Araújo (2009), trabalhando com solos sódicos, realizou o preparo de solo inicialmente com uma aração seguida de uma gradagem com vistas a um ajuste no plano sistematizado do terreno, para fins de melhorar as condições de escoamento nos sulcos de irrigação, posteriormente uma subsolagem até 60cm, seguido por uma nova gradagem, para incorporar o gesso e matéria orgânica, e por último sulcamento, já que o seu método de irrigação foi por sulcos. As técnicas onde o uso da mecanização realmente se faz necessário é a drenagem, na construção dos drenos, sistematização e nivelamento, aragem e subsolagem.

SISTEMATIZAÇÃO E NIVELAMENTO

A sistematização e nivelamento do solo é um sistema onde seu uso adapta-se muito bem em áreas planas com muitas depressões, porém pequenas e rasas. Ele consiste na uniformização da superfície da terra, ou seja, aterramento das depressões e cortes das elevações existentes nas áreas. Para fazer o seu uso correto deve-se analisar o volume de terra que se terá de movimentar.

ARAÇÃO

A técnica da aração consiste no uso de arados de disco ou aiveca, que cortam o solo, elevam e depois invertem a fatia superficial conhecida como leiva, técnica muito usada em países frios onde no inverno o solo congela, ficando camadas grandes de gelo na superfície, sendo necessário o revolvimento para jogar o gelo para baixo e trazer o solo para cima. Silva (2005) relata que o uso do arado mobiliza o solo por inversão de camadas e que ele serve para criar ou manter condições do solo que resultem num mínimo de operações e de solicitação de potência, para a instalação e condução das culturas. Incorporar restos de cultura, esterco e corretivos visando manter ou melhorar a fertilidade do


Valtra

Charles Echer

A subsolagem é apenas uma das operações que deve ser realizada em solos sódicos, na busca de corrigir os elementos necessários para torná-los produtivos

solo, o que é bom para a correção dos solos sódicos na incorporação do gesso. Comparando os tipos de arados quanto ao órgão ativo, disco ou aiveca, Silva (2005) informa que o uso de arado de aiveca, em caso de solos muito secos ou compactados, tem sua penetração no solo melhor do que o arado de discos, atingindo uma profundidade de 20cm a 25cm. Apresenta melhor desempenho em terrenos planos, principalmente em várzeas drenadas, rompendo as camadas compactadas e melhorando a infiltração de água. Por estes motivos o arado de aiveca será a melhor opção no preparo prévio do solo, para a posterior correção com o gesso, desde que os solos em questão não sejam muito argilosos, caso sejam o trabalho será prejudicado, tendo em vista que o solo irá grudar na aiveca impossibilitando o corte do mesmo e comprometendo o serviço, sendo recomendado o de disco.

GRADAGEM

O uso de grades serve para complementar o trabalho do arado destruindo os torrões de solo deixados, também têm como função incorporação de fertilizantes e elementos corretivos

O uso da grade consiste no preparo secundário do solo, ela geralmente vem posterior ao preparo primário, que é feito geralmente com o arado. A gradagem complementa o trabalho do arado destorroando os torrões de solo deixado na operação anterior e também tem como função incorporação de fertilizantes. Por isso, Araújo (2009) a recomenda após o preparo primário, com o intuito de incorporar o gesso à adubação orgânica realizada na área. Silva (2005) afirma que a grade age de quatro formas sobre o solo, que seriam: • Seccionamento: devido ao afiamento dos discos, os mesmos produzem uma ação cortante sobre os torrões do solo. • Pulverização: se origina pela pressão que exercem os discos contra o solo, seja no sentido longitudinal ou vertical. • Tombamento: consequência da forma esférica dos discos, o pequeno prisma de terra cortado ao avançar sobre a superfície de

trabalho descreve uma trajetória que conclui um tombamento. • Nivelamento: a passada da grade tende a deixar um microrrelevo mais uniforme que se favorece com o aumento de velocidade de trabalho.

SUBSOLAGEM

A subsolagem serve para tornar soltas as camadas compactadas sem causar inversão das camadas de solo, devendo somente ser recomendada quando houver uma camada muito endurecida, em profundidades não atingidas por outros implementos (Queiroga, 2008). Esta prática objetiva reduzir a densidade do solo e a resistência à penetração de raízes, aumentar a permeabilidade, como também diminuir o escorrimento superficial da água de chuva em áreas declivosas e o encharcamento em terrenos planos. A eficiência da subsolagem é dependente da umidade atual

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Fotos Deivielison Macedo

Detalhe de um solo afetado pela salinização

do solo, do ajuste correto do implemento em função da profundidade e do espaçamento entre as hastes, como também da potência do trator (Seixas, 1988).

DRENAGEM

mente dois tipos de drenos, abertos e fechados (tubulares). Os drenos abertos são valetas com seção transversal no formato trapezoidal, de paredes inclinadas, com objetivo de evitar o desmoronamento. Para a construção das valetas pode-se utilizar retroescavadeira (escavadeiras acopladas ao trator de pneu), escavadeiras hidráulicas (escavadeiras de esteiras), valetadeira e subsolador torpedo. De acordo com Silva (2004b), deve ser realizado um estudo prévio do terreno em que se deseja a construção dos drenos, analisando as condições topográficas. Conhecendo-se a localização das depressões e as declividades, ou seja, o encaminhamento natural das águas, os drenos são locados de modo a proporcionar maior eficiência da drenagem. Já quando as áreas são muito planas, onde não se tem uma boa visualização do seu relevo, ou em áreas sistematizadas sem declive, recomenda-se a abertura de drenos equidistantes, espaçados de 20m a 40m entre si, de acordo com a maior ou menor dificuldade de drenagem do solo. Ainda segundo Silva (2004b), recomen-

Charles Echer

Do ponto de vista da engenharia, consiste no controle que se exerce sobre a altura do lençol freático com o objetivo de proporcionar umidade e ótima aeração para o desenvolvimento radicular das culturas. Já do ponto de vista do processo natural é a remoção da água gravitacional da superfície do solo e da zona radicular dos cultivos. A drenagem pode ser dividida em duas, de acordo com a sua finalidade. A primeira é a drenagem superficial (desaguamento ou saneamento). Ela consiste na eliminação, o mais rápido possível, da água que cobre a superfície do solo. A segunda é a drenagem do solo (subdrenagem, drenagem do perfil, drenagem agronômica, drenagem subterrânea ou drenagem propriamente dita), que consiste na remoção do excesso de água da camada de solo ocupada pelas raízes. A drenagem subterrânea emprega basica-

Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará mostram quais os passos necessários para a dessalinização de solos em regiões áridas, a fim de torná-los aptos para cultivo de cereais

da-se a abertura de drenos por valetadeiras, quando utilizar cultivos anuais como soja, milho, sorgo etc. O tipo de dreno e de máquina utilizados difere com o sistema de cultivo, com ou sem preparo do solo. No sistema convencional, devido à instabilidade do solo e ao risco de obstrução dos drenos, estes devem ser construídos com maior largura utilizandose uma valetadeira rotativa horizontal ou lateral e no sistema plantio direto ou cultivo mínimo, utiliza-se o modelo rotativo vertical, que proporciona menor largura de drenos, possibilitando a passagem de máquinas sem transtornos. No caso de pastagens cultivadas, os drenos podem ser feitos com maior largura, com a utilização de plainas. Deste modo, os mesmos têm maior durabilidade, tendo em vista o pisoteio por animais, sem, no entanto, dificultar a semeadura direta de culturas em sucessão. Schwab et al (1993) alegam que no uso de solos argilosos, que porventura têm problemas de drenagem, devido ao fato de o solo possuir maior microporosidade do que macroporosidade e geralmente argilas expansíveis, deve-se eliminar o excesso de água via superfície do solo, já que a percolação desta água é limitada. Para eles a melhor forma é a eliminação de depressões no solo e do excesso de água a partir de métodos de drenagem superficial, tais como drenos torpedo e canteiros, além de sistematização do terreno. Os drenos torpedo apresentam melhor desempenho e maior longevidade quando construídos em solos com teor de argila adequado, situando-se entre 26% e 50% ou acima de 30%, tendo relação argila/silte .M maior que 0,5 (Gardner, 1981). Deivielison Ximenes S. Macedo, Daniel Albiero, Viviane Castro dos Santos, Wesley Araújo da Mota, Aline Castro Praciano e Eduardo Santos Cavalcante, Universidade Federal do Ceará

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