Maquinas 13

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Do editor Edição Número 13 - Ano II Julho/Agosto 2002 ISSN - 1676-0158 EMPRESA JORNALÍSTICA CERES CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 7º andar Pelotas RS 96015 300 E-mail: cultivar@cultivar.inf.br Site: www.cultivar.inf.br Assinatura anual (06 edições): R$ 38,00 DIRETOR

Newton Peter

EDITOR GERAL

O uso de cabines fechadas em tratores agrícolas deixou de ser um conforto e passa a ser uma necessidade para quem trabalha em longas jornadas no campo, principalmente em época de preparo do solo, plantio e colheita. Nesta edição damos um enfoque especial para a construção das cabinas de tratores e a sua contribuição para a diminuição da fadiga do operador. É um alerta para quem se expõe diariamente a grandes jornadas sob altos níveis de ruído e poeira. Outro destaque da edição, que interessa a todos que querem qualidade e quantidade na hora da colheita é o artigo sobre colheita mecanizada de algodão. Leonardo Cunha, Engenheiro Agrícola da Case, traz informações sobre regulagens e cuidados necessários, que garantem qualidade do produto colhido e minimizam gastos com manutenção da máquina.

Schubert Peter

Na última página, Arno Dallmeyer, nosso consultor técnico, faz uma analogia entre a conquista do penta e os passos necessários para a agricultura brasileira também ser cada vez mais vencedora.

CONSULTOR TÉCNICO

Dr. Arno Dallmeyer

REDAÇÃO

Pablo Rodrigues Charles Ricardo Echer Gilvan Dutra Quevedo

DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Fabiane Rittmann

Índice

Nossa Capa

MARKETING

Foto AGCO

Otávio Pereira

CIRCULAÇÃO

Edson Luiz Krause Jociane Bitencourt

ASSINATURAS

Simone Lopes

ILUSTRAÇÃO

Rafael Sica

REVISÃO

Carolina Fassbender

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Index Produções Gráficas

FOTOLITOS E IMPRESSÃO

Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES:

Índice

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Rodando por aí

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Colheita mecanizada de algodão

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Trator sem galope

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Adubo no lugar certo

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Transmissão em tratores

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Barulho sob controle

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Com ou sem cabina

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Forragem mecanizada

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Ângulo ideal

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Opinião

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GERAL / ASSINATURAS: 272.2128

REDAÇÃO :

Destaques

227.7939 / 272.1966

MARKETING: 3025.4254 / 272.2257

FAX:

Colheita mecanizada de algodão Máquina bem regulada garante melhores resultados na colheita

272.1966 Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

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Caderno especial Modelos de colhedoras existentes no mercado nacional são enfocados por Eduardo Guimarães S. Filho

Adubo no lugar certo Regulagem da adubadora através de testes garante melhor aplicação

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Cabinas de tratores Menos barulho e mais segurança na hora do trabalho

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Ângulo ideal Estudo mostra ângulo e espessura certa para a haste sulcadora no PD

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Rodando por aí

Livro

Mais tecnologia

Valentino Rizziolli, presidente para a América Latina da CNH, acredita que a forte expansão do agronegócio brasileiro é resultado da mudança do perfil do agricultor. No Brasil, o fazendeiro virou empresário rural pela necessidade de se tornar competitivo, ao contrário do que ocorre na Europa e nos EUA, onde os produtores ainda contam com subsídios e protecionismo , afirma. Para Rizzioli, o Moderfrota é fundamental para estender a tecnologia de ponta a todas as propriedades brasileiras. Só com a continuidade do programa conseguiremos manter o crescimento da produtividade no campo , alerta.

O Engenheiro Florestal Everson Ramos Burla lançou o livro Mecanização de atividades silviculturais em relevo ondulado , que relata os resultados alcançados no projeto de introdução do uso de tratores agrícolas em terrenos ondulados. O trabalho teve o apoio técnico do pesquisador do IAC, Gastão de Moraes Silveira. A distribuição do livro é gratuita e os interessados podem fazer contato pelo telefone (31) 38251737 ou (33) 33271803.

Valentino Rizziolli

Mais Massey

A AGCO do Brasil vai investir US$ 15 milhões em ampliação, modificação de layout e incorporação de novos equipamentos para receber parte das operações da fábrica de tratores Massey Ferguson de Coventry na Inglaterra. Com a ampliação, o incremento à produção e à exportação da AGCO do Brasil, até 2004, será de 5 mil tratores. Além de alavancar as exportações em volume físico, a transferência abre mercados em mais 41 países, além dos 24 já atendidos pela fábrica de Canoas , garantiu o diretor de manufatura, Roberto Dall Agnol.

Mudanças

Mudanças de cargos estão acontecendo na John Deere do Brasil desde abril passado. José Luis Duarte Coelho é o novo Gerente de Vendas de Peças em substituição a Ruy Odir Maier que passa a gerência de Compras e Inventários; Eugênio Fronza assumiu a Gerência de Serviços aos Produtos em substituição a Luiz José Sartor que assumiu a Gerência da Qualidade. Marcelo Borges Lopes assumiu a Gerência Divisional de Vendas em substituição a Júlio Cezar Luzardo Gomes, que está na Gerência de Unidade de Negócios - Plantadeiras e Plataformas. Amílcar Centeno foi nomeado Gerente de Planejamento de Mercado; Zuleica Maria Centeno assumiu a Gerência do Departamento de Comunicação de Mercado e Marlon Adamy é o novo Gerente de Engenharia de Colheitadeira e Plataformas.

Mão-de-obra qualificada

Multijob com dois braços

A Escola de Beneficiamento de Algodão do Senai, localizada em Rondonópolis, MT, já formou 35 alunos em seu curso de Operação e Manutenção de Máquinas de Beneficiamento de Algodão, desde a sua inauguração em julho de 2001. A primeira turma foi dirigida e ministrada pelo especialista em Projeto e Regulagens de Máquinas, Engenheiro Agrícola Cláudio Luís Elias Hessel. A escola é a primeira da América Latina neste setor.

A empresa francesa Telescopelle S.A. lançou a máquina Multijob de dois braços, com características que proporcionam utilização em diversas tarefas como acondicionamento de terrenos, escavações, evacuação de escombros, manutenção de palhetes e montagem de armações. Ela possui uma pá de 9 toneladas com rotação total, carregador telescópico de 1000/1200 litros com 4, 80m, elevador telescópico de 2,2 toneladas com 4, 70 metros e um porta-ferramentas polivalente. Mais informações no site: www.telescopelle.com.

AGCO é ouro

Normélio Ravanello

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Máquinas

A AGCO do Brasil acaba de conquistar Ouro no Prêmio da Qualidade RS, do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP), sendo a primeira montadora do agronegócio a receber esta distinção. A empresa já havia conquistado bronze em 1998 e prata em 1999 e 2000. A empresa já tem tradição em qualidade, tendo sido pioneira entre as montadoras de máquinas agrícolas na conquista da certificação ISO 9001, em 1994, e na conquista da ISO 14000, em 1999.

Fornecedor do ano

A montadora mundial General Motors nomeou, pela oitava vez consecutiva, a multinacional alemã INA - Schaeffler com o prêmio Worldwide Supplier of the Year (Fornecedor Mundial do Ano), durante o evento anual, realizado em Toronto - Canadá. A INA está dentre as 91 empresas em 20 países, que foram honradas com prêmio, julgado por uma equipe mundial de colaboradores. Queremos manter a constante evolução de nossa capacidade de atendimento à indústria automobilística. O Grupo INA encara este prêmio como um desafio a ser conquistado a cada ano , completa Dr. Jürgen Geissinger, presidente mundial do grupo.

www.cultivar.inf.br

Jürgen Geisinger

Julho/Agosto 2002



Colhedoras

Máquina bem regulada garante maior rendimento e qualidade na colheita de algodão

Newton Peter

algodão

Ajuste na colheita

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Máquinas

Pablo Rodrigues

A

cultura do algodão em níveis comerciais nos dias de hoje demanda, devido às grandes áreas, a utilização de máquinas especializadas para a colheita. Diante deste fato, apresentaremos alguns pontos importantes para que esta colheita seja feita de maneira correta, visando o máximo desempenho da máquina para atingir alta produtividade combinada à alta qualidade do produto final. Antes de pensarmos no que pode ser feito durante a colheita para atingirmos os melhores resultados, devemos analisar a importância de um manejo correto da lavoura, observando pontos importantes como a declividade, nivelamento do solo, escoamento de água, ausência de obstáculos como tocos, pedras e possíveis restos de peças de plantadeiras, tratores e implementos de cultivo. Este cuidado refletirá na diminuição do tempo de parada para reparos, que por conseqüência irá aumentar a produtividade/dia da máquina. O combate a plantas daninhas e o correto manejo da resteva, no caso do plantio direto, também são de grande importância. O operador deve estar preparado para receber informações através de cursos de operadores. Deve ter um histórico de bom preservador de maquinário, uma vez que a manutenção básica diária é, sem dúvida, fa-

tor decisivo para aumento de produtividade, já que os mecanismos de colheita, limpeza e descarregamento da máquina devem estar regulados e verificados para atender não só questões de produtividade, como também de qualidade.

MANUTENÇÃO

Leonardo Cunha explica como regular a máquina para aumentar a produtividade www.cultivar.inf.br

É importante seguir o manual da máquina para se orientar na aquisição dos produtos para a manutenção. A nossa cultura não valoriza com a devida importância a leitura completa da literatura que acompanha a máquina. Grandes problemas de falhas prematuras e de baixa performance poderiam ser evitados se as pessoas encarregadas pelo maquinário - gerente de máquinas, chefes de almoxarifado, operadores - optassem por fazer o uso correto destas literaturas. Geralmente, o que encontramos no campo são manuais de operação ainda dentro das embalagens, quando não estão guardados nas oficinas ou em casa, sem nenhum vestígio de terem sido lidos ou estudados. Estas literaturas revelam particularidades Julho/Agosto 2002


Case

como especificações de lubrificantes, produtos nocivos à pintura, chapas metálicas ou plásticos, bem como a maneira correta de limpeza e manutenção da eletrônica embarcada, cada vez mais presente nos equipamentos agrícolas. Também de posse deste manual, o operador ou encarregado de manutenção irá encontrar informações para otimizar o tempo de manutenção e reabastecimento de graxas, água/detergente para o sistema umidificador e drenagem do sistema de alimentação de combustível, bem como a correta manutenção das baterias e a maneira correta de armazenamento da máquina após a safra, preservando, assim, a pintura, pneus, plásticos e borrachas em geral.

A MÁQUINA O setor de máquinas agrícolas vem experimentando grande desenvolvimento nesta última década, tendo no mercado nacional grande parte dos produtos da linha mundial, adaptados às nossas condições, dando ao produtor brasileiro a oportunidade de competir em termos de manejo, preparo, controle fitossanitário e colheita com os mais tecnificados produtores do mundo. Uma vez dito isto, o produtor deve ter um esquema de suporte à altura do maquinário, com operadores treinados e capazes, caminhões oficinas, equipe de transporte do algodão rápida e eficiente, e um back-up

REGULAGENS Começando com a regulagem básica diária da máquina, como lubrificação e abastecimento, partimos para a verificação técnica dos mecanismos operacionais da máquina. Na colhedora de algodão isto começa nas unidades de colheita (tambores), dutos de saída e tubos de elevação, passando para a regulagem e verificação das turbinas de ar, dos pentes de limpeza e telas do cesto, bem como do sistema de descar-

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Regulagem e lubrificações devem ser feitas diariamente na época da colheita

operacional, que irá atuar sempre que um imprevisto acontecer. A máquina de algodão, hoje, é um equipamento que permite ao operador um grande conforto, tanto na cabina de operação durante a colheita, quanto fora dela, efetuando uma regulagem ou reparo. A máquina apresenta, graças ao alto nível de eletrônica embarcada, sistema de monitoramento de colheita individual por linha e rotores, informadores visuais e auditivos dos sistemas de alimentação, elétricos, de limpeza e lubrificação. Com estes acessórios de controle o operador pode se concentrar em manter a máquina na velocidade de colheita adequada, bem como manejar sistemas do controle da máquina com grande rapidez e eficiência.


O algodão apresenta fácil combustão devido à eletricidade estática, por isso a verificação diária do sistema de proteção contra incêndio é uma boa prática para evitar imprevistos

que estas não saiam dos guias. A lubrificação reta calibragem dos pneus vai garantir que a não deve ser excessiva, de modo a contaminar estabilidade da máquina e altura de colheita o algodão. O algodão apresenta fácil combusnas linhas de extremidade se mantenham, prin- tão devido à eletricidade estática, portanto a cipalmente em máquinas montadas para co- verificação diária do sistema de proteção contra incêndio é uma boa prática para evitar imlher em espaçamentos largos. Tambores - Observar a correta regulagem previstos. dos guias de plantas, da pressão das placas de compressão, da folga dos desfibradores e COLHEITA escovas e dos fusos, que devem estar com os bordos afiados. A quantidade correta de Na colheita, o teor de umidade de 12 % é água no sistema umidificador varia de acor- considerado ideal. A colheita se dá melhor nas do com a umidade e matéria verde da plan- horas mais quentes do dia, onde a umidade ta, uma vez que o sumo se acumula nos ras- estará menor, facilitando a limpeza dos fusos, gos dos fusos, diminuindo a eficiência de principalmente se o algodão não estiver descolheita. O controle automático de altura folhado. A porcentagem de 90 a 95 % de cadeve estar regulado para trabalhar correta- pulhos abertos é a ideal para o início da comente na lavoura a ser colhida, por isso, este lheita. oferece uma ampla gama de regulagens para atender às diferentes lavouras. Dutos de saída e tubos de limpeza - Os dois devem estar livres de graxa e restos de plantas, pois podem causar embuchamento. Devem também estar bem fixados, pois este sistema trabalha a vácuo, o que garante uma sucção do algodão na primeira porção, evitando o desgaste excessivo dos desfibradores e embuchamentos. Falta de manutenção e regulagem pode Turbinas de ar comprometer a qualidade da fibra - A tensão das correias garante que a quantidade de ar disponibilizada nos tamboComo o Algodão é uma cultura com cresres seja suficiente para sugar e impulsionar o cimento vegetativo não homogêneo, o uso de algodão ao cesto. A lubrificação das turbi- controladores de crescimento e maturados binas garante a durabilidade do sistema, uma ológicos é de grande importância para a covez que ele trabalha a altas rotações. A lim- lheita mecanizada. A altura ideal da planta está peza das turbinas garante que não haja des- em torno de um metro. balanceamento deste sistema, que é dinâmico. REGULAGEM X PERDA Pentes de Limpeza e Telas do Cesto - Os pentes de limpeza são, juntamente com as teSe a lavoura apresenta um stand homogêlas, responsáveis pela limpeza do algodão já neo de maturação, a regulagem da pressão das colhido. É importante regulá-los para que o placas compressoras deve ser de forma que realgodão percorra o máximo da área de limpe- tirem o máximo de plumas, sem atacar mecaza oferecida pelos pentes. As telas devem es- nicamente a planta, pois sendo assim, esta irá tar limpas para permitir um maior fluxo de ar soltar galhos e restos de capulhos, diminuindo de dentro para fora do cesto, carregando, as- a qualidade do produto. Se as placas estiverem sim, as sujidades que acompanham o algodão. com uma pressão muito alta, elas podem derSistema de Descarregamento e Proteção rubar os capulhos ainda com as plumas, aucontra Incêndios - A tensão das correntes des- mentando as perdas antes da colheita. Como carregadoras deve ser observada para garantir os rotores dianteiros colhem em média 75% do

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Máquinas

www.cultivar.inf.br

algodão, um operador prudente regula as placas traseiras sempre um pouco mais apertadas, pois a planta vai chegar mais magra nos rotores traseiros. Ainda durante o trajeto do algodão até o cesto, podem ocorrer perdas, se os dutos estiverem desregulados, permitindo que o algodão escape por frestas entre os dutos e o cesto. No descarregamento, a perda acontece pelo mau posicionamento dos vagões de descarga, bem como pela insuficiência de armazenamento do volume da carga durante o transporte.

REGULAGEM X QUALIDADE DE FIBRAS A colheita do algodão, quando este apresenta um alto teor de umidade, pode ser prejudicial à qualidade de fibra pelo seguinte: durante o transporte, o algodão se acomoda em blocos compactados e durante o beneficiamento, a quebra das fibras pode acontecer. O algodão orvalhado ou com excesso de umidade pode favorecer a fermentação, com conseqüente perda de qualidade da fibra e do caroço. A regulagem da altura de colheita dos tambores evita que a pluma seja contaminada por terra. A utilização de biorreguladores ajuda no que tange à homogeneidade da maturação das maçãs, propiciando, assim, fibras de mesmo tamanho nas maçãs de baixeiros e de ponteiros. Case

... regamento e proteção contra incêndio. A cor-

EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE A equipe de apoio à colheita (vagões de transporte, caminhões oficinas, reabastecimento) vai contribuir diretamente com a produtividade diária da máquina, uma vez que esta esteja de acordo com os tópicos aqui descritos, com o operador devidamente treinado e informado das possibilidades de ajustes e regulagens para melhor atender às particula.M ridades das diferentes lavouras. Leonardo José da Costa Cunha Engenheiro Agrícola UFLA/MG Coord. Reg. Serviços Case IH Julho/Agosto 2002



Informe

CNH

técnico

Fenômeno causado por descompasso entre os eixos dianteiro e traseiro causa desconforto ao operador e prejudica a máquina

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Trator sem Galope

anejar a terra, com o intuito de tirar dela o lucro, é uma tarefa árdua e complexa, que exige familiaridade com as diversas tecnologias disponíveis. Nas primeiras fases da preparação do solo podemos nos deparar com uma situação altamente desconfortável para o operador, onde a tarefa não será realizada conforme o esperado, acarretando em desgastes prejudiciais ao trator. Estamos nos referindo ao Galope (Power hop). O galope é o sacolejamento vertical horizontal do trator, com alta carga na barra de tração. Ele ocorre quando há um desbalanceamento na tração, gerada por um descompasso entre os eixos dianteiro e traseiro, que excitam uma freqüência de vibração (salto) natural do trator.

POR QUE OCORRE O GALOPE Não se pode atribuir o galope a somente uma causa. Como existe uma interação entre trator - pneu - solo - implemento, devemos entender que cada um destes itens deve estar trabalhando numa per-

feita harmonia, para que a tarefa seja executada de maneira a atender todos os requisitos pertinentes. Provavelmente, a condição mais favorável para a ocorrência deste fenômeno é uma camada de terra seca e solta, sobrepondo-se à camada arável. Um exemplo disso seriam as condições encontradas na segunda passada . A maior freqüência de ocorrência do galope acontece durante as operações de cultivo pesado, com implemento do tipo arrasto. É muito raro ocorrer esse fenômeno com implementos acoplados nos três pontos, pois sua influência na transferência de peso ajuda a eliminar esta condição. Já que o cultivo pesado é a condição que favorece o aparecimento do galope, os implementos que são muito largos para o trator também contribuem para isso. Do mesmo modo, o posicionamento da ferramenta trabalhando com muita profundidade gera uma excessiva solicitação na barra de tração. Esta condição é especialmente verdadeira em solos secos e duros. Para corrigir o problema, nestas con-

dições, é necessário reduzir a profundidade do corte e/ou reduzir a largura do implemento (retirando do arado lâminas, aivecas ou discos). Além disso, você deve confirmar com o revendedor se o trator e


implemento são compatíveis. Em algumas ocasiões, o trabalho em campo muito acidentado pode induzir ao galope, neste caso pode ser necessário diminuir a velocidade ou tentar mudar o sentido do movimento em relação à passada anterior.

a) Tratores 4X4 (quando todos os pneus são do mesmo tamanho):

DIANTEIRO

TRASEIRO

60% 51%

40% - implemento de arrasto 49% - implemento 3 pontos

MINIMIZAR O GALOPE b) Tratores com Tração Dianteira Auxiliar ( MFWD Motor Front Wheel Drive ) ou mais comumente conhecido como traçado, onde o pneu de tração do eixo dianteiro é menor que o pneu de tração do eixo traseiro:

DIANTEIRO 40% 35%

TRASEIRO 60% 65%

pressão de inflação dos pneus do eixo traseiro para o valor mínimo, de acordo com o tamanho, a lonagem e a carga incidente nos pneus. Mas atenção: sob nenhuma hi-

Schubert Peter

1) Verifique se o implemento está pulando , pois isto pode ser transferido para o trator. Neste caso, reduzir a velocidade ou mudar de direção em relação às fileiras pode ser necessário. Se o problema ainda existir, confirme se o trator está devidamente lastrado de acordo com o Manual do Operador, faça uma pesagem do eixo dianteiro, do eixo traseiro e peso total (via de regra, podemos dizer que o peso total do trator deve ser de aproximadamente 50 a 60 kg por cv na tomada de potência). Verifique com o fabricante do trator a recomendação específica para cada modelo e qual a melhor distribuição para cada trator. Veja na tabela como o peso total do trator, normalmente, é distribuído. Sem dúvida alguma, a correta pressão de inflação para os pneus é fundamental para o bom desempenho do trator. Ajuste a pressão de inflação de acordo com a carga que está incidindo sobre o pneu. Para obter esta pressão, em rodado simples ou duplo, consulte a tabela correspondente do Manual de Normas Técnicas ALAPA ou Manual Goodyear de Pneus Agrícola. Quanto ao galope, ajuste a pressão de inflação para o valor máximo permitido no pneu que estiver sendo utilizado, levandose em conta o tamanho e a lonagem. No costados dos pneus agrícolas existe uma estampagem referente somente à montagem do pneu. Na montagem, não exceder a 35 psi para o assento dos talões. 1) Se o GALOPE ainda existir, use o seguinte procedimento de ajuste da pressão de inflação: 2) Para tratores 4X4, reduzir a pressão de inflação de todos os pneus do eixo dianteiro para o valor mínimo, de acordo com o tamanho e lonagem, levando-se em conta a carga no pneu. Se a configuração do eixo traseiro for com rodado duplo, não calibre os pneus com valores abaixo de 12 psi, pois este é o valor mínimo para garantir a durabilidade e evitar que o pneu rode no aro. b) Para tratores com tração dianteira auxiliar, reduzir a

gem e a carga. A pressão dos pneus traseiros deve permanecer como no item 3. Após esta regulagem, teste o trator no campo. 4) Se o problema ainda existir, lastre os pneus da seguinte forma: a) Em tratores traçados, adicione lastro nos pneus traseiros, primeiramente nos internos, se for montagem dupla, até 40%, e faça novamente o teste no campo. Se o problema não for solucionado, adicione lastro nos pneus traseiros externos até 40%. Novamente teste o trator no campo. 5) Se, após todo este processo, o problema ainda existir, contate o revendedor do trator ou implemento e certifique-se se o problema não é uma característica da região. Os fabricantes de trator têm desenvolvido procedimentos para eliminar este fenômeno, tomando notas de acordo com a peculiaridade de cada modelo. Lembrese que o galope é geralmente uma relação serviço no campo e/ou solo. Por esta razão, se o problema for corrigido, seguindo os procedimentos relacionados nos itens de 1 a 5, é necessário retornar ao item 2, quan-

O galope acontece principalmente em operações de cultivo pesado e com implemento de arrasto

pótese os pneus, quer sejam do eixo traseiro ou dianteiro de qualquer configuração de trator, podem estar sobrecarregados. 3) Se o fenômeno ainda existir, faça o seguinte ajuste na pressão de inflação: a) Em tratores 4X4, aumente em 4 psi acima do valor máximo indicado na tabela, levando-se em conta o tamanho, a lonagem e a carga. A pressão de inflação dos pneus dianteiros deve permanecer como no item 3. b) Para tratores traçados, aumente a pressão de inflação dos pneus dianteiros em 4 psi acima do valor indicado nas tabelas, levando-se em conta o tamanho, a lona-

do for trabalhar em outra região ou em condições menos severas. Para encerrar, lembre-se que a correta pressão de inflação do pneu é vital para a durabilidade do mesmo, melhora a tração, aumenta a resistência ao rolamento, garante a integridade da carcaça, evita o aparecimento de rachaduras radiais no costado e o deslizamento do pneu no aro. Portanto, para sua economia, não permita que esta pressão seja aumentada ou diminuída .M sem critério. Wanderley C. Marroni, Goodyear


Aplicação a lanço

Adubo no lugar certo

Amazone

Falta de regulagem e pouco conhecimento de equipamento podem acarretar em grande desperdício de fertilizantes e corretivos

A

agricultura brasileira vem passando por alterações de alguns conceitos, dentre eles a adubação. Aumenta gradativamente a aplicação de adubo a lanço, reduzindo ou até mesmo eliminando a adubação na linha durante a semeadura. Nesse aspecto, já existem nichos de mercado onde a indústria fornece semeadoras sem as caixas e sulcadores de adubo. Algumas aplicações já eram tradicionalmente utilizadas em coberturas e, hoje, surge uma nova tendência de aplicações a lanço também em pré-plantio. As máquinas para aplicação a lanço são constituídas basicamente por um chassi, reservatório e mecanismos dosador e distribuidor do produto. Estes últimos são os principais componentes das aplicadoras a lanço. O dosador, como o nome indica, tem a função de dosar a quantidade pré-selecionada de produto, ou seja, ele define a vazão de produto que sai do reservatório. O mecanismo distribuidor é um conjunto de

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Máquinas

elementos que tem por objetivo espalhar o produto oriundo do dosador. Por se tratar do principal mecanismo das aplicadoras, responsável pela faixa de deposição ou aplicação, o mecanismo distribuidor é um critério normalmente usado para agrupar os equipamentos para qualquer finalidade de análise. Existem diferentes opções de equipamentos à disposição do produtor. As principais máquinas para aplicação de fertilizantes e corretivos sólidos são as aplicadoras a lanço, que podem ser de distribuição centrífuga ou pendular, de linhas individuais ou conjugadas com distribuidor de queda livre e com distribuição pneumática, ainda não produzidas no Brasil. Quanto mais sofisticada e, conseqüentemente, mais cara for a máquina, mais recursos de regulagens haverão no mecanismo distribuidor, especialmente nos distribuidores centrífugos de discos. Há ajustes de comprimento, número e posição das alewww.cultivar.inf.br

tas sobre os discos e esses ajustes alteram totalmente a deposição transversal do produto. É essencial que o manual da máquina seja sempre consultado quando se trata de escolher um produto para uma dada largura efetiva de aplicação ou vice-versa. As máquinas que vêm sendo utilizadas para espalhar fertilizantes e corretivos a lanço têm como característica uma dependência muito grande da qualidade e condição física do produto a ser aplicado. Tem-se como fato notório que a aplicação de calcário no Brasil é tida como uma operação de baixa qualidade, por conta de vários fatores. Os mais importantes talvez sejam o baixo custo do produto e a baixa tecnologia empreendida nas máquinas aplicadoras. As aplicações de adubos sólidos acontecem com um pouco mais de critério, existindo, porém, muita falta de informação, especialmente quanto à largura efetiva que cada máquina pode trabalhar com cada produto. Os proJulho/Agosto 2002


A definição da largura correta de aplicação é um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores

blemas se acentuam quando os agricultores procuram simplificar os procedimentos de campo e adotam largura de aplicação coincidente com a do pulverizador, por exemplo. Grande parte da aplicação, principal-

mente dos corretivos, é feita com máquinas a lanço. Essas máquinas exigem algumas regulagens básicas no que concerne à vazão e largura de trabalho. A largura de trabalho é determinada como função de uma regula-

ridade mínima da dosagem desejada, obtida a partir de uma sobreposição com as passadas adjacentes. A definição dessa largura de trabalho ou largura efetiva é obtida por meio de ensaios. Tais ensaios são de difícil execução para o agricultor, por exigirem equipamentos, recursos e métodos que não estão ao alcance de um usuário comum. Não se tem domínio ou informações confiáveis sobre a maioria das máquinas disponíveis no mercado brasileiro referentes à qualidade da aplicação realizada, bem como a sua largura efetiva de trabalho. O procedimento normalmente utilizado para a determinação da largura efetiva baseia-se no coeficiente de variação (CV). Para tanto, realiza-se a simulação de recobrimentos sucessivos com os valores acumulados nos coletores e calcula-se o CV para cada situação de recobrimento simulado. Os valores de CV para as diferentes larguras efetivas simuladas podem ser, então, plotados. O compromisso entre um valor baixo de CV e um valor prático para a largura é que efetivamente deverá ser utilizado no campo. A determinação mais apurada da largura de trabalho ou largura efetiva é definida a partir de ensaios padronizados. Para a re-

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José Molin

As máquinas para aplicação a lanço são constituídas basicamente por um chassi, reservatório e mecanismos dosador e distribuidor do produto


Em muitos casos, o manual que acompanha a máquina oferece informações bastante confiáveis

... alização desses ensaios existem procedimen-

curso. Recentemente, esse programa, denominado de Adulanço , passou por melhorias e está disponível para quem deseja utilizá-lo, no endereço www.ciagri.usp.br/ ~ppap. A avaliação de uma deposição cumulativa, como apresentada na figura 1, depende do método de percurso adotado, sendo mais comuns o sistema de percurso contínuo (abrindo ou fechando quadro) e o sistema vai e vem ou alternado esquerdo e direito. No percurso contínuo, parte da faixa de deposição do lado esquerdo recobre parte da deposição do lado direito e, assim, sucessivamente, enquanto que no sistema de percurso alternado esquerdo e direito o lado direito de parte da faixa de deposição numa passada recobre o lado direito da passada anterior; o mesmo acontece com o lado esquerdo. Para se entender melhor, basta se ter o resultado do teste da máquina com o referido produto, como mostrado na figura 1. Esses testes podem ser realizados até mesmo na fazenda. A análise desses dados resulta nas larguras de trabalho e nos correspondentes coeficientes de variação, como é apresentado na figura 2. Observa-se que a largura efetiva, ou seja, aquela largura considerada após a sobreposição com as passadas adjacentes da máquina, seja em percurso contínuo (abrindo ou fechando quadro) ou em vai e vem, que resulta em sobreposições distintas à esquerda e à direita, vai depender da regularidade que se deseja na aplicação, que é representada pelo coeficiente de variação (CV). Na figura, um CV de 15%, que já é considerado alto, limita a largura das faixas de aplicação para essa máquina em torno de 5,5 m. Se o agricultor forçar uma aplicação de 7,0 ou 8,0 m, estará aplicando o calcário com um coeficiente de variação de 60 até 80%. E se, por algum

O teste de distribuição pode significar uma economia considerável para quem trabalha com grandes áreas

motivo, esta mesma máquina for utilizada com largura de aplicação menor, por uma atitude conservadora do usuário, por exemplo, de 4,0 m, a desuniformidade será maior do que os 5,5 m. Ou seja, para cada produto a máquina tem a sua condição ótima de largura de trabalho e qualquer desvio nesse sentido implica em prejuízo na qualidade da aplicação. Por isso, hoje discute-se a necessidade de sistemas de orientação mais eficientes para aplicações a lanço. Um desvio de 1,0 m que o operador provoca na largura efetiva causará erros grosseiros na dosagem de produto ao longo da transversal ao percurso. Poucos usuários têm o discernimento de considerar que, no caso de adubadoras a lanço, a aplicação de quantidades excessivamente altas em uma dada posição da faixa de aplicação e quantidades muito baixas em outras partes provocam consideráveis perdas de insumos e comprometem a produtividade por não estar sendo aplicada em cada local a dose estabelecida. Além disso, estará sendo provocada uma desuniformização da lavoura perpendicular à direção da aplicação. A determinação da largura efetiva é uma das tarefas. A outra é a verificação ou determinação das vazões do mecanismo dosador. Para tanto, faz-se variar a posição do regulador de vazão nas diferentes aberturas do mecanismo dosador. Com o reJosé Molin

tos como a norma ISO 5690/1 e a norma ASAE S341.2. Ambas estabelecem as condições do ensaio, do equipamento a ser ensaiado, do produto e da metodologia para a coleta de dados. A norma ISO 5690/1 prevê coletores padronizados de 1,00 m de comprimento, 0,25 m de largura e profundidade mínima de 0,15 m. Prevê ainda precauções para evitar o ricochete do produto aplicado, sendo que esta proteção pode ser uma grade alveolada com dimensões do alvéolo de 50 x 50 mm, cuja altura não deve ultrapassar a altura do coletor, ou uma malha quadriculada apoiada sobre os coletores. A norma proposta pela ASAE S341.2 tem o mesmo escopo, diferindo basicamente da norma ISO 5690/1 no tamanho dos coletores. Essa estabelece que eles devem ter largura mínima de 0,30m e comprimento no mínimo igual à largura, e também do aparato para evitar ricochetes, propondo apenas uma grade com células de 0,10 x 0,10m. Recentemente, estudou-se a influência da utilização e do tipo de amortecedores de ricochete, verificando que sombrite com malha de 12,7 mm pode ser utilizada para esta finalidade. De acordo com as normas ISO e ASAE, o procedimento utilizado para a determinação da largura efetiva de trabalho baseiase no coeficiente de variação (CV) como uma medida da desuniformidade da dose aplicada com a sobreposição de passadas, sendo que nenhuma das normas estabelece um CV mínimo como padrão. Para o cálculo do coeficiente de variação para as diferentes larguras de trabalho simuladas, foi desenvolvido um programa computacional para a análise de distribuição transversal em aplicadores de fertilizantes e corretivos a lanço nos sistemas de per-

Uso de coletores padronizados facilita a regulagem e garante melhor aproveitamento do insumo

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Charles Echer

servatório abastecido com 50% de sua carga máxima, aciona-se o mecanismo, coletando o material em períodos de 30 segundos para posterior pesagem. A partir dos dados obtidos na coleta e pesagem dos produtos, determina-se a curva de calibração da máquina. A dose aplicada de produto pode, então, ser calculada pela equação: D= Q

procedimento para ser realizado por usuários. Foi determinada a largura efetiva de trabalho de uma máquina de mercado comparando o método proposto pela norma ISO 5690/1 com métodos simplificados de tipos e de arranjo de coletores. Foram também comparadas as pesagens com balança e a medição de volume com proveta para o material recolhido em cada coletor. Para a coleta do produto aplicado foram utilizados coletores com dimensões padronizadas. Alternativamente, foram utilizadas latas de óleo de 290 mm de diâmetro e 150 mm de profundidade e também caixas de papelão com dimensões de 450 X 340 X 150 mm. Adotou-se também o critério de ralear os coletores, retirando 50% deles, alternadamente. Foram utilizados calcário e fertilizante granular (4-14-8). Para o calcário, a dosagem estipulada foi de 3.000 kg/ha e, para adubo granular, a dosagem estipulada foi de 530 kg/ ha. Para a análise dos dados utilizou-se o programa Adulanço , já mencionado.

Os resultados mostraram ser possível adotar um método simplificado para a determinação da largura efetiva de trabalho com esse tipo de máquina e qualquer coisa que for feita nesse sentido é melhor que a regulagem da máquina por critérios subjetivos. A medição do volume mostrou-se eficiente, comparado com o uso da balança. A alternativa de utilização de 50% dos coletores também apresentou resultados satisfatórios, em comparação com àqueles obtidos com o método padrão (ISO 5690/1). Dessa forma, pode-se dizer que um teste com esse nível de simplificação e bem conduzido poderá garantir a qualidade da aplicação. Talvez ainda possa ser considerado um processo trabalhoso para quem vai utilizar a máquina em 5 ou 20 hectares, mas para quem está se preparando para uma temporada de calcariação ou de adubação de cobertura de vários talhões ou mesmo em grandes propriedades, com uma frota de máquinas, isso é o mínimo que se espera do gerente. Aquele tempo em que se estendia uma lona preta para visualizar a distribuição ficou para trás. . M José Molin, Esalq - USP

Fig. 1 - Exemplo do resultado de um teste com aplicadora de calcário, mostrando a desuniformidade na dosagem expressa pelo CV com função da largura de trabalho

* 10000 LE*v

Onde: D é dosagem em kg/ha; Q é vazão em kg/s; LE é largura efetiva em metros e v é velocidade em m/s. Em muitos casos, o manual que acompanha a máquina oferece informações bastante confiáveis. No entanto, essa não é uma regra. Devido à falta de conhecimento dos agricultores com relação aos diferentes tipos de regulagens dos mecanismos distribuidores de muitos aplicadores a lanço de mercado, é que justifica-se um teste. Esse teste, como visto anteriormente, requer alguma sofisticação no equipamento. Porém, mesmo esse teste pode ser simplificado, desde que ofereça mínimas condições para uma avaliação técnica e não apenas visual. Nesse sentido, foi desenvolvido um trabalho para testar a viabilidade da determinação da largura efetiva de aplicadores a lanço, com a utilização de métodos simplificados, tendo em vista a relativa complexidade desse Julho/Agosto 2002

Fig. 2 - Exemplo do resultado de um teste com aplicadora de calcário, mostrando a desuniformidade na dosagem expressa pelo CV com função da largura de trabalho

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Tratores

transmissão - parte III

Conceitos, terminologia e dicionário das caixas de câmbio

Formulação da transmissão Em artigos anteriores vimos aspectos relativos à missão e aos componentes das transmissões. O problema não é a existência de muitas marchas, e sim que, até que não se suba no trator, fica difícil saber quantas marchas ele tem, se não lermos a informação aos catálogos e, inclusive, do próprio manual de instruções do trator já adquirido

A

razão é a versatilidade do trator e a concepção modular da caixa de câmbio. O fabricante do trator fabrica uma série que compreende vários modelos. O normal é que tenham características comuns e diferenças, por exemplo, na potência e, é lógico, na transmissão. Com o fim de baratear custos, as caixas de câmbio se estruturam em sub-caixas, que podem ir encaixando-se ou não em um trator. Isso não só em um modelo, pois dentro do próprio modelo as possibilidades são numerosas. Isto não é uma novidade, porque a potência varia de um modelo para outro da série mas, dentro de um mesmo modelo, é fixa (com todas suas variadas formas de expressar, mas fixa). Na transmissão, dentro de um modelo, há opções no diferencial e na caixa de câmbio. Quanto ao diferencial, é mais raro que o usuário chegue a solicitar uma ou outra opção, em primeiro lugar porque não chega a tomar conhecimento de que existem. É uma opção do

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fabricante, em função, precisamente, das opções de caixa de câmbio que se coloquem. Vamos, então, com a caixa de câmbio. Temos uma série de sub-caixas e podemos tentar fazer combinações, com certas restrições, já que nem todas estão permitidas. A razão é que a posição de uma possível sub-caixa é, precisamente, no mesmo lugar que outra, não sendo possível, assim, ter as duas ao mesmo tempo. Outras vezes, uma sub-caixa opcional somente é possível nas marchas à frente. Nem nos referimos às opções de câmbio em carga, que às vezes não se podem selecionar em marchas curtas, marcha à frente suplementar ou em muitas outras que podem passar pela nossa cabeça. Nem sempre é fácil encontrar a maneira de representar o número de marchas. Por certo, o mais fácil é dizer o número total, ou decompor-lo em dois: à frente e a ré. Tirando estas duas possibilidades, fica confuso encontrar a maneira de expressar a fórmula mágica resultante na opção escolhida. www.cultivar.inf.br

FORMULAÇÃO DA CAIXA DE CÂMBIO Nos catálogos dos tratores se encontra, freqüentemente, informação relacionada ao número de marchas do tipo à frente/à ré (20/20; 32/32;...). Depois, no manual de instruções temos que buscar a que corresponda ao trator adquirido, e aí aparece a confusão. Quando um agricultor sobe no trator as dúvidas se dissipam porque as alavancas mostram . O problema vem depois, ao descer do trator e tratar de consultar de novo nosso precioso manual de instruções. A primeira reação de uma pessoa medianamente normal é perguntar-se por que nos dão tanta informação das caixas que não correspondem à que foi comprada. Sabemos que é mais barato fazer o macro-manual de toda linha e entregá-lo a todos compradores, e depois nos queixamos de que eles não o lêem. Mas é um ato heróico lê-lo! Além disto, não seria mais barato que preparassem pequenos anexos de Julho/Agosto 2002


Opções possíveis na transmissão do trator FIAT WINNER e Fórmulas resultantes Hi-Lo 5ª AV 2 AV 2 AV 2 AV 2 AV 2 AV 2 AV 2 AV 2 AV +1 AV +1 AV

AV: Marchas à frente

Inversor 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

Caixa Vel Gamas 4 4 4 4 4 3 4 4 4 4 4 3 4 4 4 3 4 4 4 3 4 4 4 4

cada opção e me dessem somente o que correspondesse ao que comprei? Com a mistura de opções, no mesmo manual, pode ocorrer que, o que em uma caixa se chama Gama Média, em outra se chama Gama Alta, para não falar dos famosos problemas zootécnicos, já que a tartaruga de uma caixa se converte em lebre na outra, além disso, a lebre algumas vezes é sincronizada e outras vezes não. Bom, já sabemos que com uma mínima atenção, esclarecimento e boa vontade tudo fica claro, mas é formidável que nos exijam esta dose de entendimento e boa vontade nas caixas de câmbio e depois nos considerem incapazes de entender as possíveis formas de expressar a potência dos motores. É que somos muito espertinhos para uma coisa e... para outra? É terrível saber com precisão, para todas as séries e modelos, as possíveis opções. Imaginem para o pessoal de assistência técnica que visita dois tratores do mesmo modelo no mesmo dia, mas com uma caixa diferente, uma com a lebre sincronizada e a outra não. Ou fica atento, ou se engana facilmente. Retomemos ao assunto da formulação. De maneira geral, pode-se dizer que se as sub-caixas estão em série, sabendo das possibilidades de cada uma, multiplicar-se-ia o número de marchas de cada sub-caixa para obter o total.

RS 2 2 2 2 2 2

Total 16 + 16 32 + 16 = 48 24 + 12 = 36 32 + 32 = 64 64 + 32 = 96 48 + 24 = 72 32 + 16 = 48 24 + 12 = 36 64 + 32 = 96 48 + 24 = 72 20 + 16 = 36 40 + 32 = 72

Formulação 2x4x4 = 32 [(2x4x4) + (4x4)] = 48 [(2x4x3) + (4x3)] = 36 2x4x4x2 = 64 [(2x4x4x2) + (4x4x2)] = 96 [(2x4x3x2) + (4x3x2)] = 72 [(2x4x4) + (4x4)] = 48 [(2x4x3) + (4x3)] = 36 [(2x4x3x2) + (4x3x2)] = 96 [(2x4 x3x2) + (4x3x2)] = 72 [((4+1) x4) + (4x4)] = 36 [((4+1)x4x2) + (4x4x2)] = 72

Assim, um trator com um inversor (AV/AR), uma caixa de quatro velocidades e uma caixa de gamas de três velocidades, teria a seguinte formulação:

e 16 para trás. Se fosse um trator de 4 marchas e 4 gamas, mais inversor, a formulação seria: 2 (AV/AR) x 4 (marchas) x 4 (Gamas) = 32 (16 + 16). No terceiro caso, aparece um número de marchas à frente, 31, que indica que a marcha mais longa na gama de transporte não está disponível. Se estivesse, haveria 32 + 12. E como se produzem? Não sei, porque as 12 para trás poderiam ser de uma caixa com 4 marchas e 3 gamas, mas e as marchas à frente? Pode-se pensar que para frente é possível selecionar 8 gamas, de maneira que com as 4 marchas se obtenham as 32. Inclino-me a pensar que se mantenham as 4 gamas e as 4 marchas, mas com um Hi-Lo que as duplique e somente funcione nestas marchas para frente. Desta maneira, ficaria 2 (Hi-Lo) x 4 (marchas) x 4 (gamas) = 32. Se lhe tiramos a última, 31. A fórmula completa, para 32 AV, será:

2 (AV/AR) x 4 (Marchas) x 4 (Gamas) = 32 marchas

[2 (Hi-Lo) x 4 (marchas) x 4 (gamas)] + [4 (marchas) x 4 (gamas)] = 48 (32 AV + 16 AR)

Esta fórmula se costuma decompor, separando as marchas à frente e para trás, de maneira que seria 16 + 16. Nem sempre é tão simples, pelas restrições que têm alguns componentes das sub-caixas. Outras vezes, a coisa é incorreta. Por exemplo, nos encontramos com formulações que indicam: 8x2; 16x16; 31x12. No primeiro caso, a coisa está clara. É um trator com 16 marchas, 8 à frente e 8 para trás. Mas seria melhor ter posto 8 + 8, neste caso, ficaria de ambas maneiras 16, que é o número total de marchas. O lógico é pensar que há uma caixa com 4 marchas. No segundo e terceiro caso, as coisas são diferentes. Lamentavelmente, a soma e o produto não são da mesma operação (e não vale mudar 16+16 por 16x16, que vale 256). Não, o trator não tem 256 marchas, e sim 16 à frente

Coloquemos outro exemplo de opções e formulações com a transmissão do trator FIAT WINNER. Como modelos, temos o 100, 115, 130 e 140. Este trator pode ter ou não Hi-Lo (somente em marchas à frente); tem um inversor para frente/para trás (isto sempre, claro); há duas caixas de velocidades, com 4 ou 5 marchas, mas a 5ª somente se pode selecionar nas marchas à frente; há duas possíveis caixas de gamas, com 3 ou 4 gamas podendo pôr um redutor suplementar (RS). Quando a caixa tem Hi-Lo, não se pode ter opção para a 5ª marcha. Por último, o Hi-Lo funciona como direta (Hi) e reduzida (Lo), nas versões de 30 km/h e como Lo (direta) e multiplicada (Hi), nas de 40 km/h. Na figura anexa podem ver-se as opções de caixas e as formulações que se podem estabelecer. Em conjunto, há 12 combinações possíveis. Vejamos o que ocorre no Hi-Lo. Evidentemente, sempre uma marcha é mais alta que a outra. A mais alta se chama Hi (lebre) e a mais baixa,

f

Caixa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12


Trator FIAT WINNER F-130

Caixa 5 : [(2 x4 x4 x 2) + (4 x 4 x 2)] = 96 marchas (64 AV + 32 AR). 30 km/h

S1 : AR-AV S2 : 4ª - 3ª S3 : 2ª - 1ª S4: N-RS E-Ant : AV Direta (Hi) E-Post : AV Reduzida (Lo) (30km/h) E-Post : AR D1 : IV-III D2 : II-I

Hi-Lo: Óleo sob pressão : Funciona E-ant Óleo sem pressão : Funciona E-Post Se atua E-ant; S1 não atua Se atua E-post; com S1 : AV(Hi) e AR 1 ...... 8

Eixos

RS: Redutor Suplementar: 2 marchas, N e RS DIF: Diferencial

Órgãos de comando da caixa

... Lo (Tartaruga). Nas caixas correspondentes a 30 km/h, a lebre é uma marcha direta, enquan-

to que a tartaruga reduz a marcha. Nas caixas de 40 km/h, a tartaruga é direta e a lebre, multiplicada. Muitas vezes, se recorre à alternativa de apresentar a formulação de maneira gráfica, com as figuras das velocidades em todas as marchas. Tudo é válido e tudo ajuda. Porém, muitas vezes, produz um resultado mais com-

P. Linares. Novembro 2000

plicado para trabalhar, pois se são muitas marchas, é demorado ir contando os retângulos para ver o número total de marchas. Parece-me ser mais adequado como complemento à formulação.

CONCLUSÕES DA TERCEIRA PARTE Seria bom eliminar do manual do usuário as opções de caixa de câmbio que não correspon-

dem ao modelo adquirido. O número de marchas da transmissão se pode expressar facilmente mediante uma fórmula que indique a organização da caixa de câmbio em sub-caixas e o nú.M mero de marchas em cada uma delas. Pilar Linares, Departamento de Engenharia Rural, Universidade Politécnica de Madrid, Espanha Tradução: Fernando Schlosser

Transmissão Fiat Winner

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A primeira reação de uma pessoa medianamente normal é perguntar-se por que nos dão tanta informação das caixas que não correspondem à que foi comprada

Restrições : 5ª marcha só nas marchas para frente A opção Hi-Lo só nas marchas para frente Quando está colocado o Hi-Lo, não se pode ter 5ª marcha O Hi-Lo funciona como Hi-Lo (Direta/reduzida) nas versões de 30 km/h Lo-Hi (Direta/Multiplicada) nas versões de 40 km/h

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Novidades pesquisa

Cabinas de tratores

Barulho sob controle A

operadores são: adequada sonorização, aumento da visibilidade e do conforto térmico, diminuição das vibrações e melhoria nas posições dos controles e instrumentos. Neste sentido, a cabina para tratores foi um importante avanço tecnológico. Atualmente, ainda é pequeno o número de tratores agrícolas que dispõem originalmente deste, digamos, acessório importante. Dizemos acessório, pois as cabinas não são essenciais ao funcionamento do trator, embora venham a melhorar as condições de conforto do operador. O mercado nacional é crescente, principalmente para as máquinas envolvidas em tratamentos fitossanitários e em algumas regiões onde as condições climáticas favorecem. No mercado europeu e norte americano este equipamento é quase obrigatório. Talvez uma pessoa que não entendesse bem o sistema agrícola brasileiro pudesse perguntar: Por que se usa na Europa e Estados Unidos e não se usa no Brasil, se os argumentos são favoráveis à saúde do operador?

Fernando Schlosser

partir da década de 60 inicia a modernização da agricultura brasileira, pelo incremento da utilização de máquinas e tratores agrícolas. Priorizando o desempenho e a produtividade, os fatores menos valorizados no projeto dos tratores agrícolas foram o conforto e a segurança, em detrimento da saúde dos operadores. O projeto dos tratores agrícolas centrava-se na maximização da eficiência do trator, em despeito ao fator humano. Atualmente, há uma tendência para a melhoria das condições de ergonomia e segurança do operador, visando melhorar as condições de trabalho, diminuir o nível de fadiga ao qual este está exposto, diminuir o risco de acidentes e aumentar a produtividade e qualidade do trabalho. Dentre os diversos fatores relacionados à ergonomia e à segurança a serem observados durante o projeto de um trator agrícola, merecem destaque as condições de visibilidade e exposição ao ruído. No projeto de máquinas agrícolas, os fatores mais importantes para aumentar a eficiência, a segurança e diminuir a fadiga dos

A cabina para tratores foi um importante avanço tecnológico

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Necessitaríamos tempo e espaço para mico situa-se entre 24 e 27ºC para a maioria realizar um raciocínio completo e abran- dos indivíduos. Existem equações matemátiger todas as questões que surgem na dis- cas muito complexas que expressam o conforcussão deste assunto. Mas começaremos to térmico, e algumas características do ambipela questão econômica. Um trator é um ente do operador influem diretamente sobre bem agrícola, útil pela sua capacidade de ele, como: trabalho, e com um custo de aquisição que reflete no custo horário e que, por sua vez, Pressurização da cabina; influi no custo de produção dos produtos Filtragem do ar que entra; agrícolas em que ele está envolvido. Como Ventilação, ou seja, a movimentação do ar; o preço do nosso produto agrícola é baixo, Aquecimento ou esfriamento do ar e do pois necessitamos concorrer em nível in- ambiente; ternacional, precisamos trabalhar com mí- Vedação. nimos custos de produção e retornando ao raciocínio inicial, com máquinas baratas e eficientes. Um segundo ponto a ser considerado é o cultural. O operador de máquinas é geralmente mal remunerado e de um baixo nível cultural, em poucos casos é o dono do negócio. Assim, presume-se que ele não necessite conforto por ser rude e resistente. Dizem, freqüentemente, que nos países desenvolvidos é o dono e a sua família que trabalha, por isto existe tanto conforto nas máquinas. Talvez tudo isto tenha uma verdade, pelo menos relativa. O terceiro aspecto é legal. Enquanto a legislação brasileira for tolerante quanto aos aspectos de exigência de melhores condições de trabalho aos operadores rurais, de ninguém vai partir a iniciativa de melhorar as condições de conforto e segurança dos operadores. Por exemplo, na Holanda o limite para as concentrações de pó no A cabina também protege o operador do sol, ambiente de trabalho é de 15 chuva, calor e gases emitidos pelo motor mg/m3, independentemente se é trabalhador da indústria ou agricultura. Assim, o produtor rural de lá PROJETO DE CABINAS não vê outra alternativa que não comprar um trator com cabina, pois em algumas Para o projeto de uma cabina de uso agríoperações agrícolas, como o preparo do cola é imprescindível que haja possibilidade solo, as concentrações de pó são em média de circulação fechada de ar, isto é, que se im146 mg/m3, com picos de 577 mg/m3, peça totalmente a entrada de ar externo, reconforme medições feitas. Nestas condi- circulando o ar interno, útil nos casos de aplições extremas, mesmo com cabinas pres- cação de produtos agrícolas. Desta maneira, surizadas, o nível chega a quase 25 mg/ se impede a intoxicação do operador pelo uso m3, na zona ocupada pelo operador. do ar condicionado ou mesmo do ventilador durante a aplicação. Também devem ser coloCONFORTO cados filtros na entrada do ar externo e na saída do ar condicionado. O conforto é algo relativo, pois depenQuanto à vibração, que se transmite pelos de das condições do posto de trabalho e pontos de ancoragem da estrutura, as cabinas das características do ser humano. Quan- devem ser montadas sobre plataformas unito à temperatura, conceitua-se como con- das ao trator por meio de silents blocks , que forto térmico o estado mental que expres- são estruturas de isolamento à vibração, cuja sa a satisfação do operário com o seu am- eficiência depende do grau de transmissibilibiente térmico, e a zona de conforto tér- dade da borracha e da freqüência da vibração Divulgação

Newton Peter

O operador de máquinas é geralmente mal remunerado e de um baixo nível cultural, em poucos casos é o dono do negócio

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O campo visual é definido como sendo a área que pode ser visualizada pelo operador, com o mesmo sentado no banco do trator

... que se quer diminuir. O piso da plataforma

também deve ser revestido pelos dois lados, o de baixo e o que serve de apoio ao operador. No projeto de cabinas deve ser evitada a colocação de chapas de grande dimensão, sem reforços, evitando a ressonância que provoca ruído. É muito importante a perfeita compatibilidade entre a posição da escada e a abertura da porta, que deve ser para trás. Geralmente, a estrutura de uma cabina é composta de três marcos, em cada lado, unidos por um teto na parte superior: O marco dianteiro deve servir de encaixe para o pára-brisa e de batente para a porta; O marco central contém as dobradiças das portas e, junto com o marco traseiro, forma uma pequena janela lateral; O marco traseiro suporta a janela traseira e suas dobradiças e fechos. Um dos fatores de encarecimento das cabinas dos tratores são os vidros que, em um bom projeto, devem ser curvos para evitar a presença de colunas suplementares. No mercado atual de cabinas para tratores, existem duas opções: Cabinas originais, com arco de segurança incorporado - Estas cabinas, geralmente fornecidas pelos próprios fabricantes de tratores, contêm o arco de segurança incorporado nos próprios marcos, geralmente formando uma estrutura de quatro pontos, ocupando o marco dianteiro e o traseiro. Desta forma, ocupam melhor o espaço e são melhores quanto à visibilidade; Cabinas alternativas, sem arco de segu-

Sistema de circulação de ar garante conforto e segurança

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rança - Geralmente são fornecidas por fabricantes especializados em cabina que costumam utilizar duas opções: § Sem arco de segurança - Estas cabinas podem adaptar-se ao arco de segurança existente do trator, montando-se por fora ou por dentro da estrutura contra o capotamento. O problema é que estas também podem ser montadas sem o arco de segurança, o que de certa forma é inadmissível, pois oferecem uma idéia de proteção quando na verdade não a proporcionam. § Com arco de segurança - Possuem o seu próprio arco de segurança incluído na cabina e adaptado para os diferentes modelos de trator. Atualmente, existem algumas possibilidades de compra de tratores com cabinas no nosso país e outras de equipar-se um trator que tenha sido comprado sem este item.

lho, sendo prejudicado pela presença de colunas, espelhos, maçanetas, reforços etc.

RUÍDO NO TRABALHO Durante o trabalho, os operadores são expostos a fatores insalubres, dentre os quais destaca-se o ruído, pois este pode causar danos físicos e mentais irreversíveis como a perda de audição, que pode ocorrer de forma gradual. Analisando 111 tratoristas, Fernandes

VISIBILIDADE O campo visual é definido como sendo a área que pode ser visualizada pelo operador, com o mesmo sentado no banco do trator. Um bom campo visual é considerado essencial devido a diversos aspectos. Os dois principais referem-se ao tempo de reação e à fadiga. Sob boas condições de visibilidade, o operador tem uma capacidade de reação mais rápida, o que colabora para a diminuição dos riscos de acidentes e, também, aumenta a eficiência do trabalho. É importante salientar, ainda, que este tempo de reação aumenta sensivelmente a partir do momento em que o operador encontra-se fatigado em seu trabalho. Esta fadiga pode ser oriunda, dentre outras fontes, do próprio campo visual inadequado, o que leva o operador a movimentar-se constantemente para visualizar determinadas partes do conjunto trator-implemento. Como conseqüência, o operador fica mais exposto a acidentes e a doenças ocupacionais. O campo visual pode ser influenciado por diversos fatores: altura do assento em relação à plataforma, porte do trator, características antropométricas do operador, presença, localização, ângulo em relação à direção de visão e largura de partes componentes, ângulo de inclinação da parte frontal do trator, entre outros. Portanto, a inclusão de itens relacionados ao conforto e segurança, como estruturas de proteção contra o capotamento e as cabinas, tende a diminuir o campo visual. O operador deve poder olhar para várias posições durante o trabawww.cultivar.inf.br

O ruído captado nas cabinas diminuiu de 91,4 dB, em 1971, para 79,6 dB, em 1984

(1991) detectou 59,8% destes com problemas auditivos. A precocidade desta perda auditiva demonstra a severidade da exposição, sendo que 42,9% de pessoas com até cinco anos de trabalho em condições insalubres já apresentam perda de audição induzida por ruído. Ruídos acima de níveis considerados salubres, além de prejudicar a saúde do operador, afetam negativamente seu desempenho no trabalho e aumentam o risco de acidentes, pois reduzem sua capacidade de concentração. Fisicamente, o ruído pode ser definido como sendo um som ou uma mistura complexa de sons, que causam uma situação de desconforto. Na prática, o som no ar é uma variação na pressão atmosférica normal. A unidade mais usual para a medição do ruído é o Decibel (dB). Porém, para melhor avaliar a sensação causada, deve-se expressálo em pressão sonora. Isto porque um aumento de 6 dB duplica a pressão sonora, de onde se conclui que pequenos acréscimos no nível de ruído, em dB, acarretam em um grande aumento de pressão sonora. A perda da capacidade auditiva é função do tempo de exposição e do nível de ruído, sendo também importante a freqüência de exposição e a sensibilidade de cada operador. É importante considerar, ainda, que as pecuJulho/Agosto 2002


liaridades de cada operação agrícola causam variação na carga a qual está submetido o trator e no ruído emitido. Em função desses fatores, fica difícil estabelecer limites rígidos de insalubridade. O limite máximo, para uma jornada média de trabalho de 8 h, é de 85 dB, sendo que a cada 5 dB de acréscimo ao ruído, reduz-se em 50% a máxima exposição diária permissível. A origem do ruído em tratores com cabinas são:

Transmissão pela ancoragem da estrutura da plataforma; Transmissão pelos batentes das portas; União entre vidros das janelas e estrutura; Circulação do ar da ventilação ou do ar condicionado; Entrada forçada de ar por orifícios e

Medições de ruído no posto do operador, com intervalo de treze anos, durante ensaios de tratores em Nebraska, EUA

frestas. Estudos sobre Sem cabina a 75% da potência 95,2 dB (A) os ruídos produzi1971 Com cabina a 75% da potência 91,4 dB (A) dos pelos tratores vêm sendo feitos Sem cabina a 75% da potência 94,0 dB (A) desde a década de 1984 Com cabina a 75% da potência 79,6 dB (A) 30. Os níveis encontrados estão em uma faixa alta, sendo que operá-los torna-se insalubre. Partindo-se de informações internacionais, quase todas as legislações dos Ortiz (1989) avapaíses fixam um nível máximo de ruído que o operador pode ser exposto, liou 128 tratores, em função do tempo de exposição em condições de trabalho, sendo enTempo de exposição máximo, h Nível de ruído, dB(A) contrados valores maiores de 90 dB, oito 90 com a maior parte seis 92 dispersa na faixa de dois 100 90-97 dB. Estes níveis de ruídos podem variar conforme a marca, modelo, potência e rotação do motor; marcha, implemento, umidade operador aos ruídos, trazem os maiores bee tipo de solo. Outros aspectos analisados fo- nefícios, conseguem também isolar o operam as fontes de ruídos. No motor, a exaustão rador de injúrias como sol, chuva, poeira, foi caracterizada como a principal, seguida da gases e calor do motor, deriva de defensihélice, filtro e vibrações mecânicas. vos, vibrações, e outros. Poucas são as avaliações feitas em nível Uma alternativa simples, para proteção do aparelho auditivo do operador, seria a uti- nacional, visando quantificar o efeito redulização de protetores auriculares, porém da- tor do ruído pelas cabinas. Dados extraídos dos de pesquisa revelam que somente 7,2 % de trabalhos estrangeiros mostram reduções dos operadores declaram utilizar algum tipo significativas. Pesquisas realizadas em Nede proteção nos ouvidos. A modificação da braska, EUA indicam que o aperfeiçoamenposição do escapamento e o redimensiona- to das cabinas vem tornando-as mais eficimento foram estudados por Fernandes entes na redução do ruído, pois, em uma (1991). A maior redução no nível de ruído comparação entre cabinas fabricadas com 13 encontrada foi de 16 dB, quando utilizado o anos de intervalo, entre 1971 e 1984, houve .M escapamento redimensionado e recolocado na uma boa evolução. parte inferior do equipamento. Neste contexto, as cabinas para tratores agrícolas, José Fernando Schlosser, como forma de diminuir a exposição do NEMA -UFSM


Divulgação

Estudo mostra redução considerável de ruídos em tratores cabinados

Com ou sem cabina F

oi realizada na Universidade Federal de Santa Maria uma comparação entre um trator equipado com cabina e um não equipado. Foram utilizados equipamentos e procedimentos de medição de ruído e de determinação do campo visual, de acordo com as normas internacionais. Este estudo repetiu uma análise feita no ano de 70, em que, em um trator sem cabina foram medidos 88,2 dB(A) a 75% de potência e, depois que se instalou uma cabina comercial, o ruído medido foi de 94,1 dB(A). Como o resultado foi ruim, os pesquisadores revestiram a cabina e o ruído, então, diminuiu para 84,3 dB(A). Os níveis de ruído desenvolvidos pelo trator aumentaram linearmente com o aumento da rotação do motor, e a influência das rotações aplicadas foi quantificada através de análises de regressão para as diferentes configurações de montagem. Seus níveis de representatividade (r2) foram altos, mostrando serem efetivas no uso de determinações das influências das rotações a cada montagem executada. A influência dos níveis de rotação sobre o ruído, no uso do trator montado sem cabina, do conjunto cabinado com aberturas e do conjunto cabinado fechado, está representada na Figura 1. Quando à visibilidade, nota-se que a presença da cabina influenciou negativamente o campo visual. Uma representação esquemática das áreas de visibilidade nula, para as duas situações comparadas neste trabalho, é apresentada na Figura 2. Por esta Figura, pode-se

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Máquinas

inferir que o menor campo visual proporcionado pelo trator com cabina deveu-se à área de projeção dos acessórios e partes componentes da mesma, visto que a projeção do corpo do trator foi semelhante para os dois casos. Assim, fica comprovada a tendência indicada por Menezes et. al. (1985) e Robin (1987), em que a cabina, embora seja um elemento que aumente as condições de conforto ao operador, apresenta uma influência negativa sobre o campo visual. Analisando-se os resultados, verifica-se também que a cabina, devido à diminuição do campo visual por ela provocada, tende a

aumentar o risco de ocorrência de acidentes, pois essa diminuição ocasiona prejuízos substanciais à capacidade de percepção do operador. Conforme exposto por diversos autores (Menezes et. al, 1985; Robin, 1987; Grandjean, 1998; Kochler, 1999), qualquer sinal de perigo que se apresente e fique localizado dentro das áreas de visibilidade nula, ocasionada tanto pelo corpo do trator como também pela projeção de seus acessórios, não será visualizado pelo operador ou, pelo menos, será percebido após um determinado tempo. Isso significa, em termos práticos, um considerável incremento no tempo de reação do operador

FIG. 1 Influência dos diferentes níveis de rotação sobre o ruído analisado no uso do trator sem cabina (ysc), cabinado com aberturas (yca) e cabinado fechado (ycf)

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Quando à visibilidade, nota-se que a presença da cabina influenciou negativamente o campo visual

ao perigo, o que pode levar a um acidente. Além disso, a redução no campo visual, em função do uso de cabinas, detectada neste trabalho, ocasiona um aumento na fadiga do operador, pois este é obrigado a movimentar-se com maior freqüência para visualizar determinadas regiões do conjunto trator implemento. Outro aspecto analisado por este experimento foi a influência da montagem da cabina sobre os diferentes campos visuais. O Quadro 2 apresenta as áreas do campo visual estacionário dos olhos e as obtidas com o movimento da cabeça (respectivamente, campos visuais A, B e C), bem como as áreas sombreadas por obstáculos (anteparos) existentes no trator e na cabina. A Figura 2 esquematiza as áreas sombreadas pelos anteparos em cada campo visual. Apesar dos prejuízos advindos da redução do campo visual pela adição de cabinas, há de se considerar também a influência positiva que estas exercem sobre as condições ergonômicas do trator. Seguindo os estudos de Robin (1987) e Grandjean (1998), as cabinas protegem o operador de condições ambientais desfavoráveis, como ruídos, temperaturas muito elevadas ou muito baixas, poeira, umidade, entre outros. Além disso, a presença de espelhos retrovisores no trator, quando equipado

com cabina, melhora a visualização do trabalho executado, diminuindo a necessidade de o operador girar em torno de seu próprio eixo.

CONCLUSÃO Diante do exposto, é importante que o projeto das cabinas seja feito de forma a diminuir o máximo possível a existência de suportes que impeçam a visibilidade do operador.

Também deve-se levar em consideração a localização dos obstáculos, de maneira que, sempre quando for possível, os mesmos coincidam com suas projeções. Quanto à diminuição do ruído, há uma necessidade de melhor revestir-se e ajustar os componentes das cabinas, além de trabalhar melhor no projeto das mesmas, com intuito de evitar vibrações que se confundam com o .M ruído.

FIG.2 Área de visibilidade nula do trator, nas duas montagens analisadas Quadro 1 Trator sem Cabina

Quadro 2 Trator com Cabina


Máquinas para fenação

Forragem mecanizada A

conservação de forragens pode ser comparada a uma poupança, uma vez que permite estocar os excessos de alimento produzidos em épocas em que a produção exceda a demanda, para utilizá-los em períodos de escassez. Esta prática também visa a colheita de plantas com elevado valor nutritivo e níveis de produtividade por unidade de área, em épocas definidas do ano, conservando-as de modo a poder oferecê-las aos animais durante o ano todo ou nos períodos de maiores necessidades de suplementação. A fenação é a colheita e o armazenamento de plantas forrageiras de alto valor nutritivo, para futura utilização como volumoso para animais ruminantes. Consiste no corte das plantas, na redução do teor de água para menos de 20 % e no recolhimento do feno a granel ou formando fardos, sendo preferível a segunda opção, para facilitar o manuseio e reduzir o volume ocupado durante o armazenamento. Quanto mais rápida for a secagem da forragem, melhor será a qualidade do feno obtido. O conjunto das operações de ceifa ou corte, revolvimento, enleiramento, enfardamento e armazenamento pressupõe o uso de uma série de máquinas, embora também possam

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Máquinas

ser utilizadas ferramentas manuais, em pequena escala de produção. Serão descritas, a seguir, as operações de corte da forragem, de revolvimento e de enleiramento e as máquinas que podem ser utilizadas em cada uma.

CORTE DA FORRAGEM

New Holland

Conheça algumas das máquinas mais utilizadas para corte, enleiramento e revolvimento da forragem

dráulico de três pontos, porém alguns modelos são tracionados pela barra de tração. Em ambos os casos, a parte ativa da segadora atua lateralmente ao rodado traseiro direito do trator. Em países da Europa, também são encontradas segadoras montadas frontalmente ao trator (neste caso são centralizadas) ou mesmo combinações de duas máquinas, onde uma é montada na frente e outra na parte traseira do trator. Segadora de barra - Esta máquina corta a forragem à semelhança de uma tesoura, através de duas lâminas cortantes paralelas, sendo uma denominada contra-faca, fixada nos dedos, e outra móvel, montada em uma barra alternativa, constituindo a navalha propria-

Para uma rápida secagem do feno, recomenda-se realizar o corte da forragem pela manhã, o mais cedo possível, porém sempre após a evaporação do orvalho. As máquinas utilizadas para o corte da forragem destinada à fenação denominam-se segadoras. De acordo com o tipo de ferramenta ativa, as segadoras podem ser TAB. 1 Dados comparativos entre dois modelos de segadoras classificadas em segadoras de barras ou segadoras Características Barra de corte Rotativas rotativas. A maioria das segadoras em uso no Velocidade da ferramenta cortante 675 950 ciclos / min 1500 3500 rpm Brasil são acoVelocidade de avanço (km/h) 4 7 10 16 pladas na parte Capacidade de trabalho (ha/h) 0,3 1 1 2 traseira do trator, Potência de acionamento (kW) 4 10 20 32 através do sisteFONTE: ORTIZ-CAÑAVATE, 1984 ma de levante hiwww.cultivar.inf.br

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Lavrale

As máquinas utilizadas para o corte da forragem destinada à fenação denominam-se segadoras

teção. Segadoras rotativas - As segadoras rotativas podem ser de discos, que são acionados por baixo, montados lado a lado em uma barra de corte, ou de tambores, acionados de cima para baixo. Ambas promovem o corte através do impacto Segadoras rotativas a disco permitem o corte a uma de lâminas montavelocidade de 20 Km/h das na periferia de um disco que gira em alta velocidade (70 a 90 m/s). A grande vanta- rem maior potência de acionamento (Tabela gem das segadoras rotativas reside na sua ele- 1) e apresentam custo inicial mais elevado do vada capacidade de corte de forragem, mes- que as segadoras de barra. Apesar disso, devimo que esta se encontre acamada ou emara- do às vantagens incontestáveis que apresennhada, podendo a velocidade de deslocamen- tam no seu desempenho, as segadoras rotatito chegar a 20 km/h. Estas segadoras também vas são a tendência mundial da atualidade. Segadoras-condicionadoras - Para aceleapresentam um tipo de suspensão, que auxilia no seu deslizamento sobre o terreno, copi- rar a perda de água após o corte das forragens, ando o micro-relevo e reduzindo impactos com as segadoras podem ser conjugadas com disobstáculos próximos do solo. A largura de corte positivos denominados condicionadoras, pasdas segadoras rotativas disponíveis no merca- sando a denominar-se segadoras-condicionado nacional varia de 0,5 m até aproximada- doras. As condicionadoras podem exercer ação mente 2,0 m. As segadoras rotativas reque- de amassamento ou raspagem da cerosidade

f

mente dita. A barra de corte mede entre 1,40 m e 2,20 m e apresenta dois patins nas extremidades, através dos quais desliza sobre o terreno. Seu corte é limpo , não prejudicando o rebrote das plantas, pois as partes remanescentes não são danificadas. A potência de acionamento requerida é baixa (Tabela 1), concorrendo para um baixo consumo de energia por unidade de área trabalhada. Outra vantagem é o baixo custo de aquisição, quando comparada às demais segadoras. Como desvantagem principal, apresenta elevada suscetibilidade ao acúmulo de terra, material vegetal seco ou forragem já cortada, na frente da barra, dificultando ou impedindo o corte, especialmente quando o material a ser ceifado encontrase acamado ou emaranhado. Sempre que isso ocorre, o desempenho da operação fica comprometido, uma vez que o trabalho deve ser interrompido, implicando em perda de tempo no campo. A navalha alternativa é acionada pela tomada de potência (tdp) do trator, a 540 rpm, originando uma freqüência de aproximadamente 700 ciclos por minuto. A barra acompanha livremente as oscilações da superfície do terreno, sendo o seu peso parcialmente suportado através de molas. No caso de encontrar algum obstáculo, a barra dispõe de um mecanismo de destravamento, para a sua pro-


Mainero

Ancinho rotativo - O ancinho rotativo pode ser utilizado para esparramar, assim como para enleirar forragem. Consta de pares de rotores, nos quais encontram-se de seis a oito braços articulados, cujas extremidades são ligadas a dentes (dedos) duplos combinados com molas. O giro do rotor imprime um movimento aos braços do ancinho, de tal forma que as extremidades dos dedos descrevem um círculo sobre o terreno, quando a máquina está parada (os dois rotores giram à mesma velocidade, porém com sentidos de giro opostos). Deslocando-se a máquina em funcionamento, o giro dos rotores ocasiona um efeito de Ancinho de rodas dentadas verticais pode ser usado para enleirar ou revolver leiras

... que recobre as plantas e, com isso, facilitar a

evaporação da água contida na forragem ceifada. As segadoras-condicionadoras podem apresentar barra de corte com navalhas alternativas ou com discos. No primeiro caso, são equipadas com um molinete, cuja função é retirar a forragem e o material que possa acumular-se sobre a barra de corte, promovendo uma alimentação uniforme do mecanismo condicionador. Estas máquinas, via-de-regra, são tracionadas e a altura de corte pode ser ajustada através de cilindros hidráulicos de controle remoto. O dispositivo condicionador pode ser constituído por pares de rolos entre os quais a forragem é amassada, com pressão ajustável através de molas ou por rotores contendo dentes radiais flexíveis (dedos) e placas corrugadas. São recomendadas, preferencialmente, condicionadoras com efeito de raspagem (dedos) no condicionamento de gramíneas e outras forrageiras perenes e condicionadoras de rolos para trevos, alfafa e leguminosas em geral.

REVOLVIMENTO E ENLEIRAMENTO Após o corte das plantas forrageiras e a secagem da camada superficial, deve-se revolver e distribuir a massa vegetal ceifada uniformemente sobre o terreno, para uniformizar e acelerar a perda de água em toda a camada. Esta operação é realizada com o auxílio de ancinhos mecânicos. A largura útil recomendável para um ancinho é de duas a três vezes a largura da segadora utilizada na operação de corte. A forragem ceifada, que ainda não alcançou umidade suficientemente baixa para ser armazenada, deve ser enleirada ao final da tarde, para diminuir a superfície de contato com o ar atmosférico e evitar o seu reumedecimento durante a noite. No dia seguinte, esta torna a ser esparramada, após a secagem do orvalho. O feno, pronto para ser recolhido ou enfardado, também deve ser enleirado. Para o enleiramento, utiliza-se o ancinho enleirador, que pode ser o mesmo empregado para o revolvimento ou esparramamento.

Rotores com dentes radiais flexíveis e placas corrugadas deixam corte uniforme

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Máquinas

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Os ancinhos de barras transversais varrem a forragem para o centro formando a leira

alimentação central, impulsionando a forragem para trás. Cada par de rotores é apoiado sobre duas rodas calibradoras da altura de trabalho dos dentes do rotor, que permite a adaptação da máquina às irregularidades do terreno. O efeito de aeração da forragem é acentuado com este tipo de ancinho, cuja largura de trabalho pode variar de 1,6 m até 4,8 m. Para reduzir perdas no revolvimento de forragem muito seca ou frágil (material como alfafa e outras leguminosas que, após seco, perde folhas com facilidade), a máquina deve ser operada com velocidade da tdp do trator abaixo de 540 rpm. Considerando que a velocidade recomendada para esta operação é de 5 a 7 km/h, estima-se que a capacidade de trabalho de um ancinho com dois rotores (largura de 1,60 m) varia de 0,6 a 1,0 ha/h. A utilização do ancinho rotativo para enleirar a forragem seca requer a colocação de placas defletoras na parte traseira ou lateral e pequenos ajustes que variam de acordo com o modelo de máquina. Ancinho de barras transversais - Este ancinho consta de um chassi, que sustenta uma espécie de molinete com três, quatro ou cinco barras transversais. As barras transversais Julho/Agosto 2002


A largura útil recomendável para um ancinho é de duas a três vezes a largura da segadora utilizada na operação de corte

Agora é brasileira

Nogueira

Rolos com pressão ajustável por molas amassam a forragem

medem de 1,60 m a 1,80 m e apresentam inclinação com a direção de deslocamento da máquina de 40º a 45º. Nas barras transversais, são montados dentes flexíveis verticais, medindo de 20 a 25 cm de comprimento (semelhantes aos dedos de um molinete de colhedora de grãos). O giro do molinete faz com que as barras transversais com seus dedos verticais aproximem-se do solo, de cima para baixo, desloquem-se para a esquerda (efeito de varredura lateral) e, posteriormente, tornem a afastar-se novamente do solo, de baixo para cima. Este movimento das barras, combinado com o deslocamento da máquina para frente, ocasiona o enrolamento de uma camada de forragem, formando uma leira. Existem regulagens específicas para obter o revolvimento de forragem e o esparramamento de leiras, porém dependem do modelo de fabricação. O acionamento do molinete que movimenta as barras pode ser através das rodas de sustentação da máquina (quando é tracionada) ou da tdp do trator (quando é montada). A velocidade de giro do molinete varia de 80 a 100 rpm para enleiramento, e de 150 a 170 rpm para esparramamento ou movimentação de leiras. O efeito do impacto das ferramentas Julho/Agosto 2002

ativas do ancinho sobre a forragem é menor do que aquele verificado nos ancinhos rotativos, podendo ocasionar menores perdas de folhas em forragens frágeis. Ancinho de rodas dentadas verticais - Trata-se de um chassi tubular, tracionado pelo trator, ao qual são montadas rodas ou discos com dentes flexíveis na sua periferia, medindo aproximadamente 1,30 m de diâmetro. As rodas dentadas apresentam giro livre sobre os seus eixos e a sua projeção sobre o plano de sustentação horizontal forma um ângulo com a direção de deslocamento, que varia de 30º (esparramar forragem) até 45º ou mais (enleirar feno seco). Cada par de rodas é montado nas extremidades de um sub-chassi em formato de J , posicionado horizontalmente. Variando a posição e a angulação do sub-chassi e do chassi, em relação à direção de deslocamento da máquina, pode-se obter diferentes funções do ancinho, como enleirar material esparramado, revolver material ou movimentar leiras sem juntar as mesmas. Os discos ou rodas dentadas giram pela ação do solo sobre os seus dentes, de modo que a sua velocidade depende da velocidade de deslocamento do conjunto trator/ancinho (pode chegar a 10 km/h) e do ângulo das rodas dentadas com a direção de deslocamento. Cada par de rodas dentadas gira apoiando-se sobre o solo, copiando eventuais irregularidades do terreno e movimentando a forragem com suavidade (importante no caso de forragens frágeis de leguminosas). Como desvantagens são citadas a dificuldade de manusear camadas muito espessas de forragem e a possibilidade do vento causar enrolamento da forragem nos discos. Ainda, apresenta limitações para esparramar leiras já formadas, a não ser que sejam de pequena espessura, como as resultantes da ação de algu.M mas segadoras. Walter Boller, Universidade de Passo Fundo www.cultivar.inf.br

A

John Deere inaugurou linha de montagem em Horizontina (RS) para produzir a colheitadeira 9750 STS, antes importada da fábrica de Illinois (EUA). Aconteceu em maio, com a presença do presidente mundial da empresa, Robert W. Lane. A 9750 STS é equipada com o sistema

Single Tine Separation de trilha e separação longitudinal, desenvolvido para garantir qualidade de trabalho mesmo em condições desfavoráveis, como alto volume de palha ou elevada umidade nos grãos. A máquina possui motor de 8.1 litros, com 325 cv de potência nominal e tanque graneleiro com capacidade para 10.570 litros. Seu tempo de descarga é de 2,16 minutos. A empresa oferece para equipar a 9750 STS plataformas de corte flexível de 30 pés (9,14m) e 25 pés (7,60m) e plataformas para milho de 8 linhas (90cm entre linhas), 10 linhas (70cm entre linhas) e 12 linhas (76cm entre linhas). Em 2001, a John Deere faturou R$ 604 milhões, sendo que 50% se originou da venda de colheitadeiras, 40% da de tratores e 10% da de plantadeiras. Neste ano, a empresa pretende atingir R$ 750 milhões em vendas.


Plantadoras plantio direto

Divulgação

Estudo avalia hastes sulcadoras utilizadas no plantio direto no Brasil

Ângulo ideal

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Máquinas

lação aos discos duplos. Assim, em algumas regiões, o uso de sulcadores do tipo

haste nas semeadoras diretas tem se generalizado, como alternativa para rom-

IAPAR

A

introdução e consolidação do sistema de semeadura direta resultaram em muitas alterações nas máquinas para semeadura, principalmente quanto a sua concepção e utilização. As semeadoras utilizadas em plantio direto eram compostas basicamente por um disco de corte de palha e por um conjunto de dois sulcadores de discos duplos, o primeiro para deposição de fertilizante e o segundo para deposição de sementes. Em função da tendência natural à acomodação da superfície dos solos na semeadura direta e da ocorrência de compactação nos solos argilosos, notadamente quando manejados com teores inadequados de água, em conseqüência do curto período disponível entre a colheita de uma cultura e a semeadura subseqüente, passou-se a empregar as hastes como sulcadores de fertilizantes nas semeadoras diretas. As hastes, também chamadas de facões, são ferramentas planas com superfícies de formatos variados e ponteiras na extremidade, cuja função é cortar e penetrar no solo. Apresentam maiores capacidades de penetração no solo em re-

Haste com ângulo de 20 graus e ponteira de 22 mm de espessura pode representar uma redução de 50% na ponteira requerida www.cultivar.inf.br

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depende do ângulo de ataque da QUADRO 1 ponteira, o que determina a intensidade de força HC1 vertical, no sentiHC2 do para cima. De HC 3 modo geral, o auHC 4 mento da profunHC 5 didade de operaHC 6 ção de uma haste HC 7 resulta, também, Haste IAPAR no aumento das forças vertical e horizontal atuantes. A operação de semeadura com hastes no plantio direto pode apresentar, ainda, deficiências IAPAR

per a compactação superficial dos solos, o que se constitui em uma das principais restrições para a expansão do sistema. Destaca-se que, quando utilizada adequadamente, a rotação de culturas com plantas de cobertura como o nabo pivotante, a aveia, centeio e milheto, dentre outras, aumenta a porosidade do solo e permite o uso de discos duplos ou simples na abertura de sulco ao invés de hastes sulcadoras. A maior profundidade de trabalho das hastes em relação aos discos duplos causa mobilização mais intensa de solo e exige maiores esforços de tração e potência dos tratores. Deve ser considerado, ainda, que a demanda de tração depende das variáveis do solo (umidade, textura etc) e a profundidade de penetração da haste

Força de tração requerida por diferentes modelos de hastes comerciais (HC) e pelo modelo desenvolvido pela Área de Engenharia Agrícola do IAPAR. IAPAR, Londrina-PR, 2002

Haste mais estreita garante melhor cobertura morta e menor perda de água do solo

Força média

Potência máxima motor em 9 linhas

kgf

cv

redução (cv)

% redução

121,8 102,6 111,1 104,3 101,7 102,0 108,1 88,5

81 73 73 75 66 69 68 54

27 19 19 21 12 15 14 -

50 35 34 39 22 27 25 -

quanto à cobertura e compactação de solo sobre as sementes. As hastes mais largas abrem demasiadamente o sulco, reduzindo a cobertura morta sobre o terreno e prejudicando a implantação das culturas em função de maiores perdas de água por evaporação. As mais estreitas apresentam sulcos menores e com mais palha na linha. No entanto, no trabalho com hastes, em função da maior profundidade de trabalho, os efeitos da deficiência de água para germinação e emergência de plantas são menores durante veranicos, como constatou-se em propriedades acompanhadas pelo IAPAR e ITAIPU BINACIONAL, onde lavouras semeadas com hastes sulcadoras tiveram emergência de plantas superior à semeadura com discos duplos. Assim, a implantação de uma lavoura com semeadora com discos duplos apresenta muitos riscos nos solos com textura muito argilosa, pois, devido à grande resistência destes solos, os discos não conseguem aprofundar mais do que 6 cm e as sementes ficam muito próximas do fertilizante. Além disto, os dis-

f

Com a racionalização da escolha da profundidade de trabalho, pode-se economizar potência do trator e, portanto, combustível


As hastes, também chamadas de facões, são ferramentas planas com superfícies de formatos variados e ponteiras na extremidade, cuja função é cortar e penetrar no solo

IAPAR, Londrina-PR, 2002

FIG. 01 - Potência no motor por haste, em função da profundidade de trabalho

nutenção e são mais caros. Com o objetivo de avaliar hastes sulcadoras de semeadoras-adubadoras de plantio direto, foram conduzidos pelo IAPAR, em Londrina-PR, em parceria com o PRONAF e a ITAIPU BINACIONAL, experimentos num Latossolo Roxo distrófico, com teor de argila de 68%, em diferentes teores de água no solo, profundidades de trabalho e diferentes modelos de hastes comerciais. Procurou-se determinar, para cada condição de trabalho, a mobilização do solo e o comportamento energético de modelos de hastes sulcadoras. Verificou-se que, por exemplo, aumentando a profundidade de 12 para 20 cm,

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Máquinas

do os custos de produção. Implica, também, na necessidade das semeadoras-adubadoras terem opções de regulagem das hastes quanto à profundidade de trabalho. Deve ser considerado, ainda, que as hastes semeadoras-adubadoras são desenvolvidas para operação até 15 cm de profundidade. Outro estudo desenvolvido pela Área de Engenharia Agrícola do IAPAR avaliou a força e potência requeridas por 13 modelos de hastes comerciais, trabalhando em uma mesma profundidade (Figura 2), sendo observadas diferenças de até 60% na força, a qual variou entre 140 e 225 kgf. Tal variação é função, principalmente, do projeto da haste, do ângulo de ataque da ponteira, do formato da haste e da largura da ponteira da haste, que neste estudo variou entre 13 e 41 mm. Considerando-se que a geometria da haste afetou a força e a potência requeridas de tração, foram realizados estudos posteriores considerando-se diferentes ângulos de ataque em relação ao solo e diferentes espessuras da ponteira da haste. Concluiu-se que o uso de hastes com formato parabólico, ângulo de ataque em torno de 20 graus (Figura 3) e espessura máxima da ponteira de 22 mm podem representar até 50% de redução na potência requerida de tração de uma semeadora-adubadora de plantio direto com 9 linhas, como pode ser observado no Quadro 1. Neste caso, a redução de 50% na potência significou uma redução máxima de 27 cv na potência no motor. . M Rubens Siqueira, Ruy Casão Junior e Augusto Guilherme de Araújo,

Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR)

IAPAR

... cos apresentam maior exigência de ma-

IAPAR, Londrina-PR, 2002

IAPAR, Londrina-PR, 2002

FIG. 02 - Força de tração requerida por 13 modelos de hastes comerciais de semeadoras-adubadoras de plantio direto

ocorreram aumentos na força de tração de 170 para 465 kgf (aproximadamente 180%), o que representa cerca de 5,4 cv e 14,3 cv no motor por haste, respectivamente, conforme pode ser observado na Figura 1. Estes resultados reforçam a recomendação de primeiramente se identificar a profundidade da camada compactada e, posteriormente, selecionar-se a profundidade de trabalho da semeadoraadubadora, o que representa um melhor conhecimento do terreno a ser semeado. Assim, com a racionalização da escolha da profundidade de trabalho, pode-se economizar potência do trator e, portanto, combustível. O aumento da demanda de potência em conseqüência do aumento da profundidade leva à necessidade da adoção da rotação de culturas e adubos verdes, como método de manejo cultural e biológico do solo, reduzin-

FIG. 03 - Ângulo de ataque da haste para redução da força de tração

Modelo desenvolvido pelo IAPAR www.cultivar.inf.br

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Opinião

O PENTA E O CAMPO

T

Algo em comum?

enho convicção que nenhum rin* cão deste país ficou sem saber que a seleção brasileira de futebol foi pentacampeã mundial na copa do oriente. Todos vibramos, festejamos com maior ou menor intensidade. Agora, passada a euforia, precisamos verificar as lições que aprendemos nesta disputa e no sucesso obtido. Foi a primeira vez que a copa se realizou em mais de um país. A cooperação entre ambos os países, embora com diferenças estruturais e de governo, resultou perfeita. A Coréia, no âmbito industrial, pode ser vista como subsidiária do Japão, pois neste nasceram as empresas e as tecnologias de produto e produção que hoje fazem aquela brilhar no cenário comercial internacional. A agricultura em si pode não ser proeminente em volume, mas é otimizada. Embora não seja recordista em produtividade de grãos, é energeticamente eficiente. Esta característica faz dos dois países um modelo em nosso setor. Voltando à campanha da seleção de Scolari, foi bastante difundido que eles foram vitoriosos porque tinham união, um objetivo em comum, qualificação, fé e visão, entre outros. Transpondo estas características para o campo, podemos nos perguntar se os produtores têm união entre si. Não uma união pontificada pelo corporativismo, pelos interesses mesquinhos, mas sim em defesa do negócio em si, acima até da categoria dos agricultores. Qual é o objetivo comum da agricultura ou do agronegócio? Quais as metas a atingir? Serão valores aleatórios, a superação ufanista de recordes de produtividade? Onde a quebra sucessiva de recordes pode nos levar? Talvez fosse melhor que tivéssemos um posicionamento claro das metas que

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Máquinas

queremos atingir, tanto em termos de volumes de produção quanto em produtividade. A busca irrefreada de produtividades extremas já nos mostrou, em outros países, Charles Echer

Arno Dallmeyer é Consultor Técnico da Cultivar Máquinas e Professor Titular de Máquinas Agrícolas no CT/UFSM

não ser o modelo ideal. Atualmente pensamos muito mais em rentabilidade. Outro item decisivo no sucesso da seleção foi a qualificação de cada membro.

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Até onde nós estamos qualificados para atuar neste jogo do agronegócio? Dos milhares de produtores de alto potencial (intelectual ou de base física), quantos estão preparados de fato? Como o Estado ou as federações estão tratando a questão educacional? Necessitamos uma preparação moderna e dinâmica para enfrentar o quadro global que se apresenta. Ainda dentro desta linha de idéias, a visão é que nos mostra o objetivo, e a fé nos move até lá. Imagino que o país deveria ter um amplo e consistente plano de desenvolvimento ou consolidação da agricultura. Não estou sugerindo, absolutamente, a criação de um programa de subsídios ou algo do gênero pois os nossos produtores já demonstraram sua competência de produzir sem a necessidade de serem sustentados pelo Estado ou por nossos impostos. O papel do Estado e das lideranças do agronegócio é simplesmente balizar caminhos, indicando riscos e oportunidades. Desta forma será possível planejar-se em longo prazo, como todo negócio que quer sobreviver necessita. O modelo de Luís Felipe Scolari nos serve de referência mais uma vez para entendermos que nem sempre quem mais grita tem razão, pois a despeito do clamor da grande imprensa especializada e até, ao que se sabe, do Presidente da República, o técnico manteve-se firme em seus próprios princípios e valores. O resultado todos conhecemos e festejamos. Que fiquem as lições! Espero que estas reflexões possam nos ajudar nas importantes opções que temos a fazer nos próximos meses: época de plantio, seleção e aquisição de máquinas, eleições para Presidente da Republica e Go.M vernadores de Estado...

Julho / Agosto 2002




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