Maquinas 137

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Cultivar Máquinas • Edição Nº 137 • Ano XII - Fevereiro 2014 • ISSN - 1676-0158

Nossa capa

Test Drive - Puma 185

Capa: Charles Echer

Matéria de capa

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Confira o desempenho do Puma 185, um dos modelos da nova linha de tratores de médio porte da Case IH, e as principais inovações da série que chega com dois modelos de transmissão

Destaques

Índice

Agricultura de Precisão

Colhedoras

Entenda como funciona a técnica do tráfego controlado em lavouras canavieiras e quais as suas vantagens

Saiba como ocorrem e como evitar as perdas na colheita mecanizada de algodão

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• Editor

Gilvan Quevedo

• Redação

Charles Echer Karine Gobby Rocheli Wachholz

• Revisão

Aline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia

NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• ASSINATURAS

• REDAÇÃO

• MARKETING

3028.2000 3028.2060

3028.2070 3028.2065

• Comercial

Sedeli Feijó José Luis Alves Rithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação Circulação

Simone Lopes

• Assinaturas

Natália Rodrigues Clarissa Cardoso

• Expedição

Edson Krause

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

C Cultivar Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br Direção Newton Peter www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480

Rodando por aí

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Aplicativo para pulverização

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Regulagens de grades

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Colhedoras de cana-de-açúcar

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Como identificar e descompactar o solo

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Test Drive - Trator Case IH Puma 185

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Controle de tráfego agrícola

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Perdas em colhedoras de algodão

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Regulagem de semeadoras de fluxo contínuo 38 Lançamentos do Show Rural 2014

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Inauguração Galleria New Holland

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Coluna Mundo Máquinas

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 173,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 € 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


rodando por aí

Agres

A Agres Sistemas Eletrônicos, empresa que trabalha com agricultura de precisão, esteve presente na Coopavel. De acordo com Márcio Blau, diretor comercial da Agres, a empresa fornece equipamentos de tecnologia nas áreas de navegação, pulverização, adubação, plantio e pecuária e o Show Rural é um excelente local para trocar experiências com clientes, entre os quais estão algumas das principais indústrias de máquinas agrícolas do Brasil.

Conectividade

A Geo Agri participou do Show Rural 2014 com sua linha de produtos para Agricultura de Precisão. De acordo com Rodrigo Ribas, representante de vendas, um dos destaques foi o monitor FmX, um display que interage com diversas soluções como DCM-300, componente da solução Connected Farm, embreagens pneumáticas e elétricas Tru Count Controlador de vazão e de seção Field-IQ. Para Renato Brant, gerente regional LA, todas estas soluções proporcionam aos produtores monitoramento completo de suas atividades na lavoura, feito desde o escritório da fazenda.

Marcel Martines e Márcio Blau

GSI

A GSI comemora a parceria firmada com o banco Bradesco durante a Coopavel. O convênio possibilita mais agilidade na liberação dos financiamentos para sistemas de armazenagem de grãos. A parceria está diretamente relacionada ao Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), programa do BNDES, que tem por objetivo apoiar investimentos necessários à ampliação da capacidade de armazenagem por meio da construção e ampliação de armazéns.

Crescimento

Detentora da marca Goodyear Farm Tires, a Titan Pneus apresentou na Coopavel 2014 seu pacote de soluções para máquinas agrícolas. Segundo o gerente de Vendas para o Brasil, Leandro Pavarin, as vendas mantiveram-se fortes durante o evento e os produtores contaram com o suporte dos consultores da Titan e das revendas DPaschoal e Renato Pneus. “Preparamos condições comerciais especiais para os visitantes e superamos em 12% as metas de vendas”, comemora Pavarin.

Rodrigo Ribas e Renato Brant

Bons negócios

A participação da PLA do Brasil na Coopavel foi um sucesso, segundo Tomas Lorenzzon, gerente de Marketing e Produto da marca. “O volume de negócios na feira aumentou 100% em relação ao ano passado. Somente com os pedidos durante o evento, o faturamento chegou a R$ 8 milhões”, relata. Lorenzzon destaca ainda que estes resultados mostram que 2014 será bom para o setor. Além da equipe brasileira, também participaram do Show Rural, Santiago Cazes, CEO da Pla, e Miguel Angel Pla, Gerente de Engenharia.

Renato Silva, Miguel Angel Pla, Santiago Cazes, Tomas Lorenzzon

Jumil

A equipe da Jumil esteve presente na Coopavel 2014 apresentando seu portfólio para os produtores do estado do Paraná. Os principais destaques foram a semeadora JM 5027 PD, a plantadora de hortaliças JM2490 Exacta Perfecta e a colhedora de milho de uma linha com tecnologia axial, JM 370 G.

Leandro Pavarin

Alta performance

A Semeato participou da Coopavel 2014 com toda a sua linha para o plantio direto. A semeadora múltipla SSM 33 VS, que foi o destaque, passou por um processo de reengenharia para aprimorar a sua eficiência na implantação das diferentes culturas. “Investindo em tecnologia para o nosso agricultor, aliada à alta performance, a SSM 33 se tornou mais eficiente na implantação, tanto de culturas de inverno como das culturas de verão” afirmou Eduardo Copetti, gerente Desenvolvimento Eduardo Copetti Mercado e Produto da Semeato.

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Portfólio completo

A Stara apresentou sua linha de máquinas e implementos agrícolas com tecnologia embarcada, mas deu um destaque especial para o trator ST MAX 105, com piloto automático de série que foi lançado na Expointer do ano passado e o pulverizador Imperador com barras centrais. De acordo com Paulo Kreling, do Departamento de Marketing, a entrada no segmento de tratores irá garantir que o cliente tenha soluções Stara do preparo do solo até o momento da colheita.

Paulo Kreling


Inovações

Ano promissor

A Arvus Tecnologia esteve presente na Coopavel 2014 apresentando seu portfólio de soluções para agricultura de precisão. Para Luiz Bridi, gerente de Vendas, o encontro é uma oportunidade de observar as tendências para o agronegócio e apresentar novidades. “Nós apresentamos ao público as inovações desenvolvidas pela empresa nos últimos anos voltadas à agricultura de precisão, como o piloto automático e os controladores de aplicação de insumos e plantação de sementes”, explica.

Durante a Coopavel, a New Holland reafirmou a sua posição no mercado agrícola paranaense. “Encerramos nossa participação atingindo todas as metas. Conseguimos bons resultados de vendas e afirmamos o compromisso para 2014”, afirma Luiz Feijó, diretor comercial para o Brasil. Alessandro Maritano, vice-presidente da marca para a América Latina, destacou os novos tratores da Série T7, que chegam para atender o mercado de tratores com potência entre 140cv e 205cv.

Luiz Bridi (dir.)

Luiz Feijó, Alessandro Maritano e Carlos Darce

Tratores

O foco da Agritech na Coopavel foi o trator 1175 S. “O modelo traz como diferenciais câmbio sincronizado, sistema de direção hidrostática, eixo dianteiro robusto, sistema de refrigeração de água e óleo integrado e o levantador de hidráulico com acionamento externo”, ressalta Arthur Romão, responsável pelo marketing da marca. Além do 1175 S, a empresa apresentou os tratores cafeeiros 1175 (75cv) e 1155 (55cv) Super Estreito e Arthur Romão o modelo 1175-4 Agrícola.

Rodado duplo

A Marini, que este ano está completando 25 anos, levou à Coopavel toda sua linha de produtos, em especial as rodas altas para pulverização (a mais alta do mercado). Segundo Eduardo Marini, outro produto que teve destaque foi o Rodado Duplo com Sistema de Engate Rápido, que “pode ser colocado em apenas dez minutos e oferece maior força de tração, permitindo que o trator puxe implementos maiores e sem fazer grande parada na lavoura”, explica.

Equipe completa

A Teejet Technologies, com sua equipe local e dos Estados Unidos, marcou mais uma vez presença no Show Rural 2014. De acordo com Rodrigo Roman, gerente para a América do Sul, clientes e visitantes puderam conferir os lançamentos na linha de eletrônicos o Sentry 6140 e o Aeros 9040, além de tirarem as dúvidas sobre a tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas.

Puma 185

Após registrar recordes comerciais em 2013, a Case IH apresentou durante o Show Rural quatro modelos dos tratores de média potência da família Puma. Segundo Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH para a América Latina, o setor agrícola passa por um grande momento e os investimentos feitos pela marca resultaram em um crescimento acima do mercado. “Os tratores Puma são mais uma importante conquista dentro do nosso plano de expansão. Entre 2010 e 2013, crescemos 250% na venda de tratores e ganhamos 4,6 pontos de participação de mercado”, garante.

Mirco Romagnoli

Vendas aquecidas

A Massey Ferguson participou da Coopavel 2014 com 12 concessionárias. Segundo o gerente regional de Vendas da Massey Ferguson, Leonel Oliveira, a procura por tratores mais potentes, colheitadeiras e pulverizadores fez com que o valor das vendas deste ano superasse 2013. “Esse resultado comprova que o produtor rural está cada vez mais agregando tecnologia ao seu negócio. O resultado também nos dá uma amostra de como será o mercado de máquinas agrícolas em 2014”, ressalta. Segundo Carlito Eckert, diretor comercial da Massey Ferguson, “o resultado da feira foi muito bom, sinalizando para o primeiro semestre as boas perspectivas de vendas no setor de máquinas agrícolas”.

Tecnologia

Uma das novidades da Massey Ferguson no Show Rural foi a presença do Auto Guide 3000 nas colheitadeiras de grande porte MF 9790 ATR II. “O Auto Guide 3000 eleva os ganhos do produtor de duas maneiras: melhora a qualidade das operações realizadas na lavoura e o rendimento das máquinas”, explica Niumar Dutra Aurélio, coordenador de Marketing de Soluções em Tecnologias Avançadas da Massey Ferguson.

Roberto Ruppenthal e Niumar Aurélio

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pulverização

APP para pulverizar Aplicativo para celular auxilia produtores na calibração de pulverizadores de todos os tipos, garantindo maior eficiência na operação e redução no desperdício de produtos

A

aplicação de defensivos agrícolas tem por objetivo controlar pragas, doenças e plantas daninhas, com a máxima eficácia, mínimas perdas possíveis para o meio ambiente e sem deixar resíduos de defensivos nos alimentos. Para se realizar uma pulverização eficiente deve-se atentar para alguns fatores como correta identificação do problema, seleção adequada do produto, equipamentos para pulverização, bem como a sua calibração e regulagem. A calibração consiste em averiguar o volume de calda aplicado de acordo com o que foi previamente estabelecido. Equipamentos mal calibrados podem acarretar aplicações ineficientes e, consequentemente, controle inadequado, bem como perdas de produto para o solo e o aumento do custo de produção. Em condições de campo é comum o surgimento de dúvidas de como calibrar um pulverizador, sendo comum a constatação de erros nesta operação. Os pesquisadores Siqueira e Antuniassi, ao realizarem um levantamento de inspeção periódica de pulverizadores em 2011, verificaram grande frequência de falhas na calibração. Para se calibrar um pulverizador, basta averiguar a velocidade de trabalho, a vazão média das

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pontas e a faixa útil de aplicação. Aplicandose a Equação (1), obtém-se o volume de pulverização que está sendo aplicado. Apesar desta operação de calibração parecer simples, em campo, são constantes as indagações “como se realizar a correta calibração de um pulverizador”. Muitas vezes obtêm-se os parâmetros operacionais (vazão, velocidade e faixa) corretamente, mas no momento de determinar o volume pulverizado, ocorre um “embaraço” nos cálculos. Visando auxiliar na aplicação de agroquímico, principalmente, na etapa de calibração dos pulverizadores, desenvolveu-se um aplicativo a ser utilizado em aparelhos celulares e/ou tablets que utilizam a plataforma Android, versão 2.1 ou posterior. O aplicativo foi desenvolvido empregando-se o software Eclipse, versão Juno, na linguagem de programação Java. Todo o trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola, pertencente ao Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa. Ao final, com o aplicativo desenvolvido, foi instalado em um celular Samsung, mo-

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delo S Duos, e observou-se que o aplicativo desenvolvido é de fácil utilização, podendo auxiliar o responsável técnico de campo na calibração dos pulverizadores. Neste aplicativo o usuário, deverá informar os parâmetros: vazão de líquido da ponta de pulverização (L/min), velocidade de trabalho (km/h) e faixa útil de aplicação (m) nas condições reais de operação, sabendo-se que nos pulverizadores de barra essa faixa é igual à distância entre bicos, sendo que, geralmente, esse valor é igual a 0,5m. Baseado na Equação 1, o aplicativo desenvolvido calcula o volume de pulverização (L/ha). Por exemplo, se um pulverizador hidráulico de barras apresenta vazão média das pontas de 1,2L/min, velocidade de trabalho de 5,5km/h e faixa útil de pulverização de 0,5m, logo o volume aplicado é de 261,8L/ ha. (Figura 1). Para obter corretamente os parâmetros necessários para se realizar a calibração dos pulverizadores, basta o responsável técnico possuir uma trena, um cronômetro e uma proveta graduada e seguir os passos a seguir.

PRIMEIRO PASSO

O primeiro passo será a determinação da velocidade de trabalho (km/h). Para isso, será necessário seguir as seguintes etapas: em campo, com o pulverizador já abastecido somente com água, marque uma pista com comprimento de 50m no terreno a ser tratado; escolha a marcha de trabalho e ligue a tomada de força. Depois acelere o motor até


EQUAÇÃO 1 Cálculo para obter o volume de pulverização que está sendo aplicado. Q = q 600 v f

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em que Q = volume de pulverização (L ha-1); q = vazão de líquido (L min-1); v = velocidade de trabalho (km h-1); e, f = faixa de pulverização (m).

EQUAÇÃO 2 V = D 3,6 T Figura 1 - Exemplo de cálculo no momento de se calibrar um pulverizador

que obtenha, na tomada de força do trator, a rotação correspondente a 540rpm; inicie o movimento do trator no mínimo cinco metros antes do ponto marcado e anote o tempo que o trator gastará para percorrer os 50 metros. Em terrenos de topografia irregular, repita a operação pelo menos três vezes e tire a média. De posse do tempo (s), realize o cálculo da Equação 2. Por exemplo, supondo que o tempo gasto para percorrer os 50 metros foi de 25 segundos, logo a velocidade de trabalho é de 7,2km/h.

SEGUNDO PASSO

Para determinar a vazão média das pontas hidráulicas, primeiro abasteça o pulverizador somente com água. Com o trator parado, coloque o motor na aceleração que proporcione 540rpm na TDP, acione o sistema hidráulico do trator, colocando-o na pressão de trabalho. Depois, espere por no mínimo dez segundos até que ocorra a

estabilização da pressão. De posse de uma proveta, colete o líquido por um período de um minuto, anote o volume coletado, repita esta operação em diferentes pontas hidráulicas e finalmente tire a média da vazão das pontas. Por exemplo, se o volume coletado em cinco diferentes pontas foi 1,2L/min; 1,3L/ min; 1,25L/min; 1,2L/min e 1,3L/min, logo, a vazão média é igual a (1,2 + 1,3 + 1,25 + 1,2 + 1,3)/5. A partir desses valores obtémse o valor igual a 1,25L/min.

TERCEIRA PARTE

Para determinar a faixa útil de pulverização, deve-se seguir os seguintes passos. Com o auxílio de uma trena meça a distância entre pontas (m). De posse dos parâmetros mensurados basta inseri-los no celular ou tablet, o qual determinará o volume em que está sendo aplicado. Nota-se que os aplicativos utilizam “pontos” e não “vírgulas” para separar casas decimais, devido à lin-

Em que V = Velocidade de trabalho (km/h). D = Distância percorrida (m). t = tempo (s).

guagem de programação. O aplicativo para a calibração pode ser utilizado para facilitar os cálculos com qualquer equipamento de pulverização, tanto hidráulico, pneumático e hidropneumático, podendo, neste caso, reduzir as falhas durante a operação de calibração dos pulverizados. No entanto, é notório que os parâmetros de entrada: vazão de líquido, velocidade de trabalho e faixa de pulverização, devem ser inseridos corretamente de acordo com o equipamento e condições empregados no campo. Os aplicativos devem ser utilizados para facilitar os cálculos a campo e os resultados dependem dos dados inseridos, devendo, neste caso, ser precisos e corretos, de acordo com o que está .M ocorrendo na prática. Robson Shigueaki Sasaki, Mauri Martins Teixeira e Haroldo Carlos Fernandes, Universidade Federal de Viçosa

Valtra

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implementos

Ajuste fino

O

preparo periódico do solo, mediante a mobilização do mesmo, tem por objetivo dar condições favoráveis à semeadura, germinação, desenvolvimento e produção das plantas. Entretanto, essa prática desestrutura o solo, o que pode facilitar sua degradação quando não tomadas medidas conservacionistas em um planejamento adequado de operação, que determinem a intensidade do preparo, bem como quais implementos serão utilizados e como serão regulados. Os implementos que realizam a mobilização da camada superficial podem possuir os órgãos ativos de dentes, hastes, lâminas, enxadas rotativas, discos lisos ou recortados. Suas aplicações são denominadas preparo primário, quando realizados trabalhos mais profundos como incorporação de material vegetal e rompimento de camadas compactadas, ou preparo secundário em funções mais leves como nivelamento e destorroamento. Em meio aos implementos utilizados nas operações de preparo de solo agrícola, as grades de discos leve, também conhecida como grade niveladora, estão entre aquelas mais difundidas pelos produtores. Estas destinam-se, basicamente, ao preparo secundário de solo, no qual constitui ati-

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Charles Echer

Os diversos tipos de grades existentes no mercado exigem diferentes regulagens, que variam de acordo com o tipo de solo, a cobertura e a mobilização desejada

vidades como nivelamento e desagregação de leivas e torrões após o preparo primário, favorecendo condições adequadas à semeadura. Todavia, a variação de peso, tipos e tamanhos dos discos possíveis, permitiu o desenvolvimento de vários outros modelos de grades. Assim, outros modelos, como as grades pesadas, a partir de seu surgimento, logo substituíram os arados com maior capacidade operacional, assumindo, assim, um papel fundamental no preparo do solo primário. Porém, quando utilizadas de forma demasiada no preparo secundário do solo, além do excessivo gasto de combustível, poderá acarretar na desestruturação da camada superficial, produzindo grande quantidade de terra fina, tornando o solo sujeito ao processo de erosão e formação de encrostamento superficial. Além disso, um maior trânsito de trator sobre o local causa maior compactação do solo em um menor espaço de tempo. Hoje o mercado oferece diversos modelos de grades especializadas para cada função, a fim de satisfazer as necessidades específicas dos cultivos e das propriedades rurais. Além disso, fatores como a escolha do equipamento, associada à necessidade do produtor, contribuem para uma melhor ati-

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vidade diminuindo os custos e aumentando a eficiência do equipamento. Estes equipamentos podem ser classificados quanto à fonte de potência, ao tipo de acoplamento, ao tipo e à disposição dos órgãos ativos e à finalidade. Dividem-se quanto à fonte de potência em tração animal (pouco utilizada) ou tração mecânica, quanto ao tipo de acoplamento em de arrasto, cujo acoplamento se dá a um único ponto (barra de tração), ou montados, cujo engate é realizado nos três pontos, nesse caso podendo haver a possibilidade do desacoplamento dos três pontos e o engate de um cabeçalho para o arrasto do implemento. Também são divididos por intermédio de seus órgãos ativos, em grades agrícolas de dentes ou de discos. Além disso, conforme a disposição destes são divididas em de dupla ação (convencionais), composta de duas seções de mecanismos de corte, e grade de ação simples, a qual é constituída de apenas uma seção, de forma que o solo é movimentado uma única vez. As convencionais podem apresentar diferentes arranjos dos discos, podendo ser em formato de “V”, chamadas de Off set, ou em “X”, denominadas Tandem. A maior aquisição e utilização das grades de discos em relação às de dentes é devido a


sua maior eficiência na incorporação de restos vegetais e sementes, à maior capacidade operacional e à adequação a diversos tipos de serviços encontrados na propriedade, apresentando eficácia tanto em solos leves quanto em solos mais pesados. Por apresentar diversas funções no preparo de solo, tamanho de seus discos e distância entre eles, as grades agrícolas possuem também classificações baseadas em sua finalidade, que vai desde as operações de acabamento do preparo do solo, como nivelamento, destorroamento ou recobrimento de sementes semeadas superficialmente até o preparo de solo mais profundo, com incorporação do material vegetal em novas áreas. Estas divisões compreendem as grades agrícolas de disco ultraleve (normalmente de engate no levante hidráulico), leve, intermediária, pesada e superpesada. As características que definem as grades quanto a sua finalidade se encontram na Tabela 1. Quanto maiores forem estes valores, maior será o valor da relação massa por disco, bem como a profundidade de trabalho do equipamento, havendo maior tendência de inversão da camada superficial de solo e diminuindo o efeito de destorroamento. Entretanto, os resultados do trabalho poderão ser alterados com diferentes regulagens, que afetam o nível de inversão e mobilização do solo. Para saber como otimizar o desempenho do equipamento para a realização adequada destas atividades, devida atenção deve ser dada às diferentes regulagens presentes, pois um trabalho eficiente requer que todos os parâmetros sejam ajustados de acordo com os objetivos e necessidades da operação.

Figura 2 - Regulagem do ângulo horizontal do cabeçalho

Fotos Rafael Becker

Figura 1 - Regulagem do deslocamento lateral e altura do cabeçalho

Um dos fatores de maior importância na gradagem é a velocidade de deslocamento. Essa é relativa à marcha do trator e somente poderá ser determinada pelas condições locais de trabalho. Conforme Asae (1994) a recomendação geral é que se trabalhe em uma média de 5 a 10km/h para todas as operações de gradagem, a fim de manter a eficiência do serviço e evitar possíveis danos ao equipamento. Contudo, velocidades inferiores reduzem o rendimento operacional. Em grades classificadas como montadas (ultraleves) cujo engate é realizado nos três pontos, é necessário o nivelamento longitudinal e transversal da grade, permitindo que as duas seções penetrem com a mesma profundidade no solo. O primeiro é obtido pelo ajuste do terceiro ponto, enquanto o transversal é realizado pelo braço inferior

direito do trator. A regulagem da altura da barra transversal, para todos os modelos de grades que a possuírem, apresenta a finalidade de alterar a posição vertical da linha de tração entre o suporte do cabeçalho e a barra de tração do trator, a qual quanto mais resultante para baixo, maior a tendência de aprofundamento dos discos. Na união dos braços de engate soldados ao chassi dianteiro com o conjunto de tração, mais especificamente a barra transversal, são encontradas furações que permitem a regulagem com disposição vertical na parte frontal do chassi, nas quais é fixada a barra transversal (Figura 1 - setas brancas) que, ao serem modificadas, alteram a profundidade de corte dos discos da seção dianteira. Quanto mais acima estiver o posicionamento da barra transversal, maior será o ângulo com o plano horizontal e maiores a resultante e a profundidade de corte. Em

Figura 3 - Regulagem do ângulo horizontal das seções dos discos

Figura 4 – Adição de massa

GRADES ULTRALEVES

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Tabela 1 - Classificação e especificações básicas dos diferentes tipos de grades agrícolas Diâmetro do Espaçamento entre Finalidade disco (polegadas) elementos (cm) 36 Super Pesada 45 Preparos profundos de solos com maiores dificuldades de penetração e corte de materiais vegetais. 32 Pesada 34 Preparo de solo mais profundo ou terras virgens. 28 Intermediária 27 Preparo de solo raso para culturas anuais de forma geral. 20 a 24 Leve 20 a 23 Operações de acabamento de solo como nivelamento, destorroamento e recobrimento de sementes. 18 Ultra-Leve 18 Eliminação de ervas daninhas em pequenas profundidades, redução do tamanho dos torrões e recobrimento de sementes. Modelo

Fonte: Adaptado de STOLF,R. (2007)

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Off sets

O ajuste do ângulo horizontal das seções dos discos em grades chamadas de Off set (em formato de V) ilustrado na Figura 3, é encontrado de diversas formas nos diferentes tipos de equipamentos. Devido à disposição das seções dos discos, se aumentar o ângulo formado entre elas, aumenta-se a profundidade de corte realizada, isso aumenta a resultante descendente de forma semelhante ao citado anteriormente. Nas grades niveladoras o sistema é constituído por trava, podendo ser mecânica ou hidráulica. A primeira é comumente encontrada em equipamentos mais simples (Off set), constitui-se de um conjunto de regulagem de abertura onde promove a alteração do ângulo formado pelas seções dos discos. Este conjunto é composto pela barra de regulagem, na qual apresenta diversas furações que determinam o ângulo das seções, e pelo suporte, onde está o pino que fixa a barra. Para a devida regulagem, basta retirar o pino do suporte e deslocar a grade até obter o ângulo definido. Essas alterações têm por objetivo adequar a profundidade de trabalho. Apesar de a “trava” da grade ser a Charles Echer

contrapartida quanto mais abaixo, invertemse as resultantes e menor será a profundidade. Após testar o desempenho nas furações disponíveis, o agricultor poderá ainda obter outros resultados com maiores ângulos da linha de tração, para isso alterando a posição da altura da barra de tração do trator. Além disso, também são encontradas em alguns equipamentos furações no engate do cabeçalho. Estas servem para ajustar a altura do jumelo (peça em formato de U) de engate em relação ao cabeçalho, onde complementa e auxilia na alteração da posição vertical da linha de tração. Esta regulagem está associada diretamente com a regulagem da barra transversal, como foi descrito anteriormente. No momento em que a grade não estiver proporcionando um adequado acabamento (mostrando o rastro do trator), deve-se realizar o deslocamento lateral do cabeçalho. Esta regulagem tem por objetivo a centralização do mesmo em relação ao trator. Para isto, movem-se as placas superior e inferior do cabeçalho, para a direita ou esquerda, conforme as furações presentes na barra transversal como ilustrada na Figura 1 (setas pretas). Este recurso permite alinhar a grade de forma que o operador conduza o trator mais próximo ou mais distante do sulco em relação à passada anterior. Além do ângulo vertical da linha de tração, a profundidade de trabalho também pode ser alterada pelo ângulo horizontal do cabeçalho. Este promove a possibilidade de alterar a profundidade de trabalho da grade e deve ser ajustado conjuntamente com o ângulo vertical da linha de tração. A regulagem horizontal é realizada alternando a posição do cabeçalho através das furações encontradas na chapa triangular (Figura 2), com essa regulagem o ângulo horizontal de ataque dos discos da seção dianteira sofre alteração, quanto maior o ângulo horizontal da seção em relação ao sentido de deslocamento, maior é a resultante descendente devido ao formato côncavo do disco. Alguns equipamentos não apresentam esta regulagem, pois o mesmo é fixo nas chapas inferior e superior.

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regulagem mais comumente usada pelos operadores, tendo em vista sua simplicidade, ao alterá-la, alguns aspectos devem ser observados. Primeiramente, as seções apresentam uma força lateral, que tende a deslocar a grade, devido à resistência do solo ao movimento dos discos. Devido ao fato de ser alterado somente o ângulo horizontal dos discos da seção traseira, quando feita a regulagem da abertura da grade, há a necessidade de compensar o ângulo horizontal da seção dianteira, pela regulagem do ângulo horizontal do cabeçalho. Do contrário, a falta de equalização entre a capacidade de corte das seções desestabiliza o equipamento. O ângulo da seção dianteira é sempre menor que da traseira, pois esta opera em solo não mobilizado. Erros na regulagem dos ângulos horizontais das grades ocorrem no campo como uma espécie de balanço lateral, pois a força horizontal resultante entre as seções tende deslocar o equipamento continuamente. Em outras palavras, as seções não estão conseguindo compensar entre elas as forças horizontais. Erroneamente, muitos agricultores tentam minimizar este efeito adicionando pesos nas grades conforme Figura 4.

GRADES ARADORAS

Nas grades classificadas como aradoras, que possuem rodados, essa regulagem é limitada por furações, ou seja, a amplitude dessa regulagem é mais restrita. Tal fato deve-se à presença de pneus, que possibilitam a regulagem da profundidade conforme a altura do equipamento e o seu transporte. Um grande benefício é a regulagem instantânea do equipamento, esta é realizada por um cilindro


hidráulico fixado ao eixo dos pneus. Também associado à altura das seções, tem-se a regulagem do varão estabilizador. Constitui-se por uma barra presa ao chassi da grade que possui a função de estabilizála quando essa se encontra suspensa pelos pneus, além de permitir o nivelamento das seções dos discos quando em operação. Vale ressaltar que quando a grade estiver em transporte, os pneus devem estar abaixados e o chassi totalmente suspenso. Além disso, grades que possuem a mesma finalidade, podem diferir-se quanto aos seus dispositivos opcionais, tornado o equipamento mais versátil ao produtor. Um dos elementos comumente encontrados é a abertura do ângulo horizontal dos discos pela regulagem hidráulica, esta pode ser acionada da cabine do trator, tornando uma prática de conforto ao operador. Diversos modelos que não possuem esta regulagem são equipados com rodas transportadoras de controle hidráulico, as quais têm a função de transporte e regulagem da profundidade de discos em grades pesadas, este dispositivo pode ser considerado opcional de acordo com o tamanho da grade. Para a maioria das grades classificadas como pesadas e superpesadas o levante

Rafael Becker

Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria explicam como regular adequadamente os diferentes tipos de grades

das seções é por cilindro hidráulico, já para grades leves, existem rodados sem cilindros, destinados somente ao transporte, que neste caso a grade é transportada por um acoplamento em uma das laterais do chassi. Outra opção é a utilização do próprio cabeçalho do equipamento para transporte, através do engate no sistema de três pontos. Isso acontece em grades leves onde ocorre o transporte pelo acoplamento hidráulico. O sucesso de uma operação depende da escolha do equipamento conforme a necessidade de operação, estando regulado,

com manutenção adequada e velocidade de trabalho selecionada corretamente. Estes são fatores primordiais para uma adequada operação, sem degradar o solo, com menor custo e maior durabilidade do equipamento. .M Rafael Sobroza Becker, Airton dos Santos Alonço, Tiago Rodrigo Francetto, Otávio Dias da Costa Machado e Mateus Potrich Bellé, UFSM


colhedoras

Corte sem danos John Deere

Um dos cuidados na hora da colheita da cana é com a qualidade do corte, que influenciará diretamente na rebrota das soqueiras. Alguns tipos de facas utilizadas na colheita mecanizada têm melhor desempenho que outros, de acordo com estudo realizado por pesquisadores da Unesp

O

corte de base, quando realizado com qualidade durante a colheita mecanizada de canade-açúcar, poderá assegurar o melhor aproveitamento da lavoura, bem como menores índices de danos e abalos às soqueiras e de contaminações da matériaprima, garantindo, assim, as condições agronômicas propícias para haver a rebrota do canavial sem a diminuição da produtividade nas safras futuras. Neste sentido, diversos estudos têm apontado o mecanismo de corte basal como responsável por uma boa quantidade das perdas na colheita mecanizada da cana-de-açúcar, além de proporcionar a incorporação de impurezas minerais devido ao contato das lâminas com o solo (Figura 2). Associado a isso, o desgaste das facas de corte também pode possuir influência nos índices de danos e abalos causados às soqueiras, podendo este ser

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um dos fatores principais destes problemas. Porém, no mercado brasileiro existem atualmente diversos tipos e modelos de facas para a realização do corte basal, cada uma com suas peculiaridades específicas, e o uso destas pode influenciar os índices de danos e abalos causados às soqueiras, refletindo na rebrota do canavial. Diante disso, partindo do pressuposto que os diferentes tipos de facas e suas inclinações afetem a qualidade do corte de base, o Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (Lamma) desenvolveu um trabalho para avaliar a qualidade do corte basal na colheita mecanizada de cana-de-açúcar crua, efetuado por três modelos de facas, sendo duas delas revestidas com carbeto de tungstênio com ângulos de 10º e 13º e a outra sem revestimento com ângulo de 10º. O experimento foi realizado em áreas

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produtivas de uma usina de cana-deaçúcar, localizada no município de Pradópolis (SP), com declividade média de 3% e solo de textura argilosa, com média de aproximadamente 57% do teor de argila. A cana-de-açúcar da variedade RB867515 foi implantada com espaçamento de 1,50m nas entre fileiras. A colheita da cana-de-açúcar foi realizada por uma colhedora Case-IH modelo A7700, fabricada em 2007, equipada com motor Cummins, cuja potência nominal é de 246kW (330cv). A colhedora é equipada com rodados de esteiras, com bitola de 1,88m e trabalhou com velocidade média de deslocamento de 5km/h, com copiador do perfil do solo desligado no momento da colheita. As facas revestidas com a liga metálica de carbeto de tungstênio utilizadas apresentavam ângulos das faces inferiores de 10° e 13º, espessura de 6mm, com gra-


Figura 1 - Índice de danos às soqueiras na colheita mecanizada de cana-de-açúcar por três modelos de facas com (FR 10 e 13°) e sem revestimento (FLSR 10°) em 60 horas trabalhadas

O delineamento estatístico utilizado foi inteiramente casualizado, com diferentes repetições para cada modelo de faca após a colheita mecanizada. A escolha do momento de inversão das facas foi definida de acordo com critérios da usina, que considerou somente o desgaste do fio de corte das facas. Para avaliar a qualidade do corte de base foram avaliados os índices de danos e de abalos às soqueiras encontrados dentro de uma área amostral de 0,25m2. O índice de danos às soqueiras foi definido visualmente a partir da classificação dos danos causados aos colmos após a colheita mecanizada de cana-de-açúcar. Após a identificação e contagem de cada tipo de dano existente (sem danos (-1), danos periféricos (-0,33) e danos fragmentados (1)), calculou-se o índice de danos em cada soqueira, atribuindo-se os pesos para cada classificação (Toledo, 2012), calculando-se conforme a Equação 1. O índice de abalo às soqueiras foi

avaliado por meio da aplicação de força manual, verificando-se a mobilização direta das soqueiras no solo, classificandose o abalo como forte, médio e fraco, de acordo com a mobilidade da soqueira provocada pela força aplicada. Quanto maior a mobilização, maior é o abalo das soqueiras. Após a identificação e contagem de cada tipo de abalo existente, propôs-se o cálculo do índice de abalo em cada soqueira, atribuindo-se pesos para cada classificação, calculando-se conforme a equação 2 (Toledo, 2012). Pela proposta apresentada, os índices de danos e abalos às soqueiras representam em um único valor a classificação atribuída às soqueiras com colmos sem danos, danos periféricos e fragmentados, bem como abalos fraco, médio e forte, respectivamente. Quanto mais próximo de 1, maior é o nível de dano e/ou abalo ocasionado às soqueiras, pois demonstra que houve maior quantidade de colmos classificados como fragmentados e/ou

Fotos Murilo Voltarelli

nulometria do revestimento de 0,15mm a 0,30mm e espessura de 0,5mm a 1mm. O revestimento é depositado na parte inferior do perfil de corte. As facas lisas com ângulos de 10° não apresentavam revestimento e também possuíam espessura de 6mm. A caracterização do porte do canavial foi determinada, realizando cinco amostragens ao acaso, utilizandose a metodologia padrão, por meio de auxílio de um triangulo com angulações de 45° e 90°. Os dados foram coletados entre julho e agosto de 2011, utilizando-se os três modelos de facas para o corte basal durante o prazo de 60 horas de trabalho, tempo este correspondente à vida útil das quatro faces das facas lisas sem revestimento, sendo invertidas suas faces cortantes a cada 15 horas de uso. Neste mesmo período a faca revestida de 10° e 13° de inclinação trabalhou com uma única face cortante, sem a necessidade de inversão (Tabela 1).

Figura 2 - Índice de abalo na colheita mecanizada de cana-de-açúcar por três modelos de facas com (FR 10 e 13°) e sem revestimento (FLSR 10°) em 60 horas trabalhadas

Mecanismo de corte basal das colhedoras de cana-de-açúcar

A qualidade do corte basal interfere não só no rebrote da cana, mas também na quantidade das impurezas que contaminam o produto colhido

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Case IH

Tabela 1 - Tempo de uso de cada modelo de faca do mecanismo de corte basal Modelo de faca Tempo total de uso (horas) Faca revestida 13°(FR 13°) 60* Faca revestida 10°(FR 10°) 60* Faca lisa sem revestimento 10°(FLSR 10°) 60** *Utilização somente de uma das faces cortantes da faca. **Utilização de todas as faces cortantes da faca.

com abalo forte em relação às outras categorias. Inversamente, quanto mais próximo de -1, os colmos sofreram menos danos e/ou abalo fraco, sendo totalmente sem danos ou com abalo fraco quando os índices forem iguais a este valor. A caracterização do porte do canavial foi classificada como ereto, com 38,9, 53,3 e 48,3% de colmos acimas de 45°, para os tratamentos FR 10°, FR 13° e FLSR 10°, respectivamente. O índice de danos às soqueiras apresentou maiores valores para a FLSR 10°, seguido por FR 10 e 13° (Figura 1), em virtude acentuação das retas. Estes resultados indicam que, sob a óptica deste indicador de qualidade do corte basal, as facas revestidas com carbeto de tungstênio 13° possuem maior eficácia no momento do corte, em virtude de serem utilizadas somente um quarto do todo das facas, em relação às facas lisas sem revestimentos 10°, que chegaram ao final da sua vida útil mais rapidamente e com menor qualidade de corte basal demostrada.

Modelo de faca revestida com carbeto de tungstênio utilizada no experimento (FR 13°)

Porém, há que se considerar que o tratamento com a FLSR 10° foi o que apresentou nas primeiras horas trabalhadas maiores valores de dano das soqueiras (estando mais próximo da condição de danos fragmentados), no entanto, ainda sendo classificados como danos periféricos. Os tratamentos com as facas revestidas (FR10 e 13°), além de apresentarem menores danos iniciais em relação à FLSR 10°, mostraram comportamento decrescente na medida em que o tempo de utilização das faces cortantes aumentava. Situação esta que pode comprovar o autoafiamento destes modelos de facas, sendo que a FR 13°, em algum momento apresentou soqueiras sem danos. O índice de abalos às soqueiras foi maior para a FLSR 10°, na qual para cada face cortante no período de sua vida útil de 15 horas há um incremento mais acentuado neste índice, em relação aos demais modelos de facas utilizados (Figura 2). Por outro lado, a FR 10° foi a que apresentou o menor índice de abalos às soqueiras entre 15 e 30 horas trabalhadas. Entretanto, houve posterior incremento, acima das 30 horas trabalhadas, até o final da vida útil de sua face cortante, podendo este fato ser explicado pela variação na velocidade de trabalho das colhedoras e maior contato das faces

EQUAÇÃO 1 iD = PSD . nSD + PDP . nDP + PFR . nFR N Em que,

(1)

PSD: é o peso atribuído aos colmos sem danos (-1); nSD: é o número de colmos sem danos; PDP: é o peso atribuído aos colmos com danos periféricos (-0,33); nDP: é o número de colmos com danos periféricos; PFR: é o peso atribuído aos colmos com danos fragmentados (1); nFR: é o número de colmos com danos fragmentados; N: é o número total de colmos na soqueira.

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cortantes com o solo, associando-se a sua angulação, o que influencia em um potencial desgaste do fio de corte mais acentuado, havendo, portanto, diminuição na qualidade do corte de base. A FR 13° foi a que apresentou maior regularidade na qualidade do corte basal, com os menores valores do índice de abalos às soqueiras, ao longo das 60 horas de utilização da vida útil de uma de suas faces cortantes, o que, portanto, vem a ser interessante a sua utilização nas colhedoras durante a safra da cultura, refletindo em maior qualidade e potencial redução dos custos com facas de corte ao longo da safra pela maior vida útil de suas faces cortantes. A menor e maior qualidade do corte basal ocorre para as facas lisas sem revestimentos com ângulo de 10° (FLSR 10°) e para as facas revestidas com 13° (FR 13°), respectivamente, em relação aos índices de danos e abalos às soqueiras de cana-de-açúcar, situação esta que pode .M influenciar a rebrota do canavial. Murilo Aparecido Voltarelli, Marcelo Tufaile Cassia, Rouverson Pereira da Silva, Cristiano Zerbto e Ariel Muncio Compagnon, FCAV/Unesp - Jaboticabal

EQUAÇÃO 2 iA = Pff . nff + Pam . nam + Paf . naf N Em que,

(2)

Pff: peso atribuído aos colmos com abalo forte (1); nff: quantidade de colmos com abalo forte; Pam: peso atribuído aos colmos com abalo médio (-0,33); nam: quantidade de colmos com abalo médio; paf: peso atribuído aos colmos com abalo fraco (-1); naf: quantidade de colmos com abalo fraco, e N: número total de colmos na soqueira.



Case IH

mecanização

Estrutura monitorada

O monitoramento da condição física do solo com o uso do penetrógrafo no sistema de manejo convencional com cana-de-açúcar é uma ferramenta para minimizar a compactação e seus efeitos negativos na cultura

O

Brasil se apresenta atualmente como o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com uma área cultivada superior a oito milhões de hectares. Para manter este padrão, o aumento da produção e expansão da área cultivada se faz necessário. Contudo, o uso indiscriminado de maquinário agrícola pode compactar os solos, causando danos em sua estrutura. A compactação, definida como “o processo de redução da porosidade do solo pelo aumento da sua densidade”, se deve ao uso de maquinário pesado que trafega na área e também aos implementos agrícolas que pulverizam a cultura. Como consequência, o solo tem sua capacidade de infiltração e aeração diminuída, e há o aumento do escoamento superficial e da resistência ao crescimento das raízes. Assim, tanto a germinação de sementes como a extração de nutrientes e água pelas raízes das plantas são afetadas. Esse fenômeno é um dos principais resultados do sistema de preparo inapropriado na camada arável do solo. Não existe uma metodologia de preparo padronizada que seja aplicável a todos os solos, e na balança dos produtores pesam as potencialidades e limitações da área cultivada e as necessidades de atender

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à demanda produtiva. Alguns estudos indicam que a compactação do subsolo pode persistir 30 anos após uma única passada de maquinário pesado combinado de trator e reboque. Estas limitações acarretam na queda do rendimento agrícola e elevam os custos de produção.

PREPARO DO SOLO E O RISCO DE COMPACTAÇÃO

O preparo do solo é um processo que tem por objetivo modificar o seu estado físico para fornecer um ambiente favorável para o crescimento das culturas, com diferentes operações de preparo apresentando efeitos diferentes sobre o crescimento das plantas e sobre o seu rendimento. No caso da cana-de-açúcar, o manejo do solo consiste de um preparo inicial de reforma, também chamado de pós-colheita, que corresponde à subsolagem e incorporação de resíduos e corretivos, e o preparo de préplantio para a formação do leito e sulcação. Este preparo tem um efeito importante sobre o fluxo da água, seu armazenamento e sua evaporação pelo solo e pelas raízes das plantas. Além disso, ele influencia na atividade microbiana responsável por umidade, temperatura e aeração do solo, desde que seja tratado com equipamentos agrícolas adequados.

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O maior risco de compactar os solos cultivados em cana-de-açúcar encontra-se justamente durante a safra, quando o maquinário pesado entra no campo. Quando isso acontece, o solo recebe uma carga que se propaga em profundidade. A propagação desta carga e a consequente compactação vão depender do tipo de pneu (de uma, duas rodas ou esteira), da umidade do solo, da matéria orgânica presente no solo, assim como da pressão de insuflagem dos pneus e da carga por roda. O conjunto de todos estes fatores pode contribuir para o aumento da compactação do solo. Os penetrógrafos são equipamentos muito úteis na avaliação da compactação, pois simulam o crescimento das raízes no solo e seus dados fornecem uma medida física indireta da resistência mecânica do solo à penetração normalmente expressa em kPa ou Mpa, uma relação de força por unidade de área. Além disso, são equipamentos fáceis de manusear e de custo Tabela 1 - Resumo da estatística descritiva para a resistência à penetração em duas profundidades Profundidade n RP kPa Mínimo kPa Máximo kPa umidade % 0-20cm 39 4020 2280 6130 13 20-40cm 30 3220 1540 5780 14



acessível. O monitoramento da compactação por meio da resistência à penetração serve de base para investigar a influência do tráfego de máquinas agrícolas sobre o solo e assim se fazer um levantamento das áreas mais afetadas. Um adequado monitoramento de resistência à penetração deve incluir também o monitoramento da umidade do solo para determinar com maior precisão as zonas mais compactadas dentro de uma área de estudo. Com os dados obtidos, o produtor pode, por exemplo, compará-los com mapas de produtividade e fertilidade. Uma vez que a compactação é um fator limitante da produtividade, será possível comparar a restrição da produção com os níveis de compactação encontrados no campo. Com o intuito de fornecer ao produtor informações da versatilidade do equipamento, pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco têm realizado vários estudos sobre o uso do penetrógrafo na avaliação da compactação do solo. Dentro destes estudos, pesquisadores executaram uma análise de campo do estado de compactação do solo causada pelo tráfego do maquinário agrícola na colheita de cana-de-açúcar no município de Goiana, em Pernambuco, utilizando um penetrógrafo da marca SoloTrack PLG5200, configurado com uma resolução para realizar medições a cada 1cm utilizando um cone tipo 2 com valor de resistência à penetração máximo de 7.700kPa.

RESULTADOS OBTIDOS

a resistência à penetração apresentada pelo solo foi maior que o valor limite estipulado no equipamento, de 7.700kPa. As condições de umidade média da área foram um pouco abaixo da capacidade de campo: 13% para os primeiros 20cm de profundidade do solo e 14% para a profundidade de 20cm a 40cm. Neste caso, tanto o preparo do solo como a umidade e o tipo de solo coeso que ocorre na área contribuíram de forma conjunta para a elevada resistência à penetração. Na literatura especializada, o limite crítico para o crescimento das raízes é de 2.500kPa. Acima deste valor, o sistema radicular da maioria das culturas vegetais começa a apresentar limitações no seu desenvolvimento. No caso da área investigada, os menores valores observados na superfície do solo já se encontram próximos do limite de 2.500kPa, enquanto os valores máximos observados excediam mais que o dobro do valor de referência. Esta situação evidencia que existem zonas mais compactadas que outras

Nicolas Balcazar

Do total das 80 medições realizadas na área, só 48% conseguiu atingir a profundidade de 20cm, e 37% das medições atingiram a profundidade de 40cm. No restante das medições, o equipamento realizou o retrocesso automático por força excessiva, pois durante as medições

Figura 1 - Médias de resistência à penetração (kPa) Vs Profundidade (mm) para as camadas de 0-0,20m (a) e 0,20-0,40m (b)

Avaliação da resistência à penetração com penetrógrafo SoloTrack PLG5200 para definir o índice de compactação ocasionada pelo tráfego em lavouras de cana-de-açúcar

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dentro do talhão. Neste caso, seria interessante realizar o estudo da área em associação entre as zonas mais compactadas com o teor de água nelas no momento do ensaio de resistência à penetração. Utilizando o software penetroLOG que acompanha o penetrógrafo, os valores da RP puderam ser apresentados em forma de figura, de acordo com a profundidade analisada (Figura 1). Com esta ferramenta, é possível observar com clareza que todos os valores encontramse acima do valor crítico de 2.500kPa (linha amarela) e que a camada que apresenta a maior resistência à penetração está entre 5cm e 10cm, que ultrapassou os 5.000kPa (linha rosa). Esta seria a zona mais afetada pelos implementos agrícolas por apresentar a resistência à penetração máxima na área estudada.

MONITORAR É PRECISO

O monitoramento da condição física do solo com o uso do penetrógrafo mostrou rapidamente a camada mais afetada pela compactação. Isto demonstra que o aumento da produção da cultura de cana-de-açúcar no Brasil pode ter como consequência o risco de compactar os solos agrícolas em longo prazo se o manejo destes não for adequado. A partir deste ponto, o produtor poderá considerar outras formas de prevenir ou remediar a degradação do solo pela compactação através de medidas como a adoção de outras práticas agrícolas, a redução da carga por eixo nos tratores, o aumento da área de contato solo-pneu, trabalho no solo com umidade adequada, redução do número de passadas das máquinas, controle do tráfego agrícola, aumento da introdução de matéria orgânica, remoção da compactação do solo em profundidade e .M rotação de culturas. Nicolas L. Balcazar, Mario M. Rolim, Veronildo S. Oliveira e Uilka E. Tavares, UFRPE



capa

Puma 185

O Puma 185 que testamos é um dos novos integrantes da série já existente no Brasil e que passará a oferecer seis opções de motorização para atender a demanda dos exigentes usuários da linha de tratores de médio porte

O teste foi feito sobre uma área já preparada, utilizando grade aradora marca Tatu Marchesan, configuração em V, modelo GAPCR com 16 discos de 30 polegadas

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lguns testes que fazemos para a Revista Cultivar Máquinas se tornam mais fáceis que outros. O desta edição, em que testamos o Case Puma 185, é um belo exemplo de como a nossa tarefa pode ser facilitada. Os segredos para esta facilidade são a preparação prévia do fabricante e a presença de equipe técnica que conheça a máquina. Neste sentido tivemos tudo muito bem organizado e a nossa tarefa pôde ser realizada plenamente. Fomos a Curitiba e então para a Fazenda Experimental do Canguiri, que pertence à Universidade Federal do Paraná (UFPR). Lá se encontra um


Fotos Charles Echer

dos Centros de Treinamento da CNH que serve para a formação de clientes, operadores de máquinas e técnicos dos concessionários da CNH, além de servir ao ensino e à pesquisa universitária da UFPR. Um centro de treinamento bem organizado, com diversas máquinas em demonstração e teste. Atualmente, no Brasil a Case IH Agriculture oferece as linhas Farmall (modelos 60, 80 e 95), Maxxum (modelos 110 e 125),

Puma (modelos 140, 155, 170, 185, 205 e 225), Magnum (modelos 235, 260, 290, 315 e 340) e Steiger (modelos 450 e 550). A linha Puma, que tinha apenas dois modelos, passa agora também a substituir os modelos Maxxum de 135cv, 150cv, 165cv e 180cv pelos modelos Puma 140cv, 155cv, 170cv e 185cv, configurando a categoria de média potência. A categoria de alta potência, com

tratores nos modelos 205 e 225, que já está em comercialização desde o lançamento na Expointer de 2012 foi nacionalizado com algumas alterações em relação aos modelos importados. O modelo Puma 185 que pudemos testar foi lançado no Show Rural Coopavel, que ocorreu no início fevereiro de 2014 em Cascavel, no Paraná. É um trator de 182cv

O motor do Puma 185 é Case FPT, de seis cilindros, quatro válvulas por cilindro, 6,75 litros, de 182cv de potência bruta, injeção eletrônica, com Power boost

Localização do cano de escapamento de gases na coluna da cabine minimiza os pontos cegos

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O eixo dianteiro é da marca CNH, bastante robusto, da classe IV e que pode vir também do tipo canavieiro como opcional

de potência nominal e que se insere em uma faixa de potência, atualmente muito procurada no Brasil. O mercado-alvo deste modelo é aquele de propriedades produtoras de grãos, mas também atuará no mercado de transbordo de cana, aplicação que geralmente utiliza modelos maiores, entre 200cv e 285cv. As principais modificações na nova linha são o motor e a transmissão. Nesta linha Puma de média potência, temos dois tipos de transmissão: a mecânica sincronizada (com motores de injeção mecânica) e a transmissão semi-powershift (com motores de injeção eletrônica), com 18 marchas à frente e seis à ré, e que na expectativa de fabricação da Case equipará aproximadamente 90% dos modelos. Haverá uma pequena parcela destinada aos modelos dotados de plataforma, com transmissão mecânica, para atender mercados especiais. A Case tem um siste-

O sistema hidráulico de três pontos tem capacidade de levante de 6.616kg e a vazão hidráulica de 113L/min, com bomba de pistões e centro fechado

ma interessante de formação do modelo à comercialização. Há um modelo standard, com muitos itens que seriam opcionais em outras marcas e os pneus são de livre escolha pelo comprador.

MOTOR

O motor disponibilizado neste modelo testado é da marca Case FPT, seis cilindros, quatro válvulas por cilindro, com o volume de 6,75 litros, de 182cv de potência bruta, injeção eletrônica, com Power boost. O torque máximo é de 760Nm a 1.400rpm. Nesta linha, todos os motores possuem sistema de alimentação common rail, com turbo e intercoller. A reserva de torque informada pelo fabricante é de 35%. O Power boost proporciona um acréscimo de potência de 27cv e de 40Nm de torque, durante instantes em que o usuário neces-

Para segurança do operador, há um comando de acionamento da TDP e sistema hidráulico na face externa do para-lamas esquerdo

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sitar, por sobrecargas instantâneas, devido às operações que demandem tração, sistema hidráulico e potência na TDP concomitantemente. Nas laterais do capô, logo abaixo da especificação de modelo, o fabricante colocou duas saídas de ar, com a finalidade de extrair, já na frente, o ar quente proveniente dos radiadores, diminuindo este gradiente que poderia aquecer o motor e também o posto do condutor.

TRANSMISSÃO E SISTEMA HIDRÁULICO

O trator que testamos estava equipado com a transmissão semi-powershift, com 18 marchas à frente e seis à ré, organizada em três grupos, de seis marchas. É uma caixa semiautomática, em que a troca de marchas não necessita o acionamento da embreagem, utilizada somente para colocar o trator em movimento e para as trocas entre os grupos. A troca pode ser feita com o simples toque de um botão no comando central e a indicação


Fotos Charles Echer

Suporte dianteiro para placas metálicas de lastragem de 45kg

da marcha acoplada pode ser visualizada no painel. O eixo dianteiro é da marca CNH, bastante robusto, da classe IV e que pode também ser do tipo canavieiro, como opção do comprador. Na parte superior do eixo dianteiro vê-se o dispositivo de controle do esterçamento do piloto automático. O sistema hidráulico de três pontos utiliza engate rápido tanto nos braços inferiores como no terceiro ponto e não possui cilindro interno, o que simplifica bastante a manutenção corretiva, pois os cilindros são externos, um de cada lado. A capacidade de levante é de 6.616kg e a vazão hidráulica é de 113L/min. O sistema de controle remoto apresenta quatro válvulas VCR, no modo standard e

controle de fluxo para todas as alavancas, com retorno dos motores hidráulicos em cada válvula. Também é de destacar a presença de um sistema de recuperação do óleo das VCRs, que poderia contaminar o solo, se não tivesse sido previsto. Ao lado esquerdo da transmissão o fabricante colocou um indicador de nível do óleo do sistema hidráulico, convencional, mas bem efetivo.

ERGONOMIA E SEGURANÇA

Ergonomicamente há que se destacar a posição e o projeto da escada de acesso ao posto do condutor, com cinco degraus e pega-mãos adequados, que levam à ampla porta de acesso da cabine, que, embora possua aberturas nos dois lados, recomenda-se utilizar, para a entrada, somente a porta esquerda, com a direita servindo como saída de emergência. Em termos de visibilidade a cabine mos-

tra uma ampla área envidraçada à frente e nas laterais e com o tubo de escape escondido atrás da coluna dianteira direita da cabine. Para a segurança do operador, quando do engate de implementos, este modelo apresenta um comando de acionamento da TDP e sistema hidráulico na face externa do para-lamas esquerdo. Notamos também uma excelente capacidade de atenuar as vibrações na cabine que é feita pela união de dois blocos de borracha na parte dianteira e dois amortecedores a gás na parte traseira. Os dois blocos de borracha dianteiros estão colocados em uma posição não convencional, com o eixo horizontal, para combinar o efeito de atenuação com os dois amortecedores traseiros. Não foi possível, através do teste, medir as vibrações e o ruído, mas a sensação dentro da cabine foi de conforto absoluto, superior a outros tratores do porte, que testamos anteriormente.

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Abaixo do suporte de apoio do braço do operador há outro painel de comandos

POSTO DO OPERADOR

Quanto ao posto do operador, tudo é facilitado desde a entrada, pois a coluna do volante recolhe-se ampliando o espaço de movimentação do operador e depois de sentado proporciona o ajuste com o posicionamento horizontal e vertical do volante. Na coluna da direção está colocada a alavanca de inversão, que com um simples toque promove o movimento para frente e atrás, na mesma marcha selecionada, sem uso de embreagem. Como é comum neste porte de trator, a presença do banco de acompanhante traz segurança àqueles que tiverem necessidade de acompanhar o operador dentro da cabine. O assento principal é dotado de uma notável

suspensão pneumática, que torna o trabalho bastante agradável, mesmo com as ondulações do terreno. Na lateral direita da cabine há um console, com apoio de braço, e a alavanca multifunção projetada a fim de se encaixar na mão direita do operador permitindo a ele que tenha mais conforto na operação do trator e acesso às principais funções operacionais ao

seu alcance. De fácil visualização ao operador, na coluna frontal direita da cabine há um painel de controles, para manejo das funções do trator, motor, transmissão etc. No mesmo lado, contra o vidro direito da cabine, o fabricante posicionou um monitor sensível ao toque e com boa luminosidade de tela. Na divisão esquerda da tela este monitor apresenta os dados de velocidade, distância percorrida, área trabalhada e consumo horário de combustível. Na tela principal, o controle da operação com data, hora, rotação da TDP, horas do motor, rotação do motor, temperatura da água, pressão do óleo e dois dados muito importantes para o controle feito pelo operador, que são o patinamento médio das rodas e a carga a que está submetido o motor. Uma solução bastante simples, mas que resulta em ganho de tempo, é utilizada para identificar as alavancas dos comandos das válvulas VCR, com a especificação do número da válvula na alavanca.

CAPACIDADES

A cabine do Puma 185 possui banco com suspensão pneumática, apoio de braço com os principais comandos. Na coluna frontal direita há um painel de controles, para manejo das funções do trator, motor, transmissão e outros ajustes

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O peso de embarque é de 6.725kg, podendo chegar a um máximo admitido pelo fabricante, para este modelo, de 10.500kg. A lastragem deste trator pode ser feita com a adição de peso dianteiro na forma de placas sobre o suporte dianteiro. No modelo testado havia 16 placas de 45kg cada uma, mais o


Fotos Charles Echer

Detalhes das alavancas que controlam as válvulas do sistema hidráulico e monitor touch screen

água do motor. Tudo é muito fácil e prático na hora de expor as diferentes superfícies e limpá-las. O posicionamento do filtro de ar facilita também a sua retirada para limpeza, para o lado esquerdo do trator, principalmente pelo fato deste modelo contar com o capô basculante em 180 graus.

TECNOLOGIA

peso do suporte dianteiro. Nas rodas traseiras além da lastragem com água, que não estava sendo utilizada no modelo que testamos, podem ser adicionados cinco discos em cada roda, cada um de 65kg, dois por dentro da roda e três por fora. O modelo testado estava equipado com rodado duplo, sem água, com pneus na medida 20.8-38 R1, na parte traseira e no eixo dianteiro a medida 18.4-26 R1, ambos com perfil diagonal. Para esta série os rodados não são equipamentos standard, devendo ser escolhidos pelos clientes no momento da aquisição, mas há a opção de pneus diagonais ou radiais e rodado duplo. O depósito de combustível comporta 395 litros, o que leva concluir que, pelo consumo médio avaliado no teste, este trator possa trabalhar quase 30 horas de autonomia, sem necessidade de reabastecimento.

Em termos de recursos tecnológicos a linha Puma já vem pronta para o piloto automático, com recursos do sistema AFS (Advanced Farm System), que é o pacote tecnológico de agricultura de precisão da Case IH. No caso dos modelos 170 e 185 eles já saem de fábrica com monitor AFS e o piloto, mas todos os modelos podem vir

Local dos testes e equipe de apoio

A

Universidade Federal do Paraná (UFPR) possui algumas estações experimentais, que são fazendas que proporcionam a prática de ensino, pesquisa e extensão agrícola dos cursos de Agronomia, Engenharia Florestal, Engenharia Industrial Madeireira, Medicina Veterinária e Zootecnia. A Estação que visitamos e onde desenvolvemos os testes é a do Canguiri, que fica em Pinhais, no Paraná. Além desta,

a UFPR mantém as estações do Rio Negro, São João do Triunfo, Paranavaí, Bandeirantes e Castro. Tivemos o apoio fundamental para o conhecimento do produto e para a execução dos testes do engenheiro Rafael Luiz Tonette, que é especialista em Marketing Tratores Case, e de Ivan Correa, que presta serviços como operador de máquinas, para a Universidade Federal do Paraná.

MANUTENÇÃO

Nota-se, em uma primeira análise, a qualidade de proteção das correias e da ventoinha do sistema de arrefecimento, colocada atrás do conjunto de radiadores. O conjunto de quatro radiadores, colocado à frente do motor, tem uma alternativa interessante de exposição e facilidade de limpeza. O radiador externo é o do condicionador de ar, atrás em posição superior à do intercooler e embaixo do sistema hidráulico. Atrás destes está posicionado o radiador do arrefecimento da

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TESTE

A coluna do volante recolhe-se para facilitar a entrada do operador, além de ter ajustes de posicionamento vertical e horizontal. Um detalhe deste modelo é a ausência do painel na parte frontal do volante, reposicionado na coluna lateral

com esta configuração, se este for o desejo do cliente. Para a medição da velocidade real os tratores vem com um radar que é usado pelo seu sistema eletrônico para o cálculo do patinamento. A linha Puma é dotada de um sistema de controle automático da transmissão, naqueles modelos dotados de transmissão semi-powershift, que é o APM Diesel Saver. Pelo controle do operador em determinadas situações pode-se escolher duas opções de automatismo: Estrada, para o transporte do equipamento; e Campo, para a operação do equipamento onde o operador fica com o controle da rotação de funcionamento do motor e as marchas são trocadas automaticamente pelo sistema, conforme a exigência do trabalho, com o objetivo de economizar combustível Os tratores Puma semi-powershift possuem em seu sistema eletrônico a possibilidade que o operador grave determinadas ações realizadas durante o inicio e o fim de uma linha de preparo de solo, plantio ou outra operação necessária. Ações como aumentar rotação ou abaixar a mesma, ligar ou desligar a tração dianteira ou bloqueio de diferencial, subir implemento ou abaixar o mesmo quando engatado nos levantes hidráulicos, tudo isto pode ser gravado e com apenas um toque no botão o trator realizará as operações e nos tempos gravados. Pequenos detalhes também demonstram o cuidado do fabricante com a qualidade, como o ajuste eletrônico da velocidade da ventoinha, que se modifica com a temperatura do motor.

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O local escolhido para o teste era uma área de campo recentemente preparada, com relevo ondulado e com comprimentos de trajeto suficientes para uma boa avaliação e troca de marchas. Como dissemos, este teste foi muito facilitado pelas condições do local e pela preparação da equipe de apoio. Para iniciar fizemos alguns testes de manobrabilidade, raio de giro etc, concluindo que este talvez seja um diferencial deste modelo em relação aos seus concorrentes. Para o trabalho de tração, o equipamento agrícola acoplado ao trator testado era uma grade aradora marca Tatu Marchesan, configuração em V, modelo GAPCR com 16 discos de 30 polegadas e quatro pneus de suporte e levantamento. Testamos o desempenho nas diferentes marchas, entre a 4ª e a 10ª, com rotação do motor fixada em 2.300rpm. Com estas marchas o patinamento oscilou de 0 a 35% e nos auxiliou a definir as marchas recomendadas para esta operação e profundidade de trabalho. A técnica diz que, nestas condições, o patinamento deve situar-se entre 15% e 20%, para que alcance a


Alavanca multifunção possibilita o acesso às principais funções operacionais do trator

máxima eficiência em tração. Além do indicador de patinamento, este modelo apresenta também uma informação importante, que é a carga do motor e que deve ficar acima dos 60% para que estejamos aproveitando bem a potência. Durante o trabalho foi muito interessante acompanhar, no monitor, todas as funções do motor, transmissão e do desempenho em campo. Da pré-seleção de condições de trabalho

O Puma 185 já vem equipado de fábrica com pacote de Agricultura de Precisão da Case IH AFS (Advanced Farm System) e piloto automático

que fizemos, determinamos que a operação poderia ser feita adequadamente, entre a 7ª e a 10ª marcha. Iniciamos o trabalho de teste comparando a 7ª e a 8ª marcha, variando a rotação do motor, obtendo patinamento das rodas entre 4% e 26% e carga do motor entre 37% e 66%. A temperatura do líquido de arrefecimento do motor ficava sempre entre 70 e 80 graus e a pressão de óleo próximo aos 2,5 a 3bar. Fizemos variar a velocidade entre 4,3 e 10km/h e o consumo mais elevado que tivemos foi de 16 litros por hora, a 2.300rpm em 9ª marcha. Na maioria das vezes o nosso indicador de consumo apresentava a informação entre 12 e 14 litros por hora. Posteriormente, com o mesmo implemento e nas mesmas condições de regulagem, ampliamos o teste, colocando a nona e a décima marcha, obtendo-se resultados de velocidade de deslocamento, patinamento das rodas e a carga. Ao final, concluímos com a ajuda do sistema que na 9ª marcha, a 2.000rpm no motor, velocidade de deslocamento de 7,5km/h e 15% de patinamento, podíamos alcançar em torno

de 60% de carga e efetuar o trabalho com um consumo horário de 13,5 litros/hora. Como a capacidade operacional do conjunto mecanizado era de 1,53 hectare por hora, o consumo por área foi de 8,82 litros por hectare. Finalizamos o teste com a impressão de estar frente a um sério concorrente na faixa de potência em que se insere. Salientamos, como pontos mais positivos deste modelo, a estabilidade do motor, mesmo em condições difíceis de trabalho, e a ergonomia, tanto no que se refere ao posto do condutor, mas também na questão relacionada à mantenabilidade, particularmente nas facilidades de acesso aos componentes de motor e transmissão. Finalmente, é de destacar que é muito positiva a introdução de uma transmissão avançada, como a semi-powershift, e integrá-la a dispositivos de controle e informação, que possibilitam ao operador encontrar a marcha e a rotação adequadas para cada .M operação específica. José Fernando Schlosser, Nema - CCR - UFSM

A cabine do Puma 185 é bastante ampla e segura. Possui duas portas de entrada

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mecanização Fotos Charles Echer

Danos reduzidos

Maior compactação do solo, restrição do crescimento radicular, menor volume de solo utilizado e perdas de produtividade são os principais efeitos danosos encontrados em canaviais onde não há manejo no controle de tráfego agrícola, sistema que traz inúmeros benefícios para a lavoura

C

om a modernização da agricultura e adoção intensa da mecanização agrícola, principalmente da colheita mecanizada, no sistema de manejo da cana-deaçúcar surge a preocupação com a compactação do solo e seus efeitos danosos sobre os atributos físicos do solo e o desenvolvimento radicular. Atualmente há uma grande preocupação com o aumento das áreas agrícolas com problemas de compactação, o que, em parte, deve-se ao excesso de peso das máquinas e ao seu tráfego sem considerar a umidade e a capacidade de suporte de carga (CSC) do solo. A compactação do solo caracteriza-se pela compressão do solo, com alteração na organização das partículas, com aumento da densidade e redução da porosidade do solo. A extensão do problema no solo varia de acordo com a massa do veículo, tipo de solo, teor de água no solo, velocidade da máquina, pressão de contato, número de passadas e as interações desses fatores com as práticas agrícolas. A compactação é causada pela carga estática aplicada sobre o solo e forças dinâmicas, provocadas pela vibração do trator e implemento, patinagem dos rodados, mudanças de direção bruscas e alterações na aceleração/frenagem. Sabe-se que, quando a pressão aplicada sobre o solo excede a sua resistência interna, a compactação adicional ocorre com mudanças nos seus atributos, criando restrições ao desenvol-

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vimento radicular. É fundamental que o solo apresente condições favoráveis ao crescimento das raízes, o que permite explorar um maior volume de solo em profundidade, aumentando o acesso à água e a nutrientes e reduzindo os riscos de déficit hídrico, permitindo a cultura expressar seu maior potencial produtivo. Uma alternativa de manejo que pode ser bem-sucedida para o cultivo da cana nos canaviais brasileiros é uso do manejo com controle de tráfego. Esse sistema de manejo separa as zonas de tráfego das zonas em que há crescimento das plantas, concentrando a passagem de pneus em linhas permanentes, assim, uma área menor será atingida. Para isso deve ocorrer uma mudança no espaçamento da cultura e/ou na bitola das máquinas. Os canaviais que já adotam

o controle de tráfego usam espaçamento da cana com 1,5m e bitola do trator e transbordo de 3m, divergindo do manejo tradicional que utiliza espaçamento entre 1,4m a 1,5m e bitola das máquinas inferior a 2m. Em complemento ao ajuste do espaçamento da cultura e da bitola das máquinas, tem sido utilizado o sistema de direção assistida, mais conhecido como piloto automático. Este equipamento é utilizado para guiar as máquinas agrícolas em operações de campo, de tal forma que o deslocamento ocorra sempre em linhas paralelas, o que resulta na maior uniformização do espaçamento, com melhor aproveitamento do terreno e menor tráfego sobre as linhas de cultivo. Em canaviais, o ajuste da bitola das máquinas ao espaçamento da cultura aliado ao

Figura 1 - Densidade e porosidade do solo no centro da entre linha (EL) e na linha de plantio (LP) na profundidade de 0,0-0,1m em área de cana-de-açúcar nos manejos tradicional (T) e com controle de tráfego (CT)

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uso do piloto automático contribui para reduzir em 26% a área trafegada pelos pneus agrícolas, devido à sobreposição das passadas dos pneus no centro das entre linhas. No manejo com controle de tráfego surge o conceito de “canteiro da cana”, ou seja, uma área de 40cm de cada lado da linha de cultivo não recebe tráfego de rodados do conjunto trator-transbordo, enquanto no manejo tradicional ocorre o tráfego dos pneus ao lado ou mesmo sobre a soqueira, o que prejudica o crescimento e a longevidade dos canaviais. Portanto, o controle de tráfego pode ser uma prática de manejo que tem como objetivo preservar as condições de solo ideal para o crescimento das culturas nos locais não trafegados, contribuindo para aumentar a longevidade da lavoura. Outra medida efetiva na prevenção da compactação do solo é o uso de máquinas mais leves ou realizar seu tráfego em solos mais secos, aplicando pressões inferiores à capacidade de suporte de carga (CSC) do solo. A capacidade de suporte de carga do solo representa uma relação entre a pressão de pré-consolidação do solo e sua umidade, de tal forma que o aumento da umidade reduz a pressão de préconsolidação pelo solo e, consequentemente, a CSC. A pressão de pré-consolidação do solo é a maior sofrida pelo solo no passado, assim, a aplicação de pressões sobre o solo maiores que a pressão de pré-consolidação causa deformação não recuperável, ou seja, compactação adicional e degradação da estrutura do solo. Um trabalho de campo foi realizado na safra 2010/2011 em uma lavoura comercial de cana-de-açúcar intensamente mecanizada no município de Pradópolis-SP (Usina São Martinho) com objetivo de avaliar a capacidade de suporte de carga de um Latossolo Vermelho distrófico (textura argilosa e topografia plana) e o desenvolvimento radicular nos sistemas de manejo tradicional e com controle de tráfego.

Figura 2 - Modelos de capacidade de p x U), para os sistemas de manejo tradicional (T) e suporte de carga do solo com controle de tráfego (CT), determinados nas linhas do plantio e no centro da entre linha

No manejo da lavoura foi usado um trator Case MX, potência do motor de 270cv e massa de 12t. Na colheita da cana foi usada a colhedora de esteira Case A-7700, rodado tipo esteira, potência do motor de 335cv e massa de 19t e o mesmo trator Case MX, arrastando um transbordo de três compartimentos com massa total (carregado) de 40t. De acordo com os resultados do trabalho, o manejo com controle de tráfego proporcionou menor densidade do solo e maior porosidade na linha de plantio (LP, soqueira), em comparação ao manejo tradicional (Figura 1). Isso ocorreu em razão da ausência do tráfego de pneus do trator e transbordo sobre, ou próximo, à soqueira, no manejo com controle de tráfego. No centro da entre linha (EL), o solo apresentou maior densidade e menor porosidade no manejo com controle de tráfego, já que o tráfego dos pneus se sobrepõe ao longo das passadas das máquinas. Assim, o ajuste da bitola do trator e do transbordo e o uso do piloto automático aliam uma melhor condição de tráfego na entre linha, com a ausência de tráfego na linha de plantio e no canteiro da cana, o que preserva a qualidade física do solo na região de desenvol-

vimento radicular. No centro da entre linha, o solo com controle de tráfego apresentou maior CSC em relação ao manejo tradicional, para qualquer teor de umidade, (Figura 2). Recomenda-se realizar o tráfego de máquinas com umidade do solo inferior ao limite de plasticidade (34% peso seco), ou seja, numa condição de solo friável ou tenaz. Vale ressaltar que a região de friabilidade representa uma faixa de umidade do solo, onde o teor de água é adequado para as operações mecanizadas, principalmente de preparo do solo. Para as condições da pesquisa, tomando este valor como exemplo, constata-se maior capacidade de suporte de carga no manejo com controle de tráfego (335kPa), em comparação ao manejo tradicional (299kPa). Os resultados refletem o efeito da maior compactação do solo no centro da entre linha de plantio no manejo com controle de tráfego, causada pela sobreposição das passadas dos pneus do trator e do transbordo, o que aumenta a tração das máquinas, promovendo economia de combustível e ganhos no rendimento do serviço. Contudo, deve-se atentar que a compactação do solo pode se desenvolver lateralmente em

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Gustavo de Souza

Figura 3 - Distribuição espacial da matéria seca das raízes de cana-de-açúcar, nos manejos tradicional (T) e com controle de tráfego (CT). EL = entre linha; LP = linha de plantio

Detalhe do método utilizado para avaliar a densidade do solo e o sistema radicular na cultura da cana

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na área de contato do rodado com o solo é eficiente em reduzir o risco de compactação causado pelo tráfego de máquinas. Outra medida preventiva tem sido o monitoramento da umidade do solo e a tentativa de realizar as atividades mecanizadas em condição de umidade inferior à limitante, indicada no modelo de CSC. Por exemplo, um trator utilizado em operações agrícolas exerce uma pressão estática na superfície do solo de 363kPa, assim essa máquina deve trafegar no solo em condição de umidade inferior a 29%, para o manejo com controle de tráfego (Figura 2). Para o manejo tradicional, a mesma pressão deve ser exercida, em condição de umidade inferior a 18% (Figura 2). Assim, o manejo com ajuste da bitola e uso de piloto automático favorece os cronogramas de trabalho em empresas agrícolas, em razão da menor dependência da umidade do solo (que é influenciada pelas condições climáticas), pois permite o trabalho das máquinas agrícolas sobre o solo mais úmido. O trabalho possibilitou ainda observar maior enraizamento da cana no uso do controle de tráfego em relação ao manejo tradicional (Figura 3). Esses resultados expressam os benefícios do manejo com controle de tráfego Massey Ferguson

sentido ao canteiro da cana e, assim, prejudicar as raízes e mascarar os benefícios deste sistema de manejo. Para qualquer valor de umidade do solo, o manejo tradicional apresentou maior capacidade de suporte de carga na linha de plantio (Figura 2). Considerando novamente a umidade de 34%, a CSC no manejo tradicional foi de 315kPa, enquanto no manejo com controle de tráfego foi de 292kPa. Essa maior resistência do solo no manejo tradicional na linha de plantio é caracterizada pelo efeito do tráfego de pneus agrícolas próximo à soqueira da cana, ao longo dos ciclos de cultivo, tornando o solo mais compactado e mais resistente a novas deformações. Solos com valores elevados de pressão de pré-consolidação apresentam maior resistência mecânica à penetração de raízes, o que pode restringir o crescimento radicular e a produtividade da cana. Um possível problema no manejo com controle de tráfego nos canaviais brasileiros, e presente neste trabalho, é o uso de colhedoras com bitola diferente da bitola das máquinas, que promove o tráfego da esteira próximo à linha de plantio (região do canteiro). Neste caso, a colhedora possui bitola de 1,88m e aplica uma pressão de contato de 132kPa sobre a superfície do solo. Essa pressão é inferior à CSC do solo, para qualquer umidade do solo, na linha de plantio nos dois sistemas de manejo, evitando a compactação adicional do solo (Figura 2). Esse resultado indica elevada resistência interna entre partículas e agregados, que imprimiu maior estabilidade estrutural ao solo. Um dos principais responsáveis pela compactação nos canaviais tem sido o tráfego do trator e transbordo, na colheita, e de máquinas autopropelidas na aplicação de insumos, pois estes apresentam pequena área de contato do pneu com o solo, exercendo pressões na superfície do solo que podem ultrapassar 450kPa. Do ponto de vista prático, o aumento

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para o cultivo da cana-de-açúcar. Foi observada diminuição da matéria seca das raízes, no sentido da linha de plantio para o centro da entre linha, nos dois sistemas de manejo avaliados (Figura 3). A menor quantidade de raízes na entre linha está relacionada, principalmente, a limitações físicas do solo causadas pelo tráfego de máquinas. A maior compactação do solo restringe o crescimento radicular e reduz o volume de solo utilizado, o que pode causar perda de produtividade, principalmente em culturas de sequeiro. O sistema de manejo da cana-de-açúcar com controle de tráfego promoveu maior CSC do solo na entre linha e possibilitou o tráfego de máquinas agrícolas em solos com maior teor de umidade, devido os maiores valores de pressão de pré-consolidação (o ajuste da bitola do trator e transbordo para 3m e o uso de piloto automático contribuem para a preservação da qualidade física do solo, na região da soqueira, e para o maior desenvolvimento do sistema radicular da cana-de-açúcar). Avaliar a suscetibilidade do solo à compactação e as alterações nos seus atributos causadas pelo tráfego de máquinas agrícolas deve ser uma preocupação dos agricultores, isso porque as limitações podem reduzir a produtividade das culturas e a rentabilidade da atividade agrícola. O emprego de controle de tráfego em áreas intensamente mecanizadas representa uma forma racional de manejo, que minimiza o efeito da compactação sobre a cana e seu sistema radicular, contribuindo para tornar a atividade mais sustentável e competitiva. Agradecemos a Usina São Martinho por disponibilizar a área de estudo .M e pelo auxílio no trabalho de campo. Gustavo Soares de Souza, CRDR-CN/Incaper Zigomar Menezes de Souza, Feagri/Unicamp Reginaldo Barboza da Silva, Unesp



COLHEDORAS

Pluma perdida Charles Echer

Estudo mostra que as perdas na colheita mecanizada de algodão ainda são elevadas devido à complexidade de regulagem da colhedora e agravadas pelo aumento da velocidade de descolamento

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A

colheita do algodão é uma etapa de alto custo e de extrema importância no processo produtivo da cotonicultura, pois, se for mal conduzida, poderá acarretar prejuízos quantitativos no produto final. É neste momento que o produtor aguarda o retorno de todos os investimentos e trabalho realizado, entretanto, nem sempre eles conseguem obter os melhores rendimentos por falta de condições adequadas. As perdas na colheita do algodão ocorrem em função dos mais variados fatores, dentre os quais se destacam o ponto de maturação, as condições de colheita, as regulagens das máquinas, a velocidade de colheita, o tipo de máquina, o tipo de solo, a variedade e os fatores climáticos. Nesse sentido, no momento da colheita podem ocorrer alguns erros e para que esses possam ser observados e corrigidos é importante monitorar as perdas na colheita, caracterizadas pela presença do algodão que se encontra no chão e do algodão que permanece na planta após passagem da colhedora, bem como a perda de peso devido ao atraso na colheita. Pesquisadores da Unesp e da Universidade Federal do Mato Grosso realizaram pesquisa de campo para avaliar a produtividade e as perdas na colheita do algodão em função de duas cultivares e duas velocidades de colheita. A pesquisa foi realizada no estado de Mato Grosso, na safra de 2011/2012, no campo de produção da Fazenda Mirandópolis, localizada a 60km de Rondonópolis. O algodão foi produzido em sistema de cultivo convencional, semeado em dezembro de 2011 sobre sistema de semeadura direta (palhada de milheto e capim sudão), com espaçamento entre fileiras de 0,90m e população de 100.000 plantas/ha. As cultivares avaliadas foram a FMT 705 e a FMT 701, ambas pertencentes à Fundação Mato Grosso. As velocidades de colheita avaliadas foram 3,6km/h e 7,2km/h. Como delineamento experimental no campo, foi utilizado o delineamento em blocos casualizados em esquema de parcelas subdivididas, ou seja, as cultivares pertenciam às parcelas de cada bloco e cada passada



Figura 1 - Resultados médios de produtividade de algodão em caroço antes da colheita mecanizada

Colhedora de algodão com sistema de colheita de fusos utilizada no experimento

da colhedora com a velocidade de 3,6km/h ou 7,2km/h correspondiam às subparcelas, totalizando quatro tratamentos, cada um com seis repetições. A colheita mecânica foi realizada com colhedora de algodão, marca John Deere, modelo 9970, com potência de 186kW (253cv), ano 2001, apresentando 3.886 horas trabalhadas, com plataforma de 4,5m de largura e cinco linhas de colheita. O equipamento foi conduzido pelo mesmo operador durante todo o experimento observando cada velocidade de deslocamento e rotação de trabalho. A produtividade de algodão em caroço foi determinada em área útil de 3,6m2, equivalentes a três linhas de dois metros de comprimento em cada parcela, recolhendose manualmente todos os capulhos presentes nas plantas antes da colheita mecanizada. O levantamento de perdas na ocasião de colheita foi determinado através da coleta das perdas pré-colheita (algodão caído no solo antes da colheita mecanizada), perda no solo (algodão caído no solo após a passagem da colhedora) e perda na planta (algodão que permanecia na planta após a passagem da colhedora). A área de amostragem para todas as avaliações foi de 3,6m2 (sendo três linhas com dois metros de comprimento),

totalizando seis repetições por tratamento. As amostras foram devidamente coletadas, armazenadas e identificadas. Posteriormente, foram corrigidos todos os valores dos pesos das amostras em gramas para kg/ha, efetuando-se, também, o cálculo da perda total, que foi obtido pela soma simples das médias de perdas no solo e perdas na planta. Determinou-se também a Perda Percentual, relacionando as perdas totais com os valores de produtividade obtidos por cultivar. O teor médio de água no algodão em caroço na ocasião da colheita era de 9,5%. Por meio de estatística, os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as comparações entre as médias foram feitas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Segundo os resultados obtidos no experimento, de acordo com a produtividade coletada manualmente, a cultivar FMT 705 alcançou a maior produtividade de algodão em caroço, totalizando 3.929,5kg/ha, superando a produtividade da FMT 701, que resultou em 3.306,2kg/ ha (Figura 1). Na ocasião da colheita manual para obtenção da produtividade, avaliaram-se as perdas pré-colheita, verificando-se que a mesma foi desprezível, não sendo, portanto, considerada nas avaliações.

Avaliando os resultados de perdas na colheita (Figura 2), vimos que as cultivares não apresentaram diferença entre si para perdas no solo e na planta, entretanto, para perdas totais a cultivar FMT 705 resultou no maior resultado (514,7kg/ha). Possivelmente, esse resultado deu-se em função desta cultivar ter obtido a maior produtividade em relação à cultivar FMT 701, consequentemente resultou em maiores perdas. O resultado médio para perda total percentual não apresentou diferença significativa entre as cultivares, resultando em 13% para a cultivar FMT 705 e 11% para a cultivar FMT 701. Quando se avaliaram as perdas na colheita entre as diferentes velocidades de colheita, observamos diferença significativa para perdas no solo e perdas totais. As perdas na planta foram semelhantes entre as velocidades. Foi observado no experimento que quando colhe-se com velocidade de 7,2km/h, as perdas no solo aumentam, indicando que o fato de colher com maior velocidade de deslocamento da colhedora afeta em maior derrubada de algodão no chão por parte dos mecanismos colhedores. Ressalta-se também que, devido ao fato de aumentar a velocidade de 3,6 para

Figura 2 - Resultados médios de perdas no solo, perdas na planta e perdas totais para Figura 3 - Resultados médios para perdas no solo, perdas na planta e perdas totais as cultivares FMT 705 e FMT 701 para as velocidades de 3,6 e 7,2km/h

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Figura 4 - Resultados médios para perda total percentual dentre as velocidades de colheita

questão, as perdas totais resultaram entre 9% e 12,5%. Os elevados índices de perdas na presente pesquisa, provavelmente, foram inerentes de regulagens inadequadas dos mecanismos colhedores e desfibradores; ou até mesmo nas placas de compressão das plantas sobre os tambores de colheita, no qual estas devem ser verificadas e ajustadas de forma que os fusos colham o máximo de algodão em caroço, minimizando, assim, as perdas de algodão caído sobre o solo. De acordo com tudo que foi discutido, o produtor deve atentar-se na ocasião de colheita, pois, para evitar parcialmente as perdas nessa ocasião, uma série de cuidados deve ser tomada para maximizar o rendimento da cultura, tais como: tempo de uso da máquina e treinamento dos operadores, pois esses fatores diminuem o rendimento da colhedora, bem como o monitoramento da velocidade de colheita e das regulagens dos tambores de colheita, pois conclui-se com os resultados da presente pesquisa que velocidades em torno de 7,2km/h ocasionam maiores perdas na colheita do algodão quando comparadas às velocidades na média de

3,6km/h, significando, consequentemente, reduções expressivas na produtividade .M final. Francielle Morelli Ferreira e Antonio Renan Berchol da Silva, Famevz – UFMT Paulo Roberto Arbex Silva e Sérgio Hugo Benez, FCA/Unesp – Botucatu Bruna Elusa Kroth e Antonio Tássio Ormond, UFMT

Pesquisadores da UFMT avaliaram as perdas que ocorrem na colheita mecanizada do algodão

Fotos Francielle Ferreira

7,2km/h, observou-se um aumento de 100kg/ha de algodão em caroço caído sobre o solo. Para perdas totais observou-se um total de 385kg/ha colhendo com velocidade de 3,6km/h e 510kg/ha colhendo com 7,2km/h. Observou-se um aumento de 125kg/ha entre as velocidades de colheita. Em razão da existência de poucos trabalhos sobre as perdas na colheita de algodão utilizando diferentes velocidades, pode-se comparar com pesquisas que analisaram a influência da velocidade nas perdas em colheita de soja. Observou-se que, com o aumento da velocidade de deslocamento da colhedora, ocorreu o aumento das perdas, sendo estas mais expressivas com velocidades acima de 7km/h; esses resultados estão de acordo com o presente trabalho que resultou em maiores perdas na velocidade de 7,2km/h (14,1%). Em geral, os valores obtidos estão abaixo dos encontrados por Silva et al (2007), que observou perdas totais em torno de 16,7% em colheita de algodão, porém, os resultados situam-se próximos dos limites observados na literatura, onde, nas condições de cerrado, como é o caso da área em

.M

Área experimental onde foram monitoradas as perdas que ocorrem durante a colheita mecanizada do algodão

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semeadoras

De olho nas sementes

naram-se aleatoriamente espaços de um metro para a avaliação. Os dados analisados através do software estatístico Minitab, em delineamento completamente aleatório. Em cada velocidade analisou-se a quantidade de sementes quebradas (com danos visíveis nas sementes), encestadas (aquelas que, embora estivessem no sulco a profundidade correta, não ficaram em contato com o solo, mas em cestas de resíduos vegetais) e expostas (aquelas em que não foi realizado o processo de cobertura de solo sobre elas, tanto no sulco como fora dele). Os dados que não tiveram distribuição estatística normal foram tratados pela técnica estatística da Média Móvel Exponencialmente Ponderada (EWMA), que possibilitou avaliar a estabilidade dos dados e assim o desempenho da semeadora perante os limites recomendados de perdas. Já os dados que se apresentaram normais foram testados através da análise de variância (Anova) e teste de Tukey, que permite avaliar a diferença entre os diversos tipos de perdas. Realização do experimento em campo, notar o detalhe das sementes expostas. Na Tabela 1 encontra-se a estatística des-

A

ocorrência de perdas de sementes no processo de semeadura causa sérios problemas no estabelecimento das áreas de plantio, além do mais, constitui um dos principais fatores de avaliação da eficiência das semeadoras. Neste contexto, poucos trabalhos têm se preocupado com as semeadoras contínuas, aquelas que semeiam sementes miúdas (arroz, trigo, sorgo etc). As semeadoras contínuas possuem a especificidade de terem mecanismos dosadores de sementes de fluxo constante, ou seja, não têm a ação de separação, coleta e deposição individualizada de sementes como as semeadoras de precisão. Assim, os processos pertinentes à perda de sementes, tanto em termos de quebra da semente ou dano ao embrião, como em termos de má deposição ao solo, têm grande importância no resultado final da semeadura. Diversos autores apontam em seus estudos que a uniformidade de distribuição longitudinal

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de sementes é uma das características que mais contribuem para um estande adequado de plantas e, consequentemente, para a melhoria da produtividade da cultura. No entanto, poucos estudos em relação a perdas das sementes por danos ou má deposição são disponíveis. O experimento foi conduzido no campo experimental do Departamento de Engenharia Agrícola no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará (CCA-UFC), estado do Ceará. O solo onde foi realizado o experimento é classificado como um Argissolo Vermelho Amarelo com classe textural classificada como franco arenoso (Embrapa, 1999). A semeadora de fluxo contínuo utilizada na realização do ensaio foi o modelo SDA³ da marca Tatu. A regulagem foi determinada para a deposição de 80 sementes de arroz/metro linear e 2,5cm de profundidade em experimentos com velocidades de 4 e 8km/h. Nas linhas selecio-

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Case IH

O plantio com semeadoras contínuas exige especial atenção dos produtores, já que as perdas de sementes ocasionadas por quebra dos grãos, danos ao embrião e má deposição ao solo têm grande importância no resultado final da semeadura e na produtividade das lavouras


New Holland

Tabela 1 - Estatística descritiva para avaliação de perdas na semeadura em fluxo contínuo Vel. 4 km.h-1 Observações Média Desvio Padrão Variância Coeficiênte de variação (CV) Máximo Mínimo Simetria Curtose

Encestadas 20 2,7 2,77 7,69 102,74 8 0 0,94 -0,41

8km/h apresentou quase o dobro de sementes encestadas, o que significa a necessidade do agricultor de especial atenção na pressão do disco de corte de resíduos a esta velocidade, pois estudos indicam que o principal fator que influi no encestamento é a má qualidade do corte dos resíduos sobre o solo. Em relação a sementes quebradas e expostas pela comparação entre a Figura 1 e os valores apresentados na Tabela 1, tem-se que ambas variáveis podem ser consideradas estáveis e que em termos de sementes expostas não há diferença entre a maior e a menor velocidade, mas em relação a sementes quebradas a maior velocidade apresentou quase o dobro das quebras. Assim, a semeadora mostrou-se adequada ao plantio de sementes de arroz nas condições edafoclimáticas do solo em questão, os mecanismos dosadores encontram-se em perfeito funcionamento. As sementes encestadas apresentaram-se influenciáveis pela velocidade da semeadura e as perdas não foram acentuadas

Expostas 20 4,45 3,12 9,73 70,11 10 0 0,25 -1,54

Quebradas 20 0,25 0,55 0,3 220,05 2 0 2,24 4,66

Quebradas 20 0,45 0,68 0,47 152,52 2 0 1,28 0,54

Encestadas 20 5,35 4,09 16,76 73,53 16 0 0,95 0,96

Tabela 2 – Anova para sementes encestadas nas velocidades 4 e 8km/h Source Factor Error Total

DF 1 38 38

F 0,11

MS 1,2 11,1

SS 1,2 422,1 423,4

P 0,742

S = 3,497 R-Sq = 13,13% R-Sq(adj) = 10,84%

Tabela 3 – Agrupamento dos dados pelo teste de Tukey Encestadas Vel 8km/h Encestadas Vel 4km/h

N 20 20

Mean 5,350 2,700

Grouping A B

a ponto de causar problemas ao estabelecimento .M da cultura do arroz. Daniel Albiero, José Israel Pinheiro, Rafaela Paula Melo, Janiquelle da Silva Rabelo e Leonardo de Almeida Monteiro, Dena-CCA-UFC

Fotos Daniel Albiero

critiva de avaliação das perdas no processo de semeadura. É importante notar o coeficiente de variação (CV) que indica o quanto há de amplitude entre as perdas considerando o valor médio obtido para cada tipo de perda. Para as sementes expostas e quebradas a 4km/h não houve normalidade nos dados, prosseguiu-se então com a Média Exponencialmente Ponderada (EWMA) para os dados em questão, a Figura 1 mostra os resultados. De acordo Montgomery (2004) se todos esses pontos estiverem dentro dos limites especificados, ou seja, limites superior e inferior, considera-se que houve estabilidade no processo estudado, porém, é possível observar que em ambas as figuras existem pontos fora dos limites de controle especificados pelo limite superior e limite inferior, mostrando que o processo apresentou grande variabilidade, o que é atestado pelo coeficiente de variação mostrado na Tabela 1, mas, de acordo com Barros (2008), se 95% dos pontos amostrais estiverem dentro dos limites especificados considera-se que o processo apresenta estabilidade. Portanto, em termos de sementes expostas e sementes quebradas a 4km/h pode-se considerar a semeadura como um processo estabilizado, embora com grande variação, o que denota necessidade de regulagens mais precisas e adequadas na semeadora. Pela Figura 1 percebe-se que mesmo com anormalidade da distribuição, apenas um ponto saiu dos limites estabelecidos pela estatística. Já a Análise de Variância (Anova) para as sementes encestadas, a velocidade de 4 e 8km/h na Tabela 2 e o teste de Tukey na Tabela 3, percebe-se que há diferença entre o encestamento das sementes. A velocidade de

Expostas 20 4,8 3,53 12,48 73,61 16 0 1,68 4,56

Vel. 8 km.h-1

Imagens feitas durante a avaliação no campo experimental da Universidade Federal do Ceará mostram diversas sementes expostas por conta de má regulagem, velocidade irregular ou funcionamento inadequado do sistema de semeadura

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Coopavel

eventos

Recorde do Show Show Rural da Coopavel atrai mais de 200 mil visitantes, recorde de público e supera a edição anterior em volume de negócios

M

ais uma vez o Show Rural da Coopavel superou as expectativas dos organizadores e expositores. A edição deste ano teve mais de 210 mil participantes e o volume de negócios realizados durante a feira nos setores

de equipamentos, implementos, máquinas agrícolas, caminhões e automóveis ultrapassou a marca de R$ 1,8 bilhão, superando os R$ 1,6 bilhão da edição de 2013. Na parte de máquinas agrícolas as maiores novidades ficaram por conta de

Um dos destaques no estande da Montana foi o Parruda Stronger, que apresenta vão livre de 1,80m

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novas linhas de tratores e tecnologias para a agricultura de precisão, presente em quase todos os estandes. Para aqueles leitores que não tiveram a oportunidade de visitar esta grande vitrine a céu aberto, preparamos uma matéria es-

O trator 1175 S, recentemente lançado pela Agritech traz como diferenciais o câmbio sincronizado e o sistema de direção hidrostática


Fotos Cultivar

de engrenagens, rodados articulados, linhas de plantio pantográficas, distribuição de sementes por discos alveolados, distribuição de adubo por rosca sem-fim, sulcador da semente com discos duplos defasados, limitadores e compactadores em “V” e sistema hidráulico com cilindro de dupla ação.

GSI

Circuito de injeção de diesel Common Rail faz com que o combustível chegue a altas pressões

Pneu Super Arrozeiro II, da Titan, tem barras de tração com maior profundidade para terrenos alagadiços

A GSI destacou o secador compacto Portable Dryer, que pode ser levado de um lugar para outro

pecial com os lançamentos e destaques das principais empresas de máquinas agrícolas do Brasil.

como diferenciais o câmbio sincronizado, o sistema de direção hidrostática e mais precisa, eixo dianteiro mais robusto, sistema de refrigeração de água e óleo integrado e o levantador hidráulico com acionamento externo, capacidade de levante de 3.600kg e sistema de levantamento automático. Além da novidade, a Agritech apresentou os tratores cafeeiros 1175 (75cv) e 1155 (55cv) Super Estreito e o 1175-4 Agrícola, desenvolvido para atender lavouras de grãos e culturas que necessitem de tratores com maior poder de tração e potência TDP independente.

MONTANA

A Montana Agriculture esteve presente no Show Rural 2014, com toda sua linha de produtos. Com o slogan “Montana. Um Braço Forte”, a empresa colocou à disposição dos visitantes a Parruda Stronger, que apresenta vão livre de 1,80m, linhas de alimentação das barras bem dimensionadas, válvulas de seção nas barras, painel de controle com válvula proporcional elétrica e auxiliar manual, range de aplicação ampliado, pneus radiais de maior diâmetro e altura que absorvem irregularidades e molas pneumáticas de maior capacidade que absorvem mais impactos. A máquina destaca-se ainda por apresentar o menor consumo de combustível da categoria, maior capacidade de rampa e rendimento operacional.

TITAN

KUHN

A Kuhn apresentou como destaque no Show Rural Coopavel 2014 a Plantadora PDM PG 1500 especializada no plantio de precisão para culturas de verão. A plantadora vem configurada com chassi monobloco, cabeçalho basculante, reservatório de adubo em fibra de vidro, transmissão com recâmbio

A GSI Brasil participou do Show Rural Coopavel 2014 com dois estandes - um dedicado à armazenagem de grãos e outro à linha de equipamentos para produção de proteína animal (avicultura e suinocultura). O produto em destaque da empresa na área de Armazenagem foi o secador compacto Portable Dryer, uma das novidades que a empresa está trazendo para o mercado brasileiro neste ano. O Portable Dryer pode ser mudado de lugar e é facilmente instalado. O equipamento, que é entregue montado na propriedade, pode incorporar maior capacidade para ampliar suas dimensões tanto lateral quanto verticalmente. Esse modelo de secador é indicado para a secagem de determinados tipos de grãos, principalmente o feijão, agregando valor ao produto final. O sistema de geração de calor é a gás, sendo toda a manipulação do combustível feita de forma automática.

JAN

A Implementos Agrícolas Jan S/A levou para a Coopavel 2014 o Escarificador Matic que apresenta como principais características a regulagem de profundidade de trabalho através da articulação do rodado e do sistema hidráulico do trator. O braço escarificador efetua o rompimento da camada compactada do solo sem ocasionar excessivo revolvimento, mantendo os resíduos vegetais na superfície, melhorando a porosidade e a infiltração da água. O disco de corte possui regulagem vertical através de um mancal deslizante e de fácil regulagem, com mola helicoidal, que permite ao disco acompanhar

A Titan Pneus, detentora da marca Goodyear Farm Tires, levou para o Show Rural Coopavel 2014 seu amplo portfólio de produtos com foco para o agronegócio. Um dos destaques foi o Pneu Super Arrozeiro II, que tem barras de tração com maior profundidade para oferecer melhor desempenho nas culturas alagadiças e desenho diferenciado das barras que previnem o acúmulo de resíduos, proporcionando maior poder de tração.

AGRITECH

A Agritech levou sua ampla linha de produtos, mas destacou o trator 1175 S, recentemente lançado. O modelo traz

A Kuhn destacou a Plantadora PDM PG 1500 especializada no plantio de precisão para culturas de verão

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Escarificador Matic, da Jan, possui regulagem de profundidade de trabalho através da articulação do rodado e do sistema hidráulico do trator

as ondulações do terreno.

MIAC

A Miac apresentou durante a Coopavel 2014 o Ceifador Enleirador de feijão TOP Flex 4.5 com uma série de inovações e melhorias, como estrutura tubular mais simples e mais leve, que proporciona melhor eficiência no transporte de feijão desde o corte até o enleiramento, novo molinete triangular e novo abridor de linhas.

METALFOR

A Metalfor levou ao Show Rural soluções focadas nos produtores da região Sul do País, assim como faz nas regiões onde atua na Argentina. Nesta feira, a empresa deu destaque para o distribuidor 7050 que vem equipado com motor seis cilindros turbo e intercooler Cummins QSB 6,7, eletrônico de 173hp, monitorado pelo sistema Isobus; tanque de combustível de 350 litros; eletroválvulas hidráulicas solenoides para todos os motores; direção hidrostática com sistema “Load Sensing” e pneus 14,9X46 radiais, com vão livre de 1,60 metro de largura.

SEMEATO

A Semeato participou da Coopavel 2014 e levou toda a sua linha de semeadoras e plantadeiras para o plantio direto. O destaque neste ano foi a semeadora múltipla SSM 33 VS que passou por um processo de reengenharia com o objetivo de aprimorar ainda mais a sua eficiência na implantação das diferentes culturas. Duas grandes alterações foram incorporadas à SSM 33VS: reservatórios de semente e adubo em polietileno rotomoldado, oferecendo grande durabilidade de resistência, e o sistema Vacuum System para distribuir com precisão sementes de soja, milho, algodão, sorgo, feijão entre outras culturas denominadas grãos graúdos.

TEEJET

A Teejet apresentou amplo portfólio de produtos destinados à tecnologia de aplicação. Um dos destaques foi o Sentry 6140, primeiro monitor de vazão por bico do mercado capaz de identificar pontas entupidas ou desgastadas e, desta forma, garantir a

Distribuidor 7050, da Metalfor, vem equipado com motor seis cilindros turbo e intercooler Cummins QSB 6,7, eletrônico de 173cv

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Ceifador Enleirador de feijão TOP Flex 4.5, da MIAC, teve uma série de melhorias e possui novo molinete triangular e novo abridor de linha

qualidade na aplicação e evitar desperdícios dos defensivos agrícolas. Fizeram parte também dos produtos apresentados no estande as pontas Turbo Teejet, agora fabricadas no Brasil, que oferecem faixa de precisão de 1 a 6bar e tamanho de gotas médias. O grande ângulo de pulverização proporciona boa cobertura em diversos tipos de aplicação, melhor controle de deriva, melhor distribuição volumétrica e maior versatilidade de aplicação.

ARVUS

A Arvus Tecnologia expôs sua linha completa de equipamentos para agricultura de precisão. O destaque da empresa na feira foi o piloto automático que permite um sistema de correção de inclinação e manobras bruscas. Ele trabalha em reta, curvas e pivôs, além de ser totalmente integrado com as demais funções do Titanium. Também é adaptável à maioria dos tratores do mercado e tem acionamento hidráulico de alta performance, que garante melhor tempo de ajuste de rota.

O destaque da Semeato foi a semeadora múltipla SSM 33 VS que passou por um processo de reengenharia e recebeu reservatórios de semente e adubo em polietileno rotomoldado

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Além do Sentry 6140, a Teejet também destacou as pontas Turbo Teejet, agora fabricadas no Brasil, que oferecem faixa de precisão de 1 a 6bar

GEO AGRI

A Geo Agri trouxe sua ampla linha de produtos para a agricultura de precisão. Entre os equipamentos expostos a empresa deu destaque para uma composição que oferece diversas soluções para agricultura. O monitor FmX é um display para diversas soluções, como: DCM-300, componente da solução Connected Farm, capaz de realizar o envio de dados do escritório para o veículo, comunicação entre veículos, acesso remoto para diagnóstico, entre outros. Traz também embreagens pneumáticas e elétricas Tru Count, uma solução capaz de fazer o desligamento linha a linha ou de seções de linhas de plantio, reduzindo sobreposições e, consequentemente, a quantidade de sementes utilizadas, possibilitando um aumento de

O destaque da Arvus foi o piloto automático Titanium

Os destaques da Geo Agri foram o monitor FmX, que é um display para diversas soluções, e o controlador de vazão e seção Field-IQ

rendimento nas áreas trabalhadas. O Controlador Field-IQ, que realiza o controle de vazão e de seção, permite realizar aplicação a taxa variável com mapas de prescrição ou em tempo real com o sistema GreenSeeker, além de monitoramento de sementes.

JUMIL

Ideal para a semeadura de trigo, arroz, aveia, cevada, centeio e outros grãos finos, a semeadora JM 5027 PD foi o destaque da Jumil no Show Rural. A novidade está no aumento do número de linhas de plantio em conjunto com toda a tecnologia pantográfica de semear. O Chassi foi projetado com estrutura de alta resistência, sistema de barra-porta, pneus 18.30-14 com maior diâmetro e largura e sistema de transmissão equipado com câmbio com sistema de troca rápida, que proporciona diversas regulagens de distribuição de sementes e adubo.

STARA

A Stara levou para a Coopavel 2014 sua ampla linha de produtos para o agronegócio. O trator ST Max 105 esteve entre os destaques da empresa e vem equipado com piloto automático de série, motor Perkins com quatro cilindros turbo e potência de 105cv. Seu reservatório de combustível tem capacidade para 120 litros, o que permite longas horas de trabalho diárias, com baixo consumo de combustível. A transmissão é sincronizada de 12 velocidades (frente/ré) e seu câmbio é de quatro marchas e três gamas, seu eixo dianteiro é ZF. A cabine do ST Max 105 “total view” permite ampla visibilidade e controle do trator por parte do operador. É equipado com sistema APS (Agricultura de Precisão Stara), que possui conexões de espera para implementos equipados com tecnologia Stara, como o Topper 4500, que pode ser utilizado para pulverização,

O destaque da Jumil foi a Semeadora JM 5027 PD para as culturas de trigo, arroz, aveia, cevada, centeio e outros grãos finos

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Lançado na Expointer do ano passado, o trator ST Max 105 foi um dos destaques da Stara no Show Rural

distribuição e plantio.

VERION

A Verion exibiu seu mais novo lançamento, o computador para Agricultura de Precisão Verion Vcom 7.0. O computador tem como principais características a aplicação em taxa variável para adubadoras e semeadoras, monitores de sementes que geram mapas, controle de pulverização, sistemas de guia virtual, piloto automático e até sistemas para amostragem georreferenciada. A vantagem do novo computador 7.0 é que ele é vendido em módulos e o cliente pode agregar as funcionalidades no mesmo painel posteriormente. Além dos sistemas de agricultura de precisão, a Verion também apresentou uma linha completa de válvulas, fluxômetros e comandos para pulverizadores, agregando ainda mais produtos ao ciclo de soluções Verion para agricultura.

Computador para Agricultura de Precisão da Verion, Vcom 7.0, tem como principais características a aplicação em taxa variável para adubadoras e semeadoras

a nova carreta apresenta velocidade de deslocamento de até 30km/h, maior velocidade de descarga, mantendo a qualidade do grão e adubo. Estas características proporcionam maior rendimento, qualidade e eficiência no processo de coleta de grãos e abastecimento de plantadeiras.

LS MTRON

A GTS do Brasil apresentou no Show Rural a graneleira multiuso Upgrain Multi 24.000, um dos novos lançamentos do evento. Já presente nos modelos 12.000 e 18.000,

A LS Tractor fez sua estreia no Show Rural Coopavel 2014 mostrando no seu estande sua linha de tratores voltados para a pequena e média propriedade. Um dos destaques da empresa na feira foi o trator Plus 100C. Este modelo vem equipado de fábrica com motor Tier III, controle remoto com três pares de válvulas e dois pares para implemento dianteiro. A alavanca de marchas oferece uma troca suave e facilita a operação, além de ser possível acionar a TDP e tração dianteira com apenas um toque. No posto de comando, é possível alterar o ângulo de inclinação do volante com o painel para uma melhor visibilidade. O Plus 100C oferece o raio de giro 55°, proporcionando um raio de giro de apenas 3,25 metros.

Um dos destaques da GTS foi a carreta graneleira multiuso Upgrain Multi 24.000

A LS Tractor participou pela primeira vez do Show Rural, onde apresentou sua linha de tratores

GTS

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JACTO

A Jacto esteve presente durante o Show Rural Coopavel com a sua linha de produtos. Entre as novidades esteve a nova versão da adubadora Uniport 3000 NPK com 15 linhas agora para aplicação nas culturas de algodão e grãos. A nova máquina, que alcança uma produtividade de 220ha/dia, apresenta um vão livre de 1,25 metro e permite aplicações mais tardias, facilidade de calibração e ajuste da dosagem, resultando em produtividade e economia.

MASSEY

A Massey Ferguson esteve presente no Show Rural Coopavel 2014 com sua ampla linha de produtos para atender as mais variadas culturas desde o preparo do solo até a colheita. Entre os destaques da empresa estão as colheitadeiras axiais MF 9690 ATR II e MF 9790 ATR II, com a nacionalização da plataforma de corte de grãos Draper DynaFlex 9250. Elas estão disponíveis nas dimensões de 25’ a 40’, com a possibilidade de financiamento pelo Finame. Os visitantes ainda puderam conferir a colheitadeira MF32 SR, habilitada tanto para a cultura

A PLA lançou o Distribuidor de Sólidos Pegasus 4.6 e o Pulverizador 3500F com barras de fibra de carbono



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de arroz quanto para grãos como soja, milho e trigo. Equipada com um sistema híbrido de processamento, a máquina conta com dois rotores responsáveis pela separação, que substituem o convencional saca-palhas, aumentando a capacidade de colheita. Outro destaque foi o Auto Guide 3000, que oferece até três níveis de precisão: submétrico, até 30cm de precisão entre as passadas; decimétrico, 10cm de precisão na passada; e, por fim, o centimétrico, que por meio de sinal RTK consegue uma precisão de até 2,5cm na passagem dos equipamentos. Os comandos são executados em uma tela touchscreen de 12,1 polegadas. Os tratores, colheitadeiras e pulverizadores Massey Ferguson podem ser configurados na precisão centimétrica e saem de fábrica prontos para operar com Sistema de Tráfego Controlado.

CASE IH

A Case IH lançou durante o Show Rural a ampliação da sua linha de tratores Puma. Os modelos 140, 155, 170 e 185 da família Puma estão disponíveis em duas versões de motor (eletrônico para transmissão semiPowershift e mecânica para transmissão sincronizada), apresentando potências máximas de 152cv, 168cv, 174cv e 195cv para os modelos com transmissão semi-Powershift. Toda a linha vem equipada com motores Case FPT, com capacidade para 6,75 litros, disponível nas versões eletrônico para transmissão semi-Powershift 18x6 e mecânico para transmissão sincronizada 15x12. Os motores eletrônicos com sistema de injeção de combustível tipo Common Rail ainda são equipados com Power Boost, responsável por um aumento de potência de até 35cv nas operações com TDF, no transporte, em condições de alta exigência de fluxo hidráulico ou em terrenos íngremes. A linha Puma possui alta capacidade

A Jacto apresentou a nova versão da adubadora Uniport 3000 NPK com 15 linhas agora para aplicação nas culturas de algodão e grãos

do sistema de levante, com 6.475kg nos modelos com transmissão mecânica, e 6.616kg nos modelos com transmissão semi-Powershift.

PLA

A PLA do Brasil participou do Show Rural Coopavel 2014 trazendo três novas máquinas: o Pulverizador 3500F, o Pulverizador Orion 250 e Distribuidor de Sólidos Pegasus 4.6. O grande destaque ficou por conta do Pulverizador Autopropelido 3500F, equipado com tecnologia inovadora que vem das pistas da Fórmula 1, a barra de fibra de carbono que ultrapassa os 32 metros convencionais e atinge 36 metros de largura. As barras com esta tecnologia possuem propriedades que garantem maior rigidez, leveza e resistência a impactos. Seu motor é de 218cv, tanque de combustível de

Um dos destaques da Massey Ferguson foram as colheitadeiras axiais MF 9690 ATR II e MF 9790 ATR II que saem de fábrica com o Auto Guide 3000

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454 litros, chassi Power flex de três níveis, suspensão a ar independente nas quatro rodas, altura de 3,2 metros e largura de quatro metros.

NEW HOLLAND

A New Holland trouxe para a Coopavel 2014 sua ampla linha de máquinas e implementos agrícolas. A linha de tratores T7 foi o principal lançamento da marca na feira, com três modelos na versão mecânica e outros três na versão semi-Powershift Command, que possibilita trocas automáticas de marchas dependendo do tipo de preparo de solo, implemento utilizado e velocidade operacional. A linha T7 apresenta como principais características a tecnologia de transmissão, o alto nível de agricultura de precisão com o computador de bordo Intelliview IV e o piloto automático. As máquinas vêm com

Os tratores da nova Série Puma atraíram a atenção dos visitantes no estande da Case IH



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A linha de tratores T7 foi o principal lançamento da New Holland na feira, com A Valtra apresentou nova linha de tratores BH Geração III,lançados no ano passado, com três modelos na versão mecânica e outros três na versão semi-Powershift Command destaque para o BH 180, de 189cv, com motor de quatro cilindros turbo-intercooler

design moderno e capô frontal com os faróis cat eyes, um novo conjunto ótico para melhorar a iluminação em tarefas noturnas.

VALTRA

A Valtra participou do Show Rural Coopavel onde lançou a nova linha de tratores BH Geração III, com destaque para o BH 180, de 189cv, com motor de quatro cilindros turbo-intercooler. O BH 180 vem equipado com o novo sistema HiFlow II, tem nova localização do sistema hidráulico no trator e novas vigas laterais, que permitem um menor raio de giro, melhorando as manobras de cabeceira. O novo capô basculante com design moderno é outro diferencial da nova linha BH. Completam a Geração III os modelos BH 135i (137cv), BH 200 (200cv) e BH 210i (210cv).

JOHN DEERE

Durante o Show Rural Coopavel, o principal destaque da John Deere foi o lançamento dos tratores utilitários 5078E, 5085E e 5090E com cabine. Os tratores lançados, que fazem parte da Série 5, têm de 78 a 90 cavalos, motor agrícola com quatro cilindros e são equipados com a transmissão Partial Synchro – sistema de seleção sincronizada, que permite a troca de marchas em movimento. Além dos novos modelos cabinados, a empresa lançou também o trator estreito fruteiro 5075EF, mais adequado para pomares.

AGRALE

A Agrale levou sua família completa de tratores para o Show Rural, mas destacou os novos modelos da linha 500 e o trator

O Show Rural foi palco de lançamento dos tratores utilitários 5078E, 5085E e 5090E com cabine, da John Deere

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5105, de 105cv de potência, que foram apresentados pela primeira vez no evento. O trator Agrale 5105 conta com novo design, capô basculante, motorização turbo MWM de 105cv de potência e transmissão 10x2 de série com opcionais 12x12 com inversor de marchas e 20x4 com super-redutor, direção escamoteável e telescópica; ampla plataforma de operação, além de sistema hidráulico de alta vazão com válvula de vazão contínua de série. Já a linha 500 de tratores Agrale vem com novo design e capô basculante, com acesso para as manutenções diárias e periódicas; motorização MWM; transmissão totalmente sincronizada, com inversor de marchas 10x10 de série ou 15x15 como opcional, com inversor e .M super-redutor.

Na Agrale, destaque para os novos modelos da linha 500 e o trator 5105, de 105cv de potência


Empresas Rithiéli Barcelos

Espaço VIP

Com projeto moderno e sustentável, a New Holland inaugura o espaço na fábrida de Curitiba para acolher clientes e visitantes CNH Industrial da América Latina, onde são produzidos quatro modelos de tratores, três modelos de colheitadeiras de grãos, sistemas de transmissão e plataformas de corte. No mesmo local fica também o principal Centro de Pesquisa & Desenvolvimento de novos produtos do grupo CNH Industrial, onde trabalham mais de 200 engenheiros. Entre os investimentos está a ampliação e modernização da linha de produção. Iniciado em 2011 e concluído em 2013, sua capacidade CNH

P

rodutores e clientes que visitarem a fábrica da New Holland, em Curitiba (PR), serão recepcionados em um ambiente moderno, que alia beleza, conforto e conceitos de sustentabilidade, projetado pelo renomado escritório italiano de arquitetura Studio Carma, de Turim,responsável pelos projetos arquitetônicos do Grupo Fiat no mundo inteiro. A Galleria New Holland, como será chamado o local, inaugurado no dia 23 de janeiro, tem uma área construída de 1.600 metros quadrados e uma estrutura com auditório, sala de negócios, sala de treinamento e amplo espaço para exposição de máquinas e equipamentos. A estrutura tem como base a madeira autoclavada (impermeável e mais resistente) e cobertura com isolamento térmico, além de contar com um sistema de reaproveitamento de água da chuva, o que ajuda a diminuir o consumo de água potável por um reservatório localizado no subsolo. Este espaço foi um dos últimos projetos no amplo processo de modernização da fábrica, que a New Holland realizou nos últimos. Fundada em 1975, a planta de Curitiba é hoje uma das mais completas e diversificadas da marca no mundo e a maior de máquinas agrícolas da

de produção foi dimensionada para montar 200 tratores por dia. No total, foram feitas mais de 35 melhorias na planta, que ganhou um aumento de seis mil metros quadrados de área coberta. Ainda para 2014, a empresa pretende nacionalizar as plataformas drapers, que atualmente são importadas, e serão fabricadas nessa planta, explica Valentino Rizzioli, presidente da Case New Holland Latin America e vicepresidente executivo da Fiat do Brasil. Outro exemplo da modernização da fábrica paranaense foi o início da produção dos novos tratores New Holland modelo T8, que aconteceu no último trimestre de 2011. Com 389 cv de potência, ele é hoje o maior trator fabricado no Brasil e incorpora modernos recursos tecnológicos disponíveis no mercado global de máquinas agrícolas. O evento de inauguração do novo espaço para visitantes contou com a presença de diversas autoridades do Paraná, elem de cola.M boradores na CNH.

A inauguração da Galleria New Holland teve a participação do governador do Paraná, Beto Richa; do vice-presidente da New Holland AL, Alessandro Maritano, e do presidente da Case New Holland Latin America, Valentino Rizzioli

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mundo máquinas

A

Ninguém me ama, ninguém me quer

ntônio Maria Araújo de Morais foi um cronista pernambucano que viveu no Rio de Janeiro nos anos 1950. Além de comentarista esportivo e publicitário, escreveu crônicas e letras de música que se tornaram famosas, como “Menino Grande”, “Manhã de Carnaval” e “Samba do Orfeu”. Foi parceiro de Vinicius de Moraes. Encarnou como ninguém a falta de amor, o desespero e a “fossa”. Sua obra foi levada ao teatro no memorável espetáculo “Brasileiro – Profissão Esperança”, na década de 1970, encenado por dois gigantes, sendo um dos palcos e outro da música: Paulo Gracindo e Clara Nunes. Pois foi Antônio Maria quem escreveu, com Fernando Lobo, uma música que se tornou famosa: “Ninguém me ama”. Coloque a música no seu computador e, paralelamente, vá para o site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, onde estão os dados da nossa balança comercial. Comece a analisar a série histórica das exportações brasileiras e está criado o clima perfeito para ouvir a música. No ano passado, o Brasil registrou um superávit de 2,56 bilhões de dólares, o pior resultado para um ano fechado desde 2000, quando foi apurado um déficit de 731 milhões de dólares. Como o professor e ex-ministro da fazenda Delfim Netto mencionou em uma palestra realizada durante o 21º Prêmio CNH de Jornalismo Econômico, em dezembro do ano passado, a partir do segundo governo Lula, o Real valorizado foi responsável pela diminuição gradativa da competitividade das nossas exportações de bens industriais. Valorização da moeda é uma das maiores tentações de todos os governos: ajuda a controlar a inflação, aumenta o poder de compra dos salários e parece ser uma opção muito convidativa para deixar para depois as reformas estruturais da economia – que são muito mais complicadas de fazer.

Um artigo publicado pelo pesquisador e doutor em Economia Samuel Pessoa estima que, para cada 10% de desvalorização da moeda, a renda real diminui cerca de 2,5 pontos percentuais. Logo, uma depreciação real de 30% provocará uma queda real da renda de 7,5%. De acordo com o pesquisador, é uma pancada do mesmo calibre da ocorrida em 2003, quando a renda do trabalho principal medida pelo Pnad caiu (ante 2002) 7,8%, e a renda média da pesquisa recuou 6,3%. A contrapartida dessa valorização do Real é a deterioração da competitividade de bens industriais. Não significa que a competitividade desses bens se resolva com uma desvalorização da moeda, mas certamente o câmbio é um fator primordial. Máquina agrícola é um item pequeno na cesta de exportações do Brasil, mas é um bom exemplo de como anda a nossa competitividade. Nos últimos dez anos, as exportações de máquinas agrícolas tiveram uma considerada queda. Esse comportamento é semelhante ao padrão de desempenho da indústria brasileira de manufaturados. Nos anos 2000 tivemos algumas empresas que decidiram trazer para o Brasil linhas específicas de exportação. Nessa época, exportávamos muito para os Estados Unidos e para a Europa (especialmente Oriental), além dos mercados “históricos” América Latina e África. Em 2009 foi o ano de crise dos mercados financeiros; o comércio (e o consumo) mundial de máquinas agrícolas diminuiu, mas a nossa redução foi muito maior do que os nossos competidores. De lá para cá fomos perdendo o ímpeto exportador; fomos perdendo, principalmente, mercados para outras fontes. De 2005 para 2012 a participação da América do Norte e da Europa como destinos das exportações diminuiu drasticamente. Exportávamos 25% para essas regiões em 2005, enquanto, em 2012, as duas regiões, somadas, foram responsáveis por apenas 9% (6% América do Norte e 3% Europa).

Milton Rego é engenheiro mecânico e economista, especialista em gestão. Atua na área de máquinas agrícolas e de construção desde 1988. Atualmente, é diretor de Comunicações e Relações Externas da Case New Holland; vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodoviárias da Abimaq e diretor da Anfavea e Sinfavea. Milton é responsável pelo blog do Milton Rego, que aborda os mercados de máquinas agrícolas e de construção: www.blogmiltonrego.com.br

Esse comportamento não deve modificar em curto prazo. A Anfavea anunciou uma estimativa de 15.600 unidades exportadas para 2014, estável em relação a 2013. Quanto ao câmbio, uma eventual desvalorização ao longo do ano terá impacto em médio prazo. Estima-se que o resultado de uma desvalorização demore algo como dois anos para que essa mudança signifique a volta de mercados perdidos. Assim, enquanto não nos tornamos mais competitivos, vamos com as nossas exportações, ouvindo Antônio Maria e dançando ao ritmo de bolero – dois para .M lá, dois para cá.

Máquina agrícola é um item pequeno na cesta de exportações do Brasil, mas é um bom exemplo de como anda a nossa competitividade

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Fevereiro 2014 • www.revistacultivar.com.br




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