Cultivar Máquinas • Edição Nº 139 • Ano XII - Abril 2014 • ISSN - 1676-0158
Nossa capa
Test Drive - Trator Valtra A750 GII
Confira o desempenho do Valtra A750, integrante da segunda geração da linha média, que será lançado no Agrishow
Destaques
Tratores
Saiba como funcionam os principais tipos de distribuidores de fertilizantes utilizados em semeadoras
Como simples regulagens ajudam no consumo e eficiência do trator em operações de movimentação do solo
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• Editor
Gilvan Quevedo
• Redação
Charles Echer Karine Gobby Rocheli Wachholz
• Revisão
Aline Partzsch de Almeida
• Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia
NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
• ASSINATURAS
• REDAÇÃO
• MARKETING
3028.2060
22
Índice
Semeadoras
3028.2000
Capa: Charles Echer
Matéria de capa
3028.2070 3028.2065
• Comercial
Sedeli Feijó José Luis Alves Rithiéli de Lima Barcelos
• Coordenação Circulação
Simone Lopes
• Assinaturas
Natália Rodrigues Clarissa Cardoso
• Expedição
Edson Krause
• Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
C
Rodando por aí
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Sistemas de distribuição de adubo
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Demanda energética de tratores
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Avaliação de ruído em tratores
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Test Drive - Trator Valtra A750 GII
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Avaliação de semeadoras
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Acidentes com máquinas agrícolas
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Consumo de combustíveis em tratores
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Pulverização com flamejadores
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Destaques Expodireto 2014
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Coluna Mundo Máquinas
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Assinatura anual (11 edições*): R$ 189,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 150,00 € 130,00
Direção Newton Peter
Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Cultivar
www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480
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rodando por aí
Nova Série
Os executivos da Valtra Winston Quintas, supervisor de Marketing do Produto para Tratores, e Luis Cambuhy, gerente comercial, participaram da Expodireto 2014 para o lançamento dos tratores da linha leve Série A GII e Série A Fruteiro. “A nova série chega com quatro opções de transmissão totalmente sincronizadas, três opções de velocidades de TDP e a maior capacidade de levante do segmento”, destacou Winston.
Winston Quintas e Luis Cambuhy
Fuse Technologies
A Massey Ferguson apresentou na Expodireto 2014 o portfólio de tecnologia da marca. Segundo o diretor comercial, Carlito Eckert, a feira foi uma boa oportunidade para apresentar a plataforma Fuse Technologies ao produtor, que o conecta aos fornecedores e prestadores de serviço da cadeia produtiva. “Essa é uma novidade que vai tirar maior proveito da agricultura de precisão, como redução de custos de produção, maior eficiência e rentabilidade”, ressalta.
Carlito Eckert (esq.)
Semeato
A equipe de comunicação e marketing da Semeato esteve presente na Expodireto 2014 para receber os visitantes no estande da empresa. Um dos destaques da marca foi a semeadora múltipla SSM 33 VS, aprimorada com duas alterações: o reservatório de sementes e adubo em polietileno rotomoldado e o sistema Vaccum System.
Logger Lug II
O pneu Logger Lug II foi destaque da Titan Pneus na Expodireto 2014. Segundo o gerente de Vendas para o Brasil, Leandro Pavarin, “o produto é ideal para tratores florestais e no manejo de toras em reflorestamentos, pois é construído com amortecedores de aço que preservam a carcaça, garantindo proteção contra furos e danos”.
Leandro Pavarin
Grãos e HF
A Miac apresentou na Expodireto 2014 a linha de produtos para colheita de feijão, grãos e frutas. “Ao final do evento o balanço foi positivo, tanto em termos de vendas e divulgação como no intercâmbio com os produtores que visitaram a feira, quando atualizamos as necessidades e demandas do mercado”, conclui Luis Antônio Vizeu, gerente de Marketing da Miac.
Agritech
A Agritech participou da Expodireto 2014 com destaque para o trator 1175 S, planejado para pequenos e médios agricultores que produzem diversas culturas. “Foi pensando nestes produtores que desenvolvemos um modelo com muita tecnologia, versatilidade e que trará muitos benefícios para os agricultores da região”, explica Nelson Watanabe, gerente da Divisão de Vendas da Agritech.
Nelson Watanabe
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Puma
Lauro Rezende, especialista em Marketing de Produto da Case IH, acompanhou o lançamento das quatro novas versões dos tratores de média potência da linha Puma, os modelos 140, 155, 170 e 185. Segundo Rezende, os novos modelos deixam a linha mais completa e para atender todo o tipo de cliente. “Os novos modelos são indicados para o uso nos mais diferentes trabalhos, garantindo alto rendimento”, concluiu.
Colheitadeiras
A Valtra apresentou seu portfólio de soluções tecnológicas na Expodireto 2014. Para Douglas Vincensi, gerente de Marketing de Produto para Colheitadeiras na América do Sul, o mercado do Rio Grande do Sul é um dos mais importantes para o setor. “Temos máquinas equalizadas e bem dimensionadas para a realidade da região”, ressaltou.
Douglas Vincensi Lauro Rezende
Jacto
A Jacto promoveu durante a Expodireto 2014 palestras para produtores, agrônomos e estudiosos do setor rural durante toda a feira. “Uma das grandes dificuldades dos produtores hoje é alcançar a área do baixeiro com eficiência durante a pulverização. Por esse motivo, discutimos algumas possibilidades em palestras de sensibilização com produtores e técnicos”, explicou o especialista em tecnologia de aplicação da Jacto Máquinas Agrícolas, Walter Wagner Mosquini.
Walter Wagner Mosquini (esq.)
Assistência
Durante a Expodireto 2014, a equipe de Peças e Serviços da John Deere promoveu uma ação especial para venda de peças, com descontos de 10% sobre os itens. A entrega das peças compradas durante a feira pode ser feita diretamente com o concessionário. “Este é o período em que o produtor mais necessita de peças e assistência para garantir a efetividade da operação das máquinas em campo. Foi pensando nisso que estamos oferecendo essa vantagem”, destaca Nathan Bilhar, supervisor de Marketing de Pós-vendas.
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Presença
A equipe LS Mtron Brasil marcou presença na Expodireto 2014. Segundo Amanda Schoenberger, assistente de Marketing da LS Mtron Brasil, a feira chamou a atenção pela organização e pelo movimento de público. “A LS Tractor este ano veio para conquistar os produtores e nosso estante chamou a atenção de quem passou pela feira. Fizemos ótimos negócios e tornamos a marca ainda mais conhecida na Região Sul”, explica Amanda.
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Amanda Schoenberger
Time LS Tractor
A equipe LS Tractor esteve presente na Expodireto 2014 para apresentar aos visitantes o portfólio da marca. Os modelos de tratores destacados para a feira são P100, P 90 e P80 cabinado, P100, P90 e P80 R, U60 cabinado, U60, R60, R50 e G40. Essa é a segunda vez que a empresa participa da Expodireto e a primeira vez que está presente com toda a linha de produtos.
Para o plantio
A Massey Ferguson apresentou durante a Expodireto 2014 a nova tecnologia para plantadeiras MF 500 e MF 700: a taxa variável e a nova linha pneumática de sementes. “Com este equipamento ocorre otimização da área plantada, há maior precisão na deposição da semente, tanto em profundidade, quanto em espaçamento, garantindo maior uniformidade”, explica Tiago Lima, marketing de implementos do Grupo AGCO.
Parceria
A Agrimec aproveitou a importância da feira para fortalecer a parceria com as revendas do RS. “As revendas das cidades como Uruguaiana, Pelotas, Cruz Alta e Ijuí estão cada vez mais estabelecidas como pontos de conexão estratégicos entre produtor e a marca”, garante Odimara Marion Lamb, diretora de Marketing da Agrimec.
Tiago Lima
GSI
A GSI marcou presença na Expodireto 2014 com uma equipe que apresentou as novidades da marca aos visitantes e clientes. O destaque da empresa para armazenagem de grão foi a Rosca Varredora Automática – série X, equipamento que auxilia na descarga de grandes silos.
Robustez
Com a chegada do 5105, a Agrale comemora a ampliação da sua linha de tratores da linha média. Para o gerente de tratores, Sílvio Rigoni, o modelo, com 105 cv que também traz uma série de inovações, foi muito bem aceito pelos produtores que buscam robustez e simplicidade e baixa manutenção.
Sílvio Rigoni
Jan
A Jan participou da Expodireto 2014 com sua linha de produtos e lançamentos tecnológicos. “Na feira, comprovamos que os agricultores estão exigentes e sabem o que precisam para melhorar seus manejos culturais”, afirma o gerente comercial da Jan, Claudiomiro Santos. “Estamos atentos às mudanças e trabalhamos para oferecer soluções que atendam as necessidades dos produtores”, concluiu o gerente.
TeeJet
A equipe da TeeJet Technologies lançou na Expodireto 2014 o Sentry 6140. Segundo o gerente regional de vendas e coordenador Wet Componentes de Marketing, Rodrigo Romano, “o Sentry 6140 é o único monitor capaz de detectar pontas de pulverização entupidas ou desgastadas”.
Claudiomiro Santos
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25 anos
A Marini comemora 25 anos em 2014. “A marca nasceu com propósito de gerar força, tração e produtividade para o agricultor e se tornou especialista em inovação, sendo a empresa brasileira com maior número de patentes no segmento”, explica Eduardo Marini.
Agricultura Familiar
A Massey Ferguson apresentou soluções destinadas à agricultura familiar na Expoagro 2014. “A Expoagro Afubra é a maior feira voltada para a agricultura familiar do Brasil, por isso a Massey Ferguson apresentou suas melhores soluções para atender do pequeno ao grande produtor, do preparo à colheita”, explicou Leonel Oliveira, gerente regional de Vendas da Massey Ferguson.
Marini
A Marini apresentou na Expodireto 2014 seu portfólio de produtos e destacou o rodado duplo com sistema de engate rápido. “A feira foi uma oportunidade para celebrar com clientes e amigos que estiveram visitando nosso estande e conhecendo nossos produtos”, afirma Eduardo Marini.
Tecnologia embarcada
A LS Tractor participou da Expoagro 2014 com uma equipe para orientação dos visitantes quanto ao portfólio da marca. “Nosso grande diferencial são os pequenos tratores que possuem tecnologias embarcadas, encontradas normalmente somente em tratores de alta potência” explica o gerente de Marketing, Cristiano Duma.
Agrosystem
A Agrosystem participou da Expodireto 2014 com sua equipe técnica orientando o produtor quanto às novidades da marca para o mercado agrícola. Os serviços da marca são direcionados aos segmentos de eletrônicos para agricultura de precisão, estações meteorológicas, determinadores de umidade e analisadores de grãos, classificadoras, pesadoras e embalagens.
Tramontini
Fumicultores
A Valtra participou da Expoagro 2014 onde destacou toda a linha de produtos da marca voltados à fumicultura. Os clientes puderam tirar dúvidas quanto a financiamento e, com o auxílio da equipe de vendedores das concessionárias Mazzarollo, Polisul e Trite, também foi possível conhecer o desempenho das máquinas em campo com plantadeiras e semeadoras acopladas através das dinâmicas.
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A Tramontini apresentou novidades no setor de tratores e equipamentos voltados principalmente à agricultura familiar durante a Expoagro 2014. Um dos lançamentos da marca foi o trator 1680, que tem como destaque o motor de 80cv de potência, de quatro cilindros. “O evento é uma oportunidade de aproximar a marca aos fumicultores da Região Sul, que é um dos principais focos da companhia” ressalta o gerente comercial Docelino Santos.
SEMEADORAS Charles Echer
Adubando
Existem diversos sistemas de distribuição de fertilizantes em semeadoras, cada um com suas características, capacidades operacionais e custos de aquisição e manutenção
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xistem diversos sistemas para distribuição de fertilizantes durante ou após o plantio. Os sistemas Fertisystem, Caracol Tradicional e Rotor Dentado são os sistemas mais utilizados para distribuição de adubo em linha das principais culturas. Já a lanço podemos considerar o rotor centrífugo e tipo pendular como mais usuais. O Caracol Tradicional é um dosador com roscas sem-fim e conhecido por quebrar com facilidade as “pelotas” de adubo. No entanto, seu princípio de funcionamento consiste na liberação de adubo feito por uma rosca sem-fim, em pulsos, o que promove certa desuniformidade ao longo da linha. O sistema Fertisystem é bastante utilizado em semeadoras, para soja, milho, arroz, trigo e algodão. Este sistema proporciona uma distribuição regular e uniforme de fertilizantes. Ele também evita excessos de fertilizante, o que pode resultar em “queima” de sementes ou a aplicação de doses menores que as necessárias, causando heterogeneidade de plantas e, por fim, da produtividade. O princípio de funcionamento proporciona a eliminação do efeito “ciclo da rosca sem-fim” e anula as grandes variações das dosagens em inclinações topográficas encon-
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tradas no sistema de plantio direto, resultando em uniformidade de distribuição na linha e dosagem constante na subida e descida. Já os sistemas de rotores dentados foram os primeiros dosadores a surgir, são montados no fundo do depósito do adubo das semeadoras e são constituídos de um rotor dentado, horizontal, que gira sobre uma placa que contém o orifício de saída do adubo. A distribuição de adubos a lanço tem grande importância principalmente para adubação em cobertura de algumas culturas como milho e trigo. Além da utilização desta técnica para distribuição a taxa variável em agricultura de precisão. Os equipamentos a lanço com distribuidores de rotor centrífugo são muito utilizados no Brasil no contexto da produção de grãos, devido ao fato de estarem normalmente associados à grande capacidade de carga e boa autonomia na distribuição de adubos em cobertura, além das consideráveis larguras de trabalho (pode chegar a 20m). Consiste no lançamento radial do adubo, utilizando-se um ou dois discos horizontais. O distribuidor tipo pendular é aquele que possui um tubo horizontal, ligado a um mecanismo excêntrico que descreve um movimento de um pêndulo.
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O acionamento dos órgãos de alimentação e distribuição é assegurado pela tomada de potência do trator, tendo na sua base um agitador que evita a compactação do adubo, impedindo assim a formação de torrões, e assegura uma alimentação regular e contínua dos órgãos de alimentação.
SISTEMAS MAIS UTILIZADOS DISTRIBUIÇÃO DE SEMENTES
Os dosadores de sementes são responsáveis pela densidade e distribuição de semeadura linha. Baixas produtividades em culturas comerciais ocorrem quando há população de plantas fora da recomendada para a cultura. Baixas populações resultam em produtividades reduzidas e aumento de espaços entre plantas. Por outro lado, densidades acima da ideal ocasionam plantas estioladas, de maior altura e com caules delgados, que facilitam seu acamamento e quebra. Os mecanismos distribuidores de sementes graúdas mais usados são os discos horizontais alveolados e o sistema pneumático “vácuo”. O tipo de dosador utilizado, além de afetar a distribuição de sementes, pode interferir na qualidade de semeadura, em função de danos mecânicos ocasionados às sementes.
Sistemas de distribuição de adubo utilizados no comparativo
Na maioria das semeadoras de precisão brasileiras, a dosagem de sementes é realizada por discos horizontais alveolados, que têm a função de capturar, individualizar, dosar e liberar as sementes. Quando o disco gira, os alvéolos nele contidos captam as sementes e as conduzem até a abertura de saída. O sistema pneumático utiliza vácuo ou pressão para a dosagem de sementes. A pressurização, ou vácuo, é produzida por turbina própria da semeadora, acionada pela tomada de força do trator. No sistema de pressão, um disco vertical gira aprisionando a semente de um reservatório localizado em sua base. A pressão do ar mantém as sementes presas em orifícios e um dispositivo com corte de pressão é responsável pela liberação de sementes para o solo. Para a distribuição de sementes miúdas o sistema de rotor acanalado é o mais utilizado. O rotor acanalado é um dosador com reentrância na sua periferia, que gira dentro de uma moega e leva as sementes ao tubo condutor e, daí, ao solo. Este dosador é mais indicado para sementes pequenas e altas densidades de plantio, como o arroz e o trigo.
DIFERENÇA PARA GRÃOS GRAÚDOS E MIÚDOS
Quanto aos sistemas dosadores de sementes existem diferenças entre sementes graúdas
Fotos Marcos Paulo Ludwig
Sistemas de distribuição de fertilizantes caracol tradicional (esquerda), FertiSystem (centro) e rotores dentados (direita)
(soja e milho) e sementes miúdas (trigo, aveia e arroz). Os mecanismos dosadores de sementes graúdas consistem em individualizar as sementes contidas no reservatório, sem danificá-las, distribuindo-as de maneira uniforme na linha com o máximo de precisão. Para as sementes miúdas, os sistemas dosadores não individualizam as sementes e fazem assim uma semeadura contínua.
SISTEMA É EFICIENTE
Para verificar a eficiência dos sistemas de distribuição de fertilizante é importante observar a distribuição transversal, esta avaliação consiste em determinar a quantidade de fertilizante que é conduzido do depósito até os dutos condutores pelo sistema de distribuição.
Já para a distribuição de semente é importante avaliar a transversal para semeadouras com o sistema de rotor acanalado. Para sistemas pneumáticos e discos alveolados são importantes as avaliações da regularidade de distribuição longitudinal e da profundidade das sementes. Fatores importantes devem ser observados na semeadura, como quantidade de sementes expostas, profundidade de semeadura, corte de palha e manutenção da cobertura do solo. No caso de encontrar problemas com estas variáveis uma regulagem no implemento se faz necessária para evitar problemas na formação do estande de plantas e emergência desuniforme. A velocidade de deslocamento da semeadora também é fator importante para o sucesso da semeadura, recomenda-se entre 3 e 4km/hora
Fotos Marcos Paulo Ludwig
Sistema de distribuição de sementes em linha de discos horizontais alveolados
para grãos graúdos e de 6 a 8km/hora para grãos miúdos.
REGULAGENS DE CADA SISTEMA
RECOMENDAÇÕES PARA CADA SISTEMA
No momento da escolha do sistema de distribuição de adubo e sementes, muitos produtores utilizam fatores relacionados à preferência pessoal, pois poucos trabalhos foram desenvolvidos pela pesquisa para auxiliar nesta escolha. Problemas relacionados às características de solo, umidade absorvida pelo fertilizante, tamanho de sementes e regulagem das semeadoras dificultam trabalhos do gênero. No IFRS, Campus Ibirubá foram realizados trabalhos na avaliação dos sistemas de distribuição de fertilizante Fertisystem e caracol tradicional para culturas de inverno. Quanto aos sistemas, o dosador Fertisystem apresentou maior homogeneidade na distribuição de adubo que o caracol tradicional. Com relação à velocidade de deslocamento (7 e 11km/h), não foi observada diferença na quantidade de adubo aplicada com as diferentes velocidades testadas. Nas avaliações realizadas com os sistemas de distribuição de sementes rotor acanalado para culturas de inverno e discos alveolados
Sistema Rotor Acanalado para semeadura de cereais (acima) e sistema de abertura do rotor acanalado (abaixo)
para culturas de verão ambos os sistemas utilizados, desde que regulados de maneira correta, apresentaram bom desempenho.
QUAL O CUSTO DE CADA SISTEMA?
Com relação ao custo dos sistemas de distribuição de fertilizante em linha, o sistema Fertisystem é cerca de 20% mais caro que o sistema caracol tradicional e cerca de 55% mais caro que o sistema de rotor dentado. Quanto ao custo dos sistemas de distribuição de sementes, os sistemas de discos alveolados e de rotor acanalado vêm instalados na máquina. Quanto ao sistema pneumático o custo é em torno de R$ 1.500,00 maior por linha que o disco alveolado. Fator relacionado com a alta tecnologia empregada no sistema .M pneumático. Marcos Paulo Ludwig e Darlan de Maria Eickstedt, IFRS, Campus Ibirubá
John Deere
Para os dosadores Fertisystem e caracol tradicional a regulagem na quantidade de adubo a aplicar é feita através da troca de engrenagens para variar a velocidade da rosca sem-fim. Para o sistema rotor dentado deve-se alterar a abertura das comportas ou variar, com a mudança de engrenagens, a velocidade de giro do dosador. Quanto à regulagem nos dosadores distribuidores de sementes, a do dosador de disco alveolado é feita através da variação da velocidade de rotação do disco por meio da troca de engrenagens. Para regular a vazão de sementes no sistema pneumático deve-se substituir o disco por outro com número de células diferente, ou alterar a sua velocidade de rotação, com a mudança de engrenagens. No rotor acanalado para regular a vazão de sementes, deve-se deslocar o rotor lateralmente ou variar a sua velocidade de rotação, por meio de engrenagem. Nas semeadoras há tabelas que indicam a relação entre as engrenagens para dosar a quantidade de semente e fertilizante. A precisão para sementes é muito boa, porém, para fertilizante
há necessidade de conferência, pois a variação de características físicas dos fertilizantes pode alterar a distribuição
.M
Exemplo de plantadeira com sistema de distribuição de sementes pneumático
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Os pesquisadores Darlan (esq.) e Marcos (dir.) do Instituto Federal do Rio Grande do Sul comparam os sistemas de distribuição de semeadoras
TRATORES Charles Echer
Rápido e econômico
Operando numa velocidade maior é possível aumentar a eficiência da subsolagem e, ao mesmo tempo, diminuir o consumo de combustível do trator
O
uso e o manejo adequado do solo devem proporcionar condições favoráveis para a germinação das sementes, crescimento das raízes e para a absorção de água e nutrientes que estas necessitam. A subsolagem é eficaz para romper as camadas compactadas do solo. Realizado através do uso de subsoladores dotados de hastes, com o intuito de romper de forma tridimensional a camada compactada do solo em diferentes profundidades. A operação de subsolagem apresenta elevada demanda energética por área, aumentando os custos de produção. Na prática da subsolagem devemos levar em consideração a demanda energética e as características do solo, como textura, umidade e densidade. Além disso, a profundidade de subsolagem deve ser compatível com a camada do solo que se deseja descompactar. O conhecimento desses fatores pode levar a uma redução no custo de produção. A demanda de potência na operação de subsolagem sofre influência de inúmeras variáveis, como profundidade, umidade do solo e velocidade de operação do trator. A velocidade de operação na prática da subsolagem pode contribuir para minimizar a demanda energética do conjunto motomecanizado. Sabe-se que com o aumento da velocidade
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de avanço na subsolagem do solo, maiores rendimentos operacionais são obtidos, com menor consumo de combustível. Por isso, foi realizado um ensaio para determinar a influência da velocidade operacional de trabalho na demanda energética de um trator agrícola de pneus na operação de subsolagem do solo. O ensaio foi conduzido no Ifes - Campus de Santa Teresa, localizado no município de Santa Teresa (ES). O solo da região é classificado como sendo um Latossolo Amarelo Eutrófico, textura franco argilosa, com 63% de argila, 7% de silte e 30% de areia. Foi utilizado um trator MF 4291 4x2 TDA, ano 2012, potência de 77,29kW a 2.200rpm, peso total de 5.032kg (com operador), com a tração auxiliar acionada, e um subsolador da marca Piccin SP, com largura de trabalho de 1,70m e profundidade média de 0,38m, possuindo cinco hastes do tipo parabólicas, peso total de 368kg. Para fins de medição do consumo de combustível empregou-se um fluxômetro tipo proveta. Para medição da força necessária de tração utilizou-se uma célula de carga da marca Kratos e para marcação dos tempos gastos nas parcelas utilizou-se um cronômetro. As análises de resistência à penetração foram realizadas com o penetrômetro digital DLG, sendo realizadas cinco leituras por unidade amostral. A massa seca da matéria da cobertura vegetal foi coletada
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utilizando um quadro de madeira de 0,25m2 (0,5 x 0,5m), que foi lançado aleatoriamente sobre a cobertura, onde foram coletadas quatro amostras e secas em estufa, valores expressos em kg/ha. Utilizaram-se três velocidades de operação, 0,70; 0,84; e 1,37m/s (2,51; 3,01; e 4,92km/h) em função das marchas utilizadas (2ª reduzida baixa, 2ª reduzida alta e 3ª reduzida baixa) a 2.200rpm, com quatro repetições. Os resultados foram submetidos à análise de regressão, determinando o coeficiente de correlação (r2) e o erro padrão, quando o teste F foi significativo. Observou-se que nas maiores profundidades ocorreu aumento na resistência do solo à penetração. Sendo que na camada de solo de 0m a 0,30m de profundidade, os valores de resistência à penetração variaram de 0 a 1,61MPa. Já nas profundidades de 0,30m a 0,60m foram próximas de 1,65 a 1,78MPa sendo os maiores índices de resistência do solo à penetração. Pelos resultados apresentados na Figura 1, observa-se que a demanda de potência de tração requerida aumenta de forma linear com o aumento da velocidade de trabalho, saltando de 10,99kW na velocidade de 2,51km/h, para 21,17kW na velocidade de 5,07km/h. Já o consumo específico diminui com aumento da velocidade e apresenta um ponto mínimo na velocidade de trabalho de 4,12km/h encontrando 491,29g kW/h. Estes valores encontrados se justificam,
Fotos Elcio das Graça Lacerda
O experimento utilizou um trator MF 4291 4x2 TDA, potência de 77,29kW, com a tração auxiliar acionada, e um subsolador com largura de trabalho de 1,70m e profundidade média de 38cm
uma vez que o motor consegue expressar seu alto grau de eficiência e transforma potência em trabalho útil. Na Figura 2, os valores apresentados revelam que o consumo horário aumenta com a velocidade de trabalho, fato justificado pela elevada demanda de força na barra de tração e, consequentemente, o trator necessitará de maior potência, consumindo mais combustível, aumentando-se o seu consumo horário. Porém, o consumo de combustível por área diminui com o aumento da velocidade, em função da maior produtividade do conjunto trator/subsolador. Na Figura 3, as maiores velocidades proporcionaram o aumento da capacidade de campo teórica, em função de esta ser o quociente entre a largura do implemento versus a velocidade de deslocamento. Em contrapartida, a patinagem diminuiu com o aumento da velocidade. Este fato pode ser justificado possivelmente em decorrência de haver um efeito do aumento de carga dinâmica sobre o pneu no aumento da força de tração desenvolvida em maiores velocidades, este fato provoca uma maior interação rodado/solo e consequentemente uma melhor eficiência de tração. A principal conclusão do estudo mostra que na maior velocidade de operação (5,07km/h) do conjunto trator/subsolador houve uma diminuição no consumo específico de combustível, no consumo de combustível por área e no índice de patinagem. .M
Figura 1 - À esquerda relação entre velocidade de trabalho e potência de tração requerida; à direita relação entre velocidade de trabalho e consumo específico
Figura 2 - À esquerda relação entre velocidade de trabalho e consumo horário de combustível; à direita relação entre velocidade de trabalho e consumo de combustível por área
Figura 2 - À esquerda relação entre velocidade de trabalho e consumo horário de combustível; à direita relação entre velocidade de trabalho e consumo de combustível por área
Elcio das Graça Lacerda, Eduardo Antonio Ferreira, Caroline Merlo Meneghelli, Gevson Roldi Junior e Carla da Penha Simon, Ifes Elton da Silva Leite e Iago Nery Melo, UFRB Haroldo Carlos Fernandes, UFV
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TRATORES
Ruído excessivo Charles Echer
Operar tratores ou máquinas agrícolas motorizadas exige o uso de protetores auriculares, que além de ajudarem a diminuir a fadiga causada pelo barulho, protegem contra possíveis danos à audição dos condutores
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trator foi, juntamente com os fertilizantes e os defensivos químicos, responsável pelo progresso da agropecuária, observado na segunda metade do século 20. O aperfeiçoamento e a confiabilidade dessa máquina proporcionaram uma revolução nas atividades humanas facilitando as derrubadas de grandes áreas de vegetação nativa e sua exploração econômica para produção de culturas do agronegócio. Entretanto, o rendimento do trator, bem como a ocorrência de acidentes, depende também do nível de cansaço, o qual o operador está submetido. A principal preocupação da ergonomia é o homem, sendo seu objetivo a satisfação do trabalhador. Sendo assim, o acréscimo de produção ou melhoria da qualidade dos produtos são resultados de uma interação adequada entre o trabalhador e o sistema de produção. Durante os últimos anos, o bem-estar dos trabalhadores passou a ser uma das preocupações nas indústrias e agroindústrias para o adequado desempenho das atividades. A preocupação com o conforto e a segurança do operador tem chamado a atenção de profissionais de diversas áreas no sentido de considerar os fatores humanos (ergonomia) na criação de projetos de tratores agrícolas, em
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razão às dificuldades impostas pela natureza na área agrícola e, também, à periculosidade que essas máquinas apresentam e aos acidentes envolvidos nesse contexto. Ambientes insalubres, além de causar extenuação física e nervosa nos trabalhadores, provocam também queda no rendimento e afastamentos por problemas de saúde. No meio rural, é comum o uso de equipamento de proteção individual (EPI), para evitar a contaminação por fitossanitários; no entanto, pouca atenção é dada à prevenção dos efeitos do ruído. Análises de ruído em tratores agrícolas vêm afirmando que mesmo com avanço tecnológico na produção de máquinas agrícolas, o nível de ruído continua acima do permitido para uma jornada de 8 horas de trabalho em tratores sem cabine de proteção, o que pode causar perda auditiva, irritação e perdas de concentração, com a possibilidade de aumento de acidentes. Pensando no sentido da preservação da capacidade física dos trabalhadores rurais que atuam diretamente com máquinas, pesquisadores do Laboratório de Máquinas Agrícolas e Agricultura de Precisão, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, em Pirassununga (SP), analisaram os ruídos
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emitidos por tratores agrícolas de modo a estimar a máxima exposição diária permissível, segundo a Norma Regulamentadora (NR 15) do Ministério do Trabalho e Emprego. O estudo foi realizado com sete tratores, existentes na prefeitura do Campus Administrativo de Pirassununga. Nas análises os tratores estavam com rotação equivalente a 540rpm na TDP (Tomada de Potência): Trator
Potência no motor (2.200rpm) “A” 110cv “B” TURBO 105cv “C” 76cv “D” 76cv “E” 85cv “F” 75cv “G” 173cv
Ano de Fabricação 2011 1989 1989 1996 2012 2011 1997
Horas de Uso 107,5 7834,5 25068,4 6422,5 42,1 701,4 7472,9
Com a ajuda de um decibelímetro digital foram determinados os níveis de ruído emitidos pelas máquinas. As leituras foram tomadas próximas ao ouvido do operador e em cada raio de afastamento de 1m a 10m, coletadas de 1m em 1m, nos lados direito e esquerdo e partes traseira e frontal do trator. Dessa forma, foi possível determinar os níveis de ruído, em
Case IH
Figura 1 - Nível de ruído (dB) ao lado direito (A) e do lado esquerdo (B) do conjunto em função dos diferentes raios de espaçamentos (m) e modelos de tratores utilizados
decibéis (dB), a que estão sujeitos os operadores e, também, os trabalhadores próximos às máquinas. O Quadro a seguir mostra a máxima exposição diária permissível, segundo Norma Regulamentadora (NR 15) do Ministério do Trabalho e Emprego. A Tabela 1 mostra os valores médios dos níveis de ruído obtidos com medições próximas ao ouvido do operador em função do raio de afastamento, posição de avaliação e modelo de trator avaliado. Os ruídos próximos aos ouvidos do operador, tanto direito quanto esquerdo, ultrapassaram o limite permitido para uma exposição diária de 8 horas segundo a Norma Regulamentadora (NR 15) do Ministério do Trabalho e Emprego, sendo assim, necessário o uso de protetor auricular. Em relação ao raio de afastamento, os valores maiores ocorrem em geral até 4m de distância, assim, para pessoas que estejam numa distância de até 4m do conjunto durante a sua jornada de trabalho existe a necessidade do uso de protetor auricular como Equipamento de Proteção Individual (EPI). A Figura 1 compara os modelos de tratores Quadro 1 – Máxima exposição diária permissível e nível de ruído Nível de ruído dB(A) 85 86 87 88 90 92 95 100 105 110 115
Máxima exposição diária permissível 8h 7h 6h 5h 4h 3h 2h 1h 30 min 15 min 7 min
Fonte: Norma Regulamentadora (NR 15) do Ministério do Trabalho e Emprego.
Tabela 1 - Valores médios dos níveis de ruído (dB) próximo ao ouvido do operador em função da posição de avaliação, raio de afastamento e modelo de trator utilizado Raio de afastamento (m) Posição
0
1
2
3
4 “A”
5
6
7
8
9
10
Frontal Direito Esquerdo Traseiro
90,0 89,3 -
92,7 93,9 94,1 86,3
87,0 90,6 90,7 84,4
85,0 86,7 87,5 81,3
83,1 84,5 85,6 78,5 “B” TURBO
81,7 82,5 83,7 76,6
81,0 81,2 81,8 75,1
79,7 80,1 80,4 74,2
79,2 78,8 79,3 72,5
78,5 77,9 78,5 71,8
77,1 76,4 77,3 70,8
Frontal Direito Esquerdo Traseiro
90,3 89,8 -
90,8 92,8 90,5 83,4
87,8 88,6 87,8 80,6
84,8 85,6 85,5 78,6
82,6 83,5 83,6 77,3 “C”
81,4 81,7 81,5 75,7
79,6 80,1 80,2 73,6
78,6 79,2 79,3 72,8
77,6 78,2 78,5 72,7
76,5 76,5 77,3 71,4
75,6 76,4 76,5 71,2
Frontal Direito Esquerdo Traseiro
89,0 92,7 -
91,6 87,9 89,4 84,6
88,4 84,7 86,8 82,8
84,4 82,1 84,5 79,4
81,6 79,9 83,0 77,9 “D”
79,8 78,5 82,0 76,6
78,4 76,6 80,2 75,6
77,1 75,6 79,3 74,4
76,4 74,1 78,1 73,4
74,6 72,9 77,1 72,4
74,0 72,3 76,3 71,3
Frontal Direito Esquerdo Traseiro
91,0 91,3 -
90,7 91,3 92,0 84,7
87,3 87,8 89,0
84,9 85,1 86,4
83,2 83,0 84,3
81,4 81,4 83,0
81,3
78,6
77,1 “F”
75,4
80,6 80,1 81,6 74,0
79,0 78,7 80,3 73,2
77,8 77,5 79,4 72,0
77,1 77,1 78,6 71,2
76,3 75,7 77,6 70,6
Frontal Direito Esquerdo Traseiro
89,0 88,2 -
90,2 88,0 88,8
83,3 82,3 82,2 77,2
82,6 80,1 80,3 75,4 “E”
80,5 78,7 78,6 74,0
80,0 77,3 77,8 72,3
78,5 76,3 76,5
77,5 75,4 75,8
76,6 74,5 74,6
75,2 73,5 74,1
83,6
86,1 84,6 85,4 79,2
71,1
69,9
69,3
68,2
Frontal Direito Esquerdo Traseiro
87,9 87,7 -
91,4 88,5 88,9 83,2
86,5 84,1 85,4 80,6
83,8 82,3 82,8 80,0
81,8 80,7 80,9 77,0 “G”
80,3 78,5 80,3 75,1
78,9 77,3 78,3 73,6
77,9 77,5 77,3 72,5
76,9 76,3 76,4 71,7
75,8 75,3 74,9 70,7
74,9 74,5 74,1 69,2
Frontal Direito Esquerdo Traseiro
88,0 88,9 -
94,7 95,1 93,8 83,8
89,4 90,4 89,9 81,8
86,9 88,2 87,3 80,5
85,1 85,8 84,6 78,6
83,8 84,0 82,9 77,1
82,9 82,3 81,7 76,1
81,2 80,8 80,6 75,7
80,8 79,7 79,1 74,0
79,9 78,7 78,3 73,5
78,8 77,8 77,8 72,4
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Figura 2 - Nível de ruído em função de diferentes localizações de avaliação e raio de afastamento para os modelos: A, B Turbo, C, D, E, F e G
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Na Figura 2 pode-se observar os níveis de ruídos em função do posicionamento de leitura e raio de afastamento para os diferentes modelos de tratores avaliados. As variações de ruído ocorrem em função do posicionamento esquerdo, direito e frontal. Quanto ao posicionamento traseiro, o mesmo apresenta os menores níveis de ruído em todos os modelos avaliados. Pode-se observar, a partir das Figuras 2A, 2B, 2C, 2D, 2E, 2F e 2G, que todos os diferentes modelos apresentaram valores de ruído menores na parte de avaliação traseira da máquina, enquanto as avaliações na condição lateral esquerda, direita e frontal, apresentaram variações conforme o modelo e as características construtivas de cada máquina. Apenas o modelo “A” apresentou valores de ruídos superiores ao recomendado para jornada de trabalho de 8 horas no raio de afastamento de 1m na avaliação traseira, e este valor superou em 1,3dB os 85dB recomendados pela norma. Ao final dos estudos, as conclusões que puderam ser retiradas são as de que todos os tratores apresentaram níveis de ruído, próximo ao ouvido do operador, acima dos limites permitidos pela Norma Regulamentadora (NR 15) do Ministério do Trabalho e Emprego, para a jornada de 8 horas de trabalho. Este fator faz com que os operadores destes tratores e demais trabalhadores ao redor das máquinas, fiquem
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sujeitos a risco de perda de audição, quando trabalham sem proteção auricular, sendo assim, é obrigatório o uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI) nos trabalhos diários a serem desenvolvidos sob essas condições de trabalho. É importante salientar que o protetor auricular é um Equipamento de Proteção Individual obrigatório para todos os trabalhadores que estão expostos a níveis de ruídos constantes. Neste caso, o simples uso do EPI possibilita o trabalho em qualquer um dos modelos sem .M riscos de danos à audição do operador. Murilo Mesquita Baesso, Guilherme Augusto Martins, Matheus Hansen Paes e Emerson Trogello, USP/FZEA Alcir Jose Modolo, UTFPR Fotos Murilo Baesso
quanto ao nível de ruído em diferentes raios de afastamento. Pode-se observar que todos os modelos de tratores, independentemente da posição de aferimento dos dados (direita ou esquerda), apresentaram redução do nível de ruído conforme se eleva o raio de afastamento. Com relação ao modelo de trator utilizado nas avaliações, pode-se observar a partir da Figura 1 que os tratores que apresentaram maiores ruídos ao longo de todos os raios de afastamento, na avaliação ao lado direito do operador, foram, respectivamente: “G” (173cv), “A” (110cv), “B” (105cv), “D” (76cv), “F” (85cv), “E” (75cv) e “C” (76cv), mostrando a relação entre o nível de ruído e a potência no motor do trator avaliado, sendo que os tratores que apresentam as maiores potências no motor tendem a apresentar maiores valores de ruído a uma mesma rotação do motor. Outro aspecto que pode ser levado em consideração é o ano e o estado de conservação de cada modelo utilizado, onde se pode ver que, para potências próximas entre os tratores, aqueles que foram fabricados há mais tempo apresentam, também, maiores níveis de ruído. Um ponto que pode ser relacionado, neste caso, é a utilização de designs modernos que diminuam tais valores ou mesmo a utilização de outros materiais na produção dos tratores, como no caso de peças plásticas no lugar de peças que eram feitas de ligas metálicas.
Os pesquisadores Guilherme (esq.) e Murilo (dir.) coordenaram o ensaio sobre ruídos em tratores agrícolas
Charles Echer
capa
A750
A Geração II da linha leve da Valtra ganhou visual mais moderno e evoluiu também em conforto para o operador tanto na versão plataformada como na cabinada
E
mbora o nome do modelo seja o mesmo, a Geração II da Linha leve Valtra, especificamente o modelo A750 que testamos em Matão, no estado de São Paulo, é um trator bastante renovado e com muitas modificações, em relação ao modelo anterior que havíamos testado na Estação Experimental de Citricultura, na cidade de Bebedouro, no interior paulista, há três anos. O trator que nos foi oferecido para teste é o A750, Geração II, de três cilindros, turbo, com potência máxima de 78cv a uma rotação de 2.300rpm. Faz parte de uma série onde ainda estão os modelos A650, com três cilindros, aspiração natural e 66cv, o A850, com três cilindros, turbo e 85cv e o A950, com quatro cilindros, turbo e 96cv. Um dos motivos de interesse do teste é que todos os modelos da série serão substituídos, inclusive a série de fruteiros BF. O lançamento oficial da nova geração desta série ocorrerá no próximo Agrishow, em Ribeirão Preto, embora todos os modelos tenham sido mostrados na última Expodi-
reto, em Não-Me-Toque (RS). Vários são os destaques, que se pode notar e ressaltar, na renovação destes modelos da Valtra. Pode-se mencionar primeiramente o novo projeto do capô em plástico e de toda a frente que deu uma imagem de notável modernismo. O principal efeito deste design na verdade não foi somente visual, mas principalmente na questão de facilidade de manutenção e a redução da temperatura do ambiente entre o motor e o posto do operador. Este modelo será comercializado em duas versões básicas, que são a cabinada
Os radiadores do sistema de arrefecimento deslocam-se para as laterais, facilitando as manutenções periódicas
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sobre plataforma e a plataformada, com posto aberto e Rops. A plataforma será a mesma, para as duas versões, porém, várias serão as diferenças, principalmente o painel e a distribuição dos comandos. Como já é de costume no projeto do fabricante, o depósito de combustível é estrutural. Está colocado entre o motor e a caixa de velocidades. No centro deste depósito tem um encaixe que permite a passagem do acionamento do eixo dianteiro. O motor está colocado entre duas longarinas de ferro fundido nodular, configu-
Fotos Charles Echer
Uma das mudanças na série é a substituição dos freios mecânicos por freio de acionamento hidráulico
manutenção e a operação. À frente do motor há um filtro de ar convencional de grande dimensão, com duplo elemento filtrante. rando o que o fabricante chama de berço do motor, estruturando o modelo para receber implementos na parte dianteira como, por exemplo, a pá frontal.
MOTOR
O motor é da marca AGCO Power, com a novidade de que agora está equipado com uma bomba injetora Bosch, em linha. O turbo compressor, bem visível na lateral do motor, está envolvido com uma proteção de chapa para evitar acidentes durante a
Transmissão
Este modelo pode vir equipado com quatro diferentes tipos de transmissão. Uma com 12 velocidades à frente e oito à ré, a segunda com um inversor que proporciona 12 marchas à frente e outras 12 à ré. A terceira opção é de 16 marchas à frente e oito à ré e a quarta opção é a do trator que testamos com 8 marchas à frente e 4 à ré, que é standard. Uma novidade deste modelo e da faixa de potência é o acionamento hidráulico da
TDP que, que por alavanca ou chave elétrica, aciona um pequeno pistão hidráulico que usa o óleo do retorno da bomba de direção para transferir movimento à TDP. Durante o acionamento nota-se que a ação é progressiva, fazendo com que o início do movimento não seja brusco, diminuindo os esforços aos outros componentes, principalmente as juntas cardânicas. É o único trator desta faixa de potência que vimos utilizando este dispositivo. A TDP pode ser de 540rpm a 1.890rpm do motor, mas se desejar utilizar um equipamento acionado que demande pouco esforço é possível fazê-lo com a TDP econômica (540E) a uma rotação de 1.594rpm no motor, o que reduz bastante o gasto de combustível. O fabricante dotou este trator de um aviso para o caso do operador esquecer a TDP ligada sem estar utilizando. No painel
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O modelo que testamos tem motor AGCO Power, que agora está equipado com uma bomba injetora Bosch, em linha, com potência máxima de 78cv a uma rotação de 2.300rpm
tem uma luz de advertência que se acende, quando houver passado certo tempo sem utilização. Quanto aos demais componentes da transmissão, a principal modificação foi o eixo dianteiro, que para a série A GII passou a ser utilizado o da marca ZF modelo TSA09O. O eixo traseiro e todos os seus componentes, como diferencial e redução final, são os mesmos da geração anterior.
SISTEMA HIDRÁULICO
Uma das novidades nesta série é a capacidade de levantamento do sistema hidráulico que passou de 3.300kgf para 3.860kgf no olhar do braço inferior, em relação à serie anterior. O acionamento dos braços inferiores é feito exclusivamente pelos dois cilindros laterais. Não há mais cilindro interno, que provocará diminuição de trabalho de manutenção. A vazão standard é 40 litros por minuto, bastante alta se for comparada com os concorrentes diretos. Para o sistema de controle remoto o fabricante oferece duas
válvulas VCRs standard, e uma opcional de fluxo contínuo, com ajuste de vazão, o que inclusive pode servir para substituir o acionamento cardânico, em implementos que necessitem de um trator com potência acima de 65cv.
MANTENABILIDADE
Muito interessante que a marca e a série alinharam-se à tendência mundial de oferecer modelos com capô basculante. Neste caso a opção foi pelo sistema articulado para trás, com boa amplitude de abertura e exposição da área de manutenção do motor e todos os componentes complementares, como sistema elétrico, filtros etc. Com isto, ficaram muito mais fáceis as operações de manutenção, em especial a de limpeza dos radiadores do arrefecimento e óleo, um para o comando de fluxo contínuo, um para o restante e direção. Estes radiadores foram colocados em posições de montagem em que se facilita a limpeza, pois corre um para cada lado, expondo toda a superfície do radiador principal. Na versão cabinada
ainda há o radiador do ar-condicionado, que também necessita limpeza. No caso desta última versão a bateria saiu da frente do motor, vindo para o lado direito, logo abaixo da plataforma. O depósito de diesel, com abastecimento direto, no caso da versão com plataforma está posicionado um pouco à frente da plataforma, com capacidade para 79 litros. Na versão cabinada foi colocado um depósito de combustível auxiliar no lado esquerdo, logo abaixo da plataforma, para chegar a um total de 103 litros, o que deve ser muito útil para operações que se deseja prolongar a jornada de trabalho, pelo aumento da autonomia. Notamos que foram colocados fusíveis de segurança no polo positivo da bateria, para minimizar problemas elétricos, de maneira que este seja o primeiro lugar a procurar quando ocorrerem falhas elétricas. Finalmente, há que se mencionar que foi mantida a caixa de ferramentas no lado direito da plataforma e, no seu interior, o fabricante disponibilizou uma chave de roda e pontas sobressalentes de válvulas VCR, para
Detalhe do pistão hidráulico que usa o óleo do retorno da bomba de direção para transferir movimento à TDP, que proporciona um acionamento progressivo e faz com que o início do movimento não seja brusco, diminuindo os esforços aos outros componentes, principalmente as juntas cardânicas
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Fotos Charles Echer
Fusíveis de segurança foram colocados no polo positivo da bateria, para minimizar problemas elétricos
Alavanca de acionamento da TDP, localizada à esquerda do volante
o caso de necessidade de substituição.
CONFORTO E SEGURANÇA
Quanto ao aumento das características de ergonomia e segurança deste novo modelo, uma novidade é a do freio, de acionamento hidráulico, em substituição ao acionamento mecânico com varões, antes utilizado. No posto do operador, lugar nobre para melhorias nos tratores, a Valtra tomou medidas para diminuir a chegada de ar quente nos pés e nas pernas do operador. A modificação inicia com a adoção de uma plataforma plana, mais ampla e com a introdução do novo capô, que é dotado de entradas de ar puro e saídas de ar quente, o que impede que o fluxo chegue à parte
traseira do motor. Mas a principal medida foi colocar duas chapas, uma logo atrás do motor e outra abaixo do painel, que agem como anteparos para a movimentação deste ar quente do motor ao posto de operação. Ao contrário de alguns concorrentes, neste modelo a subida ao posto de condução é sempre pelo lado esquerdo, o que é recomendável em termos de segurança. No posto de condução, o posicionamento dos comandos foi uma das novidades. No lado direito, duas alavancas de escolha de grupo e marchas, acelerador no para-lamas, controle de sistema hidráulico de três pontos, os comandos das válvulas VCR, a do superredutor, quando for o caso, a do bloqueio do diferencial e de escolha da TDP 540/540E. No lado esquerdo do assento, a alavanca de acionamento do eixo dianteiro (TDA) e o freio de estacionamento. Neste trator a alavanca de ajuste da velocidade de descida do sistema hidráulico fica atrás do assento. No caso da versão plataformada o arco de proteção (Rops) é do tipo articulado, com capota de proteção contra sol e chuva. O volante de direção é do tipo escamoteável, tipo automotivo, com menor diâmetro. As luzes de freio e do intermitente estão colocadas sobre um suporte escamoteável, que pode
A capacidade de levantamento do sistema hidráulico passou de 3.300kgf para 3.860kgf
absorver impactos durante o trabalho em áreas reduzidas e ocupar menos espaço. O dispositivo de segurança contra partida involuntária, neste modelo, é pela embreagem, de modo que não se possa colocar o motor em funcionamento sem pressionar o pedal. Notamos que a escada de acesso ao posto do condutor é melhor no modelo cabinado que no plataformado. Nas duas versões o piso é protegido com um bom tapete antiderrapante. Na versão cabinada o acionamento de vários comandos é feito por botões, enquanto que na versão plataformada se utilizam alavancas. O painel é diferente nas duas versões. Na versão cabinada a coluna da direção é ajustável também em altura. Na versão cabinada a saída de emergência é
Diversas são as diferenças entre a versão cabinada e a versão plataformada. Entre elas está o tipo de escada utilizada, que é específica para cada um dos modelos
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O novo capô, que eliminou as chapas laterais, facilitou principalmente o acesso ao motor
prevista pela janela traseira. Visualmente, se notam várias alterações entre esta nova série e a anterior. Na nova identidade visual a cor amarela tradicional da Valtra agora é padrão. Os novos para-lamas de chapa metálica são arredondados, com uma extensão em material plástico standard e dá um ótimo acabamento, além proteger o operador dos acidentes.
ADAPTAÇÃO AO TRABALHO
Quanto à adaptação ao trabalho, o fabricante adota como padrão médio uma relação massa/potência de 55kg/cv, utilizando lastragem com água nos pneus e pesos metálicos sobre o suporte dianteiro e nas rodas. No rodado traseiro, a previ-
são é de colocação de discos metálicos de 65kg cada um, colocado na face externa, por dentro, pode ser montado mais um peso de 40kg. O total de pesos depende das configurações de montagem de cada modelo. No trator que testamos estavam
Outra alteração na Geração II foi o eixo frontal que passou a ser da marca ZF, modelo TSA09O
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montados dois discos nas rodas traseiras, um interno e outro externo, e quatro pesos dianteiros de 37,4kg cada. Embora haja um grande número de opções no trator do teste, estavam montados rodados 18.4-30 na traseira e 12.4-24 na dianteira.
O novo design, alinhado à tendência mundial, além de deixar o trator mais moderno, melhorou consideravelmente a questão da captação e troca de ar frio e quente do motor
Fotos Charles Echer
TESTE
Para o teste, viajamos a Araraquara (SP) e de lá a Matão, onde nos deslocamos ao Sítio Nossa Senhora Aparecida, propriedade do senhor Ricardo Luiz Scopelli, que dedicou um de seus dias de trabalho
para nos auxiliar a desenvolver esta prova de campo. O sítio, que tem 42 alqueires, produz em terra própria e arrendada 48 alqueires de milho, 30 alqueires de cana-de-açúcar e quatro alqueires de pasto, para o gado de
Detalhes das alavancas de comando da versão plataformada (acima) e cabinada (abaixo)
Um dos locais que mais tiveram modificações foi o posto do operador, que ficou mais moderno e acessível. As duas versões do A750, cabinado (esquerda) e plataformado (direita) tiveram alguns comandos realocados e o sistema de segurança foi reforçado
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Fotos Charles Echer
A Série A possui quatro modelos disponíveis em versões plataformadas ou cabinadas: A650, A750, A850 e A950
leite. Ficamos muito impressionados com a organização e estrutura da propriedade do senhor Ricardo e sua família. Com a ajuda do técnico Flávio Pinotti Pastori, especialista de produto para tratores de 30cv a 375cv, nos deslocamos a uma área coberta por resteva de milho, para testar o novo A750 da Valtra. Em função da disponibilidade de equipamentos, optamos por acoplar ao modelo plataformado um escarificador com três hastes marca Tatu Marchesan, modelo AST/ Matic 450. Para o trator cabinado utilizamos um fertilizador marca Valtra, modelo Fertilizer BDF 1300M. Na transmissão de oito velocidades à frente, com quatro marchas (1, 2, 3, e 4) e dois grupos (L e H), escolhemos para trabalhar com o escarificador a marcha L4 e para o fertilizador a marcha H1. No trabalho com o escarificador ajustamos a profundidade de trabalho para 30cm e espaçamento entre hastes de 60cm. O serviço bastante pesado obrigou o trator a mostrar sua potencialidade. Notamos que o torque
de quase 300Nm foi o grande destaque, pois mesmo em locais de solo duro o trabalho teve continuidade. Verificamos que o novo escapamento reduziu o ruído em relação ao modelo anterior e que o conforto no trator com o posto aberto aumentou, pela diminuição da temperatura no posto do operador principalmente na parte inferior, próximo aos pedais. Reforçamos a impressão que já tínhamos de que o volante de diâmetro reduzido auxilia nas manobras de cabeceiras, sem aumentar o esforço. Quanto à versão com cabine, os elogios são mais intensos, pois realmente se verifica a evolução deste componente e o sucesso obtido na reorganização dos comandos. Ficou mais fácil operar este trator e a impressão é de que os usuários irão optar em
Especificações técnicas Motor Modelo
AGCO Power 320DS 3.300cm³ 3 Turbo Diesel ou Biodiesel B100 - ANP 57,4kW (78cv) a 2.300rpm 297N.m a 1.400rpm Bomba Bosch em Linha
Volume total Número de cilindros Tipo de aspiração Combustível Potencia Máxima (ISO TR 14396) Torque Máximo (ISO TR 14396) Sistema de Injeção Embreagem Tipo Diâmetro do disco Acionamento
Disco Duplo Independente Orgânico 295mm Mecânico Tomada de potência
Tipo Acionamento Velocidades TRANSMISSÃO Tipo de transmissão Posição das alavancas Número de marchas
Independente Hidráulico 540rpm a 1.890/540 econômica a 1.594rpm/1.000 a 2.074rpm (opcional) Transmissão TRANSMISSÃO Sincronizada Lateral 8F+4R (standard) ou 12F+8R ou 16F +8R ou 12F + 12R (opcional) Sistema hidráulico
Pressão máxima Vazão da bomba Capacidade de levante máx.
180 kgf/cm² 40 (standard) ou 58 (opcional) Litros/minuto 3860kgf (no olhal) Freios
Tipo Acionamento DIREÇÃO Tipo Distância entre eixos Comprimento total Altura Largura Vão livre Peso máximo admitido Bitolas traseiras Depósito de combustível
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Multidiscos à banho de óleo Hidráulico Direção DIREÇÃO Hidrostática Dimensões e capacidades (4x2/TDA c/pneus STD) 2.450mm 3.640mm 2.560mm 2.086mm 405mm 4.290kgf Mínima 1.598mm e máxima 2.124mm 79 litros
Modelos Série A da Valtra MODELO A650
A750
A850
A950
CARACTERÍSTICAS Potência: 66cv a 2.300rpm Torque: 224N.m Número de cilindros: 3 Aspiração: Natural Potência: 78cv a 2.300rpm Torque: 298N.m Número de cilindros: 3 Aspiração: Turbo Potência: 85cv a 2.300rpm Torque: 320N.m Número de cilindros: 3 Aspiração: Turbo Potência 96cv Torque: 340N.m Número de cilindros: 4 Aspiração: Turbo
grande maioria por este conforto. Quanto à troca de marchas, por se tratar de um trator com câmbio mecânico, sincronizado, verificamos que se mantém a facilidade e a precisão dos engates. Salientamos como pontos de destaque neste modelo e que podem vir a ser importantes para a sua aceitação no mercado e em sua faixa de potência, principalmente,
O teste foi realizado no município de Araraquara (SP) e teve o apoio do especialista de produtos para tratores da Valtra, Flávio Pastori (esquerda)
o novo design com o capô basculante, para o incentivo à manutenção periódica; a diminuição sensível do ruído e do calor no posto do operador; o novo sistema hidráulico, com maior capacidade de levantamento, e a opção de uso das VCRs, com fluxo contínuo e ajus-
te da vazão. Enfim, uma série de vantagens em relação a alguns concorrentes e evolução .M em relação à sua geração anterior. José Fernando Schlosser, Nema/Univ. Fed. de Santa Maria
semeadoras Valtra
Plantio garantido Apesar da diferença de eficiência existente entre os distribuidores de sementes pneumático e mecânico a qualidade de germinação das sementes é praticamente a mesma para os dois sistemas
P
rogramas de controle de qualidade de sementes são cada vez mais importantes e cada vez mais competitivos. O processo de semeadura deve acontecer de forma a evitar que danos mecânicos ocorram e venham a prejudicar a qualidade da semente. Dentre as características mais importantes de uma semeadora-adubadora está a sua capacidade de proporcionar baixo índice de danos às sementes durante o processo em questão, visto que entre os fatores que influenciam a ocorrência de injúrias mecânicas em sementes destacam-se também as características da própria semente, como tamanho e forma. No entanto, pouca atenção tem sido
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dada ao mecanismo dosador de sementes como agente danificador; mesmo sabendose que, ao passarem por esse mecanismo, as sementes sofrem pressões tornando-se suscetíveis a danos mecânicos que reduzem seu poder germinativo e vigor. Sendo que pode haver redução no poder germinativo logo após a incidência do dano, efeitos imediatos, ou podem ocorrer efeitos latentes, os quais se manifestam após períodos variáveis de armazenamento. Os danos mecânicos podem destruir estruturas essenciais das sementes, aumentar a suscetibilidade a microrganismos e a sensibilidade a fungicidas, além de reduzir a germinação, o vigor, o potencial de armazenamento e o desempenho em campo.
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Pesquisadores da Unesp realizaram um trabalho de campo com o objetivo de avaliar o efeito dos danos mecânicos causados pelos mecanismos dosadores de sementes sobre a qualidade física e fisiológica de sementes de milho de formatos diferentes e seu desempenho na produtividade. O experimento foi conduzido na área da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Unesp, campus de Jaboticabal (SP). O solo da área experimental apresenta textura argilosa e a região apresenta precipitação pluviométrica média anual de 1.735mm. Os tratamentos foram constituídos de dois tipos de mecanismos dosadores de sementes (mecânico e pneumático), em função de três formatos de sementes de milho, classi-
Fotos Fabio Alexandre Cavichioli
No experimento foram utilizadas duas semeadoras-adubadoras que trabalharam com quatro linhas: uma pneumática COP Suprema e uma mecânica modelo PST, ambas da marca Marchesan
ficadas em peneira chata (20C), sementes que passam pela peneira de 5,16mm de diâmetro; redonda (20R), sementes que ficam retidas na peneira de 6,35mm, e espessa (20E), sementes que passam pela peneira de diâmetro de 6,35mm e ficam retidas na peneira 5,16mm, de um híbri-
do experimental de milho produzido pela empresa Syngenta Seeds. Foram utilizadas duas semeadorasadubadoras: uma pneumática: marca Marchesan, modelo COP Suprema 7/4,
com disco vertical pneumático de 32 furos de 5mm de diâmetro para distribuição de sementes, distribuidor helicoidal de adubo, e discos duplos desencontrados para adubo e semente. A outra era uma semeadora me-
Tabela 1 - Emergência em solo e danos mecânicos (leves e profundos) em %, de diferentes formatos de semente, depois de passarem pelos mecanismos dosadores Emergência em solo Danos leves Danos profundos Tratamentos Semeadoras (S) 98,50 1,80 8,29 Pneumática 98,08 2,70 10,00 Mecânica Sementes (SE) 98,62 1,63 ab 9,38 b Espessa 98,08 0,75 a 1,69 a Chata 97,25 4,37 b 16,38 c Redonda Médias seguidas de letras diferentes em cada coluna, diferem entre si, pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade; a ausência de letras indica igualdade entre os valores e CV o coeficiente de variação.
.M
Nas duas semeadoras, foram coletadas amostras de sementes no final dos dutos condutores, com o objetivo de avaliar os danos causados pelos mecanismos da máquina
Gráfico 1 - Taxa de emergência das sementes
Na Tabela 1 são apresentados os valores dos testes de emergência em solo e danos mecânicos (leves e profundos) observados nos três tamanhos de sementes (espessa, chata e redonda). Após a passagem pelos sistemas dosadores pneumático e mecânico, nota-se um menor desempenho para as sementes redondas. Em trabalhos desenvolvidos com sementes de milho houve uma tendência das sementes redondas apresentarem maior incidência de danos mecânicos do que as sementes chatas. Nas sementes redondas o eixo embrionário ocupa uma posição muito exposta, facilitando o dano. Para a semeadora-adubadora com mecanismo pneumático, o tamanho da semente não influenciou na emergência,
Fabio Alexandre Cavichioli
cânica Marchesan, modelo PST², de discos horizontais perfurados. Foram utilizados dois modelos de disco, sendo um com 28 furos, diâmetro de 12mm e espessura de 4mm para as sementes redondas, e o outro formado por 28 furos, diâmetro de 15mm de espessura de 4mm para a distribuição de sementes chata e espessa, distribuidor helicoidal de adubo e discos duplos desencontrados para adubo e semente. As semeadoras-adubadoras trabalharam com quatro linhas de semeadura, para coleta das sementes foram colocados sacos plásticos devidamente identificados, após as sementes passarem pelos mecanismos dosadores, ou seja, nos tubos condutores, para posterior análise das amostras em laboratório.
Nas semeadoras pneumáticas o formato da semente pouco influenciou no nível de dano. Já na semeadora mecânica, as sementes redondas sofreram maiores danos estruturais
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Gráfico 2 - Desdobramento para danos mecânicos leves
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porém, para a mecânica, a semente redonda obteve pior resultado, provavelmente devido aos maiores danos apresentados (Gráfico 1), esse tipo de semente não apresentou diferença para os dois mecanismos de distribuição testados. Os danos mecânicos leves apresentaram interação entre os fatores. A análise do desdobramento para danos mecânicos leves (Gráfico 2) mostrou que a semente chata apresentou resultados significativamente melhores em relação às demais, menor que 2%. Para o dosador pneumático não ocorreu diferença entre a espessa e a redonda, porém, no dosador mecânico a semente redonda apresentou maior quantidade de danos leves em relação à espessa. George et al (2003) também observaram maior percentual de injúrias no pericarpo observado para as sementes redondas quando comparadas às chatas. Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), quanto mais irregular a forma da semente, menor é a sensibilidade à injúria mecânica, porque formatos irregulares determinam diferentes probabilidades de impactos sobre os diversos pontos da semente. Os danos profundos não foram influenciados pelos dosadores mecânico e pneumático, sendo menores que 3%. Quanto às sementes, a chata apresentou menor dano profundo que a redonda. A semente espessa ficou em posição intermediária e a produtividade não apresentou diferença, fato que pode estar relacionado com a emergência, que também não foi diferente. Isto demonstra que o mecanismo dosador e o tamanho da semente não interferem na produtividade de grãos, o que permite ao .M agricultor uma seleção mais ampla. Fabio Alexandre Cavichioli, Carlos Eduardo Angeli Furlani, Rafael Scabello Bertonha e Aline Cristina Serrano, Unesp/FCAV – Jaboticabal-SP
TRATORES Gilvan Quevedo
Perigo na pista Levantamento dos acidentes ocorridos com tratores em vias públicas mostra que os casos envolvendo máquinas agrícolas são até nove vezes mais fatais se comparados aos acidentes que ocorrem entre carros
O
trator é parte indispensável na agricultura, porém, para o uso correto do mesmo faz-se necessário respeitar os seus limites, pois muitas vezes ultrapassá-los ou não utilizar a máquina de forma correta pode ocasionar sérios acidentes, desde pequenas lesões até mesmo a morte do operador e de terceiros. Para Monteiro (2010), o aumento constante da quantidade de tratores facilitou o trabalho e melhorou a produção, por outro lado, certamente contribuiu para um aumento no número de acidentes relacionados aos tratores. A preocupação com os acidentes envolvendo tratores em vias públicas não é apenas dos operadores, mas principalmente dos condutores de outros tipos de veículos, que geralmente possuem um porte menor que o do trator. (Garvey, 2003). Acidentes em vias públicas são fenômenos sociais bastante complexos, pois derivam de uma série de fatores, podendo ter diversas causas, portanto, diferentes efeitos (Batten, 2000). O aumento de acidentes durante os períodos de maior atividade reflete tanto dentro como fora da propriedade. Com o desenvolvimento das cidades, essas máquinas são utilizadas para atividades diversas
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como, por exemplo, na construção civil, na pavimentação de ruas, na movimentação de solo, na coleta de lixo e, neste sentido, passaram a circular em maior quantidade em vias públicas. Segundo Peek-Asa et al (2007) algumas atitudes que podem ocasionar ou potencializar os acidentes em vias públicas são a baixa velocidade das máquinas, a ultrapassagem insegura de veículos agrícolas ou de grande porte, a ausência ou a não utilização de sinalização obrigatória. Estudos realizados pelo Laboratório de Investigação de Acidentes com Máquinas Agrícolas (Lima), do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará, mostram a gravidade e a necessidade de termos políticas públicas voltadas para a prevenção dos acidentes com este tipo de veículo. Os dados foram obtidos a partir de boletins de acidentes de trânsito emitidos pelo Sistema de informações de acidentes de trânsito (Sistema Siat – FOR) e da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), que são órgãos pertencentes à prefeitura da cidade de Fortaleza (CE). Foram analisados 29 boletins de acidentes de trânsito envolvendo tratores na cidade de Fortaleza compreendendo o período de 2005 a 2011.
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Nesse período foram registrados 29 acidentes com 32 vítimas, sendo que três foram fatais, dez vítimas com ferimentos graves e 19 sem ferimentos. Analisando o período do dia em que ocorreram os acidentes (Figura 1), o da manhã conseguiu atingir o maior percentual, com 48,3% dos acidentes. O período da tarde apresentou o segundo maior percentual, com 34,5%, sendo que os acidentes ocorreram principalmente no final da manhã, entre 11h e 13h, e no final da tarde entre 16h e 18h, o que coincide com os períodos em que os operadores geralmente sofrem mais o efeito do cansaço, em função do trabalho árduo, e dessa forma reduzem sua atenção durante a condução do trator, contribuindo para a ocorrência do acidente. A distribuição dos acidentes de acordo com o ano de ocorrência (Figura 2) mostra que o número de incidentes vem aumentando com o passar dos anos, em 2011 este número aumentou quatro vezes em relação a 2005. Nota-se que esse aumento se deu provavelmente devido ao crescimento e desenvolvimento da cidade de Fortaleza, principalmente com a vinda para o Brasil da realização dos jogos da Copa do Mundo. Em
função disso, as obras de infraestrutura das cidades-sede como Fortaleza aumentaram a circulação de tratores, contribuindo para o aumento do número de acidentes. Entre os vários tipos de acidentes que ocorreram na em Fortaleza, a colisão foi o tipo de acidente mais frequente (Figura 3), correspondendo a 59% dos acidentes. O abalroamento lateral é um tipo de colisão lateral, dessa forma, foi possível considerar que 82,7% dos acidentes foram por colisão com outros veículos. Resultados apresentados por Gkritza et al (2010) mostraram que no sistema rodoviário do estado de Iowa, nos Estados Unidos, as colisões também apresentaram o maior percentual de acidentes e, entre os tipos de colisões, a que mais ocorreu foi a traseira. A colisão com o trator pode ocorrer por diversos motivos, como o fato do mesmo se deslocar em baixas velocidades, muitas vezes não possuir a sinalização adequada, impossibilitando os demais motoristas de visualizarem o veículo agrícola a distância com tempo suficiente para evitar o acidente. Na Figura 4 é possível verificar a distribuição dos acidentes de acordo com o tipo de sinalização presente no local, sendo que o maior percentual foi em áreas que não
Leonardo Monteiro
Cena comum em rodovias e propriedades brasileiras, quando trabalhadores pegam carona se acomodando em locais inadequados do trator
possuíam sinalização (65%), isso demonstra que esses acidentes estão ocorrendo pelo não cumprimento das leis de trânsito e também evidencia que a falta de sinalização pode ser um fator importante na ocorrência do acidente. Na Figura 5 foi possível visualizar que 59,4% dos acidentes apresentaram vítimas sem ferimentos ou com ferimentos leves,
31,2% apresentou ferimentos graves e 9,4% dos acidentes apresentaram vítimas fatais, sendo que cerca de 40% dos acidentes apresentaram desde lesões graves até o óbito dos envolvidos. Segundo Monteiro (2010), mesmo com a pouca informação e trabalhos de pesquisa nesta área, não é difícil verificar a importância dos acidentes com tratores, devido à gravidade dos mesmos.
Figura 1 - Histograma com a distribuição dos acidentes de acordo com o período do dia
Figura 2 - Histograma dos acidentes de acordo com o ano de ocorrência
Figura 3 - Tipos de acidentes que ocorreram na cidade de Fortaleza
Figura 4 - Histograma dos acidentes de acordo com o tipo de sinalização disponível no local de ocorrência
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Figura 5 - Histograma dos acidentes de acordo com a gravidade
Figura 6 - Distribuição dos acidentes de automóvel, motocicleta e trator, de acordo com a gravidade do acidente
Figura 7 - Histograma dos acidentes de acordo com o local de ocorrência do acidente
Falta de sinais luminosos em máquinas e implementos agrícolas facilita a ocorrência de acidentes em áreas urbanas
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programas de conscientização, pois possuem maiores chances de serem evitados, do que acidentes em vias estreitas, cruzamentos e curvas declivosas. A cidade de Fortaleza apresentou um número significativo de acidentes envolvendo tratores. A relação entre o número de acidentes com tratores e o número de vítimas fatais foi nove vezes maior que o número de vítimas fatais em acidentes envolvendo veículos de passeio, no mesmo período de coleta, evidenciando a gravidade desses acidentes. Com base nos dados encontrados foi Leonardo Monteiro
A Figura 6 mostra uma comparação entre a gravidade dos acidentes envolvendo outros veículos e o trator, na cidade de Fortaleza. Levando em consideração o número total de acidentes, os com trator apresentam valores inferiores, mas se for considerada a gravidade, os acidentes envolvendo tratores ocupam o primeiro lugar. Enquanto apenas 0,58% dos acidentes de automóvel e 1,69% dos acidentes de motocicleta causam vítimas fatais, acidentes envolvendo tratores representam 9,38%, o que está muito acima dos veículos comparados. Segundo Lacy et al (2003), tendo em vista o fato de que acidentes com tratores representam uma pequena parte do número total de acidentes em estradas públicas, porém formam um número significativo devido a sua gravidade, faz-se necessário o desenvolvimento de medidas e programas adequados para prevenir os diversos fatores que aumentam a gravidade destes acidentes. A Figura 7 mostra que 76% dos acidentes ocorreram em meio de quadra, onde geralmente não se tem problemas com visualização, dessa forma, esses acidentes podem ser facilmente evitados através de práticas e
Exemplo de trabalhador exposto a riscos de acidentes com máquinas agrícolas
DezembroAbril 2011 2014 / Janeiro • www.revistacultivar.com.br 2012 • www.revistacultivar.com.br
possível constatar que a quantidade de acidentes envolvendo tratores agrícolas é uma problemática, a qual deve ser dada uma maior importância, tendo em vista que este problema vem causando muitas mortes e lesões graves às pessoas envolvidas na operação das máquinas agrícolas, além de terceiros e acredita-se que nas demais cidades brasileiras valores semelhantes poderão ser encontrados. No Brasil, a grande maioria das cidades está passando por intervenções significativas para a melhoria da mobilidade urbana, e o trator tem sido uma ferramenta importante nesse processo. Com a conscientização, o treinamento e a execução correta das leis de trânsito pelo operador de máquinas agrícolas é possível diminuir potencialmente o número de acidentes em vias públicas, principalmente dentro das cidades, diminuindo .M a ocorrência dos mesmos. Viviane Castro dos Santos, Leonardo de Almeida Monteiro Deivielison Ximenes S. Macedo, Daniel Albiero, Wesley Araújo da Mota e Jefferson Auteliano C. Dutra, UFC
tratores
No ponto certo
A correta e racional utilização do trator e seus implementos promove, além de eficiência nas operações, menores taxas de emissões de substâncias indesejáveis à atmosfera
A
grande vantagem das máquinas a diesel deve-se, principalmente, à eficiência do diesel como combustível em relação à gasolina, ou mesmo com relação a outros combustíveis simples ou misturados, como o metanol, onde apresenta uma economia relativa entre 25% e 45%. No entanto, novas preocupações a respeito do meio ambiente criticam o uso do diesel como combustível e seu potencial de poluição atmosférica. Os tratores são normalmente selecionados de acordo com as necessidades de potência dos implementos usados em mobilização primária, como arados de aivecas, discos e subsoladores, o que conduz frequentemente ao superdimensionamento do trator em relação aos implementos usados em mobilização secundária, como a grade de discos e os cultivadores. Para que um equipamento seja utilizado racionalmente, é necessário conhecer o sistema de manejo de solo que ele vai atender, as características desejáveis que o solo deverá apresentar, a energia consumida e, também, a sua capacidade efetiva de trabalho (ha/h). Assim como a seleção do trator é importante, a verificação do melhor implemento
para tal atividade se faz também fundamental. Estudos do consumo de combustível e da capacidade de campo de diferentes sistemas de preparo periódico do solo mostram que o arado é o equipamento de maior consumo. Dessa forma, foi realizado um experimento que visa avaliar o volume de solo mobilizado, o consumo específico e a emissão de gases do diesel convencional, em função da rotação do motor em um trator.
O EXPERIMENTO
Para realizar as avaliações foi usado um arado de aiveca trabalhando a 16cm de profundidade, na qual produz uma demanda praticamente constante de potência do trator, sendo então possível fazer as avaliações propostas. Nessa profundidade, o arado não exerceria sua resistência máxima, no entanto, para fins experimentais, essa profundidade foi escolhida para que não houvesse muita oscilação na demanda de potência. O solo utilizado apresentava textura arenosa. Foram utilizadas quatro rotações do motor: 1.800rpm, 2.000rpm, 2.200rpm e 2.400rpm, com 12 repetições, avaliando o consumo de
combustível, o volume de solo mobilizado e a emissão de gases (CO2, CO e NOx). Foram utilizadas parcelas experimentais de 40 metros de comprimento, nas quais o trator dispunha de cinco metros para estabilização antes de entrar na parcela e após a sua saída, compreendendo um total de 50 metros. Para a realização dos ensaios foi utilizado um trator agrícola novo da marca New Holland, modelo TT4030, com 450 horas de uso, com motor ciclo diesel, marca New Holland, com aspiração natural quatro tempos, sistema de injeção com bomba rotativa, refrigerado a água, com quatro cilindros, cilindrada total de 3.908cm3, com potencia nominal de 75cv (55,1kW). O volume de solo mobilizado é a característica fundamental em implementos tipo arado, e a verificação da quantidade de solo revolvido pode ser obtida pela Equação 1 (Box 1). O consumo do combustível foi avaliado durante o deslocamento do trator/implemento em cada parcela, sendo a leitura realizada por meio de um fluxômetro com leitura direta. O consumo horário em volume de combustível foi determinado com base no volume de combustível
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Kuhn
Figura 1 - Volume de solo mobilizado (m3/h) em função da rotação (rpm)
Figura 2 - Consumo (L/h) em função da rotação (rpm)
Figura 3 - Emissão de CO2(ppm) em função da rotação (rpm)
Figura 4 - Emissão de CO2 (ppm) em função da rotação (rpm)
consumido no percurso dentro de cada unidade experimental, conforme Equação 2 (Box 2). Para a aferição da emissão de gases foi utilizado um monitor ambiental de combustão e de emissão da marca Kane, modelo 940 portátil, acoplado ao escapamento do trator.
RESULTADOS
Sanches Lacerda
O volume de solo mobilizado, em metros cúbicos por hora, em função da rotação (rpm) está apresentado na Figura 1. A análise do gráfico revela que o aumento da rotação provoca o decréscimo do volume de solo mobilizado até certo ponto (2.200rpm). O aumento da velocidade do trator, provocado pelo incremento de rotação, reduz a efetividade de revolvimento do arado de aiveca. As aivecas requerem baixa velocidade de operação para que o próprio solo promova o seu revolvimento. Uma vez em altas
Equação 1 VM = Cp x Lc x Pc
Analisador de gases acoplado ao escapamento do trator durante o ensaio
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velocidades, as aivecas apenas cortam o solo, impossibilitando-o que esse se dobre sobre si mesmo. Isso mostra a importância de se conhecer o implemento a ser utilizado e a forma correta de utilização. Na Figura 2 é mostrado o consumo, em litros por hora, em função da rotação (rpm). Com o aumento da rotação, ocorre aumento de injeção de combustível para dentro da câmara de combustão, ou seja, maior consumo de combustível. A principal abordagem encontra-se no regime de trabalho do trator para a operação executada no experimento. Como a resistência de tração foi fixada, mantendo a profundidade de corte constante, o trator operou fora de seu regime de trabalho ideal. Há uma diminuição média de 10% a 15% no consumo de combustível pelo trator na operação de mobilização do solo se a seleção do regime do motor estiver entre 70% e 80%
Em que: VM = Volume de solo Mobilizado (m³); Cp = Comprimento da parcela (m); Lc = Largura de corte médio da parcela (m), e; Pc = Profundidade de corte médio da parcela (m).
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do regime nominal. Como a profundidade do arado não demandava potência total do motor, esse trabalhou fora de seu regime ideal, aumentando proporcionalmente o consumo de combustível com o incremento da rotação. Isso deixa evidente que a verificação do melhor regime de operação do trator conduz a uma maior economia de combustível, além de reduzir o tempo de trabalho. As Figuras 3, 4 e 5 apresentam as taxas de emissões dos gases poluentes em função da rotação do motor. A Figura 3 apresenta as emissões em partes por milhão de monóxido de carbono (CO), Figura 4 mostra a taxa de emissão em porcentagem de dióxido de carbono (CO2) e a Figura 5 a taxa de emissão em partes por milhão de óxidos de nitrogênio (NOx). O monóxido de carbono (CO) é o particulado emitido, a parte responsável por enegrecer a fumaça. O dióxido de carbono (CO2) constitui o principal gás de efeito estufa no planeta. E os óxidos de nitrogênio (NOx) representam um dos principais agentes acidificantes de
Equação 2 Chv = C x 3,6 / Em que: Chv = Consumo horário (L/h); C = Volume consumo na parcela (ml), e; t = Tempo percurso na parcela (s).
Kuhn
Figura 5 - Emissão de NOx (ppm) em função da rotação (rpm)
Os arados aivecas requerem baixa velocidade de operação para que o próprio solo promova o seu revolvimento
chuvas, em que mais tarde esses ácidos descem ao solo. As crescentes retas nas figuras mostram relação direta entre a emissão desses gases com o aumento da rotação. Apenas o NOx sofre uma queda após 2.200rpm, essa queda se deve às reações químicas ocorridas nessas condições. Reações químicas essas que promovem o aumento de outras substâncias poluentes, portanto, essa queda não representa um real benefício. O estado do trator surge como um agravante, uma vez que o trator obtém horas de uso, a sua manutenção deve-se tornar mais criteriosa. A inspeção dos elementos do motor, como filtros, bicos injetores e tanque
de combustível, vem para que ocorra a boa queima do combustível e esse seja utilizado com sua melhor eficiência. A má manutenção dos componentes do motor pode desencadear uma série de problemas como afrouxamento de peças, ineficiência de vedação, presença de umidade em locais indevidos, contaminação de combustível e envelhecimento precoce dos componentes do trator. Mais uma vez, pode-se ver a importância do uso do trator-implemento dentro da sua recomendação de utilização para a atividade e manutenção preventiva e periódica dos elementos do trator. O produtor deve atentar para a correta e melhor utilização de seu maquinário e
insumos, onde a solução para redução de custos reside dentro de sua própria propriedade. Além de minimizar o consumo de combustível e maximizar a vida útil de seu maquinário, a correta e racional utilização do trator e seus implementos promove menores taxas de emissões de substâncias indesejáveis à atmosfera. A preocupação com o meio ambiente surge como um diferencial na sociedade e aqueles que fazem sua parte serão .M vistos a bons olhos no futuro. Sanchez de Castro Lacerda e Elton Fialho dos Reis, UEG
PULVERIZADORES
Controle a fogo
Fotos Marcos Roberto da Silva
Aplicação de altas temperaturas no controle de plantas daninhas em fruticultura é uma alternativa para produtores que necessitam produzir sem a utilização de agroquímicos
M
uitos métodos utilizando altas temperaturas (tratamentos térmicos) para o controle de plantas daninhas têm sido desenvolvidos como alternativa ao uso de produtos químicos e controle mecânico. Estes incluem flamejamento, radiação infravermelha, água quente, vapor, energia elétrica, radiação de micro-ondas, radiação ultravioleta, tratamento com laser e congelamento, explicam os pesquisadores Ascard e Weide. Destes, o flamejamento e, em certa medida, a radiação infravermelha, o vapor de água, quente e eletrocussão têm sido utilizados comercialmente. No flamejamento as plantas morrem principalmente pela ruptura das células levando à dessecação do tecido. De acordo com o pesquisador Ellwanger, a lesão na célula através da aplicação do calor envolve a desnaturação e agregação de proteínas celulares e expansão de protoplastos e posterior ruptura e, segundo Sutcliffe e Levitt, a desnaturação da proteína pode começar a partir de 45°C tendo o calor aplicado efeito rápido sobre as plantas daninhas. Os efeitos de tratamentos térmicos em plantas daninhas são influenciados por vários fatores, incluindo a temperatura, o tempo de exposição e a entrada de energia.
40
As temperaturas na gama de 55°C a 95°C têm sido relatadas como letais para folhas e caules por diversos pesquisadores, que também concluíram que a exposição à chama entre 0,065 segundos - 0,130 segundos é suficiente para matar o tecido foliar. O flamejamento conhecido como “capina com chama” - Flame weeding - é de longe o método mais amplamente utilizado de controlo térmico de plantas daninhas. Atualmente, é muito utilizado para controle de plantas daninhas na agricultura biológica na Europa Ocidental. Normalmente o flamejamento é aplicado como uma única aplicação para controle não seletivo de plantas daninhas antes da emergência da cultura.
A aplicação do flamejamento no Brasil é pouco comum entre os produtores. As máquinas flamejadoras não são fabricadas em escala comercial e esse fator é o mais limitante ao desenvolvimento da técnica nacionalmente. A companhia Ultragaz, distribuidora de Gás LP desde 2000, vem desenvolvendo estudos no país para viabilização da técnica em áreas agrícolas. As microrregiões de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) localizadas no Vale do São Francisco englobam 16 municípios num perímetro irrigado. A região se destaca pelo potencial de produção de frutas e hortaliças, sendo as principais culturas exploradas: manga, goiaba, uva e cebola. A produção de frutas desta região é destinada principalmente à exportação, sendo 95% dela Figura 1 - Desenho esquemático da aplicação da chama na linha de semeadura de milho
Configuração do queimador para controle seletivo na linha de semeadura da cultura de cebola
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Tabela 1 - Escala para avaliação da cobertura vegetal e as observações nos 75 pontos de amostragem Cobertura
Escala de notas – Porcentagem de cobertura do solo % 0 0 - 20 21 - 40 41 - 60 61 - 80 81 - 100
Notas 2 3 4 5 0 1 Nº de ocorrências conforme notas atribuídas nos 75 pontos de amostragem 15 10 4 4 Verde 2 40 36 13 2 0 Seca 4 20
Exemplo de área antes e depois do controle com o equipamento flamejador
destinada a Europa, Japão e EUA. Diante das exigências impostas nas normas para exportação quanto à diminuição do uso de defensivos agrícolas, as empresas vêm buscando novas tecnologias para o controle de plantas daninhas, doenças e pragas. Diante desta demanda existe um grande potencial de aplicação da técnica do flamejamento pelas empresas exportadoras de frutas no Vale do São Francisco e um estudo preliminar foi realizado para validação do uso desta técnica em empresas de produção de uva em Petrolina.
ESTUDO DE VIABILIDADE
A aplicação do flamejamento ocorreu na empresa Amadeus Grape do Brasil utilizando-se um flamejador montado desenvolvido pela empresa Antoniosi e Ultragaz, do tipo descoberto equipado com queimadores modelo LT 11/2 x 8 D Red Dragon Liquid Torch, marca Flame Engineering. O flamejador foi equipado com nove queimadores na barra porta-ferramentas, espaçados de 0,35 metro entre si e com ângulo de trabalho de 45º em relação ao solo. Em função da existência de um camalhão na linha de plantio das videiras o equipamento foi adequado às condições através da inclinação das barras laterais porta queimadores. O combustível utilizado para geração de calor foi o Gás Liquefeito de Petróleo – Gás LP e a pressão do sistema de suprimento para geração da chama (calor) foi de 0,4MPa. Na operação de aplicação do calor para estudar o efeito sobre o controle das plantas daninhas utilizou-se um trator de 37kW operando a velocidade de 3,5km/h. O experimento foi conduzido numa área comercial de produção sem sementes, cultivar Crinsom, onde foi demarcada uma malha de amostragem com 75 pontos, equidistantes em 10m, formando um retângulo com cinco linhas e 15 colunas. Nas áreas amostrais antes da aplicação do flamejamento as espécies de plantas daninhas, bem como os estádios fenoló-
Tabela 2 - Escala para avaliação da eficiência de controle e as observações nos 75 pontos de amostragem
gicos (fases de desenvolvimento), foram identificados. As fases de desenvolvimento foram definidas em emergência, vegetativa, reprodutiva e maturação. Também foi avaliada a cobertura vegetal verde e seca das áreas amostrais, utilizando-se uma escala de notas de 0 a 5, sendo 0 – Ausência e 5 – Presença total. Após dez dias da aplicação do tratamento foi realizada a avaliação do controle através da análise de cada ponto da malha, sendo utilizada a mesma escala de notas. Foram observadas as espécies sem e com controle, o efeito do calor sobre a videira e falhas na aplicação. Os dados foram registrados em planilhas e, posteriormente, processados no ambiente computacional Excel. Os dados da área amostral foram processados e analisados através da aplicação da estatística clássica determinando as medidas de tendência central e dispersão.
CONTROLE
Foram identificadas 21 espécies de plantas daninhas, sendo capim-carrapicho, capim-flecha, malva, quebra-pedra e tinga as de maior ocorrência, respectivamente, foram observadas em 63, 52, 37, 29 e 25 pontos dos
Escala - % de Controle Sem controle Muito baixo Baixo Regular Alto Muito alto 0% 0 - 20% 21 - 40% 41 - 60% 61 - 80% 81 - 100% Notas 2 3 4 5 0 1 Nº de ocorrências conforme notas atribuídas nos 75 pontos de amostragem 15 12 21 0 1 26
75 pontos da malha. Quanto às fases de desenvolvimento das espécies, na maioria dos pontos as plantas foram classificadas nas fases vegetativa avançada e reprodutiva, nestes casos a estratégia para controle precisa ser ajustada sendo consumida uma quantidade maior de Gás LP devido ao desenvolvimento avançado das plantas daninhas inferindo na eficiência do tratamento. A cobertura vegetal, verde e seca, está apresentada na Tabela 1. Este dado é importante devido à possibilidade de queima do material vegetal e provocar incêndio e, até mesmo, para definição dos procedimentos de aplicação do tipo quando e como aplicar. Durante a aplicação do tratamento, nos pontos onde foi detectada maior incidência de material vegetal seco (morto) ocorreram pontos de incêndio pequenos sem danos e sem continuidade. O controle das plantas daninhas não
Detalhe do equipamento flamejador utilizado na condução dos experimentos em fase de adequação
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Fotos Marcos Roberto da Silva
Figura 2 - Pontos de falha de aplicação (células em preenchidas em vermelho). A – Parte central e B – Lateral da parreira
Linhas A
Linhas B
foi eficiente em todos os pontos observados e o controle total, ou seja, 100%, não foi observado em nenhum ponto da malha. Em 54% dos pontos o controle foi inferior a 40%, sendo considerado baixo e muito baixo, em 16% dos pontos o controle foi considerado regular e 28% dos pontos o controle foi considerado alto. Porém, um aspecto importante a ser ressaltado é que somente um ponto não apresentou controle, indicando que as plantas daninhas sofreram influência do calor e que ajustes precisam poderão ser feitos para melhorar a eficiência da aplicação. Segundo Sutcliffe, as plântulas, fases de emergência e crescimento inicial são mais sensíveis às altas temperaturas. Ápices das plantas jovens são mais suscetíveis a danos causados pelo calor. Em plantas mais velhas, o ápice (o meristema) pode ser protegido por folhas velhas. Rebrota das plantas velhas após o flamejamento pode ser reduzido ou eliminado quando as chamas penetrarem o dossel o suficiente para matar gemas axilares nos nós inferiores, que podem ser protegidos por folhas circundantes, bainhas e pecíolos. O flamejamento moderado pode apenas parcialmente danificar as plantas e a sua capacidade de regenerar vai depender de suas
reservas de energia, condições ambientais tais como umidade do solo e a concorrência com plantas vizinhas. A suscetibilidade de plantas daninhas ao flamejamento depende da sua capacidade para evitar o aquecimento da célula e a sua tolerância ao calor. A forma como o calor da chama penetra o dossel das culturas e das plantas daninhas depende da eficácia na transferência de calor, da técnica de produzir fogo e de como penetrar no dossel, depende da estrutura do solo e umidade da superfície da folha. Tolerância das plantas ao calor também depende da proteção oferecida como camadas de pelos e cera, lignificação e o potencial recrescimento das espécies, explicam os pesquisadores Ascard, Laguë e Leroux. Das espécies de maior ocorrência citadas anteriormente todas foram controladas pelo calor. Algumas espécies de menor ocorrência não foram controladas, o que não significa baixa eficiência do tratamento, mas, provavelmente, falha de aplicação. A falha na aplicação na entre linha das videiras (parte central) foi constatada em 69 pontos e nas laterais foi observada em 49 pontos, conforme pode ser observado na Figura 1 A. Na lateral em função da
distribuição dos queimadores o controle foi melhor, diminuindo as falhas de aplicação, Figura 2 B. Não foi observado nenhum efeito nas videiras, tanto nas folhas, no caule e nos cachos mesmo em início de formação. Após a aplicação e o levantamento dos resultados de controle, é possível concluir que aplicação em fase de desenvolvimento avançado das espécies daninhas dificultou e interferiu na eficiência do tratamento. As falhas na aplicação foram em função da combustão inadequada para formação da chama ideal devido à dificuldade de ajuste na pressão de trabalho pela característica do Gás LP, pelo espaçamento inadequado entre os queimadores e pelas irregularidades no terreno que interferiram na aplicação ora distanciando os queimadores das plantas e ora aproximando. Das espécies de maior ocorrência, nenhuma apresentou resistência .M ao calor. Marcos Roberto da Silva e Maxsuel S. de Souza, CCAAB/UFRB César H. Nagumo e Marcelo C. Palmieri, Ultragaz
Detalhes da aplicação do flamejamento nas entre linhas da videira, onde todas as espécies invasoras tiveram controle satisfatório
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RESULTADO FINAL
eventos
Vitrine do Sul
Quase 30% maior que a edição do ano passado, a 15ª Expodireto Cotrijal confirmou a sua importância no circuito de feiras nacionais e foi palco de diversos lançamentos das principais empresas de máquinas agrícolas Cotrijal
de colheita, a empresa apresentou medidor portátil de umidade de grãos, o V999FR, que atua para auxiliar na calibração do sensor já presente em colhedoras da marca. O equipamento tem capacidade para aferir a umidade de 250 tipos diferentes de grãos. Segundo o coordenador comercial Wagner Krause a ação, motivada pelo setor de peças da empresa, tem por objetivo dar suporte à comercialização final do cliente, com foco em maior qualidade e melhor remuneração.
METALFOR
A
15ª edição da Expodireto Cotrijal será marcada pelo grande incremento de público e negócios em relação à edição de 2013. O volume de negócios dos 505 expositores chegou a R$ 3,2 bilhões, superando em 27% o do ano passado, e o público, a 235 mil pessoas, 5% a mais que em 2013. De acordo com a organização do evento o setor de máquinas e equipamentos agrícolas ainda foi o mais expressivo, mas os segmentos de armazenagem e irrigação também alcançaram crescimento. Na Área Internacional, os negócios chegaram a R$ 471,4 milhões, volume 99% superior ao do ano passado. Neste ano, 77 países estiveram representados na feira. O presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, destacou a importância das discussões que aconteceram durante os cinco dias e do profissionalismo dos visitantes. “O público que vem para a feira é focado, vem em busca de tecnologia, inovação e oportunidades de negócios e isso é avaliado. Para dar uma ideia do que os visitantes conferiram no evento, fizemos um levantamento dos lançamentos e destaques dos
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principais expositores.
A Metalfor do Brasil apresentou a nova versão do modelo de Pulverizador Autopropelido Futura 2200 AB. O modelo vem equipado com uma transmissão hidrostática 4x4, impulsionado por quatro motorredutores, abastecido por uma bomba dupla e motor de seis cilindros turbo Cummins. O equipamento está configurado com linha de barras de 25 metros, tanque de produto de 2.200 litros e rodado 12.4x36. O Autopropelido Futura 2200 AB pode
VALTRA
A Valtra realizou o lançamento na Expodireto 2014 da segunda geração dos tratores da linha leve, a Série A GII e a Série A Fruteiro. A linha contempla quatro modelos, o A650F (66cv), o A750 (78cv), o A850 (86cv) e o A950 (94cv), desenvolvidos para o segmento de tratores estreitos. A Série A Geração II vem equipada com o novo sistema de injeção, com bomba em linha, novo sistema de fixação dos radiadores de óleo da transmissão e o sistema hidráulico com trilhos, que possibilita limpezas periódicas. A Série A Fruteiro oferece plataforma plana e alavancas laterais, que aumentam o conforto e a facilidade na operação. Além disso, a série chega com quatro opções de transmissão sincronizada, três opções de velocidade de TDP e válvula de fluxo constante de até 40 litros por minuto. Outro destaque da marca na feira destinado à agricultura familiar foi a BC 4500, colhedora classe IV, com plataforma flexível série 600F, e a nacionalização da plataforma Draper HiFlex Série 600 FD. Ainda na linha
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Um dos destaques da Valtra foi o medidor portátil de umidade de grãos, o V999FR
Fotos Cultivar
A Metalfor destacou o Pulverizador Autopropelido Futura 2200 AB
incorporar, além do controlador de vazão, desligamento automático de seções e piloto hidráulico.
AGRITECH
A Agritech participou da Expodireto com seu amplo portfólio de produtos direcionados para a agricultura familiar. Um dos destaques foi o trator 1175 S, que apresenta como diferenciais o câmbio sincronizado, o sistema de direção hidrostática, o eixo dianteiro mais robusto, o sistema de refrigeração de água e óleo integrado e o levantador de hidráulico com acionamento externo, capacidade de levante de 3.600kg e sistema de levantamento automático. A empresa também apresentou sua linha de tratores com motorização Agritech de 30cv e 50cv, denominados 1235 e 1250. E o trator 1175 compacto, com cabine de fábrica, destinado a diversas culturas pela sua versatilidade operacional.
MONTANA
O Distribuidor Parruda DF 5000 da
O modelo 1175 S da Agritech tem como diferenciais câmbio sincronizado e sistema de direção hidrostática
Montana foi um dos destaques no estande da empresa durante a Expodireto Cotrijal 2014. O Distribuidor vem equipado com sistema de balança eletrônica com painel integrado ao monitor, controlado por meio das células de carga sob o chassi do depósito, esteiras de borracha, regulagem de vazão de 30 a 6.000kg/ha, capô basculante, largura de distribuição de até 36 metros (de acordo com as características do fertilizante) e velocidade de trabalho de até 20km/h.
CASE IH
A Case IH apresentou para os visitantes e clientes durante a Expodireto Cotrijal 2014 a nova linha de colhedoras axiais, série 230, nos modelos: Axial-Flow 9230 fabricada no Brasil e a Axial-Flow 8230 e 7230, atualizações dos modelos Axial-Flow 8120 e 7120. Neste segmento, o destaque foi a Axial-Flow 9230, com 510cv de potência nominal, acionamento hidrostático de quatro velocidades, freios a disco de pinça dupla, sistema de acionamento do rotor Power Plus CVT com três faixas de rotação e capacidade
Distribuidor Parruda DF 5000 da Montana com capacidade para vazão de até 6.000kg/ha
de tanque graneleiro de 12.330 litros. A marca também apresentou quatro novas versões dos tratores de média potência da linha Puma: os modelos 140, 155, 170 e 185, potências máximas de 152cv, 168cv, 174cv e 195cv, respectivamente, todos com transmissão semi-powershift. Esta série é equipada com motores Case IH, capacidade para 6,75 litros, disponível em suas duas versões de motor (eletrônico para transmissão semi-powershift e mecânico para transmissão sincronizada). Os motores eletrônicos com sistema de injeção de combustível Common Rail ainda são equipados com Power Boost, responsável por um aumento de potência de até 35cv nas operações com TDF, no transporte, em condições de alta exigência de fluxo hidráulico ou em terrenos íngremes.
GSI
A GSI Brasil participou da Expodireto Cotrijal 2014 com suas linhas de produtos para a produção de proteína animal e armazenagens de grãos. No segmento
Destaque no estande da Case IH foi a Axial-Flow com motor de 510cv e tanque graneleiro de 12.330 litros
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Rosca Varredora Automática Série X da GSI foi um dos destaques no estande da empresa
de armazenagem um dos destaques foi a Rosca Varredora Automática – Série X. O equipamento visa atender a necessidade de maior capacidade de descarga de grãos no esvaziamento final dos silos de grande porte. A sua automação garante maior segurança na operação por dispensar a entrada de operadores no interior do silo para mover a rosca. Outro destaque da marca foi o Portable Dryer, um secador compacto e móvel. O equipamento é modular, podendo incorporar maior capacidade tanto na base lateral, quanto na vertical. Esse modelo é indicado para secagem de determinados tipos de grãos, como o feijão. O sistema é acionado a gás, sendo toda manipulação do combustível feita de forma automática.
JAN
A Jan destacou durante a Expodireto Cotrijal 2014 o distribuidor de adubos, gesso, calcário e sementes Lancer Maximus 8000TH. O distribuidor possui capacidade volumétrica de quatro mil litros, capacidade
de carga 3.500kg e rotação mínida da TDP de 540rpm. O conjunto de alimentação dos discos de distribuição é tipo “cassete”, composto de estrutura porta-rolos, esteira de borracha e de dispositivo autocentralizador. A esteira de borracha é “extra-abrasão”, construída de lonas de nylon e emenda vulcanizada de fábrica. O conjunto permite o fluxo contínuo, otimizando as distribuições e dosagens em pequenas taxas. A bitola do rodado é regulável através do deslocamento no conjunto tandem e a caixa de transmissão em banho de óleo possui giro livre interno. O sistema de transmissão de velocidade à esteira central e lateral é equipado com eixos estriados, engrenagens e correntes simples de rolos que possibilitam cinco diferentes combinações. O equipamento possui dois defletores localizados na parte interna do depósito protetor da esteira, dispostos no sentido longitudinal ao deslocamento da máquina, o que permite montá-los em três posições diferentes, o que determina a dimensão de abertura e passagem do produto. O sistema
Granbox de duas rodas da Agrimec varia de 10.000 a 15.485 litros de capacidade
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A Jan destacou o distribuidor de fertilizantes e sementes Lancer Maximus 8000TH
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de distribuição possui dois discos e quatro palhetas em cada disco, com cinco opções de regulagem: um para distribuição de fertilizantes granulados e outro para produtos em pó.
AGRIMEC
Os principais destaques da Agrimec durante a Expodireto Cotrijal 2014 foram as carretas graneleiras Granbox de duas rodas, com capacidades que variam de 10 mil litros a 15.485 litros. As carretas são indicadas para acompanhar as colhedoras, recolhendo cereais a granel, como arroz, soja, trigo e outros; ideais para terrenos alagados – de várzea – e em lavouras de terras altas. As graneleiras têm como principais características tampa de inspeção do cano de descarga, escada com plataforma, grade de proteção, registro para regular o fluxo de descarga e dispositivos para colocação de lona de cobertura e grande abertura inferior para descarga direta na moega. Entre os opcionais estão itens como motor hidráulico, dobra de cano hidráulico, registro hidráulico (exceto
Pulverizador autopropelido 4630 da John Deere é destinado a médias propriedades
Fotos Cultivar
Semeadora Ceres Super da Stara, indicada para semear culturas de inverno, com sistema que copia o relevo do terreno
para os modelos 13500 e 15500, que vêm de série) e kit multiuso (tubo telescópico, mangueira flexível, abraçadeira e cabeça móvel).
JOHN DEERE
A John Deere levou para a Expodireto Cotrijal 2014 toda a sua linha de produtos, destacando os tratores da Série 5E cabinados e o trator estreito fruteiro, ambos lançados neste ano. No segmento de pulverização, a empresa deu destaque para o pulverizador 4630, para pequenas e médias propriedades, que oferece uma tecnologia de ponta com produtos AMS de agricultura de precisão. Destinados à agricultura familiar, os tratores 5078E, 5085E e 5090E possuem motores de 78, 85 e 90 cavalos, respectivamente, e também podem ser equipados com sistema AMS de agricultura de precisão da John Deere. Os modelos possuem motor agrícola com quatro cilindros e alta reserva de torque, também são equipados com a transmissão Partial Synchro, com nove velocidades para frente e três velocidades de ré.
Semeadora Múltipla SSM 33 VC que agora vem com reservatórios em polietileno foi o destaque da Semeato
Este sistema permite a seleção de marchas sincronizadas, ou seja, não é necessário parar o trator para fazer a troca das marchas, inclusive a ré. Outra opção para o produtor é o modelo 5078E, que pode ser financiado pelo programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
STARA
A Stara lançou na Expodireto o seu mais novo produto, a semeadora Ceres Super. A Ceres Super é uma semeadora para culturas de inverno, que possui rodado autocompensador e que, por sua vez, copia o desnível do solo sem comprometer a copiagem da linha de plantio. O esforço do plantio e do transporte não é exercido sobre o chassi e sim pelo sistema de rodado. Outra caracaterística importante é o sistema Control de série, ou seja, a semeadora é equipada com o controlador Topper 4500, que permite a semeadura a taxa variável. O sistema é utilizado para contagem e amostragem de sementes por metro, com sistema de alarme para eventuais falhas, como entupimentos
Plantadeiras MF 500 e MF 700 ganharam destaque na área destinada ao plantio no estande da Massey Ferguson
e falta de sementes. O modelo estará disponível na versão com 44 linhas de 17cm, capacidade de semente de 1.371kg e de adubo 2.964kg.
SEMEATO
A Semeato destacou durante a Expodireto a semeadora múltipla SSM 33 VS, que recentemente passou por um processo de reengenharia com o objetivo de maximizar a eficiência na implantação de diferentes culturas. As duas principais mudanças incorporadas à SSM 33VS foram os reservatórios de sementes e adubo em polietileno rotomoladado e o sistema Vacuum System para distribuição de grãos graúdos. As capacidades dos reservatórios foram incrementadas em 10% e a capacidade de fertilizantes teve um incremento de 22%. O sistema Vacuum System, que distribui semente por semente, se dá através de uma pressão negativa, gerada por uma turbina, que é acionada por um motor hidráulico, proporcionando maior homogeneidade de sementes no solo.
Os destaques da TeeJet ficaram por conta do Radion 8140, Matrix Pro GS e Boom Pilot, tecnologias exclusivas da empresa
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Fotos Cultivar
O pequeno cortador de grama de 16,5cv de potência foi um dos destaques da New Holland
MASSEY FERGUSON
No segmento de implementos, a Massey Ferguson deu destaque durante a Expodireto Cotrijal para as plantadeiras MF 500 e MF 700, que contam com a nova linha pneumática para sementes e a opção de taxa variável. O sistema permite o controle da dosagem de sementes e fertilizantes durante o plantio, explorando ao máximo as potencialidades do solo e oferecendo redução de custos ao produtor. O aumento da capacidade do tanque de 55 litros para 65 litros, somado à redução de 85mm na altura de abastecimento e comporta de fechamento inferior, faz com que o produto possua mais autonomia. Devido ao sistema hidráulico independente, os equipamentos podem ser acoplados a qualquer trator cabinado. Para controlar esta ação, o operador conta com o piloto automático Auto Guide 3000, que oferece até três níveis de precisão e pode ser calibrado com apenas o toque da tela touch screen. Ele pode ser usado para taxa fixa ou com trabalhos via mapas de adubação e plantio de taxa variável. Outro destaque da marca foram as colhedoras axiais MF 9690 ATR II e MF 9790 ATR II. A nacionalização da plataforma Draper DynaFlex 9250, disponível nas dimensões 25’ a 40’, faz com que o produtor tenha a oportunidade de financiar o equipamento através do Finame, linha de crédito específica para máquinas e implementos agrícolas.
NEW HOLLAND
A New Holland, em parceria com a Tramontina, apresentou durante a Expodireto 2014 o cortador de grama dirigível. O equipamento será produzido pela Tramontina e comercializado pelas concessionárias
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A linha de pneus Super Arrozeiro da Titan Pneus recebeu o reforço do modelo 18.4-26 que foi desenvolvido para áreas alagadas
New Holland e vem equipado com motor de 16,5cv, com cilindrada de 500cm³, transmissão hidrostática (automática) e apresenta conjunto de corte de 100cm de largura com duas lâminas. A marca também destacou os tratores T7, sendo três modelos na versão mecânica e três modelos na versão semi-powershift, esta possibilita, dentro da gama de transporte, trocas automáticas de marcha. As características da linha T7 são as tecnologias de transmissão, alto nível de agricultura de precisão com Intellview IV (computador de bordo) e piloto automático. As máquinas também vêm com farol cat eyes, conjunto ótico que melhora a iluminação e garante segurança nos trabalhos noturnos. Também durante a feira, a New Holland comemorou a venda da colhedora TC número 50 mil no Brasil. Composta pelos modelos TC5070 e TC5090, elas são configuradas para colher diversas culturas em diversas condições de terreno. A máquina também oferece uma configuração especial para trabalhar na colheita do arroz, com rodado duplo e pneu R2, que permite maior força de tração, especialmente em terrenos alagados. Pode ser equipada com plataforma de 17 ou 20 pés. A TC5090 vem equipada com motor Cummins seis cilindros de 240cv com Intercooler, sistema Maxitorque, tanque graneleiro de 7,2 mil litros e plataformas de 20 ou 25 pés flexíveis e 20 pés rígidos, com sincronismo do molinete com a velocidade da máquina.
TEEJET
A TeeJet Technologies levou para a Expodireto Cotrijal sua ampla variedade de produtos com foco para o Radion 8140, Matrix Pro GS e BoomPilot, três tecnolo-
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gias únicas da TeeJet Technologies. O novo Radion 8140 é único controlador eletrônico de pulverização, capaz de monitorar o tamanho de gotas em tempo real. Todo o serviço é monitorado através de uma tela touch screen de 4,3 polegadas, que serve para avaliar o nível do tanque e a função de enchimento automático. Esta tecnologia, unida ao GPS Matrix Pro GS e ao corte de seção BoomPilot, pode garantir economia de produto de até 20% no manejo de defensivos.
GOODYEAR FARM TIRES
A Titan Pneus, detentora da Goodyear Farm Tires, apresentou seu portfólio para atender ao setor agrícola durante a Expodireto Cotrijal 2014, com destaque para a ampliação da linha Super Arrozeiro. A nova medida 18.4-26 do modelo Super Arrozeiro II foi desenvolvida para aplicação em tratores, colheitadeiras e implementos de áreas alagadas. O desenho da banda de rodagem, “garra-sete”, facilita a autolimpeza e reduz a patinação, proporciona maior agarre e alto torque em solos inconsistentes. Completam a linha as medidas 14.9-24 e 23.1-26 do Super Arrozeiro e 18.4-30 e 20.8-38 do Super Arrozeiro II, para várias aplicações na cultura do arroz. A Goodyear ampliou também sua linha DT924 com nova medida 710/70R38, indicada para tratores acima de 140cv. Outros destaques foram os pneus radiais 380/80R38 DT800, para pulverizadores autopropelidos, e 600/65R28 DT824, utilizado tanto na dianteira de tratores como na traseira de colheitadeiras, além do novo modelo diagonal 400/60-15.5 Superflot II, recomendado para implementos agrícolas e plantadeiras. .M
mundo máquinas
A
Os grandes entraves do setor rural
agropecuária pode ser vista como uma moeda. De um lado é coroa (ou melhor, a “joia da coroa”), a “salvação” do PIB brasileiro, setor que puxa a economia, gera investimentos e exportações. Do outro, é cara (e podemos pensar em coisas “caras”, de muito custo), a realidade dos produtores que enfrentam problemas com o clima, o preço de venda dos produtos agropecuários, o aumento do custo de produção, a alta incidência de pragas/ doenças, a falta de trabalhadores qualificados, de infraestrutura e de financiamentos; as legislações ambiental e trabalhista; a taxa de câmbio, o custo de energia e o nível de endividamento. E é esse lado que vamos abordar. As principais preocupações dos produtores rurais foram apontadas na primeira divulgação do IC Agro – Índice de Confiança do Agronegócio, que falei na coluna anterior. O estudo foi lançado em fevereiro pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), com apoio da Anfavea e da Andef. A pesquisa mostrou que os dois maiores problemas são clima e preço de venda do produto. Ambos geram notáveis impactos na agropecuária, no entanto, são questões que os produtores individuais não têm praticamente nenhum controle. O clima está especialmente penalizando algumas regiões este ano, devido às questões de falta ou de excesso de chuva. O sexto levantamento da safra brasileira de grãos 2013/2014, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, indicou queda na produção em comparação ao quinto, pelas intempéries climáticas. Dois bons exemplos são a forte chuva no Mato Grosso do Sul e a seca em algumas regiões do país. Voltando no estudo do IC Agro, tirando as duas primeiras preocupações apontadas, nos deparamos com um conjunto de seis itens que mais de 90% dos agricultores e pecuaristas assinalaram como os principais entraves ao desenvolvimento do setor: aumento de custos; incidência de pragas e doenças; qualificação do trabalhador; legislação ambiental; infraestrutura e legislação trabalhista. São problemas que podem ser solucionados com incentivo, políticas públicas, planejamen-
to, seguro agrícola, obras e preço mínimo de produtos. Vamos falar um pouco sobre essas dificuldades e como elas afetam o mercado de máquinas agrícolas. O primeiro deles, o aumento dos custos de produção é bem amplo. Está sendo pressionado principalmente pelo aumento dos preços dos insumos (defensivos e fertilizantes), que são cotados em dólar. Até a safra passada os agricultores tinham comprado parte dos seus insumos ainda com o dólar mais “barato”. Nessa safra, sofreram com toda a desvalorização cambial. Nos últimos 12 meses (fev. 2013 a fev. 2014), a cotação do dólar passou de R$ 1,97 para R$ 2,34 – quase 20% de variação. Os próximos itens também significam pressão sobre os custos. Piora na sanidade (aumento de pragas e doenças), por exemplo, significa mais pulverizações. Consequentemente, necessidade de compra de mais máquinas. A falta de infraestrutura, o grande gargalo da agropecuária, também preocupa os produtores. Mas isso nem é novidade pela situação das estradas federais, estaduais e municipais, os escassos armazéns, portos e ferrovias e os caríssimos fretes. Não temos logística de escoamento da porteira para fora e o primeiro desafio começa nas estradas vicinais, que ligam as fazendas aos demais destinos. A questão está afetando especialmente o Centro-Oeste e é crítica. O preço do frete de Sorriso até Santos, por exemplo, em março, bateu no incrível valor de R$ 330,00 por tonelada. Isso significa que até o destino final, altos valores ficam no caminho. A questão da legislação ambiental, também indicada, se deve a adaptação ao novo Código Florestal e a adequação das legislações estaduais, que não são simples e custa dinheiro. Todas essas pressões de custo fazem com que exista uma busca por mais produtividade. E finalmente chegamos a dois itens apontados que são relacionados com mão de obra: legislação trabalhista e qualificação. A questão das máquinas agrícolas está intimamente relacionada com a busca por produtividade, especialmente no grupo de produtores mais dinâmicos. Isso significa máquinas maiores e com tecnologia de agricultura de precisão, justamente
Milton Rego é engenheiro mecânico e economista, especialista em gestão. Atua na área de máquinas agrícolas e de construção desde 1988. Atualmente, é diretor de Comunicação Corporativa e de Relações Externas da CNH Industrial, vice-presidente da Anfavea e da Câmara Setorial de Máquinas Rodoviárias da Abimaq. É responsável pelo Blog do Milton Rego, que aborda os mercados de máquinas agrícolas e de construção: www. blogdomiltonrego.com.br
para aumentar a rapidez dos tratos culturais e a produtividade da mão de obra, já que está cada vez mais difícil e com mais encargos. Assim existe uma demanda de operadores de equipamentos com escolaridade (no mínimo o Ensino Médio), capazes de operar máquinas que estão ligadas a mapas de produtividade, pulverizadores e plantadeiras de alta performance, máquinas trabalhando em sincronia e por aí vai. Essa questão de mão de obra é vital para o Brasil; para a agropecuária e para o setor industrial. Educação, além de ser um dos pilares da construção da cidadania, é indispensável para o Brasil dar o salto de produtividade que tanto .M precisa.
A questão das máquinas agrícolas está intimamente relacionada com a busca por produtividade, especialmente no grupo de produtores mais dinâmicos
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