Maquinas 143

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Cultivar Máquinas • Edição Nº 143 • Ano XII - Agosto 2014 • ISSN - 1676-0158

Nossa capa

Test Drive - Colhedora MF 6690 Hybrid

Confira o desempenho da MF 6690, a primeira colhedora Classe V da Massey Ferguson, uma máquina híbrida para colheita de grãos

Destaques

Tratores

Entenda a importância de utilizar o bico correto e a interferência deles na qualidade final da aplicação

Conheça as características dos tratores estreitos e fruteiros e quais suas principais aplicações

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• Editor

Gilvan Quevedo

• Redação

Charles Echer Karine Gobby Rocheli Wachholz

• Revisão

Aline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e Diagramação NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• ASSINATURAS

• REDAÇÃO

• MARKETING

3028.2000 3028.2060

3028.2070 3028.2065

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Índice

Pulverização

Cristiano Ceia

Capa: Charles Echer

Matéria de capa

• Comercial

Sedeli Feijó José Luis Alves Rithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação Circulação

Simone Lopes

• Assinaturas

Natália Rodrigues Clarissa Cardoso

• Expedição

Edson Krause

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

C

Rodando por aí

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Pontas de pulverizadores

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Tratores estreitos e fruteiros

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Piloto automático

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Colhedoras de cana

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Test Drive - Colhedora MF 6690

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Lubrificantes

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Pneus radiais

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Lastragem de pneus

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Ficha Técnica - New Holland

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Uso do biodiesel

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 189,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 150,00 € 130,00

Direção Newton Peter

Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br

Cultivar

www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


rodando por aí

Simulação Computacional

O 3º Simpósio de Simulação Computacional de Máquinas Agrícolas está marcado para o dia 27 de agosto, na UCS - Universidade de Caxias do Sul (RS). O evento tem o objetivo de estimular a discussão e a troca de conhecimento sobre a otimização de projetos de máquinas agrícolas com o uso da simulação computacional e de incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias, promovendo debate técnico sobre os assuntos abordados. O evento tem apoio de Revista Cultivar, Try Testes e Simulações e Universidade de Caxias do Sul.

Cliente satisfeito

A New Holland Construction recebeu o certificado de novo Benchmarking de ISGE - Índice de Satisfação Geral Espontâneo - para Produto. O reconhecimento foi concedido pelo Instituto Ibero-brasileiro de Relacionamento com o Cliente (IBRC), que realizou pesquisa com 17 empresas do setor de indústria de equipamentos de construção civil. “É um orgulho muito grande saber que o produto New Holland Construction foi o que gerou a maior satisfação de clientes no continente latino-americano e estejam certos que continuaremos seguindo no caminho das melhores práticas”, comemorou o diretor comercial e de Marketing da New Holland Nicola D’Arpino Construction, Nicola D’Arpino.

Clientes visitam fábrica

A Stara recebeu cerca de 150 clientes de importantes regiões produtoras do Brasil, como Bahia, Maranhão, Tocantins, Piauí, Goiás e Minas Gerais, que participaram de um dia de atividades na fábrica, juntamente com as revendas e concessionárias Stara de cada região. As atividades contaram com visita à filial de Carazinho (RS), encontro com o diretor-presidente da Stara, Gilson Trennepohl, apresentação dos principais produtos da Stara e palestra sobre Agricultura de Precisão.

Portas Mais Abertas

A Valtra realizou o evento Portas Mais Abertas nas cidades de Naviraí (MS), Bebedouro (SP) e Ubiratã (PR) com o objetivo de apresentar aos produtores rurais destas regiões todo o portfólio da marca e oferecer condições especiais de compra. Durante o evento, os interessados puderam esclarecer dúvidas sobre produtos, financiamento, consórcio, peças, além de ter acesso a uma consultoria personalizada sobre as soluções mais indicadas para cada tipo de produção. “Foi um dia especial, no qual os clientes conferiram as facilidades que a Valtra oferece na aquisição de novos tratores e peças”, explica Luiz Cambuhy, gerente de Vendas da Valtra.

Luiz Cambuhy

Encontro de Mecanização Agrícola

Gilson Trennepohl

Plantare inaugura nova loja

A Plantare, concessionário John Deere na região Sul, inaugurou sua mais nova loja Express no município de Caxias do Sul, na Serra gaúcha. Cerca de 300 agricultores da região participaram da solenidade de inauguração. Para o gerente geral de Negócios da Plantare, Leonel Gomes de Moraes, a filosofia de trabalho da empresa será um diferencial para a comunidade. “Estamos aqui para destacar a importância de cada agricultor e mostrar que estamos preparados para atender a demanda crescente de produção de alimentos, visto que essa região é uma das principais na produção de hortaliças de todo o Brasil”, destacou.

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Semeadoras múltiplas

As máquinas múltiplas, que realizam plantio de inverno e verão, estão ganhando cada vez mais mercado. Segundo o gerente de Desenvolvimento de Mercado e Produto da Semeato, Eduardo Copetti, hoje é possível ao produtor realizar os plantios de inverno e de verão com máquinas como a SHM, uma semeadora múltipla da Semeato, ideal para pequenas e médias propriedades que realizam plantio direto e rotação de culturas. “Máquinas como a SHM, permitem aos agricultores alcançar lucros mais elevados e, ao mesmo tempo, conservar os recursos naturais Eduardo Copetti e o meio ambiente”, ressalta.

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A Valtra recebeu colaboradores da Raízen, fabricante de etanol de cana-de-açúcar, para o 1º Encontro de Mecanização Agrícola. O evento, realizado na unidade fabril em Mogi das Cruzes (SP), foi uma imersão dos visitantes na estrutura da Valtra e serviu para facilitar o acesso às informações de produtos e serviços da marca. Segundo Orlando Silva, vice-presidente de Operações Comerciais da AGCO América do Sul, atividades como esta “permitem que as equipes da Valtra e da Raízen se conheçam melhor, facilitando, assim, a comunicação entre ambas e tornando-a ainda mais ágil”.


Colheitadeiras em destaque

A Massey Ferguson tem como principal destaque na Expointer 2014 a sua linha de colheitadeiras. O foco da marca fica para a MF 9895, colheitadeira com maior taxa de descarga de grãos do mercado (150L/s), e para a colheitadeira com sistema híbrido de processamento, a MF 6690, lançamento da marca no evento. “A MF 6690 é uma classe V, que consome como se fosse uma máquina da classe IV, sendo uma colheitadeira econômica, moderna e ecologicamente correta. Com seu alto rendimento e baixo consumo de combustível, o resultado oferece a melhor relação litro/tonelada colhida do mercado”, destacou Roberto Ruppenthal, gerente de Marketing do Produto da Massey Ferguson.

Novos tratores T6

Roberto Ruppenthal

Série S de colheitadeiras

O grande lançamento da John Deere exibido ao público na Expointer são as colheitadeiras Série S. Presente nos modelos S540, S550 e S660, esse último com a disponibilidade da plataforma Draper, o produto possibilita melhor corte e alimentação da máquina. “Entre os principais diferenciais estão o desempenho nas mais variadas condições de colheita, a versatilidade de poder colher diversos tipos de grãos, além de utilizar a colheitadeira da Série S na versão arrozeira” destacou Rodrigo Junqueira, diretor de Rodrigo Junqueira Vendas da John Deere.

Manutenção em Cultivador Motorizado

Mecânicos de concessionárias Agritech e da fábrica estiveram no Centro de Treinamentos da empresa para o treinamento Cultivador Motorizado, que visou oferecer aos participantes todo o conhecimento necessário para realizar manutenções nos motores, transmissões e enxada rotativa dos microtratores ou cultivadores motorizados. Durante o treinamento foram realizadas simulações de falhas, diagnósticos de defeitos, testes, regulagens, medições e a utilização de ferramentas especiais. A certificação do curso concede ao mecânico toda a bagagem técnica essencial na rotina do dia a dia da oficina.

A New Holland lança na Expointer 2014 três novos modelos do T6: o T6.110, o T6.120 e o T6.130, com 110cv, 120cv e 130cv, respectivamente, com três opções de transmissão: 8x8 com reversor mecânico e 8x8 e 16x8, ambos com reversor hidráulico. “A New Holland também ampliou a linha T7 em 2014 com seis novos modelos. Com mais design e funcionalidade para aumentar a produtividade, a marca traz para a linha T7 três modelos na versão mecânica e outros três na versão Semi-Powershift; esta possibilita, dentro da gama de transporte, trocas automáticas de marchas”, ressaltou Marco Cazarin, especialista em tratores da New Holland.

Marco Cazarin

Foco no agronegócio

Como forma de aumentar a sua participação no agronegócio, a New Holland Construction marca presença na Expointer 2014, onde lança a pá carregadeira 12D. “Com o equipamento de construção adequado é mais fácil padronizar o tamanho dos talhões, a largura dos carreadores, padronizar as áreas de carregamento e os modelos de curva-de-nível a serem adotados”, explica Marcos Rocha, gerente de Produto da New Holland ConsMarcos Rocha truction.

Circuito Aprosoja

A Case IH em parceria com a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja) realizam o Circuito Aprosoja com o objetivo de explorar assuntos como mercado, projeções, liderança e ações de curto e médio prazo entre os produtores rurais do Mato Grosso, e acontece nos meses de agosto e setembro. Para Rafael Miotto, diretor de Marketing da Case IH para a América Latina, o estado se tornou uma referência na obtenção de resultados a partir do investimento em tecnologias. “Neste sentido, entendemos que estes eventos são importante iniciativa para o compartilhamento de informações estratégicas ao produtor rural”, finalizou Miotto.

Rafael Miotto

Profissionais habilitados

Com o objetivo de habilitar profissionais com capacidade técnica/teórica para que possam oferecer o produto ideal ao cliente de acordo com a necessidade, a Agritech ofereceu aos concessionários da rede um curso de vendas, que foi realizado na fábrica, em Indaiatuba (SP). Durante o curso os profissionais receberam todo o conhecimento dos produtos e suas características. Além disso, foram apresentadas formas de aquisições de tratores e implementos por meio das várias opções de financiamentos, incluindo o banco de fábrica De Lage Landen, consórcio e linha de implementos Agritech Lavrale

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pulverização Fotos Charles Echer

Desafio de aplicar bem

atualmente empregados, pois dessa forma seria possível aumentar a capacidade operacional e a autonomia dos pulverizadores. Isso reduziria o custo da aplicação, no entanto, requer o estudo sobre o não comprometimento da eficiência do processo de aplicação. Pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia realizaram ensaios para avaliar a dessecação de plantas daninhas, a deposição de calda de pulverização no alvo, as perdas para o solo e a deriva promovidas pela aplicação de

Para cada tipo de defensivo aplicado, seja herbicida, inseticida ou fungicida, existem inúmeras regulagens que podem ser utilizadas, dependendo do volume de calda, pontas de pulverização e velocidade de aplicação. Mas encontrar a regulagem correta para cada operação pode ser um grande desafio

O

s produtos fitossanitários, embora desempenhem um papel importante no sistema de produção agrícola, têm sido alvo de crescente preocupação por parte dos diversos segmentos da sociedade, em virtude de seu potencial de risco. Uma das maneiras de maximizar a eficiência da aplicação e minimizar as perdas e os riscos de contaminação provocados por defensivos agrícolas pode ser a utilização de técnicas de aplicação adequadas a cada situação, a fim de melhorar o depósito no alvo. Além de estudar fatores inerentes às plantas daninhas a serem controladas, como a espécie, a

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fase de desenvolvimento, a arquitetura, a densidade e a forma de reprodução das mesmas, é imprescindível também estudar fatores inerentes à aplicação, como o produto a ser aplicado, o tamanho e a densidade de gotas, as perdas para o solo e por deriva, o equipamento pulverizador, o volume de calda e as pontas de pulverização (Souza et al, 2007; Viana et al, 2007). Atualmente, existem no mercado pontas de pulverização hidráulicas de vários tipos e usos definidos para diferentes condições operacionais. Outra informação de grande importância para condições de campo refere-se à possibilidade de redução dos volumes de calda

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Um dos cuidados na hora de calibrar o pulverizador é com a escolha correta do bico a ser utilizado


herbicida, com a utilização de diferentes volumes de calda e pontas de pulverização.

COMO A AVALIAÇÃO FOI FEITA

Fotos Thiago Martins Machado

Com intuito de avaliar o processo de aplicação de herbicida em dessecação de plantas daninhas, foi utilizado o ingrediente ativo 2,4-D Amina (produto comercial DMA 806 BR, na concentração de 806g/L de i.a.) na dose de 1L/ ha de produto comercial, conforme recomendação do fabricante, tendo como referencial teórico a instalação futura da cultura do milho. O experimento constou de seis tratamentos conforme descrito na Tabela 1. Para a aplicação dos tratamentos foi utilizado um pulverizador de barra hidráulico acoplado a um trator, modelo Jacto AM-14, com barra de 14m, espaçamento entre bicos de 0,50m e capacidade do tanque de 600L. A pressão de líquido empregada foi de 207kPa e as velocidades de deslocamento, para os volumes de aplicação de 80L/ha e 130L/ha, foram de 10km/h e 6km/h, respectivamente. Para avaliar a aplicação do herbicida, foi realizado um estudo de deposição da calda nas plantas daninhas, perdas para o solo e perdas por deriva. Também foi realizada a avaliação da eficácia de controle das plantas daninhas presentes na área experimental. O estudo de

Tabela 1 - Descrição dos tratamentos avaliados Tratamento 1 2 3 4 5 6

Ponta de pulverização Jato plano duplo de pré-orifício - DGTJ60 11002 Jato plano duplo de pré-orifício - DGTJ60 11002 Jato plano defletor - TT 11002 Jato plano defletor - TT 11002 Jato plano defletor com indução de ar - TTI 11002 Jato plano defletor com indução de ar - TTI 11002

Volume de calda (L ha-1) 80 130 80 130 80 130

Classificação do tamanho de gota* Média Média Grossa Grossa Extremamente grossa Extremamente grossa

Diâmetro de gotas DMV (μm)* 216 216 380 380 925 925

* Classificação do tamanho de gota e diâmetro da mediana volumétrica (DMV), segundo o fabricante, a 200kPa de pressão.

deposição, perdas para o solo e deriva foi realizado quantificando-se o herbicida depositado sobre os alvos por cromatografia líquida. Após a aplicação do herbicida, a avaliação da deposição foi realizada com a retirada das plantas daninhas de cada parcela. Elas foram cortadas rente ao solo e acondicionadas em sacos plásticos. Posteriormente, as amostras foram levadas ao laboratório para extração e determinação da quantidade de ingrediente ativo depositado. A determinação do ingrediente ativo perdido para o solo foi realizada por meio da distribuição ao acaso de lâminas de vidro (37,24cm2) por parcela. Para a determinação da deriva, foram colocados a cinco metros de distância paralelamente e externamente às parcelas, no sentido de

deslocamento do vento, fios de nylon de 2mm de diâmetro. Após a aplicação, os fios foram recolhidos, acondicionados em sacos plásticos e levados ao laboratório para determinação do ingrediente ativo. Na análise da eficácia de controle das plantas daninhas, foi realizada uma avaliação visual de controle, aos 20 dias após a aplicação do herbicida (DAA), mediante a escala percentual de notas de controle de plantas daninhas (Alam, 1974).

OS RESULTADOS OBTIDOS

Os dados de deposição do herbicida nas plantas daninhas estão apresentados na Tabela 2. O volume de 80L/ha proporcionou maior deposição nas plantas quando comparado ao


Fotos Charles Echer

Tabela 2 - Massa de 2,4-D Amina retida na folhagem das plantas daninhas (mg de 2,4-D kg-1 de matéria úmida), após a aplicação do herbicida com diferentes pontas de pulverização, em dois volumes de aplicação Ponta

Volume de aplicação (L ha-1) Média

80 45,08 44,87 Jato plano defletor com indução de ar 44,63 Média 44,86 A Jato plano duplo de pré-orifício Jato plano defletor

130 42,39 43,73a 41,05 42,96ab 37,62 41,13b 40,35 B

Médias seguidas por letras distintas minúsculas, na coluna, e maiúsculas, na linha, diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 0,05 de probabilidade.

Tabela 3 - Massa de 2,4-D Amina retida na placa junto ao solo (µg de 2,4-D cm-2), após a aplicação do herbicida com diferentes pontas de pulverização, em dois volumes de aplicação Ponta

Volume de aplicação (L ha-1) Média

80 Jato plano duplo de pré-orifício 0,99 cB Jato plano defletor 1,16 bB Jato plano defletor com indução de ar 1,22 aB Média 1,12

130 1,05 bA 1,36 aA 1,41 aA 1,27

1,02 1,26 1,32

Médias seguidas por letras distintas minúsculas, na coluna, e maiúsculas, na linha, diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 0,05 de probabilidade.

Tabela 4 - Percentual de controle das plantas daninhas, avaliado aos 20 dias após a aplicação do herbicida, com diferentes pontas de pulverização, em dois volumes de aplicação Ponta Jato plano duplo de pré-orifício Jato plano defletor Jato plano defletor com indução de ar

Média

Volume de aplicação (L ha-1) Média.M

80 92,50 92,50 91,25 92,08

130 88,75 87,50 87,50 87,92

90,62 90,00 89,37

volume de 130L/ha. A redução do volume de aplicação, aliada à utilização de ponta com característica de gotas média e grossa, não comprometeu a eficiência e a cobertura do alvo. As pontas avaliadas promoveram diferenças

na deposição. A ponta de jato plano duplo de pré-orifício, com tamanho de gotas médio, gerou maior deposição nas plantas daninhas, quando comparada com a de jato plano defletor com indução de ar, com gotas extremamente grossas, porém, não se diferenciou da ponta de jato plano defletor, de gotas grossas. Os resultados sugerem que as gotas médias foram mais adequadas no que se refere à deposição no alvo, contudo, o fato de se ter trabalhado com uma ponta de jato plano duplo, com gotas médias, também pode ter corroborado com esse resultado. De qualquer forma, a magnitude de variação entre as pontas não foi grande. Na Tabela 3, observa-se a massa do herbicida retida nas placas junto ao solo. O volume de 130L/ha proporcionou maiores perdas para o solo em todas as pontas, quando comparado ao de 80L/ha. Com esse volume, a ponta de jato plano duplo com pré-orifício levou à menor perda e a de jato plano defletor, com indução de ar, à maior. As gotas muito grossas têm maior peso e, por isso, maior dificuldade de retenção na folhagem, tendo como destino final, muitas vezes, o solo. Para o volume de 130L/ha, a

ponta de jato plano defletor com indução de ar também ocasionou maior perda, porém, não se diferenciou da ponta de jato plano defletor. A metodologia utilizada neste ensaio não proporcionou a detecção de deriva. O percentual de controle das plantas daninhas, avaliado aos 20 DAA (Tabela 4), foi satisfatório, com valores entre 87,50% e 92,50%, não havendo diferença entre os tratamentos.

Considerações finais

O volume de aplicação de 80L/ha e as gotas grossas podem ser utilizados na dessecação de plantas daninhas com o herbicida, sem comprometer a cobertura do alvo. Observou-se maior perda de herbicida para o solo quando se utilizaram as pontas de jato plano defletor com indução de ar. Contudo, as diferentes pontas de pulverização empregadas, com gotas médias, grossas e muito grossas, bem como os volumes de aplicação de 80L/ha e 130L/ha, não influen.M ciaram o controle das plantas daninhas. João Paulo A. R. da Cunha e Lélio A. Souza, UFU

Atualmente, existem no mercado pontas de pulverização hidráulicas de vários tipos e usos definidos para diferentes condições operacionais. Para facilitar a operação de troca, os pulverizadores geralmente podem ser equipados com porta-bicos triplos que permitem utilizar as opções mais usadas e acelerar o processo de troca

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TRATORES

Fruteiro e estreito

Charles Echer

Diversos tratores comercializados no Brasil podem ser considerados fruteiros ou estreitos. No entanto, a falta de dados oficiais dificulta a identificação correta deste segmento

A

alta produtividade e a alta tecnologia colocam a agricultura brasileira em posição de destaque no mundo, sendo o setor de máquinas agrícolas um grande contribuinte desta alta tecnologia. São diversos os sistemas de produção, que vão desde a horticultura, demandando motocultivadores e pequenos tratores, até a produção de soja e cana, que demandam grandes máquinas agrícolas. Na produção de frutas e frutos é requerido maquinário apropriado de acordo com as características das plantas frutíferas, sendo os tratores usados nas mais diversas operações mecanizadas da fruticultura. Segundo autores italianos, como consequência da expansão do mercado para

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tratores estreitos em pomares e vinhedos, a Comunidade Europeia e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no final da década de 80, estabeleceram diretivas e normas de ensaio para avaliar a resistência das EPCs montadas neste tipo de trator. O trator de rodas de bitola estreita (ou simplesmente trator estreito) é descrito em norma internacional já adotada pela Associação Brasileira de Norma Técnicas (ABNT NBR ISO 26322-2:2013) como sendo o trator agrícola ou florestal que tenha uma massa sem lastro de pelo menos 600kg, uma bitola menor que 1.150mm quando equipado com pneus de maior largura. Na aplicação do ensaio da EPC (ABNT NBR

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ISO 12003 – Partes 1 e 2:2011) limita-se o vão livre vertical para 600mm e o peso do trator sem lastro entre 600kg e 3.000kg, incluindo a estrutura de proteção na capotagem (EPC) e os pneus de maior tamanho recomendado pelo fabricante. Devido às suas características reduzidas oferecem menos condições de segurança e estabilidade mesmo portando estrutura de proteção na capotagem (EPC), sendo muito usados nos sistemas de produção de frutas e frutos. Por este motivo são normalmente conhecidos como tratores fruteiros ou cafeeiros. A recente norma aprovada pela International Organization for Standardization (ISO 12934:2013) estabelece vocabulário


Agrale

Valtra

Os tratores estreitos ou fruteiros são máquinas de pequeno porte, destinadas à produção de frutas, café e outras aplicações nas quais o espaço é restrito e utilizado para implementos de pequeno porte

para diversos tipos básicos de máquinas agrícolas e florestais. Neste documento, o trator de rodas de bitola estreita tem sua massa sem lastro alterada para “pelo menos 400kg”. São considerados dentro desta designação os tratores de vinhedo (bitola inferior a 950mm) e os tratores de pomar (bitola entre 950 e 1.150mm). Esta norma não tem correspondente no Brasil. A ausência de normas técnicas brasileiras (atualizadas) para classificação ou terminologia de máquinas agrícolas causa dúvidas e confusões quanto à nomenclatura correta a ser usada na literatura técnica. Isso se reflete em especial nos tratores agrícolas cuja diversidade de modelos é muito grande. A importância de se ter este conceito bem claro, diz respeito, portanto, à aplicação das normas de ensaio da estrutura de proteção na capotagem, pois se caracterizado como “estreito” ele deve ser de modo diferente de um trator de rodas convencional. Além disso, existem alguns requisitos de segurança exigidos especificamente para

este tipo de trator, como os relacionados às características dimensionais do espaço interno do posto de operação. De outro lado, chama a atenção uma definição para trator estreito incorporada na norma regulamentadora brasileira NR 12 (MTBe, 2011) que é diferente da adotada internacionalmente. Neste documento o trator estreito é considerado como “trator de pequeno porte, destinado à produção de frutas, café e outras aplicações nas quais o espaço é restrito e utilizado para implementos de pequeno porte. Possui bitola mínima entre pneus traseiros, com o maior pneu especificado, menor ou igual 1.280mm e peso bruto total acima de 600kg”. Em vista disto, foi realizado um levantamento para avaliar se os tratores agrícolas brasileiros denominados fruteiros ou cafeeiros se enquadravam como tratores estreitos segundo designação dada pela ISO.

A AMOSTRAGEM

O levantamento sobre as características

dos tratores agrícolas considerados como tratores estreitos pelos fabricantes foi realizado no ano de 2011 por meio de uma pesquisa em catálogos disponíveis na internet. Exemplares de todos os fabricantes foram amostrados, tendo sido identificados 39 modelos de tratores agrícolas. Estes foram analisados com relação às suas dimensões e ao peso, comparando tais características às estabelecidas pela ISO. Os dados foram organizados em tabela contendo as dimensões de bitola, o vão livre vertical, o peso sem lastro de cada trator e a potência do trator. Quando alguma das características não estava clara no catálogo, as empresas fabricantes foram consultadas.

A AVALIAÇÃO

Os dados foram organizados e apresentados conforme a Tabela 1, com as características dos tratores analisados. Verifica-se nessa tabela que algumas dimensões, como o vão livre vertical dos tratores dos fabricantes C e F, bem como a menor bitola dos tratores


New Holland

Charles Echer

Por ausência de normas técnicas brasileiras para classificação dos tratores agrícolas a diversidade de modelos é muito grande

D e tratores E, eram informadas de forma errada ou não eram disponibilizadas. A falta de uniformidade nos termos e tipo de informação, constantes nos catálogos de tratores, já observada por outros autores, confirma-se nesta avaliação. A desuniformidade nos dados fornecidos acontece não só entre marcas diferentes, mas também nos catálogos de uma mesma marca. No caso do peso, os tratores E e F só apresentavam o peso com lastro. Como esse valor estava abaixo do limite superior especificado na definição de trator estreito, considerou-se que o trator atendia o item peso. Critério semelhante foi dotado para

Estudo realizado pelo Instituto Agronômico de Campinas avaliou 39 modelos de tratores quanto às suas dimensões

o item vão livre vertical para os tratores C. Mesmo não sendo encontrada a medida no catálogo, foi presumidamente considerada menor que 600mm, pois se observando esta medida em tratores de maior porte, o valor não alcançava aquele limite. No caso de alguns dos tratores C onde se constataram valores absurdos (2.450mm) para o vão livre, a informação foi presumidamente atendida por analogia com outros modelos. Até o momento da análise não se obteve resposta do fabricante para esclarecer o erro constante no catálogo. Em função de seis tratores não terem apresentado informação sobre a menor

Tabela 1 - Características de alguns dos tratores analisados Trator A1 A2 A3 B1 B2 B3 C1 C2 C3 C4 D1 D2 E1 E2 F1 F2 G1 G2 G3 G4 G5

Potência do motor kW (cv) 22 (30) 48 (65) 55 (75) 57 (78) 55 (75) 57 (78) 37 (50) 48 (65) 55 (75) 63 (85) 41 (50) 55 (75) 23 (32) 37 (50) 44 (60) 57 (77) 20 (27) 29 (39) 41 (50) 41 (55) 55 (75)

Vão livre vertical (VLV) mm 325 250 250 350 461 461 255 2450 2450 2450 260 260 290 380 N.I N.I 290 225 260 310 325

Menor bitola (MB) Peso sem lastro (PSL) mm kgf 1120 1.630 1085 2580 1085 2800 1400 2400 1345 2820 1345 2992 1077 2620 1130 2780 1130 2730 1130 2850 N.I. 2640 N.I. 2840 N.I. 1704 CL N.I. 1972 CL 1259 2490 CL 1259 2690 CL 960 1332 960 1365 1180 1711 1180 1520 1115 2650

Atendimento à norma ISO Sim (S) Não (N) VL MB PSL S S S S S S S S S S N S S N S S N S S S S S* S S S* S S S* S S S X S S X S S X S* S X S* X N S* X N S* S S S S S S S N S S N S S S S

Notas: N.I.: Não Informado; X: Característica não avaliada; S*: Sim, por dedução; VL: Vão livre; MB: Menor bitola; PSL: Peso sem lastro.

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bitola, a análise final foi baseada em 33 catálogos. Nestes, se verificou que apenas nove tratores (27%) do grupo analisado não atendem a especificação internacional, pois o item menor bitola supera o valor de 1.150mm da ISO. Pode-se dizer, portanto, que a maioria dos tratores avaliados (73%) é considerada trator estreito conforme definido em norma internacional. Os tratores F (10,3%) não puderam ser avaliados com relação ao item vão livre vertical por falta da informação correta da medida ou de outra referência que pudesse ser associada. Entretanto, não foram desconsiderados da amostragem porque já não atendiam o item menor bitola. Verificou-se que de acordo com a definição dada pelo Ministério do Trabalho e Emprego na NR12 (MTbE, 2011), alguns dos tratores F e G seriam classificados como trator estreito. Segundo esta norma, a bitola mínima a ser considerada é 1.280mm, portanto, superior aos valores apresentados por aqueles .M modelos. Ila Maria Corrêa CEA/IAC – Jundiaí- SP Laisa Oliveira Gonçalves UFP – Passos - MG

motor

D

e acordo com a faixa de potência do motor o grupo de tratores comercializados como fruteiro/cafeeiro apresenta a seguinte distribuição: a) menor ou igual a 41kW (50cv): 46,2%; b) entre 37kW (51cv) e 55kW (75cv): 41,0%; c) entre 56kW (76cv) e 74kW (100cv): 12,8%.



Carlos Furlani

tratores

Aliado preciso

O uso de piloto automático na cultura do amendoim está auxiliando produtores a diminuírem as perdas nas operações de plantio e colheita

A

cultura do amendoim é considerada uma das mais importantes espécies leguminosas, sendo recomendado em programas de rotação de culturas, por ser de ciclo curto (120 - 140 dias após a semeadura) e totalmente mecanizado. Seu cultivo geralmente é feito em rotação com a cana-de-açúcar no estado de São Paulo, principalmente na região de Jaboticabal, onde, ultimamente, vem superando recordes de produtividade. No Brasil, 87,6% da área semeada de amendoim corresponde à região Sudeste, com produtividade média de 3.145kg/ha, tendo uma área total de 95,1 mil hectares, e produção de 299,1 mil toneladas para esta região (Conab, 2014), na qual somente o estado de São Paulo representa 85,3% da área semeada e 90% da produção

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nacional. Atualmente soluções tecnológicas para a mecanização da cultura do amendoim já estão sendo disponibilizadas para produtores, cooperativas e demais empresas envolvidas no setor. A tecnologia voltada à produção desta cultura tem tudo para evoluir, pois os produtores estão em busca de técnicas agrícolas que permitam maior produtividade e menor custo de produção. Estas tecnologias, se bem empregadas, podem levar a cultura do amendoim a proporcionar lucros para o produtor. Neste sentido, o uso de técnicas de agricultura de precisão (AP) como o piloto automático vem a ser essencial, pois o mesmo permite poder realizar as operações com menor erro de paralelismo, sendo relevante para o cultivo de amendoim, em que são realizadas operações mecanizadas tanto na semeadura

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quanto na colheita. As operações mecanizadas da semeadura e arranquio da cultura do amendoim são crescentes, porém, estudos relacionados a esses temas ainda são escassos, principalmente quando se trata da utilização do piloto automático, o qual ainda é incipiente no País. Com esses pressupostos, o presente trabalho objetivou avaliar características de eficiência operacional e econômica na semeadura e arranquio mecanizados de amendoim com a utilização do piloto automático.

CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO

Uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola da Unesp de Botucatu (SP) realizou um experimento que foi conduzido na safra 2013/2014


Cristiano Zerbato

em área agrícola do município de Dobrada (SP), em solo de textura média, com a cultivar de amendoim Granoleico. A semeadura foi realizada com trator agrícola da marca Massey Ferguson, modelo 7150, com 150cv no motor, operando a 2.000rpm no motor a 6,5km/h e uma semeadora-adubadora da marca Tatu, modelo PHT3 Suprema, com quatro linhas de 0,90m de espaçamento entre linhas. No arranquio foi utilizado o mesmo trator e um arrancador da marca Santal, modelo AIA2, operando a 1.500rpm, rotação que transmite à TDP 350rpm, o qual é o recomendado para a operação do arrancador-invertedor, a 4,5km/h. Para o direcionamento automático do trator via satélite foi utilizado um piloto hidráulico com correção de sinal em tempo real (RTK), com receptor multibandas, isto é, recebe sinal de satélites GPS e Glonass, além do sinal diferencial fornecido pelos satélites Inmarsat. O sistema GPS foi da marca Topcon modelo System 150, receptor modelo AGI-3 e monitor/processador modelo GX-45. Anteriormente às operações foi realizado um projeto em software Auto-CAD R14 para confecção das linhas a serem realizadas pelo conjunto mecanizado a campo, tanto para a semeadura quanto para o arranquio mecanizado de amendoim. Como indicador das características da

O uso de piloto automático na produção mecanizada de amendoim mostrou ganhos considerávies no estudo realizado, principalmente na operação de plantio, onde a otimização da área é maior

semeadura foi avaliado o paralelismo entre as passadas do conjunto trator-semeadora medido por meio de régua graduada. Para o arranquio foram avaliadas as perdas visíveis, invisíveis e totais. As Perdas Visíveis no Arranquio (PVA) correspondem à massa de vagens e grãos de amendoins encontrados sobre a superfície do solo após a operação de arranquio. Perdas Invisíveis no Arranquio (PIA) é a massa de vagens

e grãos de amendoins encontrados abaixo da superfície do solo. As Perdas Totais do Arranquio (PTA) correspondem à soma das perdas visíveis e invisíveis no arranquio. Como base de análise da operação de semeadura, foi calculada a diferença de área semeada quando utilizado o piloto automático e quando a operação foi manual. Com essa diferença, com a produtividade de vagens de amendoim obtida e o preço atual


Fotos Cristiano Zerbato

Detalhe da área onde foi realizado o estudo comparando a produtividade da lavoura sem piloto automático e com o uso de piloto automático nas operações de plantio e colheita

pago ao produtor pela saca, foram calculados valores de ganhos/perdas resultantes. No arranquio esses valores foram calculados com base na diferença das perdas resultadas com e sem a utilização do piloto automático.

OS GANHOS NA PRODUÇÃO

Os resultados obtidos foram transformados em valores econômicos considerando alguns indicadores como, por exemplo, o preço atual da saca de 25kg de vagens de amendoim em casca pago ao produtor, estipulado para R$ 30,00. Observaram-se ganhos consideráveis nas duas operações, com valores mais expressivos na operação de semeadura, onde o ganho de área quando se utiliza o piloto automático acarreta maiores benefícios de produção, consequentemente, maior renda ao produtor, ou seja, há uma otimização da área, um melhor aproveitamento. Os valores expostos foram calculados para somente um hectare, entretanto, analisando-os para propriedades de médio a alto porte (em torno de 100ha), de maior ocorrência na região de estudo, esses valores seriam multiplicados pelo tamanho da área plantada. O mesmo acontece na operação de arranquio, porém, com menor expressividade onde o ganho é refletido por menores perdas quando é realizado com o piloto automático. Neste trabalho foram verificadas perdas de 2,8% com o uso do piloto automático e 4% quando sem o uso do piloto. São valores considerados baixos se comparados a estudos realizados no Brasil que apontam a operação de arranquio mecanizado como aquela na qual as perdas são mais elevadas variando de 3,1% a 47,1% com relação à produtividade. Como o valor de perda neste ensaio foi pequeno mesmo na operação manual, o ganho com o uso do piloto automático também acabou não sendo tão expressivo. Concluindo, podemos observar que ocorreram ganhos expressivos com a utilização do piloto automático tanto na operação de

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semeadura quanto no arranquio mecanizado de amendoim. Ganhos maiores foram encontrados para a operação de semeadura onde o melhor aproveitamento da área quando se utiliza o piloto automático reflete em maior produção. No arranquio também houve ganhos com a utilização do piloto automático, porém, menos expressivos devido à baixa ocorrência de perdas. Estes resultados evidenciam que a busca de novas alternativas de cultivo, como a da

utilização do piloto automático, pode trazer ganhos aos produtores, otimizando a área trabalhada, consequentemente melhorando a renda, levando ao maior sucesso do negócio .M quando realizada de forma correta. Cristiano Zerbato, Carlos Eduardo Angeli Furlani, Rouverson Pereira da Silva, Murilo Aparecido Voltarelli e Ariel Muncio Compagnon, Lamma – Unesp Jaboticabal, SP

Tabela 1 - Análise da semeadura Resultados expressos dos ganhos advindos do paralelismo da semeadura com Piloto Automático Distância entre linhas no plantio do amendoim Metros lineares semeados por hectare Resultado de metros semeados a mais com Piloto Produtividade média por hectare Utilizando-se o Piloto Automático o acréscimo de 11,9% na produtividade representa um extra de Preço do amendoim Renda maior de 68,8 sacos por hectare com Piloto

Piloto 0,8984 m 11.131 m

Manual 1,005 m 9.950 m

10,6% 240 sc ha-1 25,4 sc ha-1 30,00 R$ sc-1 de 25kg 762,00 R$ ha-1

Tabela 2 - Análise do arranquio Resultados expressos dos ganhos advindos do arranquio com Piloto Automático Perdas Visíveis Perdas Invisíveis Perdas Totais Perdas totais em sc ha-1 sc ha-1 a mais com Piloto Preço do amendoim Renda maior por hectare proporcionado pelo arranquio em área semeada com Piloto

Piloto 90,64 76,90 167,54 6,7

Equipamentos de Agricultura de Precisão utilizados no comparativo

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Manual 107,15 Kg ha-1 129,05 Kg ha-1 236,20 Kg ha-1 9,4 sc ha-1

2,7 30,0 R$ sc-1 de 25kg 81,00 R$ ha-1



COLHEDORAS

Corte de qualidade Valtra

Na operação de colheita mecanizada de cana-de-açúcar, deve-se ter cuidado com um dos fatores que interferem diretamente em qualidade do produto colhido, custo de operação e integridade da soqueira: corte basal

U

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a colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Além disso, pode proporcionar a incorporação de impurezas minerais à matériaprima quando associado ao desgaste das facas de corte, quando estas tocam o solo, bem como dos demais componentes. Outros fatores devem ser levados em consideração quando se pensa no mecanismo de corte basal das colhedoras, possuem relação com os índices de danos

e abalos causados às soqueiras, podendo as facas de corte basal assumir grande parcela de culpa. Essa situação pode ser agravada se não houver a virada das faces cortantes e a troca total das facas, dentro do tempo estipulado pelo fabricante ou por qualquer outra situação adversa relacionada ao desgaste que o fio de corte sofre durante a colheita. Outro fator que compromete a operação é quando os discos

Fotos Murilo Aparecido Voltarelli

ma das características mais importantes na colheita mecanizada da cana-de-açúcar é a qualidade do corte de base. Esta etapa da colheita faz uso do princípio do corte inercial por impacto, sendo constituído, comumente, por um cortador de discos duplos rotativos, ligados aos rotores da máquina, com múltiplas lâminas (facas) que devem realizar o corte o mais perfeito possível, para o posterior favorecimento da brotação do canavial e evitar o desgaste e as quebras acentuadas destas facas. O corte de base, quando realizado com qualidade, poderá assegurar o melhor aproveitamento da lavoura como os menores índices de perdas e de contaminações da matéria-prima e garantir as condições agronômicas propícias para haver a rebrota do canavial sem a diminuição da produtividade nas safras futuras. Ressalta-se, ainda, que o mecanismo de corte basal é o maior responsável pelas perdas tipo lascas (perdas visíveis), estilhaço, serragem e o próprio caldo (perdas invisíveis) durante

Soqueiras de cana-de-açúcar após o corte de base. À esquerda, soqueiras sem danos e à direita soqueira fragmentada causada por faca de corte em estado inadequado

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de corte de base não possuem um ângulo de inclinação que favoreça o corte basal sem prejudicar a soqueira. Podemos relatar, também, a potencial relação existente entre a velocidade de trabalho da colhedora e o desgaste do fio de corte das facas. Quando a velocidade é elevada e o fio de corte já está gasto, tal associação pode refletir em maior quantidade de soqueiras fragmentadas, com um nível de abalo forte e, provavelmente, serem arrancadas. Dentro deste contexto, o mercado brasileiro voltado à fabricação de facas de corte do mecanismo basal, atualmente possui diversos tipos e modelos de facas para a realização do mesmo, cada uma com suas peculiaridades específicas, como: diferentes espessuras, número de furos, número de faces cortantes, angulações diferentes e uso de revestimento nas faces cortantes. A escolha de qual modelo adquirir deve ser feita levando em conta os menores índices de danos e abalos causados às soqueiras, bem como a quantidade de soqueiras arrancadas, que refletirá na rebrota do canavial e, por fim, a relação custo-benefício estabelecida para cada unidade produtora durante a safra. Por fim, quando existe uma relação inadequada entre o operador e a máquina, pode resultar, além da danificação das soqueiras e do desgaste prematuro das facas, em aumento do consumo de combustível no decorrer da operação. Esta situação se justifica porque quando o mecanismo de corte basal toca o solo, seja pelo motivo do copiador de solo estar desligado ou pelo próprio descuido do operador, existe o aumento da resistência ao deslocamento da colhedora, o que, provavelmente, exige

Figura 1 - Modelos de facas de corte de base existente no mercado brasileiro

Peso: 0,910kg/7 furos/Espessura: 6mm

Peso: 0,830kg/6 furos/Espessura: 6mm

Peso: 0,690kg/6 furos/Espessura: 4,75mm

Peso: 0,850kg/4 furos/Espessura: 6mm

Revestimento: carbeto de tungstênio/4 furos/ Espessura: 6mm

Revestimento em L: carbeto de tungstênio/6 furos/ Espessura: 6mm

Espessura: 6,35mm/5 furos/Comprimento: 220mm Espessura: 6,35mm/4 furos/Comprimento: 267mm maior potência do motor da máquina para mantê-la em velocidade constante na linha de cana-de-açúcar a ser colhida. Portanto, a qualidade corte basal durante a colheita mecanizada de cana-deaçúcar é um fator de extrema importância para as unidades produtoras, uma vez que os prejuízos causados pela operação possuem a relação com os fatores máquinaplanta-operador-solo e o gerenciamento

adequado da operação de colheita pode aumentar o nível de qualidade desempenhada pela mesma, refletindo em menor custo-horário e maior qualidade das .M soqueiras. Murilo Aparecido Voltarelli, Rouverson Pereira da Silva, Cristiano Zerbato e Henrique Vinicius de Holanda, Lamma, FCAV/Unesp

Mecanismo de corte basal de cana-de-açúcar, composto por faca de corte, disco de corte e rotores. À direita, detalhe de uma faca com uma das faces desgastada por aproximadamente 10 horas de uso

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capa

MF 6690 Hybrid

Testamos a primeira colhedora Classe V da Massey Ferguson, a MF 6690 Hybrid, uma máquina híbrida, que complementará o linha de colhedoras da empresa

P

ara nós que começamos a conhecer as colhedoras há algum tempo, o padrão sempre foi o sistema de trilha convencional, com cilindro e côncavo e a separação da palha complementada pelos saca-palhas. Depois, chegaram ao país os sistemas axial e híbrido, sendo que o primeiro logo se estabeleceu nas máquinas de maior dimensão, com relativo sucesso no início e depois se consolidou. O sistema híbrido, misto, com manutenção do conjunto cilindro e côncavo para a trilha, e os rotores para continuar o processo e auxiliar na separação, lançados no início da década de 90, agora tomam a devida importância no mercado com o lançamento da 32 SR

da Massey Ferguson e agora com a complementação da série, com o lançamento do modelo 6690. Este novo modelo, que ainda não está no mercado, foi apresentado recentemente, na primeira semana de agosto, à rede de concessionários da marca. O lançamento comercial ocorrerá na próxima Expointer, em Esteio (RS), no mês de setembro. Fomos até a localidade de Santo Antônio, no município de Orizona, próximo à Maringá, no Paraná, para conhecê-la e testá-la na cultura do milho. A família Mori, parceira da MF em testes de máquinas, foi quem nos recebeu em suas lavouras para esta prática da Revista Cultivar Máquinas. Colocaram-nos à disposição várias áreas de milho, dentro da área total de 1.016 hectares (420 alqueires) que a família mantém e cultiva com soja e milho todos os anos.

A colhedora MF 6690 Hybrid é Classe V, com motor de 250cv, e vem para complementar a linha de colhedoras da Massey Ferguson

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O patriarca João Mori, proprietário da área, repassou para os cinco filhos e netos o gosto pela agricultura. Estiveram presentes no dia do teste, nos apoiando, os produtores Luis Sérgio Mori e Celso Mori e os jovens Julio Cesar Mori, sobrinho dos dois, e Rafael Mori, filho de Luis Sérgio. Eles nos receberam e colocaram-se à disposição para mostrar toda a sua satisfação por ter trabalhado com a máquina e por ser escolhido pela empresa para testar os protótipos. Este modelo da Classe V híbrido vem a preencher uma lacuna existente na linha de máquinas da Massey Ferguson. Ele se posicionará em dimensão de máquina entre o menor dos modelos de axiais e a maior das máquinas do tipo híbrida, a 32 SR, classe IV. Para unificar a nomenclatura dos modelos comerciais, o fabricante utiliza uma lógica de numeração interessante. Nas séries superiores a designação dos modelos com o


Fotos Charles Echer

Visão dos motores de acionamento dos dois rotores responsáveis por separar o material e complementar a trilha, com 3,5 metros de comprimento e diâmetro de 47cm

final 90 representa que é uma máquina híbrida e quando for 95 será do tipo axial. Esta será a chave para distinguir um sistema do outro. De imediato se nota uma grande diferença de design entre as máquinas tradicionais da marca. A nova série terá uma carenagem arredondada na parte traseira, que também vai ser adotada nas outras séries. Desde o início do desenvolvimento deste modelo foram três anos de testes de protótipos, em diversas situações, alcançando mais de 1.500 horas, em regiões do estado do Rio Grande do

Sul como Vacaria, algumas localidades dos estados de Santa Catarina e Paraná, que é um mercado representativo para máquinas da Classe V.

MOTOR E TRANSMISSÃO

O motor montado nesta máquina que testamos era da marca AGCO Power, modelo 634 DAS, de seis cilindros com 265cv de potência máxima. Os técnicos nos informaram que as máquinas a serem lançadas devem ser colocadas no mercado com motor configurado para 195kW (265cv). A transmissão é do tipo hidrostático com três velocidades e variador contínuo controlável por comando único do tipo alavanca multifunção.

PLATAFORMA

Esta máquina pode ser equipada com plataformas de milho da série 3000 da MF, de oito a 13 linhas com 45cm de espaçamento entre linhas. No teste de campo com esta máquina, a plataforma era a maior prevista para este modelo com 13 linhas, modelo 3013-L. O L significa presença de embreagem lateral e se, na

Sistema de radiadores responsáveis pelo arrefecimento do motor e do condicionador de ar da cabine

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facilita e muito a operação de conexão da máquina com a plataforma. As plataformas de milho da série 3000 possuem divisores de polietileno e ângulos de ataque de 16° e estão perfeitamente projetadas para a MF 6690 híbrida. O acabamento dos componentes nos pareceu bastante bom e nos deu uma ideia de resistência, requerimento interessante na cultura do milho. Os cilindros de tração da cana, chamados de torpedos puxadores pelo fabricante, têm oito aletas reversíveis que orientam a planta colhida, entregando-a para que as chapas extratoras separem a espiga do restante da planta. A espiga então é levada pelas correntes e pelo caracol para dentro da máquina, quando se inicia a fase chamada industrial do processo. O acesso ao motor se dá pela parte traseira da máquina, através de escada retrátil que fica posicionada abaixo da carenagem traseira

especificação, for H, significa que as embreagens são individuais, por linha. Para a soja a plataforma de maior dimensão recomendada é de 25 pés, se for do tipo Draper DynaFlex, produzid pela Massey Ferguson no Brasil. A plataforma do tipo caracol será recomendada se for flexível, com 23 pés. O reversor de sentido da

unidade de trilha é de acionamento elétrico, podendo ser acionado de dentro da cabine. Uma novidade interessante que vimos nesta máquina está posicionada sobre o canal alimentador. Todas as conexões elétricas e hidráulicas são agrupadas em um mesmo conector de acoplamento, o que

SISTEMA DE PROCESSAMENTO

O sistema de processamento do produto que entrou na máquina funciona com um conjunto de cilindro dianteiro e o côncavo de 0,80m 2 e 117 graus de envolvimento. A abertura e o fechamento do côncavo podem ser feitos diretamente da cabine, como deve ocorrer nesta classe de produto. O fabricante divulga como uma das vantagens a existência de três mancais

Visão geral da nova colhedora, onde é possível observar linhas mais arredondadas principalmente na parte traseira, traços que serão incorporados nos demais modelos da marca

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Fotos Charles Echer

Monitor C-1000 mostra todas as funções da máquina e detalhes da colheita

para absorver os esforços e impactos neste sistema mecânico, o que diminuiria a necessidade de manutenção. Posicionado logo acima, um segundo cilindro, auxiliar da trilha encaminharia o material, aos dois rotores, posicionados no sentido longitudinal. Este segundo cilindro batedor tem a missão de depositar o produto sobre os rotores de separação, o que caracteriza o sistema híbrido. Uma parte importante do processo de trilha será de responsabilidade dos rotores, diminuindo a responsabilidade do processo pelo conjunto convencional. Na parte inferior há uma bandeja que recolhe os grãos do sistema de trilha e encaminha o material até as peneiras. Os dois rotores, além de separar o material, como dissemos, complementam a trilha utilizando a sua dimensão de 3,5 metros de comprimento e diâmetro de 47cm. Logo abaixo se posicionam as grelhas, que processam o material em conjunto com os rotores e encaminham os grãos às peneiras. O cilindro principal transversal é de alta inércia e tem um diâmetro de 600mm e extensão de 1.252mm. A rotação vai de 430 a 1.260rpm, podendo ser alterada de modo hidráulico do interior da cabine. O sistema de limpeza de grãos utilizado na MF 6690 híbrida é composto por peneiras com um sistema que o fabricante denomina de dupla cascata aerada. Nele, os grãos recebem dois fluxos de ar que se originam na saída do bandejão antes que os grãos passem pela peneira superior. Com este recurso de projeto o objetivo é que os grãos cheguem às peneiras já em um estado de limpeza melhor, de maneira que uma menor quantidade de impurezas necessite ser retirada. Como produto desta solução, a quantidade de material bruto que chega às peneiras é menor e, portanto, o processo pode ser mais efetivo. Por baixo dos rotores, ao visualizarem-se as peneiras, com área total de 4,1m 2, nota-se a presença de divisores altos, que servem para evitar que passem

Os principais comandos de condução e colheita estão posicionados no console à direita do operador

Elevadores responsáveis pela condução dos grãos até o tanque de armazenamento

grãos de uma secção à outra quando se trabalha em terrenos inclinados. O depósito de grãos é para sete mil litros, com uma cobertura expansível, que pode ser acionada de dentro da cabine. O tubo de descarga tem 3,7m de alcance e uma vazão informada pelo fabricante de 86 litros por segundo. O chassi desta máquina é todo montado em vigas em formato de U e o peso total é de 12.400kg. O modelo que testamos estava equipado com pneus traseiros na medida 18.4–26 e dianteiros 30.5L-32. Informou-nos o fabricante que foram feitos testes também com rodados

duplos, que serão opção no momento da negociação.

MANUTENÇÃO, ERGONOMIA E SEGURANÇA

Quanto à mantenabilidade desta máquina, vimos algumas soluções que já havíamos constatado na MF 32 SR, com várias facilidades de acesso aos pontos de manutenção e limpeza, como as amplas aberturas laterais que se articulam para cima, liberando espaço para o trabalho. O acesso à parte superior da máquina pode ser feito por uma escada colocada na parte de trás à direita que se pode recolher.

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Fotos Charles Echer

O tanque de grãos possui cobertura móvel que pode expandir-se de acordo com a necessidade é acionada eletricamente pelo operador através do painel de controle dentro da cabine

Vimos que o fabricante disponibilizou diversos pontos de lubrificação com graxa para que o operador acesse desde o solo, como é o exemplo de dois pinos graxeiros importantes dos mancais dos enormes rotores. Na questão de ergonomia e segurança tivemos uma ótima impressão da cabine e nos informaram que esta era apenas um protótipo e que ainda melhorará muito até o lançamento. No posto de operação, ao lado direito do assento principal, há um console, com descansa-braço, acelerador de mão, alavanca multifunção, porta-copos e em plano superior um monitor, para o controle da operação e das condições de colheita. Como é padrão em máquinas deste nível o fabricante disponibilizou um assento de acompanhante. A coluna da direção é ajustável, de acordo com a vontade do operador. A alavanca multifunção, ergonômica, tem posição de neutro no centro do curso e apresenta alguns interruptores, acionáveis pelos dedos. O monitor é um painel de acordo com o padrão ISO BUS, com apresentação de informações sobre área colhida, nível de perdas de grãos, nível do depósito de grãos e rotações do motor, eixos, venti-

lador, cilindro, rotores e temperaturas do óleo lubrificante do motor, água e do ambiente interno da cabine. Tudo isto está ligado ao sistema Fieldstar, com o agricultor podendo armazenar, controlar e desenvolver mapas com a informação. Também está disponível neste modelo a opção do AgCommand, que pode registrar e informar on-line a posição da máquina no campo e algumas funções que se configure. Também os modelos podem ser equipados com o piloto automático AutoGuide 3000, para o qual uma antena deve

Pontos positivos • Qualidade da plataforma de corte • Reduzida perda de grãos, na velocidade indicada • Possibilidade de realizar a colheita a velocidades mais altas • Acesso fácil aos pontos de manutenção • Alta capacidade de processamento

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estar colocada sobre a cabine.

TESTE

O nosso teste ocorreu em um lindo e ensolarado dia de inverno, em uma área de propriedade da família Mori, levemente declivosa, com milho de safrinha, produtividade média de 196sc/ha, 45cm de espaçamento, com cinco a seis plantas no metro. Trabalhamos com duas máquinas, uma do primeiro grupo de protótipos, com picador de palha, e a outra de présérie, apenas com espalhador.


A MF 6690 Hybrid possiu acesso facilitado aos diversos locais que exigem manutenções periódicas, com abertura das chapas laterais de forma simples e segura

Durante a operação procuramos descobrir a velocidade limite, trabalhando desde 7,5 até 10,8km/h e, mesmo nas maiores velocidades, não conseguimos que a máquina embuchasse. Acabamos, para prolongar o trabalho, executando a colheita entre 8 e 8,6km/h em média. A rotação foi controlada pelo acelerador posicionado no console lateral em constantes 2.260rpm. A velocidade do cilindro foi fixada em 600rpm e o ventilador em 1.190rpm. Nestas condições conseguimos estabelecer uma capacidade de produção média de 7,6t/ha, para a colheita de milho, na produtividade média indicada e com 18,3% de umidade. Depois de trabalhar com a máquina por tempo suficiente para concluirmos sobre a operação, passamos à avaliação de perdas de colheita, enquanto o técnico de engenharia Oscar Pich Neto colhia. Foram oito amostras, com área de 1m2, em que na média conseguimos avaliar perdas entre 0,5 e 0,6%. Não detectamos perda na forma de espigas, sendo que esta pequena perda aparecia na forma de grãos soltos, já trilhados, com pouquíssimos grãos quebrados. Ficou claro que se tivéssemos reduzido a velocidade poderíamos alcançar índices até menores de perdas de produto. Vimos como um dos pontos

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Fotos Charles Echer

Sistema de acoplamento da plataforma eletro-hidráulico único “single point”

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Detalhe da antena receptora do sinal que alimenta o sistema Auto-Guide 3000 ISO VT

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Detalhe dos defletores do sistema espalhador de palha


altos do conjunto a plataforma de colheita. Como comentamos no início deste texto, é muito bom ver que as máquinas melhoraram muito com relação às perdas, tanto de plataforma como na trilha, separação e limpeza. Quando me formei engenheiro agrônomo na década de 80 tolerávamos até 2% de perdas. Hoje, facilmente se alcançam níveis abaixo de 1% em máquinas de qualidade, mesmo colhendo a velocidades consideradas altas para a operação. Depois de testar anteriormente a 32 SR estamos convictos que o sistema híbrido possibilita um aumento concreto de velocidade operacional, sem sobrecarregar o sistema de trilha, separação e limpeza, pelo alívio da pressão no cilindro e côncavo, diminuindo, por conseguinte, as quebras. Conversando com os agricultores que estão utilizando as máquinas em toda esta safra, perguntamos quais as principais vantagens desta máquina em relação

ConcessionáriA Camagril Maringá

O

apoio para o teste, além da família Mori e da equipe do fabricante, veio do Concessionário Camagril, loja de Maringá. Dos maiores entre os 220 concessionários da marca, a Camagril, que foi fundada em 1967, tem lojas em diversas outras cidades do estado do Paraná, como Campo Mourão, Dois Vizinhos, Goiorê, Medianeira, Ubiratã, Palotina, Pato Branco,

ao modelo convencional que já possuem. Os principais elogios foram para o baixo consumo de combustível e o baixo índice de perdas, que vem sendo medido e situa-se sempre a níveis inferiores a 0,6%. Além disso, mencionaram que eles têm concluído que a alta velocidade operacional e a inexistência de paradas para

Realeza e Toledo, além de Assis, no estado de São Paulo. Participaram do teste alguns técnicos das equipes de engenharia, marketing e pós-venda do fabricante, liderados por Oscar Pich Neto, que coordena os testes de campo e nos orientou na operação da máquina, e Volmir André Borghardt, que nos apresentou as novidades técnicas do produto.

desembuchar a máquina proporcionam uma alta capacidade de colheita, em hectares ao final do dia. Vimos que eles estão muito entusiasmados com a novidade que .M tiveram a oportunidade de testar. José Fernando Schlosser, Nema – UFSM

A MF 6690 pode ser equipada com plataforma de milho de oito a 13 linhas com espaçamento de 45cm. A colhedora testada estava equipada com uma plataforma de 13 linhas, modelo 3013-L

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lubrificantes

Uso correto

Edeilton Arruda dos Santos

Os óleos lubrificantes são fundamentais para manter o maquinário em condições de trabalho. Mas existem diversos tipos e com características para aplicações específicas, exigindo atenção na hora de escolher e realizar as trocas, a fim de evitar uso inadequado do produto

O

homem já utiliza processos para a diminuição de atrito há muito tempo. Há relatos de lubrificação em um trenó que pertenceu a Ra-Em-Ka (rei do Egito a.C). Na oportunidade, foi descoberta a utilização de sebos para diminuição do atrito entre o trenó e a superfície de contato, facilitando seu deslocamento. Na Idade Média usava-se a gordura animal para lubrificação dos mecanismos de abertura dos portões que rangiam e também nas rodas de carruagens.

FUNÇÕES DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES

O uso de lubrificantes tem como principal função minimizar o contato entre as peças móveis, evitando, assim, maiores desgastes (redução de atrito) e geração de calor (resfriamento do motor) e, além destes benefícios, proporciona limpar o motor e

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mantê-lo limpo, proteção contra corrosão e formação de ácidos em seu interior, redução de ruídos, auxilia na vedação da câmara de combustão e contribui para diminuição de consumo de combustível. Os óleos lubrificantes automotivos são básicos minerais obtidos através de destilação ou rerrefino, básicos sintéticos produzidos por reações químicas e compostos ou semissintéticos. As principais características dos óleos lubrificantes são viscosidade, índice de viscosidade e densidade. A viscosidade caracteriza a resistência de um fluido ao escoamento. Portanto, quanto mais viscoso, mais difícil de escorrer, logo terá uma maior capacidade de permanecer entre as peças. A viscosidade do lubrificante é influenciada pela temperatura. O índice de viscosidade diz respeito à variação da viscosidade em função da temperatura,

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quanto maior o índice menor será a variação da viscosidade quando submetido ao aumento de temperatura. Já a densidade é a massa de um determinado volume de óleo a uma determinada temperatura e serve como um indicador de contaminação ou deterioração de um lubrificante.

ADITIVOS

Os aditivos são substâncias naturais, modificadas ou sintetizadas adicionados aos lubrificantes, com a função de modificar, fornecer ou ressaltar propriedades dos óleos básicos, a fim de conferir maior eficácia aos lubrificantes. A qualidade do óleo está associada ao nível de aditivação que recebe, sendo os multiviscosos mais aditivados e completos que os monoviscosos. Existem vários tipos de aditivos e os principais são: os abaixadores de ponto de fluidez (que têm a função de


TIPOS DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

Existem várias maneiras de se classificar os lubrificantes, podemos classificá-los pela sua origem, pela viscosidade, pelo tipo de motor a serem aplicados, pelo estado físico do lubrificante, por sua densidade e inúmeros outros fatores, por isso, há entidades responsáveis por sua distinção. Pela necessidade de seguir normas para fabricação de lubrificantes para motores de combustão interna, existem entidades internacionais classificadoras, como a Sociedade dos Engenheiros de Automóveis (SAE), o Instituto do Petróleo Americano (API) e a Associação de Construtores Europeus de Automóveis (Acea). (veja box com as classificações). Vale lembrar que o rótulo das embalagens dos lubrificantes sempre traz a especificação do tipo de óleo contido e que no manual da máquina há a indicação do lubrificante correto quanto à viscosidade (SAE) e ao desempenho (API). Os lubrificantes recomendados passam por vários testes pelos fabricantes de sua máquina até a escolha do ideal e, por isso, há a necessidade do uso do lubrificante indicado.

Fotos Charles Echer

diminuir a temperatura de congelamento do óleo, causado pela cristalização das parafinas presentes no mesmo); os agentes de extrema pressão (possuem o papel de evitar o contato metal-metal de superfícies em movimentos relativos quando submetidos a pressões extremas); anticorrosivos (neutralizar os ácidos), antiferrugem, antioxidantes (retardar a oxidação dos óleos lubrificantes), antiespumantes (minimizar a formação de espumas), dispersantes e detergentes alcalinos (impedir a formação de depósitos de produtos de combustão e oxidação); melhoradores do índice de viscosidade (reduzir a tendência de variação da viscosidade com a variação de temperatura); modificadores de fricção (reduzem o coeficiente de atrito, resultando em menor consumo de combustível). Oléo lubrificante automotivo acabado é igual a composição de um óleo básico + aditivos.

A troca do óleo lubrificante deve ser feita de acordo com as especificações do fabricante junto com as exigências descritas no manual, respeitando o período de tempo estipulado pelo fabricante de máquinas automotrizes

MANUTENÇÃO DOS LUBRIFICANTES

A manutenção nos motores principalmente relacionada à lubrificação, quando realizada no momento correto, traz benefícios à máquina, porém, é necessário realizá-la de três formas distintas, de modo a propiciar o melhor desempenho. A manutenção pode ser realizada semanalmente de forma preventiva ou a cada 50 horas de trabalho, mensalmente, ou a cada 250 horas, semestralmente, ou 500 horas, anualmente, ou a cada mil horas trabalhadas. Portanto, atua de acordo com uma periodicidade, por exemplo, a troca de óleo lubrificante do motor em função do período estipulado de uso pelo fabricante. Ela pode ser de forma a executar a correção de uma falha, geralmente realizada a partir do momento que se verifica um problema e precisa de uma rápida intervenção para que a máquina esteja liberada brevemente para execução das operações. Estas falhas podem ser, por exemplo, perda de óleo lubrificante por dano ao componente de condução do óleo (mangueira hidráulica), como vazamento.

Outra forma de manutenção é a preditiva, que é realizada através do monitoramento das condições químicas e físicas do lubrificante, observando a presença de contaminação por moléculas de água, amônia e/ou presença de partículas ferrosas na amostra. As vantagens das manutenções periódicas, corretiva e, principalmente, preditiva realizadas de forma correta serão o menor custo de manutenção, economia de lubrificantes, vida útil dos componentes ampliada, redução dos custos de material de reposição, maior disponibilidade dos equipamentos, controle e análise do desgaste de equipamentos.

ROTINAS NO USO DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

Algumas rotinas são essenciais para manter a qualidade do lubrificante e, consequentemente, do resultado da sua aplicação. Uma destas rotinas é a verificação do nível do óleo do maquinário a cada dez horas, observando se o nível está na faixa segura de trabalho, isto deve ser feito com o veículo em um terreno plano, com motor desligado e de preferência com o motor frio. Quando


PROCEDIMENTO DE TROCA DO ÓLEO DO MOTOR

Os óleos lubrificantes podem ser classificados pela sua origem, pela viscosidade, pelo tipo de motor a serem aplicados, pelo estado físico do produto, por sua densidade e por inúmeros outros fatores

a problemática da não remoção total. A troca deve ser feita por um óleo das mesmas características e de preferência da mesma marca, pois a utilização com diferentes níveis químicos pode promover reações químicas que acarretarão em desgastes, corrosões, oxidações, trazendo malefícios ao motor ou componentes orgânicos.

CONSUMO DE ÓLEO

O consumo de óleo lubrificante está diretamente relacionado com o regime de

Charles Echer

A extração deve ser feita com a máquina automotriz em terreno plano, desligada e de preferência após o motor ter atingido o ponto de temperatura normal de trabalho, pois o óleo quente escorre facilmente. Devese aguardar dez minutos para que haja o máximo de remoção antes da reposição. Existe outro método que consiste em utilizar bombas de sucção pela vareta de verificação do nível do óleo, porém, este processo tem

Edeilton Arruda dos Santos

durante as aferições apresentar nível abaixo da faixa recomendada, indica um vazamento ou um alto consumo da máquina e, então, se deve rapidamente atuar na correção. A troca do óleo deve ser feita de acordo com as especificações do fabricante juntamente com as exigências descritas no manual da máquina e deverá ocorrer de acordo com o tempo de serviço estipulado pelo fabricante de máquinas automotrizes como tratores, colhedoras e pulverizadores. O não seguimento desta periodicidade indicada pode implicar em uma série de riscos, pois à medida que o lubrificante vai ficando senil, sua característica química vai sendo alterada e o seu prolongado uso poderá acarretar danos aos sistemas do motor que implicará na elevação dos custos com manutenção. O uso continuado do lubrificante aumentará a sua viscosidade principalmente pelo acúmulo de produtos insolúveis.

DETALHES IMPORTANTES

A substituição deve ser feita por um óleo das mesmas características e de preferência da mesma marca, pois a utilização com diferentes níveis químicos pode promover reações químicas indesejadas

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trabalho e com a forma como o motor foi trabalhado no início do seu funcionamento, período denominado de amaciamento. Quando um motor foi bem amaciado, é proporcional a potência utilizada, desta forma, quanto maior a exigência do motor maior será o consumo tanto de óleo diesel como dos lubrificantes. Portanto, atenção especial para o período inicial do motor até seu amaciamento será o fator que resultará em economia ao longo da vida útil do motor.

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Observar alguns detalhes é de fundamental importância para garantir a proteção da máquina. O óleo lubrificante deverá ser o de melhor qualidade e conforme recomendação do fabricante. A maneira correta de verificação do nível de óleo é primordial e deverá ocorrer com o trator nivelado, diariamente antes do funcionamento e não deverá ser completado quando o nível estiver entre as marcas de máximo e mínimo. O consumo maior de óleo nas primeiras 100 horas é normal durante o amaciamento, porém, cada máquina apresenta um nível aceitável de consumo. Em relação ao amaciamento do trator, nas primeiras 100 horas o motor deverá trabalhar com carga - até 75% da sua capacidade - e com rotação baixa, utilizando a rotação nominal especificada para cada modelo, e preocupação especial com a escolha do implemento adequado a sua capacidade. O trator não deverá trabalhar com serviços leves durante o amaciamento. O amaciamento do motor consiste em tornar as engrenagens as mais perfeitas possíveis e nas máquinas agrícolas é dife-


renciado dos outros veículos automotivos. Muitos pensam que amaciar é imprimir de início baixa rotação, quando, na verdade, a máquina necessita de uma alta rotação. A máquina deve ser submetida a trabalhos com implementos que exijam elevada potência como o preparo inicial de um solo, pois assim permite-se que o trator tenha uma contínua exigência de torque. O tempo mínimo é de 50 horas de trabalho, podendo ser estendido para 200, ressaltando que, se for estendido, devem ser realizados trabalhos mais leves e a primeira troca de óleo e filtro deve ser com até 100 horas. Outro fator a ser analisado é referente ao dimensionamento do implemento, onde se leva o trator a uma velocidade denominada como crítica, relacionando implemento, velocidade e força do trator. Há outros cuidados que devem ser observados, como ao transitar escolher marchas mais leves. Outro método de amaciamento é por meio dos freios dinamômetros, onde estes são ligados com a tomada de potência permitindo que se transmitam cargas intensas ao motor durante todo o período de amaciamento, que dura em torno de dez horas de trabalho. Este método é bastante vantajoso por ser possível

Classificação dos lubrificantes pela SAE

A

Classificação dos lubrificantes pela API

A

SAE classifica o óleo pela sua viscosidade, portanto, quanto maior a numeração na nomenclatura, mais viscoso, conforme determinação a seguir: – Verão: SAE 20, 30, 40, 50 e 60 Classificados pela viscosidade mínima e máxima a uma temperatura de 100°C; – Inverno: SAE 0W, 5W, 10W, 15W, 20W e 25W – Letra W oriunda da palavra em inglês winter – inverno e a principal característica é que suportam temperaturas mais baixas sem se solidificar ou prejudicar sua circulação; – Inverno/verão: SAE 20W-40, 20W50 e 15W-50 – Denominados de multiviscosos ou multigraduados.

classificação da API está relacionada com o nível de desempenho do lubrificante. Os lubrificantes estão divididos de acordo com critérios de qualidade e tipo de serviço. Na nomenclatura desta classificação utilizam-se duas letras, a primeira relacionada ao tipo de ciclo do motor que pode ser S, do inglês spark – centelha (Motor Ciclo Otto – gasolina e etanol) e a segunda C, de compression – compressão (Motor Ciclo Diesel). Já a letra C indica o nível de qualidade do lubrificante e segue a sequência alfabética, ou seja, quanto mais próxima a letra do “Z” melhor será o desempenho do óleo.

controlar as quedas de rotação em intervalos programados de 200rpm. Portanto, amaciar o motor nas primeiras horas de vida útil de maneira adequada significa obter maior custo-benefício e maior longevidade da .M máquina.

Edeilton Arruda dos Santos Hugo Souza Soares Marcos Roberto da Silva Tales Amauri Ferreira Rocha Temistocles Jaques L. Fernandes Univ. Federal do Recôncavo da Bahia


Pneus

Quase flutuando Charles Echer

A tecnologia dos pneus radiais evolui a cada ano, tornando estes componentes cada vez mais importantes no conjunto de máquinas agrícolas

V

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radial permite também o uso de pressões menores comparativamente aos pneus diagonais. Mesmo entre os radiais se deve buscar os de menores pressões. A banda de rodagem do pneu radial é estabilizada pela cinta de lonas existente no topo. Essas características aportam diver-

sas vantagens no uso de pneus radiais em máquinas agrícolas, como veremos a seguir. Uma das mais importantes é a menor compactação do solo, que proporciona aumento da produtividade da lavoura e proteção ao solo quanto à erosão. Além disso, os pneus radiais possibilitam maior poder de tração, que pro-

Fotos Antonio Koller

ários estudos realizados por entidades independentes, comprometidas com a melhoria da produtividade agrícola, no Brasil e no mundo, apontam que, quanto menor as pressões no interior de um pneu agrícola, melhores resultados agronômicos são obtidos e melhor é o desempenho das máquinas no campo. Considerando que o pneu é o elo entre a máquina agrícola e o solo, podemos atribuir a ele uma série de compromissos relacionados com as performances dessa máquina e o seu impacto sobre a produtividade e a rentabilidade da lavoura. Desta forma, a decisão na escolha do pneu ideal para cada tipo de máquina, eixo e tipo de trabalho tem uma relação direta com os resultados obtidos em relação à produtividade no campo. Por exemplo, o pneu de construção radial tem uma área de contato com o solo em até 30% a mais que um pneu de construção diagonal, nas mesmas condições de uso, de carga e dimensão do pneu. Essa maior área de contato resulta em melhor distribuição da carga no solo e mais barras em contato com o solo. A construção

Exemplo da diferença na compactação causada por pneus diagonal, radial standard e radiais mais modernos

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Vantagens pneus radiais especiais em comparação com pneus standard PERFORMANCE Proteção do solo Economia de combustível Longevidade

Os pneus radiais proporcionam aproximadamente 30% mais área em contato com o solo

porciona melhor transferência da força motor ao solo. Esta combinação resulta em economia de combustível, aumento da velocidade ou redução de tempo de trabalho, uso de implementos maiores ou mais pesados, redução dos desgastes das partes mecânicas da máquina e diminuição do índice de patinagem. A capacidade de usar pressões menores está ligada ao aumento da área de contato e de tração e também ao conforto do operador, proteção da máquina e da carga. A banda de rodagem estabilizada proporciona maior dirigibilidade, estabilidade e precisão nas linhas de lavouras. Hoje, no Brasil, já existem soluções de pneus agrícolas com tecnologia radial, com o que tem de mais avançado em melhoria de performances. São tecnologias como “IF” – Improved Flexion – (radiais com bônus de 20% a mais de carga) e “VF” – Very high Flexion – (radiais com bônus de 40% a mais de carga). Neste contexto, o grande desafio dos fabricantes de pneus é o de apresentar ao agricultor

Antonio Koller, aborda o uso de pneus radiais na agricultura

VANTAGENS Menor compactação: • melhor desenvolvimento das raízes • preservação do patrimônio agronômico Sulcos menores: • Melhor circulação de ar e água •Crescimento uniforme da lavoura Nítida redução do índice de patinagem: •Perfeita operação dos desempenhos das máquinas • Redução de trabalho Excepcional capacidade de tração: • Redução do desgaste do pneu no campo Resistência à abrasão e ao aquecimento: • Redução do desgaste do pneu na estrada Alto nível de conforto: • Respeito aos homens e preservação material

soluções que integrem redução de custos operacionais e aumento de produtividade. Um exemplo encontrado no Brasil é a tecnologia radial Michelin Ultraflex. Testes comparativos com pneus agrícolas, auditados pela Fundação Vanzolini, mostram que pneus com este tipo de configuração compactam cerca de 32% menos o solo e economizam cerca de 28% de combustível em relação a pneus radiais convencionais. Se forem consideradas duas mil horas trabalhadas por máquina ao ano e um consumo médio de dez litros por hora, a economia anual, com a redução de consumo de combustível para 30 tratores, pode chegar a aproximadamente R$ 400 mil. E, se levarmos em conta os demais ganhos de produtividade, com a menor compactação do solo, esse número ainda aumentaria de forma significativa. No Brasil, apenas cerca de 5% dos pneus agrícolas vendidos no mercado de reposição

Características técnicas versus tecnologias standard Menor pressão (20% a 40% inferior) sob forte carga e a alta velocidade Perfeita divisão da carga graças a uma maior área de contato com o solo Aumento significativo do número de barras no solo

são radiais, enquanto na Europa 85% já são radiais. A radialização do mercado brasileiro será fundamental para o aumento da produtividade agrícola. Em 2013, segundo a Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneus), a venda de pneus radiais no mercado de reposição cresceu 37%, enquanto os pneus diagonais apenas 7% em comparação com o ano anterior. O mercado de pneus radiais para equipamentos originais cresceu 176% contra 18% de crescimento para os pneus diagonais (Anip - 2013 vs 2012). Isso demonstra claramente que já há uma grande demanda de tecnologia pelos clientes, sejam produtores agrícolas ou montadoras que já compreenderam que as máquinas agrícolas necessitam de pneus radiais para maximizar sua produtividade em todos os tipos de cultura. .M Antonio Koller, Michelan América do Sul

No Brasil, apenas 5% dos pneus agrícolas vendidos no mercado de reposição são radiais, enquanto na Europa este número chega a 85%

Agosto Abril 2013 2014• www.revistacultivar.com.br • www.revistacultivar.com.br

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pneus

Novo x velho

Charles Echer

Pneus desgastados não significam perda de eficiência no campo. Ao contrário, se estiverem lastrados adequadamente para a operação e com pressão interna ideal podem até mesmo reduzir o consumo de combustível se comparados com pneus novos

N

os pneus dos tratores agrícolas a pressão de inflação e lastragem incorreta são os fatores que mais contribuem para o desenvolvimento de avarias e desgaste prematuro. Dentre as características dos pneus que afetam o desempenho operacional do trator, estão o tipo de construção, a configuração da banda de rodagem, a largura, o diâmetro dos rodados e a carga normal aplicada sobre as rodas motrizes. Além disso, as propriedades do solo como textura, umidade e as condições de superfície. Duas importantes regulagens que o agricultor pode fazer para obter um rendimento maior e um prolongamento da vida útil do pneu, além de minimizar os problemas de perda de tração, aumento de patinagem e

consumo de combustível, são ajustar corretamente a lastragem e acertar a pressão de inflação dos pneus. A pressão de inflação, também chamada de pressão interna, deve ser ajustada em função das variações de carga aplicada sobre o pneu. Considera-se carga aplicada sobre o rodado, o próprio peso do veículo, tendo em vista a distribuição de pesos entre os eixos e a adição de lastro, seja metálico ou água nos pneus. A sobrecarga, que é o peso além do especificado pelo fabricante para cada pneu e a pressão de inflação abaixo da recomendada, ocasiona uma flexão maior nas laterais, fazendo com que a banda de rodagem (parte externa do pneu, onde localizam-se as garras) tenha um desgaste prematuro e não

Figura 1 - Comportamento do pneu de acordo com a pressão interna utilizada

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uniforme. Já a inflação acima da recomendada causa um aumento do desgaste na parte central da banda de rodagem, o que diminui o contato do pneu com o solo, aumentando a patinagem e o consumo de combustível. A Figura 1 mostra o comportamento do pneu conforme o nível de pressão interna. Na prática é possível verificar visualmente no campo já com o trator trabalhando se a lastragem utilizada está correta, basta observar as marcas deixadas pelos pneus no solo. Marcas pouco definidas e superficiais indicam pouco lastro para a atividade que está sendo executada, enquanto marcas bem

Figura 2 - Comportamento do solo conforme o lastro utilizado


Tabela 1 - Diferentes níveis de pressão de inflação empregados aos pneus Pressão P1 P2 P3

Pressão nos pneus traseiros (kPa) 180kPa (26 PSI) 138kPa (20 PSI) 110kPa (16 PSI)

Pressão nos pneus dianteiros (kPa) 165kPa (24 PSI) 125kPa (18 PSI) 83kPa (12 PSI)

definidas com aprofundamento da superfície significam excesso de lastro. O peso do trator está correto quando as marcas dos pneus estiverem bem definidas nas bordas e superfície do solo pouco aprofundada, conforme mostra a Figura 2. Não basta trabalhar com pressão e lastragem adequadas deve-se ter atenção com a vida útil dos pneus, pois a altura das garras influencia em patinagem, esforço de tração e consumo de combustível do trator. Com o intuito de avaliar o consumo de combustível de um trator em função do desgaste, da lastragem e da pressão de inflação dos pneus, foi realizado um ensaio na área experimental da Universidade Federal de Lavras (Ufla).

EXPERIMENTO DE CAMPO

No experimento foi testado um trator agrícola marca Valtra, modelo BL 88, 4x2 com tração dianteira auxiliar acionada, de 65,62kW (88cv) de potência nominal no motor, peso total com lastro de 45,24kN (4.613kgf), distribuído em 38% no eixo dianteiro e 62% no eixo traseiro. O trator apresentava pneus do tipo R1, diagonal (dianteiros: 12,4-24; traseiros: 18,4-30), sendo que a altura média das garras dos pneus novos foi de 30 e 35mm para os pneus dianteiros e traseiros, respectivamente, e nos pneus desgastados, 18 e 4,5mm para os pneus dianteiros e traseiros simultaneamente. Para obtenção do esforço de tração e patinagem foi utilizado um trator de frenagem, da marca Massey Fergunson, modelo 290, 4x2 com tração dianteira auxiliar (TDA) acionada, com 63,38kW (85cv) de potência

Tabela 2 - Diferentes níveis de lastragem empregados ao trator Lastagem L1 L2 L3

Designação Pneus com água e com lastro metálico Pneus com água e sem lastros metálicos Pneus sem água e sem lastros metálicos

nominal no motor. A massa total deste trator foi de 38,25kN (3.900kgf). Foram utilizados três níveis de pressão, conforme mostra a Tabela 1 e três níveis de lastragem conforme se observa na Tabela 2.

RESULTADOS

Os resultados comparando o consumo horário de combustível mostraram desempenho superior no trator equipado com pneus desgastados em relação ao trator equipado com pneus novos. Este fato ocorreu porque o pneu novo apresentou um desenvolvimento maior de força na barra de tração, o que ocasionou maior patinagem e consequente aumento no consumo volumétrico de combustível. O aumento na força e potência na barra de tração, quando utilizados pneus novos, refletiu em menor consumo específico de combustível. O Gráfico 1, mostra que, de maneira geral, os pneus novos proporcionaram maior consumo horário de combustível quando comparado com a utilização de pneus desgastados. No entanto, a forma técnica de expressar o consumo de combustível é através da unidade de massa por unidade de potência (g/kWh), conhecida como consumo específico. Esta forma técnica pode ser usada para comparar motores, tratores e equipamentos de tamanhos e formas diferentes. Ao analisar o consumo específico de combustível pode-se observar que este foi maior com o uso de pneu desgastado. Nota-se no Gráfico 2 também que o menor consumo específico de combustível foi de 423,35g/kWh e ocorreu no tratamento (L1P2), estando o trator lastrado, pneus novos com água ocupando 75% de seu volume

Peso do trator (kN) 45,24 41,87 33,56

Peso do trator (%) 100 92,55 74,18

e pressão interna de 138 e 125kPa nos pneus traseiros e dianteiros, respectivamente. No mesmo tratamento, ocorreu o maior valor de potência na barra de tração, que foi de 21,05kW. Ao analisar a pressão de inflação dos pneus desgastados, diante dos diferentes níveis de lastragem, nota-se que a utilização de maior pressão (P1) não provocou muita variação no consumo específico de combustível para os diferentes níveis de lastragem, fato semelhante ao que ocorreu com o uso de pneus novos. A utilização da menor pressão, estando o trator sem lastros e sem água nos pneus (L3P3), causou aumento de aproximadamente 37% no consumo específico de combustível com relação à utilização de pneus com lastros metálicos e de água (L1P3).

CONCLUSÃO

A utilização de pneus desgastados é uma alternativa desde que as operações a serem realizadas não exijam muita força de tração. Além disso, as melhores condições de trabalho para tratores equipados com pneus desgastados são alcançadas com a utilização de lastro e pressões de inflação alta. Entretanto os resultados evidenciaram vantagens para o trator quando equipado com pneus novos, no que diz respeito ao consumo de combustível por unidade de potência. .M Roger Toscan Spagnolo, IFRS Marcos Antonio Zambillo Palma, UFFS Carlos Eduardo Silva Volpato, Jackson Antônio Barbosa e Murilo Machado De Barros, Ufla

Gráfico 1 - Comparação dos resultados do consumo horário de combustível do pneu Gráfico 2 - Comparação dos resultados do consumo específico de combustível do pneu novo e do pneu desgastado novo e do pneu desgastado

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ficha técnica

Controle total

Ferramentas oferecidas pela New Holland auxiliam no gerenciamento de propriedades rurais e são uma amostra da evolução da tecnologia de precisão que a cada dia está mais presente nas máquinas brasileiras

O

s aparelhos de agricultura de precisão ganham mais adeptos a cada dia. Não só pela tecnologia dos seus computadores de bordo, controles, satélites e inovações do gênero, mas pelos resultados que eles geram aos seus usuários. O futuro da agricultura levará a máquinas mais autônomas, que realizam sua operação com pouca interferência do operador. Ele poderá então se dedicar a garantir a qualidade da operação, no melhor rendimento e aprovei-

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tamento dos recursos da máquina. O grande desafio é a evolução de sistemas seguros nesse tipo de aplicação e a definição da legislação para veículos agrícolas não tripulados. A evolução contínua da tecnologia tem ajudado os agricultores brasileiros a aumentar a produtividade e executar todas as etapas da agricultura com melhores resultados a cada safra. É nesse contexto que se encaixa o investimento da New Holland em agricultura de precisão. Dentro do portfólio de tecnologia,

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cabe destacar o sistema de RTK – um tipo de correção dos sinais de GPS (Global Positioning System) e Glonass, que conta com 2,5cm de precisão. Estes sinais são transformados em ondas de rádio, transmitidas num raio de até 20 quilômetros de cada base. Estas ondas permitem desempenho em precisão e repetição impensáveis nestas condições. Com a rede, os produtores podem realizar trabalhos cada vez mais detalhados na gestão do negócio agrícola, com melhor aproveita-


Fotos New Holland

mento de área plantada, além de reduzir o amassamento, a sobreposição na aplicação de insumos, a compactação do solo e o consumo de combustível. Além do mercado agrícola brasileiro já contar com a rede RTK, outros equipamentos da linha PLM (Precision Land Managment) trazem uma solução completa no gerenciamento da propriedade. Um grande exemplo é o controle individual de seções de plantio, que promove o desligamento automático da seção de plantio, economizando sementes e, consequentemente, tempo de operação. Outra solução que está começando a ser utilizada em campo é o sistema de telemetria, que permite o controle para monitoramento de todo o funcionamento dos equipamentos. As informações de operação são disponibilizadas para um computador em diversos níveis, que podem ser programados para uma máxima produtividade. As duas ferramentas aumentam o controle do produtor sobre sua planta-

ção, maximizando os ganhos e diminuindo perdas, desperdícios e tempo ocioso. Ainda em relação aos equipamentos da linha PLM, o piloto automático facilita a operação porque guia automaticamente a máquina, funcionando como um sistema de direção assistida. O veículo é mantido no trajeto determinado pelo agricultor com a máxima precisão, melhorando a qualidade do trabalho e o rendimento da lavoura, ao mesmo tempo em que reduz a fadiga do operador e gera maior economia de recursos em combustível e horas. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), hoje entre 10% e 15% da área plantada total no Brasil emprega a agricultura de precisão, enquanto nos Estados Unidos ela atinge 40%. Cerca de 10% das máquinas agrícolas sai das fábricas brasileiras com essa tecnologia. Há, portanto, um caminho longo ainda a ser percorrido para garantir que todos que utilizam agricultura de precisão consigam ter o máximo de aproveitamento dos equipamentos. Esse é um desafio de todos que trabalham no setor. Os últimos lançamentos da New Holland foram destinados ao monitoramento da lavoura e para a automação das operações. Recentemente, por exemplo, foram lançados o Monitor de Produtividade de Grãos, para linha de colheitadeiras TC e CS, e o novo software PLM Office. Foram incorporadas novidades em software e hardware com vantagens associadas de melhor desempenho, interfaces mais intuitivas e utilização de componentes de última geração. Os equipamentos de agricultura de precisão visam também contribuir com a redução do impacto ao meio ambiente. O grande objetivo da agricultura de precisão é

Os avanços da Agricultura de Precisão estão possibilitando que o produtor tenha cada vez mais controle sobre todas as etapas, do plantio à colheita

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O painel de instrumentos é integrado em peça única, semelhante ao usado nos caminhões e ônibus Agrale

A linha de tratores T8 e as colheitadeiras CR possuem um computador de bordo IntelliView IV

realizar o trabalho com a quantidade correta de insumos e evitar assim desperdícios de insumos, combustíveis e lubrificantes. Se conseguir isso, o impacto ao meio ambiente não será agressivo.

MONITORAMENTO DE PRODUTIVIDADE

Para colheitadeiras, a New Holland possui os monitores FM750 e FM1000 compatíveis com todas as colheitadeiras da marca, que aumenta a compatibilidade dos dados gerados, facilitando o gerenciamento da lavoura. Além da precisão, o sistema de monitoramento possibilita a utilização de um único monitor para diversas operações de campo. Esta ferramenta pode vir embarcada de fábrica, utilizando para este fim os monitores IntelliView IV. A montagem do monitoramento de co-

lheita é bastante simples por utilizar o sistema de leitura de massa com sensores óticos. O kit é composto por sensores óticos de umidade e produtividade, módulo eletrônico de controle, sensor de altura de plataforma, cabeamento e liberação para utilização dos monitores. O sistema também possibilita aproveitar os monitores em outras funções, como utilização dos pilotos automáticos elétricos (Ez-Steer ou Ez-Pilot, um sistema de direção assistida, que guia automaticamente a máquina) ou hidráulicos durante a operação do sistema de monitoramento de colheita. Ainda dentro do portfólio de tecnologia, a New Holland tem o EZ-Guide – instrumento que proporciona mais rentabilidade sem aumentar a área de plantio e orienta as atividades do preparo do solo, no plantio e na pulverização. O equipamento proporciona economia de defensivos, corretivos e combustível, elimina as falhas e sobreposições nas operações, é de fácil instalação e possibilita trabalhos noturnos ou com pouca visibilidade. O piloto automático chega a até 2,5cm de precisão, se equipado com antena RTK, e também é recomendado para todas as operações agrícolas, inclusive plantio. Já os monitores IntelliView e IntelliView III, também da New Holland, controlam e

A New Holland lançou recentemente Monitor de Produtividade de Grãos para linha de colheitadeiras TC e CS, e o novo software PLM Office, com novidades em software e hardware e interfaces mais intuitivas

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monitoram diversas funções da máquina, com diferentes opções de telas e permitem controlar as funções do piloto automático IntelliSteerT.

AGRICULTURA DE PRECISÃO EM TRATORES E COLHEITADEIRAS

Como exemplo de máquinas que são acopladas com tecnologia, os tratores da série T8 foram desenvolvidos para o trabalho em grandes áreas, especialmente para o preparo de solo e plantio nos segmentos de grãos. As máquinas da série possuem maior tecnologia embarcada, o que possibilita o redimensionamento da frota de tratores, reduzindo custos. Em função da potência, a série T8 permite o melhor aproveitamento na janela de tempo entre o plantio e a colheita, aumento do tamanho dos implementos e, consequentemente, tempo de operação reduzido. O sistema de gerenciamento de potência do motor EPM (Engine Power Management) garante a performance da operação em algumas situações adversas. A velocidade de trabalho predeterminada é mantida de acordo com a necessidade demandada pela operação, por meio do aumento temporário da potência do motor. A série T8 possui ainda computador de bordo IntelliView III, que permite gerenciar as diversas atividades da máquina, além do sistema de orientação e piloto automático IntelliSteer. Esse conjunto foi desenvolvido com o objetivo de proporcionar maior conforto ao operador, facilitar os comandos da máquina e permitir que ele acompanhe de maneira mais eficiente o desempenho do equipamento, unindo tecnologia e alta potência. Assim como a linha de tratores T8, as colheitadeiras da linha CR possuem um computador de bordo IntelliView IV e piloto automático IntelliSteer. A linha CR é referência mundial na tecnologia de rotor e seu alto desempenho é um sucesso no mundo inteiro.


Fotos New Holland

importantes pontos para a segurança, tanto da máquina quanto do operador e agricultor. O novo produto de agricultura de precisão é importante também para a rápida manutenção da máquina e possui dois níveis de funcionamento: o nível concessionário e o nível cliente. No primeiro, o concessionário recebe, em tempo real, todas as informações técnicas da máquina e, assim, pode executar a manutenção no momento certo. No segundo nível, o cliente recebe todas as informações da máquina no campo. Esta tecnologia que a New Holland está desenvolvendo e deverá .M lançar ao mercado ainda em 2014. Samir Fagundes, New Holland Agriculture

TELEMETRIA

A novidade é a telemetria, uma ferramenta de transmissão de dados que chega da Europa ao Brasil com a finalidade de gerar maior agilidade para o trabalho no campo. Por meio de um modem, com software específico de telemetria instalado na máquina, o agricultor poderá controlar em tempo real as atividades do campo. Atualmente, as fazendas produzem o mapa sobre as atividades executadas, coletando os dados em pen drives ao final do dia. Com a utilização da telemetria, essa etapa é feita em tempo real. A telemetria é o canal de comunicação entre máquinas no campo, seus resultados e gestão da lavoura. Até hoje a New Holland não tinha softwares que permitissem esse controle. O novo equipamento em desenvolvimento é o principal passo para a visualização dos resultados e desempenho das máquinas relacionado com os resultados financeiros e agronômicos para o agricultor. Com a possibilidade de tomar rápidas decisões sobre o desenrolar das atividades no campo e fazer correções em tempo real, o agricultor passa a ter mais precisão, agilidade e logística. Colheitadeiras e tratores poderão receber um modem com o software, onde as informações sobre a operação da máquina e o seu desempenho no campo são enviadas diretamente para o agricultor que pode visualizar pela tela do computador ou pelo celular. Assim, a telemetria ajuda o agricultor a controlar, com maior agilidade e precisão, o trabalho executado. Por meio dela é possível saber a posição exata de uma máquina, o que ela está fazendo e como está realizando sua tarefa. Caso precise de alguma alteração, o produtor envia uma mensagem direta ao operador, que, na hora, pode fazer a mudança. Além de controlar a velocidade da máquina, o agricultor pode fazer uma cerca eletrônica para definir o espaço exato, no qual as máquinas deverão trafegar. Os mecanismos embarcados no software de telemetria são

Com a telemetria é possível que o produtor receba no computador de seu escritório os dados gerados pelas máquinas no campo em tempo real

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TRATORES Charles Echer

Meio tanque

Apesar dos bons resultados obtidos em máquinas agrícolas, o uso de biodiesel em escala comercial ainda é uma realidade distante dos produtores rurais. Mas as pesquisas que são realizadas continuam mostrando que a utilização do combustível é uma excelente alternativa para o campo, gerando economia e menos resíduos

C

om o aumento da população, do transporte e da agricultura, aliado à previsível escassez de petróleo e à redução das emissões de gases, a viabilidade de uso do biodiesel como fonte alternativa de energia ainda depende de vários fatores, entre os quais se destacam a proporção de mistura do biodiesel ao diesel e a organização de sua cadeia produtiva. O trator agrícola tem como função transportar, acionar e tracionar máquinas e implementos, sendo a principal fonte de transformação e fornecimento de energia para o sistema de produção agrícola atual. Por esse motivo, existe a necessidade crescente de estudos que consigam aumentar o rendimento, reduzir o custo da hora trabalhada, minimizar os impactos ambientais, bem como desenvolver combustível alternativo para o funcionamento dessa máquina. Estudos para avaliar o desempenho operacional de motores utilizando biodiesel não apontam indícios de aumento de

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desgaste, comprometimento de potência ou redução na durabilidade. Experimentos realizados mostram que o uso de misturas (biodiesel e diesel mineral) até o limite de 50% não compromete o desempenho do trator. Já misturas acima deste patamar podem acarretar redução de torque e potência do motor.

MISTURAS DE BIODIESEL X DIESEL

Para avaliar o desempenho energético do trator agrícola uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semiárido realizou um experimento utilizando diesel mineral (B0) e seis proporções de misturas biodiesel/diesel (B5, B10, B20, B50, B75 e B100) em que o número indica a porcentagem em volume de biodiesel no diesel na operação de escarificação.

OPERAÇÃO DE ESCARIFICAÇÃO

Para a realização da pesquisa foi escolhida a operação de escarificação, que

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consiste da mobilização subsuperficial do solo para romper as camadas compactadas de até 35cm de profundidade, que demanda grande esforço de tração e consumo de combustível. A área escolhida havia sido manejada em sistema de plantio direto, com solo predominante latotossolo vermelho distroférico típico, com teor de água próximo à capacidade de campo. O escarificador usado foi da marca Jan, modelo Jumbo Matic, de arrasto, com sete hastes espaçadas de 0,40m, largura de trabalho de 2,80m, equipado com discos de corte, rolo destorroador, hastes parabólicas com ponteiras estreitas e sistema de levantamento hidráulico, regulado para trabalhar a 30cm de profundidade. Para tracionar o escarificador utilizou-se um trator marca Massey Ferguson, modelo MF5285 cabinado, com tração dianteira auxiliar (TDA), potência de 62,5kW (85cv) no motor a 2.200rpm, norma ISO TR14396, peso de embarque de 44,1kN (4.500kgf),


Suedêmio Silva

com lastro, rodado traseiro 18.4-30R1 e dianteiro 12.4-24R1. Quando da realização dos ensaios o trator encontrava-se como lastragem máxima (pesos metálicos + água nos rodados).

PARÂMETROS MONITORADOS E INSTRUMENTAÇÃO ELETRÔNICA

As variáveis monitoradas foram requerimento de força na barra de tração em kN, velocidade de deslocamento em km/h, consumo horário volumétrico em L/h, número de voltas do rodado traseiro, temperaturas do combustível de alimentação, retorno em graus centígrados e temperatura do óleo do motor. De posse dos dados monitorados calculou-se a patinagem dos rodados traseiros em porcentagem, a potência média requerida na barra de tração em (kW) e o consumo específico em L/kW/h. Para monitorar o requerimento de força instantâneo na barra de tração foi instalada uma célula de carga entre o trator e o escarificador, nivelada horizontalmente. Para monitorar o consumo horário de combustível foram utilizados dois fluxômetros da marca Oval Corporation – Japan, modelo LSN 40 M-III com precisão 1mL pulso, instalados um na linha de alimentação, antes da bomba injetora, e outro na linha de retorno do combustível ao tanque. O consumo horário volumétrico real foi calculado pela diferença entre o volume de combustível que entra na bomba injetora e o volume que retorna para o tanque. Foram utilizados sensores de proximidade indutivos instalados na parte interna dos cubos das rodas traseiras próximo à cabeça dos parafusos que fazem a fixação da roda para monitorar a patinagem dos rodados motrizes. A velocidade de deslocamento instan-

Experimentos realizados mostram que o uso de misturas (biodiesel e diesel mineral) até o limite de 50% não compromete o desempenho do trator

tânea foi monitorada por uma unidade de radar marca Dickey-John, modelo DjRVS, com erro menor que 3%. A velocidade média de deslocamento foi determinada calculando-se a média aritmética de todos os valores armazenados em cada parcela experimental. Utilizou-se um sistema de aquisição de dados computadorizado marca“Campbell Scientific, modelo CR23X, para monitorar e gravar continuamente, a uma frequência de 10Hz, previamente definido por programação, os sinais gerados pelos transdutores e sensores instalados no conjunto motomecanizado. Como o objetivo do trabalho foi avaliar a demanda energética do trator em função das

misturas de diesel x biodiesel, trabalhou-se na condição de capacidade de tração máxima disponibilizada pelo trator. Para que o trator conseguisse tracionar o escarificador a 30cm de profundidade utilizou-se a marcha 1ª L reduzida.

FORÇA DE TRAÇÃO, VELOCIDADEE PATINAGEM x MISTURAS

A força requerida pelo escarificador na barra de tração apresentou diferenças significativas, variando de 2.344kgf no tratamento B100 a 2.746kgf para o B5 (Figura 1), variações ocorridas devido à condição não uniforme do solo. A rotação do motor foi regulada para trabalhar a 1.900rpm, este valor apresen-

Figura 1 - Força requerida na barra de tração (FBT) em kgf, rotação do motor (ROT) em rpm, Figura 2 - Potência requerida na barra de tração (P_BT) em kW, consumo horário de velocidade de deslocamento (VEL) em km/h e patinagem dos rodados traseiros (PAT) em % combustível (Cons. Hor.) em L h-1 e Consumo específico (Cons. Esp.) em L (kW h)-1

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Fotos Suedêmio Silva

Figura 3 - Temperatura dos gases de escapamento (Temp. Escap.), do ar de admissão (Temp. Adm.) e temperatura do óleo do motor (Temp. Motor) em ºC

Sistema de aquisição de dados computadorizado instalado na cabine do trator para comparar o consumo e o desempenho com diferentes percentuais de mistura

POTÊNCIA, CONSUMO HORÁRIO E CONSUMO ESPECÍFICO x MISTURAS

A demanda de potência na barra de tração variou de 16,5kW para o B10 a

18,1kW para o B5 (Figura 2), variações essas influenciadas pelo requerimento de força e velocidade de deslocamento do conjunto. O menor e o maior consumo horário de combustível foram obtidos para as misturas B10 e B5, respectivamente. O maior consumo horário foi verificado para o B5 que apresentou o maior requerimento de força e a maior patinagem (Figura 1). Para avaliar o desempenho energético do trator em função das misturas utilizadas, a variável consumo específico é mais apropriada, já que o cálculo da mesma leva em consideração os fatores requerimento de força, velocidade de deslocamento e patinagem do rodado motriz, representando, assim, a quantidade de energia, necessária para gerar 1kW de potência na barra de tração. O menor valor de consumo específico foi obtido para o B0, valor esse justificado pelo maior poder calorífico do diesel mineral. Para as demais misturas observa-se um aumento do consumo específico quando comparado com o B0. Para as misturas B5, B10, B50 e B100 o consumo específico apresentou incrementos positivos com o aumento do biodiesel. As misturas B10 e B20 apresentaram o mesmo valor, demonstrando não haver interferência na potência gerada com o incremento de biodiesel. O menor consumo específico para as misturas foi verificado para o B75, demonstrando ser essa a mais econômica dentre as misturas utilizadas. A utilização do biodiesel puro (B100) acarretou o maior consumo específico, com aumento de 6,4% e 5% quando comparado com B0 e B75, respectivamente.

motor, uma vez que este fator pode indicar a possibilidade de contaminação do óleo lubrificante com o biodiesel, provocando a sua diluição tendo suas capacidades dispersantes e detergentes reduzidas. Como se pode verificar na Figura 3, a temperatura do ar de admissão para as misturas ensaiadas variou de 22ºC a 26,6ºC, enquanto a temperatura do óleo do motor permaneceu dentro dos valores padrões de funcionamento, inferior a 90ºC. A temperatura dos gases de escapamento variou de 258ºC a 351ºC, com o maior valor sendo verificado para a mistura B5, a qual também apresentou o maior requerimento de força e consumo horário de .M combustível. Suedêmio de Lima Silva e Joaquim Odilon Pereira, Ufersa/Dcat Charles Echer

tou pequenas alterações, variando 3,3%, de 1.848 para o B10 a 1.909rpm para o B5. Variações essas aceitáveis em função da alteração de carga necessária na barra de tração pelo escarificador. A velocidade de deslocamento teórica do trator em função do escalonamento de marcha utilizado (1ª L reduzida) a 2.200rpm é de 2,7km/h. Na realização da operação a velocidade variou de 2,39km/h para o tratamento B10 a 2,61km/h para o B100. As variações de velocidade ocorridas são justificadas pelos valores observados na patinagem do rodado traseiro, que variou de 23,4 para o B100 a 35,3% para o B5, sendo este maior valor justificado por apresentar também o maior requerimento de força na barra de tração. Os altos valores para a patinagem são justificados pelo limite de carga imposto ao trator, já que o objetivo do trabalho foi avaliar o seu desempenho energético na situação de máxima demanda de potência.

TEMPERATURAS x MISTURAS

Trator instrumentado para comparar as misturas B5, B10, B20, B50 e B100

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Um fator importante quando da utilização de percentuais elevados de biodiesel é avaliar a temperatura de funcionamento do

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A maioria dos tratores já vem de fábrica apta a trabalhar com mistura de biodiesel no tanque




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