Cultivar Máquinas • Edição Nº 149 • Ano XIII - Março 2015 • ISSN - 1676-0158
Nossa capa
Test Drive - T6.130
Conheça a série de tratores T6 da New Holland e veja como foi o desempenho do modelo T6.130 no nosso test drive
Destaques
Máquinas
Conheça os tipos, o funcionamento e as vantagens das diferentes transmissões utilizadas em tratores
Saiba quais são as maiores máquinas do mundo e quais delas já estão trabalhando nas lavouras brasileiras
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• Editor
Gilvan Quevedo
• Redação
Charles Echer Rocheli Wachholz Juliana Luz
• Revisão
Aline Partzsch de Almeida
• Design Gráfico e Diagramação NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
• ASSINATURAS
• REDAÇÃO
• MARKETING
3028.2000 3028.2060
3028.2070 3028.2065
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Índice
Transmissões
Cristiano Ceia
Capa: Charles Echer
Matéria de capa
• Comercial
Sedeli Feijó José Luis Alves Rithiéli de Lima Barcelos
C
Rodando por aí
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Transmissões
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Disco duplo em semeadoras
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Preparo do solo
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Lastragem e consumo
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Nossa capa - Test Drive T6.130
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Máquinas potentes
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Pós-venda de tratores
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Pulverizadores
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Ficha Técnica - Agrale 540.4
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Custo da produção de cana
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Assinatura anual (11 edições*): R$ 189,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 150,00 € 130,00
• Assinaturas
Direção Newton Peter
Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
• Expedição
www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480
• Coordenação Circulação
Simone Lopes
Natália Rodrigues Clarissa Cardoso Aline Borges Furtado Edson Krause
• Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
Cultivar
Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
RODANDO POR AÍ
Novo gerente de Marketing
Inovações
A John Deere patrocinou a 25ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que neste ano aconteceu em Tapes (RS) e teve participação do concessionário Lidermaq, representante da companhia na região. Recentemente, a John Deere lançou a nova Série S de colheitadeiras, com versão arrozeira presente nos modelos S540, S550 e S660. São máquinas que atendem as necessidades do agricultor dessa cultura, pois apresentam grande versatilidade. “Cerca de 15 toneladas por hectare são colhidas com a colheitadeira da Série S versão arrozeira”, explica Fábio Schavinski, especialista em Colheitadeiras da John Deere Brasil.
A MWM International Motores nomeou Rodrigo Kanno como novo gerente de Marketing da companhia. Nesta função, o executivo passa a ser responsável pelas áreas de comunicação, inteligência de mercado, eventos, identidade corporativa e propriedade intelectual das divisões de motores e peças de reposição, reportando-se diretamente ao senhor Thomas Püschel - diretor de Vendas e Marketing. Rodrigo Kanno é publicitário, graduado em Comunicação Social, MBA em Marketing e pós-graduado em Gestão de Negócios. Ingressou na companhia em 2001 após vasta experiência em diversos segmentos e também no mercado publicitário.
Fábio Schavinski
Expansão e reestruturação
O Banco CNH Industrial acaba de concluir sua reestruturação, iniciada ao incorporar a carteira Iveco Capital. Com isso a instituição unificou o financiamento de máquinas e equipamentos de todas as marcas CNH Industrial, incluindo as marcas Case e New Holland, nos setores agrícola e de construção e Iveco. Jucivaldo Feitosa, executivo com 25 anos de experiência no setor financeiro, assumiu a direção comercial, de Marketing e de Seguros do Banco CNHI, que também passa a contar com novos gerentes de segmentos: Marcio Contreras para o setor Agrícola, Carlos De Angelis para Máquinas de Construção e Rubens Aquino para o segmento de Veículos Jucivaldo Feitosa Comerciais.
Lançamento
D180C é o primeiro trator de esteiras com tecnologia de transmissão hidrostática, com potência superior a 200hp, produzido no Brasil. “O D180C reúne qualidades já conhecidas nas linhas D150B e D140B, lançados pela New Holland na América Latina em 2014, acrescentando uma dose ainda maior de robustez e produtividade, explica o vice-presidente da New Holland Construction para América Latina, Nicola D’Arpino. Fabricado na unidade industrial da New Holland em Contagem (MG), o novo modelo pode ser adquirido pelas linhas de crédito do Finame.
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Thomas Püschel e Rodrigo Kanno
Novo eixo
A ZF começou a fornecer no início de 2015 o novo eixo para os tratores da Série MF 4200 da Massey Ferguson: o eixo TSA 09. O novo produto traz uma série de evoluções de desempenho em relação ao eixo AS 3035 (também fabricado pela ZF) e equipará os modelos MF 4265, MF 4275 e MF 4283. “A alta qualidade do eixo TSA 09 é mais uma prova da excelência e tradição da ZF em fornecer os produtos mais robustos e resistentes que existem no mercado nacional para as máquinas agrícolas”, explica Silvio Furtado, diretor da Unidade de Negócios Tecnologia Industrial e Sistemas Fora de Estrada.
Pulverizador
O pulverizador BS3020H, da Valtra, vem equipado com o novo piloto automático Auto Guide 3000, capaz de manter um traçado exato, evitando falhas ou sobreposições na aplicação de defensivos. “Apesar de toda tecnologia embarcada, a plataforma operacional do BS3020H é de fácil entendimento e operação, facilitando o dia a dia do operador, que consegue produzir muito mais por jornada de trabalho”, explica Vitor Kaminski, supervisor de Marketing de Produto AGCO.
Nova concessionária
Para dar continuidade ao ritmo de expansão da sua rede e ter uma atuação forte no oeste do Paraná, a LS Tractor anunciou como seu concessionário na região, a Datta, com forte tradição no mercado automotivo e base em Cascavel (PR). Conforme explica o gerente da loja, Roberto Morgado, a concessão permite atuar no oeste, sudoeste, noroeste do Estado, além do sul do Mato Grosso do Sul. “A opção pela marca LS aconteceu pelo diferencial de produto que ela apresenta em relação aos concorrentes de mercado”, garante Morgado.
Novo contrato
Nicola D’Arpino
Março 2015 • www.revistacultivar.com.br
A MWM International fechou novo acordo com a empresa Agrale, que prevê o fornecimento dos propulsores da nova série 229 e série 12, que atendem as novas normas da legislação de emissões MAR-1, e equiparão as linhas 500, 5000 e 6000 de tratores da montadora. O início do fornecimento desta nova linha de motores MWM International para a Agrale será no ano de 2017, com o volume estimado em três mil propulsores/ano. “Para todos da MWM International, este novo contrato com a Agrale é motivo de grande celebração. Nos orgulhamos de manter uma parceria duradoura, de 31 anos, com um parceiro de extrema importância como a Agrale, destaca o diretor de Vendas e Marketing da MWM International, Thomas Püschel.
TRATORES
Potência transmitida Divulgação
Na hora de comprar um trator, saber quais as operações que serão realizadas por ele é fundamental, pois com base nestas informações é possível escolher um modelo com o tipo de transmissão ideal para realizar as tarefas
A
inda que muitos agricultores, no momento da aquisição, levem em consideração o motor dos tratores agrícolas como referência para comparações, a transmissão de potência é, sem dúvida, o componente que melhor caracteriza a funcionalidade dessas máquinas, variando de um modelo para outro, nas diferentes faixas de potência. O sistema de transmissão é formado por um conjunto de elementos que têm por função assegurar a transferência de torque, proveniente do funcionamento do motor, aos diferentes pontos em que é requerido, como rodas motrizes, tomada de potência (TDP) e sistema hidráulico. O sistema de transmissão é, simultaneamente, um redutor da rotação do motor e um amplificador de torque. A combinação desses dois fatores compõe a potência.
AS CAIXAS DE CÂMBIO
A caixa de câmbio, depois da embreagem, constitui a primeira parte da cadeia cinemática entre o motor e as rodas motrizes. É formada por uma série de engrenagens, sendo responsável pela troca de marchas, isto é, por conseguir diferentes relações de transmissões (diferentes torques e velocidades de deslocamento). Além disso, dispõe de uma posição de ponto morto e, ao menos, uma relação que permita o deslocamento em marcha a ré. Quanto maior o número de marchas, maiores são as possibilidades de selecionar
corretamente a velocidade e o torque para a realização de uma determinada operação agrícola, o que se traduz em um excelente “ponto de funcionamento” do motor (potência e consumo de combustível).
TIPOS DE CAIXAS DE CÂMBIO
Fundamentalmente, em função da forma como se realiza a variação da relação de transmissão, existem dois tipos de caixas de câmbio, as mecânicas e as hidráulicas, sendo que estas últimas podem ser subdivididas em hidrostáticas (alta pressão e baixa velocidade do óleo) e hidrodinâmicas (baixa pressão e alta velocidade do óleo). A transmissão hidrodinâmica tem o princípio de transferência de potência por meio da energia cinética de um fluido hidráulico; no entanto, atualmente, esse tipo de transmissão não equipa nenhum trator agrícola.
TRANSMISSÕES MECÂNICAS
Nessa transmissão, a caixa de câmbios pode ser classificada, em função do engrenamento, em: engrenagem deslizante e sincronizada. A transmissão mecânica conhecida como engrenagens deslizantes é a mais simples e tem um elevado grau de eficiência, porém, os dentes estão submetidos a um maior desgaste e não é possível a sincronização. Assim, sua utilização fica limitada às transmissões mais simples, pois obriga o operador a parar completamente
o trator antes de efetuar a troca de marcha ou selecioná-la antes do início do trabalho. O movimento, entre cada dois eixos sucessivos, nessa transmissão, se realiza por pares de engrenagens, que se deslocam em eixos com ranhuras, para se encaixarem umas às outras. Assim, a velocidade de saída depende do número de pares engrenados e do número de dentes das engrenagens. Na transmissão mecânica sincronizada existem anéis sincronizadores, que giram continuamente com o eixo, os quais se unem às engrenagens, e giram livres até que se produza o acoplamento. Isso facilita a troca de marchas, pois torna possível a aproximação das velocidades de giro das engrenagens que serão acopladas, dando origem ao que se conhece como sincronização. Essa transmissão permite mudar de velocidade sem que se parem as engrenagens, mas a transmissão de potência entre o motor e as rodas se interrompe, devido à necessidade do acionamento da embreagem.
TRANSMISSÕES POWERSHIFT
Conhecidas como câmbio em carga são embreagens formadas por um conjunto de vários discos, que direcionam o movimento da potência, graças aos princípios de pressão hidrostática. Os discos, de ambos os eixos, se unem quando chega óleo sob pressão, promovendo a troca de marchas com transmissão de torque. Esse sistema torna possível a redução da velocidade e, consequentemente, ampliação do torque, sem a necessidade de parar o trator ou acionar o pedal da embreagem, para realizar as trocas de marchas. Isso permite realizar trabalhos nas velocidades preconizadas para cada tipo de operação, proporcionando um aumento da eficiência operacional e economia de combustível. No entanto, há que se ter cuidado para um detalhe. Existem modelos de tratores que, para a troca de algumas marchas, não há necessidade de pisar no pedal da embreagem, mas sim de apertar em um botão. Em geral, não são “câmbios em carga”, mas sim marchas sincronizadas independentes do pedal da embreagem. São úteis para trabalhos leves, porque o acionamento da embreagem é eletro-hidráulico e tão rápido que a velocidade do trator não cai de forma acentuada. Atualmente, no Brasil, está aumentando a
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Fotos Divulgação
Detalhes de uma transmissão powershift, que funciona com vários discos que Componentes básicos de um trator agrícola: motor, sistema de direcionam o movimento da potência graças aos princípios de pressão hidrostática transmissão de potência, sistema hidráulico do engate de três pontos e eixo dianteiro
e vice-versa.
TRANSMISSÕES CONTINUAMENTE VARIÁVEIS (CVT)
Diferentemente do que se pensa, as transmissões CVT já haviam sido estudadas em 1968, quando James H. Kress, um engenheiro da John Deere, publicou um trabalho sobre as bases teóricas das transmissões CVT ramificadas aplicáveis aos tratores. Neste trabalho, descreveu os tipos de transmissões ramificadas e calculou a distribuição da potência e a eficiência em cada uma delas. O aumento incessante do número de marchas dos tratores chegou até o infinito, com a oferta das transmissões CVT. Isso aconteceu em 1995, quando a Fendt, do Grupo AGCO, lançou ao mercado o trator Fendt Favorit 926, primeiro trator standard produzido em série, a partir de 1996, equipado com a transmissão Vario.
As transmissões CVT, nos tratores agrícolas, possuem dois ramos, pelos quais circula a potência gerada pelo motor até as rodas motrizes. Isso implica em dois nós, um na chegada da unidade CVT e outro na saída. Em um dos ramos se introduz um variador (ramo hidrostático) e o outro possui uma relação de transmissão fixa (ramo mecânico). Dos dois nós, um se converte em sistema planetário. A partir do esquema da unidade CVT foram desenvolvidos dois tipos de transmissão CVT. O primeiro trator com transmissão CVT foi o Fendt Vario, que emprega o sistema de planetário divisor, no qual o nó de entrada é o sistema planetário. Depois apareceram as transmissões S-Matic da Case IH, Autopowr da John Deere, TTV da Deutz-Fahre, TVT da New Holland, que são do tipo planetário somador, já que o sistema planetário encontra-se no nó de saída da unidade CVT. Mais recentemente, a Massey Ferguson adaptou a
Claas
oferta de tratores com câmbio do tipo Powershift, em relação aos sincronizados. Com este tipo de câmbio, sem pisar no pedal da embreagem, é possível realizar a troca de todas as marchas (Full Powershift) ou apenas as marchas de cada grupo (Semi-Powershift), isto é, a troca de cada grupo é sincronizada (tem que pisar no pedal da embreagem), sendo que o das marchas se realiza movendo apenas uma alavanca. Em alguns casos são três ou quatro marchas, e em outros apenas duas (Hi e Lo: Alta e Baixa), o que permite, dentro de uma mesma marcha, passar de uma mais lenta a outra mais rápida
Caixa de câmbio mecânica do tipo sincronizada
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Transmissão Powershift Hexashift. 1. Módulo de câmbio em carga com seis níveis (Hexashift); 2. Inversor hidráulico (Revershift); 3. Câmbio de grupos de quatro níveis de acionamento eletro-hidráulico e 4. Marchas lentas (opcionais)
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Fendt
Fonte: Pilar Linares
Figura 1 – Esquema da unidade CVT com ramificação da potência (acima); e as duas disposições do sistema planetário: divisor e somador (abaixo)
Fendt Favorit 926, equipado com a transmissão Vario, do tipo CVT, com ramificação mecânico-hidrostática da potência
Marcelo Silveira de Farias e José Fernando Schlosser, Nema – UFSM Pilar Linares, Universidad Politécnica de Madrid
Deutz-Fahr
Fendt
trator agrícola não é uma tarefa fácil. Essa escolha, como qualquer outra, depende das necessidades de cada usuário, da fiabilidade do produto e, principalmente, do custo da tecnologia empregada. Atualmente, o aparecimento das transmissões CVT nos tratores agrícolas foi provocado pelo aumento incessante do número de marchas do trator; pela versatilidade de operações que este realiza; pela constante busca de melhorias em sua eficiência; comodidade e suavidade de manejo durante a jornada de trabalho. Nenhuma transmissão é melhor ou pior que outra, mas irá depender das circunstâncias em que será utilizada, de forma que as vantagens oferecidas superem seus .M inconvenientes.
Transmissão continuamente variável, que equipa os tratores Deutz-Fahr das séries 5, 6 e 7 TTV Agrotron
Figura 2 – Diagramas das velocidades de deslocamento em função da disposição da caixa de câmbios: em paralelo (esquerda); e em série com a unidade CVT (direita)
Fonte: Pilar Linares
transmissão Vario em alguns de seus tratores, conhecida como Dyna-VT, também do tipo planetário divisor. A presença do variador na unidade CVT é a característica principal dessa transmissão. O variador faz com que existam infinitas relações de transmissão, isto é, infinitas trocas de marchas e, consequentemente, infinitas velocidades de deslocamento. Para isso, ao menos uma das unidades hidráulicas, que podem atuar como motor ou bomba, deve ser de cilindrada variável, por onde se consegue a variação contínua. A fim de se obter a gama de velocidades necessária para o trabalho e deslocamento do trator, depois da unidade CVT dispõe-se de uma caixa de câmbios, que pode funcionar de duas maneiras: em série ou em paralelo com a unidade CVT. Em paralelo, como a da Fendt, em cada um dos dois grupos se consegue a variação contínua entre a velocidade mínima e máxima de deslocamento. A disposição em série não contradiz a continuidade da transmissão, pois seu projeto faz com que a velocidade máxima de cada grupo coincida exatamente com a mínima do grupo seguinte, de forma que a troca entre um grupo e outro ocorra sem escalonamentos. As transmissões CVT fazem com que o motor e a transmissão atuem de forma independente um do outro. Para isso, existe um sistema de gestão conjunta do motor e da transmissão que, em função da versatilidade do trator, dispõe de várias possibilidades de trabalho. Essas possibilidades se conhecem como estratégias de condução. Além disso, essa gestão conjunta, motor e transmissão, permite que o motor trabalhe em um ponto de maior eficiência e menor consumo de combustível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Selecionar entre um tipo e outro de caixas de câmbio no momento da aquisição de um
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SEMEADORAS Massey Ferguson
Corte eficiente
D
Análise das forças atuantes em disco duplo defasado com diferentes ângulos de ataque, para uma semeadora-adubadora, mostra a eficiência deste sistema na abertura de sulcos no plantio direto
esde muito tempo é conhecido o fato de que as reações resultantes da penetração de elementos rompedores em solo compactado diminuem a vida útil de componentes, geram maior esforço na linha de plantio e um custo indesejado de manutenções, muitas vezes em meio à semeadura. Diante destas colocações, nota-se que as forças que atuam em elementos de disco duplo podem ser mais bem avaliadas, já que, de acordo com a literatura, é conhecido o fato que o disco duplo atua na camada superficial do solo, ou seja, a de maior compactação. O objetivo deste artigo é avaliar os esforços em diferentes ângulos de ataque do disco duplo, identificando se esta variação tem ou não relevância significativa para redução da carga na linha de plantio, além de contribuir para a produção científica do país, com informações sólidas que servirão para o avanço tecnológico das empresas do ramo de máquinas agrícolas. De acordo com Portella (2001), deve ser dada uma atenção especial aos elemen-
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tos rompedores de solo das semeadoras, principalmente pelas dificuldades impostas por esta técnica de cultivo. Uma delas é o rompimento do solo na linha da semeadura, que é agravada pelo crescente aumento de restos culturais na superfície. Esses restos culturais giravam em torno de três toneladas por hectare (matéria seca), quando do início do plantio direto no Brasil, na década de 1970, sendo que atualmente ultrapassam dez toneladas por hectare, dependendo do sistema de rotação de culturas adotado. O desenvolvimento de semeadoras para plantio direto, no Brasil, teve como base o aprimoramento de rompedores de solo. Cada modelo de máquina possui suas particularidades construtivas, versões e opções de mecanismos rompedores de solo. Os sistemas mais comumente empregados são: sistema de discos duplos desencontrados na semeadura das culturas de inverno, com espaçamentos reduzidos entre as linhas de semeadura (inferior a 200mm) e sistema múltiplo (disco de corte, faca e disco duplo), na semeadura de culturas de verão com es-
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paçamentos maiores entre as linhas (acima de 300mm). A eficiência no rompimento de solo em uma semeadora para PD está ancorada em três pilares: corte de palha; fluxo de palha; abertura dos sulcos de semeadura e de fertilização. Assim, para o bom desempenho em termos de rompimento de solo, além de considerar-se a geometria dos elementos rompedores, há de considerar-se o arranjo e a disposição desses sob a semeadora.
DISCOS DUPLOS DEFASADOS E/OU DESENCONTRADOS
O disco duplo defasado é composto por dois discos planos de diâmetros diferentes, sendo os centros dos discos coincidentes ou não. Por sua configuração, corta a palha e abre um sulco no solo para a colocação de semente e/ou, fertilizante. De acordo com Mion et al (2008), o disco duplo apresenta vantagens frente a esforços transversais comparado com disco de corte, pois a disposição de um disco de cada lado garante maior estabilidade e apoio.
FORÇAS ATUANTES
Um fator de grande influência no plantio direto são as forças atuantes nos elementos rompedores, que têm um papel importante no desempenho das semeadoras-adubadoras. Na maioria das vezes, as forças que atuam nestes elementos são diretamente associadas à cobertura do solo, velocidade de plantio, tipo de solo e teor de umidade do solo. Estudos realizados por Machado et al (2007) indicam que a força exigida para tracionar uma semeadora para Plantio Direto é inferior àquela que vem sendo recomendada pelos fabricantes de máquinas agrícolas em seus prospectos. Os autores citam que esta divergência se dá pelo aumento de áreas com diversos tipos de solo cultivados sob semeadura direta e para que não ocorram problemas na recomendação de força de tração apresentam valores bem acima do necessário.
EFEITO DA PROFUNDIDADE DE TRABALHO
As operações de semeadura das principais culturas comerciais (trigo, soja, milho e sorgo) estão no limite de profundidade entre 2cm e 7cm. Assim sendo, a resistência que o solo oferece à penetração e ao movimento do elemento rompedor neste limite de profundidade está influenciada principalmente pelo teor de argila, grau de compactação e teor de umidade (Portella, 1983).
EFEITO DA VELOCIDADE DE TRABALHO
A velocidade de trabalho também tem um papel de grande importância na operação de semeadura direta, tanto para uma eficiente deposição da cultura, quanto na distribuição de esforços resultantes no conjunto trator-semeadora. Siqueira et al (2001), avaliando quatro semeadoras-adubadoras na operação de SD
de soja, detectaram um aumento significativo no requerimento da força de tração e potência média e máxima na barra de tração, quando a velocidade de deslocamento variou de 4,7km/h para 8,3km/h. Trintin et al (2005) comprovam em ensaios realizados que o aumento de velocidade provoca o aumento da capacidade operacional do conjunto e, por consequência, acréscimo também no consumo de combustível e na demanda de potência média na barra de tração.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os ensaios conduzidos neste trabalho foram desenvolvidos na área da fazenda experimental Stara, pertencente à Stara Indústria de Máquinas Agrícolas, no município de Não-Me-Toque (RS), em agosto de 2014. Utilizando um carro dinamométrico especialmente desenvolvido para esta pesquisa foram medidas as forças vertical, horizontal e momento, atuantes sobre três suportes de disco duplo com diferentes ângulos de ataque. Variou-se a velocidade de deslocamento em três níveis, bem como a profundidade de trabalho em dois níveis.
CARRO DINAMOMÉTRICO
Para obter os dados das forças atuantes identificadas por este estudo, foi utilizado um carro dinamométrico confeccionado pelo setor de engenharia da Stara. Este carro é constituído de um cabeçalho acoplado no trator e um conjunto de rodado acionado por um par de atuadores hidráulicos que, através do comando do trator, são posicionados na altura exata de trabalho. Na parte inferior do carro
Tabela 1 - Análise de Variância da Força Horizontal TABELA DE ANÁLISE DE VARIÂNCIA FV Ãngulo Velocidade Posição Ângulo *Velocidade Ângulo *Posição Velocidade *Posição Erro Total corrigido
GL 2 2 3 4 6 6 12 35
SQ QM Fc Pr>Fc 681.033889 340.516944 11.894 0.0014 81.623889 40.811944 1.425 0.2783 3482.335556 1160.778519 40.544 0.0000 32.549444 8.137361 0.284 0.8826 299.672778 49.945463 1.744 0.1939 137.042778 22.840463 0.798 0.5896 343.563889 28.630324 5057.822222
CV (%) = 6.74; Média geral: 79.4222222; Número de observações: 36
Tabela 2 - Análise de Variância da Força Vertical TABELA DE ANÁLISE DE VARIÂNCIA FV Ãngulo Velocidade Posição Ângulo *Velocidade Ângulo *Posição Velocidade *Posição Erro Total corrigido
GL 2 2 3 4 6 6 12 35
SQ QM Fc Pr>Fc 125.362222 62.681111 6.397 0.0129 435.290556 217.645278 22.211 0.0001 7700.485278 2566.828426 261.945 0.0000 148.772778 37.193194 3.796 0.0322 175.168889 29.194815 2.979 0.0508 99.213889 16.535648 1.687 0.2073 117.589444 9.799120 8801.883056
CV(%) = 2.23; Média geral: 140.5861111; Número de observações: 36 Charles Echer
Por apresentar este arranjo construtivo e maior área de atrito com o solo, o disco duplo necessita de maior força vertical para cortar a palha e romper o solo.
Fotos Stara
De acordo com pesquisas, o disco duplo apresenta vantagens frente a esforços transversais comparado com o disco de corte, pois a disposição de um disco de cada lado garante maior estabilidade e apoio
REALIZAÇÃO DO TESTE
O sistema de coleta e aquisição de dados utilizado foi o MGC Plus da HBM, alimentado por uma unidade de corrente contínua. Um software faz a leitura e conversão dos sinais coletados tanto para pré como para pós-processamento, o Catman Easy, também da HBM. Ambos foram fixados na mesa do carro dinamométrico. O estudo foi constituído com discos duplos na configuração de discos defasados, que é atualmente o elemento rompedor de solo mais utilizado nas culturas de inverno. Cada suporte tinha um ângulo de ataque diferente (34°, 36° e 38°). A pressão de corte de cada suporte variou entre (210kgf e 294kgf) e foi regulada no sistema de pressão por mola helicoidal da linha de plantio. Em cada variação de pressão de corte duas profundidades (3,5cm e 5cm) e três velocidades (4km/h, 8km/h e 12km/h). A regulagem da profundidade foi ajustada através do conjunto limitador de profundidade acoplado junto ao suporte
Projeto de disco duplo defasado
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de disco duplo. Tanto a profundidade de corte quanto a velocidade empregadas neste estudo foram em decorrência da capacidade operacional do conjunto semeadora-adubadora e trator comercializados atualmente. A realização do teste se deu em uma área de campo com cobertura de solo espontânea de azevém, no comprimento total de 150m, dividido em três parcelas de 50m.
RESULTADOS
Foram coletados dados de forças horizontais, responsáveis pela componente de tração da linha de plantio, e de forças verticais, responsáveis pelo componente de pressão sobre a linha de plantio para obter a profundidade de trabalho. Analisando os dados da Tabela 1 verifica-se que apenas os ângulos testados e a profundidade de trabalho (posição) tiveram diferenças estatísticas significativas. Entre os ângulos, o de menor força requerida foi o de 34 graus e a profundidade de trabalho de 35mm demandou cerca de 30% a menos na força horizontal. Surpreendentemente as velocidades não apresentaram diferenças significativas, ou seja, tracionar a semeadora entre 4km/h e 12km/h não altera a demanda de tração para estes discos duplos testados.
Mas, ao se analisar a Força Vertical observou-se que houve diferenças estatísticas entre todos os componentes, com expressiva significância para a profundidade de trabalho, conforme esperado. Maiores profundidades demandaram maiores forças verticais. A menor velocidade de trabalho também exigiu menos força vertical, comprovando vários trabalhos, que concluem que aumentos de velocidade fazem com que haja menor profundidade de plantio. Assim, para manter a profundidade é necessário aumentar a força sobre o disco duplo (pressão).
CONCLUSÕES
Desta atividade foi possível concluir que o trabalho em ângulos de ataque de discos duplos defasados pode vir a diminuir a demanda de energia nas linhas de plantio, otimizando tanto os componentes (mancais, rolamentos etc) quanto a própria estrutura das semeadoras. Conclui-se da mesma forma que a velocidade de trabalho atua apenas sobre o componente vertical .M da força. Fernando Capellari e José Antonio Portella, UPF Fotos Fernando Capellari
encontra-se a unidade de testes constituída do conjunto linha de plantio onde foram acoplados os suportes de disco duplo com suas respectivas variações de ângulo.
Módulo de aquisição de dados MGC Plus
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Carro dinamométrico e a unidade de teste utilizada no ensaio
MECANIZAÇÃO
Terra viva
Charles Echer
O preparo do solo interfere diretamente na sua atividade microbiana e no desenvolvimento das culturas que serão implantadas, exigindo do produtor cuidados para que o sistema de preparo utilizado impacte o mínimo possível as propriedades físicas do solo
O
sistema de preparo do solo influencia diretamente as suas propriedades físicas e biológicas, além propiciar ambiente para estabelecimento das culturas. Na escolha do tipo de preparo do solo devem-se considerar elementos como o desenvolvimento radicular da cultura e os fatores ambientais. A microbiota do solo pode ser utilizada como indicativo de qualidade do solo através da atividade microbiana e sua biomassa. Segundo Marchiori Junior e Melo (2000), o preparo do solo, assim como o estabelecimento de novas culturas, impõe ao sistema solo/micro-organismos uma nova condição. Analisando a atividade microbiológica, pode-se monitorar se a atividade implementada no solo está sendo impactante ou interfere na qualidade do solo (Alves et al, 2011). Na respiração basal, os micro-organismos decompõem a matéria orgânica que está disponível no solo e liberam dióxido de carbono. Assim, quantificando-se o CO2 liberado pela respiração pode-se determinar a atividade microbiana do solo. Uma taxa de respiração microbiana alta pode indicar alta atividade microbiana quando os microrganismos estão decompondo a matéria orgânica do solo, mas também pode indicar, em longo prazo, um distúrbio como a perda de carbono orgânico do solo para atmosfera (Cunha et al, 2011). A análise da respiração basal do solo deve ser feita conjuntamente com outros tipos de análises, como o quociente metabólico. O quociente metabólico representa a taxa de respiração dos micro-organismos por unidade de biomassa microbiana. Essa razão, quando apresenta valores elevados, indica que os micro-organismos no solo estão degradando carbono das suas próprias células, indicando que o ambiente se encontra em estresse (Islam; Weil, 2000). Um sistema solo/micro-organismos em equilíbrio libera menos CO2 pela respiração e incorpora mais carbono em suas células, consequentemente, o quociente metabólico diminui. Para avaliar como os diferentes sistemas de preparo mecanizado do solo podem interferir na sua atividade microbiológica em função do quociente metabólico do solo foi realizado trabalho numa área experimental da Universidade Federal de Tabela 1 – Médias do qCO2 (mg/kg/dia) em função do tipo de preparo e do tempo de amostragem Sistemas de Preparo PD PC CM
Antes 7,41 a A 2,55a B 2,99 a AB
Tempo Depois 4,24 a A 4,02 ab A 1,95 a A
14 Dias 3,81 a A 7,37 b A 3,82 a A
Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
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Fotos Juliana Pinheiro Dadalto
New Holland
Detalhe da área experimental onde foram conduzidos os estudos sobre efeitos do tráfego na lavoura
Viçosa, Minas Gerais. O solo é classificado com Argissolo Vermelho Amarelo distrófico (Embrapa, 1999). Para a realização do experimento utilizaram-se como tratamentos os seguintes tipos de preparo do solo: plantio direto (PD), Plantio convencional (PC) e cultivo mínimo (CM). O plantio direto foi estabelecido por uma aração e duas gradagens, o cultivo mínimo por uma passada com escarificador e o plantio direto por uma passada com a semeadora-adubadora de plantio direto. Para execução do experimento foi utilizado um trator Valtra Valmet, modelo 800, com tração dianteira auxiliar e 59kW de potência nominal. No plantio direto utilizou-se uma semeadora-adubadora de plantio direto com três linhas de plantio marca Seed-Max modelo 2123. No plantio convencional utilizou-se um arado de discos reversível com três discos de 26’, marca Imaf, modelo UP 328, e uma grade destorroadora-niveladora de 24 discos, em tandem, marca Baldan. No cultivo mínimo utilizou-se o escarificador de molas de cinco hastes, marca Massey Ferguson 226. As análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de Matéria Orgânica, do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa. As coletas foram realizadas em triplicata, nas faixas de profundidade de 0m a 0,10m e de 0,10m a 0,20m, utilizando um trado holandês, em três tempos, antes do preparo do solo, depois do preparo e 14 dias após o preparo do solo.
Foram determinados o carbono, a biomassa microbiana, a respiração basal do solo e o quociente metabólico.
RESULTADOS OBTIDOS NOS TESTES
O plantio direto foi o único sistema que apresentou diferença estatística entre as profundidades, sendo que o maior valor do carbono da biomassa microbiana foi encontrado na profundidade mais superficial (667,98mg/kg) e o menor na faixa de profundidade de 10cm – 20cm (385,98mg/ kg). O plantio direto é um sistema que contribui com a baixa mobilização do solo, o que promove menores perdas de nutrientes, consequentemente, favorece o acúmulo de matéria orgânica no solo, além disso, à medida que se aumentou a profundidade, os valores de carbono da biomassa microbiana diminuíram devido às menores taxas de carbono orgânico biodegradável nessas profundidades. Os demais sistemas de preparo do solo não diferiram estatisticamente entre as profundidades. Na faixa de profundidade de 0cm a 10cm, o preparo convencional apresentou menor média do carbono da biomassa microbiana, nessa profundidade (443,93mg/kg). A respiração basal não apresentou diferença estatística a 5% de probabilidade. Alves et al (2011) estudaram a influência dos diversos sistemas na atividade microbiana e não observaram diferenças estatísticas em relação à respiração basal do solo nos
Trado utilizado para determinação da amostra composta no campo nos sistemas de plantio direto, cultivo mínimo e plantio convencional
tipos de manejo do solo, integração lavoura agropecuária, vegetação nativa e vegetação nativa em recuperação. O aumento dos valores de respiração basal após o preparo do solo está interligado às perturbações que o solo e as populações microbianas sofrem. As maiores médias do quociente metabólico foram encontradas no plantio direto, antes do preparo do solo, sendo o plantio convencional o tipo de preparo que apresentou o menor valor do qCO2 (Tabela 1). Não foram encontradas diferenças estatísticas entre antes e depois do preparo do solo, provavelmente isso se deve ao fato que as coletas das amostras foram realizadas logo após a passada do implemento no solo. Após 14 dias de preparo do solo o sistema de preparo convencional obteve a maior média de qCO2 (7,37mg/kg/dia). Esses resultados representam a respiração específica dos micro-organismos do solo. Quando o quociente metabólico é alto, os micro-organismos estão oxidando carbono de suas células, consequentemente, o sistema solo/micro-organismos está em condição de estresse. A substituição da vegetação acelera a decomposição dos resíduos vegetais e assim o valor do quociente metabólico aumenta. Explicando, assim, o aumento do quociente metabólico 14 dias após o preparo do solo no sistema de plantio convencional.
CONCLUSÕES
Após obter os dados apresentados é possível concluir que a maior interferência microbiológica foi detectada 14 dias após o preparo do solo, no sistema de preparo convencional. Outra constatação importante é que o plantio direto foi o sistema de preparo do solo que menos interferiu na atividade .M microbiana do solo. Juliana Pinheiro Dadalto, Haroldo Carlos Fernandes, Mauri Martins Teixeira e Raquel Santana Milagres, Universidade Federal de Viçosa
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PNEUS
Pneu econômico
Valtra
O consumo horário de um trator pode variar dependendo do tipo de pneu utilizado, radial ou convencional, além da quantidade de lastro utilizado e velocidade de deslocamento do trator
N
os últimos anos, devido ao aumento da demanda por alimentos nas grandes cidades, a agricultura se modernizou com a finalidade de se obter a máxima produtividade. Todavia para se ter um bom resultado com a máquina é necessário que a mesma seja corretamente ajustada de forma a se obter o seu máximo rendimento. O manejo adequado do trator junto com a sua correta manutenção é primordial para as empresas agrícolas que primam pelo projeto de racionalização da mecanização (Mialhe, 1980). Este manejo consiste em empregar sistemas de máquinas de formas técnicas e economicamente organizadas, na execução das operações no meio agrícola (Mialhe, 1974). Entre as configurações do trator que podem ser manejadas de forma a melhorar seu desempenho pode-se citar o tipo construtivo dos pneus, a pressão de inflação do pneu, lastro líquido e o sólido, além da distribuição de peso de acordo com a atividade a ser realizada
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(Monteiro et al., 2008). O arranjamento destes fatores influencia no desempenho operacional da máquina. Os pneus são uma parte importante do trator, quando os pneus são adequados à máquina, em diferentes situações e condições na superfície do solo, resultam em melhor desempenho geral da máquina, com consequente aumento da capacidade operacional, melhor qualidade de serviço, menor custo, menor consumo específico e menor impacto nas condições estruturais do solo (Monteiro, 2008). O rodado constitui o elo entre a interface solo-máquina, é através dele que se exercem as principais funções em um trator como: apoiar e sustentar o peso da máquina em superfície no ato de realizar trabalho; direcionar a máquina; ser capaz de se locomover e de gerar esforço de tração através da transmissão à superfície de apoio da força produzida em decorrência do acionamento do rodado (Reis, 2005). Um experimento realizado através da
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parceria do Laboratório de Investigação de Acidentes com Máquinas Agrícolas – Lima e o Núcleo de Ensaios de Máquinas e Pneus Agroflorestais (Nempa), teve como objetivo avaliar o consumo horário de um trator em função do tipo de pneu, lastro líquido e velocidade de deslocamento. Os trabalhos foram conduzidos em pista de solo agrícola, ao de 400 metros de comprimento e 25 metros de largura totalizando 10.000 m2 de área e declividade de 1% no sentido do comprimento. O solo da área era Nitossolo Vermelho Distroférrico com relevo plano. Todos os ensaios foram realizados com um trator marca John Deere, SLC, modelo 6600, com 88 kW de potência no motor, a 2100 rpm, com a tração dianteira auxiliar ligada. Utilizou-se uma balança de plataforma, marca J-Star Eletronics modelo 6000, com capacidade para 3000 N e precisão de 1%, para determinação do peso individual de cada pneu com o intuito de aferir a massa do trator.
Foram utilizados dois conjuntos de pneus, tanto para os rodados traseiros como para os dianteiros, sendo um conjunto composto por pneus diagonais e o outro por pneus radiais. Os ensaios foram realizados com pressões de inflação dos pneus radiais de 96,5 kPa (14 psi) nos rodados traseiros e 82,7 kPa (12 psi) no dianteiro e dos pneus diagonais de 124,02 kPa (18 psi) nos rodados dianteiros e 137,8 kPa (20 psi) nos rodados traseiros . Para a adição de água nos pneus, o trator foi alçado com auxílio de um macaco e o percentual de água nos pneus foi determinado pela posição do bico de enchimento em relação à horizontal. Para o lastro de 0 % de água considerou-se o pneu apenas com a pressão de inflação para os pneus radiais de 96,5 kPa (14 psi) nos rodados traseiros e 82,7 kPa (12 psi) no dianteiro e dos pneus diagonais de 124,02 kPa (18 psi) nos rodados dianteiros e 137,8 kPa (20 psi) nos rodados traseiros, sem adição de água. Para adição de 37,5% de água, o bico foi posicionado formando um ângulo de 45o em relação ao solo na parte inferior. Já para adição de 75 % de água no pneu o bico foi posicionado na parte superior. As marchas B1, B2 e C1 equivalem respectivamente as velocidades de 4, 5 e 7 km/h. O delineamento experimental utilizado foi em faixas com sistema fatorial 2x3x3 referentes a dois tipos de pneu (radial e diagonal) três marchas (B1, B2 e C1) e três lastros líquidos (0%, 37,5% e 75% de água) com três repetições. O consumo de combustível foi determinado com o uso de dois fluxômetros da marca e modelo OVAL M-III LSF41L0-M2, com vazão de 1 ml/pulso, instalados no circuito do combustível, entre o tanque e o motor, sendo instalado antes da bomba injetora e o outro no retorno do combustível do tanque. Foi feito analisa de variância sendo utilizado o teste F a 5% para avaliar a diferença entre as médias e o teste de Tukey a 5% para comparar as médias. Na Figura 1 encontra-se os valores referentes ao desdobramento da interação do tipo
Charles Echer
O lastro, seja líquido ou sólido, é fundamental para a aderência adequada do trator ao solo
de pneu e do lastro líquido para o consumo horário. Avaliando os dados, verifica-se que o tipo de lastro não interferiu no consumo horário dos pneus entre si, ou seja, no pneu tipo radial independente do lastro líquido utilizado o consumo horário do trator vai ser estatisticamente igual, o mesmo se aplica para o rodado diagonal. Todavia comparando os tipos de pneus entre eles é possível verificar que o pneu diagonal estatisticamente teve um maior consumo quando comparado ao pneu radial para a situação de lastro líquido a 37,5% de água, isto pode ter ocorrido porque nessa quantidade de água, 37,5%, o pneu radial deve ter tido uma melhor superfície de contato com o solo, mais do que para os outros lastros, que o pneu diagonal, consequentemente um menor consumo. Pneus radiais como um todo proporcionam
Figura 1 - Valores médios do consumo horário de combustível (L h-1), em função do tipo construtivo do pneu, para a interação pneu x lastro
um melhor desempenho do que os diagonais, além de produzirem menores pressões no solo, para uma mesma carga aplicada, o que reduz sensivelmente a sua compactação. O maior problema enfrentado pelos pneus radiais é o seu alto preço e, também, o investimento necessário para que as indústrias de pneus iniciem sua produção (Monteiro e Lanças, 2014). Na Figura 2 encontra-se o consumo horário de combustível das três marchas (velocidades) avaliadas no trator. Entre as três marchas do trator a B1, equivalente a velocidade de 4 km/h, foi que teve o menor consumo horário estatisticamente, já a marcha B2 e C1 não diferiram estatisticamente entre si, velocidades de 5 e 7 km/h respectivamente, ou seja, pode-se operara nas velocidades de 5km/h ou 7 km/h e o consumo horário será o mesmo, já a velocidade de 4 km/h proporcionará uma economia de combustível, consequentemente um melhor consumo horário em relação as outras velocidades. Gabriel Filho et al.(2012) afirmam que a velocidade de deslocamento afeta diretamente o desempenho do conjunto, já que ela está interligada ao consumo de combustível. Oliveira et al. (2000) também constatou o aumento do consumo horário de combustível com o aumento da velocidade do conjunto tratorizados. Silveira et al. (2013) relatam que o com o aumento de velocidade há o aumento da rotação no eixo do motor com isso há uma tendência do aumento do consumo horário de combustível. A velocidade de 4 km/h proporcionou um menor consumo horário de combustível em relação as demais. O pneu radial com lastro de 37,5% teve um menor consumo de combustível que o pneu diagonal na .M mesma situação. Leonardo de Almeida Monteiro, Deivielison Ximenes S. Macedo, Carlos Alessandro Chioderoli e Daniel Albiero, UFC
Figura 2 - Valores médios do consumo horário de combustível (L h-1) do trator para as três velocidades de deslocamento (Marcha)
*Médias seguidas de letras minúsculas distintas no lastro para o mesmo pneu e maiúsculas nos pneus para o mesmo lasto diferem entre si pelo teste de Tukey para um nível de 5% de probabilidade
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CAPA
T6.130
Integrante da recém-lançada Série T6, da New Holland, o trator T6.130 que testamos chamou a atenção pela ergonomia, transmissão confiável e facilidade nas operações dos principais comandos
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s testes que fazemos para a Revista Cultivar Máquinas nos oportunizam estar a par de todos os lançamentos e novidades dos grandes fabricantes nacionais. Desta vez fomos conhecer no campo a linha T6 da New Holland, em uma fazenda do municí-
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pio de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Esta linha chegou para atender melhor aqueles clientes, da faixa de potência de 110cv a 130cv, que estão interessados em tecnologia embarcada. Para o lançamento dos três modelos da Série T6 no Brasil houve um alinhamento de engenharia
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global, principalmente no que se refere ao design do produto. Estes modelos entrarão no mercado latino-americano com as opções de transmissão de potência que serão ofertadas. Estes tratores são realmente estreantes no mercado, pois foram apresentados no Agrishow de 2014, mesmo período em que entraram em produção. O lançamento comercial ocorreu nesta safra de 2014/15, dispondo-se para a venda ao agricultor no último mês de outubro. Em 2015 o trator foi apresentado aos produtores do Sul do Brasil em feiras como Show Rural e Expodireto, ganhando destaque no estande da New Holland.
Fotos Charles Echer
Todos os modelos da série enquadram-se como tratores multiuso, apresentando a versatilidade necessária ao atendimento de requerimento a todas as operações de culturas, da pequenas e médias propriedades rurais. É um trator que pode ser ofertado sob medida, com diferentes opções de transmissão, pneus, sistema hidráulico (válvula planter), alternativas de agricultura de precisão e eixo passante, para rodado duplo. O T6 é o trator que tem maior número de opções de ofertas em toda a linha. Todos os modelos da série serão fabri-
cados em Curitiba e já possuem o código Finame desde junho de 2014, objetivando atingir os mercados de pequena e média propriedade de produção de grãos dos estados das regiões Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), Sudeste (Minas Gerais e São Paulo) e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul). É bem verdade que dentre as regiões destes estados há algumas que se dispõem a pagar mais por tecnologia, como são especialmente as dos Campos Gerais, no Paraná, e centro ocidental Rio-Grandense, no Rio Grande do Sul. Antes do lançamento, o fabricante desenvolveu inúmeros testes com cinco protótipos, para adaptação do projeto externo às condições
do nosso terreno, culturas e clima. Os principais itens que receberam a atenção da equipe de engenharia da fábrica foram o sistema de arrefecimento de calor do motor e o isolamento da cabine. Foram mais de cinco mil horas de teste, principalmente desenvolvidos na região de Gaúcha do Norte (MT), dos Campos Gerais (PR) e em Erechim, no noroeste gaúcho. Como é comum na marca New Holland são feitas
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O T6.130 vem com motor New Holland, modelo NEF, de 134cv de potência nominal
clínicas com clientes, que operam o trator e emitem suas opiniões e também com representantes da comissão de serviços da Abraforte, representando os concessionários da marca.
MOTOR
O trator New Holland T6.130 testado pela nossa equipe vem equipado com motor New Holland, modelo NEF, turbo intercooler de 134cv de potência nominal, fabricado no Brasil. Este motor possui quatro cilindros em linha, deslocamento volumétrico de 4.500cm³ (4,5 litros), 583Nm de torque máximo e 37% de reserva de torque, segundo a informação do fabricante. O turbocompressor é da marca Garret, com válvula wastegate. O sistema de injeção é alimentado por uma bomba injetora rotativa Delphi, que, segundo a informação que tivemos, proporcionou menor consumo em relação ao modelo de bomba Bosch, utilizado nas versões anteriores. O motor e os componentes que mais requerem manutenção, como filtros de óleo e ar, apresentam fácil acesso, pois o capô dispõe de dois estágios de abertura, com ângulos de 45º e 90º. O tanque de combustível tem o bocal numa altura ergonômica de fácil acesso, possibilitando abastecimento desde o solo.
O sistema de controle remoto dos tratores na versão standard vem equipado com duas válvulas remotas com possibilidade de uma terceira válvula de centro fechado, dotado de fluxo contínuo, denominada como válvula Planter
A série T6 apresenta três modelos de tratores, todos montados sobre a mesma base estrutural, variando entre eles apenas a potência, o torque máximo e a reserva de torque. Além do modelo que testamos, o modelo T6.110 de 112cv tem torque máximo de 528Nm e 41% de reserva de torque. O modelo T6.120 de 123cv tem torque máximo de 550Nm e 38% de reserva de torque. O radiador da água do motor conta com uma grade móvel na parte frontal, facilitando a limpeza do mesmo e evitando a entrada e o acúmulo de partículas nos espaços livres do radiador, o que dificultaria a troca de calor entre a água e o ar. À frente do radiador de água estão o radiador do óleo do sistema hidráulico, o condensador do ar-condicionado e o radiador do intercooler. Todos posicionados de forma a aproveitar o deslocamento de ar proporcionado pela ventoinha e grades do capô. Na lateral do motor se nota uma preocupação com segurança e atendimento de normas, com um bom sistema de proteção das correias e polias. A posição da bateria difere entre a versão plataformada e a cabinada.
Sob o capô também estão o filtro de ar e o reservatório da água dos radiadores
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No primeiro caso fica na frente do radiador, encaixada no berço. Na versão cabinada a bateria está posicionada na lateral direita da cabine, sobre um trilho deslizante. Acima desta posição há uma caixa de ferramentas.
TRANSMISSÃO
Os tratores da linha T6 vêm equipados com transmissão Power Shuttle 16 x 8 Dual Power tipo mecânica sincronizada, com auxílio hidrostático (Hi-Lo). O trator possui 16 marchas à frente e oito à ré, com reversor mecânico-hidráulico sincronizado. Como opção, se oferece a versão 8 x 8. Um dos pontos fortes do trator é justamente o excelente escalonamento das marchas, pois entre 4km/h e 12km/h existe uma gama de sete marchas, que permitem ao operador adequar a velocidade de trabalho à sua necessidade, conseguindo assim uma considerável economia de combustível, além de tornar o trator muito versátil, pois ele consegue se adaptar às mais diversas condições de trabalho. A presença do sistema Dual Power Hi-Lo é um dos grandes diferenciais da linha
O radiador da água do motor tem grade móvel na parte frontal e à sua frente estão o radiador do óleo do sistema hidráulico, o condensador do ar-condicionado e o radiador do intercooler
Fotos Charles Echer
T6, pois este sistema permite que o operador troque de velocidade sem a necessidade de pisar no pedal da embreagem, pois para cada marcha de operação existem duas velocidades de trabalho acionadas pelo sistema. Ao utilizar o botão de redução de velocidade, que fica localizado na alavanca de marchas, ocorre a troca de velocidade sem que haja interrupção na transmissão de potência para as rodas, gerando um aumento de 22% de torque e redução de 28% na velocidade. Na versão cabinada da série T6, o bloqueio do diferencial é realizado por meio de um sistema eletro-hidráulico, enquanto que nas versões plataformadas da série o bloqueio do diferencial é feito de forma mecânica. O eixo dianteiro é da marca CNH classe II, com sistema de bloqueio automático, com acionamento da tração dianteira auxiliar por meio de interruptor elétrico-hidráulico. O trator vem equipado com três embreagens multidisco banhadas em óleo, sendo que duas são utilizadas para o sistema Dual Power Hi-Lo, já citado anteriormente, e a outra embreagem é utilizada exclusivamente para as marchas a ré. Vale ressaltar que a embreagem possui maior área de contato no acoplamento, fato que diminui as perdas por patinamento dos discos, é autoajustável e o óleo passa por arrefecimento constante, gerando maior durabilidade na vida útil dos componentes.
SISTEMA HIDRÁULICO
Os tratores T6 vêm equipados com sistema hidráulico de três pontos categoria II, acionado por dois cilindros auxiliares e com capacidade de levante máximo de 3.950kg. O sistema de controle remoto dos tratores na versão standard vem equipado com duas válvulas remotas com capacidade de vazão de até 80 litros por minuto, tendo como opcional uma terceira válvula de centro fechado, dotado de fluxo contínuo, denominada como válvula Planter. Essa válvula pode gerar uma vazão constante de até 100 litros por minuto. O sistema hidráulico Planter foi projetado para ser utilizado em equipamentos com grande demanda de fluxo de óleo, pois foi desenvolvido em um conjunto de três bombas rotativas, com acionamento elétrico, que passam por um divisor de fluxo. Essa divisão de fluxo tem como prioridade manter um volume constante de óleo para todo o sistema hidráulico, sem afetar nenhum dos comandos que necessitam de fluxo hidráulico no mesmo momento, como a direção e os implementos conectados ao sistema de controle remoto do trator. No momento crítico de utilização do sistema hidráulico, onde
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A cabine possui sistema de amortecimento composto por quatro coxins
direção, fluxo de óleo para a semeadora, marcadores de linha e o sistema hidráulico de levantamento estejam sendo usados ao mesmo tempo, há distribuição por prioridade, com o uso de válvulas acionadas mecanicamente. Outra característica que se deve ressaltar é que todos os controles remotos possuem controle de vazão. Com isso o volume de óleo ofertado ao equipamento acoplado ao sistema hidráulico permanece constante durante as operações, evitando falhas, como, por exemplo, grandes oscilações de fluxo de óleo na alimentação de turbinas de semeadoras pneumáticas, fato que pode gerar falhas na disposição das sementes, comprometendo assim a produtividade da lavoura.
O T6.130 pode ser lastrado na dianteira com dez pesos de 45kg cada e oito pesos de 65kg na traseira
TDP E FREIOS
A tomada de potência (TDP) do New Holland T6 é independente, assim, não necessita do uso de embreagem para seu acionamento ou desligamento. Ela é acionada mecanicamente através de uma alavanca localizada ao lado do assento do operador. O sistema dispõe de uma árvore intercambiável que apresenta uma extremidade de seis estrias e outra com 21 estrias, utilizadas para rotações de 540rpm e 1.000rpm, respectivamente. Os freios de serviço dos tratores da linha T6 da New Holland compõem-se de pacotes de quatro discos de material cerametálico, banhados a óleo, que atuam sobre a árvore da redução final. Este dispositivo não necessita regulagem, pois é autorregu-
A escada de acesso à cabine é composta por três degraus antiderrapantes
lável, ajustando-se conforme o desgaste vai ocorrendo.
DIMENSÕES, RODADOS E CAPACIDADES
Os tratores da série T6 podem vir equipados com dois tipos de eixo traseiro, um do tipo flange, para tratores com rodados simples, e o eixo passante, para rodados duplos, adaptando-se às necessidades do agricultor. A largura total é de 1.666mm para rodados simples e 2.489mm em tratores com eixo passante, dotado de rodado duplo. Seu comprimento total é de 4.395mm e altura máxima de 2.775mm na versão cabinada. O peso do trator é de 5.070kg, sem lastro. Na montagem com eixo flange pode chegar a 6.120kg e 6.040kg quando montado com eixo passante. O reservatório de
Na versão cabinada a bateria fica instalada sob a cabine no lado direito e está montada sobre um trilho deslizante facilitando a sua retirada e eventuais manutenções
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Fotos Charles Echer
Painel frontal cheio de detalhes com presença de um display digital multifuncional
A cabine é a mesma utilizada no pulverizador autopropelido SP da New Holland, possui um sistema de amortecimento composto por coxins e tem os comandos e alavancas distribuídos de forma ergonômica para facilitar a operação
combustível possui uma capacidade de 220 litros na versão cabinada e 150 litros na versão plataformada. A versão plataformada está disponível para todos os modelos. O modelo T6.130 pode ser adquirido com lastragem metálica, suportando no eixo dianteiro até dez lastros de 45kg cada e oito lastros traseiros de 65kg cada. O volume de lastros deve ser adequado conforme as necessidades específicas de cada produtor para as mais diversas situações. Existe ainda a possibilidade de serem complementados com lastragem líquida nos pneus. Estes modelos da série T6 serão oferecidos com versão plataformada e cabinada, que é opcional. A cabine é a mesma utilizada no pulverizador autopropelido SP da New Holland e possui um excelente sistema de amortecimento, por meio de quatro coxins. O tubo de escape é alinhado com a coluna direita, para melhorar a visibilidade, dotado de um revestimento de proteção contra queimaduras. A entrada e saída ao posto do operador é feita por meio de uma escada de três degraus que acessa a porta do lado esquerdo da cabine. A saída de emergência, prevista em norma, é feita pela janela traseira. Um item bem criativo e útil é o orifício aberto na
parte de trás da cabine, para a passagem de cabos e mangueiras utilizadas em máquinas e implementos que estejam ligados ao trator. No posto de operação, a partir de um banco bem confortável se pode ajustar a posição da coluna de direção, com regulagem de posição angular. O painel de instrumentos está ligado à coluna, movendo-o junto. Há um tacômetro, um termômetro e um medidor de volume do tanque, todos analógicos, e um pequeno painel digital. No lado esquerdo da coluna está posicionada a alavanca reversora. No console lateral direito estão posicionadas as duas alavancas de troca de grupo e marchas. Na alavanca de marchas, posicionada em plano superior, pode-se selecionar as quatro marchas e as duas posições do sistema Dual Power. A alavanca de regime, em posição inferior, posiciona os grupos de alta e baixa. Para conforto do operador, do teto da cabine, pode-se baixar uma tela de proteção ao sol. Nota-se que não há saídas do ar-condicionado no teto e sim por meio de oito saídas nas laterais do painel frontal, que utilizam direcionadores para que o ar chegue ao operador. Ainda como complemento de conforto estes modelos têm um banco de acompanhante, item que é muito importante para
Console lateral com os principais comandos do posto do operador
Detalhe da alavanca de troca de marcha e das que comandam as válvulas de controle remoto
POSTO DO OPERADOR
a segurança.
TECNOLOGIA
Quanto aos itens de tecnologia presentes nestes modelos, encontramos destaque na possibilidade de que o cliente possa adquirir o trator em três versões de agricultura de precisão. A básica, que somente é oferecida nesta série, não possui nenhum item. O segundo nível de oferta, que chamamos predisposta, vem de fábrica com o chicote (cabo) para ligação futura e as válvulas do sistema hidráulico para conexão do piloto automático. O terceiro nível é aquele que o sistema vem completo, composto do monitor Intelliview, a antena e o conversor NAV.
TESTE
Para o teste contávamos com um trator novo, onde estava acoplado um escarificador de sete hastes, marca JAN, modelo Escarificador Matic, com desarme automático, com disco de corte à frente e rolo atrás, que regulamos para trabalhar em duas profundidades, 30cm e 45cm. Para a primeira profundidade condicionamos o trator para trabalhar em velocidade mais alta, o que conseguimos em 4ª marcha do grupo reduzido e que pudemos mudar instantaneamente o sistema Hi-Lo, para ve-
O trator testado pela nossa equipe, T6.130, é o mais potente dos três modelos que compõem a série T6
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A coluna de direção tem ajuste angular e nela também está preso o painel que indica as principais informações do trator
rificar a sua rapidez e facilidade. Notamos que, nesta condição, o tempo de reação foi muito bom, sem notar qualquer dificuldade do trator em realizar o trabalho. Em um segundo teste optamos por aumentar a profundidade, chegando a pouco mais de 40cm, situação em que tivemos que optar pela 3ª marcha do grupo reduzido, sempre a uma rotação de 2.200rpm no
O capô frontal bascula até 90º, sendo que é possível também abrir apenas 45º para manutenções mais frontais
motor. Verificamos um pequeno aumento no patinamento do trator em face de que não havia lastro hidráulico nos pneus, o que dificultava a aderência, pela enorme quantidade de palha de milho que estava na superfície. Mesmo nesta condição desfavorável pudemos notar que o sistema de troca de marchas realizada com os botões Hi-Lo foi muito eficiente, proporcionando engate
LOCAL E CONCESSIONÁRIO
P
ara realização deste test drive contamos com o apoio da equipe da Agrofel, concessionária New Holland de Passo Fundo e região, empresa esta que tem sua matriz em Porto Alegre, sendo concessionária autorizada New Holland desde 1994. A New Holland tem sua fábrica no Brasil localizada em Curitiba, Paraná. Além de Passo Fundo e a matriz na capital, a Agrofel conta com outras nove filiais no Rio Grande do Sul e uma filial em Chapadão do Sul, Mato Grosso do Sul, deste modo atua
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em uma área de 170 municípios. A maioria destes municípios localiza-se no planalto médio gaúcho, região que se destaca pela força do agronegócio e pela alta produtividade de soja e milho. O teste foi realizado com auxílio do especialista em marketing tático e consultor de vendas da Agrofel, na fazenda Baseggio, que se destaca pela produção de milho, localizada a aproximadamente 40 quilômetros a nordeste da cidade de Passo Fundo, na localidade de Vila Lângaro.
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rápido, sem a necessidade de pressionar a embreagem e consequentemente parar o trator em condição de carga. Durante o teste verificamos mais um ponto positivo, que é a identificação das três VCRs por diferentes cores. No momento de acoplar e controlar os implementos se nota este detalhe. Durante todo o teste fomos assessorados pelo engenheiro Cristiano Conti, especia-
Fotos Charles Echer
O T6.130 é dotado de bom sistema de iluminação noturno, com quatro faróis traseiros e seis dianteiros, além dos faróis de sinalização e emergência
lista em marketing tático da New Holland, que demonstrou conhecimento das particularidades da máquina e nos apoiou para o conhecimento do produto. Enfim, depois de algumas horas, alternando operadores da equipe de avaliação, saímos muito satisfeitos com o desempenho da máquina e sua excelente ergonomia. .M José Fernando Schlosser, Iury Yago Port Rüdell e Luis Fernando Oliveira, Nema - UFSM
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TRATORES
Máquinas gigantes
Uma constatação nos principais mercados de máquinas agrícolas do mundo é tendência por equipamentos cada vez mais potentes e maiores, situação que também ocorre no Brasil que, em alguns casos, já possui os maiores modelos disponíveis pelas marcas
N
os últimos anos tem-se notado uma crescente disponibilização de máquinas agrícolas, destinadas na sua maioria às grandes culturas, com dimensões e potências cada vez maiores. Tal fato se deve, principalmente, à necessidade de se trabalhar áreas cada vez maiores em um tempo cada vez menor e devido à redução da disponibilidade de mão de obra. Os principais fabricantes de máquinas agrícolas vêm oferecendo equipamentos cada vez mais potentes, sobretudo os tratores. Em 2011 tratores com potência acima de 147kW (200cv) representavam aproximadamente 9% no mercado nacional. Atualmente, 22% dos modelos enquadram-se nesta classificação. Desse modo, em apenas cinco anos houve um incremento de 60% no número deste tipo de máquina. Como são máquinas destinadas normal-
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mente a trabalhos que envolvem o preparo primário e secundário do solo, semeadura, entre outros, outras informações além da potência também são importantes para o entendimento do seu funcionamento, buscando o melhor desempenho. Objetivou-se, com isso, destacar duas informações quantitativas relevantes, além da potência motora, neste tipo de tarefa, tais como a massa e a distância entre eixos. Com relação à primeira, esta pode ser alterada a fim de se buscar diferentes combinações (adição de até 30% da sua massa inicial), adequando-se tanto às tarefas que necessitam de grande força de tração, quanto para outras onde a necessidade é menor. Já a segunda é uma característica inerente ao projeto e naturalmente inalterável, que é uma das variáveis responsáveis pela estabilidade da máquina. Além disso, como característica qualitativa, é possível observar o tipo de propulsão e de
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direcionamento empregado. O primeiro tem a função de assegurar o equilíbrio e vão livre, desenvolver o esforço tratório e possibilitar a autopropulsão e o direcionamento, sendo basicamente de dois tipos: pneumático e esteira. O segundo, direcionamento, pode ser realizado de inúmeras formas, através de um eixo direcional, dois eixos direcionais, sistema de articulação do chassi e por frenagem. O eixo direcional é empregado basicamente em tratores 4 x 2 com ou sem tração dianteira auxiliar (convencional de rodas diferentes). Já quando são dois os eixos direcionais, utilizados em alguns tratores 4 x 4, o direcionamento é realizado tanto nas rodas dianteiras quanto traseiras ou conjuntamente (convencional de rodas iguais) ou em outros modelos 4 x 4, onde o sistema de direcionamento se dá através da articulação horizontal do chassi (articulado de rodas iguais). Já para tratores de esteira, ocorre
Fendt
Ferguson oferece o MF 8690, com 272kW (370cv), distância entre eixos de 3,10m, massa de 10.300kg, sendo o trator mais potente com sistema convencional de rodas com diâmetros diferentes (4 x 2 TDA). Na Europa o segmento de tratores agrícolas de potências elevadas também representa uma fatia importante do mercado, como pode ser observado na Tabela 2, com a disponibilização de um número maior de modelos do que no mercado brasileiro. Tomando como base a mesma fração anteriormente analisada (acima
de 440kw), evidenciam-se quatro máquinas e com potência superior a 294kW (400cv) outros cinco modelos. Com potências equivalentes, o Case IH Steiger 620 e o New Holland T9.700 dividem o título de mais potentes, com 501kW (682cv), seguidos por John Deere 9620R (492kW - 670cv) e Challenger MT875E (470kW - 640cv). Com significativos 389kW (530cv), o ClassXerion 5000 destaca-se, além da elevada potência, pelo sistema de propulsão e direcionamento através do sistema convencional de rodas dianteiras e traseiras de diâmetros
Charles Echer
através da aceleração de uma esteira e da redução da outra (frenagem). Dentro desta gama de possibilidades de análise da máquina é possível observar criteriosamente os modelos disponibilizados pelos fabricantes brasileiros. Dessa forma, destacando as vendas no ano de 2013, observa-se que mais de 90% das vendas de tratores pertencem a três grupos, o Grupo AGCO (Massey Ferguson e Valtra), CNH (Case IH e New Holland) e John Deere, que possuem em seu portfólio os maiores tratores agrícolas do mercado nacional. Com isso, cabe destacar as máquinas mais potentes de cada fabricante. No segmento acima de 440kW (600cv), o mercado brasileiro possui três modelos, como pode ser observado na Tabela 1. O trator agrícola mais potente é o New Holland T9.670, que através de um motor com cilindrada de 12,9 l, disponibiliza 492kW (669cv), possuindo uma distância entre eixos de 3,91m e uma massa de 22.453kg. Este é seguido pelo John Deere 9560 R, com 453kW (616cv), e o Case IH Steiger 550, com 451kW (614cv). Todos apresentam sistema de articulação do chassi e rodas de diâmetros iguais. A Valtra disponibiliza o Challenger MT775E, com sistema de propulsão e direcionamento através de uma esteira de borracha, que transmite os 321kW (437cv) originados no motor AGCO Power de 7 cilindros e 9,8L. Enquanto que a Massey
Alguns dos maiores modelos disponíveis pelas marcas em países europeus e nos Estados Unidos também estão sendo comercializados no Brasil, como é o caso do trator T9 da New Holland
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Case IH
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New Holland
alto, destacam-se as colhedoras de beterraba Grimme Revor 930 e Ropa Euro-Tiger, com motores de 460kW (625cv) e 440kW (598cv), respectivamente, e a de batata Dewulf Kwatro com motor de 368kW (500cv). A utilização de máquinas mais potentes e, como consequência, em muitos casos, mais pesadas, é uma tendência crescente no cenário da agricultura atual. Contudo, sua entrada maciça, sem qualquer adequação anterior e conhecimento aprofundado dos gestores e operadores, pode acarretar um uso menos eficiente, sustentável e rápida e contínua degradação dos solos, como principal efeito o acréscimo da compactação. Além disso, a elevada potência, associada à eficiente capacidade de tração ou processamento, também pode representar economia de recurso durante a operação e manutenção. Dessa forma, a utilização de técnicas que possibilitam o emprego destas máquinas, adequando-as às operações, a observação da umidade do solo, a adoção de estratégias conservacionistas, como o sistema plantio direto, e o tráfego controlado, podem auxiliar o agricultor nesse difícil problema a ser enfrentado. Fendt
iguais, mas também pela cabine poder ser posicionada de três diferentes formas. Além dos tratores, outras máquinas agrícolas de igual importância e que estão cada vez mais potentes e maiores são as colhedoras autopropelidas. Ademais, a máquina agrícola mais potente do mundo é uma colhedora de forragem. No Brasil, as maiores estão destinadas à colheita de grãos, forragem, fibra (algodão) e colmos (cana-de-açúcar), enquanto que na Europa, além destas, destacam-se as de tubérculos (batata) e raízes (beterraba). Na Tabela 3 destacam-se as colhedoras comercializadas no Brasil. A mais potente é a FR600 da New Holland, com potência máxima de 441kW (600cv), responsável pela colheita de forragem, seguida pelas colhedoras de grãos, CR9090 da mesma marca, e a Case IH 9230, ambas com 420kW (571cv). No patamar acima dos 294kW (400cv) enquadram-se ainda a John Deere 7760 com 395kW (537cv), a Valtra BC 8800 com 375kW (510cv), a John Deere 7380 com 356kW (485cv), a John Deere S680 com 295kW (402cv) e a Case IH Module Express 635 com 294kW (400cv). Lembrando que apenas destacamos uma máquina de cada fabricante para cada cultura, de modo que a sequência acima descrita pode não representar a série de máquinas mais potentes. Na Tabela 4 estão apresentadas as colhedoras mais potentes do mundo. A colhedora de forragem da empresa Krone, modelo Big X1100 é a máquina agrícola mais potente do mundo, com uma potência de 793kW (1.078cv) obtido em seu motor Man v12. Na sequência estão mais duas colhedoras de forragem, a Class Jaguar 980 com um motor de 650kW (884cv) e a New Holland FR850 com um motor de 606kW (824cv). No grupo das colhedoras de grãos destaca-se a New Holland CR1090, com 480kW (653cv). E em um patamar também
Tabela 1 - Características dos maiores tratores comercializados no Brasil Marca/Modelo Case IH Steiger 550 JD 9560 R MF 8690 Dyna-VT NH T9.670 Valtra Challenger MT775E
Potência (kW) 451,60 (614 cv) 453,07 (616 cv) 272,13 (370 cv) 492,05 (669 cv) 321,41 (437 cv)
Distância entre eixos (m) 3,50 3,10 3,91 Não se aplica
Massa (kg) 29.937 27.216 10.300 22.453 17.690
Propulsão e direcionamento Articulado de rodas iguais Articulado de rodas iguais Convencional de rodas diferentes Articulado de rodas iguais Esteira
Tabela 2 - Características dos maiores tratores comercializados na Europa Marca/Modelo Case IH Steiger 620 Challenger MT875E ClaasXerion 5000 Deutz-Fahr 11440 TTV Fendt 1050 Vario JD 9620 R MF 8737 NH T9.700 Valtra S374
Potência (kW) 501,61 (682 cv) 470,72 (640 cv) 389,81 (530 cv) 323,62 (440 cv) 367,75 (500 cv) 492,78 (670 cv) 294,20 (400 cv) 501,61 (682 cv) 294,20 (400 cv)
Distância entre eixos (m) 3,91 Não se aplica 3,60 3,25 3,35 3,91 3,10 3,91 3,10
Massa (kg) 21.800 19.300 13.400 13.500 14.000 19.000 10.800 20.000 10.300
Propulsão e direcionamento Articulado de rodas iguais ou esteiras Esteira Convencional de rodas iguais Convencional de rodas diferentes Convencional de rodas diferentes Articulado de rodas iguais Convencional de rodas diferentes Articulado de rodas iguais ou esteiras Convencional de rodas diferentes
Tabela 3 - Características das maiores colhedoras comercializadas no Brasil
AGCO
Marca/Modelo MF 9895 Case IH 9230 JD S680 Valtra BC 8800 NH CR9090 NH FR600 JD 7380 Case IH Module Express 635 JD 7760 Montana Cotton Blue 2826 Case IH A8800 JD 3522 Santal S5010
Potência (kW) 375,10 (510 cv) 419,23 (570 cv) 295,67 (402 cv) 375,10 (510 cv) 419,97 (571 cv) 441,30 (600 cv) 356,72 (485 cv) 294,20 (400 cv) 394,96 (537 cv) 205,94 (280 cv) 263,31 (358 cv) 279,49 (380 cv) 257,42 (350 cv)
Massa (kg) 19.540 16.488 21.037 19.540 39.558 12.760 25.038 30.700 13.000 20.600 19.300 20.000
Cultura Grãos Grãos Grãos Grãos Grãos Forragem Forragem Algodão Algodão Algodão Cana-de-açúcar Cana-de-açúcar Cana-de-açúcar
Tabela 3 - Características das maiores colhedoras comercializadas no Brasil
Tiago Rodrigo Francetto, Airton dos Santos Alonço, Rafael Sobroza Becker e Mateus Potrich Bellé, Laserg/UFSM
Marca/Modelo Krone Big X1100 Claas Jaguar 980 NH FR850 ClassLexion 780 JD S690 NH CR1090 DewulfKwatro RopaEuro-Tiger V8-4 XL GrimmeRexor 930
Potência (kW) 792,87 (1078 cv) 650,18 (884 cv) 606,05 (824 cv) 439,83 (598 cv) 459,69 (625 cv) 480,28 (653 cv) 367,75 (500 cv) 439,83 (598 cv) 459,69 (625 cv)
Massa (kg) 14.800 13.260 19.050 30.400 32.800
Cultura Forragem Forragem Forragem Grãos Grãos Grãos Batata Beterraba Beterraba
John Deere Claas
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TRATORES
Atendimento aprimorado Fotos Valter Henke
Com a chegada de máquinas cada vez mais modernas e complexas, o serviço de pós-vendas exige mais conhecimento dos concessionários para atender os clientes de forma satisfatória
o máximo desempenho, disponibilidade e o mínimo custo de operação, até que o ciclo reinicie. Entretanto, cumprir bem todos seus papéis em venda e pós-venda não é tarefa fácil e se torna cada vez mais desafiador, na medida em que o nível da tecnologia embarcada nas máquinas cresce, a concorrência fica mais acirrada, os fabricantes impõem padrões mais elevados para suas redes de concessionários e os clientes se tornam mais exigentes. Proporcionar ao cliente experiências superiores e ainda assegurar a prosperidade do seu negócio requer que o concessionário faça certo a coisa certa, sucessivamente, em todos os aspectos do mesmo. Isso se aplica, dentre outras atividades, a contratar, desenvolver e reter as pessoas certas, possuir e executar os processos requeridos, possuir e utilizar adequadamente as ferramentas necessárias, sejam elas sistemas ou literalmente as ferramentas de trabalho dos técnicos. Os departamentos de serviço dos concessionários requerem diversidade considerável de ferramentas. De sistemas de diagnóstico, proprietários de cada fabricante, até as ferramentas especiais para dar produtividade e garantir a segurança dos técnicos em processos de desmontagem e montagem, possuir ferramentas certas dá aos técnicos a possibilidade de realizar diagnósticos mais precisos. Desta maneira a reparação ocorre de forma definitiva, reduzindo o tempo de máquina parada e também o custo final para o cliente. Uma ferramenta já disponível e consolidada em mercados mais maduros, como os Estados Unidos ou a Europa, passa também a ser utilizada pelos melhores concessionários de máquinas agrícolas no Brasil, que através dela inovam ao utilizar algo então desconhecido para aprimorar sua atuação nos processos de venda e após a venda. Tratam-se dos dinamômetros portáteis, equipamentos que, ao serem conectados à TDP – Tomada de Potência - do trator ou diretamente ao volante dos motores, permitem aplicar carga ao mesmo simulando o trabalho no campo e ao mesmo tempo medir potência, torque e rotação, fornecendo estes parâmetros para diversas finalidades.
COMO USAR UM DINAMÔMETRO
E
Um concessionário de máquinas agrícolas pode utilizar dinamômetros portáteis para gerar valor para seu negócio e de seus clientes de várias maneiras.
xistem inovações que fazem toda a diferença e melhoram nossas vidas a ponto de não conseguirmos mais viver sem elas. Nas atividades de um concessionário de máquinas agrícolas acontece o mesmo e o leitor conhecerá uma inovação que vai ajudar seu concessionário a se tornar
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ainda mais eficiente e proporcionar serviços e experiências ainda melhores a seus clientes. O concessionário exerce atividades muito importantes na mecanização agrícola. Quando ele executa bem seu papel, o cliente compra a máquina adequada para suas necessidades e a utiliza de forma segura, com
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PRÉ-ENTREGA
Na pré-entrega de novos tratores, o teste em dinamômetro por períodos de 30 minutos a uma hora permite acelerar o amaciamento do motor, melhorando seu desempenho e revelando problemas que causariam a parada da máquina nas primeiras horas de
Concessionário realizando pré-amaciamento de trator antes da entrega técnica nos Estados Unidos (esquerda) e concessionária New Holland, também nos Estados Unidos, onde praticamente toda a rede concessionária das principais marcas possui dinamômetros
operação. Desta forma, o concessionário pode corrigir o problema antes da entrega, evitando retrabalhos e assegurando que seus clientes tenham ótimas experiências com o novo trator. Além disso, este teste revela os níveis reais de potência e torque do motor, que poderão ser utilizados para comparação em futuras inspeções.
DIAGNÓSTICO
No diagnóstico de problemas de desempenho de tratores, o teste em dinamômetro permite conhecer os reais valores de potência e torque disponível, servindo como referência confiável para orientar o diagnóstico com base em dados, não em percepções, melhorando a eficiência ao reduzir retrabalho, custo total da reparação e o tempo de parada da máquina.
REVISÕES
Em revisões periódicas de tratores, os testes em dinamômetro são fundamentais para certificar que a máquina continua com os níveis de torque e potência originais, assegurando os níveis de desempenho esperados e eventualmente revelando problemas antes que se tornem mais sérios, permitindo a reparação com menor custo e evitando a parada indesejada da mesma.
da de tratores, sejam eles novos ou usados. Como o teste em dinamômetro revela os níveis reais de potência e torque do motor, o concessionário pode testar seu trator de demonstração e os concorrentes que tiver disponível, para juntamente com o cliente comprovar qual produto possui melhores características. Este processo pode ajudar o cliente a adquirir o melhor produto, com a certeza de que o desempenho anunciado está realmente disponível. Quando juntamente aos testes em dinamômetro são realizados ensaios para medição do consumo de combustível, os resultados podem ser decisivos na definição de qual trator comprar. Os gráficos combinados de torque, potência e consumo de combustível permitem também realizar análises para otimizar o uso do trator nas mais diversas aplicações, fornecendo informações valiosas para que o cliente final tenha o máximo de produtividade com o mínimo consumo. Nos Estados Unidos, cerca de 90% dos concessionários de máquinas agrícolas possuem dinamômetros portáteis e o seu uso é disseminado há décadas. Os clientes naquele mercado valorizam a utilização do
equipamento pelo concessionário, pois sabem que ele agrega eficiência e isso os beneficia diretamente. Os agricultores pagam por serviços como o pré-amaciamento de tratores ou as inspeções entre safras, pois percebem o valor que o serviço oferece. O mesmo, porém em menor escala, ocorre em países como o México, que devido à proximidade com os Estados Unidos adotou o uso da ferramenta há pelo menos 30 anos. No Brasil o fato de não haver opções de dinamômetros portáteis disponíveis até recentemente tornava quase que impossível ao concessionário adquirir a ferramenta. Agora, surgem opções no mercado e os concessionários mais inovadores já estão fazendo suas aquisições. A popularização da ferramenta, no entanto, vai depender da adesão dos clientes destes concessionários à ideia. A julgar pela receptividade dos agricultores a inovações que vêm para tornar a mecanização agrícola mais eficiente, a história de sucesso no uso de dinamômetros em outros mercados .M vai se repetir também no país. Valter Henke, Diretor da Innova Solutions
APÓS REPAROS
Após reparos de motores, testes em dinamômetro revelam se foram restauradas as capacidades originais e agregam confiabilidade ao processo de reparação, já que podem revelar antecipadamente problemas que somente se tornariam perceptíveis após a retomada da operação da máquina, evitando assim todas as consequências negativas. Além do uso no pós-venda, os dinamômetros também podem ser aliados do concessionário e de seus clientes potenciais durante o processo de demonstração e ven-
O dinamômetro numa concessionária pode ser utilizado para diversos fins, como: na pré-entrega de tratores novos, para diagnósticos de problemas de desempenho de tratores, em revisões periódicas de tratores e após realizar reparos nos mesmos
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New Holland
PULVERIZADORES
Falta de cuidado
Pesquisas apontam falhas que afetam as aplicações de defensivos e conclui que muitas delas poderiam ser evitadas com ações simples adotadas pelos operadores
O
controle das pragas, doenças e plantas daninhas é muito importante para a garantia da quantidade e qualidade de alimentos, fibras e produção de matéria-prima para a geração de energia na agricultura. Se esse controle não for bem feito estima-se que mais da metade dos produtos finais esperados talvez não seja obtida. Dessa forma, é preciso que nas propriedades agrícolas sejam adotados métodos corretos de controle da qualidade das aplicações de defensivos. Para tanto, produtores e técnicos precisam compreender exatamente o que mais afeta a qualidade dessas operações. Dentre esses fatores, podemos destacar a mão de obra. Na maioria das vezes, maior atenção é dada às condições operacionais, em detrimento ao grau de instrução e preparação dos trabalhadores responsáveis pela pulverização. Por isso, pouco valor terá uma máquina sofisticada se ela não for operada por profissional habilitado para seguir as especificações técnicas. Sendo assim, os procedimentos operacionais e de regulagem e calibração, que são os pilares de uma boa aplicação, muitas vezes são ignorados ou desconhecidos. Vale lembrar que por lei, o trabalhador rural aplicador de defensivo deve realizar treinamento adequado para desempenhar tal tarefa.
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A manutenção, regulagem e calibração das máquinas agrícolas devem ter atenção especial nas rotinas de pulverização. Muitos pesquisadores enfatizam a importância da manutenção adequada das máquinas agrícolas para que executem suas funções operacionais de forma mais eficiente, interferindo diretamente no lucro da empresa. Atualmente, existem várias iniciativas pelo Brasil afora no sentido de incentivar o produtor a realizar procedimentos de inspeção periódica em seus pulverizadores. Em alguns países da Europa essa prática é obrigatória e isso contribuir substancialmente para um melhor controle das pulverizações. Um trabalho de campo foi desenvolvido com o objetivo de investigar quais fatores possuem maior efeito na aplicação de defensivo e, com isso, contribuir para adoção de medidas mais pontuais na qualidade das aplicações de defensivos. Dessa forma, foi realizada a análise de parâmetros determinantes da qualidade das pulverizações, a fim de contribuir com outros estudos ou propor ações mais direcionadas, para que os problemas mais corriqueiros possam ser corrigidos. Para tanto, foram avaliados 60 pulverizadores na região do Alto Paranaíba, Minhas Gerais, sendo 30 hidráulicos e 30 hidropneumáticos, entre os meses de maio e outubro de 2012,
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destacando-se os parâmetros como mão de obra, calibração e condições do equipamento. A análise de cada parâmetro foi feita por meio da avaliação de itens que pudessem representá-los. Para mão de obra avaliaram-se os seguintes quesitos: segurança na aplicação, conhecimentos necessários para a prática de pulverização, condições meteorológicas para a aplicação, equipamentos para avaliação climática e cuidados com a máquina. Para o procedimento de calibração foram avaliados: rotação do motor, velocidade do pulverizador, pontas, regulagem e monitoramento das condições climáticas. Já para avaliação das condições do equipamento foram analisados vazamentos, mangueiras, filtro da bomba, filtros de linha, filtros das pontas, filtro do reabastecimento, proteção das partes móveis, agitador de calda, lavador de embalagens, reservatório de água limpa, manômetro, válvulas antigotejo, espaçamento entre pontas, estado das pontas, alinhamento das barras, acelerador manual, horímetro, marcador de nível do tanque, marcador de linhas e níveis de ruído. Atribuímos pontuação a cada item que variou entre zero e 15, onde zero representou item ausente ou inadequado e 5, 10 ou 15 representou item presente ou adequado. Os dados foram analisados por meio de métodos
Fotos Guilherme Gontijo
multivariados de análise, ou seja, por modelos estatísticos que pudessem apontar qual dos três parâmetros analisados fosse o mais determinante na qualidade das pulverizações. Com isso, foram gerados números chamados de “Wilk’s Lambda”, onde o menor valor representa o parâmetro que mais influenciou na qualidade final da pulverização (Tabela 1). Observando a Tabela 1 é possível perceber que os parâmetros estudados apresentaram valores diferentes de importância na qualidade das pulverizações, e que a calibração, por apresentar o menor valor de Wilk’s Lambda, foi o mais determinante nesta análise. A mão de obra, por também ter apresentado um baixo valor nesta analise estatística, pode ser considerada outro fator preocupante na qualidade dos tratamentos fitossanitários. Para as características exploradas dentro do parâmetro calibração do equipamento, também foi feita uma análise estatística, sendo que os fatores que apresentaram menores valores de Wilk’s Lambda foram os mais determinantes para a qualidade da aplicação de defensivos (Tabela 2). Isto quer dizer que estes fatores foram os mais problemáticos na maioria das inspeções, por não existir na propriedade ou por estar em condições ruins de funcionamento. Observa-se que as condições climáticas são as que menos são levadas em consideração na aplicação de defensivos químicos, seguidas pela taxa de aplicação real, que é o volume que o pulverizador realmente está aplicando, e também a rotação nominal do motor, que corresponde à rotação da tomada de potência. Estes fatores, por apresentarem menores valores de Wilk’s Lambda, são os que mais afetaram na qualidade da pulverização. Constatamos que a maioria dos pulverizadores apresentou variação na vazão das pontas. Apenas 17% dos pulverizadores hidropneumáticos analisados apresentavam a vazão das pontas adequadas, ou seja, a vazão delas variava menos de 10% em relação à vazão original. Já sobre os pulverizadores hidráulicos, 23% deles apresentaram a vazão das pontas variando menos que 10%. Este valor é baixo, pois a maior parte dos pulverizadores apresentou problemas nas pontas, que levam à desuniformidade
Tabela 1 - Análise discriminante para a pontuação total da qualidade da pulverização com o respectivo peso para cada fator avaliado Fatores avaliados Mão de obra Equipamento Calibração
Wilk’s Lambda 0,374 0,781 0,270
Quanto menor o valor de Wilk’s Lambda, maior o grau de discriminação do fator avaliado.
Práticas simples como limpeza dos filtros ajudam a prevenir problemas na pulverização
Fatores avaliados Wilk’s Lambda¹ O motor trabalha na rotação nominal 0,59 A rotação na tomada de potência é adequada 0,65 Pontas são escolhidas em função do alvo e clima 0,60 A vazão das pontas é aferida antes das aplicações 0,82 A vazão das pontas tem desvio menor que 10% 0,81 A propriedade possui mais de um jogo de pontas 0,57 A pressão é adequada para as pontas 0,90 A taxa de aplicação real condiz com a recomendada 0,51 Monitora-se a temperatura 0,32 Condições Monitora-se a velocidade do vento 0,32 climáticas Monitora-se a umidade relativa do ar 0,32 Quanto menor o valor de Wilk’s Lambda, maior o grau de discriminação do fator avaliado.
principalmente nos pulverizadores hidráulicos. A análise discriminante e o cenário encontrado nos leva a concluir que a maior quantidade de problemas encontrados é relativa à mão de obra envolvida na aplicação. Muitos problemas observados poderiam ter sido facilmente resolvidos se houvesse melhor seleção, treinamento e qualificação dos operadores. Sugere-se, portanto, que treinamentos e atualizações sejam feitos com maior frequência para que os operadores estejam motivados e atentos quanto aos procedimentos adequados de regulagem e calibração, como também quanto aos cuidados com o pulverizador antes, durante e depois das .M pulverizações. Guilherme Andrade Gontijo, Diego Sichocki e Renato Adriane Alves Ruas, UFV/CRP
Case IH
de distribuição volumétrica e erro na taxa de aplicação. As pontas dos pulverizadores avaliados, na maioria dos casos, operavam em pressão condizente com as especificações técnicas. Apenas 13% dos pulverizadores hidráulicos estavam operando com pressão acima do recomendado. Eles possuíam pontas do tipo leque, que, geralmente, operam com pressões de trabalho entre 2bar e 4bar, e suportam variação menor na pressão de trabalho. Nos pulverizadores hidropneumáticos todas as pontas apresentavam jato do tipo cônico, que, geralmente, podem operar em escala de pressões maiores, sendo, provavelmente, esse o motivo de se encontrar menor ocorrência de pulverizadores com pressões acima do recomendado. Outro problema encontrado é que metade dos pulverizadores avaliados não aplicava o volume de pulverização recomendado. Os pulverizadores hidráulicos, em média, aplicavam 4% a menos do volume recomendado, enquanto os pulverizadores hidropneumáticos aplicaram 7,6% a menos. Constatamos também que o monitoramento das condições climáticas é realizado em poucas propriedades. Outras pesquisas constataram que em 15% das propriedades avaliadas não havia o monitoramento das condições climáticas, devido à falta de equipamentos específicos para esse fim. Se comparados aos dados encontrados neste trabalho, observa-se que pouca atenção é dada no monitoramento das condições climáticas na região do Alto Paranaíba (MG) durante as pulverizações,
Tabela 2 - Análise discriminante para a avaliação da qualidade da calibração de pulverizadores nas aplicações de defensivos
Exemplo de um filtro saturado por impurezas que se encontram na calda de pulverização
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FICHA TÉCNICA
Agrale 540.4 O mais novo trator da Agrale, lançado no último trimestre de 2014, foi desenvolvido para operar em espaços reduzidos que necessitam de agilidade e versatilidade sem abrir mão de força e robustez
L
ançado na Expointer de 2014, o trator 540.4 vem para complementar a Linha 500 de tratores da Agrale. Em função das dimensões reduzidas do equipamento, o modelo é indicado para utilização em pequenas propriedades e também para operação em lavouras de café e fruticultura. Um dos destaques deste modelo é o eixo dianteiro reforçado, que permite o acoplamento de implementos frontais, como pá e plaina, que, em conjunto com o inversor de marchas, configura o 540.4 em uma excelente opção para operação na avicultura.
MOTOR
O trator 540.4 vem equipado com motor
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Agrale
Lintec de quatro cilindros, aspirado, refrigerado a água, com potência de 40cv e injeção direta. Esses motores são conhecidos no mercado de motores estacionários por serem muito fortes, silenciosos, resistentes e duráveis. As bombas injetoras são em linha, lubrificadas pelo óleo lubrificante presente em seu cárter. Sendo assim, são mais duráveis, resistem melhor a impurezas presentes no combustível e têm menor custo de reparo. Contam também com o conforto do desligamento pela chave. Utiliza filtros de ar a seco, com elementos primário e secundário, que ficam posicionados à frente do radiador, em local de fácil acesso.
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Fotos Agrale
O Agrale 540.4 vem com motor Lintec de quatro cilindros, aspirado, refrigerado a água, com potência de 40cv e injeção direta
TRANSMISSÃO
As transmissões possuem engrenamento constante, com sincronização tipo Collar Shift, inversor de série e alavancas laterais, com oito marchas para frente e oito para trás. O inversor é sincronizado e tem alavanca à esquerda do operador, o que possibilita maior rendimento operacional, pois torna as manobras mais rápidas. O eixo traseiro possui bloqueio do diferencial acionado por pedal com retorno automático. As reduções finais são epicíclicas e ficam localizadas próximas ao diferencial com lubrificação única para todo o sistema. A tração dianteira auxiliar (TDA) é de série, utilizando eixo dianteiro Carraro com diferencial central autoblocante e cilindro atuador da direção incorporado ao eixo. São eixos muito robustos para esse segmento de trator, pois utilizam juntas universais e redutores nos cubos de rodas, sendo aptos para aplicações com implementos
As lanternas traseiras em LED reduzem os custos de manutenção, pois têm maior durabilidade e resistência
frontais como pá carregadeira. Esta série possui embreagem dupla a seco, com discos orgânicos e acionamentos mecânicos. A embreagem da TDP utiliza uma alavanca no painel, à esquerda do volante, com acionamento leve e fácil acesso.
TOMADA DE FORÇA
Os tratores são equipados com TDP de acionamento independente e operam à velocidade de 540rpm, atingida com o motor a 2.077rpm. É ativada acionando-se em sequência as alavancas da embreagem e do engate da TDP, localizadas ambas à esquerda do operador.
SISTEMA LEVANTE HIDRÁULICO
Possui levante hidráulico de categoria I, com 1.100kg de capacidade nas rótulas. As alavancas de controle do levante permitem operar nos modos Posição, Esforço, Mista e Flutuação, o que proporciona maior produtividade ao
trabalhar com implementos sob o solo, como subsoladores e arados. Para isso, estão também disponíveis três posições de engate para o terceiro ponto, que variam a sensibilidade do sistema conforme a necessidade da operação ou do tipo de implemento acoplado ao trator.
SISTEMA HIDRÁULICO
O sistema hidráulico utiliza uma bomba de engrenagens acoplada diretamente ao motor, que trabalha a uma pressão máxima de 180kgf/cm² e disponibiliza uma vazão máxima de 41L/min. A bomba está equipada com uma válvula prioritária que garante o fornecimento de óleo para a direção e disponibiliza 32L/min para as válvulas do levante hidráulico e controle remoto. O trator pode ser equipado com controle remoto como opcional, podendo ser com comando simples de duas vias ou duplo de quatro vias.
FREIOS
Os freios são do tipo multidisco em ba-
Por causa das dimensões reduzidas, o Agrale 540.4 é indicado para utilização em pequenas propriedades e também para operação em lavouras de café e fruticultura
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O sistema de levante hidráulico é categoria I, com 1.100kg de capacidade nas rótulas
O posto do operador é do tipo semiplataformado e alavancas mais utilizadas foram distribuídas para equilibrar a carga de trabalho dos braços do operador
nho de óleo, com os discos localizados entre o diferencial e as reduções traseiras, o que proporciona uma grande capacidade de frenagem. Seu acionamento é mecânico por pedais independentes que podem ser interligados por trava. Os mecanismos do freio estão em local de fácil acesso, permitindo que as regulagens periódicas sejam feitas muito facilmente. O freio de estacionamento utiliza uma trava ativada por um botão no painel do trator que, ao ser acionada, bloqueia o retorno dos pedais de freio, mantendo os mesmos acionados.
SISTEMA ELÉTRICO
O 540.4 possui sistema elétrico em 12V, contando com bateria de 55Ah e alternador de 55A. Estão presentes todos os equipamentos de sinalização padrões em tratores agrícolas. Os chicotes são de padrão automotivo, com conectores selados, que aumentam proteção contra a entrada de pó e água, reduzindo a incidência de corrosão e de problemas de mau contato entre componentes. O painel de instrumentos é do tipo integrado em peça única, utilizado nos demais tratores da Linha 500. A disposição dos instrumentos e das luzes de funcionamento e advertência no painel facilita o controle das funções do trator. O relógio e o horímetro são digitais e auxiliam no controle das horas trabalhadas do trator e da jornada de trabalho do operador. As lanternas traseiras em LED reduzem os custos de manutenção, pois têm maior durabilidade e resistência. Seu acionamento é mais rápido, tem melhor visibilidade e maior segurança em operações noturnas, pois utiliza vários pontos luminosos para cada função. Possuem também farol de trabalho traseiro como opcional.
O volante de direção é escamoteável e, em conjunto com as regulagens do banco, permite que o operador ajuste o posto do operador conforme seu tipo físico
e facilidade no embarque e desembarque. Os comandos estão bem distribuídos para que o operador trabalhe com mais conforto. As alavancas mais utilizadas foram distribuídas para equilibrar a carga de trabalho dos braços do operador, sendo que as do acelerador manual e câmbio estão localizadas à direita e as do grupo e inversor de marchas estão à esquerda. As alavancas da embreagem e acionamento da TDP, engate do eixo dianteiro e freio de estacionamento ficam à esquerda e as alavancas dos controles hidráulicos à direita. O assento é anatômico e confortável, possuindo ajustes de posição (altura, distância) e de rigidez conforme peso do operador. O volante de direção é escamoteável e, em conjunto com as regulagens do banco, permite que o operador ajuste o posto conforme seu tipo físico. O trator pode ser equipado para operação em locais de altura restrita, como parreirais tipo latada e aviários, com assento baixo e coluna de direção mais curta.
INOVAÇÃO E DESIGN
Seguindo o estilo já apresentado nos demais tratores da Linha 500, o capô também é basculante, permitindo o acesso facilitado para as verificações, limpezas e manutenções diárias do trator. Motor, filtro de ar, bateria, filtros de combustível, radiador, relés e fusíveis são acessados com facilidade, sem o uso de ferramentas. O tanque de combustível está localizado à direita, sob o assoalho da plataforma do operador, e tem capacidade para 44 litros.
RODADOS
O trator utiliza os rodados 12,4 – 24 R1 na dianteira e 16,9 – 30 R1 na traseira como equipamento de série. Estão disponíveis outras quatro opções de rodados opcionais, permitindo que o trator trabalhe em operações variadas. Com estes rodados são alterados o vão livre, a altura, a largura e a bitola do trator conforme as necessidades da cultura em que ele vai ser utilizado. .M
PLATAFORMA DO OPERADOR
Oposto do operador é do tipo semiplataformado, com um pequeno degrau na região central, mas com amplo espaço para o operador
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COLHEDORAS
Tempo é dinheiro Case IH
Fatores como tempo e recursos empenhados na colheita de cana são de grande importância para o custo da maquinaria e o rendimento econômico da usina
A
cultura da cana-de-açúcar no Brasil, que é destinada as usinas de açúcar e álcool, apresenta uma grande área cultivada, colocando o País como o maior produtor mundial dessa matéria-prima. No mundo, a cana é a principal cultura geradora de combustível limpo, com o álcool hidratado e na cogeração, com a produção de energia elétrica. Devido ao crescimento na demanda do mercado mundial e nacional para obtenção do açúcar e álcool combustível, respectivamente, causou um impulso na economia do setor sucroalcooleiro, de modo que para as usinas produzirem seus subprodutos e conseguir atender os mercados consumidores, aumentaram a área plantada da matéria-prima. Diante disso cresceu também a área e produção a ser colhida, justo em um momento de mudanças no sistema de colheita. Pois, para colher a cana no
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campo e transportá-la para a usina, até recentemente, o sistema de colheita utilizado era o semimecanizado, com a queima prévia da matéria-prima. Nessa condição, o corte é manual e o carregamento da cana inteira nos veículos de transporte é realizado por meio de máquinas denominadas carregadoras. Em decorrência do crescimento da área e produção de cana é mais viável economicamente colher a matéria-prima de forma plenamente mecanizada, comprovado por estudos técnicos e científicos. Embora não esteja limitado apenas à viabilidade econômica, o sistema de colheita tem mudado nos últimos tempos, passando do sistema semimecanizado para o mecanizado, onde são empregadas colhedoras autopropelidas que cortam, fracionam, limpam e carregam a cana em veículos de transbordo ou diretamente nos veículos de transporte. Pela mudança que está ocorrendo no sistema de
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colheita de cana, as usinas terão que adotar de vez o sistema de colheita mecanizada, devido a questões trabalhistas e ambientais inerentes ao protocolo agroambiental, estando nele determinado, que os canaviais só poderiam ser queimados em áreas planas até 2014 e em áreas declivosas até 2017, de acordo com Severo & Cardoso (2009) e Centro Nacional de Referência em Biomassa (2008). Para as usinas o processo de produção é muito importante, no entanto, é necessário que elas mantenham um fluxo constante e com qualidade da cana colhida de forma mecanizada, a fim de atender a demanda na produção de seus subprodutos, embora devam considerar os custos envolvidos com a operação de colheita mecanizada. As operações do sistema de colheita mecanizada estão inseridas no processo de colheita, sendo que elas ocorrem de maneira sistêmica, com
a influência de vários fatores de desempenho operacional e econômico. Dentre os fatores existentes, a eficiência de campo é um fator gerencial agrícola, inerente ao desempenho operacional das máquinas, que envolve os tempos de serviço pertinentes à operação de colheita mecanizada, como os tempos produtivos, acessórios, auxiliares, de inaptidão, perdidos e trabalhados, de acordo com Gonçalves et al (1993). Os “tempos produtivos” são referentes aos equipamentos trabalhando, como a colhedora processando a matéria-prima e o conjunto trator/transbordo realizando o carregamento interno no talhão. Os “tempos acessórios” ocorrem pelo preparo das máquinas no campo para colher e carregar a cana e outros. Os “tempos auxiliares” são formados pelos tempos de manobra de cabeceira, abastecimento de combustível das máquinas, descarregamento da matéria-prima colhida pelo transbordo em caminhões, regulagens e acertos finais. Os “tempos de inaptidão” praticamente não ocorrem, pois se trata da falta de habilidade ou mesmo de capacidade adquirida. Os “tempos perdidos” são constituídos pelo tempo de quebra das máquinas, por paradas inesperadas como embuchamento da colhedora, tempo aguardando o transbordo e outros. Os “tempos trabalhados” são resultantes do acumulado total dos tempos produtivos e acessórios. Portanto, devido à relação que é de maneira sistêmica entre os fatores de desempenho operacional e econômico, a eficiência de campo apresenta uma considerada influência no desempenho econômico do sistema de colheita mecanizada de cana, pois ela apresenta um forte impacto, seja de forma negativa ou positiva para com os fatores custo de produção, renda bruta e líquida da colheita da usina. Para a elaboração deste trabalho foi adotada a metodologia da modelagem computacional, optando-se por utilizar o modelo computacional denominado ColheCana, desenvolvido e validado em planilha eletrônica, do Excel e em linguagem de programação pelo Visual Basic. A modelagem computacional é adotada para a gestão de equipamentos agrícolas, porque tem se mostrado muito viável, pois é uma ferramenta que simplifica o desenvolvimento de uma ideia proposta, a fim de representar estruturas e desenvolver cenários (situações), sem que seja necessário realizar a proposta do trabalho nas condições de campo. Entretanto, um modelo computacional destinado ao planejamento e gerenciamento de máquinas e implementos agrícolas sempre será desenvolvido a fim de fornecer uma solução eficiente. O ColheCana considera as caracte-
Valtra
Figura 1 - Utilização de modelo computacional para o gerenciamento da maquinaria agrícola
rísticas básicas de produção do sistema de colheita mecanizado de cana. O modelo tem seu funcionamento básico por meio das características inerentes à cultura da cana, técnicas/operacionais dos equipamentos e econômica das Figura 2 - Custo de produção do sistema de colheita mecanizado de cana com colhedora máquinas. Para os de uma e duas linhas em função da eficiência de campo equipamentos, foram consideradas colhedoras de cana do tipo automotriz, sendo elas de uma e duas linhas, ambas com potência nominal de 342cv e valor de aquisição estimado em R$ 900 mil e R$ 1,3 milhão. O transbordo, formado por duas carretas com capacidade de 13t, com valor de compra de R$ 50.000,00 cada, tracionadas por um trator 4x2 TDA
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John Deere
Estudos comprovaram que em decorrência do crescimento da área e produção de cana é mais viável economicamente colher a matéria-prima de forma plenamente mecanizada
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respectivamente. Ao elevar a EFC do sistema de colheita mecanizado de 20% para 80% com colhedora de uma e duas linhas, representa um ganho na renda líquida da colheita na ordem de R$ 42.249.655,81 e R$ 37.040.737,09, respectivamente. Os ensaios de colheita mecanizada de cana são trabalhos executados a fim de alcançar resultados equivalentes à colheita nas condições de campo de uma usina. O ensaio é diferente de teste, pois ocorre com regulamentos determinados, que foram estabelecidos por normas de entidades pertencentes ao segmento da mecanização agrícola. O ensaio realizado por Nery (2000) utilizando colhedora de uma linha, na velocidade de operação de 5km/h, com espaçamento entre linhas de cultivo do tipo simples de 1,4m, nas EFC de 45%, 55%, 65% e 75%, resultou nos custos de produção Case IH
de 220cv de potência nominal no motor, com valor de aquisição de R$ 220.000,00. Para o ColheCana poder gerar os resultados simulados foi considerada uma usina padrão, com uma área própria de 22 mil hectares, produtividade média do canavial de 80t/ha, velocidade de trabalho das colhedoras de uma e duas linhas sendo de 5km/h e 4km/h a perda total de matéria-prima na ordem de 4,18% e 3,34%, o espaçamento entre fileiras de cultivo do tipo simples de 1,5m e duplo alternado de 2,5m, respectivamente. O preço estimado da tonelada de cana entregue no campo e não na usina, sendo de 53,05R$/t, de acordo com a União dos Produtores de Bioenergia (2012) e uma eficiência de campo–EFCreferênciade 80%. Com os resultados simulados pelo modelo foi elaborado um cenário, como apresenta a Figura 2. Nesse referido cenário está sendo expresso o custo de produção do sistema de colheita mecanizado de cana, que é formado por colhedora, trator agrícola e transbordo. Diante do cenário em questão, observa-se que o custo de produção com as colhedoras de uma e duas linhas diminui à medida que aumenta a eficiência de campo, pois o aumento dela eleva a capacidade operacional do sistema de colheita mecanizado. Na condição de uma EFC ser muito inferior à de referência (80%), isso tanto para o sistema de colheita mecanizado utilizando colhedora de uma ou duas linhas, resulta em um custo de produção praticamente proibitivo. Por exemplo, colhendo-se com máquina de uma e duas linhas em uma EFC de 20%, o custo de produção corresponde a 81,36R$/t e 65,77R$/t, enquanto que para a EFC considerada de referência, 80% foi de 7,40R$/t e 6,64R$/t, resultando em uma diferença de 73,96 R$/te 59,13R$/t,
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de 1,40R$/t, 1,20R$/t, 0,81R$/t e 0,66R$/t, respectivamente. Nas mesmas condições operacionais anteriormente citadas, Carvalho Filho (2000) realizou um ensaio de colheita mecanizada dessa matéria-prima e apresentou valores dos custos de produção de 2,61R$/t, 2,26R$/t, 2,00R$/t e1,82R$/t, respectivamente. Na condição de elevar a EFC do sistema de colheita mecanizado de cana de 80% para 90%, utilizando máquina de uma e duas linhas, representa um ganho no custo de produção de 1,01R$/t e 0,92R$/t e também na renda líquida da colheita na ordem de R$ 1.223.807,78 e R$ 1.193.002,00, respectivamente. Entretanto, a EFC sendo superior a 80% para ambos os tipos de colhedoras resulta em um ligeiro ganho na redução do custo de produção, sendo importante para o gestor agrícola da usina analisar se os investimentos necessários para se obter esses ganhos são viáveis. Contudo, o aumento da EFC diminui o custo de produção do sistema de colheita mecanizado e eleva a renda líquida da colheita da usina. Para altas EFCs se fazem necessários grandes investimentos gerenciais para os meios de execução e tempos de serviço (operacionais). Como recomendação é necessário que as usinas observem melhor seus meios de execução para alcançar um ótimo gerenciamento do sistema de colheita .M mecanizado de cana. Neisvaldo Barbosa dos Santos, UFPI Diego Soriano Cavalcante, Usina Vale do Tijuco Haroldo Carlos Fernandes UFV Casimiro Dias Gadanha Júnior Esalq/USP