Máquinas 152

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Cultivar Máquinas • Edição Nº 152 • Ano XIII - Junho 2015 • ISSN - 1676-0158

Índice 4 Rodando por aí 5 Uso de inclinômetro em tratores 8 Volume de calda em pulverizadores 1 1 Plantio de cana-de-açúcar 14 Causas da compactação 19 Empresas - Novo pneu Michelin 20 CAPA - Fertilizantes a taxa variável 24 Ficha Técnica - PMKF Mákxima 26 Tráfego controlado em lavouras 30 Inspeção Periódica de Semeadoras 32 Ficha Técnica - Hydra 200

Destaques

Capa - Massey Ferguson

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Cultivar

Pôster do mês

Agricultura de Precisão Conheça a técnica de aplicação a taxa variável de fertilizantes na linha de plantio e quais os benefícios desta tecnologia para o produtor

Tráfego controlado Entenda como funciona o tráfego controlado de máquinas em lavouras e quais as suas vantagens

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter

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Semeadoras Projeto Inspeção Periódica de Semeadoras pretende diminuir os erros no plantio provocados por falta de manutenção

Assinatura anual (11 edições*): R$ 239,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00

• Editor Gilvan Quevedo

• Design Gráfico/Diagramação Cristiano Ceia

• Redação Charles Echer Rocheli Wachholz Juliana Luz

• Comercial Sedeli Feijó José Luis Alves Rithiéli de Lima Barcelos

• Revisão • Coordenação Circulação Aline Partzsch de Almeida Simone Lopes

• Assinaturas Natália Rodrigues Clarissa Cardoso Aline Borges Furtado • Expedição Edson Krause • Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

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NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• ASSINATURAS

• REDAÇÃO

• MARKETING

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


RODANDO POR AÍ Lançamento Classe 8 Um dos produtos que mais atraíram os visitantes da Bahia Farm Show foi a Colheitadeira Classe 8 da New Holland, CR 8090, com grande rendimento operacional e maior capacidade de armazenamento dos grãos. “Devido ao relevo plano que permite cada vez mais máquinas grandes, temos essa intensificação em investimentos deste tipo de maquinário”, garante o representante comercial da New Holland, Marcelo Martins.

Marcelo Martins

Ampliação

José Roberto Manis

Para atender uma demanda de mercado, a CNH Industrial Parts & Service duplicou a disponibilidade de peças de máquinas agrícolas no estado do Mato Grosso. A iniciativa tem impacto direto no fornecimento de itens para reposição das marcas Case IH e New Holland. “Nosso Centro de Distribuição de Peças em Cuiabá possuía mais de oito mil itens armazenados. Com um amplo estudo para otimizar o espaço disponível, conseguimos ampliar o armazenamento para 15 mil itens no estoque”, explica José Roberto Manis, diretor operacional da CNH Industrial Parts & Service. “O objetivo é oferecer ao produtor maior agilidade e, como conseqüência, gerar maior produtividade no campo”, garante Manis.

Novo presidente

A FPT Industrial anunciou Marco Aurélio Rangel como novo presidente para a América Latina. Rangel é engenheiro mecânico e assume a responsabilidade de aumentar a carteira de clientes da empresa. Uma das prioridades em seu novo cargo é a produção de 49 novas versões de motores destinados aos setores de construção e agrícola. Todos em conformidade com a regulamentação Proconve MAR-I (Tier3). “Esperamos ter em médio prazo uma pequena sinalização positiva para este segmento”, afirma o presidente em relação ao setor agrícola.

Marco Aurélio Rangel (centro)

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MF 6700R na Bahia A Massey Ferguson expôs na 11ª edição da Bahia Farm Show sua linha de tratores, colheitadeiras, implementos e agricultura de precisão, onde o grande destaque da marca ficou por conta da família de tratores MF 6700R Dyna-4. “Os produtores rurais da região buscam investir em tecnologia para aumento da produtividade, sem abrir mão de economia de combustível, eficiência operacional e facilidade na hora da manutenção. E nós temos as soluções que eles procuram”, afirma Leonel Oliveira, gerente de Vendas da Massey Ferguson.

Leonel Oliveira

Agrale 4233 A agrale está lançando o trator de pequeno porte modelo 4233, com motor Agrale de 30cv de potência e transmissão 8x4. O novo trator é o primeiro modelo isodiamétrico construído no Brasil, possuindo rodado dianteiro e traseiro iguais para aumentar a segurança e a força de tração em terrenos irregulares e íngremes. “Um trator forte e de dimensões reduzidas, com configuração que confere maior aderência e maior torque, perfeito para trabalhar em culturas adensadas e baixas, proporcionando conforto ao operador, explica Silvio Rigoni, gerente de tratores.

Nova Frontier CFS A Valtra levou para a Bahia Farm Show uma série de novidades em tratores, colheitadeiras, pulverizadores, implementos e agricultura de precisão, que gradualmente vem ganhando força devido ao crescimento da nova fronteira agrícola do País, conhecida como Matopiba. “A Bahia Farm Show é uma excelente oportunidade para que os empreendedores rurais da região conheçam todo o portfólio da marca Valtra”, destaca Luiz Cambuhy, gerente comercial da Valtra. Entre os lançamentos da marca para a feira, destaca-se a plantadeira Nova Frontier CFS (Central Fill System) da Valtra.

Luiz Cambuhy

Grandes lançamentos

Alex Sayago

A John Deere levou à Bahia Farm Show lançamentos voltados às principais culturas da região, como soja e milho, além de exibir um portfólio completo para todos os perfis de produtores e um espaço voltado às soluções integradas. “Levamos ao visitante os principais lançamentos em grãos, além do portfólio completo de máquinas e soluções para o produtor da região”, explica Alex Sayago, diretor de Vendas da John Deere Brasil e diretor de Marketing para a América Latina.


TRANSPORTE

Mantendo o equilíbrio Sensor de inclinação, simples e de fácil instalação, pode ajudar a prevenir capotamento em tratores agrícolas

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mudanças e pelo aumento da produção. Porém, apesar dos tratores brasileiros virem com grandes pacotes tecnológicos, que também proporcionam maior conforto e segurança aos trabalhadores, pouca coisa existe no sentido de detectar e alertar sobre os riscos que os trabalhadores correm de capotamento da máquina, caso o terreno seja demasiadamente inclinado. Este problema, que é bastante importante, pode ser corrigido com a implantação de um simples sensor que indique ao operador o risco de tombamento, transmitindo maior confiabilidade e

Charles Echer

om o avanço da tecnologia e o crescimento da agricultura no Brasil, os agricultores têm buscado novos métodos mais práticos e seguros para melhorar o desempenho dos equipamentos agrícolas, além de valorizar o capital humano. Consequentemente, tratores têm sido adquiridos para melhor tratar seus ocupantes, oferecendo maior conforto e segurança. Atualmente, é comum ver poucos trabalhadores lidando numa mesma área onde antes necessitava-se de centenas destes. Novas tecnologias existentes nas máquinas são responsáveis por tais

segurança. Os acidentes que envolvem máquinas agrícolas são pouco divulgados e possuem poucas estatísticas, apesar de acontecerem no meio rural. São vários os fatores de risco que geram estes acidentes, como falta de conhecimento, falta de atenção, uso de máquinas que não atendem os princípios ergonômicos e fora do padrão de segurança, além de trabalho em condições insalubres, como calor/frio, sol, poeira, ruído e vibrações de máquinas e esforço físico demasiado. Outros fatores que contribuem, também, para acidentes são operações em terrenos inclinados, velocidade alta durante as operações, despreparo do operador, uso de bebidas alcoólicas, entre outros. Mas vamos ficar focados na questão do capotamento. Apesar dos conceitos básicos sobre estabilidade de tratores datarem da década de 20, somente a partir da década de 60 houve um incremento significativo no estudo da dinâmica do trator e sua estabilidade. Normalmente o trator opera em dife-

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Fotos Victor Schutzer

Protótipo do dispositivo anticapotamento pronto para os testes Para os ensaios com o inclinômetro, foi construída uma pista com diferentes ângulos de inclinação

rentes tipos de terreno e condições de trabalho. Por isso, as publicações sobre a dinâmica do trator e estabilidade estudam o seu comportamento sob várias condições de operação. Os capotamentos de tratores podem ser classificados em duas categorias principais: tombamento lateral e empinamento, que abordaremos a seguir.

TOMBAMENTO LATERAL

O tombamento lateral do trator também poder ser causado por um movimento brusco em terreno nivelado em alta velocidade, mas ele ocorre mais facilmente em terrenos inclinados. O tombamento lateral de um trator agrícola convencional ocorre em duas etapas. Na primeira etapa, o trator ini-

O aparelho foi calibrado e posteriormente fixado no painel do trator

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cia o tombamento lateral em torno do eixo que passa pelo pino central do eixo dianteiro e o ponto de contato de uma das rodas traseiras com o chão. Depois, o trator roda em torno do eixo que liga os pontos de contato das duas rodas do mesmo lado com o chão. Quando a linha de ação da força vertical relativa ao peso, que atua no centro gravitacional, passa entre os pontos de contato das rodas com o chão, o trator não tomba. Ocorre o tombamento quando essa linha de ação passar fora dos pontos de contato entre as rodas e o chão. Na Figura 1 é possível visualizar esta linha de ação da força vertical atuando sobre o trator em diferentes inclinações. Na Figura 1 (A), a linha de ação da força-peso passa entre os pontos de contato das rodas com o chão. Nessas condições o trator não tomba. Na Figura 1 (B), a linha de ação da força-peso passa no ponto de contato de uma das rodas com o chão. O trator está na iminência de tombar. Na Figura 1 (C), a linha de ação da força-peso passa fora do ponto de contato da roda com o chão e indica que o trator está tombando.

Luzes com diferentes cores acendem de acordo com o grau de inclinação

EMPINAMENTO

Para o caso do empinamento, existe uma análise geométrica relativa aos casos de o trator empinar, não empinar, ou estar na iminência de empinar. Na Figura 2 é possível visualizar estas ações. Na Figura 2 (A) é possível ver que a linha de ação da força-peso aplicada no CG, passa entre os pontos de contato das rodas com o chão. Nesta situação, o trator não empina. Na Figura 2 (B), a linha de ação da força-peso passa no ponto de contato da roda com o chão, indicando que o trator está na iminência de empinar. E na Figura 2 (C), a linha

Além do sinal visual, há um alarme alertando sobre risco de capotamento


Figura 1 - (a) situação de não tombamento (b) iminência de tombamento e (c) tombamento Figura 2 - (a) situação de não empinamento (b) iminência de empinamento e (c) empinamento

Fonte: Promersberger et al. (1962).

Fonte: Promersberger et al. (1962).

nação dos tratores, enquanto as luzes indicam o risco de tombamento que o trator corre. Além disso, foi acoplada no trator uma sirene que serviu de aviso sonoro para reforçar o aviso de perigo ao operador ou quando o mesmo não estiver com plena atenção ao painel.

trado. O inclinômetro cuidadosamente nivelado e fixado sobre os painéis dos tratores, e o sensor sonoro também foi instalado na parte traseira. O sensor anticapotamento, além de ser um aparelho de baixo custo, possui capacidade de analisar e dar uma resposta segura ao operador de diversos tipos de máquinas agrícolas, já que cada trator possui um ângulo limite de tombamento. Ele é capaz, também, de anular as vibrações sofridas pelo trator decorrente do ambiente em que opera, não influenciando, assim, na leitura feita pelo inclinômetro. O inclinômetro é um equipamento de grande utilidade para os operadores de máquinas agrícolas, capacitado para indicar o perigo e a iminência do tombamento de tratores através de sinais luminosos colocados à frente do operador e do sinal sonoro que ajuda na percepção do perigo enfrentado, possibilitando a correção da trajetória .M a tempo de evitar acidentes.

PROTÓTIPO

O sensor anticapotamento elucida e orienta o operador de duas formas diferentes da leitura de dados da situação em que a máquina se encontra. O sensor funciona de forma simples, indicando à medida que o trator inclina uma alteração na cor das luzes existentes no painel. Para o trator estabilizado, o sensor é caracterizado pela luz branca e fixada ao meio. À medida que a máquina é inclinada, as luzes vão acendendo e ficando com a coloração amarela, que indica um ângulo de inclinação controlado. Quando as luzes laranjas acendem é uma indicação de que a situação em que o trator está é demasiadamente inclinado e as luzes vermelhas indicam uma real situação de perigo de capotamento do trator. Como essas luzes estão alocadas próximo ao painel do trator e o operador da máquina mantém os olhos na maior parte do tempo fixos no campo, também foi instalado um sensor sonoro no trator, para que em uma situação de perigo este comece a soar, alertando o operador do risco. Durante o ensaio de campo foram utilizados um trator marca Ford, modelo 6610 4x2, com lastro total, acoplado na sua parte frontal com uma pá carregadora marca Baldan, trator marca Massey Fergusson 290 PAVT, lastrado, e um trator marca Agrale 1200 4x2 las-

Victor M. Schutzer, André Luiz Andreoli, João Eduardo G. dos Santos e José Angelo Cagnon, Unesp Fabricio Leite, UEM Agrale

de ação da força-peso passa fora dos pontos de contato das rodas com o chão, mostrando que o trator está empinando. O Isso ocorre desde que não seja considerado o momento de giro (sentido horário) das rodas traseiras, o qual dificulta o giro delas, mas que por ser pequeno, pode ser desprezado. Segundo Promersberger, existem alguns meios disponíveis para aumentar a estabilidade longitudinal dos tratores e melhorar a sua dirigibilidade, como lastramento frontal do trator e aumento, quando possível, da distância entre os eixos, especialmente no caso em que esse aumento ocasionar uma cota mais baixa do centro gravitacional do conjunto (trator e implemento). Com as considerações citadas, pesquisadores da Unesp realizaram ensaio com o objetivo de verificar o funcionamento de um aparelho inclinômetro, desenvolvido pelo pesquisador André Luiz Andreoli, através do levantamento de condições operacionais em campo e dados, que indique o perigo e a eminência de tombamento da máquina agrícola (tratores), a fim de transmitir maior segurança para o trabalhador. O ensaio do inclinômetro foi realizado no Laboratório de Máquinas Agrícolas e de Pesquisa com Bambu, pertencente ao Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia Unesp – Bauru, em conjunto com o Departamento de Engenharia Elétrica também da Faculdade de Engenharia Unesp – Bauru e com a parceria da FCA - Unesp – Botucatu. Para a realização dos ensaios, foi construída uma rampa específica para o trabalho com inclinômetro. O protótipo teve como finalidade mensurar a incli-

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PULVERIZADORES

Vazão correta

Jacto

Uma das dificuldades na hora de aplicar com pulverizadores de arrasto é manter a vazão adequada, pois a variação da rotação da Tomada de Potência deve levar em conta também a velocidade de deslocamento do trator

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apelo cada vez maior pela conservação de água de reservatórios e do consumo sempre consciente de defensivos agrícolas faz com que procuremos a aplicação mais adequada possível. A aplicação de defensivos agrícolas é um processo quase sempre de baixa eficiência, pois além do total aplicado não conseguir atingir o alvo de forma uniforme, ainda existe um desperdício de água e produtos, podendo resultar muitas vezes em Junho 2015 • www.revistacultivar.com.br

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controle inadequado e uma possível contaminação ambiental. Um dos grandes vilões da contaminação através de pulverização da agricultura é a deriva de produtos fitossanitários. Quanto menor o tamanho da gota, melhor será a cobertura no alvo, porém, terá um maior risco de perdas do produto, seja por deriva ou evaporação. Dessa forma, o tamanho da gota é um fator relevante a ser considerado nas aplicações, uma vez que se

tem a finalidade de se aplicar de forma uniforme. Além disso, hoje em dia, existe uma maior conscientização da população em relação à saúde e ao meio ambiente e, através de uma aplicação incorreta, a deriva ocasiona em perda de produto, danos em culturas adjacentes, podendo até causar problemas na saúde das pessoas que entrarem em contato direto ou indiretamente. Por meio desses aspectos, a tecnologia de aplicação tem grande destaque, pois com uma técnica adequada, o produto atinge de forma desejada o alvo. A eficiência da aplicação tem influência direta das condições climáticas (vento, umidade relativa e radiação solar), biológicos (espécie, tamanho, forma e posição do alvo), características das gotas (densidade, diâmetro e velocidade) e características do próprio pulverizador (velocidade e direção do fluxo). Para uma aplicação eficiente, deve-se regular a pressão da saída do líquido dos bicos do pulverizador para que o volume de calda seja adequado à finalidade e ainda trabalhar com a marcha de trabalho e a rotação ideal. Nos pulverizadores com maior tecnologia existem controladores de vazão, que adaptam a quantidade de calda pulverizada por área, de acordo com a velocidade de deslocamento, e a rotação do motor, porém, para a maioria dos pulverizadores que estão em operação esta tecnologia não é utilizada. O volume de calda pulverizada deve ser um dos itens fundamentais para uma adequada aplicação. Uma boa aplicação tem por objetivo realizar uma pulverização com o menor desperdício de água possível e sempre garantir que a calda atinja seu alvo. Outro fator


Arianne Moniz

Figura 1 - Marcha 3B nas rotações 1200 RPM (1), 1500 RPM (2) e 1800 RPM (3) e marcha 3A nas rotações 1200 RPM (4), 1500 RPM (5) e 1800 RPM (6), em função do volume de calda (l/ha) e velocidade (km.h-1).

No experimento foi utilizado um pulverizador Falcon Vortex da Jacto, com barra de 14m, composta por 29 bicos de 50cm

importante em uma correta pulverização é que o trator que traciona esse pulverizador esteja em boas condições de uso. Muitas vezes encontramos, principalmente em pequenas propriedades, produtores que não trabalham na rotação na TDP (tomada de potência) recomendada pelo fabricante. Pensan-

do nisso foi realizado o experimento, que teve por objetivo avaliar até que ponto esse fator interfere na correta aplicação, por meio da quantidade de calda aplicada em uma pulverização realizada em três diferentes rotações do motor e em duas marchas do trator. O ensaio foi realizado na Fazenda

Experimental de Pesquisa e Extensão Fepe, da Faculdade de Ciências Agronômicas – Unesp, Campus de Botucatu. Foi desenvolvido pelos alunos de graduação e pós-graduação pertencentes ao GPD (Grupo de Plantio Direto), que atua na área de ensaios de máquinas agrícolas há vários anos.


Fotos Arianne Moniz

Tabela 1 - Diferença das marchas e rotações do trator no volume aplicado Rotação 1200 1500 1800 C.V. (%)

Volume aplicado (l/ha) Marcha 1 Marcha 2 197,5 a 160 a 172,5 b 147,5 b 170 b 146,25 b 2,07 1,23

O equipamento utilizado foi um pulverizador de barras da marca Jacto, modelo Falcon Vortex, com barra de 14 metros, composta por 29 bicos espaçados de 0,5 metro um do outro, acoplados a um trator marca Massey Fergusson modelo 296. Foram realizadas coletadas da calda pulverizada em duas marchas de trabalho (terceira reduzida A e terceira reduzida B) e três rotações diferentes. As rotações utilizadas foram: a rotação nominal do trator (1.500rpm), uma rotação 20% menor que a nominal (1.200rpm) e uma rotação 20% maior que a nominal (1.800rpm). O trator foi posicionado em linha reta e percorreu a distância de 50 metros, foi anotado o tempo de deslocamento e posteriormente repetido para cada marcha de trabalho e nas três rotações, em cada tratamento foram realizadas quatro repetições e feita a média das repetições. Após determinar os tempos para percorrer os 50 metros, foram coletadas as caldas de acordo com os tempos determinados de cada tratamento,

Arianne Moniz realizou o experimento com outros pesquisadores da Unesp

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Após cronometrar o tempo de deslocamento, foi realizada coleta da calda com o pulverizador parado, para calcular a variação de deposição em diferentes rotações

lembrando que nessa calda continha apenas água. Essa coleta foi realizada com o trator parado e com o auxílio de copos calibradores e um cronômetro, os dados colhidos foram anotados para posteriormente serem tabulados. Os resultados encontrados foram extrapolados para volume em litros por hectare para um melhor entendimento dos dados e foram submetidos a análises estatísticas. Estes dados mostraram que a rotação da tomada de potência do trator é menor em relação a sua velocidade de deslocamento, ou seja, ao aumentar a rotação do trator na mesma marcha de trabalho, a velocidade é superior em relação à rotação de sua

Copo calibrador utilizado para coleta no experimento

TDP (Figura 1). O uso de menor volume de calda aumenta a autonomia e a capacidade operacional dos pulverizadores, podendo ser o principal componente do desempenho operacional em diversas culturas (Román et al, 2009). Ao observar a Tabela 1, podemos ver que conforme é aumentada a rotação do trator, consequentemente se obtém uma maior velocidade e o volume da calda do pulverizador diminui. Com base nos resultados encontrados neste trabalho, pode-se concluir que ao aumentar a rotação de trabalho do motor do trator, a velocidade de deslocamento do pulverizador aumentou e houve uma menor quantidade de calda liberada na área destinada. Com isso, o operador deve trabalhar sob a rotação ideal e de forma constante para toda a área, com a finalidade de que o produto seja aplicado de forma uniforme e com a quantidade desejada, evitando perdas do próprio produto e aplicações incorretas. .M Arianne Moniz, Thais M. Millani, Saulo F. G. de Sousa, Leandro A. F. Tavares e Paulo R. A. Silva, Unesp Botucatu


PLANTADORAS

Dupla da pesada

Valtra

A operação do plantio de cana-de-açúcar exige controle dos diversos fatores que influenciam diretamente na qualidade final da operação. Por isso, uma avaliação criteriosa com o objetivo de diagnosticar os possíveis problemas é essencial para manter o conjunto bem calibrado e eficiente

O

sistema de plantio mecanizado de cana-de-açúcar é uma operação dependente de fatores como solo, máquina, operador, qualidade das mudas, dentre outros. Estes fatores precisam estar em condições homogêneas, se possível, para que ocorra a brotação esperada. Neste contexto, destaca-se a importância da utilização da máquina, ou seja, do conjunto trator-plantadora para a realização desta operação. O monitoramento dos indicadores de qualidade da máquina, no que se refere ao trator, se torna essencial para o rendimento e a qualidade da operação desempenhada pelo conjunto mecanizado. Aliado à expansão do plantio mecanizado de cana-de-açúcar, o uso do controle estatístico nesta operação agrícola é fundamental, pois o mesmo pode nos dar uma visão de como o processo está

ocorrendo, detectar eventuais falhas e ainda indicar possíveis melhorias para as operações com o objetivo de aumentar a qualidade das mesmas. Alguns autores têm feito uso do controle estatístico de processo, utilizando as variáveis avaliadas como indicadores de qualidade, cuja ferramenta para identificar causas não aleatórias decorrentes do processo são, normalmente, as cartas de controle. Pressupondo que o desempenho da operação de plantio mecanizado de cana-de-açúcar seja influenciado em função dos turnos de operação diurno e noturno, o Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola desenvolveu um trabalho para avaliar o desempenho do conjunto trator-plantadora na operação de plantio mecanizado de cana-de-açúcar, por meio do controle estatístico de processo, utilizando-se

como ferramenta as run-charts.

CONDUÇÃO EXPERIMENTAL

O experimento foi realizado em área da Fazenda Tijuco, no município de Monte Alto (SP), com altitude média de 620 metros, declividade média de 6% e clima Aw de acordo com a classificação de Köeppen. Foram realizadas amostragens do solo para determinação da classe textural, obtendo-se como resultado quantidades de 78% de areia, 6% de silte e 16% de argila, sendo assim classificado como textura média. A variedade de cana-de-açúcar cultivada foi RB83-5054 sendo apta à colheita mecanizada e apropriada a solos com média fertilidade. O plantio mecanizado de cana-de-açúcar foi feito em março de 2012 por meio do conjunto trator-plantadora, Junho 2015 • www.revistacultivar.com.br

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composto por um trator da marca John Deere 4 x 2 TDA, modelo 7715 SAE J série 350 com potência de 134kW (182cv) no motor a 2.200rpm, seis cilindros, com taxa de compressão 17:1, rodados dianteiros 600/65R28 e traseiros 710/70R38, ambos R1W, e uma plantadora de cana picada (acoplada a barra de tração do trator) de duas fileiras, modelo PTX 7010 com capacidade de seis toneladas de mudas para plantio, largura de 3,60 metros, rodados 600/50 22.5, hastes sulcadoras espaçadas a 1,50m. A área utilizada no experimento continha soja e após sua colheita foi realizada a operação de plantio mecanizado sem ocorrer previamente o preparo do solo. A caracterização da quantidade de cobertura vegetal de palha de soja foi realizada pela coleta de dez pontos aleatórios na área, após a operação de colheita, e o valor estimado foi de 938kg/ ha. A regulagem da profundidade dos sulcos foi realizada a 30cm, uma vez que a camada do solo de maior resistência se encontrava a 20cm de profundidade (aproximadamente 3MPa), detectada por meio da resistência mecânica do solo à penetração, com uso de penetrômetro eletrônico. A caracterização do teor de água do solo foi realizada por meio da coleta de dez amostras aleatórias, na profundidade de 0-15cm e 15-30cm e os valores encontrados foram de 7% e 5%, respectivamente. O trator operou com a bitola ajustada a 2,70m e na marcha de trabalho 1B. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado e os tratamentos foram constituídos em função do turno de operação das 15h às 23h, pois neste turno é capaz de se avaliar a operação durante o dia e à noite sem a troca de operador. O turno foi dividido em duas partes: as avaliações das 15h30min às 17h30min foram consideradas no período diurno enquanto que as avaliações realizadas das 19h30min às 21h30min foram consideradas como período noturno e constituíram-se de: velocidade do conjunto mecanizado, rotação do motor, Junho 2015 • www.revistacultivar.com.br

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Fotos Pedro Henrique de Lima

Conjunto trator-plantadora de cana-de-açúcar utilizado durante o experimento

pressão do óleo do motor, temperatura da água do motor, consumo efetivo e horário de combustível e capacidade de campo efetiva e, com exceção desta última variável analisada, as demais foram coletadas por meio do monitor de coluna frontal (Command CenterT) encontrado dentro da cabine do trator. Os resultados obtidos foram submetidos à análise por meio do controle estatístico de processo, utilizando-se como ferramenta para verificar a aleatoriedade ou não aleatoriedade do processo, nos quais se procura a redução da variabilidade, os gráficos sequenciais (run-charts), que, segundo Werkema (2006), é um gráfico de dados ao longo do tempo, utilizado para verificação do processo. Ele permite identificar as possíveis presenças de causas especiais de variação, principalmente quando as cartas de controle são diagnosticadas como estáveis, como todos os pontos dentro dos limites de controle. De acordo com NHS Scotland (2013), este tipo de gráfico é uma sequência ordenada de dados, com um eixo horizontal centralizado (sendo a mediana mais usada na maioria dos casos). Um gráfico sequencial permite o monitoramento do processo e a identificação do tipo de variação a que o mesmo está submetido ao longo do tempo, pela análise conjunta dos parâmetros sensitivos dos gráficos. Ainda de acordo com NHS Scotland (2013), o ideal para se criar um gráfico sequencial é que se

tenha um mínimo de 15 pontos amostrais, sendo então possível identificar a ocorrência de causas não aleatórias decorrentes do processo e identificar o padrão existente, podendo ser este padrão classificado como tendência (sequência de sucessivos aumentos ou diminuições nas observações), oscilação (existência de um padrão regular que está ocorrendo ao longo do tempo), mistura (ausência de pontos próximos à linha central) e agrupamento (grupos de pontos em uma área determinada gráfico sequencial). A ocorrência destes padrões pode indicar que o processo se encontra próximo a extrapolar os limites de controle, ou seja, torna-se instável ou até mesmo a sua potencial estabilidade. Vale ressaltar que este teste é unilateral e que o padrão é calculado de um único lado da linha central para tendência e oscilação, sendo que para os padrões de agrupamento e mistura estes são

Plantio mecanizado de cana-de-açúcar


Pedro Henrique de Lima

Operação desempenhada pelo conjunto trator-plantadora

calculados em ambos os lados da linha central.

RESULTADOS

Na Tabela 1 verificam-se os valores padrões de aleatoriedade detectados pela análise dos gráficos sequenciais (por meio dos valores padrões) para os indicadores de qualidade rotação do motor e consumo horário e efetivo de combustível, para os turnos diurno e noturno da operação de plantio mecanizado de cana-de-açúcar. Tal aleatoriedade ou causas naturais dos valores padrões retrata que para estes indicadores de qualidade, os mesmos não causam ou geram a instabilidade do processo, o que tem como consequência maior segurança na interpretação dos resultados e, posteriormente, no desempenho da qualidade da operação. Por outro lado, os indicadores de qualidade velocidade, pressão do óleo do motor, temperatura da água do motor e a capacidade de campo efetiva apresentaram comportamento não aleatório ou a ocorrência de padrões detectados ao longo do tempo. Observa-se ainda que não houve diagnóstico do padrão de oscilação para todas as variáveis de desempenho da operação de plantio mecanizado de cana-de-açúcar, podendo indicar que sob a óptica deste resultado, os indicadores de qualidade não sofreram alternância dos valores individuais ao redor da mé-

dia repetidas vezes, sistematicamente, durante os turnos de operação. A análise dos gráficos sequenciais pode ser complementada quando utilizada conjuntamente com as cartas de controle de valores individuais, pois a distribuição dos pontos ou repetições ao longo do processo é a mesma para os dois testes. A diferença entre eles é que o primeiro detecta padrões de não aleatoriedade por meio do teste de probabilidade (p<0,05), em função dos desvios padrão da média e utilizando como base de cálculo (para o valor p) parâmetros estatísticos da distribuição normal, e o segundo, verifica a estabilidade

do processo somente em função do desvio-padrão da média. Portanto, os indicadores de qualidade que não apresentaram padrão(ões) de aleatoriedade podem ser considerados sob influência de causas internas atuantes do próprio processo, no qual estes devem ser monitorados com certa frequência para a possível detecção e eliminação de causas especiais. O padrão aleatório oscilação não foi encontrado para nenhum dos indicadores de qualidade. A rotação do motor, consumo horário e efetivo de combustível apresentou somente padrões de aleatoriedade, podendo o processo ser considerado aleatório pela ótica desta ferramenta da qualidade. O uso dos valores padrões, proporcionados pelas run-charts, permite visualizar o comportamento dos dados ao longo do processo do desempenho do conjunto mecanizado no plantio de cana-de-açúcar e tal interpretação dos resultados pode alterar, dar continuidade ou melhorar .M a qualidade da operação.

Pedro Henrique de Lima, Murilo Ap. Voltarelli, Cristiano Zerbato, Carla S. Strini Paixão e Rouverson Pereira da Silva, Unesp Jaboticabal

Tabela 1 - Valores padrões de probabilidade dos gráficos sequenciais para o conjunto tratorplantadora no plantio mecanizado de cana-de-açúcar em função dos turnos de operação Indicadores de qualidade Velocidade (km h-1) Rotação do motor (rpm) Pressão do óleo do motor (kPa) Temperatura da água do motor (°C) Capacidade de campo efetiva (ha h-1) Consumo horário de combustível (L h-1) Consumo efetivo de combustível (L ha-1)

Tratamentos Diurno Noturno Diurno Noturno Diurno Noturno Diurno Noturno Diurno Noturno Diurno Noturno Diurno Noturno

Padrões A** 1,00ns 0,60ns 0,91ns 0,76ns 0,00* 0,69ns 0,00* 0,00* 1,00ns 0,60ns 0,73ns 0,73ns 0,73ns 0,50ns

M 0,00* 0,39ns 0,08ns 0,23ns 1,00ns 0,30ns 1,00ns 1,00ns 0,00* 0,39ns 0,26ns 0,26ns 0,29ns 0,50ns

T 0,00* 0,00* 0,18ns 0,84ns 0,00* 0,60ns 0,10ns 0,00* 0,00* 0,00* 0,18ns 0,73ns 0,44ns 0,44ns

O 0,99ns 0,99ns 0,81ns 0,15ns 0,99ns 0,39ns 0,90ns 0,99ns 0,99ns 0,99ns 0,81ns 0,26ns 0,55ns 0,55ns

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MECANIZAÇÃO

Fatores que compactam

O solo compactado é um dos problemas que diminui consideravelmente a produtividade, mas que também pode ser resolvido com simplicidade. Para isso, basta saber quais são as causas e qual o melhor momento para realizar a descompactação

Agrale

O

solo é um corpo natural que tem várias definições, dependendo da área de conhecimento que o estuda, porém, para a área de ciências agrárias a melhor definição é que ele é um corpo natural trifásico, ou seja, é constituído de fase líquida, sólida e gasosa, formado por materiais minerais e orgânicos contendo matéria viva que pode ser vegetado na natureza (Embrapa, 2006). A constituição do solo próxima da ideal seria com 5% de matéria orgânica, 45% de material mineral, 25% de água e 25% de ar. A fase líquida e fase gasosa são concorrentes, quando aumenta-se um, diminui-se o outro, por isso, apesar de que para a planta seja interessante que o solo esteja sempre na capacidade campo, é importante que a fase gasosa esteja próxima de 25%, pois abaixo de 15% as plantas começam a ter deficiência de oxigênio e, abaixo de 10%, as mesmas não se desenvolvem. O solo morfologicamente tem quatro características a serem avaliadas (cor, textura, estrutura e consistência), porém, no estudo da compactação o que interessa é o conhecimento básico de estrutura e consistência. Estrutura do solo é a agregação das partículas primárias do solo, que são separadas dos agregados vizinhos por superfícies de fraturas, sendo divididas em macroestrutura e microestrutura. Todavia, no estudo da compactação

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a parte primordial do conhecimento sobre estrutura é a porosidade do solo. Entre os agregados existem espaços porosos, os quais são divididos em microporos (porosidade dentro dos agregados <0,05mm) e macroporos (porosidade entre os agregados 0,05mm<). Dentro dos macroporos está localizada a fase gasosa do solo, quanto maior a quantidade de macroporos, maior é capacidade do mesmo de realizar troca gasosa e menor será a retenção de água. Já nos microporos é onde está armazenada a fase líquida do solo, sendo que quanto maior a quantidade de microporos, maior é a retenção de água deste solo. Salientando que os solos arenosos têm maior quantidade de macroporos, ou seja, possuem menor capacidade de retenção de água e maior capacidade de troca gasosa. Os solos argilosos têm maior quantidade de microporos e porosidade total (porosidade total é a soma dos macroporos e microporos), possuindo maior capacidade de retenção de água e menor capacidade de realizar troca gasosa. Entende-se por consistência a manifestação das forças de coesão (atração das partículas entre si) e de adesão (atração das partículas por outro corpo), presentes no solo, a ação dessas forças se dá de acordo com a umidade. De acordo com a quantidade de água no solo a consistência pode ser classificada

como tenaz, friável, plástica, pegajosa e fluída. Quando o solo se encontra na consistência tenaz é encontrada uma resistência à ruptura dos agregados, quando ele está na friabilidade a estrutura do solo fica de fácil esboroamento, na plasticidade o solo é facilmente moldado, na pegajosidade o solo tem uma alta aderência a outros corpos e por fim na fluidez encontra-se mais água do que solo, não havendo nenhuma das duas forças (coesão e adesão) atuando no momento. Quando se prepara o solo com o trator em condição de alta umidade (plasticidade, pegajosidade e fluidez), podem ocorrer danos físicos à estrutura do solo (futura compactação) e aderência com maior força nos equipamentos agrícolas, principalmente em solos argilosos, até o ponto de inviabilizar a operação desejada, pois além de necessitar de uma maior potência do trator, este terá um consumo de combustível maior. Nessa consistência, o solo pode ser moldado, mas não volta à condição original, há o preenchimento dos microporos acelerando o processo de degradação e compactação do mesmo. O solo com excesso de água após a passada da máquina fica com aparência lustrosa e plana, isso se dá pelo preenchimento dos poros, quando o


Valtra

Gráfico de Consistência em função do teor de umidade no solo

Quando se prepara o solo em condições de alta umidade podem ocorrer danos físicos à estrutura do solo

mesmo secar vai ficar uma crosta mais resistente, que eventualmente pode evoluir para uma camada compactada. Além disso, a força de adesão do solo se encontra alta, então, as partículas de solo tendem a aderir a outros objetos, fazendo com que essas partículas fiquem aderidas muito facilmente nos equipamentos, havendo a necessidade de maior força do trator para tracionar esses equipamentos, quando não inviabilizar a atividade completamente. A identificação da consistência tenaz no solo é semelhante às anteriores, porém, a amostra não molda-se ou quando está na forma de torrão sua força de coesão é tão alta que é necessário uma quantidade maior de força para

desfazer esse agregado. Preparar a área com falta de umidade, consistência tenaz, de imediato não acarreta nenhum dano físico à estrutura, porém, é necessária uma maior quantidade de passadas com a máquina sobre o solo para deixar o mesmo destorroado para a semeadura. Com isso aumentam-se os gastos com combustível e também pode acarretar no surgimento de camadas compactadas, porém, não tão rápido como quando o preparo do solo é realizado com excesso de umidade. O preparo com implementos que causam elevada desagregação (enxada rotativa) pode destruir a estrutura do solo, superficialmente, pulverizando-o e facilitando o processo erosivo eólico e

hídrico. No caso do segundo, as partículas de solo são carreadas pela água no processo de lixiviação, preenchendo os microporos do solo e contribuindo para compactação do mesmo. Outro fator a se trabalhar com o solo na tenacidade é que, devido à força de coesão do solo estar muito alta, o solo está muito duro, então, muitas vezes, o equipamento não consegue penetrar no mesmo. Com isso, o equipamento praticamente só risca o solo, tornando a operação quase inviável pelo número de passadas necessárias para preparar a área.

COMPACTAÇÃO

Através dessas informações pode-se definir o termo compactação como o aumento da densidade do solo em um mesmo volume com a redução da sua porosidade que se dá quando ele é submetido a um grande esforço ou a uma pressão contínua artificial, ou seja, quando é através do uso incorreto do solo pelo homem, seja pelo uso incorreto de equipamentos agrícolas ou pelo mau dimensionamento na criação de animais. Camadas compactadas são erro-

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neamente chamadas de adensadas, existe diferença entre compactação e adensamento. A compactação é algo feito pelo homem ou por animais em decorrência do manejo inadequado. Já o adensamento é um processo natural, as camadas adensadas surgem a partir dos processos pedogenéticos do solo (adição, perda, translocação e transformação). É um processo não antrópico que leva anos para ocorrer, exemplo é o ciclo de umedecimento e secagem do solo, a translocação natural de argila entre o perfil, o ciclo de congelamento e degelo em áreas frias, dentre outras situações. Outro fator que diferencia ambos é a dificuldade de correção, sendo as camadas adensadas mais fáceis de correção do que as camadas compactadas. Dentre as classes de solo, as consideradas argilosas, ou seja, com maior percentual de argila e argila com alta atividade, são as mais suscetíveis à compactação. Isso ocorre, primeiro, devido à superfície específica da argila que é

Fotos Deivielison Macedo

Solo com excesso de umidade, após a passada de um implemento (esq. e centro) e mais seco (dir.) necessita de mais força para desfazer os agregados

altíssima, segundo porque as argilas de alta atividade são mais expansivas do que as de baixa atividade, ou seja, quando se passa com trator em um solo com argila o mesmo irá se expandir mais, quando ele secar ele não irá retrair, pois foi “amassado” pelos equipamentos. Além disso, os solos argilosos têm uma maior porosidade total e microporosidade, sendo mais fácil o preenchimento do que os macroporos. A consistência do solo para entrar com equipamentos agrícolas é a fria-

Como identificar rapidamente a consistência do solo

ara entrar com qualquer equipamento no solo, a consistência ideal é a friabilidade, onde as forças de adesão e coesão praticamente são iguais, não havendo interferência demasiada de uma sobre a outra, nessa condição o operador consegue operar com o mínimo esforço do trator, dando melhores resultados nos serviços realizados, esse ponto também é conhecido como ponto de sazão do solo. Para verificar se o solo encontra-se na fria-

bilidade, deve-se pegar uma porção de solo e tentar moldá-la, se ela for moldada facilmente e também se desfizer facilmente após cessar a pressão, esse solo encontra-se na friabilidade. O método de identificação da plasticidade ou pegajosidade é semelhante à friabilidade diferenciando o resultado; é possível moldar o solo, mas não se desfaz, ou o solo pode ser moldado, mas quando é cessada a pressão o mesmo fica aderido aos dedos.

Com o solo na palma da mão é possível identificar sua consistência

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Massey Ferguson

P

bilidade, pois a plasticidade (excesso de umidade) agrava o processo de compactação. No entanto, isso vai de encontro com a situação ideal para as plantas, geralmente irriga-se o solo. Por isso, se for realizar alguma atividade na área é recomendado cessar a irrigação para que o solo fique na friabilidade e então, a partir daí, entra-se com a máquina na área.

PROBLEMAS EM ÁREAS COMPACTADAS

Solos com camadas compactadas têm uma maior resistência à penetração das raízes, que conseguem se aprofundar crescendo lateralmente ou mesmo próximo à superfície. Com isso, há também uma redução no volume do sistema radicular, já que o mesmo foi reduzido pela camada compactada, isso é péssimo para tubérculos que têm seu desenvolvimento comprometido. Como a camada compactada tem seus poros preenchidos, a água da chuva ou irrigação não infiltra corretamente no perfil do solo. Ela infiltra até atingir a camada compactada e então escoa superficialmente e, com isso, há problemas de déficit hídrico para as culturas. Outro problema é a erosão hídrica, ocasionada pelo escoamento superficial da água que não consegue penetrar, levando parte do solo com ela e diminuindo a fertilidade do mesmo, já que o material carreado, geralmente é a matéria orgânica e o horizonte A, que são os mais ricos em nutrientes no solo. Passado o escoamento superficial, a água tende a ficar estagnada em certos


pontos no solo, já que a mesma não consegue infiltrar. Com isso, há problemas de aeração do solo, pois os macroporos, poros onde ocorre a maior parte da troca gasosa, vão estar saturados com a água. Com a água estagnada e a baixa aeração, a atividade biológica da área irá diminuir, tendo em vista que com a falta de oxigênio no solo os organismos aeróbicos (sua respiração só ocorre na presença de oxigênio), responsáveis pela decomposição do material orgânico, darão lugar aos organismos anaeróbicos (respiração da ausência de oxigênio). Devido à redução da fertilidade, da aeração, da atividade biológica, área explorada pelo sistema radicular, dentre os outros problemas anteriormente citados, a vegetação tenderá a ter uma redução na sua produção, diminuindo os lucros advindos da atividade. Outro problema é o aumento de consumo de combustível na área, já que, além do preparo periódico, será necessária a correção das áreas com camadas compactadas, aumentando o número de passadas na área e consequentemente o consumo de combustível.

AGENTES COMPACTADORES

Dentre os agentes compactadores podem-se citar os equipamentos agrícolas, os tratores e animais em lotação excessiva. O animal, mais que o trator, se considerarmos pressão exercida por unidade de área com o mesmo peso, ou seja, se o trator tivesse o mesmo peso do animal, ele, o trator, compactaria menos,

Dependendo do solo, quanto mais seco, mais difícil de descompactar

Charles Echer

já que a interface rodado-solo é maior que a interface pata do animal-solo, fazendo com que a pressão exercida sobre um ponto do solo fosse menor, já que ela está distribuída em uma área maior. Ainda comparando os dois, a compactação exercida pelo animal é superficial, mais fácil de corrigir, já o trator, devido ao seu peso e ao mau uso, pode ocasionar camadas compactadas em profundidades maiores, o que é mais difícil de corrigir, havendo a necessidade de utilizar equipamentos específicos que demandam uma maior necessidade energética do trator e por consequência um maior consumo de combustível. Comparando-se tipos de rodados (esteira e pneu), os rodados de esteira compactam muito menos que os rodados de pneus, já que sua interface com o solo é maior, o que distribui a pressão em áreas maiores de solo,

diferentemente dos rodados de pneus que concentram em quatro pontos. Outro fator que os diferencia é que os rodados de esteira compactam mais superficialmente quando comparados aos tratores de rodas. Comparando os rodados de pneu, os rodados mais largos terão uma interface pneu-solo maior que os rodados estreitos, sendo menos nocivos ao solo.

PREVENÇÃO DA COMPACTAÇÃO

Algumas ações ajudam a prevenir a compactação no solo, minimizando ou até evitando a ocorrência deste problema. Uma delas é garantir que solo esteja no ponto de sazão, ou seja, na friabilidade, que é o ponto ideal de umidade sempre que for prepará-lo. A adição de matéria orgânica sempre é bem-vinda, nesta situação mais

Área compactada passando pelo processo erosivo no período pós-chuva

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ainda, já que com matéria orgânica em superfície há uma melhora na estruturação do solo, melhorando a porosidade total e diminuindo os processos erosivos, dentre outros benefícios inerentes à matéria orgânica. A evolução para um sistema conservacionista, como cultivo mínimo e sistema plantio direto, é uma boa solução para tentar evitar a compactação, já que não serão mais utilizados equipamentos para o preparo do solo, como o arado e a grade que, quando mal utilizados, contribuem e muito para compactação. Através dos sistemas conservacionistas será adicionada matéria orgânica em superfície e o tráfego de máquinas e a mobilização do solo diminuirão na área. A alternância de equipamento de preparo do solo e profundidade de trabalho também evita a compactação. Toda vez que se trabalha com equipamentos como arado e grade em um determinado ponto, forma-se uma superfície lustrosa preenchida. Se por vários

Fotos Deivielison Macedo

Pontos com água estagnada devido à camada compactada

ciclos de produção o solo for preparado sempre na mesma profundidade, essa superfície irá evoluir para uma camada compactada. Então, o correto é sempre realizar os preparos em profundidades diferentes e, se possível, realizar rotação de culturas com sistemas radiculares diferentes, alguns mais rasos e outros mais profundos. A rotação de culturas é de grande importância para trabalhar a área em profundidades diferentes e ter um sistema radicular em profundidade diferente. Entre essas culturas na rotação é bom

Métodos de avaliação de compactação do solo

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que se encontra. • Sintomas nas plantas e no solo Outro fator importante é a resposta da planta e do solo à compactação, esses fatores são verificados visualmente. Dentre os sintomas verificados pode-se citar a emergência lenta das plântulas, plantas de tamanho variado, plantas com coloração deficiente, sistema radicular raso, enovelado e tortuoso, solo com encrostamento superficial, presença de poças d’água, erosão e aumento de necessidade de potência do trator. • Equipamentos eletrônicos Dos equipamentos eletrônicos existentes o mais utilizado é o penetrômetro, ele não mede a compactação diretamente e sim a resistência à penetração ao qual aquele solo submete qualquer corpo que queira perfurá-lo. Ele mede indiretamente a compactação porque não possui um valor de resistência à penetração associado à compactação. O sistema radicular começa a encontrar dificuldade de penetrar quando os valores de resistências estiverem entre 2MPa e 3MPa. Massey Ferguson

• Laboratorial – Densidade do solo O primeiro e mais preciso método consiste em análises de solo em laboratório. Deve-se ir a campo recolher amostras indeformadas em profundidades diferentes, geralmente nas profundidades em que irá atuar o sistema radicular da cultura de interesse. Essa amostra terá um volume conhecido e irá passar por análises físicas para encontrar densidade, macroporosidade, microporosidade e porosidade total. Com os valores em mão deverá ser verificada a densidade da amostra. Se o solo for arenoso e a densidade se encontrar entre 1,21,4kg/dm³, o solo estará no limite, acima destes índices já pode ser considerado compactado. Já para solos argilosos o valor é de 1-1,2kg/dm³. • Método da trincheira Este método é de campo e consiste na abertura de uma trincheira na área onde se desconfia que esteja compactada. Com um objeto pontiagudo (faca, estilete etc) deve-se furar o solo até encontrar dificuldade para penetrar. Quando encontrar maior resistência deve-se marcar a área e medir a real profundidade em

Penetrômetros utilizados para medir o grau de compactação

colocar culturas descompactadoras, são culturas que têm o sistema radicular pivotante forte que tende a diminuir a resistência de camadas compactadas. Também é necessária a inclusão de culturas em que se faça adubação verde e posterior formação de palhada acumulando-se assim matéria orgânica em superfície. Se não é possível trafegar em condição de friabilidade, a situação menos nociva, de imediato, para o solo, é em condição de solo seco, mas isso não quer dizer que não irá compactar o solo. A condução com a máquina na área é outro fator para evitar compactação, quanto mais rápido for feito o trabalho, menor tempo o trator ficará sobre o solo, assim, menor é o tempo de compressão deste trator sobre a área. Recomenda-se também que se utilizem tratores compatíveis com a atividade a ser realizada e que o mesmo seja adequado de forma que tenha lastro suficiente para realizar a operação, com a lastragem ideal para aquele tipo de solo e operação. Por fim, é interessante que todas as áreas sejam divididas em subáreas e entre essas áreas menores sejam colocados espaços predefinidos para realização de manobras (carreadores), assim, diminui-se a quantidade de passadas com o trator sobre a área .M de produção. Deivielison Ximenes S. Macedo, Leonardo de Almeida Monteiro, Viviane Castro dos Santos, Carlos Alessando Chioderoli, Enio Costa, Maria Albertina M. dos Reis e Renata Fernandes de Queiroz, UFC


PNEUS

Qualquer terreno

Fotos Michelin

Projetado para picapes, crossovers e SUVs, o pneu Michelin LTX Force promete bastante versatilidade e segurança nos deslocamentos dos produtores rurais entre cidade e campo

A

Michelin prepara-se para disponibilizar para o mercado da América Latina o pneu Michelin LTX Force na modalidade campo e cidade para picapes, crossovers e SUVs. Lançado recentemente num evento em Buenos Aires, capital argentina, o pneu tem um projeto versátil para se adequar aos deslocamentos entre campo e cidade, já que um dos focos deste produto é o setor agropecuário. Segundo Ruy Ferreira, diretor comercial de Pneus de Passeio e Caminhonete da Michelin América do Sul, nos últimos anos, a América Latina obteve um crescimento expressivo no agronegócio e a atividade hoje é responsável por cerca de 30% do PIB no continente. “Isto cria uma demanda para estes tipos de veículos por causa de força, robustez e versatilidade para andar em qualquer tipo de terreno”, explica. O Michelin LTX Force é um pneu para uso misto nestes tipos de veículo e promete maior durabilidade, segurança, frenagem mais curta e melhor controle em situações de aquaplanagem, se comparado com

produtos da concorrência na mesma categoria. Este lançamento é significativo para a Michelin porque é o primeiro projeto 100% liderado pelas equipes da empresa da América do Sul. “Quase todo o mercado sul-americano será atendido com produção local e, em um segundo momento, este pneu será lançado em outros continentes”, ressalta Anoildo Mattos, gerente de Marketing para Pneus de Passeio e Caminhonete da Michelin América do Sul. Desenvolvido para condições severas de uso, o Michelin LTX Force aplica as tecnologias Compactread e Rally Force, que vem do mundo das competições com inspiração no Rally

Paris-Dakar e no Rally WRC (World Rally Championship). A tecnologia Compactread promete mais durabilidade e segurança na estrada, graças a uma escultura com mais borracha e reforço entre os blocos que minimiza a deformação, aumenta a área de contato com o solo e maximiza a aderência no molhado. Já a tecnologia Rally Force possibilitou blocos mais altos que proporcionam tração superior, resultando em maior capacidade de tração, robustez e segurança. O pneu estará disponível em 26 dimensões, .M com aros de 15 a 18.

Diferenças entre pneu convencional e com tecnologia Compactread

Anoildo Mattos e Ruy Ferreira, da Michelin América do Sul

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CAPA

Só o necessário O Cultivo de soja com aplicação de fertilizantes a taxa variável na linha de semeadura reduz a quantidade necessária de aplicação desses insumos e aumenta a lucratividade

A

constante busca pelo aumento da produtividade e lucratividade das lavouras brasileiras tem feito com que os agricultores busquem, cada vez mais, formas de aperfeiçoar a utilização dos recursos, potencializando seus benefícios, tornando-se, desta forma, mais competitivos diante das variações econômicas. Uma das alternativas encontradas por muitos agricultores, com o intuito de aumentar a lucratividade, foi aumentar as áreas de produção. Porém, desde o final da década de 90, o Brasil vivenciou a introdução da Agricultura de Precisão (AP), que tem como principal objetivo otimizar recursos e reduzir os custos de produção. A AP baseia-se na aplicação de um conjunto de técnicas que visa identificar a variabilidade existente na lavoura, tanto do solo quanto das

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culturas, permitindo a intervenção de forma localizada e diferenciada dentro da área. Neste sentido, potencializam-se os resultados de produtividade, além da redução dos custos através da otimização dos recursos dentro do processo produtivo. O desenvolvimento de sensores e a utilização do GPS (Sistema de Posicionamento Global) para auxiliar as operações agrícolas fizeram com que um novo setor dentro das empresas fabricantes de máquinas agrícolas fosse criado, sendo que, atualmente, grande parte delas já adota essa tecnologia em suas máquinas, permitindo, desta forma, realizar diversas operações com um mesmo conjunto meca-

nizado, além de monitorar e registrar constantemente toda a operação. Geralmente, inicia-se a AP por meio do histórico de mapas de colheita, porém, muitos agricultores não dispõem desses mapas, mas isso não impede que a técnica seja aplicada. Alguns atributos de solo apresentam importante correlação com a produtividade, sendo que o mapeamento desses pode ser realizado por meio da divisão espacial da área analisada, o que gera uma malha de amostragem (Grid), para obter pontos amostrais e, consequentemente, análises de solo equidistantes.


Inúmeros são os fatores que levam à heterogeneidade do solo, que vão desde o processo de formação deste, a influência do relevo, bem como as intervenções realizadas pela prática da agricultura. A utilização de fertilizantes químicos revolucionou a agricultura, promovendo um aumento na produtividade das lavouras, mas a recomendação de adubação realizada pela média, amplamente difundida, também promoveu o aumento da heterogeneidade do solo no que se refere aos teores dos principais nutrientes. Neste sentido, tem se buscado novas alternativas de manejo que possam minimizar o efeito da variabilidade existente no solo no que se refere ao uso da fertilização química. A aplicação de insumos, mais precisamente de fertilizantes, durante o manejo dos solos pode ser feita por meio da taxa variável, sempre que esta prática for economicamente viável. Para isso, o mapeamento das propriedades químicas do solo e a identificação da variabilidade espacial de seus atributos são essenciais para a realização deste tipo de apli-

Case IH

Para aplicação de fertilizantes a taxa variável no plantio, o mapeamento das propriedades químicas do solo é essencial

cação. Atualmente, no mercado brasileiro, são disponibilizados pelos fabricantes de máquinas agrícolas diversos equipamentos destinados à AP. Para a distribuição de fertilizantes a Taxa Variável (TV) utilizam-se distribuidores centrífugos e por gravidade, que aplicam os insumos em superfície, que também podem ser utilizados na aplicação a Taxa Fixa (TF). Normalmente os fertilizantes mais utilizados na aplicação a lanço são o nitrogênio, o fósforo e o potássio (NPK). Dentro desse mesmo contexto, estão sendo desen-

volvidas e aprimoradas semeadoras-adubadoras capazes de distribuir fertilizantes formulados ou de forma individualizada diretamente na linha de semeadura (sulco) a TV. Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda, 2014), 45% de todo o fertilizante utilizado nas lavouras brasileiras é comercializado em fórmulas NPK, no entanto, a decisão de realizar a aplicação destes insumos a taxas variáveis está fundamentalmente baseada na viabilidade econômica, para que a aquisição de novos equipamentos

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com tecnologia de aplicação a taxas variáveis se justifique. Essa mudança no sistema produtivo promove uma alteração nos custos de produção que devem ser criteriosamente analisados, para que a tomada de decisão não seja baseada somente em critérios técnicos, mas também em critérios econômicos, justificando a aquisição da nova tecnologia, com o objetivo de incrementar a produção e/ou reduzir os custos.

AVALIAÇÕES NO CAMPO

Com o objetivo de verificar a viabilidade econômica da semeadura de soja com aplicação a TV de fertilizante na linha de semeadura, uma equipe de pesquisa realizou um experimento de campo em uma área de cultivo comercial, no município de Nova Mutum, no estado do Mato Grosso (MT). Neste experimento foi utilizada uma semeadora-adubadora de 15 linhas de semeadura com espaçamento de 0,5 metro, equipada com um kit (experimental) capaz de realizar a dosagem de fertilizantes de acordo com mapas

Figura 2 – Esquema da semeadura de soja com Taxa Fixa e Taxa Variável de fertilizante na linha de semeadura

de prescrição, previamente elaborados, com base no mapeamento da fertilidade do solo. A semeadura da cultura da soja, variedade Monsoy M9144RR, foi feita a Taxa Fixa, para uma população final de 270 mil plantas/ha. Já a aplicação do fertilizante foi realizada a Taxa Fixa (TF) e a Taxa Variável (TV), de forma alternada, em cinco faixas de semeadura (repetições) para cada tratamento avaliado (TF e TV). Para cada parcela foi estabelecida uma largura de 15m e 700m de comprimento. Essa largura foi definida para permitir o deslocamento de ida e de volta do conjunto trator/semeadora. Nas parcelas onde o fertilizante foi aplicado a TF, foi utilizada uma dose de 150kg/ha, baseada na exigência média da área. Já nas parcelas onde o fertilizante foi aplicado a TV, foram aplicadas doses de 100kg/ha a 215kg/ha, conforme interpretação do laudo da análise de solo. Na área experimental para delimitar as parcelas, durante a operação de colheita, faixas não colhidas foram deixadas

Figura 3 – Custo fixo total, custo variável total e lucro obtido nos dois tratamentos avaliados

para separar as parcelas dos dois tratamentos avaliados. Para a realização da análise econômica foi necessário determinar os custos fixos (depreciação, custo de remuneração e seguro do capital imobilizado), custo de oportunidade da terra e demais custos inerentes à produção. Já os custos variáveis levam em consideração: gastos com combustível, mão de obra, manutenção, insumos, entre outros. Estes foram computados, com o objetivo de determinar o custo horário do conjunto mecanizado. Neste experimento, o custo do kit para a aplicação do fertilizante a TV foi considerado apenas para o referido tratamento. A análise da viabilidade econômica, conhecida como payback, foi realizada comparando-se o lucro do tratamento 1, a TV de fertilizante, em relação ao lucro do tratamento 2, a TF. Também foi determinado o tempo de retorno financeiro do investimento do kit utilizado no sistema de aplicação de fertilizante a TV.

Novas ferramentas propiciam uma administração mais eficiente da variabilidade existente nas lavouras

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Valtra

Figura 1 – Arranjo do experimento para realização da semeadura a Taxa Fixa (TF) e a Taxa Variável (TV) de fertilizante


Guilherme Jost Beras

Parcelas da área experimental após a colheita da soja

RESULTADOS ENCONTRADOS

O peso seco dos grãos de soja colhidos na área do experimento para o tratamento a TF de fertilizante foi de 13.933kg, representando uma produtividade média de 3.240kg/ha (54 sacas/ha). No tratamento a TV de fertilizante (área com as mesmas dimensões da anterior) foram colhidos 14.390kg de soja, sendo que a produtividade média foi de 3.347kg/ ha (55,8 sacas/ha), ou seja, uma produtividade 3,3% superior em relação ao primeiro tratamento. Com base no somatório dos custos envolvidos na semeadura da soja (fixos e variáveis), em cada um dos tratamentos avaliados, e da receita obtida com a comercialização do produto colhido, foi possível obter o lucro para cada tratamento. Na Figura 3 é apresentado o custo fixo total, o custo variável total e o lucro por hectare de soja, para os dois tratamentos, bem como a diferença de lucratividade obtida com a aplicação a TV e a TF de fertilizante. Ao observar os resultados da Figura 3, percebe-se que o custo fixo total do tratamento a TV de fertilizante foi 0,8% (R$ 3,31) superior ao do tratamento a TF, enquanto que o custo variável total do primeiro tratamento foi 0,8% inferior (R$ 9,60) em relação ao segundo, fazendo com que o custo total ficasse em R$ 6,29 por hectare, 0,4% menor para o tratamento a TV. A análise dos dados demonstra que a receita obtida com o tratamento a TF de fertilizante foi de R$ 2.883,60 por hectare, enquanto que para o tratamento a TV foi de R$

Custos de cada um dos sistemas avaliados Descrição

Taxa fixa de fertilizante (TF)

Custo fixo Custo variável Custo total Receita Lucro Dif. de lucro da Tax. Var.

385,31 1093,50 1478,82 2883,60 1404,78

2.978,83 por hectare, ou seja, 3,3% superior em relação à TF. Deduzindo-se o custo total das receitas, se obtém um lucro de R$ 1.404,78 por hectare para o tratamento a TF, e de R$ 1.506,30 para o tratamento a TV. A diferença entre eles foi de R$ 101,52 por hectare, sendo que o tratamento a TV teve 7,2% a mais de lucro em relação ao tratamento a TF. Os resultados obtidos no experimento vão ao encontro aos encontrados por Amado (2006), durante trabalhos realizados no Projeto Aquarius, onde por meio da redução da utilização de fertilizantes, a propriedade analisada teve uma redução significativa nos custos de produção. Fiorin et al. (2011) obtiveram resultados superiores de produtividade em áreas manejadas com o sistema de Agricultura de Precisão, onde participaram produtores de Cooperativas Agrícolas do estado do Rio Grande do Sul. Além do aumento de produtividade das áreas, também foram obtidas reduções na quantidade de fertilizante aplicado nas lavouras, maximizando ainda mais os lucros

Taxa variável de fertilizante (TV) R$/ha 388,62 1083,90 1472,53 2978,83 1506,30 101,52 (7,2%)

Média 386,97 1088,70 1475,67 2931,22 1455,54

dos agricultores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de novas ferramentas aliada às técnicas de Agricultura de Precisão propicia aos agricultores uma administração mais eficiente da variabilidade existente em suas lavouras, bem como realizar intervenções de forma mais precisa. Deve-se ter em mente que, muitas vezes, não ocorre um incremento imediato na produtividade, mas em contrapartida ocorre uma otimização e racionalização dos recursos utilizados, o que reduz consideravelmente os custos de produção, garantindo dessa forma a sustentabilidade econômica e, principalmente, a sustentabilidade ambiental do sistema .M produtivo.

Guilherme Jost Beras, John Deere Alexandre Russini e Ulisses Giacomini Frantz, Unipampa José Fernando Schlosser e Marcelo Silveira de Farias, Nema – UFSM

VIABILIDADE ECONÔMICA E “PAYBACK”

A

nalisando-se a diferença de lucratividade por hectare do tratamento a TV de fertilizante em relação ao tratamento a TF, que foi de R$ 101,52, bem como de posse do valor de aquisição do kit para aplicação de fertilizante a taxa variável, foi possível calcular o tempo necessário de retorno econômico do capital investido que, na época da realização do experimento, foi de R$ 12.300,00. Dividindo-se o valor de aquisição do kit pela diferença de lucratividade entre os tratamentos (R$ 101,52), verifica-se que

são necessários aproximadamente 122 hectares, com condições similares ao da área experimental, para que o dinheiro investido seja retornado para o agricultor. Considerando-se que uma semeadora-adubadora, como a que foi utilizada no experimento, trabalha em média 300 horas/ ano ou, aproximadamente, 900 hectares por safra agrícola, o retorno financeiro do investimento do kit de aplicação de fertilizante a Taxa Variável ocorre em menos de um ano de uso.

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FICHA TÉCNICA

PMKF Mákxima

A linha de plataformas de milho PMKF Mákxima possui uma grande variedade de modelos que se adaptam a colhedoras de médio, pequeno e grande portes

A

Industrial KF lançou em 2012 a linha de plataformas de milho PMKF Mákxima, que possuem boa performance na colheita de milho acamado. A PMKF Mákxima foi projetada e desenvolvida para trabalhar em diversas condições de terreno, colheita e cultura. Apresenta várias possibilidades de regulagens, proporcionando a colheita nas condições mais adversas. Os modelos da linha PMKF Mákxima possuem uma ampla gama de chassis

com 18 modelos, onde o menor apresenta sete linhas e o maior 24 linhas, permite espaçamentos de 45cm-50cm, 55cm-60cm e 65cm-70cm. Suas caixas de transmissão em alumínio, biqueira e ponteiras proporcionam mais leveza ao produto. As linhas de colheita são compostas por rolos com maior extensão. O encaixe macho e fêmea é quadrado sendo dispensado o uso de pino elástico. As aletas podem ser removidas quando necessário, para fazer a substituição ou manutenção. Possuem um sistema eficaz de limpeza nos rolos, pois conta com o auxílio de navalha regulável. A transmissão lateral da plataforma é constituída por três rodas dentadas ASA 80, temperadas com auxílio de dois limitadores de torque projetados para 32kg de força, responsáveis pela segurança dos componentes da linha que proporcionam uma maior vida útil

Sistema de lubrificação das engrenagens por gotejamento

Linha permite espaçamento de 45cm a 90cm

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ao produto. A transmissão do caracol é composta por um limitador de torque projetado para 28kg de esforço e mais três rodas dentadas ASA60 para variação de velocidade do caracol. O ângulo de ataque ao solo da plataforma é de 15 graus, com raio suavizado que facilita o recolhimento do milho acamado e proporciona a melhor performance. As carenagens laterais são com regulagem de altura, que reduzem assim as perdas na colheita. A lubrificação é realizada por gotejamento, através de um sistema que auxilia no aumento da vida útil das correntes e engrenagens das transmissões laterais e do caracol. O caracol possui um limitador de torque com regulagens, além de ser bem dimensionado com bom transpasse de hélice, que assegura boa alimentação nas “bocas” da máquina. A transmissão é constituída por rodas dentadas com tratamento térmico que proporciona maior durabilidade. As linhas são fixadas por meio de braçadeira fundida, formato em “V” bem compacta, que inibe a movimentação da linha durante a colheita. Seu chassi possui tubo estrutural mais rígido e os suportes laterais são mais estruturados, evitando, assim trepidações que poderiam danificar rolamentos e outros componentes. Os bicos laterais da linha são


Fotos KF

Detalhes da crista utilizada na lateral da plataforma: sem a presença da crista é ideal par acolher milho acamado; com a crista baixa pode-se colher milho com pouco acamamento; já a crista alta é indicada para colheita de milho não acamado

mais curtos para evitar que ao fazer a curva a plataforma derrube os pés de milho. As linhas são escamoteáveis, facilitando o transporte e armazenamento em locais com pouco espaço. Possui biqueira com raio suavizado para possibilitar a flutuação no solo. As navalhas dos rolos são compostas por aço temperado com fio, responsável pela limpeza e pelo corte da cana (inço), com abertura regulável da navalha em relação à aleta do rolo, garantindo maior vida útil nos componentes da transmissão e tomada de força. Os bicos centrais e laterais possuem um suporte que serve de encaixe para uma mola que fica presa no braço articulado e no suporte da carenagem, ori-

ginando a movimentação topográfica dos bicos em relação ao solo. O braço possui uma roldana com rebaixo no centro da peça que permite guiar o bico central e lateral, inibindo a quebra precoce da base da trava das carenagens. A base de apoio é composta de duas orelhas responsáveis pela opção de ataque dos bicos centrais e laterais das carenagens. Estas orelhas possuem um reforço de cada lado, com a finalidade de proporcionar maior estabilidade da base de articulação. Esta base de apoio é fixada entre as linhas através de dois ou mais elementos de fixação, com a função de proporcionar variações de ângulo de ataque para os bicos centrais e laterais com o auxílio de um suporte intermediário preso sobre os patins das linhas. Um sistema de apoio do bico, carenagem central e lateral, com braço articulado, permite regular o ângulo de ataque das carenagens, copiar a topografia do solo,

inibindo o acúmulo de palha entre a linha e os bicos centrais e laterais. Os modelos das linhas PMKF-3000 e PMKF-11500 permitem espaçamentos de 45cm a 90cm. Elas possuem kits de acoplamento e transmissão para todos os modelos de colheitadeiras existentes no mercado nacional. É possível regular a carenagem de acordo com a situação de cada lavoura, sem precisar trocar a carenagem lateral. A crista na posição alta é a regulagem standard, utilizada em situações de solo que apresentam ladeiras, milho não acamado. A regulagem com a crista na posição baixa, menos agressiva, é utilizada em situação de milho pouco acamado. Já a carenagem sem utilização de crista é utilizada em situação milho bastante acamado. Essa versatilidade da carenagem lateral regulável possibilita trabalhar em diversas situações .M de colheita. Sistema de apoio do bico

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AGRICULTURA DE PRECISÃO

Sobre trilhos

Valtra

O conceito de tráfego controlado permanente é adotado em várias partes do mundo e também ganhou força no Brasil, através de projetos voltados para lavouras de cana-de-açúcar e de cereais

A

agricultura de tráfego controlado permanente (ATC) se baseia em concentrar a passagem das máquinas em um mesmo local no campo, com o uso de linhas permanentes de passagem (tramlines) que suportam a carga das máquinas, desde a implantação da cultura até a sua colheita. Dessa forma, o solo é compactado apenas nas faixas correspondentes à largura dos rodados e o restante fica completamente reservado à cultura. Isso torna desnecessárias operações de preparo ou prolonga o efeito delas, em virtude da maximização da conservação das áreas de plantio. De forma geral, se fundamenta em um simples termo: plantas crescem melhor em solo macio, enquanto que rodas funcionam melhor em estradas. Com o aumento na intensidade de Junho 2015 • www.revistacultivar.com.br

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uso dos solos agrícolas, a fim de otimizar a extração de recursos, observa-se gradativamente um aumento na trafegabilidade de máquinas e equipamentos agrícolas para o manejo das áreas exploradas. Atrelado a isso, condições inapropriadas de manejo, como trabalhar com condições de umidade do solo inadequadas, favoreceram grandes perturbações nos solos agrícolas, sendo apontada a compactação como a principal causa destas mudanças. O termo compactação pode ser definido como a alteração da forma e estabilidade estrutural das propriedades do solo, modificando assim o arranjo das partículas constituintes. Dessa maneira, ocorre uma redução no seu volume (menor porosidade total), afetando os mais diversos processos físicos, químicos e biológicos. Estes

impedimentos, além de reduzirem o potencial produtivo das áreas, podem favorecer a erosão e/ou limitar o crescimento radicular das plantas, o que prejudica a exploração de áreas de solo em busca de água e nutrientes. Uma ótima produção agrícola é alcançada em solos que, além de condições químicas adequadas, apresentam aspectos físicos favoráveis como: muita atividade biológica benéfica (micro-organismos, minhocas e crescimento de raízes), trocas gasosas com o meio, infiltração e redistribuição de água no perfil e desenvolvimento do sistema radicular. Alguns destes processos são dependentes das condições “aeróbicas”, ou seja, o solo com muitos poros cheios de ar. Expulsar esse ar dos poros por meio da compactação é prejudicial a estes processos e, por consequência,


aumento da eficiência operacional devido ao planejamento, além da redução dos custos com a manutenção das máquinas, sendo que segundo a CTF Europe (Controlled traffic farming), alguns agricultores australianos conseguiram alcançar reduções de até 75%. Em suma, objetiva-se reduzir custos e aumentar a produtividade. Contudo, devido às máquinas apresentarem grandes proporções quando comparadas às máquinas convencionais, torna-se dificultada ou inviabilizada a circulação em vias públicas, sendo esta a principal desvantagem do sistema. O conceito inicial da ATC surgiu de um inglês chamado Alexander Halkett no ano de 1855. Ele projetou e construiu uma máquina movida a vapor específica para ATC, sendo que apenas mais tarde, no ano de 1975, seu compatriota David Dowler começou a desenvolver e construir protótipos mais sofisticados. Atualmente a Holanda, o Estados Unidos, a Austrália, o Reino Unido e a Dinamarca são os países onde a utilização dessa técnica está mais desenvolvida e difundida. A ATC tem sido mais amplamente utilizada por produtores de batatas e de hortaliças. Contudo, pode ser também empregada na produção de cereais, mas o mais comum é recorrer-se à adaptação da bitola dos equipamentos convencionais nestes casos. Além disso, aqui no Brasil, está sendo desenvolvida uma máquina pelo Laboratório Nacio-

nal de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), com sede em Campinas (SP), com destino à fertilização e à colheita de cana-de-açúcar com o auxílio de GPS. A estrutura de tráfego controlado, como foi denominada, foi dada à primeira versão de um protótipo, o qual desenvolve um projeto de mecanização do manejo da cana-de-açúcar. A máquina apresenta uma bitola que pode variar de seis a nove metros de largura, possui tração e direção nas quatro rodas, trafega sobre faixas que atingem apenas 10% da superfície do solo, deixando o resto da área (90%) para o desenvolvimento da planta. Seu objetivo principal é reduzir os níveis de compactação de solo, aumentar a produtividade e economizar combustível. Essa estrutura também proporciona um incremento de velocidade de colheita em torno de 1,2km/h a mais do que uma colhedora de cana convencional, operando com a mesma capacidade. A potência do motor é de 250cv, 100cv a menos da colhedora convencional, com isso, para uma mesma capacidade de operação, o consumo de combustível é reduzido significativamente, diminuindo assim o custo total na operação de colheita para a cultura da cana. A implementação da ATC requer um eficiente planejamento das atividades operacionais a serem exercidas na cultura, do levantamento das áreas exploradas e de máquinas e equipamentos utilizados. A trafe-

Asa-Lift

Case IH

ao crescimento das culturas agrícolas de sequeiro. Logo, a redução ou o controle adequado do número de passada das máquinas agrícolas sobre o solo propicia essas condições para o desenvolvimento das plantas, o que possibilita, em alguns casos, redefinir a densidade de semeadura e a distância entre linhas. Por consequência, a ATC também proporcionará uma absorção e disponibilidade dos nutrientes (até 15%) e da água mais eficiente, redução da possibilidade de ocorrências de erosão, menor e melhor utilização de agroquímicos e redução do gasto com combustível. Este último ocorre devido ao aumento da compactação das faixas de tráfego que proporciona um melhor desempenho de tração das máquinas, em função da menor resistência ao rolamento dos rodados, e à menor demanda de tração pelas ferramentas na relação solo/máquina, que atuam na área não compactada. A definição das linhas de tráfego também reduz significativamente o amassamento das culturas implantadas, visto que os tratamentos fitossanitários em culturas do sequeiro exigem intensa movimentação de equipamentos aplicadores de insumos. Como consequência, as perdas são reduzidas, o que propicia um aumento no rendimento, por conseguinte, maximiza-se o lucro. Ainda, as tarefas poderão ser realizadas em um menor tempo, pelo

À esquerda, lavoura brasileira onde já é possível realizar as passadas de tratores e pulverizadores pelo mesmo trilho. À direita, máquina inventada na Dinamarca com o objetivo de causar menor compactação possível no solo cultivado (ver box)

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Fotos Asa-Lift

Um exemplo de tráfego controlado na Dinamarca

F

ora do Brasil, a empresa Asa-Lift, em parceria com a Universidade de Aarhus (Dinamarca), também está desenvolvendo um protótipo, em fase bastante avançada, para que seja utilizado em sistemas ATC e que possa ser transportado em vias públicas. O trator WS 9600, como foi chamado, mede 9,6m de roda a roda e é composto por três seções. Em cada seção pode-se engatar diferentes implementos, através do sistema de três pontos, desde escarificadores até recolhedores. Cada um dos lados possui um motor de 174cv, uma bomba hidráulica de 300L/min e duas bombas de transmissão. Atualmente, esse protótipo encontra-se trabalhando em produção de batatas e hortaliças na Dinamarca.

gabilidade permanente requer um gerenciamento preciso, como monitoramento espacial, mapeamento e gestão, dentro de uma estrutura espacial definida. Todas as operações como a semeadura, colheita, aplicação de produtos químicos e fertilizantes devem ser realizadas da forma mais precisa possível, pois o tráfego não poderá ser alterado se erros forem cometidos em alguma das operações. Se estes objetivos são alcançados ocorre a otimização de outros processos como o uso de agroquímicos, pois se houver sucesso no monitoramento não ocorrerá sobreposição na aplicação, reduzindo custos e aumentando o rendimento em produtividade. Também, através do planejamento, ocorre um acréscimo da eficiência Junho 2015 • www.revistacultivar.com.br

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Máquina pode também trafegar pelas estradas e rodovias

operacional das máquinas, pois o tráfego é arranjado de maneira a percorrer a menor distância possível na atividade, excluindo assim algumas manobras desnecessárias realizadas pelas máquinas, ocorrendo redução no consumo de combustível. A ATC é um dos componentes de manejo sustentado de produção que está sendo a cada dia mais discutida por pesquisadores em todo o mundo. Os grandes desafios deste processo é a adequação do sistema de máquinas em torno da mecanização existente. As pesquisas e os protótipos existentes atendem pequenas culturas como hortaliças e batata, necessitando mais estudos para culturas de grande escala. No Brasil, os estudos giram em torno apenas de protótipos e há um déficit

de fontes de informações sobre este assunto de grande relevância em meio à mecanização. A ATC, na sua forma mais sofisticada, emprega o uso de máquinas especialmente projetadas para o sistema. Contudo, os agricultores que possuem um parque de máquinas convencionais podem adotar parte do sistema através do ajuste das bitolas e/ou emprego de extensores de eixos, sendo necessário que todas as máquinas empregadas na produção da cultura sofram esse ajuste, dando-os aptidão em tarefas de tráfego controlado. Além disso, um componente fundamental é o uso dos implementos com as mesmas larguras ou em larguras múltiplas. Vale salientar que estes parâmetros, associados também ao correto planejamento da execução


A definição das linhas de tráfego também reduz significativamente o amassamento das culturas implantadas, visto que os tratamentos fitossanitários em culturas do sequeiro exigem intensa movimentação de equipamentos aplicadores de insumos

das atividades no campo, minimizam a compactação, comparados a operações sem o uso destas regulagens, porém, não cessam todos os problemas. As máquinas, mais especificamente o trator, tal como o conhecemos hoje, evoluíram a partir dos tratores movidos por duas rodas, o qual foram introduzidos em meados da década de

20. Basicamente, o projeto não mudou ao longo dos anos, mas a eficiência produtiva aumentou mais de dez vezes e a massa destes obteve um acréscimo similar. A massa das máquinas agrícolas compromete a produtividade dos solos e o tamanho é um desafio quando é necessário realizar manobras em estradas públicas. Tratores foram bem-

-sucedidos na substituição dos cavalos, mas já há no mundo quem pense que é tempo para redesenhar o projeto .M básico do trator. Tiago Rodrigo Francetto, Airton dos Santos Alonço, Catize Brandelero e Rafael Sobroza Becker, Laserg/UFSM


SEMEADORAS

Plantio sem erros Fotos Paulo Arbex

O Projeto Inspeção Periódica de Semeadoras segue o mesmo caminho realizado pelo projeto de pulverizadores com o objetivo de eliminar ou minimizar os erros na operação do plantio

U

ma das etapas mais importantes dentro de um contexto amplo de produção agrícola é a semeadura, pois, nessa etapa, estão os maiores custos e as maiores tecnologias, por isso a importância de fazê-la sem falhas ou com o mínimo possível delas. O maior problema de errar em uma semeadura é que não há como corrigir, ou seja, uma semente mal colocada no solo, ou não colocada, vai levar a uma falha, e essa não será mais corrigida naquela safra. Fato comum no meio rural é a aquisição de produtos com alto custo que trazem a promessa de realizar serviços de precisão, mas que nem sempre correspondem às expectativas do produtor no campo. Os motivos desta insatisfação são variados, principalmente devido ao uso da máquina de forma inadequada, ou seja, no caso de semeadoras, sem a regulagem adequada, devido à falta de conhecimento do produtor que a adquiriu. Como consequência, não se tem o resultado esperado, frustrando o produtor na hora da colheita. O Projeto IPS (Inspeção Periódica de Semeadoras) tem por objetivo Junho 2015 • www.revistacultivar.com.br

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desenvolver metodologias e tornar realidade a implementação de um sistema de inspeções periódicas pelo Brasil. Este projeto foi lançado para dar sequência ao Projeto IPP (Inspeção Periódica de Pulverizadores), desenvolvido na FCA Unesp/Botucatu desde a década de 1990 e que representa até hoje uma das principais ações organizadas de incentivo à atividade de inspeção periódica de máquinas agrícolas na América Latina. Diversos estudos publicados nos últimos anos mostram que ainda é grande o percentual de falhas, devido aos erros de calibração e à deficiência de manutenção das semeadoras em uso no Brasil, sendo que a situação não é diferente nos demais países latino-americanos. Por esta razão, a inspeção periódica é considerada uma das ferramentas mais eficazes para a redução dos prejuízos causados por estes problemas no campo. O Projeto IPS foi idealizado e está sendo desenvolvido pelo Grupo de Plantio Direto (GPD) da Faculdade de Ciências Agronômicas Unesp de Botucatu, que tem trabalhado com pesquisa e desenvolvimento envolvendo máqui-

nas de plantio, semeadura e adubação, visando diminuir custos, minimizar gastos energéticos e promover a sustentabilidade na produção agrícola. Fazem parte deste grupo de pesquisa alunos de graduação da FCA (Agronomia, Engenharia Florestal e Zootecnia), assim como mestrandos e doutorandos do programa Energia na Agricultura e professores da área de Máquinas e Mecanização Agrícola do Departamento de Engenharia Rural da FCA. O principal conceito que dá suporte ao desenvolvimento do Projeto Inspeção Periódica de Semeadoras é a busca pela excelência em plantabilidade, que é a característica de desempenho da semeadora visando a correta distribuição longitudinal das sementes no campo. Esse fator contribui para a obtenção de um estande adequado de plantas na cultura, promovendo a melhoria de desempenho do sistema e a otimização de recursos (sementes, fertilizantes, combustíveis, mão de obra etc). Em suma, o bom desempenho na plantabilidade é um fator decisivo na busca pela sustentabilidade do agronegócio no Brasil. Para se ter a noção da importância do conceito da plantabilidade, dados

Apesar das tecnologias existentes, as falhas no plantio ainda existem


O objetivo do Projeto de Inspeção Periódica de Semeadoras é dar suporte aos produtores, garantindo que a máquina esteja em condições ideais de uso e que os operadores saibam como utilizá-la corretamente

de empresas que comercializam sementes apontam que numa cultura de milho, para cada 10% de aumento no Coeficiente de Variação do espaçamento entre sementes, perde-se 1,5 saco de grãos produzidos por hectare de lavoura implantada. Em relação a perdas, no que se refere ao uso de semeadoras-adubadoras, diversos fatores interferem no estabelecimento do estande adequado de plantas, destacando-se, principalmente, a uniformidade de tamanho das sementes, a profundidade de deposição das sementes e adubos no solo, a velocidade de deslocamento da máquina, a quantidade de sementes e adubos depositados no solo, a distância entre as sementes na linha de semeadura, a pressão correta das ferramentas contra o solo, entre outras. A estrutura para as inspeções nas semeadoras conta com uma unidade móvel (caminhão Ford 250), a qual transporta os equipamentos necessá-

rios para as avaliações até as propriedades rurais. Além da avaliação de plantabilidade da semeadora-adubadora, a metodologia da inspeção é realizada por meio de checklist com a identificação do proprietário, da propriedade, da máquina; características de qualidade, quantidade, segurança e tecnologia utilizada. As visitas e inspeções já estão sendo realizadas por todo o estado de São Paulo e o primeiro objetivo é a publicação de tese e artigos científicos com os dados obtidos. O Projeto IPS se posiciona, portanto, como uma ferramenta importante na busca de possíveis soluções para os problemas comumente encontrados na

Unidade Móvel utilizada para realizar as inspeções periódicas

Paulo Silva faz parte do Projeto IPS, da Unesp de Botucatu

operação das semeadoras-adubadoras de precisão, colaborando para a busca da racionalização do uso de energia e insumos, com reflexos na sustentabili.M dade do sistema de produção. Paulo Roberto Arbex Silva, Unesp Botucatu

Importância de evitar pequenos erros no plantio

U

m exemplo de erro muito comum, que inclusive já foi detectado em muitas pesquisas realizadas pelo GPD, são as falhas na semeadura, ou seja, a quantidade inadequada de sementes e fertilizantes colocada no solo. Tomando como exemplo a seguinte situação, temos: Área a ser cultivada: 100 hectares Cultura a ser instalada: milho Valor da saca do grão: R$ 28,00 (abril de 2015) Espaçamento da cultura: 0,7 metro Metros lineares em um hectare: 14.285 metros Sementes colocadas por metro: 4,8 sementes Falha: 1 semente a cada 5 metros de linha 14.285/5 = 2.857 sementes não colocadas em um hectare. Imaginando que cada semente seja uma planta e cada planta produza uma espiga com aproximadamente 0,300kg de grãos, isso daria: 857,1kg, ou seja, 14,3 sacas (60kg) a menos de produção. Transformando isso em valores seria R$ 400,00 em um hectare, deste modo, R$ 40.000,00 em 100 hectares semeados.

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FICHA TÉCNICA

Hydra 200 Lançado recentemente, o pulverizador autopropelido Hydra 200 da Pla do Brasil é uma opção para produtores de pequeno e médio portes que planejam substituir seus pulverizadores de arrasto

A

Pla do Brasil lançou em 2015 o Hydra 200, um pulverizador autopropelido de dois mil litros, que permitiu a entrada da empresa na maior fatia do mercado agrícola nacional, as propriedades de pequeno e médio portes do Centro-Sul brasileiro. Dessa forma, a empresa amplia sua linha de produtos para as diferentes áreas e regiões do Brasil, atendendo a uma demanda de mais de 500 máquinas/ano, uma vez que ainda é grande o número de produtores operando máquinas de pulverização, puxadas por tratores. Estes conjuntos de pulverização, muitas vezes, não dispõem de cabine no trator, item que determinaria uma maior proteção a quem opera os equipamentos. Com o lançamento da Hydra 200, a Pla possibilitará a pequenos e médios produtores, uma redução na ordem de 20% nos custos de lavoura e um incremento de produtividade de até quatro sacas de soja por hectare, já que a tecnologia embarcada reduzirá a quase zero os transpasses de aplicação. Paralelo a isso, uma barra maior reduSuspensão pneumática

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zirá o número de passadas para cobrir a lavoura e consequentemente haverá um menor amassamento da cultura, sem contar o fato do fim da perda causada pelo cabeçalho do pulverizador, no caso da soja. A cultura do milho, muito comum no Centro-Sul do Brasil, não pode prescindir, atualmente, das aplicações de fungicidas nas fases de pré e pós-apendoamento, fase da cultura em que os pulverizadores de arraste, pela baixa altura de vão livre, não têm condições de trabalhar.

CHASSI

O chassi Powerflex da Hydra 200 possui um desenho desenvolvido especificamente para máquinas autopropelidas de pulverização, pois une os conceitos construtivos fundamentais a este tipo de máquina, as quais necessitam ter o centro de gravidade distante do nível do solo, ser resistentes,

ter leveza e acima de tudo flexibilidade. Sua estrutura de tubos trefilados suporta as torções laterais produzidas pela altura do centro de gravidade, contudo, sem sofrer fadigas e/ou trincas ao longo do chassi. A flexibilidade se dá em função do sistema de tensores que se ligam através de rótulas ao chassi e aos trens de rodagem. Este sistema de tensores ainda tem como vantagem oferecer ao trem de rodagem a possibilidade de variar para cima ou para baixo uma distância de até 70 centímetros. No caso da Hydra, o projeto foi desenvolvido especificamente para um tanque de dois mil litros. Ele pesa 6.620kg, peso distribuído ao longo do chassi, 57% traseiro sobre o eixo traseiro e 43% no dianteiro. Por isso, a facilidade de subida em terrenos muito inclinados, comuns na região Centro-Sul do País. Este equilíbrio da distribuição do


Fotos Pla

Visão das bombas hidráulicas do sistema de transmissão

peso também determina uma redução da compactação do solo.

MOTORIZAÇÃO

A Hydra 200 é equipada com motor MWM de 132cv, 4 cilindros e turbo alimentado

Detalhes da plataforma de acesso ao motor e ao tanque de calda, com proteções contra queda nas laterais

através do sistema de injeção direta, e promete baixo consumo de combustível e manutenção facilitada. O motor foi desenvolvido para trabalhar a uma temperatura média de 85°C e ideal para países tropicais como o Brasil. Possui um sistema de arrefecimento simples e eficaz, composto de radiador alveolado com a capacidade de 15 litros. A hélice do ventilador do motor sopra o radiador, reduzindo desta forma a fixação de detritos nos alvéolos do radiador. O tanque de combustível tem capacidade de 150L que corresponde a aproximadamente 20 horas de trabalho. Sistema de iluminação externo

SISTEMA DE QUADRO E BARRA

O sistema de quadro e barras de um pulverizador é, sem dúvida, um dos componentes mais importantes desta máquina, que é utilizada até 15 vezes ao ano nas lavouras das diversas regiões do País. Com um uso tão intensivo, um dos grandes desafios da indústria tem sido ampliar a área de cobertura das barras, isto é, aumentar seu comprimento e desta forma cobrir áreas maiores em menor tempo. No entanto, este conjunto precisa combinar resistência, flexibilidade e leveza, para realizar a proteção dos cultivos para o qual foi projetada. Na Hydra 200 o quadro fixo associado ao deslizante, na forma de torre, garante a mobilidade vertical das barras e dessa forma permite a aproximação da barra até o nível do solo, garantindo a perfeita deposição dos defensivos agrícolas sobre os alvos biológicos. Para garantir a integridade do sis-

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Fotos Pla

Console lateral do posto do operador e joystick responsável pela movimentação

Motor MWM de 132cv que atua em conjunto com duas bombas hidráulicas

tema, a Hydra 200 possui, também, o movimento pendular, que é produzido pelas duas bieletas, as quais fazem a ligação entre o quadro deslizante e o fixo, na forma de evitar o efeito gangorra que é o movimento indesejado que joga um dos lados da barra para o alto enquanto o outro lado choca-se ao chão e assim acarretando quebras e deriva dos defensivos. Isto acontece principalmente em lavouras acidentadas, com curvas de nível para transpor. Além destas proteções, a máquina segue o modelo das máquinas maiores da Pla, como o sistema de treliça invertida, projeto que garante robustez e leveza às barras do pulverizador, e que no final de tudo, confere estabilidade das barras tanto na vertical quanto na horizontal durante as aplicações.

132cv é acompanhado por duas bombas hidráulicas de 50L/min Sauer Danfos. O conjunto motor/bombas hydro, associado aos motores de rodas e redutores, blocos divisores, válvulas de pressão e de alívio, mangueiras, sistema de filtragem e tanque de armazenagem de óleo, constitui um sistema que transforma toda a força de cada cv do motor em movimento para vencer os desafios dos terrenos do Centro-Sul do Brasil. Por outro lado, a forma de distribuição desta força, a tração, é paralela, trazendo facilidade ao subir inclinações maiores de 30 graus.

SISTEMA DE TRANSMISSÃO

Na Hydra 200, o motor MWM de

CABINE

Um dos grandes problemas do agricultor brasileiro durante as aplicações de defensivos é a exposição deste aos riscos de intoxicações, sejam por contato com a pele, olhos ou pela inalação de vapores dos produtos altamente voláteis. A cabine do

Sistema de Agricultura de Precisão

A

Hydra 200 vem equipada com o que há de mais moderno no mundo da Agricultura de Precisão. Com o piloto automático hidráulico AutoLine o produtor tem a garantia de um traçado perfeito com segurança e precisão na sua lavoura, além de economia de tempo e redução de esmagamento. A agricultura de precisão Pla também garante eliminação da sobreposição e falhas de pulverização, tudo com controle automático do desligamento com cinco seções e reativação da pulverização quando necessário. O computador de bordo Ultranave 32 Autoline já vem com tela colorida, trabalho em reta e curva, barra exclusiva em LED indepen-

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dente da tela LCD, demarcação de limites de aplicação e todas as áreas trabalhadas podem ser salvas a cada trabalho. Os dados podem ser salvos por memória portátil (pen drive), assim como as atualizações dos softwares.

Visão do espaço da cabine, que possui também banco auxiliar para instrutor

pulverizador, neste aspecto, é uma proteção fundamental para a saúde de quem opera. Na Hydra 200, a cabine é um ponto a ser destacado não só pela barreira mecânica de defesa da saúde do operador, mas pelo sistema de filtros de carvão ativado presentes no ar-condicionado da cabine. A ergonomia é outro importante atributo desta máquina, a começar pela escada de acionamento hidráulico que tem seus degraus projetados para facilitar o acesso do operador à cabine, seguindo pela porta que abre da esquerda para a direita, dando acesso direto ao interior da cabine. No espaço interno, o painel com as informações de temperatura, rotação e pressão de óleo do motor completam as características e vantagens da cabine da Hydra 200. Já as regulagens de altura, deslizamentos para frente e para trás do assento, respeita as diferentes alturas de quem vai operar a máquina, além de combinar com a posição do console onde o operador apoia o antebraço para acionar o joystick que comanda a direção da máquina. O banco auxiliar, quase um luxo para uma máquina de baixo custo, é um item que permite e facilita o treinamento de operadores. .M




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