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Cultivar
Cultivar Máquinas • Edição Nº 155 • Ano XIII - Setembro 2015 • ISSN - 1676-0158
Índice 4 Rodando por aí 8 Menor compactação sobre pneus 11 Colhedoras forrageiras 14 Ficha Técnica - Trator 4233 18 Filtros de irrigação 23 Projeto para irrigação 26 Pivô central 29 Desempenho de semeadoras 32 Roçadeiras 36 Expointer 2015
Destaques
Especial - Irrigação Material aborda projeto de sistema para lavouras canavieiras e técnicas de manutenção em pivô central e sistemas por gotejamento
Rendimento testado Avaliação de desempenho de colhedora forrageira autopropelida na colheita de forragem em lavoura do MS
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter
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Expointer 2015 Conheça as máquinas e os equipamentos agrícolas que foram lançamentos e destaques na Expointer 2015
Assinatura anual (11 edições*): R$ 239,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00
• Editor Gilvan Quevedo
• Design Gráfico/Diagramação Cristiano Ceia
• Redação Charles Echer Rocheli Wachholz
• Comercial Sedeli Feijó José Luis Alves Rithiéli de Lima Barcelos
• Revisão Aline Partzsch de Almeida • Coordenação Circulação Simone Lopes
Capa - Matheus Zanella
Pôster do mês
• Assinaturas Natália Rodrigues Clarissa Cardoso Aline Borges Furtado • Expedição Edson Krause • Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
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NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
RODANDO POR AÍ Arena New Holland
Go-Task
Um dos principais atrativos da Expointer foi a Arena New Holland, onde o público pôde assistir gratuitamente a um verdadeiro show de máquinas agrícolas, com demonstrações de manobras de tratores utilizando piloto automático, operadores do lado de fora da cabine e outras demonstrações de força e flexibilidade das principais máquinas da marca. Uma equipe de animadores empolgou o público presente em várias apresentações diárias.
A Massey Ferguson realizou durante a Expointer o pré-lançamento do aplicativo móvel Go-Task, sistema de última geração para transferência de dados sem fio que pode ser utilizado em qualquer dispositivo com sistema iOS. De acordo com o coordenador de Marketing do Produto ATS Massey Ferguson, Niumar Dutra Aurélio, este aplicativo “é a garantia que a entrada e a saída de dados nas máquinas sejam feitas por um dispositivo wireless, com segurança e agilidade”. Uma vez que o aplicativo está instalado no iPhone, iPad ou iPod, a transferência de dados é feita de forma sincronizada, automática e sem uso de internet. Basta a proximidade do aparelho com a máquina agrícola e os dados serão transferidos, concluiu o coordenador.
Niumar Dutra Aurélio e Rafael Costa
Casa nova O engenheiro Fernando Petroli assumiu recentemente o cargo de supervisor de Marketing do Produto de Implemento da AGCO, para as marcas Massey e Valtra. Na nova função, ele realizará prospecção e entendimento dos mercados, análise de portfólio e de mercado, coordenação da equipe de campo de Marketing do Produto e proposição de estratégias de produto no curto, médio e longo prazo.
Fernando Petroli
Show para o público
Eduardo Nicz
Durante a Expointer, a New Holland reforçou a importância dos diversos shows e demonstrações em todo o Brasil, como estratégia para aproximar a marca ainda mais dos clientes. “Eventos como o New Holland em Campo, que passará por 15 cidades brasileiras em 2015, são um diferencial da marca na aproximação com os clientes”, explica Eduardo Nicz, gerente de Marketing.
Nova Linha BT A Valtra apresentou várias novidades durante a Expointer, entre elas a nova geração de tratores da Linha BT. “Entre as novidades desta série está o capô com design global da marca, que traz um desenho arrojado e moderno”, explica o diretor de Marketing Produtos AGCO para a América Latina, Jak Torretta.
Jak Torretta
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04
Inovações A New Holland apostou forte em atrativos para alavancar as vendas durante a Expointer. “Um dos diferenciais da empresa é possibilitar ao cliente a aquisição de qualquer máquina agrícola da New Holland através de troca por sacas de produtos, operação conhecida por barter”, explica Carlos D’Arce, diretor de Marketing para a América Latina.
Carlos D’Arce
Família ampliada
André Rorato
A LS Tractor esteve presente em mais uma edição da Expointer 2015 com sua linha de tratores e realizou o lançamento do trator compacto modelo R60 C cabinado. “Este modelo apresenta novidades tecnológicas diferenciadas para esta categoria, pois faz parte do nosso DNA inserir estas inovações em todos os modelos, sem que o produtor precise adquiri-las como um acessório”, garante o diretor comercial, André Rorato.
55 anos A Jan completa este ano 55 anos de fundação e várias comemorações estão previstas no calendário da empresa. “Para registrar este marco, a empresa lançou dois produtos comemorativos, os distribuidores de corretivos e fertilizantes Lancer Evolution 12.000 e Lancer Prime 1.500”, explica o gerente comercial da Jan, Claudiomiro Santos.
Claudiomiro Santos
Nova família de tratores
Crescendo no mercado
A Massey Ferguson lançou na Expointer sua nova família de tratores, a MF 6700R Dyna-4, composta pelos modelos MF 6711R, MF 6712R e MF 6713R. Para o supervisor de Marketing do Produto Tratores da Massey Ferguson, Everton Pezzi, “a nova família MF 6700R Dyna-4 chega ao mercado brasileiro com uma linha completa de tratores para atender os produtores rurais mais exigentes, que buscam a potência certa e o desempenho incomparável, sem abrir mão da economia de combustível e da rentabilidade operacional”.
A PLA apresentou sua linha completa de pulverizadores autopropelidos. “Com 90% do estado gaúcho coberto por revendas autorizadas, a PLA do Brasil cresce com foco principalmente nas propriedades gaúchas”, explica o diretor comercial da PLA, Renato Silva. Para driblar o atual momento de crise financeira do País, a empresa resolveu apostar em uma nova frente de mercado, o de exportação. Países como Argentina, Romênia e Bolívia já adquiriram os pulverizadores da empresa. Atualmente, a PLA do Brasil trabalha para ampliar os atuais 3% de participação no mercado nacional para 7%. “A nossa ideia é continuar focados em pulverização e fertilização, voltados, principalmente, para o pequeno e médio produtor gaúcho”, afirmou o gerente de Marketing e Produtos, Tomas Lorenzzon.
Tomas Lorenzzon e Renato Silva
Negócios ampliados
Reforço na pulverização
A Marini tem vários motivos para comemorar. Sem se deixar abalar pela redução nas vendas que o setor agrícola enfrenta, a empresa investiu em novos produtos, como o Braço Movimentador Multi, para movimentação de cargas e palets, e a Garra Movimentadora Tubos. “Em momentos como o que o Brasil vive atualmente é necessário inovar, ampliando a gama de produtos, alcançando novos clientes e mercados”, explica Marcelo Marini. Outro motivo de grande comemoração é a representação oficial dos pneus Titan para todo o Rio Grande do Sul. “Com essa representação teremos a oportunidade de oferecer aos clientes e às fábricas opções completas de várias configurações de pneus e rodados, garantindo um conjunto ideal, com mais comodidade e satisfação”, explica Marini.
A Jacto lançou na Expointer o pulverizador Condor 800 AM-18 com barras de 18 metros, ampliando, desta forma, sua tradicional família de pulverizadores. Com a presença do presidente da Jacto, Fernando Gonçalves, e de diversos diretores, o estande da empresa registrou grande movimento de clientes e visitantes que conferiram, além do lançamento, todas as linhas de pulverizadores autopropelidos, turboatomizadores e soluções técnicas para agricultura de precisão.
Valdir, Fernando, Paulo Henrique e Wanderson
Sistema DF3
Time completo
Uma das principais inovações das colheitadeiras menores da John Deere é a inserção do sistema DF3, que já era utilizado nos modelos maiores da marca. Agora, as colhedoras menores, como S540 e S550, também contam com o sistema DF3. De acordo com o gerente de Marketing Colheitadeiras, Gustavo Barden, a nova peneira limpa melhor os grãos e separa dos resíduos sem perdê-los na lavoura, mesmo em terrenos inclinados.
A Jacto apostou em diversas ações para atrair o público durante a Expointer, com interação dos visitantes em redes sociais da empresa, palestras sobre equipamentos, espaço kids e vários outros atrativos em seu estande.
Tangleder Lambrecht e Gustavo Barden
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Mantendo a confiança Apesar da queda em vendas de máquinas agrícolas, a região Sul do Brasil é a que mais tem investido em novas aquisições de máquinas da Valtra, explicou o diretor comercial da marca, Paulo Beraldi. “Apesar da redução nas vendas, a Valtra continua acreditando no setor e investindo em suas fábricas, principalmente na unidade de Ribeirão Preto, onde são produzidas as colhedoras de cana-de-açúcar”, garante Beraldi.
Paulo Beraldi
Novas soluções
Guilhermo Zegna
A Metalfor do Brasil participou da Expointer 2015 com o lançamento da comercialização de uma nova alternativa em agricultura de precisão, com soluções em navegação com guia virtual e pilotos automáticos; controladores automáticos de pulverização e distribuição de fertilizantes para aplicação a taxas variáveis. Para o gerente geral da Metalafor, Guilhermo Zegna, “as novas tecnologias poderão chegar embarcadas nos pulverizadores e distribuidores que a empresa fabrica ou serem adquiridas no varejo para atualizar equipamentos que já estão com o produtor”.
Inovação Além das tradicionais linhas de produtos, a GTS do Brasil apresentou na Expointer uma barra de pulverização de 35 metros, feita em alumínio. “A ideia da empresa não é vender pulverizadores, mas sim oferecer o produto para produtores. Esta nossa barra de 35 metros, por ser mais leve, pode ser instalada em pulverizadores que hoje trabalham com barras bem menores”, explica Assis Strasser, sócio-fundador e presidente da GTS do Brasil.
Assis Strasser
Trator Expointer
Leonel Oliveira
Uma das novidades da Massey Ferguson na Expointer foi o MF 4275 versão Expointer, que teve preço especial para a feira. “O trator, num primeiro momento, vai ser comercializado apenas para os produtores gaúchos, que podem adquirir também através do programa Mais Alimentos”, explica o gerente de Vendas, Leonel Oliveira. A Massey também realizou o lançamento de nova colheitadeira híbrida e semeadora de grande porte.
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Mais força A Agritech lançou durante a Expointer dois modelos de trator para o mercado agrícola. O 1160 Turbo é um trator multifuncional, capaz de suprir as necessidades dos produtores que possuem diversidade de produção e o 1145 Vitigno Perfetto foi desenvolvido exclusivamente para operar em parreirais. “Temos buscado desenvolver tratores que supram as necessidades dos agricultores. Somos conhecidos por oferecer soluções para produtores de todos os portes, e estes lançamentos visam dar continuidade a esta vocação”, explica o gerente de Marketing e Pós-vendas da Agritech, Pedro Cazado.
Pedro Cazado
Novidades
Alfredo Jobke
A Massey Ferguson realizou vários lançamentos durante a Expointer. Entre eles estão a nova série de tratores MF 6700R Dyna-4, a colheitadeira híbrida MF 5690, a plantadeira MF 700 CFS e o pré-lançamento do aplicativo Go-Task para transmissão e gerenciamento de dados em tempo real. “Estamos reforçando nosso compromisso de sempre levar o que existe de melhor no mercado, entre produtos, serviços e tecnologias”, garante o diretor de Marketing AGCO para a América do Sul, Alfredo Jobke.
Grandes lançamentos Com dois lançamentos na Expointer a Agrale reforçou seu portfólio de tratores de pequeno porte, com o isodiamétrico 4233, e ampliou sua gama de potência, com o lançamento do 7215, de 215cv de potência. De acordo com o gerente de Produtos Tratores, Silvio Rigoni, o maior integrante da família se destaca pelo baixo consumo de combustível e alto desempenho, sobretudo em culturas como soja, milho, trigo, arroz e algodão, em função de suas características que proporcionam economia operacional, garantindo ótima relação custo-benefício.
Silvio Rigoni
Efficient Power
José Henrique Karsburg
Um dos conceitos trabalhados pela Case IH na Expointer foi o Efficient Power, sistema de gerenciamento automático do motor e transmissão. “Este sistema possibilita economizar até 20% de combustível, proporcionando mais hectares cultivados com a mesma quantidade de combustível”, explica o gerente de negócios, José Henrique Karsburg
Tramontini
Meu primeiro Case IH
A Tramontini apresentou o trator 1180 cabinado na Expointer. A partir do próximo ano os clientes terão a opção de adquirir um modelo com cabine de fábrica, aumentando a durabilidade do produto e garantindo melhor acabamento. A empresa também inovou em seu estande. “Este ano optamos por fazer uma parceria com a Escola do Chimarrão, como forma de oferecer aos nossos clientes, além de máquinas, um espaço agradável para recarregar as energias no evento e uma amostra da nossa cultura”, explica a gerente de Marketing, Ana Cláudia Ernsen.
A Case IH levou à Expointer a campanha Meu Primeiro Case IH, que oferece aos clientes que compram o primeiro trator da marca o benefício de ter descontos de até R$ 10 mil, peças grátis nas duas primeiras revisões e possibilidade de financiamento pelo programa Mais Alimentos. “A campanha é válida para os seis modelos da linha Farmall e Farmall série A e foi fator determinante para muitas negociações que efetivamos na feira”, explicou o diretor comercial da Case IH para o Brasil, Cesar Di Luca.
Ana Cláudia Ernsen
Cesar Di Luca
Tecnologia para plantar
Diversas soluções
No ano em que comemora 50 anos atuando no plantio, a Semeato levou para a Expointer 2015 a nova semeadora para grãos SSM FFi, com 13 ou 15 linhas, equipada com reservatório de sementes de alta capacidade, facão guilhotina, sistema exclusivo da Semeato. Para o coordenador geral de Vendas Brasil, Valdez Canabarro, por estar equipada com alta tecnologia e inovação, a nova semeadora “é uma excelente alternativa por oferecer as condições ideais de plantio, aliando produtividade e eficiência operacional em qualquer terreno”.
A John Deere apresentou ao público da Expointer mais de 20 produtos em seu estande. “São novidades para todas as etapas do processo produtivo, do plantio à colheita, como o lançamento de mais um modelo da Série S de colheitadeiras, bem como o exclusivo sistema de limpeza de grãos DF3, além de tratores de alta potência da Série 8R, as plantadeiras 2100 e DB40 e a forrageira Série 8000”, explicou o gerente de Marketing, Marcos Cassol.
Valdez Canabarro
Granbox Triflex A Agrimec inovou mais uma vez apresentando a carreta Granbox 20000 Triflex. “O principal diferencial desta carreta é que ela tem uma divisória interna e dois tubos de descarga que permitem, na época do plantio, abastecer as semeadoras com sementes e fertilizantes em uma única operação”, explica o fundador da Agrimec, Odilo Marion. Além disso, é possível retirar a divisória interna e um dos tubos e utilizar a carreta para o transbordo de grãos durante a colheita.
Marcos Cassol
Linha completa Durante sua participação em mais uma edição da Expointer 2015, a Stara completou 55 anos de uma história de sucesso e inovação. “Este ano trouxemos nossa linha de máquinas agrícolas com destaque para os lançamentos realizados em 2015, como a plantadora Estrela, o trator ST MAX 180, o distribuidor Hércules 15000, a antena Evolution RTK e a Telemetria Stara”, explicou o gerente Comercial, Jeferson Stieven.
Odilo Marion
Jeferson Stieven Setembro 2015 • www.revistacultivar.com.br
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Valtra
PNEUS
Menos compactado A compactação do solo pelo tráfego de máquinas agrícolas pode atingir níveis muitas vezes limitantes ao desenvolvimento da cultura. Uma das soluções para reduzir a compactação é diminuir a pressão aplicada ao solo, com menor carga sobre os rodados ou com aumento da área em que ela é aplicada
A
agricultura moderna baseia-se no cultivo de solos agricultáveis objetivando-se criar condições adequadas ao desenvolvimento das culturas. Para se atingir melhores condições de produção, o solo é submetido a inúmeras interferências como mobilização, inversão da leiva, aplicação de fertilizantes, corretivos e irrigação. Tais práticas tendem a ocasionar alterações na qualidade física do solo, por meio da modificação de características como sua densidade, volume dos poros e resistência do solo à penetração. A alteração dessas características está diretamente relacionada à ocorrência de processos de compactação que se caracterizam por uma redução Setembro 2015 • www.revistacultivar.com.br
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no volume dos solos não saturados quando aplicada uma pressão externa aos mesmos. Em consequência, formam-se camadas compactadas em que a resistência do solo à penetração e a densidade do solo atingem níveis muitas vezes limitantes ao desenvolvimento da cultura. O tráfego de máquinas agrícolas é um dos fatores que contribuem para o processo de compactação, uma vez que durante o mesmo, pressões de grande magnitude são aplicadas ao solo ocasionando a sua deformação. Fatores como a distribuição do peso das máquinas, a estrutura dos pneus e sua pressão interna, a velocidade de deslocamento e a intensidade de tráfego podem exercer influência na compactação do solo.
Este fenômeno é também conhecido como “efeito vaso”, onde tais mudanças restringem o volume de solo que seria explorado, limitando a absorção de água e nutrientes por parte das plantas. Uma das soluções para reduzir a modificação das características físicas do solo ocasionadas pelo tráfego de máquinas consiste em diminuir a pressão aplicada ao mesmo, o que pode ser feito reduzindo-se a carga sobre os rodados ou aumentando a área em que ela é aplicada (contato pneu/solo), que pode ser obtido através da redução da pressão interna dos pneus ou o uso de pneus que apresentam maiores bandas de rodagem. Diante disso, a equipe do Labo-
Fotos Jardênia R. Feitosa
ratório de Mecanização Agrícola da Universidade Federal de Viçosa desenvolveu um trabalho com o objetivo de avaliar a influência da pressão interna dos pneus e de velocidades de deslocamento de um trator agrícola, na alteração de características físicas do solo utilizadas como indicadores do processo de compactação. O experimento foi conduzido em área experimental pertencente à Universidade Federal de Viçosa, cujo solo foi classificado como argissolo vermelho amarelo, de textura argilosa, o qual foi previamente submetido a operações de preparo, garantindo sua uniformidade de condições. Utilizou-se um trator agrícola John Deere, modelo 5705, 4x2 com tração dianteira auxiliar (TDA) e potência de 62,56kW no motor a 2.400rpm, equipado com pneus diagonais modelos Pirelli TM 95 18.4-30 no eixo traseiro e Goodyear Dyna Torque II 12.4-24 no eixo dianteiro. Durante a execução do trabalho o trator operou lastrado com água nos pneus a um nível de 75% do seu volume, com a TDA acionada e sem carga na barra de tração. As velocidades médias utilizadas para compor os tratamentos, denominadas V1, V2 e V3, foram respectivamente de 4,27km/h, 5,43km/h e 7,31km/h. Os tratamentos avaliados consistiram, então, na combinação das velocidades de deslocamento com as combinações de pressões. As pressões internas aplicadas aos pneus e a velocidade de deslocamento do trator foram monitoradas utilizando-se, respectivamente, transdutores de pressão adaptados em cada pneu e um radar de efeito Doppler, os quais foram conectados a um sistema de aquisição de dados. As características físicas do solo avaliadas foram o teor de água, a densidade do solo, a porosidade total e a resistência do solo à penetração. Para as três primeiras foram feitas determinações nas profundidades de 0,0 - 0,10m, 0,10 - 0,20m e 0,20 - 0,30m,
na área correspondente aos rastros deixados pelos pneus do trator, antes e após este trafegar pela área. Já a resistência do solo à penetração foi determinada em um perfil transversal ao deslocamento do trator em pontos espaçados entre si em 0,10m, para a camada de 0,0 0,40m de profundidade, antes e após a passagem do trator na área. Seus valores foram expressos em termos do índice de cone calculado com base nos valores médios de resistência para seis pontos amostrados e a cada 0,10m de profundidade. Para avaliar se as características físicas do solo se modificaram em decorrência da passagem do trator, os dados coletados durante o experimento foram analisados considerando-se a diferença entre os valores obtidos antes e após o tráfego, sendo os resultados submetidos a análises estatísticas. O teor médio de água no solo durante a execução do experimento foi de 0,381kg/kg. Como o teor de água não se alterou ao longo do trabalho, conclui-se que este não afetou significativamente a magnitude dos valores
obtidos para as demais variáveis. O valor final obtido para a densidade do solo (1,17g/cm3) foi cerca de 5% superior ao valor médio obtido antes da passagem do trator e não foi considerado crítico ao desenvolvimento das plantas. Os resultados obtidos permitiram observar que a velocidade de deslocamento exerceu influência no incremento da densidade do solo, sem que ficasse clara, no entanto, a natureza dessa influência. A elevação da densidade do solo em relação aos valores obtidos antes da passagem do trator foi influenciada pela profundidade de amostragem, sendo a maior modificação observada entre 0,0 e 0,10m (Tabela 1), podendo-se supor que, como o solo dessa camada encontrava-se mais desagregado, as pressões aplicadas durante o tráfego da máquina foram suficientes para elevar a densidade em maior nível quando comparada às demais profundidades. Conforme se esperava, a porosidade total do solo teve seus valores médios reduzidos em decorrência do tráfego, atingindo um valor final de
O tráfego de máquinas agrícolas é um dos fatores que contribuem para o processo de compactação
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Fotos Jardênia R. Feitosa
Diferentes combinações de pressões internas avaliadas: Tratamento P1 P2 P3
Pressão interna nos Pressão interna nos rodados dianteiros (kPa) rodados traseiros (kPa) 82,74 96,53 96,53 110,32 110,32 124,11
Tabela 1 - Valores médios de densidade do solo (DS) nas diferentes profundidades amostradas antes e após a passagem do trator DS (g/cm3) Profundidade (m) 0,0-0,10 0,10-0,20 0,20-0,30 Sistema cinemático e transdutor de pressão (a) e unidade de radar utilizados na aquisição dos dados experimentais
Inicial 1,04 c 1,12 b 1,17 a
Final 1,12 b 1,19 a 1,20 a
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Tabela 2 - Decréscimos na porosidade total do solo (PT) em função das pressões internas dos pneus e velocidades e as respectivas equações ajustadas Decréscimo na PT (%)
Coleta de amostras para determinação da densidade do solo (esquerda) e para determinação da resistência do solo à penetração (direita)
0,54m3/m3. Esse comportamento era esperado pelo fato de que a aplicação de pressões ao solo leva a um rearranjo das partículas, fazendo com que as partículas menores ocupem o espaço antes ocupado pelo ar ou pela água. Para a porosidade total observou-se ainda que esta foi afetada significativamente pelas combinações de velocidades e pressões (Tabela 2), sendo que a maior redução na porosidade em relação à condição inicial ocorreu quando o trator se deslocou a uma velocidade de 5,43km/h, com os pneus inflados com a combinação de pressões P3. Quando as velocidades operacionais utilizadas foram de 4,27km/h e 7,31km/h, o decréscimo na PT não variou entre as pressões estudadas. Setembro 2015 • www.revistacultivar.com.br
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Velocidades (km/h) Combinação de pressões (kPa) 4,27 5,43 7,31 P1: (82,74;96,53) 2,29 a 1,62 b 1,91 a P2: (96,53;110,32) 3,25 a 2,11 b 2,08 a P3: (110,32;124,11) 1,82 a 4,53 a 1,74 a
Equações ŷ = 1,94 ŷ = 2,47 ŷ = 2,70
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
As equações de regressão encontradas para o desdobramento da velocidade dentro de cada conjunto de pressões não explicaram significativamente a variação do decréscimo na porosidade total do solo, obtendo-se apenas os valores médios desse decréscimo para cada combinação de pressões (Tabela 2). A porosidade também variou em função da profundidade de amostragem, sendo as maiores reduções observadas entre 0,0 e 0,10m. A variação nos valores de índice de cone em função do tráfego do trator sofreu influência significativa apenas da profundidade de amostragem, não sendo afetada pelas velocidades ou pressões utilizadas. Os maiores acréscimos no índice de cone ocorreram na faixa de 0,10
- 0,20m de profundidade. A não obtenção de diferenças significativas para a alteração no índice de cone pode estar relacionada à alta variabilidade dos dados obtidos, fruto da heterogeneidade do solo. Nas condições em que o trabalho foi realizado pôde-se concluir que as características físicas do solo foram afetadas em diferentes níveis pela velocidade de deslocamento do trator e pelas pressões internas aplicadas aos pneus, sendo as maiores alterações observadas na porosida.M de do solo. Jardênia Rodrigues Feitosa, Haroldo Carlos Fernandes, Daniel Mariano Leite, Marconi Ribeiro F. Júnior e Anderson Candido da Silva, Universidade Federal de Viçosa
COLHEDORAS
Rendimento testado O
estado de Mato Grosso é o maior produtor de bovinos de corte do Brasil e a prática de confinamento no processo final está ficando cada vez mais comum junto aos pecuaristas, sendo necessária para isso a alimentação suplementar dos animais. Uma das principais fontes de suplementação alimentar para bovinos é a silagem. No entanto, para se garantir o retorno em produtividade é fundamental o fornecimento de uma forragem de qualidade superior. Vários são os fatores que interferem na qualidade final do produto, que vão desde o manejo da colheita até o tipo de regulagem da máquina colhedora e o processamento da silagem. As colhedoras de forragem autopropelidas se destacam pela sua capacidade de trabalho, versatilidade e incorporação de inovações tecnológicas, além da alta uniformidade em relação ao tamanho do material picado. Entretanto, apresentam um alto custo de aquisição, o que torna viável somente para grandes propriedades e/ ou na forma de prestação de serviços, fato que está se tornando uma opção na região sudoeste de Mato Grosso, onde existe uma grande quantidade de propriedades que cultivam o milho para
silagem e não desejam adquirir uma máquina para ser utilizada somente para a colheita do milho, então optam pelo serviço terceirizado. A capacidade operacional da colheita de forragem é um dos fatores que a tornam atrativa e que necessita ser mensurada em conjunto com a capacidade de veículos para o transporte de material, sendo que essas máquinas têm a necessidade de uma frota de caminhões ou transbordos para trabalhar em paralelo com elas. Outras considerações que devem ser observados são o custo com reparos e manutenções, o suporte do fabricante e a facilidade de operação. A colhedora de forragem JD 7830 de 352kw de potência, conforme o fabricante, apresenta alguns recursos como o sistema de transmissão Ivloc TM (largura de corte variável), o qual oferece um ajuste no tamanho da partícula, a partir da cabine do operador. O fluxo de matéria, pelo interior da máquina, é otimizado para se obter um processamento constante, contando também com um sistema de detector de metais. O cilindro de corte da colhedora é de
48 lâminas segmentadas que cortam a forragem com eficiência e precisão, podendo ser facilmente afiadas a partir da cabine de operação. A máquina possui rolos de alimentação, de aço inoxidável, que giram acompanhando o perímetro do cilindro com corte radial, mantendo um controle da camada de material e proporcionando uma qualidade excelente de alimentação em relação aos sistemas de corte convencionais. O processador de grãos é um sistema que realiza a trituração dos grãos de milho e composto por dois rolos estriados (107 dentes) com grande diâmetro, feitos de aço endurecido. A trituração pode ser aumentada ou diminuída pelo comando do operador e a leitura do espaçamento entre os rolos é realizada no monitor da coluna da cabine. Também é possível fazer instalação ou remoção do processador de grãos para a adequação à colheita de outras culturas. As plataformas usadas são as rotativas Kemper, de seis, oito e dez linhas. No caso, a utilizada no estudo foi a de oito linhas. Com uma largura de corte de 4,5 até 7,5 metros, garante um trânsito
John Deere
Avaliação com colhedora autopropelida de forragem para a cultura do milho, feita na região sudoeste do Mato Grosso, mostra que é possível colher mais de 65 hectares por hora mantendo a qualidade do produto colhido
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Fotos Paulo Cesar Lima Silva
Para o corte e o processamento de plantas forrageiras, as máquinas ensiladoras devem ser preparadas e reguladas para garantir uniformidade do picado
curto e rápido do material, permitindo colher milho, sorgo e outras culturas de porte ereto não importando o sentido do corte nem o espaçamento entre linhas. As extremidades das plataformas podem ser dobradas, possibilitando uma largura total de transporte de 2,95m, garantindo um deslocamento seguro em vias públicas. Para o corte e o processamento de plantas forrageiras, as máquinas ensiladoras devem ser preparadas e reguladas para garantir uniformidade do picado e a qualidade da silagem. No entanto, grande parte das ensiladoras não realiza o seu trabalho corretamente, pois operaram com regulagens inadequadas ou com a falta de acompanhamento técnico. Tais fatos ocasionam um picado desuniforme, não sendo o ideal para a cultura, resultando em silagens de baixa qualidade e até mesmo de baixo rendimento alimentar aos animais. Estudos para a identificação das reais características dessas máquinas são de fundamental importância, pois estas influenciam na qualidade final do produto e devem ser feitos com intuito de, além de informar o produtor, otimizar o sistema de produção. Para isso, foi realizado um estudo com o objetivo de avaliar a colhedora de forragem JD 7380 para a cultura de milho (Zea mays L.), observando as faixas de regulagens de corte de colheita. O estudo foi realizado na Fazenda Ressaca – Grupo Nelore Grendene, em Cáceres (MT). A fazenda adota o sistema de produção de bovinos de corte, semiconfinamento, sendo que em grande parte da produção, os animais são mantidos a pasto e somente no final da engorda Setembro 2015 • www.revistacultivar.com.br
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são conduzidos ao confinamento. Nesta propriedade produz-se milho como forrageira, ensilado em silos trincheiras. O delineamento foi em blocos casualizados em esquema fatorial 2x2 com velocidades de 7km/h (V1) e 9km/h (V2) e regulagens de tamanho de corte (partículas) de 10mm (R1) e 14mm (R2), respectivamente. Como se tratava de uma colheita em área da fazenda, a escolha das velocidades e das regulagens do tamanho de corte ocorreu em função do trabalho e das exigências da propriedade, sendo a V1 e a R1 as que estavam sendo usadas na colheita e a V2 e R2 ajustadas para o estudo. A coleta da silagem foi feita com auxílio de um balde de plástico com aproximadamente dois litros, sendo retirada no caminhão de coleta. Retirou-se, também, amostra para a determinação da massa seca da silagem, verificada em estufa a 60ºC por 72 horas. Assim que coletadas, foram secas à sombra e posteriormente submetidas a um conjunto de peneiras, com dimensões de 25x25cm, adaptadas à metodologia citada por Lammers et al (1996), descritas por Jobim et al (2007) e Schlosser et al (2010). Tal adaptação foi realizada para classificar os fragmentos em partículas maiores que 0,75” (19,1mm), entre 0,75 e 0,31” (19,1 a 7,9mm) e partículas menores que 0,31” (7,9mm). A metodologia consistiu em pesar 250 gramas de amostra de forragem seca, colocá-las sobre a peneira superior e iniciar a agitação sistematizada. A agitação foi realizada sobre uma
superfície plana e lisa e consistiu em oito séries de cinco agitações vigorosas (a cada cinco agitações o conjunto de peneiras é rotacionado a 90º), totalizando 40 movimentos. Os resultados mostraram que para os valores percentuais médios retidos em cada uma das malhas da peneira para cada tratamento (Figura 1), a distribuição granulométrica do picado do milho ficou retida na peneira maior que 15mm (64%), seguida por partículas inferiores a 9mm (29%) e partículas de tamanhos entre 9mm e 15mm (7%). Em relação ao tamanho médio das partículas, retidas em cada peneira, não obteve diferença significativa, no entanto, quando é comparado entre percentuais retidos em cada peneira, tem-se diferença entre os tratamentos, pois as partículas retidas na peneira inferior a 9mm são diferentes entre si, devido à regulagem. Quanto aos tamanhos médios das partículas, obteve-se, ao utilizar a regulagem de 10mm, em média, 14,2mm, e o aumento da velocidade não influenciou significativamente no tamanho da partícula, quando regulada a 14mm, obteve-se tamanho médio de 16,3mm e também não apresentou diferença significativa. As pesquisas indicam que as partículas inferiores a 8mm devem ser entre 45% e 65%, mas no estudo não se utilizou a regulagem menor que 10mm por não ser a adotada na fazenda. São necessários mais estudos para referendar os resultados, entretanto,
A coleta da silagem foi feita com auxílio de um balde de plástico de dois litros
As colhedoras de forragem autopropelidas se destacam pela sua capacidade de trabalho
toda a tecnologia envolvida na colheita com essa máquina também conduz a outros tipos de estudos, já que dentro dos dados obtidos permite-se inferir que usando-se a velocidade máxima testada, de 9km/h, pode-se colher até 67,5 hectares por hora sem que ocorra interferência no tamanho médio da partícula. Nesse sentido, outros aspectos relacionados à capacidade operacional, à necessidade de transbordos trabalhando em paralelo com a máquina, que atualmente são limitantes para o aumento da velocidade de trabalho da máquina, bem como outras ações relacionadas a mapeamento da colheita e tecnologia de agricultura de precisão, poderiam ser utilizados com o objetivo de melhorar a qualidade da silagem e obter um alimento com maior digestibilidade para o gado, promovendo uma melhor eficiência no uso de máquinas na pecuária .M de corte e leite. Paulo Cesar Lima Silva, Jane M. B. Vanini, Zulema Netto Figueiredo, Eder Pedroza Isquierdo e Mariana Ferreira de Oliveira, Unemat/MT
Figura 1 - Distribuição granulométrica dos tratamentos avaliados
FICHA TÉCNICA
Trator 4233
Lançado em meados de 2015, o 4233 é o primeiro trator isodiamétrico produzido no Brasil e vem para complementar a Linha 4000 de tratores da Agrale
O
novo trator da Agrale, 4233, é o primeiro trator isodiamétrico produzido no País, ou seja, possui rodados dianteiro e traseiro com o mesmo tamanho. Com proposta inovadora, o trator possui dimensões reduzidas, tornando-se ideal para trabalhos em culturas baixas e estreitas, que exigem equipamentos de dimensões reduzidas, como na viticultura (uva latada), fruticultura e avicultura, entre outras.
MOTOR
O novo modelo é equipado com motor Agrale M790 de dois cilindros verticais em linha, com 1.270cm³, aspirado, refrigerado a ar por uma turbina incorporada ao volante, com injeção direta de combustível, potência de 30cv e torque de 7kgf.m. Possui camisas de cilindro removíveis, cabeçotes individuais e sedes de válvulas substituíveis, características que permitem que o motor possa ser reparado na grande maioria das vezes sem ser desmontado do trator. Estes motores são reconhecidos pelos clientes da marca por serem robustos e com baixo custo de manutenção. As bombas injetoras são unitárias da marca Bosch, acionadas pelo eixo do comando de válvulas e lubrificadas pelo óleo presente no cárter do motor. Sendo assim, são mais duráveis, resistem melhor a impurezas presentes no combustível e têm menor custo de reparo, pois o elemento danificado pode ser substituído separadamente. Os filtros de ar são a seco, com elementos primário e secundário. Ficam posicionados à frente do radiador, em local de fácil acesso.
TRANSMISSÃO
A transmissão possui engrenagens Setembro 2015 • www.revistacultivar.com.br
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deslizantes com 12 marchas (oito marchas à frente e quatro à ré), sendo quatro velocidades baixas, quatro velocidades altas e quatro velocidades à ré. A velocidade mais reduzida é de 1,4km/h e a velocidade mais alta para deslocamento é de 28,1km/h, utilizando os pneus de série do trator. O modelo apresenta o melhor escalonamento de marchas da categoria, que permite um grande número de velocidades de trabalho, trazendo maior produtividade para o agricultor. Neste modelo isodiamétrico a tração é integral e permanente nas quatro rodas, e toda a parte dianteira do trator movimenta junto com o eixo dianteiro, oscilando em um ângulo de até 15°. Esta configuração melhora a tração e aumenta a segurança do operador, pois permite que as quatro rodas fiquem em contato permanente com o solo, mesmo em terrenos muito acidentados. Os eixos dianteiro e traseiro possuem bloqueio do diferencial simultâneo, com comando mecânico acionado por pedal com retorno automático, localizado à direita da plataforma do operador. O acionamento do bloqueio faz com que sejam bloqueados os diferenciais dianteiro e traseiro de forma simultânea, assim todas as rodas do trator giram juntas. O trator possui embreagem de disco simples a seco com diâmetro de 210mm, o disco é fabricado com ma-
Fotos Agrale
O trator é equipado com TDP do tipo dependente, e pode operar na velocidade de 540rpm ou em modo proporcional, quando o motor atinge 2.600rpm
terial orgânico e possui acionamento mecânico.
TOMADA DE FORÇA
O trator é equipado com TDP do tipo dependente, e pode operar na velocidade de 540rpm ou em modo proporcional, que é possível quando com o motor atinge 2.600rpm. A TDP possui acoplamento de 35mm de diâmetro com seis estrias e acionamento mecânico. É acionada por meio de uma alavanca no lado esquerdo da transmissão, sob a perna do operador.
SISTEMA HIDRÁULICO E LEVANTE
O 4233 possui levante hidráulico de categoria I, com 1.050kg de capacidade nos engates, acionados por cilindros externos. Este modelo utiliza uma válvula com três posições (subir, parado e descer), com retenção na posição descer que permite, através das alavancas, operar nos modos posição e flutuação, conforme a necessidade da operação e dos implementos acoplados ao trator, além de possuir uma válvula rotativa para regular a velocidade de descida
Seguindo o estilo já apresentado em outros modelos da marca, o capô do trator 4233 também é basculante, permitindo o acesso facilitado para as verificações, limpezas e manutenções diárias do trator
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de pedais independentes, possui um dispositivo que permite que os freios esquerdo e direito possam ser interligados por trava para serem acionados simultaneamente. Os mecanismos do freio estão em local de fácil acesso, permitindo que as regulagens periódicas sejam feitas com facilidade. O freio de estacionamento é acionado por uma alavanca de fácil manuseio e está posicionado ao lado direito do banco do operador.
SISTEMA ELÉTRICO
Este modelo de trator possui rodados dianteiro e traseiro com as mesmas dimensões (7,5L – 15 R1)
dos braços. O sistema hidráulico utiliza uma bomba de engrenagens acoplada diretamente ao motor que fornece uma pressão máxima de 120kgf/cm² e uma vazão máxima de 24L/min com o motor a 3.000rpm. A bomba de engrenagens também alimenta o sistema da direção hidrostática, que é do tipo “LoadSensing”, que consome fluxo de óleo apenas quando é acionada. O restante do fluxo segue para o comando hidráulico, disponibilizando vazão total da bomba para os implementos (levante hidráulico e controle remoto). O controle remoto é fornecido com um comando simples de duas vias, utilizado para acionar cilindros hi-
O trator possui uma plataforma baixa com altura mínima até o assento de 60mm
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dráulicos e implementos. A alavanca de acionamento do controle remoto está posicionada à direita do operador, em posição de fácil manuseio. Possui um filtro de alta capacidade acoplado ao canal de sucção da bomba para garantir que o óleo hidráulico esteja livre de partículas, o que aumenta a vida útil do sistema, reduzindo custos com manutenção.
FREIOS
Os freios são do tipo tambor a seco e seu acionamento é mecânico através
O trator 4233 possui sistema elétrico em 12V, contando com bateria de 55Ah e alternador de 55A. Estão presentes todos os equipamentos de sinalização padrões em tratores agrícolas. Os chicotes são de padrão automotivo, com conectores selados, que aumentam a proteção contra a entrada de pó e água, reduzindo problemas nos componentes. O painel de instrumentos é do tipo integrado em peça única, e a disposição dos instrumentos, luzes de funcionamento e de advertência, facilita o controle das funções do trator. O relógio e o horímetro são digitais e auxiliam no controle das horas trabalhadas do trator e da jornada de trabalho do operador. As lanternas traseiras em LED redu-
Fotos Agrale
zem os custos de manutenção, pois têm maior durabilidade e resistência. Seu acionamento é mais rápido, tem melhor visibilidade e maior segurança em operações noturnas, pois utiliza vários pontos luminosos para cada função. Possuem também farol de trabalho traseiro.
PLATAFORMA DO OPERADOR
O trator possui uma plataforma baixa com altura mínima até o assento de apenas 760mm, a menor de seu segmento. Sua construção permite ao operador maior facilidade no embarque e desembarque, e principalmente permite ao operador ficar em posição de trabalho adequada às culturas baixas e adensadas para as quais foi projetado. Outro destaque é a ergonomia, com a disposição de todos os comandos próximos do condutor, sendo que as alavancas mais utilizadas foram distribuídas para equilibrar a carga de trabalho dos braços do operador, proporcionando maior conforto e menor desgaste ao mesmo. O assento é anatômico e amortecido, além de possuir regulagens de posição, altura e rigidez, que garantem jornadas de trabalho mais longas, com mais conforto e menor fadiga do operador, pois permite que ele ajuste conforme seu tipo físico.
O trator isodiamétrico 4233 é visivelmente mais baixo que o modelo com motorização equivalente, o 4230.4, também da Agrale
O 4233 também pode ser equipado para operação em locais de altura restrita, com assento baixo, coluna de direção curta ou volante escamoteável, e arco de segurança retrátil.
INOVAÇÃO E DESIGN
Seguindo o estilo já apresentado em outros modelos da marca, o capô do trator 4233 também é basculante, permitindo o acesso facilitado para as verificações, limpezas e manutenções diárias do trator. Motor, filtro de ar, bateria, filtros de combustível, radiador, relés e fusíveis são acessados com facilidade, sem o uso de ferramentas, o que proporciona agilidade no momento de realizar a manutenção. O tanque de combustível tem capacidade para 35 litros, e permite ser abastecido de forma rápida e simples,
já que está em posição privilegiada, com bocal de abastecimento na parte superior do capô.
RODADOS
Este modelo de trator possui rodados dianteiro e traseiro com as mesmas dimensões (7,5L – 15 R1), o que dá origem a uma de suas principais características: ser um trator isodiamétrico. Isso permite que o operador trabalhe mais próximo do solo e amplie a segurança em terrenos irregulares e íngremes. Também estão disponíveis outras opções de rodados opcionais, permitindo que o trator trabalhe em operações variadas, conforme as necessidades da cultura em que ele vai ser utilizado. Este trator possui dimensões reduzidas e é extremamente baixo, sendo ideal para culturas adensadas e baixas, como parreirais e pomares.
Dimensões e pesos do Agrale 4233
O
A configuração com rodados iguais deixa o trator mais estável
modelo 4233 é extremamente compacto, com um comprimento de 2.610mm, largura de 1.280mm e um raio de giro de 2.715mm (livre) ou 2.210mm (freio acionado). Possui uma distância entre eixos de 1.200mm, bitola de 910mm e vão livre de 215mm. Seu peso de embarque é de 1.080kg e o peso em ordem de marcha (com lastros de água) é de 1.300kg.
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Netafim
CAPA
Irrigação seca
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solos pedregosos, rasos e topografia acidentada; possibilidade de aplicação de produtos químicos na água de irrigação;
Incrustações provocadas por cálcio (esq.) e sedimentação no final de uma linha
Cristiani Busato
A
agricultura irrigada tem se tornado imprescindível, principalmente em áreas com escassez de chuvas ou com distribuição irregular ao longo do ano. Diante disso, o uso da irrigação localizada vem crescendo, pois se destaca tanto pela sua facilidade de operação como por sua eficiência e uniformidade de distribuição de água, refletindo em aumento na produção das culturas. Outras vantagens são: pequena utilização de mão de obra; potencial de automação; manutenção de elevados níveis de água no solo; possibilidade de se adequar a
Elio de Almeida Cordeiro
O uso da irrigação localizada vem se destacando pela facilidade de operação, eficiência e uniformidade de distribuição de água, refletindo em aumento na produção das culturas. No entanto, quando o sistema entope por baixa qualidade da água ou sistemas de filtragem ineficientes, o resultado é falta de água no momento certo e perdas na produção e economia de fertilizantes. No entanto, quando se usa irrigação localizada deve-se dar atenção à
Incrustações provocadas pelo ferro no interior das tubulações
Cristiani Busato
Figura 1 - Valores médios do Coeficiente de Uniformidade de Cristiansem (CUC), sem tratamento da água (A) e após a cloração com 15mg/L de cloro livre (B)
qualidade da água, pois o entupimento configura-se como um dos principais problemas relacionados ao método, com maior ocorrência na irrigação por gotejamento, onde o diâmetro do emissor e a velocidade da água são menores quando comparados com os da microaspersão. Existem fatores físicos, químicos e biológicos nas águas superficiais e subterrâneas com elevado potencial de entupimento nos sistemas de irrigação localizada. Tais fatores de entupimento estão apresentados na Tabela 1 e, frequentemente, encontram-se inter-relacionados. Bucks et al (1979) propuseram uma classificação da água de irrigação (Tabela 2) indicando critérios relativos ao risco de entupimento. O entupimento de emissores por causa física está relacionado com a quantidade de sedimentos presentes em suspensão na água de irrigação ou que é sugada pelo conjunto motobomba. Partículas de PVC e fitas de polietile-
no utilizadas para vedação de rosca em tubos, bem como restos de pequenos insetos, principalmente formigas e aranhas, estão comumente associados à ocorrência deste tipo de entupimento. Pequenas partículas podem atravessar os filtros e, como são leves, são transportadas com facilidade pela água quando a velocidade é alta. Contudo, a velocidade decresce ao longo da linha lateral, permitindo a sedimentação dessas partículas no seu final, provocando entupimentos. A severidade do entupimento, muitas vezes, depende mais do tamanho do que da quantidade de partículas na água de irrigação. As obstruções causadas por agentes físicos podem ser controladas por meio de filtração apropriada e lavagem periódica da linha lateral. Além disso, recomenda-se a abertura das extremidades das tubulações pelo menos uma vez por mês. As obstruções químicas mais frequentes ocorrem com o cálcio e o ferro.
Mas, outros elementos químicos como o manganês e o enxofre também podem ocasionar problemas de obstrução. A condição de pH da água e a incompatibilidade de fertilizantes também são responsáveis diretos da obstrução em emissores. As substâncias químicas dissolvidas na água de irrigação, por exemplo, o carbonato de cálcio e o sulfeto de cálcio em altas concentrações, podem precipitar e formar incrustações nas paredes das tubulações e emissores, limitando a passagem da água. Os precipitados de cálcio e ferro são problemas na maioria das águas de poços. Uma análise química pode indicar se a concentração de bicarbonato, ou ferro, é suficientemente alta para causar precipitação. O ferro é solúvel em estado reduzido, porém, ao oxidar, precipita-se e pode obstruir os emissores. Águas com teores entre 0,1mg/L e 0,3mg/L de ferro, originam formas de incrustação geralmente ligeiras. Quando a concentração de ferro varia entre 0,4mg/L
Tubogotejadores novos e após 700 horas de funcionamento do sistema de irrigação localizada, com a presença de mucilagem formada pelas ferrobactérias
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Físicos (Sólidos em suspensão) 1. Partículas inorgânicas: (a) Areia (b) Silte (c) Argila (d) Resíduo plástico 2. Partículas orgânicas: (a) Plantas aquáticas (fitoplâncton) (b) Animais aquáticos (zooplâncton) (c) Bactérias
Químicos Biológicos (Precipitados) (Bactérias e algas) 1. Carbonatos de cálcio ou magnésio 1. Filamentos 2. Sulfato de cálcio 2. Lodos 3. Metais pesados 3. Deposições microbianas: 4 Hidróxidos, óxidos, carbonatos, silicatos e sulfetos (a) Ferro 5. Óleo e outros lubrificantes (b) Enxofre 6. Fertilizantes: (c) Manganês (a) Fosfato (b) Amônia líquida (c) Ferro, cobre, zinco e manganês
Elio de Almeida Cordeiro
Fonte: Bucks et al. (1979), adaptado por Feigin et al. (1991).
e 1,5mg/L, poderão aparecer formas graves de incrustação. Esta situação permite o aparecimento de ferrobactérias que produzem mucilagens que contribuem para agravar os problemas de entupimento. A obstrução devido a processos biológicos comporta-se como a maior comprometedora em sistemas de irrigação localizada. São causadas por pequenos organismos aquáticos, principalmente quando a água que abastece o sistema de irrigação é de origem superficial. Larvas, algas, fungos e bactérias passam através dos filtros e desenvolvem-se
formando grandes colônias no interior das tubulações. As ferrobactérias formam crostas de ferrugem no interior de tubos e emissores e chegam a formar extensos depósitos geológicos de ferro que, nas canalizações, constituem frequentes causas de obstruções, além de dar uma coloração parda-avermelhada à água. A obstrução de emissores, causada por bactérias que oxidam o ferro, apresenta difícil controle. Até mesmo concentrações férreas muito pequenas são suficientes para promover o crescimento bacteriano. A precipitação do
Aerador tipo tabuleiro com tanque circular de sedimentação
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Cristiani Busato
Tabela 1 - Fatores físicos, químicos e biológicos que provocam obstruções nos sistemas de irrigação localizada
Deposição de ferro em filtro de disco em irrigação com água ferruginosa
ferro e o rápido crescimento das bactérias criam um material volumoso que pode entupir um sistema de irrigação por gotejamento completamente em questão de algumas semanas. Atualmente, existem inúmeros gotejadores sendo comercializados, contudo todos eles são vulneráveis à obstrução pelo crescimento biológico, pois possuem passagens estreitas e aberturas pequenas, que variam de 0,5mm a 1,5mm. Entretanto, os emissores com maiores vazões são menos suscetíveis ao entupimento. Diversas medidas podem ser adotadas, isoladas ou em conjunto, para prevenir a ocorrência de entupimento, tais como: o correto planejamento e manejo do sistema, a filtragem, a cloração, as descargas de água periódicas ao final das linhas de irrigação, o uso de substâncias como ácido fosfórico e ácido clorídrico. Também pode ser utilizada a aeração da água em lagoas, que promove a oxidação de ferro e manganês antes de entrar no sistema. Os filtros comumente utilizados nos sistemas de irrigação localizada são os de areia, de tela e os filtros centrífugos. Qualquer sistema de filtragem requer inspeção e limpeza rotineira para assegurar a operação satisfatória do sistema. O desempenho de filtros de tela depende da vazão, da área efetiva de filtragem (malha entre 50 e 120 mesh) e de uma queda máxima de pressão admitida de 40kPa. Para os filtros de disco, a vazão, a espessura das ranhuras dos discos e a queda de pressão de 40kPa, são as variáveis que mais influenciam
no funcionamento. Porém, somente o uso de filtros não previne a obstrução de emissores operando com água ferruginosa. Uma forma de obter a oxidação do ferro consiste em arejar a água por meio de saltos, bandejas, sistemas mecânicos em tanques abertos, ou injetando ar na água para induzir à oxidação e precipitação do ferro. Uma vez precipitado, o ferro pode ser separado por filtros. Aliados à aeração, os tanques de sedimentação são uma solução simples e econômica para a eliminação desses precipitados, bem como de sólidos em suspensão, como areia, silte e argila. Dentre os vários tipos de aeradores existentes, os tipos tabuleiros são os mais indicados para adição de oxigênio à água de irrigação. São construídos de três a nove tabuleiros ou “bandejas”, iguais e superpostos, distanciados de 0,30m a 0,75m (em altura), através dos quais a água passa. O primeiro tabuleiro (mais
Tabela 2 - Critérios para avaliação do potencial de entupimento de gotejadores por fontes de água que abastecem sistemas de irrigação localizada Fatores Baixo Físico Sólidos suspensos (mg L-1) Químico pH Sólidos dissolvidos (mg L-1) Manganês (mg L-1) Ferro total (mg L-1) Sulfeto de hidrogênio (mg L-1) Biológico População bacteriana (nº mL-1)
Risco de entupimento Moderado
Moderado
< 50
50 – 100
50 – 100
< 7,0 < 500 < 0,1 < 0,1 < 0,2
7,0 – 8,0 500 – 2.000 0,1 – 1,5 0,1 – 1,5 0,2 – 2,0
7,0 – 8,0 500 – 2.000 0,1 – 1,5 0,1 – 1,5 0,2 – 2,0
< 1 x 104
1 x 104 – 5 x 104
1 x 104 – 5 x 104
Fonte: Bucks et al (1979).
alto) serve apenas para distribuir uniformemente a água, sendo construído com perfurações. Os demais tabuleiros são feitos com uma treliça sobre a qual é disposta uma camada de pedras, ou seja, material granular, de preferência seixos de ½ a 6”. Essa camada oferece superfície de contato e concorre para
acelerar as reações de oxidação. O bom desempenho dos sistemas de irrigação deve ser maximizado para assegurar uma relação custo/benefício favorável. Estando o sistema entupido, as alternativas são a troca dos emissores ou a realização de processos de recuperação, que aumentam os custos
Cristiani Busato
de manutenção do sistema e, em alguns casos, pode ser ineficiente. Assim, a prevenção à obstrução dos emissores e das linhas de distribuição é melhor em relação à recuperação. A instalação de válvulas automáticas, ou aberturas manuais periódicas do final de linha, ajuda a remover partículas sedimentadas. A frequência de lavagem das linhas dependerá da qualidade da água de irrigação. Em alguns casos, há necessidade de lavagem das linhas após cada irrigação. Para minimizar o problema de algas, deve-se, quando possível, colocar a tomada de água a uma profundidade de dois metros, já que as algas se desenvolvem principalmente próximo à superfície, onde a iluminação é maior. Para o tratamento de recuperação dos emissores existem produtos que removem a mucilagem aderida às paredes das tubulações e emissores, deixando, assim, a passagem de água novamente livre. A cloração é outra forma de minimizar o entupimento em sistemas de irrigação localizada. O cloro permite criar um ambiente em que as algas não possam se desenvolver; atua como agente oxidante, causando a decomposição da matéria orgânica; previne a aglomeração e sedimentação de matéria orgânica suspensa e oxida substâncias como ferro, manganês e enxofre; oxida as bactérias, destruindo-as, e elimina as geleias ferríferas orgânicas. As formas mais frequentes utilizadas são: ácido clorídrico (HCl), ácido sulfúrico (H2SO4), ácido nítrico (HNO3) e ácido fosfórico (H3PO4), porém, pelo perigo no manejo do ácido sulfúrico, utiliza-se mais o clorídrico. Cordeiro (2002) aplicou continuamente na concentração de 0,5mg/L a 1mg/L de cloro livre em um sistema de gotejamento montado com cinco diferentes modelos de gotejadores, abastecido com água com teor de ferro em torno de 3mg/L. Associado à cloração, utilizaram-se aeração e decantação. Após 300 horas de funcionamento, não foi observada redução significativa de
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vazão em nenhum modelo testado. O uso contínuo de cloro deve ser avaliado quanto ao aspecto econômico. Recomenda-se aplicar 0,64mg/L de cloro para cada 1mg/L de ferro e 1,3mg/L de cloro para cada 1mg/L de manganês. Na presença de manganês, deve-se ter muito cuidado com a aplicação de hipoclorito de sódio, para que a formação de precipitados não ocorra após o sistema de filtragem, porque a oxidação do manganês é muito mais lenta que a do ferro. Nesse caso, o hipoclorito de sódio deve ser injetado a uma distância maior antes do filtro. Os derivados clorados podem ser de origem inorgânica, como gás cloro, hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio; e de origem orgânica, que recebem este nome devido à estrutura química deste tipo de derivado ser orgânica, ou seja, possuir carbono na sua estrutura química. Os principais representantes são o dicloroisocianurato de sódio e o ácido tricloroisocianúrico. O dicloroisocianurato de sódio vem sendo testado para o combate ao entupimento em sistemas de irrigação por gotejamento, devido a algumas vantagens como ausência de substâncias indesejáveis, como metais pesados, sendo seguro para o manuseio. Com o uso dos derivados clorados de origem orgânica, a probabilidade de formação de substâncias potencialmente cancerígenas
(trihalometanos) é muito pequena ou nula quando comparada com os níveis formados pelos derivados clorados de origem inorgânica. Este produto pode ser diluído em um balde plástico e injetado na tubulação através de um injetor de fertilizantes do tipo venturi. Resultados de pesquisa apontam que o uso de 15mg/L de cloro livre, injetado na tubulação, pode ser suficiente para manter o sistema funcionando com excelente uniformidade, acima de 90% (Martins, 2007), como demonstrado na Figura 1. É importante salientar que por melhor que seja a qualidade da água de irrigação, as obstruções sempre aparecem. Assim, a avaliação periódica do sistema constitui uma boa prática para verificação da uniformidade de distribuição da água pelos emissores, pois possibilita identificar obstruções ou o mau funcionamento dos emissores devido à pressão de serviço inadequada. Para realizar o tratamento, é necessário se fazer antes uma avaliação do risco de obstrução que a água oferece, para que se tenha uma ideia do tipo de tratamento a ser realizado. Diante deste cenário, tecnologias para a utilização mais racional dos recursos hídricos devem ser priorizadas, a fim de tornar o uso da água mais eficiente. .M
Aplicação do dicloroisocianurato de sódio (65%) utilizando o injetor venturi
Pesquisadora realizou experimento com três tipos de tubogotejadores
Cristiani Campos Martins Busato, Ifes Camilo Busato, Idaf Espírito Santo Edvaldo Fialho Dos Reis, Ccaufes
CAPA
Rendimento planejado
Everardo Chartuni Mantovani
Um projeto de irrigação que tenha viabilidade econômica, social e ambiental precisa necessariamente ser precedido de um plano técnico completo, com gerenciamento de irrigação e controle dos seus custos
O
uso viável da irrigação de cana-de-açúcar passa de forma inexorável pelo desenvolvimento de projetos com forte embasamento técnico e implantação de um sistema de gerenciamento de irrigação que possibilite a decisão técnica da lâmina de irrigação, assim como o controle do custo de água e energia. Somente com estes preceitos é possível implantar um projeto de cana irrigada, com viabilidade econômica, social e ambiental. Em função das grandes dimensões dos projetos e dos valores a serem investidos, faz-se necessário a estruturação de planos diretores para planejar as etapas e prioridades de investimento. A elaboração do plano diretor organiza o processo de implantação de áreas irrigadas dentro de um conceito estruturado, onde cada etapa é realizada de
forma que garanta a continuidade do processo, pela visão global e que permite confecção de fluxos de caixa bem ajustados à realidade e às necessidades da usina. O mesmo inicia-se com estudo de balanço hídrico e de capacidade de irrigação. O estudo de balanço hídrico deve ser desenvolvido de forma específica para o solo e clima da região, avaliando os níveis de redução de evapotranspiração da cultura (déficit hídrico acumulado) que acontecerão para cada data de plantio, de acordo com a estratégia de irrigação definida. Nesta primeira fase, estuda-se qual a demanda de irrigação anual da cultura para contexto específico e também a disponibilidade hídrica para suprir a demanda de área a ser atendida pelo projeto de irrigação. É importante frisar que esta fase é fundamental para
se estimar a vazão a ser outorgada, a lâmina do projeto, o volume de água consumido anualmente e, indiretamente, a demanda de potência e o consumo anual de energia. Por este motivo, esta etapa inicial consiste na definição da “espinha dorsal” do projeto e precisa ser elaborada com bastante acuidade por parte da equipe de projetistas. Infelizmente, tem sido comum a elaboração de balanços hídricos superficiais, utilizando modelos inadequados e a importação de parâmetros de demanda de irrigação e lâmina de projeto de outras regiões. A consequência direta é a instalação de projetos inadequados, com limitações operacionais e de capacidade de aplicação de água, provocando incrementos de produtividade inferiores aos preconizados e gerando insatisfação por parte dos investidores. Nestes casos, é comum que a lâmina Setembro 2015 • www.revistacultivar.com.br
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anual de irrigação aplicada não ultrapasse 50% do que fora projetado, bem como o aumento de produtividade almejado também esteja aquém do esperado. Para desenvolver o estudo de disponibilidade hídrica devem ser consideradas as vazões dos corpos hídricos existentes, envolvendo os rios, os reservatórios existentes, bem como o potencial de construção de reservatórios e os aquíferos subterrâneos. Para estimar o potencial de reservação de água é necessário estudar as bacias de contribuição e também fazer projeções preliminares acerca de dimensões e custos para construção de eixos de barramentos em locais selecionados, por estarem próximos das áreas irrigadas e apresentarem melhor rendimento de volume de reservação de água em relação às dimensões do barramento. Após a estimativa da área irrigável, são definidas as etapas a serem priorizadas para instalação do projeto. Nesta fase, é elaborada a matriz de restrições de modo a utilizar parâmetros para ordenar a prioridade de investimentos. Neste estudo de restrições deverão ser consideradas a proximidade com o manancial, a proximidade com a indústria, o acesso, a situação fundiária da área, a disponibilidade de energia elétrica, o custo de instalação do projeto, o potencial produtivo do talhão (quando será renovado, variedade, estande, solo etc), o licenciamento ambiental, a averbação
Os ganhos indiretos pela adoção da irrigação adequada representam 70%
de reserva legal, a outorga de uso de água e a adequação da área para receber o projeto de irrigação (continuidade, eficiência de uso de área etc). Definidas as etapas de instalação, para cada etapa devem ser elaborados diferentes cenários comparativos considerando diferentes métodos, tipos e tamanhos de equipamentos, opções de aduções, transporte de água, concepção de sistemas, captações, construções civis, custo de instalação e de operação. Durante a apresentação do projeto preliminar, as equipes técnicas da empresa de projetos e do investidor, em conjunto, estudam os cenários, selecionam e ajustam o mais adequado. Após a definição do cenário mais adequado é necessário ir a campo conferir pontos de instalação do projeto (captação, adução, centro do equipamento, limite de movimentação etc) e identificar problemas relacionados às restrições de operação que poderiam existir. A próxima etapa de desenvolvimento do plano diretor é a elaboração
Em síntese o plano diretor de irrigação considera as seguintes etapas
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do projeto definitivo. Nesta etapa são elaboradas as fichas técnicas dos bombeamentos, aduções e equipamentos, listas de materiais e projeção orçamentária final. De posse do projeto executivo, o investidor terá como orçá-lo de forma comparativa junto a fornecedores e avaliar qual ou quais orçamentos apresentam qualidade e preços compatíveis com o plano elaborado. Quando não se desenvolve um plano diretor anteriormente, cada fornecedor apresenta um projeto e orçamento específico, dificultando a análise comparativa entre diferentes opções. Após a definição da contratação do fornecedor, o projeto é instalado dentro de prazos previamente acordados e deverá ser conferido para se saber se os parâmetros técnicos preconizados no projeto foram seguidos, se as características dos equipamentos, sistemas e obras foram adequadamente implantadas. É importante que haja um acompanhamento durante as obras e instalações para evitar-se mudanças na fase final de implantação que atrasam todo processo produtivo. Uma vez instalado o projeto é fundamental que se implante um sistema de gerenciamento de irrigação para que a decisão de irrigação esteja sendo realizada com base em parâmetros técnicos e seja registrada para a composição de um histórico por talhão. O sistema de gerenciamento de irrigação também
Visão estruturada do sistema de gerenciamento da irrigação
Fotos Everardo Chartuni Mantovani
deverá implementar um programa de aferições periódicas para garantir alta performance de operação dos equipamentos e monitorar o consumo de energia mensalmente. A partir da elaboração do plano diretor, pensando o projeto em todas as fases do processo de instalação, e do uso de um sistema de gerenciamento de irrigação será possível investir em projetos de irrigação de cana-de-açúcar utilizando água e energia de forma racional, economicamente viável e com sustentabilidade ambiental.
SISTEMA DE GERENCIAMENTO
O sistema Irriger de gerenciamento de irrigação, com base em vários testes de campo e áreas comerciais monitoradas em diversos estados brasileiros, tem recomendado como estratégia de irrigação de cana para o cerrado, a irrigação com déficit hídrico monitorado. Nesta estratégia, o projeto de irrigação é implantado a partir do estudo do requerimento de irrigação, que propiciará redução de 25% a 35% da evapotranspiração potencial da cultura (ETpc). Ou seja, a cultura será conduzida, através de monitoramento do balanço hídrico diário, comparado com o balanço de água no solo, a se desenvolver com déficit hídrico controlado de modo a economizar água e energia, garantindo altos níveis de produtividade. Para tanto, é necessário implantação de um programa de gerenciamento de irrigação, incluindo estudo físico-
É fundamental implantar um sistema de gerenciamento de irrigação
O projeto de irrigação é implantado a partir do estudo do requerimento de irrigação, que propiciará redução de 25% a 35% da evapotranspiração potencial
-hídrico do solo, adequação de eficiência de operação dos equipamentos, monitoramento climático e configuração do uso de água da cultura. Toda informação é reunida e organizada em bancos de dados de um software, que realiza o balanço hídrico da cultura e determina o déficit hídrico diário, dando referência técnica para a decisão da irrigação de cada talhão. A seguir apresenta-se uma visão estruturada do sistema de gerenciamento da irrigação, utilizado em mais de 30 culturas distintas e entre elas, e com destaque para a cultura da cana-de-açúcar. Há muito que se conhecer a respeito do potencial de uso da tecnologia de irrigação para a cultura da cana-de-açúcar. O desenvolvimento de novos parâmetros técnicos que potencializem a resposta de irrigação, incluindo o desenvolvimento de novas variedades e fertirrigação, será de grande importância para consolidar projetos viáveis. O uso da irrigação na cultura da cana terá importância cada vez maior, sobretudo em áreas de maior déficit hídrico, promovendo aumento da produtividade e rentabilidade por área. O caminho mais seguro para investir em grandes projetos de irrigação de
cana-de-açúcar é desenvolver planos diretores de modo a definir prioridades e etapas de investimentos calcados em parâmetros técnicos, econômicos e operacionais. Os ganhos indiretos propiciados pela adoção da irrigação adequada representam cerca de 70% dos ganhos de produtividade alcançados e precisam ser considerados na análise de investimento. Após a instalação do projeto é fundamental implantar um sistema de gerenciamento de irrigação para que a decisão de irrigação seja realizada com base em critérios técnicos e dentro dos parâmetros do planejamento, promovendo altos níveis de produtividade com uso racional de água e energia, garantindo sustentabilidade econômica e ambiental às áreas de produção. A cana-de-açúcar apresenta alta capacidade de resposta à irrigação. Perseguir estudos e projetos nessa direção, acompanhar as diversas evoluções em curso é uma sábia e estratégica forma de gestão de empreendimentos sucro.M alcooleiros. Hiran Medeiros Moreira, Diretor Irriger Everardo Chartuni Mantovani, DEA-UFV
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CAPA Fotos Rocheli Wachholz
Cuidado antecipado
A interrupção da aplicação de água pelo equipamento de irrigação pode causar grandes e graves prejuízos aos produtores, dependendo do estádio da cultura irrigada. Estar atento aos procedimentos de operação e manutenção previne estas perdas e evita outras
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U
m enorme transtorno aos irrigantes ocorre quando o equipamento de irrigação mecanizado sofre uma avaria, que causa a interrupção da aplicação de água, principalmente durante períodos críticos de desenvolvimento das culturas. Esse problema é agravado em sistemas de alta frequência, como o pivô central, que aplicam lâminas hídricas reduzidas, suficientes para repor um consumo diário ou de poucos dias. Assim, não há uma quantidade significativa de água disponível armazenada no solo, que poderia satisfazer a demanda hídrica durante o período em que o sistema estiver inoperante, principalmente em solos mais arenosos, com menor capacidade de retenção de água disponível às culturas. Para reduzir a possibilidade de acidentes e interrupções operacionais em equipamentos de irrigação mecanizados por aspersão pivô central recomenda-se observar, com atenção, alguns procedimentos relacionados a sua operação e manutenção. Durante tempestades com descargas elétricas, a aproximação de pessoas ao equipamento deve ser evitada, uma vez que o mesmo constitui um eficiente sistema de aterramento e, em áreas planas, representa um ponto elevado no campo, que pode favorecer a atração de raios. Da mesma forma, o acesso de crianças ou pessoas irresponsáveis ao equipamento deve ser proibido. É comum subestimar-se os acidentes que a operação intermitente e as reduzidas velocidades de deslocamento podem provocar em pessoas desinformadas. É necessário também estar atento aos veículos e outros materiais que possam obstruir as trilhas de deslocamento do equipamento. O torque disponível nas rodas motrizes, em geral, é suficiente para escalar obstáculos com variadas dimensões e causar grandes prejuízos. Havendo a alternativa de deslocar o equipamento para outras áreas é importante evitar seu tracionamento através de canais ou tubulações superficiais, linhas aéreas de transmissão de
energia elétrica, edificações e outros obstáculos que possam danificar o equipamento ou provocar acidentes. As linhas de transmissão de energia elétrica nas áreas próximas ao alcance do equipamento devem ser enterradas, providenciando uma sinalização adequada de sua localização. A água aplicada por um pivô central não deve atingir as estradas rurais, municipais e rodovias, com ou sem pavimentação, devido ao risco de causar sérios acidentes ao tráfego. Deve-se evitar, também, o contato com a água proveniente de aspersores que operam a maiores pressões, como os canhões hidráulicos instalados na extremidade das linhas laterais e, principalmente, quando houver produtos químicos dissolvidos na água. Neste caso, esses produtos não devem ultrapassar a área cultivada. Motores e geradores devem operar dentro dos limites recomendados pelos fabricantes. Tanto as velocidades muito
reduzidas, quanto as excessivas, aumentam o desgaste e diminuem a vida útil desses componentes. Periodicamente, é preciso avaliar se existem porcas e parafusos soltos ou ausentes e outras evidências que possam conduzir a um possível colapso estrutural. A precisão dos manômetros também deve ser avaliada sistematicamente, principalmente em sistemas que não utilizam reguladores de pressão nos aspersores. Regularmente também é necessário percorrer o equipamento para avaliar a condição operacional dos aplicadores de água (aspersores, sprayers etc) procurando desobstruir ou substituir unidades eventualmente avariadas. Um bocal obstruído a 400m de distância do ponto do pivô pode comprometer a produtividade de 1,5 hectare da cultura. É muito importante observar que, cada bocal está dimensionado especificamente para sua posição na linha lateral, ou seja, a substituição de bocais deve ser realizada de acordo
É necessário percorrer o equipamento para avaliar sua condição operacional
Rocheli Wachholz
É importante observar, nas partes mais distantes do ponto central, a ocorrência de deflúvio superficial causado por excessiva aplicação de água
com o dimensionamento previamente efetuado. Outro procedimento importante para a manutenção do sistema é observar, notadamente, nas partes mais distantes do ponto central, a ocorrência de deflúvio superficial causado por excessiva de aplicação de água. Não é difícil, apesar de trabalhoso, determinar com precisão a uniformidade da distribuição de água em um pivô central. O ensaio envolve a instalação de uma linha radial de coletores, espaçados a cada 10m ou 20m, dependendo da dimensão do equipamento, abrangendo todo o raio de molhamento. Escolher uma posição do equipamento que corresponde à condição operacional média na área irrigada. Não havendo reguladores de pressão instalados nos aspersores, recomenda-se executar ensaios adicionais nas posições com maior aclive e declive da área irrigada. O procedimento pode fornecer uma indicação satisfatória de como a quantidade de água prevista no dimensionamento está sendo distribuída na área irrigada e não tem por objetivo calcular os aspectos estatísticos desta Setembro 2015 • www.revistacultivar.com.br
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distribuição. É preciso considerar que os aspersores mais distantes do centro são responsáveis pela irrigação de áreas proporcionalmente maiores. Havendo grande variabilidade nas quantidades coletadas, é importante identificar os aspersores correspondentes para promover uma avaliação dimensional e operacional mais criteriosa nos mesmos. A condição operacional da estação de bombeamento, inspecionando as leituras dos indicadores elétricos, como a voltagem e a amperagem, também deve ser avaliada com regularidade. Para os procedimentos de manutenção é preciso seguir rigorosamente o programa recomendado pelo fabricante. Para tanto, o responsável deve estar familiarizado com os procedimentos operacionais e de manutenção, bem como com as recomendações para a sua segurança durante a execução desses procedimentos. A energia elétrica, responsável pelo bombeamento e pela operação do sistema, deve ser desligada antes de iniciar a manutenção do equipamento. Em geral, há um interruptor
disponível no painel de controle que pode ser acionado pelo responsável pelo serviço de manutenção. Durante os testes operacionais é importante evitar o contato das mãos e das roupas com as partes móveis do equipamento, que podem causar graves acidentes. Não devem ser utilizadas escadas metálicas para acessar o equipamento durante o trabalho de manutenção, evitando, assim, o risco de descargas elétricas. De preferência utilizar elevadores portáteis com proteção lateral na plataforma ou, então, escadas construídas com material isolante. Em reparos do sistema elétrico, todas as três fases devem ser individualmente aterradas. Esses serviços especializados devem ser executados de acordo com as especificações do fabricante. Reparos ou manutenção em componentes de alta ou baixa tensão devem ser sempre executados por profissionais qualificados. Recomenda-se promover uma inspeção final por um técnico competente, para avaliar a segurança e a condição das conexões, em conformidade com as exigências da concessionária pelo fornecimento de energia elétrica, antes de reiniciar a operação do equipamento. Outro fator importante é o de nunca utilizar gasolina ou álcool como agentes de limpeza, uma vez que podem sofrer ignição a partir da eletricidade estática eventualmente gerada no equipamento. Sendo detectado um curto-circuito no sistema elétrico, não deve haver contato com o equipamento e um profissional competente deve ser acionado para executar o reparo. Drenar a caixa de engrenagens, examinar seus componentes, procurando substituir possíveis elementos danificados e o lubrificante utilizado, além de examinar a condição das juntas, do ponto do pivô, dos controladores do alinhamento, da pressão e das condições dos pneus são também aspectos que .M precisam de atenção especial. Edmar José Scaloppi, FCA/Unesp
SEMEADORAS Fankhauser
Opção ideal A
função básica das semeadoras é distribuir no solo, seja ele preparado conforme sistema de cultivo convencional, direto ou qualquer outra prática conservacionista, certa quantidade de sementes com uma disposição predeterminada. Para realizar esta função da maneira desejada, as semeadoras-adubadoras devem abrir e modelar um sulco no solo; dosar e distribuir a quantidade de sementes e adubos; cobrir o sulco e pressionar levemente o solo ao redor das sementes, visando retirar bolsões de ar, que prejudicam o processo germinativo. Os sulcadores são responsáveis pela abertura do sulco para a deposição da semente e do adubo no solo. Os sulcadores podem ser do tipo enxada, facão ou discos, sendo os dois últimos mais
utilizados. Os sulcadores de enxada são utilizados de preferência em solos sem tocos, raízes ou restos de cultura, visto que nestas condições pode ocorrer muito embuchamento. Atrás da enxada sulcadora está localizado o tubo condutor de adubos ou de sementes, de forma que estes são depositados nos sulcos após a sua abertura. Os sulcadores de facão ou hastes, conhecidos popularmente como “botinha”, apresentam as vantagens de conseguirem colocar o adubo e a semente em maiores profundidades. Os sulcadores de discos têm sido os mais utilizados, pois trabalham de forma mais eficiente em solos com restos culturais ou em condições inadequadas de preparo do solo. Os sulcadores de discos podem ser de discos simples ou discos duplos defasados. Os discos defasados
Haroldo Carlos Fernandes
Distribuir de maneira eficiente as sementes no solo depende de vários fatores, entre os quais a escolha do disco sulcador é fundamental. Para isso é necessário analisar bem as condições e características de cada situação e fazer a escolha que melhor atende cada necessidade
apresentam vantagem sobre o simples pelo fato de modelar melhor o sulco. Diversas pesquisas afirmam que o uso da haste sulcadora aumenta as exigências de força de tração, do consumo de combustível (horário e específico) e o índice de patinagem do conjunto mecanizado trator-semeadora, em relação ao sistema de abertura de sulcos do tipo disco duplo. No entanto, existem relatos também mostrando que a haste promove maior mobilização de solo. Diante da importância de se verificar o comportamento dos sulcadores, uma equipe de pesquisadores realizou na Universidade Federal de Viçosa um trabalho de pesquisa que teve por objetivo avaliar as variáveis velocidade de
Os sulcadores de discos podem ser de discos simples ou duplos defasados
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deslocamento, força, potência requerida para tração da semeadora-adubadora e patinagem das rodas motrizes do trator no sistema plantio direto. Para a realização dos ensaios, a semeadora-adubadora foi montada com apenas uma linha de plantio posicionada no centro do chassi. Foram avaliadas duas configurações de montagem da linha de plantio. A primeira foi denominada versão “A” e era composta pelos seguintes mecanismos: disco de corte de palhada, disco duplo defasado no sistema de deposição de adubo, disco duplo defasado no sistema de deposição de sementes e rodas de cobertura e controle de profundidade. A segunda foi denominada versão “B”. Nela, o mecanismo sulcador tipo disco duplo defasado utilizado no sistema de deposição de adubo foi substituído por outro do tipo facão com ponteira removível e regulagem individual de profundidade e de ângulo de ataque. Foram utilizados dois tratores agrícolas, um fabricado pela Massey Ferguson e o outro pela John Deere. As duas configurações de montagem da linha de plantio da semeadora-adubadora, versões “A” e “B”, foram ensaiadas nas mesmas condições operacionais, ou seja, com as mesmas marchas e rotações do eixo do motor. Pelo fato da semeadora-adubadora ser um implemento de acoplamento
Figura 1 - Esquema do comboio utilizado para medir a força requerida para a tração da semeadora-adubadora
montado necessitou-se fazer um comboio para instalar a célula de carga entre os tratores e, assim, conseguir medir a força requerida para a tração da semeadora-adubadora. No esquema apresentado na Figura 1, o trator 1 representa o trator fabricado pela Massey Ferguson, que, nessa segunda etapa dos ensaios, foi utilizado como fonte de potência para tracionar o conjunto mecanizado formado pelo trator 2, que representa o fabricado pela John Deere, que manteve sua marcha na posição neutra. O conjunto mecanizado composto pelo trator Massey Ferguson e a semeadora-adubadora foram avaliados em cinco diferentes velocidades de deslocamento, obtidas pela variação da marcha e rotação do eixo do motor, conforme Quadro 1. As velocidades foram obtidas pela relação entre o comprimento da unidade experimental (20m) e o tempo gasto para percorrer a unidade, medido por cronômetro. Além da velocidade determinaram-
Figura 2 - Estimativa da força requerida para tração da semeadora-adubadora
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-se a força requerida (kN) pela semeadora-adubadora (Figura 2), a potência requerida para tração da semeadora-adubadora (kW) (Figura 3) e a patinagem das rodas motrizes (decimal) (Figura 4). Para obter os dados exclusivamente da força requerida pela semeadora-adubadora se fez necessário o cálculo da força requerida para tração do conjunto mecanizado subtraído da força de resistência ao deslocamento oferecida pelo trator 2. Depois, multiplicou-se essa força pelas velocidades médias de deslocamento e obteve-se a potência requerida para a tração da semeadora-adubadora. Utilizando o sulcador de disco, configuração “A”, na deposição de adubo, as velocidades médias de deslocamento não afetaram a força requerida para tração da semeadora-adubadora. Já na configuração “B”, sulcador de facão, a velocidade influenciou a força de tração e foi na menor velocidade de desloca-
Figura 3 - Estimativa da potência requerida para tração da semeadora-adubadora
Haroldo Carlos Fernandes
Quadro 1 - Velocidade de deslocamento do conjunto mecanizado em função da marcha e da rotação do eixo do motor
mento (3,68km/h) a menor força de tração por linha de plantio (4,311kN). A potência requerida para tração da semeadora-adubadora foi influenciada pela velocidade de deslocamento do conjunto mecanizado, nas duas configurações de montagem da linha de plantio (“A” e “B”). No momento dos testes também evidenciou-se que em velocidades de deslocamento idênticas, os menores valores de potência estavam associados à configuração “A”, indicando, para as condições experimentais, que a configuração equipada com o mecanismo sulcador tipo disco duplo defasado no sistema de deposição de adubos demandou menor potência para tracionar a semeadora-adubadora que a configuração “B”, onde foi montado o mecanismo sulcador tipo facão. A patinagem das rodas motrizes do trator utilizado como fonte de potência foi observada nas duas configurações de montagem da linha de plantio. Os valores, em decimal, foram obtidos em duas condições distintas. Na primeira, a semeadora-adubadora foi acoplada
Marcha 2RA 3RB 3RA 3RA 1SB
Rotação do eixo do motor (rpm) 1800 1600 1600 1800 1700
Velocidade média de deslocamento do conjunto mecanizado (km/h) Configuração “A” Configuração “B” 3,72 3,68 4,86 4,77 6,58 5,67 6,82 6,13 7,68 6,89
ao trator e mantida na posição de transporte. Essa condição foi considerada “sem carga” (Nvsc). Na segunda, considerada “com carga” (Nvcc), os elementos ativos que equipavam a linha de plantio foram colocados e mantidos em operação. Após o início do teste aferiu-se o número de voltas dadas pelas rodas motrizes em torno de seu eixo. De posse dos valores, determinou-se a patinagem utilizando a relação a seguir: A patinagem das rodas motrizes do trator não é influenciada pelas velocidades médias de deslocamento com a semeadora-adubadora operando nas configurações “A” e “B” (Figura 4). Porém, os valores da variável em estudo nas duas configurações de montagem da linha de plantio (“A” e “B”) eram diferentes e o valor da configuração “B” era maior que o obtido para a configuração “A”. Isso indica que as rodas motrizes do trator montado com a semeadora-adubadora equipada com o mecanismo sulcador tipo facão patinou mais que as rodas motrizes do trator montado
com a semeadora-adubadora equipada com o disco duplo defasado. Esse fato era esperado e pode ser explicado com base no maior requerimento de força de tração e potência apresentado pela semeadora-adubadora montada na configuração “B”, cujo mecanismo sulcador tipo facão atua em maior profundidade e mobiliza maior volume de solo. Cabe destacar que mesmo observando forte influência exercida pelo mecanismo sulcador tipo facão em relação a muitos parâmetros, alvos de pesquisa no Brasil, não podemos inferir sobre qual é o melhor sulcador. É necessário analisar as condições e características de cada situação, como potência do trator, número de linhas da semeadora-adubadora, umidade do solo, tipo e massa da cobertura vegetal, textura do solo, condições da superfície do solo, resistência do solo à penetração, teor .M de água do solo, entre outros. Haroldo Carlos Fernandes e Jefferson Machado Fontes, UFV Paula Cristina Natalino Rinaldi, UFRRJ
Cultivar
O uso da haste sulcadora aumenta as exigências de força de tração
Velocidade de deslocamento V1 V2 V3 V4 V5
Figura 4 - Estimativa da patinagem das rodas motrizes do trator
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ROÇADEIRAS
Vibração em excesso Charles Echer
As roçadeiras costais geram altos níveis de ruídos e vibrações que podem ser prejudiciais aos operadores que trabalham várias horas diárias com este tipo de equipamento
M
uitas vezes no trabalho, o operador fica submetido à fadiga física e mental, ocasionada pelas suas condições de trabalho juntamente com as novas exigências das empresas. A necessidade de mudança e preocupação com o colaborador levou ao estudo ergonômico. Embora o estudo ergonômico seja um assunto relativamente recente na história do trabalho, cada vez mais são discutidos e desenvolvidos Setembro 2015 • www.revistacultivar.com.br
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métodos de qualificação do trabalho, não apenas para aumentar a produtividade do operador, mas também garantir o bem-estar do mesmo. Acidentes no trabalho muitas vezes ocorrem devido a não se determinar o nível de perigo da máquina e da operação, avaliado conforme o ambiente da atividade. Por exemplo, para trabalho agrícola devem-se considerar as condições do campo, como irregularidade de relevo e
temperatura desfavorável, e também as condições do trabalho, como posição do operador, visibilidade e movimentação, determinadas pelas características e dimensões da máquina. Todos esses fatores aumentam o potencial de falha humana. O setor industrial está em constante desenvolvimento ao que se refere à capacidade de produção, mas isso exige investimento em recursos, e em uma visão mais ampla exige considerar a competitividade por mercado de outras indústrias do setor. A partir da crescente competitividade, ocorreu a necessidade de um melhor aproveitamento dos recursos, tanto de material quanto de colaboração. Além disso, colaboradores lutam e conquistam direitos para melhores condições de trabalho. Para atender a essas demandas o estudo ergonômico vem se tornando fundamental. Medidas ergonômicas podem ser aplicadas na concepção (pré-produção), na correção (pós-produção) e na conscientização (pós-correção). O estudo e o implemento de medidas ergonômicas são relativamente recentes, ou seja, ainda há uma grande quantidade de equipamentos em utilização e até mesmo em estado de produção que são nocivos à saúde do colaborador. Uma estratégia para entender como alguma máquina ou equipamento pode afetar a saúde e o desempenho do colaborador é a avaliação, como forma de buscar estratégias de medição eficazes, verificar irregularidades e levantar dados que darão base a um estudo corretivo. Dentre os diversos aspectos da ergonomia, o ruído é um fator muito frequente e tem potencial de provocar prejuízo
na audição do operador além de desgaste psicológico. Alguns dos problemas que podem aparecer devido ao ruído são: zumbido, dificuldade de discriminar a fala, alteração no som e transtornos. Seus efeitos podem ser aumentados pela idade, exposição extraocupacional, traumatismo craniano, doenças sistêmicas, tabagismo, histórico familiar e exposição a agentes químicos ocupacionais. Também é estimado que a chance de ocorrer acidente no trabalho é dobrada quando o trabalhador está exposto ao ruído, sendo assim, o ruído também é considerado um fator de risco para acidentes. A perda ou redução da capacidade auditiva pode ocorrer geralmente de maneira temporária, permanecendo por um período logo após uma exposição ao ruído, mas também tende a ocorrer de maneira irreversível quando a exposição ocorre de maneira prolongada, como no passar de anos. Muitos aspectos do trabalho na agricultura envolvem risco de lesões nos membros superiores, quer devido à tarefa desenvolvida, postura incorreta ou utilização de equipamentos que geram vibração e ruído. Trabalhadores que operam máquinas manuais, principalmente aquelas providas de motores a combustão interna, podem sofrer os efeitos da vibração nas mãos e nos braços. No Brasil, apesar dos anos de discussão sobre o assunto, os números de acidentes não param de crescer. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (2007), o número de acidentes de trabalho em 2006 foi 512.232 e em 2007 foi 653.090, um aumento de 27,52%. Nas atividades laborais pode não estar presente a relação entre trabalho e saúde, isto porque na maioria delas estão presentes os esforços repetitivos, trabalho estático, esforço físico intenso, ritmo intenso de trabalho e posturas inadequadas, riscos físicos como calor, ruído, vibração, sendo, portanto geradoras de doenças ocupacionais. A utilização de máquinas manuais, tais como roçadeiras costais motorizadas, motosserras, pulverizadores costais, entre outras, tem assumido um importante papel no manejo de áreas agricultáveis. Para operar com este tipo de equipamento, deve-se, no entanto, levar em consideração parâmetros ligados à
Fotos Rodrigo Storino
máquina como funcionamento, vibração, ruído, conformação e adaptabilidade às diferentes condições de operação e trabalho. Contudo, é importante considerar a interação homem-máquina, por exemplo, a temperatura de trabalho, o intervalo de tempo de utilização ininterrupta e a utilização de dispositivos de segurança, devendo-se sempre considerar o operador como principal elemento do sistema. A operação de equipamentos agrícolas é uma atividade que engloba basicamente dois fatores: o operador e o equipamento. Estes dois fatores interagem entre si, formando o sistema homem–máquina. A eficiência com que este sistema executa suas funções depende de diversos fatores, e a ergonomia é um destes fatores, buscando aperfeiçoá-los para aumentar a eficiência do sistema de forma a beneficiar o homem. Entre alguns destes fatores destacam-se as condições ambientais do posto de operação, tais como: temperatura, luz, umidade do ar, ruídos, vibrações e comandos. Os mesmos autores comentam que quando o sistema homem-máquina não se constituir em um sistema eficiente, o operador é exposto a uma elevada carga física e mental, resultando numa redução da eficiência, baixa produtividade e qualidade do trabalho, aumentando a ocorrência de erros, acidentes e o desenvolvimento de doenças ocupacionais. Atualmente, existem normas para garantir condições ergonômicas no trabalho, é o caso da ISO 5349 (Guia para medição e avaliação da exposição humana à vibração transmitida à mão) para
Medição do ruído e das vibrações geradas pelas roçadeiras costais
questões de vibração, para o ruído a NR 15 (Atividades e Operações Insalubres e propor medidas para redução dos níveis de ruído). A comparação dos resultados permite verificar se há irregularidade e, havendo, qual sua intensidade. Com base nessas normas, é comum encontrar equipamentos que estão fora de padrões ergonômicos e que precisam ser corretamente manuseados e preparados para não apresentar problema ao operador. Uma avaliação desses equipamentos foi realizada pela Universidade Estadual Paulista de Bauru para entender qual a necessidade de proteção que se deve ter para manuseio. O equipamento avaliado foi uma roçadeira costal motorizada, com cilindrada de 29,8cm³, 1,4kW de potência e Setembro 2015 • www.revistacultivar.com.br
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Fotos Divulgação
Gráfico 1 - Vibração na haste (m/s ) 2
Diferentes mecanismos de corte utilizados em roçadeiras costais: fio de nylon, lâmina dupla, lâmina tripla e disco serra
trabalhando com 2.800rpm em rotação lenta e 12.000rpm em rotação máxima. Ela fica suspensa no corpo do operador e seu motor fica na parte de trás. Para o dado equipamento, verificou-se que os geradores de vibração e ruído eram o motor e a região de corte. As rotações selecionadas foram as mesmas que o colaborador se submete durante uma operação, sendo elas a rotação baixa (o colaborador fica sujeito a essa rotação quando está preparando o equipamento), a rotação média (para corte de maior torque) e a rotação alta (para corte de maior velocidade). Os mecanismos de corte avaliados foram lâmina dupla, lâmina tripla, disco serra e fio de nylon. O ponto de verificação da vibração foi baseado no contato com o colaborador, portanto, a haste de manuseio. O contato direto do operador com o aparelho o torna vulnerável à vibração presente nessa região. A medição de ruído foi realizada em dois pontos que envolvessem o colaborador, sendo eles o lado direito e o lado esquerdo do operador. Os lados direito e
esquerdo do operador estão relacionados ao ruído que chegará a seus ouvidos, ou seja, o ruído percebido pelo operador. É esse ruído a que o operador estará sujeito durante a operação. Esses pontos de medição estão de acordo com a NBR 9999, que trata da medição do nível de ruído, no posto de operação, de tratores e máquinas agrícolas. Em vista da segurança os envolvidos estavam trajados com calças, botas, luvas, protetores auriculares e óculos de proteção. Os dados obtidos através dos ensaios de vibração são apresentados pelo Gráfico 1. Analisando os resultados da vibração na haste da máquina, pode-se observar um comportamento crescente influenciado pela rotação em todos os órgãos avaliados. Embora em mecanismos de corte mais leves (como é o caso do fio de nylon) são encontrados valores decrescentes da vibração no motor para aumento de rotação quando ela atinge um determinado valor, esse comportamento não foi verificado para a haste. Uma explicação para o fenômeno de decaimento da vibração no motor
Gráfico 2a - Valores de ruído medidos à direita do operador (dB)
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com o aumento da rotação é que há uma tendência de aumento significativo da vibração quando há o aumento da rotação, isso até que o sistema alcance um ponto de elevado torque, implicando em uma maior força no pistão que gera maior impacto nas regiões de folga e diminui a estabilidade do sistema. Quando a rotação se eleva e o torque se reduz, o sistema se torna mais balanceado, aumentando sua estabilidade e reduzindo sua vibração. Os dados obtidos através dos ensaios de ruído são apresentados pelos Gráficos 2a e 2b. De maneira geral, o ruído mostrou-se crescente com o aumento da rotação, com maior derivada da rotação baixa para média, e menor derivada para alta. A proximidade do ouvido direito do operador com o motor também é maior, mostrando o valor de ruído no lado direito um pouco maior que no lado esquerdo. A partir desses valores e com base na ISO 5349 (Guia para medição e avaliação da exposição humana às vibrações transmitidas às mãos), verificou-se que
Gráfico 2b - Valores de ruído medidos à esquerda do operador (dB)
Vibrações e suas causas nada agradáveis
O
utro problema ergonômico o qual o trabalhador também pode acabar por ser submetido é a vibração. Diferente do ruído, para a vibração afetar o operador, este deve estar em contato com a fonte de vibração ou que haja uma ligação entre a fonte e o operador. Os primeiros estudos sobre vibração foram motivados por problemas de desbalanceamento de motores e eixos. Na engenharia os estudos das vibrações são de grande importância e podem ser responsáveis por prejuízos econômicos e financeiros. Um exemplo é a falha causada na ponte de Tacoma Narrows, nos Estados Unidos, que colapsou em 7 de novembro de 1940, apenas quatro meses após sua inauguração. Corpos vibram naturalmente e a frequência com que vibram é determinada frequência natural. Essa frequência varia para cada região do corpo, assim como também varia a capacidade de exposição
à vibração. Quando a frequência de vibração de um sistema possui mesma intensidade de sua frequência natural, tem-se então o fenômeno da ressonância, que se traduz como um ganho de amplitude oscilatória. Na maioria das vezes essa frequência de vibração é prejudicial e indesejada. Quando uma pessoa fica sujeita a uma vibração de frequência nociva durante um determinado tempo, a mesma pode apresentar problemas em diversos sistemas do corpo, como: no sistema cardíaco, através do aumento da frequência cardíaca; no sistema mental, tal como a falta de concentração para o trabalho; no sistema oftalmológico, com apresentação de distúrbios visuais, como visão turva; no sistema gastrointestinal, com sintomas desde enjoo até gastrites e ulcerações; no sistema vestibular, através da perda do equilíbrio, simulando uma labirintopatia e levando a uma lentidão de reflexos, além de manifestação do mal do
um colaborador utilizando este equipamento poderia operar entre uma hora e duas horas. Isso se em seu trabalho não houvesse interrupções ou havendo interrupção de dez ou 20 minutos por hora de trabalho. Se houvesse interrupção de 20 ou 30 minutos por hora de trabalho, o colaborador poderia operar entre duas e quatro horas, e se houvesse interrupção de 30 ou 40 minutos por hora, o colaborador poderia operar entre quatro e oito horas. Verificando os valores para baixa rotação, os de ruído estão abaixo de 80dB, portanto, embora seja um valor elevado, esse ruído não é extremamente prejudicial para o colaborador. Porém, quando se verifica o ruído para média e alta rotação, todos os va-
lores são maiores do que 85dB, que é o valor máximo que o ser humano pode se submeter sem ter problemas a uma exposição de oito horas, e também maiores que 90dB, que é o valor máximo que uma pessoa pode se expor por um período de quatro horas. Ainda, considerando um trabalho ininterrupto de duas horas, como foi o limite encontrado para respeitar os padrões estipulados para vibração, a permissão máxima de 95dB também é ultrapassada em quase todos os casos. Portanto, observou-se uma irregularidade desse aparelho quanto ao ruído. Os parâmetros ergonômicos de equipamentos, principalmente equipamentos de trabalho no campo, precisam ser mais bem avaliados. O equipamento
movimento (cinetose), que ocorre no mar, em aeronaves ou veículos terrestres, apresentando sintomas de náuseas, vômitos e mal-estar geral. A vibração também pode levar a comprometimento, inclusive permanente, de determinados órgãos do corpo; através da degeneração gradativa do tecido muscular e nervoso, especialmente para os submetidos a vibrações localizadas, causando perda da capacidade manipulativa e o tato nas mãos e nos dedos, dificultando o controle motor.
avaliado, baseado na Norma, apresentou irregularidade quanto ao uso prolongado. Para a utilização do equipamento avaliado, nas condições em que se encontra, é necessário o uso de equipamentos de proteção individual quanto ao ruído (protetores auriculares) para qualquer período de utilização, tendo sua eficiência proporcional a redução necessária para atingir os parâmetros da Norma. Também é possível prolongar a utilização do aparelho quanto à vibração com o uso de protetores (luvas), também tendo em vista a eficiência ser proporcional a sua redução percebida pelo operador e .M encaixando-se na Norma. Rodrigo Estorino, Universidade Estadual Paulista
EVENTOS
Expointer 2015
Divulgação
Mesmo com um cenário desfavorável, as empresas de máquinas agrícolas levaram à Expointer vários lançamentos e novidades para os mais diversos segmentos da agricultura
A
última grande feira agrícola, a Expointer, realizada entre os dias 29 de agosto e 6 de setembro, em Esteio (RS), foi palco de lançamentos de grande parte das empresas de máquinas agrícolas. O cenário de retração econômica, taxas de juros maiores que as dos últimos anos e preços mais elevados, fez com que o segmento de máquinas e implementos agrícolas tivesse uma redução de 37,4%, totalizando R$ 1,69 bilhão em negócios encaminhados. Apesar de tudo, as empresas de máquinas seguem acreditando no setor e apresentaram várias novidades para todos os segmentos da agricultura. Nossa equipe participou da Expointer e agora apresentamos o que foi destaque na feira.
LS TRACTOR
A LS Tractor colocou mais um trator no seu portfólio. O R60 C, lançado durante a Expointer, vem em diversas versões, todas dotadas de cabines. O modelo vem com motor LS Tractor Tier III de 60cv de potência, tomada de potência independente, direção hidrosSetembro 2015 • www.revistacultivar.com.br
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tática, controle remoto independente, transmissão 32x16 com super-redutor, eixo frontal blindado e um dos menores raios de giro da categoria. O R60 vem também com versão eixo estreito para completar a linha de estreitos ao lado dos modelos G40 e R60, também lançados em 2015, com foco para culturas com espaçamento reduzido entre as ruas. Todos eles possuem raio de giro de 3,20m, tomada de força em três velocidades e altura do solo de 50,7cm.
NEW HOLLAND
A New Holland apresentou ao público da Expointer seu último lançamento, a colheitadeira Classe 5 CR5.85. Este modelo possui exclusivo sistema de duplo rotor, que faz uma fricção mais leve no grão e usa uma força centrífuga intensa, proporcionando maior separação e rendimento mais alto, dependendo das condições da lavoura, em comparação a uma máquina convencional. A tecnologia é a mesma usada em colheitadeiras mais potentes da linha CR da New Holland. A máquina possui potencial nominal de 265hp e pode chegar a até 312hp
Outra exclusividade é a mesa autonivelante, que permite à colheitadeira andar em terrenos mais inclinados, sem ter que reduzir a velocidade, pois mantém automaticamente o sistema de limpeza dos grãos na horizontal em superfícies de até 17% de declividade. ACR5.85 possui um tanque graneleiro de sete mil litros e a maior taxa de descarga da classe, de 90 litros por segundo, diminuindo em 15% o tempo que a máquina fica parada, descarregando. O monitor Intelliview IV permite ao condutor visualizar instantaneamente as condições operacionais. O lançamento trabalha com plataformas de 20 e 25 pés e pode ser equipado de fábrica com sistemas de piloto automático e monitor de colheita. No estande da New Holland, os visitantes também puderam conferir o desempenho de máquinas em demonstrações dinâmicas, show de máquinas e também realizar test drive em uma arena exclusiva montada no próprio estande da empresa. A ideia faz parte de um projeto que já percorre as cidades do Brasil e foi adequado ao espaço e ao público da feira para criar mais interação com os clientes.
SEMEATO
A Semeato lançou sua semeadora para grãos graúdos SSM FFi, de 13 ou 15 linhas, dotada de reservatório de sementes de alta capacidade. Ela possui facão guilhotina como alternativa para sulcador de adubo, principalmente em áreas com grande volume de palhada, com certo grau de compactação e presença de pedras. A SSM FFi possui sistema de distribuição de fertilizantes Sflow, que proporciona um fluxo contínuo de distribuição de fertilizantes pelo fato de o adubo se manter enclausurado numa cápsula, evitando oscilações
Fotos Cultivar
na distribuição mesmo em terrenos inclinados. A distribuição de sementes é individualizada graças ao sistema VS Vacuum System, com transmissão da linha de sementes por um sistema autocompensador chamado Semedrive, que elimina todas as correntes e engrenagens da linha, fazendo com que a transmissão seja uniforme e contínua, evitando possíveis falhas no sistema de transmissão de sementes. A transmissão dos distribuidores de adubo e sementes é realizada através de um sistema eletro-hidráulico, o qual é gerenciado pelo monitor do trator através do sistema Isobus. A SSM FFi conta com reservatório único de sementes, em polietileno rotomoldado, com capacidade para 1.050 quilos.
AGRITECH
A Agritech aproveitou a Expointer 2015 para lançar dois tratores: o 1160 Turbo multifuncional e o 1145 Vitigno Perfetto, desenvolvido exclusivamente para operar em parreirais. O trator 1160 Turbo, que é plataformado, possui motor Yanmar turbo de 55cv, levante hidráulico com capacidade de até 2,2 mil quilos, câmbios principal e secundário sincronizados, tomada de força econômica e proporcional, direção hidrostática, freio em banho de óleo com acionamento hidráulico e reversor 12x12. Já o trator 1145 Vitigno Perfetto vem com motor Yanmar de 39cv, rodado especial dianteiro de 600-12 e traseiro 250-80, que facilita manobras em pequenos espaços, e altura de 1,2m no volante. Este modelo possui levante
to global (GPS). Indica ao operador a direção ideal a seguir na cultura, grava mapas de aplicação, mede áreas e pode ser conectado com o controlador automático de seções SC 3300. As barras podem ser equipadas com 37 ou 51 bicos, com espaçamentos de 35cm ou 50cm. A Jacto também destacou em seu estande os pulverizadores automotrizes da Família Uniport, modelos Uniport 2000 Plus, Uniport 2500 Star e Uniport 3030, além do pulverizador para culturas perenes Arbus 1000.
AGRALE
A LS Tractor colocou mais um trator no seu portfólio, o R60 C
hidráulico com capacidade de até 850kg e é um trator que foi projetado para operar em parreirais.
JACTO
A Jacto ampliou a sua tradicional família de pulverizadores Condor, com o lançamento do novo Condor 800 AM–18, que possui barras de 18 metros com acionamento hidráulico, que proporcionam mais produtividade e reduzem o amassamento dos cultivos. Juntamente com o lançamento do Condor AM-18, a Jacto reforçou a campanha de comandos elétricos e eletrônicos para os equipamentos dessa linha, com condições especiais que visam oferecer mais tecnologia aos equipamentos com preços mais atrativos e garantia de aquisição de peças originais Jacto. Possui sistema de orientação por sinais dos satélites de posicionamen-
A Semeato lançou sua semeadora para grãos graúdos SSM FFi, de 13 ou 15 linhas
A Agrale lançou dois modelos de tratores para duas realidades de campo completamente distintas. Um dos lançamentos é o trator 7215 projetado para trabalhar em grandes propriedades. O outro é o modelo 4233 isodiamétrico, para trabalhar em locais estreitos e baixos. O Agrale 7215 conta com uma cabine desenvolvida exclusivamente para o modelo, dimensionada para que todos os comandos fiquem bem próximos ao posto do operador. Tem como principais diferenciais o novo painel de instrumentos, direção com regulagem de altura e inclinação e sistema de ar-condicionado de série. Outros destaques do modelo são a barra de tração reforçada, que permite o acoplamento de implementos como plantadeiras e semeadoras, para o preparo de solo com grades pesadas, e a tomada de força (TDP) independente, com acionamento eletro-hidráulico. O novo trator Agrale é equipado com o motor MWM Maxx Force 6.0 A, com seis cilindros, turboalimentado e inter-
Na Arena New Holland os visitantes puderam conferir o desempenho das máquinas da marca
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A Agritech lançou dois tratores: o 1160 Turbo multifuncional e o 1145 Vitigno Perfetto
cooler, com 215cv de potência. Também possui transmissão sincronizada de 16 marchas (12 à frente e quatro à ré), freio de acionamento hidráulico, direção hidrostática e sistema hidráulico de vazão (210L/min a 2.300rpm) e válvula de vazão contínua de série, com dez vias para acoplamentos, sendo seis vias para controle remoto e quatro vias para o controle de vazão. O trator Agrale 7215 disponibiliza o piloto automático de fábrica como opcional e vem equipado com tecnologias de precisão, GPS e barra de luz, além de permitir a utilização da taxa variável, corte de seção e monitor de plantio. Já o modelo 4233 é o primeiro trator isodiamétrico fabricado no Brasil, isto é, que possui os rodados dianteiros e traseiros com as mesmas dimensões. Ele é equipado com motor Agrale M790, com 30cv de potência, altura mínima até o assento de apenas 760mm e largura total 1.120mm. É equipado com trans-
A Jacto ampliou a sua tradicional família de pulverizadores Condor com o lançamento do novo Condor 800 AM–18
missão de 12 marchas (oito à frente e quatro à ré), capacidade de levante hidráulico de 1.050kg, com controle remoto de série e arco de segurança retrátil. Outro destaque é a ergonomia, com todos os comandos próximos do condutor, o que garante jornadas de trabalho mais longas com menor desgaste físico.
PLA DO BRASIL
A PLA do Brasil apresentou o pulverizador autopropelido Hydra 200, desenvolvido para as propriedades das regiões do Sul do Brasil, como o Paraná. Esta máquina foi lançada no início do ano e é considerada o menor e mais simples de todos os pulverizadores do portfólio. Apesar da simplicidade, o modelo apresenta toda tecnologia das máquinas maiores da marca. O Hydra 200 vem equipado com motor de 132cv de potência, quatro cilindros, transmissão hidrostática Sauer Danfos
4x4 e chassi Power Flex com três níveis. Possui também suspensão passiva independente nas quatro rodas, vão livre de 1,45m, tanque de polietileno rotomoldado com capacidade para 2.000 litros, barra de pulverização de 22 metros e piloto hidráulico PLA – autoline de série. O Hydra 200 foi desenvolvido para atender especialmente os produtores que estão em processo de mecanização, saindo da máquina de arraste para o autopropelido.
CASE IH
A Case IH apresentou aos visitantes da Expointer o Puma 230, maior trator de média potência da marca. Com 234 cavalos de potência nominal, o modelo marca a evolução da linha Puma, cujo ponto forte é a transmissão automática com a função APM (Gerenciamento Automático de Produtividade), gerando uma economia de até 20% no consumo de combustível, quando comparada
Um dos lançamentos da Agrale é o trator 7215 projetado para trabalhar em grandes propriedades, e o outro é o modelo 4233 isodiamétrico, para trabalhar em locais estreitos e baixos
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com essa função desligada. O trator também está equipado com o novo conjunto diferencial do eixo traseiro e novo eixo dianteiro. A linha Puma conta com sete modelos de fabricação nacional, de 140cv a 234cv, o sistema APM (Gerenciamento Automático de Produtividade) controla automaticamente a relação de transmissão e a velocidade para cada tipo de terreno, com foco na melhor relação de capacidade e consumo, propiciando uma economia de até 20% de combustível. O Puma 230 é equipado com motor turbo intercooler de seis cilindros FPT Case IH de certificação Tier III, de 6,7 litros, e o novo pacote de acionamento da tração 4WD. O modelo também faz parte da única linha do mercado com transmissão Full Power Shift, destacando o conjunto coroa-pinhão redimensionado para classe HD. O sistema de injeção eletrônica de combustível Commom Rail proporciona uma queima de combustível mais eficiente e colabora para manter o consumo baixo, além de potência superior. O trator possui ainda o Power Boost, responsável por um aumento de potência de até 35cv nas operações de alta exigência de fluxo hidráulico ou em terrenos íngremes. Ele apresenta também cabine ergonômica Surround Vision, com luzes de trabalho dianteiras e traseiras. A Case IH apresentou também sua linha de colheitadeiras axiais, semeadoras e
A PLA do Brasil apresentou o pulverizador autopropelido Hydra 200 desenvolvido para as propriedades das regiões do Sul do Brasil
pulverizadores.
MARINI
A Marini está ampliando sua área de atuação no segmento agrícola. Durante a Expointer a empresa lançou dois produtos para segmentos distintos e anunciou a representação oficial dos pneus agrícolas Titan para todo o Rio Grande do Sul. Um dos novos produtos é o Braço Movimentador Multi, para movimentar cargas e materiais paletizados, que pode ser facilmente acoplado a tratores, retroescavadeiras, Big-Bag, caminhões munck e também em pontos rolantes industriais. O equipamento pode ser utilizado para as mais diversas tarefas e pode realizar funções similares a empilhadeiras. O Braço Movimentador
Multi tem capacidade de carga de 2,5 toneladas, lanças com 1,05m e espessura de 6cm. O outro lançamento é a Garra Movimentadora Tubos, um equipamento projetado para movimentar tubos em construções de vias e ruas, que segue as recomendações de segurança da NR11. O produto é robusto e fácil de ser instalado em caminhões munck, retroescavadeiras ou tratores com guincho bag.
JAN
A Jan realizou lançamento de dois produtos para comemorar o aniversário de 55 anos da empresa, que aconteceu no final de agosto. Um dos lançamentos foi o distribuidor de corretivos e fertilizantes Lancer Evolution 12.000, com capacidade para seis metros cúbicos
A Case IH apresentou aos visitantes da Expointer o Puma 230, maior trator de média potência da marca, ela aproveitou para apresentar também sua linha de colheitadeiras axiais, semeadoras e pulverizadores
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cado para operações em locais estreitos. Já para os produtores de grandes propriedades o destaque é a nacionalização dos cinco novos modelos de alta potência da Série 8R (8270R, 8295R, 8320R, 8345R e 8370R), que passam a ser produzidos na fábrica de Montenegro (RS). Os tratores da Série 8R são os mais potentes fabricados no Brasil (de 270cv a 370cv) e são direcionados principalmente para as culturas de grãos, cana-de-açúcar e algodão.
VALTRA
A Marine lançou o Braço Movimentador Multi para movimentar cargas e materiais paletizados, e a Garra Movimentadora de Tubos
de produto e largura de trabalho de até 36 metros. O distribuidor possui sistema de duas comportas e duas esteiras independentes, que ajudam a tornar a distribuição mais eficiente, possibilitando que um dos discos de distribuição seja desligado para realizar aplicações em apenas um dos lados. O outro produto é o Lancer Prime 1.500, com capacidade para 1,5 tonelada de produto. Ele possui sistema de distribuição com palhetas que permitem ajuste de inclinação, além de sistema alimentador de discos, que descompacta o produto de forma homogênea, permitindo o fluxo constante de produtos aos discos. O Lancer Prime 1.500 também possui sistema de arremate de bordas, que permite desligar um dos discos para aplicar somente com um dos lados.
JOHN DEERE
Com mais de 20 produtos expostos, a John Deere levou ao público gaúcho novidades para todas as etapas do processo produtivo, do plantio à colheita, como o lançamento de mais um modelo da Série S de Colheitadeiras, bem como o exclusivo sistema de limpeza de grãos DF3. Em tratores a John Deere destacou a Série 5E, com os modelos cabinados (5078E e 5090E). A inovação dá agilidade aos utilitários em qualquer condição climática. Os modelos 5055E e 5075E da Série 5E trazem como diferencial ser os mais econômicos da categoria, ter maior durabilidade de componente e manutenção de rotina simples e fácil de ser feita. Também ganhou destaque o fruteiro 5075EF, especial para culturas como maçã, café, laranja e cítricos, indi-
Distribuidor de corretivos e fertilizantes Lancer Evolution 12.000
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A Valtra concentrou seus lançamentos para a Expointer no segmento de tratores de alta potência, que abrangem modelos entre 150cv e 215cv. As novas versões da família BT ganharam desenho arrojado e moderno, e agora os modelos desta linha têm capô com design global, faróis que melhoram a qualidade de iluminação e um novo tipo de escapamento, que minimiza o acúmulo de resíduos. Disponíveis em quatro versões: BT150 (150cv), BT170 (170cv), BT190 (190cv) e BT210 (215cv), os tratores contam com um novo layout de controle remoto, com quatro válvulas que facilitam a regulagem da vazão e da função motor kit do interior da cabine, e permite melhor desempenho em qualquer tipo de operação. Além disso, a válvula de levante lateral facilita a manutenção e evita desmontagens desnecessárias. Ainda no segmento de tratores, outra novidade é a renovação da família de tratores BM. Com a reformulação
Semeadora de Precisão Especial Taipas, SPDE-T
A John Deere destacou a Série 5E, com os modelos cabinados (5078E e 5090E), e para os produtores de grandes propriedades o destaque é a nacionalização dos cinco novos modelos de alta potência da Série 8R
das versões BM110 (116cv) e BM125i (132cv), a linha agora conta com novo sistema hidráulico, que foi redimensionado para vazão de 57 litros/minuto, deixando o trator 11% mais vazão em relação ao anterior. Em colheitadeiras, a principal atração é a nova classe 6 da Valtra, a BC6800. Com este lançamento, a marca fecha a renovação de suas máquinas axiais e disponibiliza a mais alta tecnologia na nova classe 6. A novidade tem as principais características das “irmãs maiores” (BC7800 e BC8800), apresentando alto desempenho e economia de combustível. Dentre os principais itens da nova colheitadeira da Valtra estão o sistema TriZone, que inclui côncavos bipartidos com suspensão, o novo rotor, com elementos de trilha em nova distribuição e um novo canal alimentador do rotor, que garantem alta capacidade de processamento. Um sistema de limpeza multiestágios, que elimina tudo o que não for grão. Além de um tanque de armazenagem de grãos de 10.570 litros
e descarga de 88 litros por segundo.
BALDAN
A Baldan lançou na Expointer a Semeadora de Precisão Especial Taipas, SPDE-T. Esta máquina foi projetada para operar em taipas no plantio de arroz irrigado. A Semeadora Plantio Direto Especial Taipas Baldan SPDE-T possui exclusiva caixa de 62 velocidades Speed BOX, distribuição de sementes por rotor acanalado, rodado articulado, regulagem milimétrica de distribuição de sementes através de volante, rodado articulado com grande amplitude para trabalhar sobre taipas com menor índice de compactação do solo e desmanche da taipa, rodas compactadoras de ferro. Ela vem em três opções com 16, 20 e 24 linhas de plantio.
MASSEY FERGUSON
A Massey Ferguson lançou na Expointer sua nova família de tratores, a MF 6700R Dyna-4. É composta por três modelos, que foram apresentados como
conceitos na edição anterior e chegam ao mercado brasileiro para oferecer a solução ideal aos produtores rurais brasileiros que buscam desempenho, eficiência operacional, produtividade e, principalmente, economia de combustível. A nova família, composta pelos modelos MF 6711R, MF 6712R e MF 6713R, é equipada com motores AGCO Power Turbo de quatro cilindros, com 112cv, 122cv e 132cv, respectivamente. Os tratores desta série são equipados com transmissão Dyna-4, reconhecida mundialmente pelos produtores rurais por sua facilidade de operação. Ela possui alavanca de reversão à esquerda do volante, onde o operador seleciona o sentido de deslocamento (frente/ré) e realiza a troca de marchas, que também podem ser feitas pela alavanca “T”, posicionada do lado direito. O câmbio Dynashift elimina a necessidade do uso do pedal de embreagem para a troca de marchas e/ou reversão do movimento de frente e ré. Com 16 marchas à frente e à ré, a nova família MF 6700R
A Valtra concentrou seus lançamentos para a Expointer no segmento de tratores de alta potência, que abrangem modelos entre 150cv e 215cv, e em colheitadeiras, a principal atração foi a nova classe 6 da Valtra, a BC6800
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Fotos Cultivar
A Massey Ferguson lançou na Expointer sua nova família de tratores, a MF 6700R Dyna-4, e também sua nova colheitadeira MF 5690, classe 4, equipada com um motor de 6 cilindros turbo intercooler AGCO Power de 7,4 litros, com 220cv a 2.100rpm
Dyna-4 possui um escalonamento que permite escolher a velocidade ideal para a maioria das atividades rurais. A Massey Ferguson lançou também nova colheitadeira MF 5690, classe 4, equipada com um motor de seis cilindros turbo intercooler AGCO Power de 7,4 litros, com 220cv a 2.100rpm. Ela pode ser equipada com plataformas de 16, 18 e 20 pés da família MF 8250 Dynaflex (flexível ou rígida), desenvolvidas sob um novo conceito em termos de corte, recolhimento e alimentação. A MF 5690 tem capacidade de 5.500 litros, taxa de descarga de 86L/s, 220cv de potência e alta capacidade de processamento (14m² de trilha e separação) e foi projetada com uma configuração multicrop, que permite a colheita de arroz irrigado e soja de várzea no Rio Grande do Sul. A Massey Ferguson também pré-lançou o aplicativo Go-Task, um sistema
de transferência de dados sem fio, que possibilita o gerenciamento de máquinas de forma mais simples e segura, possibilitando transferir mapas de colheita em tempo real para dispositivos como iPhone e iPad.
KF PLANTADORA
A Industrial KF participou da Expointer onde destacou a Plantadora Adubadora Hyper Plus Camalhoneira. O seu sistema possibilita o plantio de soja e milho em solos de várzea. O conjunto formador de camalhão é composto em sua estrutura por pás dimensionadas com regulagem que permitem a formação do camalhão e sulco, e consequentemente seu plantio na borda do camalhão. Todo esse processo é executado em uma única operação. O sulco destina-se ao escoamento de água em excesso hídrico, e na falta de chuva permite a irrigação de planta pelas suas
A KF destacou a Plantadora Adubadora Hyper Plus Camalhoneira
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extremidades com água dimensionada entre os sulcos.
AGRIMEC
A Agrimec levou sua linha de implementos agrícolas que atendem o produtor rural do plantio a colheita. O destaque da feira foi o lançamento da Carreta Graneleira Granbox Triflex que apresenta como principal vantagem a versatilidade para uso em diferentes etapas da lavoura. Esta linha Triflex possui como diferencial dois canos que operam simultaneamente no abastecimento de adubo e sementes, agilizando o trabalho das plantadeiras. Estas carretas possuem divisória na proporção de 30% para sementes e de 70% para adubo. Durante o período da colheita, é possível remover a divisória e o cano menor utilizado para descarregar as sementes. A linha Triflex está disponível somente nos modelos de duas rodas. .M
A Agrimec lançou a Carreta Graneleira Granbox Triflex