Cultivar Máquinas 188

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Cultivar Máquinas • Edição Nº 188 • Ano XVI - Setembro 2018 • ISSN - 1676-0158

Índice 4 Rodando por aí 8 Case IH lança a série A8810 10 Inoculação no sulco 13 Telemetria 16 Setenta anos da Jacto 20 Sistema de plantio GNSS 22 Capa - Test Drive Hawkeye 29 Desempenho de discos dosadores 32 Escarificadores 36 Limpeza de pulverizadores 40 Ficha Técnica - Semeadora Quadra 44 Manejo do solo

Destaques

Test Drive - Sistema Hawkeye Conheça o sistema Hawkeye da Raven, que permite manter constante a pressão de pulverização e uniforme a distribuição de produtos

Prontas para o futuro Levantamento mostra número de máquinas agrícolas aptas para trabalhar com sistema de telemetria

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter

• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi

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Ficha Técnica Quadra Conheça a Semeadora de grãos finos da Kuhn, que traz sistema que permite maior controle de sementes

Assinatura anual (11 edições*): R$ 269,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00

• Coordenador Comercial Charles Echer

• Revisão Aline Partzsch de Almeida

• Vendas Sedeli Feijó Rithiéli de Lima Barcelos José Luis Alves

• Design Gráfico Cristiano Ceia

• Coordenação Circulação Simone Lopes

Capa - Raven

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Cultivar

• Assinaturas Natália Rodrigues Clarissa Cardoso • Expedição Edson Krause • Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

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NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• ASSINATURAS

• REDAÇÃO

• MARKETING

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


RODANDO POR AÍ TC 5090 Arroz

Novo design

A Expointer foi escolhida para o lançamento da colheitadeira TC5090 Arroz, da New Holland Agriculture. A máquina dispõe de um sistema híbrido, formado por cilindro e duplo rotor, e tecnologia que a torna leve, com alta performance e resistente, aspectos fundamentais para enfrentar o ambiente alagadiço, de maior massa de palha e abrasivo, característicos da rizicultura. “A TC5090 Arroz traz novas características no processamento do grão que potencializam o trabalho do rizicultor, promovendo mais rentabilidade e produtividade”, afirmou o gerente de Produto para Colheita da New Holland Agriculture, Carlos Schimidt.

Focada em desenvolver produtos para a agricultura familiar, a Agritech levou dois novos modelos de tratores para a Expointer 2018: o 1145 Parreira Plus e o 1160 Compacto. O primeiro trator, de pequeno porte traçado 4x4 lançado no mercado brasileiro pela Agritech, o modelo 1145-4 Parreira, foi repaginado e a partir de agora vem com o mesmo design da linha Plus. “Além do novo design, o modelo foi projetado para atender os produtores que necessitam de uma máquina versátil para uso em parreirais”, apontou o gerente comercial, Pedro Cazado.

Pedro Cazado Carlos Schimidt

Novo MF 8125 A Massey Ferguson levou para a Expointer o novo pulverizador MF 8125, de 2.500 litros. “O equipamento foi especialmente projetado para oferecer versatilidade, alta produtividade diária (ha/hora), baixo consumo de combustível, alta capacidade de tração, chassi flexível, segurança e conforto operacional”, garantiu o supervisor de Marketing de Produto, Fernando Petrolli. Disponível nas versões cana e grãos, o novo equipamento alia baixo peso operacional, eixos independentes e transmissão hidrostática 4x4 cruzada, permitindo que a máquina trabalhe nas mais diversas condições de solo e topografia.

Fernando Petrolli

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Novos integrantes A Valtra apresentou ao público da Expointer 2018 cinco novos modelos de tratores da Família A Geração 4, ou A4, lançamentos da marca na região Sul do País. Além disso, a Linha BH ganhará mais cinco modelos, todos com transmissão automática. A Família A4 é composta por três séries: A4s, A4 e A4 HiTech, essa última com transmissão automática. Entre os lançamentos, os três modelos A4s, inéditos até então, e mais dois que se somam à Série A4, apresentada no ano passado. “Os cinco novos tratores da Família A4 vêm para suprir as necessidades específicas de cada propriedade, oferecendo tecnologia, potência e robustez ao produtor rural”, ressaltou o diretor de Marketing, Alfredo Jobke.

Alfredo Jobke


Novas séries de tratores A Massey Ferguson apresentou ao público gaúcho durante a 41ª Expointer, três novas séries de tratores. A linha MF 8700 Dyna-VT, apresentada em primeira mão na Expointer 2018, foi especialmente desenvolvida para trabalhar com grandes implementos, baixo consumo de combustível e alto rendimento operacional. Também, as linhas MF 5700 e MF 4700, evolução da série MF 4200. “O grande destaque da Massey Ferguson na Expointer foi o MF 8700 Dyna-VT com transmissão CVT. O investimento em uma série de máquinas mais robustas segue a tendência do mercado de alta potência, que caminha em ascensão”, afirmou o coordenador de Marketing de Trator da Massey Ferguson, Eder Pinheiro.

Agricultura de Precisão Soluções em Agricultura de Precisão foram destaque para a John Deere na Expointer 2018. Com a campanha #SóJohnDeereConecta, a companhia levou para a feira suas máquinas e soluções inteligentes. “A John Deere oferece a conexão entre maquinário, tecnologia, pessoas e inteligência. São quatro peças-chave para transformar de vez a Agricultura de Precisão no que chamamos de agricultura de decisão: uma realidade em que o agricultor terá os dados em suas mãos para chegar a uma decisão mais assertiva, em tempo real, aumentando a produtividade e a rentabilidade de sua lavoura”, disse gerente de Marketing Tático, Maurício Menezes.

Maurício Menezes

Nova linha de tratores BH

Axial-Flow 4x4

Eduardo Junior

A Case IH lançou na Expointer 2018 a colheitadeira Axial-Flow modelo 4130 na versão com tração 4x4. Esse lançamento agrega mais força, estabilidade e capacidade para superar adversidades no campo. “O modelo AF 4130 apresenta excelente eficiência nos campos brasileiros e é um equipamento estratégico para a região Sul. Agora, com a versão com tração 4x4, a máquina fica ainda mais forte”, destacou o gerente de Marketing de Produto da Case IH, Eduardo Junior. A AF4130 vem equipada com motor eletrônico da FPT NEF 6.7 com 253cv.

Um dos lançamentos da Valtra na Expointer 2018 foi a Linha BH HiTech, evolução da Linha BH Geração 4, que agora passa a oferecer transmissão com troca de marcha automática. Os tratores Valtra BH possuem como característica a simplicidade de operação, aliada à robustez na entrega, sendo bastante indicada para trabalhos pesados. “Em 2017 lançamos a Geração 4 dessa família, com sete opções de motorização. Agora, na nova Linha BH HiTech a grande novidade é a transmissão HiTech3 (HiTech three) Power Shift com troca automática dentro dos grupos, com 18 velocidades para frente e 18 para trás”, disse o supervisor de Marketing de Tratores da Valtra, Winston Quintas. A Linha BH HiTech é composta pelos modelos BH144 HiTech (145cv), BH154 HiTech (159cv) e BH184 HiTech (180cv) com motores de quatro cilindros e os modelos BH174 HiTech (179cv) e BH194 HiTech (195cv) com motores de seis cilindros.

Novo modelo A Agrale apresentou na Expointer o novo Trator 6185, modelo recentemente lançado e que se caracteriza pelo seu alto desempenho, a robustez e a economia. “O novo 6185, um trator robusto, foi desenvolvido para proporcionar ainda mais versatilidade, com baixo consumo de combustível e alto rendimento operacional, tornando-se o produto ideal para a agricultura de escala, como nas lavouras de milho, soja e trigo, por exemplo”, explica o gerente de Tratores, Adriano Chiarini.

Pulverização e plantio

Adriano Chiarini

A Kuhn esteve presente na 41ª Expointer e deu destaque para a semeadora pneumática Quadra e o Pulverizador Stronger HD. Entre os pontos a serem ressaltados da Quadra está a distribuição precisa e uniforme, graças à sua cabeça de distribuição, responsável pela divisão correta dos insumos para as linhas de plantio. “Quanto ao pulverizador autopropelido Stronger HD, lançado neste ano, destacamos o tanques de inox de 3.200 e quatro mil litros, a cabine de alto padrão de acabamento e conforto, com excelente visibilidade e ergonomia nos controles” concluiu o gerente de Marketing, José Carlos Bassett.

José Carlos Bassett (esq.)

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Trator fruteiro

Operations Center O principal foco da John Deere nas feiras este ano foi o Operations Center, uma plataforma de gerenciamento de dados on-line que integra informações agronômicas, de máquina e produção. De acordo com o gerente de Vendas, Eduardo Martini, através desta tecnologia é possível realizar cruzamento de dados colhidos pelas máquinas durante o plantio, a aplicação de insumos e a colheita. “Esta integração de informações permite que o agricultor identifique oportunidades de redução de custos, de otimização da operação das máquinas, zonas de manejo, entre outras, tudo de forma segura, centralizada e a distância”, explica Martini.

A Mahindra apresentou durante a Expointer o mais novo produto da marca: o protótipo do Modelo 6060C, o primeiro trator fruteiro Mahindra do mundo. Totalmente desenvolvido pela Engenharia da Mahindra Brasil, em parceria com profissionais da Índia, dos Estados Unidos e do Japão, o trator mais estreito e totalmente adequado às necessidades dos produtores de frutas começará a ser comercializado em 2019. “Uma das principais vantagens do trator estreito Mahindra é que ele já pode vir equipado com sistema hidráulico dianteiro, o que permite trabalhar simultaneamente com dois implementos: triturador dianteiro e pulverizador traseiro, por exemplo. Isso traz um ganho operacional bastante grande”, explicou diretor-geral de Operações, Jak Torretta Junior. O novo modelo vem com motor de 60cv nesta primeira versão, mas também será comercializado na versão 80cv. Eduardo Martini

Pegasus premiado

O distribuidor autopropelido Pegasus 4.6 AIR, produzido pela PLA, foi o vencedor do Premio Gerdau Melhores da Terra na categoria “Novidade Expointer Agricultura de Escala”. O equipamento atua na distribuição de insumos sólidos granulados, como sementes e fertilizantes, por meio de um sistema mecânico-pneumático, gerando mais produtividade e menor desperdício. A distribuição, feita ao longo de 18 pontos nas barras, tem como objetivo garantir maior uniformidade na distribuição e pode ser aplicado em taxas variáveis entre 8kg e 250kg, seguindo o conceito de agricultura de precisão.

Potências extremas A LS Tractor apresentou dois modelos extremos na Expointer 2018: os tratores H145 e MT 25 - maior e menor modelos comercializados pela marca no Brasil. O H145 atende o trabalho no plantio de grãos, soja, milho e trigo, equipado com motor Perkins de 4.4 litros, Turbo Intercooler e transmissão Synchro Shuttle de 12 x 12 ou Power Shuttle de 24 x 24. “Estamos trazendo ao mercado um trator com alto torque de tração, aliado à economia de combustível com motor moderno de última geração com um inovador sistema de proteção eletrônica, o LS Tech: Engine Protection. Robustez e tecnologia, tratores com piloto automático e telemetria, equipados para uma agricultura conectada”, assinala o gerente de Marketing de Produto, Astor Kilpp. Já o modelo MT 25, de 25cv, foi projetado para o segmento indoor, como horticultura de estufa.

Série T4 Com o lançamento do trator T4 no mercado nacional, na Expointer, a New Holland visa atender as demandas de produtores que necessitam de tratores com maior nível de tecnologia. Os tratores T4 apresentam largura total mínima e altura máxima reduzidas, características buscadas para o trabalho do agricultor que cultiva uva, café e frutas em geral. “Cada vez mais, o adensamento das culturas é uma realidade, já que o agricultor busca maiores patamares de produção e quantidade de plantas em uma área específica. Essa é uma tendência irreversível. Por isso, a necessidade no mercado de tratores cada vez mais estreitos”, explicou o gerente de Marketing de Produto de Tratores da New Holland, Saulo Silva. A linha T4 é formada por três famílias: V (vinhedo), F (fruteiro) e N (estreito). Setembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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Saulo Silva

Astor Kilpp


Novidade e premiação

Financiamento por QR Code

Presente na Expointer 2018, a Yanmar apresentou a sua linha completa de produtos para o segmento agrícola. Os destaques foram os tratores Solis de 26cv a 90cv, nas versões Rops, Cabine e Estreito, além da linha de motocultivadores e a transplantadeira de mudas de hortaliças. “A Yanmar esteve presente na Expointer com o objetivo principal de demonstrar que a alta tecnologia e robustez no campo fazem toda a diferença para o agricultor”, destacou o supervisor de Vendas Agrícolas da Yanmar, Fernando Figueiredo. A Yanmar foi também vencedora do Prêmio Gerdau Melhores da Terra na categoria Novidade Expointer (Agricultura Familiar), com a transplantadeira de mudas de hortaliças (PH1).

Durante a Expointer, a Stara assinou o convênio com o Banco do Brasil para oferecer mais uma inovação ao produtor: a plataforma de QR Code para financiamento de máquinas agrícolas. O convênio foi assinado pelo diretor-presidente da Stara, Gilson Trennepohl, e o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli. A Stara é a primeira indústria de máquinas agrícolas a oferecer a tecnologia que, através da leitura do QR Code, possibilita que o produtor sinalize a sua intenção e financiamento a qualquer hora e em qualquer lugar, não precisando se deslocar até uma agência do banco. A proposta é enviada ao banco e o produtor passa a receber o atendimento direcionado pela agência bancária mais próxima.

Carlos Schimidt

Foco na inovação A Jacto levou para a Expointer 2018 um portfólio focado na qualidade da pulverização, adubação e tecnologias de agricultura de precisão. Com bancadas espalhadas pelo estande, a empresa demonstrou inovações presentes nos equipamentos e outras que devem chegar em breve ao mercado. “Ao longo desses 70 anos de história, a empresa apresentou diferentes produtos e tecnologias, visando atender às necessidades específicas dos agricultores das diferentes regiões onde atua. A busca por inovações está no DNA da empresa. É compromisso da Jacto garantir ao agricultor o acesso às tecnologias que o tornem cada vez mais competitivo e com possibilidade de otimizar sua produção”, comenta Fernando Gonçalves, presidente da Jacto Agrícola. A Jacto também apresentou o Uniport 2030, para propriedades menores, que vem com reservatório de dois mil litros, com opções de 24 e 30 metros de barra. Ele também conta com o pacote de agricultura de precisão, Otmis.

Hawkeye

Para o sucesso no agronegócio, ser parceira das melhores marcas e com a melhor tecnologia é um diferencial. A Raven do Brasil esteve presente na 41ª Expointer junto às suas empresas parceiras e aproveitou a oportunidade para apresentar o Hawkeye, tecnologia de pulverização, demonstrando seu sistema de aplicação com o controle de pressão por pulsos, bico a bico, resultando em uma maior qualidade aplicação, compensação em curva, além de maior eficiência e economia de insumos.

Fernando Gonçalves

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EMPRESAS

Sem queimadas Com a adoção cada vez maior da colheita de cana crua, Case IH lança a série A8810 com versões de uma linha e para espaçamento duplo alternado

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busca por alto rendimento aliado à redução de custos é uma equação constante para qualquer produtor, principalmente quando se tem uma frota que, em média, percorre por dia a distância equivalente a duas voltas ao mundo. É isso que acontece na Usina São Martinho, em Pradópolis (SP), Setembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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onde as suas colhedoras de cana, os caminhões de transbordo, os tratores, as plantadoras, os pulverizadores, entre outras máquinas, percorrem uma média diária de mais de 87 mil quilômetros. Os números foram apresentados pelo diretor agrícola e de tecnologia da São Martinho S/A, Mário Ortiz Gan-

dini, durante evento de lançamento da nova colhedora de cana da Case IH, parceira da Usina no desenvolvimento de máquinas para a cultura da cana-de-açúcar. De acordo com Gandini, buscar sempre por maior eficiência no processo de colheita é não apenas uma questão de economia, mas de sustentabilidade do sistema. “Para


Fotos Case IH

nós é um desafio muito grande colher cana com qualidade pelo grande volume de massa que a cultura tem. Não podemos danificá-la nem compactar o solo e manter a cultura no campo em condições para um grande rendimento na próxima safra”, explica. Essa é, segundo o gerente de Marketing de Produto da Case IH, Roberto Biasotto, a principal razão para o desenvolvimento da série A8810, que conta com modelos de uma linha e para espaçamento duplo alternado (A8810DA). De acordo com o executivo, a nova colhedora garante economia de 15% no consumo de combustível, melhor qualidade de colheita e contempla todas as 29 novidades tec-

nológicas que foram incorporadas às colhedoras de cana Case IH para uma linha. “O fim das queimadas no setor de cana é um fato muito importante não só para as usinas, que ganharam com o aumento da produtividade proporcionado pela mecanização, mas também para toda a sociedade, pois a redução na emissão de gases foi expressiva”, explicou. As colhedoras A8810DA trabalham com duas linhas e espaçamento de 0,9m x 1,5m. Dentre as principais novidades e melhorias oferecidas pela nova linha estão o novo tanque de combustível em material plástico independente do chassi, com capacidade de 620 litros, 29% a mais que no modelo anterior e posicionado na parte central da colhedora, o que permite maior estabilidade independente do nível de combustível. A linha conta também com o Smart Cruise, software que gerencia o funcionamento do motor, que, associado à curva de potência otimizada, proporciona diminuição do uso do diesel e redução de custos. Aliado ao Smart Cruise, o sistema Autoturn permite o acionamento e desligamento das funções da colhedora para manobras, com configuração de automatização

de até dez funções, para facilitar a operação e auxiliar na redução do consumo de combustível em manobras da colhedora no final de linha. A máquina também tem o ventilador do sistema de arrefecimento inteligente. Com rotação automática e variável conforme a temperatura do sistema, garante menor demanda do sistema hidráulico para ativação do motor desse ventilador, o que permite menor consumo de combustível em períodos de menor temperatura do ambiente. As colhedoras contam ainda com sistema Autofloat, que “copia o solo” e possibilita que seja feito o controle automático da altura dos divisores de linha, conforme a intensidade de pressão contrária exercida pelo solo, sendo possível ajustá-lo em até três níveis de resposta. Para melhorar as operações noturnas, o sistema de iluminação de halogênio foi substituído por lâmpadas de LED, melhorando em três vezes o alcance da iluminação. Na parte frontal da máquina foram inseridos mais dois faróis além de quatro de cada lado do teto da cabine e todo o sistema de iluminação tem maior durabilidade e alcance de até 24 metros. .M

A nova colhedora garante economia de 15% no consumo de combustível e melhor qualidade de colheita, diz Roberto Biasotto, gerente de Marketing de Produto

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SEMEADORAS

Lucro fixado Inoculação no sulco garante benefícios da fixação biológica do nitrogênio na cultura da soja e a prática ganha cada vez mais adeptos, graças aos ganhos acumulados e à maior variedade de equipamentos eficientes para aplicação do produto

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Brasil vem se posicionando como grande protagonista mundial na produção e comercialização de alimentos, fibras, biocombustíveis e biomassa. Mas, ao contrário de décadas passadas, vem adquirindo também um perfil de país ambientalmente avançado, de agricultura sustentável, com redução do desmatamento e investimentos na preservação de extensas áreas conservadas. Nesse contexto de agricultura competitiva e sustentável, o uso de micro-organismos benéficos, em substituição aos produtos químicos, alcança uma relevância crescente. Os micro-organismos benéficos incluem bactérias fixadoras de nitrogênio, micro-organismos promotores do crescimento de plantas, agentes de biocontrole, microalgas para a produção de biocombustível, entre outros. Dependendo do processo microbiano, os produtos à base de micro-organismos recebem denominações distintas em diferentes países. Neste artigo, não abordaremos o uso de micro-organismos destinados ao controle biológico, mas sim os processos microbianos visando à substituição, parcial ou total, de fertilizantes químicos. Na legislação brasileira esses insumos são denominados inoculantes e, em países, como os da comunidade europeia, são denominados biofertilizantes. Há mais de meio século o Brasil é possuidor de tradição em inoculantes, sendo que seu uso foi intensificado durante a expansão da cultura da soja na década de 1960. Algumas bactérias têm a capacidade de capturar o nitrogênio Setembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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da atmosfera e transformá-lo em “fertilizante nitrogenado biológico” para as plantas e, evolutivamente, a maior contribuição ocorre com bactérias que se associam simbioticamente com diversas leguminosas, dentre elas a soja. Contudo, como a soja não é nativa do Brasil, os microbiologistas trouxeram bactérias compatíveis do exterior que, depois de verificadas quanto à adaptabilidade às condições climáticas e aos genótipos de soja brasileiros, passaram a ser usadas para a inoculação dessa leguminosa. Desse modo, o agricultor brasileiro já é bastante familiarizado com os inoculantes e com o processo de inoculação. Com o tempo, tecnologias desenvolvidas pela Embrapa ampliaram o uso de inoculantes pelos agricultores, sendo as principais, nos últimos anos: 1) Indicação de que a reinoculação anual da soja com bactérias fixadoras de nitrogênio (Bradyrhizobium) resulta em incremento médio de 8% no rendimento; 2) Identificação de bactérias fixadoras de nitrogênio com alta eficiência para as culturas do feijoeiro comum e do caupi; 3) Seleção de bactérias promotoras do crescimento de plantas (Azospirillum), cujo principal benefício reside na produção de fitormônios, inicialmente selecionadas para gramíneas, milho e trigo e, em 2018, para braquiárias (Urochloa spp.); 4) Coinoculação da soja e do feijoeiro com rizóbios e Azospirillum, dobrando os benefícios conseguidos pela inoculação anual só com rizóbios. Somente no caso da soja, estima-se que a economia pelo processo de fixa-


ção biológica do nitrogênio seja da ordem de 13 bilhões de dólares por ano, que deixam de ser gastos com fertilizantes nitrogenados químicos. Considerando que o Brasil importa, hoje, cerca de 70% do fertilizante nitrogenado, o anúncio recente de fechamento de indústrias nacionais de fertilizantes nitrogenados e as perspectivas de alta do dólar, tem-se como consequência que o cenário para uso de inoculantes com bactérias fixadoras de nitrogênio é cada vez mais atrativo. Tradicionalmente, os inoculantes microbianos são aplicados nas sementes no dia da semeadura. Dezenas de pesquisas indicam que, se os micro-organismos entrarem em contato com a planta por ocasião da semeadura, maiores serão as chances de sucesso. Uma grande limitação ao sucesso da inoculação, porém, ocorre pelo tratamento das sementes com agroquímicos, com ênfase nos defensivos, cujos efeitos deletérios na sobrevivência de rizóbios são relatados há décadas. No Brasil, a partir da década de 1990, o uso de defensivos para o tratamento de sementes de soja foi intensificado, inicialmente, representado por fungicidas de contato, a seguir, por fungicidas de contato e sistêmicos e, atualmente, com a adição de vários outros produtos químicos e até biológicos no tratamento das sementes. Desse modo, em 2012, as estimativas já apontavam que mais de 90% das sementes de soja eram tratadas com agroquímicos. Como a expansão do uso de agroquímicos nas sementes de soja, a Embrapa também intensificou as pesquisas sobre compatibilidade entre defensivos e os micro-organismos usados em inoculantes, pesquisa que continua até os dias de hoje. Infelizmente, porém, embora a pesquisa na indústria de inoculantes tenha evoluído para a identificação de algumas moléculas protetoras às bactérias, a sobrevivência destas nas sementes tratadas com agroquímicos chega a ser zero, anulando os benefícios dos inoculantes. Além disso, o número de produtos incorporados a cada

Orion

Quadro 1 - Efeito de métodos de inoculação e do tratamento de sementes com fungicidas na nodulação e rendimento de soja em um ensaio conduzido em Taciba-SP, em solo arenoso de primeiro ano. Todos os tratamentos, exceto o NI + 200kg de N, não receberam N-fertilizante. Médias para cada parâmetro, seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente ao nível de 5%. Modificado de Campo et al (2010), Rev. Bras. Ciênc. Solo, v.34, p.1103-1112 Tratamentos Número de nódulos/planta kg de grãos/ha 3.560 bc Não inoculado (NI) 0,2 c 3.296 c NI + 200 kg de N 0,1 c 3.985 ab Inoculante turfoso na semente (ITS) – 1 milhão de células/semente 14,1 b 3.870 ab Fungicidas na semente + ITS 0,2 c 4.244 a Inoculação no sulco (IS) – 6 milhões de células/ha 26,0 a 4.036 ab Fungicidas na semente + IS 19,2 b

ano ao tratamento das sementes tem sido cada vez maior, incluindo fungicidas, inseticidas, nematicidas, estimulantes do crescimento, entre outros, o que torna praticamente impossível viabilizar a compatibilidade com os rizóbios. A partir do momento em que o uso de defensivos para o tratamento de sementes de soja começou a expandir e que foi identificada alta incompatibilidade com as estirpes de Bradyrhizobium dos inoculantes, a Embrapa começou a estudar soluções para o impasse. Em uma das linhas de pesquisa desenvolvidas, a partir do final da década de 1990, foram conduzidos os primeiros ensaios para verificar a possibilidade de substituição da inoculação nas sementes por inoculação no sulco de semeadura. Os resultados foram promissores e indicaram que a tecnologia não só era comparável em termos de permitir nodulação e fixação do nitrogênio equivalente à inoculação nas sementes na hora da semeadura, como também que, não estando em contato direto com os defensivos das sementes, não haveria problema em continuar com os tratamentos fitossanitários recomendados. No Quadro 1, por exemplo, podem ser visualizados os resultados de um dos ensaios pioneiros, conduzidos em um solo arenoso de primeiro ano no município de Taciba (SP). Pode-se verificar que o uso de sementes tratadas com fungicidas e inoculante líquido no sulco resultou em nodulação e rendimento comparáveis ao da aplicação de inoculante turfoso (considerado como “padrão ouro”, de melhor substrato para

a sobrevivência de rizóbios) em sementes não tratadas. Ensaios adicionais foram conduzidos, os quais, quando apresentados ao fórum técnico da soja, resultaram na inclusão, na publicação de Tecnologias para a Produção da Soja de 2002, da tecnologia de inoculação no sulco como alternativa à inoculação nas sementes. Esta última década foi, talvez, a que trouxe maior projeção ao uso dos micro-organismos na agricultura brasileira. As indústrias fizeram grandes investimentos em novos equipamentos e recursos humanos especializados, resultando em melhoria expressiva na qualidade dos inoculantes, hoje com alta concentração de células e ausência de contaminantes. A partir de 2012, os relatos de ganhos de rendimento na cultura da soja passaram a ser cada vez maiores, pelo uso da tecnologia de coinoculação com Azospirillum, que também pode ser feita no sulco. Por outro lado, como ponto negativo para os benefícios da inoculação, tem-se que o número de produtos químicos utilizados no tratamento de sementes aumenta a cada ano, tornando cada vez mais difícil a compatibilidade. Adicionem-se, ainda, as limitações pelo tratamento industrial de sementes e os resultados negativos que a pesquisa vem obtendo com sementes pré-inoculadas por períodos longos, superiores a 15 dias, com frequência verificando sobrevivência zero das bactérias nas sementes. Frente ao cenário atual e à projeção para os próximos anos, visando garantir Setembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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Fotos Orion

O volume de água necessário é cada vez mais compatível com a realidade

A inoculação no sulco visa evitar o contato direto com outros produtos

A inoculação no sulco na hora da semeadura se mostra como a melhor alternativa

os benefícios proporcionados pelos inoculantes e conseguidos por décadas de pesquisa, inclusive com expectativas de ganhos ainda maiores nos próximos anos, a inoculação no sulco na hora da semeadura se apresenta como a melhor alternativa. Houve uma grande evolução nos equipamentos, o volume de água necessário é cada vez mais compatível com a realidade das fazendas, e os preços acessíveis frente a todos os benefícios que podem ser obtidos. Com a inoculação no sulco, suficientemente perto das sementes, mas sem contato direto com os produtos químicos, as bactérias conseguem sobreviver e se associar às plantas. Com as concentrações mais elevadas dos inoculantes hoje disponibilizados no mercado, a dose de Bradyrhizobium a ser aplicada no sulco fica entre 2,5 e três vezes em relação à dose recomendada para a aplicação nas se-

mentes. Em áreas de primeiro ano, em solos muito arenosos e em condições de estresses ambientais intensos, essa dose pode ser incrementada, mas não existe necessidade de passar de seis doses por hectare. No caso da coinoculação, nunca aplicar mais de duas doses de Azospirillum no sulco, pois a produção elevada de ácido indol acético (AIA) pelas bactérias pode chegar a inibir o crescimento das raízes. Lembrar que a inoculação no sulco visa evitar o contato direto com outros produtos químicos,

portanto, aplicar só os inoculantes. E, no caso de outros insumos biológicos, sempre verificar a compatibilidade, pois nem todos os biológicos são compatíveis entre si. Certamente o agricultor já está percebendo as vantagens da inoculação no sulco, de modo que os fabricantes de máquinas e equipamentos estimam que essa modalidade de inoculação já é utilizada em cerca de 6% da área cultivada com soja no Brasil. Em relato da região do Mato Grosso na Reunião de Pesquisa de Soja de 2017, consta que 30% dos agricultores da região já adotaram a inoculação no sulco. Com isso, os benefícios da fixação biológica do nitrogênio, que chegam a centenas de reais por hectare de soja, serão .M garantidos.

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O agricultor já está percebendo as vantagens da inoculação no sulco

Mariangela Hungria e Marco Antonio Nogueira, Pesquisadores da Embrapa Soja


TECNOLOGIA

Prontas para o futuro

Levantamento mostra que mais de 130 mil máquinas produzidas e comercializadas no Brasil estão aptas para trabalhar com sistemas avançados de telemetria

A

s máquinas agrícolas são indispensáveis na agricultura moderna na busca por uma forma de manejo com maior eficiência de produção. Elas estão presentes desde modelos familiares de agricultura até em grandes grupos agrícolas do País. O Brasil é um grande fabricante e consumidor de maquinários e implementos agrícolas a nível mundial e acompanha a evolução tecnológica que ocorre nesse meio. Devido às novas tecnologias embarcadas nas máquinas agrícolas e à

evolução da agricultura de precisão, que tem por objetivo estudar as lavouras e suas variabilidades utilizando técnicas e métodos que procuram obter ganhos econômicos com o menor impacto ambiental, surgiu a necessidade do melhor aproveitamento dos dados gerados ao longo do tempo nas diferentes operações que ocorrem no campo. Com isso, é possível identificar possíveis zonas de manejo a serem averiguadas e também identificar possíveis falhas logísticas e operacionais.

A telemetria tem por objetivo ajudar na efetiva coleta e transmissão desses dados. É uma ferramenta de grande importância no desenvolvimento, planejamento e controle das operações no setor agrícola, por estar inteiramente relacionada com a capacidade de combinar terra, trabalho e investimento. Por possibilitar a visualização em tempo real das operações agrícolas, possibilita a rápida tomada de decisão perante um possível problema ou falha e melhor gerenciamento das operações, como:

John Deere

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Exemplo de dashboard de um sistema de telemetria

melhor trajetória, posição da máquina, produtividade, área colhida, horas trabalhadas, paradas efetuadas, velocidade da operação, entre outros. Como não são todas as máquinas produzidas e comercializadas no país que possuem potencial para uso desta nova tecnologia, pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina desenvolveram trabalho para constatar qual é a frota de máquinas agrícolas existentes com potencial para uso de telemetria e a produção e comercialização anual de tal perfil de equipamentos. A pesquisa constatou que o Brasil possui mais de 130 mil máquinas com tal perfil e que anualmente produz-se quase 24 mil novas máquinas com potencial tecnológico para uso de sistemas de telemetria para a transmissão dos dados. O trabalho fez um levantamento do parque de máquinas do Brasil ao longo da história com base no Anuário da Indústria automotiva brasileira do ano de 2018, elaborado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea, 2018). Ele foi baseado no capítulo sobre Máquinas agrícolas e rodoviárias, Produção, vendas internas e exportação, onde foram excluídas do levantamento as categorias: retroescavadeiras (loaders & backhoes) e tratores de esteiras (crawlertractors), justamente por se tratar de um segmento majoritariamente empregado para o setor de construção civil no país. Também foram excluídos do levantamento os cultivadores motorizados (tillers), por se tratar de equipaSetembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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mentos de potencialidade de uso de telemetria nula, devido à conformação estrutural e ao emprego de uso. Restaram assim no levantamento as categorias: tratores de rodas (wheel tractors), colhedoras de grãos (grain combines) e colhedoras de cana-de-açúcar (sugarcane combines). Os dados sobre autopropelidos foram compilados de informações extraídas da tese de doutorado de Casali (2015), pois no relatório da Anfavea tal categoria se encontra embutida em meio à classe de tratores de rodas. Segundo a Anfavea, (2018), foram fabricados no Brasil entre os anos de 2013 e 2017 mais de 309 mil máquinas agrícolas divididas entre as categorias: tratores de rodas (wheel tractors), colhedoras de grãos (grain combines) e colhedoras de cana-de-açúcar (sugarcane combines). Sendo possível observar forte declínio na produção, muito possivelmente pelo início da crise econômica que abateu o país, juntamente com problemas climáticos que comprometeram a produção no período (Gráfico 1).

Entre os anos de 2013 e 2017 o Brasil exportou 47.535 máquinas agrícolas (15% do volume fabricado no período), porém, da mesma forma que houve retração no consumo interno, tal fator também ocorreu no mercado externo, o que refletiu em quedas nas exportações nos últimos anos (Gráfico 2). Quanto às vendas no mercado brasileiro, temos como maiores consumidores de máquinas agrícolas ao longo dessa análise histórica as regiões Sul e Sudeste, que somadas correspondem por mais de 70% das unidades comercializadas no país (Gráfico 3). Entrando no mérito da potencialidade da utilização de sistemas de telemetria no Brasil, foram analisados apenas os dados representativos das vendas internas de máquinas a partir do ano de 2013. Primeiramente por se tratar de máquinas que passaram majoritariamente a ser fabricadas com mais tecnologia embarcada, inclusive com a adoção do protocolo Rede CAN em alguns casos com uso de padronização ISO. A partir de 2013 foram comercia-lizados mais de 231 mil tratores de rodas no Brasil. Segundo a Anfavea, cerca de 40% desses tratores (92.400) são de porte grande. Portanto, possuem mais tecnologia embarcada, contam com Rede CAN e padronização ISO, sendo então exemplares com potencial para uso de telemetria. Levando em consideração a média de vendas dos últimos cinco anos, são comercializadas por ano cerca de 46 mil máquinas desse tipo. Utilizando o mesmo percentual supracitado para classificar os tratores de rodas com potencial de sair de fábrica com tecnologia suficiente para telemetria, pode-se

Exemplo uma tela de prescrições presente em um sistema de telemetria. Fonte: Agritel


estimar que são 18.480 novas máquinas por ano com potencialidade para uso de tal tecnologia (Tabela 1). Quanto às Colhedoras de grãos, desde 2013 foram vendidas mais de 27 mil unidades no Brasil. Acredita-se que a partir desse ano todas as colheitadeiras com sistema axial são dotadas de Rede CAN, se for considerado que 70% das máquinas comercializadas são do tipo axial, dotadas de tal sistema eletrônico, atualmente existe no Brasil cerca de 10.800 máquinas aptas a receber telemetria. Baseado na média dos últimos cinco anos, são comercializadas cerca de 5.500 máquinas por ano, o que gera um parque em potencial de mais de 3.850 novas máquinas que podem operar com telemetria (Tabela 1). De 2013 para cá foram produzidas e comercializadas 4.732 colhedoras de

Tabela 1 - Máquinas agrícolas no Brasil com potencialidade para telemetria Autopropelidos Autopropelidos Colheitadeiras Colhedoras Tratores Total

Total vendas (2013-2017) 20.000 27.000 4.732 231.000 282.732

Dotados CAN 6.000 27.000 4.732 92.400 130.132

Venda média anual Venda média anual (CAN) 750 2.500 3.850 5.500 950 950 18.400 46.000 23.950 54.950

Fonte: Anuário da Indústria automotiva brasileira do ano de 2018 (Anfavea, 2018).

cana-de-açúcar. Por se tratar de projetos novos, todas já saíram desde sua versão inicial dotadas de rede CAN, e, portanto, com potencial para uso de ferramentas telemétricas. De acordo com a média, por ano são produzidas e comercializadas 950 novas máquinas desse segmento, todas potencialmente usuárias de telemetria (Tabela 1). Foi possível constatar por meio do presente estudo que o Brasil possui uma frota com mais de 130 mil máquinas com potencial de utilizar a te-

lemetria, e produz anualmente 23.950 novas máquinas utilizando esta tec.M nologia. Daniel Campanelli de Andrade, UEL Guilherme Dionisio, FIO Guilherme M. Pio de Oliveira e Lara Marie Guanais, UEL Stella Mendes Pio de Oliveira, ISF Marcelo Augusto de A. e Silva, UEL

Exemplo de mapa de produtividade gerado por uma sistema de telemetria

Gráfico 1 - Produção de máquinas agrícolas no Brasil nos últimos cinco anos

Fonte: Agritel

Fonte: Anuário da Indústria automotiva brasileira do ano de 2018 (Anfavea, 2018).

Gráfico 2 - Exportação de máquinas agrícolas entre os anos de 2013 e 2016

Gráfico 3 - Vendas de máquinas agrícolas por região do Brasil

Fonte: Anuário da Indústria automotiva brasileira do ano de 2018 (Anfavea, 2018).

Fonte: Anuário da Indústria automotiva brasileira do ano de 2018 (Anfavea, 2018).

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EMPRESAS

70 anos

Ao comemorar 70 anos de fundação, a Jacto celebra a presença nos cinco continentes e em mais de 100 países, mantendo o espírito de inovação de seu fundador

O

que pode existir em comum entre empresas que chegam a 50, 60 ou 70 anos de atividade? Muitos fatores são determinantes para que um negócio comece, cresça e se mantenha ativo e lucrativo por um longo período. Mas, sem dúvida alguma, é necessária uma boa dose de empreendedorismo, capacidade de enxergar as possibilidades, entender as demandas do mercado, desenvolver, oferecer soluções inteligentes e respeitar os clientes. Com este espírito a Jacto completa, em 2018, 70 anos de história. Desde a sua fundação, a agricultura brasileira viveu inúmeras transformações, como a escalada da mecanização, o surgimento do plantio direto, a automação das máquinas agrícolas, a chegada dos transgênicos e, mais recentemente, o avanço da Agricultura de Precisão com suas diferentes tecnologias. E foi neste cenário cheio de mudanças e desafios que o espírito empreendedor de Shunji Nishimura fez a diferença e consolidou uma empresa forte e que cresce constantemente, com presença atuante nos cinco continentes. A empresa, que foi fundada em 1948, surgiu da busca incessante de um jovem imigrante japonês por novas oportunidades. Shunji Nishimura se formou em mecânica no Ja-

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pão e desembarcou no porto de Santos em março de 1932, com 22 anos de idade. Trabalhou na colheita de café em Botucatu e como garçom em uma mansão em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Lá, juntou dinheiro com a ideia de continuar os estudos, aprender melhor a língua portuguesa e conhecer o Brasil e suas oportunidades. Em 1934 voltou a São Paulo e matriculou-se no curso primário do Colégio Adventista Brasileiro, no bairro de Santo Amaro. Estudava oito horas por dia e trabalhava na própria escola. Um ano depois, o dinheiro acabou. Deixou a escola e conseguiu trabalho em uma fábrica, como torneiro e soldador. Mas o salário baixo o levou, junto com amigos, a abrir a oficina Seikoosha, no bairro da Lapa, que fabricava latas para acondicionar o chá preto produzido na região de Registro, Vale do Ribeira. Em fevereiro de 1939, Shunji decide tentar a sorte no interior do estado paulista. Tomou o trem em São Paulo com destino à região da Alta Paulista e desembarcou no ponto final da linha, a cidade de Pompeia, então um pequeno vilarejo, distante 472 quilômetros da capital. Alugou uma casa e afixou na frente uma tabuleta: “Conserta-se tudo”. Consertava bacias, transformava latas de óleo lubrificante em baldes e canecas, inventou um alambique para destilar mentol, consertava máquinas agrícolas, caminhões e adaptava motores a gasolina para gasogênio, entre outras coisas.

Nessa oficina, Nishimura também era procurado pelos agricultores para consertar suas polvilhadeiras de defensivos, que eram importadas e não tinham assistência na região. De tanto consertá-las, criou um novo modelo, melhor e mais fácil de usar. Era a primeira polvilhadeira criada no Brasil e o primeiro produto com a marca Jacto, em 1948. Fora lançada com um diferencial em relação aos equipamentos similares que o mercado oferecia: podia ser carregada nas costas, e não na frente como as importadas, e tinha um mecanismo de distribuição do pó com alavanca de duplo movimento, para cima e para baixo. “Desde o seu primeiro produto, a Jacto se guia pela busca da excelência e pelo compromisso de jamais abandonar o produtor à própria sorte, dando toda a assistência que ele precisar”, explica o presidente do Conselho do Grupo Jacto, Jorge Nishimura. Este espírito fez com que a Jacto ganhasse a confiança e o respeito dos produtores e novos produtos importantes foram lançados posteriormente, seguindo a evolução da indústria química, como a polvilhadeira para defensivos com formulação líquida, em 1958. Em 1961, a empresa lançou a primeira polvilhadeira montada em trator, com dois mexedores para evitar a compactação do defensivo e o modelo PT 60, um pulverizador tratorizado para áreas maiores com inovações no sistema mexedor hidráulico. Em 1962 nasceu outra inovação, a Jacto Haramoto, uma polvilhadeira com barras, montada em trator, Fotos Jacto

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Fotos Jacto

Shunji Nishimura é homenageado no museu e memorial construído pela fundação que leva seu nome, em Pompeia

que teve suas primeiras unidades fabricadas com barras de bambu. Outros lançamentos e inovações vieram nos anos seguintes, alavancando e expandindo os negócios da empresa no Brasil e em diversos países, como a K3, a primeira colhedora de café do mundo, em 1979, e o primeiro pulverizador autopropelido, o Uniport 3000 4x4, em 1989.

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Mais de 800 pessoas representando 45 países participaram das comemorações dos 70 anos

Mas o sucesso de uma empresa não se faz apenas com produtos. As estratégias administrativas, o investimento em pesquisa e o desenvolvimento, além de valorização de clientes e colaboradores transformaram a Jacto em uma empresa pujante, presente atualmente em mais de 100 países espalhados pelos cinco continentes. O que foi iniciado lá em 1948 por Shunji Nishi-

mura com muita dedicação, continuou a ser conduzido de forma cuidadosa e harmoniosa nas décadas seguintes, até que a empresa teve sua primeira diretoria nos moldes modernos, presidida pelo filho Jiro Nishimura, a partir de 1972, culminando com sua profissionalização completa em 2007, quando a família deixou a gestão da empresa e passou a integrar o conselho adminis-


trativo do grupo.

“NINGUÉM CRESCE SOZINHO”

“Entre muitas características marcantes, Shunji Nishimura, nosso fundador, tinha um espírito empreendedor latente e a busca por oportunidades onde quer que elas estivessem. O desafio das próximas gerações é perseverar nos atributos e na essência que nos trouxe até aqui e construir um futuro com base nesses sólidos valores”, comenta Jorge Nishimura. “Ao longo desses 70 anos de história, a empresa apresentou diferentes produtos e tecnologias, visando atender às necessidades específicas dos agricultores das diferentes regiões onde atua. A busca por inovações está no DNA da empresa, e todo esse conhecimento é transformado por nossos especialistas em soluções que buscam garantir ao agricultor o acesso às tecnologias. Fazer com que o produtor se torne cada vez mais competitivo e com possibilidade de otimizar sua

produção é compromisso da Jacto”, garante Fernando Gonçalves, presidente da Jacto Agrícola. Shunji Nishimura sempre dizia que “Ninguém cresce sozinho”. Dessa forma, a empresa segue em busca de um ambiente inspirador para as pessoas que trabalham ou se relacionam com ela e investe para que tenham condições de realizar projetos e alcançar objetivos, tanto pessoalmente quanto para a empresa. Por isso, a Jacto compartilha seus resultados com as comunidades onde está presente, por meio da criação e manutenção de escolas e institutos, em busca de um maior e melhor desenvolvimento pessoal e profissional. A Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, da Jacto, mantém em parceria com o governo do estado de São Paulo uma Faculdade de Tecnologia com cursos pioneiros nas áreas de Agricultura de Precisão e Big Data no Agronegócio, além de contar também com uma escola de ensinos Médio e técnico em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

FESTEJOS

Para comemorar os 70 anos, a Jacto preparou uma programação especial nas cidades de Marília e Pompeia. Nos dias 18 e 19 de agosto foram recebidas aproximadamente 800 pessoas de mais de 40 países para visitas à fábrica e à Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, que abriga um verdadeiro projeto educacional do qual o grupo se orgulha e persevera para manutenção. Os convidados puderam conhecer o recém-reinaugurado museu Shunji Nishimura, que está aberto à visitação do público em geral, e participaram de solenidade festiva, que recordou a trajetória da Jacto e sua contribuição para a agricultura. O grupo Jacto emprega aproximadamente 3.500 colaboradores, encerrou 2017 com receita líquida de R$ 1.223.770,00, um aumento de 13,4% em relação a 2016 e um lucro líquido de R$ 94,4 milhões (aumento de 29% se comparado ao exercí.M cio de 2016).

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Fotos Julio Soczi

TECNOLOGIA

Na linha

Estudo comparativo da utilização de sistemas de GNSS de plantio mecanizado da batata mostra que há bastante diferença de eficiência quando comparadas as operações sem e com auxílio de piloto automático

U

m fator essencial para que o agricultor se mantenha competitivo no mercado é o aperfeiçoamento da atividade agrícola, a partir do uso de sistemas eficientes como a adoção de técnicas de agricultura de precisão e o uso de sistemas de orientação via satélite, os GNSS (Global Navigation Satellite Systems). O GNSS é um conjunto de tecnologias que envolvem sistemas de posicionamento e navegação através de satélites. A utilização de piloto automático guiado por sinal de GNSS oferece recursos para aperfeiçoar a operação, com potencial redução de custos na implantação de novas culturas a partir da correta disposição das plantas no solo. Assim, essas tecnologias associadas atuam no mapeamento da cultura, no alinhamento de plantio, diminuindo o pisoteio e aumentando o rendimento operacional das máquiSetembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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nas, entre outros. Um trabalho, realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná comparou quatro diferentes grupos de sistemas associados ao plantio mecanizado de batata, avaliando seus índices de aproveitamento de área e determinando qual o mais eficiente.

COMPARANDO OS SISTEMAS GNSS

O estudo foi desenvolvido na Fazenda Experimental Canguiri (FEC), pertencente à Universidade Federal do Paraná, localizada no município de Pinhais (PR). O trator utilizado foi da marca New Holland, modelo T7.260 LAR FPS – Full Powershift, com piloto hidráulico Sistema IntelliSteer, potência máxima no motor de 241cv e rotação de 1.000rpm para a semeadura. Para o experimento, foi utiliza-

da a plantadeira Watanabe de quatro linhas, nos quatro ensaios. Nos ensaios realizados sem o controle manual da máquina, foi utilizado o piloto automático hidráulico AFS Guide, da marca Case IH. Este sistema vem integrado com antena receptora AFS 372, monitor AFS Pro 700, e a opção do sistema de precisão RTK. O receptor RTK utilizado no ensaio foi o Trimble TDL 450h com 14 canais selecionáveis, potência configurável em 2, até 35W; à prova d’água (IP67). A semeadura foi realizada em quatro momentos, que são representados pelas siglas: MM, MBL, PaSC e PaRTK. O ensaio MM (manual marcador) foi realizado com piloto manual e sem auxílio de equipamentos de localização via satélite, apenas o marcador de linhas de referência. O ensaio MBL (manual barras de luz) foi desenvolvido com piloto manual e com auxílio da barra de luz para o direcionamento. O ensaio PaSC (piloto automático sem correção) utilizou o piloto automático, mas não um software de correção. Por fim, no ensaio PaRTK (piloto automático RTK) foi associado o uso do piloto automático ao sistema RTK, que é o receptor GPS com o sinal de correção. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com cinco repetições. Para o planejamento das fileiras foi utilizado o software PLM Office no nível Mapping & Records. A partir da área escolhida em campo (25,6m x 111,45m), foram feitos os mapas da área de trabalho no software e criadas fileiras paralelas, com espaçamento de 0,80m entre si.

ÍNDICE DE APROVEITAMENTO DE ÁREA

Na Tabela 1, os valores de aproveitamento indicam que os tratamentos com o piloto automático obtiveram maiores índices de aproveitamento de área do que os tratamentos que utilizaram piloto manual. Não houve diferença significativa entre os grupos amostrais, explicada


Tabela 1 - Síntese da análise de variância e do teste de médias da simulação para o aproveitamento da área de plantio

O sinal de GNSS oferece recursos para aperfeiçoar a operação

A falta de espaço causa competição intraespecífica, prejudicando a cultura

pelo pequeno tamanho da área percorrida (2.853m²). Sabe-se que o espaçamento adequado para o plantio da babata é de 0,80m entre fileiras e 0,35m entre plantas. A equidistância entre as plantas durante a semeadura é de extrema importância, pois a falta de espaço causa competição intraespecífica, a qual pode prejudicar o desenvolvimento da cultura. Além disso, este desalinhamento gera dificuldades para as operações subsequentes, pois pode causar pisoteio das sementes posicionadas adjacentes às linhas de trânsito. Por isso, o paralelismo mostrado no grupo PaRTK (Figura 1D) é o mais apropriado para que a plantação tenha melhor desempenho produtivo. A desuniformidade das linhas de plantio foi evidente nos grupos MM (Figura 1A) e MBL (Figura 1B), que gerou redução do espaçamento adequado entre as linhas.

Na Figura 1 (A e B) são resultado dos grupos MM e MBL, respectivamente. Já as imagens C e D foram obtidas a partir do experimento dos grupos PaSC e PaRTK. As setas indicam alguns pontos em que foi observada falta de equidistância entre as linhas. O planejamento foi atingir o total de 3.566,628 metros lineares. O PaRTK foi o grupo que mostrou melhor índice de aproveitamento de área (IAA) com 3.569,644 metros lineares percorridos, quando comparado aos outros, seguido do PaSC, com 3.569,664 metros lineares. Já os grupos MM (3.570,572 metros lineares) e MBL (3.571,040 metros lineares) obtiveram mais metros percorridos, quando comparados à testemunha pela distância total percorrida, e aos outros grupos que utilizaram sistema de piloto automático. O grupo PaRTK, foi o que obteve o melhor índice de aproveitamento

Direcionamento (D) Aproveitamento (%) Testemunha 100,00 PaRTK 99,92 PaSC 99,91 MBL 99,87 O Brasil vem se estabelecendo como MM 99,89digital um dos líderes nessa revolução Teste F D 2,380 NS CV (%) 0,02

operacional, pela facilidade com que o trabalho pôde ser conduzido e o resultado observado pelo operador. Os principais ganhos na utilização do piloto automático foram em relação ao aumento da jornada de trabalho e à redução da mão de obra envolvida na operação. No plantio com os grupos de controle MM e MBL houve o menor índice de aproveitamento do operador, pois exigiram maior desempenho físico e psicológico do operador, tornando-o mais suscetível a erros mesmo com o .M auxílio dos GNSS. Maíra Laskoski, Julio Soczki, Guilherme Luis Parize, Leonardo Leonidas Kamiecik, Thiago da Silva Xavier e Samir Paulo Jasper, Universidade Federal do Paraná

Figura 1 - Mapas de registros de linhas de cultivo, dos quatro grupos amostrais

O GNSS é um conjunto de tecnologias que envolvem sistemas de posicionamento e navegação através de satélites

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CAPA

Sistema Hawkeye O sistema Hawkeye da Raven coloca a qualidade da pulverização num patamar superior ao garantir uma pressão constante na aplicação de defensivos com gotas homogêneas e taxas iguais em todas as áreas de aplicação

N

a maioria das vezes, nos testes que fizemos para a Revista Cultivar Máquinas, avaliamos máquinas convencionais como tratores, semeadoras, colhedoras, pulverizadores etc. São poucas oportunidades que temos de testar produtos de tecnologia, que se agregam a outras máquinas, com o sentido de incrementar qualidade do trabalho. Pois para esta edição da Revista Cultivar, apresentamos um produto que, adicionado a um pulverizador, pode transformá-lo em um equipamento de tecnologia de ponta, ainda que a máquina seja convencional. Para esta edição, o equipamento do qual trazemos informação técnica obtida no campo é o sistema de controle de aplicação, modelo Hawkeye da Raven. O modelo, que em uma tradução livre ao português poderia ser “olho de falcão” e que no nosso idioma a transcrição fonética é “rocai”, é um kit que, colocado em qualquer pulverizador, pode fazer o controle preciso da aplicação. Setembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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A Raven trabalha em sistemas de controle de taxa para pulverizadores desde a década de 70, mas a tecnologias de aplicação pulsada, que controla a pressão, veio há 4 anos nos EUA e está disponível no mercado brasileiro há alguns meses. A aplicação de produtos químicos, na forma líquida, é uma das operações mais importantes em quase todos os ciclos de produção agrícola e das principais culturas, aparecendo em todas as programações de rotinas de trabalho. No entanto, a par desta importância, sabe-se que é uma das que mais requerem dedicação e cuidado, pela grande possibilidade de contaminação ambiental, intoxicação das pessoas envolvidas e sob o aspecto econômico, de grande possibilidade de perdas financeiras e agronômicas, quando mal realizada. Para testar o Hawkeye, nos deslocamos até o município de Ribeirão Preto, especificamente uma fazenda de produção de uma grande usina de cana-de açúcar. Lá verificamos que


Raven

o cuidado e o controle feito na usina são bastante grandes e os diagnósticos de verificação de qualidade na aplicação são constantes. No entanto, é de conhecimento de que quanto mais importante e maiores os custos envolvidos na operação, maiores serão os requerimentos de qualidade. Este é o ponto onde se insere o equipamento que testamos. Aplica-se um equipamento que garanta a elevação do grau de qualidade em equipamentos utilizados nesta operação tão complexa. De outro lado, utilizar-se um equipamento com estas características que tem um efeito positivo em toda a cadeia de controle, pois não se pode admitir o investimento em sistemas que não tenham cuidado na manutenção periódica, como

limpeza do equipamento, verificação de vazamentos, defeitos por desgaste etc.

SISTEMA HAWKEYE

O sistema Hawkeye constitui-se de um kit, formado por um módulo central de controle, dois cabos de comunicação (chicotes), sendo um primário, que controla e envia informações para o meio da barra, e outro secundário, que controla as porções extremas da barra de pulverização. Também são componentes do sistema as válvulas de controle PWM, que são colocadas no antigotejo do porta-bico (tantas quantos forem os bicos) e um painel de monitoramento padrão Isobus. Deve-se salientar que o kit é totalmente compatível com o protocolo Isobus, o que permite compatibilidade total com outros equipamentos que utilizam este padrão. Em uma análise visual se nota e impressiona a qualidade dos chicotes, que apresentam excelente vedação e proteção contra os fatores ambientais da aplicação. O painel de controle padrão Isobus estava colocado no interior da cabine, no console posicionado à

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Módulo central de controle que é responsável por regular a taxa, a pressão e o corte de seção

direita do operador. A flexibilidade de utilização é total, sendo compatível com todas as marcas comerciais que atendem este protocolo, sendo por isto possível utilizar-se este monitor com qualquer máquina. Também é possível usar monitores de outras marcas para trabalhar com este sistema. Este atributo, que a princípio parece natural, é na verdade um diferencial, pois o cliente pode manter o seu painel original ou mesmo controlar sua máquina com o painel da Raven, de acordo com sua vontade. No caso, o operador que nos acompanhou no teste manifestou sua preferência pelo monitor do sistema Hawkeye, pela qualidade da informação, o visual da tela e a facilidade de utilização. No momento da aquisição, basta o cliente informar a marca e o modelo da sua máquina de aplicação e o kit virá em conformidade com o equipamento. O princípio de funcionamento do equipamento baseia-se em realizar um controle preciso da pressão de trabalho, mantendo-a sempre em condições de proporcionar o tamanho ideal de gotas, sustentando a vazão do produto, de acordo com a velocidade de deslocamento da máquina. A prioridade não é fazer o que outras máquinas fazem, que é o controle de abertura e fechamento bico a bico, e sim controlar a qualidade Setembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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Detalhe do chicote que envolve os cabos, reforçado e com excelente qualidade de vedação e proteção

da aplicação, utilizando-se para isto o parâmetro tamanho de gota. Como princípio, reforça-se que o equipamento age sobre a pressão de trabalho que chega na ponta de aplicação, portanto quando o equipamento variar, por questões operacionais à sua velocidade de deslocamento, será alterada a vazão, man-

tendo-se o tamanho de gota. Desta maneira, a taxa de aplicação por hectare será mantida. É claro que o usuário deverá escolher a ponta correta para o trabalho, que permita as condições ideias agronômicas para a aplicação, e o sistema Hawkeye irá manter a pressão constante sem alterar o tamanho da gota, o que é ide-


Fotos Charles Echer

As válvulas de controle PWM e as antigotejamento são colocadas uma em cada porta-bico, sendo responsáveis pelo controle individual de cada uma das pontas

al para uma boa aplicação. Como se está mencionando e reforçando a temática da qualidade de aplicação, o kit substitui a membrana de antigotejo por uma válvula PWM que exerce também essa função. As válvulas PWM (sigla, em inglês, para Pulse Width Modulation

e que em Português seria “Modulação por Largura de Pulso”) adotam como forma de funcionamento uma escala de um sinal de origem elétrica, para o controle de abertura e fechamento proporcional de uma vazão, neste caso do líquido de pulverização. A válvula é constituída por um embolo e uma bobina elétrica,

que controla a abertura e o fechamento proporcional em uma frequência de 10Hz. Durante o seu trabalho de controle de vazão e intervalo, ela controla a pressão, pela abertura e o fechamento da válvula. Embora o sistema se denomine pulverização pulsada, como a frequência é alta, de dez pulsos por segundo, o intervalo de tempo entre um pulso e outro é de 0,1 segundo. E para aumentar ainda mais a qualidade que se deseja, o fabricante configurou o equipamento para que esta pulsação seja alternada por bico, o que melhora a condição no funcionamento. O sistema, como dissemos, proporciona uma visualização da aplicação por meio do monitor e ainda pode, se for o desejo do usuário, montar mapas georreferenciados de taxa de aplicação e de pressão de trabalho. Como foi mencionado anteriormente, o equipamento não é apenas de controle abre e fecha, bico-a-bico, mas também abertura/fechamento proporcional. Por esta razão é possível controlar a pressão do sistema e a vazão de cada bico. Esta habilidade do sistema permite avançar em qualidade, de forma a realizar tarefas precisas, como a compensação da vazão na curva, onde os bicos da parte da barra que está por dentro da curva percorrem um arco meSetembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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Charles Echer

Exemplo de taxa de aplicação quando aplicado em linha reta (acima), realizando curva à direita (centro) e curva à esquerda (abaixo)

nor que os da parte externa da curva, variando a distância, pelo maior arco. Sem este sistema, o volume de aplicação seria menor na parte externa da curva e maior na área percorrida pelos bicos da parte interna da curva. O equipamento utiliza acelerômetros, que estão no módulo de controle, “percebe” a curva e sua magnitude, corrigindo a vazão no bico. Esta correção não necessita de nenhuma interferência externa, pois independe de qualidade do sinal do GPS, sem obrigatoriedade de correção e precisão de sinal. Para o uso desta vantagem do sistema não é necessário desbloqueio, sendo padrão para todos os equipa-

Monitor padrão Isobus controla todas as funções do sistema Hawkeye e pode ser utilizado em qualquer pulverizador

mentos Hawkeye.

TESTE

Depois de conhecer as características e os detalhes de funcionamento do equipamento, partimos para o teste de campo. Para testar este equipamento, nos deslocamos até o município de Ribeirão Preto, especificamente uma fazenda de produção de uma grande usina de cana-de açúcar, em um talhão de aproximadamente 22 hectares que havia sido implantado em 2014, portanto entrando para o quarto ano de produção. A operação era uma aplicação de herbicida pré-emergente na quantidade de 200 litros por hecta-

Comparativo de deposição realizado durante o test drive mostra a diferença de qualidade de aplicação em diferentes velocidades com e sem sistema Hawkeye ligado

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re. O gerente nos informou que este mesmo equipamento é utilizado em aplicação de fungicida, inseticida (cigarrinha) e na adubação foliar. No local, com a ajuda de técnicos da empresa Raven e da própria usina, testamos o equipamento que estava acoplado a um pulverizador autopropelido, utilizado na aplicação de produtos líquidos, marca Case modelo Patriot 350, com barra de 30 metros de 60 bicos, com espaçamento de 50 centímetros, auxiliado por um caminhão tanque de 16 mil litros de capacidade e que atende com este volume um turno da máquina. De dentro da cabine acompanhamos a velocidade de deslocamento, variando entre 14km/h e 15km/h, com 300kPa (3 Bar) de pressão média e vazão média por bico de 500 mililitros por minuto. O equipamento Hawkeye não era de demonstração nem produto de desenvolvimento, sendo propriedade da empresa em pleno uso, adquirido no final de 2017. Pelas características do terreno, a operação de aplicação de produtos químicos é feita com velocidades próximas, mas não superiores


a 15km/h. O terreno tem certa declividade e ainda permanecem aparentes na área algumas ondulações decorrentes da existência de terraços de base larga. Antigamente se praticava o plantio da cana em curvas de nível e atualmente o plantio é feito no sentido do maior comprimento do talhão. Deste conjunto mecanizado, se consegue uma capacidade de campo operacional de aproximadamente 100 hectares por turno ou 300 hectares por dia, mesmo sem a utilização de piloto automático, que é uma opção da fazenda, em função das condições operacionais. São executadas jornadas de 24 horas por dia, em três turnos de oito horas por operador. Verificamos a habilidade do operador no controle da altura da barra e na execução de passadas de bordadura, na área com declividade e terraços ainda aparentes. Na configuração do equipamento, o operador deve inserir a informação de taxa (litros por hectare) e pressão de trabalho. O gerente de produção nos explicou que a usina utiliza mapas de aplicação e depois constrói os relatórios de aplicação terrestre. Para ele, a introdução do sistema Hawkeye provocou modificação positiva na qualidade de aplicação, pois atualmente com o sistema é difícil encontrar os problemas de aplicação que antes apareciam nos mapas, com equipamentos que não utilizam o sistema. Para apresentar esta experiência e buscar esta percepção, reproduzimos isto a campo, desligando o sistema e comparando no mapa de aplicação as áreas. Fizemos testes com papéis hidrossensíveis para avaliar visualmente a distribuição do tamanho de gotas, com o sistema funcionando e desligado e com variação de velocidade de deslocamento entre 14km/h e 20km/h. Pudemos verificar que o sistema apresentou um perfil mais uniforme de gotas, mesmo com va-

Sem Hawkeye

Com Hawkeye

Mapas comparativos fornecidos pela usina de cana-de-açúcar mostram a qualidade da aplicação na safra 2017 (esquerda) antes da aquisição do sistema e na safra 2018 (direita) com o sistema Hawkeye instalado no pulverizador

riação de velocidade. Quando desligamos o sistema, o mapa de controle de aplicação apresentou claramente as variações as quais este sistema se propõe a diminuir, facilmente visualizadas no mapa apresentado na tela do monitor. Também foi possível avaliar a qualidade do trabalho por meio da comparação de planilhas de dados da safra 2017, quando ainda não se utilizava o sistema Hawkeye, e de 2018, já com o equipamento em uso. A equipe técnica da Raven que acompanha os clientes e trabalha no desenvolvimento de mercado tem realizado várias pesquisas aplicadas, visando comprovar a eficiência do equipamento e os ganhos econômicos dos clientes em diferentes situações. Vários dados processados e

transformados em conhecimento aplicado indicam vantagens técnicas e econômicas. Para o teste, contamos com o auxílio, além do operador da fazenda, solícito ao atendimento de paradas, retornos e manobras para nos possibilitar a avaliação do equipamento, e também dos engenheiros agrícolas Alberto Maza, gerente de Vendas Raven para a América Latina; Felipe Oliveros, de naturalidade colombiana, que atua na área comercial para outros países da América, e Vitor Higa, que é especialista em Agricultura de Precisão da Raven.

CONCLUSÕES

Em termos gerais e buscando considerar a viabilidade do investimento em contraste com a qualidaSetembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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Fotos Charles Echer

O test drive foi realizado na região de Ribeirão Preto (SP) e contou com o apoio de operadores da Usina e equipe técnica e de marketing da Raven

de aportada pelo equipamento, verifica-se que vários aspectos pesam positivamente à proposta de trabalho do Hawkeye. Primeiramente verifica-se, até pela experiência do usuário, que uma das formas de se avaliar a qualidade é por meio da clara evidência de uniformidade do tamanho de gotas e da dose aplicada, com as variações de velocidade operacional. Também se pode avaliar a qualidade pelo fato de não ser necessário realizar o retrabalho, quando a eficiência da aplicação é melhor. Aliam-se a isto outros valores agronômicos, como a menor persistência de plantas invasoras, o controle da quantidade de produto aplicado, a previsibilidade dos volumes preparados e a melhor organização da operação agrícola. Não há de se esquecer que o equipamento prioriza o tamanho de gotas pelo controle de pressão de trabalho e, em consequência, do volume aplicado. Também é importante mencionar que com o equipamento da Raven, a barra de pulverização do autopropelido que originalmente tem dez seções passa a ser de 60 seções, pois Setembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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com o equipamento, cada bico pode ser controlado individualmente. O retorno do investimento parece claro, pelos dados do cliente na área em que realizamos o teste, para os quais estima-se uma economia de recursos financeiros de 5,5%, o que, na escala em que se pratica em uma usina de médio e grande porte, é bastante representativo. Por fim, há uma vantagem bastante significativa, mesmo com as dificuldades em mensurar-se a chamada qualidade da operação, pois se consegue a manutenção da pressão de trabalho e, por conseguinte, o controle do tamanho de gotas, melhorando a aplicação e diminuindo a tão temida deriva do produto. .M José Fernando Schlosser Nema - UFSM


SEMEADORAS New Holland

Pressa que desperdiça A

avaliação de mecanismos dosadores, no que diz respeito à distribuição de sementes, pode ser realizada visualmente a campo, pela verificação da emergência de plântulas de uma cultura ou através de ensaios laboratoriais, na qual avalia-se a deposição das sementes em esteiras revestidas com feltro. Embora o método visual a campo ainda seja utilizado, fatores intrínsecos às sementes podem ocultar o real desempenho do mecanismo como, por exemplo, a não germinação devido a um fator fisiológico. Por essa razão, ensaios realizados em laboratórios determinam o real desempenho do dosador,

Avaliação de desempenho de dosador de disco alveolado horizontal na distribuição longitudinal de sementes de milho mostra que velocidades maiores prejudicam a correta distribuição no sulco de plantio

visto que fatores extrínsecos a estes não propiciam modificação no desempenho do mecanismo, garantindo maior confiabilidade. Com relação à distribuição de sementes, alguns pesquisadores recomendam que semeadoras equipadas com dosadores de discos alveolados horizontais devem proporcionar uma distribuição longitudinal de sementes com níveis de espaçamentos aceitáveis acima de 60%. Quanto aos erros na dosagem de sementes, os fatores que podem contribuir para a redução da qualidade da operação são: características das sementes; desempenho e desgaste de mecanismos

raspadores/exclusores, e velocidade angular do disco dosador.

CARACTERÍSTICAS DAS SEMENTES

Dosadores de disco alveolado horizontal (comumente chamados de mecânicos) apresentam uma maior sensibilidade de adequação da semente ao alvéolo, podendo influenciar no preenchimento e na liberação das sementes. No caso do milho, ainda há mais um fator a ser observado, o formato das sementes. Se as mesmas forem redondas (R) deverá ser utilizado o anel com rebaixamento para evitar danos às sementes pelos Setembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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Gabriel Chagas

Dauto Carpes

mecanismos exclusores, se forem classificadas como sementes chatas (C) poderá ser utilizado o anel normal.

RASPADORES/ EXCLUSORES

O desgaste dos mecanismos raspadores/exclusores pode ocasionar falhas no processo de individualização das sementes. Também é necessário conferir a ação das molas que proporcionam a pressão necessária para o acionamento dos raspadores nos discos dosadores. Outro fator importante é a limpeza destes mecanismos, de forma que não ocorram travamentos em uma determinada posição.

Adequação das sementes aos discos dosadores

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A

B

Mecanismos de raspagem e exclusão de sementes

cultura. Esta técnica pode levar em consideração a disponibilidade hídrica, a fertilidade do solo, a cultivar, a época de semeadura, o espaçamento entre plantas e entre linhas. Deste modo, observando fatores relacionados ao funcionamento de mecanismos dosadores e que podem proporcionar erros na operação de semeadura, foi realizado um trabalho por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria, com o objetivo de avaliar o desemC

Velocidade angular do disco dosador (A), dosador de disco alveolado horizontal (B) e tubo condutor utilizados (C)

Dauto Carpes

A influência da velocidade de deslocamento da semeadora na distribuição de sementes pode ser avaliada por meio da redução ou elevação da velocidade periférica dos discos dosadores (rotação), para que se alcance a quantidade recomendada de sementes por metro linear. No entanto, se esta velocidade for elevada, poderá ocasionar falhas no preenchimento dos alvéolos, podendo também reduzir a eficiência dos mecanismos de raspagem e a exclusão das mesmas. Diversos estudos realizados concluíram que para velocidades de deslocamento da semeadora, superiores a 7,5km/h, a precisão na distribuição longitudinal de sementes tanto em dosadores pneumáticos como também de disco alveolado horizontal é semelhante, sendo um fator de influência independentemente do nível de tecnologia embarcada na máquina. Com relação à produtividade da cultura do milho, a utilização de altas populações de plantas em áreas de elevado potencial produtivo e também áreas irrigadas, faz com que haja a necessidade de elevação da rotação do disco dosador para que se alcance a densidade de semeadura preestabelecida. Deste modo, para minimizar os erros de dosagem e distribuição de sementes, é necessário que se realize a operação de semeadura em uma menor velocidade de deslocamento, o que exigirá uma menor rotação do disco dosador. Quando a distribuição de sementes

Gabriel Chagas

VELOCIDADE ANGULAR DO DISCO DOSADOR

não possui uniformidade, ocorre o aparecimento de dois problemas que afetam diretamente a produtividade de uma cultura, os espaçamentos duplos e falhos. No caso dos espaçamentos duplos, a competição intraespecífica é favorecida, ou seja, existe uma competição entre as plantas cultivadas. Quando ocorrem espaçamentos falhos, no espaço onde deveria existir uma planta cultivada surgem plantas daninhas que competirão com a cultura principal por luz, água, nutrientes, CO2 e espaço, em um sistema denominado competição interespecífica. O milho é uma das culturas mais sensíveis à variação da população de plantas, por não possuir um mecanismo de compensação dos espaços causados por irregularidades na semeadura. Em situações de altas populações, alterações no arranjo das plantas na linha de semeadura poderão acarretar na redução do tamanho, número de espigas e grãos por espiga, bem como alterações na arquitetura da planta, como redução do diâmetro do colmo conferindo suscetibilidade ao acamamento e consequentemente causando perdas no momento da colheita. Cada sistema de produção, em função das suas especificidades, exige um manejo de modo a maximizar a produção da


penho de um dosador de disco alveolado horizontal na distribuição longitudinal de sementes de milho em quatro diferentes densidades de semeadura e rotações do disco dosador.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Máquinas Agrícolas - Laserg, da Universidade Federal de Santa Maria. Os ensaios foram realizados em uma bancada composta de um suporte do dosador, sistema de acionamento por motores elétricos e esteira revestida com feltro, a qual simula a velocidade de deslocamento da semeadora. Foi utilizado um dosador de disco alveolado horizontal. O disco foi selecionado de acordo com as dimensões das sementes, admitindo-se uma folga entre o alvéolo e a semente de aproximadamente 10%, maior que a máxima dimensão das mesmas, de modo que não proporcione uma dúplice dosagem nem a obstrução da liberação das sementes. Foram utilizadas sementes de milho híbrido, Pionner C3, e a variação das rotações do disco dosador resultou em quatro diferentes densidades de semeadura (60; 70; 80; 90 mil/sem/ha) (17,14; 20,00; 22,86; 25,71rpm), respectivamente. A velocidade de trabalho simulada na esteira foi de 6km/h (1,67m/s) para todos os tratamentos. A distribuição longitudinal foi avalia-

da pelos espaçamentos entre sementes posteriormente sendo classificados em aceitáveis, falhos e múltiplos. Os aceitáveis são aqueles que se apresentam em um intervalo de 0,5 a 1,5 vez o espaçamento teórico planejado; falhos ocorrem quando excedem o limite superior e múltiplos quando encontram-se abaixo do limite inferior dos espaçamentos aceitáveis (ABNT, 1994). O número de espaçamentos observados está de acordo com o proposto por Dias (2012), reduzindo o número de observações de 250 sementes estimado pela norma ISO 7256/1 (1982) para 105 espaçamentos em sementes de milho. Foi utilizado um tubo condutor com a seguinte conformação: comprimento: 46,49cm; ângulo de entrada de sementes 0º; ângulo de saída de sementes: 33,98º; medidas de entrada de sementes (mm): 75x51 e medidas de saída de sementes (mm): 44x19. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições, as médias dos tratamentos foram analisadas por meio de regressão linear, utilizando-se o software Microsoft Excel.

RESULTADOS OBTIDOS

Os resultados do experimento mostraram que a elevação da rotação do disco dosador ocasionou a redução da porcentagem dos espaçamentos entre sementes classificados como aceitáveis e a elevação dos classificados

como falhos e múltiplos, conforme expõe a Figura 1. O resultado de desempenho do dosador avaliado pode ser considerado como bom, pois os tratamentos apresentaram porcentagem de aceitáveis próximos a 90% na menor densidade. Porém, o incremento da rotação do disco dosador influenciou na redução da qualidade da distribuição longitudinal de sementes. Com a elevação da densidade de semeadura, houve pequena tendência ao aumento da porcentagem de espaçamentos falhos e múltiplos, este fator pode ser associado à ocorrência de falhas no preenchimento dos alvéolos do disco dosador e também à baixa eficiência do mecanismo de raspagem de sementes duplas. Outra condição que pode ser observada é que a elevação da rotação do disco dosador pode ocasionar uma alteração do ponto de queda das sementes dentro do tubo condutor, isso faz com que ocorra maior incidência de repiques ao longo da descida das sementes até o fundo do sulco, alterando o tempo de queda e o posicionamento na linha de semeadura. O dosador mecânico de disco alveolado horizontal avaliado apresentou, considerando dados existentes na literatura, um bom desempenho mesmo nas maiores densidades avaliadas, porém, existe a tendência de redução da qualidade de distribuição longitudinal de sementes com elevação da velocidade angular do disco (rotação), interferindo de maneira negativa no seu de.M sempenho. Dauto Pivetta Carpes, Airton dos Santos Alonço, Tiago Rodrigo Francetto, Antonio Robson Moreira e Bruno Christiano C. Ruiz Zart, Laserg/UFSM

Case IH

Demonstração da classificação dos espaçamentos entre sementes

Figura 1 - Porcentagem de espaçamentos entre sementes em diferentes densidades de semeadura

Fatores intrínsecos às sementes podem ocultar o real desempenho do mecanismo

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IMPLEMENTOS

Solo renovado A escarificação do solo em plantio direto compactado deve ser realizada com implementos equipados de ferramentas que possibilitem a manutenção da palha na superfície do solo, protegendo-o da erosão

O

Sistema de Plantio Direto (SPD) é um sistema de manejo conservacionista do solo que se caracteriza pela manutenção dos resíduos culturais sobre a sua superfície, menor revolvimento de solo e uso de rotação de culturas. Com estes requisitos, expandiu-se nos estados sul-brasileiros e, posteriormente, disseminou-se pelo Brasil por reduzir a erosão, o número de operações mecanizadas e o consumo de combustível, além de aumentar a matéria orgânica e manter a umidade superficial. Para a viabilização destes efeitos é fundamental a manutenção da cobertura vegetal na superfície do solo, em quantidade e qualidade. Estudos destacam a relação inversa entre o percentual de cobertura vegetal e o transporte de sedimentos, onde a presença de cobertura em 80% ou mais, reduz, a próximo de zero, o transporte de sedimentos pelo processo erosivo em parcelas com chuva simulada. Esta importância dar-se-á pela interceptação que a palha efetua perante as gotas de chuva, minimizando a energia cinética (energia que um objeto possui devido ao seu

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movimento) destas e, assim, reduzindo a erodibilidade da chuva, a velocidade do escoamento superficial e o percentual de sedimentos transportados dentro do sistema. Inúmeros estudos têm destacado a importância da cobertura vegetal no SPD. Entretanto, quando esta não se encontra em quantidade, qualidade e diversidade, associado a erros de manejo, como, por exemplo, tráfego excessivo de máquinas ou manejo inadequado de um sistema de integração lavoura-pecuária, um problema grave pode surgir: a compactação do solo. Esta impede o crescimento abundante das raízes das plantas em profundidade pela alteração da densidade, resistência à penetração e porosidade do solo. Para suprimir esse problema, es-

tratégias como a descompactação mecânica são introduzidas, promovendo efeitos imediatos no crescimento das raízes das plantas, resultando em aumento de produtividade. Os implementos mais utilizados para a descompactação mecânica do solo com eficiência são os que possuem hastes. Quando a camada compactada se encontra mais superficialmente, em torno de 10cm a 15cm, são os sulcadores do tipo haste para deposição de fertilizante em semeadoras-adubadoras os mais recomendados. Já em subsuperfície, até 30cm a 35cm, são os escarificadores e, além dos 35cm, os subsoladores são necessários. Entretanto, ambos apresentam limitações em condições com palha, pois por apresentarem hastes, enfrentam proble-


mas como o “embuchamento”, causado pelo arraste da palha. Em contrapartida, quando o escarificador apresenta disco de corte na frente das hastes, este reduz a incorporação de resíduos na superfície, pois fraciona a palha anteriormente à mobilização, comparando com um escarificador convencional sem disco. Recentemente, também foram adicionados aos escarificadores rolos destorroadores para homogeneizar a superfície do solo, excessivamente rugosa após a passagem de hastes, possibilitando a semeadura subsequente. Apesar de já serem utilizadas comercialmente soluções para reduzir a rugosidade superficial e manter a palha na superfície, poucos estudos comparativos com estes princípios de solução foram realizados, cabendo ainda o desenvolvimento de novas concepções para melhorar as operações de escarificação do solo em plantio direto compactado. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi promover diferentes combinações de ferramentas e regulagens utilizadas em escarificadores, tais como rolo destorroador e mecanismo acondicionador de palha (ferramenta inovadora desenvolvida para manter a palha na superfície), disco de corte de palha e variações na distância deste para a haste escarificadora, visando a obtenção de maiores índices de permanência da palha na superfície do solo.

TESTE EM CAMPO

O experimento foi conduzido em uma área experimental localizada no

Figura 1 - Ferramentas utilizadas para a composição dos tratamentos A

B

C

D

campus da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria (RS), em um Argissolo Vermelho-Amarelo. A área foi dividida em 72 parcelas de 60m² com cobertura predominante de Azevém. Como a quantidade de palha presente na área era insuficiente quanto a valores representativos de um sistema de plantio direto, foi adicionada palha extra de azevém, chegando na quantidade média de 6.494kg de MS/ha com coeficiente de variação de 7,55. A velocidade de operação média foi de 5,5km/h. Neste trabalho, além da comparação entre as concepções, foram propostos dois estudos envolvendo o disco de corte, relacionado à presença do disco associado à haste e se, quando presente, a distância dele para a haste influencia a incorporação de palha. Esta possibilidade partiu de um diagnóstico em modelos comerciais de escarificadores, pois não há padrão ou justificativa para as regulagens adotadas, havendo distâncias de 0,30m até 1m do disco em relação à haste. Por isso, foi estabelecida a maior distância de 1m, uma distância intermediária de 0,50m e a menor de 0,01m. O índice de permanência de palha

E

F

sobre o solo foi obtido pelo método de análise de imagem, mediante o registro fotográfico da porção interna de um quadrado metálico de 0,5m2 posicionado na linha de preparo. As imagens foram editadas em um programa manipulador de imagem (Gimp 2.8) através da sobreposição de grids formados por 196 células. Para o cálculo, adaptou-se a metodologia de Cortez et al (2007) com a contabilização nas imagens das células com presença de palha após a aplicação do tratamento dentro da amostra total de 196 células, conforme equação 1. Na Tabela 1 está apresentada a interação tripla entre os fatores. Os maiores IPS são observados na condição com rolo destorroador e com o MAP. Além disso, quando a operação foi realizada sem o disco de corte, principalmente na condição sem rolo destorroador, a permanência de palha foi significativamente menor, destacando a importância do disco de corte na manutenção de palha sobre o solo. As distâncias de 0,50 e 1m apresentaram melhores valores em relação às condições sem disco de corte e com o disco a 0,01m de distância para a haste.

Charles Echer

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Charles Echer

Estratégias como a descompactação mecânica são introduzidas, promovendo efeitos imediatos no crescimento das raízes, resultando em aumento de produtividade

Na Tabela 2 observa-se que em média não houve diferença significativa no IPS entre as duas hastes. Já no fator distância, quando não houve disco à frente da haste ocorreu uma maior incorporação da palha em relação às demais condições, enaltecendo que a presença do disco de corte à frente das hastes favorece a manutenção de cobertura vegetal na superfície do solo após a operação. Entretanto, o menor IPS foi encontrado na menor distância (0,01) para a haste 2, reduzindo a média geral do fator Distâncias. Quando

o disco está muito próximo da haste, efetua o corte da palha após já iniciada a mobilização de solo pela ponteira da haste, dificultando o corte eficiente da palha e promovendo sua incorporação. Os dados encontrados no trabalho desenvolvido por Giraldello et al (2011), ao estudarem, dentre outras abordagens, o efeito de três configurações de escarificadores sobre a manutenção da palha sobre o solo, denotam que quando o implemento apresentou disco de corte alinhado à has-

Hastes utilizadas no experimento

A

s hastes, o disco de corte, o rolo destorroador e o mecanismo acondicionador de palha (MAP) foram acoplados em uma estrutura porta-ferramentas móvel para possibilitar as combinações e regulagens. A haste 1 reta inclinada (Figura 1A) possui 0,035m de espessura e ângulo de ataque de 60º, e ponteira com largura de 0,055m e ângulo de ataque de 20º. A haste 2, com formato parabólico (Figura 1B) e largura de 0,03m, ponteira com ângulo de ataque de 20º e largura de 0,05m. O disco de corte utilizado é do tipo liso (Figura 1C), diâmetro de 0,46m. O rolo destorroador (Figura 1D) possui diâmetro de 0,30m, largura de 0,60m e suspensão pivotada para que exerça pressão sobre o

solo. A profundidade de trabalho média de escarificação foi de 0,24m e do disco de corte, 0,05m. O mecanismo acondicionandor de palha (MAP) possui duas rodas de diâmetro 0,40m e largura 0,115m com acoplamento independente, de forma que possibilite o afastamento ou a aproximação em relação à linha central de preparo do solo (Figura 1E). Cada roda possui suspensão pivotada composta por mola helicoidal com regulagem para aplicar pressão sobre a palha e o solo, e possibilitar a regulagem conforme a profundidade de trabalho (Figura 1F). As rodas foram posicionadas lateralmente e à frente das hastes com regulagem do MAP diferenciada para cada uma delas.

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te os melhores resultados foram obtidos. Com isso, fica evidente que o disco, ao cortar a palha na superfície, reduz por si só o “embuchamento” e a incorporação, e a escarificação quando realizada por escarificador convencional, sem disco de corte, tende a formar torrões grandes e aumentar a incorporação dos resíduos. Na Figura 2 houve tendência de menor incorporação da palha com a adição do rolo destorroador e mecanismo acondicionador de palha, enaltecendo que essas ferramentas são importantes para operações de descompactação mecânica do solo, quando necessárias, em áreas com presença de palha. O maior impacto do mecanismo acondicionandor de palha (MAP) na diminuição da incorporação da palha foi para a haste 2. Não houve diferença entre as duas hastes, mas conforme foi acrescentado rolo destorroador (CR/SMAP) e, por último, o rolo destorroador associado ao MAP (CR/ CMAP) houve incremento no percentual de palha mantido sobre a superfície, isso em virtude do rolo destorroador efetuar o nivelamento do solo e o MAP prendê-la durante a mobilização, dificultando a sua movimentação e favorecendo a manutenção na superfície. O IPS na condição com o mecanismo acondicionador de palha esteve elevado e similar a condições de pós-semeadura direta encontradas por Furlani et al (2004) e superiores às encontradas por Giraldello et al (2011) e Santos et al (2014), estes últimos trabalharam com implemento equipado com disco de corte e rolo destorroador apenas. Em média, a condição somente com rolo destorroador (CR/SMAP) proporcionou valores similares à condição sem essa ferramenta, mostrando que a função da mesma é de apenas executar o nivelamento do solo após a mobilização das hastes (Furlani et al, 2004). Na Tabela 3, observa-se maior IPS na condição com o mecanismo


Tabela 1 - IPS (%) para a interação entre hastes, acondicionamento de palha (AP) e distância do disco para a haste Combinação entre os fatores Haste e AP SR/SMAP Haste 1 CR/SMAP CR/CMAP SR/SMAP Haste 2 CR/SMAP CR/CMAP

Distância do disco para a haste (m) Sem disco 1,00 0,50 0,01 46,42 B 68,43 A 70,20 A 68,91 A 64,03 B 72,28 AB 62,41 B 77,55 A 61,48 B 84,86 A 83,16 A 67,83 B 48,17 B 68,71 A 57,48 B 54,25 B 46,09 B 75,00 A 77,04 A 46,94 B 76,78 A 77,21 A 76,36 A 83,16 A

As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. IPS – Índice de permanência de palha sobre o solo; SR/SMAP – Sem rolo destorroador/sem mecanismo acondicionador de palha; CR/SMAP - Com rolo destorroador/sem mecanismo acondicionador de palha; CR/CMAP - Com rolo destorroador/com mecanismo acondicionador de palha;

Tabela 3 - Índice de permanência de palha no solo (%) para a interação entre os fatores acondicionamento de palha e distância do disco para a haste Acondicionamento de palha SR/SMAP CR/SMAP CR/CMAP

Sem disco 47,30 cB 55,06 bC 69,13 aB

Distância do disco para a haste (m) 1,00 0,50 0,01 68,57 bA 63,84 bA 61,58 bA 73,64 bA 69,73 bAB 62,24 bBC 81,04 aA 79,76 aA 75, 51 aAB

Médias 63,19 b 65,17 b 76,36 a

As médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. SR/SMAP – Sem rolo destorroador/sem mecanismo acondicionador de palha; CR/SMAP - Com rolo destorroador/sem mecanismo acondicionador de palha; CR/CMAP - Com rolo destorroador/com mecanismo acondicionador de palha; Figura 2 - IPS para as duas hastes e nas combinações com rolo destorroador e mecanismo acondicionador de palha

Tabela 2 - Resultados do índice de permanência de palha no solo (%) para as diferentes hastes e distância do disco para elas Hastes Haste 1 Haste 2 Médias

Sem disco 57,31 aB 57,02 aB 57,16 C

Distância do disco para a haste (m) 1,00 0,50 0,01 75,19 aA 71,92 aA 71,44 aA 73,64 aA 70,29 aA 61,45 bB 74,42 A 71,10 A 66,44 B

Médias 68,96 65,60 -

As médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

acondicionador de palha associado ao rolo destorroador (CR/CMAP) quando o disco de corte esteve a 1m da haste, fato justificador da hipótese de que o MAP favorece a manutenção de palha na superfície, resultante do “aprisionamento” da palha junto ao solo durante a mobilização, diminuindo o seu deslocamento e reduzindo a incorporação. Isso representou redução significativa na incorporação de palha, atingindo patamares próximos de operações de semeadura direta. Cruz et al (2002) discriminou 13 requisitos importantes a serem estabelecidos para o sucesso do sistema de plantio direto e destacou a necessidade de manter, pelo menos, 80% da superfície do solo coberta por palha, reforçando o papel promissor do MAP. O IPS nas condições apenas com disco de corte e rolo destorroador e na condição somente com as hastes, está próximo ao do trabalho de Giral-

dello et al (2011), que compararam escarificador com as ferramentas citadas e escarificador convencional somente com hastes. Além disso, observa-se que quando não há rolo destorroador ou Mecanismo acondicionador de palha, esta permanece em menor quantidade na superfície do solo, mas quando estas duas ferramentas estão associadas os valores apresentam-se elevados. Theisen & Bianchi (2010) ao estudarem a exposição do solo em operação de semeadura, constataram que na linha onde há a mobilização do solo pelos mecanismos da semeadora, ocorre a maior incidência de plantas daninhas, principalmente pelo fato de não haver cobertura vegetal nestes locais. Em outro trabalho, Herzog (2003) constatou que a redução na quantidade de palha promove o surgimento de plantas daninhas em maior quantidade. Isso destaca a necessidade e a importância de manutenção

da palha sobre a superfície do solo, mantendo, assim, a sustentabilidade do sistema utilizado. Com isso, o mecanismo acondicionador de palha se torna ferramenta com grande potencial para a introdução em operações de descompactação mecânica do solo .M no sistema de plantio direto.

Mateus Potrich Bellé, IFSC, Campus São Carlos Airton dos Santos Alonço, Tiago Rodrigo Francetto, Wagner Pires e Elias Prochnow, UFSM - Laserg

EQUAÇÃO 1

( ) x100

IPS = CC CT

(1)

IPS – Índice de permanência de palha sobre o solo (%) CC – Número de células com cobertura CT – Número de células totais (196)

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PULVERIZADORES Charles Echer

Limpeza x sofisticação

A tríplice lavagem e a descontaminação de pulverizadores são tarefas necessárias e muitas vezes não tão simples, principalmente em máquinas mais modernas e com sistemas de pulverização mais complexos

A

necessária otimização dos recursos disponíveis na produção agropecuária levou o setor a adotar tecnologias mais econômicas e mais eficientes no conSetembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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trole dos agentes de danos. Entre elas, as novas formas na utilização dos agroquímicos e os equipamentos que os aplicam. A adoção destas tecnologias volta-

das ao controle de plantas daninhas em culturas resistentes a determinados herbicidas proporcionou versatilidade, economia e eficiência no manejo pós-emergente. Motivou também a di-


versificação das opções de herbicidas aplicados em pós-emergência com seletividade, tal como o glifosato, o 2,4-D, o dicamba e o glufosinato. No que diz respeito aos pulverizadores, houve uma notória evolução em seu tamanho e seu nível de sofisticação, substituindo parte dos equipamentos tratorizados e de pequeno porte pelos autopropelidos com maior rendimento operacional e sistemas automatizados de controle e registro. Embora a associação destes avanços tenha contribuído com a evolução do setor, ela também trouxe novas preocupações aos usuários. Entre elas, o fato de que a aplicação destes herbicidas deveria ser realizada exclusivamente sobre culturas resistentes, mesmo nas propriedades com diversidade de espécies, híbridos e variedades. Evidenciou também que o uso de máquinas de circuito hidráulico de alta complexidade dificultaria sua limpeza ou descontaminação. Estão postos, portanto, desafios operacionais que ainda estão sendo estudados e entendidos, e que serão abordados a seguir sobre a ótica de experiências recentes, que poderão orientar ações para evitar que a contaminação cruzada dos pulverizadores possa prejudicar o potencial produtivo das lavouras ou, até mesmo, desestimular o uso dos recursos químicos e mecânicos necessários ao crescimento do agronegócio brasilei-

Fotos Acervo Instituto Dashen

Resíduos em tanque de pulverização podem prejudicar o potencial produtivo

Resíduos encontrados em pontas de pulverização e em filtros de linha

ro e mundial.

AGENTES LIMPANTES

Alguns produtos têm a função de retirar resíduos de agroquímicos do circuito hidráulico, não promovendo inativação do ingrediente ativo. Estes produtos são caracterizados pelos autores como agentes limpantes. Os detergentes representam a maioria deste grupo e podem ajudar na retirada de resíduos adsorvidos em poros, superfícies, crostas, cristais e flóculos. Alguns apresentam, porém, a desvantagem de produzir espuma devido à sua própria característica e à turbulência do líquido no momento da lavagem, o que não afeta a limpeza dos equipamentos de circuito hidráulico simples, mas dificulta nas de cir-

Os drenos de segmento de barra devem ser removidos e lavados separadamente, exceto para máquinas com segmento circulante

cuito complexo. Embora este resultado tenha sido frequentemente observado, a verdadeira razão não foi ainda determinada. Acredita-se que a espuma, ao ocupar o interior dos pontos de restrição (filtros, antigotejadores, porta-bicos, fluxômetros, válvulas, conexões, outros), reduz a ocupação pela água nos enxágues, favorecendo a permanência de resíduos nestes espaços. Deve-se considerar também que estes produtos são, geralmente, mais baratos e raramente provocam problemas de corrosão nos compo-nentes do circuito hidráulico, não indicando restrições quanto ao seu uso nos diversos equipamentos. Além disso, os bons produtos podem ser usados com eficácia para limpeza de máquinas usadas na aplicação de vários herbicidas, não requerendo produtos específicos para cada ingrediente ativo. A eficácia do produto na limpeza pode ser comprovada recolhendo o líquido resultante dos enxágues da máquina durante a tríplice lavagem dela e pulverizando-o sobre plantas sensíveis aos herbicidas usados pela última vez no pulverizador. Caso a planta mostre sinais de fitotoxicidade, indicará que a limpeza do pulverizador não foi eficaz e outro produto ou outro método de limpeza deverá ser usado. Embora este método seja eficaz, ele requer tempo para que o herbicida expresse a injúria sobre a planta sensível.

DESCONTAMINANTES

Estes produtos têm a função de inaSetembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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tivar as moléculas do ingrediente ativo presente no circuito hidráulico do pulverizador. Também são chamados de inativadores e, embora não tenham a função de retirar os resíduos do equipamento, minimizam muito os riscos de fitotoxicidade em pulverizações subsequentes. Em geral, os descontaminantes atuam de forma mais específica sobre alguns ingredientes ativos, sendo necessários, portanto, testes prévios sobre o agroquímico que se pretende inativar para atestar sua ação e a concentração necessária. Entre os produtos historicamente utilizados estão o amoníaco (que apesar de seu efeito inativante, tem restrição para aquisição e ataca quimicamente componentes de cobre), o peróxido de hidrogênio (que pelo elevado potencial de oxidação também inativa uma série de moléculas, mas também pode atacar partes metálicas e borrachas de menor densidade do pulverizador) e o ozônio (que atua da mesma forma que o peróxido de hidrogênio, porém depende de equipamentos específicos para sua geração e inserção na calda). Recentemente alguns produtos químicos elaborados exclusivamente para descontaminação de pulveri-zadores têm mostrado capacidade de inativação de vários herbicidas, podendo ser aplicados para este fim desde que haja informações ou experiências sobre sua qualidade e sobre a concentração necessária para inativação de cada herbicida.

FATORES QUE AFETAM A LIMPEZA

A eficácia na limpeza dos pulverizadores depende diretamente do método e do produto usado, além da complexidade do circuito hidráulico, da quantidade de pontos de restrição por onde a calda passa e da qualidade e porosidade dos componentes como tanque, borrachas e mangueiras. Estes componentes somente poderão ser avaliados após a desmontagem e análise microscópica de sua superfície interna, dependendo, Setembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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Fotos Acervo Instituto Dashen

Os equipamentos de circuito combinado apresentam alguns pontos de restrição como filtros, antigotejadores e fluxômetros, que devem ser retirados e limpos

portanto, de instrumentos e pessoal especializado. Já a complexidade do circuito pode ser determinada com simples observação.

TIPO DE EQUIPAMENTO

Para melhor compreensão da com-plexidade dos circuitos hidráulicos, eles serão aqui divididos em três grupos: de circuito hidráulico simples, o combinado e o complexo. Os equipamentos menos sofisti-cados e com poucos pontos de restri-ção, como pulverizadores costais, representam o primeiro grupo. De-tergentes de cozinha associados a procedimentos simples como a tríplice lavagem com água são suficientes para obter uma boa limpeza. Além disso, por se tratar de equipamentos de pequena capacidade, o volume de líquido residual da tríplice lavagem não representa um grande problema no descarte. Este líquido residual deve ser descartado na área agrícola onde o agroquímico foi aplicado ou em área de manejo. Os pulverizadores tratorizados, como os montados e de arrasto, representam bem o grupo dos circuitos hidráulicos combinados. Apresentam alguns pontos de restrição como filtros, antigotejadores e eventualmente fluxômetros, os quais devem ser retirados e limpos separadamente para me-

lhorar o processo. Produtos de limpeza comuns inseridos na primeira etapa de lavagem seguidos de duas lavagens com água são suficientes para proceder uma boa limpeza. O grupo dos circuitos hidráulicos complexos é o mais difícil de assegurar uma limpeza eficaz, independentemente do método ou do produto usado. Os pulverizadores autopropelidos mais sofisticados representam este grupo. Sugere-se, neste caso, que ao final do turno diário de trabalho, o pulverizador seja limpo antes da máquina ser guardada ou, pelo menos, que ela seja abastecida com água para evitar que resíduos sequem em seu interior, facilitando sua limpeza posteriormente. Ao considerar que a limpeza será efetuada pelo menos em três etapas (tríplice lavagem) e se tratando de equipamentos com elevada capacidade do tanque, o volume residual será, da mesma forma, bastante elevado, requerendo tempo e área agrícola ou de manejo suficientes para o devido descarte.

PROCEDIMENTO DE LIMPEZA Passo 1

Para máquinas com tanque de po-


lietileno e aço inoxidável, colocar meio tanque de água. Para máquinas com tanque de fibra de vidro completar o tanque com água até sua capacidade nominal. Adicionar o agente limpante na concentração recomendada no tanque e agitar o líquido por 20 minutos por todo circuito hidráulico. Ligar a pulverização até o esgotamento total do conteúdo do tanque. Passo 2

Remover as pontas de pulverização, os filtros dos bicos, os filtros de sucção, os filtros de linha, os drenos dos segmentos de barra (exceto para máquinas com segmento circulante) e limpá-los separadamente. Deve-se remover também o lastro de calda.

Injúria gerada por resíduo de herbicida em pulverizador

Passo 3

Montar os filtros de sucção, de linha e as pontas de pulverização. Não montar os filtros dos bicos nem os drenos dos segmentos de barra (exceto para máquinas com segmento circulante). Para máquinas com tanque de polietileno e aço inoxidável colocar meio tanque de água. Para máquinas com tanque de fibra de vidro completar o tanque até sua capacidade nominal. Ligar a pulverização até o esgotamento total do conteúdo do tanque. Observe que a ausência de filtros dos bicos e drenos dos segmentos de barra fará o líquido escoar rapidamente pelas barras, o que facilitará a retirada de resíduos sólidos do circuito.

produtos recomendados para a limpeza satisfatória, o conhecimento das dificuldades e limitações de cada equipamento e a adoção de medidas específicas para estes casos podem ser mais eficientes que medidas ge-

rais. Deve-se considerar, ainda, que o mercado continuará oferecendo novos agroquímicos, que terão maiores riscos de contaminação do pulverizador que os produtos atuais, somado ao fato de que a complexidade dos circuitos hidráulicos dos pulverizadores continuará aumentando, impondo ao usuário cuidados especiais não só em sua calibração, configuração e operação, mas também na forma de limpeza. Esta nova realidade exigirá da engenharia mecânica maior atenção nos projetos dos circuitos hidráulicos, na rugosidade, durabilidade e na porosidade dos materiais. Também desafiará a engenharia química no desenvolvimento de agentes limpantes ou descontaminantes que eliminem os riscos de injúria por contaminação nos equipamentos de forma econô.M mica e rápida. Ulisses Delvaz Gandolfo, Instituto Dashen Marco Antonio Gandolfo, Uenp Campus Luiz Meneghel

Passo 4

Montar todo o circuito e lavar uma vez mais com água, sendo que para máquinas com tanque de polietileno e aço inoxidável, colocar meio tanque de água e para máquinas com tanque de fibra de vidro completar o tanque até sua capacidade nominal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora existam procedimentos e

Nos equipamentos dos circuitos hidráulicos complexos é mais difícil de assegurar uma limpeza eficaz, independentemente do método ou do produto usado

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FICHA TÉCNICA

Semeadora Quadra Conceito inovador no Brasil, a Semeadora Quadra, da Kuhn, possibilita aos produtores diminuir a dose de sementes/ha e aumentar a produtividade nas lavouras de grãos finos

C

om mais de 20 anos de experiência no sistema de distribuição pneumático de adubo e sementes, a Kuhn está proporcionando acesso a mais tecnologia no plantio de grãos finos com o lançamento da linha Quadra, semeadoras que garantem plantio homogêneo e de qualidade. A Quadra tem um conceito diferente das semeadoras comumente vistas no Brasil, com um chassi exclusivo para as linhas de plantio e uma carreta independente para os reservatórios. Esse conceito evita carga excessiva e variável (conforme a máquina planta, a carga diminui) sobre as linhas de plantio, o que prejudica o controle de profundidade do sulco, e possibilita um aumento da capacidade dos reservatórios. Comum em países como os Estados Unidos, a Austrália, a Rússia, a Argentina e lavouras de toda a Europa, o conceito “airseeder” apresentado nesta máquina é unanimidade quando se trata de alta tecnologia, performance e produtividade. A Quadra está disponível na versão AirFlow (adubo e semente) e Venta (só semente), ambas podem ser configuradas para trigo e demais grãos finos e possuem versão exclusiva para arroz.

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CHASSI

O chassi das linhas da Quadra é articulado em três módulos e pode ser configurado com a largura de trabalho de até 10m. O chassi foi concebido com características que possibilitam a flutuação independente dos módulos. A articulação entre os mesmos chega a 15° de amplitude, garantindo a qualidade em lavouras com relevo irregular, curvas de nível e taipas nas lavouras de arroz. O chassi se destaca também pela versatilidade na montagem das linhas de plantio, as quais podem estar dispostas em um conjunto de dois tubos ou podem ser montadas em quatro tubos. A montagem das linhas em quatro tubos permite uma alta velocidade de plantio sem danificar as taipas, preserva os componentes da máquina devido à repartição dos esforços e do peso, requer menos potência de tração devido a uma passagem progressiva das taipas de arroz e facilita o acesso para regulagem e manutenção das linhas de plantio.

RODADOS

O rodado da carreta é dimensionado para grandes esforços, concebido com eixo robusto desenvolvido para o uso agrí-

cola. Os pneus possuem banda de rodagem em formato diamante, proporcionando maior área de contato e menor compactação. Fabricado com um compósito especial que aumenta a durabilidade do pneu e resistência ao picoteamento. Os rodados dianteiros do chassi de linhas possuem braços tubulares e pantográficos. Robustos e eficientes, os pneus possuem bandas de rodagem com planos de diferentes inclinações para diminuir o acúmulo de terra. Já os rodados traseiros do chassi de linhas trabalham com um sistema de balancim que garante alta flutuação no trabalho e estabilidade no transporte. Os rodados traseiros são desencontrados para minimizar o arrasto nas manobras. Associado a isso, os rodados dianteiros possuem sistema de giro livre e essa combinação de conceitos é responsável por fazer com que o chassi de linhas gire no seu próprio eixo, reduzindo o raio de giro e aumentando a manobrabilidade do conjunto trator-semeadora.

AUTOTRANSPORTE

Outra vantagem da Quadra é a facilidade no transporte entre áreas de cultivo, a má-


Fotos Kuhn

quina não depende de rodados auxiliares e implementos complementares para ser levada de uma área para outra. A mudança da posição de trabalho para posição de transporte é realizada de forma segura, sem que o operador necessite desembarcar do trator. Em poucos segundos, a máquina está pronta para ser transportada de uma lavoura para a outra. A largura de transporte é um diferencial importante na Quadra, com 4,75m de largura total e 3,20m nos rodados, a semeadora é facilmente transportada via estradas, pontes e porteiras, sem que o produtor tenha que realizar qualquer tipo de modificação, montagem ou desacoplamento.

LINHA DE PLANTIO

As linhas de plantio pantográficas da Kuhn estão consagradas nas lavouras brasileiras, tendo sua robustez e qualidade reconhecidas em todo o Brasil. As linhas da Quadra possuem alta flutuação e uma amplitude que permite o plantio perfeito em qualquer tipo de relevo, garantindo uma profundidade uniforme, seja nas coxilhas, nas curvas de nível ou nas taipas de arroz. A manutenção das linhas é reduzida, pois não possuem pontos de lubrificação em nenhuma articulação do pantógrafo. Com um sistema exclusivo de vedação, as articulações do pantógrafo são seladas, evitando a entrada de elementos contami-

A largura de transporte é um diferencial importante na Quadra, com 4,75m de largura total e 3,20m nos rodados

nantes. Diferente do conceito de linhas pivotadas, onde o ângulo de ataque do disco e a posição de trabalho dos condutores são afetados pelo relevo da lavoura, as linhas pantográficas da Quadra copiam com perfeição as irregularidades do solo. Com isso, a deposição do adubo e da semente no sulco de plantio é homogênea, o resultado é uma lavoura com emergência uniforme, excelente perfilhamento das plantas e total disposição

de nutrientes para as fases de desenvolvimento da cultura.

RESERVATÓRIOS

Os reservatórios para insumos estão localizados na carreta, dispostos de forma estratégica para otimizar a operação de abastecimento. A plataforma de operação está posicionada entre os mesmos, permitindo o rápido e fácil acesso aos dois reservatórios de um único posto de trabalho. Com isso, a operação de abastecimento para adubo e semente é realizada de forma mais segura e ágil. O formato dos reservatórios favorece o abastecimento por completo sem a necessidade de deslocar o bag ao lon-

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Fotos Kuhn

Os rodados dianteiros do chassi de linhas possuem braços tubulares e pantográficos com sistema de giro livre. Já os rodados traseiros são desencontrados para minimizar o arrasto nas manobras

go da operação. Tampas leves e com fechos rápidos aumentam a ergonomia do operador, além disso, os reservatórios possuem uma peneira de segurança para evitar a entrada de impurezas no interior do mesmo, como pedras, galhos ou resíduos plásticos. A linha Quadra possui reservatórios em aço inox de alta qualidade e durabilidade, para prolongar a vida útil do equipamento. O acabamento superficial das chapas facilita a limpeza dos reservatórios. A geometria exclusiva foi desenvolvida com ângulos que favorecem o preenchimento completo, ao mesmo tempo em que o escoamento é total. A capacidade dos reservatórios garante uma performance superior. Na versão AirFlow a capacidade pode ultrapassar os 5.000 Kg de adubo e os 2.300 Kg de semente. Na versão Venta a capacidade de sementes chega a 3.000 Kg. É evidente o aumento na eficiência operacional que só a linha Quadra consegue proporcionar ao produtor.

TRANSMISSÃO

A transmissão da Quadra é eletro-hidráulica. Acionada pela tomada de potência do trator, uma bomba anima todos os componentes necessários para a transmissão e distribuição da semente e do adubo. Por ser uma transmissão indeSetembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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pendente, o trator não precisa possuir comandos com fluxo contínuo, evitando a contaminação do óleo e também o superaquecimento. Para garantir um plantio perfeito, o sistema hidráulico da linha Quadra possui uma válvula controladora que mantém os motores hidráulicos das turbinas e dosadores na rotação certa mesmo com possíveis oscilações da RPM da tomada de potência do trator, permitindo um plantio seguro e sem falhas.

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO PNEUMÁTICO

A distribuição de sementes e de fertilizante se dá através de um sistema totalmente pneumático, patenteado e exclusivo da Kuhn. Presente em todas as linhas de semeadoras da Kuhn na Europa e nos Estados Unidos, o sistema foi testado e validado em solo brasileiro por três anos. Atualmente, são sete anos de semeadura nas lavouras das regiões Sul, Centro-Oeste e Nor-


As linhas possuem alta flutuação e uma amplitude que permite o plantio uniforme em qualquer tipo de relevo

te do Brasil. Foram mais de 285 mil hectares semeados com precisão, eficiência e alta produtividade. Um sistema inovador e com alta confiabilidade que garante o retorno para o produtor logo na primeira safra. O sistema é composto por dois elementos principais: o dosador e a cabeça de distribuição, sendo o primeiro responsável por garantir a dosagem correta de adubo ou semente e o segundo pela divisão dessa dose de for-

Os reservatórios para insumos estão localizados na carreta, dispostos a fim de otimizar a operação de reabastecimento

ma proporcional para todas as linhas. Fabricados em aço inox e polímeros de engenharia, os rotores dosadores apresentam coeficiente de variação inferior a 5%. O exclusivo sistema autolimpante evita que adubos úmidos se acumulem nos canais do rotor ocasionando imperfeição na dose. A amplitude de taxas é outro diferencial da Quadra, atingindo doses inferiores a 2kg/ha de semente e 40kg/ ha de adubo, o mesmo sistema pode passar de 200kg/ha de semente e 500kg/ha de adubo. Essa gama de dosagens é perfeitamente dividida entre as linhas de plantio através da cabeça de distribuição, elemento esse fundamental para o plantio perfeito. Sem uma divisão

A distribuição de sementes e fertilizantes se dá através de um sistema pneumático

adequada da dosagem, de nada adianta o rotor ser preciso. A cabeça de distribuição é responsável por garantir grama por grama que as linhas recebam a mesma quantidade de adubo e semente.

MONITORAMENTO E CONTROLE

A Quadra se encaixa perfeitamente no conceito de agricultura de precisão. Todas as linhas de adubo e semente são monitoradas, de série. Desenvolvido em plataforma Isobus, o sistema eletrônico tem compatibilidade facilitada com todos os tratores do mercado, sem a necessidade de monitores adicionais na cabine. Todo o controle e o monitoramento da semeadora são realizados no mesmo monitor do trator. Corte de seção e taxa variável no adubo e na semente são elementos disponíveis de série, possibilitando ao produtor aumentar ainda mais a produtividade da lavoura, economizar insumos e aprimorar suas técnicas de manejo. Todas as características presentes na linha Quadra foram desenvolvidas dentro dos mais rígidos processos de gestão e qualidade, assegurando aos produtores brasileiros um produto que corresponda com as expectativas e exigências cada vez mais altas em um mercado extremamente competitivo. .M Setembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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IMPLEMENTOS John Deere

Solo vivo

Existem diversas maneiras de trabalhar o solo de forma mecânica para preservar suas propriedades, garantir produtividade, safra após safra, e diminuir as chances de erosão e compactação

U

m dos recursos naturais mais importantes ao homem é o solo, pois tem múltiplas funções no ciclo dos nutrientes, da água e é importante para a sustentabilidade dos sistemas naturais, como as florestas primárias e os campos (Embrapa, 2003). A modificação dos sistemas naturais pelo homem cria zonas alteradas que podem ter sua produção melhorada, conservada ou diminuída de acordo com o manejo adotado. Quando a alteração desses sisteSetembro 2018 • www.revistacultivar.com.br

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mas ocorre junto com processos que levam à redução da capacidade produtiva do sistema, diz-se que as áreas estão degradadas (Embrapa, 2003), sendo que as práticas realizadas com o intuito de prevenir, controlar ou corrigir esse processo de degradação do solo são divididas em três tipos de prática: as vegetativas, as edáficas e as mecânicas. As práticas conservacionistas de caráter mecânico utilizam-se de máquinas e implementos agrícolas, para interceptar e/ou conduzir o escoa-

mento superficial, reduzindo, assim, a perda de água e solo através da redução das perdas por erosão. As práticas mecânicas se dividem em preventivas, que são práticas realizadas para evitar o surgimento desses processos de degradação, as de controle, que devem ser feitas quando já existem problemas iniciais, para controlar pequenos focos de degradação, e as corretivas, que têm como intuito corrigir problemas de degradação mais avançados.

PRÁTICAS MECÂNICAS PREVENTIVAS

A utilização sempre da mesma profundidade de trabalho com equipamentos para o preparo do solo (arado, grade, enxada rotativa e escarificador) auxilia na formação de camadas compactadas, que são uma das principais causas do escoamento superficial de água, crescimen-


vel do terreno, assim, quando as chuvas ocorrem a cada curva, a enxurrada vai perdendo a força e com isso é reduzida a perda de água e solo pelo escoamento superficial.

Tabela 1 - Diferentes equipamentos de preparo do solo com diferentes profundidades de trabalho Ciclo agrícola 1 2 3 4

Equipamento agrícola Arado de discos Grade aradora Escarificador Arado de discos

Profundidade de trabalho (cm) 0,15 – 0,20 0,20 - 0,25 0,25 – 0,30 0,15 – 0,20

ENLEIRAMENTO EM NÍVEL

Consiste na operação de amontoar restos vegetais para formar leiras em nível, de forma que a força das enxurradas seja contida. Estes restos vegetais podem ser obtidos a partir de pós-colheita ou provenientes de desmatamento planejado, devem ser utilizados restos vegetais que não possuam valor econômico e que, portanto, não justifiquem a retirada do mesmo. Para dimensionar as leiras em nível, deve-se levar em consideração o tipo de equipamento utilizado para a construção das mesmas, da declividade do terreno, pois quanto maior a declividade, maior deve ser a quantidade de leiras a serem amontoadas.

to reduzido e desenvolvimento inadequado dos cultivos, entre outros problemas. Uma das formas de se impedir a formação de camadas compactadas é realizar as operações agrícolas em diferentes profundidades a cada ciclo agrícola, se possível deve ser realizado um sistema rotativo de equipamentos agrícolas, ou seja, a cada ciclo agrícola devem ser utilizados diferentes equipamentos com diferentes profundidades (Tabela 1).

MATERIAL DE COBERTURA NO SOLO

PRÁTICAS MECÂNICAS DE CONTROLE TERRACEAMENTO

Charles Echer

A manutenção de material de cobertura vegetal, seja matéria morta (restos culturais) ou viva (adubação verde), sobre a superfície do solo protege o mesmo do impacto causado pelas gotas de chuva que causam a desagregação das partículas de solo, seguida pelo transporte e a deposição dessas partículas, essas fases constituem o processo de erosão hídrica. Para que o material de cobertura atue com uma ferramenta mecânica de conservação do solo é necessário que o mesmo seja bem distribuído ao longo de toda a área. Uma das formas de melhorar essa uniformidade é utilizar o picador e distribuidor de palha nas colhedoras; ele permite uma cobertura mais uniforme da área, evitando que determinados pontos da área fiquem sem cobertura.

O terraceamento de terras agrícolas é uma das práticas de controle da

erosão hídrica mais difundida entre os agricultores, tem como objetivo fundamental reduzir processos erosivos e consiste no parcelamento das rampas, isto é, divide-se uma rampa comprida (mais sujeita à erosão) em várias menores (menos sujeitas à erosão), por meio da construção de terraços. São construídos obstáculos transversais à linha de declive, os quais têm a função de interceptar, drenar e/ou infiltrar o excesso de água precipitada. CANAIS ESCOADOUROS

São canais vegetados que têm como objetivo receber e transportar a água drenada de terraços ou outras estruturas. São formados por depressões rasas e largas e um leito resistente à erosão. CULTURAS EM FAIXA DE RETENÇÃO

São barreiras vegetativas que tem como objetivo reduzir o escoamento superficial, proporcionando cobertura parcial da superfície do solo e fracionando a rampa de declive. As culturas a serem utilizadas para formar as faixas preferencialmente devem ser de rápido crescimento, com sistema radicular bem

CULTIVO EM NÍVEL

O cultivo em nível consiste em realizar todas as operações agrícolas desde o preparo do solo, a semeadura e os demais tratos culturais sempre acompanhando as curvas de ní-

Uma das formas de se impedir a formação de camadas compactadas é realizar as operações agrícolas em diferentes profundidades a cada ciclo agrícola

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Capeche, 2012

O cultivo em nível consiste em realizar todas as operações agrícolas desde o preparo do solo, a semeadura e os demais tratos culturais

desenvolvido para que possam ser mais resistentes as enxurradas, culturas que permitam o adensamento populacional, de ciclo longo, com parte aérea bem desenvolvida e que sejam culturas de interesse econômico para que o agricultor também possa explorá-las além da prática conservacionista.

Divulgação

CULTURAS EM FAIXA DE ROTAÇÃO

São faixas de retenção, porém com culturas distintas, e têm como função diminuir processos erosivos através da divisão do declive e com as diferentes densidades populacionais de plantas proporcionar diferentes velo-

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cidades de escoamento ao atravessar cada faixa. E o mais importante é que sejam utilizadas culturas em que os tratos culturais sejam realizados em diferentes épocas, dessa forma, mesmo quando algumas faixas de determinada cultura forem colhidas ainda existam outras faixas para conter o escoamento superficial, assim sempre existiram na área faixas para conter os processos erosivos.

PRÁTICAS MECÂNICAS CORRETIVAS ESCARIFICAÇÃO

É uma operação agrícola utilizada no sistema de cultivo mínimo, que de

acordo com Asae (1982) consiste em romper camadas compactadas superficiais do solo até 40cm de profundidade com o uso de escarificadores, possibilitando assim a movimentação do solo sem a inversão da leiva e mantendo grande parte dos resíduos vegetais na superfície que protege o solo da erosão. SUBSOLAGEM

É uma operação agrícola corretiva que, de acordo com Asae (1982), tem como função romper camadas de solo subsuperficiais, ou seja, camadas com mais de 40cm abaixo da superfície, sendo uma operação que deve ser realizada apenas quando for detectado o aparecimento de cama.M das compactadas.

Viviane Castro dos Santos, UFC Deivielison Ximenes S. Macedo, Fatene Leonardo de Almeida Monteiro, UFC Enio Costa, IFCE Luis de França Camboim Neto, Fatene




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