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Cultivar
Cultivar Máquinas • Edição Nº 191 • Ano XVI - Dezembro 2018 / Janeiro 2019 • ISSN - 1676-0158
Índice
Destaques
04 Rodando por aí 08 Semeadoras
Como fazer a manutenção adequada e a regulagem correta
12 Comparativo
Evolução da Série MF 200 lançada há mais de 40 anos
20 Pulverizadores
A importância de adjuvantes para a agricultura moderna
24 Ficha Técnica
MT1.25 - lançamento da LS Tractor para 2018
28 Nossa capa
Distribuidores de fertilizantes Accura, da Kuhn
36 Tecnologia
28
Popularização e utilização de Vants para a agricultura
Nossa capa
41 Irrigação
Irrigação por gotejamento subsuperficial em lavouras
46 Colhedoras
O custo de manutenção da esteira-rodante
50 Tecnologia
Kuhn
A Kuhn está ampliando a família de distribuidores de fertilizantes e sementes Accura, com o lançamento de dois diferentes modelos
Implantação e adoção dos avanços tecnológicos na agricultura
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• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi • Revisão Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico Cristiano Ceia
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
RODANDO POR AÍ
Raven participa de eventos em Ribeirão Preto
Nova SLC Comercial
A SLC Comercial, concessionário John Deere no Rio Grande do Sul, inaugurou suas novas instalações no município de Palmeira das Missões (RS), no final de novembro. “A SLC Comercial chegou para começar um novo tempo no agronegócio da região e queremos ser grandes parceiros dos nossos clientes”, disse o diretor-geral da SLC Comercial, Cláudio Schüür. O presidente do Grupo SLC Comercial, Eduardo Logemann, aproveitou o momento para reforçar o compromisso da companhia com o setor agropecuário. “Hoje, contamos com dez lojas espalhadas pelo Rio Grande do Sul, cobrindo mais de 112 municípios. Nós estamos de portas abertas para receber nossos clientes e mostrar que estamos prontos para oferecer a melhor solução para as lavouras gaúchas”, afirmou.
A Raven do Brasil participou do Grupo de Motomecanização do Setor Sucroenergético (Gmec 2018), evento realizado em Ribeirão Preto (SP), no dia 29 de novembro, para debater temas referentes ao setor. O seminário reuniu cerca de 280 participantes, entre diretores, coordenadores e gerentes de usinas. No espaço destinado a palestras, o especialista de vendas da Raven, Everton Fim, falou sobre os benefícios do sistema de pulverização Hawkeye® e outros produtos da empresa. Para os coordenadores do Gmec, Wilson Agapito, Edimilson Leal e Anselmo Ferrari, a apresentação técnica da Raven mostrou o quanto essa tecnologia evoluiu nos últimos tempos, reconhecendo que a empresa é uma das precursoras nesse tipo de desenvolvimento. A Raven também fez demonstração de seus produtos no 17o Seminário de Produtividade e Redução de Custos, que ocorreu no Centro de Convenções também em Ribeirão Preto, nos dias 5 e 6 de dezembro, com aproximadamente 300 participantes da agroindústria canavieira.
Hawkeye® em usinas de Quirinópolis
Agricultura de Precisão
No dia 28 de novembro, a Stara reuniu, em Não-Me-Toque, Rio Grande do Sul, mais de 200 pessoas entre pres-tadores de serviços, pesquisadores, coordenadores de Agricultura de Preci-são de grandes grupos produtores e cooperativas de diversos estados do Brasil e da Colômbia. O grupo conheceu a linha de máquinas e equipamentos da empresa, além de participar de palestras técnicas e visita ao parque fabril. De acordo com o coordenador de Marketing de Produto da Stara, Jonas Reis, o evento “superou as expectativas pelo alto nível técnico do público que se fez presente e mostramos a preocupação que a Stara tem em oferecer soluções para o aumento real da produtividade na agricultura mundial”.
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A Raven do Brasil participou do II Workshop de Serviços da Goiasmaq em Quirinópolis (GO), no dia 7 de dezembro, onde o especialista de vendas, Everton Fim, apresentou a empresa e falou sobre o sistema bico a bico Hawkeye®. O evento foi composto por cerca de 80 pessoas das principais usinas da região, como o grupo São Martinho (unidade Boa Vista), SJC Bioenergia, Ativos (unidade Rio Claro), entre outras. Além da palestra, os participantes tiveram a oportunidade de ver uma demonstração do sistema Hawkeye® em aplicação.
Visita técnica
Um grupo de profissionais do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) realizou visita técnica à sede do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), na cidade paulista de Jundiaí (SP). No local, são mantidos os programas Aplique Bem, Quepia e Unidade de Referência, que beneficiam o trabalho rural. O objetivo da visita foi ampliar a interação entre os dois centros de estudos e também abrir caminho para futuras parcerias. O grupo foi recebido pelo pesquisador científico Hamilton Ramos, coordenador dos três programas mantidos no CEA - todos desenvolvidos com recursos
privados. Os visitantes receberam informações sobre as principais iniciativas em andamento, no Brasil, com vistas ao uso seguro de agroquímicos. “Fornecemos a produtores e trabalhadores rurais todas as condições técnicas, além de materiais de suporte, para que aplicações de defensivos agrícolas sejam mais seguras e eficazes”, explicou Hamilton. O projeto Aplique Bem é gratuito e desvinculado de produtos ou marcas comerciais e já percorreu, em 12 anos de existência, 22 estados brasileiros, além de países como Burkina Faso, Costa do Marfim, Colômbia, Gana, Mali, México e Vietnã.
Puma multifuncional
A Case IH levou o trator Puma na M&T Expo – Feira Internacional de Equipamentos para Construção e Mineração, que ocorreu no final de novembro, em São Paulo (SP). “O Puma, além de colher os melhores resultados na agricultura, é utilizado para preparação e nivelamento de solos em terraplenagem. O trator agrícola que apresenta grande desempenho no campo, com economia de combustível e conforto aos operadores, tem sido amplamente utilizado em áreas de construção civil”, explica Lauro Rezende, gerente de Marketing de Produto da Case IH. Na agricultura, os tratores multifuncionais Puma trabalham nas aplicações tanto de grãos, quanto nas relacionadas ao setor canavieiro, como preparo do solo, plantio, tracionamento de transbordos, entre outros. A série possui opções de potência nominal de 140cv a 234cv.
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LS Mtron Brasil tem novo presidente
A LS Mtron Brasil anunciou novo presidente da marca no Brasil, JC Kim, que tem longa carreira na empresa coreana. Depois de atuar por três anos na área de Vendas e Marketing e ser líder de equipe em negócios agrícolas da LS Mtron, JC Kim foi designado pelo corpo diretivo mundial da companhia sul-coreana para a presidência da LS Mtron Brasil. Kim é formado em Engenharia Mecânica, com mestrado em Administração, e foi líder da equipe que realizou os estudos para implantação da fábrica brasileira. Com novo desafio, Kim, diz que a LS Mtron Brasil alcançou um sucesso notável no mercado desde que os produtos foram lançados em 2012. “Acredito que podemos continuar crescendo e sermos líderes de mercado no futuro. Isto porque temos uma rede forte e de qualidade em todo o país e produtos de alta tecnologia em conformidade com as condições de trabalho brasileiras. Eu farei o meu melhor para avançarmos mais, junto com nossos funcionários e parceiros no Brasil”, garantiu.
SEMEADORAS
Cada grão no seu lugar A
A manutenção adequada e a regulagem correta das semeadoras antes da semeadura são fundamentais para o sucesso da operação e para proporcionar um estande ideal de plantas
lucratividade de uma exploração agrícola é dependente de uma série de fatores: mercado, preço dos insumos, produtividade, clima, entre outros. Maiores produtividades indicam uso mais eficiente do solo e dos recursos, e na maioria das vezes resulta em maior retorno econômico para o produtor. Ela é dependente de diversas variáveis, sejam as que não são controláveis, como clima e radiação solar, ou as controláveis, como qualidade da semeadura e recurso genético das sementes. Por depender de
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várias variáveis, é normal a produtividade de uma cultura numa mesma área variar de ciclo a ciclo. Porém, se houver controle eficiente daquelas variáveis controláveis, a produção por área não sofre grande mudança. A qualidade de semeadura é fundamental para possibilitar o estande ideal de uma cultura para uma determinada região. Definido o estande adequado para a área e a região explorada, a semeadora é regulada para distribuir a quantidade de semente necessária para atingir o estande
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ideal. Se a semeadura for inadequada, ela irá contribuir para uma das duas situações opostas: ou promoverá estande abaixo do ideal, o que reduzirá o potencial produtivo da cultura por falta de plantas, ou proporcionará um estande acima do ideal, o que reduz o potencial produtivo da cultura em detrimento do excesso de competição entre plantas. Defeitos nos mecanismos de função nas semeadoras ocasionam a deficiência na semeadura, seja por deposição das sementes em profundidades inadequadas, falha
na distribuição, sementes duplas ou triplas ou compactação elevada do solo. Todas estas falhas implicam estandes impróprios para a cultura, o que acarreta baixa eficiência na exploração agrícola e redução do retorno econômico para o proprietário rural. Diversos fatores interferem no funcionamento de uma semeadora e serão abordados, a seguir, os principais problemas encontrados em semeadoras que ocasionam deficiência na semeadura, portanto redução do potencial produtivo e rentabilidade da cultivar.
Divulgação
ESTRUTURA DE FUNÇÃO
A estrutura de função das semeadoras é dosar e distribuir no solo sementes de acordo com taxas previamente estabelecidas. Os processos funcionais principais em uma semeadora são: abertura de sulco, dosagem de semente, distribuição, fechamento do sulco e compactação. Qualquer comprometimento destes processos leva à deficiência na semeadura e a falhas na linha, implicando redução do potencial produtivo da cultivar e prejuízo para o produtor.
ERRO DE ABERTURA DE SULCO
Na grande maioria das máquinas semeadoras, a abertura de sulco é feita por meio de hastes sulcadoras, disco duplo ou sulcador. Tanto a haste sulcadora quanto o sulcador exigem um solo mais solto, usado muito no cultivo convencional do solo. Já o disco duplo se aplica tanto para solos soltos quanto para solos mais compactados, tais como os existentes em cultivos mínimos
Modelo de dosador vertical de sementes encontrado em semeadoras Valtra
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Fotos Lucas de Arruda Viana
Folga em excesso das molas implica erro de profundidade na deposição de sementes e erro na escolha da posição para cambagem da roda aterradora-compactadora em ‘V’, acarretando compactação excessiva no entorno das sementes
e conservacionistas. O sistema de abertura de sulco é dotado de uma mola controladora de profundidade. Esta mola, se bem ajustada à tensão, garante uma mesma profundidade de semeadura, até mesmo em terrenos com leves ondulações. Para terrenos com ondulações mais elevadas, o mecanismo pantográfico é o que proporciona a manutenção da profundidade de abertura do sulco, o qual também é dotado de uma mola reguladora da profundidade. Máquinas que não estão reguladas ou que apresentam parafusos reguladores ou molas quebradas produzem variação da profundidade de semeadura ao longo da linha de plantio. Esta variação da profundidade pode provocar dificuldade de emergência das plântulas, favorecendo o ataque de pragas e doenças, ou a exposição da semente a pássaros. Ambos os problemas levam à redução do estande de plantas e, portanto, redução da produtividade. Relatos de trabalhos publicados abordam o efeito da profundidade da semente na emergência da plântula e o seu desenvolvimento como planta. Todos os trabalhos obtiveram resultados semelhantes no aspecto que cada tipo de cultura apresenta uma profundidade de deposição da semente adequada para atingir melhor vigor da planta. Qualquer variação para mais ou para menos da faixa de profundi-
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dade ideal gera dificuldades de germinação ou emergência da plântula, o que reduz o potencial produtivo da lavoura. Pode-se concluir que a melhor profundidade é a recomendada pelo lote de sementes.
ERRO DE DOSAGEM DA SEMENTE
Cada sistema dosador de semente apresenta uma eficiência característica. Existem no mercado diferentes tipos de sistemas dosadores de sementes: gravitacional, cilindro canelado, rotor vertical, disco horizontal perfurado, sistema pneumático, correia perfurada, dedos preensores, cilindro vertical perfurado e disco inclinado. Cada sistema é adequado para determinados cultivos e tipo de semeadura, portanto antes de comprar uma semeadora verifique qual o melhor dosador para a cultura a ser explorada. Neste artigo abordamos o sistema mais utilizado no mercado para grãos, que é o sistema de disco horizontal perfurado ou sistema pneumático. O erro associado ao sistema dosador está relacionado com o desvio da distância entre sementes na linha em comparação com a distância ideal para um dado estande de plantas. Além disso, o erro do dosador pode provocar danos à semente, impedindo a germinação e provocando falhas na linha de plantio. Estudos científicos a respeito dos fato-
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res que afetam o desempenho dos dosadores concluíram que as principais causas são: características das sementes (forma, tamanho, rugosidade); tamanho e forma das células e com as das sementes; rotação do disco; desgaste dos componentes mecânicos; regulagens; facilidade de fluxo (a adição de pó de grafite aumenta a precisão em dosadores de dedos preensores, pneumáticos e disco horizontal); geometria do reservatório de sementes (a forma do reservatório deve permitir o fluxo contínuo no dosador); qualidade do disco, do anel e da base, e deslizamento entre eles; desempenho de mecanismos auxiliares (o mau funcionamento de expulsores e ejetores de sementes pode causar danos nas sementes e gerar falhas ou dosagens múltiplas). Pesquisas recentes desenvolvidas por instituições renomadas mostraram que em dosador regulado e com manutenção adequada da semeadora, o principal fator que afeta do desempenho do dosador é o aumento da velocidade de deslocamento da máquina. Portanto, o ajuste da velocidade de deslocamento da semeadora por parte do operador é fundamental para evitar erros do sistema dosador.
ERRO DE DISTRIBUIÇÃO DA SEMENTE
Existem basicamente no mercado de semeadoras três tipos de sistemas de dis-
tribuição de sementes: condutor gravitacional, pneumático e centrífugo. Os condutores gravitacional e pneumático estão presentes em semeadoras de precisão, já o centrífugo está presente em semeadoras para distribuição a lanço. A distribuição centrífuga é aleatória, diante disto, o erro de distribuição está a cargo da rotação do mecanismo centrífugo. Já nos sistemas pneumático e gravitacional, o erro de distribuição está associado ao tempo gasto até a semente atingir o fundo do sulco, o que implica espaçamento entre sementes na linha de plantio. Os principais fatores que provocam o erro de distribuição das sementes ao solo são: a distância vertical entre a saída do dosador e o fundo do sulco (deve ser a menor possível), a forma de deposição (por gravidade ou por fluxo de ar), a velocidade da semente de saída do dosador (quanto maior a velocidade, menor a precisão) e as características do tubo condutor (diâmetro, rugosidade interna e inclinação).
ERRO DE FECHAMENTO E DE COMPACTAÇÃO DO SULCO
A quantidade de solo que cobre a semente, assim como o grau de compactação produzido no solo, influencia na quantidade de água e de ar disponibilizados à semente, e a resistência do solo imposta à plântula durante a emergência. Diante disto, qualquer falha no recobrimento da semente, bem como a presença de solos compactados, é fator que dificulta a emergência de plântula e reduz o vigor de desenvolvimento das plantas. As semeadoras apresentam diferentes mecanismos de fechamento de sulco, mecanismos de enxadas, discos, correntes, chapas e rodas. Cada mecanismo é adequado para determinado tipo de semente. Nas semeadoras modernas, o fechamento do sulco e a compactação do solo em volta da semente são realizados por uma única roda, denominada roda aterradora-compactadora em “V”. Após a roda aterradora-compactadora, pode ser acoplada uma roda compactadora adicional, conhecida como compactadora flutuante. Fatores que provocam o erro de fechamento e compactação são principalmente na escolha do mecanismo recobridor e do compactador e nas regulagens destes. Cada tipo de mecanismo recobridor e compactador é adequa-
Erro na escolha do disco dosador pode causar grãos duplos na célula
do para cada tipo de semente, seja esta miúda ou graúda. Estudos mostram que regular a carga vertical do mecanismo recobridor e compactador em 20,3kgf, implicam reduzir a velocidade e a porcentagem de emergência da cultura do algodão. Já cargas entre 10,2kgf e 15,3kgf foram benéficas para o desenvolvimento. Para a cultura do feijoeiro, as cargas verticais de 30,6kgf ou acima, afetaram negativamente a emergência do feijoeiro e que a melhor seria entre 15,3kgf e 20,4kgf. Cada cultivar tem uma carga ideal e esta informação é obtida do fabricante de sementes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma semeadura correta e com sementes de qualidade é fundamental para maximizar o potencial produtivo da cultura. A falta de manutenção e/ou regulagens dos mecanismos de função da semeadora implica falhas no estande da cultura, dificuldade de germinação das sementes e emergências das plântulas. Isso reduz a produtividade, e como consequência diminui o lucro da lavoura. A semeadora é uma máquina com mecanismos funcionais complexos e interligados. Desta forma, o erro presente em um mecanismo não deve ser tratado isoladamente, a manutenção deve ser periódica e preventiva, e feita em conjunto com todos os mecanismos dos processos funcionais. Todo fabricante de semeadoras fornece manuais com informações sobre as regulagens necessárias e manutenções periódicas da máquina, portanto é de suma responsabilidade do operador e gerente da propriedade estarem atentos, uma vez que máquina bem regulada é “sinôni.M mo” de maior produtividade. Lucas de Arruda Viana, Fernando Ferreira Lima dos Santos, Guilherme de Moura Araújo, Rodrigo Nogueira Martins, Jorge Tadeu Fim Rosas, Samira Luns Hatum de Almeida e Laércio Zambolim, UFV
Sistema de abertura de sulco dotado de disco de corte, que facilita o trabalho em palhadas muito densas
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COMPARATIVO
Evolução de gerações
Charles Echer
Massey Ferguson
Lançada há mais de 40 anos, série MF 200 da Massey Ferguson deu lugar à Série MF 4200 em 2010, que agora evoluiu para a Série MF 4700. Estas três diferentes gerações, apesar da evolução, mantiveram características que ainda hoje identificam a série
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Fotos Nema
N
Tratores agrícolas Massey Ferguson, modelos: (esq.) MF 275, fabricado no ano de 1986; (centro) MF 4275, fabricado no ano de 2010, comercializado por meio do programa Mais Alimentos; e (dir) MF 4707, fabricado em 2018
o modelo agrícola adotado em vários países, inclusive no Brasil, de produção de grãos em larga escala, o trator agrícola é uma das ferramentas mais utilizadas, sendo responsável por boa par-
Nilson Konrad
te das atividades realizadas dentro de uma empresa rural. Vários pesquisadores, em consenso, afirmam que o trator é o equipamento mais utilizado nas propriedades rurais, havendo cerca de 29 milhões de unidades em uso no mundo. A evolução destas máquinas agrícolas é notável desde sua criação, sendo que atualmente se destacam não só por realizarem funções básicas de tração, sua função tradicional, mas também por serem eficientes em outras formas de utilização. No mercado brasileiro há uma grande oferta de marcas e modelos, cada um com suas características e especificações. Dentro do grupo de atributos de um trator se destacam aqueles relacionados a motorização, transmissão de potência, sistema hidráulico, posto de operação, servicibilidade, eixo dianteiro, massa e relação massa/potência. Alguns modelos tornaram-se recordistas de vendas e passaram a fazer parte da história da mecanização brasileira. Entre estes, não há como negar a importância da marca Massey Ferguson e, particularmente do tradicional modelo MF 275, que posteriormente no lançamento da Série 4200, passou a ser designado como MF 4275, e finalmente lançado em 2018 como modelo MF 4707. Mais de 40 anos se passaram desde a fabricação do primeiro modelo de trator MF 275 até os dias atuais e, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o trator mais tradicional do Brasil segue no mercado como um dos líderes de vendas. Em 2010, a Série 4200 foi lançada, contando com sete modelos, apresentando grande evolução em relação à série antecessora (MF 200). Apresentado ao mercado em 2018, durante a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), os tratores da nova Série 4700, que substituem parte da Série 4200, passaram por grande transformação, com o objetivo de atender as exigências de um novo modelo mundial, no qual nosso país está inserido. Para homenagear esta história de sucesso, resolvemos propor aos leitores uma apresentação destes três estágios de desenvolvimento, realizando um comparativo, sem rigor científico, mas fiel às características de cada momento de fabricação. Para isto, tomamos três
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Figura 1 – Curvas características de desempenho dos motores, torque (esq.) e potência (dir.), dos tratores agrícolas MF 275, MF 4275 e MF 4707
Figura 2 – Comportamento do consumo específico de combustível dos motores dos tratores MF 275, MF 4275 e MF 4707
espécimes em pleno uso e submetemos a testes de desempenho e demonstração de características no Laboratório de Agrotecnologia, do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas, da Universidade Federal de Santa Maria (RS). A partir destas informações, passaremos a destacar os atributos mais importantes e variáveis ao longo do tempo.
MOTORIZAÇÃO
Tabela 1 – Parâmetros mensurados diretamente e outros de forma indireta (calculados), durante os testes dinamométricos dos motores Características Torque máximo (N.m) Rotação de torque máximo (rpm) Potência máxima (cv) Rotação de potência máxima (rpm) Reserva de torque (%) Consumo horário máximo (L/h) Faixa de utilização (rpm) Elasticidade Consumo específico mínimo (g/cv/h)
MF 275 MF 4275 MF 4707 307,45 338,76 349,73 1.200 1.200 1.200 76,50 85,32 80,29 2.100 2.100 1.800 19,57 18,44 11,35 7,80 9,70 8,32 900 900 600 2,09 2,07 1,67 78,42 75,44 77,63
Tabela 2 – Principais características ponderais dos três modelos de tratores, obtidas a partir de medições realizadas pela equipe Características
MF 275
MF 4275
MF 4707
Total (kg) Eixo dianteiro (kg) Eixo traseiro (kg) Distribuição estática de massa Eixo dianteiro/eixo traseiro (%) Relação massa/potência Massa/potência (kg/cv)
2.880 900 1.980
3.350 1.390 1.960
3.360 1.410 1.950
31/69
42/58
42/58
44,0
43,3
43,7
Massa
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Uma importante modificação feita neste modelo diz respeito à motorização, pois o MF 275, tradicionalmente equipado com motor da marca Perkins, modelo A4.236, ao final do seu ciclo de produção utilizou o motor modelo A4-4.1, da marca MWM International. Já os tratores MF 4275, foram lançados ao mercado com o motor marca MWM International, modelo A4-4.1, de quatro cilindros de injeção direta, com 4,1 litros de volume e bomba rotativa da marca Delphi. Porém, nos seus últimos modelos, fabricados a partir de 2012, voltaram a utilizar motores da marca Perkins, modelo 1104A-44, de quatro cilindros de injeção direta, com 4,4 litros de volume. Os novos tratores MF 4707, recentemente lançados, passaram a utilizar motores de última geração, da marca AGCO Power, modelo 33 CW3, de três cilindros, com sistema de gerenciamento eletrônico da injeção de combustível, com 3,3 litros de volume. Segundo informações do fabricante, tanto o MF 275 como o MF 4275 apresentam 75cv de potência máxima a 2.200rpm, enquanto que o MF 4707 apresenta a mesma potência máxima, porém a 2.000rpm do motor. A fim de atender a norma Proconve MAR-I de controle de emissões de gases poluentes, os motores que compõem os tratores MF 4707 possuem sistema de recirculação interna dos gases de escape (iEGR). Esse sistema provoca a recirculação do gás da câmara de combustão para o cabeçote, através da abertura das válvulas de admissão no momento em que ocorre a exaustão
Fotos Massey Ferguson
No decorrer dos anos, o modelo MF 275 foi apresentado em diferentes versões para aplicações específicas
dos gases, readmitindo os gases no ciclo de admissão, por meio de uma modificação no comando de válvulas. O sistema de alimentação de ar dos tratores MF 275 e MF 4275 é natural, e conta com um pré-filtro, que através de um ciclonizador elimina as partículas maiores, deixando passar ao filtro apenas partículas menores, reduzindo a entrada de impurezas. O novo modelo MF 4707 conta com sistema de alimentação de ar que utiliza um turbocompressor e um intercooler, proporcionando maior quantidade de ar admitido para realização da combustão. Para confirmar estas informações, foram realizados os testes dinamométricos com três espécimes destes modelos, onde os resultados das curvas características de desempenho de cada motor são apresentados na Figura 1. A partir da informação recolhida, percebeu-se que o modelo MF 275 atingiu potência máxima de 76,50cv a 2.100rpm do motor, enquanto que o modelo MF 4275 desempenhou 85,32cv a 2.100rpm do motor, já o modelo MF 4707 atingiu potência máxima de 80,29cv a 1.800rpm do motor. É necessário salientar que o espécime do modelo MF 275 é um trator que está com 27 anos de uso, e seu horímetro marca apenas 3.500 horas-máquina trabalhadas, pois se trata de um trator utilizado somente em atividades didáticas e de pesquisa na UFSM. Já o trator modelo MF 4275 apresentava 918 horas de uso e o MF 4707 encontrava-se em esta-
do de novo. Por isto o caráter apenas demonstrativo, sem rigor científico, da comparação. Com relação ao comportamento do torque, o trator MF 275 forneceu um torque máximo de 307,45N.m a 1.200rpm do motor, o modelo MF4275 apresentou 338,76N.m a 1.200rpm e o modelo novo demonstrou 349,73N.m também a 1.200rpm do motor. A partir dos dados obtidos, pode-se calcular as reservas de
torque do MF 275, do MF 4275 e do MF 4707, que foram de 19,57%, 18,44% e 11,35%, respectivamente. A Tabela 1 resume os dados obtidos nos testes. Ao analisar o desempenho do torque do motor mensurado nos três motores, percebe-se uma diferença do comportamento do motor eletrônico em relação aos motores mecânicos, onde, devido ao gerenciamento eletrônico da injeção de combustível, ocorre uma tendên-
Quadro 1 – Resumo das principais características dos tratores Massey Ferguson, modelos: MF 275, MF 4275 e MF 4707; baseado nas informações disponibilizadas pelo fabricante Características
MF 275
MF 4275
MF 4707
Motor Marca
Perkins
MWM International
AGCO Power
Modelo
A4.236
A4-4.1
33 CWC3
N° de cilindros
4
4
3
Cilindrada (cm )
3.865
4.100
3.300
Aspiração
Natural
Natural
Turbocomprimido
Tipo
Mecânica-Seca
Mecânica-Sincronizada
Mecânica-Sincronizada
N° de marchas à frente e à ré
8+2
8+2 / 12+4
12+12 / 8+8
3
Caixa de marchas
Sistema hidráulico de três pontos Controles
Mecânico
Mecânico
Eletrônico
Capacidade de levante na rótula (kgf)
2.100
2.500
3.000
Categoria
II
II
II
Capacidades Cárter do motor (L)
7,1
8,0
12,5
Tanque de combustível (L)
82
100
153
TDP Tipo
Embreagem dupla
Independente
Independente
Rotação do motor (rpm)
-
540 rpm à 1.970
540 rpm à 1.920
Hidrostática
Hidrostática
Hidrostática
Sistema de direção Tipo
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Figura 3 – Comandos de uso frequente e raro nos perfis superior horizontal (PSH) e vertical longitudinal (PVL) dos tratores Massey Ferguson: MF 275; MF 4275; e MF 4707
Essa configuração é possível, por se tratar de um motor eletrônico, pois a bomba permite ser configurada para um modo mais eficiente de trabalho. Outra característica desses motores eletrônicos é a tendência mais linear da curva de potência, o que se costuma denominar de potência constante, ocorrendo de 1.600rpm a 2.100rpm no MF 4707, permitindo trabalhar em uma ampla gama de rotações, mantendo uma potência próxima da máxima. Este comportamento oferece uma reserva de potência maior, quando comparado com motores de injeção mecânica, que apresentam elevação ascendente e um pico mais acentuado, decrescendo rapidamente após a potência máxima. Além do mais, o comportamento de torque e potência de motores eletrônicos pode ser alterado pela configuração do mapa de injeção.
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL
Também é possível comparar o consumo de combustível dos três modelos de tratores, aproveitando-se da medição feita pelo fluxômetro, utilizado pela equipe de testes. A Figura 2 nos fornece as curvas de consumo específico de combustível nas rotações avaliadas. Pelo
cia mais linear dos valores de torque nas diferentes rotações, resultando em menor reserva de torque. O sistema de gerenciamento eletrônico é composto por uma bomba injetora de alta pressão, uma central de gerenciamento eletrônico, um acumulador (Common rail) e os bicos injetores que pulverizam o combustível na câmara de combustão. Este sistema ajusta a injeção de combustível, ou seja, significa que o combustível está sempre disponível e na pressão necessária para a combustão. Como temos a quantidade ideal, no momento adequado, em todas as rotações os valores de torque serão altos, resultando em baixo valor da reserva de torque. Quanto ao comportamento da potência em relação à rotação, analisando-se a curva correspondente ao trator MF 4707, pode-se verificar que a potência máxima ocorre a uma rotação mais baixa (1.800rpm) em relação aos demais modelos (2.100rpm). Com a potência máxima ocorrendo em menor rotação, têm-se maior valor de torque disponível e menor consumo de combustível e uma possibilidade de maior durabilidade do motor.
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Conforme a série foi evoluindo, a preocupação com ergonomia ganhou importância
Fotos Charles Echer
fato de considerar o consumo de combustível em massa e relacioná-lo com a potência produzida, esta é a forma mais adequada para a comparação de motores de tratores. Assim, pode-se definir o consumo específico, como a quantidade de combustível consumida em gramas por unidade de potência produzida, na unidade de tempo. Analisando a figura que apresenta o comportamento do consumo específico de combustível com relação à rotação de trabalho, percebe-se que o trator MF 4707, para produzir a mesma unidade de potência que os outros modelos, consumiu maior quantidade de combustível. Isto se deve ao maior torque em quase toda a faixa de utilização.
TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA E VELOCIDADES
Na Série MF 200, havia apenas a opção de caixa de marchas de engrenagens deslizantes com oito marchas para frente, mais duas à ré, sendo as alavancas posicionadas na parte central do posto de operação (acavalado). Quando ocorreram o lançamento e a evolução para a Série MF 4200, além de manter a transmissão 8+2 com engrenagens deslizantes, com alavancas de posição central, estava disponível ao cliente a opção de uma nova transmissãode 12+4 CM (Constant Mesh) com posição das alavancas na lateral direita do posto de operação. Mas, quando a Massey Ferguson optou por uma nova série de tratores (MF 4700), a transmissão foi totalmente modificada, onde o modelo passa a contar com dispositivo de reversão em todas as versões, oferecendo duas opções: 8+8 e 12+12 (Syncromesch), com alavancas na posição lateral. Ainda, nas séries MF 4200 e MF 4700, em seus modelos, pode-se ter como opcional o Creeper (super-redutor), que possibilita menores velocidades de operação, o que é interessante em operações com vagões forrageiros, carretas de transporte, alguns serviços com enxada rotativa, dentre outros. Assim, nos dois últimos modelos são apresentadas duas diferenças básicas quanto à caixa de marchas e às veloci-
A Série MF 4200 foi lançada, contando com sete modelos, apresentando grande evolução em relação à série antecessora, MF 200
dades, quando comparamos com a Série MF 200. A primeira é que no modelo antigo era apenas de engrenagens deslizantes (“caixa seca”) e, atualmente, tem-se o tipo sincronizada, onde há a possibilidade da troca de marchas em movimento, sem a necessidade de parada do trator. Tal modificação, por exemplo, possibilita mais facilidade durante operações de transporte. A segunda refere-se ao número e à posição das alavancas de troca de marchas, sendo que o MF 4275 conta com apenas duas, uma para a mudança de marchas (1ª, 2ª, 3ª e marcha à ré) e a outra funcionando, em H e L (grupos), para, em primeiro lugar, fazer o engate do regime e, posteriormente, a alta e a baixa (A e B). Já o MF 4707 possui três seleções, a primeira para a reversão do movimento, uma segunda alavanca de grupos (H e L) e a terceira alavanca para as trocas de marchas.
SISTEMA HIDRÁULICO
O sistema hidráulico associado ao engate de três pontos do modelo MF 275, na época era um dos destaques da categoria, com capacidade de levante de 2.100kgf. Já apresentava controles de profundidade, posição, reação e bombeamento constante, sen-
do simples de operar, proporcionando controle preciso dos implementos. Sua bomba possui vazão de 17 litros/minuto e pressão de serviço de 210kgf/cm2. Como opcional, já se poderia adquirir este modelo com válvulas de controle remoto de implementos. No modelo MF 4275, o sistema hidráulico teve um incremento de 400kg na sua capacidade de levante, passando de 2.100kgf para 2.500kgf, podendo chegar até 3.200kgf, como opcional. A vazão da bomba pode ser de 17 ou 27 litros/minuto com pressão máxima de 214kgf/cm2. Seus controles são basicamente os mesmos que estão presentes no modelo antigo. Esse modelo apresenta válvulas de controle remoto do tipo independente original de fábrica, com vazão máxima de 69 litros/minuto e pressão de 173kgf/cm2. Já no modelo atual, o sistema hidráulico foi totalmente reprojetado, com um acréscimo na capacidade de levante de 500kg, possuindo agora 3.000kgf, graças a dois cilindros hidráulicos auxiliares. O novo sistema possui controles de profundidade e sensibilidade. A vazão da bomba é de 65 litros/minuto, com pressão máxima de 204kgf/cm².
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ERGONOMIA E SEGURANÇA
ca dos postos de operação tipo acavalado do MF 275, mais antigo; do MF 4275, com posto plataformado, e do MF 4707. Estas informações são apresentadas na Figura 3. Nos modelos MF 4275 e MF 4707 foram avaliados 25 e 22 comandos de operação, respectivamente, enquanto que no MF 275 apenas 18 comandos. Esse maior número deve-se, principalmente, à introdução de dispositivos de segurança exigidos pela norma NR-31. A partir da análise dos resultados, percebe-se que o modelo da Série 4200 possui maior número de comandos dispostos de forma ergonômica quando comparado ao modelo antigo, devido ao menor número destes localizados na zona inacessível. Isto faz com que o operador tenha acesso facilitado aos principais comandos de operação. O acesso ao posto do operador exige menos esforços do operador, visto que a escada foi rebaixada, possui proteções laterais, e os pega-mãos estão posicionados de forma a manter o ponto de apoio durante o acesso ao posto de operação.
SERVICIBILIDADE
O modelo MF 275 possui a carenagem de revestimento fixa e aparafusada, o que dificulta a realização das manutenções mais específicas do motor, pois há necessidade de se remover esta estrutura, inclusive para trabalhos simples e roti-
Fotos Massey Ferguson
O posto de operação foi o item que mais sofreu alterações no decorrer da evolução desses tratores, passando de acavalado, no modelo antigo, para o que chamamos de posto de operação plataformado, nos modelos MF 4275 e MF 4707, o que proporciona excelente conforto nos dois modelos, pois as alavancas situam-se na posição lateral direita. Esse tipo de posto de operação faz com que o operador tenha melhor disposição de seus membros superiores e inferiores no posto de operação e também acesso facilitado aos comandos e às alavancas de acionamento. Uma das melhorias proporcionadas no modelo MF 4275 em relação ao MF 275 e que está presente no modelo MF 4707 foi a introdução do arco de segurança de dois pontos de ancoragem, mais conhecido como equipamento de proteção contra capotamento (EPCC). Com a introdução deste dispositivo, o operador fica protegido em caso de capotamento, pois a estrutura evita o esmagamento do mesmo. Vale lembrar que esse dispositivo apenas tem sua função otimizada se o operador estiver utilizando o cinto de segurança. No modelo anterior, dispunha-se apenas de uma estrutura para proteger o operador dos raios solares (toldo), e que na verdade não protege o operador no caso
do capotamento, pois caso isto aconteça, a estrutura acaba sendo deformada. Os modelos MF 4275 e MF 4707 ainda podem ser equipados com posto de operação com cabine, que proporciona, além de conforto, segurança contra gases nocivos à saúde. Os comandos de operação também evoluíram do modelo antigo para o MF 4275 e o MF 4707, pois estes se tornaram mais confortáveis e fáceis de manusear. Além de um maior número de comandos presentes no posto de operação, as alavancas, em sua maioria, estão sendo substituídas por comandos do tipo interruptores eletro-hidráulicos. Esses novos comandos trazem maior conforto, menor fadiga e esforço, possibilitando que o operador esteja menos cansado ao final da jornada de trabalho. Quando nos referimos ao tubo de escapamento dos gases provenientes do motor, o mesmo saiu da parte central do trator, no modelo antigo, e passou para a lateral direita nos modelos MF 4275 e MF 4707, e nestes, ainda, a parte frontal do capô foi rebaixada. Essas duas ótimas modificações proporcionaram uma grande melhoria na visibilidade de pontos que antes não podiam ser vistos pelo operador, o que, indiretamente, aumenta a eficiência e a segurança durante as operações agrícolas. Realizou-se a avaliação ergonômi-
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neiros. A partir de um requisito de mercado, o modelo MF 4275 possui capô basculante, com contornos mais arredondados e mais funcionalidade. Seguindo o padrão mundial da marca, o trator MF 4707 possui um novo desenho de capô basculante, mais baixo, que permite maior visibilidade do operador. Ainda, nesse novo modelo, todas as partes móveis do motor possuem proteção, estando de acordo com a norma regulamentadora NR-12, do Ministério do Trabalho e Emprego. Essa “tecnologia” permite a abertura completa da parte dianteira do trator, expondo e facilitando o acesso e a proteção ao motor e aos componentes internos da máquina. Isso garante maior agilidade nos procedimentos de verificação de funcionamento e incentiva o operador a fazer a manutenção periódica. A manutenção é mais rápida e é diferente de como se realizava há alguns anos. Também, no que se refere à servicibilidade, o tanque de combustível, que no modelo antigo localizava-se acima do motor, passou para a lateral, facilitando o abastecimento. A capacidade aumentou, passando de 82 para 95 litros de óleo diesel e hoje o modelo MF 4707 possui 153 litros de capacidade, proporcionando maior autonomia de trabalho.
EIXO DIANTEIRO
Quando o trator MF 275 foi lançado, o eixo dianteiro apresentava uma única configuração disponível, ou seja, eram comercializados tratores com apenas um
eixo motriz, isto é, tratores 4x2. Verificando-se as necessidades dos produtores rurais, a Massey Ferguson começou a produzir tratores agrícolas, modelo MF 275, com tração dianteira auxiliar (TDA) como opcional, em sua linha de produção. Desde então, essa tendência se consolidou, tanto que o fabricante oferece, atualmente, como opcional a versão 4x2, e a versão 4x2 com TDA passa a ser standard nos modelos MF 4275 e MF 4707.
MASSA E RELAÇÃO MASSA/POTÊNCIA
Estas características técnicas são muito importantes e úteis como critério de seleção de tratores agrícolas. Com relação à distribuição estática de massa, os três modelos seguem uma distribuição padrão, conforme o tipo de tração. Para tratores 4x2, preconiza-se uma distribuição de 30% da massa total do trator sobre o eixo dianteiro e 70% sobre o traseiro, já para tratores 4x2 com TDA essa relação deve ficar entre 40% e 60% do total sobre os eixos dianteiro e traseiro, respectivamente. No que diz respeito à relação massa/potência, sem lastro, os modelos MF 275, MF 4275 e MF 4707 apresentaram valores similares, com aproximadamente 44kg/cv cada um. Esses valores são relativamente baixos quando comparados com alguns tratores de outras marcas, porém fazem com que o MF 275, o MF 4275 e o MF 4707 sejam versáteis, estando aptos para realizar trabalhos leves a partir dessa configuração, e ao adi-
cionar lastros (metálico e hidráulico) possam desempenhar serviços de maior exigência. Estas informações são apresentadas na Tabela 2. Com o objetivo de se fazer uma fácil e rápida comparação dos três modelos de tratores, o Quadro 1 apresenta um resumo das principais características de cada um deles.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Parece-nos claro, pelo comparativo realizado, que além do fabricante manter as características positivas de um modelo que se tornou líder de vendas internas no País, com boa aceitação pelos agricultores brasileiros, houve grande evolução quando do lançamento do trator MF 4275, principalmente no que diz respeito ao posto de operação plataformado, à opção standard de TDP independente e ao posicionamento lateral das alavancas seletoras de marchas e grupos. Quando houve a transição do modelo MF 4275 para o modelo MF 4707, outras novas características foram trazidas, como a reversão standard, os comandos eletro-hidráu.M licos e a TDP econômica.
Marcelo Silveira de Farias, José Fernando Schlosser , Bruna Flores Batistella, e Juan Paulo Barbieri, Nema – UFSM
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PULVERIZADORES
Ajudantes de valor Adjuvantes da pulverização são insumos importantes na agricultura moderna, sobretudo como ferramenta de melhora da eficácia e também da redução de custos do tratamento fitossanitário
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urante anos houve uma discussão sobre se os adjuvantes deveriam ou não ser considerados um “afim” na Lei dos Agrotóxicos (Lei nº 7.802/89 regulamentada pelo Decreto no 4.074/02) e por isso são submetidos ao mesmo processo de registro ao qual são submetidos tais produtos. Na dúvida, os produtos classificados como adjuvantes eram registrados desta forma. Tal discussão foi finalizada com a publicação em 20 de novembro de 2017, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Ato no 104 que cancela o registro de produtos registrados exclusivamente como adjuvantes, “tendo em vista não existir obrigatoriedade de registro na Lei no 7.802 e no Decreto no 4.074”. Esta atitude, ao mesmo tempo em que correta, é temerária. Adjuvante, por definição, é “qualquer substância ou composto sem propriedades fitossanitárias, exceto a água, que é acrescido numa preparação de agroquími-
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co, para facilitar a aplicação, aumentar a eficácia ou diminuir riscos”. Dessa forma, se ele “não possui propriedades fitossanitárias” e se é desenvolvido para ser “acrescido numa preparação de agroquímico”, por si só ele não exerce nenhum controle e, portanto, não é um agroquímico. Por outro lado, para “facilitar a aplicação, aumentar a eficácia ou diminuir riscos”, ele interfere nas características da calda (mistura do agroquímico com a água), podendo alterar aspectos importantes da pulverização. Esta interferência pode ser positiva ou negativa no processo de pulverização, na eficácia do produto e também na segurança do trabalhador, do ambiente e do alimento. Como exemplo, um adjuvante pode alterar a tensão superficial e/ou a viscosidade da calda de pulverização. Alterando tais características, ele irá interferir em fatores como o tamanho de gotas, o espalhamento e a velocidade de evaporação, interferindo na tecnologia e na segurança da aplicação. Na solução do problema, voltar a ser registrado como agroquímico não seria uma alternativa viável, uma vez que os ensaios de eficácia exigidos no processo de registro não traduzem a funcionalidade dos adjuvantes. Assim, a alternativa é conhecer, analisar e classificar os adjuvantes por suas características funcionais. Na Classificação Funcional, os adjuvantes podem ser divididos em dois grandes grupos: os utilitários, que atuam no processo de pulverização, ou seja, entre o tanque e o alvo; e os potencializadores, que melhoram o desempenho do produto depois que a gota atinge o alvo. Dentro destes grupos estão as funcionalidades do adjuvante, que são sua forma de ação, como espalhantes, adesionantes, penetrantes, umectantes ou redutores da evaporação, tamponantes, quelatizantes, redutores de deriva etc. Neste contexto, os adjuvantes desempenham funções específicas, e não genéricas como normalmente difundidas. Além disso, a funcionalidade está relacionada
com a química, a natureza e a qualidade dos componentes, o que faz com que diferentes formulações de um mesmo produto, como óleo vegetal, por exemplo, possam levar a resultados diferentes. Importante salientar ainda que alguns adjuvantes podem ser multifuncionais, ou seja, possuir mais de uma funcionalidade, mas não existe um único adjuvante que possa desempenhar todas estas funções. Saber selecionar o adjuvante correto é a base da eficácia e economia proporcionada por estes produtos. Para a correta identificação do adjuvante, o primeiro passo é analisar a situação e entender “o que se espera que ele faça”, ou seja, “qual funcionalidade deve ser buscada”. Uma vez feito isso, algumas opções de adjuvantes devem ser analisadas para comparar não apenas os efeitos positivos, mas também os negativos, que poderão trazer problemas ao tratamento fitossanitário, com a finalidade de mitigá-los, ou mesmo optar por outro produto caso isso não seja possível. Portanto, para buscar a correta funcionalidade e a forma de uso do adjuvante, além de informações do fabricante do produto, é importante entender sua interferência no processo de pulverização e várias funcionalidades podem ser usadas como exemplo deste processo. O efeito tensoativo dos adjuvantes tem sido erroneamente confundido com o efeito espalhante, mas os dois são independentes em uma pulverização. A tensão superficial é resultado das ligações de hidrogênio, que são forças intermoleculares causadas pela atração do hidrogênio de uma molécula de água (H+) com o oxigênio de moléculas vizinhas (O-). No interior da gota, uma molécula de água está cercada por outras, o que faz com que a atração ocorra em todas as direções, mas, na superfície, a atração ocorre apenas na parte de baixo, fazendo com que se forme na parte externa uma camada com efeito semelhante a uma “cama elástica”. Quanto maior
Hamilton Humberto Ramos
Teste para verificar o efeito espalhante do adjuvante
a tensão superficial, maior a dificuldade de deformação desta camada. Assim, uma gota com alta tensão superficial ao ser arremessada contra um alvo, como no caso de uma pulverização, terá maior tendência a ricochetear do que a aderir no alvo. A quebra da tensão superficial, por meio de um tensoativo, faz com que a gota tenha maior capacidade de deformação, absorvendo a energia do impacto e reduzindo o ricocheteio. Grosso modo, é como uma bola de futebol sendo largada de certa altura no chão. Quanto mais cheia a bola (maior tensão), maior a capacidade de a bola ricochetear. Ao se murchar a bola (menor tensão), o ricocheteio diminui, pois ela se deforma no impacto e para no solo. Já o efeito espalhante é a capacidade de uma gota cobrir sobre o alvo uma área maior que a original após ter impactado. Assim, o espalhamento pode ser traduzido como área molhada pela gota após seu impacto no alvo. A elevação do espalhamento pode ser um excelente recurso como ferramenta na redução do volume de água utilizado na pulverização, sem perda da eficácia e com redução significativa do custo, por
Jacto
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Fotos Hamilton Humberto Ramos
Túnel de vento do Centro de Engenharia e Automação do IAC, onde são realizados os testes com produtos fitossanitários
possibilitar que um menor volume de calda proporcione uma mesma cobertura do alvo. No entanto, alguns adjuvantes chegam a aumentar a área molhada por uma mesma gota em mais de 30 vezes. Nesta situação, dependendo do volume de calda, gotas que inicialmente não coalesceriam, passam a coalescer sobre o alvo, elevando o escorrimento, reduzindo a quantidade de produto na planta e consequentemente a eficácia do tratamento fitossanitário, levando a uma perda de produtividade e/ou a necessidade de um número maior de pulverizações por safra. Para estes adjuvantes, normalmente classificados como “superespalhantes”, os volumes de aplicação devem necessariamente ser reduzidos em função da cobertura do alvo necessária. Ainda, o efeito espalhante é uma interação do adjuvante com características do alvo, como tipo e quantidade de cera. Por isso, o espalhamento de um mesmo produto pode variar para culturas diferentes. O efeito umectante ou redutor da evaporação da água pode ser pensado de duas formas: antes do impacto na folha ou sobre a folha. Sobre a folha o efeito umectante não pode ser avaliado individualmente, pois sofre a interferência do efeito espalhante. Em dois produtos com exatamente o mesmo efeito umectante, aquele que apresentar maior área de espalhamento terá maior contato direto com o ambiente, evaporando mais rapidamente. Um adjuvante com uma boa característica umectante reduz, por exemplo, a taxa de cristalização do produto químico sobre o alvo, podendo elevar sua eficácia. Por outro lado,
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reduzir a evaporação das gotas no caminho entre o pulverizador e o alvo eleva a taxa de recuperação do produto, ou seja, a quantidade de produto efetivamente atingindo o alvo. Assim, utilizar um bom umectante pode representar importante fator tanto econômico, uma vez que pode elevar o período de uso dos pulverizadores em função de condições climáticas, quanto de segurança e eficácia, uma vez que gotas que evaporariam antes de atingir o alvo, resultando em possibilidade de contaminação do produtor e ambiental, passam a atingi-lo, elevando a quantidade de produto sobre ele. No entanto, um efeito inverso a esse será observado caso o adjuvante, mesmo possuindo outras funcionalidades positivas, elevar a velocidade de evaporação da água. Neste caso, medidas de mitigação do risco de evaporação, como a utilização de gotas mais grossas quando possível, maior atenção às condições climáticas ou mesmo a opção por outro adjuvante, devem ser observadas. O efeito redutor de deriva de um adjuvante pode ser analisado de duas maneiras: ou pela análise do volume da pulverização representado por gotas de diâmetro inferior a 100µm (Potencial de Risco de Deriva) ou pela avaliação direta da deriva em túneis de vento. Qualquer que seja a forma, a redução da deriva normalmente se dá pela elevação do tamanho das gotas e/ou pela redução do número de gotas muito finas em uma pulverização. Reduzir a deriva, fazendo com que uma maior parte da pulverização atinja o alvo, não há dúvidas de que é desejá-
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vel e reduz problemas de contaminação do trabalhador e ambiental. No entanto, vários adjuvantes podem elevar a deriva, elevar o número de gotas finas e também, neste caso, o efeito negativo deve ser evidenciado para que o produtor possa adotar medidas de mitigação do risco e evitar danos ao ambiente e às culturas vizinhas. Cabe ainda uma consideração importante. Os adjuvantes são sempre “redutores de” e nunca “anti”, pois esta é uma forma errônea de comunicar ou transmitir a funcionalidade. Um produto antideriva seria aquele que elimina a deriva, ou seja, que faz com que ela deixe de acontecer, o que não existe, enquanto que o redutor de deriva apenas a traz para níveis mais baixos, apesar de continuar existindo. Várias outras funcionalidades tão importantes quanto as citadas devem ser consideradas, no entanto estas já exemplificam claramente como o conhecimento das características funcionais de um adjuvante é importante não só para elevar a eficácia e a economia do tratamento fitossanitário, como também para reduzir prejuízos por meio da limitação do seu uso, da alteração da forma de regulagem e/ou das condições de uso do pulverizador. Por esta razão é que o Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA/ IAC), da Secretaria de Agricultura e Abas-
tecimento do Estado de São Paulo, há mais de 20 anos se dedica a desenvolver métodos para avaliar individualmente as funcionalidades dos adjuvantes, buscando uma recomendação mais técnica destes produtos, que enfatize seu lado positivo, mas, ao mesmo tempo, tome os devidos cuidados com o lado negativo quando necessário.
REGULAMENTAÇÃO
Pelo exposto, se os adjuvantes não se enquadram como “agrotóxicos ou afins”, também não podem ser “produtos de venda livre, sem necessidade de qualquer autorização pelo Mapa” como especificado no item 5 do Ato no 104, uma vez que podem interferir diretamente na eficácia e na economia do tratamento fitossanitário. Assim, senão um registro, os adjuvantes precisam de pelo menos uma regulamentação. Iniciativas neste sentido já foram tomadas no passado pela Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos (Aenda) e pelo próprio Mapa, mas não tiveram um resultado efetivo. Funcionalidades básicas precisam ser cientificamente analisadas para servir como parâmetros técnicos à sua recomendação e uso. Como não existem normas, nacionais ou internacionais, para ensaio e classificação de tais funcionalidades, uma ação conjunta
Efeito do adjuvante com propriedade espalhante
entre Mapa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), fabricantes, usuários e pesquisadores, mesmo como uma Comissão de Estudos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) buscando desenvolver normas brasileiras, se faz necessária. Caso isso não seja feito, e rápido, os prejuízos à agricultura, ao agricultor, ao trabalhador e ao ambiente poderão ser significativos. .M Hamilton Humberto Ramos, Viviane Corrêa Aguiar, Ana Flávia Villa e Rafael Kenji Nagami Lima, Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico
Testes de evaporação de produtos com adição de adjuvantes
Avaliação do efeito tensoativo do adjuvante
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Fotos LS Tractor
FICHA TÉCNICA
Trator MT1.25 O MT1.25, lançamento da LS Tractor em 2018, é considerado um trator agrícola subcompacto, capaz de realizar as mais diversas operações agrícolas, mas também em ambientes domésticos ou industriais
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entro das comemorações dos cinco anos de produção de tratores no Brasil, a LS Tractor traz para o mercado mais um projeto global da empresa. Lançado nos Estados Unidos em 2017, o MT1.25 é o caçula da marca e vem para atender os mais variados tamanhos de propriedade, com tecnologia de última geração. Estes tratores foram projetados sob medida para pequenos proprietários agrícolas, proprietários de haras, usuários comerciais e para as mais diversas aplicações. O modelo inclui um alto padrão de recursos técnicos com desempenho superior. O MT1.25 é atualmente o menor trator disponível no mercado brasileiro, do segmento subcompacto com tração 4WD, equipado com motor diesel e transmissão hidrostática com duas velocidades (Low e High). Suas dimensões permitem manobrar em espaços pequenos e confinados, é projetado para ser versátil para aplicações em diversas frentes que exijam força. Mesmo com tamanho reduzido, ele vem com opção para montar Loader frontal e roçadeira central.
MOTORIZAÇÃO
O motor que equipa o MT1.25 é igualmente um projeto compacto de três cilindros, pronto para atender os mais rigorosos regulamentos em matéria de emissões, cumprindo as normas ambientais (MAR-I). O menor número de componentes em atrito vai causar menos perda mecânica e melhorar a eficiência na relação de consumo, resultando em excelen-
O motor que equipa o MT1.25 é a diesel, três cilindros com 25cv de potência
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te torque em trabalho. O motor é do modelo 3TNV80F, com tecnologia de controle de emissões Tier 4, com injeção indireta, refrigerado a água, possui 17,2cv de potência na TDP e rotação nominal de 3.000rpm. O depósito de combustível tem capacidade para 25 litros. Os tratores comercializados pela LS Tractor vêm se notabilizando pela sua construção compacta e a elevada produtividade com baixo consumo. Por estes quesitos, estão conquistando a confiança dos usuários no mercado global. Este modelo chega ao mercado com uma proposta inovadora de alta tecnologia, onde os diferencias começam pelo motor e se estendem pelo trem de força e em todas as características técnicas.
TREM DE FORÇA
O MT1.25 é equipado com Transmissão HST, transmissão hidrostática. Possui direção definida por pedal duplo, frente e ré, simples e confortável, duas gamas de velocidade: High e Low, freios úmidos com multidiscos. Outro destaque deste modelo é o sistema Cruise Control (controle de velocidade), que torna mais fácil a condução no trabalho. Este dispositivo tem a função específica de fixar a velocidade definida pela escala do HST (alta ou baixa) e pela rotação do motor. O controle de velocidade (deslocamento) fica localizado logo abaixo do volante, lado direito. Sua função é gerar estabilidade no deslocamento do trator, mantendo regular a velocidade, o que acaba possi-
O trem de força é equipado com transmissão HST e a direção é definida por pedal duplo frente e ré
O Cruise Control tem a função específica do controle de velocidade
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Fotos LS Tractor
bilitando que o operador volte sua atenção ao trabalho que está sendo desenvolvido. O sistema se desabilita com o acionamento do pedal de freio ou pelos pedais do HST, garantia de máxima segurança operacional. Seu funcionamento é muito similar aos sistemas aplicados em veículos para manter a velocidade fixa durante uma viagem.
TRAÇÃO DIANTEIRA E TDP
O MT1.25 possui tração dianteira com acionamento mecânico – 4WD e mudança de 2WD para 4WD com um simples movimento de alavanca
Este modelo tem tração dianteira com acionamento mecânico – 4WD, possibilitando a mudança de 2WD para 4WD com um simples movimento de alavanca. A TDP tem acionamento independente através de seletor localizado no painel do trator, ao lado do volante, onde o operador pode ligar e desligar o dispositivo. A alavanca seletora da Tomada de Força permite que o operador selecione o acionamento somente da TDP traseira ou somente da TDP de Centro (Mid TDP) ou ambas ao mesmo tempo. A tomada de força central, que é padrão, trabalha com 2.500rpm. Já a tomada de força traseira trabalha com 540rpm.
LEVANTE HIDRÁULICO E CONTROLE REMOTO
O levante hidráulico, de categoria 1, possui acionamento com resposta suave e capacidade de levante nos três pontos de 440kg, com controle de elevação por posição. O controle remoto de duas válvulas tem capacidade de vazão de 25L/m. Estas mesmas válvulas vão servir para o comando da Loader frontal, quando esta estiver montada.
PESOS E DIMENSÕES
O MT1.25 tem comprimento total com 3pt de 2.473mm, distância entre eixos de 1.423mm, largura total com pneus de 1.195mm, altura até o topo do Rops de 2.210mm e pesos em lastro total de 655kg. Os rodados dianteiros são 18x8.5-10 e os traseiros de 26x12-12.
POSTO DO OPERADOR
Capacidade de levante hidráulico de 440kg, alta capacidade de levante nos três pontos, acionamento com resposta suave e engate de três pontos: CAT 1
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Este modelo está equipado com sistema de direção do tipo hidrostático, o qual entrega um alto conforto ao operador, facilita as manobras, melhora o controle sobre o equipamento e reduz a fadiga. O MT1.25 foi projetado para ser utilizado em ambiente doméstico, agrícola ou industrial, com potência adequada para um trator com estas configurações de tamanho e desempenho. Apesar do seu tamanho, a posição do operador tem alto padrão de
O grande destaque do novo modelo LS Tractor é a visibilidade, inigualável para o máximo conforto e segurança no trabalho
conforto e amplo espaço, gerando um ambiente com ergonomia e servicibilidade. O grande destaque do novo modelo LS Tractor é a visibilidade para maior segurança no trabalho. O posicionamento dos comandos está ao alcance dos dedos, permite operações precisas e fáceis. A alavanca de bloqueio do diferencial está localizada ao alcan-
ce das mãos do operador, logo abaixo do banco.
ROÇADEIRA E CARREGADOR FRONTAL
A roçadeira que pode ser instalada na TDP central tem altura de corte regulável e pode ser ajustada com um simples giro no botão seletor. A altura do vão livre entre a roçadeira e o solo
pode chegar a 15cm. Uma alavanca de comando, estilo joystick, é multifuncional, facilita o trabalho com o carregador frontal e para facilitar sua utilização possui um sistema de engate rápido. O carregador frontal (Loader) tem capacidade de levante no engate de 457kg e altura de descarga de .M 1.830mm.
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NOSSA CAPA
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Fotos Kuhn
Accura A Kuhn acaba de lançar novos distribuidores de fertilizantes e sementes da linha Accura, que oferecem qualidade e precisão na distribuição
C
om mais de 30 anos de experiência na distribuição de fertilizantes e sementes, a KUHN está reforçando seu portfólio. Agora, para completar sua linha já consagrada de produtos, como o Accura 1200 e 1600, serão lançados no Show Rural Coopavel, que acontece em Cascavel (PR), os novos integrantes da família. A nova linha de rebocados Accura 10000 possui as versões mecânico e eletrônico. Também na feira da Coopavel será lançada a nova versão do já consagrado distribuidor de fertilizantes autopropelido Accura ST, tendo como novidades o seu chassi do tanque todo construído em aço inox, bem como sua plataforma e corrimões. Um novo sistema de controle das comportas Speedservo e novo painel de controle Trimble TMX 2050, oferecerão mais tecnologia ao produtor. Todos oferecem operações simples e ajustes precisos para minimizar os custos com fertilizantes e maximizar os rendimentos.
PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO TRIANGULAR
Todos os modelos oferecem o sistema de distribuição triangular, garantindo a proteção contra super ou subdosagens, além de diminuir o efeito maléfico do vento no momento das aplicações. Essas vantagens se dão graças ao padrão de distribuição criado pelos distribuidores de fertilizantes de dois discos da KUHN. O padrão de distribuição triangular fornece distribuição consistente, já que reduz o impacto de erros de operação ou ajustes inadequados por parte do operador. Utilizando este método, a linha Accura consegue fornecer uma distribuição de alta precisão com baixo coeficiente de variação.
ACCURA ST
O Accura ST vem equipado com motor eletrônico MWM, série 6.12 TCE, com seis cilindros e volume total de 7.2 litros, atende ao programa de controle de emissão de poluentes MAR-I. Possui potência de 220cv para o modelo de 5.000kg e 260cv para o modelo de 7.000kg. O tanque de combustível é de 300 litros. O sistema de injeção é gerenciado eletronicamente que, em casos de sobrecarga, por exemplo, num solo mais pesa-
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do ou maior inclinação do terreno, aciona o sistema Diesel Boost – uma reserva de potência que entra em ação imediatamente, fazendo com que o motor reaja rapidamente. O sistema de transmissão hidrostática 4x4 funciona com duas bombas dispostas em “X”, motores de rodas axiais e redutores de roda 12000 NM.
Sistema de distribuição
Accura ST
O
VÃO LIVRE
sistema é composto pelas seguintes partes: 1) Agitador: trabalha com rotação ultralenta 17 rpm, para manter as características do produto, não quebrando o grão do adubo. 2) Comporta: com um formato exclusivo, mantém o fluxo uniforme mesmo em baixíssimas doses. 3) Escova condutora: direciona a caída do produto, auxiliando na eliminação e influência do vento, além de evitar o ricochete do produto. 4) Discos: trabalham com até 650rpm; discos fixos facilitam a regulagem. São cinco opções de discos: S4: 18m a 28m; S6: 24m a 36m; S8: 30m a 36m; S10: 36m a 40m; S12: 39m a 42m. 5) Caixa de transmissão: eixo e engrenagem operam no banho de óleo, protegidos contra poeira. 6) Régua de distribuição: regula o ponto de deposição do produto sobre o disco, determinando a largura útil de trabalho. O atuador eletromecânico – SpeedServo é utilizado para abrir a comporta e determinar a dose do produto. Trabalha 2,5 vezes mais rápido que os atuadores lineares, melhora o tempo de reação para trabalhar com taxas variáveis.
Com um vão livre de 1,24m no modelo de 7.000kg e 1,58m no modelo de 5.000kg, o Accura ST consegue realizar aplicações de fertilizantes no milho em estágios mais avançados da cultura, potencializando a máxima produtividade. Ele vem equipado com pneus IF 380/90 R46” para o modelo 7000 e IF 340/85 R 38” para o modelo 5000, com opcional para o pneu IF 380/90 R46”.
SUSPENSÃO/ACESSOS
Este modelo autopropelido tem suspensão pneumática ativa, pré-ajuste mecânico das bitolas que variam de 2,8 a 3,5 metros, com acionamento hidráulico. Isso garante uma adaptação aos diferentes tipos de espaçamento das culturas. Uma plataforma lateral dá acesso ao reservatório de aço inox.
RESERVATÓRIO
Fotos Kuhn
O aço inox foi o material utilizado para dar total resistência ao ataque severo dos fertilizantes nas duas versões de reservatório – cinco mil e sete mil litros. Defletores instalados dentro do reservatório permitem um alívio na pressão do produto sobre a esteira. Grades de proteção impedem a entrada de impurezas e a queda de produto empedrado no reservatório. Uma lona que pode ser acionada manualmente sobre o reservatório ajuda a evitar a expo-
CDA
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sição do produto à chuva.
CABINE
A cabine oferece alto padrão de acabamento e conforto. Conta com uma porta com um sistema duplo de vedação e sistema de pressurização interna. O acesso é feito pela escada frontal, que é rebatida automaticamente quando a máquina se movimenta. O assento do operador possui suspensão pneumática com várias regulagens e, ao seu lado, encontra-se um assento auxiliar. A cabine ainda conta com coluna de direção ajustável em distância, ar-condicionado digital e pistola de ar comprimido para facilitar na limpeza interna.
SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO
O Accura ST é o único no Brasil que utiliza o sistema de distribuição Coaxial - CDA. Dois recursos tornam o sistema CDA exclusivo: 1. Sistema de regulagem da largura de distribuição que permite a rápida adaptação a vários fertilizantes e larguras de trabalho, ajustam o ponto de deposição do fertilizante para os discos de distribuição. É um sistema extremamente ergonômico, que dispensa a regulagem da palheta dos discos, bem como chaves. 2. As compor-
O Accura 10000 pode ser montado com kit para fertilizantes (esquerda) e kit para calcário (direita)
tas projetadas próximas ao centro dos discos permitem vários pontos de suprimento para as palhetas. Isso ajuda a garantir um fluxo constante de fertilizantes e um padrão uniforme. Conta com o exclusivo sistema Belt Free System, esteira livre, onde sensores de nível garantem alimentação constante aos discos de distribuição, fazendo com que a dosagem nos pratos seja sempre de acordo com abertura da comporta dosadora. Desta forma, a esteira só trabalha quando realmente é necessário alimentar o reservatório de controle. Acompanha a máquina, um manual contendo várias tabelas de fertili-
zantes e um exclusivo guia de identificação de granulometria de grãos para possibilitar uma correta regulagem de distribuição.
ACCURA 10000 MECÂNICO E ELETRÔNICO
Com reservatório de Inox e capacidade para 5000 litros, o Accura 10000 apresenta duas configurações: mecânica e eletrônica. Realizam a distribuição de diferentes fertilizantes e corretivos, necessitando apenas trocar seus respectivos kits de distribuição.
RODADO
O modelo Accura 10000 vem equi-
O padrão de distribuição triangular fornece distribuição mais consistente
Exclusivo sistema de distribuição Coaxial CDA
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O Accura 10000 possui reservatório de inox com capacidade para 5000kg, com duas configurações: mecânica e eletrônica
pado com rodado tandem, dirigível na segunda roda e pneus 12,4’ x 24’. Possui duas opções de bitola de 1,95m a 2,8m ou 1,95m a 3,2m. Este modelo necessita de um trator com pelo menos 120cv para realizar o seu reboque.
SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO
A dose do produto a ser distribuído sobre os discos é determinada pela velocidade da esteira e pela abertura da comporta. O Accura Hidráulico possui duas bombas independentes, sendo uma responsável pelo acionamento da esteira e a outra pela rotação dos discos. Utiliza o mesmo sistema de distribuição Coaxial Distribution Adjust-
ment – CDA. O design exclusivo dos discos de distribuição garante a qualidade da distribuição. As mangueiras e chicotes são fixados embaixo do reservatório principal, de fácil acesso e protegidos pela estrutura da máquina.
TERMINAL VIRTUAL
A versão eletrônica possui terminal virtual CCI 1200, com tela de 12,1“ que oferece um layout de fácil operação e manuseio. Para a aplicação de produto, a máquina utiliza o software de distribuição Dickey-John, realizando o trabalho a taxa variável, que garante uma aplicação precisa a diferentes doses.
Além disso, vêm de fábrica com a tecnologia ISOBUS. É possível integrar diretamente mapas de distribuição no terminal e também usar sistemas ISOBUS dos tratores John Deere, New Holland, Case, Massey Ferguson, Valtra, além de terminais das marcas Trimble, Topcon, Raven e outros.
ACCURA 1600
Com 1.600 litros de capacidade, o Accura 1600 destaca-se pela uniformidade de distribuição aliado a uma alta confiabilidade. De concepção robusta e funcional, sua estrutura integrada combina componentes soldados e montados. O reservatório é fabricado com plás-
Com capacidade para 1.200 litros, o Accura 1200 vem com duas configurações de reservatório: inox
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Fotos Kuhn
tico rotomoldado e tem peso aproximado de 350kg. O alcance de distribuição de produtos é de até 36 metros. É o primeiro distribuidor de fertilizantes a proporcionar um coeficiente de variação da distribuição dentro dos padrões Europeus, menor que 12,5%. Utiliza o mesmo sistema de distribuição CDA, já presentes no Accura ST e Accura 10000. Com o sistema CDA, diferentes taxas de aplicação ou velocidades de deslocamento não têm efeito negativo no fertilizante. O acionamento das comportas pode ocorrer de três formas: manual, hidráulica ou elétrica. Na opção elétrica, os terminais virtuais da Quantron ajus-
tam eletronicamente as tomadas de medição para manter uma taxa de vazão consistente em relação à sua velocidade. Durante a distribuição, o sistema é capaz de modificar a taxa de aplicação, trocar seções individuais para ambos os lados e fechar um dos lados com um simples acionamento de botão no terminal.
ACCURA 1200
Com capacidade para 1.200 litros, o Accura 1200 vem com duas configurações de reservatório: inox, com peso de 260kg, e plástico rotomoldado, com peso de 240kg. Ambos possuem telas de proteção
CARACTERÍSTICAS LINHA ACCURA Accura 1200 Capacidade (l)
Accura 1600 Accura 10000 Accura 10000 Eletrônico
Mecânico
Accura ST
1200
1600
5000
5000
5000 ou 7000
Material do reservatório
Inox ou Rotomoldado
Rotomoldado
Inox
Inox
Inox
Largura de trabalho (m)
10-24 fertilizantes
12-36 fertilizantes
12-36 fertilizantes
12-36 fertilizantes
18-42 fertilizantes
14 calcário
14 calcário
350
4.300
4.300
9.600
1,30 x 1,53 x 2,37
2,50 x 6,85 x 3,20
2,50 x 6,85 x 3,20
4,19 x 8,70 x 3,20 – 5000
Peso (kg)
260 - inox 240 - rotomoldado
Dimensões A x C x L (m)
1,22 x 1,30 x 1,91 - inox 1,34 x 1,30 x 2,00 -
3,80 x 8,70 x 3,20 – 7000
rotomoldado Discos de distribuição disponíveis
M1-C e M1X-C
S2, S4, S6 e S8
S6, S8 e S10
S6, S8 e S10
S4, S6, S8, S10 e S12
Direct Flow Control scale (DFC)
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Coaxial Distribution
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
(no kit fertilizante)
(no kit fertilizante)
Não
Não
Não
Não
Adjustment (CDA system) Belt Free System (BF System)
Sim
Mexedor de baixa rotação (rpm)
180
17
17
17
17
Taxa variável
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Corte de seção
Não
Sim
Não
Não
Sim
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Fotos Kuhn
Terminal virtual possibilita a aplicação em taxas variável e as conexões com padrão Isobus possibilitam sua utilização em tratores de todas as marcas
para evitar que impurezas caiam dentro do reservatório, bloqueando as comportas ou danificando o agitador. Com uma geometria exclusiva e velocidade de 180rpm, o agitador fornece um fluxo regular de fertilizantes nos discos de distribuição, evita quebras, não danifica os grânulos e não entope as saídas. Este modelo possui uma caixa de transmissão reforçada e banhada em óleo, com cárter fundido, o eixo do agitador é em inox tratado para maior
longevidade. Não possui bujão de respiro nem entrada de contaminantes. O acionamento das comportas pode ocorrer de forma manual ou hidráulica. O Accura 1200 conta com a tecnologia MultiDisc System - MDS, onde as palhetas dos discos podem ser ajustadas em seu comprimento e ângulo de ação. Uma única chave é utilizada para ajustar o ângulo da palheta e realizar a troca do disco quando necessário. As várias possibilidades de ajuste permitem variar a largura de distribuição
entre 12 e 24 metros e calibrar a dosagem para os mais variados tipos de fertilizantes. Além disso, possui o sistema Direct Flow Control – DFC. Para alterar a dose a ser aplicada, basta modificar a escala na mesma proporção: aumentando 10% na escala, aumenta 10% na dosagem aplicada. O acoplamento no trator se dá através do engate de três pontos. A capacidade do sistema de levante hidráulico do trator deve-se enquadrar na Classe .M II – 850kg a 3.565kg.
O modelo 1600 tem reservatório rotomoldado com capacidade de 1.600 litros
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TECNOLOGIA Divulgação
Olho mágico e útil O barateamento e a acessibilidade de Vants com câmeras multiespectrais fazem com que cada vez mais a agricultura se beneficie destas ferramentas, aplicando no manejo fitossanitário de lavouras para garantir aumento da produtividade
F
atores ambientais, solo, cultura, pragas e doenças têm potencial de influenciar a produtividade de uma lavoura. Tratar este sistema complexo como homogêneo não é interessante ao agricultor e pode trazer baixa produtividade, rentabilidade e qualidade nos seus produtos. Análises por imagens e georreferenciamento são ferramentas importantes para o gerenciamento mais eficiente do processo produtivo. Uma das formas mais rápidas de entender o que está acontecendo com as plantas no campo em tempo hábil é a captura de imagens de satélites e de Vants associada ao proces-
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samento e à interpretação correta. Esta tecnologia, quando aplicada em tempo hábil, auxilia na tomada de decisão ao manejo de plantas e evita perdas na produção. Tecnologias como a dos drones proporcionarão uma “reforma” à indústria agrícola, através de planejamento e estratégia baseada em coleta e processamento de dados em tempo real. Nathan Oman, da empresa Sky View 3D, acredita que a coleta e a análise de dados multiespectrais, através de drones, ajudam os produtores de todos os tipos a visualizar e prever com precisão os problemas de doenças (resistentes), pragas e nutrientes precocemente, para que possam agir com antecedência. Isso ajuda a proteger as lavouras, permitindo que os produtores produzam produtos de maior qualidade e alto rendimento, e a reduzir o impacto ambiental. Esta tecnologia é o futuro de todas as aplicações agrícolas. A PWC estima o mercado de soluções movidas a drones na agricultura em 32,4 bilhões de dólares. Mas o que são drones? Este termo está se tornando cada vez mais popular de se referir aos
HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA DOS DRONES
Historicamente o nome drone foi batizado a um avião militar controlado por rádio criado na década de 1950, o Queen Bee. Enquanto os drones fazem a maioria das pessoas pensarem em um veículo aéreo não tripulado que pode voar com autonomia sem a necessidade de um humano no controle, este termo pode também ser aplicado a uma grande variedade de veículos terrestres e submarinos. Por exemplo, há navegação com barcos (como a plataforma de pouso do foguete espacial da SpaceX - Falcon 9), submarinos e veículos autônomos (carros e caminhões como o Tesla Semi), que também contam com a definição de drone. Já o termo Vant, que significa um veículo aéreo não tripulado, é relacionado a dispositivos que são capazes de voar remotamente com controladores, tablets, celulares ou de forma autônoma. Portanto, todos os Vants são drones, mas não vice-versa. Em um passado não muito remoto, havia poucas opções de quadcópteros, e as principais limitações de tempo de voo eram as baterias, a velocidade, a escala de trabalho, as montagens de câmeras e o preço. O advento de drones menores e baratos ocorreu devido ao notável avanço tecnológico como diminutos sensores, processadores incrivelmente
poderosos e uma variedade de rádios digitais. Após a introdução de equipamentos com asas fixas como o Disco da Parrot em 2016, o Tron e o Trinity da Quantum Systems em 2017, a indústria ganhou novo fôlego.
CARACTERÍSTICAS DE DRONES E USO NA AGRICULTURA
Cada dispositivo possui características inerentes que podem ser vantajosas ou não para determinadas tarefas e objetivos. Em termos de agilidade e vantagem de pairar sobre o ar, os quad/ octacópteros vencem neste quesito. Se o objetivo é tirar fotos ou manter um olho pairando no ar ou análises mais detalhadas que requerem baixas altitudes e aplicação de caldas com fungicidas, herbicidas ou inseticidas, equipamentos de hélices possuem grande vantagem devido à sua estabilidade. Em termos de operação em velocidade, os drones de asa fixa, em geral, são superiores em performance em relação a aviões de asas rotativas. Drones de asa fixa podem chegar a 75km/h em relação aos 15km/h alcançados pelos drones de hélices ou asas rotati-
vas. Quanto à carga útil e às horas de vôo, os drones de asa fixa são mais eficientes, pelas mesmas razões que não temos helicópteros intercontinentais jumbo. Estes dispositivos geralmente são mais eficientes em termos de uso de bateria para obterem mais velocidade e alcançar longas distâncias. E, por fim, a durabilidade e a forma de decolagem são muito importantes quando pensamos no regime de trabalho o qual estes equipamentos vão ser desafiados em ambientes agrícolas, pois um quadcóptero tem mais partes móveis do que um drone com asas fixas. A robustez comparativa de um dispositivo de asa fixa (ou a facilidade de substituir uma asa de espuma) torna este tipo de equipamento atraente para trabalhos de campo, como pesquisas biológicas ou agrícolas. Portanto, um produtor de 50 hectares e um de cinco mil hectares necessitam avaliar qual tipo de equipamento vai adquirir para atender sua necessidade. Porém, mesmo equipamentos de menor capacidade como os quadcópteros podem atender a um grande produtor, em determinadas circunstâncias. Estes equipamentos po-
Fotos Breno Juliatti
pequenos dispositivos parecidos com helicópteros (quadcópteros) que estão sendo usados por milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, há vários outros termos usados para descrevê-los, o que pode tornar as coisas um pouco mais confusas. É provável que algumas dessas definições mudem em um futuro próximo pelas agências FAA (Administração Federal de Aviação – Norte Americana) e Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Mas, por enquanto, ainda temos várias terminologias que definem diferentes modelos, como veremos na sequência.
Diferenças de resolução entre as imagens geradas por drones (esquerda), satélite (centro) e mapa de fertilidade por coleta de solo (direita)
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NDVI – Clorofila e Biomassa
Red Edge (Sáude) – Nível de infestação
RGB – Luz visível
Fotos Breno Juliatti
NIR (Infravermelho) - Biomassa
Bandas multiespectrais identificam níveis de infecção por nematoide das lesões em milho (Pratylenchus brachyurus)
dem ser utilizados para capturar, pulverizar caldas, irrigar, avaliar e monitorar com precisão o desenvolvimento do ciclo da cultura em tempo real. Literalmente podemos relacionar este processo a um “escaneamento” da plantação, o qual pode gerar diminuição de perdas e incremento de produtividade. Estes equipamentos são capazes de gerar mapas tridimensionais que podem ser sobrepostos a mapas de fertilidade (química e física do solo), permitindo a interpretação de padrões na fertilidade, manchas de solo, incidência de doenças, insetos, nematoides e plantas infestantes nas áreas de produção.
GERAÇÃO DE IMAGENS MULTIESPECTRAIS
Porém, de todas as aplicações dos drones, uma das principais é a geração de imagens multiespectrais associadas à saúde da plantação. É essencial avaliar a saúde das culturas e detectar infecções bacterianas ou fúngicas nas plantas. Ao analisar uma cultura usando luz visível e infravermelha próxima, os dispositivos carregados por drones podem identificar quais plantas refletem diferentes quantidades de luz verde e luz NIR. Essa informação pode produzir imagens multiespectrais que rastreiam mudanças nas plantas e indicam sua saúde. Uma resposta rápida pode salvar um pomar ou plantação. Além disso, assim que uma doença é descoberta, os agricultores podem monitorar e aplicar defensivos agrícolas com mais precisão. Essas duas possibilidades aumentam a capacidade de a planta de su-
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perar a doença. E no caso de quebra de safra, o agricultor será capaz de documentar as perdas de forma mais eficiente para pedidos de seguro. A tecnologia de imagem de sensoriamento remoto de câmera multiespectral é compreendida pelas bandas Verde, Vermelho, Vermelho, Infravermelho próximo (NIR) e Termal para capturar imagens visíveis e invisíveis de culturas e vegetação. As imagens multiespectrais integram-se com softwares agrícolas especializados, que produzem as informações em dados significativos. Estes softwares variam conforme a necessidade de processamento e valor, alguns tendo a base de processamento relacionada à nuvem (internet based), como o Atlas da empresa Micasense e que não necessita de supercomputadores para o processamento. Softwares como Agisoft e Pix4D realizam o processamento através de máquinas poderosas com boa memória e capacidade gráfica. Esses dados de telemetria terrestre, solo e cultura permitem que o produtor monitore, planeje e gerencie a fazenda. Os sensores de drones multiespectrais ofere-
Da esquerda para a direita exemplos de câmeras usadas para capturar imagens multiespectrais: Red Edge – Micasense, Sentera Quad e Buzzard
cem desempenhos diferentes a medida, com o número de câmeras/sensores instalados. Portanto, existe uma diversidade de preço, qualidade e função. Os sensores podem se integrar em uma infinidade de plataformas de drones, permitindo que qualquer produtor acesse de forma rápida e acessível os dados da lavoura. Esses sensores avançados facilitam a integração de dados de índice baseados em satélite a dados de índice baseados em drones. Cada equipamento utiliza filtros que podem gerar informações de NDVI ou NDRE em diferentes ocasiões.
IMPORTÂNCIA DAS IMAGENS MULTIESPECTRAIS NO MANEJO FITOSSANITÁRIO
Um sensor de imagem multiespectral captura dados de imagem em frequências específicas através do espectro eletromagnético. Os comprimentos de onda podem ser separados por filtros ou pelo uso de instrumentos que são sensíveis a determinados comprimentos de onda, incluindo a luz de frequências além da nossa visão visível, como o infravermelho. Imagens espectrais também permitem a extração de informações adicionais que o olho humano não consegue capturar. O olho humano pode visualizar uma variedade de cores que vão do violeta ao vermelho. No entanto, os comprimentos de onda também podem ser mais curtos (ultravioleta) ou mais longos (infravermelhos) do que os da nossa visão visível. As propriedades de refletância da vegetação são usadas para derivar os índices de vegetação (NDVI). Os índices são usados para analisar várias ecologias. Os índices de vegetação são construídos a partir de medidas de refletância em dois ou mais comprimentos de onda para analisar características específicas da vegetação, como a área foliar total e o teor de água. A absorção e reflexão da radiação solar são o resultado de muitas interações com diferentes materiais vegetais, que variam consideravelmente
em comprimento de onda. Água, pigmentos, nutrientes e carbono são, cada um, expressos no espectro óptico refletido de 400nm a 2.500nm, com comportamentos de refletância frequentemente sobrepostos, mas espectralmente distintos. Essas assinaturas espectrais permitem aos cientistas combinar medidas de refletância em diferentes comprimentos de onda para melhorar as características específicas da vegetação e refletir alguns parâmetros relacionados à desfolha que pode gerar uma informação da presença de pragas ou patógenos. A faixa de onda verde cor-
responde à energia refletida na banda espectral de 500nm-600nm e tem a maior refletância de uma planta nesta faixa. O pico de reflexão é de cerca de 550nm. Está provado que esta banda espectral está fortemente correlacionada com a quantidade de clorofila contida na planta. A estrutura interna de plantas saudáveis funciona como excelentes refletores difusos de comprimentos de onda próximos ao infravermelho. Medir e monitorar a refletância do IR próximo é uma maneira de determinar quão saudável (ou não) a vegetação pode ser (presença de nematoides,
Análise de área com ferrugem-asiática da soja vista sob a ótica multiespectral
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índices de vegetação na agricultura. O NIR é sensível à estrutura celular da folha e fornece dados críticos para monitorar mudanças na saúde da cultura. Com relação ao comprimento de onda azul, a vegetação saudável a absorve para abastecer a fotossíntese e criar clorofila. Uma planta com mais clorofila refletirá mais energia no NIR do que uma planta doente. O uso de sensores térmicos também aponta flutuações na temperatura de tecidos foliares, onde tecidos doentes se diferenciam dos saudáveis através de mudanças bruscas de temperatura por diferenças na atividade fotossintética. Sensores termais acabam por desempenhar um papel importante na detecção do período latente de doenças como a ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) e do café (Hemileia vastatrix). Os drones agrícolas e as imagens multiespectrais estão se tornando uma ferramenta como qualquer outro dispositivo de consumo. Podemos relatar que uma tecnologia militar e restrita está se transformando em uma tecnologia amigável à sociedade. E podemos concluir que futuras gerações crescerão acostumados a robôs voadores que voam sobre fazendas como pequenos “espanadores” agrícolas, varrendo .M os problemas um a um. Breno Juliatti, Juliagro Ltda Nathan Oman, Sky View 3D LLC James Peters, Sky Flightrobotics Fernando Cezar Juliatti, UFU-MG
Divulgação
fungos e pragas). Ainda, a maior parte da luz no espectro visível refletida por uma planta sob estresse está na faixa verde. Portanto, a olho nu, uma planta sob estresse é indistinguível de uma planta saudável. Por outro lado, a diferença pode ser vista na refletância da luz no infravermelho, que é bem menor. O vermelho corresponde à energia refletida na faixa espectral de 600nm a 700nm. A forte absorção de clorofila nesta faixa resulta em uma baixa refletância. A refletância varia significativamente em relação a fatores como biomassa, IAF (Índice de Área Foliar), histórico do solo, tipo de cultura, umidade e estresse da planta. Para a maioria das culturas, esta faixa dá um excelente contraste entre as plantas e o solo e é extensivamente usada para compilar a maioria dos índices de vegetação na agricultura. A faixa RedEgde é muito estreita (700nm-730nm) que corresponde ao ponto de entrada do Infravermelho Próximo. É o ponto de mudança repentina na refletância, da forte absorção do Vermelho para a reflexão substancial do Infravermelho Próximo. Essa banda é muito sensível ao estresse das plantas e fornece informações sobre a clorofila. O NIR ou próximo do infravermelho corresponde aos comprimentos de onda na faixa de 700nm a 1,3µm. Existe uma correlação muito forte entre esta refletância e o nível de clorofila na planta. Uma variação altamente significativa da refletância nesta faixa é produzida quando uma planta está sob estresse. Junto com a faixa espectral vermelha, o infravermelho é amplamente usado para compilar a maioria dos
Drones de asa fixa podem chegar a 75km/h e são mais rápidos que os drones de hélices ou asas rotativas, que podem chegar aos 15km/h
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IRRIGAÇÃO
Gotas valiosas Divulgação
A irrigação por gotejamento subsuperficial é uma técnica bastante eficaz que pode ser implantada nas mais diversas culturas, mas exige que os projetos sejam dimensionados de forma correta, prevendo todas as manutenções e intervenções necessárias para o correto funcionamento
O
sistema por gotejamento subsuperficial é definido como um sistema de irrigação que tem o solo como meio de propagação da água, na qual os emissores ficam abaixo da superfície do solo, posicionado dentro da camada onde se encontra o sistema radicular das plantas. No passado, o gotejo subsuperficial era usado em culturas de alto valor (fruteiras e plantas ornamentais). Entretanto, com a evolução da tecnologia de fabricação dos componentes desse sistema, houve um aumento da vida útil e, assim, passou a ser utilizado em culturas de menor valor (commodities).
A longevidade do sistema está atrelada à qualidade do projeto hidráulico, à implantação do sistema e ao gerenciamento adequado. A seguir, abordaremos alguns pontos relevantes para o dimensionamento e a manutenção de um sistema de gotejamento subsuperficial.
VANTAGENS
O conflito por água é um dos fatores que mais preocupam irrigantes em zonas áridas e semiáridas. Diante disso, o gotejamento subsuperficial é uma alternativa viável para aumentar a eficiência do uso da água. Geralmente, a economia de água é na ordem de
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Azud
vidade do equipamento também contribui para a amortização dos custos de investimento. Todas estas vantagens levam a um aumento da produtividade. Esse incremento pode atingir 30% na cultura do tomate industrial, 50% no café e em cana-de-açúcar pode-se atingir até 12 cortes com produtividade acima de 180ton/ha.
DESVANTAGENS
40%, pois a camada de solo da superfície (0cm-15cm) permanece seca, o que reduz consideravelmente a evaporação de água. Além da maior eficiência do uso da água, é possível diminuir os custos com energia elétrica, custo este que nos últimos anos tem se tornado mais oneroso para o produtor. Neste sistema ainda é possível fazer o reaproveitamento de águas residuárias de forma segura para plantas, produtores e consumidores. Entretanto, deve-se avaliar a viabilidade dessa prática para cada cenário produtivo. A aplicação de fertilizantes, inseticidas, fungicidas, nematicidas e herbicidas, usando a água de irrigação como veículo, é uma técnica viável para os sistemas de gotejo subsuperficial, pois aumenta a eficiência tanto do uso como da ação, devido ao produto ser aplicado próximo das raízes. Ademais, diminui a demanda de mão de obra e reduz a compactação do solo pelo menor trânsito de máquinas na área. O gotejo subsuperficial também propicia menor incidência de doenças foliares e plantas daninhas, e como consequência, reduz o número de aplicações e os custos inerentes a essas práticas. Os tubos gotejadores são protegidos por uma camada de solo, que reduz a deterioração pela radiação solar e os danos causados pelos tratos culturais e pela mecanização, resultando em aumento da vida útil do equipamento. Essa maior longe-
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PROJETO
Os critérios de dimensionamento são similares aos do sistema de gotejamento superficial, exceto alguns componentes obrigatórios, que devem ser incorporados no sistema de gotejamento subsuperficial. É importante ressaltar que o projeto deve ser realizado por um pro-
Alberto Henrique Peixoto
Válvula duplo efeito
Em contrapartida, esse sistema apresenta algumas desvantagens, dentre essas o maior investimento em sistemas de filtragem da água para prevenir entupimentos. A qualidade da água pode ser um fator limitante, e, em alguns casos, exigir um tratamento especial para evitar formação de precipitados. Com isso, há um incremento de componentes especiais no sistema de irrigação que eleva os custos de implantação. Na parte de campo, geralmente a camada superficial do solo permanece seca e com isso pode reduzir a taxa de germinação ou pegamento das mudas transplantadas, necessitando de chuvas ou dispositivos móveis para aplicação artificial da água. Outro fator que pode dificultar o estabelecimento das plantas é o acúmulo de sais que pode ocorrer acima dos emissores, dependendo da qua-
lidade da água de irrigação. As taxas de aplicação do emissor podem exceder a capacidade de alguns solos de redistribuir a água. E com isso, a água pode atingir a superfície do solo através de caminhos preferenciais, causando manchas molhadas indesejáveis no campo. Outro problema são os espaçamentos fixos entre linhas de irrigação e entre emissores, pois restringe o número de culturas que podem ser usadas para sucessão ou rotação. Apesar dos inúmeros benefícios, o gotejamento subsuperficial ainda é uma tecnologia pouco utilizada no Brasil, e consequentemente os técnicos e produtores possuem pouca experiência com este sistema. Assim, erros de projeto são mais difíceis e caros de serem resolvidos no campo, pois os emissores estão enterrados no solo, e muitas vezes o problema aparece no final do ciclo produtivo de uma cultura.
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Fita gotejadora instalada a 20 centímetros de profundidade para irrigação da cana-de-açúcar no município de Jales (SP)
Divulgação
fissional capacitado para que seja possível atender a demanda hídrica da cultura ou grupo de culturas usadas em sucessão ou rotação, de acordo com os atributos do solo e as preferências do agricultor.
FILTRAGEM
Os sistemas de irrigação por gotejamento subsuperficial exigem boa filtragem, ou seja, para garantir um bom desempenho do projeto e longevidade do sistema de irrigação, não é recomendado reduzir custos com os sistemas de filtragem e tratamento de água. Problemas com entupimentos podem ser difíceis ou impossíveis de serem remediados nesse sistema. Segundo os fabricantes de tubos gotejadores, se a água de irrigação possuir mais que 2ppm de areia, deve-se instalar um filtro do tipo hidrociclone antes do filtro principal para extrair a areia. Já quando houver sólidos (areia, silte e argila) superiores a 100ppm deve-se obrigatoriamente deixar a água em repouso para decantar as partículas. Após o hidrociclone é importante a instalação de filtros de areia para remoção mais eficiente dos sólidos. E o último elemento filtrante (tela ou discos) deve possuir uma
capacidade de filtragem adequada para cada modelo de emissor, que geralmente varia de 140mesh a 200mesh.
DIMENSIONAMENTO
A escolha da vazão do emissor deve ser com base na demanda hídrica máxima. Geralmente, a maioria das vazões comerciais e dos espaçamentos típicos de emissor e linha de gotejador apresenta taxas de aplicação acima do pico de referência (evapotranspiração da cultura ETc). Os emissores com maiores vazões são recomendados para esse sistema, porque estão menos sujeitos a entupimentos e permitem mais flexibilidade na programação da irrigação. Em contrapartida, quando os emissores com maiores vazões são escolhidos, o comprimento da linha lateral pode precisar ser reduzido para manter uma boa uniformidade. E, ainda, dependendo do tipo de solo, pode apresentar problemas de contrapressão, que geralmente ocorre em solos pesados, que apresentam baixa condutividade hidráulica, e a pressão contrária ao emissor dificulta a saída de água ou caminhos preferenciais no solo, as chamadas “chaminés”, muito comuns em solos arenosos e/ou que
apresentam rachaduras. A velocidade de escoamento do fluido recomendado para dimensionamento das linhas laterais varia de 0,3m/s a 0,6m/s. Para sistemas de gotejamento subsuperficial é viável adotar valores próximos de 0,6m/s, pois com maior velocidade de descarga é possível ter melhor limpeza geral dos materiais. No final das linhas laterais é importante instalar tubulações e válvulas de descarga, para garantir uma limpeza adequada do sistema. Não sendo possível a utilização do sistema automático, dispositivos fins de linha manuais devem ser instalados. Entretanto, esses componentes devem ser dimensionados de forma que não influenciem significativamente o processo normal do sistema. É importante adotar tamanhos iguais para as linhas laterais e, com isso, evitar variação na pressão de funcionamento. Quando se trata de limpeza final das linhas de forma automatizada, recomenda-se inserir a válvula de descarga no centro da linha de limpeza, pois contribui com a redução das perdas de carga e, assim, é possível optar por uma tubulação de diâmetro menor para essa linha. Geralmente, para escolher o diâme-
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Divulgação
Fotos Bruno Otavio Nunes
tro da linha de limpeza, adota-se um valor igual ou maior que 25% da seção transversal acumulada das linhas de gotejadores, com isso a velocidade de fluxo da linha lateral é aproximadamente 0,3m/s, que é aceitável para o projeto. Nos pontos mais altos das linhas de limpeza, devem-se instalar válvulas de duplo efeito para evitar o esmagamento do tubo gotejador e a sucção de solo pelos emissores, sob a condição de depressão e facilitar a expulsão do ar de toda a tubulação enterrada. Ademais, emissores antissucção também são recomendados para evitar sucção de solo. Para fazer uma limpeza adequada do sistema subsuperficial é necessário que o conjunto motobomba seja dimensionado com capacidade suficiente de pressão e vazão para remover os resíduos do setor mais crítico. Com isso, é importante optar por tu-
bulações de gotejadores com boa resistência para suportar a pressão usada na limpeza e utilizar válvulas reguladoras de pressão no início dos setores para garantir a pressão normal de funcionamento.
MANEJO
A melhor forma de manter um sistema de gotejamento subsuperficial com boa eficiência de irrigação por muitos anos é adotar medidas preventivas, ou seja, um projeto dimensionado e implantado adequadamente. Assim como a aquisição de material de qualidade. Existem empresas que atuam no País que são referências no mercado, em relação à irrigação localizada. Apresentam avançadas tecnologias em tubos gotejadores que aumentam a confiança do produtor em adotar sistemas de gotejamento subsuperficial. Dentre as tecnologias de emissores, estão: proteção contra intrusão de raízes, emissores autocompensantes e mecanismo antissifão, que evita a entrada de partículas de solo no gotejador. No entanto, não são todos os produtores que têm condições financeiras de adquirir materiais de elevada qualidade. Por isso, apresentaremos algumas práticas adotadas para avaliar o sistema de irrigação, manejos rotineiros para prevenir a obstrução e ações efetivas de desobstrução.
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA
Detalhe do final de linha em 8 para sistemas de irrigação por gotejamento subsuperficial no município de Alpinópolis-MG
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Geralmente, os fabricantes dos tubos gotejadores garantem uma uniformidade de 90%. Entretanto, uma das principais desvantagens do sistema subsuperficial é a dificuldade para a avaliação da uniformidade de distribuição da água pelos emissores
depois de instalados. Caso seja realizada de forma convencional, coletando a lâmina, torna-se muito trabalhosa, pois haverá necessidade de escavar trincheiras, tornando inviável essa prática em áreas produtivas. Instalar manômetros logo após o conjunto de motobombas, no início dos setores e nas linhas de limpeza para averiguar diariamente a pressão do sistema, é uma estratégia viável para indicar a situação atual do sistema, possibilitando ao operador detectar problemas nas motobombas, vazamentos na sucção e linha principal, assim como possíveis entupimentos (aumento de pressão de serviço) ou vazamentos nos tubos gotejadores (redução da pressão de serviço). Outra forma de detectar emissores entupidos seria pela verificação em campo de plantas com crescimento deficitário, falhas ou por meio de imagens de Vants, devido à alta resolução espacial, que permite visualizar a heterogeneidade do cultivo.
MANEJOS ROTINEIROS
Os manejos rotineiros recomendados para os sistemas de gotejamento subsuperficial são similares ao gotejamento superficial e microaspersão. Os sistemas localizados são ideais para automação, no entanto a presença do operador na área de irrigação é imprescindível para a detecção dos problemas. Diante disso, recomenda-se semanalmente e/ou antes de cada evento de fertirrigação caminhar na área para verificar possíveis vazamentos (molhamento superficial) e, se detectados, usar conexões apropriadas para solucionar o problema. Semanalmente e/ou após a fertirrigação é necessário realizar a limpeza dos tubos gotejadores, procedendo a abertura da válvula de descarga e aplicar água durante dez a 20 minutos ou até a água de descarte apresentar a mesma cor da água de entrada. No entanto, isso pode variar para cada propriedade, dependendo da qualidade da água. Em alguns casos específicos, a limpeza deve ser efetuada após
cada evento de irrigação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A irrigação por gotejamento subsuperficial é um sistema pouco utilizado no Brasil, e o custo de implantação, juntamente com a pouca experiência dos técnicos e produtores, constitui no entrave para o aumento de áreas irrigadas com esse sistema. O sistema tem sido bastante utilizado para as culturas da cana-de-açúcar e na produção de sementes de pas-
(A) Sistema de gotejamento subsuperficial instalado próximo ao sistema radicular do cafeeiro e (B) detalhe da intrusão das raízes no emissor no município de Alpinópolis (MG). Fonte: Bruno Otávio Nunes
A
B
tagem, apresentando significativo crescimento de áreas irrigadas para culturas de grãos. Para isso, bons projetos e o correto manejo são necessários para garantir o aumento de produtividade das culturas e maior longevidade do sistema, aumen.M tando a viabilidade do seu uso. Edcássio Dias Araújo, Gustavo Henrique da Silva, Job Teixeira de Oliveira e Fernando França da Cunha, UFV
Manejo para remediar obstruções
P
ara evitar ou reduzir o crescimento de raízes nos orifícios dos emissores, recomenda-se aplicar via água de irrigação o herbicida trifluralina na dose de 100ml/ha para a cultura da cana-de-açúcar. Para a cultura do café, recomenda aplicar duas vezes ao ano, sendo uma antes do estresse hídrico e outra após o período chuvoso. Para o tomateiro, recomenda aplicar no início do ciclo, durante 20 a 30 minutos. Além disso, alguns emissores já vêm incorporados com trifluralina na fabricação ou pode ser incorporado nos componentes do filtro. O uso de ácido fosfórico (15mg/L) ou cloro também pode ajudar a prevenir a intrusão de raízes ou ajudar a remediar emissores parcialmente obstruídos pela oxidação das raízes. Vale ressaltar que a remediação de entupimento com produtos químicos nem sempre é viável, principalmente quando culturas sensíveis são cultivadas.
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COLHEDORAS
Nilson Konrad
Charles Echer
Custo alto A esteira rodante das colhedoras de cana-de-açúcar pode ser um dos itens com custo de manutenção mais caros da operação. O mau uso da máquina, principalmente nas manobras de cabeceira, influencia diretamente na longevidade deste item
A
cadeia da cana-de-açúcar é umas das mais importantes do setor agroindustrial brasileiro, sendo o Brasil o maior produtor mundial de açúcar e o segundo maior produtor de etanol. As usinas de cana-de-açúcar, buscando melhorar a rentabilidade do setor, têm optado por au-
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mentar gradualmente a adoção da mecanização, principalmente da colheita, que do ponto de vista econômico, destaca-se pelos elevados custos. No desafio atual de reduzir os custos para aumentar a competitividade, o setor busca adotar práticas de gestão que vão além de melhorar os índices de colheita mecanizada (em termos de kg/hora ou toneladas/dia/máquina). Devem ser levados em conta também fatores como: a qualidade da matéria-prima que abastecerá a indústria, o índice de perdas, o treinamento de um contingente relevante de mão de obra e os dispêndios com a manutenção do maquinário, principalmente a manutenção não programada, causada pelo desgaste prematuro e acelerado dos componentes da máquina e que ocasiona paradas inesperadas. Para que haja um crescimento na eficiência e disponibilidade mecânica, todo gestor sabe que deve ser dada atenção especial ao componente responsável pela sustentação e pelo complexo sistema de locomoção de uma colhedora, a esteira rodante. O material rodante é composto basicamente por esteiras, sapatas, roletes superior e inferior, roda guia, roda motriz, pinos, buchas, elos e truck. Os custos de manutenção dessas peças representam em muitas usinas a maior porcentagem dos gastos totais de manutenção.
Ligia Negri Corrêa
Por causa de manobras malfeitas, diversos componentes da esteira podem sofrer desgaste prematuro
Por isso, a especialização dos mecânicos que lidam com esse item é primordial para garantir uma manutenção de alto nível e evitar gastos com reparos. A rotina desses profissionais inclui algumas inspeções e procedimentos de regulagem periódica. O tensionamento da corrente, por exemplo, é a condição mais delicada de ajustagem: se estiver muito esticada levará ao desgaste prematuro das buchas, entre outros componentes, e, caso esteja frouxa, danificará os roletes, podendo causar prejuízos e acidentes no decorrer da operação de colheita. Além disso, todas as colhedoras da usina são constantemente monitoradas, e as informações referentes a ocorrência de danos, reparos, e desgastes de seus componentes enviadas para uma estação de manutenção centralizada. Se ainda assim a esteira rodante continua representando o custo mais elevado das planilhas de manutenção de máquinas e equipamentos da usina, a razão pode estar em uma prática operacional importante, mas que pouco se aborda nos treinamentos: a manobra da colhedora. As manobras de máquinas são con-
sideradas ineficiências operacionais, pois diminuem a capacidade efetiva de colheita (kg/hora ou toneladas/dia), sendo de consenso geral que devem ser executadas o mais breve possível, de modo a diminuir o tempo improdutivo na operação de colheita. Porém, na colheita mecanizada da cana-de-açúcar há uma contraposição, uma vez que o corte e o carregamento são simultâneos, assim como as manobras de cabeceira. Ou seja, as colhedoras operam acompanhadas de um trator que traciona um veículo transbordo de uma ou duas unidades. Quando o conjunto colhedora e trator-transbordo chega no final do aceiro (eito), o transbordo sai para realizar sua manobra inicialmente na cabeceira, e, devido ao raio de giro incompatível com o tamanho do carreador, adentra a bordadura do talhão recém-colhido e retorna à fileira adjacente a ser colhida. Ou então, a fim de evitar o pisoteio da bordadura, realiza sua manobra em um
espaço livre, localizado próximo à área que está sendo colhida. Enquanto isso, a colhedora realiza também sua manobra dentro do espaço do carreador, e geralmente em sentido oposto ao trator-transbordo. Nota-se então que embora sejam feitas de maneira independente, as manobras da colhedora e do transbordo são concomitantes. Recomenda-se que enquanto o transbordo inicia sua manobra, o operador da colhedora desacelere a máquina (baixando a rotação do motor), desligue o despontador e levante a parte anterior da máquina, liberando os discos de corte de base do chão, e que realize a manobra com auxílio das alavancas do manche (nunca em sentido contrário), e em no mínimo três etapas, antes de reposicionar-se na próxima linha de cana, assim são evitados danos e desgastes ao material rodante. Essa informação pode parecer óbvia, porém um teste sobre os tempos
Figura 1 - Gráfico demonstrando os custos de manutenção e as porcentagens de custo de uma usina na safra 2014/2015
Figura 2 - Cartas de controle para análise dos tempos de manobra da colhedora. O primeiro gráfico representa as manobras corretas e o segundo gráfico, as manobras bruscas
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Fotos Charles Echer
De acordo com o estudo realizado por pesquisadores da Unesp, é nas manobras de cabeceira que as esteiras sofrem desgastes maiores
de manobras dos conjuntos mecanizados na colheita realizado em uma usina localizada no estado de São Paulo mostrou que nesta unidade 33,7% das manobras são feitas de maneira brusca (“virando no pé”). E nesta usina, o maior gasto com manutenção corresponde ao material rodante.
TESTE
O experimento foi realizado em uma usina de cana-de-açúcar localizada no estado de São Paulo, e o presente trabalho foi desenvolvido com o apoio do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola – Lamma, da Unesp de Jaboticabal (SP). Foram coletados durante a colheita os tempos de manobras do trator-transbordo e também os tempos de manobra das colhedoras em diversos talhões com características de relevo semelhantes. O conjunto mecanizado analisado consistiu de colhedoras automotrizes com potência de 260kW (358cv), com joystick para controle de direção, e tratores 4x2 TDA, 172kW (235cv) de potência, que tracionavam duas unidades de transbordo com capacidade volumétrica de 33m3 e capaci-
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dade de carga de 14.000kg cada um. Para as manobras da colhedora foram computados separadamente os tempos de manobra, onde o operador as realizava de maneira correta (em três etapas), e os tempos despendidos para a execução das manobras bruscas, onde o operador gira em torno do eixo da máquina por meio do manche (alavancas de controle localizadas no lado esquerdo do assento do operador). A complexidade e o funcionamento de uma colhedora de cana, como também os altos custos da operação, justificam a importância de constantemente estarmos avaliando o desempenho operacional e a qualidade da colheita mecanizada, uma vez que qualidade e custo andam juntos. Assim, para processar os dados de tempos de manobras coletados e fazer uma análise detalhada das variáveis que interferem na interação máquina e operador, foi utilizado um método científico de grande potencial de aplicabilidade, denominado Controle Estatístico de Qualidade (CEQ). As ferramentas do CEQ, principalmente as chamadas cartas de controle (control charts), são amplamente empregadas em processos industriais, e seu uso tem aumentando cada vez mais em processos agrícolas. No que diz respeito aos processos mecanizados, a carta de controle é sem dúvida a ferramenta mais utilizada dos trabalhos de pesquisa, o que se justifica pelo fato de possibilitarem o monitoramento dos dados de campo dentro de períodos de tempo, verificando-se a qualidade e o desempenho de uma operação, pois se o processo é monitorado regularmente, seu comportamento será conhecido, tornando-se mais fácil identificar quando não está estável e os pontos falhos. De acordo com Trindade et al (2007), esses pontos falhos, que podem causar instabilidade em uma operação, são chamados causas especiais de variação, e ocorrem devido a fatores conhecidos como “6Ms” (mão de obra, máquina, matéria-prima, método, medição e meio ambiente).
RESULTADOS
Os pontos na carta de controle (Figura 2) representam os tempos das manobras executadas pela colhedora. A linha central de cor verde representa o valor médio dos pontos coletados, e a linha vermelha tracejada, denominada Linha de Referência, representa o tempo médio que o trator-transbordo despende na execução da manobra de cabeceira. A linha de referência foi in-
serida para que seja feita comparação entre os valores médios de tempos de manobra das colhedoras e os tempos do trator-transbordo. A manobra correta da colhedora (realizada em três etapas) apresentou tempo médio de 38,5 segundos. Já as manobras bruscas, também chamadas de manobras “no pé”, foram executadas em um tempo médio de 26 segundos, sendo que o menor valor de tempo de manobra observado nessa técnica foi de 20 segundos. O tempo médio que o conjunto trator-transbordo dispende para realizar a manobra de cabeceira é de 47,3 segundos, conforme indica a linha de referência da carta de controle. Nota-se que o trator-transbordo leva quase o dobro do tempo para a execução de manobras em comparação ao tempo da colhedora. Isso fica evidente nas cartas de controle pela distância entre a linha de referência e a linha média central na segunda carta de controle. E, mesmo o maior tempo de manobra observado nesta carta, de 31 segundos, ainda é imensamente menor que o tempo de manobra do trator-transbordo. Observando-se a primeira carta de controle, nota-se que, mesmo para as manobras de colhedora realizadas corretamente, ainda assim, o trator-transbordo leva quase dez segundos a mais para finalizar sua manobra e se reposicionar ao lado da colhedora. Destacando-se também que apenas 37% das
manobras de três etapas foram realizadas em tempo maior que o tempo médio, o que pode ser visto pela maior quantidade de pontos localizados abaixo da linha central da primeira carta de controle. Ou seja, a maioria dos operadores de colhedora manobraram em tempos menores do que 38,5 segundos. Ainda, apenas cinco manobras foram executadas em tempo igual e/ou maior que o tempo de manobra do trator-transbordo. E dentre os cinco pontos, dois foram apontados pela carta de controle como causa especial (pontos localizados acima do LSC-limite superior de controle de qualidade), possivelmente devido aos fatores mão de obra e meio ambiente (condições do relevo naquele local específico). Na prática, esses resultados indicam que o tempo de manobra da colhedora pode ser melhor aproveitado, pois está condicionado ao tempo do trator-transbordo. Mesmo manobrando rapidamente, a colhedora terá que aguardar o retorno do trator para continuar a colheita. Além disso, a manobra brusca (“no pé”) ocasiona torção dos trucks e desalinhamento de todo o material rodante, devido ao excesso de esforços de resistência e atrito. Consequentemente, os pinos e as buchas irão espanar, danificando a corrente, pois sofrerão impactos diretos de outros componentes durante a locomoção; esse movimento adicional irá acelerar também
o desgaste das rodas motrizes, rodas-guia e roletes, diminuindo a durabilidade do material rodante e causando gastos com reparos. Os números 1, 2, e 3 nas cartas representam agrupamentos de pontos sequenciados em um mesmo local: acima da média (1), abaixo da média (2) e próximos à média (3). Essas tendências são detectadas por uma ferramenta do CEQ denominada runchart (gráficos sequenciais). Esses pontos podem ser interpretados como manobras executadas por um mesmo operador em seu turno de trabalho, e que seguem um mesmo padrão de técnica de manobra, indicando a forte influência da experiência e da habilidade do operador em um processo operacional, e a importância em realizar treinamentos voltados à interação máquina e operador, bem como melhorar a comunicação entre os operadores durante as manobras de cabeceira. Pois quando se trata do componente que gera os maiores custos com manutenção, vale a pena direcionar até os mínimos esforços para as práticas que levam à obtenção do máximo proveito e da vida .M útil do material rodante. Lígia Negri Corrêa, Adão Felipe dos Santos, Aline Spaggiari Alcântara, Renata Fernandes de Queiroz, Carlos Eduardo Angeli Furlani e Rouverson Pereira da Silva, Unesp/FCAV-Jaboticabal
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TECNOLOGIA Charles Echer
Agricultura 4.0 E
ntre as certezas que estão estabelecidas para a humanidade, podemos elencar a da morte, a de mudanças das coisas e a necessidade de realização de escolhas em diferentes esferas. Desde o princípio da humanidade, com nuances variadas, tem sido assim. Considerando este contexto, a atividade agrícola não está livre desta sina. Muitos de nossos antepassados se empenharam em produzir alimentos e em garantir o sustento da família. Hoje não estão mais entre nós e, claramente, a agricultura que praticavam também mudou. Estima-se que, até o ano de 2060, a população humana aumente em patamares superiores a 30%. Nesse mesmo período, segundo projeções da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o consumo de carne, por exemplo, deverá aumentar em mais de 70% e o de produtos derivados do leite, 60%. Por outro lado, a área de terra arável aumentará apenas
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5% e os produtores agrícolas terão de lidar com os desafios trazidos pelas mudanças climáticas e por regulações ambientais cada vez mais rígidas. Este cenário impõe ao meio agrícola a necessidade de aumento na eficiência nos processos produtivos e na eficiência do uso de insumos na agricultura, ao mesmo tempo em que a produtividade deve ser incrementada. Na avaliação do professor Fábio Marin, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), o ganho de eficiência na agricultura é a única maneira de garantir a segurança alimentar da população humana no futuro e, ao mesmo tempo, proteger os ecossistemas naturais. A implantação e a adoção de inovações e avanços tecnológicos na agricultura têm continuado a crescer desde o início do século 20, quando a atividade passou de arados puxados por cavalos para tratores mecanizados.
Charles Echer
A implantação e a adoção de inovações e avanços tecnológicos na agricultura têm elevado a capacidade produtiva das lavouras e aprimorado as formas de manejo, mas a oferta de produtos e tecnologias é tão grande que o produtor é desafiado a diferenciar entre o que é útil e o que é supérfluo, uma tarefa nem tão simples quanto parece
balanço de custo e benefício e, com isso, promover o potencial de criação de valor nos agronegócios.
NECESSIDADES E DESAFIOS
As tecnologias de informação e comunicação (TIC) já estão presentes na agricultura, e, progressivamente, os softwares se tornarão tão essenciais neste setor como já o são na área financeira, no comércio e em inúmeros segmentos da indústria. Elementos como agricultura de precisão, passando por imagens de satélites, drones, sensores conectados, telemetria de máquinas e sistemas em formato Web, passarão de itens suplemen-
tares para básicos e cotidianos. Neste contexto digital, a conectividade é algo indispensável. A disseminação, o armazenamento e a manipulação da informação ocorrem, principalmente, por meio eletrônico, e o volume de dados levantados cresce exponencialmente no meio agrícola, especialmente considerando a geração de informações proporcionadas pelas diferentes ferramentas da Agricultura de Precisão, tais como monitores de produtividade, sensores de solo e planta, mapeamento por veículos aéreos não tripulados (Vants), imagens de satélite, levantamento automático de dados operacionais de máquinas agrícolas (Telemetria) e informações a respeito
Tabela 1 - Número total de propriedades e propriedades com acesso à internet, em diferentes regiões do Brasil Região Total de Propriedades (no) Propriedades com acesso à internet (%) Norte 580.446 16% Nordeste 2.322.495 22% Sudeste 969.258 37% Sul 853.232 44% Centro-Oeste 346.721 29% Brasil 5.072.152 1.425.323 (28%) Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2017 (Dados preliminares).
John Deere
O advento da biotecnologia vegetal, do uso de insumos químicos e, mais recentemente, de sistemas de navegação por satélites, da agricultura de precisão e da própria agricultura digital transformou a atividade agrícola em um ambiente cada vez mais intenso em relação ao emprego de tecnologias e inovações. As inovações agrícolas são tipicamente aplicadas usando quatro campos de conhecimento diferentes, ou seja, o biológico, o químico, o mecânico e o gerencial (Evenson, 1974). No entanto, uma nova área do conhecimento vem se consolidando dia após dia, que são as tecnologias de informação e comunicação (TIC). No passado, televisão e rádio foram as principais tecnologias de transmissão eletrônicas utilizadas e a internet surgiu como novo canal nas últimas duas décadas. Em um passado recente, os poucos celulares que existiam possuíam recursos limitados, faziam basicamente chamadas telefônicas, armazenavam agendas de contatos e enviavam mensagens de texto. Mais recentemente, as tecnologias de informação e comunicação passaram a incluir aplicativos em computadores e ferramentas de comunicação, tais como redes sociais, repositórios de informação digital (on-line ou off-line) e vídeos e fotografias digitais, bem como telefones celulares do tipo smartphones. Nos setores da indústria e de serviços, a aplicação das ferramentas digitais é uma realidade consolidada e com novidades diárias. Há o entendimento que o setor agrícola ainda está atrás de outros segmentos econômicos na capacidade de recolher, sintetizar e expressar dados como soluções para problemas (Jackson, 2016; Satariano e Bjerga, 2016). Historicamente, geografia, clima e dimensões econômicas têm limitado a capacidade de tomada de decisão dos gestores nos agronegócios. Embora os gestores tenham o desejo de medir o impacto de suas decisões e ações, normalmente o custo de medição excede os benefícios de fazê-lo. Inovações, que fazem parte de uma perspectiva ampla de tecnologias de informação e comunicação, agora oferecem o potencial para alterar fundamentalmente o
A agricultura digital vai muito além de um simples monitor instalado na cabine da máquina. Mas ele tem um elo importante na integração lavoura/máquina/operador
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AGCO
Topcon
Exemplos de telas de monitores de diferentes tecnologias aplicadas à agricultura de precisão
de variáveis meteorológicas, entre outras fontes de informação. O levantamento, a transmissão e a manipulação deste grande volume de informações resultaram no conceito de “Fazenda conectada”. No Brasil, de acordo com os dados do IBGE (2018), no ano de 2016, 116 milhões de pessoas estavam conectadas à internet. Direcionando o olhar para o meio rural, o Censo Agropecuário de 2017 indica a presença de conexão com a internet em 28% das propriedades rurais (Tabela 1). Ao considerar as realidades regionais, nota-se uma marcante disparidade, a qual pode estar relacionada a variações na densidade demográfica, condições de relevo e desenvolvimento econômico entre as diferentes regiões do país. Em relação ao tipo de conexão adotada, verifica-se a predominância da internet móvel, seguida da banda larga e, com menos expressão, a conexão discada (Tabela 2). A categoria pode influenciar na qualidade do sinal e nas velocidades alcançadas, influenciando, desta maneira, a experiência do usuário no uso das ferramentas digitais. Os dados ainda demonstram que o principal meio Tabela 2 - Tipo de conexão adotada em propriedades com acesso à internet, em diferentes regiões do Brasil Região Banda larga Discada por linha Internet móvel Norte 30.875 1.461 63.338 Nordeste 231.303 5.503 313.085 Sudeste 124.582 4.390 278.392 Sul 224.104 6.708 193.525 Centro-Oeste 48.622 1.473 60.799 Brasil 659.486 19.535 909.139 Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2017 (Dados preliminares)
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de acesso à internet para o produtor rural é pelos smartphones, uma condição que sustenta o caminho traçado por muitas AgTechs que têm desenvolvido aplicativos para telefones móveis. As tecnologias de conectividade em desenvolvimento ampliam a perspectiva de superação das lacunas de acesso, principalmente à internet no campo, como, por exemplo, a internet via satélite e por meio de rádios de maior alcance. No caso de aplicação para dispositivos IoT, também estão em desenvolvimento tecnologias do tipo LoRa (Long Range) e LPWAN (Low Power WideArea Network), as quais visam suprir o consumo de banda dos dispositivos e têm o alcance maior. Além dos desafios impostos pela infraestrutura de acesso aos meios digitais para a expansão do uso das ferramentas da agricultura digital, é necessário destacar que o fator humano também necessita de preparação para inserção e avanço da agricultura digital. O uso destas novas tecnologias e ferramentas impõe novos desafios relacionados à necessidade de aperfeiçoamento e especialização da mão de obra que atua no meio rural. Com efeito, em pesquisa realizada em 2011, foi destacado que o principal problema encontrado pelas empresas ofertantes de software para agronegócios é o despreparo organizacional do cliente para receber a tecnologia (Mendes, Oliveira e Santos, 2011). Portanto, o treinamento e a capacitação dos produtores rurais e de demais atores no meio agrícola para a aprendizagem de uso dos recursos tecnológicos e de técnicas de gestão são percebidos como sendo não somente, necessário, mas também imprescindível para a difusão da digitalização dentro da agricultura, um dos pilares para a modernização deste setor.
O processo de transição da agricultura analógica para o modelo digital envolve as expectativas da nova geração de agricultores, que vivenciam experiências de contato com a tecnologia fora da agricultura, sendo alguns “nativos digitais”. Atualmente, um grande desafio é ampliar e expandir meios, processos e capacitação e demonstrar, de forma simples e prática, as vantagens que as ferramentas da agricultura digital poderão trazer para o aumento na eficiência e gestão das propriedades e da atividade agrícola.
BENEFÍCIOS E POTENCIALIDADES
Em resumo, quanto mais dados gerados pela agricultura digital, mais os seguintes fatores mudam: a concepção de produtos, as preferências de clientes, as estratégias de negócios e até mesmo as estruturas organizacionais. As tecnologias digitais também vêm apresentando impactos importantes na ligação do agricultor aos seus mercados, reduzindo os custos de transação, aumentando a eficiência e estimulando a inovação dentro do setor (Deichmann, Goyal & Mishra, 2016). Nesta enxurrada de possibilidades é preciso atenção, pois o foco não deve estar nas inúmeras tecnologias, mas na aplicação destas para auxiliar em decisões de manejo e gerenciais que aumentem a produtividade e a rentabilidade dos negócios. A agricultura digital compreende o uso intensivo de diversas ferramentas ligadas à informática, aplicadas à gestão técnica, organizacional e econômica de propriedades agrícolas, para auxílio do produtor rural quanto à tomada de decisão. Esta nova agricultura vem ao encontro de um grande desafio, considerando que os produtores rurais necessitam constantemente tomar decisões, e a digitalização da atividade agrícola pode fornecer soluções e decisões baseadas em informações levantadas de múltiplas fontes, e não apenas fornecer “dados”. Nesta caminhada rumo à revolução digital entre o que está disponível hoje e a visão de futuro de uma lavoura ou fazenda conectada com decisões totalmente
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Conceitos e elementos da agricultura digital
conectividade e a imersão tecnológica propiciadas pelos smartphones no meio urbano estão cada vez mais ganhando espaço de aplicação no meio rural. A tendência no setor agrícola é o foco na tríade: tecnologias, capacidade de gestão dos dados relacionados à produção e sustentabilidade de forma plena, em um contexto de prover de alimentos à população crescente. A agricultura digital se refere ao uso da internet, de softwares e da conjunção da Agricultura de Precisão (AP), “Internet das Coisas” (IoT – Internet of Things) e Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Associado a esses três segmentos, emerge uma abordagem relacionada com novas ferramentas capazes de capturar, processar, analisar e sintetizar um grande volume de dados com diferentes características, o “Big Data”, sendo que a disponibilidade crescente de tecnologias digitais é a base para esta nova fase da agricultura. O que distingue a Agricultura Digital ou a Agricultura 4.0 (alusão ao termo Indústria 4.0, que trata do emprego de conceitos semelhantes no meio industrial) de outros momentos da evolução tecnológica são os fornecedores de soluções que estão se direcionando para o ramo agrícola. As denominadas startups, um tipo de empresa, geralmente, de base tecnológica e que tem como ob-
jetivo desenvolver um modelo de negócio escalável, repetível, focado em um produto, serviço, processo ou plataforma para a resolução de desafios. As startups voltadas aos agronegócios são designadas de AgTechs e utilizam tecnologias para desenvolvimento de soluções, como aplicativos e sistemas para organização das operações agrícolas e gestão do negócio, englobando monitoramento de safras, rastreamento de animais e suporte à tomada de decisão, apenas para citar alguns exemplos. De fato, startups ligados ao agronegócio já se constituem no segundo maior mercado do setor, perdendo apenas para o setor financeiro. Levantamentos recentes realizados no ano de 2018 indicam a existência de mais de 500 destas empresas no Brasil, com crescimento de quase 70% ao ano, o que destaca a importância da geração de novas tecnologias e sua aplicabilidade no setor produtivo primário. Todos estes termos ainda podem soar distantes do meio agrícola, mas isto é apenas um indicativo de que o movimento digital está apenas no começo e muitas oportunidades de desenvolvimento e aplicação estão em aberto. Como toda novidade, também há os desafios a serem superados para uma plena adoção das soluções digitais no agronegócio.
e quem separará uma da outra será o produtor, avaliando os resultados das próximas safras. De fato, a tecnologia não substitui o conhecimento agronômico, mas é mais uma ferramenta que pode ajudar o produtor a trabalhar com o máximo de precisão e assertividade em sua atividade. Os maiores desafios, além da organização e a manipulação do grande volume de dados propiciados pelas ferramentas da agricultura digital, são a integração das informações e o delineamento de práticas de manejo agrícola e de gestão da propriedade rural. O avanço da agricultura digital pode, considerando a potencialidade de suas ferramentas, representar a mais transformadora e disruptiva fase da agricultura dos últimos dez mil anos, desde que o homem mudou sua condição de nômade e coletor/caçador para produtor de alimentos e criador de animais. Um fato premente é que o produtor rural de hoje, em médio e longo prazo, somente continuará com esta condição se continuar mudando. Desta forma, a constância depende da mudança. A agricultura digital tem potencial não apenas para mudar a forma como os agentes realizam suas atividades, mas também tem possibilidades de fundamentalmente transformar a cadeia de valor do agrone.M gócio como um todo. Carlos Alberto Oliveira, (Escoop), (Seapi/RS) Christian Bredemeier, André Luis Vian e Antonio Domingos Padula, UFRGS
apoiadas na tecnologia, o produtor precisa medir seus passos. Não é recomendado ficar para trás na adoção das novas tecnologias que chegam para auxiliá-lo. Entretanto, deve avaliar criteriosamente o que cada tecnologia disponível já consegue entregar de resultado frente ao seu custo. Por isso, é importante lembrar que não existem soluções “milagrosas” e os resultados de uma boa gestão nem sempre se observam em apenas uma safra agrícola. Algumas tecnologias chegaram para ficar, outras precisarão ainda amadurecer,
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Colven
Tela de um sistema de telemetria, que permite a partir do escritório, monitorar e interagir com a máquina em qualquer local do planeta, desde que haja sinal de internet
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