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Cultivar
Cultivar Máquinas • Edição Nº 193 • Ano XVII - Março 2019 • ISSN - 1676-0158
Índice
Destaques
04 Rodando por aí 08 Semeadoras
Interferência dos tipos de rodas compactadoras em semeadura
14 Colhedoras
Diferentes mecanismos de trilha e qualidade de sementes
18 Mecanização
Avaliação de máquinas transplantadoras em café
21 Empresas
New Holland inaugura Centro de Treinamento no Paraguai
22 Nossa capa
Ficha Técnica - Séries A4s e A4 da Valtra
28 Lançamentos
Conheça os destaques das feiras Expodireto e Show Rural
35 Empresas
Case IH comemora 75 anos do início da colheita mecanizada
22
36 Vants
Uso de Vants para suprir algumas necessidades de propriedades
Nossa capa
39 Colhedoras 44 Irrigação
Valtra
Confira a Ficha Técnica da Valtra com as Séries A4s e A4
Perdas na colheita mecanizada de cana-de-açúcar
Dimensionamento correto dos sistemas de irrigação
48 Tecnologia
Avaliação dos benefícios da telemetria na pulverização
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter
• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi
Assinatura anual (11 edições*): R$ 269,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00
• Coordenador Comercial Charles Echer
• Revisão Aline Partzsch de Almeida
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• Design Gráfico Cristiano Ceia
• Coordenação Circulação Simone Lopes
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
RODANDO POR AÍ 20 anos
Oportunidade
A expectativa de boa produtividade no Rio Grande do Sul nesta safra se refletiu no comportamento do produtor na Expodireto Cotrijal. A John Deere, que participou de mais uma edição da feira, viu o atual cenário como uma oportunidade para apresentar seus lançamentos de 2019. Eduardo Martini, gerente de Vendas da John Deere, destacou os lançamentos dos tratores da linha 5E e dos pulverizadores da série M4000. “O trator utilitário 5E recebe tecnologias similares aos nossos tratores de maior potência. Já os pulverizadores M4000, com o sistema de aplicação inteligente Exact Apply, proporcionam compensação de curvas e variação de taxa de aplicação bico a bico”, ressaltou Martini.
Uma das maiores instituições financeiras de montadoras do Brasil, o Banco CNH Industrial, participou da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). Para Marianna Fernandes, gerente de Marketing e Comunicação do Banco CNH Industrial, a Expodireto Cotrijal 2019 fechou com um crescimento de 50% nas intenções de negócio, em relação aos resultados de 2018. “Somos um dos maiores repassadores de linhas de crédito do BNDES. Em 2019, estamos completando 20 anos de história no Brasil: somos o banco de quem produz, constrói e transporta”, enfatizou Fernandes.
Multifuncional
A Stara levou para a Expodireto Cotrijal 2019 o pulverizador Imperador 3.0, que faz, também, a distribuição de produtos sólidos com discos horizontais e a semeadura de sementes finas através de um sistema pneumático. O autopropelido atende médios e grandes agricultores, e foi o grande destaque da marca na feira. “A máquina foi lançada há três anos no Brasil, com 30m de barra. E hoje estamos, na Expodireto, lançando o Sistema de Ponte Verde, que distribui sementes de maneira pneumática, desenvolvido para distribuição de sementes finas. A tecnologia visa à ampliação na cobertura verde nos solos, promovendo aumento de matéria orgânica na lavoura”, disse o diretor comercial, Márcio Elias Fülber.
Estabilidade
Como primeiro lançamento do ano, a Massey Ferguson destacou o pulverizador MF 9330, durante a Expodireto Cotrijal. Segundo supervisor de Marketing do Produto Pulverizadores, Fernando Petroli, a novidade combina robustez e versatilidade para atender os desafios do campo. “A solução diferenciada na estabilidade de barra apresenta um conceito superior e garante uma excelente qualidade na distribuição de gotas”, afirmou Machado. Com motor AGCO Power de 200cv, o modelo é uma evolução do MF 9130 Plus e entrega performance nos mais diferentes tipos de terrenos e topografias.
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Tratores
Oriza
Lançamento feito na Expodireto Cotrijal, a Kuhn apresentou a Semeadora Oriza, desenvolvida especialmente para o plantio de arroz. Segundo o gerente de Produtos de Plantio da Kuhn, Felipe Zolet, a máquina tem tecnologia que melhora a performance na passagem das taipas e no dia a dia do manejo. “A Oriza é uma máquina que consegue garantir performance através de um conjunto de limpadores, que mantém o aro limitador e os discos sempre limpos. O que garante uma profundidade de plantio uniforme e homogênea, com isso o produtor ganha em produtividade e rentabilidade da lavoura”, explicou Zolet.
O portfólio de tratores da New Holland cresceu durante a 20ª edição da Expodireto Cotrijal. A marca apresentou aos produtores gaúchos cinco novas famílias de tratores: T3, T4, TT, TTF e TL5. Segundo o gerente de Marketing de Produto da New Holland, Saulo Silva, todos eles foram projetados para atender à demanda de produtores rurais cada vez mais exigentes e que necessitam de tratores com maior nível de tecnologia. Destaque na feira, o trator T3.75F foi projetado com foco nos produtores de fruticultura e cafeicultura. “O trator apresenta um motor de 72cv, potente e econômico, características necessárias nessa aplicação. Também traz transmissão de 20x20, em um perfeito escalonamento que vai de 110m/h, a 30km/h de velocidade máxima”, afirmou Silva.
Completo
A grande novidade da LS Tractor, em mais uma participação na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), foi a Série H de tratores, lançamento com tecnologia de transmissão Power Shuttle, que proporciona robustez e rendimento ao produtor. “A LS Tractor chegou no mercado para fazer diferença em tecnologia. Por isso, a série H possui, por exemplo, além do sistema Power Shuttle, o Cruise Control, controle de velocidade para manter o trator trabalhando sempre na mesma rotação e na mesma velocidade de deslocamento”, disse o gerente de Marketing da LS Tractor, Astor Kilpp.
Fruticultura
A participação da Mahindra na Expodireto 2019 ganhou reforço internacional, com a presença do norte-americano Cleo Frankilin, vice-presidente de Marketing, Dealer Development and Strategy da Mahindra para América Latina. O executivo analisou o mercado e o comportamento do produtor rural local. Para Cleo, estar presente nas grandes feiras brasileiras é fundamental para entender e traduzir as necessidades do homem do campo. “Consigo observar e sentir o que o produtor precisa. Como age e como devemos conduzir a marca do Brasil”, concluiu. Segundo a marca, em relação ao ano passado, as vendas superaram as expectativas em 9%.
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Tecnologia
A Raven, presente na edição 2019 da Expodireto Cotrijal, destacou suas soluções em tecnologia de aplicação voltadas às necessidades específicas de pulverização e plantio do produtor do Norte gaúcho. Dentre os destaques, o Monitor de Campo CR 7, tecnologia que possui layout acessível e facilidade de manuseio por parte do agricultor. Segundo o especialista de Vendas da Raven, Leandro Chagas, o Monitor consegue fazer desde uma barra de luz até corte de seção, corte bico a bico e corte linha a linha para plantadeiras. “O CR 7 é uma solução completa, fácil de manusear, e com preço acessível, por ser nosso produto de entrada”, explicou Chagas.
Integração
A tecnologia EletroVortex, presente no pulverizador Uniport 3030, atraiu muitos visitantes ao estande da Jacto na Expodireto Cotrijal 2019. A máquina conta com barra de 32m, controle bico a bico e reservatório de três mil litros. A cortina de assistência de ar, integrada à tecnologia de carregamento eletrostático das gotas, foi uma das principais novidades. Segundo o gerente de Negócios da Jacto, Rodrigo Madeira, essa integração caracteriza a tecnologia EletroVortex e confere outro nível de pulverização à máquina. “A gota - ao passar por dentro do eletrodo, no bocal da máquina - pega carga negativa e tende a se grudar na planta, que possui carga neutra e está aterrada ao solo”, explicou Madeira.
Quantum
Voltado à fruticultura, o trator Quantum 75N recebeu destaque no estande da Case IH, marca da CNH Industrial, na Expodireto Cotrijal 2019. O trator estreito de 78cv é ideal para trabalhar em vitivinicultura, cafeicultura, pomares e hortaliças. A capacidade de armazenamento do tanque de combustível é de 77L. “Comparado aos tradicionais 50L, esses 27L a mais proporcionam, ao operador, longos períodos de trabalho antes de precisar abastecer, trazendo mais produtividade no final do dia”, afirmou o especialista de Maketing Tático da Case IH, Victor Cavassini. Outro destaque, a transmissão 28x16, com super-redutor, proporciona mais versatilidade ao operador.
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Compacto
O pré-lançamento da linha de tratores 3300 foi mais uma das novidades da Massey Ferguson, na Expodireto Cotrijal 2019. Dotados com motor eletrônico, prontos para atender às normas de emissão, os novos modelos contam com dimensões reduzidas, ideais para atender às operações em fruticultura. “Com 2.100kg de capacidade de levante, transmissão 8x2 deslizante e 12x4 sincronizado, a nova linha conta com super-redutor de velocidade, que proporciona velocidade mínima de 520m/h, para atender atividades que demandam alto torque e baixas velocidades”, ressaltou o marketing de Tratores da AGCO, Eder Pinheiro.
SEMEADORAS
Carga exata
A utilização de rodas compactadoras no sistema de semeadura direta tem interferido positivamente sobre as características da linha de semeadura e suas regulagens proporcionam diferentes perfis de elevação, o que resulta em melhor emergência das plântulas
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o sistema de semeadura direta a semeadora-adubadora é responsável por abrir o sulco, dosar e depositar os fertilizantes e as sementes e, posteriormente, fechar e compactar o sulco. Para realizar essa operação, a velo-
cidade recomendada é de até 5km/h, uma vez que velocidades superiores resultam em maiores números de falhas na deposição de sementes (Jasper et al, 2011; Bottega et al, 2014; Macedo et al, 2016), quando utilizados dosadores mecânicos de precisão. Além da velocidade, fatores como tipo de dosador (Dias et al, 2014) e tubo condutor (Carpes et al, 2017) interferem na deposição das sementes. As rodas compactadoras são responsáveis pelo fechamento do sulco, pressionando o solo sobre as sementes. Entre os modelos disponíveis, o mais utilizado é o sistema de rodas em “V” (Figura 1), com algumas opções de regulagens de ângulo de abertura das rodas e da pressão exercida sobre o solo. Na compactação realizada pela semeadora o solo é pressionado lateralmente às sementes, deixando a camada no centro da linha menos densa, reduzindo o esforço necessário para a emergência do epicótilo. Atualmente, grande parte das semeadoras é equipada com mecanismos de fechamento de sulco do tipo “V”, com regulagens de ângulo de abertura e pressão de adensamento na maioria das rodas compactadoras. Estudos realizados por Prado et al, (2002), avaliando diferentes níveis de compactação do leito de semeadura na cultura do milho, indicaram que a medida que aumenta-se a compressão do solo, ocorre um maior índice de velocidade de emergência e vigor de plântula, aplicando-se uma força de até 15kgf na roda Fotos Dailson Dugato
Charles Echer
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de compactação. A compactação do solo no leito de semeadura apresenta efeitos benéficos, atribuídos à melhoria do contato entre a semente e o solo, favorecendo a transmissão de água e nutrientes. Dessa forma, o trabalho teve como objetivo avaliar a velocidade de emergência, o índice de velocidade de emergência e a população de plantas de milho, em função das configurações de pressão e ângulo de abertura das rodas de adensamento. Também foram avaliadas as características do leito de semeadura, como a área de solo mobilizado, a área de elevação do solo, a altura de elevação no centro da linha e o empolamento. O estudo foi realizado na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus de Cerro Largo (RS), localizada entre as coordenadas 28°8’29” latitude Sul e 54°45’35” longitude Oeste. O solo é classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico Típico de textura argilosa (Streck et al, 2008). Os tratamentos foram o resultado das combinações de duas regulagens do ângulo de abertura e da pressão exercida pelas rodas do mecanismo de adensamento do solo na linha de semeadura, conforme a Tabela 1. O ângulo de abertura entre as rodas foi avaliado de forma paralela ao solo na altura do eixo, de acordo com a Figura 2A. A regulagem da pressão foi realizada através de uma alavanca submetida à ação de uma mola de tração (Figura 2B). Para a realização do ensaio, utilizou-se um delineamento em blocos casualizados (DBC) com cinco tratamentos e quatro repetições (quatro blocos), totalizando 20 parcelas. Cada parcela foi constituída por cinco linhas de semeadura com 7m de comprimento e espaçamento de 0,5m entre as linhas. Na semeadura do milho foi utilizado um trator agrícola da marca New Holland, modelo TL 75 com TDA e 57kW de potência, acoplado a uma semeadora-adubadora de precisão da marca KF Compacta. O conjunto trator semeadora adubadora deslocou-se a uma veloci-
Figura 1 - A) Roda compactadora do solo em “V”; B) Roda compactadora pressionando o solo lateralmente à semente
Figura 2 - Regulagens de ângulo de abertura utilizadas no experimento (A). Vista em corte da roda compactadora (B)
dade de 5km/h, distribuindo 3,3 sementes por metro linear, objetivando uma população de 65 mil plantas por hectare do híbrido superprecoce Dekalb 240. A adubação foi realizada com fertilizante formulado (NPK) na linha de semeadura e aplicação de ureia em cobertura, de acordo com a indicação da Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solos (Rolas, 2004) mediante análise química do solo. Para a caracterização do solo, avaliaram-se a densidade e a umidade de acordo com a metodologia proposta pela Embrapa (2011). Foram coletadas oito amostras indeformadas, distribuídas na área experimental, nas camadas de 0m a 0,10m e 0,10m a 0,20m do perfil. Foram realizadas avaliações relacionadas à emergência das plântulas (velocidade de emergência, índice de velocidade de emergência e população final de plantas)
e ao sulco de semeadura (área de elevação do solo, área de solo mobilizado, altura de elevação central e empolamento). A avaliação do índice de velocidade de emergência foi realizada através da metodologia descrita por Maguire (1962), utilizando a Eq. 1: G1 G2 Gn I.V.E. = N1 + N2 + . . . Nn
( )( )
( )
(1) Sendo: I.V.E. - índice de velocidade de emergência; G - número de plântulas normais computadas nas contagens; e, N - número de dias após semeadura a cada contagem. A avaliação da velocidade de emergência seguiu a metodologia de Edmond & Drapala (1958), conforme a Eq. 2.
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((N1xG1)+(N2xG2)+...+(NnxGn) ) (G1+G2+...+Gn)
V.E. = Tabela 1 - Combinações de regulagens de ângulo e pressão das rodas compactadoras de solo Tratamentos utilizados Tratamento T1 T2 T3 T4 T5
Ângulo de Carga abertura estática 1 (0°) 1 (176 N) 1 (0°) 2 (372 N) 2 (15°) 1 (176 N) 2 (15°) 2 (372 N) Testemunha(1)
O mecanismo foi retirado da semeadora para não interferir sobre o sulco de semeadura.
Tabela 2 - Dados de umidade e densidade do solo Profundidade Umidade Densidade (m) (kg.kg) (mg.m-3) 0 a 0,10 0,25 b 1,41 a 0,10 a 0,20 0,28 a 1,40 a CV (%) 4,63 3,46 Resultados seguidos pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade.
(2) Sendo: V.E. - velocidade de emergência; G - número de plântulas normais computadas nas contagens; e, N - número de dias após semeadura a cada contagem. A contagem das plântulas foi realizada diariamente a partir das primeiras plântulas emergidas aos nove dias após a semeadura, até estabilizar aos 30 dias após a semeadura. Foram consideradas apenas as plântulas normais (Brasil, 2009). Para a avaliação do leito de semeadura, utilizou-se um perfilômetro com precisão de 0,005m, constituído de uma estrutura metálica de 1,2m de altura e 1m de largura. A leitura dos dados no equipamento foi realizada através de fotografias digitais, obtidas com uma câmera de 5Mp fixada em um tripé, posicionado a uma
Tabela 3 - Velocidade de emergência (VE), índice de velocidade de emergência (IVE) e população de plantas por hectare em função dos tratamentos Tratamento T1 T2 T3 T4 T 5 (testemunha) CV (%)
VE 17,08 a 16,78 a 17,36 a 17,73 a 17,42 a CV% = 3,28
IVE 35,65 a 36,58 a 33,25 a 30,37 a 32,01 a CV% = 12,37
Plantas ha-1 63.857 a 62.285 a 62.857 a 62.857 a 61.714 a CV% = 1,60
Resultados seguidos pela mesma letra não diferenciam entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade
Tabela 4 - Resultados relacionados ao perfil da linha de semeadura em função dos tratamentos Tratamentos T1 T2 T3 T4 T5 CV
Área de Altura de elevação no Área de solo Empolamento Elevação (m²) centro da linha (m) Mobilizado (m²) (%) 0,0058 b 0,0211 a 0,0083 a 70% b 0,0029 c 0,020 b 0,0066 a 46% c 0,0061 b 0,0311 a 0,0084 a 76% b 0,0059 b 0,0241 a 0,0074 a 81% b 0,0100 a -0,0137 b 0,0079 a 128% a 14,46% 12,21 12,40% 21,59%
Resultados seguidos pela mesma letra não diferenciam entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade
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distância de 1,5m à frente do equipamento. Após, as fotografias foram transferidas para um software de desenho assistido por computador para digitalização dos dados. Para determinar a variação do perfil superficial do solo, o equipamento foi instalado sempre na mesma cota e local, repetindo três vezes as avaliações em cada parcela. A primeira mensuração corresponde à superfície natural, antes da passagem da máquina. Após o ensaio, foi obtido o perfil de elevação sobre a linha de semeadura e o perfil de fundo do sulco, retirando-se cuidadosamente o solo que foi mobilizado pela haste. A área de elevação do solo, acima da superfície natural, indica a quantidade de solo exposto na operação de semeadura. A área de solo mobilizado é resultante da diferença entre a superfície natural do solo e o perfil de fundo do sulco, removendo-se o solo mobilizado sobre ele. O empolamento do solo foi determinado pela razão entre a área total de elevação e a área mobilizada (Eq. 3), seguin-
do a metodologia proposta por Gamero & Benez (1990). Ae x 100 Am
(3) Sendo: Emp - empolamento (%); Ae - área de elevação (m²); e, Am - área mobilizada (m²). Para obtenção de um parâmetro que indique possíveis alterações da profundidade de deposição da semente, foi avaliada a altura de elevação central da linha, que corresponde à diferença da cota entre a superfície natural do terreno e a superfície de elevação no centro da linha. Para determinar o perfil de elevação média de cada tratamento, utilizou-se o software de desenho assistido por computador, e após a digitalização das linhas que representam os perfis de elevação e superfície natural foi criada uma sequência de linhas verticais, com uma distância de 0,01m entre si. Estas linhas foram aparadas nas extremidades, restando apenas
Perfil de elevação Sup. Natural Perfil de fundo do sulco Cota de elevação
os segmentos de reta entre o perfil natural e de elevação (Figura 3). O comprimento de cada linha vertical indica a altura de elevação do solo em relação à superfície natural (cota de elevação). Através de um software editor de planilhas foi possível obter o comprimento médio de cada linha entre as quatro repetições, resultando em um gráfico que representa a elevação média de cada tratamento. Fotos Dailson Dugato
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Emp =
Figura 3 - Demonstração dos perfis avaliados
O solo, no momento da semeadura, apresentou maior umidade na camada superficial e não apresentou diferenças em relação à densidade, conforme a Tabela 2. A velocidade de emergência, o índice de velocidade de emergência e a população de plantas não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos, conforme Tabela 3. Os resultados indicam que as configurações de regulagem do mecanismo não apresentaram influência sobre a emergência do milho. Até mesmo a utilização do componente não é significativa nas condições avaliadas, pois a testemunha (sem atuação do mecanismo) não diferiu dos demais tratamentos. Isto pode ser justificado pela precipitação adequada durante o período de emergência. De acordo com os dados do Inmet (2015), a precipitação no mês de setembro foi de 115mm, sendo que a primeira chuva ocorreu logo no segundo dia após a semeadura. As rodas compactadoras não apresentaram nesta pesquisa efeito sobre a velocidade de emergência, o índice de velocidade de emergência e a população de plantas por hectare. No entanto, outros autores constataram um incremento no índice de velocidade de emergência do milho, com o aumento da compactação do solo sobre a semente, principalmente em semeaduras em menor profundidade e com menor umidade. As mensurações dos parâmetros relacionados aos perfis produzidos em cada tratamento estão organizadas na Tabela 4.
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Fotos Dailson Dugato
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A) Varetas copiando a superfície do terreno. B) Visão geral de equipamento
Emergência das plântulas de milho. Tratamento T3 (A), Testemunha T5 (B)
A área de elevação do solo foi maior na testemunha, os tratamentos T1, T3 e T4 não diferiram entre si, enquanto o tratamento T2 apresentou o menor resultado. Dessa forma, é possível afirmar que o mecanismo contribui para reduzir o volume do solo depositado acima da superfície natural. Ao observar o perfil de elevação média do tratamento T2 na Figura 4, pode-se concluir que isso ocorre pela maior pressão do mecanismo sobre a linha, ocasionando, inclusive, depressões laterais paralelas à linha central do sulco, nos locais onde passaram as rodas compactadoras. A altura de elevação no centro da linha foi menor em T2 e T5. Em T2, o resultado pode ser relacionado com a maior pressão das rodas sobre o solo. Portanto, percebe-se que o alinhamento paralelo das rodas provoca uma elevação central menor, diferindo do T4, que com a mesma pressão, porém com ângulo de 15°, provocou maior acúmulo de solo no centro da linha.
Na testemunha (T5), o valor médio de elevação central foi negativo, o que significa que o sulco de semeadura permaneceu aberto após a passagem do disco duplo, com a cota de elevação central abaixo da superfície natural do solo, como é possível visualizar no perfil de elevação média do T5 e através do comparativo entre o tratamento (T3) e a testemunha (T5). A área de solo mobilizado não diferiu entre os tratamentos, resultado que já era esperado, pois este parâmetro é um efeito da ação do sulcador, que revolve o solo antes da passagem das rodas de adensamento, não sofrendo interferência do mecanismo avaliado. A taxa de empolamento do solo foi maior na testemunha, devido à formação de bolsões de ar entre os agregados, resultado que enfatiza a importância da utilização do mecanismo. Os tratamentos T1, T3 e T4 não diferiram, enquanto T2 apresentou o menor resultado, devido à maior carga exercida sobre a linha
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e ao paralelismo entre as rodas. O menor empolamento em T2 é compatível com o resultado da área de elevação do solo, que foi menor neste tratamento, resultado que evidencia o maior adensamento do solo ocorrido nesta configuração do mecanismo. Contudo, os resultados indicam que o mecanismo interfere sobre as características da linha de semeadura, e as regulagens testadas proporcionam diferentes perfis de elevação. Mesmo não apresentando interferência direta sobre a emergência do milho, deve-se destacar que os resultados são intrínsecos à condição de solo e umidade ocorrida no experimento. A carência de contato entre o solo e a semente pode prejudicar a emergência, principalmente em situações de baixa umidade. Portanto, a utilização das rodas compactadoras é indicada, pois na testemunha (T5), o sulco permaneceu aberto. O ângulo de abertura de 15° entre as rodas auxilia no fechamento do sulco; no entanto, deve-se atentar para o acúmulo de solo sobre a linha, o que pode ocasionar maior resistência à emergência das plântulas. Dessa forma, o ângulo de abertura pode dispensar a utilização das rodas de varredura e mecanismos cobridores que, em alguns modelos de semeadoras-adubadoras, apresentam grande importância para aprofundamento da semente no solo. A roda compactadora avaliada apresenta interferência benéfica sobre o perfil transversal da linha de semeadura, promovendo o fechamento do sulco, além disso a utilização de um ângulo de abertura de 15° resulta no acúmulo de solo no centro da linha, alterando a profundidade de semeadura. A utilização de uma carga de 372 N e o alinhamento paralelo entre as rodas resultam em menores valores de área de elevação, altura no centro da linha .M e empolamento.
Figura 4 - Perfil de elevação média dos tratamentos
Dailson Dugato, Indústria de Máq. e Impl. Agrícolas KF Ltda Marcos A. Z. Palma, Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS
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COLHEDORAS
Colheita ideal NEW HOLLAND
O conhecimento dos efeitos do mecanismo de trilha sobre a qualidade das sementes é fundamental para a recomendação de regulagens mais adequadas, possibilitando maior qualidade física e mais rentabilidade na colheita
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regulagem das colhedoras é fator determinante para a qualidade física das sementes colhidas, pois pode causar grandes perdas na colheita, reduzindo a proporção de sementes puras. Por sua vez, a utilização de sementes de elevada qualidade é fundamental para o sucesso agrícola, por ser o insumo primário dos sistemas produtivos e propiciar a maximização da ação dos demais insumos e fatores de produção. A qualidade das sementes é dada por atributos genéticos, sanitários,
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fisiológicos e físicos que determinam seu valor para semeadura e desempenho a campo (Marcos-Filho, 2015). A colheita é uma importante etapa na produção da soja, que se realizada de forma inadequada pode causar grandes prejuízos na qualidade das sementes. Na colheita mecanizada, os mecanismos de trilha transmitem impactos agressivos e simultâneos de compressão e atrito, que podem causar danos como rachaduras e trincas, além de danos internos, que não podem ser observados a olho nu (Costa et
Tabela 1 - Valores médios das variáveis de qualidade física: porcentagem de sementes inteiras (%S), de quebradas (%Q) e de impurezas (%I), em função de regulagens de abertura do côncavo e velocidade do cilindro da colhedora na colheita de sementes de soja
Amostra com impurezas, sementes puras e quebradas de soja, coletada durante o experimento
al, 2003) e (Luz et al, 2008). A umidade das sementes, a velocidade da colhedora e a regulagem dos mecanismos de trilha, especialmente da abertura do côncavo e velocidade de rotação do cilindro, estão entre os principais fatores que afetam a qualidade física das sementes (Ukatu, 2006). Em condições inadequadas de regulagem os danos mecânicos, como amassamento e quebra, aumentam, sendo que o último pode variar de 1,7% a 14,5% (Mesquita et al, 2002). Assim, o conhecimento dos efeitos do mecanismo de trilha sobre a qualidade das sementes é fundamental para a recomendação de regulagens mais adequadas. Para identificar as melhores condições de regulagem de uma colhedora realizou-se um experimento, onde foram avaliadas a abertura do côncavo e a velocidade de rotação do cilindro de uma colhedora
Abertura do Variável Velocidade do Variável Côncavo (mm) %S %Q %I cilindro (rpm) %S %Q %I 10 96,235 1,668 2,095 200 95,471b 2,196a 2,332a 20 95,892 1,534 2,573 300 97,489a 1,247b 1,262b 30 96,741 1,528 1,729 400 95,908b 1,287b 2,804a Médias seguidas por uma mesma letra na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
mecanizada sobre a qualidade física de sementes de soja. As sementes foram obtidas no momento da colheita da soja, em área de Cerrado do Sudoeste do estado do Piauí, na Fazenda Jacuí, localizada na Serra do Quilombo, município de Monte Alegre do Piauí, e o estudo da qualidade física das sementes foi realizado na Universidade Federal do Piauí UFPI, Campus Professora Cinobelina Elvas - CPCE, e Laboratório de análise de sementes Fitoagro, em Bom Jesus (PI). A variedade plantada na área foi M8644 IPRO, com espaçamento de 50cm entre linhas e oito plantas por metro linear, com manejo padrão da fazenda, e colheita realizada com colhedora Modelo S9660 John Deere, com unidade de trilha e separação tipo Rotor Axial TriStream, com diâmetro 762mm, comprimento 3.130mm, su-
perfície de trilha de 1,1m2 e superfície de separação de 1,9m2. O sistema de limpeza possui superfície de 5,4m2 e rotação que pode variar de 620 a 1.350rpm. A plataforma de corte era equipada com transportador helicoidal (caracol) e largura efetiva de trabalho de 10,6 metros. Os tratamentos testados foram constituídos pela combinação de três regulagens de abertura do côncavo (10mm, 20mm e 30mm) e três velocidades do cilindro (200rpm, 300rpm e 400rpm), em delineamento inteiramente casualizado com esquema fatorial 3 x 3, com três repetições. As amostras foram colhidas na saída do cano de descarga da colhedora, evitando a influência de outros fatores nos resultados, como choques com paredes dos veículos de transporte, e imediatamente embaladas e transportadas para o local de avaliação, onde foram analisadas as variáveis teor de água e qualidade física: A umidade das amostras foi determinada pelo método padrão de estufa a 105°C (Brasil, 2009), onde as sementes foram pesadas e colocadas para secagem em estufa regulada para a temperatura de 105 ± 3°C por um período de 24 horas, sendo resfriadas em dessecador por 30 minutos e pesadas para a verificação da umidade. A avaliação da qualidade física foi baseada nas recomendações das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009), onde avaliou-se a porcentagem
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Fotos
de sementes puras (%S), sendo compreendidas como as sementes inteiras, maduras e não danificadas; a porcentagem de sementes quebradas (%Q), considerando as sementes quebradas com tamanho maior ou igual que a metade (bandinhas) do original e sementes com tegumento com ruptura visível ou removido, além da porcentagem de impurezas (%I), sendo considerados para isso o percentual de material inerte, sujeiras e pedaços de sementes com tamanho menor que a metade do original. Os dados foram testados quanto à normalidade e submetidos à análise de variância pelo teste F (p ≥ 0,05). As médias das variáveis significativas foram comparadas pelo teste de Tukey (p ≥ 0,05). Utilizou-se o Software Assistat V 7.7 (Silva e Azevedo, 2016). Depois dos testes, verificou-se que o teor de água médio na colheita das sementes foi de 11,01%, ligeiramente abaixo do ideal para a soja, entre 13 e 15% (Embrapa, 2005). Valores superiores a 15% aumentam os danos mecânicos latentes, que não são visíveis imediatamente, enquanto que sementes mais secas (<11% TA) são mais sujeitas a danos mecânicos imediatos, como quebra e ruptura do tegumento. Os resultados da análise de variância demonstram que não houve efeito da abertura do côncavo e da interação entre a abertura do côncavo e a velocidade de rota-
Painel da colhedora no momento da colheita das sementes. Regulagens inadequadas , como velocidade de colheita acima da recomendada, são prejudiciais à operação
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ção do cilindro na qualidade física das sementes de soja. No entanto, a velocidade do cilindro apresentou efeito significativo sobre as proporções de sementes inteiras, quebradas e de impureza, podendo ser determinante na qualidade física das sementes de soja colhidas. Considerando-se isoladamente o fator abertura do côncavo, observou-se que a proporção de sementes puras foi de 96,3%, quebradas de 1,6% e impureza de 2,1%, independentemente da regulagem testada (Tabela 1). Desdobrando-se os efeitos independentes da velocidade do cilindro, observou-se que a regulagem em 300rpm possibilitou a colheita de 97,5% de sementes inteiras, demonstrando-se superior quando comparada às velocidades de 200rpm e 400rpm, com média de 95,7%. Esta velocidade também foi a que apresentou menor perda de sementes por quebra (1,2%) e menor grau de impureza (1,3%). A redução da velocidade do cilindro para 200rpm aumentou a proporção de sementes quebradas (2,2%) e impureza semelhante à da velocidade do cilindro em 400rpm, com média de 2,5%. Regulagens inadequadas, que aumentam o tempo de exposição e a frequência dos atritos dos mecanismos de trilha sobre as sementes, são bastante prejudiciais à qualidade das sementes, como observado na velocidade de 400rpm. Este efeito é maximizado na soja devido ao embrião ser protegido por um tegumento frágil, que pode facilmente ser rompido por abrasões ou choques, como na colheita mecanizada e no beneficiamento, levando à separação dos cotilédones (bandinhas), inviabilizando a semente (Marcos-Filho, 2015) e reduzindo o rendimento do campo de produção. De acordo com os resultados deste trabalho, levando-se em conta o modelo da colhedora utilizada e a umidade das sementes, recomenda-se adotar a regulagem da velocidade do cilindro em 300rpm, associada com abertura do côncavo entre 10mm e 30mm, para aumentar a eficiência da etapa de colheita mecanizada de sementes de soja. Dessa forma, chegou-se à conclusão que, para as condições em que os testes foram realizados, a regulagem da colhedora utilizando abertura do côncavo entre 10mm e 30mm associada com a velocidade do cilindro de 300rpm possibilita maior qualidade física de sementes de soja. .M Lucas Augusto da Rosa Oliveira, Monsoy Fabio Luiz Zanatta, UFPI/CPCE Elaine Heberle, UFPI/CPCE Zurik Anghinoni, UFPI/CPCE
MECANIZAÇÃO
Transplantio mecanizado
A introdução de máquinas transplantadoras dinamizou e barateou a operação e o transplantio de mudas de café, acelerando o processo e garantindo maior uniformidade no plantio
D
entre as principais atividades agrícolas do País, a cafeicultura apresenta grande destaque devido ao Brasil ser o maior produtor e exportador do mundo. Apesar dos bons índices de produtividade e lucratividade, há necessidade constante de melhoria na cafeicultura, principalmente diante do cenário empresarial que a atividade cafeeira vem adotando. Dessa forma, existe a necessidade cada vez maior de poupar mão de obra, tempo e insumos, indicando a necessidade de otimização do processo, e assim a adoção cada vez maior de sistemas mecanizados em diferentes escalas da cultura, fazendo assim necessários novos ensaios para a comprovação e a aplicação de sistemas de manejo mais eficientes. Sendo assim, o processo de transplantio de mudas segue uma tendência que
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já ocorre em outras práticas em lavoura cafeeira, atualmente totalmente mecanizadas, como as operações de colheita e recolhimento. O transplantio do café é uma das fases mais importantes, pois este é o primeiro contato da planta com o campo, podendo ser realizado de três formas: mecanizado, semimecanizado e manual. Por se tratar de um processo ainda novo, ocorre uma resistência para a adoção de sistemas mecanizados pela crença de que as mudas transplantadas não ficariam bem depositadas como no sistema manual. Em contrapartida, boa parte dos cafeeiros atualmente é formada por sistemas mecanizados de transplantio, onde, associado à uniformidade no posicionamento das plantas, atuam como fator importante para a produção
Figura 1 – Capacidade operacional no preparo de covas (a) e transplantio (b)
da lavoura, influenciando a qualidade e a produtividade dos grãos, bem como os tratos culturais e a colheita mecanizada. Diante do exposto, a mecanização do processo de transplantio de mudas do cafeeiro somente se viabilizou com a introdução de máquinas transplantadoras, permitindo reduções nos custos operacionais de até 20% em comparação aos sistemas manuais. Na implantação de lavouras novas, a utilização de sistemas conservacionistas de preparo de solo tem melhorado as condições para o desenvolvimento da cultura. Basicamente, neste tipo de sistema, o preparo do solo se restringe às operações de sulcamento. Sendo assim, após o sulco ser aberto, são realizadas a distribuição de adubo e a incorporação no solo por meio dos batedores de covas. Grande parte das transplantadoras encontradas no mercado é acionada mecanicamente, acoplada ao trator e operada por um trabalhador rural, que abastece o mecanismo de deposição das mudas, e para que seja eficiente seu funcionamento, há a necessidade de que o sulco esteja bem preparado (livre de raízes grossas e restos culturais), com o solo pulverizado e dentro do limite friável, não atrapalhando a ação do mecanismo de deposição das mudas e evitando possíveis entupimentos das canecas presentes no mecanismo.
Embora o plantio mecanizado seja uma operação atualmente bastante utilizada, os sistemas mecanizados de transplantio ainda requerem estudos a respeito de desempenho e precisão, que apresentem dados de eficiência operacional de cada sistema, deixando claro ao produtor qual tipo dever ser usado para cada situação. Uma das formas de entender o comportamento do conjunto mecanizado e a interação de variáveis que afetam seu desempenho operacional é a utilização de modelos de superfície de resposta (MSR). Esta metodologia é uma coleção de técnicas matemáticas e estatísticas que são utilizadas para modelar e analisar problemas nos quais a resposta de interesse é influenciada por muitas variáveis. A resposta permite alcançar um valor ótimo
Elaboração das covas no preparo conservacionista do solo
e a forma de relacionamento entre a variável de resposta e as variáveis independentes são desconhecidas. Os modelos de superfície gerados pela técnica são frequentemente usados na substituição de modelos complexos, a fim de que se obtenha uma correlação entre os dados experimentais, permitindo modelar mais de um fator simultaneamente e testar a interação dos fatores envolvidos no processo, reduzindo os problemas de otimização, identificando regiões ótimas, sendo amplamente utilizadas em diferentes segmentos das ciências agrárias, e pouco usadas para o estudo dos parâmetros de desempenho em operações mecanizadas. Por haver um grande número de máquinas e implementos capazes de executar as diferentes operações nas lavouras cafeeiras, as informações acerca da capacidade operacional desses equipamentos são de grande importância no gerenciamento de sistemas mecanizados agrícolas, auxiliando nas decisões a serem tomadas. O conhecimento dos parâmetros de desempenho é uma importante ferramenta para a tomada de decisões e permite o melhor gerenciamento das operações mecanizadas. Dessa forma, o desempenho operacional de uma máquina refere-se a um complexo conjunto de in-
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formações que definem seus atributos, quando são executadas operações sob determinadas condições. A capacidade de uma máquina em desempenhar eficientemente sua função, trabalhando em um ambiente qualquer, é um critério importante que afeta decisões sobre o seu gerenciamento, expressando assim a quantidade de trabalho que é capaz de executar numa unidade de tempo (ha/h) ou a quantidade de mudas depositadas numa unidade de tempo (plantas/h), constituindo-se em uma medida da intensidade do trabalho desenvolvido na execução das operações. De uma maneira geral, na cafeicultura, é difícil a determinação desses parâmetros, devido à diversidade de áreas e materiais genéticos cultivados. Além disso, diversos fatores influenciam os parâmetros de desempenho de uma máquina agrícola, tais como: o método de operação ou padrão de operação no campo, o formato e a declividade das áreas, o tamanho do campo, a capacidade de campo teórica de operação, as condições da cultura e as limitações dos sistemas. Razões pelas quais eficiências no campo são
muito variáveis. Com base na anamnésia da propriedade e no mapeamento de todas as condições de campo, é possível obter modelos matemáticos que irão permitir otimizar todo o gerenciamento da atividade. Dessa maneira, para uma melhor compreensão do assunto, em uma propriedade totalmente adaptada à mecanização (com áreas com declividades de até 20%) foram realizadas as operações de preparo conservacionista do solo, sendo o preparo das covas realizado por batedores de covas e posterior transplantio. Geralmente, as máquinas encontradas no mercado, que realizam as operações de preparo das covas, trabalham em velocidades operacionais entre 1km/h e 1,5km/h. Assim, para a obtenção dos parâmetros de desempenhos é necessário identificar o comprimento das ruas do talhão a ser trabalhado. Considerando que o comprimento médio das ruas do talhão trabalhado é de 200 metros, conforme os ábacos desenvolvidos (Figura 1), é possível prever que para a operação de preparo de covas a capacidade operacional estará entre 0,2ha/h e 0,34ha/h, deman-
dando entre três e cinco horas para preparar um hectare. As máquinas de transplantio semimecanizado trabalham em velocidades variando entre 1,5km/h e 2km/h. Considerando que serão transplantados 120 metros de mudas em cada linha do talhão, é possível prever que a capacidade operacional do transplantio semimecanizado estará entre 1.600 e 2.400 mudas transplantadas por hora, o que daria, com base numa lavoura com espaçamento desejado de 3,8m x 0,7m (entre linhas x entre mudas), entre 1,5 e 2,3 horas por hectare de operação. Diante do exposto, por se tratar de um processo novo, a mecanização das operações que compõem a implantação de lavouras cafeeiras necessita de maior desenvolvimento de máquinas mais eficientes e maior conhecimento do processo em relação à distribuição longitudinal de mudas, à profundidade de deposição de mudas e ao alinhamento. Atrelado a isso, a realidade de cada produtor serve como ponto de partida para a utilização de modelos precisos que possibilitam a otimização no uso dos sistemas mecanizados estudados, indicando assim as viabilidades técnica e financeira das operações, reduzindo custos operacionais e permitindo maior rentabilidade aos cafeicultores. Joao Paulo Barreto Cunha, UFRRJ
O transplantio do café é uma das fases mais importantes, pois este é o primeiro contato da planta com o campo, podendo ser realizado de três formas: mecanizado, semimecanizado e manual
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Cunha fala da introdução de máquinas transplantadoras na cultura do café
EMPRESAS
Segundo Miotto, a motivação do investimento se deu por conta do mercado estratégico que o Paraguai representa
A
New Holland Agriculture, marca da CNH Industrial, inaugurou em março o Centro de Treinamento e Tecnologia (CTT) do Paraguai. Fruto de aproximadamente dois anos de desenvolvimento e investimento inicial de 500 mil dólares, o espaço é o primeiro na América Latina, em um país onde a marca não possui unidade própria. Inaugurado juntamente com as distribuidoras Ciabay e Tape Ruvicha, o CTT fica localizado no Centro Tecnológico Agrícola do Paraguai (Cetapar), outro parceiro da marca no projeto, que fica no departamento de Alto Paraná, localizado a aproximadamente 60 quilômetros da fronteira com o Brasil. Com o objetivo de aliar a teoria à prática, o projeto é destinado a pessoas do setor agrícola, seja produtor, técnico, agricultor ou estudante, que queiram adquirir conhecimento na operação de máquinas, além de se aperfeiçoar nas áreas comerciais e de Agricultura de Precisão. A unidade possui 700m² e conta com uma estrutura que oferece sala de aula, biblioteca técnica, sala de peças e ferramentas, simuladores de Agricultura de Precisão, auditório, garagem, oficina com máquinas e produtos, refeitório e vestiário. Estima-se que até dois mil alunos passem pela capacitação ao longo do ano. Segundo o vice-presidente para América Latina da New Holland Agriculture, Rafael Miotto, a motivação do investimento se deu por conta do mercado estratégico que o Paraguai representa, tanto para a empresa, quanto para o agronegócio em geral na América Latina. “O Centro de Treinamento para nós é um marco. De certa forma, vem para atender uma demanda que se criou a partir do crescimento da marca, além de uma pesquisa que fizemos com os agricultores para entender as principais priori-
Fronteira ampliada A New Holland inaugura Centro de Treinamento e Tecnologia no Paraguai, para capacitação em operação de máquinas e Agricultura de Precisão. A unidade é a primeira em um país da América Latina, onde a marca não possui planta industrial dades dos próximos anos”, explicou. O setor da agricultura no Paraguai marca dez anos de crescimento contínuo e se tornou o terceiro maior mercado de máquinas agrícolas da América Latina. O país também é o terceiro maior produtor de soja da região, com uma produtividade de 9,5 milhões de toneladas, atrás apenas da Argentina e do Brasil. No que diz respeito aos produtores, aproximadamente 60% a 70% são chamados de “brasiguaios” (brasileiros que atravessaram a fronteira para trabalhar com a agricultura no país vizinho). Os números fazem com que o agronegócio represente 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraguai. A necessidade de formar operadores, mecânicos e sucessores para entrar no mundo da tecnologia digital - Agricultura de Precisão e maquinário -, também foi motivo para que a New Holland idealizasse o projeto. “Percebemos que existe uma carência muito grande. Nossos importadores precisavam formar mão de obra para o trabalho do dia a dia. O Cetapar precisava de mais tecnologia para a formação do produtor e dos agricultores com os quais trabalha. Foi um casamento perfeito. É algo de grande importância para continuar o trabalho da marca no país”, opinou Miotto. O Centro de Treinamento terá aulas ministradas por brasileiros, argentinos e paraguaios, primeiramente com especialistas
das fábricas da New Holland Agriculture, passando por aulas de mecânica, manutenção de equipamentos, hidráulica, entre outros temas. À medida que ocorre a formação, os alunos irão repassar os conhecimentos obtidos aos novos participantes do curso, com a supervisão dos especialistas. Segundo Miotto, a prática será um diferencial no processo de aprendizagem dentro das áreas do Cetapar. “O conceito de aprendizagem do Centro consiste em pensar na teoria até o nível necessário, e muita prática ao ar livre para despertar interesse, vontade de fazer o curso e para que o aprendizado seja alto”, detalhou o vice-presidente da New Holland para América Latina. As aulas do curso começam em 1° de abril deste ano. Após a conclusão, os participantes irão receber o certificado pelo sistema de treinamento da marca, chamado Web University, que permite ao aluno acrescentá-lo ao currículo. A inauguração ocorreu durante a terceira edição da Feira Agropecuária Innovar, que ocorreu de 19 a 22 de março de 2019, em Colonia Iguazú, no Paraguai. A New Holland levou para o evento o seu portfólio de tratores, colhedoras e plantadeiras, além dos últimos lançamentos da marca. Os destaques ficaram por conta das linhas de tratores TL de 80cv a 90cv e a li.M nha completa de colhedoras. Março 2019 • www.revistacultivar.com.br
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Valtra
NOSSA CAPA
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Marรงo 2019 โ ข www.revistacultivar.com.br
A4s e A4
Com projeto totalmente novo, design moderno e bem planejado, a Valtra lança as séries de tratores A4s e A4, com motores de três cilindros e transmissão sincronizada com duas opções de reversores
A
s séries A4s e A4 elevaram os tratores de potência menor de 105cv da Valtra de baixa potência a um novo patamar de tecnologia e conforto. Sucessores da antiga Série A Geração 2, com os modelos tradicionais A750, A850 e A950, a nova Série A4s conta com três modelos: A74s com 79cv, A84s com 89cv e o A94s com 99cv. Além disso, o lançamento da Série A4 com-
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Fotos Valtra
plementou o portfólio de média potência da marca. A nova série lançada no ano passado tem os modelos A94 e A104, com 99cv e 105cv, respectivamente. O projeto totalmente novo dispõe de versões plataformadas e cabinadas. O design moderno e bem planejado, que está de acordo com os padrões finlandeses, pode ser visto nas novas linhas. Porém, os pontos fortes e as novidades não ficam somente no visual. Destaca-se a nova motorização, agora com motores eletrônicos AGCO Power de três cilindros, projetados para atender a norma MAR-1, a nova transmissão sincronizada com duas opções de reversores e um excelente escalonamento de marchas.
MOTOR
Os modelos plataformados possuem área ampla e plana, com acesso facilitado e posto ergonômico
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Com a nova fase da norma MAR-1, a partir do início do ano, onde o controle de emissões se aplica a motores abaixo de 100cv, as séries A4s e A4 contam com motores eletrônicos projetados para atender a norma. Os motores AGCO Power de três cilindros garantem potências de 79cv a 105cv e contam com turbo intercooler e o sistema iEGR de recirculação de gases. A opção pelo gerenciamento eletrônico
do sistema, uma novidade na categoria, entrega em primeira mão ao pequeno e médio produtor um equipamento com tecnologia de ponta, similar às máquinas vistas na Europa. Uma série de benefícios acompanha os novos motores AGCO Power, como: otimização da injeção de combustível; otimização da pressão de injeção, mesmo em baixas em baixas rotações; modo de segurança e códigos de erro informando onde se encontra o problema. Todas essas características possibilitam trabalhar em rotações mais baixas, tornando o motor mais econômico e com respostas mais rápidas, aumentando eficiência e rendimento na operação. Os motores de três cilindros eletrônicos representam a evolução da Valtra. É um motor mais compacto, que oferece um maior torque e potência máxima em
uma rotação mais baixa que os demais modelos, possibilitando uma maior durabilidade. O menor número de componentes também é um fator bastante importante. Diminuindo a quantidade de itens em deslocamento relativo, é possível reduzir perdas e aumentar a eficiência do conjunto. Além disso, a manutenção - a troca de óleo e filtros - é reduzida, devido ao menor volume de óleo lubrificante utilizado. Outro ponto de destaque desses motores é a curva de potência com uma tendência linear, quando comparada à dos motores mecânicos, permitindo trabalhar em uma ampla gama de rotações.
TRANSMISSÃO
As novas séries trazem uma transmissão moderna e intuitiva. Totalmente sincronizada, a nova transmissão oferece 12 marchas à frente e 12 à ré, divididas em
As duas séries possuem motores eletrônicos com controle de emissões
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Fotos Valtra
As linhas oferecem duas ou três válvulas de controle remoto, conforme a versão vendida, e sistema de três pontos com capacidade de levante de 3.000kgf e 4.300kgf
dois grupos de seis velocidades cada. Para os produtores que necessitam de velocidades extremamente baixas, as máquinas podem ainda ser equipadas com o redutor (creeper), oferecendo uma máquina com 24 marchas para cada sentido. Reversor mecânico e eletro-hidráulico estão disponíveis para todos os modelos. Um diferencial da transmissão, quando equipado com reversor eletro-hidráulico (PowerShuttle), é o botão Hi-Shift. Localizado na manopla da alavanca de marchas, ele permite que sejam efetuadas as trocas sem o acionamento do pedal da embreagem, bastando pressionar o botão e selecionar a marcha desejada. Benefício percebido pelo operador já no primeiro contato, diminuindo a fadiga e aumentando diretamente o conforto operacional.
SISTEMA HIDRÁULICO
A série A4s e a A4 contam com sistemas hidráulicos de
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Um diferencial da transmissão, quando equipado com reversor eletrohidráulico, é o botão Hi-Shift, que dispensa o uso da embreagem
centro aberto (bombas de engrenagem), porém com vazões distintas. A série menor dispõe de uma bomba com vazão de 27L/min para os sistemas de direção e serviços internos, e outra bomba com vazão de 65L/min disponível para as válvulas de controle remoto. Já a Série A4, dispõe igualmente da bomba de 27L/min para serviços internos, porém pode dispor de mais uma (57L/min) ou duas (98L/min) bombas para o acionamento de implementos nas VCRs. Quando as máquinas forem equipadas com vazão de 98L/min, pode-se trabalhar somente com uma bomba em funcionamento, dispondo de 41L/min, ou com o acionamento simultâneo das bombas, apenas com o aperto do botão de soma de vazão, dispondo de 98L/min. As linhas oferecem duas ou três válvulas de controle remoto, conforme a versão vendida. A evolução também chegou no levante de três pontos. Os modelos A4s e A4 possuem capacidade de levante nos três pontos de 3.000kgf e 4.300kgf, respectivamente, aten-
dendo a todo tipo de implemento destinado a essa faixa de potência. Uma novidade nos tratores é o ajuste eletrônico de profundidade e altura máxima, cópia de solo e velocidade de descida, proporcionando maior precisão e qualidade nas operações.
TOMADA DE POTÊNCIA
informações de horímetro, rotação do motor, consumo de combustível instantâneo e códigos de erro do motor, quando houver. A Série A4, além dessas informações, exibe consumo total de combustível e área trabalhada, permitindo o operador ter um controle total so.M bre sua operação e sua máquina.
As duas séries dispõem de duas opções de velocidades: 540rpm e 540/540Erpm, dependendo da versão do modelo. Equipados com um eixo de seis estrias, o acionamento é feito eletro-hidraulicamente do posto de operação, através de uma embreagem independente.
AMBIENTE DO OPERADOR
Os tratores Valtra sempre se destacaram por seu alto nível de acabamento e detalhes no posto de operação. Nas séries A4s e A4 não é diferente. O trator plataformado oferece praticidade e comodidade, com plataforma plana e espaçosa, com degraus que possibilitam um fácil acesso e comandos ergonomicamente dispostos no entorno do operador. As versões cabinadas foram projetadas para oferecer conforto e proteção ao operador, através de uma cabine ampla e de excelente visualização. Assim como na versão plataformada, os comandos foram distribuídos todos ao alcance do operador, sem necessidade de grandes movimentos. Em ambas as versões, os botões de acionamento da TDP, da tração dianteira e do bloqueio de diferencial são todos eletro-hidráulicos. Os tratores A4s com reversão eletro-hidráulica e todos os modelos da Série A4, contam com o botão de memória de rotação. Ao pressionar o botão, o motor automaticamente atinge uma rotação memorizada pelo operador, oferecendo ganho de tempo, produtividade e precisão na operação. As duas versões contam com um painel moderno e tecnológico. Luzes de LED, mostradores analógicos e um display digital mantêm o operador atualizado sobre toda a operação do trator. A Série A4S exibe no display
Nas versões plataformada e cabinada os principais controles estão localizados à esquerda do operador, com acesso facilitado
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Show Rural Coopavel
Expodireto Cotrijal
Novidades 2019
As duas maiores feiras do primeiro trimestre foram palco para diversos lançamentos na área de máquinas agrícolas, com novidades para pequenos, médios e grandes produtores
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uas das maiores plataformas do Brasil para lançamento e exposição de inovações das empresas e instituições do agronegócio ocorrem no primeiro trimestre de 2019: o Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), de 4 a 8 de fevereiro e a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), que aconteceu de 11 a 15 de março. Nos dois eventos, o montante de negócios fechados ultrapassou as previsões, assim como o número de visitantes que passaram pelas feiras. O Show Rural Coopavel, em sua 31ª edição, celebrou recorde de público: 288.802 pessoas em cinco dias. A movimentação financeira chegou R$ 2,2 bilhões. Os números são recordes para uma única edição da feira, que reuniu 520 expositores. Na Expodireto Cotrijal não foi diferente: o valor total de comercialização chegou à marca de R$ 2,4 bilhões. O valor é 9,59% superior ao do ano passado, quando foram registrados R$ 2,2 bilhões. A feira também bateu seu recorde de público, com 268 mil pessoas passando pelo
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parque na edição comemorativa de 20 anos. As principais marcas do mercado estiveram presentes nos dois eventos, como referências no lançamento das principais tecnologias em máquinas, tecnologia de aplicação, Agricultura de Precisão e ferramentas de agricultura digital. Os grandes destaques em mecanização surpreenderam produtores gaúchos e paranaenses que visitaram os estandes. Confira alguns dos produtos destacados. Confira os principais destaques de cada empresa nas duas feiras.
JOHN DEERE
Em razão da força da agricultura familiar no Rio Grande do Sul e no Paraná, a John Deere levou para as feiras Expodireto Cotrijal e Show Rural Coopavel sua nova Série 5E, composta por tratores utilitários que contam com a mesma tecnologia das grandes máquinas da companhia. O modelo, ideal para pequenas e médias propriedades, recebe luzes LED, que oferecem mais conforto ao operador no período
Fotos Cultivar
LANÇAMENTOS
noturno; assento pneumático e a opção de piloto automático de fábrica. Também conta com motor MAR-1 (sistema de controle de emissões que possibilita a baixa emissão de carbono) e com um sistema de transmissão de 12 velocidades frente e ré, que auxilia os agricultores com manobras mais ágeis e fáceis. A Série 5E, assim como todas as máquinas da companhia, pode se conectar ao Centro de Operações, plataforma que integra os dados de operação e agronômicos coletados por meio do JDLink - sistema de gestão de frota da marca. Com essa ferramenta, é possível visualizar todo o ciclo da lavoura, desde o preparo do solo até a colheita, além de analisar informações como mapas de velocidade, taxas aplicadas, produtividade e planejamento dos trabalhos que cada equipamento irá realizar. Além da versatilidade da nova série 5E, o visitante encontrou nos estandes da
companhia os tratores 6J e 7J, de médio e grande porte, e o 8R, também para grandes propriedades. Pensando em tratos culturais, a companhia levou sua nova linha de pulverizadores, representada pelo M4025. O modelo é ideal para as características do Rio Grande do Sul, devido às peculiaridades de terreno do Estado, já que conta com tecnologias como o Exact Apply, sistema inteligente de pontas que oferece maior precisão na aplicação, e o Field Ruise, que oferece maior economia de combustível.
MAHINDRA
Com foco na agricultura familiar de pequeno e médio porte, a Mahindra lançou o trator 2025 aos produtores gaúchos e paranaenses, durante a Show Rural Coopavel e a Expodireto Cotrijal. O novo trator possui 25 cv de potência, e é indicado para aplicações severas, em especial aos produtores de hortifrutigranjeiros, uva e
A John Deere levou para as feiras Expodireto e Show Rural sua nova Série 5E
fumo. Por ser subcompacto, é adequado para trabalhos em estufas e ruas estreitas, onde o espaço de manobra é limitado, além de canteiros de até 80cm. O modelo é equipado com transmissão mecânica sincronizada de oito marchas à frente e quatro marchas à ré, e sistema hidráulico de três pontos com capacidade de levante de 750kg. Tomada de Potência (TDP) de duas velocidades, 540rpm ou 540Erpm. De simples manejo, com todos os acionamentos ergonomicamente posicionados, possui amplo espaço na plataforma de operação. Além do 2025, a Série S de tratores também esteve em evidência: equipados com motor agrícola Mahindra de 80cv a 95cv, transmissão mecânica com reversor sincronizado de 12 marchas à frente e 12 marchas à ré, e sistema hidráulico de três pontos com capacidade de levante de 2.500kg até 3.700kg.
A Mahindra lançou o trator 2025 na Expodireto e Show Rural
A Kuhn apresentou o distribuidor Accura 10000 Março 2019 • www.revistacultivar.com.br
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A New Holland lançou as cinco novas famílias de tratores: T3, T4, TT, TTF e TL5
JACTO
A Jacto apresentou, na Show Rural e na Expodireto Cotrijal, o pulverizador automotriz Uniport 3030 EletroVortex - tecnologia que combina o carregamento eletrostático das gotas com a assistência de ar Vortex. A nova tecnologia de aplicação Eletro Vortex promove mais eficiência, redução de perdas por deriva e tem potencial para reduzir os volumes e a quantidade de aplicações. Com reservatório de três mil litros e barras de 32 metros, o Uniport 3030 é equipado com o conjunto Omni 700 de série. As tecnologias de agricultura de precisão incluem sistema completo de direcionamento e controle de pulverização via GPS, composto por barra de luzes, controlador automático bico a bico, piloto automático hidráulico e repetidor de operações - sistema capaz de reproduzir o controle de altura das barras e a velocidade realizados pelo operador durante a pulverização. Outro recurso disponível é o Otmis Maps Telemetria, sistema de gestão de pulverização via web. A ferramenta possibilita visualizar mapas com múltiplas informações, gerenciar as operações e agilizar o processo de tomada de decisão.
KUHN
Lançamento feito na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), a Kuhn apresentou a Semeadora Oriza, desenvolvida especialmente para o plantio de arroz. Segundo a empresa, a máquina é robusta e eficiente, possui ampla capacidade de reservatório, além de melhorar a performance na passagem das taipas e no dia a dia do manejo. A garantia de performance ocorre através de um conjunto de limpadores, que mantém o aro limitador e os discos sempre limpos. Isso garante uma profundidade de plantio uniforme e homogênea, o que aumenta a produtividade e a rentabilidade do orizicultor. No Show Rural, a Kuhn lançou o distribuidor rebocado para fertilizantes, sementes e corretivos - ACCURA 10000,
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A Stara destacou a semeadora Guapa Supra e o Imperador 3.0
com reservatório de inox e capacidade de até 10.000kg ou 5.000L, para aplicação de fertilizantes e sementes numa faixa de 24m a 42m, bem como corretivos numa faixa de até 14m. Já a QUADRA 7500 foi desenvolvida para plantio de grãos finos, sendo indicada para culturas de inverno, bem como o plantio de pastagens. Ela alterna a posição de trabalho para posição de transporte em até 30 segundos. Possui pneumáticos RAUCH que possibilita uniformidade de estande de plantio. Seu reservatório de semente de 3.300L e de adubo de 4.400L oferece rendimento com poucos abastecimentos durante a jornada de trabalho. Suas linhas pantográficas, aliadas às articulações do chassi, copiam o solo. Na versão 7500, pode chegar a 44 linhas de plantio.
NEW HOLLAND
O portfólio de tratores da New Holland, marca da CNH Industrial, cresceu nas participações na Expodireto Cotrijal e no Show Rural Coopavel. A marca apresentou as cinco novas famílias: T3, T4, TT, TTF e TL5. Segundo a companhia, todos eles foram projetados para atender à demanda de produtores rurais mais exigentes e que necessitam de tratores com maior nível de tecnologia, força e que, ao mesmo tempo, possuam robustez, conforto e design. Dessa forma, a marca apresentou o modelo fruteiro T3.75F, com 72 cv de potência, sem cabine, de manutenção simples, econômico e superestreito, que se desloca facilmente entre as linhas. Já os tratores T4 são diferenciados por apresentarem largura total mínima e altura máxima reduzidas. Essas características são necessárias no cultivo de uva, café, maçã e frutas em geral. A linha será formada por duas distintas famílias: N (estreito) e F (fruteiro). A principal diferença entre elas é a largura total mínima, sendo N, superestreito, com 1,29m, e F, fruteiro, com 1,47m. São dois modelos disponíveis: T4.75N (78 cv) e T4.85F (88 cv). Ambos têm motores turbinados, quatro cilindros e sistema FPT Industrial com nível de emissões nas categorias MAR-1/Tier3. Em se tratando
do sistema de transmissão, possuem escalonamento de marchas nas configurações 16x16 e 28x16 com reversão mecânica. A New Holland também apresentou a evolução da família de tratores TTF - trata-se da linha de estreitos New Holland TTF MAR-1 Tier3. Com novos motores mecânicos FPT S8000 três cilindros turbo (55 cv) e turbo intercooler (65 e 75 cv), maior torque máximo e novo styling. As versões de 65 e 75 cv recebem o super-redutor creeper, que possibilita o trator trabalhar em velocidades de deslocamento inferiores a 700m/h. A nova linha TT MAR-1 Tier3, família que é evolução dos modelos TT3840 e TT4030, possui três modelos, TT.55 (55 cv), TT.65 (65cv) e TT.75 (75cv) - todos equipados com motores mecânicos FPT S8000 de três cilindros nas aspirações turbo (55cv) e turbo intercooler (65cv e 75cv).
STARA
A Região Sul do Brasil tem tradição nos cultivos de inverno e de arroz, por isso a Stara apresentou aos produtores que visitaram a Expodireto Cotrijal a semeadora Guapa Supra. O destaque também esteve presente no Show Rural Coopavel. A Guapa Supra está disponível nas versões para arroz e, no modelo Winter, para culturas de inverno como trigo, cevada e aveia, com 44 ou 60 linhas e espaçamento de 17cm entre as linhas de semeadura. A semeadora é articulada e possui dois módulos de chassi. Um dos grandes diferenciais é o reservatório central configurável, onde o produtor pode escolher se quer apenas fazer a semeadura ou semear com fertilizantes, com troca simples e rápida. O reservatório central de sementes possui capacidade de 1.200kg de sementes e 3.000kg de adubo. Através da inversão da tampa de repartição do reservatório, é possível usá-lo apenas para sementes, com capacidade de até 3.000kg de sementes. A Guapa Supra possui sistema de transporte comandado pelo Topper 5500, e com ele a semeadora fica com 3,35m de largura no rodado e 3,91m de altura, facilitando passar por estradas ou pontes estreitas. Em pulverização, a Stara destacou o autopropelido Imperador 3.0. A máquina se
A Raven mostrou sistema de controle de aplicação Hawkeye e o Monitor de Campo CR 7
destaca por sua multifuncionalidade: é um pulverizador com barras centrais, distribuidor e semeador pneumático, podendo realizar as três operações com o mesmo equipamento em momentos distintos. A nova linha está disponível nos modelos 3000 e 4000, que se destacam pela precisão de aplicação, devido às barras centrais que, somadas a tecnologias como Sistema Recirculante Contínuo, Sistema Bico a Bico, Sistema Dupla Linha e Giro Inteligente nas quatro rodas, garantem uma pulverização mais precisa e com maior economia. A máquina possui reservatório de calda de 2.400L, produzido em polietileno. Para distribuição, recebe reservatório em inox com capacidade de até três toneladas. O mesmo reservatório em inox pode ser usado para as sementes leves.
O Terrus Fertti, implemento agrícola da GTS, foi destaque na Expodireto e no Show Rural
RAVEN
A Raven, presente na edição 2019 da Expodireto Cotrijal e do Show Rural Coopavel, destacou suas soluções em tecnologia de aplicação voltadas às necessidades específicas do produtor. Dentre os destaques, o Monitor de Campo CR 7, tecnologia que possui layout acessível e facilidade de manuseio por parte do agricultor. O Monitor consegue controlar desde uma barra de luz, até corte de seção, corte bico a bico e cor-
A Série H de tratores da LS Tractor foi um dos destaques da empresa
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O Garra 300 - Arado Escarificador Desarme Automático da Baldan foi o destaque da empresa nas feiras do primeiro trimestre de 2019
A nova linha de tratores Farmall Tier3 é ideal para atender às demandas da agricultura familiar
te linha a linha para plantadeiras. Outro destaque da marca foi o lançamento Hawkeye Lite, mais um avanço em seu conjunto de tecnologia de controle de aplicação. Segundo a empresa, o sistema bico a bico Hawkeye Lite é simples de usar, instalar e configurar e está disponível para diversos tipos de pulverizadores. O Hawkeye Lite também oferece ao cliente a oportunidade de atualização para o sistema completo PWM Hawkeye, a partir de um simples desbloqueio. A novidade agrega, ainda, tecnologia ISOBUS para compatibilidade com múltiplos terminais virtuais.
LS TRACTOR
A Série H de tratores da LS Tractor foi destaque no Show Rural Coopavel e na Expodireto Cotrijal. A família agora recebe tecnologia de transmissão Power Shuttle, para facilitar a operação e dar versatilidade às máquinas, onde o operador realiza a inversão de movimento do trator de forma automática, sem a necessidade de utilizar a embreagem. Os tratores recebem o sistema Cruise Control para controle de velocidade, que os mantêm trabalhando sempre na mesma rotação e mesma velocidade de deslocamento. A Série possui tanque de combustível com capacidade de 300L, que proporciona maior autonomia para o trabalho; e sistema de proteção eletrônica do motor, que monitora a temperatura e a pressão de óleo e desliga o motor em situações críticas, evitando danos e gastos com manutenção. Tudo interligado com sistema de telemetria, que facilita a gestão da máquina e de toda frota.
GTS
A Valtra trouxe o pré-lançamento da plantadora Momentum, sua semeadora é dobrável, ficando com apenas 3,6m de largura quando fechada
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O Terrus Fertti, implemento agrícola da GTS, esteve em evidência na Expodireto Cotrijal e na Show Rural Coopavel. O destaque, que tem como objetivos criar e manter o perfil do solo, realiza em uma única operação a descompactação e a correção do solo, através da injeção de calcário em profundidade, fazendo o nivelamento, e com o diferencial de que pode ser utilizado para semeadura. O Terrus Fertti injeta o calcário com
alta pressão no solo, ao mesmo tempo em que realiza a descompactação, levando à praticidade e à economia de tempo, além do aumento de produtividade à lavoura. O implemento é uma exclusividade da marca GTS do Brasil e, segundo a marca, é o primeiro descompactador de solo a trabalhar ao mesmo tempo com a injeção de calcário e o nível de fertilização do solo.
BALDAN
O Garra 300 - Arado Escarificador Desarme Automático da Baldan foi o destaque da empresa nas feiras do primeiro trimestre de 2019. A máquina auxilia na solução de problemas de compactação do solo, que podem ocorrer pelo revolvimento através da aração e da gradagem ou, no caso do plantio direto, pelo tráfego constante de máquinas pesadas. Promover a descompactação do solo é o principal objetivo do Garra 300. A penetração das hastes mecânicas rompe as camadas mais adensadas, deixando o solo em condições ideais para a germinação. A escarificação promove uma melhor penetração da água, absorção de nutrientes pelas plantas e, por consequência, um desenvolvimento melhor do sistema radicular das culturas semeadas.
CASE IH
Novidades no portfólio de tratores da Case IH - que vai de 80 cv a até 629 cv evidenciaram sua presença na Expodireto Cotrijal e no Show Rural Coopavel. A nova linha de tratores Farmall Tier3 é ideal para atender às demandas da agricultura familiar. Os equipamentos da Case IH passaram por mudanças na motorização, que reduzem cerca de 60% a emissão de poluentes, atendendo à legislação MAR-I (Tier3). Os tratores podem ser encontrados nas potências de 80 cv, 90 cv e 101 cv. Os produtores que buscaram por equipamentos de mais potência conheceram as linhas Magnum e Puma. A potência dos modelos Magnum varia entre 235 cv e 340 cv. Já a linha Puma vai de 144 cv a 234 cv. Pensando na fruticultura, o trator Quantum 75N foi destaque. Estreito e de
O principal diferencial do MF 9330 está na barra de pulverização (24m ou 30m), projetada para os atuais desafios do campo
78 cv, o trator é ideal para trabalhar em vinhedos, também recomendado para cafeicultura, pomares e hortaliças. A capacidade de armazenamento do tanque de combustível é de 77L. A máquina tem ampla acessibilidade ao motor e a seus sistemas, o que significa rapidez e agilidade nas inspeções diárias e maior tempo do trator em serviço. O Quantum 75N é equipado com motor com nível de emissão Tier3 (MAR-I). O sistema utilizado é o I-EGR (Recirculação Interna de Gases do Escapamento), que apresenta menor complexidade e é de simples manutenção. Os motores são turbo intercooler, com quatro cilindros (3,2L). A transmissão 28x16, com super-redutor, proporciona mais versatilidade ao operador. A bomba hidráulica tem vazão de 65L/m e o levante é de três pontos, com capacidade de 2.360kgf, conseguindo trabalhar com implementos maiores.
VALTRA
O primeiro projeto global para plantio da AGCO, concebido e produzido no Brasil, foi o destaque da Valtra na Expodireto Cotrijal e no Show Rural Coopavel: o pré-lançamento da plantadora Momentum.
A semeadora é dobrável, ficando com apenas 3,6m de largura quando fechada, o que facilita o transporte em estradas. Além disso, o equipamento possui tecnologia 100% Precision Planting, com dosador de sementes Vset2, sistema de controle de linhas vDrivee e monitor 2020 Seedsense Geração 3. A Momentum chega com versões de 24, 30 e 40 linhas no espaçamento de 45cm, e a caixa de sementes possui capacidade para 5.130L. O implemento conta com apenas um ponto de lubrificação, sendo que todas as demais buchas da máquina são Infinity, de alta resistência e autolubrificantes. Os rolamentos são blindados. Mais indicada para grandes propriedades, a Momentum pode ser transportada em caminhões-prancha, apenas com a remoção de dois rodados e duas linhas do suporte central, ficando com apenas três metros de largura, o que exclui a necessidade do uso de batedores. Outros destaques são o subchassi Smart Frame, que traz o novo sistema de autonivelamento independente das três seções de linhas de plantio, fazendo com que a máquina mantenha todas as linhas em contato com o solo e deposite semen-
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tes na profundidade correta, mesmo em bases largas e curvas de nível. O rodado duplo em tandem diminui a compactação do solo e os esforços aplicados ao chassi durante o transporte. As larguras de trabalho são de 10,2m, 13,5m e 18m, nas versões de 24, 30 e 40 linhas, respectivamente. A tecnologia Precision Planting se integra com o sistema de telemetria dos equipamentos Valtra. O monitor 20/20 Geração 3 vai permitir que o agricultor faça o monitoramento de dados da Momentum em tempo real – com informações linha a linha, como população, singulação e espaçamento de sementes. Além disso, o monitor integra-se com o software Field View. Isso permite que a Momentum faça uso de taxa variável de sementes, com a integração dos componentes: 20/20 Ger3, vDrive e FieldView.
MASSEY FERGUSON
O pulverizador MF 9330, primeiro lançamento da companhia neste ano, e o pré-lançamento da plantadora Momentum 30, foram os destaques da Massey Ferguson durante o Show Rural Coopavel e a ExpodiretoCotrijal. Disponível nas versões grãos e cana, o principal diferencial do MF 9330 está na barra de pulverização (24m ou 30m), projetada
para os atuais desafios do campo. Com motor AGCO Power de 200 cv, o modelo com tanque de três mil litros é uma evolução do MF 9130 Plus e apresenta estabilidade para melhor distribuição e deposição de gotas. A série de plantadeiras dobráveis Momentum terá lançamento oficial durante a Agrishow 2019, de 29 de abril a 3 de maio, em Ribeirão Preto (SP) – porém os produtores gaúchos e paranaenses podem conferir os diferenciais da máquina. Primeiro projeto global da AGCO desenvolvido 100% no Brasil, a Momentum terá versões de 24, 30 e 40 linhas no espaçamento de 45cm e caixa de armazenamento de 5.130L de sementes. A plantadeira estará disponível para comercialização nas mais de 200 concessionárias Massey Ferguson, distribuídas por todas as regiões do Brasil.
PLA
Hydra 200 e Orion 250 – foram dois produtos que chamaram a atenção dos produtores gaúchos e paranaenses que visitaram os estandes da PLA na Expodireto Cotrijal e no Show Rural Coopavel. O Hydra 200 é o menor pulverizador autopropelido do mercado brasileiro, e foi desenvolvido com baixo peso aliado a uma estrutura robusta, com o objetivo de trabalhar nos mais diversos tipos de solo e
topografia do país. Os pulverizadores PLA, em todos os seus modelos, se caracterizam pelo uso de chassis Power Flex, construídos em três níveis, que proporcionam uma melhor elasticidade e permitem aguentar as altas exigências de torção. Destaque para a estabilidade de trabalho do quadro e das barras, o que assegura a maior precisão possível em cada aplicação. O Hydra 200 é equipado com motor MWM de 120 cv, tanque de produto de 2.000L, transmissão hidrostática Sauer Danfoss, bomba de pulverização Hypro e suspensão pneumática passiva. A cabine está montada sobre calços de amortecimento, assim proporciona uma maior estabilidade ao operador, e está equipada com piloto automático PLA e controlador PLA Isoview, ar-condicionado e escada hidráulica. Já o Orion 250 é o pulverizador ideal para pequenas e médias áreas. A máquina é versátil, devido a sua bitola ajustável hidraulicamente e à bomba de carga instaladas no equipamento base. O Orion 250 é equipado com motor MWM de 160 cv, tanque de produto de 2.500L, transmissão hidrostática Sauer Danfoss, bomba de pulverização Hypro e suspensão pneumática ativa. As configurações de cabine e piloto automático do Hydra 200 se repetem no Orion 250. Cultivar
O Hydra 200 é o menor pulverizador autopropelido do mercado brasileiro, e foi desenvolvido com baixo peso aliado a uma estrutura robusta, com o objetivo de trabalhar nos mais diversos tipos de solo e topografia do país
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EMPRESAS
Dedicação reconhecida
Case IH comemora 75 anos do início da colheita mecanizada da cana-de-açúcar e o marco de 7.500 colhedoras produzidas na fábrica de Piracicaba (SP), lançando colhedora comemorativa com assinatura de John Pearce
P
ara celebrar os 75 anos do início da colheita mecanizada de cana-de-açúcar no mundo, com o desenvolvimento da tecnologia Austoft e o marco de 7.500 colhedoras produzidas no Brasil, a Case IH entregou, no último dia 20, a primeira unidade da edição especial e limitada da colhedora A8810 Single Row, com a assinatura de John Pearce. Customizada na cor preta e com o nome John Pearce Signature, a homenagem ao australiano se deve a sua contribuição para o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro brasileiro, com a introdução das primeiras colhedoras de cana no País, na década de 1970. De acordo com Christian Gonzalez, vice-presidente da Case IH para a América do Sul, Pearce foi decisivo no processo e no desenvolvimento da mecanização da colheita de cana no Brasil, trabalhando por anos como consultor da Case IH. “O desenvolvimento do setor sucroenergético no Brasil está ligado a John Pearce. São inúmeras suas contribuições para esta cultura. Por isso, a homenagem se faz necessária”, explica Gonzalez. Ainda, de acordo com Gonzalez, “a cana-de-açúcar não teria essa história de sucesso se o Brasil não tivesse se envolvido diretamente no desenvolvimento das máquinas para as necessidades dos canaviais brasileiros”. Apesar de ter uma edição especial comemorativa limitada, todas as colhedoras de cana-de-açúcar produzidas em 2019 ganham um adesivo comemorativo dos 75 anos de desenvolvimento da tecnologia Austoft. A criação da primeira colhedora Austoft, base para o desenvolvimento das máquinas atuais da Case IH, ocorreu em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Austrália sofreu com a escassez de mão de obra em suas lavouras de cana-de-açúcar. A necessidade levou a família Toft a buscar soluções inovadoras que permitissem realizar a colheita mecanizada.
John Pearce chegou ao Brasil em 1977, como representante da Austoft, que posteriormente foi adquirida pela Case IH. Disposto a desenvolver o setor canavieiro, Pearce levou produtores para conhecer canaviais australianos e fazia demonstrações das máquinas em usinas brasileiras, além de conduzir trabalhos de pesquisa e consultoria. As colhedoras da série A8010, que contam com modelos de uma linha e para espaçamento duplo alternado (A8810DA), receberam mais de cem melhorias nos últimos três anos, com destaque especial para a redução de até 15% no consumo de combustível. Conforme Roberto Biasotto, gerente de Marketing de Produto da marca, desde 2008 as colhedoras já saem de fábrica com pilo-
to automático, reduzindo em torno de 17,4% as perdas. Além disso, “as máquinas oferecem maior qualidade no corte de base, duas linhas de colheita, câmeras operacionais, função de manobra auto-turn, controle automático da rotação do motor, otimização da curva do motor – o que acarreta em menor consumo de combustível – e tanque de combustível feito com material plástico desacoplado do chassi, com capacidade de 620 litros de diesel, permitindo maior autonomia, eliminando risco de corrosão e diminuindo as chances de possíveis vazamentos”, completou Biasotto. As colhedoras A8810DA trabalham com duas linhas e espaçamento de 0,9m x 1,5m, e entre as principais características estruturais e dimensionais das máquinas destacam-se a abertura de chassi frontal e divisores de linha, o despontador alongado, a caixa do corte de base específico e a bitola das esteiras de 2,4m. A fábrica de Piracicaba, onde ocorreu a entrega da primeira unidade comemorativa, foi inaugurada em 1997 e é o centro global de desenvolvimento de colhedoras de cana da marca. Segundo o gerente de Marketing Comercial da empresa, Diogo Melnick, na planta de Piracicaba são produzidas de 500 a 600 máquinas por ano, mas a sua capacidade é de até 2 mil unidades. Parte destas máquinas abastece o mercado interno e outra parte é exportada para 55 países. Além das colhedoras de cana-de-açúcar, a unidade produz também plantadeiras, colhe.M doras de café e pulverizadores.
Entrega simbólica da A8810 Single Row com assinatura de John Pearce
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AGRICULTURA DE PRECISÃO
Ajuda das alturas A adoção de tecnologias relacionadas à Agricultura de Precisão é realidade cada vez mais presente entre os produtores, e nesse contexto a utilização de Vants tem se consolidado como excelente opção para suprir diversas demandas nas propriedades
O
foco da Agricultura de Precisão é o gerenciamento da variabilidade espacial da produção e dos fatores nela envolvidos, realizada por meio de tecnologias recentes adaptadas para o meio agrícola, com o objetivo de possibilitar a redução do uso de insumos e do impacto sobre o meio ambiente (Cirani; Moraes, 2010). A Agricultura de Precisão ainda desperta fascínio pela tecnologia e o futuro que ela representa. Aos mais conservadores, porém, tende a gerar uma posição oposta de cautela e desconforto do novo ou demasiadamente novo. Após uma década e meia no País, ainda há os fascinados e as posições mais conservadoras. Entretanto, o avanço é inegável, houve amadurecimento, o mercado se estabeleceu e a academia trouxe os resultados que são sustentados cientificamente (Embrapa, 2014). Sabendo da necessidade de medidas de gestão adaptadas à realidade de cada produtor, hoje em dia se faz necessária a exatidão dos dados obtidos por meio das tecnologias. Em razão de sua importância econômica, a Agricultura de Precisão requer medidas de cuidado e manejo adequadas, para que este ramo sempre venha a agregar positivamente na economia do País. Po-
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rém, hoje em dia são encontradas diversas interferências naturais que vêm impedindo os produtores de atingirem o potencial máximo de produtividade. O motivo de parte disso são as constantes mudanças climáticas, que acabam colocando em risco a vida útil do plantio. Também se podem citar as frequentes infestações de pragas e doenças (Debiasi; Perin, 2018). Os Vants (Veículos Aéreos Não Tripulados) foram criados inicialmente para fins militares, mas como toda tecnologia acabou sendo melhor explorada, se destacando em diversas áreas como na vigilância, na cartografia, no controle de tráfego urbano, em busca e resgate, no acesso a regiões afastadas e na agricultura, que juntamente com câmeras nos permite confeccionar mapas das propriedades devido ao seu bom desempenho em baixas altitudes, colaborando para gerar dados sobre a produtividade que são de grande importância para o produtor. A agricultura cada vez mais pode contar com a implementação de tecnologias que a beneficiem em algum estágio produtivo ou em todos. A utilização de Vants para a coleta de imagens, nas quais, posteriormente, serão utilizadas técnicas de visão computacional para atingir objetivos diversos é, nesse con-
Divulgação
texto, bom exemplo (Da Silva et al, 2014). Este trabalho é de natureza analítica, e tem como objetivo principal estabelecer um estudo detalhado sobre a relação entre a Agricultura de Precisão e o Vant, levantando assim as inovações que trouxe para os seus processos produtivos, com base em pesquisas realizadas por todo o mundo, através de um levantamento bibliográfico e particularizando-se assim sua importância juntamente com as vantagens de sua aplicação dentro das propriedades rurais. Em qualquer produção encontram-se várias etapas, as quais dependem de uma tomada de decisão adequada para colocar as tarefas em prática, de uma forma que sejam diminuídos as perdas e o tempo gasto no processo produtivo, fazendo com que se aumentem os lucros e diminuam os gastos respectivos. Na agricultura, onde o produtor se vê à frente de muitas responsabilidades no dia a dia, não é diferente. Para uma eficiente e eficaz tomada de decisão é necessário que esse produtor conheça sua propriedade em todos os aspectos, onde cada vez mais são desenvolvidas tecnologias que colaboram para trazer mais autonomia para o campo. Nesse cenário, imagens aéreas ganham destaque e têm sido cada vez mais utilizadas como ferramenta de auxílio para o mapeamento de variações de crescimento e previsão de produção na Agricultura de Precisão, destacando-se assim o vant, por suas facilidades e por estar cada vez mais acessível, tecnologia que já colabora para o levantamento de dados das propriedades rurais. Além de aeronave, o vant é composto por uma estação de controle em solo, o GCS (Ground Control Station), através do qual é possível planejar a missão a ser executada e acompanhar todo o trabalho realizado remotamente. Em geral, possibilita visualizar o mapa do local a ser monitorado, com a referência da posi-
ção do Vant. O Vant possui também um GPS acoplado (Sistema de Posicionamento Global), assim como uma unidade de navegação inercial. O veículo não aceita comandos de movimento diretamente ligados pelo GPS, devido à grande margem de erro deste, recorrendo a uma unidade de navegação inercial (IMU), garantindo melhor precisão da posição. A navegação inercial é utilizada por foguetes, submarinos e também por navios para determinar coordenadas (Embrapa, 2014). Existem dois tipos de Vants, os drones multirrotores e os Vants de asas fixas. Os drones são úteis para quem quer mapear áreas e não se incomoda em realizar voos mais longos. Porém, para Figura 1 - Modelos de VANTs
Fonte: FAPESP (2013)
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Figura 2 - Mapa de produtividade de soja
das falhas de plantio, falhas de adubação e poderá ser estipulada uma média da produtividade. Uma atividade que geralmente demandava muito tempo e muitas pessoas envolvidas para diminuir a margem de erro, agora pode ser feita com melhor exatidão e em pouco tempo, pois se trata de um veículo adaptado para percorrer locais que dispõem de pouco espaço para manobras, colaborando para captar informação através de sobreposição de imagens e ajuste da resolução de acordo com a necessidade do produtor.
Red Edge (Sáude) – Nível de infestação
Fonte: UFSM (2012)
mapear grandes áreas com agilidade, os Vants de asas fixas são mais eficientes, uma vez que a produtividade de mapeamento é maior, e isso vai mudar de acordo com a necessidade de cada propriedade, cada produtor. A Figura 1 ilustra as principais diferenças entre os modelos.
USO DO VANT NA AGRICULTURA
Na agricultura, o Vant tem destaque como um agente facilitador que irá ampliar o ganho produtivo e financeiro do produtor, como uma ferramenta de gestão e monitoramento na agricultura. O “drone agrícola” é um modelo de Vant e possui esse nome como uma denominação comercial de referência ao equipamento, sendo correto o uso do termo Vant multirrotor de asa rotativa. Por ser um equipamento de custo bem inferior aos modelos tradicionais e possuir câmera de alta resolução, é possível que seu uso permita a aplicação geotecnológica, ou seja, para mapeamento (Alves et al, 2018). A utilização do Vant na agricultura pode ser vista na identificação de falhas na produção que colabora para uma averiguação do problema com mais agilidade e com precisão, sem a necessidade de fazer buscas por toda a área, otimizando o tempo de resposta aos problemas encontrados nas falhas, diminuindo assim a propagação dos mesmos. Essas falhas ocorrem com frequência por erros de cálculo na hora do plantio, regulagem ou revisão errada das máquinas,
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falta ou excesso de irrigação, adubação superior ou inferior à adequada, assim como na identificação de pragas, doenças e erosões que possam prevenir que o produtor tenha que tomar medidas imediatistas, as quais estão ligadas a maior probabilidade de erros e gastos desnecessários.
USO EM ESTUDO
Com o mapeamento da área, o produtor agrícola vai ter em suas mãos a ferramenta essencial e facilitadora para sua tomada de decisão. A Figura 2 ilustra dois mapas de uma mesma propriedade que produz soja. Quando o produtor tem consciência do valor dos registros das safras, essa informação vai servir para a previsão da produção seguinte e comparação de dados já obtidos anteriormente. Dado este que vai contribuir para a avaliação da evolução das safras, onde poderão ser corrigi-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste estudo foi possível destacar os benefícios que o produtor pode obter ao integrar tecnologias modernas ao setor do agronegócio na análise de dados e na tomada de decisões. Essas ações são de extrema importância, pois evidencia-se atualmente uma alta demanda do setor do agronegócio atual e também desafios a serem solucionados no campo. O estudo enfatiza as necessidades do produtor, alinhadas a uma gestão adequada e detalhada de sua lavoura, comprovando que novas tecnologias aplicadas de forma correta no seu uso e estudo podem colaborar muito para .M avanços no campo. Pâmela Rafaela Oliveira de Brito, Fatec Lucas Guilherme Cavallari, FAC-Unesp Gustavo Kimura Montanha, Fatec
Identificação de falhas em linha de plantio utilizando drones no setor sucroenergético. Fonte Aerodrone (2017)
COLHEDORAS
Perdas detectadas Apesar do grande aumento na mecanização da colheita de cana-de-açúcar, o mecanismo de corte basal ainda possui o mesmo princípio de ação e é responsável por diversos tipos de perdas. Estudo revela quais são os problemas mais comuns e alguns cuidados que precisam ser adotados
N
os últimos dez anos, segundo dados da Conab (2018), houve aumento de mais de 380% na venda de colhedoras de cana-de-açúcar, o que expressa a situação atual de expansão da mecanização no setor. Embora a mecanização na colheita de cana-de-açúcar esteja em índices crescentes, a evolução tecnológica ainda não atingiu níveis satisfatórios, tendo o mecanismo de corte basal o mesmo princípio de ação até o momento. O mecanismo de ação do corte basal se dá pelo dispositivo de corte rotativo com múltiplas lâminas, que produzem corte inercial por impacto, realizando as funções de corte, varredura e alimentação em conjunto, o que gera influência direta na qualidade da matéria-prima colhida.
Dentre os processos de operações agrícolas mecanizadas existentes, a colheita é a operação de mais alto custo no sistema produtivo, e se malconduzida poderá acarretar prejuízos qualitativos e quantitativos para a cultura da cana-de-açúcar. Os principais prejuízos gerados pela colheita são as perdas, classificadas como visíveis - canas inteiras, rebolos, lascas, pedaço solto, pedaço fixo e tocos -, que são facilmente detectadas no campo após a passagem da colhedora, e invisíveis - caldo, serragem, estilhaços -, que ocorrem devido à ação de mecanismos rotativos que cortam, picam e limpam a cana durante o processamento interno nas colhedoras. Dados do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) estimam que as
Valtra
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Figura 1 - Comparativo das idades médias das colhedoras utilizadas nas frentes de trabalho nas duas safras. Fonte: Torres, L. S. (2014)
Torres, L.S. (2014)
Aspecto visual do caminhamento em diagonal na área após a determinação dos pontos amostrais
perdas giram em torno de 10%, um índice alto, acarretando perdas extremamente significativas na ordem de R$ 4,5 bilhões por safra. Vários são os fatores relacionados às perdas, tais como variedade, preparo de solo, manutenção da colhedora, habilidade do operador, turno de operação, altura de corte, teor de água no solo, sentido de tombamento da planta no momento da colheita, sincronismo entre conjunto mecanizado, desgaste das facas de corte de base, além das perdas existentes para o próximo ciclo da cultura devido aos danos e abalos à soqueira de cana-de-açúcar oriunda da colheita. Outro fator importante para a colheita mecanizada de cana-de-açúcar é o mecanismo de corte de base, pois está diretamente ligado à qualidade da matéria-prima e aos níveis de perdas nesta operação, pois além de proporcionar a incorporação de solo à matéria-prima aliado ao desgaste de seus
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componentes, exerce influência nos índices de danos e abalos às soqueiras. Quando o corte é feito com qualidade, é assegurada a melhor rebrota do canavial, com menores índices de danos e abalos, de contaminações por patógenos que adentram no colmo devido às aberturas oriundas do corte realizado. Porém, se mal realizado, ocasiona prejuízos significativos para a cultura, elevando as perdas provenientes da colheita mecanizada. Além desses fatores, há que se considerar também a questão do turno de colheita, uma vez que geralmente a colheita de cana-de-açúcar ocorre em período contínuo, apenas com paradas para manutenção das máquinas. Neste aspecto, estudos realizados no Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (Lamma), da Unesp/Jaboticabal (SP), revelaram que as perdas na colheita mecanizada de cana-de-açúcar em turno noturno podem ser até 20% superiores em relação à colheita durante os diurnos. Outro fator de grande importância na colheita de cana-de-açúcar é a velocidade de deslocamento da colhedora, que pode variar de 2km/h a 8km/h, sendo este um dos principais fatores que influenciam o nível de perdas no campo. Em experimento realizado pelo Lamma em uma usina na região de Ribeirão Preto (SP), utilizando os dados de perdas coletados pela equipe de auditoria de qualidade da Usina nas safras de 2012/13 e 2013/14, procurou-se utilizar o Controle Estatístico de Processos (CEP) para melhor compreender os dados de velocidades e perdas durantes duas safras em cinco frentes de colheita mecanizada. Os pontos amostrais foram escolhidos ao acaso pela equipe de qualidade da Usina, sendo parte dos pontos amostrados em áreas colhidas no período noturno e os demais pontos em áreas colhidas durante o dia, porém, todas as determinações de perdas foram realizadas durante o dia. O valor de cada amostra diária por frente de trabalho representou a média de dez pontos amostrados, correspondendo a uma avaliação a cada 50ha. Foram amostradas cinco frentes de colheita e, dentro das áreas colhidas, foi realizado um caminhamento em sentido diagonal, arremessando aleatoriamente um bastão para a delimitação da área. Para a determinação das perdas visíveis foi utilizada uma armação de 3m x 3,33m (10m²), na qual, dentro do limite da área, foram separadas, pesadas e quantificadas as perdas, de acordo com a metodologia descrita por Silva et al, (2008). Todas as colhedoras envolvidas neste estudo foram de uma mesma marca, com dois modelos envolvidos, sendo o modelo A7700 e o modelo A8800, com idade média variando entre um e sete anos (Figura 1). Foram avaliadas as perdas dos tipos toco, rebolo, rebolo estilhaçado, pedaço fixo, pedaço solto, estilhaço, cana inteira, rizomas. Após a separação do material
Figura 2 - Carta de controle para velocidade de colheita das colhedoras por frente na safra 2012/13. Fonte: Torres, L. S. (2014)
encontrado, foi realizada a aferição da massa de cada material recolhido utilizando uma balança portátil com capacidade de leitura de até 25kg e precisão de dez gramas. Os valores encontrados foram extrapolados para t/ha. Os dados coletados referem-se aos períodos de abril a dezembro de 2012 e de abril a dezembro de 2013. Foram analisados por meio da estatística descritiva para identificação do comportamento e da variabilidade. A velocidade média de deslocamento das colhedoras foi aferida em campo e registrada pelo computador de bordo, coletada diariamente e armazenada em banco de dados. As análises de controle estatístico de processo foram aplicadas para a variável
Os dados coletados foram analisados por meio de estatística descritiva
Figura 3 - Carta de controle para velocidade de colheita das colhedoras por frente na safra 2013/14. Fonte: Torres, L. S. (2014)
velocidade, sendo realizadas por meio de cartas de controle. O modelo de carta de controle selecionado para análise do estudo foi “Subgrupo Xbar”, que gera uma carta de controle para as médias dos subgrupos, de modo que seja possível examinar o nível e a variação da média a partir dos limites de controle inferior (LIC) e superior (LSC). A velocidade média de colheita durante a safra 2012/13 (Tabela 1) foi cerca de 13% maior do que a velocidade média safra 2013/14 (Tabela 2). Essa redução da velocidade média de colheita de uma safra para a outra pode estar diretamente relacionada ao aumento de 11% na produtividade da safra 2013/14 em relação à safra 2012/13. Segundo os fabricantes
das colhedoras, a capacidade máxima de trabalho pode atingir até 9km/h, porém, conforme Ripoli e Ripoli (2009), a elevada produtividade agrícola associada ao acamamento do canavial pode reduzir o potencial de colheita das colhedoras, pois existe a necessidade de redução da velocidade de deslocamento, a fim de evitar o excesso de material vegetal nos órgãos ativos de funcionamento da colhedora, provocando a paralisação destes mecanismos (embuchamento) e o aumento das perdas. As cartas de controle para a variável velocidade de colheita apresentaram pontos fora dos limites de controle em todas as frentes para as duas safras analisadas (Figura 2 e Figura 3). Os pontos abaixo do
A elevação da produtividade da lavoura e o acamamento do canavial podem reduzir o potencial de colheita das colhedoras
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Torres, L. S. (2014)
Durante o experimento foram avaliadas as perdas do tipo toco, rebolo, rebolo estilhaçado, pedaço fixo, pedaço solto, estilhaço, cana inteira e rizomas
limite inferior estão correlacionados de alguma forma aos momentos de chuva e, consequentemente, com a parada parcial ou total da máquina. Os pontos acima do limite superior foram observados para a F5 na safra 2012/13 e para todas Tabela 1 - Análise estatística para velocidade de colheita durante a safra 2012/13 Frente Médias (km/h) F1 4,0 F2 4,2 F3 4,1 F4 4,4 F5 4,0 Total 4,1
CV1 Teste RJ.2 26,4 0,834 28,4 0,846 25,2 0,851 26,0 0,874 27,0 0,905 26,9 0,876
Coeficiente de variação; 2RJ: teste de normalidade de Ryan-Joyner. Fonte: Torres, L. S. (2014) 1
Tabela 2 - Análise estatística para velocidade de colheita durante a safra 2013/14 Frente Médias (km/h) F1 3,7 F2 3,9 F3 4,3 F4 3,7 F5 3,5 Total 3,8
CV1 Teste RJ.2 22,7 0,916 21,7 0,865 21,3 0,958 25,7 0,902 27,4 0,950 24,6 0,938
Coeficiente de variação; 2RJ: teste de normalidade de Ryan-Joyner. Fonte: Torres, L. S. (2014) 1
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as frentes, com exceção da F4, na safra 2013/2014, tal condição pode ser correlacionada com as características do canavial no momento de colheita. Os resultados para perdas totais na safra 2012/13 foram semelhantes para as frentes F1, F2, F3, situando-se entre 2,7t/ ha e 3t/ha. A F4 apresentou menor média de perda total (2,3t/ha) e a F5 a maior média de perda total (3,9t/ha). O resultado pode ser atribuído à habilidade dos operadores das frentes e à defasagem tecnológica das colhedoras, uma vez que as máquinas da F5 não possuíam o dispositivo de controle automático de altura do corte de base. Quanto à declividade, foi observada pouca influência, pois a F5, que apresentou maior perda total, se manteve em 84% do tempo em áreas com declividade entre 0% e 6%, enquanto a F4, que apresentou menor valor de perda total, manteve-se em 69% de seu tempo em áreas com a mesma característica. Para a safra 2013/14 as frentes F1, F3, F5 apresentaram índices de perdas totais semelhantes, variando entre 2,9t/há e 3,1t/ha. Nesta safra, a F4 apresentou a menor média de perda total, 2,6t/ha, assim como apresentou a menor média de perda total na safra anterior, e a F2 apre-
sentou a maior média, 3,3t/ha. Quanto à declividade, não se pode afirmar que este foi o fator preponderante para a F2 apresentar tal resultado, uma vez que esta frente colheu 81% do seu tempo em áreas de declive entre 0% e 6%, enquanto F1, F3, F4 e F5 colheram 80%, 72%, 77% e 62% de seu tempo, respectivamente. A F5 reduziu suas perdas devido à mescla entre máquinas com o mesmo ano de fabricação (2005) que não possuíam o dispositivo de controle de altura do corte de base e máquinas com ano de fabricação 2007, que apresentaram esse dispositivo. Durante a safra 2012/13, as perdas dos tipos toco, rebolo estilhaçado, pedaço solto e fixo, cana inteira e estilhaço representaram 13%, 17%, 51%, 5% e 8%, respectivamente, das perdas totais. Na safra 2013/14, estas perdas representaram 11%, 12%, 57%, 5% e 10%, respectivamente. Ao avaliar as perdas, houve predomínio das perdas do tipo pedaço fixo e solto, Silva et al, (2008), relata que essas perdas normalmente ocorrem em terrenos acidentados ou através de mudanças na altura de corte durante o processo, principalmente quando se trabalha
sem o uso do dispositivo automático de controle da altura de corte de base. Mesmo nas máquinas apresentando este mecanismo, é comum, no decorrer da safra, os operadores desligarem este mecanismo ou sofrer algum tipo de avaria. De maneira geral, pelos dados encontrados pela equipe do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (Lamma), tem-se que a colheita realizada em terrenos acidentados ou mudanças na altura de corte geram perdas do tipo pedaço fixo e solto. A sistematização do terreno permite com que haja menos ondulações na superfície, possibilitando um corte de melhor qualidade, causando menos danos à soqueira e ocasionando menos perdas, mesmo com as colhedoras atuais possuindo o mecanismo de ajuste de altura acionado pelo operador, há um atraso no tempo de resposta da ação, ocasionando perdas. Esse tipo de perda (pedaço fixo e pedaço solto) associa-se a outros fatores, como habilidade do operador, velocidade de deslocamento elevada no momento de colheita, canaviais de porte acamado e deitado.
Para as perdas do tipo cana inteira, alguns fatores estão associados, como acamamento devido à ação do vento, velocidade elevada, canavial de alta produtividade, tornando ineficiente o trabalho do rolo levantador. As perdas do tipo estilhaço são resultantes das partes da cana com formato e tamanho diferentes, resultante do impacto dos rebolos com as hélices dos exaustores da colhedora. Para as perdas do tipo toco, os maiores índices para essas são ocasionados pelo operador (mal treinado ou inexperiente), facas de corte danificadas ou desgastadas, áreas com pedras, mau nivelamento do solo e acamamento da planta. Para a mensuração das perdas existem algumas dificuldades como a variabilidade climática, o porte da cultura, a diferença tecnológica entre colhedoras, o operador e erro de medição como no levantamento. Samohyl & Alves (2005) classificam as perdas como “Fatores 6 M’s”, divididos em material, método, meio ambiente, máquina, mão de obra e medição. De maneira geral, o Lamma se utiliza da técnica das cartas de controle, atra-
vés do Controle Estatístico de Processos (CEP), para mensurar e avaliar as perdas existentes no processo de colheita, e principalmente para avaliar os índices de danos e abalos à soqueira que prejudicarão o canavial no próximo ciclo, identificando as variáveis que ocasionam tais prejuízos. Uma boa sistematização do terreno, velocidade de colheita compatível com a cana a ser colhida, altura de corte ideal, observação do momento correto da troca das lâminas de corte, assim como regulagem da pressão do cortador e velocidade do extrator, são pontos que fazem com que a capacitação do operador torne-se uma das medidas mais importantes para tentar reduzir o valor das perdas, haja vista que para quase todas as perdas encontradas o operador acaba tendo uma importância fundamental no processo. .M Luma Stefania Torres, Tereos Açúcar e Energia Alex Rangel Gonzaga, Luan Pereira de Oliveira, Franciele Morlin Carneiro e Rouverson Pereira da Silva, Unesp
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IRRIGAÇÃO
Tamanho exato O dimensionamento hidráulico dos sistemas de irrigação influencia diretamente na seleção da unidade de bombeamento, na eficiência energética e também na distribuição de água no campo de produção, exigindo atenção do produtor na hora da sua escolha, na busca pelos melhores resultados
A
irrigação consiste em uma técnica de fornecimento de água às culturas, em quantidades e momentos adequados, conforme a necessidade da mesma. E para que isso aconteça de maneira correta, existem diferentes métodos e sistemas de irrigação, com suas vantagens e desvantagens, se adequando a cada situação específica. Os sistemas de irrigação pressurizados, quase que em sua totalidade, necessitam de unidades de bombeamento, que são responsáveis pela maior parte dos gastos com energia. Neste sentido, quaisquer desvios das condições ótimas de trabalho, ou seja, eleva-
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dos níveis de ineficiência, elevam ainda mais os custos energéticos. As unidades de bombeamento são compostas por um conjunto de bomba e motor. No cenário brasileiro de irrigação, são utilizadas, em grande parte, bombas centrífugas acionadas por motores elétricos. A ineficiência dos sistemas de irrigação pode aumentar significativamente o consumo de água e energia, diminuindo assim a margem de lucro do produtor rural. O beneficiado pela irrigação pode não realizar as análises devidas em seus sistemas, a fim de verificar sua eficiência, tanto por falta de tempo quanto por desconhecimento de tais testes. Deve-se ter em mente que no momento do dimensionamento de sistemas de irrigação, são considerados parâmetros para se alcançar a maior eficiência economicamente viável. Do ponto de vista de engenharia de sistemas de irrigação, a sua eficiência de irrigação pode ser particionada em diferentes eficiências, como aplicação, distribuição e condução. A eficiência de apli-
cação consiste na relação da água que atinge o solo e a água aplicada pelo sistema, ao passo que a eficiência de distribuição consiste na relação da água que foi aplicada em um determinado lugar e a água que teoricamente deveria ser aplicada neste local, e por fim, a eficiência de condução consiste na relação entre a água aplicada pelo sistema e a água bombeada pela unidade de bombeamento. O dimensionamento hidráulico do sistema de irrigação afeta as eficiências de aplicação e distribuição, em relação à eficiência de irrigação, mas, além disso, atinge diretamente a eficiência energética do sistema de irrigação. O consumo energético dos sistemas de irrigação está diretamente vinculado ao sistema hidráulico, principalmente em relação ao correto dimensionamento da unidade de bombeamento. Ainda em relação à eficiência energética, podemos citar um fenômeno que vem ocorrendo nas últimas décadas, que é a substituição dos canais por tubulações, para a distribuição da água pela área a ser irrigada, o que acarreta eleva-
ção do consumo energético. Porém, aumentou consideravelmente a eficiência de condução e possibilitou a utilização de sistemas de irrigação pressurizados, que possuem maior potencial de eficiência de irrigação. Para a seleção da unidade de bombeamento a ser utilizada são necessárias duas informações, o volume necessário para suprir as necessidades hídricas da cultura e a energia consumida por unidade de volume. O volume necessário depende da cultura a ser irrigada, da área irrigada e do clima. Já a energia consumida por unidade de volume depende do sistema de irrigação, do projeto hidráulico e das características topográficas do terreno. A otimização do projeto hidráulico acarreta sistemas hidraulicamente eficientes, reduzindo a energia consumida por unidade de volume, aumentando assim a eficiência energética do sistema. Para um bom dimensionamento hidráulico do sistema de irrigação, dois dos principais fatores são o correto equacionamento e a estimativa da perda de carga. Charles Echer
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Métodos e sistemas de irrigação
A eficiência de irrigação do sistema pode estar dentro dos parâmetros esperados, porém a eficiência energética do mesmo está aquém do máximo potencial
A perda de carga é a dissipação da energia quando a água flui através das tubulações, devido ao atrito entre as moléculas de água e as modificações no sentido do fluido, como ocorre em curvas, reduções e ampliações na tubulação. Ou seja, a perda de carga é responsável pelo aumento da energia necessária por unidade de volume, e por consequência, quanto maior a perda de carga, menor a pressão disponível para acionamento do sistema de irrigação. A perda de carga pode ser dividida em duas partes, a perda de carga distribuída, ou contínua, e a perda de carga localizada, ou especial. A perda de carga distribuída ocorre nos trechos retos e sem alterações de diâmetro das tubulações, depende das características da água, da vazão, do diâmetro, do comprimento e do material do tubo. A perda de carga localizada ocorre nos trechos onde há alterações no sentido do fluido, como em curvas, ampliações, reduções, têes, válvulas e demais peças especiais utilizadas para modificar a tubulação e depende da peça especial e da vazão no encanamento. Sendo assim, quanto maiores o comprimento da tubulação, a vazão (volume por tempo), o número de peças especiais e o menor o diâmetro da tubulação, maior a perda de carga. Neste sentido, quando se consideram linhas laterais de irrigação, quanto mais longe do início da tubulação, menor a pressão. Deve-se levar em consideração que a linha lateral de irrigação é um dos mais importantes componentes do sistema de irrigação, já que nela encontra-se o dispositivo, emissor, que irá realizar a irrigação pro-
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priamente dita (aspersor, canhão, gotejador, microaspersor). Em relação aos emissores, deve-se ressaltar que a vazão aplicada depende da pressão de operação, para emissores não autocompensantes, ou seja, nestes emissores, para uma determinada faixa de pressão, quanto maior a pressão, maior a vazão. Já para emissores autocompensantes, para uma determinada faixa de pressão, a vazão mantém-se constante. Neste sentido, pode-se inferir que emissores autocompensantes são melhores, porém, não se deve descartar que estes emissores tendem a ser mais caros. Outro fator a ser salientado é que emissores autocompensantes são comumente utilizados em sistemas de irrigação localizada, porém, quando se con-
sidera aspersão, a alternativa mais usual é a utilização de válvulas reguladoras de pressão, que mantêm a pressão constante para uma determinada faixa de pressão. O funcionamento do emissor fora da faixa de pressão especificada pode ocasionar estresse hídrico, por excesso ou déficit, já que serão aplicados volumes maiores ou menores que o necessário e/ou projetado. Para o caso de emissores que aspergem água (microaspersores, aspersores e canhões), além do volume, ocorrerão variações no perfil de distribuição de água, devido à pressão necessária para o fracionamento da gota. O efeito de pressões abaixo da faixa de operação é o pouco fracionamento da gota, gerando gotas maiores que as pre-
Para que o irrigante possa verificar se seu sistema está bem dimensionado, é necessária a execução de testes de uniformidade de aplicação
Fotos
O dimensionamento hidráulico do sistema de irrigação afeta as eficiências de aplicação e distribuição, e atinge diretamente a eficiência energética
vistas em projeto, e por consequência, deposição das mesmas na periferia do círculo molhado pelo emissor. Quando a pressão é maior que a da faixa recomendada, as gotas tornam-se muito pequenas, depositando-se próximo ao aspersor, aumentando a possibilidade de ação do vento e da temperatura, e, neste caso, aumenta-se também a chance de perdas por evaporação e arraste das gotas. Os perfis modificados pelo funcionamento fora da faixa de operação geram uma distribuição desuniforme na área irrigada, gerando regiões onde pode haver estrese hídrico (excesso ou déficit). Em regiões onde se deposita muita água podem ocorrer diferentes fenômenos como empoçamento, encharcamento e/ou escorrimento superficial, levando ao menor desenvolvimento ou morte da cultura implementada, e em alguns casos erosão. Já em regiões onde a lâmina é menor que a necessária, pode ocorrer indisponibilidade hídrica, afetando o desenvolvimento da cultura e ocasionando morte em casos severos. Neste sentido, para que o irrigante possa verificar se seu sistema está bem dimensionado, é necessária a execução de testes de uniformidade de aplicação. Estes testes podem identificar se o sistema está operando dentro dos limites aceitáveis de uniformidade de aplicação de água. A partir dos dados coletados, podem ser calculados diferentes coeficientes, dentre eles o coeficiente de uniformidade de Christiansen (CUC ou UC), um dos mais utilizados indicadores de uniformidade de aplicação. Em alguns casos, principalmente onde se tem emissores autocompensantes ou válvulas reguladoras de pressão, os efeitos, de pressões acima do indicado pelo
O dimensionamento hidráulico de sistemas de irrigação influencia diretamente na seleção da unidade de bombeamento
fabricante, sobre a uniformidade de aplicação podem ser amenizados. Porém, além dos efeitos diretos sobre a eficiência de irrigação, deve-se levar em consideração o consumo energético do sistema, já que a unidade de bombeamento está fornecendo uma pressão acima da necessária para o correto funcionamento do sistema, em outras palavras, a unidade de bombeamento está superdimensionada. Sendo assim, a eficiência de irrigação do sistema pode estar dentro dos parâmetros esperados, porém a eficiência energética do sistema está aquém do máximo potencial. Nestes casos, a detecção do problema é um pouco mais difícil, sendo necessários testes hidráulicos de funcionamento do sistema de irrigação, para obtenção de dados de pressão e vazão. Pressões maiores que a máxima pressão da faixa de operação acarretam redução da vida útil do sistema, além de reduzir a eficiência energética, reduzindo a margem de lucro do produtor. O dimensionamento hidráulico de sistemas de irrigação influencia diretamente na seleção da unidade de bombeamento, e por consequência na eficiência energética, mas também na distribuição de água no campo de produção, ou seja, na eficiência de irrigação. Como pôde ser visto no texto, a eficiência de irrigação e energética dos sistemas de irrigação é um assunto de extrema importância para o produtor rural, que necessita produzir com o maior lucro .M possível, sem agredir o meio ambiente. José Henrique Nunes Flores, UFPel
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AGRICULTURA DE PRECISÃO
Tudo sob controle
A utilização da telemetria auxilia o produtor a saber exatamente como e onde está empregando seus recursos, sendo possível descobrir, por exemplo, quanto tempo o motor de um pulverizador é usado para deslocamentos e quanto é necessário nas aplicações
O
aumento da demanda de alimentos criou a necessidade do desenvolvimento de novas práticas que tornem possível a maior produção de alimentos sem que ocorra a expansão das áreas agricultáveis. Sementes selecionadas, defensivos agrícolas para o combate de pragas, doenças e plantas daninhas, mecanização e tecnologias de monitoramento para a melhor utilização destes recursos são algumas das ferramentas adotadas para promover o avanço da produtividade. A utilização de defensivos agrícolas é uma prática comum no controle fitossanitário na maioria das culturas. Esta operação agrícola é responsável pelo maior custo em uma safra, devido ao grande número de aplicações e ao alto custo dos produtos. Com isso, é fundamental compreender que o desempenho do equipamento está relacionado com a capacidade de campo da máquina, que compreende sua calibração e manutenção, fatores que estão embasados na quantidade de horas trabalhadas. A pulverização destes produtos nas lavouras deve ser realizada de maneira eficiente, sem falhas na cobertura das plantas pela calda, para que ocorra a entrega do ingrediente ativo ao alvo. Para que essa cobertura não apresente falhas, a escolha da ponta é muito importante, visto a diver-
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sidade de tipos de jatos e vazões disponíveis no mercado. Além disso, a calibração do equipamento utilizado também é de extrema importância. Um equipamento mal calibrado leva a falhas durante a aplicação, podendo ocorrer menor ou maior dispersão de calda em alguns pontos ou faixas da lavoura. Em excesso pode provocar fitotoxicidade nas plantas cultivadas, e em deficiência não leva ao efeito desejado do produto, havendo a necessidade de uma nova aplicação para cobrir as falhas existentes. Neste caso, com a necessidade de uma nova aplicação, ou seja, uma nova entrada do equipamento na lavoura acaba elevando ainda mais os custos de produção. A aplicação dos defensivos agrícolas pode ser realizada por equipamentos montados ou tracionados por máquinas agrícolas, ou ainda por um tipo de máquina agrícola exclusiva para estas atividades, conhecidas por autopropelidos. Os autopropelidos são equipamentos que se movem por si só, não necessitando de máquinas que os tracionem, como tratores. Seu uso vem se destacando devido à sua ampla capacidade de carga, variando de 2.000 a 4.500 litros, com barra de até 36 metros, podendo trabalhar até 30km/h. Com isso, amplia a área aplicada por passada e reduz o número de paradas para abastecimento, proporcio-
Alexandre Russini
Pedro Augusto Fan
nando maior rendimento operacional. Outra vantagem deste equipamento é a possibilidade de utilização de agricultura de precisão com maior controle e precisão sobre a aplicação. Ainda, este equipamento destaca-se pelos menores danos causados às lavouras pela sua entrada, devido ao seu maior vão de distância do solo, permitindo a entrada em áreas com plantas com estádio de desenvolvimento mais avançado das culturas, com maior altura das plantas, e também devido ao formato dos pneus utilizados, que são mais estreitos e ocasionam menor esmagamento de plantas. A telemetria é uma ferramenta utilizada para monitorar as operações agrícolas em tempo real, e busca a identificação e correção de possíveis erros operacionais antecipadamente, evitando gastos desnecessários. A razão entre área trabalhada pelo tempo efetivo é denominada Capacidade Operacional de Campo Teórico (CcT) e leva em consideração que o equipamento trabalha 100% do seu tempo. No entanto, é sabido que no campo, os equipamentos não são capazes de trabalhar 100% do seu tempo efetivo. Isto é devido
à perda de tempo esporádica, como parada para manutenção rápida, manobra, necessidade de reabastecimento de tanque (capacidade nominal), entre outras interferências externas ao equipamento que podem ocorrer na lavoura. Essa perda de tempo está inserida na Eficiência de Campo (Ec), e nada mais é que a razão entre o tempo operacional efetivo e o tempo total de campo (Pacheco, 2000). Com o intuito de promover um maior conhecimento sobre a capacidade operacional de campo teórico e da eficiência de
campo de um autopropelido, foi realizado este trabalho como um estudo de caso. Este estudo foi desenvolvido a partir de dados coletados em uma propriedade com 1.266,4ha, localizada no estado de São Paulo, com atividade agrícola intensiva e irrigação que variam no tempo e no espaço, de acordo com a evolução das atividades. Esta propriedade emprega o uso de pulverizador autopropelido para aplicação dos defensivos agrícolas na lavoura, e é equipado com um sistema de telemetria para controle das operações.
Figura 1 – Mapa de taxa de aplicação (L/ha)
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Gráfico 2 – Tempo trabalhado pelo motor (horas) e tempo de aplicação (horas)
Foram avaliadas seis áreas com diferentes modelos de rotação de cultura, com cultivo de soja, feijão, algodão e milho no verão, e milheto e aveia no inverno. O controle de pragas, doenças e plantas daninhas foi efetuado conforme as indicações técnicas para cada cultura. O equipamento-alvo do estudo foi um pulverizador autopropelido da marca Jacto, modelo 3030, instrumentado com conjunto Omni 700, cujas informações coletadas foram obtidas pelo Sistema de Telemetria Agritel. Os dados de número de dias trabalhados, eficiência operacional, velocidade operacional média, taxa de aplicação e volume médio e total aplicado por hectare foram obtidos no período de junho a setembro de 2018. Levando em consideração de que a área agrícola avaliada recebeu mais de uma aplicação, o equipamento agrícola avaliado pulverizou o total de 5.899,3ha. Dos 114 dias avaliados, o pulverizador trabalhou 71 dias, portanto a eficiência operacional foi de 62%. O volume total de calda aplicada foi de 753.890 litros, com uma taxa de aplicação média de 127,8L.ha-1. Durante o período avaliado, observou-se que o motor
operou durante 538,1 horas, com apenas 135,2 horas de pulverização, resultando em um rendimento operacional de 25,1%. Este valor encontrado para o rendimento operacional é considerado muito baixo. Os principais fatores que determinaram este baixo rendimento foram os deslocamentos realizados entre as áreas da propriedade, o que leva à necessidade de replanejamento e redistribuição nas atividades agrícolas com o intuito de otimizar estas operações. A telemetria mostrou-se uma eficiente ferramenta tecnológica aliada à mecanização agrícola, permitindo a obtenção de dados sobre a utilização do equipamento da propriedade rural do presente estudo Com isso, pode-se concluir que a telemetria foi eficiente no monitoramento dos parâmetros operacionais, que levarão ao aperfeiçoamento da aplicação de defensivos agrí.M colas e à redução dos custos de produção.
O equipamento-alvo do estudo foi um pulverizador autopropelido da marca Jacto, modelo 3030
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Lara Marie Guanais Santos, UEL Daniel Campaneli de Andrade, Agritel Natassia Magalhães, Armacolo Bruno Teixeira de Sousa, UEL Fábio Okahar, Agritel Guilherme Mendes Pio de Oliveira Ricardo Ralisch Otavio Jorge Grigoli Abi Saab, Agritel Case IH
CamsoBrasil
Gráfico 1 – Total de dias avaliados
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A utilização de defensivos agrícolas é uma prática comum no controle fitossanitário na maioria das culturas