C
Cultivar
Cultivar Máquinas • Edição Nº 195 • Ano XVII - Maio 2019 • ISSN - 1676-0158
Índice
Destaques
04 Rodando por aí 10 Colhedoras
Influência da umidade e maturidade dos grãos na qualidade da colheita
14 Transbordos
Tipos de transbordos utilizados nas diferentes operações agrícolas
18 Evento
Confira os principais lançamentos e novidades da Agrishow 2019
28 Nossa capa
Test drive exclusivo do trator Mahindra 6075
38 Colhedoras
Importância do preparo do solo e plantio para garantir a qualidade
28
41 Colhedoras
Avaliação de danos na colheita de tomate
Charles Echer
Nossa capa Test drive do trator Mahindra 6075
44 Pneus
Avanço da utilização de pneus radiais em máquinas agrícolas
48 Tecnologia
Uso da Telemática e os desafios da conectividade no campo
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter
• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi Cassiane Fonseca • Revisão Rogério Nascente • Design Gráfico Cristiano Ceia
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Assinatura anual (11 edições*): R$ 269,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
RODANDO POR AÍ Fendt 1000 Vario
O trator Fendt Vario, de 517cv, foi uma das principais novidades lançadas na 26ª edição da Agrishow. A linha Vario foi projetada especificamente para entregar um poderoso trator de tração para o mercado global. Lançadas em 2015, na Europa, as máquinas conquistaram premiações em mais de cinco diferentes países daquele continente. “O Fendt Vario é o trator mais versátil do mercado, por ser o único nessa faixa de potência de 500cv montado em monobloco”, afirmou o Marketing de Produto Trator da Fendt, Saulo Ginak. O produto também apresenta a transmissão Vario Drive.
Fendt
A fabricante de máquinas agrícolas Fendt anunciou sua chegada ao Brasil durante a Agrishow. A gigante alemã vai montar sua Divisão para a América do Sul no município de Sorriso, no Mato Grosso. “Queremos aliar a engenharia alemã à força do agro brasileiro, para atender a agricultura profissional brasileira”, explicou o diretor de Negócios da Fendt na América Latina, José Henrique Galli. Nesse primeiro momento no mercado brasileiro, a marca introduz ao produtor a plantadeira Momentum, o trator Fendt 1000 Vario e a colhedora Fendt Ideal.
New Holland
Focada em conceitos alicerçados não apenas em produtos, mas que buscam diferenciar a marca, a New Holland participou de mais uma edição da Agrishow. Sustentabilidade ambiental e social estão entre os objetivos perseguidos pela montadora. Em tratores, a New Holland apresentou as linhas especiais para fruticultura T3 e T4, os modelos abaixo de 100cv com motor mecânico, além de tratores voltados para a agricultura em grande escada, como o T9 na versão com esteiras. “Apresentamos tratores com altíssima tecnologia para fruticultura e uma renovação na linha abaixo de 100cv, já atendendo normas de emissões”, afirmou o vice-presidente da New Holland Agriculture para a América do Sul, Rafael Miotto.
Raven do Brasil
Grandes destaques marcaram a presença da Raven do Brasil na Agrishow, como o sistema de comunicação entre máquinas e o controle bico a bico Hawkeye. O sistema de comunicação permite aplicar com dois pulverizadores simultaneamente no mesmo talhão. Já com o controle bico a bico Hawkeye, o produtor agrega uma ferramenta de tecnologia de aplicação a sua produção. O princípio de funcionamento do equipamento baseia-se em realizar um controle preciso da pressão de trabalho, mantendo-a sempre em condições de proporcionar o tamanho ideal de gotas.
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Pioneirismo
O vice-presidente da Fendt, Peter Josef-Paffen, esteve presente na Agrishow 2019. A participação do executivo demonstra a importância da agricultura brasileira para a marca, que acaba de chegar à América do Sul. Com quase 90 anos de história, o executivo destacou a importância de ouvir agricultores e entender as suas demandas e reais necessidades para produzir máquinas que tragam rendimento e produtividade. “Desde 1930, a Fendt construiu um histórico de pioneirismo em produtos e excelente atendimento ao cliente. Estamos muitos felizes em trazer a experiência Fendt ao produtor do Brasil”, afirmou Josef-Paffen.
Agrale
Com atualização na motorização da sua linha de tratores de 75cv a 100cv, a Agrale esteve presente na Agrishow 2019. Os novos motores atendem às exigências da legislação sobre emissão de poluentes MAR-1. A marca também aproveitou o evento para lançar o trator 540, com motor monitorado eletronicamente. Com 40cv e motor eletrônico, o trator Agrale 540 XT chamou a atenção no estande da marca. “Destacamos também, novos tratores com preparação vocacional, ou seja, para clientes de cana e café, preparados por nossa engenharia para atender às mais diversas configurações do trator e da agricultura”, disse o gerente de Vendas de Tratores da Agrale, Adriano Chiarin.
Jacto
A Jacto apresentou, na Agrishow 2019, seu pulverizador PJA 18, assistido a ar e alimentado por bateria. Ideal para pulverização em cultivo protegido de hortaliças é utilizado também em campo aberto, como pomares de uva e em café. Além da bateria, que substitui o motor a combustão, o equipamento vem equipado com ventilador. “O grande diferencial da máquina é a qualidade de aplicação. O PJA elimina o consumo de combustível e promove a eficiência de trabalho, já que o produto requer menos manutenções”, afirmou Iago de Oliveira, de Planejamento de Produtos da Jacto.
Farm Solutions
Lançamento na Agrishow 2019, a AGCO apresentou o Farm Solutions, que agrega um pacote de soluções agronômicas tecnológicas, desenvolvido em parceria com a InCeres, a AgroCad e a Solinftec. Toda a gestão das informações nutricionais do solo, do desenvolvimento da lavoura, de estratégias agronômicas, de recomendações e da colheita estará interligada com as máquinas das marcas Massey Ferguson e Valtra. Para o supervisor de Marketing da AGCO, Niumar Dutra, a estratégia tecnológica da empresa surgiu com a necessidade de aprimorar as ofertas de soluções de agricultura de precisão. “Realizamos estudos em conjunto com os nossos parceiros para poder oferecer serviços agronômicos mais relevantes para o agricultor enfrentar seus desafios no campo,” explicou.
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Plantio
LS Tractor
O lançamento do R65, trator LS Tractor apresentado na Agrishow 2019, caracteriza um reforço para a cafeicultura brasileira, já que substitui o trator R60, que agora vem com 65cv. Além dos tratores da marca, a empresa também focou no LS Tech, solução em gestão e monitoramento de máquinas no campo. “Através do aplicativo, o operador vai chegar na máquina, se identificar no monitor e a partir daí terá acesso a todas as necessidades do trabalho diário, desde ordem de serviço, até manutenção e abastecimento. O LS Tech é uma nova tecnologia que vem para simplificar e qualificar a gestão de dados, para o administrador reduzir custos e melhorar resultados”, explicou o gerente de Marketing da LS Tractor, Astor Kilpp.
Perkins
A Valtra levou para a 26ª edição da Agrishow a plantadora Momentum. Dobrável, ela fica com apenas 3,6 metros de largura quando fechada, o que favorece a mobilidade e o transporte em estradas. “O equipamento possui tecnologia 100% Precision Planting, com dosador de sementes Vset2, sistema de controle de linhas vDrive e monitor 2020 Seedsense Geração 3. Uma máquina feita para atender às necessidades dos produtores que se encontram com janelas cada vez mais curtas de plantio”, destacou o supervisor de Marketing de Plantadoras da Valtra, Vinícius Gehlen. A Momentum chega com versões de 24, 30 e 40 linhas.
A Perkins esteve presente na Agrishow com sua linha de motores para máquinas agrícolas, com destaque para aqueles com potência abaixo de 100cv, aptos para o pleno atendimento das normas de emissão de poluentes MAR-1. A marca também deu destaque à ampla oferta de peças e à ampliação da rede de atendimento em assistência técnica nas diversas regiões de cultivo no Brasil. “Nós temos hoje peças e mecânicos treinados e certificados pela Perkins em todo o Brasil, para oferecer assistência ao produtor que compra um equipamento que tenha o Perkins MAR-1”, afirmou o gerente regional de Marketing da Perkins, Rafael Souza.
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Kuhn
O pulverizador Fighter foi o grande destaque da Kuhn em seu estande, durante a participação na Agrishow 2019. Segundo o gerente de Marketing da Kuhn, José Basseti, o lançamento do Fighter foi muito esperado pelos clientes da marca. Com tanque de aço inox de 2,5 mil litros, o novo autopropelido vem com opções de barras de pulverização de 27, 30 e 32 metros, em aço carbono e vão livre de 1,60 metro. “Apostamos no tanque de inox e acreditamos ser uma tendência. As empresas de agroquímicos estão sempre lançando novos produtos e a tecnologia em inox gera uma qualidade de limpeza sem comparação”, explicou Basseti.
Valtra
Novidades em tratores foram apresentadas pela Valtra na Agrishow 2019. Entre os produtos em exposição no estande da marca, destaque para a quarta geração da Série S. Além de ser equipada com transmissão CVT, a Série S chega ao mercado com a ferramenta Smart Touch. “Essa funcionalidade eleva o patamar de conectividade do operador com a máquina, sendo totalmente interativa. Com apenas alguns toques o operador consegue ter o completo domínio da máquina” explicou o coordenador de Marketing de Produto Valtra, Flávio Pastori.
ConectarAGRO
“Uma iniciativa para levar a conectividade ao meio rural”, assim o diretor de Tecnologias Digitais da CNH Industrial, Gregory Riordan, definiu o ConectarAGRO, parceria que conta com oito empresas compromissadas em assumir esse desafio. “Selecionamos uma conectividade aberta, a mesma utilizada nas cidades, para assim viabilizar a utilização dessa tecnologia no campo”, disse Riordan. O executivo destacou a importância de unir a demanda com a oferta e buscar alternativas para financiamentos ou cooperativas que gerem acesso a essa necessidade tecnológica a pequenos e médios produtores. Segundo Riordan, só com a conectividade é possível fazer amplo e eficiente uso dos softwares disponíveis no mercado atualmente.
Repense a Produtividade
A Case IH montou, na 26ª edição Agrishow, o espaço Repense a Produtividade, onde apresentou tecnologias como os tratores com esteiras de borracha Quadtrac, o pulverizador Trident, as colhedoras 8230 e 9230, além das novidades em conectividade com o AFS Connect. “Os tratores com esteiras de borracha Quadtrac são uma alternativa para diminuir a compactação do solo. O mesmo recurso também é utilizado nas colhedoras 8230 e 9230. Em pulverização, o Trident permite a aplicação tanto de líquido como de sólidos na mesma máquina”, citou o diretor de Marketing da Case IH para a América do Sul, Sílvio Campos.
John Deere
Apresentar uma nova geração de máquinas foi o objetivo da John Deere, na 26ª Agrishow. “A John Deere esteve na Agrishow para mostrar ao agricultor um fase da agricultura no Brasil. Nós trouxemos vários lançamentos que vão mudar a forma como se faz agricultura”, ressaltou o responsável por Marketing Tático da John Deere, Maurício de Menezes. Entre os destaques, a montadora apresentou as novas plantadoras ExactEmerge, o trator de esteiras 9RX, pulverizadores M4000 e as colhedoras série S700. “Tudo isso conectado ao Operation Center, para que em tempo real o produtor possa tomar decisões mais assertivas”, finalizou Menezes.
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Financiamento
A escassez de recursos financeiros através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fez com que as montadoras de máquinas agrícolas buscassem alternativas para driblar a dificuldade de oferta de financiamento aos clientes. Segundo o líder de Finanças da Mahindra, Cássio Brito, um dos principais desafios se refere ao prazo longo, geralmente oferecido em caso de recursos públicos, indisponível no sistema privado. “A Mahindra trabalha com três bancos parceiros, com um modelo de financiamento que possa facilitar o acesso do agricultor aos produtos, porque a gente entende que esse é um movimento de mercado que dificilmente voltará atrás. Quem sair na frente com boas parcerias vai ter vantagem nesse processo”, explicou Brito.
Vitrine
A New Holland levou sua linha completa de produtos agrícolas e industriais para a Agrishow. Tratores, colhedoras, plantadoras, pulverizadores e enfardadoras estiveram entre os destaques da marca, que também expôs soluções em conectividade. “O Agrishow é muito importante porque nos dá a oportunidade para demonstrar a força da marca e o desenvolvimento do nosso negócio no Brasil e na América Latina”, avaliou o presidente Global da New Holland, Carlo Lambro.
Lançamento
A AGCO Corporation anunciou, durante a Agrishow, a chegada da marca Fendt ao Brasil. Por quase nove décadas, a empresa alemã tem sido pioneira no desenvolvimento de tecnologias para a agricultura e no suporte ao cliente. O lançamento da Fendt no Brasil é um dos pilares do plano de crescimento da AGCO no país. “Estamos muito felizes por lançar uma marca premium, de um posicionamento bem importante em nível global. A Agrishow é um marco importante para apresentarmos uma nova oferta de produtos e serviços e até compartilhar a experiência de uma marca nova no mercado brasileiro”, celebrou o diretor de Marketing da AGCO para a América do Sul, Alfredo Jobke.
Absoluta
A nova plantadora Absoluta 61 linhas, única do mercado com sete módulos e molas pneumáticas, foi o grande lançamento da Stara na 26ª edição Agrishow. “Estamos muito felizes e orgulhosos por apresentar a Absoluta 61 linhas, a maior plantadeira produzida no Brasil. São sete seções, ela já vem com toda tecnologia embarcada Stara, e uma maior capacidade de semente, 6.100kg. Os tratores estão aumentando de potência e nós estamos trazendo a plantadeira para que esses tratores possam ser utilizados na fazenda”, disse o diretor-presidente da Stara, Gilson Trennepohl. Outro destaque ficou por conta do Syncro, um sistema de transmissão de dados via rádio que permite a comunicação sincronizada entre plantadeiras da marca.
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Renovação
Desde 2017, a Massey Ferguson já realizou cem lançamentos de produtos. Segundo o diretor de Vendas da Empresa, Eduardo Nunes, essa atualização do portfólio segue uma tendência de necessidade de investimento e renovação das tecnologias oferecidas ao produtor. “Fazemos parte também dessa renovação, que é uma coisa marcante pra nós como operação no Brasil. Investimos maciçamente em tecnologia, entrando em segmentos que não atuávamos. Isso tudo é a matriz acreditando no potencial e na marca para levar essa revolução tecnológica ao produtor brasileiro”, destacou Nunes.
Profissional
Durante a cerimônia de lançamento da marca Fendt no Brasil, o COO da AGCO, Eric Hansotia, destacou a importância do Brasil e do produtor brasileiro para a agricultura mundial, citando a visão e a alta tecnificação do campo brasileiro. Segundo Hansotia, o mundo não consegue se alimentar sem o Brasil e o agricultor brasileiro exige um alto nível de tecnologia em máquinas. “Nossa intenção é sempre sermos parceiros dos agricultores em todo o ciclo de produção de suas culturas. No Brasil, percebemos um agricultor profissional e exigente e, com a chegada da Fendt ao país, queremos auxiliar esse produtor no seu papel fundamental na segurança alimentar mundial”, enfatizou Hansotia.
Hexagon
A busca por soluções que transformam máquinas agrícolas em agentes digitais no campo foi o grande destaque no estande da Hexagon, durante a Agrishow 2019. O presidente da empresa, Bernardo de Castro, avaliou que os clientes estiveram na feira dispostos a negociar. “Vimos um mercado aquecido para nossos produtos, refletindo em acréscimo de vendas e fechamento de parcerias com marcas importantes”, afirmou Castro. Uma das soluções da Hexagon que vem chamando a atenção do mercado de OEM é a Intervenção Remota de Máquinas, que permite fazer a assistência técnica a distância. Além de reduzir os custos de deslocamento de técnicos, ele diminui o tempo de máquinas paradas, melhorando os indicadores de eficiência das operações.
Orion
Em mais uma edição da Agrishow, a Orion e a Cygni marcaram presença com sua equipe diretiva. Durante a feira, receberam clientes e visitantes no estande da empresa e deram ênfase para o portfólio de produtos demonstrados, com destaque para o lançamento do Hunte 3000 Double Shot.
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COLHEDORAS
Hora de colher O ponto de colheita influencia diretamente nas perdas ocasionadas na plataforma de corte e em todo o sistema de trilha e separação, exigindo regulagem adequada e atenção para colher no momento certo
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produtividade de trigo em muitas regiões brasileiras, principalmente nas novas fronteiras agrícolas, está associada ao avanço e ao uso de novas tecnologias nos sistemas de produção empregados pelos agricultores. Por essa razão, as perdas por ocasião da colheita mecânica representam substancial desperdício de energia investida no estabelecimento e na condução da cultura. Os principais produtos agrícolas usados para consumo humano, entre os quais destaca-se o trigo, dependem de um sistema que envolve produção, conservação, distribuição e uso racional dos recursos. Para aprimorar esse sistema, grande parte dos recursos deveria ser alocada para o componente produção. E este, até o presente, tem sido o procedimento adotado. Os demais componentes do sistema têm sido negligenciados. Os programas de melhoramento de grãos buscam selecionar cultivares que produzam pelo menos 5% a mais do que os materiais em cultivo. Realizam-se tratamentos com fungicidas, com o intuito de evitar perdas de até 10%. Não obstante, perdas na colheita da ordem de 20% são reportadas em recentes publicações. Um trabalho conduzido pela Embrapa Trigo avaliou a influência do ponto de colheita de trigo para garantir a qualidade genética/industrial, minimizar o efeito do ambiente, reduzindo perdas no processo de colheita mecânica, e diag-
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nosticar os pontos críticos de perdas nas colhedoras (plataforma, mecanismo de corte, mecanismo de captação, trilha, limpeza e separação). Este trabalho foi conduzido no Centro Nacional de Pesquisa de Trigo – Embrapa Trigo, sendo que as épocas de colheita foram assim definidas: após maturação fisiológica de trigo (± 25% de umidade); cinco dias após (± 20% de umidade); oito dias após (± 16% de umidade); e ematuração plena (± 13% de umidade). Foi adotado o método do metro quadrado para avaliação de perdas de grãos, usando-se uma armação retangular de 3,6m de comprimento (plataforma da colhedora) x 0,277m de largura, perfazendo 1m2.
AVALIAÇÃO DE PERDAS
Todas as avaliações foram realizadas com colhedora, equipada com plataforma flexível. As perdas quantitativas, de plataforma, de trilha e de separação, e as perdas qualitativas, representadas por grãos amassados e grãos quebrados, foram avaliadas. Foram considerados 12 tratamentos, resultantes da combinação de quatro níveis de umidade do grão (25%, 20%, 16% e 13%) e três combinações de regulagem da folga entre cilindro/côncavo e rotação do cilindro, para cada umidade do grão (conforme Quadro 1),
valtra
com três repetições. Para cada nível de umidade do grão foi considerada uma regulagem recomendada pelo fabricante, denominada de Intermediária. Outra regulagem, com menor folga entre cilindro e côncavo e maior rotação do cilindro, foi denominada Menor. E uma terceira regulagem, com maior folga entre cilindro e côncavo e menor rotação do cilindro, foi denominada Maior. Procurou-se, dessa maneira, encontrar o ponto ótimo de regulagem da colhedora. A percentagem de grãos quebrados e de grãos amassados foi obtida pela análise de Dano Visual, realizada no Laboratório de Qualidade da Embrapa Trigo.
Charles Echer
RESULTADOS COLHIDOS
Na Tabela 1 são apresentados valores médios da perda quantitativa de trigo. O comportamento médio dos parâmetros analisados corresponde Uma das conclusões do ensaio é que existe interação acentuada ao que se esperava, ou seja, em relaentre nível de perda de grãos na colheita e umidade do grão ção às perdas na plataforma, o ponto máximo de perdas ocorre nas colheitas com umi- Quadro 1 - Regulagens usadas durante a colheita de trigo, para quatro níveis de umidade do grão dade de grãos ao redor de Umidade Menor Intermediário Maior 20%, reduzindo significa- do grão (%) Folga (mm) Rotação (rpm) Folga (mm) Rotação (rpm) Folga (mm) Rotação (rpm) tivamente à medida que 25 13 x 8 1.100 14 x 8 1.000 15 x 8 900 o trigo vai secando na la20 14 x 8 1.000 15 x 8 900 17 x 8 800 voura, até atingir o nível de 16 15 x 8 900 17 x 8 800 21 x 10 700 0,5% de perdas na colheita 13 17 x 8 800 21 x 10 700 25 x 12 700
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Figura 1 - Perdas na plataforma (barra de corte e molinete) e perdas nos mecanismos internos (trilha e separação) em função do nível de umidade do grão durante a colheita
Figura 2 - Percentagem de grãos amassados e quebrados em função do nível de umidade do grão durante a colheita
Como avaliar perdas na plataforma de corte a) Colher pequena área, até completar aproximadamente um quarto do tanque graneleiro da colhedora b) Parar a colhedora, deixando-a em funcionamento até eliminar toda a palha para fora da máquina. Então, como mostra a ilustração, retroceder a colhedora a uma distância igual à de seu comprimento c) Armar o quadro medidor na parte colhida, na frente da colhedora, e contar os grãos, até mesmo aqueles que tiverem permanecido nas espigas d) Voltar a colher até completar meio tanque e, então, repetir os procedimentos acima, para obter a segunda medição e) Voltar novamente a colher até completar, aproximadamente, três quartos de tanque, repetindo os procedimentos anteriores, para obter a terceira medição; e f) Somar o total de grãos encontrados nas três medições, dividindo-o por três, obtendo a média de grãos perdidos
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com 13% de umidade. Do mesmo modo, a perda nos mecanismos internos também é significativa (3,3%) apenas na colheita mais antecipada (25% de umidade), passando para um patamar de cerca de 2,0% de perdas nas demais épocas de colheita. Na Figura 1 são apresentados resultados de perdas ocorridas na plataforma da colhedora (barra de corte e molinete) e perdas nos mecanismos internos (trilha e separação), decorrentes dos níveis de umidade na colheita. Com relação às perdas na plataforma, verifica-se que, à medida que os grãos de trigo foram secando, menores foram as perdas. Isso pode ser explicado pela maior facilidade de ação das navalhas da barra de corte sobre colmos de plantas mais secos, e o molinete tende a enrolar menos plantas quando estas estão mais secas. As perdas nos mecanismos internos (trilha e separação), pela ação de regulagens que foram realizadas, apresentaram inflexão próxima a 16% de umidade, ou seja, existe tendência de as perdas serem minimizadas ao redor desse ponto de colheita. Observou-se que há interação acentuada entre nível de perda de grãos na colheita e nível de umidade no grão. Do mesmo modo, verificou-se que, nos diferentes níveis de umidade do grão, alguns ajustes devem ser efetuados na “regulagem básica” de uma colhedora. Os mais importantes são abertura (folga) do cilindro/côncavo e rotação do cilindro, responsáveis pela perda qualitativa do grão colhido. Na Figura 2 são apresentados os resultados do dano visual (percentagem de grãos amassados e de grãos quebrados) causado em grãos de trigo para diferentes níveis de umidade do grão durante a colheita. Observa-se que tanto um quanto outro apresentou o mesmo comportamento, ou seja, quanto mais úmido o grão, maior o dano. Esse dano visual representou, em média, perdas de 1,38% para 25% de umidade, 0,41% para 20% de umidade, 0,18% para 16% de umidade e 0,33% para 13% de umidade. A inflexão da curva mostra que
os melhores resultados foram obtidos na colheita com 16% de umidade.
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos permitem chegar a algumas conclusões. À medida que o nível de umidade do grão decresce, menores são as perdas de grãos de trigo na plataforma (barra de corte e molinete) da colhedora e a perda nos mecanismos internos tem o ponto de inflexão ideal próximo a 16% de umidade. Colheitas com elevado nível de umidade no grão (25%) apresentaram elevados valores de perda, tanto quantitativos quanto qualitativos. Na média, os menores índices de danos físicos, resultantes das regulagens usadas na folga entre cilindro e côncavo e na rotação do cilindro, foram obtidos na colheita com 16% de umidade; essas perdas podem ser ainda reduzidas pela regulagem adequada da colhedora. Na regulagem denominada Menor (15mm x 8mm de folga entre cilindro e côncavo e 900rpm de rotação do cilindro) encontra-se o ponto ideal de colheita, em que a perda total(quantitativa + qualitativa) al.M cançou o percentual de 3%. José Antonio Portella
Como avaliar perda total e perdas na trilha, nos saca-palhas e nas peneiras a) Conforme mostra a ilustração, armar o quadro medidor após a passagem da colhedora, na parte já colhida b) Contar os grãos, até mesmo os que tiverem permanecido nas espigas c) Voltar a colher e repetir o processo mais duas vezes d) Somar o total de grãos encontrados nas três medições, dividindo-o por três, encontrando a perda média de grãos; e e) Subtrair desse total a perda de grãos que ocorreu na plataforma, obtendo-se, por diferença, a perda verificada nos mecanismos internos da colhedora
Tabela 1 - Perdas percentuais de grãos de trigo em função do nível de umidade na colheita (média das safras 2000 e 2001). Indicador Plataforma Mecanismos internos TOTAL
25% 1,80 3,34 5,14
Nível de umidade 20% 16% 2,05 0,89 2,30 2,04 4,35 2,93
13% 0,50 2,33 2,83
Média 1,31 2,50 3,81
TRANSPORTE
Multitarefas U
Presentes em quase todas as fases das mais variadas culturas, os transbordos são equipamentos essenciais na logística de produtos, sementes e insumos nas propriedades agrícolas
m dos grandes desafios da atualidade para uma propriedade rural é a gestão do sistema de produção, principalmente, relacionada com as operações mecanizadas que dizem respeito ao transporte interno de insumos e produtos. Entre as ferramentas da administração utilizadas para a redução dos custos nos
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empreendimentos agrícolas, atualmente é muito empregada a logística. Uma subárea da logística, denominada de logística interna, que engloba todos os fluxos e movimentações físicas e operacionais de apoio que são realizadas dentro das empresas, vem encontrando espaço no setor agropecuário, com vistas à qualidade do produto “en-
tregue” (insumo - fertilizantes corretivos de solo, sementes; produto - grãos, raízes, frutas), diminuição de custos e de tempo para se obter competitividade com o mínimo de impactos negativos ao ambiente de produção. A necessidade de se diminuir os custos, com maior rapidez no fluxo de materiais, sem desperdícios ou perdas e com qualida-
de na movimentação de insumos e produtos na propriedade rural, estimulou os fabricantes de máquinas agrícolas a aperfeiçoarem os equipamentos de transporte, denominados de carretas transbordos, para atender às especificidades das operações em função das características do sistema de produção. Para se ter uma ideia da evolução dos equipamentos de carreta transbordo, na década de 1970, os grãos colhidos nas lavouras eram ensacados na plataforma da própria colhedora e, posteriormente, transferidos para caminhões. Surgiu então, nesta época, o depósito graneleiro das colhedoras que armazenava os grãos e descarregava, em um caminhão, o produto através de uma bica de rosca sem fim. A carreta de transporte foi criada com o intuito de fazer esse transbordo sem a necessidade de levar a colhedora até a estrada ou carreador para descarregar no caminhão. As carretas agrícolas fabricadas, naquela época, eram simples, com apenas um eixo. A carroceria era construída em madeira, instalada sobre um chassi de aço, sem regulagem para fixação de posições do cabeçalho. Não eram basculantes e possuíam baixa capacidade de armazenamento. Atualmente, existem diversos modelos de transbordo dispo-
níveis no mercado para a seleção, de acordo a necessidade. Por isso, ao se deparar com tantas opções, o administrador rural deverá levar em consideração alguns aspectos na aquisição, conforme veremos a seguir.
QUANTO AO SOLO
O conhecimento das características do solo e o sistema de manejo adotado na propriedade permitirão estimar a capacidade de suporte de carga. Tal informação deve ser considerada na definição do peso máximo a ser transportado pelo equipamento e do máximo de pressão que poderá ser exercida sobre a superfície, de modo a não causar efeitos danosos sobre os atributos físicos do solo. A capacidade de suporte de carga do solo serve de base para a realização das operações mecanizadas, pois determinará as condições mais adequadas para o tráfego das máquinas. Na relação solo-máquina deve-se escolher corretamente o tipo de pneu que será utilizado, e na operação realizar a sua calibragem - assim será minimizado o impacto da pressão sobre a estrutura do solo, evitando, principalmente, a compactação do solo. Charles Echer
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Fotos Charles Echer
Transbordo específico para transporte de algodão
QUANTO À CULTURA AGRÍCOLA
A escolha do transbordo deverá atender à especificidade da cultura com relação ao espaçamento, a exemplo da cana, no passado - os transbordos trafegavam sobre as soqueiras da cana, acarretando prejuízos na rebrota e, consequentemente, a queda na produtividade. Atualmente, os fabricantes disponibilizam transbordos com ajuste da bitola de acordo com o espaçamento da cultura. Quanto ao trator: a escolha do transbordo deverá estar adequada à capacidade de tração, portanto, o modelo escolhido deverá ter uma faixa de potência requerida compatível com o mesmo. Em muitos casos, é necessário verificar a compatibilidade do sistema hidráulico com a demanda para movimentação dos atuadores hidráulicos dos transbordos. Alguns transbordos utilizam também a tomada de potência para movimentação e/ou distribuição de sementes, grãos ou fertilizantes. Neste caso, atentar-se também para a potência disponível na TDP.
QUANTO AO MATERIAL A SER TRANSPORTADO
As especificações dos transbordos variam de acordo com o que se deseja transportar, existindo no mercado equipamentos para o deslocamento em diferentes processos operacionais de insumos ou produtos, como fertilizantes, sementes, grãos, cana, laranja, frutas e líquidos. Os propósitos atuais dos transbordos são diminuir o tráfego intenso nas áreas, minimizar os danos causados à estrutura do solo, reabastecer rapidamente as semeadoras e adubadoras, e garantir agilidade no processo, com menos interrupções. No processo de semeadura ou plantio das culturas anuais ou semiperenes, são utilizados três tipos de transbordos: os que transportam sementes/grãos e fertilizantes, que são chamados de reboques ou transbordos flex, utilizando sistema de controle remoto para movimentação de fertilizantes e para grãos a tomada de potência - que serão diretamente descarregados na semeadora ou adubadora ou caminhões via tubo de descarga. Outro tipo de transbordo é o que carrega big bags com sementes ou fertilizantes - que são depositados via braço hidráulico. O terceiro é o que transporta materiais propagativos, utilizados, por exemplo, no plantio de cana picada, batata inglesa e mandioca.
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Uma das características desejáveis dos graneleiros é a alta capacidade de descarga
Os transbordos são utilizados também no processo de pulverização para abastecimento de água dos pulverizadores, sendo importante considerar a capacidade de armazenamento dos mesmos - de acordo com a demanda de água das operações de aplicação de defensivos. A maior utilização dos transbordos é no processo de retirada da safra do campo, de grãos, raízes/ tubérculos, cana, café, frutas, laranja e outros. No período da colheita há um grande fluxo e movimentação de produtos e devem ser considerados alguns fatores para a seleção correta do equipamento de transporte, como sua capacidade de armazenagem e o ângulo da parede do depósito (cada tipo de produto apresenta uma angulação mínima para o fluxo do material). Paredes com angulações inferiores às recomendadas retêm o material, impedindo que ele flua com facilidade ao ser descarregado. O tipo de pneu usado também deve estar de acordo com o tipo de carga transportada. O tubo de descarga deve ser capaz de atingir a altura máxima da carroceria do caminhão, que pode ultrapassar os quatro metros. A capacidade de descarga, principalmente durante operações com curtas janelas de trabalho, deve ser adequada, de forma que possa ser realizada o mais rápido possível, permitindo que a carreta retorne ao trabalho, otimizando o tempo. Outros fatores que interferem na logística são a distância ser percorrida pelo reboque e o número de colhedoras trabalhando simultaneamente. Geralmente, um transbordo tem capacidade para armazenamento duas ou três vezes maior do que a capacidade da colhedora, o que possibilita uma redução na quantidade de transbordos para deslocamento até os silos ou caminhões, aumentando a relação custo/benefício.
TRANSBORDO DE CANA
Os modelos de transbordo para a colheita de cana ofertados no mercado podem atender das pequenas às grandes propriedades. Existem transbordos para pequenos talhões, robustos com chassi tubular dobrado e reforçado. Devido à robustez dos transbordos, é possível carregar um volume maior de cana picada sem comprometer sua estrutura. A capacidade volumétrica varia de 20m³ a 48m³, aproximadamente até 21,5 toneladas de material transportado. Ao utilizar duas ou mais “gaiolas” por carreta, a quantidade de pistões hidráulicos é aumentada para reduzir a sobrecarga no
sistema, tornando-o mais forte e confiável. Com toda a capacidade de carga, os equipamentos vêm equipados com poderosos pistões hidráulicos, acionados pelo controle remoto do trator, que são responsáveis por levantar a caçamba e descarregar lateralmente a cana picada. Com tamanha massa transitando pelas áreas de cultivo, é importante uma distribuição correta nos rodados, com objetivo de diminuir o impacto sobre as características físicas do solo. Para isto, os transbordos estão equipados com quatro eixos com melhor distribuição de peso sobre a superfície do solo, com bitola ajustável de acordo com o espaçamento do plantio e pneus com banda de rodagem mais largas de alta flutuação, com pequenas garras. Para as propriedades maiores, há disponibilidade de modelos rebocados por tratores ou montados em caminhões, com capacidade de transporte até de 32 toneladas.
TRANSPORTE DE GRÃOS
Normalmente, os transbordos de grãos
são fabricados com carretas graneleiras tracionadas pela barra de tração e o acionamento dos pistões hidráulicos ocorre pelo controle remoto, com função de erguer e bascular a estrutura. Estes modelos também possuem alta capacidade de carga e estrutura em aço reforçado, montadas em um chassi rígido, com objetivo de aumentar a segurança e a rapidez na operação de carregamento. Geralmente possuem um eixo, com pneus de alta flutuação e bitola ajustável, e telas na lateral e no fundo projetadas para ventilação e eliminação de impurezas provenientes da colheita. Atualmente, existem no mercado carretas graneleiras de grande porte, atingindo capacidade de 24 mil litros, trazendo sistema de eixo duplo e pneus de alta flutuação. Equipadas com tecnologia de rosca transportadora em polietileno de alta densidade (podendo também transportar adubos), com um sistema de acionamento direto. Para o transporte de frutas, principalmente a laranja, os transbordos são versáteis
e utilizam guindastes para o carregamento de bags com suporte de 700kg a 1.000kg e com capacidade de giro de até 230º. A tomada de decisão quanto à aquisição de um transbordo deverá ser precedida de análises econômicas, técnicas e sobre as reais contribuições que este teria para a realização das atividades na propriedade, evitando, assim, transtornos e prejuízos. A opção pelo sistema de compartilhamento entre produtores é uma alternativa a ser considerada, pela economia que poderá gerar para os mesmos; sem contar o custo da imobilização de capital para adquirir um equipamento. .M Marcos Silva, José Gabriel Freitas de Lima, Marcos Roberto da Silva, Tamara Silva Reis, Vinicius Santos Menezes, Thiago Rici, Antonio Firmo Leal e Luan Almeida da Silva, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Agrishow
EVENTOS
Conectividade & Agricultura 4.0 Temas de destaque na Agrishow 2019, os produtores do Sudeste puderam entender mais sobre Agricultura 4.0, Internet das Coisas e conectividade durante a feira. Além disso, grandes destaques em máquinas agrícolas, como a chegada da marca Fendt ao Brasil, marcaram a edição de 25 anos da Agrishow
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Fotos Cultivar
rincipal vitrine para demonstração de tecnologias e inovações do agronegócio na América Latina, a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação) ocorreu de 29 de abril a 3 de maio, em Ribeirão Preto (SP), e registrou uma alta na realização de negócios de cerca de 6,4% em relação ao ano passado, o que representa um volume de R$ 2,9 bilhões. Por segmento, a intenção de compra de máquinas se dividiu entre grãos, frutas e café (+5%), pecuária (+4%), irrigação (+35%) e armazenagem (-13%). Além de lançamentos e novidades apresentados, tendências crescentes como Agricultura 4.0 e Internet das Coisas foram pautas em diversos estandes, onde ferramentas de agricultura digital foram demonstradas aos visitantes. Outro tema recorrente foi a importância da conectividade no campo, com o lançamento da iniciativa conectarAGRO, uma parceria estabelecida por oito empresas (AGCO, Climate FieldView, CNH Industrial, Jacto, Nokia, Solinftec, TIM e Trimble) para levar internet às áreas mais remotas do Brasil e facilitar o uso de softwares para tomada de decisões que necessitam
Plantadeira de precisão Giga Max, com distribuidores pneumáticos, da Baldan
de conexão rápida por parte do produtor rural. Outro grande destaque do evento foi a chegada oficial da marca Fendt – reconhecida pela alta tecnologia embarcada em seus produtos - ao Brasil, com um portfólio que inclui tratores, colheitadeiras e plantadeiras direcionados para a agricultura profissional. Os executivos da marca anunciaram, também, o estabelecimento de uma divisão Fendt em Sorriso (MT), visando à aproximação com o cliente da marca. Ao longo dos cinco dias de evento, a feira recebeu um total de 159 mil pessoas, em sua maioria compradores e produtores rurais de pequeno, médio e grande porte, provenientes de todas as regiões do Brasil e também do exterior. Confira os destaques apresentados no evento.
JUMIL
Plantadeira de plantio direto transportável Terra, da Jumil
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Desenvolvida para o plantio de sementes graúdas, a plantadora de plantio direto transportável Terra, da Jumil, esteve presente no estande da marca e foi elaborada pensando no produtor que busca eficiência e menor tempo de operações dentro de uma pequena janela de plantio. As plantado-
para grande parte da região. O Centro vai oferecer novos produtos, incluindo kits de reparo, kits de reforma e uma gama de motores de reposição disponíveis em estoque.
RAVEN
Dois grandes destaques marcaram a presença da Raven do Brasil na Agrishow 2019: o sistema de comunicação entre máquinas e o controle bico a bico Hawkeye. O sistema de comunicação permite aplicar com dois pulverizadores simultaneamente no mesmo talhão. Um simulador foi utilizado no esras são fornecidas com chassi dividido em três seções - com capacidade para 29, 33 e 39 linhas -, cabeçalho pantográfico telescópico e sistema de articulação que permite a movimentação de fechamento do implemento para o transporte, economizando tempo e serviços de desmontagem e montagem, transporte e outras operação de apoio no campo.
BALDAN
Utilizado para levantar terraços e diminuir erosões no solo, o Terraceador de Arrasto com Controle Remoto Baldan (TACR foi um dos grandes destaques da marca na Agrishow 2019. O implemento possui discos de 26” e mancais de rolamento cônico com banho a óleo e/ou graxa, que aumentam o desempenho de lubrificação do equipamento, e duplos cilindros que facilitam na articulação das armações laterais. Outro produto apresentado aos produtores do Sudeste foi a plantadeira de precisão Giga Max, com distribuidores pneumáticos controlados por motores elétricos linha a linha. A semeadora utiliza sistemas vSet e vDrive – que eliminam todas as transmissões do equipamento - e vem equipada com monitor SeedSense ligado a vários sensores, informando ao operador em tempo real todo o funcionamento vital da máquina.
PERKINS
Com um portfólio de produtos fabricados na planta da Perkins em Curitiba (PR), os motores apresentados na Agrishow são parte de uma gama projetada para atender à mais recente norma de emissão MAR1 no Brasil e são usados em diversas aplicações agrícolas, industriais e de geração de energia, incluindo geradores, tratores, empilhadeiras, retroescavadeiras, miniescavadeiras e outros. Na feira, a marca ressaltou a importância do uso de peças genuínas para manter o potencial do motor. Para reforçar esse compromisso com os clientes, a Perkins abrirá, em breve, um Centro Logístico Regional (CLR) em Curitiba, estocando mais de três mil peças genuínas e oferecendo entregas em dois ou até um dia
A Perkins reforçou a importância do uso de peças genuínas nos motores
Sistema de comunicação entre máquinas, da Raven
Trator 2025 da Mahindra, com 25cv de potência
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NewLand Full, da Semeato, com caixa de fertilizantes para 3.000kg
tande da marca para demonstrar como um pulverizador com barra de 30 metros e outro com barra de 21 metros podem operar ao mesmo tempo, divididos entre a bordadura e as paralelas do talhão. Todos os dados gerados podem ser revisados, já que ficam armazenados na nuvem. Com o controle bico a bico Hawkeye, o produtor agrega uma ferramenta de tecnologia de aplicação a sua produção. O princípio de funcionamento do equipamento baseia-se em realizar um controle preciso da pressão de trabalho, mantendo-a sempre em condições de proporcionar o tamanho ideal de gotas, sustentando a vazão do produto, de acordo com a velocidade de deslocamento da máquina. A tecnologia controla a qualidade da aplicação, utilizando-se para isso o parâmetro tamanho de gota. Desta forma, o produtor economiza em insumos e gera uma aplicação mais precisa e eficiente de seus produtos.
MAHINDRA
Com foco na agricultura familiar de pequeno e médio porte, a Mahindra apresentou o trator 2025 durante a feira. O trator possui 25cv de potência e é indicado para aplicações severas, em especial aos produtores de hortifrutigranjeiros, uva e fumo. Por ser subcompacto, é adequado para trabalhos em estufas e ruas estreitas, onde o espaço de
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Semeadora Absoluta 61, da Stara, com sistema Syncro que permite a sincronização entre plantadeiras
manobra é limitado, além de canteiros de até 80cm. A comercialização do trator 2025, em todo o país, se iniciou no primeiro semestre de 2019. O modelo é equipado com transmissão mecânica sincronizada de oito marchas à frente e quatro marchas à ré, sistema hidráulico de três pontos com capacidade de levante de 750kg; e Tomada de Potência (TDP) de duas velocidades, 540rpm ou 540Erpm.
SEMEATO
A Semeato, empresa de máquinas e implementos agrícolas, presente na Agrishow 2019, apresentou ao mercado a NewLand Full. A pantadeira é 100% pneumática e apresenta um pacote tecnológico que inclui o sistema de caixa central de fertilizantes com 3.000kg, além de caixa central de sementes de 1.500kg. A máquina ainda possui como diferencial a utilização de caixa central de adubo com distribuição pneumática DPSF (Distribuidor Pneumático Semeato de Fertilizante). Também apresenta sistema de lubrificação permanente nas linhas de semente e adubo Semeseal e Semeheavy, onde todos os rolamentos são blindados, o que induz a uma redução no tempo de manutenção e agilidade nas operações, dispensando o uso de engraxadeiras. O modelo permite às máquinas trabalharem de forma independente ou unidas através de acoplador (tandem).
STARA
Lançada na Agrishow 2019, a Absoluta 61 é a nova plantadeira da Stara. As Absolutas são plantadoras pneumáticas desenvolvidas para oferecer agilidade e eficiência no plantio onde a fertilização ocorre em operação separada. A Absoluta 61 possui reservatório de sementes com capacidade de até 6.100kg, o que garante uma autonomia de trabalho de mais de cem hectares. As novas Absolutas possuem chassi dividido em sete módulos com molas pneumáticas e articulação de 18º, o que permite copiar o relevo do terreno. Outro diferencial da Absoluta é o Desligamento Linha a Linha, sistema que realiza o desligamento automático das linhas de plantio no exato momento em que o monitor detecta uma área onde o plantio foi realizado anteriormente. Esse sistema evita a sobreposição das linhas de plantio, principalmente em áreas de arremate e bordadura, resultando em economia de sementes e aumento de produtividade. Além disso, as Absolutas possuem o Syncro, o sistema de transmissão de dados via rádio que permite a comunicação sincronizada entre plantadeiras. O sistema, que também foi lançado na Agrishow, permite aos produtores um melhor planejamento do plantio, utilizando de forma eficiente suas plantadeiras - com grande praticidade operacional. Com ele, até quatro plantadeiras
Modelo 1160 foi um dos destaques da Agritech
Trator Fendt 1050 Vario foi um dos principais destaques da feira
podem plantar sincronizadas no mesmo talhão, o que possibilita mais agilidade no plantio.
AGRITECH
A Agritech lançou, na Agrishow 2019, as novas versões de seus tratores, que foram atualizados e equipados com os motores eletrônicos: linhas 1160, nas versões Fruteiro e Agrícola; 1175, na versão Compacto, e 1185, nas versões Compacto e Agrícola. A tecnologia adotada pela empresa está adequada a todas as exigências do programa MAR-1, que estabelece limites aos índices de emissões de gases. Todos os modelos são equipados com reversor e creeper, o que proporciona um vasto escalonamento de marchas na adequação da melhor velocidade de trabalho, com melhor rendimento e qualidade em função da transmissão de 24x24; sendo 24 marchas à frente e 24 para a ré. Com opção Fruteiro e Agrícola, a linha 1160 recebeu menção especial na feira. Com potência de 51cv, os tratores possuem motores de quatro cilindros turbo, sistema de injeção de combustível eletrônico, com reserva de torque de 25%. Também são equipados com caixa de transmissão e caixa de redução sincronizada, com sistema de reversor de direção, embreagem dupla, TDP standart, TDP econômica e TDP proporcional, eixo dianteiro autobocante, bomba hidráulica dupla, além de pneu radial na traseira.
Modelo H 145 foi um dos destaques da LS Tractor
FENDT
A Agrishow 2019 marcou a chegada da Fendt ao Brasil. A marca está trazendo três linhas de produtos: a série de tratores Fendt 1000 Vario, a linha de colheitadeiras Fendt Ideal e a plantadeira articulável Fendt Momentum. A série Fendt 1000 Vario, segundo a marca, distingue-se por ser uma solução inteligente para o campo. Um exemplo disso, é o conceito de baixa rotação do motor Fendt iD, um recurso que proporciona consumo de combustível baixo e maior vida útil dos componentes do motor. O trator
Colhedora automotriz Avanti C 360, da Miac
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2019. Além da oferta completa de tecnologia Precision Planting, a Momentum conta com o Smart Frame, com Delta Force da Precision Planting. Esta tecnologia permite que cada linha esteja em contato constante e uniforme com o solo, independentemente da velocidade ou variações no terreno, proporcionando plantio e germinação mais uniformes.
LS TRACTOR
Dois modelos chamaram a atenção do produtor que visitou o estande da LS Tractor: a Série H, com o modelo H 145, e o Trator U60. A Série H de tratores recebe tecnologia de transmissão Power Shuttle, para facilitar a operação e dar versatilidade às máquinas, onde o operador realiza a inversão de movimento do trator de forma automáDistribuidor Master 15000 Fulltech da Piccin
também foi projetado com a transmissão Fendt Vario Drive, que distribui energia para os eixos dianteiro e traseiro independentemente. Uma embreagem inteligente na tração nas quatro rodas distribui potência sob demanda entre os dois eixos, fornecendo o controle da mesma. Os benefícios dessa tecnologia são obtidos através do ajuste infinito de velocidade e da melhor transferência da potência disponível, tornando a série Fendt 1000 ideal para uma grande variedade de operações, como preparo do solo, plantio e medidas de transbordo de grãos e cana-de-açúcar. No Brasil, este ano, os tratores da linha Fendt 1000 Vario serão vendidos na versão Fendt 1050 Vario, de 517cv. O trator é equipado com motor MAN de 12,4 litros, que disponibiliza seu torque máximo entre 1.100rpm e 1.500rpm. Pensando em colheita, entre os diferenciais da Fendt Ideal, está o recurso Ideal Harvest - um sistema automatizado, acessado via iPad, que se ajusta através de sensores e câmeras instalados dentro da colheitadeira. O Ideal Harvest ajusta as principais configurações de modo a se adaptar à estratégia de colheita do operador. O Ideal Harvest também oferece acesso em tempo real aos dados, possibilitando, assim, que o operador saiba o que está acontecendo em sua máquina. A linha de colheitadeiras está disponível em três modelos, a Fendt Ideal 7 (458cv), a Fendt Ideal 8 (545cv) e a Fendt Ideal 9 (656cv). As versões 8 e 9 são equipadas com motores MAN e trabalham com a unidade de trilha com dois rotores (Dual Helix). Já a 7 tem propulsor AGCO Power e é combinada com a unidade de trilha simples de um rotor (Single Helix). Além disso, a Fendt Ideal possui o tanque de grãos com capacidade de 17.100 litros. O desempenho de descarga é de 210L/s, o que é decisivo para uma cadeia de colheita eficiente. A Fendt Momentum possui distribuição de fertilizante em cada linha. Desenvolvida e produzida 100% no Brasil, a plantadeira foi lançada oficialmente no país durante a Agrishow
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HxGN AgrOn Piloto Automático, da Hexagon
A Trimble destacou o pacote Ag Software
tica, sem a necessidade de utilizar a embreagem. Os tratores recebem o sistema Cruise Control para controle de velocidade, que os mantém trabalhando sempre na mesma rotação e mesma velocidade de deslocamento. A Série possui tanque de combustível com capacidade de 300 litros, que proporciona maior autonomia para o trabalho, e sistema de proteção eletrônica do motor, que monitora a temperatura e a pressão de óleo e o desliga em situações críticas, evitando danos e gastos com manutenção. Tudo interligado com sistema de telemetria, que facilita a gestão da máquina e de toda frota. A LS Tractor também levou à feira o trator U60 cabinado, de 65 cavalos, equipado com tecnologia Power Shuttle. A transmissão do tipo sincronizada, com reversor de sentido, possibilita 16 marchas à frente e igual número à ré.
MIAC
A Máquinas e Implementos Agrícolas Colombo mostrou ao público da Agrishow a colhedora automotriz Avanti C 360. Sua tecnologia permite ao produtor utilizar o mesmo equipamento na colheita de culturas variadas, como o amendoim, o milho, o feijão e a soja. A Avanti C 360 mantém as características do sistema de trilha, separação e limpeza da Miac, que proporcionam alto desempenho e qualidade do produto colhido. Outro destaque da empresa na feira foi a Winflex Draper série CW, plataforma ceifadora e enleiradora de grãos da marca. Disponível nos modelos de 4,5m a 13,5m, a plataforma apresenta como diferencial o movimento orbital do molinete, obtido graças ao sistema com duplo excêntrico, dedos plásticos individuais, montado sobre braços de levante com giro rotativo através do motor hidráulico.
PICCIN
As novidades da Piccin Implementos Agrícolas foram o distribuidor Master 15000 Fulltech e o recém-lançado distribuidor de adubo e calcário Master 10000 D. O Master 15000 Fulltech apresenta alta capacidade de carga para aplicação de qualquer material, como gesso, calcário, orgânicos e químicos. Dotado de tecnologia Isobus, o implemento vem equipado com sistema controlador com células de carga, que mantém a dosagem de aplicação em tempo real, através de ajuste contínuo da taxa de aplicação-alvo. O distribuidor também se caracteriza por fazer a constante medição de peso e a autocalibração de produto em relação à velocidade.
O AgrOn Piloto Automático pode ser totalmente integrado às demais funções do equipamento para agricultura de precisão e permite que a rota seja planejada diretamente do escritório ou de uma sala de controle. Com isso, é possível maximizar os recursos de campo e reduzir a compactação do solo e a repetitividade de trajetória.
TRIMBLE
A Trimble apresentou as soluções de software para a gestão de propriedade através de celulares, que fazem parte do pacote Ag Software, sendo elas o Farmer Core, AutoSync e Ag Mobile. O Farmer Core permite aos agricultores conectar todos os aspectos de suas operações e é capaz de integrar dados gerados por máquinas a partir de displays de precisão, para simplificar a configuração e agilizar as operações da fazenda. A solução é reforçada pelo AutoSync, que sincroniza automaticamente linhas de guia, nomes de talhões, limites, pontos de referência e informações do operador nos displays da Trimble, utilizando o software Precision-IQ e o Trimble Ag Software em seu computador ou dispositivo móvel.
JAN
Com uma ampla linha de produtos, a Implementos Agrícolas Jan S/A destacou o novo Distribuidor Lancer Maximus 12000 TH Inox. O implemento apresenta comporta tripla, que possibilita interromper a aplicação alternadamente de um dos lados, quando esta for indesejável; possui tanque de óleo hidráulico, confeccionado em polietileno, e o cliente tem a opção de incluir o acessório Linea 8000 TH.
NEW HOLLAND
A New Holland apresentou produtos que atendem toda a cadeia agrícola, com destaque para a família CR EVO de colheitadeiras e os tratores das linhas T3, T4 e T9. A família CR EVO
HEXAGON
O HxGN AgrOn Piloto Automático esteve em evidência no estande da Hexagon. O produto ajuda a navegação de tratores, máquinas e implementos agrícolas e florestais, garante o alinhamento e minimiza a sobrepassagem durante o plantio, aplicação de insumos e tratos culturais.
Distribuidor Lancer Maximus 12000 TH Inox, da Jan
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CR10.90 com Twin Rotor, da New Holland
de colheitadeiras, com o sistema de duplo rotor, esteve presente com os modelos CR5.85 (duplo rotor de 17”); CR7.90 (duplo rotor de 22”); e a CR10.90 (duplo rotor de 22”), máquina recordista mundial de colheita. A tecnologia de duplo rotor é um diferencial, pois os dois rotores e os côncavos de grandes dimensões realizam uma fricção suave em toda a sua extensão, grão a grão, com elevada força centrífuga, o que contribui para a sua capacidade de debulha, separação e qualidade do grão. O sistema ASP protege a colheitadeira, evitando a entrada de pedras no sistema industrial da máquina. Com a mesa autonivelante, todo o sistema de limpeza e separação da máquina compensa as inclinações do terreno, diminuindo perdas. O sistema Intellicruise analisa a carga com que o motor está operando e regula automaticamente a velocidade para o melhor rendimento da máquina. Maior trator fabricado pela New Holland, o T9 possui sistema EPM, ou Gerenciamento da Potência do Motor, onde o trator alcança até 50cv adicionais de potência, ideal para áreas de cultivo em larga escala. Isso garante que a velocidade seja mantida constante, independentemente das mudanças de carga. Com grande visibilidade, a cabine vem equipada com o apoio de braço SideWinder, que permite um controle cômodo e preciso nas operações. O monitor IntelliView IV proporciona acesso às informações de maneira simples e rápida. Toda essa tecnologia é embarcada no trator. A marca apresentou também, o modelo fruteiro T3.75F. Com 72cv de potência, os T3 são tratores sem cabine, de manutenção simples, alimentados por motores turbo intercooler de três cilindros. Já os tratores T4 apresentam largura total mínima e altura máxima reduzidas. Essas características otimizam o trabalho do agricultor que cultiva uva, café, maçã e frutas em geral, ou mesmo do criador de aves e suínos nas granjas e barracões. A linha T4 no Brasil é formada por duas distintas famílias, o N (estreito) e F (fruteiro). A principal diferen-
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Trator 9RX, da John Deere, com mais de 500cv de potência
ça entre elas é a largura total mínima, sendo N, superestreito, com 1,29m e F, fruteiro, com 1,47m.
JOHN DEERE
Com destaques que vão desde o plantio até a colheita, a John Deere mostrou um portfólio completo aos produtores que visitaram seu estande na Agrishow 2019. No plantio, destaque para a plantadeira DB ExactEmerge, que se caracteriza por plantar com a velocidade de até 16km/h. Com sistema Brush Belt, as novas plantadeiras contam com mais precisão, acionamentos independentes e sincronizados com o trator, que permitem aproveitar ao máximo a janela de plantio. A plantadeira também possui o RowCommand, ferramenta que evita o sobreplantio de sementes, por meio do desligamento inteligente de até 16 linhas. Na hora de pulverizar, o destaque da marca foi o M4000 que conta com o Exact Apply, sistema inteligente que permite o controle de bordaduras, modificação automática de pontas, sistema de pulsos de alta frequência, compensação de curvas e controle individual de pontas. O modelo possui tanques que variam entre 2.500 litros e 4.000 litros e proporcionam intervalos maiores entre os reabastecimentos. Além de contar com barras de pulverização de três tamanhos (27, 30 ou 36 metros), o produtor pode optar por uma das barras em fibra de carbono de 30 metros, somando-se à opção já existente, de 36 metros. Para atingir máxima produtividade durante a colheita, a John Deere destacou a série S700 que é, segundo a marca, a primeira colheitadeira do mercado completamente automatizada. A máquina possui o Sistema ATA, que permite o ajuste automático ao terreno em aclive ou declive. Também possui a Active Yield, ferramenta em que a máquina, através de seus sensores de massa, determina com precisão a quantidade de produto colhido, resultando em mapas de produtividade mais precisos. Por fim, a máquina é equipada com Active Vision, duas câmeras digitais que permitem leitura da passagem de grãos. As-
Fotos Cultivar
S374 é o primeiro trator da Valtra no Brasil com a tecnologia Smart Touch
sim, identificam impurezas e grãos quebrados e promovem automaticamente os ajustes necessários, a cada três minutos, para manter a qualidade. Em tratores, o destaque ficou para o 9RX, que agora conta com sistema de esteira de borracha, garantindo assim que toda a força, mais de 500cv de potência, seja transmitida ao solo de forma eficiente para puxar os maiores implementos. As esteiras permitem que o peso seja melhor distribuído, com igual capacidade de tração nos eixos dianteiro e traseiro, o que aumenta a capacidade total de tração do trator. Os tratores possuem transmissão inteligente E18, com Efficiency Manager, que governa as condições de funcionamento do motor e da transmissão, fazendo troca automática de marchas e ajuste da rotação do motor, de modo a manter a velocidade de trabalho desejada, com a melhor relação marcha/rotação.
VALTRA
A Série S4 de tratores, a família A4 e o distribuidor BS3350H foram alguns dos destaques da Valtra. O modelo S374 é o primeiro trator da Valtra no Brasil com a tecnologia Smart Touch, com controles integrados, terminal touchscreen com orientação integrada, e Isobus. O sistema de controle Smart Touch, desenvolvido com engenharia finlandesa e componentes alemães, alia suas
características ergonômicas a um monitor touchscreen de nove polegadas, uma alavanca de direção inteligente e um controle total das funções do motor e da transmissão do trator. O motor de 8,4 litros usa a mais recente tecnologia AGCO Power, com o HLA (Hydraulic Lash Adjustment, ajuste de chicote hidráulico) livre de serviço. O modelo S374 oferece 375cv ou, com impulso de transporte e Sigma Power, até 400cv completos. Ideal para trabalhos pesados, o S374 já sai de fábrica com motor homologado pela lei brasileira de controle de emissões (MAR-1). O distribuidor de fertilizantes sólidos e sementes, o BS3350H Dry, chega ao mercado com um novo sistema de distribuição. O novo distribuidor da Valtra possui a caixa de distribuição de 5m³ e construída 100% em aço inox. A largura de trabalho do BS3350H Dry é de até 40 metros. A máquina possui chassi flexível, baixo peso operacional, o que beneficia o trabalho em diversas condições de solo e topografia, e motor AGCO Power de 200cv. A Valtra também levou à feira os modelos da família A Geração 4. Os tratores da série têm de 75cv e 95cv e chassi compacto, ideal para pequenas e médias propriedades ou operações que demandam potências menores. Já os modelos A94 e A104, da Série A4, são indicados para a média potência, oferecen-
do 95cv e 105cv, respectivamente. Disponíveis nas versões cabinada e plataformada, os tratores desta família possuem uma transmissão mecânica 12+12 ou 24+24 e reversor eletro-hidráulico PowerShuttle, que proporciona ganhos de agilidade durante as manobras, além do ajuste da sensibilidade de arrancada, conforme o tipo de operação. A família A4 também possui o sistema HiShift, que permite ao operador trocar de marcha pelo simples acionamento de um botão na alavanca de câmbio, sem a necessidade de usar o pedal da embreagem, proporcionando mais suavidade no acoplamento e facilidade na operação. Outra novidade é o redutor Super Creeper, que possibilita operações em velocidade mínima de 0,15km/h.
MASSEY FERGUSON
A Massey Ferguson segue em processo de renovação do portfólio de tratores e apresentou, durante a Agrishow 2019, a série MF 3300, em versões plataformada e cabinada. Os tratores compactos (69cv, 78cv e 89cv) são ideais para uso em plantações de café. Com o motor AGCO Power de três cilindros eletrônico, as máquinas consomem menos combustível e são mais leves. A família MF 3300 tem opções de transmissões de 8x2 parcialmente sincronizada com seis marchas e de 12x4 sincronizada com 12 marchas, ambas com disponibilidade creeper. Duas vazões nas válvulas de controle remoto estão disponíveis, 42LPM e59 LPM com soma de vazão. Já os tratores da série MF 4700 (de 79cv, 89cv e 99cv) têm maior capacidade de levante e vazão, além de maior escalonamento de marchas de trabalho, com a opção de contar com um Super Creeper, garantindo mais versatilidade no trabalho. Os tratores estão disponíveis nas opções 8x8 reversão mecânica ou 12x12 na reversão mecânica e eletro-hidráulica. Finalmente, os tratores MF 5709 (95cv) e MF 5710 (105cv) oferecem maiores níveis de torque, capacidade de levante e de vazão (de 57LPM ou 98LPM). Desenvolvida com o padrão
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Fotos Cultivar
A Massey Ferguson apresentou seu portfólio de tratores completamente renovado
global da marca, a série MF 5700 tem maior variedade de escalonamento de marchas de trabalho, devido à transmissão 12x12, atrelada à reversão mecânica ou eletro-hidráulica. A Massey Ferguson também apresentou evoluções em sua linha de pulverizadores. O MF 9330 (3.000l) e o MF 9335 (3.500l) têm um novo conceito de barra, que aumenta a produtividade de trabalho. Os modelos aliam robustez e estabilidade para melhor distribuição e deposição de gotas. A novidade possui motor AGCO Power de 200cv. Disponível nas versões grãos e cana, o principal diferencial do equipamento está na barra de pulverização - 24 metros ou 30 metros, no MF 9330, e 24 metros e 32 metros, no MF 9335. Uma das melhorias está no bico e no porta-bicos de aplicação, protegidos dentro da estrutura da barra. O desarme da ponteira multidirecional dá mais liberdade de movimento ao operador na ponta da barra.
CASE IH
Os visitantes que foram ao estande da Case IH na Agrishow puderam conhecer a edição especial e limitada da colhedora A8810 Single Row – produzida em comemoração aos 75 anos da mecanização da colheita de cana-de-açúcar no mundo. A máquina é customizada na cor preta e ganha o nome de John Pearce Signature, em homena-
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Trident 5550 , da Case IH, foi projetado para aplicação de líquidos e sólidos
gem ao australiano que trouxe ao Brasil a tecnologia Austoft, embarcada nas colhedoras da CaseIH. A série A8010, que conta com modelos de uma linha e para espaçamento duplo alternado (A8810DA), recebeu mais de cem melhorias nos últimos três anos. As colhedoras A8810DA trabalham com duas linhas e espaçamento de 0,9m x 1,5m. Entre as principais características estruturais e dimensionais do equipamento destacam-se a abertura de chassi frontal e divisores de linhas, o despontador alongado, a caixa do corte de base específico e a bitola das esteiras de 2,4m. Um dos destaques da série A8810 é o Smart Cruise, que gerencia o funcionamento do motor e, associado à curva de potência otimizada, proporciona a diminuição do uso do diesel. O Auto Turn, sistema de acionamento e desligamento das funções da colhedora para manobras, é outra ferramenta que reduz o consumo de combustível, devido à configuração de automatização de até dez funções, o que facilita a operação e simplifica as manobras da colhedora no final da linha. Projetado para trabalhar com pulverização de líquidos e como distribuidor de sólidos granulados, o Trident 5550 é ideal para atuar em agricultura de larga escala. A rápida troca dos tanques líquidos e sólidos é um dos principais diferenciais do produto, fa-
cilitando os diversos usos do equipamento no decorrer do trato cultural. A máquina tem motor 8.7, da FPT Industrial, com potência de 390cv. O tanque para pulverização tem capacidade de 5.300 litros. Já o tanque para sólidos, conhecido como Drybox, tem capacidade de 9,4m³, com faixa de aplicação de 36 metros. Em tratores, destaque para a linha de tratores articulados com esteira Quadtrac, que chegou ao Brasil como opção para o produtor que busca reduzir a compactação do solo, sem abrir mão da força. A potência dos tratores varia de 507cv a 629cv. A máquina é equipada com motor Cursor 13, da FPT Industrial, que também é uma marca da CNH Industrial.
JACTO
A Jacto lançou, na Agrishow 2019, o pulverizador automotriz Uniport 4530, com barras de pulverização de 42 metros, um conceito híbrido construído em aço e fibra de carbono. A máquina possui um reservatório de 4.500 litros; motor diesel Cummins governado eletronicamente com 243cv, que trabalha em conjunto com a transmissão hidrostática inteligente 4x4 com controle de tração independente nas rodas e suspensão pneumática independente com controle de altura. Destaque para o sistema direcional nas quatro rodas Unitrack, que permite manobras mais rápi-
Jacto
A Jacto apresentou o Uniport 4530, com barras de 42 metros de largura
das e precisas com menor raio de giro. Presente também no Uniport 3030, o controle de abertura e fechamento bico a bico equipa o Uniport 4530. Além da economia de defensivo, o controle reduz o impacto ambiental. Para um desempenho superior e controle da pulverização e das operações, o Uniport 4530 conta ainda com o pacote tecnológico Otmis para agricultura de precisão, sistema completo de direcionamento e controle de pulverização via GPS, composto por barra de luzes e piloto hidráulico, e aplicação em taxa variável. Na outra ponta do espectro de pulverização, a marca apresentou o Jacto PJA–18, um pulverizador costal movido a bateria e com assistência a ar. Desenvolvido para cultivos com alta densidade foliar, o pulverizador conta com o sistema exclusivo Jacto Flow Control. A tecnologia possibilita alcançar a parte inferior das folhas e a parte interna das plantas, através do transporte das gotas pela assistência do ar. O sistema Jacto Flow Control permite controlar de forma independente o tamanho da gota, a vazão de pulverização e a velocidade do ar, possibilitando ajustes totalmente personalizados e específicos para cada necessidade, que aparecem em um display de LCD. O Jacto PJA-18 tem capacidade para 18 litros; conta com uma bomba elétrica de pulverização, um agitador hidráulico da calda e um ventilador movido através de um motor sem escova que, a partir da eletrônica embarcada no equipamento, permite ajustar em seis velocidades de ar, que variam entre 35km/h e 85km/h.
pido para barras Easyfit permite montar uma barra de pulverização sem parafusar, com velocidade e modularidade. O Fighter 2500 é equipado com o motor eletrônico Cummins QSB 4.5, de 198cv, atendendo às normas da legislação MAR-1. É equipado com transmissão hidrostática eletrônica 4x4 inteligente, onde, a todo momento, o sistema eletrônico controla e gerencia a tração e a patinagem de cada roda. Todos os componentes da transmissão são controlados eletronicamente. Uma das características deste modelo é a reação rápida às diversas necessidades dos clientes. As larguras da bitola podem ser pré-selecionadas, variando de 2,6m a 3,2m. Com vão livre de 1,6m, possui grande versatilidade para aplicações nos mais diversos estágios das culturas. O sistema de suspensão pneumática ativa ajuda significativamente na melhora da performance do equipamento em terrenos ondulados. A capacidade de absorver impactos gera conforto ao operador e permite uma melhor aderência dos pneus ao solo, mantendo-os sempre em contato com o mesmo, evi.M tando a transferência de choques ao chassi.
KUHN
Lançado durante a Agrishow 2019, o pulverizador Fighter foi o grande destaque da Kuhn na feira. O novo autopropelido possui tanque em aço inox de 2.500 litros e vem com opções de barras de pulverização de 27, 30 e 32 metros, em aço carbono. O pulverizador conta, ainda, com sistema de transmissão eletrônica inteligente, cabine com mais espaço interno e o terminal Trimble GFX-750, que oferecerá mais tecnologia e qualidade nas aplicações. O novo sistema de acoplamento rá-
Lançamento da Kuhn foi o Fighter de 2.500 litros
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NOSSA CAPA
Mahindra 6075 Testamos o trator Mahindra 6075, conhecido por sua simplicidade aliada à robustez, com foco em pequenos e médios produtores que buscam uma máquina forte e com pouca manutenção
P
ara encontrar o trator Mahindra 6075, que testamos para esta edição da Cultivar Máquinas, fizemos muitos quilômetros por estradas do Estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Nestes mais de dez anos de testes, nunca havíamos tido a oportunidade de conhecer a fundo e testar um trator da marca Mahindra. A empresa indiana chegou ao Brasil em 2016, como líder mundial na produção de tratores, e já está se tornando importante no mercado nacional e conhecida dos produtores rurais. Vamos, neste texto, reproduzir nossa impressão sobre este produto interessante que conhecemos no município de Ibiam, no interior de Santa Catarina. A Mahindra é uma empresa de origem indiana, atuando no país asiático desde 1945 e que desde 2016 fabrica e comercializa produtos no Brasil, com alternativas mecânicas diferentes do que normalmente encontramos nas marcas tipicamente nacionais, por isto este detalhe nos pareceu interessante. De princípio, nos chamou a atenção a característica mecânica do powertrain, composto por motor, passando pela caixa de velocidades, diferencial e semieixos. Por esta razão, vimos e vamos tentar contar aos nossos leitores o que mais nos chamou a atenção neste modelo. Atualmente, a Mahindra comercializa no país vários modelos. O menor modelo comercializado é o 2025, com 25cv
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de potência e motor Mahindra MDI 1365, de 2 cilindros. O 4530 4WD, TEM motor Mahindra, modelo NE-342-R de 42cv. Passando à linha 6000, com dois modelos, Mahindra 6060, com motor Mahindra modelo MSI 457 de 60cv e aspiração natural e o Mahindra 6075, com o mesmo motor Mahindra, porém denominado modelo MSI 475 de 75cv, equipado com turbo compressor. Também oferece os modelos 8000S, com motor Mahindra VNE-476 de 80cv, com turbo intercooler, e o 9500S, com motor Mahindra VNE-495 de 95cv. Outros quatro modelos estão em fase testes: dois modelos da série 7000, com 80cv e 95cv, e dois modelos da série 9000, com 110cv e 125cv. Para atender a legislação de restrição de emissões de poluentes, todos os modelos com potência acima de 60cv são equipados com sistema de controle de emissões do tipo EGR, do qual o funcionamento explicaremos adiante. Os demais atendem aos limites da norma, sem o sistema EGR. Os testes de comprovação do sistema foram realizados na Índia. Um dos pontos que chama a atenção rapidamente é em relação à garantia que a Mahindra oferece. São 5 anos de garantia em todos os componentes fabricados pela empresa. Comparado com o que o mercado brasileiro oferece, é possívle concluir que trata-se do maior período de garantia oferecido pelas montadoras no país.
Charles Echer
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Fotos Charles Echer
O motor do 6075 é Mahindra, modelo MSI 475, 3.82cm3, de quatro cilindros Um dos pontos fortes do Mahindra 6075 é o acesso facilitado nas áreas que exigem manutenção, como os filtros de ar
A série 6000 está em fase de nacionalização e portanto ainda os modelos são todos importados da Índia. Por isso, a Mahindra oferece 5 anos de garantia em todos os componentes. Para os modelos nacionalizados, como o 8000S e o 9500S, o motor e a transmissão, juntamente com o eixo traseiro e o sistema hidráulico, que são fabricados na Índia, também recebem garantia de cinco anos ou 3.000 horas e os demais componentes do trator, que não são fabricados pela Mahindra, tem garantia dois anos ou 2.000 horas.
MOTOR
O motor que equipa este trator é da marca Mahindra, modelo MSI 475, de quatro cilindros com volume deslocado de 3.822cm³, proveniente da fábrica matriz da Índia. Tem admissão de ar assistida por um turbocompressor da mesma marca, obtendo potência máxima de 75cv a 2.100rpm e torque de 325Nm a 1.260rpm (Norma DIN). O sistema de injeção de combustível apresenta uma bomba injetora marca Bosch em linha. Para o controle de emissões de gases poluentes, o fabricante optou por montar um sistema EGR, que utiliza uma válvula EGR da marca Mahindra.
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O sistema EGR utilizado pela Mahindra se baseia nesta válvula, colocada entre a turbina e a admissão, que permite a passagem de determinada quantidade de gás da descarga para dentro do coletor de admissão. O motor queima a mistura de ar e combustível, emitindo um gás proveniente da combustão, que seria enviado ao exterior por meio do tubo de escape. Uma parte do gás é resfriada no sistema de arrefecimento e retorna ao coletor de admissão, sendo reintroduzido para dentro da câmara, junto com o ar puro absorvido do exterior e que passou pelo sistema de filtragem. Este sistema permite que se reduza a quantidade de emissões, diminuindo a poluição do meio ambiente e atendendo a normativa nacional vigente.
TRANSMISSÃO
A transferência de potência é feita diretamente do volante do motor a uma embreagem do tipo disco duplo (seca), com um disco dedicado para a caixa de velocidades e outro para a tomada de potência (TDP). O material utilizado para o elemento de fricção dos discos é cerametálico, e o acionamento é realizado me-
canicamente pelo pedal da embreagem. O Mahindra 6075 está equipado com uma transmissão mecânica sincronizada 15x15, ou seja, com 15 velocidades à frente e 15 à ré, resultado da combinação de cinco marchas e três grupos de velocidades. O sistema de reversão é do tipo mecânico, através de uma alavanca à esquerda do painel de instrumentos, logo abaixo do volante. Seu sentido é lógico, deslocando a alavanca para frente, marchas para frente, no meio o neutro e para trás a marcha à ré. Para sua utilização, é necessário o acionamento do pedal da embreagem, assim como para a alavanca de marchas e grupos. As alavancas de seleção de marchas não apresentam a posição de ré e o ponto morto pode ser obtido de três maneiras: neutro na alavanca de grupos, neutro na alavanca de marchas e neutro na alavanca do inversor. Nota-se um diferencial em relação aos demais tratores deste segmento de potência, devido à transmissão 15x15, que permite variadas combinações entre marchas e grupos, fornecendo uma boa gama de velocidades. Com isso, considerando que é recomendado que a maio-
Funcionamento do sistema Pull In Turn Effect O sistema hidráulico possui bomba de centro aberto com vazão máxima de 58L/min e 190kgf/cm2
ria das operações agrícolas seja desempenhada em velocidades de 4km/h a 12km/h, verificamos nove combinações entre marchas e grupos por sentido (frente ou ré), possibilitando atender a grande maioria das atividades agrícolas. Também verificamos que as opções de velocidades entre os grupos de transmissão apresentam sobreposição, ou seja, as últimas marchas de um grupo têm maior velocidade que as primeiras marchas do grupo seguinte, aumentando a disponibilidade de velocidades em cada grupo e evitando a troca entre os mesmos durante a operação. Como opcional, a Mahindra oferecerá a transmissão de 20x20, com redutor de velocidades, que possibilita trabalhar com velocidades a partir de 360 m/h. O sistema de freios é do tipo mecânico, imersos e resfriados a banho de óleo, atuando no eixo traseiro. O freio de estaciona-
mento é acionado através de um sistema de trava pedais, com o bloqueador logo acima dos pedais de freio. O bloqueio do diferencial traseiro é de acionamento mecânico, via pedal. Possui também tração dianteira auxiliar (TDA) de série, que é da marca Carraro, com diferencial em posição central e acionamento mecânico através de uma alavanca logo abaixo do assento do operador. Apresenta uma luz espia no painel de instrumentos, indicando o seu funcionamento.
SISTEMA HIDRÁULICO E TDP
No modelo 6075, o sistema hidráulico conta com uma bomba de centro aberto, instalada na parte dianteira do motor, fornecendo uma vazão máxima de 58L/min e 190kgf/cm², valor superior à média do segmento. Ela é compartilhada entre as válvu-
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Fotos Charles Echer
Os filtros de óleo e combustível possuem proteção extra, para evitar avarias em condições extremas
las de controle remoto (VCR) e o sistema hidráulico de levante. Quanto ao número de VCRs, são duas unidades de dupla ação na versão standard ou três unidades como opcional, todas com o sistema
O
Local do teste
teste desta edição foi realizado na localidade de linha Santo Alécio, cidade de Ibiam, 57 quilômetros distante de Joaçaba, no estado de Santa Catarina. Esta região é conhecida como Vale do Contestado, em função da Guerra do Contestado que ocorreu no início do século 20. Ali vimos vales e planaltos de vegetação preservada, muitas araucárias, cachoeiras, arquitetura típica das construções e riqueza multicultural. Neste roteiro, as belas e sinuosas estradas oferecem um visual à parte, ora margeando plantações agrícolas e pomares, ora cortando matas. Em meio a estas belezas naturais, situa-se a propriedade do Sr. Idacir Junior Zardo que, juntamente com sua esposa Simone e suas filhas Natália e Letícia, produzem soja e milho, gado de corte e leiteiro, além de preservar sua reserva natural, em uma área total de
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de engate rápido. A direção é hidrostática e conta com circuito hidráulico independente, apresentando vazão de 17,5L/min. O sistema hidráulico de levante de três pontos possui capacidade de le-
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aproximadamente 120 ha. Idacir nos revelou que apesar da topografia acidentada, atingem boa produtividade nas culturas de soja e milho, com produtividade de 60 e 150 sacas por hectare, respectivamente. No entanto, devido ao trabalho com o gado leiteiro, a família trabalha o ano todo, não tendo períodos livres ou de férias. Há um ano e meio, adquiriram um trator Mahindra modelo 9200, que utilizam para tracionar a semeadora e a carreta agrícola, fazer silagem e demais atividades da propriedade. Somente a colheita é realizada por terceiros, sendo todos os outros serviços feitos pela família. Atualmente com 200 horas de trabalho, mostrou-se satisfeito com o trator e destacou o baixo consumo de combustível. Em relação ao trator testado em sua propriedade, nos pontuou que, ape-
vante de 2.600kg na rótula, estando enquadrado como de categoria II. Está equipado com um facilitador de engate, consistindo em um extensor retrátil do braço, facilitando o acoplamen-
sar de possuírem potências distintas, houve evoluções no trator Mahindra modelo 6075 em relação ao 9200. Evidenciou-nos que a direção ficou mais macia e os freios mais eficientes. Também nos comentou que achou o trator mais “leve” em relação ao outro (provavelmente pela diferença de tamanho, 15cv maior que o 6075). Em um contexto geral, este trator melhorou em relação ao outro, e consideraria a compra de um novo trator Mahindra.
to de implementos quando o operador está trabalhando sozinho. Os braços também possuem regulagens de altura individuais para o acoplamento e o nivelamento, no entanto, não contam com a possibilidade de oscilação dos braços de levante para equipamentos que trabalham abaixo do nível do solo, através da mudança da posição do pino que suporta o braço de levante. O controle de posição e profundidade é realizado de forma mecânica, através de duas alavancas independentes, situadas à direita do assento do operador. A TDP é do tipo independente, com o acionamento realizado através de uma alavanca exclusiva, e uma segunda alavanca destinando-se à seleção das velocidades, neutra ou reversão. A posição neutra é ideal quando do acoplamento da árvore cardânica ao trator, pois permite que o giro do eixo fique livre. Já a reversão é útil para operações de desembuchamento de máquinas, por exemplo, de ensiladeiras. Para a proteção contra o contato com a árvore da TDP, o fabricante colocou uma proteção tipo escudo. Conta com duas velocidades angulares do eixo, 540rpm e 540E, em velocidades distintas do motor. Para operações que demandem maior potência, como na utilização de enxadas rotativas
.M
O modelo testado possui 3.850mm de comprimento total, largura máxima de 2.150mm e altura de 2.700mm
ou roçadeiras, é recomendado utilizar a primeira opção, que atinge 540rpm na TDP com 1.993rpm no motor. Já para atividades leves que demandam baixa potência, como a pulverização ou a distribuição de sementes e fertilizantes a lanço, é possível utilizar a TDP econômica (540E), onde são necessários apenas 1.469rpm no motor para atingir as mesmas 540rpm na TDP, propiciando menores ruídos, vibrações e desgastes de componentes, além de reduzir o consumo de combustível. A potência má-
xima na TDP, indicada pelo fabricante, é de 66cv.
DIMENSÕES E CAPACIDADES
O trator testado estava equipado com pneus diagonais, sendo os traseiros de especificação 18.4-30 R1 com 14 lonas, e os dianteiros 12.4-24 R1 com 8 lonas. Tem peso de embarque de 3.137kg, no entanto, este peso pode ser alterado através de lastragem metálica, realizada com a colocação de 6 contrapesos de 27kg cada na
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e com o uso do freio em 3.800mm. Já o tanque de combustível é construído de material plástico, tem capacidade de 68 litros e está posicionado em posição central, entre o capô e o painel de instrumentos. O sistema elétrico é de 12V, e conta com um alternador de 45Ah e uma bateria de 88Ah. A bateria está localizada no lado direito abaixo da plataforma do operador, sendo protegida por uma capa. O trator também conta com uma útil caixa porta-ferramentas, localizada à esquerda do trator, ao lado da escada de acesso ao posto do operador.
TESTE
Para facilitar o acesso ao motor e as manutenções periódicas, o capô é basculante
parte dianteira, e com dois discos metálicos de 37 kg em cada roda traseira, fixados através de parafusos. Também é possível acrescentar até 75% de água nos pneus, e com isso cada pneu dianteiro passa a contar com mais 114 kg e os traseiros 337 kg. Assim, a lastragem metálica obtêm um total 236kg e a lastragem líquida 902 kg de adição de peso, possibilitando que o trator passe de uma relação peso/potência de aproximadamente 42 kg/cv para 57kg/cv, em ordem de marcha, atendendo desde atividades leves na propriedade, onde não é necessário um trator pesado, até a atividades em que a demanda de tração é elevada, ou deseja-se maior segurança ao transportar e trabalhar com implementos ou carretas em áreas íngremes, propiciando maior capacidade de tração e frenagem motora do trator. Quanto às dimensões, o comprimento total do trator é 3.850mm, largura máxima de 2.150mm e altura de 2.700mm. O vão livre em relação ao solo é de 390mm e a distância entre eixos 2.220mm. O ajuste da bitola é feito pelo posicionamento das flanges e o posicionamento das rodas em relação ao eixo. O Mahindra 6075 realiza o raio de giro sem o uso do freio em 4.500mm,
Em geral, nos testes da Revista Cultivar fazemos uma ou várias operações agrícolas com equipamentos que dispomos nos locais escolhidos. em comum acordo com o fabricante e o editor da Revista. Neste caso, pudemos contar com um trator fornecido pelo fabricante, equipado com uma semeadora da marca Produfort Soluções Tecnológicas, modelo SMP 1305, especificada para uma potência de até 75cv. A semeadora era dotada de 13 linhas com espaçamento de 17cm, para cultivos de sementes pequenas e distribuição em fluxo contínuo e que igualmente pode ser utilizada para culturas anuais de grãos grandes com semeadura individualizada de sementes, podendo para isto ser configurada para cinco linhas com espaçamento de 45cm a 50cm. O sistema dosador de sementes é de rotor acanalado, equipado com dosador de adubo Fertsystem. Devido ao terreno ser bastante declivoso e irregular, foi utilizada a 2ª marcha do grupo M (para culturas de verão o proprietário utiliza 1-M). O trator estava com 75% de água nos pneus e pressão interna de 152kPa (22lbs), trabalhando com rotação de 1.600rpm, selecionada através do acelerador de mão. O produtor que nos recebeu estava planejando semear uma mistura de aveia e azevém, que foram previamente misturados, sem fertilizante nos depósitos. A taxa de aplicação de sementes era de 120kg de sementes/ha. A propriedade utiliza a adubação orgânica com dejetos de suínos, sendo nesta etapa somente re-
O posto do operador é plataformado, com comandos simples distribuídos à direita e à esquerda do banco do condutor
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A
Possui tração dianteira auxiliar de série, da marca Carraro
alizada a semeadura. Dividimos a operação com o produtor rural Idacir Junior Zardo, proprietário da área de teste e cliente Mahindra, fazendo a observação do comportamento do trator, ora no posto de condução, ora acompanhando sua movimentação. Como todo o trabalho foi realizado com a tração dianteira assistida, pudemos observar que a relação cinemática estava adequada entre 2% e 3%, e que o eixo dianteiro estava efetivamente contribuindo com a tração. Fomos auxiliados em toda a atividade de avaliação pelos técnicos da Mahindra, o Engenheiro Josué Fernando Beutler, Especialista em Pós-Venda, e o Coordenador Comercial Região Sul, Adoniran Luiz Scapini. Também esteve dando o suporte para o teste o senhor Renan Gaspar, Gerente de Vendas do concessionário Rodair Tratores. Depois de concluída a operação de semeadura, fizemos vários testes de manobrabilidade, engate de marchas e frenagem, verificando que são necessárias quatro voltas do volante de um batente a outro para mudar totalmente a direção nas manobras.
A gigante de tratores Mahindra
Mahindra é uma empresa proveniente da Índia, com grande expressão em nível mundial e que atua na fabricação de tratores, caminhões e veículos de passeio. No início, era uma empresa de comercialização de aço, que foi crescendo até chegar a 200.000 funcionários distribuídos em muitos países do mundo. Atualmente é a líder mundial na fabricação de tratores, comercializando aproximadamente 330 mil unidades ao ano, com um portfólio de 31 modelos, além de acessórios e implementos. No Brasil, a empresa se instalou em 2016, com fábrica na cidade de Dois Irmãos, no Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul. Há algum tempo a empresa anunciou sua ampliação no país, informando que abrirá uma nova unidade fabril, devido à limitação de espaço no atual local, que impede o aumento pretendido. Embora ainda não tenha sido anunciado o local, já está definido que no estado de São Paulo será construí-
da uma fábrica mais moderna, e que a atual fábrica será destinada a uma unidade de central de peças, engenharia e treinamento. Atualmente, a Mahindra Brasil atende todo o mercado da América Latina. A empresa trabalha com um atrativo particular que é a garantia de cinco anos ou 3.000 horas para motor, transmissão, eixo traseiro e hidráulico (produtos fabricados pela Mahindra) e dois anos ou 2.000 horas de garantia para eixo dianteiro e o restante do trator. Todos os tratores que comercializa no país apresentam motor mecânico, com bomba injetora em linha, exceto o modelo 4530 (de 42cv), que está equipado com bomba rotativa. A Mahindra também já está testando sua primeira colhedora a ser lançada no Brasil, em no máximo três anos. Este produto é fabricado por uma empresa do grupo Mahindra e está em fase de validação.
POSTO DO CONDUTOR E ERGONOMIA
O posto do condutor é bastante simples, dotado de uma plataforma plana para a qual o operador tem acesso por uma escada de dois degraus, no lado esquerdo. O trator está provido de Estrutura de Proteção Contra Capotamento (EPCC), tipo arco, com sistema retrátil para basculamento da capota, facilitando a retirada e diminuindo a altura caso se faça necessário para transporte. Sobre o condu-
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tor, está instalada uma capota de proteção à chuva e ao sol. O arco de segurança é certificado de acordo com as normas brasileiras de segurança, em testes realizados no centro de desenvolvimento da Mahindra na Índia. O capô frontal apresenta faróis e, como opcional, pode vir equipado com faróis na capota e, no caso da cabina, na parte superior. Para melhorar a visibilidade do operador, o tubo de escape foi colocado na posição lateral do capô. O posto do condutor é dotado de um assento com regulagens de aproximação e altura, tendo à frente um painel com design automotivo, proveniente da fábrica na Índia. Bastante simples, com instrumentos analógicos apresentando o regime de rotação do motor, o nível de combustível e a temperatura da água. Na coluna da direção, há ainda a chave indicadora de direção, o seletor de acionamento de faróis e a buzina. No painel há uma tomada de 12V. No lado direito, estão disponíveis as alavancas de seleção de marchas e con-
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trole das válvulas VCRs, e as duas alavancas do sistema hidráulico, de posição e flutuação. No lado esquerdo, estão colocados a alavanca de seleção de grupos Baixa (L), Alta (H) e Média (M) e para os tratores com Creeper (C) esta posição também está posta na mesma alavanca. Para controlar o regime de rotação do motor, há um acelerador de mão colocado na coluna de direção e outro de pé, que acionam a regulação diretamente na bomba injetora através de cabos de aço. A parada do motor é feita através de estrangulador tradicional, que corta o fornecimento de combustível. O freio de estacionamento está colocado na parte inferior do painel, acionado por meio de uma pequena alavanca. Na parte traseira, se vê um símbolo de veículo lento, formado por um triangulo na cor vermelha. Nos para-lamas há um bom número de adesivos de advertência e orientação para segurança e operação. Para a visualização para trás, o operador conta com um
espelho colocado na lateral direita do posto do condutor, e um farol de trabalho na lateral direita traseira do assento do operador.
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO
Os intervalos para manutenção, indicados pelo fabricante, são de 300 horas trabalhadas para a substituição dos filtros de combustível, como também para óleo lubrificante e o filtro do motor. A Mahindra adota uma estratégia diferenciada dos demais fabricantes quanto ao material para as revisões: enquanto os filtros são fornecidos por ela, o óleo lubrificante pode ser adquirido pela concessionária, seguindo rigorosamente as especificações indicadas (para o motor SAE 15w40 e para a transmissão SAE 10W30). Isto propicia um menor custo de aquisição conforme a região, e concede ao proprietário escolher, após o término da garantia, o óleo que melhor atende à sua necessidade, possibilitando a unificação de
A
Concessionária Rodair Tratores
empresa Rodair Tratores, com loja em Tangará, SC, atua há quatro anos como concessionário Mahindra, e há 27 anos com mecânica agrícola e revenda de tratores usados. É uma empresa familiar, onde o senhor Odair Gaspar, juntamente com o seu filho Rene Gaspar, atua desde a venda, mas valorizando muito a etapa de pós-venda. O senhor Renan Gaspar, sócio da empresa e também filho do senhor Odair, e que atua como Gerente de Vendas, nos acompanhou no teste. A Rodair Tratores atua em 22 municípios como concessionário Mahindra. Seus princípios de atuação são voltados às características do produto que comercializam e dão assistência, que são a robustez do produto e a economia de com-
uma especificação de óleo para diversos equipamentos. O óleo do sistema hidráulico, da transmissão e da direção é o mesmo, e o intervalo de substituição é a cada 600 horas. Uma única revisão adicional é realizada, com 50 horas trabalhadas devem ser substituídos o óleo lubrificante e filtro do motor, devido ao processo de amaciamento do motor, que pode gerar limalhas e outros resíduos durante o processo de ajuste das suas peças móveis. Verificamos também a presença de proteção metálica em todos os filtros do trator, pensados para evitar rompimentos quando se trabalha em áreas com galhos ou objetos que possam ser projetados e
bustível. Ele acredita que a principal qualidade de um trator para a região é que tenha grande capacidade de tração e possibilidade de adaptação, pois os agricultores dali não gostam que o trator patine durante a operação. Ele acredita que outro ponto obrigatório em um trator é um bom escalonamento de marchas. Do trator Mahindra, além das características mencionadas, ele acredita que a garantia estendida de cinco anos é um diferencial importante. Quanto ao atendimento dos clientes da empresa, ele declara estar muito satisfeito, pois em 2018 foram vendidas 38 máquinas de um total de 87 desde o início da concessão. Ressalta que sua maior alegria é ver que os próprios clientes indicam a marca aos outros agricultores.
danifiquem os filtros, causando também a interrupção das atividades. Quando o assunto é servicibilidade, nos impressionou a facilidade de acesso aos varões e cabos que realizam a regulagem da embreagem, dos freios, do acelerador e dos comandos VCR, propiciando estes ajustes pelo operador de forma facilitada e intuitiva. A Mahindra também equipou o 6075 com um capô basculante, seguindo a tendência mundial e brasileira, permitindo amplo acesso ao motor, aos filtros e outros componentes no momento da manutenção. O medidor de nível de óleo da transmissão também merece destaque. Localizado ao lado do eixo da TDP estão dois visores, que permitem
O Mahindra 6075 vem plataformado de série, mas pode-se optar por versão cabinada
Fotos Charles Echer
Um sistema simples e prático garante a regulagem dos pedais de freio, acelerador e embreagem
a rápida conferência do nível de óleo da transmissão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos as maiores virtudes deste modelo a simplicidade e a rusticidade. No entanto, conseguimos neste panorama encontrar vários pontos positivos, como a atuação dos comandos, pela precisão de engate e facilidade de movimentação. Embora seja um modelo básico, estes tipos de tratores são necessários para o nicho de mercado que atendem. Acompanhados de um preço atrativo, são muito úteis para agricultores que trabalham com pequena escala e culturas de baixa rentabilidade. Impressionou-nos positivamente a qualidade da fundição, com indícios de ser um processo cuidadoso e de excelência. Em igual medida nos deu mostras de que tem boa resistência e robustez. .M José Fernando Schlosser, Heliodoro F. Catalán Mogorrón e Rovian Bertinatto, UFSM
Nossa equipe teve o apoio da concessionária Rodair Tratores e da fábrica da Mahindra
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COLHEDORAS Charles Echer
Do plantio à colheita Não existe no mundo uma colhedora capaz de corrigir o preparo do solo, o plantio ou o cultivo não adequado à colheita mecanizada. Por isso, o cuidado na hora de preparar o solo e realizar o plantio definirá também grande parte das boas condições de colheita
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istoricamente no Brasil, a colheita da cana-de-açúcar era realizada manualmente, com o auxílio do facão e do fogo, como prática pré-colheita para eliminação da palha. O colhedor tinha condições de direcionar o golpe com o facão para realizar um corte rente ao solo e também recolher as ca-
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nas deitadas, principalmente dentro do sulco de plantio. Este sistema de colheita apresentava um baixo volume de perdas, não destruía a soqueira e não impunha restrições quanto à declividade do terreno e ao espaçamento entre as linhas de plantio, e também não compactava o solo. As ca-
nas eram cortadas em sua base, despontadas e amontoadas para facilitar o carregamento mecânico. Com o advento da colheita mecanizada, este cenário de colheita sofreu drástica modificação. As colhedoras mecânicas compactam o solo, destroem a soqueira, sofrem restrições quanto à declividade do terreno e apresentam volume de perdas superior a 10%. A lei ambiental 11.241/2002, com a regulamentação 47.700/2013, proíbe a queima da palha, forçando o setor a se adequar rapidamente. Sem o uso do fogo como prática pré-colheita, a colheita manual se torna inviável. Como os canaviais não estavam adequados à colheita mecanizada, as perdas atingiram valor muito alto.
PREPARANDO A COLHEITA MECANIZADA DESDE O PLANTIO
Para se ter uma noção da importância do plantio adequado à colheita mecanizada, é necessário conhecer a colhedora e
PLANTIO ADEQUADO À COLHEITA MECANIZADA
Para minimizar os problemas enfrentados pela colheita mecanizada, faz-se necessária uma adequação do plantio, começando pela sistematização do terreno. A sistematização adequada para plantio e colheita mecanizada da cana-de-açúcar tem sido um grande desafio para os técnicos do setor. Esta sistematização não pode permitir perdas irrecuperáveis de solo nem afetar negativamente a sua fertilidade natural ou características físicas. Nos plantios convencionais observa-se uma falta de paralelismo entre os terraços, com as chamadas ruas mortas, espaçamento reduzido entre as linhas de plantio, sulcação desuniforme e com curvas acentuadas. Após o plantio, não é feito o nivelamento do terreno e a brotação ocorre dentro do sulco, o que dificulta a ação do cortador de base. Na sistematização adequada ao plantio mecanizado, deve-se ter um bom preparo do solo, com a superfície do terreno nivelada o máximo possível, para se obter uma profundidade de sulcação uniforme e perfeito paralelismo entre as linhas de plantio.
Figura 1 - Esquema de colhedora combinada autopropelida
Fotos Roberto Mello
suas limitações operacionais. As colhedoras combinadas atuais são autopropelidas, com motores acima de 300 cv, e têm todo o acionamento hidráulico. Estas máquinas possuem mecanismos para separar as linhas de plantio, levantar a cana deitada sobre o solo e cortar os ponteiros e a base; além de rolos alimentadores para levar a cana até os picadores e dois ventiladores (extratores) para remoção da palha, sendo um posicionado logo após o picador e o outro no final do elevador, como é possível ver na Figura 1. Apesar das colhedoras combinadas trabalharem satisfatoriamente, elas ainda apresentam uma série de problemas técnicos. Segundo Ueno & Izumi (1995), perdas de 10% a 15% são normais. Kroes (1997) mostrou que o maior problema destas máquinas está relacionado ao corte de base, que causa grandes danos na soqueira e na cana colhida. Um problema para as usinas é a quantidade de terra transportada junto com a cana (Ridge & Dick, 1992). Estas colhedoras têm potência suficiente para trabalhar com as lâminas do cortador de base abaixo da superfície do solo, caso o operador julgue necessário. Outro problema apresentado por estas grandes máquinas está relacionado à topografia. Como elas realizam as operações de corte, picagem e carregamento, faz-se necessário o acompanhamento de um trator com transbordo, para levar a cana colhida até os caminhões. Declividades acima de 12% inviabilizam o uso desta colhedora, uma vez que o elevador colide com o transbordo, devido às oscilações da máquina durante a colheita, o que pode danificar o elevador. O peso excessivo e as múltiplas passagens dos rodados (colhedora mais trator com transbordos) causam compactação do solo.
Colhedora de duas linhas sobre um terreno preparado adequadamente para a colheita mecanizada
A topografia das lavouras, os terraços e a falta de paralelismo entre linhas são problemas que afetam a eficiência do conjunto colhedora e transbordo
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Também é fundamental a adoção de espaçamento adequado, com linhas de plantio alongadas e sem ruas mortas, facilitando e reduzindo as manobras. O espaçamento entre os terraços também deve ser uniforme, com a adoção de novas técnicas de terraceamento. Desta forma, a sistematização realizada de maneira inteligente minimiza o tráfego de máquinas e reduz significativamente as perdas na colheita. Nesse sistema o espaçamento entre as linhas de plantio está adequado à bitola das máquinas e observa-se um excelente paralelismo entre elas. Após o plantio, foi realizada a construção de camaleões sobre as linhas de plantio, páatica esta que facilita sensivelmente a ação do cortador de base.
Quando a sulcagem é realizada paralelamente ao terraço e em curva, isto dificulta o trabalho de colheita, uma vez que o trator que acompanha a colhedora traciona dois transbordos e estes acabam pisoteando a soqueira. Torna-se impossível manter o trator e os transbordos dentro do espaçamento entre as linhas de plantio, por causa da curvatura das linhas.
MUDAS PRÉ-BROTADAS
Sistema de plantio com mudas pré-brotadas, denominado (MPB), é um sistema desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Consiste em se plantar dentro de uma estufa apenas o pedaço da cana onde se encontra a gema (nó). As mudas permanecem dentro da estufa por um período de aproximadamente 70 dias e depois são levadas ao campo e transplantadas. Como as mudas vão para o campo com aproximadamente 70 dias, estas já estão enraizadas, oferecendo maior resistência aos veranicos (períodos de seca) e também reduzem significativamente as falhas, mantendo um stand mais uniforme. Além disso, há uma sensível redução na quantidade de material propagativo necessária ao plantio.
TERRAÇOS NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR
Diversos tipos de terraços são adotados na cultura da cana-de-açúcar, como veremos a seguir. Cada um deles tem uma característica que proporciona diferentes benefícios para o plantio. Os terraços de base larga, por exemplo, são construídos com um implemento denominado terraceador. Este tipo de terraceamento vem deixando de ser utilizado, pois dificulta a colheita mecanizada em toda sua extensão. O terraço embutido é o modelo mais adotado, já que, em princípio, não implica em perda de área, permitindo a colheita mecanizada tanto na base quanto na crista deste terraço. Ajusta-se a solos com boa capacidade de infiltração, devendo apresentar altura de 1,2m a 1,5m. Mas este tipo de terraço, pelas suas características, também apresenta risco de tombamento da colhedora. Já o terraço embutido invertido, em razão de sua extensa base, pode ser adotado para solos de menor condutividade hidráulica, com sistemas em nível ou desnível. Também é adotado em áreas com declividade mais acentuada.
NOVO SISTEMA DE COLHEITA
O IAC também está desenvolvendo um novo sistema de colheita que minimiza os efeitos negativos da colheita mecanizada. O modelo atual de colheita mecanizada foi desenvolvido na Austrália na década de 1950. Houve avanços tecnológicos, principalmente com relação à potência e à eletrônica embarcada, mas o princípio de funcionamento continua o mesmo desde a comercialização das primeiras máquinas. Esta nova máquina ainda se encontra em fase de desenvolvimento e o Centro de Engenharia e Automação do IAC está procurando parceiros que possam viabilizar o desenvolvimento e a comercialização. A máquina é adequada para colheita em áreas de maior declividade, baixa produtividade e, principalmente, .M para colheita de mudas.
LAVOURAS SEM TERRAÇO E NOVAS TECNOLOGIAS
Roberto C. Mello, IAC valtra
A falta de paralelismo entre os terraços em nível ou com ligeiro desnível provoca um confronto de alinhamento das linhas da cultura, afetando o desempenho de todas as operações mecanizadas, gerando perda de rendimento operacional da colhedora e risco de capotamento nas áreas de terraço. O sucesso da sistematização com redução ou eliminação dos terraços está estritamente relacionado ao conhecimento do meio físico e gerenciamento detalhado de cada área.
TERRAÇO COM BASE LARGA PASSANTE
O método de terraço com base larga passante fundamenta-se em promover a diluição das diferenças de cotas entre a base e a crista, suavizando seu formato de modo a permitir uma sulcação não necessariamente paralela ao terraço, justificando o termo passante. Neste tipo de terraço, de base larga passante, as linhas de plantio são retas e cruzam por cima do terraço.
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A sistematização correta do terreno é o segredo de uma lavoura bem implantada
COLHEDORAS Fotos Tulio de Almeida Machado
Danos avaliados Danos causados ao tomate no processo de colheita mecanizada geralmente comprometem a qualidade do produto, exigindo cuidado na operação e no pós-colheita
Q
uando se trata de frutas, legumes verduras, o transporte ganha grande importância, uma vez que esses produtos são altamente perecíveis e passíveis a danos. A presença de injúrias e de outros tipos de danos mecânicos causa a perda econômica e de qualidade de pro-
dutos frescos, devido à destruição ou à rejeição da qualidade aparente pelo consumidor. As injúrias mecânicas muitas vezes comprometem as barreiras em nível celular que evitam a perda de água, pois podem danificar as camadas superficiais dos frutos, como as ceras e
cutículas, reduzindo a sua capacidade de resistir à perda do líquido. A comercialização de muitos frutos e hortaliças ocorre por unidade de peso, sendo que o baixo teor de água contido no produto é uma das principais causas da perda de qualidade pós-colheita e resulta na redução imediata da massa do fruto. Tendo em vista que o Brasil é um dos grandes produtores e consumidores de tomates no mundo, e a elevada perda na pós-colheita é um dos problemas encontrados pelo setor, um grupo de pesquisadores avaliou os efeitos das colheitas manual e mecânica e do transporte sobre a modificação dos atributos de firmeza e porcentagem de perda de massa em frutos de tomate que chegam para processamento na indústria. O experimento foi conduzido sob um pivô central com o híbrido de tomate BA5630 da empresa BHN, que foi transplantado e conduzido em sistema de plantio direto e colhido mecanicamente aos 127 dias após o transplan-
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Tabela 1 - Análise da estatística descritiva para a porcentagem dos frutos bons, rachados e com danos gerais
Estrutura para coleta de tomates na saída da colhedora
Profundidade (cm) 00-40 40-80 80-120 120-160
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144 144 144 144
Média Bons Rachados Danos Gerais 52,09 16,55 20,07 50,81 20,86 19,46 42,87 25,54 22,80 31,72 30,60 29,10
CV (%) Bons Rachados Danos Gerais 20,18 46,49 42,55 20,82 41,48 40,45 24,36 35,55 36,48 31,50 30,73 32,40
n: número de amostras; CV: coeficiente de variação.
tio. Na colheita mecânica, foi utilizada uma colhedora autopropelida fabricada pela Guaresi, modelo G-89/93 MS 40”, com motor Fiat-Iveco de 128,7kW. No sistema de trilha da colhedora avaliada adotou-se a configuração sugerida pelo fabricante, onde não havia muitas perdas nas ramas e no solo. Já no transporte foi utilizado um caminhão da marca Volkswagen, modelo 31330, com motor Cummins ISL de 242,7kW de potência e tração 6x4, com carroceria para transportar caçambas rollon/off de 40m³ e um reboque com rodas duplas de dois eixos, com chassi e amortecedor próprios, da marca Imavi. Para os frutos colhidos mecanicamente e posteriormente transportados, foram averiguadas as porcentagens de frutos bons, rachados e com danos gerais nas diferentes profundidades da caçamba de transporte. Foram considerados frutos bons os que não tiveram nenhuma rachadura em sua casca. Frutos rachados foram aqueles que apenas tiveram fissuras em sua epiderme, mas não perderam sua forma. Frutos com danos gerais foram os que perderam a sua forma original, através do rompimento do epicarpo (casca). As profundidades avaliadas foram de 0cm-40cm, 40cm-80cm, 80cm-120cm e 120cm-160cm. A perda de massa foi estimada em relação à massa inicial dos frutos antes do tratamento e após a pesagem, e seus valores foram transformados em porcentagem de perda de massa, onde as amostras foram pesadas em intervalos de 24, 48, 72, 96 e 120 horas após a coleta. Para isso, foram realizadas aná-
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n
lises de variância e de regressão para modelos lineares e quadráticos. Para essa análise, houve primeiramente a colheita manual dos frutos, antes da passagem da colheita mecânica. Para a análise dos frutos que passaram apenas pela colheita mecanizada, as amostras foram recolhidas na saída do braço de descarga, sendo ensacadas, identificadas e levadas para as devidas verificações em laboratório. Na Tabela 1 são apresentados as médias e o coeficiente de variação da porcentagem da quantidade de frutos bons, rachados e com danos gerais nas diferentes profundidades avaliadas. Nos frutos classificados como bons, as maiores porcentagens médias foram observadas nas camadas superficiais. Esses valores médios ficaram acima dos 50%. Após 80cm de profundidade, os valores foram diferentes entre as duas últimas camadas, em que
para a camada de 120-160cm os frutos bons foram apenas 31,72% da carga amostrada. Este comportamento é explicado pela compressão que os frutos das camadas superiores exercem sobre as camadas inferiores, gerando maiores rachaduras e danos nos frutos analisados. Os valores encontrados até a profundidade de 80cm estão dentro dos aceitáveis para as indústrias, onde pelo menos 50% dos frutos não devem estar desintegrados, mas prontos para serem processados sem se dissolverem no transporte da matéria-prima dentro da indústria. A Tabela 2 apresenta os resultados da análise de regressão da perda de massa de acordo com a passagem do tempo, com modelos lineares e quadráticos para a colheita manual e para a colheita mecanizada. Ambas as formas de colheita foram
Figura 1 - Regressão quadrática para os valores de perda de massa na colheita manual
descritas por um modelo quadrático. Em todas as mensurações com a passagem do tempo, as amostras que sofreram impactos mecânicos tiveram maiores porcentagens de perda de massa em todos os intervalos de tempos, gerando também uma maior perda de massa total ao final das pesagens. Esse comportamento está diretamente associado às injúrias causadas pela intervenção mecânica da colheita. Os modelos quadráticos foram os que melhor se ajustaram para a perda de massa em função do tempo. A Figura 1 apresenta o modelo quadrático da colheita manual, enquanto a Figura 2 apresenta o modelo quadrático da colheita mecanizada. A intervenção mecânica promove injúrias internas, resultando em redução da firmeza dos frutos, sendo evidenciada pelos resultados da porcentagem de perda de massa nos frutos avaliados. Com o maior número de injúrias, os frutos tendem a aumentar a sua taxa respiratória, aumentan-
Figura 2 - Regressão quadrática para os valores de perda de massa na colheita mecanizada
do o seu metabolismo para selar o ferimento e a consequente degradação de substâncias, ocorrendo assim a perda de massa. Para reduzirmos a quantidade de frutos danificados que posteriormente irão refletir na perda de massa, são necessárias medidas, tais como: escolha de uma correta vibração do sistema de trilha da colhedora; ajustes no sistema de amortecimento do caminhão de transporte; menor velocidade de transporte, menor tempo de exposição desse transporte a estradas ruins e um menor tempo de espera da maté.M ria-prima no pátio de espera. Túlio de Almeida Machado, IFGoiano - Campus Morrinhos Anderson Gomide Costa e João Paulo Barreto Cunha, UFRRJ Clarice Aparecida Megguer, IFGoiano Haroldo Carlos Fernandes, UFV
Tabela 2 - Resultados, considerando a colheita manual e a colheita mecânica e modelos obtidos a partir de análises de regressão para a perda de massa de acordo com a passagem do tempo Colheita Linear Manual Y=1,141-0,008X* Mecânica Y=1,703+0,265X*
R² 24,47% 55,53%
Quadrático Y=1,092+0,40X-0,009X^2* Y=1,773+0,195X+0,014X²*
R² 92,78% 92,99%
Amostra coletada no campo e avaliada em laboratório posteriormente
*Significativo a 10% de probabilidade.
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TRATORES
O domínio o dos radiais s O uso de pneus radiais em tratores agrícolas ganha cada vez mais espaço entre os produtores, principalmente em máquinas maiores e que realizam trabalhos mais pesados
A
área trabalhada por dia e outras vantagens. São pneus que trabalham com menores pressões de insuflagem e garantem maior área de contato com o solo. Então, por que ainda as empresas precisam investir alto na promoção dos pneus radiais? A principal resposta é óbvia e direta: maior custo de aquisição! Há ainda algumas desvantagens relacionadas aos cuidados que um pneu mais caro requer e demanda mão de obra mais qualificada, porém isto é algo mais fácil de resolver. Muito se sabe, porém há sempre o que discu-
Diego Fiorese
ssunto recorrente nas pesquisas e no meio comercial, o estudo e o desenvolvimento de pneus agrícolas sempre requer atenção, muito embora alguns conceitos, teorias e resultados já sejam de conhecimento da maioria dos leitores. Principalmente ao se tratar do comparativo entre pneus diagonais (convencionais) e radiais. A radialização se baseia em argumentos já provados, como menor compactação do solo, economia de combustível, maior capacidade de tração, menor resistência ao rolamento, maior conforto operacional, maior
Vista aérea do Campus de Sinop, da UFMT, onde aparece o campo de ensaio de tração na parte inferior
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tir, há sempre o que estudar, há sempre o que evoluir, há sempre resultados novos a serem apresentados para auxiliar o usuário quanto à tomada de decisão. No mercado de máquinas, em especial o de tratores agrícolas, há um vasto leque de opções de pneus oferecidas aos produtores. Estas opções são de tamanho (diâmetro, largura...), tração regular, arrozeiros, montagem simples ou dupla, tipo construtivo, entre outras configurações. Analisando o portfólio de produtos das empresas de máquinas, observa-se o seguinte cenário para o produto trator no Brasil, conforme veremos por categoria de potência de tratores. Até 100cv - Encontra-se praticamente só pneus diagonais como opção, com alguns raros casos de medidas radiais oferecidas. Mas já há uma
Jacto
significativa movimentação para essa faixa de potência ser melhor atendida. De 100cv a 200cv - São oferecidos os dois tipos construtivos, no entanto, só há uma maior faixa de opções para os radiais quando acima de 140cv/150cv. De 200cv a 250cv - Ainda são oferecidos em alguns catálogos os pneus diagonais como opção de montagem, no entanto, é nítida a preferência dos fabricantes para o uso dos radiais. Em alguns casos, a configuração fica a cargo do concessionário, devido às especificidades de algumas regiões e/ou aplicações. Aqui nessa faixa, pode-se considerar como uma “batalha” já ganha para a radialização. É questão de tempo para que ocorra a extinção dos modelos 24.5-32 e 30.5L-32, e seus pares construtivos convencionais ou ainda outras medidas para montagem dupla. O mercado de reposição tem se movimentado para conscientizar o produtor a permanecer com radiais após a troca dos originais, sempre fomentando as vantagens. Acima de 250cv - Somente os radiais são opção (salvo algum caso muito específico que possa ter passado despercebido nesta pesquisa).
Charles Echer
Esquema de aquisição e processamento de dados do ensaio
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Gráfico 1 – Resultados obtidos para duas marchas avaliadas
Gráfico 2 – Consumo de combustível
Gráfico 3 - Potência na barra de tração
Gráfico 4 – Resultados obtidos para duas marchas avaliadas
RADIALIZAÇÃO
E por que nas faixas maiores de potência já há uma consciência quanto à radialização? A explicação é simples. Porque os fabricantes querem que haja um maior aproveitamento de toda a tecnologia empregada no motor, transmissão e demais componentes, de forma a haver uma ligação mais eficiente entre a máquina e o
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solo, tornando as operações muito mais produtivas. Quanto melhor o pneu, melhor se tornará a máquina. O Laboratório de Agricultura de Precisão e Mecanização Agrícola - LAPMec, localizado no Campus de Sinop da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), em parceria com a Pirelli pneus agrícolas, realiza diversas avaliações de campo
visando à obtenção de novos resultados comparativos. O foco dos trabalhos de campo tem se dado entre 100cv e 200cv, onde sabe-se que há bastante potencial motriz que precisa ser melhor aproveitado com pneus de maior tecnologia. Abaixo de 100cv, esperamos em breve também ter resultados. A equipe do LAPMec realizou avaliações de campo visando ao comparativo entre os dois tipos construtivos de medidas equivalentes, utilizando um trator de 182cv, um escarificador e uma grade de discos. No Quadro 1 estão as especificações do trator, dos pneus utilizados e dos equipamentos para preparo do solo. No trator foram instalados sensores e equipamentos para aquisição de dados, permitindo, assim, a obtenção de diversos parâmetros energéticos e de desempenho. Obteve-se a força de tração (célula de carga), a velocidade de deslocamento (GPS), a patinagem dos rodados (encoder), a rotação do motor e o consumo de combustível (fluxômetros). A partir destes, calculou-se outros, como potência na barra de tração, capacidade e consumo operacional. Os dados foram obtidos e armazenados com a utilização de um programa/aplicativo desenvolvido na própria UFMT Sinop, o qual transmite todas as informações da central de aquisição, onde estão ligados os sensores, a um tablet via bluetooth, como é possível ver na Figura 1. Nos gráficos, estão os resultados médios para as duas marchas avaliadas. A velocidade maior com radial chegou à diferença de 0,4km/h, promovendo, portanto, um maior desempenho em campo. Os resultados mostraram variações que dependem diretamente do esforço que é imposto ao trator. Na escarificação, onde a demanda de tração foi mais alta, chegando a 4.500kgf (45% da massa do trator), a economia de combustível chegou a 2,9L/ha. Por outro lado, nos menores esforços vistos na gradagem (2.400kgf), a diferença passa a ser menor e com uma média de 0,8L/ha na redução de consumo. Um cálculo simples, considerando o valor do litro de óleo diesel em R$ 3,80, pode significar redução de R$
Quadro 1 Trator Lastragem Modelo
Especificação
New Holland T7 205
Massa de 10.150 kg - Motor: 6 cilindros turbo intercooler, 6.7 L, 182 cv de potência nominal (injeção eletrônica Commom rail)
Metálica + água nos pneus Traseira (65%) Dianteira (35%) 65% de água pneu interno 40% de água pneu externo
35% de água
Pneus Tipo Diagonal
Medidas 20.8-38 R1 (duplo) 16.9-28 R1 (simples)
Radial
520/85 R38 R1W (duplo) 420/85 R28 R1W (simples)
Pressões 14 psi - Traseiro interno 12 psi(65%) - Traseiro externo Traseira 28 psi - Dianteiro Nonononononononononononono 11 psi - Traseiro interno 9 psi - Traseiro externo 22 psi - Dianteiro
Equipamentos de preparo do solo Equipamento Grade de discos Escarificador
Especificações Marchas/velocidades aprox. Tatu Marchesan 24 discos de 26 polegadas B2 (6,5 km/h) espaçados em 270 mm Traseira (65%) B4 (9,0 km/h) Fox 11 hastes espaçadas em 30 cm, profundidade de 30 cm e largura A5 (4,5 km/h) da ponteira de 5 cm. 11 discos de corte de palha + rolo destorroador B2 (6,0 km/h)
3,00 a R$ 11,00 por hectare. Se o trabalho for em 500ha anuais, essa faixa varia de R$ 1.500,00 a R$ 5.500,00 em apenas um ano. Um outro exemplo, agora considerando o número de horas anuais trabalhadas e uma média de 1,6ha por hora de capacidade operacional para os preparos de solo avaliados, tem-se o seguinte: 500 horas anuais x 1,6ha/h = 800ha. Resulta agora em uma economia entre R$ 2.400,00 e R$ 8.800,00. A partir destes números, pode-se calcular diversas condições, e isso apenas para consumo de combustível, sem considerar outros fatores, como ganhos de produtividade em função da menor compactação do solo, maior vida útil do pneu e outras. Quando analisamos a potência na barra de tração, observamos que a diferença chega a 13%, ou seja, maior aproveitamento quando utilizando pneus radiais. Isso significa que um trator de 180cv com pneus radiais, quando em operação mais pesada, faz o mesmo trabalho que um trator de aproximadamente 200cv com pneus diagonais. A reflexão aqui agora pode representar algo de suma importância para aquele produtor que está pensando em Fotos Diego Fiorese
Detalhes das áreas de contato dos pneus com a superfície, onde observa-se que no pneu diagonal o contato está concentrado no centro da banda de rodagem e no radial há uma distribuição em toda a largura
trocar de trator por um maior. Dependendo da situação, a troca dos pneus (diagonais para radiais) já pode ser suficiente e pode lhe atender. E claro, isso significa redução de custo. Vale aqui fazer uma observação muito importante. Embora haja a tendência óbvia de migração de tecnologia em pneus, os modelos diagonais ainda terão seu espaço no mercado. Sua utilização sempre terá espaço em áreas de difícil trafegabilidade, devido à alta incidência de rochas ou tocos, e que se queira pneus de menor custo para esse tipo de trabalho. Há espaço também em tratores ou máquinas onde o uso é de poucas horas anuais; aplicações em pátios ou armazéns; em tratores usados especificadamente para elevação de cargas como big bags; transportes de curtas distâncias em estradas de fazendas; ou ainda em aplicações onde a capacidade de tração ou compactação de solo não seja prioridade. Em suma, pode-se concluir que quanto maior a necessidade trativa, maiores serão as vantagens que o pneu radial detém sobre os modelos convencionais, tendo-se maior aproveitamento da potência do motor e economia de combustível que pode che.M gar a patamares entre 15 e 20%. Diego A. Fiorese, Thiago Martins Machado, Rodrigo Sinaidi Zandonadi, Aline Cristina Martins Ramos, Renan Felipe Almeida de Araújo, Gabriel Felipe da Silva Ricardo e Gelson Luiz Michelon, LAPMec, UFMT
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AGRICULTURA DE PRECISÃO
Além da precisão Para os usuários de Agricultura de Precisão, mais especificamente da Telemática tecnologia que captura dados de equipamentos agrícolas no campo e transfere, via internet em tempo real -, a conectividade e a velocidade de dados são imprescindíveis
A
pesar da Telemática não ser uma nova tecnologia, ainda apresenta inúmeros desafios para o agricultor que opta por investir e se beneficiar de sistema. Atualmente, os maiores latifundiários estão mais dispostos a fazer esse investimento, enquanto os menores produtores tendem a ser um pouco mais lentos em adotar esta tecnologia, pelo menos até que compreendam seus benefícios. Com o desenvolvimento contínuo da tecnologia, tornando-a uma ferramenta cada vez mais popular e acessível, o setor agropecuário vem rapidamente
se munindo com o crescimento de mais empresas que buscam oferecer soluções neste ramo, como é o exemplo da John Deere e da Trimble, que competem neste mercado. Desafios como aumentar a área de cobertura de sinal, as velocidades de upload e ao nível de segurança necessário para proteger informações, devem ser transpostos para que a conectividade permita que toda a tecnologia, que vem sendo desenvolvida, possa ser utilizada em sua plenitude. As tecnologias digitais não só aumentam a eficiência na agropecuária, como
permitem a gestão ambiental e animal de forma sustentável; mas também estão se tornando muito rapidamente um requisito para que os produtores fiquem mais competitivos no mercado.
AGRICULTURA DIGITAL
De acordo com um estudo elaborado pela United Nations Global Compact e a PA Consulting Group, a agricultura digital é o uso de tecnologias novas e avançadas, integradas em um único sistema, para permitir que os agricultores e outras partes interessadas dentro da cadeia de valor agrícola melhorem a proFendt
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Um sistema de agricultura digital reúne dados com mais frequência e precisão e faz combinações com fontes externas
dução de alimentos. A maioria dos agricultores de hoje toma decisões, como a quantidade de fertilizantes a aplicar, com base em uma combinação de medições ásperas, experiência e recomendações. Uma vez que um curso de ação é decidido, é implementado; mas os resultados não são normalmente vistos até o tempo de colheita. Em contrapartida, um sistema de agricultura digital reúne dados com mais frequência e precisão, muitas vezes combinados com fontes externas (como informações meteorológicas). Os dados combinados resultantes são analisados e interpretados para que o agricultor possa tomar decisões mais informadas e apropriadas. A agricultura digital tem o potencial de transformar a maneira como produzimos a comida do mundo, mas a abordagem ainda é muito nova, os custos são elevados. As tecnologias utilizadas incluem sensores, redes de comunicação, sistemas de aviação não tripulados, inteligência artificial, robótica e outras máquinas avançadas, e, muitas vezes, se baseia nos princípios da Internet das Coisas. Este sistema integrado oferece novos insights que melhoram a capacidade de tomar decisões e, subsequentemente, implementá-las. O tamanho do mercado de agricultura digital estimado em 2021 é de US$ 15 bilhões.
DRONES
Nosso maior obstáculo é a baixa eficiência do monitoramento na grande extensão de terras cultivadas. Mas os drones - o mercado dispõe de uma grande variedade de opções a um custo muito mais acessível - podem ser utilizados para auxiliar neste sentido em todas as etapas do sistema produtivo, desde a análise e o preparo do solo, o plantio, a pulverização, até a colheita - qualquer hora do dia. Depois do plantio, o principal objetivo do agricultor é garantir a sanidade da plantação e, para isso, o monitoramento é imprescindível. Um dos desenvolvimentos mais recentes ajuda a avaliar a “saúde” da planta, pois é capaz de localizar focos de
pragas e doenças na plantação por meio do uso de sensores de “luz visível” e infravermelho - que possibilitam identificar a diferente refletância das plantas com relação à “luz verde” e à NIR de forma comparada com as demais. Especialistas comentam que a pulverização via drones pode ser quatro a cinco vezes mais rápida do que com as máquinas tradicionais (pulverizadores autopropelidos). Com todas as aplicações, é possível afirmar que esta ferramenta já está levando a agricultura para um novo patamar de alta tecnologia, permitindo que decisões sejam tomadas em tempo real. Isto posto, uma das principais preocupações não é a velocidade de voo do drone ou sua flexibilidade, mas o tipo e a qualidade dos dados que pode fornecer. Por fim, segundo o último estudo realizado pela PwC, sobre as aplicações comerciais desta tecnologia, o mercado global de serviços e negócios usando drones é avaliado em mais de US$ 127 bilhões (inclui negócios atuais e as atividades que podem ser substituídas em um futuro muito próximo), US$ 32,4 bi em agricultura (análise de solo e drenagem, monitoramento das culturas) e US$ 13 bi em transportes (entrega de mercadorias).
VEÍCULOS AUTÔNOMOS
Nos anos 1980, com o início da Agricultura de Precisão, o conceito de tratores autônomos já começou a ser tratado, com o propósito de aumentar a eficiência do sistema produtivo e reduzir custos no campo. Infelizmente, estes veículos ainda não têm liberação de uso comercial em muitos países, o que não impede que os fabricantes continuem a desenvolver estas novas tecnologias. Muitos dos sensores e sistemas de controle que as máquinas e equipamentos agrícolas autônomos incorporaram já são utilizados pelos carros autônomos. Grande parte dos tratores vendidos nos EUA, na Europa e em parte do Brasil já inclui sistemas de direcionamento via GPS que conferem aos fazendeiros a oportunidade de colocar esta tecnologia para trabalhar ao seu favor.
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te e com chances de erro. Com a utilização de novos softwares, computadores e smartphones, já se pode diagnosticar patologias e classificar por meio de banco de dados, aferindo o nível da infestação, e, inclusive, recomendar práticas de gestão adequadas. Como um dos objetivos fundamentais da agricultura moderna é o desenvolvimento de insumos que proporcionem redução das doenças e pragas, o aprendizado da máquina é a tecnologia que pode fazer melhorias mais precisas neste processo, ajudando a criar, por exemplo, sementes mais eficientes, mais adaptáveis e produtivas. As possibilidades de melhorias no aprendizado das máquinas são infinitas. Cada vez mais, o Machine Learning vem provando suas teorias em maior escala, fazendo previsões em tempo real e com um grau de assertividade maior. Já é possível desenvolver outras formas mais eficientes de uso de nutrientes, de conservação da água e de utilização de energia.
REALIDADE AUMENTADA
Utilização de vants contribui para ampliar ainda mais a qualidade dos dados obtidos
A precisão e a qualidade do plantio, o uso de sensores que coletam dados do solo, das plantas e das condições climáticas, e a melhoria do trabalho durante a noite, são alguns dos vários benefícios que, em um conjunto, reduzem a carga de trabalho e esforço dos operadores, auxiliando na condução e no controle de várias tarefas dentro do sistema produtivo agrícola. As tecnologias para viabilizar os tratores totalmente autônomos já estão disponíveis, mas qual o entrave para o lançamento comercial destas soluções? Uma das principais preocupações é o quanto se confia nesta solução, pois até o momento não existem normas nem legislações definidas que protejam o usuário contra eventuais acidentes. Por hora, veículos autônomos ainda precisam de seres humanos para monitorar sua velocidade e seu desempenho. Em breve, as inovações dos equipamentos agrícolas irão permitir o controle remoto completo destas operações, resultando num aumento importante da produtividade em operações agrícolas em grande escala.
MACHINE LEARNING
O aprendizado de máquinas para a agricultura usa algoritmos para analisar dados, para fazer determinações sem a intervenção humana. Estes algoritmos são alimentados com décadas de dados de campo, informações climatológicas, produtividade etc - muito mais do que qualquer ser humano pode analisar - e, a partir disso, é criado um modelo de probabilidades. O rápido diagnóstico de pragas e doenças pode ser o fator de sucesso no seu controle. Tradicionalmente, a identificação das doenças era realizada de forma visual, processo ineficien-
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À medida que a população vem aumentando e as novas formas de se consumir alimentos aparecem, as tarefas agrícolas se tornam cada vez mais fundamentais e difíceis. A Realidade Aumentada (RA) pode ajudar os agricultores de diferentes maneiras - entre as quais, auxiliar na inspeção de lavouras e a encontrar pragas e doenças, inclusive suas espécies, oferecendo formas adequadas de lidar com cada uma delas. Imaginem por um momento o controle de pragas – cada tipo de inseto “deveria” (entre aspas) ter um controle específico, com métodos diferenciados, pois muitos deles são essenciais para o bem-estar do ecossistema. Com a utilização da RA é possível tratar de forma diferente sua fazenda, utilizar protocolos adequados para cada situação, melhorando assim todo o seu sistema produtivo, que no final do ciclo é medido pela qualidade/quantidade de sua colheita. Para a agricultura este é um tema muito novo e precisa ser explorado. Já existem empresas nesta área no Brasil, em especial a Flex Interativa, líder neste mercado, que em breve expandirá suas operações para aplicações no agronegócio. São inúmeras as possibilidades de aplicação, vamos ficar atentos. Não está longe de nossa realidade o momento em que estas tecnologias tomarão conta do gerenciamento de toda a operação agrícola, analisando constantemente as lavouras, tomando decisões de aplicações, colheita etc, trazendo uma importante mudança na forma de como fa.M zemos agricultura. Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, Bioenergy Consultoria