Cultivar Máquinas 197

Page 1



C

Cultivar

Cultivar Máquinas • Edição Nº 197 • Ano XVII - Julho 2019 • ISSN - 1676-0158

Índice

Destaques

04 Rodando por aí 06 Transbordos

Como melhorar o uso dos transbordos na colheita

10 Tratores

Como os diferentes tipos de preparo do solo interferem na produção

14 Pulverizadores

Avaliação de eficiência em diferentes ângulos de ataque no plantio

18 Tratores

Interferência da utilização de válvulas de controle remoto

22 Nossa capa

Conheça a nova série de tratores fruteiros da Valtra A3F

28 Pulverização

Avaliação da eficiência do sistema vortex na distribuição

22

32 Colhedoras

Como a regulagem interfere nas perdas na colheita de cana

Nossa capa

36 VANTs

Valtra

Valtra A3F

Uso de drones para detecção de patógenos e avaliações visuais

40 Tecnologia

Avanços do uso de tecnologia na agricultura e novas ferramentas

44 Tratores

Influência da carga na barra de tração no consumo de combustível

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter

• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi Cassiane Fonseca • Revisão Rogério Nascente • Design Gráfico Cristiano Ceia

www.revistacultivar.com.br

Assinatura anual (11 edições*): R$ 269,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00

• Coordenador Comercial Charles Echer • Vendas Sedeli Feijó Miriam Portugal

/revistacultivar

• GERAL

• ASSINATURAS

• REDAÇÃO

• MARKETING

3028.2000

3028.2070

3028.2060

3028.2065

• Assinaturas Natália Rodrigues Clarissa Cardoso • Expedição Edson Krause

• Coordenação Circulação Simone Lopes

NOSSOS TELEFONES: (53)

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

/revistacultivar

@RevistaCultivar

Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


RODANDO POR AÍ Planta modernizada

A AGCO, detentora da marca Massey Ferguson, abriu as portas de sua fábrica em Santa Rosa (RS) para apresentar a seus clientes, parceiros, autoridades e imprensa, a tecnologia do processo produtivo das colheitadeiras e plataformas. Em suas instalações, a marca destaca o simulador Dyno Test, sistema de pintura com equipamentos baseados em nanotecnologia e robôs de solda, simulando o nível de qualidade das colheitadeiras em operação no campo antes da entrega ao produtor rural, com capacidade para verificar o funcionamento pleno de 145 itens da máquina. A planta recebeu recentemente aporte de R$ 60 milhões para a modernização da sua linha de montagem.

Raven na AgroActiva

Entre os dias 26 e 29 de junho, a Raven do Brasil participou da feira AgroActiva em Rosário, província de Santa Fé, na Argentina. A Raven do Brasil esteve presente junto ao parceiro Abelardo Cuffia, onde além do sistema pulsado de controle por bico, teve a oportunidade de apresentar pela primeira vez na Argentina as soluções CR7, RCM e SGM. A presença da Raven foi incrementada pelo lançamento do Patriot 3330 da Case IH, pulverizador que já incorpora o Aim Command Flex Technology, solução para pulverização da Raven do Brasil.

Valtra HiTech

A Valtra promoveu o lançamento dos tratores BH214 HiTech e BH224 HiTech na Feacoop 2019, complementando o portfólio da Linha BH HiTech Geração 4. Com 210cv e 220cv, e motor de seis cilindros, as novas máquinas combinam potência e tecnologia, com a transmissão Powershift, e atende diferentes perfis de agricultores. O evento foi realizado em Bebedouro (SP), de 29 de julho a 1° de agosto. “Em 2018 lançamos a Linha HiTech, também da Geração 4 dessa família, com cinco opções de motorização. Agora, com o BH214 HiTech e o BH224 HiTech, entregamos ainda mais potência ao agricultor, combinada com a transmissão HiTech3 Powershift, que proporciona troca automática dentro dos grupos, com 18 velocidades para frente e 18 para trás”, ressaltou o supervisor de Marketing de Tratores da AGCO, Winston Quintas.

Concessionária Servel

Importante produtora agrícola do estado de Sergipe, a cidade de Itabaiana passa a contar agora com a Servel, concessionária da Case IH, marca da CNH Industrial. “O município é muito forte na produção de cereais, frutas e verduras. E, ciente da sua importância para a região, a Case IH leva todo seu portfólio de máquinas, tecnologias e serviços para os produtores da cidade”, disse o diretor de Desenvolvimento de Rede da Case IH, Felipe Pedroso. Com a nova loja, o produtor da região de Itabaiana terá a sua disposição todos os serviços e produtos oferecidos pela Case IH, que vão desde o plantio até a colheita.

04

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br


Coffee Express

Produtores do café tipo conilon da região de São Mateus (ES) acompanharam o desempenho da colhedora Coffee Express 200 em operação. Além da colheita, os cafeicultores tiraram dúvidas durante evento através dos especialistas da Case IH. As atividades foram desenvolvidas em parceria com a concessionária Werner. Equipada com motor MWM de 55cv, a colhedora de café Coffee Express 200 Multi é equipada com tanque graneleiro de dois mil litros. “Vale ressaltar que a descarga do tanque graneleiro pode ser realizada com a máquina parada e/ou com ela em operação, ou seja, é possível colher e descarregar ao mesmo tempo”, afirmou o diretor de Marketing de Produto da Case IH, Silvio Campos.

World Biogas Expo 2019

A New Holland Agriculture expôs o trator conceito movido a biometano, T6, na maior feira mundial do setor, a World Biogas Expo 2019, realizada na Inglaterra. A New Holland Agriculture desenvolve projetos de energia limpa através da estratégia Clean Energy Leader, lançada para aumentar a eficiência e a sustentabilidade da agricultura. No evento, Mark Howell, gerente global de produtos de combustíveis alternativos da New Holland, falou sobre o futuro do biogás na agricultura, a economia circular e o papel das instituições na promoção e facilitação do uso do gás natural. Andrew Dunne, gerente global de projetos de comunicação da marca, apresentou o painel sobre Como uma marca global pode impulsionar a conscientização e o crescimento da indústria de biogás?

LS Tractor na Hortitec

A LS Tractor apresentou, durante a Hortitec 2019, seus tratores de pequeno e médio portes, para clientes que trabalham em lavouras de hortifrúti e estufas, com destaque para os tratores MT25, G40 e R65 Cabinado. A Hortitec é a mais importante mostra de hortifruticultura da América Latina. Segundo o coordenador Regional de Vendas da LS Tractor de São Paulo, Luís Lopes, o R65 foi desenvolvido para entregar mais torque e mais potência para culturas especiais, como o café, a fruticultura, a horticultura e o fumo, por exemplo. “Com 65cv, o compacto se torna mais uma opção deste segmento que vem se somar aos já campeões de vendas, U60 e R60. Excelente para aquelas atividades em que a potência disponível precisa ser maior”, afirmou Lopes.


TRANSBORDO

Auxiliar lucrati

A

partir da década de 1960, a agricultura brasileira sofreu intensas mudanças estruturais a partir de processos de modernização e criação de políticas públicas que fomentaram o setor. Tais mudanças não só trouxeram aumento nas áreas de produção, como também na produtividade, devido, principalmente, a investimentos em pesquisas e uso de tecnologias estrangeiras. A produção de soja está entre as atividades econômicas do agronegócio mundial que apresentaram grandes crescimentos nas últimas décadas, em virtude do crescimento do mercado internacional, da adoção de novas tecnologias e do uso deste grão como fonte de proteína para alimentação animal. No Brasil, segundo previsões da Conab, na safra 2018/2019 espera-se alcançar o volume de 120 milhões de toneladas desta oleaginosa. Em vista da importância, a colheita deve ser realizada com excelente eficiência - para trazer máximo retor-

06

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

no de investimento. Contudo, as janelas agrícolas cada vez mais restritivas, devido às cultivares mais precoces e a instabilidades meteorológicas, tornam necessária a utilização de equipamentos que apresentem maior eficiência operacional. Para justificar o elevado investimento do maquinário, é necessário estudar sua capacidade de campo e eficiência, para que seja possível realizar as atividades em tempo hábil e dentro do período esperado. Com o objetivo de buscar formas de aumentar a eficiência na colheita, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná avaliou a eficiência operacional e o consumo operacional de combustível de dois tipos de descarga de graneleiro durante a colheita: com a colhedora deslocando-se para descarregar diretamente no caminhão na beira da estrada, ou então descarregando em trator com carreta graneleira, sem interromper a colheita. Este trabalho foi realizado na cidade de Matupá, no


ivo

Avaliação em campo mostra que a utilização de carretas de transbordo na colheita de soja aumenta a eficiência da operação e a lucratividade quando comparado com o descarregamento da colhedora diretamente no caminhão dois talhões retangulares, cada um com 10,6 hectares, com comprimento de 1.475m e largura de 72m (equivalente a seis passagens da máquina), e a colheita ocorrendo no sentido do comprimento em velocidade de 7,5km/h. O primeiro talhão correspondeu à descarga dita estática, sendo, nesse tratamento, estacionada uma carreta graneleira, do tipo semirreboque, da marca Randon, no ponto médio do comprimento e distante 20m do talhão. Ao emitir o terceiro sinal sonoro de graneleiro cheio, a colhedora interrompia a colheita e dirigia-se até a carreta graneleira, o ponto de descarga, com velocidade de 9km/h, realizando a descarga do graneleiro e voltando ao ponto em que havia interrompido a colheita, retornando a colher até que o sinal sonoro voltasse a ser emitido. Fotos Charles Echer

estado do Mato Grosso, durante a safra 2017/2018 - no mês de março. Utilizou-se colhedora da Marca New Holland, modelo CR 7.90, dispondo de plataforma de cereais com 40 pés (12,2m de largura), do tipo draper da mesma marca. A área apresenta declividade menor que 1% no sentido da linha de colheita, a cultivar utilizada foi Monsoy M8372 IPRO, espaçada entre linhas de 50cm, proporcionando estande de 200 mil plantas por hectare. A altura média das plantas foi de 70cm, e da primeira vagem de 18cm, com produtividade média de 58 sacas por hectare e 12,5% de umidade. No experimento foram utilizados

As janelas agrícolas cada vez mais restritivas, devido às cultivares mais precoces e a instabilidades meteorológicas, tornam necessária a utilização de equipamentos que apresentem maior eficiência operacional

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

07


Gráfico 1 - Rendimento Operacional dos dois tipos de descarga avaliados

Gráfico 2 - Consumo operacional por hectare de dois tipos de descargas avaliadas

As perdas foram mensuradas na colheita utilizando um pano de derriça

Fator de Conversão: Salário do Operador R$ 2.500,00/mês; Encargo social 100%; 20 dias mensais trabalhados; turno de 8 horas diárias e preço do litro do diesel R$ 3,00

Gráfico 3 - Número de hectares possíveis de serem colhidos antes da parada para o reabastecimento de combustível

Tabela 1 - Valores de observação do parâmetro tempo Parâmetros Descarga Estática Descarga Dinâmica Tempo Operacional 1:48 1:15 (horas: min)

Entretanto, no segundo talhão, para realizar a descarga dita dinâmica, foi utilizado trator de 132cv, tracionando carreta graneleira da marca Jan, modelo Magnu 20.000, com capacidade para 20 toneladas de carga

08

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

máxima. O conjunto deslocou-se até a colhedora, após o segundo aviso sonoro do graneleiro cheio, para que esta pudesse descarregar os grãos sem parar a colheita. Foi mensurado o tempo gasto para colheita e, a partir deste, calculado também o rendimento operacional da mesma, parâmetro que representa a relação entre o tempo teórico que o conjunto deveria gastar para colher o talhão e o tempo que efetivamente foi gasto. Na Tabela 1 é apresentado o valor da observação do tempo gasto para colheita de cada talhão. O tempo operacional representa a quantidade de tempo para colher todo o talhão, sendo 44% maior quando se realizou a descarga na beira da gleba. Tal informação é extremamente relevante para tomada de decisões relacionadas ao gerenciamento das máquinas, principalmente por utilizar este conjunto de apoio durante a colheita. Portanto, a operação de colheita é finalizada mais rapidamente, reduzindo assim o risco da produção estar sujeita a injúrias meteorológicas, e, dessa forma, liberando a área para o próximo cultivo. O parâmetro de rendimento operacional comprova que o aproveitamento da colhedora é superior quando utiliza o transbordo com trator para descarga, o que leva à redução de custo na colheita, já que a máquina passará menos tempo trabalhando para colher a área, representando assim aumento na rentabilidade da lavoura. Outra grandeza medida durante o estudo foi a quantidade de combustível gasto por hectare, tanto pela colhedora quanto pelo conjunto de apoio. Em posse destes dados, e admitindo que o operador do trator receba um salário de R$ 2.500,00 mensais por jornadas de trabalho de oito horas diárias durante 20 dias por mês, e que houvesse 100% de acréscimo de encargos sociais, aliado ao preço do óleo diesel de R$ 3,00, pode-se obter o gasto operacional, representado pelo consumo de combustível por hectare, demonstrado no Gráfico 2. Como apresentado no Gráfico 2, é comprovado que nas condições avaliadas, mesmo com a adição de um operador e uma máquina a mais, fazer o descarregamento da colhedora sem parar de colher é 5% mais eficiente em combustível. Outro ponto de grande importância no processo de gestão da colheita é a autonomia da máquina em relação ao consumo de combustível. O Gráfico 3 ilustra a autonomia da máquina sob os dois tipos de descarga. Quando se utilizou o conjunto de trator com o transbordo, a autonomia da máquina é elevada 37%, passando de 89 hectares para 122 hectares, para cada tanque de combustível. Desta forma, é possível a colhedora colher por um período maior e em maior área, antes de necessitar interrupção para abastecimento. Assim sendo, o custo da operação de colheita é reduzi-


do, aumentando o rendimento do produtor. Por fim, este estudo proporcionou salientar a importância do planejamento da colheita, para que se possa obter o máximo de rendimento da colhedora. Por mais que de imediato se pense que o custo operacional de um trator com carreta para transbordo seja elevado, ao comparar as duas formas de descarregamento do graneleiro, pode-se confirmar que a eficiência é aumentada e o gasto é compensado, sendo possível, assim, aumentar a .M lucratividade da propriedade. Leonardo Leônidas Kmiecik, Samir Paulo Jasper, Lauro Strapasson Neto e Thiago Xavier da Silva, UFPR Guilherme Luiz Parize, New Holland Agriculture


TRATORES Charles Echer

Atenção à escolha

Na cultura do feijoeiro, a escolha do sistema de preparo do solo proporciona diversos efeitos no estabelecimento da lavoura, principalmente na velocidade de emergência das plântulas

D

evido ao aumento de estudos e avanços tecnológicos que facilitam o cultivo do feijão em sistemas de rotação de culturas e ao bom mercado consumidor, o grão, que antes era considerado de subsistência, se tornou interessante também para grandes produtores rurais. De acordo com Botelho et al. (2018), além de ser o maior produtor, o Brasil é também o maior consumidor dessa leguminosa, apresentando uma produção anual de aproximadamente 2,8 milhões de toneladas. A cultura do feijão (Phaseolus vulgaris) apresenta grande importância no cenário nacional. Na safra 2017/2018 foram plan-

10

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

tados mais de três milhões de hectares (Conab, 2018). A produtividade da cultura no Brasil teve uma média de 1.095kg/ha, porém algumas regiões obtiveram média de 2.455kg/ha na safra 2016/2017 (Conab, 2017). Essa diferença de produtividade pode ser explicada pelo fato de pequenos produtores cultivarem o grão para a subsistência. Para que a produção atinja resultados significantes, é necessário o cuidado constante com a cultura, desde o preparo do solo até a colheita. O preparo do solo deve ser feito de forma eficiente, para garantir as melhores condições de desenvolvimento e es-


Fotos Luiz Fernando Costa Ribeiro da Silva

tabelecimento da cultura. Um bom preparo de solo e uma boa semeadura proporcionam à semente melhor contato com o solo, consequentemente, uma melhor absorção de água e nutrientes, garantindo eficácia na germinação e emergência. No preparo convencional do solo, ocorrem o revolvimento de camadas superficiais para reduzir a sua compactação, a incorporação de corretivos e fertilizantes, e o aumento dos espaços porosos; e, assim, a elevação da permeabilidade e do armazenamento de ar e água (Santiago & Rossetto, 2007). A distribuição longitudinal de sementes e a velocidade de emergência de plântulas podem ser influenciadas, de acordo com o preparo de solo utilizado. Os diversos equipamentos utilizados para o preparo periódico do solo provocam alterações diferentes em suas propriedades físicas. Citando como exemplo, uma área preparada com enxada rotativa proporcionará uma mistura mais homogênea e superfície mais uniforme, com agregados menores, tornando-a, geralmente, adequada para receber a semeadura porém, com atuação em menor profundidade no solo, quando comparado à ação de um arado de discos. Este, por sua vez, atinge maiores profundidades, porém requer uma ou duas operações a mais, para destorroar e nivelar a superfície do solo e adequá-la para a operação de semeadura.

A

B

C

D

Preparo do solo: a) enxada rotativa; b) grade; c) arado de discos; d) escarificador

O preparo de solo convencional proporciona diversos efeitos para a instalação e manutenção da cultura do feijão. Isto posto, foi conduzido um estudo em um dos campos experimentais da Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba (MG), que possui média de 1.100m de altitude, com o objetivo de avaliar a influência do preparo primário de solo feito com arado de discos, enxada rotativa e escarificador, e da grade aradora intermediária na distribuição longitudinal de sementes, velocidade de emergência de plântulas, pro-

Plântulas de feijão em estádio de emergência na área do experimento

dutividade e componentes de produção do feijão. A área foi classificada como um latossolo vermelho-amarelo distrófico, de textura argilosa, relevo plano, que é cultivada com grãos desde o ano 2014 com os mesmos sistemas de preparo.

NO CAMPO

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC) com quatro tratamentos e quatro repetições, tendo como tratamentos o preparo periódico primário do solo com arado de discos, grade aradora

Identificação das parcelas úteis em que foram realizadas as avaliações

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

11


Luiz Fernando Costa Ribeiro da Silva

Operação de semeadura do feijão

intermediária, escarificador e enxada rotativa. Assim, resultando em um total de 16 unidades experimentais, onde cada parcela é constituída por uma área de 100m² (10m x 10m), estas são separadas por carreadores, também de 100m², destinados ao tráfego, manobras e regulagens dos equipamentos. Para efetuar o preparo de solo utilizou-se o trator New Holand TL85E, operando a 2.000rpm, com terceira marcha reduzida e velocidade média de 5km/h. O mesmo trator foi utilizado nas operações de todos os equipamentos. O arado de discos utilizado foi da marca Baldan, modelo AF-3, com três discos e profundidade de trabalho igual a 0,20m. A grade aradora intermediária, marca Köhler, modelo GAC300, com 14 discos e profundidade de ação de 0,15m. O escarificador, modelo Jumbo Matic Hidráulico, marca JAN, com discos de corte, cinco hastes parabólicas e ponteiras sem asa, com largura de trabalho de 2m, trabalhando até 0,2m de profundidade. A enxada rotativa, marca MEC-RUL, modelo ERP 200 B, com oito flanges e 48 lâminas, e profundidade de ação de 0,10m. Após o preparo primário do solo, feito com os equipamentos arado de discos e grade aradora intermediária, foram realizadas duas gradagens para

12

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

destorroamento e nivelamento. Para o escarificador, realizou-se uma gradagem, visto que era desprovido do rolo nivelador-destorroador. Feito o preparo de solo, instalou-se a cultura do feijão BRS estilo, com ciclo de aproximadamente cem dias. O espaçamento de semeadura entre linhas foi de 0,5m, utilizando o trator Massey Ferguson 4292, operando em 3ª marcha reduzida, 1.600 rpm e velocidade média de 5,0km/h. A semeadora-adubadora foi regulada para depositar 15 sementes/m, em uma profundidade média de três centímetros, estimando-se obter um estande de 300 mil sementes/ha. A adubação de plantio foi realizada com o formulado 08-30-10, numa dose de 400kg/ha. Para a adubação de cobertura, foi utilizada ureia em uma dose de 400kg/ ha, parcelada em duas vezes. Para a avaliação da distribuição longitudinal de sementes, utilizou-se como parcela útil um metro das duas linhas das fileiras centrais, onde foi medida a distância entre sementes. Ao realizar a medição, houve o cuidado de não remover as sementes do local onde foram semeadas, para não ocorrer alterações nos resultados. A população estabelecida foi de 300 mil sementes/ ha, com um espaçamento entre linhas de

0,5m, resultando em 15 sementes/m para todos os tratamentos, ocasionando o espaçamento nominal (Xref.) de 66,67mm. Os espaçamentos foram classificados como aceitáveis (0,5Xref.<Xi<1,5Xref.), duplos (≤0,5∙Xref.) e falhos (≥1,5∙Xref.). Para a determinação da contagem do número de plântulas emergidas, foi utilizado um intervalo de um metro nas duas fileiras centrais. Segundo Carvalho Filho et al. (2006) considerou-se como plântula emergida aquela que rompesse o solo, podendo ser vista a olho nu, de algum ângulo qualquer. A demarcação de um metro nas duas fileiras centrais foi efetuada iniciando-se no limite da parcela, onde mediu-se dois metros, fixou-se uma estaca, a partir dessa estaca mediu-se mais um metro, onde se fixou uma segunda estaca e, assim, a contagem das plântulas emergidas foi feita no intervalo entre as estacas. Logo, a contagem foi efetuada diariamente, até que houve a estabilização do número de plântulas por três dias consecutivos, de acordo com o proposto por Silva (2002). Então, se obteve, a partir da Equação 1 (Edmond e Drapala, 1958), o número médio de dias para a emergência de plântulas. M=

([(N1G1)+(N2 G2)+...+(Nn Gn)])/ (1) ((G1+G2+...+Gn))

Na equação 1 M - número médio de dias para a emergência das plântulas de milho; N1 - número de dias decorridos entre a semeadura e a primeira contagem de plântulas; G1 - número de plântulas emergidas na primeira contagem; N2 - número de dias decorridos entre a semeadura e a segunda contagem de plântulas; G2 - número de plântulas emergidas entre a primeira e a segunda contagem; Nn - número de dias decorridos entre a semeadura e a última contagem de plântulas; Gn - número de plântulas emergidas entre a penúltima e a última contagem. Os dados coletados foram tabulados e submetidos à análise de variância e em seguida aplicou-se o teste de Tukeya 5% de probabilidade, para comparação entre as médias. Quando necessário, as variáveis foram transformadas, mas na tabela foram utilizadas as médias originais - para que os


valores fiquem coerentes com a prática. Os diferentes sistemas de preparo de solo não influenciaram na distribuição longitudinal de sementes, onde a média geral para os espaçamentos foi de 58,25% normais, 5,14% duplos e 36,62% falhos (Tabela 1), corroborando com o apresentado por Mahl et al. (2006). Entretanto, estudos realizados por Tourino (1993) mostraram que a distribuição espacial das plantas pode determinar perdas de 15% ou mais na cultura de milho, 35% ou mais na de girassol e 10% ou mais na de soja. A avaliação de espaçamento entre sementes apresentou alta variabilidade, demonstrada pelo coeficiente de variação. Para esse tipo de análise, é comum obter altos valores de coeficiente de variação, como os apresentados por Kurachi et al. (1989); Cortez et al. (2006); Santos et al. (2011); e Melo et al. (2013). O número médio de dias para a emergência das plântulas sofreu influência dos diferentes preparos periódicos do solo, sendo a grade aradora a que obteve resultado estatisticamente maior, se comparado com o arado de discos e enxada rotativa (Tabela 1). Silva e Gamero (1993), avaliando a influência do preparo secundário, feito com a grade destorroadora-niveladora, antes ou depois do preparo primário do solo, efetuado com o arado de discos, grade aradora e escarificador, observaram menor valor de índice de velocidade de emergência de plântulas de feijão ao realizar a gradagem antes da aração. Entretanto, Boller e Caldato (2001), avaliando o efeito de três sistemas de preparo de solo (arado de discos + grade leve, escarificador e plantio direto) no desenvolvimento da cultura do feijão, observaram que o número médio de dias para emergência das plântulas não sofreu influência dos diferentes preparos de solo. Resultados semelhantes foram observados por Carvalho Filho et al. (2006) e Silva (2015), onde avaliaram o efeito de cinco equipamentos de preparo do solo no desenvolvimento da soja. Pode-se observar pelos dados da Tabela 2 que a produtividade de grãos do feijão não foi alterada em função dos preparos periódicos de solo. Assim, mesmo que a velocidade de emergência tenha sido influenciada pelo preparo do solo, a produtividade se manteve estatisticamente igual entre os tratamentos. Desse modo, os dados obtidos demonstram que o produtor pode optar pelo preparo que melhor se adapte a sua realidade, pois este não trará diferenças na sua produção. O número final de plantas por hectare, o número de vagens por planta e o número de grãos por vagens são componentes de produção da cultura do feijão. O preparo convencional do solo não

influenciou nenhum dos componentes de produção (Tabela 2). Silva (2015) também não encontrou diferenças no número médio de vagens por planta. Assim, através dos dados encontrados neste estudo não foi verificada diferença estatística na distribuição longitudinal de sementes. Já o número médio de dias para emergência de plântulas foi influenciado pelos equipamentos de preparo do solo, sendo que a grade aradora apresentou média maior em comparação com o arado de discos e a enxada rotativa. Embora houvesse diferença estatística no número médio de dias para a emergência de plântulas, esta não foi verificada para a produtividade e os componentes de produção da cultura do feijão. Apesar de o preparo do solo ser importante para proporcionar as melhores condições para o estabelecimento e o desenvolvimento das culturas, neste trabalho não verificou-se influência nas características produtivas da cultura e, assim, na possível lucratividade do produtor. Então, de acordo com Silva (2015), deve-se optar por sistemas que proporcionem melhor capacidade operacional e menor custo na adequação do solo para a semeadura, entretanto, não se pode esquecer dos aspectos da conservação dos solos e da água, priorizando-se a redução da compactação e de perdas por .M erosão para obtenção de um sistema sustentável. Luiz Fernando Costa Ribeiro Silva, Letícia Almeida, Vitor Lavorenti Arthur, Lucas Balbino FoisLanna, Alberto Carvalho Filho e Renato Adriane Alves Ruas, Universidade Federal De Viçosa Tabela 1 - Distribuição longitudinal de sementes e número médio de dias para a emergência de plântulas (M) em função dos diferentes preparos de solo Tratamentos Arado de discos Grade aradora Escarificador Enxada rotativa CV (%)

Distribuição longitudinal (%) M Normal Duplo Falho 56,15 a 6,47 a 37,38 a 5,67 b 56,02 a 3,33 a 40,65 a 6,17 a 64,15 a 5,83 a 30,02 a 5,90 ab 56,66 a 4,91 a 38,44 a 5,73 b 45,87 124,35 38,84 3,1

Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste Tukey.

Tabela 2 - Produtividade de grãos e os componentes de produção do feijão sobre o efeito dos diferentes preparos periódicos do solo Variáveis Produtividade kg/ha) População final (plantas/ha) Número de vagens/planta Número de grãos/vagem

Arado de discos 1.572,52 a 240.000 a 8,03 a 4,71 a

Sistemas de preparo de solo Grade aradora Escarificador Enxada rotativa 1.757,22 a 2.131,60 a 1.417,61 a 217.500 a 260.000 a 212.500 a 10,67 a 10,90 a 9,05 a 5,09 a 5,07 a 4,62 a

CV (%) 24,82 12,75 9,92 10,77

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

13


PULVERIZAÇÃO Valtra

Ângulo de ataque A trajetória do pulverizador em relação à direção das linhas de plantio interfere positiva ou negativamente na distribuição dos defensivos nas diferentes partes da planta

O

Brasil é o quinto maior produtor mundial de algodão. Na safra 2016/2017 produziu 1,6 milhão de toneladas de fibra (Conab, 2018). Com o surgimento de novas variedades e a finalidade de diminuir os custos da lavoura, vários estudos estão sendo efetuados para a implementação de espaçamentos reduzidos, chamados

14

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

de ultra-adensado (0,19m a 0,38m), adensado (0,39m a 0,76m) e convencional (<0,76m) (Borin et al., 2017). As características morfológicas das plantas podem afetar a qualidade da aplicação de defensivos, pois fatores de tecnologia de aplicação, como trajetória do jato, uniformidade da aplicação, número de gotas, diâmetro de gotas, gotas que

atingem o alvo, evaporação de gotas e deriva, podem ser influenciados por modificações na arquitetura da planta, como altura e área foliar (Cunha et al., 2008; Cunha et al., 2018). A distribuição de gotas de pulverização, utilizando pontas de pulverização que produzam em sua maioria gotas finas ou gotas grandes, ocorre basicamente no terço superior no dossel das plantas. A deposição de gotas nas diferentes partes do dossel da planta é estudada em relação a modelos de pontas, presença ou ausência de indução de ar nas pontas, ângulos das pontas na barra de pulverização, adição de adjuvantes, aplicação terrestre ou aérea, e volume de aplicação (França et al., 2018), mas poucos são os trabalhos sobre a direção do percurso do pulverizador em relação às linhas de cultivo. Com base no que foi apontado, fica a seguinte pergunta: é possível o percurso do pulverizador, em relação ao sentido de semeadura do algodoeiro cultivado nos sistemas ultra-adensado, adensado e


convencional influenciar a qualidade da aplicação? Para tentar esclarecer esta questão, pesquisadores realizaram um trabalho na Fazenda Experimental de Ciências Agrárias (Faeca), da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), no município de Dourados (MS). Para a instalação do experimento foi cultivada uma área de algodão de dois hectares. O algodão foi cultivado em três diferentes sistemas de cultivo: ultra-adensado, adensado e convencional. A cultivar utilizada para realização do experimento foi a FMT 701 na 2010/2011 e a NuOpal RR em 2011/2012, com população final de oito plantas por metro linear nos três sistemas de cultivo. A instalação do experimento ocorreu no dia 13/3/2011, quando as plantas estavam com 71 dias de emergidas no estádio fenológico F2; e na segunda safra a instalação ocorreu no dia 25/1/2012, com as plantas aos 89 dias de emergência no estádio fenológico F2 (Marur & Ruano, 2001). Os sistemas de cultivos foram divididos em relação ao espaçamento entrelinha (0,22m, 0,45m e 0,90m). Os ângulos de deslocamento do pulverizador foram divididos em: 0º (paralelo à linha de cultivo), 30º (diagonal em relação à linha de cultivo), 45° (diagonal em relação à linha de cultivo) e 90º (perpendicular em relação à linha de cultivo). Aos 45 dias após a emergência das plantas foi realizado o trajeto pelo qual o pulverizador montado ao trator fez as passadas

com os respectivos ângulos de deslocamento. Para a pulverização foram utilizados um trator com bitola nas rodas dianteiras e traseiras de 1,58m e um pulverizador montado - provido de barras com 13m de largura operacional. Os conjuntos de bico pulverizador estavam espaçados a cada 0,50m. A ponta de pulverização utilizada na safra 2010/2011 foi do tipo JA-2, cor preta, que produz jato cônico vazio, regulado para um consumo de volume de aplicação de 100L/ha; na safra 2011/2012, a ponta de pulverização utilizada foi do tipo Teejet XR 110.02 VP jato plano e regulado para um consumo de volume de aplicação de 120L/ha. Para a análise da tecnologia de aplicação foram instalados papéis hidrossensíveis, fabricados pela Novartis Biociências S.A., de cor amarela, que se transformam em azul ao receber o impacto da gota. Os papéis foram alocados na parte adaxial das folhas. No momento da aplicação do defensivo, as plantas foram divididas igualmente em três partes no sentido vertical, e em cada uma dessas partes foi alocado um papel hidrossensível. Após a pulverização, esses papéis foram retirados escaneados em equipamento digital para o estudo do espectro de gotas através do programa de análise de imagens E-sprinkle. Foram avaliados o diâmetro mediano volumétrico (DMV) (μm), a quantidade de gotas por cm2 (QGO), a densidade de gotas por cm2 (DEN) e a porcentagem de cobertura de gotas % (COB) e área aberta nas entrelinhas sem a presença de folha na entre-

Fotos Izidoro dos Santos de Lima Junior

Franciele Carneiro

Exemplo de área de avaliação da deposição de gotas

Pulverizador realizando aplicação nas parcelas

Ângulo de ataque em relação às linhas de plantio

Parcelas onde o ensaio foi realizado

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

15


Tabela 1 - Diâmetro médio volumétrico (DMV), densidade (DEN), quantidade de gotas (QGO) e cobertura (COB) de gotas em função do espaçamento, ângulo e terço de avaliação em 2010/2011, ponta JA-2. Dourados, MS. 2013 Espaçamento (m) 0,22 0,45 0,90 Ângulo 0 30 45 90 Terço Superior Médio Inferior

DMV 191 a 267 a 170 a DMV 172 a 210 a 259 a 197 a DMV 280 a 193 ab 155 b

DEN 142 a 174 a 167 a DEN 162 b 186 a 145 b 151 b DEN 266 a 154 b 62 c

QGO 167 a 205 a 196 a QGO 191 a 218 a 171 a 177 a QGO 313 a 182 b 73 c

COB 9,8 a 14,6 a 9,3 a COB 8,7 a 13,3 a 12,1 a 10,8 a COB 21,5 a 9,4 b 2,8 c

* Médias seguidas de mesma letra minúsculas na coluna não diferem entre si pelo Tukey a 5% de probabilidade

Tabela 2 - Desdobramento da interação espaçamento x ângulo, ângulo x terço e espaçamento x ângulo x terço para densidade (DEN) de gotas em 2010/2011, ponta JA-2. Dourados, MS. 2013

Espaçamento (m) Ângulo 0 30 45 90 Ângulo 0 30 45 90

0,22 0,45 149 AB 184 AB 194 A 220 A 121 B 131 B 104 B 161 AB Terço I M 51 c A 145 b B 62 b A 217 a A 77 b A 140 b B 57 b A 118 bB

0,90 155 A 143 A 183 A 187 A S 291 a A 278 a AB 219 a B 277 a AB

* Médias seguidas de mesma letra minúsculas na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo Tukey a 5% de probabilidade

Tabela 3 - Desdobramento da interação espaçamento x ângulo, ângulo x terço e espaçamento x ângulo x terço para quantidade de gotas (QGO) de gotas em 2010/2011, ponta JA-2. Dourados, MS. 2013 Espaçamento (m) Ângulo 0 30 45 90 Ângulo 0 30 45 90

0,22 175 a AB 228 ab A 143 a B 122 b B Terço I 51 c A 62 b A 77 b A 57 b A

0,45 216 a AB 259 a A 154 a B 190 ab AB

0,90 182 a A 168 b A 215 a A 220 a A

M 145 b B 217 a A 140 b B 118 bB

S 291 a A 278 a AB 219 a B 277 a AB

* Médias seguidas de mesma letra minúsculas na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo Tukey a 5% de probabilidade

16

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

linha no dia da aplicação. Para avaliar a área aberta, foi medida a área em centímetros com o auxílio de uma trena sem a cobertura com folhas. Foram realizadas três amostras por parcela.

RESULTADOS

O diâmetro médio volumétrico, a densidade de gotas, a quantidade de gotas e a cobertura de gotas apresentaram diferença significativa em relação ao terço da planta. O ângulo de 30° apresentou a maior densidade de gotas, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos - considerando todos os espaçamentos entrelinhas. Considerando a interação espaçamento x ângulo, o ângulo de 30° foi o que apresentou a maior densidade de gotas, sendo superior aos ângulos 45° e 90° nos espaçamentos de 0,22m e 0,45m entrelinhas. O terço inferior apresentou a menor densidade de gotas em relação ao terço superior e médio para todos os ângulos de deslocamento; no terço médio, o ângulo de 30° foi o que apresentou a maior densidade de gotas e no terço superior o ângulo de 0° de aplicação do defensivo foi o maior valor (Tabela 1). O terço inferior apresentou as menores densidades de gotas, independentemente do ângulo de aplicação nos espaçamentos de 0,22m, 0,45m e 0,90m entrelinhas (Tabela 1). A QGO nos ângulos de 90° e 45° apresentou os menores valores, diferenciando-se de 30° de ângulo de aplicação no espaçamento de 0,22m. No espaçamento de 0,45m entrelinhas, o maior valor encontrado de QGO foi ao ângulo de aplicação de 30°. No espaçamento de 0,90m não houve diferença de QGO entre os ângulos estudados (Tabela 2). O ângulo de aplicação de 0° e 30° foram os que apresentaram o maior número de gotas nos terços superiores e médio no espaçamento de 0,22m e 0,45m entrelinhas. No espaçamento de 0,90m, os ângulos de aplicação não influenciaram no número de gotas, e o terço superior foi que apresentou o maior número de gotas. Analisando os resultados dentro de cada espaçamento é possível observar no espaçamento de 0,22m entrelinhas que o ângulo de 30° apresentou a maior cobertura de gotas nos terços superior e médio, e o ângulo de 45° obteve o pior resultado em relação à deposição de gotas no terço superior das plantas de algodão. A cobertura de gotas apresentou o menor valor no terço inferior das plantas de algodão espaçadas a 0,22m entrelinhas. Esses resultados evidenciam que os produtores devem evitar a escolha do ângulo de 45° de caminhamento do pulverizador; o caminhamento do pulverizador em relação às linhas de cultivo é algo que, muitas vezes, é deixado de lado e colocado como não influenciador dos resultados sobre a qualidade da aplicação de defensivos, e este trabalho evidencia que esse fator influencia nos resultados da distribuição de gotas. No espaçamento de 0,45m e 0,90m entrelinhas, o ângulo de aplicação de 45° apresentou o maior valor de co-


Tabela 4 - Desdobramento da interação ângulo x terço para cobertu-

bertura, principalmente no terço superior. Os resultados apresentados sugerem que a quantidade e a densidade de gotas influenciaram os valores de cobertura de gotas, pois o tratamento com o ângulo de aplicação de 30° é o resultado que apresentou os melhores índices em relação a QGO, DEN e COB. O número médio de gotas foi menor no espaçamento de 0,22m entrelinhas. O terço superior apresentou o maior número médio de gotas em relação ao terço médio e inferior. Era esperado que o aumento do espaçamento entrelinhas favorecesse a deposição de gotas e as características de tecnologia de aplicação no terço inferior da planta. Com base nos resultados encontrados neste trabalho, foi possível observar que o maior espaçamento entrelinha não influenciou na qualidade da aplicação (Tabela 5 e 6). A área aberta encontrada nas entrelinhas no dia da aplicação obteve diferença estatística significativa em relação ao espaçamento. Como os tratamentos com espaçamentos entrelinhas representavam o dobro do tamanho em relação ao tamanho do outro tratamento, ou seja, 0,22m, 0,45m e 0,90m, a possibilidade da área aberta ser maior no espaçamento de 0,90m era esperada. No dia da aplicação, o tratamento com espaçamento de 0,22m apresentava todas as folhas entrelaçadas, sem a presença de área livre entre as fileiras das plantas. No espaçamento de 0,90m o espaço médio sem a presença de folhas foi de 26,5cm (Tabela 7). O estudo da área aberta nas entrelinhas auxilia no entendimento de algumas características da qualidade da aplicação. A deposição de gotas nos terços médios e inferiores é influenciada pelo DMV e também pela falta de barreiras físicas que dificultam a passagem das gotas de pulverização para as folhas do terço inferior da planta. No espaçamento de 0,90m, a possibilidade das gotas alcançarem as folhas do terço inferior são maiores que as do espaçamento entrelinha de 0,22m e 0,45m.

CONCLUSÃO

Após as avaliações, foi possível concluir que o ângulo de aplicação de 30° em relação à linha de semeadura apresentou os maiores valores em relação a quantidade e densidade de gotas. No sistema ultra-adensado, o terço superior das plantas recebeu a maior quantidade de gotas, densidade de gotas e co.M bertura em relação aos terços médio e inferior.

ra (COB) de gotas em 2010/2011, ponta JA-2. Dourados, MS. 2013

Terço Ângulo 0 30 45 90

I 2,2 a A 2,9 a A 3,7 b A 2,3 b A

M 6,7 a A 17,7 a A 7,0 b A 6,2 ab A

S 17,2 a A 19,4 a A 25,5 a A 24,1 a A

* Médias seguidas de mesma letra minúsculas na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo Tukey a 5% de probabilidade

Tabela 5 - Número médio de gotas em função do espaçamento, ângulo e terço de avaliação, ano de 2010/2011, ponta JA-2. Dourados, MS. 2013

Espaçamento (m) 0,22 0,45 0,90 Ângulo 0 30 45 90 Terço Superior Médio Inferior

Número de gotas 106,6 b 123,2 a 141,0 a 132,3 a 128,8 a 112,1 a 121,2 a 213,7 a 109,2 b 48,0c

* Médias seguidas de mesma letra minúsculas na coluna não diferem entre si pelo Tukey a 5% de probabilidade

Tabela 6 - Diâmetro médio volumétrico (DMV), densidade (DMV) de gotas, quantidade de gotas (QGO) e cobertura de gotas (COB) em função do espaçamento, ângulo e terço de avaliação em 2012, ponta XR 110.02 VP. Dourados, MS. 2013

Espaçamento (m) 0,22 0,45 0,90 Ângulo 0 30 45 90 Terço Superior Médio Inferior

DMV 146 a 171 a 146 a

DMV 146 a 171 a 146 a

DMV 146 a 171 a 146 a

DMV 146 a 171 a 146 a

157 a 153 a 156 a 151 a

157 a 153 a 156 a 151 a

157 a 153 a 156 a 151 a

157 a 153 a 156 a 151 a

176 a 147 b 138 b

176 a 147 b 138 b

176 a 147 b 138 b

176 a 147 b 138 b

* Médias seguidas de mesma letra minúsculas na coluna não diferem entre si pelo Tukey a 5% de probabilidade

Izidro dos Santos de Lima Junior, IFMS Paulo Eduardo Degrande e Cristiano Marcio Alves de Souza, UFGD Antonio Luiz Viegas Neto, IFMS

Tabela 7 - Área aberta em função do espaçamento, ângulo e da interação espaçamento x ângulo, no ano agrícola 2011/2012, ponta XR 110.02 VP. Dourados, MS. 2013

Espaçamento (m) 0,22 0,45 0,90

ÁreaAberta (cm) 0,0 c 8,13 b 26,5 a

*As médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

17


IMPLEMENTOS

Potência exigida A quantidade de válvulas de controle remoto acionadas simultaneamente interfere diretamente na energia demandada e no consequente aumento no gasto de combustível

O

s tratores agrícolas ao longo dos anos tornaram-se indispensáveis no campo como fonte de potência, sendo considerados ferramentas de grande valia, devido, principalmente, a sua versatilidade, pois neles é possível, através dos órgãos de acoplamento como a barra de tração, tomada de potência, sistema hidráulico dos três pontos e válvulas de controle remoto, operar e conduzir diferentes máquinas e/ou implementos agrícolas. Devido às janelas agrícolas mais restri-

18

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

tivas, os agricultores recorrem à compra de tratores com potência motora mais elevada, para conduzir as operações agrícolas em maiores velocidades quando for necessário, ou de máquinas e/ou implementos agrícolas de maiores dimensões (largura de trabalho), buscando assim aumentar os rendimentos por hectare no mesmo período de tempo. Devido a este cenário, o uso de cardan (acoplado à tomada de potência) para acionar motores nas máquinas tracionadas pelos tratores

agrícolas foi gradativamente sendo substituído, por fluxo hidráulico, fornecido pelas válvulas de controle remoto. A escolha da velocidade de trabalho adequada influencia no desempenho e na qualidade das operações agrícolas, pois está ligada à oferta de potência que a máquina disponibiliza, à movimentação das rodas e à eficiência da tração. Um indicador importante do desempenho do trator é o consumo específico de combustível, que expressa o gasto do mesmo, levando em


Case IH

foi acoplado a uma semeadora a vácuo que, seguindo as recomendações do fabricante, foi regulada para semeadura de soja; e, com o uso de fluxômetro apropriado, foi medida uma vazão de 28L/min. O experimento foi realizado na Fazenda Experimental Canguiri (FEC), pertencente à UFPR, localizada em Pinhais (PR), com apoio do Laboratório de Adequação de Tratores Agrícolas (Lata). O ensaio foi realizado em pista de concreto, com o trator em teste tracionando o trator freio acoplado através de cabo de aço (pelo método de comboio), simulando carga de dez toneladas na barra de tração, com velocidade-alvo de 7,5km/h. Através dos sensores específicos instalados no trator teste, foram coletados os dados relacionados a velocidade, eficiência térmica do motor, consumo, potência e rendimento na barra de tração. Cada ensaio do estudo foi definido pelo número de Válvulas de Controle Remoto em uso, estando cada par de válvulas em teste com Lauro Strapasson Neto

conta a potência disponibilizada efetivamente na barra. Um estudo desenvolvido pelos pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) teve como objetivo avaliar a influência da quantidade de válvulas de controle remoto (VCRs) em uso sobre: velocidade de operação, consumo específico, eficiência térmica do motor, potência e rendimento na barra de tração do trator agrícola. Para tal, foi utilizado o trator da marca Case IH, modelo Magnum 340, com nível de emissões Tier 3, equipado com motor ciclo diesel de seis cilindros e 8,7 litros com intercooler e sistema de combustível Common Rail, com potência nominal de 340cv e máxima de 374cv. Uma das condições para que o software deste motor eletrônico libere a potência extra (até atingir a potência máxima) é o uso de vazão hidráulica – portanto, neste estudo utilizou-se como base para os cálculos a potência máxima. O trator possuía Tração Dianteira Auxiliar (TDA), transmissão Full Power Shift 18x4 e sistema automático de produtividade (APM), e, durante o estudo, tanto a TDA quanto o APM permaneceram acionados, e o tanque de combustível estava completo com diesel S10. O trator utilizou pneus duplados radiais na dianteira e na traseira (Goodyear). Para lastragem, foram adicionados 40% de lastro líquido em todos os pneus (internos e externos), além de lastro sólido (dianteira do trator 18 placas de 45kg, e na traseira quatro anéis de 454kg e dois de 227kg). A massa total do trator foi de 18.625kg, distribuídos 40% no eixo dianteiro e 60% no eixo traseiro. Este modelo de trator possui sistema hidráulico com bomba de Pressão de Fluxo Compensado (PFC) de vazão máxima de 225L/min e cinco válvulas de controle remoto do tipo eletro-hidráulicas. Para a escolha da vazão nas VCRs, o trator testado

O trator utilizou pneus duplados radiais na dianteira e na traseira

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

19


Charles Echer

vazão de 28L/min. Para mensurar o consumo, a potência e o rendimento na barra de tração, foram utilizadas equações específicas, e os resultados do experimento podem ser observados na tabela a seguir. Com o aumento no número de válvulas em uso, houve queda na velocidade, o que comprova a existência de diferença quando se utiliza mais de um único par de válvulas (dois ou três pares) na operação. Ou seja, a partir de um par de válvulas de controle remoto em uso, ocorre queda na velocidade do trator, o que reduz o desempenho operacional de todo o conjunto mecanizado, e consequentemente diminui significativamente a eficiência de trabalho. A potência na barra de tração é produto da força e da velocidade de deslocamento, também sendo afetada diretamente com o aumento no número de VCRs usadas. A variável rendimento na barra de tração demonstra o quanto da energia produzida pelo motor é efetivamente disponibilizada na barra de tração, sendo que esta é reduzida pelo aumento no número de VCRs em uso. Desta maneira, quando se usa apenas um par de VCRs, obtém-se o melhor aproveitamento da energia produzida no motor. Em contrapartida, conforme se aumenta o número de válvulas hidráulicas em uso, necessita-se de maior fluxo de óleo, e, para proporcionar tal fluxo, é necessário maior consumo de potência do motor, sendo que esta seria disponibilizada na barra de tração, reduzindo assim a capacidade de tração do equipamento. Com maior núme-

O aumento do número de válvulas utilizadas diminui a velocidade do trator

ro de VCRs em uso, ocorreu também aumento da demanda energética, portanto, com apenas um único par de VCRs tem-se maior economia de combustível. A eficiência térmica do motor está relacionada ao poder calorífico do combustível utilizado (no caso óleo diesel S10) e ao consumo específico de combustível, e representa o aproveitamento da energia produzida no motor através da queima do óleo diesel, na barra de tração. Podemos observar que, no resultado do experimento, o maior valor de eficiência térmica do motor está intimamente associado ao menor consumo específico. Notou-se que a eficiência térmica foi maior quando acionado apenas um único par de VCRs, evidenciando a eficácia de se utilizar implementos que irão demandar menores números de VCRs, proporcionando, as-

sim, menor consumo de combustível, e, portanto, promovendo maior desempenho do maquinário. A variação do número de válvulas em uso afeta diretamente a velocidade de deslocamento do trator, e, consequentemente, o desempenho operacional. Pode-se concluir que o maior número de VCRs acionadas implicará em menor velocidade da operação agrícola, queda na eficiência térmica do motor, perda de potência e rendimento na barra de tração, além de aumentar a potência demandada e o consumo de combustível, quando comparado ao uso de apenas um único par de válvulas. Portanto, o maior número de VCRs utilizadas proporcionará menor rendimento de área trabalhada, com maior demanda de tempo e energia, e consequente aumento no gasto de combustível. Desta forma, é preciso que o agricultor ao fazer o dimensionamento de potência na barra de tração necessária para seu implemento, também leve em consideração a disponibilidade de potência para a utilização das válvulas de controle remoto necessá.M rias à operação agrícola.

Lauro Strapasson Neto, Leonardo Leonidas Kmiecik, Thiago Xavier da Silva e Samir Paulo Jasper, UFPR Lauro Costa Rezende e Roberto Biasotto, Case IH

Tabela 1 - Síntese da Análise de Variância (Anova) e do teste de médias para as variáveis velocidade real de operação (VO), potência na barra de tração (PBT), rendimento na barra de tração (RBT), consumo específico (CEC) e eficiência térmica do motor (ETM) Válvulas de Controle Remoto (VCRs) 1 PAR 2 PARES 3 PARES CV (%) VCRs AD LEV

VO1(km.h-1) 7,1 A 6,3 B 6,1 B 1,63 67,11** 0,93 N 1,69HO

PBT (cv) 273,26 A 240,20 B 232,39 C 1,42 151,74** 0,71 N 0,18 HO

RBT (%) 73,08 A 64,24 B 62,15 C 1,42 151,12** 0,71 N 0,18 HO

CEC (g.cv h-1) 330A 402 B 409 B 4,06 31,54** 0,69 N 0,18 HO

ETM (%) 35,05 A 28,80 B 28,37 B 4,29 32,12** 0,77 N 0,27HO

Em cada coluna, para cada fator, médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem, entre si, pelo “Teste Tukey” (P < 0,05). Teste F da análise de variância (Anova): NS – Não significativo; * (P < 0,05) e **(P < 0,01). CV %: Coeficiente de variação. AD: Teste de Normalidade de Anderson-Darling (P < 0,01): N – Normalidade nos dados; A – Anormalidade nos dados. LEV (P < 0,01): Teste de homogeneidade entre as variâncias: HO – Variâncias homogêneas; HE – Variâncias heterogêneas.1 Os valores desta variável foram transformados (BOX-COX) para ANOVA.

20

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br



CAPA

22

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br


Valtra

Série A3F A nova série de tratores fruteiros da Valtra, A3F, chega ao mercado com quatro modelos de 69cv a 99cv, trazendo diversas opções de transmissão, incluindo possibilidade de reversor, e cabine original de fábrica

A

lgumas culturas podem ter necessidades de máquinas e implementos bastante específicos. Café, hortaliças, laranja e citros em geral, demandam tratores com dimensões menores devido ao adensamento das galhadas e do espaço restrito para operação. Apostando num mercado que, apesar de trabalhar com máquinas de menor porte demanda cada vez mais conforto e tecnologia, a Valtra renovou sua antiga linha de tratores fruteiros e traz novidades para os produtores dessas culturas. A série dispõe de quatro modelos: A63F, A73F, A83F e A93F com potências máximas de 69cv, 79cv, 89cv e 99cv, respectivamente. As máquinas já eram equipadas com os motores AGCO Power de três cilindros, no entanto, trazem agora a nova geração de motores eletrônicos da marca. Todos os modelos são oferecidos nas versões plataformadas e cabinadas, essa última uma novidade para a linha.

MOTOR

A marca segue sua estratégia de incluir motorização eletrônica para tratores de baixa potência, atendendo à nova fase da norma Proconve MAR-1, que entrou em vi-

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

23


Os motores que equipam a série A3F são AGCO Power 33 CWC3, de três cilindros e turbo intercooler, que garantem potências de 69cv a 99cv

gência no início desse ano. A implementação da tecnologia no segmento até então é inédita no Brasil, embora seja comum nos tradicionais tratores europeus, onde a norma de regulagem de emissões é ainda mais avançada. Para atender à norma, o motor conta o sistema iEGR de recirculação de gases. Os motores AGCO Power 33 CWC3, de três cilindros e turbo intercooler, garantem potências de 69cv a 99cv, sendo este último modelo o de maior potência na categoria de fruteiros. Uma máquina com essa potência permite o uso dos maiores implementos destinados a esses cultivos e ainda em condições mais severas. Em outras matérias já foram explorados os benefícios dos novos motores AGCO Power, entre os principais estão a otimização da injeção de combustível; a otimização da pressão de injeção mesmo

24

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

O capô basculante facilita o acesso para manutenções e o sistema de arrefecimento possui telas que ajudam a sua limpeza

em baixas em baixas rotações; o modo de segurança e os códigos de erro informando onde se encontra o problema. Todas essas características possibilitam trabalhar em rotações mais baixas, tornando o motor mais econômico e com respostas mais rápidas, aumentando eficiência e rendimento na operação.

TRANSMISSÃO

As culturas destinadas aos tratores fruteiros têm tratos e trabalhos muito complexos, demandando transmissões versáteis e com escalonamento de marchas para atender a faixas de trabalhos diferentes das usuais em tratores agrícolas. Em baixas velocidades, com o uso de redutor, operações como poda e encanteiramento são realizadas. A partir de 6km/h até 12km/h são realizadas pulverizações e transporte de bens. Para atender às mais

diversas necessidades do agricultor, a linha A3F conta com quatro opções de transmissão e opção de redutor para uma delas. A transmissão básica dispõe de 8 velocidades à frente e 4 a ré, totalmente sincronizada. A transmissão com redutor de velocidades apresenta 12 velocidades à frente e 8 a ré, sendo que inicia na gama reduzida na faixa de 0,45km/h, ideal para operações de colheita, podas, recolhimento e triturações. Com essa transmissão, com terrenos de topografia favorável é possível fazer pulverizações e demais operações que necessitam de mais velocidades. Outra opção, além do redutor e transmissão standard, é a escolha do multiplicador, essa configuração dobra o número de velocidades, oferecendo 16 opções de marchas à frente e 8 à trás. A opção dessa configuração torna a transmissão com um escalonamento perfeito, onde cada velocidade possível ser alcançada por, no mínimo, duas marchas, e, em alguns casos, por até 4 marchas diferentes. Essa disponibilidade oferece diversas opções para o operador encontrar a marcha que melhor lhe atende, tornando uma máquina versátil e econômica, principalmente nas operações de pulverização. E por fim, uma opção bastante versátil e cada vez mais presente na categoria, é a transmissão com reversor mecânico. Com 12 velocidades à frente e 12 à ré, o escalonamento foi pensando para manter uma alta disponibilidade de velocidades, tanto com velocidades baixa como al-


Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

25


Nas versões cabinada e plataformada, os comandos estão ergonomicamente dispostos no entorno do operador e o espaço e a visibilidade são dois itens que chamam atenção na série

tas. Além de um bom escalonamento, a transmissão com reversor torna a operação mais ágil e fácil, se tornando um excelente diferencial.

RAIO DE GIRO

Um dos grandes destaques da Série A3F é o excelente raio de giro, na nova geração é possível durante a operação em pomares, sair de uma rua e entrar logo na próxima, aumentando a produtividade e reduzindo número

26

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

de manobras.

SISTEMA HIDRÁULICO

O sistema hidráulico da série A3F merece destaque por sua capacidade de vazão e capacidade de levante. Em versões com vazão de 42L/min, o trator pode ser equipado com dois ou três válvulas de controle remoto. A opção de alta vazão, com 55L/min é equipada com três corpos, sendo um deles destinado a fluxo contínuo de acionamento eletro-hidráu-

lico e ajuste de vazão, um destaque de série, recomendado para operações cujo os implementos dispõe de motores hidráulicos. Essas configurações permitem o trator operar com qualquer implemento da categoria. O levante hidráulico, com capacidade para 3.135kgf no olhal, se destaca por ser o maior da categoria, com excelente geometria.

TOMADA DE POTÊNCIA

A série dispõe de duas opções de velo-


Colunas estreitas da cabine garantem maior visibilidade ao operador

cidades: 540rpm e 540/540Econômica rpm, dependendo da versão do modelo. Equipados com um eixo de seis estrias, o acionamento é feito eletromecanicamente do posto de operação, através de uma alavanca localizada no painel da máquina para a versão plataformada. Já a versão cabinada, conta com o acionamento eletro-hidráulico.

AMBIENTE DO OPERADOR

O ambiente do operador é outro ponto de grande importância na nova linha. Com uma plataforma completamente plana e espaçosa, degraus possibilitando um fácil acesso e comandos ergonomicamente dispostos no entorno do operador, dentro do segmento a série A3F propicia um alto nível de conforto, mesmo sendo um trator compacto. Outro diferencial é a posição das alavancas da transmissão localizadas lateralmente, que oferecem maior conforto e facilidade na troca de marchas. A versão cabinada de fábrica é uma novidade da linha, quando comparada à linha antiga. As cabines Valtra são reconhecidas pelo seu alto padrão de design, ergonomia e acabamento, e a série A3F segue a tradição finlandesa de design, com soluções brasileiras focadas no segmento. Com design moderno e espaçosa, a cabine oferece o maior conforto da categoria. A ampla área envidraçada, devido aos pilares estreitos, permite uma visualização perfeita da cultura e da aplicação. Todas as versões, plataformadas e cabinadas, contam com ajuste basculante da coluna de direção, aumentando o espaço para entrada e saída do ambiente do operador e permitindo um ajuste mais ergonômico, conforme a preferência do operador, com porta USB e porta objetos. O painel de operação também foi renovado para o padrão das linhas novas. Nele se encontram um novo display, informando rotação do motor, horímetro, códigos de erro do motor e o consumo instantâneo. Diversas ferramentas que possibilitam um maior geren.M ciamento para o operador.

Mais conforto para o operador As cabines da série A3F seguem o projeto finlandês da marca, reconhecidas pelo seu alto padrão de design, ergonomia e acabamento. O design é bem moderno e o espaço interno garante grande conforto. Todas as versões, plataformadas e cabinadas, possuem ajuste basculante da coluna de direção, que aumenta o o espaço para entrada e saída do ambiente do operador e permite um ajuste mais ergonômico conforme a preferência do operador.

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

27


PULVERIZAÇÃO Fotos Sueli Kullmann

Bem melhor

O

uso de produtos fitossanitários é parte fundamental na produção agrícola. No entanto, é necessário adotar medidas que visem a sua utilização de forma eficaz através do uso de tecnologia adequada de aplicação, evitando-se tratamentos com superdosagens ou subdosagens que, consequentemente, irão levar a perda de rentabilidade e danos ao meio ambiente e até mesmo à saúde humana (Prado, 2009). Sabe-se que as principais dificuldades na aplicação de produtos fitossanitários estão relacionadas com a má deposição de calda, principalmente nos extratos inferiores da cultura e nas perdas por deriva, assim sempre bus-

28

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

Estudos apontam que a utilização da assistência de ar junto à barra de pulverização, na presença de vento ambiente, melhora a deposição da calda, tornando-a mais uniforme e homogênea por apresentar valores menores de coeficiente de variação cou-se obter uniformidade de distribuição no dossel das plantas. Segundo Perecin et al. (1998), a uniformidade de deposição da calda em pulverizações é dada pelas condições de montagem, espaçamento entre bicos, altura da barra, ângulo de abertura das pontas e pressão de trabalho. Via de regra, uma boa aplicação é caracterizada por apresentar baixos coeficien-

tes de variação (CV%) da distribuição volumétrica superficial (Cunha, 2008), portanto, quanto menor este parâmetro, mais uniforme será a distribuição. Matthews (2002) afirma que cada ponta possui características próprias de distribuição volumétrica, sendo específica para cada condição de altura em relação ao alvo e de espaçamento na barra. Diante disso, o estudo do


comportamento das pontas em diferentes condições operacionais se torna importante. Consoante a isso, a perda por deriva é outro fator que merece atenção, para tanto, a utilização de barras de pulverização dotadas de assistência de ar surgiu como alternativa, pois, segundo Raetano (2002), ela melhora a qualidade da aplicação. Com esta tecnologia é possível utilizar menores volumes de calda e reduzir os reabastecimentos, podendo-se usar maior velocidade de deslocamento em uma faixa de horário maior. O autor cita ainda que há redução de perdas por deriva e a exposição aos produtos fitossanitários é menor. Assim, este trabalho teve como objetivo analisar a distribuição volumétrica de ponta de pulverização em diferentes condições operacionais, caracterizadas pela presença de vento ambiente e assistência a ar junto à barra de pulverização. O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Mecanização Agrícola do Pampa (Lamap), localizado na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), na cidade de Alegrete (RS). O pulverizador utilizado foi um exemplar da marca Jacto, modelo Falcon Vortex 600®, com 28 bicos de pulverização espaçados em 0,5m, com largura útil total de 14m, altura de trabalho de 0,5m a 1,3m, porta-bicos Bijet e 600 litros de capacidade no reservatório de calda, bomba com vazão de 75L/min e sistema de comando mecânico/hidráulico Master Flow®, e sistema de assistência a ar na barra de pulverização. O referido equipamento agrícola é pertencente à Universidade Federal do Pampa Campus Alegrete. A análise da distribuição volumétrica foi realizada através do emprego de mesa de distribuição, com base na norma ASTM E641 (ASTM, 2012), constituída de uma chapa de metal corrugado formando 23 caneletas espaçadas 5cm

Tabela 1 - Influência do vento ambiente e vento assistente (Vortex) no CV (%) Vento ambiente (Km/h) 0 8 12

Distribuição longitudinal (%) 0 15 28 8,40 c B 11,29 a A 11,64 b A 9,79 b B 9,28 c B 12,59 a A 12,05 a A 10,49 b B 8,41 c C

Valores seguidos pela mesma letra maiúscula nas linhas, não diferem a nível de 5% de probabilidade, segundo teste de Tukey. Valores seguidos pela mesma letra minúscula, nas colunas para cada ponta, não diferem a nível de 5% de probabilidade, segundo teste de Tukey.

Tabela 2 - Espaçamento e influência do vento ambiente sobre CV (%) Vento ambiente Espaçamento (cm) (Km/h) 40 45 50 55 0 11,53 a A 8,43 b C 9,42 a B 12,41 a A 8 11,50 a A 9,44 a B 9,38 a B 11,90 b A 12 11,89 a A 9,28 a B 9,04 a B 11,06 b A Valores seguidos pela mesma letra maiúscula nas linhas, não diferem a nível de 5% de probabilidade, segundo teste de Tukey. Valores seguidos pela mesma letra minúscula, nas colunas para cada ponta, não diferem a nível de 5% de probabilidade, segundo teste de Tukey.

Tabela 3 - Espaçamento e influência da assistência de ar (Vortex) sobre o CV (%) Vento ambiente Espaçamento (cm) (Km/h) 40 45 50 55 0 10,79 b B 8,00 c D 9,42 a C 12,10 a A 15 11,23 b A 8,98 b B 9,46 a B 11,75 b A 28 12,89 a A 10,17 a C 8,95 a D 11,51 a B Valores seguidos pela mesma letra maiúscula nas linhas, não diferem a nível de 5% de probabilidade, segundo teste de Tukey. Valores seguidos pela mesma letra minúscula, nas colunas para cada ponta, não diferem a nível de 5% de probabilidade, segundo teste de Tukey.

Conjunto trator/pulverizador (abastecido com água) utilizado no experimento

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

29


Figura 2 - Perfil de sobreposição da ponta 110.03 com espaçamento de 45cm, na presença de vento ambiente (VA) e de assistência de ar (VX)

Figura 3 - Perfil de sobreposição da ponta 110.03 com espaçamento de 50cm, na presença de vento ambiente (VA) e de assistência de ar (VX)

entre si. Para compor os tratamentos, foram utilizadas três velocidades do ar assistente, sendo sem vento assistente, velocidade intermediária (15km/h) e velocidade alta do ventilador (28km/h), combinadas com vento ambiente a três velocidades (0km/h, 8km/h e 12km/h) em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Utilizou-se a pressão de pulverização de 413,685kPa (45 PSI). Para simular o vento ambiente, foram utilizados dois ventiladores centrífugos de diâmetro igual a 0,5m, colocados lado a lado de frente para a mesa de distribuição, sendo que a mesma foi colocada abaixo da barra de pulverização com a ponta tipo leque, modelo 110.03, centralizada a uma altura de

30

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

35cm. Para aferição da velocidade do vento do ar assistente e do vento ambiente simulado, utilizou-se um anemômetro de palhetas da marca Prova Instruments, modelo AVM-03. A coleta do líquido pulverizado foi realizada por um período de 45 segundos, procedendo-se a leitura dos volumes de cada coletor, para posterior comparação e análise estatística da distribuição volumétrica da deposição da calda. A partir do padrão de distribuição da ponta individual, foi simulada a sobreposição de várias pontas, como ocorre na barra pulverizadora. Para tanto, utilizou-se o programa computacional Matlab® (Matrix LaboratoryLaboratório de Matrizes)O programa

permite calcular o desvio padrão (DP) e o coeficiente de variação (CV%) da sobreposição resultante, bem como simular quatro diferentes espaçamentos entre as pontas na barra de pulverização (40cm, 45cm, 50cm e 55cm). Os dados foram submetidos à análise da variância e as médias de coeficiente de variação (CV%) foram comparadas pelo teste de Tukey com 5% de probabilidade de erro. Analisando os resultados da Tabela 1, é possível verificar que os menores CVs encontrados na condição de vento ambiente de 12km/h ocorreram na presença do ar assistente, pois, segundo Raetano (2002), a velocidade do vento na barra é maior que a do ambiente. Assim, o vento assistente empurra as gotas durante todo o percurso até chegar ao alvo, reduzindo as perdas por deriva. Pode-se observar ainda que, à medida que ocorre o aumento da velocidade do vento ambiente, a utilização de maiores velocidades do vento assistente se mostrou mais eficaz, apresentando menores valores de CV. Resultados de pesquisa de Stanislavski et al. (2014), comparando a pulverização convencional e a de ar, mostram que esta última reduziu a deriva, principalmente quando a velocidade do vento é superior à recomendada. De acordo com Bauer e Raetano (2004), a uniformidade de distribuição está relacionada com a pressão de trabalho, a altura da barra e o espaçamento entre pontas, com isso é importante analisar como cada ponta de pulverização se comporta em diferentes tipos de configurações. Neste experimento, simulou-se quatro espaçamentos entre pontas (40cm, 45cm, 50cm e 55cm) em diferentes condições de trabalho, e os resultados estão apresentados nas Tabelas 2 e 3. Ao comparar cada espaçamento considerando vento ambiente (Tabela 2), pôde-se observar que os de 45cm e 50cm apresentam os menores CVs, mostrando que estes espaçamentos proporcionam melhores respostas em condições adversas de trabalho. Já na


Fotos Sueli Kullmann

O estudo avaliou a uniformidade da aplicação com sistema vortex e também a interferência dos espaçamentos entre bicos na distribuição de gotas

condição sem vento ambiente, o espaçamento de 45cm teve o melhor resultado. Comportamento semelhante ocorreu na presença de assistência de ar na barra (Tabela 3), sendo que para a ponta utilizada os espaçamentos de 45cm e 50cm mostraram menores CVs com velocidade de vento de 15km/h. Na velocidade máxima, o espaçamento de 50cm obteve o melhor resultado, com CV de 8,95%. Na configuração sem vento assistente o espaçamento de 45cm também apresentou melhor comportamento, com CV de 8%. Os dados encontrados indicam o que Perecin et al. (1994) recomenda, que é a utilização de espaçamentos menores que 50cm. Bauer e Raetano (2004) em seus estudos com algumas pontas hidráulicas notaram que em qualquer configuração sempre houve a necessidade de aproximar as pontas para conseguir os níveis de CV mais baixos, pois a distribuição é mais estável. Lacerda (2001), ao estudar a ponta de jato plano 8002 encontrou o menor CV para o espaçamento de 50cm, sendo que em espaçamentos abaixo de 30cm e acima de 50cm houve piora na uniformidade de aplicação, principalmente considerando espaçamentos acima de 50cm. As Figuras 2 e 3 apresentam a simulação da sobreposição com espaçamento de 45cm e 50cm, respectivamente, entre pontas, na presença de vento ambiente e de assistência de ar, sendo que os gráficos expressam na abscissa a posição das canaletas e na ordenada os volumes de aplicação. Pode-se notar pelos gráficos que, na presença da assistência de ar, a sobreposição permaneceu mais uniforme, sem grandes saltos.

Segundo Lacerda (2001), uma sobreposição ideal é aquela que se apresenta achatada, suave e sem saltos, para permitir uma distribuição uniforme do volume na área de aplicação. Assim, a utilização da assistência de ar promoveu o aumento do volume da aplicação, reduzindo as zonas de depressão ao longo da barra.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos indicam que a utilização da assistência de ar junto à barra de pulverização, na presença de vento ambiente, melhora a deposição da calda, sendo que a deposição da mesma se torna mais uniforme e homogênea por apresentar valores menores de coeficiente de variação. Para a ponta de pulverização utilizada, os espaçamentos de 45cm e 50cm apresentam os melhores resultados, tanto na presença de vento ambiente quanto para assistência de ar, indicando a necessidade da adequação da configuração da barra em função das condições de trabalho existentes. Estudos futuros estão previstos para avaliar a qualidade de deposição com outros modelos de pontas de pulverização em outras condições operacionais, como, por exemplo, diferentes alturas de barra e aplicação diretamente .M sobre a cultura da soja.

Sueli Kullmann, Vilnei Dias e Jhon Pablo Cornélio, Lamap/Unipampa Alegrete

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

31


COLHEDORAS

Corte na base Regulagem correta dos órgãos ativos da colhedora, como corte de base, rolos picadores e extratores primários, e a sincronização da colhedora com o transbordo garantem maior qualidade na colheita de cana

32

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br


Case IH

Fernanda Scaranello Drudi

A mecanização na colheita da cana-de-açúcar é um processo irreversível, devido ao aumento das áreas agrícolas destinadas para a produção da cultura nas regiões produtoras

O

Brasil é considerado mundialmente o maior produtor de cana-de-açúcar. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (2018), na safra 2017/18 a produção nacional foi de 633,3 milhões de toneladas, com 8,7 milhões de hectares de área colhida e a produtividade média nacional foi de 72,5t/ha. A cana-de-açúcar é a matéria-prima responsável pela produção de açúcar e etanol, além de outros sub-

produtos, como fertilizantes agrícolas, alimentação animal, aguardente, melado, energia elétrica, plástico biodegradável entre outros derivados, tornando o setor sucroenergético altamente sustentável e rentável para a economia brasileira. O sistema mecanizado durante a colheita na cultura da cana-de-açúcar avançou, no final dos anos 2000, com uma lei federal que proíbe a queima nos canaviais brasileiros, substituindo o corte manual pelo corte mecanizado. Através do Protocolo Agroambiental (Unica, s.d.) de 2007, as usinas que cumpriram o prazo do protocolo e anteciparam a eliminação da queima nos canaviais receberam um certificado AgroAmbiental, facilitando assim a comercialização do etanol no mercado interno e externo. A mecanização na colheita da cana-de-açúcar é um processo irreversível, devido ao aumento das áreas agrícolas destinadas para a produção da cultura nas regiões produtoras, à escassez de mão de obra para os trabalhos manuais, a mais conforto e segurança para os operadores, à operação com alto rendimento operacional; e ao baixo custo de operação quando relacionado com a colheita manual. Por isso, o setor sucroenergéti-

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

33


Charles Echer

tização do plantio; e à operação da colhedora, como a capacitação dos operadores, o sincronismo da colhedora com o transbordo, a velocidade de deslocamento, a rotação do extrator primário, a altura da carga transportada e o estado de conservação das lâminas nos facões do rolo picador, nas faquinhas do corte de base e nas pás dos extratores.

AVALIAÇÃO EM CAMPO

De todos os fatores envolvidos na operação mecanizada da colheita na cana-de-açúcar, as perdas de matéria-prima no campo são as que representam prejuízos financeiros para a empresa

co necessita de colhedoras com eficiência e tecnologias embarcadas para a operação de colheita, investindo, assim, em máquinas com desempenho operacional satisfatório, menor consumo de combustível, redução de perdas de matéria-prima no campo, diminuição de matéria estranha de origem vegetal e mineral nas cargas destinada à indústria e o uso de piloto automático. Entretanto, quando a colhedora não estiver regulada com a velocidade de deslocamento, a rotação do extrator primário e a altura do corte de base de acordo com as condições do canavial a ser colhido, a operação mecanizada de colheita apresentará problemas. Estes problemas podem impactar no desenvolvimento da planta, afetando a produtividade agrícola dos anos seguintes e, em alguns casos, aumentando o custo da operação. Atualmente a média de produtividade agrícola brasileira para a cana-de-açúcar é de 70t/ha e a idade média dos cana-

34

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

viais é de 3,5 anos (Idea, s/d.). De todos os fatores envolvidos na operação mecanizada da colheita na cana-de-açúcar, as perdas de matéria-prima no campo são as que representam prejuízos financeiros para a empresa, pois é deixado no campo material industrializável, que deveria estar na indústria para ser processado. Essas perdas consistem em todo o material considerado industrializável presente no campo logo após a passagem da colhedora, que são os fragmentos, que contêm sacarose, conforme é possível ver na Tabela 1. Saber a origem e as causas das perdas na operação de colheita é de extrema importância para solucionar e diminuir sua incidência para níveis aceitáveis a baixo. As perdas estão relacionadas às características do canavial, como produtividade, características varietais, topografia do terreno, espaçamento entre fileiras e sistema-

O Núcleo de Ensaios de Máquinas e Pneus Agroflorestais (Nempa), da Unesp, Campus Botucatu, em parceria com a Case IH, realizou ensaio avaliando o desempenho energético e as perdas visíveis de uma colhedora de cana-de-açúcar em canaviais sem a queima prévia e com espaçamento entre linhas da cultura de 1,5m. As avaliações ocorreram em áreas de diferentes produtividades agrícolas, 147t/ha (T1), 136t/ha (T2) e 84t/ ha (T3). As diversidades nas produtividades foram obtidas com os diferentes números de corte/ciclo da cana-de-açúcar. O extrator primário foi regulado com base na produtividade do canavial avaliado, sendo para o T1 1.100rpm, no T2 1.000rpm e no T3 850rpm. Nas áreas avaliadas, as colhedoras trabalharam na mesma velocidade de deslocamento, na média de 5km/h. Foram instrumentadas com medidores de fluxos (fluxômetros) para a avaliação do consumo de combustível e dos dados obtidos através de um controlador lógico programável. As perdas visíveis foram obtidas utilizando a metodologia do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Na área amostral, foram feitas a separação e a pesagem dos fragmentos encontrados e, por fim, foram classificados em nível baixo (até 2,5%), nível médio (de 2,5 a 4,5%) e nível alto (acima de 4,5%). Através dos dados obtidos, é possível identificar qual a origem dessas perdas e, assim, reduzir a quantida-


Tabela 1 - Tipos de perdas visíveis quantificadas no campo

de de fragmentos de cana-de-açúcar industrializável no campo nas próximas colheitas, principalmente, na regulagem da máquina para as condições do canavial colhido naquele momento. A Tabela 2 mostra o consumo de combustível nos três tratamentos. O consumo de combustível por hectare aumentou quando aumentou a produtividade da área. O inverso ocorreu na avaliação do consumo de combustível por tonelada colhida, quando o consumo foi decrescente com o aumento da produtividade agrícola, sendo menor no Tratamento 1. As perdas por frações são mostradas na Tabela 3. Cada fragmento de cana está relacionado com um órgão ativo da colhedora, por exemplo, os rebolos deixados no campo e a falta de sincronismo da máquina com o transbordo. Nesta avaliação, as frações lascas estão contidas com os estilhaços, então são referentes à falta de regulagem do extrator primário e aos desgastes das faquinhas do corte de base. Da cana inteira (fixa ou solta) são colmos inteiros, em alguns casos com o porte acamado ou deitado no canavial, que o divisor de linhas não conseguiu levantar e direcionar para o corte de base. E os tocos estão relacionados com a regulagem da altura do corte de base; algumas usinas consideram a altura de toco aceitável até 5cm, assim aumenta a durabilidade das facas do corte de base e não deixa colmo com alto teor de sacarose no campo, pois a maior concentração de sacarose encontra-se na base do colmo. Os pedaços foram as frações mais encontradas no campo para os três canaviais avaliados. O Tratamento 1 foi o que apresentou, no geral, a maior quantidade de perdas visíveis, principalmente, por frações de pedaços seguidos de lascas. Para perdas totais, as áreas agrícolas com maior produtividade tendem a ter mais perdas, devido à maior quantidade de massa a ser processada, em frações de segundos, no interior da colhedora, principalmente, quando a máquina não está regulada para as condições do canavial. Em ambos os canaviais, as perdas ficaram em níveis baixos, tanto utilizando a metodologia do CTC como a porcentagem aceitável dentro da usina. A conclusão deste trabalho é mostrar que a regulagem dos órgãos ativos da colhedora,

Característica Cana inteira

Toco

Rebolo

Lascas

Estilhaço

Pedaço

Descrição Fragmento de cana maior que 35cm de comprimento (fixa ou solta) Fração de cana fixa no solo maior que 5cm Pedaço de cana (esmagado ou não) com corte característico do facão picador ou corte de base nas duas extremidades Fragmentos de cana (característica do corte de base) Fragmentos de cana totalmente dilacerados (resultado do extrator primário) Partes de cana encontrada no campo que não entra nas características acima (cana inteira, toco, rebolo, lascas e estilhaços)

Ilustração

Fonte: adaptado de Benedini et al. (2009)

Tabela 2 - Valores médios para o consumo de combustível por tonelada colhida e perdas visíveis totais Tratamento T1 T2 T3

Produtividade t/ha 147 136 84

Consumo por hectare L ha-1 70,85ª 66,44b 64,70c

Consumo por tonelada colhida L t-1 0,55b 0,56b 0,80ª

Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste Tukey.

Tabela 3 - Perdas visíveis por frações Tratamento Cana Inteira Rebolo Lasca kg T1 0,42a 0,17a 1,08ª T2 0,52a 0,14a 0,70ab T3 0,00a 0,15a 0,26b

Toco Pedaço

Total

% 0,00b 1,90ª 3,58a 2,60a 0,89a 0,74ab 3,02a 2,50a 0,28b 0,50b 1,20b 1,50b

Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste Tukey.

como corte de base, rolos picadores, extratores primários e a sincronização da colhedora com o transbordo, deve ser levada em consideração com as condições dos canaviais, para que o resultado seja uma colheita com menos prejuízo e mais material in.M dustrializável dentro da usina.

Fernanda Scaranello Drudi, Murilo Battistuzzi Martins, João Vitor Paulo Testa e Kléber Pereira Lanças, Nempa – Unesp Botucatu Roberto Biasotto e Regis Ikeda, Marketing de Produto – Case IH

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

35


VANTs

Supervisão do O uso, cada vez mais comum, de drones nas propriedades brasileiras possibilita a detecção de patógenos em culturas de maneira precoce, o que não seria possível apenas na avaliação visual, permitindo tomada de decisão antecipada e redução de custos e prejuízos na lavoura

36

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

N

os últimos anos tem sido crescente a adesão da agricultura de precisão por médios e grandes produtores brasileiros. A agricultura de precisão pode ser definida como a utilização de tecnologias na agricultura em diversas etapas do manejo, tendo como objetivo principal aumentar a eficiência do uso de insumos agrícolas, ou ainda, monitorar a produtividade, a ocorrência de estresses e a condição nutricional das plantas. Este cenário abrange diversas vertentes da produção agrícola, desde o preparo do solo, plantio, tratos culturais até a colheita. A agricultura de precisão disponibiliza inúmeras aplicações ao agricultor. Uma delas é a possibilidade de adotar medidas de manejo baseadas em imagens geradas por satélites e/ou Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants), aliadas


o alto à geração de banco de dados com zonas de manejo específicas. No Brasil, os Vants são comumente chamados de drones (zangão, em inglês), enquanto o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) também aceita a denominação de RPAs (Remotely Piloted Aircraft Systems). Para fins didáticos, a partir de agora usaremos a denominação de drones para nos referirmos às aeronaves não tripuladas e controladas remotamente. A detecção e a identificação de pragas, doenças e plantas daninhas são

cruciais para a adoção de medidas de controle apropriadas na produção agrícola. Recentemente, pesquisas têm sido realizadas para desenvolver métodos ópticos inovadores, baseados em sensores acoplados a drones, para a detecção de estresses em plantas. Os drones destinados ao setor agrícola podem ser equipados com uma ampla gama de sensores, dentre eles, os multiespectrais de alta resolução, os quais possuem capacidade para mapear grandes áreas com elevada acurácia e rapidez. Estes drones podem ser de três tipos: multirrotor, asa fixa e híbrido. Contudo, todos apresentam vantagens e desvantagens. Os drones do tipo multirrotor possuem baixa autonomia de voo (em média de 25 a 30 minutos), impossibilitando cobrir extensas áreas

em um único voo; contudo, são relativamente baratos e acessíveis. Os modelos de drones com asa fixa, por sua vez, apresentam alta autonomia de voo (uma a oito horas), permitindo cobrir grandes áreas em um único voo. É importante ressaltar que o seu preço aumenta de acordo com a elevação da autonomia de voo. Os modelos híbridos combinam características dos outros modelos. Possuem boa autonomia de voo e a possibilidade de decolar e pousar na vertical, como os multirrotores, entretanto, estes modelos ainda são pouco utilizados no Brasil. Diversos estudos têm sido desenvolvidos para melhorar a utilização das informações coletadas por drones, elaborando mapas para aplicação de defensivos em taxa variável e modelos de Drones 4 Agro

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

37


Fotos Drones 4 Agro

Tipos de drones existentes: multirrotor, asa fixa e híbrido

aplicação em tempo real. Além de utilizar os próprios drones para realizar as aplicações. As doenças geram reduções médias de até 35% na produção agrícola mundial. As estratégias atuais para o manejo das doenças são complexas, pois existem diversas variáveis que devem ser levadas em conta para o manejo das doenças em culturas agrícolas, como a resistência genética das cultivares, o histórico do local, a presença de inóculo, as condições climáticas, a época de semeadura/plantio, dentre muitas outras. O monitoramento constante da lavoura permite a construção de bancos de dados que possibilitam a geração de zonas de manejo, facilitando as aplicações de defensivos em taxa variável. Estas aplicações podem ser realizadas por pulverizadores terrestres, como os autopropelidos, e pulverizadores acoplados a tratores, e por drones controlados remotamente. Atualmente, existem empresas que prestam serviços destinados à agricultura com drones, particularmente, para o monitoramento e o controle de pragas e doenças. As empresas deste setor, na maioria das vezes, fornecem imagens aéreas georreferenciadas associadas a mapas com índices de vegetação, a um custo relativamente aces-

38

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

sível para os agricultores brasileiros. Portanto, a contratação deste tipo de serviço tende a aumentar consideravelmente nos próximos anos, devido às informações importantes que são fornecidas e utilizadas para aumentar a eficiência do manejo fitossanitário das culturas agrícolas. Os métodos tradicionais para detecção, quantificação e identificação de doenças de plantas, frequentemente, são baseados no monitoramento visual. Portanto, a sua acurácia é dependente da experiência do avaliador. No entanto, está disponível no mercado uma quantidade crescente de sensores ópticos, não invasivos, com capacidade para avaliar o estado fitossanitário das plantas pelas suas propriedades de reflectância em diferentes regiões do espectro eletromagnético. Diversos sensores são utilizados para auxiliar na detecção e identificação de doenças de plantas, fornecendo novos insights sobre as complexas relações patógeno-hospedeiro. Estas abordagens apresentam potencial para futuramente substituir os métodos de investigação destrutivos predominantes atualmente. Na agricultura de precisão, os sensores são baseados na espectroscopia de reflectância, ou seja, em medidas de reflexão da radiação eletromagné-

tica (REM) após a interação com diferentes superfícies em diferentes comprimentos de onda, oriundas do espectro refletido. O espectro dos sensores mais utilizados abrange a região do visível (Visible – VIS – 400nm a 700nm), o vermelho limítrofe (Red Edge – RE – 700nm a 750nm), o infravermelho próximo (Near Infrared – NIR – 700nm a 1.000nm) e o infravermelho de ondas curtas (Short Wave Infrared – SWIR – 1.000nm a 2.500nm). A sequência dos comprimentos de onda do espectro eletromagnético mais utilizadas na agricultura pode ser observada na Figura 4. Entre os diferentes tipos de sensores existentes (termografia, fluorescência de clorofila, RGB, multiespectral e hiperespectral), os sensores hiperespectrais (350nm a 2.500nm) têm maior potencial para o monitoramento de doenças de plantas e para avaliações da interação patógeno-hospedeiro. Sensores termográficos (1.300nm a 2.500nm), de fluorescência da clorofila e RGB (400nm a 700nm), são capazes de detectar estresses em plantas, contudo, sem especificar o agente causal. Porém, quando são utilizados sensores hiperespectrais, torna-se possível identificar o patógeno e/ou a doença responsável pelo estresse na planta - direcionando as medidas de controle a serem adotadas com elevada eficiência. A influência espectral dos patógenos depende do tipo de interação e modo de nutrição (biotrófico, hemibiotrófico, necrotrófico); tipo de crescimento, pigmentação, estágio de desenvolvimento e severidade da doença. Alterações no aparato fotossintético durante a infecção pelo patógeno são percebidas, principalmente, nos comprimentos de onda de 500nm a 680nm. Quando a infecção causa alterações na estrutura celular das plantas, ocorre uma elevada discrepância nos valores de refletância, nos comprimentos de onda do infravermelho próximo (700nm a 1.000nm), entre as plantas sadias e infectadas.


Diversos estudos têm sido conduzidos a fim de se verificar as alterações na reflectância causadas por fitopatógenos nos cultivos agrícolas. Cada espécie, e até em cultivares da mesma espécie, possui uma assinatura espectral única. Sendo assim, existe a necessidade de determinar previamente como ocorrem estas alterações e quais os sensores e os espectros mais adequados para detectar as infecções fitopatogênicas. A detecção dos sintomas em folhas de soja, por exemplo, é fundamental para a prevenção de doenças, pois, dependendo do patógeno presente na área, as consequências econômicas podem ser enormes. A detecção dos sintomas por drones equipados com sensores desempenha um papel importante no manejo de doenças em videira, pois permite monitorar grandes áreas em um curto período, diminuindo custos e aumentando a eficiência das técnicas de controle. Com base nas informações fornecidas pelos drones é possível realizar aplicações de defensivos em taxa variável, diminuindo os custos de produção e aumentando a eficácia do controle da doença. A adoção destas técnicas para o monitoramento e o controle de doenças tem apresentado um grande aumento nas últimas décadas, especialmente para culturas de porte arbustivo, como videira, citrus, oliveiras etc. A utilização de imagens hiperespectrais para avaliar plantas de soja suscetíveis ao míldio demonstrou que alterações na reflectância da folha podem ser detectadas antes mesmo do surgimento dos primeiros sintomas visíveis. A reflectância nos comprimentos de onda azul aumentou e no vermelho diminuiu ao longo do intervalo do NIR e do Swir. Após a esporulação, quando os sintomas são visíveis na superfície abaxial da folha, a reflectância na superfície adaxial da folha aumentou significativamente no Visnir (400nm-1.000nm). Estudos como este auxiliam os pesquisadores e técnicos no entendimento da dinâmica de fitopatógenos sobre a reflectância em plantas de lavoura - permitindo detectar a presença do patógeno de maneira precoce, o que não seria possível apenas com a avaliação visual.

Adoção de medidas de manejo baseadas em imagens geradas por drones, aliada à geração de banco de dados com zonas de manejo específicas

Nos próximos anos a agricultura de precisão, cada vez mais, estará presente em grandes, médias e pequenas propriedades rurais. A utilização de sensores acoplados a drones já caminha a passos largos no Brasil e no mundo. Acredita-se que 80% de todos os drones comercializados no mundo tenham aplicação na agricultura nos próximos anos. As pesquisas também estão acompanhando esta demanda de mercado. Importantes centros de pesquisas no Brasil já adotam os drones para auxiliar na identificação e monitoramento de doenças; e contagem de plantas e avaliação do estado nutricional das plantas e da qualidade dos .M frutos produzidos. Gerarda Beatriz Pinto da Silva, Jessyca Pestana, Jorge Azevedo, Giordani Braga Salamon e Jaiton Rocha Borges, Drones for Agro

Figura 1- Comprimentos de onda do espectro eletromagnético que podem ser úteis na agricultura. (NIR – Near Infrared; SWIR - Short Wave Infrared; MWIR – Mid-Wave Infrared e; LWIR - Long Wavelength Infrared)

Mapa para aplicação de defensivos em taxa variável

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

39


AGRICULTURA DE PRECISÃO

Manejo para o futuro É cada vez maior a adoção de diferentes tipos de tecnologias em todos os processos produtivos, que se aprimoram a cada safra em busca de agricultura mais eficiente e sustentável

40

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

O

mundo apresenta demanda crescente por alimentos, fibras e energia. Assim, a agricultura de precisão é questão chave para obtenção de maiores safras com o menor uso de insumos. Visto que as áreas agrícolas não são uniformes, tanto em termo dos fatores de produção (fertilidade, topografia, clima) como da própria produtividade obtida, cada porção da lavoura necessita de um manejo específico para otimizar a rentabilidade do agricultor e evitar impactos ambientais. Nesse sentido, cada vez mais há tecnologia sendo empregada no campo, como sensores, máquinas autônomas e inteligência artificial. A agricultura vem passando por um momento de intensa evolução, cada vez mais tecnificada, e com maior geração de dados, o que muitos têm chamado de Agricultura 4.0, agricultura inteligente, digital, de predição, de prescrição, e tantos outros termos. Independentemente da denominação adotada, a tecnologia é cada vez mais empregada no campo para auxiliar o agricultor na tomada de decisão. De acordo com a Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão do Ministério da Agricultura (CBAP), criada em 20 de setembro de 2012 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa): “Agricultura de Precisão é um sistema de gerenciamento agrícola baseado na variação espacial e temporal da unidade produtiva e visa ao aumento de retorno econômico, à sustentabilidade e à minimização do efeito ao ambiente”. Devido à procura incessante pelo saber e pelo uso de tecnologias de Agricultura de Precisão, surgem associações e organizações que visam promover uma maior interação entre os diversos usuários que atuam na área de AP. Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento científico, tecnológico, na inovação e na difusão do uso de práticas, técnicas e tecnologias de AP, em 11 de novembro de 2016, foi


Fendt

estabelecida a AsBraAP (Associação Brasileira de Agricultura de Precisão). Essa associação passou a ser responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP), um evento bienal que teve sua primeira edição em 2004 e que congrega técnicos, agricultores, prestadores de serviços e acadêmicos em torno técnicas envolvidas no amplo leque de AP. Outra organização que está em pleno desenvolvimento é a Agricultura de Alta Precisão, formada por um grupo de profissionais que atuam na área de AP, visando à troca de experiências, por meio de redes sociais (@agriculturadealtaprecisao) e que hoje congrega mais de 1,5 mil pessoas interessadas no tema. O desenvolvimento de diversas tecnologias, a geração de grande número de dados, a diversidade de redes de fabricantes de equipamentos, maquinários e softwares permitem alcançar melhores resultados em temos de produtividade e economia, e possibilitam o acompanhamento em tempo real da lavoura. Buscando entender o atual mercado de Agricultura de Precisão no Brasil, a Kleffmann Group vem realizando um levantamento de dados com produtores de diversos cultivos.

Maquinários e softwares permitem alcançar melhores resultados em temos de produtividade e economia, e possibilitam o acompanhamento em tempo real da lavoura

Na Agrishow 2019, em Ribeirão Preto - SP, foi lançado um estudo inédito no mercado de AP, Amis (Agricultural Marketing Information System), com o objetivo de fornecer informações para a tomada de decisão sobre as diversas tecnologias e elaboração de estratégias de curto e longo prazo. Em pesquisa realizada em 2013, esse mesmo grupo obteve um panorama da adoção de AP no Brasil, identificando as tecnologias que eram adotadas, quais os

benefícios encontrados por produtores, entre outras informações. Mais informações sobre este levantamento podem ser encontradas em Agricultura de Precisão: números do mercado brasileiro (disponível em http://www.agriculturadeprecisao.org.br/boletins-tecnicos.php).

VARIABILIDADE DAS LAVOURAS

A adoção de AP vem crescendo no BraCharles Echer

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

41


Figura 1- Ciclo da Agricultura de Precisão (AP)

manejo, entre várias outras aplicações. Em termo de investigação do dossel de plantas, os sensores captam o comportamento espectral dos alvos. Esses sensores podem ser instalados em satélites, aeronaves e em veículos aéreos não tripulados (drones). Uma grande vantagem desse tipo de sensoriamento como um todo é a coleta de dados sem a necessidade de adentrar a lavoura, o que também permite a cobertura de grandes áreas de forma simples, rápida e com baixo custo.

ESTRATÉGIAS

sil e permite uma agricultura mais eficiente e sustentável. Desse modo, consideramos que a gestão da heterogeneidade existente nas lavouras deve ser realizada constantemente por meio das quatro etapas ilustradas na Figura 1. A implementação da AP deve ter início na investigação da variabilidade, tanto da produtividade quanto dos fatores de produção. Neste sentido, a estratégia principal é identificar primeiramente a variabilidade na produção, ou mesmo no desenvolvimento da cultura por meio de técnicas de sensoriamento, para então investigar os causadores dessa variabilidade. No entanto, muitos usuários iniciam o processo investigando a fertilidade do solo, com o objetivo de propor correções de solo e adubações em doses variadas; almejando, assim, o adequado equilíbrio nutricional da cultura. É necessário destacar que a investigação da variabilidade não se limita à análise química da fertilidade do solo por meio de amostragem e aplicações de fertilizantes em doses variadas, a qual é a estratégia de gestão da variabilidade mais utilizada no Brasil. Pode-se também usar outras propriedades do solo, relevo, cultura, clima etc, medido de forma direta ou por métodos de sensoriamento.

SENSORIAMENTO

Para investigação espacializada das lavouras, as técnicas de sensoriamento remoto e proximal vêm sendo bastante utilizadas; dentre elas, as mais usadas atualmente são para coleta de dados de solo e do dossel das plantas. Em termos de investigação de solo, o sensoriamento da condutividade elétrica aparente do solo (CEa) merece destaque pela sua facilidade de uso e qualidade da informação fornecida sobre variabilidade do solo como um todo. Este tipo de sensor gera corrente elétrica no solo e mensura a variação em sua intensidade. Com isso, o usuário pode identificar variação de tipo de solo, umidade e textura, o que permite direcionar amostragens localizadas, criar zonas de

42

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

Basicamente existem três estratégias que o agricultor pode atingir ao se pensar no conceito principal da Agricultura de Precisão, que é, em sua essência, a “aplicação do conhecimento agronômico de forma localizada ao longo das lavouras”: otimização do uso de insumos, aumento da produtividade dos cultivos e melhora na qualidade do produto colhido. Desse modo, independentemente da estratégia adotada, o objetivo final é sempre aumentar a lucratividade da atividade agrícola, ao mesmo tempo que reduz impactos ambientais - devido ao uso mais racional dos insumos agrícolas.

OTIMIZAÇÃO DO USO DE INSUMO

O reconhecimento da variabilidade dos talhões permite adotar medidas que aumentem a eficiência do uso de insumos. Isso potencializa o aproveitamento dos fatores de produção, de modo que não ocorra sub ou superestimativa na quantidade de insumos necessários. Devemos nos atentar ao fato de que a aplicação localizada nem sempre acarreta em redução de custos, uma vez que a necessidade local de insumos pode ser maior do que vem sendo rotineiramente diagnosticado pela “agricultura convencional”; ou seja, ao aplicarmos uma única dose de produto em toda a lavoura, há locais que poderão receber doses maiores ou menores do que o requerido, o que pode limitar a produtividade e/ou aumentar os custos de produção (Figura 2). Nesse sentido, o uso de defensivos agrícolas é o que mais pode ser impactado por essa forma de gestão, uma vez que os insumos seriam aplicados apenas onde há real demanda, dependendo da praga envolvida e seu método de controle (Figura 3).

AUMENTO DE PRODUTIVIDADE

Com a gestão espacializada das lavouras, os fatores limitantes à produtividade vão sendo corrigidos espacialmente ao longo do tempo. Além disso, o acompanhamento em tempo real da lavoura permite tomadas de decisões rápidas e assertivas. Assim, esse manejo mais detalhado possibilita ganhos de produção em regiões das lavouras que produziam menos do que seu potencial por falta de recursos disponíveis às plantas. O manejo localizado permite intervenções com doses adequadas de insumo no momento e local em que são requeridas. Com isso, pode-se melhorar a qualidade dos produtos agrícolas colhidos. Essa melhoria pela qualidade dos produtos é demanda mundial que vem crescendo constantemente. Para citar algumas culturas, café, frutas em geral e cana-de-açúcar são exem-


plos marcantes onde a qualidade do pro- o que é dificultado pelo comportamento diduto pode melhorar muito o preço pago nâmico das infestações. ao produtor.

MANEJO LOCALIZADO

Como vimos, uma das técnicas mais empregadas em AP é o mapeamento da fertilidade dos solos. Assim, a aplicação de fertilizantes em doses variadas visa utilizar de forma correta e eficiente os produtos ao longo de uma área, buscando otimizar os custos com insumos. No entanto, a caracterização da variabilidade dos parâmetros de fertilidade é dependente do número de amostras de solo coletadas, o que pode impactar na qualidade dos mapas de recomendação. Logo, essa prática não deve ser adotada isoladamente. Já o tratamento localizado com defensivos é, talvez, a maior possibilidade de redução de uso de insumos na AP, uma vez que tem o objetivo de realizar a aplicação apenas onde a praga (inseto, doença ou planta daninha) esteja presente ou haja potencial de infestação. No mercado existem diversas técnicas de se variar a vazão da calda para aplicação em taxas variadas, sendo a mais promissora delas a variação de vazão individualizada bico a bico, com ajuste por válvula solenoide ou PWM. Entretanto, para que isso seja possível, o maquinário precisa estar equipado com sensores e sistema de tomada de decisão em tempo real, o que ainda é um desafio a ser vencido. Outra opção é carregar no controlador de taxa variável um mapa de recomendação elaborado em escritório, por meio de dados coletados previamente,

SEMEADURA VARIÁVEL

Para viabilizar o plantio em população variável, é necessário obter conhecimento da variabilidade da área via identificação de regiões com diferentes disponibilidades de recursos para desenvolvimento da cultura, como textura do solo, fertilidade, capacidade de retenção de água, ou qualquer outro fator limitante à produtividade. Com isso, de maneira geral, onde os recursos são escassos a população de plantas almejada deve ser menor, de forma a garantir adequadas condições de crescimento às culturas. Por outro lado, em regiões onde os fatores de produção são abundantes o solo pode comportar maior quantidade de plantas, aumentando a produtividade final. Porém, tais recomendações ainda não são padronizadas e há necessidade de ajuste fino realizado pelo próprio usuário, com investigação in loco (experimentação na fazenda), pois a população ideal varia conforme o material genético utilizado e as condições de manejo e clima presentes.

UNIDADES DE GESTÃO DIFERENCIADAS

As Unidades de Gestão Diferenciadas (UGDs), mais conhecidas como zonas de manejo, são sub-regiões definidas dentro de uma mesma área. Em essência, cada UGD deve apresentar as mesmas características, de forma a permitir um único manejo uniforme, ou seja, os fatores li-

Figura 2 - Exemplo de necessidade de insumos em determinadas regiões da lavoura e como a sua aplicação em taxa fixa pode sub ou superestimar as doses aplicadas. É isso que a agricultura de precisão foca em melhor por meio das aplicações em doses variadas

mitantes à produtividade são os mesmos ao longo de cada unidade, o que permite que ocorra o manejo padronizado. Esta delimitação mais refinada da área é tida por muitos pesquisadores e usuários como o clímax da AP, uma vez que sintetiza grande quantidade de dados obtidos ao longo de safras consecutivas e resulta em manejo específico. Isso faz com que investigações espacializadas, principalmente por meio de amostragem, sejam cada vez menos demandadas, o que otimiza os custos e a gestão da lavoura. Porém, para a correta definição das UGDs, é indispensável a obtenção de dados que mensurem indiretamente a variabilidade dos cultivos, por várias safras, para garantir a tomada de decisão com base em dados estáveis ao longo do tempo. Além disso, é preciso coletar informações sobre propriedades do solo e do relevo. Para tal, dados topográficos e de sensores, como o de CEa, têm se destacado. No entanto, a definição das UGDs ainda é complexa. A tecnologia é cada vez mais empregada no campo para auxiliar o agricultor na tomada de decisão. Assim, em pouco tempo acreditamos que não haverá mais agricultura convencional, agricultura de precisão, agricultura digital, etc. Com todo esse conhecimento dinâmico e intenso, teremos cada vez mais uma agricultura com maior eficiência e pos.M sibilidade de sustentação. Maiara Pusch e Lucas Rios do Amaral, Unicamp

Figura 3 - Exemplos de recomendação de calagem seguindo os preceitos da Agricultura Convencional, ou seja, dose única em toda a área (A) versus a recomendação em doses variadas baseada em mapa de aplicação, ou seja, tratamento da variabilidade preconizada pela Agricultura de Precisão (B)

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

43


TRATORES Charles Echer

Aprove O modo como o solo foi preparado e a velocidade de trabalho do conjunto trator-semeadora interferem diretamente no consumo de combustível e na demanda de potência do trator

O

trator agrícola é a principal fonte de potência utilizada para realizar diversas operações necessárias no processo de produção de muitas culturas comercialmente exploradas. O conhecimento aprofundado da capacidade de desempenho do trator permite aos fabricantes desenvolverem produtos mais eficientes, de tal forma que os agricultores obtenham melhor aproveitamento das características operacionais dessa máquina. Para que se tenha máximo aproveitamento da energia gerada no motor e transmitida para a barra de tração, fazem-se necessários estudos sobre diversas condições de carga na barra de tração, principalmente, no que diz respeito ao seu desenvolvimento de tração. Esses ensaios visam à obtenção de informações sobre o desempenho dos rodados relacionados com as características da interação com o solo. Os valores médios de rendimento na barra de tração de um conjunto mecanizado podem variar em função de diversos fatores inerentes à máquina, como marca e modelo do trator, potência e relação entre o peso e a potência do motor. No entanto, fatores como velocidade de deslocamento e o tipo de preparo do solo

44

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br


veitamento máximo também contribuem significativamente para maior ou menor rendimento na barra de tração. Em trabalho realizado pelo Núcleo Integrado de Mecanização e Projetos Agrícolas (Nimpa) com o objetivo de avaliar o desempenho na barra de tração do conjunto trator-semeadora em função do preparo do solo e escalonamento de marcha, foi possível verificar o comportamento da força e potência na barra de tração. Assim, foi utilizada uma semeadora-adubadora da

Figura 1 - Relação direta do aumento da força de tração em função do aumento de velocidade nos dois tipos de preparo do solo (preparo com arado + grade e escarificador)

marca Tatu Marchesan, modelo SDA³ de fluxo contínuo de 15 linhas, com capacidade máxima de 595L e 570L no depósito de sementes e fertilizantes, respectivamente, onde foi utilizado 50% deste volume. Para o acionamento da semeadora-adubadora foi utilizado trator 4x2 TDA (Tração Dianteira Auxiliar) de 88,26kW (120cv) com tração dianteira auxiliar ligada. O conjunto trator-semeadora foi avaliado com três escalonamentos de marchas L3T, L3C e L4C, correspon-

Figura 2 - Relação direta da potência em função do aumento da velocidade nos dois tipos de preparo do solo (preparo com arado + grade e escarificador)

Figura 3 - Relação direta do aumento do consumo de combustível em função do aumento da demanda de força (esquerda) e potência (direita) na barra de tração nos dois tipos de preparo do solo (preparo com arado + grade e escarificador)

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

45


Marcelo Queiroz Amorim

Preparo da área com arado + grade (A1 e A2) e preparo da área com escarificador (B)

dendo às velocidades de 4,56km/h; 5,71km/h e 7,63km/h, respectivamente, e dois tipos de preparo do solo (preparo com arado + grade e escarificador). Para o preparo do solo foi utilizado um arado de disco fixo montado, grade leve de arrasto da marca Marchesan, modelo GN, Off-Set e escarificador da marca Marchesan, modelo AST/Matic 450, configurado com cinco hastes e ponteira estreita com rolo destorroador. Os parâmetros avaliados foram a velocidade em km/h, força média na barra de tração em kN, potência média na barra de tração em kW e consumo de combustível em L/h. A velocidade de deslocamento foi determinada pelo tempo, cronometrado por meio de cronômetro digital, acionado e desligado de acordo com a passagem do rodado dianteiro do trator lateralmente às estacas que delimitavam o comprimento das parcelas. Os valores da força na barra de tração foram obtidos por meio de célula de carga marca HBM, modelo U 10M, com sensibilidade de 135kW. Para a coleta dos dados da célula de carga foi utilizado o sistema de aquisição de dados da HBM modelo Quantum XMX804A, com capacidade de monitorar e registrar informa-

46

Julho 2019 • www.revistacultivar.com.br

ções a uma frequência de 19.200Hz. O cálculo da potência na barra de tração foi realizado de forma indireta em função da força de tração e da velocidade de deslocamento. Para a aquisição dos dados de consumo de combustível foi utilizado sistema eletrônico com contadores de pulsos para a obtenção das leituras dos fluxômetros da marca “Flowmate” oval, modelo Oval M-III e LSF 41 com precisão de 0,01ml instalados em série na entrada e no retorno da bomba injetora, obtendo-se o volume de combustível consumido pelo trator. Já o fato da força de tração ser maior nas maiores velocidades está associado à relação direta da força com a velocidade, ou seja, o aumento de força é diretamente proporcional ao aumento de velocidade. Através da Figura 1 podemos observar o aumento da força na barra de tração com o do aumento da velocidade de 4,56km/h para 5,71km/h nos dois tipos de preparo do solo (preparo com arado + grade e escarificador). Em relação à potência na barra de tração (Figura 2) foram observados maiores valores no solo escarificado (19,68kW) e menores valores no solo preparado com uso de ara-

do e grade (17,89kW), resultado que pode estar associado à condição de solo mais consolidado, preparado com o uso de arado e grade. Para os diferentes escalonamentos de marchas foi observado que a demanda de potência na barra de tração aumentou conforme escalonamentos das marchas, chegando a 25,44kW para a marcha L4C (7,63km/h), aumento de mais de 50% quando comparado à marcha L3T (4,56km/h), pois a potência é um produto da força de tração pela velocidade, sendo o aumento de força ou velocidade fator de coerência para o aumento na potência requerida. Outro ponto muito importante a ser considerado sobre a força e a potência na barra de tração é o consumo de combustível, onde através da Figura 3 podemos observar aumento significativo do consumo de combustível em L/h, com o aumento na demanda de força e potência na barra de tração nas duas condições de preparo do solo (preparo com arado + grade e escarificador).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tipo de preparo do solo interfere diretamente no desempenho na barra de tração com maior exigência de força e potência em condição de solo menos consolidado. O aumento da velocidade resulta em maior disponibilidade de força e potência na barra de tração. O aumento no consumo de combustível é diretamente proporcional ao aumento da demanda de força e potência na bar.M ra de tração.

Marcelo Queiroz Amorim, Carlos Alessandro Chioderoli, Leonardo de Almeida Monteiro, Daniel Albiero, Elivânia Maria Sousa Nascimento e Danilo Roberto Loureiro, UFC




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.