C
Cultivar
Cultivar Máquinas • Edição Nº 199 • Ano XVII - Setembro 2019 • ISSN - 1676-0158
Índice
Destaques
04 Rodando por aí 09 Semeadoras
Regulagem de rodas compactadoras de semeadora-adubadora
12 Pulverização Avaliação do uso de irrigação por tubos
16 Empresas
Raven apresenta soluções em tecnologia de aplicação
18 Mecanização
Estudo do uso da movimentação de solo em arroz irrigado
22 Nossa capa
Test Drive com o modelo de trator 2025 da Mahindra
31 Drones
22
Avaliação da acessibilidade de novas tecnologias
Principais lançamentos da Expointer 2019
Charles Echer
Nossa capa
34 Eventos
Trator 2025 da Mahindra
40 Mecanização
Avaliação da emissão de vibrações em tratores agrícolas
44 Pulverização
Qualidade nas aplicações de pulverizadores
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter
• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi Cassiane Fonseca • Revisão Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico Cristiano Ceia
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
RODANDO POR AÍ Lançamento
A nova série de tratores estreitos da Massey Ferguson - com os modelos MF 3306, MF 3307 e MF 3308, nas versões cabinadas e plataformadas - chega ao mercado com motor eletrônico, MAR-1, em atendimento à legislação brasileira de emissão de poluentes. “Entre as características dos novos tratores está uma interface para o operador controlar a rotação e, consequentemente, economizar combustível. Também introduzimos um novo tanque de combustível, fomos de 70 litros para 86 litros, o que gera uma maior autonomia para o trabalho do campo”, disse o gerente de Marketing de Produto da AGCO, Douglas Vincenzi.
Colheita
A Massey Ferguson participou da 42ª Expointer com novidades em colhedoras híbridas, modelos voltados para pequenos e médios produtores de milho, soja e trigo. O principal destaque da marca em colhedoras ficou com a MF 4690 Xtra, uma variação da MF 4690, com novas configurações para melhor atender às exigências de diferentes tipos de solo e topografia das diversas regiões produtoras. “O conceito de processamento híbrido possibilita muito mais capacidade de trabalho, o que traz baixos índices de perda, colocando mais produto para dentro do graneleiro e permitindo o trabalho em diferentes culturas sem perda de produtividade”, afirmou o gerente de Marketing de Produto da AGCO, Fabrício Müller.
Mercado
Durante a Expointer 2019, o diretor de Vendas da Massey Ferguson, Eduardo Nunes, apontou detalhes sobre o mercado gaúcho de máquinas, com destaque para o pioneirismo da região na adoção de tecnologias, e disse acreditar que o estado passa por uma evolução bastante significativa. O diretor também projetou o aumento do negócio de máquinas nos próximos anos, devido a uma troca mais acelerada de tecnologia no campo. “Prevemos um mercado de 60 mil máquinas para o ano de 2022 no País, voltando ao patamar de 2014. Continuamos acreditando em um cenário cada vez mais positivo, e por isso seguimos com nossos investimentos e olhamos para o futuro com otimismo”, afirmou.
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Xaircraft
Além do tradicional portfólio de tratores, a LS Tractor apresentou o conceito do Drone LS, o Xaircraft modelo P20, durante a Expointer 2019. Segundo o vice-presidente da LS Mtron para o Brasil, André Rorato, a empresa é pioneira em abordar esse mercado. “O Xaircraft vem com o DNA tecnológico da LS Tractor. Possui Cloud RTK e sensores infravermelhos que integram a navegação e possibilitam operações agrícolas de alta precisão”, enfatizou. O novo produto chega ao Brasil para o período de testes. “Iremos avaliar as necessidades do campo e das demandas de manejo”, finalizou Rorato.
Power Shuttle
Novidade na Expointer, a LS Tractor expôs uma inovação para a linha Plus 80 de tratores, com a apresentação do modelo Plus 80 Power Shuttle – ideal para o mercado da agricultura familiar. O gerente de Marketing e Produto da LS Tractor, Astor Kilpp, explicou que, com o Power Shuttle, o produtor amplia a eficiência operacional do trator, já que a tecnologia dobra a quantidade de marchas disponíveis para o trabalho. “Os maiores benefícios são o baixo consumo de combustível e a redução do desgaste, muitas vezes prematuro, da máquina. Ou seja, o produtor tem a máquina trabalhando por mais tempo, com menos custos em manutenção”, explicou o gerente.
Fruteiro
Focada no produtor de café, frutas, citros e hortaliças, a Valtra lançou, na Expointer 2019, sua nova linha de tratores A3F, composta por quatro modelos com motorização de 69cv a 99cv. A63F, A73F, A83F e A93F chegam ao mercado com motores eletrônicos, que atendem à norma Proconve MAR-1. “Todos os modelos são cabinados. O motor com gerenciamento eletrônico propicia maior sustentação de rotação de trabalho, o que aumenta o rendimento operacional da máquina. Outro destaque da linha é a redução dos pontos vulneráveis no trator, o que o deixa completamente apto a aplicações mais severas”, destacou o especialista de Marketing de Produto da AGCO, Juliano Origuela.
Ampliação de portfólio
A série de tratores BH Hitech da Valtra ganhou mais dois novos integrantes, apresentados durante a Expointer 2019. O BH Hitech 214 e o BH Hitech 224 chegam ao mercado com motorizações de 210cv e 220cv, respectivamente. Com características que favorecem o uso em lavouras de arroz e soja, os modelos contam com transmissão semiautomática Powershift, com três níveis de operação, em modos manual, semiautomático e totalmente automático. “Dessa forma, a máquina por si só toma as decisões de aumento ou redução de velocidade, de acordo com a necessidade de carga ou do implemento acoplado a ela”, confirmou o coordenador de Marketing de Produto Tratores da AGCO, Flávio Pastori.
Recorde
Lançamento no Brasil no ano de 2019, e pela primeira vez na Expointer, o trator 2025 foi o grande destaque da Mahindra na feira. Com 25cv e subcompacto, o modelo é adequado para trabalhos em estufas e ruas estreitas, onde o espaço de manobra é limitado. “O trator 2025 é nosso campeão de vendas global, com 22 mil modelos vendidos. No Rio Grande do Sul, ele é ideal e tem demonstrado bastante aceitação pelos produtores de uva da Serra gaúcha, devido às suas dimensões reduzidas e ao sistema de levante de alta capacidade”, enfatizou o gerente de Marketing e Produto da Mahindra, Ricardo Barbosa. Setembro 2019 • www.revistacultivar.com.br
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Agricultura digital
Uma das novidades apresentadas pela Case IH na Expointer 2019 foi o AFS Connect, solução digital e integrada para o monitoramento de frota, gestão agronômica e gerenciamento de dados em tempo real. “O AFS Connect é um pacote que agrega ferramentas como imagens de satélite, drones, piloto automático, telemetria, sistemas de aplicação e meteorologia para que o produtor tome decisões cada vez mais assertivas e em tempo real”, ressaltou o gerente de Marketing Comercial da Case IH, Diogo Melnick. A Farmers Edge, parceira da Case IH, é a empresa responsável pelo gerenciamento agronômico, e esteve presente junto à montadora no estande na Expointer.
Linha Puma
Com máquinas de baixa, média e alta potências, a Case IH marcou sua participação pela Expointer 2019. Um dos destaques ficou por conta dos tratores da linha Puma, com modelos de 140cv a 230cv. A linha Puma vem equipada com motor FPT, homologado pela legislação de emissão de poluentes MAR-1 e Tier-3. “Os tratores contam ainda com sistema Power Boost de adição de cavalagem de até 35cv, para operações agrícolas que exijam maior potência; e também com sistema de gerenciamento de produtividade automática APM, que otimiza a troca de marchas com o objetivo de oferecer redução do consumo de combustível” explicou o especialista de Marketing e Comercial Sul da Case IH, Victor Cavassini.
Evolução
Com uma expectativa de crescimento de mercado de 5% da marca para o ano de 2019, o novo diretor de Mercado Brasil da New Holland, Eduardo Kerbauy, apresentou as perspectivas da New Holland para a agricultura brasileira durante a Expointer 2019, em Esteio (RS). O executivo também expressou sua confiança no aumento de produtividade da agricultura brasileira em função da adoção de novas e mais tecnologias no campo. “Acreditamos que a agricultura brasileira está em constante evolução. A nossa expectativa como marca é aumentar a participação em todos os segmentos do mercado, lado a lado com o produtor”, afirmou Kerbauy.
Arroz em foco
Máquinas com foco na produção arrozeira foram os grandes destaques da New Holland durante a Expointer 2019. No portfólio apresentado, o trator T9.435, com motorização de 370 cavalos, e a colhedora CR 7.90 Arrozeira. “O T9.435 é um trator robusto, de alta potência, que pode ser utilizado em operações como a de preparo do solo em arroz. Por se tratar de uma máquina versátil, seu emprego também é possível em rotação de culturas, como no plantio de soja”, ressaltou o diretor de Marketing de Produto da New Holland para América do Sul, Cláudio Calaça Júnior. A CR 7.90 Arrozeira, além do uso na colheita do arroz, pode ser utilizada como colhedora de soja, milho e trigo – o que expressa a versatilidade da máquina, segundo o executivo.
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30 anos
Em um ano muito importante para a marca, a Marini comemorou os 30 anos de história durante a Expointer 2019. Na feira, a marca destacou, entre as novidades, um alongador de eixo para aplicação de cloreto na linha e aros mais altos para pulverização. “É com muita satisfação que participamos de mais uma Expointer nesse ano que é histórico pra nós. A Marini, pioneira no setor de performance de trator e adequação de agricultura de terreno e de necessidade de trabalho no campo, celebra um sonho que começou 30 anos atrás, olhando rumo aos próximos dez anos, tendo a certeza do êxito da marca”, ressaltou a assistente de Vendas, Camile da Silva.
Portfólio conectado
A John Deere levou para a Expointer 2019 máquinas e soluções que atendem a todas as necessidades do processo produtivo. Com ênfase na cultura do arroz, a marca apresentou o trator 8R, a plantadora ExactEmerge, pulverizadores da linha 4000 e colhedoras S700 – todas as soluções integradas à plataforma de gestão de dados Operation Center, que recebe e envia dados em tempo real às máquinas da John Deere. “Para atender o produtor de arroz, além de toda tecnologia já conhecida da linha 8R, o trator agora chega com o opcional de rodado duplo dianteiro e eixo rígido dianteiro, sem a suspensão ILS, que é uma demanda para duras aplicações na cultura arrozeira”, afirmou o gerente de Marketing Tático da John Deere, Maurício Menezes.
Novidades no plantio
O cultivo de arroz foi o foco da Kuhn na Expointer 2019, que levou uma série de novidades aos produtores gaúchos. Para plantio, o destaque ficou para as semeadoras Quadra 7500 e Oriza. “A Quadra 7500 traz um conceito de alta precisão, com distribuição pneumática de semente e adubo. Sendo a versão menor da tradicional Quadra 10.000, a 7500 foca nos produtores médios de arroz, que necessitam de uma solução diferenciada de semeadura”, explicou o diretor comercial da Kuhn, Robson Cardoso Zofoli. A Kuhn também apresentou o distribuidor de fertilizantes Accura 14000, que possui o diferencial de manter a taxa de distribuição uniforme também nas condições de lavoura de arroz.
Pulverizador conectado
Na linha de Small Farm Solutions, a Jacto destacou o pulverizador e dosador costal Jacto DJB-20S na Expointer 2019. “O grande diferencial está na conexão bluetooth do equipamento com o celular, o que permite ao operador configurar o equipamento, padronizando as dosagens, pressão e vazão do produto a ser aplicado, além de selecionar o tipo de aplicação considerando o espaçamento entre as plantas”, explicou o administrador de vendas da Jacto Small Farm Solutions para RS e SC, Diego Putzke. Ao final do trabalho, é gerado um relatório com informações da operação, parecido com os serviços de telemetria que são oferecidos nas grandes máquinas.
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Tecnologia de aplicação
A Raven do Brasil esteve presente na Expointer 2019, destacando soluções com foco em tecnologias de aplicação. A empresa marcou sua participação no estande de parceiros para demonstrar o sistema pulsado de controle por bico. “A solução possibilita tamanho da gota uniforme, compensação em curva, corte bico a bico, otimização de insumos, pressão em caixa constante, entre outros benefícios”, afirmou a especialista de Marketing da Raven, Sayuri Motoshima
Soluções de adubação
Além dos tradicionais equipamentos em pulverização, a Jacto levou para a Expointer 2019, em Esteio, no Rio Grande do Sul, soluções em adubação. As adubadoras Uniport 5030 NPK automotriz e a Tellus 10.000 tratorizada receberam destaque no estande da marca. “Em ambas as máquinas, nós lançamos o controle automático de 12 seções. Essa solução consiste em dividir a faixa de aplicação em até 12 seções, para permitir a diminuição de sobreposições e conseguir ter uma redução de impactos ambientais e redução de custos ao produtor”, enfatizou o gerente de Negócios de Adubação da Jacto, Gustavo Barbosa Micheli. Com tecnologias compartilhadas em ambos os equipamentos, as máquinas buscam oferecer maior precisão na adubação.
Pulverização
Com o pulverizador Imperador 3000 como destaque, a Stara marcou presença na 42ª Expointer, que ocorreu de 24 de agosto a 1º de setembro, em Esteio (RS). A nova linha de pulverizadores da Stara foi desenvolvida com barra central, sistema recirculante contínuo, além de possibilitar variação de velocidade da pulverização. “A barra central permite que tenhamos mais produto atingindo o alvo, gerando mais eficiência; já o sistema recirculante contínuo faz com que a concentração exata do produto chegue ao alvo, o que agrega para essa eficácia; e o sistema de dupla linha de pulverização permite tamanho ideal de gota, o que garante a produtividade do produtor”, disse o coordenador de Marketing de Produto da Stara, Jonas Rafael Reis.
Agricultura de precisão
Durante a Expointer 2019, a Agrale destacou suas linhas de tratores e soluções em Agricultura de Precisão. Através de parceria com a marca Otmis, do Grupo Jacto, a empresa passa a oferecer piloto elétrico, barra de luzes e GPS. Em tratores, a Agrale levou para a feira os modelos 540 e 575 Compacto, esse equipado com pá frontal. “Apresentamos produtos focados para nossos clientes gaúchos de uva, frutas e pecuária, e destacamos o lançamento dos tratores 540 com motorização eletrônica e 575 Compacto equipado com pá frontal de fábrica, que sem dúvida trazem aos nossos clientes uma amostra da produtividade e eficiência da nossa marca”, destacou o gerente de Vendas de Tratores, Adriano Chiarini.
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SEMEADORAS
Pressão leve
A emergência das plântulas depende de fatores como a pressão correta das rodas compactadoras da semeadora-adubadora, que, quando regulada com carga em excesso ou reduzida, pode comprometer a germinação John Deere
O
feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é um dos produtos agrícolas produzidos no Brasil de maior importância econômica. Apesar de geralmente ser plantado em pequenas áreas, nos últimos anos seu cultivo foi adotado por agricultores de alto nível tecnológico, com uso intenso da irrigação e mecanização dos tratos culturais. A mecanização dos tratos culturais supre a carência de mão
de obra no campo e torna o trabalho menos árduo. Além disso, o uso das operações mecanizadas possibilita a melhoria da qualidade dos serviços e o aumento da área cultivada. Após a deposição da semente no solo, são necessários o fechamento do sulco de semeadura e a compactação do solo para aumentar seu contato com a semente. A compactação do solo sobre a semente na
linha de semeadura é realizada pela roda compactadora da semeadora-adubadora. Em alguns casos, a compactação aumenta a precocidade na emergência e a germinação final das plântulas. No entanto, alguns trabalhos relatam efeitos negativos como o encrostamento do solo sobre a semente, a destruição de agregados e a remodelação da superfície do solo, com consequente diminuição da profundidade de semeadura.
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A aplicação de cargas até 362N pode aumentar o contato entre o solo e a semente, de maneira que a água e os nutrientes do solo sejam mais facilmente absorvidos pela semente
AVALIAÇÃO EM CAMPO
Para avaliar a emergência de plantas de feijão em função da carga aplicada pela roda compactadora, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa realizou um trabalho em uma área experimental do Departamento de Fitotecnia universidade, no município de Viçosa (MG). O solo da área experimental é classificado como Argissolo Vermelho Amarelo Distrófico, segundo a Embrapa (2006), e sua textura é classificada como franco-argilosa. No momento da semeadura, o solo apresentava teor médio de água de 41,39g/g e densidade média de 1,01g/cm3, para camada de 0m a 0,10m de profundidade. A camada de 0,10m a 0,20m apresentou 43,25g/g para o teor médio de água e 1,12g/cm para densidade média do solo. O lote de sementes apresentou 96% de germinação (96% de plantas normais e 4% de plantas anormais). No trabalho, foi utilizada uma semeadora-adubadora Jumil, modelo POP JM2670PD SH EX acoplada a um trator agrícola de pneus marca John Deere, modelo 5705 4x2, com tração dianteira auxiliar (TDA), e potência de 63kW (85cv). O preparo do solo foi realizado com duas gradagens, com grade destorroadora-niveladora, para sistematização do terreno e preparo do leito de semeadura. A semeadora-adubadora foi regulada para obtenção do espaçamento de 0,50m entre linhas e profundidade média de cinco centímetros para deposição das sementes. Os tratamentos foram constituídos de três cargas aplicadas pela roda compactadora (250N, 318N e 420N), sendo utilizado o delineamento em blocos casualizados, com oito repetições. As unidades experimentais possuíam 1,5m de largura e 14m de comprimento. A coleta dos dados foi gerenciada por um sistema de aquisição de dados da marca Hottinger Baldwin Messtechnik (HBM), modelo Spider 8, gerenciado pelo software HBM Catman 2.2, instalado em um computador portátil embarcado
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no trator. A carga aplicada pela roda compactadora, na linha de semeadura, foi determinada com o uso de uma célula de carga, marca Omega, modelo LC101-1K, com capacidade de 4,45kN, fixada, por meio de suporte metálico, à parte inferior do depósito de sementes e à roda compactadora da semeadora-adubadora. Os níveis de carga aplicados pela roda compactadora foram obtidos pela alteração da pressão na mola de regulagem. O índice de velocidade de emergência das plântulas foi calculado com a Equação 1, adaptada de Maguire (1962). A contagem das plântulas, realizada nos três metros centrais da linha de semeadura, teve início no primeiro dia de emergência e foi realizada diariamente até a estabilização do número de plantas. O tempo médio de emergência das plântulas (Nm) foi determinado a partir da contagem das plântulas nos três metros centrais da linha de semeadura. A contagem teve início no primeiro dia de emergência das plântulas (quinto dia após a semeadura) e foi mantida até a estabilização do número de plantas (nono dia após a semeadura). No cálculo do tempo médio de emergência foi utilizada a Equação 2, proposta por Edmond e Drapala (1958). Os resultados foram submetidos à análise de regressão e os modelos escolhidos com base na significância dos coeficientes regressão, com o teste t, ao nível de 5% de probabilidade. As análises foram realizadas no programa computacional R (R Core Team, 2012). A carga aplicada pela roda compactadora da semeadora-adubadora apresentou efeito quadrático sobre o índice de velocidade de emergência (IVE) das plântulas de feijão (Figura 1). O aumento da carga, de 250N para 364N, elevou o IVE das plântulas de 17,24 para 19,69. A partir de 364N, o acréscimo de carga diminuiu o IVE das plântulas até 19,09, para a carga de 420N. A aplicação de cargas até 364N pode promover o aumento do
Fotos Anderson Cândido da Silva
A carga aplicada pela roda compactadora da semeadora-adubadora apresentou efeito quadrático sobre o tempo médio de emergência (Nm) das plântulas de feijão (Figura 2). O aumento da carga, de 250N a 362N, diminuiu o tempo médio de emergência das plântulas de 7,87 a 7,52 dias. A partir de 362N, o acréscimo de carga na roda compactadora aumentou o tempo médio de emergência das plântulas de feijão até 7,61, para a carga de 420N.
CONCLUSÃO
IVE das plântulas devido ao maior contato entre semente e solo. A partir da carga de 364N, a compactação na linha de semeadura pode dificultar a emergência das plântulas pelo impedimento de suas trocas gasosas com o ambiente. Além disso, os resultados podem ser atribuídos à diminuição do contato entre a semente e o solo, quando são utilizadas as menores cargas, e ao encrostamento superficial do solo quando são aplicadas as maiores cargas.
A aplicação de cargas até 362N pode aumentar o contato entre o solo e a semente, de maneira que a água e os nutrientes do solo sejam mais facilmente absorvidos pela semente e a germinação ocorra em menor tempo. Por outro lado, o uso de cargas maiores que 362N pode provocar a compactação excessiva do solo, na linha de semeadura, principalmente em solos com alto teor de água. Dessa forma, o rompimento da camada de solo sobre a plântula é dificultado com consequente aumento do tempo necessário à emergência. O menor tempo médio de emergência das plântulas de feijão (7,52 dias) é observado para aplicação de uma carga de 362N pela roda compactadora da seme.M adora-adubadora.
Figura 1 - Índice de velocidade de emergência (IVE) em função da carga (C) aplicada pela roda compactadora, equação ajustada e coeficiente de determinação (R2) e *- Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t
Equação 1 En E1 E2 IVE = N1 + N2 +... Nn em que IVE = índice de velocidade de emergência; E1, E2, En = número de plantas emergidas, na primeira, segunda,..., última contagem; e, N1, N2, Nn = número de dias da semeadura à primeira, segunda,..., última contagem.
Equação 2 E1 N1 + E2 N2 + En Nn E1 + E2 ... + En em que Nm = tempo médio de emergência (dias); E1, E2, En = número de plantas emergidas, na primeira, segunda,..., última contagem; e, N1, N2, Nn = número de dias da semeadura à primeira, segunda,..., última contagem. Nm =
Anderson Cândido da Silva, Haroldo Carlos Fernandes, Paulo Roberto Forastiere e Marconi Furtado Ribeiro Júnior, Universidade Federal de Viçosa
Figura 2 - Tempo médio de emergência (Nm) em função da carga aplicada pela roda compactadora (C), equação ajustada e coeficiente de determinação (R2) *- Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t
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IRRIGAÇÃO Fotos Delta Plastics
Água por tubos Tecnologia já utilizada na irrigação em lavouras de arroz em diversos países, os tubos flexíveis apresentam diversas vantagens em comparação com outros métodos de irrigação e já são utilizados em lavouras no Sul do Brasil
A
irrigação por inundação consiste, basicamente, em adicionar a lâmina de água em compartimentos formados no terreno, denominados de tabuleiros, quadros, sendo limitados por pequenos diques ou taipas, nos quais a água irá se distribuir com a força gravitacional. Os tabuleiros apresentam formas e tamanhos variados. Os retangulares são formados por diques retilíneos, com terreno sistematizado, de modo que apresente uma pequena declividade uniforme. Os tabuleiros em contorno são formados por um sistema de diques em curva de nível e diques retilíneos no sentido transversal, para dividir a área no tamanho apropriado. A inundação
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do solo pode ser feita de maneira contínua, durante o ciclo da cultura, ou de maneira intermitente, caso em que a lâmina de água é reposta após um intervalo de tempo.
IRRIGAÇÃO NO RS
O Rio Grande do Sul é o estado com a maior área irrigada, perfazendo mais de 1,3 milhão de hectares, e onde estão concentrados 78% do cultivo de arroz do País, irrigados por sistema de inundação (ANA, 2017). A irrigação por sulcos consiste na distribuição de água na lavoura por meio de pequenos sulcos paralelos à declividade do terreno. É muito utilizada quando se procura irrigar com baixo custo operacio-
nal. A topografia do local deve ser preferencialmente plana, onde os sulcos devem ser realizados com certa declividade para que a água possa ser conduzida do ponto mais alto para o ponto mais baixo, sem necessidade de bombeamento. Muitos orizicultores da região Sul do Rio Grande do Sul buscam alternativas para evitar a infestação de plantas daninhas, principalmente o arroz vermelho, que afeta diretamente a produtividade, a qualidade da produção e a rentabilidade do produtor, sendo a rotação de culturas uma alternativa interessante. A produção de culturas como soja, milho ou feijão em áreas de várzea apresenta ainda muitas
dificuldades, entre elas a drenagem do solo de forma rápida para que a planta não sofra estresse pela falta de oxigênio no solo, fato este que pode ser minimizado com o preparo de camalhões e possibilitando simultaneamente irrigar no sulco de cultivo.
IRRIGAÇÃO POR TUBOS
Os tubos flexíveis, comumente chamados de politubos, estão se difundindo em países da América do Sul, como Brasil, Argentina e Uruguai. Seu maior uso está em lavouras nos Estados Unidos, onde já teve uma grande aceitação por parte dos produtores. O Brasil apresenta muitas áreas propícias para o uso de politubo em lavouras com irrigação superficial, principalmente em áreas cultivadas com arroz inundado. Esse material também pode ser utilizado em áreas irrigadas pelo sistema de sulcos. Os principais estados brasileiros usuários da tecnologia, em ordem crescente, são Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. A sua produção tem como matéria-prima o polietileno. Após serem produzidas, as mangueiras apresentam um formato achatado e são armazenadas em rolos de 100 metros ou mais de comprimento e diâmetros que variam de 4 a 22 polegadas. No momento em que são preenchidos com água, os tubos adquirem o formato circular. Sua aplicação se torna ainda melhor quando associada ao uso de comportas reguláveis, na qual irão contribuir para a distribuição de água no local e quan-
tidade desejada.
VANTAGENS DA TECNOLOGIA
Os politubos estão substituindo canais de terra na condução e distribuição de água dentro das lavouras. Este sistema possui algumas vantagens em relação aos convencionais de distribuição de água nas lavouras de arroz, como veremos a seguir.
MELHOR APROVEITAMENTO DA ÁGUA
Durante a condução da água, realizada por canais de terra sem revestimento, parte da água infiltra-se, perdendo por percolação, e outra parte evapora, pela superfície livre de exposição, causando uma redução da vazão que está sendo conduzida. Essa perda pode ser alta dependendo da textura do solo, do perímetro molhado do canal e da superfície de exposição da lâmina de água.
MAIOR CONTROLE DA IRRIGAÇÃO
A flutuação do nível de água nos canais de terra é muito comum durante o ciclo produtivo, que pode gerar variação na vazão derivada para os quadros. A sobre-elevação pode causar o transbordamento e, por outro lado, a parada no bombeamento (horário de pico) gera o esvaziamento dos mesmos, sendo necessário seu enchimento posterior. Na irrigação por sulcos, o uso de comporta, com dispositivos de regulagem ins-
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Fotos Silva, J.G.; 2018 Delta Plastics do Brasil; 2018
Tubo flexível em fase de comercialização
talados na seção dos tubos flexíveis, traz maior facilidade no manejo da irrigação com a regulagem do fluxo de água por meio da abertura e do fechamento das comportas, proporcionando melhor uniformidade na distribuição de água. Apresentando-se como alternativa para substituir a condução de água por canais de terra e sua distribuição por meio de sifões.
VELOCIDADE NA ENTRADA DE ÁGUA
O manejo da irrigação nas lavouras de arroz é feito de forma a manter uma lâmina que propicie as funções adequadas, quais sejam de controle térmico e de auxílio no combate de invasoras. Para o arroz produzido no sistema de semeadura em solo seco, tem como indicação prática o tempo máximo de três dias entre a aplicação de nitrogênio em cobertura e o início da irrigação por inundação do solo, de acordo o boletim técnico da Socie-
Entrada de água na lavoura de arroz em método convencional
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dade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado de 2018. Porém, nem sempre é possível concluir a irrigação neste intervalo de tempo devido a diversos fatores, entre eles a demora na entrada de água e na distribuição em todas as partes da lavoura. Causando perdas deste fertilizante devido ao processo de volatilização de amônia. É necessário estar atento que atrasos no início da irrigação podem comprometer a produção da lavoura, situação que pode ocorrer. Na irrigação convencional, a água entra na lavoura por gravidade a partir da abertura de parte da seção do canal de terra a qual se localiza nos pontos mais altos, comumente chamado de coroa. Este fato pode ge-
rar demora na distribuição total da água de acordo com as características de solo e as condições topográficas da área cultivada. Os tubos flexíveis contribuem neste processo para agilizar a distribuição de água na lavoura, a partir do uso de comportas ou furações ao longo do seu percurso. A distribuição pode ser realizada de forma estratégica, possibilitando boa uniformidade da irrigação em menor tempo de operação. Entretanto, para a escolha do material, é importante realizar o dimensionamento, de modo que o politubo utilizado esteja de acordo com as especificações técnicas, principalmente no que tange à faixa de pressão e vazão que o ma-
Canal de terra construído em terreno arenoso
terial suporta. Com o passar do tempo, novas tecnologias surgem para melhorar o processo produtivo e trazer maior praticidade para o agricultor. O uso de tubos flexíveis vem como alternativa na irrigação devido ao seu baixo custo de aquisição, à praticidade na instalação e à distribuição de água, tanto em sistema de irrigação por inundação como em sistemas de sulcos, possibilitando maior eficiência no uso da água e facilidade .M no manejo da irrigação. Juciano Gabriel da Silva Marcia Xavier Peiter Adroaldo Dias Robaina Luciana Marini Kopp Anderson Crestani Pereira Jhosefe Bruning Elisa de Almeida Gollo Laura Dias Ferreira Wellington Mezzomo Miguel Chaiben Neto, Laboratório de Engenharia de Irrigação - UFSM
EMPRESAS
Aplicação precisa Raven apresenta novidades em Tecnologia de Aplicação e em Agricultura 4.0, durante conferência em Campinas, São Paulo
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Raven realizou a sua primeira Conferência de Tecnologia de Aplicação, no Brasil, em agosto. O evento, que ocorreu em Campinas, São Paulo, serviu para discutir a importância da inovação tecnológica na agricultura e também para a apresentação de produtos da marca com foco em agricultura 4.0. Participaram do evento agricultores, produtores, técnicos e especialistas do agronegócio. O objetivo principal da conferência foi estimular a troca de ideias, através de painéis e debates, sobre os desafios, as tecnologias e as novidades que a empresa está trazendo para o mercado. Evolução da Agricultura foi um dos assuntos debatidos. As potencialidades do agronegócio, uma das locomotivas da economia brasileira, responsável por um em cada três empregos e por aproximadamente um quarto do Produto Interno Bruto (PIB), também foram lembradas,
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juntamente com Tecnologias de Precisão e Conectividade no campo.
NOVOS PRODUTOS
A Raven apresentou na conferência seu novo sistema de orientação visual VSN, que mantém a orientação de linha na velocidade de pulverização exigida pela indústria – desde quando as plantas estão com 10 centímetros de altura, chegando a 90% do dossel – sem a necessidade de utilizar sensores mecânicos. Esta inovação, que já se encontra com pedido de patente, utiliza uma câmera estéreo sem contato para navegar sobre as linhas, permitindo que o operador mantenha o foco em outros aspectos importantes da pulverização. A marca deu destaque também para um novo sistema de injeção direta para barras de pulverização com recirculação, que possui características como menor
tempo de resposta na aplicação, maior uniformidade ao longo da barra no início da aplicação, separação dos produtos por tanque, facilidade de limpeza e redução de desperdício. O já conhecido sistema de controle de taxa e pressão e de sobreposição por bico, Hawkeye, também chamou a atenção no estande da Raven. Outras novidades como o Módulo de Controle de Taxa e Seções RCM e o Módulo de Singularidade de Sementes SGM foram mostradas durante o evento. A Raven ainda apresentou os computadores de campo CR7, CR12 e Viper 4, além do Autoboom XRT, tecnologia de Sensor de Radar com controle automático da altura da barra. “Tecnologia de aplicação é um dos principais negócios, e a Raven prioriza oferecer uma solução completa para o produtor. Não estamos olhando apenas o agora, mas para o futuro na teoria de aplicação”, explicou o diretor de Operações para a América Latina, Jeff Rohlena. Durante o evento, os participantes também tiveram a oportunidade de visitar a sede da Raven, em Paulínia, São Paulo, onde puderam conferir os produtos comercializados e espaços utilizados para treinamento de clientes e fornecedores. “É importante essa integração com as empresas, tanto em questão de tecnologia de agricultura, máquinas e, como dos fabricantes de químicos, para entender a real demanda da agricultura”, opinou o gerente de Vendas da Raven, Alberto Maza.
Fotos Miriam Portugal
“Tecnologia de aplicação é um dos principais negócios, e a Raven prioriza oferecer uma solução completa para o produtor”, explicou o diretor de Operações para a América Latina, Jeff Rohlena
ção, e nas rodadas de discussão com clientes comprovou-se que a economia e a qualidade de aplicação gerada pelo sistema Hawkeye são realidade. O público teve uma excelente participação com questionamentos, os nossos parceiros e clientes foram essenciais para o evento”, expli-
ca a especialista de marketing, Sayuri Motoshima. Fundada há 63 anos e com 41 anos de história na agricultura, a Raven atua no Brasil há um ano e meio. Atualmente está presente em toda a América Latina, desenvolvendo tec.M nologias agrícolas.
PARCEIROS
O ponto-foco da Conferência foi ouvir parceiros e clientes e discutir os desafios que encontramos hoje na agricultura e também os que estão por vir. “Um exemplo disso foi a discussão que tivemos com a Bayer e a Basf sobre o Dicamba e a solução oferecida pela Raven, a Injeção Direta. Difere Consultoria, Case IH e New Holland falaram sobre o diferencial de se utilizar tecnologia na aplica-
Fundada há 63 anos e com 41 anos de história na agricultura, a Raven atua no Brasil há um ano e meio
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MECANIZAÇÃO
Solo em movimento Operação agrícola bastante utilizada nas lavouras de arroz irrigado, a movimentação de solo exige muitas horas de trabalho e também máquinas específicas, fator que muitas vezes justifica a terceirização deste tipo de trabalho
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Charles Echer
O
arroz é um dos cereais mais consumidos no País, com consumo anual estimado de 12 milhões de toneladas. O estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do Brasil e, segundo dados atualizados da Companhia Nacional de abastecimento (Conab), responde por cerca de 45% da produção nacional. Segundo estimativas do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a Fronteira Oeste corresponde com 35% da produção do estado, mesmo com redução de 14,3% da área plantada, na safra de 2018/19. A cadeia orizícola vem passando por uma série de dificuldades ao longo dos últimos anos, que tem feito com que muitos produtores desistam da atividade. Dentre os motivos que levam à diminuição da área cultivada estão os elevados custos de produção e o baixo valor do produto final. Uma lavoura de arroz irrigado é um sistema dinâmico e depende de uma infraestrutura complexa, que envolve desde o planejamento até a execução das atividades agrícolas mecanizadas. As áreas de cultivo demandam de construção e manutenção de estradas, canais de drenagem e irrigação, bem como da sistematização com nivelamento da superfície do solo. Ainda, em muitos casos, há necessidade de barragens de terra para contenção e armazenamento de água, a qual é utilizada para a irrigação da cultura. Para a construção e a manutenção de estradas, drenos, canais de irrigação, barragens e nivelamento da superfície do solo, há necessidade de numerosas movimentações de solo, peculiares da lavoura de arroz irrigado. São operações que exigem máquinas e implementos agrícolas adequados para cada atividade, e demandam elevado gasto de energia, isto é, elevado consumo de combustível, consequentemente, alto custo de execução.
CONSTRUÇÃO DE OBRAS DE TERRA (BARRAGENS)
Fabrício Ivan Guse
Para a movimentação de solo, o conjunto mecanizado mais utilizado é o trator e a caçamba scraper, também chamada de caçamba hidráulica. Esse conjunto é fundamental, pois além de carregar e transportar o solo, realiza a descarga em movimento e em camadas, conforme a necessidade. Os rodados do conjunto exercem a função de compactação do solo, requisito indispensável em qualquer obra de terra. Tais caçambas demandam grande esforço de tração, exigindo tratores com elevada relação massa/potência, que caracteriza as cha-
Conjuntos mecanizados (tratores agrícolas + scrapers) utilizados para remoção e transporte de solo
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Fotos Fabrício Ivan Guse
Carregamento das scrapers utilizando escavadeira hidráulica
Sistematização com nivelamento da superfície do solo em desnível, com o uso de plaina hidráulica, equipada com sistema de nivelamento a laser
madas operações agrícolas pesadas. A capacidade de transporte é ampla, variando em função de marca e modelo, com implementos com capacidades inferiores a 3m3 e superiores a 7m3 de terra. Mesmo as scrapers com maiores capacidades apresentam baixo rendimento operacional, principalmente quando o transporte de solo é realizado em longas distâncias entre o local de remoção e o de descarga. Uma alternativa para aumentar o rendimento é o acoplamento de duas scrapers no mesmo trator, porém o carregamento é realizado de forma individual. Outra opção é realizar o carregamento com escavadeira hidráulica, que diminui o desgaste e o consumo de combustível dos tratores, principalmente em terrenos que apresentem elevada resistência à penetração da lâmina de corte das scrapers ou a presença de pedras. Dentre as diferentes operações realizadas, a construção de barragens ou maciços de terra é considerada a mais dispendiosa, pois evolve grande mobilização de solo, tanto para o preparo inicial do terreno quanto para o transporte de material adequado e compactação. As particularidades inerentes aos solos característicos da região, principalmente em áreas de várzea, por apresentarem baixa capacidade de sustentação, inviabilizam o uso de caminhões basculantes para o transporte de solo. Isso faz com que o conjunto mecanizado trator + scraper seja a única alternativa para a execução de determinadas atividades.
uma drenagem eficiente, principalmente quando o objetivo for a implantação da cultura da soja. No caso do arroz irrigado, o nivelamento da superfície do solo é considerado condição fundamental para uniformizar a altura da lâmina d’água, que interfere diretamente nos componentes de rendimento da cultura. Geralmente, são utilizados dois processos, denominados sistematização com nivelamento da superfície do solo em desnível; e sistematização com nivelamento da superfície do solo em nível, dando-se mais ênfase para o primeiro, devido à introdução da cultura da soja, em áreas antes ocupadas com o cultivo de arroz. De acordo com a Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado (Sosbai), na sistematização com nivelamento da superfície do solo em desnível, a uniformização da superfície da área é realizada transferindo-se solo das partes elevadas para as partes baixas, segundo um plano em desnível, sendo que a declividade natural da área é mantida. Neste caso, o gradiente pode ser ajustado conforme as necessidades das culturas a serem implantadas. Já na sistematização com nivelamento da superfície do solo em nível, a área é dividida em quadros, preferencialmente de formato regular, e dentro de cada quadro o solo é nivelado em um plano predefinido no projeto, utilizando-se o solo retirado das cotas mais elevadas, para elevar o nível das áreas com cotas inferiores. O tamanho dos quadros varia em função do desnível da área, isto é, quanto menor a declividade natural da área, maior será o tamanho de cada quadro.
SISTEMATIZAÇÃO COM NIVELAMENTO
Muitas áreas na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul com vocação para o cultivo de arroz irrigado deixaram de ser utilizadas com esta cultura. Devido às dificuldades em manter estas áreas em produção contínua, principalmente em função da presença de plantas daninhas, como o arroz vermelho, elas são utilizadas com pecuária extensiva, pousio ou com rotação de culturas. Para serem utilizadas com outras culturas, há necessidade de adequação da área. Para isso, torna-se necessário o nivelamento da superfície do solo, processo denominado de sistematização, para que permita
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TERCEIRIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE MOVIMENTAÇÃO DE SOLO
A atual conjuntura da cadeia orizícola tem feito com que muitos agricultores optem pela terceirização das operações agrícolas mecanizadas relacionadas com a movimentação de solo. Dependendo do tipo de operação de movimentação de solo, faz-se necessário, em muitos casos, elevado número de conjuntos mecanizados e de equipamentos específicos. O tempo requerido para determinada operação, influenciado diretamente pelas condições atmosféricas e pelo tipo de solo, é outro fator que contribui para a necessidade de
um maior número de conjuntos mecanizados. Neste sentido, a aquisição de máquinas para realização de trabalhos específicos, que não estão dentro do planejamento e não fazem parte da rotina da propriedade, torna-se muitas vezes inviável. Além de serem equipamentos caros e que demandam elevado número de horas para que sua aquisição seja viável economicamente, observa-se a existência destas máquinas específicas, contribuindo para a ociosidade do parque de máquinas nas propriedades rurais e para o aumento do custo de produção. Atualmente, existem empresas especializadas em prestar este tipo de serviço, podendo ser contratadas em função do tipo de máquina que será necessário, bem como o nível de qualificação e qualidade do serviço a ser realizado. Os valores variam em função da quantidade de solo que deverá ser removido e transportado, no caso da construção de bar-
ragens e de canais de irrigação ou drenagem. No caso de sistematização do solo, o valor cobrado irá depender do perfil de solo a ser mobilizado e da inclinação do terreno. O prestador de serviço estipula um valor fixo por hectare e, geralmente, o combustível é fornecido pelo produtor rural. Dependendo da situação, a terceirização de operações agrícolas de mobilização de solo se torna viável, pois não há necessidade de imobilização de capital para aquisição de máquinas e de mão de obra especializada. Desta forma, inexistem custos fixos e variáveis inerentes a estas aquisições e, consequentemente, impactos significativos no custo final da lavoura. Por outro lado, os prestadores de serviço têm utilização anual constante de suas máquinas devido, principalmente, à demanda de trabalho na região, o que torna viável a oferta deste tipo de serviço.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A terceirização das operações agrícolas mecanizadas de movimentação de solo tem se tornado uma alternativa viável aos produtores de arroz irrigado da região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, pois minimiza os custos de produção, principalmente pela otimização do uso do parque de máquinas na propriedade. Além disso, se o produtor optar pela terceirização, faz com que mais um ramo de prestação de serviço para o setor orizícola se desenvolva, o de movimentação de solo, aumentando os já existentes, como aplicação aérea de insumos líquidos e só.M lidos e de colheita. Alexandre Russni Rogério Rodrigues de Vargas Universidade Federal do Pampa (Unipampa) Marcelo Silveira Farias Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Fabrício Ivan Guse Agrosolo Terraplanagem
CAPA
Mahindra 2025 O 2025 ĂŠ o menor trator comercializado pela Mahindra no Brasil e destaca-se pela reserva de torque e por diversos itens construtivos que estĂŁo presentes neste modelo
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Fotos Charles Echer
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m geral, temos tido ótimas experiências nas nossas aventuras pelo Brasil realizando os testes para a Revista Cultivar Máquinas. As surpresas têm sido uma marca desta atividade. Para esta edição, queremos relatar aos nossos leitores o teste do trator Mahindra, modelo 2025, realizado no Vale dos Vinhedos, na Serra gaúcha. As surpresas foram muitas, desde o modelo do trator, seu porte, suas especificações, até vê-lo trabalhando nas atividades de uma típica propriedade de agricultura familiar. Este modelo, recém-chegado ao Brasil, é fabricado na Índia e entrou em comercialização logo após a sua apresentação no Show Rural Coopavel 2019, em Cascavel (PR). Foi apresentado em outras feiras nacionais, sendo inclusive premiado na 19ª Expoagro Afubra, pela inovação que provocou a sua entrada no mercado brasileiro. A explicação para a oferta de um modelo importado pela marca é que este trator consegue chegar ao nosso mercado com um custo muito favorável, devido ao grande volume de produção na unidade da fábrica situada na Índia. Este modelo é um produto global da marca indiana para os mercados da Ásia - incluindo-se a Índia e a China -, México, Estados Unidos e Brasil e no somatório destes países já teve mais de 23 mil unidades vendidas no mundo. Por sinal, a informação corrente é de que a Mahindra produz cerca de 330 mil tratores por ano, alcançando o terceiro posto no market share de vendas de tratores em um mercado competitivo como o dos Estados Unidos. No Brasil, a Mahindra teve um aumento de aproximadamente 40% do faturamento em relação a 2018, e está preparando para os próximos meses o lançamento da ampliação de sua fábrica, almejando o crescimento da marca no mercado brasileiro.
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O modelo 2025 é o menor trator ofertado pela empresa, classifica-se como microtrator, denominado de subcompacto pela empresa. É destinado à agricultura familiar, principalmente para aquelas atividades em que o espaço de movimentação é limitado. Porém, embora pequeno, o modelo apresenta muitos itens e configurações encontrados em tratores de maior porte. É, proporcionalmente, um grande trator em dimensões reduzidas. Possui eixo dianteiro motriz (TDA), bloqueio do diferencial e outras características que vamos ressaltar aos leitores. Ele é totalmente feito em material metálico, inclusive utilizando chapas metálicas para o revestimento dos componentes, como o capô e os para-lamas, diferentemente da grande maioria dos tratores produzidos no país, que já utilizam material plástico. Destaca-se também, neste modelo, a alta capacidade de levante do sistema hidráulico, bastante representativa para a categoria, que alcança um valor máximo de 750kg nas rótulas do sistema hidráulico.
MOTOR
O motor que equipa 2025 é da marca Mahindra, modelo MDI 1365, com dois cilindros e deslocamento volumétrico de 1.366cm3, conferindo-lhe, de acordo com o fabrican-
O 2025 tem motor modelo MDI 1365 de dois cilindros (acima) e sistema de filtragem de ar que fica na parte superior do motor, facilitando a entrada de ar limpo
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te, a potência máxima de 25cv a 2.500rpm. Utiliza um sistema de injeção direta, baseado em uma bomba injetora da marca Bosch, em linha. O torque do motor é de 86,3Nm, o maior para sua categoria. Embora seja um item de manutenção, a solução encontrada para abrir o capô é bastante interessante. Ao contrário de abrir para trás (sentido posto do operador), como a maioria dos tratores de maior porte, ele abre para frente, colocando-se em um ângulo de mais de 60°, expondo todos os componentes do motor e do sistema elétrico.
TRANSMISSÃO
A transmissão de potência da marca Mahindra é formada por uma embreagem de disco simples, com acionamento por pedal e que se conecta a uma caixa de velocidades, do tipo mecânica, sincronizada, com oito velocidades à frente e quatro à ré. A gama de velocidades permite que o trator se desloque de 1,2km/h a 24km/h, nas diversas combinações entre as quatro marchas (1, 2, 3 e 4) e os grupos (H e L). O fabricante colocou à vista do operador, no para-lamas, um adesivo com o escalonamento de marchas, tanto à frente como à ré, nas diversas combinações possíveis, para os pneus standard. No lado esquerdo do operador encontra-se a alavanca de marchas com quatro posições, mais a posição de neutro, e no lado direito estão dispostas as alavancas de controle do sistema hidráulico e pela face interna a alavanca de seleção dos dois grupos oferecidos. É interessante ressaltar que o fabricante adotou uma solução criativa para colocar um inversor de sentido neste modelo. Ao invés de criar uma terceira alavanca ou colocar a ré na alavanca de seleção de marchas, o projeto previu a posição de ré na alavanca de seleção de grupos, portanto para inverter o movimento à frente ou atrás, somente é necessário alternar a posição deste comando entre o grupo que tiver sido escolhido (H e L) e a ré (posição R). Desta forma, podemos ter um reversor de fácil utilização desde que o operador acione a embreagem e imobilize o trator. A redução final dos eixos traseiros é interna à carcaça. Os semieixos são bipartidos com duas flanges para colocação do cubo de roda. O eixo dianteiro também é produzido pelo fabricante e tem uma constituição particular que resulta no aumento do vão livre. O eixo apresenta acionamento por engrenagens cônicas e não utiliza cruzetas, fazendo com que haja uma defasagem entre o plano que passa pelo eixo e o centro dos cubos de rodas. Este é um diferencial importante para elevar o vão livre, mesmo com rodas de reduzido diâmetro. Para o acionamento de equipamentos que necessitem rotação de um eixo, como os pulverizadores, por exemplo, há uma tomada de potência (TDP) com duas opções, a primeira padronizada de 540rpm a uma rotação de motor de 2.046rpm e a TDP econômica 540E que se obtém com uma velocidade angular do motor de 1.654rpm. Ambas indicadas no painel do trator para que o usuário reconheça estas velo-
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cidades angulares e utilize corretamente o sistema. Como dissemos anteriormente, este trator apresenta os mesmos dispositivos usados nos modelos maiores, um exemplo é o bloqueio do diferencial traseiro, que é feito através do acionamento de um pedal no piso à direita do operador.
SISTEMA HIDRÁULICO
O sistema hidráulico de três pontos é da categoria 1 e baseia-se em uma bomba de centro aberto, com vazão de 16 litros por minuto e pressão máxima do sistema de 190kgf/cm2. Com isto, a capacidade de levante nos braços inferiores chega a 750kg, o que é muito bom para esta dimensão de trator. Os estabilizadores laterais são do tipo corrente com esticador. O tirante vertical do lado direito tem regulagem de comprimento para facilitar o acoplamento de implementos. O sistema Ferguson, adotado pelo fabricante, é o tradicional com duas alavancas, uma de posição e outra de profundidade. O controle de posição é utilizado quando se quer fixar uma altura para os braços inferiores e é a principal alavanca para o acionamento e acoplamento dos implementos que não sofrem reação do solo em trabalho. A alavanca de profundidade, ao contrário, é aquela que deve ser utilizada em equipamentos que reagem com o solo e por isto necessitam combinar-se com o sistema de sensibilidade. Neste trator é bem interessante a presença de ótimos reguladores de limitação no posicionamento das alavancas. O sistema de sensibilidade do sistema hidráulico utiliza uma viga tipo C com duas posições e regulagem por parafuso.
O cano de escape pode ser direcionado para cima ou para frente, de acordo com a necessidade do produtor
MANUTENÇÃO
Um dos pontos em que baseamos nossas avaliações refere-se à facilidade de manutenção dos tratores, principalmente aqueles pequenos, onde o reduzido espaço exige criatividade dos proje-
O basculamento do capô do motor é feito para frente, deixando expostos todos os componentes que integram o motor para facilitar as manutenções
Os comandos hidráulicos estão localizados no lado direito
A seleção de marchas fica do lado esquerdo do operador
O sistema hidráulico é da categoria 1, tem capacidade de levante nos braços de até 750kg
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tistas. Verificamos que em relação à manutenção do motor, no modelo 2025, o acesso aos seus acessórios e componentes complementares é facilitado pela ampla abertura do capô, ficando expostos os filtros, a bomba, a bateria, os fusíveis, os conectores, as relés, as luzes dianteiras e outros componentes. A filtragem do ar utilizado pelo motor na combustão é feita por um filtro convencional de dois elementos, um principal e outro de segurança. A entrada de ar fica à frente do radiador, com um condutor de ar colocado logo atrás da grade frontal. O posicionamento em cima do motor facilita a abertura do filtro e a retirada de impurezas grossas pelo bico de borracha. A limpeza do filtro é feita de forma preventiva, no entanto, quando o ambiente tiver abundância de pó, o período de limpeza será determinado pelo medidor de restrição, que indica ao operador quando houver saturação do filtro principal. O elemento principal deve ser limpo com batidas de mão ou, se necessário, com uma corrente de ar, sem agredir o material filtrante de papel. O elemento interno, de segurança, não tem limpeza prevista, somente substituição, tendo larga duração. Verificamos que uma das alterações do projeto original para oferta deste trator, importante no mercado brasileiro, foi a adequação dele à respectiva Norma Regulamentadora (NR 12), que na nossa análise foi toda atendida. Nas laterais do motor há proteções contra o contato a partes móveis e quentes. Na parte traseira, a proteção da TDP é facilmente removida e com incentivo à recolocação, pois os parafusos permanecem e a sua retirada e a recolocação são feitas
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com apenas um pequeno giro. O motor de arranque também recebeu uma proteção que o envolve. Quanto à adaptação do trator ao trabalho, vimos simplicidade para o ajuste de bitolas e para a lastragem. O ajuste de bitola é feito com a troca de posição do disco central da roda, e a colocação do disco pelo lado de dentro e pelo lado de fora das castanhas soldadas no aro. Com estas combinações é possível conseguir seis possibilidades de bitola, que vão dos 762mm, 813mm, 864mm, até os 914mm, com as opções de pneus oferecidos pelo fabricante. O fabricante recomenda a relação peso/potência de 55 quilogramas por cavalo do motor, ou seja, aproximadamente 1.375kg para a lastragem do trator. O incremento de peso para as operações pesadas, chegando a esta relação peso/ potência, é feito com a colocação de até três placas de 45kg cada uma, montadas por baixo da parte frontal à frente do eixo. Na parte traseira do trator, o aumento de peso pode ser feito com o acréscimo de um disco de 50kg preso a cada roda, se necessário. A lastragem deve ser feita para alcançar esta relação e para distribuir o peso entre os eixos, em uma proporção de aproximadamente 40% do peso sobre o eixo dianteiro e 60% no eixo traseiro. Nas operações de pouca exigência de
tração, mas com o terreno declivoso, se recomenda valorizar bastante a colocação de peso na parte frontal do trator para evitar os empinamentos. O abastecimento com combustível é feito por um bocal, colocado à frente do painel de instrumento e atrás do motor. O depósito de diesel de material metálico está colocado à frente do operador e comporta 22 litros, o que, pelo consumo médio deste trator, deve ser suficiente para mais de uma jornada de trabalho diário. Em todo o trator é possível ver vários pontos de lubrificação com pinos de engraxamento. Vale destacar a presença de uma caixa de ferramentas, com capacidade para armazenar chaves de uso mais frequente, posicionada atrás do assento do condutor, sendo importante item em tratores nesta faixa de potência e peso.
POSTO DE OPERAÇÃO
O posto de operação é do tipo semiplataformado, pois embora exista bom espaço para movimentação dos membros inferiores, há um ressalto sobre a caixa de câmbio que eleva o centro do piso. Para evitar elevar a altura do trator e facilitar o trabalho na fruticultura, o fabricante optou por colocar uma flange do tubo de escape na lateral direita do motor, que possibilita a sua monta-
O posto de operação é semiplataformado e possui os comandos ao alcance do operador
O modelo foi escolhido pela família Dallé para os trabalhos em parreirais com terrenos acidentados, onde, além de exigir manobras em espaços reduzidos, há uma limitação de altura
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gem para cima ou para frente, de acordo com a necessidade. O freio de estacionamento se aciona por meio de uma alavanca posicionada abaixo do volante, pressionando os pedais de freio. Para desarmar o freio de estacionamento deve-se somente apertar os pedais e retornar a posição da alavanca. Nota-se um cuidado bastante importante por parte do fabricante em alertar o usuário quanto aos perigos da operação, incluindo informações técnicas de operação. Todos os alertas estão em língua portuguesa e em bom estilo de redação. Atrás do operador foi montado um arco de proteção de dois pontos (ROPS), que pode ser basculado ou retirado, quando se necessitar trabalhar em ambientes de pouca altura. Não há opção para rebater o arco e sim para retirá-lo, em um processo simples de desmontagem. Há uma série de proteções de diversos componentes, como sinaleiras traseiras, para evitar quebra por choque. Isto se jus-
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tifica pelo fato deste trator ser utilizado em ambiente de espaço restrito. Na parte traseira, o fabricante instalou uma tomada elétrica de sete pinos, para acionamento de máquinas, principalmente reboques. No posto de condução, logo à frente das pernas do operador há uma tomada de 12 volts para recarga e acionamento de objetos eletrônicos pessoais, como telefone móvel, e um local para guardar pequenos objetos. Predomina a colocação dos comandos no lado direito, com as alavancas do sistema hidráulico, de seleção de grupo e de reversão, o acelerador de mão na coluna da direção, o estrangulador e o acionamento do freio de estacionamento. No lado esquerdo está colocada a alavanca de seleção de marchas, de acionamento da TDP e de controle de luzes, assim como as luzes intermitentes. O lado estimulado pelo projeto para a subida e descida do operador é o esquerdo. Notamos, favoravelmente, que os interruptores são bem robustos. O painel de
instrumentos tem a cor branca como fundo e com alto contraste em relação à sua escala de números. Neste painel estão presentes instrumentos de verificação como o tacômetro, o indicador de volume de combustível presente no depósito e um termômetro que indica a temperatura da água do sistema de arrefecimento. Para auxiliar na operação, o projeto disponibiliza um espelho de grande porte no lado direito do posto de condução, que pode ser colocado tanto na horizontal como na vertical, dependendo do tipo de tarefa a acompanhar.
ESPECIFICAÇÕES
O trator que testamos estava equipado com pneus traseiros da medida 8.3-24 R1W, que equipam a versão standard, com opcional de dispor de pneus 9.5-20 recomendados quando se quer baixar a altura do trator. Na parte dianteira, os pneus versão standard são da medida 6-14 R1 e 6-12 como item opcional. Os freios a disco são ligados aos semieixos e imersos em óleo.
Test drive no Vale dos Vinhedos
O
local de teste foi uma propriedade rural pertencente à família Dallé. Fomos maravilhosamente recebidos pelo proprietário, senhor Vilson Dallé, a esposa Lorena Toniollo e o filho Giovani Dallé. Gentilmente nos acolheram durante todo o dia, inclusive nos servindo um ótimo almoço, recheado de alimentos produzidos pela própria família. O trabalho de todas as atividades da propriedade é desenvolvido pelos três, com apoio, nos fins de semana, do outro filho, Mateus Dallé, que trabalha durante a semana em uma empresa na cidade. A propriedade fica situada em Linha Pederneira, a sete quilômetros e meio do município de Santa Tereza, na microrregião de Caxias do Sul, no Nordeste rio-grandense. É uma região agrícola, especialmente de cultivo de uva, hortigranjeiros e outras atividades, características de agricultura familiar. A propriedade de 22,6 hectares é herança de família e foi local de nascimento do senhor Vilson. É utilizada para a produção de uva para vinho e suco, milho, pecuária, e para suinocultura. A uva é a principal atividade, e é fornecida para três cantinas da região, situadas entre três e 16 quilômetros de distância. O transporte do produto é realizado com um caminhão próprio. A atividade é toda familiar, com apoio de contratados por safra, principalmente na colheita da uva. Ao total, são contabilizados cinco hectares de parreira que produzem em média de 100 a 110 toneladas de uva por ano, no sistema de condução latada, com altura média de 1,90 metro. A colheita que ocorre de 10 de janeiro a final de fevereiro é toda manual, com auxílio de uma cesta de recolhimento, depois vai a uma caixa e, por fim, a granel à carroceria do caminhão, forrado com lona. Toda a car-
ga é entregue às empresas compradoras, que medem o peso e a graduação. O pagamento ocorre depois da contabilização do montante e do valor de comercialização. O produtor nos explicou que é necessário o controle das operações através de um caderno de campo e a obrigatoriedade de um espaço especial para o armazenamento dos defensivos químicos. No sistema de produção da família, logo após a colheita ocorre a escolha do galho que irá produzir no ano. Entre julho e setembro se faz a poda, deixando quatro a cinco galhos por pé. No verão se faz ainda uma poda de limpeza. As operações de maior intensidade iniciam a partir da brotação em diante, com aplicações de produtos fitossanitários e adubos foliares a cada cinco a sete dias de intervalo. Após a formação de grãos, se iniciam os tratamentos com sulfatos. Tradicionalmente até o feriado de finados o trabalho de aplicação é muito intenso, com aplicações semanais, e depois diminui para intervalos de aplicação quinzenais, se o clima permitir. A família tem mais dois tratores, mas agora é cliente Mahindra. O fator preponderante para a aquisição do primeiro trator da marca foi a oportunidade de ver o maquinário trabalhando em uma demonstração na localidade de Caravaggio, próximo à cidade de Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Logo depois de conhecer o trator Mahindra, um vizinho adquiriu um destes modelos e, em seguida, a família pediu demonstração e se convenceu que seria a melhor opção. Segundo o produtor, outro fator determinante na aquisição foi a garantia de cinco anos que a empresa oferece.
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Aspecto visual remete a um trator imponente e de maior potência
O teste foi realizado com um modelo recém-adquirido pela família Dallé, no município de Santa Tereza, no Vale dos Vinhedos, Rio Grande do Sul
José Fernando Schlosser e Daniela Herzog, Laboratório de Agrotecnologia Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas - UFSM
TESTE NO CAMPO
Para o teste de campo do trator Mahindra modelo 2025 escolhemos duas situações bastante diferentes e características do trabalho da propriedade da família Dallé. Primeiro, um escarificador de três hastes da marca Netz, modelo 7243, que é utilizado no preparo do solo para a semeadura do milho. Este equipamento era superior ao recomendado para esta potência, porém como o solo estava macio, foi suficiente para a nossa avaliação. Primeiro escolhemos duas marchas para o trabalho, terceira reduzida e segunda reduzida. Fizemos o trabalho nas duas velocidades, escolhendo a terceira reduzida pela boa adaptação do trator e uso da reserva de torque. Notamos um dos pontos fortes do modelo, que é o torque do motor. Medimos o raio de giro e verificamos que era de pouco mais de dois metros, sem o acionamento dos freios individuais. Como o solo destinado ao milho era plano, decidimos utilizar um pulverizador nas parreiras, também em segunda marcha reduzida para testar a manobrabilidade e a estabilidade em ambiente declivoso e com obstáculos. O sistema adotado pela família é de um espaçamento de 2,75 metros entre filas, alternando-se com algumas de três metros, as quais são utilizadas para transporte da colheita. A altura dos arames de fixação dos galhos das videiras é de 1,90 metro, necessitando, para isto, um trator de pouca altura. O Mahindra 2025 tem 1,42 metro de altura máxima, considerando o espelho retrovisor, sem o arco de proteção. A bitola do trator que utilizamos era de 1,08 metro e a lar-
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gura total de 1,32 metro. O vão livre com os pneus standard foi medido em 0,34 metro. Todas estas dimensões fizeram com que ele trabalhasse livremente entre as linhas, sem necessitar de manobras. Não pudemos avaliar o consumo de combustível em nenhuma das operações, mas a equipe de demonstração havia medido 0,9 a um litro por hora com o pulverizador de 400 litros preso ao sistema hidráulico de três pontos que utilizamos. Verificamos que as grandes qualidades deste modelo são o elevado torque do motor, a capacidade de manobrar em pequenos espaços e a estabilidade lateral e longitudinal. Principalmente no teste em área declivosa, a distribuição de peso, os pesos frontais e a pequena altura deram total segurança, mesmo nas condições limites que .M estivemos testando o trator.
Concessionário
T
udo Agrícola Comércio de Peças e Serviços LTDA é o concessionário Mahindra para a região, com loja matriz em Vacaria (RS), mas que tem pontos de apoio em outras cidades. A empresa, que nasceu em 2017, é revendedora oficial Mahindra e possui à venda todos os modelos disponibilizados pela marca. A empresa também disponibiliza informações para a venda de tratores e implementos usados e um grande estoque de peças agrícolas, além de realizar plantões, tanto para serviços como para peças, a fim de atender da melhor maneira o produtor rural. A Tudo Agrícola também oferece o Consórcio Nacional Mahindra, com planos de até dez anos sem juros, como uma importante alternativa para a aquisição de tratores da marca. Esteve acompanhado o teste do trator Mahindra 2025, o vendedor João Batista Mello Zimmermann, que atende a família Dallé e os produtores da região de Santa Tereza. Como representante da fábrica, tivemos o apoio do engenheiro Gilberto Dutra, especialista de Marketing Produto da Mahindra, que nos ofereceu toda a informação do trator de teste e também das estratégias do fabricante no apoio ao usuário.
.M
DRONES Vitor Hugo Moraes
Informações invisíveis
As tecnologias que combinam geoinformação agrícola, monitoramento remoto do ambiente produtivo, geotecnologias e agricultura de precisão estão cada vez mais acessíveis aos produtores e vêm garantindo uma gestão mais objetiva da lavoura
A
s novas tecnologias aplicadas na agricultura desempenham papel importante no aumento da produtividade e lucratividade das atividades desenvolvidas no campo. Portanto, cada vez mais a informação ganha valor, quando fornece apoio ao produtor na tomada de
decisão na condução e no manejo da lavoura. Sendo assim, o monitoramento em campo com o uso de drones é uma prática cada vez mais comum durante o ciclo da cultura. Com o desenvolvimento do sensoriamento remoto do ambiente agrícola, várias pesquisas e aplicações foram
desenvolvidas no intuito de descrever o comportamento da vegetação em diferentes fases e condições de desenvolvimento, fornecendo informações ao produtor em escala de tempo e de espaço, auxiliando e direcionando as práticas de manejo adotadas no campo. Os sensores remotos têm a capa-
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Vitor Hugo Moraes
cidade de separar e registrar a energia refletida da vegetação em diferentes comprimentos de ondas. Essa capacidade fornece uma descrição da vegetação, chamada de assinatura espectral, representando as diferentes condições reais de campo. O olho humano é sensível a uma pequena faixa do espectro eletromagnético situada entre 400nm e 700nm (Red, Green, Blue – RGB), denominada de luz visível, que também é a faixa de radiação que interage diretamente com a atividade fotossintética da planta. No entanto, comprimentos de ondas entre 700nm e 1.000nm (Infavermelho – NIR) são fortemente refletidos pelas folhas das plantas em diferentes condições de campo, sendo essa faixa do NIR facilmente registrada por sensores multiespectrais embarcados em Vants (Veículos Aéreos Não Tripulados).
VANTS E SENSORES EMBARCADOS
Luis Fernando Gomes
Drone equipado com sensor multiespectral para imageamento aéreo
Vista aérea da lavoura obtida pelo drone
O desenvolvimento de Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants), popularmente conhecidos como drones, bem como os sensores multiespectrais embarcados, foi um marco nos novos padrões de sensoriamento remoto em nível de precisão, frequência e qualidade das informações obtidas. Com o desenvolvimento dessas novas tecnologias aplicadas na agricultura é possível obter uma forte relação entre os problemas que afetam o desenvolvimento da lavoura com as informações das imagens aéreas processadas. Os drones, juntamente com os sensores, nos permitem a composição de mapas dos talhões relacionados ao bom desenvolvimento da cultura por meio de índices de vegetação. Os índices obtidos permitem a recuperação de parâmetros biofísicos da cultura, que tem relação a atividade fotossintética, cor, estrutura, conteúdo de água na folha, fração de cobertura do solo, índice de área foliar e coeficiente de transpiração das plantas. Sendo assim, para uma decisão mais precisa e no momento certo, esses fatores devem ser de conhecimento do produtor, tanto para auxiliar na tomada de decisão de onde, quanto e quando aplicar, bem como para avaliação da eficiência de uma operação que foi realizada.
VANTS E PRECISÃO NA IRRIGAÇÃO
Comparação de uma imagem sem processamento e uma imagem processada
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Após a realização do voo sobre uma lavoura, as imagens são importadas para ambiente SIG (Sistema de Informação Geográfica). No SIG são desenvolvidos algoritmos específicos que evidenciam os problemas que afetam o crescimento das plantas. Os dados obtidos são apropriados para estudos de crescimento da cultura, índice de área foliar e coeficiente de transpiração ajustado para o campo ou talhão mapeado, bem como associados com outros paramentos externos como de estações meteorológicas para estudos de evapotranspiração. Portanto, séries temporais de índices de vegetação combinados com dados climáticos e condições físico-hídricas do solo são promissoras para aumentar a precisão da água aplicada nas áreas irrigadas, gerando economia de 15% a 20% de água.
Wenderson Soares
Mapeamento de produtividade obtido com o uso de sensores embarcados em drones
Validação dos dados de drone com avaliação de campo de clorofila, e avaliações fisiológicas
Com o processamento das imagens aéreas com algoritmos específicos, são obtidas informações que são analisadas, interpretadas e gerados novos produtos. Por exemplo, arquivo do tipo shapefile que, contendo informações de doses de aplicação em função de estresses observados nas plantas, insere arquivos diretamente em máquinas com tecnologias de taxa variável. Devido a essa capacidade, os drones ganharam destaque como uma ferramenta de gestão, controle e monitoramento agrícola e vêm proporcionando ganhos produtivos e financei-
ros ao produtor.
ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO
Com o conjunto de imagens do desenvolvimento de cada talhão, o produtor rural tem em mãos uma ferramenta de obtenção de dados em todas as fases da cultura. Essa capacidade de representação é importante para avaliar como foi a qualidade de semeadura, com imagens nas fases iniciais da cultura, bem como avaliar zonas de crescimentos lentos e acelerados, fornecendo, assim, uma ferramenta de
tomada de decisão para os gestores da propriedade. O conjunto de dados fornecidos pelo uso do drone também vai servir como registro, para comparação com safras anteriores e previsão .M da produção no ano seguinte. Luiz Fernando Gomes, Leonardo Nazário Silva dos Santos, Marconi Batista Teixeira, Nelmicio Furtado da Silva e Alaerson Maia Geraldine, IF Goiano Ivo Zution Gonçalves, University of Nebraska - Lincoln (UNL)
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EVENTOS
Expointer 2019 Com um total de negócios 17,37% superior ao do ano passado, a Expointer é a última grande feira do ano e seus números expressam o otimismo do produtor para a nova safra
A
o final de dez dias de evento, a Expointer registrou aumento expressivo de vendas e de visitação ao Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), com relação aos números do ano passado. O evento, que ocorreu de 24 de agosto a 1º de setembro, recebeu 420 mil pessoas, um aumento de 13% comparado a 2018. O balanço de resultados também impressionou o setor - o total de negócios cresceu 17,37% – foram R$ 2.699.868.739,57 neste ano. Uma das mais importantes vitrines tecnológicas para a indústria de máquinas e implementos agrícolas da região Sul, a feira é um termômetro para o próximo ciclo produtivo e seus números demonstraram o otimismo do produtor rural. O setor de máquinas comercializou R$ 2,546 bilhões – o mais rentável da fei-
ra, com crescimento de 11,43% em relação ao arrecadado em 2018. Já a agricultura familiar vendeu R$ 4.540.549,57 – crescimento de 13,51% com relação ao ano passado. O único setor que apresentou decréscimo foi o da pecuária. Com relação às vendas de 2018, a comercialização de animais caiu 18,01%. Com grande foco no mercado da orizicultura e da agricultura familiar, as principais indústrias de máquinas e montadoras participaram do evento. As novidades tecnológicas explicam os resultados do balanço, e mostram uma tendência do produtor rural gaúcho em seguir investindo em novas soluções e tecnificação para sua lavoura. Confira os principais destaques da feira.
MASSEY FERGUSON
Ideal para uso em fruticultura e viti-
A linha MF 3300 chega nas versões plataformada e cabinada, e é formada por tratores compactos de 69cv, 78cv e 89cv
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vinicultura, a série de tratores MF 3300 foi o grande lançamento da Massey Ferguson durante a Expointer 2019. A linha chega nas versões plataformada e cabinada, e é formada por tratores compactos de 69cv, 78cv e 89cv. Os modelos estão equipados com o motor AGCO Power de três cilindros eletrônico, que atende ao Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) MAR-1. Entre os benefícios da nova motorização eletrônica está o menor consumo de combustível, com respostas mais rápidas e maior torque em baixas rotações. Além disso, o motor tem menos componentes, o que resulta em um conjunto mais leve, compacto, com menos perdas por atrito e, assim, menos gastos com manutenção. A família MF 3300 tem opções de transmissões de 8x2 Constant Mesh e 12x4 sincronizada, ambas com disponibilidade creeper. A Massey Ferguson apresentou, também, o novo sistema da colheitadeira MF 6690 (265cv). Novidade da marca no mercado de colheitadeiras híbridas no Brasil, o equipamento possibilita ao agricultor a troca em alguns minutos do mecanismo de colheita de duas diferentes culturas, como arroz e soja, por exemplo, apenas com ajuste na cabine. A tecnologia permite o ganho de agilidade e versatilidade de trabalho para o produtor rural. O lançamento também recebe a primeira plataforma arrozeira rígida com 23 pés. O tanque de grãos tem capacidade de sete mil litros e o sistema de ventilação de dupla cascata organiza a limpeza dos grãos em etapas bem definidas, com o objetivo de não sobrecarregar as peneiras, e entregar ao tanque um material limpo e de qualidade. A MF
6690 armazena 470 litros de combustível. Ainda em colheita, a marca levou a MF 4690 Xtra (200cv) à feira, lançamento que possui 5.500 mil litros de capacidade de tanque, taxa de descarga de 86 litros/segundo e todo o sistema de descarga controlado da cabine, com a alavanca multifunção. A 4690 Xtra é uma variação da MF 4690 com novas configurações para melhor atender às exigências de diferentes tipos de solo e topografia.
Fotos Cultivar
VALTRA
Focada em demonstrar as tecnologias de suas diferentes linhas de tratores, de baixa a alta potência, a Valtra marcou presença na Expointer 2019. Dessa forma, a empresa lançou os dois tratores que complementam a linha BH HiTech geração 4: o BH214 HiTech e o BH224 HiTech. Com 210cv e 220cv, respectivamente, e motor de seis cilindros, as máquinas possuem a transmissão Powershift – que faz a troca de velocidades de forma automática dentro dos grupos e atende a diferentes perfis de produtores rurais. As outras cinco opções de motorização da linha BH HiTech geração 4 também puderam ser vistas na feira. Outro destaque da série é o reversor eletro-hidráulico Power Shuttle, possibilitando que as direções de condução sejam alteradas usando uma alavanca, sem necessidade de acionamento da embreagem. Toda a série conta com os recursos de programação Auto1 e Auto2, que permitem a troca de marchas de forma automática. O Auto1 faz a troca de acordo com a carga exercida durante a operação e o Auto2 efetua a troca conforme parâmetros de rotação do motor, predeterminados pelo operador. Outro destaque da Valtra foi a nova geração dos tratores estreitos: a Série A3F. Ideal para o cultivo de frutas, a Série A3F traz como principal novidade a versão com cabine – que possui boa visibilidade, espaço interno e fluxo aprimorado de ar-condicionado. Além disso, o novo painel de instrumentos mostra informações instantâneas para o operador, como consumo de combustível, área trabalhada, distância percorrida e diagnóstico do motor. A Série A3F conta com motor AGCO Power Eletrônico, homologado de acordo com a lei de controle de emissões (MAR1). O sistema de acionamento hidráulico da embreagem da TDP, para a versão plataformada, e acionamento eletro-hidráulico, para a versão cabinada, proporciona aos agricultores suavidade na liberação, o que evita trancos e, consequentemente, aumenta a vida útil dos componentes.
Um dos destaques da Valtra foi o lançamento da Série A3F para cultivo de frutas
A New Holland lançou a colheitadeira CR 7.90 Arrozeira, com 425cv de potência e tanque graneleiro de 12.330 litros
NEW HOLLAND
A presença da New Holland na Expointer 2019 reforçou os conceitos de tecnologia da marca para os produtores gaúchos de arroz. Na feira, a empresa lançou a colheitadeira CR 7.90 Ar-
A série Puma, com os modelos 200, 215 e 230, foi o destaque da Case IH
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que proporciona um processo de debulha e separação diferenciado; o sistema ASP, que evita a entrada de pedras no industrial da máquina; e sistema Intellicruise, que controla automaticamente a velocidade de colheita de acordo com as condições da lavoura. Além disso, a CR 7.90 possui sistema de mesa nivelante, que objetiva a distribuição uniforme do material sobre o bandejão e peneiras, reduzindo o índice de perdas na lavoura e proporcionando maior qualidade de grão dentro do tanque graneleiro. Ainda na cultura do arroz, a New Holland destacou o trator arrozeiro T9.435. Com 370cv de potência nominal, o T9 Arrozeiro é articulado e equipado com pneus R2, que permitem maior força de tração, especialmente nos terrenos alagados. Os tratores possuem, também, tração integral nas quatro rodas.
A John Deere apresentou destaques do plantio à colheita durante a Expointer 2019
A Agrale apresentou o trator 575 Super com carregador frontal
CASE IH
Novos modelos da linha Puma de tratores, assim como o pacote de soluções digitais AFS Connect, foram os principais destaques da Case IH na Expointer 2019. Com potências de 197cv a 234cv, os novos modelos 200, 215 e 230 vêm equipados com motor FPT, homologado pela legislação de emissão de poluentes MAR-1 e Tier-3. Contam, ainda, com sistema Power Boost de adição de cavalagem de até 35cv para operações agrícolas que exijam maior potência; e com sistema de gerenciamento de produtividade automática APM, que otimiza a troca de marchas com objetivo de reduzir o consumo de combustível. Outra novidade da Case IH, o AFS Connect é uma solução digital e integrada que faz monitoramento de frota, gestão agronômica e gerenciamento de dados em tempo real. A ferramenta agrega funcionalidades como imagens de satélite, drones, piloto automático, telemetria, sistemas de aplicação e meteorologia para que o produtor tome decisões mais assertivas. A Farmers Edge, parceira da Case IH, é responsável pelo gerenciamento agronômico, e também esteve presente na feira.
JOHN DEERE
A John Deere apresentou destaques do plantio à colheita duran-
A linha Imperador de pulverizadores da Stara foi um dos destaques durante a feira
rozeira, com 425cv de potência e tanque graneleiro de 12.330 litros. A nova CR 7.90 Arrozeira é resultado da demanda de rizicultores, que necessitam versatilidade e máquinas que atendam as demandas de uma agricultura de impacto e duras aplicações. Multicultura, a CR 7.90 Arrozeira tem todas as funcionalidades e ferramentas para colher outros grãos, como soja e milho, por exemplo. A colheitadeira é equipada com o sistema de duplo rotor,
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te a Expointer 2019. Entre eles, o trator 8R, na versão arrozeira, que chega ao mercado com rodado duplo e eixo rígido dianteiro, sem a suspensão ILS – demanda necessária devido às duras aplicações que a máquina enfrenta na lavoura arrozeira. No plantio, destaque para a Plantadeira DB ExactEmerge, que se caracteriza por plantar com até 16km/h de velocidade. Com sistema Brush Belt, as plantadeiras apresentam acionamentos independentes e sincronizados com o trator, que permitem aproveitar ao máximo a janela de plantio. A plantadeira também possui o RowCommand, ferramenta que evita o sobreplantio de sementes, por meio do desligamento inteligente de até 16 linhas. Na hora de pulverizar, a marca demonstrou as características do M4000, que conta com o ExactApply, sistema inteligente que permite o controle de bordaduras e é capaz de demensionar o tamanho da gota. Além disso, a tecnologia possibilita modificação automática de pontas, sistema de pulsos de alta frequência, compensação de curvas e controle individual de
pontas. O modelo possui tanques que variam entre 2.500 e 4.000 litros, e barras de pulverização de três tamanhos 27, 30 ou 36 metros. Para a colheita, a John Deere destacou a série S700 que é, segundo a marca, a primeira colheitadeira do mercado completamente automatizada. Na feira, a máquina foi exposta em sua versão arrozeira. A S700 possui o Sistema ATA, que permite o ajuste automático ao terreno em aclive ou declive. Também possui a Active Yield, ferramenta em que a máquina, através de seus sensores de massa, determina com precisão a quantidade de produto colhido, resultando em mapas de produtividade mais precisos. Por fim, é equipada com Active Vision, duas câmeras digitais que permitem leitura da passagem de grãos. Assim, identificam impurezas e grãos quebrados, e promovem automaticamente os ajustes necessários (a cada três minutos) para manter a qualidade.
As soluções da Jacto para adubação estiveram em destaque na Expointer 2019
AGRALE
A Agrale apresentou na Expointer 2019 um portfólio diversificado de tratores que vão de 15cv a 220cv, e atendem às mais diversas necessidades do produtor rural. Entre eles, o trator 540 XT, que chega equipado com novo motor eletrônico de 40cv. O modelo utiliza transmissão 8x8 com inversor de marchas de série, e também está disponível com cabine de fábrica, que oferece proteção às intempéries climáticas e mais segurança e conforto nas operações. Já o Trator 575 Super chega com carregador frontal. O modelo possui, ainda, plataforma de trabalho totalmente plana, coluna de direção escamoteável e telescópica, além da cabine de fábrica. Por fim, a agricultura de precisão Agrale marcou presença com o trator 7215 de 220cv, modelo de maior potência da marca, que vem equipado com piloto automático, barra de luzes e módulo de telemetria, que permite monitoramento em tempo real das operações e tem o objetivo de reduzir custos e aumentar a qualidade e a produtividade na agricultura. O pacote de tecnologias de agricultura de precisão no trator Agrale é uma parceria com a marca Otmis, da Jacto.
STARA
A linha Imperador de pulverizadores da Stara foi um dos destaques durante a Expointer 2019. Os diferentes modelos da linha destacam-se pelas barras centrais, que somadas ao sistema recirculante contínuo, ao sistema bico a bico, ao sistema dupla linha e ao giro inteligente nas quatro rodas, objetivam uma pulverização mais precisa e com maior economia.
A Raven destacou o sistema pulsado de controle por bico
A Kuhn mostrou três lançamentos: as semeadoras Quadra 7.500 e Oriza, e o distribuidor de fertilizantes de arrasto Accura 14.000
As barras centrais, que aumentam a estabilidade durante as aplicações, podem ter 30 ou 36 metros. A abertura das barras é automática, para gerar mais praticidade e segurança nas operações. Elas são fixadas em três pontos, o que lhes confe-
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A Mahindra apresentou os tratores 6075 e 2025 em seu estande na Expointer 2019
rem poder de copiagem do solo, e são dotadas de sistema de amortecimento que evita a ação das forças operacionais, aumentando a estabilidade e a sua vida útil. Já o sistema dupla linha exibe duas linhas de pontas de pulverização, que permitem realizar aplicações com maior amplitude de velocidade de trabalho, aumentando o rendimento operacional. As linhas de pulverização podem trabalhar alternadas ou juntas e, por realizar as aplicações com pressões ideais, garantem a uniformidade do tamanho de gota e evitam a deriva. O sistema bico a bico realiza o desligamento automático da ponta de pulverização no momento em que, através do Topper 5500, é identificada uma área onde a calda já foi aplicada. A tecnologia promove a economia de insumos na atividade de pulverização. Por fim, o sistema recirculante contínuo mantém a calda em constante circulação nas tubulações e no reservatório, causando a homogeneidade e a concentração exata do defensivo durante a aplicação, além de um sistema de pulverização mais limpo e sem resíduos.
JACTO
As soluções para adubação da Jacto estiveram em destaque na Expointer 2019, onde a empresa apresentou um novo diferencial tecnológico para adubação a lanço: o controle automático de 12 seções. Exclusiva no Brasil, a novidade equipa a adubadora automotriz Uniport 5030 NPK e a adubadora tracionada Tellus 10.000 NPK – ambas presentes no estande da Jacto na feira. O controle permite a segmentação da faixa de aplicação em até 12 seções, controladas automaticamente. Trata-se de um sistema que traz para a operação de adubação uma redução no custo com fertilizantes, representando eco-
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A LS Tractor expôs o Xaircraft modelo P20, também chamado
nomia para o agricultor e maior proteção ambiental. Já na linha de Small Farm Solutions, o destaque ficou para o pulverizador e dosador costal com a possibilidade de se conectar via Bluetooth e ser controlado através de um aparelho celular: o Jacto DJB-20s. Através do tablet ou smartphone, pelo aplicativo Jacto Smart Control, o operador consegue regular a máquina padronizando as dosagens, a pressão e a vazão de pulverização do produto a ser aplicado. Ao final do trabalho, é gerado um relatório com informações da operação, similar aos serviços de telemetria que são oferecidos nas grandes máquinas agrícolas. O produto amplia a oferta da empresa em pulverizadores e dosadores costais movidos a bateria.
RAVEN
Presente no estande de parceiros durante sua participação na Expointer 2019, a Raven destacou o sistema pulsado de controle por bico. Essa tecnologia de aplicação promove a uniformidade de gotas na atividade de pulverização, o que gera eficiência na deposição do produto. Também utiliza compensação em curvas e corte bico a bico, que proporcionam uma menor taxa de sobreposição e possibilitam a otimização de insumos; e pressão e taxa constantes, que permitem a uniformidade de aplicação de produto durante todo trabalho, sem variações de volume de calda na planta.
KUHN
Pensando nas necessidades do produtor de arroz do Rio Grande do Sul, a Kuhn marcou presença na Expointer 2019 com três lançamentos: as semeadoras Quadra 7.500 e Oriza, e o distribuidor de fertilizantes de arrasto Accura 14.000. A versão arrozeira da Quadra 7.500 completa a família de semeado-
Fotos Cultivar
o de Drone LS
ras pneumáticas Quadra. O implemento possui chassi flexível em três módulos, que proporciona uma qualidade de performance no transpasse nas taipas. Aliado a isso, as linhas pantográficas com alta flutuação permitem a uniformidade do plantio. Outro diferencial são os rodados laterais, que aumentam a estabilidade da Quadra 7.500 em manobras, minimizando a torção do chassi e, com isso, prolongando a vida útil do equipamento. Já a Oriza, nova semeadora da Kuhn dedicada ao plantio de arroz, apresenta reservatórios de polietileno que não corroem com o passar do tempo e exposição ao adubo. As linhas com alta flutuação proporcionam um plantio uniforme e que acompanha o relevo das taipas. O implemento está disponível de 26 a 32 linhas. O Accura 14.000 é uma máquina capaz de manter as taxas de distribuição de fertilizante nas diferentes condições da lavoura – seja em cruzamento das taipas ou variações de velocidade. O sistema de ajuste de distribuição coaxial (CDA) muda o ponto de queda do fertilizante para ajustar o padrão de dispersão de forma rápida para o operador.
MAHINDRA
Com um portfólio pensado para aten-
der às necessidades da agricultura familiar, a Mahindra apresentou os tratores 6075 e 2025 em seu estande na Expointer 2019. Com 75cv de potência, o 6075 possui transmissão mecânica sincronizada com reversor, o que permite agilidade nas operações. O modelo também dispõe de redutor de velocidade, ferramenta ideal para aplicações em atividades de silagem, forrageiras e hortifrutigranjeiras. O sistema hidráulico possui capacidade de levante de 2.600kg e vazão para o controle remoto de 58 litros/ min (duas válvulas de dupla ação). Já o 2025 é um subcompacto, indicado para trabalhos em estufas, ruas estreitas ou em canteiros de até 80cm, onde o espaço de manobra é limitado. O modelo possui 25cv de potência e foi pensado para aplicações severas. Segundo a empresa, o trator teve boa aceitação no cultivo de uva, principalmente na região da Serra gaúcha.
LS TRACTOR
Ao apresentar um novo conceito de pulverização, a LS Tractor expôs o Xaircraft modelo P20, também chamado de Drone LS, em sua participação na Expointer 2019. O equipamento possui Cloud RTK e sensores infravermelhos, que integram o sistema de navegação e possibilitam operações agrícolas de alta precisão, inclusive à noite. O produto tem capacidade de decolagem de 25kg e chega ao
Brasil para um período de testes, que objetiva adaptá-lo às conformidades do mercado brasileiro. O produto expressa uma nova tendência no mercado de máquinas e implementos agrícolas. Na sua tradicional linha de tratores, a LS Tractor destacou o modelo P80, que agora recebe transmissão Power Shuttle - tecnologia que dobra a quantidade de marchas disponíveis para trabalho. A transmissão tem 12 velocidades à frente e 12 à ré, com opção de alta ou baixa em cada uma delas, que se multiplica para 24 à frente e 24 à ré, sem a necessidade de acionar o sistema de embreagem para trocas de marchas – mesmo com tratores em carga. Essa característica expressa a versatilidade nas aplicações do trator, que é ideal para agricultura familiar.
MARINI
Com sede em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, a empresa Marini esteve presente na Expointer 2019. A fabricante de rodados e alongadores de eixo, que está completando 30 anos em 2019, destacou o alongador de eixo para aplicação de cloreto na linha e os aros para pulverização no evento. Estreitos e altos, os aros especiais para pulverização da Marini possibilitam maior altura com relação ao solo, para facilitar a atividade de aplicação. Além disso, evitam o amassamento das plantas, e as chapas grossas promo.M vem a durabilidade do conjunto.
A Marini destacou as comemorações dos seus 30 anos de fundação e expôs sua linha completa de produtos
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MECANIZAÇÃO
Vibração negativa Exposição prolongada a máquinas e equipamentos que emitem vibrações acima do permitido pode comprometer a saúde dos trabalhadores na agricultura
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utilização de máquinas e equipamentos é indispensável na agricultura moderna. Operações como preparo de solo, adubação, plantio, entre outras, são desenvolvidas com o auxílio da mecanização. Essas conquistas somente foram possíveis devido à modernização que mudou o cenário dos postos de trabalho desses operadores. Essas máquinas trazem maior produtividade e melhorias nos locais de trabalho. O controle térmico e acústico, o conforto, a boa condição ergonômica, os assentos adaptados, entre outros, são exemplos de boas condições de trabalho para o trabalhador, mas mesmo assim ainda temos um grande número de trabalhadores com doenças ocupacionais e acidentes do traba-
Charles Echer
lho. A exposição aos agentes capazes de fazer mal à saúde do trabalhador e comprometer sua integridade física deve ser monitorada periodicamente, controlada e mantida dentro dos limites permitidos por normas e legislações. De acordo com os pesquisadores Veigas et al (2015), a vibração e o ruído excessivos podem representar deficiências no projeto de tratores. O tempo de uso da máquina sem a manutenção devida acentua ainda mais esta situação. Um dos agentes nocivos à saúde dos trabalhadores e muitas vezes ignorado nos postos de trabalho com relação às máquinas agrícolas é a vibração de corpo inteiro (VCI). Quando ultrapassa o valor de exposição, ela pode causar problemas à saúde dos trabalhadores e conceber direitos adquiridos por legislação. O adoecimento depende da associação de vários fatores que estão na condição da execução da atividade no trabalho.
No Brasil, o Decreto-Lei nº 46/2006, de 24 de fevereiro de 2006, estabelece os limites de exposição diária a vibração, para um período de referência de oito horas. A Norma de Higiene Ocupacional (NHO) 09 da Fundacentro determina o nível de ação para a exposição ocupacional diária à VCI de 0,5m/s-² e um limite de exposição ocupacional diária de 1,1m/s-². A partir do diagnóstico da exposição no ambiente de trabalho superior ao nível de ação, medidas de adequações e controles no local de trabalho deverão ser implementadas, a fim de preservar a saúde do trabalhador. As atividades e operações que exponham os trabalhadores sem proteção adequada à vibração são caracterizadas como insalubres e devem ser confirmadas por meio de perícia, conforme descreve a NR 15, no anexo 8, pela portaria 12, de 1993. A exposição diária acima do limite de exposição dará o direito ao recebimento do adicional que equivale a 20% sobre o salário mínimo regional. Esse reconhecimento à VCI implicará alteração orçamentária, o que pode contribuir para a falta do reconhecimento da expo-
sição no ambiente de trabalho. Essa condição pode trazer argumentos em prol do não pagamento do adicional pelas empresas, provocando ações trabalhistas para o cumprimento do direito ao adicional.
PANORAMA DOS ACIDENTES DO TRABALHO
No mundo, milhões de pessoas morrem todos os anos vítimas de acidentes de trabalho e doenças relacionados às atividades desenvolvidas em seu ofício, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em nosso país ainda temos números bastante expressivos referentes a doenças e acidentes do trabalho. Avaliando a última estatística, houve uma queda no número de ocorrência, em relação ao ano anterior. No entanto, também diminuiu o número de postos de trabalho com carteira assinada, o que nos faz refletir se houve melhoria na consciência e na prevenção ou apenas redução no montante analisado. Os acidentes e as doenças ocupacionais computados na estatística oficial do Brasil não contemplam a economia informal. Embora as estatísticas de acidentes do trabalho divulgadas no relatório Anuário Estatístico da Previdência Social (Aeps, 2016) constituam um dado importante para a análise acidentária no País, os números de-
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vem ser relativizados. A radiografia leva em conta apenas os trabalhadores com vínculos formais (celetistas, temporários, avulsos, entre outros). Excluem-se os empregados informais, trabalhadores domésticos informais, profissionais autônomos, empregadores, militares e estatutários. Em outras palavras, o que se verifica é um recorte (e não o panorama completo) dos registros de acidentes em âmbito nacional. Para todo acidente de trabalho, a lei determina que seja emitida um Comunicado de Acidente do Trabalho (CAT) em caráter obrigatório, independentemente de haver ou não afastamento. Quando a empresa descumpre essa regra, o acidente não é notificado e fica fora das estatísticas oficiais.
ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO NA AGROPECUÁRIA
O setor agropecuário brasileiro, que absorve aproximadamente 1.500.000 empregos formais, aproximadamente 3% do total nacional, contabilizou 22.100, 18.300 e 17.088 ocorrências com CAT e 136, 137 e 101 doenças do trabalho nos anos de 2013, 2014 e 2015, respectivamente. A taxa de acidentalidade na agropecuária é de quase 1.600 por 100 mil trabalhadores e vem diminuindo ano a ano. Segundo avaliações do Griffin (1998), nos postos de trabalho do setor agropecuário, percebe-se a presença de vibrações em veículos utilizados nessas atividades que são transmitidos através do assoalho ou assento de um carro, uma plataforma vibratória ou o volante de uma máquina agrícola. Afirma ainda que vibrações são transferidas ao trabalhador através de superfícies em contato com pé, nádegas, costas, por meio de assentos e pisos. O estudo da vibração no corpo humano é de grande relevância para observar as suas fontes geradoras, propor meios para reduzi-las, assim como padronizar valores de referência para ambientes ocupacionais. Em uma avaliação desenvolvida por Sandi et al (2016), referente à vibração de tratores, utilizou-se um modelo com um motor de 2.300rpm no virabrequim, massa do operador de 61kg, quatro condições de lastragem, as quais resultaram em três diferentes massas: 70kN quando totalmente lastrado utilizando uma combinação de lastros sólidos e líquidos (L1), 54kN empregando somente lastro sólido (L2) ou líquido (L3) e 48kN sem qualquer tipo de lastro adicional (L4), sendo que em todas as situações adotou-se a mesma distribuição de 35% do peso no eixo dianteiro e 65%
no eixo traseiro, em quatro velocidades de deslocamento obteve uma exposição diária de: 1,19m/s-1 (V1); 1,47m/s-1 (V2); 1,75m/ s-1 (V3) e 2,08m/s-1 (V4), sendo em sua maioria acima do limite permitido por lei. A exposição direta a vibração pode ser extremamente grave. Os efeitos podem variar desde uma sensação de náusea até graves problemas físicos como espasmo vascular, dores nas costas, pescoço, peito, estômago, câimbras, dificuldades respiratórias, desconforto físico e psicológico, lesões, cansaço e queda de produtividade. A VCI ainda pode afetar o metabolismo, sistema nervoso central e aumentar as perdas de energia. Cada parte do organismo pode reagir de forma diferente e ter consequências também diferentes. Um importante instituto europeu, Health and Safety Executive (HSE, 1994), que acompanha a saúde dos trabalhadores em seus ambientes de trabalho, também afirma que a vibração pode provocar distúrbios e alterações, comprometendo a integridade física e a vida produtiva do trabalhador. De acordo com Santos et al (2016), a dor nas costas, também conhecida como dorsalgia, determina um caos à saúde do trabalhador, com reflexos econômicas e sociais, principalmente se houver a incapacidade funcional, atingindo a capacidade produtiva e o afastando do trabalho temporariamente ou permanentemente. O Código Internacional de Doenças (CID) M54 – Dorsalgia está na quarta posição do ranking das doenças mais incidentes e participou com 11,77% do total registrado no relatório da Aeps (2016) e pode ter o nexo causal também advindo de vibrações. A exposição ocupacional à vibração não é tão estudada no setor agrícola em comparação aos demais agentes. São necessários a avaliação e o controle nos ambientes de trabalho, principalmente nos postos mecanizados, pois é bastante frequente encontrarmos a presença de VCI. Na avaliação da vibração no ambiente de trabalho deve-se atentar para o conforto do trabalhador, a preservação da saúde e da segurança e a eficiência do trabalho. Alguns elementos podem influenciar diretamente a intensidade da vibração no operador em máquinas agrícolas, como: tipo e modelo de equipamento, idade da frota, tipo de pavimentação, velocidade, habilidade e experiência do condutor. Esses elementos podem ser avaliados para a redução dos valores de exposição. No ano de 2015, foram 3.524 acidentes (típico e trajeto) registrados com trabalhadores que utilizam a mecanização agropecuária, desse total, 3.091 acidentes típicos, 412 acidentes de
A falta de estatísticas de acidentes e de doenças decorrentes do trabalho torna o planejamento de trabalhos de prevenção muito mais difícel
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Fotos Ednilton Tavares de Andrade
trajeto e 21 doenças do trabalho. Em uma visita ao site da Previdência Social, percebe-se que praticamente inexistem registros de doenças e acidentes do trabalho com o Código Internacional de Doenças (CID) relacionados diretamente com vibração. A falta de estatísticas de acidentes e de doenças decorrentes do trabalho, principalmente o trabalho rural, pela falta de notificação por desconhecimento do assunto ou pela omissão de outros, agravados pela grande massa trabalhadora no setor informal, torna o planejamento de trabalhos de prevenção muito mais difíceis e de projeções muito subestimadas acerca dos prejuízos causados à saúde dos trabalhadores no setor. O setor rural possui limitações oferecidas pela carência de legislação específica para fabricação, comercialização e uso de máquinas e equipamentos no setor. O grau de instrução dos operadores de máquinas, bem como a ausência, muitas vezes, dos conceitos de segurança e ergonomia nos currículos escolares das escolas agrícolas, pode contribuir para a falta dos registros encontrados no cenário analisado. Importante frisar que existem exigências legais e normas nacionais e internacionais que regulamentam a exposição humana a níveis significativos de vibração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em tempo de crise, em que o ambiente de trabalho e o processo produtivo devem ser reorganizados, o conhecimento e o monitoramento da exposição aos agentes físicos capazes de fazerem mal à saúde da população devem ser antecipados, a fim de preservar a integridade física e a saúde do trabalhador. É conhecido que várias máquinas do setor rural emitem vibrações, as quais, associadas ao tempo prolongado de exposição, podem causar danos à saúde dos trabalhadores, porém praticamente não foram encontrados registros de CAT com o CID relacionados diretamente a vibrações nas estatísticas do governo brasileiro. Esse diagnóstico chama a atenção, pois o meio rural possui uma massa de trabalhadores no setor informal e devido ao desconhecimento sobre o assunto ou à omissão nos registros, existe uma subestimação dos prejuízos causados à saúde e ao direito do trabalhador e aos cofres públicos. Conhecer e monitorar a exposição nos locais de trabalho, conhecer e respeitar os limites estabelecidos para o tempo de exposição e registrar as ocorrências de acordo com o nexo da atividade contribuirão para o conhecimento da realidade enfrentada pelo setor sem máscaras que podem favorecer os custos das empresas e o tempo de contribui.M ção à Previdência Social. Ednilton Tavares de Andrade e Kátia Soares Moreira, Ufla
A vibração e o ruído excessivos podem representar deficiências no projeto de tratores
PULVERIZAÇÃO Fotos Saulo Fernando Gomes de Sousa
Raio X
Pesquisa realizada por três safras consecutivas apresenta um panorama nacional dos fatores que reduzem a qualidade das aplicações, o rendimento operacional e o aproveitamento das melhores condições meteorológicas
O
Brasil é um dos países mais importantes do mundo na produção agrícola. A estimativa da produção na safra 2018/19, segundo a Conab (2019), é de 235,3 milhões de toneladas, um crescimento de 3,4% em relação à safra anterior. No entanto, para manter essa produtividade é necessário um manejo correto das culturas, em que podemos destacar a aplicação de defensivos agrícolas. Destas aplicações, pelo menos 75% são realizadas com pulverizadores terres-
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tres. Por isso, é de suma importância que essas máquinas estejam reguladas, adequadas e com sua manutenção em dia. Sabe-se que com o avanço da idade ou uso, as máquinas e os implementos agrícolas tendem a sofrer desgaste natural de peças e, por isso, necessitam de manutenções preventivas e corretivas para manter a qualidade do trabalho. Como as pulverizações são realizadas em quase todo o ciclo da cultura, isso faz com que quando ocorrem danos e que-
bras, sejam realizados apenas pequenos reparos nas máquinas, que muitas vezes se tornam definitivos, provocando erros irreparáveis nas aplicações. Além disso, cada uma das pulverizações deve ser realizada no período mais curto possível, para aproveitar as melhores condições meteorológicas, e essas paradas para manutenção corretiva comprometem muito a janela de aplicação. Por exemplo, em certas épocas do ano é comum a existência de períodos de apenas quatro ou cinco horas por dia com condições meteorológicas favoráveis. Um problema que exija uma hora para ser resolvido, como uma conexão quebrada, pode tomar facilmente de 20% a 25% dessa “janela de aplicação”. O que ocorre com frequência devido à falta de manutenção adequada. Esse erro, muitas vezes, tende a ser compensado adotando estratégias que podem desfavorecer a qualidade e a segurança da aplicação, como excesso de velocidade ou redução da taxa de aplicação.
AVALIAÇÃO EM CAMPO
Para avaliar itens básicos de pulverizadores utilizados em algumas regiões brasileiras, pesquisadores da AgroEfetiva, em parceria com a Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (Fepaf), e da Unesp/FCA – Botucatu/SP em parceria com a Corteva AgriScience realizaram uma pesquisa in loco nas propriedades agrícolas com intuito de avaliar itens relacionados com a manutenção das máquinas através da metodologia da Inspeção Periódica de Pulverizadores (IPP), conduzida durante os anos de 2016, 2017 e 2018. A pesquisa foi realizada nos principais estados produtores de grãos e fibras do Brasil (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão). Durante a realização do trabalho, foram vistoriadas 142 máquinas, nas quais foram analisados os seguintes itens: desgaste de pontas de pulverização; manutenção e limpeza de filtros, presença e funcionamento de válvulas antigotejo e vazamentos. Também foi analisada a idade dos pulverizadores com intuito de verificar alguma correlação entre a manutenção e o tempo de uso das máquinas. Os resultados da pesquisa demonstraram que a maioria das máquinas utilizadas (75,6%) está com cinco anos ou mais de uso, sendo que a maior parte delas (46,7%) está na faixa de cinco a seis anos, como mostra a Tabela 1. A pesquisa também concluiu
Figura 1 - Idade média dos pulverizadores detalhando os estados pesquisados
que as máquinas mais novas estão no estado do Paraná e as mais antigas se encontram no Rio Grande do Sul, com médias de idade de 4,5 e 9,8 anos, respectivamente (Figura 1). É possível observar uma tendência entre a idade das máquinas e a porcentagem de erros encontrados no estudo. No Rio Grande do Sul, por exemplo, estado onde foi encontrada a maior média de idade, com 9,8 anos, apareceram os piores índices de conformidade quando avaliados vazamentos, desgaste e entupimento de pontas. Porém, essa correlação não é fiel em todos os casos. Santa Catarina possui pulverizadores relativamente novos quando comparado a outros estados avaliados, com média de idade de cinco anos, porém foi observado o pior cenário para o item válvulas antigotejo, com 77% de inconformidade. Ter uma máquina antiga não deve significar que a mesma esteja em mau estado de conservação. Na Tabela 2 é possível observar que 64,5% dos pulverizadores estão com as pontas apresentando algum tipo de problema, entupidas ou desgastadas, o que ocasiona falta ou excesso de produto aplicado em uma determinada área e/ou planta, prejudicando a qualidade do depósito e da cobertura dos alvos, tendo como um dos resultados, por exemplo, a aceleração da seleção de um indivíduo resistente entre pragas, doenças e plantas daninhas, e a qualidade ruim da aplicação. Na Figura 2 pode-se observar que o pior cenário para as pontas de pulverização está no Rio Grande do Sul, com 100% de não Figura 2 - % de não conformidade no desgaste e/ou entupimento de pontas dos pulverizadores
Figura 3 - % de não conformidade na manutenção e limpeza de filtros dos pulverizadores Figura 4 - % de não conformidade na presença e funcionamento de válvulas-anti gotejo dos pulverizadores
Figura 5 - % de não conformidade no item vazamentos dos pulverizadores avaliados
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Tabela 1 - Distribuição da frequência da idade dos pulverizadores avaliados em 11 estados brasileiros Frequência (anos) <3 3a4 5a6 7a8 >8
% 5,6 18,7 46,7 16,8 12,1
Itens inspecionados Desgaste ou entupimento de pontas Manutenção e limpeza de filtros Presença e funcionamento de válvulas anti gotejo Vazamentos
Catarina, com 77% de inconformidade. O cenário mais próximo do ideal foi encontrado no Mato Grosso e na Bahia, ambos com 13% de não conformidade (Figura 4). Em 54,5% dos pulverizadores avaliados houve algum tipo vazamento de calda, sendo estes em mangueiras, bicos, conexões, tanque etc. O estado do Rio Grande do Sul demonstrou os piores cenários, onde 100% dos pulverizadores avaliados apresentavam algum tipo de vazamento (Figura 5). Já os pulverizadores dos estados do Mato Grosso e da Bahia geraram os melhores resultados, com 39% de inconformidade. Esses vazamentos também tendem a ocasionar paradas durante as operações, e deveriam ser corrigidos antes disso, para evitar paradas desnecessárias. Além disso, são fontes de variação da dose aplicada, resultando em menor qualidade da aplicação e desperdício de produtos. Não de-
Não conformidade (%) 64,5 38,8 47,2 54,5
veriam, portanto, ser negligenciados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados da pesquisa são preocupantes, pois, de modo geral, mais da metade dos pulverizadores analisados apresentou algum tipo de inconformidade. Isso mostra que a manutenção está sendo deixada em segundo plano, o que poderá provocar, no futuro, perda de tempo e de dinheiro, quando necessariamente terão que ser realizadas manutenções corretivas, além, é claro, da perda indireta ocasionada pela falta .M de qualidade da aplicação. Saulo Fernando Gomes de Sousa, Rodolfo Glauber Chechetto, Alisson Augusto Barbieri Mota e Fernando Kassis Carvalho, AgroEfetiva, Botucatu/SP Ulisses Rocha Antuniassi, FCA/Unesp, Botucatu/SP
Fotos Saulo Fernando Gomes de Sousa
conformidade, enquanto os melhores índices foram encontrados no Tocantins, com 17% de não conformidade. No item manutenção e limpeza de filtros, em 38,8% do total de pulverizadores avaliados foram constatados problemas. O pior cenário foi encontrado no Tocantins, com 67% de não conformidade (Figura 3). Os estados de Mato Grosso e Bahia, com 16%, foram os melhores resultados para esse item. Esse tipo de problema também diminui o rendimento operacional das máquinas e a janela de aplicação. Paradas não programadas para a limpeza desses dispositivos prejudicam o planejamento da operação, levando à realização das aplicações em situações desfavoráveis, como excesso de vento, alta temperatura e baixa umidade. No caso das válvulas antigotejo, 47,2% dos pulverizadores resultaram em problemas. O pior cenário foi verificado em Santa
Tabela 2 - Porcentagem de não conformidade dos itens inspecionados nos pulverizadores avaliados
Filtros apresentando falta de manutenção e limpeza
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Vazamentos variados detectados durante as inspeções nas máquinas