Cultivar Máquinas 204

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Cultivar

Cultivar Máquinas • Edição Nº 204 • Ano XVII - Março 2020 • ISSN - 1676-0158

Índice

Destaques

04 Rodando por aí 05 Ficha Técnica

Raven mostra as transformações na agricultura com novas tecnologias

08 Colhedoras

Principais opções para a colheita mecanizada de uva

12 Colhedoras

Como velocidade de deslocamento e umidade interferem nas perdas

16 Capa

Utilização de bombas de pulverização para realizar aplicações de qualidade

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22 Pulverizadores

Novas tecnologias contra a deriva na aplicação de herbicidas

27 Mundo Máquinas

Jacto

Nossa capa

Conheça os lançamentos e destaques da Expodireto 2020

36 Motores

Tecnologias para controle de emissão de gases poluentes

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter

• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi Cassiane Fonseca • Revisão Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico Cristiano Ceia

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 269,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00

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3028.2000

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• Assinaturas Natália Rodrigues • Expedição Edson Krause

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


RODANDO POR AÍ Marketing de Colheitadeiras

Marco Montagna

A AGCO anunciou mudança na Gerência de Produto e Marketing Estratégico para Colheitadeiras, com a chegada de Marco Montagna. O novo executivo ocupa o lugar de Fabrício Müller, que, por sua vez, passou à Gerência de Produto e Marketing Estratégico para Crop Care, área que traz em seu portfólio pulverizadores e plantadeiras. Montagna, que chegou à empresa no último mês de fevereiro, reporta diretamente ao diretor de Marketing da AGCO América do Sul, Alfredo Jobke. O executivo é formado em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), com MBA em Marketing pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Business Administration Kellogg Executive Education e mestrado em Aplicação e Controle de Pragas pela Universidade de São Paulo (USP).

Fabrício Müller

Dia de Campo

A tecnologia das máquinas Stara foi uma das atrações do Dia de Campo realizado pela Diplan, em Passo Fundo (RS). A atividade ocorreu em área experimental da Universidade de Passo Fundo (UPF) nos dias 10 e 11 de março. Quem participou, pôde conferir o desempenho do Imperador 3.0, da plantadeira Cinderela e do lançamento da Stara, o Imperador 2000, que reúne um pulverizador autopropelido e um semeador pneumático na mesma máquina. Através de palestras técnicas e de diálogos com os participantes, a equipe Stara explicou o funcionamento das máquinas. A realização do evento também contou com a parceria da concessionária Ikona e da revenda Rota Agrícola.

Café em foco

A Agritech destacou dois modelos de tratores para cafeicultura na edição deste ano da Femagri – Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas, que occorreu em Guaxupé (MG), entre os dias 12 e 14 de fevereiro. O trator 1160 atende aos produtores rurais que necessitam de um trator estreito, compacto e econômico para trabalhar em lavouras de diferentes espaçamentos. “O modelo possui reversor de velocidades 24 x 24, além de câmbio principal e secundário sincronizados, tomada de potência econômica e proporcional, levante hidráulico de 2.200kg e baixo consumo de combustível”, explica o coordenador de Negócios da Agritech, Cesar Roberto GuiCesar Roberto Guimarães marães de Oliveira.

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Aplicativo de financiamentos

O Banco CNH Industrial lançou o aplicativo +Capital, ferramenta digital que agiliza o processo de financiamentos, diminuindo o tempo de espera na aprovação do crédito. O +Capital simula financiamentos on-line, captura documentos, com autopreenchimento de dados, e faz envio de propostas de CDC e Moderfrota. A ferramenta esteve disponível para as marcas Case IH e New Holland Agriculture na Expodireto Cotrijal. “O diferencial do +Capital é que ele indica a melhor opção de financiamento para cada cliente, além de enviar a proposta on-line para análise de crédito do Banco CNH Industrial. Durante o processo, o vendedor recebe notificações de todas as etapas, até a emissão do contrato”, explicou o diretor das áreas Comercial, de Marketing e Seguros do Banco CNH InMárcio Contreras dustrial, Márcio Contreras.


FICHA TÉCNICA

Transformação da agricultura Tecnologias oferecidas estão revolucionando a agricultura e trazendo mais precisão e desempenho das máquinas agrícolas

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om conhecimento e tecnologia os avanços na produção agrícola estão cada vez mais intensos, os resultados na quantidade produzida, qualidade dos produtos e economia com insumos proporcionam um rápido retorno do investimento, além disso, produz-se mais em menos espaço. Na produção, a tecnologia pode ser empregada nas fases de plantio à colheita, com a orientação de um agrônomo e a inserção de equipamentos que adicionam precisão no maquinário têm-se ainda mais eficácia no processo. Existem opções tecnológicas para produtores que estão começando a aderir um manejo diferenciado, iniciando a modernização em sua propriedade e para os que já trabalham

com soluções avançadas e querem uma produção cada dia mais tecnificada. A agricultura de precisão fornece tecnologia de impacto para produtores em todo o mundo, resultando em uma lavoura mais produtiva, eficiente e rentável. As informações geradas em campo estão mais acessíveis, os dados mais confiáveis e o processo de análise mais rápido e assertivo. Para um sistema de direção automática, onde é possível mais precisão e trabalhar em linhas previamente estabelecidas, além de reduzir a ação contínua do operador, trabalha-se com o sistema Raven RS1™, uma solução GPS completa que combina piloto automático, GPS e telemetria Slingshot® dentro de uma única uni-

dade intuitiva e fácil de usar. Caracteriza-se como um sistema de direção preciso a altas velocidades e com a aquisição rápida de linhas de direção, melhorando a eficiência e oferecendo a capacidade de cobrir mais hectares em um dia. O piloto oferece diagnósticos de desempenho da máquina enquanto o operador trabalha, alertando a Raven sobre possíveis problemas e conectando a máquina ao suporte técnico quando precisar. A unidade foi projetada com uma configuração simples e integrada aos guias de ajuda, aprimorados por Slingshot® solução que proporciona suporte remoto, transferência de arquivos, atualizações de software e gerenciamento de frotas e logística.

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TELEMETRIA

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telemetria em máquinas agrícolas auxilia na coleta e compartilhamento dos dados gerados em campo. Essa solução fornece conectividade wireless de alta velocidade, celular, sinal sem interrupção na transferência de arquivos, correções RTK, rastreamento de veículo e suporte remoto do time de especialistas da

Recursos e Benefícios do piloto Raven RS1TM • Desempenho aprimorado de direção em uma ampla faixa de terreno; • Compensação 3D aprimorada para terreno acidentado; • Ampla faixa de temperatura para sensores Inerciais (-40 a 70 graus °C) possibilitando o trabalho nas condições mais adversas; • Procedimento simplificado de calibração de campo; • Solução GPS totalmente escalável, para diferentes aplicações e precisões; • Diagnósticos aprimorados; • Conectividade (Atualizações via internet, Suporte Remoto e Telemetria); • Múltiplos Métodos de Conectividade do Sistema (celular, wifi, ethernet); Bullet Compatível com mensagens Isobus 11783 para os controladores de direção ISO e controladores Raven aftermarket.

PILOTO SC1TM

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Raven, já é realidade com o Slingshot®. O sistema é um conjunto de hardware, software e serviços logísticos conectados que otimizam o planejamento e a execução das atividades no campo. Oferece conectividade para sinais de correção RTK, serviços on-line, recursos sofisticados de gerenciamento de dados, equipamentos de precisão e suporte e serviço em campo. Realizou-se uma análise comparativa entre o piloto Raven RS1™ e o piloto da concorrência, em que foi possível verificar a precisão da direção quando ocorre variação da faixa de velocidade. No primeiro caso, a máquina estava a uma velocidade de 1,6km/h, a direção do Raven RS1™ apresentou uma variação de cerca de ± 1,75cm contra ± 2,5cm da concorrência. Ao aumentar um pouco mais a velocidade para

Figura 1 - Comparativo entre o piloto Raven RS1™ e a concorrência

utra opção de piloto é o Raven SC1™, solução que possui excelente custo-benefício e foi projetada para fornecer direção de máquina de ponta, oferece alta precisão em velocidades baixas e altas de até 46km/h, com a rápida aquisição de linha melhora a eficiência e dá ao produtor a capacidade de cobrir mais hectares em um dia. O SC1™ acoplado a um computador de campo Raven e a uma solução GPS de sua escolha possui funcionalidade e interface de usuário semelhantes ao piloto Raven RS1™, a unidade foi projetada com uma simples configuração e guias de ajuda integrados. Possui compatibilidade com os computadores de campo da Raven Viper® 4/Viper® 4+ e CR7™ e CR12™.

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8km/h, ambos os pilotos apresentaram a mesma variação de ± 2,5cm. Para uma velocidade de 16km/h, a direção do Raven RS1™ apresentou uma variação de cerca de ± 3cm contra ± 6,25cm da concorrência. Aumentando a velocidade para 24km/h, a direção do Raven RS1™ atingiu uma variação de cerca de ± 3,75cm enquanto a concorrência atingiu valor de cerca de ± 8,75cm. Os resultados comparam a trajetória observada versus a trajetória alvo em 95% do tempo dos dados coletados. O teste de comparação utilizou um Raven RS1™ com um sensor de ângulo da roda interno. SC1™ é um módulo eletrônico que contém os mesmos inerciais e base de processamento que o RS1™. Os resultados individuais podem variar em função do terreno, nas condições do solo, na calibração, nas correções do GNSS etc.

Recursos e Benefícios do piloto Raven SC1™ • Utiliza GPS/GNSS externo com GPS Raven 500S, 700s ou de terceiros; • Capacidade de configurar rádios disponíveis no mercado que trabalham na faixa de frequência de 450/900Mhz; • Solução de piloto automático para o mercado Aftermarket.


Fotos Raven

SISTEMA VSNTM

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ma novidade no mercado brasileiro é o sistema de orientação visual por câmera, o VSN™. O lançamento da Raven, que representa o mais novo avanço da tecnologia, utiliza as linhas do plantio como orientação da máquina. Esta inovação tecnológica utiliza uma câmera estéreo para navegar sobre as linhas, permitindo que o operador mantenha seu foco em outros aspectos importantes da pulverização. Ela permite minimizar os impactos de amassamento do plantio, cobre-se mais áreas por dia, proporcionando uma operação mais fácil do pulverizador gerando retorno rápido de investimento e maximizando o lucro da produção. Como VSN™ melhora sua operação e performance? Ele trabalha em áreas que têm limitação na cobertura GPS/GNSS – próximo a árvores, valas, montanhas etc, e também habilita a máquina a automaticamente se ajustar a inconsistências das linhas do plantio. Além disso, reduz a fadiga do operador e melhora o controle de guia e a simples operação, resultando em um mínimo dano da produção. Possui telemetria Slingshot® e atualização de software via internet. Ele também possibilita operar em alta velocidade, ultrapassando os 36km/h e trabalhar em terrenos com mais de 8 graus de declividade. Esta tecnologia já foi testada nas culturas de milho, soja algodão e sorgo.

RECEPTOR 700S

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unto ao piloto utiliza-se um receptor GNSS, equipamento que permite identificar o local onde o aparelho se encontra na Terra. O 700s é o mais recente receptor GNSS da Raven com tempo de convergência rápida, em menos de 18 minutos, e melhor precisão (erros abaixo de 3cm em 95% do tempo). Com essas atualizações na precisão de nossa tecnologia GNSS, o produtor terá acesso a um melhor registro dos locais em campo. Dados de localização mais precisos permitirão informações mais precisas para mapear rendimentos, aplicação de fertilizantes, mapeamento de campo, paralelismo entre os percursos e aplicação de defensivos agrícolas a taxa variável. Um sistema de GNSS preciso desempenha um papel crítico na otimização dos lucros e sustentabilidade com um impacto ambiental reduzido.

PROPÓSITO DA RAVEN

Na Raven, aspiramos a resolver grandes desafios. A equipe Raven junto a parceiros se esforça para levar alta tecnologia para o campo e ajudar o agricultor a resolver os desafios diários. A Raven é uma empresa focada em alimentar o mundo, proteger os recursos da terra, aprimorar a segurança e a conectividade, sempre com qualidade, serviço, inovação e alta performance. Saiba .M mais em www.ravendobrasil.com.

Sistema VSN™ de orientação visual por câmera de vídeo

Receptor GNSS 700S com tempo de convergência rápida

Recursos e Benefícios do receptor Raven 700S • Não requer uma estação base, simplificando os equipamentos necessários, reduzindo o investimento inicial em infraestrutura; • Receptor de dupla frequência de alto desempenho; • Total escalabilidade para uma maior precisão, de acordo com a necessidade; • Configuração simples e rápida.

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COLHEDORAS Pellenc

Colheita mecanizada

de uva A mecanização na produção de uva no Brasil cresce a cada safra. Uma das etapas que têm muito para mecanizar é a colheita, que ainda caminha a passos lentos 08

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videira é cultivada em diversas regiões do mundo, sendo que a Europa é responsável por 51% da produção mundial, seguida por Ásia (21%), América (19%) e África (5%) (Leao, 2005). Os países com maior produção de vinhos no mundo são França, Itália, Espanha, Estados Unidos, Argentina e Chile, respectivamente. O Brasil é o 15º na lista, sendo que a uva é a quarta fruta mais produzida no país (Neumann, 2017). Aproximadamente, a metade da produção de uvas produzidas no País atende às demandas do mercado de consumo in natura, o restante é explorado principalmente para a produção de vinhos e sucos, que está concentrada no Sul do País (Maia, 2018). As bagas destinadas para produção de vinhos e sucos requerem uma seleção de menor qualidade, assim, podendo ser realizada a colheita mecanizada. A vitivinicultura, desenvolvida no Rio Grande do Sul, é responsável por 90% dos vinhos elaborados no Brasil. A cultura tem raízes profundas na história do estado, especialmente na história demarcada pela imigração na Serra gaúcha. Hoje, além de sua importância cultural, o setor ocu-


PRODUÇÃO DE UVA NO BRASIL

A média de produção no Rio Grande do Sul ficou em torno de 600 milhões de quilos, nos últimos cinco anos (Figura 1). Entretanto, no ano de 2016, a safra de uvas teve uma das maiores quebras registradas, com uma redução de 57% em relação ao ano anterior, equivalente, aproximadamente, a 300 milhões de quilos de uvas no território gaúcho (Graça, 2019). A principal causa da quebra histórica no ano 2016 foi uma série de acontecimentos climáticos que prejudicaram o desenvolvimento das uvas ao longo do ano, como geadas e excesso de chuvas. Em 2018, o Brasil exportou em torno de quatro milhões de litros de vinho, com um aumento de 26,6% em relação ao ano anterior, sendo o terceiro ano seguido, com aumento nas exportações brasileiras (Figura 2). Segundo a Conab (2019), os principais destinos das exportações brasileiras são o Paraguai, com 3,3 milhões de litros (79,1%), os Estados Unidos, com 197,6 milhões de litros (4,7%), o Reino Unido, com 82,3 milhões de litros (2%), e o Haiti, com 79,5 milhões de litros (1,9%).

dentre eles o objetivo da produção, as condições do solo e do clima, o custo de instalação e de manutenção e o método de colheita, sendo este último o fator de primordial e foco do estudo em questão. Os sistemas de condução do dossel vegetativo mais utilizados no Rio Grande do Sul são a espaldeira e a latada, entretanto, há um terceiro sistema de condução chamado manjedoura ou “Y”, que ainda é pouco utilizado.

COLHEITA DE UVA

No começo da produção em maior escala, os produtos eram colhidos ma-

nualmente, com limitações tecnológicas e com elevado número de pessoas trabalhando no campo. Com a evolução das máquinas, o auxílio de tecnologias e pesquisas, surgiu a colheita manual-mecânica e, posteriormente, a colheita totalmente mecanizada. Embora os três tipos de colheita citados são parte da evolução da sociedade, pode-se observar que eles coexistem ainda hoje, levando em conta o tipo do produto, o nível socioeconômico dos agricultores e a disponibilidade de mão de obra (Moraes; Reis; Machado, 2005). Ao considerar a finalidade do produto, pode-se empregar dois métodos de

Fotos Charles Echer

pa uma posição importante na economia do estado (Pires, 2014). No estado do Rio Grande do Sul, a produção situa-se nas regiões da Serra gaúcha, Campanha, Serra do Sudeste e região central. Assim, buscamos apresentar diferentes métodos de colheita de uva, com ênfase na colheita mecanizada.

CONDUÇÃO DO DOSSEL VEGETATIVO

A cultura da uva necessita ser cultivada com alguma forma de suporte, pois se trata de uma planta que tem uma grande diversidade arquitetônica de seu dossel vegetativo e das partes perenes, e a distribuição do tronco e dos braços do dossel vegetativo está diretamente ligada com o sistema de sustentação (Miele, 2015). A escolha do sistema de condução vai depender de uma série de fatores,

A escolha do sistema de condução (espaldeira, latada ou Y) vai depender de uma série de fatores, dentre eles o objetivo da produção, e as condições de solo e clima

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Figura 1- Produção de uva nas últimas cinco safras, no estado do Rio Grande do Sul. Fonte: adaptado de Sisdevin/DAS, 2019

Figura 2- Exportações Brasileiras – Vinhos e outros derivados da uva. Fonte: Conab, 2019.

Figura 3 - Mecanismos de funcionamento da colhedora autopropelida de uva sistema espaldeira

1 - Hastes sacudidoras; 2 - Hastes Apuradoras; 3 - Sistema de transporte; 4 - Reservatório de bagas; 5 - Sopradores. Fonte: Adaptado de Valente e Barreiro Elorza, (2015)

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colheita. Para uvas de mesa, com finalidade de consumo in natura, é recomendada a colheita manual. Essa técnica considera seletividade, ou seja, pode-se escolher o produto em função de tamanho, formato, cor, textura, isenção de danos mecânicos, entre outros. A utilização dessa técnica apresenta muitas vantagens. Os danos às bagas são pequenos e, com mão de obra qualificada, é possível selecionar os cachos individuais, de acordo com o nível de maturação, descartando as uvas não saudáveis. Ainda, não possui limites com relação a espaçamento entre filas ou formas de condução da vinha e são necessários poucos equipamentos, restringindo a facas ou tesouras e cestos para depósito. No caso das uvas destinadas para a fabricação de vinhos e derivados, é recomendada a colheita mecanizada. Esta técnica agiliza o processo e reduz o custo, entretanto, a principal desvantagem é a menor qualidade na seleção das bagas. A colheita mecanizada é utilizada nos vinhedos plantados em espaldeiras, latadas e sistema “y”, onde as máquinas provocam o desprendimento das bagas e recolhimento antes de chegar ao solo. Ao realizar a escolha da colhedora deve-se considerar o sistema de condução do dossel vegetativo. As colhedoras são específicas para cada sistema, mas apesar disso a colhedora do sistema latada pode ser utilizada no sistema “Y” com pequenas regulagens. Todas as colhedoras possuem, em comum, os seguintes elementos básicos: sistema de desprendimento da uva, dispositivo de apara ou recepção, sistema de transporte, depósito e órgãos de limpeza (Silveira, 2001).

COLHEDORA AUTOPROPELIDA DE UVA PARA O SISTEMA DE ESPALDEIRA

As colhedoras autopropelidas para o sistema espaldeira utilizam transmissão hidráulica, onde o motor aciona uma ou duas bombas e então o óleo é enviado para os motores hidráulicos que acionam as correias transportadoras, os ventiladores e os cilindros que produzem descarga dos depósitos e outros deslocamentos. A máquina se desloca devido à ação de motores hidráulicos situados nas rodas motrizes (Silveira, 2001). As colhedoras do sistema em espaldeira (Figura 3) possuem cinco mecanismos de funcionamento, sendo eles: hastes sacudidoras, são responsáveis por desprender as bagas dos cachos, que caem sobre o sistema de vedação. Essas hastes são fixadas em cilindros, que giram, causando o desprendimento das bagas dos cachos. Hastes aparadoras localizam-se na parte inferior da colhedora, sua função é impedir que as bagas caiam no solo, conduzindo-as para o sistema de transporte, o qual recebe as bagas soltas e as transporta até os reservatórios de uvas. Um reservatório de bagas armazena o produto colhido. Os sopradores são responsáveis por retirar o material mais leve que as


uvas, como folhas e partes que se desprenderam das plantas, como galhos pequenos. Algumas colhedoras também são equipadas com hastes vibratórias que retiram as impurezas citadas (Valente; Barreiro Elorza, (2015).

COLHEDORAS DE UVA PARA O SISTEMA LATADA

Os mecanismos de funcionamento da colhedora latada são similares aos da colhedora do sistema em espaldeira. O que difere é que esta colhedora não necessita de sistema de hastes aparadoras para evitar que as bagas caiam no solo, pois as mesmas já caem sobre a esteira transportadora, no final desta localiza-se um reservatório. Quando atinge a capacidade máxima é desacoplado da colhedora e substituído por outro. As máquinas montadas para colheita no sistema latada são acopladas na barra de tração, o equipamento é acionado pela tomada de potência do trator e requer de 40cv a 70cv de potência no motor (Machado, 2019). Os demais sistemas são similares aos da colhedora autopropelida do sistema espaldeira.

COLHEDORA AUTOPROPELIDA DE UVA PARA O SISTEMA MANJEDOURA OU “Y”

Não existe uma colhedora específica para esse sistema de condução do dossel vegetativo em sistema “Y”. Segundo Machado (2019), alguns produtores utilizam a mesma colhedora do sistema latada, por esta possuir um mecanismo de ajuste da altura do equipamento até as plantas, o que permite a utilização de forma inclinada.

COLHEITA MECANIZADA DE UVA E MÃO DE OBRA

A demanda por mão de obra é sazonal e de ano em ano, o que dificulta a especialização dos trabalhadores. Isso, correlacionado com uma curta janela de colheita, acaba dificultando o processo de colheita manual. Desta forma, a colheita mecanizada vem aumentando ano a ano. Segundo Todeschini et al (2019), os produtores relatam que o investimento tem retorno em um período de no máximo três safras. Em Santana do Livramento (RS), o Grupo Miolo, proprietário da vinícola Almadén, relata que, mesmo com investimento na colheita mecanizada da videira, o número de colhedores não diminui. Além disso, a qualidade e a agilidade na colheita aumentaram (Grupo Miolo, 2019). Os coletores são remanejados para outras funções como: preparar a área para passagem da colhedora, retirada de frutas estragadas (aumentando a qualidade na seleção das bagas) e limpeza da área. Assim, a empresa ganha em agilidade e qualidade, minimizando as perdas de frutas.

CUSTO DE AQUISIÇÃO

As colhedoras do sistema em espaldeira são equipadas

com muita tecnologia embarcada e conforto a bordo. O seu custo de aquisição pode ser seis vezes maior que as colhedoras do sistema latada, é claro dependendo do modelo de ambas as colhedoras. Segundo Mendoza (2016), as colhedoras do sistema em espaldeira custam em torno de 380 mil dólares. Em relação às colhedoras do sistema latada, custam em torno de R$ 200 mil a R$ 250 mil (Benata, 2019).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A exportação de vinhos gaúchos está em constante crescimento, porém o Brasil ainda importa muito no que se refere a vinhos, ou seja, temos um amplo mercado para ser explorado. A colheita de uva é realizada de duas formas: manual, quando seu destino é o consumo in natura devido à seleção das bagas, e mecanizada, para uvas destinadas à produção de vinhos e derivados. A escolha do sistema de condução do dossel vegetativo implica diretamente na colhedora que será utilizada. As condições de topografia, financeiras e a disponibilidade de mão de obra devem ter um des.M taque no planejamento da colheita. Luan Pierre Pott, Airton dos Santos Alonço, Henrique Eguilhor Rodrigues, Gessieli Possebon, Mayara Torres Mendonça, Rômulo Bock, Wagner Alexandre Silveira da Cruz, Ítala Thaísa Padilha Dubal e Tiago Rodrigo Francetto, Laserg/UFSM

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A metade da produção de uvas produzidas no País atende às demandas do mercado de consumo in natura, o restante é explorado principalmente para a produção de vinhos e sucos

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COLHEDORAS

Velocidade e umidade Velocidade da colhedora e umidade dos grãos são dois fatores importantes que devem ser considerados durante a colheita para minimizar perdas desnecessárias John Deere

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entro do processo produtivo da soja, a colheita é uma das atividades mais importantes, uma vez que se refere à última etapa anterior à comercialização dos grãos e se realizada de maneira incorreta pode provocar perdas significativas, o que impacta diretamente no lucro final dos produtores. Apesar da alta tecnologia empregada nas colhedoras, em muitas propriedades, as perdas

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de grãos geradas durante colheita têm ultrapassado o limite tolerável para a cultura da soja, que é de uma saca por hectare. As perdas na colheita mecanizada de soja ocorrem por fatores relacionados à cultura e à colhedora. Em relação à cultura, podem-se citar umidade dos grãos, deiscência das vagens, semeadura inadequada, presença de plantas daninhas e mau desenvolvimento da cultura. Já os

fatores relacionados à máquina incluem velocidade do molinete, altura da barra de corte, rotação do cilindro trilhador, abertura entre o cilindro e o côncavo e velocidade de deslocamento da máquina. Dentre os fatores responsáveis por provocar perdas dentro do processo de colheita da soja, a umidade dos grãos e a velocidade de deslocamento da colhedora merecem atenção especial. Grãos colhidos com


teor de água acima de 15% estão sujeitos a perdas nos mecanismos internos da máquina, uma vez que a alta umidade dificulta o trabalho do sistema de trilha. Por outro lado, se a colheita ocorre no momento em que os grãos estão com umidade inferior a 13%, tem-se a ocorrência de danos imediatos (quebras) e perdas na plataforma de corte. Em relação à velocidade, os limites recomendados para a colheita da soja variam de 4km/h a 7km/h, e quando não respeitados tem-se a ocorrência de perdas significativas. A determinação da velocidade de trabalho correta deve ser feita com base na produtividade da cultura e na capacidade admissível da colhedora de processar todo o material colhido. Diante desse contexto, pesquisadores do Instituto Federal Goiano – Campus Ceres avaliaram as perdas na colheita mecanizada de soja em função de três velocidades de deslocamento da colhedora (4km/h, 5km/h e 6km/h) e três umidades dos grãos (13%, 15% e 17%). Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial, com seis repetições para cada tratamento. A pesquisa foi realizada no mês de fevereiro de 2018 em uma fazenda produtora de grãos localizada no município de Itapaci (GO). Na área foi semeada a variedade de soja Brasmax Desafio, tendo essa sido implantada no espaçamento de 0,50m entre linhas, com um estande final de aproximadamente 350 mil plantas por hectare. A colhedora utilizada para a colheita é da marca John Deere, Modelo S 540, com plataforma do tipo convencional de 25 pés (7,62m) e sistema de trilha axial. A máquina operou em segunda marcha, rotação do ventilador de 540rpm, rotação do molinete de 35rpm, velocidade do cilindro trilha de 570n min-1, côncavo com 20mm e peneiras superior e inferior respectivamente com 22mm e 13mm. Durante a colheita foram quantificadas as perdas naturais, por deficiência de altura de corte, da plataforma de corte, dos mecanismos internos e totais. As perdas naturais foram determinadas antes do início da colheita utilizando uma armação retangular de 2m² com o mesmo comprimento da plataforma da colhedora. Foram amostrados vários pontos ao longo da área, sendo que em cada um desses, a armação era colocada entre as plantas e todos os grãos que estavam caídos ao chão coletados. Para determinar as perdas na plataforma e nos mecanismos internos, utilizou-se um conjunto de peneiras com área útil conhecida, sendo que em cada ponto amostrado eram arremessadas três peneiras debaixo da máquina, estando essa em processo de colheita. Os grãos caídos sob a peneira correspondem às perdas internas, enquanto que os grãos que ficaram debaixo da peneira, descontando-se as perdas naturais, referem-se às perdas da plataforma. As perdas por deficiência de altura de corte foram obtidas coletando-se as vagens que estavam presas em partes remanescentes de caule ou resteva que não foram colhidas pela máquina. As perdas totais foram determinadas fazendo-se o somatório das outras perdas quantificadas anteriormente. Em relação aos resultados obtidos, não houve a ocorrência

Figura 1 - Perdas por altura de corte para colheita mecanizada de soja sob diferentes umidades dos grãos e velocidades de deslocamento da colhedora

Figura 2 - Perdas na plataforma de corte para colheita mecanizada de soja sob diferentes umidades dos grãos e velocidades de deslocamento da colhedora

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Figura 3 - Perdas internas para colheita mecanizada de soja sob diferentes umidades dos grãos e velocidades de deslocamento da colhedora

Figura 4 - Perdas totais para colheita mecanizada de soja sob diferentes umidades dos grãos e velocidades de deslocamento da colhedora

de perdas naturais, evento esse que está associado à variedade de soja analisada que apresenta uma menor suscetibilidade à deiscência natural das vagens. A debulha natural é uma característica que está intimamente relacionada à variedade de soja cultivada, existindo algumas mais suscetíveis que outras. Esse aspecto torna-se ainda mais relevante quando há o retardamento da colheita, uma vez que a ação dos fatores climáticos, como alta temperatura e umidade, tende a contribuir para o processo de deiscência das vagens. Para as perdas por deficiência de altura de corte (Figura 1), os piores resultados foram obtidos com a colheita sendo realizada na umidade de 17% (10,17kg/ha). Já em relação às diferentes velocidades, pouco influenciaram na ocorrência desse tipo de perda. A ocorrência de perdas por altura de corte é uma fator que está intimamente relacionado com a topografia da área, bem como com a altura de inserção da primeira vagem. Variedades de soja que tem como característica baixa altura de inserção da primeira vagem tendem a contribuir para a ocorrência desse tipo de perda. No presente ensaio, a altura média de inserção da primeira vagem das plantas foi de 0,14m, valor esse que é considerado bom para a colheita mecanizada da soja. Na Figura 2, observa-se que os maiores valores de perdas na plataforma de corte (PP) foram encontrados na umidade de 17% (38,35kg/ha), podendo esse resultado ser explicado pelo alto conteúdo de água da massa vegetal que dificulta o corte das plantas. Para as velocidades testadas, verifica-se que a maior PP foi obtida com a velocidade de 4km/h, estando esse resultado associado à velocidade de rotação do molinete, que estava excessiva para a velocidade supracitada. A rotação do molinete deve ser de 15% a 20% acima da velocidade de deslocamento da colhedora, sendo que rotações acima desse limite provocam abertura das vagens quando as barras transversais do molinete atingem a planta. Nas perdas internas (PI) (Figura 3), verifica-se que à medida que houve o incremento do teor de água dos grãos, os valores de PI tenderam a aumentar. Isso mostra que em condições de maior umidade, tem-se o aumento da resistência à desagregação entre a massa vegetal e os grãos no sistema de separação e

Monitoramento das perdas com a máquina em processo de colheita

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Fotos Walter José Pereira Filho

Coleta dos grãos perdidos após a passagem da máquina

limpeza, e em função disso, a debulha das vagens torna-se mais difícil, ocorrendo assim elevação das perdas. Em relação às velocidades, observa-se o mesmo comportamento apresentado anteriormente, em que as perdas internas se elevaram com o aumento da velocidade. Esse fato está associado com a taxa de alimentação da máquina, que com a elevação da velocidade tende a aumentar e, por conseguinte pode comprometer a capacidade operacional do sistema de separação e limpeza, que não consegue processar toda a massa vegetal quando há um grande fluxo de material. Nas perdas totais (PT), como mostra a Figura 4, a umidade influenciou significativamente, tendo a umidade de 17% proporcionado uma perda média de 64,87kg/ha, valor esse que está acima do limite tolerável para a cultura da soja (60kg/ha). As outras umidades analisadas proporcionaram valores de PT dentro do limite aceitável. Fazendo um comparativo em relação à produtividade da cultura, que foi de 5.454kg/ ha, as umidades de 13%, 15% e 17% proporcionaram uma perda total que corresponde respectivamente a 0,71%, 0,78% e 1,18% da produtividade obtida. Outro fato importante é que a diferença entre a menor e a maior perda média de grãos foi de 26kg/ha, resultado esse que demonstra que é muito importante a atenção do produtor para a umidade dos grãos durante a operação de colheita ao longo do dia, sendo uma estratégia para minimizar as perdas a adoção de uma regulagem para cada período do dia, já que a umida-

Peneiras utilizadas para determinar as perdas na plataforma e nos mecanismos internos

de varia continuamente, tendendo essa a estar mais alta pela manhã e mais baixa no período da tarde. Em relação às velocidades, todos os valores de perdas obtidos situaram-se bem próximos e dentro do limite tolerável para a cultura da soja, na ordem de 0,93%, 0,83% e 0,92%, respectivamente para 4km/h, 5km/h e 6km/h em relação à produtividade. De maneira geral, as diferentes velocidades não exerceram muita influência nas perdas totais, estando esse resultado associado à colhedora, que conta com um sistema de trilha axial, o que possibilita operações em maiores velocidades. As perdas totais foram pouco influenciadas pelas perdas por altura de corte, sendo o maior percentual de contribuição oriundo das perdas na plataforma, que representaram de 51% a 75% da PT. Esse resultado é um indicativo de que é necessário atentar-se às regulagens da plataforma

de corte, principalmente ao posicionamento do molinete em relação à barra de corte e à velocidade periférica do molinete. As perdas na colheita mecanizada de soja podem ser minimizadas com simples ajustes realizados na máquina e o passo principal para isso é monitoramento frequente das perdas durante o processo de colheita. Com base nas condições em que foi feita a pesquisa, a colheita da soja pode ser realizada com os grãos apresentando umidade de 15% e a colhedora operando a 6km/h, proporcionando, dessa forma, bom rendimento operacional e redução do tempo de perma.M nência da cultura no campo. Walter José Pereira Filho, Ariel Muncio Compagnon, Rayan Fernandes Naves, Felipe José Barbosa Franco e Luíla Macêdo Lemes, Instituto Federal Goiano – Campus Ceres

Autores falam sobre a importância de verificar a velocidade da colhedora e a umidade dos grãos para evitar perdas desnecessárias na hora da colheita

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CAPA

Jacto

O coração do sistema Elemento fundamental para realizar uma aplicação de qualidade, as bombas de pulverização equipam autopropelidos e pulverizadores de arrasto, movimentando todo o produto desde o tanque até a saída dos bicos

O

avanço genético de cultivares cada vez mais produtivas traz consigo a maior necessidade de proteção e cuidados com as culturas agrícolas. Por isto, no cenário atual, a pulverização é uma operação que vem se tornando cada vez mais importante, sendo responsável pela aplicação de produtos que têm peso considerável nos custos de produção. O pulverizador agrícola é composto, basicamente, por um sistema hidráuli-

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co, onde a calda a ser aplicada circulará desde o ponto de abastecimento do tanque, até a ponta de pulverização. O componente responsável por realizar o deslocamento da calda de um ponto a outro é a bomba de pulverização. Assim, pode-se dizer que a bomba é o “coração do sistema”. Devido à pequena variação dos sistemas hidráulicos de pulverização entre os diferentes fabricantes do pulverizador, apresentaremos um sistema geral, sem particularizar marcas e modelos. O sistema se inicia por um ponto de entrada, onde é realizado o abastecimento de água e, no caso dos pulverizadores mais simples, dos produtos químicos que serão aplicados. Há sistemas em que o produto é misturado fora do depósito de água limpa. Este depósito, por sua vez, é responsável pelo armazenamento da água ou da calda, que é a mistura do princípio ativo e seus aditivos com a água. A calda será conduzida por tubulações para a bomba de pulveriza-


ção, onde será pressurizada. A calda pressurizada poderá ter dois destinos, selecionados pela posição do regulador de pressão, controlando o fluxo do líquido entre o que vai para o circuito e o retorno ao depósito. Quanto menor o retorno da calda para o tanque, maior será a pressão do sistema e, consequentemente, maior será a vazão da calda na ponta de pulverização e menor o tamanho das gotas. Ressalta-se que a vazão apenas duplica quando se aumenta quatro vezes a pressão. Antes que o líquido chegue à ponta de pulverização, passará, em alguns casos, pelas válvulas de acionamento de seção. Estas válvulas, que podem ser mecânica/manual, hidráulica ou então pneumática, têm a função da liberação ou não do fluxo de calda para uma seção da barra do pulverizador, onde encontra-se um determinado conjunto de pontas. Todo este sistema é protegido por filtros, desde a entrada do depósito até a ponta de pulverização, ou seja, sempre antes de cada componente importante existe um filtro, a fim de barrar a entrada de impurezas que podem ocasionar obstruções e inclusive danificar as pontas. Neste artigo, optamos por separar os pulverizadores de barra em dois grandes grupos, que possuem características distintas de trabalho e, consequentemente, diferentes bombas de pulverização. De um lado temos os pulverizadores autopropelidos e de outro os pulverizadores “tratorizados”, que possuem a bomba de pulverização acionada pela tomada de potência (TDP) do trator.

AUTOPROPELIDOS OU DE ARRASTO

Os pulverizadores autopropelidos - que são máquinas independentes, ou seja, tanto o sistema de pulverização quanto o de deslocamento são acionados por um motor de combustão interna possuem o acionamento da bomba de pulverização de maneira independente, geralmente através de fluxo hidráulico de óleo. A velocidade de trabalho destes equipamentos é elevada, dessa forma, a bomba deve atender a vazão demandada pelo sistema, para manter a taxa de aplicação constante, atingindo um considerável número de pontas. Esta independência não ocorre em pulverizadores acionados pela TDP, pois tanto para o funcionamento do

sistema de pulverização quanto para o deslocamento são dependentes de uma fonte de potência. Desta forma, o termo “montado” ou de acoplamento integral refere-se aos pulverizadores que são acoplados ao sistema hidráulico de três pontos e “de arrasto” à barra de tração do trator. Os pulverizadores montados ou de arrasto possuem bombas acionadas pela TDP do trator, portanto, as rotações fornecidas pelo trator são padronizadas, na sua maioria, em 540 roExemplo de um circuito de pulverização de pulverizador tratorizado

Esquema de um sistema de pulverização de pulverizador autopropelido destacando a função das bombas de pulverização

Figura 2 - Ciclo PDCA e as etapas de acompanhamento e análise

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Fotos Jacto

TIPOS DE BOMBAS

Exemplo de bombas de deslocamento positivo ou bombas hidrostáticas

tações por minuto. Além disso, devido à velocidade de trabalho destes pulverizadores ser inferior, o sistema não exige altas vazões para manter a taxa de aplicação constante e apropriada às operações.

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O coração do sistema, isto é, as bombas de pulverização, também pode ser diferenciado em dois grandes grupos, sendo eles: bombas de deslocamento positivo e as bombas centrífugas. Ambas possuem características próprias que distinguem sua aplicabilidade, tanto em pulverizadores quanto em outros ramos da agricultura. As bombas de deslocamento positivo, também conhecidas como bombas hidrostáticas, geralmente são bombas de pistão ou de membrana. Quando se trata de bombas de pistão, a característica principal é o deslocamento de um ou mais êmbolos, que com suas características determinam o volume por rotação, ou seja, a vazão é definida pelas características do êmbolo (curso e diâmetro) e pela rotação do eixo que aciona o êmbolo. Devido a isto, o aumento da pressão no sistema de pulverização não ocasiona queda na vazão, pois a vazão é independente da pressão. Outra característica importante destas bombas é sua precisão no deslocamento de um fluido, uma vez que são compostas por “câmaras” e trabalham de maneira semelhante à de um motor (câmara de combustão e pistão). Dessa forma, a cada variação de rotação, o volume que compreende a câmara da bomba é impulsionado. Apesar destas características serem positivas do ponto de vista de precisão no volume deslocado e na estabilidade da pressão, a vazão destas bombas tem efeito pulsante. Este fenômeno é percebido em bombas alternativas, como as de pistão ou membrana. Devido a isto, existem as chamadas câmaras de compensação. Essas câmaras funcionam como acumuladores de pressão, que são pressurizados pela bomba, e quando a mesma não está enviando líquido ao sistema, ajudam a manter o fluxo de calda constante. Nas bombas de deslocamento positivo, quando ocorre obstrução no sistema, o fluxo de calda no sistema se mantém constante, a pressão, no entanto, aumenta, podendo romper algum componente do mesmo. Dessa forma, ao utilizar estes tipos de bombas, para evitar danos ao sistema devido ao aumento excessivo de pressão, utilizam-se válvulas de alívio e segurança. As mesmas limitam a pressão no sistema ou parte dele, protegendo componentes importantes, como no caso de pulverizadores, mangueiras e pontas. As bombas centrífugas têm sua vazão dada por meio da força inercial centrífuga. Podem ser comparadas com o funcionamento das máquinas de secar roupas, onde a força centrífuga é responsável por remover a água das roupas. Porém, em bombas centrífugas, a água é direcionada a uma tubulação, fornecendo vazão ao sistema de pulverização. Caso houver alguma obstrução na linha, ao contrário de bombas de deslocamento positivo, a vazão do sistema irá diminuir e a pressão não sofrerá graves alterações. Pois, a vazão é independente da velocidade angular do eixo da bomba, ou seja, a bomba pode estar funcionando e sua va-


zão ser nula, sem que ocorra alteração na pressão. Neste caso, o uso de válvulas de alívio de pressão serve apenas para dar segurança ao sistema, pois, como já dito, a pressão não aumentará com possíveis obstruções. Além disso, são bombas de funcionamento simples possuem fácil manutenção e a vazão fornecida para o sistema pode ser alta. Ainda, cabe ressaltar que, antes de seu funcionamento, estas bombas necessitam ser escorvadas, ou seja, devem ser preenchidas com a calda de pulverização, que será submetida à pressão. Isso deve ser feito, pois o ar possui baixa densidade, e a pressão desenvolvida pela bomba será muito pequena, não conseguindo fornecer vazão ao sistema. No sistema dos pulverizadores autopropelidos, com bombas centrífugas, utiliza-se um fluxômetro para controlar a vazão no sistema, uma vez que a vazão não tem um valor fixo, como no caso das bombas de deslocamento positivo (câmara), verificando, assim, a quantidade de calda enviada ao sistema, de acordo com a velocidade e a dose desejada.

CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO

mentar a vida útil das bombas, faz-se necessário atentar para alguns pontos importantes, como: manutenções preventivas, utilização de filtros de sucção e limpeza de filtros. A manutenção preventiva se dá por meio de reparos nos componentes do sistema, com o objetivo de otimizá-lo e evitar maiores prejuízos. O uso de filtros de sucção e a limpeza periódica servem para diminuir desgastes nos componentes da bomba. Além disso, após o término de cada aplicação todo o pulverizador deve ser lavado, sendo importante realizar a lim-

peza da bomba, pois alguns produtos químicos podem ser corrosivos e causar danos. Para realizar a lavagem pode-se utilizar apenas água, mas em caso de produtos corrosivos, é aconselhável utilizar produtos específicos, denominados de limpa tanque, que certamente proporcionarão uma limpeza mais adequada do sistema. Outro cuidado importante para com as bombas de pulverização é sempre optar por produtos menos corrosivos que serão misturados à calda, além de utilizar água limpa. Não se recomenda utilizar

Amazone

Para otimizar o desempenho e au-

Exemplo de bombas centrífugas

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Stara

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vez que a velocidade de trabalho é elevada. Dessa forma, podemos concluir que as bombas são itens fundamentais em um sistema de pulverização, além disso, seu tipo define a forma de funcionamento e aplicabilidade. Como visto, apesar de desempenharem a mesma função, os diferentes tipos de bomba

possuem características próprias, o que torna os parâmetros de funcionamen.M to distintos. Leonardo Casali, José Fernando Schlosser, Mateus Cassol Cella, Ângelo Taschetto e Marcelo Silveira de Farias, Laboratório de Agrotecnologia/UFSM

Kuhn

águas duras e águas com argila em suspensão, pois aumentam o desgaste dos componentes da bomba, reduzindo sua vida útil. Uma alternativa para obter água limpa para aplicação é com a captação de água da chuva ou de poços artesianos. Sempre que possível deve-se fazer análise da água utilizada nas aplicações agrícolas. Para pulverizadores acionados por meio da TDP do trator recomenda-se utilizar bombas com deslocamento positivo, pois conseguem obter satisfatório desempenho em rotações menores. Porém, podemos encontrar, em alguns casos, bombas centrífugas nestes equipamentos, para isto deve existir um multiplicador de rotações entre a TDP do trator e a bomba do pulverizador, uma vez que necessitam rotações maiores. Outro recurso é utilizar velocidade angular de 1.000rpm, padronizada em alguns modelos de trator de maior porte. Já para o caso de pulverizadores autopropelidos, onde a rotação de trabalho é alta, recomenda-se a utilização de bombas centrífugas, pois variam a vazão em função da pressão do sistema, proporcionando maior segurança. Além disso, são necessárias para atender a demanda de vazão utilizada em autopropelidos, uma

Bomba centrífuga de multiestágios, com multirrotores para estabilizar a pressão da calda



Jacto

PULVERIZADORES

Tecnologias

contra a

deriva

As novas biotecnologias que estão chegando ao mercado são fundamentais para o manejo sustentável da resistência das plantas daninhas aos herbicidas. Mas exigem boas práticas na tecnologia de aplicação, principalmente no que se refere a técnicas de redução de deriva (TRDs)

A

s plantas daninhas, quando não controladas, competem com as plantas cultivadas por água, luz e nutrientes. Nesse sentido, o controle de plantas daninhas é fundamental para a sustentabilidade da agricultura. O cenário mundial, no entanto, é preocupante, devido ao aumento dos casos de resistência e tolerância das plantas daninhas aos herbicidas. Para contornar esse problema, algumas empresas têm investido em novas biotecnologias. O objetivo é desenvolver material genético das culturas de maior interesse com genes de tolerância ou resistência aos herbicidas, possibilitando a otimização do controle das plantas daninhas através da aplicação de herbicidas em pós-emergência das culturas. Com isso, o agricultor passa a contar com novas ferramentas para o controle das plantas daninhas resistentes. Uma dessas novas tecnologias propiciou a tolerância da soja à aplicação de 2,4-D (sistema Enlist, da Corteva), que permite ainda o uso dos herbicidas glifosato e glufosinato em aplicações de pós-emergência da cultura. Esta tolerância da soja permite que seja feito o controle das plantas daninhas através de novos modos de ação, tornando o manejo da resistência mais sustentável. Além da soja, o milho Enlist possui tolerância aos herbicidas glifosato, glufosinato, 2,4-D e haloxifope, oferecendo novas opções para o manejo das plantas daninhas

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Figura 1 - Ponta de jato plano com indução de ar compacta, detalhe do formato do jato pulverizado (A) e da peça em corte mostrando o mecanismo interno (B). Fonte: AgroEfetiva (Botucatu, SP)

Figura 2 - Ponta de jato plano comum, detalhe do formato do jato pulverizado (A) e da peça em corte mostrando o mecanismo interno (B). Fonte: AgroEfetiva (Botucatu, SP)

Arianne Moniz

nessa cultura. Outra nova tecnologia para a soja é representada pelo sistema Intacta 2 Xtend, que possui tolerância aos herbicidas glifosato e dicamba. Com estas tecnologias, os agricultores passarão a ter mais opções de modos de ação de herbicidas para o manejo das plantas daninhas resistentes, tolerantes ou de difícil controle. Estas novas biotecnologias são baseadas no uso dos herbicidas hormonais (2,4-D e dicamba), que antes não poderiam ser utilizados em pós-emergência na soja. A aplicação desses herbicidas hormonais (recebem esse nome pois são substâncias semelhantes aos hormônios naturais das plantas, que interferem no processo de crescimento) é importante para o controle de um maior espectro de plantas daninhas, principalmente dicotiledôneas (folhas largas) na cultura da soja. Há também o desenvolvimento de tecnologia para outras culturas, como o algodão. No Brasil, a previsão dos lançamentos comerciais para cultivares de Enlist e Intacta 2 Xtend é para a safra 2021/22. Uma das preocupações gerais quanto à utilização dessas novas biotecnologias é justamente o seu embasamento na aplicação de herbicidas hormonais em pós-emergência das culturas. Neste cenário, a eventual ocorrência de deriva pode causar danos nas lavouras vizinhas que não sejam resistentes ou tolerantes aos herbicidas em questão (2,4-D e dicamba). A deriva é a fração da aplicação dos defensivos agrícolas que não atinge o alvo, podendo trazer danos econômicos e ambientais. A deriva pode acontecer em decorrência do carregamento das gotas para fora da área desejada pela ação do vento (deriva física), assim como os processos ligados à pressão de vapor dos herbicidas, entre outros processos. A deriva pode ocorrer em qualquer aplicação de defensivos agrícolas, porém, o efeito pode ser mais evidente nas aplicações de herbicidas hormonais, devido à facilidade de identificação dos sintomas em plantas sensíveis, assim como a alta sensibilidade de algumas plantas a doses baixas desse tipo de herbicida. Tendo como base o mercado norte-americano, onde as

Além das pontas selecionadas para compor as TRDs nas aplicações dos herbicidas hormonais, novas formulações são fundamentais no avanço do controle das plantas daninhas com segurança das aplicações

tecnologias já estão sendo oferecidas a várias safras, inúmeros casos de danos ocasionados por deriva de herbicidas hormonais foram registrados, e por esta razão as boas práticas na tecnologia de aplicação serão muito importantes para evitar esse problema quando estas tecnologias estiverem sendo disponibilizadas no Brasil.

BOAS PRÁTICAS NAS APLICAÇÕES DE HERBICIDAS HORMONAIS

De acordo com os conceitos básicos de boas práticas nas aplicações é fundamental a escolha correta da técnica de aplicação, ou seja, que o modelo de ponta e o espectro de gotas sejam adequados a cada condição de trabalho. A composição da calda (que inclui as formulações, os adjuvantes e as concentrações dos produtos) deve ser otimizada para reduzir os riscos de deriva, assim como deve-se respeitar as recomendações das condições meteorológicas ideais no momento da aplicação (umidade relativa do ar, temperatura e velocidade média do vento, assim como sua direção). Durante as operações a campo, deve-se respeitar os limites para as condições operacionais utilizadas (velocidade de deslocamento do pulverizador, altura da barra de pulverização e pressão de trabalho) e, muito im-

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Figura 3 - Diâmetro Mediano Volumétrico (DMV) para as pontas de vazão “03” dos modelos AIXR, ULD e TTI. As barras de erro sobre as médias representam o Intervalo de Confiança ao nível de 95% de probabilidade (IC 95%). Fonte: AgroEfetiva (Botucatu, SP)

Figura 4 - Índice de deriva em túnel de vento (ID), para as pontas de vazão “03” dos modelos AIXR, ULD e TTI. As barras de erro sobre as médias representam o Intervalo de Confiança ao nível de 95% de probabilidade (IC95%). Fonte: AgroEfetiva (Botucatu, SP)

Figura 5 - Impacto das formulações no percentual volumétrico de gotas menores do que 105m (V105) para as pontas de pulverização de vazão “02”, operando a 2,8bar de pressão: CVI, GA, AD IA e AIXR e as caldas corresponderam aos herbicidas Enlist Colex D® e DMA® (2,4-D convencional). As barras de erro indicam o Intervalo de Confiança (IC 95%). Fonte: AgroEfetiva e Unesp/FCA (Botucatu, SP)

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portante, deve-se observar com detalhes a área e do entorno dos locais de aplicação, visando reduzir o risco de conflitos de deriva. Por fim, um fator muito importante que não deve ser esquecido é que a deriva pode ser cumulativa para as plantas sensíveis aos produtos, e por isso as aplicações em grandes áreas devem ser feitas com maior cuidado, pois os riscos da deriva podem causar danos ainda maiores. O uso de técnicas de redução de deriva (TRDs) irá garantir a segurança na aplicação dos herbicidas hormonais. Na prática, as TRDs são definidas como a associação de elementos que possuem características em reduzir o risco de deriva. Pode ser, por exemplo, a associação do uso de pontas de pulverização com indução de ar com novas formulações ou adjuvantes, no sentido de produzir gotas de classes Grossa a Ultra Grossa (sempre consultar as bulas dos produtos para saber as recomendações específicas). De maneira geral, os produtos com maior ação sistêmica, como os herbicidas 2,4-D, glifosato e dicamba, quando direcionados às folhas, podem ser aplicados com gotas maiores, facilitando a adoção das TRDs. Nessas aplicações, a eficácia de controle é muito menos dependente da cobertura da pulverização do que outros tipos de aplicações, como de inseticidas e fungicidas, por isso, não se justifica a aplicação desses herbicidas com gotas Muito Finas (MF), Finas (F) e Médias (M). As gotas Grossas (G), Muito Grossas (MG), Extremamente Grossas (EG) e Ultra Grossas (UG) podem ser bastante eficientes para a aplicação dos herbicidas hormonais, desde que resguardada a necessidade do volume de calda mínimo recomendado nas bulas dos produtos. As pontas de pulverização são responsáveis por definir fatores fundamentais na aplicação como o formato do jato de líquido (jato plano, plano duplo, cônico, angulado etc), a vazão do líquido (L/min) e o espectro de gotas. Um problema persistente em muitas regiões agrícolas do Brasil é a preferência dos aplicadores em utilizar apenas pontas de jato plano comum ou jato cônico, sem indução de ar em todos os tipos de aplicações (Chechetto et al, 2014). As classes de gotas para esses modelos de pontas são geralmente Muito Fina, Fina e Média, inadequadas para os herbicidas hormonais. O recomendado, neste caso, é utilizar pontas com indução de ar, onde o risco de deriva é menor, por oferecerem maiores valores de diâmetro mediano volumétrico (DMV) e menores valores do percentual volumétrico de gotas menores do que 100µm (V100). As pontas de pulverização com indução de ar possuem orifícios de entrada de ar, que incorporam bolhas de ar no líquido a ser pulverizado (Figura 1), diferentes dos modelos de pontas sem indução de ar, onde não existem esses orifícios (Figura 2). O padrão de gotas produzido por pontas com indução de ar varia entre gotas Médias a Ultra Grossas, dependendo do fabricante, do tamanho do orifício e da pressão de trabalho. São caracterizadas por apresentar baixa deriva (as-


sociação de DMV maior e V100 menor, em relação a pontas sem indução de ar), sendo recomendadas para herbicidas hormonais, como o glifosato, o dicamba e o 2,4-D. As bulas dos herbicidas apresentam atualmente diversas orientações no que se refere à tecnologia de aplicação, notadamente quanto à classe de gotas e ao volume de calda (L/ha) que devem ser utilizados para cada defensivo. Ainda, as bulas trazem informações sobre as condições meteorológicas ideais. Para a maioria dos casos, devem ser evitadas aplicações com umidade relativa inferior a 50% e temperatura ambiente maior do que 30oC. O ideal é que as aplicações sejam realizadas com velocidade média do vento entre 3km/h e 10km/h. Outro ponto importante é evitar os horários sem vento, característicos das situações de inversão térmica e correntes convectivas, que podem ocasionar deriva.

Outro cuidado que deve ser tomado para a aplicação de herbicidas hormonais é com relação à direção do vento no momento da operação. Para os herbicidas hormonais a aplicação deve ser interrompida caso o vento esteja soprando na direção das culturas sensíveis. Os responsáveis pelas aplicações podem evitar muitos incidentes apenas utilizando o bom senso e a cautela ao realizar as aplicações, sempre seguindo as recomendações das bulas.

TÉCNICAS DE REDUÇÃO DE DERIVA (TRDS) PARA APLICAÇÕES DE HERBICIDAS

Muitas pesquisas têm sido conduzidas no Brasil para dar embasamento aos pacotes tecnológicos de boas práticas em tecnologia de aplicação, os quais serão utilizados para as novas tecnologias baseadas em herbicidas hormonais,

principalmente no que se refere às tecnologias para a redução do risco de deriva (TRD). Como exemplo, em uma pesquisa realizada em parceria da AgroEfetiva e a FCA/Unesp (Botucatu/SP), foram determinados o espectro de gotas e o índice de deriva de diferentes modelos de pontas de pulverização com indução de ar, visando a seleção de TRDs para a aplicação de dicamba. Nesta pesquisa, foi utilizada uma calda de pulverização, composta pela mistura de Dicamax e Roundup Transorb R (dicamba sal DGA + glifosato sal potássico), à qual foi adicionado um adjuvante redutor de volatilidade (Vapor Grip), visando a pulverização na pressão de 3bar (300kPa). Ao analisar o diâmetro mediano volumétrico (DMV) e o índice de deriva física em túnel de vento (ID) (Figuras 3 e 4), foi observado que o modelo de ponta TTI (Teejet, Spraying System, CO, US) apresentou o menor risco de deriva


Jacto

dentre as pontas avaliadas, gerando o menor risco de deriva (maior DMV e menor ID dentre as pontas avaliadas). Tomando-se como base os dados desta e de outras pesquisas realizadas, o fabricante dos herbicidas (Bayer) definiu a ponta TTI como o modelo de referência recomendado para a aplicação do herbicida dicamba. Além das pontas selecionadas para compor as TRDs nas aplicações dos herbicidas hormonais, novas formulações são fundamentais no avanço do controle das plantas daninhas com segurança das aplicações. Como, por exemplo, o sistema Enlist incluiu a tecnologia denominada Colex D, que uniu o herbicida 2,4-D sal colina, de ultrabaixa volatilidade, com uma tecnologia de formulação que reduz significativamente o risco de deriva nas aplicações, entre outros benefícios. Como exemplo, pesquisas realizadas pela AgroEfetiva em parceria com a FCA/Unesp - Botucatu/SP, atestaram a diminuição do risco de deriva no uso da nova formulação do 2,4D. Ao comparar o percentual volumétrico de gotas menores do que 105µm (V105), ou seja, gotas mais suscetíveis a serem perdidas por deriva, entre caldas de pulverização contendo a formulação do 2,4-D convencional (DMA) e a nova formulação (Enlist Colex D). Na Figura 5, foi observado que o Enlist Colex D reduziu o V105 de todas as pontas utilizadas, diminuindo o risco de deriva na comparação com a formulação convencional. Além disso, foi observado que para a calda contendo o Enlist Colex D, o V105 ficou mais homogê-

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neo entre diferentes pontas de pulverização com indução de ar, agregando maior confiabilidade das TRDs para o herbicida 2,4-D.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As novas biotecnologias são fundamentais para o manejo sustentável da resistência das plantas daninhas aos herbicidas. Ao mesmo tempo, as boas práticas na aplicação, respeitando as orientações recomendadas nas bulas (fatores como espectro de gotas, pontas de pulverização, volume de calda e condições meteorológicas), serão fundamentais para a sustentabilidade do sistema produtivo, evitando problemas de deriva. Os projetos de extensão a campo visando a difusão das técnicas para a redução da deriva também deverão ser incentivados. A capacitação dos aplicadores será o elo principal entre as boas práticas e as novas biotecnologias, tornando as .M aplicações dos herbicidas hormonais mais seguras.

Arianne Moniz, Fernando Kassis Carvalho, Rodolfo Glauber Chechetto, Alisson A. Barbieri Mota e Ulisses Rocha Antuniassi, Unesp/Botucatu


MUNDO MÁQUINAS

Expodireto aumenta negócios em 10% A 21ª edição Expodireto Cotrijal, um dos maiores eventos do agronegócio no Brasil, apresentou clima de otimismo ao mercado agrícola gaúcho. A feira registrou R$ 2,6 bilhões em comercialização. O valor é 10% superior aos R$ 2,4 bilhões obtidos em 2019. Conforme o presidente da Cotrijal, Nei César Manica, os números surpreenderam. Devido à estiagem no Rio Grande do Sul, a expectativa era alcançar uma comercialização semelhante à do ano passado. “Temos muito produtores capitalizados com recursos próprios, financiamentos bancários com dois anos de carência e muitos negócios de pessoas de outros estados do Brasil”, comentou Manica.

Realizada entre os dias 2 e 6 de março, em Não-Me-Toque, no Planalto Gaúcho, a feira recebeu 256 mil visitantes – o número representa uma queda de 4% em relação a 2019. Ano passado, 268 mil

pessoas prestigiaram o evento. A direção da Cotrijal acredita que o público menor deve-se, possivelmente, a um temor em relação aos primeiros casos de coronavírus registrados no país na época do evento.

Rodados duplos A MARINI participou da Expodireto 2020 onde apresentou seu novo estande aos clientes. Um dos focos da empresa na feira foi fortalecer relações com os clientes e destacar a importância do uso dos rodados duplos em tratores e colhedoras. “O uso de rodados duplos em tratores e colhedora garante mais segurança ao operador em terrenos “dobrados” além da economia do combustível, menor desgaste dos pneus, mais força e a redução da compactação do solo”, explica o gerente de marketing, Eduardo Marini.

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TeeJet apresenta pontas TTI Com novidades em tecnologia de aplicação, a Teejet esteve presente na Expodireto Cotrijal 2020 com estande próprio. O grande destaque da marca foram as pontas de pulverização Turbo Teejet Induction (TTI), que focam na segurança e na alta performance dos produtos agrícolas, como herbicidas. A TTI é uma ponta de pulverização de jato plano, de ângulo grande de 110°, com indução de ar, baseada no projeto de orifício de saída patenteado do bico Turbo TeeJet original – este oferece passagens largas e circulares para minimizar o entupimento. A TTI é fabricada inteiramente em polímero para resistência ao desgaste e aos produtos químicos, e em tama-

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nho compacto para evitar danos nas pontas. A tecnologia apresenta, também, ampla faixa de pressão operacional: 1–7 bar (15–100 PSI). “A Ponta TTI é uma grande novidade para o produtor, principalmente levando em conta as tecnologias que devem chegar no campo nos próximos anos, que garantem uma aplicação segura e de alta performance. A gente tem falado bastante sobre nossa preocupação na aplicação de herbicidas, e a Teejet conta com soluções inovadoras e a ponta TTI entra em nosso portfólio para auxiliar nesta demanda”, afirmou o gerente de Vendas Regional da TeeJet, Kleber Jorge Gomes.

PVT

participa pela primeira vez da Expodireto Pela primeira vez na feira, a PVT participou da Expodireto Cotrijal 2020. A empresa levou para a feira pulverizadores e também soluções em tecnologia de aplicação, como o sistema Dual Jet. Em pulverizadores, destacou a família Rhino 2004, 3004 e 4004 Multiset, e mostrou o modelo PCT 4x2. “A Expodireto 2020 é um marco histórico pra PVT, sendo a primeira feira que a marca faz o lançamento da família Rhino, e ainda mostra o histórico da marca Pulvejet trazendo a marca PCT aqui para esse mercado”, ressaltou o diretor de Marketing de Produto da PVT, Douglas Vincensi. Na feira, a PVT destacou também o sistema de aplicação Dualjet, com 32 cortes de seção, duplo bico. Ainda, o sistema com dupla velocidade de aplicação, ou seja, ao fazer o escalonamento de velocidades e bico escolhe o jato ou soma de jatos para manter a integridade de gotas e a capacidade de aplicação.


Sistema de injeção direta Sidekick Pro, da Raven

Focada em tecnologias que auxiliem na segurança e na qualidade da aplicação de defensivos agrícolas para o produtor do norte gaúcho, a Raven participou da Expodireto Cotrijal 2020 apresentando o sistema de injeção dire-

ta Sidekick Pro, tecnologia que estabelece um novo padrão para aplicações químicas de todos os tipos. A tecnologia permite que a mistura de produtos seja realizada no momento da aplicação, o que torna a solução ideal para a pulveriza-

ção de herbicidas em culturas em que necessitam a criaçãode uma região de segurança entre a área de aplicação, e de culturas vizinhas sensíveis a este mesmo produto. Além disso, permite ao usuário uma aplicação localizada e os químicos não utilizados podem ser guardados sem perder sua eficiência. “Na injetora, você consegue colocar até cinco equipamentos em cada pulverizador, tirando o máximo de proveito da tecnologia, já que é possível colocar produtos separados e puros para distribuição pontual. Aliado a isso, temos a os sistemas de controle de pulverização bico a bico Aim Command e Intellispray, que funcionam junto com a injetora e fornecem uma solução mais completa ao cliente, focada em qualidade e economia de produto”, explicou o gerente de Contas da Raven, Leandro Chaga.

Jumil volta à Expodireto Cotrijal 2020 Depois de oito anos mais concentrada na atuação em outras regiões do Brasil, a Jumil retornou à Expodireto Cotrijal 2020 ressaltando a importância do produtor do Sul do Brasil e fortalecendo as parcerias no Rio Grande do Sul para oferecer um pós-venda de qualidade ao cliente da região. Para a feira, a empresa levou soluções em plantio com equipamentos que vão de duas a 60 linhas. A marca conta com modelos de plantio autotransportáveis e articuláveis com dois a três corpos, além de opcionais para os diversos tipos de solo, clima e sementes, com máquinas configuradas de acordo com a necessidade de cada cliente. “A gente consegue configurar a máquina de acordo com o cliente, especificando a plantadora de acordo com a necessidade da operação – os detalhes que farão a diferença no plantio”, afirmou o coordenador de Vendas da Jumil, William Rodrigo.

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LS Tractor foca em

horticultura e fruticultura

O produtor de frutas e hortaliças que passou pelo estande da LS Tractor na Expodireto Cotrijal 2020 pode conhecer novidades focadas especificamente para o seu dia a dia. Com destaque para os modelos LS R50 e LS G40, que reforçam a aposta da marca na oferta de tratores voltados às operações de produção de hortifrúti. “A tecnologia dos tratores LS Tractor foi desenvolvida em aplicações em um mercado onde hoje se pratica a mais avançada horticultura, que é a Coreia do Sul. A partir deste ano, trabalhamos com bastante foco para esse setor, que precisa de uma máquina com mais tecnologia – com vão livre, com mais opções de velocidade, sem falar da tomada

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de força com três opções de rotação”, ressaltou o gerente de Marketing da LS Tractor, Astor Kilpp. O LS R50, de 50cv de potência, apresenta transmissão com 32 velocidades à frente e 16 à ré com super-redutor (creeper), e a tomada de potência independente hidráulica com 540rpm, 750rpm e 1.000rpm é operada facilmente por um botão no painel de controle. Já o LS G40, de 40cv de potência, apresenta alavanca de reversão Synchro Shuttle, o que possibilita mudanças de direção de forma mais fácil e rápida. A transmissão 12 x 12 permite um bom escalonamento de marchas sob diversas condições de trabalho.

Case IH

reforça conceito Axial-Flow A Colheitadeira Axial-Flow Série 130, modelo 4130 foi o grande destaque da Case IH na Expodireto Cotrijal 2020. A máquina vem equipada com motor eletrônico da NEF 6.7, da FPT Industrial, com 253cv. A reserva de potência da 4130 permite que a máquina tenha resposta mais rápida para ganhar potência e torque, mantendo a velocidade de colheita, de rotação do industrial e do processamento dos grãos mesmo quando as condições de colheita são difíceis. “Focamos na nossa colheitadeira que está cadastrada no Programa Mais Alimentos, que é a 4130. Bastante versátil, ela contempla o conceito Axial Flow. Uma das principais características é a alta capacidade de colheita, com baixo consumo de combustível e alta qualidade de grão”, destacou o gerente Comercial Regional da Case IH, Claudecir Zanchetta.


John Deere lança trator 6M

Orion ressalta aplicação no sulco de plantio A Orion levou para a Expodireto Cotrijal 2020, equipamentos e soluções com foco na aplicação em sulco de plantio. Os modelos G600EM e G400EM estiveram entre os destaques da marca. “Nosso objetivo é oferecer aos produtores uma solução para aumento da produtividade, buscando uma maior eficiência do processo de fixação biológica de nitrogênio”, destacou a consultora técnica e agrônona da Orion, Kassia Luiza Teixeira Cocco. A tecnologia de aplicação no sulco reduz substancialmente a mortalidade das bac-

térias (rhizobios), elimina danos mecânicos à semente, reduz a mão de obra no tratamento e retratamento de sementes e os custos com perdas de inoculante em eventuais reinoculações. Além disso, é a única alternativa possível para combater nematoides através de aplicação localizada, apresenta um residual mais longo (a partir do plantio), a dosagem pode ser mais elevada, resultando em maior proteção, menor perda por lixiviação e maior área de contato - além de tratar a semente, trata-se também o solo.

Para a Expodireto Cotrijal 2020, a John Deere teve como destaque o lançamento da linha de tratores 6M, de médio porte. Tendo o tamanho compacto, a linha, composta por cinco tratores com potência de 135 a 210 cavalos, é ideal para produtores que precisam de uma máquina versátil e pode ser utilizada por todos os portes e perfis de lavouras. O trator conta com a opção do novo eixo dianteiro de suspensão TLS. Outro ponto positivo é que graças à transmissão Command Quad, há uma economia de até 9% do combustível. “O 6M vem para complementar a consagrada família 6J, e apresenta uma tecnologia embarcada diferencial ao que temos no mercado. O trator aposta em uma nova transmissão inteligente 20 x 20, que busca automaticamente a melhor marcha e rotação pro trator, proporcionando um consumo de combustível mais eficiente”, explicou o especialista de Produtos Tratores da John Deere, Tiago Dickel.


Tratores com esteira fruteiros TK 4 A New Holland apresentou, durante a Expodireto Cotrijal 2020, a linha de tratores fruteiros TK 4, com modelos de 75cv e 100cv. Ambos os veículos têm como diferencial o uso de esteiras ao invés de pneus, o que permite maior estabilidade e a realização de operações em pomares com áreas muito íngremes e de difícil acesso para tratores convencionais. O modelo TK4.80N vem equipado com motor de 75cv e possui largura de 1,3m. Já o modelo TK4.100M possui 100cv e 1,70m de largura. “As características de largura permitem trabalhar em pomares estreitos e mais adensados. Os grandes diferenciais que o sistema de esteiras proporciona são a alta estabilidade e o baixo centro de gravidade, maior capacidade de tração e melhor distribuição de peso”, diferenciou o gerente de Marketing de Produto da New Holland, Saulo Salaber S. e Silva. Os tratores são preparados para trabalhar com implementos traseiros e lâminas frontais.

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Trimble lança o monitor GFX-350

Lançamento na Expodireto Cotrijal 2020, a Trimble apresentou o monitor GFX-350, voltado para produtores que estão começando a adotar a Agricultura de Precisão. Com tela de alta definição de 7 polegadas, o equipamento é intuitivo e conta com conectividade através de sistema Android, com wifi e bluetooth integrados. Trata-se de uma maneira econômica de introduzir o piloto automático e controle de aplicação na propriedade. O monitor é compatível tanto com o novo controlador de navegação NAV-500, quanto com NAV-900, atendendo diferentes necessidades de precisão do usuário. Além disso, o monitor GFX-350 é totalmente compatível com Isobus, ofe-

recendo capacidade plug-and-play para implementos habilitados para Isobus com controlador de tarefa ativo e funcionalidade do terminal universal. “O aparelho pode ser considerado o irmão mais novo do GFX-750, já que as funcionalidades são parecidas. De acordo com a maneira que o produtor monta a configuração, o aparelho pode ter especificações mais avançadas pra quem precisa de mais informações, dados e controle, ou pra quem está iniciando, começar de uma forma para entender como a Agricultura de Precisão funciona. O sistema GFX traz essa flexibilidade de uso”, afirmou o diretor de Vendas Latam da Trimble, José Carlos Ferraz Bueno.


Mahindra destaca a família de tratores 2025 A Mahindra apresentou na Expodireto 2020 soluções em tratores e implementos agrícolas aos diversos produtores que visitaram o estande da marca na feira. Entre os destaques, os tratores da família 2025, de 25cv, com opções de pneus agrícolas, radial e também para aplicações em gramados e jardinagem. A linha pode ser direcionada também para trabalhos em estufas, ruas estreitas ou em canteiros de até 80cm, onde o espaço de manobra é limitado. É um trator subcompacto desenvolvido para aplicações severas, ideal para o mercado brasileiro, em especial aos produtores da agricultura familiar.

“Como diferencial da linha 2025, temos um motor de dois cilindros de 25cv, uma transmissão de oito marchas à frente e quatro para trás, com reversor mecânico sincronizado, um sistema hidráulico com capacidade de 750kg e uma tomada de força de duas velocidades, que são 540 e 540 econômica”, especificou o especialista de Marketing de Produto da Mahindra, Gilberto Nascimento Júnior. Além disso, a marca apresentou seu portfólio de implementos, com destaque para o atomizador de terceiro ponto – pensado especificamente para a Mahindra e ideal para uso em conjunto com a família 2025.

Plantadora

autotransportável

Prime AT

O crescimento das propriedades e o sistema de arrendamento de áreas resultaram em lavouras situadas em locais diferentes ou até mesmo em cidades próximas, com isso, a necessidade do transporte das máquinas ganhou força. É essa demanda que a Plantadeira Autotransportável Prime AT, novidade da Kuhn na Expodireto Cotrijal 2020, vem solucionar. Indicada para o plantio de grãos grossos, a máquina possui sistema para transporte robusto, possibilitando que o deslocamento entre talhões ocorra de forma rápida, prática e segura. A Prime AT é ofertada pela Kuhn nos modelos 13, 15, 17 e 19 linhas. “A plantadeira, além de ter uma capacidade superior de adubo e semente, é mais estreita na largura de transporte. Ou seja, o produtor consegue ter mais eficiência operacional, com um equipamento que entrega qualidade de plantio e que carrega todo o poder de corte que a Kuhn trabalha em toda sua linha de plantio”, reforçou o especialista de Produto da Kuhn, Felipe Augusto Zolet.

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Semeadora Guapa Supra Winter

Massey Ferguson destaca plantadeira Momentum A Massey Ferguson levou seus principais produtos para o estande na Expodireto Cotrijal 2020. A série de plantadeiras dobráveis Momentum, primeiro projeto global da AGCO – detentora da Massey Ferguson – desenvolvido 100% no Brasil, oferece versatilidade para transporte e agilidade ao agricultor. A Momentum tem versões de 24, 30 e 40 linhas, com largura de trabalho de 10,2 metros, 13,5 metros e 18 metros, respectivamente. A caixa de armazenamento possui 5.130 litros de sementes. Trata-se de um equipamento simples de operar, já que é possível alterar de 45cm para 50cm em menos de duas horas na opção de 40 linhas. Dobrada, a plantadeira fica com 3,6 metros, sem a necessidade de des-

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montagem de qualquer componente para tal e podendo passar por porteiras e pontes com facilidade sendo puxada pelo trator. “Uma platandeira que trouxe uma solução muito robusta ao cliente, muito bem pensada para atender a transportabilidade da máquina. Além disso, a abertura e fechamento da plantadeira é muito rápida, se faz em aproximadamente um minuto, diretamente do terminal do trator, trazendo agilidade ao transporte. Além das facilidades de transporte, a máquina apresenta um ponto de lubrificação somente, o que facilita a manutenção e deixa a máquina por mais tempo no campo”, disse o gerente de Produtos AGCO para América do Sul, Fabrício César Müller.

A Stara levou para a Expodireto Cotrijal 2020 a semeadora Guapa Supra Winter. Equipada com sistema pneumático de calibração de linhas, a nova máquina apresenta versatilidade na semeadura e aplicação de adubos, além de funcionalidade para o transporte e operações no campo. A Guapa Supra é voltada para a cultura do arroz e a versão Guapa Supra Winter permite atender também a sementes finas de culturas como trigo, aveia e cevada. Ofertada nas versões com 44 linhas e 60 linhas, a nova semeadora é um dos principais atrativos da marca na feira. “A máquina é autotranspotável, com agilidade de transporte e facilidade de plantio. O sistema pneumático de calibração das linhas permite que o produtor regule sem chave, somente com sistema de regulagem instantâneo por ar o produtor coloca pressão na linha de acordo com a necessidade do seu solo”, explicou o gerente comercial da Stara, Jeferson Stieven.


Jacto destaca o Sistema Multicontrol Ao pensar nos pequenos produtores rurais, a Jacto levou para a Expodireto Cotrijal 2020 soluções em tecnologia de aplicação. Um dos destaques ficou por conta do novo sistema Multicontrol, que agrega agricultura de precisão para a linha tratorizada. A tecnologia está disponível para os modelos Condor 800 AM 18 e Advance 3000 AM 24. O sistema oferece mais tecnologia para o pequeno e médio produtor, com custo acessível e que possibilite eficiência nas operações. O Multicontrol possui tecnologias semelhantes às já existentes nos pulverizadores automotrizes, além do Omni 700, que une as funções de agricultura de precisão e vão proporcionar o aumento de conforto, segurança e praticidade das operações, uma vez que integra todos os recursos

em um único display touch screen, com fácil acesso dentro da cabine do trator. “A Jacto entende que é importante o pequeno produtor ter acesso às mesmas tecnologias que os grandes produtores têm nos equipamentos Uniport. Por isso, o Multicontrol

traz uma série de soluções, como gerenciador de vazão, barra de luz, corte de seção - tudo integrado em um único display que fica à disposição para o pequeno produtor aumentar sua produtividade e diminuir seus custos”, explicou o gerente de Produto da Jacto, Paulo Henrique Bueno.

Valtra comemora 6O anos na Expodireto Comemorando os 6O anos da montadora no Brasil, a Valtra levou para a Expodireto Cotrijal 2020 os dois tratores que completam a linha BH HiTech geração 4: o BH214 HiTech e o BH224 HiTech. Com 210cv e 220cv, respectivamente, e motor de seis cilindros, com a transmissão Powershift, os tratores atendem a diferentes perfis de produtores rurais. Outro destaque é o reversor eletro-hidráulico Power Shuttle, possibilitando que as direções de condução sejam alteradas usando uma alavanca, sem necessidade de acionamento da embreagem. A versão do BH2224 HiTech na cor branco-pérola, criada para comemorar os 6O anos, também esteve presente no evento e terá apenas 6O unidades produzidas. “A Valtra foi a primeira fabricante de tratores no Brasil, e por isso trouxemos para a Expodireto a edição limitada do modelo BH 224 Hitech branco, que exemplifica tudo que temos de tecnologia embarcada em nosso portfólio de produtos”, celebrou o gerente de Vendas da Valtra, Junior Rodrigues.

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MOTORES

Tecnologia mais limpa Como as principais tecnologias para controle de emissão de gases poluentes no mercado agrícola brasileiro funcionam e auxiliam na redução da poluição dos motores a diesel

A

preocupação com a preservação do meio ambiente é um assunto crescente em todos os ramos da economia. Para o mercado brasileiro de máquinas agrícolas, o direcionamento não foi diferente. A resolução 433, de 13 de julho de 2011 do Conama, estabeleceu duas etapas para o cumprimento desta resolução, de forma que, em 2017 (etapa 1), as máquinas agrícolas com potência igual ou superior a 75kW já deveriam atender os limites da fase MAR-I, assim como, para 2019 (etapa 2), máquinas com potência entre 19kW e 75kW tam-

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bém tiveram que atender estes mesmos limites. Desta forma, algumas novas tecnologias foram introduzidas no mercado e serão apresentadas a seguir.

SISTEMA SCR

O Sistema SCR (Selective Catalytic Reduction - Sistema de Redução Catalítica) é composto basicamente de um catalisador. Para este sistema temos a necessidade de fluido composto de 32,5% de ureia de alta pureza e 67,5% de água desmineralizada, denominado no Brasil

como Arla 32 (Agente Redutor Líquido de Óxido de Nitrogênio Automotivo). Esta substância é injetada (na condição de pulverização), onde, ao misturar-se com os gases de escape da combustão no escapamento, forma amônia + óxido de nitrogênio (NH3 + NOx) antes da passagem pelo catalisador. Após a passagem pelo catalisador, existe a formação de nitrogênio (N2) e Vapor de Água (H2O), mais gases de exaustão dentro dos limites estabelecidos. O Sistema SCR é composto, basicamente de um catalisador (que possui também a função de silencioso para o sistema), uma bomba de alimentação de Arla 32, um tanque, um injetor de Arla 32, um sensor de temperatura (instalado antes da passagem dos gases pelo catalisador) e um sensor de NOx (instalado logo após a passagem dos gases pelo catalisador). Basicamente, todo o controle do Sistema SCR e do motor diesel é realizado por um sistema de gerenciamento eletrônico (ECU).

SISTEMA EGR

O Sistema EGR (Exhaust Gas Recirculation - Recirculação dos Gases de Escape) consiste na tecnologia de requeima de parte dos gases de escape, de modo que estes


Fotos André Rocha

gases, misturados ao ar de admissão, farão parte do ciclo de admissão do próximo cilindro que entrará em operação. Esta recirculação faz com que a queima tenha uma temperatura menor de combustão e exista menor quantidade de oxigênio, resultando em menor quantidade de óxido de nitrogênio (NOx). O gerenciamento e o controle dos particulados são feitos através do controle da queima de combustível (quantidade de combustível injetada). Para este modelo de controle de emissões, temos dois modelos muito utilizados pelo mercado que são o cEGR e o iEGR.

cEGR

O Sistema cEGR (Cooled Exhaust Gas Recirculation - Recirculação dos Gases de Escape Resfriado) consiste na tecnologia de requeima de parte dos gases de escape. Porém, neste modelo, os gases passam por um processo de resfriamento (em geral, resfriado pelo próprio líquido de arrefecimento do motor, onde a troca de calor é feita através de um radiador especial para a aplicação) para posteriormente entrar na requeima do cilindro. Todos os gases de escape possuem fluxo controlado por um sistema eletrônico e através de uma válvula tipo borboleta, faz a liberação dos gases para o ambiente ou permite que os mesmos sejam direcionados para a admissão do próximo ciclo. Este sistema é instalado, em geral, junto ao bloco do motor.

iEGR

O Sistema iEGR (Internal Exhaust Gas Recirculation - Recirculação dos Gases de Escape Interno) consiste na tecnologia de requeima de parte dos

De cima para baixo: Processo Catalítico; Catalisador SCR com Injetor de Arla 32; Injetor de Arla 32 (em destaque); Tanque de Arla 32 e Bomba de Alimentação de Arla 32

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Charles Echer

Modelo Básico de Sistema EGR André Rocha

As tecnologias existentes no mercado nacional oferecem diferentes vantagens, porém, os motores eletrônicos com sistema SCR oferecem diferencial em economia e durabilidade

gases de escape, misturados ao ar de admissão, porém, neste modelo, existe uma via interna, no próprio bloco do motor, ou seja, não existe nenhum tipo de resfriamento antes da chegada no ciclo de admissão do próximo cilindro. Este é considerado o modelo mais simples para controle de emissões de gases de escape. Externamente, não é possível diferenciar o motor sem controle de emissões e com iEGR. No mercado atual, existem máquinas com motores com injeção mecânica (com bombas injetoras) e máquinas com motores eletrônicos que utilizam esta tecnologia (motores mecânicos atendem até a potência aproximada de 130cv).

PONTOS IMPORTANTES ENTRE SCR E CEGR

Entre máquinas de maior potência, podemos estabelecer o comparativo entre o Sistema SCR e o cEGR. As máquinas com Sistema cEGR (sistema instalado diretamente no motor) destacam-se por ter um sistema sem itens adicionais ao motor na instalação e sem a necessidade do uso do Arla 32. Entretanto, as máquinas com Sistema SCR destacam-se por promover economia de combustível, pois toda a operação para controle das emissões nos gases de escape sob responsabilidade do sistema SCR, com um consumo de Arla 32 entre 3% e 5% (em relação ao consumo de combustível), permite o motor trabalhar com poucas alterações de configuração.

PONTOS IMPORTANTES ENTRE MOTORES MECÂNICOS E ELETRÔNICOS COM IEGR

Entre máquinas de menor potência, podemos estabelecer o comparativo entre os motores com injeção mecânica e motores com injeção eletrônica (ambos com sistema iEGR). As máquinas com motores mecânicos com iEGR destacam-se pelo menor custo de aquisição e manutenção simplificada, enquanto máquinas com motores eletrônicos com iEGR destacam-se por serem mais econômicas (consumo de combustível em até 8% em média, menor, quando comparado aos motores

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Sistema cEGR (em destaque)

mecânicos com iEGR), agilidade da resposta em operação e direcionamento para auxílio de manutenção (orientação e aviso para as manutenções preventivas e alarmes para manutenções corretivas). As tecnologias existentes no mercado nacional oferecem diferentes vantagens, porém, os motores eletrônicos com sistema SCR oferecem diferencial em economia e durabilidade comparados ao sistema que eliminam o uso do Arla 32 (cEGR). Já os motores eletrônicos iEGR possuem versatilidade operacional quando para manutenção em relação aos motores .M mecânicos André Rocha, AGCO Tabela 1 - Limites máximos de emissão para motores de máquinas agrícolas e rodoviárias (Proconve MAR-I)

(Potência P em kW) 130 ≤ P ≤ 560 75 ≤ P < 130 37 ≤ P < 75 19 ≤ P < 37

CO

(g/kWh) 3,5 5,0 5,0 5,5

HC + NOx (g/kWh) 4,0 4,0 4,7 7,5

Fonte: Tabela do Anexo I da Resolução 433 do Conama (Ministério do Meio Ambiente)

MP

(g/kWh) 0,2 0,3 0,4 0,6




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