Cultivar Máquinas 208

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Cultivar

Cultivar Máquinas • Edição Nº 208 • Ano XVIII - Agosto 2020 • ISSN - 1676-0158

Índice

Destaques

06 Rodando por aí 08 Mundo Máquinas 11 Lançamentos

Jacto lança seis produtos e entra no mercado de plantio e cana

14 Mecanização

Uso do controle operacional no plantio de cana-de-açúcar

18 Tecnologia

Como a tecnologia mudou o perfil das máquinas agrícolas

21 Pneus

Interferência do motor, transmissão e pneus na tração do trator

24 Publieditorial

Soluções Michelin para melhorar desempenho na tração de tratores

Comparativo de tratores de 120cv a 128cv comercializados no Brasil

Montagem Cristiano Ceia

26

26 Capa

Nossa capa

38 Tecnologia

Uso de imagens aéreas para identificar falhas no canavial

41 Implementos

Uso de diferentes ferramentas para destruição de soqueiras de algodão

44 Colhedoras

Comparativo de danos com diferentes plataformas de corte e sistema de trilha

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter

• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi Cassiane Fonseca • Revisão Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico Cristiano Ceia

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 269,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00

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• Assinaturas Natália Rodrigues • Expedição Edson Krause

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.




RODANDO POR AÍ Show de lançamentos

A Jacto realizou o lançamento de seis produtos, quatro deles para mercados onde a marca ainda não atuava. O lançamento de novas linhas de produtos faz parte do planejamento da empresa para continuar crescendo e expandindo sua atuação em outros países, explicou o diretor-presidente da Jacto, Fernando Gonçalvez. “Recentemente, a Jacto completou 70 anos de fundação e estamos trabalhando de olho no futuro, para chegarmos aos 100 anos ainda mais fortes e competitivos”, enfatizou Gonçalvez. Os lançamentos foram a colhedora de cana Hover 500, o pulverizador autônomo Arbus 4000 JAV, as plantadeiras Lumina 400 e Meridia 200, a plantadeira automotriz Uniport Planter 500 e o Ecossistema Digital Jacto Connect. Confira todos os lançamentos nas páginas 11, 12 e 13 desta edição. Gilberto Dutra

8000S na citricultura

Um dos focos do trator Mahindra 8000S é a utilização em citricultura, como na aplicação de produtos fitossanitários para o controle de pragas e doenças como o Greening, que desafia os produtores e afeta a longevidade dos pomares. Segundo o especialista de Marketing de Produto da Mahindra, Gilberto Dutra, a citricultura precisa de recursos que auxiliem o produtor a reduzir custos, aumentar a produtividade e longevidade, auxiliando também nos desafios de combater doenças como o Greening. “Oitenta por cento do tempo operacional da citricultura é com tratores e implementos para roçar ou pulverizar: serviços que exigem um maquinário com servicibilidade, simplicidade de operação e economia de combustível, assim como o nosso trator 8000S”, afirmou o especialista.

Fernando Gonçalvez

Mudanças corporativas

Martin Richenhagen

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A AGCO anunciou que Martin Richenhagen optou por se aposentar como chairman, presidente e CEO da empresa a partir de 31 de dezembro de 2020. A empresa ainda anunciou que o seu Conselho Administrativo nomeou Eric Hansotia, atualmente vice-presidente sênior e diretor de Operações, para o cargo de Chairman, Presidente e CEO a partir do dia 1° de janeiro de 2021. Além disso, o senhor Hansotia foi eleito para o Conselho Administrativo. Martin Richenhagen iniciou sua carreira na AGCO em 2004 como presidente e CEO e foi nomeado presidente do Conselho Administrativo em 2006. “Tem sido um grande privilégio servir ao lado dos meus colegas da AGCO nos últimos 16 anos”, afirmou Richenhagen. Já Eric Hansotia garantiu estar “ansioso por ajudar os produtores globais a alimentarem o mundo, por meio de soluções agrícolas inteligentes e inovadoras. Desejo fazer jus ao legado do Martin à medida que fazemos o futuro brilhante da AGCO se tornar realidade”.

Eric Hansotia



MUNDO MÁQUINAS

Case IH

lança produtos para plantio, pulverização e colheita A Case IH anunciou o lançamento das novas colheitadeiras de grãos Axial-Flow Séries 150 e 250, da nova linha de plantadeiras Fast Riser 6100 e do novo pulverizador Patriot 350. Mesmo diante do cenário de pandemia, a marca optou por manter o calendário de lançamentos de 2020. A série Axial-Flow Série 150 conta com nova transmissão com acionamento eletrônico de quatro velocidades, além de novo eixo dianteiro. Disponível nos modelos 4150, 5150, 6150 e 7150, a evolução da Série 130 apresenta melhorias oriundas de tecnologias disponíveis nos modelos de colheitadeiras maiores da Case IH. Com sistema inteligente de regulagem automática, as colheitadeiras Axial-Flow Série 250 Automation AFS Harvest Com-

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mand têm quatro modos de colheita. Com 16 sensores que coletam dados do sistema industrial, o Automation se autorregula e encontra o ponto de trabalho para cada situação. O sistema de automação real controla automaticamente nove operações da colheitadeira sem necessidade de intervenções do operador. A marca apresenta também as novas plataformas Draper TerraFlex 4F disponíveis nos tamanhos de 30, 35, 40 e 45 pés. Dobrável e com menos pontos de lubrificação, a Fast Riser 6100 está disponível nas versões de 48 a 61 linhas. Já o novo Patriot 350 possui vão livre de 1,73m, e permite uma amplitude da altura de barra de 0,55m a 2,5m, que atende às culturas mais altas.

Novo Imperador 3.0 Para atender às necessidades dos produtores rurais, o Imperador 3.0 - um dos carros-chefes da Stara - teve atualizações em 2020. O produto é pulverizador, distribuidor e semeador pneumático, o que possibilita a realização das três operações em um único rastro na lavoura. O design do Imperador 3.0 foi modernizado, com novas cores e cabine. A visibilidade do operador está ampliada com o novo sistema de iluminação e pelo sistema com quatro retrovisores. Os trabalhos realizados à noite também ganham o reforço do sistema de iluminação Blue Beam. O Imperador 3.0 conta, também, com o sistema de semeadura pneumática Ponte Verde - na nova versão, a montagem e desmontagem do sistema é fácil, através do novo método de engate rápido, trazendo praticidade aos trabalhos no campo. O novo piloto automático do Imperador 3.0 é o TD3: diminui falhas e sobrepasses, reduzindo o amassamento na lavoura, pois com ele é possível controlar o tráfego para os próximos trabalhos.


Solbras e Valley lançam pivô acionado só por energia solar

Já foram finalizados e aprovados todos os testes do primeiro pivô central acionado exclusivamente por energia solar. A novidade foi anunciada após a aquisição da Solbras – Energia Solar do Brasil pela Valmont, que também é dona da marca Valley, empresa do segmento de irrigação. A tecnologia possibilita a ampliação das áreas irrigadas no mundo, com o uso da tecnologia em locais sem acesso à rede elétrica. O projeto foi desenvolvido em

conjunto pela Solbras e pela Valley. Ao todo, foram mais de seis meses de pesquisa e desenvolvimento. O piloto foi implementado em Minas Gerais, onde foi instalada uma usina fotovoltaica exclusivamente para o teste. Com potência de 128kWp, o sistema alimenta um pivô capaz de irrigar 96,4 hectares por uma média de seis a oito horas por dia. Após mais de um mês em funcionamento com resultados satisfatórios, o projeto foi comissionado e a solução será disponibili-

zada ao mercado nas próximas semanas para toda a rede da Valley no Brasil e no mundo. Vale destacar que esta nova solução em irrigação, que usa energia solar como única fonte, passa a integrar o portfólio da Valley e da Solbras, que atua no mercado de geração distribuída on-grid (conectado à rede elétrica) e off-grid (sem rede elétrica) com combinações de diversas fontes de energia, além da fotovoltaica, como o gerador a diesel e baterias.

30 anos de AGCO no Brasil Em 2020, a AGCO comemora 30 anos de atuação no Brasil. Desde 1990, o grupo já integrou mais de 40 empresas e marcas, entre elas a Fendt, a Massey Ferguson e a Valtra – juntas, já produziram mais de um milhão de tratores e mais de 40 mil colheitadeiras. “Durante essas três décadas de atuação, a AGCO tem contribuído com inovação para o processo que fez do Brasil uma potência agrícola”, afirmou o diretor de Marketing da AGCO América do Sul, Alfredo Jobke. Os produtos da marca são exportados para mais de 80 países, principalmente África do Sul, Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Bolívia, Chile e Paraguai. “Os desafios que se apresentam ao agronegócio brasileiro atualmente são os maiores desde a chegada da AGCO ao Brasil. A segurança alimentar é tema de primeira ordem em um mundo impactado pela Covid-19, e a resposta que tem sido dada é a melhor possível, com o cumprimento de compromissos externos e a garantia de confiança na capacidade do país na produção de alimentos. Da mesma forma, o investimento em pesquisa, tecnologia e inovação seguirá relevante para atender às novas demandas e para fortalecer a produção brasileira”, finalizou Jobke.

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Massey Ferguson

lança linha de tratores série MF 8S

A Massey Ferguson anunciou o lançamento da nova série de tratores MF 8S. Projetada após sete anos de testes em todo o mundo nas mais variadas condições e longas consultas com agricultores, a série MF 8S

é o resultado das pesquisas da marca. “Nosso conceito da MF Next, apresentado pela primeira vez na feira Agritechnica, em 2019, se tornou realidade. Não estamos lançando apenas um trator, mas também marcan-

do uma nova era para a nossa marca”, afirmou o vice-presidente e diretor geral da Massey Ferguson para a Europa e o Oriente Médio, Thierry Lhotte. A série MF 8S conta com quatro modelos que oferecem potência máxima de 265cv, todos fornecidos pelo sistema EPM (Engine Power Management) e motor AGCO Power. Sua cabine oferece conforto, espaço e conectividade, além de reduzir os níveis de ruído, calor e vibrações. Os recursos de agricultura inteligente são proporcionados pelo painel digital “MF vDisplay” e o terminal Datatronic 5. A nova transmissão Dyna E-Power com embreagem dupla combina os benefícios das tecnologias já disponíveis da marca. A expectativa é que a chegada dos novos tratores na América do Sul aconteça a partir do ano que vem. Argentina e outros países da região sul-americana devem ter a experiência com a máquina em 2021 e o mercado brasileiro em 2023.

Realidade aumentada A John Deere Brasil lançou um aplicativo de realidade aumentada que permite a interação com o maquinário da companhia em casa, na rua ou na fazenda. Os clientes já podem ter informações técnicas do trator 5E, entrar na cabine, ligar o motor e ainda conduzir, de forma virtual, o maquinário. "Esse app é uma clara demonstração de como a companhia valoriza a experiência completa com o produto, seja real ou virtual, desde o seu desenvolvimento até a demonstração final", afirmou a gerente de Marketing e Comunicação da John Deere para América Latina, Kelly Nakaura. A companhia iniciou o projeto com o Trator 5E, um produto robusto e versátil. O aplicativo de Realidade Aumentada John Deere oferece uma experiência de interação digital, em que os usuários continuam em contato com o mundo real enquanto interagem com objetos virtuais em torno deles.

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LANÇAMENTOS

Grandes lançamentos para novos mercados Com seis grandes lançamentos, a Jacto anuncia sua entrada também nos mercados de cana e plantio, apresentando máquinas com inovações tecnológicas

A

Jacto anunciou no dia 19 de agosto a entrada em diferentes mercados, como plantio de grãos e colheita de cana, com o lançamento de vários produtos para estes setores, além de novos equipamentos para os segmentos tradicionais da marca, como pulverização e agricultura de precisão. De acordo com o diretor-presidente da Jacto, Fernando Gonçalvez, a entrada em novos segmentos de mercado faz parte das estratégias da companhia para o crescimento. “Significa criar novas linhas de produtos, entrar em novos mercados e avançar no exterior. É exatamente isso que estamos fazendo”, explica. De acordo com ele, as inovações devem estar baseadas em novas premissas, como a digitalização, a eficiência e produtividade no campo, a rastreabilidade da produção e a atenção a um consumidor cada vez mais ativo e engajado em práticas e ações sustentáveis.

“Por isso, a inovação constante é um fator decisivo para que o agricultor, centro da cadeia produtiva, produza mais e melhor”, afirma. Ao todo, foram seis lançamentos: colhedora de cana Hover 500, pulverizador autônomo Arbus 4000 JAV, as plantadeiras Lumina 400 e Meridia 200, a plantadeira automotriz Uniport Planter 500 e o Ecossistema Digital Jacto Connect.

HOVER 500

Colhedora de cana da Jacto, Hover 500 tem motor de 470cv, duas linhas de colheita, com esteiras de 16 polegadas de largura que encaixam nos espaçamentos de plantio da cana, trafegando de forma alternada nas entre linhas. A Hover 500 tem capacidade de colher na mesma velocidade das atuais máquinas de uma linha, possibilitando colher no mesmo período o dobro de cana, explica o gerente de Negócios da Jacto, Adilson Bazucco. “Ao colher simultaneamente duas linhas, tem potencial redução de até 35% no consumo de litros de combustível por tonelada de cana colhida”, explica Bazucco.

A plataforma de colheita flutuante é conectada à estrutura da máquina e possibilita acompanhar a declividade lateral do terreno, com um corte mais rente do solo, minimizando as perdas e os danos às soqueiras. Possui elevador mais largo, com sistema de giro e levante robusto. A cabine, completamente com acesso pelos dois lados da máquina.

ARBUS 4000 JAV

Outro lançamento da Jacto foi a terceira geração do veículo autônomo da Jacto. Com tecnologia Otmis, o Arbus 4000 JAV possibilita que com um tablet ou de qualquer ponto remoto da fazenda seja possível controlar a máquina em operação na lavoura. Ele possui gerenciamento automático de obstáculos que para automaticamente quando encontra algo no trajeto, informando o controle de operações para a tomada

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Uniport Planter 50, plantadeira automotriz, com conjunto de tração e plantio numa única máquina

de decisão da ação a ser executada. O sistema de pulverização possui ventiladores independentes com motores elétricos que possibilitam a precisão no controle. Um sistema de escaneamento a laser avalia a massa foliar da planta, consegue identificar o tamanho e a proporção da planta, bem como onde existe massa verde, posicionando os ventiladores de forma adequada para que o produto seja aplicado no alvo. Estas informações servem de entrada para o controle do sistema de pulverização, que, através de um conjunto individual de válvulas integradas ao sistema de multiventiladores, funciona de forma independente por meio de motores elétricos, permitindo uma pulverização de qualidade diferenciada com corte inteligente de seções, entregando a quantidade exata de produto e volume de ar ideal em cada parte da planta, evitando assim desperdícios de produto e energia. O Arbus 4000 JAV tem controle autônomo de operações, com monitoramento remoto e controle interativo do veículo através de um console que pode estar na mão do gestor da frota. A tecnologia permite trabalhar com mais de um veículo ao mesmo tempo, com a função comboio e alinhamento virtual das máquinas. Em termos de design, o equipamento é moderno e compacto, sem superfícies que possam causar danos aos frutos e partes da planta. O Arbus 4000 JAV vem com tração hi-

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drostática independente 4x4, suspensão e direção independentes nas quatro rodas e reservatório de quatro mil litros. Toda a tecnologia existente neste pulverizador autônomo foi desenvolvida pela Jacto.

LINHA DE PLANTIO

A Jacto também está entrando no mercado de semeadoras, com três linhas de plantio. São produtos que atenderão diferentes tamanhos de propriedades, já que as opções vão desde 11 linhas até 61 linhas, dependendo do modelo. A principal novidade neste segmento é, sem dúvidas, o Uniport Planter 500, um projeto inovador de uma máquina exclusiva para plantio.

UNIPORT PLANTER 500

O Uniport Planter 500 é uma plantadeira automotriz, conjunto de tração e plantio numa única máquina. É a primeira plantadeira automotriz e híbrida do Brasil. Ele tem motorização híbrida diesel e elétrica de 470cv e controle independente de tração nas quatro rodas. Tem alta capacidade produtiva, com reservatório central de sementes com 8,7 mil litros e capacidade de 49 a 61 linhas de plantio. Possui transmissão híbrida com motores independentes em cada roda, cinco seções articuladas e independentes, sistema de redução de embuchamento e sistema “down force” independente, res-

Plantadeira auto

ponsável por manter de forma constante e programada a pressão das linhas de plantio sobre o solo. Um sistema de direção inteligente permite manobras programadas nas cabeceiras, levantando automaticamente o siste-


Fotos Jacto

transportável Lumina 400, com reservatório central de 8.700 litros

ma de plantio e recolocando de volta no trajeto. A cabine é com suspensão independente, desenhada para a operação de plantio, com todas as tecnologias da linha Otmis.

Meridia 200 pode ser configurada de 11 a até 23 linhas de plantio

MERIDIA 200

A Meridia 200 pode ser configurada de 11 a até 23 linhas de plantio, em três seções diferentes. Ela possui dosadores Precision Planting e sistema de força constante na linha de plantio definida antes do início da operação, de acordo com o tipo de solo.

LUMINA 400

A plantadeira autotransportável pode ser configurada para 29, 33 ou 37 linhas de plantio, 37 linhas de sementes e fertilizantes até 61 linhas apenas com sementes. Possui reservatório de insumos de 8,7 litros. Quando configurada apenas com sementes, um único abastecimento dá conta de uma jornada inteira de plantio. Os pontos de abastecimento estão localizados no ponto central da plantadeira. O reservatório possibilita utilizar sementes e fertilizantes ou apenas um dos produtos. O fechamento da plantadeira para o modo transporte pode ser feito de modo automático em 90 segundos e deixa a máquina com uma largura de apenas 3,20m.

SISTEMA DIGITAL CONECT

Arbus 4000 JAV, o veículo autônomo para pulverização de pomares

Sistema Digital Conect é um ecossistema que concentra todas as informações e conexões entre as máquinas no campo, pessoas, revendas e fábrica. “Precisamos unir as máquinas que estão andando na lavoura com as pessoas, sejam produtores, operadores, gerentes de fazenda ou revendas da Jacto, explica o gerente de Novos Negócios, Guilherme Panes. O sistema digital trabalha em vários pontos de venda e possibilita o diagnóstico direto da fábrica, com um time multifuncional que dá suporte para os agricultores e revendas, explica Fernando. Estão disponíveis no mercado a partir de agora os módulos de atendimento ao cliente, banco de informações de produtos, chat da fazenda, gestão de operações, localizador de revendas, treinamentos, ferramentas para a agricultura e classificados de máquinas. Para este ano, a Jacto já colocará no mercado apenas a plantadeira Meridia 200. Os demais lançamentos estarão disponíveis, em lotes controlados, .M a partir de 2021.

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MECANIZAÇÃO

Mais eficientes Uso do controle operacional agrícola (COA) no plantio de cana-de-açúcar possibilita aumentar o desempenho dos conjuntos a ponto de viabilizar a redução de frota

O

monitoramento efetivo, via computador de bordo, do plantio mecanizado de cana-de-açúcar pode aumentar de forma significativa a eficiência operacional, atuando no aumento do tempo produtivo e adequando a velocidade da operação. O resultado se traduz em ganhos expressivos na capacidade operacional do conjunto trator-plantadora (ha/dia). Com isto, é possível plantar toda a área planejada dentro do melhor período indicado para cada região, contribuindo para

a redução de custos operacionais e uma melhor produtividade em função da época de plantio recomendada. Um Controle Operacional Agrícola (COA) ativo e a elaboração de planos de ação para identificar e tratar os principais motivos de paradas do conjunto trator-plantadora são premissas básicas para se iniciar uma gestão assertiva desta operação.

UM CASO CONCRETO

Um estudo de caso foi realizado em

uma usina localizada no Oeste do estado de São Paulo, com solos predominantes como argissolo. A área de plantio possui 6.950ha e os estudos foram realizados entre 2018 e 2019. A usina utiliza o plantio 100% mecanizado, e possui nove conjuntos trator-plantadora. As plantadoras de duas linhas (faixa de trabalho de 2,40m) são de canas picadas que realizam a sulcação-adubação, distribuição de mudas, aplicação de inseticidas e cobrimento dos sulcos. Estas máquinas são tracionadas por tratores de 240cv potência.

Centro de Operações Agrícolas (COA) e o monitor de bordo no trator

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Fotos Luis Ricardo Bergamo

Figura 1 - Horas produtivas diárias e hora produtiva média do plantio mecanizado de cana-de-açúcar realizado no ano de 2018

O uso do controle operacional agrícola melhorou o desempenho dos tratores no plantio de cana

O estudo de caso iniciou-se em 2018 com a instalação dos computadores de bordo nos tratores do conjunto trator-plantadora para monitoramento e apontamento dos tempos e movimentos das operações de plantio. A equipe recebeu treinamento para utilizar a tecnologia e o plantio foi realizado pela usina, sem interferência no processo Os dados eram transmitidos por telemetria para o centro de operações agrícolas da usina (COA), e foram analisados os tempos produtivos, improdutivos e a velocidade de trabalho. Após o plantio, os dados foram analisados e identificados os pontos críticos da operação. Com isso a usina pôde elaborar estratégias para reduzir os tempos não produtivos para 2019, além de replanejar uma nova época de plantio.

CENTRO DE OPERAÇÕES AGRÍCOLAS (COA)

O trabalho no COA consiste numa busca incessante por irregularidades ou atos duvidosos dos equipamentos dentro das operações, e quando encontradas as falhas, busca-se eliminá-las progressivamente com apoio dos gestores de campo, sendo estes as peças fundamentais para o resultado positivo da eliminação dos atos irregulares, juntamente com os analistas de monitoramento, orientando e advertindo os fiscalizados. Nesta linha, a combinação do COA em apoio aos fiscalizadores é uma força motriz de controle das variáveis e das relações entre elas.

RESULTADOS DO PLANTIO DE 2018

Em 2018 o plantio foi realizado entre fevereiro e julho, com o uso dos nove conjuntos trator-plantadora instrumentados com os monitores de bordo e sistema de telemetria em uma área de 6.950ha. Os dados foram analisados no COA e indicaram que para o período de plantio, a hora produtiva média foi de 5,50 horas, variando entre três horas e 9,86 horas (29,92%). Este tempo produtivo médio gera uma eficiência de 30,56%, considerando que a jornada de trabalho do plantio é de 18 horas (Figura 1). O tur-

Os centros de operações agrícolas são os principais receptores das informações, as quais são disponibilizadas por sistemas operacionais que possibilitam visualizar o equipamento e seu estado operacional em tempo real de uma forma intuitiva, possibilitando uma visão holística de cada operação e comunicando a todo momento com os gestores. Seus desempenhos são visualizados por operador, turno, equipamento ou grupos de equipamentos, Figura 3 - Produtividade do canavial no primeiro corte em função da época de plantio para a região Oeste de São Paulo, em solos argissolos. Valores referentes ao plantio realizado assim como frotas inteiras de uma maneira simples e objetiva. entre dezembro de 2001 e novembro de 2002. Fonte: Adaptado de Demattê; Demattê, 2008

Figura 2 - Principais tempos monitorados e apontados no plantio mecanizado de cana-de-açúcar realizado em 2018

Verificação do nível de óleo nos diferentes sistemas é fundamental

O sistema de arrefecimento é um dos itens que exigem bastante atenção

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Figura 4 - Imagem ilustrativa do COA para acompanhamento em tempo real do plantio. Fonte: Solinftec

no C é destinado para manutenção programada e não foi considerado neste estudo. A análise dos apontamentos realizados durante o plantio indica que os dois principais tempos não produtivos foram os deslocamentos das máquinas (classificado com tempo improdutivo), com uma média 3,22 horas, e abastecimento de mudas (média 2,65 horas), classificado como um tempo auxiliar na operação (Figura 2). A velocidade de trabalho do plantio foi de 4,05km/h, com uma variação entre 3km/h e 4,60km/h (11,16%). Por meio destes resultados, a usina trabalhou com duas estratégias para o plantio de 2019: reduzir os tempos não produtivos e verificar a possiblidade de realizar o plantio em um período menor com o intuito de aumentar a produtividade do canavial.

PLANEJAMENTO PARA 2019

Em 2019 foi redefinido o novo período de plantio, com o intuito de aumentar a produtivdade das áreas. A estratégia para

a definição deste período foi embasada no conceito de pontualidade das operações agrícolas, que é definido como a capacidade de efetuar as operações na época em que a qualidade e/ou quantidade de um produto é otimizada. Foi definida para o ano de 2019 a realização do plantio da cana-de-açúcar entre os meses de março e junho, período em que ocorre as maiores produtividades para a região. A média de produtividade no primeiro corte neste período é de 116,75t/ha, enquanto que para o período do plantio realizado em 2018 (fevereiro a julho) é de 111,50t/ha. Com isso, a redução do período de plantio pode acarretar um acréscimo de 5,25t/ha (Figura 3).

ACOMPANHAMENTO DO PLANTIO EM 2019

Durante o ano de 2019 a equipe da usina acompanhou no COA o processo de plantio, verificando em tempo real o cumprimento do cronograma da meta diária para que, caso necessário, medidas

Figura 5 - Horas produtivas diárias e hora produtiva média do plantio mecanizado de cana-de-açúcar realizado nos anos de 2018 e 2019

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fossem tomadas para que a meta seja cumprida. A Figura 4 ilustra uma das imagens do COA para esta análise. Verificou-se que no final do período de plantio a hora produtiva aumentou de 5,5 para 8,99 horas, o que acarretou acréscimo na eficiência operacional de 30,56% para 37,46% (acréscimo de 6,9 pontos percentuais) (Figura 5). Este acréscimo ocorreu sobretudo pela redução dos dois principais tempos não produtivos verificados em 2018: deslocamento (redução de 53,42%) e abastecimento de mudas (redução de 24,53%). Os outros tempos não produtivos também foram reduzidos, sendo que o único tempo que ocorreu acréscimo foi o de manobras (Figura 6). No ano de 2019 a velocidade foi acrescida de 4,05km h-1 para 4,96km h-1 (acréscimo de 22,4%), oscilando entre 3,99km h-1 e 6,49km h-1. Este aumento é relevante pois aumentou a capacidade téorica da máquina na mesma proporção (de 0,97ha h-1 para 1,19ha h-1)

IMPACTOS NA CAPACIDADE DE PLANTIO E NA DEMANDA DE MÁQUINAS

O tempo produtivo médio e a velocidade média de plantio de 2019 resultaram em uma capacidade operacional de 10,70ha por dia (o dobro do ano de 2018), o que resultou em uma demanda de nove conjuntos trator-plantadora (Figura 7). Com isso, o tempo produtivo de 2019 permitiu realizar a área total do plantio no período planejado com o número de máqui-

Figura 6 - Principais tempos monitorados e apontados no plantio mecanizado de cana-de-açúcar realizado nos anos de 2018 e 2019


Figura 7 - Capacidade operacional e demanda de plantadoras necessárias para os anos de 2018 e 2019, para o plantio entre março e junho

nas existentes na usina, sem a necessidade de adquirir mais máquinas para atender este objetivo (Figura 8). O plantio realizado em quatro meses tem uma produção estimada em 811,41 mil toneladas, um acréscimo de 4,7% em relação ao plantio realizado em 2018 durante o período de seis meses (Figura 9).

IMPACTO DO PLANEJAMENTO NOS CUSTOS OPERACIONAIS

Calculou-se o custo horário do conjunto trator-plantadora para identificar o impacto do planejamento no custo operacional e no investimento das máquinas. Para determinar os custos, foi utilizada a metodologia proposta por Milan (2004) e Asabe (2011). O conjunto trator-plantadora apresentou um valor de aquisição de R$ 658.000,00, em que 62% deste valor refere-se ao trator de 240cv, e o custo horário total do conjunto foi de R$ 204,24 por hora, e o maior componente deste custo corresponde ao custo com combustível com 51% do valor do conjunto. O custo operacional do conjunto trator-plantadora utilizando os dados de 2019 foi de R$ 343,53/ha, uma redução de 50% no custo quando comparado com os dados observados em 2018 (Figura Figura 9 - Área plantada e produção estimada para os dois períodos de plantio em estudo

Figura 8 - Área plantada mensal considerando a demanda necessária e a frota atual de plantadoras da usina para o período de março a junho

10). Isto se deve ao aumento da capacidade operacional gerado pelo aumento do tempo produtivo provocado pelas estratégias de gestão da usina elaborada por meio dos dados do COA.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todos os dados e informações utilizados na elaboração e revisão do planejamento operacional só foram possíveis graças ao monitoramento da operação de plantio e da atuação do COA na análise desses dados. Neste cenário, a atuação do COA foi estratégica, transformando dados em informação, conhecimento e tomadas de decisões assertivas nos processos agrícolas. O aumento da eficiência operacional do conjunto trator-plantadora permitiu a utilização da frota existente, sem a necessidade de aquisição de novas máquinas, contribuindo para .M a redução de custos. Luis Ricardo Bergamo, Solinftec José Vitor Salvi, Fatec “Shunji Nishimura”/Pompeia (SP) Figura 10 - Capacidade (ha dia-1) e custo operacional (R$ ha-1) do conjunto trator-plantadora com os dados de 2018 e 2019

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TECNOLOGIA Marlon Soares Sigales

Escolha facilitada Com maior disponibilidade de informações, a Agricultura de Precisão está cada vez mais presente no cotidiano dos produtores brasileiros, tornando as operações agrícolas ainda mais eficientes e rentáveis

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E

m decorrência da disponibilidade de dados e informações, surgiu uma série de tecnologias para que as máquinas agrícolas pudessem trabalhar com maior exatidão em tempo real, utilizando sistemas eletrônicos. Assim, a Agricultura de Precisão (AP) fez com que as atividades fossem medidas e controladas, georreferenciadas ou não, evitando desperdícios, elevando a eficiência e a rentabilidade. Este modelo de agricultura, diferente do modelo tradicional, buscou atender especificamente a pontos individualizados da cultura, cada vez menores, a fim de extrair a melhor uniformidade da produção. Com a fusão multidisciplinar


A análise foi feita utilizando os catálogos e informações disponíveis nos sites de algumas das principais marcas no setor de máquinas agrícolas do mercado brasileiro em dezembro de 2019. Foram pesquisados 44 fabricantes e destes aproximadamente 23 têm produtos ou desenvolvimentos que possuem tecnologia com eletrônica embarcada, sendo eles Baldan, Fankhauser, Fertisystem, Haramaq, Incomagri, Jacto, Jan, John Deere, Jumil, J. Assy, Kuhn, Massey Ferguson, NB Máquinas, New Holland, Nogueira, PTA – Precisão Tecno-Ago, Rubemaq, Semeato, Stara, Tatu-Marchesan, Tramontini, Valtra e Vence Tudo. Os grupos AGCO e Kverneland, e as empresas Claas, CNH, Grimme, John Deere, Poettinger e Same Deutz-Fahr, possuem em conjunto pesquisas na área de padronização de tecnologias eletrônicas utilizadas na agricultura, chamado Agricultural Industry Electronics Foundation (AEF), o qual foi responsável pelo desenvolvimento e popularização do padrão Isobus. De maneira geral, os principais equipamentos e sistemas comerciais disponíveis hoje no mercado nacional estão resumidos a seguir, e neste artigo foram divididos em equipamentos agrícolas (adubadoras autopropelidas, distribuidores de fertilizantes, enfardadoras de fardos cilíndricos, pulverizadores tratorizados e autopropelidos, semeadoras-adubadoras e vagões forrageiros ou vagões misturadores) e tecnologias gerais de apoio para o agricultor.

EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS COM SISTEMA DE ELETRÔNICA EMBARCADA

As adubadoras autopropelidas podem ter controle automático de sessões com abertura e fechamento automático, minimização de sobreposição nas entradas e saídas das bordaduras, controle uniforme de dosagem e distribuição de fertilizantes e também podem ser equipadas com acesso a GPS, piloto automático, câmeras e sistema de taxa variável. Os distribuidores de fertilizantes podem ser equipados com computador integrado para controle de deposição em taxa variável, georreferenciada ou fixa, selecionado pelo operador. Charles Echer

das engenharias agrárias, elétrica e da informação, atuando em tempo real, obtiveram-se as melhores decisões advindas de dados coletados de maneira eletrônica. Por mais que conceitos de tecnologias incorporadas viessem sendo desenvolvidas, desde 1966 até 1970 pouca bibliografia havia sido gerada abordando o tema, quando a partir dos anos de 1980 a eletrônica em máquinas agrícolas começa a ser ampliada. No Brasil começa a ficar evidente após 1990 e está diretamente ligada ao tamanho das propriedades, ao poder aquisitivo dos agricultores, à escolaridade e às culturas produzidas. Cada vez mais as máquinas e os implementos agrícolas estão sendo desenvolvidos com instrumentação e sistemas eletrônicos embarcados, para isto foi concebido o padrão ISO 11.783, também conhecido como Isobus, padronizando o método e o formato das trocas de informações entre unidades de controle, instrumentações, atuadores, unidades de armazenamento de dados e interação homem-máquina. As tecnologias da informação e comunicação (TICs) vêm sendo empregadas, para aperfeiçoar o fluxo dos dados e devido à sua quantidade estão exigindo computadores cada vez mais eficazes, assim estes dados não estão mais sendo utilizados apenas localmente na própria máquina. A computação ubíqua é uma tecnologia que se refere ao uso de dispositivos móveis, seus serviços e recursos, que são capazes de descobrir nos ambientes outros dispositivos móveis, seus serviços e recursos e se conectar a eles. Na computação em nuvens existe a possibilidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela internet, em qualquer lugar, não precisando instalar aplicativos no computador. Os dados não se encontram em um computador específico, mas sim em uma rede que acessa os serviços on-line, executam as tarefas e salvam todo o trabalho. Enquanto os servidores executam um programa ou acessam uma determinada informação, o computador do usuário precisa apenas do monitor e dos periféricos para a interação. O emprego de computação ubíqua e/ou em nuvens, para coleta, transmissão, armazenamento e tratamento de dados atualizados para que decisões possam ser tomadas, permite fazer mapeamentos acessíveis fora de centrais de dados e em tempo real, assim como análises georreferenciadas por veículos aéreos não tripulados (Vants) e satélites, trocando informações com as máquinas, fazendo com que o trabalho de apoio à decisão tenha mais dados, informações e eficiência. O Núcleo de Inovação em Máquinas e Equipamentos Agrícolas (Nimeq), da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) buscou verificar o quanto sistemas eletrônicos embarcados estão inseridos em máquinas e implementos agrícolas atualmente no Brasil. Foi utilizada uma metodologia de revisão bibliográfica sistemática para coleta de dados, a qual consistiu na busca pela informação da questão definida, visando identificar, selecionar, avaliar e sintetizar evidências relevantes disponíveis.

Cada vez mais as máquinas e os implementos agrícolas estão sendo desenvolvidos com instrumentação e sistemas eletrônicos embarcados

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Marlon Soares Sigales

Resíduos de produtos fitossanitários acumulados nas terminações das sessões da barra do pulverizador, nos filtros de sessão e em pontas de pulverização Maioria dos equipamentos pesquisados utiliza o padrão Isobus e é focada em sistemas para agricultura de precisão

Para a enfardadora de fardos cilíndricos existe um sistema de densidade pré-selecionável para os fardos. Os pulverizadores tratorizados, opcionalmente podem ter marcadores de linha com espuma acionados eletricamente, comando controlador/regulador elétrico-hidráulico da vazão de calda por georreferenciamento, fechamento automático de seções, acionamento individual de bicos, sensores de altura, temperatura e umidade para pulverização e câmeras. Nos pulverizadores autopropelidos, além dos controladores elétricos das máquinas, elas podem vir equipadas com piloto automático, georreferenciamento e controlados pelas unidades computacionais que atuam nas bombas e no controle da pulverização a taxas variáveis. As semeadoras-adubadoras em linha podem vir equipadas com sistemas que monitoram e controlam em todas as linhas em taxas variáveis as sementes e os fertilizantes, acionando motores eletro-hidráulicos, atuando nos dosadores para garantir as quantidades necessárias, além de ajustar a pressão nas molas pneumáticas. Podem fornecer suporte ao piloto automático, informações de população, área total trabalhada, alarmes configuráveis para velocidade de plantio, falhas e duplas nas linhas de sementes, desligamento individual de linhas, correções de profundidade e indicação dos níveis nos depósitos, além de abertura e fechamento automatizados das seções para o transporte. Também opcionalmente podem vir equipadas com um sistema que permite a sincronização das semeadoras-adubadoras para o uso de até quatro máquinas simultaneamente em uma área. Em vagões forrageiros ou vagões misturadores, as balanças dosadoras eletrônicas permitem preparar até 99 formulações com dez matérias-primas para ração animal, com sistema de controle remoto com ou sem fio.

TECNOLOGIAS GERAIS DE APOIO PARA O AGRICULTOR

Além destas tecnologias, existem muitas outras para auxiliar

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o produtor rural, entre elas gerenciamento das culturas, sistemas para a tomada de decisões e aplicativos de celulares para auxílio nas regulagens e calibração de pulverizadores, semeadoras-adubadoras e distribuidores de fertilizantes. Os sistemas de rastreamento e gestão de frotas em tempo real permitem saber a localização e utilização da máquina, alerta de falhas, diagnósticos, gestão de manutenção e gerência de parâmetros de utilização. Uma plataforma com suporte remoto utiliza mapas e informações coletadas em campo, culturas, talhões, produtividades, fertilização, agroquímicos, entre outros e integra várias soluções, análise, tratamento e calibração dos dados agronômicos e identificação de oportunidades. Os sistemas de levantamentos altimétricos permitem a construção de obras com finalidades hídricas, como represas, canais de irrigação e sistemas de drenagem. Para o preparo do solo tem-se disponível o equipamento para nivelar solo, taipas, terraços e afins. O monitor de frota opcional em colhedoras automotrizes utiliza um sistema com sensores, GPS e interface homem-máquina, em que dados da colhedora, de produtividade, econômicos e de condições da lavoura são amostrados e mostrados, podendo ser armazenados para futuros tratamentos, para ser utilizados de referência para mapeamentos e cruzamento de dados para recomendações de aplicações em taxas variáveis. O sistema de piloto automático por georreferenciamento pode melhorar o gerenciamento e planejamento das operações, reduzir compactação, economizar combustível por reduzir manobras, controlar taxas de pulverização, fazer mapeamento de cobertura automático, diminuir danos à cultura e gerar relatórios. Disponibiliza um serviço de integração em uma central de monitoramento, onde são gerados mapas, controle de produtividade, seleção de rotas, controles de parâmetros, de todas as atividades desempenhadas na produção rural, do plantio, manejo, colheita e armazenamento de grãos, por acesso remoto. Também conta com serviço de integração com informações importantes onde os técnicos nas concessionárias possam auxiliar remotamente nas decisões. As tecnologias embarcadas encontradas na análise realizada possuem características em comum, sendo elas focadas em tecnologias para aplicação de insumos, coleta de dados para análise e mapeamento da produção, podendo ser georreferenciados ou não, utilizando mapas, de forma a aperfeiçoar a produção. Em sua maioria utilizam o padrão Isobus e são focados .M em sistemas para agricultura de precisão.

Marlon Soares Sigales, Daniel Duarte da Silveira, Ramón Justiniano Benitez Centurion, Ângelo Vieira dos Reis e Mauro Fernando Ferreira, UFPel


PNEUS

Tração no ponto A capacidade de tração de um trator está ligada a diferentes mecanismos, motor, transmissão e tração, influenciada também por fatores como lastragem, tipo de pneus e pressão de inflação utilizados

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entre as funções realizadas pelo trator, a principal é com relação ao tracionamento de equipamentos e implementos agrícolas através da barra de tração. O conhecimento da capacidade de tração possibilita utilizar a máxima eficiência energética oferecida pelos modelos. A potên-

cia do motor é a primeira informação para balizar os outros fatores envolvidos na capacidade de tração, uma vez que a energia produzida no motor pela combustão interna de combustível, e através do sistema de transmissão, é disponibilizada aos rodados que, em contato com o solo, geram a propulsão do trator.

Os rodados além de permitirem a autopropulsão do trator, proporcionam a transformação da potência do motor em potência útil na barra de tração. Entretanto, parte dessa energia produzida pelo trator se perde em resistência ao rolamento, interação rodado-solo, patinagem, tipo de operação a ser executada e a configuração de tração. Sendo Charles Echer

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assim, a melhoria da capacidade de tração do trator será obtida quando se tem maiores valores de potência na barra. As configurações de tração nos tratores de rodados pneumáticos, os quais são a maioria dos tratores no Brasil, se dividem em três modelos: 4x2, 4x2 TDA e 4x4, além dos modelos que possuem rodados de esteira. O trator modelo 4x2 tem como características o eixo traseiro com rodados pneumáticos providos de garras e de diâmetro maior que os rodados dianteiros, sendo o eixo que produz tração, e um eixo dianteiro com rodados direcionais de menor diâmetro. Já modelos 4x4 apresentam todos os rodados com o mesmo diâmetro e com garras realizando a tração tanto no eixo traseiro como no dianteiro. Um dos modelos mais versáteis atualmente, desde tratores de menor potência até os de mais alta potência, é o 4x2 TDA caracterizado pela possibilidade utilizar a tração dianteira auxiliar quando acionada. Para este modelo, todos os rodados apresentam garras, entretanto os do eixo dianteiro possuem menor diâmetro.

ESTIMANDO A POTÊNCIA NA BARRA DE TRAÇÃO

sideração o tipo de tração e o modelo de rodado é apresentada pela Asabe (Sociedade Americana de Engenharia Agrícola e Biológica), conforme apresentado na Figura 1. Com base no esquema da Figura 1 e utilizando como exemplo um trator com 180cv de potência no motor e modelo de tração 4x2 TDA, se realizar uma operação em solo firme, este pode disponibilizar uma potência na barra de tração de 115cv. Este valor é obtido através da determinação da potência na TDP de 149,4cv (180cv x 0,83) e posteriormente estimado

em função da superfície do solo firme (149,4cv TDP x 0,77). Para outros tipos de superfícies, assim como modelo de tração, os valores serão diferentes, sendo que o procedimento para estimar a potência na barra de tração é o mesmo. É importante ressaltar também que esta estimativa de capacidade de tração na barra em tratores agrícolas pode apresentar variações em razão de marca, modelo, tipo de transmissão e das contínuas melhorias que são apresentadas pelos fabricantes nos processos de produção para melhor eficiência operacional dos tratores. Murilo Battistuzzi Martins

Uma forma de se estimar a potência na barra de tração levando em con-

Figura 1 - Esquema para determinação da potência na barra de tração baseado na potência bruta do motor em função do tipo de tração e da superfície de solo. (Fonte: adaptado de ASABE, 2006)

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Charles Echer

TIPOS DE PNEUS E PRESSÕES

Dentre as especificações do trator com relação aos rodados pneumáticos, a pressão de inflação e a lastragem do pneu utilizado são de extrema importância, já que este sistema suporta o peso da máquina em condições estática e dinâmica, além de ser o responsável pela interação com o solo, agindo como um sistema de amortecimento para as irregularidades do mesmo. Basicamente são utilizados dois tipos de pneus em tratores agrícolas: diagonais e radiais. Existem diferenças construtivas e de desempenho entre estes dois tipos de pneus. Os pneus diagonais, por exemplo, geralmente necessitam de pressões de inflação maiores que os radiais, e isso acaba produzindo uma menor área de contato do pneu com o solo, gerando maior índice de patinagem, aumento da compactação do solo, maior transferência de vibrações ao trator e operador. Os pneus radiais, por sua vez, possuem um modo construtivo mais moderno, que proporciona mais durabilidade, maciez e uma área de contato com o solo mais efetiva. Essas características possibilitam que o trator trabalhe em condições mais próximas das ideais de tração, mesmo com uma pressão de inflação dos pneus muito menor do que a utilizada nos pneus diagonais. Isso acaba gerando menor consumo de combustível, menos compactação por causa da maior área de contato do pneu com o solo, menos vibrações no conjunto e aumento do desempenho operacional, justamente pelo seu modo construtivo e pela menor pressão interna.

INTERAÇÃO COM O SOLO

Independentemente do modelo de tração e do rodado que constitui o trator, durante a operação ocorrem perdas na capacidade de tração, em razão das características e do tipo de solo em que o trator irá realizar o trabalho. Para solos firmes há uma maior capacidade de tração em relação ao solo solto em função do cisalhamento do mesmo, como pode ser observado na Figura 1, onde esta perda ocorre principalmente pela patinagem dos rodados. Com o objetivo de melhorar a capacidade de tração dos tratores nas operações agrícolas e reduzir as perdas por patinagem, tradicionalmente se utiliza de lastragem no trator agrícola, técnica essa que consiste em adicionar peso no trator, proporcionando, assim, maior contato do rodado com a superfície de deslocamento. Mesmo a lastragem proporcionando melhorias na capacidade tração do trator, esta deve ser realizada seguindo procedimentos técnicos. A quantidade de lastro a ser adicionado ao trator deve ser compatível com a operação a ser executada e com a recomendação do fabricante, ou seja, em trabalhos que exigem maior demanda da capacidade de tração, como um preparo do solo, pode-se ter mais lastro no trator, já para uma operação com menor exigência dessa capacidade de

O desempenho do trator depende também do tipo de pneu e da pressão de inflação utilizados

tração, o lastro em excesso poderá ser prejudicial, ocasionando redução da vida útil do trator.

ÍNDICE DE PATINAGEM

O índice de patinagem do trator é um importante indicativo para verificar se a lastragem está adequada e consequentemente oferece uma capacidade de tração satisfatória. Essa determinação pode ser realizada de forma simples durante a atividade em campo, apenas com a contagem de voltas dos rodados de tração do trator. Recomenda-se fazer a verificação de patinagem na velocidade usual de operação a ser realizada. Para isso, conta-se dez voltas do rodado traseiro a partir de uma marca de referência com o implemento no solo, em seguida repete-se o procedimento com o implemento elevado. A partir dos dados coletados pode-se determinar o Índice de Patinagem (IP), de acordo com a equação abaixo. IP =

voltas do pneu tracionando carga-voltas do pneu sem tracionamento x 100 voltas do pneu tracionando carga

A porcentagem ideal de patinagem para modelos de trator com tração 4x2 está entre 10% e 15%, e para modelos 4x2 TDA e 4x4, de 8% a 12%, sendo que estes valores podem ser diferentes em razão das características do modelo de pneus utilizados e das recomendações dos fabricantes, sendo recomendado verificar sempre o manual. Com os valores adequados de patinagem e lastragem, é possível melhorar a capacidade de tração do trator durante a operação, mas é importante a verificação dos outros fatores envolvidos para que se tenha um desempenho satisfatório da atividade, lembrando sempre de verificar as recomendações técnicas fornecidas no manual .M dos fabricantes. Murilo Battistuzzi Martins, UEMS

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CAPA

Opções entre 120cv e 128cv

Com bons pacotes tecnológicos, os tratores New Holland T6.110, Case Farmall 110A, John Deere 6125J, Massey Ferguson 6712R Dyna-4, Valtra A124 HiTech e LS H125 apresentam características e configurações que certamente atenderão às necessidades dos produtores que procuram modelos entre 120cv e 128cv

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os leitores da Revista Cultivar Máquinas trazemos, nesta edição, um comparativo técnico de tratores médios-grandes. A faixa que escolhemos para esta comparação é a central de toda a oferta, representando a potência média de motores entre 120cv e 128cv, de seis marcas diferentes, com os modelos New Holland T6.110, Case Farmall 110A, John Deere 6125J, Massey Ferguson 6712R Dyna-4, Valtra A124 HiTech e LS H125. Para a escolha de quais modelos iriam ser incluídos no comparativo, optamos por considerar a potência máxima de motor declarada pelo fabricante, corrigindo-a para o padrão estabelecido pela norma ISO TR14396. Isto é, se um trator é apresentado com a potência de referência ISO, foi utilizado o valor informado pelo fabricante, porém se a sua potência era informada com referên-

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cia a outra norma, usamos um fator de correção para igualar os padrões, visto que a metodologia de medida varia de uma norma para a outra, favorecendo a obtenção de maiores valores nas medições em que se retiram consumidores de potência. Além disso, tomamos a informação da oferta atual e a dividimos em categorias, levando em conta a potência informada pelo fabricante, no padrão ISO, e enquadramos em classes para que tivéssemos modelos de tratores que competem entre si pelo mercado. Para isto, aplicamos o padrão de demanda de tração de 14cv por linha de semeadura, procurando a capacidade de tracionar um número igual de linhas. Por último, decidiu-se comparar apenas um modelo de cada marca, optando-se por considerar o modelo de melhor especificação, da oferta de mo-

tores de quatro cilindros, turbocomprimidos. Aplicando-se este critério obteve-se uma categoria uniforme com potência de motor entre 120cv e 128cv, composta pelos modelos New Holland T6.110, Case Farmall 110A, John Deere 6712J, Massey Ferguson 6112R Dyna-4, Valtra A124 HiTech e LS H125. Portanto, a potência corrigida já contém a correção devido à norma adotada em relação à de referência, podendo ser diferente daquela que as empresas optam por fornecer em seus materiais de divulgação. Para o enquadramento nesta classe, as diferenças de potências corrigidas apresentaram uma variação de 2,4% a 6,2%, entre a maior e a menor potência de motor, sendo que todos os modelos enquadrados estão dimensionados para tracionar nove linhas de semeadura, pelo referencial utilizado. Os valores de potência foram obtidos nas páginas web dos fabricantes.


Fotos Divulgação

DEFININDO PELO MOTOR

Os motores dos tratores são fundamentais para disponibilizar energia para que os demais componentes funcionem de maneira adequada, sejam mecânicos, elétricos ou hidráulicos. Como mencionado anteriormente, as potências divulgadas por um fabricante podem ser diferentes de acordo com a norma técnica escolhida, pois no Brasil não há exigência de adoção de normas que certifiquem esta informação. Desta forma, isto permite que dois modelos de tratores que utilizem o mesmo motor, possam informar valores diferentes de potência, adotando referências diferentes. Os tratores contemplados neste comparativo são enquadrados na classe III, apresentando potências que vão de 120cv a 128cv na rotação nominal, com motores de quatro cilindros, equipados com turbocompressor e intercooler, geralmente dotados de um sistema de injeção eletrônica de combustível. O trator New Holland T6.110 utiliza o motor da marca FPT, série NEF, modelo N45 de quatro cilindros, com 4.400cm3 de volume interno deslocado, adotando o sistema de injeção mecânica de combustível. Este motor é dotado de um turbocompressor da marca Garret e intercooler apresentando potência nominal de 120cv a 2.200rpm e torque máximo de 550Nm a 1.400rpm. A informação não está disponível, mas, por ser do mesmo Grupo CNH, supõe-se que o modelo Case IH Farmall 110A utilize o mesmo motor, porém informando valor de potência máxima de 123cv na mesma rotação e valor de torque igual nestes dois modelos. No caso do trator 6125J da John Deere, esse conta com motor agrícola de fabricação própria da John Deere, modelo Power Tech 4045H de quatro cilindros, sistema de turbocompressor e intercooler. Possui 4.500cm3 de volume interno deslocado, sistema de injeção eletrônica common rail e sistema EGR (Exhaust Gas Recirculation) para o controle de emissões. O motor desse trator rende uma potência corrigida de 120,5cv a 2.300rpm e torque máximo de 504Nm a 1.500rpm. Já os modelos de tratores A124 HiTech e 6712R Dyna-4 compartilham o motor AGCO Power 44CWC3 de quatro cilindros, 4.400cm3, injeção eletrônica common rail e sistema tur-

Foi escolhido o modelo mais completo de cada marca, dentro da faixa de 120cv a 128cv

Raio de giro e reversor são as duas principais vantagens do trator, citadas pelo produtor de hortaliças

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Tratores comparados

Marca e modelo Modelo motor Potência informada Variação (%) Norma utilizada Potência corrigida 0 (ISO 14396) 120 New Holland T6 110 NEF 4.5 120 2,4 (ISO TR 14396) 123 Case IH Farmall 110A ND 123 4,0 (SAE J1995) 120,5 John Deere 6125J Power Tech 4045 PTE 125 4,0 (SAE J1995) 120,5 MF 6712R Dyna-4 MD 44CW3 125 4,0 (SAE J1995) 120,5 Valtra A124 HiTech 44 CWC3 125 6,2 (ISO 14396) 128 LS H 125 1104D-E44TA 128

bointercooler. Para atender à norma nacional de emissões de poluentes, contam com sistema iEGR, muito semelhante ao EGR tradicional, mas com algumas alterações de componentes internos. Informam a potência corrigida de 120,5cv a 2.000rpm e torque máximo de 510Nm no Massey Ferguson 6712R Dyna-4 e 528Nm no Valtra A124 HiTech, ambos a 1.400rpm. O trator LS H125 é equipado com motorização do fabricante Perkins, modelo 1104D-E44TA de quatro cilindros, sistema de injeção eletrônica common rail, 4.400cm3 de volume deslocado e sistema EGR, tecnologia de recirculação dos gases do escape, que reduz as emissões de poluentes sem a necessidade de aditivos à base de ureia. Também conta com turbocompressor e intercooler. Possui potência nominal de 128cv a 2.200rpm, torque máximo de 526Nm a 1.400rpm. Ao analisarmos os valores de torque, os tratores que possuem em ordem decrescente os maiores valores observados são o Case IH Farmall 110A e o New Holland T6.110, ambos com 550Nm a 1.400rpm. Logo após, aparecem os tratores Valtra A124 HiTech com 528Nm a 1.500rpm, LS H125 com 526Nm a 1.400rpm, Massey Ferguson 6712R Dyna4 com 510Nm a 1.500rpm e John Deere 6125J, com 504Nm a 1.500rpm. Como mencionado anteriormente, todos os motores dos tratores deste comparativo são sobrealimentados com turbocompressor, acrescidos de intercooler. O sistema de sobrealimentação é conectado ao coletor de escape do trator aproveitando a velocidade de saída dos gases provenientes da combustão, para acionar uma turbina que está conectada diretamente a um rotor que está ligado à linha de ar de admissão. Isso acarreta o aumento da

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pressão e de volume de ar na admissão, proporcionando maior eficiência na combustão, consequentemente acréscimo na potência e na economia de combustível, em relação aos motores aspirados. Já o intercooler consiste em um radiador que atua como trocador de calor, tendo como finalidade reduzir a temperatura do ar pressurizado pela turbina, tornando-o mais denso, permitindo o aumento no volume de ar admitido. Referente ao sistema de injeção eletrônica de combustível, este encontra-se presente nos modelos John Deere 6125J, LS H125, MF 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech. Embora seja um sistema mais moderno, é mais sensível e com maior custo de manutenção, possuindo vantagens em relação à injeção mecânica, como maior economia de combustível e rendimento termodinâmico, decorrente do aumento na pressão de injeção de combustível. Além disso, proporciona a redução na emissão de gases poluentes, permitindo uma melhor adequação dos motores às normas atuais referentes à parte de emissões. Também são suscetíveis à reprogramação e ao ajuste a situações particulares. Já os modelos New Holland T6.110 e Case IH Farmall 110A estão dotados de sistema de injeção mecânica. Segundo os fabricantes, a escolha desse tipo de sistema de injeção permite uma manutenção mais simples e acessível, além de possuir custo inferior, quando comparado à injeção eletrônica, permitindo intervalos mais longos de trocas de óleo. O volume interno dos motores dos tratores comparados é muito semelhante, sendo o FPT N45 o de maior volume deslocado, com 4.485cm³, muito próximo do Power Tech 4045H, da John Deere, com 4.482,9cm³. O motor de menor volume é o Perkins 1104D-E44TA, com 4.398,7cm³,

Fotos Divulgação


seguido pelo AGCO Power 44CWC3, com 4.397,2cm³. Quando buscamos um comparativo de eficiência e confrontamos o volume interno em relação à potência produzida, os valores resultantes deste quociente tornam-se interessantes, demonstrando que o LS H125 possui a melhor relação, com 34,37cm³/cv, seguido por Massey Ferguson 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech com 36,49cm³/cv, John Deere 6125J com 37,20cm³/cv e, por último, os modelos New Holland T6.110 e

Case IH Farmall 110A, com 38,01cm³/cv. Seguindo a mesma linha de raciocínio, outro parâmetro que podemos aplicar para verificar a eficiência dos motores é aquele que relaciona a potência gerada por cilindro do motor. Como todos os modelos comparados possuem quatro cilindros e os valores são muito semelhantes, observou-se que o trator LS H125 obtém a melhor relação, com 32cv/cilindro, seguido pelos modelos John Deere 6125J, Valtra A124 HiTech e Massey Ferguson 6712R Dyna-4, com 30,13cv/cilindro, e pelo Farmall 110A e T6.110, com 29,5cv/cilindro. Cabe ressaltar que as análises de eficiência realizadas, considerando a produção de potência por volume deslocado e por cilindro, desconsideram se o motor está operando próximo ou distante do seu limite mecânico de resistência.

ESCOLHENDO PELA TRANSMISSÃO EMBREAGEM

Os tratores contemplados neste comparativo são enquadrados na classe III

O tipo de embreagem, bem como o sistema de acionamento, varia entre os fabricantes dos modelos avaliados, contemplando desde elementos simples como o disco cerametálico combinado a um sistema de acionamento mecânico, até os mais modernos e complexos, formado por discos metálicos sinterizados, de acionamento eletro-hidráulico. O trator New Holland T6.110 possui na sua versão 8x8 embreagem do tipo cerametálica seca, onde o disco entra em contato direto com o platô e o volante do motor, sendo o acionamento realizado de forma mecânica. Já na versão opcional 16x8, a embreagem é do tipo multidiscos embebidos em óleo, com acionamento hidráulico. No caso do trator LS H125, a embreagem também é do tipo cerametálico, porém de acionamento hidráulico na versão standard. O modelo John Deere 6125J apresenta embreagem de acionamento hidráulico denominada PermaClutch, composta de discos de metal sinterizados arrefecidos a óleo. O conjunto funciona imerso em óleo, permitindo maior vida útil e acionamento suave, proporcionando, desta forma, maior conforto ao operador. Seguindo a mesma tendência, os tratores Massey Ferguson 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech oferecem embreagem do tipo multidiscos úmida, de acionamento eletro-hidráulico. Este sistema apresenta, além da suavidade no acionamento, elevada durabilidade de seus componentes. Quanto ao trator Case Farmall 110 A, este tipo de informação não consta nas especificações técnicas do fabricante.

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Tipos de transmissão utilizada nos tratores comparados

Modelo New Holland T6110

Case Farmall 110 A

JD 6125J MF 6712R Dyna-4 Valtra A124 HiTech LS H125

TRANSMISSÃO

Transmissão Sincronizada Hi-lo Dual Power (opcional) Super-redutor Sincronizada Sincronizada Super-redutor (Creeper) SyncroPlus PowrQuad Super-redutor (Creeper) Dyna-4 Semi-Powershift Super-creeper HiTech 4 Semi-Powershift Super-Redutor (Creeper) Synchro Shuttle (Creeper) Power Shuttle (Creeper)

Assim como a embreagem, os modelos analisados apresentam transmissões de diferentes tipos, sendo que algumas marcas atribuem nomes comerciais às suas transmissões. Além disso, observamos nos modelos avaliados uma gama variada de marchas, mantendo-se um escalonamento padrão, possibilitando desta forma uma melhor adequação de velocidades em função das particularidades inerentes a cada operação. Para que isso seja possível, os fabricantes disponibilizam como item opcional nessas transmissões o chamado super-redutor, também conhecido como creeper. Esse sistema amplia o número de marchas pela disponibilidade de mais pares de engrenagens, permitindo o deslocamento a velocidades extremamente baixas. A utilização de baixas velocidades se faz necessária e indispensável em determinadas operações agrícolas, como, por exemplo, na

N° de marchas 8x8 16x8 32x16 8x8 16 x8 32 x16 12x4 16x16

Reversor Synchro Shuttle (mecânico) Power Shuttle (hidráulico)

16x16 32x32 16x16 32x16 12x12 (20x20)* 24 x24 (40x40)*

Reversor eletro-hidráulico

produção de silagem, horticultura e fruticultura. Os tratores New Holland T6.110 e Case Farmall 110 A compartilham a mesma transmissão do tipo sincronizada, tendo como opcional o sistema Hi-lo Dual Power. Possui reversor Synchro Shuttle na combinação de marchas de oito à frente e oito à ré, de acionamento mecânico, e Power Shuttle na combinação de marchas com 16 à frente e oito à ré, e acionamento hidráulico. Este modelo ainda apresenta como configuração opcional um super-redutor, que confere 32 marchas à frente e 16 à ré. Quando analisamos o trator John Deere 6125J, observamos que o fabricante disponibiliza dois tipos de transmissões, a SyncroPlus e, como opcional, a PowrQuad. No caso da transmissão SyncroPlus, esta é sincronizada disponibilizando 12 marchas a frente e quatro à ré. Já a transmissão PowrQuad é do

Reversor Mecânico Power Shuttle (hidráulico) Power Shuttle (hidráulico) Hidráulico

Reversor eletro-hidráulico Hidráulico

tipo hidrostática, apresentando 16 marchas à frente e 16 à ré, sendo que a troca de marchas ocorre sem a necessidade de parar o trator ou acionar o pedal da embreagem. Isto é possível devido às embreagens serem formadas por discos, que se unem pela pressão de óleo. Além disso, o fabricante oferece como opcional o super-redutor (creeper). Para os modelos da AGCO, no Massey Ferguson 6712R Dyna-4 o sistema de transmissão é denominado Dyna-4 Semi-Powershift, de configuração automática, apresentando a opção de 16 marchas à frente e 16 à ré, e com sistema Super-creeper (opcional), que consiste de um redutor de velocidade que disponibiliza uma configuração de 32 marchas à frente e 32 à ré. A Valtra oferece o mesmo câmbio com a denominação HiTech 4 Semi-Powershift e reversor eletro-hidráulico, no modelo Valtra A124 HiTech. No caso do trator LS H125, são dispo-

Fotos Divulgação

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Fotos Divulgação

nibilizados dois tipos de transmissões, uma sincronizada, considerada padrão, denominada Synchro Shuttle de 12 marchas à frente e à ré, com possibilidade de incremento por um super-redutor (creeper), passando para 20 marchas à frente e à ré. A alternativa de transmissão, oferecida como opcional, é a Power Shuttle, com inversor de acionamento hidráulico com 24 marchas à frente e 24 à ré, que igualmente poderá ser acrescida do super-redutor, para 40 velocidades à frente e 40 à ré.

TOMADA DE POTÊNCIA (TDP)

Para os modelos comparados, destacamos algumas particularidades referentes ao acionamento e às configurações da tomada de potência (TDP), passíveis de serem mencionadas. Porém, tendo-se como base parâmetros considerados padrão e normatizados, relacionados a este sistema, muitas destas características são semelhantes entre os modelos analisados.

SISTEMA HIDRÁULICO ADEQUADO A DIFERENTES OPERAÇÕES

Nos tratores agrícolas o sistema hidráulico caracteriza-se como um sistema de transmissão de força e movimento atra-

vés da pressurização de um fluido (óleo), dividindo-se em dois sistemas distintos: o sistema de levante hidráulico de três pontos e o sistema hidráulico de controle remoto. Ademais, é importante ressaltar que os sistemas hidráulicos diferem quanto ao seu modo de operação, em outros termos, diferem quanto à forma de fornecer a energia hidráulica aos seus atuadores (cilindro ou motor hidráulico). Desta forma, os sistemas hidráulicos podem ser divididos em circuitos hidráulicos de centro aberto (bomba de engrenagem) e circuitos hidráulicos de centro fechado (bomba de pistão). De maneira geral, o circuito hidráulico de centro aberto é formado por uma bomba de deslocamento constante (bomba de engrenagem), fornecendo fluxo constante e pressão variável, isto é, opera ininterruptamente. Já o circuito hidráulico de centro fechado é formado por bombas de deslocamento variável (bomba de pistão) e pressão constante, ou seja, o fluxo de óleo varia sob demanda, mantendo a pressão do sistema dentro de uma estreita faixa de variação. Assim, os modelos de tratores avaliados, em sua maioria, apresentam circuito hidráulico de centro aberto (bomba de engrenagem), com o opcional de circuito hidráulico de centro fechado (bomba de pistão) no caso dos modelos 6125J

TDPs encontradas nos modelos comparados

Modelo

Tipo

Acionamento

New Holland T6.110 Independente Mecânico e intercambiável Case Farmall 110 A

Independente

Mecânico (eixo trocável)

JD 6125J

Independente

Eletro-hidráulico

MF 6712R Dyna-4

Independente

Eletro-hidráulico

Valtra A124 HiTech

Independente

Eletro-hidráulico

LS H125

Independente

Eletro-hidráulico

ND: Não declarado pela fabricante

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Rotação da TDP (rpm) 540 1000 540 1000 540 1000 540 540 E 1000 540 540 E 1000 540 1000

Rotação do motor (rpm) 1900 2050 2200 2143 2208 1560 1920 1964 1920 1560 1964 2052 2130

Opções de eixo 3/8" 6 estrias 3/8" 21 estrias 3/8" 6 estrias 3/8" 21 estrias 3/8" 6 estrias 3/8" 21 estrias (ND) 3/8" 6 estrias 3/8" 21 estrias (ND) 3/8" 6 estrias 3/8" 21 estrias (ND) 3/8" 6 estrias 3/8" 21 estrias



Especificações Técnicas Circuito hidráulico

Case Farmall 110A

JD 6125J

Tipo

CA

CA ou CF

CA

Vazão (L/min)

80 (100*)

65 (100 CF)

112

Pressão (bar)

180

200

185

Capacidade cárter (L)

-

-

Transmissão 105 ou 114

Categoria

II

-

II

Capacidade de elevação

3030

3800

4700 (6600*)

-

-

Eletro-hidráulico

Hidráulico

no olhal (kgf)

4800 (1*) ou 6575 (2*)

Levante hidráulico

Capacidade de elevação

2600

de três pontos

a 610 mm (kgf)

2910 (1*) ou 3950 (2*)

Controle

Hidráulico

Posição e profundidade

(Posição, profundidade e misto) Comando externo Serviços externos Direção

-

-

-

Nº de VCRs

2 (3*)

2 (3*)

3 (4*)

Tipo

Hidrostática

Hidrostática

Hidrostática

Vazão (L/min)

35

-

37,4

Bomba

Independente

-

-

LS Tractor

*Opcional 1* Um cilindro auxiliar 2* Dois cilindros auxiliares

Interior da cabine do modelo LS H125, que possui os principais comandos localizados à direita do operador

da John Deere e 6712R Dyna-4 da Massey Ferguson. O modelo T6.110 da New Holland é o único dos tratores analisados que apresenta circuito hidráulico de centro fechado. A vazão do sistema hidráulico, para os modelos de tratores com circuito hidráulico de centro aberto, varia de 65L/min

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LS Tractor H125

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(mínimo), para o trator John Deere 6125J, até 112L/min (máximo), no caso do modelo H125 da LS Tractor. Para os tratores Case Farmall 110A e New Holland T6.110, os fabricantes oferecem como opcional uma vazão de 100L/min, propiciando um aumento de 20L/min na vazão standard desses modelos de tratores. A vazão máxima do sistema hidráulico dos modelos MF 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech é de 98L/min. O circuito hidráulico desses dois modelos de tratores do grupo AGCO é composto por duas bombas de engrenagens e disponibiliza a função de soma de vazões, o que permite até 98L/min de vazão máxima para o controle remoto. Quando equipado com bomba de pistão, a vazão do MF 6712R Dyna-4 é de 105L/min, logo a função de soma de vazões passa a inexistir. Ao analisarmos a pressão máxima do sistema hidráulico, observamos que esta mantém um comportamento semelhante em todos os modelos comparados, apresentando valores que variam de 180bar a 200bar, estando esta informação indisponível apenas para o modelo T6.110 da New Holland. O sistema de levante hidráulico de três pontos é imprescindível para operação com equipamentos ou implementos dos tipos montados ou semimontados, determinando a relação entre trator e implemento, interferindo diretamente no rendimento e na qualidade das operações a campo. No entanto, a capacidade de levante varia de acordo com a marca, o modelo e conforme foi realizada a sua medição. Todos os modelos analisados apresentam os valores de capacidade de levante mensurados no olhal, variando entre os valores de 3.030kgf nos modelos Case Farmall 110A e NH T6.110, a 4.950kgf nos modelos MF 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech. Os modelos JD 6125J e LS H125 apresentam os valores intermediários de 3.800kgf e 4.700kgf, respectivamente. Cabe ressaltar que os modelos Case Farmall 110A, MF


MF 6712R Dyna-4

NH T6.110

Valtra A124 Hitech

CA ou CF

CF

CA

98 (105 CF)

80 (100*)

98

200

-

200

Transmissão 75

-

Transmissão 75

-

-

-

4950

3030

4950

4800 (1*) ou 6575 (2*) 4260

1840

4260

2910 (1*) ou 3985 (2*) Eletrônico

Hidráulico

(Posição, profundidade, reação, controle de transporte e intermix) Botões externos

Eletro-hidráulico (Posição, profundidade, reação e amortecedor para transporte)

-

Botões externos

2 (3*)

2 (3*)

2 (3*)

Hidrostática

Hidrostática

Hidrostática

-

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-

-

Independente

-

6712R Dyna-4, NH T6.110 e Valtra A124 HiTech também oferecem os valores para a capacidade de levante a 610mm, sendo estes 2.600kgf, 4.260kgf, 1.840kgf e 4.260kgf, respectivamente. Ademais, observamos que o grupo

CNH oferece como item opcional, para os modelos Case Farmall 110A e NH T6.110, a utilização de até dois cilindros auxiliares no sistema de levante hidráulico de três pontos, permitindo o aumento da capacidade de levante dos seus

modelos. Referente aos braços do sistema de levante hidráulico dos tratores agrícolas, estes podem ser distribuídos em oito categorias distintas que são classificadas segundo a potência da tomada de potência

Dimensões e capacidades dos modelos comparados A

lguns fabricantes não apresentam determinadas informações a respeito de seus produtos, por exemplo, raio de giro e vão livre. Dessa forma, a análise foi realizada apenas com os dados disponibilizados nas especificações técnicas de cada modelo. A capacidade máxima de massa aceitável nos tratores nos dá o limite da relação massa/potência a qual o trator poderá atingir. Neste sentido, os modelos comparados apresentam em média 6.630kg, o que resulta em aproximadamente 53kg/cv. O trator Case Farmall 110A foi considerado o mais leve, tendo uma massa de 6.120kg, sendo o trator LS H125 o que apresentou a maior massa (7.040kg), diferença de 13,07% entre os dois modelos. Considerando a capacidade do tanque de combustível, temos uma ideia da autonomia da máquina, em que a média encontrada foi de 227 litros. O modelo LS H125 possui o maior tanque de combustível com capacidade de 300 litros, sendo o menor volume de tanque observado no modelo Valtra A124

HiTech, 220 litros. A distância entre eixos apresentou em média 2.574mm, variando entre 2.400mm, para o modelo JD 6125J, e 2.650mm para o modelo LS H125. No mesmo sentido, a média da bitola máxima e mínima dos modelos avaliados da foi de 2.111mm e 1.963mm, respectivamente. O maior valor de bitola máxima refere-se ao trator LS H125 (2.199mm), sendo que o modelo Case Farmall 110A foi o que apresentou a menor bitola mínima ajustável, correspondendo a 1.714mm. Quanto à altura máxima com cabine, os modelos comparados apresentaram uma variação entre 2.672mm no caso do modelo JD 6125J, e 3.089mm no modelo LS H125, tendo-se 2.910mm como altura máxima média. É válido salientar que o raio de giro interfere diretamente sobre a capacidade operacional da máquina, uma vez que este pode aumentar a eficiência em manobras, no entanto esta informação não consta na especificação dos fabricantes.

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Massey Ferguson

Interior das cabines dos modelos Massey Ferguson 6712R Dyna-4 (esquerda) e New Holland T6.110 (direita)

(TDP) à velocidade angular nominal do motor (cv). Nos tratores analisados essa informação está disponível apenas para os modelos Farmall 110A da Case e H125 da LS Tractor, ambos classificados na categoria II. Com relação ao controle do levante hidráulico, todos os modelos apresentam as funções usuais de posição, profundidade e misto. Os tratores Case Farmall 110A, LS H125 e NH T6.110 apresentam acionamento hidráulico por meio de alavanca, já os modelos JD 6125J, MF 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech encontram-se equipados com acionamento eletro-hidráulico. Destaca-se que apenas os modelos do grupo AGCO, MF 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech, oferecem controle externo do levante hidráulico de três pontos por meio de botões localizados nos para-lamas traseiros. Outro ponto a ser mencionado refere-se ao sistema hidráulico de controle remoto, o qual é utilizado para acionar cilindros e motores hidráulicos localizados no implemento acoplado ao trator. Os modelos analisados oferecem duas ou três válvulas de controle remoto (VCR) de ação dupla e controle mecânico, exceto o modelo H125 da LS Tractor, que oferece de fábrica três válvulas de controle remoto e quatro como opcional. Quanto ao sistema de direção, todos os modelos apresentam direção hidrostática. Somente os modelos Farmall 110A da Case e T6.110 da New Holland informam claramente que possuem bomba independente para alimentar o circuito de direção. O fluxo desta bomba é semelhante para ambos os modelos, indicando como vazão máxima 35L/min. Além disso, a LS Tractor disponibiliza o fluxo do sistema de direção para o modelo H125, que é de 37,4L/min.

POSTO DE OPERAÇÃO E ERGONOMIA

O posto de operação é responsável pela qualidade ergonômica, fornecendo o conforto necessário ao operador. Isto somente é possível através da disposição e o dimensionamen-

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to correto dos componentes e comandos que constituem o posto de operação. Neste sentido, os fabricantes de tratores estão cada vez mais atentos aos requisitos ergonômicos, a fim de reduzir a ocorrência de doenças ocupacionais e aumentar o rendimento do operador, com o mínimo de desgaste possível, durante as longas jornadas de trabalho. O posto de operação dos tratores avaliados é do tipo cabinado, sendo que somente os tratores dos fabricantes pertencentes ao grupo CNH (Case Farmall 110A e NH T6.110) apresentam em suas versões dois tipos de postos de operação, plataformado e cabinado. Dessa forma, algumas diferenças se fazem presentes em ambos os modelos, como, por exemplo, na versão plataformada o bloqueio do diferencial é de acionamento mecânico, porém, nas versões cabinadas o acionamento ocorre de forma eletro-hidráulica, sendo que estes comandos se localizam à direita do operador. Seguindo na mesma lógica, o restante dos modelos também apresenta acionamento eletro-hidráulico do bloqueio do diferencial. No entanto, a localização deste comando varia entre os modelos, sendo que no LS H125 encontra-se à direita do operador, assim como os tratores MF6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech, que ainda possuem uma opção de acionamento automático, tanto para o bloqueio do diferencial quanto para tração dianteira auxiliar (TDA). No caso do trator JD 6125J, este comando de operação é encontrado entre os pedais de freio e embreagem. Ao analisarmos o mecanismo de acionamento da tração dianteira auxiliar (TDA), todos os modelos comparados dispõem de acionamento eletro-hidráulico, localizado à direita do operador. Nesta mesma área de acesso ao operador estão localizados as alavancas de acionamento das válvulas de controle remoto (VCR) e os comandos relacionados ao sistema de levante hidráulico. Para os tratores JD 6125J, MF6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech o acionamento do


Fotos New Holland

Tecnologia presente nos tratores comparados

T

sistema de levante hidráulico é realizado através de controles eletro-hidráulicos, sendo que nos tratores Case Farmall 110A, NH T6.110 e LS H125 o acionamento ocorre por meio de alavancas. Além disso, o acionamento eletro-hidráulico se faz presente também na tomada de potência (TDP) dos modelos comparados, exceto para os tratores Case Farmall 110A e NH T6.110, onde o acionamento ocorre através de uma alavanca. Referente à disposição dos comandos de operação em relação ao assento do operador, encontramos à esquerda nos tratores Case Farmall 110A, NH T6.110, LS H125, MF6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech, o freio de estacionamento. Salienta-se que no trator LS H 125, neste mesmo local, encontra-se a alavanca para seleção do grupo de marchas. No modelo 6125J da John Deere, o freio de estacionamento está localizado na mesma alavanca do reversor, disposta à direita do operador, sendo que o reversor para os demais modelos se encontra à esquerda em uma zona de fácil acesso na coluna da direção. Os modelos analisados apresentam os principais elementos de indicação no painel do trator como horímetro, tacômetro, marcador de temperatura, acionamento da TDP, bloqueio, TDA, freio estacionário, sistema de iluminação, dentre outros. Além disso, tornamos a destacar que to-

anto o modelo New Holland T6.110 como o Case Farmall 110A, que são fabricados pelo mesmo grupo, oferecem alternativas para a agricultura de precisão em duas versões. A primeira é a predisposta, quando a fábrica já envia o trator com o chicote (cabo) para ligação futura e as válvulas do sistema hidráulico para conexão do piloto automático. Já a segunda versão traz completo todo o pacote, com o monitor Intelliview, a antena e o conversor NAV. Outro diferencial tecnológico dos dois tratores é a integração motor, sistema de transmissão e sistema hidráulico. O trator John Deere modelo 6125J além do chassi integral traz igualmente as soluções de gerenciamento agrícola, como piloto automático AutoTrac com dois níveis de precisão (3cm e 23cm), o display GS3 ou GEN4 para controle de funções do trator e da operação e a antena Starfire 6000. O sistema quando instalado no trator pode gerenciar funções de semeadoras (Monitor de Plantio MPA 2500), distribuidores e pulverizadores e o software Wtare Pro pode fazer curvas de nível ou com gradiente, para terraços, taipas, drenos, dentre outras aplicações. Como pertencem ao mesmo grupo, AGCO, tanto a Massey Ferguson, no mo-

dos os modelos possuem boa visibilidade para o operador, com excelente conforto, espaço e acesso aos comandos de operação. Evidentemente que cada modelo apresenta suas particularidades, porém, de maneira geral, os elementos ergonômicos e de indicação considerados básicos são atendidos em sua totalidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As informações constantes neste comparativo são importantes na tomada de decisão por parte dos agricultores no momento da aquisição de um trator

delo 6712R Dyna-4 como a Valtra no modelo A124 HiTech também oferecem recursos de tecnologia, como o piloto automático em três versões: a primeira somente com preparação para o direcionamento automático, a segunda com o Auto-Guide 3000 em que a precisão é decimétrica e a terceira, onde com o mesmo sistema se consegue uma precisão centimétrica, utilizando antena RTK. Também está à disposição, como opcional, o sistema de telemetria denominado AgCommand, em que o produtor pode acompanhar a distância todas as atividades realizadas pela máquina. O fabricante de origem sul-coreana trouxe no modelo LS H125, como opcional, a telemetria e o sistema de monitoramento do motor. O pacote de telemetria é um desenvolvimento conjunto com uma empresa argentina. O sistema Gestya proporciona o acesso a informações sobre o posicionamento do trator e registro de informações operacionais, sendo que o usuário poderá ter a informação pela plataforma Gestya InfoWeb. O sistema de monitoramento e proteção do motor, denominado Vigia, emite alerta e desliga o motor quando houver queda da pressão de óleo ou superaquecimento do motor.

novo, suprindo de forma adequada as necessidades das diferentes operações realizadas na propriedade. A escolha do correto modelo de trator dentre os ofertados no mercado representa ganhos de eficiência e rendimento operacional, reduzindo consideravelmente os custos opera.M cionais. José Fernando Schlosser, Daniela Herzog, Guilherme Dal Mas e Leonardo Casali, Laboratório de Agrotecnologia, Nema - UFSM Alexandre Russini, Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui

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Fotos Marcelo Rodrigues Borba Júnior

TECNOLOGIA

Tecnologia nos ares O Brasil é o maior produtor de cana-deaçúcar do mundo e diversas tecnologias têm auxiliado os produtores a melhorar o manejo e aumentar a produtividade das suas lavouras e os drones têm sido cada vez mais utilizados em tarefas importantes neste cultivo

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U

m dos setores mais beneficiados com a chegada das tecnologias é o agrícola. A capacidade de obter informações mais precisas das áreas produtivas torna a tomada de decisão mais assertiva e é justamente nesse ponto que se inserem as tecnologias de maneira geral. A obtenção de dados de uma lavoura é o pontapé inicial para um maior retorno produtivo, os dados em questão referem-se à máxima extração de informações a respeito da cultura a ser implantada. Mas não para por aí, os dados obtidos para o início de um cultivo são apenas o começo para a aquisição de bons resultados, um ponto importantíssimo quando o assunto referido é a obtenção de dados faz referência ao acompanhamento do desenvolvimento fenológico de uma cultura, principalmente no que diz respeito à sua sanidade e à sua população em campo. A agricultura de precisão (AP) é um sistema de gerenciamento da produção capaz de promover informações úteis à tomada de decisão com base em uma representação realista dos fatores que interferem na produção das lavouras. O uso de equipamentos tecnológicos conciliado a esse sistema de gerenciamento permite uma precisão e acurácia ainda maior no levantamento dessas informações, permitindo administrar as operações de manejo e otimizando a utilização de insumos baseada no princípio de variabilidade do solo e clima. O gerenciamento de uma área produtiva é diretamente relacionado a dois fatores, a quantidade e a qualidade das informações obtidas do seu cultivo. A característica que define esses dois fatores diz respeito a quão representativas estão as variabilidades existentes na área, excepcionalmente a variabilidade espacial. Uma das principais esferas da agricultura de precisão é o sensoriamento remoto, por sua vez caracterizado pela prática de obter informações das lavouras sem que haja um contato físico, realizando a coleta dos dados por meio de uma interação da radiação eletromagnética com a superfície terrestre.

Os sensores remotos são classificados como terrestre, tipo de sensor que pode ser portátil ou acoplado a uma plataforma terrestre de condução; Suborbital, com sensores acoplados a plataformas aéreas (exemplo: drones), e os sensores orbitais, caracterizando o uso de imagens de satélites. O princípio de funcionamento desses sensores pode ser de maneiras ativa (que emitem a própria fonte de luz, no caso os sensores terrestres) e passiva (que dependem da luz solar, no caso imagens aéreas e orbitais). A determinação do tipo de sensor a ser utilizado está diretamente ligada ao propósito do levantamento de informações e ao seu nível de detalhamento, principalmente. Uma ferramenta inovadora no setor agrícola são as aeronaves remotamente pilotadas, do inglês remotely piloted aircraft (RPA), ou popularmente chamadas de drones. O uso dessa plataforma aérea permite o acoplamento de sensores ópticos, deste modo tornando mais prática, eficiente e detalhada a coleta de informações sobre as áreas produtivas. Isso é proporcionado pela capacidade da aeronave em sobrevoar e realizar um imageamento total da área, fornecendo informações de tal maneira a propiciar um banco de dados muito importante para posterior tomada de deci-

Captação de imagens para mensuração de falhas no canavial via drone

são, não restringindo quaisquer culturas. Os drones permitem a coleta de informações em uma maior frequência ao longo do período de desenvolvimento das culturas, reduzindo as variáveis de interferência quando comparados a outros tipos de plataformas, levando em consideração, ainda, que a alta resolução das imagens que são obtidas pelos drones é o fator principal e de maior importância quando se trabalha com AP, pois isso se trata de uma maior eficiência no grau de detalhamento do objeto-alvo, que neste caso são as culturas. Esse alto nível de detalhamento é o que de fato detecta as variabilidades de menor proporção, que também são de grande importância.

IMPACTOS DAS FALHAS NA CULTURA DA CANA

A cana-de-açúcar está representada em ampla área produtiva no Brasil, destacando-o como maior país produtor desta cultura, a qual se tem o maior aproveitamento na fase de geração de produtos, salientando ainda que o gerenciamento do cultivo é o real responsável pelo rendimento da cultura em campo. Uma das grandes causas que interferem na produtividade e posterior rendimento da cultura está atrelada à população de plantas por área, este fato se dá pela presença de falhas em meio às li-

Exemplos de falhas no canavial

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Marcelo Rodrigues Borba Júnior

de todas as imagens por meio de técnicas de fotogrametria). Posteriormente ocorre o processamento para identificação das linhas de plantio, onde são extraídos os perímetros em que não há a presença de plantas juntamente de suas respectivas dimensões, assim são caracterizadas as falhas no canavial.

TOMADA DE DECISÃO NO CANAVIAL

Falhas identificadas nas imagens aéreas por drone

nhas de plantio. As falhas são facilmente encontradas em todos os canaviais, o que os diferenciam são a proporção e a dimensão dessas falhas. Canaviais que estão no início do ciclo produtivo têm menor probabilidade de apresentar falhas, mas ainda assim são presentes, entretanto, canaviais próximos da reforma estão propícios à maior presença de falhas. Mas qual o motivo do canavial estar com tantas falhas? Aliás, o que é considerado uma falha? Como posso determinar o percentual de falhas do meu canavial? Esses são apenas alguns dos vários questionamentos que se tem a respeito dos canaviais. Inicialmente, o fato da existência de falhas nos canaviais é devido à ocorrência de vários fatores, seja pela qualidade das mudas/colmos distribuídas nos sulcos, presença de pragas ou doenças, manejo inadequado na aplicação de defensivos, tráfego excessivo de máquinas em campo ou por danos e abalos ocasionados pela colheita mecanizada, enfim, inúmeros fatores, considerando ainda que o vigor das plantas a cada colheita vai diminuindo, estimulando ainda mais a presença das falhas. E o que de fato é uma falha? Falha é considerado o espaço sem a presença de plantas entre dois colmos numa mesma linha de plantio, e para que essas falhas sejam mensuradas pode ser utilizada a tecnologia de capturas de imagens aéreas por drones, possibilitando uma leitu-

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ra real e precisa das falhas em área total.

DETERMINAÇÃO DE FALHAS NAS LINHAS DE PLANTIO

O fato de se utilizar os drones para levantamentos aéreos proporciona grandes vantagens aos produtores de cana-de-açúcar, a potencialidade dessa ferramenta é imensa. Com as imagens obtidas pelo drone é possível obter informações de falhas de áreas desejadas, além de poder fazer um acompanhamento ano a ano da cultura e averiguar seu desempenho em campo. O modo como as falhas são extraídas das imagens vem de uma série de processos, que são dependentes desde as características do planejamento de voo ao processamento das imagens. Alguns atributos produtivos da cultura são muito importantes para se ter uma representação significativa das falhas nas linhas de plantio, principalmente a altura das plantas, uma vez que alturas de planta muito elevadas podem mascarar o real resultado. Os passos iniciais para a execução desta ferramenta é selecionar um talhão ou área de interesse e designar um plano de voo para esta área. Durante a execução do voo, que será de forma autônoma, o drone captura imagens de toda área determinada, georreferenciando cada imagem capturada. Após o registro de todas as imagens, há a ortomosaicagem (junção

Em meio à diversidade de alternativas de escolha disponíveis no meio produtivo, através da agricultura de precisão torna-se mais assertiva a tomada de decisão. A necessidade de escolha de uma prática ou técnica a ser efetuada no canavial é determinada pelos dados que foram coletados. Essas informações que foram obtidas serão utilizadas na tomada de decisão, fornecendo ao produtor um diagnóstico da sua cultura exibindo os problemas encontrados, o que facilita na escolha do que deve ser feito e como fazer para solucionar o problema. Práticas como as zonas de manejo são utilizadas nesse processo. As zonas de manejo são delimitações da área na tentativa de se obter subáreas homogêneas para direcionar os tratamentos necessários, essas práticas são utilizadas nas lavouras, baseadas nos problemas encontrados de acordo com a obtenção dos dados, essa é uma maneira de poder solucionar os problemas com maior eficiência e assertividade, respeitando as variabilidades existentes na área. Problemas como as falhas no canavial podem ser solucionados, a exemplo de um replantio dos pontos de falhas ou até mesmo optar pela reforma do canavial. Para decidir qual escolha a ser tomada, deve-se levar em consideração não apenas o fato da existência das falhas, mas também sua proporção, idade do canavial, histórico da área, ambiente de produção, bem como uma análise econômica, pois um dos processos que necessitam de maior investimento no canavial .M é a reforma. Marcelo Rodrigues Barbosa Júnior e Cristiano Zerbato, Unesp


IMPLEMENTOS

Maior rentabilidade O processo produtivo do algodão engloba muitas operações, e hoje praticamente todas são mecanizadas. A destruição dos restos culturais do algodoeiro pode ser realizada de diversas formas, mas é preciso que o produtor avalie se é mais vantajoso reduzir custos na operação ou aumentar o desempenho e o rendimento operacional

O

Brasil é um dos principais produtores e exportadores de fibra de algodão em nível mundial, sendo o estado de Mato Grosso um dos grandes destaques por apresentar condições favoráveis em relação ao clima e ser topograficamente propício à mecanização dos procedimentos que envolvem todo o manejo do ciclo da cultura. Durante a condução da cultura, exceto a capina em áreas de algodão não resistente a herbicidas, todas as etapas são mecanizadas desde a semeadura até a colheita, porém ao contrário da maioria das culturas onde a última etapa é a colheita, no algodão ainda tem-se mais uma etapa que é a destruição de seus restos culturais, em que na maioria das vezes utilizam-se máquinas e equipamentos especiais. A destruição dos restos culturais do algodoeiro após a colheita é uma prática recomendada como medida preventiva, visando à redução da população de pragas e doenças, entre estes, bicudo, lagarta-rosada e broca-da-raiz, as quais podem permanecer alojadas nos restos culturais ou se desenvolver nas plantas rebrotadas. Tradicionalmente, a destruição da soqueira é feita pelo método mecânico, com o uso de grades ou arados que destroem a parte aérea e o sistema radicular das plantas, evitando, assim, o seu rebrote. O desempenho operacional das máquinas agríco-

las baseia-se em um conjunto de informações por vezes complexas, que determinam suas características ao executarem operações em determinadas condições de trabalho. O objetivo do trabalho foi avaliar as operações de destruição da soqueira do algodoeiro, particularmente intrínseca a esse cultivo, com diferentes métodos mecânicos, sendo eles colhedora adaptada, correntão e triton. O trabalho foi conduzido na fazenda Mãe Margarida, pertencente ao grupo Terra Santa Agro, município de Santa Rita do Trivelato, região Norte do estado do Mato Grosso, a sede da propriedade com latitude 14°03’20.79’’S, latitude 55°22’58’’O e altitude média de 534m. Para a realização da destoca do algodão foram realizadas três operações mecânicas, onde as máquinas usadas foram uma colhedora Jonh Deere STS 9750 para o corte superficial do pé do algodão, corrente tipo faca (correntão) com o auxílio de dois tratores (Jonh Deere 8430 e Case Magnum 340) para conclusão da operação, e um triton acoplado a

um trator John Deere 7500 para destruição superficial do pé do algodão. A destoca do algodão foi realizada utilizando três operações mecânicas. Uma colhedora para o corte superficial do pé do algodão, dois tratores para operação de passagem da corrente tipo faca (correntão) e um triton acoplado a um trator para destruição superficial do pé do algodão, conforme especificações técnicas (Tabela 1). As operações foram divididas em dois talhões “B3” e ”B1”, com comprimento médio de 1.590m cada um, e as condições agronômicas encontradas no local no momento da operação, além de já terem feito as bordaduras (25m cada lado do talhão) com o triton para facilitar o acesso de caminhões durante o embarque dos rolinhos da lavoura para a algodoeira, já havia sido feita também a primeira aplicação de herbicida para o controle de rebrota na cultura, e a segunda dose de herbicida 15 dias após a destruição mecânica, sendo também uma variável isolada (Tabela 2). O delineamento experimental foi em blocos casualizados constituídos de três tratamentos, sendo três métodos de destruição de soqueiras (1 – colhedora, 2 – correntão e 3 – triton) com três repetições, sendo que para cada repetição, representava quatro pas-

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Tabela 1 - Especificações técnicas das máquinas e implementos utilizados no experimento

Especificação

Métodos 1º 3º 2º Modelo do implemento Triton Corrente tipo faca Comprimento (m) 5 60 Modelo da máquina John Deere STS 9750 John Deere 8430 Case Magnum 340 John Deere 7500 Potência do motor (kW) 239,0 102,9 228 250 Largura da plataforma (m) 9 Capacidade do tanque de combustível (L) 1085 307 681 726 Reserva de torque (%) 30 31 40 40 Tabela 2 - Condição de operação e agronômicas para a destruição de soqueiras

Especificação

Rotação (rpm) Velocidade (km/h) Marcha utilizada Talhões utilizados Faixa de trabalho (m)

Métodos 1º 2º Condição de operação 2200 1900 10 3,83 (13,8) 2° 12° e 13° B3 e B1 B3 9 30 Condições agronômicas

Talhões utilizados (ha) Cultura implantada Variedade da cultura Espaçamento entre linhas (m) Espaçamento entre plantas (m)

EC (%) 68,37 a1 75,17 a2 75,64 a2

CCO (ha/h) 3,90 a1 6,92 a2 16,94 a3

CCE (ha/h) 5,24 a1 10,13 a2 22,39 a3

Fotos Carlos AlbertoViliotti

Médias seguidas de mesmo número não diferem entre si, pelo teste de Scott Knott (α: 5%).

Dois tratores tracionam uma corrente tipo faca para realizar a destruição das soqueiras

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1750 11,7 3°c B3 e B1 4,56

B3 (199) e B1 (195) Algodão safrinha IMA 5801B2RF 0,76 0,12

Tabela 3 - Desempenho operacional nas operações realizadas

Operação Colhedora Triton Correntão

sadas. Em todas as operações, as revisões eram feitas em horários alternativos para evitar perdas de tempo produtivo, mesmo isso ocorrendo, ainda assim eram necessárias vistorias básicas, a fim de validar a revisão feita em outros turnos. O talhão inicialmente utilizado foi o “B3” com todas as operações citadas com exceção da colhedora e do triton por falta de área uniforme se fez necessária uma repetição do tratamento do triton e colhedora no talhão “B1” ao lado. Para cada repetição era abastecido o tanque de cada máquina utilizada para operação, e após o final da repetição o tanque era novamente abastecido e a diferença era anotada. Avaliaram-se a capacidade de campo operacional, a capacidade de campo efetiva, a eficiência de campo e o consumo de combustível. Os dados de desempenho operacional e energético foram submetidos a análise de variância pelo teste F e as médias, quando significativas, foram comparadas pelo teste de Skoott-Knott a 5% de significância utilizando o software Sisvar 5.6. O desempenho operacional de cada método no campo (Tabela 3) demonstrou que a eficiência de campo entre as três operações se apresentou bem próxima, tendo uma variação máxima de 7,17% entre a melhor eficiência de operação e a pior. A operação com o correntão e triton foram a que apresentou melhores eficiências de campo, não apresentando diferen-


Tabela 4 - Consumo de combustível nas três operações realizadas

Operação Triton Correntão Colhedora

Consumo de combustível(L/ha) 3,67 a1 3,85 a1 5,55 a2

Consumo de combustível(L/h) 19,01 a1 56,29 a2 86,34 a3

Médias seguidas de mesmo número não diferem entre si, pelo teste de Scott Knott (α: 5%).

ça significativa entre si. O fato de a colhedora ter tido a menor eficiência de campo também era esperado, pois durante a operação a mesma também necessita de um número maior de ajustes e regulagens quando comparada com os outros dois métodos. Mesmo que as operações de triton e correntão estejam com as melhores eficiências, as três estão dentro do recomendado pela Asabe (1996), entre 50% e 80%. Levando em consideração as reais condições de operação, como os efeitos dos fatores operacionais, já que se o operador, por exemplo, for mais experiente esse valor poderá ser alterado. Por meio do tempo máquina de cada operação realizada a campo, onde se consideram todos os fatores discutidos anteriormente, pode-se verificar que estatisticamente a operação realizada com o correntão foi a que teve melhor capacidade de campo operacional dentre as três analisadas, com 16,94ha/h, seguida, com menos da metade da capacidade do primeiro citado, da colhedora, e, por último, o triton, sendo a operação com pior capacidade real de campo. A capacidade de campo efetivo (CCE) é o que teoricamente em condições de operação se consegue com sucesso realizar a mesma, não leva em consideração o tempo máquina (Tm), somente o tempo produtivo e a área tratada, uma relação direta e objetiva. Dentre as operações, observa-se que o correntão possui a melhor capacidade de campo efetivo em relação às demais operações, ou seja, consegue trabalhar ou tratar me-

canicamente, mais hectares/hora que as demais operações. Isso pode ser explicado pelo fato de que sua velocidade é maior que as outras duas operações, 3,83m/s (13,8km/h) em média, e sua largura efetiva de trabalho seja maior também (15m, devido às duas passadas). O triton, mesmo que possuindo uma boa velocidade média, 3,25m/s (11,7km/h), não possui uma grande largura efetiva (4,56m), assim como a colhedora que possui uma razoável largura de trabalho (9m) e uma razoável velocidade média 2,78m/s (10km/h), por essa razão essas duas operações possuem capacidade de campo efetiva inferior ao correntão. O consumo de combustível observado (L/ha) leva em consideração o volume de combustível de cada máquina designada para cada operação realizar o tratamento de 1ha (Tabela 4). Pela análise de variância, observou-se que as operações que menos consumiram combustível foram as com triton e correntão, inclusive não apresentando diferença significativa no nível de 5% entre si, e assim a operação que mais demanda volume de combustível para realização de um hectare foi a com colhedora. O consumo horário (L/h) é o volume de combustível necessário para a realização da atividade em uma hora, o panorama muda em comparação com o con-

sumo por hectares, pois nesse caso o correntão é quem consome mais combustível para realização de uma hora de operação, porém a operação triton se mantém como uma das operações mais econômicas, assim como na tabela anterior. O fato de o correntão ser a operação que mais consome se dá pelo fato de que são duas máquinas pesadas realizando a operação como descrito anteriormente, e por esse fato seu consumo horário é alto, porém seu consumo para realização de um hectare é baixo devido à sua alta capacidade operacional. Portanto, baseado na área de plantio de algodão da fazenda onde se realizou o experimento, que é de 5.658ha e no preço do litro de diesel, que é de R$ 3,60, temos que a redução do custo operacional em termos de consumo de combustível do triton para a colhedora chega ao valor de R$ 10.637,00 por safra, ou ainda 1,88 R$/ha. Em contrapartida, se o foco for rendimento operacional o método que mais se destacou foi o correntão, devido à sua grande largura de trabalho. Já a colhedora, baseada nas análises que foram feitas, não se mostrou viável do ponto de vista de custo e tampouco no rendimento operacional. Dentre os três métodos mecanizados avaliados, o que apresentou melhor desempenho e viabilidade econômica foi o triton, devido à baixa potência do trator utilizado, o que refletiu diretamente no menor consumo de combustível. .M Carlos Alberto Viliotti, Gabriel Benhosi e Elivânia Maria Sousa Nascimento, UFC/AAA Leonardo de Almeida Monteiro, UFC/Lima

Conjunto trator e implemento triton usado na operação

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COLHEDORAS

A

Qualidade e vigor

produção de sementes de soja de elevada qualidade é um desafio para o setor sementeiro, e dentre as diversas etapas da sua produção, a condução do manejo correto da colheita é fundamental para a obtenção de uma semente de alta qualidade, que possa ser armazenada com segurança, garantindo o produto final desejado. Durante o processo de colheita, ocorrem diferentes tipos de perdas nos mecanismos da colhedora, seja na plataforma de corte ou nos sistemas de trilha, separação e limpeza (Moraes et al., 2005). Os danos mecânicos causados pela colhedora são imediatos (visíveis) ou latentes (invisíveis), que podem causar trincas microscópicas e danos internos no embrião, podendo não afetar diretamente a germinação, mas o vigor e o potencial de armazenamento e o desempenho da semente no campo são reduzidos. (França Neto; Henning, 1984). Estão presentes no mercado colhedoras com sistema de trilha tangencial, também conhecidas como radiais ou convencionais, onde o cilindro e o côncavo estão dispostos em posição transversal ao fluxo do produto, e colhedoras axiais, onde o rotor é posicionado longitudinalmente à máquina e paralelo ao fluxo. Ambos os sistemas possuem suas peculiaridades e de acordo com a regulagem e condições de operação produzem efeitos diferenciados na qualidade fisiológica da semente (Marcondes et al., 2005). A plataforma de corte tem a função de cortar e recolher o material da cultura. É sustentada pelo canal alimentador que é acoplado no corpo da colhedora, o qual possui a função de conduzir o material recolhido pela plataforma até os mecanismos de trilha e separação. A alimentação do canal é realizada via helicoide ou por uma esteira transportadora, conhecida como sistema esteira. A utilização do helicoide ou esteira também pode apresentar resultados diferentes nas perdas qualitativas e quantitativas. Neste sentido, conduziu-se um experimento para avaliar o efeito de diferentes sistemas de corte/recolhimento e trilha na qualidade de sementes de duas variedades de soja.

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Produzir sementes de soja de alta qualidade e sem danos é o objetivo principal dos produtores. Para isso, a correta condução do sistema de colheita é tão importante quanto o manejo que a cultura recebe ao longo da safra


EXPERIMENTO

O experimento foi realizado no Oeste do Rio Grande do Sul, no município de Alegrete, na safra 2016/2017. As amostras de dois quilogramas foram retiradas do tanque graneleiro das colhedoras às 15h. Devido ao fato de, no momento da colheita, as sementes já se encontrarem naturalmente com o teor de umidade próximo de 12%, o processo de secagem artificial não se fez necessário. O experimento foi conduzido em parcelas subdivididas e dois fatores, em esquema 2x4 (duas cultivares x quatro sistemas de colheita), com quatro repetições, totalizando oito tratamentos e 32 unidades experimentais. Foram utilizadas duas cultivares (Cultivar 1 e Cultivar 2) combinadas com quatro formas de colheita, sendo estas compostas pela colheita manual e mais três colhedoras com as seguintes características contrastantes: Após a colheita, para avaliar a qualidade física e fisiológica das sementes, foram realizadas nos Laboratórios de Classificação de Grãos e de Fitotecnia do IFFar - Campus Alegrete/RS, as seguintes análises. Teste de vigor por envelhecimento acelerado, realizado conforme metodologia descrita por Marcos Filho (1999). Com o objetivo de mensurar o desempenho da semente em condições adversas, de forma semelhante às intempéries climáticas, as quais irão exigir mais da semente para germinar e formar uma plântula. O segundo teste foi a avaliação do percentual de germinação das sementes e teve como objetivo mensurar a germinação em condições ideais e artificiais, permitindo a obtenção da porcentagem máxima de germinação expressada pelo seu potencial. Ocorreu seguindo as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009). Avaliou-se também a injúria mecânica, determinada pelo teste de hipoclorito, identificando as sementes com ruptura no tegumento, segundo critério estabelecido por Vaughan (1982). O teste de tetrazólio foi empregado para averiguar a viabilidade das sementes, conforme metodologia descrita por Costa et al. (2008). Este teste é utilizado para detectar e diferenciar danos causados por umidade, mecânicos ou por insetos, distinguíveis através da coloração vermelha do sal de tetrazólio e pelos padrões de cor produzidos nos tecidos da semente. E foi feito ainda o teste para determinação do teor de

água das sementes no momento da colheita, utilizando o método de estufa com circulação de ar, de acordo com recomendações da American Society of Agricultural Engineers (Asae, 2000). Os dados foram submetidos à análise da variância e as médias que apresentaram diferença significativa foram classificadas pelo teste de Tukey com 5% de probabilidade de erro.

RESULTADOS

O vigor das duas cultivares (Tabela 1), diferiu significativamente, demonstrando uma diferença de comportamento em relação à mecanização entre ambas. Marcondes et al. (2010) também encontraram diferença no comportamento do vigor entre duas cultivares de soja amostradas, submetidas à colheita mecanizada por sistema de trilha axial e radial. Como esperado, o método de colheita manual apresentou os maiores valores de vigor, diferindo significativamente dos outros tratamentos. Lopes et al. (2011) também encontraram maior vigor por envelhecimento acelerado nas sementes colhidas manualmente. Os métodos de colheita axial + helicoide e axial + esteira não diferiram entre si, mas obtiveram resultados de vigor superiores ao sistema radial. Resultado semelhante foi encontrado por Strobel et al., 2016. Em média, o sistema radial apresentou-se inferior aos demais, e todos os sistemas mecânicos diferiram da testemunha, com menores valores de vigor. Não houve diferença significativa nos teores de germinação (Tabela 2) entre os métodos de colheita. Porém, a média dos teores de germinação da cultivar 2, em valores absolutos, foi superior à da cultivar 1. Cunha et al. (2009) também obteve resultado semelhante, onde não ocorreu diferença significativa entre germinação dos tratamentos, apenas uma tendência de redução da germinação com a colheita mecânica. Para os resultados do teste de hipoclorito (Tabela 3), a cultivar 1 apresentou maior teor de sementes com dano no tegumento em relação à cultivar 2, diferindo significativamente. Tais valores estão relacionados ao encontrado no teste de vigor, onde a cultivar 1 obteve desempenho inferior. Entre os sistemas mecânicos, o axial + esteira foi o que apresentou a menor incidência de dano, porém, só obteve diferença significativa do sistema radial + helicoide. O teste de tetrazólio (Tabela 4) foi realizado com intenção

O comparativo foi realizado com colhedora com sistema de trilha axial + plataforma de esteira (esquerda); colhedora com sistema axial + plataforma helicoidal (centro); e colhedora com sistema de trilha radial + plataforma helicoidal (direita)

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Quadro 1 - Caracterização das colhedoras utilizadas para compor os tratamentos

Colhedora Sistema de trilha Largura da plataforma de corte Sistema de transporte de material na plataforma Velocidade de colheita (km/h) Rotação do elemento de trilha (rpm)

I Radial/tangencial 7m Helicoide 5,5 580

II Axial 7,6m Helicoide 5,0 580

III Axial 12,2 Esteira 6,5 1200

Tabela 1- Porcentagens médias obtidas no teste de vigor por envelhecimento acelerado, em que analisou o efeito dos diferentes métodos de colheita em duas cultivares de soja

Método de colheita

Manual

Cultivar 1 Cultivar 2 Média Colheita

80,00 Aa* 79,50 Aa 79,75 A

Radial + Helicoide Axial + Helicoide Axial + Esteira Vigor por envelhecimento acelerado (%) 19,00 Cb 48,50 Bb 45,50 Bb 57,00 Ba 65,00 Ba 60,50 Ba 38,00 C 56,75 B 53,00 B

Média Cultivar 48,25 b 65,5 a

CV (%) = 12,55 (*) Médias seguidas por letras distintas minúsculas, nas colunas, e maiúsculas, nas linhas, diferem significativamente entre si, a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Tabela 2 - Porcentagens médias para as duas cultivares avaliadas e os diferentes métodos Tabela 3 - Porcentagens médias de sementes que não apresentaram dano mecânico aparente, de colheita obtidas através do teste de hipoclorito

Método de Colheita Cultivar

Tratamento Manual Radial + Helicoide Axial + Helicoide Axial + Esteira 1 2

CV = 3,89%.

de separar os danos mecânicos dos danos por umidade. A alta incidência de danos mecânicos no tratamento radial requer atenção especial do produtor, principalmente em relação à velocidade periférica do cilindro de trilha e da abertura do côncavo. Os valores de danos mecânicos inferiores na colhedora de fluxo axial vão de encontro com Machado (2003), que relata que o grau de dano da semente é reduzido quando utilizadas colhedoras de fluxo axial. Outro fator importante a ser considerado na produção de sementes é a umidade no momento da colheita. Os valores médios apresentaram-se entre 10,47% e 12,13%, abaixo da faixa recomendada (15% e 13%), podendo ter contribuído para a redução do vigor nos tratamentos (Embrapa, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização da plataforma de cor-

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Tratamento Sementes sem dano mecânico (%) Método Manual 99,00 *a de Radial + Helicoide 88,33 c Colheita Axial + Helicoide 90,83 bc Axial + Esteira 92,00 b Cultivar 1 91,75 b 2 94,25 a

Germinação (%) 97,00 96,50 96,00 96,50 94,75 98,25

CV (%) = 1,70 (*) Nas colunas, médias seguidas de letras iguais não diferem entre si (Tukey a 5%).

Tabela 4 - Porcentagem de sementes com danos por umidade e injúria mecânica indicados pelo teste de tetrazólio

Manual Radial + helicoide Axial + helicoide Axial + Esteira

Cultivar 1 Umidade Mecânico 5% 0% 5% 26% 2% 5% 4% 4%

te com esteira transportadora ou helicoide apresentou resultados semelhantes na qualidade fisiológica das sementes de soja, não alterando nenhum parâmetro qualitativo de forma significativa. Os teores de germinação foram pouco influenciados pelos diferentes tratamentos. Porém, o método de colheita radial apresentou maior incidência de danos mecânicos e menor vigor das sementes em relação ao sistema axial, comprometendo a qualidade do material e inviabilizando seu uso como

Cultivar 2 Umidade Mecânico 10% 0% 7% 13% 4% 6% 10% 5%

semente. Em virtude das características genéticas das cultivares, principalmente devido ao diâmetro, o impacto da mecanização ocorreu de forma mais inten.M sa na cultivar 1. Samuel Martens, Ricardo Tadeu Paraginski, Camila Fontoura Nunes, Nairiane Bilhalva, Sueli Elisa Kullmann e Vilnei de Oliveira Dias, (IFFar/UFSM/Unipampa)




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