Maquinas 21

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Do editor Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 – 7º andar Pelotas – RS 96015 – 300 www.grupocultivar.com Diretor-Presidente Newton Peter Diretora Administrativa Cely Maria Krolow Peter Diretor Financeiro e de Redação Schubert K. Peter Secretária Geral Simone Lopes

Cultivar Máquinas Edição Nº 21 Ano III - Maio / Junho 2003 ISSN - 1676-0158 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (06 edilções): R$ 48,00

Os crescentes investimentos no setor agrícola, tanto no aumento de área plantada, como em pesquisas de melhoramento e financiamento de maquinários, fizeram com que a atual safra de soja no Brasil batesse todos os recordes. Feitos os investimentos e colhidos os resultados, está na hora de armazenar e comercializar o produto, sem perder a qualidade na reta final da produção. Armazenamento é um processo importante e delicado, que requer cuidados especiais e precisos, como aeração, secagem etc. Por isso, nesta edição, dedicamos atenção especial para a aeração de grãos, com um olhar atencioso sobre cada item do processo, para garantir a qualidade desejada na hora da comercialização. Atentos às novidades na área de mecanização agrícola, destacamos alguns equipamentos que nos chamaram a atenção durante o Agrishow 2003 e buscamos repassar aos leitores as nossas impressões sobre cada uma destas máquinas. Para finalizar, o nosso consultor técnico aborda a questão do uso de alta tecnologia na agricultura.

Assinatura Internacional: US$ 52,00 48,00 • Editor

Charles Ricardo Echer

Índice

Nossa Capa

• Consultor Técnico

Dr. Arno Dallmeyer • Redação

Pablo Rodrigues Gilvan Dutra Quevedo Rocheli Wachholz • Revisão

Carolina Fassbender

Foto Augusto Alberto Levien

Rodando por aí

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Máquinas no cafezal

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Pesagem na fazenda

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Compactação planejada

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Pulverização em citrus

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Implemento virtual

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Destaques do Agrishow 2003

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Aeração com qualidade

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Nova Frontier

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Opinião

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• Design Gráfico e Diagramação

Fabiane Rittmann _____________

• Gerente Comercial

Neri Ferreira

• Assistente de Vendas

Pedro Batistin _____________

• Assinaturas

Luceni Hellebrandt • Assistente de Promoções

Pedro Largacha

Destaques

• Assistente de Vendas

Jociane Bitencourt Fabiana Maciel

Máquinas no cafezal

• Expedição

Saiba quais são as principais máquinas utilizadas no cultivo de café ....................................................

Edson Krause • Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

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Pulverização em citrus NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL / ASSINATURAS:

3028.4008

Caderno especial

• REDAÇÃO:

3028.4002 / 3028.4003 • MARKETING:

3028.4004 • FAX:

3028.4001 Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Como funciona e quais as vantagens da pulverização eletrostática

Diminuição do espaçamento entre bicos aumenta a qualidade e eficiência da pulverização em citrus ................................................... 16

Destaques Agrishow 2003 Conheça algumas máquinas que chamaram atenção no Agrishow 2003 ...................................................

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Aeração com qualidade Como controlar a aeração para garantir a qualidade dos grãos na armazenagem ...................................................

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Rodando por aí

Clube líder Massey Fergusson A AGCO do Brasil, líder na fabricação de tratores na América Latina e maior exportadora do produto no país, contratou a RBS Direct para gerenciar um programa de relacionamento para clientes da marca Massey Ferguson, o ´Clube Líder Massey Ferguson´. O objetivo do projeto é desenvolver estratégias e ações mercadológicas e promocionais para reter os clientes com maior potencial de rentabilidade e crescimento. Os públicos-alvo do programa são agricultores e pecuaristas, clientes da Massey Ferguson, com maior propensão de gerar rentabilidade para a AGCO do Brasil e que foram segmentados de acordo com atributos como cultura, área plantada, quantidade de equipamentos e região. As ações criadas estão baseadas em benefícios emocionais, econômicos e profissionais.

Novos filtros e bombas hidráulicas Paulo Hermann

Novidades A John Deere colocou no mercado em 2003 uma nova linha de plantadoras com estrutura robusta e até 24 linhas. Além da plantadora, a empresa lançou o trator de 75 cavalos especial para trabalhos em pomares e com características que atendem também às necessidades da agricultura familiar. Segundo o Diretor de Marketing da John Deere, Paulo Hermann, o mercado de máquinas agrícolas no Brasil está em expansão e deverá manter a boa performance nos próximos anos.

Pivô linear O grupo Fockink apresentou ao mercado o seu novo sistema de irrigação Pivô Linear 2 rodas, utilizado em áreas retangulares onde o comprimento de tubulação aérea é de até 350 metros. Segundo o executivo comercial da empresa, Nilson Schemmer, com este equipamento, a empresa está buscando atender o mercado de cana-de-açúcar e também de grãos, com um melhor aproveitamento das áreas planas. O novo produto também pode ser usado em pequenas propriedades na agricultura familiar.

A divisão da Aftermarket da ZF do Brasil lançou, em abril, novos modelos de filtros e bombas hidráulicas para o setor agrícola. Os produtos são destinados a máquinas e tratores das marcas Agrale, AGCO, John Deere e Valtra, de todas as faixas de potência,

e aumentam a oferta de componentes com a marca da empresa. Recicláveis e ecológicos, os novos filtros ZF não prejudicam o meio ambiente e, por terem carcaça totalmente de plástico, facilitam a instalação e têm

maior vida útil. Os dez novos modelos de bombas hidráulicas, fabricadas em liga de alumínio especial, possuem elevado desempenho e eficiência, garantindo baixo nível de ruído e resistência às altas pressões.

Chilenos no Agrishow Distribuidores da AGCO no Chile estiveram presentes no Agrishow de Ribeirão. O grupo veio ao Brasil para visitar a feira conhecer o trabalho que a empresa realiza no Brasil, já que a AGCO dispõe no Chile de linha de revendedores com serviço completo de vendas e pós-vendas. Segundo o gerente de Marketing, Paulino Jeckel, a agricultura brasileira, pelo seu potencial produtivo e pelo nível de tecnologia empregada em grandes propriedades, é um referencial, o que atrai a atenção dos demais países. A Massey Ferguson também proporcionou ao público do Agrishow ver e ouvir o cantor sertanejo Daniel que esteve presente no estande da empresa para receber as chaves do trator 5320 que adquiriu para usar nas atividades diárias de sua fazenda.

Projeto Soma A Case New Holland está implantando o Projeto Soma (Sistema de Otimização da Manufatura), na fábrica de Curitiba (PR). “O objetivo é reorganizar o processo de produção de sua linha de montagem de tratores e colhedoras, e obter um ganho de eficiência de 30%, garantindo altíssima flexibilidade, dentro dos melhores padrões de qualidade e pontualidade”, afirma o Superintendente da Área Agrícola da CNH para a América Latina, Marco Mazzú. O Projeto Soma inspira-se na filosofia japonesa dos 5S, que tem como meta a melhoria geral do ambiente de trabalho, com ênfase nos sensos de organização, limpeza, ordenação, saúde e padronização.

Amostrador solo Um novo equipamento para análise de solo já está disponível no mercado. É o Amostrador Elétrico de Solo, que funciona com uma fonte 12 volts e pode ser ligada à bateria do carro ou trator. O amostrador apresenta vantagens como redução na perda da camada superficial de terra, o que torna a amostra muito mais precisa e livre de torrões. Informações e encomendas pelo telefone (45) 242-1035 ou pelo e-mail clh@realplus.com.br.

Pneu gigante A Michelin apresentou no Agrishow 2003 o pneu “gigante”, produzido nos Estados Unidos e destinado a caminhões de mineração. O 58/ 80R63 XDK1 tem medidas impressionantes: são 3,89 metros de diâmetro, 1,47 metro de largura e pesa 4,805 toneladas. Para se ter uma idéia da proporção do pneu, a quantidade de borracha necessária para a sua fabricação equivale à quantidade utilizada na produção de 600 pneus de carro de passeio. A Michelin apresentou também sua linha completa de pneus agrícolas e industriais.

Marco Mazzú

Energia com biomassa

Nilson Schemmer

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Máquinas

A Companhia Energética Santa Elisa, localizada em Sertãozinho (SP), inaugurou recentemente uma usina termelétrica de 60MW de potência instalada, com produção de energia a partir da biomassa (bagaço da cana-de-açúcar). De toda a energia gerada, 30MW serão para o consumo próprio e outros 30MW serão destinados para venda, como excedente à CPFL.

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Maio / Junho 2003


Jit para transgênicos A Agrosystem trouxe para o Brasil o kit de teste rápido para diagnóstico de culturas e de grãos transgênicos. O aparelho permite obter resultados precisos e confiáveis em apenas 5 minutos, possibilitando a identificação de OGM. Os tes-

tes estão disponíveis para as culturas de soja, milho e algodão. A Agrosystem apresentou o lançamento juntamente com outros produtos, como o kit de teste rápido para identificação da micotoxina aflatoxina em grãos de milho.

Emirados

Pérsio Briante

Extra A Extra, empresa de Cuiabá (MT), marcou presença no Agrishow 2003 e aproveitou para divulgar a empresa Extra Peças, localizada em Indaiatuba (SP). Conforme explica o diretor presidente, Pérsio Domingos Briante, a Extra Peças trabalha com um sistema de logística que permite a entrega de peças de reposição para máquinas agrícolas nos principais pólos agrícolas do Brasil com um prazo de 12 horas e custo reduzido. A presença de acrobatas no estande da empresa foi uma maneira descontraída de atrair o grande público do evento.

O grupo Kepler Weber anunciou uma negociação de US$ 3 milhões com a empresa Edible Oil Company, do grupo Cam Group dos Emirados Árabes. A planta industrial com seis silos metálicos terá capacidade para 60 mil toneladas e será instalada no porto de Jebel Ali, nas proximidades de Dubai. “Dubai poderá servir de importante vitrine para as vastas Duílio, Othon e Adriano potencialidades do Oriente Médio com repercussão em todos os países árabes”, garante o diretor-presidente Othon D’Eça Cals de Abreu. A Kepler está investindo forte para retomar a sua participação no mercado externo em 20%. Segundo o diretor comercial, Duílio De La Corte, a empresa tem escritórios de representação em todos os países latino-americanos, África do Sul e Singapura.

Prêmio

Reconhecimento Neste ano, a Escola de Agricultura da Universidade de Purdue (USA) concedeu o prêmio “2003 Distinguished Agricultural Alumni Awards” a nove ex-alunos que se destacam por suas pesquisas na agricultura. Entre esses laureados está Everardo Chartuni Mantovani, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo e vice-presidente da SBEA (Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola). Mantovani foi o único laureado não norte-americano a receber essa distinção em 2003.

Rubens e Ruy

Os pesquisadores Rubens Siqueira e Ruy Casão Júnior, do Iapar, receberam o segundo lugar na Mostra Internacional de Tecnologias para o Agronegócio Ruraltech, evento que faz parte da Feira Agropecuária e Industrial de Londrina, pelo desenvolvimento de uma haste sulcadora para semeadora de plantio direto. De acordo com os pesquisadores, a tecnologia reduz em até 50% a exigência de potência do trator e proporciona economia de combustível e durabilidade do equipamento. Os resultados da pesquisa e o desenvolvimento do trabalho dos pesquisadores foram publicados na página 30 da edição nº 13 de julho/agosto de 2002 da Revista Cultivar Máquinas, com o título “Ângulo ideal”.

Recordes A Valmont tem bons motivos para comemorar. De 1999 a 2002, a empresa exportou cinco mil pivôs para o Iraque, dentro do Projeto “Óleo por comida” e, para 2003, há possibilidade de serem instalados mais 1.300 na mesma região. Também neste ano, a unidade brasileira da Valley recebeu o prêmio por ser considerada a unidade mais qualificada entre as 28 fábricas do grupo existentes pelo mundo. Para o diretor presidente, Bernhard Kiep, a premiação é um reconhecimento do grande trabalho desenvolvido pela fábrica brasileira, pois é a primeira vez que uma unidade fora dos Estados Unidos recebe este prêmio. No Agrishow deste ano, a empresa superou em 70% as vendas em relação ao ano passado. “Comercializamos também uma unidade do maior pivô linear do mundo, com uma extensão de 1.245 metros e capacidade para irrigar 800 hectares”, destaca Kiep.

Maio / Junho 2003

Bernhard Kiep (dir.)

De 08 a 12 de setembro acontece a XII Semana de Estudos em Engenharia Agrícola, na Unicamp, com o objetivo de discutir como as novas tecnologias devem ser empregadas focando o desenvolvimento com sustentabilidade. O evento é promovido pela União Brasileira de Estudantes de Engenharia Agrícola (UBEEAGRI), a Agrológica – Empresa Júnior de Engenharia Agrícola e a Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp. Informações pelos telefones (19) 3788-1053 e 3788-1046.

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Mini-pivô A Lindsay apresentou no Agrishow o seu mais novo equipamento de irrigação. Trata-se de um pivô de pequeno porte, voltado para a agricultura familiar, otimizando os recursos naturais e a produtividade de propriedades com áreas de 0,5 a 300 hectares. Segundo o diretor geral, Eugênio Brunheroto, o novo pivô possibilitará aos produtores que trabalham em pequenas áreas desfrutar da tecnologia, com um investimento adequado de acordo com o tamanho da propriedade. A Lindsay, subsidiária da americana Lindsay Manofacturing Co., é líder mundial na fabricação de pivôs e produz no Brasil uma completa linha de sistemas de irrigação por aspersão mecanizada, com pivô central, pivô rebocável, lateral, mini-pivô, carretel enrolador, controlador e injetores de fertilizantes.

Goodyear

XII Semeagri

Everardo Mantovani

Paola Joy e Eugênio

A Goodyear do Brasil surpreendeu mais uma vez no Agrishow de Ribeirão. A empresa apresentou sua linha completa de produtos em um estande moderno com estilo de nave espacial. Segundo o gerente de produto de pneus agrícola e fora de estrada, Ronaldo Rios, o Agrishow fechou com chave de ouro o circuito nacional de feiras, que neste ano superou as expectativas de venda da empresa.

Máquinas

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Máquinas

colheita de café

O uso de máquinas no cultivo melhora a qualidade do café; conheça as principais usadas nas diversas fases da colheita

Máquinas no cafezal A

produção mundial de café na safra 2002 foi de 122 x 106 sacas de 60Kg beneficiadas. O Brasil, que é o maior produtor, consumidor e exportador do mundo participa nesse total, com cerca de 44,69 x 106 sacas. Estima-se que a área cultivada com café no país é de, aproximadamente, 2.346.480ha, com 4.885,8 x 106 covas. O Estado de Minas Gerais é, entre os Estados, o de maior produção, respondendo por mais de 50% da produção brasileira, sendo que a região Sul/Oeste contribui com 53% desta e conta com aproximadamente 20.000 propriedades distribuídas em 510 municípios, os quais ocupam cerca de 1.062.000ha. Considerando a área cultivada e a produção, verifica-se que a cultura do café é de grande importância soci-

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Máquinas

oeconômica para o país por gerar direta e indiretamente grande quantidade de empregos e por manter no campo parte do pessoal envolvido no sistema produtivo. Entretanto, para a sustentabilidade do agronegócio torna-se necessário tomar, isoladamente pelo produtor ou conjuntamente pela classe produtora, várias medidas, entre elas, a de fazer uma boa gestão administrativa, devendo o administrador contar com planejamento e organização, tecnologia apropriada, recursos humanos capacitados, lavouras economicamente produtivas, produto de boa qualidade e, sobretudo com boa comercialização. A mecanização racional da lavoura é a base da sustentabilidade e, conseqüentemente, da competitividade desse agronegócio, haja vista os seus reflexos na redução

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do custo de produção e as contribuições que podem proporcionar na melhoria da qualidade do produto. A mecanização pode ser usada nas diversas etapas do processo produtivo da cultura, todavia a de colheita, que envolve inúmeras operações, é a de maior custo e, conseqüentemente, de maior importância no custo de produção. As operações mecanizadas normalmente realizadas na colheita do café são: arruação, derriça, varrição, recolhimento e abanação.

ARRUAÇÃO É realizada antes da derriça e caracteriza-se pela retirada de folhas, ramos e galhos secos, plantas daninhas e outros materiais estranhos que se encontram na projeção e Maio / Junho 2003


“A mecanização racional da lavoura é a base da sustentabilidade e, conseqüentemente, da competitividade do agronegócio”

as Estações de inverno ou de primavera. Em outros Estados ou regiões, a colheita inicia-se tardiamente e pode se estender até o mês de janeiro. Essa variação no período de colheita está condicionada à altitude do terreno e ao clima da região, uma vez que influem na maturação dos frutos. A derriça pode ocorrer de uma só vez, processo mais usado pelos produtores, no qual é aconselhável a separação posterior dos frutos em função do grau de maturação e em mais de uma vez, o que caracteriza a derriça seletiva. Nesta, a separação dos frutos em função do grau de maturação pode, em alguns casos, ser dispensada. Tanto no primeiro, quanto no

vagem dos frutos para separação de pedras e de pequenos torrões. A derriça no pano é o processo mais recomendado, uma vez que dificulta a mistura dos frutos derriçados com aqueles que se encontravam caídos antes de iniciar a derriça e que provavelmente encontram-se deteriorados pelo contato prolongado com o solo. Neste processo, os frutos são derriçados sobre panos colocados previamente de cada lado da linha e sob a projeção da copa das plantas. Os panos são, em geral, de tecido grosso, lona ou também de polietileno trançado e emendados, que medem normalmente de 3,5 a 20 m de comprimento por 2 a 3 m de largura. A derriça no pano resulta em abanação mais fácil e rápida, com fru-

Fotos Case

arredores da saia do cafeeiro, com a finalidade de evitar que os frutos que caem naturalmente da planta e/ou derriçados venham a se perder ou deteriorar ao ficar em contato com a terra e resíduos vegetais. A retirada dessas impurezas pode ser feita mecanicamente via raspagem superficial, pneumaticamente via sopragem das impurezas existentes na superfície e, pela ação combinada da raspagem e sopragem. Existem diversas marcas e modelos de arruadores no mercado e a escolha de um deles depende de vários fatores. De modo geral, um conjunto trator-arruador pode superar diariamente o homem em aproximadamente 36 vezes, com um custo cerca de 4,0 vezes menor, sem prejuízos na qualidade do serviço executado. A produção horária e a qualidade do trabalho realizado numa arruação tratorizada depende, entre outro fatores, da declividade do terreno, manejo de plantas daninhas, espaçamento entrelinhas, diâmetro e altura de saia do cafeeiro, forma de condução da lavoura, tipo de equipamento usado e das condições operacionais.

DERRIÇA É o processo de retirada dos frutos da planta e, por isso, é considerada a principal operação da colheita, uma vez que tem maiores implicações no custo de produção e também por influir na qualidade do produto. A colheita coincide na maioria das regiões produtoras do país com o período de seca. Recomenda-se iniciar a colheita quando a quantidade máxima de frutos verdes na planta for de 5%, embora alguns produtores iniciem quando este percentual é de 20%. Os fabricantes de máquinas destinadas a este fim recomendam iniciar a colheita quando o percentual de frutos verdes é de 10%. A decisão de se iniciar a colheita mais cedo compromete a qualidade e o preço final do produto e mais tarde causa depauperamento das plantas mais novas e o comprometimento da próxima safra, considerando os danos causados às flores. Essa decisão é influenciada pela: a) possibilidade de realizar a colheita seletivamente em mais de uma passada; b) condições climáticas da região e das características do terreno onde a lavoura se encontra instalada (tipo e umidade do solo, umidade relativa do ar, altitude e desuniformidade na maturação); c) tamanho da área a ser colhida e tempo disponível para a operação de colheita; d) disponibilidade de máquinas e; e) preço do café no início da colheita. Em alguns Estados produtores do Brasil, a derriça inicia-se no outono, geralmente nos meses de maio ou junho, e se estende até Maio / Junho 2003

As máquinas autopropelidas realizam operações de derriça, recolhimento e abanação, fazendo com que o café saia limpo e pronto para ser transportado

segundo processo, a derriça pode ser feita diretamente sobre o chão já arruado ou sobre panos. A derriça no chão é recomendada para regiões de inverno seco e em áreas de solo arenoso, desde que o recolhimento seja feito logo após a derriça, visto que as baixas umidades na planta e no solo favorecem a rápida passagem dos frutos do estágio de maduros para secos, sem fermentações e, conseqüentemente, sem comprometer a qualidade do produto. Neste processo de derriça necessita-se do levantamento e da abanação, além da la-

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tos mais limpos, o que dispensa a lavagem dos mesmos, além de menor quantidade de impurezas transportadas para o terreiro. A retirada dos frutos da planta na derriça mecânica dá-se pela vibração de varetas, dispostas em hastes, fabricadas de material resistente e leve, entre os ramos da planta. Neste caso, a freqüência das vibrações, amplitude do movimento das varetas e o tempo de contato das mesmas com a planta, além de outros fatores, como o sentido do movimento das varetas e o estádio de maturação dos frutos, são de grande importância na eficiência da operação. Máquinas

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Cultivar

“Dependendo do tipo da máquina usada para o recolhimento, a mesma pode também realizar as operações de abanação e de ensacamento”

MÁQUINAS Existem várias marcas e modelos de máquinas destinados à derriça, tais como: a) portáteis – cujas hastes podem ser acionadas mecanicamente ou pneumaticamente; b) tracionadas – podem operar a “cavaleiro”, isto é, dos dois lados da planta ao mesmo tempo e lateral ou apenas de um lado da planta e; c) automotrizes – operam a “cavaleiro” . As máquinas portáteis podem ser laterais ou costais e a capacidade de trabalho varia, aproximadamente, de 2 a 3 vezes a do homem, considerando o tempo consumido para ajuntamento, abanação e recolhimento. As máquinas tracionadas podem trabalhar à velocidade normalmente compreendida entre 400 e 800m/h, o mesmo ocorrendo com as automotrizes. A desfolha e danos à planta provocados pela derriça mecanizada são desprezíveis. A produção diária dessas máquinas é alta quando comparadas à operação realizada manualmente, além do que possibilitam a derriça seletiva e realizar concomitantemente outras operações como recolhimento, abanação e transporte dos frutos limpos para a carreta.

VARRIÇÃO

Essa operação pode ser feita manualmente ou mecanicamente.

RECOLHIMENTO Caracteriza-se pela operação de recolhimento dos frutos derriçados no chão. O ajuntamento e recolhimento podem ser feitos manualmente ou mecanicamente. No segundo caso, as operações podem ser realizadas independentemente ou conjuntamente. Dependendo do tipo da máquina usada para o recolhimento, a mesma pode tam-

Nilson Salvador

É a operação de ajuntamento dos frutos de café que se encontram no chão. Pode ser realizada antes da derriça, quando a mesma será feita no chão ou após a derriça, quando a mesma será feita sobre panos ou com máquina que dispõe de mecanismo de recolhimento dos frutos derriçados.

Derriça do café com derriçador mecânico - portátil lateral. Após esta operação, os frutos serão recolhidos do chão

Máquinas

ABANAÇÃO Essa operação caracteriza-se pela retirada das impurezas leves (gravetos e folhas) que se encontram juntos dos frutos recolhidos. Normalmente, a abanação é realizada após a derriça e pode ser uma operação manual ou mecânica. No caso da abanação ser mecânica, a máquina acoplada e acionada pelo trator é transportada na lavoura e o café recolhido é transportado com as impurezas até a mesma, onde é limpo. A retirada das impurezas baseia-se na diferença de densidade e de tamanho dos materiais. Para isso, usa-se no primeiro caso ar e, no segundo, peneiras. A escolha do tipo de máquina e da combinação a ser usada numa lavoura ou sistema de exploração depende de inúmeros fatores, entre eles: característica da lavoura – espaçamento entrelinhas, número de plantas por cova, alinhamento, distância entre covas, altura e situação dos ramos inferiores, condição dos carreadores; declividade do terreno, normalmente inferior a 15% para as máquinas tracionadas e automotrizes; disponibilidade de mão-de-obra; disponibilidade de máquinas; capital disponível e qualificação profissional da equiM pe envolvida. Nilson Salvador, UFLA

Operação de arruação de café com arruador mecânico rotativo para retirar folhas, galhos e ervas daninhas presentes sob o pé de café

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bém realizar as operações de abanação e de ensacamento. O recolhimento pode ser tanto do café de varrição quanto do derriçado e daquele proveniente do repasse.

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Balanças

Charles Echer

custo x benefício

O uso de balanças na fazenda evita prejuízos causados pela subpesagem na unidade receptora

Controle na saída A

atividade rural, atualmente, precisa ser encarada como atividade empresarial e como tal precisa ser administrada. Existem empresários rurais de pequeno, médio e grande porte. Assim como em outra atividade qualquer, o porte, o tipo e a complexidade é que definem a estrutura e o tipo de equipamento e máquinas necessárias. E a necessidade de controles, a exatidão e a confiabilidade nos dados influem diretamente nos resultados. Quanto maior a competitividade e a concorrência, maior é a necessidade em qualidade, eficiência, rentabilidade, e menor será a possibilidade de qualquer tipo de perda ou dependência de terceiros que definam ou avaliem os nossos resultados. Após todo o processo de decisões, investimentos e trabalho, desde a escolha de uma terra produtiva, preparo e recuperação do solo, a escolha de boa semente, o plantio, o controle de pragas e insetos, o clima favorável du-

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Máquinas

rante todo o ciclo de desenvolvimento da planta, da semeadura à colheita, e finalmente o êxito na colheita. Todo este resultado é entregue ao mercado sem ter-se uma avaliação própria do peso. E é justamente na pesagem que poderá se definir o lucro de um ano de trabalho e investimentos. A pesagem, além de ter influência direta nos resultados financeiros, terá uma função decisiva nas avaliações da produtividade e de custos através de dados reais e concretos. Como em qualquer atividade empresarial, também a definição pela necessidade de compra de uma balança precisa ser avaliada sob o ponto de vista de um investimento com um estudo de custo x benefício e o tempo e forma do retorno do investimento. Infelizmente a grande maioria ainda vê o valor empregado na compra de uma balança como um “mal necessário” ou como despesa e não como investimento. É universalmente aceito que um bom investimento é aquele que tenha o retorno em

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três anos e, sendo aceito como regular, aquele que tiver o retorno em até cinco anos. Baseados nesta realidade, elaboramos um estudo sobre o porte mínimo de produção que viabiliza a instalação de uma balança na própria propriedade rural. A situação avaliada é com as seguintes características: • área de lavora: 500 ha • tipo de cultura: soja • produtividade por ha: 300kg (50 sacas) • produção total: 1500ton. ou 25.000 sacas • preço médio por saca: R$ 30,00 Então teremos: 500 ha x 50 sacas = 25.000 sacas; 25.000 sacas x R$ 30,00 por saca = R$ 750.000,00 (valor do faturamento bruto). Se, por erro de pesagem (intencional ou não), tivermos uma diferença menor de 3%, teremos: 25.000 sacas x 3%(dif. pesagem) = 750 Maio / Junho 2003


Romeu Graeff

“A pesagem, além de ter influência direta nos resultados financeiros, terá uma função decisiva nas avaliações da produtividade e de custos através de dados reais e concretos”

Os benefícios de se ter uma balança na propriedade são abordados por Graeff

sacas de perda; 750 sacas de perda x R$ 30,00 preço médio = R$ 22.500,00 de perda em um ano. Em três anos teremos: R$ 22.500,00 x 3 anos = R$ 67.500,00 de perda. Pelo levantamento feito, o valor médio de uma balança de boa qualidade com capacidade de 80tons, incluindo-se aí o valor com a construção civil, gira em torno deste valor. Desta forma, pelo exemplo demonstrado cuja diferença de peso foi considerada apenas de 3%, teremos o retorno do investimento entre 2 a 4 anos, dependendo do modelo de balança escolhido. Não estão aí computadas todas as demais vantagens em ter-se o próprio sistema de pesagem na propriedade rural, tais como: • detectar as perdas que ocorrem no transporte entre a propriedade e o local de entrega; • detectar o percentual de descontos referente a impurezas; • saber exatamente a quantidade armazenada em peso; • saber exatamente a quebra ocorrida durante o período de armazenagem; • confirmar com exatidão a produtividade por área, tipo e variedade de grão; • ter total controle sobre os insumos comprados para a lavoura (fertilizantes, calcáreo, combustível etc). O estudo acima nos mostra que um empresário rural que cultiva 500 hectares e que tenha a produção de 25.000 sacas de soja/ano, independentemente se possui armazenagem própria ou não, já comporta a Maio / Junho 2003

instalação de uma balança, não só para a pesagem de sua produção como dos insumos e de todos os demais itens que ingressarem em sua propriedade. Todavia, é muito importante que o produtor faça uma avaliação criteriosa quanto ao modelo, sistema e fornecedor do sistema de pesagem, no momento da decisão da compra. Para tanto, é muito importante que o vendedor tenha um bom conhecimento para que possa prestar auxílio necessário e, em conjunto com os compradores, definir o modelo mais adequado. Uma balança, por ter uma vida útil bastante longa, no mínimo entre 20 a 40 anos, merece uma atenção especial para que não se invista num equipamento que em curto prazo se torne obsoleto em relação à capacidade de pesagem, comprimento da plataforma e sistema de comando e registro ou pela curta durabilidade em função de má qualidade. Até bem pouco tempo atrás, o item “balança”, no contexto dos equipamentos e máquinas utilizadas numa propriedade rural e mesmo agroindustrial, era encarado com certo descaso e de pouca importância. E, como resultado disto e pela falta de uma avaliação mais aprofundada de médio e longo prazo, a grande maioria dos equipamentos existentes está defasada quanto às atuais necessidades e exigências do mercado, sendo que é tecnicamente difícil e pouco recomendável o aumento da capacidade e comprimento, tornando-as M quase que obsoletas. Romeu Graeff, Consultor

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Máquinas

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Solo

João Alexandre Paschoalin

compactação

Compactação planejada Resultado geralmente indesejado na agricultura, a compactação de solo é algo necessário em diversas obras de engenharia rural

O

fenômeno da compactação nem sempre deve ser visto como algo indesejável no campo, uma vez que este pode ser empregado em diversas obras de engenharia rural (principalmente na área de infra-estrutura). Com a compactação, desde que bem manejada, pode-se obter maiores valores de impermeabilidade, resistência, aumento de rigidez do solo, além de reduzir a susceptibilidade do solo a recalques futuros. Entre exemplo de obras que utilizam esta técnica, podem ser citadas: barragens de terra, preenchimento de espaço atrás de muros de arrimo, estradas rurais, taludes etc

ESTRUTURA DOS SOLOS COMPACTADOS A compactação de um solo pode ser entendida como a redução da porosidade de um solo por meio de equipamentos mecânicos, embora, muitas vezes, possam ser utilizados métodos manuais, como soquetes.

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Máquinas

A porosidade de um solo é variável com o tipo e estado do solo antes de sua compactação e com a energia utilizada nesse processo. Dessa maneira, comparando-se um mesmo solo compactado com equipamentos de pesos diferentes, certamente este apresentará porosidades variáveis para cada equipamento utilizado, sendo o equipamento mais pesado aquele que reduzirá mais a porosidade do solo. O grau de saturação do solo também (que tem marcante influência na resistência dos solos parcialmente saturados) é função da compactação. Outro fator de influência é a estrutura do solo compactado. Devido à grande variação de tamanho e dimensões das partículas de argila, existe a ocorrência de um grande número de arranjos estruturais diferentes. Entretanto, há dois tipos de arranjos que podem ser considerados casos limites. Quando um solo é compactado com baixo teor de umidade, as forças entre par-

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tículas de argila são predominantemente de atração, de tal forma que a estrutura que se forma é denominada floculada. O aumento do teor de umidade tende a aumentar a repulsão entre as partículas, e a produzir como conseqüência uma dispersão destas. Assim, o menor grau de dispersão permitirá um arranjo mais ordenado das partículas e uma densidade mais elevada. Dessa maneira, com o aumento do teor de umidade no solo, aumenta-se a tendência à repulsão das partículas e, como conseqüência, pode-se encontrar uma estrutura denominada dispersa, com menor densidade. Se for considerado o efeito da energia de compactação, quanto maior a energia desta, mais paralelas tendem a se dispor às partículas. Porém, se o teor de umidade for muito alto, a maior energia de compactação não consegue eliminar o ar existente nos vazios do solo, e a densidade pouco se altera. Maio / Junho 2003


“A compactação de um solo pode ser entendida como a redução da porosidade de um solo por meio de equipamentos mecânicos, embora, muitas vezes, possam ser utilizados métodos manuais, como soquetes”

SIMULAÇÃO EM LABORATÓRIO

Seqüência de operação de compactação

O fenômeno da compactação pode ser simulado por meio de ensaios laboratoriais próprios. Estes ensaios podem ser classificados em relação à energia de compactação aplicada e em função de como essa energia é aplicada. Estes ensaios consistem basicamente em determinar um valor de umidade para qual o solo que está sendo ensaiado apresentará o maior peso específico, e dessa forma menor porosidade e maior resistência. Tal valor de umidade é conhecido como “ umidade ótima”, e antes da execução e projeto de qualquer obra de terra compactada, por exemplo um aterro de barragem, este valor de umidade deverá ser conhecido. Os ensaios mais utilizados para a determinação do valor da umidade ótima são os seguintes: • Ensaio de Proctor Normal: recomendado para a obtenção do valor da umidade ótima para obras de terra de pequeno porte e que serão compactadas por equipamentos leves; • Ensaio de Proctor Modificado: recomendado para a obtenção do valor da umidade ótima para obras de terra de grande porte e que serão compactadas por equipamentos pesados; • Ensaio de Proctor Intermediário: recomendado para a obtenção do valor da umidade ótima para obras de terra compactada e equipamentos de médio porte.

RECOMENDAÇÕES : OPERAÇÃO EM CAMPO Existem diversos processos e equipamentos para se executar uma compactação de campo, que vão desde simples soquetes manuais, até mesmo grandes equipamentos. O tipo de equipamento a ser utilizado e o número de passadas requeridas dependem do tipo de material e da espessura da camada de compactação. Os materiais argilosos são usualmente compactados por rolos pé de carneiro ou pneumáticos, enquanto que os materiais permeáveis e gra-

Descarga ou lançamento

Espalhamento

nulares, como as areias, podem ser compactados por tratores de esteiras, rolos vibratórios ou por jatos de água. Para fins de engenharia, os equipamentos de compactação mais utilizados são os seguintes. • Rolos pé de carneiro: São utilizados na compactação de solos argilosos e em camadas variando de 15 a 30cm; • Rolos pneumáticos de pneus pequenos: São utilizados para siltes arenosos, argilas arenosas e areias com cascalho com a espessura da camada variando entre 10 e 20cm; • Rolos pneumáticos de pneus grandes: São utilizados para a compactação de siltes arenosos e argilas arenosas ou areias com cascalho com a espessura da camada variando entre 30 e 60cm; • Rolos vibratórios: Podem possuir tambor liso ou tipo “tamping” e a espessura das camadas pode variar de 10cm a 1,0m; • Compactadores manuais: São usados para a compactação de solo em locais onde é difícil o acesso aos equipamentos pesados; a espessura das camadas é em torno de 10cm. A tabela 1 apresenta uma comparação entre três equipamentos utilizados na operação de compactação de campo, segundo MASSAD (2003). Para a execução de um bom aterro, é necessária a correta verificação e manutenção dos equipamentos a serem utilizados na compactação. Por exemplo, um rolo

Tab. 1. Comparação entre equipamentos de compactação Tipo Rolo pé de carneiro Rolo pneumático Rolo vibratório

Solo

Modo de compactar

Argila ou silte Silte, areia com finos Material granular

De baixo para cima De cima para baixo Vibração

Parâmetros do equipamento V (kh/h) P ou p N e (cm) 2000 a 3000 kPa 20 a 25 8 a10 =4 500 a 700 kPa 30 a 40 4 a 6 4 a 6 50 a 100 kN 60 a 100 2 a 4 =8

Onde: e= espessura da camada de solo; N= número de passadas do rolo compactador;V= velocidade do rolo compactador; p= pressão na pata ou pneu, P= peso do rolo vibratório.

Maio / Junho 2003

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Compactação

compactador pé de carneiro de patas gastas certamente produzirá um aterro heterogêneo.

BOA COMPACTAÇÃO DE CAMPO Um controle de compactação rigoroso deve ser executado durante a fase de construção de um aterro qualquer. Pois diversas características do solo como permeabilidade, compressibilidade e resistência podem variar com a umidade e o grau de compactação do maciço. O controle de compactação de uma obra de terra consiste na determinação por meios de ensaios de campo dos seguintes parâmetros: grau de compactação do solo; o desvio da umidade do aterro em relação ao teor ótimo e a massa específica correspondente à umidade ótima, para a mesma energia de compactação utilizada em ensaios feitos para a determinação dos valores de resistência, compressibilidade e outras propriedades necessárias para o projeto de uma obra. Existem diversos métodos de controle de compactação, como o método de Hilf, entre estes podem ser citados dois exemplos interessantes. O primeiro foi executado por DUARTE NETO e SERIZAWA (1982) que desenvolveram uma metodologia de ensaio para a liberação rápida de áreas compactadas em barragens de terra, baseado no método expedito de determinação do teor de umidade do solo por meio de uma estufa equipada com lâmpadas de raios infravermelhos. O segundo foi estudado por PASCHOALIN FILHO et al. (2001), que com o intuito de determinar mais rapidamente a umidade de um solo argiloso, calibraram um forno do tipo de microondas para a verificação do teor de umidade do solo que estava sendo utilizado na construção de um aterro compactado. M João Alexandre Paschoalin Filho, Universidade Nove de Julho/SP David de Carvalho, Unicamp Máquinas

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Pulverizador Jacto

citricultura

Bicos para a pulverização

Redução no espaçamento

A

pesar de a aplicação de agrotóxicos ser prática comum da maioria dos agricultores, os conhecimentos básicos responsáveis por sua eficiência ainda são bastante desconhecidos pela maioria dos técnicos, produtores e trabalhadores rurais, o que tem levado a consideráveis desperdícios de produtos, máquinas e mão-de-obra. Quando se pensa em pulverização, não raro, ainda se associa a eficácia do controle única e exclusivamente com o volume de calda aplicado, desconsiderando-se todos os demais fatores envolvidos na eficácia da aplicação. Este fato é muito comum, mesmo em artigos científicos, onde vários autores consideram suficientes a menção do modelo de ponta e do volume

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Máquinas

utilizado para caracterizar a pulverização efetuada. Ao se entender que o produto que efetivamente controla a praga é aquele que atinge o alvo e não o aplicado, e que, quanto menor a diferença entre o volume na ponta de pulverização e sobre o alvo, maior a economicidade da aplicação, mais eficaz e econômico se torna o tratamento fitossanitário das diferentes culturas. A utilização de turbopulverizadores na citricultura constitui-se num excelente exemplo de como a adequação e a correta utilização de pulverizadores pode interferir significativamente sobre o custo de produção. Aqui, conceitos empregados nas remotas épocas em que os pulverizadores de pistolas eram os mais utilizados

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nos tratamentos fitossanitários destes pomares, têm sido repassados aos atuais turbopulverizadores, gerando graves perdas, comprometendo a eficácia de inovações tecnológicas, prejudicando o funcionamento dos pulverizadores e onerando o custo de produção. A baixa eficiência do sistema tem levado à utilização de volumes de calda cada vez maiores, principalmente no controle do ácaro da leprose, buscando-se compensar tais perdas. Para começar a se entender as diferenças entre os dois sistemas, imagine-se com uma pedra com 10 g em uma das mãos e com 10 g de areia na outra. Ao atirar-se as duas para frente, com a mesma força, a pedra irá mais longe pois a areia se espalhará rapidamente, caindo próximo ao ponto de lançaMaio / Junho 2003


“A utilização de o turbopulverizadores na citricultura constitui-se num excelente exemplo de como a adequação e a correta utilização de pulverizadores pode interferir significativamente sobre o custo de produção”

Quanto à regulagem de turbopulverizadores, o primeiro passo é verificar como a cortina de ar se distribui no perfil vertical da planta. Para isso, um método bastante simples é utilizar-se de uma vara comprida com fitas plásticas, feitas com material bastante fino, como o utilizado em cortinas para banheiro por exemplo, amarradas a espaços regulares (50 cm por

Fotos Hamilton Ramos

mento. Este é o princípio de funcionamento entanto, os conceitos devem ser alterados. Imados pulverizadores de pistola, ou dos pulveri- gine a mesma pedra de 10 g e as mesmas 10 g zadores ‘jato lançado‘, onde a gota depende de de areia não mais atiradas em direção ao alvo sua massa, e conseqüente energia cinética, para mas sim à frente de um ventilador. Nesta situatingir o alvo. Assim, a pistola de pulverização ação, a areia irá mais longe pois será mais eficié uma ponta de alto volume, com o tamanho entemente transportada pela corrente de ar gedas gotas controlado pelo giro da manopla lo- rada. Este é o princípio de funcionamento dos calizado no cabo da mesma. turbopulverizadores, ou pulverizadores ‘jato Quanto maior transportados‘, onde a a gota, menor o ângota deve ter um tamagulo do cone de nho adequado para ser pulverização, maitransportada pela coror o alcance do jato rente de ar até o alvo. A e vice-versa. A utiutilização de turbopullização das pistolas, verizadores, portanto, portanto, pressupressupõe a utilização de põe a utilização de gotas mais finas e de um gotas grandes para volume de ar adequado poder se atingir o ao transporte destas até ponteiro das plano interior da copa. tas, o que represenTrabalhos com turta menor cobertubopulverizadores, realira do alvo e menor zados no Estado de São penetração na Paulo pelo Centro Avanplanta, dependençado de Pesquisa Tecnodo para isso muitas lógica do Agronegócio de vezes de falhas no Engenharia e Automaenfolhamento da ção (Centro APTA de copa. Nesta situaEngenharia e Automação, normalmente, ção) do Instituto Agroo controle da pranômico (IAC), em parga é diretamente ceria com o Fundo Pauproporcional ao volista de Defesa da CitriTurbopulverizador com ramal convencional; com lume, pois uma cultura (Fundecitrus), 24 bicos na saia e 12 na parte superior grande quantidade citricultores e fabricantes de calda pode ser de máquinas e acessórinecessária para reos de pulverização, avaduzir os efeitos das falhas (físicas e humanas) liando a eficácia do controle do ácaro da leproinerentes ao sistema. Muitas vezes, duas ou mais se com diferentes formas de uso deste equipapistolas são dirigidas a uma mesma planta para mento, tem confirmado que, para este tipo de se poder jogar o volume necessário de calda no pulverizador, a eficiência não está diretamente tempo mínimo de deslocamento do trator. relacionada ao volume, mas sim à forma como Quando se pensa em turbopulverizadores, no se realiza a sua regulagem.

Turbopulverizador com 40 bicos na parte inferior e mais 14 na voluta

exemplo). Este acessório, quando posicionado à frente da cortina de ar, próximo às plantas, fornece várias noções importantes, tais como a distância mínima entre o pulverizador e a planta para que haja ar na região da saia e a velocidade e direção do ar ao longo do perfil. Pulverizado-


Existem duas formas do produtor aumentar seus lucros: a primeira é vendendo mais caro a produção e a segunda é produzindo mais barato

res com velocidades de ar visivelmente diferentes ao longo da cortina não devem ser utilizados, em função da desuniformidade de deposição da calda que proporcionam na planta. Esta pode ser uma importante ferramenta também na regulagem dos defletores laterais, ou volutas, no sentido de evitar que uma quantidade excessiva de ar seja perdida por sobre a planta. Outro fator a se observar, e que tem grande interferência sobre a eficácia da pulverização, é a altura da turbina e da barra de bicos em relação à altura da planta. Turbinas baixas, quando utilizadas com árvores altas, fazem com que haja uma concentração da calda aplicada na região da saia em função da maior quantidade de bicos nesta área. Como exemplo, uma turbina com barra de 24 bicos cujo centro esteja a

pacidade de transporte pelo ar. Por outro lado, turbinas altas, em pomares adensados na rua, podem fazer com que o primeiro bico da barra esteja bastante alto e muito próximo da planta, proporcionando falhas na pulverização da saia. Assim, ao adquirir um pulverizador, deve-se levar em consideração as características do pomar onde o mesmo será utilizado e não apenas o custo de aquisição. A altura ideal da turbina será aquela que permita uma distribuição equitativa dos bicos entre a parte alta e baixa da planta, possibilitando que se trabalhe com pontas de mesma vazão em toda a barra, reduzindo a probabilidade de erros na calibração. Estão disponíveis hoje no mercado brasileiro turbopulverizadores com diferentes alturas e formatos de turbina, que atendem plenamente a

tas muito finas potencializa as perdas por evaporação e deriva. O aumento do número de bicos na barra pode ser obtido de duas formas: através do uso de duplicadores, que permitem além da duplicação a angulação das pontas, e através da troca da barra de bicos por outra com número maior de posições. Nos estudos realizados pelo Centro APTA de Engenharia e Automação, os melhores resultados até o momento foram obtidos com a seleção de pontas que proporcionam gotas entre 150 e 200 mm. Deve-se, no entanto, ter o cuidado de selecionar pontas que produzam o mínimo possível de gotas abaixo de 50mm, que são incapazes de se depositar, potencializando as perdas e a contaminação do aplicador e do ambiente. Jacto

A pulverização adequada evita desperdícios de produtos fitossanitários e, conseqüentemente, dá mais segurança ao produtor

1,5 m do solo, quando pulverizando um pomar com plantas de 4 m de altura, terá 12 bicos para pulverizar 1,5 m de copa na saia e 12 para 2,5 m na parte superior. Esta desuniformidade de vazão proporcionará uma distribuição irregular de calda, prejudicando o controle na parte superior da planta. Turbinas mais baixas fazem também com que o último bico da barra se situe a uma distância bastante grande do ponteiro, resultando em sérias implicações. Quanto maior a distância, menor a capacidade do ar em transportar as gotas e maior a probabilidade de evaporação e deriva. Para evitar a evaporação, alguns produtores optam por utilizar pontas de maior vazão na voluta, o que via de regra não resolve o problema, pois maiores vazões representam gotas maiores, com menor ca-

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necessidade dos citricultores. De qualquer forma, a consulta a um Engenheiro Agrônomo é aconselhável. Levando-se em consideração que gotas menores são melhor transportadas pela cortina de ar, alterações na barra de bicos ajudam também a elevar a eficácia da pulverização. Para um mesmo volume aplicado por planta, numa mesma pressão, uma barra com menor número de bicos apresenta um maior volume por ponta e, conseqüentemente, gotas maiores. Dessa forma, ao se utilizar duas pontas jogando 0,5 l/min por exemplo, pode-se ganhar em eficiência (cobertura, deposição e controle) quando comparado a uma ponta aplicando 1,0 l/ min, por se estar adequando a pulverização ao equipamento. Por outro lado, a seleção de go-

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Todo fabricante de pontas no Brasil deve ser capaz de fornecer tabelas que indicam a variação do tamanho de gotas dos diferentes modelos que produzem em função da pressão. Além disso, para aqueles mais técnicos, também está disponível no mercado brasileiro pelo menos um software para análise da pulverização, que permite ao agricultor avaliar o tamanho e concentração de gotas coletadas sobre papel hidrossensível, posicionados diretamente sobre o alvo pulverizado. Utilizando-se os conceitos acima de distribuição do ar, da calda e de adequação do tamanho de gotas diretamente sobre a regulagem de turbopulverizadores no campo, em diferentes épocas do ano, pôde-se observar que não há uma relação direta entre o volume de calda apliMaio / Junho 2003


cado e o controle do ácaro da leprose. Aliás, o volume de calda adequado por planta foi função da marca, modelo e regulagem do pulverizador utilizado, não podendo ser padronizado. Nas avaliações efetuadas, considerou-se o volume padrão do produtor de 6000 l/ha de calda (aproximadamente 18 l/planta), em pomares da variedade Valência sobre Limão Cravo, bem enfolhadas, com aproximadamente 4,5 m de altura e produtividade variando entre 4 e 6 caixas de 40,8 kg/planta e volumes correspondentes a 50, 70, 85, 100, 150 e 200% do padrão, aplicados com o turbopulverizador Arbus Valência da Jacto. Não houve diferenças com relação à cobertura, deposição e período de controle do ácaro da leprose, em 2 anos e 3 diferentes áreas experimentais, mesmo quando tais pulverizações foram realizadas em condições extremas, como 15% de umidade relativa e temperatura de 38oC. Dessa forma, a utilização de tecnologias prontamente disponíveis pode reduzir em até 50% o volume de calda necessário ao tratamento fitossanitário dos citros, reduzindo proporcionalmente a necessidade de produtos, máquinas e mão-de-obra. Trabalhando-se ainda tais conceitos, aliados ao da aplicação de baixos volumes de calda, foram avaliados o Arbus Valência da Jacto equipado com ramal especial de bicos (44 posições

na barra + 14 na voluta) e o pulverizador da Martignani, desenhado para aplicação em baixo volume, em 2 campos da variedade Valência sobre Cravo nas mesmas condições dos anteriores. Os pulverizadores aplicando 1200, 1600 e 2000 l/ha foram comparados com o tratamento padrão dos produtores aplicando 5000 e 6000 l/ha. Neste caso, entretanto, nos tratamentos de baixo volume, o produto nos tanques foi concentrado de forma a manter-se as quantidades de princípio ativo por área. Também nestas situações, mesmo em condições extremas de temperatura e umidade relativa, nenhum dos volumes apresentou diferença com relação ao período de controle do ácaro. Assim, todos os resultados obtidos indicam que, na utilização de turbopulverizadores, o volume de calda utilizado não possui correlação direta com a eficácia do controle. Existem duas formas de o produtor aumentar seus lucros: a primeira é vendendo mais caro a produção, o que não é fácil em função do controle de preços exercido pelo mercado, e a segunda é produzindo mais barato, o que pode ser conseguido pelo investimento em novas técnicas e tecnologias. Obviamente, o investimento em novas tecnologias, apesar de não necessariamente representar o aporte de expressivos valores monetários, deve ser acompanhado por

um treinamento adequado de todas as pessoas envolvidas, bem como por uma eficiente assessoria técnica. Padrões de avaliação da pulverização, através da utilização, por exemplo, de papéis hidrossensíveis posicionados em pontos específicos da planta, buscando analisar ‘o que’ e ‘como’ está chegando e não mais o quanto está se aplicando, passam a ser importantes no sistema de produção. Por outro lado, a economia de produto, máquina e mão-de-obra envolvida, além de duradoura após sua implantação, faz com que o retorno de qualquer investimento realizado seja via de regra bastante rápido, muitas vezes ocorrendo dentro do próprio ano agrícola. Cabe, portanto, ao agricultor analisar seu sistema de produção, identificar possíveis problemas, buscar, avaliar e implementar novas tecnologias que o ajudem a reduzir seu custo, face a este mercado cada vez mais globalizado e competitivo. Dentro da citricultura, o tratamento fitossanitário dos pomares pode representar de 30 a 60% do custo de produção e, com toda certeza, muito ainda pode ser trabalhado com relaM ção à sua eficácia e eficiência. Hamilton Humberto Ramos, IAC


Novidades pesquisa

Implemento virt O implemento virtual é um conjunto de trator equipado para agricultura de precisão, com sistema de DGPS ou GPS, sensores, Monitor Datavision e um implemento nãomonitorado, onde o controle é feito baseado no desempenho do trator e suas variações

A

agricultura brasileira evoluiu muito nas duas últimas décadas, a produção e a produtividade dobraram desde o início dos anos oitenta, enquanto a área plantada é praticamente a mesma. Os números refletem mudanças bastante positivas para economia do País, porém os agricultores não melhoraram sua saúde financeira na mesma proporção, pois não basta apenas que se produza mais, é preciso que sobre dinheiro no bolso e o ambiente esteja preservado. Esta é a necessidade atual dos produtores e seu desafio: seguir aumentando a produção, obtendo lucros de forma sustentável. Para alcançar esse objetivo é imprescindível que se conheçam as áreas de plantio. A Agricultura de Precisão se insere nesse contexto como uma ferramenta de gerenciamento poderosa, a qual possibilita acompanhar minuciosamente as culturas, conhecendo e descobrindo detalhes das lavouras a cada ciclo de produção. O agricultor começa a mudar sua forma de pensar quanto à maneira de realizar os cultivos, referências que antes pareciam absolutas como médias de produção, hectares ou talhões passam a ter companhia de doses variadas, grides, mapas de colheita e de aplicação. Os diferentes segmentos do agronegócio começam a usufruir dos benefícios da agricultura de precisão. No setor de máquinas agrícolas, os principais fabricantes de máquinas possuem alguma iniciativa nesse ramo. A AGCO está no campo com o programa Fieldstar, que caracteriza-se por buscar uma tecnologia útil, que seja aplicável, aberta e compatível aos mais diversos fabricantes envolvidos no processo, otimizando operações e aumentando a lucratividade da lavoura.

IMPLEMENTO VIRTUAL Dentro dessa linha de pensamento vem sendo desenvolvido o Implemento Virtual, que consiste em possuir um conjunto com o trator preparado para a Agricultura de Precisão e utilizar um implemento qualquer não monitorado. A variação do trabalho e o manejo específico para as diferentes áreas é controlado apenas pelo desempenho do tra-

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tor e suas possibilidades de variações. O que é necessário para que o trator esteja preparado é um GPS ou DGPS, sensores no trator e um computador com terminal Datavision. Com essa configuração, pode-se realizar uma aplicação com base na variação da velocidade de deslocamento do conjunto trator-implemento, fazendo-se a ressalva

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que nesse exemplo o equipamento não deverá ser acionado por uma roda de terra. Para exemplificar o uso do implemento virtual foi acompanhado no campo o desempenho de um conjunto trator, MF5320 4x4, e distribuidor centrífugo de sólidos, Tornado 1300 da Starasfil, na aplicação a lanço de fertilizantes. Maio / Junho 2003


“Os diferentes segmentos do agronegócio começam a usufruir dos benefícios da agricultura de precisão. No setor de máquinas agrícolas, os principais fabricantes de máquinas possuem alguma iniciativa nesse ramo”

ual Fotos AGCO

Antena DGPS, parte do sistema Fieldstar, utilizada nas provas executadas em Santa Rosa (RS)

Rotação nominal: 2200rpm Caixa sincronizada com 12 velocidades à frente Tomada de Potência Rot. nominal TDP - 540 rpm para 1900 rpm no motor Acionamento: Independente • Dados técnicos do distribuidor centrífugo Tornado 1300 usado no teste: Fabricante: StaraSfil. Capacidade de carga: 1300 L / 1600 kg. Largura de trabalho: 18 a 24 metros. Engate: sistema hidráulico de três pontos categoria II. Peso: 300 kg. Sistema distribuidor: disco duplo. Os trabalhos foram feitos por uma equipe de técnicos da AGCO do Brasil e do NEMA, da Universidade Federal de Santa Maria, sob a

coordenação do professor Fernando Schlosser, em uma área de lavoura de soja, sob plantio direto, de propriedade do Sr. Rudi Gertz, na localidade de Senador Salgado Filho, no município de Santa Rosa, RS. As avaliações feitas foram da qualidade e da quantidade da distribuição dos fertilizantes. Para isso, foram tomadas as medidas no trator de suas velocidades reais, nas diferentes marchas pré estabelecidas, conforme ilustra a tabela 2; no implemento, as vazões, em diferentes escalas pré selecionadas citadas na tabela 4, e as conseqüentes larguras de trabalho. A largura de trabalho foi determinada por coletas de fertilizantes nos testes de campo em diferentes velocidades, com as quais determinou-se o valor de 20m. Com base nos testes anteriores, foram definidos os parâmetros de trabalho do conjunto trator e implemento, que eram velocidades de deslocamento, vazão de produto e largura de trabalho, o que resultava conforme a variação

Gráfico 1: Escalonamento de marchas do MF5320 usado nos testes

• Dados técnicos do trator MF 5320 usado no teste: Motor Marca: Perkins No de cilindros: 6 Aspiração: Natural Potência @ rotação nominal – 120 cv Maio / Junho 2003

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“A adubação das culturas anuais está sendo pensada por muitos dentro do sistema de produção, sendo feita muitas vezes na cultura anterior e a lanço”

Tab. 1: Velocidades reais médias das diferentes marchas no campo Marcha 3° 4° 5° 6°

Rotação motor 1900 rpm 1900 rpm 1900 rpm 1900 rpm

Velocidade média 3,4 km/h 4,4 km/h 5,6 km/h 7,4 km/h

Tab. 2: Vazões medidas nas diferentes aberturas na escala do dosador Rotação motor 1900 rpm 1900 rpm 1900 rpm

Abertura 3 3,5 4

Vazão média 0,484 kg/s 29,04 kg/min 0,793 kg/s 47,58 kg/min 0,977 kg/s 58,62 kg/min

Tab. 3: Resumo dos parâmetros de regulagem e aplicação utilizados nos testes de campo

da velocidade em diferentes doses aplicadas. Nessas condições, foram coletados ao longo do deslocamento do conjunto as quantidades de fertilizante aplicadas nas diferentes marchas e na zona de transição de velocidade ocasionada pela troca de marchas. O resultado da variação da velocidade sobre as doses aplicadas está expresso no gráfico 3, onde pode-se observar as áreas de aplicação da dose recomendada e uma pequena área onde a dose aumenta, cerca de 5% em média, pela diminuição da velocidade no momento da troca de marchas. A adubação das culturas anuais está sendo pensada por muitos dentro do sistema de produção, sendo feita muitas vezes na cultura anterior e a lanço. A quantidade aplicada de fertilizante depende das propriedades químicas do solo, suas necessidades, e das características do fertilizante e sua concentração. Porém, de uma forma genérica, pode-se dizer que para adubação de base as quantidades ficam entre os 200 e 400 kg de produto por hectare. Na aplicação de fertilizantes a lanço com o implemento virtual, haveriam quatro doses dentro dessa faixa, o que possibilitaria compor um mapa de aplicação com essas quatro escalas, alcançando a dosagem simplesmente fazendo a troca de marcha do trator. No uso do implemento virtual, o operador é orientado pelo datavision, que mostra na tela a velocidade real do conjunto e a velocidade pretendida. A forma de exibição é através de duas barras paralelas que o operador simplesmente busca deixa-las em tamanhos iguais, que variam conforme a programação de aplicação. No trabalho realizado a campo, o operador realiza a troca das marchas nas alavancas de seleção de marchas, com a rotação constante, para atingir as velocidades alvo e a dosagem pretendida. O implemento virtual é uma forma inteligente e econômica de se fazer Agricultura de Precisão, mostrando mais uma vez que as limitações estão muito mais nos técnicos, produtores e envolvidos em geral com o tema, do que propriamente nele, pois a cada dia a AP M se mostra mais versátil e aplicada.

Escala na abertura Vazão Largura de trabalho Marcha 3º 4º 5º 6º

Posição alavancas Reduzida, 2º, B Reduzida, 2º, A Reduzida, 3º, B Reduzida, 3º, A

3,5 0,793 kg/s (47,58 kg/min) 20 m

Velocidade real (km/h) 3,4 km/h 4,4 km/h 5,6 km/h 7,4 km/h

Doses aplicadas (kg/ha) 421 322 255 192

Gráfico 2: Perfil médio de distribuição transversal das aplicações nos testes de campo

Gráfico 3: Perfil médio da distribuição longitudinal de fertilizante com a variação da velocidade

3ª marcha 4ª marcha 5ª marcha 6ª marcha

Eduardo Guimarães de Sousa e Gregory Riordan, AGCO

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Tratores

Fotos Arno Dallmeyer

semeadura

AGRISHOW 2003

Nossas Impressões Veja algumas máquinas que mais chamaram a atenção da equipe da Cultivar Máquinas durante o Agrishow 2003

D

e 28 de abril a 03 de maio, Ribeirão Preto foi o centro das atenções do agronegócio brasileiro, onde empresas de todos os ramos da agropecuária estiveram presentes expondo o que possuem de melhor para oferecer aos produtores do Brasil e da América do Sul. Máquinas com alta tecnologia embarcada ou pequenos equipamentos para atividades domésticas de propriedades rurais puderam ser encontrados em estandes da mesma empresa. São novidades que procuram adaptar-se cada vez mais às necessidades dos grandes, médios e pequenos produtores, segmentos diferentes e com necessidades peculiares, mas que somam forças e alavancam a economia brasileira. As linhas de crédito oferecidas pelo governo federal e alguns governos estaduais nos últimos anos têm incentivado e dado ânimo ao homem do campo, que busca cada vez mais adaptar-se às novas exigências do mercado, principalmente em relação à qualidade da produção. Qualidade que muitas vezes só é obtida com a modernização do processo produtivo e isso também implica em adquirir maquinários novos. De olho nas novidades do setor, a equipe da Cultivar Máquinas pinçou dentre os produtos expostos, alguns que chamaram a atenção na feira deste ano. Arno Dallmeyer, Consultor Técnico Maio / Junho 2003

TRATOR CHALLENGER DA AGCO A AGCO Brasil mostrou pela primeira vez em sua gama de produtos o gigante de esteiras de borracha até então associado à marca Caterpillar. A AGCO mundial assumiu a linha Challenger (fabricação e comercialização) no País de origem e por extensão o trouxe ao Brasil. São tratores da “família” MT700, com potências de 138 a 190 kW (185 a 250 HP), transmissão Powershift de 16 marchas à frente e 4 à ré, alcançando velocidades de transporte de 40 km/h. As esteiras de borracha com larguras que podem variar de 355 a 762 mm, dependendo da aplicação, podem ter sua bitola ajustada de 1524 a 2235 mm, ou 2032 a 3048 mm ou ainda de 3048 a 4064 mm. Unidade de comando com console integrado ao assento, três computadores de bordo dedicados e assento com suspensão a ar são alguns dos detalhes de ergonomia e conforto disponíveis.

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Dallmeyer

Fotos Arno

BARRA DE LUZ DA TRIMBLE A especialista americana Trimble, representada no Brasil pela Santiago & Cintra, mostrou sua barra de luzes, com apoio em GPS (satélites), de ampla utilização em operações de aplicação de agroquímicos, fertilização e semeadura. Pode ser montada tanto em pulverizadores autopropelidos quanto em tratores, onde auxilia no direcionamento correto dos equipamentos. Estima-se que mais de 15 % dos autopropelidos montados pelos 5 fabricantes no País já saem de fábrica com o equipamento. Muitos agricultores também estão aderindo ao sistema para seus equipamentos usados.

CAPINADEIRA ECOLÓGICA TRAMONTINI Existem muitos locais de aplicação deste produto, nas cidades que têm pavimentação com pedras irregulares, paralelepípedos, ou em pátios industriais, estacionamentos etc. Trata-se de uma versátil capinadeira rotativa (similar a uma roçadeira) equipada com seções de cabo de aço fixadas verticalmente em um estrutura circular, que ao trabalhar se transformam em escovas com capacidade de arrancar as ervas daninhas que costumam se estabelecer naqueles locais. A operação pode evitar a aplicação de herbicidas na operação de limpeza, o que enseja a denominação “ecológica”. O equipamento vem acoplado a um micro-trator CET 18, com potência de 12,15 kW (18 cv).

SISTEMA CENTINEL DA CUMMINS A Cummins apresentou diversos sistemas destinados a otimizar o trabalho no campo. Destacamos o Centinel, um programa de gerenciamento do óleo de motor que permite trocas do fluído com até 4000 horas de operação (ou 500 mil km em aplicação automotiva) e filtros a cada 1000 horas. O Centinel consiste no reabastecimento constante do óleo lubrificante através de um tanque extra de óleo novo. A quantidade de lubrificante usada é enviada para a câmara de combustão para ser queimada. O resultado é um motor por mais tempo protegido, de melhor desempenho, que economiza combustível e reduz o número de paradas para trocas de óleo e filtros. O sistema já está sendo testado, além de aplicações agrícolas, na área de mineração, em caminhões fora-de-estrada, e em grupos geradores de energia, especialmente em usinas, onde trabalham 24 horas sem interrupção. É adequado também para operações rodoviárias (ligadas ao setor agrícola), tipo Bi-trens e Rodotrens, onde devido à severidade da aplicação, os óleos normalmente exigem trocas freqüentes.

TRATOR T SERIES DA VALTRA A pioneira empresa finlandesa, com tradição em inovações no mercado brasileiro, expôs o Valtra T Series, trator importado, com potência de 132 kW (180 cv) com alto conteúdo de tecnologia embarcada. A transmissão tipo Powershift permite 36 velocidades à frente e 12 à ré, o que certamente lhe dá uma operacionalidade invejável. Sistemas completos de ajuste da posição do operador, servo-comandos e ajustes eletrônicos das funções são o destaque.

TRATOR MXM MAXXUM A Case IH Latino Americana apresentou a série de tratores MXM (Maxxum), com potências de 100, 110 e 125 kW (137, 149 e 170 CV). O objetivo da empresa é colocar os tratores da marca como os mais avançados tecnologicamente no mercado. Para tanto, os MXM trazem facilidade de manutenção, conforto e funcionalidade na cabine. A cabine tem suspensão com fixação dianteira por elastômero e traseira por mola e amortecedor. A redução da vibração obtida pelo sistema é complementada por um assento com regulagem pneumática. A transmissão com Powershift de seis marchas e três gamas (18 velocidades) é de fácil operação através do console lateral. O monitoramento das operações e condições operacionais pode ser visualizado num funcional e moderno painel digital.

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MOLINETE MOLIFLOW DA GTS

SEMEADORA DE PRECISÃO DA JUMIL

A inovadora empresa catarinense mostrou um molinete de novo conceito: ao invés do tradicional de trajetória circular, a proposta é uma trajetória triangular das barras, com uma face inferior dando mais espaço linear de condução às cinco barras do molinete, com melhor aproveitamento na barra de corte, evitando bater exageradamente nas plantas, reduzindo as perdas.

A máquina tem o nome ligado ao convite de entrada (Enter) em uma nova tecnologia, um novo século. Projetada para plantio direto, usando tratores com potências acima de 200 cv, pode ter até 25 linhas de semeadura, com largura de trabalho de 10 m, que se reduzem a 3,20 m num engenhoso dispositivo de articulação para o transporte. Os depósitos são fechados por tampa com trava, evitando perda de insumos no transporte. As linhas têm articulação pantográfica, dosadores pneumáticos, discos de varredura para limpar a linha a ser semeada e vários tipos de sulcadores com mancais blindados.

GREENSYSTEM DA JOHN DEERE Uma interessante inovação no mercado de máquinas agrícolas é a linha de equipamentos denominada de GreenSystem pela John Deere. Consiste em uma parceria com fabricantes independentes para a produção de equipamentos por encomenda. Os equipamentos são exclusivos, com supervisão de projeto e fabricação pela concedente, que os comercializa em sua rede de distribuidores. É uma forma de aumentar a linha de produtos oferecida pela marca sem sobrecarregar suas fábricas, e dá aos fabricantes associados, além da oportunidade do ganho, uma qualificação tecnológica de nível mundial, o que certamente se estende aos demais produtos destas. O primeiro fruto desta parceria é um veículo de transbordo de cana fabricado pela DMB de Sertãozinho-SP.

TRATOR AGCO ALLIS A AGCO fabrica tratores Agco Allis em sua unidade de Canoas-RS e os comercializa na Argentina, onde o nome Deutz (origem dos modelos) é bem conhecido e traz uma imagem de qualidade, força e robustez. São tratores da Série 6, variando de 47,8 kW (65 cv) a 158 kW (215 cv), motores da marca de origem, com ou sem tração dianteira auxiliar e cabine opcional. A destacar a importância que a exportação vem assumindo nesta fábrica, que comercializa oito marcas diferentes na América Latina, dando, graças à eficiência organizacional, um destaque mundial à unidade brasileira. Do volume total fabricado, a exportação já alcança índices próximos do 50 %.


Armazenagem Tetuo Hara

aeração

Para se obter uma boa aeração é necessário analisar cautelosamente alguns elementos como umidade dos grãos, teor de impurezas, compactação da massa e condições climáticas locais que irão interferir diretamente no controle da operação

Aeração com qualidade A

eração de grãos armazenados consiste basicamente em promover a passagem de baixa vazão de ar natural ou resfriado por meio de ventiladores através da massa granular com o objetivo de baixar e uniformizar a temperatura dos grãos armazenados, prevenir a migração de umidade e, dependendo das condições climáticas e da vazão de ar, promover a secagem ou reumedecimento dos grãos. Nos Estados Unidos, tem-se fato de pesquisas com aeração desde 1930 realizados por F.C. Fenton e C.O. Swanson na Universidade Estadual de Kansas. Após 1949, George H. Foster desenvolveu relevantes trabalhos sobre aeração e

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foi idealizador da seca-aeração. No Brasil, os primeiros trabalhos relatados sobre aeração de feijão feitos por P.M.Del Giúdice e T.Hara na Universidade Federal de Viçosa no final da década de 1960, sob orientação de George H.Foster, Bruce McKenzie, John R.Foley e Gerald W. Isaacs, da Purdue University. Em 1974, no I Seminário Nacional de Armazenagem, realizado em Porto Alegre, RS, o prof. Tetuo Hara da Universidade Federal de Viçosa proferiu uma palestra sobre o potencial uso da Aeração de Grãos no Brasil. Assim posto, pode-se afirmar que o conhecimento e a prática da aeração no Brasil

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é relativamente recente. Hoje, é considerase praticamente indispensável na boa conservação de grãos armazenados, porém há necessidade de se tomar alguns cuidados para evitar a deterioração de grãos armazenados e o desperdício de energia elétrica.

GRÃOS ARMAZENADOS Navarro & Noyes (2001) diziam que grãos armazenados fazem parte de um ecossistema com elementos bióticos (insetos, fungos, fermentação, etc.) e abióticos (temperatura, umidade, pressão etc.) que interagem com os grãos armazenados, representou-o por meio de um diagrama (Fig.1). Maio / Junho 2003


“Temperatura e umidade dos grãos são elementos que podemos controlar e que, por sua vez, promovem o favorecimento ou não de ação dos elementos “bióticos

Temperatura e umidade dos grãos são elementos que podemos controlar e que, por sua vez, promovem o favorecimento ou não da ação dos elementos bióticos. Um dos mais importantes fatores a ser considerado na aeração é o fenômeno chamado “Equilíbrio higroscópico”, que é a relação termodinâmica específica para cada grão existente entre a pressão d’água contida no grão e a pressão do vapor d’água do ar em contato com o mesmo. Em outras palavras, a umidade de cada grão está em equilíbrio para cada condição de ar que o envolve para uma determinada temperatura e Umidade Relativa. Digamos que um determinado grão com 13% de umidade está em equilíbrio com o ar com Umidade Relativa de 65% a 25°C. Se colocarmos este grão num ambiente ou em contato com ar com 40% de Umidade Relativa a 25°C, existe um desequilíbrio e haverá a passagem da água do grão para o ar (secagem). No caso inverso, se o ar estiver com 90% de Umidade Relativa a 25°C, a água do ar, em forma de vapor, tenderá a transferir-se para o grão (Umedecimento). Hoje existem diversas equações que ex-

pressam o Equilíbrio Higroscópico para diversos grãos e que fazem parte dos programas computacionais, tanto de secagem como de Aeração. Qual o objetivo da armazenagem? Preservar a qualidade dos grãos e sementes após a colheita, os quais serão colocados no ecossistema em questão e sujeitos aos agentes bióticos e abióticos. A maioria dos agentes bióticos tem suas condições de fatores abióticos, principalmente de temperatura e de umidade, em que são mais ou menos favoráveis para sua sobrevivência, assim como as condições ótimas de desenvolvimento. Para que não se perca a qualidade do produto armazenado, como encontrar a condição adequada e econômica? Burrrel & Burrell, 1964, citado por Christensen (1974), idealizaram o “Diagrama de Boa Conservação” (Fig. 2) que até hoje tem sua validade prática na indicação da umidade segura do grão ou semente para sua armazenagem em função da temperatura dos mesmos (não é a temperatura do ar ambiente). No eixo da ordenada estão representadas as temperaturas do grão ou semente em °C;

na abscissa, o Teor de umidade expresso em % (base úmida, bu), que representa o percentual de Água existente no grão ou da semente em relação ao seu Peso total (Água + Matéria seca), é o percentual de umidade comumente utilizada na comercialização, na secagem, na armazenagem e nos medidores de umidade comerciais. Assim, no Diagrama de Conservação de Cereais a linha A, maior parte horizontal, na linha dos 18°C, indica que a condição de temperatura do grão ou semente, abaixo desta linha, representa que a maioria dos insetos tem o desenvolvimento reduzido, sendo mais reduzido quanto mais baixa for a temperatura. Do mesmo, quanto mais alta for a temperatura acima da linha A, maior será o seu desenvolvimento até a temperatura limite específica de cada inseto. A linha B é o referencial para as sementes. As condições à esquerda da linha representam as condições favoráveis de umidade e temperatura dos cereais de armazenagem. A linha C é o referencial para os grãos destinados à indústria. Analogamente ao item anterior, as condições à esquerda da linha representam as condições favoráveis de umida-


“Em situações de um verão muito quente ou em regiões quentes está cada vez mais comum a aeração com ar resfriado”

ção natural ou cor- é, a massa granular, oferece à passagem de rente de ar convec- ar de aeração. Cada tipo de grão, de acordo tivo ou também com a espessura ou altura da camada gracom aeração passi- nular, com a compactação, com a umidade va que ocorre em e com o teor de impurezas, oferece uma retradicionais paióis sistência específica à passagem do ar que é de milho em espi- expressa em Pressão Estática. Estes dados são obtidos não só no clássico trabalho de ga. As vazões de ar Holman, 1960, por meio do gráfico de Sheutilizadas na aera- dd (1953) constante no Manual da ASAE, ção são relativa- 2002 como em diversos trabalhos publimente baixas. Só cados não só no exterior como também no para se ter uma Brasil. A quantidade, disposição, principalmente idéia, veja o Quadas impurezas finas, afeta de modo significadro 1. No caso, são tivo a resistência à passagem do ar através da exemplos para massa granular. Deste modo, é de suma immostrar que as va- portância reduzir o máximo possível o teor de zões de ar são bem impurezas, principalmente as finas e tomar as baixas comparadas devidas precauções no carregamento dos siàs de secagem que, los, preferencialmente com um bom espalhade modo geral, são dor. superiores a 2m3 Em situações de um verão muito quente ou em regiões quentes está cada vez mais comin /ton. Nota-se que o mum a aeração com ar resfriado. Alguns anos tempo de Aera- atrás só existiam um tipo de equipamento de ção é inversa- resfriamento de ar para aeração, mas o consumente proporcio- mo excessivo de energia tornava-se inviável. Hoje já existem vários tipos e modelos, na nal à Vazão de ar. Repetindo, a me- maioria programáveis e de consumo energétidida que se au- co viável e muito útil ou mesmo necessários menta a vazão, em situações específicas mencionadas. aumenta-se o SISTEMA DE AERAÇÃO consumo de energia com conseqüente aumento de custo da operação. É lógico que, quanto maior a vazão, Um sistema de aeração é composto basicamais rápido completa-se a aeração e conseqüentemente maior será o consumo de energia. Fig. 2. Diagrama de conservação de cereais O quadro 2 mostra um exemplo da relação entre a vazão de ar e o tempo de aeração em um determinado silo. Assim, deve-se compatibilizar, de acordo com as condições de sanidade, da temperatura e umidade dos grãos armazenados, das condições climáticas locais, tempo máximo que os grãos podem permanecer nas condições originais sem que se inicie o processo de deterioração, as características dos equipamentos instalados para se fazer a escolha da vazão mínima ou estimar o tempo que será necessário para completar a aeração. Outro fator importante a ser considerado é a resistência que os grãos, isto

Fig. 1 - Representação do Ecossistema conforme Navarro & Noyes (2001)

de e de temperatura dos cereais de armazenagem. Atualmente, há uma forte tendência para se adotar a linha B mesmo para os grãos destinados às indústrias. Assim, através do Diagrama de Conservação de Cereais podemos ter os indicativos da umidade e da temperatura favoráveis para a armazenagem segura que irá depender ainda do local e da região, do tipo de estrutura de armazenagem e do manejo da aeração.

AERAÇÃO Originalmente, para evitar que os grãos se aquecessem, revolviam-se os grãos passandoos através do ar, no caso de armazenagem comercial, corresponderia à operação de transilagem. A aeração, em contrapartida, é uma operação que consiste em passar o ar através da massa de grãos armazenados. Em 1972, Calderon citado por Navarro & Noyes, 2002, define a Aeração como a movimentação forçada de ar com qualidade adequada ou com ar adequadamente condicionado através da massa de grãos para melhorar a capacidade de armazená-los. É também chamada de ventilação ativa, mecânica, baixo volume ou forçada, desde que um ventilador seja utilizado para movimentar o ar ambiente. Os autores também chamam a atenção para não confundir a aeração com a ventila-

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Fig. 3. Tipos de ventiladores utilizados na aeração

Quadro 1. Exemplos de vazões de ar de Aeração Exemplos de vazões específicas de ar de aeração Produto Milho e Sorgo Trigo, Aveia, Cevada e Centeio Soja

Umidade, % bu

Vazão de ar em m3 min ton

< 15% 15 a 18 % >18% <14% 14 a 16% >16% <13% 13 a 15% >15%

0,10 a 0,25 0,25 a 0,50 0,50 a 1,00 0,05 a 0,10 0,10 a 0,25 0,25 a 0,75 0,10 a 0,25 0,25 a 0,50 0,50 a 1,00

Fonte: Randy Sheley-GSI Group

Quadro 2. Tempo de Aeração em função da Vazão de ar mente pelo ventilador, pelo duto de suprimento de ar, dutos de aeração e sistema de controle. A seguir serão apresentados os principais elementos que compõem o sistema de aeração.

VENTILADORES O ventilador é sem dúvida um elemento muito importante do sistema de aeração. Sua identificação e o conhecimento de suas características permitirão o melhor manejo. Cada ventilador tem sua Curva Característica que correlaciona a vazão de ar, potência requerida, a pressão estática e a rotação do eixo do ventilador, que pode ser obtida do fabricante. A curva característica permite ao usuário verificar se um determinado ventilador atende o fluxo de ar necessário e compatível com o sistema de aeração projetado. Não é incomum a existência de ventiladores sub-dimensionados que não conseguem vencer a pressão estática e, mesmo estando o ventilador ligado, não está movimentando o ar através da massa granular. Como na maioria dos casos, o ventilador insufla o ar no silo, diferente daqueles em que promove a sucção, o atrito das pás dos ventiladores e em alguns casos complementado pela geração de calor dos motores, o ar de aeração insuflado é ligeiramente aquecido em torno de 6°C, ou mais, acima da temperatura ambiente. Para tanto, devese proceder a correção das condições psicrométricas do ar nos cálculos da aeração. Na escolha do ventilador para a aeração, além do aspecto de engenharia, hoje, é de suma importância fazer a seleção sob o aspecto de meio ambiental principalmente relativo ao nível de ruído. Os principais tipos de ventiladores (Fig. 3) utilizados na aeração podem ser agrupados conforme mostrado no Quadro 3. Maio / Junho 2003

Vazão de ar x Tempo de Aeração Vazão Específicas de Ar em m3 min/ton

Tempo de Aeração em horas

0,05 0,10 0,25 0,50 0,75 1,00 1,50

400 200 80 40 27 20 13

Quadro 3. Tipos e característica dos ventiladores Tipo de Ventilador Vazão de ar

Características Pressão Estática

Nível de Ruído

Axiais (a)

Alta

Baixa

Alto

Centrífugos (b)

Baixa

Alta

Baixo

Centrífugo em linha (c)

Média

Média

Baixo

DUTOS DE SUPRIMENTO DE AR O duto de suprimento de ar do sistema interliga o ventilador dos dutos de aeração. Ele é dimensionado de tal forma que haja a menor perda de carga possível e é onde se toma a pressão estática geralmente por meio

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de manômetro em “U” ou sensores de pressão conectados a uma leitora ou sistema computadorizado remoto. Os dutos de aeração mais eficientes são os de fundo falso, em que toda a superfície do fundo é constituída de chapa perfurada, cuja perfuração é de tamanho tal que não Máquinas

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“A experiência do operador pode ajudar em operar a Aeração, no entanto, o conhecimento de sua tecnologia otimizará a operação tanto no aspecto qualitativo, como na economia do sistema”

Fig. 4 - Curva de Calibração do Aparato de Determinação de Velocidade do Ar de Aeração

siste não só na operação de ligar e desligar o ventilador como também em um sistema automatizado que analisa o tipo de grãos com suas condições de umidade, temperatura, nível de impureza e sanidade; condições climáticas atuais e históricas; objetivos da aeração; tempo de aeração; consumo de energia etc. Estes sistemas automatizados já estão disponíveis no mercado brasileiro. Um sistema automatizado não significa a solução final para a operação de aeração. Ele é uma ferramenta bastante útil que facilita sobremaneira o trabalho do operador. Seria o mesmo que entregar um carro com transmissão automática a um inabilitado e ele sair dirigindo sem problema pela estrada afora.

CUIDADOS NA OPERAÇÃO DA AERAÇÃO

permita a passagem dos grãos e a área perfurada é superior a 10% do total. Os dutos ou calhas de aeração são mais comuns em unidades armazenadoras maiores e de dimensionamento com base a partir do trabalho clássico de Holman, 1960. É importante ressaltar que no seu dimensionamento são considerados o tipo de unidade armazenadora, a vazão do ar, tipo e umidade do produto, a velocidade do ar, o diâmetro do duto, o comprimento do duto, a disposição dos dutos, a velocidade de saída

do ar do duto para a massa granular, a temperatura e umidade relativa do ar, dentre outros fatores. Neste capítulo, como foi mencionado, não será possível entrar em detalhes de dimensionamento e o objetivo é conhecer os fatores envolvidos, verificar os pontos básicos e operar o sistema um pouco mais conscientemente.

SISTEMA DE CONTROLE O sistema de controle da aeração con-

Fig. 5 - Alguns Exemplos de Dutos de Aeração em Silos Cilíndricos

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• A experiência do operador pode ajudar em operar a Aeração, no entanto, o conhecimento de sua tecnologia otimizará a operação tanto no aspecto qualitativo, quanto na economia do sistema. Programa de capacitação e de atualização é essencial; • Manutenção preventiva do sistema de aeração é imprescindível para que ele funcione a contento. Assim, é necessário que se proceda, antes de se carregar o silo, uma limpeza rigorosa não só nas paredes e no piso da unidade armazenadora, mas principalmente nos ventiladores, aerodutos e os furos das chapas perfuradas. Verificar se nos furos das chapas não estão obstruídos. Verificação de todo sistema elétrico (fiação, conectores, fusíveis ou sistema de proteção), ligação dos pólos correta (certeza do sentido da rotação dos ventiladores), estado dos rolamentos, tensão das correias, fixação dos ventiladores, vedação adequada dos aerodutos, limpeza em torno das entradas de ar dos ventiladores etc; • Origem e histórico dos grãos a serem aerados (nível de umidade e de impurezas, principalmente de finos). Modo de carregamento dos silos (com ou sem espalhadores); • Obtenção de dados climatológicos locais por meio de Estações Meteorológicas oficiais como a do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de alguma instituição estatal ou privada que registre estes dados. Na impossibilidade de se obter estes dados, pode-se montar uma pequena estação meteorológica própria ou, no mínimo, ter um psicrômetro (que consiste em dois termômetros em que em um dos bulbos está envolvido com uma gaze molhada com água destilada) com um Gráfico Psicrométrico (constante em qualquer livro de Termodinâmica ou obtido através do CENTREI-

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“Um operador de unidade armazenadora com experiência, somente sentindo o cheiro do ar que sai da aeração, pode detectar o desempenho da aeração”

(Fig. 7) deve ser monitorada por meio da termometria e não desligar o sistema até que a frente tenha atravessado toda a massa de grãos; • Preferencialmente desligar o sistema no início da manhã para aproveitar ao máximo as temperaturas mais baixas da noite e, con-

Fotos Arno Dallmeyer

NAR) para permitir conhecer as características do ar utilizado na aeração; • Ao ligar o sistema de aeração, manual ou automático, verifique se o ar está fluindo uniformemente em toda a superfície da massa granular. Se não possuir anemômetros bastante

Fig. 6 - Corte de um silo horizontal de fundo plano com duas linhas de aerodutos longitudinais. Relação A/B < 1,5

Tetuo Hara aborda todos os passos necessários para um bom controle de aeração

sensíveis, é possível construir um aparato muito simples conforme a Figura 8. Este aparato consiste em um tubo de vidro, com bolha de detergente na parte interna. Este tubo é conectado a uma curva por meio de tubos de borracha e na outra extremidade da curva, com uma estaca rígida de 800 mm presa por meio de braçadeiras, deve ser introduzida 100 mm perpendicularmente em relação à superfície da massa granular. O ar que sai da massa granular faz movimentar a bolha de detergente. Com um cronômetro, determine o tempo para a bolha se deslocar 500 mm no tubo transparente. Se desejar determinar a velocidade do ar, poderá utilizar a Curva de Calibração; • Após o início da operação a movimentação da Frente de Resfriamento da aeração

seqüentemente, evitar o desligamento da aeração no final do dia; • Não se precipitar em desligar a aeração quando a Umidade Relativa do Ar estiver acima do Equilíbrio Higroscópico, desde que a temperatura do ar externo esteja abaixo da temperatura média dos grãos armazenados, pois o processo de umedecimento é 4 a 6 vezes mais lento que o de secagem. É preferível aproveitar para baixar a temperatura dos grãos com leve umedecimento do que a elevação de temperatura e, na maioria dos casos, não é interessante que ocorra a secagem; • Um operador de unidade armazenadora com experiência, somente sentindo o cheiro do ar que sai da aeração, pode detec-

Fig. 8 - Aparato simples para medir e comparar a velocidade do ar de Aeração passando através de massa de Grãos (Burrell, 1970)

Fig. 7 - Visual da frente de resfriamento no silo

tar o desempenho da aeração, bolsões de aquecimento devido a princípio de deterioração ou infestação de insetos antes da termometria. Concluindo, podemos afirmar que a Aeração é um instrumento muito útil, se não indispensável em muitos casos, na conservação de grãos armazenados quando bem operada. Por outro lado, quando operada inadequadamente, sem o devido conhecimento tecnológico, será uma fonte de perda quantiqualitativa de grãos armazenados como também será uma fonte de despesas intoleráveis M para a unidade armazenadora. Tetuo Hara CENTREINAR - UFV

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Camionetas Nissan

lançamento

Nova Frontier

A

Nissan lança a versão cabine simples da picape Frontier, que tem ín dice de 65% de nacionalização. A maior utilização desse tipo de veículo para trabalho diário está nos pequenos comércios, empreendimentos urbanos e no setor de negócios agrícolas. A Frontier cabine simples é montada em chassi de aço, composto por duas longarinas longitudinais e cinco barras transversais. As barras unem as longarinas e aumentam a resistência da estrutura na qual é fixada a carroceria. O diferencial da estrutura do veículo da Nissan com relação aos concorrentes é o fato de as longarinas possuírem perfil fechado – tipo duplo “U” – por toda sua extensão. Devido a isso, o desempenho dessa picape em terrenos acidentados torna-se melhor. O motor da nova Frontier cabine simples é o MWM Sprint. Esse propulsor permite ao veículo que a partir do repouso alcance 100 km/ h em 13,1s e que atinja 168km/h em sua velocidade máxima. Segundo os técnicos da empresa, o MWM Sprint mesmo em baixa rotação (1.800 rpm) já atinge sua capacidade máxima de torque (34,7 kgf.m) transmitindo força, agilidade e segurança no uso diário, independentemente de a picape estar ou não com carga. Os diferenciais do motor a diesel da Frontier são o sistema de intercooler - que passa a ter entrada de ar pelo capô -, o sistema de lubrificação utilizado na transmissão e o reescaMaio / Junho 2003

FICHA TÉCNICA FRONTIER CABINE SIMPLES Estrutura (Chassi com carroceria) Tração Versão Motor Marca / modelo Combustível Intercooler Potência (ISSO-ABNT) Torque (norma ISO 1585) Transmissão Marca / modelo Caixa de câmbio (tipo) Embreagem com acionamento hidráulico Suspensão Dianteira

Traseira Sistema de freios Dianteiro Traseiro

Cabine Simples 4x2 XE MWM Sprint/ 4 cilindros Diesel Sim 132cv (97kW) @ 3.600rpm 34,7 kgf.m (340N.m) @ 1.800rpm EATON FS0-2405 Manual de 5 velocidades SIM Independente, braço triangular duplo, barra estabilizadora, barra detorção, amortecedores telescópicos Eixo rígido, feixe de mola semielíptico, amortecedores telescópicos, barra estabilizadora Disco ventilado com ABS Tambor com ajuste automático com ABS

Direção Tipo assistida Pneus Medidas Dimensões Entre eixos Comprimento Dimensões da caçamba Comprimento Capacidades De passageiros De carga Do tanque de combustível Massa Peso em ordem de marcha

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Hidráulica de esferas recirculantes 225/75 R15 2.649 mm 4.859 mm 1.965 mm 2 pessoas 1.000 kg 60 litros 1.650kg

lonamento das engrenagens de marcha. Com isso, as vibrações e os ruídos do motor foram reduzidos. O cabeçote tipo cross flow (fluxo cruzado) permite melhorar o escoamento de gases, produzir baixos níveis de emissões e aumentar a economia de combustível. Na cidade, a picape roda 11,6 km/l; na estrada, o rendimento aumenta para 14,9 km/l. A Frontier cabine simples é a única da categoria a apresentar – de série - sistema de freios ABS nas 4 rodas. Além disso, ela conta com zona de deformação programada: a parte frontal da carroceria e o chassi foram desenvolvidos para se deformarem progressivamente em caso de colisão frontal, amortecendo o choque. Os bancos são chamados de “antimergulho”, porque durante o choque o corpo não desliza sob os cintos. Item indispensável para quem utiliza o veículo diariamente como parte de seu trabalho, o conforto para o condutor não foi esquecido na Frontier. De série ela possui direção hidráulica, coluna de direção regulável em altura, bancos dianteiros individuais revestidos em tecido, ajuste de altura do cinto de segurança, aquecimento, espelho retrovisor interno dia e noite, vidros verdes e tomada de 12V. Como opcionais pode-se escolher ar-condicionado, vidros, travas e espelhos elétricos. Capota marítima, protetor de caçamba e estribo também são acessórios que poM dem ser escolhidos. PR Máquinas

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Opinião

Alta tecnologia, sim! E daí?

OPERAÇÃO Estes produtos (e não me refiro apenas a caminhões, tratores e colhedoras, que por si só já são mais tecnificados, mas a semeadoras e pulverizadores, por

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ex.) necessitam de operadores mais qualificados, que saibam não só “interpretar” suas informações mas tomar decisões em tempo real sobre estas. Um executivo do setor me contou que entende como operador ideal destas máquinas um indivíduo com formação de nível técnico. Concordo com ele também quando diz que vai ser um pouco difícil convencer um técnico agrícola, ou mecânico a assumir uma função de “tratorista”. De minha parte penso até que é uma boa atividade se comparada a outras que Charles Echer

O

s profetas da modernidade já anunciaram há alguns anos: os avanços do conhecimento vão ser sempre mais rápidos, em maior volume e em maior velocidade. Na verdade, um crescimento de ordem exponencial. Quando James Watt criou a máquina a vapor no apagar das luzes do século 18, e quando em meados do século 19 a esta máquina foram agregadas rodas e um sistema de propulsão, já se pensava em “trator”, um dispositivo mecânico para substituir a força animal no campo. O motor de Otto deu um grande impulso aos veículos a partir de 1870, por ser compacto, leve e por consumir um combustível melhor de transportar e ser armazenado que a lenha ou o carvão. Na virada do século 20, Rudolph Diesel criou o motor que leva seu nome, com a proposta de queimar óleos de todas as espécies. Foi um grande passo no desenvolvimento dos tratores agrícolas. Assim como foi a linha de montagem de Ford em 1919, a introdução dos pneumáticos na década de 30 e um invento que levou muitos anos para se impor, mas hoje é “universal”: o sistema hidráulico de Harry Ferguson em 1937. Na seqüência, foram sendo agregados itens de conforto e produtividade aos tratores como direção assistida, câmbio sincronizado e cabinas. Sempre tenho dito a meus alunos que a indústria de tratores e máquinas agrícolas é subsidiária da indústria automobilística. Portanto, cresce e se desenvolve à semelhança desta, e nela se pauta. Agora vendo os produtos que temos no mercado, vejo-me obrigado a refletir sobre este posicionamento, afinal, quantos modelos de automóveis nos oferecem posicionamento por satélites? Conexões e/ou comandos por computador? Transmissões servo-assistidas, com até 36 velocidades? Funcionamento de até um ano sem necessidade de troca ou reposição de óleo lubrificante? Os leitores dirão que exagero. Certamente em alguns modelos de automóveis encontramos altíssima tecnologia e sofisticação até maior. Mas há que se ver o contexto em que estas inovações aparecem. E então outras dúvidas me assaltam:

voltar ao questionamento: quem se incumbe do treinamento destes operadores e gerentes de campo? Há muito o governo se afastou dos treinamentos especializados. As escolas agrotécnicas, de mecânica e as Faculdades não têm recursos disponíveis em seus orçamentos para proporcionar treinamento deste nível, e com este custo! Não se trata mais de simples cursos de tratoristas. Trata-se de formar operadores de máquinas complexas, aos quais se exige noções de posicionamento geográfico, de informática, de comunicações, de gestão, de custos, de mecânica, de eletrônica, de rendimento, de eficiência... Imagino que a saída esteja nas próprias montadoras, ou nas fundações de fomento e de pesquisa. Se algo não for feito a curto prazo, teremos dezenas (ou centenas) de curiosos “mexendo” em máquinas que custam até quinhentos mil reais ou mais, sem poder tirar delas o melhor de seu desempenho.

MANUTENÇÃO Novamente a questão: temos gente qualificada para fazer as operações de manutenção mecânica e eletro-eletrônica destes equipamentos? Primeiramente temos que pensar nas áreas de serviço das concessionárias, mas num segundo momento não podemos esquecer as oficinas independentes, que são numerosas e importantes fontes de trabalho e renda em nosso País.

COMERCIALIZAÇÃO

Arno Dallmeyer é Consultor Técnico da Cultivar Máquinas e Professor Titular de Máquinas Agrícolas no CT/UFSM estes tipos de profissionais vêm exercendo por estes campos afora. Comparado aos custos operacionais destas máquinas, o salário de um operador bem qualificado vale à pena ser pago. Sem pensar nos ganhos de produtividade e diminuições de falhas ou desempenho que se obterá. O assunto pode ser repetitivo, mas gostaria de

www.cultivar.inf.br

Juntamente com a sofistificação dos equipamentos vem a necessidade de outro tipo de trato com os potenciais clientes. Outra abordagem de vendas, uma verdadeira “engenharia” acompanha este segmento. Há de se requalificar os “vendedores”, transformando-os em consultores de negócios, com bagagem técnica suficiente não só para responder aos questionamentos dos clientes, como para detectar e dimensionar suas necessidades, às vezes sequer expressas. Estamos às portas de um novo momento na oferta de máquinas agrícolas no mercado brasileiro. Aqueles que conseguirem suprir, ou adquirir, suporte necessário certamente vencerão a M corrida tecnológica. Quem viver, verá.

Maio / Junho 2003




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