Maquinas 23

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Do editor Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 – 12º andar 96015-300 – Pelotas – RS www.grupocultivar.com Diretor-Presidente Newton Peter Diretora Administrativa Cely Maria Krolow Peter Diretor Financeiro e de Redação Schubert K. Peter

Cultivar Máquinas Edição Nº 23 Ano III - Setembro 2003 ISSN - 1676-0158 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 98,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

A edição deste mês traz diversos artigos com a qualidade que o leitor conhece, mas a melhor notícia está além das páginas internas. A grande novidade é que a partir deste número a Cultivar Máquinas passa a circular mensalmente, com 11 edições anuais, mantendo a qualidade de sempre, mas trazendo também mais informações práticas para o leitor. Dando continuidade à proposta lançada na última edição, realizamos o segundo test drive, desta vez com o trator 5085.4, integrante da linha média da Agrale. Abordamos também regulagem de plantadoras, o que é de fundamental importância para quem pretende iniciar a safra com o pé direito, sem errar no plantio. Por fim, a edição traz um caderno especial sobre manuseio de grãos em silos, onde são abordados os principais equipamentos que compõem um complexo de armazenagem. Uma boa leitura a todos e até o próximo mês.

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 72,00 • 68,00

Índice

Nossa Capa

• Editor

Charles Ricardo Echer • Consultor Técnico

Dr. Arno Dallmeyer • Redação

Rocheli Wachholz • Revisão

Carolina Fassbender • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia _____________

• Gerente Comercial

Neri Ferreira

• Assistente de Vendas

Pedro Batistin _____________

• Gerente de Circulação

Cibele Costa

Foto Charles Echer

Rodando por aí

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AGCO Corporation adquire a Valtra

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Plantio de arroz pré-germinado

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Barragens rurais

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Pulverizador Parruda em versão compacta

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Lançamento New Holland

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Aclives e declives com a 4x4

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Regulagem de plantadoras

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Teste drive - Agrale 5085.4

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Seminário sobre armazenagem

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Pivô central - custo x benefício

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Opinião

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• Assinaturas

Luceni Hellebrandt Jociane Bitencourt • Assistente de Vendas

Rosiméri Lisbôa Alves

Destaques

• Expedição

Edson Krause

Arroz pré-germinado Conheça quais as principais máquinas e equipamentos utilizados no preparo do solo e no plantio do arroz .................................................... 06

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • ATENDIMENTO AO ASSINANTE:

3028.4013/3028.4015

Regulagem ideal

• ASSINATURAS:

3028.4010/3028.4011 • GERAL

3028.4013 • REDAÇÃO:

3028.4002 / 3028.4003 • MARKETING:

3028.4004 / 3028.4005 • FAX:

3028.4001 Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Caderno especial Armazenagem de grãos

Principais cuidados a serem adotados para evitar perdas de produção já na hora do plantio ................................................... 18

Teste drive - Agrale 5085.4 Veja como o Agrale 5085.4 se saiu no test drive realizado pela equipe da revista Cultivar Máquinas ................................................... 22

Pivô central: retorno certo Entenda a relação custo x benefício da produção sob pivô central e algumas experiências de sucesso ................................................... 27


Rodando por aí

Melhores da Terra – edição 2003

Marcondes

Vice-presidente Foi nomeado o novo vicepresidente do grupo INA no segmento Vendas Industriais e Desenvolvimento para a América Latina, Antônio Marcondes Almeida. Ele é engenheiro mecânico com especialização em Administração Industrial, com mais de 20 anos de experiência no setor de rolamentos e já comandou equipes nos Estados Unidos, Venezuela, Argentina e Brasil.

O Grupo Gerdau entregou no início de setembro os troféus para os vencedores do Prêmio Gerdau Melhores da Terra. Na categoria destaque, o Troféu Ouro foi para a Semeadora Adubadora Suprema com Controle de Ondulação Permanente, da Marchesan Implementos e Máquinas Agrícolas Tatu (SP); Troféu Prata: Carretinha Agrícola Tracionada para Microtrator, da Moldemaq Implementos Agrícolas (SC); e a Trincha TRP 1,60 da empresa Horizon Desenvolvimento Tecnológico Agroindustrial (SP). O prêmio especial foi para a Semeadora Adubadora IF-13 da empresa Fankhauser (RS). Na Categoria Novidade, o Troféu Ouro foi para a Semeadora de Grãos PAR 7000 TRANS, da Semeato Indústria e Comércio (RS); o Troféu Prata para o Protótipo Módulo de Arranquio de Restos de Cultura, da Irmãos Thönnigs (RS); e para o Moinho de Martelos MMKW, da Kepler Webwe (RS). O prêmio especial para equipamento importado foi para o Trator de Esteira de Borracha Challenger MT 765, importado pela AGCO do Brasil. Na categoria pesquisa e desenvolvimento o prêmio foi para o trabalho científico entitulado Inspeção Periódica de Pulverizadores Agrícolas dos professores Ulisses R.Antuniassi e Marco A.Gandolfo.

Novos diretores

Lopes

A ZF do Brasil, em continuidade ao processo de desenvolvimento organizacional do Grupo ZF no Mercosul, nomeou dois novos executivos. O engenheiro João Luis Lopes, que assume o cargo de diretor da divisão de Aftermarket e será responsável também pelas atividades da área de relações públicas do Grupo ZF no Mercosul e o engenheiro mecânico Ricardo Fioramonte, nomeado diretor da divisão de Sistemas de Eixos e Transmissões Fora-de-estrada.

Fioramonte

Novidade A John Deere apresentou na Expointer a colhedora 1450 na versão arrozeira, equipada com tração traseira hidráulica. Ela foi desenvolvida atendendo a solicitações de produtores de arroz irrigado que agora podem optar entre a nova versão e a que utiliza conjuntos de esteiras. Na maior parte das plantações, a nova versão apresenta várias vantagens em relação à equipada com esteiras, como menor custo de manutenção, maior vida útil do conjunto e maior facilidade no transporte e manuseio.

Gandolfo e Antuniassi

Reconhecimento Parabéns aos professores Ulisses Antuniassi, da Unesp, e Marco Gandolfo, da Unespar, que receberam o Troféu Gerdau Melhores da Terra na categoria Pesquisa e Desenvolvimento, pelo trabalho sobre Inspeção Periódica de Pulverizadores, que tem como objetivo avaliar as máquinas como forma de diminuir o desperdício de defensivos. Os resultados da pesquisa podem ser acompanhados na Revista Cultivar em dois artigos publicados nas edições nº 5 setembro/outubro 2001 e nº 14 setembro/outubro de 2002.

Prêmio Gerdau Max Plantadeiras, empresa de Passo Fundo(RS), recebeu no início de setembro o Troféu Prata no Prêmio Gerdau Melhores da Terra na Categoria Novidade. O módulo de arranquio de restos de cultura, ainda em forma de protótipo, opera nas filas de plantio, modulado na quantidade de linhas permitida pela potência disponível e a sua proposta é a eliminação dos restos culturais do algodão, prática exigida por Lei para o controle do Anthonomus grandis (bicudo).

STIHL A Stihl esteve presente na Expointer 2003 com força total. Sua linha leve, dava mostras da facilidade de operação, convidando os visitantes a experimentar os equipamentos, esculpindo pássaros em madeira.

Balanças rodoviárias A Filizola lança novos modelos de sua linha de balanças rodoviárias, com plataformas de até 42 m. Estas balanças foram desenvolvidas para atender a demanda de um segmento específico do mercado que necessita fazer a pesagem de veículos longos. Segundo o diretor comercial da Filizola, Marcelo Filizola, “a utilização de uma única plataforma simplifica o processo de pesagem. Antes o cliente tinha que adquirir duas plataformas de até 21 m. para obtenção de uma plataforma maior”. Os novos modelos são os de plataformas únicas de 25, 30, 36 e 42 m., com capacidade de 100 a 160 ton. Pitt e Yamashita

Águas de Prata No mês de julho, o Secretário da Agricultura, Meio Ambiente e Expansão Econômica de Luís Eduardo Magalhães (BA), Dr.Eduardo Massuo Yamashita, recebeu o troféu Águas de Prata no segmento profissional Técnico Pioneiro em Consultoria Irrigada no Estado da Bahia.

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Máquinas

Conjunto Silo-Secador

Leonardo Segatt

Leonardo Segatt, diretor geral da Agromarau, apresentou na Expointer o conjunto Silo-Secador a base de gás liquefeito de petróleo. O produto representa um novo conceito de armazenagem no mercado, possibilitando ao produtor agregar valor aos grãos armazenados. O conjunto reduz a manutenção de equipamentos, mão-deobra e possibilita um ajuste fino da temperatura na massa de grãos. Outro aspecto a ser considerado, diz Segatt, é a ausência de odores de fumaça nos grãos armazenados, fato que os deprecia.

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Fome Zero A Agrale doou na Expointer 2003 um trator modelo 4100.4 para o Programa Fome Zero. A empresa também doará ao projeto do Governo Federal 1% da receita obtida pela venda de tratores e veículos nos próximos 12 meses, em operações financiadas pelo Programa de Geração de Emprego e Renda Rural (PROGER), do Banco do Brasil.

Tri Campeã O Grupo Fockink, de Panambi (RS) recebeu o prêmio Top of Mind nos três últimos anos, sendo portanto, tri campeã na divisão de irrigação e não bi como publicamos na edição anterior.

Setembro 2003


Empresas negócios

Ainda maior A

AGCO Corporation, criadora, fabricante e distribuidora in ternacional de equipamentos agrícolas, concordou em adquirir a Valtra Corporation, uma empresa finlandesa de propriedade da Kone Corporation, no dia 10 de setembro, em Duluth, GA, por 600 milhões de euros. A Valtra é uma fabricante internacional de tratores e motores off-road com posições de liderança de mercado na região nórdica da Europa e na América Latina. A receita referente aos doze meses que se encerraram em 30 de junho de 2003 chegou a aproximadamente US$ 900 milhões, com um lucro operacional de aproximadamente US$ 65 milhões. Com referência ao ano de 2002 como um todo, a Valtra obteve um retorno operacional sobre ativos antes do imposto de renda de mais de 15%. Em 2002, a Kone Corporation adquiriu a antiga controladora da Valtra, a Partek Corporation e, posteriormente, concluiu que a empresa adquirida não era mais um negócio estratégico fundamental para o grupo ora ampliado. Ao decidirem alienar a empresa, entendeu-se que a Valtra poderia ser mais bem alinhada dentro da indústria agrícola e continuar desenvolvendo suas oportunidades de crescimento em longo prazo. A estratégia da Valtra enfocou a obtenção de um desempenho líder no segmento em termos de margens operacionais e retornos sobre ativos, através de seus processos de vendas e fabricação. Além disso, a empresa ampliou sua base de receitas para ficar entre os cinco primeiros em vendas de tratores em todo o mundo, com as operações estruturadas em torno de três divisões: Tratores Europa, Tratores América Latina e Motores a Diesel. A divisão Tratores Europa é líder de mercado nos países nórdicos, com uma fatia de aproximadamente 30%, e a Tra-

Setembro 2003

Nilson Konrad

Numa negociação de 600 milhões de euros, no início de setembro, a AGCO Corporation adquire a Valtra e amplia suas operações em todo o mundo

Ratliff: “As técnicas de distribuição e fabricação da Valtra estabeleceram um novo padrão no segmento, que pretendemos aplicar por toda a AGCO”

tores América Latina é atualmente a terceira maior fabricante no Brasil. A divisão de Motores a Diesel produz motores vendidos com a marca Sisu Diesel, em modelos de 50 a 450 cv para aplicação off-road. Ela foi uma importante fornecedora para a AGCO, Valtra e outros fabricantes, com mais de 27 mil motores produzidos em 2002. Robert J. Ratliff, presidente mundial da AGCO Corporation, afirmou que a aquisição proporciona uma oportunidade inigualável de a AGCO expandir de forma eficaz seus negócios em mercados globais significativos através da utilização da liderança tecnológica e produtiva presente “nesta excelente empresa”. “As técnicas de distribuição e fabricação empregadas pela Valtra estabeleceram um novo padrão no segmento, e pretendemos aplicar esse conhecimento por toda a AGCO”, garantiu.

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Além disso, acrescenta, a AGCO está comprometida com a continuação do investimento no crescimento lucrativo da Valtra e na utilização de todas as suas instalações. A marca e a empresa Valtra serão mantidas nas suas instalações de fabricação atuais, juntamente com seu forte sistema de distribuição por todo o mundo. A organização administrativa será mantida para continuar o desempenho que obteve uma melhora de mais de 20% na receita e lucros operacionais nos últimos quatro anos. “Tais ações dão continuidade à filosofia da AGCO de marcas múltiplas através de múltiplas redes de distribuição, como ditam os mercados”. Para Ratliff a transação mantém o papel da AGCO como o consolidador do segmento e promove ainda mais o objetivo de fornecer vantagens tecnológicas e produtivas a agricultores em todo o mundo. “A AGCO também vê isto como uma oportunidade para ampliar a distribuição de outros produtos agrícolas através da rede de distribuição da Valtra, dessa forma dando aos agricultores uma maior escolha na seleção de equipamentos”. Conhecida por seus tratores personalizados e de qualidade, a fábrica de tratores em Suolahti, Finlândia, foi a primeira do tipo a obter o certificado ISO 9000. Desde sua origem no início dos anos 1950, a Valtra produziu mais de 500 mil tratores e estabeleceu uma forte base de fidelidade de clientes. A fábrica brasileira em Mogi das Cruzes compreende mais de 56.700 metros quadrados e produziu mais de 300 mil tratores desde 1960. A fábrica de motores fica em Linnavuori, Finlândia, onde a produção é dividida entre uso interno e vendas para fabricantes de equipamentos originais. A transação está sujeita à aprovação de entidades reguladoras e será consuM mada o mais breve possível.

Máquinas

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Plantio arroz

A

pós estudos realizados durante o ano de 1999, chegou-se à conclusão de que aproximadamente 30% das terras brasileiras, destinadas ao cultivo de arroz irrigado, estavam infestadas pelo arroz vermelho, erva daninha que provoca grandes prejuízos na produtividade da lavoura de arroz e que foi a principal causa da utilização de outras técnicas de cultivo pelos orizicultores como, por exemplo, o sistema pré-germinado e o plantio direto. A utilização do sistema pré-germinado compreende uma série de etapas diferenciadas, entre elas a sistematização do solo, que provoca grandes variações, principalmente no tipo de maquinário a ser utilizado. Nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, apesar de os orizicultores utilizarem essa técnica de cultivo, as características e os resultados são bem diferentes. Enquanto que em Santa Catarina as áreas de arroz são geralmente pequenas, facilitando a adoção dessa técnica, utilizada há vários anos, no Rio Grande do Sul, com uma área em torno dos 950 mil hectares plantados, essa técnica já alcança os 11% do total plantado, em lavouras bem maiores. Em grandes áreas, a utilização desse sistema possui algumas restrições, pois as práticas de preparo de solo são mais lentas e o manejo da água exige muitos cuidados. Em Santa Catarina, essa técnica é praticamente utilizada em mais de 95% da área cultivada de arroz, facilitada pelas dimensões menores das lavouras. Existe um ditado popular que diz “geralmente quando se soluciona um problema estamos criando um outro”. No que se refere a essa técnica, podemos dizer que isso é verdade, quando verificamos que muitos orizicultores no Estado de Santa Catarina, após utilizarem esse sistema há mais de 10 anos, vêem-se obrigados a voltar ao sistema de plantio direto para conseguirem controlar a infestação de ervas aquáticas que se proliferaram com a utilização sucessiva do sistema pré-germinado. Apesar de tudo, muitas vantagens ainda podem ser citadas sobre a utilização da técnica de uso do sistema pré-germinado, entre elas temos: • Reestruturação da lavoura (melhor controle do arroz vermelho e preto); • Menor dependência do clima para o preparo do solo e plantio (o período de plantio pode ser programado); • Planejamento mais efetivo das atividades da lavoura; • Redução do ciclo da cultura, pois já se planta o arroz germinado; • Menor consumo de água para a irrigação; • Pela pré-inundação, antecipa-se a redução do solo e liberação de nutrientes para a planta;

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Máquinas

Preparand terreno

O sistema de plantio de arroz pré-germinado exige a utilização de diversas máquinas desde o preparo do terreno até a semeadura • Maior produtividade (dados de pesquisa); • Melhor qualidade do produto final (em virtude da germinação mais uniforme do que nos outros sistemas); • Redução de custos variáveis e fixos (maquinário, por exemplo). Resumidamente, podemos descrever uma seqüência de operações para a adoção dessa técnica em campo.

PLANEJAMENTO DA ÁREA Não que seja um fator limitante, mas devemos procurar preferencialmente terrenos com a menor declividade possível, evitando assim que a etapa posterior - o levantamento topográfico - não proporcione cortes muito acentuados nos quadros, considerando o fato da pequena altura do hori-

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zonte A (150 a 200 mm). Os quadros devem possuir em média 10 a 15 mil m2, onde a dimensão mais utilizada é 70 x 150 m, posicionada, preferencialmente, no sentido norte-sul. Como na metade sul do Estado do Rio Grande do Sul predominam ventos de leste para oeste, esse seria o melhor posicionamento dos quadros, uma vez que dificulta a formação de fortes ondas na superfície da água, e que poderiam prejudicar sensivelmente o posicionamento, na água, das sementes recém plantadas. A definição da posição dos canais de irrigação e drenagem seria a próxima etapa dentro do planejamento da área, bem como a localização das estradas para facilitar o transporte da colheita. Os canais devem ser reforçados, sendo que todo o material retirado do solo durante a confecção desses canais de irSetembro 2003


“A utilização do sistema pré-germinado compreende uma série de etapas diferenciadas, entre elas a sistematização do solo, que provoca grandes variações, principalmente no tipo de maquinário a ser utilizado”

Dirceu Gassen

oo

maior refletindo sobre o seu custo-hora para o agricultor. Trabalhar com os quadros à seco pode provocar, dependendo da falta de experiência do operador, a retirada total do horizonte A, podendo certos locais do quadro ficarem somente com o horizonte B. Após 10 a 15 dias devemos retirar a água para drenar os quadros, esperando-se até a época de plantio da cultura. As taipas que devem ser feitas dentro dos quadros são aquelas de pequena altura e de base larga, idênticas às utilizadas no sistema de plantio direto.

PREPARO DO SOLO

rigação e drenagem deve ser jogado para a estrada com a finalidade de levantá-la o máximo possível. A drenagem deverá ser feita independentemente quadro a quadro. Devemos realizar uma aração bem profunda (15 a 20 cm), que pode ser feita tanto com arado de disco como de aiveca, com a finalidade de facilitar o movimento do solo dentro dos quadros, durante o seu nivelamento.

SISTEMATIZAÇÃO DA ÁREA Podemos afirmar que para um melhor aproveitamento de tempo, a sistematização da área deve começar a ser realizada após a época de colheita do arroz, mais precisamente nos meses de maio / junho. Para que possamos realizar um perfeito nivelamento do terreno, utilizamos o auxílio da água, sendo Setembro 2003

que devemos inundar, mais ou menos, uma terça parte do quadro, pois é a água que mostra onde o terreno deve sofrer corte e onde deve ser preenchido. Também podemos utilizar água da chuva para inundar esses quadros, na medida apropriada. Para esse trabalho utilizamos, como implemento agrícola, uma grade de levante hidráulico que serve para realizar o corte dos cantos dos quadros e afrouxar o solo nas partes mais altas do terreno. Após essa tarefa, entramos com o pranchão alisador para nivelar todo o quadro. Todo esse trabalho de sistematização é realizado com água dentro dos quadros. Isso também poderá ser realizado no terreno seco, onde não existe a água dentro dos quadros, entretanto, o tipo de máquina a ser utilizada é a Plaina Laser, equipamento que já apresenta um custo bem

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Antes de realizar o preparo do solo devemos definir qual a época de semeadura como, por exemplo 20-25 de outubro. Mais precisamente 30 dias antes, colocamos uma lâmina de água nos quadros e entre os dias 10 e 15 de outubro realizamos o preparo do solo com um equipamento denominado de roda gaiola inteira com rolo faca. Os pneus do trator são retirados e substituídos pela Roda de Ferro que tem a função de afrouxar o solo e proporcionar que este fique mais firme. Esse equipamento é utilizado em substituição à grade hidráulica. Posteriormente, retiramos o rolo faca traseiro do equipamento mencionado acima e colocamos o pranchão alisador. Deixamos os quadros mais 2 a 3 dias com água e, em 23 de outubro, poderemos iniciar a semeadura que normalmente é realizada com distribuidor centrífugo de dois discos. No trator, é acoplado um conjunto de rodas para semear, que apresentam a função de já irem realizando um dreno, sempre no sentido do maior comprimento dos quadros. Após a colheita do arroz, o equipamento denominado de Roda Gaiola Inteira com Rolo faca é novamente utilizado, mas desta vez com a função de incorporação de parte da resteva. As épocas estipuladas na matéria são algumas das utilizadas pelos agricultores na metade sul do Estado do Rio Grande do Sul para o plantio de arroz pré-germinado, e não devem ser consideradas como padrão para outras regiões ou Estados.

OUTROS EQUIPAMENTOS Como todas as técnicas de plantio de grãos, o sistema de plantio de arroz pré-germinado também oferece aos orizicultores uma série de alternativas para a utilização de outros tipos de máquinas. Como dito anteriormente, essa técnica pode muito bem ser realizada utilizando-se implementos mais leves. Entretanto, outros tipos de má-

Máquinas

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Fotos Carlos Andersson

“Como todas as técnicas de plantio de grãos, o sistema de plantio de arroz pré-germinado também oferece aos orizicultores uma série de alternativas para a utilização de outros tipos de máquinas”

Roda gaiola inteira com rolo faca

Mec-Rul

PLANTIO DA ÁREA

Sistema de rodagem dupla Marini

Distribuidor centrífugo de dois discos

quinas e equipamentos, que por ventura já estejam disponíveis na propriedade, também podem ser aproveitados para a realização da sistematização e preparo da área, sendo que o agricultor deve levar em consideração os prós e os contras nessa utilização. O produtor rural também poderá lançar mão da utilização da enxada rotativa, muito utilizada nesse sistema de plantio, assim: • O solo deverá sofrer dragagens sucessivas (ou enxada rotativa), a fim de incorporar os restos de culturas e diminuir a incidência de invasoras; • Vinte dias antes do plantio a área deverá ser inundada, procedendo-se logo após a passagem de enxada rotativa ou grade de disco, deixando-se a seguir em repouso; • Após esse período, deverá o solo ser novamente revolvido para a formação de lama, efetuando-se três dias após o plantio

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de sementes pré-germinadas. Também podemos citar a utilização de sistemas de rodagem dupla, em função das condições do solo no momento da realização de uma determinada tarefa nessa técnica de plantio. Normalmente, quando temos de trabalhar em terreno alagado, é lógico que devemos nos preocupar com a eficiência do sistema de tração do trator, onde se pode adotar a duplagem dos pneus traseiros. Recomenda-se que a duplagem dos pneus seja realizada por empresa que ofereça todas as garantias de um bom trabalho e que o agricultor busque melhores informações sobre quem as possui e sua satisfação em utilizá-las, para que futuramente não venha a sofrer com problemas maiores no próprio trator.

Máquinas

No sistema de arroz pré-germinado, o plantio da lavoura deve ser realizado com distribuidores centrífugos, de preferência aqueles com dois discos e que oferecem uma melhor uniformidade de distribuição. Inicialmente, quando da utilização desse sistema, em grandes áreas, essa tarefa era realizada através do uso de avião agrícola, entretanto com o passar do tempo e a busca, pelo agricultor, na redução de custos da lavoura, passou-se a realizar o plantio com distribuidores centrífugos. Como podemos notar, as rodas utilizadas no trator, para a execução dessa tarefa, são denominadas Rodas para Semear, que possuem a função de proporcionar, juntamente com o plantio, a realização de drenos dentro da lavoura, sempre no sentido do maior comprimento dos quadros.

SEMEADURA AÉREA As aplicações de produtos na forma sólida através de aeronaves agrícolas têm

sido muito empregadas para adubação e semeadura. A semeadura de arroz prégerminado já ocupa uma área significativa no Brasil e, a exemplo de outros países como os Estados Unidos, tem sido executada por aeronaves agrícolas nas lavouras com maiores dimensões, como por exemplo no Rio Grande do Sul. Apesar de o Estado de Santa Catarina apresentar quase que a totalidade de suas áreas de arroz utilizando o sistema pré-germinado, as áreas são bem menores, inviabilizando a utilização de avião para a etapa de semeadura. Apesar de ser mais uma alternativa disponível ao produtor rural, a utilização de avião para a realização da semeadura do arroz pré-germinado ainda está limitada a lavouras de maiores extensões. A carga de arroz que o avião leva, em média, é de aproximadamente 600 kg para uma densidade de semeadura de até 150 kg de arroz por hectare. Nessa condição, o custo da aplicação será elevado, tendo em vista o baixo rendimento da aeronave, pois poderia semear apenas 4 hectares. A maneira escolhida por alguns é realizar duas passadas com o avião, pela mesma área, em sentidos cruzados, aplicando apenas metade da densidade de semeadura em cada passada, ou seja, se a densidade fosse de 150 kg/hectare, faríamos duas passadas de 75 kg/hectare cada. Com isso, poderemos aumentar o rendimento de trabalho da aeronave (aumentar a quantidade de hectares por vôo) e melhorar significativamente a uniformidade de distribuição das sementes, favorecendo assim o “stand” da lavoura e tornando-o mais homogêneo, tendo em vista existir uma tendência de maior concentração de sementes próximas à linha M de tiro da aeronave. Carlos Andersson, UFPeL Charles Echer

Embora não seja muito utilizada, a semeadura com avião reduz custos e tempo em grandes áreas

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Setembro 2003



Barragem Fotos João Alexandre

compactação

Máquinas no aterro A construção de um aterro de barragem depende de vários fatores, entre eles a compactação através da aplicação de uma carga mecânica

D

e nada vale um bom projeto de aterro de barragem sem que haja a sua correta execução. Dados de pesquisas realizadas nos EUA pelo Massachucets Institute of Technology (MIT), localizado em Boston, apontam que grande parte dos acidentes que causam ruptura de barramentos deve-se principalmente a falhas durante o processo construtivo do aterro. Se considerarmos que grande parte do corpo de uma barragem de terra é composta por solos extraídos de jazidas e posteriormente compactado, então podemos concluir que a correta operação de compactação é de extrema importância na garantia de estabilidade do maciço.

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Máquinas

EXECUÇÃO DO ATERRO A execução de um aterro de barragem compreende diversas atividades que vão desde a escolha da jazida para obtenção de material competente até a operação de compactação do aterro propriamente dita. Em resumo, as operações básicas para a construção do maciço de terra de um barramento são as seguintes: movimentação de terra; correção da umidade do solo a ser compactado; homogeneização e compactação.

MOVIMENTAÇÃO DE TERRA A movimentação de terra deve ser encarada como uma importante etapa do pro-

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cesso construtivo de um aterro de barragem. Esta etapa compreende as operações de escavação e transporte do material competente, desde a jazida de empréstimo até o canteiro de obras. A operação de escavação é comumente executada por meio de pás-carregadeiras, scrapers etc. As pás-carregadeiras são os equipamentos mais comuns e, em jazidas compostas por materiais diferentes, estes equipamentos promovem uma mistura dos solos e homogeneização de sua umidade. Os scrapers são equipamentos que possuem a possibilidade de utilização nas fases de escavação, transporte e espalhamento durante a execução de uma barragem. Estes podem ser do tipo lento, quando puxados por tratores de esteiras, ou do tipo rápido, quando puxados por cavalos de pneus. Possuem também como vantagem o fato de praticamente não requererem a operação de espalhamento, pois lançam o material em camadas, quase que prontas para a compactação. O transporte do material competente desde a jazida até o canteiro de obras pode representar uma etapa bastante cara do processo de execução do aterro de uma barraSetembro 2003


“Os rendimentos das máquinas utilizadas durante a operação de movimentação de terra são verificados em função do volume (m3) de solo escavado e transportado”

gem, sendo desaconselhável a escolha de áreas de empréstimo com distâncias superiores a 2km do local de implantação do maciço. Para o dimensionamento do número de viagens necessárias ao abastecimento da compactação, deve-se levar em consideração o fenômeno do empolamento que ocorre no solo quando este é extraído do local de empréstimo. Esse fenômeno corresponde ao aumento do volume de solo devido ao desconfinamento deste, gerado pela escavação. Os equipamentos de transporte devem possuir características que tornem fáceis e rápidas as operações de carregamento e descarregamento. Os equipamentos mais utilizados para esta operação são os seguintes: caminhões basculantes, vagões, scrapers e correias. Dentre os equipamentos citados, para o caso de barragens de terra rurais, com certeza os caminhões basculantes são os mais comumente utilizados. Existem diversos tipos e tamanhos de caminhões que podem possuir diversos valores de cubagem de caçamba. A correta escolha do tipo a ser utilizado dependerá do volume de aterro e das dimensões da obra a ser executada, da distância de transporte e das rampas a serem vencidas. De uma maneira geral, para a escavação e o transporte de terra a distâncias inferiores a 100 m, o equipamento a ser utilizado pode ser o trator de esteiras (dozer). Para distâncias de 100 a 1000m, os serviços de transporte podem ser realizados por scrapers. Para longas distâncias, o serviço de transporte deverá ser realizado por meio de caminhões basculantes. Os rendimentos das máquinas utilizadas durante a operação de movimentação de terra são verificados em função do volu-

A retirada do material para a construção do aterro não deve ser de uma distância superior a 2 Km do canteiro de obras, por aumentar muito o custo final

me (m3) de solo escavado e transportado. Estas verificações são variáveis em função do tipo de solo (resistência à escavação e ao empolamento), distância de transporte, condições mecânicas do equipamento, habilidade do operador e condições climáticas. Na tabela 1 são apresentados os rendimentos médios de algumas máquinas.

CORREÇÃO DA UMIDADE A correção da umidade do material que será utilizado na compactação deve ser executada antes de sua compactação e no local da área de empréstimo, deixando para o canteiro de obras somente os ajustes finais. Para compensar a perda de umidade que certamente ocorrerá durante as fases de escavação e espalhamento, o material a ser lançado deve estar 1% a 1,5% mais úmido do que o desejado. Em casos em que a umidade desejada para a compactação do solo de empréstimo for muito discrepante da umidade natural,

deve-se recorrer a processos de irrigação, que podem ser por meio de caminhões pipa, para o incremento de umidade, e areação do solo, quando for o caso de reduzir a umidade. O importante é executar a correção de umidade antes da compactação do material.

HOMOGENEIZAÇÃO Esta operação é realizada no material lançado no aterro, antes de sua compactação. A homogeneização do solo tem por finalidade garantir uma correta mistura do material lançado e torna-se particularmente importante quando está se corrigindo a umidade do solo, através do acréscimo de água com caminhões pipa. Este processo garante maior eficiência da compactação, protegendo o aterro de fenômenos indesejáveis, como deformações excessivas, erosão interna etc. Esta operação é executada por meio do arraste de uma grade de discos por um trator de pneus, que geralmente permanece em


“A homogeneização é executada por meio do arraste de uma grade de discos por um trator de pneus, que geralmente permanece em um regime de trabalho constante na medida em que são acrescidas novas camadas”

ROLOS PÉ DE CARNEIRO

Tabela 1. Rendimentos médios de máquinas para movimentação de terra. Rendimento (m3/h)

Tipo de máquina Retroescavadeira 70-80HP Retroescadeira hidráulica 100HP Trator *esteiras 70-100HP *pneus 80HP com scrapers *pneus 80HP com lâmina niveladora Motoniveladora

Baixo 21 40

Médio 25 50

Alto 29 60

25 20 8 20

30 25 10 22

35 30 12 25

Tabela 2. Variação de parâmetros de compactação de um solo compactado com rolo pneumático. GAIOTO (2000). Número de passadas do rolo 4 8 16

Umidade ótima e densidade seca máxima obtida Pressão nos pneus (lb/pol2) Wótima (%) γd máx. (g/cm3 ) Wótima (%) γd máx. (g/cm3 ) Wótima (%) γd máx. (g/cm3 )

50 19,7 1,519 19 1,527

90 17,7 1,569 17,2 1,579

150 16 1,612 15,3 1,633

18,8 1,534

17 1,583

14,7 1,654

Onde: Wótima=umidade ótima de compactação; ãd máx=densidade seca máxima.

um regime de trabalho constante na medida em que são acrescidas novas camadas. Este equipamento também garante por meio da escarificação a correta liga entre uma camada recentemente compactada e a camada subjacente, compactada anteriormente.

COMPACTAÇÃO A compactação pode ser caracterizada como a redução da porosidade de um solo por meio da aplicação mecânica de uma carga. Dessa maneira, para uma boa execução da compactação de um aterro deve-se ter em mente os equipamentos a serem utilizados, devendo-se descartar totalmente a utilização de equipamentos como tratores de esteiras, tratores de pneus e caminhões como equipamentos de compactação para solos de matriz argilosa. Isto deve-se ao fato destes equipamentos possibilitarem uma baixa eficiência de compactação, o que certamente acarretará em sérios prejuízos na estabilidade do maciço e no aumento da susceptibilidade ao fluxo pelo aterro, podendo em muitos casos resultar em sua ruptura. Devese também evitar a compactação de “impurezas” junto com o solo, como matéria orgânica, entulho etc. A espessura de material lançado para compactação e o número de passadas do compactador devem ser definidas de maneira a se atingir a umidade ótima e grau de compactação do aterro, conforme definido pelo engenheiro responsável. Os materiais de granulometria fina, como as argilas e al-

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Máquinas

guns solos residuais com porcentagem de finos acima de 50%, são compactados por rolos pé de carneiro ou rolos pneumáticos. Já os solos de granulometria mais grosseira, como as areias ou os solos residuais com porcentagem de areia superior a 50%, são compactados por meio de rolos vibratórios, ou estes podem ser substituídos por tratores D8 ou D9 em marcha rápida. Atualmente existe um grande número de compactadores para cada tipo de solo relacionado anteriormente, que podem ser auto-propelidos ou puxados por diferentes equipamentos.

Os rolos pé de carneiro são caracterizados por serem rolos metálicos que podem ser arrastados ou não, e que possuem patas com formatos arredondados na extremidade. Os tambores do rolo não devem possuir menos que 1,5 m de diâmetro e comprimento entre 1,2 e 1,8 m, e espaçados de 0,3 a 0,45 m de dois tambores adjacentes. Cada tambor deve ser independente para girar em torno de um eixo paralelo à trajetória do equipamento. O número de patas deve ser tal que haja uma pata a cada 650 cm2. O peso do rolo quando totalmente carregado com areia e água não deverá ser inferior a 6 ton por metro de tambor, sendo que estes devem estar providos de limpadores para evitar que o solo fique aderido às patas. A camada de solo lançada a ser compactada deve variar de 15 a 30 cm de espessura, sendo que para uma velocidade de 4km/h deve ser especificado um número de 8 a 10 passadas. Os rolos pé de carneiro em comparação com os pneumáticos possuem a vantagem de serem muito mais eficientes na quebra de fragmentos de rocha mole presentes nas camadas de solo lançadas, principalmente para o caso de solos residuais. Outra grande virtude consiste na fusão sucessiva das camadas de solo compactado devido ao fato de o rolo pé de carneiro compactar a camada de solo de baixo para cima, ou seja, enquanto a parte inferior da camada lançada está compacta, a superior está relativamente solta. Dessa maneira, ao lançar-se uma nova camada sobrejacente, a compactação das patas promove uma fusão entre as camadas sucessivas. Assim, o aterro torna-se mais homogêneo.

A correta operação de compactação é de extrema importância na garantia de estabilidade do maciço

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Fotos João Alexandre

Os equipamentos de transporte devem ter características que tornem rápidas e fáceis as operações de carregamento e descarregamento de solo

ROLOS PNEUMÁTICOS Os rolos pneumáticos podem ser caracterizados pelo tamanho dos seus pneus. Os dotados de pneus grandes são utilizados para a compactação de siltes arenosos e argilas arenosas, a espessura da camada de solo

lançado irá variar entre 0,3 e 0,6 m. Os munidos de pneus pequenos são utilizados para camadas de espessura variando entre 0,10 e 0,20 m. Estes equipamentos são munidos com 4 rodas pneumáticas dispostas lado a lado,

sendo que os pneus possuem a capacidade de operação com pressão variando entre 80 e 100 libras/pol2. De acordo com GAIOTO (2000), o rolo pneumático aplica a força na superfície da camada, e a compactação é obtida por meio da repetição da pressão com as sucessivas passadas. A tabela 2 apresenta a variação dos valores de umidade ótima e da densidade de campo obtida com um rolo pneumático de 50 ton compactando um terreno de argila siltosa. Uma grande vantagem dos rolos pneumáticos é o fato de poderem compactar a maioria dos materiais de aterro com baixo custo e em menor tempo que os rolos pé de carneiro. Em alguns solos granulares, as patas do rolo pé de carneiro desgastam com mais facilidade, requerendo dessa maneira uma maior manutenção. Para estes tipos de solos, os rolos pneumáticos demoram mais para serem danificados por ação abrasiva, aumentando, assim, sua auM tonomia. João Alexandre Paschoalin Filho, Uninove David de Carvalho, Unicamp

Parruda em versão compacta

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O Parrudinha foi lançado com base na análise das crescentes necessidades da agricultura brasileira, inclusive na das propriedades de menor porte. Por dispensar o uso do trator para a pulverização de defensivos, consegue ser, ao mesmo tempo, ágil, resis-

tente, fácil de operar e com uma relação de custo x benefício compensadora. Outras vantagens apontadas são a flexibilidade e precisão da máquina em aplicações nas mais diversas culturas, evitando que o defensivo se espalhe além do necessário.

Montana

A

Montana lançou em setembro o Parrudinha, uma versão compac ta do pulverizador Parruda, mantendo o que esse apresenta de melhor. O Parrudinha é um pulverizador autopropelido com motor MWM, 135 cv.,turbo, caixa de câmbio com cinco velocidades à frente e uma à ré (com combinação de 10 velocidades à frente e 2 à ré), direção hidrostática e transmissão 4x2 mecânica com dupla velocidade. A cabine possui ar condicionado, volante escamoteável e banco com suspensão hidráulica regulável para maior conforto do operador. O tanque principal tem capacidade para 2 mil litros, a barra é auto-estável de 21 ou 25 metros, com acionamento totalmente hidráulico e quatro seções independentes, bomba de pulverização MPP 33 com vazão de 125 litros/minuto, comando de pulverização eletrônico, reabastecedor super injetor de 280 litros/minuto e bitola regulável. Com pneus de 12,4 x 36 polegadas, a máquina pesa 7 mil quilos e ainda tem como opcionais o marcador de linha e o DGPS com barra de luz.

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Máquinas

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Lançamento trator

Fotos New Holland

Novo no pomar

O

uvir os produtores. Esta talvez tenha sido a parte mais importante do projeto do Frutteto, o novo trator da linha TL da New Holland, desenvolvido especialmente para as atividades em pomares. O TL Frutetto foi desenvolvido após pesquisas e visitas a fruticultores brasileiros, que repassaram aos engenheiros suas principais dificuldades na hora de trabalhar com a máquina em meio ao pomar. A linha dispõe de três versões básicas, TL 55F, TL 65 F e TL 75 F, com motorização de 62 cv, 67,3cv e 78cv, respectivamente, de forma que os produtores possam optar por um modelo que se encaixe nas necessidades específicas de cada propriedade.

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Máquinas

O principal objetivo do novo projeto foi dimensionar a máquina de forma que ela trafegue em locais estreitos, e com seus 1,78m de largura total e 1,77 m de altura do solo até o volante, o novo TL possibilita entrar em espaços reduzidos sem atingir as plantas. A transmissão é do tipo sincronizada, com 12 marchas à frente e 4 à ré em três gamas de velocidades. Opcionalmente, o produtor pode equipá-lo com o sistema de redutor “Creeper” dotado de transmissão Shuttle Command 20x12 que oferece 20 marchas à frente em três gamas e doze marchas a ré, com oito marchas re-

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duzidas, ideais para operações que exigem baixas velocidades. A tração dianteira é com acionamento eletrohidráulico A embreagem é do tipo dupla, de acionamento independente, sendo que uma atua na transmissão e outra na tomada de força. A direção é do tipo hidrostática standard, que facilita as manobras em áreas restritas. O freio é com acionamento hidráulico, a disco em banho de óleo, montado no corpo do eixo. O freio de estacionamento é a disco e atua diretamente na transmissão. O painel de instrumentos possui horímetro, indicador de combustível, indicador de temperatura, tacômetro, luzes de advertência: pressão de óleo, alternador, obstrução do filtro do ar, bloqueio do diferencial, acionamento da TDF e luzes direcionais.

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Camionetas Charles Echer

condução

Superando obstáculos O uso da marcha reduzida em camionetas 4x4 possibilita um controle maior sobre o veículo evitando acidentes

N

a condução de sua 4x4, certamente, você se deparará com subidas e descidas íngremes. Nesses casos, você deverá prestar muita atenção no terreno para evitar erros e correr o risco de acabar em acidentes. Quando você chegar no início de um terreno com declive, inspecione a pé o que tem pela frente. Se o terreno estiver muito lamacento ou liso, com pedras soltas, grama ou areia, um simples escorregão fará o veículo deslizar com a possível perda de controle. Em uma descida íngreme, você deverá procurar algum ponto que sirva de apoio para os pneus como, por exemplo, uma vala ou até mesmo um facão pequeno que possa

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guiá-los morro abaixo. Se não encontrar nada, é hora de cavar. Faça duas canaletas que possam guiar os pneus, pois isto ajudará o veículo a manterse na direção desejada. Para esta manobra você vai usar as marchas reduzidas e o freiomotor, desta forma usará menos o sistema de freio e garantirá mais controle da direção. Mas a escolha de uma marcha extremamente reduzida pode provocar outro problema, que é o travamento das rodas, resultando no mesmo efeito de se frear com força e fazendo o veículo deslizar. Então, escolha a marcha que proporciona tração e controle como a primeira ou segunda, e em certos casos até a terceira reduzida. Posicione

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o veículo em linha reta com a descida e alinhe o volante. Comece a descer e fique atento para o comportamento do veículo. Se começar a sair de lado, é sinal de que precisa de um pouco mais de velocidade. Isso pode acontecer devido a uma de duas alternativas: ou o peso da carga na caçamba está forçando a traseira para frente; ou o peso da dianteira é maior que o da traseira, o que faz com que os pneus traseiros percam o atrito com o terreno e deslizem, provocando a saída do veículo para o lado. Então, acelere com pulsadas rápidas para recuperar o controle da direção. Se pisar no freio a coisa vai complicar, pois você poderá

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“O uso de uma marcha mais solta como a segunda ou terceira, lhe dará mais margem para redução, caso perca embalo e precise de mais potência durante a subida”

travar as rodas de trás, que poderão estar com pouco atrito, e elas vão escorregar forçando o veículo a atravessar de lado no trecho, podendo inclusive se inclinar perigosamente. Em veículos com caixa automática, engate a primeira reduzida manual. Se ele ainda estiver mais acelerado do que o desejado, mantenha o pé esquerdo no freio e o direito no acelerador, procurando manter a tração e o controle de direção.

ABORDAGEM EM ACLIVES

Peso demais na caçamba ou na dianteira, aumentam as chances do veículo deslizar

percurso. Como já mencionado, se o veículo escorregar para o lado pode ficar difícil retomar o controle da direção. Mas suponha que você realmente faça tudo certo e o veículo resolva sair de lado, então, freie rapidamente, engate marcha à ré e solte os dois pedais recolocando o veículo em linha reta até o ponto de partida, não pise no pedal de embreagem. Se precisar segurar o veículo acione o freio de forma cadenciada imitando o ABS, não trave as rodas e deixe o motor aju-

Fotos João Roberto Gaiotto

Um utilitário fora de estrada deve abordar rampas de no mínimo 30º de inclinação, sem que vire para trás, ou que o motor “engasgue”, como pode eventualmente acontecer com motores a gasolina e carburador. Os modelos atuais sobem facilmente rampas de até 45º. Após analisar o trecho, verificando o tipo de piso e o que tem do outro lado, engate a tração 4x4, reduzida e o blocante. Você poderá usar desde a primeira até a terceira marcha, cada tipo de piso irá exigir uma tomada de decisão diferente. O uso de uma marcha mais solta como a segunda ou terceira, lhe dará mais margem para redução, caso perca embalo e precise de mais potência durante a subida. Posicione o veículo em linha reta com o topo e o final da subida, inicie o deslocamento com um pouco de embalo. Mantenha o pé no acelerador e o motor em alta rotação, não use a embreagem. Se sentir que pode perder aderência, gire rapidamente o volante para a esquerda e direita e não tire o veículo da linha reta para o topo. Jamais suba em ângulo com o final do

Os terrenos devem ser inspecionados a pé, pois os lamacentos ou lisos demais podem causar a perda do controle do veículo

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Em descidas íngremes é fundamental encontrar algum ponto de apoio para os pneus

dar a fazer o trabalho de frenagem. Caso perceba que os pneus começam a deslizar sem tração, acelere para recuperar o controle da descida. Veículos com caixa automática podem não ter o freio motor suficiente, neste caso, freie com o pé esquerdo e acelere suavemente com o direito. Uma vez embaixo, repita toda a operação até atingir o final do aclive. Faça tudo com moderação, prudência e calma. Quando estiver próximo do ponto final da subida, diminua a velocidade até parar no topo. Não passe direto, pois pode haver uma grande descida ou uma curva fechada pela frente e novas providências devem ser tomadas. Fique atento ao concluir a subida, talvez você não encontre terreno suficiente para apoiar as quatro rodas e o veículo poderá se transformar em uma gangorra, ficando com sua parte central pendurada no topo do aclive. Para abordagem de subidas íngrimes com rochas, o procedimento é um pouco diferente, já que a manobra vai exigir baixas velocidades e basicamente a primeira marcha reduzida e o blocante acionado. Você está agora em um terreno de grande atrito e não vai precisar de embalo para subir. Como o veículo vai chacolhar para todos os lados é fundamental que você mantenha a baixa velocidade, para manter os pneus o máximo possível em contato com o terreno. Aqui, também é importante o longo curso da suspensão, já M que será exigida ao máximo. João Roberto Gaiotto, Dpaschoal & Goodyear

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Plantadoras ajustes

Como plantar bem No plantio ocorrem perdas na produção agrícola; para reduzi-las, deve-se observar a forma do sulco, a distribuição, a profundidade e a cobertura das sementes Fotos John Deere

C

omo medir se o processo de plantio teve sucesso? Esperar pelo resultado da germinação das plantas pode ser uma maneira, mas a garantia de um plantio eficiente pode aumentar, se os quatro princípios agronômicos de plantio a seguir forem observados no processo: 1) Fazer um sulco em forma de “V” com faces lisas e perfeitas Abrir um sulco em forma de “V” com face planas e lisas, para alojar as sementes em lugar úmido e sem bolhas de ar. 2) Distribuir as sementes de maneira eqüidistante e sem danos Ao distribuir as sementes de maneira eqüidistante e sem danos, a garantia de boa germinação aumenta, pois conserva todo o vigor e poder germinativo da semente. 3) Colocar as sementes à mesma profundidade Colocando-se todas as sementes à mesma profundidade, é provável que todas as sementes emerjam simultaneamente. 4) Cobrir a semente lateralmente. Ao cobrir a semente fechando o sulco lateralmente, proporciona-se bom contato entre o solo e a semente, evitando bolhas de ar, e cobrindo a semente sem compactação superior, o que permitirá que a semente germine facilmente. Para se obter sucesso no plantio é necessário uma operação correta e um ajuste preciso da plantadeira. A maneira como se regula uma plantadeira pode ser a diferença entre um plantio eficiente de maneira uniforme, ou perdas na produção agrícola já no plantio. Seguir as recomendações das publicações técnicas disponibilizadas pelos fabricantes de máquinas agrícolas é a melhor maneira de manter seu produto em perfeitas condições de uso. Entretanto, seguir algumas premissas podem ser interessantes, como por exemplo:

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INSPECIONAR A PLANTADEIRA Analisar nessa inspeção se há peças desgastadas ou quebradas no final da época de plantio. Obter as peças de reposição e substituir as avariadas nesse momento, pois pode ser arriscado deixar para fazer essa inspeção apenas no início da época de plantio, pois pode ocasionar perdas de tempo com lead time de pedido das peças de reposição necessárias.

NIVELAMENTO DA PLANTADEIRA A regulagem incorreta do nivelamento da plantadeira pode causar profundidades irregulares no plantio. Em decorrência disso, muitas plantas poderão brotar e logo morrer, devido à pouca cobertura da terra; ou nem germinarão, resultado de muita profundidade no plantio. Para garantir ótima eficiência das unida-

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des de plantio, a plantadeira deverá estar completamente nivelada longitudinal e transversalmente.

AJUSTE DE ESPAÇAMENTOS DAS FILEIRAS Na maioria das plantadeiras é possível regular o espaçamento entre as linhas de plantio. Para analisar os espaçamentos possíveis para sua plantadeira, consulte o fabricante da mesma, ou as publicações técnicas especiais, como manual de operação. Supondo que se deseja plantar soja a 45cm de espaçamento, e o número de linhas da plantadeira for ímpar, no centro do chassi coloca-se a primeira linha, e apartir dessa regula-se a distribuição das demais linhas ao longo do chassi a 45cm entre elas. Se o número de linhas da plantadeira for par, encontra-se a metade do chassi, e posiciona-se as duas primeiras Setembro 2003


“Sementes grandes podem resultar em taxas de sementes mais baixas do que aquelas na tabela, em altas velocidades de plantio”

linhas de plantio a meia distância do centro (22,5 cm), e apartir dessas regula-se a distribuição das demais linhas de plantio com a distância de 45 cm uma das outras. A maioria dos produtores que produzem soja e milho em suas propriedades, têm suas plantadeiras com número ímpar de linha, pois podem efetuar o plantio da soja a 40 ou 45 cm de distância; e apenas suspendem as linhas intercaladas, para conseguirem o espaçamento de 80 ou 90 cm, respectivamente para o plantio do milho.

REGULAGEM DO MARCADOR DE LINHA O marcador de linhas das plantadeiras tem uma função muito importante, pois é fator determinante na produtividade, uma vez que mal regulado pode provocar linhas de plantio sobrepostas durante o processo, ocasionando perdas por superpopulação; ou ainda deixar espaços sem serem plantados na lavoura, o que dificultará a colheita, principalmente do milho.

AJUSTES DAS TAXAS DE ADUBO E SEMENTES Todas plantadeiras possuem, com pequenas variações de uma para outras, mecanismos de controle da taxa de plantio (sementes) e taxa de adubo. Para o perfeito ajuste dessas taxas, faz-se necessário conhecer o espaçamento desejado para o plantio, e também qual é a taxa de semente e adubo que se deseja utilizar por hectare. De posse dessas informações deve-se consultar as taxas de adubo ou plantio de acordo com o distribuidor de adubo ou semente que equipa a plantadeira e a cultura a ser plantada; em seguida verificar a combinação de engrenagens (motriz, movida e de redução) que mais se adapte à necessidade. Sementes grandes podem resultar em taxas de sementes mais baixas do que aquelas na tabela, em altas velocidades de plantio. Em contrapartida, sementes pequenas podem proporcionar taxas mais altas em velocidades de plantio mais baixas. Os ajustes finais das taxas (população) devem ser verificadas no campo na velocidade de plantio.

Para verificar a população de semente por metro linear, retire toda a pressão das rodas cobridoras Ajuste ângulo das rodas cobridoras de modo que o sulco feito pelos discos da semente permaneça aberto. Em seguida, ajuste a profundidade de plantio no mínimo possível, e plante uma distância de aproximadamente 25 m. Dentro destes 25 m, selecione uma parte na linha que tenha 10 m (plantados) no mínimo a 5 m de distância da plantadeira. Conte o número de sementes. Faça os ajustes que julgar necessário para alcançar a população desejada, se o número de sementes que encontrar não estiver de acordo com os valores da tabela. O procedimento acima descrito tratase de uma referência inicial, entretanto estas verificações devem ser feitas todos os dias. Fatores tais como: pressão de inflação dos pneus, cobertura do solo, velocidade de plantio e restos de cultura também podem influenciar na população de sementes. Se as verificações na lavoura indicam que a plantadeira está plantando em uma

O sulco em forma de “V” permite que as sementes sejam alojadas em lugar úmido e sem bolhas de ar Colocar as sementes na mesma profundidade, possibilita o nascimento mais uniforme

Fechando o sulco lateralmente, evita-se diversos problemas, permitindo uma germinação mais regular

A distribuição das sementes eqüidistantes e sem danos, aumenta a possibilidade de boa germinação

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John Deere

“As taxas de distribuição de sementes também podem variar dependendo da textura da semente, assim como do clima ou se a semente está ou não coberta com algum tipo de tratamento químico”

O marcador de linha das plantadoras tem uma função muito importante. Se mal regulado, pode provocar linhas de plantio sobrepostos ou deixar espaços sem serem plantados, ocasionando perdas

taxa significantemente diferente do indicado nas tabelas, investigue o seguinte, nesta ordem: • Assegure-se de que as engrenagens da transmissão estejam de acordo com as tabelas; • Se a linha pular em excesso, isto pode causar baixa população de sementes e um controle de espaçamento reduzido. Aumente a força nos acessórios de pressão (molas) ou reduza a velocidade de plantio para evitar que a unidade de plantio pule em excesso. As taxas de distribuição de sementes também podem variar dependendo da textura da semente, assim como do clima ou se a semente está ou não coberta com algum tipo de tratamento químico. Estes fatores, em combinação com variações no tamanho da semente, podem resultar em significantes diferenças entre as taxas dadas nas tabelas, comparando-se com os resultados que estão sendo obtidos no campo. Um fator importante na taxa de distribuição da semente, que se não for obedecido interfere na produtividade da lavoura, é a ocorrência de produtos químicos nas superfícies das sementes, que quando aplicados prejudicam o deslizamento pelo tubo distribuidor das sementes. Para reduzir os efeitos do tratamento químico das sementes, realiza-se o tamboreamento, que consiste no processo de aplicação uniforme de talco ou grafite às sementes antes do plantio. Finalmente, para garantir que a taxa de plantio requerida seja efetiva no campo, é muito importante a limpeza e manutenção dos distribuidores da plantadeira, que se não forem observados ade-

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quadamente, poderão causar superpopulação, especialmente com sementes pequenas. Quando o plantio for em solos com muita palha, existem algumas plantadeiras com sistema de transferência de peso do chassi para a linha, evitando assim que a linha de plantio pule em demasia e ainda auxiliando os discos da semente a penetrarem em solos compactados. A profundidade de plantio é controlada pela roda calibradora de profundidade, essa é uma regulagem muito importante a ser feita antes de começar a plantar; para fazer a mesma, deve-se levantar a plantadeira para aliviar o peso nas rodas para um ajuste preciso. A velocidade de plantio afeta a precisão. O efeito que a velocidade tem na plantadeira varia muito de máquina para máquina. Entretanto, o agricultor deseja plantar o mais rápido possível, uma vez que precisa terminar em tempo hábil para uma boa germinação da semente. Nas plantadeiras, em que o distribuidor é do tipo dedo, na medida em que a velocidade ultrapassa a quilometragem recomendada, a população de semente aumenta. Isso é causado porque os dedos recolhem mais de um grão por vez. Com as plantadeiras radiais a população diminui na medida em que a velocidade aumenta acima do recomendado. Este problema é causado porque a rotação do prato de sementes do distribuidor é muito rápida, dificultando que os grãos se alojem dentro das células corretamente. Nas plantadeiras pneumáticas (vácuo), a velocidade excessiva causa força centrífuga para evitar que a semente caia no mecanismo de distribuição, e isto reduz a população aquém do esperado.

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INFLAÇÃO DO PNEUS A inflação correta dos pneus da roda motriz também é importante para um plantio preciso. Um pneu pouco inflado tem menos raio de giro e, portanto, menos circunferência, logo terá que girar mais vezes para percorrer a mesma distância de um pneu inflado corretamente. Conseqüentemente o mecanismo de distribuição também trabalhará mais rapidamente, provocando superpopulação. Note que o oposto também é verdadeiro, ou seja, com pneus inflados além da pressão necessária, haverá menos distribuição de sementes ocasionando subpopulação. O patinamento da roda motriz da plantadeira é indesejável quando se trata de precisão na quantidade de semente por hectare. Muitos fatores podem gerar patinamento, entre eles a condição do solo e o peso da plantadeira. O patinamento pode causar variações de até vinte por cento ou mais, resultando menos sementes por hectare do que a taxa de sementes requerida. Além da regulagem da plantadeira em si, há muitos fatores externos que interferem de forma significativa no plantio, entre eles destacam-se: tamanho da máquina, trator utilizado, relevo do campo, tipos de solos e experiência do operador. Todos esses fatores, aliados à condição da plantadeira, fazem com que a regulagem da mesma seja quase exclusiva, podendo a mesma plantadeira ter um bom rendimento em uma propriedade e um péssimo rendimento na propriedade do vizinho. Levando essas informações em consideração, entende-se por que a regulagem da plantadeira é tão importante e deve ser feita M de maneira singular. José Sidnei Kamphorst, John Deere

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Trator

S

implicidade e robustez. Estas duas impressões é que ficam para quem tem oportunidade de operar e trabalhar com o trator 5085.4, integrante da linha média da Agrale. Além do design atraente, com formas arredondadas, inspiradas nas linhas italianas, o trator chama atenção pela cor prata, característica peculiar da linha. A equipe da Cultivar Máquinas viajou para a cidade de Vacaria (RS), na Fazenda Três Rios, onde teve a oportunidade de testar em situação real de trabalho o trator prata da Agrale.

MOTORIZAÇÃO E TRANSMISSÃO O modelo que testamos é dotado de motor MWM D-229, de construção modular, 4 cilindros, com camisas úmidas, removíveis, e cabeçotes individuais, que evitam empenamentos e vazamentos. O sistema de arrefecimento é com radiador dimensionado para suportar temperaturas elevadas. O motor trabalha num regime nominal de 2200 rpm, com consumo médio de cinco a sete litros/hora em situação normal de trabalho, administrado por bomba injetora Bosch e injeção direta. A transmissão oferece 10 marchas à frente e duas à ré, sendo que na primeira marcha alcança a velocidade máxima de 1,5km/ h, o que acaba sendo ideal para médias propriedades que freqüentemente necessitam do trator para atividades que demandam velocidades menores, como encanteiradores, ensiladeiras, pulverizadores e forrageiras. Possui 5 marchas úteis com ótimo escalonamento, entre 4 e 12km/h, faixa de velocidade considerada como a de maior utilização em operações agrícolas. O sistema de sincronização na 4ª e 5ª marchas facilita a condução do trator em deslocamentos e em estradas, devido à facilidade e rapidez no câmbio. O sistema de embreagem é composto por disco duplo seco, de 310 mm, que permite o acionamento da embreagem da tomada de potência sem a necessidade de parar o trator.

Fotos Charles Echer

teste

Simples e confiável

No test drive, o Agrale 5085.4 mostrou potência e praticidade na operação, duas características primordiais para pequenos e médios produtores que procuram uma máquina versátil

POTÊNCIA A SEU SERVIÇO A potência nominal exercida pelo motor é de 62,5 kW (85 CV) na rotação de 2300. Com o torque máximo de 28, 5 kgf.m ocorrendo a 1500 rpm pode-se inferir que o trator tem boa capacidade de suportar sobrecargas, o que, aliás, ele demonstrou nos testes que realizamos. Outro ponto notável é a eficiência da tração dianteira auxiliar. Com um avanço de 3,5 % para pneus novos, chegando ao extremo de 5% para pneus usados, situa-se esta característica exatamente dentro da fai-

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“O controle remoto é componente standard, como em toda a linha de tratores médios, com opcional para o de ação dupla”

xa que os pesquisadores e técnicos indicam como ideal. Por este ajuste exato é que a fábrica também não oferece muitas opções de pneus para este modelo, justamente visando preservar uma característica marcante que ele tem. No uso efetivo é mesmo interessante o efeito da TDA no desempenho do trator. Em situações limite, ao engatar a tração, o trator sai da situação “brincando” como dizem os tratoristas.

SISTEMA HIDRÁULICO O sistema hidráulico do 5085.4 é dotado de controle de posição, de esforço, mista, flutuação e reação. É composto por bomba hidráulica dupla acionada diretamente pelo motor. O circuito de óleo para a direção hidrostática é independente, com bomba, reservatório, filtros e tubulação. O engate de três pontos é do tipo universal, categoria II, com estabilizadores telescópicos e diversas possibilidades de regulagens. O controle de esforço possui boa resposta às forças atuantes no 3º ponto, o que dá uma certa uniformidade na operação e economia no combustível. O sistema permite uma capacidade de levante de 2.600 kgf a 0,60 m da rótula de engate (3.300 kgf na rótula), graças ao uso de cilindro externo auxiliar (opção de um segundo cilindro auxiliar). O controle remoto é componente standard, como em toda a linha de tratores médios, com opcional para o de ação dupla. Possui três saídas, sendo que uma é exclusiva para o acionamento de motores hidráulicos ou para bombeamento constante.

O engate de três pontos é do tipo universal, categoria II, com estabilizadores telescópicos

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O 5085.4 possui motor MWM de 4 cilindradas, de fácil acesso para manutenção

FREIOS O sistema de freios possui acionamento hidráulico e é do tipo independente ou conjugados de discos secos, que atuam diretamente sobre a semi-árvore traseira com dois discos em cada roda. Já no freio de estacionamento, o acionamento é feito com alavanca de controle, assistida por indicador luminoso no painel.

PAINEL O painel de instrumentos é bastante simples e prático, o que facilita a vida de qualquer operador. É composto basicamente de termômetro, indicador de nível de combustível, tacômetro com horímetro, sistema de tacômetro com velocímetro para tráfego, quando em 5ª marcha e indicador da rpm da TDP. O painel ainda apresenta luzes indicadoras de luz alta, reserva de combustível, pressão do óleo do motor, recarga da bateria, freio de estacionamento, restrição do filtro de ar e acionamento da TDP.

O sistema de sincronização nas 4ª e 5ª marchas facilita a condução do trator em estradas

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Fotos Charles Echer

“As alavancas de acionamento da reduzida e dos comandos hidráulicos poderiam estar posicionadas de forma a evitar torções desnecessárias no corpo do operador”

O painel é bastante prático e de entendimento, com funções simplificadas

O tanque de combustível fica na lateral direita, com altura próxima à cintura do operador

Opcionalmente pode ser fornecido indicador de direção (“seta”).

DESENHO Incontestavelmente o design é um ponto forte deste trator. Inovador, com linhas modernas e harmoniosas, e uma escolha de cor (embora opcional) muito acertada. O capô dianteiro, que se abre inteiro para operações de manutenção ou inspeção. Ou as laterais do motor, presas com firmeza, mas de facílima retirada sem o uso de ferramentas. Os pára-lamas envolventes, largos, e totalmente fechados à altura da plataforma do operador evitam acidentes e conferem um aspecto robusto ao trator.

ERGONOMIA E CONFORTO OPERACIONAL Os maiores “pecados” deste projeto, que

Arno Dallmeyer conduziu o teste na fazenda Três Pontas em Vacaria (RS)

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pudemos constatar, estão nos aspectos ergonômicos. As alavancas de acionamento da reduzida e dos comandos hidráulicos poderiam estar posicionadas de forma a evitar torções desnecessárias no corpo do operador. O esforço para acionar a reduzida e os pedais, que embora de acionamento hidráulico, lembram acionamento mecânico. Por outro lado o volante é de boa empunhadura, leve e preciso. O assento com ajustes de altura e posição, com molas e amortecimento hidráulico supre o conforto necessário. O descansa-braço é padrão no assento. A plataforma plana, é com piso antiderrapante. O tanque de combustível é externo, de fácil acesso, à altura da cintura do operador. Os tratores vêm equipados com teto, e seu suporte (embora atualmente não seja) já está sendo preparado para estrutura de proteção anti-capotamento (EPAC ou ROPS).

MANOBRABILIDADE Com a pequena distância entre-eixos (2256 mm) o pouco ângulo de esterçamento das rodas (32,5º à direita e 37,5º à esquerda) não chega a comprometer as ma-

nobras do trator. O raio de giro que é de 4.720 mm à direita e 4.650 mm à esquerda se transforma em 3.850 mm e 3.800 mm, respectivamente com o acionamento dos freios direcionais. Não deve haver muitas situações em que se exija (ou se possa exercer) um raio de giro menor na agricultura de médio porte, aplicação preferencial deste trator. As bitolas podem ser variadas de 1440 a 1900 mm, atendendo as necessidades da

O desing é um atrativo a mais no Agrale 5085.4, com linhas modernas e cor prata

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maioria das culturas agrícolas convencionalmente estabelecidas.

OUTROS ASPECTOS INTERESSANTES Peso de 4.525 em ordem de marcha, relação peso-potência de 53,4. A tomada de potência (73,5 CV a 2300 rpm, ou 66,9 CV nominal, a 2000 rpm) tem uma função adicional, que é a TDP proporcional, ou seja, ela gira acionada pela transmissão, permitindo o acionamento de máquinas ou veículos que exijam acionamento proporcional à velocidade de deslocamento, e rotação constante. A bateria selada reduz as

operações de inspeção e manutenção.

CONCLUINDO Um trator valente, robusto, que cumpre o que se propõe: atender os pequenos e médios produtores, ou os grandes em serviços de apoio. Agradável de dirigir, eficiente nas operações de campo, e econômico. Tem possibilidades reais de durabilidade, baixo custo operacional e fácil manutenção. É uma M boa opção! Eu compraria! Arno Dallmeyer, Cultivar Máquinas

Rpm do motor a 2400 (5075 4x2 e 4x4) e 2300 (5085 4x2 e 4x4) pneus traseiros standard.

Marchas Linha 5000 1ª B : 2,1 2ª B : 2,7 3ª B : 3,8 4ª B : 5,4 5ª B : 7,5 1ª A : 8,9 2ª A : 11,7 3ª A : 16,3 4ª A : 23,2 5ª A : 31,8 Velocidade em Km/h

Características Técnicas 5085 Motor

4x2

Marca Modelo Nº de Cilindros / Cilindradas Potência / Torque Sistema de Injeção

4x4

TDP

MWM TD 229 4 4 m linha / 3.922 cm3 85 cv a 2.300 rpm / 28.5 kgfm a 1.500 rpm Direta c/ bomba Bosch em linha

RPM Nominal Tipo Acoplamento Acionamento

Duplo Disco Seco Hidráulico / 310 10/2 Parcial (4ª e 5ª marchas) 5 Regulável e Oscilante Diferencial e Central

Controles Categoria Capacidade de levante (Kg) Pressão Máxima - (Kgf/cm2) Vazão Máxima - (L/min) Controle Remoto Direção Freios Acionamento

Transmissão

Transmissão / Velocidade (Km/h) 1ª 8,9 2,1

Rodados Dianteiros / Traseiros Opcionais (Dianteiros / Traseiros)

2ª 11,7 2,7

3ª 16,3 3,8

4ª 23,2 5,4

5ª 31,8 7,5

4x2 7.50X16” / 18.4x30”R1 7.50X16” / 16.9x30” 7.50X16” / 14.9x28” 7.50X20” / 13.6X38” 7.50X16” / 23.1X20”R2

Ré 11,9 2,8 4x4

12.4X24” / 18.4X30”R1 12.4X24” / 16.9x 30” 12.4X24” / 13.6x38” 14.9X24” / 23.1x26”R2

Capacidade (I) Tanque de Combustível Cárter Sistema de Arrefecimento Caixa de Câmbio

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4x4

540 a 2000 no motor Independente e Proporcional 06 estrias, 0 35 mm (1 3/8”) Mecânico

Sistema Hidráulico

Embreagem Acionamento / Diâmetro (mm) Marcha - Frente / Ré Sincronização Marchas de 4 a 12 Km/h Eixo Dianteiro

Alta Baixa

4x2

94 9,5 12 34,6

Dimensões Comprimento Altura até o volante / Largura Distância Entre Eixos Vão Livre / Raio de Giro Bitolas Dianteiras - Min / Máx Bitolas Traseiras - Min / Máx Peso de Embarque (Kg) Peso em Ordem de Marcha (Kg)

Posição, esforço, mista, flutuação, reação II 2600 (3.300 c/ 2º cilindro auxiliar) 180 51,51 De Série Hidrostática A disco seco Hidráulico 4x2

4x4

4.025 1.900/1.980 1.925/1.980 2.245 2.256 390/4.150 390/4.720 1.470/1.870 1.400/1.900 1.440/1.840 3.200 3.470 4.080 4.525

Opcionais Teto solar, 2º farol de ré, controle remoto com comando duplo, contrapeso traseiro, contrapeso dianteiro, 2º cilindro auxiliar do levante hidráulico.

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Armazenagem treinamento

Sem perdas Seminário promovido pela Kepler Weber aborda conservação de grãos sem perdas e o desafio de alcançar uma adequada logística de escoamento da produção agrícola nacional

D

frenta o desafio da distribuição da supersafra num País das dimensões brasileiras, especialmente quando se sabe que, historicamente, o modal dominante é o rodoviário que conta com uma frota de 1,7 milhão de caminhões, dos quais 1,3 milhão com mais de 11 anos. Enquanto nos Estados Unidos 28% da produção de grãos é escoada pelas estradas, 49% pelas ferrovias e 23% pelas hidrovias, no Brasil a relação é de 82% por vias rodoviárias, 16% ferroviária e apenas 2% pelas hidrovias. Os dados foram apresentados pelo analista de Mercado Agrícola da Vale do Rio Doce, Eduardo Calleia Junger, para quem “a logística, mais uma vez, será o vilão da história”’, referindose à conseqüência previsível da falta de infra-estrutura básica para o escoamento adequado da supersafra brasileira, o “paradão”, numa alusão ao “apagão”. A seu ver, o Brasil precisa se preparar para atender parte importante da demanda mundial de alimentos estimada em 10 bilhões de toneladas nos próximos 20 anos para uma população que aumentará em mais 3 bilhões de pessoas. Para isso, a cadeia do agronegócio terá Fotos Kepler Weber

iante da maior safra agrícola de 110 milhões de toneladas e com perspectivas de crescimentos sucessivos a uma razão de 10 milhões de toneladas adicionais a cada ano, o Brasil enfrenta, agora, o desafio de uma adequada armazenagem e distribuição dos grãos produzidos para evitar perdas e garantir qualidade ao produto final, inclusive com a criação de certificações de organismos mundiais visando a segurança alimentar. A conclusão é do Seminário de Conservação de Grãos que a Kepler Weber, líder na fabricação de sistemas de armazenagem na América Latina. “Pregamos a crescente conscientização da necessidade de buscar qualidade e produtividade em toda a cadeia agroindustrial”, afirmou o diretor-comercial, Duílio de La Corte. Para o consultor da Kepler Weber, Rubem Groff, especialista em técnicas de conservação, a complexidade da agricultura moderna – com até três safras anuais – exige uma adequada estratégia de produção, transporte, armazenagem e logística para evitar perdas. “Os grãos percorrem caminhos tortuosos seja por danos mecânicos na colheita, seja por aquecimento no caminhão e nas moegas, seja na postergação da secagem e no manuseio inadequado, fatores determinantes da qualidade final”, observou. Groff também frisou que o Brasil não pode se dar ao luxo de continuar perdendo grãos nas estradas diante do compromisso de alimentar não só os brasileiros como a população do Planeta que já não conta com área e nem as condições favoráveis do Brasil para continuar produzindo. Entre 8 e 10% do milho produzido fica na lavoura, enquanto mais de 5% da soja é perdida na colheita por problemas de umidade. “A prática aconselhável é colher e secar rapidamente o grão antes de armazenar e vender”, diz Groff.

que encarar de frente a mais nova exigência do consumidor mundial que é a dos alimentos certificados. Conforme Gustavo Faria, gerente técnico da Food Design, consultoria paulista especializada em sistemas de gestão de qualidade na indústria alimentícia, está em elaboração e deverá ser anunciada oficialmente no final de 2004 a ISO 22000 Food Safety, a norma internacional de segurança dos alimentos a ser exigida nos negócios futuros. Mas é na parte da comercialização que o Seminário ganha a atenção maior dos participantes. A recomendação feita pelo consultor André Pessoa, da Agroconsult, é de que é preciso ficar atento para a hora adequada da venda evitando-se outro tipo de perda, a financeira. A seu ver, apesar das recentes altas de cotação da soja na Bolsa de Chicago, que animaram os produtores brasileiros, convém não continuar apostando na trajetória ascendente de valorização do produto no mercado futuro. “O dólar não retornará aos R$ 4,00, o que significa que é sonho imaginar vender a saca de soja a R$ 50,00”. O cenário mundial mudou, disse ele, referindo-se à produção americana de soja que há cinco safras mantém a mesma área plantada e mostra que chegou ao limite físico de plantio. Além disso, as condições das lavouras apontam para quedas acentuadas na produção. Já a Argentina experimenta uma rápida recuperação e registrará uma produção de 38,5 a 40 milhões de toneladas de soja, tendo agregado 1,0 milhão de hectares de plantio. E será a Argentina, junto com o Brasil, os grandes centros abastecedores dada a grande interferência de ambos nos estoques mundiais do produto. O próximo seminário da Kepler Weber acontecerá em Balsas, no Maranhão, nos dias 8 e 9 M de outubro.

LOGÍSTICA Tanto quanto produzir com qualidade crescente, o agronegócio nacional en-

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Pivô central Fotos Pedro Batistin

custo/benefício

Entenda a relação entre custo e benefício da produção sob pivô central e as vantagens desta tecnologia para a agricultura e o meio ambiente

Retorno certo O

oeste baiano apresenta índices pluviométricos anuais bem ca racterísticos. Reconhecidamente a divisa com o Estado do Tocantins é o lugar onde se pode considerar índices regulares e de quantidades adequadas à produção agrícola. Entretanto, as vastas áreas que possibilitam o plantio em larga escala se estendem em direção ao litoral baiano, solos de cerrado e onde a chuva, à medida que avançamos nessa direção, reduz seus índices de regularidade e quantidade. Veranicos são corriqueiros, passando até 45 dias sem que caia uma gota de chuva. Nessas condições, considerar uma relação de custo e benefício chega a ser desnecessário. Afinal de contas, quem investiria na produção vegetal com a certeza de que não terá água para a plantação. De acordo com as empresas envolvidas neste segmento, o valor do investimento para irrigar um hectare, no sistema de aspersão com pivô central, está em torno de US$ 1,5 mil. Com relação a escolha do tamanho do equipamento, diversos fatores devem ser considera-

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dos, mas áreas em torno de 120ha apresentam a melhor relação custo benefício. Isto deve-se ao fato do pivô central ser um sistema modular (torre central e torres móveis) onde ao se incrementar uma torre aumenta-se a área geométricamente. Segundo essas informações, áreas inferiores demonstram uma diluição pequena do impacto inicial do investimento no orçamento da propriedade, enquanto que áreas ao redor dos 120 hectares apresentam uma diluição muito maior. O que deve ser considerado é que num sistema de irrigação por aspersores em pivô central existem componentes que são praticamente fixos na sua construção. Fixos no sentido de que para se ter uma área irrigada precisamos basicamente da tubulação adutora, conjunto moto-bomba, torre de distribuição e quadro de acionamento do pivô. Esses componentes alteram não em sua quantidade, mas na sua capacidade de vazão, o que varia em função do tamanho da área a ser irrigada. E mesmo essa variação é pequena se forem irrigados 80 ou 120 hectares. Já os lances que sustentam os aspersores e dão mobilidade ao pivô, represen-

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tam, nesse custo, um percentual relativamente baixo. Por isso o ideal é que se irrigue áreas ao redor dos 80 a 130 hectares. Irrigando áreas inferiores a esse número, teremos uma menor diluição de custo das partes fixas, por outro lado, áreas superiores a esse valor necessitariam de conjuntos moto-bombas com capacidade de vazão que não existem no mercado, sendo preciso montar sistemas de bombeamento em série ou paralelo na mesma linha adutora. O que em última análise acaba onerando o sistema de irrigação. Esse aspecto talvez seja o primeiro a ser considerado quando analisamos a relação de custo e benefício da instalação de um pivô central. Porém, sempre se quer saber quanto tempo é necessário para pagar este equipamento. Em locais onde o clima é favorável, ou seja, o fotoperiodismo e a temperatura permitem o desenvolvimento das culturas o ano todo e as colheitas se fazem até três vezes por ano, há quem consiga pagar o investimento feito em apenas dois anos. Não bastasse isso, o Governo Federal aprovou recentemente legisla-

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Fotos Pedro Batistin

“Enquanto um pivô utiliza em média 50 mil litros de água por hectare/dia o sistema por inundação, no caso do arroz, chega a utilizar 130 mil litros por hectare/dia”

Utilizar o método por gotejamento em citrus, dificulta muito a operacionalização em grandes áreas. O pivô é mais fácil de ser operado e traz menos problemas

ção que veio facilitar a compra e o pagamento desses equipamentos. São oferecidos aos produtores até R$ 400 mil, com juros fixos de 8,75% ao ano, com um prazo de carência de até 24 meses e com 60 meses para parcelar o valor total.

O MEIO AMBIENTE TAMBÉM GANHA Quando se pensa num equipamento como o pivô, certamente o primeiro pensamento é se ele é economicamente viável. Nesse aspecto já se demonstrou o quanto se economiza ao utilizar este sistema de irrigação. Agora, é importante dizer quão reduzida é a quantidade de água utilizada por esse sistema, se comparado a sistemas como irrigação por sulco ou por inundação, no caso do arroz irrigado. Enquanto um pivô utiliza em média 50 mil litros de água por hectare/dia, o sistema por inundação, no caso do arroz, chega a utilizar 130 mil litros por hectare/dia. Considerando que as reservas hídricas são finitas, logo concluímos que neste aspecto o pivô é um sistema não só econômico financeiramente, mas também com grande respeito ao meio ambiente. No Rio Grande do Sul a água utilizada por esse equipamento é captada em sua grande maioria (80 a 90%) em barragens que acumulam a água da chuva. Em locais de pouca pluviosidade, está-se introduzindo o uso de poços artesianos. Experiências que buscam a redução do uso continuado da água estão sendo implementadas na lavoura arrozeira. O uso do pivô central, como meio irrigante, tem sido essa forma. Exemplo como o da Fazenda Guatambu, em Dom Pedrito (RS), pioneira nesse método, demonstra isso. Embora as dificuldades com o controle de ervas daninhas ainda sejam um problema, a redução de quase 50% na quantidade de água consumida pela lavoura é o modo de demonstrar respeito ao uso dos recursos natu-

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rais. Na Bahia, a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) também faz um controle intenso para que o meio-ambiente não sofra danos com a retirada da água e para que os produtores não corram o risco de ficar sem irrigar suas lavouras. Para cada produtor novo que pretende instalar um pivô, é feito um estudo minucioso do impacto ambiental, e de acordo com o resultado é fornecida a outorga, documento que autoriza o produtor a utilizar um determinado número de litros de água. Também é estipulado um número máximo de pivôs por zona de captação, levando em conta a quantidade de água que os produtores utilizarão e a vazão máxima que o rio pode oferecer. Uma vez atingido o número máximo de pivôs, nenhuma autorização nova é liberada.

te do Brasil, possui atualmente 55 pivôs, e trabalha com essa tecnologia desde 1993. Júlio Busato conta que em 1989 viu a sua plantação literalmente “derretendo” na lavoura porque naquele ano não choveu durante 45 dias. “Nós quase quebramos e foi então que decidimos não ficar mais a mercê do tempo, mas controlar principalmente o fator água”. A partir de então os Busato começaram a estudar alternativas para contornar a situação. Eles foram visitar fazendeiros que já possuíam pivôs, aliás, conselho dado por ele a todo produtor que deseja instalar um pivô central na sua propriedade: conversar com o maior número possível de irrigantes para avaliar bem os custos e benefícios que a tecnologia pode proporcionar. Outro fator que ele julga fundamental é comprar um pivô de marca consagrada, que tenha credibilidade no mercado. No ano de 1993 Busato instalou o primeiro pivô em sua propriedade. Segundo ele, a partir de então os números começaram a vir “grandes e fortes”. Em virtude do clima daquela região, é possível fazer pelo menos duas safras por ano. Desta maneira, consegue-se aproveitar todos os recursos que já estão disponíveis na propriedade e que ficariam parados durante vários meses, como, por exemplo, produzir duas ou três vezes mais na mesma porção de terra. Além disso, o investimento na cultura é feito com todo

EXPERIÊNCIAS BEM SUCEDIDAS A Família Busato, segundo maior irrigan-

Pivô central em limoeiro: maior produtividade e menor risco de contrair doenças e pragas

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Estação elevatória; captação de água do rio

os recursos possíveis, pois se tem certeza do retorno do capital investido. “É claro que o custo do pivô também é maior do que a produção em sequeiro, mas ainda assim vale a pena pela segurança de produção que eu tenho quando tiro o efeito chuva. Quando pensamos em grande produtividade, investimos mais para isso e temos certeza do retorno do dinheiro”, comenta Busato. A produtividade de algodão em sua propriedade teve um aumento que varia de 50 a 80 arrobas por hectare. Outra vantagem citada pelo fazendeiro é o fato de ser possível plantar praticamente tudo o que se deseja. Com o clima seco em boa parte do ano e água à disposição sempre que se fizer necessário, o produtor tem a possibilidade de

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A tubulação adutora permite que a água do rio chegue ao pivô

escolher o que quer plantar e o que lhe rende mais, não ficando tão suscetível às oscilações do mercado. Marcelo Favaro Garcia também atribui à irrigação o fato de poder manter sua produtividade estável o ano inteiro. No inverno, por exemplo, além de atingir altas produtividades ainda agrega valor ao produto, por se tratar da entressafra. “Com a irrigação eu posso crescer mais, consigo produzir o ano inteiro e não preciso parar nunca”. Devido aos benefícios que a irrigação está trazendo para a sua fazenda, Marcelo decidiu comprar mais dois pivôs, além dos dois que já tem. Vai passar a irrigar no total 320 hectares. “Tenho garantia de sempre ter água, por isso

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Poder escolher o que e quando plantar, não deixa produtores tão suscetíveis às oscilações do mercado

posso investir mais e minhas plantações não estão sujeitas a veranicos nem mesmo em épocas de chuva. Com pivô você pode investir mais, pois o retorno é garantido”. O produtor lembra ainda que a irrigação lhe permite submeter o café a um estresse hídrico, fazendo com que a maturação seja mais uniforme a produção de grãos cereja mais alta, trazendo-lhe maior rentabilidade por hectare colhido. Também é naquela região, mais precisamente em São Desidério (BA), que está localizado o maior exportador individual de limão do Brasil. A fazenda Agol, Agropecuária Grande Oeste Ltda, produz a fruta o ano inteiro e a exporta para os mais diversos lugares do mundo. Não permitir o acúmulo de poeira nos limoeiros é, segundo o proprietário da fazenda Agol, Luiz Antônio Quintella Cansanção, um importante benefício trazido pela irrigação por pivô central. Sem poeira, os limoeiros não correm tantos riscos de contrair doenças e pragas como a coxonilha. Outro fator importante é que a folha estando limpa realiza a fotossíntese de maneira mais rápida e eficiente. Produzir na entressafra, diz Quintella, triplica ou às vezes quadruplica o valor das frutas em relação às produzidas no período de safra. “A pocan na entressafra chega a custar R$ 20, enquanto que na safra varia entre R$ 4 e R$ 6 por caixa”. Por ser uma tecnologia relativamente nova na região, a irrigação ainda não possui mão-deobra qualificada para fazer sua manutenção, por isso Cansanção optou pelo pivô central, já que julga a sua manutenção fácil e pouco necessária. “A utilização do método por gotejamento nesta região dificultaria muito a operacionalização em áreas grandes, como as que temos aqui. O pivô é muito mais fácil de ser operado e me traz menos problemas”. Também Busato ressalta a facilidade de manutenção do equipamento e o baixo custo da operação. “Eu queria que todos os meus equipamentos fossem como os meus pivôs, esses não incomodam. É uma mecânica muito simples e em termos de valores é praticamente M irrisória”. RW e NF

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Opinião

Final de feira ção comprometida por vários meses. Pequenos entraves de ordem burocrática como a liberação de verbas já empenhadas para financiamentos podem empanar um pouco o brilho total e vir a colocar em risco a saúde financeira das redes de revendas. Mas certamente é problema passageiro que terá pronta intervenção do atencioso e cordial Ministro da Agricultura que dedicou grande parte de seu tempo em acompanhar pessoalmente este evento. E falando em Ministro, não podemos esquecer de mencionar a visita do Sr. Presidente da República, resgatando um momento que a Expointer não vivia há 17 anos. Isto é uma prova do prestígio do evento e do agronegócio Cultivar

N

a semana passada terminou a Expointer, a última das gran des feiras do agronegócio no ano. Se tardia em termos dos grandes lançamentos de produtos (que são feitos em Cascavel ou em Ribeirão Preto, via de regra), serve como balizador do próximo ano, das tendências, das perspectivas. Dizem os organizadores, e os participantes, que foi a maior de todas as ocorridas até agora. E não é ufanismo de gaúcho, ou história de pescador. Não se usa apenas o número de visitantes como parâmetro, mas os expositores também. Por muito tempo a Expointer foi uma feira de pecuária, ornada por expositores de outros produtos e insumos (para a pecuária, e também para a agricultura). Houve um momento de equilíbrio, mas a pecuária e a agricultura sempre se digladiaram para ver qual era o setor mais importante. Hoje, o enfoque é tecnologia. Tecnologia em pecuária também, por que não? As técnicas da genética, do transplante de embriões, da alimentação, da sanidade e da rastreabilidade, técnica na qual o Brasil avançou muito rápido, e pode posicionarse na liderança dos grandes exportadores para os exigentes mercados do primeiro mundo.

MÁQUINAS Nas máquinas agrícolas, fruto da melhor demanda do momento extremamente positivo que vive o agronegócio, a feira foi espetacular. Finalmente, desde a edição anterior existe uma área específica para o setor, e mais importante, coordenado pelo próprio SIMERS (Sindicato da Indústria de Máquinas Agrícolas do Rio Grande do Sul). O número de expositores mais que dobrou neste ano, passando para 2,3 mil, e o volume de negócios também se ampliou de forma marcante, atingindo valores ao redor de 216 milhões de reais só em máquinas agrícolas. Os negócios vêm se sucedendo. Muitas empresas estão com a produ-

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Arno Dallmeyer é Consultor Técnico da Cultivar Máquinas e Professor Titular de Máquinas Agrícolas no CT/UFSM

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junto à mais alta autoridade do País, embora sua passagem tenha frustrado algumas expectativas de quem esperava uma decisão definitiva sobre os transgênicos, ou melhor, organismos geneticamente modificados (leia-se soja). E falando em tecnologia, já não nos impacta tanto a eletrônica embarcada presente nas máquinas. Novas propostas sim, como a tração traseira nas colhedoras para o arroz, as cabines, agora vistas como elemento de melhoria do trabalho e da produtividade, não apenas objetos de luxo. Há quem diga que nos próximos 3 anos 80% dos tratores sejam vendidos com cabines...

AGRUPAMENTOS DE FABRICANTES O que já se falava à boca pequena durante a Expointer acabou de ser concretizado na presente semana (2ª de setembro). A global AGCO adquiriu mais uma marca de tratores para sua “coleção”. Desta vez foi a Valtra. A notícia causa um pouco de apreensão ao mercado, pois não se sabe o futuro da marca no país, ou de seus produtos. O sono dos revendedores não deve ser muito tranqüilo por estes dias... Há que se fazer um reconhecimento à Valmet (que foi sucedida pela Valtra) pela importância que tem no desenvolvimento da agricultura brasileira. Registra a história da mecanização que foi a primeira fábrica a produzir tratores no Brasil, ainda em 1960, 32 unidades. E entre as altos e baixos da economia se manteve sempre presente no país, com produtos confiáveis e de valor, muitas vezes sendo pioneira na apresentação de novidades tecnológicas, seguidas anos depois pelos concorrentes. Na próxima edição certamente teremos mais novidades sobre o assunto. E aí lembro do vaticínio de um importante diretor de empresa de tratores: no ano 2005 seremos só dois ou três... Se continuar assim, pode acontecer antes. Qual a próxima cartada ? M

JulhoSetembro / Agosto 2003 2003




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