26 minute read
Lubrificantes
Lubrificantes X G
Embora se destinem aos mesmos propósitos, há muita diferença entre lubrificantes e graxas. Conhecer as características de cada um ajuda na hora de escolher o produto correto
Para que um maquinário funcione, há diversos mecanismos e engrenagens responsáveis pelo movimento das peças. É esse movimento que criará a força necessária para que sua função seja exercida, seja na área agrícola, nas indústrias alimentícias, automobilística, industrial, entre outras.
Para que o movimento ocorra, é preciso que haja atrito entre as peças e essa dinâmica constante é capaz de danificá-las. Uma maneira simples e rápida de reduzir a fricção do deslizamento ou rolamento de peças é por meio da lubrificação.
A lubrificação é de extrema importância em um cenário de alta produtividade, já que será responsável pelo pleno funciona-
Fotos Divulgação
raxas
mento dos maquinários, evitando paradas inesperadas e perda de rendimento. Suas funções são de limpar, refrigerar, vedar, reduzir o desgaste e ainda transmitir forças e absorver choques, reduzir os ruídos e proteger as superfícies.
De acordo com a tribologia, estudo de interação entre superfícies em movimento, é a lubrificação que garante que engrenagens, rolamentos, fusos e qualquer peça que tenha contato com outra funcionem sem atrito, preservando todas as peças do equipamento, aumentando a vida útil e a produtividade.
No mercado, atualmente, existem diversos tipos de lubrificantes, que podem ser óleo ou graxa. Os dois produtos são usados para o mesmo fim, mas pela diversidade de modelos de atuação, diferem na aplicação, além da viscosidade, no caso dos óleos, e consistência, no caso das graxas.
ÓLEOS
Os lubrificantes podem ser comercializados nos estados líquido, sólido e semissólido. São caracterizados principalmente pela capacidade de suportar altas temperaturas, apresentar baixa volatilidade, baixa toxicidade e, consequentemente, ser melhor absorvido pela natureza e apresentar menor impacto ambiental.
Uma das principais características dos óleos é o ponto de fulgor, teste realizado por meio do aquecimento, que mede a menor temperatura em que vapores do produto podem pegar fogo na presença de uma faísca.
Além disso, os óleos também têm como especificidade a Acidez (TAN)/Basicidade (TBN), já que, assim como as demais substâncias da natureza, eles podem apresentar aspecto ácido ou alcalino. É essa característica que possibilita monitorar o processo de oxidação do produto, detectar uma eventual contaminação e verificar o grau de degradação da sua aditivação.
Outra importante característica é a estabilidade à oxidação, que é um fator essencial para a vida útil de óleos lubrificantes. Isso porque, em temperaturas elevadas, ocorrem reações que quebram as ligações moleculares do lubrificante.
Os óleos também podem ter espuma, o que é indesejável por várias razões, pois pode indicar lubrificação deficiente, cavitação, fluxo deficiente de óleo, menor transferência de calor e falha na transmissão de força. A demulsibilidade, capacidade do óleo lubrificante de separar-se da água, e a emulsibilidade, capacidade do óleo lubrificante de interagir com a água, também são características bem marcantes do produto.
Já a capacidade de ser exposto à extrema pressão evita que superfícies em movimento entrem em contato, inclusive quando ocorre o rompimento da película de óleo devido à pressão elevada, é uma das principais particularidades dos óleos lubrificantes, que tornam o produto eficiente para sua finalidade.
A oleoginosidade garante que o óleo lubrificante se mantenha resistente à sua película durante o processo de lubrificação e auxilia no processo de relubrifica-
Uma das principais características dos óleos é o ponto de fulgor
Fotos Divulgação
A graxa leva um espessante para torná-la menos fluida
ção, já que impede que haja perda do produto durante sua aplicação e uso. A detergência evita que o produto forme lacas, vernizes e depósitos de carbono durante o funcionamento do motor. E, por fim, os óleos apresentam dispersância, que impede a formação de borras.
Apesar de compartilhar algumas características, é preciso ficar atento à aplicação de cada lubrificante em óleo. São muitas opções disponíveis que são desenvolvidas com foco em uma aplicação única, como os lubrificantes para grau alimentício, que não oferecem risco de contaminação e de intoxicação.
GRAXAS
A graxa leva um espessante para torná-la menos fluida. É ideal, principalmente, para peças que ficam expostas, já que sua consistência permanece no local sem apresentar vazamentos. Além disso, facilita a limpeza após a aplicação e, por ser consistente, pode formar uma camada de proteção contra a corrosão.
Existem diferentes tipos de graxa. Entre elas: graxas de lítio, graxas de cálcio, graxas de sabão misto, graxas de sabão complexo e graxas não sabão.
Patenteadas pela primeira vez em 1942, as graxas de lítio correspondem a 60% das graxas comercializadas no mundo. São caracterizadas por sua boa bombeabilidade e por excelente estabilidade mecânica. Sua faixa de temperatura de trabalho é entre 15°C e 130°C.
Já as graxas de cálcio possuem uma textura suave, são resistentes à água e podem ser produzidas a partir de insumos mais baratos, porém, com qualidade variável. Apresentam custo de fabricação mais alto que as graxas de lítio e baixas temperaturas de operação. Seu consumo vem declinando em grande parte dos países.
Por sua vez, as graxas de sabão misto são uma correação e não uma simples mistura das graxas de sabão de lítio (Li) e de sabão de cálcio (Ca), apresentam propriedades melhores que as dos dois sozinhos, excelente resistência à água, estabilidade mecânica e pouca separação de óleo.
Quando falamos em graxas de sabão complexo, nos referimos ao complexo de lítio e ao complexo de alumínio. No primeiro caso, as graxas são caracterizadas por excelente estabilidade mecânica e alta resistência à temperatura. Já no segundo, apresentam excelente resistência à água e alta estabilidade ao trabalho.
Por fim, as graxas não sabão são as produzidas a partir de espessante não orgânico que apresentam alta temperatura de operação e boa estabilidade ao trabalho. Exemplo: bentonita, hectorita, sílica e “microgel”. Já as graxas produzidas a partir de espessante orgânico, como a poliureia, apresentam excelente estabilidade térmica e mecânica e alta resistência à água.
Para selecionar graxas, é importante levar em consideração fatores externos e internos. Os fatores externos se referem a recomendação do fabricante, tamanho e tipo de mancal, temperatura e velocidade, tempo de operação, pressão (exemplo forças centrífugas), carga (vibração/choque), e ambiente operacional (temperatura/umidade).
Já os fatores internos incluem: consistência da graxa, tipo de espessante, viscosidade do óleo, qualidade da graxa e lubrificação (método/frequência).
Além disso, é importante saber quais são as características desejáveis nas gra-
xas e entender quais são as principais causas das falhas de equipamentos lubrificados utilizando graxa.
Sendo assim, ao escolher a graxa, busque um produto que apresente as seguintes qualidades: bombeabilidade, consistência adequada, estabilidade mecânica, ponto de gota elevado, pouca separação do óleo, compatibilidade com selos e vedações, estabilidade à oxidação, resistência à lavagem e proteção contra a corrosão.
MANTENDO A LUBRIFICAÇÃO
Para evitar prejuízos com falhas no maquinário, convém manter-se atento a determinados aspectos, como a falta de graxa devido a esquecimento ou vazamentos e a contaminação da graxa com água, sujeira, fuligem, depósitos ou borra.
Também é essencial atentar-se à frequência de lubrificação incorreta, que pode provocar excesso ou falta de graxa no mancal, o superaquecimento gerado pela escolha incorreta da graxa a ser aplicada e incompatibilidade com a graxa já existente na linha.
Na prática, não há diferença entre performance, apenas na consistência
Luiz Maldonado, da Lubvap Special Lubrificants
dos produtos, já que eles são indicados para evitar o desgaste das peças causado pelo atrito, o aumento de temperatura e sujeira. Mas, é claro, cada um indicado para o maquinário certo.
O único ponto essencial é escolher produtos de qualidade. O mercado de lubrificantes existe há séculos e foi se desenvolvendo de acordo com a evolução das tecnologias. O mesmo ocorreu com os maquinários, que hoje podem custar milhões de dólares. Apesar disso, ainda é possível encontrar lubrificantes desenvolvidos há 100 anos competindo diretamente com produtos desenvolvidos com nanotecnologia, o que implica performance e eficiência do produto. Além disso, podem agregar valor ao negócio, aumentando a confiabilidade e diminuindo a periodicidade das lubrificações nos equipamentos.
Outro ponto que deve ser observado, além da qualidade do produto, é a importância de estar atento às indicações de cada um. Utilizar um lubrificante que não oferece resistência à água em uma peça que fica exposta a tal condição pode interferir na performance, ocasionando danos no maquinário.
Da mesma forma, utilizar graxas que não oferecem resistência a altas temperaturas em equipamentos com essa condição. Em cada ponto de lubrificação em um maquinário, é preciso escolher o produto adequado, como um remédio que age de forma focada na dor. Escolher o produto que melhor atende ao ambiente no qual será manuseado é o que determina a alta performance dos lubrificantes.
O uso correto dos produtos é o que vai garantir a alta performance e a manutenção. Por isso, é essencial seguir sempre a orientação do fabricante e do especialista que o atende e fazer as reaplicações conforme solicitado.
Luiz Maldonado, Lubvap Special Lubrificants
Entre as graxas, existem diferentes tipos para as mais diversas aplicações
Pulverizador MF
Com depósito de calda de 3.500 litros e barras de até 36 metros, o pulverizador MF 535R, testado pela nossa equipe, se destaca pela integração de motor e transmissão, além da tecnologia embarcada, que permite realizar aplicações bastante precisas, com corte bico a bico e taxa de vazão estável
Sempre é motivador ganhar a oportunidade de testar os novos equipamentos que entram no mercado agrícola e suas novidades tecnológicas. Percebe-se que ano a ano as empresas, através dos seus setores de engenharia, vêm proporcionando novos recursos para melhorar a vida do produtor rural e adaptar-se às diferentes necessidades que o mercado impõe. Os pulverizadores autopropelidos cresceram muito de importância no sistema de produção brasileiro e atualmente são considerados as máquinas mais utilizadas nas médias e grandes áreas.
A Massey Ferguson produz pulverizadores autopropelidos no Brasil, desde 2011, com o lançamento do modelo MF 9030. Depois de vários aprimoramentos desta série, na Agrishow 2022, em Ribeirão Preto (SP), a marca lançou a Série MF 500R, da classe 3, e manteve o modelo MF 8225, da classe 2. Com a ótima receptividade que teve essa nova série, em agosto deste ano já se iniciou a comercialização nos concessionários da marca.
Com a experiência adquirida pelo acompanhamento no campo dos modelos anteriores, a marca decidiu lançar um novo equipamento, mantendo, no entanto, o que já havia sido aprovado pelo mercado, como a estrutura de chassi, a suspensão ativa, a posição da barra e a independência entre as rodas. Assim, as dimensões básicas foram mantidas, aprimorando-se outras características e introduzindo novidades, como uma estação
535R
climatológica, o novo sistema de controle de seções, a integração motor-transmissão e a conectividade, entre outras inovações que destacaremos neste teste de campo.
A marca espera atingir, com esses novos modelos, uma grande porcentagem de área agrícola brasileira, compreendida por produtores rurais de grãos, médios e grandes da região Centro-Oeste e das demais regiões produtoras e de culturas especiais, como a cana-de-açúcar e o algodão.
Os dois modelos da série, o MF 535R e o MF 530R, produzidos na unidade da AGCO de Mogi das Cruzes (SP), se diferem apenas pela capacidade do depósito: no primeiro, de 3.500 litros, e no segundo, de três mil litros. No mais, os recursos tecnológicos, as dimensões e as capacidades são idênticos.
Então, para testar no campo o modelo MF 535R fomos até Jaboticabal (SP), com o apoio estratégico do Departamento de Marketing da Massey Ferguson.
MOTOR E
TRANSMISSÃO
O pulverizador MF 535R utiliza um motor da marca AGCO Power, modelo 66CW3.1263, de seis cilindros e 6.300cm³ de capacidade volumétrica, com turbocompressor, que está configurado para atender a legislação brasileira de controle de emissões MAR 1, por meio do sistema EGR interno, como é usual na marca. O gerenciamento da injeção de combustível é eletrônico e a potência máxima gerada é de 155kW (200cv), a um regime de giro de 1.900rpm e um torque máximo de 790Nm a 1.800rpm.
A transmissão hidrostática aplicada às quatro rodas utiliza uma bomba de pistão, motores de roda da marca Danfoss e redutores planetários para a redução da rotação. O sistema utiliza tecnologia ABS para frenagem e redução da velocidade. São quatro motores hidráulicos nas rodas, controlados de forma eletrônica e independentes um do outro, por meio de válvulas PWM em cada roda.
Uma das novidades, e que nos impressionou durante o teste, foi a possibilidade de integração total entre motor e transmissão, proporcionada pela AWD Smart Drive, que trataremos de explicar o funcionamento.
ESTRUTURA
O chassi estrutural da série MF 500R permanece com o tipo Flex-frame, consagrado em motores anteriores. Construído em aço, com perfil em formato de seção em C, forma uma es-
Aponte A câmerA do seu celulAr e AssistA Ao vídeo do test drive
Para estes dois modelos da série, a Massey Ferguson disponibilizou quatro comprimentos de barra, com 24, 30, 32 e 36 metros
O MF 535R possui quatro motores hidráulicos nas rodas, controlados de forma eletrônica e independentes um do outro trutura toda aparafusada com minimização de união por solda, o que proporciona flexibilidade suficiente para o deslocamento dentro das lavouras, eliminando os problemas de quebra de chassi, comuns em equipamentos que utilizam união por solda.
A união do chassi aos mecanismos de deslocamento e transmissão de movimento é feito com o uso de uma suspensão pneumática independente ativa, que utiliza barras estabilizadoras para evitar a movimentação excessiva da estrutura.
CABINE
O acesso à cabine é feito pela escada frontal e uma passarela lateral. Ambas têm piso antiderrapante e conduzem a uma porta que dá entrada para a cabine. A escada de acesso tem um sistema de retração e extensão automático e a porção inferior é flexível.
Com a cabine baseada em quatro coxins de borracha, nota-se a estabilidade, que traz conforto durante o trabalho. A área envidraçada é enorme. No centro, um assento com amortecimento pneumático de linha de ótima qualidade, com regulagens de apoio de braço, inclinação do respaldo lombar, aproximação e altura. No lado esquerdo, um banco de acompanhante, que serve para o treinamento de operadores, principalmente. No lado direito estão posicionados o console lateral, os comandos e os monitores. O volante tem regulagem de posição, podendo ajustar-se em altura e profundidade.
No console lateral, um amplo apoio para o braço, e à frente o comando multifunção e um pequeno painel lateral, onde, com um teclado multifuncional, se pode marcar velocidades, controlar o sistema hidráulico e ajustar a bitola. À frente do comando principal, tipo joystick, um monitor principal (MF Guide) totalmente configurável de acordo com a preferência do usuário, sensível ao
toque, faz o controle da operação e configuração da aplicação dos agroquímicos. No joystick, com teclas movimentadas pelos dedos da mão direita, se realiza a ação sobre os comandos usuais no momento da aplicação, como o controle de abertura e fechamento das barras e sua posição em altura. E o que é mais importante, o controle de velocidade e sentido de deslocamento e ainda frear o equipamento, posicionando o comando mais para frente ou mais para trás. Interessante mencionar que a agressividade da ação do joystick pode ser configurada, de forma que as reações serão mais rápidas ou mais lentas. Mais à frente, outro monitor de menor dimensão transmite imagens de duas câmeras digitais. Também é possível configurar para que o sistema opere com até seis câmeras, com imagens sendo apresentadas no monitor principal e no específico das câmeras.
O monitor principal é encarregado de possibilitar o controle de pulverização, a imagem do piloto automático e o corte de seções na mesma tela de 10,4 polegadas, que, como dissemos, pode ser configurada. A lógica da disposição e dos controles é bem fácil de entender e acionar, além de ser possível integrar controles entre o comando multifunção e o monitor. Não utilizamos durante o teste, mas é possível configurar uma função de controle para a manobra de cabeceira, de forma que o equipamento, depois de configurado, possa fazer uma sequência de operações para realizar a manobra de forma automática.
Como é de praxe nesses equipamentos mais desenvolvidos, é possível configurar automaticamente uma velocidade de percurso e outra que pode ser de manobra ou mesmo para redução ou ampliação de velocidades úteis para a operação. Depois de configuradas, essas velocidades podem ser acionadas por interruptores no painel. Ao tocar em uma tecla, aciona-se uma velocidade pré-configurada e em outra, uma velocidade alternativa.
O monitor, em uma das configurações de apresentação da informação, pode oferecer dados climatológicos instantâneos, que vêm de uma estação meteorológica. A posição da barra pode ser facilmente modificada com um simples toque em teclas, para cima ou para baixo.
Outros itens comuns a esse tipo e padrão de máquina estão presentes, como rádio, sistema de filtragem do ar para o interior da cabine por carvão ativado e sistema de condicionamento de ar interior, tanto para o frio como para o calor. Além disso, o projeto se qualificou com a colocação de um sistema de iluminação LED constituído de oito focos no teto da cabine, metade para frente e metade para trás, e mais um facho de LED azul para cada lado da barra. Os espelhos laterais agora possuem acionamento elétrico, con-
Fotos Charles Echer
A cabine é confortável, baseada em quatro coxins de borracha, possui grande área envidraçada, assento com suspensão pneumática e assento auxiliar para instrutor. Na lateral direita da cabine está localizado o console com os principais comandos de operação e pulverização, além do monitor principal e de um monitor secundário que comporta até seis câmeras
Nas laterais do pulverizador estão posicionados o painel de controle da pulverização, a válvula de quatro vias, o porta-ferramentas, o reservatório de água limpa, o edutor, o reservatório de óleo hidráulico, entre outros componentes
A escada de acesso tem um sistema de retração e extensão automático e a porção inferior é flexível trolados de dentro da cabine.
Finalmente, a destacar, o fabricante colocou uma tomada de ar comprimido para limpeza do interior da cabine em todas as versões.
CAPACIDADES E DIMENSÕES
O pulverizador MF 535R é uma máquina de grande porte, que conta com massa de 10.320kg, tem comprimento total de 7,92 metros, largura máxima na posição de transporte de 3,85 metros e altura total que varia de 3,7 a quatro metros, dependendo do pneu escolhido. A distância entre eixos é de 4,4 metros e o vão livre é de 1,65 metro. Há duas possibilidades de escolha da marca dos pneus, porém a medida padrão é 380/90R46. Para atender a uma boa jornada de trabalho, compatível com o consumo de Diesel comprovado em testes do fabricante, o reservatório de combustível tem capacidade para 350 litros.
A bitola, que é a medida de centro a centro dos pneus no mesmo eixo, é alterada de forma hidráulica pelo operador de dentro da cabine. Pode-se partir de uma medida mínima de 2,8 metros a uma máxima de 3,4 metros, que dependerá e se ajustará ao espaçamento entre linhas adotado pelo produtor e pela configuração do tráfego das outras máquinas da propriedade.
Esse equipamento tem alta capacidade operacional, dada a sua dimensão em largura, que pode chegar a 36 metros de comprimento de barra, e a alta velocidade de deslo-
camento, até 32km/h, que pode desenvolver em trabalho. Isso, em condições limites, pode alcançar uma capacidade de aplicar agroquímicos na ordem de quase 100 hectares por hora.
SISTEMA DE PULVERIZAÇÃO
O sistema de pulverização de um equipamento desse nível é bastante complexo. A geração de pressão hidráulica se inicia com uma bomba centrífuga de aço inoxidável marca Hypro, acionada hidraulicamente e controlada por válvulas PWM, com velocidade controlada por sensor, filtros de linha e sistema de proteção contra picos de pressão e bicos acionados eletricamente. A vazão proporcionada pela bomba ultrapassa os 500 litros por minuto.
Dependendo do sistema adotado, o depósito estará preenchido com água pura ou com calda. Atualmente, a grande maioria dos produtores de grandes áreas já introduz no pulverizador uma calda pronta, previamente preparada em equipamentos adequados para esse fim. Outros inserem água no tanque e utilizam o edutor, que prepara a calda, procedendo a mistura. O depósito de calda, produzido em material polietileno, é a única diferença entre os dois modelos da série 500R. No modelo MF 530R a capacidade é de três mil litros, enquanto no MF 535R esse volume sobe para 3.500 litros.
O controle da pulverização é feito por um pequeno painel multifunção posicionado ao lado da válvula de quatro vias, localizada na lateral esquerda do pulverizador. Toda calibração, incorporação de produto pelo indutor e recarga do equipamento são feitas com o auxílio dele, com a combinação de posição da alavanca que controla as quatro opções, recarga, pulverização e incorporação. Embora o abastecimento do depósito dependa principalmente do sistema utilizado pelo produtor, que pode ter sua própria bomba ou o faça por gravidade pelo bocal do depósito, o pulverizador tem seus próprios recursos para o abastecimento. Uma estação de recarga, com entrada lateral e frontal e com conexões de enga-
Fotos Charles Echer
Fotos Charles Echer
Bloco central da barra de pulverização
te rápido, pode utilizar a própria bomba de pulverização ou mesmo uma bomba de recarga centrífuga, produzida em polipropileno, fornecida opcionalmente.
Como previsto em norma, esse tipo de equipamento deve possuir um reservatório de água limpa em polietileno, com capacidade para 350 litros, que pode ser utilizado para a lavagem de embalagens e do próprio depósito principal, e mais um pequeno tanque de 40 litros para a higiene do operador.
Para os usuários que abastecem o depósito principal com água limpa e desejam fazer a mistura com o produto comercial, preparando a calda, há um edutor químico, também construído em polietileno, que tem sua própria bomba, independente da utilizada na pulverização. É uma aplicação de alto risco que exige a utilização de EPIs pelo operador. Com o edutor abaixado, o registro aberto e a alavanca do painel de quatro vias colocados na posição “incorporação”, o fluxo de água irá, pouco a pouco, incorporando o agroquímico no depósito. Após a operação, o próprio edutor permite a lavagem dos frascos e do seu próprio reservatório.
Também é necessário destacar que o pulverizador MF 535R disponibiliza uma função de recuperação de produto, Sistema LiquidLogic®, que possibilita que ao final da operação, tendo sobrado calda no sistema de aplicação como tubulações e mangueiras da barra, se possa devolver esse resíduo de produto ao depósito principal.
Na linha de aplicação o fabricante previu filtros para a limpeza da calda. Um filtro principal de malha 30 mesh e os filtros de linha de malha 80 mesh.
BARRAS DE PULVERIZAÇÃO
Para esses dois modelos da sé-
O vão livre é de 1,65 metro e a bitola pode ser regulada entre 2,8 metros e 3,4 metros de largura
Fotos Charles Echer
A barra de pulverização desta série pode vir com opções de nove a 36 seções de corte de vazão
rie, o fabricante disponibilizou quatro comprimentos de barra, com 24, 30, 32 e 36 metros.
Na posição de transporte, as barras estarão fechadas e terão que ser abertas para o trabalho de aplicação. A abertura e o fechamento da barra são realizados totalmente de forma hidráulica, a partir da cabine, pelo comando multifunção, sem a necessidade de operações manuais. Um quadro central faz a regulagem da altura da barra em relação ao solo, dependendo do alvo que se quer atingir na aplicação, variando de 32 centímetros até 2,59 metros. A partir daí, os sensores de altura da barra farão o controle e o ajuste da posição durante a operação. O fabricante disponibilizou dois sistemas: o ativo, em que a altura da barra é ajustada automaticamente pela movimentação do quadro central e das barras, e o passivo, que controla somente a altura do quadro e barras em relação ao solo. No controle ativo, o quadro central se movimenta de forma circular, rotacionando, fazendo um movimento combinado com as barras.
Com esse nível de tecnologia o pulverizador MF 535R realiza um controle da sobreposição, ligando e desligando de nove a 36 seções controladas de forma elétrica ou pneumática, utilizando informações fornecidas pelo sistema de posicionamento. Essa variedade de opções de número de seções se deve pois, em locais mais planos e com grandes talhões, uma menor quantidade de seções é requerida. Ao contrário, onde há necessidade de recortes, manobras dentro dos talhões e outros deslocamentos sobre áreas onde já foi aplicado o produto, um maior número de cortes de vazão por bico é exigência natural. Em geral, na última seção o corte é bico a bico, e nas demais porções da barra o corte é feito de dois em dois bicos. Na opção de corte em 36 seções máximo o sistema é acionado eletricamente, e para a barra de menor comprimento, com 24 metros é sempre bico a bico, com exceção do suporte central.
A tubulação que conduz o produto ao longo da barra é de aço inoxidável com uma polegada de diâmetro. O porta-bicos é quíntuplo e com espaçamento de 50 centímetros um do outro.
Pontos que destacamos
Alguns pontos mereceram destaque no teste que realizamos: - Motor AGCO Power de seis cilindros, com 200cv. Baixo consumo de combustível e capacidade de trabalhar com reduzido regime de giro. - Transmissão hidrostática com motores de roda independentes e com opção de integração total com o motor do trator. - Chassi Flex-Frame, com vigas em C, totalmente aparafusado para evitar quebras. - Suspensão pneumática independente. - Cabine baseada em coxins de borracha, ergonômica, com boa distribuição de comandos e controles. - Barra de bicos com comprimento variável entre 24 e 36 metros, com nove a 36 seções de corte de vazão, para resolver problemas de sobreposição. - Sistema LiquidLogic ®, com itens como recirculação, recuperação de produto e limpeza automática das barras que entrega alta economia de produto e qualidade na aplicação.
O MF 530R tem comprimento total de 7,92 metros, largura máxima na posição de transporte de 3,85 metros e uma altura total que varia de 3,7 a quatro metros, dependendo do pneu escolhido
TECNOLOGIA
Como mencionamos no início, os itens de tecnologia a mencionar são vários. No entanto, destacamos as câmeras de vídeo, a possibilidade de configuração do monitor, o piloto automático, a estação climatológica e a telemetria.
À disposição do usuário, o fabricante colocou a possibilidade de que, através de até quatro câmeras, posicionadas em qualquer lugar da máquina, as imagens possam ser apresentadas em um monitor específico ou mesmo no monitor principal do pulverizador. Um sistema magnético é utilizado para a fixação das câmeras em qualquer parte metálica. Isso evita que o operador tenha que estar visualizando a operação pelo vidro traseiro da cabine ou mesmo parar o equipamento e sair da cabine para ter uma informação, que pode ser obtida pela simples visualização.
O segundo destaque é para o monitor principal (NT-01), totalmente configurável ao modo e gosto do usuário e que apresenta de forma bastante interessante todas as funções e informações.
Também, a destacar o sistema de auxílio à direção, o piloto automático Massey Guide, que utiliza os receptores Novatel ou Trimble e mostra na tela do monitor a imagem e a informação da sobreposição e dos cortes de seção. O sistema de telemetria Massey Connect também merece destaque, pois faz parte de uma nova geração de funções aplicadas às máquinas agrícolas e que proporciona auxílio estratégico ao produtor, através da conectividade.
Por fim, a destacar a disponibilização de uma estação climatológica, onde se pode obter a informação de temperatura externa, umidade relativa do ar, pressão atmosférica, velocidade do vento e uma bússola. Essas informações são absolutamente necessárias naqueles sistemas em que o momento da aplicação deve ser constantemente registrado e controlado. O uso desse equipamento possibilita o cumprimento de legislações estritas de controle do momento da aplicação de agroquímicos e a manutenção de boas práticas na agricultura.
TESTE NO CAMPO
Durante os testes no campo com o pulverizador MF 535R utilizamos duas parcelas. A primeira foi uma área com sorgo, em que simulamos a operação de dessecação, com a barra a 80 centímetros do solo. Trabalhamos às margens da rodovia Carlos Tinani, em uma área experimental da Unesp, em Jaboticabal.
Para conhecer todas as funcionalidades da máquina fizemos uso de várias alternativas que estão disponíveis
para o produtor que a adquirir. Fizemos uso do sistema manual e do sistema AWD Smart Drive, que possibilita total integração entre o gerenciamento eletrônico do motor e a transmissão da máquina em privilégio da manutenção da velocidade de deslocamento, tão importante para a manutenção do volume aplicado por área. Configurando dessa maneira, a velocidade passa a ser o alvo, e tanto o motor vai alterando a rotação instantaneamente como a transmissão vai variando para um melhor desempenho. Realmente, é uma função que proporciona qualidade ao trabalho e, principalmente, conforto ao operador. O controle automático da rotação do motor e da transmissão pode também trazer redução no consumo de combustível e uma maior capacidade operacional, mas principalmente melhorar a qualidade de aplicação, em comparação com um sistema que dependa apenas do operador.
Salienta-se que, durante o teste, a rotação do motor permanecia bastante reduzida e com poucas variações, trazendo redução no nível de ruído no interior da cabine e também economia de combustível. A equipe que nos acompanhou no teste nos relatou consumos de Diesel bastante reduzidos em relação aos equipamentos concorrentes.
Durante o teste também destacamos a qualidade da cabine, com ótima disposição de comandos e monitores e principalmente o baixo nível de ruído e o excelente e silencioso sistema de condicionamento de ar.
Após uma jornada de um turno no sorgo, nos deslocamos até uma parcela de soja, conduzida pela família proprietária do Sítio São Gregório, muito próximo do primeiro local. Lá, encontramos uma situação bastante diferente, que obrigava a adequação da bitola do pulverizador ao sistema de semeadura adotado com espaçamento de 45cm. Para todos os testes que fizemos, para verificação e conhecimento do produto, tivemos o apoio do engenheiro Lucas Zanetti, que é coordenador de Marketing Produto da Massey Ferguson, e do Marco Aurélio Petrazzi Jacob, especialista da concessionária Stéfani, que tem loja matriz em Jaboticabal e duas filiais, uma em Ribeirão Preto e outra em Catanduva.
Fotos Charles Echer
O test drive foi realizado em Jaboticabal (SP) e contou com o apoio do coordenador de Marketing e Produto da Massey Ferguson, Lucas Zanetti, e do especialista da concessionária Stéfani, Marco Aurélio Petrazzi Jacob
José Fernando Schlosser, Laboratório de Agrotecnologia Universidade Federal de Santa Maria