Maquinas 24

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Do editor Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 – 12º andar 96015-300 – Pelotas – RS www.grupocultivar.com Diretor de Redação Schubert K. Peter

“Cultivar” e “Cultivar Máquinas” são marcas registradas do Grupo Cultivar de Publicações

Cultivar Máquinas Edição Nº 24 Ano III - Outubro 2003 ISSN - 1676-0158 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 98,00

Caro leitor. Você está recebendo a primeira Cultivar Máquinas após a sua mensalização. Não será difícil perceber que algumas mudanças aconteceram, com o intuito de proporcionar ao assinante informações em maior quantidade e mantendo sempre a qualidade das publicações do Grupo Cultivar Por circular todo o mês, conseguimos embutir em cada edição informações mais detalhadas sobre lançamentos de empresas, produtos que estão sendo pesquisados, tendências do mercado de máquinas agrícolas e outras informações que lhe auxiliarão no dia-a-dia. Esta edição traz como destaque o test drive realizado com o trator John Deere 7505, uma máquina que, conforme você verá, não poupa tecnologia embarcada. Se você não sabe calcular quanto combustível vai gastar realizando operações como gradagem e plantio, vale a pena conferir o artigo sobre consumo de combustíveis, onde o autor explica todos os passos para calcular os gastos de acordo com cada máquina e implemento usado. Por fim, você poderá conferir alguns lançamentos do setor, regulagem de pneus e um caderno técnico especial com 16 páginas sobre os equipamentos existentes para secagem e conservação de grãos.

(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 72,00 • 68,00

Uma boa leitura para todos!

Índice

Nossa Capa

• Editor

Charles Ricardo Echer • Consultor Técnico

Dr. Arno Dallmeyer • Redação

Rocheli Wachholz • Revisão

Vandelci Martins Ferreira • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia _____________

• Gerente Comercial

Neri Ferreira

• Assistente de Vendas

Pedro Batistin _____________

• Gerente de Circulação

Foto Rocheli Wachholz

Rodando por aí

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Pressão certa de pneus

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Quanto gasta seu trator

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Coleta precisa de dados

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Lançamento Caminhões Agrale

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Lançamento Colhedora 1450 John Deere

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Teste drive - John Deere 7505

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4x4 - Abordagem de terreno inclinado

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Trator 500 mil da Valtra

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Manutenção de pivô central

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Armazenagem - O gargalo da agricultura

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Cibele Costa

• Assinaturas

Luceni Hellebrandt Jociane Bitencourt

Destaques

• Expedição

Edson Krause • Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Quanto gasta seu trator

Assine já!

NOSSOS TELEFONES: (53)

Saiba como calcular o consumo do seu trator nas principais operaÁyes agrícolas ....................................................

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• ATENDIMENTO AO ASSINANTE:

3028.4013 / 3028.4015

Coleta precisa

• ASSINATURAS:

Programa de computador permite precisão na aquisição de dados, que para avaliação de máquinas agrícolas ................................................... 12

3028.4010 / 3028.4011 • GERAL

3028.4013 • REDAÇÃO:

3028.4002 / 3028.4003 • MARKETING:

Tecmologia na dose certa

3028.4004 / 3028.4005 • FAX:

Veja como o trator John Deere 7505 se saiu no teste drive realizado pela equipe da Cultivar Máquinas ................................................... 18

3028.4001 Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

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Terreno inclinado Como agir na hora de enfrentar terrenos com inclinação lateral com uma camionete 4x4 ...................................................

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Rodando por aí

Transferência para EUA

Contra fome A Caravana 500 Mil Pelo Brasil, promovida pela AGCO do Brasil e pela Unimassey, já saiu do pátio da fábrica, em Canoas, para percorrer cerca de 83 cidades do Brasil. O objetivo é visitar os concessionários associados e colocar o Trator Massey Ferguson 500 mil em exposição. Cada concessionária que receber o trator vai promover na comunidade uma campanha de doação de alimentos nãoperecíveis, que vão ser doados às entidades locais.

Martin Mundstock

O Diretor de Marketing para a América do Sul da John Deere, Martin Mundstock, assume em novembro importante posição no Centro de Engenharia de Produto mundial da empresa, situado em Waterloo, no estado norte-americano de Iowa, onde a empresa também tem uma indústria de tratores. Martin Mundstock começou a trabalhar na empresa em 1973 e assumiu progressivamente várias posições importantes dentro do segmento de negócios da América do Sul. Foi Diretor Financeiro de abril de 1987 até agosto de 1996 e de Marketing de agosto de 1996 até outubro do ano passado da John Deere Brasil. É Diretor de Marketing para a América do Sul desde outubro de 2002.

Recorde de plantio A marca Challenger, da AGCO Corporation, conquistou na Ucrânia o recorde mundial de plantio de 571,9 hectares em condições comerciais durante 24 horas. O recorde foi para o modelo Challenger MT 865, de 500 HP acoplado com a plantadeira Horsch de 18,35 metros de largura, com cevada e fertilizante em 24 horas. O recorde anterior era de menos de 300 hectares, segundo o Guinness Book. O evento foi monitorado pela Universidade Nacional de Agricultura da Ucrânia e pelo Centro de Testes de Maquinário de Agricultura do Estado da Ucrânia.

Novo diretor Claudio Costa

Expectativa Cláudio Costa, Diretor de Marketing da Valtra do Brasil tem grande expectativa em relação a união da marca com a AGCO, especialmente no que diz respeito à divisão de motores. Além de uma série de outros fatores, o que também ele vislumbra é a montagem de motores da SISU Diesel em produtos de outras marcas.

Ministro A Valtra recebeu em sua unidade fabril a visita do Ministro da Agricultura e Pecuária de Moçambique, Helder dos Santos F. Mutela. Além de ocupar o cargo Ministro da Agricultura e Pecuária de Moçambique, Mutela, também atua como Coordenador de Agricultura da União Africana, que integra 53 países do continente. Durante a visita será assinada uma carta de intenção para formalizar as negociações que já estão decorrendo, com a possibilidade de comercialização de 200 tratores modelo 785 de 80 cavalos, que agrega vários aspectos positivos e vantagens nas aplicações na agricultura de Moçambique.

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Máquinas

Paulo Hermann

Paulo Hermann, atual diretor de Marketing da John Deere para o Brasil assumiu recentemente o cargo de diretor de Marketing para a América do Sul. Ele será responsável pela coordenação das organizações de marketing, vendas e serviços da empresa no Brasil, na Argentina e demais países da América do Sul. O objetivo é intensificar o relacionamento com concessionários e clientes e reforçar a presença da marca John Deere nos países da América do Sul, já que o mercado sul-americano tem grande importância nos projetos da empresa. Paulo Herrmann está na John Deere desde julho de 1999, quando assumiu o cargo de Gerente de Projetos e Marketing.

Convênio O Colégio Cristo Rei de Horizontina firmou convênio com o Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de São Vicente do Sul para implantação de dois cursos técnicos profissionalizantes na escola de Horizontina. O curso técnico agrícola terá ênfase em agricultura, curso que vêm suprir Lorena e Marlene uma carência na região noroeste do estado. A assinatura do convênio foi feita diretoras do Colégio Cristo Rei, Lorena Lazari e Marlene Camera; e dos diretores do CEFET - SVS, Adilson e Alcides Adilson Hanzel e Alcides Macagnan.”

Frota nova A Case IH entregou 51 máquinas para o Grupo Iracema /São Martinho no interior paulista, como parte da renovação. A substituição das máquinas acontece nas duas usinas do Grupo, Iracema, em Iracemópolis, e São Martinho, em Pradópolis, ambas no interior paulista. Além dos tratores, foram entregues duas colhedoras de cana-de-açúcar e 18 veículos de transbordo. Segundo Isomar Matinichen, o Grupo Iracema/ São Martinho é um dos maiores clientes da marca no mundo. Com 100% da colheita mecanizada e uma frota Case IH de 126 máquinas (86 tratores e 40 colhedoras) e 150 transbordos trabalhando nas usinas, o Grupo comemora o índice de 97% da disponibilidade das máquinas, bastante superior a média do setor de 85%.

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Nova grade A Agritech Lavrale Ltda Divisão Lavrale, apresentou uma nova grade adubadeira de simples ação. È recomendada para capina e incorporação de adubo nas culturas em linha, especialmente fumo, milho entre outros. A grade trabalha com 6 discos de 18”, possui dupla saída de adubo podendo ser usada isoladamente ou as duas em conjunto, com capacidade de distribuição de adubo de até 700 kg/ha. Mais informações pelo e-mail lavrale@lavrale.com.br

Errata Erramos na última edição ao anunciar na capa um artigo sobre colhedoras axiais e convencional. Infelizmente, a capa impressa era na verdade um teste. Em breve publicaremos o referido artigo, com informações completas sobre os dois sistemas.

Qualidade A Victor Reinz Mercosul acaba de receber o certificado Q1 (Quality One), da Ford. Para obter a certificação a empresa passou por um rigoroso monitoramento dos sistemas de qualidade em todos os setores da fábrica. O certificado habilita a Victor Reinz Mercosul a fornecer juntas de motores para as fábricas da Ford no mundo. Vicente Motta, gerente-geral da unidade, lembra que o nível de qualidade também permitiu a conquista da ISO/ TS 16949.

Vicente Motta (esq.)

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Pneus

uso correto AGCO

Pressão certa Para calibrar corretamente o pneu do trator não basta levar em conta apenas o peso da máquina; é necessário observar o tipo de implemento acoplado e o terreno onde será usado

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atual nível de competitividade que se estabeleceu na agricultura brasileira, não nos permite mais executarmos tarefas agrícolas de modo empírico, ou seja, aprendi assim, faço como todos fazem, etc. Uma tarefa que exige muito do trator é sem duvida, a preparação do solo. Nesta tarefa você deverá utilizar a potência máxima disponível, do trator, pois o implemento utilizado, subsolador, grade aradora ou arado, consumirá muita potência e em conseqüência combustível e tempo. Hoje ainda encontramos operadores que simplesmente engatam o implemento no trator e começam a operação. Esta com certeza não é a maneira mais adequada. Nossa sugestão, é que esta tarefa seja executada com eficiência tal, que garanta produtividade, economia de combustível, de pneu e de tempo, podendo assim disponibilizar o trator para outras tarefas e assim o custo da produção será reduzido.

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Máquinas

COMO FAZER ESTA TAREFA COM EFICIÊNCIA • Você deve certificar-se de que o implemento a ser utilizado é compatível com o trator. Em caso de dúvida consulte o fabricante do trator e/ou implemento. • O implemento deve estar acoplado e ajustado, de maneira a garantir um serviço uniforme. • Verifique se a pressão de inflação de todos os pneus estão de acordo com o recomendado pelo fabricante, em caso de dúvida consulte o fabricante do pneu ou a ALAPA (Associação Latino Americana de Pneus e Aros). Agora que o trator & implemento estão afinados, vá até a área a ser trabalhada e marque 100 mts linear. Coloque a marcha e RPM adequado ao implemento e marque o tempo que o trator demora para fazer os 100 mts com o implemento levantado. Depois, volte e partindo do mesmo ponto marque quanto tempo o trator demora para fazer os 100 mts, agora com o imple-

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mento abaixado. Digamos que com o implemento levantado, demorou 45 segundos e com o implemento em operação, demorou 54 segundos, isto quer dizer que o trator está com índice de patinagem de 20%, máximo aceitável para pneu diagonal e para o pneu radial o índice máximo de patinagem é 15%. Patinagem abaixo de 5% pode significar que o trator está carregando peso excessivo desnecessariamente. Tão importante quanto às recomendações acima, é a correta pressão de inflação, que com certeza garantirá boa performance do trator em serviço agrícola e ainda prolongará a vida útil do pneu, evitando stress de carcaça, compostos, mantendo o flexionamento projetado para cada tamanho de pneu. Quando a pressão de inflação está abaixo do recomendado, ocorrerá uma deformação do “ FOOTPRINT “ ( pegada do pneu no solo ) evidenciando os ombros do pneu, trincas radiais poderão aparecer nos costados, haverá aumento do flexionamento e isto elevará a temperatura que poderá comprometer a integridade dos compostos.

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“Patinagem abaixo de 5% pode significar que o trator está carregando peso excessivo desnecessariamente”

As barras apresentarão um desgaste rápido e irregular próximo aos ombros, a capacidade de tração ficará reduzida podendo ocorrer “RIM SLIP” ( pneu rodar no aro ) Quando a pressão de inflação está acima da recomendada, ocorrerá uma deformação do “FOOTPRINT” tornando-o oval, evidenciando o centro da rodagem, a capacidade de tração será reduzida, pois somente parte das barras estão em contato com o solo, o desgaste também será rápido e irregular na linha de centro da rodagem e a carcaça ficará mais suscetível à quebra por impacto. Quando a pressão de inflação é a recomendada, o “FOOTPRINT” será retangular e compatível com o desenho da rodagem. A carga estará melhor distribuída, a deflexão será otimizada a tração e as outras funções do pneu serão como as projetadas. A pressão de inflação também está diretamente ligada à compactação do solo, por ex. um pneu 18.4-30 12PR com uma carga de 3.180 kg/pneu inflado a 32 psi estará compactando o solo em 32 psi, se porém, reduzirmos a carga para 2.000 kg e mantivermos os 32psi este continuará sendo o valor da compactação. Compactação do solo é um assunto bastante complexo, está na pauta de todo assunto envolvendo agricultura e sua prevenção demanda um estudo aprofundado da estrutura do solo, porosidade, influência dos equipamentos que transitam na lavoura, etc, este será um capítulo à parte envolvendo especialistas no assunto. No nosso caso vamos tratar do que temos de informação so-

bre pneus Diagonais, Radiais Polegada, Radiais Milimétrico . Recentemente efetuamos testes comparativos, para colhermos dados sobre o desempenho de um trator com a seguinte configuração:

RESULTADO RESUMO COMPARATIVO – RADIAL X DIAGONAL VD= VELOCIDADE DESLOCAMENTO PT= PATINAGEM FT= FORÇA TRAÇÃO CO= CAPACIDADE OPERACIONAL ( EFICIENCIA ) CA= CONSUMO POR AREA

O primeiro quadro refere-se ao obtido durante os testes. No segundo quadro, tendo o pneu diagonal DTII como nível 100, temos o percentual de melhoria nas outras construções, lembrando que o sinal positivo ou nega-

tivo colocado ao lado de cada item refere-se ao desejado naquele item, por ex: PT (patinagem) espera-se o menor índice para se obter o melhor desempenho. CA (consumo por área) quanto menor o consumo de combustível melhor. CO (capacidade operacional – eficiência) quanto maior for a área trabalhada/hora melhor para o desempenho. Como podemos ver no quadro o radial milimétrico tem o melhor desempenho que as outras duas construções. O objetivo é oferecer ao cliente dados que o auxiliarão na melhor opção de pneus agrícolas, já que muitos estão investindo em agricultura de precisão, oferecemos também a melhor tecnologia disponível e com isso M esperamos melhorar o desempenho do equipamento. Wanderley Marroni, Goodyear

ESQUEMA 1

ESQUEMA 2

GOODYEAR

ESQUEMA 3

Marroni explica como proceder para evitar patinagem e compactação do solo

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Máquinas

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Combustíveis JOHN DEERE

consumo

Quanto gasta seu trator O custo de combustíveis e lubrificantes representa 20 a 30% dos custos totais da máquina. Saiba como calcular o consumo do seu trator nas principais operações agrícolas

D

iante de novas técnicas e do rápido avanço tecnológico, as empresas são obrigadas a maximizarem suas potencialidades em busca de um lugar no mercado. No competitivo mercado agrícola não é diferente. O empresário rural, antigamente chamado de colono, tem as variáveis de seu negócio na ponta lápis, ou seria no computador, para que seja possível manter e conquistar espaço em um mercado que se especializa e se profissionaliza em uma escala meteórica. Um fator muito importante para atingir o sucesso esperado, é o controle de todos os fatores vitais da propriedade, entre eles destaca-se o gerenciamento das máquinas agrícolas. No gerenciamento das máquinas agrícolas o controle dos custos com combustíveis e lubrificantes pode ser a diferença entre o lucro ou prejuízo em uma operação de campo. Os custos de combustíveis e lubrificantes são classificados como custos operacionais, uma vez que seu consumo é medido por hora trabalhada, daí provém pouca variação anual do mesmo. O empresário organizado mantém o registro anual dos gastos com combustível e lubrificantes, e compara-os ano a ano para saber se houve variação de consumo muito grande e qual sua causa. Os custos de combustível e lubrificantes geralmente representam 20 a 30 % dos custos totais da máquina, dependendo do tipo de combustível e tempo de uso do tra-

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tor ou colheitadeira durante o ano. O consumo de combustível gasto nas operações agrícolas, está diretamente proporcional à quantidade de energia solicitada pela máquina (KW/h), que serve de parâmetro para medir o trabalho do uma máquina no campo; a tabela 01 mostra a quantidade de energia necessária para algumas operações de campo. O tipo de potência usada para calcular os Kw/h é a potência da Tomada De Potência (TDP). Tabela 01 OPERAÇÃO Pé de Pato Niveladora Grade Rígida Grade Flexível Plantar em linhas Pulverização

Kw/h por hectare 29,5 11 6,3 9,6 12,3 1,8

Diesel 9,99 4,08 2,72 3,63 4,54 0,90

Segundo o engenheiro Paulo Eduardo Richter, coordenador do setor de Verificação e Validação de Produtos da John Deere Brasil, o comparativo de consumo entre tratores sempre foi um assunto polêmico. “A característica de operação, impõe muitas variáveis que podem influenciar no consumo das máquinas, tais como profundidade de operação, estrutura e umidade do terreno, declividade do terreno, condições de manutenção e regulagem dos implementos. Estas variáveis influenciarão o consumo, ainda que outras características, as quais também influenciam no consumo, como

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regulagem da bomba injetora e motor, condições de lastragem, estado dos pneus e nível de combustível estejam compatíveis entre as máquinas que estão submetendo-se ao comparativo. O ideal é sempre fazer-se um comparativo de consumo específico nos motores, em testes de dinamômetros, onde as condições de operação dos motores e condições ambientais podem ser perfeitamente controladas.”

CONSUMO MÉDIO DE COMBUSTÍVEL Para se calcular o custo em combustíveis, deve-se conhecer o consumo médio da máquina. O consumo médio de combustíveis em tratores é calculado, levando em consideração que o trator funciona em média a 55% de sua potência máxima durante o ano, segundo o Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade de Illinois USA, conforme tabela 02. Tabela 02 Relação nível de potência e tempo de funcionamento dos tratores Potência Acima de 80% 60% - 80% 40% - 60% 20% - 40% Menos de 20%

Tempo 16,80% 23,90% 22,60% 17,60% 19,20%

Devido ao fato de que geralmente os tratores funcionam em média a 55% de sua potência máxima, foi desenvolvido o índice Outubro 2003



JOHN DEERE

“Manter a máquina em perfeitas condições de uso e seguir um rígido programa de manutenção e revisão em conjunto com a concessionária, é de extrema importância”

O ideal é realizar os testes com dinamômetros, onde se tem controle total da situação

Em operações como pulverização, por exemplo, a média de gasto de energia é de aproximadamente 1,8 kw/hora, o que significa um consumo de 0,90 litro de combustível

0,243 para calcular o combustível necessário. Por exemplo, um trator com potência máxima de 75 CV (55,2 KW), provavelmente terá um consumo médio de 13,41 litros por hora (55,2 KW x 0,243) em base anual. Evidentemente que esse cálculo dará uma resposta média ao consumo do trator, uma vez que vários fatores influenciam no rendimento do trator; entretanto, esse valor médio dará a resposta mais próxima possível de uma média. De posse do valor do consumo de combustível, fica fácil calcular o custo com combustível, apenas multiplicar o consumo médio de combustível do trator pelo valor do litro de óleo diesel. No exemplo acima, supondo que o preço do litro de óleo diesel custa R$ 1,20, teremos um custo de R$16,09/hora. Um ponto importante, é a estimativa de consumo para as operações de campo. Existem muitos fabricantes que afirmam que seu trator consome “x” litros/hora, quando o correto deveria ser “x” litros/hectare com relação à área trabalhada, para tratores. A justaposição, como foi afirmado, não é o melhor comparativo entre máquinas para analisarmos o consumo, mesmo assim vamos observar o seguinte teste realizado pela Colorado de Ribeirão Preto-SP na Usina no estado de São Paulo: Foram postos lado a lado dois tratores com a mesma potência, porém de marcas diferentes e com o mesmo equipamento. O “trator A” consumiu 15,8 litros/hora, e o “trator B” teve um consumo de 23 litros/hora. À primeira análise tem-se a impressão de que o primeiro trator é mais econômico, o que pode ser verdade; continuando o comparativo dos litros/hectare, temos para o “trator A” 18,1 litros/ha e para o “trator B” 19 litros/ha. Ainda assim notase que o consumo do “trator A” é menor. En-

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tretanto se fizermos a correlação entre esses dados é a área trabalhada por ambos os tratores poderemos nos surpreender. O “trator A” fez 0,87 Ha/hora, enquanto o “trator B” realizou 1,21 Ha/hora, sendo assim, o trator B apesar de ter maior consumo em litros/hora é 39% mais produtivo que o trator A. Após calcular o consumo e o custo de combustíveis nas máquinas agrícolas, é necessário calcular o custo dos lubrificantes nas mesmas. O controle dos lubrificantes e de suma importância para o gerenciamento de máquinas agrícolas, uma vez que com a implantação de novas tecnologias, o uso correto dos lubrificantes também deve ser respeitado para a maximização da vida útil dos componentes da máquina. Com o advento dessa tecnologia, os tratores e colheitadeiras passaram a utilizar uma ampla

gama de lubrificantes (motor, transmissão, hidráulico). Estudos nos Estados Unidos demonstram que os custos com lubrificantes são aproximadamente 15% do custo dos combustíveis. Então uma vez calculado o custo dos combustíveis, se pode calcular o custo dos lubrificantes como sendo 15% desse valor. No exemplo acima, onde o custo de combustível foi de R$16,09/hora, teremos um custo em lubrificantes de R$2,41/hora. Perfazendo o custo total de combustível e lubrificantes em R$18,50/hora. Um trator que funciona mal pode ter até 25% a mais de consumo. Logo, manter a máquina em perfeitas condições de uso e seguir um rígido programa de manutenção e revisão em conjunto com a concessionária, é de extrema importância. Para isso, o produtor rural deve ter conhecimento de algumas particularidades de seus produtos e também dos sistemas de operação e manutenção das mesmas. O ponto mais importante do óleo é a qualidade de ignição, em geral expressa pelo número de cetano. Este é um hidrocarboneto de óti-

Perdas com evaporação em um tanque de armazenamento de gasolina de 1.135,5 litros

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FOTOS JOSE KAMPHORST

O consumo de combustíveis também está diretamente ligado com o modo de operar a máquina

ma qualidade de ignição. Um combustível com número de cetano muito baixo poderá causar inconvenientes, como dificuldades na partida e marcha lenta, vibrações ou batidas no motor. O número de cetano do óleo diesel varia de 40 a 60. Os motores de alta rotação, como os automotivos, necessitam de número de cetano mais elevado do que os motores agrícolas. A viscosidade é outra característica do óleo

diesel. A faixa de viscosidade para o combustível depende do sistema de injeção nos motores diesel. O estabelecimento de um nível mínimo impede vazamentos, enquanto o de um nível máximo previne dificuldades com a bomba, decorrentes do uso de um óleo demasiado viscoso. A viscosidade deve assegurar a perfeita lubrificação dos injetores e da bomba injetora. O óleo diesel contém enxofre, o qual, na presença de água formada na combustão e condensada nas partes mais frias do motor, dá origem ao ácido sulfúrico, produto altamente corrosivo. Esta é uma das razões pelas quais os lubrificantes dos motores diesel contêm aditivos neutralizadores de ácidos. O volume de enxofre contido no combustível é expresso em porcentagem e peso. No Brasil, a porcentagem máxima permitida é de 1%. Água e sedimentos também podem estar presentes no óleo diesel. Entende-se por sedimento toda substância não- solúvel no óleo, excetuando-se a água. Tanto a água como os sedimentos são contaminantes, e devem estar ausentes. A economia de combustível começa, justamente, pelo armazenamento adequado e outras medidas que impeçam qualquer tipo de contaminação. Também é importante o cuida-

do com os filtros de combustível, que devem ser limpos periodicamente ou trocados de acordo com o plano de manutenção do fabricante. Os bicos e a bomba devem estar em perfeitas condições de funcionamento. Em caso de dúvida, leve-os à concessionária. Manter o filtro de ar sempre limpo é muito importante. Somente um filtro em bom estado garante um suprimento adequado de ar para a combustão, permitindo ao motor trabalhar nas condições de melhor desempenho e menor consumo. M

José Sidnei Kamphorst, John Deere

José explica quais os passos necessários para calcular o gasto com combustível


Instrumentação FOTOS RICARDO GARCIA

avaliação de máquinas

Coleta precisa

Programa de computador permite precisão na aquisição automática de dados, que são usadas na avaliação de máquinas agrícolas, descartando erros que antes eram cometidos na coleta convencional

A

aquisição de dados é uma atividade essencial em todo tipo de tecnologia e ciência e seu objetivo é apresentar, ao observador, os valores das variáveis, ou parâmetros, que estão sendo medidos. Uma vez que a tomada de dados é uma das etapas mais tediosas de um ciclo de pesquisa, pode-se automatizar o sistema de aquisição sem comprometer a precisão com as vantagens de reduzir os erros gerados pela transcrição de dados, eliminar as variações induzidas pelo operador nos processos de coleta de dados e aumentar a taxa de leitura de dados. Na agricultura, vários pesquisadores têm trabalhado em diferentes áreas, utilizando algum tipo de sistema de aquisição de dados com a finalidade de monitorar eventos em suas pesquisas. A versatilidade de um sistema de aquisição também se torna importante, permitindo sua adaptação para diferentes pesquisas sem grande elevação de custos. Nos equipamentos que se deseja monitorar, ou controlar, são instalados sensores, que transformam um fenômeno físico em sinais elétricos. Os sinais elétricos produzidos variam de acordo com os parâmetros físicos, que estão sendo monitorados, e devem ser condicionados para fornecer sinais apropriados à placa de aquisição de dados. Os

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Máquinas

acessórios de condicionamento de sinais amplificam, isolam, filtram e excitam sinais para que estes sejam apropriados às placas de aquisição. Uma vez condicionados e trabalhados na forma desejada, os sinais podem ser lidos em computadores, com placas específicas instaladas, e armazenados em diferentes formas, como arquivos de texto.

EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS A configuração, controle e monitoramento da aquisição de dados podem ser realizados com o auxílio de programas de computador específicos, como o LabVIEW (Laboratory Virtual Instrument Engineering Workbench) e equi-

pamentos da National Instruments, que trabalham dentro do conceito de instrumento virtual (VI). A instrumentação virtual tem como objetivo usar um computador comum para criar um aplicativo simulando instrumentos reais com controles e ambiente personalizados, mas com a versatilidade que acompanha o programa de aquisição. O LabVIEW é um ambiente de desenvolvimento de aplicativos, ou instrumentos virtuais, baseado em programação gráfica. Utiliza terminologia, ícones e idéias familiares a técnicos, cientistas e engenheiros, e é baseado em símbolos gráficos ao invés de linguagem de texto para descrever ações de programação. Sua grande vantagem é que o usuário não necessita conhecer profundamente lin-

O condicionamento de sinais é uma importante fase do sistema de aquisição de dados. Na seqüência: fenômeno físico, sensores, condicionamento de sinais, placa de aquisição de dados, computador

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“Os acessórios de condicionamento de sinais amplificam, isolam, filtram e excitam sinais para que estes sejam apropriados às placas de aquisição”

Esquema de ligação dos componentes do sistema de aquisição de dados: 1 – Computador portátil; 2 – Cartão de aquisição de dados tipo PCMCIA; 3 e 4 – Cabos; 5 – Chassi; 6 – Módulo de terminais; 7 – Módulo condicionador de sinais; 8 – Célula de carga; 9 – Torquímetro; 10 – Sensor tipo indutivo; 11 – Sensor de velocidade

de carga modelo LCCA 10K da Omega, com capacidade de 45 kN; torquímetro modelo TQ501-10K da Omega, com capacidade de 1130 mN e 6000 rpm; sensor tipo indutivo modelo PS5-18GI50-E da Sense; e sensor de velocidade modelo RVSII da Dickey-John. Foi utilizado, ainda, um computador portátil Compaq Presario para aquisição, processamento e armazenamento de dados.

OS SENSORES Tela de apresentação do aplicativo AvaliaMA

guagens ou técnicas de programação para criar um instrumento virtual, ou aplicativo, que é baseado no conceito de fluxo de dados.

A célula de carga converte uma força, agindo sobre ela, em um sinal elétrico analógico através da deformação física de medidores de deformação, que são colados no bloco da célula de carga e são ligados em forma de ponte de Wheatstone. Uma carga aplicada na célula, em compressão ou tensão, produz

uma deflexão no bloco, que transmite deformação aos medidores. A deformação produz uma alteração na resistência elétrica proporcional à carga. Normalmente, uma voltagem de excitação é requerida na entrada e a saída pode ser lida em milivoltagem. O torquímetro é constituído por um dispositivo de anel deslizante integral que é utilizado para transferir sinais elétricos da parte eletrônica rotativa para a parte eletrônica estacionária. O anel deslizante consiste de escovas de grafite que se encostam ao anel de rotação, fornecendo um percurso elétrico para a excitação de entrada e para a voltagem do sinal de saída de medidores de deformação ligados em forma de ponte de Wheatstone. O sensor tipo indutivo é um equipamento eletrônico capaz de detectar a aproximação de peças metálicas, componentes, elementos de máquinas, etc. A detecção ocorre sem que haja contato físico entre o sensor e o acionador, aumentando a vida útil do sensor por não possuir peças móveis sujeitas a desgastes mecânicos. Tem como princípio de funcionamento a geração de um campo eletromagnético de alta freqüência, desenvolvido por uma bobina ressonante instalada na face sensora. A bobina faz parte de um circuito oscilador, gerando um sinal senoidal em condição normal e, quando esta é acionada com a proximidade de um metal, a energia do campo é absorvida pelo metal, diminuindo a amplitude do sinal gerado no oscilador. Esta variação é convertida em uma variação contínua que, comparada com um valor padrão, passa a atuar no estágio de saída para leitura. O radar é utilizado para medir a velocidade de deslocamento de um objeto, ou veículo, no qual foi instalado. Possui circuitos eletrônicos que emitem um sinal Doppler, em determinada freqüência, em direção ao solo. O sinal atinge um obstáculo e uma freqüência retorna a um circuito detector. Um mi-

DESCRIÇÃO DO TRABALHO Nesse sentido, foi realizado um trabalho para desenvolver um programa de computador para aquisição automática de dados a ser utilizado na avaliação de máquinas agrícolas, utilizando programas e equipamentos da National Instruments, buscando a coleta de dados de uma forma eficiente e reduzindo os erros tradicionais gerados pela coleta de dados convencional. Este trabalho foi realizado no Departamento de Engenharia Agrícola, na Universidade Federal de Viçosa. Esta etapa constou de instalação e configuração de sensores, de componentes e do programa LabVIEW versão 6i, da National Instruments. A operação de aquisição automática de dados envolveu os seguintes sensores: célula Outubro 2003

Detalhe de instalação da célula de carga montada na barra de tração do trator

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“O sistema de aquisição automática de dados, depois de implementado, foi testado preliminarmente com a finalidade de verificar a precisão dos dados provenientes dos sensores e calibrá-los”

FOTOS RICARDO GARCIA

MONTAGEM DOS SENSORES

Detalhe de instalação do sensor de velocidade montado na lateral do trator

croprocessador mede o período de cada ciclo detectado, processando-o e gerando uma freqüência de saída correspondente a um número de pulsos por espaço percorrido.

APLICATIVO PARA AQUISIÇÃO DE DADOS Utilizando o programa LabVIEW 6i, desenvolveu-se um VI, ou aplicativo, denominado AvaliaMA, para aquisição automática de dados para coletar, processar e armazenar dados provenientes dos sensores instalados numa máquina agrícola, e no caso deste trabalho, uma colhedora de feijão. O aplicativo apresenta ao usuário os dados, enquanto lidos, em tela, na forma gráfica e numérica em tempo real. Tem a função de criar e abrir um arquivo para armazenagem dos dados, adquirir dados provenientes de sensores a uma taxa e freqüência de leitura definida, realizar operações aritméticas com os valores lidos e armazenar os dados em arquivo de texto. O aplicativo desenvolvido inicia e continua a leitura, enquanto não ocorre erro interno do sistema de aquisição automática de dados, ou interrupção induzida pelo usuário. O sistema de aquisição automática de dados, depois de implementado, foi testado preli-

minarmente com a finalidade de verificar a precisão dos dados provenientes dos sensores e calibrá-los. As equações de calibração de cada sensor foram utilizadas na programação do aplicativo desenvolvido para efeito de correção dos dados obtidos pelo aplicativo. Em seguida, o sistema de aquisição automática de dados foi testado, em condições dinâmicas, comparando-se dados obtidos pelo aplicativo desenvolvido com dados lidos por outro sistema de leitura, conectado aos mesmos sensores. Após os ensaios preliminares, o sistema de aquisição automática de dados foi montado em uma máquina colhedora de feijão, tracionada por um trator, a fim de avaliar seu desempenho durante a operação de colheita de feijão. A operação de colheita foi realizada na Área Experimental da Epamig e no Laboratório de Automação Agropecuária da Embrapa Milho e Sorgo em Sete Lagoas, MG. O feijão da variedade Pérola foi utilizado nos ensaios de campo, sendo semeadas 12 a 13 sementes por metro linear em espaçamento de 0,5 m entre linhas. O trator utilizado no ensaio de campo foi o modelo Massey Ferguson 620 4x2 com tração dianteira auxiliar, enquanto a colhedora de feijão utilizada foi a Colombo Double Master.

A célula de carga foi montada na barra de tração do trator, num dispositivo construído de modo a eliminar forças laterais. O torquímetro foi montado entre a árvore secundária de acionamento da colhedora e a árvore do cilindro trilhador da colhedora de feijão. O sensor indutivo foi montado na árvore de acionamento primária da colhedora de feijão. Nesta árvore, foi instalada uma peça metálica responsável por gerar os pulsos lidos pelo sensor. O sensor de velocidade foi montado na lateral do trator, na estrutura da escada do operador. Os dados de força de tração requerida pela barra de tração, torque requerido e rotação da TDP, e velocidade de deslocamento da máquina colhedora de feijão foram coletados, em tempo real, pelos sensores célula de carga, torquímetro, sensor indutivo e sensor de velocidade, respectivamente. O conjunto trator-colhedora de feijão foi ensaiado sob diferentes condições de operação, usando-se as velocidades de deslocamento de 4, 7 e 10 km/h, número de leiras de feijão colhido de 4, 7 e 10 leiras, e rotação da TDP de 420 e 540 rpm. A potência requerida na barra de tração foi calculada a partir dos dados coletados de força de tração requerida na barra de tração e velocidade de deslocamento. A potência requerida na TDP foi calculada, a partir dos dados coletados de torque requerido e a rotação da TDP.

CONCLUSÃO Observou-se, durante ensaios, facilidade de operação do sistema e do aplicativo AvaliaMA, permitindo rapidez e eficiência na operação de aquisição de dados e buscando eliminar os erros tradicionais gerados pela coleta de dados convencional, como anotações incorretas em planilhas e perda de dados. Foi observada ainda a capacidade de combinar o sistema implementado para atender a demandas de diversas pesquisas, podendo ser utilizado em diferentes M tipos de máquinas agrícolas. Ricardo Ferreira Garcia, Univ. Estadual do Norte Fluminense

Detalhe de instalação do torquímetro montado entre a árvore secundária (esq.) e instalação do sensor auditivo montado na árvore de acionamento primário da colhedora de feijão (dir.)

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Variação do torque requerido na TDP em função do tempo, durante ensaio com tratamento de 10 linhas na leira, a 10 km/h e rotação da TDP de 540 rpm

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Lançamento FOTOS AGRALE

caminhões

Novos na estrada A Agrale acaba de lançar sua linha 2004 de caminhões, com destaque para o Agrale 9200, a maior capacidade de carga do segmento. Remodelou os veículos 6000, 75000 e 8500 que receberam cabine redesenhada, mais moderna, com nova configuração interna

O

novo lançamento da Agrale, o caminhão 9200 é o único em sua categoria com cabine estendida e carroceria mais longa, com 6,27 metros. Possui sinalizadores de direção integrados ao conjunto ótico, faróis principais com lentes lisas em policarbonato e faróis auxiliares normais de série. O veículo oferece volante com função de “prancheta”, para preenchimento de documentos, console central, entre os bancos dianteiros, com porta-copo e porta-objetos e espaço para a utilização de computadores portáteis e equipamentos para emissão de notas fiscais e pedidos. O maior espaço interno permite diferentes configurações, para duas ou três pessoas. O console superior, dos dois lados do veículo, possibilita que o motorista e o ajudante mantenham sempre à mão objetos importantes para o trabalho. A cama reversível, que pode ser usada sem interferência com o banco do condutor ou com alavanca de câmbio, permite que motoristas se revezem na condução do veículo. O Agrale 9200 possui ainda bagageiro entre e atrás dos bancos, rede porta-objetos e cabide, porta-garrafa (na lateral das portas) e tomada extra de 12 volts no console do painel. O volante escamoteável e as regulagens do assento e encosto do banco do motorista garantem maior conforto. O caminhão possui também tampa fron-

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tal de fácil acesso, permitindo que as manutenções de rotina sejam feitas sem a necessidade de basculamento da cabine, tornando mais confortáveis as tarefas de troca de fluidos de freio e direção, reposição de água e manutenção do sistema de freios e ventilação. A central elétrica possui sistema modular com as orientações sobre as funções dos fusíveis e dos relês impressas na placa e proteção no caso de inversão da polaridade dos cabos. O motor é turbodiesel MWM Série 10 com potência 145 cv a 2.600 rpm e 50Nm de torque a 1.500 rpm.

LINHA RENOVADA Os modelos 6000, 7500 e 8500 receberam cabine com novo design, oferecendo maior conforto e facilidade para os usuários. Externamente, os veículos ganharam novo conjunto ótico, com faróis arredondados, pára-choques com estrutura reforçada e posição avançada conferindo mais segurança e maiores ângulos de ataque e área de absorção de ar para refrigeração do motor. A linha de caminhões é composta também pelos modelos 6000 VUC, 6000 rodado simples, 6000 rodado duplo e 6000 cabine dupla. Disponíveis com rodado traseiro simples ou duplo possuem três medidas de distância entre os eixos, 2,92m, 3,35m e 3,90m e 5.900 Kg rodado duplo. Os modelos 6000 são equi-

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pados com motor MWM turbodiesel com aftercooler de 131 cv de potência a 2.600 rpm.

CABINE DUPLA O Agrale 6000 Cabine Dupla, único cabine dupla de fábrica, possui as mesmas especificações técnicas do modelo 6000. Foi desenvolvido especialmente para os setores que precisam deslocar equipamentos de trabalho juntamente com cargas. Os modelos 7500 e 8500 são equipados com freios de acionamento totalmente a ar, cabine basculante e capacidade de carga entre 4.380 Kg e 5.250 Kg. Com motores MWM turbo de 135 cv de potência e de 145 cv turbo aftercooler, possuem ainda componentes com tradição internacional, como os eixos de tração Dana, caixas de M Eaton e sistemas de direção ZF.

Visão interna da cabine; mais ampla e melhor aproveitamento do espaço

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Lançamento FOTOS JOHN DEERE

colhedora

Versão para arroz A nova versão da colhedora 1450 da John Deere possui tração auxiliar traseira, projetada especialmente para o uso em lavouras de arroz irrigado

U

m dos maiores problemas na colheita do arroz inundado é justamente o tráfego das colhedoras na lavoura. Com o terreno geralmente molhado e pesado, a operação fica prejudicada e, não raras as vezes, as máquinas atolam atrasando a colheita. A John Deere, atendendo à solicitação dos produtores de arroz irrigado ,lançou a colheitadeira 1450 na versão arrozeira, equipada com tração traseira hidráulica. Até agora limitados à utilização de conjuntos de esteiras, os produtores passam a contar também com a tração traseira hidráulica, como uma nova opção para o incremento de tração necessária na colheita nestes casso. O sistema de tração traseira desenvolvido pela empresa é composto por dois motores hidrostáticos, mangueiras e demais componentes hidráulicos. O sistema é acionado através de um interruptor na cabine, que possui três posições: desligado, ligado em alta e ligado em baixa. Dependendo da necessidade, com o interruptor ligado em alta, o operador poderá selecionar a posição de baixa para aumentar o torque nas rodas tra-

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seiras e assim sair de alguma situação limitadora da tração. Com exceção da tração auxiliar traseira, a colhedora mantém as demais configurações da 1450, com motor John Deere turbinado, de 180 cv; transmissão dianteira hidrostática com caixa de câmbio de 03 marchas; tração traseira hidrostática, com acionamento elétrico a partir da cabine. A unidade de trilha é acionada por variador hidráulico PosiTorq® com ajustes elé-

O eixo traseiro possui três ajustes de largura e dois de altura

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tricos da rotação do cilindro e abertura do côncavo acionados e monitorados à partir da cabine. A unidade de separação possui cinco saca-palhas longos de cinco degraus e 5,61 m² de área total, especiais para arroz. Já a unidade de limpeza possui exclusivo sistema de peneiras com movimentos em sentidos opostos e auto-limpantes, com 4,60m² de área total e ventilador duplo com ajuste de velocidade elétrico a partir da cabineTanque graneleiro com 5500 litros de capacidade. Possui plataformas de corte de 14, 16 e 19 pés, com controle automático de velocidade do molinete, avanço e recuo hidráulico do molinete e inclinação lateral MASTER (opcional). A cabine de operação também segue o padrão das colhedoras 1450, com ar condicionado, comandos e controles com acionamento elétrico ergonomicamente localizados, assento auxiliar e monitoramento de perdas. A melhor cabine da categoria. A versão arrozeira dispõe também de diversos itens opcionais, como assento do operador com suspensão pneumática, reversor do alimentador do cilindro e caixa de ferramentas.

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Trator

U

m trator moderno, potente, versátil e com a dose exata de tecnologia necessária às suas principais aplicações. Não se pode saber, sem ser participante das equipes, quais as prioridades dos projetistas, ou quais as aplicações que foram visadas com cada um dos projetos das indústrias. No entanto, o que se pôde ver nesta avaliação é que o modelo de trator foi muito bem selecionado pela John Deere Brasil para atuar num segmento de mercado que envolve agricultores tecnificados, que buscam rentabilidade e eficiência. Neste grupo estão os produtores que utilizam a técnica do plantio direto, como o Sr. Juarez Michelini de Colorado-RS, na região de Carazinho, que recepcionou a equipe de Cultivar Máquinas e cedeu seu trator com cerca de 100 horas de trabalho.

FOTOS ROCHELI WACHHOLZ

teste

Tecnologia dose certa

MOTOR ELÁSTICO O trator modelo 7505 é equipado com um motor JD modelo 6068T, série 350 de 6 cilindros em linha, cilindrada de 6,8 litros. A sobre-alimentação (turbo) assegura potência adicional e menor consumo de combustível. A rotação de trabalho é de 2100 rpm, mas o motor fornece potência constante desde os 1800 rpm, ou seja, pode-se conseguir um ótimo desempenho sem acelerar “fundo” o que favorece a economia de combustível. O torque máximo de 605 Nm (61,5 m.kgf) ocorre na rotação de 1400 rpm, possibilitando a elasticidade mencionada no subtítulo. Uma reserva de torque de 31 % reforça esta afirmativa. A potência máxima desenvolvida na rotação nominal, medida pelos padrões ABNT (Norma NBR 5484) é de 103 kW (140 CV) que se convertem em 88 kW (119 CV) na Tomada de Potência. Embora sem realizar um ensaio de pista, usando coeficientes universalmente aceitos podemos estimar uma potência efetiva na Barra de Tração de Transmissão PowrQuad® 16 marchas à frente e 16 à ré Frente 2,7 3,2 3,9 4,6 5,6 6,7 8,1 9,9 8,9 10,8 12,9 15,8 18,5 22,3 26,7 32,7

A1 A2 A3 A4 B1 B2 B3 B4 C1 C2 C3 C4 D1 D2 D3 D4 Pneu 24.5-32R1 ou 18.4-38R1 Motor a 2100 rpm

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Ré -3,1 -3,8 -4,5 -5,5 -6,8 -7,9 -9,6 -11,7 -10,6 -12,7 -15,2 -18,6 -21,7 -26,2 -31,3 -38,4

Potência, versatilidade e modernidade são as características que mais se destacam no trator John Deere 7505 testado pela equipe da Revista Cultivar Máquinas 76 kW (102,5 CV) em condições de pista de ensaio, ou de 65 kW (88 CV) em condições reais de campo.

TRANSMISSÃO É CONFORTO O conforto que se sente ao operar a transmissão começa na embreagem: hidráulica, auto-ajustável, multidiscos com cinco discos de 228 mm de diâmetro, arrefecida a óleo. Motor Marca/Modelo John Deere/6068T Série 350 Potência do Motor na Rotação Nominal( 1) - kW(cv) 103 (140) Potência da TDP na Rotação Nominal do Motor - kW(cv) 88 (119) Rotação de Potência Máximo - rpm 2100 1 Torque Máximo( ) - Nm (kgf.m) 605 (61,5) Rotação de Torque Máximo - rpm 1400 Reserva de Torque - % 31 Faixa de Rotação com Potência Constante - rpm 1800-2100 Número de Cilindros 6 Cilindrada - Litros 6,8 Aspiração Turboalimentado (1) Conforme Norma NBR 5484

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No entanto nem sempre o operador necessita do uso da embreagem, pois quatro marchas são servo-assistidas (multidiscos de acionamento hidráulico) e podem ser trocadas só com um toque na alavanca, sem uso de embreagem. Um grupo mecânico de quatro velocidades, sincronizadas, completa o conjunto de 16 velocidades à frente ou à ré. Interessante detalhe: as velocidades à ré são cerca de 15 % mais rápidas que à frente, na mesma marcha. Esta característica favorece as manobras de cabeceira. O arranjo das marchas oferece 8 velocidades nas faixas mais usuais (de 4 a 12 km/h). A gama baixa poderia ser um pouco mais lenta, pois em primeira velocidade alcança-se 2,7 km/h com o motor completamente acelerado. No outro extremo da gama o trator atinge 32,7 km/h, que lhe dá boas condições de deslocamento em rodovias.

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“Um grupo mecânico de quatro velocidades, sincronizadas, completa o conjunto de 16 velocidades à frente ou à ré”

na Controle de comando hidráulico acoplado ao pára-lama traseiro: fácil acesso

SISTEMA HIDRÁULICO A montagem padrão do sistema hidráulico é com bomba de engrenagens que fornece uma vazão máxima de 66 litros por minuto. Opcionalmente pode-se ter uma bomba de pistões axiais com compensação de pressão e vazão, chegando a 100 l/min e 190 bar de pressão máxima. Duas válvulas de controle remoto (ou três opcionalmente) fornecem vazão de 60 l/min (ou 96 com a bomba opcional de pistões).

ENGATES Os acoplamentos seguem as normas ABNT e internacionais, Categoria II. A barra de tração pode ser usada fixa, ou oscilante. O Sistema Hidráulico de Levantamento em 3 pontos, com pistões externos de levantamento, tem capacidade de 4850 kgf na rótula de engate ou de 2950 kgf a 650 mm do engate, de acordo com a Norma NBR 13145. O controle é feito eletronicamente por sensores posicionados nos braços infe-

O diferencial possui bloqueio com confortável acionamento eletro-hidráulico. As reduções finais, posicionadas logo à saída do diferencial, são do tipo epicíclico (planetárias). A tração dianteira possui diferencial autoblocante e acionamento eletro-hidráulico, com um simples toque de botão no console se consegue este recurso adicional, montagem padrão deste trator. Não existe 7505 4X2.

FREIOS Para “segurar” uma massa de no mínimo 5970 kgf (8000 kg no máximo, com lastragem completa) é necessário ter bons freios. E isto o 7505 tem: freios independentes a disco, em banho de óleo, auto-ajustáveis e de acionamento hidráulico. Portanto, eficácia e pouco esforço para o operador.

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Comandos localizados na lateral do banco do operador: conforto e operação simplificada

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Sistema hidráulico com bomba de engrenagem, vazão de 66 litros por minuto e 190 bar de pressão máxima

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“No eixo traseiro existe um sistema que é clássico da John Deere: cremalheira na semi-árvore final e movimentação da roda por um pinhão”

No eixo dianteiro a mudança das bitolas é feita pelo sistema de trocas de posição entre o aro e o disco da roda, com castanhas. No eixo traseiro existe um sistema que é clássico da John Deere: cremalheira na semi-árvore final e movimentação da roda por um pinhão. O sistema facilita a montagem de rodagem dupla, opção para conscientes produtores que desejam diminuir a pressão sobre o solo ou incrementar o potencial de tração em solos argilosos.

MANOBRAS Bitolas traseiras podem variar de 1579 a 2727

riores. A Tomada de Potência independente opera com acionamento eletro-hidráulico e oferece 540 ou 1000 rpm na rotação do motor de 2000 rpm. A troca de rotação é obtida através de engenhoso sistema que inversão da posição da própria árvore da tomada, expondo o acoplamento devido (6 ou 21 estrias).

BITOLAS As bitolas dianteiras podem ser variadas de 1598 a 2098 mm, e as traseiras de 1579 a 2727 se o trator for sem cabine e de 1637 a 2727 se estiver equipado com cabi-

trator. A começar pelo acesso que é fácil e amplo. O degrau da escada poderia ser um pouco mais baixo, porém é largo e anti-derrapante. A estrutura é de proteção anticapotamento, e a sensação de segurança é complementada pelo cinto de segurança pélvico. FOTOS CHARLES ECHER

ne.

A direção hidráulica é acionada por um sistema sensível à carga (“load sensing”) o que lhe assegura prioridade de funcionamento frente ao restante do sistema hidráulico, através de uma válvula de vazão prioritária. Com distância entre-eixos de 2650 mm e bom angulo de esterçamento das rodas (52º ) aliado a um ângulo de caster de 12º consegue-se surpreendentes manobras do trator. Apesar do comprimento total de quase 5 metros quando equipado com lastros frontais, pode-se realizar manobras com raios de giro livre ao redor de 5.500 mm, ou 4.500 mm com os freios acionados.

CABINE: ERGONÔMICA E SEM RUÍDO A cabine é um “mundo” à parte neste

Rodados 18.4-26 R1 e 24.5-32 R1 16.9-26 R1 e 18.4-38 R1 (rodado duplo) 16.9-26 R1 e 18.4-38 R1 16.9-26 R1 e 24.5-32 R1 14.9-28 R2 e 23.1-30 R2 18.4-26 R1 e 20.8-38 R1 16.9R26 R1 e 18.4R38 R1 (rodado duplo) 12.4-36 R1 e 320/90R50 R1 12.4-36 R1 e 320/90R50 R1 (rodado duplo) 18.4R26 R1 e 650/75R32 R1 16.9-24 R4 e 18.4-34 R4

Opção 01 (Standard) Opção 02 Opção 03 Opção 04 Opção 05 Opção 06 Opção 07 Opção 08 Opção 09 Opção 10 Opção 11

Capacidades (litros): Tanque de Combustível Sistema de Arrefecimento Cárter do Motor (com filtro) Transmissão/Hidráulico Eixo Dianteiro (carcaça do diferencial e cubos)

307 19 19 64 8,2

Pesos e Dimensões(2): Peso sem lastro - Kg Peso máximo com lastro - kg Distância entre eixos - mm Comprimento total (c/ pesos frontais) - mm Altura máxima - mm Bitolas dianteiras (mín-máx) - mm Bitolas traseiras (mín-máx) - mm

5290 (s/cabine) 5470 (c/cabine) 8000 2650 4969 2844 1598-2098 1579-2727 (s/cabine) 1637-2727 (c/cabine)

(2) Medidas especificadas com pneus conforme opção 01

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Acesso à cabine fácil, porém alto demais

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O painel é analógico, de fácil e imediata interpretação. Os comandos estão ergonômicamte dispostos, em sua maioria no console de operação à direita do operador. O esforço para acionamento e a dimensão dos comandos é ajustado à ação que se quer comandar. O sistema de iluminação é completo,

adequado inclusive ao trânsito em rodovias, com luzes indicadores de direção. O ruído é surpreendentemente baixo no momento em que se fecha a porta da cabine. Nem o eficiente sistema de ar condicionado consegue perturbar com seu ruído. O assento ajustável e a ergonomia aplicada em todos os comandos completam o conforto, permitindo trabalho sem cansaço por longas horas.

OUTROS ASPECTOS NOTÁVEIS Seguindo uma tendência moderna, retomada na década passada na Europa, a estrutura do 7505 é feita por um chassi externo, de chapa de aço fruto de uma construção modular, que garante robustez ao conjunto, durabilidade dos componentes estruturais, flexibilidade e facilidade de acoplamento de equipamentos como pás-carregadeiras, capinadeiras, etc. A manutenção é facilitada pela abertura das laterais e da parte dianteira da lataria, permitindo o acesso aos componentes como filtros, correias, tubulações, etc.

Visão interna da cabine: ampla, com boa visibilidade

CONCLUINDO Uma máquina moderna, forte, confortável e confiável. Agilidade no serviço, eficiência operacional, que mais se pode esperar de um trator com a dose exata (gerenciável) de tecnologia embarcada? Se o leitor não estiver de acordo com o preço, bem, recomendamos pensar em custos operacionais e não no preço iniciM al puro e simples. Bons negócios!

Como item opcional, o radar e visor para monitoramento

A manutenção é facilitada pela abertura lateral do motor

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Camionetas FOTOS JOÃO ROBERTO GAIOTTO

condução

Terreno inclinado Como agir quando o terreno que veêm pela frente tem uma forte inclinação lateral, em uma trilha ainda desconhecida

A

capacidade de vencer fortes inclinações laterais é uma das características mais importantes em um utilitário fora de estrada. A abordagem errada de um trecho muito inclinado, poderá causar o tombamento do veículo. Isto porque a maioria dos utilitários possuem o Centro de Gravidade, ou Baricentro, mais alto que os carros de passeio. Se não houver outra alternativa a não ser cruzar o trecho inclinado, faça uma inspeção a pé e observe com atenção duas possíveis situações: na primeira veja se na parte de cima existe algum objeto ou elevação maior do que o limite que seu veículo pode enfrentar, caso afirmativo, ele terá uma inclinação acima do tolerável neste ponto, podendo tombar para o lado; na segunda situação inspecione a parte debaixo, que poderá esconder um buraco ou valeta mais funda, fazendo novamente o veículo ficar em situação crítica. Se sentir dificuldades, cave uma canaleta no lado de cima, por onde os

Uma vez iniciado o deslocamento, não pare até sentir que existe terreno firme para retomar o equilíbrio e parar com segurança

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“Nunca permita que alguém se posicione do lado de baixo, pois se o veículo tombar poderá causar uma tragédia”

pneus terão mais apoio para vencer a inclinação. Entre na inclinação com 4x4, reduzida e blocante de diferencial central acionado. Se tiver blocante nos diferenciais acione somente o traseiro, pois se bloquear o dianteiro terá dificuldade para esterçar o volante quando precisar. Uma vez iniciado o deslocamento, não pare até sentir que existe terreno firme para retomar o equilíbrio e parar com segurança. Ter a sensação de que se está tombando de lado, na maioria das vezes, pode significar apenas a suspensão se acomodando. Caso sinta que o veículo vai tombar, esterce rapidamente o volante para que os pneus fiquem no sentido da descida e acelere com determinação. Dependendo da intensidade da inclinação, ele não vira e tem o seu rumo corrigido, mas se realmente virar, ele o fará devagar dificilmente tombando com violência. Com um pouco de trabalho você o coloca em pé novamente. Para se evitar problemas como esse, certifique-se, também, de que a carga transportada está firmemente armazenada no interior do veículo ou na carroceria de uma

No centro, “inclinômetro” acessório que mostra as inclinações do terreno em aclives, declives e inclinações laterais

pick-up. Ao entrar no trecho inclinado, a carga solta irá deslizar para a parte de baixo desequilibrando perigosamente o veículo. Se outras pessoas estiverem por perto, oriente para que se coloquem em cima do bagageiro, no lado do veículo que estiver para cima, provocando o retorno e a manutenção do equilíbrio. Nunca permita que alguém se

O centro de gravidade ou barricentro de utilitários fora de estado geralmente é mais alto do que os carros de passeio

posicione do lado de baixo, pois se o veículo tombar poderá causar uma tragédia. O Baricentro de um veículo, seja 4x4 ou não, irá variar para pior toda vez que se fizerem alterações em sua estrutura, como aumentar o curso da suspensão, trocar os pneus originais por pneus mais altos ou instalar o bagageiro colocando peso excessivo na parte mais elevada. Se precisar fazer isso, aprenda as novas reações do veículo e saiba que o comportamento vai mudar muito. Os bagageiros devem transportar apenas cargas volumosas e de pouco peso. Você pode instalar no painel do seu 4x4 um acessório conhecido como ‘inclinômetro’, que mostra as inclinações do terreno em aclives, declives e inclinações laterais. Existem modelos avulsos vendidos no mercado especializado, e em alguns veículos o equipamento vem montado no painel, como a Mitsubishi Pajero e a pick-up L-200. M João Roberto de C. Gaiotto, Goodyear


Empresa FOTOS ARNO DALLMEYER

Valtra

Em uma grande festa, a Valtra entrega o trator 500 mil e apresenta as ampliações da matriz na Finlândia

Um marco histórico O

tímido produtor francês Bruno Renckert acionou orgulhoso seu trator Valtra T190 vermelho no final da linha de montagem na fábrica em Suolahti, no interior da Finlândia, ao lado de seu sócio Gilles Quetu. Foi no dia 15 de setembro em cerimônia que

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contou com a participação do Ministro da Indústria e Comércio, além de toda a Diretoria da Valtra das fábricas finlandesa e brasileira. Para a comemoração foram convidados distribuidores da marca do mundo inteiro, fornecedores, personalidades esportivas finlandesas e jornalistas europeus.

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Bruno Renckert, seu sócio Gilles Quetu e o trator nº 500 mil da Valtra

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“A Valtra já fabricou, portanto, 500 mil tratores ao longo de sua história, e estima que mais de 300 mil deles ainda estejam em uso”

Cultivar Máquinas foi o único órgão de comunicação brasileiro presente ao evento. Os produtores franceses uniram suas propriedades há alguns anos e juntos cultivam trigo, colza, pastagens e plantas para indústria de cosméticos em 260 hectares e já têm outro trator da marca em uso. A Valtra, que até meados da década passada atendia pelo nome de Valmet, iniciou a fabricação de tratores em Tourula, na região central da Finlândia, em 1952. Em 1960 aderiu ao Plano Nacional da Industria de Tratores e iniciou a produção no Brasil, produzindo 32 unidades ainda naquele ano em Mogi das Cruzes-SP, onde se encontra até hoje. Na Finlândia a fábrica, então estatal, foi transferida para Suolahti em 1969, cerca de 45 km ao norte de Tourula em instalações mais amplas onde monta ao redor de 10.000 tratores por ano, número similar à capacidade da fábrica brasileira. Em outro local, Linnavuori, está a fábrica de motores atualmente denominados Sisu Diesel com capacidades próximas de 30.000 unidades por ano. Por ocasião da cerimônia de fabricação do trator no 500.000 foi apresentada a ampliação da linha de montagem. A linha anteriormente tinha 183 metros de comprimento, e foi acrescida em 57 metros totalizando 5.000 m2. A área total da fábrica passou para mais de 4 hectares. Os investimentos da ampliação foram da ordem de 11,5 milhões de Euros, possibilitando a fabricação de 12.000 tratores/ ano. A Valtra já fabricou, portanto, 500 mil tratores ao longo de sua história, e estima que mais de 300 mil deles ainda estejam em uso. Estes números são a comprovação do conceito de durabilidade e confiabilidade que a marca possui. Inovadora em vários aspectos de tecnologia de tratores e motores, a empresa implantou no iníco da década de 1990 a fabricação de tratores por encomenda, onde o cliente pode especificar a máquina de acordo com suas necessidades, inclusive a cor, de uma paleta de 12 cores, sendo 6 de pintura metálica. Apesar da ampla gama de opções, a mais escolhida pelos produtores é o vermelho, cor original da marca na Finlândia, diferentemente do Brasil, onde predomina o amarelo. A empresa, líder de mercado no norte da Europa e segunda na América Latina está com sua participação crescendo rapidamente na América do Norte, Austrália e Europa Central, assegura que não teremos que esperar outros 52 anos para comemoM rar o milionésimo trator.

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Jouko Tommila, diretor presidente da Valtra do Brasil; Arno Dallmeyer; Ikka Hakala, presidente (CEO) Valtra Corp.; Arto Tiitinen, diretor de marketing Valtra Corp.

Entre as personalidades presentes na cerimônia, esteve o campeão mundial de rally (WRC), patrocinado pela Valtra, Tommi Mäkinen (esq.)

Johanna Herlevi, campeã européia de tractor pulling 2003 pela equipe Valtra Shell

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Pivô central ROCHELI WACHHOLZ

manutenção

Vida longa Durabilidade do pivô central e rentabilidade na lavoura estão intimamente relacionadas com boa manutenção, assistência técnica e peças de qualidade

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ários aspectos são fundamentais para quem quer irrigar. A avalia ção da viabilidade de implantação do equipamento, a aquisição de um pivô confiável e de boa qualidade, os custos e o retorno que o investimento trará para a propriedade e, não poderia ficar de fora, a manutenção e os cuidados que devem ser dispensados ao equipamento, uma vez que este esteja instalado na propriedade. Uma boa assistência técnica e uma revenda sempre pronta para atender os seus clientes é fundamental para evitar perdas na lavoura. Como o pivô é um equipamento de alta tecnologia, é importante ter sempre perto uma equipe especializada, que dispõe de materiais de qualidade e mão-de-obra treinada para dar a melhor assistência aos agricultores. Este foi, segundo Jorge Fukuda, agricultor na cidade de São Gotardo (MG), o motivo que o fez se manter fiel à empresa que lhe vendeu o primeiro pivô há 21 anos. Ele já possui seis equipamentos em sua propriedade e considera o pós venda e o atendimento técnico fundamental. Apesar de garantir que o valor com manutenção seja extremamente pequeno, Fukuda atribui ganhos de produtividade e melhor conservação de seus equipamentos à revenda que além de ter profissionais aptos a trabalhar com a tecnologia da irrigação, lhe oferecem peças de boa qualidade. Também Eduardo Sekita de Oliveira, da

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Agropecuária Sekita, vê a equipe que lhe presta assistência como uma grande aliada para aumentar a sua produtividade. A Agropecuária possui um total de 21 equipamentos, irrigando 1.688 hectares, sendo que o primeiro pivô foi adquirido há mais de 17 anos. Em uma de suas unidades, ele consegue irrigar 14 bases com apenas sete equipamentos, pois a equipe que atua naquela região desloca e remaneja os pivôs. “Nós contratamos a revenda para passar o pivô de uma base para outra e para fazer o remanejamento da lâmina de água. Desta maneira nós evitamos desperdícios e desgastes desnecessários do equipamento, dando-lhe maior vida útil”, explica Sekita.

DURABILIDADE É claro que em se tratando de manutenção, independente do tipo de equipamento, quanto mais velho, maior e mais cara ela se torna. No caso do pivô central não é diferente. O que parece ser diferente é que a vida útil e o rendimento deste equipamento, apesar da idade, é muito maior do que o de diversas outras máquinas. Também quando se trata de valores, a manutenção não tem sido muito onerosa para os agricultores. É consenso entre eles afirmar que nenhum agricultor precisa deixar de irrigar as suas lavouras com medo dos valores de manutenção e a falta de atendimento, tão comum em alguns segmentos.

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Sekita explica que possui em sua propriedade um pivô de mais de 17 anos trabalhando perfeitamente, mas que não consegue esta mesma vida útil na maioria de seus equipamentos. “Tenho aqui na fazenda um pivô antigo trabalhando sem problema, mas não tenho uma colhedora com esta idade”. Para ter equipamentos antigos em tão boas condições, Eduardo ressalta diversos cuidados que devem ser observados. A manutenção preventiva, segundo ele, é um item extremamente importante, já que evita prejuízos maiores, economizando tempo e dinheiro. Neste caso, o ganho não se dá somente em relação ao pivô, mas também traz economia de água, um bem cada vez mais caro e escasso, e maior produtividade, pois a máquina estará trabalhando em plenas condições. Sekita explica ainda que muitos outros fatores precisam ser observados para evitar problemas, mesmo em equipamentos novos. O terreno e a cultura que o pivô está irrigando, podem causar maior desgaste e exigir mais manutenção do que outro equipamento, mesmo que mais velho. O pivô da Agropecuária Sekita, que irrigava canteiros de cenoura, quebrou o eixo de transmissão de uma das unidades motoras por trabalhar em condições que exigiam muito esforço. Eduardo estuda a possibilidade de instalar um dispositivo de trilha seca e evitar que problemas como este voltem a acontecer. A sugestão de substituir o equipamento foi de um dos funcionários da empresa

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FOTOS ROCHELI WACHHOLZ

“Tannous conta que praticamente não houve a necessidade de utilizar a assistência técnica, já que o seu equipamento é novo, tem em torno de 18 meses e neste período não apresentou problemas”

Sekita (dir.) ao lado de um dos pivôs mais antigos da fazenda: satisfação apesar da idade

Equipamentos antigos podem ter peças substituídas para manter o rendimento

que lhe vendeu o pivô, possibilitando desta maneira que o equipamento se adapte a cada produtor. Marcelo de Oliveira Tannous, agricultor na cidade de Guaíra (SP) se diz muito satisfeito com a assistência que tem recebido. Ele possui hoje dois pivôs irrigando 180 hectares, mas faz planos para adquirir mais nove equipamentos. Tannous conta que praticamente não houve a necessidade de utilizar a assistência técnica, já que o seu equipamento é novo, tem em torno de 18 meses e neste período não apresentou problemas. Marcelo explica que a equipe foi muito rápida e eficiente no período de montagem do pivô, que sempre esteve presente para resolver qualquer tipo de problema e acredita que se efetivamente precisar de peças e de profissionais capacitados, eles estarão a sua disposição. “Os técnicos sempre dão um jeito de re-

solver os problemas, eles não medem esforços”. Além disso, Marcelo está impressionado com a simplicidade do equipamento, apesar do tamanho e da tecnologia que apresenta. Segundo ele o pivô não lhe traz problemas e é muito mais simples do que outras máquinas que tem na sua fazenda.

tar problemas com menos freqüência tem um custo maior na reposição das peças. Os demais 20% se referem à atualização tecnológica dos equipamentos mais antigos, que embora não seja uma prática obrigatória traz aos produtores a possibilidade de terem em suas propriedades equipamentos adquiridos há vários anos que ainda possam apresentar bom rendimento. Vários produtores adotam esta prática, pois desta maneira não precisam comprar uma máquina totalmente nova e ainda evitam perdas e desperdícios. Mário Yamashita, produtor que possui 14 pivôs irrigando aproximadamente 960 hectares, diz que apenas depois de cinco ou seis anos é que se faz necessária a manutenção dos equipamentos. Apesar de estar começando agora a fazer um controle efetivo do que é gasto na reposição de peças, ele acredita que levando em consideração a média de duas mil horas de trabalho por pivô/ano, ele gasta

ASSISTÊNCIA E MANUTENÇÃO É consenso entre os produtores dizer que o equipamento é extremamente robusto, de manutenção muito simples e valor relativamente baixo. Dentre os itens citados como os que estão mais sujeitos a trocas e que apresentam maior problema estão, em primeiro lugar os que dizem respeito à parte elétrica, representando em torno de 50% da manutenção. Entre estes itens podem ser citados os microruptores, os fusíveis, a caixa elétrica em si, os motoredutores, etc. Outros 30% são referentes a peças ligadas à parte mecânica do pivô, que apesar de apresen-

Tannous: equipamentos instalados e satisfação com assistência técnica

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em torno de R$ 500 por mês com cada equipamento, incluindo gastos com assistência técnica e com reposição de peças.

CONFIABILIDADE Quando se fala em peças para reposição, principalmente os de pivô central, cujo investimento é alto, parece ser inevitável comparar os valores das peças originais com os de outras procedências. Em parte dos casos, as peças originais realmente podem ser mais caras, custando até 40% a mais do que outras peças. Produtores, principalmente os que estão começando a utilizar a tecnologia da irrigação com pivô central, se sentem tentados a utilizar outras peças senão as originais, por estas terem um preço mais atrativo. Porém, a maioria dos agricultores que já trabalham com este equipamento há vários anos e já puderam comparar a relação entre preço e qualidade, acabam optando por

usar peças originais. Este é o caso de Fukuda e Yamashita. Entre os quesitos, que os agricultores levam em conta neste caso, estão os de que com peças originais eles terão garantia, durabilidade e assistência quando necessário. Os itens de procedência duvidosa, além de, na sua maioria, não terem durabilidade comprovada, não apresentam garantia em todas as peças, não garantem assistência técnica e ainda podem trazer prejuízos muito maiores por sujeitar todo o equipamento a danos graves.

SEGURANÇA Fukuda resume com uma frase o que parece ser o fator decisivo na escolha do equipamento. “Com certeza a empresa com a qual eu trabalho não vai vender um equipamento numa região em que não tenha uma boa assistência técnica, pois eu já a conheço há vinte e um anos e confio na sua tradição”. Fatores como a segurança de ter as peças necessárias para seus equipamentos nas revendas ou que elas virão da própria fábrica, em no máximo 48 horas, uma equipe altamente treinada para lidar com a tecnologia, cursos oferecidos aos próprios agricultores para identificar e até mesmo evitar simples danos ao pivô, possibilidade de consultar o manual e as peças pela internet e linhas de financiamento para adquirir uma unidade de bombeamento e adutora e pacotes para modernizar e automatizar o pivô central, parecem ser decisivos na hora da escolha pelo equipamento, já que além da busca por um bom equipamento os produtores estão, cada vez mais, à procura de uma assistência bem qualificada e pronta para atendê-los a qualquer momento, o que M por vezes pode ser decisivo. RW

A unidade motora é um dos itens fundamentais do pivô e requer atenção especial

Redutor de roda com mais de 15 anos

Motoredutor em pleno funcionamento na lavoura

Equipamento sofreu reparo, mas consegue manter o mesmo rendimento

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Motoredutor disponível na revenda

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Mercado KEPLER WEBER

Kepler Weber

O gargalo da agricultura Com a produção de grãos batendo recordes a cada safra, é necessário planejar com cuidado a armazenagem

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pler Weber o planejamento está sempre inserido. O presidente Othon d’Eça Cals de Abreu costuma dizer que o “ produtor rural precisa planejar o seu hoje sabendo o amanhã. Ele tem que ter a garantia dos resultados do preparo da terra, dos fertilizantes, da capacidade de colheita e, finalmente, da armazenagem do produto”. Além de mostrar a importância técnica de conservação, explicando em detalhes o processo através das técnicas de secagem e as formas de melhor conservar os grãos, a Kepler Weber aborda, através de seu engenheiro Rubem Groff, as últimas tendências de sistemas e equipamentos, hoje disponíveis para um tratamento econômico e eficiente dos grãos,e, muito importante, preservando a qualidade.

DISTRIBUIR É O SEGREDO Os especialistas mostram que a política ideal não é a concentração da safra em grandes silos, mas a distribuição desta em pequenas propriedades rurais – cada silo dimensionado para a produção da fazenda, ou então, a reunião de pequenas propriedades para serem atendidas por um único silo (grupo de produtores ou cooperativas). No Brasil, apenas 5% das colheitas são armazenadas no local das lavouras e a distância percorrida pelos grãos, além de encarecer o produto, reduz a qualidade pelo tempo e condições do transporte. Na Europa esse índice chega a 50% e, nos Estados Unidos, a 65%. A nossa vizinha Argentina, já se aproxima do nível de 25% da capacidade de armazenagem de grãos em nível de lavoura. Vale salientar que a armazenagem na fazenda evita os grandes focos de consumo de

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combustíveis, energia elétrica e desgastes das estradas, pois alivia a concentração em períodos de demanda de serviços, tornando-os mais equilibrados durante o ano. Como conseqüência direta do aumento da renda do produtor e do nível de arrecadação de impostos, o desenvolvimento dos municípios é fortalecido, gerando prosperidade e melhor equilíbrio social e econômico. E agora, num momento em que o Governo brasileiro inicia uma grande luta contra as injustiças sociais, sobretudo contra a fome, a armazenagem de grãos se apresenta como uma grande aliada, pois reduzindose as perdas pela deficiência de estocagem, esses 15% de cada safra, por certo, apareceM rão sob forma de comida. CHARLES ECHER

O

s seminários realizados pela Kepler Weber , pelo terceiro ano consecutivo, informaram, com a rapidez necessária, sobre o mercado e suas oscilações, os benefícios da armazenagem e o momento certo de fazer um bom negócio. Aliás, a conservação dos grãos faz parte da logística do setor, pois garante ao produtor serenidade para esperar o melhor momento para fazer o melhor negócio. Nos últimos anos, a safra de grãos praticamente dobrou em uma mesma área. A tecnologia, pelo conhecimento agregado e pelas técnicas conservacionistas revolucionaram os conceitos e as práticas de manejo e uso dos solos em quase todas as regiões produtoras do País. Na logística do setor, o gargalo é onde e como conservar melhor os grãos. Impressionante, ainda, é a potencialidade dos negócios no mercado externo onde os grãos representam 80% de tudo o que é exportado pelo Brasil. A Bolsa de Chicago é um indicador permanente na condução dos negócios da agricultura e não há transação que não seja orientada pela cotação da Bolsa. Sendo assim, os produtores precisam estar seguros sobre a conservação de seus produtos para aguardarem o melhor momento para negociá-los. Sob esse enfoque a Kepler Weber vem munindo os produtores de informações que incluem o jogo do mercado com suas cotações e as tendências, apresentadas sempre pela Agroconsult, através do consultor André Pessoa que só não participou do Seminário sobre Conservação de Grãos em Balsas, Maranhão, embora tenha sido representado pelo economista Hugo Flumian, também da Agroconsult. Em todas as manifestações do Grupo Ke-

Othon de Abreu: ”o produtor rural precisa planejar o seu hoje sabendo o amanhã”.

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