Do editor Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro 160 – 12º andar 96015-300 – Pelotas – RS www.grupocultivar.com Diretor de Redação Schubert K. Peter Consultor Newton Peter OAB/RS 14.056
Cultivar Máquinas Edição Nº 28 Ano III - Março 2004 ISSN - 1676-0158 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00
Prezado leitor A colheita é a parte do cultivo que exige cuidado extra para evitar perdas e manter a qualidade do produto. Colher feijão, por exemplo, é um problema para muitos produtores, já que as colhedoras convencionais ainda não são suficientemente adaptadas para este tipo de situação. A alternativa então é utilizar a colheita manual ou adquirir máquinas específicas para a operação. Com este enfoque, trazemos um artigo comparando os custos dos de colheita com sistemas manual e mecanizado, apresentando um modelo de máquina específica para o feijão e algumas alternativas que as empresas de colhedoras convencionais oferecem para quem pretende utilizar sua colhedora para colher também feijão. A edição traz também comparativo de custos da pulverização terrestre e aérea, explosões e incêndios em silos e o teste drive com o trator Agrale 4.100, utilizado para operações em parreirais e pequenas propriedades.
(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 72,00 • 68,00
Uma boa leitura a todos!
Índice
Nossa Capa
• Editor
Charles Ricardo Echer • Consultor Técnico
Dr. Arno Dallmeyer • Redação
Rocheli Wachholz • Revisão
Vandelci Martins Ferreira • Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia _____________
• Gerente Comercial
Neri Ferreira
• Assistente de Vendas
Pedro Batistin _____________
• Gerente de Circulação
Cibele Costa
Foto Charles Echer
Rodando por aí
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A safra pelos ares
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Maquinas no arrozal
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Qualidade comprometida
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Aplicação terra e ar
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Quanto custa?
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Adaptadas para o feijão
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Só para feijão
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Teste drive - Trator Agrale 4100.4
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Lançamentos
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Coluna jurídica
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Opinião
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• Assinaturas
Rosiméri Lisbôa Alves Jociane Bitencourt • Expedição
Destaques
Edson Krause Dianferson Alves
Safra pelos ares
• Impressão:
Excesso de gases e pó podem causar incêndios e explosões em unidades armazenadoras, moegas e graneleiros .................................................... 06
Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • ATENDIMENTO AO ASSINANTE:
3028.4013 / 3028.4015
Defesa por ar ou terra
• ASSINATURAS:
3028.4010 / 3028.4011 • GERAL
3028.4013 • REDAÇÃO:
Caderno especial
3028.4002 / 3028.4003 • MARKETING:
3028.4004 / 3028.4005 • FAX:
3028.4001 Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Pulverização
A pulverização aérea é uma alternativa importante para o controle fitossanitário, principalmente em situações que exigem rapidez ................................................... 16
Colheita de feijão Quanto custa colher feijão nos sistemas manual, semimecanizado e mecanizado e quais os custos dos equipamentos para a operação ................................................... 22
Agrale 4100.4 Veja como o trator Agrale 4100.4, utilizado em parreirais, se saiu no nosso teste drive ...................................................
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Rodando por aí
Marketing
José Eduardo
O Engenheiro Agrônomo José Tonon Júnior assumiu recentemente a supervisão do Depto de Marketing da Jacto, no setor de Serviços Agronômicos & Mercados, substituindo o Eng. Agr. Fábio Pernassi Torres que ocupou o cargo nos últimos 11 anos. Fazendo parte do Grupo Jacto desde de 1992 e trabalhando na área de Marketing desde de 1999, ele quer dar continuidade ao trabalho realizado até aqui e conta com a perfeita sintonia de toda equipe para o sucesso dos novos projetos. Sua expectativa é que 2004 seja mais um excelente ano para o mercado de máquinas agrícolas e garante que a empresa estará apresentando novidades nos próximos grandes eventos do setor.
Novo gerente José Eduardo dos Santos assumiu a gerência de produto de pneus agrícolas da Goodyear do Brasil. Ele trabalha na Goodyear desde 1979 e ultimamente exercia o cargo de supervisor de vendas e serviços de pneus agrícolas. José Eduardo estreou como gerente no Show Rural da Coopavel, onde apresentou a linha completa de pneus agrícolas e fez previsões otimistas para 2004.
Vendas As vendas internas no atacado de máquinas agrícolas em janeiro somaram 2,4 mil unidades, apresentando aumento de 22,3% em relação a dezembro e 60,9% com relação a janeiro de 2003. Em produção, alcançou-se em janeiro o total de 3,9 mil máquinas, 16,9% acima do obtido em dezembro e 37,5% superior ao resultado de janeiro de 2003.
Exposição A New Holland iniciou em Cascavel uma turnê com 35 fotos selecionadas no Prêmio New Holland de Fotojornalismo Agrícola, que percorrerá 29 cidades brasileiras em 2004. A idéia é divulgar para o maior número possível de pessoas o trabalho do homem no campo.
Máquinas
José Tonon Júnior
Equipe nota 10
(http://www.pjeventos.com.br/ eventos/sintag2004).
Mais uma vez, a Goodyear mostrou que gosta mesmo é de inovar e estreou seu novo estande que deve percorrer o Brasil nos eventos de 2004. Os visitantes foram recepcionados por nada menos do que os respectivos gerentes das áreas de pneus agrícolas, correias e mangueiras hidráulicas e terminais.
Alta tecnologia Após conhecer as ampliações da fábrica de colhedoras da AGCO em Santa Rosa (RS), o Governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, conheceu a pista de testes e dirigiu uma colheitadeira MF 34. “Dirigir este equipamento é como dirigir um carro com alta tecnologia agregada. Fico feliz de ver a qualidade das máquinas agrícolas produzidas pela AGCO no Rio Grande do Sul e que são vendidas para o mundo inteiro”, comentou.
Agrosystem
Husqvarna
Fábio Ricardi
A Husqvarna, empresa que opera no segmento de máquinas agrícolas com foco em Moto Serras, teve alterações em seu quadro na área de Marketing. Fábio Ricardi é o novo contratado para atuar como Analista de Marketing. Ele é oriundo do mercado agrícola de sementes, onde atuou pela Seminis Vegetable Seeds e teve uma rápida passagem pelo setor automobilístico antes de voltar ao mercado agrícola.
A empresa Agrosystem disponibiliza no mercado o medidor de umidade de grãos Dickey-John, que possui dois níveis de segurança, permite rastrear o histórico das curvas e foi homologado como padrão pelo ministério da Agricultura Norte Americano (GIPSA)
Divisão Ronaldo Rios, que por muito tempo deu conta do recado como gerente de produto de pneus agrícolas e fora-de-estrada, da Goodyear, agora assumiu a gerência da divisão fora-de-estrada, na recente reestruturação dos setores. Ronaldo esteve à frente da divisão de pneus agrícolas durante um grande período e acompanhou de perto o grande desempenho da empresa nos últimos anos com recordes de vendas a cada evento. A torcida agora é para que ele repita o sucesso com a divisão fora-de-estrada.
Ronaldo Rios
Novidades Granfinale
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Hara e Teixeira
Grupo de trabalho
Watanabe Na edição de número 27 não foram publicadas as fotos do arrancador de soqueira de algodão, desenvolvida pela empresa Watanabe Indústrial no artigo que fala sobre máquinas desenvolvidas para a destruição de soqueira em algodão intitulado Eliminar é Preciso, de Aloísio Bianchini.
A Grafinale Sistemas Agrícolas iniciou o ano com quatro novidades para o mercado de armazenagem: um silo-secador; o GranDuto, sistema de transporte tubular de grãos; uma limpadora móvel de grãos e uma rosca transportadora. Segundo o diretor comercial da Granfinale, Paulo Bertolini, a empresa está ciente da grande demanda por equipamentos de armazenagem por causa das últimas safras. “A tendência é de que essa demanda se mantenha porque o Brasil está sempre abrindo novas fronteiras agrícolas, ganhando produtividade e capitalizando o produtor”, destaca.
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III Sintag O III Sintag, simpósio internacional de tecnologia de aplicação de agrotóxicos, acontecerá de 20 a 22 de outubro de 2004 em Botucatu (SP). A programação provisória, bem como as normas e prazos para envio de resumos, já se encontram na internet
Paulo Bertolini
O Centreinar, órgão vinculado a Universidade Federal de Viçosa, participa do grupo de trabalho sobre certificação de unidades armazenadoras. Pelo Centreinar foram nomeados o Prof. Mauri Martins Teixeira, como titular e o Prof. Tetuo Hara, como suplente. A equipe vai definir os critérios técnicos, operacionais e os documentos necessários para o exercício de guarda e conservação de produtos agropecuários de terceiros.
Março 2004
Armazenagem segurança
A safra pelos ares Canadian Grain Storage
Se não controlados corretamente, os excessos de pó e gases que se formam no interior dos silos, graneleiros e moegas podem causar incêndios ou explosões que, além de acabar com a massa de grãos, podem destruir completamente a unidade armazenadora
U
ma das questões prioritárias, nas Unidades Armazenadoras, diz respeito aos acidentes que ocorrem causados pelos mais diferentes motivos, principalmente pelas falhas humanas ou de operação. Outros acidentes ocorrem em função de riscos ambientais especialmente a poluição, poeiras, aerossóis e gases venenosos e explosivos. Há particularmente uma situação muito grave, com perdas de produtos, equipamentos, silos e outras edificações, que ocorrem devido ao excesso de pó e gases que se formam no interior das galerias das baterias de silos, dos graneleiros, nos poços dos elevadores e nas moegas.
PÓ NO MANUSEIO DOS GRÃOS O pó de grãos agrícolas é produzido durante a colheita, secagem, manuseio, armazenagem e industrialização, devido a diversos atritos. Além das propriedades intrínsecas do pó, a
MANEIRAS DE EVIT
A
lgumas medidas podem ser tomadas para evitar a possibilidade de ocorrer explosões na planta de armazenagem. Óleo mineral: O óleo mineral branco quando misturado aos grãos, altera as propriedades do pó favorecendo o aglomeramento entre si e com os grãos. A utilização do óleo mineral branco reduz o pó respirável em até 95% e o pó total em até 75%, quando obedecidos todos os parâmetros técnicos de aplicação. Medidas Operacionais Preventivas: • Proceder a cuidadosa limpeza da massa de grãos; • Fazer uso contínuo dos sistemas de captação de pó; • Limpar periodicamente os sistemas de captação de pó trocando os filtros nos períodos definidos pelos fabricantes; • Proceder a limpeza das instalações evitando o acumulo de pó; • Treinar os operadores e demais funcionários quanto os potenciais riscos de explosões; • Fazer manutenções periódicas dos equipamentos eletro-mecânicos; • Certificar periodicamente os estado dos cabos elétricos;
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Máquinas
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Março 2003
“A possibilidade da explosão de uma nuvem de pó está condicionada pela dimensão de suas partículas, sua concentração, as impurezas, a concentração de oxigênio e a potência da fonte de ignição”
Fotos Ednilton/Flávio
ele podem estar agregadas partículas contaminantes que, podem ser prejudiciais à saúde do homem. A quantidade de pó produzida por uma massa de grãos está relacionada a sua constituição, características físicas e estado de conservação, sendo influenciada pela relação entre a quantidade de grãos inteiros e quebrados, presença de insetos, impurezas etc. Durante a movimentação, 0,1 a 1% do volume de grãos processados transforma-se em pó.
EXPLOSÕES As explosões em plantas de armazenagem podem ser classificadas como primárias e secundárias. A poeira depositada ao longo do tempo nos mais diversos locais da planta industrial, quando agitada ou colocada em suspensão e na presença de uma fonte de ignição, com energia suficiente para a primeira deflagração, poderá explodir, causando vibrações subseqüentes pela onda de choque; fazendo com que mais pó depositado entre em suspensão e mais explosões aconteçam, cada qual mais devastadora que a anterior, causando prejuízos irreversíveis ao patrimônio, paradas no processo produtivo, invalidez ou morte. A mudança de incêndio para explosão pode ocorrer facilmente, desde que poeiras depositadas nas cercanias do fogo, sejam agi-
AR AS EXPLOSÕES • Tomar os devidos cuidados ao utilizar aparelhos de solda nos serviços de manutenção; • Substituir as caçambas dos elevadores, pás dos transportadores e as correntes metálicas por componentes plásticos. Aspectos construtivos: • Dotar os ambientes como túneis, galerias e pontos de carga e descarga de grãos com sistemas de captação de pó; • Instalar sistema de captação de pó em elevadores, caçambas e tubulações de transporte de grãos; • Proceder ao aterramento elétrico dos silos, componentes eletromecânicos e pontos geradores de cargas eletrostáticas; • Projetar edificações que estruturalmente contemplem áreas de fácil ruptura caso ocorram explosões, isto minimizará danos a edificação, pois os gases em expansão serão lançados à atmosfera; • Instalar sistemas de pára-raios; • Instalar aspersores de óleo mineral em pontos do sistema de movimentação de grão passíveis de ocorrência de alta concentração de pó com valores superiores a 0,05 kg/m3; • Projetar sistemas de iluminação apropriados aos ambientes com risco de explosão.
Março 2004
Cenas da destruição de instalações agroindustriais causados por explosões
tadas, entrem em suspensão, ganhem concentração mínima, e como o local já está com os ingredientes necessários, o próximo passo é o desencadeamento das subseqüentes explosões. Ao contrário, se as poeiras em suspensão causarem uma explosão, as partículas de poeira que estão queimando saem da suspensão e espalham o fogo. Nestes termos os danos poderão ser bem maiores. A possibilidade da explosão de uma nuvem de pó está condicionada pela dimensão de suas partículas, sua concentração, as impurezas, a concentração de oxigênio e a potência da fonte de ignição. As explosões de pó se produzem freqüentemente em série; muitas vezes a deflagração inicial é muito pequena em quantidade, porém de suficiente intensidade para colocar o pó das cercanias em suspensão, ou romper peças de máquinas ou instalações dentro do edifício, como os coletores de pó, com o que se cria uma nuvem maior através do qual podem se propagar explosões secundárias e até mesmo de um edifício ao outro. O perigo de uma classe determinada de poeira está relacionado com sua facilidade
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de ignição e com a gravidade da explosão resultante. As partículas inferiores a 100 mícrons são aderentes aos grãos durante a operação de limpeza, podendo se desprender durante a movimentação e, por isso, permanecem em suspensão. Estudos revelam que, partículas inferiores a 100 mícrons demoram mais de 24 horas para decantar em dois cm. As partículas de pó apresentam as seguintes propriedades: teor de umidade – 5 a 11% b.u., carboidratos – 6 a 20%, lipídios – 1 a 4% e fibras 7 a 15%. À semelhança dos gases e vapores, o pó agrí-
Limites críticos de ocorrência de explosões de pó de grãos agrícolas. Características da partícula Limites críticos Tamanho < 0,1 mm Concentração 4g / m3 – 4000 g / m3 Teor de umidade < 100% b.u. > 12% Concentração de oxigênio Energia de ignição > 10 mJ – 100 mJ Temperatura de ignição 410 – 600 ºC
Máquinas
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“Medidas preventivas, como o controle de concentração de pó no ambiente, avisos com proibição de fumar, manutenção de redes elétricas, utilização de protetores para lâmpadas e emprego de motores blindados, são básicos e fundamentais”
O trabalho agrícola normalmente impõe diversas situações de risco à integridade física do funcionário rural. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), todos os anos morrem no mundo mais de dois milhões de pessoas (IBGE, 2003), vítimas de acidentes ou de doenças relacionadas ao trabalho. A falta de segurança no trabalho mata mais do que as drogas e o álcool juntos. No Brasil, os números são alarmantes. Os 393,6 mil acidentes de trabalho verificados em 1999 tiveram como conseqüência 3,6 mil óbitos e 16,3 mil incapacidades permanentes. Quantidade de acidentes do trabalho registrados, por motivo, segundo o Setor de Atividade Econômica (1998/2000 – IBGE).
cola exige limites de concentrações para diferentes tamanhos de partícula em suspensão no ar para que possam ocorrer explosões ou incêndios. Outros fatores podem alterar o índice de concentração de pó, dentre eles o tamanho e diâmetro da partícula, a concentração de oxigênio, energia da fonte de ignição; a turbulência da nuvem de pó e o teor de pureza do pó. Medidas preventivas, como o controle de concentração de pó no ambiente, avisos com proibição de fumar, manutenção de redes elétricas, utilização de protetores para lâmpadas e emprego de motores blindados, são básicos e fundamentais. A umidade contida nas partículas de pó faz aumentar a temperatura de ignição. Após a ignição, a umidade do ar tem pouco efeito sobre a deflagração, existe, porém, uma relação direta entre o teor de umidade, a energia mínima necessária para a ignição, a concentração de explosão mínima e as dimensões da partícula. Do ponto de vista prático, a umidade não pode considerar-se como meio efetivo de prevenção contra explosões, pois a maior parte das fontes de ignição, proporciona energia suficiente para aquecer e evaporar a umidade que pode estar presente no pó. Para que a umidade impeça a explosão, o pó deve estar encharcado. Outras medidas preventivas prevêem instalações elétricas nos silos à prova de explosões como enclausuramento de lâmpadas e tomadas; apurado controle da umidade relativa do
ar (abaixo de 50%, caracteriza-se faixa crítica de risco); controle da eletricidade estática, por meio de sistema de aterramento dos silos; controle de chamas abertas com o uso de aparelhos de soldagem, fósforos e operações de esmirilhamento de metais, além da instalação de páraraios.
AQUECIMENTO DA MASSA DE GRÃOS Os fungos são os principais responsáveis pelo aumento da temperatura em grãos armazenados com elevados teores de umidade. As sucessões das espécies de fungos, bactérias e processos envolvidos com o aquecimento da massa de grãos podem ser resumidas da seguinte maneira: (Veja quadro abaixo)
INCÊNDIOS
internas, devido à insuficiência de ar. A ignição que ocorre em camada, deve ser controlada com cuidado, para evitar que o material depositado em estruturas, tubulações e locais de difícil visualização e limpeza, seja colocado em suspensão, formando a nuvem de poeira, que evoluirá para explosão. O incêndio por camadas é de difícil extinção, podendo prolongar-se por várias horas após seu controle.
MEDIDAS PREVENTIVAS • Devem ser deixados caminhos de acesso, para eventual passagem de carros de bombeiros; • As instalações elétricas devem estar em boas condições; • Deve conter sistema de alarme contra incêndio; • É conveniente que o depósito seja vistoriado periodicamente pelo corpo de bombeiros, que deve ser informado sobre os tipos de produtos armazenados; • Devem existir diversos tipos de equipamentos para o combate ao fogo; • Deve ser previsto na construção do depósito, um sistema de contenção de água; • Embalagens com líquidos combustíveis, ou com formulações contendo solventes inflamáveis, devem ser esfriadas com neblina de água, para evitar explosões; • Incêndios podem gerar vapores tóxicos. Portanto, nestas situações, é importante evitar a aproximação de qualquer pessoa M desprotegida. Ednilton Tavares de Andrade, Universidade Federal Fluminense Flávio Meira Borém, Universidade Federal de Lavras Ednilton/Flávio
NÚMEROS COM ACIDENTES DE TRABALHO
Os incêndios ocorrem com todas as poeiras combustíveis, porém, é necessário que a quantidade de material combustível seja muito grande, e as partículas, tenham pouco espaço entre si, impedindo um contato direto e abundante com o oxigênio do ar. As partículas devem, porém, estar afastadas entre si, de maneira que apesar da existência da fonte de ignição e da conseqüente combustão local, não seja permitida a propagação instantânea do calor de combustão às partículas localizadas nas camadas mais
Principais fungos e bactérias envolvidos no processo de aquecimento da massa de grãos Fungo Aspergillus restrictus Aspergillus glaucus Aspergillus flavus Bactérias termofílicas Reações químicas
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Máquinas
Teor de Umidade (% b.u.) 13 15 Em equilíbrio com umidade relativa de 85% Alto Alto
Característica Xerofílico / 30 a 40ºC Elevação do teor de umidade / 50 a 55ºC 50 a 55ºC 70-75ºC Combustão espontânea
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Fazer a limpeza e a manutenção constante das unidades armazenadoras evita acidentes
Março 2004
Colhedoras arroz
A colheita de arroz é uma das etapas mais importantes de todo o processo, pois além de ser a operação mais cara, reflete na produção e na qualidade dos grãos e por isso requer atenção especial
Máquinas no ar N
os sistemas de produção do arroz, a etapa referente à colheita dos grãos é uma das mais importantes, devido ao elevado custo operacional em relação ao custo total de produção e, ainda, por refletir na produção e na qualidade do produto. Existem três métodos de colheita: o manual, o semimecanizado e o mecanizado. No primeiro, as operações de corte, recolhimento e trilhamento são feitas manualmente; no semimecanizado, o corte e o recolhimento das plantas são, geralmente, manuais, e o trilhamento, mecanizado; no método mecanizado, todas as
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Máquinas
operações são feitas à máquina. Existem no mercado brasileiro diferentes tipos de máquinas para colheita do arroz como as ceifadoras, as trilhadoras e as colhedoras.
COLHEDORAS As colhedoras de arroz colhem e trilham as plantas numa única operação. As máquinas especiais para colheita em terrenos de baixa sustentação, como os de lavouras irrigadas, são equipadas com pneus arrozeiros ou com pneus duplados, de maior superfície de contato com o solo, ou com esteiras.
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Podem ser automotrizes ou montadas e acionadas pelo trator. São caracterizadas por possuírem mecanismos de corte e alimentação de plantas, de trilhamento, de separação, de limpeza, de transporte e armazenamento de grãos e de outros componentes especiais para garantir boa operação nas variadas condições de cultivos, como os de várzeas. O mecanismo convencional que corta e recolhe as plantas é denominado de plataforma de corte. Pelo fato de cortar os colmos abaixo das panículas e distante do solo, a plataforma indicada para o arroz é a do
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“A relação entre as velocidades do molinete e de deslocamento da máquina deve ser inferior a 1,25 para minimizar a ocorrência de perda de grãos na plataforma”
Fotos Nilson Konrad
perdas são devido à plataforma de corte. Uma alternativa à plataforma de corte, que produz menos palha na saída do saca palha, é a plataforma recolhedora de grãos. Esta tem como componente principal um cilindro recolhedor com dedos degranadores feitos em polipropileno. O cilindro atua nas plantas raspando as panículas da base para o ápice. Com o giro, os grãos são arrancados e lançados para trás em direção ao caracol que os conduz ao canal alimentador do sistema de trilha da colhedora. A velocidade de deslocamento e, conseqüentemente, a taxa de alimentação da máquina, com o uso da plataforma recolhedora, pode ser aumentada sem que haja sobrecarga dos mecanismos da máquina. Pesquisas da Embrapa no Rio Grande do Sul mostraram que a perda total de grãos de arroz com colhedora provida de plataforma de corte é semelhante à com plataforma recolhedora. O mecanismo de trilhamento recebe as plantas da plataforma de corte e realiza a degranação e a separação primária dos grãos. Mais de 90% dos grãos são separados das panículas e dos colmos no ato do trilhamento. Os componentes responsáveis pela trilha são o cilindro degranador e o côncavo, que para o arroz devem ser de dentes. A velocidade periférica do cilindro varia com o teor de umidade dos grãos, em geral deve ser de 20 a 25 m/s, com uma velocidade de giro em torno de 600 rpm. Após o trilhamento, os colmos e parte dos grãos são conduzidos ao mecanismo de separação, composto pelo batedor traseiro,
rozal rrozal tipo rígida, sem movimento de flexão na barra de corte. A plataforma possui separadores de fileiras de plantas, que divide longitudinalmente a área de colheita dos restos da lavoura; molinete que recolhem as plantas puxando-as contra a barra ceifadora formada de navalhas serrilhadas; condutor helicoidal ou caracol para transportar as plantas para o canal alimentador do sistema de trilha. A relação entre as velocidades do molinete e de deslocamento da máquina deve ser inferior a 1,25 para minimizar a ocorrência de perda de grãos na plataforma. Na colheita do arroz, cerca de 70% das
Março 2004
Cerca de 57,27% das perdas totais no arroz ocorrem na hora da colheita
extensão do côncavo, saca palha e cortinas. O batedor é um defletor rotativo que realiza uma segunda degranação das plantas contra a extensão do côncavo, conduzindoas para o saca palha para a separação final. As cortinas auxiliam na uniformização do material sobre o saca palha. O saca palha descarrega a palhada no solo e conduz os grãos remanescentes para o mecanismo de limpeza. Para facilitar o preparo imediato do solo para a próxima colheita, as colhedoras de arroz devem ser operadas com pica-
CEIFADORAS DE RABIÇA S
ão máquinas destinadas às pequenas lavouras de arroz, constituídas, basicamente, dos seguintes mecanismos: chassi com rabiça montado sobre duas rodas; barra de corte com movimentos alternativos; molinete para apoiar as plantas para a ação da barra de corte e motor à gasolina com potência de cerca de 3,5 cv. Algumas ceifadoras possuem um depósito de plantas atrás da barra de corte, que são descarregadas no campo
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de forma intermitente, enquanto noutras, como a desenvolvida na Embrapa Arroz e Feijão, possuem três molinetes em forma de estrela, que conduzem as plantas para um transportador de correia descarregá-las no campo, de forma contínua, formando uma leira. Num ensaio de campo esta ceifadora apresentou capacidade operacional de 0,29 ha/h e perda de arroz de apenas 1,4% da produção.
Máquinas
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“A extensão da retilha, posicionada na extremidade da peneira superior, tem a função de segurar os grãos não trilhados, enquanto a peneira inferior faz a limpeza final dos grãos”
New Holland
Os componentes responsáveis pela trilha são o cilindro degranador e o côncavo, que para o arroz deve ser de dentes
dor e espalhador de palha. Os grãos separados pelo côncavo e saca palha e as impurezas são levados pela bandeja coletora para a unidade de limpeza, composta, ainda, de peneira superior, extensão da retrilha, peneira inferior e ventilador. A peneira superior realiza uma pré-limpeza dos grãos que caem na peneira inferior. A extensão da retilha, posicionada na extremidade da peneira superior, tem a função de segurar os grãos não trilhados, enquanto a peneira inferior faz a limpeza final dos grãos. O ventilador joga o vento nas peneiras, auxiliando na eliminação, por diferença de densidade, das impurezas dos grãos. Os grãos limpos são transportados por condutores helicoidais e por correntes elevadoras para o tanque graneleiro ou para a plataforma de ensacamento de grãos e os grãos não trilhados recolhidos pela extensão da retrilha para a unidade de trilhamento da colhedora.
PERDAS DE GRÃOS NA COLHEITA Segundo Reti (1995), das lavouras de grãos de verão (soja, arroz, feijão e milho), o arroz é que apresenta maiores perdas, chegando a 22% da produção. A maior parte deste desperdício se dá na colheita (12,6%), seguida pelo armazenamento (7%) e processamento (2,4%). Na colheita mecanizada, as perdas são provocadas pelos mecanismos externos e internos da colhedora. Os externos provocam perdas devido à ação mecânica da plataforma de corte e do molinete, e os internos pela ação do cilindro batedor, saca palha e peneiras. Quando o arroz está sendo colhido, o impacto das plantas com a plataforma de corte da máquina provoca perdas variáveis, que dependem da facilidade de degrana da cultivar, da umidade dos grãos, da presença de plantas daninhas e da conservação e operação da colhedora. Imprimir à máquina
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Máquinas
excessiva velocidade de trabalho e incompatível com a rotação do molinete promove a degrana prematura ou falhas de recolhimento, aumentando consideravelmente as perdas. As perdas também ocorrem na unidade de trilhamento, sendo mais elevadas quando a abertura entre cilindro degranador e côncavo da colhedora não está devidamente ajustada. Regulagens inadequadas, desses mecanismos, causam trilhamento deficiente, fazendo com que boa parte dos grãos fique presa às panículas, dificultando a operação de separação nas peneiras ou provocando o trin-
camento dos grãos, o que reduz a porcentagem de grãos inteiros no beneficiamento. Também, as perdas ocorrem nas peneiras devido à má regulagem do fluxo de ar, da abertura e da posição delas. No saca palha, as perdas podem ser decorrentes da sua obstrução, da regulagem e da velocidade excessiva da máquina ou das condições da lavoura (alta ocorrência de plantas daninhas, grãos com elevado teor de umidade ou imaM turos). José Geraldo da Silva, Embrapa Arroz e Feijão
TRILHADORAS ESTACIONÁRIAS A
s trilhadoras têm a função de retirar os grãos das panículas de arroz e separá-los das demais partes da planta. As máquinas especiais para o arroz, apresentam fluxo de plantas tangencial e cilindro degranador de dentes de impacto que são mais adequados que as barras de fricção. Outros modelos para o arroz possuem rotor com fluxo de plantas axial. Também, são componentes das trilhadoras o côncavo, que é uma estrutura fixa, de conformação circular ou semicircular, com ou sem dentes, que, em ação com o cilindro ou com o rotor, degranam as plantas de arroz; as peneiras e o ventilador que separam os grãos da palhada; o saca palha e o ensacador de grãos. As trilhadoras podem ser acionadas pela tomada de força do trator ou por motor estacionário - modelos mais simplificados são acionados a pedal. São abastecidas de plantas de forma intermitente (quando os feixes de colmos com panículas são segu-
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ros pelo operador e aplicados sobre o cilindro degranador em movimento) ou de forma contínua (quando os feixes são lançados na máquina, entre o cilindro e o côncavo, para serem trilhados e separados os grãos da palha). A capacidade operacional das trilhadoras varia com o modelo de máquina e com as condições da cultura do arroz, existindo no mercado máquinas com capacidade de trilhar até 2400 kg/h de arroz em casca.
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Colhedoras arroz
Massey Ferguson
As perdas qualitativas, embora sejam menos perceptíveis, são muito importantes, pois comprometem a estrutura física do grão colhido e depreciam o produto final
Qualidade comprometida A
s perdas na colheita de arroz podem ser classificadas como quantitativas e qualitativas. Quantitativas são aquelas em que podemos quantificar os grãos perdidos em uma área conhecida, normalmente, em kg/ha. Perdas qualitativas são menos perceptíveis aos operadores, mas possuem grande importância em uma agricultura globalizada, independente de se estar colhendo grãos para consumo ou sementes. Em se tratando de sementes, as que chegam ao produtor devem possuir alta qualidade em todos os aspectos, sejam eles genéticos, físicos, fisiológicos ou sanitários. Sendo que a qualidade fisiológica depende muito das características genéticas da cultivar, de fatores ambientais, especialmente aqueles que ocorrem na época da maturação até a colheita e manejos operacionais que devem ser corretamente aplicados, como no processo de beneficiamento, secagem e armazenamento. Os danos mecânicos são geralmente fatores determinantes na qualidade física da semente, que abrange a pureza e a condição do grão. As danificações provocadas por operações mecanizadas na colheita e pós-colheita de grãos afetam negativamente a sua qualidade. Embora o aspecto físico seja o mais evidenciado, prejuízos são observados na qualidade fisiológica e sanitária destes produtos. Na colheita, as sementes sofrem impactos que podem causar abrasões, cortes, físsuras, esmagamentos e pressões, resultando em uma variável danificação mecânica os quais são apon-
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Máquinas
tados por técnicos e produtores, especialmente os da área de sementes, como um grande problema na área da produção. Nas colhedoras, o dano mecânico ocorre principalmente no momento em que se dá a trilha. Essa danificação ocorre essencialmente em conseqüência dos impactos recebidos do cilindro debulhador e no momento em que a massa de grãos e palha passa pelo espaço existente entre o cilindro e o côncavo. Quanto mais rápida for a rotação do cilindro da colhedora, tanto melhor tende a ser a debulha dos grãos, porém maior será o dano mecânico. Entre os fatores que causam maior ou menor danificação mecânica podemos citar a direção do fluxo do material colhido em relação ao eixo do cilindro trilhador, onde nas colhedoras de fluxo axial a massa de grãos e a palha fluem no mesmo sentido em que esta posicionado o cilindro, quando comparados com as colhedoras de fluxo radial, em que a massa de grãos e a palha fluem em sentido perpendicular ao giro do cilindro, tendem a danificar menos, principalmente em grãos sensíveis, como por exemplo, o caso da soja. A rotação do cilindro é um fator determinante quando se quer obter um produto de boa qualidade. Por isso ela deve ser regulada seguindo o manual de instruções da máquina e as normas técnicas da cultura que está sendo colhida. O preparo técnico e o bom senso do operador também são fundamentais para aumentar a qualidade do grão colhido. Durante o dia, operando em uma área uniforme normalmen-
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te é necessário realizar várias regulagens da rotação principalmente em função da variação da umidade ao longo do dia. Quando se trata de lavouras com áreas desuniformes, como por exemplo com a presença de ervas daninhas, é necessário uma regulagem específica para cada situação. A abertura do côncavo, que consiste no espaço existente entre o cilindro e o côncavo por onde passa toda a massa a ser trilhada deve ser cuidadosamente regulada de acordo com a umidade e com o volume de produto que está passando. Esse volume depende da velocidade de deslocamento da colhedora e do porte da cultura, se a lavoura está limpa ou possui muitas plantas daninhas e se essas plantas, bem como a palha da própria cultura, estão secas ou verdes. Quanto mais difícil for a operação de trilha menor deve ser a abertura do côncavo para que a mesma ocorra sem perdas quantitativas, porém deve sempre ser realizada uma avaliação constante do nível de danificação dos grãos colhidos. O grau de umidade do grão é um fator determinante para que se possa realizar uma colheita sem perdas quantitativas e qualitativas. Cada cultura possuí um índice ótimo e uma faixa aceitável para que seja possível realizar com sucesso a colheita mecanizada. Por questões econômicas, como por exemplo a quantidade de máquinas que seriam necessárias para colher toda a área dentro do ponto ótimo, então usamos uma faixa ótima que possui uma amplitude maior. Mesmo colhendo dentro da fai-
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“O preparo técnico e o bom senso do operador que está conduzindo a colhedora também são fundamentais para aumentar a qualidade do grão colhido”
Charles Echer
xa ótima é necessário considerar que a variação da umidade dos grãos ocorre durante o dia e entre os dias, ou seja, normalmente em um mesmo dia ao iniciarmos a colheita pela manhã, os grãos estarão mais úmidos que às duas horas da tarde e no final da tarde começa novamente a haver uma elevação da umidade, tanto do grão como da palha. Torna-se importante essa avaliação para que possa ser realizada uma correta regulagem da rotação do cilindro e da abertura do côncavo, pois grãos muito úmidos são facilmente amassados e grãos muito secos quebram com facilidade. Também as condições de trabalho dos operadores é um fator importante, pois é por ele que passa todo o processo de colheita. Muitos outros fatores também contribuem para colher com qualidade como a manutenção correta das máquinas, dimensionamento do número de colhedoras, plantio de variedades recomendadas, plantio na época e com densidades corretas do número de plantas por hectare, adubação, controle de plantas daninhas, doenças e pragas seguindo as recomendações oficiais da pesquisa. Grãos e sementes com qualquer tipo de dano estão mais sujeitos à deterioração durante o armazenamento. Além da danificação mecânica ocasionar facilidade na deterioração devido à alteração no sistema protetor, constituise também em uma porta de entrada a microorganismos, sendo que esses aceleram o processo de deterioração.
COLHER COM QUALIDADE Colher um produto sem impurezas apresenta diversas vantagens como a melhora no fluxo no beneficiamento dando maior vazão em todas as máquinas e equipamentos aumentando portanto a capacidade de recebimento e be-
Quando o objetivo é a produção de sementes, a presença de impurezas, especialmente sementes de plantas daninhas é indesejável, pois pode provocar a condenação do lote se o número ultrapassar àqueles previstos pelas regras de análise, pois essas sementes irão contaminar novas áreas. As impurezas encarecem o transporte especialmente se esse for realizado a grandes distâncias, pois ao invés de se estar transportando os grãos que desejamos estaremos transportando impurezas que não nos interessam.
PESQUISA EM CAMPO
Grimm alerta para a variação de umidade dos grãos durante o dia, exigindo várias regulagens do cilindro
neficiamento de produto que está chegando da lavoura. Esse é um ítem importantíssimo, pois em todos os sistemas de produção é consenso que o beneficiamento, especialmente a pré-limpeza e a secagem, são os “gargalos” da capacidade de recebimento de produtos na unidade de beneficiamento. As impurezas são compostas por partes das plantas presentes na lavoura e sementes de plantas daninhas e normalmente possuem um alto teor de umidade que quando permanecem junto aos grãos colhidos aumentam o teor de umidade destes reduzindo o período que esses podem ficar à espera do processo de limpeza até ir para o secador, pois o alto teor de umidade provoca um aquecimento da massa de grãos, acelerando o processo de perda de qualidade e se o destino for a produção de sementes o cuidado com a qualidade deve ser ainda maior para que não ocorra a perda de vigor e até mesmo a morte das sementes.
Procurando avaliar a qualidade das sementes de arroz irrigado diante dos sistemas de trilha axial e radial e com sistema de limpeza com colhedoras dotadas de saca-palhas e por separação centrífuga desenvolveu-se o presente trabalho, utilizando a cultivar “El Paso L 144” no município de Santa Vitória do Palmar- RS. Os ensaios levaram à conclusão de que todas as colhedoras reduziram a qualidade fisiológica das sementes quando se aumentou a rotação a partir de 600 rpm. As colhedoras de fluxo axial e providas com sistema de separação centrífuga proporcionam uma maior pureza física dos grãos de arroz. A diferença foi aproximadamente 1,4% a menos de impureza nas máquinas com fluxo axial. O mesmo estudo provou que a velocidade de operação de uma combinada automotriz, recomendada pelos fabricantes e executada pelos operadores para as condições de lavoura e variedades em que o estudo se desenvolveu é a que causa menos quebras e perdas na semente M de arroz. Hilton Grimm, CAVG
Pulverização aviação agrícola
Defesa por terra A pulverização aérea é uma importante alternativa no controle fitossanitário, principalmente em casos, onde a aplicação precisa ser feita rapidamente Neiva
A
aplicação de defensivos, como por exemplo, fungicidas para ferrugem da soja, deve ser feita aos primeiros sinais de ataque da doença, logo após a detecção obtida através de monitoramento. A partir daí, o tratamento deve ser executado o mais rapidamente possível, visando proteger toda a área no mais curto espaço de tempo. O método de aplicação deve ser escolhido em função das dimensões da área e da velocidade de tratamento dos equipamentos - próprios ou contratados - disponíveis. Tanto aviões agrícolas como pulverizadores terrestres, desde que adequadamente regulados e operados, podem ser utilizados com sucesso na aplicação de fungicidas para o controle de doenças e pragas.
ASPECTOS DA APLICAÇÃO AÉREA Referências sobre aplicação terrestre de fungicidas em soja são numerosas. Entretanto, infelizmente, os órgãos oficiais de pesquisa não têm realizado ensaios utilizando a aplicação aérea. As recomendações decorrem, em sua maioria, de trabalhos práticos, experiência dos produtores agrícolas e operadores de aviação agrícola ou recomendações dos fabricantes. Os aviões podem aplicar fungicidas tanto empregando bicos hidráulicos -convencionais
A redução na colheita, devido a danos causados pelo uso de equipamentos terrestres, pode chegar a até 5%
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“Tanto aviões agrícolas como pulverizadores terrestres, desde que adequadamente regulados e operados, podem ser utilizados com sucesso na aplicação de fungicidas para o controle de doenças e pragas”
Fotos Eduardo de Araújo
ou ar
ou eletrostáticos - como atomizadores Os fatores-chave da aplicação aérea de fungicidas são o diâmetro das gotas e o número de gotas por cm2. A tecnologia de aplicação, por sua vez, está intimamente relacionada às características do produto. Por exemplo, fungicidas com ação de contato requerem maior número de gotas/cm2 (50 ou mais) e grande penetração, para atingir a parte inferior das plantas. Gotas pequenas (200-250 micra, ou menores) são requeridas. Os fungicidas sistêmicos são menos exigentes, podendo ser aplicados com menor número de gotas ( 20 a 30 gotas/cm2). Deve-se atentar, entretanto, que os fungicidas sistêmicos disponíveis embora possuam capacidade de movimentação e ação de profundidade, deslocamse dentro da planta em apenas um sentido (de baixo para cima) e, portanto, uma boa penetração continua sendo requerida. Outro aspecto importante é que a ferrugem, por exemplo, inicia geralmente na parte inferior da planta, devendo o tratamento de proteção visar principalmente os dois terços superiores da planta, os maiores responsáveis pelo enchimento dos grãos, e ainda não infectados. Na aplicação aérea de fungicidas de contato, volumes de 25 a 40 litros /ha e gotas finas (em torno de 200 - 250 micra) são necessários para garantir suficiente número de gotas/cm2 e depósito na parte inferior da planta.
Detalhe do bico teejet jato cônico, utilizado especialmente na pulverização aérea
Com fungicidas sistêmicos os volumes podem ser menores (15 a 20 l/ha), mantendo o diâmetro de gota em torno de 200 - 250 micra, o que assegura ainda boa penetração e densidade de gotas suficiente, tendo em vista o modo
“O uso de aditivos deve ser aprovado pelo fabricante do fungicida e visa reduzir a evaporação, ou aumentar o peso da gota, ou inibir a formação de gotas excessivamente finas”
Taim Aéroagrícola
Por não sofrer influência das condições do solo e aplicar em velocidade praticamente constante, o avião consegue grande uniformidade na aplicação Charles Echer
de ação do produto. Volumes ainda menores (10 litros/ha ou menos) podem ser aplicados. Porém, desde que empregando calda especialmente formulada, já que serão necessárias gotas ainda mais finas (150 micra ou menos), que podem sofrer evaporação e deriva. Formulações especiais (por exemplo formulação UBV) ou o uso de aditivos são essenciais neste caso. O uso de aditivos deve ser aprovado pelo fabricante do fungicida e visa reduzir a evaporação, ou aumentar o peso da gota, ou inibir a formação de gotas excessivamente finas. Mesmo assim, precauções devem ser tomadas com a deriva, pois gotas muito finas, protegidas da evaporação, podem “viajar” grandes distâncias.
AÉREA X TERRESTRE São sistemas de aplicação não excludentes. Pequenas áreas; áreas com muitos obstáculos ou muito irregulares; áreas em que a aplicação aérea não é permitida (como por exemplo as situadas a menos de 500 metros de povoações): nestas, a aplicação aérea se revela não adequada ou não utilizável economicamente e, então, o produtor pode - e deve - complementar o tratamento aéreo empregando equipamento terrestre. Onde é viável, a aplicação aérea apresenta características interessantes: Rapidez: É a qualidade mais evidente, sendo a maior responsável pela eficácia do tratamento. Mesmo com volumes de 30 a 40 l/ha, a rapidez do tratamento aéreo é insuperável, ultrapassando os 50 hectares/hora. Quando aplicando em volumes menores (15-20 l/ha), o rendimento pode atingir algo como 80 hectares/ hora. Produtividades superiores a 100 ha/hora podem ser alcançadas com volumes abaixo de 10 l/ha (tudo dependendo do avião, distância e comprimento da lavoura etc). O maior benefício é poder tratar grandes áreas no momento adequado. Detectada a do-
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Bicos eletrostáticos utilizados na pulverização aérea
ença em um setor, toda a lavoura pode ser tratada em pouco tempo, evitando a disseminação do fungo. Com equipamentos terrestres a produtividade é bem mais baixa podendo alcançar em torno de 100-150 ha/dia, por unidade, com os modernos pulverizadores autopropelidos, de grande porte. Uniformidade: como o avião aplica em velocidade praticamente constante e não sofre influência das condições do solo (umidade, irregularidades), a uniformidade é excelente. Melhor resultado pode ser ainda obtido se o avião estiver equipado com sistema DGPS e um sistema de controle automático de vazão a ele acoplado. Esta configuração permite compensar pequenas variações de velocidade do avião (devido à topografia ou direção do vento). Nas aplicações terrestres a uniformidade pode ficar prejudicada pelas variações da velocidade do trator, da altura da barra, e por desvios da trajetória. A correção de tais problemas é possível pela utilização de acessórios (respectivamente o controlador automático de vazão, mecanismos hidráulicos de compensação e DGPS), porém a um custo elevado, nem sempre suportado pelo pulverizador empregado, principalmente os de menor porte, tracionados. Operação em qualquer condição de solo: o avião não sofre a influência de condições adversas do solo, como alterações devido às chuvas ou irrigação. Isto se torna mais evidente em regiões com altas precipitações durante o ciclo da cultura. Tão logo cesse a chuva, os aviões podem iniciar o tratamento, não necessitando aguardar que o solo seque. Nas aplicações terrestres este é um dos fatores mais limitantes. Após chuvas intensas, ficam os tratores e pulverizadores impedidos de entrar na área, às vezes por vários dias, atrasando o tratamento. Isto, freqüentemente, faz com que os produtores, impossibilitados de utilizarem os pulverizadores, vão em busca de aviões para efetuar o tratamento, operação não planejada anteriormen-
Relação custo/benefício computando o amassamento DETALHES Custo parcial da aplicação Perda provocada pelo amassamento e compactação do solo para uma produtividade média de 2700kg/ha Prejuízo Custo total Lucro na aplicação aérea
PULV. TERRESTRE US$400.00 (US$4.00/ha x 100ha)
AVIÃO (IPANEMA) US$ 900.00 (US$9.00/ha x 100ha)
101 sacas ou 2,24% do total
NENHUMA
US$1,414.00 (1saca =US$14.00) US$1,814.00 ------------------
ZERO US$900.00 US$914.00 ou 65 sacas
OBSERVAÇÃO: Nos dois casos, o custo/ha inclui os equipamentos, o tratorista ou piloto e o combustível. FONTE : Indústria Aeronáutica Neiva ( http://www.aeroneiva.com.br/). Ajustada para valores de Fevereiro/2004.
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“Enquanto na aplicação aérea os volumes máximos são de 40 l/ha, na aplicação terrestre os volumes mínimos são de 150 l/ha, ou seja, há quatro vezes mais água, sais e impurezas para reagir com o produto, neste tipo de aplicação e, ainda, muito mais tempo de contato”
Eduardo de Araújo
xos que nas aplicações convencionais, as gotas, na aplicação aérea, contém maior concentração de princípio ativo, o que as torna mais eficazes e reduz a possibilidade de degradação ou desativação do produto por impurezas contidas na água, em especial sais, argila e matéria orgânica. Enquanto na aplicação aérea os volumes máximos são de 40 l/ha, na aplicação terrestre os volumes mínimos são de 150 l/ha, ou seja, há quatro vezes mais água, sais e impurezas para reagir com o produto, neste tipo de aplicação e, ainda, muito mais tempo de contato. Outras características vantajosas: a participação de pessoal especializado (piloto agrícola, técnico executor em aviação agrícola, Engenheiro Agrônomo como Responsável Técnico e, ainda, uma completa regulamentação e fiscalização da atividade fazem da aviação agrícola uma ferramenta segura para a aplicação de defensivos agrícolas, inclusive fungicidas para o controle de doenças da soja. Este é outro ponto importante de diferenciação, já que para a aplicação de defensivos com equipamentos terrestres não é exigida ne-
Atomizador rotativo Micronair AV 5000 ajustável para UBV
que, no caso das aplicações aéreas, pode e deve ser contornado por contratos de prestação de serviços bem feitos e com antecedência). • Do ponto de vista financeiro, a vantagem da aplicação convencional está no menor desembolso de recursos financeiros à época do tratamento. De fato, o avião contratado deve
Satloc Inc.
te. Em não tendo sido previamente agendado, às vezes não encontram aviões disponíveis, por estarem atendendo contratos prévios. Tudo isso atrasa a aplicação, causa prejuízos e, naturalmente, insatisfação. Ausência de danos à cultura: O tratamento aéreo não causa prejuízos por danos diretos à cultura (“amassamento”) ou indiretos, como a compactação do solo. Estimativas indicam que a redução de colheita devido a danos ocasionados pelo uso de equipamentos terrestres, no estádio de aplicação de fungicidas, pode chegar a até 5%, ou aproximadamente 2 sacas de soja por hectare. Sendo assim, existiria um benefício econômico direto, já que a aplicação aérea, em média, custa ao produtor cerca de 0,5 saca de soja / ha em baixo-volume de aplicação, não atingindo 1 saca/hectare em altos volumes. Uma estimativa desta relação custo/benefício pode ser encontrada na página da Indústria Aeronáutiva Neiva (http:// www.aeroneiva.com.br/). Os dados, atualizados para fevereiro de 2004, mostram que o custo da aplicação terrestre é de US$ 4,00 /
hectare, enquanto o da aplicação aérea é de US$ 9,00 / hectare (serviço contratado). À primeira vista, o custo da aplicação aérea é muito mais elevado. No entanto, quando levada em consideração a perda por amassamento - zero na aplicação aérea e US$ 14,14 / hectare (1,1 saca), na aplicação terrestre - a situação inverte-se: a aplicação terrestre passa a custar US$ 18,14, o que representa um custo a mais de US$ 9,14 por hectare (0,65 saca). Não disseminação da doença : por não entrar em contato com as plantas, o avião não contribui para a disseminação da doença, pois não transporta os esporos da ferrugem de uma parte afetada para outra ainda sadia Na aplicação terrestre, um pulverizador pode estar contribuindo para o alastramento da doença de uma área infectada para o restante da lavoura, ao levar esporos de uma para outra. Maior concentração de produto: por resultarem de volumes de aplicação muito mais bai-
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nhuma habilitação do aplicador. Também não existem dispositivos legais específicos que regulamentem este tipo de aplicação, o que seria altamente desejável para a maior qualificação das aplicações convencionais.
PONTOS POSITIVOS Do ponto de vista técnico, uma qualidade positiva da aplicação terrestre é o maior controle sobre a área em tratamento: mesmo diminutas porções no interior da área principal podem ser deixadas sem tratar, se assim for desejado. Também nas bordas da área em tratamento, a aplicação terrestre consegue uma definição mais precisa entre a área tratada e a não tratada. • Um outro ponto destacado pelos produtores está relacionado à disponibilidade: tendo um - ou mais - pulverizadores na propriedade, o produtor tem maior poder de decisão sobre quando iniciar e interromper o tratamento (o
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ser pago (à razão de “x” R$ por hectare), enquanto que, se a aplicação for executada com equipamentos terrestres próprios, o desembolso do produtor naquele momento é praticamente restrito ao combustível e salário do operador, pois o restante do custo é diluído ao longo do tempo. Esta vantagem financeira, no entanto, geralmente não se traduz em vantagem “econômica” e nem em vantagem no cômputo custo/benefício final, conforme mostrado anteriormente. Efetuando um balanço das vantagens e limitações de cada um dos métodos de aplicação, confirma-se a característica de complementação entre eles. Atuando de forma inteligente, o produtor pode valer-se dos dois métodos, em benefício de um controle mais eficaz das doenças da Soja, em especial a temível “Ferrugem M Asiática”. Eduardo C. de Araújo, Agrotec Tecnologia Agrícola e Ind.
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Colhedoras Colhedoras feijão
Fotos Colombo/Miac
Quanto custa? Os custos da colheita de feijão variam muito de um sistema para outro, sendo um dos principais critérios avaliados para definir o tipo de colheita, porém fatores como mão-de-obra e as perdas também devem ser observados
A
valiou-se o custo da colheita do feijão, relativo ao sistema de colheita semimecanizado e mecanizado realizado em propriedade situada na região sudoeste do Estado de São Paulo, região tradicional na produção de feijão, em uma propriedade com área de 200ha e produtividade de 57 sc/ha. O valor da mão-deobra foi o utilizado na região na última colheita e os preços das máquinas referem-se a janeiro de 2004. No cálculo do custo horário das máquinas utilizou-se a metodologia do Instituto de Economia Agrícola, composto dos custos variável e fixo (Tabela 1).
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Máquinas
A colheita manual é feita em duas fases, sendo a primeira realizada através da contratação de mão-de-obra manual para o arranquio e enleiramento e a segunda execuTabela 1 - Custo horário das máquinas e equipamentos utilizados na colheita de feijão, em reais Item do custo Trator 110cv Recolhedora Ceifadora Tratorista Custo variável 30,41 10,20 13,08 Custo fixo 20,90 30,50 23,25 Custo total horário 51,31 40,70 36,33 4,17 Tempo em 1 ha 0,35 0,83 Fonte: Instituto de Economia Agrícola da Agencia de Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, (IEA/APTA).
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tada por máquina recolhedora e trilhadora. A colheita manual apresentou custo de R$ 158,80/ha ou R$ 2,78/sc. Sendo que a operação de arranquio e enleiramento manual teve um custo de R$ 125,00/ha ou R$ 2,20/sc e a operação recolhimento e trilha apresentou custo de R$ 33,68/ha ou R$ 0,59/sc. A colheita realizada totalmente de forma mecanizada utilizando um ceifador/arrancador mecânico para arranquio e a recolhedora/trilhadora, apresentou custo de R$ 109,88/ha ou R$ 1,93/sc. O custo da operação realizada com o ceifador foi de R$ 76,20/ ha ou R$ 1,34/sc, sendo o custo de opera-
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“Outro fator importante da colheita mecânica é o monitoramento das perdas, que são muito maiores nesse tipo de operação”
ção da recolhedora o mesmo da operação manual (R$ 33,68 /ha ou R$ 0,59/sc). Nas condições apresentadas, a colheita mecânica apresenta-se como melhor opção em relação aos custos de operação. Mas uma decisão de troca do sistema de colheita manual para o totalmente mecanizado deve basear-se em análise econômica que leve em conta também o valor do investimento em equipamentos apropriados (ou valor do aluguel desses equipamentos), sendo que a decisão final vai depender principalmente, da escala do empreendimento e que os ganhos adicionais líquidos adquiridos com a nova modalidade seja maior que os ganhos líquidos da modalidade em uso. Além disso, deve-se avaliar outras condições necessárias para o uso, por exemplo, do ceifador que requer uma sistematização do solo, que pode levar o produtor a incorrer em custos adicionais. A adoção da colheita mecânica pode ser uma solução para os problemas trabalhistas ocorridos com contratação de mãode-obra, mas pode se tornar um transtorno se não possuir mão-de-obra especializada e não executar a otimização do conjunto mecanizado principalmente em relação ao número de horas de utilização no ano. Outro fator importante da colheita mecânica é o monitoramento das perdas, que são muito maiores nesse tipo de operação. Os custos de produção podem ser utilizados como indicadores na opção de sistemas de colheita, mas um estudo de viabilidade econômica detalhado deve ser utilizaM do na tomada de decisão. Marli Dias Mascarenhas Oliveira, Instituto Econômico Agrícola
Custo da colheita de feijão terceirizada
U
ma alternativa para colheita do feijão é a terceirização de colhedoras. Este serviço foi avaliado, em uma fazenda localizada no estado do Mato Grosso, com área de, aproximadamente, 400 ha e produtividade média de 30 a 35 sacos de feijão por ha. A operação foi realizada com a colhedora alemã, Class, pois segundo o produtor, apesar de possuir uma colhedora de grãos convencional em sua propriedade esta não conseguiu atingir o rendimento necessário, fazendo com que ele optasse por terceirizar o serviço. O custo total para a colheita por ha foi de R$ 168,27 ou R$ 4,81/sc. O custo da co-
lheita ficou distribuído da seguinte maneira: Aluguel da máquina/ha Óleo diesel/ha Alimentação do operadore/ha CUSTO / HA
R$ 140,00 R$ 28,00 R$ 0,27 R$ 168,27
Ao custo total da colheita pode ainda ser acrescentado o valor do frete para o transporte da máquina, que depende muito da localização da propriedade e da quantidade de hectares a ser colhida e ainda o custo do dessecante que, se aplicado, facilita o processo de colheita.
Nas condições apresentadas a colheita mecânica mostrou-se mais viável econômicamente, porém antes da opção por outro sistema, diversos fatores devem ser observados
Colhedoras feijão
A
vem ser de fácil colocação e remoção, pois serão usados apenas em alguns trabalhos, além disso os dispositivos terão de ter baixo custo. Dessa forma, os produtores serão estimulados a incorporá-los à colhedora, permitindo otimizar o processo de colheita do feijão e aumentar sua rentabilidade.
MASSEY FERGUSON A Massey Ferguson disponibiliza de um kit para ser adaptado nas colhedoras convencionais, permitindo que ela possa colher também feijão. O kit para a colheita do feijão necessita melhorar basicamente três pontos da colheitadeira: o recolhimento das plantas que na
Nilson Konrad
Barra emborrachada do cilindro de trilha da colhedora MF 34
s colhedoras de grãos devem aliar duas características antagônicas que são a versatilidade e a alta qualidade na colheita, pois o agricultor brasileiro espera que a sua colhedora trabalhe em qualquer cultura que ele vier a cultivar, e com certeza ele não irá tolerar um trabalho de baixa qualidade. Essa é a necessidade da nossa agricultura, pois precisamos reduzir custos e aumentar qualidade, que levam ao domínio das máquinas com trilha do tipo tangencial no mercado. Para cultivos de características tão específicas como o feijão, muitas dessas maquinas apresentam “kits”, os quais devem ser instalados para um melhor trabalho. Esses equipamentos extras da máquina de-
Uma alternativa para quem quer fugir da colheita manual, sem comprar uma máquina específica para o feijão, é adaptar as colhedoras convencionais com kits específicos para a cultura
Adaptadas para o 24
Máquinas
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“Para cultivos de características tão específicas como o feijão, muitas dessas maquinas apresentam “kits”, os quais devem ser instalados para um melhor trabalho”
Fotos Massey Ferguson
maioria estão deitadas e acamadas no solo; a trilha deve possuir uma velocidade de giro baixa, inferior a 300 rpm muitas vezes; e os canais condutores do material devem possuir recursos extras para retirar impurezas que estão junto aos grãos, principalmente terra. As duas linhas de colheitadeiras Massey Ferguson possuem a opção de um kit para colheita de grãos sensíveis como o feijão. A MF 5650 e a MF3640 têm o kit com a seguinte composição básica: fundo do canal alimentador perfurado, bandeja alimentadora com seção perfurada, tampas dos elevadores perfuradas, corrente do elevador de grãos com canecas, polia da embreagem, polia variadora do cilindro de trilha, correia
variadora das rotações do cilindro e extensões das hélices do caracol. A MF 34 e a MF 38 também podem ser configuradas de fábrica com um redutor mecânico epicicloidal, para o cilindro de trilha, barras do cilindro emborrachadas, o que seriam as principais diferenças da configuração usada na linha 30. No restante, é similar com o fundo do canal alimentador perfurado, bandeja alimentadora com seção perfurada, tampas dos elevadores perfuradas, corrente do elevador de grãos com canecas. Sempre buscando preservar a qualidade do grão. Os preços das colhedoras da Massey Ferguson variam entre R$ 310 mil e R$ 450mil. Os modelos MF 5650 e MF 3640 custam entre R$ 310 mil e R$ 320 mil, mas o produtor deve acrescentar mais o kit de feijão no valor de R$ 15 mil. O modelso MF 34 e MF 38 custam aproximadamente R$ 450 mil e também necessitam do kit de adaptação no valor de R$ 15 mil reais. Os custos podem variar tanto para as colhedoras como para o kit de acordo com cada região, já que os impostos e fretes que incidem sobre o valor também são diferentes dependendo da localização.
JOHN DEERE
paration) possuem sistema de trilha e separação longitudinal. O sistema de limpeza Dyna-Flo realiza o processo em três etapas, o que proporciona grãos mais limpos e índice de perdas menor. Além de colhedoras de grande porte como as STS, a John Deere oferece também opções para outros tamanhos de lavoura. Os modelos 1450 e 1550, por exemplo, têm demonstrado bons resultados em lavouras de feijão, que podem ser adaptadas para esta cultura com a instalação de um kit. De porte menor, os modelos John Deere 1165 e 1175, também oferecem as mesmas facilidades e excelentes resultados para quem procura máquinas de bom rendimento e que proporcionem um produto final de qualidade. No caso da John Deere, as colhedoras já com adaptação dos kits para feijão e frete incluído, na região de Cruz Alta (RS), podem custar entre R$ 620 mil e R$ 702 mil nos modelos 9650 e 9750 da linha STS e R$ 390 mil no modelo 1450, com possibilidade de financiamento pelo M Finame especial. John Deere
A John Deere dispõe de pelo menos quatro opções que também podem ser usadas para colher feijão. Com as colhedoras 9650 STS e 9750 STS, o operador leva menos de meia hora para fazer os ajustes necessários para sair de uma lavoura de soja e passar para uma lavoura de feijão. Produzidas no Brasil desde 2002, as colhedoras John Deere STS (Single Tine Se-
Kit que permite adaptar a colhedora convencional para a colheita do feijão
feijão Março 2004
Os kit`s permitem que em pouco mais de meia hora, o produtor passe da colheita de soja para a de feijão
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Colhedoras Colhedoras feijão
Fotos Colombo/Miac
Só para feijão
As colhedoras de feijão, desenvolvidas especificamente para esta finalidade, são uma alternativa para quem não quer utilizar a mão de obra neste processo e não possui colhedora convencional
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Ceiflex pode ser acoplada a diversos modelos e marcas de colhedoras automotrizes existentes no mercado. Possui sistema hidráulico independente da automotriz, composto por reservatório hidráulico de 160 litros com trocador de calor ar/óleo, filtro de linha e bomba para acionamento dos motores hidráulicos. A barra de corte é flexível com opções de tipos de dedos para melhor adaptação às diversas condições de colheita. O curso das facas de 85 mm permite o corte nos dois sentidos de trabalho. O rolo recolhedor possui dedos flexíveis soldados em base de borracha para levantamento e recolhimento das plantas. Dessa forma, evita-se o corte de vagens rentes ao solo diminuindo as perdas. Uma válvula reguladora de velocidade do rolo recolhedor permite sua adaptação à velocidade de operação da colhedora. A caixa de navalha é da Schumacher de comprovada qualidade e lubrificada com graxa, evitando danos por falta de lubrificação que normalmente ocorrem nas caixas lubrificadas a banho de óleo. As esteiras transportadoras concentram as plantas de feijão na parte central da máquina descarregando as plantas em leiras abaixo da automotriz. Todo esse trabalho é realizado sem causar qualquer dano às plantas evitando debulhas precoces, e as consequentes perdas. Ao cortar e enleirar o feijão logo após
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o término da maturação a CEIFLEX permite uma secagem mais rápida e uniforme deixando a cultura no ponto ideal para ser recolhida e trilhada. Não há necessidade de uso de dessecantes que encaresse o processo de colheita. O resultado é um feijão sem escurecimento por ação do sol, sem barreamento pelo contato com a terra durante a trilha e sem bandinha. Nosso objetivo final é a qualidade sem perda do valor comercial do feijão.
RECOLHEDORA E TRILHADORA DE FEIJÃO Utilizando apenas um tratorista, a Double Master II, recolhe e beneficia até 30 toneladas de feijão por dia. Recolhe as leiras de feijão através dos dedos flexíveis que conduzem o material para o rolo intermediário que tem a função de elevar o material recolhido até o cilindro direcionador. Esse cilindro que possui helicóides direcionadas dos extremos para o centro, conduz as plantas de feijão até a entrada do sistema de trilha. A unidade recolhedora é sustentada por um sistema de molas e rodas guias que permitem uma perfeita regulagem da altura de trabalho dos dedos flexíveis (eles trabalham rentes ao solo) além de copiar as irregularidades do terreno resultando num recolhimento sem perdas e sem presença de terra. O cilindro trilhador com seus dedos
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batedores e o côncavo com orifícios de 20 mm compõem o exclusivo sistema de trilha e separação de fluxo axial de baixo impacto - Fabi. Esse sistema possui regulagens da intensidade e do tempo de trilha permitindo a colheita do feijão em qualquer condição de umidade, desde o mais verde até o mais seco, sem prejudicar a qualidade dos grãos. A disposição helicoidal dos pinos batedores no sistema Fabi também evita que a tela perfurada fique obstruida pelas impurezas, facilitando a pasagem dos grãos para a peneira vibratória. O sistema Fabi, por ser de baixo impacto, não ocasiona quebras ou danos aos grãos que podem ser destinados para uso como sementes. Na extremidade final do cilindro trilhador existe um rotor de aletas que lança toda a palhada para fora da máquina. Grãos de feijão, vagens verdes e pequenas impurezas que atravessaram o côncavo caem na peneira vibratória que os transporta para a parte traseira da máquina onde um duto de sucção elimina todas as pequenas impurezas. As vagens verdes caem no depósito de vagens e os grãos, perfeitamente limpos, são direcionados para o elevador de grãos. Através de canecas de polietileno esses grãos são transportados para a caçamba graneleira. O sistema de descarga de acionamento hidráulico é basculante, evitando roscas sem fim que prejudicam a qualidade dos grãos ou sementes. Com a Double Master II o seu feijão recebe um tratamento especial, durante o recolhimento e trilha. Você pode colher o feijão a qualquer hora, a qualquer tempo, e com muito mais qualidade. Na hora da venda seu lucro é certo. O preço da Ceiflex pode variar entre R$ 58 mil e R$ 62,3 mil e a Double Master II varia entre R$ 44,5 mil e R$ 47,8 mil, deM pendendo do estado brasileiro.
Na extremidade do cilindro trilhador há um rotor de aletas que lança a palha para fora da máquina
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Trator Trator teste
Pequeno notável Feito para atuar em locais estreitos, como é o caso dos parreirais da Serra Gaúcha, o Agrale 4100.4 já está no mercado há 25 anos e com mais de 25 mil unidades vendidas
E
mbora quem trabalha no segmen to de máquinas agrícolas tenha a tendência de “olhar para cima”, isto é, contemplar sempre as grandes propriedades, as empresas agrícolas como modelos e exemplos, não se deve esquecer que existem milhares de pequenas propriedades no Brasil. Estas pequenas propriedades nem sempre são sinônimo de pobreza e subdesenvolvimento. Em muitas delas as famílias que as administram vivem muito bem, com rendimento adequado, qualidade de vida e todos o conforto da vida contemporânea e urbana. Este é o caso do Sr. Adair Cecconi, da localidade de Santa Margarida, no interior de Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul. Em seus parreirais, que cultiva ao lado da propriedade do pai, trabalham dois tratores Agrale 4100, que o ajudam a produzir anualmente médias superiores a 20 toneladas de uvas finas por hectare. O primeiro dos 4100 tem mais de 25 anos de uso. O “novo” é um 4100.4, que Cultivar Máquinas foi conhecer. A simplicidade e a robustez desta máquina fazem parte de sua concepção. Com um design renovado, com formas arredondadas, e incorporando
À esquerda, o antecessor adquirido por Adair em 1980 e, ao lado, o modelo atual com tração auxiliar
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a tração dianteira auxiliar, o trator marca presença onde quer que esteja trabalhando.
MOTORIZAÇÃO E TRANSMISSÃO O motor monocilíndrico marca Agrale modelo M93 ID fornece potência máxima (NBR ISO 1585) de 10,8 kW (14,7 cv) a 2.750 rpm. O torque máximo (NBR ISO 1585) é de 3,92 daN.m (4,0 kgf.m) a 2.350 rpm. O torque moderado pode ser explicado pela construção “subquadrada” do motor, com diâmetro do pistão menor que o curso ( 90 x 105 mm). O “pequeno” tem cilindrada de 668 cm³ e razão de compressão 20 : 1. A refrigeração é ar com turbina incorporada ao volante. Um sistema simples e confiável. A alimentação é feita através de filtro de ar seco e sistema de injeção direta Bosch. O leitor certamente gostaria de saber o consumo deste pequeno trator. Nós também! Na falta de um Centro de Ensaios Brasileiro (ou regional) em funcionamento, não se pode ter os dados oficiais de desempenho dos tratores nacionais. Em me-
A configuração é específica para trabalho em parreirais; o consumo médio é de 1 litro hora
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“A tomada de potência está ligada à transmissão e seu desempenho depende da marcha que estiver engatada, a referencia é com o motor a 2.750 rpm”
Fotos Charles Echer
O sistema hidráulico é acionado por uma bomba com vazão de 23,65 l/min a 2.750 rpm
dições não aferidas constatamos consumo variando de 0,8 a 1,5 litros por hora. 0,8 l/h em trabalhos “leves” como capina ou pulverização, e 1,5 l/h em tarefas “pesadas” como preparo do solo ou transporte de cargas. Com um tanque de combustível de 19,6 litros, pode-se projetar uma autonomia maior que um dia de trabalho. Ou como disse um agricultor: “a gente se esquece de abastecer”. A transmissão começa numa embreagem tipo monodisco seco, ∅ 180 mm. O câmbio oferece 7 marchas à frente, de 1,4 a 15,9 km/h, com 4 marchas na chamada faixa operacional, e 3 marchas à ré, de 2,1 a 8,9 km/h. Estas velocidades são referidas com rotação do motor de 2.750 rpm e pneu traseiro 8.3/8 x 24”. O bloqueio do diferencial é de acionamento mecânico por alavanca auxiliar.
SISTEMA HIDRÁULICO O sistema hidráulico pode fazer inveja a alguns “maiores”. Impulsionado por uma bomba de engrenagens, acionada diretamente pelo motor com vazão 23,65 l/min a 2.750 rpm do motor! A pressão máxima de serviço é de 12 MPa (120 kgf/cm²). O engate de 3 pontos, categoria Especial Agrale tem capacidade de levante de 440 kgf a 610 mm do engate.
TOMADA DE POTÊNCIA A tomada de potência está ligada à transmissão e seu desempenho depende da marcha que estiver engatada, a referencia é com o motor a 2.750 rpm. Em marchas reduzidas e em 4ª marcha a rotação na TDP é de 1.000 rpm, apontando para uma tendência européia de duas décadas. Em marchas simples produz 1.300 rpm e em mar-
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“Um trator valente, robusto, que cumpre o que se propõe: atender aos pequenos e médios produtores. Econômico, com possibilidades comprovadas de durabilidade, baixo custo operacional e fácil manutenção”
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vas e harmoniosas. O capô dianteiro, bascula inteiro para operações de manutenção ou inspeção e não necessita sequer de ferramentas ou alavancas para sua abertura. Apenas a inclinação do protetor dianteiro e o capo pode ser aberto, desengatando seu único pino de fixação de um encaixe de borracha. Os pára-lamas à altura da plataforma do operador evitam acidentes e completam o bom desenho do trator. Opcionalmente pode ser fornecido um arco de segurança, mas dificilmente ele sai de fábrica com este opcional, já que sua aplicação é basicamente para parreirais.
ERGONOMIA E CONFORTO OPERACIONAL Talvez não sejam um dos pontos mais fortes deste projeto, mas na sua concepção alguns comandos são de fácil alcance e uso. O espaço para o operador em si é estreito, fruto da pequena bitola do trator, projetado para trafegar entre as parreiras. O assento, confortável não oferece a gama de regulagens de um trator maior.
MANOBRABILIDADE Uma pequena distância entre-eixos (1.205 mm) leva supor um pequeno raio de giro. E assim é: em giro livre 2.500 mm e raio de giro com o trator freado 2.000 mm. Esta versatilidade muito ajuda nas apertadas manobras dos pomares e parreirais.
ASPECTOS DIMENSIONAIS E PONDERAIS
chas à ré 1.420 rpm, com o sentido de giro invertido. A potência máxima disponível na TDP chega a (NBR ISO 1585) 9,7 kW (13,2 cv) a 2.750 rpm do motor.
FREIOS Os freios que atuam sobre as semi-árvores traseiras são tipo sapatas expansíveis e de acionamento independente ou conjugado. O freio de estacionamento é de engate manual.
DIREÇÃO E PAINEL A direção muito confortável é hidrostática. O painel de instrumentos é bastante simples, espartano até, e prático. Composto de horímetro, sinalizador de funções (indicadores de carga da bateria, pressão do óleo do motor, luz alta ligada, bloqueio do diferencial acionado).
DESENHO O design deste trator foi sendo modernizado ao longo dos anos, com linhas cur-
O raio de giro livre é de 2,5m, que facilita bastante a circulação nas fileiras estreitas dos parreirais
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O comprimento total do 4100 é de 2.480 mm, que aliado à largura máxima de 1.200 mm dá uma idéia da compacidade do trator. A distância entre-eixos 1.205 mm contribui para a boa manobrabilidade. A bitola dianteira é fixa
O vão livre no eixo dianteiro é limitado em 290mm e a bitola fixa em 910mm
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O capô do motor bascula inteiro, o que facilita a manutenção
em 910 mm, devido ao eixo com tração. A bitola traseira é ajustável de 863 mm a 976 mm. Pode não parecer muito, mas é a difrença entre entrar ou não em culturas adensadas, ou para tratos culturais em olericultura. Os rodados dianteiros são aro 12” (Pneu : 6.5/80-12”) e os traseiros aro 24” (Pneu : 8.3/8 x 24”) embora haja algumas opções de dimensão. Um ponto crítico é o pequeno vão livre no eixo dianteiro, de 290 mm. O peso de embarque é de 1.060 kg, e em ordem de marcha com lastro 1.260 kg, dando uma relação peso-potência similar aos tratores de maior porte. Portanto, um bom desempenho de tração pode ser esperado.
MOTOR Agrale M 93 01 vertical 14,7 cv (10,8 kw) a 2.750 rpm 3,9 daNm - 4,0 kgfm a 2.350 rpm 668 A ar - turbina incorporada ao volante Tipo seco
CAPACIDADES (Litros) Tanque de Combustível Cárter do Motor Caixa de Câmbio Sistema Hidráulico Setor de Direção
TRANSMISSÃO
Bloqueio Do Diferencial
Um trator valente, robusto, que cumpre o que se propõe: atender aos pequenos e médios produtores. Econômico, com possibilidades comprovadas de durabilidade, baixo custo operacional e fácil manutenção. São cerca de 25.000 unidades no campo, em toda a história de três décadas do modelo. Com sobrevida longa, pelo que pudemos ver e sentir. O Agrale 4100.4 custa R$ 30.390,00, podendo ser financiado pelo Finame e Pro n a f . AD M
Trator Agrale 4100.4
Motor N° de Cilindros Potência Máxima - NBR ISO 1585 Torque Máximo - NBR ISO 1585 Cilindrada (cm²) Refrigeração Filtro de Ar
Embreagem Câmbio Velocidades
CONCLUSÃO
19,6 2,5 12 10 0,25
SISTEMA ELÉTRICO Monodisco a seco - Ø 180 mm 7 marchas a frente - 3 a ré a 2.750 rpm no motor 1ª reduzida: 1,421ª simples: 1,902ª reduzida: 3,192ª simples: 4,283ª reduzida: 6,153ª simples: 8,244ª direta: 16,171ª a ré:2,092ª a ré: 4,703ª a ré: 9,06 Acionamento mecânico por alavanca auxiliar
23,65 l/min a 2.750 rpm 120 kgf/cm² (12mPa) De 3 pontos - categoria especial Agrale 440 kg a 610 mm do engate do implemento Motor a 2.750 rpm 6 35 mm 13,2 cv (9,7 kw) - motor a 2.750 rpm 1.000 rpm 1.300 rpm 1.420 rpm Hidrostática Com sapatas expansíveis e acionamento independente ou conjungado. Engate manual para freio de estacionamento.
12 V / 43 Ah 14 V / 55 Ah 0,8 kw
RODADOS Dianteiro Traseiro
SISTEMA HIDRÁULICO Vazão Pressão Máxima De Serviço Engate Capacidade De Levante Tomada De Potência Nº de Estrias Diâmetro Rotação Nominal Potência Máxima - NBR ISO 1585 Potência Nominal - NBR ISO 1585 Marchas Reduzidas e 4ª Marcha Marchas Simples Marcha a Ré Direção Freios
Bateria Alternador Motor de Partida
6.50/80 x 12" R1 8.3 / 8 x 24" R1
DIMENSÕES GERAIS (mm) Comprimento Largura Máxima Altura até o Volante Distância Entre-Eixos Vão Livre No Eixo Dianteiro Raio de Giro Livre Raio de Giro Freado
2.410 1.187 1.190 1.190 290 2.500 2.150
M
BITOLAS AJUSTÁVEIS Dianteira - Mínimo Máximo Traseira - Mínimo Máximo
910 863 976
SISTEMA HIDRÁULICO Em ordem de marcha com lastro De embarque sem lastro Opcionais
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1.240 1.040 Farol auxiliar traseiro, contrapesos nas rodas dianteiras, protetor frontal, teto solar, barra de tração curva.
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Lançamentos máquinas
Fotos Lagarde
Autoclave A
Lagarde, empresa mundialmen te conhecida pela fabricação de autoclaves de cozimento, pasteurização, esterilização de produtos alimentares e farmacêuticos em todo tipo de embalagem, lançou uma autoclave rotativa de circulação forçada à vapor, com diâmetro que atinge 1800 mm e capacidade de carga de cinco pilhas de bandejas sobrepostas, permitindo esterilizar saqui-
O aparelho tem sido utilizado principalmente para esterilização de arroz em saquinhos
nhos de 250g. O aparelho tem sido utilizado sobretudo na esterilização do arroz em saquinhos flexíveis. Este ano 20 autoclaves foram vendidas para tal produto nesse tipo de embalagem para grandes empresas européias que trabalham na transformação do arroz, da sêmola, de cereais etc. Com a utilização do aparelho o arroz não precisa ser pré-cozido, basta incorporar ao saquinho a quantidade de água necessária. A autoclave rotativa permite ruduzir o tempo de esterilização e o número de autoclaves tradicionais que deveriam ser utilizadas normalmente, bem como os custos do investimento. A Lagarde desenvolveu ainda para essa autoclave bandejas especiais em aço inoxidável contendo nichos da forma dos saquinhos, que são mantidos perfeitamente durante a rotação e nenhuma deformação é possível, permitindo tratar sacos maiores com rotação completa. Essas bandejas dispõem ainda de canais que otimizam a passagem do vapor para espalhá-lo por casa saquinho, conferindo maior homoge-
A autoclave tem capacidade para cinco pilhas de bandejas sobrepostas
neidade. As autoclaves Lagarde podem ser fabricadas com vários processos como o vapor, o escorrimento e a pulverização de água quente e o processo de imersão de água completo. Atualmente mais de 2,6 mil autoclaves estão em funcionamento em mais de 70 países.
Silêncio absoluto A
Eberle S.A., empresa gaúcha, trouxe ao mercado a Aqquant, primeira motobomba centrífuga totalmente silenciosa. A tecnologia de funcionamento da motobomba, que é inédita, tem como principal característica a refrigeração da água, eliminando o ruído do motor. Na Aqquant não existe eixo e o rotor e a turbina se tornaram uma única peça. Também não existe mancal ou rolamneto, pois o rotor-turbina flutua pela ação do campo magnético e do fluxo de água , que além de refrigerar também serve como lubrificante, fazendo com que não exista ventilador. As partes giratórias foram simplificadas em um só rotor (01), o qual é hidráulico e magnético ao mesmo tempo, ou seja, o estator bobinado (02) induz a força magnética diretamente na turbina da bomba (03), criando assim um rotor induzido magnético hidráulico. O líquido a ser bombeado flui pelo furo central e é acelerado pela ação das pás da turbina (03), as quais centrifugam o líquido, criando um diferencial de pressão entre
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a sucção da bomba e a saída da mesma. A circulação do líquido pelo interior do rotor e pela câmara que circunda o estator (04), refrigera este conjunto, eliminando a necessidade de uma ventilação externa. Os mancais de rolamentos também foram eliminados, utilizando outro novo conceito, ou seja, o rotor (01) gira deslizando dentro do próprio estator (02), o qual tem seu diâmetro interno recoberto com uma parede de polímero. A lubrificação passa a ser o líquido que
circula no interior da bomba. O efeito do campo magnético girante, que induz o movimento e da película de água entre o estator (02) e rotor (01) forma um efeito, o qual faz flutuar o rotor dentro do estator. O espaço entre o rotor e o estator é preenchido pelas paredes de polímero que revestem o diâmetro interno do estator (02) e o diâmetro externo do rotor (01), os quais pela uniformidade de espessuras garantem a centralização do ferro.
A Aqquant possui isolamento dos seus componentes, que evita qualquer contato elétrico com a água
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Informe jurídico • Newton Peter • OAB/RS 14.056 • consultas@newtonpeter.com.br
Sua marca está registrada?
E
mpresas que comercializam bons produtos e serviços têm no reconhecimento dos consumidores um bem precioso. Um consumidor satisfeito pode se tornar um propagador de boa fama, criar negócios e trazer clientes. Tudo sem ônus para a empresa. Mas isso só será possível se ele dispuser de uma forma de se referir especificamente ao seu produto ou serviço. Sua marca está protegida? Nesta coluna, para facilitar o entendimento, abordamos o caso de um produto (sementes), todavia os comentários tecidos aplicam-se também às marcas de serviços (consultoria ou manutenção de máquinas, por exemplo). Dentre os problemas mais comuns com as marcas está o de empresas que, simplesmente, não as registram no órgão competente. Por falta de bom assessoramento, o empresário confunde: a. firma social adotada pela sociedade; b. nome do estabelecimento; c. marca de produto. Genericamente, empresas de médio ou de pequeno porte tendem a usar vocábulo constituinte do nome empresarial para construir o nome do estabelecimento e, mesmo, marca de produto. Assim: a. firma social: Sementes Garcia Ltda.; b. nome do estabelecimento: Fazenda de Sementes Garcia; c. marca de produto: Sementes Garcia.
Juridicamente, cada um desses nomes tem finalidade própria e, portanto, pressupõe direitos e obrigações distintas. A firma social (nome da empresa) goza de proteção legal, sendo regida pelas disposições do Código Civil. Via de regra, a proteção vale a partir do registro da empresa na Junta Comercial. O nome do estabelecimento constitui direito intelectual, sendo criação de alguém com objetivo de designar o estabelecimento do empresário. É amparado contra uso indevido sem a necessidade de registro. Por fim, a marca é regida pelo Código da Propriedade Industrial e deve ser registrada junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Saliente-se que o fato de existir uma empresa “Sementes Garcia Ltda” não significa que a marca “Sementes Garcia” deva a ela pertencer. Isso somente se garante pelo registro de marca.
CÓDIGO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Registrar é simples. Primeiro, deve-se criar uma marca capaz de distinguir o produto ou serviço de outros, idênticos ou semelhantes. Quanto mais se referir ao seu produto em especial, melhor. A Lei objetiva garantir proteção à atividade empresarial e ao consumidor. Portanto, não cogite a idéia de se aproveitar de um nome conhecido, de concorrente ou não, ou de registrar algo dúbio. O registro serve para proteger o patrimônio de sua em-
presa. Não há razão para tentar algo que pode ser revertido depois, judicialmente. No caso estudado, uma empresa de sementes não pode registrar “Sementes” como marca sua, visto a palavra designar objeto genérico e comum no ramo de atividade da empresa (agricultura). Por outro lado “Sementes Garcia” significa algo específico: as sementes produzidas pela empresa “Sementes Garcia Ltda”. Deve-se pesquisar a existência de marcas semelhantes, com ou sem registro, pois outra empresa pode alegar uso anterior, mesmo sem tê-la registrado. Por exemplo, se a empresa “Sementes José M. Garcia Ltda” possuir registro da marca “Sementes Garcia”, na classe 31 (sementes) da Classificação de Nice, procure nova designação para o seu produto. Da mesma forma, se a empresa concorrente estiver comercializando sementes com esse nome há mais tempo, mesmo sem registro, recomenda-se estudo minucioso do caso antes de tentar registro, pois ele pode ser indeferido. Uma vez registradas, as marcas devem ser usadas. Marca sem uso por cinco anos pode ter o registro cancelado. E, por fim, a cada dez anos o registro deve ser renovado. Se você tem dúvidas, consulte um advogado especialista, pois as informações aqui transmitidas derivam de um caso hipotético. Para ter segurança, melhor analisar as particularidades da sua situação.
Decidido nos tribunais Crime - O crime previsto no artigo 1º da Lei 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária) é crime material que se consuma apenas com o lançamento definitivo, o que não ocorre antes do exaurimento do procedimento administrativo. Somente após o encerramento desse procedimento é que pode haver processo judicial. Crime (2) - Com a edição da Lei 10.684/03, não é mais necessário pagar o tributo devido antes que se encerre o processo administrativo para que o cidadão não venha a ser processado criminalmente. ICMS - O ICMS tem como local de incidência aquele de onde saiu a mercadoria para o consumidor final, espelhando o envolvimento do ato mercantil. Portanto, se o produto é vendido em São Paulo a um consumidor do Paraná, o tributo deve ser pago em São Paulo, desde que não haja trânsito da mercadoria por filial da vendedora no Paraná. Dependendo das alíquotas estaduais, há pos-
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sibilidade de ganho para a empresa que planeja suas vendas. Responsabilidade - O sócio-gerente de sociedade só pode ser responsabilizado pelo não-pagamento de tributo se comprovado pelo Fisco ter agido com dolo ou culpa, com infração à lei, contrato social, estatuto ou, ainda, de modo a promover a dissolução irregular da sociedade.
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Cofins sobre receitas financeiras A Cofins não pode incidir sobre as receitas financeiras, conforme decisão judicial. Sua cobrança deve incidir apenas sobre as receitas operacionais. A Lei 9.718/98 incluiu receitas além das advindas de vendas e serviços no conceito de faturamento, violando dessa forma o Código Tributário Nacional. Com a decisão, vale para a incidência Cofins o que estabelece o DecretoLei 2397/87: receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Receitas financeiras, portanto, estão livres da incidência da contribuição.
Máquinas
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Opinião
Plano safra, você tem o seu? E
stamos em meio à euforia de colher mais uma “super safra” no Brasil. A falta de chuva no Sul e o excesso dela em alguns locais no Centrooeste pode arrefecer um pouco o entusiasmo, mas de toda sorte os números são animadores. Comprova-se isto olhando algumas das principais culturas anuais. O arroz teve um incremento de área de mais de 10 %, se comparado com o ano anterior, chegando aos 3,5 milhões de hectares cuja produtividade cresceu em média 7 %, indicando um aumento de produção de 20 %, ou seja perto de 12,5 milhões de toneladas. Bem, o arroz não é produto de exportação, e seus preços são mais regulados pelo mercado interno que por fatores externos. Concordo com o leitor, mas mesmo assim haverá uma boa consolidação nas finanças dos produtores. Vejamos então a situação da soja: um aumento de área cultivada de 14 % (passamos dos 21 milhões de hectares) e, apesar das adversidades climáticas regionalizadas que sinalizam uma queda de produtividade de 3 % em média, vamos aumentar nossa produção em 10 %, passando dos 57 milhões de toneladas. No milho o clima gerou uma pequena queda de produtividade, que aliada à leve diminuição de área cultivada, indica queda de produção de 2 %, ainda porém, com um patamar de 46.000 toneladas. Aumentos de produção e produtividade também são esperados em outras culturas, como o feijão. Um verdadeiro salto no aumento de área e de produção, beirando os 40 %, é esperado para o algodão. O que estas culturas têm, em comum? Vários aspectos, desde a mecanização intensiva e tecnificada, à colheita com máquinas cada vez maiores e mais modernas. Uma colheita, por vezes com “janelas” de clima ou de tempo estreitas. Significa uma pressão por rapidez de colheita, sem perder, po-
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rém a qualidade da operação e do produto colhido. Neste momento, uma máquina não pode falhar. Parar então, nem pensar! O que deve ter uma máquina para cumprir estes pressupostos? Antes de mais nada, um projeto adequado às condições locais. Ser dimensionada adequadamente para o tamanho das tarefas a executar é outro ponto a considerar. E manutenção; preventiva principalmente. Uma máquina, o sabemos, só é nova uma vez. Depois da primeira safra ela passa a requerer cuidados periódicos para estar sempre “em forma” para o próximo desafio. Pode ser redundante falar que os proprietários devem escolher fornecedores de serviços idôneos e comprometidos com seus clientes para estas atividades de manutenção. Hoje temos quatro grandes marcas de
Arno Dallmeyer é Consultor Técnico da Cultivar Máquinas e Professor Titular de Máquinas Agrícolas no CT/UFSM
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colhedoras de cereais sendo fabricadas no Brasil. São duas marcas de colhedoras de algodão (por sinal, fábricas também produtoras de máquinas para colheita de canade-açúcar). Estas marcas somadas perfazem por volta de 520 pontos oficiais de atendimento. Certamente, podemos multiplicar este valor por dois para chegarmos ao número de oficinas paralelas, prestando atendimento à frota de colhedoras de todos os tipos. Não se pode imaginar uma máquina parada por falta de manutenção, ou de atendimento, com tantos locais disponíveis. Evidente que, nas semanas que antecedem à colheita, as oficinas vão ter maior demanda e não poderão atender a todos. Uma boa alternativa é programar a manutenção na entressafra, quando as oficinas estão com menos serviço, e os preços de mão de obra e peças tendem a baixar, muitas vezes por promoções das próprias montadoras e sua rede de concessionários. Outro tipo de serviço está tomando forma: os contratos de serviço. Pelo pagamento de valores mensais justos aos concessionários os produtores podem contar com manutenção quando necessário, à semelhança de um plano de saúde. As vantagens para ambos os lados são visíveis e incontestáveis. Os concessionários passam a contar com um fluxo de serviço previsível, que vai ajudar a organizar suas equipes e estoques, minimizando custos. Bem, se os custos dos concessionários baixam, a vantagem é do produtor, que ganha, além disto a tranqüilidade de disponibilização de serviço sem restrições. Controladas as perdas (cada vez menores, graça à melhoria das máquinas e dos operadores), resta, portanto, controlar os períodos de inatividade das máquinas, para otimizar a lucratividade da produção. E o plano safra? Não esqueça de providenciar o seu, antes que seja tarde... M Boa colheita!
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