Maquinas 32

Page 1



Do editor Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro, 160 – 12º andar 96015-300 – Pelotas – RS www.grupocultivar.inf.br Direção Newton Peter Schubert K. Peter

Cultivar Máquinas Edição Nº 31 Ano III - Junho 2004 ISSN - 1676-0158 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00

Prezado leitor A edição deste mês é um marco importante para Revista Cultivar Máquinas. Nela você encontrará o primeiro comparativo de tratores realizado exclusivamente para a revista. Trata-se de um comparativo de campo, onde os pesquisadores José Fernando Schlosser e Arno Dallmeyer testaram durante um dia inteiro três tratores tracionados, com motores de 6 cilindros aspirados e potência de 120 cv e, após diversos testes, escreveram suas impressões que você terá a oportunidade de conferir neste número. No momento em que se fala muito em biocombustíveis, publicamos um artigo de pesquisadores do IAC demonstram através de testes aprofundados, vários problemas em motores, originados pela utilização de biocombustível. A edição traz também, entre outros assuntos, irrigação com emissores direcionais, critérios para renovar o parque de máquinas e os passos certos para criar uma sintonia ideal entre trator e semeadora.

(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00 • Editor

Uma boa leitura a todos!

Índice

Nossa Capa

Charles Ricardo Echer • Redação

Rocheli Wachholz • Revisão

Luciene Bassols Brisolara • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia _____________

• Gerente Comercial

Neri Ferreira • Assistente de Vendas

Pedro Batistin _____________

• Gerente de Circulação

Cibele Costa • Assinaturas

Rodando por aí Biocombustível em xeque Menos água mais lucro Classificação no cafeeiro Quando renovar A passos largos Vegetação aparada Sintonia necessária 4x4 - Sem ficar atolado Teste comparativo Lançamento New Holland Lançamento Randon Lançamento John Deere Eventos Coluna Esporte Trator Coluna jurídica

04 06 10 14 18 21 22 26 29 30 36 37 38 39 40 42

Capa Charles Echer

Rosiméri Lisbôa Alves Jociane Bitencourt Simone Lopes • Expedição

Destaques

Edson Krause Dianferson Alves

Biocombustível em xeque • Impressão:

Excesso de resíduos, aquecimento, consumo e desgastes alertam para problemas gerados por biocombustíveis .................................................... 06

Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • ATENDIMENTO AO ASSINANTE:

3028.4013 / 3028.4015

Menos água mais lucro

• ASSINATURAS:

3028.4010 / 3028.4011 • GERAL

3028.4013 • REDAÇÃO:

3028.4002 / 3028.4003 • MARKETING:

Assine já

A utilização de emissores Lepa em pivôcentral diminui em até 23% o consumo de água ................................................... 10

3028.4004 / 3028.4005 • FAX:

3028.4001 Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Hora de trocar Saiba quais são os critérios para renovar o parque de máquinas, de acordo com cada propriedade ................................................... 18

Desempenho a prova Confira o comparativo entre os tratores BM 120, TS 120 e MF 5320, exclusivo para a Cultivar Máquinas ................................................... 30


Rodando por aí

Conbea

Pesquisa A Agrale, em pesquisa de “Conformidade nas Relações com o Mercado” realizada pela Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), teve destaque por proporcionar as melhores condições para seus negócios e oferecer o melhor serviço. Com nota final de 6,3, entre zero e dez, a Agrale lidera a lista das fabricantes de máquinas agrícolas.

Luto

De 2 a 6 de agosto acontece em São Pedro (SP) o XXXIII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola (Conbea). Este ano o congresso está sendo organizado pela Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp (Feagri) e Embrapa Informática Agropecuária e terá como tema A Inserção da Engenharia Agrícola em Projetos Nacionais. “O Conbea 2004 pretende criar espaço para discussões, possibilitando a projeção de atuações futuras”, diz o coordenador-técnico do evento, Paulo Graziano Magalhães. Maiores informações podem ser obtidas no site www.sbea.org.br/conbea

Paulo Magalhães

Exportações

Francesco Pallaro

A Case IH registrou um aumento de 243% nas vendas externas de máquinas no primeiro quadrimestre desta ano. Foram vendidas 84 unidades de tratores contra 14 comercializadas no mesmo período em 2003, o que significa um crescimento de 500 %. As vendas externas de colhedoras também aumentaram, registrando um crescimento de 146 %. Segundo o diretor comercial para a América Latina, Francesco Pallaro, esse resultado deve-se ao aumento da demanda em países como Paraguai e Argentina.

Registramos com pesar o falecimento do diretor comercial da Saur, Adir Luiz Bottega, que tinha 53 anos de idade e faleceu no último dia 02 de julho. O industriário trabalhava na empresa desde 1972, era atual presidente do Conselho Consultivo do Sesi Panambi, foi coordenar regional do Grupo 4 da Fiergs e membro da Câmara Júnior Panambi. Bottega deixou esposa e três filhos

Cooperativa do ano

Wilson Dias

Nova missão Wilson de Carvalho Dias, da Garrett, foi requisitado para trabalhar na sede internacional da empresa, onde atuará como gerente de programas, com responsabilidade pelo desenvolvimento de novos produtos. Dias é formado em engenharia mecânica pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) em São Bernardo do Campo (SP) e possui especialização em Mecânica Automotiva e pósgraduação em administração de empresas, pela USP.

A Cotrijal recebeu no início do mês o prêmio Cooperativa do Ano na categoria Inovação Tecnológica conquistado com o projeto Sistema de Alerta e Monitoramento de Doenças. O vice-presidente da Cotrijal parabenizou a iniciativa e dedicou o prêmio a Cotrijal, seus associados, líderes de núcleo, conselheiros, diretores, clientes e colaboradores. A cerimônia fez parte das comemorações alusivas ao 82º Dia Internacional do Cooperativismo, festejado anualmente no primeiro sábado do mês de julho e contou com a presença de diJairo, Enio e Fernando versas autoridades.

Coleta de pneus A Dpaschoal está recolhendo pneus e outros materiais inservíveis nas lojas do Rio Grande do Sul e destinando todos os produtos para o reaproveitamento. A ação faz parte da Garantia Ambiental e a expectativa é recolher 63 toneladas de resíduos, como baterias, plásticos e papéis por ano, nas 29 lojas do Estado. Segundo o gerente de comunicação da empresa, Fábio Basso, a intenção é conscientizar os clientes e a população sobre a importância da destinação correta desses produtos. “Esperamos que essa ação no Rio Grande do Sul obtenha excelentes resultados, assim como tem acontecido nos demais Estados onde o projeto está em andamento”.

Transferência

Valtra A Valtra do Brasil inaugurou concessionária em Uruçui, Piauí, no início de julho. “Consideramos o Piauí um estado estratégico para o futuro da Valtra no Brasil, e entendemos ser fundamental oferecermos um excelente apoio ao produtor rural quando da escolha do produto, bem como um perfeito suporte na manutenção do seu equipamento, explica Cláudio Costa, Diretor de Marketing para a América Latina

Karina Dias

Agrishow LEM Mais de 19 mil pessoas visitaram a Agrishow Luís Eduardo Magalhães durante os cinco dias de feira. Os negócios atingiram R$ 381 milhões, considerando propostas encaminhadas aos bancos oficias do evento e negócios fechados à vista. A Agrishow LEM é uma realização da Abag, Abimaq, Aiba, Anda e SRB, com organização da Publiê e Aiba. Para o ano de 2005, a feira está prevista, inicialmente, entre os dias 14 a 18 de junho.

Máquinas

Sergio e Odilão

Safety Plus

Raul Randon

04

A engenheira da Garret Engine Boostins System, Karina Kempers Dias, foi designada para exercer a função de engenheira de aplicações na sede mundial da empresa, na cidade Torrance, Califórnia, Estados Unidos. Ela é formada em engenharia mecânica, com ênfase em mecânica automobilística na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) de São Bernardo do Campo (SP).

A Randon S.A. Implementos e Participações recebeu em junho o prêmio Distinção Indústria, concedida pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), com Menção Honrosa ao Safety Plus. A nova geração de tanques de aço carbono e aço inox para o transporte de líquidos recebeu o prêmio, que foi entregue para o proprietário da empresa, Raul Randon, pelos avanços tecnológicos em design, inovação em projetos que caracterizem ineditismo e viabilidade de utilização e comercialização e é constituída de semi-reboques e bitrens.

www.cultivar.inf.br

Adir Luiz Bottega

Pós-graduação As inscrições seletivas para o curso de pós-graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico (IAC), acontecem de 18 de agosto a 20 de setembro de 2004. O curso é composto de gestão de recursos agroambientais, melhoramento genético vegetal e tecnologia da produção agrícola e tem como objetivo a formacão de profissionais especializados ao nível de mestrado. Mais informações podem ser obtidas através do site www.iac.sp.gov.br

Presença O Diretor Comercial da Matasa Divisão Agrícola, Antônio Dirlei Oliveira, também esteve presente na solenidade de entrega do prêmio Distinção Indústria 2004, concedido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Ele destacou a importância que tem o recebimento do prêmio como reconhecimento do trabalho realizado por toda a equipe da Metasa

Antonio Oliveira

Julho 2004



Motores

óleo de girassol

Biocombustível em xeque MWM

Pesquisas mostram que a utilização do óleo bruto de girassol aumentou o depósito de carvão nos pistões e bicos injetores, falhas no sistema de alimentação e contaminação do óleo lubrificante, além de aumentar o consumo específico de combustível em até 16%

A

retomada de estudos sobre o uso de óleos vegetais como combus-tível, apoiada pelo Governo Federal através do Programa Brasileiro de Biocombustíveis, foi o principal incentivo para a inserção do Instituto Agronômico nessa área de conhecimento. Dispondo de técnicos especialistas em oleaginosas, em testes de tratores agrícolas e de bancada dinamométrica, o desenvolvimento de projetos só dependia de recursos financeiros, o que foi conseguido junto à Fapesp (Proc. 02/044920). A utilização de biocombustíveis é uma alternativa para reduzir a dependência de

derivados de petróleo e a emissão de poluentes, abrindo novas oportunidades de negócios e de geração de emprego. O projeto, ora em desenvolvimento pelo Instituto Agronômico, no Laboratório de Ensaios de Tratores do Centro de Engenharia e Automação, compreende o estudo do: • uso do óleo bruto (cru ou puro) de girassol extraído a frio - concluído; • uso de biodiesel de girassol - a realizar. O objetivo é estudar o efeito de biocombustíveis originados de girassol no desempenho e no comportamento do

motor de trator agrícola. Para este fim, as atividades incluem amaciamento do motor, levantamento da curva de desempenho com óleo diesel, levantamento da curva de desempenho com óleo bruto de girassol (OBG), levantamento da curva de desempenho com biodiesel de girassol (B100), funcionamento do motor durante 200 horas em bancada dinamométrica, análise do óleo lubrificante a cada cem horas, análise de emissões e abertura do motor para verificações internas. Os testes estão sendo realizados em um trator Valmet 68, ano 83, equipado com motor MWM D229.3, injeção direta, novo. Antes de ser instalado no tra-

Figura 1 – Desempenho na tomada de potência do trator Valmet 68 equipado com motor MWM D229.3

06

Máquinas

www.cultivar.inf.br

Julho 2004



“É certo que em testes de curta duração o óleo vegetal puro consegue movimentar um motor diesel desenvolvendo potência em níveis até razoáveis”

Fotos MWM

Com a utilização do óleo bruto de girassol foi observado o acúmulo de borras no interior do motor

tor, o motor foi amaciado com óleo diesel durante 50 horas em bancada dinamométrica do Centro de Engenharia e Automação. Colocado no trator, o motor foi instrumentado com sensores para medição de temperatura e rotação. Para avaliação do desempenho do motor, foram levantadas curvas de potência e de consumo de combustível com óleo diesel e óleo bruto de girassol (extraído em

mini-prensa e filtrado em filtro-prensa), através da tomada de potência.

PRIMEIROS RESULTADOS Os resultados obtidos na primeira fase deste trabalho, isto é, com o uso de óleo bruto de girassol na alimentação do motor (ver curvas de desempenho na Figura 1), mostraram que houve: a) redução de 7,1 a 10,1% na potência na TDP; b) aumento de 13,9 a 16,0 % no consumo específico de combustível na tomada de potência; c) escorrimento de óleo combustível na junta da tubulação de escape com menos de dez horas de funcionamento.

A análise do óleo do cárter, que se mostrava bastante espesso, apontou elevação acentuada da viscosidade, elevadíssima presença de produtos de oxidação e fuligem, queda acentuada de reservas alcalinas além de elevado teor de chumbo, indicando possível desgaste em casquilhos. O teste de 200 horas, previsto para observação do comportamento do motor, teve de ser interrompido com menos de 60 horas, devido à elevada temperatura do óleo do cárter (em torno de 120°C) que indicava estar havendo algum problema. O motor foi retirado do trator e enviado para a fábrica analisar seu interior (aguarda-se o resultado dessa avaliação). As imagens (Figura 2) evidenciam, entretanto, as alterações causadas no óleo lubrificante e acúmulo de carvão no bico injetor. Em algumas matérias sobre o assunto há confusão quanto à nomenclatura. Usa-se indistintamente “biocombustível, biodiesel e óleos vegetais, como sinônimos. Cabe esclarecer que, na comunidade européia, onde a utilização de combustíveis alternativos já é possível, entende-se como: a) biocombustível, o combustível líquido ou gasoso produzido a partir da biomassa; b) biomassa, a fração biodegradável de produtos e resíduos provenientes da agricultura, da silvicultura e das indústrias conexas, bem como a fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos. São considerados biocombustíveis, pelo menos, os produtos indicados a seguir: bioetanol, biodiesel, biogás, biometanol, bioéter metílico, bio-ETBE, bioMTBE, biocombustíveis sintéticos, biohidrogênio e óleo vegetal puro produzido a partir de plantas oleaginosas. A diretiva européia admite o óleo vegetal puro como combustível, “se produzido por

Posições equivocadas

A

O óleo vegetal puro provoca a ocorrência de depósito de carvão nos pistões e bicos injetores

08

Máquinas

té pouco tempo, observava-se que o uso do óleo bruto de girassol estava sendo estimulado por extensionistas, em dias de campo e em feiras agrícolas, como uma alternativa para o pequeno agricultor abastecer seus tratores. Algumas notícias apregoavam que “o óleo de girassol pode aumentar em até 20 % o rendimento do motor sem lhe causar nenhum problema”. O alardeamento precipitado de informações dessa natureza confunde o leitor e consagra resultados errôneos ou equivoca-

www.cultivar.inf.br

dos. Convém lembrar que o OBG contém glicerina, material que lhe confere alta viscosidade, tem ponto de fulgor e densidade superiores em relação ao óleo diesel, o que já apontaria para um baixo desempenho do motor. Por ser mais viscoso, o óleo vegetal não consegue ser adequadamente pulverizado pelos bicos injetores, não permitindo uma queima adequada do combustível, o que acabará formando depósitos nos bicos e cabeçotes, causando, além do baixo desempenho, a redução da vida útil do motor.

Julho 2004


pressão, extração ou métodos equivalentes, em bruto ou refinado, mas quimicamente inalterado e quando sua utilização for compatível com o tipo de motor e respectivos requisitos relativos à emissões”. Diversos estudos foram feitos com óleos vegetais brutos (ex. canola, girassol, algodão, soja) na década de 80, como substitutivo do óleo diesel ou misturado a ele. É certo que em testes de curta duração o óleo vegetal puro consegue movimentar um motor diesel desenvolvendo potência em níveis até razoáveis. Os problemas acontecem ao longo do tempo de uso: a literatura registra principalmente a ocorrência de depósito de carvão nos pistões e bicos injetores, falhas no sistema de alimentação e contaminação do óleo lubrificante. Por esta razão, o óleo vegetal passou a ser quimicamente modificado, constituindo-se no que se conhece como biodiesel. A despeito de países como os Estados Unidos, Alemanha e França terem veículos usando o biodiesel como combustível, em misturas de até 20% (B20), a adoção dessa prática no Brasil deve necessariamente passar por diversos testes e experiências de viabilidade. As principais questões ora em debate nos grupos de estudos onde participam governo, empresas do setor automotivo e instituições públicas dizem respeito às características físico-químicas do

Fotos Moisés Storino

Os autores alertam para posições equivocadas quanto ao óleo bruto de girassol, já que sua utilização aponta para um baixo rendimento do motor

biodiesel (atendimento às normas EN 14214, ASTM D6751, ANP 255), nível da mistura a ser autorizada (tem a ver com a disponibilidade do produto e atendimento à especificação do óleo diesel comercial – ANP 310), aproveitamento do subproduto gerado pelo biodiesel, possibilidade de pequenas alterações no motor (troca de anéis de borracha nitrílica por material mais resistente ao desgaste, como o viton, por exemplo), sistema de distribuição dos combustíveis, incentivo à produção de oleaginosas, entre outras. Em função disso,

toda a informação que puder ser acrescentada às discussões contribuirá para que as decisões governamentais sejam adequadas à realidade brasileira. Juntamente com a decisão política de autorizar o uso do biodiesel, deverão existir incentivos à fabricação do produto, bem como garantias do fabricante do motor para a utilização desM se combustível. José Valdemar Gonzalez Maziero e Ila Maria Corrêa, Centro APTA de Eng. e Automação


Irrigação emissores

Fotos André Luís T. Fernandes

Menos água mais lucro

10

Máquinas

O

pivô central é um equipamento que tem sido amplamente comercializado no país e que se tornou ainda mais competitivo com o uso do emissor Lepa. Este emissor aplica água

Marconi Teixeira

Embora a utilização do emissor Lepa em pivô central represente menos de 5% do total de equipamentos, o seu emprego vem aumentando já que as perdas de água com o uso deste sistema dificilmente ultrapassam 2 a 3%, enquanto que com os sprays convencionais as perdas variam de 25 a 30%

de forma semi-localizada, tornando-se um forte aliado do produtor rural que deseja um consumo menor de água e energia do equipamento de irrigação. Atualmente, menos de 5% dos pivôs instalados no país são Lepa, mas o seu uso vem aumentando progressivamente na cultura do cafeeiro, com o emprego do plantio circular. O emissor Lepa (Low Energy Precision Application - aplicação precisa de baixo consumo de energia) começou a ser utilizado no Brasil há poucos anos, tendo-se restringido até o momento à cultura do cafeeiro em plantio circular. O Lepa é utilizado na África do Sul em pomares de citros, irrigan-

Os emissores Lepa conseguem otimizar mais o consumo de água, chegando a níveis superiores a 97%, provocando perdas de apenas 3%

www.cultivar.inf.br

Julho 2004


“Se o sistema pivô central operar em terreno ondulado ou com declividade e não for equipado com reguladores de pressão, a uniformidade de distribuição da água variará conforme a posição da linha”

Quadro 1 – Vantagens e desvantagens dos emissores LEPA Vantagens a) Alta eficiência de aplicação de irrigação (95 – 98%), com baixas perdas por arraste pelo vento. b) Alta uniformidade com eliminação potencial de áreas secas e úmidas, sendo Ideal para quimigação. c) Menores perdas por evaporação. d) Redução potencial nos custos de energia para bombeamento devido à alta eficiência de aplicação da irrigação e às baixas pressões operacionais. e) Três modelos de operação permitem a aplicação de água e produtos químicos exatamente onde é necessário. f) Os rastros das rodas da torre do pivô permanecem secos, quando a plantação é feita em círculo. g) No plantio da lavoura em círculo, podem-se marcar os sulcos de plantio utilizando-se o próprio emissor Lepa com a retirada do bocal. Desvantagens a) Preços de instalação e material mais altos. b) Na falta de manejo apropriado podem ocorrer condições de solo mais úmido e escoamento superficial. c) Necessidade de reguladores de pressão para um fluxo apropriado do bocal. Fonte: Santinato e Fernandes, 2002

do somente na faixa de absorção radicular das plantas e nos Estados Unidos na cultura do milho e algodão com irrigação entre linhas, para não causar doenças fúngicas à fibra do algodão, diminuindo severamente a qualidade da mesma. No Brasil, o uso do Lepa expandiu-se para regiões quentes, que não apresentam grandes contrastes de temperatura diurna e noturna (choque térmico) e que apresentam maiores riscos e períodos extensos de deficiência hídrica como o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba, em Minas Gerais, o Norte do Espírito Santo e as regiões Sul e Oeste da Bahia. Esta tecnologia foi adaptada por pesquisadores e consultores para a irrigação do cafeeiro com os emissores localizados sobre as linhas de café (plantio circular). Sempre buscando reduzir custos, produtores rurais brasileiros improvisaram adaptações caseiras nos sprays convencionais de pivô com o uso de garrafas PET, que imitam o Lepa na opção de molhamento “Borbulhador” que é uma das opções de molhamento do Lepa mais usada na cultura do café, pois permite aplicar a água a uma baixa velocidade, dirigida à base da linha de café. No Quadro 1, estão descritas as vantagens e desvantagens do emissor Lepa. Em muitas situações, esses benefícios justificam a transformação do “kit” de “sprays” existentes em um pivô por um sistema Lepa. As perdas de água com a utilização deste sistema dificilmente ultrapassam 2 a 3%, contra os 25 a 30% dos “sprays” convencionais. É possível a transformação de um pivô equipado com emissores convencionais (irrigação em área total) para um pivô para irrigação circular, dotado de emissores Lepa. Para isso, é necessário um redimensionamento hidráulico feito, em geral, por empresas fabricantes de equipamentos, redimensionamento este que pode inclusive requerer a troca do conjunto moto-bomba, ou

Julho 2004

alterações no rotor da bomba. Após este redimensionamento, a instalação do kit de bocais deve ser cuidadosamente realizada, para evitar a instalação incorreta, que promove a redução na uniformidade de aplicação de água, quando o equipamento estiver novamente em funcionamento. Quanto ao espaçamento a ser utilizado entre os emissores Lepa, deve-se buscar aquele que permite, caso seja de interesse do produtor, o uso de colheita mecanizada e um aproveitamento adequado da área sem comprometer o desenvolvimento da cultura. O aumento do espaçamento entre os Lepas pode promover uma redução significativa do coeficiente de uniformidade de aplicação de água (CUC) e uma diminuição no espaçamento entre os Lepas, pode permitir a ocorrência de escoamento superficial, comprometendo o bom desempenho do equipamento. Se o sistema pivô central operar em terreno ondulado ou com declividade e não for equipado com reguladores de pressão, a uniformidade de distribuição da água variará conforme a posição da linha. A seleção

do regulador de pressão depende da pressão de serviço do sistema e do aspersor selecionado. O Gráfico 1 mostra um pivô central (VALLEY) instalado em uma área experimental da Universidade Federal de Viçosa, com 80,56 m de raio, e que apresenta variação da pressão medida antes e depois do regulador de pressão para as seguintes variações de declividade: declive de 8% (antes D e depois D), em nível (antes N e depois N) e aclive de 9% (antes A e depois A). Com o uso do regulador de pressão, a pressão manteve-se uniforme independente da declividade, denotando a importância do uso desse acessório hidráulico no equipamento de irrigação.

IMPORTÂNCIA DO PLANTIO CIRCULAR A irrigação do cafeeiro com sistema de irrigação do tipo pivô central é, normalmente, feita em área total, ocorrendo desperdício de água e de produtos aplicados via água de irrigação (fertilizantes, fungicidas, inseticidas etc) no centro das fileiras. O uso do cultivo em círculo em pivô tipo Lepa contribui para melhorar a distribuição de água, pois aplica a água, localizadamente, sob a copa das plantas. É de suma importância zelar pelo alinhamento das covas em relação à marcação feita pelo emissor Lepa, para que durante todo o desenvolvimento da cultura ocorra aplicação de água exatamente sob a fileira de plantas. Para o produtor rural que deseja saber maiores informações sobre o uso do emissor Lepa em plantio circular, com descrição de detalhes pode-se consultar o livro “Cultivo do Cafeeiro Irrigado em Plantio Circular sob Pivô Central”, de

Vista aérea de um pivô central equipado com emissores Lepa

www.cultivar.inf.br

Máquinas

11


“Outro problema que pode ser evitado é o escoamento superficial, que causa a lavagem do solo e de nutrientes utilizados na adubação do cafeeiro, em virtude da taxa de aplicação de água exceder a taxa de infiltração do solo”

André Luís T. Fernandes

Quadro 2 – Exemplo de um levantamento técnico dos custos envolvidos para um pivô central equipado com emissor LEPA (valores médios pressupostos para 100 ha) ITEM Equipamento pivô central e instalação Condução hidráulica desde a captação até o ponto do pivô central Elementos de sucção e descarga Equipamento de bombeamento e parte elétrica Sistema elétrico desde a casa de bombas (centro de controle) até o ponto do pivô central Sub-estação elétrica Gastos gerais Kit (Regulador e emissor LEPA) Estudo topográfico – Projeto - planos TOTAL

CUSTO (%) 50 - 75 5 - 30 2-8 4 - 10 2-4 4 - 10 1-2 10 - 15 1-2 100

CUSTO MÉDIO (U$) 70.500, 5700, 2145, 2615, 4280, 10.000, 2.500, 8.100, 2.200, 108.040,00

Detalhe de plantio circular que permite a utilização de pivô com emissores Lepa

Fonte: Teixeira e Coelho, 2004

autoria dos Eng. Agrônomos Roberto Santinato, do Ministério da Agricultura/Procafé e André Luís T. Fernandes, Professor da Uniube. Um ponto importante é que, no inicio do desenvolvimento da cultura, o emissor Lepa seja usado a uma altura em relação à copa das plantas em torno de 5 a 10 cm e funcionando com a opção de molhamento em spray, pois permitirá contribuir para diminuir o impacto das gotas d’água sobre as mudas que pode causar exposição do sistema radicular, afetando drasticamente a adaptação destas ao campo. Outro problema que pode ser evitado é o escoamento superficial, que causa a lavagem do solo e de nutrientes utilizados na adubação do cafeeiro, em virtude da taxa de aplicação de água exceder a taxa de infiltração do solo. Este problema é mais acentuado na extremidade da linha lateral do pivô,

quando são comuns as montagens triplas de Lepa, que proporcionam altas taxas de precipitação. Desta forma, não é recomendável o uso de pivô central equipado com Lepa, para áreas superiores a 70 ha, sem adotar soluções de manejo do solo e da cultura, tais como curvas de nível, condicionamento de microrelevo (minibacias de armazenamento) e uso de restos culturais (palhada) nas linhas de plantio. O condicionamento de microrrelevo é muito eficiente para reduzir o escoamento superficial proveniente da irrigação com o Lepa. O sulco de represamento é uma operação de aração mecânica, que coloca amontoados de solo em intervalos escolhidos ao longo do sulco entre as fileiras de plantas, a fim de formar pequenas bacias de armazenagem. A água da chuva ou de irrigação é presa e armazenada nas bacias, de modo que se infiltra no solo em vez de escoar.

CUSTOS DO SISTEMA PIVÔ CENTRAL

Desenho ilustrativo de um emissor Lepa

Como com todos os equipamentos de irrigação, para reduzir os custos por unidade de área irrigada, é vantajoso irrigar a maior superfície possível com uma mínima quantidade de equipamento. No caso do pivô central, o custo do equipamento é proporcional ao raio do círculo irrigado. O custo por hectare do equipamento

Quadro 3 – Consumo de água e energia para as regiões do Triângulo Mineiro e Oeste da Bahia para os sistemas de irrigação pivô central convencional, pivô do tipo LEPA e gotejamento (cultura fase adulta) no ano agrícola de 2003 Região

Triangulo Mineiro

Gráfico 1 - Regulador de pressão Lepa

12

Máquinas

depende diretamente da superfície que se queira irrigar. Pivôs centrais desenhados para irrigar entre 20 a 30 ha têm valores que flutuam entre 1500 a 2500 U$/ha; entretanto, pivôs capazes de irrigar 100 ha possuem valores entre 800 a 1000 U$/ha. O custo total de um projeto de irrigação por pivô central não somente considera o investimento para aquisição do equipamento, que corresponde entre 50% a 75% do custo total de projeto, sendo que ademais deve-se considerar outros custos de projeto como sistema de bombeamento, rede hidráulica, sub-estação e rede elétrica, equipamento de fertirrigação e outras obras de captação. Como exemplo, o Quadro 2 mostra valores de custo médio de um equipamento pivô central equipado com Lepa para uma área de 100 ha, sendo que os valores são apresentados em % e em U$/ ha, para cada parte envolvida no custo total do projeto. É importante ressaltar que valores por hectare de um pivô central poderão variar conforme a distância do ponto de captação, tamanho da área, lâmina requerida, automação do equipamento etc. O Quadro 3 mostra as necessidades de água e consumo de energia para a fase adulta do cafeeiro (quatro anos) para áreas equivalentes a 100 ha para duas regiões (Triân-

Oeste da Bahia

Equipamento Gotejamento Pivô tipo Lepa Pivô convencional Gotejamento Pivô tipo Lepa Pivô convencional

www.cultivar.inf.br

Volume de água acumulado (100 ha) Total (mil m3) 626,80 688,15 1001,50 1105,92 1264,99 1599,72

Lâmina acumulada (mm/ha) 2199,31 2414,56 3514,04 3880,42 4438,56 5613,05

Lâmina média diária (mm/ha) 1,61 1,94 2,93 1,75 2,29 3,43

Lâmina (ref. gotejamento) adimensional 1,00 1,10 1,50 1,00 1,14 1,45

Energia total (R$) 5918 15921 25423 8712 21655 30739

Julho 2004


Divulgação

gulo Mineiro e Oeste da Bahia), utilizando os sistemas pivô central do tipo Lepa (plantio circular) comparado ao pivô convencional e o sistema de irrigação por gotejamento (plantio tradicional), utilizando-se para tanto o programa Irriga (sistema de suporte à decisão na agricultura irrigada que indica o momento correto para irrigar (quando), a lâmina de irrigação (quanto), e o consumo de energia) desenvolvido pelo Prof. Dr. Everardo C. Mantovani, da Universidade Federal de Viçosa. Para cada sistema de irrigação utilizado nas simulações, foi realizado o somatório das lâminas de irrigação total por ano, permitindo, assim, avaliar o quanto cada sistema aplicou de água e consumiu de energia para suprir a necessidade hídrica da cultura. Foram cadastradas informações detalhadas sobre solo, cultura, clima e equipamento. A partir de dados climáticos (Inmet) para cada região, contida no arquivo do programa Irriga, foi determinada a lâmina a ser aplicada e o tempo de funcionamento do equipamento. Foi adotada a relação de potências para o conjunto motobomba de 2 cv/ha para pivô central convencional, 1,5 cv/ha para pivô Lepa e 1,2 cv/ha para gotejamento. Foram utilizados

Marconi, Rubens e Everardo trazem as principais vantagens dos emissores como menores perdas por evaporação e arraste pelo vento

no cadastro dos equipamentos, valores de CUC obtidos de literatura. Os dados de área sombreada para a fase adulta da cultura foram obtidos de literatura, sendo 50% para o Triângulo Mineiro e 55% para o Oeste da Bahia. Os resultados apresentados no Quadro 3 permitem concluir que a região Oeste da Bahia consome mais água e, conseqüentemente, energia que a região do Triângulo Mineiro pelas próprias características climáticas desta região e que o emissor Lepa foi o que mais se aproximou do sistema de irrigação por gotejamento, quanto ao consumo de água e energia,

deixando claro que o pivô central do tipo Lepa é um equipamento versátil que permite ao produtor rural alcançar ótimos resultados sem dor de cabeça. Maiores informações poderão ser obtidas consultando o artigo “Consumo de água utilizando o programa Irriga”, publicado no M site: http://www.coffeebreak.com.br Marconi Batista Teixeira e Rubens Duarte Coelho, ESALQ/USP Everardo Chartuni Mantovani e Cleiber Geraldo Reis, DEA–UFV


Colheita café

Classificação no cafeeiro

Pesquisas mostram que, através da mecanização das lavouras de café, principalmente pela colheita seletiva, é possível produzir um volume maior de cafés finos, como o cereja descascado, alcançando ágio comercial em média de 15%, devido à maior qualidade final do produto

A

colheita do café depende grandemente do trabalho braçal, sendo uma operação complexa com várias etapas, que representa 30% do custo e 40% de toda mão-de-obra empregada no processo de produção. No Sul de Minas, a mãode-obra disponível não é suficiente para o volume de colheita da região, em torno de 10 milhões de sacas/ano, necessitando de relativo contingente de trabalhadores que migram de outras regiões, sobretudo nas maiores safras como as de 1998 e 2002. Neste contexto, o Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras tem desenvolvido trabalhos de pesquisa sobre “Mecanização da Colheita do Café”, cujos objetivos são avaliar as máquinas e aprimorar os métodos operacionais da colheita mecanizada, sobretudo para o Sul de Minas, maior região produtora do país. Esta linha de pesquisa surgiu em 1996, através da busca dos cafeicultores quanto a alternativas para fazerem uma colheita mais rápida e com menor custo. As perspectivas da mecanização aumentaram ainda mais com a possibilidade de se fazer a colheita seletiva do café. Dentro deste contexto, destaca-se o propósito dos produtores mais tecnificados em produzirem maior volume de cafés finos como o “cereja descascado”, produto que tem alcançado ágio comercial em média de 15%, pela sua destacada qualidade. Trabalho desenvolvido pelo Eng. Agrônomo Edinaldo José Abrahão da Emater (MG), em acompanhamento à colheita manual do café durante nove anos em propriedade do Sul de Minas, demonstrou que, em média, a porcentagem de café descascado produzido dentro do sistema de colheita manual é da ordem de 33% do total, como se pode observar no quadro a seguir.

14

Máquinas

www.cultivar.inf.br

Julho 2004


“Destaca-se o propósito dos produtores mais tecnificados em produzirem maior volume de cafés finos como o “cereja descascado”, produto que tem alcançado ágio comercial em média de 15%, pela sua destacada qualidade”

Especificação Despolpado Bóia Verde Varrição

Máxima 49% 42% 20% 41%

Mínima 24% 20% 7% 21%

Média 33% 34% 12% 21%

Fonte: Eng. Agr. Edinaldo José Abrahão - Fazenda Santa Helena, Areado (MG)

A colheita mecânica do café se pauta no princípio da vibração, aonde varetas vibratórias entremeiam a copa dos cafeeiros e fazem a derriça dos frutos, sendo que os frutos verdes se desprendem com níveis mais elevados de vibração ou mediante ao impacto direto da vareta, enquanto os frutos cereja, passa ou seco se desprendem com vibrações respectivamente mais baixas. Mediante a este comportamento três mecanismos podem ser ajustados nas colhedoras com a finalidade de se obter maior eficiência na colheita seletiva, que são ajuste da vibração que pode variar de 550 a 950 ciclos por minuto; velocidade operacional que pode variar de 700 a 1,5 mil metros por hora e o número e distribuição de varetas vibratórias. Neste sentido, um projeto de pesquisa desenvolvido com apoio da Jacto Máquinas Agrícolas, avaliando a colheita mecanizada com várias passadas da colhedora iniciou em 2000, demonstrando a possibilidade de se fazer a colheita eficientemente com duas passadas, além de destacar o comportamento seletivo da colheita mecânica. O trabalho vem sendo desenvolvido no município de Boa Esperança (MG), na Fazenda Capetinga em lavoura de 3 ha da variedade Mundo Novo, com população média de 2,5 mil plantas por ha, espaçamento 4 x 1 metros e 2,7 metros de altura. Os ensaios foram realizados nas safras de 2000 e 2002, iniciando-se a colheita com diferentes estágios de maturação, variando a velocidade operacional, freqüência de vibração e a distribuição de varetas. A primeira passada foi realizada com

porcentagem de verdes de 50 a 40% e de 40 a 30%, colhendo-se somente o terço superior das plantas ou a planta toda, como se pode visualizar na disposição das varetas vibratórias na colhedora. A segunda passada foi realizada com 30 a 20% de verdes, colhendo a planta toda. Em todas as avaliações foi utilizada a colhedora modelo KTR Advance tracionada por trator Valmet 785, com tração dianteira auxiliar. Nas avaliações determinou-se, em cada passada, a carga pendente média, a porcentagem de verde, cereja passa e seco, volume de café colhido, volume de café caído no chão e desfolha. A carga média dos cafeeiros foi determinada por amostragem, com 7,2 litros/planta, na safra de 2000 e 8,1 litros/planta na safra de 2002, com média de 7,65 litros/planta, sendo que os melhores resultados foram obtidos para as seguintes condições:

COLHENDO INICIALMENTE AS PONTEIRAS • Primeira passada com 30 a 40% de verdes; • Vibração: 650 ciclos/minuto; •Velocidade: 1000 metros/hora; • Volume colhido: 1,5 litros/planta (20% da carga pendente); • Desempenho operacional: 20 medidas/hora; • Desempenho de campo: 62 medidas/ha; • Custo parcial: R$ 3,70 medida; • Volume cereja colhido: 1,1 litros/planta; • Cereja colhido: 73%; • Segunda Passada com 20 a 30% de verdes; • Vibração: 850 ciclos/minuto; • Velocidade: 800 metros/hora; • Volume colhido: 5 litros/planta (65% da carga pendente);

Máquina colhendo as ponteiras (maturação desuniforme) e colheita da planta toda (maturação uniforme)

• Desempenho operacional: 53 medidas/ hora; • Desempenho de campo: 208 medidas/ ha; • Custo parcial: R$1,39/medida; • Volume cereja colhido: 3,2 litros/planta; • Cereja colhido: 64% - Volume total colhido: 6,5 litros/planta (270 medidas/ha); - Custo médio: R$ 1,92/medida; - Volume caído no chão: 40 medidas/ha; - Custo da varrição manual: R$ 5,00/medida; - Custo final: R$ 2,32/medida; - Volume de cereja colhido: 4,3 litros/ planta – (66%).

COLHENDO INICIALMENTE A PLANTA TODA • Primeira passada com 30 a 40% de verdes; • Vibração: 650 ciclos/minuto; • Velocidade: 1000 metros/hora; • Volume colhido: 3 litros/planta (40% da carga pendente); • Desempenho operacional: 40 medidas/hora;


“A desfolha das plantas com duas passadas da colhedora foi em média de 680 gramas/ planta, pouco superior à desfolha na colheita manual de 640 gramas/planta”

Comparação dos custos

E

m relação aos custos, para a colheita manual, foi considerado o preço médio que vigorou na safra de 2003, no valor líquido de R$ 3,00 por medida colhida, que acrescido dos encargos sociais totalizou R$ 4,30 / medida, tratando-se de medida de 60 litros. O custo da colheita mecanizada foi calculado sobre o valor de depreciação da colhedora, com referência na safra de 2003, de R$ 74,00/hora trabalhada. Neste caso, deve-se considerar que o custo depende de quantas medidas são colhidas efetivamente por hora trabalhada e, como se pode ver nos resultados obtidos com a colheita seletiva em duas passadas, o custo variou de • Desempenho de campo: 125 medidas/ ha; • Custo parcial: R$1,85/medida; • Volume de cereja colhido: 1,7 litros/ planta; • Cereja colhido: 57%; • Segunda passada com 20 a 30% de verdes; • Vibração: 850 ciclos/minuto;

R$ 1,39 a 3,70 / medida. Ainda com relação ao custo da colheita mecanizada, devese considerar o volume de café que cai no chão no ato da colheita, café este que normalmente é recolhido na operação de varrição manual ao custo de R$ 5,00 / medida, assim, o custo final da colheita mecânica e seletiva variou de R$ 2,32 a R$ 2,50 / medida, correspondendo à redução de pelo menos de 42% em relação à colheita manual de R$ 4,30 / medida. Mesmo considerando o custo da colheita mecanizada, com base no preço de aluguel da colhedora, da ordem de R$ 100,00 / hora para a safra 2003, a redução de custo é da ordem de 21%. • Velocidade: 800 metros/hora; • Volume colhido: 3,2 litros/planta (42% da carga pendente); • Desempenho operacional: 34 medidas/ hora; • Desempenho de campo: 133 medidas/ ha; • Custo parcial: R$ 2,17/medida; • Volume cereja colhido: 2,2 litros/planta;

• Cereja colhido: 69% - Volume total colhido: 6,2 litros/planta (258 medidas/ha); - Custo médio: R$ 2,00/medida; - Volume caído no chão: 51 medidas/ha; - Custo da varrição manual: R$ 5,00/ medida; - Custo final: R$ 2,50/medida; - Volume de cereja colhido: 3,9 litros/ planta – (63%). Considerando os resultados médios das duas safras, 2000 e 2002, com duas passadas da colhedora, colhendo-se inicialmente as ponteiras na primeira passada, com vibração 650 ciclos/minuto e velocidade de um km/hora e na segunda passada, colhendo a planta toda, com vibração de 850 ciclos/minuto e velocidade de 0,8 Km/hora, o maior volume de cereja colhido foi em média de 4,3 litros por planta, representando 66% do volume colhido, sendo esta a condição em que se colheu o maior volume total de café, em média 6,5 litros/planta, representando 85% da carga pendente. Para a colheita da planta toda, o maior volume de cereja colhido ocorreu com vibração 750 ciclos/minuto e velocidade de um Km/hora na primeira passada e 850 ciclos/minuto com velocidade de 0,8 Km/hora na segunda passada, com média de 3,9 litros por planta, representando 63% do volume colhido de 6,2 litros,


• redução de custo em relação à colheita manual 42 a 46 %. Podemos destacar que um número significativo de produtores já está fazendo a colheita do café em sistema semimecanizado ou mecanizado, dentre os quais alguns estão adotando com sucesso a colheita seletiva com duas passadas da colhedora, utilizando máquinas automotrizes ou tracionadas, reduzindo custos de colheita e agregando receita melhorando a quaM lidade do produto final.

Amostras de café colhido normalmente e colhido de forma seletiva

representando 81% da carga pendente. Para averiguar a qualidade, foram retiradas amostras do café colhido seletivamente, que foram secas em terreiro de alvenaria, beneficiadas e submetidas a análise química e sensorial (prova de xícara) no Laboratório de Análises de Qualidade do Café CTSM/Epamig em Lavras (MG), predominando bebidas mole e apenas mole. Com duas passadas da colhedora não foi necessário fazer a operação de repasse da lavoura, restando nas plantas menos que 3% da carga pendente. A desfolha das plantas com duas passadas da colhedora foi em média de 680 gramas/planta, pouco superior à desfolha na colheita manual de 640 gramas/planta. Mediante aos resultados obtidos pode-se determinar os seguintes parâmetros operacio-

nais para a colheita seletiva com duas passadas da colhedora: • tempo entre a primeira e segunda passadas – 35 dias; • dias prováveis de trabalho - 30 dias; • jornada média de trabalho - 15 horas; • desempenho operacional na primeira passada – 20 a 40 medidas/hora; • volume colhido na primeira passada - 300 a 600 medidas/dia; • área colhida - 140 ha; • desempenho operacional da segunda passada – 34 a 54 medidas/hora; • volume colhido na segunda passada – 500 a 800 medida/dia; • total de café colhido mecanicamente 4500 sacas; • estimativa de cereja colhido – 50 a 60 %;

Fábio Moreira da Silva e Ezequiel de Oliveira UFLA

Janice Ebel

Como vantagem da colheita mecânica o autor aponta a maior produção de grãos cereja

M


Máquinas

renovação da frota Massey Ferguson

Quando renovar A renovação do parque de máquinas deve ser pensada de forma gradativa, observando os recursos disponíveis, a necessidade de ampliar o processo produtivo e a logística da propriedade, estando associada à aquisição ou à substituição de máquinas e equipamentos

A

grande diversidade de condições geográficas, de culturas, de técnicas e de tradições regionais torna a definição de pequena propriedade muito complexa e por esta razão não deve ser encarada com muita rigidez. Neste texto, a propriedade não será classificada como pequena apenas pelo seu tamanho, mas também pelo caráter não industrial de sua produção. Uma propriedade agrícola de produção industrial é baseada em planos e investimentos criteriosamente estudados e respeitados, visan-

do à obtenção dos resultados previstos nas metas iniciais. Infelizmente este método não está ao alcance de todos, principalmente no que diz respeito ao potencial de investimentos. Devido a estas dificuldades, a renovação do parque de máquinas na pequena propriedade torna-se ainda mais delicada e dependente de uma boa análise da situação atual e dos objetivos do agricultor. Ela é a oportunidade de conseguir ganhos de produtividade, que podem vir da diminuição dos custos de manutenção e operação, mas também pela correção de erros e limitações do processo produtivo atual.

Para aproveitar todos os benefícios da oportunidade de renovação do parque de máquinas, além da aquisição de novos equipamentos, é necessária a adoção de postura adequada às novidades trazidas por eles, ou seja, otimizar a produção fazendo bom uso dos recursos utilizados. Mesmo que o responsável pela renovação queira simplesmente substituir equipamentos em mau estado ou que estejam mostrando sinais de inadequação ao momento vivido pela propriedade, as alterações do esquema de trabalho são inevitáveis. Este é o momento adequado ao estudo de como a propriedade e seus processos de produção são organizados. Conhecendo-se a seqüência de operações e os calendários a serem respeitados, pode-se detectar quais pontos estão de acordo com o desejado e quais deles apresentam problemas.

FUNCIONAMENTO DA PROPRIEDADE Antes de comprar um novo equipamento é fundamental observar a sua relação custo x benefício

18

Máquinas

Na aquisição de novas máquinas, estes não devem ser muito maiores nem menores do que os já existentes

www.cultivar.inf.br

Para facilitar a compreensão de como a propriedade é organizada e de como isto afeta o

Julho 2004


“A escolha dos equipamentos deve respeitar as exigências de cada uma de suas funções na propriedade, levando em conta os espaçamentos das culturas, a potência requerida, o formato das parcelas etc”

trabalho aconselha-se o estudo dos processos produtivos, levando em consideração os recursos disponíveis como a área a ser cultivada, o tipo de solo, o relevo, a disponibilidade de chuvas, a disponibilidade de máquinas, de insumos e de recursos humanos. A discussão do processo produtivo como ferramenta de organização da propriedade irá facilitar as decisões de renovação do parque de máquinas verificando os gargalos do processo atual, os fatores que dificultam seu bom andamento e as ações necessárias à obtenção dos resultados desejados. Estudando passo a passo o processo é fácil encontrar os problemas mais críticos e quantificar suas conseqüências. Além destes, esta análise identifica pontos nem tão evidentes, mas de grande importância para a melhoria dos resultados. Este é o caso dos ajustes e regulagens, da verificação do desgaste dos equipamentos, de problemas na conduta dos operadores e da logística da propriedade.

SUBSTITUIR OU AUMENTAR A FROTA? Depois de levantados os problemas, buscase as possibilidades de correção ou diminuição dos seus efeitos negativos. Quando estas modificações não podem ser feitas com os atuais equipamentos, decide-se pela renovação do parque de máquinas. O prejuízo de um equipamento em mau estado e que está freqüentemente quebrado ou em manutenção afeta: • sua disponibilidade; • a qualidade dos serviços; • o custo em peças; • o custo de mão-de-obra. Quando isto acontece é o momento de substituir o equipamento inadequado, optando-se pelo custo de investimento ao invés dos

Charles Echer

A aquisição de novas máquinas, mesmo que visando apenas substituir as que estão em mau estado, alteram a logística da propriedade

custos acima relacionados. Outro caso que afeta a renovação do parque de máquinas é a necessidade de ganho de rendimento, esta situação aponta para duas saídas. Por um lado, pode-se optar pela substituição por um equipamento maior ou mais rápido. Por outro lado, a ampliação da frota atual pode ser uma saída vantajosa. Verificando as conseqüências das duas opções, identifica-se quais equipamentos devem ser substituídos e quais itens devem ser adquiridos.

COMO DEVERÃO SER OS EQUIPAMENTOS? Uma vez que a compra de equipamentos é inevitável, é importante verificar quais deverão ser suas características e como isto afetará as operações, evitando equipamentos muito maiores ou menores que as necessidades, pois ambos os casos aumentam os custos de produção. A escolha dos equipamentos deve respeitar as exigências de cada uma de suas funções na

propriedade, levando em conta os espaçamentos das culturas, a potência requerida, o formato das parcelas etc. Para isso, é preciso estar bem claro como cada equipamento deverá atuar para realizar adequadamente a sua parte dentro dos processos. Assim, são estabelecidas diretrizes para as principais características dos equipamentos facilitando a escolha entre as opções de mercado. Entre as características dos novos equipamentos devem ser observados os tipos de mecanismos mais adequados, as larguras de trabalho e as bitolas, as possibilidades de regulagem e a capacidade de carga compatíveis com a realidade da propriedade. Ao verificar as opções do mercado diversos pontos devem ser levados em consideração: 1) O preço é o fator de maior impacto na decisão, porém, além do montante a ser desembolsado é importante identificar a melhor relação custo/benefício, evitando investimentos muito elevados para a capacidade de pagamen-


“Uma vez que os novos equipamentos estão à disposição dos processos de produção, deverão ser estabelecidos os procedimentos para inseri-los de maneira adequada no dia-a-dia da fazenda, adotando-se práticas para a sua boa utilização”

Necessidade de mecanização

A

mecanização agrícola é um dos principais responsáveis pelos avanços que este setor vem apresentando nos últimos 10 mil anos. Mecanizar etapas da produção não quer dizer somente ganho em tempo e em volume de trabalho, podendo significar também a melhoria na qualidade dos produtos, na segurança e no conforto do trabalhador. O simples fato de se poder processar mecanicamente etapas críticas da produção pode torná-las possíveis, ampliando as atividades da propriedade ou agregando valor aos produtos. to da propriedade. 2) A durabilidade é um fator fundamental para a tranqüilidade do operador e do proprietário, é importante verificar se na diminuição do preço não está implícita a diminuição da vida útil do equipamento, tirando as vantagens do negócio. 3) As peças e a assistência técnica envolvem custos de manutenção e reparos, mas também custos relacionados à não disponibilidade destes produtos. A falta ou inadequação da assistência leva ao uso incorreto o que aumenta os problemas de manutenção. 4) A manutenção afeta a produtividade aumentando os custo de peças, de insumos e de mão-de-obra. Desta forma, é importante evitar marcas e modelos pouco adaptados às condições de trabalho, isto leva ao aumento do desgaste, de quebras e de paradas. Visite as oficinas, converse com os mecânicos e verifique

os campeões de presença e as causas dos problemas. 5) Mesmo reunindo todas as características acima, o equipamento não deve ser adquirido se não for adequado tecnologicamente às suas funções. Muitas vezes é mais inteligente e econômico pagar mais caro por uma máquina que preencha as expectativas em relação ao seu trabalho do que amargar anos com um elefante branco que deixa a desejar.

O MÁXIMO DOS NOVOS EQUIPAMENTOS Como já foi dito, a renovação não deve ser pensada apenas em termos de maquinaria e sim de todo o processo produtivo. Para atingir a produtividade desejada a propriedade deverá ser organizada para valorizar os investimentos realizados. Uma vez que os novos equipamentos estão à disposição dos processos de produção, deverão ser estabelecidos os procedimentos para inseri-los de maneira adequada no dia-a-dia da fazenda, adotando-se práticas para a sua boa utilização. Obedecer as recomendações de uso e de manutenção, adaptar os antigos procedimentos à nova realidade e aproveitar para eliminar alguns vícios operacionais passam a ser atos necessários e por isso o fator humano assume posição crítica no ciclo de produção. É difícil acreditar que o trabalhador rural não interfira nos resultados agrícolas, quantos casos não são conhecidos de propriedades bem estruturadas e que por falta de investimentos no fator humano não conseguem sair de um nível medíocre de produtividade. Desta forma, é importante observar os aspectos da preparação do pessoal para as mu-

Adquiridos os novos equipamentos, os critérios de uso e manutenção devem ser observados

danças que acompanham a renovação do parque de máquinas. Diversos profissionais da administração de recursos humanos acreditam que o envolvimento é uma técnica capaz de trazer grandes melhorias aos resultados. Para envolver os diferentes participantes é necessária a promoção de reuniões onde são apresentados os processos de produção. Isto irá familiarizar todos os participantes com cada uma das etapas e como seus resultados afetam as outras partes do processo. Desta forma, desenvolve-se o companheirismo, a cooperação e a responsabilidade de cada um por sua parte no trabalho. Estas ações também vão auxiliar na alocação otimizada dos recursos humanos e na identificação da necessidade de treinamento. O treinamento não quer dizer exclusivamente a realização de cursos formais. Algumas horas discutindo o funcionamento, as necessidades do equipamento e das operações elimina as dúvidas mais freqüentes e produz ótimos M resultados. Moises Storino IAC

Orientações para a renovação

P

Storino alerta que a renovação das máquinas altera toda a estrutura da propriedade

20

Máquinas

ara evitar os diversos problemas relacionados à aquisição de máquinas, equipamentos e ferramentas uma pequena lista de ações é proposta: 1) Estudar o funcionamento da propriedade identificando os problemas. 2) Identificar quais dos problemas estão relacionados a equipamentos em mau estado e inadequados. 3) Verificar como a substituição ou aquisição de equipamentos pode eliminar ou atenuar os problemas. 4) Identificar as necessidades de substituição e de ampliação do parque de máquinas. 5) Definir as características dos novos equipamentos em função das necessidades da propriedade.

www.cultivar.inf.br

6) Procurar no mercado os itens que mais se adaptam às necessidades encontradas. 7) Determinar as melhores opções de mercado pesando o preço, a durabilidade, a disponibilidade de peças e de assistência técnica, os custos de manutenção e a adequação tecnológica de cada item encontrado. 8) Promover as mudanças de postura necessárias ao uso dos novos equipamentos procurando também esclarecer dúvidas e corrigir os problemas detectados. Desta forma, a renovação do parque de máquinas elimina problemas tanto relacionados com os equipamentos como aqueles associados à sua utilização, criando maiores chances de sucesso das atividades agrícolas.

Julho 2004


Novidades setor florestal

A passos largos A forma mais natural de mover-se numa floresta é caminhando. Lenhadores têm feito isso há séculos, mas será que uma máquina pode imitá-los? A resposta é sim Fotos Divulgação

P

or mais estranho que possa parecer, em pouco tempo será possível ver máquinas caminhando pela floresta como se fossem insetos ou pessoas. Esta realidade já está sendo testada em caráter final no setor florestal. O conceito da máquina de caminhar acompanha o ritmo de mudança de demandas deste setor, onde o trânsito das tradicionais máquinas com rodas ou esteiras traz danos ambientais ao causar erosão e compactação do solo e romper as raízes. O protótipo pioneiro foi criado em 1995, na Finlândia, pela empresa Plustech Ou, filiada da Timberjack, líder mundial no desen-

A máquina se move para frente, para trás, para os lados, diagonalmente e até gira no mesmo lugar

Julho 2004

volvimento, fabricação e distribuição de equipamentos florestais, pertencente ao grupo John Deere. A máquina parece um inseto gigante, com suas seis ágeis “pernas”, uma cabine segura similar à cabeça de um artrópode e um braço operacional para medição, corte e transporte da madeira. Sofisticados sistemas computadorizados proporcionam um caminhar harmônico e seguro, distribuindo o peso igualmente sobre os seis “pés”, cabendo ao operador controlar a máquina através de um simples joystick. A máquina se move para frente e para trás, para os lados e diagonalmente, podendo até mesmo girar no lugar. Quando encontra obstáculos, ela simplesmente anda sobre eles. O protótipo, que ainda não está disponível comercialmente, encontra-se em fase de testes em diferentes países, ambientes e condições de operação, com o objetivo de avaliar a adaptabilidade da tecnologia de caminhar para colheitas mecanizadas de florestas. Os resultados têm provado que a máquina é eficiente, especialmente sob condições exigentes, como ladeiras molhadas ou solo fofo, onde máquinas convencionais são difíceis de operar ou causam danos, como erosão do solo. Os sites www.timberjack.com e www.plustech.fi apresentam informações com-

www.cultivar.inf.br

plementares e curiosos vídeos com a máquina em operação, que merecem ser acessados. Máquinas como esta mostram que a questão ambiental está presente na pesquisa e desenvolvimento de novos equipamentos e servem para estimular nossa criatividade na busca de soluções tecnológicas não ortodoxas para nosso dia-a-dia. Afinal, se os lenhadores caminham nas florestas, por que as máquinas não podem fazêM lo também? Eugênio Passos Schroder, Eng. Agrônomo, Consultor em Tecnologia de Aplicação http://www.eugenioschroder.cjb.net

O sistema computadorizado é o responsável pelo caminhar harmonioso e seguro da máquina

Máquinas

21


Roçadeiras utilização

Vegetação aparada Com a chegada do verão e da estação das águas, há necessidade de fazer a manutenção de jardins, bosques e pequenos arbustos. Saiba quais são os principais cuidados que devem ser observados para fazer os cortes de maneira eficiente e garantir maior vida útil ao equipamento

A

no após ano faz-se necessário a conservação da vegetação, que aflora com grande intensidade, principalmente no verão. Em bosques, matas, jardins e campos em geral, galhos de árvores, pequenos arbustos, cercas vivas e, fundamentalmente, plantas gramíneas urgem por manutenção. Antes de proceder à compra do produto e dos respectivos acessórios, é importante esclarecer algumas informações que poderão auxiliar na tomada de decisão.

AQUISIÇÃO DA ROÇADEIRA É fundamental, ao se adquirir uma roçadeira, que seja efetuada a entrega técnica por pessoa qualificada onde, além de funcionar a máquina e efetuar os ajustes finais, deve-se instruir sobre a montagem das lâminas, proporções de mistura gasolina/óleo (motores 2 tempos), manutenções preventivas, materiais de segurança “EPI”, cuidados e precauções ao trabalhar com o equipamento. São inúmeros os casos relatados onde negligências acarretam graves

acidentes, ocasionado até mutilações. Outras vezes, a falta de conhecimento reverte-se em danos que comprometem o correto funcionamento e, conseqüentemente, a vida útil do equipamento. Não menos importante é a constante insistência dos fabricantes de equipamentos, para que se utilize sempre peças genuínas na reposição. Neste caso, devemos considerar os altos valores investidos em desenvolvimento de novos materiais, estudos, maquinas, testes laboratoriais, testes de campo e homologações.

OPERAÇÃO SEGURA Uma vez adquirida a roçadeira devese ler e entender o manual de instruções antes de iniciar os trabalhos com o equipamento. É fundamental que o operador da roçadeira utilize equipamentos de proteção individual (EPI). Mesmo que não eliminem por completo os riscos de lesões, os EPIs reduzem consideravelmente seus efeitos em caso de acidentes. Os EPIs mais

Máquinas

COMPONENTES DE SEGURANÇA A vida útil da roçadeira, bem como a segurança operacional, pode ser influenciada se a sua manutenção não for feita corretamente. Veja abaixo alguns componentes da roçadeira: Bloqueio do acelerador – foi desenvolvido para evitar a ativação involuntária do acelerador. Quando se comprime o bloqueio com o punho (A), ocorre a liberação do acelerador (B), conforme a Figura ao lado. Protetor do equipamento de corte –

O uso de equipamentos de segurança é fundamental durante o trabalho com as roçadeiras

22

importantes são protetores acústicos e oculares do tipo viseiras, luvas, botas antideslizantes e calças sempre compridas e grossas. Atenção: Deve-se evitar roupas demasiadamente largas que possam se prender facilmente em galhos ou arbustos, assim como jóias, calças curtas e sapatos abertos (sandálias). Há recomendações até mesmo para o tamanho dos cabelos que não devem ultrapassar a altura dos ombros.

www.cultivar.inf.br

Julho 2004


“Deve-se evitar roupas demasiadamente largas que possam se prender facilmente em galhos ou arbustos, assim como jóias, calças curtas e sapatos abertos (sandálias)”

Fotos Husqvarna

ao usuário maior conforto, menos fadiga e menor exposição à vibrações pois estas podem causar lesões. Silenciador – o silenciador é construído para proporcionar a redução nos níveis de ruídos, bem como para desviar do operador, os gases de escape. Alguns modelos de roçadeiras possuem silenciadores equipados com catalisadores que convertem os gases nocivos em dióxido de carbono (CO2), nitrogênio e partículas de água. Em países com clima quente e seco, o risco de incêndio é considerável, por esta razão alguns modelos de roçadeiras incorporam ainda uma tela retentora de faíscas usualmente conhecida como “corta chispas”.

EQUIPAMENTO DE CORTE

destina-se a evitar tanto o lançamento de objetos como o contato com o acessório de corte. A roçadeira não deve ser operada sem o protetor do equipamento de corte nem tão pouco quando sua montagem estiver incorreta. Sistema anti-vibratório – é o sistema de amortecimento que minimiza, nas empunhaduras, as vibrações emitidas pelo motor e equipamento de corte. A grande vantagem de se incorporar este sistema nos equipamentos está em proporcionar

O equipamento de corte é uma das partes mais importantes da roçadeira e, conseqüentemente, deve possuir atenção especial tanto no correto funcionamento como em sua manutenção. Manter o equipamento de corte funcionando de acordo com as recomendações possibilita: • reduzir a tendência da máquina a retrocessos; • minimizar as vibrações transferidas ao operador; • maximizar a capacidade e a produtividade na roçada; • aumentar a vida útil da própria roçadeira Utilize sempre peças genuínas, pois foram desenvolvidas a partir de materiais testados e que atendem às normas de segurança. Existem diversos modelos de equipamentos de corte e protetores, sendo cada um destinado a um propósito diferente de uso. Lâmina de serra circular • Destina-se ao uso em desbrotas, corte de arbustos ou pequenas árvores. Lâminas de três e quatro pontas • Destinam-se ao corte de mato, relva, grama em geral. Cabeçote com fio de nylon “trimmy”

O bloqueio do acelerador evita a sua ativação involuntária

• Destina-se ao corte de relva e grama em áreas com obstáculos (calçadas, postes, bancos ou pedras) ou com grande fluxo de transeuntes. Afiação da serra circular • Procurar um bom apoio para a lâmina. Usar lima redonda de 5,5 mm de diâmetro juntamente com o suporte adequado. • Ângulo de afiação de 15°. Os dentes devem ser afiados alternadamente à direita e à esquerda. Caso a lâmina esteja demasiadamente desgastada, antes de utilizar a lima redonda, poderá ser necessário ajustar com uma lima plana o canto superior dos dentes. A afiação do canto superior deve ser igual em todos os dentes. Afiação de lâminas de três e quatro pontas • Usar uma lima plana afiando todas as faces uniformemente para que não ocorram desbalanceamentos. Cabeçotes com fio de nylon “trimmy” • De modo geral, máquinas de baixa cilindrada requerem cabeçotes de fio de nylon pequenos e vice-versa. Isto se deve ao fato de que, ao cortar com o fio, o motor tem que lançá-lo radialmente a partir do cabeçote e ainda vencer a resistência da relva a ser cortada. • O comprimento do fio é muito importante visto que quanto mais comprido for, maior potência do motor será requerida. • O protetor do equipamento de cor-


“A relva deve ser roçada em movimentos pendulares laterais onde o sentido da direita para a esquerda é o de corte e o sentido oposto o de retorno”

Para abater uma árvore para frente, a lâmina deve ser puxada para trás rapidamente

Para cortar troncos mais grossos, os dois lados devem ser serrados

te possui uma faca que tem a função de cortar o fio de corte e limitar seu comprimento. Por este motivo é que a faca fixada no protetor deve ser sempre preservada em boas condições de uso. • É conveniente verificar com freqüência se o fio encontra-se enrolado firme e corretamente no tambor do cabeçote pois, caso contrário, poderão ocorrer vibrações prejudiciais ao equipamento.

USO DA LÂMINA DE SERRA • Atividade florestal Recomenda-se, antes do uso de qualquer roçadeira, informar-se junto a um re-

vendedor autorizado quais modelos podem ser utilizados para fins florestais. Para abater a árvore para frente, a lâmina deve ser puxada para trás em um movimento seguro e rápido. Troncos mais grossos devem ser serrados dos dois lados. Primeiro avalie a direção de queda do tronco. Serre inicialmente o lado da queda. Se a lâmina ficar presa no tronco, nunca se deve puxar a máquina violentamente para soltá-la, pois pode danificar a lâmina, a engrenagem angular ou o tubo. Nestes casos, largue as empunhaduras, segure o tubo com ambas as mãos e puxe a máquina sem dar trancos. • Roçar arbustos A serra circular pode ser utilizada no corte de galhos e arbustos finos. Deve-se trabalhar em movimentos pendulares para ambos os lados otimizando o corte no mesmo movimento da serra. Ao trabalhar com tufos de plantas lenhosas (foliáceas), roce primeiro ao redor do tufo. Comece pelo corte de ramos altos que possam travar a lâmina. Corte em seguida o tufo na altura pretendida. Posteriormente, tente chegar ao centro e efetuar o corte de dentro para fora.

USO DA LÂMINA DE 3 OU 4 PONTAS Lâminas para corte de grama e demais vegetações rasteiras não devem jamais serem utilizadas para corte de caules lenhosos. A relva deve ser roçada em movimentos pendulares laterais onde o sentido da direita para a esquerda é o de corte e o sentido oposto o de retorno. Se inclinar a lâmina levemente para a esquerda ao roçar, a relva se acumula em linha (técnica conhecida como “enleiramento”), facilitando a recolha.

Características de alguns equipamentos

Q

uando a decisão da compra se dá por uma roçadeira, faz-se necessário escolher o modelo mais adequado a cada necessidade. Atualmente, há no mercado modelos com tubo de transmissão divisíveis, guidão giratório que possibilita o transporte do equipamento até mesmo no banco traseiro de um automóvel e controle de aceleração ou “Cruise Control”. Podem ainda ser encontrados modelos com motor dois tempos com catalisador, que contribui consideravelmente na redução da emissão de gases poluentes lançados à atmosfera.

24

Máquinas

Há ainda diversas outras características que diferenciam os modelos de roçadeiras atualmente comercializados no Brasil. Caberá ao consumidor analisar suas necessidades e procurar um equipamento que lhe traga confiança e segurança.

Tubo divisível

Catalisador

www.cultivar.inf.br

Se a lâmina ficar presa no tronco, nunca puxe a máquina as empunhaduras, segure o tubo e puxe sem dar trancos

Deve-se trabalhar ritmicamente com os pés afastados e bem estáveis. O copo de apoio (suporte) da lâmina deve tocar levemente no solo, protegendo assim o equipamento de corte. Reduza o risco de embuchar a vegetação cortada entre a lâmina e seu protetor, seguindo as regras abaixo: 1) Trabalhe sempre com aceleração total; 2) Evite passar sobre a vegetação cortada no movimento de retorno.

MÉTODOS DE TRABALHO • Antes de iniciar o trabalho, deve-se controlar a área a ser roçada, a natureza do terreno, sua inclinação, se possui pedras, tocos, objetos metálicos ou buracos. • A seguir, recomenda-se iniciar pela extremidade mais fácil que permita ampla movimentação. • Deve-se trabalhar sistematicamen-

Julho 2004


Fotos Husqvarna

piente contendo combustível (gasolina/ óleo) para que não seja preciso interromper o trabalho por longo período. • Trace um percurso que não ultrapasse 75 metros de comprimento. Em terrenos inclinados, o percurso deve ser perpendicular à inclinação, pois é muito mais fácil andar transversalmente à inclinação do que para cima e para baixo. • O percurso deve ser traçado de tal modo que se evite ter que passar sobre valas ou outros obstáculos naturais do terreno. Em caso de desbrotas ou cortes de arbustos, recomenda-se analisar as condições do vento de modo que troncos caiam na parte roçada do povoamento.

ABC DO USUÁRIO DE ROÇADEIRA a) Utilize sempre o equipamento apropriado; b) Tenha sempre o equipamento bem regulado; c) Leia o manual de operações e siga as instruções de segurança; d) Planeje e organize o trabalho a ser efetuado; e) Aplique sempre aceleração máxima ao utilizar lâminas; f) Mantenha sempre as lâminas bem afiadas; g) Evite bater com lâminas em pedras, M concretos e cascas de árvores.

Em terrenos inclinados o percurso deve ser perpendicular a inclinação e que os troncos caiam na parte roçada

Ronaldo Callmann, Husqvarna

violentamente, mas largue

te de um lado para o outro. Cada movimento deve abranger uma largura de trabalho que não ultrapasse três metros. Utilizando o raio de ação total para ambos os lados, o operador consegue maior produtividade. • Disponha sempre próximo um reci-

O autor alerta para a necessidade de avaliar cada situação antes de optar por uma roçadeira

Julho 2004

www.cultivar.inf.br

Máquinas

25


Semeadoras regulagem

Sintonia necessária

Fotos Charles Echer

mático para distribuição de semente é preciso verificar se o sistema hidráulico do trator possui a vazão requerida para o funcionamento ideal do sistema durante a operação. Caso isso não ocorra, é necessário o uso de uma bomba hidráulica adicional. Engate por três pontos - Quando a semeadora é do tipo montada deve-se verificar os pontos de acoplamento inferiores quanto à altura em relação à máquina, fixação das correntes e barras tensoras; e se o ponto superior do sistema hidráulico do trator (terceiro ponto) possui comprimento suficiente para o acoplamento da máquina. Barra de Tração - Quando a semeadora é de arrasto deve-se proceder à inspeção nos pinos e contrapinos do sistema de travamento da barra de tração, assegurando de que a mesma está centrada e travada. Ajuste da Bitola - A bitola do trator deverá ser ajustada de modo que os pneus não coincidam com as linhas de semeadura, evitando que a sementes sejam depositadas numa área onde ocorreu maior pressão sobre o solo. A adequação da bitola será em função do número de unidades de semeadura, do espaçamento entre elas e também pela forma de acoplamento da semeadora ao trator. Assim, a bitola ideal do trator para uma semeadora de arrasto com seis unidades de semeadura e com espaçamento entre as mesmas de 0,80m, deverá ser de 1,60m entre o centro dos rodados (Figura 1). Lastro - Deve-se adicionar peso ao trator, propiciando assim melhor desempenho do conjunto trator/máquina, diminuindo o efeito da patinagem por maior aderência das rodas motoras do trator ao solo. Nos roda-

O processo de semeadura é uma das etapas mais importantes no sistema de produção de grãos, sendo a sua realização com qualidade fator primordial para o sucesso da lavoura, exigindo, portanto, que o preparo e adequação do trator e da semeadora-adubadora tenham atenção especial

O

s produtores, gerentes, técnicos e operadores devem dar grande im-portância às etapas de pré-semeadura, que envolvem o preparo e adequação do trator e da semeadora-adubadora, já que estas máquinas são responsáveis por uma das operações mais importantes na produção de grãos, a semeadura. Os manuais de instrução de operação do trator e da semeadora são ferramentas imprescindíveis para a realização destas etapas.

26

Máquinas

PREPARO E ADEQUAÇÃO DO TRATOR Com relação ao trator, é preciso adequálo para a operação de semeadura em função das características da cultura a ser implantada, das condições de trabalho e das características da semeadora. Os principais itens a serem observados são sistema hidráulico, engate por três pontos, barra de tração, ajuste da bitola, lastro e pressão de pneus. Sistema Hidráulico - Para semeadoras equipadas com sistema dosador do tipo pneu-

www.cultivar.inf.br

Figura 1 - ajuste de bitola em função do espaçamento e do número de linhas da semeadura

Julho 2004


“Com relação ao trator é preciso adequá-lo para a operação de semeadura em função das características da cultura a ser implantada, das condições de trabalho e das características da semeadora”

dos traseiros, os lastros são colocados nos aros e também pode-se adicionar água dentro dos pneus, enquanto que na parte frontal são colocados blocos de ferro, assegurando melhor dirigibilidade do conjunto. Tome cuidado, pois o excesso de lastro pode significar prejuízos com o aumento do consumo de energia, lubrificante e desgaste dos pneus. A lastragem vai depender do tipo da configuração do trator quanto à tração, ao tipo de semeadora e ao tipo de solo (condições de trabalho), portanto deve-se consultar sempre as especificações no manual de operação do trator. Pressão dos Pneus - Conferir a pressão dos pneus, seguindo a prescrição do próprio fabricante, sempre relacionando o tipo de pneu ao lastramento, e utilizando-se sempre medidores de pressão próprios e precisos.

PREPARO E ADEQUAÇÃO Após o preparo e adequação do trator, deve-se realizar uma revisão geral em parafusos, porcas, pinos e contrapinos da semeadora, lubrificação e inspecionar principalmente os componentes e órgãos ativos, promovendo a substituição das peças gastas, danificadas e que apresentem corrosão pela ação dos fertilizantes. Os itens que deverão ser verificados são mangueiras e conexões do sistema hidráulico; mangueiras (tubos de descarga) de condução de fertilizante e semente; sistema de acionamento dos dosadores de fertilizante e semente (engrenagens, correntes e eixos); reservatórios de fertilizante e semente; mecanismos dosadores de fertili-

Julho 2004

zante e semente; molas; sulcadores para deposição de fertilizante e semente, limpadores, rodas limitadoras de profundidade e rodas compactadoras. Espaçamento entre as unidades de semeadura - deve-se adequar o espaçamento vertical de acordo com a recomendação da cultura consultando sempre o manual de operação da semeadora-adubadora. Após este procedimento, certifique-se de que as engrenagens e parafusos de fixação tenham sido devidamente ajustados. Pressão dos Pneus - Seguir a recomendação de calibração do fabricante em função do tipo de pneu e do número de lonas. Revisar diariamente a pressão, pois uma diferença de calibragem entre os pneus poderá influenciar consideravelmente no estande e na distribuição longitudinal das plantas.

ACOPLAMENTO DA SEMEADORA AO TRATOR Semeadora-adubadora de precisão do tipo montada - O primeiro passo é engatar o ponto inferior esquerdo não regulável do sistema de engate três pontos do trator. Em seguida, engatar o ponto inferior direito regulável e, por último, engatar o ponto superior ou terceiro ponto. A máquina deverá ser centralizada e travada por meio das correntes e barras tensoras dos pontos inferiores do trator. O nivelamento da máquina deverá ocorrer nos sentidos transversal e longitudinal. Para realizar estes nivelamentos escolha um terreno plano e acione o sistema hidráulico abaixando a máquina. O nivelamento no sentido transversal é realizado através do ponto inferior direito regulável do trator ou através dos parafusos reguladores de altura das rodas de acionamento (dependendo do modelo), devendo ambos os lados da semeadora permanecer na mesma regulagem; enquanto que, no sentido longitudinal, o nivelamento, é realizado através do ter-

Na hora da adequação das máquinas é preciso fazêlo em função da cultura e das condições de trabalho

ceiro ponto (encurtando-o ou alongando-o). Após o nivelamento o terceiro ponto deverá ser travado com a porca trava. Semeadora-adubadora de precisão do tipo de arrasto - Deve-se, primeiramente, aproximar a barra de tração do trator à lança da semeadora, conectar as mangueiras nos terminais do sistema de controle remoto e, se necessário, aliviar a pressão do sistema, desligando o trator e movendo a alavanca do controle remoto para frente e para trás. Regular a altura da lança, que poderá ser realizada dependendo da configuração do modelo, pelo


“No caso do sistema plantio direto deve-se utilizar discos recortados e com um ângulo mais inclinado em relação à direção de deslocamento para facilitar a visualização do sulco pelo operador”

Exemplo: Cálculo da distância do disco do marcador ao centro da unidade de semeadura mais externa, tomando-se como base a marcação pelo rodado mais próximo da unidade de semeadura, onde: n=6 E = 0,90 m b = 1,80

Neste caso, a distância do centro do disco marcador ao centro da linha de semeadura mais externa será de 2,25 metros, conforme ilustrado na Figura 2.

Figura 2 - Sistema de marcador de linha

macaco de sustentação da lança, ou por um eixo telescópico ajustável, ou ainda por um pistão hidráulico; e em seguida proceder ao engate da lança à barra através de um pino e travando com o contrapino. O nivelamento longitudinal é realizado encurtando-se ou estendendo-se o eixo telescópico. Para realizálo, os pés de estacionamento da máquina devem estar recolhidos e o macaco de sustentação auxiliar deverá estar na posição horizontal. Nota: As orientações como lado direito, lado esquerdo, frontal e traseira toma-se como referência sempre o operador no assento do trator. Marcador de linha - O marcador de linha irá permitir ao operador manter o espaçamento correto entre as linhas em cada passada da máquina. O operador deverá conduzir o trator de forma a coincidir a roda dianteira, mais próxima da área já semeada, com o sulco deixado no solo pelo disco ou haste do marcado de linha. No caso do sistema plantio direto, deve-se utilizar discos recortados e com um ângulo mais inclinado em relação à direção de deslocamento para facilitar a visualização do sulco pelo operador. Quanto à forma de acionamento, os marcadores de linhas das semeadoras-adubadoras podem ser mecânicos (manual), quando a inversão de lado do marcador é realizada pelo próprio operador no final do tiro de semeadura; ou hidráulicos (automático) quando a inversão é realizada através do controle remoto. Regulagem do comprimento do marcador de linha - Nas máquinas com marcador de linha, pode-se determinar a distância do disco marcador ao centro da unidade de se-

28

Máquinas

CONSIDERAÇÕES FINAIS meadura mais externa, utilizando-se qualquer uma das seguintes fórmulas: para marcação pelo pneu mais próximo da linha de semeadura: ou para marcação pelo pneu mais distante da linha de semeadura: onde, D = Distância do disco marcador ao centro da unidade de semeadura mais externa; n = Número de unidades de semeadura; b = Espaçamento entre o centro dos rodados do trator – Bitola (m); e E = Espaçamento entre as unidades de semeadura (m).

O preparo e a adequação do conjunto trator/semeadora antecedem os procedimentos de regulagens necessárias para a realização do processo de semeadura propriamente dito, que engloba além da dosagem de distribuição de fertilizantes e sementes, a regulagem dos mecanismos de ataque ao solo para corte da palha, abertura do sulco para deposição de fertilizante e semente, fechamento e aconM dicionamento da semente. Marcos Roberto da Silva e Luiz Antônio Daniel, Unicamp Charles Echer

Após a adequação do conjunto trator/semeadora, deve ser feita a regulagem da máquina para a realização da semeadura

www.cultivar.inf.br

Julho 2004


4x4

condução

Sem ficar atolado O guincho é um equipamento que não pode faltar na camioneta, já que em terrenos que apresentam um elevado grau de dificuldade ele será fundamental para permitir que se continue o percurso Fotos Técnica 4x4

O

Fotos Warn/USA

guincho é um equipamento indispensável para se enfrentar uma trilha radical e é fundamental saber usá-lo com a máxima segurança. Acidentes podem acontecer, por isso confira as dicas para uso do guincho elétrico, o mais popular no universo off-road. Em primeiro lugar, escolha um guincho compatível com o peso de seu 4x4. Use sempre luvas de couro para manusear o cabo de aço, porque fios soltos podem ferir seriamente suas mãos. Jamais acione o guincho segurando o cabo muito próximo da entrada do carretel, menos ainda durante o resgate. Mantenha as pessoas distantes do cabo e dos veículos envolvidos no resgate. Crianças nunca devem acionar o guincho. Ao procurar um ponto de ancoragem como uma árvore, por exemplo, escolha uma, o mais à frente e distante possível do guincho, e que também agüente o esforço. Isso vai tirar bastante cabo do carretel, o que ajuda no desempenho do equipamento, que tem rendimento máximo na primeira camada de cabo. Deixe, entretanto, cinco ou seis voltas enroladas, para que o parafuso de fixação do cabo não rompa com o primeiro puxão. Coloque agora um tapete do carro, pedaço de lona, folhas de palmeira, galhos ou troncos de árvores em cima do cabo de aço. Ele será

Exemplo de Kit de resgate e de um guincho Warn 9.5ti Thermometric Winch

Julho 2004

esticado sob grande esforço e, se arrebentar, poderá chicotear para todo lado. Guinchos elétricos esquentam normalmente com o uso; confira a temperatura colocando a mão, sem as luvas, na carcaça do motor. Se não conseguir segurá-lo é porque o equipamento está perto do limite. Dê uma folga para ele esfriar. O novo guincho da Warn, o 9.5ti Thermometric Winch, vem equipado com sensor de temperatura, com monitoração no controle remoto, um grande avanço que ajuda na melhor utilização sem risco de sobre-carga. Minimize o esforço do equipamento utilizando, quando possível, a tração 4x4 e marcha reduzida do veículo encalhado. Não se esqueça que uma patesca dobra a força do equipamento. O guincho elétrico é acionado através de uma chave elétrica de três posições, o controle remoto. Colocando a chave para baixo, recolhe-se o cabo e para cima, solta-se lentamente o cabo do carretel. O cabo deve ser recolhido acionando-se o guincho de forma intermitente, ou seja, em períodos de aproximadamente 20 segundos, com um curto intervalo para recomeçar. Alivie o peso do veículo, tire passageiros e se preciso, retire parte da carga. Embora não seja uma regra, é bom que a operação de resgate seja feita sempre em duas pessoas. Enquanto uma manipula o cabo, com as luvas é claro, e monitora o recolhimento no

www.cultivar.inf.br

carretel, a outra conduz o veículo em primeira marcha reduzida. Durante o resgate, o veículo que estiver com guincho deverá ficar parado, com freio acionado e se preciso, ainda, com calços nos pneus para que não seja arrastado de encontro ao veículo encalhado. O motorista do veículo de apoio não deve engatar a marcha a ré e tentar ajudar o guincho, sob risco de danificar o equipamento com trancos violentos. Se você colocar seu guincho em outro veículo, este deve ter peso suficiente para não ser arrastado, se preciso, prenda-o em outro veículo ou árvore com um cabo de aço ou cinta respectivamente. M João Roberto de C. Gaiotto, Goodyear

Resgate realizado com o auxilio de um guincho

Máquinas

29


Comparativo Comparativo Tratores 120 cv

Desempenho a

Com motores de 6 cilindros, aspiração natural e 120 cv de potência, os tratores BM 120, TS 120 e MF 5320 mostraram força e versatilidade no primeiro comparativo realizado pela Revista Cultivar Máquinas

T

ivemos o prazer de ser convidados pela editoria da Revista Cultivar Máquinas para a primeira avaliação comparativa de tratores. Sabíamos o quanto seria importante este primeiro passo editorial e a responsabilidade de comparar modelos de tratores de marcas comerciais diferentes.

Aceitamos o desafio com o propósito de esclarecer os leitores da revista e, por vias indiretas, poder colaborar com a disseminação de conhecimentos sobre esta importante máquina agrícola. O critério utilizado pela revista para a escolha do segmento de potência e dos modelos que iriam participar desta primeira

O câmbio do BM 120 se destacou pela simplicidade e facilidade; a principal dificuldade do TS 120 foi para engatar a marcha a ré; o MF 5320 tem o engate de tração auxiliar bastante facilitado

30

Máquinas

www.cultivar.inf.br

avaliação foi determinado em concordância com a opinião de revendedores. O passo inicial foi descobrir a potência média utilizada nas lavouras arrozeiras, que ficou na faixa dos 120 cv. Assim, chegamos aos modelos de três fábricas diferentes, com motores de 6 cilindros de aspiração natural. A marca Hew Holland foi representada pelo modelo TS 120, a Massey Ferguson pelo modelo MF5320 e a Valtra pelo modelo BM 120. Os tratores testados foram fornecidos pelos concessionários da região de Pelotas (RS) e eram tratores de demonstração com algum uso. O TS 120 da New Holland era o que estava mais próximo do estado de novo com 409 horas de trabalho e com pneus novos. O modelo MF 5320 era o que tinha mais utilização, com 2508 horas e pneus desgastados nesta medida. O modelo Valtra tinha 802 horas e igualmente com pneus semi-novos e proporcionalmente amaciados por esta utilização. Foram escolhidos apenas os três modelos citados, porque o principal critério era a motorização, que deveria ser de 6 cilindros, aspirado.

Julho 2004


“O critério utilizado pela revista para a escolha do segmento de potência e dos modelos que iriam participar desta primeira avaliação foi determinado em concordância com a opinião de revendedores”

prova Fotos Charles Echer

Por possuírem tração dianteira, um acessório importante é o pára-lamas dianteiro, que somente os modelos MF 5320 e TS 120 possuíam

Encontramos uma dificuldade em obter a informação da rotação de torque máximo do motor do trator TS 120 da New Holland. Imaginamos que o fabricante não estima como é importante este dado, que permite o cálculo da máxima força de tração em cada marcha e a elasticidade do motor. Durante os testes na operação de campo notamos que os três motores tiveram um excelente comportamento, com boa recuperação em situações de sobrecarga e um funcionamento normal. Na verdade, nas condições do teste não se pode

MOTORES O trator New Holland TS 120 utiliza um motor New Holland de 6 cilindros com 7500 cm 3 de volume e aspiração natural que desenvolve, segundo informação do fabricante 119,6 cv de potência bruta utilizando uma bomba injetora rotativa. A reserva de torque é de 20%. O MF 5320 tem um já tradicional motor Perkins de 6 cilindros com volume de 6000 cm, igualmente com aspiração natural que desenvolve 120 cv a uma rotação de 2200 rpm e com torque máximo de 441 Nm e 1420 rpm, do que se pode concluir que a reserva de torque está ao redor de 15%. A bomba injetora é a tradicional rotativa. O Valtra testado tem motor Valtra 620D igualmente é de 6 cilindros com aspiração natural, com 6600 cm3 de volume e produz 120 cv (ISO) de potência bruta a 2300 rpm e um torque máximo de 430 Nm a 1400 rpm, do que se pode deduzir que a reserva de torque é aproximadamente 17%.

Julho 2004

Modelo Motorização Marca Cilindrada (cm3) Potência bruta (cv) Torque máximo (Nm) Horas de uso dos tratores (h) Transmissões Modelo Caixa de velocidades

estabelecer nenhuma diferença de rendimento, passando os três modelos com nota alta pela avaliação.

TRANSMISSÕES As transmissões que equipavam os modelos fornecidos para o teste favoreciam de certa maneira ao modelo BM120 da Valtra, pois o trator testado estava equipado com um câmbio em carga de 16

TS 120

MF5320

BM120

New Holland 7,5lL 7500 120 a 2200 rpm (ISO) 461 409

Perkins / 1006-6 6000 120 a 2200 rpm 441 a 1420 rpm 2508

Valtra 620D 6600 120 a 2300 rpm (ISO 1585) 430 a 1400 rpm 802

MF5320 Sincronizada de 12 velocidades à frente e 3 a ré

BM120 Sincronizada de 16 velocidades à frente e 8 a ré, com Multitorque

MF5320 2610 4610 8 placas de pesos dianteiros, sem pesos metálicos na traseira Dianteiros Pirelli PD 22 14.9-28 Traseiros Pirelli PD22 23.1-30 5,24 Traseiros: 10 Dianteiros: 12 52,2 45/55

BM120 2572 4800 8 placas de pesos dianteiros, 2 discos na roda traseira Dianteiros Goodyear Super Arrozeiro 14.9-24 Traseiros Firestone 23.1-26 4,84 Traseiros: 18 Dianteiros: 20 54,3 51/49

TS 120 Mecânica “seca” econoshift de 16 marchas à frente e 4 a ré. Com “Dual Command” Dimensões, pesos, relação peso/potência e distribuição estática de peso Modelo TS 120 Distância entre eixos (mm) 2640 mm Peso (kgf) 5010 Lastragem 10 placas de pesos dianteiros, sem pesos metálicos na traseira Pneus Dianteiros Goodyear Super Arrozeiro 14.9-24 Traseiros Pirelli PD22 23.1-26 Circunferência de rolamento dos pneus (m) 4,72 Pressão interna dos pneus (PSI) Traseiros: 10 Dianteiros: 20 Relação peso / potência (kg/kW) 56,7 Distribuição de peso (Dianteira/traseira) 47/53

www.cultivar.inf.br

Máquinas

31


“O método utilizado para medir o patinamento dos tratores consistiu em medir a circunferência de rolamento dos pneus e comparar com a distância percorrida pelo pneu em carga”

marchas à frente e 8 a ré do tipo multitorque de acionamento eletro hidráulico por um botão na própria alavanca de troca de marchas, que é superior á caixa não sincronizada Econoshift de 16 marchas à frente com 4 marchas a ré do TS120 e a transmissão sincronizada de 12 marchas à frente e quatro a ré do MF5320. Durante os testes, as maiores queixas foram ao sistema de duas alavancas com a alteração de regime e grupo de marchas do Massey Ferguson 5320. Para os que estavam habituados não enfrentaram os mesmos problemas dos que quiseram subir ao trator pela primeira vez.

SISTEMA HIDRÁULICO Não tivemos oportunidade de testar os sistemas hidráulicos dos tratores, todos de categoria II, mas o modelo Mas-

Fotos Charles Echer

O sistema hidráulico do MF 5320 tem a maior capacidade de levante, chegando aos 3 mil kgf

sey Ferguson tinha o tradicional sistema Ferguson com funções de controle de profundidade, posição, reação baseado em uma bomba de funcionamento constante e que possui uma capacidade de

levante de 3000 kgf na extremidade dos braços inferiores, com vazão máxima de 17 litros por minuto e pressão de 210 bar a 1200 rpm. O modelo TS 120 tem uma vazão máxima de 35 litros por minuto e pressão máxima de 180 bar e uma capacidade de levante máxima de 2358 kgf nos braços inferiores. O modelo BM 120 da Valtra tem capacidade de levante máxima de 2820 kgf com pressão máxima de 180 bar e uma vazão máxima de 51,8 litros por minuto. Para as utilizações cada vez mais freqüentes de acionamentos externos (controle remoto), verifica-se que o Valtra oferece as maiores vazões e também uma pressão de valor interessante. O NH, embora opere à mesma pressão máxima do Valtra, tem vazão cerca de 30 % menor. Mesmo assim se qualifica para as demandas correntes.

DIMENSÕES E PESOS As dimensões e os pesos são determinantes no desempenho de um trator no campo. Sua adequação exige conhecimento e experiência, mas pode trazer grandes diferenças em capacidade operacional e consumo de combustível. Seguramente a melhor distribuição para um trator com tração dianteira auxiliar é a que apresentava o MF 5320, com 45% do seu peso sobre o seu eixo, embora esta não permanecerá em condições dinâmicas, depois de ter ocorrido a transferência de peso do eixo dianteiro para o traseiro, ocasionada pela tração e pela resistência ao rolamento. Os dois Patinamento das rodas em operação de gradagem niveladora de 48 discos a 10 cm de profundidade Modelo TS 120 MF5320 BM120 Patinamento % 11,09 13,58 20,85 Marcha utilizada 1 alta T a 1800 rpm LT3 a L4 multitorque dual command alto 1800 rpm alto

O teste de patinamento foi realizado com duas repetições, a fim de evitar dados equivocados

32

Máquinas

www.cultivar.inf.br

Julho 2004


E quanto custam?

O

s três modelos testados possuem a mesma motorização, com 6 cilindros aspirados e 120 cv. O preço de cada modelo foi pesquisado nas concessionárias de Pelotas. O Massey Ferguson MF 5320, na concessionária Cimma, com a mesma configuração da máquina testada, custa R$ 139.000,00, podendo ter um desconto de acordo com as condições de financiamento. O Valtra, BM 110, na Polisul, modelos, New Holland e Valtra, apresentavam demasiado peso no suporte dianteiro para o que tinham no rodado traseiro. Cremos que isto ocorra, pois com pneus arrozeiros a lastragem fica prejudicada; assim, a traseira fica leve.

DESEMPENHO EM TRAÇÃO Para comparar os três modelos em operação, a equipe escolheu uma grade de discos marca Super Tatu modelo GNCR de 48 discos, dispostos em duas seções de 24 discos e regulada para um trabalho de aproximadamente 10 cm de profundidade, em solo bruto com cobertura vegetal. O método utilizado para medir o patinamento dos tratores consistiu em medir a circunferência de rolamento dos pneus e comparar com a distância percorrida pelo pneu em carga. Para medir a circunferência, deslocou-se o trator em

Julho 2004

tem um preço inicial de R$ 110.000,00, com a configuração básica. O New Holland TS 120, na concessionária Bertoldi Becker, custa R$ 141.800,00, podendo também ter um desconto que varia de acordo com a forma de financiamento. Os valores podem sofrer alterações, dependendo dos acessórios escolhidos pelo cliente e das condições de pagamento. baixa velocidade e mediu-se a circunferência dos rodados, com cinco repetições. A distância percorrida em carga foi medida com a grade em duas repetições, tentando escolher uma marcha que proporcionasse a mesma velocidade de deslocamento. Os dados levantados foram aplicados à fórmula seguinte, para determinar o patinamento percentual.

MANOBRABILIDADE Fizemos alguns testes de raio de giro e os três modelos foram amplamente aprovados, com leve vantagem para o modelo New Holland que é melhor neste quesito. No começo estranhamos o volante automotivo do modelo BM 120 da Valtra, pois estávamos acostumados com volantes típicos de trator, mas isto

www.cultivar.inf.br

O posto de comando do TS 120, com direção regulável, destaca-se pelo conforto ao operador

em nada prejudicou a execução das manobras, pois a direção de auxílio hidrostático dos dois modelos exige pouco es-

Máquinas

33


“Embora ainda sejam chamados de “baixa especificação”, são muito parecidos com o que os fabricantes oferecem em sua matrizes no exterior e facilmente podem ser evoluídos para especificações mais sofisticadas”

Fotos Charles Echer

O acesso ao posto de comando pela escada é bastante facilitado no TS 120 e mais difícil no BM 120

forço do operador. Nas manobras, em situações como a que estávamos testando, com muita umidade e barro, os paralamas dianteiros dos modelos New Holland e Massey Ferguson favoreceram na comparação com o modelo da Valtra que não dispunha deste equipamento. Manobrando, também notamos alguns detalhes que às vezes escapam aos olhos dos projetistas, como a colocação de objetos em zona de visibilidade dianteira lateral e a vantagem do capô rebaixado. Notamos que, neste sentido, os três projetos eliminam ou minimizam a tomada de ar para o motor em posição elevada, tão característica dos modelos mais antigos, mas isto sobrecarrega mais os filtros que trabalham absorvendo ar em zona mais contaminada (mais baixa).

nantemente cômoda e bem projetada, facilitando em muito a subida do operador à plataforma. Talvez o BM 120 seja o trator mais carente neste sentido. Quanto ao posto de operação, encontramos outra vez uma superioridade do New Holland, pois além do melhor acesso, havia a disposição em assento de boa qualidade, com boas posições de coluna de direção (regulável), acelerador de mão. O MF 5320 peca pelo banco muito simples para um trator desta potência e pela posição da coluna de direção que preju-

dica a movimentação das pernas durante o trabalho, mesmo que o trator seja plataformado. Chamou-nos a atenção que embora o posto de operação do BM120 tenha escada de acesso somente no lado esquerdo do trator, há uma liberdade de entrada e saída pelo lado direito, demonstrado pelas marcas de desgaste em pintura no modelo testado; quer dizer, a saída é pular do posto de operação. O New Holland, por sua vez, apresenta uma pequena guarda de restrição à descida pelo lado direito, induzindo o operador a descer pela escada. Acreditamos que o piso de borracha colocado na plataforma do modelo da Massey Ferguson poderia ter uma melhor característica antiderrapante, pois a superfície é bastante lisa, para a condição dos calçados dos operadores agrícolas. O perfil dianteiro do capô levemente baixo dos modelos da New Holland e Massey Ferguson favorece em muito a visibilidade dianteira, o que ainda está por desenvolver no modelo da Valtra. Quanto aos comandos, no modelo da New Holland chamou-nos atenção negativamente a dificuldade de engate da marcha a ré talvez uma característica do modelo tes-

CONFORTO E SEGURANÇA Encontramos várias características que podem diferenciar os três tratores testados em relação ao que oferece cada modelo em conforto e a segurança dos operadores. Quanto ao acesso ao posto do condutor, encontramos situações distintas, pois a escada de acesso do TS 120 é impressio-

M

Arno Dallmeyer e José Fernando Schlosser, da UFSM, coordenaram o comparativo

34

Máquinas

www.cultivar.inf.br

Julho 2004


Valores do raio de giro

Apoio

O

comparativo foi realizado com o apoio das concessionárias Cimma Comércio de Implementos, Motores e Máquinas Agrícolas, da Massey Ferguson; Polisul Comercial Agrícola, da Valtra; e Bertoldi Becker Agrícola, da New Holland. Agradecemos também aos engenheiros agrícolas Marcelino João Knob e Danilo Franchini; ao professor de mecanização, Jader Ribeiro Pinto, aos alunos do Colégio Agrotécnico Visconde da Graça e aos funcionários das revendas pelo apoio e acompanhamento durante os testes. tado e positivamente a facilidade do engate da tração dianteira auxiliar, por um botão, extremamente fácil e eficiente. No modelo Massey Ferguson, positivamente encontramos o engate da tração auxiliar e negativamente reconhecemos a dificuldade do engate das marchas com o sistema de duas alavancas e a mudança de regime e grupo de marchas na mesma alavanca, a posição do

BM 120: sem freio 4450mm

MF 5320: sem freio 4600mm

acelerador de mão que poderia estar em posição mais adiantada em relação ao corpo do operador e à posição do painel auxiliar, colocado no lado direito, que poderia estar colocado em posição mais alta. O ponto alto do modelo da Valtra foi a facilidade de engate das marchas, principalmente porque o modelo testado era do tipo powershift parcial (multitorque). Negativamente encontramos o péssimo engate da tração dianteira auxiliar, que obriga um movimento de pressão e torção, totalmente mecânico e a posição e movimentação (invertida) do acelerador de mão. Quanto aos arcos de proteção encontrados nos modelos testados, os três eram de dois pontos apenas, sendo que o modelo da New Holland o tinha de forma rebatível, isto é, podia ser neutralizada a ação, pelo acionamento de uma junta de articulação. Não temos mais informações sobre efetiva utilização deste dispositivo, mas sempre que se retira a proteção do operador para favorecer a operação agrícola, há que se ter restrições. Quanto ao arco de proteção do modelo da Valtra, notamos que há uma placa de certificação porém sem número de ensaio e homologação com os espaços sem preenchimento. Na estrutura de proteção da Massey Ferguson constava a autocertificação do fabricante. Não avaliamos ruído no posto do condutor, mas foi marcante que o modelo Val-

TS 120: sem freio 4040mm

tra era o mais ruidoso dos três tratores em teste.

AVALIAÇÃO GERAL Uma experiência gratificante e enriquecedora para todos os participantes. Certamente, hoje, temos melhores condições de avaliação. E qual o melhor? Perguntaria o leitor. Naturalmente, a resposta não é simples e imediata. Existem tendências que podem ser verificadas numa leitura atenta, especialmente das características de cada modelo. Importante é verificar o grau de interesse e atendimento do concessionário da região do interessado; a experiência passada com cada uma das marcas; as reais necessidades do interessado; os custos operacionais de cada modelo de trator; o tipo de mão-de-obra disponível. O que se pôde notar é que definitivamente o Brasil está incluído na fabricação dos modelos globalizados. Embora ainda sejam chamados de “baixa especificação”, são muito parecidos com o que os fabricantes oferecem em sua matrizes no exterior e facilmente podem ser evoluídos para espeM cificações mais sofisticadas. José Fernando Schlosser e Arno Dallmeyer, UFSM

Os três modelos se destacam em diversos itens e necessitam de melhoras em outros

Julho 2004

www.cultivar.inf.br

Máquinas

35


Negócios lançamentos

Fotos New Holland

Colhedora CS660

A

New Holland está lançando a colhedora CS660, a maior que a empresa possui. A nova colhedora da linha TC traz inovações como no sistema de debulha, redução na perda e na quebra de grãos. A colhedora conta com um conceito implantado no cilindro, que passa a ser acionado por um eixo intermediário e tem rotação variável. Uma polia variadora, que oscila entre 450 e 1.100 rpm, permite ao operador regular a rotação do batedor e transferir essa rotação para o cilindro na proporção de 2 por 1 (290 a 550 rpm) ou 1 por 1 (450 a 1.100 rpm). Equipada com o sistema Maxitorque, a CS660 possui maior torque de acionamento do batedor, em caso de patinagem da correia em decorrência do grande volume de material a ser processado, o Maxitorque aumenta a tração deste equipamento, permitindo que o sistema funcione normalmente. Para fazer a separação dos grãos da palha, a colhedora associa dois sistemas, o Rotary Separator, que age por força centrífugada e um conjunto de seis saca-palhas, que atua por gravidade. A máquina possui motor Cummins de 8,3 litros e 280 cv de potência, plataforma de 30

36

Máquinas

pés (9 metros de extensão) e tanque graneleiro com capacidade para 9 mil litros. As colhedoras com peneiras fixas são dotadas do sistema tipo cascata, no qual os componentes estão dispostos em três níveis. Uma peneira de pré-limpeza, na saída do bandejão, inicia a separação do material proveniente do cilindro e do saca-palha (vagens, folhas secas, talos) antes que ele chegue às peneiras tradicionais –superior e inferior– da máquina. A cabine é equipada com vidros curvos e monitor na coluna, que amplia o campo de visão e banco para acompanhante. O painel lateral acompanha a movimentação do banco do operador e a iluminação é do tipo estádio, que facilita a colheita noturna. “Nos últimos anos, investimos para oferecer ao agricultor brasileiro a mais ampla e diversificada linha de produtos. Nossos tratores e colheitadeiras se destinam à maior gama de aplicações e perfis de produtores. Hoje, a marca New Holland é um sinônimo de qualidade e uma aspiração de quem quer evoluir. Em qualquer pesquisa que se faça, nossas colheitadeiras aparecem em primeiro lugar”, afirma Francesco Pallaro, diretor comercial da New Holland

www.cultivar.inf.br

para a América Latina. Foram investidos US$ 41 milhões no projeto mundial da CS em pesquisa e desenvolvimento, realizados conjuntamente pelas equipes do Brasil e da Bélgica, onde está localizado o centro mundial de desenvolvimento de colheitadeiras da New Holland. Desse total, US$ 14 milhões foram destinados ao projeto na América Latina. A nova máquina passou por mais de 6 mil horas de testes, em 30 propriedaM des agrícolas do Brasil e da Argentina.

Plataforma da colhedora é de 30 pés e o tanque graneleiro tem capacidade para 9 mil litros

Julho 2004


Negócios lançamentos

Silo estacionário Fotos Randon

A

Randon Implementos e Participações lançou mais um produto para armazenagem de resinas petroquímicas, produtos químicos e alimentícios na modalidade a granel. Trata-se do silo estacionário, equipamento voltado para operadores logísticos que movimentam matérias-primas na forma de pós ou grânulos, entre eles resinas plásticas, farinha, açúcar e produtos químicos. Os silos estacionários são montados na posição vertical e construídos em alumínio ou aço inox. A capacidade de armazenamento oscila de pequenos volumes até 135 m 3. Projetos acima de 135 m3 requerem consulta prévia. Os produtos saem dos silos estacionários do produtor e são transportados pelos semi-reboques silos rodoviários basculantes até os silos estacionários instalados junto à fábrica de seus clientes, e por tubulações abastecem diretamente as máquinas de transformação.

A nova sistemática proporcionada pelo silo estacionário resulta em economia de tempo e mão-de-obra (carga e descarga), na alocação do produto em estoque e na redução de avarias de embalagens e riscos de contaminação de produtos. Tanto para quem produz como para quem recebe matérias-primas a granel, o silo dispensa o uso da área coberta para estocagem. Para os operadores logísticos, o silo estacionário representa um avanço na medida que possibilita o monitoramento dos estoques.


Negócios lançamentos

Autopropelida 7300 Fotos John Deere

M

A

John Deere está comercializando no Brasil a forrageira autopropelida 7300 para feno e forragem. A máquina é fabricada na Alemanha e dirigida principalmente para pecuaristas, confinadores e grandes produtores de leite do Brasil. A forrageira tem motor de 415 cavalos, projetado para aplicações contínuas que exigem grande potência e torque. Possui transmissão hisdrostática com três marchas que permite adequação às mais adversas condições de trabalho. Ainda é oferecida a opção do acionamento hidromecânico no eixo traseiro, que permite aumentar a capacidade de tração e permite operar nas piores situações. A forrageira vem equipada com a plataforma de corte Kemper Champiom 345, com seis linhas independentes e discos rotativos que recolhem a cultura. Com largura de corte de 4,5 metros, ela pode colher milho, cana, sorgo, milheto e capins, com qualquer espaçamento entre linhas e sentido de corte. O cilindro de corte tem 40 lâminas segmentadas e para mantê-las

38

Máquinas

afiadas há um dispositivo que pode ser comandado pelo operador na cabine da máquina, mesmo durante o trabalho. A regulagem do corte também pode ser feita pelo operador na cabine, durante o trabalho. Qualquer metal oculto na cultura é detectado pelo sistema Intelliguard, evitando, desta forma, danos ao equipamento e ao rebalho. Se o objetivo for produzir silagem de milho, o dispositivo Kernel Processor permite obter um alimento de melhor qualidade. Com dois rolos de aço endurecido, ele tritura os grãos para garantir o melhor aproveitamento da silagem. Os rodados da forrageira autopropelida 7300 dianteiros são 650/75 R32 e os traseiros 16.5/85-24 ou 480/80R26. O peso aproximado da máquina, sem a plataforma, é de 24.868 Kg, a largura de transporte, sem a plataforma, é de 2.950/3.160 mm, dependendo do tipo de pneus. O comprimento de transporte, sem a plataforma, é 6.620 mm, a altura máxima de trabalho é de 6.200 mm e o peso da plataforma é de 2,1 mil Kg.

www.cultivar.inf.br

Para poder prestar assistência aos usuários da forrageira, os funcionários na fábrica e nos concessionários das regiões mais importantes da pecuária no país estão recebendo treinamento específico. A central de Catalão (GO) será o ponto de distribuição das peças de reposição para a máquina. A empresa negociou também modalidades especiais de financiamento junto a bancos estrangeiros para tornar mais fácil a aquisição da máquina.

A plataforma de corte da forrageira possui seis linhas independentes e discos rotativos

Julho 2004


Negócios

Distinção Indústria 2004 A Metasa S.A. Divisão Agrícola recebeu, no final de junho, um dos prêmios mais importantes da indústria gaúcha, o prêmio Fiergs Distinção Indústria 2004. O implemento premiado é a semeadora SDM Múltipla Metasa Geração IV, que se destaca por ser montada em chassi duplo, caracterizando-se em duas versões: a de grãos finos e a de grãos grossos. Na versão grãos finos, para semeadura de trigo, aveia, cevada, renovação de pastagens e demais culturas de inverno e na versão grãos grossos, para se-

36

Máquinas

meadura de milho, soja, feijão, sorgo e demais culturas de verão. De acordo com o diretor presidente da empresa, Antonio Roso, o sucesso da máquina deve-se, em grande parte, aos produtores. “Para fazermos a semeadora nós ouvimos os nossos clientes para saber de suas reais necessidades. O nosso diferencial foi esse”. O empresário falou ainda do quão importante é receber o prêmio Distinção Indústria, que, segundo ele, constituise em um incentivo fundamental para todas as empresas.

Expocafé 2004 A ExpoCafé 2004 recupera o público de anos anteriores, contando com cerca de 96 expositores, dos mais diversos segmentos da agricultura, além de instituições de pesquisa e assistência técnica ao produtor rural e um público próximo a 20 mil vistantes. O faturamento girou em torno de 20 milhões durante os três dias de feira, além do faturamento pós-feira. Durante o evento, o público pôde ver as principais tecnologias utilizadas no setor cafeeiro através das dinâmicas de máquinas e demonstrativo de agroquímicos realizados nos campos experimentais, de modo que os produtores pudessem avaliar de perto o desempenho de todas as novidades. Segundo o professor Fábio Moreira, estas práticas fizeram mudar a dinâmica de cultivo no Sul de Minas, onde até uns cinco anos atrás não se tinha o uso de tecnologias no campo, principalmente na colheita.

www.cultivar.inf.br

Palestras e minicursos, abordando temas como rastreabilidade, mercado e alternativas de cultivo, ministrados por pesquisadores e profissionais renomados, foram outra atração da feira. O presidente da ExpoCafé 2004, Nilson Salvador, explica que hoje o produtor deve se profissionalizar e buscar tecnologias apropriadas de modo que consiga ser competitivo em seu agronegócio e assim torná-lo sustentável. Janice Ebel

Rocheli Wachholz

eventos

Julho 2004


Acelera... A

s máquinas começam a rroncar oncar ... oncar... Neste mês, já se rrealizou ealizou a primeira etapa do Campeonato de T er T Trrekk ekker Trrek (tração) em Holambra (SP), uma grande festa. P ara Para agosto dando a estréia da pr ova agosto,, estamos aguar aguardando prova de Campo Grande no Arrancadão Arrancadão.. E em seo o “cir co” estará em Dourados (MS). tembr “circo” tembro Veja também a curiosidade: um trator agrícola na Antártida! Divirta-se conosco té a próxiconosco.. A Até ma... Conforme sabem os leitores, no campeonato de arrancadão, os tratores podem ser inscritos nas categorias: Tratorshow (publicado na edição 31), aspirado sub-100 (massarikão) e standard. Nesta edição, publicamos a essência do regulamento para o aspirado sub-100. • Participam desta categoria tratores com motores de 4 cilindros ou 6 cilindros, abaixo de 100 cv modificados em relação à pintura do trator, bomba injetora no motor, escapamento, dimensões dos pneus e na parte de segurança do piloto. • A denominação desta categoria será: Tratores da Massarikão.

por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br • Peso mínimo: Original de cada trator, sem com uma roda livre. lastro • Embreagem: Original. • Motor original do trator. Não serão acei• Rodas e Pneus: Os pneus deverão estar tos tratores com motores turbinados. A bomba em bom estado de conservação. A largura dos injetora do motor terá que ser original do tipo pneus é livre. Os pneus traseiros deverão ser agrícola mas poderá ser aberta. agrícolas com o mínimo de aro 24. Os aros e • Sistema de ignição, arrefecimento e ca- pneus dianteiros serão livres podendo ser lisos. beçote: Tipo original. • O sistema de freio é livre, mas deverá es• Alimentação: Será permitido somente o tar funcionando com eficiência. combustível liquido óleo diesel fornecido pelos • Estrutura original do Trator. Deverá ser organizadores do evento. adaptado um cinto de segurança automotivo • Escapamento: dimensionamento livre. na estrutura do trator. Deverá ser adaptado um • Suspensão: Agrícola Original arco de segurança (Santantonio) do tipo origi• Transmissão: Original. Proibido correr nal de trator, fixado com segurança na estrutura do mesmo, não sendo necessário o uso do toldo. • Sistema elétrico, de lubrificação, e circuito de combustível: Original. • Equipe: Somente um piloto e um ajudante serão aceitos na inscrição. • Segurança: na prova, o piloto deverá usar calçado firme, antiderrapante, calça comprida e capacete. • Gerais: Todos tratores inscritos deverão deixar espaços no trator para a publicidade dos patrocinadores oficiais do evento.

Agenda

Curiosidade I

magine um trator agrícola na Antártida...Tanto quanto se sabe há somente um trator em serviço nas vastas extensões geladas da Antártida: um modelo BM Valmet 505 ano 1988. O trator foi levado pela expedição finlandesa Finnarp. Durante seus quinze anos do serviço o trator foi usado para limpeza de neve, puxando cargas e levantando tambores, entre incontáveis outros usos. Vale dizer que o ambiente de operação pode ser realmente pesado. Uma tempestade certa vez levou o carregador frontal do trator e, em outra ocasião, o cárter do óleo quebrou durante o uso pesado. O próprio motor foi revisado e mantido pela mão dos investigadores na estação de pesquisa. “Nós usamos o trator em torno da estação de pesquisa principalmente para movi-

40

Máquinas

mentação de suprimentos e remover a neve. O carregador dianteiro é particularmente útil para a tarefa diária de movimentar recipientes de combustível. O trator também foi uma ajuda enorme quando a estação de pesquisa foi renovada e expandida”, diz Henrik Sandler, que coordena a expedição Finnarp. A estação antártica está ocupada somente durante o verão, em outras palavras, quando é inverno no hemisfério do norte. O “verão” significa temperaturas suaves em torno de cinco graus Celsius negativos e o sol brilha dia e noite. No inverno, o sol desaparece por diversos meses e a temperatura pode facilmente cair aos cinqüenta graus negativos. “Aqui não é assim tão frio como se poderia pensar. As condições no verão são bastante confortáveis. Mesmo no inverno aqui está relativamente morno comparado ao centro do continente, onde as temperaturas podem ser tão baixas quanto -70 ou -80 graus. Bom é que não há absolutamente nenhuma umidade aqui por causa das temperaturas de congelamento, assim que a maquinaria não oxida”, diz Sandler. O trator Valmet é usado somente em torno da estação de pesquisa, porque um afastamento maior traz o risco das rachaduras no gelo, das tempestades repentinas e da neve macia.

www.cultivar.inf.br

Abertura do Campeonato de Arrancadão de Tratores em Campo Grande (MS), dias 07 e 08/agosto/2004. Local: Autódromo Internacional de Campo Grande (MS). Resumo da programação: Sábado/07 das 9:00 hs até as 17:30 hs da tarde: arrancada de carros (Campeonato Sul Matogrossense). Sábado/07 às 20:30 hs inicio do Arrancadão de Tratores. Domingo/08 durante todo o dia: Arrancadão de Tratores com a grande final ao entardecer.

Próximo número Os resultados na primeira prova do Campeonato de Trekker Trek do ano, realizada dias 10 e 11 de Julho no Recinto Expoflora na Holambra

Julho 2004



Informe jurídico • Newton Peter • OAB/RS 14.056 • consultas@newtonpeter.com.br

Pagamento e extinção da punibilidade

O

pagamento integral de dívida tributária, ainda que posterior ao recebimento de denúncia criminal, extingue a punibilidade do agente, segundo entendimento que está se firmando nos tribunais. Naturalmente, dívidas oriundas de contribuições previdenciárias não repassadas à Previdência Social constituem outro caso. O entendimento dos julgadores decorre de permissão expressa no art 9º, § 2º da Lei 10.684/ 03 e se refere aos delitos previstos nos dois primeiros artigos da Lei 8.137/90, que trata dos crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo. Por exemplo, em processo no qual um contribuinte fora condenado a três anos e quatro meses de reclusão, por omissão repetida de declaração à Receita Federal, a sentença foi reformada, para absolver o réu, por caracterizar-se a ausência de dolo – não configurada a intenção de fraudar o Fisco – e faltar a prova pericial, imprescindível para a propositura da ação penal. Em outras palavras, uma situação de dificuldades econômicas em que o contribuinte se vê obrigado a postergar suas obrigações tributárias, o que configura crime previsto na lei, pode ser remediada com o pagamento posterior, desde que comprovado que não houve a simples intenção de lesar o Fisco, mas um caso de necessidade. Há uma linha sutil separando as hipóteses. Naturalmente, alguém pode tentar se valer de algo nessa latitude para se eximir das obrigações fiscais, mas, de outra parte, o Fisco tem os meios para separar os devedores circunstanciais dos contumazes. E a possibilidade de a reparação extinguir a cul-

pabilidade surge como meio de frear possíveis atitudes meramente punitivas ou de exemplo para constranger os demais cidadãos a não repetirem o feito.

TENDÊNCIA A BENEFICIAR Desde 1995 vem arrefecendo a punibilidade de crimes do tipo. A diferença estava no que se refere à oportunidade em que o pagamento deveria ser realizado para surtir efeitos fiscais. Enquanto a nova norma dispensa que a quitação do débito anteceda a instauração da ação penal, a Lei 9.249/95 estabelecia como regra para a extinção da punibilidade a quitação do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia. Portanto, não há mais a restrição quanto

ao momento do pagamento. Ainda que instaurada a ação penal, pode o agente efetuar o pagamento, beneficiando-se com a extinção da punibilidade. Além disso, por ser mais benéfica, a nova lei atinge as ações penais em curso, com efeitos retroativos, como determina o Código Penal, em seu art 2º, § único; “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”.

APLICA ÇÃO APLICAÇÃO O benefício concedido pela Lei 10.684/03 não se aplica aos delitos concernentes à omissão em repassar contribuições previdenciárias arrecadadas pelo agente, porém abriga os oriundos de débitos de contribuições patronais, com vencimento até 28/02/2003. Também é aplicável aos débitos junto à Secretaria da Receita Federal ou à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e aos débitos oriundos do Programa de Recuperação Fiscal. Finalmente, deve-se observar que os benefícios da lei são aplicáveis mesmo nos casos de parcelamento e a partir desse ajuste, mediante a suspensão da pretensão punitiva do Estado durante o período em que o agente dos aludidos crimes, ou a pessoa jurídica a ele ligada, estiver incluído no regime de parcelamento. Não ocorre, durante este período, a prescrição criminal. A extinção da punibilidade virá a ocorrer tão somente quando se efetuar o pagamento de todas as parcelas dos débitos relativos aos tributos e contribuições sociais, acessórios inclusive.

Decidido nos tribunais Horas extras - O TST não conheceu recurso ajuizado por ex-funcionária pleiteando horas extras entre a 40ª e a 44ª semanais. É que a empregada já havia ganhado, em ação anterior, o direito a horas extras além da 44ª e, depois, entrou com nova ação alegando que sua jornada era de quarenta, e não de quarenta e quatro horas. A Turma considerou que havia coisa julgada em relação ao tema, o que impediria novo pedido relativo ao mesmo período. Frete e IPI - O TRF da 4ª Região declarou inconstitucional a inclusão do valor do frete na base de cálculo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A decisão considerou inconstitucionais os parágrafos 1º e 3º do artigo 14 da Lei 4.502/64, cuja redação foi alterada pela Lei 7.798, de 1989. A partir desse julgamento, o TRF deve adotar essa interpretação em todos os processos sobre o assunto. Trabalho por produção - O TST deferiu pedido de adicional de ho-

42

Máquinas

ras extras feito por dois trabalhadores rurais remunerados por produção no corte de cana-de-açúcar. O relator do recurso, ministro Lélio Bentes, fundamentou seu voto em dispositivo constitucional que enumera, dentre os direitos dos trabalhadores, a “remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% à do normal”. O direito ao pagamento das horas extras resulta da sua efetiva prestação, não se prendendo a circunstâncias subjetivas, dentre elas a vontade do trabalhador, afirmou. Lei municipal e defensivos - O Tribunal de Justiça do RS declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 1.352/99, do Município de Horizontina, que restringe o uso e comercialização de determinados defensivos. Para o relator, Desembargador Vasco Della Giustina, compete à União, Estados e Distrito Federal legislarem concorrentemente sobre a proteção ao meio ambiente e ao controle da poluição. Lembrou que a Lei Federal nº 7.802/89 normatizou a matéria, “definindo competir à União legislar sobre controle toxicológico”.

www.cultivar.inf.br

Julho 2004




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.