Maquinas 34

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Do editor Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro, 160 – 12º andar 96015-300 – Pelotas – RS www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com Direção Newton Peter Schubert K. Peter

Cultivar Máquinas Edição Nº 34 Ano III - Setembro 2004 ISSN - 1676-0158 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00 • Editor

Charles Ricardo Echer

Prezado leitor Na última edição abordamos o preparo do solo, pensando na próxima safra que se aproxima. Este mês passamos para a fase seguinte e abordamos a prática do plantio, enfocando os pontos onde o operador deve dispensar mais atenção para deixar o conjunto máquina e implemento devidamente regulados para a operação. Isso consequentemente resultará numa lavoura perfeita, sem falhas ou sobreposições e, ao mesmo tempo, num maior aproveitamento do maquinário. Entre outros assuntos, abordamos também perdas nas colhedoras de forragens, aplicação localizada de defensivos, distribuição de fertilizantes e consumo de energia elétrica na irrigação. A edição deste mês traz também um caderno técnico sobre pulverização, que explica como aplicar fungicidas e inseticidas, abordando cada um dos alvos biológicos e o procedimento para escolher os melhores bicos para cada tarefa. E, como sempre, você vai conferir ainda as últimas novidades no setor de máquinas agrícolas, para ficar por dentro do que o mercado está apresentando a cada mês. Uma boa leitura a todos!

Índice

Nossa Capa

• Redação

Rocheli Wachholz • Revisão

Lise Rocha Marques • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia _____________

• Comercial

Pedro Batistin _____________

• Gerente de Circulação

Cibele Costa • Assinaturas

Rosiméri Lisbôa Alves Jociane Bitencourt Simone Lopes

Rodando por aí Aplicação localizada de defensivos Perdas nas colhedoras de forragens Distribuição de fertilizantes a lanço 4x4 - Travessia em praias Regulagem de semeadoras Teste drive - Plataforma 1545 GTS Utilização de cinzas e filtro de cana Utilização de energia elétrica na irrigação Dia de campo New Holland Prêmio Melhores da Terra Lançamento Stara Lançamento Agrale Lançamento New Holland Esporte Trator Coluna jurídica

06 08 14 18 23 24 30 34 36 39 40 42 43 44 45 46

Capa Massey Ferguson

• Gerente de Assinaturas Externa

Raquel Marcos

Destaques

• Expedição

Edson Krause Dianferson Alves

À procura dos alvos Conheça alguns equipamentos que permitem a aplicação localizada de defensivos, diminuindo em até 80% o volume de produto aplicado .................................................... 08

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • ATENDIMENTO AO ASSINANTE:

3028.4013

Aproveitamento integral

• ASSINATURAS:

3028.4010 / 3028.4011 • GERAL

3028.4013 • REDAÇÃO:

3028.4002 / 3028.4015 • MARKETING:

3028.4004 / 3028.4005 • FAX:

3028.4001 Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Caderno especial Pulverização

Saiba como regular e manusear corretamente os implementos para fazer forragens, evitando perdas desnecessárias ................................................... 14

Tecnologia no plantio Determinação de plantas por hectare e regulagem certa da plantadora são fatores que determinam o sucesso ou não do plantio ................................................... 24

Top Line 1545 Confira o desempenho da plataforma Top Line 1545, com espaçamento reduzido, da GTS do Brasil, no nosso teste drive deste mês ................................................... 30




Rodando por aí

Avanços

Crescimento A participação da Agrale nas vendas de tratores cresceu 67% neste ano e a empresa começa a apostar no mercado de tratores de grande porte. Segundo o diretor de vendas e marketing da empresa, Flávio Crosa, a Agrale está investindo R$ 10 milhões este ano em lançamentos, contra R$ 9 milhões no ano passado, mas não pretende ampliar as fábricas. “A idéia é criar um novo turno de trabalho caso a demanda cresça acima do esperado”, completa.

Marketing

Sérgio Braun

Nova unidade Sérgio Braun, gerente comercial da Stara Pulverizadores, está muito otimista com a fabricação das primeiras máquinas na nova unidade, em Não-MeToque (RS), onde serão produzidos pulverizadores Stara Sfil Amazone.

Flavio Crosa

Com a reestruturação do departamento de marketing, Joseane Mendes Dias assumiu recentemente como supervisora de marketing da Fankhauser. José Matos, que também atuava no departamento, agora responde exclusivamente como gerente comercial.

Joseane Mendes e José Matos

Elisete Guerra

Central de peças A Agrofel abre a sua 26ª unidade de reposição de peças para equipamentos agrícolas em Porto Alegre (RS). A central de peças colocará a disposição do consumidor, em vendas por atacado e varejo, mais de 22 mil itens. De acordo com o vice-presidente do grupo, Toni Ferrarin, a nova central é uma das maiores do Brasil e o atendimento também será feito por telefone com distribuição para todo o país.

Ampliação

Toni Ferrarin

Curso Henésio Stumpf

Reposicionamento Henésio Stumpf, gerente de marketing da Stihl, está apostando alto para 2005. Atenta aos movimentos do mercado, a Stihl está reavaliando o posicionamento de seus produtos.

A unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, promoverá em conjunto com a Agribahia o Curso Prático sobre Manejo da Água de Irrigação. O evento será realizado em Luís Eduardo Magalhães (BA), entre os dias 28 de setembro e 1 de outubro. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail sac@cpac.embrapa.br.

O 4º Prêmio Massey Fergusson de Jornalismo foi lançado oficialmente na Expointer 2004 e tem por objetivo incentivar, reconhecer e valorizar o trabalho de profissionais da área da comunicação. De acordo com o diretor de marketing da empresa, Fábio Piltcher, essa é mais uma iniciativa da empresa para incentivar as ações que interferem direta e indiretamente no desenvolvimento da economia e do agronegócio no País.

Wintershow Francisco Matturro A Tatu Marchesan participou, neste ano, pela primeira vez da Expointer. “A feira está maior e mais organizada, com mais espaço destinado às empresas de máquinas agrícolas”, justificou o diretor comercial da Marchesan, Francisco Matturro. “Foi isso que motivou a nossa participação este ano”, garante.

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Máquinas

O diretor presidente da Kepler Weber, Othon D’Eça Cals de Abreu, acredita que, por causa do aumento da produção de grãos, a demanda por equipamentos de armazenagem ainda continue por algum período. “Nós, por exemplo, mesmo com uma unidade nova que será inaugurada em novembro, teremos toda a produção do ano comprometida”, explica.

Prêmio

Fábio Piltcher

Estréia

Elisete Guerra, do departamento de marketing da Agrale, está otimista com o novo trator 4230.4 Cargo, que foi o carro-chefe da empresa na Expointer

Acontecerá de 20 a 22 de outubro o Wintershow 2004 promovido pela Cooperativa Agrária nos espaços da FAPA em Guarapuava (PR). O evento destacará as culturas de inverno, como a cevada, o trigo e a aveia, os estandes apresentarão produtos e serviços de diversas empresas ligadas à agricultura, agroindustrialização e do agronegócio. Mais informações podem ser obtidas no site www.wintershow.com.br

Colhedora 50 mil A colhedora número 50 mil produzida pela John Deere na fábrica de Horizontina (RS), foi entregue na Expointer para o produtor Miguel Scarpellini Campos, do município de Cruz Alta (RS) pelo governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. O governador entregou também ao agricultor o troféu Chave de Ouro, conferido pela John Deere a clientes que se destacam pela aplicação de tecnologia e por sua ligação Miguel Campos (dir.) com a marca.

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Othon de Abreu

Aviação agrícola A Comissão Especial de Aviação Agrícola (Ceaa) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) defende a proposta de incluir o financiamento de aviões agrícolas no Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota). O secretário-executivo da comissão, Erwin Klabunde, argumenta que o Moderfrota permitirá a expansão da aviação agrícola no país.

Setembro 2004



Pulverização

aplicação localizada

Osmar Moda

A

À procura do alvo

Algumas plantas daninhas, doenças ou pragas possuem mobilidade e não se desenvolvem de maneira uniforme nas lavouras. Esta mobilidade levou ao desenvolvimento de equipamentos que permitem a aplicação localizada de defensivos, podendo reduzir em até 80% o volume aplicado de agroquímicos 08

Máquinas

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evolução e a popularização das práticas modernas de gerenciamento, a busca por menores custos, maior eficiência e redução do impacto ambiental, mudou o perfil tecnológico da aplicação de defensivos no Brasil. Em contraste com os padrões de alto volume de calda e baixa tecnologia empregada nos equipamentos de aplicação utilizados nas décadas passadas, os agricultores dispõem atualmente de técnicas avançadas como pontas anti-deriva, aditivos de calda, aplicação em baixo volume, assistência de ar e mais recentemente os sistemas eletrônicos para pulverizadores os quais podem desde somente controlar o volume ou taxa aplicado (l/ha) para que permaneça constante em todo o campo ou até controlar a dosagem do defensivo aplicado em função da infestação local. O conceito da aplicação localizada de defensivos surgiu da observação de que certos alvos de controle (plantas daninhas, certas pragas ou certas doenças) possuem mobilidade limitada e não se desenvolvem uniformemente em todo o campo, ocorrendo em manchas limitadas padrões de infestação diferenciada para cada local do campo. Assim, a partir destas observações, foram desenvolvidos alguns equipamentos pulverizadores que são de alguma forma capazes de detectarem ou reconhecerem estes padrões de variabilidade espacial destes alvos e controlar o volume ou taxa do defensivo aplicado. Como exemplo as plantas daninhas ocorrem em manchas em função de fatores relacionados às sementes, como os mecanismos de dispersão, sobrevivência, emergência, dormência, reprodução e banco de sementes, bem como fatores relacionados às propriedades do solo. Esta variabilidade espacial é passível de ser mapeada permitindo a tomada de decisão sobre o melhor manejo para cada local do campo. Um outro exemplo para a realização da aplicação localizada de defensivos é a aplicação de reguladores de crescimento, como no algodão, onde há locais do campo que há manchas de algodão mais desenvolvido necessitando de uma dosagem maior do regulador de crescimento como também há outros locais do campo onde há manchas de algodão menos desenvolvido. Pesquisas estão sendo desenvolvidas para o estudo da aplicação localizada de defensivos com plantas daninhas resistentes, pragas de solo e algumas doenças com menor mobilidade ou menor poder de disseminação. Há basicamente duas alternativas para a realização da aplicação localizada de herbicidas por tecnologias distintas. Pela primeira tecnologia, a aplicação localizada de defensivos pode ser realizada pela detecção

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“A aplicação localizada de defensivos pode ser realizada pela detecção instantânea das plantas daninhas através do uso de sensores ou câmeras digitais”

Charles Echer

Tecnologia

M

Os controladores eletrônicos para pulverização recebem informações como volume de calda desejado, vazão atual, velocidade e largura da barra

instantânea das plantas daninhas através do uso de sensores ou câmeras digitais. As informações provenientes destes equipamentos são processadas em tempo real, possibilitando a localização das plantas daninhas no campo e promovendo a aplicação do herbicida somente nos locais onde existem plantas daninhas. No entanto, os equipamentos comerciais existentes para a aplicação desta tecnologia somente realizam a utilização de uma dosagem única, ou seja, não podem realizar variação da dosagem do defensivo aplicado. Estudos estão sendo desenvolvidos para o uso desta tecnologia com a possibilidade de mudança da taxa do defensivo. A segunda tecnologia para a aplicação localizada de defensivos é baseada no conceito do mapeamento do alvo de controle (planta daninha, por exemplo). O mapeamento do alvo é realizado numa operação anterior à pulverização. Então, são elaborados os mapas de prescrição que servem de base para a aplicação localizada de defensivos. Estes mapas possuem dosagens ou defensivos diferentes recomendados para cada local do campo (como exemplo, herbicida). No entanto, a aplicação localizada de defensivos baseada neste conceito necessita de algum sistema de posicionamento (GPS - Sistema de Posicionamento Global).

nicos atuais variam desde dispositivos simples, como alarmes eletrônicos, até sistemas complexos para navegação e controle da aplicação. Os controladores eletrônicos para pulverização recebem informações como volume de calda desejado, vazão atual, velocidade e largura da barra, processam tais in-

uito mais que a aplicação localizada de defensivos, deve-se conhecer também sobre a tecnologia existente envolvida na pulverização. O computador ou controlador eletrônico de pulverização não é a solução de todos os problemas relacionados na pulverização. Como exemplo, pode-se citar o desconhecimento da maioria na existência de sensores no pulverizador e que devem ser calibrados regularmente, como o fluxômetro ou sensor de fluxo (sensor que mede a vazão da calda no sistema). Estes fluxômetros possuem uma vida útil definida e devem ser calibrados ou substituídos de acordo com a recomendação do fabricante. Um fluxômetro defeituoso pode indicar uma vazão errada e, consequentemente, o pulverizador irá aplicar um volume de pulverização incorreto, comprometendo a qualidade da aplicação. formações e realizam correções na vazão em função de alterações nas demais variáveis, procurando manter estável o volume de calda resultante. Nos sistemas mais sofisticados estes controladores também monitoram a dose do defensivo aplicado e, quando re-

CONTROLADORES ELETRÔNICOS O avanço do uso da eletrônica para o monitoramento e controle de equipamentos agrícolas tem sido rápido e pode ser considerado como uma revolução em termos gerenciais e operacionais. Os sistemas eletrô-

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Máquinas

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Fotos Divulgação

“A cada instante, o sensor óptico capta a refletância do alvo ou a luz que o objeto emite, que é então analisada pelo microprocessador”

O tamanho da gota influência a capacidade de pulverização em cobrir o alvo e penetrar na folha

cebem informações de um mapa de prescrição podem realizar a variação da dosagem para cada local do campo.

Apesar de oferecer acurácia na correção do volume em função de variações de velocidade, os controladores mais comuns fazem este ajuste alterando a pressão. Assim, para uma determinada calibração, o aumento da velocidade ocasiona aumento na vazão (para manter o volume constante), elevando a pressão. Comportamento oposto ocorre no caso de desaceleração. Em função disto é necessário que o operador fique atento para não variar demais à velocidade, pois esta variação pode levar a aplicação com pressões inadequadas. Este comportamento é muito comum no campo em função do pulverizador possuir um controle do volume, alguns operadores aplicam com uma velocidade muito superior à recomendada nas bordaduras. Como exemplo, se um pulverizador é calibrado para operar a 15 km/h com pressão de 45 psi, uma aceleração para 20 km/ h elevará a pressão para 80 psi, enquanto uma redução para 10 km/h reduzirá a mesma para 20 psi. Esta magnitude de variação de pressão, dependendo do tipo e vazão do bico, pode ser o suficiente para comprometer o sucesso da aplicação, pois ocasionam alterações significativas no tamanho das gotas e no ângulo de abertura do leque das pontas.

CONTROLE EM TEMPO REAL O princípio do funcionamento deste sistema envolve a diferenciação entre as assinaturas espectrais do solo e das plantas daninhas (ou do alvo da aplicação). Cada objeto, planta ou animal reflete à luz de uma determinada maneira fazendo com que possamos diferenciar um objeto de outro, isto porque cada um destes alvos (objetos, plantas ou animal) possui uma “assinatura espectral” diferente. Os sensores utilizados nos pulverizadores que fazem aplicação localizada analisam um objeto por sua assinatura espectral e assim, distinguem um objeto de outro. Há equipamentos que dependem da luz solar para o seu funcionamento e outros que possuem a sua própria fonte de luz, podendo operar em diversas condições de luminosidade. A cada instante, o sensor óptico capta a refletância do alvo ou a luz que o objeto emite, que é então analisada pelo microprocessador. Há a liberação da calda sobre o alvo se o mesmo possuir assinatura espectral semelhante à da planta, sendo ela uma planta daninha ou cultivada. A utilização desta tecnologia pelo agricultor é mais fácil pois basta o operador ligar o equipamento, calibrar para a assinatura espectral do alvo e aplicar o defensivo, sem muito conhecimento técnico, eletrônico ou de infor-


Variabilidade de infestação de plantas daninhas (folhas estreitas) em um talhão

mática.

MAPEAMENTO Esta tecnologia está sendo mais difundida para a aplicação de herbicidas, sendo

necessário o processo do mapeamento das plantas daninhas. No entanto, um dos grandes problemas da tecnologia para esta aplicação localizada é a determinação da variabilidade espacial das plantas daninhas num curto espaço de tempo e com um mínimo

custo para o agricultor, pois os métodos de mapeamento de plantas daninhas são muito teóricos ou pouco práticos para grandes extensões de área. Por esta tecnologia baseada no mapeamento é necessária a realização de duas etapas distintas: a geração dos mapas bases ou mapas dos alvos de controle, e a aplicação localizada com algum equipamento apropriado de acordo com o mapa de prescrição. Mas com a utilização desta tecnologia é possível uma economia de herbicida na ordem de 30 a 80% quando é utilizada a tecnologia para a aplicação localizada de defensivos em áreas mapeadas comparada ao consumo de herbicida aplicado em área total. Equipamentos capazes de realizar a injeção direta de defensivos ou variação do volume de pulverização são utilizados na aplicação localizada por este conceito. No entanto, a variação da dosagem pela variação do volume ou taxa de pulverização (l/ha) deve receber mais atenção do agricultor, pois em muitos casos, o simples aumento do volume de pulverização pode não proporcionar o controle eficiente. E também, a capacidade de retenção das folhas pelas plantas é limitada, como também deve ser atento ao problema da grande variação do tamanho das gotas aplicadas pelo aumento da


“A cada instante, o sensor óptico capta a refletância do alvo ou a luz que o objeto emite, que é então analisada pelo microprocessador”

Comparativo de custos

N

a tabela seguinte é apresentada simulação de uma pulverização para dessecação, usando o herbicida glyphosate. Considerando-se uma área de 1000 ha e uma redução média de 30% no consumo do herbicida, observase que é possível uma economia de mais de 15 mil reais em cada aplicação. Neste

Sem aplicação localizada Com aplicação localizada

Dose média por ha (L) 4,0 2,8

momento, não há equipamentos de aplicação localizada à venda no mercado brasileiro. Entretanto, estima-se que somente o sistema eletrônico de uma máquina deste tipo possa custar entre 15 e 20 mil dólares. Neste cenário, a economia de herbicida pagaria o investimento depois de 4 ou 5 aplicações.

Volume total de herbicida para 1000 ha (L) 4.000 2.800

pressão (aumento do volume ou taxa) do controlador eletrônico, como citado anteriormente.

INJEÇÃO DIRETA DE DEFENSIVOS

Redução no custo para 1000 ha (R$) 15.600,00

TEMPO DE RESPOSTA DOS SISTEMAS Um dos mais importantes fatores que definem a eficiência de um equipamento para a aplicação localizada de defensivos em realizar a pulverização da dosagem correta sobre o local desejado é o seu tempo de resposta. O tempo de resposta pode ser definido como o período entre o comando para a troca da razão de aplicação e sua efetiva mudança nos bicos. Este período de tempo pode variar em função do ponto de injeção de defensivos no sistema, do volume de aplicação, da densidade do defensivo, do comprimento e do diâmetro das tubulações do pulverizador e da configuração do sistema. Este tempo varia para cada modelo de pulverizador e deve ser conhecido para a adequada utilização do sistema. Na prática, a não utilização do tempo de resposta do sistema implica na aplicação da dosagem desejada muito antes ou muito depois do

CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA Em termos gerais, o sucesso da aplicação e o resultado do controle estão diretamente ligados aos seguintes fatores: seleção das pontas, ajuste do volume de calda, parâmetros operacionais, condições ambientais favoráveis e o momento correto da aplicação. Ainda, todo o processo deve considerar as recomendações agronômicas relativas a cada produto utilizado. O tamanho das gotas influência a capacidade da pulverização em cobrir o alvo e penetrar na massa da folhas. Gotas menores possuem melhor capacidade de cobertura (oferecem maior número de gotas/cm2), assim como propiciam maior capacidade de penetração, e são recomendadas quando é necessária boa cobertura e boa penetração. Entretanto, gotas pequenas podem ser mais sensíveis à evaporação e aos processos de deriva. Gotas medianas e grandes são melhores para aplicações em condições de maior risco de deriva mas podem não apresentar boa penetração e cobertura. Assim, independente da tecnologia utilizada na aplicação localizada de defensivos, talvez o mais importante seja o conhecimento tecnológico envolvido na pulverização para o adequando controle do alvo de apliM cação. Fábio Henrique Rojo Baio e Ulisses Rocha Antuniassi, FCA/Unesp - Botucatu

Fotos Divulgação

A aplicação localizada de defensivos baseada no conceito do mapeamento pode ser realizada por sistemas mais simples que possuem válvulas solenóides, efetuando somente o controle do local de aplicação por um sistema “liga/desliga”. Por este sistema não é possível a variação da dosagem do defensivo. Já os sistemas mais sofisticados permitem variações de dosagens dos defensivos e/ou do volume aplicado. A variação de dosagens do defensivo é geralmente realizada por sistemas de injeção direta. O princípio básico do funcionamento deste sistema está relacionado ao armazenamento do defensivo e do diluente em recipientes separados. A mistura é realizada somente no momento da aplicação através da injeção do defensivo na tubulação que leva à calda aos bicos do pulverizador. O sistema também pode possibilitar a troca de dosagens dos defensivos sem afetar o volume de aplicação. No entanto, nem todos os sistemas de injeção direta de defensivos possuem uma interface com o sistema de posicionamento permitindo variações automáticas de dosagens de defensivos de acordo com o mapa de prescrição.

Custo total de herbicida para 1000 ha (R$)* 52.000,00 36.400,00

local desejado para aquela dosagem. Este tempo deve ser considerado mesmo se a variação da dosagem do produto for manual, ou seja, diretamente pelo operador acionando uma segunda dosagem calibrada no controlador eletrônico de pulverização.

Os sistemas mais sofisticados de aplicação localizada permitem variações nas dosagens

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Máquinas

Baio e Antuniassi explicam que um dos mais importantes fatores que definem a eficiência de um equipamento para a aplicação localizada de defensivos é o seu tempo de resposta

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Colhedoras forragens

Aproveitamento integral Nogueira

A utilização de fenação e silagem é uma necessidade dos pecuaristas brasileiros para manter a produtividade de seus rebanhos em épocas de seca. Portanto, o processo de colheita e recolhimento das forragens na lavoura deve ser maximizado

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Máquinas

para conservação e consumo pelos animais. Durante o processo de fenação, a forragem verde é cortada e seca tão rapidamente quanto possível. A secagem pode ser feita naturalmente no campo de cultivo pela exposição uniforme da mesma ao sol ou artificialmente por circulação de ar forçada em locais apropriados. A secagem ao sol necessita de 2 ou 3 dias. O feno deve ser acondicionado no campo em sacolas hermeticamente fechadas ou em áreas cobertas como galpões, estábulos etc. A colheita de material já seco não é feno, mas sim palha. Silagem é a forragem verde e suculenta resultante da fermentação anaeróbica de determinadas plantas forrageiras levando a uma produção de ácidos orgânicos principalmente

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Mentamint

A

pesar do Brasil ser um país privilegiado para a produção de gramíneas e forrageiras tropicais, a alimentação de animais durante a época seca do ano (outono/inverno) constitui-se num grande problema para nossa pecuária o qual é resolvido por uma técnica bastante utilizada por pecuaristas que é o uso de forragens acondicionadas, produzidas nas estações de primavera/ verão durante o referido período. A obtenção e conservação de produtos para alimentação animal realizam-se, principalmente, através de dois processos que são a fenação e a silagem. Fenação consiste na desidratação da forragem verde com cerca de 65-85% de umidade no estágio de corte para 10-20% ponto ideal

o ácido láctico, que reduz o pH para cerca de quatro, abaixo do qual todas as reações químicas e a fermentação cessam desde que haja carboidratos solúveis disponíveis e teor ideal de matéria seca na faixa de 30 a 35%. A forragem necessita ser finamente picada (0,5 – 3,0 cm) e rapidamente acondicionada em recipientes denominados silos. Basicamente, a ensilagem constitui-se num método de preservação do valor nutritivo da planta forrageira, dando como produto final à silagem. Esse tipo de forragem como também o feno pode ser distribuído diretamente no cocho. Em ambos os processos, a mecanização dessas atividades é uma tarefa fundamental para obtenção da maior produtividade e redução dos custos. Desta forma, a colheita mecanizada quando mal conduzida pode implicar em perdas elevadas de produto. As perdas médias na colheita somam 10 a 15%, podendo apresentar amplitude de 4 a 20% sendo que a média nacional está em 12 a 13%. Dessas perdas, 70% são provenientes de devidas faltas de regulagens de máquinas e os restantes 30% pelo manejo inadequado. Estas perdas podem ser reduzidas desde que as causas sejam identificadas a tempo, e sejam providenciadas as correções necessárias.

Forrageiras como milho e sorgo apresentam maior facilidade de colheita e menores perdas

Setembro 2004


“Dependendo da forragem a ser colhida, pode-se obter tranqüilamente produtividade de processamento da ordem de 15 a 30 toneladas por hora”

A colheita de material com umidade inadequada, uso de máquina imprópria, regulagens incorretas e velocidade excessiva da colhedora são responsáveis pelos elevados índices de perda durante a colheita de forragens que podem provocar desperdícios de até 10-15% ou mais de massa verde. Pode-se observar pela tabela ao lado, considerando perdas de 10% que os valores em toneladas ha\ano são muito expressivos, o que resulta em prejuízos imediatos para os produtores. Pegando como exemplo o milho e levando-se em consideração uma área de 100 ha, pode-se concluir que em média, são desperdiçados 125 toneladas de forragem por ano. As colhedoras de forragens fabricadas no Brasil são em geral muito boas. Dependendo da forragem a ser colhida, pode-se obter tranqüilamente produtividade de processamento da ordem de 15 a 30 toneladas por hora. Desta forma, atenção é fundamental, pois quanto maior a produtividade maior pode ser a perda. Para diminuir as perdas na colheita a primeira regra a seguir é colher o material na época certa e isso vai variar em função da forrageira. Material muito seco fica quebradiço e tem dificuldades de corte inercial. Material muito úmido provoca embuchamento, rachaduras e dilaceramento na soqueira.

Tabela 1 - Produção de massa verde, (MV) e de massa seca (MS) e estimativa de perdas de massa seca de algumas forrageiras produzidas no Brasil Forrageira Capim elefante Milho Sorgo Cana-de açúcar Girasol Tifiton-85 Coast cross Estrela Alfafa Brachiara

Processo silagem silagem silagem silagem silagem fenação fenação fenação fenação fenação

MV tonelada ano/ha 100-150 30-50 40-50 80-100 30-50 20-40 20-40 20-40 20-30 40-60

* 10% do total de massa seca produzida Fonte: DZO/UFLA

Outro ponto importante a ser observado é a altura de corte. Esta deve ser regulada e mantida ao longo de toda a operação em função de cada espécie forrageira a ser colhida. Em geral deve-se regular a altura de corte para colher o máximo de material possível. Mais próximo do solo para forrageiras sem manejo de rebrota, como o milho, por exemplo, e no ponto de altura ideal para as forrageiras com manejo de rebrota como os capins elefantes, alfafa, tifton85 etc. Neste caso, o corte tanto abaixo quanto acima do ponto ideal influenciará negativamen-

MS tonelada ano/ha 25 – 35 10 – 15 12 – 15 23 – 30 10 -15 4–8 4–8 4–8 4–6 8 – 12

Perdas* tonelada ano/ha 2,0 – 3,0 0,9 – 1,5 1,2 -1,5 2,3 – 3,0 0,9 – 1,5 0,4 - 0,8 0,4 - 0,8 0,4 - 0,8 0,4 - 0,8 0,8 – 1,2

te à brotação comprometendo a produção futura. Desta forma, em função das necessidades fisiológicas para obter-se uma boa rebrota, existe uma altura ideal que deverá ser mantida. Para alfafa, por exemplo, esta deve ser de aproximadamente 8 cm acima do solo. Capim elefante e cana 10 cm acima do solo.

CONJUNTO DE CORTE E ALIMENTAÇÃO As perdas geradas pelo sistema de corte e alimentação das colhedoras de forragens estão relacionadas ao estado de desgaste e afiação das facas de corte, embuchamento da bica de ali-


Fotos Nogueira

“A fragmentação em excesso da planta pode provocar perdas de matéria seca de até 50%”

O capim elefante e a cana possuem maior densidade apresentando maior dificuldade de colheita e perdas

mentação e a velocidade de operação acima do recomendado. A manutenção do conjunto de corte é fundamental para se evitar perdas. As facas perdem o fio de corte à medida que o volume cortado aumenta, devendo ser afiadas a intervalos regulares para obtenção de um corte limpo e preciso, caso contrário perdas serão inevitáveis. Quando a densidade da forragem aumenta, mais especificamente na colheita de capim elefante e cana, além dos intervalos mais curtos de afiação das facas de corte deve-se tomar cuidado para não deixar acumular um grande volume de material na bica de alimentação. Quando isso ocorre, cai a rotação na TDP do trator e o sistema de alimentação fica sem potência suficiente para realizar o corte, provocando dilaceramento no material colhido, perda de material que não é cortado e danos à soqueira remanescente. Além disso, ocorre perda na produtividade da operação uma vez que o trator diminuirá a velocidade até parar, mantendo funcionando apenas a colhedora. As perdas em decorrência da velocidade de deslocamento provocam falhas no corte ficando material no campo sem ser cortado. A velocidade

As segadoras possuem alta produtividade e baixo índice de perdas

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Máquinas

ideal é determinada pela função do tipo de forragem e da densidade da mesma. Forragens muito densas, como cana e capim elefante, necessitam de menor velocidade de deslocamento ao passo que para ensilar milho, esta pode ser um pouco maior. As ensiladoras produzem material picado com tamanho entre 0,5 e 3,0 cm, sendo que algumas marcas podem ter regulagem para tamanhos maiores. O tamanho desejado da forragem é em função da rotação do eixo das facas, do estado de sua afiação, da contra-faca e da velocidade de deslocamento da colhedora. As perdas podem aparecer de duas formas, alta rotação associada com facas segas provoca esmagamento dos caules, produzindo estilhaços de forragens que cairão ou serão levados pela corrente de vento e baixa rotação associada a facas segas produzirá partículas muito grandes que cairão para fora da colhedora ficando no campo. É importante ressaltar que quanto menor for o tamanho das partículas mais perdas ocorrerão, uma vez que em cada corte realizado, uma porção de caule equivalente à espessura da faca é perdida proporcionando as chamadas perdas invisíveis.

SISTEMA DE DESCARGA As ensiladoras são dotadas de um sistema de direcionamento do jato de massa verde para a carreta ou vagão forrageiro. Neste ponto surgem perdas provocadas por desatenção ou falta de habilidade do operador ao manusear o quebra-jato, tanto por excesso de carregamento quanto por deixar escapar silagem diretamente para fora da carreta. Perde-se também por falta de sincronia entre o operador da carreta e o da colhedora. Apesar do jato direcionado, material muito fino pode perder-se por deriva.

PERDAS DURANTE O TRANSPORTE As perdas durante o transporte do ma-

terial colhido para o local onde se encontra o silo são significantes. Em geral, essas perdas são mais comuns quando o veículo de transporte é a carreta. Furos, desuniformidade de altura nas laterais etc, são problemas típicos gerados pela falta de manutenção das carretas agrícolas. Quando se emprega vagão forrageiro no transporte as perdas nesse setor são quase desprezíveis.

SISTEMA DE CORTE DAS SEGADORAS Na produção de feno o corte é realizado pela segadora ou ceifadora, que pode ou não ter dispositivo de acondicionamento do material ceifado objetivando acelerar a velocidade de secagem do feno. As perdas de forragem atribuídas ao sistema de corte estão associadas ao estado de desgaste e afiação das lâminas de corte e a velocidade de operação da máquina acima do recomendado. Velocidades elevadas provocam perdas por deixar material não cortado no campo e por provocarem embuchamento em certas ceifadoras desprovidas de contra-faca (duas lâminas). Uma fonte de perda nessa fase aparece quando se utiliza segadora com dispositivo de acondicionamento da forragem. As segadoras condicionadoras de facas só devem ser empregadas para fenação de gramíneas de alta produção e que apresentam talos grossos e de difícil dessecação. Neste caso, a fragmentação em excesso da planta pode provocar perdas de matéria seca de até 50%. Assim sendo, é fundamental o uso do ancinho para fazer o arejamento da massa ceifada pois o suco celular extraído durante o acondicionamento provoca um efeito de aglutinação das partículas nas camadas mais profundas proporcionando adensamento, dificuldade de penetração de calor e movimento de ar, favorecendo o desenvolvimento de fungos. Para as segadoras condicionadoras de rolos, perdas de matéria seca podem ocorrer por esmagamento demasiado dos caules. Verificar a pressão nos rolos esmagadores é funda-

Os ancinhos são fundamentais quando se utiliza segadora condicionadora

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Um cuidado especial deve ser dado ao enfardamento para não comprometer todo o trabalho anterior

mental para diminuir perdas desse tipo.

MOVIMENTAÇÃO E ENLEIRAMENTO DO FENO Os ancinhos têm por função revolver a forragem ceifada no campo para agilizar a secagem e enleirar o material para recolhimento ou enfardamento. É uma fase de poucas perdas, porém a rotação dos molinetes acima do recomendado pode provocar da-

nos mecânicos nas folhas que secam antes, quebrando o material e dificultando o recolhimento ou enfardamento.

ENFARDAMENTO A enfardadora é uma máquina que recolhe o material enleirado, prensa, amarra, armazena e distribui pelo campo os fardos de feno. É de fundamental importância seu pleno funcio-

namento, pois qualquer problema nesse ponto do sistema comprometerá todo o trabalho anterior. Perdas podem acontecer no recolhimento, caso a leira deixada seja maior que a largura do recolhedor ou por quebra dos caules e folhas devido ao recolhimento abrupto por falta de ajuste do regulador de alimentação. É importante ressaltar que durante a prensagem dos fardos de alta densidade (100–200 kg/m) com umidade baixa, pode ocorrer grande perda de caule e folhas caso a dessecação não tenha sido uniforme principalmente para as leguminosas. Observar a época certa de colheita, trabalhar com a máquina certa e ajustada para cada caso, observar a velocidade correta de operação, ter os conjuntos de corte em perfeito estado de funcionamento e, finalmente, possuir operadores profundamente conhecedores da máquina e de suas regulagens são fatores essenciais para o produtor rural diminuir as perdas provocadas durante o processo de colheita de forragens e aumentar os lucros de sua proM priedade. Carlos Eduardo Silva Volpato e Nilson Salvador, Ufla Jackson Antônio Barbosa, Fafeid


Distribuidores Fotos Sérgio Rodrigues dos Santos

regulagem

Nutrição homogênea

A aplicação de fertilizantes nitrogenados possibilita um incremento na produtividade de culturas como o milho, porém para que o resultado seja satisfatório é indispensável que a distribuição seja uniforme

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ários estudos têm mostrado que as gramíneas como milho, trigo, cevada, aveia respondem à aplicação de fertilizante nitrogenado. Na Figura 1 pode-se observar que de acordo com dados obtidos em ensaios na Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa) a cultura do milho respondeu à aplicação de nitrogênio. Houve um incremento na produtividade com o aumento de nitrogênio. Nesta condição a dose de máxima eficiência técnica

(DMET) seria de 214 kg/ha de nitrogênio. No entanto, a dose de máxima eficiência econômica (DMEE) seria de 170 kg/ha de nitrogênio considerando-se uma relação de preço de 5,62 (kg N/kg milho). Sabe-se também que a correção do solo com calcário é uma prática de grande importância para se obter altas produtividades. Contudo, o agricultor que se considera um empresário rural deve estar ciente que a simples ação de aplicar duas ou três toneladas de calcário por

Figura 1 - Doses de nitrogênio x produtividade da cultura do milho

hectare, bem como 100 ou 300 kg de fertilizante não será garantia da tão esperada produtividade. Além de aplicar a quantidade necessária deve-se então distribuir o corretivo ou fertilizante de forma homogênea na área. Geralmente a aplicação é realizada a lanço, mas antes de tal operação o operador deverá obedecer alguns procedimentos para que a distribuição seja realizada com a qualidade desejada. Entre os procedimentos o operador deverá ni-

Figura 2 – Vazão do distribuidor com mecanismo distribuidor inercial

Fonte: Fontoura, et al. 2004 (dados não publicados)

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“Nos próprios manuais dos distribuidores tem-se a recomendação para verificar a vazão, pois as curvas de regulagem podem ser alteradas em função da alteração física dos fertilizantes”

velar o equipamento, verificar a vazão do distribuidor, verificar a largura efetiva de trabalho, escolher a velocidade de operação e decidir qual o método que irá adotar.

NIVELAMENTO Antes de iniciar qualquer aplicação o operador deve nivelar o equipamento em terreno plano e com os pneus do trator igualmente calibrados. Com auxílio do manual deve-se observar a altura que o distribuidor deve operar. Geralmente tal altura oscila entre 70 e 90 centímetros dependendo do distribuidor, lembrando que o espaço medido deve ser entre o terreno e o mecanismo que vai distribuir o fertilizante ou corretivo (pêndulo ou disco). O nível deve ser verificado longitudinal e verticalmente. Considerando o nivelamento longitudinal tanto a parte dianteira quanto a traseira devem apresentar a mesma altura do solo, sendo esta regulagem realizada pelo braço do terceiro ponto. Quanto ao nivelamento vertical os dois braços do sistema hidráulico devem ter a mesma altura.

O equipamento deve ser nivelado longitudinal e verticalmente

Exemplo de retirada do pêndulo de um distribuidor inercial


Fotos Sérgio Rodrigues dos Santos

“Quanto menor o CV% mais homogênea será a distribuição. Interessante salientar que de acordo com a literatura uma boa distribuição deve apresentar um CV abaixo de 15%”

Exemplo de coleta de material e escala de abertura do regulador de vazão do mecanismo distribuidor inercial

Tabela 1 – Marcas e modelos de tratores com suas respectivas rotações do motor na rotação nominal (540) da TDP - rpm Marca Massey Ferguson Massey Ferguson Massey Ferguson Massey Ferguson Massey Ferguson Massey Ferguson New Holland New Holland New Holland New Holland New Holland New Holland Case Case Case Valtra Valtra Valtra Valtra Valtra Valtra John Deere John Deere John Deere John Deere John Deere John Deere Agrale Agrale Agrale Agrale

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Modelo 5275 5285 5290 5300 5310 5320 TS 100 TS 110 TS 120 TM 135 TM 150 TM 165 MXM 135 MXM 150 MXM 165 785 C 885 985 BM 100 BM 110 BM 120 5403 5605 5705 6405 6605 7505 BX 6150 BX 110 5075 5085

Rotação 1900 1900 1900 1902 1902 1902 1900 1900 1900 1970 1970 1970 1970 1970 1970 2040 1860 1860 1860 1860 1860 2100 2100 2100 2100 2150 2000 2030 2035 2000 2000

VAZÃO Nos próprios manuais dos distribuidores têm-se a recomendação para verificar a vazão, pois as curvas de regulagem podem ser alteradas em função da alteração física dos fertilizantes. As condições físicas como a granulometria podem variar de ano para ano e de fornecedor para fornecedor.

Para se fazer à aferição do distribuidor basta afrouxar as porcas do pêndulo se o mecanismo distribuidor for do tipo inercial. Retira-se o pêndulo e em seguida deve-se abastecer o distribuidor até a metade do seu volume interno. Coletase o material em uma lona ou recipiente plástico por um período de 60 segundos,

Detalhe do disco distribuidor e coleta do material para distribuidores centrífugos

Passagem do conjunto trator/distribuidor sobre os coletores e coleta de material em sacos plásticos

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Figura 3 – Perfil de distribuição

em cada abertura da escala do regulador de vazão. Pesa-se o material coletado e desta forma tem-se a curva de vazão do equipamento (Figura 2). Se o mecanismo distribuidor for do tipo centrífugo deve-se retirar os dois discos e realizar a coleta, sendo o procedimento igual ao citado para o distribuidor dotado com mecanismo de distribuição inercial. Quanto menor o CV% mais homogênea será a distribuição. Interessante salientar que de acordo com a literatura uma boa distribuição deve apresentar um CV abaixo de 15%. Mas nesse momento vale o bom senso, pois dependendo das características físicas do fertilizante ou corretivo e do projeto do distribuidor, a largura efetiva de trabalho ficará muito restrita e desta forma haverá perda de rendimento operacional. Assim sendo, a elevação do CV para 20% poderá ser um fator a ser considerado.

Figura 4 – Largura efetiva de trabalho

LARGURA EFETIVA A largura efetiva de trabalho deve ser verificada para cada distribuidor e para cada tipo de fertilizante ou corretivo a ser distribuído. Esta é obtida através de ensaios que podem ser realizados em laboratório ou a campo. Tanto num ambiente quanto noutro são distribuídos coletores padronizados e sobre estes se passa com o conjunto trator/distribuidor distribuindo o material para posterior coleta e pesagem do fertilizante ou corretivo de cada recipiente em separado. Após a verificação da largura efetiva de trabalho para cada distribuidor, fertilizante ou corretivo, os dados são digitados e obtém-se o perfil de distribuição (Figura 3) e a curva da largura efetiva de trabalho em função do coeficiente de variação – CV% (Figura 4). Quanto menor o CV% mais homogê-

Tabela 2 – Vazão do distribuidor em função da dosagem recomendada, velocidade e largura efetiva de trabalho Dosagem (Kg/ha) 170 170 170 170 170 170 150 150 150 150 150 150

Velocidade (Km/h) (m/min) 7 116,67 8 133,33 9 150,00 7 116,67 8 133,33 9 150,00 7 116,67 8 133,33 9 150,00 7 116,67 8 133,33 9 150,00

Largura de trabalho (m) 18 18 18 9 9 9 18 18 18 9 9 9

Vazão (kg/min) 35,7 40,8 45,9 17,85 40,8 22,9 31,5 36,0 40,5 15,7 18,0 22,9

nea será a distribuição. Interessante salientar que de acordo com a literatura uma boa distribuição deve apresentar um


Sérgio Rodrigues dos Santos

“Como não se tem condições de acompanhar todo o processo de aplicação do fertilizante ou corretivo sugere-se elaborar uma tabela para auxiliar o operador na tomada de decisão durante a operação”

sagem de 170 kg/ha a vazão teria que ser de 40,8 kg/minuto, conforme pode se observar no procedimento de cálculo.

Onde: D = Dosagem (kg/ha) Q = Vazão (kg/min) L = Largura efetiva de trabalho (m) V = Velocidade de deslocamento (m/min) 10.000 – fator de correção para hectares

Figura 5 – Escalonamento de marchas

CV abaixo de 15%. Mas nesse momento vale o bom senso, pois dependendo das características físicas do fertilizante ou corretivo e do projeto do distribuidor, a largura efetiva de trabalho ficará muito restrita e desta forma haverá perda de rendimento operacional. Assim sendo, a elevação do CV para 20% poderá ser um fator a ser considerado.

VELOCIDADE Esta deve ser alterada em função do escalonamento de marcha (Figura 5), devendo-se manter a rotação do motor condizente com 540 rotações por minuto na tomada de potência (TDP). Dependendo do projeto a rotação do motor pode variar de 1860 a 2150 rotações por minuto. Na Tabela 1 são apresentadas algumas marcas e modelos de tratores com suas respectivas rotações do motor que correspondem a 540 rotações por minuto na TDP. Se a empresa possui diferentes marcas de tratores o operador deve sempre verificar qual a rotação de trabalho, pois a qualidade da aplicação ficará comprometida.

DOSAGEM Tomando como exemplo a dose de máxima eficiência econômica de 170 Kg/ha de nitrogênio, o passo seguinte será a realização de alguns cálculos para saber em qual posição ficará a régua graduada do equipamento e em qual velocidade será realizada a aplicação. Pode-se então iniciar definindo uma velocidade de trabalho que seja segura e que ao mesmo tempo permita um bom rendimento operacional. Sabendo-se então a velocidade, a largura de trabalho e a quantidade de fertilizante a ser aplicado pode-se substituir os valores na equação 1 e assim saber em que posição colocar o variador de vazão do equipamento. Utilizando como exemplo uma velocidade de 8 km/h (133,33 m/min.), a largura efetiva de trabalho de 18 m e a do-

Como não se tem condições de acompanhar todo o processo de aplicação do fertilizante ou corretivo sugere-se elaborar uma tabela para auxiliar o operador na tomada de decisão durante a operação. Usando como exemplo a Tabela 2 se o operador tiver que aplicar uma quantidade de fertilizante menor, ele poderá parar o processo de aplicação e reposicionar a escala reguladora de vazão e continuar aplicando sem que precise voltar ao barracão e executar M novas aferições. Sérgio Rodrigues dos Santos, Fapa/Unicamp Antônio José da Silva Maciel, Unicamp

Figura 6 – Método de trabalho a campo, alternado esquerdo ou direito (A) e contínuo (B)

MÉTODO A Figura 3 apresenta três curvas de largura efetiva de trabalho, que levam em consideração o método de aplicação a campo que podem ser contínuo ou alternado (esquerdo/direito), conforme Figura 6A e B, respectivamente. No método contínuo o conjunto entra em um dos lados da lavoura e vai fechando o talhão saindo no centro deste. Se o aparelho apresentar problemas de desuniformidade de distribuição em um dos lados, tal problema poderá ser amenizado utilizando este método. Como no alternado esquerdo ou direito, hora o distribuidor estará sobrepondo o lado esquerdo numa passada e hora o lado direito na próxima passada, o problema de desuniformidade será um pouco mais difícil de ser sanado.

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A)

B)

Fonte: Milan, M.; Gadanha Junior, C. D (1996)

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4x4

condução Fotos Técnica 4x4

Deslocamento em praias

O lodo, as marés e os veranistas são os itens que mais exigem atenção dos condutores quando se está trafegando em praias e o deslocamento em comboio é uma boa alternativa para evitar grandes problemas

E

m inúmeros lugares a prática de trafegar com veículos pela areia da praia é uma necessidade de locomoção de moradores ou razão para momentos de puro lazer dos turistas. Se você está desbravando a região pela primeira vez tente saber como é o comportamento do solo por onde pretende passar. Pesquise com os moradores locais sobre o horário das marés e outras informações que podem ser cruciais em uma incursão litorânea. Na maior praia do mundo, a Praia do Cassino, no Rio Grande do Sul, existem certos locais perigosos mais ao sul, onde há trechos com uma camada fina de areia e muito lodo por baixo. Nestas situações extremas, onde se pode atolar muito próximo da água do mar, você tem de tomar decisões com rapidez e chamar ajuda quando necessário. Mas se você estiver em comboio, trabalhe em equipe engatando o veículo em tudo o que estiver ao alcance, para retirá-lo o mais breve possível do atoleiro. O movimento gradativo das ondas vai afundando os pneus e fazendo com que o chassi e a carroceria sejam tragados pela areia. Se não forem tomadas as providências corretas, a perda é inevitável. Para o deslocamento por esses trechos, sempre que possível, informe-se com pessoas que transitaram por lá ou contrate um guia que conheça os segredos do lugar. Evite viajar sozinho para que as

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emergências sejam resolvidas em tempo hábil. Procure sempre andar por onde houver areia molhada, você pode transitar logo após uma chuva ou de manhã cedo quando a água da chuva ou o orvalho compactam a areia, facilitando a viagem e permitindo um tráfego seguro. Também é possível transitar próximo da água, onde a areia molhada vai proporcionar um piso mais firme mas se por um azar enorme o veículo encalhar e o tempo de resgate for demorado a maré poderá subir provocando prejuízos consideráveis. Fique atento com troncos de árvores trazidos pela maré que ficam semi-enterrados na areia. Saiba também que em certas regiões os pescadores fincam troncos na praia com a finalidade de amarrar barcos

Ao trafegar pela praia o condutor deve ficar atento aos banhistas

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pesqueiros, sendo estes troncos enterrados pela areia até que viram apenas um toco de no máximo 20 ou 30 centímetros de altura. É fácil deduzir o que poderá acontecer se você estiver em alta velocidade e bater subitamente num toco desses, você poderá capotar. Mas os cuidados não páram por aí, a praia e a areia requerem mais providências. Após o deslocamento não se esqueça de passar no posto mais próximo para recalibrar os pneus, se você precisou esvaziá-los e lavar muito bem toda a parte inferior do veículo, como o chassi e a carroceria. A areia é muito abrasiva e em contato com os componentes da suspensão e freios poderá causar desgaste prematuro de algumas partes móveis. O mesmo é válido para incursões próximas ao mar porque a maresia e a água salgada são um veneno para a carroceria. Portanto, dê uma boa ducha nele. Para finalizar, lembre-se de que na praia, na grande maioria das vezes, você estará dividindo o espaço com os veranistas. Verifique as normas locais e circule com seu 4x4 apenas onde é permitido e na velocidade reM comendada. João Roberto de C. Gaiotto, Goodyear

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Semeadoras regulagem

Charles Echer

Tecnologia para um estande perfeito A determinação do número ideal de plantas por área e a obtenção do estande através de uma boa regulagem da semeadora é o fator mais importante neste processo, pois evita o desperdício de área, dos insumos e da mão de obra empregados

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Máquinas

prejuízo pode ser “visível” verificado na queda da produção frente à esperada, “faltou planta” e, que conseqüentemente é sentido no “bolso” e chamamos de desperdício quando realizamos todas as operações para fertilização da cultura, tratos culturais e colheita em áreas onde “faltou planta”, neste caso os custos são os mesmos tanto para os metros com ou sem planta. Cabe aqui lembrar do incansável amigo pesquisador Afonso Peche Filho do Instituto Agronômico de Campinas, que ressalta a necessidade de focar todas as ações do planejamento, as estratégias e os procedimentos operacionais visualizando a construção de metros com qualidade den-

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tro das especificações recomendadas e com a capacidade de repetir continuamente estes metros e assim garantir um bom resultado, o êxito. Marcos Roberto da Silva

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ários fatores são condicionantes na produção de grãos, como a escolha da cultivar adequada as condições locais, disponibilidade de sementes, condições climáticas, reserva de nutrientes no solo, recomendação de fertilizantes e escolha correta dos produtos fitossanitários, mas nenhuma destas condições é mais importante do que estabelecer a população ideal de plantas, assegurando a mínima produção por área, evitando assim frustrações. Quando não asseguramos o estande por conseqüência da má regulagem dos componentes das semeadoras, falta de manutenção e aferição ao longo do processo pode significar ao mesmo tempo prejuízo e desperdício. O

O manejo inadequado dos restos vegetais poderá afetar a qualidade de implantação da futura lavoura

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“Quando não asseguramos o estande por conseqüência da má regulagem dos componentes das semeadoras, falta de manutenção e aferição ao longo do processo pode significar ao mesmo tempo prejuízo e desperdício”

Diante destes fatos, deve-se colher o máximo de informações quanto ao fertilizante, semente, manejo dos restos vegetais, solo e principalmente relacionada às características técnicas e operacionais das semeadoras para proceder um bom preparo e regulagens das mesmas.

FERTILIZANTES, MECANISMOS E REGULAGEM Como existem vários tipos de mecanismos dosadores disponíveis nos modelos, deve-se identificar a maneira correta para realizar a variação de dosagem de aplicação, seja ela por relação de transmissão (combinação de engrenagens), escolha do dosador em função das características do fertilizante e/ou por mecanismos de descarga do fertilizante (abrir e fechar). A regulagem da vazão do fertilizante deve levar em consideração a quantidade em quilogramas por hectare (kg/ha) e convertendo-a para gramas por metro linear (g/m linear) de acordo com o espaçamento da cultura e por fim calcular a dosagem de aplicação. Determinada a relação de aplicação do dosador e a dosagem partimos para o procedimento prático da regulagem, com o

Posições inicial e final do percurso necessário para a coleta de semente

Distância necessária para o preenchimento dos furos do disco


“Geralmente o lote de sementes acompanha o disco para cada modelo de semeadora, mas muitas vezes é conveniente fazer uma análise da variabilidade das sementes (visual e dimensional)”

Charles Echer

Solo muito úmido pode comprometer a distribuição das sementes

auxílio de duas estacas marca-se no terreno um percurso de 50 metros e com a semeadora em movimento inicia-se a coleta do fertilizante em cada ponto de descarga no momento em que a roda traseira do trator passar pela estaca inicial e interromper quando a roda traseira passar pela estaca final. A quantidade coletada, em cada linha, deverá ser pesada individualmente e o resultado deverá ser conferido com a dosagem calculada. Essa operação deverá ser repetida quantas vezes forem necessárias, até se conseguir a regulagem recomendada.

SEMENTES E MECANISMO DOSADOR A regulagem impreterivelmente passa pela análise de um conjunto de componentes inerentes ao processo para a determinação da quantidade ideal de sementes que serão dosadas para garantir o estande final de plantas. A população ideal determinada pelas

Profundidade

A

regulagem da profundidade de deposição da semente depende do tipo de solo, das condições de umidade no momento da semeadura e da cultura variando de 3 a 5 cm pois acima ou abaixo destes limites poderão ocorrer problemas de germinação ou na emergência da planta à superfície. As semeadoras possuem rodas limitadoras de profundidade de deposição de semente e sua regulagem ocorre pela diferença entre o nível do sulcador e da roda, portanto quanto menor a diferença de nível menor a profundidade.

empresas fornecedoras de sementes de acordo com o cultivar ou híbrido e das características regionais. Quanto ao lote de sementes verificar os percentuais de acordo com o poder germinativo, a pureza da semente e a sobrevivência de plantas (vigor). Dimensões da semente, as medidas dos furos dos discos alveolados deverão contemplar o menor e o maior comprimento das sementes do lote evitando a passagem de duas sementes no orifício e a espessura evitando a ocorrência de danos mecânicos nas mesmas. Geralmente o lote de sementes acompanha o disco para cada modelo de semeadora, mas muitas vezes é conveniente fazer uma análise da variabilidade das sementes (visual e dimensional). O tratamento de sementes poderá afetar à condição ideal de distribuição pelo mecanismo dosador, devido ao aumento de aderência das sementes, alterando assim a plantabilidade, portanto, muita atenção, deve-se sempre conferir a distribuição de sementes e utilizar produtos que

melhorem o escoamento das mesmas. Patinagem, na prática, a roda acionadora dos mecanismos dosadores gira menos, influenciada pelo tipo e umidade do solo, o tipo e quantidade de palha e a velocidade de deslocamento. Quando não há possibilidade de se medir o valor da patinagem podese utilizar alguns valores já estabelecidos em função do tipo e da configuração da roda motriz, não esqueça da calibração correta dos rodados de borracha. Enchimento dos dosadores, neste caso, é utilizado um índice para compensar possíveis falhas no preenchimento de sementes dos alvéolos ou nos dedos preensores adotando-se como valor prático 97% de eficiência. Levantadas estas informações definese então a quantidade de sementes e passamos aos procedimentos de regulagem propriamente dita: 1º Passo – Identificar a relação de transmissão que contemple a quantidade de sementes. 2º Passo – Calcular a distância percorrida pela semeadora em 10 voltas da roda motriz. 3º Passo – Contar o número de sementes dosadas neste percurso. 4º Passo – Com o auxílio de duas estacas (inicial e final) marcar no terreno a

Fatores que devem ser monitorados na semeadura Disco de corte

Umidade Alta Aderência Maior penetração

M E C A Sulcadores Aderência N Entupimento I Embuchamento S M Rodas Limitadoras Profundidade Aumento do diâmetro O S Roda Compactadora Aumento do diâmetro

Textura Argilosa Maior esforço para rompimento Aderência Embuchamento Maior esforço para rompimento Aderência Embuchamento Aderência

Excesso de palha Maior esforço para rompimento Embuchamento

Rugosidade* _

Embuchamento

Profundidade desuniforme

Embuchamento

Aderência

Embuchamento

Maior exigência de pressão Maior exigência de pressão

I N F L U Ê N C I A

* Alteração do relevo do terreno, com picos e depressões, decorrente do manejo inadequado de solos

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distância equivalente a 10 voltas da roda motriz. 5º Passo - Inicie o movimento do conjunto trator-semeadora pelo menos 5 metros antes da estaca inicial. Quando o centro da roda traseira do trator passar pela estaca inicial realiza-se a coleta de sementes até completar a distância estabelecida e em seguida realizar contagem de sementes. Caso, após várias repetições, não se tenha obtido sucesso na regulagem será necessário estabelecer uma nova relação de transmissão, ou seja, uma combinação ideal dentre as engrenagens disponíveis. Após a definição do par de engrenagens realiza-se uma nova checagem. A regulagem dos mecanismos de ataque ao solo para corte da palha, abertura do sulco, deposição de fertilizante/semente, fechamento e acondicionamento da semente, se for feito de maneira inadequada pode influenciar significativamente no estabelecimento de estande de plantas. O disco de corte tem a função somente de cortar a palha sobre o solo para que não ocorra acúmulo ou enganchamento nos sulcadores causando o embuchamento da semeadora, portanto a profundidade de corte deverá ser regulada o suficiente para realizar esta operação. A profundidade de deposição do fertilizante é regulada pela posição do sulcador e deverá ser superior à profundidade de deposição da semente, evitando assim o contato com a semente, o que poderá causar danos à emergência das plântulas devido à perda do poder germinativo causado pelo efeito salino. Deve-se verificar com freqüência se as unidades de semeadura estão trabalhando numa mesma profundidade e caso isto não esteja ocorrendo, é necessário realizar o balanceamento da semeadora. Por fim as rodas de pressão devem estar reguladas para retirar o ar do sulco de semeadura (bolsas de ar) e encostar as sementes na parede do solo, melhorando as-

Sintomas, problemas e soluções que podem ocorrer durante a semeadura Sintoma Não está depositando semente

Problema Tubos entupidos Caixas de sementes vazias Velocidade de semeadura alta Pressão de inflação de pneus inadequada Patinagem da roda dianteira Relação de transmissão incorreta Tubo condutor mal instalado Furos dos alvéolos menores

Solução Desentupir Abastecer de sementes Espaçamento incorreto ou irregular e Verificar velocidade correta M falhas na distribuição de sementes Inflar com pressão correta Acrescentar contrapesos e aliviar pressão de molas Verificar relação correta Ajustar o tubo da semente Ajustar o diâmetro dos do disco de acordo com as dimensões da semente Não está depositando fertilizante Empastamento dos mecanismos dosadores Evitar abastecer os reservatórios com Tubos entupidos fertilizante umedecido Desentupir tubos Profundidade irregular das sementes Solo irregular Aumentar pressão de molas Molas desgatasdas Trocar molas Mola frouxa Fixar com presilhas Uma linha de semeadura falha Entupimento do tubo de descarga Desentupir tubos de sementes Caixas de sementes vazias Completar as caixas de sementes Corrente de acionamento quebrada ou fora da Abastecer as caixas de sementes engrenagem Trocar peças e componentes Distribuidor danificado Solo do sulco de semeadura muito Aderência de solo nos discos de corte e sulcadores Diminuir a profundidade mobilizado devido a umidade alta Diminuir a velocidade de deslocamento Espaçamentos entre passadas da Máquina não esta centralizada e travada Travar as correntes e barras tensoras do semeadora irregulares Marcador de linha terceiro ponto do trator (espaçamento vertical) Centralizar e travar a barra de tração Verificar a regulagem Órgãos ativos travados e sem Mecanismos entupidos Desentupir mecanismos movimento Peças soltas Apertar porcas Deposição de sementes duplas Mecanismos desajustados Ajustar o mecanismo Velocidade alta Trabalhar na velocidade ideal Mecanismos danificados Substituir peças Diâmetro do furo do disco grande Substituir os discos

sim as condições para a germinação e emergência das plantas. Além da pressão exercida, as rodas devem ser reguladas quanto ao ângulo de ataque ao solo melhorando a sua performance.

É PRECISO MONITORAR Alguns fatores ambientais e de manejo precisam ser monitorados, pois podem in-

fluenciar negativamente no desempenho dos mecanismos de ataque ao solo e, como conseqüência comprometer a qualidade da distribuição de sementes ao longo do sulco de semeadura, uniformidade na profundidade de deposição e prejudicar a formação de um estande ideal. Outro fator de importância a ser monitorado é a variação na velocidade de deslocamento na operação de semeadura, pois


“As auditorias na implantação de lavouras devem ser realizadas tomando-se parâmetros indicadores de qualidade no processo de semeadura”

pode acarretar prejuízos na composição do estande, no caso dos mecanismos dosadores citados velocidades acima do ideal podem significar até 10% de decréscimo na população final de plantas.

AUDITORIA DOS PROCESSOS OPERACIONAIS

População - Plantas.ha-1 % em relação à população recomendada Diferença de Estande - Plantas.ha -1 Resultado

Recomendada 50.000 -

Encontrada Média Mínima 42.099 22.222 84,2% 44,4% - 7.901(*) - 27.778 Faltou Planta Prejuízo

Máxima 61.111 122,2% 11.111(**) Excesso de Planta Desperdício

* Queda na produtividade devido à falta de plantas na colheita – Tomando-se como referência peso médio por espiga de 125 gramas e a população média encontrada, o produtor teve um prejuízo 12 sacas por hectare. ** Tomando-se como base de cálculo o custo da saca de 60.000 sementes de um híbrido de baixa tecnologia em torno de R$ 90,00, o produtor teve um desperdício de R$ 16,66 por hectare em função da distribuição excessiva de sementes, neste caso o produtor semeou 800 hectares, então o desperdício foi maior.

qualidade no processo de semeadura. Além do treinamento dos operadores, cada propriedade deveria disponibilizar cartilhas/guias contendo informações práticas sobre os processos inerentes do seu “sistema de produção”, pois no cargo de tratorista várias funções são exercidas, entre elas podemos citar a de operar máquinas; efetuar manutenção preventiva com base em indicadores; efetuar manutenção periódica com base em especificações; regular e aferirir os equipamentos; melhorar os procedimentos operacionais com base na qualidade etc. Um exemplo prático seria a criação de um “guia de bolso” contendo as rela-

ções entre “sintomas – problemas – soluções” que podem ocorrer nas semeadoras-adubadoras durante a semeadura. Todos profissionais, sejam eles administradores, engenheiros, consultores, gerentes, operadores, mecânicos, envolvidos na produção agrícola devem atentar para as inúmeras interações que ocorrem em um processo dentro de um sistema de produção, pois “uma grande lavoura é conseqüência do conjunto de acertos M de pequenos detalhes”. Marcos Roberto da Silva e Luiz Antônio Daniel, Unicamp

Marcos Roberto da Silva

No processo de semeadura é comum a ocorrência de irregularidades na implantação da cultura geralmente decorrentes da má regulagem, falta de ajustes e aferição de componentes e órgãos ativos. O treinamento dos operadores para a identificação de possíveis problemas nas máquinas e falhas na implantação pode ser um diferencial de aumento na produtividade, competitividade e rentabilidade da empresa agrícola. Muito mais do que simplesmente regular, apertar porcas e parafusos os responsáveis pelas operações devem auditar constantemente (avaliar, checar) a performance do processo de semeadura, levantandose informações pertinentes para subsidiar a melhoria de desempenho pontualmente, pois depois da lavoura implantada não há como remediar as falhas e defeitos, “é prejuízo, é desperdício”. As auditorias na implantação de lavouras devem ser realizadas tomando-se parâmetros indicadores de

Quadro 1 - Demonstra a diferença entre a população recomendada e a encontrada numa lavoura comercial de milho safrinha, instalada com um híbrido de baixa tecnologia

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Plataforma teste

Leve e eficiente

Fotos Charles Echer

Testada em condições severas, a plataforma Top Line 1545, da GTS do Brasil, surpreendeu pelo seu desempenho, leveza e segurança

O

cultivo do milho com espaçamento reduzido pode trazer vantagens para o agricultor do ponto de vista da lucratividade, pois facilita o manejo, principalmente aquele relacionado ao controle de plantas daninhas, tendo como conseqüência, redução nos custos de produção. O semeio de lavouras de milho com espaçamentos menores que os até então praticados, bem como os seus tratos culturais, eram perfeitamente possíveis com o uso das máquinas já existentes para estes fins, mas a princípio, não pode ser viabilizado, na prática, embora as pesquisas apontassem algumas vantagens, em relação ao cultivo normal. O problema residia no fato de que os agricultores não dispunham de plataforma que pudesse colher a cultura do milho se-

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meada com espaçamento reduzido, uma vez que para cada fileira de plantas é necessário, na plataforma de corte, uma unidade de recolhimento e as industrias não dispunham de plataformas com unidades de recolhimento que pudessem colher milho com espaçamentos menores que 80 cm. A GTS lançou no mercado uma linha de plataformas com espaçamentos reduzidos e, embora sejam relativamente novas, inovaram a tecnologia nacional de confecção de plataformas para milho em poucos anos. Com um projeto arrojado e inovador para os padrões do mercado, a empresa apresentou em 2001 uma plataforma muito mais leve do que as convencionais e com uma construção que se adapta perfeitamente a colheita em espaçamentos reduzidos. O chassi, as mesas recolhedoras e diversos ou-

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tros componentes da estrutura são construídos com uma liga de alumínio semelhante ao material utilizado pela industria aeronáutica tornando a plataforma aproximadamente 40% mais leve do que se fosse construída com materiais convencionais. Com o intuito de conhecer mais a fundo e levar as informações aos leitores, a equipe da Revista Cultivar Máquinas viajou para o município de Campo Novo do Parecis (MT), para realizar um teste drive com a plataforma. O modelo testado foi uma Top Line 1545, de 15 linhas com espaçamentos de 45 cm, acoplada a uma colhedora Axial Flow Extreme, da Case. A lavoura onde foi realizado o teste apresentava problemas de acamamento, o que se tornou em um excelente cenário para realização de um teste de desempenho.

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“A unidade de recolhimento, parte da plataforma responsável pelo efetivo recolhimento das espigas, pode ser dividida em quatro partes básicas: os bicos, as correntes recolhedoras, os rolos espigadores e a transmissão”

Os bicos são articulados para facilitar a manutenção e o transporte, além de prevenir quebras

ESTRUTURA A plataforma Top Line apresenta boa parte de sua estrutura confeccionada em liga de alumínio que permite reduzir consideravelmente o seu peso, sem deixar a desejar em robustez. Aliado a isso, as laterais e bicos centrais são construídos em polietileno de alta densidade, um material bastante leve que também possui boa resistência e vida útil não inferior aos metais utilizados para esta aplicação. Estas características conferiram à plataforma um peso inferior, da ordem de 60%, segundo o fabricante, ao que ela apresentaria se fosse confeccionada toda em material convencional. A redução do peso total da plataforma permite aumentar o número de linhas sem comprometer a estabilidade da colhedora. Quando a plataforma é muito pesada, ocorre o deslocamento do centro de gravidade do conjunto máquina + plataforma para frente, reduzindo a manobrabilidade da colhedora pois há tendência das rodas traseiras direcionais flutuarem. Além disso, aumenta o risco da máquina “embicar”, ou seja, abaixar a frente e levantar a traseira, fato que com funcionamento do conjunto. O conjunto combinada automotriz mais plataforma da GTS de 15 linhas apresentou no teste drive boa estabilidade, mesmo trabalhando a uma altura de aproximadamente 15 cm em terreno levemente ondulado. Outro fato registrado é que a plataforma, por ter grande parte da sua estrutura confeccionada com liga de alumínio e polietileno, apresentou pouco ruído e vibração reduzida. Estes aspectos são importantes do ponto de vista da ergonomia,

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Toda a estrutura do bico pode ser acoplada com facilidade, através de encaixe

pois não são todas as máquinas de colheitas em uso no campo que possuem cabines vedadas reduzindo o ruído externo. A redução das vibrações é interessante do ponto de vista da manutenção da máquina, pois sistemas que apresentam elevada vibração carecem de ajustes e reapertos com maior freqüência.

UNIDADES RECOLHEDORAS A unidade de recolhimento, parte da plataforma responsável pelo efetivo recolhimento das espigas, pode ser dividida em quatro partes básicas: os bicos, as correntes recolhedoras, os rolos espigadores e a transmissão. Os bicos, estruturas utilizadas para conduzir as plantas até os rolos espigadores são articulados para facili-

A altura dos bicos pode ser regulada individualmente em cada linha

tar a manutenção e o transporte. A articulação dos bicos também previne quebras ocasionais devido a impactos frontais, que ocorrem normalmente, durante o trabalho, quando a máquina encontra obstáculos, como cumpinzeiros e tocas de tatu, bastante comuns e que causam transtornos na hora da colheita. O encaixe dos bicos é feito através de um sistema, denominado pela empresa de easy-detach que consiste em um encaixe simples e de fácil remoção para operações de limpeza, lubrificação e manutenção da plataforma. Os bicos possuem regulagem individual de altura permitindo seu ajuste às condições de cada lavoura e podem ser colocados bem próximos do solo, em caso de lavouras acamadas, como à utilizada no teste melhorando à capa-

As correias condutoras e os rolos despigadores são duplos, o que facilita o transporte das espigas para dentro do “sem fim”

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“O condutor helicoidal (sem-fim) também possui um limitador de torque na sua transmissão deforma a protegê-la contra possíveis danos causados por sobrecargas”

Fotos Charles Echer

Cada linha possui possui caixa de transmissão por engrenagem, com limitador de torque independente

cidade de recuperação de espigas daquelas plantas que dobraram. Cada bico refletor central com o objetivo de facilitar o direcionamento em operações noturnas. Os rolos espigadores são fundidos com seis aletas conformadas, recebem o movimento direto da caixa de transmissão não possuem mancais e pontos de lubrificação, eliminando a sua manutenção. As unidades de recolhimento são munidas de duas correntes recolhedoras o que aumenta a eficiência no transporte das espigas até o condutor helicoidal (sem-fim). As correntes, assim como os rolos espigadores, possuem uma gama de 20 diferentes velocidades, permitindo escolher a que mais ajusta-se às condições da lavoura e da velocidade de operação da máquina utilizada. A remoção de uma linha de recolhimento pode ser feita facilmente retirando-se o eixo sextavado, quatro parafusos que prendem à caixa de transmissão e outros quatro que prendem à carenagem.

ESPAÇAMENTOS A GTS disponibiliza 11 diferentes tamanhos de chassi, que geram uma combinação de 66 modelos de plataforma, com variações de quatro a 18 linhas e espaçamentos de 45, 50,

55, 60, 70, 75, 80 e 90 cm. Um mesmo chassi pode trabalhar com vários espaçamentos entre unidades recolhedoras, desde 45 até 90 cm. O modelo testado (Top Line 1545) pode ser regulado nos espaçamentos de 45, 50, 70, 80 e 90 cm. As correntes recolhedoras são montadas nas unidades de recolhimento em alturas diferentes e, graças a este artifício de disposição, foi possível aproximar as unidades de tal forma a atingir o espaçamento de 45 cm. Este espaçamento é o menor conseguido por uma plataforma de colheita de milho e é compatível com o espaçamento mínimo das semeadoras de precisão (plantadeiras) utilizadas para o plantio do milho. Segundo a empresa, a plataforma pode ser adaptada a qualquer modelo de máquina de colheita existente no mercado. O acoplamento é feito utilizando-se de um conjunto de acoplamento e transmissão adequado ao modelo de colhedora que o agricultor tem disponível.

TRANSMISSÕES A transmissão para cada unidade de recolhimento é independente, sendo possível, então, manter algumas linhas ativas e outras desativadas. O movimento que aciona as unida-

O condutor helicoidal também é independente munido de limitador de torque

des de cada lado da plataforma vem de um eixo de distribuição sextavado, por meio de uma compacta caixa de transmissão por engrenagem, com limitador de torque. Esta caixa, lubrificada com graxa “grau zero”, tem rodas dentadas de engrenagem com perfil retificado, rolamentos de agulhas e retentores de tripla vedação. Ao adquirir a plataforma, o produtor pode optar por carcaça em fundição nodular ou alumínio. O condutor helicoidal possui um sistema de transmissão por correntes, também munido de limitador de torque, como proteção do sistema de transmissão, e possui duas rotações de serviço que podem ser facilmente obtidas pela troca da roda dentada de acionamento da corrente, por outra com número diferente de dentes que acompanha a caixa de acessórios da plataforma. As unidades recolhedoras possuem nove opções de velocidades que permitem adequar a velocidade dos rolos espigadores e das correntes recolhedoras com as necessidades locais da lavoura a ser colhida, ou seja, velocidade de avanço da máquina, quantidade de massa da cultura e estado da lavoura. A mudança de ve-

Numa área de 20,25 m2, com alto índice de plantas tombadas, das 69 espigas que tocavam no chão, apenas cinco não foram recolhidas após a passagem da máquina

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Custo

O

modelo Top Line 1545, testado pela equipe da Cultivar Máquinas, tem um custo aproximado de R$ 142 mil com pagamento à vista. Pelo Finame o custo pode chegar à R$ 166 mil. locidades é feita pela troca das rodas dentadas motora e conduzida das transmissões por correntes, localizadas nas laterais da plataforma. A caixa de acessórios que acompanha a plataforma possui rodas dentadas com número de dentes iguais 16, 18, 20, 22 e 24 dentes podendo ser intercambiadas na transmissão para se obter as nove diferentes velocidades. A caixa de transmissão possui um bujão de verificação do nível do lubrificante que fica localizado na mesa da unidade recolhedora. A posição rebaixada do orifício de acesso ao bujão dificulta a limpeza e facilita a contaminação do lubrificante por ocasião da verificação de manutenção.

SEGURANÇA No item segurança, a plataforma tem alguns pontos que merecem atenção. Cada unidade de recolhimento possui um limitador de torque com catraca dentada, confeccionada em aço forjado, que oferece proteção à linha contra possíveis travamentos das peças móveis do sistema de recolhimento causados por sobrecargas eventuais. Quando houver sobrecarga em alguma unidade de recolhimento o respectivo limitador de torque desliza fazendo aquela linha parar de funcionar e dá tempo ao operador para desligar a plataforma e localizar o problema antes que a transmissão seja danificada. O

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condutor helicoidal (sem-fim) também possui um limitador de torque na sua transmissão de forma à protegê-la contra possíveis danos causados por sobrecargas.

DESEMPENHO O teste de desempenho de campo colocou a plataforma da GTS em uma prova de fogo que consistiu na colheita de uma área com grande percentagem de plantas de milho acamadas. O objetivo deste teste foi avaliar a capacidade da plataforma em recuperar espigas que estavam, ainda presas ao colmo da planta, mas próximas do solo, em função do tombamento da planta. A lavoura apresentava considerável grau de acamamento, no entanto, a nossa equipe demarcou 15 linhas, equivalente a 6,75 metros de largura, por três metros de comprimento num local onde o acamamento era maior do que o restante da lavoura. Antes da passagem da colhedora, na área delimitada foram contadas 68 espigas que permaneciam presas ao colmo, mas que se tocavam no solo, por conta do acamamento da lavoura. Estas espigas são difíceis de serem recolhidas pela plataforma e normalmente são “perdidas”. A colhedora passou com a plataforma muito próximo do solo, cerca de 7 cm de altura do chão, na mesma velocidade que se deslocava nas demais passadas na lavoura. O resultado surpreendeu. Apenas cinco espigas foram encontradas dentro dos 20,25m2 demarcados, apresentando um percentual de recuperação de espigas de 92%. Em lavouras que demonstrem alto índice de espigas perdidas por problema de acamamento severo, o agricultor acaba sendo obrigado a fazer um repasse manual para tentar recuperar parte das espigas que ficaram no chão, por ocasião da colheita.

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O sistema de variação de velocidade das linhas oferece nove opções

CONSIDERAÇÕES FINAIS As plataformas da GTS apresentam alta tecnologia de construção e causam boa impressão logo à primeira vista. Impressão esta que permanece após vê-la trabalhando. Além de um design arrojado também apresentou bom desempenho. A facilidade de manutenção e regulagens, bem como adequado equilíbrio dinâmico entre máquina e plataforma também são características dessa plataforma. Outra observação é a de que todas as transmissões são protegidas e alojadas em locais que oferecem muito pouco risco ao operador quando estiver fazendo manutenção na plataforma. A plataforma GTS Top Line 1545 testada apresentou elevada capacidade de recuperação de espigas, por trabalhar com unidades de recolhimento espaçadas de 45 cm facilitando os bicos (divisores de linhas) na condução, com eficiência, às plantas acamadas até os rolos espigadores e correntes recolhedoras, além de conM seguir trabalhar próxima ao solo. Aloísio Bianchini, UFMT

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Energia

Fotos Mateus Favero

palhiço de cana

Restos benéficos O aproveitamento dos resíduos orgânicos da indústria canavieira, como a torta de filtro e as cinzas, que possuem nutrientes e aumentam a capacidade de troca catiônica do solo, proporcionam vantagens econômicas e ambientais

C

onhecido por produzir combustível renovável mais “limpo” e mais barato que os derivados do petróleo e, ainda, fornecer biomassa para (cogeração) energia elétrica; o setor sucroalcooleiro está atento aos benefícios agronômicos, vantagens econômicas e ambientais da reciclagem de resíduos orgânicos sólidos provenientes do processamento da cana-de-açúcar. Há uma tendência em grande parte das usinas brasileiras, de aproveitar sub-produtos industriais como a torta de filtro e as cinzas, sendo que o principal destino é a utilização como fertilizantes orgânicos para o solo.

RESÍDUOS DA INDÚSTRIA CANAVIEIRA Sub-produto da fabricação do açúcar, a torta de filtro é oriunda da filtração à vácuo do lodo

retido nos clarificadores. Possui partículas solúveis e insolúveis da fase de calagem, elevada relação C/N e é composto por nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), principais nutrientes exigidos pelas plantas. Quanto à cinza, ela nada mais é do que a fuligem de caldeira recuperada por um processo de decantação implantado pelas usinas na indústria. Contém, em sua composição, o nutriente potássio como elemento em maior abundância. Ambos os resíduos contribuem com o enriquecimento de matéria orgânica no solo.

BENEFÍCIOS DA APLICAÇÃO • A matéria orgânica é fonte de nutrientes, pois durante o processo de decomposição vários elementos vão sendo liberados,

principalmente o nitrogênio e o fósforo. Também aumenta a retenção de água no solo e é responsável, em grande parte, pelo aumento da capacidade de troca catiônica do solo; • Diminui a fixação do fósforo, pois os colóides orgânicos são predominantemente eletronegativos. Os ânions orgânicos formam Fe (OH)2 com o ferro e Al (OH)2 com Teores de Nitrogênio, Fósforo e Potássio desses Resíduos Nutrientes N P K

Torta de filtro (%) 1,24 – 1,26 0,40 – 0,45 0,10 – 0,33

Cinzas (%) 0,25 – 0,49 0,04 – 0,21 1,04 – 1,34

Fontes: PIRASOLO Laboratório Agrotécnico, Piracicaba (SP) ARIETTI – Análises Agrícolas, Barretos (SP)

Tecnologia

O

processo de pré-tratamento “compostagem”, proporciona maior atividade biológica e reduz o volume da massa em até 50%, facilitando e dando melhor qualidade ao composto uma vez que, uniformiza sua composição. Utilizando-se torta de filtro e cinza conjuntamente, após o pré-tratamento, o fósforo e o potássio se encontram prontamente disponíveis ao solo enquanto que o nitrogênio fica na dependência da degradação do material.

A compostagem de resíduos orgânicos proporciona maior atividade biológica e reduz o volume da massa em até 50%

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“Uma boa forma de aproveitar esses resíduos é na operação de tratos culturais da soqueira, distribuindo-os em área total; ou ainda, na cana-soca”

Vantagens econômicas e ambientais

U

O distribuidor obtém grande uniformidade na aplicação em áreas de soqueira de cana, diz o autor

o alumínio, complexos imóveis; com o ferro e alumínio imobilizados pela matéria orgânica, conseqüentemente, aumenta-se a disponibilidade do fósforo.

m dos caminhos para agregação de valor aos produtos e, conseqüentemente, conseguir maior rentabilidade e diferencial num mercado cada vez mais competitivo, é a obtenção do atestado ISO 14001 referente à preservação do meio ambiente. Em cumprimento das exigências para essa certificação, as usinas precisam interromper a emissão de fuligem da caldeira à atmosfera, necessitando implantar sistema de recuperação da cinza na indústria. A questão no entanto está na locação deste resíduo pois significativa quantidade

DISTRIBUIÇÃO DOS RESÍDUOS Uma boa forma de aproveitar esses resíduos é na operação de tratos culturais da soqueira, distribuindo-os em área total; ou ainda, na cana-soca. Tanto a torta de filtro como a cinza podem ser aplicados in natura, quando vêem da indústria diretamente para o campo; separada ou conjuntamente; podem passar pela secagem ou ainda, por um pré-tratamento conhecido como “compostagem”. A maneira de aplicação que tem se mostrado bastante satisfatória, pois alia eficiência com qualidade de operação é a distribuição em área total por meio do princípio de um distribuidor de fertilizante orgânico. Desenvolvido para obter uniformidade na aplicação de produtos como esterco de confinamento de gado, cama de frango e similares este equipamento trabalha muito bem na aplicação de torta de filtro e cinza em áreas de soqueira da cana.

DETALHES DO EQUIPAMENTO O distribuidor é constituído por uma carreta reboque com capacidade para carga de 8m³, tracionada pela barra de tração e acoplado ao trator (75 a 90 CV). O sistema de distribuição tem acionamento mecânico, utilizando a tomada de potência e bomba hidráulica do trator com giro livre. Possui uma esteira de 1,2 metros e com-

Perfil de Distribuição de Torta de Filtro

porta reguladora de fluxo aberto por comando hidráulico com quatro opções de regulagem de vazão que libera o resíduo orgânico gradativamente. O produto passa por um processo de desagregação e, em seguida, é distribuído de forma uniforme na área total na soqueira de cana-de-açúcar. Trabalhando numa faixa média útil em torno de 8 metros (7 a 9m), o equipamento apresenta um bom perfil de distribuição, considerando sobreposição nas passadas de até 25%. Dependendo da logística de trabalho e das características físicas do resíduo, principalmente, umidade no momento da aplicação,

Descrição das funcionalidades do sistema de distribuição Componentes 1. Carreta reboque 2. Esteira interna com taliscas tranversais 3. Comporta reguladora de fluxo escala graduada 4. Batedores giratórios verticais com hastes dispostas helicoidalmente 5. Pratos giratórios horizontais com pás 6. Defletor regulável para direcionamento

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diária é disponibilizada pela indústria e as usinas não podem se dar ao luxo de reservar grandes áreas para depósito deste material. O aproveitamento desse resíduo, portanto, evita a ocupação dessas áreas, liberando-as para outras finalidades como o plantio de cana. Além disso, a utilização como fertilizante orgânico para adubação de cobertura reduz consideravelmente a aplicação do adubo químico que, safra após safra, tem tido seus preços reajustados pelos fabricantes.

Função 1. Carga e transporte do resíduo 2. Condução do resíduo até a comporta 3. Liberação gradativamente do resíduo 4. Desagregação do resíduo liberado 5. Lançamento do resíduo desagregado 6. Uniformizar a distribuição do resíduo lançado

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a capacidade de trabalho obtida em função do tempo efetivo por unidade de área mais o tempo de manobras de cabeceiras, é superior a 4ha/h. Para maior agilidade de carregamento recomenda-se utilizar pá-carregadora (2 a 4 minutos). O equipamento também está disponível com carreta de 12m³, para adapM tação em caminhão. Ronaldo A. Silva, Civemasa Impl. Agrícolas Ltda. Tomás Caetano C. Rípoli, Esalq/USP Humberto C. Carrara Neto, Gmec Equipe de Tratos Culturais, Usina São João de Araras (SP) Parâmetros médios estimados na quantidade de distribuição Abertura de Escala 1 2 3 4

kg/ha 4km/h 4,5km/h 5km/h 5,5km/h 6km/h 8100 7200 6500 5900 5400 16200 14300 12900 11700 10800 24200 21500 19300 17600 16100 32200 28700 25800 23400 21500

Máquinas

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Irrigação

consumo de energia

Rocheli Wachholz

Com ou sem energia elétrica?

Diversos fatores determinam o custo total anual de bombeamento na agricultura irrigada, onde a energia elétrica é um dos itens principais, podendo até mesmo inviabilizar a sua utilização

C

ontam-se basicamente três classes de irrigantes no Brasil. O tradicional, aquele que compra energia elétrica de concessionária, representa 70% dos usuários. O diferenciado, é o que gera a energia de que necessita, pelo aproveitamento dos potenciais hidráulicos disponíveis em sua propriedade rural, não passando essa classe de 1% do total. O terceiro tipo é o irrigante que utiliza motor diesel de combustão e seu número correspondente a 29% dos usuários. É desnecessário acentuar o papel fun-

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damental da energia elétrica no incremento da área irrigada no Brasil. Mas, convém insistir que na agricultura irrigada a energia elétrica tem destaque especial no custo total anual de bombeamento (CTAB) e pode reduzir em até 50% esse custo, em comparação com o motor diesel. Por sua vez, o custo da energia elétrica depende da tarifa utilizada (verde, azul ou convencional), da época do ano (período úmido ou seco), número de meses e horas de funcionamento diário. Também depende da tarifa especial para irrigantes no período no-

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turno, cujos critérios de enquadramento são estabelecidos pela portaria DNAEE 105 de 03/04/92, e Resolução Aneel 277 de 19 de julho de 2000. Deve-se considerar ainda que a viabilidade de um projeto de irrigação, com sistema de bombeamento elétrico, depende muito do comprimento da linha de transmissão. Em muitos casos, a distância entre o ponto de captação da energia elétrica e a casa de bomba é tal que pode inviabilizar o sistema de bombeamento elétrico. A partir daí viabiliza-se o sistema de bombeamento por motor à diesel. Setembro 2004


“O custo da rede de energia elétrica pode inviabilizar o sistema de bombeamento elétrico”

CUSTO VARIÁVEL DE ENERGIA ELÉTRICA Os Quadros 1 e 2 mostram o custo variável, anual e horário, da energia elétrica em função das diferentes tarifas, meses e horas de bombeamento (horário fora de ponta com desconto - Boemia; horário fora de ponta e no horário de ponta). Seus números evidenciam que para as diferentes regiões estudadas (Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste), as tarifas verde e azul com desconto noturno são as melhores opções para o irrigante, desde que o tempo diário de bombeamento seja de 21h, evitando o horário de ponta (19 às 21h). Caso o irrigante utilize durante 24h a estação de bombeamento, o custo aumenta em 55, 18 e 11% para tarifa verde, azul e convencional respectivamente, revelando-se a tarifa azul com desconto como melhor opção neste caso.

CUSTO COM LINHA DE TRANSMISSÃO O custo da rede de energia elétrica pode inviabilizar o sistema de bombeamento elétrico. No Quadro 3 é apresentado o máximo comprimento teórico da rede em que o custo total anual de bombeamento CTAB elétrico iguala-se ao diesel. As cifras tornam por base os preços do litro de combustível e do motor diesel (MWM1800rpm-consumo de 0,17 l/ cv.h) de R$ 1,15 e R$ 14.765,14, respectivamente; do motor elétrico (WEG1700 rpm) e o do Km de linha de transmissão, de R$ 4.400,00 e R$ 14.416,29, pela ordem, com o fator de potência igual 0,86 e vida útil do sistema dez anos. A estimativa do custo de uma rede de distribuição depende de vários fatores, devendo-se considerar o sistema a ser implantado - monofásico ou trifásico -, dis-

Quadro 1 - Custo variável anual com energia elétrica de um sistema de irrigação, em função do tipo de tarifa e horas de bombeamento nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste utilizando tarifa horo-sazonal de 2003 Tempo de Bombeamento 21h/dia

24h/dia

Motor de 100CV 4M-SE 4M + 8F-SE 6M-CO 6M + 6F-CO 10M-NE 10M + 2F-NE 4M-SE 4M + 8F-SE 6M-CO 6M + 6F-CO 10M-NE 10M + 2F-NE

Tarifa verde R$ 14.969 19.615 18.120 22.068 27.636 28.862 32.273 38.491 39.412 44.327 60.616 62.142

Tarifa verde boêmia R$ 13.634 18.121 15.683 19.508 23.151 24.335 30.938 36.998 38.985 43.870 59.247 60.759

Tarifa azul R$ 14.969 19.615 18.120 22.068 27.636 28.862 20.490 25.637 22.547 26.696 34.495 35.783

Tarifa Azul boêmia R$ 13.634 18.121 15.683 19.508 23.151 24.335 19.090 24.071 22.120 26.239 33.126 34.400

Tarifa convencional R$ 26.119 32.218 32.873 37.914 50.419 51.983 29.119 35.491 36.914 42.138 56.678 58.299

*Foi considerado um motor de 100 cv; ICMS de 20%; desconto noturno de 70, 80 e 90% para região Sudeste (SE), Centro Oeste (SE) e Nordeste (NE), respectivamente, e os meses de irrigação para cada região: maio a agosto (SE), maio a outubro (CO) e setembro a maio (NE). O código 4M+8F-SE significa 4 meses de irrigação com fertirrigação mais 8 meses com apenas fertirrigação na região sudeste do Brasil.

Quadro 2 - Custo variável horário com energia elétrica de um sistema de irrigação, em função do tipo de tarifa e horas de bombeamento nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste utilizando tarifa horo-sazonal de 2003 Tempo de Bombeamento 21h/dia

24h/dia

Motor de 100CV 4M-SE 4M + 8F-SE 6M-CO 6M + 6F-CO 10M-NE 10M + 2F-NE 4M-SE 4M + 8F-SE 6M-CO 6M + 6F-CO 10M-NE 10M + 2F-NE

Tarifa verde R$ 5,94 7,30 4,79 5,65 4,39 4,55 11,21 12,53 9,12 9,93 8,42 8,57

Tarifa verde boêmia R$ 5,41 6,74 4,15 4,99 3,67 3,84 10,74 12,04 8,56 9,83 8,23 8,38

Tarifa azul R$ 5,94 7,30 4,79 5,65 4,39 4,55 7,11 8,35 5,22 5,98 4,79 4,94

Tarifa Azul boêmia R$ 5,41 6,74 4,15 4,99 3,67 3,84 8,90 7,84 5,12 5,88 4,60 4,75

Tarifa convencional R$ 10,37 11,99 8,70 9,71 8,00 8,20 10,11 11,55 8,55 9,44 7,87 8,04

*Região Sudeste: EEB – Empresa Elétrica Bragantina S.A – Resolução n o.43, de 31/01/2003; Região Centro-Oeste: CELG – Companhia Energética de Goiás - Resolução no.509, de 11/09/2002; Região Nordeste: CELB - Companhia Elétrica da Borborema: Resolução n o.45, de 31/01/2003.


“Para pequenas irrigações por gotejamento ou mesmo a microaspersão, a rede poderá atender, entretanto, para equipamentos de maior porte há necessidade de motores elétricos trifásicos”

gumas regiões rurais só autorizam a ligação de motores de 10C.V., não especificando limites para o número de motores acoplados na rede. Para pequenas irrigações por gotejamento ou mesmo a microaspersão, a rede poderá atender, entretanto, para equipamentos de maior porte há necessidade de motores elétricos trifásicos. O projetista, nesse caso, poderá estudar sob o ponto de vista econômico, três alternativas: 1) modificação do ramal monofásico pra trifásico; 2) instalação de um conversor de fase junto aos motores (que permite a obtenção de correntes trifásicas a partir de monofásicas de baixa tensão); 3) utilização de motores no mesmo eixo para atingir maiores potenciais (exemplo: 3 motores monofásicos x 10 C.V.= 30 C.V. no eixo M da bomba.

Quadro 3 – Comprimento máximo da linha de transmissão, necessário para igualar o custo total anual de bombeamento elétrico, ao diesel, em função do tipo de tarifa e horas de bombeamento nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, utilizando tarifas horo-sazonais de 2003 Tempo de Bombeamento 21h/dia

24h/dia

Motor de 100CV 4M-SE 4M + 8F-SE 6M-CO 6M + 6F-CO 10M-NE 10M + 2F-NE 4M-SE 4M + 8F-SE 6M-CO 6M + 6F-CO 10M-NE 10M + 2F-NE

Tarifa verde Km 17,71 16,29 23,91 23,29 40,45 40,29 13,82 12,80 19,45 18,57 34,05 33,81

Tarifa verde boêmia Km 18,26 16,91 24,93 24,36 42,32 42,17 14,38 13,42 19,62 18,76 34,62 34,38

Tarifa azul Km 17,71 16,29 23,91 23,29 40,45 40,29 18,73 18,15 26,46 25,91 44,92 44,78

Tarifa Azul boêmia Km 18,26 16,91 24,93 24,36 42,32 42,17 19,31 18,80 26,64 26,10 45,49 45,35

Tarifa convencional Km 13,07 11,04 17,77 16,70 30,97 30,66 15,14 14,05 20,48 19,48 35,69 35,41

José Alves Júnior, Esalq/USP/LER Luis Gonzaga M. de Figueredo Jr, Universidade Estadual Piauí Rubens Duarte Coelho, LER/Esalq/USP João Luiz Zocoler, Feis/Unesp

* Considerou-se um motor de 100cv; ICMS de 20%; desconto noturno de 70, 80 e 90% para região Sudeste (SE), Centro Oeste (SE) e Nordeste (SE), respectivamente. Os meses de irrigação para cada região: maio a agosto (SE), maio a outubro (CO) e setembro a maio (NE). E o código 4M+8F-SE (significa 4 meses de irrigação com fertirrigação, mais 8 meses com apenas fertirrigação na região sudeste do Brasil).

Comprimento (m) 50 300 700 1300 2000 4000* 6000* 10000* 12000* 16000* 20000*

5KVA Monofásico 901.79 1520.39 2510.15 3994.79 5726.87 10675.67 15624.47 25522.07 30470.87 40368.47 50266.07

10KVA Monofásico 1060.29 1678.89 2668.65 4153.29 5885.37 10834.17 15782.97 25680.57 30629.37 40526.97 50424.57

15KVA Monofásico 1160.42 1779.02 2768.78 4253.42 5985.5 10934.3 15883.1 25780.7 30729.5 40627.1 50524.7

Fonte: Sousa (2001) * Valores extrapolados.

45KVA Trifásico 2541.75 3524.03 5095.67 7453.13 10203.5 18061.7 25919.9 41636.3 49494.5 65210.9 80927.3

75KVA Trifásico 3132.25 4114.53 5686.17 8043.63 10794 18652.2 26510.4 42226.8 50085 65801.4 81517.8

linhas de transmissão monofásicas são muito utilizadas no interior do Brasil (caso das regiões de Minas Gerais e Goiás), por serem de custo inferior de instalação em comparação com as trifásicas, ou por norma restrita da concessionária. As concessionárias de al-

A irrigação tradicional feita com energia elétrica, representa 70% do total

Divulgação

tância e potência necessitada pelo consumidor, conforme apresentado no Quadro 4. Para fins de irrigação especificamente, as

37.5KVA Monofásico 1605.22 2223.82 3213.58 4698.22 6430.3 11379.1 16327.9 26225.5 31174.3 41071.9 50969.5

Rocheli Wachholz

Quadro 04 - Estimativa do custo de uma linha de transmissão rural (U$$) em função do comprimento em metros

José Júnior, Luiz Figueiredo, Rubens Coelho e João Zocoler explicam que o custo da rede de energia elétrica pode inviabilizar o sistema de bombeamento elétrico

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Máquinas

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Setembro 2004


Dia de campo New Holland

Fotos Charles Echer

As demonstrações das máquinas acontencem ao ar livre para, aproximadamente 500 produtores convidados pelas concessionárias da marca. As atrações do evento são dez tratores, dos menores aos maiores modelos, que passam por provas de força, precisão e demonstrações de tecnologia. Além de conhecer às máquinas os produtores têm a oportunidade de conversar com especialistas de produtos da fábrica para esclarecer dúvidas e auxiliar na escolha do modelo mais adequado às suas necessidades. A viagem das máquinas agrícolas começou no Paraná e tem previsão para terminar em dezembro de 2004, em Varginha (MG) totaliM zando 47 eventos.

NH em campo A

Bertoldi Becker Agrícola, concessionária New Holland, promoveu em agosto em Pelotas (RS) o New Holland em Campo. O pro-

grama que começou a percorrer todo o País em setembro de 2003, leva à fábrica para o campo e apresenta à linha completa de tratores da empresa.

A equipe da Bertoldi Becker e da fábrica proporcionaram ao público demonstrações de alta tecnologia


Evento Fotos Mathias Cramer

PGMT 2004

Prêmio às inovações Oito máquinas e dois trabalhos científicos foram selecionados entre 102 concorrentes no Prêmio Gerdau Melhores da Terra 2004 que premiou às inovações deste ano

C

om 102 participantes do Brasil e Argentina, a edição 22 do Prêmio Gerdau Melhores da Terra premiou em seis categorias diferentes as máquinas que se destacaram este ano. Após percorrer mais de 80 mil quilômetros em 385 municípios diferentes, visitar e entrevistar mais de 640 usuários das máquinas inscritas, a comissão julga-

dora premiou oito máquinas e dois trabalhos científicos. A edição deste ano teve algumas novidades importantes, como a ampliação da representatividade de empresas argentinas no Prêmio atingindo 22% do total de inscritos - somente na categoria Destaque -, criação de duas distinções que incentivam o desenvolvimento da mecanização para agricultura familiar e duas premiações na categoria Pesquisa e Desenvolvimento uma para profissionais e outra para estudantes.

necessárias para a execução de vários tipos de operações. O sistema G 25 é um guincho acoplado sobre o chassi do caminhão que permite a carga, a descarga e o transporte de caçambas – seqüencialmente – distribuídas estrategicamente na área de produção. Foi o produto de maior aceitação entre os usuários. O Autotrailer Sembrador, semeadora produzida pela Agro Pla S.R.L na província de Santa Fé, Argentina, recebeu o troféu prata pela qualidade de semeadura, estrutura resistente, simplicidade na manutenção, grande capacidade de carga e autonomia de trabalho. A máquina possui ainda mecanismos diferenciados que facilitam o seu deslocamento tanto no campo como em estradas. A Carreta Graneleira Reboke 16000, fabricada pela Stara Sfil, de Não-Me-Toque (RS), também foi reconhecida com o troféu prata. O equipamento é utilizado no transporte de grãos das lavouras e no abastecimento de semeadoras. Destacou-se pela facilidade de operação e manutenção, resistência à corrosão, simplicidade, agilidade na carga e descarga, além de possuir uma série de características que contribuem para a segurança do operador.

OS VENCEDORES

Nova colhedora da New Holland, troféu ouro na categoria novidade

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Máquinas

A Categoria Destaque premiou quatro empresas. O troféu ouro foi conferido ao sistema Imavi G 25, fabricado pela Imavi, de Holambra (SP). O equipamento é utilizado no processo de transporte dos produtos agrícolas, racionalizando à mão-deobra, os custos e o número de máquinas

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Carreta graneleira da Stara Sfil, troféu prata na categoria destaque

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“Eles criaram o projeto desenvolvimento e avaliação de uma servo-válvula de baixo custo para a aplicação de insumos líquidos de forma precisa e diferenciada”

O transferidor de leite da Sulinox levou o prêmio especial para agricultura familiar

Bomba hidráulica ZM 51, da Hidro Metalúrgica ZM

Os equipamentos Transferidor de Leite Sulinox, da Ordenhadeiras Sulinox, de Porto Alegre (RS), e a Bomba Hidráulica ZM 51, produzida pela Hidro Metalúrgica ZM, de Maringá (PR), receberam os prêmios especiais para produtos voltados à agricultura familiar. O transferidor de leite proporciona a ordenha de até quatro animais simultaneamente além de conduzir o leite para tanques de resfriamento sem a intervenção do ordenhador. Esse diferencial garante a higiene do produto e elimina o trabalho estafante de transporte dos baldes de leite, realizado em várias propriedades rurais. O outro equipamento premiado nesta categoria, a Bomba Hidráulica, é utilizada no abastecimento de água provinda de fontes localizadas a grandes distâncias, acionamento é feito por meio da própria água, o que permite o uso de energia limpa e renovável.

CATEGORIA NOVIDADES A categoria novidade premiou três equipamentos. O troféu ouro na categoria novidade ficou com a colheitadeira CS 660 da New Holland. A CS 660 é a maior colhedora da empresa, com motor de 280 cv, e tanque graneleiro com capacidade para 9 mil litros, configurações próprias para trabalhar grandes extensões de terra. O Distribuidor de Fertilizante Granu-

O protótipo da Plantec 3300 ficou com o troféu prata na categoria novidades

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lado Ferti Land, da Semeato, de Passo Fundo (RS), recebeu o troféu prata. O equipamento foi lançado para atender às exigências do mercado de aplicação de fertilizantes, independentemente da semeadura. A máquina tem concepção inovadora, grande capacidade operacional, precisão e possibilidade de incorporação de opcionais utilizados na agricultura de precisão. O troféu prata também foi conferido à Multi Plantadeira Plantec 3300, apresentada em forma de protótipo. O equipamento incorpora melhoramentos e soluções almejadas pelos usuários das semeadoras-adubadoras. Fabricada pela Indústria de Máquinas Agrícolas Fuchs, de Ijuí (RS), permite a utilização de diferentes tipos de sementes e possui um fácil sistema de regulagem e manutenção além de não necessitar de lubrificação.

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO A categoria Pesquisa e Desenvolvimento, novidade no prêmio deste ano, premiou o Microprocessador para Geração de Sinal de Correção Diferencial em Tempo Real para GPS, dos profissionais Cláudio Umezu, Thales Lima, Nelson Capelli e Eduardo Nunes, da Universidade Estadual de Campinas (SP). Os pesquisadores desenvolveram um equipamento nacional de baixo custo capaz de corrigir os erros identificados nos sinais

Troféu prata na categoria novidade para a Semeato

captados pelo GPS, permitindo ampliar à precisão do sistema. O prêmio para estudantes ficou com André Johann e os colaboradores Edison Russo e Cláudio K. Umezu, também da Unicamp (SP). Eles criaram o projeto desenvolvimento e avaliação de uma servo-válvula de baixo custo para a aplicação de insumos líquidos de forma precisa e diferenciada. A entrega dos troféus aconteceu em solenidade realizada no dia 1 de setembro, semana da Expointer na usina Gerdau Riograndense, em Sapucaia do Sul (RS) e teve a presença de aproximadamente 1,2 mil M pessoas.


Negócios Fotos Divulgação

lançamentos

Tarran 3000

cuos nas extremidades das barras. O sistema Pantográfico Pendular, além de possibilitar maior estabilidade da barra, permite que os movimentos da máquina sejam independentes em função das irregularidades do terreno tendo no quadro central um conjunto de amortecedores para estabilização dos movimentos em todos os sentidos. A máquina possui tanque esférico com capacidade para três mil litros, auto-limpante com quebra-onda, estabilizador de produtos e aproveitamento da calda sem falha na sucção. O tanque de água limpa tem capacidade para 300 litros permitindo a limpeza das tubulações, bicos e comandos na própria lavoura. A barra do pulverizador é de 18 metros, sendo que às suas ponteiras são de alumínio e a abertura é eletro-hidráulica, possibilitando a operação mesmo com tratores gabinados. O comando de pulverização é elétrico adimitindo o trabalho com adubação líquida. O sistema injetor conta com medidor de produto para facilitar a operação de diluição e dosagem inclusive permitindo a tríplice lavagem dos frascos. O chassi e as barras, feitas em materiais leves, aumentam a estabilidade e durabilidade do equipamento. O computador monitora a velocidade e faz o controle de vazão de produtos por hectare. A bomba de membranas possui resistência à corrosão e proporciona vazão suficiente para dar pressão aos bicos, mesmo quando a calda utilizada é mais densa. Com painel de controle eletro-hidráulico à distância, o Tarran 3000 facilita à instalação e operação em tratores gabinados, que são os mais indicados M para trabalhos com agroquímicos.

Com cilindros hidráulicos o Tarran 3000 permite maior estabilidade nas aplicações

A

Stara Sfil está lançando o pulverizador Tarran 3000 para trabalhos em lavouras arrozeiras. O pulverizador possui sistema Tandem autor-direcional que evita a derrapagem lateral do rodado em curvas e tensões na estrutura da máquina, e conta também com rodado na regulagem lateral. O conjunto de cilindros hidráulicos possibilita maior estabilidade nas aplicações, atuando também como trava em manobras à ré, o seu engate oscilante evita movimentos laterais da barra de tração do trator, não gerando avanços e re-

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Máquinas

As barras de 18 metros e com ponteira de alumínio, permitem maior rendimento e menor risco de danos

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Negócios lançamentos

Fotos Agrale

4230.4 Cargo

A

Agrale está lançando o trator 4230.4 Cargo com tração 4x4. O trator foi desenvolvido para suprir à demanda por uma máquina que pudesse realizar às operações de cultivo, pulverização, aplicação de calcário, adubo, uréia, além de poder ser utilizado no transporte e escoamento da produção, do local de plantio até o armazenamento, para o transporte dentro da propriedade e na movimentação de cargas em geral em curtos deslocamentos fora da propriedade. O trator transportador 4230.4, com capacidade de carga de 1,2 mil Kg, possui tanque de combustíveis de 39 litros, barra de tração opcional ou standard, sistema hidráulico com capacidade de 12 litros e caixa de câmbio com 11 litros. O modelo do motor é Agrale M790, possui dois cilindros verticais em linha, a potência máxima (NBR ISO 1585) é de 30 cv (22Kw) a 3.000 rpm e o torque máximo (NBR ISO 1585) de 7kgf.m (6,9 daNm) a 2.550 rpm. A refrigeração do trator é a ar, com turbina incorporada ao volante e o filtro de ar tipo seco. O câmbio é sincronizado com seis marchas à frente e duas à ré, os freios são de serviço hidráulico à tambor e o de estaciona-

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mento possui acionamento manual. O chassi é traseiro rígido com vigas em perfil “U”, fixado diretamente à caixa de câmbio, o assento do operador possui amortecimento e regulagens de altura e longitudinal, o eixo dianteiro é direcional 4x4 (com diferencial central) e o eixo traseiro possui sistema autoblocante, veicular rígido e tração permanente. O trator possui horímetro, sinalizador de funções (indicadores de carga de bateria,

O 4230.4 Cargo possui assento com amortecimento e regulagens de altura e longitudinal

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pressão de óleo do motor, luz alta ligada e direcional) e tacômetro (somente para modelo Argento). O comprimento da máquina é de 3.970 mm, possui largura máxima de 1.460 mm, altura do volante com 1.380 mm, altura máxima (até o assento) 1.090 mm, altura máxima (até o malhal) 1.740 mm, altura até a caixa de carga 860 mm, distância entre eixos de 2.450 mm, vão livre no eixo dianteiro de 215 mm, raio de giro livre de 4.600 mm, bitolas dianteira/traseira 1.250 mm e carroceria (C x L x A) de 2.500 x 1.600 x 400 mm. No modelo Rosso a carroceria é opcional e no modelo Argento ela é de madeira (fixa). Como opcionais o modelo Rosso oferece banco baixo do operador, teto solar com arco de segurança, banco do caroneiro direito, banco do caroneiro esquerdo, barra de tração, carroceria fixa ou basculante, tomada de potência na caixa ou tacômetro, tomada de potência no chassi (inclui tomada de potência na caixa e tacômetro) e pneu 7.50L x 15” R1. Já o modelo Argento tem como opcionais o banco baixo do operador, teto solar com arco de segurança, kit carroceria basculante com sistema hidráulico e pneu agríM cola 7.50L x 15” R1.

Máquinas

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Negócios lançamento

Fotos Charles Echer

CS 660 e TM180

L

íder no mercado nacional de colhedoras e ocupando a terceira posição nas vendas de tratores, a New Holland termina o circuito das grandes feiras agrícolas nacionais com dois lançamentos de grande porte, a maior colhedora da empresa, a CS 660 (ver matéria completa na edição 32, página 36), e o trator TM 180, de 177 cv. Vencedora do Prêmio Gerdau os Melhores da Terra na categoria Destaque Ouro, a CS 660, tem motor de 280 cv, 27,3% mais potente do que o motor da TC 59 e tanque graneleiro com capacidade para 9 mil litros, configurações próprias para trabalhar grandes extensões de terra. De acordo com o diretor comercial, Sérgio Plaut, dependendo de fatores como jornada de trabalho, produtividade da área e sistema de descarga em condições ideais, a CS660 é capaz de colher até 3,6 mil sacas de soja de 60 quilos por dia. A New Holland já tem uma fatia de 40,7% no mercado nacional de colhedoras.

co alimentado por bomba de pistões PFC (Pressão e Fluxo Compensados) de “centro fechado” com fluxo de 106 a 116 l/min permitindo trabalhar com uma boa gama de implemento, inclusive plantadeira de última geração. As versões 16x16 plataformada tem sistema projetado para implementos da categoria II e III, com pressão de 190 bar e bomba de 53 litros por minuto, exclusiva para o sistema hidráulico e controle remoto. Possui uma segunda bomba de 39,1 a 61,9 l/min para direção hidráulica, acionamento da TDF, acionamento do bloqueio do diferencial e acionamento da tração. Já a opção plataformada 24x12 Super Flow, tem transmissão 24x12, fornece uma vazão de 70 litros por minuto, mantendo o fluxo constante durante operações com implementos que possuem motores hidráulicos, tornando possível o trabalho de plantadeiras ligadas diretamente no controle remoto do trator. Além do sistema Super Flow, o trator TM com transmissão 24x12 vem equipado com o exclusivo controle eletrônico de sensibilidade (EDC ), que permi-

TM 180 Outro lançamento da New Holland foi o trator TM 180, com motor Powerstar que garante uma reserva de 34% a 40%, obtido a 1.400 rpm. A transmissão é do tipo Range Command, com 18 marchas à frente subdivididas em três gamas (A,B,C) e 6 marchas à ré, com seleção de velocidades do tipo Powershift. Três versões de hidráulico estão disponíveis. A versão cabinado 18x6 tem sistema hidráuli-

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Máquinas

Primeira unidade do TM 180 comercializada na Expointer pela equipe da Bertoldi Becker

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te regular a sensibilidade do implemento quando utilizado no levantador hidráulico. Estes tratores dispõem de tomada de força independente de 540 e 1.000 rpm, o que permite trabalhar com os mais variados implementos. Para acionar implementos de alta inércia, a tomada de força dos tratores TM dispõe de uma unidade eletrônica que tem a função de aumentar gradativamente a velocidade de 0 a 100% em 5 segundos proporcionando um acionamento gradual e evitando trancos com um simples toque na tecla do painel.

AUMENTO NAS VENDAS A expecativa de boas safras nos próximos anos impulsiona a empresa para inovações e lançamento de novas máquinas, explica Plaut. “O agronegócio no Brasil está caminhando para uma profissionalização e, com isso, os produtores acabam necessitando de máquinas mais avançadas”. Para ele, boa parte do crescimento do agronegócio brasileiro pode ser creditado ao Moderfrota, programa que beneficiou os produtores nos últimos anos. “Um dos grandes responsáveis pelos avanços da produção nacional nas últimas safras, sem dúvida, foi o Moderfrota. Sem um financiamento como este os produtores certamente não teriam condições de ampliar ou mesmo de modernizar suas frotas como aconteceu”, garante. Os números de vendas são superados a cada semestre e a empresa está traçando estratégias para retornar ao posto de segundo colocado nas M vendas internas de tratores.

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por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br

Acelera...

Trekker Trek

Fonte: http://www.trekkertrek.com.br

C

onforme já havíamos anunciado na primeira edição de nossa coluna Esporte Trator, vai desta vez um excerto do regulamento do Trekker-Trek, mostrando uma peça fundamental da competição de tração, que é o Trenó, o dispositivo utilizado para impor carga aos tratores na competição. Publicamos também a agenda dos próximos eventos tanto de Trekker-Trek quanto de Arrancadão. E na próxima edição, você terá uma surpresa a mais, mostraremos um outro tipo de competição de “tratores” que resgata valores do agricultor do interior, interessante, acessível a todos os bolsos, e no mínimo animada. Para não falar em maluquice... Boa leitura!

O DISPÓSITIVO DE CARGA: TRENÓ

O

trator (1) é engatado ao trenó por uma corrente (2) de 90 centímetros de comprimento. No começo da puxada a caixa de peso (3) está sobre as rodas traseiras (8). As rodas são conectadas por um eixo numa caixa de câmbio (7). A organização pode por pesos num máximo de 10.000 kgf. Quando um trator puxa o trenó, um cabo (4) movido pela caixa de câmbio, move a caixa de peso para a frente. Conforme a caixa de peso avança, será transferido o peso do trenó para a chapa de derrapagem (5). O atrito com o chão será cada vez maior, e o trenó exigirá mais potência. Para dificultar mais a puxada, na chapa de derrapagem pode ser acionada uma lâmina de aço (6) que pode ser regulada até um máximo de cinco centímetros, produzindo mais atrito. Há três fatores para tornar uma puxada mais difícil: 1. A quantia de peso na caixa de peso; 2. A velocidade de avanço da caixa de peso para cima da chapa de derrapagem; 3. A profundidade das facas de aço. O melhor modo para se fazer a puxada, é adquirir tanta velocidade quanto possível, porque o peso ajudará na inércia. O piloto deve achar a combinação certa entre a velocidade e tração. Ao terminar a puxada o trator será desengatado do trenó. O operador de trenó (9) pode trazer à caixa de peso de volta sobre as rodas traseiras, usando alavancas de comando para isso. E depois será novamente rebocado para o início da pista, para a próxima puxada.

MEDIÇÃO DA DISTÂNCIA A medição é feita por sistema a laser acoplado à computador o que permite determinar a distância exata da puxada sem erros e sem falhas humanas.

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É

uma competição na qual um objeto imóvel (o “trenó”) deve ser puxado por uma máquina tratora. O trenó tem rodas traseiras e uma chapa de deslizamento à frente. A massa total deste trenó é aproximadamente 15.000 kgf. Os competidores tentam arrastar o trenó o mais longe possível em uma pista especial. O comprimento da pista geralmente é de 100 metros. Durante a puxada a carga vai ficando cada vez mais pesada, porque o peso do trenó será transferido para a frente, sobre a chapa de deslizamento, chegando a um ponto em que finalmente o trator pára de puxar, por falta de tração. O modo para se obter sucesso nessa prova, é usar o máximo possível do acelerador para puxar o trenó em mais de 100 metros. Quando o competidor consegue atravessar os 100 metros tracionando, isto é chamado de um “FULL-PULL”. Se dois ou mais competidores fazem um “FULLPULL”, eles têm que puxar novamente para o desempate. A organização fará então com que o trenó fique mais pesado. O competidor que conseguir atingir a maior distância ganhará o evento.

POTÊNCIA ILIMITADA Para se fazer uma ótima puxada, os tratores precisam de muita potência. Na Holanda há máquinas que têm aproximadamente 5.900 kw. Nos Estados Unidos há tratores que têm mais de 7.350 kw. É disso que os espectadores e competidores gostam neste esporte. Não existe nenhuma fábrica onde você possa comprar um monstro desses, pois são feitos artesanalmente por técnicos e amadores inventivos. Isto custa muito tempo e claro que muito dinheiro. Alguns motores à diesel têm mais de dez vezes à potência original de fábrica. Você pode ver máquinas equipadas com superchargers e blowers, que usam metanol como combustível. Muitos tratores têm vários motores V8 com bloco de alumínio, motores de dragster com mais de 1100 kw cada. Até mesmo o uso de motores de aviões velhos é normal neste esporte. Oriundos de

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um Spitfire ou um Mustang. São completamente desmontados e depois montados e adaptados para funcionar com metanol. Nesta competição, é muito popular usar máquinas com turbinas de helicópteros, e combustível de motores a jato de avião. No Brasil usam-se máquinas que têm até 1100 kw. Existem tratores com até 4 motores GM 250S preparados, à metanol, tratores com 3 motores V8. etc...

TIPOS DE TRATORES Os tratores que participam das competições são classificados por nível de preparação em categorias Agrícola e Livre. Dentro de cada tipo são subdivididos em três classes por peso: 2400 kg, 3400 kg, 4400 kg. No peso oficial está incluso: veículo com tratorista, óleo, água e equipamentos de segurança. Os tratores são pesados com os pilotos. Devem dispor de no mínimo 100 kg de peso descontável. Existe ainda a categoria Iniciantes, limitada a 2400 kg. Em todas as categorias é obrigatório o uso de capacete.

Agenda Agende-se para os próximos eventos: Data 13.11 14.11 27.11

Categoria Local Cidade Arrancadão Tratoródromo de Maripá Maripá (PR) Trekker-trek XI Holambra Feest (Holambra II) Paranapanema (SP) Trekker-trek Castrolanda Castro (PR)

Máquinas

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Informe jurídico • Newton Peter • OAB/RS 14.056 • consultas@newtonpeter.com.br

Multa abusiva é confisco

É

pressuposto aceito em to dos os países onde impera o estado de direito a presunção de inocência que acompanha o acusado até sua condenação, seja qual for a gravidade do delito a ele imputado, ou mais comprometedoras as provas contra ele apuradas. Há, no entanto, no Brasil, uma exceção a esse princípio básico do direito, na relação entre fisco e contribuinte. Para o primeiro, todo o contribuinte é sonegador até prova em contrário. Não obstante a notória condição do estado como principal sujeito passivo de ações de todo o tipo, que atravancam o Poder Judiciário, nos diversos níveis, ainda existe quem considere as instituições estatais merecedoras de boa fé até prova em contrário. Os exemplos são incontáveis e fazem parte do anedotário forense os despachos de magistrados e representantes do Ministério Público mencionando a presunção de veracidade das assertivas estatais mesmo quando exatamente a alegação se confunde com o objeto da ação e há farta documentação provando o contrário. Pois bem. A sanha arrecadadora insaciável estatal, que institui tributos a torto e a direito, mais a torto, a julgar pelo número de decisões judiciais que os desconstituem ou mitigam seus efeitos, tem revelado uma especial veia deletéria pouco discutida, mas nem por isso menos prejudicial às empresas. Trata-se das multas sobre aplicadas a contribuintes em descompasso com o fisco. Naturalmente não se faz aqui a apologia da sonegação, porque é obrigação legal de todo o cidadão satisfazer os tributos na forma e prazos de lei. Como, porém, o Poder Legislativo é composto por representantes do povo, de formação intelectual heterogênea, não se pode esperar que todas as normas aprovadas estejam em consonância com a boa técnica e até com as fontes do direito. Assim, alguns Estados da Federação têm leis

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que permitem a aplicação de multas de até 200% sobre o valor do tributo, quando há sonegação dolosa. Contudo, considerando que para o fisco qualquer infração pode conter o elemento doloso, não há como escapar do poder arbitrário de qualquer fiscal. Não se alegue que o contribuinte está alheio à tese defendida pelo fisco de que este apenas cumpre sua função vinculada ao princípio da legalidade que embasa os procedimen-

tos administrativos, mas nem por isso deve-se deixar de argüir a ilegalidade das multas impostas (mesmo que decorrentes de leis vigentes), posto que à toda evidência se revestem de verdadeiro excesso, um evidente desvio de finalidade, violando frontalmente a Constituição Federal e os princípios jurídicos e legais que devem reger tais procedimentos. A ilegalidade e o caráter confiscatório das multas de 200% impostas aos contribuintes decorrem da violação dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, bem como do disposto no art 150, inciso IV, da Constituição Federal, que determina ser vedado ao Estado utilizar tributo com efeito de confisco. DESVIO DE FINALIDADE Se as multas administrativas se revestem do caráter de penalidade pecuniária que busca ressarcir o possível dano causado pelo contribuinte ao estado pela prática da infração, e

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no entanto forem fixadas em valor excessivo, capaz até de inviabilizar a vida financeira do contribuinte punido, tal penalidade adquire a condição de ato confiscatório e se desvia de sua finalidade, impondo-se portanto sua anulação judicial. E este entendimento vem conquistando mentes nos tribunais. É pacífico na doutrina, bem como na jurisprudência, que o poder de penalizar deve se coadunar com o interesse de conservação do contribuinte, e não com a sua extinção. E se os percentuais impostos a título de multas são evidentemente abusivos, constituindo-se em confisco do patrimônio do contribuinte, ainda que embasados em lei não encontram amparo nos princípios da razoabilidade, proporcionalidade ou legalidade. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADIN 2010-2, afirmou que “...a proibição constitucional do confisco em matéria tributária nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais...” É possível, portanto, por analogia, levar essa interpretação ao caso das penalidades administrativas absurdas, destacando que o fisco deve observar não somente a letra da lei, violando os consagrados princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, mas também deve observar e evitar penalidades que contenham em si o caráter confiscatório, entendido este como aquele que não apresenta as características da razoabilidade e justiça, atentando, igualmente, ao princípio da capacidade contributiva.

Setembro 2004




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