Do editor Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Nilo Peçanha, 212 96055-410 – Pelotas – RS www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com Direção Newton Peter Schubert K. Peter
Cultivar Máquinas Edição Nº 39 Ano III - Março 05 ISSN - 1676-0158 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00
Prezado leitor A grande estiagem que atinge algumas áreas do Brasil tem exigido o uso de sistemas de irrigação de forma mais intensa. Por isso, selecionamos, como assunto de capa, o uso de filtros especiais para irrigação em diversas situações. Embora não sejam muito utilizados no Brasil, eles são grandes aliados no prolongamento da vida útil do equipamento e aumentam o desempenho do sistema. No entanto, existem alguns fatores que devem ser analisados cuidadosamente, para evitar o uso de modelos inapropriados, o que acarretaria em aumento de custos sem o retorno desejado. Abordamos também as adaptações necessárias em plataformas de milho e soja para colheita de algodão, cultura que está ganhando espaço em diversas regiões do país. Esta edição traz ainda os lançamentos da Expodireto 2005, plantio mecanizado de cana-de-açúcar, manutenção de equipamentos e outros assuntos interessantes que lhe ajudarão a manter a frota em dia.
(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 15,00
Bom proveito!
Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00 • Editor
Charles Ricardo Echer
Índice
Nossa Capa
• Redação
Rocheli Wachholz • Revisão
Silvia Maria Pinto • Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia _____________
• Comercial
Pedro Batistin _____________
• Gerente de Circulação
Cibele Costa • Assinaturas
Rosiméri Lisbôa Alves Jociane Bitencourt Simone Lopes
Capa Fockink
Rodando por aí
04
Como evitar corrosão de implementos
06
Controle total de frotas rurais
10
Uso de filtros em irrigação
14
Plantio mecanizado de cana-de-açúcar
20
Colheita de girassol
26
Kuhn adquire a Metasa
32
Rumo ao Isobus
34
Negócios - Lançamentos
38
Expodireto 2005
40
4x4 - Segurança na condução
44
Esporte Trator
45
Coluna jurídica
46
• Gerente de Assinaturas Externa
Raquel Marcos
Destaques
• Expedição
Edson Krause Dianferson Alves
Tanque cheio Versão móvel do programa controle total de frotas da Petrobrás evita desperdício e desvio de combustível nas fazendas .................................................... 06
• Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
Água limpa
3028.2000 • ASSINATURAS
3028.2070 • REDAÇÃO
3028.2060 • MARKETING
3028.2065 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Assine já
Uso de filtros apropriados garante maior vida útil dos equipamentos de irrigação e desempenho satisfatório na operação ................................................... 14
Colhendo girassol Com adaptações simples, é possível usar plataformas de milho e soja para colher girassol, com grandes índices de aproveitamento ................................................... 26
Rumo ao Isobus Grupo de pesquisadores e representantes de indústrias de tratores discutem padronização da eletrônica embarcada no Brasil ................................................... 34
Rodando por aí
Abrindo caminho Aldívio Strasser, diretor de produção da GTS do Brasil, está bastante entusiasmado com o sucesso da plaina estradeira Planer 710, novidade que a empresa está apresentando nos eventos por todo o Brasil. “Logo teremos novidades para propriedades menores”, adianta.
Premiada
Breno Stelzer
Breno Stelzer, diretor comercial da Imasa, está apostando no sucesso da Plantec, a multiplantadeira de precisão, vencedora do Prêmio Gerdau Melhores da Terra na categoria novidade. “Começamos a comercializar as primeiras unidades em 2005, e o cenário está bastante promissor com a boa aceitação que a máquina está tendo junto aos produtores”, garante.
Kuhn no Brasil Roland Rieger, diretor comercial internacional da Kuhn, disse que a aquisição da Metasa representa um passo maior na estratégia global de crescimento a longo prazo para o grupo francês. “Para chegar até a Metasa, efetuamos uma rigorosa pesquisa de mercado e ficamos impressionados com a qualidade dos produtos e da administração dessa companhia”, afirmou.
Andréia Peruzzo, marketing da Vipal, diz que o mercado de recapagem de pneus agrícolas em função da grande durabilidade de pneus recondicionados. “A durabilidade pode chegar a 80% do tempo de vida de um pneu novo”, garante.
Roland Rieger
Novidades
Aldívio Strasser
Paulo Centeno
Paulo Centeno, diretor da Baldan, garante que a empresa estará ampliando sua participação no mercado sulcroalcooeiro, com produtos que contemplem diversas fases do cultivo da cana-de-açúcar. Hoje a empresa já exportaHugo paraScheid diversos países da América Central.
O diretor geral da Stihl no Brasil, Harry Grandbert, e o diretor financeiro, Léo Maldaner, visitaram a Expodireto 2005, onde acompanharam de perto as demonstrações no estande e as dinâmicas de roçadeiras e motosserras.
Harry Grandbert e Léo Maldaner
Crescimento
Novos rumos Henésio Stumpf assumiu recentemente a gerência de planejamento comercial da Kepler Weber. “O desafio é buscar novos mercados, novos produtos e segmentos, além de oportunidades para garantir o crescimento da empresa”, garante.
Repetindo o que aconteceu no Show Rural da Coopavel, a Goodyear destinou o valor arrecadado com a venda de produtos de sua grife, durante a Expodireto, à uma instituição que atende homens e mulheres idosos na cidade de Não-Me-Toque (RS). Wanderley Marroni, supervisor de vendas e serviços de pneus agrícolas, também está muito otimista com a aceitação do primeiro pneu radial agrícola Wanderley Marroni produzido no Brasil.
Nilson Schermer, Executivo Comercial da Fockink, considerou bom o desempenho do setor de irrigação em 2004 e acredita que 2005 novamente seja promissor para o setor.
04
Máquinas
Joseane Dias
Perspectivas Joseane Mendes Dias, supervisora de marketing da Fankhauser, fez balanço positivo de 2004 e prevê bons resultados para este ano no setor de plantio.
Entusiasmo A direção da Vence Tudo mostrou entusiasmo durante a Expodireto 2005. Com dois novos produtos no mercado, a empresa comemora os números dos últimos anos e aposta forte nas vendas para a safra 2005/06.
Edla Pavan
Nova cara
Nilson Schermer
Desempenho
Ricardo Anadón, gerente de vendas da Mercosul Firestone, comemorou os números obtidos com as vendas de pneus no Show Rural da Coopavel e na Expodireto. “Apesar do momento que a agricultura está passando, o setor de pneus está superando as expectativas”, explica.
Visita
Social Andréia Peruzzo
Ricardo Anadón
Bons resultados
Daniel White e Jorge Barboza, sócios-diretores da Servspray, estão esbanjando entusiasmo com o lançamento do novo Gafanhoto, que está com design mais moderno. “Através de testes comparativos, nós podemos afirmar que hoje a Servspray fabrica os melhores pulverizadores automotrizes do Brasil”, garante Daniel. “A proposta é oferecer aos clientes não só a qualidade dos produtos, mas também conDaniel White e Jorge Barboza ceitos que valorizem sua vida”, finaliza Jorge.
www.cultivar.inf.br
Futuro A Montana promete novidade para os próximos meses na sua linha de autopropelidos. Segundo Edla Pavan, gerente de marketing, a empresa está aumentando sua linha de máquinas de grande porte, carro-chefe da empresa nos últimos anos.
Março 2005
Máquinas Maquinas manutenção
Controlando a corrosão Fotos João Paulo R. da Cunha
Apesar de bastante comum, corrosão em implementos e máquinas agrícolas pode ser evitada com medidas simples e bastante eficazes
estiver na presença de umidade, haverá a dissolução de sais ou gases e os circuitos se fecharão, desencadeando o processo de corrosão, como em uma pilha galvânica. A reação de oxidação pode ocorrer mesmo com baixa umidade relativa do ar, no entanto, sua intensidade está relacionada diretamente à maior disponibilidade de oxigênio e água. Como visto, é necessária a presença de pontos com potenciais elétricos diferentes. No caso específico de uma peça de aço, em virtude da presença de impurezas, de elementos de liga ou de tratamentos térmicos, é possível encontrar esses pontos, que serão os eletrodos positivos e negativos responsáveis pelo processo. No entanto, se houver a presença de outro metal (principalmente eletropositivos, como chumbo, cobre e estanho) em contanto com o aço, a corrente elétrica pode-se tornar mais elevada, aumentando seu processo de corrosão. Outra forma de corrosão, também encontrada no meio rural, é a chamada corrosão por ação direta. Essa ocorre quando o metal está diretamente em contato com substâncias que o atacam. A prevenção e o controle são específicos para cada caso e geralmente envolvem a limpeza e proteção da superfície-alvo.
AÇO E FERRO FUNDIDO Dois materiais constantemente empregados para construção de máquinas agrícolas são o aço e ferro-fundido. O aço é uma liga metálica constituída basicamente de ferro e carbono, variando este último de 0,008% até 2%, apro-
A
corrosão atmosférica dos metais se dá tanto por corrosão química (seca) como eletrolítica (úmida). A primeira é de menor intensidade e ocorre quando uma superfície metálica é colocada na presença de um gás, como o oxigênio. Forma-se uma camada de óxido sobre o metal, que, se for removida por algum procedimento, levará à continuação do processo e, por conseguinte, à redução progressiva da espessura do metal. Essa
06
Máquinas
oxidação, em geral, se dá de forma lenta em temperaturas usuais de ambientes. Entretanto, em alguns metais, a corrosão é rápida, mas acontece um interessante fenômeno: a camada de óxido formada na superfície isola o oxigênio e impede a continuação do desgaste. Com relação à corrosão eletroquímica, geralmente, o processo é mais agressivo. Em uma superfície metálica, existem pequenas regiões com potenciais elétricos diferentes. Se o metal
www.cultivar.inf.br
Uma maneira eficaz de evitar a corrosão é recobrir a peça com tinta ou esmalte
Março 2005
“A prevenção e o controle são específicos para cada caso e geralmente envolvem a limpeza e proteção da superfície-alvo”
ximadamente. Já o ferro-fundido apresenta uma quantidade maior de carbono, geralmente até 4,5%, o que o torna mais duro, no entanto, mais quebradiço e menos dúctil. Em máquinas agrícolas, é comum a utilização de peças com alto teor de carbono (C=0,50%), que apresentam grande resistência ao desgaste. O aumento do teor de carbono constitui maneira econômica para aumentar a resistência mecânica nos aços, no entanto, esse aumento compromete a soldabilidade da peça e diminui a resistência à corrosão atmosférica. Portanto, cuidado redobrado deve ser tomado com peças com teor de carbono mais elevado.
PROTEÇÃO Há várias formas de se proteger uma superfície metálica contra a corrosão. De forma simplificada, essa proteção deve evitar o contato direto da peça com o oxigênio e a água. Entre as principais medidas para minimizar a corrosão, têm-se: • Recobrimento da peça com uma fina camada de um metal protetor: banho da peça em um metal em fusão (galvanização); metalização pela aplicação de finíssimas partículas do metal protetor por meio de pistola a ar comprimido; e processos de recobrimento eletroquí-
A colocação das máquinas agrícolas em local inapropriado acelera o processo de corrosão
mico (cromagem). • Modificação da estrutura superficial da peça por meio de processos termoquímicos. • Recobrimento da peça por pintura, utilizando-se tintas, vernizes ou esmaltes. O revestimento com óleo, graxa, cera e pa-
rafina é prática muito comum em oficinas para proteger máquinas e ferramentas. Essa operação baseia-se na aplicação de revestimento não metálico, mau condutor de corrente elétrica, que atuará como uma barreira. Sua eficiência dependerá de sua aderência à superfície metá-
“Não há um ensaio unificado de corrosão para todos os materiais, pois são variados os objetivos e as determinações que se podem ter em mente para executar tal ensaio”
Fotos João Paulo R. da Cunha
João Paulo explica como evitar a corrosão de máquinas
lica e de sua porosidade. Vale ressaltar que, antes da aplicação de qualquer processo de proteção, é necessário promover uma cuidadosa limpeza da superfície. Isso permitirá maior qualidade da proteção e também reduzirá a presença de materiais que poderão acentuar a corrosão.
ENSAIOS DE CORROSÃO Não há um ensaio unificado de corrosão para todos os materiais, pois são variados os objetivos e as determinações que se podem ter em mente para executar tal ensaio. O ambiente corrosivo pode ser o ambiente natural em que vai trabalhar o metal, ou pode ser um meio mais ativo nos ensaios acelerados de corrosão. No primeiro caso, a dificuldade está ligada ao tempo necessário para a execução e, no segun-
Peças de aço e ferro-fundido sofrem maiores danos ocasionados pela corrosão
do, em relacionar os dados obtidos com as condições reais de trabalho da peça. Avaliações como perda de peso (massa), profundidade de ataque localizado, exame visual e variação de propriedades mecânicas são as mais comuns para determinar o nível de corrosão. Em laboratórios, no entanto, podem-se realizar ensaios de maior precisão: mudança de resistência
elétrica, quantidade de oxigênio liberada, medidas ópticas para determinar perda de brilho, medidas eletroquímicas da estabilidade de um filme inibidor de oxidação, M dentre outros. João Paulo Rodrigues da Cunha e Elton Fialho dos Reis, Universidade Estadual de Goiás
O que é corrosão?
A
s pessoas têm as mais diversas respostas para “o que é corrosão”. Algumas dizem que é oxidação ou ferrugem, outras dizem que é um ataque químico, enquanto alguns dizem que é um fenômeno elétrico. Cada uma dessas respostas é parcialmente verdadeira. Excetuandose alguns tipos não usuais de corrosão, como a bacteriana ou a por ataque químico direto, pode-se dizer que a corrosão é, basicamente, um conjunto de alterações físico-químicas que uma substância sofre pela ação de determinados agentes da natureza. Na prática, o termo foi apropriado para designar desgaste provocado pela ação química ou eletroquímica espontânea de agentes do ambiente. Os metais em geral, à exceção de poucos, como o ouro e a platina, sofrem normalmente modificações químicas em sua superfície quando expostos ao ambiente e à umidade. Resultam tais alterações do ataque de alguns elementos contidos na atmosfera ou
08
Máquinas
na água. Conforme a espécie do metal e a composição do ar ou da água, dá-se a formação de óxidos, hidróxidos, carbonatos e outros, que corroem a superfície da peça em camadas sucessivas. Assim, por exemplo, a chamada ferrugem refere-se ao óxido de ferro. Os metais são sensíveis à corrosão em maior ou menor grau, dependendo da sua natureza química e do ambiente em que se encontram. Os metais são encontrados na forma de minérios, ou seja, de óxidos e de sais. Para sua transformação em metais, esses óxidos e
www.cultivar.inf.br
sais necessitam de grande quantidade de energia. Quanto mais energia for empregada nessa transformação, maior será a tendência de o metal voltar para a sua forma primitiva (óxido ou sal), que é mais estável. Este é o mecanismo básico da corrosão. Trata-se de um processo espontâneo e contínuo, podendo ser entendido como o inverso da metalurgia (conjunto de tratamentos físicos e químicos a que se submetem os minérios para se extraírem os metais, devidamente purificados e beneficiados) (Dias, 2002).
Março 2005
Combustível rastreabilidade
Tanque cheio Desenvolvido para agilizar o abastecimento das frotas e evitar desvios de combustível, o sistema Controle Total de Frotas BR, da Petrobras, ganha uma versão móvel, para ser utilizada em propriedades rurais no controle de frotas agrícolas
C
om a estabilização dos índices de inflação, após o advento do Plano Real, tornou-se imperioso que os controles de custos ficassem mais apurados do que nunca. Como não é mais possível repassar para os preços a ineficiência, torna-se necessário, cada vez mais, que se tenham à mão todos os custos, para que se possam eliminar desperdícios e, desta forma, maximizar as margens de lucro. É de conhecimento geral que o com-
10
Máquinas
bustível desempenha papel fundamental nos custos das empresas. Frotistas e agricultores têm bastante consciência de quanto esse item influencia os seus custos. Podemos afirmar que muitas empresas e produtores rurais ainda controlam, de forma bastante primitiva e falha, os seus gastos com combustíveis. Os controles são manuais; motoristas levam dinheiro em espécie para abastecer os veículos; não se tem noção exata do consumo de cada veículo, pois fica sob respon-
www.cultivar.inf.br
sabilidade dos motoristas e dos postos de abastecimento a total responsabilidade pelo gerenciamento do combustível gasto. Não é incomum o empresário descobrir que está sendo lesado, por má fé ou por descontrole. A Petrobras Distribuidora S/A, a BR, desenvolveu o CTF BR (Controle Total de Frotas BR). Com o CTF BR, os veículos são equipados com dispositivos chamados UVE (Unidades de Veículo). Esses dispositivos, ligados ao odômetro,
Março 2005
“Quando um veículo credenciado se posiciona para abastecer, as antenas do veículo e da bomba se comunicam, liberando o abastecimento”
Fotos Divulgação
e horário do abastecimento, leitura do odômetro, tipo e volume do combustível abastecido, valor e data do débito são transmitidos eletronicamente para a Central de Processamento, com total segurança e sem intervenção humana. Na Central de Processamento os dados são auditados antes do envio à frota. Os débitos são programados conforme acordo estabelecido na negociação livre de preços e prazos feita diretamente com os postos credenciados Petrobras (ou com a própria Petrobras no caso de posto de abastecimento interno) através do site CTF BR na internet (www.ctfbr.com.br). No dia seguinte, acessando o site, podem-se acessar os relatórios de abastecimento, de débitos etc. Esses relatórios podem, também, estar disponíveis em formatos Excel ou de texto e ser integrados aos sistemas de gerenciamento ou manutenção interna. O abastecimento é interrompido no momento em que o bico da bomba se afasta da boca do tanque, e o motorista pode seguir viagem sem ter que preencher ou assinar qualquer documento. Da mesma forma, os pagamentos são feitos por transferência automática de fundos através de banco credenciado. O processo de funcionamento do CTF BR é, portanto, totalmente automatizado, não recebendo alimentação de informações ou manipulação humana em nenhum momento.
CTF MÓVEL BR Com o sucesso do CTF BR para frotas urbanas e rodoviárias, a Petrobras,
pensando no enorme mercado agrícola do país, desenvolveu pioneiramente o CTF Móvel BR. Esse sistema se destina a controlar o abastecimento de combustíveis, realizado através de caminhões-abastecedores, especialmente adaptados com tanques de combustíveis e bombas medidoras, para abastecimento de tratores, colhedoras, caminhões, máquinas estacionárias etc, utilizados no setor agrícola. Instala-se, em cada uma das bombas a ser controlada pelo CTF Móvel BR, no caminhão-abastecedor, um MRFC (Mini Register Flow Controller). Nos equipamentos móveis e/ou máquinas estacionárias, é instalada uma UID (Unidade Identificadora). O sistema é operado através de um terminal portátil, alimentado por bateria, denominado POS CTF BR. Durante a operação, no caminhãoabastecedor, utiliza-se uma impressora portátil, alimentada por bateria, denominada Fipem. No escritório, instala-se um modem para transmissão dos registros do abastecimento à Central CTF BR. Neste momento, a impressora Fipem deve ser utilizada no escritório para impressão do relatório de comunicação.
COMO FUNCIONA O SISTEMA O operador do caminhão-abastecedor aproxima o terminal portátil do bocal do tanque a ser abastecido, onde se encontra a antena, que se comunica com a unidade identificadora. A seguir, o próprio terminal verifica se o equipamento não está bloqueado para abastecimento. Se não, libera-se o sinal para que o operador dê seqüência ao abastecimento. Cultivar
armazenam todas as informações sobre o veículo. Os postos de abastecimento (internos ou externos), por sua vez, são dotados de antenas nos bicos das bombas e de uma RFC (Unidade Controladora). Quando um veículo credenciado se posiciona para abastecer, as antenas do veículo e da bomba se comunicam, liberando o abastecimento. A Unidade de Veículo passa para a Unidade Controladora as informações relativas ao abastecimento. Ao término da operação, os dados são armazenados automaticamente nos equipamentos instalados no posto de abastecimento (interno ou externo). Informações tais como: nome do posto, data
Março 2005
Sem um método seguro, as fraudes no abastecimento ainda são práticas comuns
www.cultivar.inf.br
Máquinas
11
“A Petrobras disponibiliza demonstração prática do equipamento, que pode ser agendada com a área comercial da empresa”
Através do bico da bomba, o terminal comunica-se com o MRFC, que, identificando o equipamento através da sua UID, libera a bomba para o abastecimento. Se o MRFC não identificar mais a
UID daquele equipamento (o operador afastar o bico da antena que está na boca do tanque, tentando abastecer um veículo não-cadastrado ou um recipiente vazio), o abastecimento se interrompe imediatamente. Não há, portanto, como
Sistema vai permitir 30% de economia
U
m exemplo do uso do sistema Controle Total de Frotas é o caso da Usina Coruripe, maior empresa de produção de açúcar a álcool de Alagoas, que pretende economizar R$ 210 milhões em combustível. Dos 340 veículos e máquinas de sua frota, 80% trabalham na lavoura de cana, no município de Coruripe. A empresa, pioneira no abastecimento móvel de máquinas e veículos rurais, já utilizava um sistema informatizado para controlar o gasto com combustível. Mas, ainda assim, a usina calculava uma margem de erro de 30% do valor destinado ao abastecimento. Ou seja, dos R$ 700 milhões gastos anualmente com o abastecimento de diesel e álcool, R$ 210 milhões eram considerados resultado de má administração e falta de um sistema eficiente de controle. Para acabar com esse prejuízo, a empresa adotou o CTF Móvel. Na opinião de Leôncio Barbosa Monteiro, supervisor-chefe de Manutenção Preventiva da empresa, o total controle da operação de abastecimento irá otimizar os custos e identificar as fraudes. “Como o combustível agora só poderá ser libera-
do por um dispositivo automático, e não pelos frentistas ou trabalhadores do campo, será impossível qualquer tipo de desvio”, afirma. Monteiro explica que, como os caminhões e máquinas trafegam praticamente 24 horas por dia em áreas extensas e distantes da fábrica, os chamados “cabritos” – fraudes no processo de abastecimento – são práticas ainda muito comuns nesse setor. Por isso, para ele, “o diferencial do sistema é a ausência de intervenção humana, que está sempre sujeita a erros”. Por meio de dispositivos instalados no bico da bomba dos caminhões-comboio, o combustível só é liberado depois que o sistema detecta o banco de dados da empresa. Atualmente, a Usina Coruripe está em fase de conclusão da instalação do equipamento, que atuará conjuntamente ao antigo sistema. Com um consumo médio de 600 mil litros de diesel e de 20 mil litros de álcool por mês, a Usina pretende abater os custos com o abastecimento, profissionalizar a administração e ainda desenvolver novas estratégias de gestão para a empresa.
abastecer equipamentos não cadastrados ou desviar combustível para outros fins. Terminando o abastecimento, o MRFC se prepara para transmitir a litragem e outros dados relativos ao equipamento (médias, hora-máquina do abastecimento etc). O operador aproxima o terminal do bico da bomba, mesmo não havendo abastecimento, e aciona o comando de finalização do abastecimento. Os dados recebidos do MRFC são armazenados no terminal (POS CTF BR). Os abastecimentos poderão, então, ser impressos por uma impressora Fipem no caminhão ou no escritório; um a um ou em grupo. Os registros, relativos aos abastecimentos efetuados pelo POS CTF BR, serão enviados via modem e linha telefônica discada pública para a central CTF BR de abastecimento. Na mesma linha telefônica, o POS CTF BR ajusta o seu relógio e o cadastro de bloqueio de equipamentos. Somente com o bico da bomba, dentro do bocal do tanque do veículo cadastrado, é que se inicia o abastecimento.
GANHOS COM A INSTALAÇÃO DO SISTEMA Com a instalação do sistema, é possível se ter economia de volumes consumidos, devido aos controles permitidos pelo sistema; economia de pessoal e de material, pois o gerenciamento da frota passa a ser automatizado; melhoria do gerenciamento da manutenção preventiva e corretiva através do controle de quilometragem, horas e consumo do equipamento; dispo-
12
Máquinas
www.cultivar.inf.br
Março 2005
Fotos Divulgação
Com o sistema, a bomba só abastece quando detecta o sensor instalado no tanque das máquinas
nibilidade de dados confiáveis dos abastecimentos; fim de desvios de combustível, uso de vales e adiantamentos para paga-
mentos de abastecimentos. Em locais onde o CTF BR foi implantado, evidenciou-se economia de combustível de até 30%. A Petrobras disponibiliza demonstração
prática do equipamento, que pode ser agendaM da com a área comercial da empresa. Marcos Thadeu G. Lobo, Petrobras Distribuidora S/A
Irrigação filtros
Água limpa O uso de filtros apropriados é de fundamental importância para garantir sobrevida e desempenho satisfatórios aos componentes do sistema de irrigação, por isso é necessário escolher com cuidado o filtro certo de acordo com a as características da água e do equipamento utilizados
D
urante muitos anos, a maior preocupação da agricultura irrigada no Brasil esteve ligada à disponibilidade de água para a irrigação, ou seja, à quantidade desse recurso. Com o advento de novas tecnologias e sistemas de irrigação, em especial os de irrigação localizada (gotejamento e microaspersão), a qualidade da água passou a ser, em muitas regiões do país, o fator limitante para a implantação de novos projetos de irrigação. Além disso, com o desenvolvimento industrial e o expressivo crescimento populacional, aumentou também a competição pelo uso da água. Como os abastecimentos doméstico e industrial têm prioridade de uso desse recurso, garantida pela Constituição Brasileira, as fontes de melhor qualidade lhes são destinadas, restando para a agricultura irrigada o consumo de águas de pior qualidade.
Cabeçal de controle com filtros de areia
14
Máquinas
Na irrigação, a água de boa qualidade deve produzir melhores resultados e causar menores danos às culturas, aos solos e aos equipamentos de irrigação. Impurezas presentes na água, das mais diversas origens, conferem a ela propriedades físicas, químicas e biológicas, boas ou más, que merecem um estudo particular para cada caso. Em virtude das características e concentrações de partículas em suspensão presentes na água de irrigação, existe a necessidade, em menor ou maior grau, de tratamento físico e/ou químico da água. A filtração é um tratamento físico da água que visa à remoção dos sólidos em suspensão e dissolvidos no meio, tais como areia, silte, argila, algas, sais, entre outros. A remoção dessas partículas da água garante maior vida útil aos equipamentos de irrigação e melhor desempenho do sistema, constituindo-se, dessa forma, em estratégia fundamental para redução dos custos de manutenção, de troca de equipamentos de irrigação e para o aumento de produção e receita. Os sistemas de irrigação localizada re-
querem, obrigatoriamente, sistemas de filtração da água como tratamento mínimo da água de irrigação. Todos os emissores utilizados em irrigação localizada são passíveis de entupimento por agen-
Sistema de filtros de areia (esq.) e filtros de areia (dir.)
www.cultivar.inf.br
Março 2005
“Na irrigação, a água de boa qualidade deve produzir melhores resultados e causar menores danos às culturas, aos solos e aos equipamentos de irrigação”
Fotos Marconi Batista
tes físicos, químicos e biológicos presentes na água, devido ao pequeno diâmetro dos mesmos (Ravina et al., 1992). O entupimento, por sua vez, promove diminuição da uniformidade de distribuição de água às plantas, causando queda de produtividade e, conseqüentemente, diminuição de receita. A Tabela 1 apresenta os principais elementos que podem promover o entupimento de emissores. O material suspenso na água pode também promover, por abrasão, o entupimento de tubulações e danificar diversos componentes do sistema de irrigação, como rotores de bombas, bocais de aspersores, dispositivos para controle de vazão e pressão e engate de tubulações (Soccol, 2003). Dessa forma, mesmo os sistemas de irrigação por aspersão e por superfície também estão sujeitos aos riscos potenciais do uso de água de má qualidade e, em situações extremas, devem
Março 2005
adotar o uso de filtros. A escolha do sistema de filtração deve ser norteada pela qualidade da água disponível para irrigação, por características próprias dos emissores de cada sistema de irrigação, bem como pela pressão e vazão do sistema, necessidade de limpeza e perda de carga que acarreta. É importante frisar que não existe um método que garanta, com toda a segurança, que os riscos potenciais de entupimento de emissores sejam eliminados. No entanto, o uso de filtros apropriados é de fundamental importância para garantir sobrevida e desempenho satisfatórios aos equipamentos e componentes do sistema. A qualidade da água é fortemente influenciada pelas condições climáticas, variando substancialmente ao longo do ano. A temperatura, por exemplo, afeta a formação de precipitados e o desenvolvimento de algas, bactérias e microorga-
www.cultivar.inf.br
nismos em geral. Dessa forma, deve-se considerar, para escolha do sistema de filtração, a situação mais crítica, em que a água apresenta a pior qualidade. A Tabela 2 apresenta uma classificação do risco de entupimento de emissores em função de diversos parâmetros de qualidade da água. Quando a água apresenta risco severo de entupimento de emissores devido à concentração de sólidos suspensos, deve-se optar pela instalação de um préfiltro. Os pré-filtros mais utilizados em sistemas de irrigação são os decantadores e hidrociclones. Os primeiros devem ser instalados antes do ponto de sucção da água para o sistema e ser dimensionados em função das características físicas (diâmetro e densidade) das partículas a serem removidas. Já os hidrociclones, embora pouco utilizados no Brasil, são componentes eficientes, que chegam
Máquinas
15
“A filtração da água de irrigação é usualmente feita com filtros de areia, tela ou disco, isoladamente ou em associação”
Valmont
Cuidados
T
Sistema de filtros com retrolavagem, muito usado nos EUA, para aumentar a vida útil dos equipamentos e evitar entupimento e desgastes dos reguladores de pressão
16
Máquinas
interior do meio filtrante, de forma que a água passa sem ser efetivamente filtrada. Recomenda-se que a limpeza do filtro, através de inversão do fluxo da água em seu interior, seja feita a partir da água filtrada por outro filtro. Assim, é recomendado que sejam instalados dois ou mais filtros em paralelo para filtração da água. A retrolavagem em filtros de areia pode ser totalmente automatizada, procedendo-se a limpeza assim que a perda de carga, medida por sensores diferenciais de pressão, ultrapassa o valor programado. Esse controle também pode ser de-
terminado pelo tempo, caso haja problemas de medida dos sensores. Como não há recomendações dos fabricantes de gotejadores e microaspersores quanto ao grau requerido de filtração da água, na prática, recomenda-se a retenção de partículas com diâmetro de até 5 a 10 vezes menor que o diâmetro de microaspersores e gotejadores, respectivamente. Embora essas partículas sejam algumas vezes inferiores ao diâmetro dos emissores, elas podem-se agrupar formando unidades de diâmetro capazes de obstruí-los, especialmente na presença de material orgânico. O tama-
Marconi Batista
a remover até 98% das partículas de diâmetro superior a 100µm ( ou 0,100 mm), e são instalados no cabeçal de controle do sistema (Soccol, 2003). A perda de carga nos hidrociclones varia de 3 a 7 mca e, diferentemente dos filtros, não varia ao longo do tempo. Os pré-filtros só eliminam as partículas mais densas que a água (Pizarro, 1996). A filtração da água de irrigação é usualmente feita com filtros de areia, tela ou disco, isoladamente ou em associação. Os filtros de areia são recomendados para remoção de algas, matéria orgânica em geral e partículas finas em suspensão na água. São constituídos por tanques metálicos, preenchidos por uma camada de areia com espessura entre 40 e 60 cm, de diâmetro efetivo adequado para remover as partículas em suspensão na água. À medida em que há retenção das partículas presentes na água nos poros do meio filtrante, ou seja, à medida em que os espaços vazios do filtro vão sendo preenchidos, aumenta-se a resistência à passagem da água pelo filtro. Dessa forma, a perda de carga eleva-se de 1 a 2 m.c.a., no filtro limpo, até 4 a 6 m.c.a., atingindo o ponto ideal para se efetuar a limpeza do filtro. Portanto, os filtros de areia devem conter manômetros para medida da perda de carga. Se a perda de carga no filtro atingir valores muito altos, perdese eficiência de filtração e pode haver a formação de caminhos preferenciais no
odos os sistemas de irrigação necessitam de manutenção constante como forma preventiva de evitar que muitos fatores venham contribuir para reduzir a qualidade da irrigação. Na irrigação localizada, a filtragem torna-se uma prática essencial ao bom funcionamento do sistema. Existem vários tipos de filtros, como de areia, tela e disco. A escolha do filtro a ser utilizado é baseada no diâmetro da abertura do emissor, na qualidade da água de irrigação, na vazão do sistema e na perda de carga no filtro.Os filtros devem ser limpos (retrolavados), quando a perda de carga ultrapassar um valor máximo recomendado pelo fabricante, geralmente de 0,2 a 0,4 mca. Dentre os diversos tipos disponíveis atualmente no mercado, vários sistemas de filtragem já possuem um sistema automático de retrolavagem.
Os filtros de areia são recomendados para remoção de algas, matéria orgânica e partículas finas
www.cultivar.inf.br
Março 2005
“Os filtros de areia devem ser instalados no início do cabeçal de controle, para garantir que os demais componentes tenham desempenho satisfatório”
Tabela 1 - Elementos físicos, químicos e biológicos que produzem obstruções nos sistemas de irrigação localizada Físicos (Sólidos em Suspensão) 1 - Partículas inorgânicas (a) Areia (b) Silte (c) Argila (d) Plástico 2- Partículas orgânicas (a) Plantas aquáticas (fitoplancton/algas) (b) Animais aquáticos (zooplancton) (c) Bactérias
Químicos (Precipitação) 1 - Carbonatos de Ca e Mg 2 - Sulfato de Ca 3 - Metais pesados nas formas (a) hidróxidos (b) carbonatos (c) silicatos (d) sulfetos 4 - Óleos ou outros lubrificantes 5 - Fertilizantes (a) Fosfato (b) Amônia líquida (c) Fe, Cu, Zn e Mn
nho das partículas que podem atravessar o filtro, por sua vez, é da ordem de 1/10 a 1/12 do diâmetro efetivo da areia. Assim, uma areia com 0,75 mm pode reter partículas de diâmetro superior a 0,075 mm. Outro aspecto de fundamental importância para dimensionamento de filtros de areia é a velocidade ou taxa de filtração da água que deve ser admitida no projeto. Em geral, recomenda-se que essa velocidade seja em torno de 60 m/h, o que corresponde a uma vazão de 60 m3/h por metro quadrado de seção do filtro. Dessa forma, em função da vazão total de projeto e do diâmetro dos emissores, determina-se a área total de filtragem necessária e, conseqüentemente, a quantidade e o diâmetro dos filtros a serem utilizados. Para a realização deste cálculo, a vazão de projeto deve ser acrescida em 20% como fator de segurança. Os filtros de areia devem ser instalados no início do cabeçal de controle, para garantir que os demais componentes tenham desempenho satisfatório. Outro tipo de filtro amplamente utilizado em irrigação localizada é o filtro de tela. Esse é recomendado como tratamento mínimo da água de irrigação, sendo, entretanto, pouco eficiente para águas com considerável presença de algas. Nessa situação é recomendável que o filtro de areia seja instalado no início do cabeçal de controle, e o filtro de tela, no final, garantindo a retenção de partículas em suspensão que tenham passado pelo filtro de areia precipitados químicos que possam vir a se formar, caso seja realizada a fertirrigação, permitindo, assim, que o filtro de tela funcione como um filtro de segurança. A recomendação é de que o filtro para irrigação localizada apresente malha de 100 a 200 mesh. O critério recomendado para escolha da malha do filtro é o de que o tamanho de seus orifícios deve ser 1/7 dos diâmetros dos gotejadores e 1/5
18
Máquinas
Biológicos (Bactérias e Algas) 1 - Filamentos 2 - Lodo 3 - Depósitos microbianos (a) Ferro (b) Enxofre (c) Manganês Fonte: Bucks & Nakayama (1986)
do diâmetro dos microaspersores (Pizarro, 1996). A Tabela 3 contém a relação entre diâmetros dos emissores, tamanho da abertura dos poros e número mesh da malha. A perda admissível de carga em filtros de tela é de 1 a 3 mca, quando limpos, e de 4 a 6 mca, quando a retrolavagem se faz necessária. A retrolavagem pode ser realizada manualmente, retirando-se o elemento filtrante do interior do filtro e limpando-o com um jato de água limpa ou mediante um sistema automatizado. A velocidade da água nos filtros de tela deve estar entre 0,4 e 0,6 m/s, correspondendo a uma taxa de filtração de 1.440 a 2.160 m 3/h por metro quadrado de área líquida efetiva do elemento filtrante. Para escolha do tamanho do filtro e do número de filtros necessários, deve-se acrescer em 20% a vazão de projeto. Os filtros de disco, assim como os de tela, são considerados filtros de malha. Possuem a forma cilíndrica, constituindo-se de um recipiente metálico ou plástico com elemento filtrante formado por anéis estriados, empilhados ao redor de
um cilindro telescópico. O elemento telescópico é de fácil limpeza, pois, quando abertos, os discos se soltam e podem
Os filtros de disco e de tela são considerados filtros de malha
www.cultivar.inf.br
Março 2005
Charles Echer
Fotos Divulgação
Autores alertam para importância da escolha da quantidade e do tipo de filtro necessários
A filtragem nos filtros de disco acontece em dois estágios: a superfície externa do elemento filtrante opera como um filtro de tela e retém as partículas maiores, enquanto as ranhuras no interior dos discos permitem a adesão das partículas mais finas, especialmente às de origem orgânica. A escolha do tamanho e da quantidade de filtros de disco necessários para os sistemas de irrigação segue os mesmos critérios que os utilizados na escolha dos filtros de tela. A escolha do sistema de filtração da água para irrigação que melhor atende às particularidades de cada projeto passa por múltiplos aspectos que devem ser incluídos numa análise técnica, operacional e econômica responsáveis, realizada por um técnico capacitado. Um bom sistema de filtração da água garantirá ao produtor desempenho pleno do sistema de irrigação como um todo, contribuindo para uma maior rentabilidade de sua produção M e longevidade dos equipamentos. ser facilmente lavados em um jato de água corrente. As perdas de carga admissíveis nesses filtros são idênticas às dos filtros de tela (Airoldi, 2003).
Rogério P. S. Airoldi, Marconi Batista Teixeira, Tarlei Ariel Botrel e Rubens Duarte Coelho, Esalq/USP
Tabela 2 - Risco potencial de obstruções segundo a qualidade da água de irrigação Risco
Tipo de problema Físico Sólidos em suspensão (ppm) Químico pH Sólidos dissolvidos (ppm) Mn (ppm) Ferro Total (ppm) SH2 (ppm) Biológico Bactérias (nº/mL)
Baixo
Médio
Alto
< 50
50 a 100
>100
< 7,0 < 500 < 0,1 < 0,2 < 0,2
7,0 a 8,0 500 a 2.000 0,1 a 1,5 0,2 a 1,5 0,2 a 2,0
> 8,0 > 2.000 > 1,5 > 1,5 > 2,0
< 10.000 10.000 a 50.000 > 50.000
Fonte: Bucks & Nakayama (1986)
Tabela 3 - Recomendação da malha de filtros de tela em função do diâmetro de emissão Diâmetro do emissor (mm) 1,25 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 Fonte: Pizzarro (1996)
Malha Tamanho do orifício (ìm) 178 143 128 114 100 86
N° de mesh 80 115 115 150 170 200
Plantadoras cana-de-açúcar
Fotos Civemasa
Inovação no sulco
Assim como aconteceu com a colheita, o plantio mecanizado da cana-deaçúcar vem sendo cada vez mais aprimorado no Brasil, trocando o sistema manual pelo mecanizado
A
cultura da cana-de-açúcar, ao longo dos anos, encontrou no Brasil um vasto campo para pesquisas e desenvolvimento, desde o melhoramento de variedades até a implantação de
sistemas de co-geração de energia. Dentro desse contexto, a mecanização das operações agrícolas da produção da cana é uma das áreas que mais se destacam, tornandose imprescindível para atender toda a de-
Tombamento da crotalária e abertura de sulco em área de reforma do canavial
20
Máquinas
www.cultivar.inf.br
manda de abastecimento do setor sucroalcooleiro. Em meados dos anos 50, já havia preocupação com a mecanização da cultura em função da disponibilidade irregular da mãode-obra e da busca por redução de custo; os investimentos, no entanto, concentraramse na operação da colheita. Mas somente na década de 70, época de grande expansão da cultura no Brasil por conta da abertura de novas fronteiras agrícolas e, principalmente, da criação do Proalcool - programa do governo que incentivava a produção de álcool combustível em larga escala - surgiram colhedoras propriamente ditas, que, até os dias de hoje, encontram-se em processo de aperfeiçoamento. Com a mecanização do plantio, algo parecido está ocorrendo e pelos mesmos motivos. Apesar de a tecnologia do plantio me-
Março 2005
“Em meados dos anos 50, já havia preocupação com a mecanização da cultura em função da disponibilidade irregular da mão-de-obra e da busca por redução de custo”
canizado ser mais recente no país, pouco mais que 20 anos, os investimentos em inovações tecnológicas, por parte de empresas fabricantes de equipamentos da linha canavieira, estão proporcionando máquinas cada vez mais aprimoradas aos produtores de cana.
MODELOS DE PLANTADORAS No mercado brasileiro existiam, até então, dois modelos básicos de máquinas para plantar cana: a plantadora semi-mecanizada de terceiro ponto e a plantadora de cana picada. A primeira usa muda da cana inteira e depende muito da habilidade e responsabilidade dos trabalhadores que a operam, para efetuar um plantio de boa qualidade. Já a plantadora de cana picada planta mudas colhidas por colhedoras automotrizes, que costumam provocar danos nas gemas em função das várias operações em que os toletes passam. Inovações tecnológicas que tragam benefícios agronômicos e provoquem redução de custo desta operação são sempre necessárias e bem vindas. Um novo modelo de plantadora de cana, portanto, acaba de ser
Março 2005
Plantadora semi-automática, abastecida com mudas inteiras, necessita de trabalhadores para alimentar os picadores
disponibilizado ao mercado pela empresa Civemasa Implementos Agrícolas Ltda., de Araras (SP). A plantadora semi-automática foi desen-
www.cultivar.inf.br
volvida com o intuito de otimizar ainda mais a operação do plantio, proporcionando maior capacidade operacional e mais qualidade no trabalho, pois alia o que há de melhor no
Máquinas
13
“Os toletes são distribuídos nos sulcos por um sistema de esteiras e taliscas de borracha de alta resistência”
princípio dos dois modelos citados anteriormente. O novo modelo é composto por duas hastes sulcadoras tipo semiparabólica, com asas reguláveis para espaçamento de plantio de 1,40 a 1,50 m; quatro discos independentes de 18”, equipados com mancais de rolamento de lubrificação permanente com banho a óleo; e dois rolos compactadores oscilantes. Possui uma carreta de arrasto com capacidade de carga para até quatro toneladas de mudas inteiras, dependendo da variedade. Construída em aço de alta resistência e excelente soldabilidade, apóia-se sobre quatro rodas com pneus de alta flutuação em sistema tanden (bitola de 2,9 m), que garantem estabilidade e menor esforço de tração; é também equipada com um cabeçalho para estabilização dianteira da máquina. Dois picadores de mudas, acionados por motores hidráulicos com válvula reguladora de fluxo, cortam a cana em toletes de aproximadamente 38 cm, que são locados em dois reservatórios primários com capacidade de 700 kg cada que, por sua vez, alimentam outros dois secundários com capacidade de 500 kg cada, por meio de rampas basculantes independentes. Os toletes são distribuídos nos sulcos por um sistema de esteiras e taliscas de borracha de alta resistência. A plantadora possui, ainda, duas caixas
Preocupação ambiental
O
utros conceitos também sustentam o crescimento da mecanização nas operações agrícolas e no processo de produção de cana-de-açúcar como a substituição do ser humano em árduas atividades. O manejo da cultura da cana requer operações que exigem do trabalhador grande esforço físico, tanto o plantio como a colheita manual trazem risco para a saúde principalmente no quesito ergonômico, devido à posição desconfortável em que o mesmo tem de trabalhar por longo período. Outra mudança é a exigência do Plano de Eliminação das Queimadas – PEQ de reduzir as emissões de gás carbônico, fumaça e fuligem à atmosfera. A intenção do PEQ para os próximos anos é eliminar totalmente a queima da cana na pré-colheita, já que essa intenção tem encontrado respaldo político, à medida que a demanda por investimentos de capital em outros setores tecnológicos impõe um melhor controle da qualidade do ar.
22
Máquinas
Comparativo de velocidade de trabalho do consumo de combustível e da capacidade operacional entre as plantadoras
www.cultivar.inf.br
Março 2005
Fotos Civemasa
Ao lado, carregamento de uma plantadora semi-automática, acima, plantadora de terceiro ponto em operação
de polietileno para 0,300 m³ de adubo cada, acionadas por motor hidráulico com válvula reguladora de fluxo, e um tanque plástico para 200 l de calda de defensivo, acionado por um motor elétrico.
VANTAGENS Enquanto no plantio convencional (ou manual) uma equipe de 17 a 20 trabalhadores desempenha uma capacidade operacional de cerca de sete hectares por dia; com uma plantadora semi-automática, utilizando apenas seis trabalhadores (quatro para a
alimentar os reservatórios, o operador e o tratorista), a capacidade operacional pode chegar a nove hectares diários, dependendo da logística de plantio. É mais que o dobro da capacidade operacional do modelo semimecanizado de terceiro ponto, pois desenvolve maior velocidade de trabalho, já que diminui, e muito a dependência da alimentação manual de muda, reduzindo o risco de falhas de plantio que, eventualmente, possa ocorrer por descuido dos trabalhadores que alimentam os picadores da plantadora. A utilização do modelo semi-automáti-
“O plantio é a operação mais cara dentro do sistema de produção da cana, por isso é fundamental estar atento às condições climáticas favoráveis à germinação, idade das mudas e manejo de variedades.”
Fotos Civemasa
seticida no fundo (normalmente para controle de cupins que danificam as mudas prejudicando a germinação), distribuição do adubo na quantidade desejada, ordenação adequada dos toletes dentro do sulco, cobertura e compactação suficientes para não deixar “bolsas” de ar (que também prejudicam a germinação). A agilidade dessa operação ganha maior importância em períodos secos, já que a cobertura imediata do sulco evita perda de umidade, dando melhores condições de germinação às gemas.
RESPONSABILIDADE NO PLANTIO Com o plantio mecanizado, é possível plantar cerca de nove hectares por dia com seis pessoas trabalhando
co é mais vantajosa, ainda quando se comparada a plantadora de cana picada, pois a colhedora automotriz que colhe os toletes para abastecimento da plantadora precisa sofrer algumas alterações como o emborrachamento dos rolos picadores, a substituição da chapa expandida por uma lisa, entre outras, para que não provoque maiores danos nas gemas, pois já serão abaladas na transferência do transbordo para a caçamba da plantadora de cana picada. Além disso, como se trata de mudanças demoradas, muitas vezes, quem utiliza esse tipo de plantadora prefere acrescentar no mínimo 20% a mais na quantidade de toletes a serem plantados, para garantir um bom estande da lavoura. Considera-se, também, para tal procedimento, o fato de o tamanho do tolete colhido ser bem menor, tendo, portanto, redução do número de gemas viáveis. Outro problema encontrado por quem opta pela plantadora de cana picada é a retirada de máquinas (colhedoras e transbordos) da frente de colheita de cana para a indústria e, como a tendência é de se plantar cana o ano todo (lançando mão da irrigação nas épocas mais secas), certamente o conflito de período do uso destes equipamentos deve aumentar, pois passarão a se efetuar as duas operações ao mesmo tempo. Utilizando a nova Plantadora Semi-Automática, a possibilidade de se prolongar o Parâmetros
Unidade
Capacidade Operacional Consumo Velocidade de Trabalho Quantidade de Mudas Germinação Redução do Custo*
ha/h l/h Km/h Ton/ha % %
período de plantio ao longo do ano aumenta em função de não necessitar destes equipamentos e, também, de ocupar pouca mão-de-obra, evitando remoção de trabalhadores direcionados às operações de colheita e tratos culturais da soqueira dentro das usinas.
BENEFÍCIOS AGRONÔMICOS A plantadora semi-automática faz todas as operações de plantio ao mesmo tempo: abertura do sulco no solo, aplicação de in-
O plantio é a operação mais cara dentro do sistema de produção da cana, por isso é fundamental estar atento às condições climáticas favoráveis à germinação (umidade disponível ao solo, luminosidade e temperatura adequada), idade das mudas e manejo de variedades. Além disso, como a intenção é de manter a cultura no terreno por pelo menos seis safras, mantendo uma boa média de produtividade, o estabelecimento da lavoura requer um planejamento criterioso, e o uso de um modelo semi-automático aumenta a possibilidade M de sucesso na execução da operação. Engenharia do Produto Civemasa Implementos Agrícolas Lt.
Plantadora Semi-Automática até 0,9 cerca de 12 entre 6 e 8 10 a 12 90 30
* Em relação a manual.
24
Máquinas
www.cultivar.inf.br
Março 2005
Colhedoras adaptações
Colhendo girassol Com algumas adaptações simples, é possível preparar as plataformas de soja e milho para colher girassol, atingindo excelentes níveis de aproveitamento e limpeza das sementes
O
cultivo do girassol no Brasil, aos poucos, vem atraindo produtores devido a suas qualidades relacionadas à versatilidade: capacidade de se adaptar e se desenvolver em diferentes condições; resistência: capaz de produzir com menor quantidade de água, quando comparado às outras culturas; melhoria do solo: das características físicas, biológicas e químicas; eficiência: aumenta a produtividade das culturas, excelente opção para a rotação e consorciação de culturas; produção: de matéria orgânica, micorrizas, flores, mel, silagem, óleo, glicerina...; econômica: baixo custo de implantação e manejo, não compete com a nossa safra principal e vi-
26
Máquinas
abiliza a estrutura industrial no período da entressafra. Mas, o que anda mesmo chamando a atenção das empresas agrícolas é a sua capacidade de produzir óleo, que, dependendo do material genético, pode alcançar até 50% de teor de óleo, uma ótima opção para a indústria alimentícia e fonte de óleo diesel vegetal (biocombustível). A cultura é totalmente mecanizada, da semeadura à colheita. A operação de colheita é uma prática peculiar dentro do sistema produtivo podendo sofrer interferência advinda de vários fatores inter-relacionados, sendo importante caracterizá-los. A uniformidade da lavoura poderá ser influenciada pelas características da cul-
www.cultivar.inf.br
tivar, pela qualidade do processo de semeadura, pelo manejo do solo (variabilidade de fertilidade) e dos restos vegetais. Com relação à planta de girassol, alguns cultivares apresentam um desgrane natural, e nesse caso é necessário um acompanhamento da lavoura para a determinação do ponto ideal de colheita, para dar início à operação, diminuindo a ocorrência do desprendimento de grãos. O peso específico das sementes é menor em relação às outras culturas, e o peso de mil grãos varia de 25 a 90 gramas. A queda das plantas está relacionada à menor resistência ao acamamento do material genético, à incidência de doenças, à profundidade do sistema radicular
Março 2005
“Um auxílio prático para definição do ponto ideal é a análise visual da mudança de coloração da planta, que passa da cor castanho claro a escuro”
Fotos Marcos Roberto da Silva
Detalhe da lavoura antes e depois da colheita, realizada com uma plataforma de milho adaptada
e à nutrição. As plantas daninhas e restos vegetais em excesso e mal manejados poderão interferir na velocidade de avanço da colhedora e no desempenho dos processos de alimentação, trilha e separação. O excesso de chuva e vento poderá influenciar nas perdas, dificultando a entrada das colhedoras, na capacidade de recolher as plantas e na qualidade final dos grãos. Inicia-se a colheita quando a umidade dos grãos estiver entre 13% e 16%, pois sabe-se que o girassol chega a perder de 1 a 2% de umidade por dia, sendo necessário o escalonamento da semeadura de modo a não sobrecarregar a colheita e evitar perdas. Um auxílio prático para definição do ponto ideal é a análise visual da mudança de coloração da planta, que passa de castanho claro a escuro. A operação é realizada por colhedoras combinadas que deverão ser ajustadas em função das características do girassol. A única mudança estrutural relaciona-se às plataformas para recolhimento das plantas, podendo ser utilizadas plataformas específicas ou plataformas de milho e soja adaptadas.
PLATAFORMAS E ADAPTAÇÕES As plataformas específicas para colheita de girassol foram desenvolvidas na Europa. Essas plataformas, conhecidas como girassoleiras, são capazes de recolher as plantas acamadas devido a sua construção com pontas divisoras agudas e compridas com perfil baixo. O corte do capítulo é executado por dois discos sobrepostos que giram em sentido contrário, de forma que a planta não é agitada, permitindo um bom desempenho sem vibrações e perdas da semente. As plantas são recolhidas por duas correias que se
Detalhes da plataforma de soja adaptada para colheita de girassol
deslocam paralelamente, carregando o caule suavemente, mas firmemente na direção do caracol. As bandejas são projetadas na forma de “bacias” (côncava), o que permite recolher os capítulos e grãos que caem antes de chegarem ao caracol. As plataformas girassoleiras tipo européia são muito utilizadas na Argentina, onde o girassol é a cultura principal em algumas regiões, portanto, justifica-se a aquisição do equipamento. Na Argentina existem fabricantes de “cabezales girasoleros” que, praticamente, são plataformas de cereais com um rolo destroncador que melhora a eficiência de re-
“As adaptações são simples, de baixo custo e poderão ser executadas tranqüilamente nas propriedades ou em oficinas mecânicas”
colhimento e corte. Como o Brasil ainda está caminhando para uma produção mais profissional, e, sendo o girassol cultivado após as culturas de soja e milho, o produtor inicialmente poderá optar pelas plataformas de milho ou de soja, realizando pequenas adaptações. As adaptações são simples, de baixo custo e poderão ser executadas tranqüilamente nas propriedades ou em oficinas mecânicas.
PLATAFORMA DE SOJA Na frente da plataforma são instaladas bandejas, cuja largura será determinada em função do espaçamento adotado na semeadura e o comprimento entre 1500 e 1800 mm. Outra opção é utilizar bandejas com largura menor, entre 15 e 25cm, facilitando colher em espaçamentos diferentes, sendo mais versátil. Do terço médio para frente, deverá ter uma pequena inclinação e, nas bordas, como reforço e auxiliar na condução da planta, colocar uma estrutura tubular ou barras de uma polegada. As bandejas são fixadas sobre a barra de corte nas mesmas perfurações que fixam a contra-faca e também por um suporte fixado na parte inferior da bandeja e da plataforma. No molinete os dentes (dedos) são substituídos por chapas de aço ou madeira, com largura de 20 a 30 cm. As chapas giram contra a planta de girassol, posicionando-a para assegurar que o capítulo seja cortado pelas navalhas no local adequado e facilitar a condução dos capítulos que caem sobre as bandejas. Nas laterais devem-se colocar proteções construídas de chapas ou telas, material leve e prático.
PLATAFORMA DE MILHO Neste caso o espaçamento adotado na semeadura será de acordo com as medidas da plataforma, ou o produtor pode adquirir modelos que possibilitem ajustar os espaçamentos das unidades recolhedoras. A adaptação na plataforma de milho, como comentado anteriormente, pode ser realizada na oficina da propriedade. Para cada conjunto de correntes coletoras, será soldada em todos os dedos uma navalha. Primeiramente devem-se eliminar uns 5 a 8mm da ponta da navalha, esse procedimento se dá devido a possibilidade de ocorrência de acidentes quando do funcionamento do sistema. No centro das unidades recolhedoras e aci-
Chapas de aço adaptadas à plataforma de soja auxiliam no recolhimento dos capítulos
28
Máquinas
www.cultivar.inf.br
Março 2005
Fotos Marcos Roberto da Silva
Detalhe da corrente e contra-faca instaladas na plataforma de milho
le. E, por fim, como na plataforma de soja, devem-se colocar proteções nas laterais.
REGULAGENS E OPERAÇÃO A garantia de bons lucros com a cultura está neste momento, e, portanto, regular e aferir os sistemas devem ser prá-
ma dos rolos espigadores, uma navalha será soldada no chassi, funcionando como uma contra-faca, isso deve ser realizado porque os rolos tracionam, no caso do milho, a planta para baixo, já para o girassol, se isto ocorrer pode acarretar em perdas devido ao impacto, portanto a contra-faca terá a função de cortar o cau-
Substituição dos dedos do molinete por chapas de aço para auxiliar no recolhimento
Detalhe da bandeja sobre a barra de corte (acima) e inclinação da bandeja (abaixo)
tica de rotina, pois a falta de ajustes da colhedora pode significar perda em quantidade, qualidade e conseqüentemente do retorno financeiro tão esperado. O cilindro para colheita de girassol indicado é o de barras. A variação da rotação do cilindro será, em função do seu diâmetro e do teor de umidade na planta e nos grãos, entre 380 e 500 rpm. A abertura do cilindro em relação ao côncavo é condicio-
“A definição do ponto ideal de colheita é primordial, pois o atraso do início da operação pode significar perdas”
Marcos Roberto da Silva
Vista de uma plataforma de soja adaptada com bandejas frontais
nada pela forma e diâmetro do capítulo e pelo teor de umidade. Cuidado especial com sistema de ventilação que deve ter regulagem reduzida devido à diferença de peso de grãos. A colheita, quando realizada com alta umidade, compromete a qualidade dos grãos e aumenta as impurezas e, com baixa umidade ocorrerão perdas de grãos e quebras de plantas e conseqüentemente perdas de capítulos. As empresas esmagadoras têm como critério receber o girassol com 11% de umidade, 2% de impurezas e 5% de grãos avariados. É muito importante aguçar a percepção do operador com relação a fatores relacionados com a operação de colheita, para que esteja atento sempre à condição de uniformidade da lavoura, variação da altura das plantas, à altura de inserção dos capítulos, a plantas acamadas, ao teor de umidade, a características da área de produção relevo e topografia. Essas informações é que possibilitarão o Tabela 1 - Regulagens da colhedora Especificação Rotação do Cilindro Abertura entre cilindro e concâvo Velocidade do cilindro
Velocidade de Avanço Altura de corte
30
Máquinas
Regulagem 380 a 500 rpm Entrada - 25 a 35mm Saída - 20 a 25mm 15-16 m.s-1 (Umidade dos grãos superior a 14%) 13-14 m.s-1 (Umidade dos grãos inferior a 14%) Plataforma de milho – 7 a 9km.h-1 Plataforma de soja – 4 a 7km.h-1 70 a 90cm
sucesso da colheita, ou seja, graneleiro cheio. A velocidade de avanço varia de acordo com a plataforma, as de milho trabalham entre 7 e 9km.h -1 e as de soja, um pouco menor, entre 4 a 7km.h-1. O deslocamento também vai depender da
habilidade e sensibilidade do operador e da qualidade das adaptações realizadas nas plataformas. Deve-se tomar cuidado com a excessiva velocidade imprimida pelas modernas colhedoras, que pode sobrecarregar os sistemas de alimentação e trilha e aumentar perdas por desprendimento de grãos. A altura de corte se dá em função da uniformidade da cultura e da altura, à medida do possível, deverá ser na inserção do capítulo, evitando a entrada de excesso de material no caracol. A definição do ponto ideal de colheita é primordial, pois o atraso do início da operação pode significar perdas. O cultivo do girassol como segunda safra (safrinha) não só otimiza indústria, mas também viabiliza toda a estrutura da unidade produtiva, auxiliando no rateio dos custos fixos, aumentando a rentabilidade do sistema e principalmente diminuindo os custos de depreciação da maquinaria, sem contar, talvez, que o seu produto mais importante, o óleo, pode ser transformado em combustível e gerar energia para o acionamento dos tratores, pulverizadores, colheM doras, caminhões e outros veículos. Marcos Roberto da Silva, Unicamp
Tabela 2 - Ocorrência de problemas e suas possíveis causas Problemas Perda de grãos e capítulos na barra de corte - plataforma de soja
Perda de grãos e capítulos - plataforma de milho
Acúmulo de capítulos nas bandejas e atrás das barras de corte
Dificuldade de corte Grãos aderidos aos capítulos após a trilha
Grãos danificados e descascados
Excesso de impurezas
www.cultivar.inf.br
Causas Falta de ajuste da barra de porte e molinete Velocidade excessiva do molinete Velocidade de avanço elevada Lavoura com baixa umidade Funcionamento inadequado das correntes Velocidade de avanço elevada Altura de corte baixa Molinete está alto para conduzir o material cortado Molinete está posicionado muito à frente Caracol está muito para trás Dedos e facas da barra de corte gastos ou danificados Cultura muito úmida Rotação do cilindro está baixa Alimentação do material irregular Abertura do côncavo é excessiva Rotação do cilindro está alta Cilindro e o côncavo não estão paralelos Excesso de material Abertura do côncavo menor Excesso de retorno Desgaste das peças ativas – barras... Corrente de ar é insuficiente Correias de acionamento com problema Abertura da peneira inferior está muito aberta Falta de ajuste na extensão da peneira superior Falta de ajuste dos defletores de ar Cilindro e côncavo inadequados
Março 2005
Empresas Kuhn
Charles Echer
Surge a Kuhn Metasa Grupo francês Kuhn S.A. adquire a divisão agrícola da Metasa, que passa a oferecer aos produtores brasileiros uma ampla gama de produtos para todas as etapas do cultivo
F
oi anunciada em 16 de fevereiro, em Porto Alegre, a criação da empresa Kuhn-Metasa, com sede em Passo Fundo (RS). O grupo francês Kuhn entra no mercado brasileiro por meio da divisão agrícola da Metasa S/A Indústria Metalúrgica – fabricante de plantadoras de precisão em plantio direto. O anúncio foi feito oficialmente durante audiência com o Governador Germano Rigotto no Palácio Piratini. O grupo Kuhn, grande fabricante mundial de implementos agrícolas, está assumindo o controle por intermédio de uma permuta de ações da antiga Divisão Agrícola da Metasa S/A, no momento denominada Companhia de Implementos Agrícolas MTS. Kuhn-Metasa é o nome da nova companhia, que permanecerá sediada em Passo Fundo, e continuará focada em seus negócios. A intenção é de que a empresa atue também como centro de engenharia, fabricação e montagem de
32
Máquinas
produtos do Grupo Kuhn, objetivando o mercado sul-americano. Com a transação, a Kuhn integrará em seu portifólio todos os modelos de plantadoras e semeadoras fabricados pela Metasa e, no Brasil, a curtíssimo prazo, a Kuhn Metasa disponibilizará sistemas pneumáticos em plantadoras e semeadoras, já fabricadas na unidade de Passo Fundo. A Kuhn, fundada em 1828, é uma das marcas mais distribuídas no segmento de implementos e maquinaria agrícola (não incluindo tratores), especializada na fabricação e venda de máquinas agrícolas para colheita, preparação e distribuição de forragens, cultivo, plantação, fertilização e pulverização. A matriz-sede do grupo está instalada em Saverne, na França, mas existem mais três fábricas localizadas em Châteaubriant, em La Copechagnière e Montereauna, na França, e duas instaladas em Brodhead e Greelley, nos Estados Unidos, além de
www.cultivar.inf.br
As tecnologias avançadas das semeadoras Kuhn serão incorporadas a curto prazo nas unidades produzidas no Brasil
Março 2005
“Hoje a empresa conta com 440 colaboradores que produzem anualmente 2,2 mil máquinas por ano, o que ocasionou um faturamento de 30 milhões de dólares em 2004”
Fotos Metasa
Novas máquinas no Brasil
Q
Ainda este ano, a Kuhn trará para o Brasil linha de pulverizadores
várias filiais internacionais espalhadas pelo mundo. A Kuhn é uma divisão de Bucher Industries, um diversificado conglomerado industrial e de engenharia com sede em Niederweningen, na Suíça. Somente em 2004, os números em vendas chegaram a 461 milhões de Euros, 63% advindos de exportações para mais de 80 países. Com mais de 1,5 mil patentes internacionais, a produção anual gira em torno de 60 mil máquinas produzidas por mais de 2.475 colaboradores. O grupo investiu mais de 11 milhões de Euros em 2004. Em 1975, nasceu a Metalúrgica Arcovila e, após cinco anos de atividade, passou a ser reconhecida pela marca Metasa. Em 1997 foi fundada a Divisão Agrícola da empresa, voltada essencialmente à fabricação e distribuição de plantadoras de precisão em plantio direto para culturas de soja, cereais e algodão, no mercado sul-americano e, principalmente, brasileiro. Hoje a empresa conta com
uem tem muito a comemorar com a aliança entre as duas empresas são os produtores brasileiros. A Kuhn-Metasa, a partir das próximas semanas, já passará a incorporar em suas plantadoras e semeadoras o sistema de distribuição pneumático, já utilizado pela Kuhn em suas semeadoras, e, nos próximos meses, já estarão no Brasil máquinas e implementos para aração, plantio, fertilização, pulverização, preparação e colheita de forragens e esparramadores de esterco sólido, todos produzidos pela empresa francesa. Por outro lado, a empresa francesa passará a contar com toda
a tecnologia de plantio desenvolvida e aprimorada pela Metasa, presente em toda a linha de semeadoras e plantadoras. A diretoria da antiga Divisão Agrícola da Metasa liderará a nova organização. Mário Wagner será o diretor-geral da Kuhn-Metasa, e Paulo Roberto Montagner continuará respondendo como diretor de Engenharia. Segundo a direção da Kuhn-Metasa, a empresa tem como prática, em todas as suas aquisições, manter a estrutura original da unidade adquirida como forma de dar seguimento aos projetos em andamento.
Conexão padrão para ligação eletrônica entre os barreamentos da máquina e do trator
440 colaboradores que produzem anualmente 2,2 mil máquinas por ano, o que ocasionou um faturamento de 30 milhões de dólares em 2004. Desse total, 20% foram destinados à exportação. Sem revelar valores da transação, Roland Rieger, diretor comercial internacional da Kuhn, afirma que essa ope-
ração representa um passo maior na estratégia global de crescimento a longo prazo para o grupo francês. “Para chegar até a Metasa, efetuamos uma rigorosa pesquisa de mercado e ficamos impressionados com a qualidade dos produtos e administração dessa comM panhia”, afirmou.
Os 440 funcionários da Divisão Agrícola da Metasa continuarão trabalhando na empresa
Março 2005
www.cultivar.inf.br
Máquinas
33
Isobus
agricultura de precisão
Rumo ao Isobus Diante dos avanços na Agricultura de Precisão, grupo de pesquisadores e representantes de indústria de tratores discutem a padronização da eletrônica embarcada em máquinas agrícolas
N
as últimas décadas tem-se verificado um avanço vertigi noso da informática e da automação em diversas áreas, incluindo a área agrícola. Essas tecnologias contribuem para uma melhoria das condições de trabalho e promovem a qualidade, a produtividade e a competitividade, além de auxiliarem na preservação do meio ambiente. Entretanto, se por um lado o aumento do número de programas computacionais (software) e de dispositivos eletrônicos de diferentes fornecedores aumenta as opções para o usuário, por outro lado cria para ele alguns problemas: esses dispositivos podem ser interligados? São compatíveis? Podem-se integrar partes de um (por exemplo, os sensores) com as partes de outro? A freqüente incompatibilidade leva à busca por padronizações que organizem o mercado com benefícios tanto para os usuários como para as indústrias fornecedoras. No caso da agricultura, desde a dé-
34
Máquinas
cada de 70, principalmente, houve um aumento muito grande do uso de tecnologia eletrônica para supervisionar e controlar automaticamente as funções mais importantes das máquinas e implementos. Na última década essa utilização foi intensificada com o desenvolvimento da agricultura de precisão. Na realidade, a agricultura de precisão só se tornou viável na prática para as grandes culturas
porque havia uma tecnologia eletrônica “embarcada” nos tratores, colhedoras e implementos, já bem desenvolvida. O resultado é que, com isso, o produtor passou a ter que conviver com uma parafernália eletrônica na cabine do trator e com dezenas ou mais de metros de cabos elétricos, interligando os sistemas e os sensores, no trator e nos implementos. Isso porque cada sistema só funcio-
Exemplo de situação de incompatibilidades que geram duplicidades desnecessárias que encarecem o sistema
www.cultivar.inf.br
Março 2005
“Uma tendência verificada para suprir essa necessidade tem sido a adoção de padrões baseados no protocolo de comunicação digital Controller Area Network, conhecido como CAN”
na com seus componentes e não pode aproveitar o que já havia sido instalado anteriormente. Uma tendência verificada para suprir essa necessidade tem sido a adoção de padrões baseados no protocolo de comunicação digital Controller Area Network, conhecido como CAN. O protocolo CAN foi desenvolvido na década de 1980 pela empresa Robert Bosch Gmb, para promover a interconexão entre dispositivos de controle eletrônicos em automóveis, nos quais ocorria o mesmo problema com que hoje se depara o setor agrícola. Essa tecnologia, que hoje é usada nos automóveis no Brasil e no mundo, consolidou-se como padrão internacional (ISO 11898) e, devido às suas boas características, passou a ser adotada como ponto de partida para padronização em outras áreas, entre elas a área agrícola. No final da década de 1980, na Europa, iniciou-se a elaboração de uma norConexão padrão para ligação eletrônica entre os barramento da máquina e do trator
Visão de um painel com diversos terminais
ma para a comunicação entre dispositivos eletrônicos em máquinas agrícolas pela associação de normas alemãs Deutsches Institut für Normung, ou DIN; a norma resultante, DIN 9684, baseia-se no protocolo CAN. Na década de 1990, tomam força nos Estados Unidos a pesquisa e o desenvolvimento de padrões para a área agrícola baseados no protocolo CAN, destacando-se a norma SAE J1939, da norte-americana Society of Automotive Engineers, ou SAE. Posteriormente, ocorre a união de esforços entre grupos de pesquisa, empresas, as associações DIN, SAE, a American Society of Agricultural Engineers (ASAE) e a International Organization for Standardization (ISO), para geração de uma norma internacional denominada ISO 11783. O propósito dessa norma é prover um padrão aberto para interconexão de sistemas eletrônicos embarcáveis através de
um barramento (ou bus, no inglês), que é um conjunto formado por fios, conectores e dispositivos de potência, para promover a interconexão de dispositivos e permitir a comunicação de dados entre estes. A norma prevê que essa eletrônica embarcada será fisicamente distribuída em várias partes, chamadas ECUs (electronic control units, ou unidades de controle eletrônicas), cada uma responsável por apenas parte do processamento, o que as torna mais simples e baratas. Elas serão interligadas pelos barramentos no trator e no implemento e trocarão mensagens padronizadas; os conectores também são padronizados.Grande parte da documentação da norma encontra-se já publicada e torna possível a implementação de redes embarcadas, segundo essa padronização que tem sido chamada de Isobus. As pesquisas em implementações baseadas nessa norma começaram a sur-
“Pretende-se promover a sinergia e orientar os grupos interessados no desenvolvimento e implementação de sistemas de controle e automação para máquinas agrícolas segundo esses padrões”
Interconexão de sistemas eletrônicos entre o trator e a máquina através de barreamento para permitir a comunicação de dodos
gir na segunda metade da década de 1990, mostrando seus benefícios e versatilidade para diferentes aplicações. Atualmente, além dos esforços de instituições de pesquisa e associações de normas, observa-se o esforço por parte de fabricantes de máquinas, implementos e outros equipamentos, para tornar a implementação dessa norma uma realidade. Associações como a Association of Equipment Manufacturers (AEM), que congrega os fabricantes de máquinas e implementos norte-americanos, representada pelo North American ISOBUS Implementation Task Force, dos Estados Unidos, e a Federation of Engineering Industry, a equivalente européia, representada pelo Implementation Group ISOBUS, da Comunidade Européia, são exemplos dessas parcerias entre fabricantes e associações de normas para promover o desenvolvimento e a implementação da ISO 11783. Na área agrícola do Brasil, o emprego de redes baseadas no protocolo CAN em máquinas agrícolas é ainda restrito a produtos importados. Trabalhos de pesquisa têm sido realizados no sentido de contribuir com os esforços internacionais para desenvolvimento e implementação da ISO 11783 e para contribuir com a assimilação dessa tecnologia por instituições e empresas nacionais, criando possibilidades de competição com os produtos importados. Diante dessa realidade brasileira, um pequeno grupo de trabalho, formado por pesquisadores e representantes da indústria de tratores, está buscando congregar a comunidade de fabricantes de máquinas e implementos agrícolas e os fornecedores de sistemas eletrônicos aplicados a máquinas agrícolas com o objetivo principal de estruturar o que se espera que venha a ser a Força Tarefa Isobus Brasil.
36
Máquinas
Pretende-se promover a sinergia e orientar os grupos interessados no desenvolvimento e implementação de sistemas de controle e automação para máquinas agrícolas segundo esses padrões. Buscase, com tal suporte facilitar, a aplicação dessa tecnologia por empresas e instituições nacionais, compartilhando as experiências na implementação dos protocolos nos diversos níveis e promovendo eventos de demonstração da tecnologia e da compatibilidade entre diferentes fabricantes. Como primeiro evento público, está sendo organizada uma Reunião de Trabalho que acontecerá no Agrishow de Ribeirão Preto, no dia 18/05/05, quarta-fei-
ra, pela manhã. Os detalhes da programação ainda estão sendo trabalhados, mas já se pode adiantar que haverá uma apresentação de cunho esclarecedor que será feita pelo Eng o. Sam Freesmeyer, último presidente da North American ISOBUS Implementation Task Force, grande entusiasta e profundo conhecedor do tema. É importante que toda a comunidade de fabricantes, pesquisadores e estudantes se envolvam nessa discussão e que estejamos rapidamente preparados para incorporar essa proposta, pois no exterior muitas implementações já vêm ocorrendo e, se não nos organizarmos, seremos surpreendidos por incompatibilidades por defasagem tecnológica. É importante destacar que os esforços advindos da união entre empresas e grupos de pesquisa na Europa e EUA deram origem ao protocolo CAN e ao padrão ISO 11783; sendo assim, esperase que as atividades dessa Força Tarefa Isobus Brasil contribuam para que esses padrões se tornem realidade na AgriculM tura do Brasil. José P. Molin, Esalq/USP Ricardo Inamasu, Embrapa Instrumentação Agropecuária
Antonio Mauro Saraiva, Poli/USP Rafael Vieira de Souza, EESC/USP
Terminais de diversos fabricantes em exposição
www.cultivar.inf.br
Março 2005
Negócios lançamentos
Massey Ferguson
Semente monitorada
Lançado recentemente no Brasil, o monitor de plantadeiras MPA 1200 possibilita o acompanhamento detalhado da operação de plantio
O
monitor de plantadeira MPA 1200, da empresa Auteq, é composto por um módulo autônomo, dedicado, para o monitoramento de plantio de grãos, fácil de configurar, programar e operar, além de um sensor por linha e do cabeamento necessário. Ele possibilita controlar o espaçamento entre as sementes em centímetros ou metros, a população de sementes por hectare, a velocidade de plantio (km/h), a área trabalhada, a área trabalhada por hora, entre outras. O monitor também informa ao usuário as configurações do equipamento e a população de sementes planejada e apresenta, por meio do display, diversas informações como teste de sensores instalados, status de cada linha da plantadeira, status de todas as linhas em uma única
38
Máquinas
tela (gráfico de barras), área trabalhada, população de sementes realizada, velocidade de deslocamento e rendimentos diversos. Outras funções são a emissão de alarmes sonoros e visuais, quando forem excedidos os parâmetros preestabelecidos pelo cliente (populações muito altas ou muito baixas nas linhas), evitando assim qualquer falha no plantio. O equipamento tem gabinete injetado em policarbonato, com parede dupla nas laterais e totalmente à prova d’água. Tem largura de 227, altura de 127 e profundidade de 70 mm, excluindo-se o suporte e as borboletas. O teclado de membrana tem feedback táctil e acústico, e o display gráfico é monocromático iluminado, o que permite a operação noturna com resolução de 128 x 64 pontos.
www.cultivar.inf.br
O MPA 1200 emite alarmes sonoro e visual para indicar falha nas linhas e excesso de velocidade no plantio. Tem entrada para até 32 linhas, entrada para sensor de velocidade e para sensor de uso do implemento. Tem fonte de alimentação de 8 a 36 V; sensores fotoelétricos para instalação em tubos condutores de sementes; limite máximo de detecção de 250 sementes/segundo em cada linha; detecção automática de manobra (configurável); retenção da configuração e dos dados do plantio quando desligado e software atualizável no campo. A configuração é protegida por senha e indica a constante W; limite de velocidade (km/ h); número de linhas ou mapa de linhas conectadas; meta de população de sementes (sem/ ha); distância entre linhas (cm); tolerância no desvio da meta de população (%); distância de
Março 2005
insensibilidade a falhas no início do deslocamento (m) linhas em falha para pausa automática e as funções ativa/desativa tecla pausa; ativa/desativa pausa automática (manobra); alterar senha de proteção. O sistema - composto por um console extremamente fácil de se configurar e de operar, um sensor fotoelétrico de passagem de grãos para cada linha e o cabeamento necessário - é adaptável a qualquer tipo de plantadeira, é de alta confiabilidade e, sendo de fabricação nacional, é de muito baixo custo. Os sensores fotoelétricos têm alta performance, são à prova d’água, compactos e resistentes. Usam fotocélulas contínuas de 15 mm e têm ajuste automático ao nível de obstrução provocado pelos resíduos sólidos deixados pelas sementes, requerendo, portanto, uma meM nor freqüência na limpeza dos tubos.
O MPA 1200 registra área trabalhada, população de sementes realizada, velocidade de deslocamento e rendimentos diversos Fotos Charles Echer
Especial para arroz A
John Deere lançou a nova colhedora 1650 CTS, durante a abertura oficial da colheita do Arroz, em Dom Pedrito (RS), que aconteceu de 24 a 27 de fevereiro. A nova colhedora traz o conceito mais moderno e eficiente em termos de tecnologia para a colheita do arroz. O conceito CTS (Cylinder
Março 2005
Tine-Separator) utiliza a força centrífuga em dois rotores, para fazer a separação do grão, em vez do sistema convencional de saca-palhas. A união do sistema convencional de trilha com o sistema de separação rotativo permite que a colhedora alcance em seu trabalho velocidade superior à das máquinas convencionais. Segundo a equi-
www.cultivar.inf.br
pe técnica da John Deere, a 1650 CTS colhe até 65% a mais do que uma colhedora com seis saca-palhas. A separação centrífuga também permite trabalhar com grãos e palha com grau de umidade mais alto, o que permite alongar a jornada de trabalho, entrando na lavoura mais cedo e saindo mais tarde. A 1650 tem motor John Deere de 238 cv, a maior potência disponível no país para o segmento de máquinas para arroz. O sistema de tração hidráulica nas quatro rodas e rodado duplo dianteiro garante uma mobilidade mais tranqüila nas lavouras alagadas. O tanque graneleiro tem capacidade para 6 mil litros e tem uma vazão de descarga de 65 litros por segundo. A colhedora admite plataformas de 18 pés (5,40 m) e 20 pés (6,10 m). Como opcionais, a John Deere disponibiliza reversor alimentador do cilindro, redutor de velocidade do cilindro da trilha, picador de palha e caixa de ferramentas. Embora a máquina tenha um projeto de engenharia de fábrica, projetada para colher arroz, ela pode ser adaptada para colheita de outros grãos, como soja, trigo e M cevada.
Equipe técnica da John Deere, responsável pelo projeto da 1650 CTS
Máquinas
39
Lançamentos Expodireto 2005
Fotos Charles Echer
Do Sul para o Brasil
Seguindo a tradição, a Expodireto da Cotrijal foi palco para inúmeros lançamentos no setor de mecanização, com destaque especial para a linha de plantio e máquinas com configurações para pequenas, médias e grandes propriedades
M
esmo sendo realizada num período em que grande seca assolava o Rio Grande do Sul, a Expodireto Cotrijal 2005, realizada de 07 a 11 de março, em Não-Me-Toque (RS), contabilizou um volume total de negócios de R$ 105 milhões e um público de 117.200 pessoas. O evento foi palco para diversos lançamentos que contemplam todas as etapas do cultivo. Acompanhe as principais novidades apresentadas pelas empresas.
SEMEADORA KF 2100-AR A Indústria de Máquinas e Implementos
A Kf 2100-AR pode chegar a 21 linhas com 17 cm de espaçamento, tanto para arroz como para trigo
40
Máquinas
Agrícolas KF apresentou a semeadora adubadora pantográfica KF 2100-AR, com distribuidor de adubo através do sistema de rosca semfim, distribuidor de sementes por rotor de aço helicoidal e condutores de sementes do tipo telescópio, com quatro diferentes estágios de regulagem. A semeadora de grãos finos pode chegar a 21 linhas com 17 cm de espaçamento, tanto para arroz como para trigo. A largura útil da máquina é de 4,2 m, montada em pneus 12,4 x 28, e tem caixas de adubo e sementes com capacidades de 1.020 kg e 630 kg respectivamente. Como opcionais, a KF dispõe disco duplo desencontrado com compactador de borracha,
utilizado também na função de controlador de profundidade; disco duplo desencontrado com anel e disco duplo desencontrado com compactador e controlador de profundidade de metal, além do sistema de rosca sem-fim Ferty System.
SEMEADORAS SEMEATO A Semeato apresentou quatro modelos diferentes de semeadoras: duas para grãos graúdos – PS Level Line e Sol 7 -, uma semeadora de grãos finos TDNG 520 e a semeadora fertilizadora Mid Land 11/13. A PS Level Line 9/ 11 11/13 para grãos graúdos tem linhas panto-
A Mid Land 11/13 tem sistema pantográfico que realiza com precisão a copiagem do solo no plantio de culturas de verão
www.cultivar.inf.br
Março 2005
“A Expodireto Cotrijal 2005, realizada de 07 a 11 de março, em Não-Me-Toque (RS), contabilizou um volume total de negócios de R$ 105 milhões e um público de 117.200 pessoas”
gráficas de alta precisão, com variação de 04 a 13 linhas, reservatórios de sementes com capacidade de 30 kg por linha e de 1500 kg no reservatório de adubo. A Sol 7 é uma máquina para semeadura direta de grãos graúdos com precisão, com possibilidade de chegar a 07 linhas no espaçamento de 45 cm. A capacidade dos reservatórios é de 30 kg por linha de semente e 700 kg de adubo. A semeadora de grãos finos TDGN 520 pode ser configurada para 32 linhas com espaçamento de 17 cm, com reservatório de semente com capacidade para 1125 kg e reservatório de adubo para 2125 kg. Como opcional, a TDGN 520 possui a caixa de pastagens, com capacidade para 168 litros, que permite fazer a consorciação de dois tipos de forragens em áreas destinadas à pastagem. Um dos destaques da empresa foi a Semeadora Fertilizadora Mid Land 11/13 com sistema pantográfico que realiza com precisão a copiagem do solo no plantio de culturas de verão. Possui linha de sementes desencontrada, composta por um sistema de transmissão articulada compensadora de movimentos verticais. Também possui o sistema de pressão positiva e negativa, que se adapta a diferentes características de solo, gerando maior uniformidade na profundidade da semente. Os reservatórios de sementes são confeccionados em polietileno rotomoldado anticorrosivo, com capacidade para 68 litros. O reservatório de fertilizantes, também confeccionado em polietileno, possui fundo cônico que facilita o escoamento do fertilizante e gavetas para interrupção de uma ou mais linhas. Possui peneiras de aço inox, para reter pedras e outras impurezas. A distribuição do fertilizante é composta por rosca sem-fim, com um sistema de cápsula que facilita a troca e a manutenção. As bases são montadas paralelas ao
A nova versão do Gafanhoto tem novo design e diversos componentes que privilegiam a segurança
sentido de plantio, melhorando o desempenho da distribuição mesmo em ladeiras. O condutor de fertilizante é telescópico, com proteção de borracha sanfonada que evita a entrada de água e poeira. Como opcionais, a Semeato dispõe o sistema de distribuição Vacuum System II, com vácuo produzido por turbina acionada por motor hidráulico, o que garante menor dano às sementes.
MF 5290/4 8X8 EXPORT A Massey Ferguson apresentou na Expodireto o trator MF 5290 / 4 8x8 Export, já comercializado há mais de três anos na Europa, Ásia e Austrália. O modelo é conhecido e utilizado pelos agricultores europeus para preparo do solo, plantio e tratos culturais. No Brasil, é indicado para regiões sistematizadas de arroz, por causa da grande exigência do terreno alagado, em silagem e tratos culturais. Com transmissão 8x8, com 8 marchas à frente e 8 marchas a ré, totalmente sincronizadas com reversão mecânica, o Export está preparado para realizar operações específicas, com a utilização de lâminas, conchas frontais e guinchos para big bag. O MF 5290 possui motor Perkins P4001, de 4 cilindros, e 4100 cilindradas/cm, de aspiração natural. O sistema hidráulico é do tipo Ferguson Bomba imerso em óleo com controles de posição, profundidade, reação, transporte e bombeamento constante. Possui vazão de 17 l/min e capacidade de levante de 4 mil quilos.
NOVO GAFANHOTO A Servspray lançou a nova versão do seu pulverizador autopropelido Gafanhoto, com novo design, mais seguro e prático. O Gafanhoto possui motor MWM de 80 cv, 6 cilindros turbo que permite um regime de trabalho
Na posição de transporte, tem altura de 3 m, largura de 2,3 m e comprimento de 2,1 m
Março 2005
www.cultivar.inf.br
Máquinas
41
“O evento foi palco para diversos lançamentos que contemplam todas as etapas do cultivo. Acompanhe as principais novidades apresentadas pelas empresas”
em rotações mais baixas, o que aumenta a economia. O diferencial em relação às outras máquinas hidro está no sistema de transmissão, composto por duas bombas hidráulicas de fluxo e deslocamento variáveis, com circuitos independentes posicionados em “X”, o que permite tração total mesmo em terrenos de baixa aderência. A suspensão é pneumática, totalmente independente por roda, permitindo um melhor desempenho em terrenos acidentados. A cabine é outro detalhe que ganhou bastante destaque com a remodelação da máquina. Agora com mais espaço, possui dois bancos ergométricos com suspensão pneumática, volante com seis posições de ajuste, painel em cristal líquido de fácil visualização com informações elétricas, hidráulicas e de operações. O ar condicionado com sistema de filtro por carvão ativado e a pressurização garantem um espaço imune de intoxicações. O sistema de pulverização possui tubulação em aço inoxidável com porta-bicos antigotejantes de três corpos, bomba centrífuga de 430 l/min e duplo sistema de agitação com dispositivo hidráulico. O tanque tem capacidade para três mil litros. As barras de 27 metros podem ser instaladas tanto na parte traseira como na dianteira, com reversão de forma rápida e prática através de engates rápidos e quatro pinos. Os sete acumuladores de nitrogênio, distribuídos nos cilindros de posicionamentos horizontal e vertical das seções da barra, absorvem impactos, ajudando a aumentar a vida útil do equipamento. O sistema de barras possui também trava pneumática do quadro oscilante e descanso das barras com acionamento da cabine. O sistema de segurança possui sensores de corte e alarme em todas as áreas importantes da máquina, visando evitar danos no motor propulsor e no circuito de transmissão hidrostática.
A SDA CP possui o sistema TRA - troca rápida automática para variações nas trocas de adubo e sementes graúdas
42
Máquinas
SDA CP A Marchesan Lançou a Semeadora Direta Articulada CP para semeadura direta, cultivo mínimo, ou semeadura convencional de soja, trigo, aveia, cevada, centeio, arroz de sequeiro e irrigado e de outros grãos finos. Ela possui transmissão com fácil ajuste das quantidades de adubo e de semente através de engrenagens e acionamento com rodas motrizes articuláveis, que acompanham os desníveis do terreno, evitando cortes na distribuição. A SDA CP possui o sistema TRA - troca rápida automática - para variações nas trocas de adubo e sementes graúdas. Possui molas triplas que fornecem pressão adequada de trabalho em diferentes tipos de solo e cilindros hidráulicos com anéis limitadores de curso das hastes para controle uniforme da profundidade de trabalho. A distribuição do adubo é feita através de rosca sem-fim, com revestimento interno antiaderente. O distribuidor de sementes é com rotor acanalado helicoidal, com regulagens de abertura de acordo como tamanho da semente. As caixas de adubo e de sementes são feitas em polietileno de alta resistência e podem ter capacidade de 1.470 e 930 kg, respectivamente, em máquinas maiores como as de 29 linhas.
F-3100 A Fankhauser lançou a semeadora adubadora F3100, com distribuidores de sementes em caixa de plástico e rotor helicoidal em aço ou nylon. Os condutores de semente e adubo são do tipo telescópicos, que não produzem o chamado “papo”, quando a linha sobe algum obstáculo. Os fixadores das linhas também são mais largos, com tubos quadrados e mais baixos, garantindo maior fixação, menor movimento lateral e melhor corte. O ajuste da vazão do adubo é feita através da simples troca de engrenagens, ou através da
A plataforma pode ter até 17 linhas em espaçamento de 45 cm e 10 linhas em espaçamento de 90 cm
caixa de câmbio, que proporciona uma gama maior de variações de regulagens. A dosagem de semente também pode ser regulada através de engrenagens ou caixas de câmbio. A F-3100 possui pistões nas rodas articuladas, para garantir maior altura da máquina em transporte e manobra. Como opcionais, a Fanckhauser dispõe de caixa de pastagens, caixa de câmbio, hectarímetro e marcador de linha.
A F-3100 possui pistões nas rodas articuladas, para garantir maior altura da máquina em transporte e manobra
www.cultivar.inf.br
Março 2005
Fotos Charles Echer
O acesso fácil aos filtros proporciona agilidade na limpeza e manutenção
A soberana pode ser configurada com até 29 linhas de 17cm ou 11 linhas de 45 cm
BOCUDA A Vence Tudo lançou a semeadora adubadora Panther, nas versões SM 7000 e SM 9000, com sistema de ataque ao solo composto por discos de corte de 17”, com 300 mm, desalinhados entre linhas, o que facilita a passagem em grandes palhadas. Os reservatório de fertilizantes e sementes, feitos em polietileno, estão com novo design. A empresa desenvolveu um sistema de penetração e ataque ao solo, para produtores que cultivam em terrenos pedregosos, patenteado de “pula-pedra”, responsável por uma distribuição mais uniforme das sementes e fertilizantes e também menor avarias no implemento. A deposição de sementes é feita por meio de discos desencontrados de 15” através de linhas pantográficas, que tem sistema de pressão de fácil e ampla regulagem, para garantir pressão constante e uniforme. O mecanismo de cobertura e limitador independente acompanha as irregularidades do terreno através de duas rodas limitadoras em “V” e uma única roda compactadora de borracha. Outro destaque da empresa é a plataforma para colheita de milho Bocuda, com unidade colhedora que possibilita espaçamentos de 45 a 90 cm, montada com duas correntes universais e engrenagens de aço. As carenagens em
Março 2005
polietileno com módulos espaçadores centrais evitam quebras por choques contra a cana do milho e permitem a troca simples e rápida de espaçamentos. Possui carenagens e bicos basculantes que facilitam o acesso à unidade colhedora, reduzem o espaço no armazenamento e facilitam o transporte. A Bocuda possui ângulo de ataque ao solo de 16o, garantindo menor índice de perdas de espigas na colheita e maior facilidade para realizar o plantio posteriormente. A transmissão lateral é de acesso e regulagem fáceis, com rolamentos blindados sem pontos para lubrificação. A caixa de transmissão é feita em alumínio, montada com engrenagens cônicas retificadas e temperadas, banhadas a óleo, o que permite o uso do equipamento por longos períodos. Dependendo da configuração, a plataforma pode ter até 17 linhas em espaçamento de 45 cm e 10 linhas em espaçamento de 90 cm.
STARA SFIL A Stara Sfil lançou três máquinas: a plataforma de milho PLM Serena, o distribuidor de fertilizantes Brutus e a Plantadora Semeadora Soberana. A PLM Serena possui linhas mais compactas, que reduzem em aproximadamente 20% o peso em relação às plataformas convencionais. Com carenagem de polietileno, permite espaçamentos de 45 a 90 cm e um ângulo de ataque de 16º. Posui limitadores de torque individuais por linha, tratados termicamente, discos de bronze, que garantem maior durabilidade, eixo de acionamento externo, que facilita a retirada e o acesso para manutenção. O Distribuidor de Fertilizantes Brutus tem sistema de distribuição por gravidade através de esteiras transportadoras que distribuem os
www.cultivar.inf.br
produtos diretamente no solo. Tem esteira em aço inox que evita corrosão e dá maior vida útil, reservatório basculante que possibilita o acesso a cada esteira separadamente, tela de proteção basculante para evitar entrada de corpos estranhos no reservatório e proteção especial contra o vento, que garante distribuição uniforme do produto. O eixo dianteiro tem direção pantográfica, que proporciona maior estabilidade e segurança no transporte de produtos. O Brutus tem capacidade de carga para 12 toneladas e permite aplicação do sistema com taxa variável. Outro lançamento da empresa é a Semeadora para culturas de verão e inverno Soberana 2390. Ela possui reservatórios de sementes e fertilizantes em polietileno, linhas pantográficas com sistema de pipoqueira, disco de corte de 18”, e linha de adubo com regulagem de pressão através de arruelas e molas helicoidais frontais que facilitam e agilizam a regulagem, garantindo o perfeito plantio nas mais variadas condições de palha. O sulcador afastado com maior distância em relação ao solo permite a regulagem ideal nas condições mais severas de palha, e o limitador de profundidade tem regulagem do ângulo das rodas para verão e inverno. A transmissão é feita por rodas dentadas e correntes com sistema de câmbio de velocidades. A distribuição de sementes é feita por rotor acavalado helicoidal em ferro fundido com sistema de regulagem facilitado. Na configuração para culturas de verão, as sementes são distribuidas através de discos horizontais alveolados. A distribuição de fertilizantes é realizada através de rosca semfim individual por linha, proporcionando maior uniformidade. A soberana pode ser configurada com até 29 linhas de 17cm ou 11 M linhas de 45 cm.
Máquinas
43
4x4 4x4
condução Fotos Técnica 4x4
Com segurança Para que a viagem seja tranqüila e segura, além de escolher o melhor veículo, é importante que cuidados sejam tomados, evitando acidentes e prejuízos
P
ara aproveitar ao máximo uma aventura 4x4, é preciso pensar em alguns itens de segurança e também seguir regras para voltar inteiro pra casa. Confira algumas dicas: • Evite incursões solitárias para lugares desconhecidos. Viajar em comboio, com dois ou mais veículos, aumenta a margem de segurança e possibilita o auxílio, se algo sair errado. Previna-se, coletando o máximo de informações sobre o destino e o trajeto escolhido; • Use sempre o cinto de segurança em qualquer situação. Em off-road o cinto é absolutamente indispensável, e é claro que essa recomendação deve ser estendida a todos os ocupantes do veículo. Muitos Jeeps mais antigos não têm cinto de segurança para os passageiros que vão atrás, então, se for o caso, providencie a segurança adequada para ele; • Prepare seu veículo com os acessórios necessários para trilhas radicais e provas off-road,
Gaiolas de segurança protegem em caso de capotamento
44
Máquinas
como raid e rally. A colocação de gaiolas de segurança garante proteção do habitáculo em caso de capotamento ou tombamento; • Se sentir cansaço enquanto estiver em viagem, pare e descanse, pois você não terá um bom rendimento se estiver esgotado e sem humor. Para isso estacione o veículo em algum local seguro e tire uma soneca, que o cansaço dá uma folga; • Quando estiver dirigindo em rodovias, atente para a ocorrência de ventos laterais de muita intensidade. O efeito será ainda mais forte se o veículo tiver um bagageiro ou porta escadas. Portanto, preste muita atenção; • Evite estacionar em locais onde a vegetação for muito alta, ou estiver muito seca, pois o sistema de escape e catalisador, quando em contato com ela, poderá iniciar a combustão deste material altamente inflamável; • Se notar outro veículo vindo em sentido contrário, em uma estrada secundária e sem
Montagem interna da gaiola de um Land Rover Defender
www.cultivar.inf.br
Cinto de segurança é um acessório indispensável para condução off-road
pavimentação, diminua a velocidade, permitindo uma passagem segura; • Air Bags: Posicione-se corretamente no assento, utilizando o cinto de segurança em todas as situações, mesmo em um trecho de off-road e em baixíssima velocidade. O cinto, além dos benefícios já conhecidos, vai manter o corpo a uma distância segura do trajeto da bolsa, dando condições para ela inflar sem maiores riscos. Os assentos de motorista e passageiro devem ficar o mais distante possível do painel do veículo. Por último, observe a colocação de quebra matos e guinchos, pois ela deve ser feita respeitando a instalação dos sensores, para não inutilizar o funcionamento dos Air Bags; • Não abuse da velocidade, veículos utilitários não foram feitos para grandes corridas, pois são mais instáveis do que os carros de passeio. Use seu utilitário de acordo com a finalidade para a qual foi projetado. Aprenda a viajar curtindo o visual e a natureza exuberante que M existe pelo mundo afora. João Roberto de C. Gaiotto, Goodyear
Jeep preparado para trilhas com gaiola para piloto e navegador
Março 2005
C
Arno Dallmeyer
onforme previsto, o ano começou com boas perspectivas para o Esporte Trator brasileiro. O “Alemão” (Heinz Schreiber Jr.) em entrevista exclusiva à coluna anunciando uma etapa do Arrancadão no Rio Grande do Sul, ampliando o leque de eventos. Os patrocinadores tradicionais dos eventos e os novos asseguram a continuidade das competições. O Trekker-Trek já tem calendário definido: são quatro provas, além das demonstrações e shows. O público ficou encantado com os tratores-exibição nos eventos, como pudemos constatar no Show Rural da Coopavel e na ExpoDireto em Não-Me-Toque. Mais novidades à vista. Estaremos noticiando. Boa diversão!
Ricardo Anadón, Mario Barros, Heinz Schreiber Junior (Alemão) e Cláudio Morais
Trekker Trek 2005 Primeira etapa do Trekker Trek já tem dia e local marcados
H
olambra, no interior de São Paulo, conhecida nacionalmente como Cidade das Flores, será mais uma vez o palco de uma competição de peso e muita adrenalina com a 1ª etapa do 13º Circuito Nacional de Trekker Trek. A etapa está agendada para o dia 10 de julho, no Parque de Exposições da Expoflora, e faz parte do calendário de eventos da Estância Turística de Holambra. O local contará com uma estrutura especial para receber o grande público presente todo ano, através da instalação de arquibancada metálica e uma completa praça de alimentação. Calendário para 2.005 1ª Etapa Julho: dia 10 - Holambra (SP) - Local: Parque de Exposições da Expoflora Valtra
Acelera...
por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br
Sinal verde para um GP oficial do Arrancadão de Tratores® no Rio Grande do Sul em 2005
E
m 16/02/2005, a HSJ Desenvolvimentos publicou informe, dizendo que Nestor Valduga, presidente da FGAFederação Gaúcha de Automobilismo, homologou e supervisionará a realização de um GP do Arrancadão de Tratores® no estado do RS em 2005. Representantes da HSJ- Desenvolvimentos, que é a empresa responsável pelo Arrancadão de Tratores®, estiveram em Não-Me-Toque, interior do RS, no início do mês de março/ 05, para fazer contato com organizadores de eventos na região e conhecer as pistas usadas para arrancadas de carros. Passo Fundo, Ijuí, Santa Cruz do Sul, Espumoso, Tapejara, Santa Maria, Venâncio Aires, Selbach, “Parque das Tuias” em Soledade, Frederico Westphalen, Júlio de Castilhos, Santa Bárbara do Sul, Vicente Dutra e Horizontina também são cidades candidatas a sediar a etapa. A proposta é levar todo o alto nível do
Março 2005
evento realizado no Tratoródromo de Maripá-PR, berço do Arrancadão de Tratores®, onde o publico se encanta e vibra não só com as competições de arrancadas, mas também com o “louco show” realizado pelos tratores da Equipe Zerinho Bomba Show. Heinz Schreiber Júnior (na foto, com a alta gerência da Firestone, um dos grandes patrocinadores dos eventos em 2004) informou que Não-Me-Toque apresenta uma pista com condições ideais para a realização da etapa gaúcha, que deverá ocorrer em Agosto.
www.cultivar.inf.br
2ª Etapa Agosto: dias 13 e 14 - em Castrolanda, Castro (PR), Local: feira Agroleite Setembro: de 01 a 25 (5ª a domingo) Exposição e Apresentações (Simulação de puxadas com tratores que competem no Trekker Trek) - Expoflora: Holambra (SP) 3ª Etapa Outubro: dia 09: Holambra (SP) - Local: Parque de Exposições da Expoflora 4ª Etapa Novembro: dia 13 - Holambra II, Paranapanema (SP) - durante a feira Holambra Feest O Trekker Trek, que a cada ano conquista mais público e competidores em âmbito nacional, consiste na competição entre tratores destinados a comprovar sua potência somada à habilidade do piloto. A prova entre os tratores visa tracionar a maior quantidade de peso, chegando até 100 toneladas dentro de uma pista de 100 m. O vencedor é aquele que conseguir puxar o maior peso à maior distância da pista. A idéia da competição com tratores é originária da Holanda, quando no período da entressafra, os agricultores faziam disputas entre si. Em Holambra, através de descendentes holandeses, a competição começou a ganhar proporções a partir de 1992, com a realização das primeiras provas de força e habilidade com tratores. A diversão culminou com a criação, em 1999, da ABTT (Associação Brasileira de Trekker Trek), que realiza o evento anualmente e que agrega um público estimado em oito mil pessoas durante cada etapa. Máquinas
45
Informe jurídico • Newton Peter • OAB/RS 14.056 • consultas@newtonpeter.com.br
Dano moral
I
númeras ações, cobrando indenizações por danos morais, abarrotam o sistema judiciário. Sob essa expressão genérica, encontramse desde empresas procurando reparação merecida, eis que possuem direitos à personalidade, a aproveitadores, gente que pleiteia reparar sua “dor” através da aquisição de dinheiro fácil. Depois da Constituição de 1988, a jurisprudência foi transformada, e a idéia de compensar a dor através do dinheiro se tornou cada vez mais presente no cotidiano. Estender princípios semelhantes às empresas, entidades sem a capacidade de sofrer fisicamente, mas passíveis de perdas por conta de abalos em sua credibilidade, advém de passado recente. Antes, o ressarcimento provinha da comprovação do prejuízo material, o que constitui um tipo de ação distinta da abordada aqui, embora, ressalto, em alguns casos podem-se ajuizar ambas. O tipo de dano moral mais comum, nas relações entre pessoas físicas e jurídicas, consiste no cadastramento indevido das primeiras nos órgãos de proteção do crédito. Isso ocorre quando a dívida ou a parcela devida em determinado tempo é quitada e, mesmo assim, a parte é considerada inadimplente, sofrendo restrições de crédito.
No caso de pessoa jurídica, devem-se adotar os procedimentos descritos acima, acrescidos da publicação de nota de esclarecimento nos jornais de circulação da área de atuação da companhia. Como alternativa, o envio de uma carta de esclarecimento aos fornecedores e clientes mais importantes do ofendido surtirá efeitos semelhantes.
PEDIR INDENIZAÇÃO? a) Pessoas Físicas – conforme manifestado acima, há uma verdadeira indústria de pedidos de indenização por da-
COMO PROCEDER Sendo uma pessoa física, incluída indevidamente em bancos de dados de inadimplentes como o Serasa, solicite ao próprio órgão o cancelamento do cadastro. Essa medida pode ser tomada com relativa simplicidade, devendo a pessoa apenas comprovar a quitação da parcela ou dívida mediante apresentação de comprovantes de pagamento. Por precaução, num segundo momento, procure também a empresa com a qual a dívida foi contraída e solicite, igualmente, providências. Nos dois casos, recomendo a manifestação por escrito, com comprovante de recebimento. O procedimento é simples; seu advogado o fará sem problemas.
46
Máquinas
nos morais atuando neste país. Certa é a existência de dano moral num caso como esse, contudo, deve-se manter a justa medida. Via de regra, a palavra “incômodo” descreve melhor a situação do que a expressão “dano moral”. Isso porque, estando quitada a dívida, pode o interessado facilmente resolver a situação. O advogado que lhe prestar assessoria entrará em contato com a outra parte e solucionará a questão. Pode, inclusive, celebrar um acordo e cobrar seus honorários de quem agiu equivocadamente, evitando assim qualquer ônus para o cliente. A alternativa, muito usada, é imediatamente ajuizar uma ação de reparação
www.cultivar.inf.br
por danos morais. Sobre essa hipótese, no dizer dos antigos jurisconsultos romanos, “nem tudo o que é lícito é honesto”. Podendo solucionar a questão sem a intervenção judicial, o motivo mais lógico para invocar os juízes é a possibilidade de ganho fácil. “O dinheiro não tem cheiro”, para citar novamente um romano antigo. De qualquer modo, os tribunais têm prolatado sentenças favoráveis aos autores. Os ganhos, entretanto, não costumam ser os esperados, perfazendo totais entre R$ 3 mil e R$ 7 mil, via de regra. Entretanto, vale alertar que o acentuado número de ações desse tipo pode fazer com que os Tribunais Superiores modifiquem seus posicionamentos, face aos abusos perpetrados. b) Pessoas Jurídicas – neste caso, a situação difere. A inclusão do nome empresarial num cadastro de inadimplentes, mesmo que por poucos dias, pode gerar danos mais sérios. Em termos comerciais, a pessoa jurídica depende mais da integridade associada ao seu nome do que uma pessoa física. É a dura realidade. Uma pessoa física inadimplente pode estar passando por um período de dificuldades financeiras e não há, via de regra, grande abalo à sua honra ou moral. Pode-se recompor e o máximo que lhe acontece é sofrer uma restrição ao crédito, a partir da qual tomará providências. Já uma pessoa jurídica certamente perderá negócios. Concorrentes podemse aproveitar da situação para ganhar mercado ou obter vantagens de fornecedores ou clientes. Mesmo que por pouco tempo, pode a empresa ser forçada a adquirir mercadorias e matérias-primas em condições inferiores às normalmente observadas. Aqui teríamos um dano material, mas, considerando-se a maior dificuldade de prova, optam muitas empresas por reclamar dano moral, que traz a vantagem jurídica de ser considerado intrínseco à situação. Algumas requerem ambos. Para maiores esclarecimentos, procure seu advogado. Lembre-se de que cada M caso é um caso.
Merço 2005