Índice
Nossa Capa Capa Cultivar
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Nilo Peçanha, 212 96055-410 – Pelotas – RS www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com Direção Newton Peter Schubert K. Peter
Cultivar Máquinas Edição Nº 43 Ano III - Julho 05 ISSN - 1676-0158 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 15,00
Rodando por aí
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Manutenção de semeadoras
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Influência da patinagem em semeadoras
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Sistema de pulverização Vortex
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Compactação em áreas irrigadas
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Negócios - BVO
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Uso do tensiômetro
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Negócios - Goodyear
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Regulagem e manutenção de colhedoras
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Ponto de substituição de máquinas
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Negócios - Miac
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Esporte Trator
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Capa Caderno Kepler Weber
Destaques
Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00
De volta à ativa
• Editor
Com a aproximação do plantio da safra de verão, é necessário preparar a semeadora nos mínimos detalhes para garantir o sucesso no plantio
Charles Ricardo Echer • Redação
Vilso Júnior Chierentin Santi • Revisão
Silvia Maria Pinto
....................................................
• Design Gráfico e Diagramação
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Cristiano Ceia _____________
• Marketing
Pedro Batistin _____________
• Gerente de Circulação
Cibele Costa • Assinaturas
Rosiméri Lisbôa Alves Simone Lopes
Tráfego em áreas irrigadas Conheça os efeitos do tráfego pesado em áreas irrigadas com pivô central e saiba como minimizar os danos e a compactação ...................................................
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• Gerente de Assinaturas Externa
Raquel Marcos • Expedição
Água na medida
Edson Krause Dianferson Alves
Uma maneira bastante simples e prática de manejar a irrigação é através da utilização do tensiômetro, garantindo economia de mão-de-obra e de água
• Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
3028.2000
...................................................
• ASSINATURAS
3028.2070 • REDAÇÃO
3028.2060 • MARKETING
3028.2065 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Ponto de substituição Saiba identificar o ponto de substituição de máquinas agrícolas, momento certo de realizar a troca dos equipamentos, evitando perda de dinheiro ...................................................
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Rodando por aí
Case
Farm Progress Show
Hévio Quintão
CNH Capital O Banco CNH Capital lançou o Crediweb, a primeira ferramenta de análise de crédito online do Brasil. O sistema já está funcionando em 12 agências do Banco instaladas junto a concessionárias Case IH e New Holland. “Com o Crediweb, a análise de crédito do cliente pode sair até no mesmo dia”, afirma o superintendente do Banco, Hévio Quintão.
DuPont A divisão Agricultura & Nutrição da DuPont do Brasil lançou um silo-bolsa destinado à armazenagem de grãos secos: soja, milho, trigo, sorgo, arroz e outros. Chamado SiloxTM, o novo produto já é sucesso em outros países e permite ao empresário rural acondicionar os excedentes de sua produção, inclusive na safrinha, além de manter o estoque dentro da propriedade. Segundo Verônica Gaviolle, gerente de produto da DuPont, o SiloxTM é uma “excelente alternativa à carência de espaços tradicionais para armazenagem de grãos”. “A ocupação dos silos chegou a patamares críticos em todo o Brasil,” diz.
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Máquinas
De 27 de agosto a 4 de setembro, acontece o Farm Progress Show 2005 em Decatur, Illinois, nos Estados Unidos. O evento, considerado a maior feira dinâmica de máquinas agrícolas do mundo, tem 800 acres de demonstrações de campo de equipamentos de plantio, cultivo, colheita e de precisão, além de exposição da história da agricultura e gado de corte americanos. A Agritours Brasil está agenciando viagem ao evento, com roteiro especialmente elaborado para conhecer a cadeia produtiva do meio-oeste americano. Acompanhado por guia técnico, o grupo visitará, além do evento, distribuidora de fertilizantes, fazendas de produção de soja e milho, Bolsa de Cereais de Chicago (Chicago Board of Trade) e fazenda-modelo de produção de suínos. Informações (11) 32141855.
Kepler Weber O presidente da Kepler Weber, Othon Eça, está satisfeito com a ampliação da participação no mercado internacional. Neste mês, foram duas grandes exportações. A fábrica em Campo Grande (MT) colocou no mar sua pri5meira carga de exportação. O embarque, com destino à Cuba, é o primeiro de uma série de 280 contêineres no total, que vão levar à ilha de Fidel Castro sistemas completos de armazenagem de grãos, somando US$ 12,3 milhões. A última negociação foi uma carga para Angola, na África, num total de US$ 1,28 milhão em investimentos.
Santiago & Cintra
Othon Eça
Massey Fergusson O Consórcio Nacional Massey Ferguson entregou R$ 12 milhões em máquinas na megassembléia do Grupo 329, realizada na fábrica de Canoas (RS). Essa é a Alberto Morra quarta vez que o CNMF entrega cem máquinas em uma única noite. “O consórcio é uma opção mais econômica do que o financiamento, pois o cliente não paga juros, só taxa de administração, e ainda pode programar a renovação da frota”, avalia o diretor nacional de vendas da Massey Ferguson, Carlito Eckert. O CNMF é responsável por 56% do mercado agrícola de consórcios.
Kuhn Metasa A Kuhn Metasa celebra seu aniversário, convicta de suas capacidades e potencialidades. Novos produtos estão sendo lançados pela empresa, com a força transnacional da Kuhn, que possui subsidiárias na França e nos Estados Unidos e uma rede de agentes e distribuidores em praticamente todo o mundo.
Bristol
Sylas Silveira (esq.)
A Bristol, indústria que há 33 anos fabrica implementos para motosserra, perfuratrizes e brocas, abre as portas de seu moderno show room em Porto Alegre. O espaço objetiva facilitar ao empresário do agronegócio o acesso imediato às novidades tecnológicas que a indústria tem a oferecer ao produtor rural. A inovação do show room da Bristol fica por conta da iniciativa do diretor da empresa, Sylas Silveira.
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Embarcaram para a China, no mês de junho, pelo Porto de Santos (SP), 16 colhedoras de grãos da marca Case IH. As máquinas serão usadas em fazendas-modelo do Governo chinês, nas quais são cultivados soja, milho e cevada. “Nessas fazendas, o governo chinês testa e desenvolve tecnologia de cultivo para aumentar a produtividade”, explica o especialista em Desenvolvimento de Novos Negócios da Case IH, Daniel Funis. A empresa, uma das pioneiras em equipamentos para Agricultura de Precisão, oferece aos agricultores uma diversificada linha de produtos, como os GPS’s da marca Trimble, que guiam automaticamente tratores no sistema AutoPilot. A empresa disponibiliza também o AutoDrive sistema de direção assistida, de fácil instalação e operação, utilizável em tratores, pulverizadores e colhedoras - e a consagrada barra de luz AgGPS 150, equipada com novo firmware que garante maior precisão na aplicação.
New Holland A New Holland acaba de lançar um novo kit de peneiras autonivelantes para suas colhedoras TC59. A instalação do kit, numa máquina originalmente fixa, proporciona ao produtor obter resultados regulares durante a colheita em terrenos com até 23% de desnível. Um sistema automático atua dentro da máquina, mantendo a peneira sempre na posição horizontal, melhorando a limpeza dos grãos colhidos em até 85%. O kit está disponível nas concessionárias da marca em todo o País.
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Semeadoras manutenção
Charles Echer
De volta à ativa É
clara e evidente a importância da semeadora no processo de implantação e desenvolvimento das culturas. Para que a máquina possa realizar um bom plantio, a mesma deve estar em perfeitas condições de operação. Portanto, o uso da semeadora preconiza a tomada de certos cuidados, principalmente no que se refere à manutenção e à conservação, fatores estes determinantes para o melhor rendimento da máquina e que podem levar ao sucesso ou ao fracasso da lavoura. Com a proximidade da época de semeadura das ditas culturas de verão, é imprescindível preparar a semeadora para mais esta campanha. As semeadoras necessitam de cuidados especiais para cumprirem adequadamente as suas funções, visto que seus mecanismos são bastante solicitados e encontram-se expostos a situações adversas. É preferível sacrificar algumas horas, para fazer a manutenção e preparação da máquina, a correr riscos de avarias ou danos maiores durante a operação, os quais necessitarão de tempo e maior custo para correção. Tais avarias poderão acarretar atrasos no plantio, o que certamente trará prejuízos muito maiores, relativos à produtividade das culturas, uma vez que aumenta a probabilidade de o plantio ser realizado fora do período recomendado para aquela cultura. Semeadura em época inadequada pode causar redução drástica no rendimento, além de dificultar a colheita, de tal modo que as perdas
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Máquinas
nesta operação podem chegar a níveis muito elevados, devido ao fato de que poderão ocorrer alterações na altura das plantas, altura de inserção das primeiras vagens (soja e feijão), número de ramificações, diâmetro do caule e acamamento. No gráfico, pode-se verificar a diferença na produtividade da soja em função de diferentes épocas de semeadura, o que poderia represen-
Com a proximidade da época de semeadura das chamadas culturas de verão, é imprescindível preparar a semeadora nos mínimos detalhes para evitar problemas durante o plantio tar atrasos na implantação da cultura, potencialmente gerados por quebras das semeadoras durante o plantio. Observa-se que a diferença entre a primeira época de semeadura (24/out) e a segunda época (12/nov) foi bastante significativa: 7,7 sacas/ha. Isto equivale a uma redução diária de 24 kg/ha. Desta forma, fica fácil entender por que a semeadura deve ser realizada sem atrasos, evidenciando a importância da
Figura 1 - Rendimento de grãos de soja de diferentes grupos de maturação, implantados em três épocas de semeadura, em Tapurah - MT, na safra 2003/04. Lucas do Rio Verde – MT, 2004. (Fundação Rio Verde, 2004)
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“As semeadoras necessitam de cuidados especiais para cumprirem adequadamente as suas funções, visto que seus mecanismos são bastante solicitados e encontram-se expostos a situações adversas”
Fotos Eduardo Copetti
manutenção e preparação da máquina antes do plantio, com o objetivo principal de diminuir a probabilidade de quebra durante a operação.
PASSO- A-PASSO A seguir, são apresentados alguns procedimentos a serem realizados antes de se iniciar a semeadura: • o primeiro passo é fazer uma limpeza geral da máquina; • inspecionar toda a máquina, para verificar a presença de peças desgastadas ou quebradas; • montar todas as peças que foram retiradas da máquina, quando terminado o último plantio; • se já está definida qual cultura será implantada primeiro, montar a máquina de acordo com o espaçamento exigido pela mesma; • verificar o alinhamento e o espaçamento das linhas de semeadura; • dar atenção especial aos componentes responsáveis pela distribuição de fertilizantes, devido à oxidação dos componentes. Verificar se os distribuidores estão em condições de trabalho e, principalmente, se a transmissão destes mecanismos está normal. É comum ocorrer o travamento da transmissão destes mecanismos devido à ação dos fertilizantes. Pode-se fazer um teste rápido, tentando girar o eixo responsável pelo movimento dos distribuidores, com o auxílio de uma chave ou manivela. A transmissão deve “rodar” sem muito esforço; • verificar o estado geral dos distribuidores, sejam rosca sem-fim ou rotor dentado. Lembre-se de que adubo aderido (crosta) a estes componentes prejudicará a uniformidade da distribuição; • no caso específico da rosca sem-fim, verificar se as bases do distribuidor não se apresentam muito desgastadas, ao ponto de não “agüentarem” até o final do plantio. Se necessário, é melhor substituí-las antes de iniciar o plantio; • na distribuição de sementes através de discos alveolados, verificar as condições da caixinha distribuidora: roletes, gatilhos e molas.
Limpeza de correntes e engrenagens deve ser feita logo após o uso da máquina
Separar discos e anéis. Se necessário, limpá-los. Os anéis metálicos comumente apresentam-se oxidados, neste caso recomenda-se limpá-los com a utilização de uma lixa fina. Verificar se os jogos de discos e anéis estão completos, para serem montados na máquina de acordo com o número de linhas que será utilizado; • no caso de distribuição pneumática, verificar o estado geral das mangueiras de ar. Se forem constatados vazamentos de ar, as mesmas devem ser substituídas. Os distribuidores devem ser abertos para limpeza e verificação do estado das peças que sofrem atrito. Em caso de peças muito desgastadas, é necessário substituí-las; • observar o estado geral dos discos de corte e discos duplos, principalmente no que se refere ao seu tamanho (desgaste). Discos muito desgastados não desempenharão corretamente as suas funções; • nos discos duplos defasados/desencontrados, retirar a calota do cubo, retirar a graxa velha, verificar o estado dos rolamentos e retentores, verificar o fechamento dos mesmos, ajustar as folgas, colocar graxa nova e recolocar a calota; • em caso de utilizar facão (botinha), verificar o estado da haste e do condutor de adubo;
Revisão da máquina antes do plantio é fundamental para evitar problemas na lavoura
Também deve ser observado o desgaste da ponteira do facão. Estas ponteiras, geralmente, são substituíveis para o caso de quebra ou desgaste; • ajustar e, se necessário, substituir, os limpadores internos e externos dos discos; • verificar o estado geral dos mangotes de borracha e dos tubos condutores de sementes e adubo. Os mangotes de borracha, normalmente, de um ano para outro, podem apresentar-se ressecados. Isto poderá provocar o rompimento dos mesmos; • molas: se a máquina foi armazenada desde o último plantio com as molas pressionadas, recomenda-se retirá-las e verificar o estado em
“A realização da manutenção preventiva é mais racional e eficiente, pois certamente as semeadoras apresentarão um rendimento satisfatório, executando de forma eficiente as funções as quais são destinadas”
Fotos Eduardo Copetti
Cuidados especiais para os dosadores de adubo Ajuste dos discos duplos deve ser feito, substituindo-se a graxa velha por nova
que se encontram. Pode-se fazer a medição das mesmas, observando se estão todas iguais. As molas, quando permanecem por muito tempo pressionadas, sem trabalhar, apresentam-se “cansadas”; • certifique-se de que os pneus estejam calibrados de acordo com a recomendação do fabricante. É imprescindível que todos os pneus da máquina estejam com a mesma pressão; • cuidados com as engrenagens: verificar se não estão quebradas, ou com algum dente quebrado. Em caso positivo devem ser substituídas. As mesmas devem estar sempre limpas e lubrificadas. A lubrificação deve ser feita de maneira a eliminar a possibilidade de trabalho a seco. A lubrificação pode ser realizada com o uso de um pincel; • lubrificar as correntes com óleo fino.
A semeadora
A
semeadura é a principal operação que define o potencial produtivo de uma cultura. Realizar esta operação em condições ideais de umidade, distribuir as sementes com espaçamentos uniformes e em profundidade adequada são condições fundamentais para potencializar a produtividade. As semeadoras devem garantir a paridade de distribuição das sementes em todas as linhas e colocá-las em profundidade uniforme e adequada e, ainda, cobri-las com terra, proporcionando um íntimo contato com o solo. A semeadura deve possibilitar o estabelecimento rápido e uniforme da cultura que estará sendo implantada. Para isso, é necessário que a semeadora proporcione um ambiente favorável para o desenvolvimento do processo de germinação das sementes. É sabido que grande parte do êxito de uma cultura está na dependência da rapidez e da uniformidade do estabelecimento de uma população mínima de plantas desejada.
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Máquinas
Revisão antes do plantio é indispensável
Nunca coloque um elo novo no meio de elos gastos; • é importante fazer com que as correntes e engrenagens estejam perfeitamente alinhadas; • observar o funcionamento das catracas, se as mesmas estão ligando e desligando a transmissão; • proceder o reaperto geral de porcas e parafusos. Apertar as braçadeiras que fixam as linhas de plantio ao chassi da máquina; • verificar pinos e contrapinos; • lubrificar toda a máquina. É importante limpar a graxeira com um pano, antes de realizar a lubrificação. As graxeiras com defeitos, devem ser substituídas; • fazer a listagem das peças que necessitam ser substituídas e providenciá-las enquanto a semeadora não estiver trabalhando. Vale lembrar que peças genuínas garantem melhor desempenho da máquina; • revisar o Manual do Operador da máquina. Vale lembrar que a semeadora, quando está parada, não quebra. Só quebra quando está trabalhando, justamente quando não deveria quebrar. Sendo assim, ressalta-se sobremaneira a importância da preparação e manutenção preventiva da semeadora, antes de se iniciar o plantio. Além dos procedimentos citados, existe outro fator de extrema importância para o me-
Devem-se observar os pontos de lubrificação, indicados pelo fabricante
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Discos desgastados e quebrados devem ser substituídos
lhor rendimento da máquina durante a semeadura: o operador. O operador é a peça chave no processo. Ele deve estar preparado e ter o total conhecimento da máquina, para que possa diagnosticar e identificar os problemas e buscar as soluções imediatamente. O operador deve preparar a máquina para o trabalho, realizando as regulagens necessárias de acordo com as condições da lavoura. A realização da manutenção preventiva é mais racional e eficiente, pois certamente as semeadoras apresentarão um rendimento satisfatório, executando de forma eficiente as funções para as quais são destinadas. Com a manutenção preventiva, evitam-se o acúmulo de pequenos defeitos e também a necessidade de executar consertos, mais demorados e de maior custo, justamente na época em que mais se M precisa do equipamento. Eduardo Copetti, Semeato S/A. Indústria e Comércio
Copetti explica como realizar a limpeza da semeadora e mostra os cuidados na hora de prepará-la
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Semeadoras patinagens
Charles Echer
Densidade correta O efeito da patinagem do rodado da semeadora causa o surgimento de falhas e o aumento da distância entre sementes na linha de plantio, além da redução da quantidade de adubo aplicada, que ocasiona, principalmente, a queda de produtividade da cultura
A
função básica da maioria das semeadoras agrícolas é distribuir no solo, seja ele preparado de forma convencional ou por práticas conservacionistas, uma certa quantidade de sementes com disposição predeterminada. Para realizar essa função da maneira desejada, as semeadoras devem abrir um sulco, dosar a quantidade de sementes, posicioná-las no solo, cobrindo o sulco, e firmar o solo ao redor das sementes. As semeadoras devem permitir também a obtenção de uma regularidade de profundidade e de repartição da quantidade de sementes na linha, com alinhamento e espaçamento perfeitos, economia sensível de semente e maior rapidez de trabalho. Para atingir os objetivos mencionados, as semeadoras devem ter polivalência em relação ao tipo de sementes, distribuição regular e de fácil regulagem, profundi-
dade constante e possibilidade de trabalho a velocidades elevadas. Se, além de dosar e colocar as sementes no solo, a máquina executar a mesma operação com fertilizantes e adubos, ela passa a ser designada como semeadora-adubadora. A semeadora-adubadora, atualmente, é uma das máquinas agrícolas que mais incorpora tecnologia no processo de produção. A precisão, durante a operação de semeadura, é garantida por mecanismos bem projetados, eficientes e precisos. Porém, são vários os fatores que influenciam na sua precisão.
DENSIDADE DE SEMEADURA Inicialmente, devem-se estabelecer, para a cultura a ser implantada, a densidade e o espaçamento de semeadura. Em seguida, devem ser
Figura 1 – Principais funções desempenhadas pelas semeadoras de precisão
considerados os fatores relativos à semente utilizada – índices de germinação, pureza e sobrevivência – informados pelo fornecedor de sementes. Finalmente, há que se levarem em conta o índice de enchimento do mecanismo dosador de sementes e a patinagem da roda motriz da semeadora. Esses fatores podem interferir na expressão do potencial produtivo da cultura. O índice de enchimento do mecanismo dosador deve ser considerado para os dosadores de precisão, sendo discos perfurados e sistemas pneumáticos os mais comuns. Esse índice é usado para compensar as falhas associadas à velocidade de giro dos mecanismos, e, em geral, considera-se o índice de 97% de eficiência para os cálculos. Para os demais sistemas de distribuição, recomenda-se a calibração dos mecanismos através de ensaios de campo, com o deslocamento da máquina coletando material. Em testes de campo, observou-se uma grande variação na distribuição de sementes, devi-
A implantação da cultura requer cuidados especiais com a semeadora-adubadora
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Máquinas
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“A semeadora-adubadora, atualmente, é uma das máquinas agrícolas que mais incorpora tecnologia no processo de produção”
Fotos Ricardo Garcia
Como ocorre a patinagem
A
patinagem de um rodado de tração, como o pneu traseiro de um trator, pode ser definida como a redução de deslocamento em determinada condição de piso, comparada com uma condição específica, também chamada de condição zero, em que se mede o rolamento do pneu em piso indeformável e em situação sem carga. Por sua vez, a patinagem do rodado tracionado, como o pneu da semeadora que aciona os mecanismos dosadores, pode ser definida como a redução do número de voltas do rodado em determinado deslocamento, também comparada com a condição zero definida acima. No rodado da semeadora, a patinagem é influenciada pelo estado do pneu e pelas condições do solo – forma de preparo, tipo de cobertura, umidade e presença de irregularidades. Ela está relacionada também à resistência ao rolamento oferecida pelo solo, pelos mecanismos de transmissão e pelos dosadores de sementes e adubo que integram o equipamento. da, principalmente, à irregularidade do perfil do solo. O índice de variabilidade relacionado à patinagem chegou a 40% em algumas situações observadas. O efeito da patinagem do rodado da semeadora causa o surgimento de falhas e o aumento da distância entre sementes na linha. Há também a redução da quantidade de adubo aplicada, ocasionando principalmente a queda da produtividade da cultura. Portanto, é recomendável que, para cada condição de trabalho, seja determinada a patinagem da semeadora, para que se possa corrigir este efeito no cálculo da densidade de semeadura.
A patinagem do rodado da semeadora é determinada por método prático e rápido
Esse valor encontrado significa que há uma redução de 24% no número de voltas da roda de transmissão da semeadora. Isso ocasiona um aumento, de valor correspondente, no espaçamento entre as sementes distribuídas na linha. Ou seja, se a semeadora está regulada para distribuir sementes na linha com 20 cm de distância uma da outra, considerando-se o índice de patinagem acima apurado, essa distância irá aumentar para 24,8 cm. A redução da densidade final de plantio fica, portanto, evidente. Para se corrigir esse erro, devem-se refazer os cálculos de densidade de semeadura, conforme é apresentado no seguinte exemplo. Supondo-se que se deseja calcular a quantidade de sementes a ser distribuída por hectare, levando-se em consideração os seguintes índices: • população final de plantas desejadas por hectare: 50 mil plantas/ha; • índice de germinação: 96% • índice de pureza: 98% • índice de sobrevivência: 97% • índice de enchimento dos discos: 97% • índice de patinagem: 24%. Eficiência da
CORREÇÃO NA SEMEADURA A seguir, é apresentado um teste de uma semeadora em determinada condição de uso: 1) No concreto, obteve-se uma distância de 21,25 m para o pneu girar dez voltas; 2) No campo, obteve-se uma distância de 27,95 m para o pneu girar dez voltas; 3) Aplicando a equação: Patinagem = 1 – (
) = 1 – 0,76 = 0,24,
4) Foi determinado o índice de 0,24, que representa 24% de patinagem.
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Ricardo mostra os danos da patinagem e como proceder para evitá-la
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transmissão = 100 – 24 = 76%
A partir de então, deve-se regular a semeadora-adubadora para a densidade de plantio igual a 74.332 sementes/ha, através da seleção adequada das engrenagens cambiáveis do sistema de transmissão e da determinação correta do número de furos do disco no mecanismo M dosador. Ricardo Ferreira Garcia, Univ. Estadual do Norte Fluminense
Como eliminar a patinagem
A
patinagem da semeadora pode ser determinada rapidamente, seguindo-se os procedimentos: 1) Colocar a semeadora em piso indeformável – como asfalto, concreto ou terra firme; 2) Marcar com giz um ponto do pneu da semeadora; 3) Colocar a máquina em movimento lento e marcar o espaço percorrido para o pneu girar dez voltas completas – esta é a distância teórica; 4) Colocar a semeadora nas condições e no local de trabalho – área de semeadura; 5) Marcar com giz um ponto do pneu da semeadora; 6) Colocar a máquina em movimento na velocidade de trabalho e marcar o espaço percorrido para o pneu girar dez voltas completas – esta é a distância real; 7) Utilizar a equação abaixo para o cálculo do índice de patinagem: Patinagem = 1 – ( )
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Pulverização sistema vortex
Ar na pulverização Fotos Jacto
No Sistema Vortex, uma corrente de ar artificialmente produzida favorece a penetração e a distribuição das gotas na massa foliar das plantas, o que aumenta a precisão e a eficiência na aplicação de defensivos nas lavouras
O
uso de agroquímicos tem sido incrementado, no Brasil e no mundo, como uma das alternativas de redução de perdas por agentes nocivos às culturas, como as doenças, pragas e plantas daninhas. Assim como o homem tem buscado e empregado métodos, técnicas e produtos mais eficientes nas aplicações dos defensivos contra estes agentes, os avanços parecem não ser suficientes, para garantir a solução de todos os problemas fitossanitários, já que novos desafios têm
Figura 1: Efeito da transferência de calor do solo para o ar sobre a pulverização
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Máquinas
surgido freqüentemente, colocando frente a frente os avanços da ciência e a evolução natural daqueles agentes. Dentre tantas modificações ocorridas no meio agrícola, uma das mais preocupantes está relacionada ao aparecimento de resistência e de adaptação destes agentes nocivos a alguns agroquímicos e culturas. Esses problemas podem expor ao fracasso uma única tentativa de controle, bem como reduzir a eficiência a ponto de comprometer todo investimento em uma safra agrícola, a exemplo da seleção de plantas daninhas, do controle insuficiente de algumas pragas e até do aparecimento de novas doenças de difícil controle. Por outro lado, a ciência tem disponibilizado alternativas mais seguras, como cultivares tolerantes ou menos suscetíveis, produtos mais eficientes no controle, menos nocivos ao ambiente e ao homem e algumas vezes até mais econômicos. Têm também evoluído as ofertas de técnicas e equipamentos para a aplicação destes defensivos, como sistemas eletrônicos de controle e monitoramento, automação de decisões e seleção racional de dispositivos e sistemas mais eficientes no transporte, deposição e cobertura dos alvos biológicos com os agroquímicos. Porém, parece claro que, embora a sustentabilidade agrícola dependa destes avanços científicos, isso, ainda assim, não significa que os conceitos básicos de qualidade e os princípios
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gerais da tecnologia de aplicação devam ser também substituídos, principalmente considerando-se que, de forma geral, tais conceitos foram preservados e talvez tenham sido o melhor suporte das pesquisas que geraram tais avanços. Nesse contexto, reafirma-se a importância no processo de pulverização quanto à forma correta de transporte e distribuição dos produtos no alvo. Tal premissa leva em conta a superação das dificuldades para uma boa formação de gotas, bem como o movimento delas na direção correta, em um tempo inferior ao de evaporação do veículo ou do produto e, ainda, de sua chegada em quantidade suficiente ao local correto. No que diz respeito à formação de gotas, as técnicas modernas visam controlar o tamanho, número e composição das mesmas, reduzindo perdas por deriva e evaporação. Quanto ao movimento das gotas até os alvos, as alternativas são bastante limitadas, sendo mais comum para culturas herbáceas o uso da própria gravidade, além do impulso inicial que projeta a gota, normalmente, para baixo.
FATORES PREJUDICIAIS Como efeito do meio sobre o movimento destas gotas, podemos considerar pelo menos três fatores prejudiciais importantes. O primeiro é a resistência que o ar da atmosfera oferece na forma de desaceleração do movimento destas
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“No que diz respeito à formação de gotas, as técnicas modernas visam a controlar tamanho, número e composição das mesmas, reduzindo perdas por deriva e evaporação”
gotas, sobretudo daquelas gotas menores, as quais são as responsáveis pela penetração na massa foliar, elevando o tempo de chegada delas ao alvo e, por conseqüência, expondo-as a maior risco de arrastamento pelo vento (deriva) e de evaporação. O segundo fator de influência são as correntes convectivas, as quais fazem com que o ar mais aquecido e, conseqüentemente, menos denso, próximo ao solo, mantenha-se fluindo de baixo para cima durante grande parte do dia, dificultando, ou impedindo, o movimento descendente das gotas pulverizadas até a cultura. Nesta análise, o terceiro fator relaciona-se à condição morfológica da cultura, que pode representar uma barreira física limitante à entrada das gotas na massa foliar e, assim, impossibilitar a chegada da quantidade suficiente do produto nas partes inferiores da cultura. Esse efeito é chamado de “efeito guarda chuva” e tem maior importância quanto maior a exigência de penetração e distribuição do agroquímico nas plantas, como, por exemplo, nas aplicações em pós-emergência tardia e no controle daquelas pragas e doenças que se alojam no interior das plantas, bem como na face inferior
Sistema Vortex em equipamento montado
das folhas. Diante de tantas barreiras ao acerto daqueles alvos mais protegidos e da possibilidade de maior severidade dos efeitos naturais durante o dia, a conseqüência é um estreitamento do tempo com condições ideais para as aplicações, resultando, muitas vezes, em aplicações de alto risco em momentos não adequados, principalmente pela necessidade de intervenção rápida
Figura 1 - Redução de deriva com o sistema Vortex. Fonte: May, 1991
Figura 3 - Diferença de depósitos entre as faces das folhas com o uso da assistência de ar. Fonte: Scudeler & Raetano (2004)
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no combate aos problemas em áreas cultivadas cada vez maiores. Visando reduzir ou eliminar o efeito destes fatores limitantes ao transporte, à distribuição e à penetração das gotas nas culturas, algumas máquinas dispõem de um sistema de assistência de ar para a pulverização. Esse sistema constitui-se basicamente de um ventilador axial, que gera e faz fluir uma corrente descendente de ar
Figura 2 - Melhoria da deposição de gotas com uso do sistema Vortex. Fonte: Fonte: May, 1991
Figura 4 - Cobertura das faces das folhas pela calda de pulverização na aplicação com assistência de ar (C/Ar) e sem assistência de ar (S/Ar). Fonte: Antuniassi et al. (2004)
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Máquinas
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“O sistema de assistência de ar deve ser encarado como um dispositivo que facilita a obtenção de melhor qualidade de distribuição e de penetração de gotas”
Fotos Jacto
Gandolfo e Antuniassi apresentam as vantagens do sistema Vortex de pulverização
Ainda que dispositivos desse tipo sejam mais caros, mais complexos e mais exigentes em termos técnicos, eles não devem ser vistos como um agente dificultador das aplicações. Ao contrário, o sistema de assistência de ar deve ser encarado como um dispositivo que facilita a obtenção de melhor qualidade de distribuição e penetração de gotas. Em muitos casos, o adicional de qualidade gerado por este sistema pode significar a melhoria necessária para a redução do fracasso em muitas aplicações e, a cada dia, com a evolução dos problemas, talvez uma adoção futuM ra necessária e inevitável.
Aplicação com e sem assitência de ar (ventilador desligado no lado esquerdo)
artificial por uma tubulação inflável de distribuição ao longo da barra de pulverização. Essa corrente de ar em alta velocidade e volume, além de movimentar rapidamente as gotas para baixo, reduzindo a desaceleração pelo ar e evitando a flutuação das gotas pelas correntes convectivas, também movimenta as folhas da cultura pela turbulência aerodinâmica, favorecendo tanto a penetração das gotas na massa foliar como sua distribuição ao longo da planta. Uma série de trabalhos científicos foi conduzidas, comparando-se os efeitos do sistema Vortex na qualidade da aplicação. Os resultados mostraram que, em situações de difícil penetração, o aumento dos depósitos nas partes baixas das plantas é maior do que naquelas aplicações sem a assistência de ar (Figura 1). Esses trabalhos foram realizados tanto para leguminosas quanto para gramíneas, mostrando vantagens em redução de deriva (Figura 2), melhoria em depósitos, cobertura e penetração em ambas as faces das folhas (Figura 3) e, em
certos casos, em produtividade das culturas, já que mostraram também aumento da eficiência de controle nas aplicações (Tabela 1). Um outro efeito potencial do uso da assistência de ar na pulverização é a melhoria da uniformidade de distribuição e a redistribuição da calda nas folhas das plantas. A Figura 4 mostra os resultados de aplicações com e sem assistência de ar em pulverizador de barras autopropelido. Observa-se que a adoção da assistência de ar aumentou a cobertura média da face inferior das folhas, sem causar grande redução da cobertura na face superior. Nesse caso, a simples observação do aspecto visual da pulverização com e sem a assistência de ar mostra também o potencial de redução do risco de deriva pelo efeito de transporte das gotas, principalmente das mais finas, as quais são carregadas para o interior da massa de folhas da cultura.
Marco Antonio Gandolfo, Jacto S/A Ulisses Rocha Antuniassi, Unesp
Sistema Vortex
O
s pulverizadores com assistência de ar (tradução de “air-assisted sprayers”, como denominados na literatura internacional) também são conhecidos no Brasil como pulverizadores com “Sistema Vortex”. Essa tecnologia está disponível em praticamente todas as categorias de pulverizadores mecanizados, desde máquinas montadas e de arrasto, para aplicações em áreas pequenas e médias, até pulverizadores autopropelidos de alta capacidade operacional, para aquelas áreas mais extensas.
Tabela 1 - Percentual de controle de plantas na dessecação de aveia-preta Volume de calda (l.ha) Zero 100 200 300 400
Controle (%) Sem Assistência de ar Com assistência de ar 0,8 0,5 46,0 75,3 77,8 73,0 82,5 82,5 80,3 82,5
Fonte: Garcia, et al. (2004)
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Máquinas
Ventilador axial utilizado em pulverização com assistência de ar
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Pneus
compactação
Efeitos do tráfego Rocheli Wachholz
associados aos modelos preditivos que são ajustados em função do teor de água, e tem-se constituído em poderosa ferramenta no estudo de interação máquina-solo. Essas informações, agregadas ao conhecimento das pressões de contato exercidas no solo pelo tráfego, têm permitido melhorar a adequação do parque de máquinas das propriedades e, por conseguinte, preservar a estrutura do solo, já que esse novo conceito de avaliar a estrutura do solo permite que seja respeitada a CSCS. Em áreas irrigadas, nem sempre o solo tem sido trabalhado em condições de umidade adequadas, e isto tem deixado o solo em estado crítico de consolidação. Todavia, essas constatações têm como referência, na sua grande maioria, interpretações que levam em conta apenas os valores de densidade e de solo, e, desta forma, tem sido difícil os produtores de culturas irrigadas do estado de São Paulo adotarem estratégias de ação que evitem, em manejos futuros, danos à estrutura dos seus solos. Este trabalho tem por objetivo apresentar modelos de mapas das principais propriedades físicas, mecânicas e dinâmicas do solo de áreas irrigadas sob sistema de pivô central, obtidos na região do Alto Paranapanema, em São Paulo, assim como avaliar a capacidade de suporte de carga das respectivas áreas e verificar o impacto do tráfego e do cultivo sobre a estrutura dos solos.
A mecanização agrícola praticada de forma exaustiva e o desrespeito à Capacidade de Suporte de Carga do Solo (CSCS), em áreas irrigadas sob sistema de pivô central, têm causado sérios danos à estrutura do solo, interferindo no resultado dos cultivos
ÁREA EXPERIMENTAL O estudo foi desenvolvido em perímetros irrigados de fazendas localizadas na região do Alto Paranapanema, município de Holambra, do estado de São Paulo. Duas áreas com diversos históricos de cultivo foram considerados.
N
o Brasil, as extensas áreas agrícolas, com características de solo, relevo e clima peculiares, têm favorecido a prática da mecanização agrícola de forma exaustiva e, quase sempre, inadequada, não respeitando a Capacidade de Suporte de Carga do Solo (CSCS) e, muito menos, a umidade ideal de tráfego. Essa forma de trabalhar os solos não é tecnicamente correta e, ainda menos, ecologicamente sustentável. Na última década, com o avanço da Agricultura de Precisão (AP), novas técnicas e métodos, tanto de laboratório quanto de campo, têm contribuído para um novo enfoque da avaliação da estrutura dos solos agrícolas. Em grandes áreas, sejam de culturas ou de florestas,
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Máquinas
anuais ou perenes, a simples avaliação da relação massa/volume (densidade do solo), atributo ainda amplamente utilizado como indicador da compactação, tem cedido espaço a outras alternativas de estudos, entre as quais está o desenvolvimento de modelos de predição da Capacidade de Suporte de Carga do Solo (CSCS). Essa forma de avaliar os efeitos do tráfego sobre a estrutura do solo tem preconizado como novos indicadores a estimativa de uma importante propriedade mecânica do solo, a pressão de preconsolidação (p). Embora avaliada em laboratório, a pressão de preconsolidação tem sido regionalizada através de GPS (Sistema de Posicionamento Global) e de mapas temáticos e de aplicação,
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SOLOS As áreas 1 e 2 compreendem solos de mesma classe textural, isto é, franco arenosa. Na área 1, a distribuição granulométrica foi de 15,1%; 12,77% e 72,14% para argila, silte e areia, respectivamente. O diâmetro médio ponderado (DMP) encontrado foi de 3,06 mm, e o teor de matéria orgânica (MO), de 14 g/dm3. Essas glebas, por estarem situadas na posição mais baixa da paisagem, se comparadas à área 2, são caracterizadas como uma área de maior recebimento de sedimentos, o que pode justificar o elevado teor de MO. Na área 2, a distribuição granulométrica foi de 19,0% para argila; 13,80% para silte e 67,20% para areia. O teor de MO
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“Em áreas irrigadas, nem sempre o solo tem sido trabalhado em condições de umidade adequadas, e isto tem deixado o solo em estado crítico de consolidação”
Figura 1 - Distribuição espacial dos valores de índice de cone (IC) em diferentes camadas de solo das áreas 1 (à esquerda) e 2 (à direita)
foi de 7 g/dm3 e o DMP, de 2,48 mm. De acordo com a nova classificação brasileira (Embrapa, 1999), o solo foi classificado como um Argissolo Acinzentado.
AMOSTRAGEM Na área 1, a coleta de amostras indeformadas, visando a garantir a manutenção da estrutura e da umidade atual da amostra, foi feita na primeira quinzena de abril de 2002. Nas duas glebas a colheita do algodão havia terminado, e o preparo do solo para o plantio de aveia iria iniciar-se. O objetivo foi, portanto, verificar o efeito do tráfego e dos preparos anteriores, referentes ao cultivo do feijão e do algodão, sobre a estrutura do solo. Na área 2, a coleta de amostras foi feita na primeira quinzena de julho de 2002 e teve por objetivo avaliar o impacto do tráfego no cultivo do milho para semente. Duas camadas de solo foram avaliadas: a) superficial (SP – 0 a 100 mm) e subsuperficial (CMRM - camada de maior resistência mecânica, que foi identificada previamente através da quantificação do índice de cone, IC). A identificação dessa camada foi feita através do uso
tratores e máquinas agrícolas que são usualmente utilizados nas áreas em estudo está apresentado no Quadro 1. Observaram-se maiores valores de pressão de contato no solo aplicadas, principalmente, pelos pulverizadores autopropelidos Uniport Jacto, seguidos pelo TM 150 e, por último, pelas colhedoras. Essa alta pressão de contato dos pulverizadores autopropelidos tem ainda um outro fator agravante em relação aos demais citados acima. Normalmente a entrada desses equipamentos é feita com teores inadequados de água no solo (muito elevados) para tráfego, devido à necessidade de controle, principalmente, de doenças, em curto período de tempo. Além disso, essas máquinas são utilizadas em culturas altamente tecnificadas, como a do algodão, que registra nível médio de dez entradas em uma única cultura e é normalmente semeada de novembro a dezembro, na região do Alto Paranapanema. Portanto, esta cultura passa grande parte de seu desenvolvimento sob constantes chuvas, o que aumenta a probabilidade de entradas deste equipamento nas áreas com teores de água do solo acima do aceitável. Conforme depoimentos de produtor, os pneus que equipam o Uniport (12.4-36/Goodyear
de um penetrômetro hidráulico-eletrônico com sistema de posicionamento global, desenvolvido por Lanças & Santos (1998). Naturalmente, a faixa de profundidade da CMRM foi variável, evidenciando alterações da profundidade do “pé de grade Quadro 1 - Valores de pressão de contato máxima, corrigidos segundo a ou pé de arado” e, provavelmen- proposição de Silva et al., 2003, exercida no solo por parte das máquinas te, problemas de regulagem da e equipamentos agrícolas utilizados nas áreas em estudo profundidade efetiva de trabaPressão de Contato, kgf/cm2 lho dos equipamentos. Para a Máquina/Equipamento* Frontal Traseiro área 1, no geral, a CMRM va2 2 kgf/cm kPa kgf/cm kPa riou entre 100 e 400 mm, mas Trator Massey Fergusson 275 4x2 TDA 2.582 253 2.761 271 foi na camada de 200 a 300 mm 1.977 194 2.787 273 que se concentrou a maioria dos Trator Masssey Fergusson 292 4x2 TDA Trator Massey Fergusson 299 4x2 TDA 2.723 267 2.787 273 pontos amostrados. Na área 2, a CMRM foi observada entre Trator John Deere 6405 4x2 TDA 2.582 253 2.336 229 100 e 200 mm. A Figura 1 apre- Trator John Deere 7500 4x2 TDA 1.977 194 2.206 216 senta a variabilidade espacial do Trator New Holland TM 150 4x2 TDA 3.155 309 3.699 363 índice de cone (IC) em função Pulverizador Autop. Max Sistem Plat.290 4x2 tda 3.247 318 3.391 332 do espaço e da profundidade das Pulverizador Autop. Max Sistem Plat.6600 4x2 3.236 317 2.766 271 duas áreas.
PRESSÕES APLICADAS O levantamento das pressões de contato dos principais
Pulverizador Autop. UNIPORT Jacto 4x2 Colhedora Cereais Massey Ferguson 5650 4x2 Colhedora Cereais John Deere 1175 4x2 Colhedora Algodão John Deere 9935 4x2
4.127 3.386 3.695 3.484
405 332 362 342
4.606 3.218 2.879 3.041
452 316 282 298
*Nomes de marcas e, ou equipamentos neste estudo não representam indicações ou recomendações por parte dos autores
“Normalmente as frentes de colheita entram nos períodos mais secos (em que o solo está com alta capacidade de suporte de carga), mas, eventualmente, podem entrar nas áreas cujo solo esteja com um teor de água maior”
Charles Echer
Colhedoras e pulverizadores são os principais responsáveis pela compactação em áreas irrigadas
níveis de óleo, água e combustível. Agora, a maior preocupação é tentar adequar o rodado ao solo, visando à diminuição da compactação.
Dyna Torque II/10 lonas), em uma das propriedades, não resistiram, e o fabricante recomendou o mesmo modelo, só que com 12 lonas. Normalmente as frentes de colheita entram nos períodos mais secos (em que o solo está com alta capacidade de suporte de carga), mas, eventualmente, podem entrar nas áreas cujo solo esteja com um teor de água maior. Alguns produtores mais preocupados com a compactação estão providenciando máquinas com rodado duplo e pneus radiais, privilegiando os de maior largura, para aumentar a superfície de contato. O mesmo está sendo feito para tratores de maior potência. Constatou-se também que, em algumas fazendas, são utilizadas as mesmas máquinas, o que facilitou bastante o trabalho, pois não foi necessário repetir a avaliação das áreas de contato, pois há uma padronização de fábrica, e, pelo fato de o parque de máquinas ser novo, os pneus ainda mantinham as mesmas características, isto é, lastros e até mesmo pressão de inflação. Foi observado que houve uma mudança no comportamento de alguns produtores mais tradicionais. Atualmente, após a compra de máquinas agrícolas, a pressão de inflação e o lastro das máquinas são devidamente e rotineiramente monitorados, a exemplo da verificação dos
Área 1 Os valores de densidade inicial do solo (Dsi) para ambas as camadas avaliadas da área 1 (Figura 2) variaram de 1,20 a 1,60 g/cm3. Observa-se que em toda a área há predomínio de valores de densidade entre 1,30 e 1,50 g/cm3. Apesar de o solo desta área ter grande contribuição de areia e silte, estes valores são extremamente elevados, especialmente por se tratar de solos cultivados com culturas anuais. Na parte central da área é notória uma mancha de solo cujos valores de densidade estão entre 1,40 e 1,50 g/cm3, evidenciando o impacto do tráfego (rodados ou implementos), tanto na profundidade SP como na CMRM. Na Figura 2, estão os mapas das profundidades para a densidade do solo na pressão de preconsolidação (Dsp). Os valores variaram de 1,20 a 1,50 g/cm3 para a SP e de 1,20 a 1,80 g/cm3 para a camada CMRM. Do ponto de vista estrutural, isto é um indicativo do limite a que a densidade deste solo pode chegar, para não ter, teoricamente, a sua estrutura comprometida. Trabalhos con-
Figura 2 - Distribuição espacial dos valores de densidade do solo (gcm-3) inicial (Dsi) e da pressão de preconsolidação (Dssp) da área 1
Figura 3 - Distribuição espacial dos valores de porosidade do solo inicial e da porosidade da pressão de preconsolidação, da área 2
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Máquinas
IMPACTOS DO TRÁFEGO
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duzidos por Silva et al. (2004), estudando a variabilidade espacial da Dsi e Dsp, também constataram o impacto do tráfego sobre a estrutura de solos cultivados com cana-de-açúcar e propuseram o uso da Dsp como indicador da densidade crítica do solo. Todavia, deve ser ressaltado que o aceitável para o solo pode não o ser, necessariamente, para a planta. Neste caso, o produtor deve estar atento ao histórico de produtividade da sua área e, a partir das informações acumuladas, tomar as decisões que melhor lhe convierem. A distribuição espacial dos valores de porosidade se constitui também em uma importante fonte de informação para o produtor. Na Figura 3, observou-se que, na quase totalidade da área, predominaram valores da ordem de 40 a 60 % para a porosidade inicial em ambas as camadas de solo. Amostras de solo da área, após receberem carregamentos equivalentes à pressão de preconsolidação, não tiveram a sua porosidade muito alterada, especificamente na CMRM, denotando, assim como já observado para a Dsi, o alto grau de consolidação da estrutura deste solo. A avaliação da sustentabilidade da estrutura do solo da área 1 foi feita através de modelos da capacidade de suporte de carga, obtidos através da estimativa de p em função da umidade do solo (Figura 5). Observa-se que a capacidade do solo em resistir a carregamentos (pressões de contato), indicados pelos valores de p, é diminuída quando se aumenta o teor de água no solo. Resultados semelhantes foram encontrados por Silva et al. (2003) e Silva et al. (2004). Em áreas irrigadas, como é o caso, cuidados devem ser redobrados com o tráfego, principalmente, depois dos turnos de rega. A CMRM apresenta-se mais consolidada, como se observa pelo comportamento das curvas, apresentadas na Figura 4. A exemplo da densidade e da porosidade, a p corrobora o impacto do tráfego dos rodados e dos equipamentos sobre a estrutura Figura 4 - Modelos de capacidade de suporte de carga para duas camadas de solo com seus respectivos limites e estados de consistência do solo. Linhas de referência indicam a pressão de contato dos rodados de dois pulverizadores
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Figura 5 - Distribuição espacial dos valores de pressão de preconsolidação (sp) e dos valores do teor de água no solo da área da área 1
do subsolo da área 1. A vantagem dos modelos de capacidade de suporte de carga é que eles permitem predizer o quanto de carga o solo pode suportar em função da umidade em que ele se encontra. Considerando-se as pressões de contato aplicadas por dois equipamentos (apresentados no Quadro 2), ambos comprometeriam a estrutura do solo da camada SP, já que ela apresenta menor capacidade de suporte do que a CMRM. Portanto, o dimensionamento do equipamento, ou do conjunto mecanizado, para esta operação deverá levar em conta as informações da camada SP. Mapas de p (Figura 5) foram também obtidos e permitiram uma melhor visualização da distribuição espacial da capacidade de suporte de carga do solo na área 1. Percebe-se que, apesar de a camada SP apresentar valores acima de 400 kPa, eles se restringem a pequenas partes da área, predominando valores da ordem de 200 a 300 kPa. Entretanto, na CMRM, percebe-se que, em quase toda a área, a p ficou entre 300 e 400 kPa, com pequenas partes também apresentando valores da ordem de 400 a 500 kPa. Valores absolutos de p dos mapas, naturalmente, são menores do que os valores dos modelos, uma vez que os valores de p dos mapas foram obtidos em função da umidade atual e estiveram acima do valor de 5%, menor teor de água conseguido em laboratório para obtenção dos modelos.
As informações fornecidas pelos mapas permitem ao produtor definir a profundidade em que a sua área deve ser mecanizada (se o objetivo for romper a resistência mecânica do solo), mas também dá uma idéia de que parte da área solicitará maior potência do conjunto mecanizado a ser utilizado e, por conseguinte, maior consumo energético. Com base nessas informações, decisões quanto ao tipo de operação (se uma aração ou uma subsolagem) podem ser tomadas com perspectivas de maior acerto, tanto do ponto de vista da estrutura do solo, quanto do econômico. Na Figura 6, a distribuição espacial do teor de água no solo, além de orientar o produtor no momento do tráfego, pode ainda indicar quais as zonas de maior suscetibilidade à compactação, ou as de maior capacidade de suporte. Essa situação é bem ilustrada quando se relacionam os valores de pressão de preconsolidação de algumas regiões da camada SP (Figura 3) com as mesmas regiões do mapa de teor de água no solo. Percebe-se que há uma relação inversa entre estas duas propriedades, como descrita pelos modelos de compressibilidades na Figura 4. De maneira geral, o teor de água praticamente foi invariável entre as duas camadas de solo, predominando o teor médio de aproximadamente 10%, com exceção de algumas manchas de 12 e 14% na camada SP e CMRM, respectivamente. Na época da amostragem de solo (1º semestre de 2002), o solo estava seco e, por se tratar de um solo raso e de textura arenosa, com relativa contribuição de silte e baixos teores de matéria orgânica, o armazenamento de água neste solo é muito baixo. Área 2 A exemplo da área 1, a área 2 também foi severamente afetada pelo tráfego solicitado pelos sucessivos ciclos de culturas. O solo desta área se mostrou mais suscetível à compactação do que o solo da área 1, o que pode ser devido à maior contribuição de argila e aos menores teores de matéria orgânica, assim como ao menor diâmetro médio ponderado (DMP) dos agregados. Os maiores valores de densidade (Dsi e densidade na pressão de preconsolidação) de
Figura 6 - Distribuição espacial dos valores de densidade (g cm-3) do solo inicial (Dsi) e na pressão de preconsolidação (Dssp) da área 1
Figura 7 - Distribuição espacial dos valores de porosidade do solo inicial (Dsi) e na pressão de preconsolidação (Dssp) da área 2
ambas as camadas (Figura 6), se comparados aos valores do solo da área 1 (Figura 2), revelam este fato. Portanto, o tipo e a intensidade de tráfego aplicados, o teor de água do solo, assim como o seu estado de consistência, merecem uma atenção especial por parte do produtor no momento da mecanização do trabalho no solo. Observa-se ainda que tanto pelos maiores valores de densidade (Figura 6) como de porosidade (Figura 7), bem como por suas respectivas regiões de abrangência, a camada superficial (SP) está mais consolidada. Valores da or-
“Deve ser ressaltado que a elevada capacidade de suporte de carga observada nas duas áreas se deve à história de manejo a que estas áreas foram submetidas”
Figura 8 - Modelos de capacidade de suporte de carga para duas camadas de solo. Linhas de referência indicam a pressão de contato dos rodados de dois pulverizadores
Figura 9 - Distribuição espacial dos valores de pressão de preconsolidação (sp) e do teor de água da área 2
ao produtor seria, de fato, o pulverizador autopropelido Max Sistem. Na ausência dos limites e estados de consistência, a distribuição espacial do teor de água no solo (Figura 9) pode auxiliar o produtor nas suas tomadas de decisões. Portanto, definir o teor de água adequado para tráfego e/ou preparo, assim como a máquina ou o trator mais apropriados a determinadas regiões de sua propriedade, constitui alternativas que garantem ao produtor maiores possibilidades de conservar a estrutura M dos seus solos. Reginaldo Barboza da Silva e Kléber Pereira Lanças, Unesp
dem de 1,50 a 1,75 g/cm3 para Dsi, apesar de se tratar de um solo de textura franco arenosa, são muito elevados. Isso implica em uma baixa aeração, como corroboram os baixos valores de porosidade (Figura 7). Solos com essas características na época das chuvas, geralmente, ficam encharcados, uma vez que a sua taxa de infiltração (passagem de água no perfil do solo em função do tempo) é muito baixa. Muito provavelmente isso ocorra porque a contribuição de areia muito fina nestes solos é muito alta, e durante as chuvas, ou durante os turnos de regas, a movimentação destas partículas promova um preenchimento dos espaços vazios do solo, tornando-o cada vez mais impermeável. Por outro lado, os veranicos, ou a falta excessiva de água, deixam estes solos extremamente coesos (duros), tornando praticamente impossível um preparo adequado. Os modelos de capacidade de suporte de carga para a área 2 estão apresentados na Figura 8. Para ambas as camadas, observa-se uma redução da pressão de preconsolidação p em função do aumento do teor de água no solo. Isso indica, assim como já observado para a área 1 (Figura 4), um aumento da suscetibilidade destes solos à compactação, principalmente se forem trafegados com tratores ou máquinas que apliquem pressões superiores à resistência interna do solo. Na Figura 8, também estão representadas, através das linhas de referências, as pressões de contato que podem ser aplicadas ao solo por dois pulverizadores utilizados por produtores da região. Nessa condição, se o solo estiver com teor de água acima de 7%, os rodados do pulverizador autopropelido Uniport Jacto compactarão o solo, em ambas as camadas avaliadas (SP e CMRM). Isso ocorre porque a pressão que os rodados do pulverizador estão aplicando ao solo é maior do que a que ele pode suportar. Se a opção for o pulverizador autopropelido Max Sistem TM 150, a estrutura da CMRM será afetada a partir de 11%, e a camada SP só será afetada se o solo for trafegado a um teor de água
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Máquinas
acima de 16%. Esse tipo de analogia pode ser feito para todos os demais tratores, máquinas, ou conjuntos mecanizados de que o produtor disponha, a partir do que, ele pode tomar as decisões mais coerentes. Diferente do que ocorreu na área 1, a camada SP, na área 2, apresentou maior capacidade de suporte de carga do que a CMRM, o que certamente também é grande indicador do quanto está compactada a camada SP. Deve ser ressaltado que a elevada capacidade de suporte de carga observada nas duas áreas se deve à história de manejo a que estas áreas foram submetidas. A amostragem em ambas as áreas foi realizada depois da colheita, de maneira que a história de tensão impressa ao solo foi identificada nos modelos (Figuras 4 e 8). Contudo, a partir do momento em que estas áreas são preparadas (aradas, gradeadas ou escarificadas), as tensões são aliviadas, a resistência mecânica do solo é reduzida e, por conseguinte, também a capacidade de suporte de carga. Os mapas de distribuição espacial de p das duas camadas de solo, avaliadas na área 1 (Figura 9), ratificam o impacto do manejo sobre a estrutura da camada SP, como já constatado nas outras propriedades. Nesta camada, em quase toda a área, a p foi de 300 a 400 kPa. Na CMRM, a área está distribuída em três regiões bem distintas, mas predominam valores da ordem de 100 a 300 kPa. De posse destes mapas e de informações relativas às pressões de contato das máquinas e tratores, o produtor pode de maneira mais orientada definir que área pode ser corretamente trafegada, ou, do contrário, decidir que parte necessita ser mecanizada, quando o objetivo for, é claro, romper camadas compactadas. Continuando-se com a analogia com os pulverizadores, apenas uma parte da área (cor laranja) da camada SP poderia ser trafegada pelo pulverizador autopropelido Uniport Jacto. Porém, como a CMRM suporta carregamentos em torno de 400 kPa, a alternativa mais viável
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Preste atenção
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entre as máquinas e equipamentos utilizados pelos produtores, os pulverizadores autopropelidos Uniport Jacto, seguidos pelo Max Sistem TM 150 e pelas colhedoras, são os que mais aplicam pressão ao solo. Uma atenção especial deve ser dada aos pulverizadores autopropelidos, pois normalmente a entrada destes equipamentos é feita quando o solo está com teor de água muito elevado, impróprio ao tráfego, devido à necessidade de controle, principalmente, de doenças, em curto período de tempo. Essas máquinas são utilizadas em culturas altamente tecnificadas, como a do algodão, nas quais chega a ser registrado um nível médio de até dez entradas em uma única cultura. As propriedades físicas do solo, especialmente a densidade do solo e a porosidade, obtidas das áreas sob os dois pivôs, mostraram-se fortes indicadores do elevado estado de compactação das duas camadas de solo avaliadas. Os modelos de capacidade de suporte predisseram satisfatoriamente a pressão de preconsolidação em função da umidade do solo, permitindo que fosse identificada, em cada área, a camada de maior resistência mecânica e, conseqüentemente, mais afetada pelo tráfego e preparo do solo. Os mapas de pressão de preconsolidação e dos teores de água do solo se mostraram excelentes ferramentas para localizar e visualizar zonas compactadas e de elevada resistência mecânica. Eles constituem um importante recurso, para avaliar o impacto do tráfego agrícola sobre a estrutura de solos que estão constantemente sob as práticas de irrigação.
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Negócios BVO
BVO em pomares D
epois do excelente desempenho em pulverização, aérea e terrestre, a utilização de atomizadores para aplicações em BVO – Baixo Volume Oleoso, chega aos pomares. Desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Bioaeronáutica, já em fase final de testes no Departamento de Engenharia Rural da Esalq, o equipamento turbopomar ®, que utiliza a tecnologia BVO® a qual alcançou grande sucesso nas aplicações aéreas com volumes entre cinco e dez l/ha e nas aplicações terrestres com dez a 20 l/ha. O turbopomar® é instalado nos pulverizadores convencionais, produzindo neblinas com gotas finas e homogêneas. Possibilita o tratamento de pomares com volumes entre 100 e 400 l/ha, com maior penetração, me-
Divulgação
lhor distribuição e com cobertura superior dos ramos terminais devido ao pequeno tamanho e grande quantidade de gotas produzidas. Composto de dez atomizadores rotativos de discos, cada um com quatro discos atomizadores, o conjunto é acionado pelo sistema elétrico do trator. O tamanho das gotas é controlado através do painel de controle, eletro-eletrônico instalado na cabine do trator. O turbopomar proporciona melhoria da eficiência biológica, reduz o esforço logístico e os custos operacionais. Possibilita ganho de rendimento e duplica a capacidade dos tratores a exemplo do que ocorreu nos tratamentos terrestres com BVO® nas culturas anuais. Para maiores informações conM sulte: bioaeronáutica@terra.com.br.
Irrigação tensiômetro
Água na medida Uma maneira simples e prática de manejar a irrigação é através da utilização do tensiômetro, que garante economia de mão-de-obra e confiabilidade no manejo
A
trumentação voltada para a obtenção de informações sobre o sistema água-solo, muito importante. Existem vários métodos e instrumentos que podem ser utilizados nas determinações e estimativas para avaliação da água no solo. Destacam-se, entre os diversos métodos, o uso de tensiômetros, blocos de resistência elétrica, sondas de nêutrons, sondas de capacitância (TDR), método gravimétrico (padrão) e outros (Pires et al., 2001). O manejo da irrigação baseados no potencial de água no solo é uma das opções racionais de uso da água (Villagra, 1988). Para a determinação do potencial mátrico em condições de campo, o tensiômetro é o equipamento mais utilizado e recomendado (Villagra, 1988; Klein, 2001). O método de manejo da irrigação, baseado na tensiometria, é simples e prático. A utilização de tensiômetro, dotado de vacuômetro mecânico (Bourdon), tem seu emprego mais difundido para o controle das irrigações no campo, em virtude de sua simplicidade e facilidade de operação, quando comparado ao tensiômetro de
Fockink
eficiência no uso da água na agricultura pode ser melhorada através do manejo da cultura, visando a um melhor aproveitamento das chuvas. A agricultura irrigada apresenta diversos benefícios que só podem ser alcançados em plenitude quando o sistema de irrigação for utilizado com critérios de manejo que resultem em aplicações de água no momento oportuno e nas quantidades compatíveis com as necessidades de consumo das culturas. Tanto o excesso quanto a falta de água são fatores que afetam, de maneira marcante, o rendimento das lavouras irrigadas e, conseqüentemente, o retorno econômico desse sistema de produção. O manejo adequado objetiva maximizar a produtividade da cultura, minimizar o uso da água e o custo de energia, aumentar a eficiência de adubos, diminuir a incidência de doenças e manter ou melhorar as condições químicas e físicas do solo, além de contribuir para a redução do impacto ambiental. Nesse contexto, a determinação em campo do conteúdo de água no solo é de grande interesse, e o uso da ins-
O tensiômetro de mercúrio possui maior precisão nas leituras, sendo o mais utilizado em trabalhos de pesquisa, porém, é de difícil manuseio no campo
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Máquinas
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mercúrio. No entanto, o tensiômetro de mercúrio possui maior precisão nas leituras, sendo o mais utilizado em trabalhos de pesquisa, porém, é de difícil manuseio no campo. As irrigações devem ser realizadas sem-
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“Lavouras com área média de 200 hectares são tratadas com uma única carga de 1,8 mil litros no período de apenas uma hora de trabalho”
Charles Echer
da frente de molhamento e a adequação da lâmina de irrigação. Depois da realização de algumas irrigações, a leitura diária do aparelho de maior profundidade auxilia no ajuste da lâmina de irrigação. Se, depois de realizada a irrigação diária, observar-se que a leitura do instrumento mais profundo indica que a umidade está próxima da saturação, pode-se diminuir um pouco o tempo de irrigação e prosseguir as anotações diárias das leituras, para verificar se existe necessidade ou não de outro ajuste. Caso contrário, deve-se aumentar o tempo de irrigação, para que a umidade atinja a capacidade de campo. Com esse procedimento, consegue-se, ao longo do tempo, ajustar as lâminas de irrigação (Pires et al., 2001). A leitura de 0 (zero) kPa no tensiômetro indica que o solo está saturado e que as plantas sofrem por falta de oxigênio. De 0 a -6 kPa, o solo é muito úmido para a maioria das culturas. Leituras de -6 a -25 kPa correspondem à condição ideal de umi-
O tensiômetro e a automoção
O
tensiômetro é um sensor que tem grande potencial para utilização em sistemas nos quais o controle da irrigação é automático. Além da economia de mão-de-obra, apresenta também maior confiabilidade no manejo, o que acarreta maiores lucros e preservação ambiental. dade e aeração do solo. Em leituras abaixo de -25 kPa, pode ocorrer deficiência hídrica em plantas sensíveis, com sistema radicular superficial. A maioria das culturas de sistema radicular com profundidade de cerca de 0,50 m não sofre deficiência hídrica em leituras abaixo de -40 a -50 kPa. Estes valores são considerados quando se coloca a cáp-
Manejo de precisão
U
pre que o aparelho atingir o valor crítico de potencial de água no solo para a cultura de interesse (dados de referência em literatura). É importante a instalação de sensores no limite da profundidade efetiva das raízes, justamente para o controle
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m dos aspectos fundamentais, para o manejo de precisão da água em irrigação, é a definição do momento certo das regas, aspecto este que requer uma programação adequada ao longo do ciclo das culturas, para que o objetivo seja alcançado com êxito. Existem vários critérios e metodologias que são necessários, para se estabelecer um bom programa de irrigação, os quais vão desde simples turnos de rega a complexos esquemas de fluxo de água no sistema solo/planta/atmosfera. Entretanto, reconhece-se que, ao agricultor, devem ser fornecidas técnicas suficientemente simples e precisas que possibilitem, em nível de campo, a determinação criteriosa do momento mais adequado para as irrigações. Dependendo das características do solo em que se quer manejar a irrigação, o critério baseado na tensão de água no solo, medida com tensiômetros, pode ser adotado para estimativa indireta da quantidade de água no solo a tensões inferiores a 80 kPa e, portanto, dentro da faixa de atuação da tensiometria. Além disso, recomendações para o manejo de água, utilizando tensiômetros, refletem as variações de umidade do solo, bem como as diferenciações de consumo de água nas diversas fases do ciclo da cultura.
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Demonstração da falta de trabalho do tensiômetro
M
Detalhes do funcionamento do tensiômetro
Tensiômetros instalados no campo
Máquinas
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“A tendência atual é a utilização de sistemas cada vez mais independentes da ação humana para a tomada de decisão na operação do sistema de irrigação”
Divulgação
Equações de calibração
Q
uando se quiser utilizar o tensiômetro de mercúrio, deve-se adotar a equação abaixo para a determinação do potencial matricial:
L = Leitura do tensiômetro em kPa; Hg = Altura de mercúrio em cm; Hs = Profundidade de instalação em cm e
Ha = Altura do nível do solo até o nível de mercúrio na cuba em cm. Quando se utilizar tensiômetro com vacuômetro de Boudon, ou tensiômetro de leitura digital (Tensimetro), a leitura deve ser corrigida pela seguinte equação.
A utilização do tensiômetro é simples, mas requer alguns cuidados para que o resultado seja preciso
sula cerâmica do aparelho no ponto médio da maior porção do sistema radicular da cultura (Faria & Costa, 1987). É importante a escolha adequada do local de implantação, pois esses instrumentos refletem medidas pontuais. Em culturas perenes não se deve instalar junto ao tronco, mas na região de maior concentração de raízes ativas. Já, em culturas anuais, os instrumentos devem ser implantados entre 10 e 20 cm das plantas. O número de sensores a serem instalados na área irrigada depende da uniformidade de distribuição (UD) de água do sistema de irrigação, ou seja, quanto mais uniforme a distribuição de água, menor será o número de sensores utilizados. É importante que o local de instalação represente bem o tipo de solo e que
proporcione fácil acesso para as leituras. Devese evitar o pisoteio excessivo ao redor dos mesmos, depois que estes forem instalados. Silveira & Stone (2001) recomendam a instalação de três baterias de tensiômetros na área irrigada. Para o sistema pivô central, estes autores recomendam que as baterias sejam instaladas a 4/10, 7/10 e 9/10 do raio do pivô central, em linha reta a partir da base (torre), escolhendo-se pontos representativos da área. Outra recomendação (Faria & Costa, 1987) para o sistema pivô central sugere duas baterias, sendo uma a 180o de giro e outra um pouco antes de 360o de giro, ambas localizadas entre a segunda e a terceira torres externas. Faria & Costa (1987) recomendam, para o sistema de gotejamento, uma bateria insta-
Máquinas
lada a 0,3 – 0,45 m do gotejador, desde que haja uniformidade de solo e cultura. Em sistemas autopropelidos e de aspersão convencional, recomendam duas baterias, uma, entre a segunda e a terceira posições, e outra, entre a penúltima e a última posições de mudança. Para o sistema de aspersão fixo, uma bateria é suficiente, e, em áreas irrigadas por sulco, devem-se usar uma bateria no início e outra no final do sulco representativo da área. O número de tensiômetros por bateria depende da profundidade efetiva do sistema radicular. Assim como qualquer outro método de controle, a tensiometria pode ser manual ou automatizada; a tendência atual é a utilização de sistemas cada vez mais independentes da ação humana para a tomada de decisão na operação do sistema de irrigação. Na Esalq/USP, em Piracicaba (SP), está sendo desenvolvida atualmente uma tese de doutorado com o objetivo de desenvolver uma metodologia de automação do pivô central através de tensiômetros com comunicação via M rádio freqüência. Tadeu Miranda de Queiroz, Marconi Batista Teixeira e Rubens Duarte Coelho, Esalq/USP
Autores explicam como utilizar corretamente o tensiômetro
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L = -L’ + 0,098.C L = Leitura do tensiômetro corrigida em kPa; L’ = Leitura do tensiômetro sem correção em kPa; e C = Altura da coluna de água dentro do tensiômetro em cm.
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Negócios Goodyear
Fotos Pedro Batistin
Responsabilidade dez Fruto de parceria entre a Goodyear, o Colégio Nacional de Educação Sanitária e Comunicação (Conesco) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o programa “Agricultor Nota 10” já atendeu a mais de dois mil produtores no Brasil
D
urante o XV Enesco (Encontro Internacional de Educação Sanitária e Comunicação Social), evento paralelo à segunda edição da Agromix 2005 (Feira Internacional de Tecnologia Agropecuária), a Goodyear lançou, para toda a América Latina e o Caribe, seu programa de educação sanitária para o homem rural. O “Agricultor nota 10” tem como meta principal conscientizar o agricultor para a importância da realização de exames preventivos de saúde. Como complemento, o programa pretende iniciar um banco de dados sobre a saúde do homem do campo e os principais problemas e doenças que o afetam. Segundo Paul Cadena, diretor de vendas e marketing da Goodyear para América Latina e Caribe, o programa vem compor e ampliar a política de responsabilidade social da empresa. “Ele é uma derivação do Projeto ‘Camioneiro Nota 10’, que há alguns anos vem sendo desenvolvido no Brasil. Outro programa que estamos gestando é o “Sorriso Nota 10”, também direcionado ao setor de transportes,” lembra ele. Para atender à demanda, foi montado, na Agromix, um estande com cem metros quadrados de área. Nele, uma equipe de 14 profissionais de saúde ficou responsável pelo atendimento aos produtores que visitaram o evento. Na primeira edição do programa, foram atendidos 1,34 mil agricultores, junto ao Show Rural Coopavel 2005. Três casos graves de cegueria parcial foram detectados. O “Agricultor Nota 10” é resultado de uma parceria entre o Colégio Nacional de Educação Sanitária e Comunicação (Conesco), entidade sem fins lucrativos que atua juntamente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e a empresa Goodyear do
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Brasil. Dentre as atividades que integram o programa, estão a realização de exames laboratoriais, tais como hemogramas, tipagem sangüínea e colinesterase (diagnóstico de exposição e intoxicação por agrotóxicos), além de atendimentos oftalmológicos e consultas clínicas de fisioterapia. No período de 21 a 23 de junho, na Agromix, foram realizados 441 exames laboratoriais – 280 de colinesterase e 161 hemogramas - e 181 consultas – 114 oftalmológicas e 67 fisioterápicas, totalizando 622 atendimentos. José Carlos Moreno, gerente de vendas e marketing da divisão de pneus agrícolas da Godyear no Brasil, ressalta que o programa visa a atingir agricultores vinculados a cooperativas e entidades de classe. “O Agricultor Nota 10 busca oferecer acesso à medicina preventiva a quem não tem.” Também faz parte do programa “Agricul-
tor Nota 10” o aperfeiçoamento da educação e da recreação destinado às crianças. Na oportunidade elas recebem orientação sobre educação ambiental, social e cidadania, através de livros fornecidos pela Fundação D’Paschoal. O XV Enesco reuniu pela primeira vez profissionais responsáveis pelos programas oficiais de educação sanitária e comunicação dos governos da América Latina e Caribe. O encontro proporcionou a integração entre os serviços oficiais dos países participantes, a troca de experiências na área e também deu visibilidade aos programas desenvolvidos no setor. O evento contou com o apoio do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), FAO (Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e OPAS (Organização PanAmericana de Saúde), através do Centro PaM namericano de Febre Aftosa.
Direção da Goodyear e autoridades presentes realizaram o lançamento do programa para a América Latina e o Caribe
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Colhedoras regulagem
Fotos John Deere
Em observação Para aumentar a vida útil da colhedora, é necessária uma manutenção adequada na entressafra, que garantirá melhor desempenho redução dos custos na hora do trabalho
U
ma colhedora representa grande fatia dos custos de mecanização na produção de uma cultura, e a vida útil deste equipamento depende muito da atenção e dos cuidados a ele dispensados. Assim, a manutenção adequada é de vital importância para a redução dos custos envolvidos no sistema produtivo. As manutenções preventiva e preditiva geram um menor custo, pois evitam a manutenção corretiva (notoriamente de custo mais elevado). Nesta última, a troca de um componente só é realizada quando ocorre sua quebra, o que em muitos casos pode danificar outras peças, aumentando as despesas com os reparos. Daí a importância da realização de uma manutenção adequada. Essa operação deve ser realizada em todas as máquinas e os implementos agrícolas, mas é claro que a manutenção preventiva numa colhedora de grãos é ainda mais importante, devido aos altos custos inicial e operacional destas máquinas. No caso de uma colhedora, uma peça com excessivo desgaste, além de gerar um custo maior, também pode ocasionar perdas do produto colhido. Mostraremos a
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seguir os pontos mais importantes a serem verificados, na entressafra, para manutenção adequada do equipamento. Um cuidado importante que se deve ter logo após a safra é lavar cuidadosamente o exterior e o interior da colhedora, para evitar oxidação, devido ao acumulo de resíduos. Outro ponto importante na lavagem é a eliminação de resíduos de material vegetal (restos culturais e grãos colhidos). A presença destes atrai roedores e pragas que podem danificar a colhedora, principalmente no que diz respeito a correias e cabos elétricos. Para uma boa limpeza, devemos remover todas as tampas de proteção e re-
alizar uma inspeção, inclusive, do alimentador. Após a lavagem da colhedora, deve-se colocá-la em terreno inclinado, ou pelo menos movimentá-la, a fim de eliminar a água que pode ter permanecido no interior. Também é muito importante a pintura das peças que sofreram desgaste da tinta, para que não ocorra ferrugem nelas. Após a limpeza e a secagem da colhedora, deve-se abrigá-la em local protegido do sol e da chuva, possibilitando aumento da vida útil da pintura e diminuindo a possibilidade de oxidação. É interessante também que se coloque a colhedora sobre suportes e que se diminua a pressão dos pneus, permitindo aumento da vida útil dos mesmos. Desengatar a plataforma de corte, para guardar a colhedora, é outro ponto a ser observado. Caso contrário, ao menos ela deve ser colocada sobre suportes, a fim de diminuir a sobrecarga contínua no sistema hidráulico da máquina.
PLATAFORMA O desgaste da tinta expõe as peças à oxidação
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Na verificação da plataforma, o desgaste das navalhas de corte e dos dedos das navalhas deve merecer atenção espe-
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“É interessante também que se coloque a colhedora sobre suportes e que se diminua a pressão dos pneus, permitindo aumento da vida útil dos mesmos”
Na enfermaria
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Desgaste das navalhas e dos dedos das navalhas de corte
Correntes transportadoras do alimentador
ALIMENTADOR
Dedos do molinete quebrados ou tortos
cial. O desgaste excessivo gera vibrações, prejudicando o funcionamento da caixa de navalhas. Isso aumenta a ineficiência do corte, gera perdas de grãos e desestabiliza outros componentes. Outros componentes aos quais devemos dar atenção são os dedos do molinete, que não devem estar quebrados ou tortos, para que não gerem ineficiência, ao apoiarem o produto quando este está sendo cortado. Na colheita de grãos muito abrasivos, como arroz, é bastante freqüente o desgaste das partes que ficam em contato direto com estes grãos, principalmente o sem-fim e a lâmina inferior. Assim, é muito comum o enchimento com solda da rosca do sem-fim, criando uma superfície de maior resistência. A troca do fundo da plataforma, com o uso de chapas inox, pode dar maior escoamento ao arroz, reduzindo o desgaste e aumentando a vida útil da plataforma. Essas sugestões são importantes, para que na colheita não ocorra ineficiência de transporte de grãos. Para colhedoras de grãos menos abrasivos, recomenda-se retocar com uma camada de tinta as partes com pintura desgastada da plataforma de corte, aumentando a proteção contra ferrugem. É importante retirar a barra de corte da plataforma e lubrificá-la; isso garantirá maior vida útil das navalhas e dos dedos de navalhas.
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Devem-se verificar principalmente as correntes transportadoras do alimentador, além de conferir se existe alguma folga excessiva dos elos. Se necessário, devem-se reajustá-los. Posteriormente, lubrificam-se as correntes por completo. As barras transportadoras não devem estar tortas, nem apresentar grande desgaste – máximo em torno de 5 mm - para não gerar ineficiência no transporte dos grãos.
UNIDADE DE TRILHA Os côncavos, as barras do cilindro e os cilindros de dentes não devem apresentar desgaste excessivo – máximo de 4 mm. Desgastes maiores podem dificultar o processo de trilha e acarretar danos ao grão, diminuindo a qualidade do produto colhido. Para o cilindro de dentes,
stamos no período de entressafra, hora de procurar um revendedor autorizado e fazer uma revisão e manutenção adequada na colhedora. As manutenções preventiva e preditiva geram um menor custo, pois evitam a manutenção corretiva (notoriamente de custo mais elevado). desgaste de 2 mm já é considerado excessivo. Não se deve trabalhar com desgaste excessivo nas peças. Isso pode ocasionar ora maior perda de grãos, ora maior desgaste dos componentes envolvidos. Assim, são de grande importância os ajustes da máquina, os quais devem seguir as instruções do manual do fabricante da colhedora.
UNIDADE DE SEPARAÇÃO Para o caso do saca-palhas, é importante verificar se as telas não estão obstruídas. Essa é uma manutenção de rotina que deve ser executada com periodicidade maior. Se o saca-palhas estiver com as telas obstruídas, ocorrerão maiores per das de grãos no ato da colheita. Os mancais do saca-palhas não devem apresentar grande desgaste. O desgaste pode provocar quebra da unidade e conseqüente danificação de outros compo-
Desgaste dos côncavos e barras do cilindro
Mancais do saca-palhas não devem apresentar desgaste
Defeitos na unidade de trilha causam danos aos grãos na colheita
Saca-palhas sem obstrução nas telas
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“A limpeza e a troca do filtro de ar devem ser periódicas, conforme especificações do fabricante, a fim de evitar que partículas de pó entrem no cilindro, danificando as camisas do motor”
Fotos John Deere
A folga nas peneiras e o alinhamento das telas devem ser verificados
Uma camada de material anticorrosivo deve ser aplicada nas partes de maior uso
nentes do sistema, além de gerar um elevado custo para manutenção e reparo. Nos rotores, deve-se verificar o desgaste dos dedos e dos rolamentos do eixo. Estes, quando danificados, fazem com que ocorram vibrações excessivas que podem comprometer todo o funcionamento do sistema.
UNIDADE DE LIMPEZA Nas peneiras, devem-se observar as folgas nos rolamentos do ventilador. Aplicar uma camada de material anticorrosi-
As correias dos elevadores devem ser lubrificadas
vo nas partes de maior uso, tais como as peneiras e o bandejão, também é recomendável, já que, com o uso, esses dispositivos perdem a camada de tinta protetora, o que pode ocasionar a oxidação dos componentes. As aletas das peneiras devem estar alinhadas umas com as outras na mesma distância, sem haver amassamento ou desuniformidade dos espaçamentos. Tal regulagem varia, conforme o produto a ser colhido, e vem especificada no manual do proprietário, fornecido pelo fabricante da colhedora.
ELEVADORES E GRANELEIRO Devem-se remover as correntes dos elevadores de grão, palha e retrilha, lubrificando-as com óleo. Também deve-se lubrificar a caixa dos elevadores. Essa prática evitará oxidação do metal, aumentando a vida útil do sistema. A partir da execução de tal procedimento, devem-se montar as correntes, regulandoas com tensão adequada.
Limpeza e troca periódica do filtro de ar garantem maior vida útil à máquina
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CABINE A limpeza no interior da cabine não somente melhora a aparência, como também aumenta a durabilidade dos componentes. É importante passar ar comprimido na caixa de comandos eletrônicos, para que o acumulo de pó não provoque a diminuição da dissipação de calor – isso pode provocar o funcionamento inadequado de algum instrumento, ou até ocasionar a queima de algum componente. É importante ligar o ar condicionado enquanto o motor estiver funcionando, para lubrificar os componentes do compressor e evitar a oxidação destes.
MOTOR Todo motor possui um custo de manutenção, geralmente, bastante baixo, mas, se a manutenção for corretiva, este custo vai elevar-se muito. Portando, trata-se de um componente ao qual se deve prestar muita atenção. O óleo diesel a ser usado deve ser de boa qualidade, para não danificar a bomba injetora – através de entupimentos - e não ocasionar pré-detonação do combustível no motor, afetando o rendimento da máquina. A limpeza e a troca do filtro de ar devem ser periódicas, conforme especificações do fabricante, a fim de evitar que partículas de pó entrem no cilindro, danificando as camisas do motor. Verificar o nível do óleo e respeitar os prazos de troca - do óleo e do filtro -, de acordo com o manual do fabricante, são práticas de grande importância, para que ocorram a lubrificação e a limpeza de todas as partes móveis e internas do motor, garantindo maior vida útil e evitando custos desnecessários. Uma outra medida importante é a limpeza com ar, ou água sobre pressão, das aletas do radiador, pois, se as mesmas estiverem obstruídas, podem dificultar a troca de calor do motor com o meio
A tensão das correias, no sistema de transmissão, deve ser observada
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e causar o superaquecimento do sistema. Na entressafra, é importante colocar o motor para funcionar a ¾ de aceleração, durante o período de uma hora. Essa operação deverá ser repetida a cada três semanas. Todos os variadores da máquina também devem ser acionados durante o procedimento. É importante nunca deixar o motor em funcionamento sem líquido de arrefecimento, como também é importante o uso de algum aditivo indicado pelo fabricante.
SISTEMA HIDRÁULICO E DE TRANSMISSÃO A verificação das correias e polias é também de grande importância para a redução de custos de manutenção. Alguns cuidados simples podem aumentar a vida útil dos componentes. A verificação da tensão das correias evita a patinagem, reduzindo o desgaste. Para as polias, é importante verificar se há um balanceamento e se não há folgas nos rolamentos. Retocar as superfícies das polias com tinta, ou com produto anticorrosivo, evita a oxidação e o desgaste pela corrosão. Quanto à caixa de câmbio, deve-se dar uma boa atenção ao nível do óleo, além de fazer as trocas no período estipulado. Isso também é válido para o sistema Hydro das colhedoras. Quanto aos pistões hidráulicos, devese verificar se os retentores não estão com vazamentos. É interessante, no período da entressafra, lubrificar as hastes e retraí-las totalmente. É importante seguir as orientações de lubrificação, conforme as instruções do manual do operador, e fazer constantemente a verificação do nível da caixa de acionamento das nava-
Tipos de manutenção
E
xistem três tipos de manutenção em uma máquina: a manutenção corretiva, que é aquela feita quando ocorre uma quebra ou desgaste excessivo de um componente; a manutenção preventiva, que é a troca de um componente com algum desgaste, ou já prestes a apresentar sinais de falhas; e a manutenção preditiva, que é a troca de algum componente sem que este esteja danificado ou com desgaste, porém, por estudos anteriores, sabe-se que este componente está no fim da vida útil. A manutenção preditiva é muito comum em usinas de açúcar e álcool. Nas análises de óleo, são observados os limites de uso de óleos e de componentes, de acordo com níveis de desgaste ou de manutenção das características desejáveis do componente em questão. lhas, da caixa de câmbio, do óleo do cárter, do reservatório hidráulico e do reservatório do fluido de freio. Inspeções periódicas reduzirão ao máximo a manutenção e os reparos na colhedora, além de evitarem quebras, que geram custo muito elevado durante a colheita. Portanto, é aconselhável fazer a revisão da colhedora anualmente, ao término de cada safra. Fazer a revisão da máquina em oficinas autorizadas é outro fator importante. Os profissionais desses estabelecimentos são treinados nas fábricas, o que garante uma maior qualidade no serviço prestado.
Martini e Baio observam a importância da manutenção adequada da colhedora na entressafra
O uso de peças originais na manutenção é fundamental para o bom funcionamento de uma colhedora. Isso evita o desgaste prematuro dos componentes, pois a maior durabilidade das peças originais, que passam por um rigoroso controle de qualidade nas fábricas, é inquestionável. Assim, verifica-se que os pontos a serem observados para a manutenção correta das colhedoras são inúmeros, mas sua observação é muito importante para o bom funcionamento da máquina durante a safra, para a redução dos níveis de perdas na lavoura e para o aumento da durabilidade dos componentes, contribuindo para redução dos custos envolvidos no processo de mecanização agrícola nas propriedades. M Eduardo R. Martini e Fábio Henrique Rojo Baio, John Deere
Frota
substituição
Ponto de substit
A vida útil de qualquer máquina agrícola está limitada a determinado tempo, a partir do qual seu uso se torna antieconômico. Determinar o momento exato em que ocorre esta inversão é fundamental para a potencialização dos recursos da mecanização na propriedade
A
aquisição de máquinas agrícolas é resultado da necessidade de substituir máquinas velhas e inadequadas. A vida útil de qualquer máquina agrícola está limitada ao tempo a partir do
qual seu uso se torna antieconômico, o que indica que ela deve ser substituída. O momento exato em que isso ocorre é denominado ponto de substituição. Se a substituição for feita antes do ponto ideal, o propri-
etário estará descapitalizando-se, porque alienará o bem antes da recuperação total do capital inicialmente investido. Se o fizer depois, estará perdendo, por conta da redução do valor de revenda. A desvalorização da máquina, somada ao elevado custo de reparos, de manutenção e às perdas operacionais devidas à falta de confiabilidade, qua-
Se a substituição for feita antes do momento certo, o produtor estará descapitalizando-se
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“Uma das maneiras de se calcular o ponto de substituição é através da análise do custo médio da máquina ao longo de um período de vários anos de uso”
Fotos Charles Echer
uição
Quando substituir
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A manutenção adequada garante maior vida útil ao equipamento
lidade e eficiência no serviço, pode aumentar os prejuízos. Alguns fatores afetam a tomada de decisão quanto à substituição. Dentre eles, está a falta de acompanhamento do registro de custos e de desempenho das máquinas agrícolas. Estes, associados ao desconhecimento de metodologias para determinação do
ponto de substituição, podem ser determinantes. Na prática, porém, há evidências de que os proprietários seguem um padrão empírico para a substituição de suas máquinas, observando-se que a elevação dos custos operacionais prenunciam o final da vida útil. Analisando-se a questão como um problema de natureza econômica, a idade de substituição de um equipamento depende do valor inicial, das despesas anuais com reparos e manutenção, do valor de revenda (residual) em cada ano e da taxa de remuneração do capital considerada na análise. A substituição também se aplica em resposta às inovações tecnológicas incorporadas, através das quais o ganho de produtividade e a qualidade de serviço devem compensar o acréscimo no preço do equipamento. Uma das maneiras de se calcular o ponto de substituição é através da análise do custo médio da máquina ao longo de um período de vários anos de uso. Na Tabela 1, são apresentados os registros de gastos de um trator agrícola. Ressalta-se que se trata de valores para fins de exemplo, não servindo, pois, como referência de mercado. A Figura 1 compara o custo médio anual (custo anual/tempo de uso anual) com o custo médio acumulado, calculado pela relação entre o custo e o tempo de uso acumulado. O custo médio anual vai reduzindo-se a
substituição é recomendada quando: • O rendimento de uma máquina nova é significativamente superior ao de uma antiga; • Os custos operacionais da máquina antiga se tornam muito elevados, comparados ao de uma similar nova; • Uma nova máquina, ou prática agrícola, torna a antiga obsoleta; • A capacidade da máquina é inadequada, devido a um aumento na área a ser trabalhada; • Acidentes danificam o equipamento, tornando uma eventual reparação inviável. partir do primeiro ano, com a depreciação real de mercado, até atingir um valor mínimo. Depois, começa a se elevar, com o aumento dos custos de manutenção e de reparos ao longo do tempo de uso do trator. O custo médio acumulado, porém, vai reduzindo-se de maneira gradual e se nivela no ponto em que intercepta a curva do custo médio anual. Esse ponto define o tempo ótimo de substituição do trator. O custo médio acumulado se encontra no seu valor mínimo e, a partir desse ponto, deverá elevar-se continuamente, tornando antieconômico o uso do equipamento. Na verdade, são os custos de manutenção e reparos que determinam o tempo de substituição. Quando, porém, esses custos são proporcionais ao uso, a máquina não deverá ser substituída por razões econômicas, porque o seu custo horário médio reduzir-se-á a cada ano de vida. Por outro lado, quando os custos de manutenção e reparos aumentam com o uso, o custo médio acumulado alcança um valor mínimo definido. As curvas suaves da Figura 1 poderi-
Tabela 1 - Exemplo de registros de gastos de um trator agrícola
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“A obsolescência técnica também pode determinar a necessidade de substituição de um equipamento agrícola”
Figura 1 - Custo médio anual e custo médio acumulado de um trator agrícola indicando o ponto de substituição
Shubert Peter
am representar a média dos custos de muitos tratores agrícolas. A curva de um histórico custo-tempo de um trator isolado, porém, certamente seria errática. Como a decisão de substituição ou de reparação geralmente recai sobre uma máquina individual, um bom administrador deve ter o registro dos custos de cada máquina. A Tabela 1 ilustra a utilidade desses registros, quando o administrador se depara com a necessidade de decidir entre reparar ou substituir um equipamento agrícola. A linha do custo médio acumulado é o indicador principal. Um reparo vultoso ou um tempo de operação eventualmente menor num determinado ano poderão resultar num custo médio anual maior do que o de todos os anos anteriores. Todavia, isso não in-
Em muitos casos, componentes de máquinas mais velhas servem para reposição de peças da frota ativa
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dica a necessidade de substituição do equipamento, porque o custo médio acumulado (custo acumulado/tempo de uso acumulado) continua baixando. Assim, a decisão mais conveniente deverá ser reparar o equipamento, ao invés de substituí-lo. A obsolescência técnica também pode determinar a necessidade de substituição de um equipamento agrícola. A introdu-
ção de inovações tecnológicas mecânicas, hidráulicas, eletrônicas e ergonômicas torna os equipamentos mais eficientes e deprecia o valor de mercado das máquinas que não incorporaram essas características. Transcorrido um período de tempo, a soma desses valores conduz a um custo ou a uma taxa de obsolescência. Assim, os custos anuais e acumulados, da Tabela 1, deveriam ser relacionados, além do tempo de uso, com a quantidade de serviço executado naqueles períodos, para efeitos de comparação com os valores produzidos por equipamentos similares novos. Finalmente, o administrador deve estar ciente de que a vida útil econômica de um equipamento agrícola depende do valor de revenda no mercado de máquinas usadas. A carga de depreciação acumulada, baseada na estimativa do valor de mercado, pode alterar-se consideravelmente, porque depende do preço de revenda do material usado que, por sua vez, depende da demanda de máquinas usadas. M Iackson Borges, UFPR Marcos Milan, ESALQ/USP
Desgaste físico ou obsolescência
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eralmente as máquinas são substituídas porque se desgastam, ou porque ficam obsoletas. O desgaste físico, todavia, não deve ser confundido com obsolescência. O primeiro decorre do tempo de uso e resulta no aumento dos custos de manutenção e reparos, na redução da confiabilidade, devida às quebras freqüentes, e no comprometimento da eficiência e qualidade do serviço. A obsolescência, por sua vez, depende da taxa de progresso tecnológico. Em ambos os casos, o custo operacional, isto é, o custo da unidade de serviço, será maior do que aquele produzido por um equipamento novo. Porém, de modo geral, uma nova tecnologia só é incorporada se vier acompanhada de estímulos econômicos para sua aquisição, sob a forma de promoções e garantias dos fabricantes, ou, ainda, de políticas públicas de crédito facilitado. A vida útil de um equipamento não deve ser medida em anos, mas em horas de trabalho realizado. Eventualmente, como referência de tempo, pode-se converter em anos, quando a máquina executa uma quantidade de horas projetadas para o período. Medindo a vida útil em
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horas, é possível se observarem melhor a redução do valor de revenda da máquina, a sua obsolescência, a redução da capacidade operacional e a qualidade do serviço por ela executado. Por exemplo, há um consenso de que um trator agrícola tem uma vida útil econômica em torno de 12 mil horas. Se, no sistema mecanizado, ele opera mil horas por ano, a vida útil será de 12 anos. Mas, se operar 2,5 mil horas por ano, então, a vida útil será de 4,8 anos. Mas isso não significa que o final dessa vida útil econômica corresponda ao final da vida útil física e que o trator deva ser descartado. Ele poderá ser aproveitado na execução de outra operação, observando-se, evidentemente, o custo da unidade de serviço produzida. Entretanto, dependendo das condições de serviço e da atenção que o responsável pelo gerenciamento do sistema mecanizado dispensa aos fatores que afetam a vida útil do trator, como revisões de rotina, qualidade do serviço de oficina e das peças de reposição e treinamento contínuo da mão-de-obra de operação, a vida útil econômica do trator pode ser prolongada.
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Fotos Miac
Advanced no feijão A Miac está lançando sua segunda geração de equipamentos para corte, recolhimento e trilha do feijão: o Ceiflex versão 2005 e a recolhedora/trilhadora Advanced Feijão
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ceifador é um equipamento projetado para cortar e enleirar feijão, permitindo o corte logo após a maturação fisiológica. Lançados pela Miac, são dois novos modelos, Ceiflex 4000 e Ceiflex 6000, que diferem apenas na largura de corte de 4,2 e seis metros, respectivamente. Foi incorporado nesses novos ceifadores um sistema de sustentação da barra de corte, através de molas, que permite maior adaptação às diversas condições de solo. Isso faz com que a barra flutue com maior facilidade, sofrendo menos esforços e permitindo uma maior velocidade de operação. A regulagem do cilindro recolhedor, para adaptação à velocidade operacional, agora é elétrica, podendo ser feita da plataforma ou da cabine de operação da automotriz. Rodas guias e abridor de linhas foram redimensionados, ficando mais leves e mais fáceis de serem ajustados. A principal inovação do Ceiflex é a nova barra de corte com dedos fundidos, desenvolvidos pela Miac, e o novo “canhoto”, mais robusto. Assim, existe uma boa adaptação às variações de lavouras, tais como plantio convencional, plantio direto, restos de cultura anterior, condições de umidade e tipo do solo. O ajuste da posição da barra de corte também foi facilitado através de novo sistema de regulagem, assim como modificações foram feitas nas esteiras de transporte, para facilitar a sua manutenção. Com todas essas modificações, o Ceiflex
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4000 e o Ceiflex 6000 passaram a ter maior capacidade operacional, trabalhando um número maior de hectares por dia.
ADVANCED FEIJÃO A última novidade em máquinas para recolhimento e trilha de feijão também foi apresentada recentemente pela Miac. A recolhedora/trilhadora Advanced Feijão é um equipamento que mantém o mesmo princípio de trilha anteriormente desenvolvido pela Miac e já consagrado pelo mercado - o sistema de Fluxo Axial de Baixo Impacto. No novo modelo, o sistema foi redimensionado para permitir trilhar um maior volume de feijão em maior velocidade. Também foi aumentada a área de limpeza, que passou a contar com 3,96 m2 de peneiras. Conseqüen-
A principal inovação do Ceiflex é a nova barra de corte com dedos fundidos e novo “canhoto” mais robusto
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temente, o transporte de grãos para o graneleiro foi ampliado, aumentando-se o tamanho das canecas do elevador de grãos. A capacidade do graneleiro também subiu, elevando-se a autonomia da máquina. A unidade recolhedora sofreu modificações no sentido de recolher, com eficiência e maior velocidade, as novas leiras de 12 linhas. Cilindros direcionadores e cilindros condutores foram modificados para permitir o recolhimento sem embuchamentos, mesmo em velocidades mais elevadas. Na saída de palha, foi incorporado um picador de palhas com saída para a parte traseira da máquina, que permite distribuição uniforme sobre a superfície do solo, facilitando o trabalho de plantio direto. A Advanced Feijão possui bitola variável, o que facilita o transporte em caminhões e dá maior estabilidade ao equipamento na hora da colheita. O modelo pode ser tracionado com tratores de 100 a 120 cv e opera numa velocidade que varia entre 8 e 11 km/hora. Outro aspecto importante das recolhedoras/trilhadoras Miac, que se mantém nesse equipamento, é a facilidade para regulagem. Basta ajustar as molas de sustentação da unidade recolhedora para um trabalho com boa flutuação (que evite os “trancos” e permitam acompanhar as irregularidades do terreno), regular a posição dos dedos batedores (para um fluxo de material que permita trilha e separação condizentes com as condições do material) e ajustar o fluxo de ar (para uma boa limpeza do feijão antes de chegar ao graneleiro ). M
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por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br
Acelera... ...a
os poucos. Afinal, estamos em período de recesso nas duas categorias do esporte trator brasileiro. A tão esperada prova do Rio Grande do Sul de Arrancadão de Tratores será disputada nos dias 8 e 9 de outubro na cidade de Não-Me-Toque. Será a segunda etapa do Campeonato Interestadual, pois a etapa de abertura da temporada ainda não está marcada, mas acontecerá em setembro, provavelmente no Mato Grosso do Sul. A terceira e última etapa, que também terá validade pela terceira edição do Campeonato Brasileiro, já está
marcada para os dias 13 e 14 de novembro, em Maripá (PR). Enquanto as provas não começam, vejam a curiosidade que apresentamos nesta edição: um trator anfíbio “de verdade e uma musa no esporte trator. Infelizmente, na Europa. Mas também existem belas nos eventos do Brasil. Na próxima edição, os resultados das primeiras provas do ano de Trekker-Trek, ocorridas em Holambra (SP), dias 9 e 10 de julho. Aguardem...
Musas do Esporte Trator
JOHANNA HERLEVI Nascida em Kälviä, na Finlândia, em 14 de dezembro de 1975, a filha de Anne e Pekka Herlevi vive atualmente em Jyväskylä, onde trabalha como gerente de suporte de marketing para a Europa Ocidental. Como seu pai é um inveterado puller, piloto e chefe de equipe de tractor pulling, Johanna participou de algumas provas da categoria amadora, até que em 1998 passou a integrar a equipe Valtra como piloto profissional, na qual já atuavam seu pai e o irmão Matti. O primeiro grande resultado veio no mesmo ano na competição européia na prova da Inglaterra. A bela é a primeira mulher Campeã Européia de Tractor Pulling. Resultados Relevantes no ano de 2004: Campeã da Copa Européia, categoria Pro Stock; 2ª no Campeonato Europeu, cat. 3.5 t Pro Stock, Alemanha; Campeã Finlandesa, cat. 3.5 t, Pro Stock.
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Curiosidades
Valtra anfíbio vai às águas...
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m Valtra C150 corta as ondas de um lago, rebocando uma carreta. Vista de longe, a combinação de trator e carreta parece absolutamente normal, não fosse pela presença de um bote navegando ao lado, indicando que as águas são profundas. O pessoal da Pekeija Lt., na Finlândia, tem muitos anos de experiência com o trabalho de tratores na coleta de turfa, que, uma vez seca, é usada como combustível em usinas térmicas. Um campo já trabalhado pode suportar um trator com rodagem dupla, mas, em áreas novas, a atividade é realmente molhada. As áreas são tão úmidas e têm tão baixa capacidade de suporte que não agüentam o peso de uma pessoa. No entanto, diques têm que ser construídos, e árvores velhas, removidas. Retirar um trator atolado no lodo não é tarefa das mais fáceis, e o pessoal da Pekeija sabe disso. Por isso, decidiram construir um trator que literalmente não afunda. O que é notável no Valtra flutuante Pekeija é que os dispositivos anfíbios não afetam o uso do trator em terreno seco. Os pontões que mantêm o trator flutuando estão ocultos entre a rodagem dupla e entre o chassi e os rodados. Ademais, todas as entradas de ar, dutos de resfriamento de óleo e outros bocais foram levantados. O equipamento elétrico foi totalmente isolado, assim como a cabine e outras áreas sensíveis à água. Normas de segurança exigem a colocação de um alçapão de escape no teto da cabine. Além do equipamento normal, foram agregados alguns itens de especificação marítima, como as luzes vermelha (à direita) e verde (à esquerda) sobre a cabine. O trator é estável na água e se move mais rapidamente com uma hélice impulsora, acionada pela tomada de potência. Óleos e fluidos biodegradáveis e ambientalmente corretos são utilizados, no caso de ocorrer um vazamento na água.
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