Maquinas 44

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Destaques Matéria de capa

Posto particular O posto de abastecimento na propriedade requer pouco investimento e, no entanto, é decisivo para ganho de produtividade

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Tratamento localizado

Eficiência radial

Tratamento localizado, utilizado na Agricultura de Precisão, é uma ferramenta importante para equacionar as diferenças de produção na lavoura

Conheça o desempenho dos pneus radiais agrícolas nos testes que apontam vantagens significativas da radialização na agricultura

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Índice

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Nossa Capa Capa Amazone

Rodando por aí

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Manejo de cobertura

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Manutenção de semeadoras

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Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Nilo Peçanha, 212 96055-410 – Pelotas – RS www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com

Armazenagem de combustíveis na fazenda 12 Lançamentos

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Eficiência dos pneus radiais

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Aplicação com taxa variável

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Conbea 2005

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Esporte Trator

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Direção Newton Peter Schubert K. Peter

Cultivar Máquinas Edição Nº 43 Ano III - Julho 05 ISSN - 1676-0158 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

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Charles Ricardo Echer • Redação

Vilso Júnior Chierentin Santi • Revisão

Silvia Maria Pinto • Design Gráfico e Diagramação

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• Gerente de Circulação

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Rosiméri Lisbôa Alves Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externa

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Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


BB Biodisel

Kepler Weber Apesar da dificuldades enfrentadas na venda e instalação de sistemas de armazenagem no mercado interno, o Eng. Nilson Lange, do Grupo Kepler Weber, se mantém otimista. Segundo ele, o déficit de estruturas armazenadoras no Brasil ainda é muito grande. Tal fato, aliado ao franco crescimento nas exportações das soluções Nilson Lange propostas pela empresa, desenha um cenário favorável.

Valtra

Evandro Mantovani

Conbea 2006 A XXXV edição do Conbea será realizado em João Pessoa, na Paraíba. A partir de 2006, a SBEA (Associação Brasileira de Engenharia Agrícola) passará a organizar diretamente o evento. Segundo seu presidente Evandro Mantovani, as instituições de ensino, pesquisa e extensão passarão apenas a hospedar os eventos.

O coordenador de desenvolvimento e marketing de produto da Valtra, Alexandre Landgraf, destacou o espaço delegado as discussões referentes às fontes alternativas de energia durante o Conbea 2005. Os biocombustíveis, centraram os debates no segundo dia do evento que contou com a palestra do Dr. Axel Munack, da Alemanha. A Valtra é pioneira na utiliAlexandre Landgraf zação do biodiesel no Brasil.

Leica A Manfra traz ao Brasil o mais recente lançamento da Leica, a Smart Station primeira Estação Total com GPS RTK (Sistema de Posicionamento Global em tempo real) integrado. Segundo Danilo Sidnei dos Santos, gerente de produtos da empresa, o revolucionário sistema permite o cálculo da posição com uma precisão centimétrica (10mm + 1ppm) a uma distância de até 50 km da estação de referência, independente de pontos de apoio de poligonais ou trilaterações.

Abimaq A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e a Apex-Brasil (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos) assinaram nesta terça-feira convênio que prevê liberação de US$ 2,5 milhões para participação do Brasil em feiras internacionais como forma de incrementar as exportações do setor. Segundo as entidades, a meta é aumentar em 15% as exportações de máquina agrícolas, de embalagens, máquinas destinadas ao setor de petróleo e gás.

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Gerdau Axel Munack

AGCO A integração entre pesquisa, ensino e indústria na construção da tecnologia para o agronegócio foi o tema da palestra proferida pelo Dr. Mark Moore - gerente geral de de marketing para América do Sul e Caribe da AGCO – no Conbea 2005. Moore defendeu uma maior aproximação entre os diferentes atores do setor e destacou as inciativas da AGCO neste sentido. Em especial, o Projeto Aquarius de Agricultura de Precisão.

Mark Moore

Campbell Scientific A empresa que trabalha com censores eletrônicos para a agricultura aposta numa ampliação de sua participação no mercado. Segundo Davide Margelli, a tendência crescente de aplicação dos conceitos da Agricultura de Precisão nos cultivos brasileiros, fará com que os equipamentos utilizados para dotar de maior “inteligência” as máquinas que atuam no campo, sejam cada vez mais Davide Margelli solicitados.

CNH Capital Para os produtores interessados em manter suas máquinas em dia, a Case New Holland oferece agora, através do Banco CNH Capital, um programa para financiamento de reforma de máquinas agrícolas. Os recursos podem pagar até 80% do valor da reforma. O prazo para pagamento do financiamento é de até 24 meses com taxas de juros de 1,8% ao mês. “Esse financiamento vem em boa hora, quando os produtores estão se preparando para o próximo plantio”, afirma o diretor superintendente, Helvio Quintão.

O Banco do Brasil lançou o “Programa de apoio a produção e uso do biodiesel – o BB Biodiesel”. O objetivo é contribuir para a expansão do processamento de biodiesel no País, a partir do incentivo à produção de oleaginosas, à instalação de plantas agroindustriais e à comercialização do produto. O BB Biodiesel atende as modalidades de custeio, investimento e comercialização.

A Comissão Julgadora do Prêmio Gerdau Melhores da Terra já iniciou as visitas de avaliação das máquinas e equipamentos inscritos na categoria Destaque. Serão visitados 298 municípios no Brasil, abrangendo os estados do RS, SC, PR, SP, GO, MG, MT e MS. Neste ano, 39 empresas concorrem ao prêmio nesta categoria, que reconhece as tecnologias lançadas no mercado há mais de um ano.

Agromac O lançamento de um novo dosador para semeadoras e colhedoras, permitiu que a Agromac ampliasse sua participação no mercado. Atualmente, a empresa, produz 38 mil peças do Fertisystem, vendido a 85% das indústrias de máquinas agrícolas do País. Segundo o diretor Evandro Martins a tecnologia usada no Fertisystem supera as técnicas aplicadas em outros dosadores.

Hélvio Quintão

Unipac A Unipac, empresa do Grupo Jacto, patrocinou o evento “Produtos Perigosos - Transportando com Segurança e Conhecimento”, promovido pela Hazmat Lab. Os debates trataram de como transportar Produtos Perigosos nos principais modais. Geraldo Cassiano, Gerente de Unidade de Negócios da Unipac, ressalta: “Estamos alinhados com o avanço das novas tecnologias e buscamos as soluções mais eficientes para atender a este exigente mercado.” Em 2005, a empresa espera um aumento no faturaGeraldo Cassiano mento em torno de 8%.

John Deere Marcelo Traldi assumiu a gerência do departamento de Peças de Reposição da John Deere. O setor se encontrava conjugado a divisão de Suporte ao Cliente e foi separado “para dar maior foco e sustentação ao negócio de reposição de peças e serviços”, de acordo como Paulo Herrmann, diretor de Marketing da empresa. Marcelo Traldi é formado em Administração de Empresas e tem MBA Executivo Internacional com ênfase em Marketing. Possui experiência nas áreas de Vendas, Marketing, Organização e Métodos, Suprimentos, Logística e Administração Geral.

Paulo Herrmann

Agrale A Agrale acaba de vender 60 tratores para o governo da província argentina de Misiones. Os modelos adquiridos foram o 4100 e o 4230, nas versões 4x2 e 4x4. O governo local vai financiar as unidades para os agricultores. Para Alfredo Barro, gerente geral da Agrale Argentina S.A., a atual venda é muito importante porque consolida a presença da nova unidade da Agrale naquele país, inaugurada recentemente.



solo

Manejo de cobertura A

erosão hídrica ocorre com a desagregação das partículas do solo, causada pelo impacto direto das gotas de chuva e o escoamento superficial do excesso de água. A cobertura do solo, com plantas vivas ou com resíduos culturais, apresenta potencial para reduzir em até 100% a energia erosiva das gotas de chuva, não manifestando esta mesma eficácia para dissipar a energia erosiva da enxurrada. Além de prevenir a erosão, a palhada protege o solo contra sol e ventos e melhora as condições físicas, químicas, físico-químicas e biológicas do solo. A palhada também reduz as amplitudes térmicas e as perdas por evaporação e aumenta a ciclagem de nutrientes. No manejo de infestantes, a cobertura morta proporcionada pelos restos culturais de inverno desempenha importante papel no controle de plantas daninhas, pois muitas espécies não germinam quando encobertas por uma camada uniforme de palha ou sofrem efeito alelopá-

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A cobertura é fator fundamental na conservação do solo e na redução dos processos erosivos, diminuindo o impacto das gotas e retendo precipitações.

tico sobre a germinação. Esse efeito alelopático depende do tipo de resto cultural, de sua distribuição e quantidade. A presença de cobertura morta permanente sobre o solo evita ainda a quebra de dormência de sementes de numerosas espécies de plantas daninhas. A incidência de plantas daninhas está na proporção inversa da quantidade de cobertura com palha sobre o solo. A permanência de vegetação depende basicamente dos atributos do solo, do ambiente e das condições de seu manejo. No manejo da biomassa, devem sempre ser considerados a periodicidade de corte, a altura da poda, a forma de sua utilização, a produtividade e o ciclo das espécies. A definição de espécies com elevada produtividade de fitomassa para cobertura do solo, além de sistema radicular agressivo e abundante, é um fator de sucesso do sistema plantio direto.

A forma de decomposição da biomassa também deve ser um dos fatores de escolha do método de manejo e das espécies de plantas de cobertura. Resíduos com relação C/N alta (>25) favorecem a imobilização temporária de N, podendo ocorrer deficiência temporária deste para as culturas. Quando a relação C/N é baixa, há mineralização do N, podendo ocorrer perdas através de lixiviação ou denitrificação.

MÉTODOS MECÂNICOS É importante observar que os métodos mecânicos de manejo, bem como as diversas formas de regulagem de um equipamento, produzem fragmentos de diferentes dimensões e que os índices de decomposição são mais elevados quanto maior a superfície de contato com o solo. Os métodos de manejo mecânico caracterizam-se também por utilizarem equipamentos de baixa potência e, portanto, baixo consumo de combustível.


“A presença de cobertura morta permanente sobre o solo evita ainda a quebra de dormência de sementes de numerosas espécies de plantas daninhas”

Ainda, têm por característica balanços energéticos mais favoráveis que os processos químicos.

EQUIPAMENTOS PARA MANEJO Roçadora É o equipamento mais comum e difundido no manejo de coberturas do solo. Efetua o corte e o picamento das massas vegetativas, tendo como vantagens o elevado rendimento operacional e o trabalho, tanto sobre cobertura verde quanto seca, independente do tipo e das condições do solo. Seu uso é restringido apenas em solos pedregosos e na presença de tocos. Apresenta uniformidade quanto ao tamanho dos fragmentos da massa picada.

As roçadoras geralmente proporcionam desuniformidade de deposição do material manejado, com maiores concentrações nas posições esquerda e central, e menores, na posição direita - em relação ao sentido de deslocamento da máquina. Nas máquinas maiores, com dois ou três corpos, o problema de acúmulo é minimizado. Uma outra forma de minimizar o acúmulo de material manejado pelo equipamento é manter a roçadeira elevada em relação à superfície do solo. Assim, seus patins laterais não retém material vegetal. É necessário, entretanto, mantê-la sempre nivelada. Rolo-faca O rolo-faca é um equipamento de fácil operação e construção, baixo custo e baixa manutenção, constituído geralmente de um ou três cilindros montados (Figuras 1 e 2) em um chassi, por meio de eixos rígidos sustentados por mancais. Esses cilindros apresentam lâminas

A eficiência de um rolo-faca no manejo de cobertura, depende de suas caraterísticas construtivas e dimensionais

O rolo-faca, pela sua funcionalidade, é um dos equipamentos mais utilizados para o manejo de cobertura vegetal

transversais, dispostas em sua periferia em ângulo de 90 o? em relação à superfície do rolo e espaçadas uniformemente entre si. Decorrente da eqüidistância entre as suas facas, há uma grande uniformidade na fitomassa picada. A eficiência de operação e de manejo de coberturas com um rolo-faca depende de suas características construtivas e dimensionais. Estudos conduzidos pelo Iapar recomendam, por exemplo, as seguintes dimensões para um rolo-faca (Fi-

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guras 3 e 4): • largura de 200 cm; • três divisões internas com aberturas para adicionamento de lastro (água ou areia); • perímetro com dez divisões, onde são parafusadas dez facas; • facas de 200 x 9 cm, divididas em três partes; • facas em aço 1070 ou aço mola • facas afiadas em bisel, com ângulo de 30°. Sua função principal é a interrupção do fluxo de água e seiva das massas vegetais, através do rompimento do xilema e floema. Efetua, assim, o acamamento das coberturas vegetais, com o picamento ocorrendo em pequena intensidade. Para maiores percentagens de corte, suas lâminas devem estar sempre afiadas. Uma de suas poucas restrições de utilização é em solo que apresente altos teores de umidade. Quando a operação com rolo-faca é conduzida no momento adequado, ou no melhor estágio de crescimento das plantas, o equipamento tem efetividade semelhante à do tratamento químico (Figura 5a). Por exemplo, se a aveia for manejada no florescimento, haverá rebrota. No entanto, se for manejada no estágio “grão leitoso”, haverá secamento da cultura. O consumo de energia de um rolo-faca é cerca de dez vezes inferior ao da ceifa, por exemplo. Além disso, a rolagem permite um certo nivelamento da superfície, facilitando a operação com semeadoras, que devem ser operadas paralelamente ou levemente paralelas à direção de passagem do rolo. Triturador de resíduos culturais Equipamento montado em relação ao trator, é uma máquina composta por rotor ho-

FORMAS DE MANEJAR

A

forma de manejar as plantas de cobertura também é importante, pois pode permitir maior cobertura do solo, impedindo a penetração de luz. Assim, por exemplo, a população de invasoras é menor onde a aveia-preta é acamada com rolo-faca do que onde é maturada em pé. Os resíduos existentes na superfície do solo podem ser removidos, incorporados, roçados, cortados em pedaços pequenos, mantidos na sua forma original, ou manejados com as diferentes combinações de práticas. A cobertura do solo pode ser manejada por métodos físicos, químicos e mecânicos, bem como pela combinação entre eles. No presente texto, são discutidas as formas mais usuais de manejo mecânico, com ênfase aos realizados com rolo-faca, triturador, roçadora e grade niveladora. rizontal e facas curvas oscilantes e reversíveis, seus elementos ativos. Possui defletor articulado, palhetas difusoras e sistema de regulagem de altura de trabalho. Destina-se à redução do tamanho da cobertura vegetal na superfície do solo, distribuindo a massa triturada de forma homogênea (Figura 5b). Em função dos fragmentos produzidos, geralmente menores que 25 cm de comprimento, o triturador de resíduos serve para acelerar o processo de decomposição da matéria orgânica da cultura anterior, ou mesmo

Figura 3 - Disposição das facas de um modelo de rolo-faca

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A) Aveia manejada com rolo-faca no estágio de “grão leitoso”; B) Restos culturais manejados com triturador; C) Cobertura morta manejada com grade niveladora

de culturas implantadas para a adubação verde. Assim, seu uso vem-se reduzindo em plantio direto. Grade niveladora É um equipamento comumente encontrado nas propriedades agrícolas. De elevado rendimento operacional, geralmente é bastante utilizado no manejo de coberturas e em situações de elevadas quantidades de fitomassa. A grade pode promover erosão da camada superficial do solo, pulverizandoo e promovendo redução do diâmetro dos agregados. Dessa forma, devem ser reguladas para pequeno ângulo de travamento entre suas secções, diminuindo ou evitando-se ao máximo a mobilização e revolvimento do solo (Figura 5c). As grades fracionam pouco a massa vegetal, quando comparadas a outros imple-

Figura 4 - Protótipo de um rolo faca (vista lateral)


“Quando a operação com rolo-faca é conduzida no momento adequado, ou no melhor estágio de crescimento das plantas, o equipamento tem efetividade semelhante à do tratamento químico”

O triturador de resíduos culturais, em alguns casos, também pode ser utilizado no manejo de cobertura vegetal.

mentos. Esse fracionamento é dependente das espécies manejadas e de seu grau de desenvolvimento. Assim, as gramíneas normalmente não são bem manejadas nos seus estágios finais, ocorrendo também problemas de embuchamentos, com con-

seqüente desuniformização da distribuição na superfície do solo. Rubens Siqueira e Ruy Casão Jr, Iapar

Siqueira e Casão ressaltam a importância do manejo de cobertura na conservação do solo


manutenção

Há no mercado brasileiro um grande número de modelos de semeadorasadubadoras. Cada uma tem pontos de manutenção próprios, mas, de modo geral, todas seguem um plano básico de manutenção

A

s semeadoras-adubadoras repre sentam uma parte considerável dos custos de produção e têm sido projetadas e desenvolvidas para atender a maiores áreas e ter vida útil longa. Mas, para isso, é preciso que o produtor esteja atento às manutenções necessárias à máquina durante a safra e também na entressafra - quando a máquina está parada no galpão. Por ser um equipamento com muitos pontos de manutenção periódica, é comum os operadores de máquinas agrícolas se habituarem a executar sempre as mesmas tarefas, esquecendo-se de realizar manutenção em outros pontos também necessários da máquina.

DEPÓSITO E DISTRIBUIDORES DE SEMENTES Independentemente do material de que é feito o depósito de semente - chapa de aço, fibra de vidro ou composto plástico -, esse compartimento deve ser esvaziado completamente depois de cada dia de uso, removendo-se resíduos, poeira e outros materiais, como produtos utilizados no tratamento das sementes, inoculantes etc. Na maioria das semeadoras-adubadoras esses depósitos são de fácil remoção. Após a safra, depósito e sistemas distribuidores de sementes deverão ser desmontados e lavados com água, soltando-se os condutores de sementes e lavando-os com água e sabão neutro. No caso de discos horizontais deve-se retiOs depositos e distribuidores de adubo e semente, durante o plantio, devem ser completamente limpos ao final de cada dia

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rar, diariamente, o mecanismo e verificar o funcionamento da caixa dosadora (teclas, balancins e roldanas). Essa recomendação passa a ser de duas vezes ao dia, caso as sementes estejam tratadas com inoculantes ou grafite. É uma operação rápida que não consome muito tempo e poderá prolongar, significativamente, a vida útil dos componentes envolvidos. O sistema de dedos transportadores, usado para milho, deve ser lubrificado somente com grafite misturado com a semente - de duas a três gramas por quilo de semente. Após a safra, o distribuidor deve ser desmontado, e o estado de conservação da escova responsável pela retirada de excesso de sementes dos dedos transportadores, verificado.

Nas semeadoras-adubadoras pneumáticas é importante a limpeza de todos os distribuidores com ar comprimido, e após o plantio devese verificar se os cortadores de vácuo não apresentam desgaste acentuado.

DEPÓSITO E DISTRIBUIDORES DE ADUBO O depósito distribuidor de adubo deve ser limpo ao final de cada dia, uma vez que é o ponto de maior desgaste por corrosão da máquina, devido à acidez dos fertilizantes utilizados na agricultura. Essa limpeza se torna mais importante ainda nas regiões com elevada umidade relativa do ar. A limpeza do mesmo deve ser feita com água, lavando-se também os du-


“Após a safra, o distribuidor deve ser desmontado, e o estado de conservação da escova responsável pela retirada de excesso de sementes dos dedos transportadores, verificado”

retirar a graxa velha. Depois, montar o cubo do mancal com graxa nova, ajustando bem os rolamentos para eliminar as folgas. O mesmo procedimento deverá ser realizado nos discos de corte, quando comporem o sistema, e nos mancais das rodas compactadoras.

CORRENTES E ENGRENAGENS

Correntes e engrenagens devem ser mantidas sempre limpas e lubrificadas.

tos de saída do adubo. Os sistemas dosadores mais comuns são os rotores dentados e o sistema de rosca semfim. Para a manutenção do primeiro, devemse retirar os rotores e remover todo o adubo depositado nestes. Não se utilizam graxas ou óleos para tal, pois isso só aumentará a adesão do adubo sobre sua superfície. Nas máquinas que têm distribuição de adubo com rosca sem-fim, o sistema deve ser desmontado e limpo com água, e todo adubo incrustado deve ser retirado. Ao final da safra, toda a máquina deve ser coberta com uma camada de óleo. Esse óleo pode ser um lubrificante de pouca qualidade e baixo preço, uma vez que a sua função é só a de proteção contra corrosão. Antes da operação é importante lembrar de retirar todas as mangueiras de borracha, pois elas podem ser danificadas pelo óleo.

SULCADORES O nível de desgaste dos bicos dos sulcadores deve ser verificado periodicamente. No momento em que o componente apresentar desgaste pronunciado, deve ser trocado. Apesar de ter um alto custo, sua manutenção é importante para o bom funcionamento da semeadora-adubadora. Quando se deixa passar do ponto de troca, o desgaste poderá alcançar a haste do sulcador, dificultando o assentamento do novo bico. Outra recomendação é evitar o uso de bicos que não atendam às especificações da semeadora. Isso poderá comprometer o desempenho das máquinas, além de aumentar o consumo de energia necessária à tração e, conseqüentemente, o consumo de combustível do trator. Dependendo da alteração do bico, algumas adaptações baratas e mal feitas poderão provocar uma interação disforme entre o solo e a semente e, também, uma incorreta colocação do adubo no solo, prejudicando o desenvolvimento das culturas.

O desgaste dos sulcadores e/ou discos de corte deve ser periodicamente verificado nas semadoras

LUBRIFICANTES Nas semeadoras-adubadoras, como nos principais implementos agrícolas, a graxa indicada é aquela à base de lítio, que é uma graxa resistente à água e à temperatura. A consistência ideal é de grau dois, segundo a classificação americana NLGI. Essas especificações devem estar registradas em algum lugar da embalagem. Não se recomenda utilizar uma graxa sem nenhuma referência quanto à sua qualidade e procedência. A lubrificação com graxa deve ser feita antes de cada dia de trabalho. Todos os pinos graxeiros devem ser lubrificados. Os bicos defeituosos devem ser substituídos, quando descobertos. Deve-se, ainda, sempre limpar o excedente de graxa após a lubrificação.

DISCOS DUPLOS DESENCONTRADOS Esse sistema é comum em praticamente todas as semeadoras-adubadoras e tem a função de abrir os sulcos para deposição no solo das sementes e, em algumas máquinas, também do adubo. À cada safra deve-se retirar a calota protetora do mancal, remover o rolamento e lavá-lo, assim como o cubo do mancal. Ambos devem ser lavados com óleo diesel ou querosene, para

As engrenagens e correntes devem ser lubrificadas com óleo lubrificante durante a safra. Na entressafra, devem-se deixar as correntes numa vasilha com óleo diesel ou querosene até o próximo plantio. Outro cuidado é a verificação do alinhamento entre engrenagens e corrente. Elos novos, também, não devem ser misturados com elos de correntes usadas. Luciano Baião Vieira e Walter Mewes, UFV

ELIMINAÇÃO DAS GAMBIARRAS

T

erminada a safra, toda a máqui na deverá ser limpa conforme indicações. Os locais que necessitarem de tinta devem ser pintados, principalmente se tiverem contato com sementes e adubo. Caso haja alguma parte que foi danificada em sua forma original, devem-se fazer a funilaria ou o conserto antes da pintura. Esse é o momento de corrigir as chamadas “gambiarras”, executadas no equipamento para que a máquina não pare durante o período de alta demanda. As molas do implemento deverão estar sem pressão; os pneus, calibrados; a máquina, protegida num local coberto e assentada sobre calços, a fim de aliviar o peso sobre os pneus. Tomar os cuidados citados, seguindo o manual da sua máquina, é a garantia de uma vida longa para semeadora-adubadora.

Para Baião e Mewes, conservar adequadamente uma semeadora implica em considerar elementos complementares ao plano básico de manutenção

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combustíveis

Correta armazen O posto de abastecimento de combustíveis em propriedades rurais requer pouco investimento e, no entanto, pode ser decisivo no ganho de produtividade das maquinas agrícolas, evitando manutenções em épocas de safra

É

lamentável verificar que no meio rural se gastam centenas de mi lhares, e até mesmo milhões, de reais na aquisição de equipamentos agrícolas de última geração e não se investem alguns poucos recursos no posto de abastecimento de combustíveis. Devemos nos lembrar que o custo maior em um equipamento agrícola não é o custo do reparo de bicos injetores ou de elementos da bomba injetora (que são as primeiras peças a se desgastarem, devido à utilização de combustível de má qualidade), mas sim o custo do equipamento improdutivo em plena época de preparo do solo, plantio ou colheita. Em face disso, gostaríamos de fazer algumas observações a respeito do posto de abastecimento de combustíveis:

O QUE A LEI PRESCREVE Nós brasileiros somos um tanto céticos a respeito de certas leis. Exemplificando essa descrença, há até um jargão bastante conhecido: “Há leis que emplacam e leis que não emplacam”. Para se instalar um posto de abastecimento de combustível em qualquer estabelecimento, seja ele no meio rural ou não, é necessário seguir os preceitos contidos na Resolução nº 273/00 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), de 29 de novembro de 2000. Essa resolução estabelece que todo posto de abastecimento de combustíveis com capacidade acima de 15 m³ (15 mil litros) - insta-

lações até 15 m³ são dispensadas, conforme Artigo 1º, § 4º - deve, antes de sua instalação, solicitar junto ao órgão ambiental local as Licenças Prévias (LP) e de Instalação (LI), que podem, inclusive, ser obtidas simultaneamente, segundo a referida resolução. De posse de tais licenças pode-se, então, dar início às obras do posto de abastecimento. Uma vez concluídas as obras, deve-se solicitar ao órgão ambiental local a Licença de Operação (LO). Os estabelecimentos que já se encontravam em operação quando da data da publicação desta resolução devem obter, obrigatoriamente, a Licença de Operação (LO). Essa portaria veio para disciplinar uma atividade potencialmente poluidora, a instalação e exploração de postos de abastecimento de combustíveis. O órgão ambiental local pode solicitar informações complementares à Resolução Conama 273/00. Ressalte-se que é imprescindível a regularização dos postos de abastecimento existentes, bem como o licenciamento daqueles a serem instalados. A questão ambiental, em obediência à política adotada pelo Brasil que atenta para a busca do desenvolvimento sustentável, tem-se tornado cada vez mais relevante. Pesadas multas estão sendo aplicadas aos infratores que desrespeitam as normas e agridem o meio-ambiente. Constantemente somos informados de contaminação de solo, lençóis freáticos e curA construção da bacia de contenção, onde ficam localizados os berços de concreto para assentamento dos tanques de armazenamento, é de fundamental importância

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“A prática de crime ambiental pode levar o infrator não só a ter que reparar o dano como, até mesmo, ser processado criminalmente, com risco de prisão”

nagem sos d’água por vazamentos de combustível. Nesses casos, o ônus financeiro aos poluidores tem sido pesado. A prática de crime ambiental pode levar o infrator não só a ter que reparar o dano como, até mesmo, ser processado criminalmente, com risco de prisão. Portanto, o melhor é evitar tal situação. Valem aqui as máximas conhecidas: “É melhor prevenir do que remediar” e “O desconnhecimento da lei não é justificativa para transgredi-la”.

INSTALAÇÕES ADEQUADAS Em propriedades rurais em que há disponibilidade de área, é muito mais econômico fazer uma instalação com tanques aéreos, visto que a instalação de tanques subterrâneos exige uma gama de cuidados adicionais que encarecem sobremaneira a obra. Por exemplo: tanques para instalações subterrâneas de combustível, obrigatoriamente, devem ser de parede dupla, com sensores de vazamento. Portanto, sempre que possível, é mais econômica e prática a instalação de tanques aéreos. Respeitados os distanciamentos exigidos por lei (ver NBR 7505-1 Armazenamento de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis ), alguns itens devem ainda ser observados: • a construção de uma bacia de contenção, onde ficarão localizados os berços de concreto, nos quais os tanques de armazenamento de combustíveis são apoiados. A bacia de contenção deve ter capacidade, no mínimo,

ÔNUS DE UM VAZAMENTO

E

m caso de contaminação de solo e lençol freático, são necessários alguns procedimentos. O teste preliminar de contaminação de solo custa, aproximadamente, R$ 4 mil, não inclusas nesse custo as despesas de deslocamento. Uma vez detectada a contaminação do solo, é necessário um diagnóstico ambiental que fica em torno de R$ 16 mil, também excetuadas as despesas de deslocamento. E, caso seja necessária a remediação do solo, este processo não fica por menos de R$ 100 mil, se for o caso de contaminação básica, podendo chegar a R$ 1 milhão em caso de contaminações mais graves, como as de lençol freático.

• a utilização de um reservatório plástico coletor de vazamentos sobre a bomba de abastecimento de combustível – “sump” (para evitar vazamentos freqüentes de combustível que ocorrem no pé da bomba e que são identificados apenas quando grande extensão de contaminação de solo já ocorreu); • a colocação de tubulação metálica que liga o tanque à bomba de combustível dentro de canaleta externa de concreto, ou dentro de tubo protetor de PEAD (para evitar vazamentos de combustível ocultos); • que as moto-bombas para descarregamento dos caminhões-tanque de combustível tenham também uma bacia de contenção própria (separada da bacia de contenção dos tanques de armazenagem de combustível), ligada à caixa separadora de água e óleo, além de aterramento elétrico, também; • que as moto-bombas possuam engates selados para acoplamento aos mangotes de descarga dos caminhões-tanque. É comum vermos caminhões-tanque descarregando combustível pela janela de inspeção localizada na parte superior do tanque de armazena-

10% maior do que a soma de todos os tanques horizontais nela contidos; • a instalação de uma caixa separadora de água e óleo, ligada à bacia de contenção; • a utilização de equipamentos elétricos à prova de explosão (motores elétricos, disjuntores elétricos, caixas de ligação elétrica blindadas, fiação elétrica não reativa a combustíveis etc); - a construção de uma rampa de concreto nivelada, ligada à caixa separadora de água e óleo, para descarregamento do caminhão-tanque que transporta o combustível, para que eventuais vazamentos, quando do descarregamento do caminhão-tanque, não contaminem o solo;

A caixa separadora de água e óleo, ligada à bacia de contenção e um reservatório plástico coletor de vazamentos se faz necessária para evitar danos ao ambiente

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As moto-bombas devem possuir engates selados para acoplamento aos mangotes de descarga dos caminhões-tanque.

mento de combustível e, pior ainda, tendo bomba de descarga acionada por motor à gasolina; • é necessário, também, efetuar o aterramento elétrico correto dos tanques e dispor de local para aterramento do caminhão-tanque. Para isso, o ideal é a utilização de hastes próprias para aterramento. O ar atmosférico, em atrito com o caminhão-tanque, carrega-o com eletricidade estática. É imprescindível aterrar o caminhão-tanque antes de se efetuar a descarga. Muitos acidentes em postos de abastecimento de combustível ocorrem por se negligenciar esse cuidado básico. Pode-se pensar que as recomendações acima citadas são por demais restritas. No entanto, é de se lembrar que o custo da obra de um posto de abastecimento de combustível, instalado segundo as normas técnicas, é irrisório quando comparado aos custos, já citados, para remediação de solo e de lençóis freáticos porventura contaminados por vazamentos.

CUIDADOS BÁSICOS A seguir apresentamos algumas regras básicas que valem muito para quem trabalha com combustível: • nunca descarregue combustível sem antes testá-lo (maiores informações sobre testes de descarga de combustível podem ser obtidas em artigos da revista Cultivar Máquinas de maio/junho de 2002; novem-

bro/dezembro de 2002); • drene os tanques de combustível semanalmente. A água é o pior inimigo dos bicos injetores e dos elementos de bomba injetora. A água no óleo diesel propicia o desenvolvimento de fungos e bactérias no combustível. Isso provoca o aparecimento de uma borra malcheirosa, capaz de entupir os filtros de combustível e avariar peças do sistema de injeção. Os tanques aéreos devem ter inclinação de 1% em direção à válvula de dreno (é impressionante a quantidade de instalações de inclinação contrária, ou seja, na direção do abastecimento, o que causa uma contaminação constante do óleo diesel por água); • não estoque combustível por muito tempo. O combustível, como qualquer material orgânico, oxida com o tempo, perdendo as suas propriedades. A oxidação do combustível é facilmente perceptível através da sua mudança de cor (escurecimento). A temperatura acelera a oxidação do combustível. Portanto, sempre que possível é interessante ter cobertura sobre os tanques de armazenamento. É comum o agricultor deixar combustível armazenado por longos períodos devido à entressafra. É interessante fazer um controle de estoque, de forma que seja adquirido um volume de combustível que propicie a maior rotatividade possível; • não se esqueça de que combustível é produto tóxico e inflamável. Cuidados básicos devem ser tomados com respeito à segurança daqueles que manuseiam combustíveis. Incêndios e intoxicações são ocorrências razoavelmente comuns entre operadores, e isto acontece, quase sempre, por se desconsiderarem regras básicas de higiene e segu-

Lobo apresenta os cuidados necessários à correta armazenagem de combustíveis em propriedades rurais

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É necessário, também, efetuar o aterramento elétrico correto dos tanques e dispor de local para aterramento do caminhão-tanque.

rança (maiores informações podem ser obtidas em artigo da revista Cultivar Máquinas de maio/junho de 2002); • é uma boa prática utilizar combustíveis aditivados. Os combustíveis aditivados oferecem uma série de vantagens aos usuários, tais como: sistemas de injeção mais limpos, havendo menor tempo de paradas para manutenção; maiores intervalos de troca para os filtros de combustível; menores gastos com reparos nos sistema de injeção (maiores informações sobre as vantagens na utilização de combustíveis aditivados podem ser obtidas nos artigos da revista Cultivar Máquinas de novembro/dezembro de 2002 e novembro de 2003). Marcos Thadeu Giacomini Lobo, Petrobras Distribuidora S.A

FIQUE DE OLHO

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qui apresentamos algumas in formações básicas sobre o armazenamento seguro e econômico de combustíveis. Os custos de manutenção são crescentes, e a legislação ambiental torna-se cada vez mais rígida. Não adianta acharmos que nada está acontecendo. A negligência e a desatualização são fatores que não podem mais ser utilizados como desculpa para as dificuldades daqueles que trabalham com a terra. Como qualquer outra atividade econômica, a atividade agrícola tem sofrido fortes pressões econômicas e ambientais. Cabe a nós adaptarmo-nos aos novos tempos.



Composition de tecnologia

Painel Ecoplate é a principal inovação da carreta graneleira Brasilis, lançada pela Randon

A

Divisão de Implementos da Randon acaba de apresentar ao mercado sua nova família de carretas para transporte de grãos e para carga seca. O Randon Brasilis utiliza a inovadora tecnologia Ecoplate em suas laterais. Esta foi desenvolvida conforme o conceito “composition” e caracteriza-se por combinar ordenadamente uma chapa de aço galvanizada pré-pintada, uma lâmina de madeira reflorestada e um polímero termoplástico de PVC, unidos por um adesivo de alta performance, isento de solventes tóxicos. O painel Ecoplate apresenta as seguintes vantagens em relação às laterais convencionais até então utilizadas: é mais leve – 250 kg a menos na tara de um bitrem; têm maior vida útil – até 3,5 vezes maior e têm maior resistência mecânica e à abrasão. Na face interna, o painel de PVC oferece maior proteção contra umidade e ataque de agentes químicos, não apresenta riscos de manuseio, é de fácil limpeza e proporciona maior rapidez na descarga dos grãos. Na parte intermediária, o painel de madeira reflorestada empresta leveza ao conjunto - 400-500 kg/m3. Já, externamente, a chapa de aço galvanizada prépintada oferece resistência a impactos, à abrasão e à corrosão por agentes químicos e intem-

péries. As laterais também apresentam sistema de vedação total da caixa de carga. Isso garante significativa redução na perda de grãos em relação aos demais graneleiros. O Ecoplate é intercambiável, podendo ser instalado em carretas convencionais. Outra novidade é o protetor de lona, concebido em aço e com os cantos arredondados, para evitar rasgos. Novos itens standard, como o barril de água com reservatório para detergente e a tampa plástica da caixa de freio, foram incorporados. Opcionais, como as sinaleiras com led (sem lâmpadas) e os adesivo degradê na carroceria, passaram a ser disponibilizados. A inovadora pintura e-coat, de padrão automotivo e livre de metais pesados, também passou a integrar a linha de produção da Randon. O e-coat é o mais moderno sistema de aplicação de tinta para cobertura anticorrosiva existente no mercado. A pintura é feita por eletrodeposição, o que garante uma cobertura homogênea da superfície das peças. Ela é utilizada para proteção dos componentes da caixa de carga. Intensos testes foram realizados com o Randon Brasilis. Antes do lançamento ele já havia rodado dez mil km carregado e mais 10 mil km vazio pelas estradas do país. Clientes da em-

presa também participaram das avaliações, e as primeiras 300 unidades comercializadas foram monitoradas ao longo de suas viagens. Segundo Norberto José Fabris, diretor executivo, a Randon trabalha de olho no chamado custo Brasil. “Buscamos minimizar o custo Brasil, que se inicia na área de produção e vai até o porto. O Ecoplate é um diferencial muito competitivo e representa um salto tecnológico considerável,” salientou. Conforme Fabris, a tecnologia Ecoplate, que utiliza o conceito de Composition, foi integralmente desenvolvida e patenteada pela Randon. “Foram dois anos de pesquisa, hoje o conceito está sendo utilizado na carreta graneleira, mas tem potencial de aplicação em diversas outras áreas, como a construção civil.” Num universo de 35 mil unidades, a Randon vende anualmente em torno de 17 mil equipamentos no mercado brasileiro – aproximadamente 40% do total. A empresa investiu cerca de US$ 2 milhões – R$ 4,6 milhões no desenvolvimento da tecnologia. VJS

Fabris salienta, como diferencial competitivo, o salto tecnológico que o Randon Brasilis representa

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Parceria necessária Durante o Conbea 2005, a John Deere lançou seu programa de aproximação com instituições de ensino, pesquisa e extensão

A

John Deere deu partida ao pro jeto “Parceiros da Tecnologia”, com o objetivo de intensificar as relações da empresa com as universidades e instituições de pesquisa. O programa deverá desencadear uma série de iniciativas de apoio da empresa às atividades das escolas e das entidades de pesquisa. Ao mesmo tempo, essas ações procuram tornar a marca e a tecnologia John Deere mais conhecidas no meio acadêmico. Assim, a empresa pretende acessar mais facilmente as informações geradas nas universidades e ter à sua disposição, num futuro próximo, recursos humanos mais qualificados para atuação em seus projetos. As linhas gerais do projeto foram apresentadas num evento paralelo ao XXIV Conbea, em Porto Alegre, no final de julho. Mais de 40 diretores e representantes de universidades, empresas oficiais de pesquisa e fundações mantidas por produtores participaram da solenidade. Na oportunidade, Paulo Herrmann - diretor de Marketing da John Deere para a América do Sul - e Arno Dallmeyer – consultor de Engenharias de Ven-

das e responsável pela área de Relacionamento com Instituições da empresa, apresentaram o projeto aos participantes. Dentre as primeiras ações do programa destaca-se a doação pela John Deere de equipamentos e componentes, como motores e sistemas de transmissão, para servir como material didático nas escolas. Outra medida, segundo Arno Dallmeyer, é a distribui-

ção de CDs didáticos com informações e manuais técnicos de todas as famílias de produtos da John Deere para quase 500 escolas que têm cursos de Engenharia, Agronomia, Engenharia Agrícola e para colégios técnicos. O projeto também pretende tornar mais freqüentes as visitas de estudantes, professores e pesquisadores às fábricas da John Deere.

REDE PARCEIROS DA TECNOLOGIA Algumas ações previstas: • Contribuir na melhoria geral das condições de ensino nas instituições parceiras; • Disponibilizar equipamentos John Deere para qualificação das aulas práticas junto aos laboratórios conveniados; • Promover, junto a docentes, atividades anuais de reciclagem de conhecimentos, notadamente em tecnologia e produtos John Deere; • Formatar um programa de visitação específico para os estudantes das instituições ligadas à Rede;

• Instituir programas de estágio prático-profissionais e de trainees, juntamente com a área de serviços da John Deere, visando qualificar pessoal em nível gerencial e administrativo preferencialmente para as concessionárias da marca; • Estimular a pesquisa de e com tecnologia John Deere, estabelecendo premiações de apoio a atividades correlacionadas; • Estimular, em todas as ações externas da rede, a interação do concessionário da região, fixando-o como extensão da John Deere no contato direto com o mercado.

Pequeno gigante O 1030-D, lançado pela Yanmar, tem tração 4 x 4 e potência de 26,5 cv. Um trator de pequeno porte, ágil, e de baixo custo de manutenção

A

Agritech Lavrale Ltda, empresa sediada em Indaiatuba/ SP, responsável pela produção de tratores e motocutivadores com a marca Yanmar Agritech - líderes no mercado de tratores até 55 cv esta lançado o modelo 1030-D com tração 4 x

4 e potência de 26,5 cv. Trata-se de um trator de pequeno porte, ágil, de baixo custo de manutenção e de preço acessível, se comparado a similares na sua categoria. O desempenho do 1030-D é superior aos demais modelos disponíveis no mercado. Nas operações que demandam maior tração e força, seu rendimento é notável. Ele pode ser utilizado tanto na aração, na pulverização e no transporte – de até quatro toneladas - quanto em roçadas, escerificações e composição de canteiros na olericultura. A tração 4 x 4 facilita o acesso do trator em terrenos irregulares e acidentados. Seu pequeno porte - que empresta leveza ao conjunto - aliado ao seu reduzido raio de giro, diminui a compactação do solo nas áreas trabalhadas. A relação custo x benefício do mo-

delo é uma das melhores no setor de máquinas para a agricultura. O Yanmar Agritech 1030-D está disponível, para todo o Brasil através da rede de concessionários Yanmar, nas versões Standard, Parreira, Cafeeiro e, também, com tração 4 x 2.

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radiais

Eficiência radial A utilização de pneus radiais agrícolas tem-se mostrado técnica e economicamente viável. Inúmeros testes realizados apontam vantagens significativas da radialização na agricultura.

de conforto (pois absorviam parcialmente as vibrações do trator) a elemento de propulsão cada vez mais eficiente e adaptado a diversas situações de campo. Parâmetros característicos dos pneus (carga, pressão, tipo de construção, desenho da banda de rodagem) e parâmetros característicos dos solos (textura, resistência à penetração, teor de água, coesão, ângulo de atrito interno) influenciam a tração que o trator pode desenvolver. É o que se estuda como interação rodado-solo. Como os solos agrícolas são muito heterogêneos tanto vertical quanto horizonTabela 1 – Comparativo entre áreas de contato PRESSÃO (lbf/pol²)

PNEU DIAGONAL (600/50-22.5)

PNEU RADIAL (600/50R22.5)

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necessidade de aumentar o rendimento da operação agrí cola levou ao aumento da largura e/ou da capacidade de trabalho das máquinas e implementos agrícolas. Máquinas agrícolas mais pesadas, ou de maior produção de tração, exigem conseqüentemente maior potência de tração ou de acionamento, fazendo com que surjam tratores com motor de potências cada vez maiores. O requisito básico de um trator é fornecer força de tração suficiente, a uma velocidade de trabalho, para que o implemento ou máquina agrícola desempenhe sua função. A tração gerada pelo trator é proveniente de forças transmitidas

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ao solo pelo rodado, denominado, por isso, de dispositivo de tração. Este é que converte o movimento de rotação do motor em movimento linear e em potência útil na barra de tração, sendo o pneumático o tipo de rodado mais empregado. Para atender à demanda de tração dos tratores, os pneus também evoluíram, passando, desde sua origem, de simples dispositivos

DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO NO SOLO 21,5 %

Área de contato: 1397 cm Peso por roda: 2,46 kgf/cm

Área de contato: 1781 cm Peso por roda: 1,93 kgf/cm

30

9,7 %

Área de contato: 1389 cm Peso por roda: 2,48 kgf/cm

Área de contato: 1536 cm Peso por roda: 2,24 kgf/cm

35

9,0 % Área de contato: 1379 cm Peso por roda: 2,49 kgf/cm

Área de contato: 1520 cm Peso por roda: 2,26 kgf/cm


“A estrutura interna deste, em termos de quantidade e disposição de camadas resistentes e flexíveis, constituídas de tecidos ou fios metálicos, basicamente define a sua capacidade de carga”

A utilização de pneus radias nas operações agrícolas no Brasil, embora recente, tem se mostrado muito positiva

talmente, é quase impossível o projeto de dispositivo de tração funcionar bem em todas as condições de campo. Não é por acaso ou modismo que existem tantas medidas e configurações de banda de rodagem. A diversidade de modelos reflete a busca dos fabricantes por oferecer pneus que melhorem seu desempenho em determinadas situações de solo. Nos primeiros estudos, as principais alterações, para melhorar o desempenho do dispositivo de tração, tinham a ver com altura, espaçamento e formato das garras. Assim, garras mais altas permitem melhor autolimpeza e maior penetração em solos macios; garras longas têm maior área de contato e maior conforto; garras mais espaçadas aumentam a tração em solos pesados e úmidos e proporcionam também melhor autolimpeza. Só a configuração externa, porém, não atendia às necessidades de uso. Foi preciso mexer também na configuração interna do pneu. A estrutura interna deste, em termos de quantidade e disposição de camadas resistentes e flexíveis, constituídas de tecidos ou fios metálicos, basicamente define a sua capacidade de carga. Embora a tratores de grande potência corresponda, geralmente, elevado peso, não se pode pensar que tudo se resolve aumentando a capacidade de carga dos pneus, pois o peso do trator se reflete em compactação do solo. Assim, outras características também foram importantes para adaptar os pneus às máquinas agrícolas mais potentes.

PNEUS RADIAIS O surgimento dos pneus radiais agrí-

pneus radiais agrícolas tem-se mostrado técnica e economicamente viável em outros países. Inúmeros testes realizados por universidades, instituições de pesquisa, fabricantes de pneus e de tratores, dentro e fora do Brasil, apontam vantagens mais significativas do que desvantagens para o uso do pneu radial na agricultura. Em experimento de campo realizado pelo Instituto Agronômico de Campinas, em solo argiloso, na operação de gradagem, em que foram comparados dois modelos de pneus radiais (DT 810 520/ 70R34 e STR 18.4R34) em relação a um modelo de pneu diagonal (18.4-34 DT II), todos de fabricação Goodyear, foi atestada a superioridade dos radiais, com ênfase no radial milimétrico (Figura 3). Os gráficos apresentados servem tam-

colas, com maior flexibilidade nos flancos (Figura1) e menor pressão interna, é talvez a mudança mais marcante na evolução dos pneumáticos. Na constituição do pneu (Figura 2), a maneira com que são Tabela 1 – Comparativo entre áreas de contato dispostas as camadas internas afeta fortemente seu desempenho em campo. O pneu diagonal, que tem as camadas de lonas dispostas, de talão a talão, em ângulo, com relação à linha de centro da banda de rodagem, caracteriza-se por certa rigidez da carcaça. O pneu radial, que tem as camadas de lonas dispostas, de talão a talão, paralelas entre si, porém perpendiculares à linha de centro da banda de rodagem, e ainda por cima tem cinta(s) estabilizadora(s), caracteriza-se pela flexibilidade da carcaça. Essa diferença básica proporciona ao pneu radial um aumento considerável na área de contato com o solo, o que contribui para minimizar a compactação, pois a pressão no solo (kg/cm²) é diminuída (exemplos são apresentados na Tabela 1). A utilização de

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Tabela 1 – Comparativo entre áreas de contato

VANTAGENS DOS RADIAIS

A

s principais vantagens dos pneus radiais são: aumento da capacidade de trabalho (ha/h), redução da patinagem (%), redução do consumo de combustível (l/ha), aumento da força de tração (kgf), aumento da vida útil e menos vibração. Alguns resultados de testes comparativos entre radiais e diagonais são vistos na Tabela 2. Quanto à durabilidade do pneu radial, baseando-se na experiência de usuários, é dita como sendo de 30% a mais nas mesmas condições de trabalho.

bém para mostrar que, ao se trabalhar com pressões menores, conseguem-se menor patinagem, maior capacidade de trabalho operacional e menor consumo de combustível por área trabalhada.

RADIALIZAÇÃO NO BRASIL A existência desse tipo de pneumáti-

co agrícola data dos anos 60, na Europa, mas sua presença no mercado brasileiro é recente (cerca de 10-12 anos), através de importações. Assim como aconteceu nos países de origem, a tendência no Brasil é a substituição gradativa dos pneus diagonais por pneus radiais. O bom desempenho dos radiais em condições nacionais já permite aos fabricantes apostar na sua fabricação no Brasil. É o que está fazendo a Goodyear do Brasil ao lançar a Família Optitrac, iniciando com o desenho DT 806, nas seguintes medidas de pneus: 320/85R24 DT 806 R1W (12.4-24 DT II); 380/ 85R24 DT 806 R1W (14.9-24 DT II); 460/85R30 DT 806 R1W (18.4-30 DT II); 460/85R34 DT 806 R1W (18.4-34); 800/65R32 DT 830 R1W (30.5L32 DT III). Os demais fabricantes disponibilizam produtos importados, em geral, sob encomenda. As usinas de cana-de-açúcar são os maiores clientes, as quais buscam reduzir a compactação do solo provoca-

DESVANTAGENS DOS RADIAIS

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omo principais desvantagens dos pneus radiais, tem-se: o aumento do balanço do pneu conforme o aumento da velocidade de deslocamento - devido, provavelmente, à baixa rigidez da lateral da carcaça, requerendo baixas velocidades de transporte, quando deslocando-se em estrada; o balanço do pneu também pode dificultar o alinhamento de cultivadores, principalmente em terrenos inclinados ou com terraços; o pneu radial é mais suscetível ao uso inadequado de sobrecargas ou de subinflação, que causam abaulamento excessivo das laterais, podendo resultar em danos ou perfuração; o alto preço de aquisição em relação aos diagonais. da pelo trânsito de máquinas no canavial. Aplicações em outras atividades, como no plantio direto e na citricultura, são promissoras, não só pela possibilidade de reduzir a compactação, mas também pelo aumento da capacidade de trabalho, principal fator a compensar o alto custo inicial. Ila Maria Corrêa, CEA/IAC

Tabela 2 – Resultados de desempenho Autor

Forrest et al. (1962) Thaden (1962) Seleznev & Kovalez (1968) Bohnert & Kenady (1975) B. Goodrich Co. (1977) Hanz & Akins (1980) Corrêa et al. (1997a) Corrêa et al. (1997b) Corrêa e Lanças (2000) Lopes et al. (2005)

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Aumento da capacidade de trabalho

Redução na patinagem

10,7 12,3 5a7 3,7 7,7 12,4 7,2

8 a 23 29 14,6 a 18,8 20,1 28,8 28,4 -

Redução no consumo de combustível %

Aumento da eficiência de tração

13 16,4 12,8 6 a 10 10,4 -

13 7 7 a 13 -

Ila apresenta as vantagens e desvantagens do uso de pneus radiais na agricultura brasileira



aplicação de corretivos

Tratamento localizado A aplicação de fertilizantes e corretivos em taxa variada está intimamente relacionada aos conceitos da Agricultura de Precisão, que preconiza o equacionamento das diferenças existentes nas lavouras

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operação associada à aplicação de fertilizantes e corretivos apresenta variações significativas e dependentes associados ao produto distribuído. Existe uma gama de produtos que variam, em primeira instância, de estado físico (Quadro 1). No entanto, no Brasil, é inegável que os corretivos utilizados se restringem ao estado sólido. Nos fertilizantes, também há predominância de sólidos. O consumo anual de fertilizantes no país fica entre 5,8 e 6,2 milhões de toneladas por ano. Isso corresponde a uma aplicação em torno de 110 a 120 kg por hectare cultivado a cada ano, índice que está bem abaixo daquele de países europeus e norte-americanos.

MÁQUINAS PARA APLICAÇÃO A forma de aplicação desses produQuadro 1 - Tipos de fertilizantes e corretivos Orgânicos Sólidos (cama de aviário, casca de café, torta de filtro, etc) Pastosos (esterco de curral) Líquidos (esterco suíno, vinhaça) Químicos Sólidos granulados (simples, mistura de grãos, mistura no grão) Líquidos (aquamônia) Gasosos (amônia anidra) Corretivos (calcário, gesso, silicato, fosfatos naturais e reativos)

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tos é bastante variada, justamente pelas diferenças físicas que eles podem apresentar. Para a aplicação dos produtos sólidos, existem diferentes opções de equipamentos à disposição do produtor (Quadro 2). As principais máquinas disponíveis são as aplicadoras a lanço - que podem ser de distribuição centrífuga ou pendular; as de linhas individuais ou conjugadas - com distribuidor de queda livre; e as aplicadoras com distribuição pneumática - recentemente introduzidas no mercado. Quadro 2 – Formas e sistemas de aplicação de produtos sólidos Formas de aplicação de fertilizantes e corretivos sólidos A lanço Superfície total Faixas Em linhas (normalmente em sulco) Mecanismos dosadores - definem a vazão Gravitacionais (abertura de seção variável com agitador mecânico) Volumétricos (esteira, rotor, rosca) Mecanismos distribuidores definem a largura de aplicação e a uniformidade Queda livre (“cocho”, “Nevoeiro”, “Brutus”, “Bandeirante”) Transportador mecânico (rosca) Força centrífuga (discos) Inércia (pêndulo) Pneumáticos (aerotransportados)

AJUSTES E REGULAGENS Quanto mais sofisticada e, conseqüentemente, mais cara, for a máquina, mais recursos de regulagens haverá no mecanismo distribuidor. Os distribuidores centrífugos de discos exigem algumas regulagens básicas no que concerne à vazão e à largura de trabalho. Neles, devem ser ajustados o comprimento, o número e a posição das aletas sobre os discos, bem como o local de queda do produto no disco. Esses ajustes podem alterar totalmente a deposição transversal do produto. É essencial que o manual da máquina seja sempre consultado quando se trata de escolher um produto para uma dada largura efetiva de aplicação, ou vice-versa. Caso essa informação não esteja contemplada no manual, deve ser feita uma verificação por meio de teste, pois a largura de trabalho é determinada como função de uma regularidade mínima da dosagem desejada, obtida a partir de uma sobreposição com as passadas adjacentes. Nem sempre a informação contida nos manuais é exata, e, de forma geral, um teste para verificação ou definição da largura de trabalho é sempre bem vindo. O teste para a definição da largura de trabalho ou largura efetiva é um tanto trabalhoso, exigindo procedimentos e equipamentos que normalmente não estão ao al-


“Os primeiros controladores utilizados no Brasil, entre 2001 e 2002, para equipar máquinas aplicadoras, eram importados”

cance de um usuário comum.

CORRIGINDO O SOLO No Brasil, a aplicação de calcário é predominantemente feita em superfície total. Os equipamentos disponíveis para aplicação de produtos em pó, até há pouco tempo, resumiam-se àqueles equipados com mecanismos distribuidores de queda livre (cocho) – marginalmente, o mecanismo de inércia (pêndulo) e, em maior quantidade, os centrífugos (discos). Sabe-se que a aplicação de calcário feita com esses equipamentos deixa muito a desejar quanto à qualidade e uniformidade de distribuição. As maiores limitações dos distribuidores tipo “cocho com furos” estão relacionadas à má qualidade do mecanismo dosador (gravitacional) e à capacidade operacional - em função da sua limitada largura de trabalho. Os distribuidores pendulares geralmente são de pequeno porte (montados) e, como conseqüência, utilizam mecanismo dosador gravitacional, de baixa qualidade, para aplicar pó. O mecanismo distribuidor de pêndulo oferece largura efetiva limitada. Os distribuidores centrífugos são os mais populares - equipam máquinas de pequeno porte, montadas e de arrasto, com mecanismo dosador gravitacional, e/ou autopropelidas, com mecanismo dosador volumétrico de esteira. A largura efetiva dessas máquinas depende da sobreposição das camadas de aplicação, e sempre há incertezas associadas à decisão. Os calcários comerciais, originários de rocha calcária moída, produzem uma nuvem de pó tanto maior quanto mais seco estiver o produto. Apenas o calcário obtido como subproduto da extração do fósforo, na indústria de fertilizantes, não tem esse problema, pois apresenta granulometria arenosa muito fina, mas representa uma parcela muito pequena do to-

COEFICIENTE DE VARIAÇÃO

O

procedimento normalmente utilizado para a determinação da largura efetiva baseia-se no coeficiente de variação (CV) das quantidades de produto caídas dentro de cada coletor (bandeja), disposto em linha transversalmente à passagem da máquina. Para tanto, são realizadas simulações de recobrimentos sucessivos com os valores acumulados nos coletores, e calcula-se o CV para cada situação de recobrimento simulado. Os valores de CV para as diferentes larguras efetivas simuladas podem ser então colocados num gráfico. O compromisso entre um valor baixo de CV e um valor prático para a largura é o que efetivamente deverá ser utilizado no campo. Uma forma de fazer essas simulações (cálculos) do coeficiente de variação, para as diferentes larguras de trabalho simuladas, é através da utilização de programas computacionais, como o “Adulanço”, disponível em www.agriculturadeprecisao.org.br. tal aplicado no país. Recentemente surgiram novos equipamentos distribuidores com interessantes inovações, para contornar o problema crítico dos distribuidores centrífugos. É o caso da máquina tipo “cocho”, que utiliza esteira em toda a extensão da sua largura, o que resulta em uma distribuição uniforme e com mínima dispersão de pó.

CONTROLADORES EXTERNOS Para se ter uma máquina capaz de fazer a aplicação de produtos em taxa variada, é necessário que exista um controle externo do seu mecanismo dosador. No caso de mecanismo dosador volumétrico, ou seja, de máquinas com esteira dosadora, esse controle se dá por meio de um motor, normalmente de acionamento hidráulico, com comando de vazão do óleo por conta de uma válvula de controle eletrônico. Da mesma forma, se o mecanismo dosador for gravimétrico, de orifício e agitador, o controle externo se dará por conta de um atuador linear com controle eletrônico, que vai abrir e fechar o orifício, definindo então as vazões requeridas. Existe no mercado mundial uma variedade de equipamentos dessa natureza, normalmente denominados de controladores para aplicação em taxa variada. Muitos deles são caracterizados como genéricos, ou seja, podem ser instalados em praticamente qualquer máquina. Outros são associados a máquinas específicas, montados na fábrica. Alguns deles surgiram para equipar as semadoras-adubadoras, para variar tanto a dose de adubo como de sementes. Os primeiros controladores utilizados no Brasil, entre 2001 e 2002, para equipar máquinas aplicadoras, eram importados. Recentemente começam a surgir opções locais, tanto de controladores como de máquinas completas, equipadas na fábrica com um controlador específico. Hoje, no mercado brasileiro, existe uma série de opções de máquinas equipadas com controladores, alguns deles originais, e outros, montados a partir da solicitação do cliente (Quadro 3). Com relação a controladores genéricos, adaptáveis a máquinas em geral (Quadro 4), observa-se a ocorrência de equipamentos semelhantes, no que diz respeito ao princípio de funcionamento. Eles visam a atender prioritariamente máquinas aplicadoras com mecanismo dosador volumétrico, que são exatamente as que predominam no mercado. Apresentam motor hidráulico, que tem de ser compatibilizado com torque necessário para o acionamento do mecanismo dosador dessas máquinas, válvula de controle de fluxo e unidade de controle. Nem todos os sistemas disponíveis apresentam uma CPU para a inserção do arquivo digital que carrega o(s) mapa(s) de aplicação e permite a entrada de sinal de posição (GPS). Nesse caso, o usuário deve adquirir um equipamento capaz de fazer essa tarefa, e a opção Monitor do controlador para taxa variada em operação, instalado na cabine de um trator

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que tem sido utilizada com mais freqüência é a utilização de um computador de mão (palmtop) equipado com um programa específico para essa função. O computador de mão é genérico, por isso, apresenta limitações para utilização em campo; exige fiação para comunicação com o controlador, com o receptor de GPS e com a sua própria alimentação e não foi feito para aplicações dessa natureza, sabidamente desafiadoras. Aqueles equipamentos que têm sua própria CPU podem apresentar uma tela que mostra o percurso da máquina em campo e o que já foi aplicado. Esse recurso exige que a CPU tenha uma tela de boa qualidade e tamanho adequado para visibilidade em ambiente de muita luz, às vezes com insolação direta. O computador de mão faz o papel dessa tela naqueles conjuntos que não têm o seu próprio visualizador. Outra característica importante desses controladores é o seu número de canais, ou seja, a quantidade de motores hidráulicos que conseguem gerenciar individualmente. Se imaginarmos uma semeadora-adubadora que tenha as sementes e o adubo governados por taxa variada, serão necessários quatro motores, porque a máquina é invariavelmente dividida ao meio. No caso de uma adubadora a lanço com dosador volumétrico de esteira, um único canal governará a aplicação em taxa variada, pois terá apenas que gerenciar a rotação do motor hidráulico que aciona a esteira. Alguns fabricantes já incorporaram um outro componente no processo da variação da dosagem de produto - o atuador linear, na comporta de abertura de passagem do produto sobre a esteira. Nesse caso, o sistema é um tanto mais complexo, com os dois atuadores devendo trabalhar em sincronia: o motor hidráulico, gerenciando a velocidade da esteira, e o motor elétrico com ros-

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ca ou cilindro hidráulico linear, gerenciando a abertura da comporta. Isso certamente permite maior amplitude na variação da dosagem. O programa que gerencia esses controladores requer informação de coordenadas e de doses. Isso significa que o arquivo digital que contém o mapa de aplicação é basicamente um arquivo de três colunas – X (latitude), Y (longitude) e Z (dose). Se houver mais do que um mapa, ou seja, mais do que um insumo, haverá as colunas Z1, Z2, ..., Zn, equivalentes a cada um desses insumos para cada ponto de coordenadas. Esses pontos são obtidos, em uma etapa anterior, pela interpolação dos valores de recomendação, a partir da amostragem de solo em gra-

de, ou amostragens direcionadas por zonas de manejo. Cada equipamento tem a sua forma de inserção de arquivos (mapas), podendo ser por

APLICAÇÃO EM TAXA VARIADA

A

aplicação de fertilizantes e corretivos em taxa variada está intimamente relacionada aos conceitos da Agricultura de Precisão, que preconiza o tratamento localizado das diferenças existentes nas lavouras. Para se chegar a uma recomendação de aplicação em taxa variada de algum insumo, há todo um processo de investigação e de diagnóstico. Nos países que já vêm adotando essa prática, já existem veículos específicos para a aplicação localizada de fertilizantes. Muitos deles são altamente sofisticados, capazes de carregar diversos produtos em separado, compor instantaneamente a mistura devida e aplicar localizadamente os produtos. O custo de aquisição desses equipamentos, via de regra, é bastante elevado. No entanto, naqueles ambientes, a tarefa normalmente é executada por cooperativas ou prestadores de serviços, que têm condições de diluir o elevado custo do investimento em equipamentos dessa natureza.


“A diferença entre a possibilidade ou não da aplicação em taxa variada se resume basicamente à disponibilidade de um controlador”

Testagem da largura efetiva de trabalho num distribuidor a centrífugo lanço, equipado com controlador para taxa variada

mídia compacta (PCMCIA, flash etc.), ou por comunicação via porta serial entre um computador externo e a CPU. Na CPU, é armazenado o arquivo, que pode ser de algum formato genérico (.txt, .dbf), ou de algum formato específico, vinculado ao programa de geração dos mapas, ou mesmo de um formato proprietário (código). Os controladores de aplicação em taxa variada são concebidos para aplicação a partir de um mapa, e esse, por sua vez, consiste na modelagem da demanda a partir apenas da amostragem do solo, ou da incorporação de outras informações, como, por exemplo, a extração de nutrientes do ciclo anterior. Para a produção dessas informações, evidentemente, houve um investimento que deve ser valorizado ao máximo. Muitos usuários estão iniciando na Agricultura de Precisão pelo caminho da aplicação em taxa variada, especialmente de calcário e, mais recentemente, de fósforo e potássio. No entanto, muitas vezes por desconhecimento, os produtores optam por uma solução demasiadamente simplificada, que é a aplicação por zonas. Essa é uma tecnologia simples, mas que deixa muito a desejar. A diferença entre a possibilidade ou não da aplicação em taxa variada se resume basicamente à disponibilidade de um controlador. Com o avanço da tecnologia, os controladores encontram-se, cada vez mais, disponíveis. Diversos trabalhos, atualmente, justificam sua adoção.

ZONAS DE APLICAÇÃO X TAXA VARIADA PLENA Muitos agricultores estão optando por fazer a aplicação dos insumos pelo que é chamado erroneamente de “zonas de manejo”. Esse método consiste na definição e demarcação em campo de divisas para setores do talhão, onde serão aplicadas doses de corretivos diferenciadas entre si, porém, constantes dentro dos tais setores.

O conceito de “zonas de manejo”, ou mais apropriadamente “unidades de gerenciamento”, subentende que todos os tratamentos sejam feitos uniformemente dentro de cada unidade. Portanto, a aplicação de insumos por zonas definidas individualmente para cada insumo, com base em teores obtidos a partir de amostragem em grade, não pode ser confundida com unidades de gerenciamento. Uma denominação mais apropriada talvez seja unidades de aplicação ou “zonas de aplicação” (Figura 1). É importante destacar que, no caso da aplicação em taxa variada plena, a dose varia quase continuamente, embora no mapa apareça apenas um número limitado de cores. Essas cores não têm significado real para o mapa digital e nem para o controlador. Para eles, o que interessa é o valor de “Zi” de cada coordenada. As coordenadas, por sua vez, são compostas por uma malha de pequenas células, normalmente de 400 m2, definidas no momento da geração do mapa. Já o mapa de “zonas de aplicação” é definido por patamares de doses obtidos após uma simplificação feita, via de regra, desenhandose manualmente as divisas dos setores do talhão sobre o mapa de taxa variada plena. Isso faz com que o agricultor viabilize a aplicação de fertilizantes até mesmo sem um controlador. Para tanto, é necessário demarcar as divi-

sas dos setores previamente, com uma grade ou com qualquer outro implemento que risque o solo, e, após isso, entrar com a máquina aplicadora, com suas regulagens pré-estabelecidas de forma a atender a especificação do mapa. Essa estratégia, embora pareça simples e de baixo custo, causa um retrocesso significativo na qualidade da intervenção em taxa variada. Todo o trabalho para a obtenção da recomendação já foi executado. No entanto, numa forma de evitar a aquisição do controlador, o agricultor aceita produzir um mapa em que será aplicada uma dose constante em cada setor. Entende-se que essa opção, por vezes, seja devida ao desconhecimento ou ao custo adicional desse equipamento. Entretanto, aderir a uma tecnologia como a de aplicação em taxa variada de insumos, com base na amostragem em grade, implica em obrigatoriamente prever um adicional de custo, pois, somente assim, o usuário estará obtendo máximo proveito da técnica adotada.

TIPOS DE CONTROLADORES Algumas considerações podem ser feitas, de forma genérica, com relação aos controladores disponíveis no mercado. Alguns deles possuem um motor hidráulico de baixa po-


tência, sensível às flutuações de fluxo e pressão do circuito hidráulico dos tratores agrícolas. Usuários têm testemunhado vazamentos e perdas de retentores no sistema, com inundação dos componente eletrônicos do motor pelo óleo quente e aquecimento excessivo do corpo do motor. Por ter uma configuração muito genérica, esse tipo de controlador é também bastante difícil de ser calibrado. Desenvolvido para aplicação de diversos produtos, incluindo fertilizantes líquidos, possui muitas configurações não utilizadas, o que no dia-a-dia do campo atrapalha o trabalho. Por depender de uma CPU externa para processar o mapa de aplicação, é bastante sensível a problemas de comunicação, como rompimentos de cabos ou mesmo desconfiguração da CPU durante o trabalho. Outros controladores não possuem um motor hidráulico específico e, sim, um conjunto eletro-hidráulico de alta capacidade, capaz de controlar qualquer motor hidráulico que seja colocado na linha de controle de fluxo de óleo. As válvulas, de terceiros, são incorporadas ao sistema. Nele, a transmissão das informações é facilmente executada, porém a inserção delas no sistema requer conhecimentos básicos de computação. São bastante adaptáveis a muitas situações e controlam diversos tipos de aplicações. Há controladores bastante específicos e simples de serem operados, que vêm sendo testados há alguns meses no país. São equipados com motor hidráulico de linha comercial, suficientemente potente para a maioria das aplicações brasileiras e de fácil manutenção. Eles têm apresentado ótimos resultados de resistência às operações de campo e às intempéries. Podem ser facilmente programados para aplicação em taxa fixa e constante em função da velocidade, ou taxa variável por mapa de pontos. Os operadores que tiveram contato com estes equipamentos incorporaram facilmente a sua rotina de operação e calibração. De maneira geral, todos os controladores possuem pontos fortes e fracos, mas que atendem à finalidade da aplicação em taxa variaDistribuidora de pós e grânulos, com dosador de esteira e distribuição por queda livre e uniforme, facilmente equipável com controlador de motor hidráulico

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da. Existe muita variação de preços e também de pré-requisitos para utilização dos diferentes modelos. Assim, frisamos que a escolha do controlador deve ser criteriosa e correta, pois a realização de toda a programação de adubação e o tratamento de correção do solo passam necessariamente por estes equipamentos.

RECEPTORES DE GPS Utilizar GPS (autômato) ou DGPS (GPS com correção diferencial) como instrumento de localização, durante a aplicação em taxa variada, é uma questão que gera certa controvérsia. Algumas considerações podem ser feitas com relação a esta opção. A acurácia de um GPS de navegação é de aproximadamente 10 m, com 90% de probabilidade de ocorrência, índice perfeitamente aceitável para o tipo de operação proposta. A largura de trabalho dos aplicadores com distribuidor centrífugo é de aproximadamente 7 a 8 m, enquanto que, para as máquinas com distribuidores por esteira, a largura é de aproximadamente 5 a 6 m, ou seja, a largura de trabalho dos equipamentos mais utilizados é quase igual à acurácia do GPS de navegação. Outros fatores a serem considerados são o mapa de aplicação e, também, a variação que o mapa representa. Comumente, esses mapas são interpolados em quadrículas de 20 x 20 m, ou seja, a cada 20 m de deslocamento, ou a cada 400 m2, há uma dose diferente a ser aplicada. O tamanho da quadrícula utilizada é maior do que a acurácia do GPS, há pouca diferença se o equipamento está no meio ou na ponta da quadrícula, a dose a ser aplicada dentro daquele espaço é a mesma. Por outro lado, se a posição real do equipamento é próxima à borda da quadrícula e o erro momentâneo do GPS indica que a localização é a de uma quadrícula vizinha, deve-se considerar a forma como ocorre a variação espacial da dosagem recomendada. Não ocorrem quadrículas vizinhas com dosagens muito diferentes. As variações encontradas em mapas de fertilidade e, por conseqüência, em mapas de aplicação, são suaves e mostram tendências de agru-

Molin e Menegat mostram a relação entre os conceitos da Agricultura de precisão e a aplicação de fertilizantes e corretivos em taxa variada

pamentos. Isso significa que, se na posição real a dose indicada é Z1, mas o GPS informa que a posição é a da quadrícula vizinha, cuja dose é Z2, Z1 e Z2 são próximos um do outro e têm valores muito próximos, às vezes iguais. Deve-se também fazer consideração sobre o uso de GPS de navegação ou DGPS sob a ótica dos custos de cada. O custo da grande acurácia no posicionamento é alto e pode inviabilizar o uso da tecnologia. Um GPS de navegação custa hoje aproximadamente U$ 300, enquanto que um DGPS custa aproximadamente U$ 5 mil. Por outro lado, com um DGPS, é possível a utilização de guias de paralelismo tipo barra-de-luz, e o GPS de navegação não oferece essa opção devido à sua baixa acurácia. Essas considerações devem ser levadas em conta no momento de se escolher o equipamento utilizado para localização da aplicação em taxa variada. José Paulo Molin e Leonardo Menegatti, ESALQ/USP



Conbea global De olho no mercado internacional, estudantes, empresas e profissionais da área de engenharia agrícola debateram em torno do agronegócio

A

XXXIV edição do Conbea (Con gresso Brasileiro de Engenharia Agrícola) proporcionou o encontro entre pesquisadores, professores, estudantes e extensionistas que atuam na agricultura e permitiu a realização de discussões substanciais em torno do desenvolvimento, da difusão de tecnologias e da formação de recursos humanos para o agronegócio brasileiro. A organização do evento, neste ano a cargo do Curso de Engenharia Agrícola da Ulbra/ Canoas, procurou contemplar na programação a visão dos diferentes segmentos que integram o cenário agrícola nacional, da pesquisa aos demandantes da tecnologia, além de trazer para o círculo de discussões visões externas. Pesquisadores da China, da Alemanha, dos Estados Unidos e do Uruguai emprestaram o caráter global ao evento. O vice-presidente da Academia Chinesa de Mecanização Agrícola, Li Shu Jun, tratou do tema “Demandas tecnológicas nos países emergentes”; o representante do Institute for Technology and Biosistems Engineering da Federal Agricultural Research Center, da Alemanha, Axel Munack, discorreu sobre “Biodiesel e outros biocombustíveis”; o representante do Department BioResources Engineering - WRET Oregon State University, Richard H. Cuenca,

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palestrou sobre “Inovações tecnológicas na gestão de recursos hídricos para irrigação;” e o diretor do projeto Educando saber-hacer, cultivamos desarrollo da OEA/AICD, o uruguaio Anibal Cuchman, falou sobre “Os desafios da engenharia agrícola na produção orgânica.” A palestra de Mark Moore, gerente geral de marketing para América do Sul e Caribe da Agco, confirmou a importância da parceria entre o ensino e a indústria agrícola, mas ressaltou a falta apoio. Moore apresentou, em detalhes, a empresa em que trabalha, a Agco, e ressaltou que o setor precisa utilizar a força das universidades para criar novas formas de conhecimento. Representantes de 73 instituições se fize-

Estudantes, pesquisadores e representantes de empresas participaram dos debates acerca da construção de tecnologias para o agronegócio brasileiro

ram presente no evento. Nesta edição foram inscritos 507 trabalhos científicos, e 170 pesquisadores brasileiros e estrangeiros incrementaram os debates. Circularam pelo campus da Ulbra aproximadamente 650 participantes, junto com 75 conferencistas da área de engenharia agrícola e afins. O tema geral do evento foi “Construindo tecnologia para o agronegócio”. As áreas temáticas contempladas foram: Construções rurais e ambiência; Energia na agricultura; Engenharia de água e solo; Máquinas e mecanização agrícola; Ciência e tecnologia da pós-colheita; Topografia, fotogrametria e sensoriamento remoto; Saneamento e controle ambiental; e Ensino, pesquisa, extensão e política profissional. Para o presidente da Comissão Organizadora do Conbea 2005, Franco Muller Martins, um grande desafio foi superado. “Planejar e organizar um evento deste porte, num período não muito favorável ao agronegócio, não é tare-


DIRETO DA CHINA

E

m entrevista exclusiva à Cultivar Má quinas, mediada pelo Dr. Paulo Graziano Magalhães, da Feagri/Unicamp, o vicepresidente da Academia Chinesa de Mecanização Agrícola, Li Shu Jun, esclarece os propósito de sua visita ao Brasil e apresenta dados indicativos da crescente participação da China no mercado mundial de máquinas agrícolas. A China já é o quinto parceiro comercial do Brasil. O comércio entre os dois países cresceu 20% entre 2003/04. Cultivar Máquinas – Quais os propósitos de sua visita ao Brasil? Li Shu Jun – Além de participar dos debates do Conbea, viemos procurar conhecer os produtos agrícolas e as máquinas brasileiras, a agricultura em geral do país. Também, fazer um comparativo entre o que está sendo feito aqui por engenheiros e pesquisadores e a tecnologia chinesa. Brasil e China nunca foram muito próximos, a visita também busca melhorar o relacionamento entre os dois países.

parecidos, têm uma agricultura similar. A agricultura familiar é forte nos dois países. Um exemplo da aproximação entre os dois países é a recente assinatura de um acordo de cooperação tecnológica na área de pesquisa, desenvolvimento e testagem de produtos entre a Academia Chinesa de Mecanização e a Unicamp.

Jun - A indústria de máquinas agrícolas ocupa o quarto lugar no ranking industrial chinês. Ela movimenta por ano aproximadamente 100 bilhões de renminbi yuan - o equivalente a 12,4 bilhões de dólares e/ou 28,5 bilhões de reais – com possibilidades reais de expansão.

CM – Qual a posição da China no mercado mundial de máquinas agrícolas? Jun - A China está de olho na globalização. Já é uma grande produtora mundial de máquinas e implementos. Há algum tempo vem exportando sua tecnologia e seus produtos no setor. Algumas marcas mundiais estão presente no país, como John Deere, Yamar, New Holland, Valtra etc. No entanto, temos mais de cem fabricantes de tratores entre pequenos, médios e grandes com penetração no mercado externo. Há mais de 20 anos a China produz tratores de pequeno porte com boa qualidade e domínio de tecnologia, facilmente ajustável às condições da agricultura tropical e com preços competitivos. No segmento de médios e grandes há pelo menos dez empresas chinesas atuando no mercado.

CM – Qual a posição do governo local em relação à agricultura e à mecanização? Jun - O Governo chinês tem despendido maior atenção ao setor agrícola nos últimos anos. Em especial à engenharia agrícola e, mais especificamente, às máquinas na agricultura. O Governo tem subsidiado a compra de equipamentos, reduzindo as taxas que incidem sobre os produtos para a agricultura.

CM – A parceria entre Brasil e China pode se cristalizar? Há algo de concreto nesta aproximação? Jun – A parceria tecnológica pode funcionar muito bem. Brasil e China são muito

CM – Em termos de valores o que isso representa na economia chinesa?

fa fácil”, salientou. Ele enfatiza, no entanto, a satisfação da Ulbra/Canoas em receber o evento. “É a primeira vez que uma instituição privada sedia o evento. Esta é uma oportunidade ímpar de aproximar a academia, a pesquisa, as empresas do setor e os usuários. A interação objetivada entre os segmentos foi alcançada com méritos”, comentou. Carlos Aurélio Dilli Gonçalves, diretor do curso de Engenharia Agrícola da Ulbra e vice-

presidente do comitê organizador, salientou que um evento deste porte oxigena, revitaliza e é capaz de promover melhorias no sistema local de ensino. “O evento era tradicionalmente realizado em hotéis e parques, nós resolvemos traze-lo para dentro do ambiente universitário. Os participantes ficaram satisfeitos e até surpresos com a estrutura disponibilizada. O retorno foi positivo”, sustenta. O encontro é promovido anualmente pela SBEA (Associação Brasileira de Engenharia

As instituições de Paulo Magalhães e de Li Shu Jun acabam de assinar um acordo de cooperação tecnológica

Agrícola) e nesta edição contou com os patrocínios oficiais da Kepler Weber e da Massey Ferguson e com o apoio da Embrapa. A XXXV edição do Conbea será realizada em João Pessoa, na Paraíba. A partir de 2006, a SBEA passará a organizar diretamente o evento. Segundo seu presidente, Evandro Mantovani, as instituições de ensino, pesquisa e extensão passarão apenas a hospedar os eventos. A empresa ACQUA consultoria S/C dará suporte na formatação do próximo encontro.


por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br

Acelera...

O

s monstros já começaram a roncar. Foi na prova de abertura da categoria Trekker-Trek realizada no dia 10 de julho em Holambra (SP) com um público de cerca de sete mil pessoas. Veja que não estávamos enganados quando “apostamos” no Dick Vigarista, apresentando-o na edição de dezembro de 2004. Conforme o leitor poderá verificar no quadro de resultados, o Dick foi o grande vencedor em Holambra. O Trator Bandido porém ameaça de perto, e certamente virá com muito apetite na próxima prova. Vários competidores chegaram próximo ao “full pull”, a tração por cem metros, o que foi alcançado pelo Johannes Eltink na categoria agrícola, seis mil kg. Uma evidência da qualificação de máquinas e pilotos a que esta categoria já chegou. Até ao final do ano serão várias provas, tanto de Trekker-Trek quanto de Arrancadão. Desejamos um público cada vez maior nestes eventos, que é a forma de recompensar os investimentos dos competidores e dos patrocinadores dos eventos. Boa leitura!

Agenda Data

Local

Categoria

13 a 14/08 São Bernardo do Campo (SP) Demonstração Arrancadão 13/08

Castrolanda (PR)

2ª Etapa Trekker-Trek Expo-Leite

20 a 21/08 Turvo (SC)

Demonstração Arrancadão

01 a 25/09 Holambra (SP)

Exibição Trekker-Trek Expo-Flora

08 a 09/10 Não-Me-Toque (RS)

Arrancadão GP/Oficial

Classificação

Trator

1º lugar 2º lugar 3º lugar

FENÔMENO FURACÃO PIT BULL

1º lugar 2º lugar 3º lugar

SILVER STAR YELLOW POWER RONIK

1º lugar 2º lugar 3º lugar

DICK VIGARISTA TRATOR BANDIDO ROQUE SANTEIRO

1º lugar 2º lugar 3º lugar

DICK VIGARISTA TRATOR BANDIDO ROQUE SANTEIRO

30 • Agosto 2005

Classificação

Trator

1º lugar 2º lugar 3º lugar

VALMET 68 FORD 4.600 FORD 4.610

1º lugar 2º lugar 3º lugar

FORD 6.630 VALMET 985 FORD 6.600

1º lugar 2º lugar 3º lugar

FORD 5.610 VALMET 985 JOHN DEERE

RESULTADO TREKKER TREK - HOLAMBRA - 10/07/2005 CATEGORIA LIVRE Distância (m) Puxada Piloto CATEGORIA LIVRE 2400 “INICIANTES” 90,93 2ª RENATO ELTINK 78,34 2ª MARCOS ELTINK 73,26 2ª DIEGO STOLTENBORG CATEGORIA LIVRE 2400 89,76 2ª HENRICUS WALRAVENS 81,34 2ª JOHANES ELTINK 78,68 2ª ROLAND NIENS CATEGORIA LIVRE 3400 96,23 2ª GERALDO REIJERS 95,20 2ª LUIS ANT.B. DA SILVA 80,20 2ª MOISÉS BARBOSA CATEGORIA LIVRE 4400 80,82 3ª HENRIQUE REIJERS 75,75 3ª LUIS ANT.B. DA SILVA 47,69 2ª LUIZ BARBOSA

RESULTADO TREKKER TREK - HOLAMBRA - 09/07/2005 CATEGORIA AGRÍCOLA Distância (m) Puxada Piloto CATEGORIA AGRÍCOLA 3.000 KG 59,22 2ª SabrinaGroot 59,00 2ª Johana Gonçalves 58,75 2ª Irene Eltink CATEGORIA AGRÍCOLA 5.000 KG 77,09 2ª Marcelo de Oliveira 73,86 2ª Claudio Scheltinga 60,36 2ª Rogério dos Santos CATEGORIA AGRÍCOLA 6.000 KG F.P. 2ª Johannes Eltink 97,47 2ª Claudio Scheltinga 95,82 2ª Luiz da Silva

Origem Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra II (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Limeira (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Limeira (SP)

Origem Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra (SP) Holambra (SP)




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