Destaques Matéria de capa
Facão ou disco? Confira qual sistema de abertura de sulco é mais indicado, de acordo com a palhada e o terreno a ser trabalhado
Ao alcance das mãos
Troca de filtros
As máquinas agrícolas incorporam cada vez mais eletrônica embarcada, permitindo mais agilidade e eficiência nas operações
Saiba quando é hora de trocar e quais são os passos necessários para garantir a integridade dos filtros de ar
Índice 04
Uso de disco ou facão em semeadoras
06
Hastes inteligentes
09
Motores diesel veicular e agrícola
12
Eletrônica embarcada em máquinas
16
Segurança em tratores agrícolas
20
Preparo do trator para trabalho
25
Manutenção passo-a-passo
28
Câmaras em pneus radiais
30
Esporte Trator
32
Lançamento Agrosystem
34
Charles Ricardo Echer • Redação
Vilso Júnior Santi • Revisão
Silvia Maria Pinto • Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia • Marketing
Pedro Batistin
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Nossa Capa
Rodando por aí
• Editor
16
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Capa Massey Ferguson
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CGCMF : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Nilo Peçanha, 212 96055-410 – Pelotas – RS www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com Direção Newton Peter Schubert K. Peter Caderno Kepler Weber
Cultivar Máquinas Edição Nº 46 Ano IV - Outubro 05 ISSN - 1676-0158 www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
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Armazenagem Cerca de 600 participantes, entre produtores agrícolas, empresários, pesquisadores, estudantes e representantes de órgãos públicos ligados ao agronegócio brasileiro e mundial, têm encontro marcado entre os dias 7 e 10 de novembro deste ano, em Uberlândia (MG). Eles estarão reunidos no IV Seminário Nacional de Armazenagem, promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab/ Ministério da Agricultura), em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem (Centreinar).
Feisucro 2005 A mais moderna tecnologia para a produção de biodiesel poderá ser conferida na Feira Internacional do Setor Sucroalcooleiro – Feisucro 2005, que será promovida no Anhembi, em São Paulo, de 7 a 10 de novembro. Um projeto específico e destinado às usinas açucareiras e alcooleiras para produção de biodiesel deverá ser apresentado nos próximos dias apenas para empresários do setor, iniciativa do Núcleo de Conhecimento da Feisucro.
Case IH Case IH trouxe para a Agrocana 2005 os mais avançados modelos de colhedoras de cana e de tratores. Na feira, foram apresentadas as colhedoras de cana A7000, fabricadas pela Case IH exclusivamente no Brasil, e os tratores da linha MXM Maxxum e MX Magnum. “A participação da Case IH na Agrocana tem não só um caráter comercial propriamente dito, mas também de aproximação entre fábrica e clientes”, enfaChristian Gonzales tiza o diretor de marketing, Christian Gonzalez.
Massey Ferguson Em mais uma de suas mega-assembléias, o Consórcio Nacional Massey Ferguson contemplou outras cem cotas de máquinas agrícolas. A assembléia do Grupo 333 teve transmissão ao vivo pelo Canal Rural para o todo o Brasil. Os clientes também puderam acompanhar a assembléia em eventos concomitantes nos concessionários Massey Ferguson em mais de 60 cidades do país. O diretor de marketing da Massey Ferguson Fábio Piltcher acompanhou o processo.
Gerdau
Jorge Gerdau
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Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Grupo Gerdau, recebeu o título Person of The Year 2005, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. O Grupo Gerdau começou a operar nos Estados Unidos em 1999, com a aquisição da Ameristeel, e hoje possui 11 usinas siderúrgicas no país. No primeiro semestre deste ano, o faturamento do Grupo chegou a R$ 13,4 bilhões, sendo que a América do Norte contribuiu com 43,3% (R$ 5,8 bilhões) do total.
CNH A CNH participa do projeto Escola de Fábrica, do Governo federal, para capacitação de alunos de baixa renda e sua inserção no mercado de trabalho. Duas turmas de 20 alunos estão em curso dentro da fábrica em Curitiba (PR). Os jovens, com idade entre 16 e 24 anos, foram selecionados na comunidade do entorno da fábrica. O curso oferecido é de Logística Industrial, promovido pela CNH em parceria com o Senai e Sodetec.
Radial pelo Brasil A Goodyear está divulgando o Radial DT 806 Optitrac, o primeiro radial agrícola produzido no Brasil. No início de outubro, Wanderley Marroni, supervisor de vendas e serviços de pneus agrícolas, percorreu o Rio Grande do Sul apresentando o DT 806 Optitrac nas revendas da Dpaschoal. “A receptividade está sendo ótima. O produtor brasileiro já esperava há tempo por essa novidade”, garante Marroni.
Agrale A tradicional montadora brasileira do setor automotivo completa 40 anos em outubro e acaba de lançar o selo comemorativo “Agrale Ano 40”. A marca será utilizada como assinatura em todo material promocional da empresa, como peças publicitárias, folhetos, entre outros. A Agrale, hoje, é a única empresa de capital 100% brasileiro que produz veículos, tratores, motores a diesel e motocicletas.
Fábio Piltcher
CBB O Centro Brasileiro de Bioaeronáutica realizou pela primeira vez no Rio Grande do Sul o Curso de Capacitação de Coordenadores em Aviação Agrícola. A primeira turma, formada em Cachoeira do Sul, contou com a participação de 15 engenheiros agrônomos de diversas instituições. Na oportunidade, a Ipanema - nova aeronave da Neiva com motor a álcool - foi utilizada.
Servspray A Servspray vem investindo forte nos treinamentos de pós-vendas para agricultores. A maior freqüência dos cursos se deve ao grande interesse dos agricultores em conhecer as novas tecnologias incorporadas aos novos modelos. Durante o treinamento, os produtores podem visitar a fábrica, acompanhar a linha de montagem e testar, em um simulador, os recursos dos novos pulverizadores.
SBI-Agro “Agronegócio, Tecnologia e Inovação” foi o tema do V Congresso Brasileiro de Agroinformática, promovido pela SBI-Agro (Sociedade Brasileira de Informática Aplicada à Agropecuária e Agroindústria). O congresso buscou abordar novas tecnologias voltadas para o aumento da produtividade no campo; divulgar as principais pesquisas brasileiras na área e demonstrar equipamentos, softwares, máquinas, implementos e insumos em geral.
Agritechnica 2005 A Agritours Brasil está formando grupo para a Agritechnica, em Hannover, na Alemanha, que acontece de 06 a 12 de novembro. Informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 32141855 ou www.agritoursbrasil.com.br.
Exclusividade O Grupo Kepler Weber, maior fabricante mundial de sistemas de armazenagem, fechou uma parceria com o Laticínio Líder, de Lobato (PR), para fornecimento exclusivo de 1,5 mil tanques de leite que serão entregues no período de aproximadamente um ano. Os equipamentos foram produzidos especialmente para as pequenas propriedades, representando um novo nicho de mercado para a empresa gaúcha. Os tanques têm capacidade de 200 e 300 litros e são do tipo “geladeira”, não necessitando a presença de técnicos para instalação
Projeto Aquarius
Reforço de peso O Projeto Aquarius de Agricultura de Precisão passou a contar com uma nova parceira - a Cotrijal. Com a adesão da cooperativa de Não-Me-Toque (RS), o programa terá sua área de atuação triplicada
O
Projeto Aquarius – pioneiro em pesquisa de Agricultura de Precisão – recebeu a adesão da Cooperativa Tritícola Mista Alto Jacuí (Cotrijal). A solenidade que marcou a adesão aconteceu no dia 14 de outubro na sede da cooperativa, em Não-Me-Toque (RS), e contou com a participação de representantes das empresas parceiras do projeto: Massey Ferguson, StaraSfil, Serrana Fertilizantes, Fazenda Anna e Universidade Federal de Santa Maria. O ingresso da Cotrijal vai permitir que a área de atuação do projeto seja triplicada. Além
Eduardo Souza ressalta a importância do ingresso da Cotrijal no Projeto Aquarius
dos atuais 256 hectares cultivados no sistema de plantio direto – dois talhões da Fazenda Anna, em Não-Me-Toque – o projeto Aquarius ganhará mais 480 hectares, distribuídos em 12 locais - áreas cedidas por cooperados da Cotrijal. Essas áreas já estão sendo mapeadas e analisadas. A importância do engajamento da cooperativa no projeto foi enfatizada pelo seu presidente, Nei Mânica. “Estimular esse projeto que já é uma realidade em outros países é fundamental. Entendemos que todos podem ganhar economicamente, principalmente o produtor e a região.” A Cotrijal vai envolver todo o seu corpo técnico, composto por 33 profissionais, no Projeto Aquarius. Segundo Eduardo Sousa, coordenador da Massey Ferguson no Projeto Aquarius, a entrada da Cotrijal traz um importante ganho para o projeto, aproximando ainda mais os produtores dessa importante ferramenta de gerenciamento agrícola. “A cooperativa, com o knowhow de seu corpo técnico que trabalha em diversos sistemas de produção, somados ao estudo da variabilidade que a tecnologia pode oferecer, certamente contribuirá para melhores resultados das propriedades rurais”, afirma.
AQUARIUS DE PRECISÃO
O
Projeto Aquarius é o primeiro projeto de pesquisa de Agricultura de Precisão em escala comercial no Brasil. O Aquarius utiliza as tecnologias disponibilizadas por cada uma das empresas parceiras, comprovando a viabilidade comercial da Agricultura de Precisão. O Projeto é desenvolvido hoje em dois talhões da Fazenda Anna, além de ganhar mais 12 áreas pertencentes a cooperados da Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). No total, serão 736 hectares cultivados no sistema de plantio direto, que geram tecnologia nacional para o uso do sistema, definindo manejos específicos para cada condição de solo. A partir dos resultados obtidos, os agricultores recebem recomendação de manejo para suas lavouras conduzidas com Agricultura de Precisão.
Outubro 2005 • 05
sulcadores Charles Echer
Disco ou facão? Embora as máquinas apresentem várias opções de mecanismos de abertura do sulco, não há consenso entre pesquisadores e produtores sobre qual alternativa apresenta melhor relação solo-semente
A
Elton Fialho dos Reis
utilização das semeadoras em uma propriedade tem por objetivo a realização do plantio de uma forma rápida e eficiente, dentro de um período pré-estabelecido, de acordo com as exigências de diferentes culturas e tipos de solo e clima, nas várias regiões agrícolas do país. O estabelecimento de uma cultura inicia-se com a semeadura e a subseqüente germinação e emergência das plântulas. Nesta fase o condicionamento físico do solo ao re-
Máquina utilizada no ensaio, com um conjunto formado por disco de corte mais facão e outro por disco de corte mais disco duplo defasado
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dor das sementes tem importância fundamental para o bom desenvolvimento inicial da cultura, assegurando uma população adequada de plantas. Uma boa semeadora deve possibilitar o estabelecimento rápido e uni-
SEMEAR COM SUCESSO
O
aspecto mais crítico para semear com sucesso sobre uma camada de restos culturais deixados na superfície do solo consiste em cortar essa camada heterogênea e colocar a semente em contato íntimo com o solo. Embora as máquinas apresentem várias opções de roda compactadora e de mecanismos de abertura do sulco, não há consenso entre pesquisadores e produtores sobre qual desses mecanismos apresenta melhor relação solo–semente. A superfície do solo próximo à semente é modificada, dependendo do tipo de mecanismo de abertura do sulco, podendo causar impedimento na movimentação de água da superfície do solo até a semente.
forme da população de plantas desejadas, para isso, a mesma deve colocar a semente no lugar e na quantidade certos, além de formar um ambiente que proporcione condições adequadas ao processo de germinação. É consensual que o sucesso no estabelecimento de uma cultura depende do ambiente do solo, que deve ser adequado à germinação da semente, à emergência e ao desenvolvimento da planta. Os principais fatores físicos desse ambiente, como temperatura, umidade e aeração, são diretamente influenciados pelo tipo de mecanismo de abertura do sulco. A operação de semeadura revestese de grande importância, pois possíveis erros durante essa etapa só poderão ser percebidos após a emergência da planta. Na ação de abertura e fechamento do sulco, obtêm-se condições diferenciadas de microclima na região próxima à semente, as quais resultarão em uma velocidade maior ou menor de emergência das plântulas. Para uma relação solo–semente adequada, os ambientes térmico e hídrico e o condicionamento físico do solo ao redor das sementes são de grande importância, assegurando uma população adequada de plantas e um bom desenvolvimento inicial da cultura. O estado de compactação do solo ao redor da semente causa mudança nas propriedades físicas, como aumento da densidade e
“O aumento dos espaços porosos vazios é o fator dominante para a difusão de oxigênio e dióxido de carbono, necessários ao desenvolvimento da planta” Elton Fialho dos Reis
Exemplo de sulcadores e discos de corte existentes no mercado, além da roda compactadora, que fazem parte da linha de semeadura
redução dos espaços porosos. A compactação da superfície do solo na região da semente altera a umidade, o comportamento térmico, a resistência mecânica e o desempenho das plantas. O aumento dos espaços porosos vazios é o fator dominante para difusão de oxigênio e dióxido de carbono, necessários ao desenvolvimento da planta. Essa difusão depende em maior grau da porosidade total do que do tamanho do poro, porém a difusão da água depende mais do tamanho dos poros e dos canais.
DENSIDADE NA REGIÃO DA SEMENTE
Semeato
Visando estudar a influência dos mecanismos de abertura de sulco no microambiente das sementes, realizou-se um ensaio na região de Viçosa (MG), num Latossolo Vermelho Argiloso (43% de argila). Foi utilizada uma semeadora-adubadora, com configuração para semear duas linhas na cultura do milho, com espaçamento de 1 m entre linhas. A máquina apresentava conjunto rompedor e distribuidor de fertilizantes do tipo disco
de corte mais facão, ou disco de corte mais disco duplo defasado para o adubo, distribuidor de sementes tipo disco duplo defasado e dosador de sementes tipo discos alveolados. O mecanismo de compactação da semeadora-adubadora foi do tipo roda de borracha, como mostrado na figura acima. Trabalhou-se com diferentes teores de água do solo, em condições de campo, que estavam dentro da faixa friável, que é a recomendada para operação de semeadura. Durante a operação de plantio, foi monitorada a carga aplicada pela roda compactadora sobre a linha de semeadura com uma célula de carga. Após o plantio, foi retirada uma amostra indeformada de solo, dentro da qual de-
veria estar contida pelo menos uma semente, para determinação da densidade do solo na região da semente. Essa densidade foi determinada pelo método da tomografia computadorizada. Utilizou-se um tomógrafo de terceira geração, constituído de um sistema fonte-detector posicionado em uma guia circular, que realiza movimento de rotação ao redor da amostra. Trabalhou-se com 16 planos horizontais, em que o feixe em leque atravessou a amostra de 5 em 5 mm até a profundidade de 80 mm, com precisão milimétrica. Dentro das tomografias foi demarcado um quadrado de 25 x 25 pixels, correspondendo a uma área de 198,75 mm2. As tomografias são apresentadas na Figura 3, as áreas mais claras significam maior dificuldade de penetração da radiação, logo, maiores valores de densidade do solo.
RESULTADOS ENCONTRADOS Independente do teor de água no solo, o mecanismo de abertura de sulco tipo disco duplo apresentou maior valor de densidade média do solo na região da semente (1,11 kg/dm3) do que o facão (1 kg/dm3). Isso ocorreu devido ao espelhamento lateral causado pelo disco ao ser introduzido no solo, o que não aconteceu com o facão, que rompe o solo. As imagens tomográficas (Figura 1) mostram Os sulcadores interferem também na qualidade final do plantio e no nível de palhada que ficará sobre o solo após a operação
Figura 1 - Imagens tomográficas da região da semente. Nas áreas mais claras há maior densidade do solo
Disco duplo
Facão
Disco duplo defasado
esses valores de densidades nos mecanismos tipo disco (área branca das imagens). Mesmo apresentando maiores valores de densidade, o que possivelmente dificultou a passagem de água até a semente, não houve interferência no índice de velocidade de emergência. Já na percentagem de emergência de plantas, houve interferência significativa dos sulcadores, apresentando menor emergência no mecanismo tipo disco duplo. O valor de densidade do solo medido pelo método do anel volumétrico antes do plantio foi de 1,14 kg/dm3, e o valor de densidade máxima medido pelo método da tomografia no mecanismo tipo disco duplo, de 1,41 kg/ dm3. Esse aumento de densidade deve ter sido ocasionado pela ação da ferramenta no solo. Os sulcadores tipo disco duplo aumentam a compactação lateral e no fundo do sulco, quando comparados com o facão, embora mobilizem menor quantidade de solo e exijam menor força de tração. No detalhe, semente de milho depositada no sulco. A imagem tomográfica mostra o ambiente solosemente logo após a semeadura
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Fotos Elton Fialho dos Reis
Umidade 34%
AMBIENTE SOLO-SEMENTE No plantio convencional, pouca atenção era dada ao mecanismo de abertura de sulco e, sim, ao fechamento, isso devido à facilidade encontrada, pois o solo estava revolvido. Já no plantio direto, essa abertura torna-se essencial, pois é ela que vai controlar o ambiente térmico e hídrico próximo à semente, facilitando, assim, a germinação e posterior emergência da plântula. A Figura 4 mostra o ambiente solo-semente, onde as áreas escuras representam o solo, e as áreas brancas representam a macropoM rosidade próxima à semente.
Umidade 22%
Facão
Todo esforço visando à redução de área mobilizada deve estar voltado, portanto, à minimização de solo revolvido, reduzindo assim a erosão hídrica. O mecanismo de abertura tipo facão, mesmo apresentando maior quantidade de solo mobilizada, deve ser utilizado em solos argilosos e em solos com compactação superficial (10-12 cm), os quais exigem maior força de tração, mas, nessas condições, apresentam melhor ambiente para a semente, facilitando a germinação. Vale ressaltar que o presente estudo restringiu-se a um tipo de solo, devendo-se tomar muito cuidado com as extrapolações.
Elton Fialho dos Reis, UEG João Paulo Arantes R. da Cunha, UFU
compactação
Hastes inteligentes A adição de hastes instrumentadas na linha de semeadura permite a geração de mapas de estado de compactação de áreas e proporciona um avanço nas avaliações de propriedades físicas do solo
C
om a evolução da agricultura de precisão, passando de uma parafernália de equipamentos para softwares e hardwares cada vez mais eficientes e compactos, as possibilidades de utilização dessa tecnologia tornam-se acessíveis às diferentes áreas de interesse. A padronização Isobus (ISO 11783) nas máquinas e implementos agrícolas, visando os equipamentos eletrônicos embarcados, é uma preocupação mundial dos fabricantes e pesquisadores com o objetivo de otimizar a aquisição, a compatibilidade e a utilização dessas tecnologias. As técnicas de agricultura de precisão devem ser compreendidas como uma forma de manejo sustentável, já que as áreas são consideradas e manejadas como heterogêneas. A análise das informações geradas deve propiciar que o máximo potencial produtivo de uma área seja utilizado, isto é, áreas potencialmente mais produtivas poderão aumentar sua produtividade, e áreas com menor potencial de produção agrícola também serão beneficiadas, já que suas limitações tornamse conhecidas e, assim, respeitadas.
A utilização da agricultura de precisão está consolidada como ferramenta de geração e gerenciamento de informações, possibilitando o diagnóstico das áreas monitoradas e as ações viáveis a serem implementadas. Algumas dessas ações já são efetivas no campo, como aplicação de insumos em doses e composições diferenciadas, distribuição de sementes, identificação e monitoramento de pragas, infestações de invasoras, além do monitoramento das propriedades do solo. Dentre as propriedades já avaliadas e monitoradas, encontram-se as análises químicas de solo, utilizadas para a prescrição de adubação e, caso necessário, para a correção da acidez do solo. As amostragens de solo são feitas em grades, sendo essencial uma definição do número ideal de amostragens por unidades de gerenciamento, número esse que deve contemplar a representatividade da área e ser economicamente viável ao produtor. Exigem investimentos em equipamentos para as amostragens de solo e têm custo para pagamento da análise do solo em laboratórios credenciados.
PERDA DE ÁGUA E DE NUTRIENTES As técnicas de manejo adequado do solo, respeitando as capacidades de uso das terras, têm evoluído constantemente. Se antes a preocupação em utilizar a semeadura direta recaía no objetivo principal de minimizar os efeitos dos agentes erosivos, hoje ainda existem, mesmo nos sistemas conservacionistas, dificuldade de infiltração de água e formação de enxurrada entre a palhada e o solo. Portanto, a perda de solo pode estar minimizada ou controlada, mas a perda de água, bem como de nutrientes que com ela são carregados, ainda é um desafio. A semeadura direta preconiza a cobertura do solo durante o ano todo, seja por cobertura vegetal, seja por restos culturais. A qualidade, a quantidade e o posicionamento dessa palha são importantes sob diversos aspectos, sendo destacada aqui a proteção física do solo. A rotação de culturas, tanto no verão como no inverno, também é indicada, além do revolvimento mínimo do solo. No plantio direto, a movimentação de solo limita-se à linha de semeadura. As semeadoras-adubadoras estão equipadas, basicamente, com discos de corte de palha, discos duplos de distribuição de sementes, dis-
Carla Cepik
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Fotos Carla Cepik
Escarificação em área de semeadura direta com problema de compactação, devido ao pastoreio animal
Dependendo das condições do terreno, do tipo e da profundidade dos sulcadores, a superfície fica com pouca cobertura, parecendo terreno escarificado
cos duplos ou hastes sulcadoras para a deposição do adubo e rodas compactadoras. Em áreas onde esse sistema está implantado há mais tempo ou onde é praticada a integração lavoura-pecuária, pode ocorrer compactação superficial do solo. Essa compactação pode ocorrer devido ao tráfego de máquinas em solos com elevado teor de água, ou devido à utilização inadequada da técnica de semeadura direta. Diversos autores na literatura já evidenciaram em experimentos, camadas superficiais compactadas e restritivas à emergência e ao estabelecimento inicial das plântulas. Pode-se inferir que a compactação superficial do solo constitui uma restrição para a semeadura direta.
estado de compactação?”. Um método já empregado é o monitoramento das propriedades físicas do solo com base nos dados de resistência à penetração (RP), obtidos utilizando-se um penetrômetro digital e georreferenciado. Com um número considerável de amostras pontuais por zonas de gerenciamen-
COMPACTAÇÃO E PRODUTIVIDADE No decorrer do tempo, e em função dessa alteração nas propriedades físicas do solo, a pergunta é “Como caracterizar fisicamente os solos em áreas extensas e com número de amostragens que represente ou expresse seu
AVALIAÇÃO QUÍMICA DO SOLO
A
avaliação química do solo é importante, tanto para monitorar as zonas de manejo, bem como para evidenciar deficiências em componentes químicos importantes ao crescimento das plantas. Atualmente, existem projetos desenvolvidos entre fabricantes de máquinas e implementos agrícolas e pesquisadores, utilizando a agricultura de precisão e fazendo esse monitoramento em talhões de um hectare.
Haste sulcadora de adubo da semeadoraadubadora, equipada com sensores eletrônicos para aquisição de dados de esforço de tração na haste
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to, é possível avaliar o estado de compactação do solo e elaborar mapas evidenciando as zonas de solo mais compactadas ou menos compactadas, até a profundidade determinada. Com essa metodologia, ainda fica a pergunta: “Como dimensionar o número de amostras por área para que a informação seja representativa?” Visualizando essa demanda, está em andamento um projeto de pesquisa na UFRGS que tem o objetivo de estudar o comportamento da força de tração na haste sulcadora de uma semeadora-adubadora de precisão que opere a profundidades entre 10 e 15 cm. Com os dados obtidos de forma contínua, através da instrumentação eletrônica, e empregando a técnica da agricultura de precisão, foi elaborado um mapa do estado de compactação do solo.
MAPEAMENTO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO Como exemplo prático já obtido com essa
“A comparação do estado de compactação do solo com mapas de produtividade pode ser útil na avaliação de áreas para a tomada de decisões”
Renato, Carla e Carlos explicam o funcionamento das hastes, as quais indicam também o estado de compactação do solo
instrumentação, os valores de força de tração obtidos na haste sulcadora de distribuição de adubo da semeadora, operando em solo com 35% de argila e a 12 cm de profundidade, foram alocados nos respectivos locais de obtenção na área, resultando em um mapa com zonas de mesma resistência do solo ao cisalhamento, ou seja, em um mapa do estado de compactação do solo. Verifica-se que a demanda de esforço de tração medido na haste sulcadora de adubo da semeadora-adubadora variou de 100 a 350 kgf. A maior parte da área apresentou valores entre 200 e 250 kgf, que já podem significar restrição ao crescimento de raízes em condições de baixa umidade do solo. A comparação do estado de compactação do solo com mapas de produtividade pode ser útil na avaliação de áreas para a tomada de decisões. Por exemplo, áreas onde a compactação estiver sendo restritiva ao cresci-
LIMITAÇÕES QUÍMICAS
A
lém de deficiências químicas do solo, afetando a produtividade das culturas, existem também as limitações físicas do solo que muitas vezes são fatores restritivos a própria emergência das plântulas nas lavouras. O conhecimento das propriedades físicas do solo, bem como a alteração das mesmas, é uma base de dados relevante quando os motivos para uma baixa produtividade de uma determinada área não são explicados nem por falta de adubo, nem por solo ácido.
mento de raízes, afetando a produtividade da cultura, poderiam ter como solução a esse impedimento a operação de escarificação do solo. Porém, tendo acesso a esse tipo de informação, podem-se escolher nessas áreas os locais que realmente necessitam dessa operação. Isso implica diminuição de custos de operação e otimização da maquinaria agrícola. Por segurança, é conveniente ao produtor ou ao seu técnico efetuar amostragens nos lo-
HASTES INSTRUMENTADAS
A
s operações georreferenciadas de colheita, distribuição de insumos e semeadura já estão consolidadas. A adição de hastes instrumentadas na linha de semeadura das semeadoras-adubadoras permite a geração de mapas de estado de compactação de áreas, proporcionando um avanço nas avaliações de propriedades físicas do solo em relação aos métodos tradicionais, em termos de praticidade, custos e representatividade espacial e temporal.
cais com maior probabilidade de compactação, utilizando outros métodos, como a resistência do solo à penetração ou a densidade do solo. Há laboratórios que já efetuam essas análises físicas. No Departamento de Solos da FA/UFRGS, o setor de Mecanização Agrícola vem estudando e desenvolvendo metodologias práticas, confiáveis, de baixo custo e, principalmente, que possam ser efetuadas na propriedade agrícola, pelo produtor ou seu técnico responsável. Uma delas é em relação à densidade do solo, por ser uma determinação independente do teor de água do solo, ao contrário de outras dependentes desse fator, como a resistência do solo à penetração, ao corte ou ao cisalhamento. A maior vantagem na utilização da agricultura de precisão é a possibilidade de interpretação conjunta dos dados obtidos com essa ferramenta. Sobrepondo-se os mapas georreferenciados de fertilidade, drenagem, tipos de solos e estado de compactação do solo com os de produtividade de várias safras, é possível efetuar um diagnóstico seguro e propor um manejo adequado aos diM ferentes talhões. Carla Cepik Renato Levien Carlos Ricardo Trein UFRGS
aplicações agrícolas
Força e economia
Altos torques e baixas RPMs - essas são algumas das especificidades do motor diesel agrícola. As particularidades de um projeto para determinada aplicação são de grande importância na composição e no desempenho final do conjunto
O
s motores Diesel receberam este nome em homenagem a Rudolf Diesel, que em 1892 conseguiu desenvolver um motor que podia funcionar sem que a queima do combustível fosse iniciada pela emissão de uma faísca. O motor a diesel, comparado com um motor a gasolina, é dotado de uma eficiência térmica elevada e tem sido usualmente empregado em veículos, como locomotivas, caminhões e máquinas agrícolas. Cada aplicação tem necessidade e projeto diferentes, pois as características necessárias em um motor para uma determinada aplicação não serão as mesmas necessárias à outra. As diferenças de um projeto para determinada aplicação serão de grande importância para o desempenho do motor. Na Figura 1, temos um motor utilizado
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nas colhedoras John Deere STS, que desenvolvem 325 cv de potência nominal, com 7% de reserva de potência, e devido ao governador eletrônico proporcionam 33 cv de potência extra. Esse é um exemplo de motor desenvolvido especificamente para aplicações agrícolas, que requerem altos torques a baixas RPMs. O motor diesel se diferencia de um motor ciclo Otto (gasolina) basicamente em dois pontos. Um deles é a maneira pela qual o combustível ingressa na câmara de combustão, injetado a alta pressão, logo antes do Ponto Morto Superior - ponto mais alto aonde o cilindro pode chegar - no ciclo Diesel, ou misturado com o ar durante a admissão no ciclo Otto. A outra diferença é a forma pela qual o combustível inicia a combustão, sendo devido à emissão de faísca,
no ciclo Otto, ou devido à alta pressão na câmara de combustão (o que eleva a temperatura dentro desta até a temperatura de queima do combustível), no ciclo Diesel. Ao lado temos um quadro que detalha os ciclos de funcionamento de um motor diesel. No motor diesel, na descida do pistão, somente o ar puro é aspirado pelo cilindro. E, quando o pistão se desloca para cima, apenas esse ar sofre compressão. Em conseqüência, a temperatura do ar comprimido eleva-se consideravelmente, chegando a ultrapassar os 500ºC (durante a combustão a temperatura na câmara ultrapassa os 700ºC). À medida que o pistão se aproxima do limite máximo de seu curso, uma névoa de combustível é pulverizada para o interior do cilindro. Devido à alta compressão, o ar fica tão quen-
“No motor diesel, na descida do pistão, somente o ar puro é aspirado pelo cilindro. E, quando o pistão se desloca para cima, apenas esse ar sofre compressão” Fotos John Deere
Figura 2 - Motor turboalimentado para aplicações agrícolas
Figura 1 - Motor agrícola John Deere 6081 de 8.1 litros, utilizado nas colhedoras STS
motor é controlada apenas pela quantidade de combustível fornecida pelo bico injetor, ou seja, quanto maior a quantidade de diesel injetada maior será a rotação do motor. O motor diesel permite funcionamento com vários tipos de combustíveis, desde óleo diesel destilado, óleo mineral cru, óleos vegetais, gás natural ao biodiesel, que não pode ser confundido com óleos vegetais. O biodiesel é a união de óleos vegetais, álcool e catalisador, sofrendo um processo de transesterificação (processo de remoção da glicerina do óleo vegetal). Os mais indicados e adequados são o óleo diesel e, agora, o biodiesel, que está em processo de implantação no Brasil. O óleo diesel é o combustível mais volátil e seu ponto de combustão situa-se aproximadamente a 75ºC.
SISTEMAS DE ADMISSÃO
te que, ao receber o combustível, faz a mistura entrar em combustão, impulsionando o pistão para baixo. Como no motor diesel o volume de ar aspirado para o interior do cilindro é sempre o mesmo, a velocidade de rotação do
OS MOTORES
M
otores são máquinas desti nadas a transformar energia em trabalho mecânico. Neste caso em específico, utilizamos o motor Diesel para transformar a energia calorífica, proveniente da reação de combustão que ocorre entre o ar e o combustível, em energia mecânica utilizável.
No motor diesel existem tipos de sistemas de admissão diferenciados que determinam a potência e desempenho do motor. • Aspiração Natural • Turboalimentado • Pós-resfriado (ar-água) • Pós-resfriado (ar-ar) Na aspiração natural, o ar é succionado
para o interior do cilindro pela depressão gerada pela descida do pistão. Os motores com esse sistema geralmente têm respostas de giro mais rápidas, são mais econômicos e, por desenvolverem menores potências, de maior vida útil. No motor turboalimentado, o ar é empurrado para o interior do cilindro. Como a massa de ar no interior da câmara de combustão é maior do que em motores aspirados, pode ser injetada uma quantidade superior de combustível, pois terá oxigênio necessário para fazer a combustão. O turbo melhora o rendimento do motor, além de reduzir as emissões e o ruído. Esse motor também melhora a performance em altas rotações e sob carga (Figura 2). O motor pós-resfriado é um motor turbinado que tem a massa de ar resfriada após a passagem pelo turbo. O resfriamento do ar tem por objetivo colocar uma quantidade maior de moléculas de oxigênio para dentro da câmara de combustão, sabendo que as moléculas, quando comprimidas com o turbo, têm sua temperatura aumentada, o que aumenta o volume das moléculas (em uma proporção considerável para gases). Portanto, o resfriamento serve para reduzir o volume de uma molécula de oxigênio e colocar um maior número de moléculas no interior da câmara de combustão, podendo ser injetada uma quantidade maior de com-
Quadro 1 - Descrição dos ciclos de funcionamento do motor diesel Ciclos de funcionamento 1 – ADMISSÃO
2 – COMPRESSÃO 3 – COMBUSTÃO
4 – EXAUSTÃO
Ciclo Diesel O ar é aspirado (ou “empurrado” no caso dos motores turbinados) para o interior do cilindro, chegando até a câmara de combustão através da válvula de admissão, que está aberta. Aqui, o pistão é puxado para baixo pelo virabrequim. Com as válvulas fechadas (admissão e escape), o pistão sobe e comprime o ar dentro do cilindro, numa taxa normalmente entre 16:1 a 24:1. Também com as válvulas fechadas, o combustível é injetado (atomizado ou pulverizado pelo sistema de injeção) no ar comprimido a alta pressão e temperatura, ocorre auto-inflamação da mistura pelo calor da compressão em decorrência disto, o pistão é forçado para baixo. Abre-se a Válvula de exaustão e os gases que se formaram na fase anterior são expelidos do interior do cilindro pelo movimento ascendente do pistão.
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Ciclo completo de funcionamento do motor diesel
TAXA DE COMPRESSÃO
O
bustível, aumentando a potência e o rendimento do motor e reduzindo emissões de poluentes.
SISTEMAS DE INJEÇÃO DE COMBUSTÍVEL Nos motores diesel existem tipos distintos de sistemas de injeção, que podem definir quão eficiente será a queima de combustível em um motor. Nos sistemas de injeção individual (bombas em linha e distribuidoras ou rotativas), o combustível é pressurizado e levado da bomba injetora até a câmara de combustão, através de tubos e dos bicos injetores. Estes últimos liberam o fluxo de combustível devido à pressão enviada pela bomba injetora naquele momento, esse combustível a alta pressão é atomizado e se mistura com o ar pressurizado, entrando logo após em combustão. Nos sistemas Common Rail, há um tubo permanentemente pressurizado que alimenta todos os bicos injetores; estes, por sua vez, liberam o fluxo de combustível devido ao acionamento de um solenóide. Nesse sistema é possível controlar o avanço no ponto de injeção e o tempo de abertura dos bicos (portanto, a quantidade de combustível) eletronicamente. Nesse tipo de sistema de in-
jeção, a pressão no sistema supera quatro vezes a de um sistema individual, a grande vantagem nisso é a atomização do combustível, que produz partículas menores. É fácil comprovar-se o efeito, imagine que você joga um punhado de serragem no fogo, agora, imagine você jogando o mesmo punhado de pó de madeira, o que acontece? O pó queima mais rápido e de maneira mais eficiente, devido a uma superfície de contato maior com o fogo. Na Figura 3, temos uma imagem em corte de um motor turboalimentado desenvolvido para aplicações agrícolas.
CLASSIFICAÇÃO DE MOTORES Os motores diesel podem ser classificados como: 1) Motores a diesel estacionários 2) Motores a diesel para uso veicular 3) Motores a diesel para aplicações agrícolas Os motores diesel estacionário e agrícola têm características muito parecidas, pois têm necessidades similares, porém diferem bastante de um motor veicular.
MOTORES DIESEL NA APLICAÇÃO AGRÍCOLA O projeto de um motor agrícola é de-
Quadro 2 - Gráfico da curva de um motor diesel veicular
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motor diesel trabalha com uma taxa de compressão acima de 16:1, justamente para que a compressão e a temperatura dessa massa de ar sejam suficientes para gerar uma combustão, quando o óleo diesel é injetado a alta pressão. A taxa de compressão é a relação entre o volume de um dos cilindros do motor estando com seu pistão no ponto morto inferior (ou seja, totalmente baixo) e o volume da câmara de combustão (volume remanescente quando o pistão está em Ponto Morto Superior, ou seja, totalmente acima), Ela indica quantas vezes o volume de mistura é comprimido antes de ocorrer à combustão. Assim, uma taxa de compressão de 20:1, por exemplo, indica que a compressão da mistura é 20 vezes no ponto de combustão em relação ao ponto de admissão. senvolvido para um motor de alto torque e grande reserva de torque a baixas RPMs, pois é essa a necessidade agrícola: ter torque com economia para puxar o implemento em operação na lavoura (Quadro 3).
O QUE É POTÊNCIA DE UM MOTOR? Pela definição da física, potência é o trabalho desenvolvido em um intervalo de tempo, ou podemos dizer que em um motor é um torque disponível a uma determinada rotação. Por isso, um motor consegue aumentar o torque mantendo a mesma potência e reduzindo a rotação.
Quadro 3 - Gráfico da curva de um motor diesel agrícola
“Nos motores diesel existem tipos distintos de sistemas de injeção, que podem definir quão eficiente será a queima de combustível em um motor” Fotos John Deere
Figura 3 - Motor John Deere de 6,8 L (vista em corte)
Figura 4 - Curso de virabrequim (distância “d”), num motor diesel de uso agrícola
rotação de trabalho (veja no Quadro 3 o incremento de torque que ocorre quando a rotação cai). Pot= Relação entre torque e RPM
O QUE É TORQUE? O torque pode ser definido como a força de giro do virabrequim, e coloquialmente pode-se dizer que o torque de um motor é a força com que o pistão é empurrado para baixo multiplicada pela distância do centro do virabrequim até o centro do pino da biela. Torq = For x Dist Motores agrícolas são caracterizados por apresentarem, de um modo geral, um maior curso de virabrequim (distância “d” na figura acima), isso possibilita o maior torque disponível para essas aplicações (Figura 4).
O QUE É RESERVA DE TORQUE? Reserva de torque é a relação entre a diferença do torque máximo e do torque na rotação nominal, e a rotação nominal de trabalho, medida em porcentagem. É a reserva que o motor tem quando esta trabalhando na rotação nominal e é solicitado por alguma sobrecarga. O efeito disso é a queda na rotação. Com isso, a sobrecarga será superada, pois teremos um incremento de torque, tendendo a voltar à
Reserva de Torque (%) = T Max(N/m) – T Rot. Nominal (N/m) T Rot. Nominal (N/m)
Para um motor agrícola, é de vital importância ter uma boa reserva de torque, para superar as possibilidades de sobrecarga de trabalho, quando solicitado. Um exemplo disso ocorre na operação de sulcamento, quando, ao passar por um solo mais úmido ou mais argiloso, a rotação do motor cai, mas se o motor tem boa reserva de torque continua a operação sem a necessidade da troca de marcha e redução de velocidade. Outra grande vantagem de ter motores especialmente desenvolvidos para aplicações agrícolas é a possibilidade de trabalhar em rotações mais baixas, pois o motor pode desenvolver maiores torques a baixas rotações, isso traz economia de combustível, além de um desgaste menor dos seus componentes internos.
MOTORES A DIESEL PARA USO VEICULAR O motor veicular é um motor desenvolvido para trabalhar em regime de rotação maior, o importante para um motor veicular é ter elevada potência a elevadas rotações. Como se vê no gráfico, a potência máxima está em uma rotação de 2950 rpm, com baixa reserva de torque e baixa reserva de
M
Martini e Spessatto apresentam as principais características dos motores diesel de uso agrícola
potência, pois não há necessidade de altas reservas, já que esse motor dificilmente trabalhará em regime de sobrecarga. Na curva do motor, nota-se que o torque máximo está a 1800 rpm, a reserva de torque deste motor é 10%, muito menor que a do gráfico do motor agrícola utilizado como exemplo. No Quadro 2 temos um gráfico da curva de um motor veicular, cujas característica é desenvolver potência a elevados regimes de rotação. M Eduardo Romann Martini e Leonardo Spessatto, John Deere
tecnologia
E
m vários países, incluindo o Brasil, tem aumentado muito o uso da automação na agricultura, motivado pela demanda por maior qualidade dos produtos, maior produtividade e menores custos, e a automação oferece a possibilidade de obtê-los. Assim, podem-se obter mais dados sobre os processos e, com base neles, tomar ações que melhorem o desempenho de máquinas e processos inteiros. A nossa agricultura vem-se tornando cada vez mais competitiva graças ao uso de diversas tecnologias, como a encontrada nas máquinas agrícolas modernas. A manutenção dessa competitividade, entretanto, exige o desenvolvimento constante de novas tecnologias. O mercado tem-se tornado cada vez mais exigente, gerando novas demandas. Como exemplo, têm-se as questões ambientais e a rastreabilidade, e o produtor precisa se aparelhar para atender a elas. As máquinas agrícolas cada vez mais vêm incorporando a chamada eletrônica embarcada, disponibilizando ao operador informações importantes sobre a máquina
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ou a operação desta e permitindo a automação de alguns procedimentos que podem, então, ser feitos de maneira mais precisa, rápida e segura.
SISTEMAS ELETRÔNICOS Essa eletrônica embarcada existente nas máquinas agrícolas se inspira muito nos avanços prévios na indústria automotiva. Caminhões, ônibus e carros já possuem uma quantidade importante de sistemas eletrônicos que monitoram ou controlam temperatura, pressão e nível de óleo, consumo e nível de combustível, rotação do motor, marcha utilizada, sistema elétrico, freios, portas, janelas e faróis, dentre
outros. Muitas dessas variáveis são importantes também em tratores e implementos agrícolas e são essenciais tanto para preservar o equipamento como para avaliar se a operação deste está adequada. Considerando-se que esses veículos agrícolas costumam ser mais caros que os veículos urbanos, é natural que a eletrônica embarcada seja inMassey Fergunson
Eletrônica embarcada
As máquinas agrícolas vêm incorporando sistematicamente a chamada eletrônica embarcada, que pode disponibilizar informações importantes sobre a máquina ou sua operação, além de permitir a automação de alguns procedimentos de maneira mais precisa, rápida e segura
“No exterior já são encontrados veículos-conceito que são conduzidos sem operador, totalmente autônomos” Claas
Cada vez mais, as máquinas vêm equipadas com sistemas de intervenção automática, que simplificam as operações
corporada neles também para aumentar a vida útil e melhorar o desempenho das máquinas. As informações obtidas podem ser úteis para o gerenciamento da frota e também
possibilitam intervenções automáticas no veículo, simplificando e otimizando a utilização pelo operador, que pode concentrarse mais na tarefa de condução e direção. O resultado é uma melhoria da qualidade das
operações agrícolas. Na realidade, a eletrônica embarcada está presente nas máquinas agrícolas no exterior há um bom tempo, tendo-se desenvolvido muito na última década. No mercado brasileiro ela foi incorporada há menos tempo, mas hoje pode ser encontrada em diversos tratores e implementos. Nos tratores, além dos sistemas básicos já citados ligados ao motor e à transmissão, a eletrônica também está presente no sistema de controle do engate de três pontos e no sistema de barra de luz para apoio à direção em faixas paralelas. A grande inovação, todavia, talvez seja o piloto automático, que permite ao operador intervir apenas esporadicamente na direção, para realizar manobras e curvas. Esse sistema já está presente no nosso mercado, surpreendendo as expectativas de que não haveria espaço tão cedo para ele. No exterior já são encontrados veículos-conceito que são conduzidos sem operador, totalmente autônomos. Para colhedoras, estão também disponí-
IMPORTÂNCIA DO GPS
V
ale ressaltar que a agricultura de precisão, que ganhou importância nos últimos anos, viabilizouse graças ao GPS e ao desenvolvimento da eletrônica embarcada, permitindo realizar a coleta de diversos dados importantes (como os de colheita) e o controle da aplicação de insumos em taxa variável.
REDE INTELIGENTE Nos tratores e máquinas agrícolas, os diversos dispositivos, sensores e atuadores se encontram espalhados, especialmente quando se considera o conjunto trator-implemento. Há alguns anos era comum construir-se um sistema embarcado com um computador de bordo instalado na cabine de operação, para onde convergiam todos os cabos que o interligavam aos sensores ou aos atuadores. O resultado era maiores custos e dificuldade de instalação e manutenção: inúmeros chicotes de cabos, muitos conectores e interferências elétricas. Outra dificuldade eram as conexões elétricas a cada troca de implemento. Mas a eletrônica evoluiu, seu custo se reduziu, e tais sistemas puderam ser simplificados, distribuindo-se a inteligência entre diversos dispositivos menores, cada um com um microprocessador. Um sistema típico passou a ser constituído por: um computador de bordo, na cabine do trator, com interface com o operador, sensores e atuadores “inteligentes” e uma rede de comunicação que os interliga. As tarefas são distribuídas entre os diversos módulos que se comunicam entre si. Os sensores e os atuadores possuem inteligência própria: um microprocessador efetua a leitura de uma grandeza, faz o pré-tratamento da informação e a encaminha ao computador de bordo; um atuador pode receber deste a ordem para acionar algum dis-
Charles Echer
veis os monitores de colheita e de perdas. A monitoração eletrônica da colheita originalmente informava ao operador o rendimento da cultura, à medida em que se processava a colheita, e totalizava o resultado ao final da mesma. Com o tempo, passou a incorporar um sistema de posicionamento acurado (um receptor do sistema GPS), permitindo obter um mapa da colheita ou de produtividade, importantes para se entender o que ocorre no talhão, visando melhorar o resultado nas safras seguintes. Em máquinas como semeadoras, pulverizadores e distribuidores de produtos (como calcário), além da monitoração, a eletrônica tem o papel importante de controlar e ajustar automaticamente a vazão ou a pressão, para que a taxa de aplicação do produto se mantenha dentro do especificado. Na falta desse controle eletrônico automático, se a velocidade do veículo se alterar, haveria aplicação em excesso (desperdício e polui-
ção) ou a menos (menor eficiência na aplicação).
positivo. Todos são interligados em um único cabo conectado ao computador de bordo, substituindo os diversos chicotes. Inúmeras vantagens podem ser identiOs principais comandos estão cada vez mais perto, mais simples e mais precisos
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“Nos tratores e máquinas agrícolas, os diversos dispositivos, sensores e atuadores se encontram espalhados, especialmente quando se considera o conjunto trator-implemento” Massey Ferguson
Divulgação
das para garantir a compatibilidade entre equipamentos de diferentes fabricantes. Não fosse isso, e o acoplamento no engate de três pontos, por exemplo, seria impossível. Com a eletrônica embarcada, tem-se um panorama semelhante. A proliferação de sistemas com tecnologia proprietária e fechada, ou seja, que não são compatíveis com sistemas de outros fabricantes, preocupa tanto fabricantes como usuários. Como resultado, um trator precisa atualmente abrigar diversos computadores de bordo, cada um para atender a uma operação: por exemplo, um monitor de semeadora da marca X e um controlador de pulverização da marca Y têm, cada um, seus cabos, sensores e atuadores, complicando a instalação, a manutenção e o aprendizado da operação e aumentando os custos para o usuário. Para resolver esse problema, um padrão internacional para redes de dispositivos embarcados em máquinas agrícolas está em desenvolvimento. Ele define não apenas a parte física (os conectores, tipos de cabos e níveis dos sinais elétricos), mas também a parte lógica (as mensagens trocadas entre os diversos elementos da rede). Esse padrão permitirá a interoperabilidade: dispositivos de fabricantes distintos poderão ser conectados diretamente em um mesmo sistema, dando maior liberdade para o usuário montar seu sistema a partir de diversos fornecedores e permitindo que se aproveitem partes de sistemas já adquiridos: o computador de bordo poderá ser único para todos.
ISOBUS BRASIL
ficadas nessa solução: grande redução do cabeamento e de conexões, maior facilidade de instalação e manutenção, maior confiabilidade e menor custo global do sistema.
PADRONIZAÇÃO DO SISTEMA Nas partes mecânicas das máquinas agrícolas, diversas normas foram adota-
Buscando disciplinar a padronização para a rede de dispositivos embarcados em máquinas agrícolas, um conjunto de normas internacionais está em desenvolvimento, denominadas ISO 11783. Conhecidas como ISOBUS (bus, ou via, é o termo utilizado para designar uma forma de conexão em rede), as normas contam com o apoio dos mais importantes fabricantes de máquinas e implementos do mundo. Além da atividade de desenvolvimento da norma, a cargo das associações nacionais de normalização lideradas pela ISO, existem grupos voltados para atividades práticas de disseminação da proposta. Nos EUA, a NAIITF, e, na Europa, a IGI são duas “forças-tarefa” que congregam as empresas de máquinas, de eletrônica embarcada e centros de pesquisa para garantir, na prática, a tal interoperabilidade. No Brasil, desde maio de 2005, quando foi lançada no Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), existe a Força Tarefa ISOBUS
Carlos e Antônio falam sobre o nível de eletrônica embarcada nas máquinas agrícolas e o seu custo/benefício
Brasil, já reconhecida pelas congêneres internacionais. Ela envolve parceiros dos diversos setores (fabricantes, usuários, institutos de pesquisa e universidades), visando fornecer uma orientação sobre a aplicação das normas já estabelecidas e das partes em discussão às empresas do mercado brasileiro. Como parte de suas atividades, está também a criação das normas ABNT-ISO correspondentes a ISO 11783, para o que já foi criada uma Comissão de Estudos na ABNT. A Força Tarefa está aberta à participação dos interessados e já conta inclusive com parceiros do Mercosul.
CAMINHO SEM VOLTA A eletrônica embarcada nos tratores e máquinas agrícolas já é realidade, e seu uso aumenta ano a ano. O custo dessa eletrônica certamente é compensado pelos benefícios que ela traz. A padronização desses equipamentos é uma questão importante. No mercado europeu, diversos equipamentos de fabricantes diferentes já são compatíveis com a ISOBUS, tornando possível a composição de sistemas com componentes de diversos fabricantes. A pressão do mercado (dos usuários) certamente levará à adoção de um padrão único, dificultando também a importação de equipamentos que não sejam compatíveis com o ISOBUS. No Brasil, embora a maior parte da tecnologia utilizada ainda seja importada, o número de equipamentos nacionais vem aumentando. Isso é muito importante, pois a tecnologia agrega valor às máquinas, e é vital dominá-la. Além disso, para culturas tropicais como a cana-deaçúcar e o café, por exemplo, as soluções de eletrônica embarcada devem ser deM senvolvidas aqui. Carlos Eduardo Cugnasca e Antônio Mauro Saraiva, USP
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aplicação de corretivos manuseio
Operação de risco
Os acidentes com tratores agrícolas geralmente estão relacionados a atitudes inseguras, condições de trabalho que comprometem a segurança do trabalhador e/ou falhas, defeitos ou carência dos dispositivos de segurança
A
indústria de tratores do Brasil tem-se convertido em uma referência para o mundo dos fabricantes de tratores e máquinas agrícolas. Os principais grupos industriais do setor estão aqui instalados, atendendo tanto ao mercado nacional como ao de exportação. Ainda que a agricultura familiar e de pequena propriedade seja muito freqüente no país, convivendo com a agricultura empresarial, o mercado brasileiro não se caracteriza por faixas extremas de tratores e, sim, de potências médias. O volume de negócios na comercialização de tratores ainda é relativamente pequeno em relação à dimensão territorial do país e à imponência da nossa agricul-
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tura. Em relação a outros mercados, como o europeu, por exemplo, o nosso repõe a frota a taxas mais baixas. Os tratores brasileiros, por essa influência internacional, tiveram uma substancial evolução nos seus projetos, em relação aos modelos que se produziam no nosso país na década passada. A internacionalização dos modelos produzidos no país e a conseqüente diminuição do tempo necessário para que os lançados no exterior passassem a ser produzidos no Brasil tornaram a realidade bastante favorável à melhoria da qualidade do produto nacional. É possível aos produtores agrícolas brasileiros, na atualidade, comprarem tratores muito simila-
res aos utilizados no exterior. A popularização do uso do trator na agricultura brasileira parece não ter sido acompanhada de alguns aspectos de fundamental importância. Analisando-se a história da tratorização no Brasil, parece evidente que a indústria brasileira, até meados da década de 90, não se preocupava com a incorporação de itens que pudessem melhorar o conforto e a segurança do trator, centrando a maioria das inovações no incremento do desempenho técnico das máquinas. Paralelamente à expansão do emprego de tratores agrícolas, ocorrida nos últimos anos, esperava-se que os trabalhadores rurais rece-
“Os tratores brasileiros, por influência internacional, tiveram uma substancial evolução nos seus projetos, em relação aos modelos que se produziam no nosso país na última década” Fernando Schlosser
Gráfico 1 - Porcentagem dos operadores de tratores agrícolas que já sofreram algum tipo de acidente com tratores agrícolas. Santa Maria (RS), 1999
Gráfico 3 - Principais tipos de acidentes graves envolvendo tratores agrícolas, apontados pelos entrevistados, na região da Depressão Central do Rio Grande do Sul. Santa Maria (RS), 1999
sas, como, por exemplo, atitudes inseguras, condições de trabalho que comprometem a segurança do trabalhador, falhas, defeitos e carência de dispositivos de segurança, pondo em risco a integridade física do operador. As atitudes e condições inseguras são consideradas por Schlosser & Debiasi como sendo as causas genéricas de acidentes de trabalho, pois cada uma engloba diversas causas específicas.
CAPOTAMENTOS bessem a capacitação necessária para a operação dessas máquinas, porém, a verdade é que muitos desses operadores aprenderam a operar um trator observando o vizinho ou o pai. Nessa situação, geralmente se transmite a imagem de que a máquina agrícola é um mecanismo adequado para pessoas rudes, fortes e que tenham grande resistência.
ACIDENTES COM TRATORES Os acidentes de trabalho têm sempre conseqüências sociais, emocionais e econômicas, ocasionando prejuízos normalmente difíceis de serem quantificados. Os acidentes com tratores agrícolas podem ocorrer por diversas cau-
As estatísticas evidenciam que o risco de morte no caso de capotamento de tratores não equipados com estruturas de proteção contra tal (EPCC) é acima de 50%, na maioria das vezes, o condutor é esmagado pelo trator, especialmente quando este gira sobre si mesmo. Na Europa, nos anos 50, os acidentes mortais em que houve capotamento chegavam a 40 para cada cem mil tratores em atividade. Já nos anos 70, o número de mortos caiu para dez a cada cem mil tratores sem dispositivo de proteção. Ao equipar todos os tratores novos com estruturas de proteção, esse número se reduziu para um a cada cem mil. Mesmo assim, nas últimas duas décadas, o numero de óbitos por capotamento de tratores foi de cinco para cada
Gráfico 2 - Principais causas dos acidentes com tratores agrícolas, apontadas pelos entrevistados, na região da Depressão Central do Rio Grande do Sul. Santa Maria (RS), 1999
Gráfico 4 - Principais conseqüências dos capotamentos. Santa Maria (RS), 1999
cem mil tratores nos Estados Unidos, correspondendo a 52% das mortes por acidentes envolvendo tratores agrícolas. Dados da Fundacentro mostram que no ano de 1990 foram registrados, no Brasil, 8,64 mil acidentes no meio rural com equipamentos mecânicos. Destes, 1,69 mil envolveram tratores agrícolas. Em recente trabalho de pesquisa realizado por Schlosser & Debiasi, foi constatado que, em 60% dos acidentes com tratores agrícolas ocorridos na região de Santa Maria (RS), houve capotamento, em mais da metade deles com vítimas fatais.
TIPOS DE CAPOTAMENTO Existem basicamente dois tipos de capotamento: lateral e longitudinal (empinamento). O capotamento lateral pode ser causado pela posição elevada do centro de gravidade; trabalho em declives e/ou obstáculos; manoCausas mais comuns de acidentes de capotamento dos tratores Causa Perda de estabilidade Perda de controle Erro do operador Trânsito em estradas
% 33 22 26 19
(Fonte: Owen e Hunter, 1983, apud Witney 1988)
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Demonstrações de equilíbrio do trator em duas rodas, com o centro de gravidade numa posição elevada
Em quase 100% dos casos, os acidentes são causados por erro do operador
bras demasiadamente rápidas em solos aderentes; freios insuficientes ou inexistentes para situações de reboque de veículos; uso incorreto do bloqueio do diferencial, o que dificulta o desvio de obstáculos; uso dos freios independentes a altas velocidades e de modo brusco, entre outros. O capotamento longitudinal (para trás), ou empinamento, ocorre muito rapidamente, de tal forma que o condutor não reage a tempo de evitá-lo. Esse tipo de capotamento pode ser causado quando as rodas traseiras encontram excessiva aderência, impedindo o patinamento; na utilização do ponto de engate excessivamente alto (exemplo, terceiro ponto do sistema hidráulico); por dispositivos de engate de reboques mal situados; obstáculos situados no sentido perpendicular ao percurso e sobretudo nas tentativas de retirar veículos atolados, com dispositivos improvisados; no arranquio de tocos em marcha para frente (essa operação deve ser realizada sempre com marcha à ré). Para se ter uma idéia, na velocidade de Ilustração de um empinamento
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3 km/h, um trator empina a 90° em apenas um segundo. Até o operador dar-se conta, pode levar cerca de 0,2 s, interpretar o acontecimento, mais 0,5 s, decidir o que fazer para corrigir o problema, mais 0,5 s e, finalmente, apertar a embreagem ou saltar fora do trator, mais 0,3 s, isto é, o capotamento acontece de uma maneira muito rápida, muitas vezes não chega a dar tempo de o operador tomar uma atitude segura.
COMO EVITAR ACIDENTES Algumas medidas podem ser adotadas para evitar o capotamento, como: Capotamento lateral
Usar a máxima bitola do trator ao trabalhar em áreas de declive; 1) Operar lentamente em condições nas quais haja risco de derrapagem; 2) Realizar curvas e manobras em velocidade segura; 3) Evitar, quando possível, locais muito inclinados; 4) Manter uma distância mínima segura de barrancos e margem de rios; 5) Usar cuidadosamente o trator equipado com carregadora frontal. Capotamento longitudinal (para trás) Tracionar cargas somente pela barra de tração; 1) Utilizar o engate de três pontos apenas em implementos projetados para esse fim; 2) Usar pesos dianteiros para aumentar a estabilidade; 3) Evitar variações bruscas de velocidade; 4) Na tração de cargas em subidas íngremes, usar velocidade baixa; 5) Desatolar o trator apenas utilizando marcha à ré. No transporte 1) Usar o freio motor, sem a troca de marchas ao descer ladeiras;
“A estrutura de proteção é um dispositivo com objetivo específico de oferecer segurança física ao ocupante do posto de operação no caso de acidentes” Fotos Fernando Schlosser
Ao trabalhar em terrenos irregulares, o operador deve dobrar a atenção para evitar surpresas
2) Tracionar cargas pesadas e equipamentos a velocidades seguras; 3) Unir os pedais de freio antes de operar a velocidades de transporte. Em qualquer situação 1) Usar o cinto de segurança nos tratores equipados com EPCC; 2) Dar preferência a tratores com EPCC; 3) Utilizar o trator apenas nas condições para as quais foi projetado e com implementos adequados.
ESTRUTURA DE PROTEÇÃO A estrutura de proteção é um dispositivo estrutural com objetivo específico de oferecer proteção física ao ocupante do posto de operação no caso de acidentes. No caso de tratores, destaca-se a denominada Estrutura de Proteção Contra Capotamento (EPCC), do termo original em inglês, Rops (Roll Over Protective Structure). Existem basicamente dois tipos de EPCC: arco de proteção (rebatível ou não, fixado no
trator por dois pontos) e estrutura de quatro pontos. Essas estruturas devem apresentar resistência suficiente para proteger o operador em caso de capotamento do veículo. No caso de existência de cabina, esta deve englobar uma das estruturas citadas anteriormente, as quais são recobertas de forma a se constituírem em um ambiente protegido. A cabina, por si só, não é uma estrutura de
proteção contra capotamento, assim como as capotas de proteção contra o sol presentes em alguns tratores. Nesse caso, as colunas de sustentação da capota não resistirão aos choques, deformando-se. No entanto, em alguns casos elas podem diminuir a gravidade do acidente, mas em outros, com capotamento violento, podem agravar a situação, por se constituírem em um agente produtor de lesões. Vale lembrar que muitas cabinas comercializadas no Brasil não possuem EPCC, servindo apenas para isolar o meio externo e propiciar conforto ao operador. Praticamente todos os países europeus tornaram obrigatório o uso de EPCC ou cabinas em tratores agrícolas. Isso se justificou através das estatísticas, que expressam que um terço dos acidentes fatais na agricultura se devem ao capotamento do trator e que essas estruturas protegem o operador do esmagamento pelo trator. O primeiro país onde a EPCC tornou-se obrigatória para tratores novos foi a Suécia, em 1959, seguida pela Dinamarca, em 1967, e pela Finlândia, em 1969. Em outros países, como a Austrália e o Canadá, existem somente recomendações ou nenhuma norma sobre o assun-
CUSTO X BENEFÍCIO
A
Por causa da estrutura, acidentes com colhedoras geralmente causam perda total do equipamento
tendência encontrada na indústria brasileira de baratear o custo dos tratores pela retirada de itens relacionados ao conforto e à segurança pode ser explicada por questões de ordem mercadológica. Normalmente, o produtor rural brasileiro não leva em consideração, quando da seleção da máquina, o conforto e a segurança desta.
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Fotos Fernando Schlosser
Tratores mais antigos dificilmente vinham equipados com EPCC
to. Há ainda casos em que a EPCC tornou-se obrigatória também para tratores usados, como na Suécia, Finlândia, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Dinamarca, sendo que neste último o uso dessas proteções por parte do operador tornou-se compulsório. Em alguns países como a Suécia, Alemanha e Grã-Bretanha, praticamen-
Diferentes modelos de EPCC, com vários pontos de fixação
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te 100% dos tratores são equipados com EPCC. Apesar de que a partir 1976 todos os tratores fabricados nos Estados Unidos devessem ter obrigatoriamente EPCC, em 1996 apenas 40% dos tratores em uso tinham esse tipo de estrutura de proteção. Constata-se que a porcentagem de tratores equipados com EPCC é pequena em países cujos equipamentos são muito antigos, caso do Brasil, especificamente em pequenas propriedades do Rio Grande do Sul. Em estudos realizados em 2002, nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, relata-se que cerca de 60% dos tratores em atividade não apresentava nenhum tipo de EPCC. Nos tratores novos, apenas 16% não possuíam EPCC, e apenas 26% dos tratores amostrados apresentaram cinto de segurança. A importância das EPCC está prevista nas Normas Regulamentadoras Rurais (NRR), relativas à segurança e higiene do trabalho rural,
conforme disposto no Art. 13 da Lei n° 5889, de 8 de junho 1973, que diz o seguinte: “As máquinas e equipamentos móveis motorizados devem ter estrutura de proteção do operador em caso de tombamento e dispor de cinto de segurança”. Ainda, o Decreto Lei n° 1255 de 1994 diz que: “As máquinas deverão ser protegidas de maneira que a regulamentação e as normas nacionais de segurança e de higiene de trabalho sejam respeitadas”. Com isso, o trator que for comercializado sem um tipo de estrutura de proteção contra capotamento está à margem da legislação. Na ausência de exigência legal para a homologação da estrutura, a autocertificação (realizada pelo próprio fabricante) é um instrumento legal, em favor do operador e do resguardo do fabricante em caso de acidente. Na ocorrência de acidente, com ou sem vítima fatal, que afete a zona de segurança ocupada pelo operador, o operador exposto ou a sua família podem buscar a responsaM bilização do fabricante. José Fernando Schlosser, Marcelino João Knob e Diego Fank Martins, UFSM
Schlosser, Knob e Martins falam sobre os riscos de acidentes com máquinas agrícolas e os cuidados necessários para evitá-los
regulagens e preparo
Preparo antecipado Claas
A preparação correta do trator para trabalho constitui uma operação simples, mas necessária. Caso contrário, danos físico-químicos ao solo, ao implemento e ao trator poderão ocorrer, além de um maior consumo de energia no processo de produção
A
utilização de um conjunto trator-implemento constitui uma operação simples. No entanto, é necessário que o operador saiba como utilizálo corretamente, bem como proceda às regulagens adequadas; caso contrário, poderão ocorrer danos físico-químicos ao solo, ao implemento e ao trator, além de um maior consumo de energia. Em conseqüência disso, o trabalho não será de boa qualidade, o que poderá causar diminuição na produtividade das culturas e, portanto, menor receita para o agricultor. Antes de se iniciar o trabalho com o conjunto trator-implemento, é importante que o mesmo esteja corretamente regulado. Dessa forma, o trator deverá possuir uma bitola de
acordo com a largura de trabalho do implemento, bem como estar lastrado adequadamente para a operação. Já os implementos deverão estar corretamente regulados, de modo a propiciar o seu melhor desempenho. Para se evitar a tração deslocada do trator, é necessário fazer a centralização do implemento - que consiste em a linha central longitudinal do trator passar pelo centro de resistência do implemento - e também efetuar os nivelamentos nos sentidos longitudinal e transversal.
LASTREAMENTO DE TRATORES O lastreamento consiste em adicionar pesos no trator, com os objetivos de aumentar: a estabilidade, a aderência (devido à redução da
PATINAGEM RECOMENDADA
O
quadro a seguir mostra qual a patinagem aceitável para os modelos de tratores de tração 4x2 ou 4x4. 10 a 15% 8 a 12%
4x2 4x4
A fórmula para cálculo da patinagem é a seguinte: (Nº de voltas com carga - Nº de voltas sem carga) x 100 Nº de voltas com carga
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Fotos Charles Echer
A lastragem pode ser feita com acréscimo de água no interior do pneu, uso de contra-peso nas rodas ou na parte frontal do trator
As bitolas podem ser: ajustáveis no eixo - a variação da bitola é feita soltando-se a presilha e prendendo a roda no eixo -, pré-fixadas - obtidas com diferentes posições do disco ou calota -, ou servo ajustáveis - o ajuste da bitola é feito soltando-se as presilhas que prendem a roda ao aro e girando-se o eixo traseiro. Para os tratores 4x2, a bitola do eixo dianteiro deve ser ajustada neste eixo. patinagem) e a capacidade de tração dos tratores - causada pelo aumento da transferência de peso (TP). TP é o máximo de peso que pode ser transferido do peso dianteiro estático (PDE) para a barra de tração. A força de tração na barra de tração deve ser tal que não ocasione uma transferência de peso superior a 80% do peso estático do eixo dianteiro, conforme a expressão abaixo. Os lastros nos tratores agrícolas podem ser adicionados na frente do trator (frontal) e nas laterais (rodas traseiras do trator). Os lastros somente devem ser utilizados em operações que exijam maior força de tração, os tipos de lastros normalmente utilizados nos tratores agrícolas são: água, colocada dentro da câmara de ar, no interior dos pneus de tração (no máximo, 75% do volume de água nos pneus diagonais; para os pneus radiais, somente em caso de extrema necessidade coloca-se 40% do volume de água), e ferro fundido, colocado nos discos das rodas motrizes ou na parte frontal do trator, preso ao pára-choque. Os lastros devem ser de fácil colocação e remoção. Nos cultivadores, pulverizadores e semeadoras que requeiram menor força de tração, há menor exigência de lastros, e nesse caso podem ser retirados. A não remoção destes pode trazer os seguintes inconvenientes: maior com-
TP = FTM * HB < 80% * PDE DEE Onde: FTM = Força de tração máxima, kgf; HB = Altura da barra de tração, mm; PTE = Peso traseiro estático, kgf; PDE = Peso dianteiro estático, kgf; TP = Transferência de peso, kgf; DEE = Distância entre os eixos, mm.
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pactação do solo, maior consumo de combustível e, conseqüentemente, maior desgaste da máquina. Para os implementos montados, ou seja, acoplados no sistema de levante hidráulico, utilizam-se somente os lastros frontais.
BITOLA DOS TRATORES A bitola é a distância de centro a centro dos pneus dianteiros ou traseiros dos tratores. A finalidade de se regular a bitola é adequar o trator à cultura, ao implemento e à operação.
CENTRO DE RESISTÊNCIA O alinhamento do centro de resistência, ou centralização, faz-se necessário para evitar a tração deslocada do trator: consiste em fazer a linha central longitudinal do trator passar pelo centro de resistência do implemento a ser tracionado. A distância dos braços inferiores do sistema de levantamento hidráulico até as rodas traseiras do trator devem ser iguais (devem ser usadas as correntes estabilizadoras, ou seja, deve-se centralizar o corpo do implemento em relação ao trator, fazendo com que a resultante das forças resistentes (CR) se posicione sobre a linha de tração - LT).
NIVELAMENTO DO IMPLEMENTO O nivelamento longitudinal e transversal do corpo do implemento permite que todos os pontos possam trabalhar à mesma profundidade. Longitudinal (A), a regulagem é feita atuando-se no 3o ponto do sistema de levantamento hidráulico. Transversal (B), a regulagem é feita no braço direito do sistema de levantamento hidráulico, pela manivela niveladora; naqueles tratores que não possuem esta manivela, nos dois braços laterais. Caso o implemento a ser utilizado seja o arado, devem-se, antes de iniciar o trabalho no campo, proceder outras regulagens de extrema importância: 1) Regulagens dos ângulos (para os arados de discos):
Três diferentes tipos de ajustes de bitolas encontrados em tratores
O alinhamento do centro de resistência serve para evitar a tração deslocada do trator
“Nos cultivadores, pulverizadores e nas semeadoras que requeiram menor força de tração, há menor exigência de lastros”
Divulgação
Os tratores com tração auxiliar não permitem ajuste de bitola no eixo dianteiro
Haroldo e Carlos mostram os passos necessários para regular e preparar o maquinário antes da utilização
• Ângulo horizontal (abertura): maior largura de corte (principalmente para primeiro disco). Recomendação: 420 – 600 (solos argilosos, médios e arenosos). • Ângulo vertical (inclinação): maior ângulo corresponde à menor profundidade de corte. Recomendação: 150 – 250 (solos argilosos, médios e arenosos). • Além disso, é importante observar que a largura de corte também pode ser regulada
pela posição da barra transversal (tanto para discos quanto para aivecas). A profundidade de corte pode ainda ser regulada pela alavanca de profundidade do sistema de levante hidráulico do trator, tanto para disco quanto para aivecas). 2) Roda-guia: Tem a função de absorver os empuxos laterais (maior estabilidade). Suas regulagens estão relacionadas ao pré-estabelecimento dos
ângulos vertical e horizontal e da pressão da mola, que afeta a profundidade de operação maior pressão/menor profundidade (levanta arado); menor pressão/maior profundidade M (afunda o arado). Haroldo C. Fernandes UFV Carlos Alberto Viliotti UFC
Fotos Charles Echer
passo-a-passo
Filtros de ar
A manutenção adequada do sistema de filtragem e alimentação de ar tem importância vital no bom funcionamento das máquinas agrícolas ada do sistema. No filtro limpo diariamente, os poros acabavam se esgaçando, o que diminuía consideravelmente a restrição à entrada de poeira no sistema. Atualmente, também o elemento secundário de filtragem, não admite limpeza.
COMPONENTES DO SISTEMA 1) elemento principal; 2) elemento secundário; 3) alojamento do filtro; 4) tampa frontal; 5) válvula de descarga de pó; 6) sensor de restrição;
A TROCA PASSO-A-PASSO
A
vida do motor depende da filtragem de ar. Para se ter uma idéia da importância de uma boa filtragem, um trator que consome dez litros de diesel por hora, em operações de preparo do solo e/ou plantio, terá aspirado 280 mil litros de ar para dentro de seus cilindros. O sistema de alimentação de ar é o pulmão do motor. Por isso, deve ser muito bem cuidado. Quando a “respiração” da máquina não está bem, esta pode perder força ou rendimento, começar a emitir fumaça preta e/ou esquentar em demasia. Quando as impurezas contidas no ar penetram no interior do motor, podem gerar danos e desgaste prematuro, exigindo a retifica do motor - operação geralmente de alto custo. Uma nova tecnologia de filtragem tem sido largamente utilizada em tratores e colhedoras.
Hoje quase a totalidade das máquinas sai da fábrica com um novo filtro de ar com carcaça plástica – elemento principal. A peça é mais eficiente, exige menos manutenção e não requer limpeza. Sujou, tem que substituir. Quando há obstrução por poeira ou impureza, o indicador de restrição avisa no painel que está na hora da troca. O filtro antigo aceitava até cinco limpezas. Essas eram realizadas quando o restritor indicava no painel. Por vezes os agricultores executavam a operação erroneamente. A própria poeira, até certo ponto, é uma ali-
Para facilitar a operação, a grade frontal deve ser completamente removida
A carcaça plástica deve ser retirada com cuidado para não danificar as presilhas
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A manutenção do sistema de filtragem de ar consiste na troca dos elementos principal e secundário do filtro de ar. Esta, deverá ser realizada somente quando o indicador de restrição acusar - com o motor da máquina em funcionamento, uma luz deverá acender junto ao horímetro no painel, acusando o momento da substituição. Para fazer a troca do elemento principal: 1) Na parte frontal do trator, deve-se desencaixar e remover a grade do compartimento que abriga o elemento de filtragem, tendo o cuidado de desconectar os cabos elétricos que alimentam os faróis dianteiros;
A cada três trocas do filtro principal, deve-se substituir também o elemento secundário
ATENÇÃO
P
ara garantir a eficiência da filtra gem, na troca, use somente filtros originais, que podem ser encontrados nas revendas de sua região.
A limpeza interna da carcaça deve ser feita sempre que o filtro for substituído
O teste para verificar o funcionamento do indicador de restrição deve ser feito a cada 50 horas
2) Num segundo momento, soltar as presilhas e remover a tampa plástica da carcaça que veda o sistema; 3) Depois, retirar o elemento principal de filtragem, já saturado pelas partículas de poeira absorvidas durante as operação em campo; 4) Posteriormente, uma limpeza criteriosa no interior da carcaça deve ser executada. A poeira deve ser eliminada, utilizando-se um pano seco e limpo; 5) Na seqüência se pode instalar o novo
elemento de filtragem, com o cuidado de não danificar suas paredes, o que pode diminuir sua eficiência. 6) Por último, a tampa da carcaça plástica e a grade frontal devem ser recolocadas, vedando e protegendo o sistema novamente. Para o elemento secundário, a regra é a seguinte: 1) A cada três trocas do elemento principal, mil horas, ou um ano (o que vencer primeiro), o componente de segurança deve ser
substituído; 2) Se, no período de um ano, o indicador de restrição não acusar o saturamento do filtro, troque os dois elementos; 3) Os procedimentos de substituição devem obedecer à ordem descrita para o elemento principal. A cada 50 horas de uso do trator, recomenda-se verificar o funcionamento do indicador de restrição. Para isso: 1) Ligue o motor do trator; 2) Tampe a entrada de ar do filtro; 3) E verifique se a luz indicadora de restrição vai acender no painel. Conferir também o estado das mangueiras, quanto a possíveis danos e à entrada falsa de ar, também é recomendável, assim como revisar e ajustar as braçadeiras que as fixam no M sistema.
CUIDADOS EXTRAS COM OS OPCIONAIS EJETORES DE PÓ Alguns modelos de tratores também podem vir equipados com ejetores de pó. Estes puxam a poeira grossa antes de ela chegar ao filtro de ar. O dispositivo é acoplado ao escapamento e utiliza o fluxo dos gases da descarga para criar uma sucção na carcaça do filtro. As partículas mais pesadas são chupadas e expelidas junto com os gases de escape.
VÁLVULA DE DESCARGA Nos tratores sem ejetor de poeira, o pó acumulado no interior do alojamento do filtro de ar deve ser eliminado diariamente através da compressão manual da válvula de descarga.
PRÉ FILTRO Outros modelos podem contar ainda com um pré-filtro. Nestes as partículas de poeira mais pesadas ficam retidas em um copo transparente. A limpeza desse elemento também é necessária e muito simples. Basta abrir o copo e remover a poeira manualmente.
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Tortuga
Valtra
Vida longa aos pneus
Tecnologia Tecnologia empregada empregada em em veículos veículos de de transporte ultrapassa os limites da estrada estrada ee éé cada cada vez vez mais mais utilizada utilizada por por agricultores agricultores brasileiros brasileiros
D
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A diferença de espessura e peso é normalmente o principal motivo do rompimento prematuro da câmara de ar, condição que chega a ocorrer até mesmo durante a sua montagem inicial. O estouro da câmara de Divulgação
iminuir o tempo com trocas de câmaras de ar e pneus do maquinário é fundamental para garantir o sucesso nas propriedades rurais. Prezar pela qualidade da câmara de ar, um produto quase oculto no dia-a-dia da fazenda, não é comum entre os profissionais do campo. Porém, na hora da troca ou do conserto do pneu, é de fundamental importância estar atento ao produto que se colocará dentro dele. As câmaras de ar de procedência e qualidade duvidosas, principalmente as importadas da China e Índia, oferecem um custo de aquisição baixo. No entanto, geralmente possuem espessura e peso bastante inferiores aos dos produtos nacionais, além de dimensões inadequadas ao tamanho dos pneus que equipam a frota agrícola brasileira. Temos no mercado, atualmente, câmaras de ar que possuem até 20% mais borracha em relação a todas as outras marcas. Algumas oferecem aplicações em mais de 170 medidas de pneus e possuem até programas de garantia total quando utilizadas.
Luis Mohr apresenta as vantagens de se utilizar câmaras de ar de boa qualidade
ar, dependendo das condições em que ocorra, poderá causar inclusive o estouro do pneu. A pseudo-economia que muitos agricultores fazem ao comprarem uma câmara com menos qualidade fica evidente não só por isso. Alguns chegam a aproveitar câmaras de ar velhas, montando-as em pneus novos. O simples fato de uma câmara não possuir furos não significa que a mesma possa ser reutilizada em um novo pneu. Da mesma forma que o pneu, a câmara de ar sofre uma deteriorização com o uso, com redução progressiva de suas propriedades. Movidos pela vontade de diminuir as trocas de pneus e câmaras de ar, especialistas criaram o pneu sem câmara. Ainda recente no Brasil, a novidade é utilizada por poucos agricultores brasileiros. Uma parte do maquinário agrícola que sai de fábrica hoje já é adaptada para aplicação em pneu sem câmara. Porém, vale ressaltar que pneus de última linha, como o recém-lançado pneu radial com maior durabilidade em solos regulares, possuem valor bastante elevado em
relação aos convencionais pneus diagonais, chegando a custar até 100% mais. Além do custo elevado, existe o risco muito grande de o pneu ser sucateado prematuramente, devido a cortes causados por pedras, raízes ou tocos de árvores e processos de recapagens ineficientes. O conserto de pneus radiais sem câmara exige equipamentos e materiais especiais de última geração, que a maioria das borracharias do país não possui. Dessa forma, é comum estes consertos acabarem falhando, permitindo que o pneu volte a apresentar vazamentos de ar. É no conserto desses pneus que a câmara de ar se mostra como a melhor solução, resolvendo com muita eficiência os problemas de vedação.
UTILIZAÇÃO
Charles Echer
No campo, já é comum o uso de câmara de ar em pneus radiais, como forma de preservar a roda e aumentar a vida útil do pneu. A câmara de ar pode ser utilizada para resolver problemas de vedação junto ao talão em pneus agrícolas, ocasionados durante a montagem e desmontagem dos pneus. Também, pode-se utilizar a câmara de ar como medida preventiva em pneus que sofreram
perfurações ou infiltrações, devido à baixa qualidade dos consertos. Isso pode evitar que a infiltração se inicie e, em pouco tempo, gere o deslocamento de lonas, o que condenaria o pneu. As câmaras de ar também podem ser utilizadas nos casos em que os pneus agrícolas são preenchidos com água, para aumentar o lastro do trator – principalmente por ocasião da preparação do terreno para plantio – o que busca evitar que o pneu patine, quando estiver puxando os implementos. A presença de água diretamente em contato com a roda, em pneus sem câmara, tende a enferrujá-la rapidamente. O uso da câmara nestes casos não deixa isto acontecer. É importante ressaltar que nunca se deve utilizar uma câmara de ar em pneus que apresentem danos estruturais, como talão quebrado ou deslocamento de lonas. Nessas situações, o pneu já está condenado, e a adaptação de uma câmara de ar nunca deve ser utilizada. A câmara ajuda a aumentar a vida útil dos pneus, mas não faz milagres. Os resultados desta aplicação estão trazendo satisfação à maioria dos produtores brasileiros. O aumento da vida útil dos
PRESTE ATENÇÃO 1) Na hora da compra, compare não somente o custo, mas também o dimensional e o peso das câmaras de ar. Algumas câmaras de ar, por exemplo, chegam a pesar 20% mais. Isso significa mais segurança, maior vida útil e, principalmente, garantia de preservação do pneu; 2) Utilize serviços de montagem e desmontagem em oficinas ou borracharias que possuam equipamentos e ferramentas adequadas. O uso do “pé de cabra” e da “marreta” ainda é muito comum e pode causar danos ao pneu; 3) Tenha a preocupação de calibrar com freqüência os pneus. A manutenção de uma correta calibragem aumenta significativamente a vida útil do pneu e da câmara de ar; 4) Caso o pneu e a câmara de ar sejam preenchidos parcialmente com água (para aumentar o peso ou o lastro do trator), siga as recomendações do fabricante do pneu para correto preenchimento, mantenha a válvula na posição inferior no momento da calibragem e utilize calibragem adequada – água/ar.
pneus agrícolas chega a ser tão significativo que os próprios fabricantes de pneus sem câmara citam na lateral dos mesmos: “pode ser usado com câmara de ar”. O mercado para o produto segue uma forte tendência de expansão. As câmaras de ar têm conquistado os produtores, por proporcionarem considerável redução nos custos de manutenção com pneus. Existe uma expectativa bastante grande para um aumento considerável na comercialização do produto. Cerca de 95% das câmaras de ar para pneu sem câmara no Brasil ainda é destinada a caminhões e ônibus, o que demonstra a eficiência do material. Grande parte da produção já está sendo exportada para países da América do Sul. Aumentar a vida útil dos pneus, além de economia e maior performance, resulta em meio ambiente muito M mais saudável. Luis Mohr, Tortuga A utilização de câmaras de ar em radiais pode aumentar a vida útil dos pneus
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Acelera...
O
Fotos Fabiano e Henrique Dallmeyer
s batimentos cardíacos, pois o segundo final de semana de outubro foi de muita emoção em Não-Me-Toque (RS). Um festival de roncos, pneus “queimando”, empinadas e derrapagens, unindo a competição do GP Vipal de Arrancadão de Tratores às exibições do Zerinho Bomba Show. Muita tecnologia de motores, habilidade de condução e um visual atraente e profissional fazem as pessoas tornarem-se aficionadas por esta nova modalidade de esporte a motor. Marcante a presença de mini-pilotos, preparando o futuro. Entre vários pontos notáveis, destacam-se a presença e o apoio do prefeito de Não-Me-Toque (RS), Armando Roos, e de seu vice, Piva, e do Prefeito de Maripá (PR), Henrique Deckmann, além do incondicional apoio do dinâmico presidente da Cotrijal, Nei Mânica. Apoios de toda ordem, pessoais, políticos e, principalmente, financeiros, permitiram a realização do GP. E nossa equipe participou de todos os momentos deste evento; um resumo está nesta edição. Esperamos que você goste. Boa leitura!
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Arrancadão de tratores
em em Não-Me-Toque Não-Me-Toque (08 (08 ee 09 09 de de outubro outubro de de 2005) 2005)
A
chuva atrapalhou um pouco a festa dos tratores, pelo menos no sábado. Devido ao fator clima, foi decidido entre os pilotos e a organização que, ao invés de três baterias no sábado e três no domingo (como sempre ocorre), seriam feitas duas baterias noturnas, no sábado, e quatro, no domingo. As de sábado não valeram para a classificação, foram apenas demonstrações para o grande público presente. No domingo as baterias foram para valer, e o público também. Mais de seis mil pessoas lotaram as arquibancadas montadas em frente ao Centro Tecnológico da Cotrijal, à margem da rodovia que liga Não-MeToque a Victor Graeff. Devido à grande pressão sobre os competidores, houve vários problemas mecâ-
nicos, prontamente resolvidos pela competência e criatividade das equipes de apoio. Muitos utilizam turbinas nos motores de quatro cilindros e até injeção de óxido nitroso, o que eleva a potência original de 7080 CV para mais de 350 CV. Depois de sucessivos problemas mecânicos, a equipe Brutus superou-se e foi a grande campeã do fim de semana. Paulo Radetzki, o piloto, vibrou muito com a difícil vitória. A classificação final, ao cabo das quatro baterias, ficou assim: • Paulo Radetzki - Equipe Brutus • David Bretzke - Equipe Metracol & Primor Racing • Ivan Schanoski - Equipe Lazarin • Aldir Müller - Equipe Battiston • Claudemir Matte - Equipe Matte & Injepar Racing • Aldecir Rohloff - Equipe Flexa de Prata
por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br
OPINIÕES
E
ntrevistamos alguns personagens durante o evento, visando entender as possibilidades da continuidade e consolidação da categoria, veja suas opiniões:
PAULO RADETZKI, O GANHADOR “Para mim é uma alegria chegar ao pódio, a gente já chegou duas vezes à final. Agora conseguimos chegar, apesar dos problemas com o trator, que eu não estou acreditando até agora. A gente pensou em desistir e acabou mexendo, o pessoal ajudando, buscando peças. Pessoal muito bacana que vestiu a nossa camisa e nos ajudou, por isso chegamos à final. As peças vieram de madrugada, 5 da manhã estava montado, fui pra pista, deu problema de novo, voltamos a mexer, voltou a endireitar, e estamos aí.” Expectativas: “A categoria está navegando ainda! O que nós precisamos é de patrocinador, a gente tem os patrocinadores oficiais, que são a Firestone, Turbo Máster, Vipal e Petrobrás, mas fora isso cada equipe tem um. E para continuar o arrancadão, a gente tem que ter um patrocinador.
HENRIQUE DECKMANN, PREFEITO DE MARIPÁ (PR) “Eu sou grato por essa oportunidade, porque Maripá é muito criativa, e justamente os tratores, que são instrumentos de suor dos agricultores, acabam se tornando também instru-
mento de lazer de nossa gente. Por isso, divulga nossa cidade com qualidade, com criatividade e com tecnologia. E nós somos muitos gratos, porque é uma forma saudável de divulgar Maripá. Somos gratos a todos mecânicos e a todas as equipes que colaboram conosco, com nosso trabalho, com Maripá e àqueles que gostam do esporte no Brasil”.
DAVID BRETZKE, SEGUNDO LUGAR “Se não quebra o câmbio, eu chego em primeiro. Eu não estou satisfeito, mas, no geral, está bom. A gente conseguiu fazer alguma coisa, segundo lugar, acho que é uma boa posição”. ET: Futuro? “Eu acho que em termos de motor, com 350, 400 cv, num motor de 4 cilindros, a gente sabe que já é o limite. Agora, de modo geral, está aparecendo muita coisa nova, uma busca de informação aqui e ali, e vai se ajustando e vai andando mais, vai melhorando”.
IRANI MOREIRA KREUTZ, “NICA”, NÃO CLASSIFICADA ET: Nica, dessa vez não deu, mas faz parte.
Expectativas para o futuro, para Maripá? “Com certeza, na verdade eu não sei nem a classificação que a Penélope Charmosa ficou, mas como nós temos um diferencial com os 18 demais tratores - a questão de cambiar as marchar - eles fazem duas marchas e eu faço três, então eu perco no mínimo um segundo, e, perdendo um segundo em cada bateria, é muito tempo. Então, a gente sempre vem competindo, no sentido de estar participando, é claro que evoluindo, mas a gente precisa na verdade é de um patrocinador forte, para estar nos patrocinando na questão da caixa para que a gente possa estar pensando em subir no pódio”. ET: Que falta para a categoria deslanchar? “Veja bem, eu considero hoje a equipe Penélope Charmosa, o trator, um dos tratores mais estáveis”. ET: E em breve teremos mais mulheres correndo? Por que o pessoal gosta e faz festa... Na verdade, o que mais a gente quer e está esperando é que tenha outra equipe feminina, para poder estar junto, competindo. E eu costumo dizer que a gente não compete contra os homens e, sim, a gente faz um show, faz uma brincadeira. Pelo que a gente percebeu aqui em Não-Me-Toque e em outros estados, o pessoal gosta muito do Arrancadão de Tratores.
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Sistema único O Canlink 3500 é o primeiro controlador de pulverização com sistema de guia e correção DGPS incorporados no mesmo conjunto
A
Agrosystem traz com exclusividade para toda a América do Sul o conceito do sistema único lançado pela empresa australiana Farmscan, que tem como princípio um console para várias aplicações. Seguindo esse conceito, o Canlink é o primeiro controlador de pulverização com sistema de guia e correção DGPS incorporados no mesmo conjunto. Além disso, a função de piloto automático pode ser incorporada ao equipamento, que também pode ser utilizado em outras aplicações como distribuidor para taxas de aplicação a doses variadas de até quatro produtos - de acordo com a posição georeferenciada e como monitor de produtividade; tudo isso alterando-se apenas o soft-ware no console. Com sólida atuação no mercado de agricultura de precisão, a Agrosystem incrementa sua linha de produtos para pulverização com o Canlink 3500. Com design moderno e completo, esse equipamento é simples de operar e configurar. Trabalha com taxa variável e criação de mapas de aplicação. Possui desligamento automático, controle da segunda linha de pulverização (7x7) e alarme para reabastecimento. Também, retorno ao ponto, Light bar, Nudge, controle de velocidade e de área aplicada.
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O Canlink 3500 possui barra de luz opcional, mas a aplicação pode ser guiada dentro do próprio console através de uma estrada virtual de fácil visualização; com a função controlador incorporada, a aplicação é automaticamente desligada na bordadura e em áreas já aplicadas, evitando-se com isso sobreposição de produto. O Canlink 3500 é composto também de um console no qual é possível monitorar todas as informações referentes à aplicação bem como às áreas trabalhadas. O equipamento armazena automaticamente o mapa de aplicação, que pode ser exportado através do cartão tipo MMc card, registrando até os últimos cem trabalhos realizados. É capaz também de controlar até duas linhas de aplicação, podendo estas serem constituídas de um mesmo tipo de bico ou de dois modelos diferentes de bico em cada linha. Com isso, pode-se facilmente trabalhar com variadas e diferentes doses de aplicação, bem como com um significativo aumento no rendimento da aplicação, devido ao incremento na velocidade de deslocamento. O mapa de aplicação é inserido diretamente no console, e, com o DGPS instalado, podem-se variar as doses de acordo com a necessidade na área trabalhada. Com o piloto automático, têm-se ainda aumento significativo na
eficiência da aplicação, diminuição nas perdas de produtos e da fadiga por parte do operador. Com todas essas e muitas outras características e funções, o Canlink 3500 pode ser utilizado em qualquer tipo de equipamento, auxiliando na pulverização, distribuição de produtos a lanço, tratos culturais e colheita. Ele é um dos dispositivos de melhor custo-benefício do mercado, auxiliando o moderno empresário rural a atingir maior eficiência e produtividade em seus negócios. A linha de pulverização da Agrosystem reúne um conjunto de equipamentos e acessórios que permitem ao agricultor total tranqüilidade em suas aplicações e garantia de alta rentabilidade. Fazem parte da linha de pulverização componentes e acessórios para atomizadores e pulverizadores, comandos manuais e elétricos, válvulas, filtros de linha e aspiração, porta-bicos, tampas, bicos etc. A empresa é pioneira na comercialização de equipamentos para Agricultura de Precisão e representa no Brasil companhias internacionais como a Dickey-John Corporation, Davis Instruments, FarmScan, GeoLine, EnviroLogix Inc, Rawson e Udy corp. Na linha agrícola a Agrosystem possui equipamentos na área de pulverização, plantio e M Agricultura de Precisão.