Maquinas 49

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Destaques Matéria de capa

Ajustes de bitola Saiba como realizar o ajuste de bitolas no trator, de acordo com a necessidade de cada operação

18

Automação

Calibração correta

Descubra os ganhos com a automação das semeadoras no plantio de grãos

Calibrar corretamente o pulverizador é o passo principal para obter sucesso na aplicação de defensivos

Índice

32

36

Nossa Capa Case IH

Rodando por aí

04

Personalização de semeadoras

06

Automação de semeadoras

10

Como evitar borra em motores

14

Manuais: leitura obrigatória

16

Regulagem passo-a-passo: bitolas

18

Uso de automação na colheita

22

Unidade Móvel de Amostragem de Solo

26

Máquina de plantar batata

30

Alternativas energéticas para secagem

32

Calibração de pulverizadores de barra

36

Esporte Trator

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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Segurança na operação de tratores

40

Números atrasados: R$ 15,00

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

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Cultivar Máquinas Edição Nº 49 Ano IV - Fevereiro 06 ISSN - 1676-0158

www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00

Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00 • Editor

Charles Ricardo Echer • Redação

Vilso Júnior Santi • Revisão

Silvia Maria Pinto • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia • Marketing

Pedro Batistin

• Gerente de Circulação

Cibele Costa • Assinaturas

Rosiméri Lisbôa Alves Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externa

Raquel Marcos • Expedição

Edson Krause Dianferson Alves

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Kepler Weber Dentro de sua política de assistência total ao cliente, a Kepler Weber continua promovendo cursos de operação e manutenção de equipamentos. As ações integram o pacote de produtos e serviços do pós-venda, chamado Suporte Kepler Weber. Em 2005, mais de duas mil pessoas participaram dos eventos nos centros de treinamento da Kepler Weber em Panambi (RS), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Bauru (SP). Os eventos são dirigidos a operadores e gerentes de unidades armazenadoras, produtores agrícolas, engenheiros e técnicos do setor.

CNH Francesco Pallaro assumiu recentemente o cargo de vicepresidente comercial e de marketing da Case IH e New Holland. Na nova colocação, além de comandar a área comercial, Pallaro assume a responsabilidade pelos departamentos de pós-vendas e marketing. O executivo italiano está no Brasil desde 1996, sempre atuando na área comercial e de suporte a clientes. Começou a carreira na companhia na Itália e já trabalhou pela CNH na América Central, Ásia e Francesco Pallaro em outros países da Europa e América do Sul.

John Deere

Tortuga

A John Deere inaugurou em Porto Alegre (RS) seu novo escritório regional para a América do Sul. Cerca de 50 funcionários responsáveis pela gestão regional de negócios, finanças, vendas, marketing, sistemas de informação e recursos humanos já começaram a operar na nova sede. O objetivo do escritório é dar apoio às iniciativas de crescimento e proporcionar maior integração e alinhamento a suas atividades na região, destacam Max Guinn, vice-presidente de Manufatura e Engenharia, e Jim Martinez, presidente da John Deere Brasil.

Jim Martinez

AGCO Finance Com o objetivo de se alinhar à estratégia de internacionalização da marca AGCO, a marca Agricredit passou a se chamar AGCO Finance. Especializada em financiamento agrícola e com base de atuação em vários países do mundo, a AGCO Finance no Brasil será operada a partir da sede de Porto Alegre (RS). Segundo Eduardo Bresolin, superintendente da AGCO Finance, a unidade de negócios é uma ferramenta que estimula as vendas Eduardo Bresolin de máquinas e implementos agrícolas em todo o país.

AGCO

Jocel Gadens

John Deere A John Deere tem, desde o início de janeiro, um gerente nacional de vendas: Rasso Maria von Reininghaus assumiu a função de liderar as equipes de vendas de produtos no mercado nacional. Também, neste início do ano, Jocel Gadens assumiu o cargo de gerente de Planejamento do Produto da John Deere. Ele será responsável pelas áreas de Planejamento e Engenharia de Vendas. Jocel iniciou a trajetória profissional na John Deere em 1998 e, em 2002, passou a exercer a função de especialista de produto e mercado.

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A AGCO do Brasil implantou em sua fábrica de tratores em Canoas (RS) mais uma unidade do Projeto Pescar, desenvolvido pela empresa desde 2003. Na nova unidade, mais 15 jovens de baixa renda poderão se profissionalizar. O curso de iniciação profissional em mecânica industrial acontecerá de março a novembro de 2006. Desde sua criação, o Pescar já formou mais de dez mil jovens. Hoje, atende a 1,33 mil jovens, em dez estados brasileiros e na Argentina.

Com o objetivo de levar informações sobre o meio ambiente aos agricultores de todo o país, a Tortuga Câmaras de Ar acaba de lançar uma cartilha sócioambiental desenvolvida pelo engenheiro agronômo Luiz Anselmo Merlin Tourinho. A cartilha intitulada “Propriedade Rural Legal” trata principalmente do Código Florestal (Lei 4.771/65) e da Medida Provisória 2.166/01 que o alterou em alguns pontos. Com patrocínio exclusivo da Tortuga, a cartilha será distribuída em escolas, bibliotecas e em diversas feiras agrícolas ao longo de 2006.

Agrale O ano começou verde-oliva para a Agrale, de Caxias do Sul (RS). A empresa acertou a venda do seu primeiro lote de jipes Marruá para o Exército Brasileiro. O novo veículo foi projetado especificamente para atender aos requisitos militares. Os primeiros jipes já foram entregues ao 3º Batalhão de Suprimento, localizado na cidade de Nova Santa Rita (RS). Segundo o diretor-superintendente da Agrale, Hugo Zattera, esse primeiro lote de veículos fornecido para o Exército Brasileiro representa uma importante conquista para a empresa.

Valmont O atual superintendente da Valmont no Brasil, Bernhard Kiep, a partir de março de 2006, assumirá a vice-presidência da gerência geral da corporação nos Estados Unidos. Ele passará a responder por novas demandas e enfrentará novos desafios. O maior deles será expandir a irrigação pelo mundo. Na empresa, os projetos em todos os países, com exceção dos Estados Unidos e do Canadá, serão de sua responsabilidade. Seu substituto na Valmont do Brasil será Marcelo Borges Lopes.

Bernhard Kiep e Marcelo Lopes

Neiva O avião agrícola Ipanema, movido a álcool e produzido pela Neiva, faturou ao final de 2005 o prêmio Scientific American 50. O Ipanema é o primeiro avião de série a sair de fábrica certificado para voar com álcool. Em 2005, a empresa ganhou também outros dois prêmios, o prestigiado Flight International Aerospace Industry Award, na categoria Aviação Geral, e o Melhores da Terra, do grupo Gerdau, no Brasil.



personalização

Personalização na Aspectos como tipo de solo, configuração do terreno e cobertura nas áreas trabalhadas deverão ser considerados, ao ponto de resultarem em elementos específicos ou personalizados nas semeadoras e nas linhas de plantio

O

objetivo de todo produtor rural e empresário do campo, seja ele pequeno, médio ou grande, é - além da realização de um desejo próprio, do amor e do prazer que sente nessa atividade - semear a terra para produzir grãos e garantir sua sustentabilidade, de sua família e da comunidade em que vive. Também gerar divisas para o seu país. Muitas vezes questões alheias, como o clima ou a economia, podem atingir duramente sua atividade, mas ele sempre está pronto para recomeçar. Afinal está é sua atividade. Para poder produzir grãos, temos que primeiro semear: dispor a semente da melhor forma possível na terra.

COMO PLANTAR? Normalmente se planta com o uso de semeadoras projetadas e desenvolvidas para suportar qualquer situação, em um sistema de plantio direto, cultivo mínimo ou mesmo convencional. Ainda hoje ocorrem discussões em relação ao sistema a ser empregado. Dentro de condições atuais, sejam elas técnicas e/ou agronomicamente possíveis, o ideal é optar por um sistema que não agrida o meio ambiente; traga redução de custo de implantação; reduza em número a

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quantidade de máquinas e de operações na lavoura – e por decorrência a manutenção das mesmas; minimize o tempo das práticas, a fim de potencializar os recursos aproveitando-os em outras atividades e, por fim, possa fazer a semeadura nas épocas ideais, conforme as recomendações técnicas das cultivares.

COMPOSIÇÃO DA SEMEADORA Elementos básicos compõem uma semeadora: o chassi, os rodados, o sistema hidráulico, os reservatórios de adubo e semente e o cabeçalho. Também compõem as máquinas o sistema de distribuição de fertilizantes - que pode apresentar formas variadas; de distribuição de sementes – que pode ser mecânico ou pneumático; além do sistema de corte e compactação nas linhas de adubo e semente. A partir desse momento passaremos a fazer algumas considerações em relação às variantes acima apresentadas e suas possíveis configurações na composição de um implemento preciso e eficiente.

ESTRUTURA A estrutura de um chassi deve ser suficiente para suportar os esforços a que é submetido e, ao mesmo tempo, transferir

peso aos elementos de corte.

RODADOS E PNEUS Além de suportar a estrutura do equipamento, os rodados devem proporcionar a maior eficiência da transmissão, que alimentará os distribuidores. Estes tem de estar posicionados de maneira uniforme, a fim de gerar um bom equilíbrio entre o equipamento e sua capacidade de copiagem. A capacidade de carga dos pneus, a tração exercida – atenção para a patinagem e a pressão total sobre o solo – redução ao máximo da compactação do terreno, com uso de pneus de alta flutuação, por exemplo - também devem ser observados.

RESERVATÓRIOS Os reservatórios podem ser confeccionados em aço carbono, aço inoxidável – atentar para a vida útil dos componentes/ corrosão – ou em materiais plásticos. Nesse último caso, considerar que os mesmos sejam confeccionados com materiais ideais quanto à composição química e que se usem aditivos que aumentem a vida útil destes, além de protegê-los das intempéries como umidade, água, calor, sol etc.


“Dentro das condições atuais, sejam elas técnicas e/ou agronomicamente possíveis, o ideal é optar por um sistema que não agrida o meio ambiente” Fotos Semeato

linha

ASPECTOS IMPORTANTES

P

DISTRIBUIDORES DE ADUBO A distribuição do adubo pode ser feita com rosca sem-fim ou rotores dentados. Os aspectos construtivos, a eleição do distribuidor correto e as opções de cada modelo irão afetar significativamente a qualidade da distribuição. Assim, sempre se devem avaliar a quantidade do material a ser distribuído por área (kg/ha) e, principalmente, a homogeneidade com que este será disposto nas linhas. No caso específico do uso da rosca sem-fim, há opções de uso de rosca de 2”, 1.1/2”, 1” e ¾”. A definição destas será associada à relação quantidade de adubo x espaçamento, a qual vai indicar a eficiência da distribuição na linha de plantio. A capacidade de distribuição para uma rotação limite - associada nesse caso à vida útil do distribuidor - nunca pode ser esquecida.

DISTRIBUIDORES DE SEMENTES As sementes podem ser distribuídas através de sistemas mecânicos, horizontal (discos) e vertical (sistema finger ou copo dosador); ou pneumáticos, para plantio de grãos graúdos; e/ou sistemas de rotores com dentes helicoidais para grãos finos e pastagens. Uma grande discussão sempre é gerada pela opção entre o uso de sistemas mecânico ou pneumático. Para resolver essa problemática, devem-se levar sempre em consideração fatores como o custo x qualidade de distribuição. Considerar a semente (cultura, tamanho, forma, peso) e a uniformidade desta deve ser um

A chamada “parte de baixo” das semeadoras pode ser o grande diferencial dos equipamentos

dos pontos chave na eleição do sistema. Como fator também importante, nunca devemos levar em consideração a propaganda que associa o sistema pneumático a uma condição de maior velocidade de operação. Na questão de caída da semente, podem-se empregar monitores de semente que poderão indicar a quantidade desta por metro ou hectare, a área semeada (parcial ou total) e, através de sinal luminoso e/ou sonoro, a obstrução de caída de uma das linhas. Em locais onde se plantam áreas reduzidas (pequenas propriedades), como, por exemplo, em países europeus, uma linha sem semear por um determinado período (distância) pode muitas vezes resultar em perdas percentuais significativas. Nesse caso o custo x benefício pode ser facilmente diluído.

DISTRIBUIDORES DE DEFENSIVOS Uma prática não muito difundida no Brasil é a distribuição de inseticidas ou fungicidas na linha de plantio. Isso é feito se utilizando o mesmo conjunto reservatório/distribuidor que aplica adubos

rimeiramente é importante considerar os aspectos naturais que interferem na atividade. E quais são esses aspectos? O relevo, o clima, a vegetação, o solo, entre outros. Aqui falamos em topografia (áreas planas ou acidentadas), intensidades das chuvas e seus períodos, vegetação e coberturas, composição e textura do solo. Além disso a fertilidade média do solo deve ser considerada. Assim poderemos saber como devemos “alimentar” o solo, conforme a demanda de alimento das culturas instaladas. micro-granulados. A prática é comum na Europa, onde situações particulares ou específicas a exigem. A distribuição de corretivos e/ou defensivos pode ser feita numa chamada “terceira caixa”, onde no momento do plantio se introduz no conjunto mais um elemento, além do tradicional adubo. Casos típicos, como a introdução do nitrogênio em aplicação incorporada, evitam perdas, principalmente por volatilização. A utilização de caixas de pastagens em semeadoras de grãos finos, onde se pode realizar uma semeadura, inclusive consorciada de vários pastos, também se torna uma alternativa interessante na recuperação ou manutenção dos campos.

LINHAS DE PLANTIO Consideramos os aspectos a seguir os mais importantes quando se analisa o desempenho de uma semeadora. São eles o corte, a limitação de profundidade e o fechamento do sulco. Como costumamos dizer, “a parte de baixo” da semeadora, a das linhas, é o

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Diferentes tipos de discos distribuidores de sementes

CONHECIMENTO

A

s áreas de engenharia de produto, teste de campo e técnicos têm aprendido que o senhor do conhecimento é o produtor e seus operadores. O intercâmbio de experiências e conhecimentos tem mostrado no decorrer do tempo que as situações de campo muitas vezes não podem ser simuladas nem com um computador de última geração. grande diferencial, ou o ponto onde se podem encontrar as maiores dificuldades para o bom desempenho do equipamento. Eleger o elemento mais adequado, que faça o corte da palha (cobertura), abra um sulco na profundidade que se espera, promova o mínimo de revolvimento do solo e evite resultado de sulcos com paredes espelhadas é fundamental. Aspectos importantes antes mencionados relacionados ao solo, ao terreno e às coberturas agora deverão ser analisados de uma forma muito particular, ao ponto de resultar em elementos específicos ou personalizados, conforme as mais variadas regiões do Brasil e as particularidades de cada país (também regionalizadas).

LINHAS DO ADUBO Uso de linhas pantográficas ou articuladas, de discos duplos defasados ou desencontrados, com ou sem discos de cor-

te, representam uma das alternativas na linha do adubo. A utilização do facão guilhotina ou facão afastado também pode ser considerada. Isso tudo no caso de semeadoras de grãos graúdos. Para elegermos uma das alternativas acima, devemos considerar a profundidade a que se deseja colocar o adubo, o tipo de cobertura (ou restos culturais das lavouras) e o tipo de sulco que se pretende abrir. Além disso, devemos levar em consideração a potência do trator, que pode variar em até 50% conforme o elemento empregado. O ideal seria o produtor eleger, conforme a necessidade de potência, primeiro o equipamento e depois o trator. Comumente podemos encontrar terrenos com incidência de pedras ou tocos – áreas recém abertas. Nesses casos seria ideal que o sulcador da linha contasse com um sistema tipo “pula pedras” e não com um sistema tipo haste. Esse último pode provocar um número excessivo de paradas para manutenção da semeadora, reduzindo o rendimento operacional da máquina. Solos com altos teores de argila, ou mesmo arenosos muito úmidos, poderão resultar em um sulco com paredes espelhadas (que se mantém abertos), podendo provocar o contato adubo/semente ou a desuniformidade na profundidade de colocação das sementes, quando as duas hastes estão alinhadas. Nesse caso teríamos duas alternativas: desalinhar as hastes do adubo e da semente (adubação la-

teral) ou empregar um conjunto tapador de sulcos, que trabalha entre a linha do adubo e da semente. Sulcos com paredes espelhadas também provocam dificuldades no desenvolvimento das plantas. As raízes não conseguem, de uma forma fácil, romper essas paredes, e, em momentos de pequenas estiagens, pode se visualizar uma coloração mais amarelada das plantas e a sua má estruturação. Deveremos considerar também o “embuchamento”, que, conforme a cobertura, pode provocar arraste da palhada, principalmente em espaçamentos reduzidos.

LINHAS DA SEMENTE A linha da semente, normalmente formada por discos duplos defasados, recebe o sulco previamente pronto, aberto pela linha do adubo. Esta, portanto, não encontra maiores dificuldades para operação - salvo no caso de adubação lateral. Nesse caso devemos ter o cuidado de au-

Os reservatórios podem ser de aço carbono, de aço inoxidável ou de materiais plásticos

Os compactadores, além de cobrir, expulsam os bolsões de ar do sulco de plantio Linha de plantio e compactador do tipo em “V”

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“O ideal seria o produtor eleger, conforme a necessidade de potência, primeiro o equipamento e depois o trator” Fotos Semeato

O corte, a limitação de profundidade e o fechamento do sulco são fundamentais no desempenho das semeadoras

mentar a pressão na linha de semente para que ela efetivamente realize o corte da palhada. Em casos em que essa linha não realiza um corte adequado da palha, pode ocorrer o efeito de “encestamento” da semente – quando os discos duplos da semente empurram a palha para dentro do sulco sem efetivar o corte, e o grão fica sem contato com a terra, o que pode prejudicar a germinação. Para a limitação de profundidade, existem opções de duplas rodas limitadoras ou aros limitadores. Os aros limitadores são fixados no mancal de um dos discos duplos - perfeitamente centrados em relação ao momento do corte (situação ideal). No caso do uso de duas rodas limitadoras, tem-se o benefício da dupla função do dipositivo: limitação e auxílio no fechamento dos sulcos. Isso proporciona que, com regulagens fáceis e práticas de alteração de profundidade, situações corriqueiras de variação da umidade do solo sejam equacionadas.

COMPACTADORES Os compactadores podem ser do tipo em “V”, côncavos, convexos ou NG. Eles têm a função de cobrir e expulsar o bolsão de ar do sulco, mantendo o contato

da semente com o solo. A eleição de um compactador adequado deve observar as características de solo, a cultura a ser semeada e as coberturas na área em ques-

tão. Além de todos os aspectos técnicos e agronômicos mencionados, existem ainda as particularidades de cada mercado, como legislações de trânsito, normas de segurança e certificações (como no caso da Comunidade Européia). Dessa forma, buscamos descrever um pouco das possibilidades e opções de montagens em semeadoras, devendo o comprador e o vendedor fazerem um estudo técnico para determinar o modelo e a versão de semeadora ideal para sua proprieM dade. Pedro G. Werlang Semeato SA


semeadoras

Case IH

Automação em semeadoras

A automação de semeadoras pode ser uma importante aliada do produtor, uma vez que permite o controle e o monitoramento de fatores que podem afetar o correto ajuste e o desempenho do equipamento no plantio

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EFICIÊNCIA DE SEMEADURA Uma semeadura eficiente depende de alguns fatores acerca dos quais faremos algumas considerações. O aumento da velocidade de avanço da máquina aumenta a velocidade periférica dos discos dosadores, e, com isso, a ação dos componentes de ejeção das sementes se torna mais necessária. Desse modo, as sementes não possuem tempo suficiente para sair do alvéolo, ocaFotos Tiago M. Machado

semeadura é uma das etapas que mais requer cuidados para o su cesso da lavoura. Para se realizar um plantio adequado, uma boa máquina que realize adequadamente suas funções deve estar disponível na propriedade. As principais funções da semeadora são: • Abrir os sulcos para deposição de fertilizantes e sementes; • Dosar o fertilizante e as sementes; • Localizar os fertilizantes e as sementes no perfil do solo; • Cobrir as sementes; • Firmar o solo em torno das sementes. Se fosse possível destacar a maior importância de algumas dessas funções, estas seriam a dosagem e a localização das sementes no sulco. Da eficiência da semeadora, principalmente, dependem a uniformidade de espaçamento entre plantas dentro das fileiras e, conseqüentemente, a uniformidade com que a cultura irá explorar a água, os nutrientes e a luz disponíveis.

Falhas de plantas de milho na linha de plantio devido ao entupimento do tubo condutor de sementes

sionando falhas e danos. A desuniformidade da distribuição longitudinal de sementes pode reduzir a produtividade da cultura, tanto pela competitividade entre plantas por água, nutrientes e luminosidade, bem como pela competição por espaço vital, ou pelo mau aproveitamento deste. Isso ocorre em função do acúmulo de plantas em alguns trechos e de falhas em outros locais da fileira de plantio. Nas Fotos abaixo estão apresentadas falhas de plantio devido ao entupimento do tubo condutor de sementes e de adubos.

Amarelecimento de plantas de milho provocado pelo entupimento do tubo condutor de adubos


“Durante a semeadura, faz-se necessário um ajudante para olhar o sistema de distribuição de adubo e semente” Charles Echer

Detalhe dos discos de corte da linha de plantio no sistema de plantio direto

PLANTIO AUTOMATIZADO A automação de semeadoras pode ser uma aliada do produtor, uma vez que permite o controle e o monitoramento de fatores que podem afetar o correto ajuste no plantio. Nesse sentido, tentaremos apresentar aqui uma avaliação da automação de semeadoras, tendo como ponto de atuação o controle do fluxo de sementes e adubo, bem como uma alternativa de aplicação a taxas variáveis baseada em mapas georreferenciados. Essas abordagens sobre a automação buscam compensar os problemas causados pelo deslizamento das rodas de acionamento e pelos custos e riscos de acidentes com a mão-deobra empregada para o processo de semeadura. O índice de deslizamento das rodas de acionamento encontra-se, geralmente, entre 2% e 15% e varia de semeadora para semeadora, devido ao tipo e formato das rodas de acionamento. Outros dois fatores de influência no deslizamento são as condições do solo em que se irá efetuar a semeadura (tipo de preparo, textura, umidade e cobertura do solo) e a velocidade de

deslocamento. Da mesma forma, durante a semeadura, faz-se necessário um ajudante para olhar o sistema de distribuição de adubo e semente. Ao ficar na plataforma da máquina, o ajudante corre o risco de sofrer um acidente de trabalho (ex.: cair da semeadora, prensar parte do corpo numa engrenagem) e se machucar gravemente. Reduzir mão-deobra sem qualificação e minimizar os riscos

devem ser objetivos de todo processo produtivo. Outro fator importante é a busca da adaptação da automação nos sistemas existentes, evitando sucateamento das semeadoras presentes. Assim, é relevante avaliar alternativas que permitam que os equipamentos possam ser instalados em qualquer tipo ou modelo de semeadora, usada ou nova.


Mapa georreferenciado dos teores de potássio (K) no solo

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

É

relevante esclarecer que foram considerados nas análises os seguintes fatores: • O trabalho foi realizado com dados teóricos de funcionamento dos equipamentos, sendo que estes não foram testados em campo; • O estudo foi realizado simulando entupimento no tubo condutor de sementes, e não foi levado em consideração o entupimento do tubo condutor de adubo, nem a melhora na distribuição de adubo com o sistema georreferenciado; • Preço do dólar cotado em R$ 2,28; • Preço do milho a R$ 15 por saca de 60 kg; • No projeto, não foi levado em consideração o aumento de produtividade que certamente ocorrerá, melhorando ainda mais os resultados; • Não foi incluído o custo da instalação dos aparelhos; •Para o melhor funcionamento dos equipamentos, os tratores devem possuir uma vazão na bomba maior que 40 l/min, e a bomba deve ser do tipo pistão.

AUTOMAÇÃO A CAMPO

As vantagens do último estão relacionadas aos seguintes fatores e/ou componentes adicionais: • Alarme visual e sonoro que indica a linha em que ocorreu interrupção do fluxo de sementes e/ou fertilizante durante a semeadura; • Luz interna que permite o plantio noturno; • Menor gasto de mão-de-obra; • Evitar falhas nas linhas; • Diminuição do risco de acidentes de trabalho; • Evitar o replantio; 3º) Sistema automatizado de controle de vazão de adubo e sementes baseado em mapa georreferenciado; Seus diferenciais são: • Melhora da distribuição de fertilizantes químicos; • Evita desperdício de fertilizantes químicos aumentando a eficiência de uso; • Eliminação de erros na distribuição por patinagem de rodas; • Economia de tempo; • Eliminação de ajuste de campo e correções feitas por meio da relação de engrenagens para novos ajustes; • Diminuição de falha, devido à eliminação do patinamento;

Custo x benefício Um bom levantamento dos benefícios é fundamental para uma definição acertada do que fazer. No quadro a seguir é possível comparar os benefícios, segundo as alternativas. 1º) Sistema tradicional - referência para comparação; 2º) Sistema de controle de fluxo automático de sementes e adubo.

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Pioneer

ALTERNATIVAS DE AUTOMAÇÃO As alternativas de automação aqui apresentadas estão em conformidade com os equipamentos disponíveis no mercado. Opcionalmente, elas podem ser de quatro tipos, do menor ao maior investimento, como segue: 1ª alternativa: continuar com o sistema tradicional; 2ª alternativa: implantar o sistema de controle de fluxo automático de sementes e adubo; 3ª alternativa: implantar o sistema automatizado de controle de vazão de adubo e sementes baseado em mapa georreferenciado; 4ª alternativa: implantar o sistema automatizado da 2ª e 3ª opção em conjunto.

• Cálculo da quantidade de hectares trabalhados em cada setor, marcando data, horário do início e término das tarefas; • Controle da velocidade de plantio; 4º) Implantar o sistema automatizado do 2º e 3o sistemas em conjunto. A instalação de sistemas automatizados desse nível traz como diferencial a soma das vantagens apresentadas acima na 2ª e na 3ª alternativas. Este trabalho utilizou dados coletados na fazenda Alto Alegre, localizada no Município de Planaltina de Goiás (GO), para avaliar as alternativas. A propriedade possui uma área aproximada de dois mil ha. No entanto a área analisada totalizava 370 ha. Na Tabela 1 é possível observar as quatro alternativas comparadas em uma área de 370 ha e verificar quanto de área mínima, de custo em R$ e em sacas de milho são necessários para pagar o investimento de insumos agrícolas e equipamentos de automação, além da comparação entre as alternativas. O valor dos equipamentos da 3ª alternativa varia, dependendo da marca, em torno de 20% a 30% do valor de uma semeadora de seis linhas para milho pneumática, avaliada em R$ 80 mil. A 2ª alternativa varia de 6% a 10%, e a 4ª alternativa varia de 22% a 40% do valor da semeadora. A redução de custos na simulação de todas as alternativas de automação está apresentada na Tabela 1. A quarta opção mostrase economicamente a mais viável, para esse caso específico, evidenciando a necessidade de os produtores avaliarem suas abordagens de semeadura tendo em vista as perdas com o processo não automatizado. As falhas ocorridas nas linhas de plantio pelo entupimento do tubo condutor de sementes, na área de estudo, estão apresentadas nas Fotos da página 10. Havia 29 linhas de 1.662 m (média), com espaçamento de 0,7 m, per-


“É importante frisar que o período recomendado para o plantio é curto e a capacidade operacional do parque de máquinas das fazendas normalmente é aquém do ideal” Divulgação

Os autores apresentam algumas alternativas de automação em semeadoras, com vistas ao aumento de eficiência na implantação das culturas

fazendo uma área de 3,374 ha do talhão de 370 ha (0,9%), a qual deixou de produzir 126 sacas/ha de milho, num total de 425 sacas a R$ 15,00 (preço médio da época), representando um prejuízo total de R$ 6.375,00. É importante frisar que o período recomendado para o plantio é curto e a capacidade operacional do parque de máquinas das fazendas normalmente é aquém do ideal (pelo alto custo), por isso o plantio é realizado em diversas situações, boas ou ruins. No caso, o plantio foi realizado com alta umidade do solo, o que facilitou o entupimento do tubo condutor de sementes de forma muito mais freqüente que a normal. O ajudante verificou o entupimento quando a falha de plantio já tinha ocorrido.

OPÇÃO REAL Com os dados avalia-se que investir em uma

mentes e adubo seria o primeiro passo. Ressalta-se que cada produtor deve realizar a avaliação com técnicos de sua confiança e com outros produtores que disponham dos equipamentos, além de ponderar com as particularidades de sua propriedade e das formas disponíveis de captar e/ou aplicar seu recurso finanM ceiro, para posterior tomada de decisão.

alternativa de automação para o processo de semeadura passa a ser opção real, tendo em vista a redução de custos e dos prejuízos ocasionados por falhas de plantio, e a disponibilidade de equipamentos no mercado. Analisando-se ape- Thiago Martins Machado e nas o custo dos equipamentos, a alternativa de Roberto Alves Braga Jr, utilização de mapas georreferenciados, acom- Ufla panhada do controle automático de fluxo de Luciano Shozo Shiratsuchi, Embrapa Cerrados sementes e adubo, é a mais viável. Contudo, a necessidade de maior nível tec- Edemar Joaquim Corazza, nológico - gerando a necessidade de funcioná- Embrapa Informação Tecnólogica rios bem treinados para realizaTabela 1 - Comparação das 4 opções de sistemas automatizados ção das aplicações de fertilizantes a taxas variáveis - o custo da Comparação Área mínima Custo Custo Comparação em relação geração dos mapas (não incluíha em sc em R$ à 1ª alternativa R$ do no cálculo) e as respostas des1ª alternativa 318,12 40083,60 601254,08 sa prática irão depender da si2ª alternativa 317,75 40036,73 600551,06 -703,02 tuação de cada lavoura; ponde3ª alternativa 317,61 40019,47 600292,14 -961,94 ra-se que a utilização do siste4ª alternativa 317,23 39971,91 599578,69 -1675,39 ma de controle do fluxo de se-


danos

Borra em motores

Fotos Marcos Thadeu Lobo

A formação de borras é extremamente danosa aos motores. Elas podem provocar a quebra de diversos componentes e/ou até a perda total do conjunto mecânico

A

formação de borra em motores é no mínimo preocupante, pois ela pode provocar danos onerosos em vários componentes do motor (virabrequim, bronzinas, válvulas, pistões etc.)e, muitas vezes, levar à perda total deste. Borra em motores pode ter várias causas. Antes de mais nada, é importante compreender a sua formação para, então, tentar evitá-la.

TIPOS DE BORRAS As borras podem ser divididas, basicamente, em dois tipos: 1) borras quentes: tem coloração que varia de parda à negra, podendo ser pastosa ou granulada. Quase sempre, é oriunda da reação do óleo lubrificante com o oxigênio do ar. 2) borras frias: tem coloração branca, parda ou negra e assemelha-se à maionese. Tem bastante água em sua composição e partículas metálicas oriundas de desgaste do motor. O óleo lubrificante em um motor trabalha a uma temperatura média de 100ºC, podendo atingir 120ºC nos mancais. Após lubrificar os mancais fixos e de biela, o óleo em alta temperatura, ao entrar em contato com o oxigênio existente no ar, sofre a chamada “oxidação” (a cada aumento de 10ºC em sua temperatura, a velocidade de oxidação de um óleo lubrificante dobra), tendo como resultado a formação de “borras quentes” que se depositam na região dos balancins e pistões (canaletas, saia e topo). Com o desgaste dos anéis de vedação, o óleo lubrificante do cárter passa a sofrer contaminação por gases da combustão. Esses gases ácidos juntamente com a umidade do ar provocam “borras frias” que se depositam nas partes mais frias do motor (principalmente no fundo do cárter). Essas

AMIGO MECÂNICO

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Petrobras atualmente tem promovido em todo o Brasil o programa chamado “Amigo Mecânico”. Trata-se de um ciclo de palestras abrangendo aspectos relacionados à lubrificação e à qualidade dos combustíveis. Nesses eventos são convidados mecânicos, atendentes de auto-peças, de oficinas mecânicas e de concessionárias de veículos e outros trabalhadores do ramo da mecânica automotiva. Nos encontros, um tema que tem sido largamente abordado pelos participantes é a formação de borra em motores.

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“As borras são oriundas, basicamente, de contaminação por combustível não queimado e umidade”

Borras quentes, depositadas no virabrequim, mancais e, também, nas válvulas e balancins

DESGASTE PREMATURO

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borra provoca desgaste prematuro do motor e pode obstruir o filtro de tela da bomba de óleo e os condutos de lubrificação, provocando a perda do motor por falta de lubrificação.

borras são oriundas, basicamente, de contaminação por combustível não queimado e umidade.

COMO EVITAR BORRAS Alguns cuidados básicos podem minimizar a ocorrência de borras em motores: • escolha correta do óleo lubrificante: use lubrificantes com o melhor nível de desempenho (API SL para motores à gasolina e a álcool e API CI-4 para motores a diesel). Óleos lubrificantes com níveis baixos de desempenho, mesmo que substituídos em períodos de troca reduzidos, tendem a formar borra por envelhecimento (oxidação) precoce. • evite usar aditivação extra: os óleos lubrificantes de fabricantes idôneos vêm com

A borra provoca desgaste prematuro do motor e pode obstruir o filtro da bomba e os condutos de lubrificação

aditivação balanceada de fábrica, com todos os aditivos necessários a uma boa lubrificação do motor. Pode haver problemas de incompatibilidade desses aditivos com o óleo do motor e conseqüente formação de borras. • utilize combustíveis de boa procedência: combustíveis adulterados não sofrem combustão completa e contaminam o óleo do cárter, provocando a formação de depósitos resinosos. • vazamentos de líquido do sistema de refrigeração para o interior do motor e temperaturas de operação do motor inadequadas (é desejável que a temperatura do líquido de arrefecimento esteja entre 80ºC e 100ºC), também, são fatores que levam à formação de borras nos motores. • evite excessivo período de troca do óleo lubrificante: é fundamental consultar o manual do veículo para se adotar o período de troca de óleo recomendado. Porém, nem sempre está claro no manual do veículo que, em caso de regimes de operação severos (uso urbano do tipo anda e pára, distâncias curtas, locais poeirentos), o período de troca deve ser reduzido à metade do que consta no manual (a periodicidade de troca recomendada nos manuais dos veículos geralmente é para uso rodoviário) ou para cada

Uniformidade O resultado desejadafinal na distribuição do de sementes, que acúmulo só ocorrem de borra coméoaequipamento perda bem total regulado do motor

seis meses, o que primeiro ocorrer. • troque o filtro de óleo sempre que trocar o óleo lubrificante do motor (estender o período de troca do filtro de óleo lubrificante é economia que não vale a pena). Não se esqueça também da troca dos filtros de ar e de combustível. Em resumo: borras em motores decorrem, basicamente, de práticas inadequadas de manutenção preventiva. Desconfie daquela promoção imperdível de lubrificantes e combustíveis. Procure adotar boas práticas de manutenção preventiva (troca de óleo e filtros do motor nos períodos recomendados, uso de líquido anticorrosivo e elevador de ponto de ebulição para o sistema de arrefecimento apropriados), utilizar óleos lubrificantes e combustíveis de boa qualidade e evitar adicionar aditivos milagrosos ao óleo lubrificante do cárter. Vida longa ao seu motor. M Marcos Thadeu G. Lobo, Petrobras Elke Bezerra, Univag

Uniformidade Elke e Marcos desejada mostram na distribuição quais os de sementes, danos quecausados só ocorrem pela com borra o equipamento em motores bem regulado agrícolas

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informações técnicas

Leitura obrigatória A leitura do manual de instruções das máquinas e equipamentos adquiridos pelo produtor, além de potencializar o aproveitamento dos conjuntos mecânicos, pode aumentar consideravelmente a vida útil e o rendimento destes Valtra

pelas empresas do setor.

ELABORANDO O MANUAL

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ocê costuma ler o manual de instruções dos equipamentos que você compra? Pois saiba que o manual é uma poderosa ferramenta para tirar o máximo de proveito do seu equipamento e aumentar a sua vida útil. Seja ele um trator, uma colhedora de última geração, ou um simples arado, o manual de instruções é um item muito importante, pois contém informações valiosas sobre regulagens,

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operação e manutenção do equipamento. Alguns minutos gastos na leitura atenta do manual de instruções podem representar dias de ganho em produtividade, ou ainda grande economia na manutenção e nos gastos com peças. Por outro lado, criar manuais de instruções que venham ao encontro das necessidades do cliente final é um desafio constante e uma tarefa nem sempre bem desempenhada

O manual de instruções não é um simples livreto impresso, mas sim um vínculo permanente entre o fabricante e o cliente. Portanto, cabe ao fabricante transformar o manual em uma ferramenta importante de relacionamento de pós-vendas. A elaboração de um manual deve iniciar com uma análise criteriosa do tipo de produto e do público-alvo, além de contemplar normas internacionais existentes, considerando que a quase totalidade das máquinas é comercializada para diversos países. Outro ponto crucial, para a elaboração de um manual com qualidade, é a estruturação dos assuntos numa seqüência lógica, pois isso permite que o leitor encontre com facilidade a informação de que necessita. A seguir são abordados alguns tópicos que devem estar contemplados num manual de instruções: 1) Recomendações de segurança: capítulo indispensável, que aborda cuidados gerais, precauções no armazenamento de combustíveis, segurança na operação e na condução de máquinas em estradas, uso de equipamentos de segurança e segurança na manutenção; 2) Apresentação da máquina: fornece ao operador informações sobre especificações técnicas, identificação de componentes e outros; 3) Identificação e descrição dos comandos, controles e instrumentos; 4) Preparação da máquina para o trabalho: aqui são descritas todas as regulagens a serem feitas antes de iniciar a operação. No caso dos tratores, por exemplo, fala-se sobre o ajuste de bitolas, o lastreamento e outros; 5) Instruções de operação: com a máquina preparada, e o operador tendo assimilado todas as informações preliminares, este pode partir para a operação propriamente dita; 6) Instruções de manutenção: iniciando por uma tabela de manutenção periódica, onde se relacionam todas as tarefas e a periodicidade destas, passando por uma listagem de lubrificantes e aditivos recomendados pela fábrica, pontos de lubrificação à graxa, até a manutenção dos diferentes itens e sistemas. Para finalizar, são acrescidas informações de conservação da máquina, tais como limpeza, cor-


“O manual de instruções é um item muito importante, pois contém informações valiosas sobre regulagens, operação e manutenção do equipamento” Divulgação

reta armazenagem, cuidados em períodos inativos etc; 7) Análise de falhas (ou anormalidades): um guia para auxiliar o usuário quando algo não funciona corretamente ou deixa de funcionar; 8) Informações e controles sobre garantia, revisões gratuitas, entrega técnica e outros; 9) Orientações sobre como solicitar assistência técnica da fábrica, encomenda de peças etc.

O MANUAL E O PÓS-VENDA Como se vê, um manual bem elaborado se constitui numa das ferramentas mais eficazes em termos de pós-venda, contribuindo significativamente para: • Satisfação do cliente com relação ao produto adquirido; • Fortalecimento da imagem e da marca do fabricante; • E, por parte da empresa, gastos muito menores com serviços de suporte a clientes, motivados geralmente pela falta de informações básicas. Na prática, o simples entupimento do respiro de um reservatório hidráulico já ocasionou a falha de todo o sistema e o conseqüente deslocamento de um representante técnico de um estado a outro do país, a fim de restabelecer o funcionamento do conjunto.

SUCATEAMENTO

I

Gilmar e Dílson mostram por que é importante ler o manual antes de operar a máquina

Verifica-se então que as dificuldades geradas pela falta de informações básicas são proporcionais à distância em que se encontra o cliente. Quando se trata de produto exportado, a falta de informações pode gerar problemas de proporções imprevisíveis.

QUALIDADE E INFORMAÇÃO Para os fabricantes de máquinas, está cada vez mais provado que não basta oferecer um produto de qualidade. É preciso agregar valor ao mesmo, e a informação é um componente vital. Só para relembrar, estamos na “era da informação”. Além do tradicional manual de instruções, existe uma gama enorme de materiais John Deere

nfelizmente a realidade ainda deixa muito a desejar. O sucateamento de máquinas agrícolas é precoce, motivado por fatores como: • Operadores sem a devida qualificação, favorecendo a operação inadequada e com vícios; • Não observância dos cuidados de manutenção, mesmo dos mais básicos; • Falta de limpeza e exposição do equipamento às intempéries, quando este não está em operação. que podem ser desenvolvidos para dar suporte ao produto no campo, pois, além dos operadores, revendedores e equipes de venda e suporte ao produto também precisam ser treinados para prestar uma boa assistência técnica. Para isso, podem ser desenvolvidos materiais de treinamento técnico e comercial enfocando as principais características do produto, bem como manutenção preventiva e corretiva. Outro item que também merece destaque é o catálogo de peças: através dele a empresa fornece peças de reposição que podem ser comercializadas através da rede de concessionárias, de revendedores, ou até mesmo diretamente da fábrica ao cliente - neste caso vai depender de qual política é adotada pelo fabricante. Muitas vezes a empresa deixa de comercializar peças por não possuir um catálogo atualizado e completo. Ao empreender um processo organizado de repasse de informação técnica ao usuário, além dos benefícios anteriormente citados, cria-se um ambiente na fábrica que favorece até as melhorias nos produtos, haja visto que o desenvolvimento destes passa a priorizar esforços para aspectos como ergonomia, segurança, facilidade de instalação e utilização, desempenho etc. Com tudo isso, esperamos que você, leitor, tenha compreendido melhor a importância e os benefícios do manual de instruções. Esse é o passo inicial para que você passe a exigir dos fabricantes de máquinas uma literatura técnica mais abrangente e de qualidade, que acomM panhe a evolução do produto. Gilmar Luedtke e Dílson Scheuermann, Luedtke Assessoria Indl. Ltda. Os manuais, além de explicarem detalhadamente cada componente da máquina, são uma ferramenta importante para a segurança do operador

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passo-a-passo

Fotos Vilso Júnior Santi

Ajuste de bitolas A bitola nada mais é que a distância de centro a centro dos pneus dianteiros ou traseiros dos tratores. A finalidade de se regular a bitola é adequar o trator à cultura, ao implemento e à operação

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s bitolas podem ser: ajustáveis no eixo – a variação da bitola é feita soltando-se a presilha e prendendo a roda no eixo; pré-fixadas – obtidas com diferentes posição do disco ou da calota; ou servo-ajustáveis – o ajuste da bitola é feito soltando-se as presilhas que prendem a roda ao aro e girando-se o eixo. O trator, de acordo com o trabalho que irá realizar, e/ou para operar com alguns tipos de implementos, deve estar com a bitola das rodas bem ajustada. No trabalho com arado, por exemplo, o ajuste

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Para ajuste das bitolas, o trator deve estar num terreno bem nivelado

Os pneus devem ser calibrados antes do início do ajuste das bitolas


O dois lados do eixo dianteiro devem ser imobilizados

Um macaco hidráulico deve ser usado para suspender o trator

Os cavaletes em baixo do trator garantem a segurança da operação

da bitola influi diretamente na largura de corte do primeiro disco. Abrindo a bitola, aumenta-se a largura de corte. Fechando a bitola, a largura de corte diminui. Nas operações com pulverizadores e distribuidores, o ajuste das bitolas deve ser feito de acordo com o espaçamento das linhas de plantio. Geralmente o manual do operador traz a bitola recomendada para cada tipo de trabalho.

tores 4x2, certifique-se de que o trator esteja num lugar nivelado e com os pneus calibrados. Depois, imobilize os dois lados do eixo dianteiro e levante o trator. Para sua segurança, coloque cavaletes embaixo do eixo do trator. Em seguida, de um lado e de outro, retire os parafusos da barra telescópica principal e da barra de direção. Depois, ajuste na posição desejada e recoloque os parafusos. Quando ajustar a bitola na posição máxima, evite os impactos bruscos sobre o eixo. Isso garantirá maior durabilidade ao conjunto. Já as bitolas frontais nos tratores 4x4 são ajustadas de um modo diferente. Tan-

to os discos como os aros podem ser reversíveis. Neles, de acordo com o tipo de roda, podem se ter várias bitolas diferentes. Para fazer esses ajustes, primeiro

Os parafusos da barra telescópica principal e da barra de direção devem ser removidos

Depois de estabelecida a nova bitola, os parafusos devem ser recolocados

PASSO-A-PASSO Eixo dianteiro Para ajustar a bitola dianteira dos tra-

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Fotos Vilso Júnior Santi

Em alguns modelos os tratores, na traseira, contam com rodas do tipo servo-ajustáveis para as bitolas

afrouxe as porcas dos aros e discos. Depois imobilize o eixo e levante o trator. Para segurança, sempre coloque cavaletes embaixo do eixo. Em seguida remova as porcas e posicione os componentes das rodas até conseguir a bitola desejada. O tipo de disco acima possui duas posições iniciais de montagem. O aro, por sua vez, a cada nova posição do disco, permite mais duas formas de composição. Em alguns tipos de rodas, pode-se inverter também a posição dos pneus. Nessa condição de uso, não esquecer nunca de observar a posição correta de montagem. Eixo traseiro As rodas traseiras podem ser fixas, de discos reversíveis, ou servo-ajustáveis. Em função do tipo de trabalho, são usadas rodas fixas que não necessitam de ajuste de bitolas, como no caso das lavouras de arroz irrigado. Por sua vez, o ajuste da bitola nas rodas de discos reversíveis traseiras segue os mesmos princípios das rodas dianteiras. Já as rodas do tipo servo-ajustáveis possuem trilhos inclinados de deslizamento que permitem a mudança de bitola usando a própria força do trator. Esse sistema permite o uso de várias bitolas

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Nos tratores 4x4 o ajuste de bitola é feito nos discos e/ou aros que são reversíveis

diferentes. Nesse caso, o ajuste é feito da seguinte forma: em uma das rodas remova os dois batentes do trilho mestre, depois, coloque-os nos pontos de abertura da bito-

la e afrouxe as porcas dos grampos. Em seguida ligue o motor, freie a roda oposta, escolha a marcha e solte a embreagem até que o aro encoste no batente. Aperte as porcas novamente e repita a operação na outra roda. Utilize a marcha adequada, tanto para abrir quanto para fechar a bitola. Caso for preciso aumentar ainda mais a bitola, pode-se também inverter a posição das rodas. Nesse caso, cuidado com o sentido correto de giro dos pneus. Sempre após ajustar as bitolas, devese conferir o alinhamento das rodas. Para adequar corretamente as bitolas ao tipo de trabalho, consulte o manual do operador do trator e também o manual do M implemento. Colaboração Cimma Ltda.

Nas rodas traseiras, tanto os discos como os aros podem ser removidos para ajuste das bitolas



tecnologia

Tecnologia aplicada A tecnologia de ponta aplicada nas colhedoras de grãos proporciona melhor desempenho, maior produtividade e mais qualidade na colheita

A

tecnologia tem um papel muito importante para o ser humano e para o desenvolvimento do homem. É uma ferramenta que amplifica e muito a habilidade humana. Na agricultura a tecnologia é indispensável. Conseguimos dobrar a produção de grãos do país aumentando apenas um quarto da área plantada. Reduzimos os ciclos de produção de grãos e aumentamos a produtividade das lavouras. Isso tudo só foi possível com a aplicação da ciência e de estudos, ou seja da tecnologia aplicada. A tecnologia industrial ajudou a desenvolver a tecnologia em máquinas agrícolas, daí a importância da modernização das fábricas e dos fabricantes. O Brasil faz parte da elite mundial da engenharia agrícola, com algumas das fábricas de máquinas mais modernas do mundo. Aplicar tecnologia na agricultura é, diretamente, tornar o Brasil mais competitivo nos mercados mundiais, através da redução dos custos das propriedades e do aumento da

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qualidade e eficiência dos processos.

EVOLUÇÃO DAS COLHEDORAS Os princípios básicos de funcionamento de uma colhedora não mudaram muito ao longo destes 40 anos - desde a primeira máquina automotriz produzida no Brasil, a SLC 65A - baseados nos processos de corte, trilha, separação e limpeza. Porém, continuamente, foi agregada tecnologia a esses processos, como nas modernas colhedoras da John Deere - a STS com rotores de trilha e separação e as 1650 CTS com separação centrífuga. Nas colhedoras a tecnologia agregou mais produtividade diária à máquina, reduzindo o custo da mecanização e aumentando a qualidade de grãos colhidos. Há 20 anos as perdas aceitáveis na colheita de soja eram em torno de 1,5%, e nos dias de hoje com a mesma velocidade os produtores estão buscando colhedoras com perdas inferiores a 0,4 %. Isso, graças às melhorias empregadas ao longo dos anos nas

plataformas, no sistema de separação e no sistema de limpeza das máquinas.

PLATAFORMAS OPERACIONAIS Na plataforma de operação é onde se consegue visualizar mais facilmente a tecnologia empregada nas colhedoras. As colhedoras de hoje têm muito mais conforto e praticidade operacional que as colhedoras mais antigas. Dizer que o conforto está relacionado com a eficiência e produtividade pode parecer óbvio, e investir em conforto operacional significa maior rendimento na colheita, menores perdas e capacidade de o operador trabalhar por mais horas e com mais atenção na máquina. Isso graças à tecnologia aplicada nas cabines, pois a engenharia se preocupa cada vez mais com a ergonomia. Controles simples e de fácil acesso proporcionam ao operador praticidade operacional, aumentando o rendimento. Como o ser humano não tem os mesmos tamanhos e altura, as regulagens permitem adequar cada opera-


“Nas colhedoras a tecnologia agregou mais produtividade diária à máquina, reduzindo o custo da mecanização e aumentando a qualidade de grãos colhidos” Fotos John Deere

fez reduzir o índice de perdas. Um exemplo claro é o sistema Dial-A-Speed, que sincroniza a velocidade do molinete com a da colhedora; isto é importantíssimo, pois a função do molinete é apenas apoiar a planta para o corte. Se a velocidade do molinete estiver muito baixa, a navalha de corte derrubará o produto; se a velocidade estiver muito alta, o molinete jogará a palha para frente da plataforma, em ambos os casos as perdas serão elevadas. O controle automático de altura de corte, ativado no interior da cabine nas plataformas Hydraflex, controla automaticamente a altura de corte da palha, devido às sapatas existentes na parte inferior da plataforma. Quanto maiores essas sapatas e maior a amplitude da barra de corte, mais precisa será a altura de corte, reduzindo perdas e facilitando a operacionalidade de máquina. Outro ponto de desenvolvimento tecnológico pela engenharia foi aumentar a capacidade de corte com navalhas de duplo corte em um único ciclo. O maior diâmetro do molinete e do sem-fim aumentou a capacidade de alimentação, acompanhando o aumento da capacidade de corte.

SISTEMA DE TRILHA

dor na posição onde se sente mais confortável. A tecnologia também trouxe o monitoramento das funções da colhedora, o qual é muito importante para controlar índice de perdas, ajustes e rendimento da colhedora, fazendo com que aumente a produtividade diária da máquina com os menores índices de perdas. Todas essas praticidades operacionais são devidas à tecnologia aplicada nas colhedoras. Tecnologia é igual a maior rendimento operacional e, conseqüentemente, redução de custos de mecanização.

A tecnologia aplicada no sistema de trilha agregou maior qualidade de grão e maior capacidade de colheita com o aumento do throughput da máquina, que é a quantidade de material, palha e grão processada pela máquina. O sistema STS, com rotor longitudinal de trilha e separação, é um exemplo claro de avanço tecnológico. Mas os cilindros de trilha também evoluíram, aumentaram o diâmetro e a inércia, proporcionando maior capacidade de trilha e maior qualidade do grão.

Na cabine, controles simples e de fácil acesso proporcionam ao operador praticidade e aumentam o rendimento do trabalho

SACA-PALHAS O sistema de saca-palhas permaneceu o mesmo; isso aparentemente, pois a tecnologia evolui também neste sistema. A engenharia desenvolveu saca-palhas com maior amplitude. Como a separação do grão é feita por meio gravitacional, quanto maior amplitude de giro do saca-palha, maior será a capacidade de separação, pois o tempo e a força que o grão, que é mais pesado, tem para separar-se da palha, são maiores.

SISTEMA STS As colhedoras mais modernas da John Deere, por exemplo, são as 9650 STS e 9750 STS. Mas o que é a tecnologia STS? O sistema STS diz respeito ao conceito de um rotor com trilha e separação longitudinal que proporciona mais qualidade de grão e maior rendimento na colheita. A tecnologia dos rotores STS tem três pontos importantes do projeto: • A carcaça do rotor possui três seções com diâmetros distintos (alimentação, trilha e sepa-

PLATAFORMA DE CORTE É nas plataformas onde está o maior índice de perdas de grãos - entre 60 a 70%. O conceito de uma plataforma não mudou durante os anos, mas a engenharia aplicou estudos e, com estes, Entre 60 e 70% das perdas de grãos ocorre na plataforma de corte durante a colheita

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Fotos John Deere

No sistema CTS uma força centrífuga empurra o grão para a extremidade da carcaça, aumentando a capacidade de separação e reduzindo o índice de perdas

ração) isso garante um maior throughput, fluxo de material, possibilitando colher em velocidades maiores e em lavouras com maior quantidade de massa e maior umidade desta; • O sistema de alimentação do módulo uniformiza o fluxo de material, enviando mais suavemente e uniformemente o material para a seção de trilha; • O aumento do diâmetro da carcaça faz com que o rotor seja excêntrico à carcaça, a distância entre rotor e carcaça é maior na parte superior, gerando um processo de expansão e descompressão do material, fazendo com que o grão trilhado se separe mais facilmente da palha no módulo de separação. Um importante diferencial desse projeto são os elementos de trilha localizados em três fileiras dispostas helicoidalmente abaixo do tubo central do rotor. São cinco elementos por fileira, totalizando 15 elementos. A disposição destes elementos garante um fluxo contínuo e suave da palha sem embuchar. O desenho com linhas suaves sem pontos cortantes também auxilia na garantia da elevada qualidade de grãos colhidos pelas colhedoras STS. O sistema de separação centrífugo garante uma maior capacidade de separação com menores índices de perdas.

SISTEMA CTS A tecnologia do sistema CTS consiste em um cilindro de trilha transversal, o mesmo uti-

Martini fala da tecnologia aplicada em colhedoras e mostra a evolução destas

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lizado em colhedoras com saca-palhas, porém na parte de separação são utilizados dois rotores idênticos, que realizam uma separação centrífuga do grão entre a palha. A capacidade de separação é muito maior que a do sistema saca-palhas, pois, como explicado anteriormente, no sistema saca-palhas a separação ocorre pela amplitude de giro, ou pela força gravitacional. No sistema CTS age uma força centrífuga que empurra o grão para a extremidade da carcaça, isso facilita a separação, aumentando a capacidade de separação e reduzindo o índice de perdas.

AGRICULTURA DE PRECISÃO E COLHEDORAS A agricultura de precisão é uma outra realidade já aplicada nas colhedoras brasileiras. Por essa tecnologia são gerados mapas

de produtividade que são verdadeiras “radiografias das áreas”, mostrando onde há uma maior ou menor produtividade. Essa informação é muito valiosa para o gerenciamento metro a metro do talhão visando a redução de custos. O mapa de produtividade traz informações detalhadas da produtividade do talhão e dá parâmetros para diagnosticar e corrigir as causas de baixas produtividades em algumas áreas do talhão e/ou estudar o por quê de áreas com produtividade mais elevada. Esse sistema gera os mapas através da localização dada pelo GPS e mais as informações disponibilizadas pelos sensores instalados na máquina - como o sensor de produtividade e o sensor de umidade dos grãos colhidos. Um dos principais benefícios dos mapas


“O rendimento de uma colhedora é analisado pelo índice de perdas à determinada velocidade de corte”

Rotor com trilha e separação longitudinal que proporcionam mais qualidade de grão e maior rendimento na colheita

de produtividade é a indicação da variabilidade da produção dos talhões que pode ajudar a identificar as suas causas, possibilitando assim uma redução dos custos e/ou um aumento da produtividade. Com esse tipo de radiografia e identificação dos problemas é possível a correção dos níveis de fertilidade, da compactação do solo, de problemas de drenagem ou mesmo de pragas de solo. Um outro grande benefício desse tipo de mapa é que estes são grandes indicadores dos efeitos de práticas de manejo diferentes sobre a área e também são os melhores indicadores das zonas de manejo ou de zonas que necessitem receber o mesmo manejo ou um manejo

diferenciado.

CAPACIDADE DE THROUGHPUT Toda essa tecnologia empregada nas colhedoras foi com o objetivo de aumentar o throughput da máquina, ou seja, o material que é processado pela máquina a um certo índice de perdas. O rendimento de uma colhedora é analisado pelo índice de perdas a determinada velocidade de corte. Aumentando a velocidade de avanço da máquina, aumenta o throughput e conseqüentemente as perdas, como mostrado nos gráficos. O importante é ter uma grande capacidade de processamento com baixo índice de perdas, isso aumenta o

rendimento de uma colhedora, e é aí que entra a tecnologia. Hoje é possível o produtor aumentar a área plantada e simultaneamente reduzir o numero de máquinas. Recomendava-se que um produtor que plantava 1,9 mil ha de arroz dipusesse de 19 máquinas, hoje, este mesmo produtor pode plantar quatro mil ha e ter apenas 12 colhedoras com tecnologia CTS, que elas cumprirão adequadamente toda a tarefa de colheita. Como falado anteriormente, o índice de perdas aceitável pelos produtores se reduziu, mas houve a necessidade de se aumentar o rendimento diário das máquinas. Isso foi alcançado graças à tecnologia que possibilitou ao produtor reduzir a quantidade de máquinas no campo e os custos de M mecanização. Eduardo Martini, Jeferson Oliveira e Fabio Baio, John Deere


UMAS

Nova ferramenta A Unidade Móvel de Amostragem do Solo (UMAS) é mais uma importante ferramenta da Agricultura de Precisão para análise das propriedades e dos parâmetros dos solos agrícolas

O

gerenciamento das diversas atividades agrícolas é uma das principais atividades da Agricultura de Precisão. Para tanto é necessária a maior quantidade possível de informações - precisas e georreferenciadas - do solo, da cultura e do meio ambiente.

mapas de isolinhas ou isofaixas de parâmetros e propriedades do solo (compactação, umidade, densidade e pressão de pré-consolidação). O primeiro equipamento, acionado e movimentado por um pistão e válvulas hidráuli-

UMAS

DESCRIÇÃO GERAL Na Unidade Móvel de Amostragem de Solo (UMAS) estão instalados dois equipamentos: um penetrômetro hidráulico-eletrônico, utilizado para a determinação da resistência mecânica à penetração do solo (ou índice de cone – IC), e um amostrador hidráulico-mecânico de Amostras Indeformadas do Solo, confinadas em anéis padrões. A UMAS está equipada com um sistema para localização geográfica (GPS Ag 132 – Trimble) com sinal de correção DGPS (Omnistar), possibilitando o georreferenciamento, tanto das amostras de IC como das amostras indeformadas, que, através da utilização de sofwares específicos (GS+, Surfer, SSToolBox) e da geoestatística (semivariogramas), poderão gerar

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A

Unidade Móvel de Amostragem do Solo (UMAS) nada mais é que uma carreta fechada, do tipo trailer, de um eixo, que pode ser transportada através das rodovias, rebocada por carros e caminhonetes, utilizando o engate universal, para o deslocamento entre as propriedades agrícolas. Quando da execução de trabalhos no campo, ela deve ser tracionada por um trator agrícola com engate na barra de tração e com sistema de acionamento hidráulico para movimentação dos órgãos de acionamento dos equipamentos instalados na carreta.

cos, está equipado com um sistema eletrônico de aquisição de dados (Micrologger 23X – Campbell Cientific), onde ficam registrados os valores de força obtidos através de uma célula de carga, quando da penetração no solo do cone normalizado (ASAE S313.2), e os dados correspondentes à sua profundidade de penetração, gerados por um potenciômetro. Com a transferência dos dados armazenados no Micrologger para um computador, tornam-se possíveis a geração de gráficos de resistência mecânica à penetração do solo e de IC e a geração de mapas de isocompactação do solo. O segundo equipamento utiliza motores e válvulas hidráulicas que acionam dois tubos concêntricos para a penetração no solo. O tubo externo, além do movimento de translação para cravar no solo, possui também o movimento de rotação e é equipado com uma rosca semfim de duas entradas. O tubo interno, onde estão instalados os anéis para amostragem indeformada do solo, apresenta somente o movimento de translação e está sincronizado com o movimento do tubo externo. O mecanismo de transmissão dos movi-


“Com o georreferenciamento das amostras e posterior análise em laboratório, torna-se possível a geração de mapas dos mais diversos parâmetros e das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo”

Fotos Kléber Lanças

Unidade móvel de amostragem de solo em operação

Detalhe do amostrador de solo: acionamento hidráulico e tubo extrator

de dados (Micrologger), possibilita o georreferenciamento desses pontos.

das entre os pontos amostrais, criando-se uma malha de dados coerente com o estudo de variabilidade espacial desse atributo do solo.

COLETA DE DADOS

mentos do motor para os tubos é realizado por rodas dentadas e um sistema de corrente, sendo a inserção e a retirada do anel amostrador no tubo interno realizada de forma manual, através de abertura de uma janela no tubo. Com o georreferenciamento das amostras e posterior análise em laboratório, torna-se possível a geração de mapas dos mais diversos parâmetros e das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Como exemplo, na área de física do solo, podem-se citar o teor de água, a densidade e o valor da pressão de pré-consolidação; na área de química do solo, têm-se as taxas de toxicidade, o pH e a fertilidade do solo e, na área de biologia do solo, o teor de matéria orgânica. O sistema de posicionamento global diferencial (DGPS), cujos dados dos pontos amostrais (latitude, longitude e altitude) são armazenados diretamente no sistema de aquisição

A coleta dos dados no campo pode ser realizada de forma aleatória, ou através de malhas quadradas/retangulares, ou seguindo a curva de nível do terreno. Para tanto, devem ser instalados no conjunto: uma barra de luzes (“light bar”) no painel do trator, que indica o alinhamento longitudinal do caminhamento do conjunto através de prévia programação no receptor do DGPS, e um sensor de rotação na roda da carreta, que fornece os pulsos e, portanto, a distância transversal entre os pontos amostrais. O sensor de rotação da roda envia os pulsos para uma buzina elétrica e/ou lâmpada, que fornece o sinal para que o tratorista pare o conjunto, no local do ponto amostral previamente selecionado. Com isso, podem ser obtidas as distâncias longitudinais e transversais deseja-

OBTENÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS MAPAS Para a confecção do mapa, a área deve ser dividida em malhas (“grids”) que variam de tamanho de acordo com os estudos geoestatísticos de variabilidade espacial do solo em questão, podendo ser 5 x 5 m, 10 x 10 m e assim por diante. Após a seleção da malha mais adequada, o conjunto deve ser programado (barra de luzes e sensor de rotação) para que os pontos amostrados coincidam com o centro dessas malhas, obtendo-se, assim, as amostras georreferenciadas desejadas. Os valores da variável estudada entre os pontos da malha são calculados por métodos de interpolação, sendo o mais utilizado o método da krigagem. O sistema permite a confecção de mapas de isocompactação para diversas profundidades, teores de água e fertilidade, entre

Detalhe de acionamento do amostrador do solo

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Fotos Kléber Lanças

COMPONENTES DO DGPS

1

) Receptor AgGPS 132 - Fabricado pela Trimble; 2) Barra de luzes (“light bar”); 3) Antena dupla para GPS e correção diferencial via satélite; 4) Cabos e conexões. outros. Para o processamento dos dados de campo, foi criado um conjunto de programas desenvolvidos em linguagem Clipper, a fim de realizar o tratamento dos dados (retirada de dados não desejados e ordenação dos mesmos) para confecção de gráficos em planilhas eletrônicas (Excel) e criação dos mapas em programas específicos (Surfer, SSToolBox). Os mapas de isocompactação do solo, elaborados com os dados obtidos com o penetrômetro hidráulico-eletrônico, são importantes ferramentas para utilização na agricultura de precisão. Esses mapas podem ser obtidos de várias formas, ou seja, em duas ou três dimensões e em camadas relacionadas com a profundidade do solo. Com os mapas de isocompactação, associ-

Kléber destaca as principais vantagens da Unidade Móvel de Amostragem de Solo

Anéis sendo retirados do extrator e em operação

Detalhe dos anéis com amostras extraídas pela unidade

ados aos mapas de isoumidade e tipo de solo, pode-se tomar a decisão de mobilização do solo, através do uso de escarificadores e subssoladores nas áreas em que os mapas fornecem informações de maior compactação. Essa recomendação poderá ser transcrita para um mapa de aplicação localizada, e a operação de mobilização do solo poderá ser gerenciada por esse mapa. O gerenciamento poderá ser manual, com o operador da máquina acionando o sistema hidráulico, ou poderá ser automático, com a utilização de sensores que irão acionar o sistema hidráulico do trator. Dessa forma, a mobilização do solo deixa de ser uma operação utilizada indiscriminadamente em toda a área agrícola, o que poderá significar uma substancial economia na con-

dução de uma cultura. Os ensaios de campo realizados com a UMAS apresentaram praticidade e grande economia de tempo e pessoal, e minimizou-se a interferência do operador na obtenção dos resultados, melhorando a precisão e a confiabilidade. Diversos talhões, com diferentes tipos e condições do solo, tipo de cultura e condições topográficas, foram amostrados, gerando os mais variados mapas de propriedades e parâmetros do solo. M Kléber Pereira Lanças, Unesp

ANÁLISES QUÍMICAS

A

s análises químicas do solo (pH, macro e micronutrientes) também poderão ser obtidas utilizando-se o mesmo equipamento, através da retirada de amostras com o Amostrador de Solo da UMAS. Dessa forma, diversos mapas de isolinhas poderão ser obtidos, os quais estarão relacionados com a fertilidade do solo, fornecendo subsídios para as recomendações de aplicação de insumos de forma localizada e com taxas variáveis.

Anéis da unidade com amostras indeformadas

26 • Dezembro 28 Fevereiro 06 05 / Janeiro 06



plantadora de batata

Velocidade controlada

A velocidade de operação no plantio mecanizado da batata pode influenciar no desempenho de distribuição dos tubérculos, no espaçamento da cultura e até na produtividade final das lavouras Fotos Rouverson P. da Silva

infinitamente o bom desenvolvimento das raízes e dos tubérculos da cultura. Alguns autores têm procurado estudar alternativas para o preparo do solo. Nesse sentido, têm testado alguns sistemas para o preparo do solo, visando ao plantio de batata, concluindo, por exemplo, que os sistemas de cultivo mínimo e de plantio direto mostram-se viáveis como alternativa ao uso do sistema convencional.

PLANTIO MECANIZADO No plantio mecanizado de batata são utilizadas plantadoras-adubadoras, que abrem o sulco e depositam as batatas-semente e o adubo a profundidades e espaçamentos adequados, cobrindo-as em seguida. De acordo com o mecanismo distribuidor, as plantadoras podem ser classificadas em automáticas e semi-automáticas. A plantadora PB-2, da Mafes Implementos Agrícolas, por exemplo, é uma máquina que permite o plantio de sementes de classe de tamanho 0 a 4, possibilitando uma distribuição de tubérculos com espaçamento compatível com o obtido no plantio manual. A profundidade de plantio pode variar de dez a 15 cm, pois profundidades menores podem ocasionar prejuízos em épocas de pouca chuva, enquanto que profundidades maiores podem prejudicar a emergência.

VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO Para avaliar a influência da velocidade de deslocamento de uma plantadora-adubadora Mafes PB-2 sobre a uniformidade de distribuição da batata, realizou-se um trabalho no município de Serra do Salitre (MG) durante o plantio das águas, em solo classificado como Latossolo Vermelho distrófico, com teor de água de 4,5%, em área anteriormente ocupada com Brachiaria (Brachiaria decumbens). Após a correção do solo, realizou-se o preparo periódico deste para a cultura da bata-

A

batata (Solanum tuberosum sp.) é nativa da América do Sul e apresenta importante papel na nutrição humana, ocupando o quarto lugar entre os alimentos mais consumidos no mundo. No Brasil, é a principal olerícola cultivada, com área de aproximadamente 180 mil

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ha e produção superior a 2,7 milhões toneladas/ano, sendo o estado de Minas Gerais líder nacional em produção e produtividade. Para garantir emergência uniforme, devido à fragilidade do sistema radicular da batata, o solo para sua implantação deverá ser o mais pulverizado possível. Isso facilita

Turbo Rotor Mafes CM-15 em operação


“No plantio mecanizado de batata são utilizadas plantadoras-adubadoras, que abrem o sulco e depositam as batatas-semente e o adubo”

Plantadora-adubadora de batata MAFES-PB2 sendo abastecida

perfície do camalhão ao fundo do sulco de plantio no ponto central de cada parcela.

RESULTADOS OBTIDOS

ta, utilizando-se enxada rotativa com lâminas do tipo veloz, trabalhando a 175 rpm no rotor e a profundidade média de 20 cm. Na seqüência, utilizou-se outro modelo de enxada rotativa, denominada Turbo Rotor, que trabalha a profundidade média de 40 cm e foi tracionada por um trator 4x2 TDA, com potência de 55 kW (75 cv). Em seguida foi realizada a adubação de correção de fósforo, incorporado com o próprio Turbo Rotor a 85 rpm no rotor, a profundidade de 40 cm. A dosagem utilizada foi de 1 mil kg/ha da fórmula 0-20-0. O plantio foi realizado com plantadoras-adubadoras Mafes PB-2 de duas linhas, acionadas pela TDP; uma tracionada por um trator MF 275 (4X2 TDA) com velocidade média de 3,6 km/h (V1) a 1,7 mil rpm, e outra, por trator John Deere 5403 (4x2 TDA) com velocidade média de 4,2 km/h (V2) a 2,5 mil rpm. O espaçamento almejado foi de 80 cm entre linhas e de 33 cm entre tubérculos, com profundidade espe-

rada de 12 cm, sendo utilizados no plantio tubérculos do tipo 2, com massa média de 92 g. Após o plantio, foram realizadas determinações em 88 parcelas distribuídas em quatro áreas retangulares (55,0 x 1,6 m). Foram analisados a distribuição de tubérculos por metro, a profundidade dos tubérculos e o espaçamento entre eles. A distribuição dos tubérculos foi avaliada para permitir a classificação dos espaçamentos em aceitáveis, múltiplos e falhos, de acordo com a sua distribuição dentro de limites estabelecidos para o espaçamento de referência. Esses limites foram estabelecidos de acordo com a metodologia adotada na Montesa Agropecuária Comercio, Importação e Exportação Ltda., sendo considerados espaçamentos aceitáveis aqueles que se encontravam dentro de uma faixa de ± 15% do espaçamento de referência. Para determinação da profundidade dos tubérculos, foi utilizado um paquímetro digital, com precisão de 0,01 mm, medindo-se a distância da su-

Pela Tabela 1 pode-se observar que para a velocidade V2 houve menor espaçamento médio em relação aos obtidos com a velocidade V1. Além disso, pode-se observar que a velocidade 4,2 km/h apresentou espaçamento longitudinal médio mais próximo do espaçamento de referência do que a velocidade 3,6 km/h. O coeficiente de variação encontrado foi de 6,9%. O espaçamento médio para a velocidade de 3,6 km/h apresentou-se 90,9% dentro dos espaçamentos aceitáveis, enquanto que, para a velocidade de 4,2 km/h, esse índice foi de 71,2%. Quanto aos espaçamentos falhos, a velocidade de 3,6 km/h apresentou índice de 6,1%, e a velocidade 4,2 km/h, de 13,6% (Tabela 2). No deslocamento da plantadora a 4,2 km/h encontrou-se maior porcentagem de espaçamentos duplos do que para a velocidade de 3,6 km/h. Considerando-se que a relação para valores mínimos aceitáveis é de 75%, pode-se afirmar que a plantadora MAFES PB-2 obteve um bom desempenho na distribuição de tubérculos para a velocidade de 3,6 km/h, enquanto que para a velocidade de 4,2 km/h a distribuição não atingiu o índice satisfatório de 85%, deterM minado pela norma. Rouverson Pereira da Silva, André Gustavo de Carvalho Paiva, Carlos Eduardo Angeli Furlani e Afonso Lopes, Unesp Tabela 1 - Espaçamento longitudinal entre tubérculos (EL), número de tubérculos por metro (NT) e profundidade de tubérculos (PT), em função da velocidade de deslocamento Velocidade (km/h) 3,6 4,2 CV:

EL (cm) 34,6 b 32,8 a 6,90%

NT 3,0 a 3,2 a 15,6 %

PT (cm) 12,2 b 10,7 a 13,20%

Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

Tabela 2 - Distribuição de tubérculos por classe de espaçamento Espaçamentos (cm)

Determinação da profundidade dos tubérculos no plantio mecanizado de batatas

Rouverson (esquerda) fala da importância do controle de velocidade no plantio mecanizado da batata

Referência: 33,0 Aceitáveis: 28,0 a 38,0 Múltiplos: < 28,0 Falhas: > 38,0

Freqüência acumulada (%) 3,6 km/h 4,2 km/h — — 90,9 71,2 3,0 15,2 6,1 13,6

Fevereiro 06 • 31


secadores

Como secar? Dentro da cadeia produtiva, secar os grãos é a etapa que mais consome energia, por isso a busca de alternativas energéticas para secagem dos produtos agrícolas é de fundamental importância para o sucesso da atividade

D

entro da cadeia de produção de grãos, que compreende plantio, tratos culturais, colheita, transporte, pré-processamento e armazenagem, a etapa de secagem é a que mais consome energia. A secagem é responsável por 60% da energia usada na produção de grãos. Dependendo do custo do combustível e do preço do produto no mercado, uma escolha inadequada da fonte de energia pode resultar em redução da margem de lucro, ou até mesmo em prejuízos para o agricultor. Surge, portanto, a questão: qual a melhor fonte de energia para aquecimento do ar de seca-

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gem? Para responder a essa pergunta, vamos levantar alguns aspectos técnicos relativos à energia usada no processo de secagem. Primeiro, é preciso lembrar que, de um modo geral, a secagem de produtos agrícolas é feita insuflando-se ar aquecido através do produto. Esse ar é movimentado por ventiladores acoplados a motores elétricos. Para energia elétrica, não há outra escolha, mas podemos aproveitá-la melhor, se forem realizadas as manutenções periódicas nos motores (lubrificação, tensionamento das correias, limpeza, utilização de motores de alto

rendimento etc). Com relação ao ar, é este que irá retirar e transportar a umidade dos grãos, secando-os. Para que isso ocorra, é necessário aumentar o potencial de secagem do ar, fornecendo-lhe energia que aumente sua temperatura. Nesse ponto, esbarramos novamente na pergunta: qual a melhor fonte de energia para aquecimento do ar ambiente?

OPÇÕES VIÁVEIS Vejamos a seguir quais são as opções mais viáveis para aquecimento do ar de secagem de produtos agrícolas.


“Primeiro, é preciso lembrar que, de um modo geral, a secagem de produtos agrícolas é feita insuflando-se ar aquecido através do produto” Fotos Kepler Weber

A lenha é a principal fonte de energia utilizada na secagem de produtos agrícolas

tamentos); os resíduos florestais e de indústrias madeireiras; e os resíduos agrícolas como cascas, sabugos e palhas. 5) Outras Fontes: Algumas propriedades rurais, dependendo das atividades nela desenvolvidas, geram resíduos e dejetos que podem ser usados para produzir biogás. O biogás pode ser utilizado como combustível para aquecer o ar de secagem. A tabela abaixo resume as vantagens e desvantagens das principais fontes de energia para secagem de produtos agrícolas.

O ENERGÉTICO BIOMASSA 1) Energia Elétrica: É a mais prática, de fácil controle e automação, entretanto, é a mais onerosa. Por isso, torna-se inviável para secagem, uma vez que o custo encarece demasiadamente o produto final. Só deve ser recomendada para propriedades que dispõem de geração própria de energia, por meio, por exemplo, de microcentrais hidrelétricas; 2) Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e Gás Natural: Permite também de modo fácil e simples o controle e a automação do processo de secagem, entretanto, o constante aumento do preço do GLP, associado ao preço do petróleo, tem desmotivado alguns produtores quanto ao uso desse energético. Quanto ao gás natural, ainda é pequena a rede de distribuição no país; 3) Energia Solar: É não poluente, porém, requer investimentos em coletores solares para aumentar a temperatura do ar de secagem. Quando se trata de grandes volumes de grãos a secar, tem se preferido o uso de terreiros cimentados. Essa opção precisa ser bem estudada, pois, além do custo de implantação, ocupa áreas nobres da fazenda, o tempo de secagem é demorado e, de-

pendendo das condições climáticas, pode comprometer a qualidade do produto. Para uma secagem segura com energia solar, é necessária uma fonte complementar de energia para os períodos de baixa radiação. Nesse caso se recomenda, por exemplo, a utilização do terreiro secador. 4) Energia de Biomassa: Essa é a fonte de energia por excelência para utilização na secagem de produtos agrícolas, pois pode ser obtida na própria fazenda. As principais são a lenha, obtida de áreas de reserva (refloresFonte de Energia Elétrica

Uma vez que a biomassa é o energético mais econômico, julgamos oportuno mencionar alguns processos utilizados na obtenção de sua energia. A biomassa pode se transformar em energia útil basicamente de duas formas: Conversão Termoquímica e Conversão Bioquímica, conforme o esquema abaixo. Os processos termoquímicos envolvem calor e reações químicas. A combustão é a queima da biomassa, isto é, a sua transformação em calor útil. Essa liberação de energia ocorre em fornalhas e pode ser aprovei-

Vantagens Prática, limpa, de fácil automação e controle e não poluente Versátil, limpa, de fácil automação e controle

Desvantagens Custo elevado quando comparado ao de outros energéticos GLP – Gás liquefeito de petróleo Custo associado ao dólar, apesar de subsidiado parcialmente pelo governo. Vem se tornando caro Solar Não poluente, disponível durante boa parte Requer grandes áreas de captação e concentração do ano, inesgotável na escala de tempo do de energia. Custo inicial de implantação elevado. homem, “gratuita” Nem sempre está disponível para secagem Biomassa (lenha e resíduos agrícolas) Pode ser produzido na propriedade. Menor Pode contaminar o produto com fumaça, nesse caso custo de todos energéticos. Não requer requer o uso de trocador de calor. Baixa eficiência mão-de-obra qualificada de conversão. Uso intensivo de mão-de-obra Outras Fontes Vantajoso se possível de se obter na Cuidados ambientais requeridos propriedade a custo competitivo


Fotos Jadir N. da Silva

Gaseificador de fluxos mistos e gaseificador de fluxo contracorrente para secagem de grãos

QUAL A MELHOR?

P

ara estabelecer qual a fonte de energia mais indicada para secagem de grãos, devemos levar em consideração os seguintes aspectos: 1) Disponibilidade do energético. É um dos principais fatores a ser considerado, mais importante mesmo que os custos envolvidos, pois, se não dispor da fonte de energia para aquecimento do ar de secagem na hora certa, pode-se perder toda colheita; 2) Custos da energia. É o fator que mais chama a atenção do produtor: “Quanto vai me custar o combustível? ” Sempre em busca de minimizar seus custos de produção, ele procura o energético de menor preço; 3) Aspectos ambientais relativos ao uso de determinado energético. Não se deve optar por combustíveis que poluam o local de trabalho e contaminem o produto, deixando cheiro ou gosto, nem por aqueles cuja obtenção cause impacto ao meio ambiente; 4) Aspectos sociais. Hoje em dia, a geração de empregos é fator primordial para evitar o êxodo rural e, conseqüentemente, a marginalização nos meios urbanos.

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sumindo mais lenha. A gaseificação da biomassa é a conversão desta em gases combustíveis, que podem ser queimados gerando energia térmica limpa propícia à secagem de grãos. Esse processo ocorre em gaseificadores ou gasogênios com eficiência de cerca de 70 a 85%. A desvantagem dessa tecnologia está no fato de o equipamento, por não ser produzido Charles Echer

tada diretamente ou indiretamente no aquecimento do ar. Produtos agrícolas como café em casca, arroz, milho e soja podem ser secos com ar aquecido diretamente pela biomassa em fornalhas de fogo direto. Outros produtos, como café despolpado ou descascado, cacau e trigo requerem energia mais limpa, sem fumaças e partículas. Nesse caso a fornalha deve ser de fogo indireto, isto é, dotada de trocador de calor. Essas fornalhas apresentam eficiência inferior à metade da eficiência térmica das de fogo direto, con-

em série, não ser facilmente encontrado no mercado. As fotos ao lado ilustram um gaseificador para secagem de grãos. Das outras conversões térmicas da biomassa, temos a pirólise, que é a degradação térmica da biomassa na ausência total ou parcial de ar. Esse processo produz o carvão vegetal, líquidos pirolenhos e gases que podem ser aproveitados como fonte de energia. O uso do carvão para secagem é viável, por ser altamente energético e gerar energia limpa, porém, seu preço vem se elevando no mercado, devido à utilização na siderurgia nos processos de fabricação de aço, tornando-o não competitivo. Já a liquefação da biomassa, isto é, sua conversão em líquidos combustíveis, ainda é um processo muito caro que requer alta tecnologia.


“A gaseificação da biomassa é a conversão desta em gases combustíveis, que podem ser queimados gerando energia térmica limpa propícia à secagem de grãos”

Por último, mas não menos importante, citamos os processos de bioconversão da biomassa. Trata-se da fermentação, pela qual se produz o álcool combustível, que, por ser um líquido de energia concentrada, tem valor como carburante de veículos automotores, como alternativa direta da gasolina automotiva, logo, de custo elevado para secagem. Já a digestão anaeróbia de resíduos sólidos, na qual se produz o metano, gás de alto teor energético, só é viável caso haja disponibilidade de matéria-prima (dejetos de animais e restos culturais) e condições favoráveis à sua produção e imediata utilização, isto é, sem armazenamento e transporte, sempre custosos para os combustíveis de natureza gasosa. Afinal, qual a melhor alternativa ener-

gética para a secagem de produtos agrícolas? A resposta não é simples. O produtor deve considerar os vários aspectos aqui discutidos, como a disponibilidade do energético, o custo, os investimentos em tecnologia, os aspectos ambientais e sociais relacionados à sua utilização e segurança, nível de exigência do produto a ser seco quanto à qualidade do ar de secagem (contaminação) etc. Somente após considerar todos esses aspectos é que poderá decidir-se pelo energético mais adequado para esse fim. Além desses aspectos, o agricultor deverá tomar todos os cuidados para a utilização racional dos equipamentos envolvidos no processo e, assim, implantar um sistema de secagem capaz de proporcionar um produto de M qualidade e competitivo no mercado.

Jadir e Roberto apresentam as alternativas energéticas para secagem de grãos

Jadir Nogueira da Silva, UFV Roberto Precci Lopes, UFRRJ


calibração Case IH

Calibração correta

Nenhum agroquímico pode funcionar de forma satisfatória se não for corretamente aplicado. Para bons resultados, é preciso utilizar o produto certo, na concentração e na quantidade adequadas, no tempo e no alvo corretos. Isso só é possível com equipamentos bem calibrados

A

tualmente, a maioria dos produtos químicos utilizados é formulada para aplicação líquida, e os equipamentos utilizados para tanto são, em geral, pulverizadores que utilizam princípios bastante similares. Os pulverizadores manuais de ar comprimido são bastante utilizados quando se deseja fazer tratamentos em áreas reduzidas ou pequenos trabalhos de aplicação, nos quais equipamentos de grande porte são desnecessários. Também, para o tratamento em áreas de difícil acesso. Porém, os mais utilizados são os pulverizadores de baixa pressão, relativamente de baixo custo e adaptados a vários usos, incluindo aplicações em pré e pós-emergência para controle de plantas, insetos e doenças. Eles podem ser montados em tratores, vagões, veículos aéreos e terrestres. Atualmente, os mais utilizados são os pulverizadores de barras que utilizam energia hidráulica. A operação dos pulverizadores de barras inclui todas as atividades – antes, durante e após o uso no campo – que afetam a qualidade da pulverização. Podem-se citar as atividades de planejamento, ajuste preliminar, calibração, enchimento, transporte, operação de campo, limpeza e armazenamento.

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PLANEJAMENTO E AJUSTE O planejamento preliminar começa com a decisão de aplicar e a escolha do produto específico. Devem-se consultar boletins, serviço de extensão, anúncios e especialistas da área para conselhos. Enquanto o produtor escolhe, é preciso decidir também como vai ser aplicado – nesse caso verificar a bula do produto é fundamental. Nessa fase, devem-se estabelecer a taxa de aplicação, o número, a disposição e os tipos de bicos e a velocidade apropriada para operação. A seleção do tipo de bico depende basicamente da velocidade de avanço do pulverizador, da largura efetiva de aplicação de cada bico e da taxa de aplicação a ser

Os pulverizadores manuais de ar comprimido são muito utilizados em pequenas propriedades

utilizada. A escolha da velocidade de deslocamento do conjunto trator/pulverizador deve considerar a topografia e as condições climáticas da área, a cultura, a potência do trator e/ou o equipamento em questão. A taxa de aplicação, expressa normalmente em litros por hectare (l/ha), é o volume total pulverizado, que é listado na embalagem. Ele inclui o veículo (água, fertilizante etc.) e a quantidade de produto a aplicar por hectare. O volume de aplicação pode ser influenciado também por condições específicas de aplicação, como alvo, clima e tipo de solo.

BICO PULVERIZADOR Para escolher o bico correto de pulverização, devem-se seguir os seguintes passos: 1) Selecione o volume de aplicação (l/ ha); 2) Estabeleça a velocidade efetiva de deslocamento (km/h) – nesse caso, não se deve utilizar o velocímetro do trator, pois a variação da medida do pneu e/ou sua patinagem podem causar erros. Para isso, escolha a marcha de trabalho e acelere o trator até a rotação de trabalho exigida pela bomba do pulverizador (a maioria trabalha com 540 rpm). Depois percorra, na área de trabalho, uma distância de 50 metros e meça o tempo gasto pelo conjunto trator-pulverizador;


“A maioria das falhas na aplicação de defensivos pode ser devida a práticas de aplicações insuficientes” Fotos Ricardo F. Garcia

A pulverização aérea é alternativa para as grandes áreas de cultivo

3) Determine a largura real de pulverização de cada bico (m) – no pulverizador de barras, a largura é o espaçamento entre os bicos; 4) Calcule a vazão para cada bico (l/min) – vide exemplo BOX 1; 5) Selecione o bico que dará a vazão calculada dentro da faixa de pressão adequada. Consulte os catálogos disponíveis de vendedores de equipamentos ou de fabricantes de bicos.

CALIBRAÇÃO

Charles Echer

A maioria das falhas na aplicação de defensivos pode ser devida a práticas de aplicações insuficientes. Por outro lado, uma aplicação excessiva pode causar grandes problemas ambientais. A calibração adequada dá a certeza de que a área que está sendo pulverizada recebe a quantidade certa de produto, evitando assim carência ou excesso e garantindo também a eficiência da aplicação. A calibração do pulverizador visa determinar o volume de aplicação de calda (l/ha) e compará-lo ao volume de aplicação recomendado, a fim de regular o equipamento e corrigir a aplicação, quando necessário. Antes de calibrar um pulverizador, tenha em mãos: • um cronômetro para determinar a velocidade de deslocamento e a vazão do bico; • uma trena de 50 m para determinar a

distância de deslocamento; • um ou mais copos calibrados em ml para determinar a vazão dos bicos; • uma calculadora simples; • um manômetro calibrado, com escala compatível com a faixa de vazão do bico, para verificar a pressão de trabalho; • estacas para demarcar a distância percorrida. Para iniciar o trabalho, verificar se o pulverizador está devidamente lubrificado e limpo e se suas partes estão em perfeito funcionamento – bomba, mangueiras, conexões, manômetro, registros, bicos, filtros, tanque e demais partes. Abasteça o pulverizador com água limpa até a metade e o opere na faixa de pressão recomendada e na rotação de trabalho da bomba (geralmente 540 rpm). Coloque um recipiente graduado sob cada bico para verificar a vazão (l/min). Substitua, quan-

do for o caso, o bico que apresentar uma saída de 5% acima ou abaixo da média de todos os bicos. Substituir também qualquer bico com ângulo ou saída não uniforme. Depois, marque 50 m na área a ser trabalhada ou em outra superfície bem semelhante. Selecione a marcha de trabalho e fixe a rotação do motor no acelerador manual

EXEMPLO I

U

m herbicida deve ser aplicado com pulverizador de barras montado ao trator com o volume de aplicação de 150 l/ha. Num ensaio preliminar em campo, o conjunto trator-pulverizador percorreu 50 m e gastou 32 s utilizando a rotação de 540 rpm na TDP. A distância entre os bicos é 0,5 m. Cálculo da velocidade de deslocamento v = velocidade de deslocamento (km/h); d = distância percorrida (m), e t = tempo gasto (s).

= 5,6 km/h Cálculo da vazão do bico pulverizador q = vazão de calda por bico (l/min); Q = volume de aplicação de calda do pulverizador (l/ha), e f = faixa de aplicação de cada bico (m).

= 0,7 l/min

Os pulverizadores de baixa pressão em barras ainda são os mais utilizados nas lavouras

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Charles Echer

rar seu valor com o desejado (indicado pela bula do produto químico ou por técnico). Se o volume de aplicação obtido na calibração for acima do desejado, deve-se diminuir a pressão de trabalho (respeitando a faixa de pressão do bico), trocar a marcha do trator para obter maior velocidade, ou trocar os bicos por outros de menor vazão. Em compensação, se o volume obtido for abaixo do desejado, deve-se aumentar a pressão de trabalho, trocar a marcha para obter menor velocidade, ou trocar os bicos M por outros de maior vazão. Ricardo Ferreira Garcia UENF

Divulgação

para 540 rpm na TDP. Anote o tempo gasto para percorrer os 50 m e calcule a velocidade em km/h (conforme exemplo). Com o trator em ponto morto e acelerado na mesma rotação (540 rpm na TDP), regular o manômetro do pulverizador com os bicos abertos dentro da faixa de pressão recomendada para os bicos utilizados. Coletar o volume em um dos bicos no tempo igual ao gasto para percorrer os 50 m. Repetir a operação em vários bicos e estabelecer a média. Calcular em seguida a vazão por bico (l/min). Em seguida, calcular o volume de pulverização real do equipamento. Encontrado o volume de aplicação real na operação de calibração, deve-se compa-

EXEMPLO II

U

m trator percorreu 50 m acionando um pulverizador (com 540 rpm) durante um teste de calibração, gastando 35 s. Em seguida, com o trator parado acionando o pulverizador a 540 rpm, foi coletado nos bicos um volume médio de 385 ml durante os 35 s de funcionamento. Os bicos estão dipostos com 50 cm de espaçamento na barra. Cálculo da velocidade de deslocamento v = velocidade de deslocamento (km/h); d = distância percorrida (m), e t = tempo gasto (s).

= 5,6 km/h Cálculo da vazão do bico pulverizador q = vazão de calda por bico (l/min); V = volume médio coletado dos bicos (l/min), e t = tempo gasto (s).

= 0,66 l/min Cálculo do volume de aplicação de calda Q = volume de aplicação de calda do pulverizador (l/ha); q = vazão de calda por bico (l/min); v = velocidade de deslocamento (km/h), e f = faixa de aplicação de cada bico (m).

Ricardo demonstra o efeito da pulverização na dessecação de plantas de cobertura

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= 141,4 l/ha


Acelera...

C

om 20 apresentações ao longo do ano, sendo 14 em feiras, quatro o Festivais e dois em Grandes Prêmios (realizados em Não-Me-Toque (RS), e Maripá (PR), o Arrancadão de Tratores ganhou projeção em 2005. Organizado pela HSJ Desenvolvimento, com patrocínio da Vipal, Firestone e Petrobras, a categoria chamou a atenção do púbico em vários estados e ganhou destaque na imprensa. Segundo Heinz Schreiber “Alemão” Júni-

por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br

or, diretor da HSJ Desenvolvimento, o Arrancadão de Tratores atingiu alto nível técnico, mostrando equilíbrio, além de as equipes terem trabalhado muito no visual dos tratores. “O que nos deixa gratificados é que empresas como Vipal e Master Power já testam produtos na categoria. A Master Power já está testando turbinas nos arrancadões de tratores e já projeta uma turbina exclusiva para o setor agrícola, ao passo que a Vipal testa novos compostos de borracha para pneus agrícolas”, afirma Heinz.

O Festival Vipal de Arrancada de Tratores, realizado em Maravilha, no Oeste de Santa Catarina, atraiu 20 mil pessoas. Além das provas de arrancadas, a equipe Zerinho Bomba Show levou o público ao delírio com manobras radicais como zerinhos, cavalosde-pau, entre outras, encerrando o ano com chave de ouro. Esperamos que 2006 seja ainda melhor, com mais provas e competidores, que o público e a mídia já estão garantidos!

Fotos Fabiano Dallmeyer

Ivan Schanoski é o novo campeão brasileiro de Arrancada de Tratores

I

van Schanoski, agricultor de 23 anos em Maripá (PR), é o novo campeão brasileiro de Arrancada de Tratores, vencendo o Arrancadão de Tratores de Maripá/GP Vipal, disputado no tratoródromo da cidade em novembro último, reunindo 17 competidores. Além da vitória, o mais jovem participante do arrancadão de trator estabeleceu o novo recorde da pista, com o tempo de 9s491. O calor predominante fez com que acontecessem muitas quebras, algumas delas influenciando na classificação final, como a de David Bretzke, na última bateria classificatória, e a de Aldir Luiz Muller na segunda rodada da semifinal. David quebrou o comando de válvulas de seu trator na última bateria classificatória, e os mecânicos passaram a trabalhar contra o reló-

gio para abrir o motor, trocar o comando, fechá-lo e colocar no lugar. A luta foi intensa, mas a equipe só conseguiu colocar o trator na pista com três minutos de atraso. Com isso passou a ser o quinto colocado. Nas semifinais, Aldir Muller quebrou o cabeçote da “Ferrari Rural” na segunda bateria e não participou da terceira rodada. Diante disso, Armando Boldrin conquistou o terceiro lugar, uma vez que seria o adversário de Muller na disputa de terceiro e quarto lugares. A decisão foi emocionante, colocando frente a frente dois pilotos de Maripá: Ivan Schanoski e Paulo Radetzk.

JOVEM CAMPEÃO Aos 23 anos, Ivan Schanoski é o mais jovem campeão brasileiro de arrancada de tratores. “Foi uma vitória emocionante e que premia o trabalho de muitas pessoas. A principal delas é o Lazarin. Agora é só comemorar”, diz Ivan. Paulo Radetzk, que no mês anterior sagrouse campeão do Arrancadão de Não-Me-Toque (RS), disse que o segundo lugar foi um bom resultado e que as mudanças que fez no seu trator, mexendo em suspensão e baixando o peso em 212 quilos, o deixa mais competitivo. “Agora o trator não irá empinar mais e seremos competitivos em todos os GPs”, explicou Paulo.

Resultados do Arrancadão de Tratores de Maripá 1º) Ivan Schanoski (Maripá), equipe Azulão 2º) Paulo Radetzke (Maripá), equipe Brutus 3º) Armando Boldrin Júnior (Toledo), equipe Flecha de Prata 4º) Aldir Luiz Muller (Peróla Independente), equipe Ferrari Rural 5º) David Bretzk (Maripá), equipe Metracol 6º) Dorval Conci Júnior (Maripá), equipe Conci 7º) Claudemir Matte (Marechal Cândido Rondon), Equipe Matter Engepar 8º) Valdecir Rohloff (Toledo), equipe Dipagril Desordi 9º) Irani “Nica”Kreutz (Maripá), equipe Penélope Charmosa 10º) Alexander Schweinberger (Marechal Cândido Rondon), equipe Bad Boy


segurança

Trabalho seguro As operações com tratores agrícolas expõem o operador a uma série de riscos. Porém, os acidentes podem ser evitados, tomando-se cuidados básicos na condução das máquinas e implementos

N

o mundo, milhões de pessoas estão envolvidas com a agricultura. No Brasil, de acordo com o último censo demográfico (2002), um percentual de aproximadamente 19% da população vive no meio rural. E, segundo o último censo agropecuário (1995 –1996), o Brasil possui uma frota de 803, 7 mil tratores (IBGE, 2003). Frota hoje seguramente maior. A máquina agrícola mais utilizada no meio rural é o trator, por isso o número de acidentes que podem muitas vezes levar até o óbito é grande. No Brasil existem falhas nas estatísticas. Diversos fatores contribuem para isso, desde a extensão territorial até o desconhecimento de leis trabalhistas, o que faz com que o trabalhador rural só procure assistência médica quando o acidente é muito grave. Tal fato faz com que apenas alguns casos cheguem ao conhecimento do órgão responsável. A fim de clarear as idéias relacionadas à segurança do trabalhador na agricultura, principalmente na operação de tratores, objetivamos despertar uma consciência

Case IH

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de segurança no uso de máquinas e equipamentos agrícolas, propiciando mais informação a ambas as partes, tanto empregado quanto empregador.

REGRAS DE SEGURANÇA O tratorista deve presenciar a entrega da máquina para receber orientações técnicas de controle e manutenção, além de conhecer as características estruturais e funcionais do trator, mantendo sempre atualizada uma caderneta com informações sobre o estado de manutenção. Além disso, antes de colocar a máquina em movimento, deverá ler com atenção o manual do operador. Não se deve abastecer o tanque com o motor em funcionamento, aquecido, ou pró-

ximo a chamas. Os tratores de roda acumulam eletricidade estática enquanto funcionam, pois a borracha do pneu isola a máquina do solo, bloqueando a saída dessa energia. Por esse motivo deve-se evitar, durante o abastecimento, o contato do barril com a entrada do tanque, o que poderia originar faísca elétrica. Para completar o nível de água do radiador, deve-se desligar o motor, ou deixá-lo funcionando em ponto morto. Os tratores modernos têm sistema de refrigeração à água sob pressão. Nesses casos, recomenda-se afrouxar a tampa do radiador até o ponto de saída do vapor, para só então destampálo totalmente. Nunca se deve engraxar a bomba d’água ou as peças próximas do motor com este ligado. Pela manhã, no galpão, ou quando o trator estiver sendo usado em recintos fechados como fonte de potência para máquinas estacionárias, recomenda-se abrir portas e janelas antes de ligar o motor. Os gases podem intoxicar uma pessoa sem que ela se dê conta. Antes de movimentar o trator, faça uma inspeção na frente, atrás e sob a máquina. Alguém pode se encontrar encostado nele. Ajuste corretamente o assento do trator antes de iniciar os trabalhos. Sentado comodamente, o operador terá facilidade de acesso aos controles, tornando a jornada menos cansativa e mais segura. Ao fazer o acoplamento entre um implemento e o trator, deve-se impedir que pessoas se coloquem entre eles. Existe a possibilidade de o implemento comprimir o indivíduo contra o trator. O operador deve segurar o volante do trator com firmeza e jamais dirigir com apenas uma das mãos. Em serviço, o tratorista deve permanecer correta e firmemente sentado. Nunca conduzir o trator em alta velocidade - ele foi projetado para trabalhar em baixas velocidades. A não observância dessa regra é a principal causa de acidentes com tratores em estradas. Ao usar o trator para puxar carretas com cargas pesadas, mantenha os dois pedais de freio ligados entre si pela trava de união.


“Ao fazer o acoplamento entre um implemento e o trator, deve-se impedir que pessoas se coloquem entre eles” Fotos Carlos Alberto Viliotti

Roupas inadequadas podem causar acidentes graves durante a operação das máquinas

Cuidados na abertura do radiador e antes de movimentar o trator são fundamentais

A atenção no engate de implementos deve ser redobrada. Os pedais de freio, em operação, devem estar sempre unidos

Não permita que crianças ou curiosos dirijam o trator. Evite o transporte de pessoas na plataforma ou na barra de tração. Não deixe ninguém se sentar em qualquer parte do trator que não seja o assento. Evite subir ou descer do trator em movimento. Não trabalhe com roupas largas ou camisas de mangas compridas, que podem prender-se às alavancas ou a outras peças que se movimentam. Todo cuidado é pouco quando o serviço é feito próximo a cercas, barrancos, valetas ou em terrenos cobertos por vegetação. Muitos acidentes ocorrem porque o tratorista não enxerga buracos, pedras, cupinzeiros etc., encobertos pelo mato. É recomendável evitar prolongadas jornadas de trabalho. Com o calor, ruído e vibração intensos, os sentidos ficam prejudicados, retardando os reflexos.

O trator também corre o risco de tombar se o engate superior for usado para reboque ou tração de qualquer implemento. Aconselha-se o máximo de cuidado ao rebocar outro trator ou veículo, pois o cabo de aço pode se romper, atingindo pessoas nas proximidades. Com o trator acionando equipamentos através da tomada de potência (TDP), não permita que alguém fique perto do sistema de transmissão. Os fabricantes recomendam o uso de capa de proteção para a TDP. As baterias carregadas produzem hidrogênio, gás altamente inflamável. Quando estão sendo recarregadas, a produção e liberação desse gás é ainda maior. Evite chamas ou faísca nas proximidades. O operador deve estacionar o trator de preferência em terreno plano, não se esquecendo de usar freio de mão e de travar o freio de pé. Não se deve nunca deixar o im-

Norma padrão de sinais básicos para orientação dos tratoristas no campo

plemento na posição levantada pelo sistema de levantamento hidráulico do trator, mas sim apoiado no solo. Ao trocar pneus, não use macacos ou cavaletes improvisados. Usar sempre calçados, evitando se machucar nas partes cortantes do trator. Nunca deixe terra, graxa, barro ou qualquer outro material escorregadiço acumulado na plataforma, nos estribos ou pedais do trator. Ao tracionar qualquer implemento pela barra de tração, verificar se o pino de segurança está bem fixado. Antes de consertar o sistema elétrico, ou fazer uma revisão geral, veja se os cabos da bateria já foram desligados. Caso contrário, desligue-os. Nunca coloque objetos de metal sobre a bateria, pois poderá provocar um curto-circuito. As regulagens necessárias deverão ser feitas com o implemento apoiado ao solo, nunca com o implemento erguido pelo sistema de levantamento hidráulico do trator. Antes de movimentar o trator tracionando um implemento, veja se não há pessoas

USANDO OS FREIOS

O

s freios devem ser acionados com movimentos suaves, calcando-se os pés devagar. Em caso de derrapagem, usar os freios separadamente, procurando manter o alinhamento do trator sem tentar dirigi-lo com movimentos bruscos no volante. Em terrenos úmidos e escorregadios devese usar a marcha de força, acionando levemente os freios. Esse procedimento também é válido em descidas de encostas. Nesse tipo de terreno é necessário o máximo cuidado para que o peso do implemento ou da carreta não desequilibre o trator.

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Charles Echer

O tratorista deve presenciar a entrega da máquina para receber orientações técnicas de controle e manutenção

sobre ele ou em lugares em que possam se acidentar.

SINALIZAÇÃO MANUAL

com a palma da mão para frente. Mantenha-se nessa posição até que o sinal seja compreendido. 6) Rápido. Aumente a velocidade. Dobre o braço, colocando o punho fechado na altura de ombro. Levante a mão fechada para cima (como se estivesse dando murros no ar), em toda a extensão do braço, e volte a posicioná-la na altura do ombro, rapidamente, por várias vezes. 7) Devagar. Diminua a velocidade. Estenda lateralmente e braço, na posição horizontal, com a palma da mão para baixo. Balance o braço estendido para baixo, segundo um ângulo de no mínimo 45o, várias vezes. Durante a oscilação, não levante o braço acima da posição horizontal. 8) Dê partida ao motor. Simule o movimento de acionamento da manivela, deslocando o braço num movimento circular, ao nível da cintura, conforme indicado no diagrama. 9 ) Pare o motor. Leve a mão direita junto ao pescoço, com a palma da mão para baixo; desloque lateralmente o braço, como se a mão cortasse o pescoço, com movimentos rápidos da esquerda para a direita.

10) Abaixe o equipamento. Faça movimento circular, com qualquer uma das mãos, apontando para o chão, a fim de indicar que os órgãos ativos da máquina ou implemento devem ficar apoiados no solo. 11) Levante o equipamento. Faça movimento circular com uma das mãos levantada ao nível da cabeça, apontando para o céu, a fim de indicar que os órgãos ativos da máquina ou implemento devem ser levantados. O que foi aqui apresentado não esgota o assunto sobre os riscos de acidentes com tratores e máquinas agrícolas no meio rural. Porém se espera uma maior conscientização de órgãos governamentais, fabricantes e proprietários rurais em proporcionar treinamento e garantir a segurança aos operadores de máquinas. É preciso também exigir dos mesmos disciplina e consciência, a fim de reduzir os riscos de acidentes com M máquinas no campo.

O trator corre o risco de tombar se o engate superior for usado para reboque ou tração de qualquer implemento

Carlos e Haroldo alertam para os cuidados na operação de máquinas e implementos agrícolas

Carlos Alberto Viliotti UFC Haroldo Carlos Fernandes UFV

Fotos Carlos Alberto Viliotti

A sinalização manual é um meio prático e eficiente na orientação dos tratoristas no campo, especialmente quando há ruído ou distâncias relativamente grandes que impeçam a comunicação verbal. A ASAE padronizou um grupo de onze sinais básicos para esse tipo de comunicação (Mialhe, 1980): 1) Falta um tanto assim. Coloque as mãos na altura das orelhas, com as palmas voltadas para a cabeça e movimente-as lateralmente, de fora para dentro, a fim de indicar que falta ainda uma distância para atingir o ponto desejado (aproximação deficiente). 2) Volte-se para mim. Levante o braço verticalmente, acima da cabeça e com a palma da mão para frente; gire-a descrevendo um amplo círculo horizontal, a fim de indicar que a frente do trator deve ser voltada na direção do sinalizador. 3) Venha em minha direção. Siga-me. Fique de frente para o tratorista e chame-o, posicionando um dos braços à frente, com a palma da mão para cima, e faça movimentos em direção ao corpo, como ilustra o diagrama abaixo. 4) Movimente-se. Saia nessa direção. Volte-se de frente para a direção do deslocamento desejado. Estenda um dos braços para trás, com a palma da mão para cima; a seguir, erga-o sobre a cabeça, num movimento contínuo para frente, até atingir a posição horizontal, com a palma da mão para baixo, apontando a direção em que o deslocamento deve ser feito. 5) Pare o trator. Levante o braço para cima, estendido em todo seu comprimento,

Chamas ou faíscaou nasregulagem Qualquer erro do operador proximidades da bateria inadequada da máquina resultará em devem serinadequada evitadas destruição

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