Maquinas 50

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Destaques Matéria de capa

Gotas no tamanho certo Calcular e regular corretamente o tamanho das gotas em aplicações aéreas garante menor poluição e maior eficiência

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Colheita de sucesso

Arrefecimento de motores

Saiba como regular corretamente cada parte da colhedora, garantindo o máximo de rendimento sem perdas

Saiba porque o sistema de arrefecimento de motores deve estar sempre trabalhando em perfeitas condições

Índice

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Nossa Capa Caterpillar

Rodando por aí

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Show Rural da Coopavel 2006

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Benefícios da condutividade elétrica

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Engenharia virtual

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O futuro dos biocombustíveis

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Regulagem passo-a-passo: colhedoras

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Uso dos mapas de produtividade

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Colheita instrumentada eficiente

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Pulverização aérea

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Integração lavoura pecuária

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Arrefecimento de motores

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Esporte Trator

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Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

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Cultivar Máquinas Edição Nº 50 Ano IV - Março 06 ISSN - 1676-0158

www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00

• Editor

Charles Ricardo Echer • Redação

Vilso Júnior Santi • Revisão

Silvia Maria Pinto • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia • Marketing

Pedro Batistin

Otávio Pereira • Gerente de Circulação

Cibele Costa • Assinaturas

Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externa

Raquel Marcos • Expedição

Edson Krause Dianferson Alves

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

3028.2000 • ASSINATURAS

3028.2070 • REDAÇÃO

3028.2060 • MARKETING

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Vipal A Borrachas Vipal desenvolveu um plano específico para atuação no mercado agrícola de reforma de pneus. Batizado de Projeto Agrobusiness, o plano tem como objetivo uma maior aproximação com o agricultor, através do reformador, proporcionando serviços técnicos com maior eficiência, e também a divulgação tanto dos benefícios da reforma de pneus como dos produtos Vipal, de acordo com GuiGuilherme Rizzotto lherme Rizzotto, gerente nacional de vendas da empresa.

Massey Ferguson Marco Antônio Ramos

Baldan A tradicional fabricante de implementos agrícolas Agri-Tillage do Brasil (Baldan) passa por um momento de readequação da empresa, para fazer frente à nova realidade do mercado. Segundo seu superintendente executivo, Marco Antônio Ramos, “O pior já passou. Agora a empresa está apta e com maior agilidade para atender melhor às necessidades do mercado”.

Semeato Considerando os números de 2005, a Semeato resolveu investir no desenvolvimento de produtos específicos para pequenas e médias propriedades. Segundo Carlos Dolci, gerente de vendas da empresa, 45% dos negócios do ano anterior envolveram plantadoras com menos de sete linhas de soja. “Estamos providenciando a transferência de boa parte da tecnologia que usamos em máquinas grandes para máquinas menores, mais baratas, porém de igual eficiência. Um exemplo disso é o nosso lançamento, a PH3,” comenta Dolci.

A Massey Ferguson, através da assinatura de convênio para construção de um Centro de Treinamento no campus da Faculdade Assis Gurgacz (FAG), deixa claro que sua preocupação não é só produzir tratores e colhedoras. Conforme Eduardo Sousa Guimarães, do marketing da empresa, dar condições, na forma de parceria, para que o agricultor esteja constantemente se atualizando é fundamental. “Já temos convênios nesses moldes com centros de referência como a Esalq/USP, a UFSM, a UEM, e agora com a FAG,” esclarece.

Metal Busch A Metal Busch, primeira empresa gaúcha a produzir pulverizador automotriz, lançado na Expodireto de 2004, está preparando mais uma grande novidade. Na mesma Expodireto, fará em 2006 o lançamento do Power Jet Automotriz na versão 4x4 (mecânico), com as rodas traseiras direcionais. Mais uma opção de pulverização aos agricultores que procuram simplicidade, eficiência e economia.

Bridgestone Firestone Oito anos de garantia nos produtos da linha agrícola. No mercado de pneus, a Bridgestone Firestone é a única empresa que oferece tamanha segurança a seus clientes. Segundo o supervisor de vendas e serviços agrícolas, Cláudio de Souza Morais, a empresa constantemente investe em pesquisas: prova disso, a pista de testes exclusiva para o desenvolvimento de pneus agrícolas. Essa visão também é compartilhada pelo gerente de Cláudio Morais e Ricardo Anadón vendas para Mercosul da empresa, Ricardo Anadón. Paulo Roberto Busch

John Deere O produtor Erasmo Airton Anesi recebeu no estande da John Deere, durante o Show Rural da Coopavel, um trator modelo 5403. Ele foi premiado pela participação no Programa Satisfação do Cliente da empresa. Cerca de quatro mil clientes, compradores de equipamentos John Deere, responderam à pesquisa e participaram do sorteio. O diretor de marketing para a América do Sul da John Deere, Paulo Herrmann, entregou um troféu ao produtor, e o gerente nacional de vendas, Rasso Von Reininghaus, fez a entrega das chaves do trator.

AGR A AGR parece viver de desafios. Após ter sido uma das empresas pioneiras na comercialização de equipamentos para agricultura de precisão (AP) em grãos, a organização agora pretende difundir a viabilidade da AP em outros cultivos como citros, café, cana-de-açúcar e florestas. Para isso, está trabalhando na montagem de um circuito de testes e experimentos, em parceria com outras empresas, instituições de pesquisa e agricultores. Os resultados, obtidos em rede, servirão para embasar as ações futuras da empresa.

Imasa Ciente da situação atual do agronegócio, a Imasa continua investindo na divulgação de sua linha de produtos. No Show Rural 2006 foram 12 produtos apresentados. “Nossa ênfase aqui está na semeadora múltipla de precisão Plantec e também em nossos modelos pantográficos - os de melhor articulação e resistência do mercado, além da plataforma de transporte Pratice 8000”, afirma Breno Eduardo Stelzer, diretor comercial da empresa.

Montana

Carlos Dolci

04 • Março 06

A Montana Indústria de Máquinas inaugurou sua primeira filial fabril, uma nova fábrica de pulverizadores, na cidade de Fraiburgo (SC). Com essa operação, a empresa pretende dobrar sua participação no mercado de turbinas em três anos. Segundo Gilberto Zancopé, presidente da Montana, “a parceria com a prefeitura municipal de Fraiburgo permitiu este passo, ousado, porém altamente racional, pois exigiu muito mais criatividade no aproveitamento dos recursos que a empresa já dispunha do que grandes investimentos financeiros, impensáveis na atual conjuntura do país.”

Gilberto Zancopé

Breno Eduardo Stelzer


Show Rural 2006

Encontro de gigantes Os 120 produtores rurais que participaram da primeira edição do Show Rural Coopavel não poderiam imaginar que o evento, nascido de um dia de campo, pudesse se transformar em um dos maiores encontros do agronegócio mundial. Na edição de 2006 a feira recebeu a visita de aproximadamente 140 mil pessoas em seus cinco dias de atividades

O

melhor das tecnologias desenvolvidas para tornar o agronegócio ainda mais eficiente e rentável pode ser visto nos 297 estandes da edição deste ano do Show Rural. Segundo o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, o foco central continua sendo aproximar o agricultor das novas tecnologias e descobertas da ciência capazes de potencializar os resultados da agricultura. As dinâmicas de máquinas continuam entre as atividades mais aguardadas pelos produtores rurais visitantes do Show Rural Coopavel. O espaço funciona como uma vitrine para apresentação e teste de lançamentos em tratores, colhedoras, pulverizadores, plantadoras, distribuidores etc. Diariamente, pela manhã e tarde, os agricultores tiveram a oportunidade de acompanhar a performance das máquinas e implementos mais sofisticados do mercado. No Show Rural de 2006, os produtores puderam conhecer, além de novas cultivares de diversas culturas, inúmeros lançamentos de máquinas e implementos agrícolas. As principais novidades da feira apresentamos para você a seguir.

O equipamento é uma solução compacta e econômica para os agricultores interessados no guia de luzes. Uma ampla tela gráfica do equipamento mostra claramente a direção e a distância de desvio, assim como o número da faixa, a velocidade, o modo de guia selecionado e se um ponto de retorno foi armazenado. Além disso, o Centerline 220 é compacto e foi desenhado para ser transportado facilmente de um veículo a outro. É fácil de usar e está pronto para ser operado desde o momento em que se conecta à uma fonte de energia. Sua instalação é feita em poucos segundos.

SERVSPRAY Buscando otimizar o uso dos pulverizadores autopropelidos na propriedade é que a Ser-

TEEJET A MID-TECH acaba de apresentar o CenterLine 220, um sistema de guia GPS versátil e simples para todo tipo de operação de campo.

O Gafanhoto pode contar com sistema de acoplamento de distribuidor de semente e adubo

vspray desenvolveu e apresentou o inovador sistema de acoplamento de distribuidores de semente e adubo. O novo conjunto, opcionalmente, pode equipar a linha Gafanhoto. Além de evitar que a máquina fique parada por longos períodos fora da época de aplicação de defensivos, o sistema permite o aproveitamento dos rastros, diminuindo o amassamento da cultura e a conseqüente compactação do solo pelo trânsito de implementos. O engate, adaptado a partir do terceiro ponto dos tratores, é universal, o que permite a utilização de espalhadores de qualquer marca e modelo.

BRIDGESTONE/FIRESTONE O destaque da Firestone fica por conta do recém lançado Firestone Destination, desenvolvido especialmente para o competitivo mercado de camionetes. Ele apresenta ótimo desempenho e é uma opção para o agricultor que precisa de um veículo ágil na cidade, sem perda de desempenho na propriedade rural. Pneus para carros de passeio, para transporte de carga e para tratores também puderam ser conferidos. A Firestone, que investe constantemente em pesquisas na busca de inovações, dispõe de uma pista de testes exclusiva para o desenvolvimento de pneus agrícolas. Ela também é a única empresa que oferece oito anos de garantia em seus produtos para o meio rural.

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ça, eficiência e confiabilidade. Vieram compor a linha costal da empresa o Supremo e o Versatili. No entanto, os gigantes ainda fazem muito sucesso. O Uniport 3000, agora com barra de 28 metros, mantém-se como um pulverizador automotriz arrojado, que oferece bom rendimento operacional e rentabilidade. Já a linha de máquinas com assistência de ar, do exclusivo sistema Vortex, conta com os seguintes representantes: Falcom Vortex 600, Advance Vortex 2000 e 3000 e Uniport Vortex 3000.

GOODYEAR

A Semeato apresentou a semeadora de grãos graúdos PH3

SEMEATO Máquinas de pequeno porte para agricultura familiar têm merecido atenção especial da Semeato. A empresa acaba de lançar a semeadora de grãos graúdos PH3. O implemento é capaz de realizar, com precisão, a semeadura de grãos em até três linhas de plantio com espaçamento de 45 cm. A PH3 apresenta inúmeras possibilidades de montagem dos sulcadores da linha de adubo. Na máquina, o rodado é articulado e independente, de atuação instantânea, composto por um braço unilateral que possibilita uma transmissão contínua de movimento para os sistemas de distribuição de semente e adubo, resultando em melhor plantio e maior proteção para as correntes.

CASE IH A Case IH, fabricante de máquinas agrícolas de alta performance, trouxe algumas das mais avançadas colhedoras de grãos, plantadeiras e tratores de alta potência. As máquinas são conhecidas pela eficiência e produtividade, principalmente em grãos – feijão - e cana-de-açúcar, as apostas da empresa. Os tratores da linha MXM Maxxum, os MX Magnum, as plantadeiras da séria ASM1200 e a colhedora de grãos Axial-Flow Extreme se destacaram pela imponência e pelo nível tecnológico.

MONTANA/LANDINI/WAP Ousar, esse parece ser o lema da Montana. A tradicional fabricante de pulverizadores autopropelidos neste ano surpreendeu novamente. Anunciou a aquisição dos direitos de produção e comercialização dos produtos da alemã Wap no país. A Wap é especializada na fabricação de lavadores industriais de alta pressão e de aspiradores para sólidos e líquidos. A nova linha de produção foi instalada junto à

06 • Março 06

Os produtos da linha Wap puderam ser conferidos no estande da Montana

planta industrial da Montana em São José dos Pinhais (PR).

JUMIL Acoplável ao trator, a colhedora de milho JM 380, da Jumil, se diferencia das demais pela multifuncionalidade e por operar simultaneamente em duas linhas. Também por apresentar uma relação custo x benefício muito mais vantajosa, quando comparada a colhedoras autopropelidas. A JM 380 têm plataforma que colhe em espaçamentos de 50 a 90 cm. Ela é autoacoplável com sistema de engate rápido, o que facilita a limpeza e a manutenção.

JACTO A Jacto, nos últimos tempos, tem promovido uma volta às origens através do resgate e do incremento de sua linha de pulverizadores costais. O PJH há mais de 45 anos demonstra for-

“Nós produzimos, nós coletamos, nós reciclamos, nós limpamos”. Com essa filosofia, a Goodyear também passa a transformar o que antes era sucata em arte. Parte da matéria-prima para produção de pneus, a borracha e os pneus inutilizáveis serão, a partir de então, transformados pelas mãos do artista plástico Daniel Beato em móveis e utensílios domésticos ambientalmente corretos. Além disso, a empresa apresentou o radial agrícola DT 830, da família Optitrac; mostrou uma nova versão do pneu Superfloot, o Superfloot II; um novo modelo do Papaléguas G8, para uso em implementos agrícolas; e o Rib Tractor, pneu direcional para serviços agrícolas em geral.

JOHN DEERE Principal novidade da John Deere, a Série 1100 é uma nova linha de plantadoras projetada para trabalhar com precisão e alto rendimento em condições adversas de terreno. A nova linha foi desenhada para facilitar o trabalho dos produtores que têm que fazer a semeadura em solos úmidos, argilosos, com grande quantidade de palhada e também com declividade acentuada. Com três modelos, para sete, nove e 11 linhas de plantio, a nova série tem várias características inovadoras que permitem fazer o plantio com alta qualidade e rendimento nesses terrenos com condições difíceis de trabalho.


de engate da linha de adubo com dimensional maior e sistema dosador de fertilizantes do tipo rosca sem-fim, com opção pelo sistema fertysistem. Para adubo e semente, há possibilidade de se optar entre transmissão por caixa de câmbio ou pinheirinho.

MASSEY FERGUSON

A nova linha de plantadoras John Deere, série 1100, foi destaque

PIRELLI A Pirelli desenvolve há tempos uma gama completa de pneus para veículos agrícolas, fora de estrada (mineração, construção civil) e industriais (empilhadeiras), além de câmaras e protetores de pneus. Como exemplo temos o TM 95, que é um pneu bastante versátil, indicado para equipar tratores e colhedoras; o PD22, que é compatível com tratores e colhedoras que trafegam em terrenos inconsistentes e alagadiços; o direcional TD 500, desenvolvido para equipar tratores agrícolas tração 4x2; e o MB39, que completa a gama de produtos da linha agrícola e é indicado para rodas motrizes.

MIAC A grande novidade da Miac, no momento, é a Master Export II. A máquina é capaz de colher duas linhas de milho e/ou recolher e trilhar uma leira de seis a oito linhas de feijão. Ela possui sistema de trilha axial, caçamba graneleira basculável com capacidade para 20 sacos e barra de tração com a opção de trabalho descentralizado. A empresa também apresentou sua linha FZ e Ceiflex. A Miac é lider nacional na colheita de feijão e amendoim.

FANKHAUSER

A Massey Ferguson apresentou cerca de 18 máquinas e equipamentos. Destaque para o trator MF 250 XE – Brasileirinho, lançamento da Massey Ferguson voltado à agricultura familiar, e também para os tratores MF 680 HD e MF 6350. O Brasileirinho se caracteriza pela versatilidade e multifuncionalidade - realiza todas as atividades de uma pequena propriedade, como preparo do solo, plantio, pulverizações, cultivo, tratos culturais, colheita e transporte. A Massey mostrou também na feira máquinas e equipamentos para as principais culturas da região, atendendo às necessidades de todos os produtores.

KUHN METASA Dando prosseguimento à política de diversificação de sua linha de produtos, a Kuhn Metasa apresentou sua linha de pulverizadores montados. O Porter S e o Porter ST têm como características simplicidade e alta performance, exigem baixo investimento e proporcionam uma aplicação ideal em diferentes condições de terreno. O Porter S é de fácil manuseio, tem acionamento manual das barras (12 metros de comprimento) e tanque em polietileno com capacidade de 600 litros. Possui bomba pistãomembrana que garante precisão e segurança na hora da aplicação. Já o Porter ST possui tanque com capacidade de 600 ou 800 litros. Tem acionamento hidráulico de abertura e fechamento das barras (12 ou 15 metros) e regulagem de altura.

VIPAL

Seguindo a filosofia de melhoria contínua, a Fankhauser desenvolveu as plantadoras-adubadoras 5045. São equipamentos robustos, com reservatórios de grande capacidade, que visam atender à demanda do Centro-Oeste brasileiro. Os modelos variam de 11 a 16 linhas de plantio. Possuem chassi reforçado, além de tubo

A Borrachas Vipal é uma das maiores fabricantes mundiais de produtos para reforma e reparos de pneus e câmaras de ar. A empresa deu ênfase aos benefícios da reforma de pneus agrícolas, além de apresentar sua variada linha de produtos para o segmento. Destaque para

Uma das novidades da Miac, no momento, é a Master Export II

A Fankhauser desenvolveu as plantadoras-adubadoras 5045

O Porter S e o Porter ST têm como características simplicidade e alta performance

os camelbacks, manchões, remendos e as recém-lançadas bandas V-SET e V-SEL, testadas e aprovadas no Rally dos Sertões 2005. Prolongar a vida útil e a performance dos pneus, aumentar a confiabilidade no serviço de reforma e colaborar para a maior produtividade dos equipamentos agrícolas são princípios que norteiam o desenvolvimento de produtos da Vipal.

VALTRA A linha BM foi o destaque da Valtra. Os modelos BM 100 e BM 110 são tratores versáteis e apresentam baixo custo operacional. Além disso, eles podem ser configurados de acordo com as necessidades de cada produtor rural. Eles são fabricados sob encomenda, com as especificações desejadas pelo produtor, desde opcionais mecânicos até acessórios. Desse modo, o agricultor vai pagar apenas por aquilo que precisa. A tecnologia NavSat que equipa os tratores Valtra também chama a atenção. O sistema de navegação por GPS permite a redução de perdas na lavoura, melhora a eficiência nas aplicações de defensivos e potencializa o lucro nas áreas cultivadas.

NEW HOLLAND A New Holland apresentou sua linha de tratores e colhedoras voltados para os mais diferentes perfis de produtores rurais. Em colhedoras de grãos, destaque para as máquinas CS660 e linha TC, preferidas dos produtores brasileiros de grãos. Ao todo, a marca teve expostas 11 máquinas. O grande destaque foram os tratores das linhas TL e TT, de 54 a 98 cv, máquinas que vêm ganhando participação de mercado no Brasil. Como novidade, teve-se a demonstração de produtos como o EZ-Guide Plus, sistema guiado por satélite que ajuda a manter o curso de máquinas no campo. Entre suas vantagens estão a aplicação em qualquer lavoura, na preparação de solo, na aplicação de agroquímicos e fertilizantes, ou no plantio com M redução de custos.

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condutividade elétrica

Aliada potencial A condutividade elétrica vem se configurando como uma grande ferramenta à agricultura de precisão. Uma aliada importante na avaliação da variabilidade espacial do solo e na definição das unidades de gerenciamento de uma área

T

odas as atividades que giram em torno dos conceitos da agricultura de precisão visam o gerenciamento da lavoura considerando a sua desuniformidade e, por isso, utilizam técnicas otimizadoras de insumos, que permitem diminuição nos custos de produção. Técnicas como a aplicação localizada de fertilizantes, defensivos agrícolas e novas formas de monitoramento de características dos solos e de outros fatores de produção fornecem informações que permitem um melhor gerenciamento da lavoura e, em última instância, resultam num maior rendimento econômico por área cultivada. Novas tecnologias de sensoriamento próximo ou remoto de fatores do meio ambiente, primordiais na produção agrícola, estão constantemente sendo geradas, aperfeiçoadas e difundidas no meio rural, e o conceito de gerenciamento localizado defen-

dido pela agricultura de precisão utiliza muitas dessas tecnologias. Desta, os monitores de produtividade receberam a maior atenção nos primeiros anos de pesquisa e de utilização no campo. Isso constitui um bom início para a investigação da variabilidade espacial dos fatores, a partir da variável dependente das demais, a produtividade agrícola. Ela é o resultado final do processo produtivo, o qual se deseja otimizar, seja através da redução na quantidade de insumos aplicados, seja através da maximização da produção, enfim, maximizando os lucros. A partir da informação da variabilidade espacial da produtividade, a próxima etapa no ciclo da agricultura de precisão é então investigar as possíveis causas dessa variabilidade. Uma das causas primárias tem sido atribuída à fertilidade do solo, a qual, para ser avaliada, necessita de técnicas de amos-

tragem em grande quantidade, especialmente quando da prática do gerenciamento localizado. No entanto, o custo de análise de uma grande quantidade de amostras em laboratório é, em muitos casos, proibitivo. Por isso, na prática, realiza-se uma amostragem, por vezes, em número insuficiente para captar com nível de precisão satisfatório o modelo da variabilidade espacial do solo. Devido a essa necessidade de obtenção de grande número de amostras, uma série de idéias de sensores para monitorar o solo tem sido proposta, algumas já em caráter experimental ou para utilização comercial. É o caso dos diferentes modelos de sensores de condutividade elétrica.

UNIDADES DE GERENCIAMENTO Como afirmaram Myers et al. (2000), “A resolução espacial da informação possível de ser obtida com a agricultura de preciValtra

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“Informações sobre a área devem ser coletadas, com alta resolução, com restrições de tempo para coletar os dados e de custo de aquisição dos mesmos” Fotos José Paulo Molin

são exige métodos rápidos e precisos para mapear a produtividade potencial de uma área. Informações sobre a área devem ser coletadas, com alta resolução, com restrições de tempo para coletar os dados e custo de aquisição dos mesmos. A informação coletada deve se relacionar, de alguma forma, com a fisiologia da planta, permitindo retorno previsível do capital e trabalho investidos no gerenciamento localizado das culturas proposto pela agricultura de precisão”. Por esses motivos, a condutividade elétrica tem, recentemente, atraído a atenção por ser um método rápido e custo-efetivo de indicar a variabilidade no solo. Discute-se largamente a estratégia de utilizar unidades de gerenciamento (“zonas de manejo”), que, no contexto da agricultura de precisão, são referentes a regiões geográficas que possuem atributos de relevo e de solo com menor heterogeneidade e são, assim, tratadas diferencial e permanente-

SEM REVOLVIMENTO

A

indução eletromagnética é um método sem contato e pode ser preferido se o revolvimento do solo não é desejável. Um desses equipamentos, comercial e largamente utilizado na agricultura, mede até uma profundidade de 1,20 m quando posicionado na vertical e a uma profundidade de até 0,30 m quando na posição horizontal. Para a sua utilização em campo na coleta de leituras contínuas são necessários um coletor de dados externo e uma estrutura não metálica que permita seu deslocamento sobre o solo, rebocado por um veículo qualquer e suficientemente distante deste.

mente a partir da sua demarcação. O desenvolvimento de estratégias agronômicas específicas para essas áreas, sujeitas a combinações únicas de fatores limitantes da produtividade das culturas, permite um gerenciamento mais preciso das quantidades de insumos a serem aplicadas nelas. No entanto, o desafio de determinar essas áreas é grande, devido aos complexos fatores que afetam a produtividade das culturas. Com o intuito de determinar essas unidades de gerenciamento, vários métodos têm sido propostos, envolvendo mapeamento da produtividade, da topografia, de imagens do dossel das culturas, das propriedades físico-químicas do solo e de outras. Em anos recentes, a condutividade elétrica do solo tem sido proposta como uma maneira alternativa de se avaliar a variabilidade espacial deste, e a partir dela, por exemplo, definirem-se as unidades de gerenciamento em uma área.

CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DO SOLO A condutividade elétrica é a habilidade que um material tem em transmitir (conduzir) corrente elétrica. É uma propriedade

O sensor mede até uma profundidade de 0,30 m na horizontal e até 1,20 m na vertical, e um conjunto de dois sensores faz as duas leituras ao mesmo tempo

intrínseca do material, assim como outras propriedades, como densidade ou porosidade. Na opinião de Bohn et al. (1982), o solo pode ser considerado como um recipiente truncado para solução eletrolítica, como um condutor possuindo um percurso tortuoso, ou um grande número de percursos de condução de comprimentos e seções transversais variáveis. O solo pode conduzir corrente elétrica através da água intersticial, que contém eletrólitos dissolvidos, e através dos cátions trocáveis que residem perto da superfície de partículas de solo carregadas e são eletricamente móveis em vários níveis (Nadler & Frenkel, 1980). Rhoades et al. (1989) apresentam um modelo de condutividade elétrica que descreve a condutância através de três vias atuando em paralelo: • condutância através de camadas alternantes de partículas do solo e entre os limites de suas soluções; • condutância através de soluções do

Protótipo de um dispositivo feito com tubos de PVC serve como veículo para o sensor de condutividade elétrica, testado na Esalq/USP

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solo contínuas; • condutância através ou entre superfícies de partículas do solo em contato direto entre elas. Na ausência de sais dissolvidos na água presente na segunda via, condutividade, textura e umidade se correlacionam muito bem entre si.

EQUIPAMENTOS PARA MEDIÇÃO Os dois principais métodos utilizados para medição da condutividade elétrica diretamente no campo são o de indução eletromagnética e o método por contato direto, cuja unidade é miliSiemmens/m2 (mS/ m2). O primeiro utiliza um sensor por indu-

RESISTÊNCIA ELÉTRICA

E

sse método requer um perfeito contato entre o solo e cada um dos quatro eletrodos, o que é necessário para introduzir a corrente no solo e medir a voltagem resultante. Ao variar o espaçamento entre esses eletrodos, o alcance de profundidade da leitura pode ser alterado. Quanto maior o espaçamento entre os eletrodos, maior é a profundidade da leitura. Diferentes horizontes do solo podem ser avaliados utilizando-se mais de quatro eletrodos. Por ser um método que fornece valores de condutividade sem nenhuma calibração, infelizmente, a resistência dos eletrodos com a superfície do solo pode aumentar sob condições de solo seco, o que resulta em leituras equivocadas durante o mapeamento.

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ção eletromagnética, não penetrante, que mede a condutividade elétrica do solo. Essa tecnologia foi desenvolvida e vem sendo utilizada nas áreas de geologia e geofísica e consiste basicamente de um eletrodo (bobina) de transmissão que é suspenso próximo à superfície do solo, o qual é energizado com uma corrente alternada numa freqüência de áudio. Isso estabelece um campo magnético que induz uma fraca corrente elétrica no solo, que por sua vez gera um segundo campo magnético a uma distância específica do eletrodo transmissor. Um segundo eletrodo, receptor, suspenso, gera uma corrente alternada em resposta e proporcional àquela gerada pelo eletrodo transmissor, mas modificada pela condutividade elétrica do solo. O segundo método utiliza sensores que penetram no solo medindo a sua condutividade elétrica a profundidades que são função do espaçamento entre sensores em contato com o solo. Freeland (1989) lembra que foi Wenner (Wenner, F. A method of measuring earth resistivity. Fresno: U. S. Departement of Com. Bur. of Stan. Scien., 1916. Papers 258) o primeiro a apresentar um modelo teórico desse tipo de sensor, que posteriormente seria desenvolvido e originaria os equipamentos comerciais utilizados nos dias de hoje. Esse modelo teórico consistia da utilização de quatro terminais para medir a resistência elétrica do solo, que é o inverso da condutividade elétrica. Um dos equipamentos comerciais que utiliza contato direto com o solo para medição da condutividade elétrica possui um sistema de discos metálicos lisos que transmitem uma corrente elétrica no solo e utiliza diferentes espaçamentos entre discos, para gerar medições da condutividade elétrica do solo a profundidades de 0,30 m e 0,90 m simultaneamente. O equipamento

grava as medidas de condutividade elétrica do solo, que são georreferenciadas, utilizando-se um receptor de GPS. Outro equipamento utiliza, ao invés de discos lisos, rodas com pontas que facilitam ainda mais a penetração em solo coberto com palhada, além de empregar três conjuntos de eletrodos para três profundidades de leitura, mais o conjunto alimentador. Algumas pesquisas realizadas visando comparar as tecnologias de medição da condutividade elétrica do solo por indução eletromagnética e por contato direto demonstraram boa semelhança entre ambas.

FATORES INTERFERENTES O solo é um sistema trifásico constituído de partículas sólidas, solução e ar. Quando partículas carregadas eletricamente, incluindo colóides e íons, migram sob influência de um campo elétrico aplicado, vários fatores físicos do solo, incluindo textura, estrutura e conteúdo de água, podem afetar a condutividade elétrica, interferindo na inter-relação entre as partículas coloidais e os íons (Li, 1997). A condutividade elétrica do solo depende de vários fatores, e dentre eles podem-se

Molin e Castro mostram as vantagens do sensor de condutividade elétrica por indução eletromagnética


“O nível da condutividade elétrica de um solo é principalmente devido ao seu teor de água e de sais dissolvidos” Fotos José Paulo Molin

Dois equipamentos diferentes para medição da condutividade elétrica. Um com discos lisos, e outro com discos pontiagudos, para aplicação em palhadas

listar: • teor de água; • porcentagem de argila; • material de origem do solo; • composição química da solução do solo e dos íons trocáveis; • interação entre os íons não trocáveis e os trocáveis;

• porosidade, formato e tamanho dos poros; • concentração dos eletrólitos na água dos poros; • temperatura do solo; • quantidade e composição dos colóides; • densidade; • conteúdo de matéria orgânica. Já foi demonstrado que, enquanto a magnitude de medições temporais da condutividade elétrica varia com a temperatura e a umidade do solo, o seu padrão espacial permanece constante. Essa constatação é essencial para a utilização do método de mapeamento da condutividade elétrica do solo como base para identificar unidades de amostragem e gerenciamento deste. A condutividade elétrica do solo depende em larga escala da solução eletrolítica existente no solo. Geralmente, solos secos têm resistência muito alta. Minerais do solo

Mapas de condutividade elétrica do solo obtidos com o equipamento por contato direto em outubro de 2003 (dir) e em outubro de 2004 (esq) e com o solo em diferentes condições de umidade, mostrando grande semelhança estrutural, embora com níveis deferentes de condutividade elétrica

GRANDE POTENCIAL

S

e a condutividade elétrica do solo vai deixar de ser uma ferramenta em potencial e passar a integrar o conjunto de práticas adotadas pela agricultura de precisão, isso vai depender de um maior domínio da sua relação com fatores de importância agronômica, especialmente a textura, e de ser espacialmente estruturada e estável temporalmente. Em países com tecnologia agrícola mais desenvolvida, já é largamente utilizada por consultores e agricultores. No Brasil estamos apenas iniciando os estudos de reconhecimento dessa técnica, e na Esalq/ USP já existe uma linha de trabalho com algumas dissertações e pesquisas que dão indicação de um grande potencial para a sua utilização em larga escala.

M

aparecem como isolantes, apesar de que em alguns solos pode existir uma pequena corrente sendo conduzida através da superfície das partículas. Portanto, o nível da condutividade elétrica de um solo é principalmente devido ao seu teor de água e de sais dissolvidos. Como a salinidade não é relevante em solos de regiões com suficiente pluviosidade, o que se sobressai na mensuração é a água, que, por sua vez, é magnificada pela textura, a qual interessa enormemente no diagnóstico para a definição de unidades de gerenciamenM to, por exemplo. José Paulo Molin, Esalq/USP César Nunes de Castro, Brasília (DF)

Mapa de condutividade elétrica do solo na profundidade de 0 a 30 cm (dir) obtido com o equipamento por contato direto em uma lavoura nos Campos Gerais do Paraná, com grande gradiente de textura demonstrado pelo mapa do teor de argila (esq) obtido por amostragem em grade

Mapa de condutividade elétrica do solo de 0 a 30 cm (raso) obtido com o equipamento por contato direto em uma lavoura de 193 ha no Vale do Paranapanema (SP)

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projetos virtuais

Engenharia virtual Economizar tempo e dinheiro no desenvolvimento de máquinas e implementos agrícolas é uma premissa há muito perseguida por profissionais e empresas do setor. É isso que a engenharia virtual, via modelagem matemática, proporciona hoje

A

tarefa primordial de um engenheiro agrícola em uma fábrica de máquinas é a de solucionar problemas alusivos ao funcionamento e ao desempenho destas, o que implica em buscar compreender a realidade física, geralmente complexa, a partir de modelos simples que se aproximam da realidade. A modelagem propõe o desenvolvimento de um modelo matemático ou de uma descrição matemática, os quais com a precisão necessária, representam as leis que regem o processo em estudo. O uso de modelagem matemática no projeto de mecanismos é uma prática comum que permite o desenvolvimento de sistemas mecânicos, com a redução de custos e tempos de projeto, e a otimização das características de desempenho. No estudo de um problema de modela-

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gem, a definição apropriada dos aspectos relevantes a serem considerados é um ponto muito importante. Assim, é necessário discutir qual deve ser o modelo utilizado, levando-se em consideração a complexidade desejada e sua aproximação com o modelo real. Nessa hora, o uso de uma ferramenta computacional que permita uma modelagem rápida e completa, levando-se em consideração seus vários subsistemas, é fundamental.

PROJETOS VIRTUAIS No início da utilização de softwares de CAD (Computer Aided Design), o objetivo principal era aumentar a produtividade na elaboração de desenhos técnicos. Foram alcançados resultados significativos, e o CAD se popularizou na medida em que os microcomputadores foram se tornando mais po-

derosos e mais baratos. A nova geração de sistemas CAD desenvolvidos para a plataforma PC/Windows está mudando radicalmente esse conceito, pois incorpora recursos tecnológicos antes somente encontrados nos sistemas high-end. A tecnologia de modelagem sólido paramétrico e variacional através de features está hoje ao alcance de todos os usuários de CAD, com reduzidos custos de software, hardware e treinamento. O CAD, se considerado de forma bastante ampla, é uma tecnologia multidisciplinar, contendo um conjunto de ferramentas utilizadas em todas as áreas em que existe uma forma de interação entre um computador digital e a atividade de projeto. A evolução do cálculo estrutural voltado para o dimensionamento de estruturas e componentes mecânicos é um bom exemplo da automatização na engenharia agrícola. Sem o computador, os cálculos eram executados manualmente através de métodos analíticos, e era necessário reduzir ao mínimo a quantidade de operações. Diversas características do problema real não podiam ser consideradas, poucas alternativas de projeto eram analisadas, e a utilização de altos coeficientes de segurança resultava em estruturas superdimensionadas. A tecnologia de CAE (Computer Aided Engineering) mudou radicalmente esse cenário, pois tal ferramenta permite a realização de uma grande quantidade de cálculos em tempo reduzido. A simulação computacional de um modelo permite a avaliação de um maior número de variações do projeto, com custos e prazos menores, reduzindo a necessidade de construção de protótipos. Os softwares de CAE utilizam modelos digitais para simular fenômenos reais através de métodos numéricos. Os sistemas CAE atualmente mais difundidos são baseados no método dos elementos finitos. Os softwares de CAE baseados em Análise por Elementos Finitos (FEA) são largamente utilizados para o cálculo de tensões,


“Além de simplesmente substituir a prancheta pelo computador, automatizando o trabalho de desenhistas, os atuais sistemas aumentam a eficiência de todo o departamento de engenharia” Fotos Kuhn Metasa

Exemplo da riqueza e perfeição dos detalhes nos projetos, o que possibilita ter a noção exata do produto final ainda na tela do computador

ATUAL EXIGÊNCIA

N

ria, buscando formas de solução eficazes, precisas e viáveis do ponto de vista de tempo e esforço computacional exigidos. A complexidade da análise dinâmica de máquinas encontra-se exatamente no tamanho do modelo de elementos finitos necessário e na modulariedade dessas máquinas, constituídas por diferentes componentes. A utilização de técnicas de subestruturação permite reduzir o tamanho dos modelos, bem como tratar os diferentes componentes da estrutura de forma individualizada e otimizada, considerando as características dinâmicas de cada componente. A análise modal permite o cálculo das freqüências e modos próprios de vibração da estrutura, bem como a análise espectral e a síntese de subestruturas. A aplicação dessas técnicas no estudo dos modelos mecânicos permite tratar as particularidades dos componentes, bem como a não-lineariedade das ligações, com reduzido tempo e esforço de cálculo.

As técnicas de análise modal permitem a identificação de parâmetros dissipativos presentes nos componentes e nas ligações entre eles, e a utilização de subestruturas permite a otimização do projeto com reduzido custo computacional. Os sistemas CAM (Computer Aided Manufacturing) podem ser definidos, como auxílio via computador da preparação da manufatura, representando todas as tecnologias usadas no chão de fábrica que agem Fotos Carlos Eduardo S. Volpato

deslocamentos, vibração, transferência de calor, escoamento de fluidos, instalações industriais e outras aplicações. A eficiência da Análise de Elementos Finitos depende do detalhamento do modelo utilizado e do processador matemático; o modelo de elementos finitos pode ser um modelo gerado a partir de CAD 3D, sendo dada especial atenção às junções dos elementos, existindo vários tipos e formas de uniões. A análise por elementos finitos para a construção de modelos estruturais utiliza modelos digitais para simular fenômenos físicos reais, através de métodos numéricos aproximados, subdividindo o desenho de CAD em muitas pequenas partes, resolvendo, então, um conjunto de equações algébricas para obter os resultados desejados em função do carregamento e das condições de contorno. A utilização do Método de Elementos Finitos (FEM) é um método computacional que tem a finalidade de prever a reação de um objeto em função das forças, do calor e das vibrações atuantes para a construção de modelos estruturais e motivou o desenvolvimento de novas metodologias de cálculo para a análise dinâmica de estruturas complexas. Essas metodologias levam em conta o aumento constante do tamanho dos modelos exigidos pelos projetos de engenha-

estes casos, a utilização de sistemas computacionais nas diferentes áreas da engenharia é uma exigência do atual mercado altamente competitivo, onde as empresas necessitam produzir cada vez mais, melhor e com custos reduzidos. Além de simplesmente substituir a prancheta pelo computador, automatizando o trabalho de desenhistas, os atuais sistemas CAD/CAE/CAM são capazes de aumentar a eficiência de praticamente todas as atividades realizadas por um departamento de engenharia. Um maior número de alternativas de projeto é analisado durante a fase de concepção; os defeitos de um novo projeto são corrigidos antes mesmo de um único protótipo ter sido construído; os processos de fabricação são facilmente programados e visualizados na tela do computador; as diferentes etapas do processo de engenharia desenvolvem-se de maneira integrada e simultânea. Esta forma de se fazer à engenharia com o uso de modelos ferramentas digitais pode ser chamada de “Engenharia Virtual”.

Projeto virtual do carrinho da plantadora (dir), e carrinho já pronto (esq)

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Kuhn Metasa

A Tecnologia de Simulação de Eventos Mecânicos (MES) calcula as forças atuantes e prevê o comportamento real

dentro de um processo produtivo, dizendo não só a respeito da automação da manufatura como também da tomada de decisão, plano operacional etc.

PROTOTIPAGEM RÁPIDA

Fotos Carlos Eduardo S. Volpato

Visto que, em determinada fase do processo de pesquisa e desenvolvimento de um novo produto, o engenheiro depara-se com a necessidade de prever o comportamento real de seu projeto, uma solução tradicional seria a construção de protótipos ou modelos reduzidos para ensaios em laboratórios, onde instrumentos de medição estrategicamente distribuídos coletariam dados de tensões, deformações, velocidades, forças etc. Entretanto, a metodologia de construção e ensaio de diversos protótipos costuma consumir mais tempo e recursos do que seria o desejável, não sendo portanto a solução ideal. A tecnologia de Simulação de Eventos Mecânicos (MES) adiciona movimento à análise tradicional de elementos finitos, dispensando assim o conhecimento prévio das forças envolvidas. Em outras palavras, as forças atuantes são calculadas internamente pelo software, de maneira transparente para o usuário. Além de calcular as tensões e deformações, as eventuais falhas do material seriam apresentadas visualmente através de animações bastante intuitivas. Dessa forma simular-se, com o uso de softwares, modelos baseados na plataforma PC/Windows situações físicas reais de maneira bastante completa pode resultar em verdadeiros protóti-

Volpato mostra a economia de tempo e dinheiro na elaboração de projetos agrícolas

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pos virtuais, compreendendo então o processo de prototipagem virtual. Os protótipos virtuais simulados em computador a partir do modelo sólido gerado no sistema CAD 3D reduzem o número de protótipos físicos a serem construídos para efeito de visualização, testes funcionais, verificação e validação do projeto. Além disso, sistemas de prototipagem rápida permitem que complexos modelos de CAD sejam fabricados em poucas horas, dentro da própria empresa, ou por um prestador de serviços. O custo e o tempo total de desenvolvimento do produto são drasticamente diminuídos. Desse modo, a engenharia virtual realiza-se de maneira mais rápida e automática, com menor interferência do usuário. Modificações de desenhos, análises de engenharia, simulações, fabricação de protótipos, programação de máquinas e documentação técnica são atividades que podem ser desenvolvidas simultaneamente por diversos departamentos da empresa, os quais estarão compartilhando um único banco de dados referente ao projeto. Diante desse cenário, é importante a utilização de um sistema de gerenciamento de informações técnicas. Esse sistema, chamado de PDM (product data management), garante que todas as pessoas envolvidas com o projeto utilizem as versões mais atualizadas dos desenhos e documentos técnicos, além de controlar as revisões e impedir acessos indevidos às informações.

Análise de tensões em uma das barras do mecanismo – elementos finitos

EXEMPLO INTERATIVO Dentro desse contexto vale ressaltar um exemplo onde a interação desses modelos é mostrada com uso das ferramentas computacionais destinadas à modelagem do projeto de máquinas agrícolas. Trata-se da simulação de um sulcador de uma semeadora/adubadora de plantio direto, onde foram analisadas as forças atuantes e a resistência da peça com o uso de ferramentas do CAD e FEA. A integração do sistema permite a visualização dos resultados através de uma aniM mação realista. Carlos Eduardo Silva Volpato, Ezequiel de Oliveira e Wanielle Resende Carvalho, Ufla

INTEGRAÇÃO

D

a integração de sistemas CAD, CAE e CAM resulta a diminuição de tempo total gasto desde a concepção do produto até a sua fabricação. A partir de critérios preestabelecidos para a otimização do projeto, uma análise de tensões por elementos finitos pode modificar automaticamente o desenho da peça através de um processo interativo, por exemplo, a espessura da peça pode mudar automaticamente em função das tensões calculadas em suas proximidades, variando também a resistência mecânica com peso aplicado. Além de interagir com as análises estruturais por elementos finitos, os sistemas CAD também podem ser integrados com softwares para análise cinemática de mecanismos, prototipagem rápida, CAM e outros.


perspectivas

Divulgação

Combustível de futuro

Um longo caminho ainda tem de ser percorrido a fim de tornar o biodiesel competitivo e viável dentro da matriz energética nacional, no entanto, o avanço das pesquisas e a regulamentação do uso no país são indícios significativos de um futuro promissor para o combustível

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biodiesel é um assunto em pauta hoje. Conquistou lugar de destaque ainda maior após a regulamentação, pelo Governo Federal, de uso e produção desse combustível. As razões que levaram o país a voltar a pensar no biodiesel (na década de 80 houve uma tentativa de pesquisas na área) são de caráter ambiental, econômico e social. Ainda há muito caminho a ser trilhado para tornar o combustível competitivo e viável, dentro da matriz energética nacional.

COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS Os combustíveis fósseis, especialmente aqueles derivados do petróleo, são amplamente utilizados em diversas tarefas. São esses combustíveis que alimentam os meios de transportes (caminhões, ônibus, carros), as atividades agrícolas (colhedoras, tratores, geradores etc) e tantas outras atividades. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, os dois constituintes mais expressivos da matriz energética nacional são o petróleo (e derivados) e a biomassa. A biomassa é composta basicamente de cana-de-

açúcar e lenha ou carvão vegetal. Na matriz dos combustíveis, o óleo diesel predomina, seguido da gasolina, álcool hidratado e gás natural. No ano de 2004 o Brasil importou 27,5 milhões de metros cúbicos de petróleo, totalizando US$ 6,8 bilhões. A importação de óleo diesel, no mesmo período, foi de 2,7 milhões de metros cúbicos, sendo gastos para tanto, US$ 827 milhões. Das principais fontes energéticas utilizadas pelo setor agrícola, ou seja, lenha, óleo diesel, óleo combustível, gás de cozinha, querosene, eletricidade e carvão vegetal, o óleo diesel tem o consumo mais expressivo, representando 58% do total. Embora muito utilizado, os derivados do petróleo apresentam uma série de desvantagens. A mais significativa está relacionada aos centros produtores dessa matériaprima. Grande parte está nas mãos de um pequeno número de países, que estão em meio a constantes crises políticas e sociais, influenciando a cotação do barril, bem como a regularidade do seu fornecimento. O Brasil ainda é dependente do petróleo impor-

tado e, com o crescente aumento da demanda, fica cada vez mais atrelado às importações, causando forte impactos na balança comercial nacional. Outro sério problema está relacionado à poluição ambiental. A queima do óleo diesel, por exemplo, eleva a concentração de gases nocivos na atmosfera, contribuindo para o aumento do efeito estufa, contrariando assim os termos do Protocolo de Kyoto. Por ser uma fonte não renovável, a extração indiscriminada de petróleo levará ao seu total esgotamento. Ainda não há uma previsão razoável sobre a duração das reservas mundiais, devido principalmente ao desenvolvimento de tecnologias para a perfuração em águas profundas.

O QUE É BIODIESEL? O biodiesel é um combustível à base de triglicerídio, que pode ser óleo vegetal ou gordura animal. O uso de óleos vegetais puros em motores já foi muito empregado no passado, mas verificou-se que ocorriam muitos danos, como corrosão e entupimentos, causados pela sua alta viscosidade.

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Agrale

Agrale já lançou um trator de pequeno porte, movido 100% a biodiesel

São várias tecnologias disponíveis para a redução da viscosidade dos triglicerídios. A mais usada é uma reação química de nome complicado, porém de fácil realização: a transesterificação. Nessa reação o óleo vegetal ou a gordura animal reagem com um álcool e um catalisador. Após a reação são obtidos o biodiesel e a glicerina. Os álcoois mais comuns são o metanol e etanol. No caso do Brasil, recomenda-se a utilização do etanol, obtido da cana-de-açúcar. O etanol é biodegradável, apresentando uma série de vantagens ambientais. Como o país é um grande produtor de cana, seu custo é bem reduzido. O catalisador é do tipo alcalino ou ácido. Diversos estudos mostram a superioridade do alcalino perante o ácido: mais eficiente, de baixo custo e menos agressivo ao motor. Os mais comuns são a soda cáustica (NaOH) e o hidróxido de potássio (KOH). O triglicerídio mais comum nas reações é o óleo vegetal. Ainda não há um padrão

ALTERNATIVA À VISTA

D

entro desse contexto surge a busca por combustíveis alternativos, também conhecidos por biocombustíveis. Os biocombustíveis são derivados de biomassa renovável, com aplicação em motores de combustão interna ou em outro tipo de geração de energia, substituindo em parte ou totalmente os fósseis. O biodiesel é um exemplo de biocombustível com a grande vantagem de não exigir qualquer tipo de modificação nos motores.

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Case IH

mínimo regulamentado de qualidade para esse óleo, como composição em ácidos graxos, índice de iodo, saponificação etc. Alguns estudos empregam restos de óleo de cozinha, outros utilizam óleos refinados, degomados e também óleos brutos. A decisão mais importante, a princípio, do que a qualidade do óleo é a escolha do grão que originará o óleo vegetal. A etapa de escolha de grãos inicia-se com a análise de oleaginosas disponíveis na região onde será produzido o biodiesel. A escolha de grãos já produzidos reduzirá custos de transporte e armazenamento, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento da agricultura da região. Tendo escolhido o grão, o próximo pas-


“A etapa de escolha de grãos inicia-se com a análise de oleaginosas disponíveis na região onde será produzido o biodiesel” Divulgação

so é a escolha da variedade ou cultivar. Esta deverá apresentar algumas características, como baixo custo de produção, rusticidade, resistência à intempéries e principalmente alto teor de óleo por hectare plantado. Atualmente o biodiesel vem sendo pesquisado principalmente por países europeus e pelos Estados Unidos. Os países desenvolvidos apresentam uma política ambiental já consolidada, onde os combustíveis alternativos já são produzidos e utilizados em grande escala. A diferença entre esses países e o Brasil é o tipo de álcool utilizado. Como o metanol está disponível e a um custo menor que o etanol, é esse o álcool utilizado nas reações. Por essa razão, toda tecnologia pesquisada e desenvolvida por europeus e norte-americanos não é aplicável no Brasil. Uma tecnologia tipicamente nacional, com foco no etanol, poderia levar a um au-

PASSO-A-PASSO

Q

Pesquisadores falam sobre as perspectivas dos biocombustíveis no Brasil e no mundo

mento da eficiência do processo e, conseqüentemente, dos lucros.

PNPB O Governo Federal, através da Lei no 11.097, datada de 13 de janeiro de 2005, regulamentou o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) e autorizou a entrada do biodiesel na matriz energética brasileira. O objetivo principal dessa lei é possibilitar que os biocombustíveis incrementem as bases econômicas e sociais, além das bases ambientais. Tecnicamente, ainda existem limitações quanto ao uso do biodiesel puro nos motores. Recomenda-se uma mistura com o óleo diesel comercial. Estudos mostram que a proporção dessa mistura não deverá ultrapassar 20%; valores maiores que este aumentam a chances de ocorrência de danos mecânicos. Por essa razão, o governo autorizou a adição de 5% (mistura conhecida por B5) do biodiesel ao diesel. Até 2008, um percentual mínimo obrigatório de 2% poderá ser usado. O PNPB foi montado nos moldes da sustentabilidade, ou seja, visando benefícios econômicos, sociais e ambientais. Economicamente, a redução nas importações de óleo diesel trará uma significativa melhora na balança comercial. A inclusão social virá através do enfoque dado pelo programa na agricultura familiar. Os pequenos agricultores beneficiados por financiamentos agirão como fornecedores de matériaprima para a cadeia de produção. Os gases liberados pela mistura, mesmo pela mínima B2, são bem menos poluentes que os liberados pelo óleo diesel puro.

FUTURO DO BIODIESEL Após a consolidação da produção de biodiesel no Brasil, ou seja, quando a tecnoA produção de combustíveis ecologicamente corretos, como álcool e biodiesel, é uma das grandes promessas brasileiras no mercado externo

ualquer novidade desperta interesse, e com um novo combustível não é diferente. A concorrência é grande, todos querem chegar na frente e conquistar seu lugar no mercado. Em meio a tanta correria, aspectos importantes como qualidade do produto, domínio do processo tecnológico, solução de gargalos e otimização da cadeia de produção são deixados de lado, esquecidos. Um passo maior que a perna, no presente, pode resultar em grandes tombos futuros, comprometendo o sucesso do programa, que, embora pareça quase certo, ainda não foi plenamente alcançado. logia estiver totalmente dominada e houver excedentes de produção, podemos nos tornar exportadores. Embora os países europeus tenham grande interesse no uso de biodiesel, a produção nesses países é limitada pela pequena área agrícola disponível, destinada na sua grande maioria à produção de alimentos. O Brasil leva vantagem no cenário mundial. São muitas as áreas disponíveis para agricultura, com clima favorável e facilidade de adaptação de inúmeras variedades de oleaginosas. Para conquistarmos lugar de destaque na produção mundial, as políticas de exportação deverão ser analisadas cuidadosamente, de forma a suprir a demanda internacional e também estar dentro dos padrões internacionais de qualidade do biM odiesel. Anna Leticia M. Turtelli Pighinelli, Kil Jin Park e Antonio J. da Silva Maciel, Unicamp Rosemar Antoniassi, Embrapa Agroind. de Alimentos Ana Maria Rauen, Ital

FATORES INTERFERENTES

A

reação de produção do biodiesel é afetada por quatro fatores principais: proporção entre o álcool e o óleo vegetal (o mínimo são três parte de álcool para uma de óleo), tipo e quantidade de catalisador e pela temperatura que ocorre a reação. Encontrar uma configuração ótima desses fatores tornará a reação mais eficiente.

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passo-a-passo

Colher mais e m AGCO

Para as máquinas colherem mais e melhor, em qualquer condição de lavoura, com alta produtividade e mínimo de perdas, é importante que elas estejam bem reguladas. Para conseguir esse desempenho, vamos mostrar como preparar e regular corretamente as colhedoras

P

ara alcançar o sucesso na hora da colheita, você deve levar em conta alguns fatores como: umidade dos grãos a serem colhidos, condições da lavoura, operação da máquina e principalmente a preparação da colhedora. Para facilitar o trabalho, algumas colhedoras possuem orientações de regulagens básicas para cada tipo de cultura. Essas informações foram coletadas ao longo do tempo, nas mais diversas regiões, e servem de referência para preparo adequado da colhedora. Assim, tenha em mente que o ponto de partida para uma correta regulagem da máquina é a umidade dos grãos da lavoura a ser colhida e o estado das plantas. Com base no resultado da medição de umidade, uma lista de regulagens básicas deve ser seguida, e o trabalho, iniciado.

PASSO-A-PASSO O mais prático para regular a colhedora é

O ajuste da altura do molinete em relação ao caracol é importante

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seguir o fluxo dos grãos na máquina, assim se garante que todos os itens vão ser ajustados. O molinete é o primeiro componente a ser verificado, devem ser feitos os ajustes de altura, de distância em relação ao caracol e de inclinação dos dedos, função do tamanho das plantas ou do acamamento destas. A outra regulagem do molinete, que é de extrema importância, é a de velocidade, mas esta deve ser feita já com a máquina em movimento. Caso a máquina não tenha função automática para compensar a proporção com a velocidade de deslocamento, deve ser verificada periodicamente. Enquanto o molinete sustenta as plantas, as navalhas fazem o corte destas. Algumas plataformas permitem o ajuste do ângulo da barra de corte, isso é indicado para culturas muito rasteiras como o feijão, na qual é sugerida uma pequena inclinação para baixo. Em função do volume de material na plataforma, a altura do caracol deve ser ajustada, assim como a distância dos dedos retráteis em

relação ao fundo da plataforma. A rotação do caracol também pode ser ajustada, normalmente através da troca de engrenagens. O sistema de controle automático de altura de corte e inclinação da plataforma deve ser calibrado. Nos sistemas mais modernos, com sensores eletro magnéticos, é necessária a calibração dos potenciômetros no início da safra. Não deve ser necessário recalibrar esses potenciômetros, a menos que ocorra algum choque dos apalpadores com uma pedra ou raiz ou que a plataforma seja trocada de uma colhedora para outra. A esteira transportadora do canal alimentador deve ser verificada quanto à tensão e, além

A verificação da tensão das correias também é operação fundamental

A regulagem de ângulos dos dedos do molinete é um dos primeiros passos


Fotos Paulo Verdi

elhor

disso, pode ter a altura do rolo-guia dianteiro elevada em função do volume de material. Na colheita de milho, a elevação desse rolo é obrigatória, para evitar a debulha e a quebra de espigas no canal alimentador. O sistema de trilha merece uma atenção especial na regulagem. Antes de mais nada, é necessário conferir se a máquina está equipada com o côncavo adequado para a cultura que será colhida. Para soja e milho, o de arames grossos, e para trigo, cevada ou outras culturas de inverno, é necessário o de arames finos. Para o arroz, usa-se o conjunto de cilindro e côncavo de dentes. Depois, é recomendado verificar os espaçamentos nas partes frontal e traseira do côncavo, usando um calibrador de lâminas através das janelas de inspeção, com a alavanca na posição “N”. O côncavo das colhedoras pode possuir até 14 posições de trabalho. Dependendo do tipo de cultura, aberturas maiores ou menores podem ser recomendadas. É importante verificar o paralelismo do côncavo em relação ao cilindro. A rotação inicial do cilindro é, normalmente, recomendada no manual do operador, para cada tipo de grão e condição de umidade. Iniciada a colheita, esse ajuste tem que ser verificado constantemente, para evitar dano ao grão. Se, durante a operação, a trilha não estiver eficaz, ou seja, se vagens ou cachos estiverem passando sem serem debulhados, é recomendado sempre diminuir o espaçamento do côncavo antes de aumentar a rotação do cilindro, dessa forma se aumenta a agressividade da trilha sem aumentar o dano mecânico. O inverso também é válido, ou seja, se estiver sendo verificado um alto índice de dano mecânico, a rotação do cilindro deve ser reduzida antes de abrir o côncavo. Depois do sistema de trilha, o material se divide dentro da colhedora, a palha “grossa”

O côncavo é responsável por grande parte do trabalho de separação dos grãos

A posição da calha no fundo do graneleiro pode definir a velocidade de descarga

vai para o saca-palhas, e os grãos, juntamente com a palha fina, vão para o sistema de limpeza. O saca-palhas é um componente que não exige regulagens, a inclinação, a altura dos saltos e a rotação são definidas pelos fabricantes de forma a dar o melhor resultado para aquele projeto de colhedora. Alguns poucos modelos permitem o ajuste da altura da cortina que fica sobre o saca-palhas. Essa cortina tem a função de “frear” a palha, aumentando o tempo de agitação da mesma e, conseqüentemente, proporcionando mais separação. A cortina com altura regulável possibilita controlar esse efeito. Muitas vezes, problemas de perdas associados ao saca-palhas são, na realidade, falha na

As peneiras devem ser reguladas sempre na seguinte ordem: inferior, superior e retrilha

regulagem do sistema de trilha. O côncavo é responsável por 90% do trabalho de separação, portanto, se o ajuste do mesmo não estiver correto, ou se a colheitadeira estiver equipada com um côncavo inadequado para cultura, fatalmente o saca-palhas ficará sobrecarregado, e vão ocorrer perdas. O sistema de limpeza é, talvez, o ponto mais delicado da regulagem da colhedora. Os ajus-

QUANDO AJUSTAR

T

odas as regulagens acima devem ser feitas no início da colheita, sendo que, as principais, devem ser revistas freqüentemente. Mudanças significativas de umidade ou de variedade vão, obrigatoriamente, exigir uma nova regulagem dos principais sistemas, tais como plataforma, trilha e limpeza. Ajuste do comprimento da haste dos potenciômetros

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Ajuste do direcionamento do vento nas peneiras (dir.) e em cascata (esq.)

tes são bastante amplos, e pequenas variações podem significar grandes mudanças nos resultados. As peneiras devem ser reguladas sempre na seguinte ordem: inferior, superior e extensão de retrilha, sempre com a inferior mais fechada, a superior, a intermediária e a extensão mais abertas. Algumas máquinas apresentam no monitor da cabina sugestões de regulagem inicial das peneiras, o que facilita o trabalho, mas na maioria das vezes o processo utilizado para essa regulagem é fechar totalmente a peneira inferior e jogar sobre a mesma um punhado de grãos retirados da lavoura que vai ser colhida. Feito isso, a peneira deve ser aberta lentamente, enquanto se observa o ruído dos grãos passando através desta. A abertura deve ser interrompi-

PROCEDIMENTOS INICIAIS

O

primeiro passo é conferir diariamente os itens de serviço indicados no manual do operador. De posse da lista, inspecione todos os pontos solicitados, faça as lubrificações indicadas e, só então, comece a regulagem. A tensão correta de todas as correias, bem como seu estado, são fundamentais em uma colhedora de alto desempenho. Faça uma verificação geral. Revise também as embreagens de segurança da colhedora e o estado da caixa de pedras. A regulagem da peneira inferior deve ser sempre mais fechada do que a superior, a intermediária e a extensão

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da quando forem ouvidos os últimos grãos se desprendendo da peneira. Estando a inferior ajustada, a superior deve ser um pouco mais aberta, algo como dois ou três milímetros. A extensão de retrilha deve ficar ainda mais aberta que a peneira superior. Além das peneiras, é muito importante o controle do vento. Devem ser ajustadas a intensidade e a direção do ventilador. Como conceito básico, deve-se levar em conta que a parte inicial das peneiras é a principal responsável pela limpeza, portanto, na grande maioria dos casos, o ar deve ser direcionado para essa parte. Além disso, a intensidade deve ser tal que o palhiço fique “flutuando” sobre as peneiras, possibilitando a passagem dos grãos pelas aber-

turas reguladas. Em certas situações, tem-se a impressão que o excesso de vento está provocando perdas, e, na realidade, é exatamente o contrário, a falta de pressão do ar faz com que o palhiço bloqueie a passagem entre as escamas das peneiras, fazendo com que parte dos grãos não encontre passagem e acabe sendo jogado para fora da máquina. No sistema de armazenamento e descarga, o único ajuste que pode ser feito é o da calha no fundo do tanque graneleiro. A posição dessa calha vai definir a velocidade de descarga do produto. Em casos especiais, como no arroz, pela sua abrasividade, ou o feijão, pela sua fragilidade, a regulagem deve proporcionar uma vazão não muito alta, sendo que neste último caso algumas vezes se recomenda fazer a descarga com a rotação do motor mais baixa para transportar os grãos mais suavemente. M

Alguns modelos de colhedoras permitem o ajuste da altura da cortina do saca-palhas


mapas de produtividade Case IH

Potencial produtivo Os mapas de rendimento podem fornecer importantes subsídios para potencialização produtiva da agricultura brasileira. No entanto, em muitos casos, onde disponíveis, eles encontram-se subutilizados da unidade produtiva, essa é uma questão relevante quando se almejam competitividade e redução dos custos de produção.

A busca por eficiência tem instaurado um novo paradigma no campo, caracterizado como Agricultura de Precisão. Tais acon-

Antônio Luis Santi

T

radicionalmente na agricultura e especificamente no que se refere à produtividade das culturas, é muito comum a utilização de médias. O que o produtor registra, geralmente, é determinado valor médio de produtividade em cada talhão, quando não em todas as áreas de sua propriedade. A presença da variabilidade espacial horizontal da produtividade, mesmo quando detectada, geralmente não é quantificada e localizada. Em tempos de constante reflexão sobre os aspectos ligados ao gerenciamento Grupo em treinamento, com o objetivo de repassar ao operador todos os benefícios que as máquinas disponibilizam

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tecimentos contemplam objetivos diversos, como a racionalização do uso de insumos e a busca pela manutenção da qualidade dos recursos naturais, a identificação das áreas produtivas e suas potencialidades, como os altos, médios e baixos rendimentos.

Figura 1: Variabilidade espacial horizontal da produtividade de grãos após a sobreposição dos mapas obtidos em quatro (A), seis (B) e quatro safras (C) para as áreas Schmidt, Coxilha Colorada e Lagoa, respectivamente. Fonte: Santi, A.L. 2005, tese de doutorado, dados não publicados

TECNOLOGIA EMBARCADA As evoluções tecnológicas transcorridas nas máquinas hoje disponíveis no mercado, como no caso das colhedoras de grãos, proporcionou uma ampliação na tomada de informações, tais como o desempenho operacional das máquinas, a possibilidade de quantificação da produtividade e a caracterização de sua variabilidade - até então, em alguns casos, conhecida, mas não possível de mensuração. A tecnologia embarcada, em algumas colhedoras, como os monitores instalados no interior de suas cabines, permitiu a ampliação da interface homem/máquina e a obtenção de informações diversas, como: nível de combustível, rotação de eixos, rotação do motor, sistema elétrico, perdas de grãos no conjunto de peneiras e saca-palha, dentre outras informações. O desenvolvimento da engenharia permitiu também a instrumentação com sensores para a quantificação da produtividade de grãos, cartão para o armazenamento das informações e um Sistema de Posicionamento Global (GPS) para fornecer as coordenadas e permitir a espacialização das informações coletadas. Para o manejo do solo, esses adventos tecnológicos apresentam-se como uma forma ágil, confiável e racional na averiguação das causas da variabilidade da produção nas lavouras. Em uma visão poética, é a própria planta expressando seus “sentimentos” em relação ao solo, ao clima e às ações do homem. O conhecimento da expressão do potencial produtivo pode ser a base para a tomada de muitas decisões de manejo e gerenciamento na propriedade, por expressar o êxito ou as limitações das ações desenvolvidas, além de refletirem um passado recente, ou seja, as últimas intervenções, balizando novas ações para os próximos anos.

MAPAS DE RENDIMENTO Embora seja considerado por muitos autores como o ponto de partida, ou a mais importante etapa do ciclo da agricultura de precisão, os mapas de rendimento ainda não ganharam seu devido espaço na agricultura brasileira. Em muitas propriedades onde há disponibilidade dessa tecnologia, geralmente tais ferramentas estão subutilizadas, ou deram espaço ao mapeamento de atributos do solo (fósforo, potássio, pH, cálcio, magnésio etc.).

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Essa forma única e até certo ponto simplista de analisar as causas da variabilidade pode ser, inclusive, um risco no entendimento da variabilidade da área e no subsídio ao embasamento de ações de manejo necessárias. A análise de uma seqüência de mapas de produtividade, nesse caso, pode ser uma excelente forma de definir unidades de manejo em uma lavoura e o início da compreensão das possíveis causas e fatores que influenciam a expressão do potencial produtivo. Para a aplicação das técnicas da agricultura de precisão no manejo do solo é importante quantificar a estrutura espacial da variabilidade. Se ela não apresenta estrutura espacial, ou seja, se não ocorre concentrada em áreas possíveis de serem manejadas, a

PRECISÃO A CAMPO

C

onsideramos aqui os resultados obtidos em três áreas experimentais com agricultura de precisão, situadas no Planalto Médio do Estado do Rio Grande do Sul: uma área localizada no município de Palmeira das Missões, com 57,4 ha (Coxilha Colorada), e outras duas no município de Não-MeToque, uma com 132,2 ha (área da Lagoa) e a última com 125,5 ha (área Schmidt). As áreas de Não-Me-Toque fazem parte do Projeto Aquarius, que visa conhecer e embasar cientificamente o ciclo completo da agricultura de precisão e envolve instituição de pesquisa (Universidade Federal de Santa Maria UFSM), produtor rural (Fazenda Anna) e iniciativa privada (AGCO do Brasil, Stara Sfil e Bunge Fertilizantes – Serrana). A outra é pertencente à família Sulzbach e vem sendo base de pesquisa ao setor de geomática e de manejo do solo (UFSM) desde 2001.

melhor estimativa de qualquer parâmetro obtido nessa área é o valor médio ou a mediana, e a melhor maneira de se manejá-la é usando os conceitos da agricultura convencional, por meio de manejo uniforme. No entanto, se há comprovação dessa repetibilidade estrutural na área, e as variabilidades espacial e temporal remetem à definição de unidades de manejo, pela sua abrangência e espacialização, então, o mapa de rendimento passa a ser uma ferramenta de fundamental importância no manejo do solo. Em lavouras, definir as regiões de maior e menor expressão do potencial produtivo permite estabelecer estratégias de manejo, como a prescrição de taxas de aplicação de fertilizantes visando repor as exportações de nutrientes pelos grãos, ou a necessidade de correção e manutenção dos teores de nutrientes no solo, arranjo e população de plantas, escolha de variedades mais rústicas ou de maior potencial produtivo, delimitação de regiões compactadas, além de opção por estratégias de melhoria ou manutenção da qualidade do solo por intermédio da implementação e uso de plantas de cobertura do solo e sistemas de rotações de culturas. O comportamento da variabilidade espacial da produtividade pode assumir distintas formas gráficas, por ser reflexo de uma complexa interação de fatores ligados a aspectos fisiológicos da cultura, condições climáticas e atributos referentes à qualidade do solo. Na Figura 1A observamos não haver uma tendência muito clara de organização das unidades de alta e baixa produção, enquanto que nas demais áreas (Figura 1B e 1C) isso se torna mais definido. Sendo assim, é aconselhável que as tomadas decisões de manejo sejam baseadas em três ou mais safras, salvo os casos em que os problemas sejam de fácil compreensão (presença de plantas daninhas, má drenagem, sulcos de erosão, falha no plantio etc.), ou caracterizados durante o próprio processo de colheita através de tecnologias disponíveis nos monitores das máquinas, denominados “mar-


“Para o manejo do solo, esses adventos tecnológicos apresentam-se como uma forma ágil, confiável e racional na averiguação das causas da variabilidade da produção nas lavouras” New Holland

Não há uma “receita pronta” de como se obter os melhores resultados possíveis com a tecnologia de agricultura de precisão

cadores”. Reportando-se à Figura 2, quando consideramos o histórico dos vários mapas de colheita, observamos que as unidades de baixa e alta produtividade ocupam dimensões de 36% e 26%, 33% e 35%, 31% e 41% nas áreas Schmidt, Coxilha Colorada e Lagoa, respectivamente. Isso demonstra que algumas propriedades do solo devam estar se manifestando de forma diferenciada em locais específicos, favorecendo o incremento na produção, quando comparados com os locais de baixa produtividade. Os números também demonstram haver possibilidade de, através do manejo, minimizarem-se as unidades de baixa produtividade e, conseqüentemente, aumentar a lucratividade da área. Isso é perfeitamente possível quando a busca do conhecimento do potencial produtivo do solo não se detém apenas a investigações acerca de atributos de ordem química. O atendimento de requisitos como a melhoria nas propriedades físicas, a agregação, densidade e a porosidade do solo, com efeitos conjuntos sobre a fertilidade do solo pode ser potencializado pelas expressões encontradas nos mapas de produtividade.

REDISCUSSÃO ESTRATÉGICA

Fotos Antônio Luis Santi

Se comprovada a existência da variabilidade, deve-se conduzir uma rediscussão das estratégias de manejo adotadas até então na agricultura convencional, onde se trabalha com valores uniformes de produtividade e de intervenção de manejo. A análise sobre o potencial produtivo pode auxiliar nas investigações das interações entre os atributos físicos e químicos, orientando intervenções de manejo que conduzam à gradual melhoria da qualidade do solo. O teor de matéria orgânica e a infiltração e armazenamento de água têm sido dois atributos de solo com comportamento dis-

Antônio erro e Telmo falam sobre avaliação Qualquer do operador ou regulagem do potencial produtivo do resultará solo com em base inadequada da máquina em mapas de rendimento destruição inadequada

tinto entre as zonas com diferente potenci- postas conectadas com a realidade de cada M al de rendimento. Do ponto de vista econô- lavoura e propriedade. mico e ambiental, também se pode esperar uma racionalização dos insumos aplicados, Antônio Luis Santi e Telmo J. C. Amado, especialmente fertilizantes. Não há uma “receita pronta” de como UFSM se obter os melhores Figura 2: Variabilidade espacial horizontal da produtividade de grãos após a sobreposição dos maresultados possíveis pas obtidos em quatro (A), seis (B) e quatro safras (C) para as áreas Schmidt, Coxilha Colorada e com a tecnologia de Lagoa, respectivamente. Fonte: Santi, A.L. 2005, tese de doutorado, dados não publicados agricultura de precisão disponível, porém destaca-se a importância de procurar integrar o maior número de informações (mapas de solo, acompanhamento de lavoura, diagnose foliar, mapa de rendimento) na tomada de decisões. Como em tudo que é novo, na agricultura de precisão também há muitas dúvidas de como proceder e sobre o que realmente pode ser adotado e é aceitável dentre as formas de se conhecer a variabilidade e embasar as práticas de manejo no sentido de melhorar e minimizar a variabilidade nas lavouras. Enquanto a pesquisa avança e os agricultores inovadores adquirem a necessária experiência, o racional é estar amparado em mais de uma estratégia na busca de res-

Março 06 • 23


monitoramento

Colheita às claras

O O tempo tempo da da colheita colheita “às “às cegas” cegas” já já era, era, os os operadores operadores das colhedoras atuais agora agora podem podem contar contar com com uma uma série série de de instrumentos instrumentos que que lhes lhes dão dão condições condições de de desempenhar o seu trabalho com muito mais eficiência, aproveitando tudo o desempenhar o seu trabalho com muito mais eficiência, aproveitando tudo o que que as as máquinas máquinas podem podem oferecer oferecer

É

cada vez mais comum o uso de monitores eletrônicos nas colhedoras, permitindo ao operador a observação instantânea de diversos pontos da máquina e dos resultados da colheita. Esses monitores são como painéis digitais que englobam diversos instrumentos em um só módulo. Perdas, produtividade por hectare, área colhida e velocidade dos eixos são algumas das informações que dão ao operador condições de tomar decisões mais facilmente e com mais acerto. Mas quais são as decisões que o operador realmente pode tomar baseado nos instrumentos? Como as informações apresentadas nesses monitores eletrônicos podem fazer o operador e a máquina renderem mais? Vamos começar com uma das informações Verificação das perdas por metro quadrado, realizada durante treinamento para operadores

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mais comumente monitoradas nas colhedoras: as perdas de peneiras e saca-palhas.

MONITORANDO AS PERDAS Um monitor de perdas é, na realidade, um monitor de capacidade da máquina, ou seja, ele vai indicar quando o operador pode aumentar a velocidade da máquina, aumentan-

do seu rendimento sem aumentar as perdas, e quando deve diminuir para evitar que essas perdas se tornem excessivas. E como funcionam os monitores de perdas? Sensores instalados nas partes finais da caixa de peneiras e em algumas calhas do sacapalhas sentem o impacto de grãos que estão sendo perdidos e geram um sinal elétrico pro-


Fotos AGCO

“Um dos desafios atuais, para os operadores, é a mudança de cultura; eles estão acostumados com máquinas mais antigas, sem recursos de monitoração”

Mapa de rendimento elaborado por colheitadeira com monitor de rendimento e antena GPS

BOA REGULAGEM

A

porcional à quantidade de impactos. O monitor vai mostrar, então, uma indicação com a intensidade desse sinal elétrico, normalmente através de um gráfico de barras. É importante notar que nem todos os grãos perdidos tocam nos sensores, ou seja, a monitoração é feita por amostragem. Um dos desafios atuais, para os operadores, é a mudança de cultura; eles estão acostumados com máquinas mais antigas, sem recursos de monitoração. A grande maioria avalia as perdas só visualmente e tem na cabeça referências do tempo em que tanto as máquinas quanto as lavouras produziam bem menos. É preciso colocar um pouco mais de ciência na verificação das perdas, afinal, uma vez identificado o melhor ajuste, ele será referência para todo o trabalho. Juntar os grãos

perdidos em uma área conhecida (um metro quadrado, por exemplo), pesá-los e comparar o resultado com a produtividade da lavoura na mesma área é a forma mais indicada de avaliar as perdas. Valores inferiores a 1% da produtividade da lavoura são considerados como perdas baixas e são bons valores de referência para calibração dos sensores. Depois de toda regulagem da máquina, o operador deverá ajustar o monitor de perdas, fazendo com que o que está acontecendo na prática seja corretamente apresentado no instrumento, o que é feito através dos controles de sensibilidade do monitor e dos sensores. Colhendo com a regulagem otimizada e com baixas perdas, o operador ajusta a sensibilidade do monitor para que a indicação do mesmo também fique baixa. Feito isso, o monitor vai ter a sua referência e vai poder indicar ao operador tanto o aumento quanto a redução das perdas.

s perdas na colheita são inerentes à mecanização, ou seja, não existe colhedora que tenha índice de perdas igual a zero, mas uma boa regulagem de plataforma, trilha e sistema de limpeza vai minimizar bastante esse problema. Isso nos leva a um dos pontos mais importantes: o fato de ter uma máquina com monitoração de perdas não vai dispensar o operador das regulagens mecânicas, ou seja, o monitor dá uma idéia ao operador de como está a perda em relação a um valor de referência, mas esse valor é definido pelo próprio operador. É ele que deve ter o conhecimento para identificar quando a regulagem da máquina está no seu melhor ponto, sendo que, o valor de perdas nesse ponto servirá de referência para os sensores durante toda a colheita. Com essa monitoração calibrada e facilmente visualizada, o operador vai poder decidir qual a velocidade máxima em cada ponto, fazendo a colhedora render ao máximo. Indicações de perdas mais altas que a de referência, certamente provocadas por uma área de grande produtividade, de maior volume de massa (com plantas invasoras, por exemplo) ou por inclinação excessiva do terreno, vão sugerir ao operador que reduza a velocidade. Por outro lado, se a indicação de perda diminuir, é sinal que o volume de material diminuiu, ou que o terreno está favorável, e o operador poderá aumentar a ve-

Operador trabalhando com ajuda do monitor eletrônico Datavision

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Fotos AGCO

PAPEL DO OPERADOR

NOVA VISÃO

O

O

bom resultado, portanto, depende sempre do operador, seja para regular a máquina e calibrar corretamente o monitor, seja para interpretar a leitura do mesmo e tomar as ações indicadas. Torna-se necessária, portanto, uma nova visão, para educar o operador com relação aos novos equipamentos, o que representa mais do que treiná-lo, é preciso fazer com que ele mude de referencial e confie na indicação do monitor para começar a usá-lo. Para isso, além de lhe passar o conhecimento técnico do sistema, é importante quebrar a cultura existente. Algumas vezes, o operador cria uma barreira mental que não lhe permite passar de uma determinada velocidade, impedindo-lhe de tirar o máximo da máquina. Sem essa re-educação, os monitores vão ser apenas indicadores sem sentido, investimentos que não estarão dando retorno. locidade, rendendo mais com o mesmo equipamento.

CONTADOR DE ÁREA Outro exemplo de monitoração, que vai ser útil ao operador e ao produtor, é o contador de área colhida. Avaliando quanto foi colhido no final de cada dia, o produtor consegue visualizar antecipadamente se seu ma-

Sensor de rotação do picador de palha; qualquer alteração de rotação é transmitida ao monitor instantaneamente

quinário vai dar conta ou não de toda a lavoura. A decisão de contratar ou não uma máquina de terceiro, para complementar a colheita, pode ser tomada com mais calma e com mais precisão. Até mesmo a troca da máquina por uma maior, ou a aquisição de outra, podem ser decididas com base na informação de área colhida por dia. Além dessas informações relativas ao rendimento do trabalho, a monitoração do funcionamento da própria máquina melhora o resultado da colheita, pois ajuda o operador na programação das ações de manutenção, fazendo com que a máquina fique parada o menor tempo possível. Através da monitoração da rotação dos eixos do sistema industrial, por exemplo, pode-se identificar se uma correia está sofrendo escorregamento excessivo, permitindo que as providências para esticá-la sejam tomadas com o mínimo possível de prejuízo ao trabalho. Isso sem falar nas funções de proteção dos

utras monitorações podem afetar até mais profundamente a vida do produtor, podem mudar a forma com que ele gerencia sua lavoura. Monitores de rendimento, associados a receptores GPS e a dispositivos para armazenamento de dados, podem proporcionar ao produtor uma visão completamente nova da sua lavoura, uma visão com a qual se vê claramente quais as áreas que tiveram uma boa produtividade e quais produziram abaixo do esperado, quais as áreas apresentaram lucro e quais sequer pagaram os custos de produção. Com essas informações na mão, o agricultor estará entrando na chamada Agricultura de Precisão e poderá tratar cada área separadamente, atacando os problemas específicos de cada ponto, dedicando menos recursos e energia diminuindo os custos e o impacto ambiental. componentes vitais da máquina, tais como pressão de óleo e temperatura da água do motor ou temperatura do óleo hidráulico. Por todos esses benefícios, a inclusão de componentes eletrônicos como sensores e indicadores digitais é uma tendência sem volta e que está em plena expansão. Basta lembrar da inclusão dos sistemas de corte automatizados, controlados eletronicamente, que foram a principal melhoria já intro-

Ajustes de sensibilidade dos sensores de perdas de saca-palhas e peneiras no monitor Datavision, além de outras informações

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“Por todos esses benefícios, a inclusão de componentes eletrônicos como sensores e indicadores digitais é uma tendência sem volta e que está em plena expansão”

Sensor de perdas de peneiras precisa ser calibrado pelo operador

M

– Paulo Verdi explica sobre a utilização correta dos monitores e ferramentas de precisão na colheita

duzida nas colhedoras. Antes desses sistemas a velocidade de colheita era limitada pela velocidade da reação do operador. As melhorias na qualidade do trabalho e no ren-

dimento, proporcionadas por essa tecnologia, comparadas ao pequeno acréscimo de custo, fazem com que esses itens estejam cada vez mais presentes no campo. O pró-

ximo desafio é educar os operadores para que parem de confiar somente nos seus instintos e sigam as “dicas” que as próprias coM lhedoras estão lhes dando. Paulo Verdi, AGCO do Brasil


aplicação aérea

Espectro de gotas

O tamanho adequado das gotas nas pulverizações aéreas, recomendação já presente na bula de diversos defensivos agrícolas fora do Brasil, além de conferir maior eficiência à aplicação, pode diminuir a deriva dos produtos e minimizar a poluição ambiental

E

mbora ainda não acontecendo no Brasil, mas sim em diversos países do mundo, vários defensivos agrícolas já trazem em suas bulas uma recomendação sobre o tipo de pulverização que deve ser feita, utilizando uma determinada classificação de espectro de gotas. Dessa forma, os aplicadores de defensi-

vos agrícolas precisam ter conhecimento sobre essa classificação para atender às especificações dos produtos. Da mesma maneira, os aplicadores também necessitam saber como preparar suas aeronaves para produzir a pulverização que atenda àquelas características do espectro de gotas indicado nos produtos químicos. Fotos Kuhn Metasa

Assim, estarão atendendo às especificações das bulas e, ao mesmo tempo, procurando diminuir a deriva dos produtos, reduzindo as conseqüências da poluição do meio ambiente. O presente trabalho tem por objetivos trazer aos operadores de aviação agrícola no Brasil algumas das informações já existentes a respeito das pulverizações que podem ser produzidas pelas aeronaves agrícolas. As tabelas e planilhas eletrônicas que serão apresentadas neste trabalho foram publicadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, sendo a tradução para o português devidamente autorizada pelo USDA-ARS.

FATORES INTEREFERENTES As características do bico utilizado, a pressão de trabalho e a velocidade de vôo são os fatores primários que influem na pulverização aérea, portanto, definindo o espectro de gotas produzido. Entende-se por características do bico utilizado o seu projeto, forma de jato emitido e também a sua posição em relação ao fluxo de ar que passa por ele quanA aplicação aérea exige uma série de cálculos e cuidados específicos relacionados a tipos de asas, condições de vento e velocidade da aeronave

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“As características do bico utilizado, a pressão de trabalho e a velocidade de vôo são os fatores primários que influem na pulverização aérea”

do do vôo de aplicação.

ESPECTRO DE GOTAS A Associação Americana de Engenheiros Agrícolas (ASAE) desenvolveu um critério para padronizar a obtenção e a caracterização das pulverizações. Essa norma define as categorias de Classificação do Espectro de Gotas (CEG) como Muito Fina (MF), Fina (Fina), Média (M), Grossa (G), Muito Grossa (MG) e Extremamente Grossa (EG). Essas categorias são definidas através de uma série de bicos de referência, operados de acordo com a norma ASAE, e a medição do tamanho de gota da pulverização é feita com espectrômetro de raio laser.

BICOS TESTADOS Nesse trabalho da USDA-ARS, foram avaliados, entre outros, os seguintes bicos de pulverização (com os seus respectivos fabrican-

tes), mostrados na Tabela 1: Outros bicos também foram avaliados (Jato Sólido Duplo Lund, Jato Sólido de Fileiras Simples e Dupla da AccuFlo, CP-DR Alto Volume e RD Raindrop). Alguns deles somente para helicópteros, e outros, para os dois tipos de aeronaves: asa fixa e rotativa.

TABELAS PUBLICADAS

TABELA 1 – Bicos de Pulverização Avaliados pelo USDA-ARS Tipo de Bico 1 – Bico CP-03 2 – Bico CP-09 3 – Bico CP 11TT 4 – Bico de Jato Leque 40° (orifícios maiores) 5 – Bico de Jato Leque 40 (orifícios menores) 6 – Bico de Jato Leque 80 7 – Bico de Jato Cônico Vazio com Difusor 46 (em cerâmica) 8 – Bico de Jato Cônico Vazio com Difusor 46 (metático) 9 – Bico de Jato Cônico Cheio com Difusor 56 (metálico) 10 – Bico de Jato Sólido (Ponta de Orifício)

As tabelas exibidas na publicação da USDA-ARS são separadas por tipo de aeronave: asa fixa ou rotativa. O aplicador deve procurar o tipo de bico, a combinação de ponta de orifício e difusor (para jato cônico), e as diferentes combinações de tamanho dos bicos, ângulos de inclinação e pressão de trabalho. As tabelas mostram os valores de DV0,5

Fabricante CP Products, Inc. USA CP Products, Inc. USA. CP Products, Inc. USA Spraying Systems Co., USA Spraying Systems Co., USA Spraying Systems Co., USA Spraying Systems Co., USA Spraying Systems Co., USA Spraying Systems Co., USA Spraying Systems Co., USA

(diâmetro mediano volumétrico), a CEG (classificação do espectro de gotas) e %<100 µm (porcentagem do volume pulverizado em gotas menores que 100 µm) para cada combinação de tamanho de orifício e ângulo de bico, para uma faixa de pressão de trabalho e de velocidade de vôo das aeronaves. Estima-

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Tabela 2 – Bicos de referência para a classificação das Categorias de Espectro de Gotas, da Norma ASAE S-572 AUG99 Limites das Categorias MF/F F/M M/G G/MG MG/EG

Bico 01F110 03F110 06F110 8008 6510

Pressão (bar) 4,5 3,0 2,0 2,5 2,0

Fabricante (*) Delavan Technologies, Inglaterra Lurmark Ltd., Inglaterra Lechler GmbH, Alemanha Spraying Systems Co., USA Spraying Systems Co., USA

DMV (**) 182µm 280µm 429 m 531 m 655µm

(*) Womac, A.R. e outros – Measurement variation in reference sprays for nozzles classification. Transactions of the ASAE, 42(3), 1999. 609-616 (**) ARS College Station PMS

tivas dos parâmetros da pulverização para pressões e velocidades intermediárias podem ser feitas pela interpolação dos entrepontos identificados nas tabelas. A publicação traz cerca de 280 tabelas para as diferentes situações de tipos e tamanhos de bico, ajustes de ângulo, pressões e velocidades (ver Tabela 2).

PLANILHAS ELETRÔNICAS

Charles Echer

A publicação do USDA-ARS traz anexado um CD-Rom com as tabelas e com planilhas eletrônicas formatadas em Microsoft Excel que facilitam a utilização. Essas planilhas também estão disponíveis na internet. Para melhor compreensão dos aplicadores brasileiros, solicitamos a autorização para traduzir os textos das planilhas para o idioma português, sendo que estas (para aeronaves de asa fixa) podem ser acessadas no site do Sindag – Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola. O aplicador deve selecionar a planilha do tipo de bico a ser usado. Depois ele deve entrar com os dados referentes ao tamanho do bico, ângulo de pulverização (ou outro parâmetro especificado), pressão de pulverização e velocidade de vôo. Com a entrada desses dados, a planilha mostrará vários parâmetros da pulverização esperada para aquelas condições especificadas. Na planilha aparecem os dados referentes ao DV0,5 (diâmetro mediano volumétrico), à Amplitude Relativa – AR (medida da faixa

Cristofoletti mostra como calcular e regular o tamanho das gotas em aplicações de defensivos

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de tamanho de gotas no espectro da pulverização, onde números menores indicam uma faixa mais estreita de tamanho de gotas na porção mediana de 80% do volume pulverizado), às percentagens do volume pulverizado em gotas menores que 100 µm e 200 µm (indicação da quantidade potencial da pulverização mais sujeita à deriva) e à CEG – Classificação do Espectro de Gotas da pulverização, de acordo com a Norma ASAE S572 AUG99 (ver Figura 1). A planilha permite ao operador fazer diferentes simulações, como troca de tamanho do bico, alteração da pressão, de ângulo do bico e mesmo da velocidade de vôo, para verificar os diferentes resultados que podem ser obtidos nas aplicações. Veja o exemplo a seguir: Para uma aplicação com aeronave de asa fixa e para atender a uma especificação do produto para uma pulverização com CEG (categoria de espectro de gota) Grossa, o operador selecionou um disco de orifício de jato sólido com o objetivo de produzir um espectro de gotas relativamente grande, com baixo potencial de deriva. Foi selecionado o orifício de tamanho 12 para dar a vazão apro-

priada, em função do número de bicos existentes na aeronave. Os bicos são orientados para trás (0°) para reduzir o efeito do atrito do ar na pulverização. A velocidade de vôo normalmente é de 130 mph, e a pressão de trabalho é de 30 psi. Colocando esses valores na planilha apropriada, a CEG aparecerá como Média (ver Figura 2). O operador deve então ajustar os fatores operacionais, para obter uma CEG Grossa, e entender que a velocidade de vôo e a pressão de trabalho são fatores primários no controle do tamanho de gota e da CEG para bicos de jato sólido. As alternativas a serem consideradas pelo operador são: diminuição da velocidade de vôo, ou aumento da pressão de pulverização, ou ambas. Entrando com os dados de pressão aumentada para 60 psi e velocidade de vôo reduzida para 120 mph, a planilha indicará uma CEG Grossa, com o orifício de tamanho 12 (ver Figura 3). Reduzindo a velocidade de vôo e aumentando a pressão de trabalho, haverá alteração na taxa de aplicação, de tal maneira que o bico de tamanho dez será mais apropriado para essas novas condições. Mudando para o orifício de tamanho dez e mantendo a velocidade de 120 mph e pressão de 60 psi, a CEG produzida também é Grossa, atendendo às especificações do produto (ver Figura 4). É importante notar que a planilha estima que a porcentagem de gotas altamente deriváveis do espectro (menores que 100 µm), foi reduzida de mais de 5%, com a configuração normal usada pelo operador, para menos de 1% com a alternativa selecionada. Com exceção das planilhas relativas aos


“As alternativas a serem consideradas pelo operador são: diminuição da velocidade de vôo, ou aumento da pressão de pulverização, ou ambas” Embraer

Cálculos mal feitos ou alterações de condições climáticas que passam despercebidas durante a aplicação,podem comprometer a operação

bicos CP-09, Jato Cônico com ponta e difusor (metálico) e Bico de Jato Cônico com ponta e difusor (metálico), as outras planilhas mostram também o gráfico da Norma ASAE S-572 AUG99. Nesse gráfico aparecem as curvas do espectro de gotas dos bicos de referência, que servem de limite entre as diversas categorias, e a curva do bico selecionado, nas condições específicas daquele tra-

balho (ver Figuras 5 e 6). As curvas que limitam as categorias são os espectros desenvolvidos por distintos tipos de bicos de pulverização, chamados de referência, isto é, um determinado tipo de bico, de um determinado fabricante e em uma determinada pressão de trabalho (ver Tabela 2). A Figura 5 mostra a curva do espectro de gotas da pulverização do bico de jato sólido,

disco de orifício D12, na pressão de 30 psi e velocidade de vôo de 130 mph (em vermelho). O espectro começa da categoria Grossa (DV0,1), passando depois para a categoria Média (DV0,5) e (DV0,9). Nesse caso, quando a curva do espectro de gota passa por duas ou mais categorias, essa pulverização é classificada na categoria mais fina, ou seja, Média. A Figura 6 mostra a curva do espectro de gotas da pulverização do bico de jato sólido, disco de orifício D10, na pressão de 60 psi e velocidade de vôo de 120 mph (em vermelho). O espectro começa na categoria Muito Grossa (DV0,1), passando depois para a categoria Grossa (DV0,5) e (DV0,9). Nesse caso, essa pulverização é classificada na categoria Grossa. Para qualquer informação adicional ou esclarecimentos sobre o assunto, manter contato com o autor pelo endereço eletrônico M jocartti@uol.com.br. José Carlos Christofoletti, Engenheiro Agrônomo


informações técnicas

New Holland

Propriedade otimizada

O O solo solo suporta, suporta, além além dos dos rodados rodados das das máquinas máquinas agrícolas, agrícolas, oo pisoteio pisoteio de de animais animais em pastejo? Esse é o principal questionamento do produtor interessado em pastejo? Esse é o principal questionamento do produtor interessado em em otimizar sua propriedade adotando um sistema de integração lavoura-pecuária otimizar sua propriedade adotando um sistema de integração lavoura-pecuária

A

Muitos produtores ainda acreditam que os efeitos do pisoteio dos animais dificultem o desempenho das culturas subseqüentes

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veis no tempo. Muitos produtores ainda relutam em adotar a integração lavoura-pecuária pelo desconhecimento dos efeitos do pisoteio animal sobre o solo, acreditando que esse Fotos Carla Cepik

integração lavoura-pecuária (ILP) é uma alternativa de renda para os produtores de grãos no período de entressafra, minimizando a dependência em relação às culturas de verão. O sistema deve buscar a melhor combinação no manejo e gerenciamento das atividades, tanto no verão quanto no inverno, de forma que a produção animal não prejudique a produção de grãos e vice-versa. As duas atividades desenvolvidas de forma isolada podem ser sustentáveis em um determinado período, mas não se perpetuam, uma vez que ambas são cíclicas, sendo ora o cenário pecuarista mais favorável, ora o agrícola. A visão de atividades complementares deve ser levada em consideração na tomada de decisões. Mesmo nesse sistema intensivo, em que as áreas são utilizadas ao longo de todo o ano, é possível afirmar que a rotação pastagem-cultura de grãos seja uma das opções mais promissoras para o desenvolvimento de alternativas de produção mais sustentá-

sistema possa dificultar o estabelecimento e desempenho da cultura subseqüente. Essas dúvidas estão relacionadas, principalmente, com as propriedades físicas do solo, como a compactação, o aumento na resis-


“A compactação do solo pelo pisoteio animal ocorre principalmente nos 10 cm superficiais”

Dessa forma, além de diminuir a água disponível para as culturas, aumentando o período de déficit hídrico, diante da ocorrência de período de estiagem, afeta também a dinâmica e mobilidade de nutrientes necessários às plantas.

COMPACTAÇÃO ADMINISTRADA

Haste instrumentada para aquisição de esforço de tração

tência à penetração das raízes, a diminuição da porosidade, a capacidade de infiltração e o armazenamento de água no solo.

O risco de agravar as perdas na lavoura, devido à compactação excessiva, pode ser plenamente administrado, basta seguir os cuidados recomendados. A compactação do solo pelo pisoteio animal ocorre principalmente nos 10 cm superficiais. Em profundidades maiores, normalmente não há evidências de alterações nas propriedades físicas do solo. Já na semeadura direta, a compactação do solo pode ocorrer em maiores profundidades, isso devido ao tráfego de máquinas, muitas vezes, realizado com a umidade do solo inadequada para as operações agrícolas, o que acaba comprometendo a estrutura do solo. A ocorrência de compactação do solo, seja por pisoteio animal ou tráfego de máquinas, já é consenso entre pesquisadores e produtores, o que precisamos saber na prática é se essa compactação se refletirá em

TRÁFEGO + PISOTEIO

É

fato inferir que o tráfego de máquinas e o pisoteio de animais são as principais causas da compactação do solo, e, conseqüentemente, do comprometimento da capacidade produtiva das áreas agrícolas. Considerando um sistema que aplique ambos os fatores citados (ILP), o risco torna-se potencialmente maior. No entanto, em todo o Brasil, as pesquisas têm demonstrado que o manejo correto da altura de pastagem, o controle da carga animal imposta ao solo e um tráfego controlado não causam aumento relevante no estado de compactação do solo, porém são essenciais para um bom andamento dessa opção de integração. comprometimento da produtividade agrícola e da sustentabilidade ambiental do sistema, além de conseguir quantificá-la e identificar níveis toleráveis de compactação, para embasar decisões.


Fotos Carla Cepik

Visão da linha da semeadora, onde a haste instrumentada foi instalada

senvolvimento das culturas.

HASTES INSTRUMENTADAS

As diferentes alturas residuais da pastagem, resultantes da pressão de pastejo, influenciam as operações agrícolas. Áreas com maior quantidade de resíduos de pastagem sobre o solo tendem a aumentar a patinagem do trator, necessitando ajustes na lastragem dos rodados de tração. Também influenciam o desempenho dos órgãos ativos de semeadoras-adubadoras. Em estudos realizados pelo Setor de Mecanização Agrícola do Departamento de Solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na Fazenda Cerro Coroado, em Tupaciretã (RS), a força de tração (kgf) medida nas hastes sulcadoras de adubo, operando a 6 ou a 12 cm de profundidade, praticamente duplicou nos potreiros com intensidades de pastejo elevadas (10 cm de altura de pastagem residual), quando comparada com a dos potreiros em que a pastagem de inverno não sofreu pastejo, ou

com a dos que permaneceram com uma pastagem residual maior (40 cm). Alturas residuais de pastagem iguais ou maiores que 30 cm mantiveram a qualidade física do solo semelhante à de área onde não ocorreu pastejo. O controle sobre a quantidade residual de pastagem foi feito por carga animal ou por tempo de pastejo, mantendo-se animais fixos nos potreiros e outros exercendo função de reguladores. As avaliações de resistência do solo à penetração, utilizando-se um penetrômetro eletrônico, foram feitas até 45 cm. Em consonância com a força de tração medida nas hastes sulcadoras, a resistência do solo à penetração, quando avaliada até 10 cm de profundidade, aumentou com a elevação da intensidade de pastejo. Mesmo ocorrendo aumento nos valores dos parâmetros avaliados, os mesmos estão aquém dos citados na literatura técnica como restritivos ao de-

Perfilômetro utilizado para medição da seção do sulco mobilizado pelas hastes sulcadoras

Osmar e Carla trabalharam no projeto, juntamente com os professores Renato Levien e Carlos Trein

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A Fazenda Cerro Coroado, diante da adoção do sistema de integração lavourapecuária(ILP), optou pela utilização de semeadoras equipadas com hastes sulcadoras, na semeadura direta de soja. Quanto ao desempenho, as hastes sulcadoras, que têm como uma das suas funções reverter possíveis zonas de compactação na linha de semeadura, acabam mobilizando uma menor seção de sulco com uma mesma demanda de tração. A diminuição da seção de solo mobilizado ocorre tanto pela redução na profundidade de atuação como pelo menor rompimento lateral. Essa redução é conseqüência da compactação do solo devido ao pisoteio animal. O manejo do solo e o manejo aplicado aos animais de uma área em ILP são fatores determinantes da sustentabilidade do sistema. A utilização do sistema de semeadura direta é importante devido à proteção física do solo evitando a erosão. A semeadura direta tem por princípios básicos o mínimo

BENEFÍCIOS DA ILP

A

lguns dos benefícios da utilização da integração lavoura-pecuária (ILP) podem ser descritos como: • possibilidade de renovação das pastagens a custos menores; • ressemeadura natural de algumas espécies forrageiras e antecipação do período de pastejo; • favorecimento da pastagem devido ao residual de adubação das culturas de verão; • utilização da forragem nas épocas mais críticas do ano; • menor incidência de pragas e doenças devido à quebra dos ciclos biológicos pela rotação de pastagens e cultivo de grãos; • maior rentabilidade e diversificação no momento da comercialização de produtos (grãos/carne/leite ou lã); • aumento da liquidez pela possibilidade de realização financeira imediata com a comercialização de animais; • ciclagem de nutrientes no solo (adubo, esterco, urina e atividade biológica intensificada).


“A diminuição da seção de solo mobilizado ocorre tanto pela redução na profundidade de atuação como pelo menor rompimento lateral”

Grupo de Relação Solo-Máquina da PPGCS e UFRGS, que desenvolveu o trabalho com hastes instrumentadas

revolvimento do solo (somente no leito de semeadura), a rotação de culturas e a cobertura do solo durante o ano todo, seja por resíduos culturais, ou por cobertura vegetal. Então, se o solo deve ficar coberto o ano todo, a pastagem não pode ser “raspada” pelos animais, que tanto podem estar em número muito superior ao que a área permite suprir com forragem, ou mesmo em número reduzido, mas com grande demanda permanecendo por muito tempo na mesma área. Esse é o ponto mais crítico para entendimento dos agricultores que queiram adotar o sistema ILP: não exagerar na exploração da pastagem, consumindo toda a forragem, sem deixar um mínimo de vegetação sobre o solo, após a retirada dos animais ou a rotação de potreiros. A possibilidade de compactação do solo devido ao pisoteio, motivo de receio para os produtores em relação ao pastejo de animais em áreas agrícolas, depende de diversos fatores, entre eles: peso dos animais,

método de pastejo, carga animal instantânea, características do solo, teor de matéria orgânica, cobertura do solo, manejo das plantas e umidade do solo no momento do pastejo. M

Osmar Conte, Carla Cepik, Renato Levien e Carlos Ricardo Trein, UFRGS


arrefecimento

New Holland

Sistema de arrefecimento

Nas máquinas agrícolas o sistema de arrefecimento permite que o motor trabalhe sempre na temperatura ideal, evitando o superaquecimento, além de proporcionar melhor desempenho do conjunto e menor gasto de combustível

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mento de consumo de combustível. Naturalmente, a temperatura precisa ser limitada, pois os materiais utilizados na construção dos motores, por mais que tenham evoluído, apresentam limitações na temperatura a que podem ser submetidos. Eis aí a responsabilidade do sistema de arrefecimento: permitir que o motor atinja a temperatura ideal de funcionamento no menor tempo possível após a partida e evitar o superaquecimento, independentemente das condições ambientais e da carga aplicada, salvo exageros extraordinários. Em outras palavras, o motor precisa aquecer adequadamente

ARREFECIMENTO OU REFRIGERAÇÃO

O

sistema de arrefecimento muitas vezes é denominado de “sistema de refrigeração”. Isso não é correto, pois a refrigeração visa baixar a temperatura de um corpo ou fluido para abaixo da temperatura ambiente. É o que ocorre nas geladeiras, ar condicionado etc., não nos motores.

trabalhando na neve e não superaquecer em trabalho pesado em dia de verão tropical! Consciente do tamanho da responsabilidade do sistema, vemos como pertinentes as justificativas para os devidos cuidados na manutenção do conjunto. Vamos analisar duas situações extremas de descontrole de temperatura e seus efeitos. Ressaltamos que, na análise abaixo, trabalhar sob temperatura baixa ou excessivamente alta, não tem relação com a temperatura ambiente, mas, sim, com a temperatura interna, controlada pelo sistema de arrefecimento. Fotos Dilson Scheuermann

O

s motores são cada vez menores e mais potentes. A potência que antigamente era produzida por um motor de seis cilindros atualmente é proporcionada por um motor de quatro cilindros e com menor consumo de combustível. Isso só foi possível com a evolução em todos os sentidos: materiais, precisão dimensional dos componentes, sistema de injeção de combustível, lubrificantes etc. Com isso, o sistema de arrefecimento também precisou ser aperfeiçoado, pois, para obter altas potências, submete-se o motor a elevadas pressões, esforços e temperaturas. Como estamos falando de sistema de arrefecimento, vamos nos concentrar na temperatura. Nos motores, inclusive os agrícolas, utiliza-se o sistema de arrefecimento, que por definição é o esfriamento de um corpo ou fluido que se encontra em temperatura elevada, para uma temperatura igual ou superior à ambiente. A temperatura elevada não deve ser vista como um problema, pois, teoricamente, quanto mais quente o motor trabalhar, melhor será o desempenho. Se dissiparmos uma quantidade excessiva de calor através do sistema de arrefecimento, haverá perda de desempenho e/ou au-

Motor MWM aplicado em autopropelido da Pla


“A temperatura elevada não deve ser vista como um problema, pois, teoricamente, quanto mais quente o motor trabalhar, melhor será o desempenho” John Deere

Se o sistema de arrefecimento falhar, os estragos podem ser consideráveis, principalmente em épocas de pico de trabalho

TEMPERATURAS BAIXAS Os pistões possuem uma pequena folga em relação às camisas dos cilindros. Quando o motor atinge a temperatura normal de funcionamento, o pistão dilata um pouco, deixando uma folga ideal, que proporciona a correta vedação dos anéis. Então, o que ocorre se o motor trabalha em temperatura insuficiente? Temos um ciclo vicioso, semelhante ao que ocorre no amaciamento mal feito, conforme edição 42 de Cultivar Máquinas: • Pistão não corretamente dilatado trabalha com folga excessiva em relação ao cilindro; • Os anéis não são corretamente ancorados pelas canaletas, prejudicando a vedação e o controle da película de óleo. Aumenta-se o consumo de combustível e perde-se rendimento; • Além da fuga parcial da pressão (energia mecânica desperdiçada), os anéis tendem a se “torcer”; • O contato dos anéis com os cilindros passa a ser com as quinas (ou cantos), acelerando o desgaste dos próprios

anéis e das camisas, com a perda do brunimento (microssulcos que controlam a película de óleo); • O óleo sobe para a câmara de combustão, sendo queimado e gerando carvão que se incrusta na cabeça dos pistões, válvulas etc; • Carvão é abrasivo, ou seja, intensifica o desgaste; • A camisa passa a ser literalmente lixada, ficando espelhada e facilitando cada vez mais a subida do óleo. A essas alturas a situação já está fora de controle. As causas que contribuem para a temperatura baixa são: • Válvula termostática emperrada, aberta ou removida (operação sem válvula instalada); • Operação com cargas (esforço) muito baixas;

ALTAS TEMPERATURAS Quando a temperatura dos componentes atinge um ponto em que a dilatação se torna excessiva, têm-se os problemas mais temidos.

A folga entre pistões e camisas fica reduzida a ponto de os anéis ficarem presos nas canaletas, não se expandindo adequadamente contra a parede dos cilindros. O pistão pode até ficar preso no cilindro. Dizse, então, que o motor “fundiu”! Basicamente, o superaquecimento ocorre quando o sistema de arrefecimento não consegue dissipar a quantidade de calor necessária. Em muitos casos, a água atinge a fervura, o que pode ter como causas: • Nível do líquido de arrefecimento baixo. Também, a não-utilização de aditivo de proteção do sistema contribui para o descontrole da temperatura; • Tampa do radiador defeituosa (não mantém a pressão no sistema); • Válvula termostática emperrada, fechada ou removida (operação sem válvula instalada); • Operação com cargas excessivamente altas, como uso de implementos superdimensionados e/ou uso de marcha e rotação incorretas; • Radiador entupido; • Bomba d’água com desgaste excessivo; • Problemas internos no motor, como junta de cabeçote queimada ou cabeçote empenado. É importante lembrar que a junta do cabeçote tem vida útil limitada e, com o passar do tempo, pode “queimar”, em virtude do uso normal ou por superaquecimento. Uma junta queimada pode ter as seguintes conseqüências: • Perda do líquido de arrefecimento; • O líquido pode se misturar com o óleo do cárter, prejudicando a lubrificação; • Se o líquido penetrar nos cilindros,

Detalhe dos pistões funcionando com motor quente e motor frio. Ao aquecer, o pistão dilata um pouco , deixando a vedando corretamente os anéis. À direita, detalhe da junta queimada

Março 06 • 37


Fotos Dilson Scheuermann

Fluxo do líquido de arrefecimento com motor frio (esq) e quente (dir). A cor clara indica que o líquido está estático

Componentes do motor, responsáveis pela passagem de derivação

podem ocorrer duas situações, além da corrosão: com motor desligado, ela causará o calço hidráulico dos pistões ao dar a partida - já existe um certo risco de quebra de peças; se a água entrar nos cilindros com o motor em funcionamento, esta se transforma em vapor, expandindo-se de forma violenta, podendo causar a quebra do virabrequim ou das bielas, empenamento do cabeçote e até fratura exposta do bloco.

SISTEMA DE ARREFECIMENTO Nos motores agrícolas, os componentes do sistema de arrefecimento são os seguintes: 1) Radiador: constituído de tubos verticais por onde circula a água e de aletas horizontais que aumentam a área de troca, o radiador dissipa o calor necessário

CUIDADOS ESPECIAIS

para o meio externo; 2) Reservatório (ou vaso) de expansão: cada vez mais presente nos motores agrícolas, o reservatório possui um volume sem água, que permite a expansão da água ao dilatar com o aquecimento. D’entre outros benefícios, evita-se a perda de água e aditivo pelo tubo-ladrão (como ocorre nos radiadores), aumentase a segurança contra estouros de mangueiras e, portanto, queimaduras, melhora-se o controle da pressão e, portanto, da temperatura; 3) Bomba d’água: acionada por correia (mais freqüente) ou por engrenagens, promove a circulação da água através do motor (absorvendo calor) e através do radiador, em circuito fechado, dissipando calor para o ambiente. 4) Ventilador: acionado geralmente por correia, força a circulação do ar através das aletas e tubos do radiador, acelerando a dissipação de calor. Em função

1

) Alguns motores possuem um elemento condicionador, que dosa uma substância anticorrosiva adicional no líquido de arrefecimento. Esse elemento deve ser trocado conforme freqüência indicada pelo fabricante; 2) Os selos do bloco e cabeçote podem sofrer corrosão internamente, principalmente quando não é utilizado aditivo. Embora esse problema tenda a se manifestar após três ou quatro mil horas de operação, convém inspecionar o motor neste sentido, evitando um vazamento acelerado de líquido e o conseqüente superaquecimento.

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Visão do motor, com destaque ao radiador e ao reservatório ou vaso de expansão

Com motor quente (acima), o fluxo passa pelo radiador. Com motor frio (abaixo), o líquido passa pela derivação

da bomba e do ventilador, tem-se um processo de “convecção forçada”. 5) Líquido de arrefecimento: é o fluido responsável pelo “transporte” das calorias a serem dissipadas para o meio externo. Com a evolução dos motores, não se admite mais o uso de água pura no sistema de arrefecimento. Dessa forma, o termo “água do radiador” deve ser considerado obsoleto. 6) Tampa do radiador (ou vaso de expansão): a função principal é manter a pressão necessária no circuito de arrefecimento. Em um circuito não corretamente pressurizado, a água ferve em temperatura menor, aumentando o risco de superaquecimento. A pressão é controlada pela válvula maior. Ao trocar a tampa, observe a pressão de calibragem original desta, em PSI, gravada sobre a mesma. Utilize sempre peças originais. Quando a água esfria e contrai, a válvula menor evita a formação de vácuo, permitindo a entrada de pressão atmosférica. No caso de reservatório de expansão,


“Os selos do bloco e cabeçote podem sofrer corrosão internamente, principalmente quando não é utilizado aditivo”

8) Trocador de calor do óleo (se equipado): esse componente dissipa calor do óleo lubrificante. É utilizado principalmente em motores turbo; 9) Sistema de monitoramento da temperatura: É composto basicamente de um sensor e um indicador no painel. Em alguns casos, há também uma luz de aviso que acende em caso de superaquecimento. O correto funcionamento desse sistema é fundamental para a segurança do motor, pois, em caso de anormalidade no sistema de arrefecimento, bastam alguns minutos para causar danos irreversíveis. Em máquinas cabinadas, em alguns casos, o líquido de arrefecimento é utilizado também para a calefação da cabina. Com esse sistema presente na máquina, aumenta-se ainda mais a importância do uso de aditivo na água.

A pressão máxima do motor é controlada pela válvula maior (acima). A válvula menor evita a formação de vácuo quando a água esfria e contrai

MANUTENÇÃO DO SISTEMA a tampa geralmente é de plástico, porém, possui internamente as mesmas válvulas de controle. O excesso de pressão, nesse caso, é eliminado na forma de vapor, existente na parte superior do reservatório. 7) Válvula termostática: é um item vital no controle da temperatura, pois acelera o aquecimento do motor ao dar a partida. Nessa situação, a válvula bloqueia a circulação do líquido de arrefecimento através do radiador, porém, a circulação entre o bloco, o cabeçote e a bomba é liberada através da passagem de derivação (7a). Com o motor em temperatura de funcionamento, a válvula atinge sua abertura total e, ao mesmo tempo, bloqueia a passagem pela derivação. Conclui-se, então, que, ao operar sem a válvula termostática (prática ainda comum), têm-se dois inconvenientes: o motor demora para atingir a temperatura ideal. Em caso de trabalhos muito leves, trabalhará “frio” o tempo todo; e, em caso de trabalho pesado e temperatura ambiente elevada, pode ocorrer o superaquecimento, pois a passagem pela de-

rivação fica liberada, e o líquido quente que deveria passar pelo radiador irá “preferir” o caminho mais curto, deixando de ser arrefecido no radiador. Muitos motores, em especial os de maior potência, utilizam duas válvulas termostáticas;

As recomendações a seguir são genéricas e atendem à maioria das situações. Porém, consulte sempre o manual de instruções de sua máquina, pois pode haver diferenças de um fabricante para outro. A) Nível do líquido de arrefecimento (água + aditivo): quando a tampa fica sobre o radiador, o nível deve atingir o gargalo. No caso dos reservatórios de expansão, a regra é a seguinte (salvo orientação contrária do fabricante): o nível deve

Trocador de calor do óleo lubrificante, utilizado principalmente em motores turbo para dissipar o calor

Painel da máquina possui indicadores de nível de temperatura e superaquecimento do motor

Detalhe da válvula termostática, vital no controle de temperatura do motor


Quando equipada, a máquina utiliza o líquido de arrefecimento para a calefação da cabine

Dilson chama a atenção para os cuidados necessários, que evitam superaquecimento dos motores

crustações de óxido de ferro nas galerias internas, que, por ser isolante, impede a correta transferência de calor para o líquido de arrefecimento. Veja a experiência ao lado: os frascos contém uma esponja de aço e água. Após vários meses, o frasco cuja água contém aditivo conservou a esponja de aço intacta, livre de oxidação. Já no frasco da direita, sem aditivo, a esponja se decompôs; • Aumentar o ponto de ebulição da água, ou seja, retardar o ponto de fervura; • Evitar o congelamento da água, sob temperatura ambiente muito baixa, o que em casos críticos pode trincar o bloco durante a noite, pois ao solidificar a água aumenta de volume; • Formar um líquido mais viscoso (mistura da água com aditivo), aumen-

Fotos Dilson Scheuermann

ser completado a frio, na marca de Mínimo, para não ultrapassar a marca de Máximo quando a água estiver quente. Se o reservatório for abastecido até o bocal, a água causará pressão excessiva no sistema, podendo romper mangueiras, radiador e causar vazamento pelo selo da bomba d’água. Como o próprio nome diz, a função deste reservatório é permitir a “expansão” da água, o que só é possível com a presença de um certo volume de ar na parte superior. B) Uso de aditivos: Os benefícios gerais do uso de aditivos são: • Proteger o sistema contra corrosão. A água na temperatura ambiente é corrosiva. Sob elevadas temperaturas, esse efeito é multiplicado, formando-se in-

tando a vida útil em especial da bomba e da válvula termostática; C) Correias: devem trabalhar sempre na tensão correta, conforme especificação do fabricante da máquina. Alguns motores possuem sistema de tensionamento automático, dispensando ajustes. Porém, é preciso verificar periodicamente o estado da correia e o funcionamento do tensor. D) Limpeza externa do radiador: para permitir a plena circulação do ar através das aletas e tubos, mantenha o radiador sempre desobstruído e limpo. Não utilize água para a limpeza com o motor quente, para evitar o choque térmico do motor. E) Troca do líquido de arrefecimento: normalmente se recomenda essa troca uma vez ao ano ou a cada mil horas de operação. Pode ser conveniente fazer uma limpeza interna do circuito. Consulte as recomendações do fabricante da máquina ou do motor. Cuidado: ao reabastecer, observe eventuais recomendações para eliminar o ar do circuito. Em certos casos, há pe-

Quando a tampa do reservatório da água fica sobre o radiador, o nível deve atingir o gargalo

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Em reservatórios de expansão, os níveis de água devem ficar entre as marcas mínima e máxima

Diferença de líquido com aditivo e sem. O aditivo ajuda a proteger contra a corrosão


“O vazamento de água para o cárter pode ser facilmente detectado: com o motor aquecido, veja se há formação de pequenas bolhas na ponta da vareta de nível”

Correias devem sempre trabalhar na tensão correta, conforme especificação do fabricante

quenos registros que devem ser abertos. Feche-os quando sair água isenta de ar pelos mesmos.

DIAGNÓSTICO DE FALHAS A seguir apontaremos as principais causas do superaquecimento e a conseqüente danificação dos conjuntos mecânicos: 1) Radiador obstruído, interna ou externamente; 2) Nível baixo de líquido de arrefecimento; 3) Não-utilização de aditivo; 4) Tampa do radiador danificada: não mantém a pressão adequada; 5) Válvula termostática bloqueada ou operando sem válvula; 6) Correia do ventilador e/ou bomba d’água solta; 7) Causas não relacionadas ao sistema de arrefecimento, como sobrecarga do motor, filtro de ar saturado, óleo lubrificante incorreto, ou sistema de injeção desregulado, como ponto de injeção ou pressão dos bicos e/ou junta do cabeçote danificados. A fuga de água do sistema, que também é corriqueira em se tratando de motores agrícolas, pode ser evitada se observando os seguintes pontos: 1) Mangueiras: troque as mangueiras quando estiverem com sinais de ressecamento; 2) Bomba d’água: geralmente há um orifício atrás da polia, na carcaça do mancal onde se alojam os selos de vedação. Havendo perda de líquido nesse ponto, deve-se revisar ou trocar a bomba; 3) Aquecedor da calefação, localizado geralmente no teto da cabina. Nesse caso, o vazamento de líquido representa risco à segurança do operador; 4) Junta do cabeçote: a “queima” dessa junta pode causar vazamento de água

Na hora da troca de líquido, deve-se tomar cuidado com os detalhes. Alguns sistemas possuem registros para retirar o ar interno

e/ou óleo, conforme descrito anteriormente. O vazamento de água para o cárter pode ser facilmente detectado: com o motor aquecido, veja se há formação de pequenas bolhas na ponta da vareta de nível. Persistindo a dúvida, deixe pingar um pouco de óleo sobre uma chapa metálica aquecida: se houver chiado, com formação de vapor, confirma-se a presença de água no óleo. A queima da junta pode ser constatada também pela presen-

Cada modelo possui elementos diferentes que auxiliam no arrefecimento

ça de borbulhamento e pressão anormal no reservatório de expansão ou radiador; 5) Trocador de calor do óleo (se equipado): os tubos do trocador podem ser corroídos a ponto de deixar passar óleo para a água e vice-versa. M Dilson Scheuermann, Luedtke Assessoria Indl. Ltda.

Os selos do bloco de cabeçote sofrem corrosão interna quando não é utilizado aditivo na água

Março 06 • 41


por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br

Acelera...

O

ronco pode até não ser muito convencional. Afinal nesta edição estamos abordando um trator não muito conhecido no Brasil, mas certamente com uma história muito curiosa: o Porsche. Um exemplar desse trator e um de seu paralelo, o Allgaier, podem ser vistos no Museu da Mecanização da

Agromen, em Orlândia (SP). Esse tipo de material nos remete ao escopo da coluna que é, também, publicar curiosidades e histórias sobre tratores. Dessa forma, esperamos que gostem do que “garimpamos” para vocês. Os tratores de competição brasileiros estão nas oficinas, nos barracões, sendo pre-

parados para mais uma temporada arrasadora, mas já começam a se mexer... Não esqueçam de conferir o calendário do Trekkertrek, que publicamos ao final. Dá tempo de marcar na agenda e participar de todas ou de uma das três provas previstas inicialmente no calendário. Até a próxima!

Porsche? Trator? S

im! A alguns leitores pode parecer estranho, mas é a mesma marca dos famosíssimos e desejáveis automóveis esportivos alemães.

O HOMEM Ferdinand Porsche, nasceu em 1875 na atual República Tcheca. Filho de emigrantes alemães, foi estudar e iniciou sua atividade profissional na Áustria. Depois de passar por várias empresas como engenheiro e diretor, entre elas a Daimler-Benz e a Steyer, em 1931 montou sua empresa de engenharia na Alemanha. Em 1937 conseguiu a concessão para a construção de um trator popular na Alemanha, em seqüência ao automóvel popular (Volkswagen) também de Porsche. Já em 1938 surge o primeiro protótipo, o 110. Com motor monocilíndrico à gasolina e três marchas. Em 1939, a embreagem de disco seco é substituída por uma hidráulica, e o motor refrigerado a ar se torna uma característica dos modelos. A II Guerra Mundial não impediu que o projeto avançasse, e em 1943 surge o modelo quatro marchas.

ALLGAIER

Fotos Divulgação

Entre 1948/49 o motor à gasolina é reprojetado para o uso de diesel. Nesse mesmo ano Porsche faz um acordo com a empresa Allgaier,

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para a construção dos tratores, e já em 1950 é fabricado o primeiro AP 17 (Allgaier-Porsche) com 17 cv. Em 1951 é fabricado o trator de número 5000. Em 1952 surge o AP 22 (22 cv) e ambos os modelos são oferecidos com bitola estreita de 79 cm. É lançada uma nova série, com as denominações A 111, A 122, A 133 e A 144, onde o A vem de Allgaier, os últimos dois dígitos correspondem à potência em cv. Componentes significativos como pistões, cilindros, cabeçote e mancais são intercambiáveis entre os modelos. Em 1953 a Allgaier exportava cerca de 35% de sua produção, e os primeiros AP 17 S e AP 22 S (estreitos) são exportados ao Brasil.

MANNESMANN Em 1956 a empresa Mannesmann assume a fabricação dos tratores, pois a Allgaier, após produzir cerca de 30 mil unidades, havia encerrado a fabricação por problemas de queda de demanda e dificuldades de investimento. Com a mudança de empresa, as denominações dos tratores passaram a ser apenas com a letra P (de Porsche): P 111, P 122, P 133 e P 144. 1958 foi um ano de muitas mudanças, a fábrica já havia sido aumentada, os motores reprojetados para maior rendimento de combustão, e os modelos passaram a ser designados “Junior“ (um cilindro), “Standard“ (dois ci-

lindros) e “Super“ (três cilindros), sendo mais tarde incorporado o “Master“(quatro cilindros). Os dois anos seguintes seriam de intensas melhorias técnicas e diversificação de modelos. Em 1961 a empresa assumiu a linha de tratores da MAN, e era a segunda maior montadora alemã. A queda das vendas e a entrada maciça de competidores estrangeiros na Alemanha levaram Porsche a encerrar a fabricação em 1962, após a produção de cerca de 120 mil tratores com faturamento de 50 milhões de marcos. As instalações foram vendidas à DaimlerBenz, e naquele local atualmente encontra-se a MTU, uma empresa do grupo, que fabrica grupos geradores e moto-bombas.

Agenda 14º Circuito Nacional de Trekker Trek Calendário para 2.006 1ª Etapa Julho: dia 16 - Holambra (SP) - Local: Parque de Exposições da Expoflora

2ª Etapa Agosto: dia 12 - em Castrolanda - Castro (PR) durante a feira Agroleite

3ª Etapa Novembro dia 12 - Holambra II - Paranapanema (SP) durante a feira Holambra Feest




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