Maquinas 51

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Destaques Matéria de capa

Pneus ou esteiras? Saiba porque o uso de pneus em colhedoras de arroz é uma alternativa que está ganhando espaço

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Nem terremoto

Brasileirinho em teste

Veja como se comportou o pulverizador PLA H 2500 S no teste drive Cultivar Máquinas

Testamos o trator MF 250 XE, o Brasileirinho, da Massey Ferguson, projetado para operar em pequenas propriedades

Índice

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Nossa Capa Vilso Júnior Santi

Rodando por aí

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Comparativo de esteiras e pneus

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Desafios na colheita de cana-de-açúcar

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Mecanização em cana-de-açúcar

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Teste Drive - Pulverizador PLA H 2500 S

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Teste Drive - Trator MF 250 XE

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Manutenção passo-a-passo

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Distribuição de adubo por helicóide

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Fertilização em cana-de-açúcar

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Expodireto 2006

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Metodologia de projeto em Máquinas

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Esporte Trator

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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Câmaras de ar Tortuga

42

Números atrasados: R$ 15,00

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

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Cultivar Máquinas Edição Nº 51 Ano V - Abril 06 ISSN - 1676-0158

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Charles Ricardo Echer • Redação

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Cibele Costa • Assinaturas

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Doutorado

John Deere

Daniel White

Servspray A Servspray mais uma vez participou da Expodireto Cotrijal. Segundo Daniel White, diretor-presidente da empresa, a feira é importante palco de discussões sobre os rumos do agronegócio brasileiro. A empresa levou para o evento duas novidades: o Hidro Turbo 3000 e o Hidro Turbo Plus 4.000, lançados recentemente.

Vipal A Borrachas Vipal está ampliando o seu parque industrial em Nova Prata (RS). Para isso, a empresa vai investir um total de R$ 36,8 milhões na ampliação de sua fábrica n° 1 e na construção de sua terceira planta. “Mais do que consolidar nosso pioneirismo no mercado, estamos nos preparando para atender à crescente demanda nacional e internacional por produtos para reforma de pneus”, explica João Carlos Paludo, vice-presidente.

TeeJet A TeeJet também esteve presente na Expodireto. A empresa, no evento, integrou o circuito temático sobre tecnologia de aplicação. Segundo Helder T. Zucckini, a TeeJet trabalha arduamente para fornecer os produtos mais inovadores que se podem encontrar. O corpo de engenheiros da empresa se orgulha de projetar produtos que atendem e até excedem as necessidades dos produtores.

Carlos Dolci Helder Zucckini

04 • Abril 06

Durante a Expodireto 2006, a John Deere assinou um convênio com a Emater/RS. A empresa vai contribuir para o aperfeiçoamento das atividades da Unidade Didática de Mecanização Agrícola localizada no Centro de Treinamento de Nova Petrópolis (Cetanp). Os termos da parceria prevêem a doação, pela John Deere, de conjuntos didáticos como sistemas hidráulicos, sistemas de diferencial, caixas de marchas, motores e eixos dianteiros. O trabalho conjunto com a Emater faz parte do Projeto Parceiros da Tecnologia, da John Deere.

Stara Evolução constante. Essa sem dúvida parece ser a marca da Stara. Pioneira na difusão da agricultura de precisão no país, a empresa, após um produtivo período de gestão compartilhada, junto com a Sfil e a Amazone, inaugura sua nova fase com o lançamento de um gigante, o Hércules 24000. Conforme Gilson Lari Trennepohl, diretor da empresa, a Stara ficou conhecida no mercado pela qualidade final de seus produtos, pelo baixo índice de manutenção e pela praticidade de opeGilson Trennepohl ração oferecida ao produtor rural, e isso será mantido e aprimorado.

GTS A GTS desenvolve plataformas, aliando tecnologia à necessidade de maior rendimento na colheita. As plataformas GTS, segundo Assis Strasser, diretor comercial da empresa, possuem “acoplamento universal”, podendo ser utilizadas em qualquer modelo de colhedora. Na Expodireto as adaptações para colheita de girassol e mamona puderam ser conferidas.

O pesquisador do Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça de Pelotas (RS), Hilton Grimm, acaba de concluir seu Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes, na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Grimm defendeu a tese intitulada “Desempenho de um mecanismo semeador a vácuo na distribuição de sementes de arroz a campo”. A pesquisa visou atender à crescente demanda pela redução na quantidade de sementes de arroz a ser utilizada no momento de implantação da lavoura, aliada ao aumento da eficiência da semeadura.

Assis Strasser

Sfil Depois de um produtivo período de gestão compartilhada – junto à Stara e à Amazone – a Sfil retoma a dianteira de seus negócios. Segundo Eliseu Schaedler, diretor-presidente, e Janice Schaedler, diretora financeira da empresa, a Sfil, ao longo dos anos, atingiu reconhecido crescimento no mercado de implementos agrícolas, o que se deve, principalmente, à confiança que o produtor depositou nos produtos da marca, à seriedade e dedicação da equipe de colaboradores e à consEliseu e Janice Schaedler tante evolução nos produtos e serviços Sfil.

Bridgestone Firestone Os visitantes da Expodireto tiveram a oportunidade de conhecer um trator de competição utilizado no Trator Show, no estande da Bridgestone Firestone. A empresa também expôs a linha de produtos agrícolas e os principais modelos de pneus de carga, passeio e camionete. “A Firestone é a patrocinadora oficial do Trator Show e fornece pneus para todos os tratores”, esclarecem Alexandre Leite de Mello, gerente do departamento técnico comercial, Adriano dos Santos Fialho, engenheiro de vendas e serviços agrícolas, e Ricardo Alexandre, Adriano e Ricardo Anadón, gerente de vendas para o Mercosul da empresa.

Amazone As operações da Amazone no mercado brasileiro acabam de entrar numa nova fase. Após alguns anos de gestão compartilhada, junto à Stara e à Sfil, a empresa passará a trilhar caminho próprio. Segundo um de seus diretores, Geraldo João Van Schaik, os novos tempos trarão novos desafios à empresa. “Solidificar e ampliar a participação da marca no mercado agrícola barasileiro é o principal deles, qualidade e Geraldo Van Schaik tecnologia temos para isso”, garante.

Hilton Grimm

Nogueira A Nogueira também esteve presente na 7ª dição da Expodireto Cotrijal. Em seu estande a empresa apresentou toda a sua linha de máquinas e implementos. Uma equipe técnica especializada ficou responsável pelas informações aos visitantes e pelas vendas. “Além da apresentação de novos produtos, a Nogueira reservou aos produtores ótimas oportunidades de negócios, em condições únicas para o evento”, afirmou o diretor comercial da empresa, Márcio F. Nogueira.

Massey Ferguson A Massey Ferguson e a Emater/RS firmam na Expodireto uma parceria visando ampliar a formação profissional dos agricultores familiares assistidos pela instituição gaúcha. Através da parceria, a Massey Ferguson fará a doação de conjuntos didáticos compostos por componentes como sistemas hidráulicos, caixas de marchas, motores e eixos. Os equipamentos servirão para capacitar extensionistas e beneficiários e modernizar as máquinas do Centro de Treinamento de Nova Petrópolis (Cetanp).

Márcio F. Nogueira


rodado

Esteiras ou pneus? O uso de pneus como alternativa às esteiras, na colheita de arroz irrigado, vem sendo cada vez mais adotado pelos produtores rurais. No entanto, para que eles proporcionem tração e flutuação adequadas, algumas condições devem ser atendidas

A

orizicultura no Rio Grande do Sul caracteriza-se pelo dinamismo dos fatores e de sistemas de produção, com o foco na competitividade da empresa rural. No campo observa-se isso sob dois aspectos: o primeiro visando ao aumento e manutenção da produtividade, e o segundo, à redução dos custos de produção. Como a produtividade possui limites técnicos, a redução dos gastos passa a ter maior potencial de colaboração. Como o sistema mecanizado tem grande participação nesses valores, tem recebido especial atenção. Nesse sentido, um trabalho exploratório da mecanização orizícola na região Central do estado, realizado junto ao Nema/UFSM (Diagnóstico técnico da mecanização na Depressão Central do Rio Grande do Sul), identificou a utilização de pneus dianteiros R2 como alternativa para redução dos custos do sistema tradicional de tração e flutuação, que utiliza esteiras metálicas de alto valor de aquisição e de manutenção periódica bastante onerosa. Tendo como ponto de partida a importância dessa alternativa para o produtor, esse trabalho tem como objetivo trazer experiências

observadas no campo com o uso de pneus no rodado dianteiro, em colheita de arroz irrigado, e algumas avaliações realizadas, explorando as formas para viabilizar essa aplicação para o produtor interessado em equipar sua colhedora com esse rodado alternativo.

APLICAÇÕES OBSERVADAS Como sistema tradicional que equipa colhedoras, as esteiras permitem plenas condições operacionais em termos de tração e flutuação. Entretanto, acarretam alto investimento inicial e periodicamente devem ser retificadas, devido ao desgaste ocasionado pelo alto atrito entre seus componentes, tendo essa manutenção também um alto custo. Em operação, observou-se que apresentam maior dificuldade em manobras de cabeceira e curvas, sendo mais intenso o uso dos freios do que quando utilizados pneus. Em deslocamento, desenvolvem velocidades baixas, aumentando o tempo gasto entre os talhões da lavoura. Porém, quando imagina-se utilizar pneus ao invés das esteiras, melhorando esses aspectos, pergunta-se: serão os pneus capazes de promover tração e flutuação eficientes? Em quais

condições isso seria possível? Paralelo aos objetivos de diagnosticar a mecanização orizícola, o trabalho realizado buscou, a partir dos depoimentos dos produtores, as respostas para essas perguntas. A primeira resposta foi positiva. Havia casos em que pneus R2 estavam sendo usados satisfatoriamente, mas não indistintamente, pois prerrogativas para possibilitar isso estavam sendo seguidas. O maior número de casos foi encontrado próximo à Santa Maria (RS), em pequenas propriedades. As condições que favoreciam essa aplicação eram talhões sistematizados, permitindo boa drenagem antes da colheita, sem elevações no talhão que poderiam aumentar o patinamento, além de serem utilizadas colhedoras de baixo peso, facilitando sua flutuação. A maioria das colhedoras estava equipada com tração traseira auxiliar. Esta, além de colaborar na tração, facilita em muito as curvas, pois o pneu traseiro necessita “subir” uma faixa rebaixada (rastro) pela passagem do rodado dianteiro. Os relatos mostraram, entretanto, que nos primeiros anos após a sistematização foi muito difícil utilizar pneus. Compreensível, pois Massey Ferguson

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RODADO ALTERNATIVO

E

m todos os casos observados, a grande motivação para a utilização do rodado alternativo de pneus foi a redução de custos. Destacou-se também a maior agilidade de movimentação da colhedora, aumentando-se a velocidade de deslocamento, contribuindo para a diminuição do tempo de deslocamento entre os talhões, reduzindo o tempo ocioso e possibilitando o aumento do tempo produtivo. Observou-se que o uso de pneus melhorou o conforto do operador, especialmente nos deslocamentos em terrenos firmes. Também foi reduzido o dano na superfície pelo menor aprofundamento dos rodados, devido ao terreno estar drenado.

Otavio Machado

Otavio Machado

as movimentações de solo não haviam ainda permitido o desenvolvimento de sua estrutura, tendo menor resistência para suportar o peso da colhedora. Em áreas não sistematizadas, na mesma região, mas em propriedades maiores, o uso de colhedoras com pneus estava vinculado ao entaipamento com base larga, facilitando a transposição. Da mesma forma, havia a necessidade de controle eficiente de drenagem na lavoura. O sistema de cultivo mínimo foi outra opção interessante para facilitar o uso dos pneus. Em um caso analisado, em Cachoeira do Sul (RS), a passagem do cultivo convencional para o mínimo, com rotação e pousio anual dos talhões, permitiu melhoria significativa na estrutura e na capacidade de suporte do solo ao peso das máquinas. Essa propriedade vem sendo acompanhada pelo pesquisador desde então, podendo ser descritas as dificuldades encontradas nos primeiros anos e sua condição atual. Inicialmente, devido à mobilização intensa pelo preparo anual, o solo não permitia suporte adequado, sendo presenciadas ocasiões de ato-

lamento durante as avaliações. Nos anos subseqüentes foi visível a melhoria na capacidade de suporte do solo, bem como foi melhorada a drenagem da lavoura, permitindo hoje que pneus R2 sejam aplicados plenamente ao longo da lavoura. Para esta safra, o agricultor informou que usará esteiras apenas num talhão onde iniciou o cultivo no ano passado e no qual não conseguiu realizar a drenagem a contento. O restante está todo sendo colhido com pneus. A capacidade de flutuação das máquinas agrícolas na lavoura de arroz irrigado está relacionada à área de contato dos rodados e ao peso sobre os mesmos. Nos casos observados, as colhedoras utilizavam pneus dianteiros R2 simples (não duplados), porém eram máquinas de baixo peso dentre os modelos disponíveis no mercado, de forma que essa relação peso/área de contato permitia ao solo suportá-las. Atualmente observa-se a tendência de fabricantes de colhedoras disponibilizarem modelos maiores, para propriedades que necessitem maior capacidade operacional do equipamento. Nota-se que essas colhedoras possuem pneus dianteiros R2 duplados, aumentando a área de contato e melhorando a condição de flutuação, além de equipadas com tração tra-

Colhedora com eixo traseiro normal

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Colhedora com tração também na traseira

seira auxiliar. A utilização de pneus em substituição às esteiras na colheita de arroz irrigado mostrou-se viável, mas o produtor interessado nos benefícios dessa alternativa deve estar atento às condições que deverá ter em sua

ESTUDO DE TEMPOS

O

estudo de tempos inicia com o reconhecimento da operação, do terreno e do método de trabalho do conjunto mecanizado, identificando-se os diferentes eventos de tempo e estabelecendo os pontos de leitura determinantes dos momentos de início e término de cada evento (por exemplo, o acionamento de uma alavanca e o retorno da mesma para a posição anterior), permitindo suas cronometragens de forma padronizada. Depois de coletados os tempos, os mesmos são classificados em tempos efetivos (Te), tempos perdidos proporcionais à área de trabalho (Tpp), tempos perdidos não proporcionais à área de trabalho (Tpn) e tempos acessórios (Ta). Momentos de realização de trabalho efetivo são representados por Te, enquanto que Tpp são aqueles inerentes à operação, como manobras e descargas, Tpn não dependem da área, como paradas para verificação de regulagens, e Ta são gastos em acoplamentos e deslocamentos. O Tempo Total de Campo (Tc) é então obtido somando-se Te+Tpp+Tpn. A Eficiência de Tempo (Eft) da operação representa a capacidade do conjunto de aproveitar o tempo disponível em trabalho, permitindose analisar os impactos dos diferentes eventos (Eft = Te/Tc*100).


“Atualmente observa-se a tendência de os fabricantes de colhedoras disponibilizarem modelos maiores, para propriedades que necessitem maior capacidade operacional do equipamento” John Deere

Divulgação

OPERAÇÃO PLANEJADA

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trabalho demonstrou também que, além do uso de pneus trazer vantagens, só terá colaboração expressiva para a eficiência da operação quando esta for bem planejada, evitando-se perdas desnecessárias. Além disso, a operação de colheita, ao exemplo das amostras 1 e 2, estaria sendo realizada com menores custos relativos ao sistema de rodado, proporcionando melhor trafegabilidade e maior conforto. Otávio aborda a diferença entre o uso de pneus e o de esteiras nas colhedoras, para lavouras de arroz irrigado

lavoura para possibilitar um bom desempenho de sua colhedora. O estudo de tempos, que permite analisar as operações agrícolas através da coleta dos tempos operativos durante a realização normal da colheita, sem a interferência do observador, pode ser um bom indicativo nesse sentido.

TEMPOS OPERATIVOS

John Deere

Foram avaliados comparativamente os tempos operativos de quatro máquinas em colheita: • Amostras 1 e 2: colhedoras equipadas com pneus dianteiros R2 e tração traseira auxiliar; • Amostra 3: colhedora equipada com esteiras e tração traseira auxiliar; • Amostra 4: colhedora equipada com esteiras e tração traseira somente direcional. Os eventos de Te foram classificados em tempo em colheita (Col) e colheita e descarga simultânea (Col/Desc). Os eventos de Tpp se dividiram em tempo de manobras (Man) e tem-

po de descarga (Desc), enquanto que os de Tpn compreenderam paradas (Parada) para verificação da máquina ou de regulagens. A participação dos agrupamentos de tempo, Te, Tpp e Tpn está detalhada na Tabela 1, enquanto que as freqüências de cada evento componente dos agrupamentos encontram-se na Tabela 2. Para as amostras observadas, a eficiência de tempo foi alta, representando alto nível de aproveitamento do tempo de campo em tempo útil de trabalho. Os tempos perdidos proporcionais à área de trabalho apresentaram maior freqüência em relação aos não proporcionais, exceto na amostra três, mas, representando ações inerentes à natureza da operação, são perdas necessárias à realização do trabalho. Para as colhedoras com pneus, os Tpp foram desenvolvidos em menor tempo, o que pode ser interpretado como maior agilidade das máquinas (amostras 1 e 2). Da mesma forma, as manobras de cabeceira foram mais rápidas, coincidindo com a análise anterior. A realização de descarga e colheita simultâneas colaborou sobremaneira para as maiores eficiências,

não pelo uso de pneus, mas pelo padrão de operação adotado pelo operador. Na amostra 3, a participação dos tempos em paradas impactou na perda de eficiência, podendo ser reduzidos, porém necessários para a verificação das regulagens da colhedora. Também nessa amostra, onde foram utilizadas esteiras e tração traseira auxiliar, observou-se o aumento do tempo gasto em manobras e do tempo médio de manobras em relação às amostras 1 e 2. Para a amostra 4, o tempo de manobra foi ainda maior em relação à amostra 3. Para isso, pode ter colaborado a ausência da tração traseira auxiliar, pois ambas utilizavam M esteiras. Otávio Dias da Costa Machado EAFRS Tabela 1 - Participação relativa dos agrupamentos Te (Eft), Tpp e Tpn TEMPOS (%) Te (Eft) Tpp Tpn TOTAL

1 94,21 4,56 1,23 100

AMOSTRAS 2 3 95,59 85,65 3,81 5,88 0,60 8,47 100 100

4 85,79 12,31 1,90 100

Tabela 2 - Distribuição de freqüências dos eventos de tempo observados e média do tempo de manobra TEMPOS (%) COL COL/DESC MAN DESC PARADA TOTAL Média MAN (segundos)

1 49,48 44,73 3,46 1,10 1,23 100 20

AMOSTRAS 2 3 87,37 81,03 8,22 4,62 1,54 4,48 2,27 1,40 0,60 8,47 100 100 17 22

4 85,79 0,00 5,18 7,13 1,90 100 25

Colhedoras com pneus mostraram melhor desempenho e mais agilidade

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colheita de cana

Desafios reais A colheita mecanizada da cana-de-açúcar no Brasil possui grande potencial de expansão, devido a fatores como grandes áreas produtoras, volume de produção e relevo favorável

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esde a época do descobrimento do Brasil, a cana-de-açúcar vem sendo uma das culturas mais importantes para o país. Atualmente a movimentação do setor sucroalcooleiro representa 2,35% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O Brasil é considerado o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com uma produção na safra 2005/06 de 436,8 milhões de toneladas, valor 5,1% superior ao da safra anterior. De acordo com a Conab, a cultura ocupa uma área de aproximadamente 5,9 milhões de hectares, com uma produtividade média de 74,3 t/ha. Atualmente no Brasil são utilizados três sistemas de colheita de cana-de-açúcar: manual, semi-mecanizado e mecanizado.

FOGO NA LAVOURA Nos últimos 35 a 40 anos, a queima da cana tem sido uma prática muito utilizada no Brasil. Embora constitua uma agressão ao meio ambiente, causando desequilíbrios na flora e na fauna, ela é praticada para quase 100% da matéria-pri-

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ma colhida, independente de o corte ser manual ou mecanizado. O impacto ambiental das queimadas é um tema que preocupa a sociedade em geral, tanto no Brasil como no exterior. O fogo afeta diretamente a atmosfera, o solo, a flora e a fauna. A cana-de-açúcar é responsável por quase a totalidade das emissões de gases provenientes da queima de resíduos agrícolas no Brasil, sendo que a região Sudeste produz mais da metade dessas emissões. Além da indesejável e nociva fuligem da palha queimada, a queima lança na baixa atmosfera milhões de toneladas de gás carbônico por ano, o que contribui para a contaminação do ar nas cidades e o aumento do efeito estufa, bem como para a destruição da camada de ozônio. O ozônio nas capas baixas da atmosfera é prejudicial ao sistema respiratório das plantas e animais. O efeito estufa é

um dos principais riscos ambientais que o nosso planeta enfrenta; gases provenientes da queima da cana, como o metano, o óxido nitroso, os óxidos de nitrogênio e o monóxido de carbono, provocam aumento da temperatura do planeta. A queima continuada provoca rápida decomposição dos compostos orgânicos presentes no solo, podendo deteriorá-lo a níveis capazes de afetar seriamente os rendimentos agrícolas. A atividade microbiana, intimamente ligada à matéria orgânica e responsável pela formação de agregados do solo, é afetada. Diante da degradação provocada no solo, o homem é forçado a aumentar a utilização de produtos agroquímicos. A queima promove a formação de crosta superficial, que reduz a infil-


“A colheita da cana sem queima favorece o aumento da cobertura vegetal, devido ao depósito de palha no solo” Case IH

O sistema de colheita completamente mecanizado está presente principalmente nas grandes usinas de São Paulo

prática, estimulando-se, assim, a obtenção de tecnologias para a colheita de cana crua de maneira mecanizada, naquelas áreas onde o corte era efetuado de forma manual e, portanto, a queima, necessária.

MECANIZAÇÃO DA COLHEITA

tração da água, deixando o solo suscetível à erosão e à insolação, devido à redução da proteção da superfície. Apesar das desvantagens ecológicas que o efeito da queima da cana-de-açúcar provoca, para o produtor e para a indústria ela traz vantagens econômicas. Na queima eliminam-se quase 50% da água contida no caule, contribuindo para uma considerável diminuição dos gastos de energia necessários para processar a matéria-prima na usina. A queima facilita a operação dos cortadores manuais, destacando-se o aumento da produtividade no corte e a diminuição de acidentes provocados por animais peçonhentos, encontrados com freqüência nas plantações. Os custos de carregamento e transporte também são reduzidos, aumentanJohn Deere

do-se a eficiência das moendas, por não haver necessidade de interromper o funcionamento destas para a limpeza da palhada. Diante dos desastrosos efeitos ecológicos que a queima gera e da pressão exercida pelas populações, em algumas regiões produtoras, está sendo proibida essa

RISCOS À SAÚDE

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urante a combustão da palhada da cana ocorre a liberação de monóxido de carbono, que é um gás incolor, inodoro e altamente tóxico. Essa substância tem uma afinidade pela hemoglobina duzentas vezes maior que a do oxigênio. Intoxicações graves podem ocorrer com indivíduos que permanecem em locais muito próximos aos canaviais em chamas, sendo as crianças e os idosos os mais suscetíveis. A quantidade de fuligem que é lançada todos os anos na atmosfera pela queima dos canaviais é desconhecida, mas estudos realizados indicam que, além de sujar as cidades, essas partículas contêm substâncias com propriedades carcinogênicas, como é o caso de alguns Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos.

A adoção da colheita mecanizada, sem queima, é observada atualmente em aproximadamente 5% da área total plantada no Brasil, concentrando-se majoritariamente em São Paulo. Nesse estado, a área colhida sem queima está aumentando a cada ano, motivada por uma lei estadual que proibiu a queima e estabeleceu prazos para eliminação das queimadas nos canaviais paulistas. Para os produtores adequarem-se a essa determinação, a colheita da cana passa a ser realizada quase obrigatoriamente por máquinas, devido à possibilidade de acidentes e ao elevado custo da colheita manual sem a queima prévia. A colheita da cana sem queima favorece o aumento da cobertura vegetal, devido ao depósito de palha no solo. Essa

SISTEMAS DE COLHEITA

O

sistema de colheita manual caracteriza-se por o corte e o carregamento dos colmos serem realizados manualmente. Esse sistema pode incluir um transporte intermediário no talhão, normalmente executado por tração animal. O sistema semi-mecanizado é o de maior utilização e apresenta o corte manual, o carregamento mecânico e o transporte por veículos motorizados. O sistema mecanizado, no qual todas as operações são realizadas por máquinas, é o mais utilizado em de São Paulo. Esse estado possui o maior potencial de mecanização da colheita, visto que nele se encontram as maiores usinas produtoras e o maior número destas, além de um relevo favorável que permite o uso de máquinas agrícolas. O sistema de colheita mecanizado no Brasil apresenta duas possibilidades, podendo a cana ser colhida inteira ou picada.

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cobertura, que forma uma camada de aproximadamente 10 cm de espessura, protege o solo do impacto da chuva, das variações térmicas e de umidade, serve como reserva de nutrientes, que são liberados lentamente com a sua decomposição. Estima-se que o volume de palha deixado após a colheita seja de 15 toneladas de massa seca/ha/ano e que a temperatura abaixo dessa camada seja 5oC menor que a da superfície. Esse acúmulo de matéria orgânica no solo melhora as condições para o desenvolvimento das plantas e da população de microrganismos associados. O depósito da palhada decorrente do corte sem queima dificulta o crescimento de várias espécies de plantas daninhas, levando conseqüentemente a um menor uso de herbicidas. Em um estudo conduzido por pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, ao longo de muitos anos, determinou-se que a produtividade média da cana em parcelas não queimadas foi 24% maior do que a em parcelas queimadas. Com a passagem do tempo, essa diferença aumentou até 55% na última soca avaliada. Nesse estudo comprovou-se a melhor assimilação do nitrogênio naquelas parcelas onde não se fez a queima prévia e, também, que o não uso da queima retarda a necessidade da renovação do canavial. A colheita sem queima pode funcio-

nar como um mitigador de carbono, favorecendo a redução do efeito estufa, por deixar no campo o carbono que seria li-

MERCADO DE CARBONO

O

aquecimento global no planeta e os transtornos ambientais provocados pela atuação desordenada e irracional do homem têm sido motivo de preocupação internacional. Foi acordado mundialmente por meio do Protocolo de Quioto que, entre os anos de 2008-2012, os países desenvolvidos, maiores responsáveis pela poluição no planeta, devem reduzir suas emissões de gases. Devido às dificuldades apresentadas por esses países em cumprir o acordo, foram criados mecanismos para facilitar o cumprimento desses compromissos. Foi facilitado o comércio de emissões de gases entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, considerando-se que as emissões de gases realizadas em países desenvolvidos são consideradas de efeito global. Por isso, como os países em desenvolvimento não têm compromisso de redução de emissões, suas empresas

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podem vender para empresas estrangeiras as quotas de carbono não emitido ou retirado da atmosfera. Na medida em que os países subdesenvolvidos sejam capazes de substituir as fontes de energia fósseis por renováveis, terão maior excedente de quotas de carbono para comercializar com aqueles países que necessitam delas. É nesse contexto que a indústria sucroalcooleira brasileira apresenta-se como uma promissora fonte de captação de recursos nesse mercado de resgate de carbono da atmosfera, e espera-se que essa postura tenha uma contribuição considerável para a diminuição das emissões de dióxido de carbono no planeta. Estudos demonstram o potencial da cultura da cana-de-açúcar para resgatar carbono da atmosfera, pois uma tonelada cultivada é capaz de resgatar aproximadamente 0,17 t de dióxido de carbono por ano.

berado pela queima. Apesar de a cultura da cana-de-açúcar ter um elevado potencial para retirar dióxido de carbono do ambiente durante o processo fotossintético, esse balanço é nulo quando acontecem as queimadas, uma vez que a planta reabsorve todo o dióxido de carbono equivalente ao emitido. A adoção da colheita de cana sem queima favoreceria esse balanço e contribuiria para a diminuição do efeito estufa no planeta. Além do carbono resgatado pela cultura da cana-de-açúcar, a agroindústria canavieira pode atrair capital através do manejo da cultura sem queima, do uso do álcool como combustível e da utilização da energia gerada nas caldeiras pela queima do bagaço da cana. Estudos realizados por pesquisadores da Esalq citam que o bagaço representa em termos energéticos 131.152 MJ/ha, e a palha, 92.805 MJ/ha. Também determinaram que uma tonelada de palha equivale a 1,2 barril de petróleo. Esses especialistas estimulam o uso de parte da palha deixada no campo para complementar o bagaço nas caldeiras, evitando assim a queima de combustíveis fósseis, maiores responsáveis pela poluição atmosférica. O álcool como combustível é um pro-


“Apesar de a cultura da cana-de-açúcar ter um elevado potencial para retirar dióxido de carbono do ambiente durante o processo fotossintético, esse balanço é nulo quando acontecem as queimadas” John Deere

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Case IH

duto que contribui para a redução do efeito estufa e diminui substancialmente a poluição do ar. Esse tipo de energia é limpa, renovável e se obtém da biomassa da cana-de-açúcar. O álcool se apresenta como um mercado cada vez mais promissor devido à tendência mundial do seu uso em veículos de passeio. O uso do álcool hidratado como combustível, ou do anidro como aditivo na gasolina, apresentam-se como uma fonte potencial para evitar as emissões de gás carbônico à atmosfera. Nesse sentido, estima-se que 20% da frota nacional possa usar como combustível o álcool hidratado, e está estabelecido que toda a gasolina brasileira tenha uma adição de 20 a 24% de álcool anidro. Na busca da substituição de combustíveis fósseis por combustíveis renováveis, aparece a alternativa do uso do bagaço da cana-de-açúcar como matériaprima para a fabricação de biodiesel. Pesquisas indicam que o processo de gaseificação do bagaço converte a biomassa em gás a partir de uma síntese química, viabilizada através de um catalisador, sendo o gás usado na produção de biodiesel. Estima-se que para cada cinco ou seis toneladas de bagaço, pode-se obter uma

Estudos mostraram que a produtividade média em áreas não queimadas é 24% maior

tonelada de biodiesel. Considerando-se a disponibilidade de bagaço no Brasil, acredita-se que a produção de biodiesel usando essa tecnologia reforce as potencialidades do setor canavieiro na exploração desse produto. M

Leidy Zulys Leyva Rafull e Cristiano Márcio Alves de Souza, Universidade Federal da Grande Dourados (MS)


Fotos Case IH

colheita de cana

Evolução constante

A cana-de-açúcar é uma cultura que envolve diversos processos de produção e beneficiamento. Daí o grande interesse, daqueles que vivem da atividade, em inovações e novidades que possam trazer benefícios e otimizar a produção

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colheita mecanizada da canade-açúcar, quando introduzida no Brasil, na década de 70, abria um novo ciclo no setor. Os usineiros e produtores brasileiros ingressavam num modo de produção bastante tecnificado, que caminha muito rápido. Tratores com últimas inovações, colhedoras com a mais nova tecnologia e operadores cada vez mais qualificados são uma realidade no Brasil canavieiro de hoje. Mas é fato que ainda há muito o que evoluir. E o país tem tudo para isso. Diferentemente do que aconteceu na Austrália na década de 40, quando faltava mão-de-obra para a colheita, no Brasil, a mecanização no campo surgiu por uma necessidade das empresas do setor de se tornarem cada vez mais competitivas. Somam-se a isso questões ambientais – evitar a queima – e de saúde dos trabalhadores envolvidos diretamente no corte da cana. A evolução do negócio da cana no país, ao contrário do que pregam muitos entendidos na área, não fez com que se reduzissem as vagas. O aumento da área não apenas conservou a mão-de-obra braçal, como também criou postos para operári-

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os qualificados, com melhores condições de trabalho. E a mecanização cooperou. Calcula-se que a expectativa de vida de um cortador de cana seja bastante inferior à da média do brasileiro – que é hoje de 71 anos –, pelo desgaste que a atividade repetitiva provoca, somado à exposição intensa ao sol e aos problemas pulmonares causados, principalmente, pela fuligem resultante da queima necessária da cana no corte manual. A capacitação dos trabalhadores envolvidos nesse novo perfil da produção foi dada pelos fabricantes das máquinas – colhedoras, tratores e plantadeiras principalmente – e pelos próprios empresários. É comum vermos, nas usinas, cursos de reciclagem anual para operadores de máquinas. A Case IH, por exemplo, oferece um Centro de Treinamento para esse pessoal, uma estrutura única na América Latina, localizada junto à sua plataforma mundial de produção e desenvolvimento de colhedoras de cana, em Piracicaba (SP). O aumento da mecanização em cana impulsionou também a demanda por mão-de-obra qualificada

MELHORAMENTO CONSTANTE As máquinas vêm acompanhando – e muitas vezes até motivando – toda essa mudança no setor. Contando-se que uma


“A busca agora no setor, mais do que pela colheita mecanizada, dá-se pela adaptação do plantio às máquinas colhedoras”

Na Austrália, 100% da área plantada é mecanizada; no Brasil, não passa de 30%

pela colheita mecanizada – cultura consolidada entre os usineiros –, se dá pela adaptação do plantio às máquinas colhedoras. Os usineiros hoje buscam aperfeiçoar a forma de plantio com sulcador em linhas paralelas e longas, espaçamento e curvas de níveis adequados, além de carreadores nivelados com a lavoura, entre outros. De nossa parte, estamos desenvolvendo tecnologias para beneficiar o cultivo cada vez mais eficiente da cana-de-açúcar. Em maio deste ano, lançamos o AFS Guide, um equipamento guiado por saté-

lite que orienta o trator, mantendo seu traçado. O sistema permite a eliminação do disco marcador do sulcador. No uso do cultivador, o equipamento evita o pisoteio da soqueira da cana. Nas colhedoras da linha A7000 que fabricamos, nosso compromisso continua. Neste ano, introduzimos melhorias, como abertura frontal de 1,1 m do chassis, regulagem eletro-hidráulica de altura do disco de corte lateral e facas verticais corta-palhas nos divisores de linha. Estamos pesquisando também um sistema de controle eletrônico para manter a altura adequada do disco de corte. Aqui, como na lavoura de cana, a evoluM ção não pode parar.

PLENA EXPANSÃO

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setor sucroalcooleiro está em plena e rápida expansão. Para se ter uma idéia, em 1994 colheram-se no Brasil 250 milhões de toneladas de cana. Na safra 2004/05, esse número superou 383 milhões de toneladas, de acordo com dados da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo). As áreas cresceram embaladas pelo mercado externo. O setor ganhou ainda mais importância depois da vitória dos países produtores de açúcar de cana na queda dos subsídios junto à Organização Mundial do Comércio, do crescimento das vendas de carros bicombustíveis no mercado doméstico e do interesse de outros países no álcool combustível brasileiro.

John Pearce Consultor Case IH Divulgação

colhedora trabalha de duas mil a 2,5 mil horas por ano numa safra de oito meses – contra os cinco meses do período de colheita de grãos – processando de 80 a 140 toneladas por hectare percorrido, temos uma idéia de quanto esforço o equipamento tem de fazer. Apesar de trabalharmos diariamente no melhoramento dessas máquinas, podemos dizer que seu uso no campo brasileiro ainda é bastante pequeno se comparado ao da Austrália, por exemplo, onde 100% da área plantada é mecanizada. Calcula-se hoje que apenas 30% da área cultivada com cana no Brasil – de um total de cinco milhões de hectares – é colhida com máquinas, a maior parte no estado de São Paulo. Acredita-se que essa mecanização da colheita possa atingir até 75% do total cultivado. Essa perspectiva tem grandes chances de se confirmar. O usineiro, como qualquer produtor agrícola brasileiro, envolve-se a fundo quando o assunto é novas tecnologias. A cana é uma cultura que exige diversos processos em sua produção e beneficiamento, daí o grande interesse, daqueles que vivem da atividade, em novidades que possam trazer benefícios. O usineiro brasileiro dá grande importância à experimentação e à comprovação dessas novidades. A busca agora no setor, mais do que

Segundo John Pearce, o desafio é desenvolver tecnologias mais eficientes para aprimorar a colheita

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Teste Drive - PLA H 2500 S

Nem terremoto De todas as características observadas no PLA H 2500 S, a estabilidade da barra pode ser considerada como o ponto forte do equipamento, traduzindo-se na possibilidade de pulverizações bastante uniformes ao longo da faixa de aplicação

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entro da série de avaliações de pulverizadores automotrizes que temos realizado em parceria com a Revista Cultivar Máquinas, desta vez tivemos a oportunidade de trabalhar com o pulverizador da PLA modelo H 2500 S. Os testes foram realizados na área demonstrativa do Show Rural Coopavel, que aconteceu de 13 a 17 de fevereiro de 2006, em Cascavel (PR). TAMANHO Assim como as demais máquinas dessa categoria, o PLA H 2500 S, com 3,7 m de altura, 3,2 m de largura e 7,8 m de comprimento, apresenta dimensões elevadas. Possui vão livre de 1,21 m (pneus 12.4x36) e bitola mecanicamente ajustável entre 2,8 e 3,2 m (como opcional, o sistema de ajuste de bitola pode ser hidráulico). Também como nas demais máquinas da categoria, tais dimensões representam uma certa dificuldade para o transporte “embarcado”, em caminhões de piso rebaixado, mas nenhum problema para deslocamento em áreas rurais. SISTEMA DE SUSPENSÃO Os eixos são fixados ao chassi através de barras tensoras, suspensão pneumática ativa e amortece-

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Os eixos são fixados ao chassi através de barras tensoras, suspensão pneumática ativa e amortecedores

O acesso ao cofre do motor é parcialmente obstruído pelo medidor do nível de calda no tanque

dores. As válvulas reguladoras controlam o ajuste dos movimentos da suspensão pneumática ativa, reduzindo os impactos para a máquina. Tal sistema híbrido de suspensão, entretanto, associado a uma suspensão da cabine realizada por coxins de borracha, não é suficiente para impedir que uma quantidade elevada de impactos seja transmitida à cabine, prejudicando a operação. Segundo os técnicos que acompanharam as avaliações,

um sistema de suspensão também pneumático para a cabine, que eliminaria o problema, já está disponível como item opcional. O estabilizador do chassi é do tipo barra pantográfica longitudinal e transversal simples. UNIDADE MOTRIZ O motor é um Cummins com potência de 175 cv, montado entre a cabine e o tanque de pulverização. O acesso ao cofre do motor, a partir da plataforma de trabalho, é dificultado por este ficar exatamente no vão livre entre a plataforma da cabine e a do tanque de pulverização, além de ser parcialmente obstruído pelo medidor do nível de calda no tanque. O sistema de transmissão é hidrostático, com tração 4x4 hidro, constante e independente nas quatro rodas, realizada por motores de roda


“Todo o sistema hidráulico e as barras são controlados por botões dentro da cabine, com sistema on/off de acionamento montado em painel posicionado à direita do operador, que, com pouco treino, estará apto a operá-lo adequadamente” Fotos Hamilton Ramos e Vilso Júnior Santi

de alto torque e baixa rotação. O sistema de transmissão hidrostático permite que o pulverizador não tenha pedais, com todos os comandos de velocidade e frenagem realizados através de um manche posicionado ao lado direito do operador. Não existe câmbio, apenas um botão através do qual se limita a velocidade máxima em 25 km/h, para as situações de trabalho, e em 46 km/h, para transporte. CABINE A cabine é bastante ampla, com poucos pontos cegos, e possui um sistema de ar condicionado equipado com filtros de carvão ativado, para elevar a segurança do aplicador. Como segurança complementar, nenhuma abertura que facilite a entrada do ar externo foi observada. Entretanto, apesar de a janela da direita ter a possibilidade de ser aberta, não existe além da porta qualquer outra abertura que possa ser utilizada como saída de emergência. Como os vidros são amplos, a incorporação de um sistema para remoção ou quebra de um deles, com a devida identificação, seria o suficiente para a correção desse problema. Amplos espelhos externos facilitam a verificação das condições de operação das barras traseiras de pulverização. Apesar do posicionamento frontal da cabine, os pneus não são adequadamente visualizados a partir do posto de operação, dificultando o adequado posicionamento destes na linha da cultura, quando necessário. Tal problema pode ser resolvido pela substituição do piso contínuo da plataforma de acesso, ao lado da cabine, por um elemento vazado, semelhante a uma grade ou tela. O assento ergonômico com suspensão de molas é ajustável em altura e posição, mas não possui sistema de amortecimento. Tal fato, associado à elevada transmissão de impactos à cabine proporcionada pelo sistema de suspensão do pulverizador, faz com que tais impactos cheguem de maneira acentuada ao operador, prejudicando a operação. Segundo os técnicos que acompanharam as avaliações, um sistema de suspensão pneumático, que resolveria tal problema, também já está disponível para o acento como item opcional. Ao lado esquerdo do

O assento é ergonômico, com ajustes de altura e posição, e a cabine conta com banco auxiliar para instrutor

A cabine é bastante ampla, com poucos pontos cegos; a direção tem regulagem de posição e dispositivo para apoio das mãos

operador, existe um assento auxiliar, fixo, que pode ser utilizado por um instrutor, supervisor ou aprendiz. O volante tem regulagem de posição em relação ao operador e possui um dispositivo para apoio da mão que, apesar de simplificar bastante o giro em manobras, necessita de melhorias no acabamento, por ter bordos não suavizados. A direção é hidrostática, e, na coluna de direção, podem ser encontrados também botões para acionamento dos faróis e de luzes de advertência, além de uma alavanca para controle de luz alta/baixa, setas de direção e acionamento da buzina, lavador e limpador de párabrisas. Na coluna esquerda da cabine, à frente e perfeitamente visíveis da posição de trabalho do operador, observam-se horímetro e mostradores analógicos, com as funções de marcadores de temperatura, de pressão do óleo, de voltagem da bateria e de nível de combustível. Também estão presentes luzes de advertência, associadas ou não a sinais sonoros, para ní-

vel e temperatura do óleo do sistema hidráulico, bloqueio do filtro de ar, freio motor, nível de combustível, intensidade dos faróis, carga da bateria, freio de estacionamento e temperatura e pressão do óleo do motor. À direita e acima do posto de operação, encontram-se os botões para acionamento dos faróis superiores da cabine e do sistema de advertência do tipo giroflex. Todo o sistema hidráulico e as barras são controlados por botões dentro da cabine, com sistema on/off de acionamento montado em painel posicionado à direita do operador, que, com pouco treino, estará apto a operá-lo adequadamente. Tal painel acolhe botões que permitem acionar a bomba de pulverização e o sistema de controle eletrônico da pulverização, habilitar o sistema hidráulico de controle da bitola por roda e alterá-la hidraulicamente (quando presente), selecionar a velocidade para trabalho ou transporte, acionar o sistema eletrohidráulico de ajuste ou recolhimento do sistema de barras e da escada de acesso (este últi-

Visão dos mostradores analógicos, controladores do sistema hidráulico e controlador eletrônico de pulverização

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ACESSÓRIOS

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m acessório que equipa o pulverizador PLA H 2500 S como item de série e que pode ser muito importante no campo é um macaco hidráulico, armazenado na parte traseira inferior do chassi. Em caso de emergência, o operador poderá retirá-lo, montá-lo no pulverizador utilizando o próprio circuito hidráulico da máquina e operá-lo a uma distância segura através de um dispositivo de controle remoto. Tal equipamento, facilita e eleva a segurança de possíveis operações de manutenção necessárias durante a utilização do equipamento.

mo, quando presente), travar ou destravar o quadro do sistema de barras para transporte e acionar o freio de estacionamento. Além disso, como itens de segurança, observam-se também um botão de habilitação, necessário para que qualquer dos botões de controle do painel obedeça ao comando de acionamento, e uma chave geral. No entanto, o fato de essa parte do painel encontrar-se 15 cm abaixo do apoio do braço do operador faz com que a visibilidade dos botões seja prejudicada, quando na posição de trabalho, defeito este amenizado pelo fato de não haver ali mostradores ou luzes de advertência e pela maioria dos acionadores mais utilizados durante a operação estarem também disponíveis no manche de comando. O manche de comando de velocidade é um controle multifuncional, com características ergonômicas adequadas, por meio do qual, com pequenos movimentos de punho e dedos e o braço adequadamente apoiado, controla-se a velocidade à frente, através do posicionamento do manche para frente, ou à ré, através do seu posicionamento para trás, servindo também como freio para o equipamento. Com a rotação do motor constante em 2300 rpm, obtém-se qualquer das velocidades. Além disso, através de botões posicionados à altura

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do polegar, mas não adequadamente identificados, pode-se controlar o sistema de articulação e altura das barras de pulverização. Ao lado direito do operador, imediatamente acima do painel de controle, está posicionado o controlador eletrônico da pulverização, (marca Arag, modelo Bravo 300) que, além de manter constante o volume de aplicação e facilitar ações de ligar e desligar seções da barra de pulverização, ou alterar a pressão de pulverização, ainda permite a visualização e/ou o controle de variáveis, tais como distância percorrida, área pulverizada, horas trabalhadas, volume de calda no tanque, volume pulverizado, tensão na bateria e vazão em litros por minuto. Esse controlador mostrou-se de fácil regulagem e com excelente interface para o usuário. ACESSOS E PLATAFORMAS A plataforma de trabalho, situada ao lado esquerdo do pulverizador, é subdividida em plataforma da cabine e plataforma do tanque de pulverização. Entre as duas, existe um vão livre onde estão localizados a escada e suportes para pé e mãos, que visam permitir o deslocamento entre elas. Assim, o acesso à cabine, ao motor e ao tanque de pulverização inicia-se por uma escada situada imediatamente atrás da roda dianteira esquerda, com 22 cm de largura e oito degraus espaçados de 20 cm, com piso antiderrapante, estando o primeiro degrau adequadamente posicionado a 44 cm do solo. Deve-se ressaltar que, apesar de os 22 cm de largura da escada atenderem a normas como a NBR ISO 4254-1:1999, que propõem no mínimo 20 cm para essa dimensão, revisões de normas equivalentes no âmbito internacional já propõem a ampliação para 30 cm como medida de segu-

rança. Os sistemas para apoio das mãos, presentes em ambos os lados da escada e com início a 1,5 m do solo, têm dimensões adequadas para a segurança necessária ao acesso, entretanto, os 44 cm de área útil entre o corrimão e o corpo do pulverizador, associados aos 63 cm existentes entre o degrau da escada e o suporte de pé para acesso à plataforma do tanque, medidos na horizontal, dificultam sobremaneira o acesso à cabine. A partir da escada, atinge-se diretamente a plataforma de acesso à cabine a plataforma do tanque de pulverização, que se estende até o sistema de barras de pulverização. A plataforma da cabine é construída com piso de chapa metálica antiderrapante, com largura útil de 32 cm, largura esta bastante reduzida segundo normas de qualidade, que recomendam pelo menos 40 cm de largura para plataformas sobre as quais o trabalhador tenha de se mover. A distribuição dos apoios de pés e mãos, que possibilitam o acesso entre as plataformas, apesar de permitir o contato de apoio em três pontos durante todo o tempo de acesso, favorece a instabilidade e necessita de um estudo ergonômico. A plataforma do tanque é construída nos mesmos moldes da plataforma da cabine. Possui um guarda-corpo ao longo de toda sua extensão, com 60 cm de altura e três elementos horizontais espaçados assimetricamente. As dimensões da construção do guarda-corpo, além de serem suficientes para reter uma pessoa em caso de queda, ainda oferecem proteção para um possível deslize do pé para fora da plataforma, conferindo um grau de segurança bastante elevado, sem dúvida o melhor entre os pulverizadores dessa categoria já analisados. Não existem plataformas do lado direito do pulverizador, que é utilizado para posicionamento dos sistemas de armazenamento e de arrefecimento do óleo do sistema hidráulico. BARRAS DE PULVERIZAÇÃO No pulverizador PLA H 2500 S, os controles de recolhimento e de ajuste de altura das barras de pulverização são eletro-hidráulicos, comandados a partir de botões devidamente identificados, situados no console de operação,

Escada de acesso à cabine, ao motor e às demais áreas da máquina

A plataforma do tanque possui guardacorpo adequado, além de proteção para possível deslize dos pés


“Assim, de todas as características observadas no PLA H 2500 S, a estabilidade da barra pode ser considerada como o ponto forte do equipamento” Fotos Hamilton Ramos e Vilso Júnior Santi

No teste de estabilidade das barras, o sistema estabilizou-se completamente em menos de dois segundos

ção, no sentido do deslocamento do pulverizador, de forma que não interceptam a operação, não interferindo, portanto, na distribuição da calda.

ou de botões sem identificação, situados no manche de controle. Como medida de segurança, existe um botão de habilitação a ser acionado antes de qualquer outro de comando, a fim de se evitar um acionamento involuntário. A barra com uma estrutura em treliça e construída com material de perfil circular é auto-estável (estabilidade independente do movimento do veículo), fixada ao quadro através de um sistema pendular em paralelogramo; possui amortecimento tanto para os movimentos verticais quanto para os horizontais, proporcionado por cilindros hidráulicos associados a amortecedores e anéis plásticos. De 25 m de comprimento, a barra está montada de forma a proporcionar proteção contra impactos aos bicos de pulverização durante a utilização do equipamento e possui um sistema de escamoteamento da ponta no caso de choques com obstáculos. O sistema de auto-estabilização das barras é pantográfico e de construção relativamente simples, composto por molas, amortecedores e juntas de elemento plástico.

Na avaliação visual realizada com o pulverizador, trabalhando em terreno irregular à velocidade de 15 km/h, a barra mostrou-se também bastante estável. Assim, de todas as características observadas no PLA H 2500 S, a estabilidade da barra pode ser considerada como o ponto forte do equipamento, traduzindo-se na possibilidade de pulverizações bastante uniformes ao longo da faixa aplicada. Por serem equipamentos dimensionados para operar em velocidades relativamente elevadas, uma estrutura por vezes negligenciada nos pulverizadores autopropelidos, mas que possui relacionamento direto com a capacidade operacional da máquina e a qualidade da aplicação, é a proteção das pontas, posicionadas imediatamente atrás dos pneus, contra barro e detritos que poderão entupir ou danificar tais pontas, principalmente em solos úmidos. No PLA H 2500 S, os pára-lamas de plástico com extensão em borracha fornecem uma proteção bastante adequada à barra de bicos nesse sentido. Os limitadores de altura da ponta da barra são montados à frente da barra de pulveriza-

O sistema de auto-estabilização das barras é pantográfico, bastante simples, mas se mostrou muito eficiente na avaliação

Molas e elementos plásticos auxiliam na composição do sistema de estabilização das barras

SISTEMA DE PULVERIZAÇÃO Confeccionado em plástico reforçado com fibra de vidro (PRFV), o tanque de calda tem capacidade de 2,5 mil l, possui quebra-ondas internamente, para melhorar a estabilidade do conjunto, quando em operação, e está equipado com sensor eletrônico, que interrompe o fluxo de calda com cerca de 20 l de calda no tanque, para evitar danos à bomba de pulverização. Possui ainda, na metade interna inferior, tratamento visando reduzir a rugosidade, permitindo menor retenção de produto nas paredes. O abastecimento de água é realizado através de um sistema de engate rápido localizado na parte inferior do pulverizador. O sistema de agitação da calda é hidráulico, com capacidade máxima de 300 l/min, variável em função do volume de pulverização. O acesso à boca do tanque através da plataforma lateral é bastante facilitado, havendo um desnível de apenas 1,10 cm entre o piso da plataforma e a boca, sem nenhuma obstrução lateral, permitindo que possíveis operações manuais de abastecimento sejam realizadas de forma segura. O sistema hidráulico de pulverização estava equipado com bomba centrífuga Hypro de aço fundido, com comando mecânico e vazão de 300 l/min, apesar de, segundo os técnicos que acompanharam a avaliação, essa bomba ser originalmente em aço inox, de comando hidráulico, e a alteração apresentada neste equi-

ESTABILIDADE

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ara analisar a eficácia do sistema, as sim como em avaliações anteriores, um teste bastante simples foi proposto. Inicialmente, a barra foi estabilizada a 1,3 m de altura. Em seguida, promoveu-se um rápido abaixamento manual da ponta até que o limitador de altura atingisse o solo, anotando-se o tempo necessário para o término do movimento e a nova altura em três repetições. O sistema mostrou-se extremamente eficiente, com a barra voltando aos 1,3 m iniciais com menos de dois segundos após a mesma ter tocado o solo, sendo este o menor tempo e a melhor precisão (diferença entre altura inicial e final) entre todos os pulverizadores dessa categoria analisados até então.

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Fotos Hamilton Ramos e Vilso Júnior Santi

Pára-lamas de plástico com extensão em borracha conferem proteção adequada aos bicos de pulverização

O dispositivo para introdução de produtos no tanque e lavagem de embalagens está a 1,2 m do solo, garantindo baixa contaminação

pamento específico, uma solicitação do cliente. Um dispositivo de indução para adição de produtos ao tanque e lavagem das embalagens vazias equipa o pulverizador . Ele está localizado no lado esquerdo da máquina e, em posição de operação, a boca de abastecimento situa-se a 1,2 m do solo, altura esta que permite a operação segura com baixo risco de contaminação do operador. A bomba que aciona esse dispositivo é a do sistema de pulverização, sendo que, através de uma válvula de três vias, o operador seleciona utilizar a água do tanque de pulverização ou a água vinda de um reservatório de água limpa, com capacidade para 200 l, utilizada também para as operações de asseio do operador, através de uma torneira, e para a operação de lavagem do tanque após a pulverização. Apesar de essa forma de acionamento normalmente propiciar a contaminação do tanque de água limpa com calda, como conseqüência de um possível refluxo ao se acionar a válvula de três vias, esse problema é evitado no PLA H 2500 S pela presença de uma válvula anti-retorno entre a válvula e o tanque de água limpa, além do posicionamento deste último em um nível superior ao da válvula. Apesar disso, a vazão da bomba pode fazer com que o tanque de

água limpa se esgote com menos de um minuto de funcionamento da bomba, o que pode prejudicar o processo de descontaminação das embalagens com essa água. O sistema de filtragem é composto por três filtros, todos de marca Arag, sendo um pré-bomba, com sistema de auto-fechamento do circuito hidráulico, ao se abrir o filtro, e peneira de um único elemento malha 50; um de linha em cada uma das cinco seções da barra, com peneira malha 80; e outro nos bicos, sem peneiras por ocasião da avaliação. Apesar dessa configuração de peneiras, nenhuma das pontas que equipavam as barras requeriam o uso da malha 80. Assim, em função dos problemas de retenção que essa malha pode proporcionar quando da utilização de agrotóxicos com as formulações pó molhável (PM) ou suspensão concentrada (SC), o padrão 80 poderia ser alterado para 50 sem prejuízo à pulverização, mas com grande benefício à capacidade operacional do equipamento. A barra de pulverização, que pode ser regulada para trabalhar a alturas variando entre 0,6 e 2,2 m, é construída com tubos em aço inox de 12,7 mm (1/2”) no sistema de barra úmida (calda circula dentro da barra), dividida em cin-

co seções comportando, no total, 47 bicos da Arag com acoplamento para três pontas através de engate rápido e sistema anti-gotejo, espaçados de 52,5 cm. Segundo os técnicos da empresa, os espaçamentos padrão para o Brasil são 35 e 50 cm, estando a máquina em avaliação configurada para exportação. As pontas das seções de barra possuem sistema de vedação com tampa plástica e engate rápido, facilitando a manutenção. A ponta da seção mais externa é curva, provavelmente com a intenção de ampliar a faixa de aplicação, o que pode interferir negativamente na pulverização sob esses locais. Todas as seções possuem controle individual de pressão, permitindo a uniformização da vazão, mesmo quando uma ou mais seções da barra estão fechadas, e o controle de abertura e fechamento de cada uma das seções é proporcionado por válvulas solenóides posicionadas na região central da barra. Todo controle e acionamento das barras é realizado de dentro da cabine de comando, sem que, no entanto, como recomendam as normas internacionais de segurança, haja mangueiras pressurizadas dentro desta. Todo o sistema de pulverização é monitorado pelo controlador da Marca Arag, modelo Bravo 300, localizado na cabine de comando.

Outros modelos e suas pricipais características MECÂNICA MÁQUINA Motor Transmissão Tanque de produto Bitola entre rodas Bitola variável (*) Barra de pulverização Tanque de água limpa

M 2500 S 135 HP MWM 4 turbo Eaton FS 4205 2500 Lts 2,8 a 3,2 Mts Sim (Manual) 22 Mts (traseiro) 200 Lts

M 3000 S Cummins 152 HP Eaton FS 4205 3000 Lts 2,8 a 3,2 Mts Sim (Manual) 25 Mts (Traseiro) 200 Lts

(*) Para as máquinas do Paraguai a Bitola e fixa: 2,62 mts. Opcional: Variável

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M 3000 I Cummins 152 HP Eaton FS 4205 3000 Lts 2,80 a 3,2 Mts Sim (Manual) 25 Mts (Traseiro) 200 Lts

HIDRÁULICA M 3000 F H 2500 S H 3000 S Cummins 152 HP M W M 180 HP/Cummins 175 HP M W M 180 HP/Cummins 175 HP Eaton FS 4205 2 bombas 2 bombas 3000 Lts 2500 Lts (Opcional 3000 Lts.) 3000 Lts. 2,8 a 3,20 2,8 a 3,2 Mts 2,8 a 3,2 Mts Sim (Hidráulica) Sim (Manual) Sim (Manual) 25 Mts ( Traseiro ) 22 Mts (Traseiro) Op. 25 Mts. 25 Mts (Traseiro) 200 Lts 200 Lts 200 Lts

H 3500 F Cummins 215 HP 2 bombas 3500 Lts 2,8 a 3,20 Sim (Hidráulica) 27 Mts (Traseiro) 200 Lts


“Vários dos problemas verificados já têm soluções prontamente disponíveis, comercializadas como opcionais, cabendo ao agricultor buscar o adequado equilíbrio entre custo e tecnologia”

O sistema de filtragem é composto por três filtros, todos da marca Arag

A ponta da barra é curva, com a intenção de ampliar a faixa de aplicação

DESEMPENHO OPERACIONAL A análise do desempenho do PLA H 2500 S foi realizada através de um teste simples, já por nós utilizado em outras avaliações. A máquina foi parada na parte inferior de dois diferentes terrenos: um plano, e outro em rampa de cerca de 80 m de comprimento e inclinação em torno de 7%, devendo a colhedora subir, com carga, a partir da imobilidade, anotando-se o tempo necessário para atingir 15 km/h. Verificou-se que a máquina atingia facilmente essa velocidade no terreno plano (3 a 4 s), entretanto, na rampa, esse tempo subiu para 6 a 7 s em função da necessidade da elevação gradual do manche, para que

não houvesse patinamento devido à brusca transferência de torque às rodas. Formas de resolver tal problema e reduzir o tempo observado em condições de rampa devem ser estudadas. IMPRESSÕES GERAIS O pulverizador PLA H 2500 S analisado é um modelo standard e apresenta vários pontos que ainda podem ser melhorados de forma a elevar ainda mais seus padrões de ergonomia, segurança e desempenho. Vários dos problemas verificados já têm soluções prontamente disponíveis, comercializadas como opcionais, cabendo ao agricultor buscar o adequado equilíbrio entre custo e tecnologia. Não há dúvidas

Hamilton Ramos testou o PLA H 2500 S durante o

Show Rural da Coopavel

entretanto de que se trata de uma ótima máquina e nem de que, com os pontos aqui identificados, positivos ou negativos, dispõe de uma M base adequada para se tornar excelente. Hamilton Humberto Ramos, Demétrius de Araújo e Douglas Sampaio R. da Rocha, IAC


Massey Ferguson 250 XE

Brasileirinho em teste

O MF 250 XE - Brasileirinho é uma excelente opção para a mecanização da pequena propriedade. A combinação entre rendimento, manutenção de baixo custo e preço reduzido, além de facilidades de financiamento, chama a atenção

D

e acordo com dados públicos disponíveis, os estabelecimentos de origem e administração familiar (não patronal) correspondem a 85,2% do total de empreendimentos agrícolas no nosso país. Embora correspondam a apenas 30,5% da área total utilizada na agricultura brasileira, participam com 37,9% do valor bruto da produção agropecuária nacional. Mesmo com esse desempenho, apenas 27,5% utilizam só mecanização, ou esta combinada com outras fontes de tração, como a animal e a manual. Em termos de tratores, as vendas de modelos com potência inferior a 49 cv, em 2005, correspondem a apenas 5,9% do total de

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vendas, contra 62% na faixa de 50 a 99 cv. Trata-se, portanto, de uma faixa de mercado restrito, mas que pode ser aquecido com ofertas de preço reduzido e tecnologia adequada. A Massey Ferguson lançou recentemente o seu trator de pequeno porte para agricultura familiar, apelidado de “Brasileirinho”. A equipe do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas (Nema) da Universidade Federal de Santa Maria foi convidada para avaliá-lo nesta edição da Revista Cultivar Máquinas. Esse trator é derivado do Massey Ferguson 250 X Advanced. Apresenta porém algumas variações para adequálo a um custo baixo e ao desempenho em

atividades relacionadas às pequenas propriedades.

À PROVA NO CAMPO Deslocamo-nos até a localidade de Mangueirinha, no município de Paraíso do Sul (RS), e encontramos um modelo MF 250 XE com tração dianteira auxiliar (TDA), que resolvemos colocar à prova com uma plantadeira Semeato modelo PH3.

MOTORIZAÇÃO O motor que equipa esse trator é da marca Simpson, fabricado por Simpson & Co. Ltd., de Chennai, Índia. É um motor de três cilindros com 2500 cm3 e aspiração natu-


“A transmissão de potência do motor até as rodas se faz por meio da tradicional embreagem dupla com disco de material orgânico” Fotos Vilso Júnior Santi

EFEITO ALAVANCA

A

Conferimos a rotação padronizada da TDP. Com o motor a 1900 rpm, aparecem os 540 rpm na TDP

Bomba injetora em linha, utilizada no novo motor aplicado a este trator

ral. O modelo 250 X tradicional é equipado com motor marca Perkins de igual cilindrada e número de cilindros. A potência é igual entre ambos os motores, aproximadamente de 50 cv, a 2250 rpm. A aspiração é natural e baseia-se em um filtro de ar a seco, que teve de ser deslocado para a parte de trás do motor, trocando de local com a bateria, em função da posição do coletor de ar do cabeçote do motor. O sistema elétrico é de 12 volts de tensão e trabalha com uma bateria de 70 Ah. Chamounos a atenção nesse trator a nova bomba injetora utilizada, que é “em linha”, novidade em um trator MF. O motor nos pareceu bastante similar ao Perkins tradicionalmente utilizado. Durante os testes, ele se comportou bem, demonstrando estar perfeitamente dimensionado para o trabalho que estava realizando.

bloqueio para acionamentos indesejados. Entre as oito marchas disponíveis, existem duas para velocidades inferiores a 4 km/ h, uma entre 4 e 8 km/h, duas de 8 a10 km/ h e três marchas de deslocamento em estrada com velocidades maiores que 12 km/h.

TDP A tomada de potência é dependente, porém, pode vir independente como opcional. Obtém-se 540 rpm, que é a rotação padronizada na TDP à 1900 rpm. O diferencial é formado por um conjunto de coroa e pinhão ZF.

FREIOS Os freios são de discos com cinco elementos em cada semi-eixo imersos em óleo, com acionamento mecânico com dois pedais, um para cada roda e com um freio de estacionamento por travamento dos pedais acionados a partir de botão no painel de instrumentos.

creditamos que a oferta de implementos, máquinas e tratores dimensionados para a pequena propriedade pode servir para alavancar economicamente esse segmento. O Brasil é altamente deficiente em equipamentos adequados para agricultores que demandem pequenas máquinas com qualidade similar à de grandes modelos. Não é porque uma exploração é pequena em área e volume de produção que esta tenha de trabalhar com equipamentos de baixa qualidade tecnológica, ineficientes, que demandem grandes esforços e provoquem riscos à segurança e danos à saúde dos operadores.

SISTEMA DE DIREÇÃO O sistema de direção é padrão hidrostático, com o eixo dianteiro marca ZF tipo 4x4 APL 335 (na versão TDA), com bloqueio de diferencial e eixo blindado, para evitar a entrada de pó e umidade.

SISTEMA HIDRÁULICO O sistema hidráulico é de três pontos do tipo Ferguson, com duas alavancas (controle de posição e profundidade) e velocidade de reação. A capacidade de levante do sistema hidráulico, na rótula de engate dos braços inferiores é de 2,1 mil kg, ponto muito positivo para um trator desse porte, com vazão máxima de 17 l por minuto e pressão máxima de 214 kgf/cm2. O sistema de con-

TRANSMISSÃO A transmissão de potência do motor até as rodas se faz por meio da tradicional embreagem dupla com disco de material orgânico. A caixa de marchas é do tipo engrenagens deslizantes, com oito marchas à frente e duas para trás. O sistema é o tradicional Massey Ferguson com duas alavancas: a primeira (a maior), de marchas, tem quatro posições, e a segunda (a menor), de regime, tem duas posições - reduzida e direta, com uma posição neutra que é utilizada como O motor que equipa este trator é da marca Simpson, fabricado por Simpson & Co. Ltda., de Chennai, Índia

Abril 06 • 21


O modelo que testamos tem sistema de direção padrão hidrostático, com eixo dianteiro da marca ZF

trole remoto para acionamentos de equipamentos com pistões hidráulicos externos é opcional, com vazão de 17 l por minuto e pressão máxima de 173 kgf/cm2.

SISTEMA DE TRAÇÃO O sistema de tração básico é 4x2, com pneus 14.9-24R1, 12.4-28R1 e 12.4-28R1 nas rodas traseiras e 6.0-16F2 nas dianteiras, e a versão de tração dianteira auxiliar com pneus 14.9-24R1 e rodado dianteiro 8.00-18R1.

OPCIONAIS O trator apresenta vários equipamentos opcionais, entre os quais o arco de proteção ao capotamento (EPCC), que é uma estrutura de proteção ancorada em dois pontos, sobre o eixo traseiro, modelo 200, e que deve suportar, conforme norma SAE J 1194, uma força de 8.150 lbs. Acreditamos que esse opcional deveria ser equipamento obrigatório para a proposta de trabalho em pequenas propriedades, geralmente caracterizadas por declividades acentuadas.

LASTREAMENTO O trator que testamos estava lastrado com oito placas de 25 kg cada no suporte dianteiro e com água em ¾ dos volumes dos pneus dianteiros. Nas rodas traseiras haviTabela de velocidades Marcha 1a reduzida 2a reduzida 3a reduzida 4a reduzida 1a direta 2a direta 3a direta 4a direta Ré reduzida Ré direta

Velocidade (km/h) 2,5 3,7 6,8 8,3 10,1 14,8 27,2 33,4 3,4 13,8

* Velocidades teóricas calculadas para os rodados traseiros 14.9-24R1 e rotação do motor nominal do motor à 2250 rpm.

22 • Abril 06

am sido colocados três discos metálicos de 40 kg em cada roda.

BRASILEIRINHO EM AÇÃO Escolhemos para testar esse trator uma semeadora de precisão marca Semeato, Modelo PH3, que está entre os implementos indicados para o trabalho em pequenas propriedades. O conjunto nos pareceu bem harmônico em termos de dimensionamento. O peso da máquina de semeadura é 750 kg, acrescidos de aproximadamente 350 kg de produtos nos depósitos, pois o reservatório de adubo é para 250 kg, e o de sementes depende da densidade da cultura que se está implantando, sendo as linhas de plantio individuais. Utilizamos no trabalho a seguinte regulagem: espaçamento entre linhas de 0,45m, embora pudéssemos variar de 0,4 a 0,9 m entre linhas, dependendo da cultura. A pressão de sulcamento é regulada por três molas, por sulcador do adubo, e por duas molas para pressão sobre o disco duplo de seComparativo de eficiência operacional

Área 1: 2.464 m2 Condição utilizada 3a marcha reduzida a 1900 rpm Tração Simples (TDA desligada) Velocidade real (km/h) 5,5 Patinamento (%) 13 Capacidade operacional 0,63 de campo (ha/h) Eficiência (%) 64

Área 2: 1.753m2 4 marcha reduzida a 1900 rpm TDA ligada 7,4 10,5 0,93 a

83

mentes. Nessa máquina a deposição da semente é feita no mesmo sulco do adubo, que é depositado mais profundamente. A deposição do adubo é feita por um sulcador do tipo facão com efeito guilhotina, embora haja mais opções como facão afastado, triplo disco ou disco simples. A regulagem de vazão de adubo e de semente é feita através de troca de engrenagens, baseada em uma tabela de dosagens colocada na máquina, para consulta do operador. Uma rosca sem-fim longitudinal, com um sistema de alívio contra embuchamentos da traquéia na saída do sem-fim, na posição superior, distribui o adubo. O acionamento das engrenagens motoras é feito através de rodas laterais. Começamos por determinar as condições de adaptação do trator à máquina semeadora. Para escolher a marcha adequada, fizemos uma série de testes com a determinação de velocidade e patinamento. Depois regulamos a máquina para trabalhar em uma profundidade de aproximadamente oito centímetros para o adubo e em torno de seis centímetros para a semente. Escolhemos a marcha ideal para o trabalho guiando-nos pela tabela de velocidades colocada no pára-lamas do trator - ficamos entre a terceira e a quarta reduzida, para deslocarmos entre seis e sete quilômetros por hora de velocidade real (incluindo o patinamento das rodas) a uma rotação do motor que julgamos adequada, aproximadamente 1900 rpm. Fizemos uma determinação de tempo


“Escolhemos, para testar este trator, uma semeadora de precisão Semeato PH3, que está entre os implementos indicados para o trabalho em pequenas propriedades” Fotos Vilso Júnior Santi

necessário para deslocar o conjunto em 20 metros, dando-nos 5,5 km/hora de velocidade real, em terceira marcha no regime de reduzida, o que correspondia a 5,9 km/h de velocidade teórica. Medimos também o patinamento no mesmo local, verificando a distância percorrida para deslocar cinco voltas do pneu em carga, isto é, em condições de trabalho, com toda a demanda de tração da semeadora, e comparando com a mesma condição sem carga, isto é, com o implemento levantado. Esse teste resultou em um patinamento

de 13%, com a tração dianteira desligada. Ligamos a tração, e verificamos que o patinamento se reduzia tanto que somente se justificava ligar-lá com um aumento da demanda de tração pela máquina. Para provocar maior demanda, resolvemos aumentar a velocidade de deslocamento, incrementando uma marcha para cima, ou seja, utilizando a quarta reduzida. Como o patinamento verificado com a tração dianteira auxiliar acionada era muito baixo (6%), entendeu-se que a lastragem era superior à necessária, que as condições de solo eram muito leves, ou ambos os fatores estavam combinados, influindo no resultado. Para atender a essas duas situações, montou-se um teste em duas áreas distin-

No teste de patinagem, o trator teve um índice de 13%

tas. Na primeira área de aproximadamente 2.464 m², planejamos testar o conjunto em terceira reduzida a 1900 rpm, sem tração dianteira auxiliar. Marcamos, com a utilização de dois sistemas, com trena e com um sistema de posicionamento global (Receptor GPS), essa área retangular. A diferença entre os dois métodos de medição foi mínima, ao redor de 5%. Trabalhamos essa área, medindo o tempo total e os tempos de manobras. Chegamos a uma capacidade operacional de campo de 0,63 ha/h. A capacidade teórica é de 0,918 ha/h, o que resulta em uma eficiência de 64%. Nessa área o padrão de manobras foi

POTÊNCIA DISPONÍVEL

C

Um arco de proteção autocertificado dá segurança ao operador, principalmente em situações de risco de capotamento

Apesar de ser um modelo pequeno, o 250 XE tem opções de lastragens nos eixos dianteiro e traseiro

abe explicar que um trator disponibiliza apenas uma parcela (ao redor de 60-65%) da sua potência de motor ao implemento que está acoplado à barra de tração e ao sistema hidráulico. O restante se perde passivamente nos órgãos de transmissão, e outra parte se perde por patinamento ou resistência ao rolamento. Também é sabido que a máxima eficiência em tração somente ocorre com certo grau de patinamento dos rodados, em torno de 10 a 20%, dependendo da operação. Dessa forma, aconselha-se que um conjunto formado por trator e implemento, para estar bem dimensionado, deva provocar um patinamento do trator ao redor de 15% (10-20%).

Abril 06 • 23


Fotos Vilso Júnior Santi

O trator tem um bom raio de giro, facilitado com o uso dos freios

Raio de giro do trator Com implemento acoplado Sem implemento

Sem Freio Com Freio Sem Freio Com Freio

Sem TDA (m) 6,85 6,8 5,8 5,6

Com TDA (m) 8,65 7,5 6,9 6,7

liar; com o implemento acoplado e sem implemento. O forte desse trator é a combinação entre rendimento, manutenção de baixo custo, além de reduzido preço de aquisição, com todas as facilidades de financiamento oferecidas por uma extensa rede de concessionárias e a possibilidade de participação em grupos de consórcio. M

misto, pois em uma das cabeceiras da área retangular as manobras eram feitas dentro da área, com utilização da marcha à ré, e na outra a manobra era feita continuamente fora da área. Na segunda área, fizemos o trabalho com a mesma semeadora, porém utilizando a quarta marcha reduzida, a 1900 rpm. Medimos o patinamento em uma área adjacente, resultando em 10,5%. A velocidade teórica era de 8,3 km/h, e a velocidade real medida, de 7,4 km/h. Trabalhamos uma área de 1753m2, resultando em uma capacidade operacional de campo de 0,93 ha/h e em uma eficiência de 83%. Nesta área as manobras eram feitas fora da área em ambas as cabeceiras. O patinamento menor, o menor tempo perdido com as manobras e a velocidade real mais alta resultaram nesta maior eficiência. Na avaliação de raio de giro do trator,

Equipe do Nema da UFSM testou o MF 250 XE para a revista Cultivar Máquinas

24 • Abril 06

fizemos a determinação diretamente no mesmo solo em que estivemos trabalhando, em diversas condições: com e sem freio diferencial e com e sem tração dianteira auxi-

José Fernando Schlosser Marçal Elizandro Dornelles Eder Dornelles Pinheiro Alexandre Russini NEMA – CCR – UFSM


passo-a-passo

Massey Ferguson

Prevenir ou remediar?

Os cuidados dispensados à colhedora, após a safra, podem reverter-se em maior lucro para o proprietário e em menor tempo gasto no preparo da máquina para a colheita seguinte, trazendo benefícios consideráveis ao produtor

N

as colhedoras de grãos, equipamentos muito representativos em termos econômicos, tanto do ponto de vista do investimento inicial de aquisição quanto do papel produtivo que desempenham na propriedade, é muito importante efetuar uma completa e correta manutenção preventiva. Esta deve tomar por base três aspectos fundamentais: Redução das falhas: Durante a safra, a máquina é submetida a rigorosas solicitações, e alguns componentes sofrem desgastes ou até princípios de quebra. Através de uma manutenção preventiva, você não eliminará totalmente a possibilidade de falhas, mas pode reduzi-las bastante. Diminuição dos custos de operação: Substituindo componentes que poderão causar problemas devido ao desgaste, você estará evitando que outros componentes sejam danificados e que a máquina fique parada justamente quando você precisa dela. Um motor bem cuidado e bem regulado significa aumento de rendimento e diminuição do consumo de combustível. Com todos esses cuidados, você aumentará seus

lucros pela redução dos custos operacionais. Segurança nas operações a campo: Dê especial atenção ao sistema de freios, às correias e às correntes; com isso você previne acidentes, além de evitar paradas durante a colheita para efetuar reparos, diminuindo, assim, o desempenho e rentabilidade. É fundamental e imprescindível guardar a máquina em local coberto e seco. Sem isso, não há conservação, por ficar vulnerável à ferrugem, “envelhecimento” da pintura, deterioração de plásticos, borrachas, correias e mangueiras etc.

PASSO-A-PASSO As recomendações que seguem têm em vista um período de inatividade longo, como a entressafra em propriedades onde só é feita uma colheita por ano. O rigor com que elas serão observadas fica à critério dos proprietários e operadores.

LIMPEZA PÓS-SAFRA O primeiro passo após a safra é a limpeza rigorosa de todas as partes. O acúmulo da palha e poeira que aderem à máquina favorece

condições de umidade, favorecendo a ferrugem e a hospedagem de insetos e ratos. Ao limpar a máquina, pode-se usar água (inclusive quente ou vapor), mas o mais recomendado é usar ar comprimido ou aspiradores do tipo industrial. Todas as unidades da máquina devem receber cuidados, cada uma por sua vez. Para facilitar a limpeza, faça funcionar o sistema industrial, com o ventilador em máxima rotação e com as tampas dos elevadores de grãos retiradas. Após a limpeza da máquina, abra ou remova todas as tampas de inspeção e janelas, para facilitar a secagem dos componentes internos e a drenagem da água.

CHICOTES ELÉTRICOS Um dos maiores inimigos para a máquina armazenada são os roedores, em especial os ratos. Uma maneira eficaz de impedir a entrada destes na máquina é usar cavaletes, fixando obstáculos de lata em formato de funil virado para baixo. Com esse recurso, os ratos não têm como subir na máquina. Não apenas os chicotes elétricos serão protegidos por essa técnica.

Abril 06 • 25


CUIDADOS ESPECIAIS

O

s cuidados a tomar durante a lavagem com água sob pressão: 1) Nunca dirija o jato muito próximo sobre componentes que possam sofrer danos, a exemplo dos chicotes elétricos. Procure usar jatos mais abertos; 2) Nunca lave o interior da cabina com jato d’água. Na melhor das hipóteses, use pano umedecido e mesmo assim, cuide para que a secagem seja o mais rápido possível. Para isso, deixe a máquina ao sol e ambiente ventilado; 3) Após a limpeza engraxe todos os pinos graxeiros e lubrifique todos os pontos de articulação, como: garfos, pinos, engates, etc. Besunte todas as partes expostas de metal com preventivo contra a ferrugem. Retoque a pintura nos locais descascados ou arranhados; 4) Suspenda a máquina sobre calços de madeira ou cavaletes para aliviar a carga sobre os pneus. Deixe os pneus com pressão abaixo da recomendada para trabalho. Inspecione as válvulas para verificar se estão protegidas pelas tampas. Se existir qualquer dúvida sobre o estado de um pneu, retire-o da roda, examinando-o internamente.

CORREIAS E CORRENTES Nas correias e correntes, é importante observar os seguintes elementos: • Examine as correias quanto à existência de cortes, estiramentos ou deterioração; • Correias excessivamente gastas devem ser substituídas. Em transmissões acionadas por múltiplas correias, todas elas sempre devem ser substituídas simultaneamente, ou seja, não devem ser misturadas correias novas com usadas; • Mantenha sempre as correias limpas, lembrando- se de que a graxa, o óleo lubrificante ou combustível são prejudiciais. Portanto, não

O filtro de ar deve ser envolvido com um saco plástico para evitar a entrada de insetos e impurezas

faça pulverização com lubrificantes sobre as correias; • A tensão das correias deve ser diminuída para evitar pontos de fadiga; • Todas as correntes deverão ser lubrificadas. Para isso, retire as correntes e deixe-as em banho de óleo, com exceção das correntes dos elevadores de grãos e retrilha. Essas correntes deverão ser removidas, e a lubrificação será somente nos elos, evitando o contato do óleo com as palhetas de borracha.

BARRA DE CORTE Aplique um preventivo contra a ferrugem, podendo ser óleo, graxa ou produtos especiais para esta finalidade.

SISTEMA HIDRÁULICO Mantenha os cilindros hidráulicos em sua posição fechada (hastes recolhidas). Nunca coloque graxa ou tinta nas hastes, nem lave-as com solvente, pois isso danifica as vedações.

CILINDRO E CÔNCAVO Além de limpeza, recomendam-se a pulverização com preventivo anti-ferrugem, ou a repintura.

MOTOR Além das recomendações gerais mencionadas aqui, leia o manual fornecido pelo fabricante do motor quanto à conservação deste em períodos de inatividade, principalmente no que se refere aos sistemas de combustível, de filtragem de ar, de arrefecimento e de lubrificação. O manual, normalmente, possui recomendações específicas para períodos inativos curtos ou longos.

SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO

O radiador deve ser esgotado e depois reabastecido com uma mistura de água limpa e aditivos

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Quanto ao sistema de lubrificação, observe o seguinte: • Limpe cuidadosamente o motor e todos os seus componentes; • Faça funcionar o motor até atingir a temperatura normal; • Pare o motor e drene o óleo do cárter; • Substitua o filtro de óleo; • Quando o óleo tiver escorrido completa-

mente do cárter, recoloque e aperte o bujão de escoamento; • Abasteça o cárter até o nível correto com óleo recomendado pelo fabricante; • Feche a saída do escapamento, para evitar a entrada de insetos, que podem transportar impurezas abrasivas até o coletor de escape e o turbo-compressor.

SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO Através do bujão, drene todo o combustível do tanque e lave-o com combustível limpo, eliminando sedimentações ou condensação de umidade. Depois de recolocar o bujão, encha o tanque totalmente para evitar condensação de umidade durante o período de inatividade. Verifique o estado dos filtros de combustível, limpando-os ou substituindo-os, se necessário.

FILTRAGEM DE AR Remova o excesso de poeira na válvula de borracha que fica na parte inferior da carcaça do filtro (quando houver) e limpe externamente o conjunto. Se o filtro for do tipo com vedação cônica de borracha, não remova o elemento para não romper a película seladora. Envolva todo o conjunto do filtro com um saco plástico resistente, para evitar a penetração de insetos e impurezas.

SISTEMA DE ARREFECIMENTO Esgote totalmente a água do radiador e do bloco do motor, abrindo o registro na base do radiador. Encha o radiador com uma mistura de água limpa e aditivo anticongelante à base de Etileno-Glicol, na proporção de 40 a 50%


Massey Ferguson

necessário (em baterias com manutenção).

RETORNANDO AO TRABALHO

de aditivo. É fundamental usar, também, um aditivo anticorrosivo na água, como o fluído para radiadores. Alguns motores possuem um filtro condicionador que contém o aditivo inibidor de corrosão; troque esse filtro antes da inatividade. Faça o motor funcionar em marcha lenta, adicionando água até todo o sistema estar completo. Certifique-se de estarem limpas a tela rotativa e a colméia do radiador.

É importante preparar adequadamente a colhedora para seu retorno ao trabalho após a entressafra. Para isso: • Verifique o sistema de arrefecimento, complete-o com água limpa + aditivos; • Limpe a bateria; • Substitua o óleo do cárter e reabasteça até o nível correto, se isso não tiver sido feito na revisão pós-safra; • Drene o filtro de combustível e o sedimentador na saída do tanque de combustível. Substitua os elementos filtrantes, se ainda não tiverem sido trocados; • Faça uma sangria do sistema de combustível; • Limpe o filtro de ar e remova a proteção de plástico colocada ao desativar a máquina; • Ajuste a tensão de todas as correias e correntes; • Verifique o nível de óleo da transmissão e das reduções finais. Substitua o óleo desses conjuntos anualmente e dentro do período recomendado no plano de manutenção e lubrificação; • Verifique o nível do fluído do freio; • Verifique o funcionamento dos ajustes das peneiras, do ventilador, do saca-palhas e do cilindro; • Verifique o funcionamento do equipamento elétrico: embreagens eletromagnéticas, instrumentos, quadro elétrico, estado geral e fixação dos chicotes, tacômetros eletrônicos etc; • Verifique torque de aperto das rodas dianteiras e traseiras;

BATERIA

Antes de iniciar a nova safra, ajuste a tensão de todas as correias e correntes

• Calibre a pressão dos pneus; • Verifique o funcionamento do sistema hidráulico; • Reaperte porcas e parafusos; • Efetue a lubrificação geral da máquina conforme plano de manutenção e lubrificação; • Verifique o funcionamento do variador do cilindro de trilha e • Remova a proteção da saída do escape. Observando todos esses cuidados, certamente a máquina vai proporcionar uma colheita de alto rendimento na próxima safra, maximizando os lucros do agricultor e reduzindo as M perdas na colheita.

Na bateria é importante observar o seguinte: • Desconecte e retire a bateria da máquina e guarde-a em local seco; • Besunte levemente os terminais da bateria com vaselina; • Certifique-se de que os furos de ventilação dos tampões dos vasos estão desobstruídos; • Mensalmente, quando o motor for colocado em funcionamento, verifique o nível de eletrólito, preenchendo com água destilada, se

ATENÇÃO

M

Na barra de corte deve-se aplicar um produto antiferrugem, como óleo, graxa ou produtos especiais

O torque de aperto das rodas dianteiras e traseiras deve ser verificado

ensalmente, retire as proteções do filtro de ar e do escapamento e faça o motor funcionar durante um período mínimo de 30 minutos. Isso previne o risco de oxidação interna das camisas, pistões e anéis, o que pode causar sérios danos ao motor.

Abril 06 • 27


adubação

Distribuição helicoidal A A emergência e o desenvolvimento adequado das culturas estão relacionados relacionados aa diversos diversos fatores, fatores, dentre dentre eles, à quantidade de adubo distribuída na semeadura. Esta Esta será será determinada determinada pela pela maior maior ou ou menor menor eficiência eficiência do do mecanismo mecanismo dosador dosador que que equipa equipa aa plantadora-adubadora plantadora-adubadora utilizada utilizada pelo pelo agricultor agricultor

P

ara executar a semeadura existe no mercado uma infinidade de máquinas. As mais utilizadas para as culturas produtoras de grãos são as semeadorasadubadoras, que possibilitam diferentes regulagens, para que possam ser usadas para as mais variadas culturas. Nesse tipo de máquina, os depósitos de adubo variam de acordo com o número de linhas do implemento podem ser individuais ou múltiplos. Em semeadoras-adubadoras com mais de quatro linhas, existe o depósito único ou di-

vidido para os dois lados da máquina. No reservatório, a conformação das paredes deve evitar ao máximo possível que haja um efeito da altura do produto no seu interior sobre a vazão do mecanismo dosador. É importante a adequação do ângulo de inclinação das paredes laterais, evitando-se a desuniformidade de escoamento e a formação de espaços vazios ao longo da aplicação (Mialhe, 1996). O mecanismo dosador tem por função liberar do reservatório a quantidade de adubo previamente estabelecida por determinada re-

gulagem. O princípio de funcionamento classificado como gravitacional utiliza a força de gravidade para promover e controlar o fluxo das partículas sólidas (Mialhe, 1996). TIPOS DE DOSADORES No mercado existem alguns tipos de dosadores que diferem em sua construção, de acordo com a semeadora e o fabricante. Os mais comuns são: a) Helicoidal: esse distribuidor consta basicamente de uma rosca sem fim, localizada na parte inferior do depósito de adubo. Sua regulagem é realizada pela combinação de engrenaFigura 4 - Distribuição de adubo nas sete linhas da semeadora-adubadora para as

Distribuidor helicoidal de duas (esq.) e uma (dir.) polegadas

28 • Abril 06

Parte inferior do depósito de adubo, com detalhe da helicóide


“O mecanismo dosador tem por função liberar do reservatório a quantidade de adubo previamente estabelecida por determinada regulagem” Fotos Carlos Eduardo Furlani

FATOR CARGA

A

partir da análise dos dados obtidos durante o ensaio, conclui-se que a helicóide de 2” deposita maior quantidade de adubo e que o fator carga no reservatório, no tipo de semeadora-adubadora estudado, não interfere na distribuição de adubo. gens, as quais fornecem rotação diferenciada e, conseqüentemente, dosagens diferentes. Nesse mecanismo também pode-se mudar o passo da rosca, ou seja, a distância entre os fios de rosca, proporcionando assim variação na dosagem. As helicóides mais comuns possuem uma ou duas polegadas. b) Disco horizontal rotativo: também chamado de roseta, consta de uma série de discos, um para cada linha de semeadura, posicionados horizontalmente na parte inferior do depósito de adubo. Os discos apresentam ressaltos em sua periferia. A rotação dos discos possibilita que o adubo seja conduzido até os condutores. A dosagem de adubo é modificada por meio da rotação dos discos e pela abertura da janela, localizada na entrada do condutor. c) Eixo rotativo com paletas: localizado na parte inferior do depósito, é dotado de um eixo rotativo que contempla uma série de paletas que tem por função movimentação da massa e condução do adubo até os orifícios de saída. A dosagem também é realizada por meio da rotação do eixo e abertura da janela. d) Cilindro canelado: mecanismo também utilizado para sementes miúdas, consta de um cilindro para cada linha, localizado na parte inferior do depósito de adubo. O cilindro possui canais onde o adubo é depositado, com a rotação do cilindro, o adubo é levado até os tubos condutores. As regulagens para esse mecanismo constam da maior ou menor exposição dos canais ao adubo e da rotação dos cilindros. DISTRIBUIÇÃO DO ADUBO Para verificar a distribuição de adubo, conduziu-se um ensaio com uma semeado-

Detalhe da coleta de adubo nas linhas, de acordo com o passo da helicóide

Furlani, Afonso e Rouverson avaliaram a distribuição de adubo em função do mecanismo helicoidal utilizado

ra-adubadora de sete linhas espaçadas de 0,45 m, operando a 7 km/h. Este foi realizado em área plana com parcelas de 50 m de comprimento. A máquina foi abastecida com três quantidades de adubo no reservatório (1/4, 1/2 e 1/1), combinadas com dois distribuidores do tipo helicoidal de uma e duas polegadas (Figura 1) e, ainda, cinco regulagens (a que fornece menor e maior quantidade de adubo e três intermediárias). A capacidade total do depósito é de 1,3 mil kg, sendo utilizado um adubo NPK 10-20-20. Na Figura 4 é apresentada a distribuição de adubo por linha da semeadora-adubadora em função da helicóide estudada. Nesta pode-se observar que a helicóide de 2” deposita mais que o dobro de adubo que a de 1” (450 e 209 kg/ha, respectivamente). Assim, pode-se, por meio da troca de helicóide, dobrar o número de opções de quantidade de adubo aplicada. A média aplicada por linha (helicóide de 1”) foi de 30 kg/ha, com três linhas apresentando distribuição acima da média, e três linhas, abaixo. Um detalhe que pode também ser observado é que o maior desvio da média encontrado foi de 10% (3 kg/ha), considerado bom segundo Casão Júnior & Siqueira (2003). Já para a helicóide de 2”, a média foi de 64 kg/ha, com dois valores acima e três abaixo da média. Nessa helicóide o maior desvio também foi de 3 kg/ ha, porém, representando 4,7% da média. Embora ambos possam ser considerados bons, nota-se que na helicóide de 2” a distri-

buição foi mais homogênea. Na Figura 5 observa-se a distribuição de adubo pelas linhas da semeadora-adubadora em função da quantidade de adubo no reservatório, ou seja, a carga sobre o mecanismo dosador (helicóide). Nas linhas um, dois e três, a quantidade de adubo aplicada aumentou da menor para a maior carga sobre o dosador, porém, esse aumento não é significativo, ou seja, com diferença de no máximo 2 kg/ha. Já nas linhas quatro, cinco, seis e sete a distribuição foi mais homogênea para as três cargas; ressalta-se que para as linhas um, dois e três, existe um único depósito e, para as linhas quatro, cinco, seis e sete, também um único depósito, assim o efeito da carga foi minimizado neste último. Observa-se pela Figura 6 que a variação por linha para cada regulagem foi pequena, variando de 7% (7 kg/ha), para a regulagem cinco, até 13% (2 e 5 kg/ha, para as regulagens um e três, respectivamente). Nas regulagens dois e quatro a variação por linha foi de 8 e 9%, ou seja, 2 e 5 kg/ha, respectivamente. As diversas regulagens nas semeadoras-adubadoras possibilitam aplicar a dosagem adequada de adubo para as culturas. Para as regulagens utilizadas neste estudo, observa-se que podemos dosar de 70 a 700 kg/ha, em média, para M as duas helicóides estudadas. Carlos Eduardo A. Furlani, Rouverson P. Da Silva e Afonso Lopes, Unesp

helicóides de (1”) e (2”) Figura 5 - Distribuição de adubo nas sete linhas da semeadora-adubadora para as cargas (1/4), (1/2) e (1/1) Figura 6 - Distribuição de adubo nas sete linhas da semeadora-adubadora para regulagens (1), (2), (3), (4) e (5)

Abril 06 • 29


fertilização em cana

Fotos Charles Echer

Distribuição uniforme A aplicação de fertilizantes na cana-de-açúcar, fator preponderante no custo total de implantação da lavoura, influi diretamente no rendimento da cultura. Por isso espalhar corretamente e de maneira uniforme adubos e corretivos é tão importante

A

maioria dos equipamentos para aplicação de fertilizantes na cultura de cana-de-açúcar utiliza o sistema de prato giratório, com regulagem da vazão por folga entre o reservatório de fertilizante e o prato. Segundo Weber et al. (2001), a aplicação de adubação mineral das soqueiras influi diretamente no rendimento da cultura, além de proporcionar uma recuperação das soqueiras não fertilizadas anteriormente. A quantidade de adubo aplicada na área é fator preponderante na composição do custo total do plantio, chegando a 50% dos valores na operação de implantação das culturas (Fernandes, 2000), sendo assim de fundamental importância a correta regulagem da taxa de aplicação em função da cultura. O reservatório de adubo nesses equipamentos dosadores pode ter diversos formatos, em geral, possui formas mistas, pela união de um tronco de cone (ou de pirâmide) com cilindro ou paralelepípedo. Essas formas geométricas são utilizadas para a maior quantidade de produto transportado. Supõe-se que as formas mistas não influ-

30 • Abril 06

em na taxa de aplicação, visto que o fertilizante tem uma movimentação dinâmica entre o reservatório e o prato giratório, que formam um vértice cônico central, conduzindo o adubo das camadas de alturas diferentes até a base do prato. Essa movimentação acontece em forma de espiral descendente, sendo que os grâ-

nulos do fertilizante dos níveis superiores descem e se misturam com os grânulos dos níveis inferiores, antes de saírem pelo orifício de aplicação. O objetivo aqui foi avaliar a taxa de aplicação de fertilizante sólido granulado pelo sistema de distribuição de prato giratório com

Tabela 1 - Granulometria da matéria-prima utilizada Diâmetro da Peneira [mm] Granulometria [%]

0,30 0,12

0,60 0,26

0,84 0,24

1,19 1,11

1,68 4,07

2,38 24,07

4,76 69,54

4,76 69,54

>4,76 0,58

Tabela 2 - Caracterização do fertilizante Densidade Aparente (kg.m ) 994,40 -3

Diâmetro médio ponderado (mm) 3,997

Ângulo de Talude ( o) 38

Tabela 3 - Volume de fertilizante por altura avaliada, conforme ilustra a Figura 2 Altura da coluna de fertilizante (m) 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00

Volume de fertilizante (m3) 0,099405 0,066595 0,043895 0,029425 0,025535 0,017023 0,008512

Massa de Fertilizante (kg) 98,84 66,22 43,64 29,26 25,39 16,92 8,46


“O objetivo aqui foi avaliar a taxa de aplicação de fertilizante sólido granulado pelo sistema de distribuição de prato giratório com reservatório cônico-cilíndrico em diversas alturas de adubo no reservatório”

Sulcador adubador de duas linhas, marca DMB, com capacidade de 100 kg em cada reservatório

reservatório cônico-cilíndrico em diversas alturas de adubo no reservatório.

O EXPERIMENTO O experimento foi realizado no Sítio Morro Grande, localizado na cidade de Capivari, interior do estado de São Paulo. No ensaio foi utilizado um sulcador adubador de duas linhas, marca DMB, com capacidade de 100 kg de adubo granulado em cada reservatório. O sistema de distribuição de fertilizante é constituído por um prato giratório sob cada reservatório, com regulagem de vazão em função da folga entre o prato e a borda inferior do reservatório. Foram utilizados 100 kg de ferti-

lizante com a formulação 4-20-20 (4% de nitrogênio, 20% de fósforo e 20% de potássio); a caracterização física do adubo utilizado no ensaio é apresentada nas Tabelas 1 e 2. O diâmetro médio ponderado foi determinado segundo a metodologia apresentada por Youker & Mcguinness, citado por Kiehl (1979) e calculado pela Equação 1:

onde: DMP = diâmetro médio ponderado, em mm; C = tamanho dos furos das peneiras, em mm; P = proporção do peso do material retido em cada peneira, em relação ao peso total da amostra, adimensional.


Figura 1 - Esquema do reservatório utilizado no ensaio

No experimento utilizou-se o reservatório direito, preenchido com 100 kg de fertilizante. Foram coletadas dez amostras de adubo lançado pelo sistema de prato giratório, para cada altura de coluna de fertilizante no reservatório. Foram avaliadas sete alturas de fertilizante com variação de 100 mm cada, conforme ilustra a Figura 1. Em cada análise a altura foi mantida constante por um sistema de preenchimento do reservatório. Para cada amostra foram registrados o tempo e, posteriormente, o peso coletado em cada repetição. Para o acionamento do mecanismo dosador foi utilizado um trator Massey Ferguson MF 290. O sistema de transmissão desse equipamento é composto por duas engrenagens de dentes retos ligadas por corrente e um conjunto de engrenagens cônicas para cada reservatório, uma das engrenagens é montada na roda motora direita do trator, e a outra, no chassi do sulcador. O equipamento foi acoplado ao trator, permanecendo em contato com o solo. O trator teve a roda direita levantada por um macaco hidráulico para a realização do ensaio estático.

Tabela 4 - Dados obtidos no ensaio para o fluxo de massa por altura da coluna de fertilizante Altura (mm) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média [g.s-1] Desvio Padrão [g.s-1] Coeficiente de Variação [%]

600 144,57 171,33 179,20 164,91 141,28 * 171,09 155,81 167,62 146,28 160,23 13,675 8,53

A roda do trator desenvolveu velocidade angular de 32 RPM. Como o conjunto cônico tem relação 2:1, a velocidade angular do prato giratório foi de 16 RPM, sendo que a folga entre o reservatório e o prato, de 14 mm.

500 170,49 153,74 183,74 188,00 169,29 196,44 185,77 262,35 156,12 226,30 189,22 33,201 17,55

400 213,95 184,91 181,62 204,90 * 201,41 211,21 166,13 191,80 174,06 192,22 16,789 8,73

300 178,64 182,08 189,29 195,31 203,19 190,30 178,56 187,35 146,45 203,74 185,49 16,377 8,83

200 190,00 191,02 180,10 209,45 187,58 184,04 190,10 232,53 195,00 190,00 194,98 15,292 7,84

100 167,37 183,98 158,46 190,76 182,69 175,55 162,88 155,19 177,05 159,02 171,30 12,391 7,23

0 135,47 160,09 158,71 166,11 114,44 147,34 143,66 135,28 142,07 144,19 144,74 14,892 10,29

Tabela 5 - Teste comparativo entre as médias obtidas (teste Tukey para 95% de confiança) 600 600 500 400 300 200 100

DADOS OBTIDOS Os dados obtidos no ensaio são apresentados na Tabela 4. No gráfico da Figura 2 pode-se observar que o fluxo de massa na seção cônica não apresentou tendência de variação na taxa de aplicação. Na seção cilíndrica nota-se que houve uma tendência de queda na taxa de aplicação. Por questões práticas, não se recomenda que seja realizada a aplicação nesse sistema quando o nível de fertilizante chega nessa seção, pois há um aumento na velocidade de esvaziamento do reservatório, devido ao volume menor de armazenamento do produto nessa par-

Figura 2 - Gráfico do fluxo de massa do mecanismo distribuidor de fertilizantes em função da altura da coluna

500 400 300 200 100 0 Diferente Diferente Diferente Diferente Igual Igual Igual Igual Igual Diferente Diferente Igual Igual Diferente Diferente Igual Igual Diferente Diferente Diferente Diferente

te do reservatório. A Tabela 5 apresenta a análise de variância, teste Tukey, que comprova existir uma diferença significativa entre as médias obtidas, quando o nível do fertilizante se encontra na região cilíndrica do reservatório. Na região cônica não foi observada uma tendência específica. Devido ao fato do ensaio ter sido realizado em condições estáticas, com a roda motora levantada, não foi considerada a patinagem da máquina na operação de plantio, fato que influencia diretamente na rotação da roda, conseqüentemente, na taxa de apliM cação. Angel Pontin Garcia, Daniel Albiero e Nelson Luis Cappelli, Unicamp

TAXAS DE APLICAÇÃO

A

avaliação dos dados demonstrou que não há diferença estatística entre as médias das taxas de aplicação para as diferentes alturas, quando a coluna de fertilizante se encontra na região cônica. Contudo, na região cilíndrica, pode-se notar que há uma tendência de redução da taxa de aplicação conforme se esvazia o reservatório, resultando em uma desuniformidade na taxa de aplicação.

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Expodireto 2006

Tática de inovação A Expodireto Cotrijal 2006 recebeu mais de 120 mil visitantes e registrou um volume de negócios em torno de R$ 50 milhões. Apesar do momento, diversas novidades no setor de máquinas e implementos agrícolas puderam ser conferidas

O

balanço final da edição 2006 da Expodireto Cotrijal, apesar do complicado momento vivido pelo agronegócio brasileiro, foi positivo. Conforme Nei César Mânica, presidente da cooperativa que organiza o evento, apesar da feira não ter atingido a expectativa inicial de público de 150 mil visitantes -, os produtores que estiveram no evento mostraram muito profissionalismo, buscando informações que possam auxiliá-los na melhoria de seus resultados na propriedade. Além de 294 expositores, 16 a mais do que no ano passado, a exposição contou também com a já tradicional dinâmica de máquinas agrícolas que atraiu diariamente grande público. Na oportunidade os produtores puderam conferir no campo o desempenho de colhedoras, plantadoras, subssoladores, ensiladeiras, pulverizadores e de demais máquinas expostas na

Vilso Júnior Santi

feira. A área de 10 ha, neste ano, abrigou 18 empresas, apresentando um total de 40 máquinas. Em sete edições a Expodireto Cotrijal já se solidificou como um dos principais eventos da agropecuária nacional. Para as empresas do setor de máquinas e implementos, a feira passou a ser considerada no planejamento estratégico, sendo palco para o lançamento anual de produtos. As principais novidades podem ser conferidas a seguir.

NEW HOLLAND A New Holland apresentou seus tratores da linha TL Exitus específicos para arroz e fumo. O lançamento do TL Exitus versão fumo atende às necessidades dos produtores da região, forte nesse tipo de cultivo. A máquina recebeu componentes específicos, como pneus especiais, para trabalhar nas lavouras. O arroz, cultu-

A New Holland apresentou seus tratores da linha TL Exitus, específicos para arroz e fumo

ra da qual o Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional, também ocupou lugar de destaque entre as máquinas específicas oferecidas pela NH.

BRIDGESTONE/ FIRESTONE No estande da Bridgestone/Firestone os viDivulgação

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METAL BUSCH

sitantes tiveram a oportunidade de conhecer um trator de competição utilizado no Trator Show. Neste ano, o destaque da empresa foi o recém-lançado Firestone Destination, desenvolvido para o competitivo mercado de camionetes. O Destination é uma excelente opção para o agricultor que precisa de um veículo ágil na cidade, mas que não perca o desempenho em na propriedade rural. O agricultor pôde conhecer uma linha completa de produtos para suprir todas as necessidades: desde pneus para carros de passeio e para camionete até os destinados ao transporte de carga e aos tratores.

A Metal Busch apresentou na feira seu mais novo projeto. O Power Jet automotriz 4x4 possui motor Maxion P4001T de 130 cv, caixa Eaton FS 2305 C, de cinco velocidades à frente e uma à ré, e transmissão na roda com corrente ANSI 100. A direção é hidrostática com coluna regulável e com direcional dianteiro na versão 4x2, ou direcional dianteiro e traseiro na versão 4x4. A suspensão é feita por feixes de molas combinados com amortecedores nos dois eixos. As barras de pulverização podem ser de 16,4 m no modelo 4x4 canavieiro, ou de 21,5 m nas demais versões. A máquina tem capacidade para 2,2 mil litros, opera em velecidades de até 18 km/h e pode vir equipada com um sistema de assistência de ar.

MASSEY FERGUSON A Massey Ferguson trouxe à Expodireto sua mais nova linha de tratores compactos voltados para a fruticultura brasileira. Destaque para o trator MF 250 XE - Brasileirinho, para o trator MF 680 HD, voltado para as culturas de soja e milho, e para o MF 5290 Export, que atende ao mercado arrozeiro. As colhedoras MF 5650 e os modelos MF 34 e MF 38 também estavam em exposição. Na nova linha compacta são quatro modelos com oito versões (4x2 e 4x4). A nova série alia a robustez de um grande trator à necessidade de modelos estreitos para trabalhar em áreas adensadas, realizando grandes tarefas diárias. Também traz importantes evoluções, principalmente na configuração de segurança operacional, ergonomia, resistência estrutural e design.

TORTUGA A Tortuga aproveitou a Expodireto para apresentar ao público as funcionalidades de seus produtos. Entre os produtos que a Tortuga trouxe à feira estão sua nova linha Comercial Leve (LT), câmaras para caminhões e ônibus, além da Linha Agrícola dianteira e traseira, que possui muito mais borracha em sua constituição, oferecendo aplicação para mais de 170 medidas de pneus. A empresa também apresentou e distribuiu a cartilha sócio-ambiental “Propriedade Rural Legal”, desenvolvida pelo engenheiro agronômo Luiz Anselmo Merlin Tourinho. A cartilha trata principalmente do Código Florestal (Lei 4.771/65), e de suas alterações, feitas através da Medida Provisória 2.166/01.

Na nova linha compacta da MF, são quatro modelos, com oito versões 4x2 e 4x4

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KF A Amazone lançou o Tittan 800 BT na Expodireto Cotrijal

AMAZONE A Amazone, procurando atender a um número maior de clientes que procuram alta tecnologia, lançou na Expodireto Cotrijal o Tittan 800 BT. O pulverizador tem como principais características a capacidade do tanque (de 800 litros), a bomba de alta capacidade (160 l/ min), o sistema de barras auto-nivelantes construídas com tecnologia aeronáutica e que permite largura de trabalho maior (18 a 21 metros), proporcionando, assim, um alto rendimento. O Tittan 800 BT pode ser configurado com comando de pulverização manual ou elétrico, a abertura de barras pode ser hidráulica ou eletro-hidráulica. Tem ainda um importante opcional que é o controlador de vazão que possibilita ao operador variar velocidades sem alterar o volume aplicado.

A KF apresentou sua nova semeadora-adubadora pantográfica, a KF Double System TGA de 19, 23 ou 27 linhas para trigo e arroz. A plantadora possui distribuição de adubo no sistema sem-fim e de sementes através do sistema de rotor. Os condutores de semente são do tipo telescópico, a caixa de adubo é de polietileno, e o sistema de chassi é duplo, o que porporciona maior desencontro entre linhas e discos. A capacidade de carga de adubo varia de 850 a 1,15 mil kg, e a de semente, de 385 a 530 kg. A largura útil da máquina vai de 320 cm a 460 cm, e a potência exigida do trator é de 80 cv a 96 cv, fatores estes ligados ao maior ou menor número de linhas que integram o equipamento.

SFIL A plantadora-adubadora para culturas de verão SS Clasic Cerrado, nas versões 9000, 12000 e 15000, foi o destaque da Sfil. A máquina possui rodados móveis, reforços internos do


Fotos Vilso Júnior Santi

sementes e de adubo são mais algumas das características oferecidas pela série 1100. Os tratores da Série 15 (6415, 6615 e 7515) e as colhedoras 1175 Hydro, 1550 e 9750 STS também puderam ser conferidos.

S.R. AGROINDUSTRIAL

O Power Jet automotriz 4x4 possui motor Maxion P4001T de 130 cv

chassi reversíveis, fixação do cabeçalho regulável e transmissões deslocáveis que proporcionam a montagem nos mais variados espaçamentos. Conta com linhas pantográficas desencontradas na semente e no adubo, proporcionando maior qualidade e uniformidade de plantio. Possui discos de corte de 20”, com regulagem de altura por meio de arruelas, e sistema basculante das linhas da semente, o que facilita o transporte a longas distâncias. A distribuição de sementes é feita por discos alveolados; os reservatórios de adubo, em polietileno, são vasculáveis, e os compactadores, em V, com regulagem de pressão e ângulo de abertura.

JOHN DEERE A Série 1100, uma nova linha de plantadoras projetadas para trabalhar com precisão e alto rendimento em solos úmidos, argilosos, com grande quantidade de palhada ou com declividade acentuada, foi a principal novidade da John Deere na Expodireto. Os três modelos da série, para sete, nove e 11 linhas de plantio para soja, foram expostos aos produtores. As novas plantadoras têm diversas características inovadoras, que permitem fazer o plantio com alta qualidade e velocidade em terrenos com condições adversas. Resistência, simplicidade de operação e uniformidade de distribuição de

A plantadora-adubadora para culturas de verão, SS Clasic Cerrado, foi o destaque da Sfil

A S.R. Agroindustrial apresentou um novo conceito de armazenagem para qualquer tipo de produto. O Armesilo associa as vantagens dos silos metálicos verticais aos benefícios dos armazéns de fundo plano. O Armazém Modular Multiuso é totalmente metálico, formado por painéis em aço galvanizado a fogo, de perfil exclusivo e curvados em máquinas especialmente projetadas para esse fim. A montagem é feita por junção de painéis que formam arcos, os quais, unidos entre si por parafusos galvanizados especiais, dotados de arruelas de neoprene para vedação total, resultam num corpo único, de teto autoportante e de grande resistência. Ele permite também o uso misto do espaço interno.

JAN Com a finalidade de otimizar a distribuição de fertilizantes e sementes, a Jan apresentou no evento o Lancer Magnum Plus de 10 e 20 mil litros. O equipamento oferece condições para satisfazer a um perfil perfeito e largura de distribuição. Seu sistema de transmissão de velocidade à esteira é central e lateral, equipado com engrenagens de rolos que possibilitam até seis diferentes combinações. A versão 20.000 possui um conjunto de alimentação dos discos de distribuição do tipo “cassete”, composto de estrutura porta-rolos, esteira de borracha e dispositivo auto-centralizador. Como opcional, também é oferecido um dispositivo distribuidor de precisão, com kit para aplicação em taxa variável, além de eixos com sistema de freio.

A Kuhn Metasa, por sua vez, apresentou a SDE 2217 e 2219

solo, cortadores a disco, lavadoras, motobombas, motosserras etc. São mais de 30 ferramentas. Somente em 2005, oito novos produtos foram lançados no Brasil.

KUHN METASA A Kuhn Metasa, por sua vez, apresentou a SDE 2217 e 2219. A nova plantadora foi projetada para apresentar o melhor resultado na semeadura. Com rodado instalado na parte traseira da máquina, ela consegue dividir parte de seu peso com o trator, o que traz maior estabilidade ao conjunto em operação. Possui linhas com paralelogramo, o que permite copiar precisamente as irregularidades do solo, além de sistema hidráulico com acionamento simultâneo do rodado e do cabeçalho da máquina, gerando constante nivelamento de todo o conjunto.

STARA

A Stihl, buscando facilitar a vida de seus clientes e usuários, apresentou na Expodireto novidades nos quatro segmentos em que opera. Seja na linha agropecuária, de bricolagem, de serviços e/ou de silvicultura, o destaque fica por conta das opções em roçadeiras, podadores, pulverizadores, sopradores, perfuradores de

O lançamento da Stara impressionou os visitantes da Expodireto. O Hércules 24000 é um gigante que proporciona precisão e alto rendimento na distribuição de corretivos e fertilizantes. O distribuidor, montado sobre chassi de caminhão, permite o trabalho com diversos produtos, inclusive em pequenas dosagens, desde calcário até sementes. Permite a instalação do kit taxa variável, otimizando os custos dos insumos e emprestando qualidade às aplicações. Possui largura de distribuição ajustável – de 10 a 36 m, alto rendimento diário de trabalho – até 1,2 mil ha/dia e grande autonomia de carga – até 24 toneladas. Além disso, tem facilidade de se deslocar, inclusive em rodoviM as, sem a necessidade de batedores.

A Jan apresentou no evento o Lancer Magnum Plus, de 10 e 20 mil litros

O Hércules 24000 da Stara é um gigante que proporciona precisão e alto rendimento

STIHL

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metodologia

Case IH

Ciclo de vida Como se dá o desenvolvimento de uma máquina agrícola? Tipicamente o processo é subdividido em várias fases que, quando agrupadas, formam o ciclo de vida do projeto. Para descrever as fases desse ciclo se utiliza o Modelo de Referência para o Processo de Desenvolvimento de Máquinas Agrícolas

A

indústria de máquinas agríco las (IMA) é bastante represen tativa do ponto de vista econômico e social para o Brasil, que possui em seu território subsidiárias dos maiores fabricantes mundiais de tratores, colhedoras e implementos agrícolas. Produz uma grande variedade de produtos fabricados em pequenos lotes quando comparados à indústria automobilística. Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) revelam que em 2004 foram produzidos no Brasil mais de 2,21 milhões de autoveículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), contra cerca de 69,4 mil máquinas agrícolas automotrizes (cultivadores motorizados, tratores, colhedoras e retroescavadeiras), ou seja, um volume de produção de aproximadamente 3% do volume produzido de autoveículos. Os dados de 2004 indicam ainda que o Rio Grande do Sul detém 54,1% da produção nacional (AGCO, Agrale, John Deere), seguido pelos estados de São Paulo,

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com 22,5% (Caterpillar, Komatsu e Valtra), Paraná, com 21,7% (CNH Case e CNH New Holland) e Minas Gerais, com 1,7% (CNH Case e CNH Fiatallis).

Devido ao aumento da complexidade das operações agrícolas, as máquinas passam a incorporar componentes de maior tecnologia, fabricados, normalmente, por empresas

Figura 1 – Macrofases, fases, domínios de conhecimento e saídas do PDMA


“Tipicamente o processo de projeto é subdividido em várias fases, a fim de facilitar o gerenciamento deste e estabelecer vínculos com as operações de produção das empresas” John Deere

A montagem final das máquinas está intimamente ligada às fases iniciais de cada projeto

especializadas, implicando em inovações nos produtos e crescente desverticalização do processo de manufatura. Isso faz com que a IMA seja formada em grande parte por empresas montadoras, que compram aproximadamente 60% dos componentes utilizados na montagem dos produtos. A cadeia produtiva integra fabricantes de insumos (siderurgia, metalurgia), de máquinas industriais e de peças e componentes. Assim, a interdependência existente entre a IMA e outros setores industriais exige das empresas novas formas de realizar o processo de desenvolvimento de produtos (PDP), especialmente no que se refere ao processo de projeto da máquina agrícola, o qual estabelece as soluções para atender às necessidades dos usuários no campo.

PROCESSO DE PROJETO Os produtos são criados a partir de uma série de atividades complexas que formam o que se denomina de Processo de Desenvolvimento de Máquinas Agrícolas (PDMA). A principal macrofase do PDMA é o “processo de projeto”, responsável pela elaboração do projeto do produto propriamente dito e do respectivo plano de manufatura. Portanto, projetos de desenvolvimento de máquinas agrícolas são aqueles empreendimentos cujo objetivo é executar o processo de geração de uma idéia de uma máquina agrícola ao longo de várias fases, até o lançamento do produto no mercado. Os tipos de projetos mais comuns nas empresas instaladas no Brasil são aqueles voltados ao desenvolvimento de máquinas agrícolas aperfeiçoadas e adaptadas, os quais requerem investimentos menores.

FASES DO PROCESSO Tipicamente o processo de projeto é subdividido em várias fases, a fim de facilitar o

gerenciamento do projeto e estabelecer vínculos com as operações de produção das empresas. As fases do processo de projeto, quando agrupadas, formam o ciclo de vida deste. Para descrever as fases desse ciclo, utiliza-se o Modelo de Referência para o Processo de Desenvolvimento de Máquinas Agrícolas (MRPDMA). Esse modelo foi desenvolvido com o objetivo de explicitar o conhecimento sobre o PDP do setor, de modo a auxiliar no entendimento e na prática do processo. O PDMA é iniciado após a aprovação do portifólio de projetos, decisão que se baseia no Planejamento de Produtos estabelecido pela área de Marketing da empresa. A Figura 1 ilustra as macrofases, sua subdivisão em oito fases, os 12 domínios de conhecimento envolvidos, que identificam as áreas funcionais participantes da empresa e os resultados ou saídas. Ao final de cada fase, acontece a avaliação e a aprovação do resultado alcançado, autorizando a passagem para a fase seguinte do processo.

PLANEJAMENTO Abrange a elaboração do plano do

projeto da máquina agrícola, principal resultado da fase. O plano do projeto é o documento que orienta as atividades da equipe de desenvolvimento do produto. Nele está descrito como o projeto será realizado, de modo detalhado, buscando corresponder às estratégias de negócio da empresa e à organização do trabalho a ser desenvolvido ao longo do ciclo de vida do projeto. O plano do projeto contém: identificação das partes envolvidas no projeto; diretrizes para o sistema de controle de informações; declaração do escopo do projeto; avaliação do risco do projeto para as áreas envolvidas da empresa; equipe de gerenciamento do projeto; lista de atividades e dos recursos físicos; membros da equipe de projeto; seqüência das atividades e estimativa de duração; cronograma e orçamento.

PROJETAÇÃO Envolve a elaboração simultânea do projeto da máquina agrícola e do plano de manufatura. Decompõe-se nas fases


Leonardo Romano

Figura 2 – Fluxograma da fase de Projeto Detalhado

Durante a produção das máquinas, é feita a avaliação de não-conformidade. Estando dentro dos padrões, os lotes são liberados para comercialização

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cos de desenvolvimento etc. A concepção selecionada define o conceito da máquina agrícola. A fase de projeto preliminar compreende o dimensionamento da máquina e a determinação da viabilidade econômica. Diversas definições são realizadas nessa fase, envolvendo, entre outras: patentes; componentes e peças existentes a serem utilizadas; dimensões dos componentes, tipo de material, processo de fabricação e tolerâncias; viabilidade técnica do projeto, dos processos de manufatura e da compatibilidade da máquina com o trator e/ou implemento. Paralelamente é desenvolvido o plano de fabricação e de teste do protótipo e elaborada a lista de materiais da máquina, que serve de parâmetro para o cálculo inicial de Massey Ferguson

de projeto informacional, conceitual, preliminar e detalhado. A fase de projeto informacional é destinada à definição das especificações de projeto da máquina agrícola, isto é, dos objetivos a que a máquina agrícola a ser projetada deve atender (por exemplo, o volume do tanque graneleiro da colhedora = seis mil litros; largura de corte da plataforma = 5,4 mil mm). Para se chegar a tais objetivos são definidos os fatores de influência no projeto, obtidos a partir da realização de análises sobre diferentes temas que incluem: máquinas agrícolas disponíveis no mercado; normas necessárias à homologação do produto; segurança e proteção do operador; desempenho funcional da máquina, confiabilidade e mantenabilidade; operação agrícola a ser executada e parâmetros agronômicos e mecânicos. Após conhecimento desses fatores é que se passa à identificação das necessidades dos usuários e ao desdobramento destas em requisitos de projeto que definem as especificações acima citadas. A fase de projeto conceitual tem por objetivo gerar a concepção da máquina que atenda às especificações de projeto estabelecidas. Para isso são realizadas diversas tarefas que buscam estabelecer a estrutura funcional da máquina, considerando os fatores de influência no projeto determinados na fase anterior. Sobre a estrutura funcional são desenvolvidas concepções alternativas da máquina agrícola, através de princípios de solução para as funções elementares. A seleção da concepção se dá através da análise comparativa entre as alternativas geradas, considerando as especificações de projeto, o custo meta da máquina, os ris-

custo. Na seqüência, é determinada a viabilidade econômica da máquina. A fase de projeto detalhado inclui construção e aprovação do protótipo, término do planejamento de marketing, finalização das especificações dos componentes, detalhamento do plano de manufatura e aprovação da solicitação de investimento para o início da preparação da produção. A Figura 2 apresenta a síntese das principais atividades da fase. Nesta fase é iniciada a elaboração do manual de instruções, do manual de assistência técnica e do catálogo de peças. Após conclusão do projeto da máquina e do plano de manufatura, é iniciada a revisão da documentação gerada e é preparada a solicitação de investimento em chão de fábrica para início de produção.

IMPLEMENTAÇÃO Envolve atividades que vão desde a implementação do plano de manufatura no chão de fábrica até o encerramento


“Sobre a estrutura funcional são desenvolvidas concepções alternativas da máquina agrícola através de princípios de solução para as funções elementares” Divulgação

TIPOS DE PRODUTO

D

Projeto virtual de um trator, onde todos os detalhes e problemas podem ser alterados sem custos adicionais

formal do projeto. Decompõe-se nas fases de preparação da produção, lançamento e validação. Na fase de preparação da produção é realizada a produção do lote piloto de máquinas agrícolas. Assim, são realizadas simultaneamente diversas atividades de preparação, tais como elaboração da documentação de montagem da máquina, construção de ferramental, aquisição, recebimento, instalação, teste e setup das máquinas-ferramenta e dos dispositivos para a implementação da linha de produção-montagem, além da programação do lote piloto. Durante a produção do lote piloto, os procedimentos de montagem são testados para verificação de não conformidades e também para treinar os montadores. Caso necessário, as máquinas produzidas no lote piloto são submetidas a novos testes de laboratório, de campo ou clínicos, assim como a testes de homologação e/ou a ensaios de certificação de conformidade. Também são realizados os treinamentos com as áreas de vendas, pós-vendas e concessionárias. Com a aprovação do lote piloto, o produto fica liberado para lançamento, ao mesmo tempo em que é cadastrado no Finame e no sistema administrativo-comercial da empresa. Na fase de lançamento, todo o material promocional da máquina e a litera-

Leonardo explica todas as fases desde a elaboração do projeto até a comercialização final

tura técnica para divulgação comercial do produto são postos em circulação. É feita a aprovação final dos componentes para a produção seriada, é definido o cronograma de implantação da fabricação dos itens e programada a produção do lote inicial de máquinas que serão introduzidas no mercado. Tendo início na fábrica e nos fornecedores, a produção é acompanhada para verificação de não conformidades. Estando dentro dos padrões de qualidade, é feita a liberação do lote inicial da máquina agrícola. O lançamento no mercado e a comercialização inicial ocorrem geralmente em feiras e exposições. A última fase do PDMA destina-se a dois propósitos: validação da máquina agrícola junto aos usuários e auditoria e validação do projeto junto ao cliente direto para encerramento do projeto. De um modo geral, as atividades realizadas envolvem a avaliação da satisfação dos clientes e usuários, acompanhamento do

iversos tipos de projetos podem ser executados resultando em diferentes tipos de produtos: • Máquinas agrícolas originais – são as máquinas inovadoras, isto é, não existe produto similar industrializado ou comercializado. • Máquinas agrícolas aperfeiçoadas – existe produto similar industrializado e comercializado, sobre o qual são incorporadas melhorias, ou do qual são derivados novos modelos de produtos. • Máquinas agrícolas adaptadas – existe produto similar industrializado e comercializado, sobre o qual são realizadas adaptações para atendimento a objetivos específicos, ou do qualsão derivados novos modelos de produtos. desempenho das máquinas no campo e verificação da ocorrência de acidentes. Para validação da máquina agrícola, são definidos os itens (sistemas, subsistemas e componentes) a serem examinados e os respectivos critérios de avaliação. A validação é feita junto aos usuários nos produtos do lote inicial comercializado. Da validação resultam ações corretivas para os problemas identificados. Após o período de validação, é iniciado o processo de melhoria contínua, buscando redução de custo industrial da máquina, melhoria das características do produto e aumento da performance. O PDMA é encerrado com a submissão do resultado do projeto à auditoria e validação junto ao cliente direto ou patrociM nador. Leonardo Nabaes Romano, UFSM


Arrancadão: pão e circo! Fotos Fabiano Dallmeyer

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pão certamente é alcançado e provido pelos bravos agricultores de Maripá e região, que estimulam e prestigiam o arrancadão de tratores. Mas e o circo? Para cuidar da diversão e da animação dos eventos, foi criada a Equipe Zerinho Bomba Show, que abordamos nesta edição. Venha conosco! O Arrancadão de Tratores em sua concepção inicial já arrastava multidões para a avenida central de Maripá (PR) desde 1990. Um evento audacioso, curioso, inédito e temático lembrava ao público que os astros - o operador e seu trator de arrancadas - faziam parte de um show ainda maior, a diversidade da agricultura brasileira. Os próprios agricultores preparavam seus tratores mais velhos, modificavam o sistema de injeção, pneus e visual e conseguiam duplicar sua velocidade. Após a prova, os tratores eram colocados em condições de trabalho novamente. Mas a evolução se faz presente em cada segmento e também no Arrancadão de Tratores, dessa forma foi criada a Categoria TratorShow, que é a “Força Livre” no evento, resultando numa proposta mais profissionalizada. O novo Arrancadão de Tratores® se oficializou com o aval da FPA (Federação Paranaense de Automobilismo), no final de agosto de 2003, quando foi inaugurada em Maripá (PR) a primeira pista especialmente construída para competições de arrancadas desse tipo, apelida-

da carinhosamente pela população local de Tratoródromo. Para efetivar um verdadeiro show para o público presente, foram criadas no evento algumas particularidades, entre elas a apresentação de crianças pilotando tratores pequenos de brinquedo; DJ; locutor e comentarista na pista; as “tratoretes”, que são as representantes da beleza feminina na pista de arrancadas; e uma equipe com tratores especiais, modificados para demonstrações com o uso de fumaça ecológica, filetes de neon nos tratores (para as arrancadas noturnas) e show de cavalos de pau. Os pilotos evidentemente têm muita habilidade.

EQUIPE ZERINHO BOMBA SHOW Visando ser mais uma atração para o público, o primeiro trator de manobras foi montado a partir de um velho trator Ford 8BR no ano de 2003. Desde então, foi aumentada a quantidade de tratores de manobras, e no decorrer desses últimos três anos houve uma evolução muito grande. Atualmente três tratores fazem parte da equipe, que com toda certeza é uma das grandes atrações da categoria Trator Show. É comum nas apresentações da Equipe Zerinho Bomba Show o uso de efeitos luminosos e sonoros, que encantam ainda mais o público expectador. Curiosamente e inusitadamente, as manobras são realizadas em pistas de asfalto.

Agenda Arrancadão de Tratores 09/09 a 10/09/2006 Fraiburgo (SC) 07/10 a 08/10/2006 Não-Me-Toque (RS) 11/11 a 12/11/2006 Tratoródromo de Maripá (PR)

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por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br

Fotos Divulgação

PILOTOS da Equipe ZERINHO BOMBA SHOW • Piloto: Dorval Alves de Oliveira, popular “Dica” Número do trator: 19 Data de nascimento: 30 de agosto de 1962 Cidade: Maripá - Paraná Profissão: Piloto e Empresário Rural Características: Piloto especializado em manobras radicais com trator modificado sendo o primeiro piloto do Brasil a realizá-las. Usa pneus agrícolas da marca Firestone. • Piloto: Nelson Stübbe, popular “Stubbe” Número do trator: 27 Data de nascimento: 10 de março de 1965 Cidade: Maripá - Paraná Profissão: Piloto e Empresário Rural Características: Piloto especializado em manobras radicais em trator modificado. O primeiro piloto a realizar manobras de 360° (“cavalo de pau”) usa pneus agrícolas da Firestone, com recape Vipal. • Piloto: Carlos Eduardo Conci, popular “Duda” Número do trator: 29 Cidade: Maripá – Paraná Profissão: Veterinário e Piloto Características: Piloto especializado em manobras radicais em trator modificado. Recordista em shows realizados pela equipe radical dos tratores. O piloto encantou o público de diversas cidades do Brasil com suas manobras radicais em 2005. Nas manobras ficou conhecido por usar o seu trator no limite, a ponto de “incendiar a parte quente da potente Master Power”, turbina usada pelos três tratores da equipe Zerinho Bomba Show. Os pneus agrícolas desse trator agüentam três shows; o atrito com o asfalto nos borrachões e “cavalos de pau” é tão alto, que o recape com a qualidade Vipal é uma necessidade constante nesses pneus de apresentação.

MÁQUINAS da Equipe ZERINHO BOMBA SHOW • Trator 19: modelo estilizado com design próprio. Cores amarelo e verde. Motor: Quatro Cilindros, Diesel, marca Perkins, modelo 4.236 popular Q 20B, turbina: Master Power. Potência: 135 cv. Caixa de câmbio: MF 65 X. Carcaça e diferencial traseiro : MF 50 X. Freio: traseiro de sapatas. Gaiola de proteção (“Santo Antônio”): tubo 75 mm com parede de 5 mm. Banco esportivo tipo concha: San Marino. • Trator 27: modelo estilizado com design próprio. Cores azul, branco e vermelho. Motor: Quatro Cilindros, Diesel, marca MWM, modelo D229. Turbina: Master Power. Potência: 170 cv. Caixa de câmbio, carcaça e diferencial traseiro : MF 65 X. Freio: traseiro, discos, banhados a óleo. Gaiola de proteção (“Santo Antônio”): tubo 75 mm com parede de 5 mm. Banco esportivo tipo concha: San Marino. • Trator 29: modelo do antigo MF 35 X. Cores cinza com prata. Motor: Quatro Cilindros , Diesel, marca MWM , modelo D226. Turbina: Master Power. Potência: 180 cv. Caixa de câmbio, carcaça e diferencial traseiro: MF 65 X. Freio: traseiro, discos, banhados a óleo. Gaiola de proteção (“Santo Antônio”): tubo 75 mm com parede de 5 mm. Banco esportivo tipo concha: San Marino.


Fotos Tortuga

Produtividade no campo Agricultores que utilizam máquinas com tecnologia de ponta optam pela câmara de ar para aumentar a vida útil dos pneus

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iminuir o tempo com as trocas de câmaras de ar e de pneus de seu maquinário é fundamental para garantir o sucesso da fazenda de Tarcírio Antônio Gebert, produtor de soja e milho em Primavera do Leste (MT) há 25 anos. “Posso me preocupar apenas com a plantação e garantir uma boa colheita. Problemas com peças e acessórios não podem afetar a performance das máquinas, e é por isso que a utilização de produtos de qualidade é de fundamental importância”. Segundo o engenheiro mecânico Luis Mohr, gerente técnico de qualidade da Tortuga, prezar pela qualidade da câmara de ar, um produto quase que oculto no dia-a-dia da fazenda, não é comum entre os profissionais do campo. “Na hora da troca ou no conserto do pneu é de fundamental importância estar atento ao produto que se colocará junto ao pneu”, comenta. Os pneus radiais, que possuem custo elevado, correm o risco de perder a utilidade prematuramente, devido a cortes causados por pedras, raízes ou tocos de árvores, ou a processos de recapagem ineficientes. “É comum esses consertos acabarem falhando, permitindo que o pneu volte a apresentar vazamentos”, diz o engenheiro. No conserto desses pneus, a câmara de ar se mostra como a melhor solução, resolvendo com eficiência o problema de vedação. Movidos pela vontade de diminuir as trocas de pneus e câmaras de ar, especialistas cria-

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ram o pneu sem câmara. “Uma pequena parte do maquinário agrícola que sai de fábrica hoje já é adaptado para aplicação em pneu sem câmara”, explica Luis Mohr. No campo, já é comum o uso de câmara de ar em pneus radias sem câmara como forma de preservar a roda e aumentar a vida útil do pneu. “Normalmente os pneus agrícolas são preenchidos com água para aumentar o lastro do trator, principalmente quando da preparação do terreno para plantio, evitando que o pneu patine quando estiver puxando o arado. A presença de água diretamente em contato com a roda em pneus sem câmara tende a enferrujála rapidamente. O uso da câmara nesses casos não deixa isso acontecer”, exemplifica o engenheiro mecânico da Tortuga. M

“Preocupo-me apenas em plantar e em garantir uma boa colheita”, diz o produtor Tarcírio Gebert

CUIDADOS ESPECIAIS

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utilização de câmaras de ar na agricultura é sucesso por otimizar atividades e gerar economia. Tarcírio Antônio Gebert é um dos grandes produtores de soja e milho de Mato Grosso e afirma que a qualidade das câmaras de ar é fundamental, evitando trocas constantes de pneus. Há 18 anos Gebert utiliza produtos Tortuga, adquiridos através da revendedora RS Pneus, e hoje sente a diferença na durabilidade da conjunto rodante. “O produto Tortuga é mais espesso, tem maior elasticidade e dura muito mais do que qualquer outro existente no mercado”, diz. Quando questionado sobre as perspectivas da lavoura para o ano de 2006, Gebert afirma estar inseguro, mas não deixa de investir no maquinário. O produtor já programa a utilização de câmaras de ar com aplicação em pneus radiais que ainda não utilizam essa tecnologia, como forma de aumentar a vida útil dos pneus. “A Tortuga nos dá segurança para investir, pois oferece sempre o que há de melhor no mercado”, conclui Gebert.




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