Destaques Matéria de capa
Compactação na floresta O uso intensivo de máquinas para corte e carregamento da madeira pode acarretar danos ao solo, refletindo negativamente na produtividade 06
Peso específico
Alta rotação
Saiba como escolher o trator ideal para sua propriedade, observando a relação peso/potência da máquina e as operações que serão realizadas
Conheça os benefícios do uso de atomizadores de alta rotação em pulverizações aéreas com baixo volume oleoso
Índice
16
12
Nossa Capa Claas
Rodando por aí
04
Lançamento penetrômetro
05
Compactação na floresta
06
Perdas na colheita
09
Pulverização aérea
12
Tratores - relação peso/potência
16
Manutenção passo-a-passo
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Aeração em armazenagem
22
Antecipação de adubação
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Esporte trator
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Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
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Cultivar Máquinas Edição Nº 54 Ano V - Julho 06 ISSN - 1676-0158
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Charles Ricardo Echer • Redação
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
AGCO Aos poucos a AGCO do Brasil começa a sair da hibernação após de 45 dias de parada em sua linha de produção. A indústria, líder do mercado de tratores, enfrenta a enorme retração do mercado interno (as vendas do setor caíram 40%, este ano, no Brasil) com maiores exportações. No ano passado, a AGCO faturou R$ 1,7 bilhão, 25% menos do que no ano anterior, mas ainda assim longe do desastre que seria, caso não tivesse emplacado R$ 1,1 bilhão (65% do bolo) com as vendas para o exterior.
Santal
Agrosystem Henésio de Castilhos
Kepler Weber Na Kepler Weber, o cargo de gerente geral de marketing tem novo ocupante. Henésio de Castilhos Stumpf assumiu a função recentemente e tem a missão de continuar divulgando a excelência da empresa no setor de acondicionamento e armazenagem de grãos no Brasil e no exterior.
IAC Gerando mais de um resultado por mês, o Instituto Agronômico Campinas (IAC) completou 119 anos recentemente. Na cerimônia de aniversário do Instituto foi lançado o Selo IAC 120 Anos, marca que representará as comemorações a serem feitas em 2007. Como novidades puderam ser conferidas as últimas variedades e tecnologias desenvolvidas - variedades de cana-de-açúcar, arroz, feijão, girassol, milho e as tecnologias Infoseca e EPI, por exemplo.
A Agrosystem acaba de ser apontada como uma das cinco melhores empresas de 2005, no setor de máquinas e equipamentos agrícolas, pelo Anuário Exame do Agronegócio. No ano passado a empresa também foi agraciada com o prêmio Mastercana, como referência no setor sucroalcooleiro. Outra conquista foi a certificação ISO 9001: 2000. Segundo seu diretor geral, Carlos Henrique Jacinto Andrade, a organização está muito motivada com o reconhecimento. “Nosso empenho no processo de melhoria contínua será sempre reconhecido e valorizado por nossos clientes,” comenta.
Case IH Pela primeira vez, a Case IH compartilhou o brilho dos refletores com a escuderia Ferrari em dois Grandes Prêmios de Fórmula 1. Os carros da Ferrari exibiram a marca da Case IH em posições de destaque no Canadá (Montreal) e nos Estados Unidos (Indianápolis), onde Michael Schumacher foi o vencedor. “Esta é uma grande oportunidade para a Case IH dividir o palco de um evento global com a prestigiosa marca Ferrari”, declarou Mario Ferla, Presidente da Case IH.
John Deere A Deere & Company anunciou a aquisição da indústria Roberts Irrigation Products, fabricante de produtos para micro-irrigação e irrigação de gotejamento de alta performance para agricultura, cultivo em estufas e viveiros de mudas. A empresa é sediada em San Marcos, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. A aquisição oferece à Deere uma base para o crescimento em um novo campo de negócios: o fornecimento de sistemas de irrigação de precisão. “Entre as oportunidades estratégicas de crescimento da Deere, a indústria de irrigação mostra-se uma alternativa muito adequada”, afirma Mike Mc Grady, presidente da John Deere’s Precision Water System.
AGCO
Agrale Com o objetivo de concentrar suas atividades nos segmentos de veículos, motores e tratores, a Agrale S.A., tradicional montadora brasileira, informa que no dia 30 de junho de 2006 encerrou o acordo comercial com o grupo italiano MV Agusta, fabricante de motocicletas Cagiva, Husqvarna e MV Agusta. A empresa não é mais representante do grupo no Brasil e deixa de comercializar os produtos de suas marcas.
04 • Julho 06
André Carioba
A AGCO Corporation, fabricante e distribuidor mundial de equipamentos agrícolas, anunciou a nomeação de André Carioba para vice-presidente sênior e diretor geral para a América do Sul. Carioba ficará responsável pela gestão de todas as funções operacionais e também pelo desenvolvimento e implementação de estratégias de marca específicas por meio de vendas, marketing e atendimento ao cliente para os produtos da Massey Ferguson, Valtra, Challenger e AGCO Allis, sediado em São Paulo, Brasil. Adicionalmente terá a função de Diretor da AGCO Corporation em Duluth, Geórgia, Estados Unidos.
Gerdau Estimular a inovação, a criatividade e a excelência do setor de máquinas e equipamentos agrícolas é a meta da 24a edição do Prêmio Gerdau Melhores da Terra. inscrições abertas nas três categorias: pesquisa e desenvolvimento; novidade e destaque. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.melhoresdaterra.com.br.
Luiz Fernando Coelho de Souza
A Santal apresentou novidades em seu sistema de plantio mecanizado para a cultura da cana, formado pela Colhedora Tandem, pela Plantadora de Cana Picada e pelo kit para colheita de mudas. Esse sistema foi lançado em 2004, e, para este ano, a colhedora traz dois novos dispositivos: corte de base flutuante automático (sistema mecânico eletrohidráulico que permite que o disco de corte copie as ondulações do terreno, com três opções de operações travado, semi-automático e automático) e disco que possibilita troca rápida de facas de corte.
Amanco A Amanco continua ofertando toda sua tecnologia para o setor agrícola, como soluções para irrigação e para geomecânica. Sistemas de irrigação localizada, direcionada às culturas de café, laranja e fruticultura tropical, são destaque. Segundo Marcos Bicudo, diretor comercial da empresa, as culturas acima enumeradas representam as áreas que mais investem em tecnologia de irrigação no momento. A Amanco desta também adutoras para pivot central e adução de água e vinhaça voltadas ao mercado de cana-deaçúcar.
Sob medida O medidor eletrônico penetroLOG, lançado pela Falker para uso na agricultura de precisão, permite o monitoramento da compactação nas diferentes camadas do solo
A
Falker Automação Agrícola apresentou recentemente o equipamento penetroLOG – um medidor eletrônico de compactação do solo. O instrumento é destinado à agricultura de precisão e permite a obtenção de dados numéricos precisos relativos à compactação das diferentes camadas de solo. O contínuo aumento do rendimento necessário na produção de grãos está sendo limitado pelas condições físicas inadequadas ao ótimo desenvolvimento das plantas. A compactação excessiva do solo reduz sua capacidade de aeração e de absorção de água, limitando o desenvolvimento das raízes, restringindo assim a capacidade de as plantas absorverem nutrientes e água. Os maiores causadores da compactação do solo são o tráfego de máquinas pesadas e o manejo inadequado das culturas, interagindo com a pecuária. O penetroLOG permite a detecção rápida e precisa das camadas de solo compactado. O equipamento, apresentado ao público especializado, principalmente a equipes técnicas de cooperativas e fabricantes de sementes e fertilizantes, a universidades e instituições de pesquisa, obteve grande receptividade, devido às informações disponibilizadas para identificação do problema e combate à compactação excessiva do solo. O penetroLOG é uma ferramenta indispensável aos profissionais que buscam fazer uma análise física do solo, pois permite detecção rápida e precisa de camadas compactadas. Isso facilita a recomendação de soluções para corrigir o problema e estabe-
lecer estratégias de manejo para prevenir novo processo de adensamento do solo. Permite também mostrar ao agricultor quais as áreas de sua propriedade que estão com a produção limitada pela compactação excessiva. Ele também permite a medição precisa da compactação até 60 cm no solo, possui capacidade para armazenar até duas mil medições e pode ser conectado a um computador para a visualização e análise dos resultados. Pode também ser conectado a um GPS para armazenar as coordenadas de cada ponto onde foram executadas as medições. O medidor eletrônico de compactação do solo é fruto de um projeto iniciado dentro da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). É o resultado da coopera-
ção, que já dura mais de seis anos, entre a Faculdade de Agronomia e o Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade. Os responsáveis pelo desenvolvimento foram os professores Carlos Ricardo Trein, da Agronomia, e Renato Machado de Brito, da Engenharia Elétrica. Lançado comercialmente em março, o equipamento já obteve boa aceitação no mercado, tendo sido adquirido por cooperativas e empresas de assistência técnica rural. O projeto do penetroLOG foi o vencedor do Prêmio Santander Banespa de Empreendedorismo 2005 na categoria Tecnologia. A Falker projeta, desenvolve e comercializa equipamentos eletrônicos voltados ao ramo agropecuário. Possui equipe técnica com capacitação diferenciada e experiência internacional. Está sediada na Incubadora Tecnológica do Cientec, em Porto Alegre (RS). M
O penetroLOG é um importante instrumento para o monitoramento da compactação do solo nas lavouras cultivadas
Julho 06 • 05
reflorestamento
Compactação na A utilização intensiva de máquinas na floresta pode acarretar danos ao solo, principalmente em termos de compactação, refletindo-se negativamente na produtividade da cultura
A
mecanização tem-se constituído, na atualidade, num poderoso instrumento para suprimento das necessidades da indústria agro-florestal, estando presente nos processos de produção, exploração e transporte. O caminho para o atendimento das necessidades crescentes por produtos florestais se dá através de uma produção mais intensa que, por sua vez, está associada a uma ampla mecanização, que se constitui no principal meio para elevar a produtividade do trabalho florestal. O desenvolvimento da atividade florestal coloca o Brasil em quarto lugar no mundo em implantações de maciços florestais homogêneos. Trabalhos que mostram o comportamento do solo em resposta à sua exploração, evidenciando a compactação devido ao uso intensivo de máquinas agrícolas, vêm sendo continuamente realizados. Entretanto, do ponto de vista florestal, a situação no Brasil difere bastante das explorações agrícolas, uma vez que os trabalhos conduzidos especificamente nessa linha de pesquisa são, de certa forma, escassos. Nesse contexto, sabendo-se que a mecanização se encontra presente nos processos de produção, exploração e transporte flo-
Nas áreas de eucalipto, em todas as situações analisadas, o Forwarder (foto de baixo) provocou menor compactação que o Harvester
06 • Julho 06
restal, surge a necessidade de se realizar estudos nesse sentido, avaliando o comportamento do solo com respeito à compactação. Devido ao tráfego intenso de veículos pesados, principalmente quando do arraste de madeira, há uma modificação na estrutura do solo, causada pelo rompimento das resistências naturais dos componentes do perfil deste, que se encontram interligados por forças de atração e repulsão. As características físicas e químicas do solo são diretamente afetadas pelo tipo de
manejo a que o solo é submetido. Assim, existe a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre os tipos de máquinas a serem utilizadas e as condições nas quais as etapas de preparo do solo, implantação, cultivo, exploração e transporte serão processadas.
DANOS DA COMPACTAÇÃO A compactação é um dos mais sérios danos causados ao solo devido à exploração florestal. Ela pode ser definida como sendo
“O desenvolvimento da atividade florestal coloca o Brasil em quarto lugar no mundo em implantações de maciços florestais homogêneos”
floresta a ação mecânica por meio da qual se impõe ao solo uma redução de seu índice de vazios, que é a relação entre o volume de vazios e o volume de sólidos. O conhecimento da compactação do solo e da relação desta com o sistema de exploração florestal são fontes importantes para o manejo adequado das condições físicas para melhorar a produção de madeira. Os solos florestais podem ser compactados por animais em pastejo e também pelas raízes de árvores, porém mais significativos são os efeitos da mecanização, ocasionados por máquinas usadas no manejo em florestas. As máquinas empregadas na colheita, em geral, são muito pesadas e, combinadas
com a movimentação e o levantamento e arraste de toras, exercem grandes pressões no solo. O problema da compactação de solos florestais difere daquele dos solos agrícolas, devido às diferenças e à natureza da cultura, em particular ao peso e ao tamanho das plantas e ao ciclo cultural. Em estudo recente foi observado que o arraste de madeira causou incrementos de densidade do solo e de resistência à penetração em pontos onde o tráfego foi realizado com maior teor de água. As relações entre tráfego, solo e desenvolvimento florestal na colheita de madeira têm efeito significativo sobre as defor-
Os efeitos do tráfego dos tratores, tanto do tipo Skidder (foto de cima) quanto do Clambunk, sobre o solo são maiores em suas primeiras passadas
mações físicas do solo, ou seja, o principal fator limitante do crescimento em altura das mudas foi a disponibilidade de água, e a massa aérea foi o bio-indicador mais afetado por essa disponibilidade, seguido do diâmetro do colo e da altura da planta.
TIPO DE MÁQUINA X COMPACTAÇÃO Em um trabalho realizado com dois tipos de máquinas (Forwarder, Harvester), foi concluído que em todas as situações analisadas o Forwarder provocou a menor compactação do solo em função das operações de corte, desbaste e retirada das toras de eucalipto. Já outro trabalho, realizado com os tratores florestais Feller-Buncher e Skidder utilizados na colheita de madeira em povoamento de eucalipto da Acesita Energética, concluiu que os efeitos do tráfego dos tra-
SENSIBILIDADE
E
m relação à sensibilidade à compactação de solos de textura argilosa, em condições de casa de vegetação, árvores de Eucalyptus grandis tiveram o crescimento de raízes inibido quando a densidade do solo apresentou valores na faixa de 1,25 a 1,35 g/cm3. Com relação às árvores de Pinus taeda, elas não conseguiram penetrar suas raízes em solos que apresentavam a densidade do solo acima de 1,3 g/cm3.
Julho 06 • 07
O Tracked-Skidder sem carregamento não interferiu no aumento da densidade solo, com exceção da profundidade entre 30 e 50 cm
tores sobre o solo são maiores nas primeiras passadas. Nesse caso, está relacionado com a operação do Feller-Buncher. A sua movimentação com o cabeçote carregado, várias vezes em um mesmo local, contribuiu para uma maior compactação mecânica. Em trabalho conduzido recentemente em áreas de operações florestais de colheita em povoamento de eucaliptos, pertencente à Celulose Nipo-Brasileira (CENIBRA), utilizando-se dois tipos de máquinas - um trator arrastador Clambunk equipado com lâmina frontal tipo bulldozer e trator arrastador Tracked-Skidder - chegou-se à conclusão de que o Tracked-Skidder sem carregamento não interferiu no aumento da densidade solo, com exceção da profundidade entre 30 e 50 cm, e o tra-
tor florestal arrastador do tipo Clambunk afetou a densidade do solo na profundidade entre 0 e 15 cm em todas as condições de tráfego.
MEDIDAS ATENUANTES Sabe-se que o solo florestal apresenta características bem diferenciadas do solo agrícola. As características do sistema radicular, o arraste das toras de madeira, o tráfego intenso e o peso das máquinas utilizadas podem causar uma grande compactação do solo. Um atenuante que dá a estes solos uma boa capacidade de suporte é o
alto teor de matéria orgânica, proporcionado principalmente pela camada de galhadas que ao longo dos anos vai se incorporando ao solo. Hoje, alguns pontos importantes estão sendo levados em consideração, com a finalidade de atenuar o problema da compactação, como: • utilização de pneus BPAF (Baixa Pressão Alta Flutuação) nas máquinas utilizadas na colheita e no transporte florestal; • duplagem dos pneus e/ou colocação de esteiras nas máquinas que trafegam em áreas de maiores declividades ou de baixa sustentação; • acompanhamento visual do desenvolvimento da cultura; • e verificação da resistência do solo à penetração e da variação da densidade do solo e observação no campo do desenvolvimento do sistema radicular. A observância desses pontos poderá indicar ou não a presença das chamadas ilhas de compactação, que deverão ser desestruturadas no momento da implantação de um novo talhão. A Figura 9 mostra o tipo de rodado utilizado por um Clambunk trabalhando em áreas de declividade acentuada, e também pode ser observado um típico solo florestal com a M camada de galhada. Haroldo Carlos Fernandes e João Cléber Modernel da Silveira, UFV
LINHA DE TRÁFEGO
S
abe-se que altura, diâmetro e fator de forma das árvores que crescem ao lado da trilha de exploração, em muitos casos, são inferiores aos das árvores do interior do plantio. Foi observado que as árvores ao lado da trilha foram em média um metro menores em altura, dois centímetros menores em diâmetro (DAP) e 33% menores em volume. Essas diferenças podem ser atribuídas ao tráfego intenso e pesado nas trilhas de exploração. Na Figura 8 abaixo pode-se visualizar uma linha de tráfego de arraste de madeira num sistema de colheita de toras longas (Full-tree).
08 • Julho 06
O tipo de rodado, bem como as marcações nas linhas de tráfego, são indicativos da compactação nas áreas florestais
Haroldo fala dos reflexos no solo do uso intensivo de máquinas em áreas florestais
perdas
Quer perder quanto? As perdas quantitativas na colheita de soja, vinculadas a motivos mecânicos, dão-se basicamente em função de uma velocidade de deslocamento exagerada e de falhas na regulagem do sistema de trilha
A
soja é uma das principais espécies cultivadas no Brasil e no mundo, gerando divisas e apresentando importante papel sócio-econômico. Em 2004 o Brasil figurava como o segundo produtor mundial, com produção de 50 milhões de toneladas, ou 25% da safra mundial, montante menor que o de 2003, quando o país produziu 52 milhões de toneladas e participou de 27% da safra mundial. A produtividade média atual gira, no sistema plantio direto, em torno de 2,7 mil kg/ha e nos últimos anos superou a produção do milho, apresentando crescimento de
117,3%. Estima-se que dez milhões de toneladas, ou seja, 20% da safra brasileira de 2004 tenham sido perdidas no campo. Na região Sul essa perda ocorreu pela estiagem, enquanto que na região Centro Oeste, por excesso de chuva e falta de controle da ferrugem asiática.
PERDAS MECÂNICAS Estudos das perdas causadas por motivos mecânicos indicam que 80% das perdas na colheita de soja são causadas pela plataforma de corte, e, desse montante, 55%
ocorrem devido ao processo de debulha provocado pela ação da barra de corte, do molinete e do caracol. Entretanto é possível reduzir os índices de perdas em até 80% com a regulagem da plataforma de corte e com o controle da velocidade, evitando-se velocidades exageradas. Considerando-se que a falta de controle das perdas está diretamente ligada à diminuição dos lucros do produtor, desenvolveuse o presente trabalho a partir da hipótese de que as regulagens no sistema de trilha e Figura 1 - Folga no sistema cilindro-côncavo
Julho 06 • 09
Conjunto mecânico utilizado nos experimentos de campo para produção dos dados analisados
o controle de velocidade de deslocamento poderiam alterar as perdas quantitativas na colheita, tomando como objetivo geral a realização de pesquisas relacionadas à colheita da soja, visando a obtenção de informações quanto as melhores alternativas para o processo em regiões com características semelhantes às de Jaboticabal (SP).
QUANTIFICANDO AS PERDAS Para o detalhamento e a quantificação das perdas, foi instalado e conduzido um experimento numa área da fazenda de pesquisa e produção da Unesp/Jaboticabal, com altitude média de 559 metros, em latossolo vermelho. Utilizaram-se quatro repetições, totalizando 24 parcelas de 30 metros de comprimento cada, com 15 metros de intervalo entre as parcelas, para manobras e estabilização do conjunto. O teste constou de três velocidades teóricas de deslocamento (V1, V2 e V3), definidas por meio da variação das marchas da colhedora - resultando em 3,0; 3,7 e 6,0 km/h -, e de duas aberturas (folgas) do cilindro x côncavo da colhedora (F1 e F2) (Figura 1), definidas pelas variações das posições da alavanca do côncavo, sendo a primeira folga de 40 mm, e a segunda, de 29 mm. A semeadura ocorreu no dia 12 de dezembro de 2004, utilizando-se soja (Glycine max (L.) Merrill) cultivar Conquista, com 80% de poder germinativo e 98% de pureza, semeada em plantio direto sobre palhada de milho com semeadora-adubadora Tatu–Marchesan modelo Cop CE Suprema (Figura 2) na quantidade de 90 kg/ha, com densidade de 24,4 sementes por metro e 0,45 m entre linhas. Foram utilizados 250 kg/ha de adubo na formulação 0-20-20. A colheita foi realizada com colhedora da marca SLC modelo 1165 (Figura 3). O material colhido no campo foi levado ao laboratório para determinação do teor de água dos grãos, utilizando três amostras obtidas ao acaso durante a colheita. Os parâmetros determinados foram velocidade de deslocamento, perdas quantitativas e porcentagem de cobertura vegetal. A velocidade de deslocamento da colhedora foi determinada por meio de avaliações reali-
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zadas no campo, com a medição do tempo gasto para percorrer os 30 m de cada parcela, em operação de colheita. A determinação do fluxo de material colhido foi realizada a partir da massa de matéria seca antes da colheita; foram determinadas a massa seca de material não grão (MOG) e a massa de grãos. Para a determinação da quantidade de material não grão (MOG), considerou-se todo o material coletado e seco em estufa, e dos valores obtidos retirou-se apenas o que representava a quantidade de grãos, sendo o restante enquadrado como material não grão. As perdas foram mensuradas por meio da coleta de todos os grãos e vagens caídos no solo, dentro de uma armação de madeira e fio de nylon de 2 m2, colocada no sentido transversal ao deslocamento da colhedora. Foram determinadas as perdas de pré-colheita, na plataforma de corte e perdas totais. Para determinação das perdas de précolheita, a armação foi posicionada antes da entrada da colhedora na área, sendo coletados os grãos e vagens que ficaram na superfície do solo. As perdas pré-colheita apresentaram valores muito pequenos e foram
então desprezadas. A avaliação das perdas de grãos na plataforma de corte foi realizada no campo, em condições normais de operação, posicionando a armação na frente da mesma, após a colhedora parar e dar marcha à ré, recolhendo-se todos os grãos que permaneceram no chão. Para a determinação das perdas após a colheita, a armação foi posicionada na área já colhida, obtendo-se a perda total durante a colheita. As amostras coletadas foram levadas ao laboratório em sacos de papel e pesadas. A partir dos resultados obtidos, determinaram-se as perdas ocasionadas pela ação dos mecanismos internos da colhedora, subtraindo-se das perdas totais as perdas da plataforma de corte. A porcentagem de cobertura vegetal da palhada após a colheita foi mensurada com o auxílio da mesma armação utilizada para contabilizar as perdas quantitativas. Contendo um fio de nylon ao longo do seu comprimento, a armação, colocada no sentido transversal ao deslocamento da colhedora, apresenta 20 marcações de 0,1 m de distância entre as mesmas. Foram contadas quantas marcações sobrepunham a cobertura vegetal, obtendo-se a porcentagem de cobertura.
COLHENDO RESULTADOS Durante a colheita o teor médio de água nos grãos foi de 9%, e a rotação do molinete
“As maiores perdas foram observadas na interação da menor velocidade com a menor folga entre o cilindro e o côncavo, devido à baixa umidade do material colhido”
Figura 4 - Perdas quantitativas na colheita
As perdas quantitativas na colheita da soja, vinculadas a motivos mecânicos, são o foco de Rouverson no presente estudo
foi de 30 rpm, obtendo-se valores de Ivm (Índice de velocidade do molinete) de 2,4; 1,9 e 1,2 para as velocidades de 3,0; 3,7 e 6,0 km/h, respectivamente. Observou-se que a porcentagem de cobertura do solo pelos restos culturais após a passagem da colhedora não foi afetada por nenhum dos tratamentos, todos eles apresentando coberturas ideais em se tratando de manejo da conservação do solo. As maiores perdas foram observadas na interação da menor velocidade com a menor folga entre o cilindro e o côncavo, devido à baixa umidade do material colhido, em torno de 9%, o que levou ao aumento das perdas na plataforma e, conseqüentemente, das perdas totais (Figura 4). As perdas na plataforma em função da velocidade de colheita não apresentaram diferenças significativas, embora tenha ocorrido menor perda para a velocidade V3. A média de perdas na plataforma foi de 74,6%. Não ocorreram diferenças significativas para o fluxo de MOG, bem como para o fluxo de grãos, em nenhum dos tratamentos e interações, e ambos os fluxos foram
Figura 5 - Índice de fluxo do material colhido
maiores nas maiores velocidades e folgas (Figura 5). Analisando-se o índice de fluxo do material colhido, observa-se que houve redução no índice de MOG e aumento no índice de grãos, concluindo-se que a redução no índice de MOG contido no material colhido permite que o cilindro de trilha separe uma proporção mais elevada de grãos e
que o sistema de separação retenha maior quantidade da palha, permitindo o aumenM to das taxas de colheita de grãos. Ivan Cardoso Ferreira, Rouverson Pereira da Silva, Afonso Lopes e Carlos Eduardo Angeli Furlani, Unesp
aviões
Em alta rotação A utilização de atomizadores de alta rotação, na aviação agrícola e em aplicações de baixo volume oleoso, tem se mostrado eficiente na pulverização de agroquímicos, proporcionando maior penetração de gotas no dossel foliar das culturas
M
ais de cinco mil rotações por minuto é a velocidade de giro dos atomizadores rotativos empregados pela aviação agrícola, para gerar espectros de gotas uniformes e com baixos volumes de calda por hectare pulverizado. Mas por que utilizar os atomizadores, se os bicos tradicionais também são eficientes e mais baratos? Realmente, os bicos tradicionais, de jato cônico gerado pelo conjunto ponta e difusor, são baratos e muito utilizados ainda hoje nas aplicações de agroquímicos. Mais recentemente, foram adotados
os bicos com defletores, ou de impacto, que produzem jato plano, ou leque, muito apropriados para pulverização de herbicidas, devido à menor incidência de deriva, por gerarem gotas maiores e espectro menos heterogêneo. São fabricados por diversas empresas no exterior e no Brasil. A cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul adota pulverizações aéreas de herbicidas em área de um milhão de hectares a cada ano, sendo que os problemas de deriva para áreas não alvo foram minimizados nas últimas safras pela
adoção de bicos de impacto, ajustados para produzirem gotas com diâmetro de aproximadamente 300 micrometros. Tanto no arroz, como em outras culturas plantadas na região, especialmente a soja, pulverizações de inseticidas e fungicidas são efetuadas quando as plantas estão em estágios mais avançados de desenvolvimento, requerendo uma maior cobertura das diversas partes dos vegetais, bem como uma maior penetração da névoa pulverizada no dossel foliar. Sabidamente, as gotas grandes adotadas para aplicações de herbicidas não são as mais indicadas para este fim, requerendo, assim, estudos que comprovem a eficácia de outros equipamentos que gerem gotas pequenas e com espectro uniforme, para assegurar a ação dos inseticidas, fungicidas e até mesmo de herbicidas. O novo sistema de pulverização denominado “Baixo Volume Oleoso” (BVO) vem crescendo a cada ano no país, especialmente em culturas como soja e algodão, caracterizando-se por adotar volumes de calda inferiores a 10 l/ha, gotas Na soja, uma lavoura com 70 centímetros de altura, com as linhas “fechadas”, em floração e infestada com dez lagartas por metro, foi utilizada para o tratamento
12 • Julho 06
“O novo sistema de pulverização denominado “Baixo Volume Oleoso” (BVO) vem crescendo a cada ano no país, especialmente em culturas como soja e algodão”
Aeronave utilizada nos tratamentos tanto nas lavouras cultivadas com soja quanto nas áreas de arroz
com diâmetro entre 100 e 200 micrometros, espectro uniforme, maiores larguras de faixa, resultando numa maior produtividade operacional, com a conseqüente redução no custo do tratamento.
APLICAÇÕES NA SOJA Uma lavoura de soja com 70 centímetros de altura, com as linhas “fechadas”, em floração, infestada por dez lagartas (com até quatro centímetros de comprimento) de Anticarsia gemmatalis por metro de plantas, foi demarcada em talhões, pulverizados com a associação dos inseticidas Metamidophos 0,8 l/ha e Permetrina 0,08 l/ha. Nos dois primeiros tratamentos foram utilizados dez atomizadores rotativos marca Turboaero, ajustados com ângulo das pás na posição três (para gota média), e restrição com pontas D8, volume de calda de 12 l/ha, pressão de 30 PSI, largura de faixa de 18 metros. A calda foi acrescida de óleo vegetal Agr’óleo 0,4 l/ha (sistema BVO). Os dois outros tratamentos foram realizados com 38 bicos de impacto, marca Stol, regulados com ângulo dos defletores para gota média, conforme são conduzidas as aplicações de herbicidas na região. No terceiro vôo o volume de calda foi de 15 l/ha, com restritor de vazão na posição dois (segundo orifício menor), pressão de 30 PSI, largura de faixa de 18 metros, enquanto no último o volume foi de 30 l/ha, com restritor na posição três (segundo orifício maior), pressão de 25 PSI e largura de faixa de 16 metros (padrão regional para herbicidas em arroz). Cartões hidrossensíveis foram fixados
em placas para a coleta de deposição de gotas e dispostos no nível do solo, sob as plantas e numa estrada interna à lavoura de soja, e convencionou-se denominar coleta “dentro” e “fora” do dossel foliar das plantas, respectivamente. Os cartões dispostos na base das plantas foram cuidadosamente posicionados na linha de plantio, sob as plantas da soja. Após as aplicações, os cartões foram analisados pelo software Agroscan. As pulverizações com aeronave Cessna Ag-Truck foram realizadas das 8h30 às 10h30, sob temperatura entre 20 e 30ºC, umidade relativa entre 78 e 55% e ventos com velocidade média de 3 km/h.
RESULTADOS NA SOJA Comparados com os atomizadores rotativos a 12 l/ha (média de dois tratamen-
tos), os bicos de impacto geraram, fora da cultura, densidade de gotas 25% menor, quando usados 15 l/ha, e 26% maior, quando usados 30 l/ha. Portanto, o uso de maiores volumes de calda não gera necessariamente maior densidade de gotas (Figura 1). Na base das plantas de soja, esse fator se mostra ainda mais representativo, pois os atomizadores rotativos a 12 l/ha depositaram mais gotas naquela área de difícil acesso do alvo, enquanto os bicos de impacto a 15 l/ha depositaram densidade 63% menor, e a 30 l/ha a densidade de gotas foi 73% menor. Esses dados comprovam o maior potencial de penetração de gotas dos atomizadores rotativos do sistema BVO no dossel foliar, mesmo em soja “fechada”. Uma interessante análise é a relação
Figura 1 e 2 - Aplicações em cultura de soja
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O desempenho de atomizadores rotativos de discos Turboaero, no sistema BVO, foi avaliado em dois experimentos: um em lavoura de soja e outro em arroz
entre o número de gotas que alcança a base das plantas e o total de gotas que atinge o solo fora da cultura. Os dados mostraram que com atomizadores rotativos, a 12 l/ha, 14% das gotas fora do dossel alcançaram a base da soja, enquanto com bicos de impacto esses valores foram de apenas 7 e 3%, respectivamente para 15 e 30 l/ha de calda. Demonstra-se assim que aumentar o volume de calda não assegura uma melhor cobertura na base da soja. Em relação ao tamanho das gotas, o experimento revelou dados muito interessantes. Nos tratamentos com atomizadores rotativos a 12 l/ha, tanto as gotas de fora quanto as de dentro da soja tinham diâmetro mediano volumétrico (DMV) de aproximadamente 200 micrometros (µm). Esse fato indica um espectro de gotas uniforme, o que é desejável (Figura 2). Por outro lado, a pulverização com bicos de impacto a 15 l/ha depositou gotas com 212 µm fora e 156 µm dentro da soja, revelando um espectro mais heterogêneo, inclusive com gotas de 150 µm, sujeitas a perdas por evaporação e deriva. Esse fato foi ainda mais evidente no tratamento com 30 l/ha, quando as gotas coletadas mediam 310 µm fora e 162 µm dentro da soja. A presença dessas gotas grandes revela o motivo da menor penetração no dossel foliar. Uma avaliação três dias após a pulverização mostrou que o controle da praga foi total em todos os tratamentos, o que pode ser explicado pela baixa infestação e condições ambientais favoráveis no momento da aplicação. Insetos com grande
mobilidade nas plantas, como as lagartas desfolhadoras, tendem a se expor aos inseticidas, podendo ser controladas mesmo em alguns casos em que a cobertura pela névoa pulverizada não atinja o alvo uniformemente, o que não se verifica em caso de insetos menos móveis e, principalmente, no controle de doenças.
APLICAÇÕES NO ARROZ Uma lavoura de arroz foi utilizada para o segundo experimento, as plantas estavam com 70 cm de altura, em final de floração e início de formação de grãos, e a área estava irrigada por inundação. Neste trabalho a aeronave foi equipada somente com atomizadores rotativos, pulverizando-se água + 0,1 l/ha de Agr’óleo, sendo que essa baixa dose do óleo foi escolhida para avaliar seu comFigura 3 e 4 - Aplicações em cultura de arroz
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portamento, visto que a recomendação do fabricante é de 0,5 l/ha. A largura de faixa foi de 18 metros. Cartões de papel sensível foram dispostos de forma semelhante à do experimento de soja. Quatro talhões foram pulverizados, sendo dois com volume de calda de 10 l/ há, e os demais, com 15 l/ha. Para cada volume testado, as pás dos atomizadores foram ajustadas nas posições 3,5 (rotação maior) e 4 (rotação menor). Os vôos foram realizados entre as 12h e 13h, sob temperatura do ar de 29ºC, umidade relativa entre 57 e 50% e vento menor que 3 km/h.
RESULTADOS NO ARROZ O volume de 15 l/ha gerou 67% mais gotas fora da cultura do que o volume 10 l/ha, o que está de acordo com o espe-
“O sistema BVO proporciona aplicações mais produtivas, devido à redução do volume de calda e ao aumento da largura de faixa, o que se reflete na redução do custo da aplicação”
rado. Por outro lado, o volume 15 l/ha depositou apenas 17% de gotas a mais na base do arroz do que o volume 10 l/ ha (Figura 3). O ângulo das pás influenciou na deposição de gotas na base do arroz, sendo que a regulagem 3,5 (giro maior) aumentou a densidade de gotas em 45% em comparação com a regulagem 4 (giro menor). Esse fato reforça a importância do minucioso ajuste dos equipamentos antes de iniciar as pulverizações aéreas. Dentro do dossel foliar, a densidade de gotas foi, em média, a metade daquela observada fora das plantas. Esse dado confirma a maior facilidade de penetração de gotas na cultura do arroz, devido à arquitetura das folhas, mais verticais, quando comparado com os resultados observados em soja. O tamanho das gotas coletadas nos cartões de papel sensível estão em conformidade com os resultados observados quanto à densidade de gotas. Os atomizadores rotativos depositaram gotas com 226 e 245 µm fora do arroz, para volumes de calda de 10 e 15 l/ha, respectivamente. Dentro da cultura, os valores médios foram 227 e 274 µm, revelando espectros pouco heterogêneos (Figura 4). A variação na regulagem das pás de 3,5 para quatro mudou o DMV de 140 para 261 µm, confirmando que pequenas alterações no equipamento resultam em mudanças no tamanho das gotas geradas (Figura 5).
EFICIÊNCIA COMPROVADA O sistema BVO, com atomizadores rotativos de discos, mostrou-se mais eficiente para pulverizações de agroquímicos que necessitem atingir culturas no porte de 70 cm de altura, proporcionando mai-
Figura 5 - Velocidades
or penetração de gotas no dossel foliar e gerando espectros menos heterogêneos. O sistema BVO proporciona aplicações mais produtivas, devido à redução do volume de calda e ao aumento da largura de faixa, o que se reflete na redução do custo da aplicação. As baixas densidades de gotas fora do dossel foliar do arroz (14 gt/cm 2), em comparação com as obtidas na lavoura de soja (36 gt/cm 2), em aplicações BVO, confirmam a necessidade de maior quantidade de óleo, conforme recomenda o fabricante, para evitar a evaporação sob condições ambientais de 30°C e umida-
EXPERIMENTOS
F
oram realizados dois experimentos com o objetivo de avaliar o desempenho de atomizadores rotativos de discos Turboaero, no sistema BVO, em substituição aos bicos de impacto, em médio volume, tradicionalmente adotados pelas empresas, em pulverizações aéreas nas culturas de soja e arroz, na região de Camaquã (RS). As aplicações foram realizadas pela empresa Aeroagrícola Globoar Sul, a responsabilidade técnica foi da Schroder Consultoria, e o trabalho contou com o apoio institucional do Centro Brasileiro de Bioaeronáutica.
Schröder Renato,apresenta Mauri e Gilton dadosmostram acerca da quais utilização são as de variávies atomizadores e como utilizá-las de alta rotação corretamente em na hora pulverizações de calibrar aéreas um hidro-pneumático com BVO
de relativa de 50%. Os dados obtidos permitem inferir a seguinte recomendação para herbicidas em arroz e soja, visando à redução de deriva em região litorânea muito ventosa: utilizar preferencialmente bicos de impacto, com volume de calda de 15 a 20 l/ha e regulagem dos defletores para gotas médias. Evitar pressões maiores que 30 PSI e ventos superiores a 10 km/h. Usar largura de faixa de até 16 metros. Atomizadores rotativos só deverão ser empregados quando a velocidade do vento for baixa e constante, além de assegurar-se de que não esteja ocorrendo deriva para áreas não alvo. Por outro lado, a recomendação para inseticidas e fungicidas, em arroz e soja, visando uma maior penetração de gotas na folhagem das plantas, é a de utilizar preferencialmente atomizadores rotativos, com volume de calda de 10 a 12 l/ha e regulagem de pás entre 3,5 e 4, para gerar gotas adequadas para cultura “não fechada” e/ou vento em torno de 10 km/ h. Regular as pás na posição 3 para gerar gotas adequadas para soja fechada e/ou vento entre 3 e 8 km/h. Acrescentar 0,5 l/ha de óleo na calda. Evitar pressões menores que 30 PSI. Usar largura de faixa não inferior a 18 metros. O espectro gerado deverá situar-se com DMV em torno de 200 µm e a densidade de gotas superior a 30 gotas/cm2 no topo da cultura e maior que 10 gotas/cm2 na base M das plantas. Eugênio Passos Schröder Schroder Consultoria
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tratores
Peso específico A relação que envolve as unidades de peso e potência define o propósito da utilização dos veículos automotores. Ela, por exemplo, é capaz de expressar para que serve e/ou para que funções estão mais adaptados os diferentes modelos de tratores agrícolas
N
os últimos anos a relação peso/ potência, também denominada “relação massa/potência” ou “peso específico” vem sendo utilizada como um índice de comparação entre veículos, como os automóveis e os tratores. Embora o termo ideal seja o que compare a massa do trator, a comparação incluindo o termo “peso” é a de mais fácil entendimento e a que está mais difundida, por isso, vamos utilizá-la. Essa relação informa o quanto de peso leva um trator por cada unidade de potência do motor. Pode ser expressa em quaisquer das unidades de peso (massa) e potência, as mais usuais são kg/kW e kg/cv. Para entender o seu uso é inevitável fazer-se uma comparação entre os diferentes veículos, como tratores, automóveis, carros de competição e motos (Tabela 1). Enquanto em veículos de competição de alto desempenho as relações encontram-se próximas a 1, como na categoria máxima, a Fórmula 1, e nas motos da categoria Moto GP, os automóveis de passeio, como no caso de um modelo pequeno de 1,4 litros, têm a relação próxima a 14-15 kg/kW. Nos caminhões e nos tratores, essa relação está próxima aos 40-50 kg/kW. Esse índice também variou ao longo
do tempo desde 120 kg/kW, para os carros do início do século 20, até 25 kg/kW, para os automóveis dos anos 50, e para os atuais, ao redor de 10 a 20 kg/kW. Mesmo entre similares tipos de veículos a relação peso/potência, importante parâmetro de projeto, é variável. Por isso não se esperam relações iguais entre diferentes modelos de automóveis, tratores, caminhões e motos. Mas em definitivo, essa relação define o propósito da utilização, ou para que deve e está mais adaptada a utilização do veículo.
PARÂMETRO VARIÁVEL Nos tratores agrícolas, as maiores relações peso/potência indicam modelos mais apropriados para trabalhos pesados, com alta demanda de tração, enquanto os modelos com menor relação definem tratores mais versáteis, porém com incapacidade de suprir altas demandas de tração sem a suficiente lastragem, com peso suplementar. Por sinal, a relação peso/potência é variável com o lastro que o trator tenha recebido. Costuma-se apresentar a informação dessa variável utilizando o peso original, que em tratores costuma-se chamar de peso de embarque ou peso em vazio. À medida que o
Tabela 1 – Relação peso/potência em diferentes veículos automotores Tipo de veículo Automóvel de Fórmula 1 Automóvel de passeio Caminhão pesado Trator agrícola Moto Passeio
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Fabricante/Modelo Toyota TF106 Ralf Schumacher Celta Super 1.4 Mercedes Benz 2423B 6x4 Massey Ferguson 5310 TDA Honda CBX 1000 RR Fireblade
Peso (kg) 600 900 6700 3759 178
Potência (kW) 544,6 62,6 170 77,3 126
Relação Peso/potência (kg/kW) 1,10 14,38 39,41 48,63 1,41
agricultor aumenta o peso, colocando água nos pneus ou massas metálicas nas rodas e no suporte dianteiro, e utiliza menos potência do motor (pela posição do acelerador), essa relação pode ir se alterando. Estudos de dois pesquisadores alemães, Sohne (1982) e Renius (1990), manifestaram tendências interessantes do comportamento dessa relação com a potência bruta do motor em tratores agrícolas, produzidos na Europa. Notou-se que a relação diminui com a potência do motor, isto é, tratores com altas potências de motor tendem a ter relações mais baixas. Como média, a maioria situa-se entre 50 e 100 kg/kW, com maior ocorrência de 60-70 kg/kW. Nessa comparação apareceram alguns tratores que estavam totalmente fora de contexto, isto é, não seguiam a tendência, talvez determinando especificidades de projeto. Isto é, foram projetados especificamente para serem tratores “leves” ou demasiadamente “pesados”. A grande maioria, no entanto, acompanhou a tendência. Também nesse estudo se detectou que em quase dez anos a entrada de materiais mais leves nas linhas de monta-
“A indústria de tratores, como se sabe, está altamente influenciada pela indústria de automóveis, que sempre busca materiais mais leves”
Os modelos da Valtra, comercializados no Brasil, são exemplos de tratores com alta relação peso/potência
gem provocou o pronunciamento da tendência de queda da relação, ficando os tratores mais leves, mantendo porém a potência no motor.
TRATORES BRASILEIROS Em uma reprodução do estudo alemão para as condições brasileiras, desenvolvida pelo NEMA (Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas), da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), notou-se que a maioria dos tratores brasileiros tem relação peso/ potência entre 40 e 90 kg/kW, com maior incidência entre 50-70 kg/kW. A Figura 1 apresenta esta informação: Assim pode-se considerar que as retas mostram a tendência, por tipo de tração, da indústria brasileira, e as equações podem indicar a relação com razoável precisão. Neste mesmo trabalho, fez-se a comparação entre oito tratores fabricados no Brasil, de similares categorias; os quatro primeiros, um de cada marca, com motores de quatro cilindros, dotados de turbo compressor, com tração dianteira auxiliar. Os dados obtidos foram bastante variáveis, com o modelo de menor relação ficando em 43,06 kg/kW, e o de maior relação, em 63,27 kg/kW, com um modelo comercial numericamente intermediário. Nos tratores de seis cilindros, turbo e com TDA, o de menor relação tinha 39,51 kg/kW, o de maior, 57,17 kg/kW. Notou-se que o mesmo trator tinha relação intermediária, e o que tinha a menor relação em ambas as configurações era igualmente o da mesma marca. O que se pode concluir? Que ao contrário do que se afirma às vezes, a cor não é a única diferença entre os tratores brasileiros, mas também a sua relação peso/potência. E, por conta disso, a sua adaptação ao trabalho difere
bastante. Evidentemente o trator que tem menor relação será mais versátil, podendo ser utilizado em diferentes trabalhos, desde que suficientemente lastrado quando a operação demandar grande esforço de tração. Os mais pesados serão tratores já adaptados a operações “pesadas”, mas terão muito peso para as operações leves e com baixo requerimento de força de tração. Quem sabe os melhores não serão os intermediários, que não requerem menos peso em operações pesadas e nem levam peso extra nas operações leves? É inevitável buscar as causas de tamanhas variações. Modernamente a presença de chassi na configuração modular é uma das causas de aumento de peso, sendo notadamente mais fácil fazer um trator mais leve com a configuração monobloco, mais usual entre os fabricantes brasileiros. Também no caso das baixas relações, deve ser contida pela indústria a irresistível tendência em usar materiais mais leves. A indústria de tratores, como se sabe, está altamente influenciada pela indústria de automóveis, que sempre busca materiais mais leves. No caso dos fabricantes de tratores, deve-se tomar um cuidado especial para não seguir sempre tal tendência, pois trator “leve” nem sempre é sinônimo de qualidade, a falta de peso se transforma em maior patinagem
dos rodados. Conforme o professor Luis Márquez, da Universidade Politécnica de Madri, a redução no peso dos tratores é explicada em função dos seguintes fatores: melhor dimensionamento do chassi, com a eliminação de materiais desnecessários; implementos com engate no sistema hidráulico de três pontos, substituindo com vantagem o lastro; e uso de materiais construtivos mais leves. A redução de peso imprime versatilidade ao veículo, entretanto as operações que demandam grande esforço de tração determinam uma alta dependência de lastro. Os tratores agrícolas brasileiros de menor potência possuem relações peso/potência em torno dos 60 kg/kW. Considerando que diferentes autores indicam 35 kg/kW como o ideal para operações leves, esses tratores pequenos, quando executam trabalhos leves, perdem potência e energia para vencer a resistência ao rolamento adicional ocasionada pelo excesso de peso, o que resulta em diversos prejuízos, tais como: maior consumo de combustível, aumento da compactação do solo e menor capacidade operacional. Levando-se em consideração que para o agricultor não é possível diminuir essa relação, pois não há como retirar peso, a minimização desse problema deve ser buscada por ocasião da compra do trator.
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MÁXIMA EFICIÊNCIA
P
ara que um trator alcance a máxima eficiência de tração, é necessário que o mesmo tenha peso suficiente para garantir uma adequada aderência roda-solo. Quanto maior o peso do trator, menor é seu patinamento e, devido ao maior aprofundamento dos pneus no solo, maior a sua resistência ao rolamento, considerando uma determinada condição de sustentação do solo. Como tanto a resistência ao rolamento quanto o patinamento representam perdas de potência, a interação entre ambos determina a eficiência em tração do trator. A adição de massa permite ajustar o peso do trator possibilitando um equilíbrio entre as perdas por resistência ao rolamento e patinamento, o que resulta na maximização da eficiência de tração. A tendência apresentada pelos tratores de menor potência se inverte quando são analisados os tratores de potência acima de 80 kW. Nesse caso, são encontrados modelos com relações peso/potência que variam de 30 a 65 kg/kW. Estes, ao contrário, somente podem ser utilizados eficientemente para a execução de operações pesadas, com grande demanda de força de tração, impossibilitando rendimentos semelhantes em operações leves.
Nos projetos da Agrale, a tendência de uma alta relação entre peso e potência também é recorrente
Já os modelos com potência superior a 80 kW e com relações peso/potência próximas a 30 kg/kW são mais versáteis, podendo ser utilizados tanto para operações leves quanto para operações mais pesadas. Isso traz como vantagem a diminuição do número de tratores necessários na propriedade, o que reduz significativamente os custos, porém aumenta a dependência da adição de peso (lastragem) quando empregados para a execução de trabalhos mais pesados.
PROJETOS INADEQUADOS Com relação ao uso de tratores de potência elevada e com baixa relação peso/potência, para a execução de trabalhos pesados, é
Figura 1 - Comportamento da relação peso/potência segundo a potência nominal dos tratores agrícolas fabricados e comercializados no Brasil
O modelo 1155 mostrou também muita agilidade nas manobras de final de linha
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O capô pode ser basculado para frente, o que facilita a manutenção, principalmente, do filtro de ar e motor
necessário considerar dois fatores agravantes. Como esses tratores são mais dependentes de lastro, há necessidade de uma maior capacitação de seus usuários, para que a adição de peso seja feita de maneira correta. Via de regra, no Brasil, o nível de formação dos usuários é baixo, dificultando a eficiente utilização dos tratores com essas características. É comum o agricultor adquirir um
Na Massey Fergusson, o peso específico da maioria dos modelos pode ser considerado médio em relação ao de outros tratores
“Em geral, os fabricantes esbarram em dificuldades inerentes ao projeto, que limitam a diminuição da relação peso/potência dos tratores pequenos”
Schlosser qualifica a relação peso/potência como determinante para escolha do trator mais adequado ao propósito dos trabalhos a campo
trator de grande potência e baixa relação peso/ potência e subutilizá-lo, por não lastrá-lo corretamente e não adequar a velocidade de trabalho, aumentando-a de maneira a aproveitar ao máximo a potência disponível (agricultura de velocidade). Isso se reflete diretamente no incremento dos custos fixos e variáveis da máquina, em função da subutilização e do desperdício de combustível. O outro fator agravante refere-se ao fato de que, conforme mostra a Figura 1, muitos modelos de tratores de grande potência, mesmo com a lastragem máxima indicada pelo
fabricante, não atingem a relação peso/potência necessária para a execução de trabalhos pesados. Nesse caso, como não é possível aumentar o peso, para que haja aproveitamento adequado da potência do motor, é necessário o aumento da velocidade de trabalho, o que muitas vezes não é possível devido à natureza da operação que está sendo efetuada. Assim, verifica-se a princípio certa inadequação dos projetos de alguns dos tratores agrícolas fabricados e comercializados no Brasil, principalmente considerando os tra-
tores de menor potência. Em geral, os fabricantes esbarram em dificuldades inerentes ao projeto, que limitam a diminuição da relação peso/potência dos tratores pequenos. A impossibilidade da retirada de determinados componentes, como assento, barra de tração e estruturas de proteção contra capotamento, cujos tamanhos são semelhantes tanto para tratores de grande quanto para os de menor potência, é o principal fator que justifica as altas relações peso/potência típicas de tratores pequenos comparativamente aos maiores. Porém, alguns modelos de baixa potência podem ter a relação peso/potência diminuída tranqüilamente, pois modelos de potência similar, conforme mostra a Figura 1, apresentam valores bem menores para a referida relação. Já no que se refere aos tratores de maior potência, que apresentam uma maior versatilidade, o que é vantajoso, e uma maior dependência de lastragem, há necessidade de um aumento na quantidade de lastro possível de ser adicionada, juntamente ao desenvolvimento de mecanismos que dinamizem M esse procedimento. José Fernando Schlosser, NEMA/UFSM
passo-a-passo
Fotos Vilso Júnior Santi
Como acoplar? A
A perfeita acoplagem do implemento ao trator está diretamente relacionada ao bom desempenho do conjunto mecânico no campo. Alguns cuidados básicos devem ser observados nesse procedimento
utilização de um grande número de máquinas e implementos na agricultura depende fundamentalmente do engate ou acoplamento destes ao trator – responsável direto pela tração do conjunto. No trator a intersecção com o implemento é feita pelo sistema de levante hidráulico através de seus pontos de conjunção. O sistema mais comumente utilizado é composto pelos braços inferiores, pelas correntes estabilizadoras ou braços telescópicos, pelos braços niveladores, pelo braço superior, pela viga de controle e pelo comando do sistema. Em função do tipo de levante hidráulico, existem maneiras diferentes de posicionar os braços de levante para o acoplamento dos im-
plementos. Também, nesse procedimento, é importante observar alguns cuidados para o correto engate e perfeito desempenho do conjunto mecânico na lavoura.
Os braços inferiores possuem mais de um furo de sustentação, o que permite diferentes regulagens
As correntes estabilizadoras ou barras telescópicas são responsáveis pela estabilidade lateral do implemento
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REGULAGENS BÁSICAS Em alguns modelos os braços inferiores do sistema hidráulico possuem mais de um furo de sustentação. Utilize o primeiro furo para implementos leves, o central para apli-
cações normais e o furo traseiro para implementos longos e pesados. Os braços inferiores estão fixados lateralmente em correntes estabilizadoras ou barras telescópicas; elas são responsáveis pela estabilidade lateral do implemento. Possuem regulagens que ajustam e centralizam o implemento em relação à linha de tração. De acordo com o implemento, remova o pino ou solte as contraporcas e encontre a posição mais adequada. Os braços niveladores sustentam e permitem a regulagem transversal do implemento. Eles possuem duas posições: uma fixa e outra variável. A maioria dos implementos utiliza a posição fixa. A posição variável é utilizada com implementos largos engatados nos três pontos do trator.
A regulagem transversal do implemento pode ser executada pelo ajuste dos braços niveladores
“Em nome da segurança, recomenda-se que se fixe a barra de tração no centro toda vez que se transportar implementos ou se trafegar com carretas”
O braço superior faz a ligação da torre do implemento com a viga de controle do sistema hidráulico É importante sempre medir a distância dos braços inferiores até os pneus de ambos os lados para centralização do implemento
Outro componente do sistema de levante é o braço superior. Ele faz a ligação da torre do implemento com a viga de controle do sistema hidráulico. O braço superior possui três posições de ajuste na viga de controle. Utilize o braço no furo superior quando trabalhar em solos macios, no furo central quando operar em solos médios e no furo inferior quando lidar com solos maduros ou implementos de superfície. Para transportar o implemento, utilize também este furo, assim você protege o sistema contra os impactos.
AJUSTE DO IMPLEMENTO ACOPLADO Depois do engate do implemento, um dos ajustes recomendados é fazer a centralização deste. Para isso, levante o implemento e faça sua centragem. Meça a distância dos braços inferiores até os pneus e ajuste os estabilizadores. As distâncias devem ser iguais tanto à
O controle do sistema hidráulico é feito pelas alavancas de posição e profundidade do comando
direita quanto à esquerda. Para grades, roçadeiras e arados reversíveis, depois de esticados, afrouxe em meia volta os dois estabilizadores. Para arados fixos, a regra é deixar o lado esquerdo com uma volta inteira de folga. Ainda com o implemento engatado, pode-se fazer mais duas regulagens básicas: a regulagem transversal e a regulagem longitudinal. O ajuste transversal é feito nos braços niveladores, e a regra é que os dois braços fiquem ajustados no mesmo comprimento, independente das características dos braços. O ajuste longitudinal, por sua vez, é feito no braço superior. Para levantar a parte de trás do implemento, recolha o braço. Para baixar, estenda o braço. Já a regra básica para regular a barra de tração é fazer com que ela fique posicionada na mesma altura do implemento. Colocada
mais alto, ela pode provocar a perda da tração dianteira e o desequilíbrio do trator. Colocada mais abaixo, provoca a perda da tração traseira, desperdiçando a potência do motor. O desperdício de potência implica diretamente maior consumo de combustível. A barra de tração possui de uma a quatro posições de altura que podem ser obtidas de duas formas diferentes. Removendo os parafusos, pode-se inverter a posição do suporte. Depois, soltando o pino dianteiro, inverte-se também a posição da barra. Para facilitar manobras, a barra de tração possui também regulagens de movimento lateral. Para utilizálas, remova os parafusos e escolha a posição que permita melhor realizar as manobras a campo. Em nome da segurança, recomendase que se fixe a barra de tração no centro toda vez que se transportar implementos ou se traM fegar com carretas. Colaboração Cimma Ltda.
São três os principais pontos de engate do implemento ao trator: dois laterais e um central. Estes devem ser cuidadosamente inspecionados, a fim de se evitar acidentes durante a operação
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aeração
Ar que dá lucro No armazenamento de grãos, a aeração não melhora a qualidade do produto recebido da lavoura, mas conserva por longos períodos de tempo as características existentes, proporcionando assim melhores resultados na comercialização dos produtos
S
ão notáveis no Brasil a grande capacidade de produção na agricultura e o alto padrão tecnológico empregado para tal fim pelos nossos produtores rurais, muitos chamados de empresários rurais. Reconhecidamente sabemos que em regiões como, por exemplo, o Centro-Norte, a tecnologia empregada em eletrônica embarcada em máquinas e equipamentos não perde em absolutamente nada para os níveis europeus e americanos. Em outras palavras, sabemos produzir de forma ótima, mas cabe-nos perguntar se sabemos guardar o fruto de nosso trabalho e de nossa colheita? Com certeza se soubermos guardar nossa colheita teremos um melhor resultado na comercialização e maior lucro.
TIPOS DE SILOS Diariamente ouvimos e somos indagados a responder a produtores rurais questionamentos relacionados ao armazenamento em silos, sejam eles horizontais ou verticais. A definição de silo horizontal ou vertical tem como base a relação H/D, sendo H- Altura, D ou L- Largura. Silos horizontais são estruturas em que o comprimento e a largura são maiores que o
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Tabela 1 – Taxas de aeração adotadas no armazenamento de grãos Objetivo da Aeração Conservação Resfriamento Resfriamento e secagem
Taxa de aeração 1/10, 1/8 1/5 1/4, 1/3
Volume de Ar (m3³h/m3³grão) 4,8 - 6 9,5 12 - 16
diâmetro, ou o diâmetro é maior que a altura. Silos verticais são aqueles em que a altura é maior do que as dimensões horizontais, comprimento, largura, ou diâmetro. Focaremos nesse trabalho o dimensionamento da aeração de um silo vertical cilíndrico. Nestes, duas perguntas freqüentes que ouvimos são: • podemos armazenar um produto recebido com 16% e/ou secá-lo até atingir uma umidade de 13%? • e qual a potência necessária do ventilador para armazenar grãos com 14% de umidade? Para esclarecer o assunto, devemos em primeiro lugar saber o que é e para que serve a aeração. Também, qual a sua importância e qual a sua função na arma-
Umidade de Entrada 13% 14% 16%
zenagem de grãos.
AERAÇÃO EM SILOS Definindo: “aeração é o movimento forçado de ar ambiente de qualidade satisfatória através da massa de grãos para a melhoria do armazenamento de grãos.” O ar em movimento distribuído pela massa de grãos desempenha funções de prevenção de aquecimento, regula a umidade do produto, remove focos de aquecimento, uniformiza a temperatura, além de promover a secagem, ou promover a secagem e o resfriamento dessa massa. A distribuição de ar pela massa de grãos é questão antiga. Os primeiros registros datam de 1753, ano em que foram utili-
“Com certeza, se soubermos guardar nossa colheita, teremos um melhor resultado na comercialização e maior lucro”
Figura 1- Modelos de Piso Canal. Duplo H paralelo, silo 72 pés. Aeração 1/5 (esq.) e Duplo T oposto, silo 42 pés. Aeração 1/10 (dir.)
uma hora, para um m³ de grão. Esse equilíbrio está relacionado com a umidade relativa e a temperatura e, através destes chega-se ao cálculo do número de horas necessárias para resfriar o grão para alcançar o referido equilíbrio. Esses valores irão depender ainda do tipo de grão a ser armazenado, mas em termos gerais estão próximos dos valores anteriormente citados.
DIMENSIONAMENTO CORRETO
zados os primeiros foles tocados por moinhos a vento na tentativa de guardar a colheita por um período maior. Um questionamento comum é qual a potência de ventilador necessária para conservar um produto dentro de um silo? Tabela 2 – Pressão estática exercida pela massa de grãos Altura (m) 6,1 7,3 8,5 9,8 11,0 12,2 13,4 14,6 15,8 17,1 18,3 19,5 20,7 21,9 23,2 24,4 25,6 26,8 28,0 29,3 30,5
Pressão Estática (mm de coluna d’ água) MILHO Taxa de Aeração (m³/hora/m³ de Grão) 23,8 15,9 11,9 9,5 6,8 52 36 29 25 21 73 48 37 31 25 99 63 47 39 30 132 81 60 48 36 171 103 74 59 43 217 128 91 72 51 270 157 111 86 61 331 191 133 102 71 401 229 158 120 83 479 271 186 141 95 318 217 163 109 370 251 188 125 427 288 215 142 490 329 244 160 373 276 180 421 310 201 472 347 224 387 248 429 274 474 302 331
4,8 19 21 24 28 33 38 44 50 57 66 74 84 94 106 118 131 145 160 175 192 210
Essa resposta não é exata, pois depende da interação de uma série de fatores, como o tipo de grão a ser armazenado (milho, soja, arroz, girassol), a umidade de entrada desse grão, 16%, 15%, 13%, umidade relativa, e temperatura do ar externo, ou seja, não existem respostas exatas e diretas pela variabilidade dos fatores em questão. Um primeiro questionamento que devemos fazer é qual o objetivo da aeração, em outras palavras, como iremos manejar esse nosso grão. As relações de 1/10, 1/5 e 1/3 significam o número de partes de ar necessárias para permitir que o grão entre em equilíbrio higroscópico, ou seja, tenha tensão equivalente entre o vapor de água no grão e o vapor de água no ar ambiente. Esse equilíbrio indica que grão e ar não trocam mais umidade. Conforme a Tabela 1, para resfriar uma massa de grão até 13%, precisa-se de 9,5 m³ de ar em
Focando nesse momento para o dimensionamento adequado de um silo, devemos seguir a seguinte seqüência, baseando a decisão nos itens abaixo: 1) Tipo de produto (grão); 2) Umidade de entrada do produto; 3) Modelo de piso a ser utilizado; 4) Potência do ventilador; 5) Número de saídas no teto. Definidos esses parâmetros, partimos para o dimensionamento do sistema de aeração necessário para tal fim. Um detalhe que devemos estar bastante atentos é o de que, se é insuflada uma quantidade de ar pela base do silo, esse ar tem de sair pela parte superior, para tanto são necessárias saídas (suspiros). Os suspiros são dispostos no telhado em número compatível com o tipo de aeração utilizado. Na prática significa dizer que, no caso de um produto com 16% de umidade dentro do silo, ou seja, uma ventilação com taxa de 1/4, se não dimensionarmos a saída do ar que entra pelo piso, na parte superior (deixando, por exemplo, número inferior de respiros), ocorrerá a condensação de umidade no teto, provocando a chamada chuva dentro do silo, acarretando o umedecimento da camada superior dos grãos. Essa condensação é ocasionada ou pela falta de saídas no teto ou pela insuflação de ar com características inadequadas (umidade relativa, temperatura etc.).
Figura 2- Aspecto da utilização do modelo de silo com piso totalmente perfurado (fundo falso)
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Figura 3 – Modelos de ventiladores axial (esq.) e centrífugo (dir.)
Tendo em mãos as informações do tipo de produto a ser utilizado e da umidade de entrada desse produto, partimos para a etapa subseqüente que é a escolha do piso a ser utilizado. Basicamente dois são os tipos de pisos utilizados, o piso canal (Figura 1) e o piso totalmente perfurado (Figura 2). A qualidade de aeração no grão em piso totalmente perfurado é bem superior, pela saída desse ar em todos os pontos da camada. Várias configurações de piso estão disponíveis pelas empresas do segmento de armazenagem em nosso país. Em se tratando de piso canal, alguns modelos são o espinha de peixe, o duplo T oposto, o duplo H invertido (Figura 1), dentre outros. Na movimentação do ar junto ao processo de aeração, são necessários equipamentos capazes de fazer a movimentação desse ar com fluxo e pressão suficientes. Tais equipamentos denominados de ventiladores são basicamente de dois modelos, axiais e centrífugos, e deverão ser dimensionados de forma a vencer a pressão exercida pela camada de grãos (Figura 3). Enquanto o ventilador centrífugo
TURBINAR A AERAÇÃO
V
erifica-se que existe uma diferença no número de respiros. No cálculo obtemos sete, e o software indica oito. O software Airpic é alimentado com os modelos reais de pisos GSI, podendo utilizar desde taxas de 1/10 até 1/3. O dimensionamento tanto do piso como das saídas permite o aumento da aeração simplesmente com a troca de ventiladores por maior potência. Um aumento de 20% sem necessidade de alterações. Na prática diária, é o que o produtor chama de “turbinar a aeração”.
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possui maior capacidade de atravessar a massa de grão, maior pressão estática, o ventilador axial possui capacidade inferior quanto à camada de grãos, no entanto capacidade bem superior em vazão de ar. A movimentação desse ar é essencial, no entanto, além da entrada, do movi-
mento desse ar pela massa de grão, necessitamos ainda ter uma área de saída do ar. As aberturas de saída são chamadas de respiros do silo, e o número destes varia em função do grão, da taxa de aeração, do tipo de ventilador, da área de entrada de ar pelo piso e do volume de grão armazenado.
Figura 4- Software para dimensionamento da aeração de silos (The GSI Group Brasil)
“Na adequação do sistema ideal para cada caso, são necessários alguns cálculos baseados nas características do grão, seguindo alguns conceitos básicos da área de armazenagem de grãos”
Tabela 3 – Potência requerida x pressão estática Potência Modelo CF-3 CF-5 CF-7.5 CF-10 CF-15 CF-20 CF-25 CF-30 CF-40 *CF-30D *CF-40D *CF-50D
Na adequação do sistema ideal para cada caso, são necessários alguns cálculos baseados nas características do grão, seguindo alguns conceitos básicos da área de armazenagem de grãos. Em algumas empresas do setor, para otimizar o processo, existem softwares desenvolvidos para esses cálculos. Um software utilizado para os cálculos é o Airpic - desenvolvido para dimensionamento da aeração
HP 3 5 7.5 10 15 20 25 30 40 30 40 50
0 170 248 345 381 481 580 679 795 927 906 1160 1401
25 156 232 328 362 453 552 672 761 899 863 1104 1344
Modelos de Ventiladores (1750 RPM) Pressão estática em mm 51 76 102 127 142 127 113 62 207 191 173 151 306 283 258 226 341 321 303 282 430 408 379 345 538 509 481 467 644 616 594 566 724 696 668 637 870 842 814 785 835 792 764 736 1075 1047 991 948 1288 1231 1189 1132
em silos pelo grupo GSI. Abaixo segue um caso de dimensionamento de ventilação baseado nas características anteriormente descritas (Figura 4). No exemplo a seguir obteremos os dados de ventilação de um silo modelo 60 12 anéis, com capacidade de armazenagem média de 50 mil sacas, taxa de aeração 1/10, com volume de 3.993,05 m³. O cálculo foi efetuado para milho em grão. Num primeiro momento será descrita a seqüência para utilização do software.
DADOS DO SILO Modelo 60 12A – Diâmetro 18,30 metros – 13,44 metros. Capacidade de armazenamento
152
178
203
229254
255 306 446 538 594 757 722 906 1075
205 260 408 502 569 729 651 849 1005
376 453 558 686 580 764 906
354 504453 644573 467 679 708
279
325 425
Aeração total Taxa 1/10 - 4,8 m 3/h por m 3 de grão Aeração total = 4,8 x 3993,05 = 19166,64 m 3/h Utilizando-se de um duplo T oposto, teremos dois ventiladores. A necessidade é de 9583,32 m3/h ou 159,72 m3/min por ventilador. Pressão estática Para o armazenamento de milho em um silo 60 12 anéis temos:
Figura 5 - Locação dos Dutos e número de Respiros no Telhado
Obtendo-se esse valor, lançamos mão de uma tabela que relaciona a altura da massa com a taxa da aeração pretendida, nesse caso específico para milho. Seleção do ventilador A utilização do ventilador, no caso centrífugo, deverá atender à metade da vazão total requerida, ou seja 9.583,32 m3/h ou 159,72 m3/min. Para este caso se seleciona um ventilador de 5 hp. Locação dos dutos de aeração Primeiro se estabelece a distância máxima permitida entre os dutos, para este caso 14,96 x 0,5 = 7,48 metros. Distância entre dutos = 6,95 + 13,44 = 20,39 metros. A = 20,39 metros. B = 14,96 metros. É importante que a relação entre o maior e o menor caminho percorrido pelo ar seja menor ou igual a 1,5.
Cálculo da área perfurada
Dimensionamento dos dutos
Por questões de segurança, é possível aumentar futuramente a aeração, já que os canais são dimensionados com largura, altura e comprimento superiores. No caso do silo 60 12A, taxa de aeração 1/
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10, L 1,08 metros, h 0,30 metros e C 19,87 metros. Essas dimensões indicam vazão de ar 20% acima do cálculo efetuado. Número de respiros Utilizando-se respiros com 0,16 m2, são necessários sete respiros. Tipo de respiro utilizado em sistemas de armazenagem
Clóvis demonstra uma das opções para dimensionamento da aeração em silos
RESULTADOS Utilizando o software, conforme a Figura 6, os resultados são de: • dois ventiladores de 5 hp, • oito respiros no telhado (possibilidade de 20% mais de vazão de ar). • piso canal duplo T oposto. Portanto, novamente ressaltamos que, no armazenamento de grãos, a aeração não melhora a qualidade do produto recebido da lavoura, mas pode conservar as características existentes por períodos longos de tempo, proporcionando assim melhores reM sultados na comercialização. Clóvis Priebe Bervald, The GSI Group Brasil
Figura 6- Resultados obtidos por software
conjuntos mecânicos
Adubação antecipada
A
soja é uma das culturas mais im portantes, trazendo divisas e mo vimentando o agronegócio do país. Ela é uma das primeiras culturas a ser totalmente mecanizada e, atualmente, é cultivada desde a região Sul até a Norte, com grande concentração na região Centro-Oeste e predomínio do sistema de semeadura direta. A soja tem como uma de suas características principais a sensibilidade ao comprimento do dia, fotoperíodo, característica essa que deve ser analisada quando da implantação e condução da cultura. A soja exige do produtor um planejamento e dimensionamento adequado da sua maquinaria agrícola para a realização das operações nas épocas recomendadas para a região. Caso as operações sejam realizadas
A antecipação da adubação na cultura da soja em semeadura direta se mostra viável na medida em que promove a redução no custo de implantação da lavoura, pelo melhor aproveitamento dos sistemas mecanizados
em períodos inadequados, pode ocorrer uma redução de produtividade, acarretando prejuízos ao produtor. No atual momento em que o preço no mercado internacional está abaixo do esperado, isso pode ser um fator a dificultar a sobrevivência do negócio.
CUIDADOS NA SEMEADURA Um dos processos mais críticos para a produção da soja é o de semeadura tanto do ponto de vista operacional quanto dos prazos. Do ponto de vista operacional é necessário colocar a semente e o adubo na quan-
Um dos processos mais críticos para a produção da soja é o de semeadura, tanto do ponto de vista operacional quanto dos prazos
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Figura 1 - Produtividade das cultivares de soja em função do período de semeadura Figura 2 - Comparação do custo operacional de semeadura em função do sistema e do período
Figura 3 - Comparação do custo total em função do sistema e do período de semeadura Figura 4 - Receita líquida em função do sistema, do preço da saca e do intervalo de semeadura
tidade e na posição corretas, o que exige uma precisa regulagem da máquina. Além disso, em algumas regiões, como o Centro-Oeste do país, existe a necessidade de se aplicar grandes volumes de adubo, devido à baixa fertilidade dos solos dessas regiões, fazendo com que se elevem o tempo e o número total de reabastecimentos da semeadora/adubadora, o que afeta o dimensionamento do número de equipamentos e, conseqüentemente, os custos. Se o tempo de reabastecimento não for levado em consideração, a semeadura pode não terminar no prazo previsto, ocasionando a perda de produtividade pelo fotoperíodo, o que se denomina custo da pontualidade. Como exemplo apresenta-se na Figura 1 a influência do fotoperíodo na produtividade para a região Noroeste de Mato GrosO tempo de reabastecimento da semeadora deve ser considerado, pois se a semeadura não terminar no prazo previsto pode haver perda de produtividade
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so e para duas cultivares: BRSMT Uirapuru e MGBR46 – Conquista. A Figura 1 apresenta épocas de semeadura para duas cultivares de soja em que se visualiza a redução em suas produtividades devido ao aumento do intervalo de plantio.
Caso o produtor realize a operação entre 05 de novembro a 30 de dezembro, observará uma redução por hectare de 483,2 kg para a cultivar MGBR -46 Conquista e de 610,6 kg para a cultivar BRSMT Uirapuru, quando comparadas ao período ideal de 05 a 11
“A melhor estratégia a ser adotada pelo produtor é realizar a operação de plantio na sétima época no sistema Antecipação da Adubação e, dessa forma, atingir uma receita líquida de R$ 242,4”
de novembro.
CERTO OU ERRADO
ANTECIPAR É VIÁVEL? Atualmente muitos estudos comprovaram a viabilidade da antecipação e/ou do parcelamento da adubação na cultura da soja, analisando-se o sistema da propriedade. Dessa forma, surgem alternativas que possibilitam a adubação da cultura antecessora com a finalidade de aumentar a sua produção de palha após o dessecamento, favorecendo o sistema de plantio direto sem redução da produtividade da soja. Esse sistema possibilita ainda a redução do número e do tempo de reabastecimento da semeadora/adubadora, aumentando a eficiência da operação e reduzindo o número de máquinas na propriedade, a potência exigida pelas semeadoras/adubadoras e o custo da operação. Analisando a Figura 2, o custo operacional na semeadura aumenta de acordo com a redução do intervalo de plantio, devido ao menor tempo para a realização da operação. Caso o produtor opte pela antecipação total da adubação, denominado neste estudo de sistema AA, obterá menores custos operacionais de semeadura, independentemente da época de planejamento em relação ao sistema tradicional, denominado de TR. Para a primeira época (05/11 a 11/11) o sistema TR apresentou um custo operacional de semeadura por hectare de R$ 226,2; já o sistema AA, de R$ 150,5. Para a oitava época (05/11 a 30/12), o produtor despenderia por hectare R$ 61,4 no sistema TR e R$ 31,3 antecipando-se a adubação (Figura 2). A Figura 3 apresenta os custos totais, que são o somatório dos custos das operações e dos insumos utilizados em função do sistema e do período de semeadura Os custos totais apresentaram elevações devido à diminuição no período de semeadura, pois isso exige do produtor um grande número de máquinas para realizar as operações, o que acarreta elevações nos cus-
T
Matos e Salvi falam da antecipação da adubação como estratégia de adequação dos conjuntos mecânicos na propriedade
tos horários dos equipamentos. O sistema AA apresentou menores custos totais em relação ao sistema TR, independentemente do intervalo de semeadura. Para a semeadura realizada durante o intervalo de oito semanas, o produtor obteria um custo total por hectare de R$ 1.320,58 para o sistema TR e de R$ 1.158,15 para o sistema AA, ou seja, uma diferença de 12,3%. Em relação à semeadura realizada no período de uma semana, o sistema TR mostrou um custo por hectare de R$ 2.512,24, e o sistema AA, de R$ 2.303,69, apresentando uma diferença de custo de 8,3%. Conhecendo-se a influência da época de semeadura na produtividade da cultura da soja, a análise da receita líquida, apresentada na Figura 4, auxilia o produtor na escolha do planejamento do sistema mecanizado e das épocas de semeadura com o objetivo de maximizar o resultado final. Definiuse a receita líquida como a receita bruta obtida, de acordo com a produtividade da cultura, subtraída dos custos totais (custos da mecanização e insumos). Consideraram-se dois valores de preço da saca da soja (R$ 18,0 e R$ 26,0). A receita líquida é negativa independentemente do sistema e época de semeadura, para o valor de R$ 18,0 na saca da soja. Porém, quando se considera o valor de R$ 26,0 a receita é negativa para a o sistema TR para as três primeiras épocas de realização da se-
endo em vista os resultados, a antecipação de adubação para a cultura da soja é viável nas condições apresentadas e no sistema Antecipação da Adubação (AA) em semeadura direta; para as cultivares analisadas, promoveu uma redução nos custos operacional e total, ocasionando aumento na receita líquida em comparação ao sistema Tradicional (TR), independentemente do período de realização da semeadura. As conclusões também mostram que outros estudos devem ser realizados para reforçar o questionamento da operação de adubação durante a semeadura em relação aos aspectos produtivos e fisiológicos da soja, auxiliando o produtor nas suas tomadas de decisão. meadura, o que se deve ao maior número de conjuntos e de custos operacionais envolvidos. Com o aumento do intervalo de semeadura observa-se um acréscimo na receita líquida, que pode ser atribuído ao menor número de conjuntos e, conseqüentemente, ao melhor aproveitamento do sistema mecanizado. A melhor estratégia a ser adotada pelo produtor é realizar a operação de plantio na sétima época (05/11 a 23/12) no sistema Antecipação da Adubação (AA) e, dessa forma, atingir uma receita líquida de R$ 242,4, dentro das condições deste estudo. Caso optasse pelo sistema Tradicional (TR) e o mesmo intervalo de semeadura, obteria uma receita líquida de R$ 83,9 (FiM gura 4). Marcos Antonio Matos, José Vitor Salvi e Marcos Milan, Esalq/USP
por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br
Acelera... P
ois os motores já estão no aquecimento. Em meados do corrente mês os monstros começam a rugir, em Holambra, com um festival de puxadas do Trekker-trek. Renovações nos tratores e novos competidores estão sendo esperados com ansie-
dade. Também no arrancadão, que começa seu circuito de apresentações no próximo mês, são interessantes as novidades, como novas cores, novos patrocinadores e uso do biodiesel do Centro-Oeste nas máquinas do Zerinho Bomba Show. Assim como já ocorre
há décadas no automobilismo, agora são os tratores de competição a testar e divulgar novas tecnologias! A iniciativa merece os elogios que colhe. Com bons atrativos, como os mencionados, além do apelo das competições em si, vale a pena assistir.
famosa praia de Copacabana. Trata-se de uma máquina acionada pela tomada de potência do trator, provida de uma lâmina que coleta e eleva a areia, passando-a para uma esteira que tem a função de peneira. A areia cai ao longo do deslocamento da esteira, e o material maior, os detritos, são retidos em uma caixa coletora posterior. Merecem destaque os dispositivos de segurança, como todos os acionamentos cobertos por chapas, evitando acidentes com os banhistas que inadvertidamen-
te viessem a tocar a máquina em movimento. Para tracionar essa máquina com potência e desempenho suficientes, um trator Massey Ferguson 275 de 75 CV de potência no motor e 64 CV na TDP, garantidos por um motor de quatro cilindros, aspiração natural, embreagem dupla e câmbio de oito velocidades à frente (e duas à ré), pneus traseiros 18.4-30R1. A tração dianteira auxiliar com bloqueio automático e pneus 12.4024R1 facilita o deslocamento na areia macia das praias, assim como a direção hidrostática facilita as manobras, que devem ser seguras e precisas. A parada é garantida por freios a (4) discos banhados em óleo. O tanque de combustível de 75 litros permite uma jornada inteira de operação sem reabastecimento. Na versão utilizada o trator pesa cerca de 3,6 mil kg. O que chama a atenção no trator é a cor, clara, um branco-gelo que tende a incorporar o veículo à paisagem da praia, sem chamar atenção excessiva para ele. Ou seja, é uma presença discreta, como devem ser os prestadores de serviço em áreas turísticas (e em outras!).
Fotos Arno Dallmeyer
Siri de praia?
O
u que nome se daria a um conjunto trator-implemento que se encontrasse limpando as areias de uma praia brasileira? Dizem que os cariocas apelidaram a máquina de laranja mecânica. Seja qual for o nome popular, ou o apelido que se tenha dado, nossa abordagem de hoje traz uma máquina de limpeza de praias. As máquinas podem ser vistas em várias praias brasileiras, mas este conjunto especificamente foi fotografado na belíssima e
Agenda Data 16 /07/2006 18 a 20/08/2006 09 a 10/09/2006 07 a 08/10/2006 11 a 12/11/2006
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Categoria Trekker-trek Arrancadão Arrancadão Arrancadão Arrancadão
Obs. Local Parque de Exposições Expoflora Holambra (SP) Força Livre Motorsport Show Curitiba (PR) Fraiburgo (SC) Não-Me-Toque (RS) Tratoródromo Maripá (PR)