Maquinas 56

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Destaques Matéria de capa

Armazenagem e confiabilidade Em silos verticais, o tipo de produto ensilado está diretamente ligado à probabilidade de ruína da estrutura

Semeadoras de precisão

Colheita eficiente

Evolução das semeadoras-adubadoras disponíveis no mercado é responsável em grande parte pelo sucesso do plantio direto

Quanto maior for a eficiência das colhedoras na lavoura menor o custo final de produção

Índice

16

20

23

Nossa Capa Fabiano Dallmeyer

Rodando por aí

04

Produtividade e compactação

06

Manutenção passo-a-passo

08

Avaliação de plantabilidade

10

Plantio direto de feijão

12

Seminário de tecnologia

15

Semeadura de precisão

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Confiabilidade de silos verticais

20

Colheita eficiente

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Farm Progress Show 2006

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Prêmio Gerdau

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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

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30

Números atrasados: R$ 15,00

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Cultivar Máquinas Edição Nº 56 Ano VI - Setembro 06 ISSN - 1676-0158

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Cenário

GTS

Carlito Eckert

Massey Ferguson Carlito Eckert, diretor de vendas Massey Ferguson, durante mesa-redonda no Seminário de Tecnologia de Máquinas e Implementos Agrícolas, falou sobre mudanças que estão em andamento dentro do segmento de atuação de sua companhia. Chamou a atenção para a tendência de terceirização de serviços em lavouras, como a canavieira. Também, para o que chamou de “divórcio” entre máquinas e implementos utilizados nos canaviais. “Diferente do que ocorre nos grãos, ainda existem descompasso e falta de padronização na relação máquina e implemento para a cana,” afirmou. Para Eckert, isso pode representar uma boa oportunidade para os fabricantes de implementos do Sul do país.

New Holland A New Holland apresentou na Expointer 2006 máquinas apropriadas para a cultura de grãos, fumo, frutas e cultivo agroflorestal. O estande da empresa na feira abrigou as colhedoras da linha TC e também a CS660, além de tratores com potências que variam de 54 cv (linha TT) a 150 cv (linha TM). Ao todo, a marca apresentou nove diferentes modelos de máquinas, das linhas TT, TL Exitus, TS, TM e Série 30, adaptadas para as mais diversas atividades realizadas nas propriedades rurais. “A New Holland é hoje a marca que oferece a mais completa linha de máquinas agrícolas do mercado”, afirma o diretor de vendas da montadora, Luiz Feijó.

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Aldívio, Andréia e Assis Strasser, diretores da GTS do Brasil, expuseram com orgulho, na Expointer 2006, a Planner Canavieira 710, premiada pela Gerdau durante a 24ª edição do Melhores da Terra. A Planner Canavieira destaca-se pela excelência de seu projeto, que alia qualidade do processo de fabricação e um sistema hidráulico diferenciado. Essas características dão à máquina mobilidade na lavoura, proporcionando ao operador uma variedade maior Aldívio, Andréia e Assis de manobras e movimentos.

New Holland Na mesa-redonda sobre Perspectivas para o Agronegócio, do Seminário de Tecnologia de Máquinas e Implementos Agrícolas, Luiz Augusto Marocco Feijó, diretor comercial da New Holland, detalhou a estratégia da empresa para o atual momento. Segundo ele, a companhia aposta no lançamento segmentado de produtos no mercado. As máquinas direcionadas a setores como o canavieiro, o reflorestamento e a agricultura familiar são exemplo disso. Feijó afirmou que, apesar dos complicadores, a New Holland irá manter todos os seu projetos de desenvolvimento de produtos e investimentos no Brasil. “No próximo ano teremos um quadro modificado com ouLuiz Augusto Feijó tras perspectivas para o mercado”, prevê.

Agrale Mesmo com apenas 4% do mercado, o segmento de tratores de pequeno porte, dentro do universo das máquinas agrícolas, vem se mantendo estável. Essa foi a constatação de Sílvio Rigoni, gerente de vendas de tratores da Agrale, na mesa-redonda Perspectivas para o Agronegócio, no Seminário de Tecnologia de Máquinas e Implementos Agrícolas. Segundo ele, a empresa, especialista na produção de pequenos tratores, tem sofrido menos com as oscilações do mercado em função das características dos seus produtos. Mesmo assim, Rigoni faz um alerta. “Os agricultores brasileiros são grandes produtores, mas ainda péssimos comercializadores, é preciso melhorar isso”, lembrou.

Sílvio Rigoni

John Deere A John Deere trabalha forte em uma campanha de maior aproximação com seus clientes e consumidores finais. Conforme Gislene Pessin, supervisora de marketing da companhia, a ação compreende intensificar o trabalho de pós-venda; credenciar novos concessionários no país; lançar novos produtos - máquinas e implementos; demonstrar as vantagens do uso de peças de reposição originais - relação custo x benefício. “Inclusive, a inauguração de uma nova unidade fabril, em Montenegro (RS), faz parte dessa Gislene Pessin estratégia,” comenta.

Stihl A Stihl, uma das principais fabricantes de ferramentas motorizadas portáteis e líder mundial na produção e comercialização de motosserras, lança as lavadoras de alta pressão RE 107 e RE 142, mais completas e versáteis. Os novos produtos foram especialmente desenvolvidos para proporcionar praticidade, eficiência e simplificar o trabalho de limpeza, além de garantir maior economia de água e de energia elétrica.

John Deere

Paulo Hermann

Consultor agroeconômico com 16 anos de atuação no agribusiness brasileiro e internacional, Carlos Cogo, além de participar da mesaredonda sobre Perspectivas para o Agronegócio, no Seminário de Tecnologia de Máquinas e Implementos Agrícolas, proferiu a palestra Inserção da Indústria Brasileira de Máquinas e Implementos Agrícolas no Mercado Global. Na oportunidade, Cogo apontou a falta de planejamento e organização dos produtores e da cadeia produtiva agrícola nacional como um dos agravantes da crise enfrentada pelo setor. “Melhora significativa somente com profissionalização e a partir da safra 2007/08,” opinou.

Paulo Renato Hermann, diretor de marketing para América do Sul da John Deere, coordenou no Seminário de Tecnologia de Máquinas e Implementos Agrícolas a mesaredonda Perspectivas do Agronegócio. No evento, promovido pelo Instituto Gaúcho de Estudos Automotivos, Hermann enfatizou a necessidade de readequação de todo o setor agroindustrial, inclusive da indústria de máquinas, aos difíceis tempos vividos pelo agronegócio nacional. “Cortar custos em toda a cadeia produtiva é fundamental nesse momento,” enfatizou.

Carlos Cogo

Mini-Mundo O artesão Gildomar Furtado Pereira de Ávila, com apoio da Massey Ferguson, apresentou, na Expointer 2006, miniaturas de máquinas e equipamentos agrícolas que contam a trajetória da tecnologia no agronegócio brasileiro. O artista, em seu trabalho, procurou retratar a evolução das máquinas e equipamentos ao longo dos anos, mostrando inclusive o início do processo de mecanização no campo.

Gildomar de Ávila


John Deere Oferecer sistemas mecanizados completos ao produtor rural é o que tem perseguido a John Deere no país. Segundo o gerente nacional de vendas da empresa, Rasso von Reininghaus, esse conceito já está incorporado à linha que a empresa dedica à produção de grãos. Nesse ramo, a John Deere já dispõe desde plantadoras, passando por tratores, até colhedoras. “Também para outros segmentos, como a lavoura canavieira, temos buscado comercializar um conjunto de soluções para os produtores, não apenas uma máquina ou implemento isoladamente,” esclarece Rasso.

Santal

Yanmar A Agritech, empresa fabricante de tratores e microtratores Yanmar, destacou na Expointer 2006 sua linha de implementos, tratores e microtratores aptos a se movimentar com biodiesel, desenvolvidos especialmente para a agricultura familiar. “O setor sempre foi o nosso principal foco de atuação. Nos últimos 20 anos nos especializamos em desenvolver e produzir tratores com até 55 cavalos e máquinas de pequeno porte dimensionadas especialmente para o agricultor familiar, diferentemente de tratores de lavoura de outras empresas que são adaptadas para pequenas culturas”, afirma o gerente de marketing e pós-venda, Pedro Cazado Lima Filho.

Adriano Naspolini Pedro Cazado L. Filho

Massey Ferguson A Massey Ferguson, na 29a Expointer, expôs 28 modelos de máquinas. A empresa trouxe para a feira equipamentos indicados às principais culturas da região, atendendo às necessidades de produtores de grande, médio e pequeno porte, conforme esclarecem Paulino Jeckel, gerente de marketing de comunicação, e Rubens Sandri, gerente de marketing de tratores. Na área de difusão de tecnologias, os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer os equipamentos para Agricultura de Precisão, como o Fieldstar, SGIS e Autoguide. Durante o evento a equipe de pós-venda da Massey Ferguson estePaulino Jeckel e Rubens Sandri ve à disposição dos clientes para esclarecer dúvidas.

Agrale A equipe da Agrale, coordenada por Flávio Crosa, Sílvio Rigoni e Naurimar Ribeiro, demonstrou durante a Expointer 2006 toda a linha de tratores da empresa. As máquinas da Agrale podem operar nos diversos segmentos agrícolas, em especial na agricultura familiar. Os destaques foram os modelos 4100 GLP, movido a gás, e o 4230.4 Cargo Compactador. Recentemente, todos os modelos de tratores da montadora foram adequados para operar com biodiesel B5, combustível com origem em óleos vegetais.

New Holland

Flávio, Sílvio e Naurimar

Valtra Rasso Von Reininghaus

Agritours A Agritours Brasil novamente levou grupos ao Farm Progress Show em 2006. Neste ano o evento, que é itinerante entre os três mais importantes estados do Corn Belt, foi realizado em Amana, Iowa. No grupo desta imagem estavam técnicos, gestores de marketing e produtores brasileiros, que, além da visitação ao mais reputado evento do agronegócio norte-americano, tiveram oportunidade de conhecer empreendimentos agrícolas, logística de grãos, distribuidores e fábrica de máquinas agrícolas. Certamente as vivências e o aprendizado terão reflexos no desempenho profissional de cada um dos visitantes.

A Santal pretende investir no médio prazo R$ 1,8 milhões na ampliação de sua linha de produção de colhedoras Santal Tandem, para de cana-de-açúcar. Com a expansão, que inclui a construção de um novo galpão e a aquisição de máquinas e softwares, a empresa, em dois anos, irá dobrar sua capacidade de produção de 24 para 50 máquinas por ano. De acordo com o presidente da empresa, Arnaldo Ribeiro Pinto, o crescimento da capacidade produtiva da Santal foi planejado para acompanhar o sucesso comercial de seu mais novo produto, lançado em 2004.

Depois de vários meses de consultoria à Valtra, Arci Mendes assumiu recentemente o posto de gerente de marketing de produto na companhia. Projetando um futuro melhor para o segmento de máquinas, ele destaca as especialidades da empresa - tratores de grande porte, com seis cilindros e potência acima de 100 cv, indicados para operações pesadas em lavouras de cana e reflorestamento - e aponta alguns dos caminhos que a Valtra deve trilhar num futuro próximo - está previsto o lançamento de produtos, atendendo à tendência de segmentação do mercado, inclusive da primeira colhedora de grãos da marca no Brasil. “Num mercado recessivo, fazer a lição de casa é fundamental, e saber Arci Mendes o que e quando fazer, o desafio,” ensina.

Kepler Weber Para Henésio de Castilhos Stumpf, gerente de planejamento comercial da Kepler Weber, o momento vivido pelo agronégocio nacional exige das empresas que atuam no setor criatividade na busca de alternativas. Segundo ele, a diversificação na linha de podutos é uma tendência nas corporações. Essa estratégia visa reduzir o impacto de possíveis contratempos que possam assolar a agropecuária nacional. “Na Kepler, temos procurado identificar novas oportunidades de negócio, bem como ampliar nosso portifólio de produtos, investindo em áreas como o acondicionamento de produtos e subprodutos da cana-de-açúcar e a produção de biodiesel,” comentou.

Henésio Stumpf

John Deere Mesmo com as dificuldades da agricultura no segmento grãos, o gerente regional de vendas da John Deere, Paulo Kowalski, aponta alternativas para o mercado de máquinas agrícolas. Para ele, nesse momento, as lavouras de algodão do centro do país se materializam como potenciais consumidoras de conjuntos mecanizados, em especial colhedoras. Já no arroz, segundo Kowalski, a mecanização pode alcançar 45% do custo total da lavoura. “Esse dado demonstra a necessidade de um trabalho eficiente de pós-venda e assistência técnica, principalmente nos arrozais do Sul do país, Paulo Kowalski trabalho que estamos procurando aprimorar.”

No mês de agosto a New Holland teve bons motivos para comemorar. A fábrica de Curitiba (PR) atingiu a produção de cem mil tratores. Por conta disso o trator de número cem mil, da linha TL Exitus, recebeu decalque comemorativo, lembrando a marca da produção. A linha TL Exitus tem como principais características o baixo consumo de combustível, a facilidade de manutenção, a tecnologia acessível, o conforto para o operador, a transmissão sincronizada e hidráulico de grande capacidade. O trator incorpora o exclusivo Lift-O-Matic, que permite o ajuste do implemento com apenas um toque no painel, mantendo o ritmo do trabalho. A tração dianteira de acionamento eletro-hidráulico e a tomada de força independente são alguns dos diferenciais.

Hugo Zattera

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compactação

Fotos Guilherme Menegati

Compactação e produtividade Experimento baseado em informações de resistência do solo mostra que a compactação nem sempre é responsável pela diminuição da produtividade

E

m lavouras com culturas anuais produtoras de grãos, semeadas com preparos distintos, ocorrem operações e tráfego de máquinas diferenciadas, o que pode implicar diferentes condições físicas, químicas e biológicas do solo. Essas diferentes características, aliadas à grande pressão exercida pelos pneus, principalmente de tratores e colhedoras, podem dar origem à compactação, que além de desencadear o processo de degradação do solo poderá interferir na redução da produtividade das culturas. Uma camada de solo compactada possui baixo espaço poroso, o que acarreta problemas de fluxo de água, por afetar o armazenamento, a infiltração e a drenagem dessa água para as camadas inferiores. A diminuição da produtividade das culturas em solos com problemas de compactação também pode ser função da dificuldade de desenvolvimento das raízes e, conseqüentemente, da menor absorção de água e de nutrientes pelas plantas. No sistema de semeadura direta (SD), que se caracteriza por apresentar mínimo revolvimento do solo, normalmente os valores de resistência do solo à penetração (RSP) são maiores quando comparados aos de preparos em que há maior mobilização do solo, como a escarificação. Alguns produtores evidenciam que há uma relação entre redução da produtividade e aumento da compactação do solo. Isso nem sem-

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pre é comprovado pela pesquisa, pois há uma dependência das condições climáticas, especialmente em relação ao teor de água do solo durante o desenvolvimento das culturas.

ESTADO DE COMPACTAÇÃO Em experimento de campo, conduzido na Estação Experimental Agronômica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EEA – UFRGS), no município de Eldorado do Sul (RS), em um Argissolo Vermelho distrófico típico, avaliou-se o estado de compactação do solo cultivado por nove safras (inverno e verão). Empregaram-se culturas anuais produtoras de grãos (trigo, aveia, milho e soja) e para cobertura de solo (aveia preta, ervilhaca, nabo forrageiro). Os métodos de preparos conservacionistas avaliados foram: (a) semeadura direta (SD), sem preparo do solo; (b) escarificação, efetuada com escarificador munido de rolo destorroador, dispensando o uso de preparo complementar com grade (ER) e (c) escarificação mais gradagem niveladora (E+G). O escarificador foi regulado para mobilizar a camada de solo até a profundidade de 15 cm nos tratamentos ER e E+G. Antes da instalação do experimento, a área estava sob campo nativo. Utilizou-se preparo de solo no outono somente no primeiro cultivo (aveia preta), após a aplicação de calcário em superfície (3,2 t/ha, PRNT 63%). Nos demais anos agrícolas, estes foram efetuados somente

para implantação das culturas de verão. Na semeadura direta (SD), para implantação das culturas de verão (milho e soja), foram empregados sulcadores de adubo tipo facão e, nos demais preparos, sulcadores de adubo de discos duplos. As culturas de inverno foram semeadas com semeadoras de fluxo contínuo, com sulcadores de discos. As operações de preparo de solo, semeadura, tratos culturais e colheita de todas as parcelas foram efetuadas em contorno (em nível),

A determinação da resistência à penetração é uma das formas para avaliação do estado de compactação do solo


“As operações de preparo de solo, semeadura, tratos culturais e colheita de todas as parcelas foram efetuadas em contorno, utilizando sempre o mesmo trator e a mesma colhedora e obedecendo a um padrão de tráfego”

da colhedora e locais sem tráfego. No dia da avaliação da RSP, o solo estava na condição de friabilidade, o que foi confirmado pela retirada de amostras do mesmo para determinação do teor de água. Com os dados de RSP, foram elaborados gráficos de superfície com o objetivo de identificar o grau e a extensão da compactação do solo nos diferentes preparos do solo. Observando-se os gráficos de superfície dos preparos conservacionistas (Figura 1), verifica-se que, até 18 cm de profundidade, a semeadura direta teve maiores valores de resistência do solo à penetração, quando comparada aos demais, que utilizaram escarificador, que mobiliza o solo em maior profundidade e extensão do que os sulcadores de adubo. O valor de 2.000 kPa, citado como crítico para o bom desenvolvimento das raízes, foi atingido aos 6, 12 e aos 18 cm nos preparos SD, E+G e ER, respectivamente (Figura 1). No período estudado não foram observadas diferenças significativas entre os valores de RSP medidos nos locais de tráfego de rodados do trator e colhedora e nos sem tráfego, nem mesmo na SD. Considerando que os valores de RSP na SD, a partir de 6 cm de profundidade, já foram maiores do que o limite máximo proposto pela literatura (2.000 kPa), verifica-se que, mesmo

Figura 1 - Resistência do solo à penetração (RSP), em kPa, em função da profundidade de avaliação e da localização transversal ao sentido do comprimento dos preparos de solo

utilizando sempre o mesmo trator e a mesma colhedora e obedecendo a um padrão de tráfego (rodados passando sempre nas mesmas zonas dentro das parcelas). A pressão máxima exercida pelos pneus do trator e da colhedora sobre o solo foi de 121 e 176 kPa, respectivamente. As parcelas possuem área útil de 180 m² (6 m de largura e 30 m de comprimento), com quatro repetições por tratamento proposto. Em cada safra, avaliou-se a produtividade das culturas, seja de matéria seca (quando culturas somente para cobertura de inverno), ou massa de grãos (culturas de verão).

Guilherme demonstra que a compactação do solo nem sempre é fator de redução direta na produtividade das lavouras

assim, a produtividade de matéria seca da parte aérea e de biomassa total (grãos e parte aérea) desse preparo conservacionista foi um pouco superior à obtida nos demais, que envolveram mobilização do solo com uso de escarificador e grade (Figura 2). A semeadura direta teve uma pequena desvantagem quando considerada somente a produção de grãos. No entanto, devem ser levados em conta outros aspectos, tais como, redução da potência necessária, horas de trabalho com máquinas, mão-de-obra, quantidade de máquinas e de gastos com combustível. Conclui-se que a compactação do solo, baseada em informações de resistência do solo à penetração, nem sempre é, por si só, fator de redução da produtividade das culturas, especialmente quando se empregam rotação de culturas, controle de tráfego e semeadoras equipadas com sulcadores adeM quados à semeadura direta. Guilherme Menegati, Renato Levien, Carlos Trein, Osmar Conte e Carla Cepik, UFRGS

Figura 2 - Produção das culturas nos preparos de solo conservacionistas, no período avaliado (2001-2005), em relação ao total obtido na SD

RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO Ao final de cinco safras de inverno e quatro safras de verão, nas quais foram empregados sempre os mesmos preparos conservacionistas de solo, determinou-se a resistência do solo à penetração (RSP). Utilizou-se um penetrômetro eletrônico digital, até a profundidade de 45 cm, com leituras a cada 3 cm. Estas foram efetuadas no sentido transversal ao comprimento das parcelas, com um espaçamento de 20 cm entre elas, para permitir ao menos duas leituras nos locais de tráfego dos pneus do trator e

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passo-a-passo

Fotos Vilso Júnior Santi

Na adequação da folga da embreagem, primeiro solte o parafuso que prende o braço no eixo do garfo

Gire o eixo do garfo no sentido horário, segure firme e mova o pedal para baixo, até obter a folga ideal

Regulagem certa O correto ajuste da embreagem é tarefa básica para garantir maior vida útil ao conjunto mecânico. Veja os principais pontos de regulagem e aprenda a melhor forma de executá-la

O

conjunto de embreagem é o componente mecânico responsável pela transmissão da potência do motor para a caixa de câmbio. A embreagem possui basicamente três funções: • Transmitir o movimento do motor para os demais mecanismos de transmissão, de modo suave e gradativo, sem vibração ou deslizamentos; Embreagem com folga Nos tratores equipados com embreagem com folga, além de não descansar o pé no pedal, é necessário verificar periodicamente a folga entre a alavanca e a carcaça da caixa. Se estiver fora da medida especificada, faça o ajuste conforme o Manual do Operador.

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• Interromper a emissão da potência do motor à transmissão, permitindo a toca de marchas; • Permitir a parada do trator e/ou de um equipamento acionado pela TDP (Tomada de Potência). O controle da embreagem é feito por meio do pedal e de alavancas. Essa relação de alavancas permite multiplicar a força aplicada pelo

Embreagem dupla Nos tratores com embreagem dupla, para utilizar implementos acionados pela Tomada de Potência (TDP), inverta antes a posição do batente do pedal da embreagem. Tire o pino, vire o batente e coloque-o novamente. Se após a inversão do batente ainda não for possível engatar a alavanca da TDP, faça a regulagem interna do segundo estágio da embreagem conforme o Manual do Operador. Faça o ajuste removendo a tampa localizada na parte inferior do compartimento de embreagem (capa seca). Se ainda assim não for possível, só então mexa no comprimento do tirante ou no cabo da embreagem.

Embreagem HD Para aplicações pesadas, existe um componente opcional chamado embreagem HD (Heavy Duty) em alguns modelos de tratores. Esse tipo só pode ser usado em conjunto com a Tomada de Potência Independente (IPTO).

operador no pedal, de modo suficiente para vencer a forte pressão das molas sobre o prato de pressão principal. Nos tratores com rolamento de contato permanente, apesar de a embreagem parecer estar “enforcada”, não causa danos ao conjunto porque o rolamento utilizado é próprio para esse tipo de uso constante, similar ao do sistema utilizado na indústria automobilística. Porém, se o operador descansar o pé sobre

TIPOS DE FALHAS

A

través das características deixadas nas peças danificadas, na maioria dos casos, pode-se identificar a causa de falhas do sistema e/o de seus componentes: • Pontos de superaquecimento na placa de pressão: Causa: A embreagem foi forçada a patinar por muito tempo; óleo ou graxa sobre os revestimentos; e/ou folgas do rolamento da embreagem fora do especificado pelo fabricante. Resultante: Embreagem trepida e/ou patina. • Sulcos e marcas de superaquecimento sobre a placa de pressão (placa de pressão azulada): Causa: Desgaste do revestimento; descanso do pé do operador no pedal; folga do rolamento fora do especificado; a embreagem não libera totalmente o disco quando acionada. Resultado: Embreagem patina.


“O sistema de embreagem dos tratores varia conforme o modelo e basicamente pode ser de rolamento de contato permanente ou com folga”

Para ajuste da altura de trabalho, nos pedais com acionamento através de varão, primeiroNosolte contraporca e o 4x4, deve-se verificar eixoadianteiro dos tratores varão, depois ajuste o comprimento e reinstale o conjunto o nível do óleo dos redutores finais a cada 250 horas

o pedal da embreagem, os danos causados serão os mesmos. Com o pé descansado, cada vez que o trator balança no campo, o operador acaba acionando a embreagem de modo involuntário. Por isso, atenção: mantenha sempre o pedal 100% acoplado ou 100% sem pressão. Nada de ficar “mamando” na embreagem. O sistema de embreagem dos tratores varia conforme o modelo e basicamente pode ser de rolamento de contato permanente ou com folga. Se, a partir do ponto de repouso, o pedal possuir curso longo para cima, significa que é do tipo contato permanente.Quando ele é pisado, começa imediatamente o desacoplamento. Nesse caso, não é preciso ajustar a folga, mas a altura pode ser regulada para facilitar a vida do operador. Nos pedais com acionamento através de cabo, solte o parafuso e desloque o suporte até obter a altura desejada. Nos pedais com acionamento através de varão, solte a contraporca e o varão e ajuste o comprimento. A embreagem com folga no pedal pode ser identificada quando, para baixo, ele possuir uma folga, e, para cima, essa folga não existir. Se o trator for do tipo que tem embreagem com fol-

ga, lembre-se que, com o tempo, com o desgaste natural do disco, ela vai diminuindo até desaparecer e por isso precisa de ajuste periódico. A cada 50 horas de trabalho, você deve fazer uma avaliação e, se necessário, ajustar essa folga. Para isso, solte primeiro o parafuso que prende o braço no eixo do garfo. Depois, gire com uma chave o eixo do garfo no sentido horário até “enforcar” a embreagem. Logo em seguida, segure firmemente o eixo com a chave e mova lentamente o pedal para baixo até obter a folga recomendada (entre o braço e a carcaça da caixa de câmbio), que você pode verificar com um calibre de lâminas. Aperte firmemente a porca do parafuso de fixação do braço. E, por fim, ajuste o comprimento do tirante ou do cabo, de acordo com o necessário. A folga recomendada varia conforme o modelo de trator. Desse modo, todas as informações quanto ao sistema encontram-se mais bem detalhadas no Manual do Operador, que acompanha o trator e deve sempre ser consulM tado em caso de dúvidas. Colaboração Cimma Ltda.

DESCANSO DE PÉ

Q

uando estiver operando normalmente o trator, não fique descansando o pé sobre o pedal da embreagem, pois isso ocasiona o desgaste prematuro do disco, do platô, do volante do motor e do rolamento desligador. E, em conseqüência disso, o enforcamento da embreagem.

FOLGA DO PEDAL

F

ique atento com relação à folga livre do pedal. Essa folga tende a diminuir com o desgaste do disco e deve ser revisada no máximo a cada 50 horas de trabalho. Faça nova regulagem quando o valor atingir limites mínimos para cada modelo de trator.

No sistema de embreagem, se a partir do ponto de repouso o pedal um curso Nopossuir eixo dianteiro dos tratores 4x4, deve-se verificar longo para cima, significa que é do tipo contato permanente o nível do óleo dos redutores finais a cada 250 horas

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New Holland

agricultura de precisão

Plantabilidade

Resultados de pesquisas revelam que a desuniformidade de espaçamento entre plantas na linha de semeadura pode determinar perdas significativas de produtividade das culturas. Por isso, a busca de automação dos processos de mensuração de erros no plantio torna-se importante para uma maior eficiência na produção

E

Vence Tudo

m sistemas de produção agrí cola, a escolha adequada do maquiná-rio e de seus componentes é requisito básico para obter o máximo de rendimento na colheita de grãos. Resultados de pesquisas revelam que a desuniformidade de espaçamento entre plantas na linha de semeadura pode determinar perdas significativas de produtividade de culturas como milho, girassol e soja. Os principais fatores que afetam a de-

posição de sementes no solo são: a má classificação das sementes, a escolha incorreta do dosador, a alta velocidade de trabalho, a altura de queda das sementes após a saída do dosador e o tipo, a posição e o formato do tubo condutor de sementes. Para orientar o operador na regulagem da semeadora, empresas produtoras de sementes informam na embalagem o dosador mais recomendado para o lote comercializado. Essa informação é resul-

tado de testes denominados de “plantabilidade”, os quais são realizados em bancada com deposição das sementes em esteira rolante. Já os fabricantes de máquinas semeadoras e instituições de ensino e pesquisa utilizam tal bancada para estudos mais complexos, cujas condições e procedimentos de ensaios estão estabelecidos em Normas Técnicas, com objetivo de avaliação de desempenho. Em ambos os casos, a verificação do espaçamento entre sementes depositadas em esteira rolante é o principal parâmetro avaliado, sendo um processo bastante trabalhoso e cansativo quando os dados são obtidos através de fita métrica ou trena.

VERIFICAÇÃO AUTOMÁTICA Nesse contexto, alunos do curso de Engenharia da Computação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR), sob orientação de professores da área de Informática e Agronomia, realizaram estudo de natureza exploratória para auPara orientar o operador na regulagem da semeadora, é informado na embalagem das sementes o dosador mais recomendado, conforme o índice de plantabilidade

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“A partir do filme, são extraídos quadros de imagens e identificados os espaçamentos entre sementes, através de um sistema de processamento de imagens”

Figura 2 - Fluxograma do ambiente

Figuras 3 e 4 - SADS - Tela de captura de vídeo/ extração de quadros e tratamento de imagens

Figura 1 - Tela inicila do Sistema de Análise de Distribuição de Sementes

ou espaçamento teórico de cada máquina obtido por cálculo ou indicação do fabricante. Também são fornecidos os valores dos coeficientes de variação preconizados nas normas ABNT e ISO.

tomatização da bancada, utilizando o processamento digital de imagens em microcomputador IBM-PC ou compatível, através de um software denominado SADS – Sistema de Análise de Distribuição de Sementes, desenvolvido em linguagem de programação Borland Delphi 7. A Figura 1 exibe a tela inicial do SADS. O ambiente em que foi desenvolvido o trabalho foi composto de uma bancada estacionária acionada por motor elétrico, com unidade semeadora para a distribuição de sementes em esteira rolante revestida de feltro de cor preto, com velocidade controlada. A filmadora foi posicionada verticalmente na parte central da esteira, com iluminação incidente. Em seguida o filme é gravado diretamente no microcomputador por meio de uma placa de aquisição de vídeo. A partir do filme são extraídos quadros de imagens e identificados os espaçamentos entre sementes, através de um sistema de pro-

cessamento de imagens. A Figura 2 ilustra esse processo. O menu Imagem fornece duas funcionalidades principais do SADS: Captura/Extração e Tratamento. A funcionalidade Captura/Extração permite capturar vídeos e extrair quadros deste, conforme mostra a Figura 3. Uma vez selecionados os quadros do filme, aplica-se a funcionalidade Tratamento, que utiliza técnicas de processamento de imagens para obter os espaçamentos entre sementes e cuja tela é apresentada na Figura 4. Os valores são transferidos para um segundo software denominado ADL – Análise de Distribuição Longitudinal, que expressa os resultados em percentuais de espaçamentos duplos (ocorrência de espaçamentos entre as sementes menores que 0,5 Xref), falhos (ocorrência de espaçamentos entre as sementes maiores que 1,5 Xref) e aceitáveis (ocorrência de espaçamentos entre as sementes dentro dos limites de 0,5 e 1,5 Xref), sendo Xref o espaçamento-referência agronomicamente recomendado para uma determinada cultura, variedade ou cultivar,

RESULTADOS OBTIDOS Os resultados obtidos mostraram-se muito promissores, uma vez que os problemas detectados foram devidos a irregularidades na iluminação das extremidades do campo de captura da filmadora (foram utilizadas luminárias domésticas), ocasionando o não reconhecimento de algumas sementes. Contudo, no campo que possibilitou a melhor iluminação para a captura da imagem, verificou-se a leitura correta de espaçamento entre sementes, inclusive para ocorrências de espaçamentos duplos. Os estudos terão continuidade com aquisição de equipamentos mais adequados (filmadora e sistema de iluminação), após, o SADS será validado, em confronto com os dados obtidos pelo método tradicional (espaçamento medido com fita métrica ou trena). Rodrigo Yuiti Inoue, Alaine Margarete Guimarães, Altair Justino e Luciana Vilas Boas Wiecheteck, UEPG

M


plantio direto

Vilso Júnior Santi

A

cultura do feijão representa importante atividade agrícola no Brasil, principalmente quando se leva em conta que essa leguminosa é produzida principalmente por pequenos e médios agricultores. Para a prática de uma agricultura sustentável, são essenciais as técnicas de conservação do solo e da água, pois a substituição de ecossistemas naturais por agroecossistemas provoca alterações nas características químicas, físicas e biológicas dos solos. Dessa forma, faz-se necessário estudar sistemas de preparo conservacionistas no sentido de minimizar os problemas ambientais decorrentes do uso agrícola e do manejo do solo. Em regiões com problemas de perdas de solo, uma alternativa encontrada para minimizá-las tem sido o emprego do plantio direto, com grande aceitação pelos produtores. Um dos entraves para adoção plena do plantio direto é a dificuldade de se obter semeadoras-adubadoras versáteis e resistentes, que sirvam para culturas e solos distintos, abram o sulco removendo pouca terra e palha, tenham penetração e controle de profundidade aceitáveis e dosagem adequada das sementes - fatores que garantiriam o sucesso da exploração. Sabe-se que a uniformidade de distribuição longitudinal de sementes é uma das características que mais contribui para a obtenção de um estande adequado de plantas e, conseqüentemente, de boa produtividade da cultura.

Testado no feijão

CONJUNTO AVALIADO

A influência da velocidade de trabalho e dos mecanismos rompedores no plantio direto de feijão foi avaliada, conferindo-se o desempenho de um conjunto trator + semeadora-adubadora em condições de campo

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Haroldo Carlos Fernandes

Com a finalidade de estudar alguns parâmetros indicadores do desempenho do conjunto trator-semeadora em plantio direto, utilizando diferentes mecanismos rompedores do solo e velocidades de trabalho, durante o processo de semeadura do feijão em um solo argiloso, este trabalho foi desenvolvido em con-

Semeadora-adubadora de plantio direto de feijão, modelo Seed-Max PC 2123, com três linhas de plantio, espaçadas de meio em meio metro


“Em regiões com problemas de perdas de solo, uma alternativa encontrada para minimizálas tem sido o emprego do plantio direto, com grande aceitação pelos produtores” John Deere

No estudo, a velocidade de deslocamento não influenciou na profundidade de deposição de sementes

Tabela 1 - Caracterização física do solo Característica Resistência à penetração Densidade do solo Teor de água

Valor 1,62 MPa 1,11 kg/dm3 44,51%

Tabela 2 – Tratamentos utilizados Tratamento

dições de campo, em área experimental da Universidade Federal de Viçosa com a semeadura sendo feita no mês de maio de 2004. Utilizou-se como fonte de potência nos testes experimentais um trator de pneus Massey Ferguson, modelo 265 4x2 TDA com potência máxima de 48 kW (61 cv) no motor a 2000 rpm. Foi avaliada uma semeadora-adubadora de plantio direto para a cultura de feijão, modelo Seed-Max PC 2123, com três linhas de plantio, espaçadas de meio metro. A máquina é montada no sistema de engate de três pontos, apresenta mecanismos de simples funcionamento e pequeno porte, sendo recomendada para atender às necessidades de pequenas propriedades rurais. Para abertura do sulco, visan-

do à colocação de fertilizante, foram utilizados dois mecanismos diferentes: haste sulcadora (facão) e disco duplo defasado. As avaliações foram realizadas em um Argiloso Vermelho-Amarelo. Antes dos testes com a semeadora foi feita a caracterização física do solo, apresentada na Tabela 1, onde se determinou a média da resistência à penetração, da densidade e do teor de água. O solo apresentava uma percentagem de cobertura vegetal de 100% e uma quantidade média de matéria seca sobre a superfície de 5,83 t/ha1. Cada parcela experimental foi constituída de uma área de 67,5 m2, sendo de 25 metros de comprimento por 2,7 metros de largura. A área

T1 T2 T3 T4 T5 T6

Velocidade de deslocamento (km/h) 3,5 5,0 6,0 3,5 5,0 6,0

Mecanismo sulcador Disco Disco Disco Facão Facão Facão

foi previamente dessecada com herbicida. Antes da realização dos testes, a semeadora-adubadora foi regulada visando o plantio de feijão, variedade uirapuru, com espaçamento de 0,5 m entre linhas, dez sementes por metro (equivalente a 200 mil sementes por hectare) e profundidade de plantio próxima de 4 cm. Os tratamentos utilizados foram os cons-


Divulgação

Haroldo Carlos Fernandes

tantes na Tabela 2. Para a avaliação da influência da velocidade de deslocamento e do mecanismo de abertura do sulco no desempenho operacional da semeadora, os seguintes parâmetros foram tomados: patinagem do rodado do trator, consumo de combustível, uniformidade de distribuição longitudinal de sementes, profundidade de semeadura e percentagem e índice de velocidade de emergência de plântulas.

PROFUNDIDADE DE SEMEADURA O disco duplo proporcionou uma semeadura mais profunda (5,18 cm) do que o facão (3,59 cm). Já a velocidade de deslocamento não influenciou na profundidade de deposição de sementes, ou seja, nas diferentes velocidades de trabalho a profundidade de semeadura foi praticamente igual.

PATINAGEM DO TRATOR Para ambos os mecanismos sulcadores, a velocidade de 3,5 km/h foi a que apresentou os menores valores de patinagem. O mecanismo sulcador tipo disco duplo apresentou valor médio de patinagem maior do que o mecanismo tipo facão nas três velocidades. Provavelmente, isso foi devido à maior profundidade de deposição das sementes neste tipo de sulcador. Os valores da patinagem apresentaramse inferiores ao intervalo de 7 a 10% recomendado pela ASAE (1989), para operar com a máxima eficiência de tração em solos não mobilizados; isso pode ser devido ao fato de a potência disponível no trator estar bem acima da demanda apresentada pela semeadora.

Valtra

CONSUMO DE COMBUSTÍVEL Com o aumento da velocidade, o consumo de combustível aumentou, e dentro de cada velocidade o mecanismo de abertura do sulco tipo disco duplo demandou maior consumo de combustível. Esse maior consumo observado no mecanismo sulcador tipo disco pode ser devido à

Mecanismos sulcadores avaliados no conjunto: disco duplo (E) e facão (D)

maior profundidade de deposição das sementes observada neste mecanismo, pois na maior profundidade exige-se maior potência e conseqüentemente um maior consumo de combustível do trator.

VELOCIDADE DE EMERGÊNCIA As diferentes velocidades não interferiram no índice de velocidade de emergência. Entretanto, com o mecanismo sulcador tipo facão obteve-se índice de velocidade de emergência maior. Provavelmente, essa diferença seja devida à maior profundidade de deposição das sementes obtida no mecanismo tipo disco duplo, e a alta umidade do solo (44,51 %) fez com que o disco abrisse apenas uma fenda no solo, mobilizando-se assim um menor volume de solo que, por conseqüência, diminuiu a velocidade de emergência.

PERCENTAGEM DE EMERGÊNCIA O índice de velocidade de emergência foi maior para o mecanismo sulcador tipo facão, a percentagem de emergência também foi maior neste mecanismo independente da velocidade de trabalho. Observou-se também que com o aumento da velocidade a percentagem de emergência diminuiu.

Haroldo e Arlindo apresentam resultados acerca do plantio direto nas lavouras de feijão

DISTRIBUIÇÃO DAS SEMENTES A uniformidade de distribuição longitudinal de sementes não apresentou diferença entre os tratamentos para a percentagem de espaçamentos duplos, falhas e espaçamentos aceitáveis. Em média a semeadora apresentou 56,5% de espaçamentos aceitáveis, 25% de falhas e 18,5% de sementes duplas.

RESULTADOS FINAIS De acordo com os resultados obtidos e nas condições avaliadas, pode-se concluir que: • O uso do mecanismo sulcador tipo disco duplo acarretou um maior valor médio de patinagem da roda motriz do trator; • O aumento da velocidade de trabalho aumentou o valor médio de patinagem da roda motriz do trator; • O uso do mecanismo sulcador tipo disco duplo propiciou uma maior profundidade média de semeadura e um maior consumo horário de combustível; • A velocidade de avanço do trator não influenciou a profundidade de semeadura; • O mecanismo sulcador tipo facão apresentou maior percentagem de emergência de plantas; • A velocidade de trabalho não interferiu no índice de velocidade de emergência; • O uso do mecanismo sulcador tipo facão propiciou um maior índice de velocidade de emergência; • A velocidade de avanço e o mecanismo de abertura não influenciaram a distribuição longitudinal de sementes. De maneira geral, a semeadora avaliada apresentou um desempenho regular quanto à uniformidade de distriM buição de sementes. Arlindo José Camilo e Haroldo Carlos Fernandes, UFV No plantio direto de feijão a velocidade de avanço do trator não influenciou a profundidade de semeadura

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seminário

Fabiano Dallmeyer

Tecnologia aplicada

Os principais desafios do setor de máquinas e implementos agrícolas estiveram em foco em seminário de tecnologia, no Rio Grande do Sul

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indústria brasileira de máquinas e implementos agrícolas é reconhecidamente uma das mais importantes do mundo em volume de produção e em desenvolvimento de inovações que garantem competitividade diante de uma acirrada concorrência. Para tanto, no agronegócio, mesmo em meio a momentos difíceis como o atual, é necessário estar à frente dos debates que analisam processos, mercados e oportunidades. Esse foi o objetivo principal do primeiro Seminário de Tecnologia de Máquinas e Implementos Agrícolas, que ocorreu no final de agosto, no Salão de Convenções da Fiergs, em Porto Alegre. O evento, fruto da parceria do IGEA (Instituto Gaúcho de Estudos Automotivos) e da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) - Seção Porto Alegre – contou, dentre outros, com o apoio do Grupo Cultivar de Publicações e envolveu profissionais da cadeia produtiva nacional que tiveram a possibilidade de agregar conhecimento e ampliar ainda mais suas qualificações. Na programação o Seminário contemplou temas da atualidade que representam os principais desafios do setor, como por exemplo, a inserção da indústria brasileira de máquinas e implementos agrícolas no mercado global; as perspectivas do agrone-

gócio; os avanços na tecnologia de tração e transmissão; os novos caminhos da agricultura de precisão e da eletrônica embarcada; a implementação do biodiesel frente aos desafios de buscar novas fontes de energia; e a liberação de recursos para a renovação da frota de máquinas e equipamentos agrícolas. O momento que vive o setor evidencia, dentre outras, a necessidade de se continuar investindo em máquinas e implementos agrícolas cada vez mais produtivos, a fim de resgatar ou até mesmo superar os índices produtivos já alcançados pela agricultura brasileira. Para tanto, a informação sobre o cenário agrícola e as novas tecnologias torna-se fundamental. Além de ser o maior produtor de máquinas e implementos agrícolas do Brasil, o Rio Grande do Sul possui grande potencial na área de inovação e desenvolvimento de produtos, o que contribui significativamente para que a indústria brasileira desse setor seja uma das mais importantes do mundo. Diante dessa realidade e do crescente desenvolvimento de novas tecnologias, o primeiro Seminário de Tecnologia de Máquinas e Implementos Agrícolas ambiciona tornar-se um acontecimento de caráter nacional e permanente. Também, ser reconhe-

cido como um fórum de discussões e intercâmbios tecnológicos, além de contribuir na progressiva capacitação da indústria brasileira nesse setor com vistas à competição mundial.

ESFORÇOS PROPAGADOS

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agronegócio no Brasil já foi responsável por 37% dos empregos, 87% do saldo da balança comercial e 30% do PIB brasileiro. Para se ter idéia desse sucesso, é só lembrarmos que o Mato Grosso, maior produtor de grãos do país, chegou a alcançar uma produtividade média de 16% acima de Illinois (EUA) e de 21% acima de Córdoba (Argentina). Porém, desde junho de 2004, o segmento sofreu uma queda no faturamento em torno de 63%. Segundo os especialistas, os principais fatores que colaboraram para esse cenário foram as cotações das commodities agrícolas no exterior, a seca em alguns estados brasileiros e, principalmente, a desvalorização do dólar frente ao real, somados à manutenção dos juros em patamares elevadíssimos.

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plantadoras

Fabiano Dallmeyer

Direto e preciso

O grande sucesso do plantio direto deve-se em grande parte à evolução das semeadoras-adubadoras de precisão. Essas máquinas possuíam problemas de embuchamento, abertura de sulco e até mesmo de acabamento da semeadura. Hoje, consegue-se minimizar essas falhas com as diversas opções de equipamentos existentes no mercado

N

o Brasil mais de 50% das áreas cultivadas estão sob o sistema plantio direto (SPD), em torno de 23 milhões de hectares. No início do SPD, seu ideal era controlar a erosão que crescia na região do Sul do Brasil, idealizado por agricultores e difundido pelo antigo Clube da Minhoca e pelos Amigos da Terra. A idéia de que o SPD controla apenas a erosão cresceu, e hoje esse sistema é utilizado para melhorar a estrutura e aumentar a concentração de matéria orgânica no solo, diminuir o impacto da chuva pelo uso de culturas de cobertura e diminuir a incidência de pragas e doenças. O fato é que o SPD expandiu, chegando a todas as regiões produtoras do Brasil. Um dos problemas que ocorre no SPD é que sua manutenção ao longo dos anos é prejudicada, porém, isso ocorre quando da introdução errada do sistema na área. Para se começar bem o SPD, necessita-se observar alguns cuidados, como: escolha das melhores áreas para sua implantação, rotação de culturas com plantas de cobertura adaptadas a cada região, processo de revolvimento do solo apenas na fileira

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de semeadura e manejo integrado de pragas e doenças, entre outros. As dificuldades para a adoção do sistema ainda existem, mesmo com a grande evolução tecnológica dos últimos anos, e dentre elas podemos citar: a falta de cobertura vegetal no solo, compactação superficial, aumento de potência exigida pela semeadora e alguns problemas com os rompedores de solo (haste sulcadora) e o acabamento da semeadura (aterradores e rodas compactadoras).

MÁQUINAS DE PRECISÃO O grande sucesso do SPD deve-se em grande parte à evolução com relação às semeadoras-adubadoras de precisão. Essas máquinas possuíam problemas de embuchamento, abertura de sulco e mesmo acabamento da semeadura; hoje se consegue minimizá-los com as diversas opções de semeadoras existentes no mercado. Analisando morfologicamente as semeadoras-adubadoras de precisão para o SPD, podemos identificar seus componentes na seguinte ordem: disco de corte para palhada, haste sulcadora de deposição de adubo, roda aterradora, disco duplo desencontrado para deposição de semente, discos aterradores e roda compactadora. Essa seqüência pode ser modificada em função dos diversos fabricantes de máquinas.

DISCOS DE CORTE

Figura 1 - Conjunto disco de corte, haste sulcadora e roda de controle de profundidade do adubo

Os discos de corte (Figura 1) têm por função cortar a palha de maneira precisa, para que os mecanismos rompedores de solo não arrastem a palha, provocando embuchamento. Essa operação não é 100% eficiente na maioria dos casos; assim algumas características das seme-


“Em alguns casos, pode-se optar por semeadoras que possuam roda de ferro com garras que retiram a palha enroscada principalmente na haste” Fotos Rouverson Pereira da Silva

Figura 2 - Semeadoraadubadora de precisão com carrinhos em ziguezague

adoras são fundamentais: estrutura alta, para permitir que a palha ou plantas de cobertura passem sob ela e não haja partes que possibilitem à palha agregar-se à máquina, e carrinhos em ziguezague (Figura 2). Em alguns casos, pode-se optar por semeadoras que possuam roda de ferro com garras que retiram a palha enroscada principalmente na haste. Para aumentar o poder de corte do disco, pode-se aumentar seu diâmetro, que normalmente é de 18”, e regular a mola que exerce pressão sobre este. Porém, muitas vezes, o excesso de pressão faz com que o disco apenas empurre a palha para dentro do solo, não proporcionando o corte eficiente. Outra maneira pode ser escolher outro tipo de disco de corte. Existem vários à disposição no mercado: liso, recortado e/ou ondulado. Mahl (2006) concluiu que o disco de corte recortado, associado ao sulcador disco duplo, permitiu a manutenção de mais 2,6% de cobertura do solo. Enquanto que semeadoras com haste, o disco recortado apresentou a menor permanência de palha, o que pode estar associado à distância da haste ao disco de corte. Uma característica que vem sendo observada nas máquinas é a distância entre o disco de corte e a haste sulcadora, que normalmente não pode ser menor do que dez centímetros e

IMPLANTAÇÃO DO SPD

C

om relação ao preparo do solo, para iniciar o SPD, é necessário proceder à adequação da área, fazendose aração, quando necessária, e gradagens ou escarificação. Outro ponto a ser observado é a subssolagem para remoção, quando houver, de camadas compactadas. Poderíamos citar também alguns cuidados com o terreno para a implantação do SPD: verificar a fertilidade do solo e realizar aplicação de calcário e gesso, para eliminar a acidez e diminuir o alumínio tóxico em profundidade; remover as camadas compactadas; estabelecer na área terraços de base larga para posterior semeadura em sua estrutura e fazer a semeadura inicial com culturas que propiciem formação de palhada, além de nunca iniciar com culturas de produção, como soja ou milho, assim devendo-se escolher o período de inverno para tal.

maior do que trinta centímetros; quando demasiadamente perto, pode ocorrer de o disco não cortar a palha, isso é devido ao fato de a haste sulcadora desagregar o solo não somente para as laterais, mas também para frente (Figura 3), assim, o solo desagregado não oferece resistência ao corte do disco.

HASTES SULCADORAS O próximo componente da semeadora-adubadora é a haste sulcadora (Figura 4), que tem por função sulcar o solo para colocação de adubo, porém, em alguns casos remove camadas compactadas superficiais e prepara o solo para receber a semente. Existe muita discussão quanto à utilização da haste sulcadora ou do disco duplo para a deposição de adubo, de modo geral as hastes devem ser usadas em solos que oferecem maior resistência, deve-se levar em conta a localização do adubo em relação à semente, o que poderia prejudicar a germinação e a emergência das plântulas. Normalmente as hastes sulcadoras demandam de 50 a 60% da potência exigida pela máquina, que normalmente varia de 9 cv/haste, para máquinas com média de 350 kg/fileira, e de 12 cv/haste, para máquinas com média de 700 kg/fileira. Existem no mercado inúmeros tipos de hastes, sendo observado por diversos

pesquisadores que as hastes com ângulo de ataque entre 20 e 25º proporcionam menor exigência de potência, chegando a exigir até menos do que os discos duplos. Outras características da ponteira são: largura entre 20 e 25 mm, espessura de dez a 15 mm e a relação H/L (altura/comprimento da ponteira). Essa relação, quando se apresenta dentro do intervalo de 0,6 a 0,8, é considerada ótima. Uma observação importante se faz em relação à curvatura da haste: hastes retas explodem o solo fazendo com que os torrões sejam lançados para frente, enquanto que hastes com maior curvatura, parabólicas, rompem o solo na sua forma natural de baixo para cima sem ocorrer lançamento de torrões, isso reforça o que foi dito sobre a distância entre discos de corte e haste. O aumento da profundidade da haste sulcadora acarreta em aumento da área mobilizada, exigindo mais do trator, o que conseqüentemente aumenta o consumo de combustível. O controle da profundidade da haste pode ser realizado por parafusos, ou por roda de controle de profundidade. Em solo argiloso, este pode acabar aderindo à roda, diminuindo conseqüen-

Figura 3 - Ângulo de ruptura do solo: lateral e frontal da haste

Figura 4 - Haste sulcadora componente das semeadorasadubadoras

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Figura 8 - Helicóides de diferentes passos utilizadas em plantadoras

Figura 5 - Disco duplo desencontrado para deposição da semente

Figura 7 - Rodas compactadoras utilizadas em semeadora-adubadora

temente a profundidade do adubo. Isso pode ocorrer tamb para as sementes.

dura. De modo geral as semeadoras-adubadoras de precisão diminuem a quantidade de palha sobre o solo, variando de 10 a 30%, conseqüência do enterramento ou amontoamento da palha.

RODAS ATERRADORAS Algumas semeadoras têm por função fechar o sulco do adubo e possuem a roda aterradora logo depois da haste sulcadora, pois em alguns solos não ocorre o fechamento, podendo haver contato do adubo com a semente, causando problemas de germinação desta.

DISCOS PARA SEMENTE Os discos duplos desencontrados para semente (Figura 5) apresentam a função de corte e abertura do sulco para a deposição da semente, procedendo em alguns casos também ao corte da palha. A abertura entre os dois discos, normalmente, é de dois a três centímetros, com valores acima do recomendado ocorre mobilização excessiva do solo, podendo formar espelhamento lateral. As rodas de controle de profundidade são úteis para manter a uniformidade da profundidade.

DISCOS ATERRADORES Presentes em algumas máquinas, os discos aterradores, normalmente com diâmetro de onze polegadas, recolocam o solo e a palha sobre o sulco de semeadura. Surgiu há algum tempo a idéia da semeadura invisível, na qual teoricamente não seria observada nenhuma diferença na superfície do solo após a semeaFigura 9 - Mecanismo pneumático e Figura 10 - Disco horizontal distribuidores de sementes

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RODAS COMPACTADORAS As rodas compactadoras podem pressionar o solo sobre ou lateralmente a semente para eliminar possíveis bolsões de ar que se formam ao redor desta e promover maior contato solo-semente. As semeadoras-adubadoras possuem sistema que condiciona a pressão da roda; de modo geral, as maiores pressões podem prejudicar a semente, aumentando o tempo de emergência, e menores pressões podem prejudicar a transferência de calor e água para a semente. Quanto à forma da roda compactadora, existem diversas no mercado e podem ser escolhidas de acordo com a necessidade do produtor. As mais usuais são as rodas em “V”, que pressionam lateralmente o solo, mas deixam-no com ondulações (Figura 6) e, quando

se tem de fazer pulverizações no sentido transversal, diminuem a estabilidade nas barras dos pulverizadores. Outro tipo de roda compactadora é a de borracha com ranhuras, ela faz a compactação sobre a fileira de semeadura, e suas ranhuras evitam a formação de selamento superficial do solo. Algumas rodas possuem sulco central e ranhuras nas extremidades (Figura 7), apresentam as características mais apropriadas, por não pressionarem diretamente a semente e quebrarem o selamento superficial. Os maiores problemas das semeadoras estão nas partes em contato com o solo, visto que as outras partes já apresentam bastante tecnologia. Podemos citar os exemplos dos mecanismos de distribuição de adubo e semente e a grande capacidade de autonomia de algumas máquinas.

DISTRIBUIDORES DE ADUBO O mecanismo de distribuição de adubo pode ser de rosca sem fim ou de disco dentado, os mais usuais no Brasil. Esses mecanismos conseguem distribuir de forma apropriada a quantidade de adubo em uma ampla faixa, basta que se faça a correta regulagem do mecanismo ou modifique-se o helicóide, no caso do mecanismo de rosca sem fim (Figura 8).

DISTRIBUIDORES DE SEMENTES Os mecanismos de distribuição de sementes consagrados são: o mecanismo pneumático (Figura 9) e o disco horizontal (Figura 10).


“Os maiores problemas das semeadoras estão nas partes em contato com o solo, visto que as outras partes já apresentam bastante tecnologia” Fotos Rouverson Pereira da Silva

Figura 11 - O tamanho dos depósitos de sementes é importante para autonomia das máquinas

Ambos são eficientes, mas o mecanismo de disco horizontal (mecânico) trabalha com menor velocidade, sendo recomendado até 8 km/h, enquanto que o mecanismo pneumático pode, em determinados casos, trabalhar até 11 km/h. O mecanismo de disco horizontal não deve ultrapassar a velocidade de 15 cm/s, pois po-

dem ocorrer falhas no enchimento do disco, diminuindo o estande de plantas. Em diversos ensaios de semeadura, observa-se que a semente movimenta-se quando sai do tubo condutor até o solo, pois existe velocidade no sentido de deslocamento da máquina, assim os espaçamentos entre as plantas não são todos iguais, e, de modo geral, quando ocorre menos de 30% de variação desses espaçamentos, a semeadura pode ser considerada de ótima qualidade.

AUTONOMIA DAS SEMEADORAS Outro fator importante é a autonomia da máquina, ou seja, o tamanho dos depósitos

Jorge, Rouverson e Carlos abordam a evolução das semeadoras de precisão no plantio direto

de adubo e semente (Figura 11), pois estes estão diretamente relacionados à capacidade de campo operacional (ha/h), caso haja muitas paradas para reabastecimento, sua eficiência diminui. Autonomia recomendável deve M estar próxima de 10 km ou 3,2 ha. Jorge Wilson Cortez, Carlos Eduardo Angeli Furlani e Rouverson Pereira da Silva, Unesp


símbolos silos

Confiabilidade estrutural Em silos verticais a possibilidade de falha está diretamente ligada à variabilidade dos produtos ensilados. Desse modo, a escolha da estrutura de armazenagem deve considerar sempre uma probabilidade de ruína compatível com a aplicação e o número de operações esperadas durante a vida útil

O

s silos verticais são de grande importância mundial para o armazenamento de produtos agrícolas e industriais. São estruturas que apresentam um alto índice de ruínas principalmente devido ao desconhecimento das ações que o solicitam. As principais ações que atuam sobre o silo são causadas pelo produto armazenado, sendo afetadas por operações como: carregamento (enchimento), armazenamento (estocagem) e descarga (esvaziamento), que ocorrem ao longo de toda a vida útil da estrutura. No que diz respeito à segurança das estruturas, a variabilidade das ações e da resistência são fatores determinantes para projetos estruturais seguros e econômicos. Uma constatação evidente é o desco-

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nhecimento do índice de segurança dessas estruturas, pois a variabilidade das pressões é desconhecida para os diversos produtos armazenados e condições de operações utilizadas na armazenagem brasileira.

TAXA DE FALHAS Embora cada projeto tenha suas peculiaridades, existem certas fases que são comuns a todos eles, como: • Vida útil esperada; • Ações; • Exigências de desempenho. Em todas as estruturas projetadas é esperada uma vida útil dentro da finalidade e das condições nas quais foram empregadas. A curva bathtub, mostrada na Figura 1, é usada para descrever a taxa de falhas para muitos componentes da engenharia. Essa curva é resultado de três tipos de falhas: (1) qualidade, (2) sobrecargas e (3) desgaste. No período

inicial têm-se as chamadas falhas prematuras, onde o sistema estrutural apresenta um elevado número de falhas devido aos erros geralmente de execução. Essas falhas são decorrentes de componentes que foram colocados em operação, mas que estão fora das especificações. Assim, essa região tem como ponto central a qualidade do produto, ou seja, a gestão da qualidade é que atua sobre a intensidade da taxa de falhas. No período intermediário a taxa de


“Em princípio, a probabilidade de falhas deve ser considerada para todos os riscos possíveis, incluindo a presença de cargas externas, baixa qualidade dos materiais e também de erros grosseiros”

Figura 1 – Curva típica da taxa de falhas em função do tempo (“Bathtub”)

Fabiano Dallmeyer

falhas tem um comportamento que é praticamente constante, assumindo um valor mínimo. Nesse período as falhas ocorrem de uma maneira totalmente aleatória (falhas por chance), como conseqüência de sobrecargas eventuais que o sistema sofre. O valor da taxa de falhas depende aqui da distância relativa entre os níveis de solicitação e de resistência do sistema. Isso está relacionado com o grau de segurança admitido no projeto do sistema. Essa região corresponde ao período de vida útil da es-

trutura, onde a taxa de falhas é denominada de taxa média de falhas, Tm. Já, para o período final, as falhas são observadas por problemas de manutenção e degradação da estrutura, devido aos fatores climáticos e à mudança de utilização, entre outros.

Figura 2 – Região para a determinação da probabilidade de falha

cidas, por um período de tempo determinado. Para problemas onde o tempo é invariável no processo, isto é, se R(t)=R e S(t)= S, e ambas R e S são variáveis aleatórias, o problema da estimativa da segurança é reduzida à clássica teoria da confiabilidade estrutural. A probabilidade de falha pode ser expressa (Figura 2) como a convolução dada pela expressão para o caso da comparação R (resistência) e S (solicitação), quando estas são consideradas variáveis aleatórias independentes e invariáveis com o tempo. Pƒ = P (R – S ≤ 0) = ∫∫ ƒRS (r,s) drds Ω

CONFIABILIDADE ESTRUTURAL Um dos principais objetivos do projeto de engenharia é a garantia de desempenho do sistema e de bom funcionamento com estão implícitos os riscos e as incertezas, conduzindo a um problema com caráter probabilístico e não apenas determinístico. Em princípio, a probabilidade de falha deve ser considerada para todos os riscos possíveis, incluindo a presença de cargas externas, baixa qualidade dos materiais e também de erros grosseiros. Os carregamentos em silos, devido aos produtos armazenados, são afetados pela natureza aleatória das variáveis envolvidas e têm sido estudados com bastante freqüência na literatura internacional. Uma característica importante na análise de confiabilidade é o tratamento das ações e das resistências como distribuições de probabilidades. Esse conceito está sendo utilizado nas novas normas de ações e de dimensionamento e conduz a níveis satisfatórios de segurança. É importante lembrar que as pressões variam no espaço e no tempo e que os silos são uma das estruturas que apresentam o maior número de ruínas no mundo. A BS 4778:1991 define que a confiabilidade é a capacidade de um item desempenhar satisfatoriamente a função requerida, sob condições de operação estabele-

Onde: ƒRS é a distribuição densidade conjunta bivariada de R e S. Entretanto, se as variáveis são independentes, ƒRS = ƒR . ƒS. A confiabilidade também pode ser expressa através do índice de confiabilidade β, obtido para cada conjunto de distribuição, e é relacionada com a probabilidade de falha Pƒ. A identificação das incertezas no processo é um importante fator para a determinação da confiabilidade estrutural. A identificação das incertezas em sistemas complexos não é uma tarefa fácil.

RISCOS PRESENTES Os riscos estão presentes em todas as atividades da vida humana. Assim, para a adoção de índices de segurança compatí-

RISCOS POSSÍVEIS

N

os silos em geral, esses riscos estão geralmente associados a diversos fatores, como: • Propriedades intrínsecas do produto armazenado; • Geometria; • Operações (com o produto); • Causas naturais (vento, terremotos etc.).

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co de vida e econômico consideráveis (pontes, teatros, hospitais, edifícios altos). A Tabela 2 mostra que quanto mais alto é o valor do índice de confiabilidade β menor é a probabilidade de falha da estrutura e seu valor está associado à classe de risco à qual a estrutura estará submetida em projeto.

Tabela 1 – Taxa de mortes em várias atividades da sociedade, (MACGREGOR, 1976)

ESTUDO DE CASO Para exemplificar e ilustrar a importância da estimativa de confiabilidade no dimensionamento de silos, foram realizadas simulações para um silo exemplo. Essas simulações têm distribuições gaussianas para as ações e resistências, calculando-se somente a confiabilidade devido ao modo de ruptura por tração das chapas laterais corrugadas com a ação das pressões horizontais. Foram adotados, para o mesmo tipo de produto, diferentes parâmetros para mostrar a influência na probabilidade de falha devido à variabilidade nas características do produto. Foi utilizado um silo baixo de fundo plano de relação H / D < 1,5, e adotadas algumas sugestões para o cálculo de pressões horizontais. O dimensionamento foi elaborado segundo as recomendações de combinações para pressões com coeficientes de sobrepressões. Pode-se visualizar na Figura 3 que a probabilidade de falha diminui à medida que o coeficiente de variação diminui, porém, na forma logarítmica. Neste trabalho o coeficiente de variação foi modificado por intervalos igualmente espaçados para os dois parâmetros - ângulo de atrito interno (φi) e peso especifico (γ) do produto. Já para a simula-

Tabela 2 – Índices de confiabilidade (b) recomendados pela Eurocode 1 PrEN 1990:2001, segundo as classes de risco

veis com os riscos inerentes da estrutura, recorre-se a uma análise comparativa de diversas áreas da sociedade, conforme apresentado na Tabela 1. Os riscos podem ser classificados pela sua conseqüência e pelo seu nível de importância, segundo a JCSS (2000): Classe 1 (pequenas conseqüências): Risco econômico e de vida são pequenos (estruturas agrícolas, silos de fazendas e mastros); Classe 2 (conseqüências moderadas): Risco de vida médio e econômico consideráveis (escritórios, residências, apartamentos e silos industriais); Classe 3 (grandes conseqüências): RisÉ importante a escolha de silos que possuam probabilidade de ruína compatível com sua aplicação, conforme o número de operações em sua vida útil

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Fabiano Dallmeyer

Figura 3 – Probabilidade de falha em função da variabilidade da propriedade dos produtos armazenados

ção da variabilidade de resistência, o coeficiente de variação da tensão de escoamento do aço foi mantida constante. Esse procedimento foi utilizado para demonstrar a importância no conhecimento da variabilidade nas propriedades físicas dos produtos armazenados. As simulações mostraram que a probabilidade de ruína está diretamente ligada à variabilidade dos produtos ensilados, como mostrado na Figura 3. Nessas condições fica clara a necessidade de realização de ensaios para a caracterização das propriedades físicas dos produtos armazenados para a estimativa do COV para os principais parâmetros. É possível visualizar que, para o exemplo estudado, os índices de confiabilidade ficaram abaixo dos recomendados pelo EUROCODE 1 PrEN 1990:2001, conforme mostrado na Tabela 2, que para este caso seria de no mínimo de β = 4,2 (Pf = 1,3 . 10-6), pois a análise foi feita com um período de um ano. Uma observação importante diz respeito escolha de silos que possuam probabilidade de ruína compatível com sua aplicação, conforme o número de operações esperadas em sua vida útil, como por exemplo: industriais, semi-industriais e agrícolas (fazendas). Assim, a probabilidade de falha pode ser diferenciada conforme a freqüência de operações esperadas em sua vida útil de operação. M Andrés B. Cheung e Carlito Calil Jr, USP Giovano Palma, FAG


eficiência

Colheita eficiente Além das características de fabricação, fatores como manutenção e logística de apoio à colheita são importantes para aumentar a eficiência das colhedoras e, conseqüentemente, reduzir o custo final de produção

N

a hora de comprar uma colhedora, o produtor sempre questiona: Qual o modelo que colhe mais por dia? O problema é que essa questão não pode ser respondida tão facilmente. Seriam necessários diversos testes práticos com diferentes máquinas colhendo na mesma condição de terreno, em lavouras de igual produtividade e mesma variedade de planta etc. Além disso, seria necessário trocar os operadores, visto que estes têm uma responsabilidade muito grande no rendimento final da colhedora. Talvez o mais adequado fosse perguntar: Quais os modelos de colhedora que atendem à necessidade da minha lavoura? Essa pergunta sempre vai ter mais de uma resposta, e, neste caso, o produtor só precisa escolher o modelo ou marca que mais lhe agrada, a melhor condição comercial, a revenda mais capacitada ou o modelo que apresentar o melhor equilíbrio entre todos

esses fatores. Mas como saber se uma colhedora vai atender às necessidades de uma determinada lavoura? A resposta para essa pergunta

exige uma avaliação criteriosa de diversos fatores, dentre os quais a velocidade de colheita, a largura de corte e, principalmente, a eficiência da colheita.

Em uma colheita ideal, a produtividade da lavoura, a largura de corte e a velocidade da colhedora já nos diriam quanto colhe por hora um determinado modelo

Massey Ferguson

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O sistema de armazenamento e descarga é o que exerce maior influência sobre a eficiência da colhedora

minutos de deslocamentos), isso significa que, em um ciclo de 26 minutos (enchimento + descarga), somente 21 minutos são produtivos. Então: 21min/26min x 100 = 80,76%

Portanto, considerando apenas a operação de descarga parada, a eficiência já cai para 80,76%. Se imaginarmos um talhão quadrado com 1 mil x 1 mil metros, totalizando cem hectares, podemos estimar o tempo perdido em manobras em cada ciclo. Em 21 minutos, tempo de enchimento do tanque, a colhedora anda 2,1 mil metros, se estiver colhendo a 6 km/h. 6 mil m : x = ? então x = 6 mil m x 21 min = 2,1 mil m 60 min : 21 min 60 min

EFICIÊNCIA DE COLHEITA Em uma colheita ideal, somente a produtividade da lavoura, a largura de corte e a velocidade da colhedora já nos diriam quanto colhe por hora um determinado modelo. Vejamos no seguinte esquema: Neste exemplo, a colhedora tem uma capacidade teórica de 228 sacos por hora, porém não está sendo considerado no cálculo o tempo perdido em manobras, nos deslocamentos até o ponto de descarga, na descarga propriamente dita, no retorno até o ponto de colheita e em quaisquer outras paradas que se façam necessárias durante a operação. É justamente neste ponto que entra o

DECISÕES GERENCIAIS

O

utros pontos que influenciam na eficiência são, na verdade, decisões gerenciais do administrador da lavoura: • A colocação de caminhões ou reboques graneleiros para descarga sempre próximos à frente de colheita reduz o período de deslocamento da colhedora para descarga; • A opção pela descarga em movimento (sempre que possível) representa eliminação de diversas paradas, mas exige um bom acerto entre os operadores do trator e da colhedora.

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conceito de eficiência de colheita. Quanto menos tempo a colhedora ficar parada, maior será sua eficiência. Algumas características das colhedoras são importantes para melhorar a eficiência: • Um tanque graneleiro maior significa menor número de descargas; • Um tubo de descarga com maior vazão significa paradas mais curtas; • Uma boa manobrabilidade significa menor perda de tempo nas cabeceiras. Além disso, também interferem na eficiência a habilidade do operador e o tamanho e formato do talhão. Um operador que perde muito tempo em manobras ou que provoque paradas, por exemplo, com “embuchamnetos”, vai reduzir a eficiência da colheita, bem como talhões pequenos ou muito recortados, que exigem um grande número de manobras. Algumas colhedoras modernas, equipadas com sensor de rendimento, facilitam a elaboração dos talhões, de forma que no momento da manobra a colhedora esteja sempre com o tanque cheio.

CÁLCULO DE DESEMPENHO Considerando-se a mesma colhedora do primeiro exemplo, que têm uma capacidade teórica de 228 sc/h: se ela tiver um tanque graneleiro com capacidade para 80 sacos, ela vai encher este tanque a cada 21 minutos, aproximadamente. Se cada parada para descarga gastar cinco minutos de tempo (dois minutos de descarga + três

Se a cada 1 mil metros o operador tem que fazer uma manobra, então, para cada enchimento de tanque, são necessárias duas manobras. Considerando-se que uma operação de manobra demora em média dez segundos, então, para cada 21 minutos de colheita, são necessários 0,33 minutos (20 segundos) para manobras, além dos cinco minutos necessários para descarga. Sendo


“Em uma colheita ideal, somente a produtividade da lavoura, a largura de corte e a velocidade da colhedora já nos diriam quanto colhe por hora um determinado modelo” Fotos Massey Ferguson

Apenas para efeito de comparação, podemos calcular que esta mesma colhedora, se tivesse 100% de eficiência, daria conta de 37,5 hectares/dia. Se, devido a um problema técnico, a colhedora ficasse inoperante por um dia, ela levaria, então, 34,3 dias para finalizar a colheita dos mil hectares, isso significa uma queda na produtividade diária para 29,15 hectares/dia. Então:

Uma boa logística de descarga é fundamental para boa eficiência

assim, serão gastos 26,33 minutos em cada ciclo de colheita e descarga, portanto a eficiência vai ficar em: 21 min/26,33 min x 100 = 79,76%

O que se nota nesta análise é que a operação de descarga é muito mais influente na redução da eficiência do que as manobras de cabeceira. Mesmo em um talhão muito mais recortado, onde o número de manobra em cada ciclo fosse o dobro do usado neste exemplo, o tempo perdido na descarga seria 7,5 vezes maior que nas manobras e representaria uma redução de 18,75%, enquanto as manobras representariam uma redução de 2,5%.

29,15 ha/ dia / 37,5 ha / dia x 100 = 77,73%

A manutenção preventiva pode evitar paradas não programadas

MANUTENÇÃO DA COLHEDORA Um outro fator que é de extrema importância quando se fala em eficiência é a manutenção da colhedora; uma parada não programada durante a colheita vai significar uma redução muito grande no tempo efetivo de colheita. Por exemplo, uma colhedora com plataforma de 25 pés (7,6m), que opere a 6km/h com uma eficiência de 80%, vai colher aproximadamente 30 hectares por dia, nesta condição, seriam necessários 33,3 dias para colheita total de uma lavoura de mil hectares.

Se a parada fosse de dois dias, ou se houvesse duas paradas de um dia cada, a queda seria ainda maior, deixando a eficiência em 75,5%, isso nos mostra o quanto é importante manter a colhedora em boas condições e ter sempre um estoque das principais peças de desgaste da máquina na lavoura.

LOGÍSTICA DE APOIO Com os cálculos e considerações acima, pode-se notar o quanto é importante definir bem a logística de apoio à colheita, adequando corretamente o número e o posicionamento dos caminhões ou reboques para descarga, visando manter a colhedora o maior tempo possível em operação. Além disso, avaliamos o quanto uma parada não programada pode influenciar na eficiência global da colhedora. Em muitas lavouras uma eficiência baixa pode significar a necessidade de uma colhedora de maior porte, certamente mais cara e com custo operacional maior. Em lavouras muito grandes, onde a colheita é feita por diversas colhedoras simultaneamente, a busca pela eficiência pode representar a utilização de um número menor de máquinas, reduzindo a mão-de-obra envolvida, os gastos com manutenção e o consumo de combustível. Resumidamente, podemos dizer que quanto maior for a eficiência, menor vai ser o custo final por saca M colhida pelo produtor. Paulo Verdi, AGCO do Brasil

Para Paulo, em lavouras muito grandes, uma boa eficiência pode representar o uso de um menor número de máquinas na colheita

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Fotos Arno Dallmeyer

Farm Progress Show 2006

A A edição edição 2006 2006 do do itinerante itinerante Farm Farm Progress Progress Show foi realizada em em Amana, Amana, Iowa Iowa (EUA), (EUA), um um dos dos três três principais principais estados estados nortenorteamericanos que compõem o famoso Cinturão do Milho americanos que compõem o famoso Cinturão do Milho

A

contece todos os anos nesta época. Esta foi a 53ª edição. O Farm Progress Show ocorreu neste ano em Amaná, no estado de Iowa. O evento é itinerante, por três dos principais estados do Cinturão do Milho, o famoso Corn Belt. Embora se estenda desde o Sul de Minnesota, Sudeste de South Dakota, Leste de Nebraska, Norte de Kansas, Norte de Missouri, Indiana e Oeste de Ohio, o Corn Belt está centrado em Iowa e Illinois. O foco no Farm Progress Show, portanto,

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não poderia ser outro que não milho. A produção esperada de mais de 200 milhões de toneladas e a rápida mudança do uso do cereal, com a produção de etanol, incrementam os negócios e a oferta de tecnologia e de produtos ajustados à agricultura local. A magnitude do evento, com mais de 400 expositores, bem como a diversidade de produtos e serviços disponibilizados, trazem cerca de 200 mil visitantes - significativa participação de estrangeiros, especialmente da América Latina - em três dias de evento. Veja algumas im-

pressões de nossa visita.

DUAS VERTENTES A agricultura norte-americana tem se dividido em duas vertentes nos últimos anos. Com menos de 2% da população vivendo no campo, as propriedades vêm se tornando cada vez mais profissionalizadas e crescendo em tamanho. Isto enseja, conforme pode ser verificado nas imagens que colhemos no evento, a fabricação de máquinas cada vez maiores e mais sofisticadas. Quanto menos mão-de-obra envolvida nas


“Uma feira que vale a pena ser visitada, seja para conhecer novas e avançadas tecnologias, seja para conhecer as tendências do agronegócio norte-americano”

da terra, existe uma tenda específica para o artesanato e produtos caseiros.

CONCLUSÃO Uma feira que vale à pena ser visitada, seja para conhecer novas e avançadas tecnologias, seja para conhecer as tendências da agricultura e do agronegócio norte-americano em geral.

O Farm Progress Show, com mais de 400 expositores, bem como a diversidade de produtos e serviços disponibilizados, traz cerca de 200 mil visitantes a cada edição

operações, melhor. De outro lado, existe uma crescente demanda de máquinas pequenas, menos específicas, baratas, para servir aos weekend farmers, pessoas que têm suas atividades nas cidades, mas que aos finais de semana vão às propriedades para exercer a agricultura em pequena escala. Isso explica tratores e demais máquinas de pequeno porte, bastante numerosos na Feira.

TRATORES Muitas das mais conhecidas marcas mundiais estão representadas no evento. O visitante se depara com os japoneses da Kubota, os chineses que aparecem travestidos de americanos, com os Montana, os ingleses McCormick, os indianos Mahindra. Dos americanos, aparecem os impressionantes Challenger; a família AGCO, com os AGCO, Massey Ferguson e Valtra; os John Deere; os Case e New Holland, da família CNH, embora em estandes separados. Vários fabricantes de material de reposição, como esteiras de borracha e pneus, além de peças mecânicas, lubrificantes e acessórios, são encontrados.

COLHEDORAS Repete-se o espetáculo dos tratores, com os grandes fabricantes locais e internacionais desfilando sua maiores e mais sofisticadas máquinas. A Claas, com sua Lexion, comercializada no país pela Caterpillar. A Challenger, com cores e identidade de Caterpillar, mas por acordos comerciais ligada à AGCO. A AGCO com suas famílias de Massey Ferguson e Gleaner. A

As carretas graneleiras estão ficando maiores, com capacidade de até 35 mil litros, dois eixos e rodas direcionais

Arno Dallmeyer, UFSM O autor viajou a convite da Agritours Brasil

John Deere com suas gigantescas STS, e a Case IH com suas Axial Flow, sem esquecer das New Holland. Embora várias dessas máquinas sejam com sistema de trilha tangencial, mostrase claramente a tendência da participação sempre maior dos rotores axiais no mercado.

IMPLEMENTOS A agricultura americana utiliza vários níveis de tecnologias, por isso são encontrados desde equipamentos para preparo convencional do solo até semeadoras de plantio direto. Sempre maiores, com grandes capacidades de trabalho.

GRANELEIROS Com o crescimento do tamanho das colhedoras e a necessidade de escoamento rápido da colheita, as carretas graneleiras estão ficando sempre maiores. Atualmente os maiores exemplares mostrados no Farm Progress Show têm capacidade de 35 mil litros. Com dois eixos e rodas direcionais.

DINÂMICAS DE CAMPO Um dos pontos altos do Farm Progress Show são as demonstrações de campo, divididas em preparo do solo, semeadura e colheita. Nesta edição, em função de chuvas ocorridas na véspera, as demonstrações de preparo do solo e de semeadura foram suspensas. Em compensação, intensificou-se a visitação às dinâmicas de colheita, demonstrando todas as colhedoras e seus acessórios disponíveis na feira. Um show à parte!

OUTROS SEGMENTOS Visando atender a todas as necessidades dos produtores, fornecedores variados se fazem presentes: fabricantes de instalações para pecuária, galpões, material para fenação e forragem, informática, fertilizantes, serviços educacionais etc. Marcaram presença quatro dezenas de produtores de sementes de milho, a maioria destas apresentando modificação genética para a proteção contra insetos ou herbicidas. No afã de resgatar e consolidar os valores

Nas colhedoras, grandes fabricantes locais e internacionais desfilaram suas máquinas

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Melhores da Terra

Case IH

Os 11 melhores

A 24ª edição do Prêmio Gerdau Melhores da Terra teve como vencedores nove máquinas e equipamentos agrícolas e dois trabalhos científicos

D

e um total de 92 inscritos na edição 2006 do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, 11 foram vencedores, entre eles nove máquinas e equipamentos agrícolas e dois trabalhos científicos. Dos participantes, 31 se inscreveram na categoria Destaque, 26 na categoria Pesquisa e Desenvolvimento e 35 na categoria Novidade. A cerimônia de premiação aconteceu no final do mês de agosto, na sede da Gerdau Riograndense, em Sapucaia do Sul (RS), paralela a 29a Expointer.

(Buenos Aires, Argentina), levou um dos dois troféus Prata com o Acoplado Tolva Autodescargable 15000 l/Modelo XXI Euro. A máquina é utilizada para o transporte de cereais na lavoura e facilita a logística de movimento dos produtos no campo. Além disso, reduz o tempo necessário para o trans-

porte, pois descarrega a carga enquanto o equipamento ainda está em movimento. A Indústria de Implementos Agrícolas Siltomac Ltda., de São Carlos (SP), também foi reconhecida com o troféu Prata. A Misturadora de Ração Total-Automatizada Modelo Estacionário se destaca pela eleva-

OS VENCEDORES Cinco equipamentos foram premiados na categoria Destaque. Nesta edição, foram concedidos dois prêmios especiais para Novas Tendências. O troféu Ouro foi conferido à colhedora Case IH Axial-Flow Modelo 2388, da empresa CNH Latin América Ltda., de Curitiba (PR). Essa máquina permite a colheita do feijão em escala, por colher de forma direta os grãos, o que representa um avanço tecnológico na colheita dessa cultura. A utilização desse equipamento resulta em uma colheita de grãos de alta qualidade, livre de danos e impurezas. Uma empresa argentina, a Indústrias Metalúrgicas Cestari, localizada em Colón

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A Planner 710 Canavieira da GTS destacou-se pela qualidade do seu processo de fabricação e por apresentar um sistema hidráulico diferenciado


“De um total de 92 inscritos na edição 2006 do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, 11 foram vencedores, entre eles nove máquinas e equipamentos agrícolas e dois trabalhos científicos” Fotos Vilso Júnior Santi

da capacidade operacional, que permite ao produtor misturar componentes da ração para alimentar até 15 mil animais, eliminando a necessidade de utilização de equipamentos adicionais. O Troféu Novas Tendências foi entregue para dois equipamentos que atendem às necessidades geradas pelo novo contexto da agricultura brasileira, com a expansão da cultura de cana-de-açúcar para novas áreas, antes destinadas ao plantio de grãos. Foram premiadas a colhedora de cana Santal Tandem, da Santal Equipamentos S.A. Comércio e Indústria, de Ribeirão Preto (SP), e o Uniport 3000 NPK Canavieiro, da Máquinas Agrícolas Jacto S.A., de Pompéia (SP). A colhedora Santal Tandem é equipada com um sistema de rodas inovador para essa categoria, o Tandem. Esse sistema incorpora as vantagens das esteiras metálicas e dos pneus simples, oferecendo estabilidade longitudinal e distribuição homogênea do peso da máquina no solo. Essas características permitem maior facilidade de manobras na lavoura. Já o Uniport 3000 NPK Canavieiro é um veículo distribuidor de fertilizantes sólidos com características únicas no país. O equipamento, ainda novo no mercado, permite a realização de aplicações, aliando três fatores essenciais: ampla variação de doses, taxas variadas e alta velocidade. Essa configuração, associada ao elevado vão livre entre a máquina e o solo, possibilita a aplicação dirigida nas linhas de cana-de-açúcar, independente da altura da planta em seu estágio intermediário de crescimento. Na categoria novidade, o Troféu Ouro foi para a Semeadora PH3 Hydro, um equipamento inovador voltado para o segmento da agricultura familiar. O seu diferencial é a utilização de tecnologia de ponta em uma máquina de pequeno porte, aliando qualidade e facilidade das operações. O equipamento é fabricado pela Semeato S.A. Indústria e Comércio, localizada em Passo Fundo (RS). Uma das vencedoras do Troféu Prata, a Planner 710 Canavieira, destaca-se pela excelência de seu projeto, que alia qualidade do processo de fabricação e um sistema hidráulico diferenciado. Essas características dão à máquina mobilidade na lavoura, proporcionando ao operador uma variedade maior de manobras e movimentos. O equipamento é fabricado pela GTS do Brasil Ltda., de Lages (SC). O pulverizador de defensivos agrícolas Porter 800ST, fabricado pela Kuhn Metasa, de Passo Fundo (RS), é outro premiado com o Troféu Prata. Apresenta, entre outros atri-

O Prêmio Especial da categoria Novidade foi entregue ao Pulverizador Cosmo H 4.0 da PLA

Na categoria Novidade, o Troféu Ouro foi para a Semeadora PH3 Hydro, voltada à agricultura familiar

butos, conformidade com normas técnicas nacionais e internacionais. Além disso, a qualidade de fabricação, reconhecida pelo acabamento da máquina, e o preço acessível tornaram o equipamento usual no segmento da agricultura familiar. O Prêmio Especial da categoria Novidade é entregue para o Pulverizador Cosmo H 4.0, da PLA Máquinas Pulverizadoras e Fertilizadoras Ltda. A empresa argentina, com filial em Canoas (RS), é reconhecida pela ampliação de sua capacidade industrial no exterior. A PLA instalou-se no Brasil com o foco de produzir pulverizadores para grandes áreas e atender ao mercado do Mercosul e da Europa. Na categoria Pesquisa e Desenvolvimento em nível profissional, foi premiado o estudo do “Instituto de Ingenieria Rural” da Argentina, “Costo Maq - Nueva versión 1.1: Software para la gestión integral de la maquinaria agrícola”, realizado pela pesquisadora Lídia Beatriz Donato (Buenos Aires, Argentina). O programa é de fácil navegação, ideal para gerenciar o desempenho das máquinas no campo, o que permite ao produtor rural um melhor controle técnico dos equipamentos e redução de custos. O software possibilita a criação de uma base de dados sobre a lavoura com informações sobre máquinas, implementos, insumos, infra-estrutura e mão-de-obra. Os dados são levantados e armazenados e podem ser atualizados a qualquer momento. O trabalho vencedor no nível estudante foi o Sistema Automático de Baixo Custo para Condução Racional da Aeração de Grãos de Milho em Pequenas Propriedades, desenvolvido pelo estudante Ariangelo Hauer Dias, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR), e pelo orientador Antoni Martin Biaggioni, da Universidade Estadual Paulista (SP). Com o objetivo de disponibilizar uma solução eficiente e econômica

para o gerenciamento de silos de médio e pequeno porte, foi desenvolvido um sistema automático para controlar a aeração. Esse fator é essencial para manter a qualidade dos grãos de milho armazenados. M

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Fotos Arno Dallmeyer

A vez do “Bad Boy” A

cidade de Fraiburgo, em Santa Catarina, abriu nos dias 9 e 10 de setembro a temporada 2006 do Campeonato Brasileiro de Arrancada de Tratores, com a disputa do GP Vipal. A temporada é promovida e organizada pela HSJ Desenvolvimento, com patrocínio da Vipal e da Firestone, com supervisão da Federação de Automobilismo de Santa Catarina (Fauesc). A temporada 2006 começa com a presença de todos os campeões, equipes mais bem estruturadas e disputa entre duas mulheres. O piloto Alexander “Bad Boy” Schweinberger sagrou-se vencedor do GP Vipal de Arrancada de Tratores na pista de arrancada de Fraiburgo, em Santa Catarina. O piloto de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, conquistou a primeira vitória em seu quarto ano na categoria. Pilotando um trator equipado com motor Ford, Alexander derrotou na final Ivan Schanoski, de Maripá, cidade vizi-

por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br

Fraiburgo abre a temporada do Arrancadão de Tratores Fotos Vanderley Soares/Divulgação

nha a Marechal Cândido Rondon. Ivan quebrou o câmbio na metade da prova, depois de ter largado na frente. Depois de seis baterias classificatórias, a semifinal foi formada pelos seis melhores tempos, contando com os pilotos Armando Boldrin, Irani “Nica” Kreutz, Alexander “Bad Boy” Scwheinberger, Emílio Tavares, Dorval Conci Júnior e Ivan Schanoski. Os destaques ficam por conta de Emílio Tavares, que, com 54 anos,

estreou no Arrancadão de Tratores em Fraiburgo, já garantindo presença na semifinal, e Nica, que chega pela primeira vez a uma semifinal. Depois de competir todos contra todos na semifinal, Alexander Scwheinberger e Ivan Schanoski se classificaram para a final, enquanto que Dorval Conci Júnior e Armando Boldrin foram para a disputa do terceiro lugar, com Armando, campeão brasileiro de 2003, levando a melhor sobre Dorval Conci, campeão brasileiro de 2004. Na grande final do dia, Alexandre, mesmo não largando bem, derrotou Ivan Schanoski, atual campeão brasileiro. Ele já vinha enfrentando problemas com o câmbio desde a segunda largada da semifinal e quebrou na metade da pista. Alexander Scwheinberger dedicou a vitória ao público e à sua equipe, que trabalhou muito durante todo o final de semana para que seu trator fosse competitivo.

Estreante capota no Arrancadão

A

s emoções da abertura da temporada 2006 do Arrancadão de Tratores começaram já no final da tarde de sábado, em Fraiburgo (SC), onde foi disputado o GP Vipal. A estreante na categoria, Darli Drisner, da equipe Cobra Racing, capotou seu trator a dez metros da linha de chegada. O acidente foi causado pelas irregularidades existentes no meio da pista. Os tratores pulam muito, criando dificuldades para a maioria das equipes. O trator de Darli deu dois giros no ar, bateu no guard-rail e caiu em cima da pista. A equi-

pe de socorro foi rápida, e em 20 segundos o Corpo de Bombeiros já atendia a piloto, que foi retirada do trator e levada para o Hospital Divino Espírito Santo. Depois de uma bateria de exames, a equipe médica constatou que Darli não sofreu qualquer ferimento. Somente teve uma unha quebrada. Segurança: Heinz Schreiber Júnior, diretor da HSJ Desenvolvimento, acentua que a segurança foi impecável. “Todos os itens de segurança funcionaram perfeitamente. O acidente foi muito violento, e o santo-antônio não mexeu um milímetro”, destaca.

Resultado final do GP Vipal de Fraiburgo de Arrancada de Tratores 1º) Alexander Scwheinberger (Marechal Cândido Rondon-PR) 2º) Ivan Schanoski (Maripá-PR) 3º) Armando Boldrin Júnior (Toledo-PR) 4º) Dorval Conci Júnior (Maripá-PR) 5º) Irani “Nica” Kreutz (Maripá-PR) 6º) Emílio Tavares (Tupãssi-PR) A Equipe do Esporte Trator agradece o prestimoso apoio da assessoria de imprensa da HSJ Desenvolvimento - jornalista Luiz Aparecido da Silva.

Agenda Não-Me-Toque (RS) sedia o segundo GP do ano nos dias 7 e 8 de outubro, e Maripá (PR) encerra a temporada nos dias 11 e 12 de novembro.

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