Destaques Matéria de capa
Colheita seletiva Por que a colheita seletiva, mais rápida e eficiente, surge como alternativa tecnicamente recomendável e economicamente viável para o café
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Quando reduzir
Força disponível
Saiba quando o cultivo de milho em espaçamento reduzido, que exige a aquisição de novas plataformas para a colheita, apresenta vantagens do ponto de vista econômico
Para a adequação trator-implemento deve-se levar em consideração a potência disponível na barra de tração e não a potência nominal do motor
Índice
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Nossa Capa Massey Ferguson
Rodando por aí
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Manutenção passo-a-passo
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Biocombustível
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Colheita seletiva de café
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Confiabilidade x disponibilidade
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Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com
Colheita de milho em espaçamento reduzido 16
Perdas na colheita de cana
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Projeto Saúde e Informação
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Potência na barra de tração
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Vitrine Randon 2007
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Esporte trator
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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Técnica 4x4
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Números atrasados: R$ 15,00
Cultivar Máquinas Edição Nº 57 Ano VI - Outubro 06 ISSN - 1676-0158
www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00
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Gilvan Quevedo • Redação
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Schroder O município de Luis Eduardo Magalhães (BA) foi contemplado com uma edição inédita do Curso para Usuários de Aviação Agrícola, ministrado pela Schroder Consultoria, empresa especializada em Tecnologia de Aplicação, sediada na cidade de Pelotas (RS). Com o objetivo de atualizar agricultores e técnicos sobre as mais modernas tecnologias, para que as aplicações aéreas sejam eficientes e de baixo custo, o curso já foi realizado no RS, MT e em SC, reunindo profissionais das culturas de arroz, soja, algodão, trigo, milho e pastagens.
Massey Ferguson A MF realizou o lançamento regional do MF 8480 em Chapadão do Sul (MS). O trator, fabricado na França, é ideal para os serviços pesados nas grandes propriedades de cana, grãos, algodão e pecuária. O motor diesel SISU, com potência de 270 cv, tem gerenciamento eletrônico de alta capacidade que proporciona potência e torque elevados. Um computador de bordo gerencia todas as funções da máquina. Mas seu grande diferencial é a transmissão Dyna-VT por variação contínua, com duas faixas de velocidade.
Perkins A Perkins Motores do Brasil acaba de receber a Certificação MRP-II Classe A (Manufacturing Resource Planning), concedida pela Oliver Right. Para ser uma empresa classe A, itens como desempenho de entrega de fornecedores, acurácia de inventário, programação mestre de produção e atendimento ao cliente, envolvendo toda a cadeia, desde o recebimento do pedido até a entrega do produto, precisam atingir índices superiores a padrões mundiais.
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Goodyear
FSNT O Colégio Técnico Agrícola de Pompéia, mantido pela FSNT - Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia – e pelo Grupo Jacto, vai abrir inscrições para o processo seletivo de 2007, de novembro de 2006 a 20 de janeiro de 2007. As vagas são limitadas, e o exame será realizado no dia 27 de janeiro, às 7h30 nas instalações da FSNT. Para se inscrever, é preciso ser do sexo masculino, ter idade até 17 anos e o Ensino Fundamental concluído. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (14) 3452-2033/3452-2034/3452-2035, ou ainda pelo e-mail diretoria@nishimura.com.br.
Metal Busch O clube dos fabricantes de máquinas e implementos agrícolas do Rio Grande do Sul sofreu recentemente uma grande perda. Faleceu em 27/ 09, Paulo Roberto Busch, sócio-proprietário da Metal Busch Ltda., que fabrica os pulverizadores autopropelidos Power Jet. A empresa, com sede em Carazinho (RS), foi pioneira na fabricação/adaptação de pulverizadores autopropelidos no estado e em muito já contribuiu para o aprimoramento técnico da aplicação de defensivos em nível de campo.
Paulo Busch
Santal Edson Stefani é o novo gerente comercial da Santal Equipamentos S/A, com sede em Ribeirão Preto (SP). Stefani trabalhou 15 anos na Valtra, de onde saiu, quando ocupava a presidência da filial da empresa no México, para assumir o cargo de gerente de Comércio Exterior da Montana, em Curitiba (PR), função que exerceu nos dois últimos anos. A Santal está há 45 anos no mercado e é a única empresa com tecnologia 100% brasileira a produzir colhedoras de cana e uma das cinco fabricantes em todo o Edson Stefani mundo.
Case IH Oito funcionários da unidade paranaense da Case IH, fabricante de máquinas e equipamentos agrícolas, fizeram parte da equipe de resgate no Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, edição 2006. O trabalho esteve concentrado na operação de oito tratores da linha MXM Maxxum - fabricados pela Case IH - durante os treinos e na corrida. Mesmo sendo o terceiro ano de participação da marca no GP, os operadores obrigatoriamente fizeram um treinamento exigido pela FIA. O grupo teve a função de remover os carros que sofrem acidente ou apresentam algum problema e não podem continuar na pista.
Gerdau Até o ano de 2022, 98% das crianças e adolescentes entre quatro e 17 anos estarão na escola. Esse é um dos desafios da iniciativa Todos pela Educação, lançada em São Paulo, com apoio do Grupo Gerdau, através do Instituto Gerdau. A ação tem como objetivo aumentar a qualidade da educação no Brasil por meio de metas educacionais: alfabetização de todas as crianças com até oito anos de idade; 60% dos alunos matriculados nas séries apropriadas para a sua idade; conclusão do ensino médio por 70% dos jovens até os 19 anos; conclusão do ensino fundamental por 80% dos jovens com 16 anos; além do aumento nos investimentos em educação de 3% Jorge Gerdau para 5% do PIB.
Gates A Gates, que no Brasil iniciou suas atividades em 1968, fabricando correias de transmissão de força, conta atualmente com nova responsável pelo desenvolvimento de negócios no setor de correias industriais e agrícolas. Suzam Petter assumiu recentemente a função. John Deere, Cameco, AGCO, Case, New Holland são alguns dos clientes da empresa que já completam seus projetos com os produtos agrícolas Gates. Tanto correias quanto mangueiras são usadas nas colhedoras e tratores fabricados por essas montadoras.
Suzam Petter
A Goodyear comemora 87 anos de instalação no Brasil. O início das atividades ocorreu em 1919, e em 1939 a primeira unidade industrial começou a funcionar no bairro do Belenzinho, em São Paulo. Sua segunda fábrica foi inaugurada em 1973, em Americana, interior de São Paulo. Hoje a empresa conta com 4,4 mil funcionários, em sete unidades industriais. A Goodyear fabrica pneus para automóveis, caminhões, camionetas (radiais e convencionais), aviões, entre outros.
John Deere A SLC Agrícola e a John Deere firmaram um acordo comercial inédito de fornecimento de peças e serviços. O contrato, assinado por Arlindo Moura, presidente da SLC Agrícola, e Jim Martinez, diretor presidente da John Deere para América do Sul e Caribe, define uma parceria na qual a montadora e seus concessionários asseguram condições especiais de fornecimento de peças e de prestação de serviços de manutenção para os equipamentos da SLC Agrícola. A empresa, que faz parte do grupo SLC, possui 102 mil hectares dedicados ao agronegócio.
Valtra Com forte presença nas lavouras de cana, devido à eficiência e a robustez de seus tratores, a Valtra também se destaca no setor florestal brasileiro. Nascida na Finlândia, a empresa desenvolveu seus primeiros tratores para os trabalhos na floresta. Embora atualmente a linha Valtra seja largamente utilizada em todas as atividades agrícolas, a vocação florestal continua. Prova disso é que cerca de 60% dos tratores usados nas áreas de reflorestamento no Brasil são modelos Valtra.
passo-a-passo
Arrefecimento Nos tratores agrícolas a correta manutenção do sistema de arrefecimento é item fundamental à durabilidade e ao bom funcionamento do motor NÍVEL DE ÁGUA
Fotos Vilso Júnior Santi
Sempre antes de dar a partida no motor e/ou a cada dez horas de trabalho, verifique o nível do líquido de arrefecimento do radiador. Remova a tampa e, se necessário, complete-o. Em alguns modelos o sistema de arrefecimento possui tanque de expansão ou compensação (circuito selado). Nesse caso o nível de água deve sempre estar entre as duas marcas - de máximo e de mínimo. O objetivo do circuito selado é evitar ao máximo a perda de líquido na forma de vapor, pela tampa. O aumento e a diminuição do volume de água, em função do aquecimento resfriamento, respectivamente, é compensa-
P
ara manutenção adequada do sistema de arrefecimento, o que vai implicar no bom funcionamento do motor e no correto desempenho da máquina no campo, uma série de procedimentos e/ou pontos devem ser observados. Na seqüência os principais deles serão enumerados, a fim de que o produtor rural possa extrair do seu equipamento a máxima eficiência nas operações que irá realizar no campo.
LIMPEZA EXTERNA O acúmulo de impurezas nas colméias e aletas do radiador dificulta a circulação do ar
de arrefecimento, o que pode provocar o superaquecimento no motor. Por isso, sempre que necessário faça uma limpeza externa do radiador. Em alguns modelos, temos juntos o radiador de óleo da transmissão e, nos tratores cabinados, o condensador. Para limpar os radiadores, afaste a grade frontal, desloque e/ ou bascule o radiador de água e de óleo e aplique jatos de ar comprimido ou jatos de água no sentido inverso ao do fluxo do ar. Se utilizar água sobre pressão, não utilize pressão muito alta: esta poderá danificar as aletas, principalmente do condensador, mas faça sempre uma limpeza rigorosa.
Para limpeza externa, afaste a grade frontal e aplique jatos de ar comprimido no radiador
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o trator em local adequado e desligue o motor; remova a tampa do radiador ou do tanque de expansão e solte as mangueiras inferiores do radiador. Remova também os bujões do bloco do motor e deixe escorrer todo o líquido. Depois faça circular água sobre pressão no bloco do motor e no radiador. Na seqüência reinstale os bujões no bloco e reconecte as mangueiras no radiador. Lembre-se de verificar as condições da tampa de vedação, na dúvida, troque sempre por outra original, é seguro e tem garantia. Por último, abasteça o sistema com água limpa, juntamente com o aditivo à base de etileno-glicol na proporção de uma parte de aditivo e duas de água.
VÁLVULA TERMOSTÁTICA
Sempre verifique o nível do líquido de arrefecimento antes de dar a partida no motor
do pelo reservatório de expansão. Como benefício, esse sistema exige a correção do nível de água do radiador com menor freqüência em circuitos bem conservados, que utilizam aditivos na água e no motor e que não apresentem problemas na bomba d’água. Em conseqüência disso, o aditivo anticorrosivo se conserva por mais tempo, já que não ocorre diluição da mistura, pelo acréscimo de água.
LÍQUIDO DE ARREFECIMENTO A cada mil horas de trabalho e/ou anualmente (o que ocorrer primeiro), troque o líquido de arrefecimento. Para melhor escoar o líquido, execute o procedimento na temperatura de trabalho. Para isso coloque
A válvula termostática, junto com a tampa do radiador, controla a temperatura de funcionamento do motor. Tanto as temperaturas internas muito elevadas quanto as muito baixas são prejudiciais ao motor, pois podem gerar problemas de lubrificação e, portanto, o desgaste de partes críticas como anéis, pistões, camisas e virabrequim. No funcionamento, logo que o motor atinge a temperatura ideal de trabalho, o termostato se abre, permitindo a passagem de água para o radiador. Motores de seis cilindros possuem geralmente duas válvulas termostáticas. Essa válvula tem a função de impedir que o motor trabalhe frio por muito tempo após a partida. Ela bloqueia a circulação de água através do radiador, fazendo com que a água circule somente no interior do bloco do motor, assim, o aquecimento ocorre mais rapidamente.
TAMPA DO RADIADOR A tampa do radiador controla a pressão da água do sistema de arrefecimento. A pressão é importante, pois retarda o ponto de fervura da água. Ao operar o trator com uma tampa danificada ou inadequada, o motor pode superaquecer, pois a água ferve em tempera-
Na temperatura de trabalho, mas com o motor desligado, remova a tampa do radiador, solte as mangueiras inferiores e retire os bujões do bloco do motor para trocar o líquido de arrefecimento
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tura menor, ocasionando temperaturas elevadas no conjunto. Além do risco de danos internos no motor, pode ocorrer também a corrosão nas galerias de circulação de água. Quando não é utilizado o aditivo anticorrosivo junto com a água, esse problema é ainda mais acentuado. A válvula da tampa do radiador é projeta-
No sistema, a bomba d’água tem a função de fazer o líquido de arrefecimento circular pelo motor
“No funcionamento, logo que o motor atinge a temperatura ideal de trabalho, o termostato se abre, permitindo a passagem de água para o radiador” Fotos Vilso Júnior Santi
SUPERAQUECIMENTO
E
m caso de superaquecimento do motor, tenha cuidado ao remover a tampa. Com luva, ou com a mão envolta em um pano, e com o motor em marcha lenta, solte a tampa até o primeiro estágio para liberar primeiro a pressão. Remova a tampa e, se o nível do líquido de arrefecimento estiver baixo, complete-o acrescentando água limpa aos poucos para evitar choque térmico no motor. Antes de começar o trabalho, elimine a causa que determinou o superaquecimento. Estas podem ser: baixo nível do líquido de arrefecimento; radiador obstruído; correia do ventilador frouxa; trator trabalhando com sobrecarga ou outro problema mais complexo que exija a presença de um mecânico da concessionária.
da para deixar escapar apenas o excesso de pressão do sistema - funcionando como uma válvula de alívio. Além disso, a tampa possui outra válvula menor, que limita a pressão mínima, ou seja, evita a formação de vácuo no sistema - quando a água esfria, a válvula se abre para a entrada da pressão atmosférica, o que reequilibra o sistema.
A válvula termostática e a tampa do radiandor controlam a temperatura de funcionamento do motor
CORREIA DO VENTILADOR Periodicamente verifique a tensão da correia de acionamento do ventilador e, em alguns casos, de acionamento da bomba
d’água – quando este não for feito por engrenagens. A tensão correta é a seguinte: ao pressionar a correia deve haver uma deflexão de 1,0 a 1,5 centímetros. Tensão insuficiente gera patinagem da correia, e tensão excessiva gera desgaste prematuro dos mancais e das correias. Ambas podem comprometer a eficiência do sistema de arrefecimento. Para corrigi-la, solte o parafuso do alternador até obter a tensão correta. No final aperte de volta o parafuso. Em alguns modelos de tratores de seis cilindros, são utilizadas duas correias para o acionamento do ventilador e do alternador – ambas devem ser ajustadas. Porém, nos modelos de quatro cilindros, é utilizada M apenas uma. Colaboração Cimma Ltda.
Verificar a tensão da correia de acionamento do ventilador e da bomba de água também é importante para o correto funcionamento do sistema e da máquina
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biocombustível
Fotos João Paulo A. Rodrigues da Cunha
Combustíveis alternativos
Com a necessidade iminente de se encontrar tecnologias viáveis para substituir o petróleo, a alteração química dos óleos vegetais e/ou a adaptação dos motores aos novos combustíveis despontam como opção. Porém, nesse processo, cuidados devem ser observados para não comprometer a vida útil dos componentes
N
o final do século XIX, o pesquisador francês Rudolf Diesel desenvolveu um motor de combustão interna batizado com seu sobrenome. Naquela época, o motor foi apresentado numa feira em Paris utilizando óleo de amendoim. Posteriormente, a indústria do petróleo desenvolveu um produto similar mais barato, denominado de óleo Diesel, que acabou prevalecendo. No entanto, com a redução das reservas de petróleo e com os problemas de poluição ambiental, houve uma retomada dos estudos dos óleos vegetais em substituição ou em mistura ao óleo diesel. Conceitualmente, nos motores de ignição por compressão se podem utilizar óleo diesel, óleo vegetal ou biodiesel como combustível, entretanto, os moto-
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res atuais foram concebidos para trabalhar somente com óleo diesel. Como os óleos vegetais e o biodiesel apresentam propriedades físico-químicas diferentes do diesel (o biodiesel em menor escala), é preciso reavaliar o funcionamento dos motores, caso se deseje trabalhar com combustíveis diferentes. Um dos principais fatores que influencia o funcionamento dos motores diesel é a qualidade do seu combustível.
ÓLEO VEGETAL Com relação ao emprego do óleo vegetal, trabalhos feitos principalmente na década de 80 já mostravam que poderia haver combustão incompleta, ocorrência de depósito de carvão nos pistões e bicos injetores, falha no sistema de alimentação, contaminação do óleo lubrificante,
aumento da temperatura de funcionamento, redução de potência, aumento de consumo e formação de gases tóxicos. O óleo vegetal apresenta uma viscosidade maior do que o óleo diesel e do que o próprio biodiesel. Isso, junto à pre-
ÓLEOS DIFERENTES • Óleo Diesel: combustível derivado do petróleo; • Óleo Vegetal: óleo obtido a partir de plantas oleaginosas, produzido por pressão ou extração, quimicamente inalterado; • Biodiesel: óleo vegetal modificado quimicamente (reação de um óleo vegetal com um intermediário ativo).
“Em regiões de Goiás e Mato Grosso não é difícil encontrar tratores cheirando a fritura”
sença de glicerina, dificulta a pulverização e queima do combustível, resultando em resíduos no interior do motor. O problema é maior em motores com injeção direta de combustível e com alguns tipos de bombas injetoras rotativas. Com a atual crise na agricultura brasileira, no entanto, alguns produtores passaram a se utilizar, na última safra, de óleo vegetal de soja bruto e filtrado adicionado ao diesel em proporções variadas ou até mesmo puro. A prática tem crescido em regiões de Goiás e Mato Grosso. Não é difícil encontrar tratores “cheirando a fritura”. Em alguns casos, o uso se dá devido a os produtores desconhecerem a diferença entre óleo vegetal e biodiesel, acreditando se tratar do mesmo produto, em outros, por desconhecerem a ação do óleo vegetal no motor. Alguns depoimentos de agricultores têm mostrado aparente normalidade de funcionamento, porém falta subsídio técnico que permita recomendar tal adição em qualquer proporção que seja. Quanto maior for esta, maiores serão os riscos. Em geral, os defensores da utilização do óleo vegetal em motores não adaptados não se baseiam em dados técnicos e em sistemas confiáveis para a aquisição de dados de funcionamento. Avaliar potência, consumo e desgaste de peças em nível de fazenda é bastante difícil. Outro complicador é o período de funcionamento dos motores com os novos combustíveis. Não há dúvidas de que
João Paulo alerta que óleo diesel, óleo vegetal e biodiesel são combustíveis diferentes A maioria dos modelos de máquinas já saem da fábrica certificados para uso de biodiesel em misturas de até 5%
um trator funciona com 100% de óleo vegetal, no entanto, é preciso saber por quanto tempo e com quais conseqüências. Vale a pena correr o risco? Ainda não se tem bem definido o número de horas que um motor poderia suportar trabalhando com este tipo de combustível, não obstante, o custo de se abrir um motor para fazer reparos é bem conhecido pelo produtor.
BIODIESEL Com relação à utilização do biodie-
sel, o panorama é bem mais animador. Trabalhos têm mostrado funcionamento adequado dos motores, em alguns casos com pequeno acréscimo de consumo e redução de potência em proporções de mistura com mais de 50% de biodiesel. Em proporções menores, inferiores a 20%, pouca diferença tem sido sentida no funcionamento dos motores. De qualquer forma, é preciso continuar quantificando o rendimento energético desses combustíveis e o desgaste dos motores a longo prazo com as diferentes proporções. Como o biodiesel pode ser originado de várias matérias-primas, suas características finais podem variar bastante, podendo ocasionar funcionamento inadequado, aumento de consumo etc. A necessidade de alternativas para substituir o petróleo é imperiosa. A solução pode ser a alteração química dos óleos vegetais ou a adaptação dos motores a ele. A tecnologia do biodiesel tem evoluído bastante e já é uma realidade, já a adaptação dos motores ao óleo vegetal, exceção feita a algumas empresas, pouco tem se modernizado. Estudos com novos lubrificantes, temperaturas e pressões de injeção que permitam melhorar a queima do combustível e outras tecnologias que possibilitem a utilização de óleo vegetal bruto ainda não estão disponíveis em grande escala. No entanto, trata-se de uma tecnologia que também M poderá se difundir no futuro. João Paulo A. Rodrigues da Cunha, UFU Um dos principais fatores que influencia o funcionamento dos motores Diesel é a qualidade do seu combustível
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símbolos custos
A
cultura do café de modo geral é uma atividade de elevado custo, sendo que somente as operações de colheita correspondem em média a 40% do custo de produção, além de demandar grande contingente de mão-de-obra. Sem contar que o processo de colheita do café é determinante para a qualidade final do produto, uma vez que o café tem seu preço baseado em parâmetros qualitativos, cujo valor aumenta significativamente com a melhoria da qualidade do produto. No Sul de Minas, maior região produtora de café do país, devido à restrita disponibilidade de mão-de-obra na época da safra, a mecanização das operações da colheita vêm crescendo rapidamente. Esse crescimento teve início em 1996, partindo da necessidade dos produtores de fazerem uma colheita mais rápida e eficiente e das pesquisas desenvolvidas pelo Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras. Hoje a mecanização das operações de colheita já é uma realidade, porém, muitos fatores ainda devem ser analisados e estudados, como a velocidade de trabalho das colhedoras, que influencia diretamente no custo operacional. Normalmente a colheita mecanizada se realiza com uma passada da colhedora. Nessa condição, têm-se empregado velocidades operacionais compreendidas entre 600 a 800 m/h, e vibrações entre 800 e mil ciclos/min, com índice de verde na planta em torno de 20%. Porém, esse processo deixa de colher aproximadamente 15% da produção, sendo
Economia na colheita
Vilso Júnior Santi
As despesas com a colheita do café são as mais significativas na composição dos custos de produção da cultura. Nesse universo a colheita mecanizada seletiva, mais rápida e eficiente, surge como alternativa tecnicamente recomendável e economicamente viável
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“No Sul de Minas, maior região produtora de café do país, devido à restrita disponibilidade de mãode-obra na época da safra, a mecanização das operações da colheita vêm crescendo rapidamente” Fotos Ezequiel de Oliveira
TABELA 1 - Relação dos custos operacionais das máquinas na safra de 2005
Nas lavouras de café a mecanização da colheita é uma prática cada vez mais freqüente
necessária a operação de repasse. Esse repasse normalmente é feito de forma manual, juntamente com varrição e recolhimento do café caído no chão, representando boa parte do custo de colheita. Porém, alguns produtores já estão fazendo a colheita do café com duas passadas da colhedora. Essa prática caracteriza a chamada colheita seletiva. Ela, associada à possibilidade de fazer a colheita mecanizada em velocidades de trabalho mais elevadas, reflete diretamente na redução do custo operacional e na diminuição do tempo de colheita. Sendo assim, o presente trabalho objetivou principalmente avaliar a viabilidade econômica da colheita do café em velocidades mais elevadas da colhedora.
COLHEITA MECANIZADA O presente trabalho de pesquisa foi realizado na Fazenda Capetinga, localizada no município de Boa Esperança, Sul de Minas Gerais, na safra de 2005, em uma área de três hectares de lavoura da cultivar Acaiá,
Composição dos custos Depreciação (D); (R$/h) Juros (J); (R$/h) Taxa de seguros (TS); (R$/h) Taxa de alojamento (TA); (R$/h) Custo fixo total (CF); (R$/h) Custos variáveis (CV) Combustíveis (C); (R$/h) Lubrificantes (L); (R$/h) Manutenção (M); (R$/h) Mão-de-obra (Mo); (R$/h) Custo variável total (CV); (R$/h) Custo total (CT) Custo fixo total (CF); (R$/h) Custo variável total (CV); (R$/h) Custo total (CT); (R$/h)
Colhedora (KTR) 24,30 18,93 1,35 1,35 45,93 Colhedora (KTR) 0,00 3,04 27,00 6,99 37,03 Colhedora (KTR) 45,93 37,03 82,96
com seis anos de idade, plantada no espaçamento de quatro metros entre linhas e de 0,9 m entre plantas, totalizando 2.777 plantas/ha e uma declividade média de 8%. Os trabalhos foram realizados com duas passadas da colhedora, sempre no mesmo sentido de deslocamento. Na referida safra, o cafeeiro apresentou carga pendente média de 11 l/planta. Para a colheita mecanizada do café, foi utilizada a colhedora modelo KTR, fabricada pela empresa Jacto Máquinas Agrícolas. Essa é uma colhedora tracionada que opera acoplada ao sistema hidráulico de três pontos de um trator tipo cafeeiro, cujo funcionamento se faz por meio da TDP a 540 rpm. A colhedora trabalha a cavaleiro e na linha das plantas, possuindo dois cilindros derriçadores dotados de varetas vibratórias que envolvem os cafeeiros lateralmente, derriçando os frutos pela ação da vibração, os quais caem no sistema de recolhimento e, depois de ventilados, são ensacados. Conforme informações do fabricante, essa colhedora pode operar em terrenos com declividade de até 10%. O trator utilizado tem potência nominal de 75 cv, dotado de redutor de velocidade e tração dianteira auxiliar, obtendo-se as velocidades de trabalho conforme relação de transmissão da caixa de marchas. Foram utilizadas, em todos os tratamentos, todas as hastes ou varetas da colhedora. A primeira passada da colhedora foi feita com média de 30% de frutos verdes e velocidade em torno de 1640 m/h, variandose as vibrações de 650, 750, 850 a 900 ciclos/min. Na segunda passada, com média A colheita seletiva do café permite adiantar o início do recolhimento dos frutos, o que melhora a qualidade final da bebida
Trator (75 cv) 6,30 4,91 0,35 0,35 11,91 Trator (75 cv) 15,85 1,58 7,00 6,99 31,42 Trator (75 cv) 11,91 31,42 43,33
Conjunto (Trator/Colhedora) 30,60 23,84 1,70 1,70 57,84 Conjunto (Trator/Colhedora) 15,85 4,62 34,00 13,98 68,45 Conjunto (Trator/Colhedora) 57,84 68,45 126,29
de 10% de verdes, a vibração foi fixada em mil ciclos/min, variando-se as velocidades de 2180, 2610, 1060 a 1640 m/h. As velocidades de trabalho foram obtidas conforme relação de transmissão do trator, com o motor trabalhando a 2200 rpm, e representam um aumento médio de velocidade de 65% na primeira passada, chegando a três vezes na segunda passada, já que os cafeicultores têm usado velocidade em torno de mil m/h na primeira passada e de 800 m/h na segunda passada.
COLHEITA SELETIVA
A
tualmente diversos produto res já estão fazendo a colheita do café com duas passadas da colhedora, prática esta chamada de colheita seletiva. Nesse processo é possível adiantar o início da colheita, favorecendo a retirada de cafés cerejas, o que melhora a qualidade final da bebida. No início da colheita, na primeira passada, o índice de frutos verdes na planta pode chegar a 50% do total, e normalmente vêm se usando velocidades de colheita variando de 800 a mil m/h, com vibração de 650 a 750 ciclos/min. Na segunda passada, o índice médio de frutos verdes encontrase em torno de dez a 5%, e a velocidade operacional de colheita, em torno de 800 m/h, com vibração variando de 800 a mil ciclos/min. Com essas duas passadas é possível colher praticamente toda a carga pendente, podendo-se dispensar o repasse manual.
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TABELA 2 - Desempenho e custos de colheita na safra de 2005 Café colhido L/planta
Café colhido Medidas/ha
Veloc. de Colheita m/h
Tempo Total h/ha
T1 T2 T3 T4
4,17 4,34 5,10 5,39
193,00 200,87 236,05 249,47
1640 1640 1640 1640
1,88 1,87 1,87 1,88
T1 T2 T3 T4
3,01 2,81 3,44 3,26
139,31 130,06 159,21 150,88
2180 2610 1060 1640
1,41 1,18 2,90 1,88
T5
9,75
451,00
-
375,5
Custo parcial de colheita R$/ha Primeira passada 237,43 236,16 236,16 237,43 Segunda passada 178,07 149,02 366,24 237,43 Colheita manual 2255,00
Café caído no chão Medidas/ha
Custo de varrição R$/ha
Custo final de colheita R$/ha
-
-
-
176,69 178,07 113,74 96,62
883,45 890,35 568,70 483,10
1298,94 1275,53 1171,10 957,95
58,00
290,00
2545,00
medida = volume de 60 litros
Para a análise dos custos operacionais de colheita do café, foram avaliados os custos fixos e os variáveis da colhedora em comparação ao sistema de colheita manual. A metodologia para análise dos custos de colheita seguiu os parâmetros para a composição dos custos operacionais das máquinas de colheita citados por Balastreire (1987), Silva & Oliveira (2004) e Tourino (2000).
CUSTOS OPERACIONAIS A Tabela 1 apresenta a relação de custos horário das máquinas para a colheita na safra de 2005. O valor considerado da colhedora, modelo KTR, foi de R$ 270 mil, e o do trator, modelo cafeeiro 4x2 auxiliar, de R$ 70 mil. Para efeito de cálculo, considerou-se uma vida útil total das máquinas de dez mil horas, trabalhando, em média, mil horas/ano, o que corresponde a um período de dez anos de depreciação. A taxa de juros segue o valor usado no programa de financiamento de máquinas agrícolas (Moderfrota, 2005), de 12,75% a.a. O custo do combustível foi o preço médio praticado na rede de postos da região Sul de Minas, no período correspondente à colheita do café, sendo de R$ 1,67/litro. Observa-se que o custo total do conjunto mecanizado na safra de 2005 foi de R$ 126,29/ h. Os fatores que mais pesaram no custo da máquina foram, em ordem decrescente, a manutenção, a depreciação, a amortização de juros e os combustíveis. O tempo total na colheita mecanizada foi acrescido em 20%, devido às operações de manobras nos carreadores e a outras paradas. Já o tempo médio gasto na colheita manual do cafeeiro refere-se ao tempo gasto com colocação de panos, derriça e abanação do café colhido. Para a determinação do custo total de colheita foram acrescidos os gastos com a operação de varrição do café caído no chão, devido tanto à operação de colheita mecanizada quanto à manual.
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Ao volume de café caído no chão foi acrescentado o volume do café referente à operação de repasse, ou seja, o volume de café que ficou na planta após a passagem da colhedora. Na determinação do custo de varrição, o preço pago pela medida de 60 l de café recolhido foi de R$ 5, já somados os gastos com a operação de repasse. No repasse, o café foi derriçado no chão, facilitando, assim, o recolhimento. A Tabela 2 apresenta os resultados de desempenho operacional e custos da colheita para o sistema mecanizado e manual. Na primeira passada, a eficiência média de colheita, ou seja, a quantidade de café que realmente a máquina colhe e recolhe, chegou a 49% da carga pendente. Na segunda passada essa eficiência foi de 29,64%, o que representa uma eficiência final de 78,64%. Os valores de café caído no chão, para a primeira e a segunda passada, totalizaram um volume de 19%, restando apenas 2,36% na planta, volume este que dispensa a operação de repasse manual. Pode-se verificar que, para a colheita mecanizada, o custo parcial médio na primeira passada foi de R$ 236,79/ha, com desempenho operacional médio de colheita de 1,87 h/ ha. Como na primeira passada a velocidade
Na análise dos custos operacionais, foram avaliados os custos fixos e os custos variáveis da colhedora em comparação ao sistema de colheita manual
média de colheita foi de 1640 m/h, a variação no volume de café colhido se explica mediante a variação de vibração. Na segunda passada, o custo parcial de colheita variou de R$ 149,02/ha a R$ 366,24/ Vilso Júnior Santi
*
Trat.
“A redução de custos está mais correlacionada com a eficiência operacional da colheita mecânica do que simplesmente com o aumento de velocidade operacional” Fotos Ezequiel de Oliveira
há, respectivamente da maior para a menor velocidade empregada, mantendo-se a mesma vibração. Considerando as duas passadas da colhedora, o menor custo parcial na operação de colheita mecanizada ocorreu no tratamento T2, sendo de R $385,36/ha, no qual a velocidade operacional foi 1640 m/h, na primeira passada, e de 2610 m/h, na segunda passada. Entretanto, a melhor relação entre volume colhido mecanicamente e o custo operacional da colhedora ocorreu no tratamento T4, em que o volume colhido foi de 400,35 medidas/ ha, ao custo parcial de R$ 474,66/ha. No tratamento T4, a vibração foi de 900 ciclos/min, na primeira passada e de mil ciclos/min, na segunda passada, mantendo-se, em ambas as passadas, a mesma velocidade operacional, 1640 m/h, o que corresponde a um aumento de 64% a 105% se comparado às velocidades normalmente usadas pelos cafeicultores, velocidades estas entre mil e 800 m/h. Analisando-se os custos de colheita ma-
Fábio e Ezequiel apresentam a colheita seletiva como alternativa para a redução de custos de produção nos cafezais A eficiência operacional da colhedora é uma das variáveis mais importantes para redução dos custos de produção do café
nual, observa-se que foi colhido o volume de 451 medidas/ha, ao custo de R$ 2255/ha, que, somado a 58 medidas/ha recolhidas de café do chão, totaliza o volume colhido de 509 medidas/ha ao custo final de R$ 2545/ha, correspondendo a um custo de R$ 5 por medida de 60 L colhida.
CUSTO FINAL Para a composição do custo final de colheita mecanizada devem-se, ainda, considerar os gastos com a operação de varrição e recolhimento, que corresponde ao café caído no chão mais o de repasse. Esses custos variaram de R$ 483,10/ha, no tratamento T4, a R$ 890,35/ha, no tratamento T2. Essa variação no custo de varrição reflete o desempenho da eficiência de colheita, ou seja, quanto maior a eficiência de colheita, menores são os custos com a operação de varrição e recolhimento, portanto, no tratamento T4, com maior eficiência operacional, o volume total colhido, incluindo o café recolhido do chão, foi de 497 medidas/ha, ao custo final de colheita de R$ 957,95/ha, correspondendo ao custo de R$ 1,93 por medida de 60 L colhida mecanicamente, o que representou uma redução de custo em relação à colheita manual de 61,4%. Desse modo, basicamente, a redução de custos está mais correlacionada com a eficiência operacional da colheita mecânica, do que simplesmente com o aumento de velocidade operacional, pois quanto maior o volume recolhido pela colhedora, menores são os custos com a operação de repasM se e varrição. Ezequiel de Oliveira e Fábio Moreira da Silva, UFV
REDUÇÃO DE CUSTOS
F
ica atestado que a maior redução do custo final da colheita mecanizada foi de 61,4% em relação à colheita manual, o que ocorreu colhendo com velocidade operacional de 1640 m/h e vibração de 900 e mil ciclos/min, respectivamente para a primeira e a segunda passadas, correspondendo ao custo de R$ 1,93 por medida de 60 L colhida mecanicamente, contra o de R$ 5 para a colhida manualmente.
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mercado
Pacote de serviços Diferente do que ocorria no passado, o consumidor moderno busca não apenas a compra de uma máquina agrícola, mas a aquisição de um conjunto de soluções com bom índice de disponibilidade da rede de apoio das montadoras
E
m determinadas atividades do agronegócio era comum haver um superdimensionamento de máquinas disponíveis para atender às funções nos elos da cadeia onde não se poderia interromper a atividade, como por exemplo, o transporte. Hoje não se admite esse custo adicional, principalmente porque a responsabilidade é do fornecedor do equipamento, os orçamentos podem ser mais detalhados, evitando aumento de custo por unidade de produto. A entrega do produto em si representa em média somente 50% do que foi vendido e esperado pelo cliente. O restante do produto vai ser entregue ao longo do seu ciclo de vida. Num passado recente o termo confiabilidade imperava nas argumentações comerciais e exigências dos clientes como característica fundamental para produtos principalmente de alto valor de investimento,
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aqueles destinados à produção, superando a característica qualidade, considerada a partir de então como item básico para essa categoria de produto. Atualmente outra característica está em voga, a disponibilidade (tempo em que está à disposição dentro do período de trabalho), transcendendo a questão do produto em si, e também se conta muito mais com o suporte de pós-venda. È uma questão puramente econômica, ou seja, houve um investimento, e este deve ter um retorno dentro de um determinado tempo, entre outros benefícios como qualidade, conforto, sem riscos e sem agredir o meio ambiente etc.
ÍNDICE DE DISPONIBILIDADE Uma pergunta pertinente é o que leva um produto a ter um alto índice de disponibilidade? O seu projeto, a sua robustez, a qualidade, a confiabilidade definem a disponibilidade? Sim, mas não é só isso, desde
a concepção do projeto deve-se considerar, na sua especificação base para o seu desenvolvimento, a questão disponibilidade, como os acessos para a manutenção preventiva (ex.: limpeza, troca de filtros) e a facilidade de remoção e substituição de itens de desgastes, como embreagens e navalhas de corte, quando for o caso. Na definição de itens standard como rolamentos e elementos de fixação, deve-se considerar os de maior uso pelo mercado, o que chamamos padronizar o produto. Ainda sobre o projeto, na questão da tecnologia da eletrônica embarcada, deve se ter cuidados especiais como fornecedor, a sua real necessidade e utilidade, a sua proteção e a interface com o operador e quais decisões o mesmo deverá tomar para operar o equipamento, como inclusão de dados. Em resumo, se houver real necessidade da eletrônica, que seja exigido um mínimo do operador e de uma maneira amigável. Isso são apenas
“A entrega do produto em si representa em média somente 50% do que foi vendido e esperado pelo cliente. O restante do produto vai ser entregue ao longo do seu ciclo de vida”
alguns tópicos sobre o produto em si e que não garantem ainda a confiabilidade. A partir do momento da entrega do produto ao cliente, o treinamento para o melhor uso deve ser forte e responsável. Muitas paradas de máquinas são devidas ao desconhecimento operacional. Mas mesmo que o operador tenha tido ótimo treinamento, a máquina pode parar, e isso geralmente acontece no momento em que não poderia falhar. A partir desse momento, vamos ver o que mais influi na disponibilidade. O cliente contata o distribuidor ou a fábrica, informa a ocorrência e, normalmente insatisfeito, exige imediato atendimento, com toda razão. A concessionária ou distribuidora deve ter: A peça para trocar, se for isso o ocorrido, caso não tiver, deve ter um sistema ágil de aquisição junto ao fornecedor (o projeto previu uma troca rápida); deve dispor de um técnico disponível e treinado naquele produto e veículo adequado para esse fim. De forma que o tempo entre a ocorrência e o seu conserto seja o mais rápido possível, minimizando as perdas por estar indisponível. Nessa questão a estratégia de plantões à noite e aos finais de semana contribui muito para minimizar as perdas. Então podemos afirmar que um produto, além da robustez, qualidade, confiabilidade, facilidade de trocar peças e fazer manutenção, precisa de uma rede de concessionárias, devidamente equipadas e com pes-
Fotos Valtra
No mercado de máquinas agrícolas, um produto, além de ser robusto e de qualidade, precisa dispor de uma boa rede de suporte e apoio
soas capacitadas, que possam treinar o operador e fazer o conserto num menor tempo, numa maior qualidade, e num menor custo possível.
SUPERDIMENSIONAMENTO Muitos clientes, ao adquirirem equipamento de alto valor agregado, optam por um pacote de serviços do seu distribuidor, e um índice de disponibilidade mínimo provavelmente constará no contrato, é uma questão puramente econômica, para assegurar o justo retorno do investimento. As empresas que tem um produto confiável e uma rede de concessionários aparelhada, com recursos humanos treinados, têm mais visibilidade pelo mercado. Assim elas podem fornecer mais horas de trator disponível, o que se converte em mais toneladas de produtos transportados, ou mais
Arci aborda a relação confiabilidade versus diponibilidade no mercado de máquinas agrícolas
hectares cultivados; maior área ou acréscimo de toneladas colhidas por unidade de tempo. Sem esquecer que aliado à disponibilidade permanecem como básico todas as M características de qualidade. Arci Mendes, Valtra
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plataformas
Quando reduzir A
redução do espaçamento entre linhas é uma prática que vem sendo estudada há algum tempo pela comunidade científica e empregada por alguns agricultores na cultura do milho. Os resultados, quanto aos ganhos advindos da adoção de tal técnica, são bastante conflitantes, levando o produtor a dúvidas na hora de adotar tal tecnologia. As pesquisas mostram que os ganhos de produtividade em espaçamento reduzido dependem de diversos fatores, como condições ambientais, nível de manejo adotado pelo produtor, base genética da cultivar, entre outros, de modo que alguns trabalhos ratificam a idéia de que a redução do espaçamento é uma espécie de “sintonia fina” no cultivo do milho, visto que diversos outros fatores devem estar sob controle para que então se possa adotar tal técnica.
Charles Echer
Estudos desenvolvidos na UFSM mostram em que condições o cultivo de milho em espaçamento reduzido, que entre outros investimentos exige a aquisição de novas plataformas para a colheita, apresenta vantagens do ponto de vista econômico
PLATAFORMAS ESPECÍFICAS Um dos principais entraves à ampla adoção desse sistema diz respeito ao elevado custo de plataformas específicas para realizar a colheita do milho nessa situação, pois as plataformas tradicionais têm seus mecanismos
CONDIÇÕES DE MANEJO
É
importante que o produtor tenha conhecimento das reais condições de manejo de sua lavoura de milho. Aspectos como manejo fitossanitário, conservação do solo, condições de fertilidade, clima, variedade utilizada (isto é contraditório, mas há trabalhos que dizem que os aumentos na produtividade dependem da base genética utilizada), sistema de irrigação, produtividades alcançadas nos últimos anos, área a ser cultivada efetivamente pela cultura do milho, permitindo-se aqui oscilações, pois em determinados casos o milho entra em sistema de rotação de culturas, tendo sua área alterada ao longo dos anos.
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coletores espaçados, tradicionalmente, em intervalos superiores a 0,8 metros. Porém, já existem no mercado brasileiro modelos espaçados de 0,4 metros em diante, com escalas de 0,05 metros, como também plataformas que podem ser ajustadas ao sistema que o produtor está utilizando (Quadro 1). Na crise em que se encontra a agropecuária nacional, o produtor não pode se dar ao luxo de adquirir bens de capital fixo que não tragam lucratividade à empresa agrícola, os quais além de imobilizar o capital investido
Plataformas específicas para colheita de milho em espaçamento reduzido ainda representam um investimento significativo aos produtores
invariavelmente comportam risco quando do seu investimento. É consenso que muitos produtores escolhem máquina agrícola pela marca, modelo, preço, acessórios, ou até mesmo “porque o vizinho comprou esse modelo”, sem o uso de qualquer critério de tomada de decisão. Nas revistas técnicas que falam sobre a
“Na crise em que se encontra a agropecuária nacional, o produtor não pode se dar ao luxo de adquirir bens de capital fixo que não tragam lucratividade à empresa agrícola” John Deere
Analisar a viabilidade econômica do investimento em plataformas para colheita de milho em espaçamento reduzido tem sido uma das preocupações
adoção de tal tecnologia está claro que a mesma apresenta eficiência técnica, de acordo com resultados da pesquisa. Os mesmos trabalhos, porém, não fornecem subsídios de avaliação econômica para que o produtor tome a decisão em adotar ou não espaçamento reduzido de forma mais consistente.
ANÁLISE ECONÔMICA Atualmente alguns estudos como os que vêm sendo realizados pelo Núcleo de Ensaio de Máquinas Agrícolas (Nema) em conjunto com o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Economia Agroindustrial (Nepea), ambos da UFSM, têm buscado avaliar as condições que tornam o investimento em plataformas para
colheita de milho com espaçamento reduzido viável em nível de produtor, para que este possa ter segurança ao decidir comprar ou não tais equipamentos, que são extremamente caros a curto prazo. Os trabalhos compreendem uma análise econômica da adoção de espaçamento reduzido por métodos consagrados de análise de investimentos, como o cálculo do Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Período de Retorno do Capital (PRC), bem como a Análise de Sensibilidade, sendo calculados a partir do Fluxo de Caixa Diferencial, que contabiliza as entradas e saídas de recursos advindos do investimento. Utilizando uma planilha desenvolvi-
da em Microsoft Excell®, várias simulações têm sido feitas com o intuito de definir, ao menos aproximadamente, quais as condições que tornam tal investimento viável. Os resultados dão uma noção da importância de o produtor conhecer as condições de sua lavoura, tanto sobre o aspecto do manejo da cultura quanto no que diz respeito às condições operacionais do seu sistema mecanizado, pois tais informações são de suma importância para a fidelidade dos resultados gerados. Outro dado que deve ser fornecido pelo produtor é se o mesmo já dispõe do equipamento de colheita no sistema de plantio convencional (espaço 0,8 metros), pois esse equipamento pode ser contabilizado no fluxo de caixa, caso possa ser vendido ou dado como parte de pagamento do novo. Enfim, todos os dados relativos à produção do milho na propriedade devem ser levados em consideração para a tomada de decisão sobre o investimento. Estes dados são importantes para que se tenha uma noção do nível tecnológico do produtor e se possa, dessa forma, estimar o ganho de produtividade com adoção do espaçamento estreito. Do ponto de vista operacional, o produtor deve conhecer ou estimar a velocidade de
New Holland
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Tabela 1 Indicador
Propriedade A (150 ha) Propriedade B (300 ha) 65 sc/ha 140 sc/ha 65 sc/ha 140 sc/ha VLP (R$) -7.497,21 67.941,21 34.842,00 185.819,08 TIR (%) 5,40 28,51 18,10 55,03 PRC (anos) 11,54 4,27 6,24 2,09
colheita de sua colhedora, estimar a eficiência operacional - que varia com diversos fatores, como relevo, presença de invasoras que dificultam a colheita, volume de palha da cultura etc.-, jornada de trabalho no período da colheita e tempo disponível para a colheita, que fundamentalmente deve ser inferior ao que provoque perdas por atraso, que em determinadas situações chegam a 12%. Esses dados são importantes para que se faça o correto dimensionamento da plataforma de colheita, caso o produtor já possua a colhedora, ou do conjunto em si.
VIABILIDADE DO INVESTIMENTO
Vence-Tudo
Os dados obtidos até o momento revelam que em condições que assegurem um bom desenvolvimento da cultura e, conseqüentemente, maior produtividade indicam ser viável o investimento, mesmo em áreas de escala menor (muitas vezes em melhores condições do que em áreas maiores), de acordo com a produtividade alcançada. Deve ficar claro que ser viável o investimento não implica a aceitação do mesmo pelo produtor. Um Valor Presente Líquido (VPL) positivo, por exemplo, indica que as entradas líquidas futuras atualizadas para o presente são maiores que as saídas advindas do investimento, mas o VPL não dá noção de Liquidez, no caso. Para cálculo do VPL utiliza-se uma taxa de desconto, para que os benefícios futuros sejam trazidos devidamente descontados para o presente. Quanto maior esta taxa, maior será a segurança em se afirmar a rentabilidade do investimento, pois isso indica que, mesmo para descontos mais elevados, o investimento ainda é viável. No caso
em estudo, verificaram-se VPL’s positivos em áreas de cem hectares, desde que associadas a produtividades elevadas, acima de 100 sc/ ha por exemplo. A Taxa Interna de Retorno é a taxa de desconto que anula o VPL. Isso quer dizer que quanto maior a TIR melhor será a rentabilidade do investimento. Normalmente usa-se uma taxa de juros denominada Taxa Mínima de Atratividade (TMA), que indica a Taxa Interna de Retorno a partir da qual se considera o investimento viável. A TMA é definida pela empresa, nesse caso pelo produtor, e pode ser a taxa de juros da poupança, por exemplo, a taxa de remuneração de outros investimentos ou mesmo de outros
investimentos produtivos. Sempre que a TIR for maior que a TMA o investimento é aceito. Nesse caso, as TIR’s encontradas vão de 0,70 a 55,04%. Se a TMA utilizada for de 8% ao ano, por exemplo, o investimento na plataforma de colheita é viável quando a TIR for maior que 8%, o que acontece em áreas de cem ha associadas a produtividades novamente superiores a 100 sc/ha, confirmando a análise feita pelo VPL. Para baixas produtividades, como a média do estado do Rio Grande do Sul, ao redor de 65 sc/ha, isso ocorre quando a lavoura é maior que 200 ha, mantidos todos os demais fatores constantes. Na área de 400 ha associada à produtividade de 140 sc/ha, a TIR foi de 55,04%, indicando alta rentabilidade em se realizar o investimento na plataforma nas condições da propriedade hipotética. O Período de Retorno do Capital (PRC, ou pay-back) nos dá noção da liquidez do investimento, ou seja, quanto tempo o agricultor demoraria para ter o capital investido pago pelos lucros advindos da compra da plataforma de colheita. No caso em estudo o PRC variou de dois a dez anos e sete meses. Considerando uma vida útil do equipamento de O bom desenvolvimento, aliado a uma maior produtividade da cultura, são fundamentais para viabilizar o investimento em plataformas específicas
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“Enfim, a viabilidade técnica da adoção do espaçamento reduzido está, embora com algumas ressalvas, comprovada” New Holland
Divulgação
fato que se evidencia é o investimento pode ser mais viável em uma propriedade menor com maior nível de produtividade do que em uma propriedade maior que produz pouco.
VANTAGENS POTENCIAIS
dez anos, fica claro que o produtor, neste último caso, demoraria mais tempo pagando a máquina do que esta estaria sendo útil. Essa situação ocorre novamente em condições de baixa produtividade e pequenas áreas. Na Tabela 1 estão exemplificadas quatro situações bastante diferenciadas. Duas propriedades de tamanhos diferentes, sendo manejadas em condições de baixo e alto nível de manejo. O que se evidencia é que a propriedade A, com baixa produtividade, não mostra viabilidade em se investir na plataforma de colheita em espaçamento reduzido em nenhum dos indicadores usados, considerando o preço do milho médio de R$ 20 dos últimos cinco anos e um aumento de produtividade de 5% com adoção do espaçamento reduzido. Outro
Existem diversos aspectos, além dos financeiros, que devem ser avaliados pelo produtor antes que o mesmo resolva adotar a técnica de redução do espaçamento entre linhas. Algumas vantagens citadas pelas pesquisas, que podem ser apontadas como “valores de opção” do investimento, isto é, vantagens potenciais que não podem ser computadas financeiramente, mas que são advindas do projeto de investimento, podem ser importantes na tomada de decisão, como por exemplo: diminuição da competição intraespecífica e aumento da competição com invasoras pela melhor distribuição das plantas na área; uso de semeadoras para milho,
Vilnei, Airton e Renato atestam a viabilidade do investimento em plataformas específicas para colheita do milho em lavouras com altos potenciais produtivos
soja e feijão sem que haja necessidade de mudanças de espaçamento entre linhas da semeadora; melhor cobertura do solo; melhor distribuição de fertilizantes, entre outros citados pelas pesquisas que estudam estes fatores. Enfim, a viabilidade técnica da adoção do espaçamento reduzido está, embora com algumas ressalvas, comprovada. A viabilidade econômica, porém, ocorre principalmente em condições que assegurem boa produtividade à cultura do milho, como é possível constatar nos exemplos apresentados no M Quadro 1. Airton dos Santos Alonço, Vilnei de Oliveira Dias e Renato Santos de Souza, UFSM
Quadro 1 - Opções de espaçamento disponívies no mercado brasileiro de plataformas para colheita de milho
perdas
Fotos Angel P. Garcia
Perdas no canavial
A avaliação das perdas na colheita mecanizada da cana-de-açúcar, bem como o estabelecimento preciso da demanda de potência na operação, são essenciais para o correto dimensionamento dos conjuntos mecânicos que atuam nas lavouras
N
o Brasil, o setor canavieiro processa 336 milhões de tonela das de cana-de-açúcar por ano e representa uma grande fatia do PIB brasileiro e paulista Figura 1. A colheita mecanizada vem aumentando sua participação no total colhido. Atualmente cerca de 40% de toda a cana colhida no país é de forma mecânica. Contudo, a colheita mecanizada apresenta perda muito maior que a colheita realizada de forma manual, conforme ilustra o gráfico da Figura 2. Essas perdas, segundo Neves (2003), representam um prejuízo da ordem de US$ 450 milhões por ano. O objetivo deste trabalho é avaliar as perdas na colheita de cana provocadas pela colhedora da marca Artiole e determinar a demanda de potência do equipamento em operação de colheita.
TIPOS DE PERDAS Os ensaios foram realizados na cidade de Capivari (SP), durante a safra 2005. A colhedora Artiole é constituída por mecanismo de corte, mecanismo transportador,
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despontador e mecanismo de recolhimento. Para a tração da colhedora, foi utilizado um trator Valmet, modelo 118-4, com potência de 120 cv à rotação nominal (2,3 mil/min). As perdas na colheita da cana foram determinadas pela relação entre o peso da cana que se perdeu durante o processamento interno da colhedora e o peso inicial. Para se avaliar a perda total da colheita foram determinadas as perdas em cada sistema da colhedora, para isso foi utilizada a metodologia proposta por Neves (2003).
No ensaio foram efetuados dois tipos de teste. O primeiro foi o teste estático, e posteriormente foi realizado o teste operacional do equipamento. No teste estático foi montado um sistema para a fixação das canas, conforme a Figura 3. Esse teste teve como objetivo determinar a perda de cana provocada pelo mecanismo transportador (corrente transportadora) e sistema de transbordo. Os tipos de perdas avaliados nesse teste foram: “perda na deflexão” - são canas que foram lançadas para fora do sistema
Figura 1 - Participação do setor canavieiro no PIB (a) Brasil e (b) Estado de São Paulo (fonte: UNICA, 2005)
“Atualmente cerca de 40% de toda a cana colhida no país é de forma mecânica”
de 112,3:1, que desenvolve uma velocidade de deslocamento de 2,1 km/h. A marcha 3L tem relação de transmissão motor/ roda 136,86:1, que desenvolve uma velocidade de deslocamento de 1,8 km/h. A rotação da TDP selecionada foi de 800/ min.
Figura 2 - Perdas na colheita manual (cinza) e mecanizada (vermelho)
RESULTADOS OBTIDOS
de deflexão. Esse tipo de perda ocorre devido à alta velocidade de elevação dos colmos, além de o sistema de deflexão não estar corretamente dimensionado para a operação. O tipo de perda “no transbordo” é caracterizado por canas que caíram do transbordo após sua deposição no mesmo. Isto ocorre devido ao fato do transbordo possuir vãos livres por onde estas canas passam (Figura 4). O tipo de perda “no transportador” é aquela onde há uma perda de massa “invisível”. Ocorre principalmente devido à ação prênsil dos dentes das correntes que “mastigam” as canas (Figura 5) provocando quebras, estilhaçamento e vazamento de caldo.
Figura 3 - Mecanismo de fixação de cana para a realização do teste estático
medição do torque da rotação na tomada de potência (TDP) do trator utilizado no ensaio. Os experimentos foram realizados em duas marchas do trator: 1M e 3L, sendo a 1M mais veloz que a 3L. A marcha 1M tem relação de transmissão motor/roda
Tabela 1 - Medidas de comprimento, área e massa para o cálculo da produtividade do talhão e massa das 20 canas utilizadas nos ensaios
TESTE OPERACIONAL O teste operacional se processou da seguinte forma: foram escolhidas áreas aleatoriamente no talhão de 25 m2. Essas áreas foram delimitadas por fitas dispostas ao longo de quatro linhas de plantio, por um comprimento de cinco metros. Após a passagem da colhedora Artiole, todo o material remanescente sobre esta área foi recolhido, dividido por tipo de perda e pesado com uma balança (precisão de 0,1kg). A perda de “cana inteira” foi definida como aquelas canas cortadas em suas bases e suas pontas e que permaneciam intactas. A perda de “ponta” foi definida como aquela na qual junto ao palmito da cana, que foi cortada pelo sistema despontador, ainda existia parte da cana processável. A perda de “toco” foi definida como todo o colmo que permaneceu fixado à suas raízes após o corte; a perda de “cana pedaço” foi definida como todos os pedaços estilhaçados, quebrados ou cortados, que permaneceram na área após o corte. O requerimento energético foi calculado em experimento de campo, onde a máquina foi instrumentada com um torquímetro HBM, modelo T30FNA, e um sistema de aquisição de dados HBM, modelo MGCplus com 24 canais de entrada de dados. O torque necessário para a operação da máquina foi medido seguindo a norma da OECD. A potência foi calculada por meio da
A Tabela 1 apresenta os dados obtidos de produtividade do talhão de cana utilizado nos ensaios de perdas na colheita. Na Figura 6 são apresentados os resultados obtidos no teste estático e, na Figura 7 os resultados do teste operacional. A potência demandada pelo equipamento, obtida no experimento, operando nas marchas 3L e 1M são apresentadas na Tabela 2. A colhedora Artiole apresentou perda de aproximadamente 7,7% na operação de colheita com cana queimada. Contudo,
Média
Comprimento [m] 7,6 5,9 8 8,4 5,94 7,16
Área [m2] 10,64 8,26 11,2 11,76 8,316 10,03
Massa de cana [kg] 101,5 106,3 101,4 101,4 102,3 102,58
Produtividade [t/ha] 95,39 128,69 90,53 86,22 123,01 104,77
20 canas 19,2 22,2 19,1 21,4 21,8 20,74
Tabela 2 - Dados coletados Marcha 3L e Marcha 1M
Média D. Padrão
Rotação [rpm] 837 831 830 841 840 842 840 844 844 844 828 846 846 846 843 827 851 847 852
Marcha 3L Torque [N.m] 500 470 490 480 470 460 440 480 430 450 740 510 470 420 520 720 530 530 500
Potência [W] 4382,5 4089,9 4258,5 4227,3 4134,1 4055,8 3870,2 4242,2 3800,3 3977,1 6415,8 4518,1 4163,7 3720,7 4590,0 6235,2 4722,8 4700,5 4461,0
841 7,3
505,78 85,07
4450,8 7198,4
Rotação [rpm] 746 730 790 760 810 813 827 825 830 830 830 830 830 830 836 830 790 830 833 830 841 842 814,22 31,4
Marcha 1M Torque [N.m] 500 490 470 470 490 460 440 440 420 420 420 420 400 400 400 400 430 440 440 430 430 430 438,1 30,1
Potência [W] 3906,0 3745,8 3888,2 3740,5 4156,3 3916,3 3810,5 3801,3 3650,5 3650,5 3650,5 3650,5 3476,7 3476,7 3501,8 3476,7 3557,3 3824,3 3838,1 3737,4 3786,9 3791,4 3728,8 170,6
Outubro 06 • 21
Fotos Angel P. Garcia
Figura 4 - Vãos livres do sistema de transbordo
Figura 5 - Canas “mastigadas” pelo sistema de transporte
trabalho futuro, de se redimensionar estes mecanismos. A marcha 1M apresentou uma menor demanda de potência (aproximadamente 3729 W) na operação do que ao se utilizar a marcha 3L (aproximadamente 4510W), sendo assim recomendada a utilização durante a operação. M
esse percentual apresenta forte aumento, para aproximadamente 29% do total, ao se considerar as perdas provocadas pelos me-
canismos de transporte e de transbordo (que foram verificados no teste estático), o que indica que há a necessidade, em um
Figura 6 - Perdas na colheita teste estático
Angel P. Garcia, Daniel Albiero, Nelson L. Cappelli, José A. S. Maciel e Claudio K. Umezu, Unicamp
Figura 7 - Perdas na colheita teste operacional
M
No plantio direto de feijão a velocidade de avanço do trator não influenciou a profundidade de semeadura
22 • Outubro 06
Projeto Social
Goodyear
Saúde e informação
Com importante participação no agronegócio nacional, Goodyear e Syngenta se unem para oferecer diagnósticos médicos preventivos aos trabalhadores rurais
A
Syngenta e a Goodyear do Brasil acabam de fecharparceria para desenvolver e ampliar o projeto Saúde e Informação para o Campo. O objetivo é orientar as pessoas que vivem na área rural sobre a importância da realização de exames preventivos e os cuidados com a saúde. A inovação fica por conta de uma carreta itinerante de 14,5 metros de comprimento por três metros de largura que funcionará como ambulatório. O interior do veículo foi projetado especialmente com equipamentos que possibilitam a realização de exames clínico-laboratoriais (hemograma, tipagem sangüínea e colinesterase), a orientação oftalmológica e fisioterápica. A carreta já começou a percorrer as principais regiões agrícolas do Brasil, e o objetivo é de que ela atenda trabalhadores rurais durante os próximos dez meses. O caminhão visitará propriedades de clientes da Syngenta e da Goodyear, a começar pelo Centro-Oes-
te do país. Segundo os coordenadores, o programa tem condições de atender aproximadamente mil pacientes por mês. “Esse projeto está em sintonia com a preocupação da Syngenta com o social. Por essa razão, decidimos inseri-lo na bandeira do Selo Mais Verde, Mais Água, Mais Vida, criado para identificar todos os projetos de responsabilidade sócio-ambiental da empresa. Esperamos que ele apresente o mesmo reconhecimento de projetos como o Escola no Campo, Segurança e Solidariedade e Água Viva, que têm proporcionado educação e conhecimento para o homem do campo”, afirma Laércio Giampani, diretor-geral da Syngenta Proteção de Cultivos no Brasil. A Syngenta é uma das líderes mundiais na área de agribusiness. A companhia ocupa a terceira posição no ranking do mercado de sementes de alto valor agregado. As vendas em 2005 foram de aproximadamente US$ 8,1 bilhões. A empresa emprega cer-
ca de 19 mil pessoas em mais de 90 países. A Syngenta está listada nas Bolsas de Valores da Suíça (SYNN) e de Nova York (SYT). A Goodyear, instalada no Brasil há 87 anos, conta com 4,4 mil funcionários em sete unidades industriais e ainda possui outras sete unidades de negócios de vendas instaladas em todo o país. A empresa fabrica pneus para automóveis, caminhões, camionetas (radiais e convencionais), pneus para terraplanagem, equipamentos agrícolas e industriais, mangotes e materiais para recauchutagem. Produz também pneus para aeronaves, sendo o principal fornecedor da Embraer, e ainda exporta esses mesmos produtos para os Estados Unidos e Europa, além de fazer a recauchutagem de pneus de avião. No país, a Goodyear tem uma rede de 160 revendedores exclusivos de pneus, em mais de 650 pontos de vendas, e 140 distribuidores de produtos técnicos de borM racha (voltados à engenharia).
barra de tração
Charles Echer
Força disponível
Para a adequação trator-implemento trator-implemento deve-se deve-se levar em consideração a potência disponível na barra de tração e não a potência nominal do motor que equipa a máquina
A
potência disponível na barra de tração dos tratores de pneus pode ser determinada a partir do ensaio na barra de tração, realizado em pista de concreto. A partir desse ensaio, podem-se obter parâmetros quantitativos relativos à força de tração, velocidade, consumo específico, patinagem e potência disponível na barra de tração. Portanto, torna-se imprescindível conhecer a força e, conseqüentemente, a potência disponível na barra de tração dos tratores agrícolas, uma vez que, a partir do conhecimento dessa potência, podem-se dimensionar implementos adequados à capacidade do trator, o que possibilita o uso adequado e eficiente deste e Tabela 1 – Norma ASAE D497 – 4 para a determinação da potência na BT Trator 4x2 4x2 TDA 4x4 esteiras
Concreto 0,87 0,87 0,87 0,87
24 • Outubro 06
Firme 0,72 0,77 0,78 0,82
Condição do solo Arado 0,67 0,73 0,78 0,80
Fofo 0,55 0,65 0,70 0,78
do implemento tracionado pelo mesmo. Alguns trabalhos têm sido desenvolvidos no tocante à determinação da potência disponível na barra de tração considerando variados tipos e condições de solo, como a regra sugerida por Wendel Bowers conhecida como “Fator 0,86”, a equação do rendimento de tração e a norma ASAE D497 – 4 (2004). Sendo assim, elaborou-se uma planilha eletrônica, a partir do desenvolvimento de um algoritmo implementado em Visual Basic, para a determinação de informações referentes à força de tração, velocidade, potência disponível na barra de tração, consumo horário, consumo específico, patinagem e coeficiente de tração de um trator, a partir de dados relativos ao ensaio na barra de tra-
ção do mesmo. Além de possibilitar o cálculo da potência efetiva na barra de tração, calculada considerando a regra do “Fator 0,86”. A planilha eletrônica foi desenvolvida a partir da elaboração de programa em Visual Basic, considerando uma entrada de dados referente às características do trator, bem como de informações obtidas durante o ensaio na barra de tração, tais como tempo de duração do “tiro” (teste em determinada carga), consumo de combustível (ml), número de voltas da roda motora e leitura da força na célula de carga utilizada. A partir desses dados podem-se calcular a força de tração, velocidade, potência disponível na barra de tração, consumo horário, consumo específico, patinagem e coeficiente de tração durante o ensaio de tração, através da Figura 1 – Dados do ensaio na barra de tração utilização das equações clássicas empregadas na mecanização agrícola, e fornece as curvas de desempenho das mesmas em relação à força na barra de tração do trator ensaiado, além do valor do coeficiente de tração do trator, que é definido como a re-
“Para a medição do consumo de combustível foi utilizado um fluxômetro, o qual permitiu quantificar o volume de combustível gasto no decorrer do teste” Divulgação
Figura 1 – Dados de entrada
lação entre a máxima tração na barra e o peso dinâmico nas rodas de tração, ou seja, corresponde ao percentual de seu peso traseiro dinâmico que o trator pode tracionar. Para o cálculo da estimativa da potência efetiva na barra de tração considerando diferentes tipos e condições de solo, foram implementados os seguintes métodos: regra baseada no “Fator 0,86”. CONDIÇÕES DE ENSAIO Para validação da planilha desenvolvida, foram utilizados dados obtidos a partir de um ensaio na barra de tração realizado na Universidade Federal de Viçosa em uma pista plana de concreto. O trator ensaiado foi um Valmet modelo 65id com aproximadamente 42,66 kW (58 cv) de potência nominal, deslocando-se a 2a marcha reduzida, e 1700rpm. Um trator Massey Ferguson modelo MF – 265 foi empregado como trator de lastro.
Para obtenção da força na barra de tração foi utilizada uma célula de carga da marca Kratos com capacidade de cinco mil kgf, instalada entre os tratores. Para a medição do consumo de combustível, foi utilizado um fluxômetro, o qual permitiu quantificar o volume de combustível gasto no decorrer do teste. Foi estabelecida uma distância de 30 metros para a realização dos testes. Primeiramente foi determinado o número de voltas da roda motora com o trator livre, a partir de uma marcação efetuada no pneu dessa roda, tal informação foi empregada para o cálculo da patinagem durante o teste com carga. Foram estabelecidas seis cargas a partir do trator de lastro. A Figura 1 representa a entrada de dados obtidos durante o ensaio de tração. A Figura 2 corresponde à entrada de dados complementares, as quais devem constar a potência do trator ensaiado, o número de garras do pneu, a distância empregada no ensaio, a constante da célula de carga e o número de cargas ensaiadas. Para o cálculo do coeficiente de tração, é necessário que a tal função seja escolhida e que dados como a altura da barra de tração, distância entre eixos, peso traseiro estático e peso dianteiro estático sejam fornecidos, além de se escolher adequadamente o tipo de tração do trator ensaiado, conforme apresentado na Figura 2. O botão “Calcula” possibilita a obtenção da força de tração, velocidade, potência disponível na barra de tração, consumo horário, consumo específico, patinagem e coeficiente de tração durante o ensaio de tração, bem como as curvas em função da força na barra de tração. Selecionando o item “Cálculo da Potência Disponível na Barra de Tração” e os métodos adequados, podese obter a potência disponível na barra de tração, pressionando-se o botão “Calcula”, como apresentado na figura 2. O botão “Limpa – Planilhas” possibilita que os dados de entrada e os resultados gerados sejam apagados automaticamente, permitindo que a planilha seja utilizada para novos cálculos e análises. As Figuras 3 e 4 representam as telas de saída de resultados, a Figura 3 corresponde aos resultados provenientes do ensaio de tração e a Figura 4 corresponde à estimativa da potência dis-
Haroldo, Paula e Fábio falam da potência disponível na barra de tração como dado fundamental no dimensionamento dos conjuntos mecânicos
ponível na barra de tração pelos métodos previamente selecionados, no caso específico do trator ensaiado e analisado. A planilha desenvolvida mostrou-se uma ferramenta eficiente para o cálculo da força de tração, velocidade, potência disponível na barra de tração, consumo horário, consumo específico, patinagem e coeficiente de tração do trator ensaiado. Além de possibilitar o cálculo da potência disponível na barra de tração consideM rando a regra baseada do “Fator 0,86”. Haroldo Carlos Fernandes e Paula Cristina N. Rinaldi, UFV Fábio Lúcio Santos, UEM Figura 4 - Resultados - potência disponível na barra de tração
A - Barra tração (BT)
Figura 3 – Resultados obtidos a partir do ensaio na barra de tração
Outubro 06 • 25
Vitrine Randon 2007
Fotos Randon
Desfile de implementos
Randon apresenta inovações incorporadas à sua linha de produtos para o transporte rodoviário em evento na Serra Gaúcha
O
Castelo Château Lacave, construído na década de 70, em Caxias do Sul (RS), foi o local escolhido pelos executivos da Randon para a apresentação das alterações incorporadas à linha de implementos da empresa. Junto à construção, inspirada na Idade Média e no início do Renascimento, desenvolveu-se o Vitrine Randon 2007, com o desfile de novidades como o semi-reboque canavieiro de 12,5 metros, bitrem e tritrem florestais intercambiáveis, furgão carga geral, bitrem basculante em aço e o graneleiro Brasilis. Durante o evento os executivos do conglomerado não esconderam o entusiasmo com o desempenho da empresa. Mesmo com reflexos negativos, como os da crise na agricultura e da baixa cotação do dólar, a divisão de implementos deve fechar 2006 com faturamento líquido de R$ 950 milhões, contra R$ 890 milhões do ano passado, quando a receita já havia crescido 28% em relação a 2004. “Somos responsáveis por 40% do mercado, 50% da produção e por 90% de tudo o que o Brasil exporta em implementos rodoviários. Me sinto muito orgulhoso, não só como empresa, mas principalmente como brasileiro”, declarou Erino Tonon, diretor corporativo e de operações das empresas Randon.
26 • Outubro 06
SEMI-REBOQUE CANAVIEIRO O segmento de transporte de cana-deaçúcar, que representava entre oito e 10% do faturamento da empresa em implementos, encontra-se em ascensão. A estimativa é de que até o final do primeiro semestre de 2007 esse percentual alcance 22%. Entre os investimentos da Randon no setor está o semi-reboque rebaixado. Desenvolvido para o transporte de cana picada, o implemento é o primeiro da categoria com 12,5 metros. Com tara estimada em 10,7 mil kg, o equipamento tem chassi central, basculamento superior, descarga hilo e, como opcionais, patola mecânica com acionamento pneumático e instalação elétrica LED. A capacidade é para o transporte de 90 m³ de cana, o que equivale a aproximadamente 26 toneladas.
FLORESTAIS INTERCAMBIÁVEIS Para o transporte de toras reflorestadas, a empresa também apresenta nova versão. O bitrem intercambiável ganha a configu-
ração de tritrem, voltado para rodovias em que essa composição é permitida com a simples colocação do semi-reboque intermediário. A nova versão traz o barrote embutido no chassi e fueiros removíveis, além de berço que evita que a grua agarre o chassi. Mas o destaque fica para o aumento na capacidade de carga transportada, que pode chegar a 40 m³ por semi-reboque. A remoção dos fueiros facilita a troca em caso de acidente operacional, a qual pode ser feita na própria floresta, sem a necessidade de levar o produto até a oficina, reduzindo assim o tempo do produto parado para a manutenção.
“Somos responsáveis por 40% do mercado, 50% da produção e por 90% de tudo o que o Brasil exporta em implementos rodoviários”
FURGÃO CARGA GERAL A linha de semi-reboques e de carrocerias furgão carga geral também passou por alterações. A porta traseira ganhou revestimento em chapa de aço lisa pré-pintada na cor branca e, internamente, em aço galvanizado com varões de travamento externos. Além de servir para melhor identificação da frota, o novo formato permitirá a exploração visual do espaço liso para propaganda. Igualmente, o degrau traseiro, nas duas linhas, é construído em chapa de aço xadrez dobrado, soldado à coluna do pára-choque traseiro, o que dispensa sistemas de travamento e destravamento. Dessa forma, melhora o acesso ao interior da caixa de carga e se dispensa manutenção. Já no semi-reboque, a mesa de acoplamento inteiriça na região frontal do chassi agora permite o acoplamento ao cavalo mecânico num raio de 180º. Além disso, esse componente foi estruturado com reforço longitudinal que traz maior resistência aos esforços exigidos no acoplamento de cavalos mecânicos equipados com cunhas na quinta-roda. Os pára-lamas plásticos, em polipropileno de alta resistência, fixados por suportes independentes do chassi, são mais leves, não oxidam e garantem maior flexibilidade contra impactos, além de maior facilidade
Alterações nos implementos têm o objetivo de melhor atender às necessidades dos clientes
GRANELEIRO BRASILIS O graneleiro Randon Brasilis, lançado em 2005 com tecnologia Ecoplate (painel composto por uma placa de madeira reflorestada, revestida na face interna por uma placa de PVC e na face externa por uma chapa de aço galvanizada, unidas por um adesivo de alta performance, isento de solventes tóxicos), agrega agora laterais de 0,80 + 1 metro, apropriadas para o transporte de farelo de soja, entre outras aplicações. Outra novidade é o conceito do Balancim Lub-Free desenvolvido pela Suspensys – uma das empresas Randon – eliminando o único ponto que necessitava de lubrificação na suspensão. Além da isenção de lubrificação, o conceito de bucha Silent-Block oferece maior durabilidade, menor índice de ruídos e maior facilidade de manuM tenção.
Cultivar
de manutenção, sem necessidade de soldagem. Na lente das lanternas laterais, o retrorrefletor foi incorporado formando um único componente, cujo suporte é em material flexível. Com isso, evita-se a quebra no acoplamento/desacoplamento e na operação de amarrações da base em balsas. O aterramento é feito direto na tomada elétrica e não mais no chassi. Dentro do aspecto de auxiliar na gestão de frota, o Semi-Reboque Furgão Carga Geral da Linha 2007 apresenta um item importante voltado à segurança e ao controle de pneus de frota: a incorporação do parafuso para lacre de pneus. Cada cubo raiado recebe agora dois parafusos para colocação do lacre, o que auxilia na prevenção contra roubos, pois identifica se houve violação do rodado e troca de pneus.
tara de 10.960 quilos e carga líquida de 37.240 quilos, conforme prevê a lei da balança. Com as alterações houve redução de 13% de tara e aumento de 4,6% na carga líquida. Com isso, o cliente ganhará uma viagem a cada 22, na comparação com os modelos convencionais. Outro diferencial vem do acionamento por controle remoto sem fio para o sistema de direcionamento de óleo para operação de basculamento - que foi incorporado ao semireboque, dispensando adaptações no cavalo mecânico. O sistema também pode ser acionado manualmente por alavancas fixadas no chassi. O bitrem basculante em aço de alta resistência pode ser aplicado principalmente nos segmentos de açúcar, grãos, fertilizantes e calcário. Com capacidade técnica para até 40 toneladas, o semi-reboque dianteiro possui tampa inferior mais larga, depositando a carga mais afastada do implemento e evitando acúmulo no rodado. Com apenas duas tampas laterais, garante maior leveza e conta com menos partes móveis. Igualmente, a tampa traseira opcional permite descarga em tombadores, além de possuir total vão livre. Para maior segurança, o semi-reboque traseiro é rebaixado, os eixos possuem capacidade para 13 toneladas e são de bitola larga, para maior estabilidade lateral durante a operação.
BITREM BASCULANTE O bitrem basculante em aço de alta resistência chega com o peso reduzido em 1.630 quilos no modelo 20 + 20 m³, com
Durante o Vitrine Randon 2007 os executivos do conglomerado não esconderam o entusiasmo com o desempenho da empresa nos últimos anos
Outubro 06 • 27
Fotos Fabiano Dallmeyer
Não-Me-Toque ferve no GP Firestone
O
excelente e animado público não se decepcionou no GP Firestone de Arrancada de Tratores, disputado sábado à noite (dia 7 de outubro) e no domingo (dia 8) na pista montada na rodovia RS 142, km 24, em frente ao Parque de Exposições da Cotrijal. Cerca de quatro mil pessoas prestigiaram as baterias eliminatórias de sábado à noite, e seis mil vibraram com o festival no domingo. O paranaense Ivan Schanoski, da equipe Azulão, venceu o GP. A organização foi da HSJ Desenvolvimento, com supervisão da Federação Gaúcha de Automobilismo, e apoio da Prefeitura de Não-Me-Toque (RS). Ivan Schanoski, atual campeão brasileiro, derrotou na decisão Armando Boldrin Júnior, da equipe Flecha de Prata. A diferença foi uma das mais “apertadas” das últimas edições do
Arrancadão de Tratores. Ivan fez o tempo de 9s81, enquanto Armando registrou o tempo de 9s86. Além da “briga” pelo título, o público pode viver também o drama de Schanoski, que antes de comemorar sua vitória passou por um susto. O motor do trator número 2 da equipe Azulão disparou ao cruzar a linha de chegada, ainda recebendo injeção de nitro. Ivan tentou controlar a máquina, mas não foi feliz, e acabou saindo da pista, rodando depois de percorrer 300 metros, atingindo a cerca do Parque de Exposições da Cotrijal. O piloto nada sofreu, mas o trator teve alguns danos. “Foi um grande susto, mas depois que verifiquei que nada de mais grave aconteceu, só pensei em comemorar a vitória”, declarou Ivan. A equipe Flecha de Prata fez bonito, o ex-
periente piloto Armando Boldrin Jr., o “Tuca”, como é conhecido pelos amigos, conduziu o trator de maneira muito técnica, aproveitando ao máximo o desempenho de seu equipamento, ficando a milésimos de segundo do primeiro colocado, Ivan Schanoski. A equipe é muito constante e está sempre entre as primeiras, muitos acreditam que na próxima etapa, em Maripá, com certeza, será uma forte candidata ao título. Na disputa do terceiro lugar, Paulo Radetzki, da equipe Brutus, derrotou Valdecir Hohloff, da equipe Dysord Racing, em mais uma disputa acirrada. Paulo foi o vencedor do ano passado em Não-Me-Toque e vinha marcando ótimos tempos com muita regularidade. Já nas eliminatórias finais, teve um problema de câmbio em uma das arrancadas e ficou fora da decisão final. Durval Conci Júnior, da equipe Conci, conquistou o quinto lugar, ao passo que Anildo Schanoski, da equipe 601, obteve o sexto lugar, fechando o grupo daqueles que comemoram os resultados no pódio. A equipe 601 teve problemas na noite de sábado com o eixopiloto do trator, quebrado em duas ocasiões, e não conseguiu completar nenhuma largada. Mas, na tarde de domingo até as 14h, a equi-
Paulo Radetzki conquistou o terceiro lugar
Bandido, vencedor da 3.400 kg livre
28 • Outubro 06
por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br
pe havia feito o melhor tempo, 9,5 cravados, o que demonstra toda a qualidade e o esforço do preparador Ivanir Lazarin. Outro piloto que teve problemas mecânicos sérios foi David Bretzke, da equipe Metracol, um dos favoritos para vencer a prova, mas teve o platô e a embreagem quebrados nas disputas de sábado à noite. As peças “esfarelaram” e desintegraram a capa seca do trator.
AS MULHERES As duas representantes femininas, não obstante seus esforços, conseguiram resultados intermediários. A estreante Darli Drisner da Equipe Cobra (Cascavel) logrou o oitavo lugar na classificação geral, enquanto sua concorrente Irani Kreutz, a “Nica”, da Equipe Penélope Charmosa ficou em décimo lugar. Nica está de câmbio novo (o câmbio limitava seu desempenho no ano passado), mas ainda deve fazer acertos nele para conseguir o desempenho pleno.
VISITANTES ILUSTRES O promotor do evento, Heinz Schreiber Júnior, recepcionou com muita fidalguia uma série de visitantes ilustres como o prefeito Armando Carlos Roos, de Não-Me-Toque, que prestigiou o evento em todos os momentos, sempre acompanhado do vice-prefeito, Antônio Vicente Piva. O prefeito de Maripá, a cidade-berço da categoria, Henrique Deckmann, não pôde comparecer ao evento por outros compromissos, mas a cidade estava representada pelo secretário de Governo e de Trabalho e Promoção Social, Euclides Jose Kreutz, e pelos vereadores, Élson Toebe e Ilário Krüger. A empresa patrocinadora do GP, a Firestone-Bridgestone esteve presente com Cláudio de Souza Morais, da Área de Marketing e Promoção, com sua equipe, e por Vasmir Cavol, representante regional da Firestone M (Cavol Pneus).
Ivan Schanoski derrotou Armando Bodrin Júnior em disputa apertada
Resultados do GP Firestone em Não-Me-Toque 1º) Ivan Schanoski (Maripá) Equipe Azulão FM Racing Team 2º) Armando Boldrin Júnior (Toledo) Flecha de Prata 3º) Paulo Radetzki (Maripá) Brutus 4º) Valdecir Rohloff (Toledo) Dysord Racing 5º) Durval Conci Júnior (Maripá) Conci Motorsport 6º) Anildo Schanoski (Maripá) Equipe 601 Racing
Agenda O próximo arrancadão de tratores será disputado nos dias 11 e 12 de novembro, em Maripá, Oeste do Paraná, quando será disputado o GP Vipal, valendo pelo campeonato brasileiro da categoria.
Os seis primeiros colocados na disputa comemoraram o resultado no pódio
Outubro 06 • 29
roda livre
Tração total O acionamento da tração dianteira, através da conexão das rodas-livres, auxilia o veículo 4x4 a sair de situações limite impostas pelo terreno
RODA-LIVRE MANUAL
Warn
Ford do Brasil
No centro de cada uma das rodas dianteiras há uma chaveta na roda-livre, e nela uma
inscrição que sinaliza 4x2 e 4x4. Em alguns modelos pode-se ler “Free” e “Locked”, o que significa “Livre” e “Travada”. Para ligar as rodas-livres, estacione, saia do veículo e gire as chavetas no sentido horário e, para desligálas, basta girar no sentido anti-horário. O acionamento não deve ser muito pesado a ponto de se precisar de um alicate para girar a chaveta, e nem muito folgado a ponto de girar apenas com um dedo. Faça a revisão regular das rodas-livres de seu 4x4. Em uma trilha, é previsível que uma ou outra roda-livre se desligue sozinha, quando um galho de árvore ou uma pedra trava rapidamente a chaveta, fazendo-a girar durante o deslocamento. Se perceber que o veículo perdeu a tração dianteira, pare e inspecione as duas rodas-livres. Como citado acima, é necessário ainda que a alavanca ou o comando elétrico de tração 4x4 seja acionado para que o conjunto entre em operação. Sem isso, todo o sistema dianteiro não receberá torque do motor, ou seja, as rodas dianteiras não ajudarão o veículo a se locomover. Verifique como é em seu veículo e familiarize-se com os comandos. Alguns veículos permitem o acionamento da alavanca/comando elétrico de tração 4x4
Sistema de engate elétrico da tração 4x4 da pick-up Ranger 4x4
30 • Outubro 06
RODA-LIVRE AUTOMÁTICA Esse sistema dispensa, na operação, a saída do condutor para fora do veículo. Existem basicamente dois sistemas de engate automático das rodas dianteiras: o acionamento mecânico por alavanca e o elétrico. Ambos sistemas acoplam as rodas dianteiras aos semi-eixos mediante acionamento hidráulico, a vácuo, com motores ou solenóides. Existe também o acionamento automático independente, que detecta a necessidade de tração nas quatro rodas acionando o sistema sem intervenção do condutor. Em alguns modelos como o Mitsubishi Pajero e o Jeep Cherokee, o engate pode ser feito em pleno movimento, recurso denominado Shifting-on-the-Fly. Para desengatar a tração 4x4, completamente, coloque a alavanca ou controle elétrico em 4x2 e não se esqueça de desligar também as rodas-livres, caso o veículo esteja equipado com elas. Tanto faz a seqüência de operação, se primeiro as rodas-livres e depois a M alavanca interna, ou vice-versa. João Roberto de Camargo Gaiotto, www.tecnica4x4.com.br Pedro Hartmann
E
m alguns veículos equipados com o sistema de tração 4x4 Part Time, a tração dianteira só entra em operação quando é feita a conexão das rodas dianteiras com os semi-eixos, isto é realizado através das rodas-livres. Uma vez acionadas, elas conectam as rodas dianteiras com a transmissão, auxiliando então as rodas traseiras a tracionarem o veículo. Quando as rodas dianteiras estão desconectadas, elas giram livres e sem contato mecânico com a transmissão. Mas após o acionamento das rodaslivres, o condutor ainda precisa acionar uma alavanca, ou controle elétrico, dentro do veículo para que todo o conjunto entre em funcionamento. A roda-livre pode ser de acionamento manual ou automático, veja:
em pleno movimento, para isso respeite o que manda o manual e veja qual é a velocidade máxima para o acionamento. Aos demais usuários a melhor dica é parar totalmente para o engate.
Roda-livre manual
Roda-livre automática